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Curso Básico de Primeiros
Socorros
Curso Básico de Primeiros Socorros
Macaé, RJ
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Curso Curso Básico de Primeiros Socorros
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20150224 Apostila Curso Básico de Primeiros Socorros – PT
– REV01
ÍNDICE
INTRODUÇÃO AOS PRIMEIROS SOCORROS ..................................... 9 1.
DEFINIÇÃO ..................................................................................... 9 1.1.
ATITUDES BÁSICAS ......................................................................... 9 1.2.
SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA .......................................................... 10 1.3.
ETAPAS PARA UMA BOA ABORDAGEM .............................................. 11 1.4.
AVALIAÇÃO DA CENA ..................................................................... 11 1.5.
BIOSSEGURANÇA .......................................................................... 12 1.6.
ABORDAGEM PRIMÁRIA .................................................................. 13 1.7.
ABORDAGEM SECUNDÁRIA ............................................................. 13 1.8.
AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS ...................................................... 13 1.9.
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ............................................................. 14 1.10.
EMERGÊNCIAS TRAUMÁTICAS ...................................................... 14 1.11.
CORPO HUMANO ............................................................................ 15 2.
PRINCIPAIS ÓRGÃOS E FUNÇÕES .................................................... 15 2.1.
Sistema Esquelético .............................................................. 16 2.1.1.
Sistema Circulatório .............................................................. 16 2.1.2.
Sistema Respiratório ............................................................. 17 2.1.3.
Sistema Digestório ou Digestivo ........................................... 18 2.1.4.
ÓRGÃOS ....................................................................................... 18 2.2.
SISTEMA URINÁRIO ....................................................................... 20 2.3.
PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS ................................ 21 3.
CONCEITO SOBRE SAÚDE ............................................................... 21 3.1.
CONCEITO SOBRE HIGIENE ............................................................ 22 3.2.
HIGIENE PESSOAL ......................................................................... 23 3.3.
HIGIENE AMBIENTAL ..................................................................... 24 3.4.
HIGIENE OCUPACIONAL ................................................................. 25 3.5.
CONCEITO SOBRE INFECÇÕES ........................................................ 25 3.6.
AFECÇÕES E AÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS................................ 27 3.7.
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA .......................................... 27 3.8.
ABCD DA VIDA E ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL ................... 28 3.9.
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) ........................................ 30 3.10.
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) ........................................ 32 3.11.
OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DA RCP ......................................... 32 3.12.
Esquema para RCP conforme AHA-2010 ............................. 35 3.12.1.
......................................................................................................... 35
OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO ................... 36 3.13.
DOENÇAS CORONARIANAS .......................................................... 37 3.14.
Angina de Peito .................................................................. 38 3.14.1.
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ..................................... 38 3.14.2.
HEMORRAGIA ............................................................................. 39 3.15.
Vasos sangüíneos ............................................................... 40 3.15.1.
Classificação da hemorragia quanto a localização .............. 40 3.15.2.
Consequências das hemorragias ........................................ 41 3.15.3.
Tratamento de uma hemorragia ......................................... 42 3.15.4.
ESTADO DE CHOQUE ...................................................................... 44 4.
PREVENÇÃO CONTRA O CHOQUE ..................................................... 46 4.1.
QUEIMADURA ................................................................................ 46 5.
ABORDAGEM ................................................................................. 47 5.1.
FRATURA ....................................................................................... 48 6.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM ............................................... 49 6.1.
SINAIS E SINTOMAS ...................................................................... 49 6.2.
ABORDAGEM ................................................................................. 49 6.3.
LUXAÇÃO ....................................................................................... 50 7.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM ............................................... 50 7.1.
SINAIS E SINTOMAS DE LUXAÇÃO ................................................... 50 7.2.
ABORDAGEM ................................................................................. 50 7.3.
ENTORSE OU TORÇÃO .................................................................... 51 8.
SINAIS E SINTOMAS ...................................................................... 51 8.1.
ABORDAGEM ................................................................................. 51 8.2.
CONVULSÃO .................................................................................. 52 9.
ABORDAGEM ................................................................................. 52 9.1.
TRANSPORTE ................................................................................. 52 10.
ELEVAÇÃO À CAVALEIRO ............................................................. 54 10.1.
REGRAS
REGRAS FALCK
Respeite todos os sinais de advertência, avisos de segurança e instruções;
Roupas soltas, jóias, piercings etc. não devem ser usados durante os
exercícios práticos;
Não é permitido o uso de camiseta sem manga, “shorts” ou mini-saias,
sendo obrigatório o uso de calças compridas e de calçados fechados;
Terão prioridade de acessar o refeitório, instrutores e assistentes;
Não transite pelas áreas de treinamento sem prévia autorização. Use o EPI
nas áreas recomendadas;
Os treinandos são responsáveis por seus valores. Armários com cadeado e
chaves estão disponíveis e será avisado quando devem ser usados. A FALCK
Safety Services não se responsabiliza por quaisquer perdas ou danos;
O fumo é prejudicial a saúde. Só é permitido fumar em áreas previamente
demarcadas;
Indivíduos considerados sob efeito do consumo de álcool ou drogas ilícitas
serão desligados do treinamento e reencaminhados ao seu empregador;
Durante as instruções telefones celulares devem ser desligados;
Aconselha-se que as mulheres não façam o uso de sapato de salto fino;
Não são permitidas brincadeiras inconvenientes, empurrões, discussões e
discriminação de qualquer natureza;
Os treinandos devem seguir instruções dos funcionários da FALCK durante
todo o tempo;
É responsabilidade de todo treinando assegurar a segurança do
treinamento dentro das melhores condições possíveis. Condições ou atos
inseguros devem ser informados imediatamente aos instrutores;
Fotografias, filmagens ou qualquer imagem de propriedade da empresa,
somente poderá ser obtida com prévia autorização;
Gestantes não poderão realizar os treinamentos devido aos exercícios
práticos;
Se, por motivo de força maior, for necessário ausentar-se durante o
período de treinamento, solicite o formulário específico para autorização de saída.
Seu período de ausência será informado ao seu empregador e se extrapolar o
limite de 10% da carga horária da Disciplina, será motivo para desligamento;
A Falck Safety Services garante a segurança do transporte dos treinandos
durante a permanência na Empresa em veículos por ela designados, não podendo
ser responsabilizada em caso de transporte em veículo particular;
Os Certificados/Carteiras serão entregues à Empresa contratante. A
entrega ao portador somente mediante prévia autorização da Empresa
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contratante. Alunos particulares deverão aguardar o resultado das Avaliações e,
quando aprovados, receberem a Carteira do Treinamento;
Pessoas que agirem em desacordo com essas regras ou que
intencionalmente subtraírem ou danificarem equipamentos serão
responsabilizadas e tomadas as providências que o caso venha a exigir.
DIRETRIZES GERAIS DO CURSO
Quanto à Estruturação do Curso
O candidato, no ato da matrícula, deverá apresentar à instituição que vai
ministrar o curso, cópia e o original (para verificação) ou cópia autenticada dos
seguintes comprovantes:
Atestado de boas condições de saúde física e mental;
RG e CPF originais.
Quanto à Frequência às Aulas
A frequência às aulas e atividades práticas são obrigatórias.
O aluno deverá obter o mínimo de 90% de frequência no total das aulas
ministradas no curso.
Para efeito das alíneas descritas acima, será considerada falta: o não
comparecimento às aulas, o atraso superior a 10 minutos em relação ao início de
qualquer atividade programada ou a saída não autorizada durante o seu
desenvolvimento.
Quanto à Aprovação no Curso
Será considerado aprovado o aluno que:
Obtiver nota igual ou superior a 6,0 (seis) em uma escala de 0 a
10 (zero a dez) na avaliação teórica e alcançar o conceito
satisfatório nas atividades práticas.
Tiver a frequência mínima exigida (90%).
Caso o aluno não cumpra as condições descritas nas alíneas acima, será
considerado reprovado.
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INTRODUÇÃO AOS PRIMEIROS SOCORROS 1.
DEFINIÇÃO 1.1.
Primeiros Socorros é a ajuda dada a uma pessoa que tenha sido vítima de
um acidente ou de uma doença súbita, ou seja, definimos primeiros socorros
como sendo os cuidados aplicados imediatamente e de forma rápida a uma
pessoa, vítima de acidente ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a
sua vida, com a finalidade de manter suas funções vitais e evitar o agravamento
de suas condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada da
assistência qualificada.
Podem ser aplicados por qualquer pessoa, desde que devidamente treinada
para prestar as devidas ações a uma vítima.
O objetivo dos primeiros socorros é fazer com que uma pessoa, que dará a
primeira assistência no suporte básico da vida, tome atitudes corretas no
momento certo.
Além disso, os conhecimentos na área poderão minimizar os resultados
decorrentes de uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la em
melhores condições para receber o tratamento definitivo.
Os princípios básicos do atendimento de emergência estão baseados em
três erres: Rapidez no atendimento; Reconhecimento das lesões e Reparação das
lesões.
Esses princípios fazem com que o socorrista pense sobre atitudes
primordiais em primeiros socorros como a prevenção de acidentes. Além de fazer
o que deve ser feito no momento certo a fim de:
Manter a vida;
Prevenir danos maiores;
Obter ajuda qualificada;
Ter segurança diante das emergências.
Em toda situação de emergência se faz necessário que o socorrista tenha
em mente alguns conceitos como:
Manter a calma diante do acontecimento;
Conhecimento básico de anatomia e fisiologia;
Senso de organização e prioridades;
Sequência de ação rápida sem a precipitação.
ATITUDES BÁSICAS 1.2.
Para que uma pessoa possa praticar ações de primeiros socorros, ou seja, o
primeiro atendimento a uma vítima, é necessário que esta pessoa tenha algumas
atitudes como:
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Seriedade;
Compreensão;
Calma;
Agilidade;
Bom senso;
Conhecimento básico técnico e científico;
Jamais ultrapassar seus limites de atuação
SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA 1.3.
Você já deve ter ouvido falar ou até mesmo ter visto em hospitais ou
prontos-socorros placas com enunciados de urgência ou emergência. No entanto,
a diferenciação desses termos é crucial para um bom atendimento em primeiros
socorros.
Emergência é uma constatação das condições de dano à saúde, que
implicam em risco de morte, exigindo tratamento médico de imediato. Considera-
se alta prioridade de atendimento. Exemplo: Parada Cardiorrespiratória (PCR),
Hemorragia de alta intensidade, Estado de Choque, etc.
Urgência é uma ocorrência imprevista de danos à saúde, que não ocorre
risco de morte, ou seja, a vítima necessita de atendimento médico mediato.
Considera-se prioridade moderada para atendimento. Exemplo: Alguns tipos de
queimaduras, Vômitos e diarréia acompanhada de estado febril abaixo de 39º,
Fratura sem sinal de choque, etc.
A segurança no atendimento e sua avaliação estão caracterizadas pela
priorização através da regra dos três esses:
Cena do Acontecimento (Scene)
Segurança (Security)
Segurança do Socorrista;
Segurança dos “Curiosos”;
Segurança da Vítima.
Situação (Situation)
O que realmente aconteceu?
Qual o mecanismo de trauma (Cinemática)?
Quantas vítimas envolvidas?
É necessário reforço? Especificar.
Como regra básica para se realizar uma assistência em primeiros socorros,
devemos observar atentar sempre pela checagem dos sinais vitais da vitima e
tratar as condições que o colocam em risco iminente de morte. Para melhor
avaliação adota-se o processo mnemônico da sequência alfabética (A-B-C-D),
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além da avaliação do nível de consciência da vítima, no qual utilizamos o
protocolo AVDI (abordaremos esse assunto mais adiante).
