hemenêutica
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CONGRESSO ESTADUAL DE TEOLOGIA, 1., 2013, So Leopoldo. Anais do Congresso Estadual de Teologia. So Leopoldo: EST, v. 1, 2013. | p.208-221
HERMENUTICA EM MOVIMENTO:
A TAREFA DA INTERPRETAO
Fbio Csar Junges*
RESUMO:
O presente texto se movimenta numa complexidade de ser em que a histria da hermenutica no pode ser separada da hermenutica desta mesma histria. Em movimento do incio ao fim numa circularidade hermenutica, os intrpretes esto sempre envolvidos por aquilo que interpretam. No apenas os autores clssicos so interpretados por um processo argumentativo, mas os prprios intrpretes so interpretados no processo de compreenso dessa trajetria histrica em que alguns se tornam clssicos.
PALAVRAS-CHAVE: Hermenutica. Linguagem. Histria.
1 Introduo
Para falar de hermenutica preciso ter presente o debate hermenutico
moderno. Por isso, o desenvolvimento a seguir ser realizado a partir do
pensamento de Adorno, em concomitncia com a constituio da hermenutica na
filosofia contempornea. Este recurso se faz ainda mais necessrio e se coloca
praticamente como uma exigncia em virtude de Adorno no se constituir,
historicamente, parte deste debate. Quando se fala em hermenutica, Adorno no
figura entre os considerados pensadores clssicos deste modelo de se fazer filosofia
e se compreender no mundo.
H que se dizer, no entanto, que a inteno no de que enquadrar Adorno
dentro de determinada perspectiva ou vertente hermenutica. Toda filosofia de
Adorno justamente uma rejeio s identificaes, aos sistemas, s snteses
acabadas. Enquadr-lo numa perspectiva seria uma violncia com a filosofia de
* Doutorando em Teologia pela Faculdades EST, So Leopoldo, com o apoio do CNPq. Professor
da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses e do Instituto Missioneiro de Teologia, Santo ngelo. Contato: [email protected]
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quem sempre resistiu ao sistema. Portanto, a tarefa mais de apontar contribuies
da filosofia de Adorno para o debate hermenutico. Esta, contudo, ter que ser
desenvolvida com a resistncia adorniana e na perspectiva de sua resistncia.
2 A tarefa do pensamento
Muitos so os elementos que so colocados para a hermenutica a partir do
pensamento filosfico de Adorno. A interpretao, neste sentido, vive um perptuo
paradoxo. No um paradoxo instantneo, mas este se perpetua ao longo de toda
a sua tarefa. Em que consiste este paradoxo? De que deva proceder interpretando,
com pretenso de verdade, sem possuir a chave segura para tal1. A interpretao
no definitiva; antes de chegar ao final do processo, com um resultado definitivo, o
pensamento continuamente deve recomear2, justamente onde tem encontrado
algum resultado.
por causa desta perspectiva que se pode falar em hermenutica em
Adorno. H, neste caso, uma clara proximidade do pensamento de Adorno com o
aforismo nietzscheano sobre fenmenos morais: no existem fenmenos morais,
mas uma interpretao moral dos fenmenos3. Mas, neste caso, a reflexo no se
revelaria como um crculo vicioso ou um perspectivismo extremado? Se a tarefa da
reflexo fosse se resumir interpretao num eterno paradoxo, ento a resposta
possivelmente seria positiva. A interpretao, no entanto, no realizada de
qualquer modo, mas com pretenso de verdade.
Enquanto em no poucos pensamentos ps-modernos a questo da
verdade tem sido relegada ao esquecimento, Adorno a coloca no centro. O que
importa na interpretao o assegurar das condies sociais vigentes ou a
verdade? No se pode entender a pretenso de verdade como tentativa de se
chegar realidade mesma, enquanto adequao do pensamento realidade. Esta
justamente a crtica adorniana aos projetos ontolgicos e idealistas, com o
pressuposto de que o ser adequado e acessvel ao pensamento. A verdade
1 Adorno realizou o intento de esclarecer a si mesmo uma reconstruo interpretativa da realidade
mediante dez Teses sobre a linguagem do filsofo, ADORNO, Theodor W. Thesen ber die Sprache des Philosophen. In: ADORNO, Theodor W. Gesammelte Schriften, v. 1. Berlim: Suhrkamp Verlag e Digitale Bibliothek, 2003, 2003. p. 366-371, formuladas na mesma poca da preleo sobre A atualidade da filosofia.
