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HELDER HENRIQUE DE FARIA

EFICÁCIA DE GESTÃO DE UNIDADES DECONSERVAÇÃO GERENCIADAS PELO INSTITUTO

FLORESTAL DE SÃO PAULO, BRASIL.

Presidente Prudente2004

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HELDER HENRIQUE DE FARIA

EFICÁCIA DE GESTÃO DE UNIDADES DECONSERVAÇÃO GERENCIADAS PELO INSTITUTO

FLORESTAL DE SÃO PAULO, BRASIL.

Tese apresentada ao Programa dePós-Graduação em Geografia, na áreade concentração DesenvolvimentoRegional e Planejamento Ambiental, daFaculdade de Ciências e de Tecnologiada Universidade Estadual Paulista dePresidente Prudente, para obtenção dotítulo de Doutor em Geografia.Orientador: Prof. Dr. Messias Modestodos Passos

Presidente Prudente2004

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Ficha Catalográfica elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e DocumentaçãoUNESP-FCT – Capmpus de Prisidente Prudente-SP

F234e

Faria, Helder Henrique de.Eficácia de gestão de unidades de conservação gerenciadas pelo Instituto

Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– PresidentePrudente : [s.n.], 2004

401 f. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade EstadualPaulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia

Orientador: Messias Modesto dos Passos

1. Planejamento ambiental. 2. Unidades de conservação.3. Gestão. 4. Indicadores. 5. Ameaças. 6. Eficácia de gestão. 7.Avaliação. I. Título.

CDD 301.31

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DEDICO

Ao magnífico profesor-consejeroDon Miguel Cifuentes Arias,

cidadão e sujeito extraordinário,um cosmopolita amante da Terra,

com quem convivi preciosos momentos e me conduziua uma experiência luminosa e produtiva.

Agora, em seu próprio mundo,por onde seu pensamento singrar,

Grande Miguel,sinta sua importância nesta realização.

A Thainan e Nathan, filhos e inspiração.Que as migalhas de tempo e espaço,

entre nós, só façam aumentarnossos mútuossentimentos.

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RECONHECIMENTOS

A dedicatória poderia se estender a tantas pessoas importantes para odesenvolvimento desta tese de doutoramento. Algumas muito próximas e outras jádistantes e além.

Até onde me lembro foi o pesquisador do Instituto Florestal, Professor Doutor JoséLuiz Timoni, quem primeiro enxergou em meus trabalhos o marco referencialpossível de se transformar em um projeto de pesquisa e, posteriormente, um projetode doutorado, que sob sua tutela e a do Professor Doutor Nivar Gobbi comecei adesenvolver no Centro de Estudos Ambientais da UNESP de Rio Claro.

Pouco depois, tive a sorte de ter como meu superior o pesquisador Marco Antoniode Oliveira Garrido, quem possibilitou nossas primeiras idas ao campo juntamentecom os amigos e pesquisadores José Antonio de Freitas e Denise Zanchetta,quando então realizamos o que chamamos ‘pré-teste’ de uma avaliação futura maiscriteriosa. A propósito, sou muito agradecido ao José Antonio pois ele foifundamental na construção dos indicadores específicos às Florestas Estaduais.

Não há como esquecer o apoio dos pesquisadores Marco Antonio Púpio Marcondes,José Antonio de Freitas e Luis Alberto Bucci, que à época ocupavam,respectivamente, a Diretoria da DRPE, diretoria da DFEE e Diretoria Geral. Apresença dos três numa das reuniões com os chefes de UCs emprestou um caráterdiferenciado ao projeto, o suporte dos que sabem da necessidade de pesquisasdirigidas ao planejamento e à gestão de unidades de conservação.

Francisco Corrêa Serio e Regina Maria Lopes, da Assessoria Técnica deProgramação, do Instituto Florestal, foram de um desprendimento extraordinário nummomento critico da pesquisa, facultando-me informações de qualidade sobre oInstituto Florestal e as unidades de conservação, sem as quais muito do trabalhoteria se tornado difícil de realizar. Eles se complementam numa atividade louca deassessoria à DRPE e à Diretoria Geral do Instituto, complexa função, de coraçõestão grandes quanto o monte de trabalhos que realizam. Ninho de informações, bonssentimentos e graça.

Desde a Assessoria da Divisão de Florestas, as informações auferidas por LuisCezar foram imprescindíveis para melhor aquilatar a função e potencial de produçãoflorestal desta divisão, assim como Clovis Ribas nos emprestou seus depoimentossobre os módulos pré-fabricados do Instituto e, anterior a isso, recebendo-nos, comooutros, nas UCs sob sua responsabilidade.

No CEA-UNESP, o Professor Nivar, um brilhante profissional e extraordinário sujeito,sempre me motivou com palavras de máxima energia, e fez-me refletir sobre o queos administradores de UCs faziam: administração, manejo ou gestão? Mas tambémincutiu-me perguntas e muitas dúvidas sobre os (des)caminhos do Homem, daNatureza, da Vida, do Universo enfim. Leu a primeira versão do documento e meincentivou a prosseguir. Sempre lembrar-me-ei das suas boas e pertinentespalavras.

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Minhas conversas com colegas de distintas atuações dentro do Instituto Florestalpermitiram que minha visão sobre a organização e as UCs fosse mais abrangente etransparente. Dentre tantos, agradeço em especial ao Pesquisador Onildo Barbosa,um ótimo interlocutor e critico de pensamento claro, cujos comentários a respeito dapesquisa desenvolvida pelo e no Instituto Florestal foram preciosos.

Em certo momento enveredei por caminhos que me obrigaram a usar uma ou outraferramenta estatística, uma disciplina que não domino como os colegas e amigosProfessor Doutor Walter Barrela, da PUC de Sorocaba, Pesquisadora Leda Maria doAmaral Gurgel Garrido, aposentada do IF, e o Doutorando da UNESP de JaboticabalSidnei Francisco Cruz. Eles me acudiram em momentos diferenciados e de modocomplementar, e o aprendizado com o amigo Walter Barrela foi sensacional.

Agradeço postumamente ao Professor Doutor Felizberto Cavalheiro, doDepartamento de Geografia da USP. Ele me recebeu em seu pequeno gabinete,ouviu minha proposta e o que dela havia desenvolvido, leu atentamente meusprimeiros escritos e, com seus garranchos desalinhados, fez-me entender queconceitos são palavras desenvolvidas pela ciência, e que não sabê-los é uma razãopara a busca do conhecimento. Foi o primeiro a devolver-me o rascunho com assuas pertinentes considerações. Não me esquecerei.

Ao transferir-me da UNESP Rio Claro para o programa de pós graduação emGeografia da UNESP de Presidente Prudente fui bem recebido e encaminhado aoProfessor Doutor Messias Modesto dos Passos. Transferências às vezes sãotraumáticas, mas ali encontrei um ambiente propício ao crescimento e um mestre-orientador de elevada personalidade, incrivelmente amável e com um cabedal deconhecimentos acima das polêmicas que assolam os meios acadêmicos.Novamente tive sorte, e espero corresponder à altura.

Um aspecto que tem auxiliado bastante os meus trabalhos relacionados à gestão deunidades de conservação é ter acesso à gama de publicações e informaçõesexcelentes advindas da União Internacional para a Conservação – UICN.Principalmente após meu ingresso na Força Tarefa para a Efetividade de Manejo(Management Effectiveness Task Force) a convite do Doutor Claudio Maretti e doProfessor Sênior Dr. Marc Hokings. Sem saber reforçaram meus intentos.

Meus sinceros agradecimentos a Rita de Cássia Cassimiro, que de maneiradesprendida revisou os primeiros rascunhos deste documento, acudindo meusdeslizes gramaticais. Excelente pessoa e profissional, certamente chegará aondedesejar ir.

Também à Rosana Damaceno e Ilda Francisco, pela paciência e cuidado quetiveram comigo, me “escondendo“ de possíveis contra-tempos para que eu pudessetrabalhar e redigir a Tese. Aqueles momentos foram incríveis e me proporcionaramensinamentos elevados e distintos.

A Andréa Soares Pires, que revisou a parte técnica do texto e me auxiliou namontagem das apresentações necessárias à última etapa do doutoramento. Nãofosse por ela eu teria sido atropelado pelo tempo.

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Aos meus amigos e companheiros de jornada, meus cavaleiros da claridade e daesperança: Pesquisadores Carlos Eduardo Ferreira da Silva e Denise Zanchetta e oTécnico de Apoio à Pesquisa Silvio dos Santos. Eles me acompanharam em váriasetapas desta pesquisa, quando então discutimos, concordamos e discordamos,viramos ao avesso, rimos e até resolvemos o mundo.

Os conhecimentos de Carlos Eduardo sobre planejamento e gestão de UCs, nossasdiscussões sobre este tema foram maravilhosas. As informações e a visão quepossuía sobre o Instituto Florestal e seu engajamento foram surpreendentes eimprescindíveis. Infelizmente ele se foi deste mundo antes de compartirmos estetrabalho concluído. E faz muita falta.

Denise me auxiliou muito com sua aguçada percepção para as coisas técnicas. Seusconselhos e considerações nos momentos mais delicados foram extraordinários,algo muito importante quando o objeto do trabalho passa necessariamente pelo tratocom pessoas dos mais variados níveis e interesses.

Silvio é um autodidata, pessoa de opinião e de excelente coração, exímioconhecedor das parafernálias digitais e bom contador de piadas. Seusconhecimentos de informática foram tão importantes quanto sua excelente visãopara a organização de dados, assim como seu traquejo nos afazeres relativos àadministração de projetos.

A pesquisa não se realizaria não fosse o apoio moral, financeiro e material doInstituto Florestal de São Paulo, da Fundação MacArthur, através da Fundação OBoticário de Proteção à Natureza, e da Fundação de Amparo à Pesquisa de SãoPaulo. Tenho muito orgulho de ter merecido a confiança desses três organismos eagradeço muitíssimo o suporte auferido ao projeto.

Relativo ao Instituto Florestal, certamente a grande maioria dos chefes de UCs etoda a gente que laboramos nesta organização, desejamos que ela se fortaleça acada dia e seja efetivamente o bastião da conservação da biodiversidade paulista.

Finalmente, como eu poderia desenvolver esta pesquisa não fosse a benignidade esolicitude dos técnicos e diretores de unidades de conservação, que atenderam aochamado e participaram das oficinas de avaliação? E como seria se não houvesse apossibilidade de visitar as UCs? Conhecemos e reencontramos amigos, gentebatalhadora e idealista, gente que merece nossos agradecimentos, respeito,admiração e apoio para continuarem no front da conservação ambiental.

Muito Obrigado!

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SUMÁRIO

Índice................................................................................................................ xi

Lista de Figuras................................................................................................ xiv

Lista de Quadros.............................................................................................. xv

Lista de Pranchas............................................................................................. xx

Lista de Siglas.................................................................................................. xxi

Resumo............................................................................................................ xxii

Abstract............................................................................................................ xxiv

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 7

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................. 81

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 131

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 355

6. CONCLUSÕES............................................................................................ 377

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 381

8. APÊNDICES................................................................................................ 399

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ÍNDICE

Pag.

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 7

2.1 A SITUAÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS NATURAISRENOVÁVEIS........................................................................................... 8

2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO............................................................. 14

2.2.1 História e conceitos................................................................................ 14

2.2.2 Categorias e objetivos............................................................................ 23

2.3 MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO....................................... 33

2.3.1 Administração, manejo ou gestão.......................................................... 33

2.3.2 Pautas para uma gestão eficaz.............................................................. 41

2.3.3 Problemas e ameaças à gestão eficaz das áreas protegidas................ 51

2.4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE GESTÃO DAS UCS................................ 57

2.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE SÃOPAULO...................................................................................................... 71

2.5.1 A representação das UCs paulistas....................................................... 71

2.5.2 Os problemas das UCs paulistas........................................................... 75

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 81

3.1 MATERIAL................................................................................................. 82

3.2 MÉTODOS................................................................................................ 87

3.2.1 Marco Institucional.................................................................................. 89

3.2.2 Seleção de indicadores e agrupação em âmbitos de gestão................. 90

3.2.3 Coleta de dados: oficinas de avaliação e visitas de campo................... 120

3.2.4 Análise dos dados.................................................................................. 124

3.2.5 Adequação da escala de valoração....................................................... 125

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 131

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO: INSTITUTO FLORESTALDE SÃO PAULO........................................................................................ 135

4.1.1 Planejamento Institucional...................................................................... 142

4.1.2 Unidades de Conservação sob administração direta do IF.................... 149

4.1.3 Atividades de Pesquisa.......................................................................... 151

4.1.4 Recursos Financeiros e Humanos......................................................... 156

4.1.5 Síntese da situação atual do Instituto Florestal...................................... 166

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4.2 EFICÁCIA DE GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃOPESQUISADAS......................................................................................... 169

4.2.1 Classificação da eficácia de gestão....................................................... 169

4.3 ANÁLISE DOS GRUPOS DE INDICADORES.......................................... 179

4.3.1 Planejamento e Ordenamento............................................................... 182

4.3.2 Administração........................................................................................ 189

4.3.3 Político-Legal......................................................................................... 200

4.3.4 Conhecimentos...................................................................................... 211

4.3.5 Qualidade dos Recursos....................................................................... 216

4.3.6 Florestas Estaduais............................................................................... 222

4.4 ANÁLISE DOS INDICADORES................................................................. 227

4.5 AMEAÇAS ÀS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO..................................... 233

4.6 DESCRIÇÃO DE ASPECTOS GERENCIAIS DAS UCS VISITADAS....... 248

4.6.1 Estação Ecológica Bananal.................................................................... 252

4.6.2 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Santa Virgínia................... 256

4.6.3 Parque Estadual Xixová-Japuí............................................................... 260

4.6.4 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo São Sebastião.................. 264

4.6.5 Parque Estadual da Ilha Bela................................................................. 268

4.6.6 Parque Estadual da Ilha do Cardoso...................................................... 272

4.6.7 Parque Estadual da Campina do Encantado......................................... 278

4.6.8 Parque Estadual Jacupiranga................................................................ 282

4.6.9 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba.................. 286

4.6.10 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Picinguaba...................... 292

4.6.11. Parque Estadual da Ilha Anchieta....................................................... 296

4.6.12 Parque Estadual de Carlos Botelho..................................................... 300

4.6.13 Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR............................ 304

4.6.14 Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus........................................ 310

4.6.15 Estação Ecológica de Jataí.................................................................. 314

4.6.16 Parque Estadual Vassununga.............................................................. 320

4.6.17 Parque Estadual de Porto Ferreira....................................................... 326

4.6.18 Parque Estadual do Juquery................................................................ 330

4.6.19 Parque Estadual do Jurupará............................................................... 334

4.6.20 Parque Estadual do Jaraguá................................................................ 340

4.6.21 Parque Estadual da Cantareira............................................................ 346

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4.6.22 Parque Estadual do Morro do Diabo.................................................... 350

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 355

6. CONCLUSÕES............................................................................................ 377

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 381

8. APÊNDICES................................................................................................ 399

Apêndice A - Avaliação do manejo - Unidades avaliadas (através de visita)em 1998....................................................................................... 400

Apêndice B - Caracterização das Unidades..................................................... 401

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LISTA DE FIGURAS

Pag.

Figura 01. O processo interativo do manejo adaptável (Fonte: U.S. ForestService, apud Agee, 1996)........................................................... 44

Figura 02. Unidades de Conservação do Estado de São Paulo gerenciadaspelo Instituto Florestal................................................................... 74

Figura 03. Distribuição espacial das UCs trabalhadas nesta pesquisa.......... 86

Figura 04. Fluxograma geral da aplicação do procedimento destinado àavaliação da eficácia de gestão de unidades de conservação.... 89

Figura 05. Involução da produção de casas de madeira pela FlorestaEstadual de Manduri..................................................................... 141

Figura 06. Comportamento dos principais componentes do orçamento doEstado destinado ao IF nos últimos 9 anos.................................. 157

Figura 07. Involução da relação entre os recursos financeiros e a superficieprotegida do IF.............................................................................. 158

Figura 08. Involução do Quadro de funcionários em relação aocrescimento da superfície protegida............................................. 162

Figura 09. Classificação da eficácia de gestão de todas as UCsinvestigadas ................................................................................. 174

Figura 10. Comportamento da classificação das UCs de proteção integral euso sustentável............................................................................. 176

Figura 11. Classificação geral dos indicadores de gestão para as UCs deproteção integral pesquisadas, em consonância com os dadosdo Quadro 34................................................................................ 228

Figura 12. Comportamento das ameaças externas incidentes nas UCs deproteção integral e de uso sustentável......................................... 245

Figura 13. Comportamento das ameaças internas incidentes nas UCs deproteção integral e de uso sustentável......................................... 247

Figura 14. Trecho da Trilha do Ouro na Estação Ecológica Bananal............ 253

Figura 15. Raffiting no Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serrado Mar........................................................................................... 256

Figura 16. Praia no Parque Estadual Xixová-Japuí........................................ 260

Figura 17. Equipe administrativa do Núcleo São Sebastião defronte aoescritório do Parque...................................................................... 264

Figura 18. Cachoeira na Praia de Castelhanos na Ilha Bela. (Fausto Piresde Campos).................................................................................. 269

Figura 19. Alojamento do Parque Estadual da Ilha do Cardoso.................... 273

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Figura 20. Prédio administrativo em construção no Parque EstadualCampina do Encantado................................................................ 278

Figura 21. Limites do Parque Estadual do Jacupiranga sobre imagem deSatélite......................................................................................... 282

Figura 22. Moderna edificação construída sob os auspícios do PPMA noNúcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar...... 287

Figura 23. Atividade de Uso Público no Centro de Visitantes do NúcleoPicinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar........................ 293

Figura 24. Praia do Sul no Parque Estadual da Ilha Anchieta. (Fausto Piresde Campos)................................................................................... 96

Figura 25. Atividades de Uso Público no Centro de Visitantes do ParqueEstadual Carlos Botelho................................................................ 301

Figura 26. Atividade ecoturística em uma das cavernas do PETAR.............. 304

Figura 27. Cascata Grande no Parque Estadual Furnas do Bom Jesus........ 310

Figura 28. Aspectos do relevo das Furnas do Bom Jesus e biomassacombustível oriunda da gramínea brachiaria................................ 311

Figura 29. Ambiente lacustre da Estação Ecológica de Jataí, comabundante avifauna característica................................................. 315

Figura 30. "Deck" de observação em uma trilha da Estação Ecológica deJataí............................................................................................... 317

Figura 31. Jequitibá-rosa, Cariniana legalis (Martius Kuntze), com mais detrês metros de diâmetro na trilha homônima................................. 321

Figura 32. Uso público no Parque Estadual de Porto Ferreira. ..................... 327

Figura 33. A Diretora do Parque Estadual Juquery mostrando a vegetaçãoda unidade e as erosões provocadas por antigos praticantes demotocross. .................................................................................... 332

Figura 34. Represa do França pertencente à CBA no interior do ParqueEstadual Jurupará. ....................................................................... 336

Figura 35. Alto do Pico do Jaraguá com seu complexo de torres decomunicação. ............................................................................... 340

Figura 36. Aspecto da vegetação do Parque Estadual da Cantareira.(Fausto Pires de Campos) ............................................................ 346

Figura 37. Vista da elevação denominada Morro do Diabo e exuberanteflorada de Ipês-roxo. ..................................................................... 350

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LISTA DE QUADROS

Pag.

Quadro 01. Alguns benefícios aportados pelas unidades de conservação.... 16

Quadro 02. Categorias e objetivos de gestão das unidades de conservação(UICN, 1994)................................................................................ 24

Quadro 03. Objetivos de conservação das categorias de manejobrasileiras*................................................................................... 31

Quadro 04. Algumas definições de gestão ambiental.................................... 38

Quadro 05. Requisitos gerenciais para uma gestão moderna e eficaz dasUnidades de Conservação.......................................................... 51

Quadro 06. Justificativas para efetuar a avaliação do manejo de unidadesde conservação........................................................................... 60

Quadro 07. Indicadores usados na avaliação do impacto do manejo dasUCs do Programa “Parques em Perigo” da TNC (Brandon etal., 1998)..................................................................................... 66

Quadro 08. Escala usada para avaliar os indicadores (Faria, 1993)............. 66

Quadro 09. Escala para qualificação da eficácia da gestão (Faria, 1993)..... 67

Quadro 10. Situação de algumas UCs de São Paulo quanto à demarcaçãoe situação fundiária..................................................................... 76

Quadro 11. Debilidades, ameaças e problemas de oito áreas protegidas deSão Paulo.................................................................................... 78

Quadro 12. Área, localização geográfica e municípios abrangidos pelasUnidades de Conservação pesquisadas..................................... 83

Quadro 13. Escala para pontuação dos indicadores..................................... 88

Quadro 14. Indicadores adotados para avaliar a eficácia de gestão deunidades de conservação........................................................... 93

Quadro 15. Diferentes amplitudes da escala de classificação da eficácia degestão e diferentes classificações, considerando apenas osresultados das 41 unidades de conservação de proteçãointegral estudadas....................................................................... 127

Quadro 16. Qualificativos alternativos à escala original................................. 129

Quadro 17. Escala de qualificação da Eficácia de Gestão corrigida.............. 129

Quadro 18. Estruturas de madeira pré-fabricadas produzidas pelo IF noperíodo de 1990 a 2000............................................................. 141

Quadro 19. Programas e metas do Plano de Ação Emergencial................... 143

Quadro 20. Objetivos temáticos e ações programáticas propostos peloRepensando o IF......................................................................... 147

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Quadro 21. Objetivos gerenciais e ações programáticas propostos peloRepensando o IF......................................................................... 147

Quadro 22. Unidades de conservação gerenciadas pelo Instituto Florestal. 149

Quadro 23. Unidades de proteção integral e uso sustentável administradaspelo Instituto Florestal (adaptado de IF, 2001)............................ 150

Quadro 24. Programas e projetos de pesquisa desenvolvidos no IF entre1998 e 2001................................................................................ 153

Quadro 25. Recentes pesquisas desenvolvidas no IF direcionadas àgestão de Unidades de Conservação......................................... 155

Quadro 26. Orçamento total do Estado destinado ao Instituto Florestal nosúltimos 9 anos............................................................................. 156

Quadro 27. Recursos financeiros destinados às 10 UCs do projeto PPMAem relação às demais unidades do Instituto Florestal................ 159

Quadro 28. Receita do IF oriunda de produtos e sub-produtos florestais ..... 159

Quadro 29. Frota de veículos disponível no IF no ano 2000.......................... 161

Quadro 30. Involução do Quadro de funcionários do IF frente ao aumentoda superfície protegida................................................................ 167

Quadro 31.Matriz geral com todos os indicadores e sub-indicadores paratodas as UCs estudadas............................................................. 170

Quadro 32.Matriz síntese contemplando as UCs de Proteção Integral e deUso Sustentável Estudadas........................................................ 171

Quadro 33.Matriz síntese contemplando apenas as UCs de UsoSustentável estudadas............................................................... 172

Quadro 34.Matriz síntese contemplando somente as UCs de ProteçãoIntegral estudadas....................................................................... 173

Quadro 35. Frequência da classificação das UCs......................................... 175

Quadro 36. Classificação da eficácia de gestão das UCs de proteçãointegral e uso Sustentável e porcentagem no grupo (UCPI eUCUS)......................................................................................... 176

Quadro 37. Superfície com proteção efetiva de acordo com a eficácia degestão auferida............................................................................ 178

Quadro 38. Resultados da Analise de Regressão Múltipla para os dadosobtidos nas UCs de Proteção Integral......................................... 180

Quadro 39. Sub-indicadores do processo de avaliação................................. 182

Quadro 40. Comportamento do âmbito planejamento e ordenamento paraas UCs de proteção integral, conforme dados do Quadro 34..... 182

Quadro 41. Situação dos planos de manejo nas 41 unidades de proteçãointegral pesquisadas................................................................... 183

Quadro 42. Comportamento do âmbito administrativo para as UCs deproteção integral, conforme dados do Quadro 34....................... 189

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xviii

Quadro 43. Relação área/funcionário em função da quantidade atual e aquantidade ótima reportada pelos diretores das UCs quecontestaram essa questão. Quadro 45. Relação dos recursosfinanceiros/hectare, em reais por hectare por mês ($/ha/mês),em função dos recursos financeiros recebidos na atualidade eos recursos necessários segundo as informações dos diretoresdas UCs que reportaram essa questão. Ano 2001..................... 191

Quadro 44. Relação dos recursos financeiros/hectare, em reais por hectarepor mês ($/ha/mês), em função dos recursos financeirosrecebidos na atualidade e os recursos necessários segundo asinformações dos diretores das UCs que reportaram essaquestão. Ano 2001........................................... 199

Quadro 45. Comportamento do âmbito político-legal para as UCs deproteção integral, conforme dados do Quadro 34....................... 200

Quadro 46. Comportamento do âmbito conhecimentos para as UCs deproteção integral, conforme dados do Quadro 34....................... 211

Quadro 47. Comportamento do âmbito qualidade dos recursos protegidospara as UCs de proteção integral, conforme dados doQuadro 4..................................................................................... 216

Quadro 48. Comportamento do âmbito florestas estaduais para as UCsde uso sustentável, em conformidade com os dados doQuadro 3..................................................................................... 222

Quadro 49. Resultado da Análise de Componentes Principais para 35variáveis usadas na avaliação da eficácia de gestão das UCsde proteção integral, dados do Quadro 34.................................. 229

Quadro 50. Indicadores com maior variabilidade nos dados (nestapesquisa)..................................................................................... 231

Quadro 51. Sugestão de ponderação especifica de acordo com a área daUC............................................................................................... 232

Quadro 52. Como ficariam os ‘totais ótimos’ para três distintas UCs comsituação fundiária semelhante..................................................... 233

Quadro 53. Problemas de manejo, Ameaças Internas e Externas das UCsque responderam a este questionamento................................... 234

Quadro 54. Ameaças externas e internas e respectivos fatores incidentesnas unidades de conservação analisadas.................................. 244

Quadro 55. Quantidade e porcentual de áreas protegidas com incidênciade ameaças externas.................................................................. 245

Quadro 56. Quantidade e percentual de áreas protegidas com incidênciade ameaças internas................................................................... 246

Quadro 57. Comparação entre os orçamentos do PEMD e PE Intervales.... 352

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xix

LISTA DE PRANCHAS

Pág.

Estação Ecológica Bananal................................................................................... 251

Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Santa Virgínia................................... 255

Parque Estadual Xixová-Japuí............................................................................... 259

Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo São Sebastião.................................. 263

Parque Estadual da Ilha Bela................................................................................ 267

Parque Estadual da Ilha do Cardoso..................................................................... 271

Parque Estadual da Campina do Encantado......................................................... 277

Parque Estadual Jacupiranga................................................................................ 281

Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba........................................ 285

Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Picinguaba............................................... 291

Parque Estadual da Ilha Anchieta........................................................................................ 295

Parque Estadual de Carlos Botelho....................................................................... 299

Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira - PETAR.............................................. 303

Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus.......................................................... 309

Estação Ecológica de Jataí.................................................................................... 313

Parque Estadual Vassununga............................................................................... 319

Parque Estadual de Porto Ferreira........................................................................ 325

Parque Estadual do Juquery.................................................................................. 329

Parque Estadual do Jurupará................................................................................ 333

Parque Estadual do Jaraguá................................................................................. 339

Parque Estadual da Cantareira.............................................................................. 345

Parque Estadual do Morro do Diabo...................................................................... 349

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LISTA DE SIGLAS

AMOMAR Associação dos Moradores do Maruja

BIOTA Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e UsoSustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

COCAMP Cooperativa de Prestação de Serviços aos Assentados deReforma Agrária do Pontal Ltda.

COTEC Comissão Técnico-Científica do Instituto Florestal

DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica

DEPRN Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais

DER Departamento de Estradas de Rodagem

DERSA Desenvolvimento Rodoviário AS

DFEE Divisão de Florestas e Estações Experimentais

DRPE Divisão de Reservas e Parques Estaduais

EEc Estação Ecológica

EEx Estação Experimental

ESALQ Escola Superior de Agronomia Luis de Queiroz

FEBEM Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

FF Fundação para a Produção e Conservação Florestal de São Paulo

FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente

FUNAI Fundação Nacional do Índio

IAMSPE Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis

IF Instituto Florestal de São Paulo

IG Instituto Geológico de São Paulo

IUCN (UICN) União Internacional para a Conservação

JICA Agencia Japonesa de Cooperação Internacional

ONG (ong’s) Organizações Não Governamentais

PCA Análise de Componentes Principais

PE Parque Estadual

PEMD Parque Estadual do Morro do Diabo

PESM Parque Estadual da Serra do Mar

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PETAR Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira

PPMA Programa de Proteção da Mata Atlântica

PUC Pontifícia Universidade Católica

RE Reserva Estadual

SET Secretaria de Esportes e Turismo

SMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SUDELPA Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista

UCs Unidades de Conservação

UCPI Unidades de Conservação de Proteção Integral

UCUS Unidades de Conservação de Uso Sustentável

UFSCAR Universidade Federal de São Carlos

UNESP Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”

UNICAMP Universidade de Campinas

USNPS Serviço de Parques Nacionais dos Estados Unidos da América doNorte

USP Universidade de São Paulo

WWF Fundo Mundial para a Conservação

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Resumo

Para muitos autores, as unidades de conservação da natureza, ou áreas protegidas,são ou serão os últimos baluartes da conservação estrita da biodiversidade, sendoesta razão, não excludente de outras, a principal motivadora para a existência deuma gestão verdadeiramente eficaz, que conduza ao alcance dos objetivos para osquais elas são criadas. A avaliação da eficácia de gestão através de procedimentosmetodológicos estruturados com base na utilização de indicadores é uma importanteferramenta de suporte à gestão, pois possibilita a coleta periódica e sistemáticasobre a qualidade da gestão, facilita a priorização de assistências e investimentospontuais e a realimentação do sistema gerencial. Nesta pesquisa, verificou-se aeficácia de gestão de unidades de conservação de São Paulo adotando-se eadaptando-se um procedimento metodológico desenvolvido originalmente na CostaRica, posteriormente adaptado à realidade das unidades de conservação de váriospaíses da América Latina. Os princípios do procedimento são o uso de indicadores ecritérios estritos para a qualificação, associados a uma escala de valoração geral. Ouniverso do estudo envolveu 59 áreas gerenciadas pelo Instituto Florestal de SãoPaulo, sendo 41 do grupo de proteção integral e 18 do grupo de uso sustentável,totalizando 69% do total das UCs e quase 90% da superfície total sob a guarda daorganização, representando 782.622,25ha. Para a coleta de dados utilizou-se abibliografia disponível sobre o sistema em análise, oficinas de avaliação coletiva,entrevistas e visitas a áreas previamente selecionadas. A análise dos indicadores edas ameaças demonstraram as debilidades da organização e a fragilidade com quea gestão de muitas unidades de conservação é levada a termo. As Unidades deConservação pesquisadas apresentaram padrões de qualidade de gestãointermediários, sendo que 22 tiveram a gestão classificadas como de PadrãoMediano, 27 como de Padrão Inferior e 04 como possuidoras de Padrão MuitoInferior. Apenas seis unidades alcançaram pontuação suficiente que permitiuclassificá-las de Padrão de Qualidade Elevado. Todas apresentam aspectosnegativos como positivos, imperando os primeiros. Há unidades que nada ou quasenada possuem que as conduzam ao atendimento dos seus objetivos de gestão. Estasituação demonstra a necessidade de maiores esforços coletivos e planejados paraa busca da excelência, senão padrões mais elevados de qualidade, satisfazendoaos que nelas trabalham e à sociedade em geral, que delas dependem para aconservação da biodiversidade, como fonte de saber, inspiração, lazer e recreaçãonaturais. Pode-se inferir que o maior problema do Instituto Florestal é a falta depolíticas para as inúmeras atividades que precisa estar desenvolvendo para cumprircom a missão aceita, havendo evidências da necessidade de intervenções urgentesem aspectos e componentes políticos e estruturais, de modo a promover um ‘choquede modernidade’ gerencial na maneira de conduzir e administrar a coisa pública.Por outro lado, a pesquisa mostrou também que a instituição possui pontos positivosque devem ser usados como ferramentas para sua auto-afirmação enquantoorganização responsável pelas unidades de conservação do Estado.

Palavras-chave: Unidades de Conservação; eficácia de gestão; avaliação;ameaças; aspectos positivos e negativos.

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Abstract

For many authors, the conservation units (UCs) or protected areas are or will be thelast bastions of the strict conservation of biodiversity, being this reason (notexculpatory of others) one of the main reasons for the existence of a truly effectivemanagement, that leads to the reach of the objectives for which they are created.The evaluation of the effectiveness management through structuralized procedureson the basis of the use of pointers is an important tool of support to the management,therefore it makes possible the periodic and systematic collection on the quality of themanagement, it makes easier and gives priority to help and prompt investments andthe feedback of the management system. In this research adopting themselvesdeveloped methodological procedure from Costa Rica, later adapted to the reality ofthe protected areas of some countries from Latin America. The principles of theprocedure are the strict use of indicators and criteria for the qualification, associatesto a scale of general valuation. The universe of the study involved 59 protected areasmanaged for the Forest Institute of São Paulo, being 41 of the group of integralprotection and 18 of the group of sustainable use, totalizing 69% of the total of UCsand almost 90% of the total surface under the guard of the organization, representing782.622,25ha. For the data collection, has been used available bibliography on thesystem in analysis, workshops of collective evaluation, interviews and technical visitsthe areas previously selected. The indicators and the threats analysis haddemonstrated to the debility of the organization and the fragility with that themanagement of many units of conservation is taken the term. The majority of theUCs had the management classified as inferior and medium standards of quality,demonstrating as many negative aspects as positive, unfortunately reigning the firstones. It has units that nothing or almost nothing they possess that they lead them tothe attendance of its objectives of management, but also exist some few with verygood standard of management. This situation demonstrates the necessity of strongerefforts collective and planned for the search of the excellency, or raised standards ofquality, satisfying its workers in general and the society, which needs of the ProtectedAreas for the biodiversity conservation, as source to their knowledge, inspiration,leisure and natural recreation. It can be inferred that the biggest problem of theInstituto Florestal is the lack of politics for the innumerable activities that it needs tobe developing to fulfill with the accepted mission, having evidences of the necessityof urgent interventions in aspects and components structural and politicians, in orderto promote one shock of ‘managemental modernity' in the way to lead and to managethe public environment. On the other hand, the research has shown that the InstitutoFlorestal de São Paulo owns positive points that must be used as tools for its auto-affirmation while responsible organization for the Protected Areas of the São PauloState, Brasil.

Key words: Protected areas; effectiveness management; measuring; threats;negatives and positives indicators.

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1. INTRODUÇÃO

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2

É incontestável a importância dos recursos naturais e da

biodiversidade para a humanidade. O desafio reside em tentar, a todo custo, salvar o

pouco que ainda resta de natureza pouco tocada lançando mão das estratégias

possíveis e imagináveis no afã de se lograr, ao menos, a sustentabilidade local e

regional. Neste contexto, os espaços especialmente protegidos na forma de

unidades de conservação (UCs) ganham notoriedade como das mais importantes

entre todas elas, ovacionadas por uma imensidão de cientistas contemporâneos.

Dieckenson, apud Ham e Enriquez (1987), alheio a qualquer tipo de

tendência sociológica, política ou científica afirmou que “as unidades de

conservação são as únicas criações da sociedade moderna designadas para o

benefício da humanidade como um todo”, uma feliz e categórica alusão à

genialidade humana se enfocarmos o pensamento nos desígnios de nossa espécie

sobre a Terra. Corroborando tal assertiva, Douroujeanni e Jorge Pádua (2001)

afirmam que todavia o gênio humano não descobriu uma forma mais efetiva e

eficiente que as UCs para preservar a biodiversidade na natureza.

Tal relevância e importância é notada em razão da fantástica

ampliação do quadro das unidades de conservação a partir do seu advento oficial,

no distante 1872 quando da criação do 1o Parque Nacional do Mundo moderno, o

PN de Yellowstone. Hoje no planeta existem mais de 30.000 sítios dedicados à

conservação da natureza (Green e Paine, 1997), sendo que o Brasil contribui em

termos absolutos, incluindo somente as categorias de manejo reconhecidas pela

União Internacional para a Conservação, com a maior superfície protegida da

América do Sul, (Dourojeanni e Jorge Pádua, 2001). Na visão destes últimos

autores, em relação ao número e extensão das áreas protegidas o esforço

empreendido pelo Brasil é louvável e bem sucedido, ainda que existam lacunas de

representatividade ecológica.

O sistema nacional de unidades de conservação, instituído no Brasil

no ano 2000, não está solidificado não só em razão dos vazios ecológicos existentes

mas também pela falta do que têm-se chamado de ‘efetividade de manejo’, isto é em

quanto as áreas possuem os requerimentos e desenvolvem as atividades mínimas

visando o atendimento dos objetivos para os quais foram criadas. Este é um termo

moderno oriundo de estudos desenvolvidos ao longo dos últimos 20 anos, mas

surgido no inicio do decênio de 1990 juntamente com as técnicas de avaliação

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quantitativas do manejo; ele pressupõe a existência de níveis diferenciados de

qualidade de gestão, diferente do termo estanque popularmente conhecido para

designar os parques não implantados ou mal resolvidos, os famosos ‘parques de

papel’, que segundo Douroujeanni e Jorge Pádua (2001) foi erroneamente cunhado

no âmbito de uma pesquisa tendenciosa e com análise superficial.

‘Efetividade de manejo’ ou ‘eficácia de gestão’ são denominações

que estimulam as pessoas e as organizações a buscarem soluções para os

problemas identificados nos processos de avaliação, principalmente vislumbrar a

factibilidade de se alcançar um nível mais elevado de qualidade, enquanto a

expressão ‘parques de papel’ soa como um pejorativo perigoso que pode desalentar

os ânimos dos mais aguerridos conservacionistas e estimular os contrários à

conservação a tomarem posturas mais enérgicas neste sentido.

É fato que existem muitas áreas protegias com gestão nula ou

próximo disso, mas isso não quer dizer que elas não cumprem seu papel. Ao

contrário, não há como subestimar o significado que os ecossistemas legalmente

protegidos tem e os grandes benefícios, muitas vezes imperceptíveis, que eles

auferem com a sua simples existência. Por outro lado, há de se convir que se as

UCs são criadas elas devem ser implantadas, administradas e manejadas e, assim,

prover mais benefícios à sociedade que paga por elas.

A gestão das unidades de conservação não é algo complexo, mas

extremamente profissional pois requer conhecimentos e ações específicas para se

alcançar a eficácia. Dentre os requerimentos mais conhecidos para um manejo

efetivo estão a necessidade de solução da questão dominial mediante a

regularização fundiária da área, limites bem definidos em mapa e no campo, possuir

mínima infra-estrutura e dotação orçamentária, staff adequado e capacitado,

reconhecimento e apoio da comunidade local e regional, um plano de manejo

atualizado cujo seguimento esteja garantido pela utilização de rotinas específicas

para a realimentação do sistema gerencial e, sobretudo, conhecimento científico.

Visando a implementação da qualidade do manejo das UCs, as

últimas décadas presenciaram o aparecimento de inúmeras ferramentas e

mecanismos para auxiliar a tarefa dos diretores e dos organismos gestores, dentre

elas os planos de manejo, provavelmente a mais reconhecida de todas e novas

técnicas de planejamento; técnicas e métodos relacionados à educação

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conservacionista surgiram para facilitar o envolvimento e o apoio das pessoas nos

assuntos das UCs; desenvolvimento de técnicas de geoprocessamento de imagens

orbitais e sistemas de informação geográfica que, respectivamente, facilitaram a

compreensão da paisagem e a catalogação e processamento de informações para o

manejo de ecossistemas; teorias foram formuladas, como a teoria de biogeografia de

ilhas, vindo a auxiliar no entendimento dos processos dinâmicos da paisagem e

contribuindo para o surgimento de novos paradigmas para a gestão integrada dos

recursos; etc.

Nesta mesma linha, também se propalou que o monitoramento

sistemático em todos os níveis consistiria uma ótima ferramenta para os

administradores das UCs, permitindo aos mesmos registrar e saber, a qualquer

momento, os eventos passados, sejam naturais ou não, e isto alimentar a gestão

mediante alguma forma de utilização das informações. Isto é uma necessidade

inquestionável, principalmente na atualidade quando as organizações e o meio

ambiente estão sujeitos a mudanças conjunturais extemporâneas.

Em relação à gestão de áreas protegidas propriamente dita, a

primeira vez que se discutiu sobre algum procedimento que permitisse o diagnóstico

do manejo de modo pontual foi em 1982, no III Congresso Mundial de Parques

(Deslher, 1982), só que de lá para cá as instituições administradoras de sistemas de

unidades de conservação não fizeram as tarefas necessárias, pois até o momento

não se conhece iniciativa organizacional neste sentido.

Os raros trabalhos desta natureza foram ou são desenvolvidos no

âmbito de projetos de pesquisa, ou muito pontuais sobre uma ou um grupo de

unidades de conservação. Ou seja, se os planos de manejo são reconhecidamente

importantes para uma gestão eficaz, e fazem parte das políticas institucionais (ao

menos da vontade ou do discurso), o monitoramento e a realimentação do sistema

gerencial todavia não o é, ao menos em larga escala como o primeiro.

Foi no ambiente acadêmico e das grandes organizações

internacionais ambientalistas, tais como a União Internacional para a Conservação-

UICN, a The Nature Conservancy-TNC, o Fundo Mundial para a Natureza-WWF e o

Centro Agronômico Tropical de Investigación y Enseñanza-CATIE que surgiram as

primeiras tomadas de posição em relação à formulação de instrumentos mais

criteriosos dirigidos ao diagnóstico da eficácia de gestão das áreas protegidas.

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Fundamentalmente a partir do IV Congresso Mundial de Áreas Protegidas, ocorrido

na Venezuela em 1992. Na atualidade propagaram-se os procedimentos que tem

por base o uso de indicadores e escalas numéricas para a qualificação e

quantificação do nível de eficácia de gestão das UCs, que será abordado na seção

específica desta tese.

O Estado de São Paulo apresenta um dos melhores ‘sistemas’ de

unidades de conservação estadual do Brasil, com áreas consideradas “jóias” da

natureza que protegem belíssimas paisagens, supra importantes à conservação da

biodiversidade de ecossistemas dos dois domínios morfoclimáticos presentes no

território paulista: o Cerrado e a Mata Atlântica. São floras, faunas, águas e gentes

que se interdependem e demandam uma gestão eficaz, dirigida ao espaço

protegido, para que, em última instância, avancem e evoluam no tempo e encham os

olhos das gerações vindouras.

Mas, estarão essas áreas sendo bem geridas, de maneira tal a

atingirem as razões e os objetivos que motivaram suas criações e segundo as

respectivas categorias de manejo? Em que nível de qualidade elas estão sendo

administradas? É possível a utilização de um procedimento metodológico para se

avaliar a eficácia de gestão? Os diretores poderiam estar eles mesmos

implementando a atividade de auto-avaliação da gestão?

A hipótese a ser testada nesta tese é que as unidades de

conservação gerenciadas pelo Instituto Florestal de São Paulo possuem uma grande

variação nos padrões de qualidade de gestão, sendo que boa parcela delas sofre a

incidência de problemas e ameaças determinantes de uma gestão que não condiz

com o pleno alcance dos objetivos para os quais foram criadas.

Deste modo, a presente pesquisa aborda a qualidade da eficácia de

gestão de unidades de conservação, objetivando:

i) Testar e desenvolver uma metodologia que usa indicadores

estritos para avaliar a eficácia de gestão de UCs gerenciadas

pelo Instituto Florestal de São Paulo;

ii) Estabelecer os indicadores a serem usados na mensuração da

eficácia de gestão para as unidades de conservação de proteção

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integral (Parques e Estações Ecológicas) e de uso sustentável

(‘Estações Experimentais’ e Florestas Estaduais);

iii) Determinar a eficácia de gestão de unidades de conservação

administradas pelo Instituto Florestal;

iv) Em relação aos indicadores usados, apontar as debilidades e os

pontos fortes de cada uma das unidades de conservação e do

sistema como um todo, que respectivamente nortearão a

necessidade de maiores investimentos e esforços e aqueles que

servem de exemplo institucional a serem seguidos; e

v) Apontar as principais ameaças internas e externas incidentes

sobre o sistema amostrado.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2.1 A SITUAÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

Muitos problemas ambientais surgiram devido ao crescimento

econômico e a explosão demográfica observada nos séculos XIX e XX, o que regra

geral tem provocado uma sistemática pressão sobre os recursos naturais silvestres

nos países mais pobres, não obstante alguns autores entenderem que a verdadeira

causa da degradação ambiental, em escala mundial, resida maiormente nas

elevadas taxas de consumo energético no planeta, fundamentalmente nos países

desenvolvidos, e a má distribuição de rendas dos países em desenvolvimento,

sendo o crescimento populacional somente uma das conseqüências do

subdesenvolvimento (Chandler, 1990; Comision de Desarrollo Y Medio Ambiente de

América Latina y el Caribe, 1991; UICN, PNUMA e WWF, 1991; Banco Mundial,

1992).

As causas dos desmatamentos em grande escala são

freqüentemente muito complexas e variam conforme as características culturais dos

povos e a história de seu desenvolvimento econômico. Na América Latina e nos

países tropicais as causas decorrem principalmente da alta demanda por terras para

a pecuária, a prática de cultivos pouco produtivos e a abertura de áreas para a

colonização e projetos de desenvolvimentos a reboque de políticas mal planejadas

que não consideram os custos da degradação dos recursos naturais que, em última

instância, são a base do desenvolvimento econômico (Elliott, 1986; Banco Mundial,

1992).

Já em 1982 o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a

Agricultura e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estimaram uma

perda anual global de 7,5 milhões de hectares de florestas úmidas e 3,8 milhões de

florestas tropicais secas, o que para muitos autores foi considerado uma afirmação

bastante conservadora. Em 1990 as florestas do planeta continuavam a desaparecer

a uma taxa média de 0.6% ao ano, significando que as florestas tropicais corriam

uma séria ameaça de desaparecer até o ano 2050 (Chandler, 1990; Saywer, 1991).

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e

Alimentação existem hoje aproximadamente quase quatro bilhões de hectares de

florestas cobrindo 30% da superfície terrestre do Planeta. As florestas tropicais e

subtropicais respondem por 56%, as florestas temperadas e boreais por 44% e as

plantações florestais por 5% do total. Segundo o estudo apresentado, no decênio de

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1990 houve uma variação anual liquida de 9,4 milhões de hectares negativos, isto é

a diferença entre a taxa anual estimada de desmatamento de 14,6 milhões de ha e a

taxa anual estimada de incremento da superfície de florestas de 5,2 milhões de

hectares (FAO, 2001). Isto confirma que as florestas mais ricas do mundo seguem

sendo diminuídas segue aumentando a nível mundial a um ritmo bastante elevado.

Analisando BRASIL (1998), o Brasil contribui sobremaneira para

esse incremento. Cerca de 15% da Floresta Amazônica foi removida, principalmente

pela abertura de rodovias que abriram caminho para atividades mineradoras e

colonizadoras, levas que fizeram avançar a fronteira agrícola e, por conseguinte, a

exploração madeireira. No Cerrado, estima-se que a remoção de vegetação nativa já

supera 40% da área, também por causa do avanço da fronteira agropecuária e do

conseqüente aumento da população, que nos últimos 40 anos multiplicou-se por seis

e já chegou a cerca de 20 milhões de pessoas.

A Caatinga sofre com as prolongadas secas, a desertificação, a

erosão do solo e a salinização, além da remoção de 50% da sua vegetação. A Mata

Atlântica, que se estendia ao longo de boa parte da zona costeira, sofreu com a

concentração populacional ao longo de séculos, acentuada nas últimas décadas, e

hoje mantém apenas cerca de 8,75% da vegetação nativa original. Na verdade, o

crescimento econômico tem sido acompanhado de crescente intervenção em

hábitats até então preservados, determinando significativa perda de diversidade

biológica que varia entre os vários tipos de ecossistemas brasileiros. De 1970 a 1985

foram concedidos para a área amazônica US$ 700 milhões em incentivos fiscais e

créditos subsidiados para 950 projetos, dos quais 631 de abertura de novas áreas

para a pecuária.

Somente entre agosto de 1999 e agosto de 2000 o desmatamento

cresceu 15% na Amazônia Legal em relação aos 12 meses anteriores, alcançando

19.832 km2, 1.983.200ha, uma área muito próxima a do Estado de Sergipe, porém

esSe dado é preliminar e pode sofrer alterações significativas como em anos

anteriores, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais teve que rever suas

cifras; cerca de 168.543 km2 foram desmatados entre 1990 e 2000, evidenciando

que as medidas adotadas pelo governo brasileiro após a ECO’92 têm sido

insuficientes (Folha de São Paulo, 2001).

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Nesse contexto, o desaparecimento e a contínua fragmentação das

florestas tem alcançado taxas exponenciais ao longo do tempo, sendo considerado,

juntamente com as alterações climáticas do Planeta, uma das mudanças ambientais

de maiores proporções da atualidade. Segundo Wilson (1989) a diversidade

biológica no planeta foi fortemente diminuída nos períodos geológicos Ordoviciano,

Devoniano, Permiano, Triassíco e Cretáceo e, em menor grau, aqui e ali em todo o

mundo em incontáveis catástrofes naturais, mas depois de cada declínio voltou a

recuperar seu nível original ou maior de diversidade, precisando dezenas de milhões

de anos para isso. Alguns cientistas consideram que a humanidade equivale a mais

um dos grandes eventos de extinção da diversidade biológica planetária, o que se

confirma mediante a leitura de inúmeros autores, dentre eles Dorst (1987),

Fernandez (2000a) e Camara (2000), além de farta literatura sobre o tema.

Isso se agrava se considerarmos que até hoje a ciência descreveu

entre 1,5 e 1,6 milhões de espécies de todas as classes de organismos, contra um

número total entre cinco milhões e 30 milhões (Wilson, 1989). Desse modo, a

continuar as atuais taxas de degradação ambiental, a extinção de espécies,

principalmente no caso das florestas tropicais que contem a maior parte da

diversidade biológica do planeta, representará um enorme prejuízo para as futuras

gerações.

O intenso desmatamento das matas tropicais chegou a índices

extremos nas últimas décadas e hoje não é possível saber com exatidão a perda

anual, pois a degradação imposta pelo modelo de desenvolvimento econômico

alcança os recursos naturais, indiscriminadamente. Alguns cientistas calculam que

desastres ocorrerão muito em breve, seja pela escassez de água doce, pelo

aquecimento global, pela escassez de recursos genéticos, diminuição de estoques

pesqueiros, poluição da águas oceânicas, ou pela desaparição de espécies

certamente importantes para o presente e futuro da Humanidade.

Na medida que os recursos silvestres vão sendo degradados,

antagonicamente essa situação dá lugar a uma supervalorização dos mesmos,

extrapolando o juízo de valor do sistema capitalista, um fato que vem a corroborar o

cunhado por um autor desconhecido que afirmou que “no sistema capitalista a

natureza só tem algum valor se destruída”, o que não deixa de ser uma verdade haja

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vista a movimentação de recursos financeiros para se proteger, manejar e recuperar

as sobras daquilo que Fernandez (2000a) chamou de “poema imperfeito”.

Uma das maneiras de mudar essa situação é atribuir ao estoque de

capital natural que produzem os serviços ambientais um peso adequado no

processo decisório, pois se não for assim, o bem-estar atual e futuro da humanidade

podem ser afetados drasticamente. Se os serviços ambientais dos ecossistemas

tivessem que ser pagos, em termos do valor de sua contribuição para a economia

global, o sistema global de preços seria muito diferente do que é hoje. O preço das

commodities que usam serviços de ecossistemas, direta ou indiretamente, seria

muito maior; a estrutura de pagamento dos fatores, incluindo salários, taxas de juros

e lucros, mudaria dramaticamente; o Produto Bruto Mundial seria muito diferente,

tanto em magnitude como em composição, se incorporasse adequadamente o valor

dos serviços de ecossistemas (Constanza et al.., 1997).

Esses autores estimaram em US$ 33 trilhões de dólares o valor

anual dos serviços prestados pelos sistemas ecológicos e o estoque de capital

natural que os gera, duas vezes mais que o produto mundial bruto, considerando

apenas o valor dos serviços que puderam ser identificados no sistema de mercado e

substituíveis por ações humanas. 17 diferentes serviços de ecossistemas foram

identificados, quais sejam: a regulação da composição química da atmosfera,

regulação do clima, controle da erosão do solo e retenção de sedimentos, produção

de alimentos, produção de matérias-primas, absorção e reciclagem de resíduos

gerados por ação humana, regulação dos fluxos hidrológicos, suprimento de água

(estocagem e retenção) regulação de distúrbios (proteção contra tempestades,

controle de inundações, recuperação de secas etc.), processos de formação do solo,

ciclo dos nutrientes, polinização, controle biológico (regulação de populações),

refúgio para populações residentes e migrantes, recursos genéticos, recreação e

cultura.

Em termos mais pragmáticos, este estudo nos dá uma idéia do

quanto vale cuidar preventivamente dos sistemas mantenedores da vida em nosso

planeta, ou do quanto irá custar sua indispensável restauração no futuro (Costa,

2001b).

A situação de degradação dos recursos naturais, a base de

sustentação e de todo o desenvolvimento da civilização moderna, interpõe um novo

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paradigma para as florestas manejadas com o intuito de produzir madeira e

conservar ecossistemas, que reside no aumento da consciência da população sobre

a importância dos produtos especiais e alternativos oriundos das florestas e dos

processos industriais, os chamados produtos não tradicionais das florestas.

Pesquisas em diversos países do mundo, e mais recentemente em alguns países

tropicais, tem enfatizado e reconhecido a importância desses produtos especiais em

suas economias. Esta questão ficou muito clara ao se adotar o conceito de

desenvolvimento sustentável pelas nações participantes da Conferencia das Nações

Unidades sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, em 1992, quando então foi

confirmado o papel destes produtos no desenvolvimento sustentável e a sua efetiva

contribuição na diversificação da economia (UICN/PNUMA/WWF, 1991; Hoyt, 1992;

Corson, 1993).

Neste contexto, ganharam importância as florestas plantadas com

espécies exóticas de rápido crescimento, sendo um vantajoso mecanismo de

controle do efeito estufa, de implementação imediata, de baixo custo e com

capacidade de ampliar os estoques de carbono, reduzindo os impactos negativos

das mudanças climáticas de origem antrópica. Produtos derivados das florestas

plantadas produzidos continuamente e de maneira sustentável podem substituir

parte das emissões dos combustíveis fósseis (Salati apud SBS, 2001). Por outra via,

a atividade florestal no Brasil participa com 4% do produto interno bruto do nacional,

com 4,8 milhões de hectares implantados que correspondem a 0,56% do território

nacional, suprindo 62% da demanda de madeira interna. Além disso, gera milhões

de empregos na medida que cada 1000ha dessas florestas corresponde a 60

empregos diretos e 90 indiretos (SBS, 2001).

O enfoque sobre a biomedicina e a industria de fitofármacos naturais

ilustra a escala global das mudanças voltadas para o setor florestal e de

biodiversidade. Atualmente, no mercado de medicamentos mais de 25% das drogas

prescritas contém ingredientes ativos oriundos de plantas naturais; cerca de 121

drogas prescritas em uso no mundo têm sua origem nos vegetais superiores, não

incluindo os antibióticos naturais provenientes de microorganismos, sendo que 74%

delas foram descobertas graças aos conhecimentos tradicionais de comunidades

rurais.

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Na China, mais de 5.100 espécies silvestres são utilizadas na

medicina tradicional; na Amazônia cerca de 2.000; na Rússia cerca de 2.500

espécies de plantas. 1/4 de todas as receitas medicamentosas dos Estados Unidos

contém princípios ativos extraídos de plantas. Mais de 3000 antibióticos são

oriundos de microorganismos, incluídos a penicilina e a tetraciclina; compostos

extraídos de plantas, micróbios e animais estão relacionados com o

desenvolvimento dos 20 medicamentos mais vendidos nos EUA, sendo que o valor

agregado aproximou-se dos US$ 6.000.000,00 em 1988. A "ciclosporina" é

proveniente de um fungo do solo e constituiu uma revolução da cirurgia de

transplantes cardíacos e renais, suprindo assim as reações de rejeição muito

comuns nestas cirurgias; a "aspirina" e muitos outros remédios que hoje são

sintetizados foram descobertos primeiro no meio silvestre (UICN/PNUMA/WWF,

1991; Corson, 1993).

Muitas das espécies de plantas hoje cultivadas continuam

sobrevivendo em condições silvestres, evoluindo na natureza sob regras muito

diferentes das cultivadas, onde a competição pela sobrevivência origina indivíduos

mais fortes às secas, inundações, calor e frio extremos, pragas, enfermidades e

muitos outros diferentes perigos naturais. Os genes dos parentes silvestres contem

características desconhecidas e um vigor especial, tesouros na sua maior parte

desconhecidos e sub-utilizados.

Um exemplo são os tomates silvestres das costas das Ilhas

Galápagos, um Parque Nacional do Equador, que proporcionam genes que

conferem uma tolerância ao sal de maneira que as plantas possam ser irrigadas com

uma terça parte de água marinha. Um parente silvestre da soja que cresce às

margens de estradas, nas matas ciliares e nos campos da Coréia e regiões da China

e Rússia proporcionou genes que ajudam ao cultivo adaptar-se à curta estação de

crescimento na Sibéria. Um parente silvestre do arroz teve papel importante ao dar

resistência às doenças dos cultivares que alimentam a maioria das populações da

Ásia, sendo talvez o exemplo mais relevante da importância de se conservar os

parentes silvestres (Hoyt, 1992)

Conservar o pouco de natureza que restou após milhares de anos

de crescente civilização humana é algo extremamente complexo e parece realmente

ser muito difícil, em razão dos poucos avanços reais transcorridos após a última

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Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida

no Rio de Janeiro em 1992, evento no qual os governos dos principais países do

mundo concordaram que “a humanidade se encontra em um momento de definição

histórica, defrontando-se com a perpetuação das disparidades existentes entre as

nações e no interior delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças e do

analfabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende o

bem-estar humano” (Agenda 21)”.

