hidráulica geral

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Escoamento em Meios Porosos 1. Introdução A palavra infiltração indica, em geral, o conjunto de fenômenos de movimento de um fluido através de um meio permeável ou poroso, por exemplo, um meio constituído pelos grãos de um terreno arenoso ou argiloso. Os movimentos de fi ltração são frequentes na Engenharia Civil, podendo-se citar os que ocorrem através de: barragens de terra ou de enrocamento, solos naturais nas circunvizinhanças de poços freáticos e artesianos e filtros das estações de tratamento de água para abastecimento público. Devido à extrema complexidade do sistema de condutos formados pelos vazios de um meio poroso por onde o fl uido se m ovimenta não é conveniente o uso de um tratamento microscópio para descrever tal movimento. É preferível descrever-se o movimento no seu aspecto global, em termos de grandezas médias . 2. Tratamento Analítico A cada ponto do meio poroso associa-se uma COTA PIEZOMÉTRICA h definida por: Equação 75 Onde: ! z cota geométrica ! p pressão ! ρ massa específica do fluido ! g aceleração gravitacional Algumas definições fazem-se necessárias neste ponto: ! POROSIDADE n: é a razão entre o vol ume de poros p e vol ume total de uma amostra de um meio poroso, isto é: Equação 76 p ρg h = z + p n = PHD 2305 Hidráulica Geral III Laboratório/Meios Porosos 1

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escoamento em meios porosos

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  • Escoamento em Meios Porosos

    1. Introduo

    A palavra infiltrao indica, em geral, o conjunto de fenmenos de movimento de

    um fluido atravs de um meio permevel ou poroso, por exemplo, um meio constitudo

    pelos gros de um terreno arenoso ou argiloso.

    Os movimentos de fi ltrao so frequentes na Engenharia Civil, podendo-se citar

    os que ocorrem atravs de: barragens de terra ou de enrocamento, solos naturais nas

    circunvizinhanas de poos freticos e artesianos e filtros das estaes de tratamento de

    gua para abastecimento pblico.

    Devido extrema complexidade do sistema de condutos formados pelos vazios de

    um meio poroso por onde o fl uido se m ovimenta no conveniente o uso de um

    tratamento microscpio para descrever tal movimento. prefervel descrever-se o

    movimento no seu aspecto global, em termos de grandezas mdias .

    2. Tratamento Analtico

    A cada ponto do meio poroso associa-se uma COTA PIEZOMTRICA h definida por:

    Equao 75

    Onde:

    !"z cota geomtrica

    !"p presso

    !" massa especfica do fluido

    !"g acelerao gravitacional

    Algumas definies fazem-se necessrias neste ponto:

    !"POROSIDADE n: a razo entre o vol ume de poros p e volume total de uma amostra de um meio poroso, isto :

    Equao 76

    pgh = z +

    p

    n =

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  • !"VELOCIDADE DE FILTRAO V: a razo entre a vazo Q do fl uido e a rea A normal direo do movimento, ou seja:

    Equao 77

    !"VELOCIDADE MDIA EFETIVA Vm:

    Equao 78

    onde ns = Ap /A, sendo Ap a rea de poros que existe em A.

    Quando um movimento de fluido atravs de um meio poroso laminar e na direo

    S, o escoamento governado pela lei de Darcy:

    Equao 79

    Onde K, que tem dimenso LT-1, denominado COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE e

    constante para cada meio poroso fixado.

    A Equao 79 vlida apenas para escoam entos com caractersticas laminares nos interstcios do m eio poroso. O parm etro usado para cl assificar um escoamento quanto ao seu grau de turbul ncia o nmero de Reynolds que, em princpio, pode ser definido como:

    Equao 80

    Onde d o di metro mdio associado aos poros e o coefi ciente de viscosidade dinmica.

    A grande dificuldade que surge com o nmero de Reynolds definido pela Equao 80 quanto fi xao do di metro mdio d. E sta dificuldade pode ser superada pel a introduo de uma grandeza denominada COEFICIENTE INTRNSECO DE PERMEABILIDADE k que ser definido mais adiante.

    O coeficiente de permeabilidade K depende de propriedades fsicas do fluido e de caractersticas geomtricas do meio poroso. R elacionando tais grandezas ex iste uma relao funcional.

    F0(K ,g ,,n ,T ,d)=0

    Equao 81

    onde T a TORTUOSIDADE do meio definido por T = (SISe)-2 , com S e Se sendo distncias indicadas na Figura 14.

    Figura 14 - Meio poroso com indicao das distncias S e Se.

    QA

    V =

    Vns

    Vm =

    dhds

    V = K

    VmdRe =

    Se S

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  • A anlise dimensional permite transformar o funcional (81) em:

    Equao 82

    Da Equao 82 pode-se escrever:

    Equao 83

    onde C uma constante para cada meio poroso e onde n e T so constantes.