Talvez pudéssemos atender melhor, se conseguíssemos entender melhor as
necessidades de cada tipo de ocorrência. De um modo geral, emergência diz
respeito à saúde pública, prevenção de acidentes, políticas de educação pública,
legislação de trânsito ou normas técnicas em edifícios e parques; no sistema de
saúde, relaciona-se com muitos atendimentos em pouco tempo, triagem de risco,
diagnóstico diferencial ou primeiro atendimento, que possa iniciar, de maneira
eficiente, os procedimentos de inclusão ao sistema de saúde.
Assim, na atenção às emergências, deve-se esperar de um primeiro
atendimento:
Agilidade na avaliação inicial de todos os casos que necessitam de
assistência;
Identificação segura dos diagnósticos prováveis, reconhecendo-se com
precisão as ocorrências que são críticas (uma dor abdominal causada por
apendicite aguda não deve ser confundida com uma gastrite);
Prestar o atendimento adequado às urgências que são facilmente
reconhecíveis (como na insuficiência respiratória e hemorragias); e também
naquelas em que são apenas clinicamente detectáveis (como hemorragias
internas ou perfurações de órgãos no interior do tórax ou abdômen);
Prover o encaminhamento apropriado, das condições mais críticas, às
unidades assistenciais que estejam pontualmente adequadas para continuidade
do atendimento;
Que as suspeitas diagnósticas de doenças crônicas, sem manifestações de
urgência, sejam orientadas a procurar, nos ambulatórios, as respectivas
especialidades (a dor abdominal que realmente se origina de uma gastrite, p. ex.,
deve ser encaminhada à gastroenterologia), sem necessidade de pressa,
providenciando-se as orientações necessárias para o alívio dos sintomas.
ETAPAS PARA UMA BOA ABORDAGEM 1.4.
Toda pessoa que estiver realizando o atendimento de primeiros socorros
deve, antes de tudo, atentar para a sua própria segurança. A seriedade e o
respeito são premissas básicas para um bom atendimento.
Nesse caso, o atendimento está dividido em fases, são elas: Avaliação da
Cena, Abordagem Primária, Abordagem Secundária e Avaliação dos Sinais Vitais.
AVALIAÇÃO DA CENA 1.5.
Faça contato com a equipe de socorro especializado, não hesite nessa hora!
Utilize os meios de comunicação necessários e disponíveis no momento. Lembre-
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se que quanto mais rápido o socorro chegar, melhor será para a vítima, por isso,
não demore em chamar o socorro especializado. Passe o máximo de informações
possível nesse momento, utilize do seu bom senso para avaliar rapidamente o
que está acontecendo e comunique a emergência.
Em seguida continue com sua avaliação do ambiente, que serve para
analisar os riscos que possam colocar em perigo a pessoa prestadora dos
primeiros socorros, havendo perigo em potencial, aguarde a chegada do socorro
especializado. Verifica-se a provável causa do acidente, o número de vítimas e a
gravidade das mesmas e demais informações que possam ser úteis.
Aproveite para observar cuidadosamente cada vítima a fim de classificar
suas lesões como casos de emergência ou de urgência para que seja dada a
prioridade no atendimento. Verifique se há lesão na cabeça quando a vítima
apresentar estado de inconsciência procurando por hemorragias pelo nariz e
ouvidos ou, por outros sinais que evidenciam a exigência de um socorro imediato
tais como: hemorragia abundante, parada cardiorrespiratória, envenenamento e
estado de choque. Previna-se conta os agentes biológicos utilizando os EPI´s
para a bioproteção
BIOSSEGURANÇA 1.6.
A biossegurança envolve as relações tecnologia/risco/homem.
O risco biológico será sempre uma resultante de
diversos fatores e, portanto, seu controle depende de
ações em várias áreas, priorizando-se o desenvolvimento
e divulgação de informações além da adoção de
procedimentos correspondentes ás boas práticas de
segurança para os profissionais.
Providencie ou peça para alguém providenciar os
materiais/equipamentos de proteção, faça uso da biossegurança. Utilize luvas de
procedimentos (protegem de sujidade grosseira), máscaras cirúrgicas (são
utilizados em procedimentos e servem para proteger as mucosas da boca e do
nariz, de gotículas geradas pela fala, tosse ou espirro de pacientes) e óculos de
proteção (são utilizados em procedimentos e servem para proteger as mucosas
dos olhos, de gotículas geradas pela fala, tosse ou espirro de pacientes).
Lembre-se sempre que o socorrista estará sob risco em qualquer socorro. O
contato com sangue, saliva e outros fluidos corpóreos serão sempre uma ameaça
para se contrair doenças infecciosas. Além disso, deixa o material usado no
socorro exposto no local, torna-o um foco de infecção para outras pessoas.
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Esteja preparado para seguir para a próxima fase que é fazer o
atendimento a vítima.
ABORDAGEM PRIMÁRIA 1.7.
Ao iniciar o atendimento, deve-se ter em mente o que fazer e o que não
fazer. Manter o autocontrole é imprescindível neste momento. Não minta para a
vítima, busque a sua confiança expressando segurança e assertividade no que
você faz.
Nesse momento procure por precisão nos detalhes, verifique se a vítima
está consciente ou inconsciente, observe se a vítima está respirando, bem como
a presença de objetos estranhos que impeçam a passagem do ar pelas vias
aéreas e verifique se a vítima apresenta pulso. Nos casos de trauma procure por
estabilizar a coluna cervical da vítima.
Consiste na identificação e correção de situações que implicam risco
imediato para a vida da vítima.
Abordaremos esse assunto com mais clareza no capítulo que fala sobre as
afecções e ações em primeiros socorros.
ABORDAGEM SECUNDÁRIA 1.8.
O atendimento secundário consiste na avaliação do nível de consciência, na
mensuração da Escala de Coma de Glasgow (apenas para profissionais de saúde)
e na mensuração da Escala de Trauma, quando a vítima for decorrente de trauma
(apenas para profissionais de saúde), na avaliação das pupilas, no enchimento
capilar, na coloração da pele e no exame físico – céfalo caudal (apenas para
profissionais de saúde).
Tem por finalidade a identificação e correção de situações que não colocam
em perigo imediato a vida da vítima, mas que se não corrigidas a tempo podem
agravar o seu estado.
AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS 1.9.
Sinais Vitais (SsVv) são os sinais das funções orgânicas básicas, sinais
clínicos de vida, que refletem o equilíbrio ou o desequilíbrio resultante das
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interações entre os sistemas do organismo e uma determinada doença, são
medidas que nos fornecem dados fisiológicos indicando as condições de saúde da
pessoa.
É um meio rápido e eficiente para se monitorar as condições de um
paciente ou identificar a presença de problemas. São eles:
Temperatura (normal em 36ºC);
Frequência Cardíaca (Pulso – normal entre 60 e 100 batimentos);
Frequência Respiratória (normal entre 12 e 20 ciclos);
Pressão Arterial (normal em 120x80 mmHg)
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 1.10.
Neste momento faremos uma exposição básica e rápida sobre algumas
situações clínicas que mais frequentemente são encontradas no âmbito das
ocorrências do dia a dia por um socorrista.
Vale lembrar que as orientações dadas para o atendimento fora do
ambiente hospitalar são diferenciadas das relacionadas ao atendimento pré-
hospitalar e do atendimento hospitalar, porque o primeiro atendimento pode ser
realizado por pessoas que se encontram no local do acontecimento. É importante
ressaltar que essas pessoas precisam ter um pouco de conhecimento sobre o que
está acontecendo.
Por isso, é necessário saber reconhecer algumas situações que indiquem a
prestação de serviços como a dos primeiros socorros. Os principais sinais e
sintomas são: palidez, perda de consciência ou atordoamento, respiração difícil,
contraturas musculares, entre outras.
Vejamos situações mais comuns:
Angina de Peito,
Infarto Agudo do Miocárdio,
Desmaio,
Crises Convulsivas,
Estado de Choque,
Urgências do Diabético,
Acidente Vascular Cerebral – AVC.
EMERGÊNCIAS TRAUMÁTICAS 1.11.
O que é trauma (traumatismo)? - É a lesão corporal resultado da exposição
à energia (mecânica, térmica, elétrica, química ou radiação) que interagiu com o
corpo em quantidades acima da suportada fisiologicamente. Pode ainda em
alguns casos ser resultado da insuficiência de algum elemento vital (afogamento,
estrangulamento, congelamento). O tempo de exposição e o surgimento da lesão
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devem ser curtos (alguns minutos) (OMS - ano 2000). O trauma pode ser
intencional ou não intencional e varia de leve a grave.
Sendo assim, as emergências traumáticas estão relacionadas a qualquer
eventualidade do trauma que venha colocar em risco a vida de uma pessoa.
Vejamos situações mais comuns:
Hemorragia,
Amputação,
Esmagamento,
Afogamento,
Choque Elétrico,
Fratura,
Traumatismo Raqui-Medular.
Um acidente ou uma emergência pode ser solucionado rapidamente se a
atitude correta for tomada dentro dos primeiros minutos. Entretanto, se uma
emergência pequena não for tratada imediatamente, pode desenvolver-se de tal
forma que pode levar a uma situação sem controle. Uma vez descoberta a
emergência, a atitude inicial adequada pode fazer a diferença entre a vida e a
morte.
CORPO HUMANO 2.
PRINCIPAIS ÓRGÃOS E FUNÇÕES 2.1.
O corpo humano possui uma estrutura extremamente
complexa, trata-se de uma máquina composta por uma
variedade de órgãos sendo que cada um desempenha uma
função especifica. Apesar de possuirmos um metabolismo de
funcionamento impressionante, o corpo do homem é um
tanto defasado quando se comparado aos mecanismos de
defesa de outros animais.
Os órgãos são formados por tecidos de uma mesma
linhagem, juntos eles constituem sistemas que formam o
organismo como um todo.
Entre os órgãos mais importantes aparecem o cérebro (comanda todas as
atividades do organismo), o coração (responsável pelo bombeamento do sangue
pelo corpo), os pulmões (responsáveis por fazer a respiração), o fígado (faz
síntese das proteínas), estômago (fundamental para a alimentação), os intestinos
(auxilia a excreção de fezes), os rins (auxilia a excreção de urina) e os ossos
(auxiliam na sustentação do corpo).
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Sistema Esquelético 2.1.1.
Pense na quantidade de movimentos que você realiza
todos os dias, desde a hora em que acorda até o momento em
que vai dormir novamente. Você levanta da cama, escova os
dentes, leva os alimentos do café da manhã até à boca,
mastiga, vai à escola, volta, faz ginástica, corre, usa as mãos
para segurar algum objeto, passeia, espirra, boceja, empurra e
puxa objetos, ensaia passos de dança ao ouvir música, joga
basquete, pratica qualquer outro esporte...
O esqueleto sustenta o corpo, protege órgãos diversos e está associado a
muitos dos movimentos que executamos, além de sustentação corporal,
apresenta três importantes funções:
Reservas de sais minerais, principalmente de cálcio e fósforo, que são
fundamentais para o funcionamento das células e devem estar presentes no
sangue. Quando o nível de cálcio diminui no sangue, sais de cálcio são
mobilizados dos ossos para suprir a deficiência.
Determinados ossos ainda possuem medula amarela (ou tutano). Essa
medula é constituída principalmente por células adiposas, que acumulam gordura
como material de reserva.
No interior de alguns ossos (como o crânio, coluna, bacia, esterno, costelas
e as cabeças dos ossos do braço e coxa), há cavidades preenchidas por um tecido
macio, a medula óssea vermelha, onde são produzidas as células do sangue:
hemácias, leucócitos e plaquetas.
Durante a vida embrionária existe um esqueleto cartilaginoso, o qual será
quase totalmente substituído por um esqueleto ósseo. É o que se denomina
ossificação endocondral. Os ossos começam a se formar a partir do segundo mês
da vida intra-uterina.