2 ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 334.
3 NIETZSCHE, Friedrich. Alm do bem e do mal. Petrpolis: Vozes, 2009, p. 82.
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precisa ser entendida como pretenso de se chegar realidade correta e justa4,
enquanto questionadora das condies sociais injustas vigentes. No dizer de
Mueller, aqui Adorno se afasta de um relativismo e de um pragmatismo que
escamoteiam a pergunta pela verdade, que parte da compreenso clssica da
filosofia5.
A interpretao da realidade com pretenso de verdade se dar sem uma
chave hermenutica certa. No h nenhuma chave hermenutica segura para se
chegar verdade. O no possuir a chave segura no , contudo, privilgio somente
da filosofia. No adianta, tambm, recorrer ao idealismo ou ao sociologismo
filosfico, pois o primeiro escolheu umas grandes demais; no entraram de maneira
alguma no olho da fechadura, e o segundo as escolhe muito pequenas; a chave
entra, mas a porta no se abre6. Ao invs de uma chave certa, so dado apenas
indcios fugazes e evanescentes. A tarefa reflexiva justamente a interpretao
destes indcios fugazes e passageiros. Onde podem ser encontradas tais
indicaes? Adorno responde de vrios modos esta pergunta, como prprio do seu
pensamento dialtico negativo. Sua resposta se encontra na continuidade da citao
acima, enquanto metfora do tecelo que no ignora os menores dos fios da
histria.
A histria da filosofia outra coisa no que a histria de tais entrelaamentos; por isso lhe so atribudos poucos resultados; por isso continuamente deve-se comear de novo; por isso no pode ela prescindir do mais insignificante fio que o tempo passado entrelaou e, quem sabe, complete a trama que poderia transformar as cifras em um texto
7.
No h, portanto, uma realidade ou um sentido por detrs da realidade que
exige uma interpretao, mas entrelaamentos, razo pela qual so dados poucos
resultados ou quando estes se apresentam, percebe-se que continuamente
preciso recomear, uma vez que o primeiro achado apenas um sinal que a
desafia a decifrar. A tarefa interpretativa destes entrelaamentos no poder negar
sequer o mais insignificante fio que o tempo entrelaou, pois justamente o mais
insignificante de todos pode ser aquele que completa a trama, pode ser a chave e a
soluo do problema. O que h, portanto, so cifras que desafiam a interpretao e
4 ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 325.
5 MUELLER, Enio R. Filosofia sombra de Auschwitz: um dueto com Adorno. So Leopoldo:
Sinodal/EST, 2009, p. 34. 6 ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 340.
7 ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 334.
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configuram o pensamento de Adorno como interpretao do mundo das coisas em
seu carter de cifra8.
A subjetividade do seu pensamento [de Benjamin] inclinava-se mais para diferena especfica; o momento idiossincrtico de seu prprio intelecto, o que ele tinha de singular voltar-se para aquilo que, no modo tradicional de filosofar, seria considerado ocasional, efmero e totalmente insignificante confirma-se nele como a via de acesso ao obrigatrio. A frase de que no conhecimento o mais individual o mais universal ajusta-se-lhe inteiramente
9.
A tarefa interpretativa dos indcios fugazes que se esfumam aproxima-se da
noo de Benjamin10 sobre a tarefa do cronista dos acontecimentos da histria. O
cronista que narra os acontecimentos, sem distinguir entre os grandes e os
pequenos, leva em conta a verdade de que nada do que um dia aconteceu pode ser
considerado perdido para a histria11. Narrar os acontecimentos, sem distinguir
entre os grandes e os pequenos a tarefa do cronista que no considera nada do
que um dia aconteceu, mesmo o mais fugaz e passageiro, como sendo perdido para
a histria. Ainda em outra passagem das teses sobre a histria, onde Benjamin
descreve o Angelus novus da histria, v-se grandes aproximaes com Adorno
sobre a tarefa da filosofia. relevante lembrar aqui a interpretao de Paulo
Schneider sobre a nona tese da histria de Benjamin:
a condio humana descrita como o anjo apavorado da 9 Tese de Sobre o conceito de Histria, que j sempre faz parte do que v e desaprova a ponto de ser sem poder alar o seu vo para algum alm onde seriam apresentadas as garantias da fundamentao absoluta ou grande novo incio sem as ingerncias do que j foi produzido em termos de sentido