A apologia ao desenvolvimento sustentável, termo cunhado pela

Comissão Brundtland em 1987 (Lebel e Kane, sd) e delineado como factível,

desejável e a solução para todos os males produzidos pelo Homem parece estar no

começo do fim quando sob a ótica planetária, principalmente devido as constatações

de que a crise ecológica não é um produto da sociedade moderna, mas tem

acompanhado toda a história da humanidade (Fernandez, 2000). A continua

degradação da biosfera é um fato incontestável, cuja maior ilustração é a recente

recusa do governo dos Estados Unidos da América em assinar o Protocolo de Kyoto

sobre as mudanças climáticas do Planeta.

2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

2.2.1 História e conceitos

Sob uma ótica universal, a União Internacional para a Conservação -

UICN ou IUCN considera que as áreas protegidas são “áreas de terra ou de mar,

especialmente dedicadas à proteção e manutenção da diversidade biológica e dos

recursos naturais e culturais a elas associados, administrada através de

mecanismos legais ou outras medidas que tornem possíveis alcançar tais objetivos”

(IUCN, 1994).

O recém criado Sistema Nacional de Unidades de Conservação -

SNUC (BRASIL, 2000) conceitua as áreas protegidas, ou unidades de conservação,

como sendo um “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituída pelo

Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime

especial de administração, à qual se aplicam garantias adequadas de proteção”,

uma visão muito mais apropriada, abrangente e particular ao Brasil.

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De uma maneira geral, tendo em vista o ‘sistema mundial’, são

superfícies terrestres ou aquáticas em desuso ou inadequados ao uso para fins

urbanos, agropecuários ou industriais, podendo ser florestas, mangues, montanhas,

campos, desertos, pântanos, etc. que rendem maiores benefícios ao homem se

forem preservados em seu estado original. Ainda que existam outros meios para

conservar a diversidade biológica (zoológicos, bancos de genes, arboretos, etc.) e

outras riquezas abióticas, as áreas protegidas são, sem dúvida, os instrumentos

estratégicos mais importantes para se alcançar tais objetivos, além de aportarem

diversos benefícios à comunidade, região e país.

São áreas que, por incluírem importantes recursos naturais ou

culturais, por vezes de difícil quantificação econômica, devem ser mantidas na forma

silvestre e adequadamente geridas. Por esta razão são meios essenciais para

preservar a biodiversidade e, portanto, para se lograr a sustentabilidade local e

regional.

Não há dúvidas quanto ao papel das áreas protegidas na

conservação da biodiversidade, sejam os ecossistemas, as espécies, os genes ou a

diversidade cultural humana; áreas onde se pretende isentar ou diminuir as

perturbações humanas incidentes sobre os processos evolutivos dos ecossistemas,

com suas belezas cênicas que inspiram e reciclam o espírito humano e, sob uma

ótica mais utilitarista, a principal herança de capital natural para as presentes e

futuras gerações, entendendo que os juros a colher estão relacionados a uma digna

qualidade de vida em razão dos diversos benefícios tangíveis e intangíveis delas

oriundos.

Os benefícios aportados por uma ou mais unidades de conservação

podem ser muitos, mas eles somente são percebidos se elas forem geridas com

padrões de excelência e os usos a que estão submetidas forem compatíveis com a

categoria de manejo e objetivos de conservação. Moore e Ormazabal (1988) indicam

que entre os principais benefícios estão os de caráter biológico, econômicos e os

sócio-culturais adquiridos ao se proteger os valores mais relevantes da natureza,

história e cultura de uma nação.

Quando são mantidas em seu estado natural, as áreas silvestres

contribuem para o desenvolvimento econômico de duas formas: conservando a

diversidade biológica e mantendo os processos evolutivos, ecológicos e provimento

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de serviços ambientais. Os serviços aqui sugeridos referem-se à capacidade da área

protegida gerar recursos imediatamente aproveitáveis pela comunidade, como água,

recursos faunísticos, energia e comércio em razão de ecoturismo.

Alguns exemplos de benefícios são citados e analisados por

diversos autores e instituições, como Davidson (1985), Boo (1990), Dixon e Sherman

(1990), Ledec e Goodland (1990). Segundo UICN/PNUMA/WWF (1991), estes

benefícios podem ser classificados em biológicos, ambientais, econômicos e

culturais (Quadro 01).

Quadro 01. Alguns benefícios aportados pelas unidades de conservação.Benefícios biológicos e ambientais• Guardar ecossistemas naturais e modificados que são essenciais na manutenção dos

sistemas sustentadores de vida;• Conservar espécies da flora e fauna silvestres representativos de um ou mais ecossistemas,

mantendo a diversidade genética das espécies presentes na área;• Conservação das características biofísicas importantes para a regulação dos ciclos

hidrológicos e climáticos local e/ou regional.Beneficios econômicos• Proteção de solos em zonas sujeitas à erosão;• Regulação e purificação do caldal de água e controle da sedimentação das barragens

hidroelétricas;• Oferta de empregos diretos e indiretos às comunidades do entorno e elevação dos ingressos

em razão de ecoturismo nas áreas silvestres;• Possibilidade de haver aproveitamento direto sustentável dos recursos naturais por meio da

coleta de produtos alternativos da floresta;• Provimento de barreiras naturais contra enfermidades em cultivos agrícolas e animais de

criação.

Beneficios culturais• Oportunidades para a educação e pesquisa científica;• Manutenção de sítios relevantes à inspiração espiritual, o entretenimento e a recreação;• Proteção e conservação de locais de importância cultural, lugares históricos, monumentos

antropológicos, e sítios onde há uma relação harmoniosa entre o homem e a natureza.Fonte: UICN/PNUMA/WWF (1991)

Bernardes (1997) atribui alguns valores às unidades de conservação

que podem ser mensuráveis ou não. A autora ressalta que tais valores dificilmente

são percebidos pela grande maioria da população bem como pela quase totalidade

dos que tomam decisões nos processos de desenvolvimento. São eles: suporte a

vida; valores econômicos; valores recreativos; valores científicos; valores estéticos;

valores de biodiversidade; valores históricos; simbolismo cultural; formação de

caráter; diversidade/unidades; estabilidade e espontaneidade; valores dialéticos;

vida; valores religiosos e filosóficos. É necessário entender que os benefícios

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auferidos pelo homem, provenientes destes recursos, difere daqueles ligados ao

processo de produção, pelo fato de se utilizar capital natural de difícil quantificação e

que muitas vezes são utilizados de maneira indireta (Milano et al, 1993).

Não se sabe ao certo quando a civilização humana começou a se

preocupar em preservar áreas naturais para seu usofruto, porém o registro

documentado mais antigo data de 252 A.C., quando o Imperador Asoka, da Índia,

emitiu um diploma para a proteção de animais, peixes e florestas de seu reino

(MacKinnon et al.., 1990). Apesar de não relatar o suporte de suas afirmações,

Runte (1979) apud Dixon e Sherman (1990) informa que isto pode ter ocorrido bem

antes, por volta dos anos 700 A.C. quando nobres Assírios reservavam grandes

áreas para a caça. Informam ainda que no ano de 1084 D.C., o rei Guilherme I da

Inglaterra ordenou um inventário de todas as terras, florestas, áreas de pesca e

caça, áreas agrícolas e recursos produtivos do reino para realizar planos racionais

de administração e desenvolvimento do país. Na Lituânia, no ano de 1541,

estabeleceu-se uma Reserva para o Bisonte Europeu; na Suiça, em 1569, foram

estabelecidas Reservas para proteção de "camurças"; nos séculos XVI e XVII foram

estabelecidas grandes reservas de caça na Inglaterra.

Estes relatos fazem parte das páginas da história da conservação

mundial, sem no entanto constarem estratégias sólidas para o estabelecimento de

um sistema mundial de áreas protegidas. Com certeza atitudes mais amplas para a

proteção de áreas naturais só vieram a ser concebidas na medida que a sociedade

moderna ingressou na era industrial, quando então as pessoas passavam a maior

parte do tempo de suas vidas trabalhando em ambientes pouco salubres e, por

conseguinte, demandavam espaços naturais para a recreação ao ar livre (Milano,

2000).

Dentro do conceito moderno de áreas protegidas, ou unidades de

conservação, coube aos Estados Unidos da América criar o 1º Parque Nacional do

mundo; o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872. Seu exemplo foi seguido por

outros países como Canadá, Nova Zelândia e Austrália, quando então os motivos

para a criação destas áreas restringiam-se ao objetivo de conservar recursos para o

uso público visando a recreação e lazer. O primeiro passo voltado à preservação dos

recursos naturais só surgiria em 1898, com a criação do Krugel National Park, na

África do Sul, no qual os objetivos explícitos implicavam na adoção de técnicas de

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manejo voltadas à recuperação de populações de animais que vinham sendo

indiscriminadamente dizimadas pela caça esportiva e predatória (Milano, 2000; Silva,

1999). Este último autor elaborou uma tese de mestrado na qual explana com muita

propriedade a evolução histórica do conceito de áreas protegidas no Brasil e no

mundo.

Em decorrência do avanço da degradação dos recursos naturais do

planeta, o movimento conservacionista ganhou força e organizou-se para fazer

frente aos desafios crescentes, seja em decorrência da extinção massiva das

espécies, degradação e eliminação de hábitats, as enormes taxas de crescimento

populacional e o crescimento da miséria humana que ocasiona uma constante

pressão sobre as bases de sustentação da vida. Assim, em 1948 criou-se na França

a União Internacional para a Proteção da Natureza, atual União Mundial para a

Conservação, mundialmente conhecida por sua sigla histórica IUCN, ou UICN para

os idiomas latinos. Esta organização conta com cerca de 800 agencias

governamentais e não governamentais associadas em 125 países, cujos objetivos

maiores são influenciar, encorajar e assistir a sociedade humana a conservar a

integridade e a diversidade da natureza, assegurando que o uso dos recursos

naturais seja equilibrado e ecologicamente sustentável (IUCN, sd).

Em 1962 em Seatle, Estados Unidos, a UICN organizou a 1a

Conferencia Mundial de Parques Nacionais, quando então discutiu-se em

profundidade a conceituação das áreas protegidas, estabelecendo-se critérios e

parâmetros para as atividades nelas desenvolvidas e diretrizes para a

implementação de políticas conservacionistas nos países membros e participantes

do encontro (Milano, 2000). Parece que deste momento em diante convencionou-se

a realização de Congressos Mundiais de Parques e outras Áreas Protegidas de 10

em 10 anos, ocorrendo o 2o em 1972 em Yellowstone, Estados Unidos, o 3o em

1982 em Bali, Indonésia, o 4o em 1992 em Caracas, Venezuela e o 5o em 2003, na

cidade de Durban, África do Sul.

O congresso de Bali (IUCN, 1984) foi especialmente importante na

medida em que recomendou a necessidade dos governos protegerem pelo menos

10% de suas terras e ecossistemas, cifra levantada pelos cientistas que discutiam,

naquele então, qual a quantidade e tamanho ideal das reservas. Soulé e Wilcox

(1980) diziam que as reservas devem ser amplas, múltiplas e dispersas (exceto

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quando poucas espécies se beneficiarem da proximidade das reservas). Às

questões ‘quão grande?’ ou ‘quanto?’, foram respondidas por ‘o maior possível’ e ‘o

quanto possível’ “.

Seis anos depois, Soulé e Simberloff (1986), que tiveram lados

opostos na controvérsia grandes/pequenas reservas, chegaram a um consenso com

a seguinte afirmação: “Reservas naturais devem ser o mais amplas possível, e

conter o máximo possível. Para muitas espécies, certamente devem ser áreas

amplas, enquanto para outras, pequenas áreas bastam para protegê-las

estritamente, e, em sua maioria, manejá-las”. Em 1987 a Comissão Brundtland, das

Nações Unidas, definiu o que seria designado como desenvolvimento sustentável e

reafirmou o papel das áreas protegidas, recomendando que o percentual dos

territórios a ser efetivamente protegido devesse ser de 12% (Noss, 1996).

Schumacher (1974) e Diamond (1975), apud MacKinnon (1992)

defendiam, respectivamente, que ‘áreas pequenas são maravilhosas’ e que ‘quanto

maior melhor’. Os autores fazem um rápido raciocínio a este respeito e conclui que

grandes reservas são mais efetivas para a preservação da biodiversidade, mas

somente se forem totalmente protegidas, o que geralmente é impossível pois nas

grandes UCs a demarcação, patrulhamento e monitoramento sistemático se tornam

difíceis, ocorrendo uma série de conflitos que fazem com que a administração

estabeleça prioridades que conduzem quase sempre à priorização de manejar

alguns sítios particulares, um fato ilustrado pelos grandes parques africanos. A

respeito dos critérios a serem adotados para a seleção de áreas protegidas e a

conveniência do tamanho adotado, duas teses de pós-graduação foram

recentemente desenvolvidas no país e merecem menção, Ishibata (1999) e Morsello

(2001), trazendo uma rica revisão e estudos de casos sobre a temática.

Ainda referente ao Congresso de Bali, o evento salientou a

necessidade de se implementar mundialmente a capacidade de manejo das áreas

protegidas mediante a promoção de adequados suportes técnicos, científicos e

financeiros, enfatizando ainda uma melhoria da capacitação dos recursos humanos

envolvidos nas tarefas diárias do manejo. Neste sentido o inventário de recursos e o

monitoramento da qualidade da gestão de áreas protegidas ganharam papéis

fundamentais na medida que provêem as organizações mundiais de conservação de

dados acurados a respeito da rede mundial (Thorsell, 1992).

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O congresso de 1992, na Venezuela, sinalizou para um fato

inquestionável que mudaria o rumo do manejo das unidades de conservação da

América Latina e do mundo. Mais de 1800 especialistas reunidos discutiram sobre a

emergente necessidade de maiores investimentos nas áreas protegidas para que as

mesmas, em última instância, pudessem cumprir com o desígnio de prover bem

estar às populações vizinhas e à sociedade como um todo (UICN, 1993).

Evidenciou-se também que, se até aquele momento as atividades de

manejo visavam tão somente a proteção e o conhecimento científico dos recursos

naturais interiores às áreas protegidas, era extremamente necessário alterar esse

conceito e que para uma efetiva conservação se fazia urgente angariar a simpatia, o

apoio do público e das comunidades colidentes (UICN, 1993). Também se fez

importante os argumentos indicando a necessidade de se criar mais áreas

protegidas marinhas e aumentar a representatividade e a qualidade do manejo das

áreas protegidas.

Segundo Kakabadse (2003)1, o V Congresso Mundial, ocorrido na

África do Sul em setembro de 2003, reuniu mais de 3000 participantes e enfocou-se

na necessidade das áreas protegidas serem gerenciadas através de fortes vínculos

com os programas de conservação e desenvolvimento, de maneira tal que haja

harmonia equitativa entre os interesses dos diversos setores envolvidos. Desta feita,

as UCs são novamente confirmadas como elemento importante na forja da sinergia

necessária entre a manutenção dos sistemas que sustentam a vida e a promoção do

desenvolvimento sustentável, provendo benefícios tangíveis e intangíveis muito além

das fronteiras: além das suas próprias fronteiras, além das fronteiras dos Estados,

das sociedades, dos gêneros e das gerações (Crofts, 2003).

Este congresso conclamou a todos os que trabalham pela

conservação das áreas protegidas para manterem as vias do diálogo abertas, que

deve prosperar num clima de humildade, credibilidade e confiança. Isto

provavelmente são os princípios básicos para que a mesma quantidade de

superfície terrestre hoje mantida na forma de UCs, cerca de 12%, seja aplicado

também aos oceanos, mares e costas, que hoje contam apenas com 1% protegidos.

Some-se a isto a proposta e desafio de fazer com que todas as unidades de

conservação do mundo possuam um manejo efetivo até o ano de 2015, em face da

1 Yolanda Kakabadse, Presidenta da UICN, União Mundial para a Conservação.

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crônica situação de muitas áreas protegidas, especialmente as localizadas nos

países em desenvolvimento, coincidentemente os que albergam as maiores riquezas

em biodiversidade

Tais eventos mundiais contribuíram de forma decisiva no

direcionamento das políticas conservacionistas aplicadas às unidades de

conservação do planeta, fomentando a criação de sistemas de unidades de

conservação completos e aumentando a representatividade dos biomas e

ecossistemas, induzindo ao planejamento participativo envolvendo as comunidades

vizinhas, valorizando as áreas protegidas mediante o estabelecimento de

mecanismos para o desenvolvimento regional, sugerindo e ordenando um sistema

de classificação mundial para as áreas protegidas, propondo medidas efetivas que

garantam a sobrevivência dos povos que tradicionalmente usam os recursos

naturais, alertando para o crescente e permanente afastamento do Estado de suas

obrigações básicas e mostrando as oportunidades alternativas de investimento em

conservação, entre outras questões fundamentais.

Como bem discorre Milano (1999), nascida para a proteção da

natureza em sentido amplo, a criação e manejo das unidades de conservação

avançou como técnica e ciência e conta hoje com objetivos tão variados quanto a

preservação da diversidade biológica, a manutenção de serviços ecológicos

essenciais, a proteção de monumentos naturais e belezas cênicas associados à

promoção de pesquisa científica, educação, recreação, turismo ecológico e

desenvolvimento regional.

Há muito as atividades de gestão das UCs deixaram de ser algo

simplesmente poético; ao contrario, assumiram nas últimas décadas o papel de

vanguarda conservacionista elevando o nível de profissionalização do pessoal

envolvido nas atividades afins, juntamente com o advento de disciplinas, cursos

acadêmicos e de especialização dirigidos às e/ou ambientados em UCs, uma série

de publicações específicas tais como a Revista Parks e a Flora, Fauna y Areas

Silvestres, publicadas respectivamente pela UICN e pelo Projeto FAO-PNUMA, sites

na Internet dedicados ao assunto, eventos científicos em todos os níveis e uma série

de outras atividades, que de maneira articulada ou não contribuem para a melhoria

permanente das áreas protegidas.

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Em 1982, quando se realizou o III Congresso Mundial de Parques,

mais de cento e vinte países haviam decretado ao menos um parque nacional ou

reserva equivalente, apesar dos objetivos de manejo e o nível de proteção legal

pudessem variar entre áreas com a mesma designação (MacKinnon et al, 1990).

Naquele momento 2.671 áreas protegidas haviam sido criadas cobrindo

396.607.351ha, respectivamente 47% e 82% a mais que o existente em 1972, um

salto quantitativo considerável em 10 anos de movimento conservacionista,

totalizando próximo de 6.900 áreas protegidas legalmente estabelecidas cobrindo

cerca de 5% da superfície terrestre, próximo a duas vezes o tamanho da Índia

(Miller, 1984).

No final do século XX, 30.350 sítios estavam designados como

áreas protegidas dentro da conceituação da UICN, mundialmente aceita, totalizando

aproximadamente 13.232.275 km2, respondendo por mais de 8,83% da área total da

superfície terrestre sob alguma forma de proteção (Green e Paine, 1997). Em 2003,

quando do último congresso mundial de áreas protegidas, lançou-se a mais atual

Lista das Nações Unidades das Áreas Protegidas, registrando-se mais de 100.000

sítios com uma extensão total de 18,8 milhões de Km2, ou quase 2 bilhões de

hectares protegidos, representando 12% da superfície do planeta, com a estimativa

de que 17,1 milhões de Km2 sejam terrestres (11,5%) e 1,64 milhões de Km2 sejam

marinhas (0,5%) (Chape, 2003).

A meta de se proteger 12% da Terra estabelecida no inicio da

década de 1980 foi parcialmente atingida 20 anos depois. Mas provavelmente este

aumento não seja decorrente apenas da criação de novas unidades, mas também

da ampliação do conceito de áreas protegidas adotado pela IUCN, assim como

possíveis sobreposições físicas entre diferentes categorias de manejo, como por

exemplo acontece no Brasil, e mesmo em decorrência de informações de má

qualidade enviadas pelos países à agencia de monitoramento internacional.

Como pode-se observar, tanto o número quanto a área expandiram-

se nas últimas décadas sendo que 2/3 das áreas protegidas atuais foram

concebidas nos últimos 30 anos, fato que demonstra a acelerada conscientização

internacional que culminou na edição e ratificação da Convenção da Diversidade

Biológica em 1992, cujo 8o artigo, dedicado à conservação in situ, explicita a

importância desta estratégia para a conservação, insuflando cada parte contratante

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do acordo a: i) estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas onde medidas

especiais precisem ser tomadas visando a conservação da biodiversidade; e ii) desenvolver,

se necessário, diretrizes para a seleção, estabelecimento e manejo das áreas protegidas

visando a conservação da diversidade biológica (Davey, 1998).

2.2.2 Categorias e objetivos

A propósito, deve-se fazer um parênteses para sucintamente

discorrer sobre o que sejam categoria de manejo e sistema de unidades de

conservação.

Categorias de manejo é a maneira pela qual a comunidade técnico-

científica designa o tipo ou modelo de unidade de conservação, enquadradas com

base nos atributos naturais e nas aptidões de prover benefícios diretos e indiretos,

nos objetivos para os quais foram criadas e nos objetivos nacionais de conservação.

A existência de objetivos de conservação diversos em dado país, que podem

conflitar entre si, é um fator relevante que determina a necessidade de tipos de

unidades de conservação distintos, ou seja categorias de manejo (Milano, 1999).

Becht (1974) apud Hart (1985) afirma que ‘sistema’ é um arranjo de

componentes físicos, um conjunto ou coleção de coisas, unidas ou relacionadas de

tal maneira que formam e atuam como uma unidade, uma entidade ou um todo, um

conceito muito importante no desenvolvimento das ciências biológicas e outras que

se utilizaram da Teoria Geral de Sistemas enunciada por Von Bertalanfly em 1968,

visando explicar fenômenos naturais ou criados em laboratório, mediante a repetição

de análises e a síntese de resultados. Recentemente, por exemplo, vimos surgir os

sistemas agrossilvopastoris ou sistemas agroflorestais, uma nova modalidade de

conhecimento nas ciências agronômicas e florestais, nascida através da aplicação

da teoria geral de sistemas à produção agrícola, florestal e pecuária (Montagnini et

al., 1992).

Como Sistema de Unidades de Conservação entende-se o conjunto

e a integração organizada de diversas categorias de manejo. Por definição, uma

área protegida deve assegurar seus recursos de um uso irrestrito. Decretar porções

do território como parques nacionais pode ser conveniente desde o ponto de vista

conservacionista, mas pouco factível para a maioria dos países. Qualquer país que

se limite a proteger somente áreas com vocação de parque nacional estará

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condenado a ter áreas protegidas com poucas alternativas de manejo, restringindo

assim a amplitude de manipulação dos recursos bióticos e abióticos existentes e que

se deseja conservar (Milano et al., 1993; MacKinnon et al., 1990).

Assim, considerando os objetivos de conservação adotados em um

país, será necessário um conjunto de categorias de manejo que, cumprindo

individualmente conjuntos específicos de objetivos deverá também, como conjunto,

alcançar os objetivos nacionais de conservação (Milano, 1999). Neste contexto,

Davey (1998) afirma que para se obter uma efetiva conservação nenhuma área

protegida poderá ser gerenciada isoladamente, considerando que existem conexões

biológicas, sociais e econômicas entre diferentes lugares e diferentes componentes

do sistema, integrando-as então no processo dinâmico de planejamento do sistema.

Na medida que se considera tal premissa assegura-se que o sistema em si vá além

da simples soma das partes integrantes.

Visando facilitar e homogeneizar a linguagem internacional, a União

Internacional para a Conservação envidou esforços na elaboração de uma estrutura

única e internacional para a classificação das áreas protegidas (IUCN, 1994), que

apresenta 6 tipos de categorias de unidades e cujo avanço conceitual reside no fato

de a classificação tomar como base os objetivos conservacionistas primários e

secundários que a área pode prover (Quadro 02).

Quadro 02. Categorias e objetivos de gestão das unidades de conservação (UICN, 1994).

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1 - Objetivo primário; 2 - Objetivo secundário; 3 - Objetivo potencialmente aplicável;--- Não aplicável

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De uma forma sintética, segundo as características das categorias

de gestão o manejo varia dos fins científicos (Ia) até áreas naturais manejadas para

permitir uso e exploração a longo prazo (IV e VI), entretanto é pouco provável definir

objetivos únicos para cada unidade dada a diversidade paisagística e conjuntural a

que geralmente estão submetidas, sendo impossível afirmar que uma categoria é

mais importante que a outra pois a conjunção das diferentes unidades e

concretização do mosaico de categorias é que possibilita a existência de um sistema

voltado ao ‘desenvolvimento sustentável’ nacional, regional e local (UICN, 1994).

A identificação dos objetivos de manejo é um dos primeiros passos

no processo de criação e planejamento de uma área protegida. Antes de começar o

manejo propriamente dito deve-se proporcionar uma orientação geral para todas as

pessoas envolvidas neste processo através dos objetivos de manejo, que são

considerados a máxima expressão do que se deseja alcançar com a criação de uma

área protegida (Eidsvik, 1977).

Isto não é uma tarefa onde se considera somente os recursos a

serem protegidos, mas a síntese das pesquisas e percepções a respeito das

políticas de conservação, da inserção da área no desenvolvimento regional, da

capacidade da instituição responsável e como ela encara a conservação da

natureza, a legislação incidente sobre o uso dos recursos da área e seu entorno

socioeconômico (Miller, 1980). Procedendo-se desta maneira, os objetivos resultarão

claros e coerentes, não dando lugar a interpretações errôneas quanto aos seus

significados, devendo ser suficientemente específicos para resultarem ações

positivas e realizáveis (Linn, 1976; MacKinnon al., 1990).

Segundo a União Internacional para a Conservação, os objetivos

primários de conservação das áreas protegidas são (IUCN, 1994):

• Manutenção dos processos ecológicos vitais e dos sistemas de suporteà vida

• Preservação da diversidade biológica e genética

• Proteger valores estéticos e ecossistemas naturais

• Conservar bacias hidrográficas e manter a produção sustentada deágua em quantidade e qualidade

• Controle de erosão, sedimentação e degradação de solos

• Manutenção da qualidade do ar

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• Proteção de hábitats representativos de espécies raras e/ou em perigode extinção

• Provimento de oportunidades para o ecoturismo e recreação

• Provimento de oportunidades para a pesquisa, educação emonitoramento ambiental; contribuição para o desenvolvimentosustentável

• Proteção de patrimônios naturais e culturais

• Manutenção de opções abertas para o futuro.

Thelen e Dalfelt (1979) sugerem que os objetivos de manejo podem

ser classificados em primários e secundários, como de fato pode ser observado no

Quadro 02 já referido. Os objetivos primários refletem as principais razões de

existência e aproveitamento da área, enquanto os secundários podem ser

considerados "subprodutos" do manejo da área protegida ou serem alcançados total

ou parcialmente com o logro dos objetivos primários.

Muitas vezes é possível encontrar unidades onde os planos de

manejo apresentam objetivos demasiado vagos e amplos ou, por outro lado,

demasiado específicos. Aproveitando o raciocínio de planejamento oferecido por

MacKinnon et al.. (1990), pode-se realizar um exercício simples para exemplificar

esta questão, usando-se para tanto o caso verídico do Parque Estadual do Morro do

Diabo, unidade administrada pelo Instituto Florestal e localizado no extremo

sudoeste do Estado de São Paulo. Este Parque possui a maior população de micos-

leões-pretos (Leontophithecus chrysopygus) em estado selvagem, sendo que numa

rotina de planejamento poder-se-ia considerar os seguintes objetivos de manejo:

1º Beneficiar ao máximo uma população de micos-leões-pretos.

2º Oferecer visitas culturais e visões recreativas dos micos-leões-

pretos aos visitantes.

3º Facilitar pesquisas sobre o comportamento dos micos-leões-

pretos.

4º Preservar o ecossistema natural dos micos-leões-pretos.

Nos quatro casos o manejo está dirigido à conservação dos micos-

leões-pretos, entretanto é óbvio que no primeiro caso os primatas são a tônica

principal da unidade, podendo o hábitat ser manejado para beneficiar esses animais,

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inclusive em detrimento de outras espécies, tal qual em algumas áreas protegidas da

África. Ainda que a categoria Parques possua como pressuposto básico o uso

público indireto, os visitantes poderiam ser excluídos de sítios específicos ou até da

unidade inteira caso a presença humana se contraponha à preservação dos micos,

fato que poderia resultar na reclassificação da unidade para alguma categoria mais

protetiva, como Reserva Biológica ou Estação Ecológica.

No segundo caso os visitantes são os atores principais do manejo, o

que justificaria a construção de facilidades tais como caminhos e estradas de acesso

ao interior da unidade de conservação, cevas especiais e torres de observação.

Poder-se-ia inclusive suprimir parcialmente maciços da vegetação para melhorar a

panorâmica, entre outros.

No terceiro caso a pesquisa básica é o carro chefe, significando que

os resultados de manejo das duas primeiras hipóteses devessem ser totalmente

refutadas neste caso. Tanto o manejo do hábitat como a presença de visitantes são

descartados, assim como a proibição da liberação de micos-leões reabilitados em

cativeiro que comprometam a população silvestre. Alojamento para pesquisadores,

trilhas ou caminhos especiais para os mesmos seriam ações válidas para se

alcançar tal objetivo. O quarto caso é de natureza muito mais ampla e sujeita as

ações rumo a conservação de um ecossistema completo, dando importância à

presença dos micos mas englobando uma diversidade biológica mais representativa,

reduzindo-se as perturbações através da utilização de técnicas modernas de manejo

e gestão.

Como mencionado anteriormente, o cumprimento dos objetivos de

uma unidade de conservação está associado e quase sempre ajuda no alcance de

um ou mais objetivos de conservação nacional. Para o Brasil tais objetivos estão

explicitados pela Lei 6.938/81, que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente

(BRASIL, 1981), e pela Lei 9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação-SNUC (BRASIL, 2000). A primeira estabelece os seguintes

princípios:

i. Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando omeio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamenteassegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

ii. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

iii. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

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iv. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

v. Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

vi. Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o usoracional e a proteção dos recursos ambientais;

vii. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

viii. Recuperação de áreas degradadas.

O segundo diploma legal explicita os seguintes objetivos:

i. Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursosgenéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

ii. Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

iii. Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade deecossistemas naturais;

iv. Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

v. Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da naturezano processo de desenvolvimento;

vi. Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

vii. Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

viii. Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

ix. Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

x. Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,estudos e monitoramento ambiental;

xi. Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

xii. Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, arecreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

xiii. Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populaçõestradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura epromovendo-as social e economicamente.

Essas pautas se complementam e moldam, juntamente com o

capitulo sobre meio ambiente da Constituição Federal de 1988, o arcabouço legal da

conservação da natureza do Brasil, sendo um componente básico para todas as

iniciativas de planejamento direcionadas às unidades de conservação da natureza.

Tradicionalmente a categoria de manejo "Parque Nacional" foi a

mais usada pelos países que criaram áreas protegidas, porém com o passar do

tempo esta categoria foi sendo complementada com a criação de outras categorias

de manejo ao nível mundial (MacKinnon et al., 1990). No Brasil, já em 1965 o Código

Florestal considerava as categorias Parques, Reservas Biológicas, Florestas nos

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níveis nacional, estadual e municipal, além dos Parques de Caça. Recentemente se

propôs a separação das unidades de conservação em dois grupos com

características distintas: unidades de conservação de proteção integral e unidades

de conservação de uso sustentável, descritas e conceituadas na já referida Lei

9.985/2000.

As Unidades de Conservação de Proteção Integral são áreas

protegidas cuja finalidade é a manutenção dos ecossistemas livres das alterações

causadas pela interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus

atributos naturais, ou seja somente atividades que fazem uso da natureza sem

contudo causar alterações significativas nos atributos naturais. Algumas atividades

de uso indireto são: pesquisa científica, recreação e educação ambiental. As

categorias de manejo contempladas são as Estações Ecológicas, Reserva Biológica,

Parques Nacionais, Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.

Por sua vez as Unidades de Conservação de Uso Sustentável são

áreas protegidas dedicadas a promover e assegurar o uso sustentável dos recursos

naturais, admitindo a exploração em quantidades ou com uma intensidade

compatível com sua capacidade de renovação. São representadas pelas Áreas de

Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Reservas Extrativistas,

Floresta Nacional, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e

as Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

Para chegar a esta classificação foram necessários quase 10 anos

de muita discussão, e mesmo assim os conservacionistas brasileiros ficaram

divididos entre os que se dedicam a sustentar a proteção estrita e o grupo mais

condescendente e com idéias mais elásticas, que põem em risco as mesmas áreas

que desejam ver protegidas (Douroujeanni, 1997). Pode-se dizer que em nosso país

os primeiros vêem seus argumentos respaldados em trabalhos como o de

Fernandez (2000a e 2000b) e Camara (2000), e o segundo grupo, designados

‘movimento sócio-ambiental’, encontram sua maior expressão em Diegues (1996).

Outro aspecto relevante é a confusão criada com tantas categorias,

algumas com objetivos muito parecidos, como as Reservas Biológicas e as Estações

Ecológicas, as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento

Sustentável, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico e os Refúgios de Vida

Silvestre (Jorge Pádua, 2000).

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A respeito da priorização da criação de unidades de uso direto em

detrimento das dedicadas ao uso indireto no Brasil, Milano (2000) faz uma análise

critica bastante contundente, abordando e confrontando o advento e difusão do

conceito de desenvolvimento sustentável na década de 80 e os reflexos que este

teve sobre o comportamento de grandes agências financiadoras do desenvolvimento

dos países em desenvolvimento, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de

Desenvolvimento, que estabeleceram critérios ambientais nos projetos por eles

financiados, como foi o caso do Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA). As

mudanças observadas refletiram-se também na postura conservacionista mundial, e

no Brasil alterou o rumo e a filosofia adotada pelos governos e órgãos ambientais,

que dirigiram seus esforços para a criação de unidades de uso sustentável, que no

nível federal participam com quase 60% das áreas existentes.

Contudo, o SNUC é uma realidade e está baseado e acorde com a

classificação preconizada pela UICN, considerando-se não apenas os atributos e

características biofísicas das áreas mas também os objetivos de conservação que

elas possam satisfazer, conforme o Quadro 03. Muitas pautas modernas incidentes

sobre a eficácia de gestão das UCs foram sacramentadas pelo SNUC, tais como a

gestão bioregional, os conselhos consultivos, a possibilidade de gestão

compartilhada e parcerias, a definição de regras financeiras para a distribuição dos

recursos arrecadados nas unidades, os conselhos de mosaicos, etc.

Em relação ao Brasil, o “Primeiro Relatório Nacional para a

Convenção sobre a Diversidade Biológica” (BRASIL, 1998) informa que o país

possui, em nível federal, 103 unidades de uso indireto e 184 de uso sustentável

cobrindo, respectivamente, 15.889.543ha ou 1,87% e 23.173.668ha ou 2,72% do

país, totalizando 39.068.211ha ou 4,59% da superfície nacional. Este sistema é

ainda complementado por uma vasta rede de unidades estaduais, com 267 UCs de

uso indireto com 5.969.143ha, e 184 UCs de uso sustentável com 23.796.189ha,

totalizando 29.765.332ha ou 3,50% do território nacional. E ainda 341.057ha ou

0,04% do país em unidades de conservação de domínio privado, as Reservas

Particulares do Patrimônio Nacional-RPPN.

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32

No âmbito dos biomas, pode-se resumir o seguinte: a Amazônia

possui cerca de 10% do território em Unidades de Conservação e conta ainda com

85% de áreas naturais remanescentes; o Cerrado sofreu conversão em 40% de sua

área e não possui representatividade significativa em termos de UCs; a Caatinga

possui área remanescente inferior a 50% da área originária e menos de 1% está

protegido em Unidades de Conservação; a Mata Atlântica é o mais ameaçado dos

biomas florestais brasileiros, com área remanescente que corresponde a menos de

9% da área originária, possuindo cerca de 2% da área original em Unidades de

Conservação; a Floresta de Araucária e os Campos Sulinos estão fortemente

antropizados por atividades agropecuárias, e apenas cerca de 1% da área originária

está protegida em Unidades de Conservação de uso indireto; a Zona Costeira e

Marinha está muito fracamente representada por UCs (BRASIL, 1998).

Ou seja, considerando todas as categorias de manejo de nível

federal e estadual o país ainda está muito abaixo das recomendações da UICN e da

Comissão Brundtland, mas se excluídas aquelas categorias de manejo consideradas

apenas elementos para o ordenamento territorial, como as Áreas de Proteção

Ambiental-APAS, as dedicadas à regulação do mercado de madeira, como as

Florestas Nacionais, e as que atendem mais às demandas sociais e as populações

tradicionais, como as Reservas Extrativistas (Jorge Pádua, 1997 e 2000) a situação

fica muito mais séria.

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2.3 MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

2.3.1 Administração, manejo ou gestão

Atualmente há muita polêmica ou mesmo certo desentendimento em

torno de termos que designam as atividades desenvolvidas em uma unidade de

conservação. Os termos administração, manejo e gestão de Unidades de

Conservação estão muito popularizados em decorrência da adoção e adaptação de

palavras estrangeiras no léxico português, da necessidade de estabelecer conceitos

de domínio corrente e do simples avanço das ciências da administração. Ainda que

sejam utilizados de modo semântico guardam similaridades e diferenças

importantes.

Numa concepção ampla entende-se por administração as

atribuições de planejamento, organização, comando, coordenação e controle que

ocorrem em dada organização, atividades intrínsecas aos ambientes de trabalho que

encerram alguma complexidade sistêmica com entrada de insumos, processamento

e produção de resultados (Maximiano, 1995).

Para este autor, o planejamento consiste em examinar o futuro e

traçar um plano de ação de médio e longo prazo; a organização refere-se à

montagem de uma estrutura humana e material para realizar as tarefas e

empreendimentos inerentes aos objetivos da organização; o comando está

relacionado a adoção de esquemas que mantenham o pessoal realizando as

atividades inerentes para se alcançar as metas estabelecidas pelos planos; a

coordenação reúne, unifica e harmoniza todas as atividades e esforços envolvidos e

o controle cuida para que tudo se realize de acordo com os planos.

Na sua visão, uma série de princípios necessitam ser preenchidos

para que a administração aconteça e seja eficaz, quais sejam:�

Divisão de trabalho que resulte na especialização das funções eseparação dos poderes;

�Autoridade e responsabilidade, ou seja o direito de mandar e opoder de se fazer obedecer e as sanções que acompanham oexercício do poder;

�Disciplina e respeito aos acordos estabelecidos entre a organizaçãoe seus agentes;

�Unidade de comando, de maneira tal que cada individuo tenhaapenas um superior;

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�Unidade de direção, ou seja um só chefe e um só programa para umconjunto de operações que visam o mesmo objetivo;

�Subordinação do interesse individual ao interesse geral;

�Remuneração do pessoal de forma eqüitativa;

�Centralização dos poderes de decisão no chefe, que com equilíbrioserá capaz de enfrentar as responsabilidades e iniciativas dossubordinados;

�Hierarquia e ordem;

�Eqüidade no tratamento dos funcionários;

�Estabilidade do pessoal como forma de promover seudesenvolvimento;

�Iniciativa e espírito de equipe.

A administração como ciência sempre se ocupou dos afazeres da

organização, que inicialmente era entendida como um conjunto de cargos e tarefas,

depois como conjunto de órgãos e funções para, na atualidade, se desdobrar numa

complexa gama de variáveis e fatores que interagem no aprimoramento da própria

ciência (Andrade, Tachizawa e Carvalho, 2000). Esses autores informam ainda que

a administração evoluiu tanto que alguns autores consideram não haver área da

atividade humana tão importante pelo fato de a civilização dela depender para

organizar todo o esforço cooperativo do Homem.

Outros autores ligados à administração de empresas possuem

opiniões muito similares ao discorrido acima, associando o conceito basicamente à

organização e operacionalização das atividades internas da empresa ou instituição.

Por seu turno a palavra ‘manejo’ tem sido utilizada para designar

uma ampla diversidade de ações e atividades desenvolvidas nas unidades de

conservação, sendo um termo adotado em nosso país e restante da América Latina

oriundo da palavra inglesa management e manager, respectivamente administração

e administrador (Michaelis, 1990). No dicionário português a primeira sinonímia ao

termo refere-se ao ato de manipular, manusear e manear com as mãos algum objeto

ou recurso, entretanto nos novos e modernos dicionários da língua é possível

vislumbrar conotações empresariais e organizacionais tais como administração,

gerência e direção (Ferreira, 1999), com certeza uma corroboração lingüística ao

uso popular do termo.

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Em termos técnicos Dalfelt (1976) declarou que o manejo das áreas

silvestres protegidas é uma ciência empenhada em buscar soluções para os

diversos problemas que surgem e o desenvolvimento de metodologias para as

diversas categorias de manejo existentes.

MacFarland (1980) sustenta que os componentes básicos do

processo chamado manejo de áreas protegidas são: legislação, política, aquisição

de terras, planejamento em vários níveis, infra-estrutura institucional, capacitação de

pessoal, participação pública, pesquisa e monitoramento, implementacão de

esquemas de proteção e manejo de recursos, utilização racional de recursos,

operações e manutenção e finalmente, avaliação do planejado e executado.

Cifuentes (1983) concorda com tal definição e acrescenta que o manejo deve levar a

um aproveitamento adequado dos recursos naturais e a permanência da área a

longo prazo.

Deshler (1982) definiu o manejo como o eficiente e racional uso dos

recursos humanos e materiais sob a égide do planejamento, de modo que a direção

alcance ou cumpra os objetivos de manejo da área. MacKinnon et al.. (1990)

também indicam que o manejo consiste na execução das atividades que conduzam

ao logro dos objetivos da área protegida e que um dos aspectos fundamentais para

que ele seja efetivo é a disponibilidade e uso de um plano que delimite com clareza

as ações programáticas consistentes com os objetivos da área.

Milano et al. (1993) após discorrerem acerca das definições

vernaculares definiram manejo como “o conjunto de ações e atividades necessárias

ao alcance dos objetivos de conservação e manejo das áreas protegidas: ou seja,

em um sentido técnico, as atividades fins, aquelas que estão mais proximamente

relacionadas com o sentido vernacular do termo em português, aquelas que dizem

respeito ao manuseio, controle ou direção de processos nas unidades de

conservação, tais como proteção, recreação, educação, pesquisa e manejo de

recursos”.

Exprimindo uma conceituação baseada em suas experiências e nas

definições oriundas de vários outros autores, Cifuentes, Izurieta e Faria (2000)

afirmam que manejo é o conjunto de ações de caráter político, legal, administrativo,

de pesquisa, de planejamento, de proteção, coordenação, promoção, interpretação e

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educação, entre outras, que resultam no melhor aproveitamento e a permanência de

uma área protegida e o cumprimento de seus objetivos.

Recentemente a Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000), em seu artigo 2o

inciso VIII define manejo como “todo e qualquer procedimento que vise assegurar a

conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas”, uma conceituação

“guarda-chuva” suficientemente ampla para abrigar todas as tendências filosóficas.

Observa-se que se por um lado alguns autores são até certo ponto

reducionistas, por restringirem as ações à proteção, recreação, educação, pesquisa

e manejo de recursos; outros confundem alguns fatores envolvidos nas atividades

básicas das unidades de conservação (proteção e manutenção) com serviços

oferecidos pelas mesmas (interpretação, educação), porém todos concordam na

busca de caminhos para se alcançar os objetivos que norteiam a criação e

designação da área.

Deste modo, o conceito de manejo de áreas protegidas ganhou

amplitude com o passar do tempo, provavelmente em razão do acréscimo de

desafios e problemas a enfrentar, mais abrangente que aquele emprestado do

manejo de ecossistemas em que o objeto de análises é o ecossistema em sí, com

seus limites definidos e alcançáveis segundo os recortes temporo-espacial definidos

pelo pesquisador.

Atualmente vimos proliferar o termo gestão de negócios, gestão

empresarial, gestão ambiental, etc., e gestão de unidades de conservação, mas o

que seria então a gestão?

De acordo com o léxico, a palavra gestão significa o “ato de gerir ou

administrar oficiosamente negócios alheios, sem mandato ou qualquer

representação legal”, e a gerência cuidaria então de “supervisionar e coordenar

todos os procedimentos relacionados a um produto específico” (Ferreira, 1999). Uma

definição seca e destituída de profundidade, mas excetuando a inexistência de

mandato legal para o sujeito das ações, esta reduzida definição se compatibiliza

muito superficialmente com as funções desenvolvidas pelos diretores das UCs, já

que os mesmos cuidam para que um bem público (as UCs) manifeste as atribuições

inerentes a seus objetivos (produto).

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Historicamente o conceito de gestão surgiu no domínio privado e diz

respeito à administração dos bens possuídos por um proprietário. Significa dizer que

esses bens são susceptíveis de apropriação por outrens, a ponto de sua

administração ser confiada a terceiros; e repousando em uma relação entre um

sujeito e um objeto a gestão pressupõe que o vir-a-ser do objeto submete-se aos

projetos, usos e preferências do sujeito (Godard,1997).

Relativo ao território, Macedo (1994) afiança que para se garantir a

sustentabilidade ambiental do espaço territorial é necessário lançar-se mão de

quatro instrumentos técnicos: i) o ordenamento territorial, ii) o plano para

desempenho ambiental, iii) um sistema de gestão territorial e iv) um sistema de

gestão da qualidade ambiental. Os dois primeiros voltados ao planejamento

ambiental, respectivamente ordenando o espaço a ser gerenciado e mantendo e

garantindo os resultados da gestão. Os dois outros são referentes à gestão em si,

mediante a definição da natureza da gestão, os fatores a serem controlados e os

índices de desempenho esperados para o espaço gerenciado; o quarto elemento diz

respeito ao estabelecimento de mecanismos de aferição e avaliação, que

determinam a necessidade de reajustes no caso de tendências não desejáveis.

Este autor não define estritamente o que seja gestão, mas assegura

que existem várias abordagens para se efetuar a gestão ambiental territorial, e que

poucas contemplam todos os instrumentos e ferramentas necessárias à gestão total.

Pois para realizar a gestão ambiental total é necessário atuar sobre todos os

elementos envolvidos na transformação ambiental, realizando a gestão de cada um

deles de maneira especifica, porém integrados, caso contrário seu exercício torna-se

oneroso e sem resultados práticos2.

Neste contexto, a relação Homem-território é um elemento que tem

que ser avaliado com atenção considerando-se que a interrelação entre a sociedade

e o ambiente tem gerado resultantes complexas e nem sempre de simples

interpretação, o que faz com que qualquer tipo de intervenção no território3 deva ser

2 Em seu livro, Macedo (1994) apresenta um fluxograma bastante completo dos diferentescomponentes da gestão ambiental de territórios.

3 Território não é o espaço geográfico em sí, mas o pedaço do território utilizado, o território vivo,levando em conta a interdependência e a inseparabilidade entre a materialidade, que inclui anatureza, e o seu uso, que inclui a ação humana (Santos e Silveira, 2003).

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precedida da compreensão dessas dinâmicas no sistema temporo-espacial sob

estudo (Mangano, 2002).

Para Rodriguez (2000) a gestão ambiental define-se como “a

condução, direção, controle e administração do uso dos sistemas ambientais através de

determinados instrumentos, regulamentos, normas, financiamento e disposições

institucionais e jurídicas, considerado, portanto, como um processo de articulação de ações

dos diferentes agentes sociais e atores econômicos que interatuam em um espaço físico e

temporal”. Para o autor, a gestão de um sistema tem por objetivo assegurar seu bom

funcionamento e seu melhor rendimento, mas também sua perenidade e seu

desenvolvimento.

Santos (2000) apresenta uma revisão bibliográfica sobre gestão

ambiental que permite reconhecer a existência de diversas interpretações e

conceitos sobre o tema dependendo das características da fonte de informação, se

governo, iniciativa privada ou academia, alguns se diferenciando na própria

concepção da palavra: se gestão, gerenciamento, gerência ou manejo ambiental. A

seguir algumas dessas definições.

Quadro 04. Algumas definições de gestão ambiental.Definição Autor

Condução, direção e controle pelo Governo do uso dos recursos naturais, atravésde determinados instrumentos, o que inclui medidas econômicas, regulamentos enormalização, investimentos públicos e financiamentos, requisitos interinstitucionaise judiciais.

Selden, 1973

Tarefa de administrar o uso produtivo de um recurso renovável, sem reduzir aprodutividade e qualidade ambiental, normalmente em conjunto com odesenvolvimento de uma atividade.

Hurtubia, 1980

Tentativa de avaliar valores limites das perturbações e alterações que, uma vezexcedidos, resultem em recuperação bastante demorada do meio ambiente, e demanter os ecossistemas dentro de suas zonas de resiliência, de modo a maximizara recuperação dos recursos do ecossistema natural para o homem, assegurandosua produtividade prolongada e de longo prazo.

Interim MekongCommittee,1982

Aplicação de programas de utilização dos ecossistemas naturais ou artificiais,baseada em teorias ecológicas sólidas, de modo que mantenha da melhor formapossível as comunidades vegetais e/ou animais como fonte de conhecimentocientífico e de lazer. Deve garantir que os valores intrínsecos das áreas naturaisnão fiquem alterados para o desfrute das gerações futuras, considerando todos oscomponentes do sistema com a mesma importância.

Glossário deEcologia, 1987

Conjunto de operações técnicas e atividades gerenciais, visando assegurar que oempreendimento opere dentro dos padrões legais ambientais exigidos, minimizeseus impactos ambientais e atenda outros objetivos empresariais, como manter umbom relacionamento com a comunidade.

Sanchez, 1993

Conservar os recursos naturais, evitar situações irreversíveis de degradação a meioe longo prazo, evitar a contaminação e melhorar a qualidade de vida da população.

IBAMA, 1995

Fonte: Santos (2000)

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De posse desses conceitos a autora alerta que quando a gestão

ambiental está voltada para as unidades de conservação, seus objetivos estarão

ligados à conservação dos recursos naturais. Ou seja, as palavras "recurso" e

"conservação" levam ao entendimento de que os elementos naturais e ecossistemas

podem e devem ser usados pelo homem para o Homem. Postura diversa é a

referência à "preservação dos elementos naturais", frase que pressupõe uma

natureza nada ou quase nada afetada pelo homem, onde as atividades do mundo

moderno não são passíveis de coexistência. O gestor ambiental, e por conseguinte o

gestor de UCs, comumente trabalha na primeira perspectiva, preocupando-se em

integrar a informação ecológica, social e econômica à tomada de decisões técnicas.

Amparado nestas pautas pode-se construir uma definição para a

gestão de unidades de conservação como sendo a equilibrada coordenação dos

componentes técnicos e operacionais (recursos humanos, materiais,

financeiros) e os diversos atores sociais que incidem sobre o desenvolvimento

da área, de maneira tal a obter-se a eficácia requerida para se lograr os

objetivos para os quais a unidade foi criada e a manutenção da produtividade

dos ecossistemas abrangidos.

Este conceito é bastante abrangente e fidedigno com as

características das atividades desenvolvidas pelos diretores das UCs, pois suas

atribuições vão além dos limites físicos das unidades que administram. Isto é o mais

comum de se observar, num mundo onde as mudanças são rápidas, inexoráveis e

as pressões sofridas pelas áreas protegidas se intensificam na medida em que a

sociedade cobra pelo direito delas serem bem geridas e instaladas, pelo direito de

participarem das decisões tomadas e de saberem os caminhos a seguir.

Afinal, geralmente as terras do entorno das UCs são subdivididas

pelos processos normais do mercado imobiliário, até o limite da completa

urbanização, e o Estado se retrai das suas obrigações para com a proteção do

patrimônio natural, que em última instância pertence à população do país. A

interdependência entre a conservação dos recursos inseridos nas UCs e o entorno é

um fato real que transporta os diretores e seus funcionários a um cenário onde as

conexões pessoais e organizacionais ou são muito fortes ou extremamente tênues,

obrigando-os a manter sempre um equilíbrio dinâmico de conhecimento e forças

com o meio.

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Ainda que o termo manejo seja mais usual em toda a América

Latina, entende-se que o mesmo condiz principalmente com a manipulação dos

recursos naturais renováveis que são levados a cabo em determinados setores

sócio-econômicos ou tipos específicos de sistemas ambientais como manejo da

vegetação, manejo de fauna, manejo de solos, manejo integrado de pragas, etc.

(Rodriguez, 2000).

Para se proteger uma dada UC são necessários poucos requisitos,

como as atividades de vigilância e de manutenção geral; por outro lado, para se

conservar a mesma área à posteridade novos componentes são imprescindíveis ao

sistema gerencial: a pesquisa científica, responsável pela possibilidade de

intervenções inteligentes junto aos recursos protegidos; a educação ambiental

visando o “dar a conhecer” à comunidade como um todo e angariando apoio político

para as ações de conservação; forte elemento de psicologia humana para dirimir

assuntos atinentes às relações interpessoais dos funcionários; relações públicas

com os vizinhos e lideranças locais; interação com organizações locais e regionais,

entre outras infindáveis variantes.

Os dirigentes de UCs, principalmente dos países mais pobres e/ou

em desenvolvimento, não se limitam a campos de atuação específicos; ao contrario,

face aos problemas e ameaças que circundam as UC precisam possuir um perfil

eclético (ou generalista) para tratar questões muito mais amplas que as encerradas

no ato de administrar os bens públicos. Diferentemente dos países desenvolvidos,

onde há boa infraestrutura nas áreas protegidas ao ponto de possibilitar a existência

de complexos organogramas de pessoal técnico (algo extremamente inimaginável

nas unidades brasileiras), aqui as soluções para os problemas rotineiros devem ser

encontradas local ou regionalmente pelos diretores das UCs a partir de uma visão

eclética, multidisciplinar e holística.

Dentro desta ótica fica claro que o que o técnico responsável por

uma UC faz, ou deveria fazer, vai além da administração ou manejo: é gestão,

mediante o envolvimento sistêmico e o jogo equilibrado dos componentes presentes

no teatro de operações.

Com esta reflexão conceitual não se pretende que a palavra

‘manejo’ seja substituída por ‘gestão’ no jargão dos que laboram com as unidades

de conservação. Pois mais importante que o tradicionalismo no emprego deste ou

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daquele termo é a internalização da abrangência e magnitude da atuação do chefe

de unidade de conservação.

2.3.2 Pautas para uma gestão eficaz

Ultimamente tem ocorrido nos bastidores da conservação mundial

uma discussão interessante a respeito da representatividade ecológica e a

efetividade das unidades de conservação, trazendo à tona um debate polêmico e

antigo sobre o que é mais prioritário: criar novas áreas protegidas ou implantar e

gerir com eficácia as já existentes? Esta discussão não é o objetivo deste trabalho, e

muito embora a sociedade tenha conseguido transformar 10% da superfície terrestre

em unidades de conservação, tem-se claro a necessidade urgente de se melhorar a

qualidade da gestão dessas áreas.

Nas últimas três décadas ocorreu um aumento considerável no

número de áreas protegidas, em razão de um movimento ambiental forte e

consciente da necessidade de proteger o patrimônio natural mundial. Mas não basta

simplesmente criar uma rede de áreas protegidas para garantir a proteção dos

recursos. Ao cria-las há necessidade de estabelecer um suporte adequado para sua

gestão, questão esta vinculada a diversos aspectos técnicos, políticos e econômicos

tais como planejamento, capacidade institucional, conhecimentos gerados e

disponíveis, aspectos legais, programas de desenvolvimento regional e educação

ambiental, entre outros. A existência ou ausência destes fatores, assim como a

forma como eles se arranjam na organização e como são usados ou aproveitados,

determinam a eficiência do manejo de cada área individual.

A gestão efetiva das unidades de conservação é o instrumento mais

poderoso para se lograr a conservação da biodiversidade. Afirmamos que isso

proporciona o alcance dos objetivos da UC, mas quais são os componentes

contribuintes para que ocorra a eficácia pretendida? Para responder a esta pergunta

é necessário manter nossa mente enfocada sobre as experiências e nuanças

possíveis de ocorrer no conjunto das unidades de conservação conhecidas,

observando os melhores exemplos em consonância com o estagio atual de

desenvolvimento do conhecimento concernente à temática, aspecto que nos permite

simular cenários ideais para as mesmas.

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É indiscutível a urgente necessidade de se conhecer e entender a

legislação incidente nas áreas protegidas, fundamentalmente a Lei 9.985, que criou

o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000) e que estabelece

uma série de diretrizes técnicas para as várias categorias de gestão criadas. Por

outro lado, conhecer as diversas convenções internacionais, como a Convenção

sobre a Diversidade Biológica, Convenção do Patrimônio da Humanidade,

Convenção Ramsar sobre Áreas Úmidas e Convenção sobre Tráfico de Animais é

fundamental, pois as mesmas, assim como outros tratados internacionais, afetam a

conservação da diversidade biológica e servem de diretrizes para que os governos

indiquem os escassos recursos disponíveis para a conservação internacional e a

formulação de importantes políticas públicas voltadas ao setor (IUCN, 2000).

A Convenção sobre a Diversidade Biológica, por exemplo, é o

diploma internacional que garante a existência das áreas protegidas, mesmo por que

reconhece que sem tais componentes da paisagem não há como se efetivar a

pretendida conservação biológica a longo prazo. Ela estabelece uma série de

critérios que auxiliam na gestão das mesmas, indicam a necessidade de se criar

sistemas completos com base em critérios científicos para a seleção, administração,

gestão e, sobretudo, afirma que as áreas protegidas são fundamentais para a

promoção do desenvolvimento sustentável nas regiões nas quais estão inseridas

(Phillips, 1998).

Por sua vez a Convenção Ramsar, concebida em 1971, dirige os

esforços para a proteção e a manutenção das condições ecológicas e o uso racional

das áreas úmidas de interesse internacional, especialmente as dedicadas aos

hábitats de aves aquáticas. Os sítios sob o manto desta e outras convenções

internacionais tem a vantagem de receberem assessoria técnica e assistência

financeira dos países membros em matéria de gestão, proteção, capacitação,

manejo de dados e de informações, o que confirma algumas vantagens práticas dos

tratados internacionais (Zurcher, 1994).

