hi- st --rya the -...
TRANSCRIPT
HI-~
ST ---RYA
THE ZGODOVINA PRIHODNOSTI
FU-TU -R
icidade regular para sess6es 1ento de filmes, leitura de lissao colectiva das produ,6es ia dizer-se, que iam jorrando
; e das sensibilidades assim es dos jovens hom6logos de .pantes vimaranenses coroa
iio, cujo resultado final aqui
em podiam ser, incluidos no 1i feita colectivamente. Uns s afluiram mais outros nem
ninguem assinava pessoal~ todos, a livro ficava, assim,
1 dos jovens cujo name, cuja
~ncia, cujas angllstias e cujas
.ue este livro nao e, tambem,
lado de quern fez, de quern
rocesso como, este, ela niio
0 QUE E POSSiVEL ESPERAR
AINDA?
Moises de Lemos Martins Centro de Estudos de Comunica,ao e Sociedade,
Universidade do Minho, Braga, Portugal moiseslmarti ns@9 mail.com
0 FIM DAS ILUSOES NA EUROPA
6 tern sentido falar de futuro quando a um sujeito da
hist6ria e prometida uma perfeic;ao final. Ou entao,
quando o pr6prio sujeito da hist6ria se promete a si mesmo essa perfeic;ao. Mas que promessa e hoje a nossa no ocidente?
0 nosso ideal democrfltico, que havia sido fun
dado no contrato livremente consentido e permitia o
sonho de uma sociedade governada em name do hem,
do justo e do verd~deiro, come~ou, na era da tecnica, par ceder ao
aborrecimento, rium quotidiano higienizado e atolado em egoismo,
ip.diferentismo e absentismo politicos. Agoniza, agora, diante da degrada~ao e impotencia das institui,6es, do desmoronamento do Estado social e do descredito da classe politica, corroida pela natureza especulativa e agiota do capitalismo econ6mico-financeiro,
a que se submeteu.
Ao tuesmo tempo que as institui,6es europeias so,obram, a nosso quotidiano e transcrito incessantemente pela dobadoira
dos media, uma transcri'ao ruidosa, que o nega enquanto quotidiano em que arriscamos a pele. E 18. vamos n6s embarcados, em
·I viagens tranquilas e aventuras sem risco, para a reino da evasao, do
161
exotismo e do fant<istico, que nos deleitam numa calda de emoc;6es
e travestem de uma euforia puxada a manivela a aventura humana
(Martins, 2002:182).
A saida da queda do muro de Berlim, a Europa ja parecia vencida: a depressiio demografica corroia-a ea implosiio da Uniiio Sovietica marginalizava-a. Em termos estrategicos a Europa deixa
va de contar. Passados dez anos, todavia, o declinio demografico era provisoriamente superado pela absorqiio da miio-de-obra da Europa de Leste. E par sua vez a Russia reequilibrava-se, o que
bastaria para a estabilidade do mundo. Olhadas as coisas deste ponto de vista, dir-se-ia que os ventos
niio podiam correr de melhor feiqiio a Europa. A circula<;iio do euro coma moeda unica saldava-se pelo sucesso.A decisiio do alargamento da Uniiio aos paises da Europa central, oriental e mediterriinica confirmavam-na como uma Uniao solidciria, cooperante e aberta. Fora
entretanto lanqada a "Convenqiio sabre o futuro da Europa" (2001),
com o intuito de repensar o seu desenvolvimento institucional. Para
tras ficava a discreta e simb6lica "Comunidade europeia do carviio
e do aqo" (1951), que cinquenta anos atras nos larn;ara na singular aventura politica que da pelo name de "constru<;iio europeia".
Em simultaneo com a aventura da "construi;ao europeia",
vimos, entretanto, durante anos, a Europa deixar-se embalar por
uma ordem pragmcitica e civilizada, uma ordem que sonhava
com o sucesso e fantasiava fechar um condominio para o fruir a vontade - o nosso ideal democratico sucumbia entiio it imagologia securitaria. Tai um desaparecido em combate, vimo-lo em permanentes campanhas de "tolerancia zero" e de "risco zero", contra
0 intimo terror que 0 assombrava: a droga, 0 alcool, 0 banditismo urbano e_suburb_ano, o terrorismo, os residuos t6xicos, a poluii;ao.
Mas ha mais de uma decada que niio passa despercebido o mal-estar politico- institucional que se apoderou da Uniiio, depois do alargamento a vinte e sete membros (2007 ). Entretanto, a perspectiva de um novo alargamento, que incluisse os paises dos
Balcas ocidentais, assim co mo os restantes paises da Europa Cen
tral, e tambem os paises do Leste Europeu, ja niio deixou ninguem tranquilo. As reuni6es do Conselho europeu passaram a fazer- se acompanhar de manifesta<;6es populares de violencia crescente.