Ao nascer, a criança já apresenta um esqueleto bastante ossificado, mas as
extremidades de diversos ossos ainda mantêm regiões cartilaginosas que
permitem o crescimento. Entre os 18 e 20 anos, essas regiões
cartilaginosas se ossificam e o crescimento cessa. Nos adultos, há
cartilagens em locais onde a flexibilidade é importante (na ponta do nariz,
orelha, laringe, parede da traquéia e extremidades dos ossos que se
articulam).
Sistema Circulatório 2.1.2.
Usualmente conhecido como sistema cardiovascular de forma
errônea, visto que o sistema circulatório é compreendido pelo
sistema cardiovascular e pelo sistema linfático.
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Sendo assim, o sistema cardiovascular é formado pelo coração e pelos
vasos sanguíneos, no qual o coração é a bomba propulsora do sangue e os vasos
sanguíneos são as vias de transporte que estão transportando elementos
essenciais para o funcionamento dos tecidos, como os gases oxigênio e gás
carbônico, hormônios, excretas metabólicas, células de defesa, etc.
O sistema linfático é uma rede complexa de órgãos linfóides que produzem
e transportam o fluido linfático, é um importante componente do sistema
participando da defesa do organismo contra doenças.
Todas as funções que são realizadas pelo sistema circulatório são
indispensáveis para o equilíbrio de nosso corpo e vitais para a manutenção da
vida.
É através do sistema circulatório que ocorre a distribuição de nutrientes e
oxigênio para todas as células de nosso corpo, a remoção de toxinas dos tecidos,
o transporte de hormônios e a defesa imunológica de nosso organismo.
Sabendo que a circulação sanguínea remove as toxinas dos tecidos, leva
oxigênio e nutrientes para as células, transporta hormônios e realiza a defesa de
nosso corpo, fica mais fácil entender o papel do coração e dos vasos sanguíneos.
O coração funciona como uma bomba, dando pressão ao sangue para que
este circule por todo nosso corpo através dos vasos sanguíneos. Quanto mais
próximo do coração, mais pressão tem o sangue, contudo; à medida que os
vasos sanguíneos vão se ramificando, sua pressão vai diminuindo.
Após circular por todo o corpo e realizar as trocas necessárias ao equilíbrio
do organismo, o sangue retorna ao coração e aos pulmões, onde fará novas
trocas (desta vez de gás carbônico por oxigênio) para, então, refazer seu
percurso.
Sistema Respiratório 2.1.3.
O sistema respiratório é constituído pelas fossas nasais,
pela boca, laringe, traqueia, brônquios e pulmões.
O ar entra pelo nariz atravessa as fossas nasais
passando pela faringe, indo para a laringe chegando à
traqueia. Posteriormente bifurca-se em dois ramos, o
brônquio direito e o brônquio esquerdo que chegam aos
respectivos pulmões.
Para acontecer à respiração obtemos a “ajuda” da caixa torácica, da qual os
movimentos de expansão e de redução são essenciais para que o ar possa entrar
e sair.
A função do sistema respiratório é oferecer ao organismo uma boa condição
de troca de gases com o ar atmosférico, lhe assegurando uma permanente
concentração de oxigênio no sangue. Concentração essa necessária para a
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ocorrência das reações metabólicas, e em contrapartida servindo como via de
eliminação de gases residuais.
O intercâmbio dos gases faz-se ao nível dos pulmões, mas para atingi-los,
o ar deve percorrer diversas porções de um tubo irregular, que recebe o nome de
vias aeríferas.
Os mecanismos de obtenção, infusibilidade, transporte e eliminação de
gases respiratórios (oxigênio e gás carbônico) e de suas ligações com o sistema
circulatório fazem parte da fisiologia do sistema respiratório.
As estruturas alveolares (saco alveolar) em contato com as arteríolas e a
vênulas são os responsáveis pela realização da difusão de gases (troca do
oxigênio pelo gás carbônico), isso em primeira instância. Num segundo momento
esses gases são transportados, via corrente sanguínea.
Sistema Digestório ou Digestivo 2.1.4.
O sistema digestivo ou digestório do corpo humano é formado
por um longo tubo, ao qual estão associados órgãos e glândulas
anexas que participam da digestão.
Apresenta as seguintes regiões; boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado, intestino grosso, sigmóide, reto e
ânus.
Estruturas consideradas glândulas anexas são: glândulas
salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas.
É o responsável pela digestão, processo que consiste na transformação dos
alimentos que ingerimos, reduzindo-os a substâncias mais simples. Essas
substâncias, resultantes da digestão, serão absorvidas, passando para o sangue,
que as levará a todas as células do organismo. É composto por um conjunto de
órgãos que têm por função a realização da digestão.
ÓRGÃOS 2.2.
A boca
É uma cavidade natural, forrada por uma mucosa, que atua como porta de
entrada dos alimentos no tubo digestivo. É onde se localiza os dentes, a língua e
desembocam as glândulas salivares.
Faringe
É um tubo oco que liga a boca ao esôfago e também as fossas nasais á
laringe. Logo, a faringe é um órgão comum ao sistema digestivo e respiratório.
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O esôfago
É um tubo membranoso formado por músculos lisos e involuntários, que
empurram delicadamente a comida, em forma de bolo alimentar, para o
estômago por meio de contrações e relaxamentos (movimentos peristálticos).
Podemos concluir que o alimento não cai no estômago diretamente pela
ação da gravidade. Se uma pessoa deglutir alguma coisa, mesmo estando de
cabeça para baixo, o material deglutido ainda assim será levado ao estômago.
O estômago
É a parte mais dilatada do sistema digestivo, podemos comportar de dois a
quatro litros de alimentos. Sua entrada denomina-se Cárdia, onde o esôfago se
comunica com o estômago e a outra abertura é o Piloro que se comunica com o
intestino delgado.
O intestino delgado
É um tubo que tem um pouco mais de 6 m de comprimento por 4 cm de
diâmetro, tendo como sua principal função à absorção dos nutrientes necessários
para o corpo humano. Ocorre a quebra das moléculas alimentares iniciado na
boca e continuada no estômago.
O intestino grosso
Ficam armazenados os alimentos não digeríveis pelo organismo e as fezes
(detritos inúteis) a serem evacuadas, além de absorver a água deste conteúdo. A
absorção da água é responsável pela consistência das fezes. O intestino grosso
possui uma rica flora bacteriana que auxilia na degradação de restos alimentícios
que não podem ser digeridos pelo organismo.
Glândulas Anexas
Glândula Salivar
Secreta saliva, que é uma solução aquosa levemente alcalina de
consistência viscosa, que umedece a boca, amolece a comida e contribui para
realizar a digestão.
A saliva contém a ptialina ou amilase salivar. Na cavidade bucal, a ptialina
atua sobre o amido transformando-o em moléculas menos complexas.
Três partes de glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal;
parótida, submandibular e sublingual.
Fígado
É a maior glândula do corpo humano. Pesa aproximadamente 1.400g, tem
cor vermelho-escuro. Tem várias funções, entre elas está a de produzir a bile,
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que é conduzida ao duodeno pelo canal colédoco. A bile é formada principalmente
de sais biliares, colesterol e pigmentos.
Pâncreas
É responsável pela excreção de várias substâncias importantes para a
digestão. O pâncreas além de participar na digestão dos alimentos, produz a
insulina (hormônio que regula o teor de glicose no sangue).
Vesícula Biliar
É um órgão em forma de pêra que tem cerca de 7–10 cm de comprimento,
possui uma aparência verde-escuro devido ao seu conteúdo (a bile). Armazena
até 50ml de bile, que será utilizada no sistema digestivo, não sendo responsável
por sua produção.
SISTEMA URINÁRIO 2.3.
O sistema urinário é constituído pelos órgãos uropoéticos, isto é,
incumbidos de produzir e armazenar temporariamente a urina, até a
oportunidade de ser eliminada para o exterior. Na urina encontramos ácido úrico,
uréia, sódio, potássio, bicarbonato, etc.
Este aparelho pode ser dividido em órgãos secretores – que produzem a
urina – e órgãos excretores – que são encarregados de processar a drenagem da
urina para fora do corpo.
Os órgãos urinários compreendem os rins (2), que produzem a urina, os
ureteres (2) ou ductos, que transportam a urina para a bexiga (1), onde fica
retida por algum tempo, e a uretra (1), através da qual é expelida do corpo.
Além dos rins, as estruturas estantes do sistema urinário funcionam como
um encanamento constituindo as vias do trato urinário. Essas estruturas – ureter,
bexiga e uretra – não modificam a urina ao longo do caminho, ao contrário, elas
armazenam e conduzem a urina do rim para o meio externo.
Rim
Os rins estão localizados no abdômen, especificamente em sua parte
traseira. São dois órgãos que têm a função de expelir do corpo substancias
tóxicas existentes no sangue. Além disso, os rins eliminam do organismo
substancias de medicações, produz a urina, hormônios e glóbulos vermelhos,
reduz o excesso de água no organismo, regula a pressão sanguínea.
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Ureter
Os ureteres têm, cada um, 25 a 30 cm de comprimento e três milimetros
de diâmetro. Eles se originam da confluência dos vários cálices renais, reunindo-
se enquanto pelve renal. Entram na Bexiga posteriormente, e faz-se de forma
obliqua envolvida pelas diversas camadas musculares da bexiga, de modo a
prevenir o refluxo da urina.
Bexiga
É o órgão humano no qual é armazenada a urina, sendo uma víscera oca
caracterizada por sua distensibilidade. À bexiga segue-se a uretra, o ducto que
exterioriza a urina produzida pelo organismo, divide-se anatomicamente em:
ápice (anterior), corpo, fundo (posterior) e colo.
Uretra
Na mulher, a uretra está logo atrás da sínfise púbica e anteriormente à
vagina e tem apenas 4 cm.
No homem, a uretra tem três regiões: a porção prostática, a porção
membranosa e a porção esponjosa.
PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS 3.
CONCEITO SOBRE SAÚDE 3.1.
Os conceitos de saúde e de doença são analisados em sua evolução
histórica e em seu relacionamento com o contexto cultural, social, político e
econômico, evidenciando a evolução das idéias nessa área da experiência
humana. Assim sendo, saúde não representa a mesma coisa para todas as
pessoas.
“Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
apenas a ausência de doença.” – OMS.
Tantas vezes citado, o conceito adotado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em 1948, longe de ser uma realidade, simboliza um compromisso, um
horizonte a ser perseguido. Remete à idéia de uma “saúde ótima”, possivelmente
inatingível e utópica, já que a mudança e não a estabilidade é predominante na
vida.
Assumido o conceito da OMS, nenhum ser humano (ou população) será
totalmente saudável ou totalmente doente. Ao longo de sua existência, viverá
condições de saúde/doença, de acordo com suas potencialidades, suas condições
de vida e sua interação com elas.
A Recomendação n.º 112 da O.I.T.- Organização Internacional do Trabalho
foi, no plano internacional, o primeiro e o único texto a descrever com exatidão
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os elementos e as condições da medicina no trabalho, quando a define como um
serviço organizado no local de trabalho ou na sua proximidade, é destinado:
A assegurar a proteção dos trabalhadores contra qualquer dano para a sua
saúde que possa resultar do seu trabalho ou das condições em que este se
efetua;
A contribuir para a adaptação física e mental dos trabalhadores,
nomeadamente, pela adaptação do trabalho aos trabalhadores e pela afetação
dos trabalhadores a trabalhos para os quais sejam aptos;
A contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais elevado grau
possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.