Assim é que uma efetiva gestão não pode prescindir da legislação,

na medida que elas, num estado democrático, são fruto de amplo debate (a exemplo

do que ocorreu com o próprio SNUC) e representam preceitos técnicos e políticas a

seguir. Entretanto, há casos que a legislação não prevê, omite ou as soluções não

se encontram nos textos legais, fazendo com que a gerência busque outros

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caminhos que não os ditados pelos diplomas legais, por vezes em razão das

particularidades e nuances encerradas em cada UC (Keiter, 1996). Vejamos dois

exemplos reais do Estado de São Paulo.

Para a regeneração e sucessão da vegetação de Cerrado do Parque

Estadual das Furnas do Bom Jesus usa-se o gado como o principal componente do

manejo do ecossistema, de modo semelhante ao defendido por Nogueira (1990),

que introduziu este elemento para a restauração de matas ciliares no Estado de São

Paulo, um trabalho reconhecido e referência na área. O gado diminui a competição

de plantas reptantes no período chuvoso e a massa combustível na época da seca,

aspectos que ao pé da letra são ilegais, e biologicamente questionável, mas que

estão melhorando a paisagem e promovendo a formação de um novo bosque

protetor da fauna do lugar.

Mais um exemplo reside no Parque Estadual da Ilha do Cardoso,

onde há alguns anos a direção vem considerando as várias comunidades internas

ao Parque, tornando possível a convivência entre as culturas caiçara tradicional e a

conservação da natureza, atitude até recentemente tida como ilegal mas que está

sendo efetiva para o alcance dos objetivos de manejo da unidade. A respeito de

populações em unidades de conservação vale a pena considerar os textos de

Diegues (1996), Rocha (1997), Fernandez (2000), Galetti (2001), entre outros

autores, para abstrair e contrapor as diversas condições e situações que permeiam

as áreas protegidas na atualidade.

Se por um lado a legislação é uma premissa necessária, mais ainda

é conduzir a conservação da natureza usando-se os artifícios e as ferramentas

administrativas e científicas disponíveis, executando assim o que se propala nos

meios técnicos como sendo o manejo adaptativo ou adaptável, uma forma de

gerenciar os recursos considerando o conhecimento acumulado e as diversas

situações conjunturais antepostas às unidades de conservação (Agee, 1996). Neste

sentido, Deve-se encarar a gestão como um experimento de médio a longo prazo,

sujeito tanto ao fracasso quanto ao sucesso, no qual o inventário, monitoramento e a

pesquisa interagem para o referendo ou não de hipóteses testáveis, em última

análise os próprios objetivos de conservação (Halvorson, 1996).

Um fato muito positivo a esse respeito é que quando as atividades

de manejo de ecossistemas são tratadas como experimentos os administradores

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aprendem a pensar como cientistas, o que implica na conciliação entre os

administradores e pesquisadores, setores até pouco tempo considerados

antagônicos (Shannon e Antypas, 1997). A Figura 01 mostra o modelo conceitual do

processo interativo do manejo adaptável, salientando-se a importância do constante

monitoramento e sistemáticas avaliações para a retroalimentação das decisões.

•C a ra c te rís tic a s d o s co m p o n en tes b io f ísico s e s o cia is-p a ss ad o , p re se n te e p o ss ív e l fu tu ro .•D e scr içã o d a s in ter -re la ç õ e s e in te rd e p en d ê n cia s•S ín tes e d o c o n h ec im en to cien t ífico c o rre n te•D e scr içã o d e s u p o siç õ e s

•E stab e le c e r p a d rõ e s e g u ia s•O rg an iz a r d is trib u iç ã o d e re c u rso s•E stab e le c e r p r io rid ad e s p a ra a ç õ e s•E stab e le c e r d ire çõ e s e o b je tiv o s•P erm itir p a rc e ria s•D e scre v er p a rtic ip a ç õ e s

•A p lica r d ec isõ es•E stab e le c e r p a rc erias•A p lica r p rá tic as d e c am p o•F ac ilita r p a rtic ip a ç õ e s

•A p lica r d ec isõ es•E x p lo ra r in c er te z as•D e te rm in a r e ficá c ia o u im p le m en taç ã o•P ro v er fe ed b a ck c ie n tí fic o , p es q u isa d o re s, p ú b l ic o ,a d m in is tra d o res

M o n ito ram e n to m o s tra an e ce ss id a d e d e n o v a s co n tr ib u iç õ e so u a d iç ão d e in fo rm aç õ es

M o n ito ra m en to m o stra an e ce ss id a d e d e n o v asc o n trib u iç õ e s o u ad içã o d ein fo rm a çõ e s

C o n tr ib u iç õ e s

D ec isõ es

Im p le m e n ta çã o

M o n ito ram e n to

O m o n i to ra m e n tom o st ra a n e c es sid ad ed e m u d a n ça s n aim p lem en taç ão

Figura 01. O processo interativo do manejo adaptável (Fonte: U.S. Forest Service, apudAgee, 1996).

Apesar do monitoramento ser uma ferramenta muito importante,

infelizmente é pouco usada na gestão das unidades de conservação brasileiras.

Quando muito nos programas de uso público realiza-se estudos de capacidade de

carga turística, ou espécies da flora ou fauna são pesquisadas e por tabela provêm a

unidade de algum monitoramento; mas a regra geral é a sua não utilização.

Por outro lado, os administradores sempre se defrontam com a falta

de conhecimentos sobre os recursos das UCs, muitas vezes carecendo de bons

mapas que sirvam de orientação mínima para as atividades de rotina, além da

escassez de informações seguras sobre os ecossistemas que os permitam lidar com

propriedade as temáticas referentes ao manejo da paisagem. Assim, a pesquisa e o

monitoramento são componentes básicos para uma gestão eficaz, sendo então

imprescindível que as UCs possuam políticas claras, versáteis, dinâmicas e

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suficientemente amplas que possibilitem a realização de pesquisas científicas com os

mais variados temas consoantes aos objetivos de manejo (Martin, 1987; Thorsell,

1990; Pulido e Oltremari, 1995).

Dois relevantes temas devem ser considerados no desenvolvimento

de pesquisas em áreas protegidas. A complexidade e a fragilidade dos ecossistemas

tropicais associados à forte pressão social para o uso recreativo, educacional e

turístico das áreas protegidas interpõe a necessidade de se estabelecer limites de

uso visando a minimização dos possíveis impactos resultantes.

O uso indevido destes espaços pode ocasionar a degradação do

objeto que se deseja proteger, em razão da fragilidade do recurso, da falta de meios

adequados para o manejo, da inexistência de planejamento para os sítios, entre

outros motivos. Os impactos originados podem ser muito negativos como é o caso

da compactação excessiva, erosão e migração da fauna, ou pôr em risco a

qualidade do uso refletindo sobre a satisfação do usuário. Muitas vezes os objetivos

de manejo das unidades são desrespeitados em favor de aproveitamentos

inadequados, sendo possível observar categorias de manejo totalmente

descaracterizadas dos objetivos da sua criação. Assim, os estudos que visam

descortinar a capacidade de suporte dos sítios sob visitação são uma premissa

importante no manejo dos ecossistemas, provendo as explicações que o manejador

porventura tenha que fazer sobre as medidas tomadas, às vezes ‘antipáticas’ ao

público (Stankey, 1985; Clark, 1991; Cifuentes, 1992a; FAO/PNUMA, 1992; Graefe

et al., sd).

Por outro lado, com os índices de degradação impostos aos

recursos naturais, um dos temas em destaque é a necessidade de ações para a

recuperação das áreas degradadas, seja no interior ou no entorno das áreas

protegidas haja vista que estas estão tão sujeitas a tais fenômenos quanto as áreas

sem proteção oficial. A convenção internacional sobre a Diversidade Biológica, nos

artigos 8o e 9o, chama atenção para a necessidade de restauração e recuperação de

ecossistemas, porém com a premissa de que as ações devam ser pragmáticas,

avaliando-se os esforços e os custos dos resultados que se espera alcançar

(Ramirez, 1995).

O desenvolvimento de programas e pesquisas voltados para este

objetivo é premente em regiões colonizadas e desenvolvidas, em razão das

extensas áreas abandonadas ou pouco produtivas, sendo que as unidades de

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conservação necessariamente se prestam ao fomento de tais atividades. Um

exemplo mundialmente conhecido são os trabalhos desenvolvidos no Parque

Nacional Santa Rosa, na Costa Rica, que após 15 anos teve grandes porções de

pastagens transformadas em florestas (Janzen, 2001).

Um dos componentes inseridos no processo de gestão mais

propalados e defendidos nos meios acadêmicos e técnicos são os planos de

manejo, cuja necessidade para uma gestão eficaz é indiscutível haja vista que estes

documentos encerram e manifestam o “que fazer” para se alcançar os objetivos para

os quais as unidades foram criadas.

Atualmente os métodos de elaboração são bastante diversificados

havendo varias maneiras de se chegar a resultados semelhantes, muito embora seja

quase que consensual a imperiosa razão para que haja a participação de atores

externos nos processos de planejamento e manejo (Borrini-Feyerabend, 1997),

devendo-se cuidar para que esta participação não ocorra simplesmente para

referendar proposições técnicas exógenas ao sistema produtivo e social local

(Milano, 1999), aspecto que pode converter a condição de apoio da comunidade em

adversidades e ameaças.

A participação da comunidade, lideranças locais e outros atores no

planejamento e gestão das UCs são avanços práticos ocorridos no Brasil nos

últimos anos, um fato inegável e que a médio longo prazo verterá benefícios para

ambas as partes, o social e o ambiental.

Vias de regra a execução dos planos de manejo e a implantação das

UCs requerem insumos para as ações propostas, dentre eles funcionários, veículos,

equipamentos de comunicação, escritório administrativo, alojamento, etc., em

resumo uma mínima infraestrutura para viabilizar as operações de rotina e aquelas

direcionadas a objetivos específicos (Moore, 1985). Quase sempre estes

componentes administrativos são os vilões para se atingir um manejo efetivo pois ou

eles estão ausentes, ou em uma situação muito precária ou, pior ainda, pode estar

faltando incentivo, motivação e planejamento de curto prazo. Porém, geralmente os

problemas em relação aos meios administrativos ocorrem devido às baixas dotações

orçamentárias destinadas às áreas protegidas e à falta de políticas modernas

dirigidas ao setor.

James, Green e Paine (1999) realizaram um estudo mundial para

saber o estado das UCs em relação a recursos financeiros e humanos, baseando-se

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em dados de 1993 a 1995. Em termos globais a América do Sul apresenta-se em

terceiro lugar dentre as regiões que menos aplicam recursos nas unidades de

conservação, cerca de US$100,00/km2 ou US$1,00/ha, enquanto que os sistemas

protegidos do Pacifico, Europa e América do Norte detêm valores consideráveis,

respectivamente US$2.838,00, US$2.033,00 e US$1.923,00 por km2. Em 1995 o

Brasil possuía 17.909.800ha de áreas protegidas federais e aplicou US$2,24/ha,

entretanto o mínimo razoável para efetivar as atividades básicas de proteção

informado pelo IBAMA foi de US$4,00/ha, quase 80% a mais do que o recebido, o

que demonstra um equivoco nas prioridades governamentais para o setor.

Para se ter uma idéia do que isto representa tomemos por base um

estudo empreendido pela Fundação Pró Natureza (1992) visando calcular os custos

de implantação de UCs na Amazônia Legal Brasileira, que na época somavam 40,6

milhões de hectares, incluindo áreas propostas. O trabalho concluiu que seriam

necessários US$ 523,928,000.00 (Quinhentos e vinte e três milhões, novecentos e

vinte e oito mil dólares) para a implantação e cerca de US$ 27,000,000.00 (Vinte e

sete milhões de dólares) para a manutenção operativa anual do conjunto

considerado, respectivamente US$ 12,90/ha e US$ 0,67/ha/ano.

Apesar de ser uma obrigação constitucional da nação e dos estados,

os cofres públicos parecem desconhecer a importância das áreas protegidas no

contexto do desenvolvimento de uma nação, ainda que o Brasil tenha ratificado a

Convenção da Biodiversidade e outros tratados do gênero. Surge a alternativa da

busca de recursos junto aos órgãos financiadores de projetos, governamentais ou

não, o que de certa forma só depende de iniciativa e dedicação das administrações.

Outra medida potencialmente eficaz é a elaboração de um Plano de Financiamento,

que difere do Plano Orçamentário pois este é somente um listado das necessidades

financeiras para as atividades desenvolvidas enquanto aquele usa esses dados para

a identificação dos possíveis ‘clientes’ e doadores locais, regionais e internacionais e

como eles poderão interagir com a gestão da unidade a curto, médio e longo prazos

(IUCN, 2000b).

Muitas vezes ouvimos, de maneira quase generalizada, que o número

ideal de funcionários por unidade de área seja tal ou qual. Mas esse tipo de

pensamento é um grande equivoco pois não há um número mágico que sirva de

padrão internacional; mesmo por que cada AP é um caso diferente. O Parque Estadual

da Cantareira, com 8.000ha e incrustado na periferia da cidade de São Paulo, para

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fazer frente a toda problemática inerente a uma UC ‘urbana’ pode requerer tantos

funcionários quanto o Parque Nacional do Jaú, com seus 2 milhões de hectares.

Podemos continuar com este exercício indefinidamente, mas a verdade é que as

particularidades de cada unidade influirão no desenho do que seja a melhor

infraestrutura para ela.

Além de mínima infraestrutura física, humana e financeira para

garantir uma mínima proteção, as unidades precisam que suas terras estejam com

sua situação fundiária regularizada, assegurando assim o domínio institucional sobre

os recursos que se deseja proteger e proporcionando autoridade aos funcionários,

legitimando as ações para a conservação, que somados a limites bem demarcados

melhoram o status de proteção. Entretanto, é imprescindível a implementação de

ações programáticas que considerem as comunidades do entorno ao se desejar

equilibrar as implicações destes atores sobre a unidade, e vice versa, ao mesmo tempo

que não existirá futuro para a preservação do patrimônio natural sem a existência de

ações enérgicas relacionadas à educação ambiental.

Na atualidade quando impera os fenômenos da fragmentação da

paisagem, transformando as UCs em verdadeiras ‘ilhas de diversidade’ não se pode

prescindir dos conhecimentos revelados pela ecologia teórica relacionados ao desenho

das áreas protegidas. A “Teoria do Equilíbrio Dinâmico da Biogeografia de Ilhas” ou

simplesmente de biogeografia de ilhas, foi proposta por MacArthur e Wilson (1967) e

defende que a distância das fontes de propágulos e a superfície das ilhas estão

diretamente relacionados à riqueza de espécies do local.

A partir daí vários outros cientistas iniciaram meticulosas pesquisas

averiguando a questão da forma, insularidade e tamanho das áreas protegidas e suas

conseqüências na conservação de espécies (Wilcove et al. 1986; Suarez, 1988;

Schiavetti, 1996; entre outros). O rápido ensaio produzido por Costa (2001a) enfoca o

que acontece com as ‘ilhas de vegetação’ inseridas numa paisagem fragmentada,

esboçando algumas das conseqüências que não podemos perceber na nossa escala

temporal, cujo fenômeno designou de ‘mortos vivos’ na paisagem tropical.

Conhecer um pouco sobre esses ramos da biologia permite o desenho

de estratégias de conservação mais duradouras na medida que são considerados as

interrelações existentes entre os vários componentes da paisagem. Sobretudo tais

conhecimentos oferecem bases para uma visão moderna do manejo biológico dos

ecossistemas, ratificando a necessidade de se trabalhar fora dos limites protegidos das

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unidades visando a implantação de corredores biológicos e contínuos ecológicos

(Maza, 1994), dentro de uma perspectiva que vise a elevação da qualidade ambiental

e social do entorno.

Deste modo, deve-se reconhecer que a zona de amortecimento

(Cifuentes, 1992b), tampão, de entorno, de influência, de transição, ou qual nome

desejem para a mesma, não é meramente um traçado no entorno da unidade, mas

um poderoso componente de planejamento e manejo que visa minimizar os

impactos mútuos entre a UC e a vizinhança imediata; que as parcerias em todos os

níveis não se justificam apenas em razão da retração do Estado das suas

obrigações básicas, mas é a conduta ideal para a gestão eficiente da coisa pública,

facilitadora da gestão bioregional, que proporciona a descentralização das decisões

através do planejamento e gestão participativas.

No que tange ao manejo bioregional Miller (1996) nos prove de

inúmeros exemplos internacionais, no entanto na América Latina coube ao Serviço

de Parques da Costa Rica implementar em primeira mão um modelo com tais

características (Garcia, 1992; SPN, 1992).

Entre todos os requerimentos, a constante capacitação dos

funcionários e dos dirigentes é um componente que possibilita vencer os desafios

impostos por uma realidade política na qual a conservação da biodiversidade e do

patrimônio natural da humanidade não são prioridade, bem como a série de conflitos

e ameaças a que estão sujeitas as áreas protegidas. Os processos de capacitação

em todos os níveis de decisão e de trabalho, incluindo os guardas-parque, precisam

ser implantados como uma ação programática institucional de alta prioridade,

mediante uma temática diversificada e sob um enfoque moderno e real, que abarque

as diferentes vertentes de conhecimento existentes (Arregui e Enei, 1995).

Contudo, é importante considerar ainda que mesmo com todo o

conhecimento e todo o insumo necessário para se executar um manejo de qualidade

elevado ele pode não acontecer. Isto pode estar relacionado ao modo como a

organização trata os seus funcionários; se eles, coletiva e individualmente, sentem-

se parte importante e úteis da estrutura administrativa; se são parte do grupo social

organizacional e se compõem os canais de comunicação e decisão ascendentes e

descendentes; se são considerados e solicitados a emprestar suas capacidades

individuais para problemas específicos da organização; se participam da formulação

de políticas e diretrizes institucionais; etc; enfim, características comportamentais

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das organizações que torna o trabalho das pessoas mais agradável e são pílulas de

motivação constante (Bergamine, 1997).

Tais características perfazem também o perfil intrínseco das

organizações reflexivas, aquelas que procuram se desenvolver através da idéia de

“aprender fazendo”, o que requer uma permanente atenção sobre os resultados das

ações e uma grande disposição para aprender dos erros e acertos pois a

experiência recente com os problemas ambientais demonstra que a sociedade não

compreende o que se esta fazendo ao ambiente e, por isso, necessitamos de uma

nova forma de administração, que reconheça nossa própria ignorância e limitada

competência.

Em uma instituição reflexiva o monitoramento e a avaliação de

atividades e projetos não é uma tarefa que começa e termina mas sim uma forma de

pensar que permeia a estrutura e as práticas da instituição, componente essencial

para a modernização das organizações (Dudley e Imbach, sd).

Talvez uma das grandes dicotomias das organizações neste final de

século seja a disparidade entre o conteúdo das mudanças que ocorrem no ambiente

externo e a velocidade de respostas que surgem no seu ambiente interno. Parece

que muitas vezes os dirigentes pensam que as modificações e reversões

representam fenômenos que só existem fora das organizações, não tendo uma

ligação mais forte com a estrutura do pensar e do agir. A rapidez do processo

decisório e a capacidade do fazer acontecer consistem em dois dos principais

atributos da rota do sucesso de qualquer empreendimento nestes próximos anos, o

qual, evidentemente, se acopla à capacidade de antecipar tendências futuras da

próxima mudança (Junqueira e Vianna, 1996).

A força do impacto deste novo cenário vai exigir, como contrapartida,

um novo líder, substancialmente diferente daquele dos padrões do passado, e que

se transformará antes, e acima de tudo, em um grande agente promotor e

fomentador das adequações internas. Este novo líder precisa ter as seguintes

características e atributos: entusiasta, comprometido, humano, motivador, vontade

de aprender, prazer de ensinar, visão estratégica, empreendedor, assertivo e ético

(Junqueira e Vianna, 1996).

Uma organização reflexiva, composta por pessoal capacitado e

dirigentes pró-ativos, constitui um importante fator para fazer com que a gestão seja

entendida e praticada como um experimento a longo prazo, libertando-a da rotina e

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permitindo que as novas informações trabalhem em direção ao alcance da missão

organizacional. No caso de organizações dedicadas às questões ambientais pode-

se dizer que as mesmas devem possuir, além de amplo conhecimento técnico,

também requisitos gerenciais explícitos para uma gestão moderna e eficaz das

unidades de conservação (Quadro 05).

Quadro 05. Requisitos gerenciais para uma gestão moderna e eficaz das Unidades deConservação

• Implementar a capacitação de pessoal em todos os níveis e formação de lideranças;• Visão sistêmica da organização e visão prospectiva do sistema gerencial e das políticas de

governo;• Internalização e compreensão coletiva do passado, presente e futuro da organização visando

sua melhor inserção no ambiente externo;• Acompanhamento sistemático do desempenho do pessoal, da gestão e da eficácia gerencial

nos vários níveis de decisão institucional;• Adoção de estratégias que resultem na utilização das informações geradas e das novidades

do setor para a retroalimentação da gestão;• Adoção de esquemas administrativos onde impere a agilidade dos tramites burocráticos:

Informatização e ‘internetização’ dos processos;• Adoção de uma estrutura institucional com fortes conexões horizontais que vise a promoção

de comunicação entre disciplinas, departamentos e as organizações;• Implementação de sistemas que visem a captação e geração de recursos, privilegiando a

consolidação de parcerias em todos os níveis de atividade institucional;• Implantar esquemas que resultem em autonomia gerencial e descentralização das decisões

(capacidade com confiabilidade);• Adotar o planejamento setorial como ferramenta básica para a eliminação de erros;• Estabelecer rotinas que valorizem a administração baseada em Programas de Trabalho;• Estabelecer como diretriz básica o planejamento e a gestão participativos.

Adaptado de Lucena (1992); Grumbine, apud Agee (1996); Junqueira e Vianna, (1996);Bergamine (1997); Dudley e Imbach, (sd).

Enfim, são muitas as variáveis e fatores que fazem uma gestão

eficaz, e todos estão sempre tão entrelaçados que é impossível dizer qual ou quais

são os mais importantes ou prioritários. Para fazer frente às várias áreas do

conhecimento que interagem na gestão das UCs, resta aos diretores de unidades de

conservação inteirarem-se da sua realidade e manterem-se sempre atualizados,

buscando as melhores técnicas e soluções para uma gestão verdadeiramente eficaz.

Ao Estado e aos governos, urge o necessário apoio aos chefes de UCs para que

eles desenvolvam com eficiência suas missões.

2.3.3 Problemas e ameaças à gestão eficaz das áreas protegidas

Os benefícios e os serviços ecológicos produzidos pelas áreas

naturais protegidas deveriam ser motivos suficientes para que os organismos

tutelares viabilizassem o verdadeiro manejo destas áreas para, em última instância,

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cumprir com os objetivos nacionais de conservação explicitados na Política Nacional

de Meio Ambiente e no Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Mas a

realidade é severa para a grande maioria das áreas silvestres sob proteção especial

pois se por um lado houve um significativo aumento na quantidade e na superfície

das áreas protegidas em nível mundial o mesmo não aconteceu com a qualidade do

manejo no campo. Ao contrário, elas enfrentam uma série de dificuldades estudadas

e relatadas por vários autores.

Ameaças às unidades de conservação é algo tão antigo quanto o

próprio conceito de Parques. Segundo os relatos apresentados por Diegues (1996),

o primeiro parque do mundo, o de Yelowstone, já as possuía na medida que grupos

humanos faziam pressão sobre os recursos à época de sua criação, em 1872. O

conceito de ameaças parece uma controvérsia ao relacionar o termo às unidades de

conservação, pois vários autores a definem de modo muito similar, porém com

conotações diferentes. Para Machelis e Neumann (1986) ameaça significou as

condições de origem humanas ou naturais que causa um dano significativo aos

recursos protegidos, ou então aquelas que contrariam os objetivos, o manejo e a

administração das unidades de conservação.

Segundo Bibelriether et al. (1992), o sistema de áreas protegidas da

Europa apresentaram os seguintes problemas e ameaças: falta de planos de manejo

para a maioria das aps; falta de planos de sistemas de ap regionais; atividades

agrícolas no entorno com incentivos da comunidade européia; poluição ambiental;

construção de represas; exploração legal e ilegal das florestas; caça, já que em

alguns países se permite a caça, como nos da Noruega; criação de animais (renas)

que desequilibram os ecossistemas locais da escandinávia; invasões e introduções

de espécies, como o Rhododendron ponticum na Irlanda que agride a vegetação

nativa; atividades militares e guerras; mineração, pastoreio excessivo; pressões do

turismo; extração e contaminação da água.

Para as UCs da América do Sul dois autores reportam as maiores

ameaças às áreas protegidas. Torres (1990) apresenta a seguinte realidade para as

249 áreas com as quais trabalhou: somente 30% das unidades possuíam planos de

manejo, dentre essas só 5% estavam implementando-os; somente 28% possuíam

planos operativos anuais e 16% algum tipo de zoneamento territorial; apenas 5%

possuíam um programa de pesquisa estruturado; 4% contavam com serviços

educativos e 5% com atividades de interpretação. 86% das áreas pesquisadas

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continham algum tipo de uso ilegal como pesca, caça, extração da vegetação,

pastoreio, agricultura, mineração, invasão de terras, conflitos com habitantes

originais e poluição por diversos agentes (mercúrio, lixo, etc.); menos de 1% contava

com funcionários suficientes para alcançar seus objetivos; cerca de 70% não recebia

apoio governamental (financeiro e técnico) e 66% das áreas não contavam com

equipamentos destinados ao manejo.

Amend e Amend (1992) trabalharam em 148 parques nacionais da

América do Sul mediante questionários aos administradores e detectaram os

seguintes principais problemas: Extração de recursos (33,1%); falta de pessoal

qualificado (27%); conflitos fundiários (21,6%); exploração agropecuária (20,3%);

planejamento deficiente (16,9%); ocupação ilegal (16,9%); limites inadequados

indefinidos (16,2%); falta de controle e vigilância (16,2%); Incêndios (12,8%);

ocupação legal (12,2%); falta de financiamento (11,5%); falta de infraestrutura

(11,5%); colonização nas vizinhanças do parque (10,8%); mineração e exploração

petrolífera (10,1%); pressão turística (8,8%); poluição (6,1%); falta de apoio político-

institucional (6,1%); projetos setoriais conflitantes (5,4%); atividades de narcotráficos

(4,7%) e introdução e/ou invasão de espécies exóticas.

Na Austrália os principais problemas para o efetivo manejo e a

conservação das áreas protegidas são a existência de populações localizadas

dentro das UCs, principalmente de grupos aborígenes, normatização da participação

do setor privado na gestão e conservação de zonas ecologicamente importantes,

“looby” das empresas mineradoras que se articulam para imporem a necessidade de

prospecção mineral em todas as APs do país, e a necessidade de extrapolar as

ações de gestão para fora dos limites das unidades de conservação (Bridgewater e

Shaughnessy, 1992).

Na América do Norte os principais problemas foram identificados

pelo Serviço de Parques Nacionais dos Estados Unidos, que podem ser

extrapolados tanto para o Canadá como para o México e são os seguintes:

urbanização e industrialização no entorno das UCs; impactos do excesso de

visitação; desenvolvimento de projetos de desenvolvimento conflituosos aos

objetivos de conservação nas cercanias das unidades; extração e/ou exploração de

recursos protegidos; superpopulação de algumas espécies da fauna; degradação da

qualidade das águas; falta de dados básicos para o manejo de recursos;

crescimento da ameaça de incêndios florestais; alteração do regime hídrico regional;

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necessidade de treinamento de pessoal, principalmente no que tange ao uso público

(Waugh e Gil, 1992).

Na América Central um dos graves problemas é a inexistência de

demarcação e delimitação da grande maioria das áreas protegidas e, por

conseguinte, não possessão ou registro legal das terras, sendo que em muitas delas

não há nenhuma presença institucional. Deste modo, cerca de 30% das AP da

região eram consideradas ‘parques de papel’ e mais de 60% delas não estavam com

a situação fundiária solucionada. A questão da recategorização das áreas protegidas

também foi foco de problemas haja vista que muitas unidades apresentavam

categorias de manejo que não correspondiam aos usos realizados, mascarando

assim os informes internacionais quando tomando por base as classificações da

UICN (Ugalde e Godoy, 1992).

Neste continente poucas áreas contavam com planos de manejo e

menos ainda haviam consolidado estratégias para implementa-los. Na região os

planos operativos resultaram mais eficientes em razão de serem mais realistas e

flexíveis. À luz do debilitamento das instituições governamentais houve um avanço

generalizado das organizações não governamentais de impor suas políticas como

sendo políticas nacionais, causando sérios transtornos organizacionais no âmbito da

conservação de recursos. A falta de recursos financeiros é extrema, que ainda é

complementado por agências de financiamento externo dentro do conceito de troca

da dívida externa por conservação; o ecoturismo é uma saída se solucionados os

impactos pela excessiva visitação; a falta de pessoal foi ressaltada, cuja amplitude

pode variar de 800 a 15.000ha por funcionário. A pobreza no entorno das APs e os

conflitos armados são componentes provocadores de extremos desequilíbrios no

manejo e permanência a longo prazo das UCs da América Central (Ugalde e Godoy,

1992).

Para o Brasil, alguns trabalhos podem ser referenciados. Angelo

(1996) aproveitando os dados levantados pelo projeto “Inventário de Áreas Úmidas

do Brasil”, executado em 1990, empregou a análise de componentes principais, uma

rotina das analises multivariadas, sobre 16 variáveis selecionadas do trabalho

original obtendo como resultado a determinação de sete problemas principais das

áreas protegidas federais: exploração predatória dos recursos naturais, carência de

infra-estrutura, desmatamento, atividades agropecuárias, população dentro e fora

das UCs, poluição e tráfego rodoviário.

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O trabalho realizado pelo WWF com as áreas protegidas federais de

uso indireto brasileiras destacou dados importantes (WWF, 1999). Das 86 UCs

pesquisadas 47 nunca foram implementadas, outras 32 foram consideradas

minimamente implementadas e somente 7 obtiveram pontuação que as classificou

com grau razoável de implantação. Daquele total 37 unidades foram classificadas

como vulneráveis e/ou muito vulneráveis às atividades antrópicas enquanto que 49

estão condicionadas a pouca vulnerabilidade. A partir da análise conjunta dos dados

de implementação e vulnerabilidade foi possível a elaboração de uma ‘matriz de

risco”, que agrupou as 86 unidades em quatro blocos, segundo o grau de ameaça

enfrentado. De acordo com essa matriz, a situação dos parques e reservas

brasileiros é a seguinte: 20 UCs (23%) estão submetidos a um Risco extremo; 17

UCs (19%) estão sob Risco Alto; 27 UCs (31%) estão sob Risco Médio e 22 UCs

(25%) estão sob Risco Normal.

Os maiores problemas identificados foram a falta total de

implantação; falta de demarcação das áreas; falta de pessoal e má distribuição do

quadro existente; atividades do entorno conflitantes com os objetivos das UCs; falta

de plano de manejo e de adequados recursos financeiros. ¾ dos parques e reservas

nacionais estão ameaçados e com elevada vulnerabilidade pela falta de

implementação. As 86 unidades avaliadas correspondem a 1,85% das áreas

protegidas do território nacional, porém com o desconto das unidades em situação

precária, o total protegido cai para 0,4%, muito abaixo da média mundial que

corresponde a 6% de área protegida por país, levando à conclusão de que as

reservas brasileiras não cumprem seu papel básico de proteger e conservar a

diversidade biológica, servir de local para pesquisas científicas e desenvolver o

ecoturismo.

Por ocasião das comemorações dos sessenta anos de criação do

primeiro Parque Nacional do Brasil a revista Horizonte Geográfico (Horizonte

Geográfico, 1998) lançou uma edição dedicada exclusivamente aos Parques

Nacionais brasileiros, trazendo uma série de matérias e comentários assinados por

técnicos e científicos reconhecidos nacional e internacionalmente. Em termos de

imagens a revista esta excelente e muito embora os textos também estejam as

informações neles contidas acendem as preocupações conservacionistas. A falta de

controle do ecoturismo, invasão de espécies exóticas, indefinição da estrutura

organizacional, falta e desvalorização dos funcionários, indefinição fundiária e dos

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limites das unidades, invasões por comunidades ‘tradicionais’ e projetos de

desenvolvimento conflitantes com os objetivos de conservação são alguns dos

problemas e ameaças sofridas pelas UCs brasileiras.

Morsello (2001) cita dois trabalhos realizados no Brasil e que se

revestem de importância na identificação de ameaças às UCs, ambos publicados em

1997. O primeiro refere-se a banco de dados proveniente do Programa Piloto para a

Conservação das Florestas Tropicais (PP/G7), que identificou as seguintes ameaças

em ordem de incidência e importância: caça e pesca; incêndios; garimpagem;

mineração; conflito com áreas indígenas; conflito com populações residentes;

exploração de madeira; pressão de pólo de desenvolvimento; alteração de regime

hídrico e estradas. O segundo relatório foi elaborado pelo IBAMA e somente

acrescenta novas modalidades ou fatores incidentes nas UCs. A autora informa que

a maioria dos trabalhos, senão todos, são oriundos de dados levantados através de

questionários à distância, baseados unicamente na percepção que os técnicos e

diretores das UCs tem sobre os domínios de sua atividade. Quando o ideal seria um

trabalho amiúde em cada UC, o que permitiria a busca de soluções para o controle

das ameaças identificadas.

Finalmente, Milano (2002) após discutir algumas questões polemicas

que rodeiam a gestão de UCs no Brasil, conclui que uma das grandes ameaças às

nossas UCs está associada às pessoas envolvidas com as unidades de

conservação, tomadores de decisões políticas e técnicos encarregados por elas,

ainda que necessariamente a responsabilidade não seja deles. Este autor declara

que muitos dos mitos incidentes na gestão das UCs está em função da falta de

capacitação e de oportunidade de crescimento profissional para essas pessoas.

É certo que o juízo de valor das pessoas sobre algum objeto esta

eivado de influências que tem suas origens nas mais remotas situações de sua

história; ou seja, o que é uma ameaça para um pode não ser para outro. E é pena

que informações desta natureza só venham à baila no bojo de iniciativas

esporádicas e com características de projetos de pesquisa, pois se o monitoramento

sistemático fizesse parte das rotinas de gestão, os métodos e técnicas de coleta de

dados seriam mais legítimos e estes menos contestes.

Apesar das iniciativas em defesa das áreas protegidas, elas estão

constantemente submetidas a ameaças crescentes ano a ano, sendo que os

principais perigos em nível mundial são conformados por um pequeno grupo de

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fatores de elevada incidência e cujos efeitos podem ser extremamente violentos e

irreversíveis. O aumento populacional conciliado à pobreza ocasiona a elevação da

demanda sobre terras e recursos para satisfazer as necessidades primárias da

sociedade. Poluição, contaminação, mudanças climáticas e turismo excessivo são

outros problemas criados pela modernidade que, somados à freqüente falta de apoio

político, completa o quadro negativo que permeia as áreas protegidas do mundo

(Phillips, 1998).

Os problemas e ameaças das unidades de conservação do Estado

de São Paulo são apresentados na seção a elas destinadas.

2.4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE GESTÃO DAS UCS

Para discorrer sobre as iniciativas existentes até o momento cabe

uma reflexão do real significado dos termos que são utilizados, quais sejam

efetividade, efetivo e eficácia de gestão.

Faria (1993) ao delinear um método para medir a qualidade do

manejo executado nas UCs afirmou que estaria avaliando a efetividade de manejo

das áreas protegidas. Refletindo sobre o significado do termo, efetividade é a

qualidade do que é efetivo e sua definição está relacionada à existência de um

objeto ou fenômeno; ou seja, para que algo receba o adjetivo de efetivo ele tem que

ser real e verdadeiro (Ferreira, 1999). Ocorre que em seus raciocínios Faria (1993)

considerou a premissa de que a gestão das áreas silvestres protegidas era uma

atividade baseada em conhecimentos científicos e, sendo assim, a tendência natural

seria se alcançar a eficácia desde que existisse a gestão. O autor não levou em

conta que no caso da gestão de UCs os resultados eram dependentes também do

fator humano e não simplesmente dos conhecimentos sobre os recursos, já que em

última instância sua utilização depende de pessoas.

Segundo Ferreira (1999) eficaz está relacionado ao que produz o

efeito desejado e que dá bons resultados agindo com eficiência. Eficiência, por sua

vez, é definida como a razão entre o produto e o insumo, o que no caso significa

dizer que mesmo que ambos, produto e insumo fossem baixos, a eficiência ainda

poderia ser 100%, não impedindo porém que a eficácia seja 0%, o que é muito difícil

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de ser medida se não houver um rígido controle e monitoramento por parte das

organizações. Redin (1981) oferece uma interessante definição para a identificação

da gestão empresarial eficiente e a eficaz: o autor considera que ser eficiente é

sinônimo de fazer as coisas bem, resolver problemas, salvaguardar os recursos,

cumprir com o dever e reduzir os custos, enquanto que ser eficaz diz respeito a fazer

as coisas certas, produzir alternativas criativas, maximizar a utilização de recursos,

obter resultados e aumentar o lucro e/ou a produtividade.

Assim, não basta simplesmente que exista uma ‘gestão’ para se

produzir resultados positivos, mesmo porque podem haver vários níveis de

qualidade para o ato de gerir algum objeto. O que se persegue é a eficácia de

gestão das UCs, que pode então ser definida como sendo “o conjunto de ações que

permitem cumprir satisfatoriamente a função para a qual foi criada a área protegida”

(Cifuentes, Izurieta e Faria, 2000).

Algumas dentre as tantas metas traçadas pelo III Congresso Mundial

de AP (IUCN, 1984), foram direcionadas explicitamente para a urgente necessidade

de melhorar a qualidade do manejo empreendido nas UCs então existentes,

revelando uma preocupação em face da dificuldade de seguir criando novas e

grandes áreas protegidas. Uma das alternativas distiguidas foi exatamente a

realização de avaliações sistemáticas visando saber o estado do manejo

empreendido nas unidades de conservação e o fomento ao desenvolvimento de

ferramentas que possibilitassem tal objetivo foi alcançado parcialmente na medida

que a UICN editou o livro Managing Protected Areas in the Tropics (MacKinnon et

al., 1986), que trouxe um capitulo dedicado a este assunto.

O IV Congresso Mundial de Áreas Protegidas emitiu o ‘Plano de

Ação de Caracas’ enfatizando a perseguição das seguintes indagações: Como as

áreas protegidas podem contribuir com as estratégias globais para o

desenvolvimento sustentável? De que maneira as áreas protegidas disporiam de

uma apoio mais amplo da sociedade? Como o manejo das áreas protegidas pode

ser mais eficaz nas condições econômicas atuais e previstas? Como pode mobilizar-

se um apoio internacional mais eficaz? (UICN, 1993).

As medidas gerais destacadas foram:

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Objetivo 1: Integrar as áreas protegidas em estratégias mais amplasde planejamento

Ação 1.1. Desenvolver e executar planos nacionais de sistemas de áreasprotegidas

Ação 1.2. Integrar os planos nacionais de sistemas às diretrizes dodesenvolvimento econômico

Ação 1.3. Planejar as áreas protegidas considerando a paisagemcircundante

Ação 1.4. Desenvolver técnicas para avaliar e quantificar os benefícios dasáreas protegidas

Objetivo 2: Ampliar o apoio às áreas protegidas

Ação 2.1. Identificar os interesses de diferentes grupos, com respeitoàs áreas protegidas chave

Ação 2.2. Reconhecer as preocupações prioritárias das comunidadeslocais

Ação 2.3. Estimular o apoio generalizado com nas informações levantadas

Objetivo 3: Fortalecer a capacidade de manejar as áreas protegidas

Ação 3.1. Estender as oportunidades de capacitação em todos os níveis

Ação 3.2. Melhorar o manejo das áreas protegidas

Ação 3.3. Desenvolver meios para aumentar o financiamento e gerarinvestimentos reais

Ação 3.4. Melhorar a aplicação das ciências dirigidas ao manejo

Ação 3.5. Enfocar com maior atenção o manejo das APs marinhas

Objetivo 4: Ampliar a cooperação internacional nos campos definanciamento, desenvolvimento e manejo de AP

Ação 4.1. Clarificar o papel e a função das instituições em todos os níveis

Ação 4.2. Desenvolver planos de ação, regionais e internacionais, querespaldem a execução das prioridades estabelecidas nos planosde sistemas nacionais das áreas protegidas

Ação 4.3. Reavivar as diretrizes já existentes para a cooperaçãointernacional.

Para desenvolver o terceiro objetivo a ação 3.2. detalha que deve-se

“estabelecer um conjunto de exigências profissionais para o pessoal das áreas

protegidas e melhorar a capacidade dos administradores para supervisionarem seu

próprio desempenho mediante indicadores da eficácia do manejo”, fato que

demonstra a preocupação internacional para o estabelecimento de rotinas visando o

monitoramento do estado das áreas protegidas do planeta (Quadro 06). Vale dizer

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que, em relação a esta temática, as organizações mais ativas internacionalmente

são a Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) da UICN e o Centro Mundial

de Monitoramento da Conservação (WCMC), que juntos compilam e mantêm uma

base de dados sobre as áreas protegidas do mundo, hoje com mais de 30.000

registros (Green e Paine, 1997).

Quadro 06. Justificativas para efetuar a avaliação do manejo de unidades de conservação• Permite que o pessoal envolvido no manejo aprenda a construir sobre sua própria

experiência, ajustando o curso do manejo se necessário;

• Promoção do manejo adaptativo, mediante sistemáticas avaliações para se saber se açõesproduziram os resultados desejáveis;

• Ajuda a visualizar o grau de implantação e/ou desenvolvimento da unidade, a eficiência douso dos recursos disponíveis e as questões que necessitam maiores esforços;

• Auxilia os administradores a terem uma posição acerca da eficácia de suas ações frente aoalcance de metas e dos objetivos de manejo da unidade, além de ser uma boa estratégiapara a promoção e divisão de responsabilidades entre os participantes do processo degestão;

• Permite que a instituição conheça a necessidade de mudanças nas estratégias e políticas,sendo imprescindível nos processos de planejamento e priorização de ações;

• Possibilita que os organismos financiadores de projetos acompanharem as melhorasalcançadas com seus auxílios e a necessidade de futuros investimentos;

• Possibilitar o monitoramento regional, continental e internacional da eficácia de gestão dasáreas protegidas de modo homogêneo ao se usar uma rotina metodológica comum ouadaptável às diferentes regiões.

Fonte: MacKinnon et al.(1990), Faria(1993), IUCN(2000a), Cifuentes, Izurieta e Faria (2000).

A prática da avaliação, entendida no seu sentido genérico, é tão

antiga quanto o próprio homem. É o exercício da análise e do julgamento sobre a

natureza, sobre o mundo que nos cerca e sobre as ações humanas. É a base para a

apreciação de um fato, de uma idéia, de um objetivo ou de um resultado e, também,

a base para a tomada de decisão sobre qualquer situação que envolve uma escolha

(Lucena, 1992).

Segundo Hokings, Stolton e Dudley (2000) a avaliação refere-se ao

estabelecimento de modalidades de julgamento segundo critérios e/ou padrões pré

determinados e monitoramento refere-se ao processo de repetição da observação

no espaço e tempo usando-se procedimentos para coleta de dados que sejam

comparáveis. Sem importar qual é a meta a avaliação é necessária para alcança-la,

a ação e a reflexão são parte de um ciclo no qual a avaliação guia a ação e a ação

informa à avaliação, um contexto que define as instituições reflexivas, isto é as

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organizações que conduzem exercícios que alimentam o aprender fazendo, nas

quais o monitoramento e a avaliação de atividades e projetos não é uma tarefa que

começa e termina, mas é uma forma de pensar que permeia a estrutura e as

práticas institucionais (Imbach e Dudley, sd).

No processo de avaliação, mesmo que se busque os modelos mais

objetivos, factuais, observáveis e de possível experimentação, haverá sempre um

momento decisivo de formação de juízo, eivado pela interioridade do indivíduo com

seus idealismos ou seus egoísmos, com sua audácia ou os seus medos, com sua

consciência ou a sua alienação, com seus valores e crenças ou seus preconceitos e

mitos, que de uma ou outra maneira irão compor um conjunto de forças que

clarificam ou deturpam a percepção real dos fatos ou situações (Lucena, 1992).

Nos processos avaliatórios, vias de regra os informes técnicos

correntemente não apresentam as informações sistematizadas e pontuais, tornando

a retroalimentação menos eficaz; geralmente são relatórios volumosos com

argumentos a respeito desta ou daquela questão, mas que raramente são

consumidos na integra pelos usuários (tomadores de decisão), um constrangimento

para quem os produz mas sobretudo desperdício de tempo, dinheiro e atividade

intelectual. Contrapondo esta situação é oferecida a possibilidade de se usar

indicadores nos diagnósticos das unidades, uma exigência moderna para a gestão

eficiente dos recursos em todas as áreas de desenvolvimento.

Em função do desenvolvimento alcançado pela sociedade moderna,

assistimos nas últimas décadas a evolução de novos modelos de gestão no meio

empresarial que se aplicam também à gestão ambiental, cujas características

principais são a crescente descentralização de decisões e diminuição dos níveis

hierárquicos, democratização das decisões, horizontalização das informações, busca

da melhoria continua, flexibilização e menores tempos mortos (Takashima e Flores,

1997).

Indicadores são fatos de ordem qualitativa ou quantitativa,

observáveis e mensuráveis, que refletem as características dos produtos e dos

processos organizacionais, sendo utilizados para o controle da qualidade e do

desempenho ao longo do tempo (Almeida, 1989; Takashima e Flores, 1997). Não

importando a área de seu emprego, os indicadores devem ser selecionados

considerando-se critérios de importância e/ou incidência real sobre o objeto avaliado;

simplicidade e clareza; abrangência; acessibilidade dos dados; comparabilidade a

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referenciais apropriados; baixo custo dos dados de avaliação; credibilidade e

capacidade de mensuração (Galera e Hernandez, 1997; Gandara e Kageyama,

1998; Takashima e Flores, 1997). Uma questão essencial para a qual os autores

chamam atenção é a demanda dos indicadores por pesquisas básicas de

aplicabilidade que comprovem a idoneidade dos mesmos em diferentes situações.

Por outro lado, as redes de comunicação tornaram-se mais eficazes

e rápidas, a globalização foi imposta como modelo econômico mundial e o tempo

disponível para a reflexão e a tomada de decisões mais escasso frente às demandas

de um mundo em constantes e rápidas mudanças, fatores que exigem dos sistemas

organizacionais a capacidade de responder e adaptar-se a novas circunstancias,

modificando suas atitudes com base na compreensão do impacto de suas ações

anteriores. Em face desta conjuntura, estão disponíveis para a iniciativa privada

empresarial rotinas práticas para a avaliação e certificação da qualidade dos

processos produtivos e dos produtos (série ISO 9000) e das implicações ambientais

dos processos produtivos (série ISO 14000), além de outras normas da International

Standarization Organization (ISO), intensamente implantadas a partir da década de

80 e que, pela rapidez na obtenção de dados e agilidade das analises, tende a se

disseminar também para as instituições públicas.

A produção florestal segue o mesmo caminho através da certificação

de florestas pelo Forest Stewardship Council (FSC), que desenvolveu uma série de

principios e critérios visando garantir a sustentabilidade das florestas e assegurar a

continuidade dos empreendimentos do setor, havendo hoje 300 florestas, totalizando

mais de 22 milhões de hectares certificados em 40 países e cerca de 20 mil produtos

com selo FSC (IPEF, 2001).

A propósito, ao discorrer sobre sistemas de gestão ambiental, Tibor

e Feldman (1996) lançam mão das definições que rodeiam as normas ISO 14000 e

afirmam que o mesmos incluem a criação de uma política ambiental, o

estabelecimento de objetivos e metas, a implementação de um programa para

alcançar esses objetivos, a monitoração e medição de sua eficácia, a correção de

problemas identificados e a revisão do sistema para aperfeiçoá-lo. Um ponto que os

autores chamam a atenção é que as normas ISO 14000 estão relacionadas a

processos e não a desempenho, o que significa dizer que a mesma não dita às

empresas o desempenho ambiental que elas devem alcançar mas oferece um

sistema (carta ou protocolo de intenções) que as ajudará a alcançar suas metas

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partindo do pressuposto que uma melhor gestão ambiental levará indiretamente a

um melhor desempenho ambiental, sendo que a razão desta abordagem é a

existência de muitos pontos de vista diferentes sobre o que constitui uma boa gestão

e desempenho ambiental.

Neste contexto estão inseridos também os dirigentes das unidades

de conservação, que por razões bem conhecidas têm uma vida tão atribulada

quanto os dirigentes empresariais mais ocupados. Então, porque não aplicar sobre

as UC o conceito de qualidade total e iniciar um processo constante de avaliação da

eficácia de gestão?

Muitos são os estudos que, direta ou indiretamente, realizaram

avaliações parciais de elementos do manejo, particularmente alguns trabalhos de

planejamento abordam com certa relevância este tema. O “Projeto para elaboração

de uma plano e estratégia do sistema nacional de áreas silvestres protegidas de El

Salvador” (El Salvador, 1990), dedicou parte da investigação para saber a situação

atual das áreas baseando-se em três aspectos distintos: 1) Aspectos administrativos:

existência de organização administrativa, infra-estrutura física, capacidade do

pessoal, acessibilidade, forma, existência de serviços básicos; 2) Aspectos legais:

respaldo legal e propriedade da terra; e 3) Cooperação institucional: financiamento,

políticas, grau de conhecimento, projetos para usos alternativos.

Para a proposição do sistema de áreas protegidas de El Petén,

Guatemala, utilizou-se um processo de planejamento derivado de um amplo debate

técnico (Godoy e Castro, 1991), sendo que metodologia adotada está conformada

por vários passos lógicos no qual são analisados aspectos relevantes para a seleção

de áreas a contribuir para o desenvolvimento sustentável da região. Uma das seções

deste trabalho destina-se a análise da "viabilidade de gestão" através da avaliação e

ponderação de fatores ecológicos, institucionais, legais e administrativos. Para a

pontuação das variáveis utilizou-se uma escala com três níveis: incidência positiva

(+5), incidência neutra (0), e incidência negativa (-5), o que permitiu a integração de

resultados em uma matriz usada para determinar o valor intrínseco das áreas e o

grau de prioridade para as ações estratégicas.

Na Venezuela, Blanco e Gabaldón (1992) utilizaram um método para

determinar o grau de "sensibilidade" das áreas protegidas do sistema tendo por base

o estabelecimento de 19 variáveis chaves e critérios estritos de julgamento. As

variáveis foram ponderadas usando-se uma escala de até dez níveis e de acordo

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com o consenso de opinião dos membros da equipe de trabalho. Como os trabalhos

anteriores os resultados permitiram ao Serviço de Parques da Venezuela visualizar

quais áreas necessitavam maior concentração de esforços.

Cavalli et al. (1992) apresentaram um método para selecionar e

agrupar espaços protegidos conforme sua "funcionalidade", o que é logrado através

da verificação de um 'grid' de oito pontos distintos: lei de criação da área; existência

de órgão político-administrativo designado para fazer cumprir os objetivos de

criação; existência de estatuto de funcionamento da área; existência de

financiamento; presença de diretor; existência de organograma do pessoal;

existência de programação para a área; e realização de ações em harmonia com as

atas de criação da unidade compatíveis com o potencial da área.

Os autores citados usaram procedimentos que permitem saber se

área está sendo manejada ou não, se é viável administrativamente ou até que ponto

é importante mantê-las no sistema, não obstante não permitem saber em que

medida ou proporção estão sendo executadas as atividades de manejo.

O primeiro a elaborar uma proposta neste sentido foi Deshler (1982),

considerando três componentes básicos: cumprimento dos objetivos de manejo,

plano de manejo e uso eficiente dos recursos humanos e materiais. Ainda que o

roteiro apresentado ofereça uma riqueza considerável de variáveis e fatores a serem

medidos não explica como pontuar as variáveis e qualificar o nível de manejo.

MacKinnon et al. (1990) descrevem detalhadamente vários estudos

de caso e metodologias para uso in situ, como a comparação entre gastos e

recursos, avaliação da programação no tempo, estimativa do alcance de metas,

avaliação da efetividade dos custos, que podem ser utilizadas para a verificação da

efetividade específica do objeto sob análise. A respeito da avaliação da efetividade

do manejo, os autores proporcionam uma lista de perguntas genéricas que devem

ser complementadas com indicadores derivados dos objetivos de manejo, das

políticas institucionais e do plano de manejo da área, o que permite uma

aproximação a todos os níveis de gestão. Mas novamente aqui não se descreve os

procedimentos metodológicos para a qualificação da gestão.

Para Phillips (1993) o listado apresentado por MacKinnon et al.

(1990) é um "esqueleto" suficientemente amplo para ser utilizado como base para

um sistema de avaliação mas que havia ainda a necessidade de desenvolver uma

estrutura que permita adaptações circunstanciais, regionais e internacionais, para

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poder ser utilizada amplamente. Este autor alude sobre a necessidade urgente de se

desenvolver um sistema internacional para mensurar a efetividade do manejo, sendo

que os objetivos deste estudo deveriam apontar a: i) prover uma estrutura general

para que grupos de países ou países individuais desenvolvam seus próprios

sistemas; ii) possibilitar a coleta de dados periódicos sobre a qualidade do manejo

que permitam comparações; e iii) facilitar os esforços internacionais no sentido de

reforçar o manejo de áreas protegidas através da oferta de guías claros das

prioridades de assistência.

O procedimento inicialmente sugerido pela IUCN (1993) para estas

avaliações toma em conta os trabalhos desenvolvidos até então e propõe os

seguintes aspectos para analise: legislação, objetivos de manejo, limites, plano de

manejo, apoio local, pessoal, infra-estrutura, financiamento e retroalimentação

informativa. Além destes recomendou-se, para uma avaliação completa, a análise

dos elementos que ameaçam a integridade da área, tanto internas como externas. A

proposta considerou um sistema de ponderação e indicou a maneira de categorizar

o manejo segundo amplitudes pré-estabelecidas da pontuação final alcançada, mas

lamentavelmente não esclareceu os critérios para a valoração das variáveis. Por

outro lado recomendou avançar as pesquisas deste e outros sistemas, assim como

sua adaptação a diferentes realidades para seu refinamento.

Produzir diagnósticos eficazes e priorizar esforços faz parte das

metas da The Nature Conservancy – TNC com o desenvolvimento do projeto

Parques em Perigo, talvez o primeiro intento prático de maior vulto para se avaliar a

situação das unidades de conservação utilizando rotinas estruturadas

especificamente para isso. Em maio de 1992 em uma carta-convite dirigida a

especialistas de áreas protegidas (TNC, 1992) a organização evidenciou que “tanto

a análise qualitativa como a quantitativa são apropriadas no processo de diagnóstico

das áreas selecionadas”, emitindo um presságio dos vários trabalhos subseqüentes.

Corroborando aquela previsão Brandon et al. (1998) editaram o livro Parks in Peril:

people, politics and protected areas, onde são relatados estudos de caso e em cujos

apêndices encontra-se a relação detalhada dos 16 indicadores e critérios utilizados

(Quadro 07), cada qual ponderados sob uma escala de 1 a 5.

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Quadro 07. Indicadores usados na avaliação do impacto do manejo das UCs do Programa“Parques em Perigo” da TNC (Brandon et al., 1998).

Âmbitos IndicadoresAtividades deproteção mínima

Infra-estrutura física; Pessoal; Treinamento; Posse de terra; Análise deameaças; Status da área protegida.

Manejo a longo prazo Zoneamento da reserva e manejo de zonas-tampão; Plano de manejobaseado a longo prazo; Contribuição científica e informaçõesnecessárias; Desenvolvimento e implementação de plano demonitoramento.

Financiamento Plano de ONG’s auto-suficientes; Plano financeiro a longo prazo.Apoio local Existência de Comitês de Apoio ou Comitê Consultivo Técnico;

Envolvimento da comunidade no uso e conservação dos recursos;Desenvolvimento dos programas de conservação e Programas deeducação ambiental.

MacKinnon (1992) reporta que utilizou um questionário para

classificar a qualidade do manejo das áreas protegidas nos países Indo-Malaios

usando um sistema de pontuação com três níveis. A efetividade média da análise de

25 amostras foi somente 1.4, o que permite fazer deduções acerca da estrutura do

procedimento, que infelizmente também não é descrito no artigo.

Em seguida Faria (1993) apresentou uma metodologia destinada a

avaliar a efetividade de manejo de unidades de conservação utilizando uma série de

indicadores agrupados nos âmbitos administrativo, político, legal, planejamento,

conhecimentos, programas de manejo, usos atuais, características biogeográficas e

ameaças, segundo uma convenção do autor respaldada por farta literatura. Os

indicadores, selecionados com base nos objetivos de manejo das áreas protegidas,

são valorados quantitativamente a partir da comparação de uma situação ideal com a

situação encontrada na área, que devidamente articuladas possibilitam a obtenção de

diferentes padrões de qualidade ou cenários alternativos. Estes são associados a uma

escala de 5 níveis, de 0 a 4, onde o maior valor reflete o cenário ótimo e o menor as

condições totalmente opostas ao alcance dos objetivos de manejo da área

(Quadro 08).

Quadro 08. Escala usada para avaliar os indicadores (Faria, 1993)

PontuaçãoRelação entre situação ótima

e atual do indicador Qualidade do indicador0 0 – 35 Insatisfatório ou Padrão Muito Inferior1 36 – 50 Pouco satisfatório ou Padrão Inferior2 51 – 75 Medianamente satisfatório ou Padrão Mediano3 76 – 90 Satisfatório4 91 – 100 Muito satisfatório ou Padrão de Excelência

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A qualificação da eficácia de gestão é obtida por meio da integração

e comparação dos resultados quantitativos auferidos em uma matriz. O somatório

das maiores pontuações (4) resulta um valor designado de "total ótimo", que

corresponde a 100% do total possível de ser alcançado; por sua vez, o somatório

das pontuações alcançadas a partir da análise da situação atual dos indicadores

resulta um valor cunhado como "total alcançado". Comparando-se

proporcionalmente estas duas grandezas obtém-se uma quantidade em

porcentagem, que correlacionada a uma escala de valoração define o nível de

qualidade do manejo em conformidade com a escala de valoração do Quadro 09.