162
;
Ficaramnamenta·
vagade
europare
partida. para con Roma'' (1
sobretud no come
Co politica, ram-se,e
securitcir
"democr
Dina mar
ePortug
aAlema Unidose
D sortes so
das gali eles poll dia,a
de Bagd choro e nosas ar
imenso
das gali Americ entranh
A
Assolad mciticas.
volupia entaoes
numa calda de emoc;oes .vela a aventura humana
lim, a Europa jit parecia -a ea implosao da Uniao ategicos a Europa deixao declinio demogritfico rc;ao da mao-de-obra da reequilibrava-se, o que
ta, dir-se-ia que os ventos >pa. A circulac;ao do euro A. decisao do alargamento ntal e mediterranica con:ooperante e aberta. Fora 'uturo da Europa" (2001),
mento institucional. Para .dade europeia do carvao
: nos lanc;ara na singular >nstnu;ao europeia". :i "construc;ao europeia", •a deixar-se embalar por na ordem que sonhava ndominio para 0 fruir a mbia entao a imagologia bate, vimo-lo em permae de "risco zero", contra
:a, o itlcool, o banditismo iduos t6xicos, a poluic;ao. nao passa despercebido
' apoderou da Uniao, deiros (2007). Entretanto,a le incluisse os paises dos
es paises da Europa Cen-1,ja nao deixou ninguem
lpeu passaram a fazer- se ~s de violencia crescente.
Ficaram-se pela discussao estfril as "conferencias intergover
namentais" para a reforma <las instituic;6es comunit8.rias. Uma
vaga de fundo tern percorrido a Europa, insurgindo-se contra "os burocratas de Bruxelas". E hoje, com a crise econ6mico-financeira
a ribombar sobre as cabec;as de todos os paises da Europa do Sul, o euro parece bem mais um ponto de chegada do que um ponto de partida.A moeda Unica, com efeito, parece n:io ter mais condic;Oes para concluir a construc;ao do mercado, aberta pelo "tratado de Roma" (1957) e destinada sobretudo aos agentes econ6micos. E sobretudo ma! chegou a prefigurar a uniao politica, sonhada logo no come<;o para os Estados-nac;ao e para os cidadaos.
Como que a confirmar que a Europa era uma impossibilidade politica, Blair, Aznar, Berlusconi, Rasmussen e Barroso encarrega
ram-se, em 2005, de desfazertodas as duvidas, quando a imagologia securit8.ria a lanc;ou, com os Estados Unidos, na campanha pela
"democracia no deserto". 0 eurocetico Reino Unido, a hesitante
Dinamarca e os ressentidos paises da Europa do Sul, Italia, Espanha e Portugal, que sempre arrastaram os pes ou fizeram cera ao ouvirem
a Alemanha ea Fran~a levantar a voz, juntam-se entao aos Estados Unidos e tambem eles gritaram ao infiel.
Durante largos meses, Washington havia, entao, lan<;ado sortes sobre o futuro, observando o voo dos pitssaros e as entranhas das galinhas. Suspensa da palavra dos seus itugures, tenham sido eles politicos, vendedores de sondagens ou profissionais dos media, a America foi aprendendo que Osama bin Laden era o tirano de Bagdade. Nern mais, o "imperio do ma!", onde havia enxofre, choro e ranger de dentes, assentara de novo arraiais nas caver
nosas areias de um deserto do Media Oriente. E logo um clamor imenso atravessou a Europa. 0 voo dos pcl.ssaros e as entranhas
<las galinhas passaram a repetir aqui aquilo que os aruspices da America garantiam: o monstro do 11 de setembro fora gerado nas entranhas malignas de Saddam Hussein.
A Europa dqbrou-se, deste modo,a fatalidade da Realpolitik. Assolada por rivalidades internas, rendida por pressoes diplomitticas, atrai<;oada pela vontade de protagonismo e gozando a volupia de tomar assento no carro dos vencedores, a Europa foi entao esborrachada pelo rolo compressor de uma razao armada de
163
baionetas, passando o nosso ideal democrfltico a afivelar o andar pesado <las botas cardadas e a respirar o ar de chumbo da "pax americana". Pornos entiio abandonados por aqueles que elegemos para garantir a liberdade, a justii;a ea paz, e vimos esvaziarem-se
de sentido as nossas instituii;6es. Quern as ocupou apenas manteve
cillculos que favoreceram uma reconfigurai;iio do mapa do Medio Oriente, concebida para assegurar o dominio militar dos Estados Unidos e os seus interesses petroliferos.A chamada "solidariedade atlantica" serviu sobretudo para uma hem estranha e distorcida maneira de vincar o espirito democrcitico. Tenda n6s aderido a estrategia de uns Esta dos Unidos febris e desordeiros, que se converteram em agitadores planetfl.rios, ruiu a nossa invisivel raz:io
de ser - um espirito de conc6rdia por uma Europa unida e pela
paz no mundo. E esta a hist6ria do "imperio do hem", quando em 2005,ator
doando os ares, se ergueunum turbilhiio, por entre patas de galinha e os cacos da Europa. Entretanto, em 2008, um tsunami financeiro,
de ganancia, usura e especulai;ao, varreu Wall Street. E, a partir dai,
em replicas sucessivas, este tsunami fez soi;obrar os paises do Sul da Europa, uma desforra de Pirro para aAlemanha ea Frani;a, dado que, com a hecatombe econ6mica, financeira, politica e social dos
paises do Sul, ea ideia de "construi;ao europeia" que se afunda.
164
:, I
'!
Otempo propuls tratou-s
todavia c c c c D c E
cionflri
modod (Jorge L
ideia de
e razao:
progra organiz
a ques
princip comon
express
perani; naThe
que <let parao eclipsa regress
a casa
de Sao profeti
ico a afivelar o andar de chumbo da "pax
.queles que elegemos vimos esvaziarem-se
ipou apenas manteve 10 do mapa do Media o militar dos Estados 1mada "solidariedade ostranha e distorcida rendo nos aderido a ordeiros, que se con-
1ossa invisivel razao
Europa unida e pela
_uando em 2005, atormtre patas de galinha 1 tsunami financeiro, . Street. E, a partir dai,
brar os paises do Sul
anha e a Franc;a, dado 1, politica e social dos ia'' que se afunda.