8 MLLER-DOOHM, Stefan. En tierra de nadie. Theodor W. Adorno: una biografa intelectual.
Barcelona: Herder, 2003, p. 223. 9 ADORNO, Theodor W. Caracterizao de Walter Benjamin. In: COHN, Gabriel. Theodor W.
Adorno. So Paulo: tica, 1986, p. 189. 10
Adorno recebeu grande influncia dos escritos de Benjamin. Segundo Mller-Doohm, Benjamin inclusive escreveu uma carta a seu amigo Gershom Sholem queixando-se de que Adorno teria feito prprias, em vrias ocasies, suas ideias e suas descobertas. Em carta de Benjamin a Adorno de julho de 1931 ele pede a Adorno, caso fosse publicada sua preleo inaugural, que fizesse referncia introduo do seu livro sobre o barroco alemo. Adorno se defendeu argumentando que havia coincidncias fundamentais entre os dois e que no poderia simplesmente se ignorar, cf. MLLER-DOOHM, 2003, p. 220-221. Cabe ainda ressaltar que, com exceo do texto da preleo, no publicada naquele contexto, em todos os demais escritos Adorno fez as devidas referncias ao pensamento de Benjamin, que passou a ser [para Adorno] mais importante do que Kracauer; viam-se durante as estadas de Benjamin em Frankfurt e de Adorno em Berlim, cf. WIGGERSHAUS, Rolf. Escola de Frankfurt: histria, desenvolvimento terico, significao poltica. Rio de Janeiro: Difeel, 2002, p. 114.
11 BENJAMIN, Walter. Magia e tcnica, arte e poltica: ensaios sobre literatura e histria da cultura.
So Paulo: Brasiliense, 1994, p. 223.
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objetivado e instaurado historicamente e de que faz parte. A libertao, ao contrrio disso, inicia-se vendo e indicando a catstrofe
12.
Quando o anjo da histria olha para o passado, ao invs de ver um
encadeamento de acontecimentos, ele v um amontoado de runas sobre runas e
gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos13. O modo
como Adorno v anloga tentativa, apesar de frustrada, do anjo da histria, isto
, de acordar os mortos e juntar os fragmentos, no se esquecendo do menor deles,
do menor fio que o tempo entrelaou. A interpretao de Schneider da nona tese de
Benjamin sobre o conceito de histria se aproxima em boa medida ao que Adorno
aponta em Dialtica negativa como condio da liberdade do pensamento. L
onde o pensamento se projeta para alm daquilo a que, resistindo, ele est ligado,
acha-se a sua liberdade. A necessidade de dar voz ao sofrimento condio de
toda verdade14.
Quem interpreta, quando procura atrs do mundo dos fenmenos um mundo em si, que lhe serve de base e o sustenta, se comporta como algum que quisesse procurar no enigma a reproduo de um ser que se encontra detrs, que o enigma reflete, em que se deixa sustentar; enquanto que a funo para a soluo do enigma iluminar como um relmpago a sua figura e faz-la emergir, e no teimar em ir at o fundo do enigma e assemelhar-se a ele. A autntica interpretao filosfica no aceita um sentido que j se encontra pronto e permanente por detrs da questo, e sim a ilumina repentina e instantaneamente e, ao mesmo tempo, a consome
15.
A histria mostra que, no poucas vezes, procurou-se um mundo por detrs
da realidade ou um sentido inerente aos processos histricos. Adorno rechaa para
bem longe este tipo de pensamento. Tal tentativa se aproxima da atitude de querer
encontrar um ser por detrs de um enigma que se exige ser solucionado, quando a
funo da soluo de enigmas justamente o contrrio, ou seja, com o encaixe da
menor das peas, fazer aparecer a figura a um s golpe, consumindo repentina e
instantaneamente a questo que desafiava soluo. A autntica interpretao no
procura um sentido pronto e permanente, mas faz com que os sinais indecifrveis se
transformem em texto, nunca se esquecendo de que o que preciso ser
12
SCHNEIDER, Paulo Rudi. A contradio da linguagem em Walter Benjamin. Iju: Uniju, 2008, p. 443.