Trabalhando-se com um sistema de unidades determina-se o nível de aplicação de

políticas e a eficácia da gerência institucional usando-se o mesmo raciocínio.

Quadro 09. Escala para qualificação da eficácia da gestão (Faria, 1993).% do

total ótimoNível de

Qualidade do manejo Significado geral≤ 35% Insatisfatório Faltam muitos elementos para o manejo e essa situação

não garante a permanência da unidade a longo prazo, oque obriga a instituição envidar maiores esforços nomanejo da mesma. Nas atuais condições, os objetivos nãosão alcançáveis.

36 - 50 Pouco Satisfatório Há recursos para o manejo, mas a área é vulnerável afatores externos e/ou internos em razão de haver somentemeios mínimos disponíveis para o manejo. Algunsobjetivos primários podem não ser atingidos.

51 - 75 MedianamenteSatisfatório

A unidade apresenta deficiências que não proporcionamuma sólida base para o manejo efetivo, podendo nãoserem atendidos alguns dos objetivos secundários.

76 - 89 Padrão Satisfatório Os fatores e meios para o manejo existem e as atividadesessenciais são desenvolvidas normalmente, tendendo oconjunto em direção ao logro dos objetivos da unidade.

≥ 90% Muito Satisfatório A área possui todos os componentes-chave para o efetivomanejo, porquanto ele é realizado, podendo absorverdemandas e exigências futuras sem comprometer aconservação dos recursos protegidos. O cumprimento dosobjetivos está assegurado.

A metodologia estruturada por este último autor passou a ser utilizada

em vários lugares da América Latina, com maiores ou menores ajustes e inclusão de

novos e específicos indicadores. Na Costa Rica, Izurieta (1997) concluiu que o

procedimento adequava-se a qualquer tipo de categoria de manejo, desde que os

indicadores fossem revistos e adaptados às condições de cada área ou sistema

analisado, aspecto que o induziu a introduzir indicadores para avaliar as ações da

administração nas zonas de influência das unidades da Área de Conservação OSA,

com oito UCs, do Serviço de Parques Nacionais da Costa Rica.

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No Parque Nacional Galápagos os técnicos incluíram a participação

efetiva de atores chave e os resultados da avaliação do manejo permitiram identificar

os problemas mais críticos e propor as ações pertinentes no novo Plano de Manejo

(Cayot e Cruz, 1998). Por sua vez Soto (1998) testou o procedimento usando todos os

indicadores e separando-os dos de caráter qualitativo, reportando não haver diferenças

significativas na qualificação final do manejo das áreas avaliadas, evidenciando assim

a minimização da subjetividade ao se avaliar indicadores de caráter qualitativo.

Ainda neste contexto, Faria (1997) aplicou formulários à distância

usando os mesmos indicadores do seu trabalho original e obteve uma visão global

do subsistema diagnosticado e evidencias dos pontos fortes, das debilidades e das

ameaças externas e internas das áreas, no entanto não obteve amostras suficientes

para comprovar a possibilidade e idoneidade do emprego de formulários.

Correau (1999) relata os trabalhos desenvolvidos na América

Central, que visaram diagnosticar os avanços e dar seguimento nas ações de

manejo das unidades de conservação da região, cujo sistema de avaliação

assemelha-se ao método TNC, porém com a inclusão de algumas características da

metodologia apresentada por Faria (1983), como por exemplo a subdivisão em

critérios, fatores e âmbitos e a utilização de padrões de referencia para a

quantificação e qualificação dos indicadores e do manejo.

O autor apresenta uma estratégia de monitoramento das UCs da

América Central calcada nas seguintes características: que o procedimento seja

simples, de baixo custo, com capacidade de ser refinada e melhorada com o tempo,

ser aplicável em qualquer unidade de conservação e promova a excelência em

conservação. Neste continente as iniciativas estão bastante avançadas haja vista a

variedade de trabalhos desenvolvidos (Costa Rica, 1999; Mena e Sierra, 1999; Mena

e Artavia, 2000), onde inclusive já despontam propostas para a certificação de áreas

protegidas (PROARCA/CAPAS, 2000a; PROARCA/CAPAS, 2000b).

Com a finalidade de consolidar os esforços de monitoramento nos

países da América Central, a partir de um workshop reunindo vários especialistas

Corrales (2000) apresentou uma versão que, além de proporcionar resultados por

Área Protegida, fornece também resultados por Região Florestal, Categoria de

Manejo ou informações de todo o Sistema de Áreas Protegidas de um país. O

método consta de 42 indicadores agrupados em 18 fatores e estes, por sua vez, em

5 âmbitos. Aos indicadores são atribuídos valores (1, 2, 3, 4, 5) que são obtidos

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através de avaliações de campo. Tais valores correspondem a uma porcentagem

(0, 25%, 50%, 75%, 100%, respectivamente), permitindo posterior comparação entre

os indicadores.

No Brasil o Fundo Mundial para a Natureza, WWF (1999), realizou o

primeiro estudo qualitativo e quantitativo de avaliação das unidades de conservação

de uso indireto federal a partir de uma variação do procedimento de Faria (1993),

avaliando 13 indicadores mediante a aplicação de formulários junto aos diretores

das áreas, procurando-se definir o grau de implementação e a vulnerabilidade das

unidades. Oito indicadores serviram de base para a determinação do grau de

implementação e outros 5 contribuíram para a determinação do grau de

vulnerabilidade das unidades. Cada indicador contempla um jogo de condições

associadas a uma escala básica de 0 a 4 à qual se associam equivalências

porcentuais de 0-29%, 30-49%, 50-69%, 70-89% e 90-100%.

Desde 1997 a Comissão Mundial para as Áreas Protegidas da UICN

envida esforços para o estabelecimento de pautas de referência para medir a

efetividade do manejo, considerando as recomendações do 4o Congresso Mundial

de Áreas Protegidas, que apontou a necessidade de instrumentos desta natureza

em nível mundial, fundamentalmente visando a uniformização de linguagens. A

publicação intitulada “Evaluation Effectiveness: A framework for assessing the

management of Protected Areas” (IUCN, 2000a), o mais completo material sobre o

assunto, sugere que o processo de monitoramento e a avaliação do manejo de AP

requer que uma série de questões sejam respondidas relacionadas a:

Contexto - O que somos? Esta análise não faz parte direta do processo de

avaliação do manejo mas é importante por permitir uma visão do enfoque

administrativo dado à UC ou ao Sistema, a missão e as diretrizes para a

gestão das áreas protegidas, bem como a representatividade biológica,

importância social, ameaças e vulnerabilidade das áreas protegidas.

Planejamento e desenho - O que se deseja e como serão alcançados os

objetivos propostos pode ser respondido mediante a avaliação de planos

de manejo e de sistemas, planos de metas e planos estratégicos

institucionais. Entretanto algumas respostas podem ser obtidas ao se

avaliar, por exemplo, o tamanho das unidades em relação à possibilidade

de se conservar uma população animal geneticamente viável à sua

conservação.

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Entradas (inputs) - Quais são as necessidades? Refere-se à avaliação de

variáveis relacionadas ao capital investido no manejo, recursos humanos,

equipamentos em geral, infra-estrutura, etc. e como elas se adequam em

relação ao alcance de objetivos de manejo das áreas.

Processo - Como são conduzidas as atividades diárias das áreas

protegidas? Refere-se à suficiência dos procedimentos administrativos

para o Sistema ou áreas isoladas como por exemplo os tramites

burocráticos, canais de comunicação dentro da área, estratégias de

treinamento, pesquisa e monitoramento, sistemas de manutenção de

equipamentos, etc.

Produtos (outputs) - O que foi realizado e que produtos ou serviços foram

produzidos? cujas respostas são obtidas na medida que são avaliados os

programas de gestão por exemplo.

Resultados (outcomes) - O que foi alcançado? O enfoque está dirigido a

saber se a administração teve êxito em relação aos objetivos de manejo

segundo as metas traçadas de curto e médio prazos, a integridade da

área, participação e benefícios às comunidades, etc.

Tomando por base a estrutura metodológica de Faria (1993) e seu

desenvolvimento progressivo, Cifuentes, Izurieta e Faria (2000) produziram o manual

Medición de la Efectividad del Manejo de Áreas Protegidas, apresentando uma

diversidade de indicadores já testados em campo agrupados em diferentes nos

âmbitos da gestão. O trabalho consolida uma metodologia eficaz e simples, passível

de ser adotada para avaliar a gestão de qualquer categoria de manejo, permitindo

comparações entre as unidades avaliadas. Vale dizer que esta metodologia foi

considerada a mais detalhada e sofisticada dos procedimentos que utilizam

indicadores e scores (Hockings, 2000), e provavelmente a mais amplamente

utilizada até o momento.

Na esteira dos processos de avaliação da gestão das UCs e das

ações empresariais visando a conquista de novos mercados, recentemente surgiram

rotinas metodológicas dirigidas à certificação da gestão das UCs (Padovan, 2001),

uma temática todavia nos primórdios de uma discussão mais séria e abrangente

tendo em vista ser um processo voluntário e ser conduzido por pessoal externo

(auditores), fato que envolve um custo que não se sabe o valor mas ainda bastante

distante da realidade brasileira.

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2.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO

2.5.1 A representação das UCs paulistas

O Estado de São Paulo apresenta hoje somente 13,4% do território

total com cobertura florestal natural, sendo que as terras do interior, principalmente

no oeste, são ocupadas por grandes extensões de pastagem com baixa

produtividade, onde inclusive as áreas de preservação permanente não foram

respeitadas. A região ocidental do Estado é, sem dúvida, a mais devastada, com

menos de 6% de cobertura florestal, dispersos em pequenos fragmentos (Kronka et

al., 1993).

O recém publicado Atlas das Unidades de Conservação Ambiental

do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2000) considera que o Estado alberga hoje

141 áreas especialmente protegidas nos níveis federal, estadual e municipal,

distinguindo-as em unidades de Proteção Integral e de Uso Sustentável, sendo o

primeiro grupo integrado pelas Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os

Parques Nacionais e Estaduais e o segundo as Áreas de Proteção Ambiental, as

Áreas de Relevante Interesse Ecológico e as Florestas Nacionais. Considera ainda

outros espaços protegidos decorrentes de diplomas legais como as Áreas Naturais

Tombadas, Áreas sob Proteção Especial, os Parques Ecológicos, as Reservas da

Biosfera da Mata Atlântica e do Cinturão Verde de São Paulo, as Reservas

Estaduais, os Sítios do Patrimônio Mundial Natural e as Terras Indígenas. Ao todo

discrimina 15 categorias de gestão sob diversos regimes administrativos.

Vale dizer que o Atlas considera várias áreas cujas categorias não

são contempladas pelo SNUC, além de contém uma série de sobreposições físicas

entre diferentes categorias de gestão, criando a falsa impressão de que a superfície

protegida seja grande. Por outro lado, apesar de relacionar as Florestas Nacionais

de Capão Bonito e Ipanema, que possuem a maior parte de suas áreas tomadas por

espécies exóticas, não incluiu as Estações Experimentais e Florestas Estaduais

gerenciadas pelo Estado, sendo que somente o Instituto Florestal de São Paulo

detém 35.011,33ha e 13.026,94ha respectivamente (ATP/IF, 2000b).

O universo das Unidades de Conservação estaduais paulistas

considerado no trabalho Diagnóstico - Unidades de Conservação (Brito et al.., sd)

soma 85 áreas que totalizam 897.121,70ha. O trabalho exclui as Áreas de Proteção

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Ambiental mas considera algumas categorias não enquadradas na legislação

específica, tais como Parque Ecológico, Viveiro Florestal e Horto Florestal. Já Costa

(1998) reporta em seu estudo que segundo o IBGE o Estado de São Paulo possuía

em 1997 61 parques e reservas com um total de 905.045ha, ou 3,64% de superfície

protegida.

O 1o Relatório Nacional para a Convenção sobre a Diversidade

Biológica (BRASIL, 1998) informa que, devidamente enquadradas pelo SNUC, São

Paulo albergava em 1998 56 UCs de proteção integral e 32 de uso sustentável,

cujas áreas correspondiam a 838.163ha e 1.824.949ha respectivamente. Por outro

lado, relatórios do projeto “Áreas especialmente protegidas no Estado de São Paulo:

Levantamento e Definição de Parâmetros para Administração e Manejo” (Fundação

Florestal, 2000), afirma que o Estado possui em seu território 213 áreas

especialmente protegidas, distribuídas em 3.578.932,76 hectares sob 23 diferentes

categorias de manejo.

Nota-se que a quantidade e as categorias das unidades de

conservação variam de acordo com o enfoque do trabalho, não havendo uma

padronização até que se estabeleça um efetivo Sistema Estadual de Unidades de

Conservação, fato discutido e reforçado por Silva (1999). Mesmo as listas oficiais

carecem de padronização pois em algumas aparecem e em outras são

desconsideradas. Entretanto, deve-se considerar o fato incontestável de que

historicamente e na atualidade cabe ao Instituto Florestal de São Paulo (Figura 02),

órgão vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, resguardar a maior parte

das reais unidades de conservação do Estado, respondendo por 103.529,99ha de

Estações Ecológicas e 690.532,96ha em Parques Estaduais, totalizando ao menos

794.062,95ha de áreas protegidas dedicadas à proteção estrita da natureza, além

das já citadas UCs de uso sustentável (ATP/IF, 2001a).

No âmbito estadual já existem alguns estudos para a elaboração de

um Sistema de Unidades de Conservação - SEUC, entretanto até a presente data

poucos avanços aconteceram no sentido de concretizar tal proposta. Em 1998 o

Programa Estadual para a Conservação da Biodiversidade-PROBIO veiculou junto à

comunidade técnico-científica um documento intitulado Proposta para Discussão do

Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SMA, 1998b), apresentando uma

mesclagem de vários estudos relacionados ao planejamento de sistemas e uma

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tabela comparativa entre as proposições do então Projeto de Lei 2.892/92 que

visava a criação do atual SNUC e uma primeira versão do SEUC.

Naquele então pretendia-se a participação espontânea da

comunidade técnica tendo como objetivo maior uma proposta concensual que

culminasse na aprovação de um Decreto que criasse o SEUC. Ao que parece as

acaloradas discussões nacionais sobre as características do SNUC, se mais ou

menos conservacionista, provavelmente sofrearam as discussões no Estado, sendo

que na atualidade as organizações estão mais preocupadas com a regulamentação

da Lei 9985/2000.

Apesar de na atualidade existir algum disciplinamento no que tange

à criação de UCs no Brasil, cujos estudos imperam desde fins da década de 70

quando o Plano de Sistemas de Unidades de Conservação do Brasil-2a Etapa

adotou a Teoria dos Refúgios do Pleistoceno como base para a seleção de áreas a

serem protegidas (BRASIL, 1982; Jorge Pádua, 1997), o fato é que as unidades de

conservação do país e do estado são ainda insuficientes em área e

representatividade ecológica, considerando as recomendações internacionais de se

conservar no mínimo 10% do território como unidades de conservação de proteção

integral.

Embora não existam trabalhos com a devida acurácia metodologica

para dirimir sobre a representatividade ecológica das unidades de conservação, é

sabido que dentre os biomas o que possui menor representação é o Cerrado, cujos

remanescentes cobrem 280.000ha no Estado, os quais somente 25.000ha estão

protegidos na forma de Unidades de Conservação, incluindo algumas unidades

dedicadas ao conceito de uso sustentável, tais como as Areas de Proteção

Ambiental e as Estações Experimentais (SÃO PAULO, 1997a). É sabido que as

paisagens preservadas nas áreas protegidas paulistas albergam uma diversidade

ecológica, biológica e genética supra importante para o desenvolvimento científico e

econômico, seja pela proteção de inúmeras espécies ameaçadas de extinção,

manguezais produtores de vida marinha, contenção de encostas da Serra do Mar

que evitam a erosão e o conseqüente assoreamento de rios, seja pela produção de

água em quantidade e qualidade essenciais a inúmeros processos produtivos.

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2.5.2 Os problemas das UCs paulistas

A maioria das unidades de conservação do Estado atravessam uma

situação problemática e já conhecida pela comunidade técnico-científica,

fundamentalmente pela carência generalizada de pessoal e um adequado esquema

de financiamento operacional, questões que se acirram na medida que são criadas

novas UCs e o Estado se retrai desta obrigação constitucional (CONCITE, 1997;

Tomazela, 2001). A questão fundiária é um problema antigo de grande parte das

Unidades de Conservação situadas na região Litorânea, Serra do Mar e Serra da

Paranapiacaba. Estimativas de órgãos de governo apontam que aproximadamente

35% do total da área coberta pelas UCs de proteção integral ainda precisam sofrer

processo de desapropriação (Brito et al., sd).

Um estudo empreendido pelo Instituto Florestal em 1995 detectou

que havia cerca de 8.000 famílias residentes no interior das UCs localizadas no Vale

do Ribeira e Litoral, sendo que algumas destas já habitavam aquelas áreas antes de

serem decretadas como Parques ou Estações Ecológicas, excetuando o Núcleo

Cubatão do P.E. da Serra do Mar e P.E. de Jacupiranga, os quais apresentavam

elevada concentração de invasores e especuladores, com cerca de 75% do total

existente (IF, 1995). Recentemente veiculou-se em jornal de ampla circulação

informações sobre a grave ameaça que ronda os parques daquela região,

enfocando as atividades ilegais de caça, extração de palmito, abertura de estradas

irregulares e, sobretudo, o avanço da especulação imobiliária sobre as matas nativas

integrantes do P.E. Serra do Mar, trazendo inclusive flagrantes fotográficos de

imensas clareiras na floresta e bairros inteiros invadindo os limites do parque

(Lemos, 2001).

Segundo (Brito et al., sd), o quadro atual contêm uma série de

combinações no que se refere à situação dominial das Unidades de Conservação,

tais como: i) Unidades de Conservação que são totalmente regularizadas, sendo

suas terras de domínio público; ii) Unidades de Conservação totalmente não

discriminadas, cujas terras não se conhece a dominialidade; iii) Unidades de

Conservação parcialmente discriminadas; iv) Unidades de Conservação que se

encontram totalmente discriminadas, em processo de regularização fundiária; e v)

Unidades de Conservação onde o processo de regularização está sendo revisto. A

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autora informa ainda que há uma estimativa de órgãos governamentais apontando

que aproximadamente 35% do total da superfície das unidades de proteção integral

precisam passar pelo processo de desapropriação. Em recente palestra proferida

pelo Diretor Geral do IF soube-se que dos 794.062,95ha dos parques e estações

ecológicas somente 158.812,59ha, ou 20% do total, estão com as condições

fundiárias legitimadas (Bucci, 2000).

Grandes e importantes unidades como os P.E. da Serra do Mar e

seus Nucleos de manejo, P.E. Jacupiranga, PETAR, P.E. Carlos Botelho e a

Estação Ecologica Jureia-Itatins possuem graves problemas neste sentido, sendo

que para algumas não se sabe com exatidão como se encontram (Quadro 10). Por

sua vez as unidades de uso sustentável possuem a totalidade de suas áreas com

situação dominial resolvida, mas a ausência de políticas para o setor reflete-se, por

exemplo, na falta de solução para os problemas vivenciados pelas unidades de

conservação invadidas por movimentos sociais, como é o caso da Floresta Estadual

de São Simão e Perdeneiras, ou as invasões dos Parques Estaduais da Ilha do

Cardoso, Intervales e Estação Ecológica da Juréia-Itatins por indígenas (Jorge

Pádua, 2001).

Quadro 10. Situação de algumas UCs de São Paulo quanto à demarcação e situaçãofundiária

Unidade Área% do

perímetrodemarcado

% da área comsituação fundiária

solucionadaEEc. Juréia-Itatins 79.270,00 0 1P.E. Campina do Encantado 2.359,50 0 100E.Ec. Chauás 2.699,60 80 95P.E. Ilhabela 27.025,00 50 ?P.E. Jacupiranga 150.000,00 80 ?P.E. Juquery 1.927,70 0 100P.E. Jurupará 26.250,47 0 ?P.E. Marinho da Laje de Santos 5.000,00 0 100P.E. Serra do Mar 315.390,69 10 30P.E. Turístico do Alto Ribeira 35.884,28 70 60P.E. Xixová-Japuí 901,00 4,5 70

Fonte: ATP/IF, 2000b

As maiores áreas protegidas do Estado, e que inclusive constituem

grandes contínuos ecológicos, situam-se ao longo do Litoral, Vale do Ribeira, Vale

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do Paraíba e Região Metropolitana da Capital, regiões que abrigam a Reserva da

Biosfera da Mata Atlântica e Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo,

designadas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (ATP/IF, 2000a). Nesse

contexto estão inseridas várias UCs, de diferentes jurisdições e categorias de

manejo, que foram analisadas por Georgiadis e Campello (1999) tendo como pano

de fundo o enfoque da gestão bioregional. Neste sentido tomaram como área física

da analise o corredor biológico da Serra do Mar nos Estados de Rio de Janeiro, São

Paulo e Paraná, nos quais de uma maneira geral as áreas protegidas apresentavam

vários problemas para a sua efetiva existência, gestão e consolidação. Os que mais

se destacaram, segundo os autores, foram recursos financeiros inadequados; falta

de apoio público dirigidas às organizações e a própria debilidade das instituições.

Ao discorrer sobre o apoio público às UCs os autores dirigem a

analise para um ambiente no qual prevalece o utilitarismo das áreas protegidas, a

serviço do ecoturismo e do uso público, que abençoados são considerados a

panacéia para um maior apoio local. Afirmam que as UCs da região da Serra do Mar

recebem pouco apoio da comunidade pois a maioria das unidades não possuem

instalações adequadas para receberem visitantes ou estão fechadas a este tipo de

uso. Apontam como causa da debilidade das instituições a excessiva ingerência

política sobre elas, os baixos salários que impedem recrutamento de pessoal com

maiores capacidades e habilidades profissionais, o excesso e a rigidez dos

procedimentos burocráticos, uma cultura institucional que não valoriza

adequadamente o pessoal de campo, o excesso de pessoal nas agencias centrais, a

utilização ineficiente dos recursos humanos e dos recursos em geral e a baixa

capacitação do pessoal. Pecam na generalização das afirmações por não

apresentarem em que magnitude e jurisdição isto ocorre.

Faria (1997) avaliando a efetividade de manejo de 8 UCs

administradas pelo Instituto Florestal mediante o uso de questionários à distância

apontou os pontos fortes, as debilidades e as ameaças existentes nestas áreas,

conforme apresentado no Quadro 11. O autor denota que apesar da instituição

responsável pela gerência possuir vários pontos favoráveis, forjados na sua

reconhecida tradição de manejar os recursos naturais, o conjunto das áreas revela a

falta de compromisso governamental para com a efetiva conservação do patrimônio

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natural, em razão das debilidades e ameaças estampadas. As áreas protegidas do

Estado mais rico da nação, e de extrema importância para a conservação da

biodiversidade, careciam dos mínimos recursos para um efetivo manejo, concluindo-

se que a grande ameaça é o gradativo afastamento do Estado das suas obrigações

fundamentais contempladas inclusive na própria Constituição Estadual.

Quadro 11. Debilidades, ameaças e problemas de oito áreas protegidas de São Paulo.

Característica Situação nas unidades de conservação estudadas*

Pontos fortes Instrumento legal de criação das unidades e o conjunto de leis incidentes sobreas mesmas;Tamanho e grau de isolamento condizentes com os objetivos de manejo;Razoável nível de informações essenciais ao manejo;Qualidade dos funcionários existentes quanto ao conhecimento de suasfunções, atitudes pessoais, autoridade e motivação;Existência de normas para as atividades administrativas e dos usos existentes;Parcial apoio da comunidade à área;Compatibilidade dos usos com as respectivas categorias de manejo.

Debilidades Dotação orçamentária insuficiente;Salários aquém do nível de responsabilidade dos funcionários;Ineficácia dos planos de carreira, principalmente para os de níveis inferiores;Inexistência de um programa institucional de capacitação; Quantidade depessoal insuficiente;Pouco apoio técnico, político e/ou financeiro de organizações externas aomanejo;Inexistência ou desatualidade de planos de manejo;Não implementação dos Planos de Manejo.

AmeaçasInternas

Insuficiência de recursos humanos e financeiros, falta de seguimento dosplanos de manejo, indefinição de problemas fundiários, falta de políticas paraturismo nas unidades de conservação.

AmeaçasExternas

Expansão urbana, especulação imobiliária, ocupação humana, caça,incêndios, crescimento do setor turístico e turismo desordenado, pobreza.

*P.E. Campos do Jordão, P.E. Ilha Anchieta, P.E. Núcleo Curucutu da Serra do Mar, E.Ec.Itirapina, E.Ec. Santa Bárbara, E.Ec. Juréia-Itatins, P.E. Morro do Diabo e EstaçãoExperimental de Paraguaçu Paulista.Fonte: Faria (1997).

Indicadores de Desempenho Institucional I, concebido pelo Conselho

Científico e Tecnológico do Estado de São Paulo (CONCITE, 1997) é o documento

que melhor retrata a situação das UCs de São Paulo que, apesar de estar

direcionado ao diagnóstico organizacional do Instituto Florestal, abordou justamente

o órgão que detém maior responsabilidade sobre o conjunto das áreas protegidas do

Estado, o Instituto Florestal. O estudo foi empreendido por pessoal interdisciplinar e

traz com clareza informações, então atualizadas, que permitem estabelecer o perfil

institucional, seus pontos positivos, negativos e os problemas vivenciados pelas

unidades de conservação administradas pelo órgão.

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Dentre as áreas protegidas estaduais algumas se destacam ao

apresentarem uma situação de gestão diferenciada da realidade geral, sendo o

Parque Estadual Intervales, gerenciado pela Fundação Florestal, o melhor

representante devido as suas qualidades administrativas, cujo cenário em nada se

assemelha às demais unidades do sistema. Possui um excelente e estável

orçamento, sede administrativa completa dotada dos equipamentos necessários,

hospedarias e alojamentos de elevado padrão e funcionários em quantidade e

qualidade muito satisfatória. Possui trilhas interpretativas guiadas por pessoal

capacitado e atividades programáticas de interpretação e educação ambiental, além

de um bom inventário de recursos embutido em algum mecanismos de fomento à

pesquisa científica (Fundação Florestal, 2001). Apesar disso é uma área sob a

ameaça constante de palmiteiros e caçadores, tal quais outras UCs da região.

Certo é que as dificuldades para se manejar adequadamente as

UCs tem motivado iniciativas direcionadas a explorar as debilidades das

organizações estatais, como a que propôs a criação de um Serviço de Parques

Estaduais (Campos et al., 1997) como sendo a solução de todos os problemas das

áreas protegidas paulistas. A proposta admite a necessidade de se implementar os

estudos para a viabilização do Sistema Estadual de Unidades de Conservação, algo

realmente urgente e extremamente necessário, mas denota uma análise pouco

profunda ao menosprezar as unidades de uso sustentável, estações experimentais e

florestas de produção sob a égide do Instituto Florestal, o que denota o

desconhecimento do que venha a ser realmente um ‘sistema’ de unidades.

Dois anos depois, os mesmos autores voltam à carga defendendo a

criação de um ‘programa’ de proteção da fauna silvestre em São Paulo juntamente

com a criação do Serviço Estadual de Parques (Campos et al., 1999), novamente

carecendo de uma análise mais participativa e envolvente, pois ao mesmo tempo

que discorre sobre a urgência de criar um Serviço de Parques indica,

antagonicamente, que o ‘programa de fauna’ deve ser inicialmente implantado junto

ao ‘órgão executivo estadual responsável pelas unidades de conservação estrita’, o

próprio Instituto Florestal que propõem transformar em Serviço de Parques,

apontando para a possibilidade do ‘programa’ constituir-se futuramente em uma das

Divisões do Instituto.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

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3.1 MATERIAL

Serviram de base para o presente estudo 59 Unidades de

Conservação do Estado de São Paulo gerenciadas pelo Instituto Florestal: 28

Parques Estaduais, 12 Estações Ecológicas, 01 Reserva Estadual, 02 Florestas

Estaduais, 15 Estações Experimentais e 01 Horto Florestal. O Quadro 12 apresenta

a localização geográfica dessas áreas e a Figura 3 a sua representação e

distribuição espacial no território paulista.

Para as reuniões coletivas de avaliação, ou oficinas de avaliação,

foram convidadas todas as unidades de conservação administradas pelo Instituto

Florestal, além do Parque Estadual Intervales administrado pela Fundação Florestal.

Dessas reuniões participaram representantes de 56 unidades. Além destas áreas,

investigou-se também o diretores do Núcleo São Sebastião do Parque Estadual da

Serra do Mar, Parque Estadual de Jacupiranga e do Parque Estadual da Ilha do

Cardoso.

As 59 unidades de conservação que participaram deste estudo estão

citadas no Apêndice B, que também traz os nomes dos técnicos participantes e

outras características relevantes desses sítios. Vale ressaltar que a pesquisa

abarcou 69% das unidades administradas pelo Instituto Florestal e 90% da

superfície total sob proteção institucional, representando 782.622,25ha.

Deve-se explicar que nesta pesquisa as Estações Experimentais

gerenciadas pelo Instituto Florestal foram consideradas também como unidades de

conservação, inseridas no contexto das Unidades de Conservação de Uso

Sustentável (UCUS), ainda que assim não sejam consideradas por alguns técnicos e

especialistas, apesar da Lei 9.985/2000 – SNUC possibilitar a sua reclassificação

segundo estudos dirigidos para o reenquadramento dessas áreas às categorias e

aos objetivos de manejo definidos pelo Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (BRASIL, 2000), tarefa que de factível e relevante foi iniciada no

âmbito do Instituto Florestal em meados de 20021.

1 Decreto No 47.096, de 18 de setembro de 2002, que amplia a Estação Ecológica de Jataí; DecretoNo 47.097, de 18 de setembro de 2002, que amplia a Estação Ecológica de Assis; Decreto No 47.098,de 18 de setembro de 2002, que transforma a Estação Experimental de Assis em Floresta Estadualde Assis; Decreto No 47.099, de 18 de setembro de 2002, que transforma a Estação Experimental dePederneiras em Floresta Estadual de Pederneiras. Diário Oficial do Estado. 19 de setembro de 2003.Seção I, páginas 2 a 5.

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Para as oficinas de avaliação produziu-se um questionário objetivo

para maior fluidez dos trabalhos coletivos, o que também foi usado nas visitas

técnicas como roteiro de investigação. O questionário foi elaborado tendo por base

os indicadores e descritores de qualidade expostos no item 3.2.2 mais adiante.

Para a verificação das características gerais da paisagem

circundante das unidades visitadas, fundamentalmente estado dos ecossistemas,

bem como para cotejar a forma e insularidade dessas UCs à pontuação auferida aos

respectivos indicadores pelos diretores das áreas, usou-se, além da observação de

campo, imagens orbitais LANDSAT 5 TM do banco de imagens da Seção de

Inventário Florestal do Instituto Florestal, devidamente adaptadas por Sério2 .

3.2 MÉTODOS

Para alcançar os objetivos deste projeto usou-se como referência

básica a metodologia elaborada originalmente por Faria (1993), que foi

posteriormente melhorada por outros pesquisadores e publicada na forma de

manual por Cifuentes, Izurieta e Faria (2000). Este manual é dirigido à auto-

avaliação a ser praticada pelos diretores e/ou técnicos de dada área protegida,

contemplando assim algumas etapas essenciais para quando o procedimento é

aplicado sobre uma ou um grupo de UCs.

Esta metodologia pressupõe o uso de indicadores previamente

selecionados, em consonância com os objetivos de manejo das categorias de

gestão das unidades a serem avaliadas, construção de cenários ótimos e atuais

para cada indicador e associação dos mesmos a uma escala padrão (Quadro 13).

Os indicadores são qualificados tomando-se por base os cenários delineados, os

critérios estabelecidos para a avaliação dos indicadores e uma escala padrão para

sua quantificação, na qual o maior valor corresponde à melhor situação concebida,

o "cenário ótimo", e o menor à pior situação possível de ocorrer no sistema, aquela

totalmente em conflito com a gestão da unidade.

2 Sério, Francisco Correa. 2001. Sobreposição dos limites georeferenciados das unidades deconservação sobre imagens orbitais do estado.

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88

Quadro 13. Escala para pontuação dos indicadores.

Pontuação Relação entre situaçãoótima e atual do indicador

0 ≤ 351 36 – 502 51 – 753 76 – 904 ≥ 91

A determinação da eficácia de gestão é obtida mediante a

integração e comparação dos resultados quantitativos auferidos, sintetizados em

uma matriz de dupla entrada, tais quais as apresentadas nos Resultados desta

Tese. O somatório das maiores pontuações possíveis de serem atribuídas a cada

indicador (valor 4) resulta um valor chamado de "total ótimo", que corresponde a

100% do total possível de ser alcançado; por sua vez, o somatório das pontuações

alcançadas a partir da análise da situação atual dos indicadores resulta um valor

designado como "total alcançado". Comparando-se proporcionalmente estas duas

grandezas obtém-se um valor em porcentagem, que correlacionada a uma escala de

valoração define o nível de qualidade do manejo. Para um sistema de unidades

determina-se o nível de aplicação de políticas e a eficácia da gerência institucional

através do mesmo raciocínio.

O procedimento original foi desenvolvido usando-se como material

de estudo áreas protegidas de proteção integral, mas ainda que Faria (1993),

Izurieta (1997) e Soto (1998) tenham concluído que pudessem aplicá-lo sobre

qualquer categoria de gestão esses autores usaram somente categorias de gestão

voltadas à conservação estrita. Ou seja, para a aplicação sobre categorias de gestão

de uso sustentável seria necessário a estruturação de indicadores voltados a essas

unidades, o que se realizou através de um teste abarcando algumas dessas

unidades de conservação, como veremos mais adiante.

O fluxograma geral da aplicação deste procedimento à realidade

paulista está esboçado na Figura 04.

Um dos aspectos dissimiles entre esta pesquisa e as anteriormente

realizadas reside no fato de os autores não terem dado a devida atenção ao

estabelecimento de um perfil institucional, um marco de políticas mediante o estudo

e descrição detalhada da situação da organização responsável pelas UCs, o que no

presente caso se insere na etapa dedicada à obtenção de informações secundárias

e primárias.

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Figura 04. Fluxograma geral da aplicação do procedimento destinado à avaliação da eficáciade gestão de unidades de conservação, adaptado de Faria (1993) e Cifuentes,Izurieta e Faria (2000).

3.2.1 Marco Institucional

O procedimento divulgado por Cifuentes, Izurieta e Faria (2000) não

propõe a necessidade de se estabelecer um marco ou uma visão da organização

responsável pelas áreas protegidas, provavelmente por enfocarem o processo de

avaliação sobre uma ou poucas unidades de conservação. Na presente pesquisa

isto foi imprescindível dada a quantidade de unidades amostrais e a diversidade de

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situações possíveis de serem encontradas durante o processo de avaliação, sendo

que o estabelecimento deste perfil institucional permite homogeneizar a linguagem e

informações primárias e secundárias relevantes para esclarecer algumas

circunstancias que se apresentem no campo.

Para este mister foram revisados documentos de diversas origens,

além de informações primárias obtidas de reuniões e entrevistas com técnicos e

dirigentes da Instituição. Também foram importantes as discussões travadas entre e

com os técnicos nas ‘oficinas de avaliação’, pois nestes espaços as pessoas se

encontravam libertas de receios e distantes dos seus chefes imediatos e mediatos.

As informações secundárias já existiam, no entanto alguns dados

foram de difícil consecução ainda que fossem públicos haja vista que se encontram

fragmentadas em razão dos diferentes estilos gerenciais havidos na organização nos

últimos anos, fato que resultou na completa desfiguração dos setores internos que

deveriam funcionar como fontes naturais de informações.

O ideal seria discorrer sobre as diretrizes institucionais para a

administração e manejo das áreas protegidas, entretanto isto não foi possível em

razão da organização atravessar um momento político delicado por não haverem

essas pautas tão esclarecidas como deveria. O que se delineou não é exatamente o

perfil institucional, algo que melhor seria executado mediante um grande e

envolvente processo de discussão para elucidar as indagações e preencher as

lacunas existentes. O que se obteve foi mais uma aproximação ao estado geral da

organização, o que de uma maneira muito clara permitiu vislumbrar e ter uma

expectativa do que acontece no campo.

3.2.2 Seleção de indicadores e agrupação em âmbitos de gestão

A seleção e as agrupações dos fatores ou indicadores incidentes na

gestão das áreas protegidas, designado âmbito no procedimento original, além de ser

um requerimento metodológico é uma maneira de facilitar a análise do sistema. No

presente caso os indicadores foram estabelecidos pelo pesquisador, que procurou

ajusta-los e ordena-los aos objetivos da presente pesquisa, tomando por base os

trabalhos de Faria (1993), Faria (1997), Izurieta (1997), WWF (1999), Cifuentes,

Izurieta e Faria (2000) e IUCN (2000). Procurando novas contribuições fez-se contato

também com o Grupo Costeiro Marinho da UICN-Brasil, que proporcionou cópia do

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documento Workshop Avaliação e Ações Prioritárias para a Zona Costeira e

Marinha: Relatório do Grupo Temático Unidades de Conservação, que trazia

algumas sugestões de indicadores, entretanto já contemplados nos trabalhos

revisados.

Um exercício de avaliação realizado em 1998 abarcando 12 unidades

de conservação, conforme os dados apresentados no Apendioce A, serviu para testar

a base principal dos indicadores considerados na presente pesquisa3. Esses dados

foram obtidos por uma equipe de quatro técnicos mediante a realização de visitas in

locu àquelas unidades de conservação, com observações de campo e entrevistas

formais com os diretores e funcionários das mesmas. Só não foi possível mensurar

aqueles indicadores para o qual foi impossível obter informação ou que simplesmente

não incidiam sobre as unidades visitadas.

Neste ajuste metodológico, os componentes da gestão, ou âmbitos,

usados e apresentados por Cifuentes, Izurieta e Faria (2000) foram rearranjados de

acordo com uma convenção assumida pelo pesquisador-autor, principalmente em face

da necessidade de sintetizar ainda mais a análise dos n indicadores usados. Por

exemplo, os âmbitos Político e Legal fundiram-se em um só. Planejamento, Programas

de Manejo, Usos legais e Usos Ilegais a mesma coisa, ainda que o nível de

profundidade da análise da compatibilidade dos usos existentes nas UCs não abarque

o mesmo detalhamento. O âmbito Ameaças daqueles autores transformou-se em um

indicador do componente “Qualidade dos Recursos Protegidos” desta pesquisa, mas

não há perda de informações pois aos técnicos das UCs lhes foi solicitada a revelação

inicial, nas Oficinas de Avaliação e entrevistas, das ameaças internas e externas

conforme as definições adotadas. E os indicadores do âmbito Características

Biogeográficas foram incorporados à “Qualidade dos Recursos Protegidos”

Em relação ao trabalho e as orientações da IUCN (2000), o

“Contexto” é analisado ao se apresentar, antes da avaliação mesma dos

indicadores, o “Marco Institucional”, as características da organização gerenciadora,

Marco sua missão e ação programática, bem como sua situação atual no

enfrentamento dos desafios para desenvolver as UCs; a distribuição espacial das

unidades, seus atributos e suas singularidades sistêmicas. “Planejamento e

3Faria, H. H. de. Avaliação da eficácia de gestão das unidades de conservação do Instituto Florestal.Uma metodologia e resultados preliminares. Reunião Técnica da Divisão de Florestas e EstaçõesExperimentais. Instituto Florestal. Parque Estadual do Morro do Diabo. Dezembro de 1998. Palestra.

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desenho” é respondido através dos indicadores de “Planejamento e Ordenamento”;

aspectos de desenho também estão incorporados em indicadores tais como

‘tamanho’, ‘forma’ e ‘insularidade’, que também provêem indicações da

sustentabilidade dos ecossistemas e a possibilidade da mesma manter uma

população geneticamente viável à conservação.

Por seu turno, o componente “Entradas” está integralmente

considerado no âmbito “Administrativo”. Os Processos são analisados por

indicadores tais como “autoridade dos funcionários”, “regularidade do repasse ou

entrega de recursos financeiros”, “geração de recursos próprios”, “regularização de

atividades”, “aplicação e cumprimento de normas legais”, “comunicação interna na

UC”, “relacionamentos inter e intra-institucional”, “capacitação de pessoal” entre

outros. Para o componente Produtos obtêm-se respostas analisando-se os

programas de gestão. Para os Resultados têm-se uma visão a partir da totalidade

dos indicadores aplicados à presente pesquisa, bem como através de indicadores

específicos tais como a “execução do plano de manejo” e “apoio e participação da

comunidade” por exemplo.

Deste modo, os âmbitos ou grupos de componentes da gestão

definidos para avaliar a eficácia da gestão das áreas protegidas trabalhadas foram:

Planejamento e Ordenamento, com 5 indicadores; Administrativo, com 8; Político-

Legal, com 8; Conhecimentos, com 6 indicadores; Qualidade dos Recursos Protegidos,

com 8 e Manejo Florestal com 5 indicadores, totalizando 40 indicadores e 61 quesitos a

serem analisados (Quadro 14). Uma observação: não é possível estabelecer uma

ordem de importância entre os âmbitos ou mesmo entre os indicadores pertencentes a

âmbitos diferentes haja vista que esta importância é relativa e interdependente, pois na

falta de algum a gestão falha ou não acontece (Cifuentes, 1992).

A descrição dos grupos e dos indicadores é dada na seqüência,

sendo que os mesmos serviram de base aos roteiros usados nas reuniões coletivas

de avaliação e nas visitas de campo. Em caixa alta e sublinhado estão os nomes dos

grupos de indicadores, em caixa alta os indicadores e nos quadros os descritores de

qualidade associados à respectiva pontuação.

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Âmbito Planejamento e Ordenamento

Este grupo de indicadores procura descortinar a existência de

instrumentos de planejamento, que proporcionem diretrizes sólidas para o alcance dos

objetivos programáticos e mecanismos e meios que controlem e cumpram a função de

ordenar as várias atividades desenvolvidas. Sem um perfeito planejamento das ações

que se deseja implementar é pouco provável lograr-se bons resultados, entendendo-se

o planejamento como um processo contínuo de formular, revisar e e aprovar objetivos

propostos, tentando-se prever ou ter o futuro sob controle, aproveitando as

oportunidades para solucionar os conflitos do meio resistente. Isto não é a panacéia do

manejo de áreas protegidas mas uma ferramenta imprescindível e consagrada, que a

administração deve ter em mãos para o perfeito ordenamento das suas ações.

Plano de manejo – refere-se à existência, atualidade e uso de

instrumento de planejamento que aponte as diretrizes para a gestão e manejo da

unidade de conservação, integrando os elementos indispensáveis para a condução

de ações que visem o atingimento de objetivos de conservação específicos. Na

atualidade prima-se para que os planos de gestão sejam elaborados por equipe

interdisciplinar, mas preferencialmente com a participação dos atores impactados

pela existência da área protegida, tornando o plano mais transparente à sociedade

com maiores chances de efetiva implementação. Entende-se por planejamento o

processo contínuo de formular, revisar, aprovar e perseguir objetivos, tentando prever

ou ter o futuro sob controle, aproveitando oportunidades para solucionar os conflitos do

meio resistente.

Existência e atualidade do plano de manejo

Existe um plano de manejo que foi elaborado ou revisado nos últimos anos e que éimplementado pela administração da área 4A área está passando por um processo final de elaboração do plano ou trabalha-se em suarevisão 3

Há um plano com mais de 5 anos sem revisão, ou estudos básicos visando sua elaboração, ouexiste algum outro instrumento de planejamento que orienta as atividades de manejo daunidade

2

Há somente um plano de manejo muito desatualizado (> 10 anos) que a direção da área jánão utiliza 1

Não há plano de manejo nem perspectivas de sua elaboração 0

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Características da equipe de planejamento

Equipe interdisciplinar com participação da comunidade 4Equipe interdisciplinar 3Plano elaborado em grupo mais comunidade 2Plano elaborado em grupo 1Plano elaborado individualmente 0

Execução do plano

Plano executado em 90% ou mais do planejado 4Plano executado entre 75% e 90% do planejado 3Executado entre 50% e 75% do planejado 2Só se conseguiu executar 35% a 50% do plano 1Menos de 35% do proposto no plano foi executado 0

Zoneamento – refere-se à existência, conhecimento e respeito de

algum delineamento físico dos recursos da área protegida, de acordo com seus

atributos e a capacidade de uso de cada uma das zonas estabelecidas. Ainda que o

zoneamento de uma área protegida esteja quase sempre contemplado nos planos

de manejo, é importante considerar se o desenho existe e se é atual, se foi

concebido segundo os estudos mínimos necessários e se incorpora conhecimentos

e conceitos técnicos atualizados que conduzam à normas de uso claras e

adequadas para cada zona.

Existe um sistema de zoneamento definido, cujo delineamento incorpora modernosconhecimentos e conceitos técnico-científicos; a regulamentação está estabelecida e osfuncionários conhecem devidamente as regras de uso impostas às zonas

4

Há as condições acima expostas, porem o zoneamento não é conhecido ou tomado em contapela totalidade dos funcionários da área 3O zoneamento existente tem algum tempo de implantação, necessitando passar por umarevisão criteriosa devido as mudanças ocorridas (se a área está sendo replanejada, aponderação pode ser neste nível)

2

O zoneamento proposto para a área é muito desajustado da realidade e as zonas são poucoreconhecidas e aceitas entre os funcionários; suas normas não condizem com os usos eatividades atuais 1

Não há nenhum tipo de zoneamento na área 0

Nível de planejamento – este indicador refere-se ao uso de

técnicas e rotinas de planejamento compatíveis à complexidade da unidade e se os

instrumentos oriundos desta prática são realmente utilizados no dia-a-dia dos

programas específicos. Um dos critérios a observar é a existência de instrumentos

de planejamento alternativos ou especiais como os planos operativos (PO), planos

de desenvolvimento de sitio, planos de pesquisa, etc. considerando ainda que a

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integração programática é o cenário mais desejável para todas as categorias de

gestão.

Todos os programas ou atividades desenvolvidas na área têm seus planos específicos sob aorientação de um plano geral; os planos específicos integram-se nos planos operativos anuais 4

A área conta com Plano de Manejo e operativo, porém nem todos os programas ou atividadespossuem planos específicos; a área tem amplas perspectivas de melhorar a utilização deinstrumentos de planejamento

3

Plano de Ação Emergencial elaborado e com Plano de Manejo pouco atualizado 3Unidade não possui Plano de Manejo mas segue diretrizes de manejo emanadas das oficinascentrais (1/30 para o manejo sustentado das florestas plantadas) 2

A área possui o Plano de Manejo e operativo junto com alguns documentos que podem serconsiderados linhas mestras para algumas atividades 2

PAE elaborado para a unidade que nunca teve Plano de Manejo 1A área possui somente o Plano de Manejo muito desatualizado, ou este encontram-se emprocesso de revisão; os técnicos da área necessitam melhorar seus conhecimentos sobreplanejamento como instrumento para o manejo inteligente da unidade

1

A área carece totalmente de instrumentos de planejamento 0

Compatibilidade dos usos com os objetivos da unidade – Ao

avaliar os usos existentes numa determinada área protegida, como elemento da

análise da gestão, se estabelece uma relação que mede a correspondência dos

procedimentos de manejo e o uso dos recursos com os objetivos da unidade,

aspecto que está vinculado à definição conceitual da categoría de gestão, em

conformidade com os padrões de classificação aceitos nacional e

internacionalmente. Isto contempla uma importância vital ao se avaliar a eficácia de

gestão pois quando os usos são incompatíveis eles podem vir a se tornar ameaças ao

cumprimento dos objetivos da área protegida. Vários autores descrevem a

compatibilidade e incompatibilidade dos usos de acordo com as diversas categorías de

manejo existentes. Tanto os usos legais como ilegais são avaliados de acordo com a

categoria de manejo, as características próprias da UC e a incidência dos usos

sobre os recursos. As sub-variáveis podem ser: Extração de madeira, extração de

recursos naturais não renováveis, extração de flora e fauna, depredação de recursos

culturais, caça, agricultura, pecuária, pesca, recreação e turismo, construção de

infra-estrutura, extração de madeira, extração de material pétreo, outros.

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Usos compatíveis, de acordo com a capacidade instalada e de suporte da área e sob bommanejo técnico e administrativo 4

Usos compatíveis, de acordo com a capacidade instalada e com manejo técnico-administrativoaceitável 3

Usos compatíveis, sobre utilizado de acordo com a capacidade instalada e de suporte daunidade e com manejo técnico-administrativo deficiente 2

Usos compatíveis, sobre utilizado e sem manejo técnico-administrativo 1Usos incompatíveis e de incidência reduzida sobre os recursos protegidos 2Usos incompatíveis e de incidência mediana sobre recursos, comunidades ameaçadas ou emperigo 1

Usos incompatíveis e de elevada incidência, com destruição e perda de recursos 0

Programas de manejo – são importantes em qualquer processo de

avaliação ou diagnóstico da gestão pois referem-se aos resultados de um processo de

planejamento, devendo constituir o ‘que fazer’, ‘como fazer’ e ‘quem vai fazer’ para

cumprir os objetivos específicos de cada setor de desenvolvimento da unidade,

entendendo-se ainda que a implementação dos programas é a máxima expressão do

esforço local e institucional (organizacional) visando a efetiva implantação da área.

Deste modo, a estrutura programática e o grau de execução das metas estabelecidas

são dois critérios indispensáveis a serem observados.

Programa de Proteção

O programa está bem estruturado, abarca todas as ações e atividades para atingir seusobjetivos específicos no intuito de alcançar os objetivos da unidade e as atividadesdesenvolvem-se normalmente

4

O programa está estruturado, porém nem todas as atividades planejadas são possíveis deserem realizadas; somente as principais caminham normalmente 3

O programa é parcialmente estruturado, carecendo de insumos específicos para alcançar onível desejável e necessário frente a seus objetivos 2

Algumas atividades inerentes são executadas, mas o programa não existe ou as condiçõessão muito precárias para seu desenvolvimento 1

Não existe o programa ou atividades relacionadas 0

Execução do Programa de Proteção

≥90% das atividades planejadas tem sido executadas 476-89% das atividades planejadas tem sido executadas 351-75% das atividades planejadas tem sido executadas 236-50% das atividades planejadas tem sido executadas 1≤35% das atividades planejadas tem sido executadas 0

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Programas de Manutenção

O programa está bem estruturado, abarca todas as ações e atividades para atingir seusobjetivos específicos no intuito de alcançar os objetivos da unidade e as atividadesdesenvolvem-se normalmente

4

O programa está estruturado, porém nem todas as atividades planejadas são possíveis deserem realizadas; somente as principais caminham normalmente 3O programa é parcialmente estruturado, carecendo de insumos específicos para alcançar onível desejável e necessário frente a seus objetivos 2Algumas atividades inerentes são executadas, mas o programa não existe ou as condiçõessão muito precárias para seu desenvolvimento 1Não existe o programa ou atividades relacionadas 0

Execução do Programa de Manutenção

≥90% das atividades planejadas tem sido executadas 476-89% das atividades planejadas tem sido executadas 351-75% das atividades planejadas tem sido executadas 236-50% das atividades planejadas tem sido executadas 1≤35% das atividades planejadas tem sido executadas 0

Programa de Educação Ambiental

O programa está bem estruturado, abarca todas as ações e atividades para atingir seusobjetivos específicos no intuito de alcançar os objetivos da unidade e as atividadesdesenvolvem-se normalmente

4

O programa está estruturado, porém nem todas as atividades planejadas são possíveis deserem realizadas; somente as principais caminham normalmente 3O programa é parcialmente estruturado, carecendo de insumos específicos para alcançar onível desejável e necessário frente a seus objetivos 2Algumas atividades inerentes são executadas, mas o programa não existe ou as condiçõessão muito precárias para seu desenvolvimento 1Não existe o programa ou atividades relacionadas 0

Execução do Programa de Educação Ambiental

≥90% das atividades planejadas tem sido executadas 476-89% das atividades planejadas tem sido executadas 351-75% das atividades planejadas tem sido executadas 236-50% das atividades planejadas tem sido executadas 1≤35% das atividades planejadas tem sido executadas 0

Programas de Interpretação ambiental

O programa está bem estruturado, abarca todas as ações e atividades para atingir seusobjetivos específicos no intuito de alcançar os objetivos da unidade e as atividadesdesenvolvem-se normalmente

4

O programa está estruturado, porém nem todas as atividades planejadas são possíveis deserem realizadas; somente as principais caminham normalmente 3

O programa é parcialmente estruturado, carecendo de insumos específicos para alcançar onível desejável e necessário frente a seus objetivos 2

Algumas atividades inerentes são executadas, mas o programa não existe ou as condiçõessão muito precárias para seu desenvolvimento 1

Não existe o programa ou atividades relacionadas 0

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Execução do Programa de Interpretação Ambiental

≥90% das atividades planejadas tem sido executadas 476-89% das atividades planejadas tem sido executadas 351-75% das atividades planejadas tem sido executadas 236-50% das atividades planejadas tem sido executadas 1≤35% das atividades planejadas tem sido executadas 0

Programas de Pesquisa

O programa está bem estruturado, abarca todas as ações e atividades para atingir seusobjetivos específicos no intuito de alcançar os objetivos da unidade e as atividadesdesenvolvem-se normalmente

4

O programa está estruturado, porém nem todas as atividades planejadas são possíveis deserem realizadas; somente as principais caminham normalmente 3

O programa é parcialmente estruturado, carecendo de insumos específicos para alcançar onível desejável e necessário frente a seus objetivos 2

Algumas atividades inerentes são executadas, mas o programa não existe ou as condiçõessão muito precárias para seu desenvolvimento 1

Não existe o programa ou atividades relacionadas 0

Execução do Programa de Pesquisa

≥90% das atividades planejadas tem sido executadas 476-89% das atividades planejadas tem sido executadas 351-75% das atividades planejadas tem sido executadas 236-50% das atividades planejadas tem sido executadas 1≤35% das atividades planejadas tem sido executadas 0

Âmbito administrativo

Está relacionado à capacidade institucional para gerir os recursos

protegidos, o que depende diretamente das condições objetivas e dos instrumentos

que a área dispõe para conduzir a aplicação das políticas e metas estabelecidas para a

unidade. Assim, neste grupo são inseridos componentes tais como recursos humanos

e sua qualidade inerente, equipamentos em geral, infraestrutura, procedimentos

administrativos e organizacionais, financiamento entre outros. Alguns autores

consideram que este grupo de indicadores o mais imprescindível para que as funções

básicas dirigidas às UCs sejam realizadas

Administrador – O administrador da área é o encarregado da

direção e condução da gestão da área. É muito provável que sem um responsável

geral a anarquia se estabeleça, impedindo que a eficiência de uso dos recursos não

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aconteça e a eficácia se perca nos conflitos dos interesses humanos. Há que se

valorar aspectos que não dependam da opinião direta do diretor ou administrador.

Dentre as características possíveis de avaliar estão o nível acadêmico, o nível de

treinamento, a presença na unidade e a iniciativa para administrar e solucionar conflitos

da área. A permanência na área é pontuada segundo os resultados das entrevistas

com funcionários da área e observação do comportamento do diretor. A iniciativa pode

ser valorada com base nas opiniões dos superiores e dos subalternos do diretor, como

também na forma como este reage ante situações imprevistas ou emergentes. É

importante ter claro que a capacidade profissional (capacitação e iniciativa) precisa Ter

mais peso que a permanência no sitio pois esta última está condicionada às

necessidades de coordenação fora da unidade. No caso da auto-avaliação deve-se

alertar para a necessidade de honestidade das respostas.

Nível universitário ou mestrado com cursos de especialização, iniciativa alta a média e elevadoíndice de presença na unidade 4

Universitário com cursos de especialização, iniciativa média a alta, presença média a alta nossítios de trabalho 3

Universitário, iniciativa média a alta e média presença no local de trabalho 2Nível técnico, iniciativa média a baixa e média a baixa presença local 1Técnico com baixa iniciativa na solução de problemas, presença local baixa 0Universitário com cursos de especialização, iniciativa média e presença média a alta naunidade 2

Universitário com cursos de especialização, iniciativa média e presença local média a alta 2Técnico com cursos de especialização, iniciativa média a alta na solução de conflitos, índice depresença médio no local de trabalho 2

Corpo de funcionários – este grupo de sub-indicadores procura

estabelecer um perfil geral dos funcionários disponíveis para a gestão da unidade,

entendendo-se que estão envolvidos fatores como quantidade, capacitação,

experiência, motivação, apresentação física dos mesmos, suas atitudes frente às

atividades a desenvolver, etc.

Quantidade de pessoal – É indiscutível que qualquer área

protegida precisa de uma mínima quantidade de trabalhadores para que a gestão

aconteça a bom termo. Entende-se que o diretor e encarregados de setores das UCs

são os profissionais que sabem definir as necessidades de pessoal. Para a

atribuição da pontuação compara-se a quantidade ótima necessária com a

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quantidade total de pessoal existente. Os critérios para a definição da quantidade

atual está na dependência de quem faz a análise: pode-se entender a quantidade

atual como o número total de pessoas envolvidas nas atividades de gestão,

incluindo-se estagiários, contratos pontuais, efetivos, etc; ou não. Isto irá depender

da estabilidade administrativa e política da organização. A pontuação é feita

comparando-se percentualmente o total ótimo, atribuído pela administração da

unidade ou outra técnica eleita, e a quantidade de funcionários disponíveis.

≥ 90% do ótimo 476% - 89% do ótimo 351% - 75% do ótimo 236% - 50% do ótimo 1≤ 35% do ótimo 0

Qualidade dos funcionários – este indicador procura descortinar

qual o nível de qualidade do corpo de funcionários, sendo usados critérios relativos à

escolaridade, as iniciativas pessoais e experiência. A dificuldade aqui reside em

qualificar a iniciativa dos funcionários, aspecto que pode ser feito mediante a

observação das evidências sobre as atitudes diárias do grupo, se existe tempo hábil

para tal, e perguntas diretas aos superiores e ao grupo, entretanto há que se cuidar

para não incorrer em falsas interpretações, pois a iniciativa esta diretamente

relacionada ao grau de autonomia e capacitação.