A IDEIA QUE FEZ A MODERNIDADE
0 tempo que fez a modernidade teve coma principios motores, au propulsores, a teleologia (helenica) ea escatologia (judaico-crista): tratou-se sempre de caminhar para um fim, num movimento todavia perfective! e salvifico.
Com o projeto, lanc;itmos um prop6sito para diante. Com a prospetiva, construimos um olhar para diante. Com a progresso, estabelecemos um movimento para diante. Como progn6stico,afirm3.mos um conhecimento para diante. Dissemos prop6sito, manifestamos uma intenr;ao para diante. Com o programa, fi.x3.mos o que deveria vir adiante. Enfim, com a promessa, ela que e um ato de palavra ilocu-
cion8.rio, demos garantias sabre o future, imaginando-o de um
mo do definitivo, porque "na promessa alguma coisa hit de imortal"
(Jorge Luis Borges, em The Unending Gift, 1969).
A teleologia e a escatologia remetem-nos, pois, para uma
ideia de tempo, organizado pelo logos, que sendo palavra, tambem e razao: projeto, prospetiva, progresso, progn6stico, prop6sito,
programa; e remetem-nos igualmente para uma ideia de tempo, organizado pelo simb6lico, que na promessa reline em unidade o que se encontrava solto e disperso.
0 principio esperan,a exp rime esta ideia de tempo nas duas principais tradic;6es que fizeram a Europa, tanto na tradic;ao laica, como na tradi<;ao religiosa: encontramos este principio claramente expresso em Ernst Block, no Das Prinzip Hoffnung ( 0 Principia Es
peran,a), obra concebida entre 1937 e 1948, e em jiirgen Moltmann, na Theology of Hope, publicada em 1967 e inspirada em Block.
Os principios conjugados de teleologia e de escatologia,
que determinam o tempo que fez a modernidade, viraram-nos para o futuro, suspenderam o tempo presente (ou raptaram- no e eclipsaram-no), pressupondo uma ideia mitica de passado, aonde regressariamos 'no final dos tempos: tratar-se-ia de um regresso
a casa do Pai, "ao som de trombetas", como refere o Apocalipse de Sao joao, ou a uma sociedade sem as contradic;6es de classe, profetizada por Engels, na Origem da Familia, da Propriedade
165
Privada e do Estado, au ainda it ideia antes da sua degradac;iio em materia, coma a assinalou Platiio no Livro VII da Republica, au a um "admiravel mundo nova", que harmonizasse a natureza
consigo mesma, de que a tecnologia (sobretudo a biotecnologia e
a tecnologia da informac;iio) seria a sustentitculo. Reunindo o future e o passado, aonde regressariamos no
final dos tempos, a hist6ria e una e n6s so mos um, to dos redimidos, seja pelo progresso, seja pela promessa. E e pelo facto de tambem nos podermos prometer (declinando as possibilidades do futuro) e de assim garantirmos a eternidade, que o nosso regime e o da
analogia - somos coma deuses, criadores de mundos.
0 presente e um tempo de tensiies, dificuldades, conflitualidades, ambiguidades, e tambem um tempo de opc;iies, escolhas, equivocos, hesita<;Oes.A ideia mitica de passado, para onde remete a utopia do futuro, suspende a presente, rapta-o e coloca-o em eclipse.
A ideia moderna de tempo ( uma ideia teleol6gica e escato-16gica) pacificou-nos, fazendo do presente uma mera passagem, uma viagem controlada, partindo n6s de um ponto definido - de
finitivo (um fundamento s6lido, um territ6rio conhecido e uma identidade estitvel) para um porto seguro. E entre uma genese e um apocalipse (uma narrativa da salvac;iio), o presente garantir-nos-ia essa passagem para a emancipac;iio, a liberdade, a civilizac;iio, o reino de Deus, a sociedade sem classes, um mundo melhor.
A NOSSA EPOCA E 0 QUE SOMOS NELA
A acelerac;iio ea mobilizac;iio tecnol6gicas da epoca destruiram as categorias da metafisica tradicional - que todavia constituiam as
condic;iies de possibilidade, funcionamento e circulac;iio do nosso pensamento e conhecimento.A acelera<;ao ea mobilizac;ao tecno-16gicas da epoca articularam a pr6ximo e a distante, a futuro e a passado, o real e o virtual, o dense e o leve, o humane e o inuma
no (a bias ea teckne misturaram-se num hibrido p6s-humano). Ao tornar-se autotClica, e nao meramente instrumental e antro-
166
pol6gica (Hei e acelerou-no
o mercadogl Masn
"em sofrime
e 0 da crise p
humano(Ma
Precipi gem teleol6gi 1967 ), sobra-n viscoso, hesita
da terra, na tr com os perigo
Burne
p6s-colonial
a culturas da unidade e da seriam cultu
Estate brasileira, co
de mistura, d hibrida'', para de cultura pa e dial6gica, p valoriza os di e europeus -
Acont da cultura d que sendo p soberanade !ado, o acid umapalavra unidade. To
1 Ver, por todos,
ia antes da sua degrada<;iio > no Livro VII da Republica, Je harmonizasse a natureza
sobretudo a biotecnologia e ustentitculo. o, aonde regressariamos no
somos um, todos redimidos, ;a. E e pelo facto de tambem as possibilidades do futuro) , que o nosso regime e o da
>res de mundos. 1s6es, dificuldades, conflitu-1 tempo de op<;6es, escolhas,
'passado, para onde remete a rapta-o e coloca-o em eclipse. ia ideia teleol6gica e escato~sente uma mera passagem,
: de um ponto definido - de
territ6rio conhecido e uma tro. E entre uma gfnese e um
o), o presente garantir-nos
o, a liberdade, a civiliza<;iio, ses, um mundo melhor.