A "Medicina no Trabalho" evolui assim de um conceito restrito de
supervisão clínica dos trabalhadores para um conceito de interação com outras
especialidades como as da Engenharia de Segurança, Ergonomia e Higiene
Industrial, evoluindo para o conceito de Saúde Ocupacional ou Cuidados
Integrados de Saúde, dirigido ao trabalhador no contexto do ambiente de
trabalho.
Assim, a atividade inerente à Medicina no Trabalho ou Saúde Ocupacional
tem por finalidade a promoção global da saúde dos trabalhadores, a adaptação à
função e a prevenção de doenças profissionais, entendendo saúde como um
"estado de bem estar físico, psíquico e social", tal como define a Organização
Mundial de Saúde
CONCEITO SOBRE HIGIENE 3.2.
É o conjunto de comportamentos que o Homem tem, relacionados com a
sua limpeza e desinfecção. Sendo, esses comportamentos, benéficos para a sua
saúde e ajudando-o a prevenir doenças, mantendo assim o seu bem estar.
A ausência de higiene acarreta algumas doenças como: cólera, dermatoses,
parasitas no couro cabeludo, pé de atleta, dentre outras.
A prevenção da doença deve ser entendida em um sentido mais amplo,
pois a ação deve estar dirigida à prevenção e ao controle das exposições
inadequadas aos agentes ambientais.
Existem dois tipos de higiene, a coletiva e a pessoal:
Coletiva – conjunto de regras estabelecidas pela sociedade, de
maneira que sejam adotadas pelas pessoas que as constituem.
Pessoal – conjunto de hábitos de limpeza com que cada um cuida do
seu corpo.
Os hábitos podem ser saudáveis e não saudáveis. Listamos abaixo
algumas regras de higiene:
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SAUDÁVEIS NÃO SAUDÁVEIS
Uso de desodorante. Uso de adornos.
Lavar as mãos sempre que necessário. Fazer uso de drogas lícitas e ilícitas.
Manter as unhas bem cortadas e limpas. Não tomar banho.
Ter a alimentação equilibrada. Não lavar os alimentos.
Higiene oral. Não escovar os dentes.
Beber água filtrada ou mineral.
Tomar banho regularmente.
Usar roupas lavadas.
HIGIENE PESSOAL 3.3.
Limpeza das Mãos
As mãos, por estarem em contato com vários objetos, acabam acumulando
muitos germes, por isso elas devem ser bem lavadas antes e depois de irmos ao
banheiro, antes das refeições, sempre que pegarmos objetos sujos e antes de
manipularmos algum alimento.
Limpeza das Unhas
Cortar as unhas e mantê-las sempre limpas é uma medida importantes
para prevenir certas doenças. Quando a pessoa coloca a mão na boca, a sujeira
armazenada debaixo das unhas pode dar origem a verminoses e outras doenças
intestinais.
Os Cabelos
Nos cabelos acumulam-se poeiras e gorduras que precisam ser eliminadas.
É sempre agradável observarmos cabelos limpos, brilhantes, cheirosos e bem
cortados.
Devem estar sempre lavados (duas vezes por semana no mínimo) e
penteados. Devem ser cortados regularmente.
O Vestuário
A roupa e o calçado devem estar sempre limpos e serem adequados ao
tempo (frescos no Verão, quentes no Inverno e impermeáveis nos dias de
chuva).
Devem ser cômodos e folgados, evita roupas justas e de fibras sintéticas.
Prefira roupas confeccionadas em algodão, principalmente as meias e roupas
íntimas.
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Boca
A cavidade bucal sendo parte integrante do corpo humano deve receber
igual atenção na elaboração do planejamento dos cuidados. A falta de higiene
oral pode ocasionar doenças como a gengivite.
HIGIENE AMBIENTAL 3.4.
Destacamos a higiene ambiental todas elas que estão relacionadas com o
ambiente em que vivemos, como o social, pessoal e laboral.
A higiene do quarto (camarote), local onde encontramos o conforto para
um bom descanso, não depende só de como ele está equipado para dormir, mas
principalmente de que seja um ambiente limpo, ausente de isentos e de
parasitas.
Em se tratando de embarcações, um cunho social que pode ser abordado
neste momento é a questão do banheiro, uma vez que este ambiente é
compartilhado por todos. Não é de surpreender que a idéia de tomar banho para
manter a pele limpa esteja intimamente associada ao conceito de saúde: a pele,
um casaco semi-impermeável de alta tecnologia, 5 camadas e quase 2 metros
quadrados de tamanho, é a principal barreira contra os agentes nocivos
presentes no meio ambiente.
Um banho frequente pode possuir vários benefícios estéticos, relaxantes,
odoríficos e do ponto de vista microbiológico. Recomendando-se que tome banho
todos os dias. Se você não quiser fazer por razões microbiológicas, faça-o
baseado na premissa de combate ao stress e descoberta do corpo.
O ambiente sendo mantido limpo e organizado garante uma boa qualidade
de vida para o profissional no que diz respeito ao controle microbiológico e na
saúde mental.
Da mesma forma que a saúde física e mental está na concepção, na
vontade de todos, a necessidade de estar saudável e de ter o corpo em forma
fica mais clara e evidente quando observamos o empenho dos profissionais que
estão a abordo.
Sendo assim, para possuir a verdadeira saúde é preciso encontrar o
equilíbrio entre mente e corpo. Desde há muito tempo já se sabe que “mente sã,
corpo são”, mas todos nos esquecemos dessa necessidade, e então vemos
constantemente os dois pólos distintos: uns dando toda importância ao físico
enquanto outros a mente, porém ambos esquecendo-se de manter o equilíbrio.
A ausência da higiene pessoal, do ambiente e da saúde física e mental,
proporciona o aparecimento de doenças em grande escala, cujo essas doenças
são denominadas como infecto-parasitárias, sendo essas consideradas um dos
principais problemas de saúde.
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Essas doenças causam aio indivíduo prejuízos físicos, mentais e sociais,
doenças essas encontradas em locais insalubres quanto a higiene, ou seja, locais
que não há facilidade sanitária.
HIGIENE OCUPACIONAL 3.5.
A Higiene Ocupacional visa à prevenção das doenças ocupacionais, através
da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes, que é a definição da NR-9 (PPRA – Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais).
A Higiene Ocupacional cuida do ambiente de trabalho para prevenir
doenças ou lesões nos trabalhadores, provenientes de atividades em ambientes
de trabalho com calor, ruído, vibração, manuseio de substâncias químicas,
bioaerosóis, agrotóxicos, etc, que estão definidos pela NR-15 (Atividades e
Operações Insalubres).
É uma área importante e crescente, pois a conscientização de que o
ambiente de trabalho não deve causar danos à saúde do trabalhador tem se
imposto, infelizmente, à custa de muitas vidas.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) quase 2 em cada 3
trabalhadores no mundo inteiro estão expostos à substâncias químicas,
estimando-se que 1,5 a 2 bilhões de pessoas são afetadas.
Devido a essa abrangência, podem trabalhar nesta área, profissionais de
todas as áreas do conhecimento (médicos do trabalho, enfermeiras do trabalho,
físicos, biólogos, psicólogos e engenheiros químicos, etc).
A esse profissional damos o nome de Higienista Ocupacional.
CONCEITO SOBRE INFECÇÕES 3.6.
A infecção é a colonização de um organismo hospedeiro por uma espécie
estranha. Numa infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos do
hospedeiro para se multiplicar. O organismo infectante, ou patogênico, interfere
na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas consequências.
Ou seja, se refere à invasão, desenvolvimento e multiplicação de um
microorganismo no organismo de um animal ou planta, causando doenças.
A invasão desencadeia no hospedeiro uma série de reações do sistema
imunológico, a fim de defender o local afetado resultando, geralmente, em
inflamações.
Os agentes infecciosos, na maioria das vezes, são seres microscópicos tais
como vírus, bactérias, fungos, parasitas (muitos macroscópicos), virions e príons.
Todas as infecções resultam em uma inflamação, mas nem todas as inflamações
são resultantes de infecções.
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As infecções podem ser comunitárias ou hospitalares.
Comunitária: é aquela que está presente ou em incubação no
paciente durante o ato da admissão do mesmo em uma unidade
hospitalar, ou seja, o paciente é internado com uma infecção que
adquiriu na comunidade. Desde que esta infecção não esteja
relacionada com alguma internação anterior no mesmo hospital.
Sendo assim, é aquela infecção que o paciente pegou na comunidade.
Hospitalar: também denominada de Infecção Nosocomial, é toda
infecção adquirida dentro de um ambiente relacionado à saúde
(hospitais, unidades básicas, asilos, etc). A maioria das infecções
hospitalares é de origem endógena, isto é, são causadas por
microrganismos do próprio paciente. As infecções hospitalares de
origem exógena geralmente são transmitidas pelas mãos dos
profissionais de saúde ou outras pessoas que entrem em contato com
o paciente.
Existem vários tipos de infecções, dentre elas podem citar algumas mais
conhecidas. São elas:
Infecção aérea: infecção microbiana adquirida através do ar e dos
agentes infectantes nele contidos (ex: Tuberculose).
Infecção direta: infecção adquirida por contacto com um indivíduo
doente (ex: sangue contaminado).
Infecção endógena: infecção devido a um microorganismo já
existente no organismo, e que, por qualquer razão, se torna
patogénico (ex: Pneumonia).
Infecção focal: infecção limitada a uma determinada região do
organismo (ex: infecção urinária).
Infecção oportunista: infecção que surge por diminuição das defesas
orgânicas (ex: pessoas com AIDS que apresentam pneumonia).
Infecção séptica: infecção muito grave em que se verifica uma
disseminação generalizada por todo o organismo dos agentes
microorgânicos infecciosos (ex: pessoas com vários ferimentos de
grande proporção e com sujidade ou sujeira)
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AFECÇÕES E AÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS 3.7.
Abordagem Primária:
Estabelecer padrões para a vítima:
Cenário x Segurança
Trauma x Mal Súbito
Consciente x Inconsciente
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 3.8.
A consciência é a conscientização do que está em nosso redor. A
inconsciência é um dano que pode variar de confusão mental a coma profundo.
Inconsciência é o resultado da interrupção da atividade normal do cérebro. O
nível de consciência pode ser medido testando a resposta da vítima a estímulos
tais como tátil, som ou dor.
O líder da equipe deve aproximar-se da vítima tentando estabelecer
contato verbal. Esta aproximação deve ser realizada lateralmente a vítima,
evitando, que a mesma não tente girar a cabeça para vê-lo, o que poderia
agravar possíveis lesões em sua coluna cervical (isso se houver a possibilidade de
trauma).
Nesta fase, realiza-se uma avaliação neurológica rápida. Este exame é
realizado para se estabelecer o nível de consciência da vítima. Uma maneira
rápida para se avaliar o estado neurológico do paciente é o método “AVDI”.
Oferecemos estímulos para analisar as respostas.
A - Alerta
V - Resposta ao estímulo Verbal
D - Só responde a Dor
I – Inconsciência
O rebaixamento do nível de consciência pode
representar diminuição da oxigenação e/ou na
perfusão cerebral ou ser resultado de um trauma
direto ao cérebro.
Caso a vítima apresente consciência (consegue falar, consegue responder
às perguntas, consegue abrir os olhos espontaneamente), realize as seguintes
ações:
Coloque a vítima em PLS (Posição Lateral de Segurança);
Reavalie os perigos iminentes para a vida;
Se ainda não chamou o socorro especializado, faça-o nesse
momento;
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Reavalie a vítima frequentemente.
Caso a vítima venha a apresentar uma inconsciência (não responsiva aos
estímulos submetidos), grite por ajuda e peça a alguém para permanecer ao seu
lado.
Prossiga com as seguintes instruções:
Esteja preparado para uma Parada Cardiorrespiratória (PCR);
Proceda com a checagem dos sinais vitais (pulso principalmente e
respiração).