13 BENJAMIN, 1994, p. 223.
14 ADORNO, Theodor W. Dialtica negativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009, p. 24.
15 ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 335.
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interpretado incompleto, contraditrio e fragmentrio e grande parte dele pode
estar entregue a cegos demnios16.
3 O ensaio como ideia de interpretao
Apesar de j assinalado vrias vezes o carter fragmentrio dos escritos de
Adorno, com sua recusa a todo sistema de pensamento, preciso realizar uma
reflexo mais pormenorizada sobre esta questo. A forma com que Adorno expressa
o seu pensamento intrnseca a sua compreenso de interpretao. Para ele, a
clareza de um texto est facilmente para o totalitarismo e para o sistema, perdendo
sua potncia criadora. Essa uma das razes de seus escritos serem
linguisticamente difceis e muitos em forma de ensaio. No acidental o fato de
Adorno publicar muitas de suas ideias em ensaios e aforismos ao invs de tomos
volumosos to caractersticos da filosofia alem, dedicando-se inclusive a escrever
sobre O ensaio como forma, onde afirma que
O ensaio no deixa que lhe prescrevam o mbito da competncia. Ao invs de executar algo cientfico ou produzir algo artstico, o seu esforo ainda espelha a disponibilidade infantil, que, sem escrpulos, se entusiasma com aquilo que outros j fizeram. O ensaio reflete o amado e o odiado, ao invs de conceber o esprito como uma criao a partir do nada, segundo o modelo de uma ilimitada moral do trabalho. [...]. Ele no comea com Ado e Eva, mas com aquilo de que quer falar; diz o que lhe ocorre, termina onde ele mesmo acha que acabou e onde nada mais resta a dizer: assim ele se insere entre os despropsitos. Seus conceitos no se constroem a partir de algo primeiro nem se fecham em algo ltimo
17.
A escrita aforstica, em fragmentos e em ensaios prprio da ideia de
interpretao18. Adorno no tem interesse nas snteses acabadas e muito menos em
chegar ao solo ontolgico da realidade em questo. O que importa a realidade, em
seus entrelaamentos, que exige ser interpretada, considerando os seus menores
16
ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 334. 17
ADORNO, Theodor W. O ensaio como forma. In: COHN, 1986, p. 168. 18
Os demais integrantes da Escola de Frankfurt tambm tiveram o carter de escrita aforstica, inclusive Benjamin talvez tenha sido o mais radical de todos, o que explica o comentrio de Jay. Embora Adorno e Marcuse fossem menos relutantes a publicar seus escritos em livros completos, tambm resistiram tentao de converter esses livros em exposies filosficas sistemticas e positivas (JAY, Martin. La imaginacin dialctica: uma historia de la Escuela de Frankfurt. Madrid: Taurus, 1989, p. 87). Neste sentido, Adorno se aproxima de tantos outros filsofos no sistemticos para alm da Escola de Frankfurt, como o caso de Nietzsche e Foucault. Este ltimo, por exemplo, em Arqueologia do saber, reflete sobre esta opo ironicamente: mais de um, como eu sem dvida, escreveu para no ter mais fisionomia. No me pergunte quem sou eu e no me diga para permanecer o mesmo: uma moral de estado civil; ela rege nossos papeis. Que ela nos deixe livres quando se trata de escrever (JAY, 1989, p. 87).
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fios. Trata-se da renncia de procurar um quadro fechado e ordenado do
pensamento, dentro do qual todas as coisas so dotadas de sentido e
intencionalidade19. Isto requer a disposio para retornar vida mesma e ali tentar
ouvir o que ela diz. Trata-se de um ato de coragem e condio para toda verdade,
pois o mundo das coisas mesmas um mundo danificado, cuja profunda
desesperana poucos olhos esto dispostos a encarar filosoficamente.