E SOMOS NELA
;icas da epoca destruiram as que todavia constituiam as
nento e circula\8.0 do nosso
ca<;iio ea mobiliza<;iio tecnono e o distante, o futuro e o
leve, o humano e o inuma-
1um hibrido p6s-humano). Lente instrumental e antro-
r I
pol6gica (Heidegger, 1954 ), a tecnica passou a investir o humano e acelerou-nos infinitamente, mobilizando-nos totalmente para
o mercado global. Mas num regime de "meios sem fins" (Agamben, 1995) e
"em sofrimento de finalidade" (Lyotard, i993: 93), o panorama e 0 da crise permanente da hist6ria e 0 da crise permanente do
humano (Martins, 2011).
Precipitados no presente, mas sem a garantia de uma passagem teleol6gica e escatol6gica, "sem rocha, cabo ou cais" (Sophia, 1967 ), so bra-nos o homem na ambiguidade da sua di/visiio: rugoso, viscoso,hesitante,claudicante (com o "pe inchado", coma Edipo, filho da terra, na tragedia de S6focles) e em travessia, obrigado a arrostar com os perigos ea fazer escolhas na incerteza do caminho a seguir.
E um entendimento cada vez mais generalizado na literatura pas-colonial o de que existem culturas da unidade, que se op6em a culturas da mistura. As culturas ocidentais seriam culturas da unidade e da exclusiio, enquanto que as culturas p6s-coloniais seriam culturas da mistura e da participa<;iio.
Esta tematiza<;iio e feita, par exemplo, a prop6sito da na<;iio brasileira, considerada, desde Gilberto Freyre (1933), uma cultura de mistura, de "miscigena<;iio", sendo o Brasil um pais de "cultura hibrida", para falar co mo Nestor Canclini (1995 ), multiculturalista, de cultura participativa e dial6gica'.A ideia de cultura participativa e dial6gica, pr6pria de um pais multiculturalista coma o Brasil, valoriza as diferentes contributes - africanos,amerindios, orientais
e europeus - na constru<;iio da identidade nacional. Acontece, no entanto, que o ocidente foi feito sob a influxo
da cultura da unidade. Poi feito, desde os gregos, par um logos, que sendo palavra, tambem e razao. e mais do que isso, instancia
soberana de decisao. Com efeito, o logos e uno e Unico. Por outro
!ado, o ocidente foi feito, tambem, pela tradii;iio judaico-cristii, uma palavra com fun<;iio simb6lica, uma palavra que reline e faz unidade. Todos nos lembramos de que na simb6lica ocidental,
1 Ver, por todos, Diana Pessoa de Barros (2012), Preconceito e Intolerdncia.
167
no principio era o Verba e o Verba estava orientado para Deus e o
Verba era Deus, como e dito no Pr6logo do Evangelho de Siio Joiio. Ou seja, em sintese, o grande mito sabre que repousa o
ocidente ea palavra, tan to na tradi<;B.o classica, greco-latina, co mo
na tradii;§.o judaico-crista. Ea palavra sempre reuniu o que estava
disperso e desordenado. Sempre trabalhou no sentido da unidade,
fosse a palavra logos, ou entiio simbolo. 0 pensamento da unidade contrapor-se-ia entao ao pensa
mento da multiplicidade. 0 principio da identidade, da 16gica de Arist6teles, juntamente com a dialCtica hegeliana e a sua sintese
redentora, e ainda o principio da reuniao identit<lria subjacente a figura<;iio simb6lica, contrapor-se-iam ao principio da diferern;a. Seriam o pensamento da unidade e a l6gica da identidade que fundariam a cultura da exclusiio no ocidente.
A cultura ocidental, uma cultura logocentrica, etnocentrica,
imperialista e colonialista, que assimila a diferen<;a, destruindo-a, misturou-se, entretanto, com a cultura multicultural, uma cultura
do multiple e da participa<;iio, que se manifestou no surgimento
de um vasto con jun to de paises p6s-coloniais, fundados na riqueza de muitas linguas, na mistura de muitas etnias e na explosao de
uma multiplicidade de narrativas. A metafisica tradicional era fundada na palavra, um espa<;o
de premessa. Ea premessa declinava um future dando-nos garantias sobre ele. Essa metafisica da unidade parece ter acabado no ocidente: jit niio lan<;amos um prop6sito para diante (para o future), fundando-o numa origem perdida. Agora e para o presente que somos mobilizados.Aspalavras da promessa, centradas no future, foram substituidas pelos numeros da promessa, que no ocidente sao sobretudo os nUmeros da crise, econ6mica, financeira, politica
e social: os do Produto lnterno Bruto (PIB) que niio cresce, ou tern crescimento negativo; os da Balani;a Comercial, com desequili
brios cr6nicos entre as exportai;Oes e as importac;Oes; os do dCfice,
interno e externo; os do desemprego; os do envelhecimento da popula<;iio; os das desigualdades sociais, que alastram; os da quebra dritstica dos indices demogritfico, OS numeres do afundamento da representatividade e da legitimidade democritticas ... Trata-se de
168
nUmeros vi
sua crise.O
a vidano oc
a nao se visl
oseconomi
- magos do Parti
ziram, entr
de cariz eco
usurftrios,
total e infin identidade isto e,de in
da, precitria a mobiliza responden de individ predu<;iio; (
de individ entretanto,
-mundo,se
Fun globaliza<;ii solit<lrios e razao,pod
globaliza<;ii -culturais nificando e feita pel etnias,mas
Podemosd e de sentid a globaliza sedu<;iio de rede de po uma unida
ava orientado para Deus e o
:o do Evangelho de Sao joiio. mito sobre que repousa o classica, greco-latina, co mo
sempre reuniu o que estava
lhou no sentido da unidade, o. :rapor-se-ia entao ao pensa
, da identidade, da 16gica de
::a hegeliana e a sua sintese
.ic'i.o identitaria subjacente a 1 ao principio da difereni;a. a 16gica da identidade que cidente.