A checagem de pulso deve ser realizada na carótida, artéria do
pescoço, utilizando dois dedos, o indicador e o médio conforme
visualização da figura abaixo.
Posicione os dedos sobre o “gogó” da vítima e faça um deslize para a
lateral do pescoço, nessa região encontraremos a artéria. O tempo
necessário para achar e checar esse pulso é de 10 segundos.
ABCD DA VIDA E ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL 3.9.
O posicionamento correto da vítima e do socorrista precede o início do
ABCD primário. A vítima deverá estar deitada de costas sobre uma superfície
firme e estável e o socorrista deve ajoelhar-se próximo da vítima na altura de
seus ombros, para que possa se movimentar o mínimo possível.
A letra A do ABCD primário corresponde à avaliação das vias aéreas,
verificando a possibilidade de uma obstrução da mesma concomitantemente com
a verificação da ausência de respiração espontânea.
A letra B do ABCD primário consiste na observação da respiração
positiva (espontânea) da vítima. A ausência da movimentação do tórax para cima
e para baixo sinaliza uma obstrução das vias aéreas, que geralmente é
decorrente de queda da língua.
A letra C do ABCD primário nos remonta a verificação de alguma falha na
circulação da vítima. A ausência de pulso, hemorragias graves e palidez de pele,
são informações que nos levam a classificar uma falha na circulação.
A letra D do ABCD primário consiste na avaliação neurológica da vítima,
sendo, portanto, realizada pela equipe de socorro especializado da embarcação.
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A estabilização da coluna cervical se dá pelo fato de um dos socorristas se
posicionar adequadamente, de maneira confortável e segura, colocando a cabeça
da vítima em posição neutra com o alinhamento do corpo.Lembrando que este
socorrista, encarregado desta tarefa, somente poderá ser liberado após a vítima
receber um dispositivo adequado de estabilização da coluna cervical. Somente
podemos considerar uma coluna cervical imobilizada após o acidentado estar
sobre uma maca rígida, fazendo uso de imobilizador de cabeça.
Escolha do Colar Cervical
Vítima com a cabeça em posição neutra (com cervical alinhada);
Verifique com seus dedos, a altura do pescoço que corresponde a
distância entre uma linha imaginária que passa pela borda inferior da
mandíbula e outra que passa pelo ponto onde termina o pescoço e se
inicia o ombro;
Verifique a altura (tamanho) do colar cervical. Verificando qual o
tamanho mais apropriado à vítima, do mesmo modo que mediu o
pescoço. Não inclua na medida a borda macia (esponja);
O primeiro socorrista fará ou manterá a tração, alinhamento e
imobilização da Coluna Cervical, utilizando sempre as mãos que
devem estar na face lateral da vítima, conforme a posição da vítima e
de acordo com a situação, deixando livre o pescoço, para que seja
mais fácil a aplicação do Colar Cervical;
O segundo socorrista, seguindo a regra prática de aplicação de cada
tipo de colar, procede primeiro colocando a parte de trás do colar
(base) passando por debaixo do pescoço da vítima e em seguida
apoia a parte da frente do colar no queixo da vítima fazendo um
ajuste com o velcro para fixação do colar cervical;
Este segundo socorrista irá completar o ajuste e fixação do colar,
utilizando as fitas existentes;
O primeiro socorrista manterá sempre o alinhamento e imobilização
segundo o eixo nariz, umbigo e pés durante os movimentos que
forem necessários realizar.
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PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) 3.10.
Consiste na ausência de batimentos cardíacos e respiratórios de um
indivíduo, ou seja, é a interrupção da circulação sanguínea, decorrente da
suspensão súbita e inesperada, não diferente da situação de um indivíduo vítima
de algum trauma.
É uma situação dramática, responsável por morbimortalidade elevada,
mesmo em situações de atendimento ideal. Na PCR, o tempo é variável
importante, estimando-se que, a cada minuto que o indivíduo permaneça em
PCR, 10% de probabilidade de sobrevida sejam perdidos.
A parada cardiorrespiratória (PCR) é diferente de uma constatação de
morte biológica irreversível, caracterizada por deterioração irreversível dos
órgãos e sistemas, que se segue à PCR, quando não são instituídas as manobras
de circulação e oxigenação e de morte encefálica, que é caracterizada pela
necrose do tronco e do córtex cerebral pela falta de oxigenação por mais de 5
minutos.
Sendo assim, a constatação da morte de uma vítima está associada com a
presença de um médico e pela realização de exames específicos.
A constatação imediata da PCR, assim como o reconhecimento da
gravidade da situação, é de fundamental importância, pois permite iniciar
prontamente as manobras de reanimação, antes mesmo da chegada de outras
pessoas e de equipamento adequado. Evita-se, dessa forma, uma maior
deterioração do sistema nervoso central (SNC) e de outros órgãos nobres.
Se uma pessoa permanecer de 4 a 6 minutos sem oxigênio, as células
cerebrais morrem rapidamente.
A parada cardiorrespiratória pode ocorrer sem aviso e requer primeiros
socorros rápidos. O diagnóstico da PCR deve ser feito com a maior rapidez e pode
ser identificada por sinais e sintomas que precedem a PCR e por sinais clínicos de
uma PCR.
Principais Sinais e Sintomas que Precedem uma PCR:
Dor torácica;
Sudorese;
Palpitações;
Tontura;
Escurecimento visual;
Perda de consciência;
Sinais Clínicos de uma PCR:
Inconsciência;
Ausência de movimentos respiratórios;
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Ausência de pulsos em grandes artérias (femoral e carótidas) ou
ausência de sinais de circulação;
Pele pálida (esbranquiçada) e fria;
Cianose (cor arroxeada nos lábios e unhas);
Dilatação de pupilas (nem sempre presente).
Observação: A cianose e a dilatação pupilar (midríase, que ocorre com
cerca de 1 minuto pós-PCR) são sinais comumente utilizados no diagnóstico da
PCR. Entretanto, deve-se ter cuidado com pacientes com DPOC (que têm cianose
crônica) ou pacientes muito anêmicos (que não ficam cianóticos).
A responsividade deve ser investigada com estímulo verbal e tátil. O
estímulo verbal deve ser efetuado com voz firme e em tom alto, que garanta que
a vítima seja capaz de escutar o socorrista. O estímulo tátil deve ser firme,
sempre contralateral ao lado em que se posiciona o socorrista, para evitar que o
mesmo seja agredido, involuntariamente, por pacientes “semiconscientes”.
O pulso deve ser investigado no sítio carotídeo, por ser o último a
desaparecer e o primeiro a ser restabelecido numa situação de instalação e
reversão de PCR. Além disso, tem a vantagem da proximidade do socorrista. Dez
segundos são suficientes para se comprovar a ausência de pulso, com exceção
feita aos pacientes hipotérmicos, para os quais um tempo maior (30 a 40
segundos) pode ser necessário.
Uma vez constatado o diagnóstico, deve ser reforçado o pedido por ajuda e
iniciam-se as manobras de suporte básico de vida.
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REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP) 3.11.
Após a realização da avaliação do nível de consciência, constatar que a
vítima está inconsciente, checar o pulso carotídeo e constatar a ausência de pulso
e observar a presença de algum ou todos os sinais que foram mencionados na
parada cardiorrespiratória, devemos iniciar rapidamente o protocolo de suporte
básico de vida – RCP – cujo conjunto de ações é determinado pelas letras do
ABCD da vida, são elas: C-A-B (Circulation, Airway e Breathing).
A ressuscitação cardiopulmonar, reanimação cardiopulmonar (RCP) ou
ainda reanimação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de manobras
destinadas a garantir a oxigenação dos órgãos quando a circulação do sanguínea
para subitamente (parada cardiorrespiratória). Nesta situação, se o sangue não é
bombeado para os órgãos vitais, como o cérebro e o coração, esses órgãos
acabam por entrar em falência, pondo em risco a vida da pessoa.
OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DA RCP 3.12.
Coloque a vítima deitada de costas sobre superfície dura;
Coloque suas mãos sobrepostas no meio do esterno com os braços
estendidos;
Os dedos devem ficar abertos e não tocam a parede do tórax;
Faça a seguir uma pressão, com bastante vigor, para que se abaixe o
esterno comprimindo o coração de encontro à coluna vertebral;
Descomprima em seguida.
Desobistrua as vias áerias (com cautela pois pode haver danos na
cervical)
Afrouxe as roupas da vítima, principalmente em volta do pescoço,
peito e cintura;
Verifique se há qualquer coisa ou objeto obstruindo a boca ou
garganta da vítima;
Inicie a respiração de socorro tão logo tenha a vítima sido colocada
na posição correta. Cada segundo é precioso.
As Diretrizes da AHA 2010 para RCP e ACE enfatizam, mais uma vez, a
necessidade de uma RCP de alta qualidade, incluindo:
Frequência de compressão mínima de 100/minuto (em vez de
"aproximadamente" 100/minuto, como era antes).
Profundidade de compressão – 5 cm em adultos, e de um terço do
diâmetro anteroposterior do tórax, em bebes e crianças (4 cm em
bebes e 5 cm em crianças).
Retorno total do tórax apos cada compressão.
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Minimização das interrupções nas compressões torácicas.
Evitar excesso de ventilação.
Outro fator importante é o posicionamento apropriado da vítima e do
socorrista. Para uma boa realização a vítima deve ser deitada de costas sobre
uma superfície firme e estável. Se for preciso movê-la para colocá-la de costas,
considere primeiro a possibilidade de trauma cervical.
A interrupção da RCP somente poderá ocorrer após ordem médica ou por
cansaço extremo do socorrista, que impossibilite o prosseguimento das
manobras. Obviamente, caso seja restabelecida a função cardíaca, deve-se
cessar a massagem.
Circulation (Circulação): Pulso carotídeo? Se não, inicie compressão
cardíaca. Localize o ponto correto para colocar o “calcanhar” da mão (base da
mão) no centro do tórax da vítima (no meio de esterno – quatro dedos acima do
processo xifóide, ou na junção de duas linhas imaginária, uma na altura dos
mamilos e a outra do nariz ao umbigo) e de joelhos, mantenha o corpo firme
(sem fletir os cotovelos com o seu tronco alinhado sobre a vítima) mantendo os
braços completamente esticados. Agora cruze as mãos entrelaçando os dedos, e
comprima o tórax pelo menos 5 (cinco)cm – para adultos.
Airway (Vias aéreas): aberta? Se não, hiperestenda o pescoço (considere
antes o trauma cervical). Primeiro abra a boca colocando uma de suas mãos na
testa da vitima com os dedos polegar e indicador em forma de C e a outra mão
posicione abaixo do queixo com os dedos indicador e médio fazendo uma
pequena força, empurrando a cabeça da vítima para traz realizando uma leve
hiperextensão do pescoço (lembre-se que ao fazer essa manobra você deve abrir
a via aérea e não fechar a boca da vitima) e logo em seguida, visualizar o interior
da boca observando se há algum corpo estranho obstruindo a passagem de ar.
Observação: Havendo indícios de trauma providencie a estabilização da
coluna cervical utilizando as mãos ou o equipamento adequado (Colar Cervical).
A escolha e a colocação do Colar Cervical são de extrema importância, pois
o seu uso incorreto pode não causar o efeito desejado ou até causar danos
irreversíveis.
Breathing (Respiração): movimento de ar? Esta adequada? Se não, inicie
ventilação. Procure utilizar os equipamentos necessários para tal. São eles; AMBU
(BMV – bolsa-máscara-ventilatória) e Pocket Mask. Realize 2 (duas) ventilações
rápidas – 1 (um) segundo para cada ventilação – permitindo que o ar entre, seja
“inspirado”. Neste momento você já deve estar posicionado ao lado da vítima na
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direção da cabeça e de frente para o outro socorrista. A mascarilha deve ficar
bem vedada na face da vítima evitando a perda de ar.