O ensaio tem que conseguir que a totalidade brilhe por um momento em
um trao escolhido ou encontrado, sem que se afirme que ela esteja presente20.
Adorno sempre usa vrias designaes para o exerccio interpretativo, rodeando os
conceitos com outros conceitos em diferentes tentativas de formar constelaes, at
que a figura aparea (no um conceito)21. O exerccio interpretativo de Adorno
justamente fazer com que, a partir de diversas designaes da realidade, fazer
brilhar a centelha hermenutica por um momento em um trao escolhido ou
encontrado.
Neste contexto, cabe uma aproximao do pensamento de Adorno com o de
Benjamin, uma vez que a tese de Benjamin sobre Origem do drama barroco
alemo, escrita em 1925, portanto, seis anos antes de A atualidade da filosofia,
exerceu grande influncia sobre o pensamento de Adorno. Em 1931, quando
assumiu seminrios de estticas na Universidade de Frankfurt como professor no
titular, Adorno trabalhou com seus alunos especialmente a tese de Benjamin que,
por ironia da histria, no foi aceita quando, em 1925, Benjamin queria, por meio
dela, tornar-se assistente na Universidade de Frankfurt, considerada
incompreensvel, por Cornelius e Horkheimer22. Para Mller-Doohm, o que atraiu
Adorno na tese de Benjamin foi o prefcio epistemolgico da obra, onde tratada de
modo eloquente a questo da verdade23. Para Benjamin, a verdade expressa um ser
no intencional e, portanto, se encontra para alm do sujeito e a seu poder de
disposio.
19
JUNGES, Fbio Csar; JACOBSEN, Eneida. Condies para um pensar justo e responsvel: contribuies de Theodor Adorno. In: XVI SIIC 2010, Santiago. ACTA do XIV Seminrio de Integrao de Pesquisa e Ps-graduao: sustentabilidade, biodiversidade e avanos tecnolgicos. Santiago: EDIURI, 2010, p. 57.
20 ADORNO, Theodor W. O ensaio como forma. In: COHN, 1986, p. 180.
21 MUELLER, 2009, p. 71, nota de rodap 142.
22 WIGGERSHAUS, 2002, p. 113.
23 MLLER-DOOHM, 2003, p. 217.
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Segundo Benjamin, o contedo da verdade somente pode ser captado imergindo de maneira mais precisa nos detalhes particulares de um estado de coisas concreto. [...]. Mais tarde, a partir da elaborao de sua preleo inaugural, Adorno fez totalmente sua a inteno de definir a verdade como um ser no intencional. Em posteriores obras filosficas procurou precisar esta posio, posicionando-se contrrio tanto filosofia da conscincia quanto emprica, e a elabor-la como teoria de uma experincia no reduzida
24.
Para Benjamin, o caminho verdade vedado justamente ao logos de
inteno definidora e, para no se perder nesse caminho de queda livre, a reflexo
interrompe a continuidade de conceito a conceito para voltar prpria coisa. Por
isso, sua crtica, tal como Adorno, a todo sistema, e sua proposta alternativa de
tratado, de crnica, de narrativa. O sistema exige conexo argumentativa, de modo
que a verdade aparece em forma de proposio. O tratado ou a narrativa, apesar de
tambm ter que fazer uso de conceitos25, procura metodicamente o desvio: nisso
consiste a natureza bsica do tratado. Incansvel, o pensamento comea sempre de
novo, e volta sempre, minuciosamente, s prprias coisas. Esse flego infatigvel
a mais autntica forma de ser da contemplao26.
A narrativa, em seus desvios, nunca poder apresentar a verdade num
flego s, mas apenas, aps muitas tentativas, a soma dos caminhos faz surgir a
imagem requerida. O tomar flego da reflexo significa precisamente interromper o
fluxo da inteno de instrumentao e de comunicao de algo de fora, e assim
voltar-se ao encontro das coisas mesmas, em que o sujeito e o objeto esto
intrnseca e diretamente conjugados. Benjamin compara esse mtodo com um
mosaico, e com essa imagem procura distanciar-se da figura do sistema. Tanto o
mosaico como a contemplao justapem elementos isolados e heterogneos, e
nada manifesta com mais fora o impacto transcendente, quer da imagem sagrada,
quer da verdade27.