Escolaridade alta ou média, capacitação alta, alta experiência 4Escolaridade alta ou média, capacitação alta, média experiência 3Escolaridade média, capacitação média, experiência baixa 2Escolaridade baixa, capacitação média, experiência baixa 1Escolaridade baixa, capacitação baixa, sem experiência 0Escolaridade baixa, capacitação alta, experiência alta 3Escolaridade alta, capacitação média, experiência baixa 2

Motivação do pessoal – refere-se ao entusiasmo funcional para o

desenvolvimento das tarefas diárias e está relacionado diretamente com o

sentimento intrínseco do funcionário quanto ao fazer parte da organização e se

sentir importante para ela.

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Motivação muito elevada, os funcionários respondem com entusiasmo às atividades e estãosatisfeitos com as condições de trabalho 4

Motivação elevada, mas os funcionários sentem que faltam algumas condições de trabalhofáceis de serem alcançadas 3

Motivação moderada, os funcionários executam suas funções mas com sentimentogeneralizado de insatisfação quanto às condições de trabalho 2

Motivação baixa; há pouco entusiasmo para o trabalho e os funcionários sentem-seabandonados pela instituição 1

Sem motivação; não há entusiasmo para o trabalho e as condições são insatisfatórias 0

Apresentação do pessoal – verifica se os funcionários possuem

uniformes que os identifiquem ou que lhes proporcionem segurança no trabalho.

Neste último caso os elementos a serem observados ou avaliados é a existência e

uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Uniforme completo que caracteriza muito bem o funcionário 4Falta algum componente do uniforme 3Falta mais de um elemento ou componente do uniforme 2Faltam muitos elementos do uniforme ou apresentam-se em mal estado 1Não há um padrão de apresentação que possibilite identificação 0

Atitudes pessoais dos funcionários – este sub-indicador mantém

estreita relação com o grau de motivação e as condições existentes para se

desenvolver as tarefas na unidade, sendo necessário para sua avaliação a busca de

evidências sobre a atenção ao trabalho e como ocorre suas relações com os demais

atores da gestão.

Funcionários respondem sempre positivamente aos usuários e seus colegas(superiores esubalternos) 4

Funcionários usualmente mantém postura educada e respeitosa aos usuários e colegas 3Há casos isolados de falta de respeito ou mau tratos aos usuários da área e colegas 2Funcionários não tem um padrão de comportamento adequado para com os usuários e/oucolegas 1

Há uma postura de descaso com os usuários e más relações entre funcionários 0

Autoridade dos funcionários – procura evidenciar se os

trabalhadores disponíveis na área protegida possuem mandato para fazerem cumprir

as diversas atividades e funções relativas à proteção e conservação dos recursos.

Atualmente isto pode ser comum em face da “terceirização” de alguns serviços

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básicos, como no caso das atividades de proteção, ou mesmo no caso de

funcionários desviados de suas funções legais.

Não há dúvidas das atribuições e autoridade dos funcionários frente ao manejo 4O funcionário possui autoridade, porém existe necessidade de adequá-la à realidade políticada região 3

O funcionário possui alguma autoridade oficial, mas esta não está devidamente esclarecida ouevidenciada institucionalmente 2O funcionário encontra muitas dificuldades para impor sua autoridade no dia-a-dia do manejoda área, principalmente pela falta de claridade de seu papel institucional 1Os funcionários não tem nenhuma autoridade institucionalizada 0

Financiamento (operativo e de manutenção) – procura descortinar

a situação em relação aos recursos financeiros necessários para se fazer a gestão

integrada da unidade. Avalia-se através das quantidades recebidas num

determinado período, comparando-as com o ‘ótimo’ informado pela direção e/ou

atores envolvidos .

A área recebe 90% ou mais do ótimo 4A área recebe entre 76 % e 59 % do ótimo 3A área recebe entre 51 % e 75 % do ótimo 2A área recebe entre 36 % e 50 % do ótimo 1A área recebe 35 % ou menos do ótimo 0

Regularidade de entrega de recursos – procura verificar a

capacidade administrativa da organização para manter um fluxo constante e

periódico de recursos, de maneira tal que possibilite ao pessoal de campo planejar e

executar com sucesso as tarefas de curto prazo. Deve-se considerar as

transferências ou a capacidade de cumprir o cronograma orçamentário estipulado.

Regularidade de entrega de adiantamentos (p.e. mensais)

A unidade recebe sempre regularmente no período ou datas estabelecidas pela administraçãocentral 4

Recebe com variações ocasionais 3Há entrega com alguma regularidade, com variações previsíveis 2Há pouca regularidade de entrega, dificultando a execução do planejado 1A entrega de verbas é totalmente irregular 0

Financiamento extraordinário – refere-se à capacidade

institucional ou da fonte de financiamento de cobrir gastos imprescindíveis e

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emergenciais, como por exemplo nos casos de incêndios, catástrofes naturais,

eventos, etc.

Há grande capacidade para cobrir gastos imprevisíveis e emergenciais, com rapidez eagilidade 4

A Instituição mantém um Fundo Especial que é acionado sem dificuldades em situações deemergência 3

Há moderada capacidade para suprir tais demandas e a rapidez e agilidade sãocomprometidas pelos excessos burocráticos 2As situações emergenciais são solucionadas, mas os processos e tempo requeridos sãodesalentadores 1

Não há nenhuma capacidade para solucionar os assuntos relativos a emergências financeiras 0

Geração de recursos próprios – refere-se à capacidade legal,

administrativa e financeira destinada a gerar recursos econômicos próprios que

possam ser utilizados ou retornem à unidade.

A Unidade conta com mecanismos legais e administrativos para gerar recursos, que sãorevertidos sem dificuldades para o seu manejo (na totalidade ou um porcentual) 4A Unidade conta com mecanismos legais e administrativos para gerar recursos, mas areversão dos mesmos ou parte deles para o manejo é demorada em razão do aparelhoburocrático institucional

3

A Unidade conta com mecanismos legais para gerar recursos mas sua estrutura administrativadeficitária, aliada à burocracia institucional, dificulta os processos de reversão de recursos 2

A Unidade não conta com mecanismos legais para gerar recursos, ainda que sua estruturaoperacional seja condizente com tais diretrizes 1

A Unidade não conta com mecanismos legais para gerar recursos e sua estrutura operacionala impede de fazê-lo 0

Organização interna – este grupo de sub-indicadores procura

revelar se a unidade possui uma mínima estrutura organizacional que permita o

desenvolvimento das tarefas diárias de modo eficiente.

Arquivos – refere-se à existência, funcionalidade e disponibilidade

de informação a respeito do movimento financeiro e administrativo.

Há um sistema de arquivos, complexo e funcional com amplas informações sobre a área eassuntos pertinentes 4

Os arquivos são simples mas suficientemente completos para proporcionar um bom suporte àadministração 3

Os arquivos são incompletos, sem a devida ordem que permita a funcionalidade mínimarequerida 2

Há os arquivos, porém mal acondicionados, desorganizados e incompletos 1Não há sistema de arquivos de documentos 0

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Organograma interno – procura distinguir a existência e a

adequação de um instrumento que viabilize um estrutura orgânica e funcional,

mediante critérios de clareza e autonomia proporcionada à rede de comando da

unidade.

Organograma claro que contempla todos os objetivos de manejo da área, mostrando edeterminando uma adequada autonomia de decisões internas para os diversos níveis e postos 4Organograma claro correspondendo bem às atividades programáticas da área, com suficientegrau de autonomia para os diversos níveis e postos 3Organograma definido de acordo com as atividades da área, porém ocasionalmente ocorremsobreposições de responsabilidades pela falta de clareza do instrumento 2O organograma demonstra falhas estruturais significativas em relação aos objetivos da área,sendo possível observar pouco seguimento prático do mesmo 1

Não existe ou é pouco claro 0

Regularização de atividades – refere-se à existência de

procedimentos e normas que devem guiar os trabalhos de administração (compras,

contratação de pessoal e serviços, trâmite de documentos, etc.), atividades

burocráticas rotineiras e dos funcionários, permitindo o controle integrado desses

componentes.

Há um sistema unificado, moderno e flexível para normatização dos procedimentos quepermite a administração uma perfeita condução e controle das atividades desenvolvidas naárea

4

O sistema não apresenta integração de todas as atividades, porém é satisfatório em vista daflexibilidade e controle do sistema sobre as principais atividades administrativas 3Existe moderada normatização de atividades, havendo necessidade de integrar e esclarecer aestrutura existente para melhor controle das atividades 2A área apresenta normatização de poucas atividades e todavia não há estrutura requeridapara que tais normas cumpram a função de controle 1Não é possível identificar normas de controle administrativo na área 0

Comunicação interna – destina-se a avaliar à maneira como as

informações são transmitidas aos funcionários a respeito do planejamento e

execução das tarefas diárias, aspecto que vai depender diretamente da estrutura

existente e as características da unidade (quantidade de pessoal, programas,

tamanho da UC, localização, pressões, etc,).

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Há um adequado fluxo de informações entre direção e funcionários que ocorre através de meiosdesenvolvidos ou adotados para este fim, o que permite a participação dos funcionários nagestão

4

A comunicação entre direção e funcionários ocorre satisfatoriamente ainda que não existammeios formais para este fim 3A comunicação entre as partes é improvisada nos encontros de rotina e esporádicos, masobserva-se certa harmonia entre estas condições e as necessidades da unidade 2Há pouca comunicação entre direção e alguns setores dos funcionários, o que se reflete emconflitos internos e baixo rendimento coletivo 1

Não há contato entre direção e funcionários, fato que impede o razoável desenvolvimento dasatividades 0

Infra-estrutura – procura-se verificar se a infra-estrutura existente

está adequada à demanda atual e se abarca os programas e/ou atividades

desenvolvidas. É muito importante observar-se o estado de higiene, salubridade e

segurança que possuem as instalações físicas, e em alguns casos se elas estão

harmonizadas com o ambiente (Alojamento-hospedaria, centro de visitantes, trilhas,

sinalização, sede administrativa, guaritas, trapiche, quiosques, etc.).

A infra-estrutura está totalmente adequada às necessidades atuais da unidade em quantidadee qualidade 4

As estruturas existentes não são suficientes em quantidade mas possuem qualidadesatisfatória que permite atender a maioria das atividades da UC 3

Faltam algumas instalações para programas especiais, mas a unidade possui sedeadministrativa 3

Há necessidade de redimensionamento e melhoria das instalações, dada a demanda atual e oestado geral das mesmas. A unidade possui apenas sede administrativa. 2As estruturas são insuficientes e de moderada qualidade. 2A área carece de instalações essenciais para seu manejo e com sede administrativa parcial 1As estruturas são insuficientes ede baixa qualidade 1Sem nenhuma infra-estrutura; não há um ambiente de trabalho adequado para gerenciar osrecursos da área. 0

Equipamentos e materiais – diz respeito a existência, adequação e

condições de conservação dos equipamentos para transporte, comunicação interna

e externa, escritório, fiscalização e proteção, material de consumo, etc.

A unidade possui todos os equipamentos e materiais necessários para sua plena operação emperfeitas condições de uso 4Os equipamentos e materiais suprem as demandas, mas as condições de conservação estãomedianamente comprometidas 3Possui transporte e comunicação em boas condições e parte dos demais equipamentos emateriais necessários 3

Possui parte dos equipamentos e materiais necessários para o funcionamento da unidade 2Possui equipamento mas não possui material de consumo e/ou vice-versa 1Nenhum equipamento e material para trabalho 0

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Aceiros e carreadores – são barreiras físicas destinadas à

prevenção e controle de incêndios florestais, sendo necessários naquelas unidades

situadas em regiões mais áridas.

≥ 90% dos aceiros e carreadores estão em perfeito estado de conservação (roçados ougradeados e sem erosões)

4

76% - 89% 351% - 75% 236% - 50% 1≤ 35% 0

Demarcação física da UC – refere-se à porcentagem do perímetro

da unidade que encontra-se demarcado comparado ao perímetro demarcável. As

partes do perímetro que possuem limites naturais não precisam entrar no calculo.

≥90% do perímetro esta demarcado 476-89% do perímetro esta demarcado 351-75% do perímetro esta demarcado 236-50% do perímetro esta demarcado 1≤35% do perímetro esta demarcado 0

Âmbito Político-Legal

Este âmbito procura averiguar se existe ou não uma sólida base que

dirija a gestão e se as unidades correspondem a essas políticas ditadas ou adotadas

pela organização. Considerando que as políticas institucionais também podem ser

avaliadas através de indicadores presentes em outros âmbitos, é recomendável usar

aqui somente aqueles de elevada concreção institucional, que representem as

políticas ou são conseqüência direta da sua aplicação, ou não. Há que se

reconhecer que é muito difícil avaliar políticas de uma organização tendo por base

uma escala de pontuação, sendo então necessário usar meios indiretos, avaliando

aspectos que reflitam a existência e a aplicação das mesmas. As políticas quase

nunca estão traduzidas em documentos oficiais, sendo geralmente diretrizes gerais

que dirigem as ações dos governos, as instituições e as pessoas, representando o

nível máximo de concreção da posição doutrinária do governo. Aqui a questão política

refere-se à congruência das ações intra e interinstitucionais que refletem, de certo

modo, a existência e cumprimento de políticas gerais dirigidas à conservação da

biodiversidade encerrada nas UCs. Por outro lado, um programa de conservação de

áreas protegidas necessita que as políticas sejam traduzidas em instrumentos para

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que as mesmas sejam cumpridas. Assim, a legislação é a ferramenta que promove a

jurisprudência institucional sobre a área protegida e as respectivas ações

desenvolvidas para a conservação dos recursos.

Instrumento legal de criação da unidade – refere-se à existência

de um instrumento jurídico específico que garanta a inalienabilidade e permanência

da área protegida, segundo as Leis do estado no qual esta inserida.

O instrumento jurídico de criação da área é do mais alto nível, encontrando-se atualizado edevidamente regulamentado, em conformidade com as necessidades para o manejo 4

O nível do instrumento jurídico de criação da área é satisfatório e encontra-se regulamentado,porém o mesmo necessita adequar-se aos conceitos teóricos sobre o assunto e à realidadepolítica nacional e regional

3

O instrumento tem moderado poder em nível de país, ainda que garanta a existência epermanência da área; há necessidade de adequação a conceitos e realidades atuais 2

O instrumento jurídico de criação da área é muito inadequado pelo pouco poder que tem,constituindo uma ameaça potencial à permanência da área a longo prazo 1

A área não possui nenhum instrumento jurídico de criação 0

Aplicação e cumprimento de normas – reporta-se ao cumprimento

das leis e normas por parte dos usuários da unidade e aos esforços dos funcionários

para fazer com que sejam cumpridas.

As leis e normas relacionadas à UC são cumpridas pelos usuários e os funcionários sãoorientados e se esforçam para isto 4São cumpridas pela maioria dos usuários; os funcionários realizam a divulgação e as fazemcumprir com relativa facilidade 3São cumpridas com algum grau de dificuldade apesar da divulgação e empenho dosfuncionários 2

São cumpridas com muita dificuldade e os funcionários se limitam a realizar algum controle eesporádicas divulgações para propiciar seu cumprimento 1São raramente cumpridas pelos usuários; há pouco esforço dos funcionários para este intento 0

Situação fundiária – entende-se como o sistema de relações

jurídicas que permite e assegura o domínio institucional sobre a superfície total da

unidade, seja ela pública ou privada.

≥ que 90% da área declarada está sob domínio da instituição 476% - 89% da área declarada está sob domínio da instituição 351% - 75% da área declarada está sob domínio da instituição 236% - 50% da área declarada está sob domínio da instituição 1≤ que 35% da área declarada está sob domínio da instituição 0

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Apoio e participação comunitária - é definido pela existência de

uma relação positiva entre a comunidade e a área, entendendo-se que ambos

componentes ganham com esse tipo de relação.

Há mecanismos formais de participação comunitária e o apoio dos vizinhos da área éinquestionável; há uma grande geração de benefícios diretos à comunidade 4

Não há mecanismos que garantam a participação comunitária, porém ocorre participaçãoinformal dos líderes comunitários em sua gestão; devido aos laços criados, há um grau demediano a alto em termos de geração de benefícios

3

Existe ajuda mútua entre a administração e comunidade, porém esta não participa noplanejamento e manejo da área, ainda que preste apoio para a sua permanência; a geração debenefícios é media

2

Não há cooperação entre a administração e comunidade, porém os vizinhos reconhecemparcialmente o valor intrínseco da área; os benefícios são poucos 1

Não há nenhuma forma de cooperação, nem reconhecimento ou apoio comunitário pela área;os benefícios diretos quantificáveis ou perceptíveis são muito baixos ou não existem 0

Apoio e/ou relacionamento Interinstitucional - refere às relações

da área com outras instituições e organizações governamentais, privadas ou

comunitárias, tendendo a solucionar problemas de manejo e participar no

desenvolvimento integrado da região. Muitas vezes a existência de boas relações

entre as organizações de atuação local fazem com que diminua a dependência da

UC para com as oficinas centrais da instituição responsável, além de diminuir as

deficiências do isolamento institucional.

A) Jurisdição e papel institucional definidos; B) Há coordenação com outros órgãos deatividades conjuntas para solução de problemas; C) Há intercâmbio de informações,experiência e recursos; D) Não há desenvolvimento de projetos setoriais conflitivos ouincompatíveis com os objetivos da área

4

A definido, e existência de B com maior intensidade que C 3A definido, e existência de B com menor intensidade que C 2Somente a circunstância A está definida 1Ocorrem projetos setoriais conflitivos com os objetivos da área e as situações A, B e C não sãoclaras 0

Respaldo ao pessoal/Plano de carreira – procura descortinar a

existência de mecanismos que promovam incentivos reais e uma progressão

funcional gradual, que estimula a permanência no serviço e proporciona ânimo para

o trabalho.

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Os funcionários contam com planos de carreira com progressão gradual que estimulapermanência no serviço e proporciona ânimo para o trabalho 4

Há plano de carreira incipiente e desajustado da realidade. Há incentivos de acordo com asatividades desenvolvidas pelo funcionário 3

Não há plano de carreira, porém esforço institucional para sua constituição, com previsão decurto-médio prazo para seu alcance. Ocorrem incentivos esporádicos e seletivos 2

Não há um plano de carreira e nenhuma previsão de mudanças. Ocorrem incentivos e apoioocasionais 1

Não há planos de carreira nem incentivos ao pessoal 0

Programa de capacitação – existência de um programa estruturado

especificamente voltado para melhorar a atuação funcional e valorizar o corpo de

funcionários nos vários níveis de cargos e salários.

Há um programa de capacitação organizado que é cumprido eficientemente para aespecialização dos funcionários 4

Há um plano que não é executado em sua totalidade, mas os funcionários recebem satisfatóriacota de treinamento 3

Não há um programa oficial regular mas os funcionários recebem certo grau de informaçõesrelevantes para o manejo da unidade 2

Há um programa documentado e oficial, porém não é ativo ou sofre problemas que impedem oseu desenvolvimento mínimo 1

Não existe o programa nem perspectivas de implantação 0

Apoio ou facilitação intra-institucional – refere-se a fatores

relacionados ao apoio institucional rotineiro dado à unidade de conservação de

maneira tal que facilite a gestão e transmitam segurança na implementação das

atividades. Ainda que muitos dos elementos introduzidos como indicadores estejam

dentro das responsabilidades da organização, é necessário dar enfoque especial a

esta variável pois ela pode traduzir a percepção dos técnicos de campo em relação a

este quesito. Deve ser qualificado mediante a observação de aspectos como a

capacidade de assistir tecnicamente a UC nos campos jurídico, planejamento,

monitoramento, administrativo, etc.; a autonomia proporcionada aos diretores das

unidades; agilização de trâmites burocráticos; existência e execução de diretrices para

o planejamento do sistema; existência de mecanismos que possibilitem a oficialização,

implantação e seguimento dos planos de gestão; política específica dirigida ao

ecoturismo; estratégias de financiamento a longo prazo; entre outras.

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A instituição tem alta capacidade de apoiar as áreas e a administração local planeja edesenvolve as atividades baseada neste suporte 4

Faltam alguns elementos para o excelente apoio, porém há razoável liderança, funcionalidadee comunicação organizacional que proporcionam autonomia administrativa local, assegurandoassim um satisfatório apoio

3

A estrutura atual da instituição não lhe permite dar assistência estável para as atividadesdesenvolvidas na unidade 2

A instituição necessita evidenciar suas políticas de apoio às áreas; há excesso de entravesburocráticos, pouca autonomia administrativa e uma comunicação ineficiente 1

Não há vestígios de apoio institucional à unidade de conservação 0

Âmbito Conhecimentos

Enfoca-se a necessidade permanente dos diretores de UCs terem

informações de qualidade disponíveis e que estas possam ser eficientemente usadas e

disseminadas, sob a premissa básica de que tais conhecimentos são importantes

elementos para a compreensão da complexidade e fragilidade dos recursos protegidos

e, por conseguinte, para seu manejo inteligente. Neste sentido inclui-se aqui a

existência e disponibilidade de informações básicas para a gestão (cartográficas,

biofísicas, sócio-econômicas e legal), a maneira como são tratadas as informações

geradas pela pesquisa, se a unidade conta com algum sistema para o monitoramento

de fenômenos e atividades e se possui esquemas para o aproveitamento das

informações pelo sistema gerencial.

Informações biofísicas – refere-se existência e atualidade de

informações sobre os recursos naturais protegidos na unidade, bem como seu

entorno imediato.

Informações atualizadas e disponíveis na unidade 4Informações atualizadas mas não disponíveis na unidade 3Informações pouco atuais porém disponíveis na área 3Informações pouco atuais e não disponíveis na área 2Informações desatualizadas e disponíveis na unidade 2A área está implementando estudos visando obter as informações necessárias 2Informações desatualizadas e não disponíveis na área 1Inexistência de informações 0

Informações cartográficas – existência e atualidade de uma boa

base cartográfica sobre os recursos naturais protegidos na unidade, bem como seu

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entorno imediato, que atenda às necessidades da direção, funcionários e

pesquisadores.

Informações atualizadas e disponíveis na unidade 4Informações atualizadas mas não disponíveis na unidade 3Informações pouco atuais porém disponíveis na área 3Informações pouco atuais e não disponíveis na área 2Informações desatualizadas e disponíveis na unidade 2A área está implementando estudos visando obter as informações necessárias 2Informações desatualizadas e não disponíveis na área 1Inexistência de informações 0

Informações socio-econômicas – existência e atualidade de uma

boa base cartográfica sobre os recursos naturais protegidos na unidade, bem como

seu entorno imediato, que atenda às necessidades de gestão da área. A

disponibilidade deste tipo de informação pode está sujeita a transformações maiores e

rápidas dentro do contexto geopolítico regional e local e a razão para maior ou menor

ênfase deste indicador reside no fato da necessidade de se incorporar as atividades

humanas ao processo de planejamento e gestão da área.

Informações atualizadas e disponíveis na unidade 4Informações atualizadas mas não disponíveis na unidade 3Informações pouco atuais porém disponíveis na área 3Informações pouco atuais e não disponíveis na área 2Informações desatualizadas e disponíveis na unidade 2A área está implementando estudos visando obter as informações necessárias 2Informações desatualizadas e não disponíveis na área 1Inexistência de informações 0

Informação legal – refere-se à disponibilidade e ao conhecimento

interno e externo sobre as principais normas jurídicas incidentes na gestão e manejo

da unidade, aspecto que pode auxiliar e atender particularidades locais na medida

que permite a sustentação de decisões por vezes em conflito com outros interesses

dissociados dos objetivos da área ( Leis, normas, procedimentos jurídicos).

Elevada disponibilidade e difusão na unidade, entorno e usuários 4Elevada disponibilidade e moderada difusão 3Moderada disponibilidade e pouca difusão 2Pouca disponibilidade e difusão 1Não há evidências de informações deste nível na unidade 0

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Pesquisas e projetos – é a relação entre as pesquisas realizadas

e/ou em execução com as necessidade de manejo da unidade, assim como a

disponibilidade dos conhecimentos gerados para sua devida aplicação e

aproveitamento.

Os conhecimentos gerados por pesquisas e projetos de desenvolvimento com o patrimônio daárea estão disponibilizados na unidade para o aprimoramento do seu manejo e consultas 4Os conhecimentos gerados estão parcialmente disponíveis em cadastros locais e sãoutilizados para retroalimentar o manejo 3

Poucos dos resultados das pesquisas estão disponíveis na unidade e são moderadamentedifundidos para a retroalimentação do manejo 2

Ainda que não estejam na unidade, os conhecimentos gerados podem ser encontrados nainstituição e são pouco difundidos na retrolimentação do manejo 1

Os conhecimentos gerados pelos projetos de desenvolvimento e pesquisas não estãodisponíveis na unidade e não são conhecidos pelos manejadores 0

Monitoramento e retroalimentação – refere-se à capacidade da

UC de implementar sistemas de acompanhamento dos fenômenos naturais, sociais

e administrativos que permitam identificar mudanças nos sistemas sob manejo e

tomar decisões adequadas a essas mudanças.

A área conta com mecanismos eficientes para cobrir adequadamente o monitoramento defenômenos e atividades desenvolvidas; da mesma maneira conta com meios pararetroalimentação de conhecimentos

4

A área usa ferramentas de monitoramento para alguns fenômenos naturais e atividadesbásicas desenvolvidas, usando as informações para a retroalimentação do manejo 3

A unidade conta com alguns instrumentos para o monitoramento e retroalimentação, queatendem parcialmente necessidades básicas do manejo 2

Há algum mecanismo para o monitoramento e/ou retroalimentação, mas não são formalizadose sua aplicação não parece ser sistemática 1

Não há mecanismos de monitoramento e retroalimentação na área 0

Qualidade dos Recursos Protegidos

São avaliados fatores que podem ser determinantes para o

cumprimento dos objetivos de manejo das unidades de proteção integral. Em razão

dos altos índices de fragmentação da paisagem pode-se aplicar os conceitos advindos

da Teoria de Biogeografia de Ilhas mediante a avaliação das influências do tamanho,

forma e isolamento das reservas destinadas à conservação. Um exemplo hipotético é

ter como objetivo de uma área a conservação da totalidade de determinado

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ecossistema, sem que a superfície da UC suporte a longo prazo a conservação de

determinadas espécies; ou uma forma que maximiza os efeitos de borda ou dificulte

demasiado as ações de proteção. Também são considerados alguns fatores relevantes

que possibilitam saber o estado dos recursos interiores às áreas, tais como a

integridade das bacias hidrográficas e das margens dos mananciais hídricos, a

existência e as condições de exploração dos recursos bióticos e físicos e a quantidade

de áreas alteradas e/o degradadas no interior da unidade, além da forma predominante

de uso do entorno e como isto influi na sua conservação, além das ameaças externas

e internas, fatores naturais ou antrópicos que comungam para o descumprimento dos

objetivos de manejo da unidade mediante a desestabilização do equilíbrio dinâmico

dos ecossistemas e do sistema gerencial, podendo ser classificadas em externas e

internas dependendo da origem do fator.

Tamanho – diz respeito à superfície mínima necessária para

satisfazer uma população viável do predador que requer o maior espaço dentro do

ecossistema, ou então alguma outra espécie de interesse. Pode-se usar como

parâmetro a superfície necessária para abrigar amostra significativa de

ecossistemas tomando por base bacias ou sub-bacias hidrográficas completas; área

necessária para conservar modos alternativos de apropriação dos recursos naturais,

etc., relacionados ao atingimento dos objetivos da unidade de conservação. Em

relação às UCs de proteção integral é interessante se observar a existência de uma

zona núcleo livre das ameaças externas.

A área possui mais de 90% da superfície total ótima para salvaguardar os atributos que sedeseja conservar ou aproveitar de forma sustentável 4A área possui entre 76% e 89% da superfície total ótima 3A área tem entre 51% e 75% da superfície total ótima 2A área tem de 36% a 50% da superfície total ótima 1A área possui menos de 35% da superfície total ótima 0

Forma – refere-se à figura aproximada da área e à condição de

fragmentação da totalidade da área, que poderá sofrer maiores ou menores

impactos oriundos do efeito de borda em consonância do uso dado ao entorno

imediato. Pode-se comparar a figura aproximada da UC com figuras geométricas, tais

quais as concebidas e descritas por Diamond (1975), considerando-se ainda as

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variações em razão da fragmentação da superficie total, existência de espaços livres

ou abertos no interior da área e as irregularidades decorrentes dos acidentes naturais.

Forma aproximadamente circular ou muito regular, inteira 4Forma aproximada circular ou oval, regular, fragmentada 3Forma aproximada crenada, quadrada, moderadamente regular, inteira 2Forma aproximada quadrada ou retangular, fragmentada 1Forma muito irregular, inteira 1Forma muito irregular fragmentada 0Forma aproximada linear, muito irregular, inteira ou fragmentada 0

Isolamento ou insularidade – a maior ou menor distância da área

protegida de outras áreas com recursos em bom estado influi no fluxo e na

sobrevivência das populações protegidas em seu interior, assim como também na

permanência dos processos ecológicos vitais, aspectos relacionados com o estado

de uso e degradação dos recursos naturais fora da área.

Áreas silvestres contíguas, podendo ser da mesma ou de outras unidades, ou mesmo de áreasnaturais privadas 4Distância de 2 a 5 km entre áreas, com corredores e/ou manchas esparsas (stepstone,trampolins ecológicos) 3

Distância de 2 a 5 km entre áreas, sem com corredores e/ou manchas esparsas 2Distância de 5 a 10 km entre áreas com corredores e/ou manchas esparsas 2Distância de 5 a 10 km entre áreas, sem corredores e/ou manchas esparsas 1Distância de 10 a 25 km entre áreas com corredores e/ou manchas esparsas 1Distância de 10 a 25 km entre áreas sem corredores e/ou manchas esparsas 0Distância maior que 25 km entre áreas 0

Porcentagem de áreas alteradas dentro das unidades – na

atualidade, mesmo as áreas protegidas contém significativas extensões

depauperadas que podem estar incidindo no alcance dos objetivos de gestão, sendo

que tal diagnóstico prove informação valiosa para o aproveitamento de

oportunidades pela instituição.

Até 10% dos ecossistemas da unidade encontram-se alterados 411-15% dos ecossistemas da unidade encontram-se alterados 316-20% dos ecossistemas da unidade encontram-se alterados 221-30% dos ecossistemas da unidade encontram-se alterados 1+ 30% dos ecossistemas da unidade encontram-se alterados 0

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Integridade das cabeceiras das bacias hidrográficas – num

momento em que o apelo pela conservação da água é uma realidade as áreas

protegidas precisam estar inseridas neste contexto manejando os recursos de

maneira tal a resguardar tais atributos. As nascentes externas às unidades não

devem ser consideradas, a não ser que a gestão da área e o atingimento dos seus

objetivos impliquem tal necessidade.

Mais de 90% das nascentes d’água da unidade encontram-se protegidas e florestadas e maisde 90% dos cursos d’água apresentam vegetação ciliar 4

De 76 a 89% das nascentes d’água da unidade encontram-se protegidas e florestadas e amesma porcentagem dos cursos d’água apresentam vegetação ciliar 3

De 51 a 75% das nascentes d’água da unidade encontram-se protegidas e florestadas e amesma porcentagem dos cursos d’água apresentam vegetação ciliar 2

De 36 a 50% das nascentes d’água da unidade encontram-se protegidas e florestadas e amesma porcentagem dos cursos d’água apresentam vegetação ciliar 1

≤35% das nascentes d’água da unidade encontram-se protegidas e florestadas e a mesmaporcentagem dos cursos d’água apresentam vegetação ciliar

0

Exploração de recursos naturais dentro das unidades – refere-se

à existência e a intensidade de exploração de recursos na UC independentemente

das condições jurídicas do uso. Tal exploração pode ainda ser relacionada ao

zoneamento e as normas de uso estabelecidas para as mesmas.

Sem exploração 4Exploração esporádica em menos de 10% da área 3Exploração sistemática em menos de 10% da área ou exploração esporádica entre 10 a 50%da área 2

Exploração sistemática entre 10 e 30% da área 1Exploração sistemática (de vários recursos) em mais de 30% da área 0

Ameaças à unidade – abrange fatores naturais e antropogênicos

que afetam a estabilidade do ambiente protegidos e o cumprimento dos objetivos de

manejo, podendo ser de origem interna ou externa. Alguns exemplos são impactos

por visitação, contaminação (terrestre e aquática), incêndios, avanço de

assentamentos humanos, migração, organismos introduzidos, desastres naturais,

infraestrutura para desenvolvimento, narcotráfico, etc.

Não há ameaças perceptíveis à unidade 4Fatores causam poucos efeitos ao ambiente protegido 3Fatores cujos efeitos são graves porém são reconhecidos como manejáveis, evitáveis ou defácil recuperação 2

Fatores cujos efeitos são violentos mas podem ser revertidos a médio-longo prazo 1Fatores cujos efeitos são reconhecidos como extremamente violentos e irreversíveis 0

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Forma predominante de uso do entorno – procura verificar a

adequabilidade dos usos efetuados no entorno das UCs a seus objetivos de gestão,

cuja matriz pode promover a conservação dos recursos como a sua gradual

degradação. Alguns exemplos são entorno com áreas naturais e extrativismo

extensivo, agricultura de subsistência de baixa densidade, monocultura de

reflorestamento, pecuária, exploração madeireira, agricultura de alta densidade,

agricultura e/ou pecuária intensiva, polo industrial, urbanização, mineração,

depósitos de lixo, turismo de massa, etc.

Os usos do entorno estão acordes com as atividades e objetivos de manejo da unidade 4O uso dado ao entorno não compromete o desenvolvimento das atividades e/ou ocumprimento dos objetivos de manejo 3

O uso do entorno compromete parcialmente o desenvolvimento das atividades e/ou ocumprimento de alguns objetivos de manejo secundários 2O uso do entorno prejudica, a médio prazo, a continuidade das atividades e o cumprimentodos objetivos secundários e alguns objetivos de manejo primários 1

O uso do entorno vem prejudicando as atividades e o cumprimento dos objetivos de manejo,comprometendo seriamente a integridade da unidade a curto prazo 0

Florestas Estaduais

Este componente da avaliação refere-se aos indicadores incidentes

somente sobre as unidades de conservação de uso sustentável, Estações

Experimentais e Florestas Estaduais, cujo objetivo é medir o desempenho da área e

institucional para a solução de assuntos julgados imprescindíveis ao manejo eficaz das

florestas plantadas, de maneira tal que haja sustentabilidade do sistema produtivo.

Buscou-se os indicadores cuja avaliação dependa apenas do conhecimento imediato

por parte dos diretores, não necessitando a verificação documental para evidenciar o

fato. Deste modo, o âmbito inclui a existência e a atualidade do inventário florestal,

uma ferramenta tão importante para o manejo das unidades de uso sustentável quanto

o plano de manejo para as de proteção integral; as condições dos aceiros e

carreadores para a condução e exploração florestal; a condição da floresta em relação

a agentes patogênicos (formigas); se estas florestas são produzidas usando-se os

conhecimentos de melhoramento genético desenvolvidos pelo IF e se as florestas

estão sendo manejadas dentro do escopo da sustentabilidade a longo prazo mediante

o seguimento do planejamento que prevê um ciclo de 30 anos de exploração.

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Manejo continuado – procura detectar o estado em que se

encontra o conjunto das florestas plantadas e se estas seguem um cronograma de

manejo ditado por um plano em regime de exploração sustentada. Para tanto

estabeleceu-se como referência a densidade média ótima segundo a idade dos

talhões. As amplitudes de classe de idade e as respectivas densidades dos maciços

foram estabelecidas ouvindo-se especialistas no assunto, de maneira tal a abarcar

diferentes estágios de manejo (desbastes e condução) e produtos desejados (resina,

madeira, postes, etc.). Deste modo, considerando-se que a maioria das florestas de

produção do IF contém na atualidade talhões mais antigos, estabeleceu-se como

parâmetro de avaliação o estagio de condução e exploração dos mesmos, de acordo

com as metas trintenais estabelecidas pela DFEE (1992), os objetivos do plantio e

em conformidade com os seguintes critérios:�

Talhões com 20 a 25 anos de idade deveriam possuir de 500 a

1000 arvores por hecatare;�

Talhões com 25 a 30 anos devem possuir de 250 a 500 arvores/ha;�

Talhões com mais de 30 anos devem possuir no máximo 250

árvores por hectare

≥ 90% das florestas da unidade estão dentro do ótimo 476% - 89% do ótimo 351% - 75% do ótimo 236% - 50% do ótimo 1≤ 35% 0

Fitossanidade – refere-se à quantidade de formicida adquirido ou

disponibilizado para a unidade frente à quantidade real ou ótima que deveria existir

para o período de atividades de controle de pragas e enfermidades dos plantios.

≥ 90% do volume ótimo necessário para a floresta 476% - 89% do ótimo 351% - 75% do ótimo 236% - 50% do ótimo 1≤ a 35% do ótimo 0

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Controle fitossanitário – refere-se à proporção de florestas

plantadas que receberam tratamentos sistemáticos visando a desinfecção de

formigas, outras pragas e doenças.

≥ 90% das florestas da unidade recebeu controle sistemático no último ano 476% - 89% 351% - 75% 236% - 50% 1≤ 35% 0

Florestas Melhoradas – é um indicador voltado a verificar se as

florestas plantadas nos últimos anos tem sido feitas a partir de técnicas modernas

dedicadas a garantir a máxima qualidade e quantidade dos produtos e sub-produtos

florestais; em última instância provê informações se as tecnologias nesta área estão

disponíveis e se são efetivamente usadas. Tomou-se como critério de avaliação os

últimos 15 anos tendo por base informações de pesquisadores envolvidos com o

assunto na instituição.

≥ 90% das florestas implantadas nos últimos 15 anos provem de sementes melhoradas 476% - 89% 351% - 75% 236% - 50% 1≤ 35% 0

Existência e atualidade do inventário – procura detectar se as

florestas plantadas estão dotadas de inventários que subsidiem a exploração

sustentada, a comercialização dos produtos e o planejamento do manejo.

Existe um inventário que foi elaborado ou revisado nos últimos 5 anos e que é implementadopela administração da área 4

A área está passando por um processo final de elaboração do inventário ou trabalha-se emsua revisão 3

Há um inventário com mais de 5 anos que orienta as atividades de produção da unidade 2Há inventário muito desatualizado (> 10 anos) 1Não há inventário nem perspectivas de sua elaboração 0

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3.2.3 Coleta de dados: oficinas de avaliação e visitas de campo

O procedimento original privilegia a obtenção dos dados diretamente

nas unidades de conservação, mediante a realização de entrevistas individuais e

coletivas, reuniões grupais e observações de campo, além das informações

secundárias geradas na unidade de conservação. Evoca ainda as vantagens de se

realizar a avaliação de modo participativo, usando-se técnicas que possibilitem a

harmonização das diversas opiniões que surjam durante o processo (Izurieta, 1997).

Ao estudar pequenos grupos de unidades a proposição é

academicamente ideal, no entanto, ao defrontar uma grande quantidade de

unidades de conservação tais rotinas tornam-se de difícil coordenação, demoradas e

custosas. Como na presente pesquisa o objetivo foi mais amplo que apenas uma ou

um grupo de unidades, as técnicas para a coleta das informações não puderam ser

as mesmas, mas deveriam possibilitar a interação dos técnicos e diretores das UCs

com o referido processo.

Inicialmente pensou-se utilizar formulários-questionários a serem

enviados aos diretores das Unidades de Conservação de São Paulo, de modo

similar ao que fizeram Faria (1997) e WWF (1999), para em seguida se proceder à

seleção de algumas unidades visando a aferição das informações em campo. Muito

embora o questionário à distância seja uma técnica adequada ao desenvolvimento

de estudos em diferentes áreas do conhecimento, optou-se pela realização do que

acabamos por designar de ‘oficinas de avaliação’, com a participação dos

responsáveis diretos pela gestão das unidades ou técnicos nela envolvidos,

permitindo assim uma maior sinergia em razão dos mesmos estarem descontraídos

e todos imbuídos em um único objetivo, qual seja a avaliação da gestão das suas

unidades.

Outro fator importante que influenciou nesta decisão foi o baixíssimo

índice de devolução dos questionários. Durante uma das oficinas foram entregues

aos representantes de 12 unidades os respectivos impressos, acompanhados de

disquetes e envelopes selados, entretanto passadas várias semanas somente uma

UC retornou as informações, confirmando a decisão de praticar a avaliação

mediante a realização de reuniões coletivas.

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Um fato muito positivo foi o envolvimento dos dirigentes do Instituto

Florestal no projeto, que em duas oportunidades prestigiaram a abertura das oficinas

discorrendo sobre a relevância do trabalho, provendo o projeto de algum

reconhecimento oficial.

Deste modo, foram realizadas quatro reuniões nas quais ocorreram

a seguinte seqüência de eventos:�

Exposição sobre as origens dos debates sobre avaliação da

eficácia da gestão e da metodologia usada, inclusive;�

Entrega e explicação detalhada sobre os formulários a serem

usados durante a oficina;�

Acompanhamento e orientação aos participantes durante os

trabalhos;�

Ao termino das atividades dirigidas discutia-se, com maior ou

menor profundidade, acerca dos trabalhos realizados, as

expectativas geradas e generalidades a respeito do estado em

que se encontrava as UCs e a Instituição.

Para cada indicador o representante da unidade deveria selecionar

uma alternativa ou padrão de qualidade incidente sobre o mesmo e que refletisse a

realidade em sua unidade. Caso as alternativas oferecidas destoassem da situação

ocorrente na unidade o participante poderia, sucintamente, descrever a situação

atual, atribuindo-lhe um valor de 0 a 4, conforme a escala de pontuação usada, o

mesmo ocorrendo com a ‘situação ótima’, cujos novos descritores de qualidade

foram integrados ao questionário de avaliação usado.

Ao discorrer sobre o planejamento e a gestão participativa,

MacKinnon et al. (1986) e Borrini-Feyerabend (1997) defendem que uma das

grandes vantagens destes processos é facilitar para que os diretores e o staff das

UCs construam seus planos e metas a partir das suas próprias experiências.

Portanto, nas ‘oficinas de avaliação’ os representantes das UCs puderam, mediante

adequada orientação, desenhar cenários alternativos aos padrões de qualidade

ótimo e atual para cada indicador, melhorando os descritores de qualidade para os

indicadores e garantindo a incorporação da visão de campo dos participantes,

prática adotada em todas as oficinas. Portanto, os descritores de qualidade para os

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indicadores apresentados no item 3.2.2 já incorporaram tais considerações e

melhorias.

Como parte da metodologia original, visando subsidiar e emprestar

maior clareza ao processo de avaliação, foram realizadas 22 visitas técnicas a

algumas unidades de conservação administradas pelo Instituto Florestal,

principalmente àquelas que estiveram representadas nas oficinas de avaliação. As

unidades visitadas foram selecionadas de acordo com os seguintes critérios:

i) unidades de proteção integral, Parques Estaduais ou Estações

Ecológicas;

ii) possuírem mais de 1000ha, salvo as de reconhecida importância

regional;

iii) e áreas reconhecidamente importantes para a conservação da

biodioversidade do Estado.

O procedimento original (Faria, 1993; Cifuentes, Izurieta e Faria,

2000) não aponta a necessidade de se relatar as particularidades das unidades

envolvidas no processo de avaliação, servindo as visitas de campo quase que

unicamente ao propósito básico de evidenciar as manifestações dos indicadores

selecionados. A experiência vivenciada com a realização da presente pesquisa, com

um maior número de amostras e envolvendo uma ampla diversidade de situações,

pôs em relevo a utilidade das informações geradas pela percepção de campo, pois

quando no campo as pessoas estão despojadas das amarras formais do trabalho de

escritório.

Os relatos apresentados para essas unidades estão alicerçados

basicamente nas observações e percepção dos integrantes da equipe sobre o objeto

estudado (gestão) e nas informações primárias obtidas junto aos funcionários e

diretores das unidades. Apesar de serem agendadas com certa antecedência, em

algumas oportunidades os diretores ou não se encontravam ou estavam enredados

nos afazeres extemporâneos surgidos na ocasião, o que implica num maior ou

menor grau de profundidade das informações relatadas. Ocasionalmente

informações secundárias de domínio público foram revisadas, como folders, planos

de manejo, laudos de danos ao meio ambiente, projetos em execução, etc., mas

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sempre no sentido de se verificar as iniciativas, a dedicação das pessoas envolvidas

no manejo e sua inserção na realidade local.

As entrevistas sempre se pautaram pela informalidade de modo a

permitir ampla liberdade de expressão às pessoas, ainda que a abordagem

enfocasse as operações relacionadas à gestão da unidade, usando-se como roteiro

a lista de indicadores da gestão. Na medida do possível procurou-se estimular a livre

exposição das particularidades da gestão, dando menor importância aos assuntos

relacionados às características biofísicas das áreas.

O questionário usado nas oficinas de avaliação continha ainda

indagações a respeito dos problemas de manejo, as ameaças internas e externas

vivenciados pelos diretores e incidentes sobre as áreas protegidas. Os problemas de

manejo referem-se às dificuldades rotineiras enfrentadas para o desenvolvimento

das atividades inerentes a área, como por exemplo insuficiência de recursos

humanos e financeiros, falta de equipamentos adequados e treinamento de pessoal.

Por suas características endógenas e em conformidade com o seu alcance o

problema pode vir a ser considerado uma ameaça ao sistema.

De acordo com Machelis e Neumann (1986), as ameaças são os

fatores que comungam para o descumprimento dos objetivos de manejo da unidade

mediante a desestabilização do equilíbrio dinâmico dos ecossistemas e do sistema

gerencial, podendo ser classificadas em externas e internas dependendo da origem

do fator.

As ameaças internas referem-se a fatores oriundos do próprio

sistema gerencial, mas não estão circunscritas simplesmente à instituição

responsável, abrangendo toda a estrutura político-administrativa de concreção

governamental, como por exemplo a ausência de políticas institucionais para o

manejo dos visitantes, a falta de apoio político-institucional para solucionar

problemas de invasões das unidades por grupos humanos, ingerências setoriais

conflitivas, entre outras. O limite organizacional é a estrutura da Secretaria de

Estado do Meio Ambiente.

Por seu turno, as ameaças externas são definidas pela ação ou

existência de agentes exógenos ao sistema gerencial, que neste caso não possui

controle absoluto sobre os fatores, como por exemplo a invasão de terras, projetos

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setoriais conflitivos com os objetivos da unidade (estradas, barragens, aeroportos,

etc.), entre outros.

Cabe salientar que os dados coletados correspondem ao período de

2000-2001, quando os trabalhos de campo aconteceram.

3.2.4 Análise dos dados

Para se chegar à classificação da eficácia de gestão das unidades

de conservação os dados quali-quantitativos obtidos foram tabulados em planilha

eletrônica Excel, na qual usou-se as formulas pertinentes para o cálculo dos totais

ótimos e dos totais alcançados, que comparados entre si geraram os valores

percentuais em cada âmbito analisado, para cada unidade amostral, para os

indicadores e para o sistema como um todo. Os valores percentuais foram

comparados à uma escala apropriada, permitindo a classificação da qualidade da

gestão das unidades e dos objetos avaliados (grupos, indicadores e gestão).

Visando saber a influência que cada grupo de indicadores teve sobre

a nota final aplicou-se uma análise de regressão múltipla, considerando-se o

percentual final alcançado pelas unidades de conservação a variável dependente (Y)

e os percentuais alcançados pelos grupos de indicadores ‘planejamento e

ordenamento’, ‘administrativo’, ‘político-legal’, ‘conhecimentos’ e ‘qualidade dos

recursos’ como as variáveis independentes, X1, X2, X3, X4 e X5 respectivamente,

sendo usado para este cálculo o programa estatístico SANEST. Para esta análise

usou-se os dados relativos às unidades de conservação de proteção integral.

Os indicadores foram submetidos a uma análise de componentes

principais (PCA) para verificar quais dentre todos eram os responsáveis pelos

maiores padrões de variação nos resultados obtidos. A Análise de Componentes

Principais (PCA) é uma das técnicas multivariadas mais simples utilizadas em

estudos ecológicos. Seu principal objetivo é a redução da dimensionalidade dos

dados, ordenando as amostras num reduzido número de dimensões, de tal forma

que se dá uma maior ênfase aos maiores padrões de variações nas suas respostas

(BARRELA, sd). O programa estatístico usado foi o SISTAT.

As ameaças reportadas pelos diretores foram agrupadas sob rótulos

comuns segundo a afinidade entre os fatores incidentes nas unidades de

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conservação, correspondendo a uma convenção adotada nesta pesquisa.

Inicialmente pretendia-se diferenciar problemas de manejo das ameaças, no entanto

ocorreram distorções interpretativas que inviabilizaram este feito. Após o

reordenamento, as ameaças internas e internas foram contadas para se chegar à

freqüência com que incidiam no sistema analisado.

3.2.5 Adequação da escala de valoração da eficácia de gestão

Durante o processo de análise de resultados foi necessário uma

reflexão sobre a escala de classificação e qualificação da eficácia de gestão e seus

significados. A escala construída e usada no procedimento para classificar a

eficácia de gestão foi adaptada por Faria (1993) a partir de bibliografia relativas a

auditorias da qualidade dos serviços prestados pelas organizações empresariais,

notadamente o diagnóstico do desempenho do Serviço de Parques Nacionais da

Costa Rica.

É uma escala atípica, pois as amplitudes das classes não seguem

um padrão de distribuição homogêneo: inicia-se com amplitude 35, passando a 15,

aumentando para 25, diminuindo para 15 e mais ainda para a última classe, apenas

10 pontos, conforme o Quadro 15 a seguir, ainda que o desenho da mesma siga o

modelo da maioria das escalas atualmente em uso, pois apresenta um ponto médio

para registro da manifestação intermediária.

Percebe-se que esta escala é rigorosa por possibilitar que somente

as UCs que atinjam mais de 90% do total ótimo sejam classificadas como

possuidoras de um padrão de excelência, entretanto parece pecar na classe C, pois

esta pode abrigar UCs que atingiram 52% como aquelas que venha a atingir 74%

daquele total, aspecto que depõe contrariamente à escala em razão das dissimiles

situações potenciais sob um mesmo rotulo.

Trabalha com uma escala exigente, que aufere classificação do

“excelente” a partir de uma pontuação elevada, permite ao pesquisador uma posição

confortável em relação a esta classificação, pois haverá sempre poucas ou nenhuma

dúvida para os objetos avaliados, entretanto essas dúvidas poderão surgir em

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126

relação à classe C, o que pode ocorrer sempre que a amplitude de uma classe for

muito grande, como neste caso.

Os modelos 2 e 3 eliminam este problema pois a representação

numérica aufere uma classe mediana com menor amplitude, e até semelhante a

outras classes, muito embora ambas as escalas sejam complacentes com os objetos

com pontuações superiores a 80, que são considerados em nível de “excelência”.

Uma unidade que alcança 81% da pontuação pode ser agrupada com aquela que

obteve 95% ? Perguntas dessa natureza devem ser mantidas em foco, pois ainda

que a escala de valoração possa ser apenas uma convenção adotada pelo

pesquisador elas devem refletir o conhecimento existente sobre o objeto avaliado e

sua realidade.

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127

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128

A escala 2 possibilita uma distribuição mais normalizada, mas

permite a existência de uma UC com gestão “muito satisfatória”, uma fato que não

se pode provar verdadeiro por não se detectar nenhuma UC com gestão tão

excelente assim. A escala 3 perpetua a aglomeração de áreas na classe C. A escala

4 também elimina as ‘dúvidas’ geradas pelas escalas assimétricas, mantêm boa

proporcionalidade entre as diferentes classes e eleva o nível de exigência para as

unidades mal ou não implantadas.

Analisando detidamente os resultados das unidades de proteção

integral, fundamentalmente as visitadas, e cotejando-os com a situação real

encontrada em campo às escalas sob teste, pôde-se verificar que há uma maior

consistência na classificação auferida pelo modelo 4 do que com a escala original e

os demais modelos, ao menos nesta pesquisa. Se por um lado aumenta a

quantidade de UCs com gestão de padrão inferior, o que de fato acontece em

campo, por outro também aumenta a quantidade com padrão elevado, terminando

com a aglutinação de unidades com padrão mediano de qualidade em face de se

praticar uma amplitude menor.

Outro aspecto trabalhado relacionado à escala foi quanto aos

adjetivos usados para a qualificação da eficácia de gestão, principalmente em razão

da subjetividade inerente ao que é satisfatório ao objeto sob avaliação. Pois o que

pode ser satisfatório em dada situação pode se relacionar a algo bom, em outras

situações pode não ser o melhor e até o contrário. Portanto, há a necessidade de

adequação ao léxico português desta qualificação, e isto não precisa ser um

exercício exaustivo e teórico, bastando apenas a utilização das palavras corretas

associadas aos conceitos dados à cada classe originalmente. O Quadro 16 sugere 4

grupos de palavras que podem ser associadas aos adjetivos originais.

Muito embora os adjetivos das colunas A e B sejam conhecidos,

bastante diretos e objetivos, há de se convir que para as pessoas que laboram em

dada unidade de conservação saberem que a mesma foi classificada como

possuidora de uma gestão Ruim ou Muito Ruim não é nada agradável ou

estimulante. Isto pode pesar tanto para as pessoas que estão na ponta como

àquelas que apóiam a gestão desde os escritórios centrais. Além de serem adjetivos

desaprovadores, soam também ligeiramente pejorativos. Do mesmo modo pode-se

dizer do que é Baixo ou Muito Baixo, relativo à coluna C.

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Quadro 16. Qualificativos alternativos à escala original.Eficácia de Gestão

Original A B C DMuito satisfatória Ótima Excelente Padrão de Excelência Padrão de Excelência

Satisfatória Boa Boa Padrão Elevado Padrão ElevadoMedianamente

satisfatória Razoável Mediana Padrão Razoável Padrão Mediano

Pouco satisfatória Ruim Ruim Padrão Baixo Padrão InferiorInsatisfatória Muito Ruim Muito Ruim Padrão Muito Baixo Padrão Muito Inferior

Por sua vez, a coluna D apresenta uma classificação alternativa,

com uma classe intermediária bem definida e seus respectivos extremos,

reconhecendo a existência dos opostos (o melhor e o pior) e um gradiente de

significações que permite a plena diferenciação das qualidades do objeto. Assim

sendo, propõe-se uma nova escala de valoração para a classificação da eficácia de

gestão (Quadro 17), com alteração das amplitudes das classes e respectivos

significados.

Quadro 17. Escala de qualificação da Eficácia de Gestão corrigida.

% do totalótimo

Nível dequalidadedo manejo

Descrição do Padrão de Qualidade

≤ 40,99%

Padrão MuitoInferior

Faltam muitos elementos para a gestão e essa situação não garante apermanência da unidade a longo prazo, o que obriga a instituiçãoenvidar maiores esforços sobre a mesma. Nas atuais condições, osobjetivos de manejo não são alcançáveis.

41 – 54,99

PadrãoInferior

Há recursos para a gestão, mas a área é vulnerável a fatores externose/ou internos em razão de haver somente os meios mínimosnecessários à gestão, o que pode acarretar o descumprimento dealguns dos objetivos primários da área.

55 – 69,99Padrão

MedianoA unidade apresenta deficiências muito pontuais que não permitem aconstituição de uma sólida base para o efetivo manejo. Alguns dos seusobjetivos secundários podem ser desatendidos.

70 – 84,99

PadrãoElevado

Os fatores e meios para a gestão existem e as atividades essenciais sãodesenvolvidas normalmente, tendendo o conjunto em direção ao logrodos objetivos da unidade. As principais ações programáticas sãolevadas a cabo.

≥ 85%

Padrão deExcelência

A área possui todos ou quase todos os componentes-chave para suagestão efetiva, podendo absorver demandas e exigências futuras semcomprometer a conservação dos recursos protegidos. O cumprimentodos objetivos está assegurado.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Todos os trabalhos de avaliação da eficácia de gestão

desenvolvidos até a presente data enfocaram-se sobre poucas unidades de

conservação, excetuando a investigação executada pelo WWF (1999), que mediante

a utilização de questionários à distância conseguiu informações sobre 86 UCs

brasileiras, oferecendo um bom diagnóstico sobre o estado de implementação e

vulnerabilidade das áreas pesquisadas. A presente iniciativa é pioneira no Estado de

São Paulo, marcando o que pode vir a ser o inicio da avaliação sistemática da

eficácia de gestão das UCs estaduais sob a administração do Instituto Florestal

usando-se um procedimento padronizado, que se aperfeiçoará na medida que

adotado e implementado efetivamente.

Nesta pesquisa estiveram envolvidas nos trabalhos 59 áreas

protegidas administradas pelo Instituto Florestal representando 782.622,25ha, 69%

do total das unidades e 90% da superfície total sob proteção institucional.

Inicialmente a aspiração do projeto era envolver o máximo de unidades de

conservação possível; das 46 unidades de conservação de proteção integral, aqui

somando-se os Núcleos de Gestão do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM,

estiveram representadas 41, ou 89%, mas das 38 de uso sustentável (excetuando-

se os dois viveiros florestais) participaram apenas 18, ou 47%, não se sabendo os

reais motivos de tal distinção.

Durante as oficinas de avaliação e entrevistas observou-se a

ansiedade dos diretores e técnicos das UCs em discutir as questões relacionadas ao

levantamento que se estava efetuado, desejosos de saber quando os resultados

estariam disponíveis e como seriam usadas as informações pela organização. A

esperança geral era de que os resultados provocassem atitudes que mudassem a

situação enfrentada pelas unidades, o que também não deixa de ser um ponto

positivo do processo de avaliação.