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Esquema para RCP conforme AHA-2010 3.12.1.
Abreviações: DEA/DAE, desfibrilador automático externo; AP, anteroposterior; RCP, ressuscitação cardiopulmonar; PS, profissional da saúde. Excluindo-se recém-nascidos, cuja etiologia da PCR e, quase sempre, asfíxica
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OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO 3.13.
Obstrução de vias aéreas é toda situação que impeça total ou parcialmente
o trânsito do ar ambiente até os alvéolos pulmonares. Corpo estranho em vias
aéreas é qualquer objeto que se coloque em posição de impedir a ventilação
pulmonar normal, como balas, moedas, dentadura, alimentos e outros.
Pode ocasionar a perda da consciência e a parada cardiorrespiratória, tendo
como causas mais frequente:
Alimentos;
Próteses dentárias ou fragmentos de dentários;
Balas e chicletes;
Aspiração de pequenos objetos.
Sinais e Sintomas
Vítima coloca as duas mãos ou uma das mãos na garganta,
mostrando que está segurando-a;
Vítima procurando por ar;
Incapacidade de falar ou tossir;
Lábios, orelha ou face azulados;
Respiração audível, ronco;
Conclusão
Respiração obstruída, sufocamento
Nesse momento, o objetivo dos primeiros socorros é realizar a
desobstrução das vias aéreas, sendo a manobra de HEIMLICH o único método
pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas superiores por corpo estranho,
capaz de reverter a condição do momento.
Manobra de HEIMLICH para vítima consciente
Ao verificar que a vítima está se sufocando e sua capacidade de emitir sons
está dificultada, ou caso a vítima possa tossir ou falar, significa
que a obstrução é incompleta. Acione o serviço especializado
para transportar a vítima para a Enfermaria e não efetue a
Manobra de Heimlich.
Nas obstruções completas posicione-se atrás da vítima
circundando-a com seus braços e realize a Manobra de
Heimlich, onde a vítima deve permanecer em pé (indicada para
jovens, adultos e crianças grandes).
Mantenha uma perna a frente e a outra atrás (em posição de equilíbrio),
feche uma de suas mãos e a outra permaneça aberta e espalmada, posicione a
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mão fechada na região superior do abdome enquanto a outra mão fica sobre a
mão fechada, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical, aperte essa região
realizando pelo menos 5 compressões.
Obervação: Vítima com obstrução de via aérea superior devido a corpo
estranho, estando inconsciente, trata-se como vítima de parada
cardiorrespiratória.
DOENÇAS CORONARIANAS 3.14.
O coração tem seus próprios vasos sanguíneos para suprir a intimidade do
músculo cardíaco de O2 e nutrientes e remover CO2 e outros detritos.
Denominamos o músculo cardíaco de miocárdio. Para que o miocárdio
desempenhe de forma eficiente sua função de bomba, é fundamental que o
sangue oxigenado alcance a intimidade do seu tecido. O próprio coração está
sendo irrigado com sangue através de suas artérias coronárias.
Quando essas artérias coronarianas estão prejudicadas quanto a sua função
de irrigação/transporte de sangue, a quantidade de O2 está diminuída, ou seja, o
próprio coração não consegue mandar sangue para ele mesmo acarretando num
comprometimento da bomba.
O processo lento e gradual da obstrução de um vaso sanguíneo coronariano
chamamos de aterosclerose (causa mais frequente de angina – dor forte no
peito). Na fase inicial da aterosclerose, ocorre o acúmulo de gordura no interior
desses vasos, fazendo um estreitamento do diâmetro da artéria. Conforme o
tempo vai passando, a parede desse vaso sanguíneo vai endurecendo, e o fluxo
de sangue fica reduzido.
Com uma irregularidade no interior dos vasos, as plaquetas vão aderindo
umas as outras formando um trombo. Esta agregação das plaquetas pode ser tão
intensa que pode obstruir o diâmetro do vaso, ou então, quebrar e transformar-
se em um êmbolo (trombo circulante), acarretando em uma substância sólida e
densa que ao circular livremente dentro do vaso sanguíneo causa uma obstrução
do vaso mais à frente.
Quando isso ocorre, os tecidos que estão
posteriormente a área de obstrução e que dependem
de fluxo de sangue, mas que nesse momento estão
privados de oxigênio, acabam morrendo.
Quando esse processo ocorre nas artérias
coronarianas, chamamos de doença coronária, que se
resume em um baixo suprimento de sangue para o
coração. Nisso incluímos a angina de peito e o infarto agudo do miocárdio.
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Angina de Peito 3.14.1.
Situações de estresse emocional ou esforço físico fazem com que o coração
trabalhe mais, exigindo maior fluxo de sangue pelas artérias coronárias para
suprir o músculo cardíaco. Quando as artérias coronárias se estreitam pela
aterosclerose, não são capazes de suprir o aumento da demanda de sangue pelo
músculo cardíaco. O miocárdio, privado de oxigênio, faz o paciente sentir dor. É a
angina pectoris ou dor no peito.
Sinais e Sintomas
Dor no tórax (às vezes, desconforto),
desencadeada por esforço físico, estresse,
refeição volumosa ou exposição a
temperaturas muito frias.
A dor pode ser sentida nos braços, irradia-
se para os membros superiores, ombros,
mandíbula (queixo) e porção superior do
abdome. Raramente ultrapassa dois a
cinco minutos, desaparecendo com
repouso e uso de vasodilatador sublingual.
Atendimento de Emergência
Confortar e acalmar o paciente;
Mantê-lo em repouso, em posição confortável;
Informar-se sobre o uso do vasodilatador sublingual e se o tem;
Passar os dados clínicos para o médico e aguardar instruções;
Se houver necessidade de transportá-lo, fazê-lo sem apavoramento,
devagar e monitorando sinais vitais e se possível monitorização
cardíaca.
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 3.14.2.
Condição em que ocorre necrose (morte) de parte do miocárdio como
resultado da falta de oxigênio. Isso acontece por estreitamento ou oclusão da
artéria coronária que supre de sangue a região. O infarto agudo do miocárdio
(IAM) é a causa mais freqüente de morte súbita (50% das mortes ocorrem nas
primeiras horas); muitas dessas vítimas poderiam ser salvas com medidas
prontas e relativamente fáceis (manobras de RCP). Daí a importância de
identificar precocemente o infarto agudo do miocárdio.
A causa principal do IAM é a aterosclerose das coronárias, que pode ser
desencadeada por esforço físico, situação de estresse, fadiga, mas também no
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repouso. A principal complicação do IAM é a alteração do ritmo cardíaco. Drogas
como a cocaína, podem provocar IAM por espasmo do vaso.
Sinais e Sintomas
Dor torácica de forte intensidade, prolongada (30 minutos a várias
horas), que localiza atrás do esterno e irradia-se para o membro
superior, ombro, pescoço, mandíbula, etc. Geralmente o repouso não
alivia a dor;
Falta de ar;
Náusea, vômitos, sudorese fria;
Vítima ansiosa, inquieta, com sensação de morte iminente;
Alteração do ritmo cardíaco – bradicardia, taquicardia, assistolia,
fibrilação ventricular (as duas últimas apresentam PCR);
Na evolução, a vítima perde a consciência e desenvolve choque
cardiogênico.
Atendimento de Emergência
Assegurar vias aéreas;
Tranquilizar a vítima – abordagem calma e segura (objetivo de
diminuir o trabalho do coração);
Mantê-la confortável, em repouso absoluto. Não permitir seu
deslocamento;
Manter cabeceira levemente elevada;
Afrouxar as roupas, principalmente cintos, botões e gravatas;
Examinar sinais vitais com freqüência;
Administrar oxigênio;
Monitorização cardíaca.
HEMORRAGIA 3.15.
É o derramamento de sangue para fora dos vasos que devem contê-lo.
Sendo utilizado para transportar oxigênio, nutriente para as células, bem
como gás carbônico e outras excretas para os órgãos de eliminação, o sangue
constitui-se como o meio de inquestionável importância, tanto na respiração,
nutrição e excreção, como na regulação corpórea, transportando hormônios,
água e sais minerais para a manutenção de seu equilíbrio.
O volume circulante em um adulto varia em média o equivalente de 5 a 6
litros, levados em conta a relação de 70ml por Kg de peso corporal, o que
corresponde, por exemplo, a 4.900ml de sangue em uma pessoa de 70Kg.
Havendo uma diminuição brusca do volume circulante, como a que ocorre
em uma grande hemorragia, o coração poderá ter sua ação como bomba
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comprometida, o que chegando a determinados níveis, levará a vítima a um
colapso circulatório, podendo resultar em morte.
Vasos sangüíneos 3.15.1.
Sendo o coração uma verdadeira bomba impulsionadora e o sangue a
substância a ser transportada, os vasos sangüíneos constituem um complexo
sistema de vias que permitirá ao sangue chegar a todas as partes do organismo.
Os vasos sangüíneos podem ser:
Artérias – qualquer vaso conduzindo sangue que sai do coração.
Veias – qualquer vaso conduzindo sangue de volta ao coração.
Capilares – vasos sangüíneos microscópicos que fazem a ligação
entre as artérias e as veias. Ë onde ocorrem as trocas gasosas.
Classificação da hemorragia quanto a localização 3.15.2.
A hemorragia pode ser:
Hemorragia externa;
Hemorragia interna.
Hemorragia externa
Sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangue,
podendo ser controlada utilizando-se técnicas de primeiros socorros.
Hemorragia interna
Hemorragia das estruturas mais profundas, podendo ser oculta ou
exteriorizada como ocorre em sangramento no estômago, em que a vítima expele
o sangue pela boca.
A hemorragia interna é mais grave devido ao fato de não podermos
visualizá-la, o que faz com que o tratamento necessariamente tenha que ser
realizado em ambiente hospitalar, cabendo ao socorrista apenas algumas
manobras que visam evitar que o estado de choque se instale.
Classificação da hemorragia quanto ao tipo do vaso rompido. Dependendo
do vaso sangüíneo atingido, o sangramento
poderá ser:
Hemorragia arterial
Hemorragia venosa
Hemorragia capilar
Hemorragia arterial
O sangramento acontece em jatos
intermitentes, no mesmo ritmo das contrações cardíacas. Sua coloração é um
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vermelho vivo. A pressão arterial torna este tipo de hemorragia mais grave que
um sangramento venoso devido a velocidade da perda sanguínea.
Hemorragia venosa
É o sangramento que se dá em decorrência do rompimento ou corte de
uma veia, e tem uma coloração vermelha escura, típica de um sangue rico em
gás carbônico, tem um fluxo contínuo e mais lento que o da hemorragia arterial.
Hemorragia capilar
Sangramento contínuo com fluxo lento visto nos arranhões e cortes
superficiais da pele. É a hemorragia causada pelo rompimento de capilares
sangüíneos, o exemplo mais comum desse tipo de hemorragia é a escoriação
(uma lesão discreta, resultante de um trauma por abrasão linear ou com
pequenas manchas, pontos ou depressões, produzida por meios mecânicos,
geralmente envolvendo somente a epiderme).
Observação: Considerando que as artérias estão localizadas mais
profundamente na estrutura do corpo, as hemorragias venosas e capilares são
mais comuns do que a do tipo arterial.
Consequências das hemorragias 3.15.3.
Uma grande hemorragia não tratada pode conduzir a vítima a um estado de
choque e consequentemente à morte. Já sangramentos lentos e crônicos podem
causar anemia (baixa quantidade de glóbulos vermelhos).
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas da hemorragia, apresentados por uma vítima, variam
de acordo com a quantidade de sangue perdida e a velocidade deste
sangramento.