As metforas de Adorno sobre o tecelo que no ignora o menor dos fios e o
solucionador de enigma que encaixa a menor das peas e faz saltar, a um s golpe,
24
MLLER-DOOHM, 2003, p. 218. 25
Conforme Adorno, o carter de adivinhao e de certa enigmtica que ele mesmo [Benjamin] emprestou aos aforismos de Einbahnstrasse (e que marca tudo o que ele chegou a escrever) tem o seu fundamento neste paradoxo [da possibilidade no impossvel]. Mesmo assim, interpret-lo e decifr-lo, com os nicos meios de que dispe a filosofia os conceitos foi sua motivao exclusiva para mergulhasse em reservas no mltiplo, cf. ADORNO, Theodor W. Caracterizao de Walter Benjamin. In: COHN, 1986, p. 200.
26 BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemo. So Paulo: Brasiliense, 1984, p. 50.
27 BENJAMIN, 1984, p. 50-51.
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a soluo do mesmo, so anlogas e adquirem maior eloquncia na aproximao
com a metfora da constituio do mosaico de Benjamin. As metforas so
constitutivas do pensamento de ambos os autores. A tese defendida por Schneider
de que em Benjamin a contradio da linguagem o ponto focal a ser considerado
para a compreenso da atividade filosfica28 tambm se inscreve para a atividade
de pensamento de Adorno. O uso de metforas, de imagens e de conceitos
diferenciados para expressar o mesmo contedo torna o pensamento de ambos os
autores complexo, mas condio da prpria tarefa de pensamento por eles
descrita: a soluo de enigma num relmpago e na montagem do mosaico em sua
fragmentao caprichosa de partculas.
4 A atualidade de cada interpretao
Explicitamente, como j assinalado na introduo, Adorno no denominou o
seu pensamento de hermenutica. Vrias razes poderiam ser elencadas por tal
recusa. A primeira delas, que se apresenta como a mais significante, Adorno no
circunscreve o seu pensamento dentro de categorias determinadas, pois renuncia a
conceitos gerais invariveis29. Pelo contrrio, ele apresenta elementos singulares e
dispersos em diferentes ordenaes, e a leitura ter que junt-los em uma figura, da
qual salta a resoluo da questo, ao mesmo tempo em que a mesma desaparece.
Nesta perspectiva, Adorno, no seu exerccio interpretativo, realizou uma verdadeira
ascese para no circunscrever seu pensamento dentro de um quadro fechado e
ordenado, razo pela qual praticamente impossvel enquadr-lo, o que o torna
atual em cada interpretao.
Outra razo que se coloca de sua recusa pela denominao de seu
pensamento de hermenutica parece resultar de sua posio crtica a Heidegger,
uma das principais referncias da hermenutica contempornea30
. Outra razo,
ainda, encontra-se no texto Para o estudo da filosofia, de 1955. A questo da
verdade no pode ser adiada por consideraes hermenuticas preliminares,
quando elas no devem ser esquecidas31. Adorno v que a hermenutica tem se
ocupado com consideraes preliminares, adiando a pergunta pela verdade que,
28
SCHNEIDER, 2008, p. 299. 29
ADORNO, Theodor W. Die Aktualitt der Philosophie. In: ADORNO, v. 1, 2003, p. 339. 30
MUELLER, 2009, p. 59. 31
ADORNO, Theodor W. Zum Studium der Philosophie. In: ADORNO, v. 20/1, 2003, p. 323.
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como j visto, central no seu pensamento. Aqui pode haver uma aproximao com
Gadamer, especialmente com Verdade e mtodo32, que representa um movimento
de resistncia aos rigorosos procedimentos cientficos das cincias naturais33 com
suas preocupaes exageradas com as questes de mtodo, esquecendo-se do
essencial: a verdade.