Os autores que usaram a estrutura básica da metodologia aqui

enfocada e suas variações nunca trabalharam com mais de oito UCs (Izurieta,

1997), ao contrario a predileção quase sempre recai sobre um número mínimo de

áreas, fato que aliado às condições para desenvolver a avaliação influi nas técnicas

adotadas para colecionar os dados primários necessários ao julgamento individual e

coletivo. O aumento da quantidade de amostras pode influenciar na profundidade

das informações obtidas, muito embora a maior vantagem disto resida no fato de se

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ter uma visão de sistema muito mais aguçada. Isto pode provocar os ânimos a

infindáveis discussões, pois geralmente os técnicos das áreas de planejamento e

manejo de UCs estão acostumados a dirigir suas atenções sobre uma ou outra área,

quando muito um grupo de unidades muito específicas de uma região, seção técnica

ou um subsistema de interesse.

Muito embora o método utilizado seja objetivo e gere informações de

inequívoca validade e qualidade, isto somente ocorre se houver o perfeito

entendimento dos indicadores e respectivos critérios de avaliação por parte de quem

realiza a avaliação. Significa dizer que ao se fazer e considerar a auto-avaliação

parte-se do princípio de que as pessoas não incorrerão em erros de julgamento

motivados pelo não entendimento dos conceitos, entretanto podem ocorrer tanto a

sub-avaliação como a sobre-avaliação de um ou outro indicador em razão da

percepção diferenciada dos padrões de qualidade por parte das pessoas que

avaliam.

É certo que os resultados da avaliação são frutos da percepção dos

técnicos e dirigentes das UCs envolvidas nesta pesquisa, cujos juízos de valor para

com os indicadores podem estar afetados pelas circunstâncias do momento,

resultando erros de sub ou sobre valoração. Há casos que podem confundir as

pessoas que conhecem estas áreas, causando indagações do tipo “Se esta UC está

melhor implantada que aquela, porque não obteve pontuação maior?”. Com certeza

a gestão do PE Morro do Diabo é muito melhor que a do Núcleo Cubatão do PESM;

a primeira está implantada e funcionando, inclusive sem problemas fundiários, e a

segunda possui toda a sorte de problemas.

A resposta para tal questionamento está em que o nível de

requerimentos para a excelência da gestão de ambas é simplesmente diferente, e o

nível de exigência de seus diretores também. E esta exigência decorre de sua

percepção do mundo, as experiências vividas, seus valores e crenças e seus

preconceitos. Ou seja, mesmo que se busque parâmetros objetivos, factuais,

observáveis e de possível experimentação, há sempre um momento de formação de

juízo no qual estará influindo a própria personalidade das pessoas (Lucena, 1992).

Dois perfis profissionais se ajustam à sobre e sub avaliação:

respectivamente, o profissional que deseja mostrar o que na verdade não existe

para que seu conceito se eleve ou se mantenha perante seus superiores; e aquele

que apesar de trabalhar arduamente para o efetivo desenvolvimento das atividades

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de sua unidade se mantêm numa postura incomodamente modesta. Ambos

antagonizam a efetividade dos resultados desta pesquisa, muito embora estas

causas tenham sido alertadas nas oficinas de avaliação; parece que não com a

eficácia requerida pois ocorreram desvios que impedem de se considerar os dados

de algumas das unidades de conservação estudadas.

A pontuação equivocada ou injusta que um único indicador possa

receber não influencia significativamente na nota final da unidade em particular,

porém se isto se repete em diferentes indicadores na mesma unidade ou se um

conjunto de unidades apresentam pontuações equivocadas do mesmo indicador isto

distorcerá a nota final e as interpretações sobre a verdadeira qualidade do indicador

no sistema analisado.

Tais fatos foram mais evidentes e freqüentes nas unidades de

conservação de uso sustentável - UCUS, provavelmente por que manteve-se o

desenho do procedimento original, destinado a atender, prioritariamente, os

conceitos e definições das unidades de conservação de proteção integral. Mas esta

é a segunda razão dos resultados desta Tese estarem enfocados mais sobre os

dados obtidos para as unidades de conservação de proteção integral, ou UCPI.

A primeira razão reside na mínima quantidade de amostras de

unidades de uso sustentável, UCUS, muito inferior às de proteção integral,

implicando em baixa representatividade. Some-se a isto que duas das unidades de

uso sustentável não contestaram as questões específicas a elas dirigidas,

provavelmente porque o âmbito “Florestas” não incidisse sobre as mesmas,

diminuindo o número de amostras viáveis para 16 UCs, ou 42% do total,

comprometendo uma avaliação mais consistente do grupo.

Por outro lado, nos últimos anos surgiram com força total os critérios

e parâmetros para a certificação de florestas plantadas, no Brasil prevalecendo as

atividades do Conselho de Manejo Florestal, ou Forest Stweardship Concil (FSC),

cujos princípios e critérios estão disponibilizados na internet (www.fsc.org.br) e que

ao nosso ver devem direcionar a avaliação da eficácia de manejo das florestas

plantadas e comerciais. Assim mesmo, para não se perder o esforço empreendido

na coleta dos dados, nos respectivos quadros são apresentados os dados originais

de todas as unidades pesquisadas, incluindo as UCUS, o que nos permitirá esboçar

algumas considerações sobre o desempenho das florestas plantadas gerenciadas

pelo Instituto Florestal.

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Em relação às UCPIs, há evidências de uma maior consistência dos

dados, pois fez-se uma comparação, para as 22 áreas visitadas, entre os resultados

auferidos segundo a percepção dos seus dirigentes e a percepção de um grupo de

especialistas, auxiliado que fomos por outros técnicos, constatando-se uma

concordância média de 95% entre todos os indicadores avaliados. Daquelas 22

unidades, apenas 3 apresentaram diferenças maiores, quais sejam em 14%, 18% e

21% dos indicadores. Entretanto, considerando os argumentos de Lucena (1992)

sobre os fatores que influem na percepção humana, os dados destas 3 UCs foram

julgados válidos para efeito dos objetivos desta pesquisa.

Em geral, os autores que usaram metodologias que aliam

indicadores a escalas (scores) realizaram as abordagens desde as esferas e

situações mais gerais para, posteriormente, desembocarem em descrições

específicas e detalhadas. Aqui os resultados serão apresentados da mesma forma,

seguindo o seguinte ordenamento:

• Contextualização da organização administrativa;

• Resultado geral da avaliação das UCs;

• Apresentação dos resultados por âmbito avaliado;

• Resultado e detalhamento dos indicadores avaliados;

• Análise das ameaças às Unidades de Conservação e

• Descrição das UCs visitadas (Diagnósticos Rápidos de Campo).

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO: INSTITUTO FLORESTAL DESÃO PAULO

A seguir é apresentada uma rápida contextualização a respeito da

organização responsável pela maior parte das unidades de conservação do Estado

de São Paulo, o Instituto Florestal de São Paulo, sendo que para este mister lançou-

se mão da sistematização e compilação das informações secundárias já produzidas,

bem como a consideração das entrevistas e discussões mantidas informalmente

com pesquisadores e técnicos envolvidos nos afazeres institucionais. Muito já se

escreveu sobre o IF, uma instituição cujo percurso se mescla à história do

desenvolvimento do Estado, porém o que se pretende é realizar uma leitura atual,

numa abordagem critica que visa refletir o escopo das políticas voltadas ao manejo

das áreas protegidas de São Paulo.

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Fundado em fins do século XIX, o Instituto Florestal é uma entidade

pioneira nas ações de conservação da natureza, detendo através de sua filosofia de

trabalho, posição marcante na realidade florestal paulista, seja como gerador de

atividade sustentável e econômica, seja pela proteção de áreas significativas que

abrigam ecossistemas primitivos.

Vinculado à Secretaria do Meio Ambiente desde 1986, é responsável

pela consolidação das atividades de reflorestamento no Estado, intervindo no setor

florestal desde os primórdios de sua existência, tanto em ações voltadas à

estabilização de encostas, quanto na formação de extensos maciços florestais com

povoamentos de espécies exóticas, distribuídos por uma rede de unidades de

florestas implantadas, denominadas florestas ou estações experimentais, viabilizando

uma nova oportunidade econômica, bem como o desenvolvimento de pesquisas

voltadas para a atividade silvicultural, exploração de produtos e subprodutos florestais

e atividades educacionais e recreativas.

Cumpre sua função social contribuindo na economia regional,

mediante exploração dos maciços florestais por empresas madeireiras e resiníferas,

importando na viabilização de inúmeros empregos diretos e indiretos. Atua no

desenvolvimento de pesquisas em conservação da diversidade biológica de espécies

nativas e exóticas, voltadas à produção de sementes florestais melhoradas, para

recomposição de áreas degradadas e no reflorestamento visando suprir o mercado

consumidor de madeira e subprodutos florestais. Podem ser ressaltadas ainda as

externalidades que estas florestas oferecem ao bem estar da população regional,

como: qualidade do ar, manutenção dos fluxos hídricos, controle de erosão,

conservação de flora e fauna, entre outros. Isto mostra o imenso valor que as florestas

representam para as regiões paulistas.

Atualmente ouve-se muito falar em desenvolvimento sustentável, mas

as atividades silviculturais executadas pelo Instituto, por décadas e décadas, em

caráter de rendimento sustentado, demonstram o pioneirismo e visão de futuro acerca

do planejamento das políticas públicas, que direcionavam a instituição no âmbito da

gestão dos recursos florestais.

A atual estrutura organizacional foi estabelecida em 1970, com a

transformação do então Serviço Florestal a Instituto Florestal, no âmbito da

Secretaria de Agricultura e Abastecimento. De atribuições mais amplas até aquela

data a organização passou a ser definida e conhecida como uma instituição voltada

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à implementação de pesquisas de caráter ambiental, buscando solucionar

problemas relacionados à silvicultura e conservação de espécies exóticas, nativas e

manejo de recursos naturais protegidos. Fatos mais detalhados sobre a evolução

histórica da Instituição poderão ser encontrados em trabalhos de divulgação

institucional (IF, 1994; SÃO PAULO, 1996) e de circulação mais restrita e interna

(DFEE, 1995; CONCITE, 1997).

Em 1986 o IF foi transferido para a então recém criada Secretaria do

Meio Ambiente e no mesmo ano foi criada a Fundação Florestal, com a finalidade de

agilizar os tramites orçamentários e financeiros e, assim, constituir-se no braço

operacional das metas e diretrizes da organização principal. Naquela época as

competências da Instituição norteavam-se por uma série de dispositivos legais -

Decretos 11.138/78, 30.555/89, 33.135/91, 33.618/91, e a Lei complementar

No125/75 que criou a carreira de Pesquisador Cientifico, considerando também o IF

uma Instituição de Pesquisa. Sua estrutura básica era constituída pela Diretoria

Geral, Assistência Técnica de Programação, Divisão de Dasonomia, Divisão de

Administração, Divisão de Reservas e Parques Estaduais, Divisão de Florestas e

Estações Experimentais e o Serviço de Comunicações Técnico-Científicas

(CONCITE, 1997).

Os objetivos de gestão preconizados para a Instituição eram:

• Realizar pesquisa e experimentar sobre espécies florestais deimportância econômica;

• Estudar e desenvolver técnicas silviculturais para as diversas regiõesecológicas do Estado;

• Intervir no setor florestal detendo o domínio das florestas depreservação permanente, efetuando reflorestamentos como empresárioflorestal, com fins conservacionistas, técnicos e econômicos, de acordocom plano previamente aprovado;

• Estudar, propor e executar medidas de conservação e exploraçãoracional e econômica de florestas;

• Realizar investigações sobre biologia da fauna silvestre especialmentede animais de caça e de suas relações com o ambiente florístico;

• Promover estudo sobre paisagismo e o aproveitamento de áreasflorestais de responsabilidade do Estado, para fins educacionais erecreativos;

• Manter e desenvolver o museu florestal estadual;• Aperfeiçoar seu corpo técnico promovendo cursos e estágios de

treinamento, em estabelecimentos nacionais e estrangeiros;• Divulgar conhecimentos científicos, a experiência técnica e os

resultados dos trabalhos realizados pelo Instituto;• Estabelecer intercâmbio com instituições congêneres do país e do

exterior

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Denotando um forte e importante componente de pesquisa, a missão

institucional passou por uma revisão criteriosa que será exposta mais adiante ao se

discorrer sobre os macro-processos de planejamentos pelos quais o IF passou em

anos recentes.

As diversas seções administrativas e de pesquisa são importantes

para o suporte das atividades rotineiras de manejo das Unidades de Conservação,

tais como a Divisão de Administração e suas respectivas Seções, envolvidas no

controle e trâmites de documentos e recursos; a Divisão de Dasonomia na

realização de pesquisas básicas florestais e de meio ambiente; a Assessoria Técnica

de Programação na função de planejamento e acompanhamento de projetos

setoriais, a Assessoria de Estudos Patrimoniais para a solução das questões

fundiárias e de patrimônio, o Serviço de Comunicações Técnico Cientificas e seu

apoio silencioso às UCs de modo geral, etc. Fazer uma abordagem completa do

órgão em todas as suas atribuições é uma tarefa complexa e, portanto, destaca-se

aqui uma breve resenha dos dois setores que respondem diretamente pelas

unidades de conservação, a Divisão de Reservas e Parques Estaduais-DRPE e a

Divisão de Florestas e Estações Experimentais-DFEE.

Contudo, cabe esclarecer sobre a Fundação Florestal (FF). A FF foi

criada pela Lei 5.208 de 1986, tendo por força deste diploma legal atuação

complementar que visa fundamentalmente comercializar os produtos e sub-produtos

gerados pelo IF. Ou seja, a Fundação foi criada para ser o que todos desejavam, o

braço operacional de uma série de atividades antes desenvolvidas pelo IF, mas que

seriam agilizadas tornando o sistema gerencial mais eficiente e o financiamento do

sistema mais consistente, o que realmente se observou nos primeiros anos após sua

efetiva implantação (Castanho Filho, 1996). Entretanto, por ser um órgão autônomo

e independente, suas ações às vezes se confundem com as do Instituto, causando

desgastes entre as duas organizações1. Um grave problema político-gerencial

verificado nos últimos anos é o fato da Fundação comercializar os produtos florestais

oriundos das Florestas e Estações Experimentais do IF e nem sempre reaplicar os

recursos auferidos nas florestas que os produziram2.

1 Nos últimos meses de 2003 o Instituto Florestal e a Fundação Florestal romperam relaçõesadministrativas e operacionais. (Nota do autor).

2 GARRIDO, M.A. de O. A comercialização florestal e as relações IF e FF. Informação verbal.

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À DRPE cabe a responsabilidade de proteger significativos

representantes dos biomas e ecossistemas associados à Mata Atlântica, mediante a

administração e manejo de 17 Parques Estaduais, 03 Estações Ecológicas e 02

Viveiros Florestais, que albergam respectivamente 83.053,60ha, 643.166,61ha e

19,72ha que totalizam 726.239,93ha. Com certeza é a repartição do IF que recebe

as maiores pressões da sociedade devido ao extraordinário patrimônio natural sob

sua guarda, correspondendo a 3% do território estadual.

Segundo o CONCITE (1997), suas atribuições atuais são a

promoção dos programas de gestão relativos à implementação das unidades de

conservação; planejamento de ações integradas com outros órgãos para viabilizar o

alcance de metas dos programas de gestão voltados às UCs; contribuição para o

aprimoramento da legislação e políticas voltadas para as UCs; estudos para a

criação de novas unidades de conservação que visem a manutenção da diversidade

natural do estado e a implementação de políticas de conservação nas regiões onde

as UCs estão inseridas.

Um dos maiores problemas enfrentados por esta divisão têm sido as

constantes mudanças de diretores observada nos últimos 10 anos, cujas origens e

estilos diferenciados conduziram à descontinuidade de trabalhos outrora bastante

sólidos. Houveram inclusive diretores totalmente dissociados dos conceitos clássicos

de unidades de conservação, com reconhecida experiência no desenvolvimento de

projetos de pesquisa científica, mas nenhuma em planejamento e manejo de

unidades de conservação. Tal situação conturbou esta importante divisão do IF, que

precisa de um amplo processo de reflexão participativa visando retomar os rumos

atualmente perdidos.

Tradicionalmente à DFEE cabia a administração e o manejo racional

das florestas plantadas do Estado, estudar a produção de sementes de interesse

econômico, realizar sistematicamente o inventario florestal, desenvolvendo tabelas

de volume e de rentabilidade que dessem suporte aos programas de

reflorestamento, aplicar e desenvolver métodos de manejo florestal e desenvolver

pesquisas correlatas no âmbito das florestas plantadas (CONCITE, 1997).

Até o inicio da década de 90 a DFEE foi responsável apenas pelas

unidades experimentais e de produção florestal, mas arranjos internos visando

regionalizar e racionalizar os recursos logísticos atribuíram à mesma a condição de

gerenciar também algumas unidades tradicionalmente administradas pela DRPE,

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fundamentalmente as localizadas no interior do Estado (SÃO PAULO, 1997). Deste

modo, passaram à DFEE os Parques Estaduais do Morro do Diabo, Vassununga,

Porto Ferreira e Furnas do Bom Jesus, e a Estação Ecológica de Paulo de Faria,

que somadas às áreas de vegetação nativa contíguas às unidades de produção e

que foram transformadas em Estações Ecológicas, totalizam 31 unidades de uso

sustentável e 23 de proteção integral com áreas de 48.038,27ha e 55.862,53ha

respectivamente.

Na atualidade a superfície total das UCs de proteção integral

suplanta às de uso sustentável, e um fato chama a atenção para o conjunto das

primeiras pois algumas delas possuem áreas muito pequenas para conformarem

verdadeiras Estações Ecológicas (Bauru, Ibicatu, Itaberá, Itapeva, Ribeirão Preto,

São Carlos, Valinhos), Parques Estaduais (ARA) ou Reservas Estaduais (Águas da

Prata), cuja somatória e de apenas 1.123,26ha.

O fato de assumir novas unidades não afeitas à sua tradição elevou

sobremaneira as atribuições e a missão específica desta Divisão do IF, que deste

modo assumiu outro perfil, adotando veladamente os seguintes objetivos:

Implantação e condução de pesquisas florestais; manejo florestal sustentável, com a

produção de madeira e resina e geração de recursos financeiros para aplicação nas

UCs de proteção integral; proteção de fragmentos de vegetação nativa nas E.Ec. e

Parques; produção e comercialização de sementes e mudas; produção de casas

pré-fabricadas; planejamento, implantação, administração e realização de pesquisas

voltadas ao uso público; apoio às demandas da comunidade e às pesquisas

realizadas em suas dependências (CONCITE, 1997).

Se não é elencado como um dos objetivos da DFEE, a conservação

ex-situ ganhou um lugar de destaque junto ao Programa de Melhoramento Genético

Florestal do IF, mediante a implantação e condução de áreas produtoras e pomares

de sementes de espécies exóticas e nativas, estabelecimento de bancos genéticos

de essências introduzidas superior àqueles das regiões de origem (América Central,

Caribe e Ásia) e a obtenção de clones altamente produtivos (IF, 1994; DFEE, 1995).

Um aspecto muito peculiar e que diferencia o IF enquanto gestor de

UC é o fato da instituição possuir, no âmbito da DFEE, uma unidade produtora de

casas pré-fabricadas (Floresta de Manduri) e 3 unidades produtoras de madeira

tratada (E.Ex. Luiz Antonio e Itapetininga e Floresta de Manduri), o que resulta em

um grande potencial para a implantação das infra-estruturas nas unidades. Nota-se

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no Quadro 18 e Figura 05 que boa parte do esforço para construção das casas de

madeira é destinado a outros objetivos que não somente às demandas das unidades

de conservação, atendendo maiormente a projetos e programas muito específicos

da SMA e outras entidades.

Nota-se também que o ritmo de fabricação de construções pré-

moldadas tem decaído gradativamente, o que está relacionado à situação financeira

do IF e a um arrefecimento das atividades voltadas à implantação e gestão das

unidades de conservação. A paralisação gradativa da produção de casas de

madeira é uma das provas cabais de que a Fundação Florestal não tem cumprido

com uma das metas para as quais foi criada que era a de incrementar e aperfeiçoar

a produção verticalizada do Instituto.

Quadro 18. Estruturas de madeira pré-fabricadas produzidas pelo IF no período de 1990 a2000.

Produção total em m2

Destino 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTALInstitutoFlorestal

1.2 410 563 1.32 870 202 265 667 489 292 390 6.666,50

Particulares eoutros

1.82 120 330 213 252 66 642 171 440 0 292 4.346

Fonte: Floresta Estadual de Manduri - DFEE

Figura 05. Involução da produção de casas de madeira pela Floresta Estadual de Manduri.

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4.1.1 Planejamento Institucional

A crise econômica iniciada no final da década de oitenta não poderia

deixar de influir no sistema estadual de meio ambiente, mediante a redução

desproporcional dos recursos investidos nas Unidades de Conservação. Frente ao

colapso emergente, houveram alguns intentos para contornar a crise através do

planejamento interdisciplinar, visando principalmente constituir documentos

norteadores das ações futuras como também para convencer os tomadores de

decisão na esfera governamental sobre as necessidades sempre e cada vez mais

prementes para o efetivo manejo das unidades de conservação do Estado.

A Divisão de Reservas e Parques Estaduais (DRPE) elaborou o

“Plano de Ação Emergencial: Implantação e Manejo de Unidades de Conservação”

(DRPE/IF, 1992), proporcionando uma visão bastante detalhada das UCs sob sua

responsabilidade, traçando metas para os anos de 1993 e 1994 que abrangeram os

programas de regularização fundiária, proteção/fiscalização, uso público,

comunidades e ecologia humana, pesquisa, capacitação e novas unidades de

conservação. O documento mostra com muita clareza a enorme defasagem dos

recursos aplicados nas UCs e o estado de abandono em que se encontravam muitas

delas, com o sucateamento da infra-estrutura e dos equipamentos em geral. O

Quadro 19 contém os programas das principais metas propostas.

Além dessas metas programáticas, consideradas as mais urgentes,

o documento propõe diretrizes voltadas à pesquisa e à criação de novas unidades

de conservação, trazendo ainda um diagnóstico sobre o estado atual e o requerido

para alguns elementos imprescindíveis ao alcance daquelas, quais sejam: recursos

humanos, veículos, equipamentos de comunicação, obras, outros materiais

permanentes e recursos financeiros operativos.

Quando da elaboração do Plano Emergencial a DRPE tinha sob sua

guarda direta 764.430,58ha representados por 17 Parques Estaduais, 7 Estações

Ecológicas e 2 Reservas Estaduais, sendo que para operacionalizar as ações

propostas, excetuando os recursos para cobrir despesas salariais do pessoal

existente e o solicitado, o montante necessário previsto alcançou a cifra de US$

9,356,705.92 (nove milhões, trezentos e cinqüenta e seis mil, setecentos e cinco

dólares e noventa e dois centavos) para o ano de 1993, perfazendo a média de

US$12,25/ha/ano.

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Quadro 19. Programas e metas do Plano de Ação Emergencial.

• 1. Regularização Fundiária• Ampliar a área sob controle dominial efetivo de 18,9% em 92 para 33,8% em 93 e 45,6%

em 94;• Ampliar a área sob controle dominial relativo (em avançado estagio de regularização

fundiária) de 10,0% em 92 para 21,8% em 93 e 22,0% em 94;• Reduzir a área sem controle dominial de 71,1% em 92 para 44,4% em 93 e 32,4% em 94.• 2. Proteção• Ampliar a área com nível de proteção satisfatório (em área da Fazenda do Estado) de

10,9% em 92 para 33,8% em 93 e 45,6% em 94;• Propiciar um segundo nível considerado satisfatório/critico (em áreas com regularização

fundiária) de 28% em 92 para 21,8% em 93 e 22% em 94;• Reduzir áreas com nível de proteção extremamente critico, aprofundando trabalhos nessas

áreas visando minimizar agressões ao patrimônio natural, de 61,1% em 92 para 44,4% em93 e 32,4% em 94.

• 3. Visitação Pública• Ampliar o controle da visitação de 13,2% em 92 para 37,9% em 93 e 84,4% em 94.• 4. Comunidades/Ecologia Humana• Em 1993 consolidar projetos agroecologicos na E.Ec. Jureia-Itatins, Núcleo Picinguaba do

P.E.S.Mar, PETAR e iniciar no PE Ilhabela.• 5. Capacitação e Divulgação• Treinar os funcionário da DRPE (inclusive os previstos a serem contratados via Fundação

Florestal) em regime intensivo nos meses de março e abril/93 e nos trabalhos rotineiros apartir de maio do mesmo ano.

Fonte: DRPE/IF (1992)

Em termos de recursos humanos contava com 788 funcionários,

uma relação de 1 (um) funcionário para cada 970ha, apresentando um Quadro de

problemas bastante amplo tais como formas de contratação diferenciadas, baixos

salários, falta de condições de trabalho, ausência de adequados planos de carreira,

impossibilidade de ascensão profissional, falta de respaldo legal compatível para a

execução de suas funções, desvios de funções e idade avançada. O plano propôs a

contratação de mais 959 funcionários em diversas categorias trabalhistas, mediante

a realização de concurso público específico pela Fundação Florestal, melhorando

então aquela relação para 1funcionário para cada 437ha.

Se por um lado as metas previstas no Plano Emergencial foram

ambiciosas, por outro constituíram (ou ainda constituem) propostas reais segundo as

necessidades inadiáveis para a efetiva proteção e conservação da diversidade da

vida no Estado. Metas que com certeza seriam alcançadas se o Plano fosse

considerado tão prioritário quanto as obras de construção civil que o Estado

implementa a cada nova gestão de governo.

Em relação às unidades administradas pela DFEE, em 1992 tentou-

se estabelecer um marco referencial em bases técnicas para o manejo sustentado e

integrado das florestas de produção, mediante a elaboração do Plano de Manejo das

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Florestas de Produção, que previa as necessidades para o pleno manejo das

florestas, incluindo os cronogramas de desbastes, cortes rasos e reposição florestal

em um regime de rotação florestal de 30 anos (DFEE/IF, 1992). As propostas

contidas neste Plano consubstanciaram a elaboração de um Manual de

Procedimentos e Normas aplicadas ao manejo das florestas, também de circulação

interna, entretanto o não seguimento daquelas diretrizes fez com que muitas das

unidades florestais atualmente contenham talhões cujas etapas de manejo estão

defasadas, o que em última instância é uma importante fonte de recursos para

serem destinados ao efetivo manejo das áreas protegidas do sistema.

Outra séria intenção de planejamento concluída e publicada

internamente refletiu-se no documento intitulado Novos Rumos (DFEE/IF, 1994), que

impele à renovação dos princípios filosóficos norteadores das Estações

Experimentais (floretas de produção) no afã de implantar definitivamente o conceito

de desenvolvimento sustentável preconizado pela Agenda 21 já que naquele

momento estavam sob a guarda da DFEE não somente as florestas de produção

(32), mas também estações ecológicas (15), cujas áreas eram aproximadamente

29.000 e 32.000ha respectivamente. No diagnóstico sobre as unidades que

administra, empreendeu-se um detalhado levantamento dos recursos humanos

envolvidos nas atividades da DFEE constatando-se que dos 863 funcionários 318,

ou 37% do total, possuíam mais de 50 anos ou em vias de se aposentarem; mas

para adequar o Quadro às necessidades da época seriam necessários pelo menos

mais 881 contratações, uma defasagem de mais de 100%.

O mérito dos Novos Rumos concentra-se na consolidação de

proposições exeqüíveis a médio e longo prazo, todas dependentes de uma

necessária mudança na visão do corpo técnico para uma “mentalidade de integração

das atividades econômicas, cientificas, tecnológicas e conservacionistas”. Os

programas prioritários para dinamização foram 6: Conservação de Ecossistemas

Naturais; Recuperação de Áreas Degradadas; Produção de Mudas; Melhoramento

Genético Florestal; Uso Público e Implantação, Manejo e Exploração Florestal, de

conformidade com a realidade das unidades e regiões onde as mesmas estão

inseridas.

Na mesma época, ainda no âmbito da DFEE, desenvolveu-se um

esforço interdisciplinar de planejamento de áreas protegidas. Parte das Estações

Ecológicas foram criadas a partir de glebas com vegetação nativa contíguas às

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Estações Experimentais, fato este que impulsionou a iniciativa técnica à elaboração

de Planos de Manejo Integrados para estas unidades, nas quais a gestão e manejo

seriam conduzidos dentro de um enfoque participativo e uma visão regionalizada da

conservação mediante a consideração e o estabelecimento de estratégias de ação

para a zona de entorno ou de amortecimento. As áreas contempladas foram as

Estações Experimental e Ecológica de Itirapina e as unidades que conformam a

Seção de Manduri (Florestas Estaduais de Manduri, Piraju e Santa Bárbara e a

Estação Ecológica de Santa Bárbara). Apesar de haver sob a guarda da DFEE

várias unidades de uso direto e indireto contíguas, fato relevante no planejamento

integrado dessas unidades, infelizmente aquelas iniciativas não prosperaram, pois

até o momento nenhum dos planos foi publicado e efetivamente implementado.

As constantes mudanças de diretores e estilos gerenciais ocorridos

no Instituto nos últimos anos, aliados à falta de prioridades e planejamento

contribuíram para que tanto os Novos Rumos como o Plano Emergencial se

tornassem exemplos da elevada capacidade de produção técnico-científica dos

Quadros institucionais e, ao contrario, a incapacidade e despreparo organizacional

para traçar vias estratégicas que visem garantir a execução das propostas

delineadas.

Decorrente daquelas iniciativas e da extrema necessidade de

esclarecer a identidade funcional e política do Instituto Florestal desenvolveu-se um

movimento e processo de planejamento estratégico denominado Repensando o IF

(IF, 1995), considerando a premente necessidade de mudanças em todos os

aspectos e níveis institucionais para atualizá-la perante as demandas da SMA e da

sociedade.

Dentre os princípios norteadores das ações desenvolvidas

encontram-se argumentos que visam não somente estimular ao trabalho de construir

uma nova organização, mas também unir todos os funcionários em torno de um

único objetivo. Convoca ao desafio os funcionários regimentais do IF propalando que

não se está partindo do zero, em razão da história institucional de 100 anos e as

muitas conquistas realizadas até então, assim como desperta o interesse dos ‘novos’

funcionários, egressos de outros órgãos e com uma visão diferenciada da instituição,

direcionando as mudanças rumo a um futuro integrado ao Sistema de Meio

Ambiente do Estado, em última análise visando a missão central do órgão

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Repensando o IF foi uma iniciativa envolvente, com ampla

participação, internalização e discussões que originaram claras definições sobre a

nova missão institucional, os objetivos e os programas temáticos (o que fazer, metas

e prioridades) e programas gerenciais (como fazer), hierarquizando a visão e o

entendimento da instituição e proporcionando diretrizes modernas para se enfrentar

os desafios impostos pelos constantes câmbios globais e demandas sociais.

Assim, a partir deste momento a Missão do IF, extra-oficial, difundida

e parcialmente aceita passou a ser “Proteger, Pesquisar e Recuperar a

Biodiversidade e o Patrimônio Natural e Cultural a ela associados, na perspectiva do

Desenvolvimento Sustentável do Estado de São Paulo”, abarcando os objetivos

temáticos e gerenciais apresentados nos Quadros 20 e 21.

O maior sentido do exercício Repensando o IF foi delinear a urgente

necessidade de progresso junto ao planejamento estratégico institucional visando a

modelagem de uma organização voltada aos graves problemas administrativos, tais

como a defasagem entre as demandas sociais e os programas de ação, a falta de

políticas institucionais consistentes voltadas às UCs, pouca autonomia financeira e

política e a velada duplicidade de papéis desempenhados tradicionalmente pelo

Instituto Florestal e pela Fundação Florestal.

Ao se estabelecer objetivos gerenciais no processo de planejamento

surgiram novos problemas até então dissimulados nas discussões internas que, se

por um lado eram reconhecidos pelo corpo técnico e dirigentes por outro não eram

tratados devidamente. Fato é que a abordagem neste contexto realçou a

necessidade de mecanismos dirigidos à modernização procedimental e

administrativa da organização, assolada pelos excessos burocráticos e pela

ausência de diretrizes claras, modernas e emanadas daquela realidade.

Outras iniciativas não totalmente voltados ao planejamento, mas que

serviram como justificativa para a decisão, argumentação e estabelecimento de

diretrizes para o planejamento institucional foram os processos de ‘Avaliação de

Desempenho’ do corpo técnico da DFEE; a ‘Avaliação das UCs da DFEE’ e o

estudo do Comportamento Financeiro das Florestas Estaduais e Estações

Experimentais (ATP, 1998).

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Quadro 20. Objetivos temáticos e ações programáticas propostos pelo Repensando o IF.Coordenar, Fomentar e Executar ações visando à implantação e atualização do Sistema Estadual deUnidades de Conservação – SEUC

• Criação e Planejamento de UCs• Implantação e Administração de UCs• Proteção de UCs e Entorno• Regularização Fundiária e Ecologia Humana• Uso Público, Educação Ambiental e Integração Regional• Pesquisa e monitoramento em UCs• Proteção e Recuperação do Patrimônio Cultural em UCs• Apoio à UCs Municipais e Privadas

Promover o manejo integrado e sustentável de recursos florestais• Melhoramento Genético Florestal• Recuperação de Áreas Degradadas• Manejo e Produção Florestal Sustentatada

Executar ações de mobilização, capacitação e educação ambiental que estimulem a participação dasociedade na proteção e melhoria do meio ambiente.

• Produção/Difusão de Informações Ambientais• Eventos Técnico-Científicos e Comemorativos• Capacitação e Treinamento• Comunicação e Mobilização• Ecoturismo

Produzir, fomentar e difundir conhecimentos científicos e tecnológicos voltados à conservação emanejo da biodiversidade.

• Inventário Florestal de São Paulo• Fauna Nativa• Hidrologia Florestal• Fomento à Pesquisa

Contribuir na elaboração e implementação de uma política florestal para o Estado de São Paulo.Fonte: IF (1995) .

Quadro 21. Objetivos gerenciais e ações programáticas propostos pelo Repensando o IF.Reestruturação Institucional

• Nova Missão e Planejamento Estratégico / Integração Instituto Florestal e Fundação Florestal/ Autarquização

Modernização Administrativa• Planejamento Estratégico / Regionalização e Descentralização / Repovoamento e

Capacitação de RH / Informatização e Sistema de Informações Gerenciais /Desburocratização / Apropriação e Custos / Avaliação de Desempenho.

Sustentabilidade Financeira• Orçamento do Tesouro / Comercialização de Produtos e Sub-produtos Florestais / Produção

e Comercialização de Produtos de Comunicação Ambiental / Comercialização de ServiçosEcoturisticos / Taxas de Serviços Técnico-Científicos / Prestação de Serviços debeneficiamento de Produtos e Subprodutos Florestais / Royalties Ambientais / Uso de Áreas,Instalações e Equipamentos / Ressarcimento de danos Ambientais / Seguro de RiscosAmbientais em UCs / Participação em Renda de Origem Ambiental / Patrocínio Ambiental

Parcerias• Integração Regional / Gestão Compartilhada / Ações e Projetos Conjuntos / Fóruns e

Conselhos de Participação e Apoio e VoluntariadoFonte: IF (1995).

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O primeiro visava monitorar as atividades e a produtividade de cada

técnico de nível superior dentro da realidade econômica e política do órgão,

emprestando à gerencia informações valiosas para o estabelecimento de diretrizes e

planejamento setorial. Infelizmente a iniciativa prosperou por apenas dois anos

tendo em vista a mudança de dirigentes. O segundo foi um processo que visava a

reestruturação ou diminuição do número de unidades, que por suas características

tais como localização, área, importância para a comunidade regional, atributos

culturais e científicos, poderiam ser terceirizadas para a iniciativa privada ou

disponibilizadas às prefeituras. Foi uma atitude corajosa pois intentava racionalizar

os recursos disponíveis capitalizando-os para as unidades de maior retorno

econômico e científico, entretanto foi abortado pelos dirigentes maiores sob a

alegação de que o IF não poderia ter sua área total diminuída.

Contudo, nem todas os problemas e soluções são discutidos no seio

da instituição, ganhando destaque nos últimos anos as restritas conversas para a

criação de um ‘Programa de Proteção da Fauna’ junto ao IF, a ser localizado no

Parque Estadual da Capital (Campos, Vellardi e Jordão, 1999). Ainda que a proposta

seja coerente com a missão do Instituto a mesma carece de profundidade e de uma

maior participação da comunidade organizacional, haja vista que poucos dos seus

membros conhecem com exatidão a sua essência e os impactos que possa ter sobre

a atual estrutura e orçamento da instituição. O fato é que recursos financeiros

apareceram e prédios foram adaptados e construídos para abrigar a proposta, que

num momento é apresentada como um ‘programa’, noutro como uma possível

‘Divisão’ dentro da estrutura do IF, demonstrando o quão desarticulada e pouco

respeitada está a Instituição.

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4.1.2 Unidades de Conservação sob administração direta do IF

Quadro 22. Unidades de conservação gerenciadas pelo Instituto Florestal.Unidades de Conservação de Proteção

IntegralUnidades de Conservação de Uso Sustentável

EstaçõesEcológicas

(22)

ParquesEstaduais

(23)

ReservasEstaduais

(01)

EstaçõesExperimentais

(21)

FlorestasEstaduais

(10)

HortosFlorestais

(07)

ViveirosFlorestais

(02)E.Ec. Angatuba

1.394,15

P.E. Aguapeí

9.043,9741

R.E. Águas daPrata

48,40

E.Ex. Araraquara

143,36

F.E. Angatuba

1.196,21

H.F. Andrade eSilva

720,39

V.F.Pindamonhangaba

10,00E.Ec. Assis

1.312,38P.E. A.R.A

64,30E.Ex. Assis

3.167,62F.E. Avaré

741,83H.F. Cesário

37,24V.F. Taubaté

9,72E.Ec. Bananal

884,00P.E. Albert Löfgren

174,00E.Ex. Bauru

43,09F.E. Batatais

1.353,27H.F. Navarro deAndrade 2.230,53

E.Ec. Bauru287,98

P.E. Campina doEncantado 2.359,50

E.Ec. Caetetus2.178,84

P.E. Campos doJordão 8.385,89

E.Ex. Bento Quirino416,36

F.E. Bebedouro99,41

H.F. OliveiraCoutinho 12,41

E.Ec. Chauás2.699,60

P.E. Cantareira7.900,00

E.Ex. Buri1.080,68

F.E. Botucatu33,80

H.F. Palmital72,60

E.Ec. Ibicatu76,40

P.E. Carlos Botelho37.644,36

E.Ex. Casa Branca494,18

F.E. Cajuru1.909,56

H.F. SantaErnestina 69,70

E.Ec. Itaberá180,00

P.E. Furnas doBom Jesus

2.069,06

E.Ex. Itapetininga

6.706,78

F.E. Manduri

1.485,14

H.F. Sussuí9,68

E.Ec. Itapeti89,47

P.E. Ilha Anchieta828,08

E.Ex. Itapeva1.827,61

F.E. Paranapanema1.547,84

E.Ec. Itapeva

106,77

P.E. Ilha doCardoso

22.500,00

E.Ex. Itararé2.379,05

F.E. Piraju680,00

E.Ec. Itirapina2.300,00

P.E. Ilhabela

27.025,00

E.Ex. Itirapina

3.212,81

F.E. Santa Bárbarado Rio Pardo (I e II)

3.979,88E.Ec. Jataí

4.532,18P.E. Jacupiranga

150.000,00E.Ex. Jaú

258,65E.Ec. Juréia-Itatins

79.270,00P.E. Jaraguá

492,68E.Ex. Luiz Antônio

6.267,73E.Ec. Mogi-Guaçu

980,71P.E. Juquery

1.927,70E.Ex. Marília

554,35E.Ec.Paranapanema

635,20

P.E. Jurupará26.250,47

E.Ex. Mogi-Guaçu2.706,28

E.Ec. Paulo deFaria

435,73

P.E. Mananciais C.de Jordão

502,96

E.Ex. Mogi-Mirim

145,65E.Ec. RibeirãoPreto

154,16

P.E. Marinho daLaje de Santos

5.000,00

E.Ex. ParaguaçuPaulista

442,09E.Ec. SantaBárbara

2.712,00

P.E. Morro doDiabo

33.845,33

E.Ex. Pederneiras2.143,67

E.Ec. Santa Maria

113,05

P.E. Porto Ferreira

611,55

E.Ex. Santa Rita doPassa Quatro

96,26E.Ec. São Carlos

75,26P.E. Serra do Mar

315.390,69E.Ex. São José doRio Preto

89,30E.Ec. Valinhos

16,94

P.E. Turístico doAlto Ribeira -PETAR

35.884,28

E.Ex. São Simão2.637,33

E.Ec. Xitué3.095,17

P.E. Vassununga1.732,14

E.Ex. Tupi

198,48P.E. Xixová-Japuí

901,00

Subtotal Subtotal Subtotal Subtotal Subtotal Subtotal Subtotal103.529,99 690.532,96 48,04 35.011,33 13.026,94 3.152,55 19,72

Total 794.111,35ha Total 51.210,54 ha

• Horto Florestal de Palmital: destinado ao Instituto Florestal e encontra-se sob sua administração.Os demais pertencem ao patrimônio da FEPASA e encontram-se sob a administração do InstitutoFlorestal (Convênio CPRN-IF/CAIC, atual CODASP). Quanto ao Horto Florestal Navarro deAndrade pertence à FEPASA e está sob administração do IF por Resolução do Secretário doMeio Ambiente.

• P.E. Aguapeí: criado por Decreto e será transferido para o IF após a desapropriação das terraspela CESP.

• R.E. Lagoa São Paulo: inundada pelo Reservatório de Porto Primavera - CESP. Em andamentotratativas para compensação por danos ambientais, com acréscimo de novas áreas.

De conformidade com o Quadro 22, no Estado de São Paulo,

existem 87 áreas protegidas sob a responsabilidade direta do IF, perfazendo um

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patrimônio de aproximadamente 845.321,89 hectares, abrangendo ecossistemas

extremamente ameaçados e vulneráveis dentre os mais significativos, tais como a

Floresta Atlântica, o Cerrado, a Floresta de Araucária, Campos de Altitude,

Ambientes Marinhos e também extensos maciços florestais plantados com espécies

exóticas.

O Quadro a seguir é uma síntese de todas as UCs agrupadas em

Unidades de ‘Proteção Integral’ e de ‘Uso Sustentável’.

Quadro 23. Unidades de proteção integral e uso sustentável administradas pelo InstitutoFlorestal (adaptado de IF, 2001).

Categoria de Manejo Unidades de Conservação Quantidade Área (ha)Proteção Integral Estação Ecológica 22 103.529,99

Parques * 23 690.532,96Reservas Estaduais** 01 48,40

Uso Sustentável Estações Experimentais 21 35.011,33Florestas Estaduais 10 13.026,94Hortos Florestais 07 3.152,55Viveiros Florestais 02 19,72

845.321,89* Inclui o PESM (excluindo os seus Núcleos de Gestão como unidades) e o PE Aguapeí, criado em 1998.** Exclui a área da R.E. Lagoa São Paulo, de 13.343,88ha, inundada pelo UHE de Porto Primavera e

em tratativas para compensação com a criação e implantação dos PE Rio do Peixe e Aguapeí.

Segundo Silva (1999), muito embora seja uma quantia significativa em

termos de patrimônio físico, a superfície total de áreas protegidas representa menos de

4% do território paulista, muito abaixo do preconizado pela UICN, que recomenda pelo

menos 10% da superfície territorial do Estado, do País ou do bioma sob proteção

estrita. Entretanto este autor alude, consoante a Resolução CONAMA nº 13/90

(BRASIL, 1992), que o somatório das áreas de entorno das unidades de conservação,

compreendidas nos limites do raio de 10 km demarcados a partir do perímetro das

mesmas, importa em aproximadamente 3.506.000 hectares, ou seja, numa área quatro

vezes maior que aquela ocupada pelas unidades de conservação, demonstrando a

complexidade e os desafios do trabalho nesse campo.

Na prática o IF há muito deixou de ser um Instituto de Pesquisa

clássico, sendo a pesquisa apenas uma das várias atividades desenvolvidas (IF, 1996),

mesmo porque suas maiores atribuições, problemas e desafios se concentram na

proteção e resguardo da biodiversidade do Estado, o que lhe conferiu a alcunha de

Guardião da Biodiversidade no início da década de 90.

Nos termos da Convenção para a Proteção dos Patrimônios

Culturais e Naturais Mundiais, adotada pela Conferência Mundial da UNESCO de

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1972, o Comitê Intergovernamental para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural

e Natural, denominado “Comitê do Patrimônio Mundial”, incluiu, em dezembro de

1999, a área da MATA ATLÂNTICA S.E. (Sul/Leste) BRASIL na “Lista de Patrimônio

Mundial” como Bem Natural de Valor Universal. O trabalho foi elaborado por técnicos

e pesquisadores do Instituto Florestal sob a Coordenação do Conselho Nacional da

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e contou com a colaboração do Instituto

Ambiental do Paraná, Fundação Florestal, Projeto de Preservação da Mata Atlântica.

É constituído de uma área Núcleo com 468.193 hectares abrangendo as Unidades

de Conservação do litoral Sul e do Vale do Ribeira. Envolvendo estas unidades de

conservação esta delineada uma Zona Tampão com 1.223.557 hectares, coincidindo

com os limites da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Reserva de Biosfera do

Cinturão Verde de São Paulo (ATP, 2000).

4.1.3 Atividades de Pesquisa

Um dos focos principais do desenvolvimento institucional é a

coordenação e execução de pesquisas norteadas ao âmbito da ciência florestal,

visando a criação e teste de metodologias de manejo para as suas florestas, de

modo a garantir a produção de benefícios diretos e indiretos de forma sustentável.

As áreas do conhecimento albergadas pelas pesquisas

desenvolvidas são abrangentes, envolvendo desde o levantamento detalhado dos

solos e vegetação, sua composição e estrutura, ciclagem de nutrientes, fauna, clima,

botânica e fitossociologia, biologia de reprodução de espécies, hidrologia,

conservação ex situ, etc., cujo resultado deveria ser uma efetiva colaboração para o

manejo dos recursos e a elaboração de planos de manejo das unidades de

conservação. Na conservação ex situ ressalta-se a existência de bancos de

germoplasma de pináceas oriundas da América Central e Sul da Ásia, onde as

matas nativas há muito foram dizimadas (IF, 1994).

A década de 70 foi testemunha do pioneirismo do Instituto ao

adaptar metodologias para o delineamento dos primeiros planos de manejo de áreas

naturais protegidas do Brasil, cujos exercícios promoveram a capacitação do corpo

técnico e originaram alguns Planos de Manejo reconhecidos por suas excelência

(Campos do Jordão, Cantareira, Ilha do Cardoso, etc). Na mesma época

empreenderam-se estudos que resultaram no Zoneamento Econômico Florestal

visando nortear as políticas públicas para a proteção ambiental e as atividades

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inerentes ao setor madeireiro. Situação análoga motivou a elaboração do Inventário

Florestal de São Paulo (DFEE, 1992; IF, 1994).

O pioneirismo é notável também quando se trata de pesquisas de

melhoramento genético florestal destinado ao aumento da produtividade de resinas

de Pinus. O Instituto Florestal vem desenvolvendo importante programa de

melhoramento das espécies produtoras, contando atualmente com Pomares Clonais

de alta produtividade com ganhos de até oito vezes mais que as matrizes originais,

uma importante contribuição dirigida a este setor econômico brasileiro haja vista que

o país iniciou a exploração do produto em 1978 e em pouco tempo tornou-se grande

produtor de resina, sendo que hoje é o segundo maior produtor mundial de resina,

atrás apenas da China (Romanelli, 2001)3.

Os 1o e 2o Congressos Nacional sobre Essências Nativas (SÃO

PAULO, 1982; SÃO PAULO, 1992), estão entre as realizações científicas mais

marcantes conduzidas pelo Instituto Florestal, reunindo especialistas das mais

distintas formações profissionais e abordando os mais diferentes temas relacionados

à conservação da natureza e aos recursos florestais. Em relação ao segundo

congresso, o IF cumpriu a importante tarefa de fornecer subsídios à sociedade para

que esta pudesse participar e definir políticas voltadas a defesa do meio ambiente,

antecedendo as discussões que aconteceriam na Conferencia das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de janeiro em 1992.

Como não poderia deixar de ser o Instituto Florestal possui seus

próprios mecanismos de divulgação científica, alguns já fora de circulação como é o

caso do periódico Silvicultura em São Paulo, que circulou de 1962 a 1988; o Boletim

Técnico do Instituto Florestal, entre 1972 e 1988; e a Publicação Instituto Florestal,

de 1972 a 1988. Atualmente são editados a Revista do Instituto Florestal e o I.F.–

Série Registros, ambos a partir de 1989. Folhetos educativos (folders) e publicações

avulsas como o Inventário Florestal do Estado são emitidos ocasionalmente (SÃO

PAULO, 1996).

Em 1994 havia nas áreas naturais e laboratoriais do Instituto 341

projetos registrados, deste montante 241 ou 70% eram coordenados por

pesquisadores do próprio IF (Instituto Florestal, 1994). Entretanto, passados pouco

3 Romanelli, Reinaldo Cardinali. O estado da arte das pesquisas em melhoramento genético de pinusprodutores de resina. IN Reunião das Chefias de Seção da DFEE/IF. Itapetininga, SP. 11/10/2001.Informação verbal.

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153

mais que seis anos a situação se inverteu e hoje a maioria dos projetos, ou 74% do

total, são conduzidos por pesquisadores de outras instituições (Quadro 24),

demonstrando uma alteração de prioridades, postura e mesmo da missão

institucional que foi adaptada às novas demandas da sociedade.

Quadro 24. Programas e projetos de pesquisa desenvolvidos no IF entre 1998 e 2001.

PROGRAMAS DE PESQUISAProjetos

IFProjetosexternos

Projetosconjuntos

Total deprojetos

I Tecnologia e Utilização deProdutos Florestais 8 0 2 10

II Conservação e MelhoramentoGenético 18 5 4 27

III Fauna 0 110 4 114IV Métodos Silviculturais 7 3 2 12V Biologia Florestal 4 77 11 92VI Manejo de Áreas Silvestres 3 31 2 36VII Proteção Florestal 0 2 0 2VIII Comunicação Ambiental 2 10 0 12IX Inventário 1 0 0 1X Influências Florestais 4 4 0 8XI Manejo de Florestas Implantadas 2 0 0 2

Total 49 242 25 316Fonte: Cotec/IF, 2000

O quadro é preocupante, pois mostra também as lacunas existentes

em algumas áreas do conhecimento imprescindíveis à gestão de unidades de

conservação, ao menos em relação ao corpo de pesquisadores do IF, como Fauna,

Biologia Florestal, Manejo de Áreas Silvestres, Proteção Florestal e Comunicação

Ambiental, levando profissionais da casa a esboçarem críticas do tipo “nós temos

programas de pesquisa ou títulos de programas?”. Pois os mesmos foram definidos

ainda na década de 1980 e a realidade mudou muito de lá para cá, ainda que haja o

consenso geral de que é necessário se ter uma base sólida de conhecimento gerado

pela pesquisa para se fazer conservação da biodiversidade com lógica e

propriedade.

A propósito, durante o Workshop sobre Pesquisas em Unidades de

Conservação (SMA, 2000), difundiram-se os argumentos que apontam os problemas

das pesquisa dirigidas às UCs, citando-se entre outros pontos i) a falta de suporte

institucional para que os pesquisadores busquem apoio externo; ii) existência de

conflitos entre o que os políticos desejam, as demandas sociais e ambientais e o que

o corpo técnico é capaz de realizar; falta de diretrizes para a realização de pesquisas

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específicas em ambientes cavernícolas, ambientes marinhos, conservação genética,

etc. (Barbosa, 2000).

No citado evento conclui-se a debilidade da política de pesquisa em

vigor e iniciou-se a construção de algo mais sólido (CINP, 2001), mas apesar das

evidências contrárias e da desarticulação do setor na instituição deve-se ressaltar a

realização de algumas pesquisas voltadas à gestão das unidades de conservação,

implementadas pelo pessoal da própria casa (Quadro 24), fato que demonstra a

demanda interna para a qualificação profissional, já que todos os trabalhos são de

pós-graduação, e o interesse e preocupação do Quadro técnico em direcionar os

esforços para a temática em questão.

Os trabalhos desenvolvidos no IF tem merecido o reconhecimento

nacional tendo em vista os recentes prêmios recebidos. A Seção de Manejo e

Inventário Florestal, da Divisão de Dasonomia do IF foi contemplada em 1999 com

dois prêmios na área de informática: Prêmio CONIP – Excelência em Informática

Pública com o trabalho “A Informatização na Preservação de Recursos Naturais” e o

Premio CASE de Meio Ambiente com o trabalho “Áreas de Domínio do Cerrado no

Estado de São Paulo”. Em 2000 recebeu o Premio Top de Ecologia com o trabalho

“Utilização de Técnicas de Geoprocessamento no Levantamento da Vegetação

e Suporte ao Planejamento das Unidades de Conservação”.

Em novembro de 1999 o IF instituiu o Ciclo de Palestras Técnicas,

promovido pelo Serviço de Comunicações Técnico-Científicas, com o objetivo de

divulgar os resultados das atividades do corpo técnico e científico, abrangendo as

diferentes áreas de atuação institucional e servindo aos propósitos de capacitação

dos funcionários.

Se por um lado o IF carece de uma política clara que direcione as

pesquisas que realiza, por outro o Workshop sobre Pesquisas Voltadas ao Manejo

de Unidades de Conservação (SMA, 2000) estabeleceu uma série de regras e

prioridades, salientando as lacunas de pesquisa para um efetivo suporte à gestão

das áreas protegidas do Estado. Entretanto os problemas no setor vão além do

estabelecimento daquelas diretrizes, sendo identificado no IF falhas de registro,

acompanhamento e retorno dos projetos, bem como a pulverização das áreas de

atuação dos pesquisadores, aspectos mais relacionados à organização e que

evidencia a urgente necessidade de modernização interna (Barbosa, 2000).

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155

Assim, se persiste a desorganização nos procedimentos de

cadastramento e acompanhamento das pesquisas o Quadro 24 pode não refletir

com exatidão o numero de projetos em andamento no IF. Um fato real resultante do

pouco investimento sobre esta questão é a dificuldade dos diretores de áreas

protegidas terem retorno dos trabalhos desenvolvidos em suas unidades.

Quadro 25. Recentes pesquisas desenvolvidas no IF direcionadas à gestão de Unidades deConservação.

Autor Ano Enfoque TituloAndrade, V. J. 1998 Uso Público Trilha de longa distância na Serra da Mantiqueira:

planejamento e definição de estratégia paraimplantação com participação de força voluntária.

Burgi, R. 1998 Planejamento Contribuição ao zoneamento e gestão de umaunidade de conservação: Estudo de caso noParque Estadual Turístico do Alto Ribeira,PETAR - SP.

Mazzei, K. 1999 Zona deentorno

Manejo de unidades de conservação em áreasurbanas: Discussão para incorporação de novasáreas.

Melo Neto, J. E. 1999 Uso Público Ordenamento conceitual do uso públicoparticipativo do Parque Estadual de Campos doJordão, São Paulo - Brasil.

Robim, M. de J. 1999 Uso Público Análise das características do uso recreativo doParque Estadual da Ilha Anchieta: umacontribuição ao manejo.

Sério, F. C. 1999 Planejamento Desenvolvimento de método automatizado parazoneamento de áreas naturais protegidas:Estação Ecológica de Itapeti, São Paulo - Brasil.

Silva, C. E. F. 1999 Planejamento Desenvolvimento de metodologia para a análiseda adequação e enquadramento de categorias demanejo de unidades de conservação.

Lutgens, H. D. 2000 Zona deentorno

Caracterização ambiental e proposta de manejopara zona de entorno da Estação Experimental eEcológica de Itirapina, SP.

Tabanez, M. F. 2000 Educaçãoambiental

Significado para professores do programa deeducação ambiental da Estação Ecológica deCaetetus.

Kronka et al. 2001 Inventario eplanejamento

Técnicas de geoprocessamento aplicadas aolevantamento da vegetação e suporte àsunidades de conservação.

Fonte: SMA/CINP (2000)

Um aspecto relevante quanto ao desenvolvimento de pesquisas em

um órgão que também tem como atribuição a gestão de unidades de conservação é

que se ambas as atividades forem conduzidas em harmonia e integradas em

políticas consistentes elas se complementam com resultados satisfatórios para a

conservação. O Serviço de Parques dos Estados Unidos enfrenta uma série de

dificuldades por não possuir em seus quadros repartições dedicadas à realização

das pesquisas mais elementares, pois a legislação que regulamenta o órgão

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simplesmente o proíbe desta função, o que o torna dependente de uma série de

outros organismos daquele país (Wendt, 1992; Peterson, 1996) e o impede de ser

mais ágil para problemas que podem ser solucionados com pesquisas de curto

prazo, como o estabelecimento da capacidade de carga turística, mapeamento dos

recursos para posterior zoneamento, estudo do perfil dos usuários das UCs, entre

outras modalidades.

4.1.4 Recursos Financeiros e Humanos

A última década presenciou uma considerável diminuição do

orçamento do Instituto Florestal, conforme se observa no Quadro 26. Até 1992 a

despesa com pessoal podia ser considerada ínfima e correspondia a uma pequena

porcentagem dos recursos obtidos junto ao Estado.

Quadro 26. Orçamento total do Estado destinado ao Instituto Florestal nos últimos 9 anos.ANO

Item de Despesa 92 93 94 95 96 97 98 99 2000Pessoal 222,00 4.645,00 8.314,00 9.193,00 9.037,0010.308,81 9.859,9310.630,9911.850,60

Custeio 3.067,00 5.506,00 5.081,00 3.362,00 2.793,00 2.460,83 2.055,80 1.803,01 1.736,23

Investimento 1.688,00 228,00 3.749,00 3.045,00 248,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Total Geral 4.977,0010.379,0017.144,0015.600,0012.078,0012.769,6411.915,7312.434,0013.586,83

Total sem pessoal 4.755,00 5.734,00 8.830,00 6.407,00 3.041,00 2.460,83 2.055,80 1.803,01 1.736,23

Fonte: Período 1992-1996 -- (CONCITE, 1997); Período 1997-2000 (DFEE-DA/IF, 2001)

A partir de 1995 as despesas com pessoal suplantaram as

operacionais e em 1997 deixou de existir o item Investimentos; os recursos não

pararam de decrescer a somas inexpressivas, tanto que os gastos com despesas

públicas no ano 2000 (água, esgoto e energia) consumiram cerca de 46% do total.