1 logocentrica, etnocentrica,
la a difereni;a, destruindo-a, multicultural, uma cultura
manifestou no surgimento
oniais, fundados na riqueza tas etnias e na explosiio de
. dada na palavra, um espa90 m futuro dando-nos garanlade parece ter acabado no J para diante (para o futuro), gora e para 0 presente que ,mess a, centradas no futuro,
promessa, que no ocidente
n6mica, financeira, politica
PIB) que niio cresce, ou tern Comercial, com desequilis importai;oes; os do defice, ; os do envelhecimento da
;, que alastram; os da quebra 1meros do afundamento da democraticas ... Trata-se de
nUmeros virados para o presente e que no ocidente assinalam a
sua crise. O padre, o homem de leis e o politico ja niio organizam a vida no ocidente, porque a crise se impOs no presente, de modo
a nao se vislumbrar um horizonte; para a promessa temos agora
os economistas, os engenheiros e os gestores. S:io os nossos magos
- magos do presente. Partin do do ocidente, as tecnologias da informai;iio produ
ziram, entretanto, a globalizai;iio cosmopolita, uma globaliza<;iio de cariz econ6mico<fi.nanceiro, comandada par especuladores e
usurarios, que serve o mercado global, para onde nos mobiliza, total e infinitamente. A globaliza<;iio dos mercados deu-nos uma identidade definida, ou seja, definitiva, (1) de individuos m6veis, isto e, de individuos que assumam doravante uma condic;:io n6ma
da, precaria, sem direitos sociais; (2) de individuos prontos para a mobiliza9iio, o que significa, prontos para qualquer trabalho, respondendo em permanencia as necessidades do mercado; (3) de individuos competitivos, com o sentido apurado da 16gica da produi;iio; (4) e enfim, de individuos performantes, quern dizer,
de individuos realizadores e concretizadores de sucesso. Temos, entretanto, agora, uma outra cultura da unidade, a da cultura-mundo, servida por uma (mica lingua, o ingles .
Fundada nas tecnologias da informac;:io e na economia, a
globalizai;iio niio pode ser contrariada, todavia, por individuos solitarios e impotentes, nem par estados-nac;:io em crise. Por essa
raziio, podemos dizer que a globaliza<;iio cosmopolita exige uma globaJizaqiio muJticulturaJista, que reuna OS pOVOS de areas geo-culturais alargadas, que promova e respeite as difereni;as, dignificando as linguas nacionais. A globalizai;iio multiculturalista e feita peJa mistura, OU seja, niio apenas pela miscigena<;iio de etnias, mas tambem pela miscigena<;iio de mem6rias e tradii;6es. Podemos dizer que, ao inves da homogeneiza9iio empobrecedora e de sentido unico, estabelecida pela globalizai;iio cosmopolita, a globalizai;ao multiculturalista tern a virtude do heterogeneo; a sedui;iio de uma rede tecida de fios de varias cores e texturas, uma rede de povos e paises diversos, capaz de resistir ii sua redu<;iio a
uma unidade artificial.
169
A EUROPA NO CONTEXTO DAS IDENTIDADES TRANSNACIONAIS
Embora considerando a cultura como produc;ao simb6lica ima
ginftria, gostaria de insistir num aspecto que o soci6logo Pierre
Bourdieu sempre considerou essencial na anftlise das quest6es
discursivas. Os sistemas simb6licos sao fen6menos discursivos, sao uma questao de linguagem, e esta representac;ao e social. Par sua
vez, as representac;Oes sociais tern uma 16gica social. Sao definic;6es
do real, o que quer dizer, di/vis6es sociais, que concorrem tambem
para a realidade <las divis6es (Bourdieu, 1980: 65). Como expressao simb6lica, a :figura da identidade europeia
constitui uma particular categoria de palavras. Integra o vasto
conjunto de palavras com as quais encenamos a relac;ao entre a
mesmo e o outro, entre n6s e as outros. Usamo~las para exprimir
pertenc;as e identidades, e mesmo para delimitar territ6rios2•
0 ponto de vista em que me coloco, que e um pan to de vista
bourdieusiano, visa, pois, a figura da identidade europeia como uma classificac;ao prii.tica, isto e, coma uma di/visao do mundo social. Sendo uma classificac;ao prittica, a figura da identidade europeia esta subordinada a func;Oes pritticas e orientada para a produ<;iio de efeitos sociais. Com efeito, nesta figura encena~se o camp a de um combate, sen do que se trata de um combate par uma determinada ordena<;fo simb6lica do mundo, o que tamhem quer dizer, par uma especifica ordenac;ao do mundo.