Colocadas as principais reservas de Adorno no se autodenominar de
hermeneuta no sentido contemporneo do conceito, pode-se ver em que sentido ele
se aproxima da hermenutica contempornea. A inteno est longe de querer
enquadr-lo nesta ou naquela perspectiva. A tentativa de apenas procurar
vestgios textuais, e no jogar e brincar com os seus conceitos em constelaes
diversas esperar que a centelha hermenutica, em um s instante, configure seu
pensamento interpretativo como prxima vertente filosfica contempornea,
denominada de filosofia hermenutica34. Em uma preleo de 1960 so dados
primeiros indcios dessa aproximao.
Existem motivos que, claro, procedem to profundamente do curso da histria, daquilo que no passado a gente chamava de esprito da poca, que fazem com que tais coisas em comum se impem mesmo por sobre extremas diferenas de posies. Uma dessas coisas em comum , certamente, o conceito de filosofia como interpretao (Deutung) ou, como se tem costumado chamar na Escola de Heidegger, levado adiante por Dilthey, de passagem para a hermenutica, a qual, no entanto, como tal entrementes tem se estabelecido academicamente e acabou sendo fundida com uma prima philosophia no estilo antigo
35.
Esta passagem revela que Adorno v uma aproximao de seu projeto com
a filosofia hermenutica. Esta no se deve a intenes explcitas do autor. So
devidas ao curso da histria ou ao esprito da poca que se estabelecem apesar
das mais extremas diferenas de posies. Estas extremas diferenas de posies
32
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e mtodo: traos fundamentais de uma hermenutica filosfica. Petrpolis: Vozes, 1997.
33 ADAMS, Adair; JUNGES, Fbio Csar. Hermenutica e conscincia histrica em Gadamer.
Missioneira, Santo ngelo, n. 57, p. 9-24, jun. 2010, p. 24. 34
Na medida, portanto, em que aqui se fala em filosofia hermenutica as demais acepes contemporneas da mesma so, de antemo, rechaadas, dentre elas, a hermenutica tcnica e a hermenutica filosfica. Dentre outros textos que fazem estas mesmas distines, podem ser lembrados como referncias Stein e Ruedell. STEIN, Ernildo. Intrepretacionismo: a tradio hermenutica diante de duas novas propostas. In: REIS, Rbson Ramos dos; ROCHA, Ronai Pires da (Orgs.). Filosofia hermenutica. Santa Maria: UFSM, 2000. RUEDELL, Alosio. Da representao ao sentido: atravs de Schleiermacher hermenutica atual. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
35 ADORNO, Theodor W. Zur Lehre von der Geschichte und von der Freiheit. In: ADORNO, Theodor
W. Nachgelassene Schriften. Herausgegeben vom Theodor W. Archiv, v. 4/13. Frankfurt: Suhrkamp, 1993, p. 182.
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sugerem que seja em referncia a Heidegger. Apesar de toda crtica de Adorno a
Heidegger, ele admite que tenha, afinal, uma proximidade entre os dois projetos. Em
que sentido, ento, revela-se uma proximidade? Uma dessas coisas em comum ,
certamente, o conceito de interpretao. Os dois projetos filosficos, portanto,
situam-se na passagem da filosofia da conscincia para a hermenutica.
Apesar da proximidade de ambos, Adorno apresenta uma ressalva. A
passagem da filosofia para a hermenutica tem se revelado como uma prima
philosophia no estilo antigo. O problema a crescente ontologizao da
hermenutica, o que Adorno historicamente criticou em Heidegger. Apesar da
proximidade com o projeto filosfico de Adorno, em Heidegger se v o problema ou
a questo hermenutica se circunscrever na passagem da epistemologia
ontologia, isto , tem-se uma nova ontologia que se volta contra a ontologia
tradicional36. Adorno v possibilidades para uma filosofia hermenutica, desde que
ela renuncie a possibilidade de ser uma nova prima philosophia e passe a olhar as
pequenas coisas e faa surgir de dentro do detalhe a centelha hermenutica37.
A hermenutica foi proscrita. E com razo: porque ela limitou os contedos da msica ao permetro da diversidade das experincias subjetivas [...]. No entanto, na crtica da hermenutica, como na do subjetivismo como um todo, tem-se procedido muito sem cuidado e, portanto, perdeu-se a verdadeira objetividade. Pois a msica, como performance vazia, foi cortada de todos os seus contedos. [...]. A genuna hermenutica deveria aprender a compreender pergunta e resposta a problemas e solues tcnicas como linguagem daquilo que brilha por meio da msica, sem se desvanecer nela como sua expresso subjetiva
38.