Observe a tabela abaixo:
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Perdas entre 15 e 30% Perdas entre 30 e 50%
Ansiedade Acrescer:
Sede Alteração nível de consciência
Taquicardia entre 100 e 120
bpm
Hipotensão arterial
Pulso radial fraco Taquicardia > 120 bpm
Pele fria Respiração rápida e superficial
Sudorese
Freqüência respiratória > 20 rpm
Quantidade de sangue perdida
Tratamento de uma hemorragia 3.15.4.
O tratamento de uma hemorragia consiste na realização da hemostasia
(processo de interrupção de um sangramento).
Tratamento da hemorragia interna
Como já foi descrito anteriormente, pouco pode ser feito pelo socorrista no
caso de haver uma hemorragia interna. O transporte rápido para uma unidade
médica é fundamental, cabendo ao socorrista a realização de manobras que
venham prevenir ou retardar a instalação do estado de choque, assunto abordado
em um capítulo próprio mais a frente.
Tratamento da hemorragia externa
Uma vez observado os procedimentos iniciais da avaliação da vítima, ao ser
constatado uma determinada hemorragia, o socorrista deverá optar por um dos
quatro principais métodos de contenção de hemorragia:
Compressão direta ou local – Hemorragias externas, na maioria das vezes,
são controladas por uma compressão diretamente sobre o ferimento com o uso
de um curativo estéril ou pano limpo. Esta compressão não deve ser interrompida
até a coagulação, o que pode ocorrer de 6 a 8 minutos nas hemorragias mais
intensas. Caso seja interrompida precocemente, poderá ocorrer a remoção do
coágulo semi formado iniciando
novamente a hemorragia.
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Observações:
Ao realizar uma compressão direta, fazer o uso de luvas de procedimentos,
evitando assim o contato direto com o sangue da vítima. Atente para o pulso
distal para que a compressão não venha comprometer a circulação dos tecidos
vizinhos. Caso isto ocorra, a compressão exercida deverá ser diminuída.
Mantenha no local as compressas encharcadas de sangue. Caso necessário,
sobreponha novas compressas secas. Fixe as compressas sobre o ferimento com
bandagens, se disponíveis.
IMPORTANTE: A compressão direta é o método mais rápido e mais efetivo
para controlar uma hemorragia.
Elevação de membros – pode ser combinada com a compressão
direta em hemorragias em membros, desde que não haja suspeita de
fraturas. Os efeitos da gravidade diminuem a pressão sanguínea na
parte afetada reduzindo assim a intensidade do sangramento. O
ferimento deve ficar acima do nível do coração para que os efeitos
desejados sejam alcançados.
Compressão indireta ou à distância – Esta técnica consiste em
comprimir uma artéria que irriga uma determinada área que sangra.
Para tanto, há necessidade de conhecimento anatômico, ou seja,
saber por onde passa a artéria a ser comprimida.
O corpo humano possui vários pontos para compressão de artérias que
podem ser usados para controlar um sangramento, como mostra a figura ao lado.
Observação: A aplicação de pressão sobre uma determinada artéria deve
ser vista como uma medida drástica, que somente deve ser utilizada após os
recursos de compressão direta (com ou sem elevação de membros) não terem
sido eficazes.
Torniquete - A real necessidade do uso deste método deve ser
considerada por se tratar de um procedimento extremo de último
recurso para controlar uma hemorragia grave, pelos riscos que o
cercam. Muitas vezes um curativo compressivo é a melhor opção.
Vale lembrar que esta técnica deve ser aplicada por pessoal treinado
e com conhecimento técnico apurado.
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Em uma situação onde ocorra uma amputação traumática, o sangramento
pode ser pequeno, ao contrário do que se espera, pois a artéria envolvida entra
em constrição pela ação reflexa dos nervos simpáticos.
Tal fato justifica o uso da compressão direta ao invés de um torniquete.
Sendo inevitável o uso deste procedimento, ou seja, após todos os métodos
citados anteriormente falharem, o socorrista deverá estar atento aos cuidados
que envolvem esta técnica, pois, quando mal realizada, poderá induzir a uma
eventual perda do membro afetado, quando não se tratar de amputação total.
Os cuidados são:
O torniquete deverá ser aplicado entre o ferimento e o coração a uma
distância de aproximadamente 5 cm da lesão.
Deve-se posicionar um pacote de curativo ou um rolo de pano sobre
a artéria a ser comprimida.
Utilize um cinto longo, gravata, meia ou outro material que não
venha provocar estrangulamento dos membros, para envolver o local
dando um nó sobre o pacote de curativo.
Improvise uma haste firme, como um pedaço de madeira ou barra de
metal (canetas e lápis podem se quebrar facilmente) que deve ser
colocada sobre o nó onde será aplicado um outro nó.
Gire a haste até que o sangramento pare, fixando-a
convenientemente.
Avalie o torniquete até a chegada ao hospital.
Registre o horário de aplicação do torniquete em local visível, se
possível na própria vítima (exemplo: TQ – 13:20).
Não cubra o torniquete para que não passe despercebido pelos que
darão continuidade aos cuidados prestados ao paciente.
ESTADO DE CHOQUE 4.
É uma manifestação clínica, caracterizada pela queda brusca e intensa de
oxigênio no sistema circulatório, descompensando outros sistemas do organismo,
e pode levar o indivíduo a morte. Trata-se de uma situação de emergência, de
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extrema gravidade, que requer da equipe de atendimento de urgência e
emergência total controle da situação, agilidade e eficiência no atendimento.
Considera-se choque a situação de falência do sistema cardiocirculatório
em manter todos os órgãos abastecidos.
O choque pode ser classificado em quatro grupos, sendo ele hipovolêmico,
cardiogênico, obstrutivo e distributivo.
Choque Hipovolêmico
É a redução do volume sanguíneo, resultando distúrbios celulares. A
hipovolemia é uma das causas mais comuns de choque.
Está subdividido em choque hemorrágico e não hemorrágico. Suas causas
estão relacionadas na hemorragia interna ou externa, perda de plasma em
grandes queimaduras e lesões traumáticas, as desidratações de grua III também
causam choque hipovolêmico, em grandes fraturas (ossos longos – fêmur e ossos
chatos - quadril) ocorre uma grande perda de sangue.
Choque Cardiogênico
Apresenta redução do rendimento cardíaco, ou seja, quando ocorre baixa
do rendimento cardíaco. O coração não bombeia o sangue efetivamente para os
demais órgãos.
Geralmente é detectado pelo eletrocardiograma (ECG) e ausculta cardíaca,
detectando-se bradiarritmias, com bloqueio atrioventricular total (BAVT),
taquicardias com fibrilação atrial de alta freqüência; aparece também no infarto
agudo do miocárdio e outras patologias clínicas do coração.
Choque Obstrutivo
É a dificuldade de manter o débito cardíaco em nível adequado, com
dificuldade de esvaziamento das câmaras cardíacas, ocorrendo obstrução das
artérias. Acontece nos casos de tamponamento cardíaco, embolia de gordura.
Choque Distributivo:
Caracterizado pela dilatação vascular excessiva, vasoplegia, presente
também na septicemia, na intoxicação por cocaína, no TCE e na reação
anafilática.
Sinais e Sintomas
Taquicardia (aumento do número de batimentos cardíacos) – pulso
rápido, fraco, filiforme e de difícil palpação;
Taquipnéia (aumento do número de respirações);
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Hipotensão (pressão arterial baixa - especialmente devido a
quantidade relativamente baixa de líquidos nos vasos sangüíneos);
Sudorese (suor excessivo);
Pele fria, úmida e pegajosa;
Palidez cutânea (causada pela vasoconstricção);
Alteração do nível de consciência (causada pela hipóxia);
Cianose de extremidades;
Sede intensa;
Fraqueza, náuseas e vômitos;
Ansiedade e agitação.
PREVENÇÃO CONTRA O CHOQUE 4.1.
Mantenha a vítima deitada com a cabeça mais baixa que o restante
do corpo, realizando uma breve conversa com a vítima, a fim de
avaliar seu nível de consciência (procure acalmar a vítima ao observa
sua consciência e peça a ela que siga suas orientações).
Se necessário, lateralize a cabeça da vítima evitando que a mesma
aspire vômito. Em caso de acidente, faça a remoção da vítima com
cuidado e dê atenção especial para a região cervical.
Mantenha as vias aéreas livres e folgue a roupa e os acessórios da
vítima.
Mantenha a vítima aquecida sem dar qualquer tipo de líquido.
QUEIMADURA 5.
São lesões causadas nos tecidos, ou seja, no tecido cutâneo, provocadas
pela ação direta ou indireta de alta temperatura, ou por radiação de algum
agente externo, como o choque por exemplo.
São lesões frequentes nos acidentes, mesmo não levando à morte, na
maioria dos casos, as queimaduras são formas agressivas ao ser humano,
produzindo sofrimento físico e psicológico.
As lesões variam de acordo com a extensão e a profundidade da área
lesionada, determinando assim a gravidade da área queimada.
Quanto a profundidade
Classificam-se conforme a profundidade da lesão. Esse tipo de classificação
direciona o atendimento pré-hospitalar que a vítima vai ter, e também a
continuidade de tratamento nos centros especializados.
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1º Grau 2º Grau 3º Grau
A lesão atinge a epiderme, apresenta
vermelhidão na área e é
acompanhada de dor.
A lesão atinge a epiderme e a derme,
apresenta vermelhidão na área, é
acompanhada de dor e aparecimento
de bolhas
A lesão atinge todas as camadas da
pele, chegando ao tecido subcutâneo.
É a forma mais grave. As lesões se
apresentam esbranquiçadas, secas,
com aspecto carbonizado,
desassociado a dor.
Estão subdividias em:
Quanto ao agente causador
Queimadura térmica: causada por líquidos (água é o mais comum)
em temperatura extremamente alta, fogo e vapor.
Queimadura solar ou radiação: causada por radiação solar em
excesso.
Queimadura elétrica: causada por fonte de energia elétrica, tanto
de baixa como alta tensão.
Queimadura radioativa: causada por agente radioativo como césio
e cobalto.
Queimadura química: causadas por ácidos e materiais do gênero,
produtos corrosivos que podem ser bases fortes, como exemplos
têm: álcool, gasolina, bases e ácidos.
As queimaduras apresentam sinais e sintomas característicos para cada
tipo de grau mencionado anteriormente, porém, ao associarmos os tipos de
agentes causadores, observamos outros sinais e sintomas que a vítima pode
apresentar, são eles:
Mal estar generalizado;
Cefaléia;
Tontura, náuseas e vômitos;
Taquicardia;
Temperatura corporal elevada;
Perda de consciência e até desmaios.
ABORDAGEM 5.1.
Afastar a vítima do agente causador;
Manter o indivíduo deitado com os membros inferiores ligeiramente
elevados;
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Colocar a vítima em local fresco e arejado;
Prevenir contra hipotermia;
No caso da vítima estar em chamas, envolvê-la em um cobertor,
deixando livre a sua cabeça, evitando o sufocamento;
Resfriar a área com água limpa corrente;
Retirar a vestimenta que não estiver aderida ao corpo;
Em casos de queimaduras químicas deve-se remover, por absorção, o
máximo possível do agente e depois lavar com água limpa em
abundância;
Não ofertar água para a vítima beber, caso esteja inconsciente;
Não ultrapassar o tempo de 10 minutos lavando a área queimada;
Não perfurar as bolhas, caso haja;
Não aplicar algum tipo de loção, creme ou infusão caseira. Ex: graxa,
pó de café, gordura, pasta de dente, etc;
Não tentar puxar a vítima que está sob descarga elétrica;
Proteger a queimadura com Solução Fisiológica a 0,9% com gaze
úmida;
Providencias transporte da vítima para a enfermaria.
FRATURA 6.