Ilustro este ponto de vista com um exemplo. Vou tomar as figuras de comunidade e identidade europeias multilingues coma defini<;Oes do mundo, que concorrem com as definic;Oes rivais de comunidade lus6fona e lusofonia, de comunidade britanica e Com· monwealth, de comunidade franc6fona e francofonia, enfim, de comunidade hispanica e hispanidade. Num tempo p6s-colonial e globalizado, es.tas figuras exprimema luta pela ordenac;ao simb6lica
2 Sobre as representa~Oes coletivas, um lexico que habitualmente utilizamos para invocar e
exprimir perten~as e identidades sociais, assim co mo para delimitar territ6rios, escrevi, em
1996, Para uma Inversa Nave9a~ao.
170
domundo. nidadeinte Samuel Hun
Ent re alastraram a dominante, <lade superv <lade Europ Mercosul;e panarabism continente cordaomu<; entre o no tarefa de ha
para os gov igualmente
3 E, no entanto, i
polemoloyia do
diferen~as reli9
primeira vez co
teria especiali
de outras cultu
za~ao de uma p
4 Sobre politic
de Bstudos de C
9a~ao coletiva i
sos sobre a Ide
Lusofonia (Ma
Ciencias da Co
mesmo Centro
in9 oflusophon
TEXTO DAS SNACIONAIS
no produc;iio simb6lica ima
lecto que o soci6logo Pierre
cial na analise das quest6es
.0 fen6menos discursivos, sao
presenta<;i'i.o e social. Par sua
a l6gica social. Sao definic;6es
;iais, que concorrem tambem
ieu, 1980: 65).
igura da identidade europeia
de palavras. Integra o vasto
~ncenamos a rela<;ao entre o ·os. Usamo-las para exprimir
tra delimitar territ6rios2•
·loco, que e um ponto de vista
i identidade europeia coma
no uma di/visiio do mundo
.tica, a figura da identidade
;; prftticas e orientada para a
dto, nesta figura encena-se o
rata de um combate por uma
> mundo, o que tambem quer
domundo.
n um exemplo. Vou tomar as
mropeias multilingues coma
1 com as definic;6es rivais de
:omunidade britanica e Com
ma e francofonia, enfim, de
'· Num tempo pas-colonial e .uta pela ordenac;iio simb6lica
e1bitualmente utilizamos para invocar e
!Opara delimitar territ6rios, escrevi, em
do mundo. 0 que se joga nesta luta simb6lica ea divisiio da comu
nidade internacional em areas culturais, dando forma aquilo a que
Samuel Huntington (2001) chama a guerra das culturasi.
Entretanto, as sociedades transcontinentais, cujos projetos
alastraram antes de a globalizac;iio se autonomizar coma variAvel
dominante, foram elas mesmas fraccionadas pela seguinte reali
dade superveniente: as paises europeus convergem na Comuni
dade Europeia, o Brasil e os Estados Hispanicos convergem no
Mercosul; ea francofonia, a Comunidade Britanica,a lusofonia e o
panarabismo, desenvolveram linhas diferenciadas na unidade do
continente africano; entretanto, o Coriio apela a identidade de µm
cordiio muc;ulmano que, de Gibraltar a Indonesia, divide o mundo
entre o norte e o sul (Moreira, 2004: 9). Nestas circunstancias, a
tarefa de harmonizar tao diferenciadas e multiplas filiac;6es, umas
baseadas na experiencia e na hist6ria, outras induzidas pelas lei
turas do futuro premente, e certamente uma tarefa mobilizadora
para os governos que exercitam uma soberania em crise, mas e igualmente uma tarefa aliciante de investigac;iio (Ibidem)'.
3 E, 110 entanto, inquietante que a luta simb6lica seja acompanhada pelo anUncio de uma
polemolo9ia dominada pelo co11fronto armada das vdrias civilizaqOes, marcadas pelas
diferenqas religiosas, numa circunstdncia em que todas as dreas culturais falam pela
primeira vez com voz pr6pria na cena internacional e se veem forqadas d convergencia
pela globalizaqdo derivada das revoluqOes cientifica, tecnica e dos mercados. Em texto
recente, Adriano Moreira (1004: 4) denuncia esta "metodologia do alarme'', em que se
teria especializado Samuel Huntington. Pera11te "a emergencia ou avanqo preocupantes
de outras culturas e etnias", o alarme de Huntin9ton teria como consequencia a "or9ani
za~ao de uma polftica de se9uran~a mais an9lo-sax6nica do que ocidental".
4 Sob re po!fticas e 1in9ua9ens da identidade lus6fona Joi lan~ado, em 2004, no Centro
de Estudos de Comunica~ao e Sociedade da Universidade do Min ho, o projeto de investi-
9a~ao coletiva intitulado; "Lusocom: Estudo das P-oliticas da Comunica~ilo e dos Discur
sos sobre a !dentidade Lus6fona", tendo sido publicada a obra coletiva, Comunica~iio e
Lusofonia (Martins, M., Sousa, H. iJ Cabecinhas, R. (2006). Ea Federa¢o Lus6fona de
Cie11cias da Comunica~ao lan~ou um Anudrio, de que foram publicados jd nove volumes
http://www.lusocom.or9/pt/pa9/livros/. Entretanto, desde 2010, que se dese11volve, neste
mesmo Centro de Estudos, o projeto "Identity narratives and social memory: the (re)mak
in9 oflusophony in intercultura! contexts" http://www.1asics.uminho.pt/idnar/?1an9-e11
171
Aquila que se joga nesta luta simb6lica entre "globaliza<;ao cosmopolita e globalizaqao multiculturalista" (Martins, 2011 a) e o poder de definir a realidade, assim coma tambem o poder de impor, internacionalmente, essa definii;ao, quero dizer, essa divisiio.