A crtica de Adorno hermenutica no se d somente por sua crescente
ontologizao, mas tambm quando a mesma subjetivizante. A crtica
hermenutica musical destri qualquer interpretao da msica como reproduo
potica de contedos psquicos39. Trata-se de uma crtica ao modo de
Schleiermacher e de Dilthey compreender a hermenutica, com suas tentativas de
reconstruo da inteno dos autores das obras. O problema da hermenutica,
portanto, est na separao entre a msica e seus contedos, tornando-a
performance vazia. A autntica hermenutica precisa rodear o contedo com
36
JUNGES, Fbio Csar. Da epistemologia ontologia: a hermenutica como deslocamento de questionamento em Heidegger. Via Teolgica, n. 17, p. 149-168, junho de 2009, p. 154.
37 ADORNO, Theodor W. Einleitung zu Emile Durkheim, Sociologie und Philosophie. In: ADORNO,
v. 8, 2003, p. 269. 38
ADORNO, Theodor W. Musikalische Aphorismen. In: ADORNO, v. 18, 2003, p. 20. 39
ADORNO, Theodor W. Schubert. In: ADORNO, v. 17, 2003, p. 24.
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perguntas e respostas ao ponto de brilhar a fasca hermenutica. A tarefa, portanto,
da autntica hermenutica de fazer saltar a centelha hermenutica, acionando
todo um processo interpretativo.
5 Concluso
Movimento aps movimento, com a aproximao de diversos conceitos que
formaram constelaes de pensamento, esperou-se fazer saltar a centelha
hermenutica: a ideia de interpretao de si. A prpria forma do argumento
pretendeu se aproximar do modo como Adorno compreende o exerccio
interpretativo. Com o exerccio de interpretao, esperou-se apenas o cintilar, vez
por outra, da centelha hermenutica e de modo evanescente. Na medida em que se
desprendia uma dessas fascas, iluminava-se a tese esboada de modo
paradigmtico na introduo.
Mas ao mesmo tempo em que a centelha se desprendia e iluminava
repentinamente a questo, tambm ela se desfazia e mantinha na penumbra o que
havia sido iluminado. Trata-se da prpria exigncia do exerccio interpretativo
conferido por Adorno. Realidade, interpretao, verdade e chave interpretativa so
os conceitos que permitiram formar algumas constelaes de pensamento. O
pensamento ainda tem chances, enquanto interpretao da realidade, com
pretenso de verdade, sem possuir a chave segura para tal. Os elementos
singulares espalhados, os mais insignificantes fios de sua filosofia, neste sentido,
precisaram ser considerados, pois, inclusive o menor deles, quando colocado em
diferentes arranjos com os demais, fez saltar, mesmo que instantaneamente, a
soluo do enigma.
Portanto, o rompimento do pressuposto dos grandes projetos passados
exige uma razo responsvel, a partir de dois movimentos de pensamento: o
primeiro crtico, enquanto renncia de chegar totalidade da realidade, e o segundo
positivo, enquanto preservao da esperana de uma vez se chegar a essa
realidade certa e justa40. Ao pensamento, nesta perspectiva, so dados apenas
indicaes passageiras daquilo que est a. Interpretar os entrelaamentos
histricos dessas indicaes, nisso consiste a grande tarefa do pensamento, ao
40
MUELLER, 2009, p. 38
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invs de querer desenvolver, a partir de si mesma, o conceito de realidade e de
toda realidade41.
A interpretao da realidade exige um olhar audacioso para as pequenas
coisas. Exige que se olhe para dentro das brechas, das fissuras da realidade
enclausurada e sufocada pelo sistema. Essas fissuras, no completamente
encobertadas pelo sistema enquanto tal, revelam sinais, cifras, fios insignificantes da
histria a partir dos quais possvel espiar a realidade de um modo diferente, sem
que a mesma seja igualmente enclausurada em um novo projeto ontolgico ou
idealista. Essas fissuras, portanto, so indcios de que existe outra realidade
possvel e sua interpretao indcio da atualidade do pensar hoje.
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41
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