    A Equao 83 pode ser reescrita como:

    Equao 84

    No segundo m embro da E quao 84, o produto Cd2 depende uni camente de

    caractersticas geomtricas do meio poroso. Tal produto define o COEFICIENTE INTRNSECO

    DE PERMEABILIDADE, isto , cd2 = k. Tem-se assim:

    Equao 85

    Pela definio de k fi ca estabelecido que d k1/2. A grandeza l inear k1/2, que se

    determina experimentalmente dentro da validade da Lei de Darcy, pode, sem perda de

    generalidade, substituir d na definio do nmero de Reynolds, resultando em:

    Equao 86

    onde tambm se substituiu Vm por V.

    Quando nos interstcios de um meio poroso o escoamento deixa de ser laminar, a

    lei de Darcy no mais consegue modelar o fenmeno de filtrao. Neste caso, uma lei do

    tipo:

    Equao 87

    proposta por Forchneimer, pode representar com sucesso o fenmeno da filtrao.

    Dentro da validade da lei de Darcy tem-se V >>> V2 e a Equao 87 recai na lei de Darcy, Equao 79. Isto evidencia que:

    Equao 88

    gd2K

    F1 , n , T = 0)(

    gd2K

    = F2 n , T = C)(

    Cd2 g

    K =

    k g

    K =

    gk

    =K1

    =

    Vk1/2Rek =

    dh

    ds = V + V2

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  • Arbhabhirama, por anal ogia experimental com a frm ula universal de perda de

    carga props um fator de atrito para escoamento em meio poroso na forma:

    Equao 89

    que permite a estimativa do gradiente da carga (perda unitria) no meio poroso atravs da

    Equao 90:

    Equao 90

    A constante B associada filtrao turbulenta.

    3.Verificao Experimental

    3.1 - Objetivo

    A presente experincia tem por objetivo a determinao do coeficiente intrnseco

    de permeabilidade k e do coeficiente B de uma amostra de um meio poroso.

    3.2 - Montagem

    A montagem est indicada na fotografia 7. Os principais elementos que constituem

    a montagem so:

    !"Bomba centrfuga ;

    !"Amostra de meio poroso;

    !"Registros de gaveta;

    !"Tubo Dall para medio da vazo;

    !"Manmetro diferencial gua-ar

    conectado ao tubo Dall;

    !"Multimanmetro diferencial gua-ar

    para medio da perda de carga

    piezomtrica do escoamento

    atravs da amostra.

    fotografia 7 -Vista geral da Bancada de Filtrao

    fk = Rek-1 + B

    dhds = fk

    1k

    V2g

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  • fotografia 8 -Vista Detalhada da Instalao

    3.3 -Procedimentos

    a) Mea a di ferena piezomtrica no tubo D all e com ela determine a vazo que

    escoa atravs do meio poroso;

    b) Mea as cargas piezomtricas no multimanmetro diferencial e com elas calcule

    a perda unitria dh/ds na amostra;

    c) Os procedimentos (a) e (b) devem ser real izados para dez di ferentes vazes,

    sendo que para as ci nco menores vazes o escoam ento atravs do m eio

    poroso deve ser laminar, isto , deve estar dentro do l imite da lei de Darcy, o

    que pode ser obtido para diferenas piezomtricas no multimanmetro menores

    que 2 cm .

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  • 3.4 - Orientaes Complementares

    A partir das vazes medidas calcule as vel ocidades V de fi ltrao. Isto obti do

    dividindo-se a vazo Q pela rea A da seo transversal da amostra do meio poroso.

    Faa um grfico cartesiano que represente os pares de pontos ex perimentais

    (dh/ds, V), onde dh/ds a perda de carga por uni dade de comprimento da amostra do

    meio poroso. A Figura15 esquematicamente tal representao.

    Figura 15 - Valores experimentais de dh/ds x V.

    Na Figura 15, por exemplo, os trs pontos ex perimentais correspondentes s trs

    menores vazes esto al inhados e por el es est traada uma reta que deve passar pela

    origem. Estes pontos al inhados satisfazem a lei de Darcy, Equao 79, o que perm ite a

    obteno do coeficiente intrnseco de permeabilidade k, pois:

    tg = K = k..g /

    Equao 91

    Obtendo-se ento:

    k = (K).(g)-1 = (K).(g)-1 Equao 92

    Para cada ensai o calcule o fator de atri to fk do m eio poroso pel a Equao

    90.Tambm calcule os correspondentes valores de Rek pela Equao 86.

    Onde: = / a viscosidade cinemtica. Para gua a 20C tem-se 10-6 m2/s.

    Em papel bilog represente os pares dos pontos (Rek, fk) assim como a cur va

    correspondente equao fk = 1/Rek que exatamente a lei de Darcy.

    Verifique os valores de B somente para os valores dados no utilizados pela lei de

    Darcy.

    dh/ds0

    V

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  • O que voc acha que acontecer se os ensai os forem repetidos com o mesmo

    material do meio poroso estudado apenas mais adensado?

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