Neste entendimento, a figura da identidade europeia niio e uma coisa diferente da realidade social <las distintas comunidades nacionais onde se processa esse combate simb6lico. Ee pelo facto
de as representai;Oes sociais da realidade nao serem estranhas a pr6pria realidade social dos paises que as formulam, que, a meu ver, devem ser reavaliadas as formulaq6es que tendem a negar ii figura de identidade europeia niio apenas a eficitcia simb6lica, coma tambem toda a eficitcia politica.
Este entendimento impede-nos de consentir na ideia de que nada hit realmente que se possa designar, com verdade, coma cultura e comunidade europeias. E, do mesmo mo do, de que a comunidade europeia nao tern ainda sujeito pr6prio, uma ve71 que nada existirft
que possamos considerar coma uma mitologia vivida em comum
au coma uma auto-imagem identititria partilhada. Ou que nada haverit que possamos interpretar coma a partilha efetiva de valores
e de modes de estar no mundo e de se confrontar com ele. Basta pensarmos na experiencia que esta a ser vivida no
campo <las migraq6es pela Comunidade Europeia, e tambem no campo <las suas distintas literaturas. Servidos par particulares politicas da lingua, quer o campo <las migraq6es, quer o campo <las distintas literaturas, constituem a cabal demonstrac;ao de que a cultura e o progresso silo filhos da mistura. Podemos dizer, tambem, que a curta experiencia desta Comunidade tern mostrado que a convergencia dos paises culturalmente soliditrios, prestando uma soliditria homenagem a iguais valores da paz e do desenvolvimento, torna mais forte e mais escutada a voz com que afirmam a sua
presenc;a na ordem internacional em mudani;a.
As solidariedades horizontais, que decorrem da partilha de
uma mesma c.omunidade plurilinguistica e da miscigenac;ao de mem6rias e tradi<;6es, uma e outra identificando a area cultural europeia, sao, neste sentido, pensamos n6s, um elemento que for
talece o tecido da "globaliza<;iio <las dependencias", contribuindo deste mo do "para uma articula<;iio entre a linha da territorializac;ao
172
dos poderes organizada
Nafi que o progr etambemd imp6e-se, ta
uma entida cultural co
Num ralismo em deixardese mem6riai ideiadepe realidades a ter que se entrar,em
entre "globalizac;iio cos:a" (Martins, 2011 a) e a
tambem a poder de im-1uero dizer, essa divisao.
ide europeia nao e uma
distintas comunidades simb6lico. Ee pelo facto ~ nao serem estranhas a s formulam, que, a meu
s que tendem a negar a as a eficacia simb6lica,
:onsentir na ideia de que m verdade, coma cultura lo, de que a comunidade na ve'lJ que nada existira
logia vivida em comum utilhada. Ou que nada
artilha efetiva de valores frontar com ele. 1ue esta a ser vivida no
Europeia, e tambem no vidos por particulares igra96es, quer a campo I demonstrac;iio de que a Podemos dizer, tambem, de tern mostrado que a lidarios, prestando uma az e do desenvolvimencom que afirmam a sua
danc;a. lecorrem da partilha de
1 e <la miscigenac;iio de 1ficando a area cultural ;, um elemento que fordencias", contribuindo
nha da territorializac;iio
dos poderes politicos ea Jinha da mundializac;iio da sociedade civil organizada em rede" (Moreira, 2004:10 ).
Na figura<;iio de Comunidade Europeia prevalece a ideia de que a progresso ea cultura resultam da miscigena<;iio <las etnias, e tambem da miscigenac;ao de mem6rias, tradic;Oes e paisagens. E imp6e-se, tambem, a ideia de que e passive! florescer no seio de uma entidade transnacional, au supranacional, uma federac;ao cultural com lugar para muitos Estados.
Num tempo marcado, todavia, pela globalizac;iio, intercultu
ralismo e multiculturalismo, a espac;o cultural europeu niio pode deixar de ser hoje seniio um espac;o plural e fragmentado, com uma mem6ria igualmente plural e fragmentada. Quer isto dizer que a ideia de pertenc;a identit:iria nao dispensa nunca a considerac;ao de realidades nacionais multiculturais distintas, com linguas distintas a ter que se relacionar umas com as outras e a ter, igualmente, que
entrar, em muitos casos, em competic;ao entre si.
173
DUAS NOTAS FINAIS
A acreditarmos no poeta Paul Celan (1996: 46), varios acentos convem ao tempo: o agudo da actualidade; o grave da historicidade e 0 circunflexo da eternidade - 0 circunflexo que e um sinal de
expansao. E meu entendimento, no entanto, que o tempo perdeu nos nossos dias todos os seus acentos. A historicidade, o acento
grave do tempo, o acento da nossa responsabilidade pelo nosso estado e pelo estado do mundo, e hoje uma "doern;a", como ja diagnosticou Nietzsche (1874), na Segunda Considera<;il.o lntempestiva. Entretanto, a actualidade, o acento agudo do tempo, tem·na transformado os media em fair-divers, em novidade, que e "a superficie infecunda do novo" (Benjamin, 1982: 173). E depois, o eterno, o acento circunflexo que expande o tempo, e apenas um
fragmento mais na enxurrada, em que vcio, rio abaixo, todos as
names que nos falavam da invariancia de uma presen~a plena (de um fundamento): essencia, substancia, sujeito, consciencia,
existencia, Deus, homem, transcendencia ... (Derrida, 1967: 410-411).