São caracterizadas por perda da continuidade do osso, independente do
que ocorreu. As fraturas lesam a parte externa do osso, apresenta hematoma
local, o que indica sinal de hemorragia interna, dor intensa e alteração da função
do membro atingido.
Ou seja, é uma ruptura de um osso que pode ser completa, abrangendo
toda a espessura do osso, ou incompleta, que só compreende uma parte do
mesmo.
Nunca deixe que extremidades deformadas ou feridas ocupem sua atenção
quando houver lesões que ameacem a vida.
Estas lesões são fácies de identificar ao primeiro contato com o paciente e
raramente apresentam risco de vida imediato. É importante rever os passos
iniciais de atendimento ao acidentado (avaliação primária do trauma) e só então
preocupar-se com o tratamento/imobilização dessas lesões.
Uma fratura recebe o
nome de simples ou fechada,
sempre que os ossos não
perfurarem a pele.
Já quando o osso fraturado
entra em contato com o meio
externo, seja através do
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ferimento causado por suas arestas irregulares, seja através de um trajeto que
permita que o osso entre em contato como o meio, recebe o nome de exposta ou
aberta.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM 6.1.
Traumática: Quando originada por um agente traumático
(acidente).
Patológica: É aquela em que o traço de fratura surge sem a
presença do traumatismo, podendo ser mediante a uma
enfermidade. Ex. raquitismo, osteomielite, osteoporose, etc.
SINAIS E SINTOMAS 6.2.
Dor intensa;
Edema (inchação) no local que poderá ter a cor arroxeada quando
ocorrer rompimento de vasos e acúmulo de sangue sob a pele;
Impotência funcional ou incapacidade ou limitação dos movimentos;
Crepitação, isto é, a sensação que se tem quando, ao tocar o local, as
partes fraturadas se atritam.
ABORDAGEM 6.3.
Mantenha o membro fraturado na posição mais natural possível, sem
causar desconforto para a vítima.
Faça uma imobilização provisória com talas imobilizadoras.
Contenha a hemorragia, isso se houver fratura exposta.
No caso de fratura exposta, proteja o ferimento com gaze ou pano limpo
antes de imobilizar, a fim de evitar a penetração de poeira ou qualquer outra
substância que favoreça uma infecção.
Utilize talas que ultrapassem as articulações acima e abaixo da fratura e
sustentem o membro atingido.
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Sempre que imobilizar um membro fraturado, deixe os dedos livres para
verificar qualquer alteração. Estando eles inchados, roxos ou adormecidos, as
tiras devem ser afrouxadas.
LUXAÇÃO 7.
Popularmente diz-se que os ossos "saíram do lugar". Chama-se luxação ao
fato de 2 ossos se desarticularem.
É a lesão em que as superfícies articulares deixam de se tocar de forma
permanente, podendo ser completa, quando há separação total das superfícies
articulares, ou incompleta, quando a articulação ainda mantém algum ponto de
contato.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM 7.1.
Traumática: Ocorre após um trauma ou um movimento extremo.
Patológica: Ocorre devido a algumas doenças que acometem as
articulações.
Congênita: Ocorre durante a gestação.
SINAIS E SINTOMAS DE LUXAÇÃO 7.2.
Dor intensa;
Deformidade no nível da articulação;
Perda da mobilidade;
Impotência funcional;
Equimose.
ABORDAGEM 7.3.
Gelo ou compressas frias (sem restrição). Tenha cuidado quanto as
lesões causadas pelo frio.
Imobilização da área afetada;
Encaminhamento para avaliação médica.
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Observação: Não tente reduzir a luxação. Isso pode agravar ainda mais a
patologia, além de causar grande dor Poderá haver fratura combinada com a
luxação. Trate como se fosse uma fratura. A maioria das luxações não ameaça a
vida, porém são verdadeiras emergências pelo comprometimento neurovascular
que pode até conduzir a uma amputação da extremidade afetada, se não tratado
rapidamente.
ENTORSE OU TORÇÃO 8.
A entorse (torções) é um problema
frequente do sistema locomotor, que pode ocorrer
em atletas ou passeadores.Os ossos do esqueleto
humano estão unidos uns aos outros por meio dos
músculos e as superfícies de contato são mantidas
umas às outras através de ligamentos. Quando um
ângulo de determinado movimento é excedido, pode
ocorrer um estiramento ou até mesmo uma ruptura
dos ligamentos daquela articulação, ou seja, uma
entorse, que é a perda momentânea das superfícies articulares com lesão das
partes moles.
A vítima de entorse sente dor intensa na articulação afetada.
SINAIS E SINTOMAS 8.1.
Dor intensa na articulação afetada;
Edema;
Equimose (pontos avermelhados) causada por rompimento de
pequenos vasos sanguíneos, que evolui para manchas arroxeadas;
Impotência funcional.
ABORDAGEM 8.2.
Gelo ou compressas frias (sem restrição), protegendo a pele para
evitar lesões causadas pelo frio;
Imobilização da área afetada;
Encaminhamento para avaliação médica.
Observações: Onde há uma entorse, pode haver uma fratura. Trate como
tal. Não permita que outras pessoas movimentem ou “puxem” a articulação
afetada.
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CONVULSÃO 9.
As convulsões são contrações incontroláveis dos músculos. Elas duram
poucos minutos, são contrações fortes, com movimentos desordenados e em
geral, acompanhados de perda de consciência.
É comum a recuperação dos sentidos, não apresentando maiores
problemas, até cinco minutos. Se persistir por tempo maior, deve-se pedir ajuda
médica.
Geralmente, durante a convulsão, além da contratura desordenada da
musculatura, há salivação abundante, ás vezes, eliminação de fezes e urina. A
queda da vítima é quase sempre desamparada, podendo ocorrer ferimentos.
Antes do ataque, a pessoa pode saber que vai ocorrer. É conhecido como
"aura". Ela refere sentir cheiro ou gosto estranho, algumas vezes pode ter
alucinações visuais ou sonoras. A vítima, muitas vezes, anuncia que a crise está
para ocorrer.
IMPORTANTE: Evite comentários sobre atendimento à vítima de convulsão
durante e após o socorro.
ABORDAGEM 9.1.
Proteja a cabeça da vítima.
Afrouxe-lhe as roupas. Deixe-a debater-se livremente.
Evite a mordedura da língua, colocando um lenço dobrado entre as
arcadas dentárias. Nunca coloque algum objeto entre os dentes da
vítima. Ela pode quebrá-los.
Cuidado para não ter seus dedos mordidos com violência.
Uma vez sem a convulsão, mantenha a vítima em repouso. Após a
convulsão, é comum a sonolência. Deixe-a dormir.
Oriente a vítima a procurar um médico.
TRANSPORTE 10.
Como ocorre em muitos casos, para que se possa prestar o suporte básico
de vida de uma vítima de acidente, é necessário posicioná-la para possibilitar
uma adequada avaliação. Inicialmente o socorrista deverá avaliar o nível de
consciência do paciente antes de movimentação.
Como já foi descrito, uma vítima de acidente será tratada como se
apresentasse uma lesão de coluna cervical. A movimentação inadequada deste
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tipo de vítima poderá provocar ou agravar as lesões, acarretando possíveis
sequelas ou até mesmo a morte.
Antes de mover a vítima para que a mesma possa ser colocar sobre a
maca, devemos imobilizá-la em posição neutra, exceto quando:
Estiver num local de risco iminente;
Sua posição estiver obstruindo suas vias aéreas;
Sua posição impede a realização da análise primária;
Para garantir acesso a uma vítima mais grave.
Observe a presença de demais lesões para que estas possam ser contidas e
assim mover a vítima, em rolamento lateral 90º, para a prancha de transporte.
A prancha longa onde a vítima será fixada deve possuir o apoio lateral de
cabeça e, no mínimo, três tirantes sendo: um na altura das axilas, cruzando o
tórax da vítima, sem envolver os membros superiores, o outro (segundo) na
altura das cristas ilíacas (quadril), e o terceiro, na altura dos joelhos.
Os tirantes da prancha longa devem envolvê-la de tal forma que os vãos
para empunhadura fiquem desobstruídos (os tirantes passarão por debaixo da
prancha e serão fixados em cima da mesma).
Lembre-se de que o transporte da vítima para um local apropriado deve ser
feito em “código 3”, coordenado pelo líder do grupo.
Para a realização da técnica de rolamento em monobloco com três
socorristas, podemos dividir os socorristas das seguintes formas:
a) Socorrista 1: segura a cabeça da vítima.
b) Socorrista 2: posiciona-se na lateral da vítima, na altura do tronco,
colocando uma das mãos no ombro contralateral e a outra mão na
região pélvica contralateral.
c) Socorrista 3: posiciona-se na mesma lateral que o Socorrista 2, na
altura dos membros inferiores da vítima; coloca uma das mãos na
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região pélvica, numa posição acima da mão do Socorrista 2 e a outra
mão na altura do terço médio da perna.
d) Socorrista 1: após certificar-se que todos estão na posição correta,
faz a contagem combinada pela equipe em voz alta e todos ao
mesmo tempo, efetuam o rolamento em monobloco da vítima.
e) Socorrista 2: retira a mão da região pélvica e traz a prancha para
próximo da vítima.
f) Socorrista 2: Examina a região posterior do corpo da vítima.
g) Socorrista 1: comanda o rolamento em monobloco da vítima para
colocá-la sobre a prancha longa.
h) Socorrista 1: mantém a estabilização da coluna cervical, durante todo
o procedimento.
i) Socorristas 1, 2 e 3: ajustam, se necessário, a posição da vítima na
prancha, em movimentos longitudinais, apoiando respectivamente a
cabeça, ombros e quadris.
Observação: Para centralizar a vítima na prancha, usar técnica dos
socorristas a cavaleiro com elevação da vítima e reposicionando-a na prancha.
a) Socorrista 2: realiza imobilização lateral da cabeça (colocação do
imobilizador lateral de cabeça).
b) Socorristas 3 e 2: prendem os tirantes nas seguintes posições e
sequência:
Na altura dos joelhos;
Na altura das cristas ilíacas;
Na altura das axilas e cruzando, sem envolver os membros.
ELEVAÇÃO À CAVALEIRO 10.1.
Esse método de movimentação da vítima, considerado alternativo, tem por
finalidade o levantamento da vítima em monobloco sendo realizado com quatro
socorristas.
A Elevação a Cavaleiro deve seguir os seguintes passos:
a) Socorrista 1: posiciona-se de joelhos de frente para a cabeça da
vítima e a estabiliza manualmente.
b) Socorrista 2: em pé, posiciona-se sobre a vítima na altura do tórax,
com um dos pés posicionados ao lado da vítima e o outro pé do outro
lado da prancha longa. Posiciona suas mãos sob as escápulas da
vítima.
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c) Socorrista 3: em pé, posiciona-se sobre a vítima na altura das coxas
com um dos pés posicionados ao lado da vítima e o outro pé do outro
lado da prancha longa e segura a vítima pela região pélvica. Posiciona
suas mãos sob as nádegas da vítima.
d) Socorrista 4: posiciona-se nos pés da vítima e a segura com as mãos
posicionadas sob os tornozelos.
e) Socorrista 1: após certificar-se que todos os socorristas estão na
posição correta, faz a contagem conhecida pela equipe em voz alta e
todos, ao mesmo tempo, levantam a vítima em monobloco. Ao
segundo comando do Socorrista 1 deslocam-se lateralmente para
colocar a vítima sobre a prancha longa.
f) Socorrista 2: realiza imobilização lateral da cabeça.
g) Socorrista 4 e 3: prende os tirantes nas seguintes posições e
sequência :
Na altura dos joelhos;
Na altura das cristas ilíacas;
Na altura das axilas e cruzando, sem envolver os membros.