Somente a título de comparação, os orçamentos do Parque Estadual Intervales,

administrado pela Fundação Florestal, em 1997, 1998, 1999 e 2000 foram de

R$1.489.900,00; R$1.540.000,00, R$1.540.000,00 e R$1.318.600,00

respectivamente (Campos, 2001), o que demonstra uma enorme disparidade no que

tange aos orçamentos do IF e da Fundação Florestal, provavelmente em razão do

peso político diferenciado destas duas organizações.

O gráfico da Figura 06 ilustra o comportamento dos itens

orçamentários, ficando claro que apesar da existência de um ligeiro acréscimo nos

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valores totais aplicados na Instituição estes ocorreram graças a um pequeno

aumento nas despesas com pessoal.

Figura 06. Comportamento dos principais componentes do orçamento do Estado destinadoao IF nos últimos 9 anos.

Na medida que diminuiu os recursos do Tesouro, o IF tomou

precauções no sentido de recuperar o poder de gestão mediante a obtenção de

recursos de outras agências nacionais e internacionais, e deste modo de 1992 a

1996 obteve-se próximo a R$11.832.000,00 mediante a formulação de convênios e

parcerias (ATP- IF, 2000).

Segundo Alonso (2000)4 algumas razões podem ser apontadas para

a atual crise e a drástica redução dos recursos do Tesouro, como por exemplo i) a

capacidade que tem o órgão de captar recursos externos, motivando a Secretaria da

fazenda a diminuir anualmente a dotação orçamentária do Instituto; ii) não houve

aguerrimento, por parte de diretores administrativos passados, junto à Secretaria de

Planejamento visando justificar as solicitações de recursos haja vista contarem com

recursos externos (PNMA, PPMA, JICA, etc.); iii) os vários projetos com

financiamento extraordinários conseguidos nos últimos anos não foram corretamente

planejados e aquilatados para se saber seus reais impactos na gerencia e no futuro

institucional.

4 Alonso, A. L. Situação financeira do Instituto Florestal. Palestra. Reunião dos Chefes de Seção daDivisão de Florestas e Estações Experimentais. Novembro de 2000.

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Alguns profissionais alegam que essa diminuição de recursos é uma

tendência natural de uma economia globalizada e do sistema de governo neo-liberal

adotado pelo Estado, não havendo recursos suficientes para setores básicos como

saúde e educação, quanto mais para meio ambiente. Para Garrido (2001)5, as

constantes mudanças dos Diretores Gerais nos últimos anos, cerca de seis em oito

anos, quebrou toda uma ‘escola’ cultivada por pessoas realmente engajadas na

organização e que efetivamente pelejavam junto à Secretaria de Planejamento para

conseguir as verbas necessárias, independentemente dos recursos de convênios e

da arrecadação própria. Outro fato já mencionado é que, por mais lamentável que

possa parecer, a Fundação Florestal só fez piorar essa situação, pois nem

arrecadou eficientemente e nem ‘permitiu’ que o IF o fizesse.

Certo é que a relação entre os recursos financeiros e superfície

protegida (Figura 07) tem caído progressivamente e a situação tem se apresentado

desalentadora para os dirigentes da organização e diretores das UCs.

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

8000,00

10000,00

12000,00

14000,00

16000,00

18000,00

20000,00

92 93 94 95 96 97 98 99 2000

Ano

R$

x10

00

835.000,00

840.000,00

845.000,00

850.000,00

855.000,00

860.000,00

Áre

a(h

a)

Total Geral Total s/pessoal Área

Figura 07. Involução da relação entre os recursos financeiros e a superfície protegida do IF.

Um fato curioso ocorrido nos últimos anos refere-se à decisão de

se privilegiar as unidades contempladas pelo Projeto de Preservação da Mata

Atlântica-PPMA, financiado pelo KFW, com boa parcela dos parcos recursos

5 Garrido, M. A. de O. Sobre os estilos gerenciais dos Diretores Gerais do Instituto Florestal.Informação Verbal.

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existentes. Assim, as 10 unidades, todas da Serra do Mar e Litoral, que compõem o

projeto foram agraciadas com uma reserva de R$650.000,00 em termos de recursos

operacionais para o ano 2000, enquanto que as demais 75 unidades tiveram que se

contentar em repartir R$1.700.000,00. Apesar de a relação recursos/área estar

relativamente equilibrada (Quadro 27), não foi possível saber se houve algum estudo

para a definição de prioridades e demandas das demais áreas protegidas na

partição dos poucos recursos destinados ao Instituto.

Quadro 27. Recursos financeiros destinados às 10 UCs do projeto PPMA em relação àsdemais unidades do Instituto Florestal.

Unidades/Inserção ÁreaRecurso

operacional $/haUCs – KFW 229.750,35 650.000,00 2,83Orçamento IF 2000 615.571,65 1.736.231,00 2,82Fonte: ATP/IF (2000)

A valência do IF é que a organização possui receitas internas

advindas da venda de produtos e sub-produtos das florestas plantadas, além de

uma parte resultante da cobrança de ingressos por visitação pública (Quadro 28).

Quadro 28. Receita do IF oriunda de produtos e sub-produtos florestais1997 1998 1999 2000

IF FF IF FF IF FF IF FFMadeira 251.647,00 1.512.326,00 398.611,00 1.303.042,00 510.226,00 713.841,00 194.269,00 654.790,00

Resina 1.367.405,00 668.012,00 1.366.265,00

Mudas 71.134,00 20.534,00 80.113,00 3.366,00 100.960,00 80,00 80.523,00

Biomassa 1.210,00 11.404,00 14.763,00

Sementes 28,00 250,00 70,00

Gado 133.275,00 92.836,00

Outros 969,00 22.837,00 3.236,00 1.417,00 4.598,00 287.456,00 119,00

Total parcial 323.750,00 2.923.102,00 616.445,00 1.975.865,00 627.438,00 2.367.642,00 382.580,00 654.790,00

Total ano 3.246.852,00 2.592.310,00 2.995.080,00 1.037.370,00

Fonte: DFEE/IF (2001)

Nestes termos, a participação das florestas e estações

experimentais na arrecadação total do Instituto (e direcionada à manutenção do

sistema administrativo via Fundo Especial de Despesa) é bastante significativa, mas

infelizmente há uma grande dificuldade para se saber os reais valores percebidos

em razão da Fundação Florestal administrar a totalidade dos recursos advindos da

produção de resina e tanto IF-DFEE e FF gerenciarem os provenientes da

comercialização de sementes, mudas e madeira, não havendo até então uma única

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160

forma de controle das receitas auferidas, incluindo as arrecadações provenientes da

visitação pública.

Deste modo, as informações anteriores a 1997 ou foram mal

acompanhadas ou mal registradas e por este motivo os dados apresentados aqui

podem não estar totalmente corretos. Por exemplo, no ano 2000 a FF comercializou

resina, mudas e sementes, entretanto não foi possível obter tais dados em tempo

hábil para este relato.

É interessante notar que nos anos 1997, 1998 e 1999 a receita

oriunda do esquema comercial IF/FF sempre foi maior que a dotação orçamentária

do Estado para cobrir as despesas operacionais básicas. É sabido que a produção

florestal poderia ser ainda maior em beneficio do ‘sistema’ de unidades de

conservação caso fossem adotadas medidas que resultassem no manejo integrado

de todas as florestas do Estado segundo um enfoque de manejo sustentado.

Deste modo, deveriam estar sendo efetivados os plantios de

florestas nas áreas disponíveis e renovando-as com a utilização de variedades mais

produtivas oriundas das pesquisas desenvolvidas no próprio Instituto Florestal

(Gurgel Garrido et al.., 1997). Segundo profissionais seniores do IF6, florestas que

hoje produzem 15m3/ha/ano passariam para 35-40m3/ha/ano de madeira; de

2,5kg/arv/ano para 7kg/arv/ano de resina, provendo maior arrecadação, maior

geração de empregos diretos e indiretos e maior disponibilidade de madeira

plantada, com amplas possibilidades de serem ainda certificadas e terem mercado

garantido. Esta afirmação não é nova, sendo uma das metas estipuladas para a

Fundação Florestal quando de sua criação (Castanho Filho, 1996).

Conforme um recente inventário realizado nos povoamentos

florestais das unidades de uso sustentável do Instituto florestal, a área ocupada por

florestas plantadas é de 28.590,71ha contendo um estoque de madeira

potencialmente comercializável na ordem de 5.553.473,67m3 (Toyama et al., 1999).

Estimando-se o valor deste material pelo preço mínimo para lenha, um produto

menos nobre no mercado madeireiro e avaliado em R$ 30,00/m3 na média7, em

1999 havia estocado nas florestas plantadas do IF um capital acima dos

R$160.000.000,00 (Cento e sessenta milhões de reais), sendo que deste resultado

6 GARRIDO, M. A. de O. Melhoramento das florestas de produção do IF. Informação Verbal.13 Acompanhamento do preço médio praticado na compra de carvão vegetal de origem de

reflorestamento. 1999. http://www.ipef.br/estatflorest/tabelas/precocvreflor99.html

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161

estão excluídos todos os demais subprodutos da floresta, tais como resina e madeira

para serraria.

O mesmo informe mostra que há uma enorme defasagem no manejo

das florestas em razão da não ocorrência da reposição dos estoques na mesma

medida que os cortes avançaram. Somente em termos de superfície livre para

plantio existem aproximadamente 3000ha disponíveis de imediato, sem contar as

áreas cujos cortes finais estão sendo adiados em razão da incapacidade de plantio,

o que revela o não seguimento do plano de manejo florestal de 1992 (DFEE/IF,

1992). Ou seja, na atualidade o manejo florestal está voltado para a produção de

dinheiro e não mais para a produção sustentada, como preconizado pelo excelente

Plano de Desenvolvimento Florestal Sustentável elaborado pela Fundação Florestal

para o Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 1993) ou pelas diretrizes que previam

um plano trintenal para as florestas de produção do Instituto Florestal.

Uma das inúmeras conseqüências e evidências da grave crise

financeira que assola o IF reside na sua precária frota de veículos, que se apresenta

em quantidade insuficiente e com manutenção bastante comprometida (Quadro 29).

Dos 352 veículos disponíveis no IF mais da metade (187) passam dos 10 anos de

uso e cerca de 15% dos que ainda estão em serviço possuem mais de 20 anos, uma

situação antagônica às diretrizes de redução dos custos do governo já que é de

conhecimento popular que quanto mais velhos e mais usados os veículos, maiores

serão as despesas de manutenção.

Quadro 29. Frota de veículos disponível no IF no ano 2000Ano Quantidade %

Até 1980 50 141981-1990 137 391990-2000 165 47

Total 352 100Fonte: Adaptado de ATP/IF (2000)

Em termos de pessoal a situação não é diferente. Em 30 anos a

área sob a responsabilidade do IF aumentou cerca de 150%, mas a quantidade de

pessoal designado para a proteção e manejo dos ecossistemas englobados diminuiu

em ritmo maior (Quadro 30), passando de 133ha/funcionário em 1970 para

600ha/funcionário em 2000, um aumento de 450% no índice em 30 anos que eleva

significativamente a responsabilidade do organismo. A Figura 08 possibilita visualizar

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162

a oscilação descendente do quadro de pessoal do IF em relação ao aumento da

área protegida.

Quadro 30. Involução do Quadro de funcionários do IF frente ao aumento da superfícieprotegida

Ano Área (ha) PessoalSuperfície /Funcionário Ano Área (ha) Pessoal

Superficie /Funcionário

70 350000,00 2623 133,43 84 771920,00 1804 427,8971 350000,00 2598 134,72 85 771920,00 1920 402,0472 350000,00 2573 136,03 86 841948,00 2001 420,7673 350000,00 2498 140,11 87 843564,00 1800 468,6574 350000,00 2367 147,87 88 844908,00 1795 470,7075 350000,00 2315 151,19 89 844908,00 1723 490,3776 350000,00 2311 151,45 90 844908,00 1650 512,0777 758000,00 2249 337,04 91 844908,00 1570 538,1678 758000,00 2200 344,55 92 844908,00 1358 622,1779 758000,00 2185 346,91 93 844908,00 1325 637,6780 758000,00 2191 345,96 94 844908,00 1926 438,6981 758000,00 1976 383,60 95 847388,67 1740 487,0082 765000,00 1906 401,36 96 847388,67 1478 573,3383 765000,00 1842 415,31 2000* 859.283 1439 597

Fonte: ATP, IF (2000)

*Inclui todos os Parques Estaduais, Estações Ecológicas, Reservas Estaduais, EstaçõesExperimentais, Floresta Estaduais e exclui, no ano 2000, a área da Reserva Estadual Lagoa SãoPaulo, cujo Decreto de criação foi revogado pela Lei Estadual no 10.018, de 02/07/1998.

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96

Anos

Núm

ero

defu

ncio

nário

s

0100.000200.000300.000400.000500.000600.000700.000800.000900.0001.000.000

Áre

a(h

a)

Pessoal Área

Figura 08. Involução do Quadro de funcionários em relação ao crescimento da superfícieprotegida.

Para a atual situação demográfica do Instituto Florestal cabe

salientar alguns aspectos importantes Do total de funcionários 80% estão quase que

exclusivamente dedicados aos labores de gestão e manejo das áreas protegidas e

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os demais, que perfazem cerca de apenas 20%, próximo de 290 pessoas, estão

alocados nos escritórios centrais, ao contrario do que generalizaram Georgiadis e

Campello (1999). Mas vale ressaltar ainda que entre estes últimos uma boa parte

atua apoiando atividades dirigidas às UCs como por exemplo o pessoal da Divisão

de Dasonomia dedicados aos estudos cartográficos imprescindíveis na elaboração

de planos de manejo, as Seções de Desenhos e a Assessoria de Estudos

Patrimoniais, entre outras; se excluirmos esses 20% a relação área/funcionário geral

se eleva para 708ha/funcionário. Outro fato positivo é o nível de qualificação do

pessoal de nível superior, que congrega 34 graduados, 44 Mestres e 9 Doutores

(SÃO PAULO, 2001).

Por outro lado, as diferenças existentes entre as duas divisões

responsáveis por áreas protegidas da organização. A DFFE cuida de 106.953,94ha

de áreas protegidas e a DRPE de 752.329,60ha, e possuem respectivamente 637 e

576 funcionários, o que resulta em relações funcionário/área de 1/167ha e 1/1.306ha

por funcionário, demonstrando um acentuado desequilíbrio que não condiz com a

Missão Institucional que referenda a prioridade de se conservar a biodiversidade. Há

diversas carreiras profissionais e formas de contratação e, por conseguinte, salários

e vantagens diferenciados dentro do próprio Instituto Florestal. O Quadro de

funcionários é composto por funcionários do Estado, efetivos e estatutários,

funcionários da Fundação Florestal, funcionários da CETESB, funcionários de

empresas de terceirização, etc., resultando em explícitos conflitos internos já que

para as mesmas responsabilidades e atribuições existem disparidades salariais

gritantes.

Na medida em que escassearam os recursos do Tesouro destinados

aos trabalhos inerentes às unidades de conservação, técnicos do IF e a própria

Instituição promoveram uma corrida visando financiamentos alternativos para a

pesquisa ou para o desenvolvimento de projetos inseridos nos programas de manejo

das unidades. Infelizmente os recursos auferidos em dado período e o destino dos

mesmos é algo muito difícil, senão impossível de ser determinado, entretanto as

fontes são oriundas tanto de organizações nacionais como internacionais. Mas com

certeza nos últimos 10 anos sabe-se que muitos projetos foram financiados pelo

Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA, Fundo Mundial para a Natureza-WWF,

Fundação o Boticário de Proteção à Natureza, FAPESP, CNPq, Programas de

Pequenos Projetos do Banco Mundial, entre outras fontes.

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164

Segundo a Assessoria Técnica de Programação do IF, dois grandes

projetos foram desenvolvidos na Instituição através de parcerias internacionais no

decênio de 1990: Projeto de Pesquisa em Conservação de Florestas e do Meio

Ambiente e Projeto de Preservação da Mata Atlântica.

O primeiro, com duração de cinco anos visou, basicamente, o

estabelecimento e execução de objetivos voltados à pesquisa para a conservação

em microbacias hidrográficas, abarcando recursos na ordem de cinco milhões de

dólares aplicados na melhoria da infra-estrutura de pesquisa das Estações

Experimentais de Assis, de Paraguaçu Paulista e da Divisão de Dasonomia no

desenvolvimento de estudos voltados para a caracterização do meio biofísico,

hidrologia, climatologia e recuperação da paisagem alterada. Os resultados práticos

deste projeto refletem-se em inúmeras publicações científicas em periódicos

nacionais e internacionais, incluindo-se aí dois manuais muito práticos dirigidos ao

conhecimento das sementes florestais e ao reflorestamento ciliar da região oeste do

estado (IF/JICA, 1998).

O Projeto IF/JICA contemplou ainda um importante componente de

capacitação na medida que eram promovidos anualmente cursos internacionais de

manejo florestal em bacias hidrográficas voltados a países de idioma português e

espanhol com o objetivo de atualizar conhecimentos, aperfeiçoar métodos e técnicas

de pesquisa em relação ao meio biofísico, visando ao manejo florestal de bacias

hidrográficas, com transferência de tecnologia absorvida em cooperações bilaterais

com o Governo do Japão. Foram realizados 5 cursos com a participação de técnicos

dos seguintes países: Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Chile,

Colômbia, Cuba, Equador, Moçambique, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela. As

oportunidades de capacitação estendiam-se aos brasileiros participantes do projeto,

mediante viagens técnicas empreendidas a centros tecnológicos de excelência do

Japão.

O segundo projeto, Projeto de Preservação da Mata Atlântica -

PPMA, ainda em fase de execução, tem por objetivo principal a implantação de

unidades de conservação situadas na Mata Atlântica e visa ampliar a capacidade de

fiscalização e monitoramento nas regiões do Vale do Ribeira, Litoral Sul e Norte de

São Paulo, bem como planejar e consolidar a implantação de unidades de

conservação inseridas nestas regiões, prevendo um investimento total de 30 milhões

de dólares de 1995 a 2000. O governo brasileiro participa com 44% dos recursos e o

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Banco KFW, da Alemanha, responde por 56% dos investimentos, metade dos quais

na forma de doação.

As UCs contempladas por este projeto são o Parque Estadual da

Serra do Mar em seus Núcleos Cubatão, Caraguatatuba, São Sebastião, Santa

Virginia e Picinguaba, e os Parques Estaduais da Ilha do Cardoso, Ilha Bela, Ilha

Anchieta e Campina do Encantado e a Estação Ecológica de Bananal.

Posteriormente outras áreas foram incluídas e favorecidas pela elaboração de

planos de manejo, usando-se a metodologia desenvolvida pelo IBAMA que

considera sua construção em 3 fases de acordo com o nível de conhecimento

adquirido sobre a unidade. O resultado foi a publicação inédita no Diário Oficial do

Estado dos Planos de Manejo dirigidos às UCs referenciadas mais os dos Parques

Estaduais Intervales e Xixová-Japuí (SÃO PAULO, 1998).

As unidades foram beneficiadas de modo abrangente pois os

recursos são destinados à melhoria dos componentes da gestão, abarcando desde a

instalação de infra-estrutura e saneamento básico (água, luz e esgoto), a aquisição

de materiais e equipamentos em geral e culminando na realização de estudos e

diagnósticos para a elaboração dos planos de manejo. Alguns empreendimentos

relevantes do Projeto para o manejo efetivo destas unidades são: desenvolvimento

de amplo banco de dados; elaboração de Sistema de Informações Geográficas

(SIG); produção e edição de vídeo sobre as UCs; estudos específicos de Ecoturismo

sobre as potencialidades de exploração turística das unidades; implementação de

capacitação do corpo de funcionários mediante a contratação de cursos de:

Planejamento Estratégico; Oficina de Planejamento do Uso Público em unidades de

Conservação do PPMA; Informática; Captação de Recursos na Área Ambiental;

Banco de Dados Geográfico e Análise Espacial de Dados Geográficos.

Conforme informações de técnicos que trabalham nas unidades

agraciadas pelo KFW, o projeto possui os méritos de ser bem conduzido e

organizado para o pleno alcance dos objetivos propostos, entretanto a contrapartida

financeira da SMA tem falhado quanto ao volume e a regularidade de repasse dos

recursos, fato que vem comprometendo as atividades de campo e, por conseguinte,

o bom andamento do Projeto.

Segundo Sério (2001), em 1992 uma equipe técnica do IF elaborou

uma proposta que a Secretaria do Meio Ambiente apresentou ao Ministério do Meio

Ambiente no âmbito do Programa Nacional do Meio Ambiente-PNMA, poderoso

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instrumento federal que financia ações relacionadas ao efetivo cumprimento da

Política Nacional de Meio Ambiente. O projeto no valor total de US$5.000.000,00

(cinco milhões de dólares) foi aprovado e compunha-se dos componentes

Capacitação, Fiscalização, Educação Ambiental e Pesquisa, sendo que 80% do

volume dos recursos foram destinados aos Parques Estaduais de Carlos Botelho,

Ilha do Cardoso, Jacupiranga, PETAR e Estação Ecológica da Juréia-Itatins, além da

Reserva Biológica de Paranapiacaba administrada pelo Instituto de Botânica. Foram

implementados cursos para guardas-parque, aquisição de veículos, projeção e

implantação de infra-estruturas e fiscalização intensiva das áreas protegidas, o que

melhorou substancialmente a gestão das unidades envolvidas.

Cabe ainda ressaltar que ao longo de sua existência o Instituto

Florestal interagiu de modo muito positivo com inúmeras organizações nacionais e

internacionais que trabalham com a problemática ambiental, ocupando lugar de

destaque e obtendo ampla respeitabilidade no meio em razão da ação pontual de

técnicos da instituição e das atividades que desenvolve. Organizações famosas e

atuantes como WWF, UICN, US Fish and Wildlife Service, US National Park Service,

Instituto de Pesquisas Ecológicas, SOS Mata Atlântica, UNESP, USP, entre outras

formam o rol das organizações que potencializam uma maior e efetiva inserção do IF

no cenário conservacionista brasileiro e mundial.

4.1.5 Síntese da situação atual do Instituto Florestal

Para o Instituto Florestal, suas atividades resultam em linhas de

atuação que subsidiam, diretamente, a condução de políticas públicas referentes à

conservação, educação ambiental e à produção florestal, quer através da pesquisa e

experimentação, quer através de ações políticas, no âmbito dos Órgãos Públicos ou

no relacionamento com a sociedade civil, nas esferas: estadual, federal e municipal.

Algumas vezes, estas políticas têm sido assumidas com endosso e apoio

governamental formal, mas, na maior parte das vezes, são implementadas como

conseqüência da atuação e inserção dos técnicos da instituição em suas atividades

cotidianas, dentro de suas especializações.

São muitas as distorções verificadas nesse campo, desde a carência

de profissionais qualificados, inexistência de diretrizes para a capacitação

continuada dos recursos humanos e recursos financeiros muito aquém do

necessário, sucateamento da frota de veículos e máquinas, ineficiente manejo das

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unidades de uso sustentável, ineficácia gerencial e operacional das três unidades

industriais; até aspectos mais graves como a expressiva fragilidade política da

organização, culminando com equívocos desastrosos relativos a missão Institucional

e desrespeito gritante à sua comunidade como no caso da criação ou implantação

do ‘Programa de Proteção a Fauna’. Em grande parte dos casos, os projetos

prioritários institucionais transformam-se em instrumentos de referendo de políticas

com forte apelo popular visando a obtenção de votos nas esferas superiores,

desconsiderando-se o papel principal da organização como instrumento de efetivo

direcionamento das medidas conservacionistas do estado.

No campo do manejo de unidades de conservação o contexto,

infelizmente, não é diferente, pois as políticas estabelecidas, com seus objetivos e

metas, não se constituem em instrumentos potenciais para estudos e projetos que

visam a proteção, prevenção, mitigação e aferição dos impactos causados aos

remanescentes do patrimônio natural protegido, hoje reduzido a fragmentos na

desolada paisagem do estado. Outro aspecto relevante e desconsiderado é a

potencialidade das UCs como ferramenta integradora da conservação dos recursos

naturais e promoção do desenvolvimento social em programas e políticas de âmbito

local, regional e até mesmo nacional. As iniciativas nesse sentido são isoladas e não

atingem resultados consistentes.

Têm-se observado uma inadequação dos parâmetros qualitativos e

quantitativos do manejo nas UCs sem a definição de indicadores de sustentabilidade

que visem nortear um conjunto de orientações de caráter metodológico, envolvendo

aspectos de diagnóstico, avaliação de impactos e proposição de medidas e

estratégias de acompanhamento e monitoramento, bem como medidas corretivas

quando necessárias.

Isto tem sido possível devido à cultura que a Instituição cultivou ao

longo de sua existência. A preservação desta cultura vem garantindo a sua inserção

na realidade sócio-ambiental e econômica, o que contribui significativamente para a

continuidade das políticas, que nem sempre têm encontrado a sensibilidade

necessária de alguns Governos.

Uma análise mais detida da atuação institucional demonstra que sua

inserção social tem sido tão forte a ponto de extrapolar os limites da área florestal e,

mesmo, da ambiental. A perspectiva da manutenção da biodiversidade e do

desenvolvimento sustentável estão intimamente ligados a qualidade de vida do

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homem no planeta e não nos permite excluir desta macro-política dimensões como a

econômica, a energética, a educacional, a científica e a tecnológica. Entretanto, é

paradoxal que numa época em que as unidades de conservação da natureza e a

conservação ambiental são tão divulgadas e discutidas nos mais variados fóruns

uma organização cuja missão aí se insere não seja capaz de se alavancar e mostrar

sua importância para a sociedade e os governos.

O IF carece de planejamento de médio e longo prazos e de uma real

valorização enquanto responsável pela maioria das Unidades de Conservação que

encerram a biodiversidade do Estado. A involução de sua economia não reflete a

atual crise mundial, os efeitos da globalização ou a filosofia dos governos neo-

liberais, mas sim o estado a que chegam as organizações que não se preocupam

em forjar as condições presentes necessárias para dominar o futuro que virá. Em

termos da massa critica técnico-científica do Instituto não restam dúvidas da

competência, inclusive por saberem distinguir a necessidade de capacitação em

todos os níveis visando a melhoria da gestão das áreas protegidas.

A solução é o que se está designando como ‘choque de

modernidade gerencial e administrativa’, do mesmo modo que fez o Instituto de

Pesquisas da Amazônia quando seus caminhos se tornaram pouco claros (INPA,

1994). O planejamento estratégico do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

pautou-se em estabelecer modernas diretrizes para um efetivo desenvolvimento

científico e tecnológico da organização tendo por base a realidade na qual a

organização estava inserida, as demandas e as oportunidades do ambiente externo,

as debilidades e os pontos fortes internos.

No Caso do IF isto é imperativo, porém com a premissa de que é

uma organização florestal impar, ao menos no território brasileiro, constituída de

áreas de conservação estrita e de uso sustentável que devem se complementar no

sistema de conservação, inseridas num contexto no qual a pesquisa e a produção

sustentada são importantes atividades meio e complementares à conservação da

biodiversidade, esta a missão principal.

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4.2 EFICÁCIA DE GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃOPESQUISADAS

4.2.1 Classificação da eficácia de gestão

Da coleta de dados produziu-se inicialmente uma matriz completa

com os dados brutos de todos os indicadores e sub-indicadores e abarcando todas

as unidades de conservação pesquisadas, não distinguindo as de proteção integral

das de uso sustentável (Quadro 31).

Em seguida obteve-se uma segunda matriz mais refinada, com as

notas dos sub-indicadores incorporadas aos respectivos indicadores, que por sua

vez estão arranjados por âmbitos que apresentam a síntese quantitativa da

avaliação (Quadro 32). Seqüencialmente apresentam-se os Quadros 33 e 34, que

são um desdobramento da anterior distinguindo as amostras, respectivamente, em

Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Unidades de Conservação de

Proteção Integral.

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Considerando a matriz do Quadro 32 e a escala acima, aclassificação geral e a frequência para todas as unidades de conservação estudadasé a seguinte (Figura 9 e quadro 35):

82,6871,9271,4371

70,470,21

68,7468,7168,0867,8667,567,27

66,5365,66

64,3962,44

61,4861,0560,8760,43

59,1759,0258,67

57,9356,2456,0755,8955,74

54,8454,2

53,5753,21

52,1252,0751,6151,55

49,8649,85

49,0849,0848,4348,2448,147,55

46,6444,8144,7144,5743,9243,6343,2342,83

41,6441,6341,34

40,6739,25

33,829,24

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

PEIlha do CardosoEEc Jataí

EExJaúEEc ItirapinaEEc Bananal

PEIlha AnchietaPE Carlos BotelhoFloresta de Avaré I

FE ManduriPESM Caraguatatuba

PECantareiraEExItapeva

EExLuizAntônioEEc Itapeva

EEc CaetetusEExItararé

PETAREEc Itaberá

PESM PicinguabaPEMarinho Lage de Santos

PESM CubatãoEEc Paranapanema

EExAssisPESM Santa VirginiaPEMorro do Diabo

EExTupiPE Campos do Jordão

EExItirapinaPEFurnas do Bom Jesus

PEIlha BelaPESM São Sebastião

EEJJGHF Navarro de Andrade

EEc AssisEEc Chauás

PESM CunhaPEPorto Ferreira

PESM CurucutuEExSão Simão

EExBento QuirinoRE Águas da Prata

PECapitalPEXixová JapuíEExMoji Guaçu

PE JaraguáEExBauru

PE VassunungaPECampina do Encantado

PEJacupirangaPE ARAValinhosEExCasa BrancaEEc Juréia-Itatins

PEJuruparáEExMogi MirimEExAraraquaraEEc São Carlos

PE JuquiriEEc Ribeirão Preto

PEMananciais de Campos do Jordão

Figura 9. Classificação da eficácia de gestão de todas as UCs investigadas

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Quadro 35. Frequência da classificação das UCs.% do total ótimo Nível de

qualidade do manejoQuantidade de UCs Porcentagem

≤ 40,99% Padrão Muito Inferior 4 6,7841 – 54,99 Padrão Inferior 27 45,7655 – 69,99 Padrão Mediano 22 37,2970 – 84,99 Padrão Elevado 6 10,17

≥ 85% Padrão de Excelência 0 0,00

Somente seis UCs alcançaram um nível de qualidade que possibilita

afirmar que os fatores e meios para o manejo existem e as atividades essenciais são

desenvolvidas normalmente, tendendo o conjunto em direção ao logro dos objetivos

da unidade, inclusive mediante a efetivação de programas de manejo especiais. 22

unidades obtiveram pontuação que as classificaram possuidoras de uma gestão

medianamente satisfatória; elas apresentam deficiências que não proporcionam uma

sólida base para o manejo efetivo e o desenvolvimento de todos os programas

essenciais, podendo não ser atendidos alguns dos objetivos secundários de manejo.

27 UCs apresentaram padrão inferior de gestão; há recursos para o

manejo, todavia a área é vulnerável a fatores externos e/ou internos pois há

somente meios mínimos disponíveis para as atividades essenciais do manejo,

podendo alguns dos objetivos primários não ser atingidos. Quatro unidades

aparecem com pontuações abaixo de 40%, o que caracteriza uma total falta de

implementação de ações visando emprestar alguma base para se proceder à gestão

propriamente dita. Faltam muitos elementos para o manejo e essa situação não

garante a permanência da unidade a longo prazo, o que obriga a instituição envidar

maiores esforços no manejo das mesmas; nas atuais condições, seus objetivos não

são alcançáveis.

Observe-se, porém, que várias unidades estão com suas

classificações situadas nas proximidades dos limites das classes, seja inferior ou

superior, sendo que em ambos os casos um deslize ou um pequeno investimento

podem piorar ou melhorar a gestão e a classificação das mesmas.

Esta classificação geral é pertinente, porém para uma visão mais

detalhada do que acontece com os indicadores e grupos de indicadores (âmbitos)

em cada sub-sistema analisado (UCUS e UCPI) é necessário separar estes

universos amostrais, sendo esta a razão da existência dos Quadros 32 e 33 já

apresentados, nos quais tanto os totais ótimos como os totais alcançados por

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indicador são alterados em função da diminuição do número de amostras, muito

embora isto não se reflita na pontuação obtida pelas unidades isoladamente.

Naturalmente que os pesos reais dos âmbitos “qualidade dos

recursos” e “florestas estaduais” sobre a pontuação final de ambos sub-sistemas,

respectivamente UCPI e UCUS, é superior ao serem analisados isoladamente do

que quando todas as amostras são consideradas um único conjunto, o que

corrobora a necessidade de se proceder a analise dos dois grupos separadamente.

Mas isto não desabona a metodologia original, ou os autores que a aplicaram em

campo e confirmaram a possibilidade de comparações de resultados entre

categorias diferentes (Izurieta, 1997), o que de fato é possível desde que os

indicadores sejam todos iguais, ou a maioria, e com incidência comum a todas as

unidades de conservação.

Para detalhar a classificação entre os dois grupos considerados

apresenta-se a seguir o Quadro 36 e Figura 10.

Quadro 36. Classificação da eficácia de gestão das UCs de proteção integral e usoSustentável e porcentagem no grupo (UCPI e UCUS).

Proteção integral Uso Sustentável% do totalótimo Padrão de Qualidade da Gestão

Quantidade % Quantidade %≤ 40,99% Padrão Muito Inferior 4 10 0 041 – 54,99 Padrão Inferior 18 44 9 5055 – 69,99 Padrão Mediano 14 34 8 4470 – 84,99 Padrão Elevado 5 12 1 6

≥ 85% Padrão de Excelência 0 0 0 041 100 18 100

Figura 10. Comportamento da classificação das UCs de proteção integral e uso sustentável.

≤ ≥

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Observa-se que há uma tendência geral do nível da eficácia de

gestão das UCs situar-se nos padrões inferior e mediano de qualidade. Em relação

às UCs de proteção integral, o conjunto partilha de duas tendências reais bastante

significativas. Uma esta relacionada à possibilidade de ocorrerem o que comumente

designa-se “parques de papel”, unidades totalmente desprovidas de qualquer

atributo gerencial que as façam sair do estado de estagnação e ostracismo em que

se encontram, e a outra, mais alentadora e partilhada também pelas unidades de

uso sustentável, a busca de uma efetiva gestão que pode ser detectado na medida

que há um número maior de unidades com pontuações acima da média, ou acima

dos 50% do total ótimo, o limite inferior da classe ‘medianamente satisfatório’.

Tomando-se apenas as 41 unidades dedicadas à conservação da

biodiversidade (UCPI) pode-se fazer um exercício associando à área de cada

unidade a porcentagem de eficácia de gestão obtida e, assim, inferir-se sobre a

superfície real que cada unidade efetivamente tem condições de proteger e

conservar (Quadro 37). Raciocinando desta maneira, dos 753.405,00ha

representados somente 415.814,53ha, ou 55% da superfície são geridos de maneira

a se alcançar os objetivos de conservação inerentes às categorias de manejo.

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Quadro 37. Superfície com proteção efetiva de acordo com a eficácia de gestão auferida

Unidades Área Pontuação Área efetiva sobproteção

PE Ilha do Cardoso 22.500,00 82,68 18.602,68

EEc Jataí 4.532,18 71,92 3.259,60

EEc Itirapina 2.300,00 71,00 1.633,00

EEC Bananal 884,00 70,40 622,38

PE Ilha Anchieta 828,08 70,21 581,43

PE Carlos Botelho 37.644,36 68,74 25.876,02

PESM Caraguatatuba 77569,64 67,86 52.636,54

PE Cantareira 7.900,00 67,50 5.332,50

EEc Itapeva 106,77 65,66 70,10

EEc Caetetus 2.178,84 64,39 1.402,88

PETAR 35.884,28 61,48 22.060,29

EEc Itaberá 180,00 61,05 109,90

PESM Picinguaba 47572,15 60,87 28.956,71

PE Marinho Lage de Santos 5.000,00 60,43 3.021,45

PESM Cubatão 95176,33 59,17 56.312,66

EEc Paranapanema 635,00 59,02 374,75

PESM Santa Virginia 13385,83 57,93 7.754,22

PE Morro do Diabo 33.845,33 56,24 19.034,08

PE Campos do Jordão 8.385,89 55,89 4.686,97

PE Furnas do Bom Jesus 2.069,06 54,84 1.134,63

PE Ilha Bela 27.025,00 54,20 14.648,19

PESM São Sebastião 28393,23 53,57 15.210,66

EEc Assis 1.312,38 52,07 683,38

EEc Chauás 2.699,60 51,61 1.393,14

PESM Cunha 21774,87 51,55 11.224,43

PE Porto Ferreira 611,55 49,86 304,93

PESM Curucutu 9058,06 49,85 4.515,40

RE Águas da Prata 48,40 48,43 23,44

PE Capital 174,00 48,24 83,93

PE Xixová Japuí 901,00 48,10 433,34

PE Jaraguá 492,68 46,64 229,80

PE Vassununga 1.732,14 44,71 774,45

PE Campina do Encantado 2.359,50 44,57 1.051,65

PE Jacupiranga 150.000,00 43,92 65.875,00

PE ARAValinhos 64,30 43,63 28,06

EEC Juréia-Itatins 79.270,00 42,83 33.953,98

PE Jurupará 26.250,47 41,64 10.931,62

EEc São Carlos 75,26 40,67 30,61

PE Juquery 1.927,70 39,25 756,58

EEc Ribeirão Preto 154,16 33,80 52,10

PE Mananciais de Campos do Jordão 502,96 29,24 147,05

753.405,00 � 55 % 415.814,53

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Por outro lado, comparando-se a pontuação final ótima - 15.960 à

pontuação final alcançada - 8.804,93 (Quadro 31) obtêm-se um valor em

porcentagem que, conforme a metodologia original, nos permite inferir sobre a

eficácia geral do sistema administrativo e, conseqüentemente, uma posição sobre a

situação em que se encontra a organização responsável.

Neste caso pode-se inferir que o Instituto Florestal tem conseguido

oferecer 55% do suporte total requerido pelo sistema de unidades, estando então no

limite inferior da classe de padrão mediano de qualidade.

Um exame mais minucioso das ocorrências reportadas e

encontradas nas unidades de conservação é produzida a seguir.

4.3 ANÁLISE DOS GRUPOS DE INDICADORES

De modo geral a organização parece enfrentar problemas em todas

as linhas de atuação haja vista os resultados parciais dos 6 grupos de indicadores

analisados (Quadro 31). O melhor pontuado foi o relativo à qualidade dos recursos

(64,24%) inseridos no contexto das unidades de conservação de proteção integral e

que indica um grau de qualidade medianamente satisfatório. Os âmbitos

planejamento e ordenamento, administração, políticas de gestão e conhecimentos

obtiveram, respectivamente, 44,09%, 53,02%, 54,87% e 61,09% em relação ao total

ótimo possível de ser alcançado.

O grupo cuja qualificação foi a mais baixa diz respeito exatamente

às unidades de uso sustentável, florestas estaduais, atingindo somente 42,19% do

valor ótimo total, um dado que corrobora as afirmações de Dourojeanni e Pádua

(2001) que afirmaram que as UCs públicas dedicadas ao manejo florestal tem obtido

menos sucesso na América Latina que as UCs dedicadas exclusivamente à proteção

de ecossistemas.

Uma análise de regressão múltipla (Quadro 38) aplicada aos 5

grupos de indicadores incidentes sobre as unidades de conservação de proteção

integral, tomando por base os dados do Quadro 34, demonstrou que o âmbito

‘administrativo’ foi o mais importante, com um coeficiente de correlação de 0.84 e

coeficiente de determinação de 0.70, o que significa que somente este grupo tem

uma influência e explica 70% dos resultados finais obtidos.

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Quadro 38. Resultados da Analise de Regressão Múltipla para os dados obtidos nas UCs deProteção Integral

Y = % do Total Ótimo Geral; X1 = % do Ótimo para o âmbito Planejamento e Ordenamento;X2 =% do Ótimo para o âmbito Administrativo; X3 = % do Ótimo para o âmbito Político-Legal;X4 = % do Ótimo para o âmbito Conhecimento; X5 = % do Ótimo para o âmbito Qualidade dosRecursos

MODELO COM 1 VARIAVEL: COEFICIENTES DE CORRELACAO SIMPLES

X1 e Y = 0.712864 | X2 e Y = 0.839489 | X3 e Y = 0.814786 | X4 e Y = 0.780591 |X5 e Y = 0.548607

A primeira variável selecionada é X2 (Âmbito Administrativo) porque tem o maior coeficiente decorrelação (r = 0,839489). Coeficiente de determinação r² = 0.7047410, ou seja, a influência davariável X2 para o resultado de Y é 70,47%, ou prove 70% de explicação dos resultados finaisobtidos (Y).

B0 = 22.624083 / B2 = 0.645918Isto significa que a equação seria: Y = 22,624083 + 0,645918 X2

MODELO COM 2 VARIAVEIS: COEFICIENTES DE CORRELACAO PARCIAIS

X1 e Y = 0.499277 | X3 e Y = 0.613360 | X4 e Y = 0.795287 | X5 e Y = 0.570983 |

Agora recalcula-se os coeficientes de correlações e se determina o coeficiente de correlaçãoparcial maior, que no caso é a variável X4 (Âmbito Conhecimentos). Coeficiente de determinaçãor² = 0.8914869, ou seja, a influência das variáveis X2 e X4 para o resultado de Y seria de 89,15%,ou ainda, a entrada da variável X4 contribuiu com 18,68% de explicação do modelo.

B0 = 11.454440 / B2 = 0.465185 / B4 = 0.332365

A equação seria: Y = 11,454440 + 0,465185 X2 + 0,332365 X4

MODELO COM 3 VARIAVEIS: COEFICIENTES DE CORRELACAO PARCIAIS

X 1 e Y = 0.489409 | X 3 e Y = 0.553629 | X 5 e Y = 0.529334

Coeficiente de determinação 0.9247467. Se fosse o caso de escolher grupos de variáveis poder-se-ia ficar só com as duas primeiras variáveis, X2 e X4, já que a entrada de outra variável (X3)aumentaria o coeficiente de determinação em 0,0332 ou apenas 3,32%.

B0 = 5.729863 / B2 = 0.356180 / B3 = 0.269698 / B4 = 0.274553A equação seria: Y = 5,729863 + 0,356180 X2 + 0,269698 X3 + 0,274553 X4

MODELO COM 4 VARIAVEIS: COEFICIENTES DE CORRELACAO PARCIAIS

X1 e Y = 0.482330 | X5 e Y = 0.656508

B0 = 4.695892 / B1 = 0.158800 / B2 = 0.321095 / B4 = 0.206824 / B5 = 0.231078A equação seria: Y = 5,729863 + 0,15880 X1 + 0,356180 X2 + 0,269698 X3 + 0,274553 X4

MODELO COM 5 VARIAVEIS: COEFICIENTES DE CORRELACAO PARCIAIS

X3 e Y = 0.995623

B0 = -0.186032 / B1 = 0.141433 / B2 = 0.243068 / B3 = 0.225695 / B 4 = 0.165598 / B5 =0.226942

A equação seria: Y = -0,186032 + 0,141433 X1 + 0,243068 X2 + 0,225695 X3 + 0,165598 X4 +0,226942 X5

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O segundo âmbito mais importante foi o ‘conhecimentos’, que

juntamente com o primeiro grupo de indicadores influencia em 89,15% os resultados

finais, ou seja a entrada dos dados de ‘conhecimentos’ agrega 18,68% de

explicação ao modelo. O terceiro grupo de indicadores mais importante coube ao

âmbito ‘político/legal’, cuja entrada no modelo soma 3,32% de explicação e resulta

um modelo matemático que tem uma influencia de 92,24% sobre os resultados finais

obtidos. Na seqüência vem os âmbitos ‘qualidade dos recursos’ e ‘planejamento e

ordenamento’, que agregam pouca explicação ao modelo, respectivamente 5,25% e

2,28%.

Considerando tal análise poder-se-ia enfocar, para as UCPI, os

resultados apenas sobre os âmbitos ‘administrativo’ e ‘conhecimentos’ já que os

mesmos os influenciam em 89%. No entanto a gestão de unidades de conservação

é algo muito mais complexo que meras determinações estatísticas. Concordando

com o afirmado por Cifuentes (1992), se de um lado o âmbito ‘planejamento’ não

tem uma incidência estatística tão grande como o âmbito ‘administrativo’, a falta do

primeiro pode causar sérios transtornos à administração pois o planejamento permite

saber o que se deseja a médio-longo prazos, direcionando as ações do presente

para se construir o futuro que se delineou para a unidade de conservação. Por outro

lado, há uma relação de interdependência entre indicadores e grupos de

indicadores, sendo que a importância de cada um é muito relativa. Assim sendo,

mantêm-se a proposta original de analisar todos os grupos de indicadores.

Antes de discorrer sobre cada grupo de indicadores específicos, é

necessário ter-se em mente que a pontuação de alguns indicadores presentes no

Quadro 32 são médias oriundas do que se convencionou designar sub-indicadores

(Quadro 39); para se conhecer as pontuações originais destes sub-indicadores deve-

se reportar à matriz do Quadro 31.

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Quadro 39. Sub-indicadores do processo de avaliaçãoIndicador Sub-indicador

Plano de manejo Existência e atualidadeEquipe de planejamentoExecução do Plano

Programas de manejo Existência e estrutura dos...Programa de manutençãoPrograma de proteçãoPrograma de interpretaçãoPrograma de educação ambientalPrograma de pesquisa eExecução dos respectivosprogramas

Corpo de funcionários QuantidadeQualidade (capacitação, experiência)MotivaçãoApresentaçãoAtitudes pessoaisAutoridade

Organização ArquivosOrganogramaComunicação internaNormatização de atividades

Como definiu-se anteriormente, no detalhamento da análise dos

grupos e respectivos indicadores dá-se ênfase aos componentes incidentes sobre as

unidades de conservação de proteção integral, cujos dados encontram-se na matriz

do Quadro 33 e servem de base para as explanações a seguir.

4.3.1 Planejamento e Ordenamento

Quadro 40. Comportamento do âmbito planejamento e ordenamento para as UCs deproteção integral, conforme dados do Quadro 34.

Indicadores de planejamento e ordenamentoTotalatual

Totalótimo

%Ótimo

Compatibilidade dos usos com os objetivos da unidade 85 164 51,83Zoneamento 68 164 41,46Programas de manejo 66 164 40,30Nível de planejamento 65 164 39,63Plano de Manejo 62 164 38,01

346 820 42,25

Como observado no Quadro 39, aqui encontramos uma situação

bastante grave em razão do incipiente planejamento observado nas unidades já que

das 41 unidades de proteção integral 17 (41%) não possuem plano de manejo ou

qualquer documento que indique as diretrizes básicas para as ações visando o

alcance dos objetivos da área. Duas unidades possuem planos muito antigos com

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mais de 10 anos, porém sem revisão sistemática e por esta razão pouco utilizados

ou mesmo desconsiderados pelas respectivas administrações, sendo este o caso

dos PE Morro do Diabo (1975) e Campos do Jordão (1977). Onze UCs (26%)

possuem planos mais recentes com menos de 10 anos de elaboração e as demais

(26%) estão em situação medianamente satisfatória, com planos sendo revisados ou

passando pelo processo de planejamento (Quadro 41).

Quadro 41. Situação dos planos de manejo nas 41 unidades de proteção integralpesquisadas

Plano de Manejo Unidades*Inexistente PE06, PE10, PE28, EEc08, EEc10, EEc11, EEc12, RE01, PE07,

PE12, PE13, PE15, PE21, PE22, PE24, EEc01, EEc07Defasado ≥10 anos PE09, PE17Atual ≤ 10 anos PE-01, PE-02, EEc09, PE14, PE16, PE23, EEc05, PE11, PE19,

PE27, EEc02Em Revisão ou em FaseInicial

PE04, PE05, PE20, PE25, PE26, EEc03, EEc04, EEc06, PE03,PE08, PE18

*Códigos de acordo com a matriz do Quadro 33.

Das 11 unidades que possuem planos de manejo atualizados

sobressaem os PE da Ilha Anchieta, PE da Ilha do Cardoso e a EEc de Caetetus,

que reportaram implementar as ações propostas nos respectivos planos de modo

satisfatório, o que significa dizer que no mínimo 75% do previsto tem sido executado,

inclusive com a formação e funcionamento dos Comitês de Apoio à Gestão.

Entretanto, algumas áreas deste time não tem conseguido alavancar o processo

satisfatoriamente como é o caso do PE Ilha Bela, Núcleo Santa Virginia e EEc do

Bananal. Neste grupo estão incluídas as UCs beneficiadas pelo PPMA, que

atravessam um planejamento por etapas mediante a aplicação da metodologia

desenvolvida pelo IBAMA (1997), algumas já com a Fase 2 em plena execução e

adiantada implementação como o PE Ilha do Cardoso, EEc Bananal e Núcleo Santa

Virginia.

Em resumo, pode-se dizer que das 41 amostras somente 11

unidades (26%) estão em situação satisfatória quanto à existência dos planos de

manejo, os quais receberam pontuação 3 ou 4 para o indicador.

O PE de Campos do Jordão é um exemplo clássico da urgente

necessidade de esforços para se planejar as UCs. Este parque possui um plano

datado de 1975 quando então um grupo de técnicos do IF assessorados por

especialista internacional elaboraram o documento, mas desde então nunca se

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procedeu uma revisão, e hoje se encontra totalmente em desacordo com a realidade

reinante, aspecto que com certeza motivou a nota “0” atribuída ao indicador. Duas

evidências de que esta estratégia funciona são os PE Xixová-Japuí e PE Juquery,

áreas que apesar de não possuírem financiamentos extraordinários para esta

finalidade tiveram o processo iniciado recentemente. Outro exemplo de

perseverança, capacitação e esforço concentrado está no PE Porto Ferreira, cujos

administradores obtiveram recursos do FNMA para a elaboração do seu plano.

Ainda quanto aos planos de manejo não podemos deixar de citar as

duas iniciativas pioneiras envolvendo a Estação Ecológica e Experimental de

Itirapina e as quatro Florestas e uma Estação Ecológica da regional de Manduri, nas

quais implementou-se um processo de planejamento com uma nova filosofia de

gestão, integrando unidades de uso sustentável e proteção integral em um só

instrumento de planejamento. Apesar do tempo decorrido da elaboração ambos os

planos ainda não foram publicados e enfrentam toda sorte de dificuldades para seu

efetivo reconhecimento e incrementação.

Um aspecto que foi levantado durante as visitas de campo é quanto

ao componente sócio-econômico dos planos de manejo mais atuais,

fundamentalmente os elaborados durante a vigência e financiados pelo PPMA.

Ainda que todos os diretores entendam a importância de haver considerações a

respeito das inter-relações das unidades de conservação com a zona de entorno e

com a população ali residente, alguns entendem que a carga de responsabilidade

atribuída à unidade e sua direção visando a melhoria da qualidade de vida da

comunidade é extremamente elevada, e em alguns casos muito difícil de ser

cumprido, aspecto para o qual sugeriu-se revisar e redefinir quando das avaliações e

revisões dos planos de manejo.

A partir disto deve-se concordar com MILANO (1999) que afirmou

que o problema de não se implantar os planos de manejo não reside no método de

planejamento adotado ou se a comunidade participou ou não do processo mas sim

na inexistência de seguimento e vontade política para sua efetiva implementação,

resultando em documentos de gaveta para a insatisfação dos dirigentes e outros

seguimentos sociais. Acompanhando a tendência apresentada nos parágrafos

anteriores, o nível de planejamento rotineiro das metas e atividades ainda se

restringe às improvisações pois não há nenhuma diretriz para uniformizar este ponto

na instituição, como por exemplo planos operativos anuais - POAs.

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Uma boa experiência é o caso da Estação Ecológica e Experimental

de Assis, na qual estão inseridos sete técnicos de nível superior que apresentavam

certos conflitos de relacionamento. Na medida que a direção adotou, com o auxilio

de professores da UNESP, um esquema de reuniões periódicas entre as partes,

quase um planejamento estratégico sistemático, os conflitos interpessoais tomaram

uma solução juntamente com o estabelecimento de metas coletivas e individuais, o

que se traduziu no aumento da produtividade e na melhoria do ambiente de trabalho.

Quanto à compatibilidade dos usos existentes em relação à

categoria de gestão, 10 unidades apresentaram ponderações “1” e uma teve

pontuação “0”, indicando a necessidade de intervenção para solucionar a incidência

negativa dos usos, que embora possam ser compatíveis podem estar acima da

capacidade de suporte do recurso e não possuir manejo técnico adequado.

Os PE Vassununga e PE Campos do Jordão são dois bons

exemplos de unidades com usos compatíveis cujos impactos tendem a ser muito

negativos devido a falta de manejo técnico adequado, fundamentalmente pela falta

de funcionários para a execução das tarefas de monitoramento e a inexistência de

esquemas para o ordenamento dos usos. Para o PE Xixová-Japui poder-se-ia

considerar que todo e qualquer utilização da unidade é incompatível haja vista a

impossibilidade real de se controlar qualquer tipo de uso, ainda que lá ocorram usos

compatíveis como surf e caminhadas.

Usos incompatíveis com a categoria de gestão tem incidido em

várias unidades de conservação, porém há fortes evidências de impactos negativos

na EEc Juréia e PE Jacupiranga. A primeira é uma estação ecológica na qual não

poderia existir usos turísticos ou mesmo a exploração extrativistas de recursos da

floresta, esta última uma atividade extremamente ameaçadora que encontra

respaldo em setores que apregoam sua importância para a sustentabilidade de

grupos sociais específicos (Diegues, 1996). Por sua vez, o PE Jacupiranga poderia

ser um ícone a este respeito pois lá acontecem todos os tipos de uso incompatíveis

possíveis, desde a simples retirada de madeira, mineração, invasões de terras, entre

outras, passando ainda pela ineficiente condução dos assuntos relacionados ao uso

público devido a falta de pessoal e treinamento.

Em geral o conjunto dos programas de gestão considerados na

avaliação são pobremente estruturados e a execução é muito parcial, refletindo-se

na baixa pontuação auferida ao respectivo indicador, de apenas 40,30% do ótimo.

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Muitas vezes a unidade possui os componentes para implementar as ações

previstas e necessárias mas lhes faltam elementos básicos como combustível e

veículos em condições de tráfego, uma situação peculiar a várias das unidades

amostradas como os PE Cantareira, PE Jacupiranga e PE Juquery. A falta de

funcionários também atinge a efetivação dos programas e novamente aqui se

apresentam o PE Vassununga, PE Xixová-Japui e PEM Laje de Santos, entre

outras, sendo que estes dois últimos possuem tão só seus administradores e um

oficial administrativo, um fato que se repete em outras áreas.

Das 41 amostras, 16 unidades de conservação apresentaram para

os 5 programas considerados uma pontuação média acima de 2 pontos (quando o

ótimo é 4), quais sejam PE Ilha do Cardoso, PE Ilha Anchieta, PE Cantareira, PE

Porto Ferreira, PE Morro do Diabo, PE Jaraguá, PETAR, PE Carlos Botelho, EEc

Bananal, EEc Caetetus, EEc Jataí, EEc Itirapina e Núcleos Santa Virginia, Cunha,

Caraguatatuba e Picinguaba do PE Serra do Mar, o que permite inferir que essas

unidades possuem razoável consistência na execução das atividades básicas,

fundamentalmente quanto a proteção e manutenção.

Em relação especificamente ao Programa de Proteção, merecem

destaques os trabalhos desenvolvidos no Núcleo Caraguatatuba do PESM, PE

Carlos Botelho e PE do Morro do Diabo, ainda que em outras unidades possa haver

trabalhos de mesmo nível. O primeiro pela presteza e capacidade do pequeno corpo

de guardas-parque que, além de realizar o serviço de fiscalização rotineiro, o que

inclui o combate à exploração ilegal do palmito (Euterpe edulis), presta inúmeros

serviços à conservação da natureza da Mata Atlântica através do acompanhamento

e assessoramento ao Ministério Público no que tange à elaboração e apresentação

de muitos laudos técnicos de danos ao meio ambiente provocados por ações

antrópicas ao PESM, uma luta gloriosa mas que ocupa um precioso tempo que

poderia ser dedicado ao desenvolvimento da unidade.

No PE Carlos Botelho as ameaças pessoais oriundas de grupos de

palmiteiros é uma constante, fato que recentemente resultou em mortes para os dois

lados e que poderia esmorecer o ímpeto da direção e do corpo de guardas na

proteção da natureza ali encerrada, entretanto a fiscalização tem melhorado

paulatinamente na medida que se adotou uma filosofia cujas características são a

cidadania, a transparência das decisões e atividades e o trabalho conjunto com

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outros órgãos de fiscalização de atuação local e regional, o que tem surtido impacto

positivo e merece ser amplamente replicado.

No Morro do Diabo o pessoal também tem se pautado em trabalhar

com outros órgãos como o IBAMA e a Policia Florestal; some-se a isto que o corpo

de funcionários demonstra atitudes reveladoras de um entusiasmo contagiante

quanto a atividade, que somado à experiência adquirida no campo se traduz em

resultados bastante eficazes concernente à prevenção e combate a incêndios

florestais e à caça e pesca ilegais.

Dentre as unidades que possuem atividades programáticas no

tocante à Educação Ambiental e Interpretação da Natureza destacam-se os Parques

Estaduais da Ilha Anchieta, da Cantareira, de Porto Ferreira, de Carlos Botelho, da

Ilha do Cardoso, Núcleo Picinguaba do PESM e as Estações Ecológicas de Caetetus

e Itirapina, que juntamente com outras unidades do sistema constituem pontos focais

do Instituto Florestal e da Secretaria de Meio Ambiente nesta área de atuação.