Com as acentos em falta, a experiencia ocidental coma que
entrou em colapso. Em todo o caso, cairam drasticamente as possi
bilidades da (a)ventura humana, uma vez que perdemos o sentido de comunidade. Reinventar esse horizonte, prometermo-nos essa
perfeic;ao, a de uma comunidade partilhada, e esse todo o futuro
que nos espera.
174
REFER@NC BIBLIOGRA
Agamben, G. ( Notes sur lap Rivages.
Barros, D. P. (2 rAncia. Reflex Sio Paulo: Edi
Benjamin, Wi della rivista' cetto di criti co (Serini 191
Block, E. (193 Hoffnung(3 Hope.Carob
Borges, J. L {1 Gift", Elogio Completas (19
Bourdieu, P. ( Representati reflexion cri in Actes de la Social es, n. 35
Canclini, N. stratagies for modernity. MinnesotaP
Celan,P.(19~
.in Arte poeti textos. Lisbo
Derrida, J. (1 rence. Paris:
Freyre, G. (2 Senzala. sao
Heidegger, da Tecnica", Petr6polis:
Huntington das Civiliza Mundial.L'
5 ), varios acentos
e da historicidade [Ue e um sinaJ de e o tempo perdeu :icidade, o acento
idade pelo nosso doenc;a", como ja
1sidera9iio Intemlo do tempo, temtovidade, que e "a
"173). E depois, o npo, e apenas um 1 abaixo, todos os
a presen9a plena eito, consciencia,
. da,1967: 410-411).
idental como que camente as possirdemos o sentido netermo-nos essa 1sse todo o futuro
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Agamben, G. (1995). Moyens sans Fins. Notes sur la politique. Paris: Payot &.
Rivages.
Barros, D. P. (2012). Preconceito e Intoler.incia. Reflex6es linguistico-discursivas.
Sao Paulo: Editora Mackenzie.
Benjamin, Walter (1982). ''Annuncio della rivista 'Angelus Novus', in II con
cetto di critica nel romanticismo tedesco (Scritti 1919-1922). Turim: Einaudi.
Block, E. (1938-1947) [1986] Das Prinzip Hoffnung (3 vols.). The Principle of Hope. Cambridge, MA: MIT Press.
Borges,J.L(1998) [1969]. ''The Unending Gift", Elogio da Sombra, in Obras
Completas (1952-1972), II. Lisboa: Teorema.
Bourdieu, P. (1980). "Vldentite et la
Representation. Elements pour une
reflexion critique sur l'idee de region", in Actes de la Recherche en Sciences
Sociales, n. 35.
Canclini, N. G. (1995). Hybrid Cultures:
stratagies for entering and leaving modernity. Minneapolis, University of
Minnesota Press.
Celan, P. (1996) [1971]. "O meridiano'', in Arte poetica. 0 meridiano e outros
textos. Lisboa: Colibri.
Derrida,}. {1967. t:ecriture de la diffe
rence. Paris: Seuil.
Freyre,G. (2003) [1933]. Casa Grande&. Senzala. Siio Paulo: Global Editora.
Heidegger, M. (2002) [1954] ''A Questii.o da T€cnica'', Ensaios e Conferencias.
Petr6polis: Ed. Vozes.
Huntington,S.(2001) [1996].0 Choque das Civilizar;Oes ea Mudanr;a na Ordem
Mundial. Lisboa: Gradiva.
Lyotard,J. F. (1993) Moralites Post-Modernes. Paris: Galilee.
Martins, M. { 1996 ). Para uma lnversa Navegar;ao. 0 discurso da identidade.
Porto. Afrontamento.
Martins, M. {2002). A linguagem, a verdade e o poder. Ensaio de semi6tica
social. Lisboa: Fundar;ao Gulbenkian &. Fundar;ao para Ciencia ea Tecnologia.
Martins, M. (2011). Crise no Castelo
da Cultura - das estrelas para os ecriis.
Coimbra: Grado.
Martins, M. (2011 a). "Globalization and Lusophome World. Implications for citizenship", in Pinto, M. &.Sousa, H., Communication and Citizenship.
Rethinking crisis and change. IAMCR - Braga Conference, 18-22 July, 2010.
Coimbra: Grado Editor.
Martins, M., Sousa, H. &. Cabecinhas, R. {Ed.) (2006). Comunicar;ao e Lusofonia .
Para uma abordagem critica da cultura e
dos media. Porto: Campo das Letras.
Moltmann, Jiirgen (1967}. Theology of Hope: on the ground and the implications of aChristian eschatology. London:
SCM Press.
Moreira, A. (2004). 0 Regresso de Gil~ berto. Recife: Fundar;ii.o Gilberto Freyre,
11 paginas dactilografadas.
Nietzsche, F. (1987) [1874). Seconde consideration intempestive. Paris:
Flammarion.
Sophia { 1967) "Procelaria", in Geografia - Poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen. Lisboa: Edir;Oes Atica.
Sites http://W"H\'l.lusocom.org/pt/pag/li vros/,
http://www.lasics.uminho.pt/ idnar/?lang-en
175