Entretanto 23 Unidades (56%), do grupo de proteção integral, apresentam sérias

deficiências, notadamente algumas unidades consideradas importantes para a

conservação da biodiversidade do Estado como alguns Núcleos do PESM, PE

Jurupará, PE Jacupiranga, Estação Ecológica Juréia-Itatins entre outras, nas quais

deveria existir a atividade em face dos conflitos com residentes dentro e fora dos

limites das unidades, especuladores imobiliários, invasores e toda a sorte de

problemas e ameaças.

Nota-se que em relação ao Programa de Pesquisa poucas são as

unidades que o possuem estruturado e em franco desenvolvimento, sendo a EEc de

Itirapina e a EEc de Jataí as melhores representações de como as unidades de

conservação podem se beneficiar com a formatação de programas objetivos e

dinâmicos e a efetivação de parcerias com as universidades visando unicamente a

geração de conhecimentos. Outras unidades também possuem elevado grau de

esforço no sentido de se implementar tais atividades, notadamente o PE Campos do

Jordão, Núcleos Cunha, Caraguatatuba e Picinguaba do PESM, PE do Morro do

Diabo, PETAR, Carlos Botelho e EEc dos Caetetus; em algumas destas áreas não

há nem mesmo o plano de manejo, como nos casos do Morro do Diabo e Carlos

Botelho, mas as atividades afins encontram-se organizadas e controladas

satisfatoriamente. Contudo, vale ressaltar que 31 unidades (75%) carecem de

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investimentos sérios no setor, fundamentalmente considerando que o órgão gestor

foi criado como uma instituição voltada para o desenvolvimento de pesquisas.

Alguns diretores entendem a real necessidade de se estruturar e

desenvolver a contento os programas básicos para fazer cumprir os objetivos das

unidades, porém se queixam da elevada carga de responsabilidade administrativa e

a necessidade de um costumeiro ‘corpo-a-corpo’ com os dirigentes da organização

para a obtenção de recursos financeiros e manutenção do que consideram básico,

como combustível e consêrto em veículos, o que lhes toma tempo e estimulo para

outras ações que visam melhorar os serviços prestados pelas UCs à população e à

conservação.

O zoneamento geralmente está condicionado à existência de um

plano de manejo, mas aqui o que se deseja é saber se são aplicadas técnicas de

ordenamento territorial e designação de unidades de uso diferenciadas. A

porcentagem do total ótimo (41,46%) demonstra que poucas unidades implementam

tais estudos e técnicas de ordenamento, o que pode se refletir no mal uso dos

recursos naturais, inclusive para a realização de pesquisas já que não se sabe as

implicações que o desenvolvimento destas podem estar causando na conservação

da área. Pior ainda quando os próprios funcionários não conhecem o porque da

diferenciação das zonas e porque alguns usos podem ocorrer e outros não em

determinados sítios, fato que configura que os planos de manejo e as atividades de

planejamento muitas vezes passam ao largo do corpo de funcionários, sendo que os

resultados e documentos produzidos ainda servem apenas para a ‘elite’ da

conservação. Das 41 UCs somente 11 (26%) apresentaram situação satisfatória

quanto a esta questão.

Para as UCs de proteção integral o grupo de indicadores relativos ao

planejamento e ordenamento teve um peso de 10,90%8 sobre a nota final geral,

obtendo 42,25% do total ótimo, o que significa um padrão de qualidade inferior.

8 Razão entre o total alcançado pelo âmbito e o total geral multiplicado por 100 do Quadro 34. Aqui346/3177,18 x 100

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4.3.2 Administração

Quadro 42. Comportamento do âmbito administrativo para as UCs de proteção integral,conforme dados do Quadro 34.

Indicadores de administraçãoTotalatual

Totalótimo

%Ótimo

Administrador, pessoal técnico e administrativo 117 164 71,34Demarcação física da UC 101 164 61,59Equipamentos e materiais 92 164 56,10Infra estrutura 89 164 54,27Organização 88 164 53,51Corpo de funcionários 80 164 48,98Aceiros e carreadores 37 84 44,05Geração de recursos próprios 48 164 29,27Financiamento 39 164 23,58

691 1396 49,48

É ponto pacífico que todas as unidades de conservação precisam de

um diretor local, residindo o mais próximo possível da unidade, engajado nos

afazeres e solucionando os problemas que surgem diariamente. Esta é uma das

características desejáveis, mas espera-se também que o diretor de UCs possuam

bom nível acadêmico, iniciativa e alguma experiência na lida com os assuntos

pertinentes à administração e manejo de áreas protegidas, o que corresponderia ao

cenário ótimo idealizado para o cargo.

Observa-se nas matrizes de avaliação que no geral os

administradores se auto-qualificaram com pontuações muito boas, sendo que os

envolvidos com as UCs de proteção integral obtiveram uma pontuação média de

71,34% do ótimo, e os das UCs de usos sustentáveis 75%, o que por si dispensaria

qualquer comentário a respeito, mesmo porque, salvo as características das

personalidades individuais, entende-se que esses profissionais realmente são

detentores deste valor. Entretanto há situações que denotam debilidades deste

componente gerencial.

Algumas áreas simplesmente não possuem diretores, como o PE

Mananciais de Campos de Jordão, ou eles residem ou tem suas sedes de trabalho

distantes das unidades pelas quais respondem, sendo o caso do PE Jurupará, PE

ARA-Valinhos, Núcleo Curucutu do PESM, PETAR, PE Jacupiranga, EEc Bananal,

EEc Caetetus, EEc Chauas e RE Águas da Prata. Por outro lado alguns técnicos

respondem por até 4 unidades, em alguns casos por unidades de proteção integral e

uso sustentável ao mesmo tempo, fato que pode comprometer a gestão por ser

humanamente muito difícil, senão impossível, fazer eficientemente a gestão

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dividindo constantemente o pensamento entre dois objetos, que apesar de não

serem antagônicos são bastante diferentes em seus princípios e objetivos.

Há um ou outro caso isolado de diretores que não sabem

exatamente o que desejam fazer ou desconhecem o seu papel frente à conservação

da biodiversidade e a gestão das unidades, e isto provavelmente ocorra devido ao

seu abandono pela Instituição, que não lhes proporciona adequadas oportunidades

de crescimento pessoal e profissional e tampouco treinamento sistemático e

contínuo. O mesmo ocorre quando eles são designados para suprirem lacunas para

as quais padecem de perfil adequado, aspecto muito comum numa instituição

considerada de pesquisa na qual boa parte do quadro técnico constitui-se de

funcionários ligados ao desenvolvimento da pesquisa científica.

É passível que um diretor pesquisador dará mais ênfase à sua

produção científica, pois daí adveé seus proventos pessoais e crescimento

profissional, às expensas do desenvolvimento da própria unidade. Com isso não se

está afirmando que o papel de diretor de parques não pode ser ocupado por

pesquisadores pois estaríamos negando a importância que estes tiveram, e ainda

tem, na criação e implantação das unidades de conservação. Por outro lado, não há

uma forma única e padronizada de contratação dos diretores das UCs, estando os

mesmos inseridos em carreiras tão diferentes (pesquisadores, engenheiros, técnicos

de nível superior, auxiliares agropecuários) quanto os salários que recebem e

vinculados a diferentes organizações (CETESB, Fundação Florestal e IF), o que sem

dúvida gera velados conflitos internos, desmotivação profissional e debilitação

organizacional.

Quanto ao corpo de funcionários lotados nas unidades a situação

não é alentadora já que 28 UCs (68%) possuem menos de 50% da quantidade

necessária e 19 (46%) possuem menos que 35% do número mínimo necessário.

Somente 4 unidades reportaram haver satisfatória quantidade de funcionários: PE

Capital, PE Cantareira, Núcleo Picinguaba do PESM e EEc de Itirapina. Nos PEM

Laje de Santos, PE Xixová-Japui, PE Manaciais de Campos do Jordão, EEc de São

Carlos e EEc Chauas inexiste um quadro fixo de trabalhadores. Nas EEc Jataí, EEc

Itirapina, EEc Itapeva e EEc Assis não há funcionários designados mas os serviços

básicos são realizados por aqueles das unidades contíguas, que muito embora

promovam uma mínima proteção não conseguem alavancar o desenvolvimento das

unidades.

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Algumas unidades, ainda que tenham diretor e pessoal técnico, não

possuem pessoal para a vigilância ou para os serviços gerais de campo, sendo o PE

de Porto Ferreira um dos exemplos das dificuldades causadas por isso. O Quadro 43

ilustra a situação enfrentada pelas unidades de conservação de São Paulo, na qual

se observa a discrepância entre o que os diretores julgam precisar para realizar uma

gestão eficaz e a realidade atual, além da relação área/funcionário considerando-se

a quantidade ótima e a atual.

Uma fantástica constatação que este quadro nos proporciona é a

confirmação de que o número de funcionários para cada unidade de conservação

não é dado em função simplesmente do seu tamanho, mas sim do grau de

complexidade da sua gestão, que por sua vez esta diretamente relacionada com as

particularidades regionais tais como densidade demográfica, ecossistema, pressões

antrópicas, etc.

Considerando as amostras que responderam sobre a quantidade

atual e ótima dos recursos humanos (Apêndice B) obtêm-se um índice da relação

RHÓtimo/RHAtual, cuja média geral para todas as unidades que responderam o

quesito foi de 2.7, o que significa dizer que há uma necessidade de recursos

humanos na ordem de no mínimo 2,7 vezes mais que os existentes na atualidade no

campo. Seguindo este raciocínio pode-se projetar este índice sobre os 1.439

funcionários atualmente existentes no IF, obtendo-se uma quantidade próxima a

4.000 e uma relação de um funcionário para cada 225ha, uma cifra que apesar de

parecer elevada devolveria as mesmas condições que a instituição tinha até a

primeira metade do decênio de 1970, quando a relação funcionário/área era de

menos de 200ha por funcionário, muito diferente da atual relação de quase 900ha

por funcionário (CONCITE, 1997).

Quadro 43. Relação área/funcionário em função da quantidade atual e a quantidade ótimareportada pelos diretores das UCs que contestaram essa questão. )

UnidadesRH

Atual

Proporção atual1 funcionário para

cada x ha

RHÓtimo

ProporçãoÓtima1 funcionário para cada

x haPE Ilha Anchieta 12 69,01 48 17,25PE Ilha Bela 16 1689,06 30 900,83PE Marinho Lage de Santos 2 2500,00 9 555,56PE Xixová Japuí 2 450,50 10 90,10PE Jurupará 15 1750,03 40 656,26PE Juquery 16 120,48 23 83,81PE Campos do Jordão 90 93,18 130 64,51PESM Santa Virginia 19 704,52 38 352,26

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(Continuação)

UnidadesRH

Atual

Proporção atual1 funcionário para

cada x ha

RHÓtimo

ProporçãoÓtima1 funcionário para cada

x haPESM Cunha 20 1088,74 50 435,50PE Vassununga 5 346,43 25 69,29PE Porto Ferreira 11 55,60 20 30,58PE Furnas do Bom Jesus 13 159,16 23 89,96PE Morro do Diabo 38 890,67 60 564,09PESM Caraguatatuba 13 5966,90 60 1292,83PESM Picinguaba 24 1982,17 56 849,5PESM Curucutu 16 566,13 40 226,45PE Jaraguá 33 14,93 60 8,21PETAR 56 640,79 100 358,84PE Carlos Botelho 40 941,11 70 537,78PE Campina do Encantado 21 112,36 28 84,27PESM São Sebastião 3 9464,41 15 1892,88PE Ilha do Cardoso 40 562,5 63 357,14PE Jacupiranga 30 5000 71 2112,68EEC Juréia-Itatins 40 1981,75 80 990,88EEC Bananal 3 294,67 18 49,11EEc Paranapanema 2 317,5 6 105,83EEc Caetetus 6 363,14 15 145,26EEc Assis 1 1312,38 6 218,73EEc Jataí 0 25 181,29

EEc São Carlos 0 6 12,54

EEc Itirapina 0 12 191,67

EEc Itapeva 0 3 35,59

RE Águas da Prata 1 48,4 6 8,07Floresta de Avaré I 8 92,73 15 49,46FE Manduri 40 37,13 70 21,22EE Paraguaçu Paulista 19 23,27 24 18,42EE Assis 38 83,36 70 45,25EE Luiz Antônio 23 272,51 70 89,54EE São Simão 9 293,04 35 75,35EE Bento Quirino 9 46,26 70 5,95EE Bauru 15 2,87 22 1,96EE Moji Guaçu 39 69,39 70 38,66EE Mogi Mirim 7 20,81 20 7,28EE Araraquara 6 23,89 15 9,56EE Tupi 15 13,23 30 6,62EE Itirapina 38 84,55 50 64,26EE Itapeva 21 87,03 40 45,69

Quiçá esta projeção seja a necessária para uma gestão realmente

eficaz, considerando-se a complexidade dos ecossistemas abrangidos pelas UCs, as

demandas por um uso público de qualidade, a dimensão do objeto que se deseja

proteger, o atraso em que ainda se encontram algumas unidades e, enfim, a

importância do manejo dos ecossistemas visando a conservação a longo prazo.

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A avaliação do corpo de funcionários não se restringiu à quantidade

mas também à qualidade, motivação, autoridade, atitudes e apresentação pessoais

dos mesmos. A qualidade considera o grau de escolaridade, a capacitação e a

experiência e, como observado na matriz do Quadro 30, a pontuação para este

quesito ficou na classe intermediária, com certeza influenciada pela inexistência de

esquemas que possibilitem a constante capacitação do grupo, ainda que para os

funcionários de nível superior existam facilidades (corporativistas) oferecidas pela

organização e oportunidades esporádicas devido às iniciativas pessoais.

A maneira como os funcionários se apresentam vestidos para os

labores diários reveste-se de importância porque isso dá garantias de segurança e

autoridade para o desenvolvimento eficiente das suas funções, mas em relação às

amostras observa-se que, excetuando 10 unidades (5 delas financiadas pelo

PPMA), a maioria reporta a falta de um padrão razoável de apresentação, seja

quanto a uniformes para vigias e trabalhadores de campo seja quanto aos

imprescindíveis equipamentos de proteção individual (EPI’s). Essa falha, no entanto,

parece não influir nas atitudes dos funcionários para com seus pares, chefia e

visitantes, que é considerada satisfatória e pode estar relacionada ao engajamento

dos mesmos nas atividades de proteção do patrimônio natural e à respeitabilidade e

urbanidade no ambiente de trabalho.

Por outro lado, a motivação para o trabalho dependente de n fatores,

sendo a ela atribuídas notas muito baixas possivelmente decorrente da falta de boas

condições (meios) para desenvolver as atividades de trabalho e os baixos salários

percebidos, além das já referidas contratações diferenciadas, que impõem situações

desconfortáveis para os funcionários e os diretores das unidades quando pessoas

que fazem tarefas idênticas ganham salários diferentes. O regime de contratação

também influencia no entusiasmo individual, mas muito mais no grau de autoridade

oferecido ao funcionário, fatos evidenciados no PE Juquery, aonde o pessoal é

quase todo advindo da Secretaria da Saúde, e os funcionários das empresas de

segurança contratados para a fiscalização, que apesar de atuarem na defesa

patrimonial não estão aptos a trabalhar no campo coagindo a caça e pesca ilegais

(como em outras UCs do IF).

A infra-estrutura das unidades é bastante razoável e atingiu 54% do

total ótimo, o que significa dizer que a maioria possui ao menos os elementos

básicos para a proteção e uma mínima gestão. Apenas 11 unidades (27%)

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informaram não possuir infra-estrutura razoável. Dentre elas destacam-se o PE

Xixová-Japui e o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, cujas ‘sedes’

funcionam em algumas salas cedidas pelo Instituto de Pesca em Santos; caso

semelhante vivência o Núcleo São Sebastião do PESM que, apesar de beneficiado

pelo PPMA, à época da visita de campo possuía sua sede em um anexo gentilmente

cedido pela Policia Florestal e de Mananciais, que antagonicamente ocupa um

prédio construído pelo próprio Instituto Florestal. Como repetem os diretores dessas

unidades, suas sedes “não parecem sedes de parques”, e eles pecam pela

modéstia.

Dentre todos os casos de maior gravidade despontam o PE

Mananciais de Campos do Jordão e a EEc Chauás que não possuem nenhum tipo

de instalação, ‘aguardando’ serem lembradas e efetivamente implantadas enquanto

são geridas pelas unidades mais próximas, respectivamente o PE Campos do

Jordão e o PE Campina do Encantado. Este último, apesar de ser pontuado com o

valor 1 (pouco satisfatório) possui escritório na cidade e investimentos do PPMA

para a constituição da sua sede de campo, já em avançado estagio de implantação.

O PE Juquery possui uma sede oriunda da adaptação de antigos

prédios do famoso Hospital do Juquery, um complexo arquitetônico semi arruinado

que vem sendo recuperado através de um grande e louvável esforço de sua direção;

mesmo assim carece de uma “cara de parque” e investimentos para que possa

desenvolver programas que atendam as demandas geradas por uma população de

entorno que se aproxima dos 500.000 habitantes.

A Estação Ecológica de Assis reportou a ausência de sede mas esta

unidade, assim como as EEc de Jataí e Itirapina, atualmente são geridas

aproveitando-se as infra-estruturas das unidades contíguas, que por serem de uso

sustentável podem ter influenciado negativamente na percepção do avaliador. As

EEc de São Carlos, Ribeirão Preto e Itaberá não possuem sede ou elas estão muito

inadequadas à gestão, havendo em comum entre elas o diminuto tamanho,

respectivamente 75, 154 e 180ha, aspecto que pode estar influenciando

negativamente nas decisões e nos esforços para se implantar uma sede pois via de

regra as atenções se voltam para as unidades maiores e responsáveis pela

conservação da mega-diversidade biológica, um erro de avaliação já que em

algumas situações pequenas áreas podem albergar importantes recursos biológicos,

caso contrário é contraproducente mantê-las no sistema estadual.

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Apesar desses maus exemplos entende-se que a infra-estrutura

física é um ponto forte do conjunto das unidades do IF, aspecto certamente

influenciado pela existência da unidade produtora de construções modulares,

situada na Floresta Estadual de Manduri, cujos prédios estão espalhados por quase

todas as áreas protegidas do IF. Duas outras unidades de uso sustentável atendem

as necessidades das unidades de proteção integral em razão de possuírem e

produzirem madeiras tratadas essenciais na construção de cercas, trilhas,

quiosques, portais, placas de sinalização, móveis e uma infinidade de outros

materiais.

Um ponto em que o Instituto acertou suas diretrizes foi quanto a

aproveitar os vários convênios firmados nos últimos anos para investir em infra-

estrutura básica das unidades. Dentre todas as avenças provavelmente o acontecido

no PE do Morro do Diabo seja o melhor exemplo disso. Em 1986 3.000,57ha da

então Reserva Estadual do Morro do Diabo foram “excluídos” da unidade devido a

inundação daquela porção pelo lago da UHE de Rosana.

Visando mitigar e indenizar os danos causados pela perda da melhor

porção das matas do Parque e por haver espécies ameaçadas de extinção no local

firmou-se um vultuoso convênio que viabilizaria a infra-estrutura atual da unidade,

inclusive a contratação de 35 novos funcionários e sua posterior incorporação aos

quadros do Estado. Em 1990 fez-se a atualização dos valores do convênio devido

aos chamados Plano Cruzado, Plano Bresser e Plano Verão e assinou-se novo

acordo que beneficiaria o Morro do Diabo e outras sete UCs do IF, quais sejam

Estação Ecológica de Caetetus, Estação Ecológica de Paulo de Faria, Estação

Ecológica de Santa Bárbara, Parque Estadual de Vassununga, Parque Estadual de

Carlos Botelho e Estação Experimental de Assis. Situação semelhante ocorreu com

o convênio IF/JICA e com o PPMA.

Na implantação das infra-estruturas das unidades ressalta-se a

importância da iniciativa dos diretores e pessoal técnico local, para o que tomamos

como exemplo o PE Vassununga e PE Porto Ferreira. Ambas as unidades são

gerenciadas por diretores específicos, mas sob uma mesma coordenação, cuja

filosofia é a busca de soluções externas ao sistema gerencial vigente. Deste modo

obteve-se financiamentos externos para construção de um moderno centro de

visitantes em Vassununga e busca-se alternativas para se terminar um centro de

visitantes em Porto Ferreira, cuja obra esta parada a cerca de cinco anos (oriunda

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de administrações passadas). Na mesma região os técnicos obtiveram recursos da

FAPESP para a adequação de prédios antigos onde implantou-se um Centro de

Sementes na Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro.

A demarcação das unidades é considerado um requisito de infra-

estrutura, mas é dependente de decisões políticas para a regularização fundiária.

Segundo os diretores e técnicos, 14 unidades (34%) possuem menos de 50% de

seus limites demarcados, dentre elas áreas protegidas de dimensões e importância

significativas como os PE Cantareira, Ilha Bela e PETAR. Os PE de Jacupiranga,

Juquery, Vassununga, Xixová-Japuí, Ilha Bela e EEc Juréia, além dos Núcleos de

Gestão do PESM, não possuem nenhum tipo de demarcação oficial ou as que foram

feitas se perderam pela falta de manutenção ou reavivamento.

Coexistem unidades na mesma seção técnica e muito próximas em

situação antagônica, como o P.E. Vassununga, com demarcação inadequada ou

inexistente e P.E. Porto Ferreira com seus limites bem definidos e demarcados.

As Estações Ecológicas oriundas de desmembramentos de

Estações Experimentais possuem a totalidade de seus limites demarcados pois

estas foram criadas numa época em que os governos importavam-se em legitimar a

posse das terras antes mesmo de iniciar o processo de implantação das unidades. A

situação descrita acima mostra o descaso do Estado e governos para com as obras

que não aparecem, mas que são fundamentais à efetiva proteção do seu patrimônio

natural.

O indicador “Aceiros” teve uma incidência reduzida sobre o universo

amostral em razão de boa parte das unidades localizarem-se em regiões muito

declivosas, de elevada precipitação ou em ambiente costeiro-marinho, resultando

em baixo peso relativo na nota final do âmbito. Entretanto este indicador tem uma

incidência real sobre as UCs do interior, sendo que várias delas receberam um

considerável investimento no ano 2000 quando então o IF contratou a CODASP

para a prestação dos serviços afins. Na ausência dessas iniciativas em algumas

unidades lança-se mão das boas relações locais para suprir tal necessidade, como

os exemplos dos Parques Estaduais do Morro do Diabo, das Furnas do Bom Jesus e

de Porto Ferreira que foram, ou tem sido, auxiliados por movimentos sociais

organizados, prefeituras e empresa privadas.

Em termos de equipamentos para a gestão, na atualidade

sobressaem-se as unidades beneficiadas pelo projeto PPMA, que privilegiou a

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melhoria da capacidade de gestão das unidades contempladas. Muitas unidades

tiveram uma pontuação baixa em relação a equipamentos devido, principalmente, ao

sucateamento da frota de veículos e de máquinas agrícolas que ou são muito velhas

ou demandam urgentes serviços de manutenção, como o observado no PE Juquery,

PE Jacupiranga, PE Jataí entre outras.

Nas unidades possuidoras de mínima infra-estrutura e pessoal há

razoável organização funcional dos procedimentos administrativos, com arquivos

simples mas suficientemente completos para proporcionar suporte à administração.

As atividades desenvolvidas não estão totalmente integradas em um sistema de

normas unificado, mas em geral ocorre um bom controle sobre o setor

administrativo. Mesmo nas unidades que informaram não haver quadro de pessoal

suficiente ocorre a divisão de trabalho de modo moderadamente satisfatório, nas

quais o fluxo da comunicação interna entre direção e funcionários acontece na rotina

de cada uma delas, contudo não há mecanismos para uma efetiva participação dos

funcionários na gestão.

Entre todos os fatores de ordem administrativa essenciais, os

recursos financeiros são o nó critico do sistema, cujo indicador obteve somente 24%

do total ótimo, uma defasagem que inviabiliza ou estanca qualquer desejo dos

diretores das unidades de desenvolvê-las. O IF atravessa a maior crise de sua

história, com falta de investimentos em setores urgentes como proteção e uso

público, manutenção da infra-estrutura e renovação da frota de veículos. Nos últimos

5 anos os serviços de telefonia, eletricidade, água e esgoto e transporte coletivo tem

sofrido constantes ameaças de suspensão pelas empresas fornecedoras, chegando

mesmo às vias de fato por curtos períodos. Se no início do ano 2000 a sede do IF

ficou incomunicável por quase 15 dias não é difícil imaginar o que as unidades de

conservação tem sofrido.

No mesmo ano e também em 2001 ocorreu o cancelamento das

bolsas de estágios mantidas pelo Fundo Especial de Despesa, resultando na

dispensa generalizada de estudantes de vários níveis, que além de executarem

tarefas na área de pesquisa ambiental também ofereciam auxilio em várias

atividades desenvolvidas nas UCs, fundamentalmente as voltadas ao atendimento

ao público e administrativas. A carência de recursos vem afetando sobremaneira

atividades reconhecidas como básicas em uma organização eminentemente

florestal, como a coleta e comercialização de sementes de espécies nativas e

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exóticas. Em relação a isto dois exemplos podem ser citados: O PE do Morro do

Diabo que colhia e enviava à sede em São Paulo mais de 1000Kg anuais passou a

entregar menos de 200Kg; para o ano 2001 sementes demandadas pelas unidades

de uso sustentável visando a produção e comercialização local de mudas não foram

encontradas na Seção de Sementes do IF, notadamente o Eucaliptus citriodora,

para a qual a comunidade rural tem uma inegável predileção.

O Quadro 44 ilustra a relação e a defasagem entre o que os

diretores das unidades de conservação precisam para realizar a gestão das áreas

sob sua responsabilidade e o quanto recebem em valores reais. Considerando as

amostras que responderam sobre a quantidade atual e ótima de recursos financeiros

pode-se produzir um índice da relação $Ótimo/$Atual, cuja média geral foi 4,7 (vide

Apêndice B), indicando que os recursos mínimos para gerir bem o sistema deveriam

ser ao menos 4,7 vezes maior que os recursos disponíveis na atualidade.

Considerando somente as áreas protegidas de proteção integral este índice sob

para 5,40.

Assim, para um orçamento anual de R$1.736.230,00 (Um milhão,

setecentos e trinta e seis mil, duzentos e trinta reais) em 2000, excluindo o

pagamento do pessoal, o IF deveria ter obtido no mínimo R$ 8.125.556,00 (Mais de

oito milhões de reais) segundo o raciocínio desta projeção. Ou seja, considerando

que a superfície total gerenciada pelo Instituto Florestal é 900.000ha, a instituição

deveria possuir um orçamento que correspondesse a no mínimo R$9,00/ha (nove

reais por hectare), muito acima dos atuais R$1,9/ha.

Agrava ainda mais essa situação o fato de a organização não

cumprir as orientações normativas internas que determinam o retorno às UCs de

70% das receitas geradas pela visitação pública (portaria DG de 06/7/94), um fato

que, segundo Melo Neto (2000), sempre se faz justificar por sofismas contabilísticos

da sede. Provavelmente algo semelhante justifica o fato de o PETAR e outras

unidades elencadas no mesmo dispositivo administrativo não estarem recebendo

retorno do que se recolheu.

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Quadro 44. Relação dos recursos financeiros/hectare, em reais por hectare por mês($/ha/mês), em função dos recursos financeiros recebidos na atualidade e osrecursos necessários segundo as informações dos diretores das UCs quereportaram essa questão. Ano 2001.

Unidades $ AtualProporção

Atual$/ha/mes

$ ÓtimoProporção

Ótima$/ha/mes

PE Ilha Anchieta* 3000,00 3,62 7000,00 8,45PE Ilha Bela* 5000,00 0,19 10000,00 0,37PE Marinho Lage de Santos 300,00 0,06 1000,00 0,20PE Xixová Japuí 350,00 0,39 1500,00 1,66PE Jurupará 1200,00 0,05 5000,00 0,19PE Juquery 2700,00 1,40 6000,00 3,11PE Campos do Jordão 5000,00 0,60 25000,00 2,98PESM Santa Virginia* 12000,00 0,90 15000,00 1,12PESM Cunha* 1200,00 0,06 8000,00 0,37PE Vassununga 500,00 0,29 5000,00 2,89PE Porto Ferreira 2500,00 4,09 5000,00 8,18PE Furnas do Bom Jesus 1000,00 0,48 4000,00 1,93PE Morro do Diabo 1600,00 0,05 8000,00 0,24PESM Caraguatatuba* 6000,00 0,08 6000,00 0,08PESM Picinguaba* 10000,00 0,21 12000,00 0,25PESM Curucutu 300,00 0,03 1500,00 0,17PE Jaraguá 4000,00 8,12 12000,00 24,36PETAR 0,00 0,00 10000,00 0,28PE Carlos Botelho 250,00 0,01 12000,00 0,32PE Campina do Encantado* 6000,00 2,54 6000,00 2,54PESM São Sebastião* 2000,00 0,07 8000,00 0,28PE Ilha do Cardoso* 20000,00 0,89 40000,00 1,78PE Jacupiranga 2500,00 0,02 25000,00 0,17EEC Juréia-Itatins 1800,00 0,02 7000,00 0,09EEC Bananal 4000,00 4,52 6000,00 6,79EEc Paranapanema 0,00 0,00 2000,00 3,15EEc Caetetus 600,00 0,28 3000,00 1,38EEc Assis 0,00 0,00 2000,00 1,52EEc Jataí 0,00 0,00 5000,00 1,10EEc São Carlos 0,00 0,00 1000,00 13,29EEc Itirapina 400,00 0,17 1000,00 0,43Floresta de Avaré I 1200,00 1,62 3000,00 4,04FE Manduri 4000,00 2,69 10000,00 6,73EEJJG 1000,00 2,26 2000,00 4,52EE Assis 1500,00 0,47 10000,00 3,16EE Luiz Antônio 3000,00 0,48 10000,00 1,60EE São Simão 1000,00 0,38 4000,00 1,52EE Bento Quirino 800,00 1,92 3000,00 7,21EE Bauru 700,00 16,25 4000,00 92,83EE Araraquara 2100,00 14,65 4200,00 29,30EE Tupi 1850,00 9,32 3000,00 15,11EE Itirapina 2500,00 0,78 10000,00 3,11EE Itapeva 2000,00 1,09 4000,00 2,19

Além da falta de verbas uma dificuldade maior se interpõe ao

pessoal de campo na atualidade pelo fato da grande irregularidade na entrega dos

poucos recursos existentes, ficando algumas unidades até alguns meses sem os

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200

receber, inviabilizando por completo o planejamento e a execução de curto e médio

prazos.

Para as unidades de proteção integral o âmbito apresentou um peso

de 21,74%9 sobre a nota geral e uma pontuação muito baixa, apenas 49,48% do

ótimo, um padrão de qualidade inferior que sugere urgente atenção institucional para

os problemas verificados.

4.3.3 Político-Legal

Quadro 45. Comportamento do âmbito político-legal para as UCs de proteção integral,conforme dados do Quadro 34.

Indicadores de políticas de gestãoTotalatual

Totalótimo

%Ótimo

Instrumento legal de criação da unidade 146 164 89,02Situação fundiária 115 164 70,12Apoio e/ou relacionamento Interinstitucional 102 164 62,20Aplicação e cumprimento de normas 94 164 57,32Apoio e participação comunitária 86 164 52,44Apoio ou facilitação intrainstitucional 62 164 37,80Respaldo ao pessoal / Plano de carreira 57 164 34,76Programa de capacitação 51 164 31,10

713 1312 54,34

Ainda que o nome indique, este grupo de indicadores não é o único

responsável em conformar a existência e a aplicação de políticas para a gestão e o

desenvolvimento das áreas protegidas administradas pelo Instituto Florestal, aspecto

que somente a integração de todos os âmbitos e indicadores inseridos no processo

de avaliação poderá oferecer. Na ausência de um outro rotulo para a agrupação dos

indicadores resolveu-se por Político-legal, que também pode ser entendido como

Apoio à Gestão caso a palavra ‘políticas’ soe ou tome uma conotação muito forte,

apesar dos indicadores considerados estarem quase todos relacionados à filosofia

de trabalho adotada pela organização, e por conseguinte à suas políticas

intrínsecas.

A criação das unidades de conservação paulistas, assim como no

restante do país, realiza-se mediante a edição de algum diploma legal pelo poder

executivo, algumas vezes passando pelo crivo do poder legislativo. Assim, as UCs

investigadas possuem diploma legal competente para dirimir a autoridade do Estado

9 Razão entre o total alcançado pelo âmbito e o total geral multiplicado por 100 do Quadro 34. Aqui691/3177,18 x 100

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201

sob os recursos protegidos, sendo o Decreto o artifício mais comumente usado.

Algumas particularidades precisam ser atendidas para adequar os instrumentos

jurídicos à realidade haja vista que alguns diplomas são bastante antigos e não

abarcam a evolução técnica e conceitual das áreas protegidas, principalmente após

o advento da Lei 9985, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Há unidades que, antigas, não foram criadas por diploma jurídico maior, constando

somente a escritura da propriedade, fato mais comum nas Estações Experimentais.

A recategorização das UCs paulistas é uma necessidade premente e

uma exigência da legislação (BRASIL, 1998), mas fundamentalmente em razão da

má inserção técnica e política de algumas delas, como por exemplo o Parque

Estadual ARA-Valinhos cuja superfície de apenas 64,30ha não o justifica como tal; o

PE Capital (Alberto Lofgren), com a maior parte de seus 174ha antropizados por

albergar um uso público muito intensivo e impactante da biota; a Reserva Estadual

de Águas da Prata, cuja diminuta área de 48,40ha quiçá seja melhor gerida em

outros níveis que não o estadual; a Estação Ecológica da Jureia-Itatins, com seus

quase 80.000ha, na qual os usos a que esta sujeita e seu potencial parecem estar

mais coadunados com a categoria Parque do que a uma Estação Ecológica.

A diversidade de casos similares a estes é significativa e deve

motivar um grande esforço organizacional visando preencher esta lacuna, que

parece ter influenciado muito pouco na avaliação procedida pelos diretores das

unidades.

Em relação à existência, aplicação e cumprimento de normas há o

entendimento geral de que a organização possui tal arcabouço, mas sua efetiva

aplicação está relacionada à existência de pessoal em quantidade e qualidade,

efetivamente engajados nos afazeres da conservação da biodiversidade, o que não

é o caso, por exemplo, do que acontece no PE Juquery, cujos funcionários,

excetuando a própria diretora, são oriundos da Secretaria da Saúde. Em outros

casos, como a Estação Ecológica Júreia-Itatins e o PE Ilha Bela, o indicador está

comprometido pelo fato das áreas serem extremamente grandes para a quantidade

de funcionários existentes e não haver legitimidade na posse da terra pelo Estado.

Observando a planilha geral de pontuação veremos que o indicador

Situação Fundiária, para as 41 UCs de Proteção Integral, alcançou os 70,12% em

termos absolutos, uma cifra estranha já que se revelou a situação fundiária das

áreas do IF na seção destinada às UCs de São Paulo, e a verdade é outra.

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Aos fatos: Dos 28 Parques Estaduais amostrados 8 possuem menos

de 35% de sua área regularizada, dentre eles PE Ilha Bela, PEM Laje de Santos, PE

Xixová-Japuí, PE Caraguatatuba, PE Picinguaba, PETAR, Núcleo São Sebastião do

PESM e PE Jacupiranga. No PE Serra do Mar a situação difere de Núcleo para

Núcleo: Curucutu possui mais de 75% de seu território resolvido; Santa Virginia

possui entre 50 e 75% de sua superfície resolvida; Cunha e Cubatão entre 35 e

50%; Caraguatatuba, São Sebastião e Picinguaba, no máximo 35% de suas terras

legitimadas.

Das 41 AP de Proteção Integral ao menos 16 (39%) possuem algum

problema fundiário levando-se em conta que somente a pontuação 4 confere um

padrão de qualidade excelente ao indicador. Das 16 Unidades que apresentam

problemas fundiários, 13 o possuem em situação bastante grave (com notas entre 0

e 2), redundando em uma área problemática da ordem de quase 600.000ha, mais da

metade da superfície administrada pelo Instituto Florestal e pouco menos da

superfície total tratada nesta pesquisa.

Dentre as Estações Ecológicas somente a da Juréia-Itatins não

possui solução para tais problemas, estando as demais em melhores condições pelo

fato já relatado, de as mesmas serem oriundas do desmembramentos de outras

unidades que já possuíam situação fundiária solucionada.

No processo de criação de áreas protegidas é quase sempre

inevitável que moradores sejam englobados em seus limites. Este fato é comum a

quase todos os empreendimentos que implicam na modificação do uso de alguma

área. Assim, quando se deseja construir uma ponte, uma hidroelétrica, uma estrada

ou fazer reforma agrária as pessoas são afetadas e, por esta razão, são indenizadas

pela perda de suas casas, terras ou benfeitorias. Isto ocorre por serem

empreendimentos importantes para a coletividade, independente das eventuais

distorções que possam haver em tais processos.

Conforme Rocha (1997), no caso dos empreendimentos públicos as

indenizações são rápidas e dependem da sua relevância sócio-econômica, dos

interesses político-partidários e empresariais ajustados ao momento, porém as áreas

protegidas públicas não possuem tais cacifes e são deliberadamente abandonadas a

toda sorte de conflitos gerados pela falta de saneamento fundiário, provavelmente

por serem ‘menos importantes’ que as famigeradas ações e obras eleitoreiras.

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A correlação simples entre a pontuação obtida para este indicador e

a nota final das áreas é insignificante, o que pode levar à falsa conclusão de que a

situação fundiária não influencia na eficácia de gestão. Mas, ao contrário, toda sorte

de conflitos podem disso derivar e serem enfrentados nas unidades de conservação,

retardando sua implantação e desenvolvimento mas sem impedir que os trabalhos

de gestão aconteçam. A situação dominial deve ser encarada como condição

elementar para se fazer uma gestão eficaz, senão não existiriam os transtornos que

a direção do PE Jacupiranga enfrenta diariamente, e mesmo o pessoal dos núcleos

de gestão do PE da Serra do Mar.

Um dos elementos indispensáveis para as iniciativas de

conservação mais duradouras é a obtenção do apoio comunitário (Borrini-

Fayerabend, 1997), principalmente quando não se tem a posse e o domínio das

terras em definitivo, procurando estabelecer alianças com os vizinhos e com a

comunidade em geral no sentido de manter a integridade dos recursos. Infelizmente

isto ainda está longe de ser uma qualidade do sistema estudado, haja vista o

indicador receber pouco mais de 50% do total ótimo alcançável.

Na maioria dos casos as UCs não possuem os mecanismos que

promovem a participação da comunidade no planejamento ou na gestão das áreas,

excetuando algumas UCs financiadas pelo PPMA e outras muito pontuais. O

relacionamento entre as partes fica truncado e sujeito à sazonalidade dos eventos

diários, o que de uma forma direta impede que as pessoas aquilatem o verdadeiro

valor das áreas protegidas e do trabalho ali desenvolvido, resultando em um apoio

incipiente para as demandas conservacionistas. Dentre alguns exemplos positivos

descreve-se a seguir alguns selecionados.

A experiência positiva do PE Ilha do Cardoso em relação à

comunidade é compensadora e deve servir de exemplo para iniciativas nesta

direção. Este Parque insular antes mesmo de ser transformado em UC já era

habitado, constituindo pequenos núcleos habitacionais de pescadores,

principalmente. Por este motivo e para facilitar a gestão dos recursos o parque é

estruturado em Núcleos que abrigam, além das citadas populações tradicionais

caiçaras, indígenas e residentes não tradicionais. Além do Núcleo Pereque existem

os Núcleos Marujá, que abriga um importante componente social do manejo, a

Associação de Moradores do Maruja (AMOMAR); Núcleo Enseada da Baleia, Núcleo

Pontal do Leste e Vila Rápida, com menores número de pescadores. Ao todo a Ilha

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contém cerca de 160 unidades familiares que vivem da pesca, agricultura de

subsistência e o corte da caxeta10 (permitido somente às famílias consideradas

tradicionais) totalizando uma população aproximada de 400 pessoas entre

tradicionais e não tradicionais.

Um fator exógeno a este sistema social é a invasão e presença de

um grupo indígena Guarani com cerca de 45 pessoas que chegaram em 1992 e

foram autorizados a ficar por decisão judicial proferida em 1997. Este grupo vive da

caça, pesca, roça e artesanato de caxeta, sendo objeto de um projeto de pesquisa

que procura averiguar os efeitos e os impactos da caça sobre a biota e na qualidade

de vida do grupo. Este componente social é um elemento desagregador pois os

caiçaras não compreendem como os índios podem exercer a caça e eles não; como

os indígenas podem tudo ou quase isso e eles submetidos aos diplomas legais que

norteiam a conduta ambiental. Essa questão aflige não só algumas UCs de São

Paulo, mas também o PN Araguaia, Monte Pascoal, Superagui, Pacaás Novos,

Estação Ecológica de Ique e Reserva Biológica de Guaporé e Gurupi (Jorge Pádua,

2001), precisando políticas urgentes e consistentes haja vista que a FUNAI parece

ser um outro Brasil11.

Para administrar este conflito e dar solução aos problemas oriundos

dos anseios comunitários, a direção do PEIC conta com dois elementos de gestão

imprescindíveis: todas as unidades familiares estão cadastradas em um arquivo

contendo informações referentes a cada clã, variando desde o n0 de filhos até um

memorial descritivo detalhado de cada uma das moradias, o que permite um controle

bastante satisfatório sobre as atividades desenvolvidas por cada uma delas. O

segundo componente é a existência de um sólido Comitê de Apoio à Gestão,

constituído por membros de diversas instituições (Parque, AMOMAR, representantes

das vilas de pescadores, Prefeitura e Câmara dos Vereadores de Cananéia, IBAMA,

Instituto de pesca, Pastoral, e ONG’s como SOS Mata Atlântica).

Este Comitê está implantado a mais de dois anos, com uma prática

consistente de reuniões participativas e democráticas e trata de todas as questões

relativas ao manejo do Parque e que envolvam os interesses comunitários, exceção

feita ao grupo indígena (invasor) que é orientado pela FUNAI. Este comitê realizou

10 Caxeta, Tabebuia Cassinoides DC., árvore da família Bignoniaceae.11 Nogueira Neto, P. 2001. Comentário sobre a invasão das terras do Parque Nacional do Araguaia

por grupos indígenas. Comissão Mundial de Áreas Protegidas-Brasil. UICN. Grupo de discussãovia Internet.

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cerca de 40 reuniões mensais em esquema de rodízio nos diversos Núcleos

Comunitários existentes no interior da unidade, possui um caráter essencialmente

consultivo mas na prática delibera sobre aspectos do manejo como reformas e

ampliações de residências, novas construções, energia, saneamento, corte de

árvores para canoas, área de cultivo mínimo, etc. Caso o pleito seja autorizado pelo

Comitê este é encaminhado ao DEPRN, que passa a conduzir o processo. Para os

não tradicionais o Comitê não autoriza nada, ao contrario, interpõe barreiras

previstas na legislação corrente.

No Parque Estadual do Morro do Diabo desde 1988 há um certo

envolvimento da população da cidade nos assuntos da unidade, principalmente após

a estruturação e implementação de atividades de visitação pública e educação

ambiental. No decênio de 1990 mudanças na administração causaram a diminuição

do apoio comunitário ao Parque, entretanto a partir da metade da mesma década

este reconhecimento foi melhorado na medida que a unidade estabeleceu uma

parceria informal com uma organização não governamental (Instituto de Pesquisas

Ecológicas - IPÊ) que implementa projetos de pesquisa nas áreas de biologia da

conservação e de desenvolvimento sócio-ambiental junto aos assentamentos

humanos na periferia da unidade, oriundos de movimentos sociais (Valadares-Pádua

et al., 1997).

Os trabalhos desenvolvidos pelo IPÊ são distinguidos de outrens

pois os técnicos da organização intrincam-se com a comunidade, com os seus

anseios, na busca de alternativas para os problemas tecnológicos voltados à

produção sustentada; mas sobretudo porque os projetos não são apenas de

pesquisa e procuram transformar a realidade presente no Pontal do Paranapanema,

incomodando alguns órgãos de Estado que deveriam poder estar cumprindo com

tais obrigações.

O reconhecimento da importância da UC para a região e como fonte

de benefícios indiretos para a comunidade levou esta mesma comunidade a se

organizar em defesa da biota da área, um fato que certamente ficará marcado na

história do Parque. A unidade é fragmentada por uma rodovia asfáltica, numa

extensão de 14Km, cuja maior conseqüência são os incontáveis atropelamentos de

animais silvestres, muitos ameaçados de extinção, além dos incêndios florestais

provocados e de outros tantos impactos relatados por Faria e Moreni (2000).

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Dentre as várias iniciativas políticas, gerenciais, institucionais e

jurídicas visando solucionar ou minimizar o problema relaciona-se a firme

manifestação popular ocorrida em agosto de 2001, cujos integrantes, na maioria

pequenos agricultores e suas famílias, fecharam a referida rodovia até que as

autoridades locais estivessem presentes e manifestassem sua posição favorável em

relação ao problema. Por outro lado, o mesmo MST que já invadiu unidades de

conservação do Estado (Florestas de São Simão e de Pederneiras) auxiliou a

administração do PEMD a reformar os aceiros de ambas as margens da mesma

rodovia num momento em que não havia recursos do Estado destinados a tal

objetivo.

Outra unidade que merece destaque no tocante a relações com a

comunidade é o Núcleo Picinguaba do PESM. Em razão de 80% do município ser

constituído de áreas do Parque este núcleo de gestão precisa manter estreitas

relações com a sociedade em geral, sejam os lideres comunitários sejam as

organizações que atuam na localidade, na tentativa de minimizar os impactos

derivados da expansão do uso da terra para a segunda residência ou residência de

verão, e os impactos causados pelo parque na medida que este é um impeditivo

para que a cidade de Ubatuba se expanda como balneário. Para tanto há em

atividade um programa de educação ambiental que discute esses temas com os

estudantes, ao mesmo tempo que os técnicos locais atuam junto aos organismos de

desenvolvimento no afã de solucionar os conflitos deste suposto antagonismo.

Da mesma maneira pode-se referir, em menor ou maior

profundidade e qualidade de relacionamento e apoio comunitário, aos PE de Carlos

Botelho, PE Campos do Jordão, PE de Porto Ferreira, EEc do Bananal, Núcleo São

Sebastião do PESM e PE da Ilha Anchieta

Observando-se as notas auferidas aos indicadores “Apoio e/ou

relacionamento interinstitucional” e “Apoio e/ou relacionamento intrainstitucional”

nota-se que no entendimento dos diretores há uma maior facilidade de obter melhor

suporte e participação de instituições e organismos forâneos que das diversas

secções da sua própria organização que, ao contrário, deveria apoiá-los com maior

proximidade. Um dos casos mais notáveis e que justifica a necessidade de um bom

relacionamento com os organismos de atuação local é o PE Jaraguá, onde isto

efetivamente não tem acontecido às expensas de a unidade ser muito próxima da

sede do Instituto Florestal.

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O Parque recebe uma média de 5.000 pessoas por fim de semana,

cujo controle é bastante dificultado por serem dois focos de atendimento ao público:

na área de recreação junto à sede e no Pico do Jaraguá. As dificuldades são

potencializadas pela falta de um bom acerto interinstitucional entre a Secretaria de

Meio Ambiente e a Secretaria de Esportes e Turismo – SET, para a tarefa de

fiscalizar, controlar e proteger usuários e patrimônio, o que com certeza é uma das

causas da ocorrência de tantos acidentes pessoais e danos ao patrimônio público.

Por exemplo, em ambas áreas de visitação deveria ser proibida a venda de bebidas

alcoólicas, porém parece haver a parcimônia da SET, o que já resultou em acidente

fatal no Pico do Jaraguá.

Outro fato que demonstra a necessidade urgente de um melhor

arranjo interinstitucional para a gestão do PEJ é a rodovia que dá acesso ao Pico. A

mesma passa diante da área de recreação da SET e da sede do Parque, situadas

na base do Pico, mas nenhuma forma de controle de acesso ao cume é realizada

pois a estrada é administrada pelo DER, entretanto ao longo da mesma é praxe

ocorrerem irregularidades que põem em risco os recursos protegidos no Parque e os

usuários pois é possível observar enorme quantidade de lixo abandonados pelos

usuários, caminhos alternativos, pichações, etc.

No PE Ilha Bela, uma área inserida num contexto estritamente

turístico, a inserção da direção junto à comunidade ainda é deficitária. Há evidências

de pouco entrosamento com os órgãos interessados, como a prefeitura, hotéis,

igrejas, líderes comunitários, ong’s locais, entre outros, uma debilidade no que

deveria ser um ponto forte para uma unidade cujo domínio público ainda não é

legitimado. Entretanto a tendência é a reversão desta situação pelo fato de haver

agora uma diretora residente no próprio município e a obstinação apresentada pela

direção e funcionários em relação ao assunto.

Um exemplo desta maneira de agir é detectado no Núcleo São

Sebastião do PESM, que apesar de contar com financiamento do PPMA a gestão

está seriamente ameaçada pela falta de infra-estrutura e recursos humanos. Esses

problemas estão sendo parcialmente e temporariamente solucionados mediante uma

‘parceria’ mantida com a Prefeitura Municipal de São Sebastião e com a Petrobrás,

que possibilita o mínimo funcionamento de atividades ligadas à proteção, educação

ambiental e ecoturismo, além do trabalho conjunto com a Policia Florestal e de

Mananciais no caso do programa de proteção. Além dessas parcerias a gestão é

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conduzida permeada pela participação dos representantes da comunidade no

Comitê de Apoio à Gestão. Ações, embora embrionárias, estão sendo efetuadas no

sentido de se elaborar e desenvolver um programa de pesquisa com a participação

da ESALQ/USP.

Em relação ao apoio e ao relacionamento intra-institucional o que se

percebe é o sentimento quase que generalizado de abandono das áreas protegidas

por parte dos setores gerenciais da sede, ou pelo Estado. Ainda que inexistam

entraves burocráticos por parte dos escritórios centrais do IF, há uma carência total

de apoio e aconselhamento para as coisas jurídicas, como o estabelecimento de

normas e procedimentos para as diversas atividades que se deseja ‘institucionalizar’

e ver gerando recursos para a unidade.

Quando o PETAR deixou de receber sua cota de financiamento por

alguns meses consecutivos faltou apoio institucional e, fundamentalmente, ética ao

não se consultar a diretora da área sobre a viabilidade do remanejamento das

verbas. O PE Porto Ferreira obteve financiamento do FNMA para elaborar seu plano

de manejo, mas a dificuldade para conseguir os documentos necessários junto ao IF

e a SMA impediram a concretização do respectivo convênio por mais de uma ano.

Caso semelhante ocorreu com o PE Juquery e PE Ilha Anchieta, cujas equipes

técnicas, articuladas com outros organismos de atuação local, aprovaram projetos

junto ao FEHIDRO para a recuperação de áreas degradadas e educação ambiental,

respectivamente.

Os entraves para a formalização de convênios são muito grandes,

em alguns casos necessitando da anuência direta do governo do Estado, o que faz

do trâmite longo e demorado ou os processos relativos serem barrados pela e na

Assessoria Jurídica da SMA caso não estejam completamente defesos. Isto foi o que

desmotivou a oficialização de uma parceria entre o IF e o Instituto de Pesquisas

Ecológicas visando a implementação de ações no já relatado caso do PE do Morro

do Diabo.

Deste modo, fica patente a necessidade de se constituir um setor no

IF que dedique-se exclusivamente a prestar apoio jurídico pertinente aos casos

expostos, tão necessários no atual momento quando os diretores buscam

alternativas para alavancar a gestão de suas unidades, além de esquemas

modernos que melhorem o relacionamento entre a sede e as unidades para o efetivo

apoio que elas merecem.

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Quanto ao apoio que os funcionários recebem da organização para

o desenvolvimento da sua vida profissional que, evidentemente, reflete-se na vida

pessoal e na motivação interior das pessoas (Bergamined, 1996), entende-se que

ocorre ausência e/ou omissão institucional/governamental no provimento de maior

atenção às demandas dos funcionários.

A existência de salários e contratações diferenciadas entre funções-

atividades similares é uma rotina que culmina em insatisfações pessoais,

insubordinações e abandono do serviço, ainda que haja um movimento do

funcionalismo público em prol da efetivação da Carreira de Apoio à Pesquisa, que se

aprovada e regulamentada certamente será a redenção de grande parte dos

funcionários de nível básico e médio dos Institutos de Pesquisa. Entretanto, ainda

não se fala em uma carreira voltada à administração das UCs ou de ‘diretores de

parques’, uma lacuna que se preenchida solucionaria os dissimulados conflitos

gerados entre as diversas profissões, cargos e salários dos atuais diretores das

unidades de conservação de São Paulo.

Um dos graves problemas enfrentados na atualidade quanto aos

funcionários do IF é quanto ao “desvio de função” de parte significativa dos quadros

do nível básico. Muitas vezes funcionários contratados para serem trabalhadores de

campo executam tarefas de vigias, e vice-e-versa, sendo que em algumas unidades

inexistem os dois cargos citados, como no PE Porto Ferreira cujo pessoal se insere

exclusivamente nas carreiras de pesquisa, prejudicando o desenvolvimento normal

das tarefas.

Este problema parece quase ‘institucionalizado’ por não lhe ser dado

a devida atenção pelas várias direções do IF e pelo governo do Estado. Outro

problema grave é quanto aos benefícios diferenciados que trabalhadores efetivos e

estatutários do IF e os contratados pela Fundação Florestal possuem. Enquanto os

efetivos tem acesso a benefícios do tipo licença prêmio de até três meses a cada

período de cinco anos de assiduidade os estatutários não são enquadrados da

mesma forma; enquanto os funcionários do IF possuem estabilidade, os contratados

pela Fundação tem melhores salários, bônus alimentação e convênio saúde. Quanto

a este último fator, os funcionários públicos contribuem compulsoriamente para com

o IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual), porém

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este serviço está disponível em apenas 93 dos municípios do Estado e 46 postos de

atendimento na cidade de São Paulo12.

A instituição não possui mecanismos internos para a valorização de

seu quadro funcional e tampouco um mínimo programa de capacitação voltado à

promoção profissional em todos os níveis, mas seguramente as possibilidades e

alternativas para a capacitação são muito mais facilitadas para o pessoal de nível

superior, que apesar de as vezes não obterem as licenças oficiais para freqüentar

cursos tem a vantagem de possuírem maior autonomia, podendo equilibrar as

atividades acadêmicas com suas férias e licenças prêmio (no caso dos efetivos).

Quando existem, as iniciativas para melhorar a qualidade dos funcionários

geralmente partem das unidades, com um caráter muito espontâneo e oportunista.

A pontuação auferida ao indicador ‘Programa de Capacitação’ para

as UCPI, que avalia em que nível a instituição e as unidades provêm tal atividade a

seus funcionários, obteve uma correlação positiva de 47% em relação à nota final

obtida pelas áreas protegidas. Ou seja, em 47% dos casos estudados, ou 26 das

unidades, há uma correspondência entre a qualidade da gestão da unidade e a

existência ou não de atividades voltadas à capacitação, mas isto não significa uma

tendência real haja vista não se poder predizer tal comportamento em razão da

mínima quantidade de amostras.

Para as unidades de proteção integral, este grupo de indicadores

teve um peso de 22,44%13 sobre a nota final e uma pontuação de 54,34% do ótimo,

um padrão de qualidade medianamente satisfatório cuja nota situou-se no limite

inferior desta classe, sugerindo também a necessidade de uma inequívoca atenção

às lacunas relatadas.

12 Secretaria de Estado da Saúde. Instituto e Assistência Médica ao Servidor Público Estadual.Relação das entidades credenciadas pelo IAMSP. Seção de Pessoal. Divisão de Administração.Instituto Florestal.

13 Razão entre o total alcançado pelo âmbito e o total geral multiplicado por 100 do Quadro 34. Aqui713/3177,18 x 100

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4.3.4 Conhecimentos

Quadro 46. Comportamento do âmbito conhecimentos para as UCs de proteção integral,conforme dados do Quadro 34.

Indicadores de conhecimentoTotalatual

Totalótimo

%Ótimo

Informações cartográficas 132 164 80,49Informações biofísicas 110 164 67,07Informações socioeconômicas 100 164 60,98Informação legal 99 164 60,37Pesquisas e projetos 99 164 60,37Monitoramento e retroalimentação 57 164 34,76

597 984 60,67

Não é lógico, de maneira alguma, falar-se de conservação da

biodiversidade sem que haja uma sólida base de conhecimentos gerados pela

pesquisa cientifica. No geral este âmbito foi bem pontuado, o que traduz que as Ucs,

de uma ou outra maneira, estão disponibilizadas para a realização de pesquisas,

mesmo quando não há plano de manejo e/ou programa estruturado para conduzir e

controlar a atividade.

Ainda assim 20 das áreas protegidas de proteção integral

apresentaram deficiências específicas que resultaram em uma pontuação abaixo de

60% e, deste conjunto, 10 possuem uma situação critica em relação à geração e

aproveitamento dos conhecimentos, quais sejam os Parques Estaduais da Capital,

Cantareira, Juquery, Jurupará, Campos do Jordão, Mananciais de Campos do

Jordão, Porto Ferreira, Curucutu, Jaraguá e Estações Ecológicas Juréia-Itatins e de

Ribeirão Preto. As condições extremamente críticas estão associadas às UCs com

implantação mínima ou sem nenhuma implantação, como o PE Juquery, PE

Mananciais de Campos do Jordão e Estação Ecológica de Ribeirão Preto.

Em contrapartida, algumas unidades se destacam por apresentarem

elevados níveis de satisfatoriedade neste âmbito, notadamente o PE Ilha do

Cardoso e as Estações Ecológicas de Caetetus, Assis, Jataí, Itirapina e Itapeva,

cujas pontuações alcançaram a casa dos 80%, uma nítida vantagem para a

categoria Estação Ecológica que assim cumpre com seus objetivos primários. Ainda

que não haja recursos humanos e financeiros, e infra-estrutura especifica para a EEc

de Assis ela obteve pontuação satisfatória pois os técnicos e a estrutura da Estação

Experimental contígua oferecem um bom suporte à mesma. As demais áreas

situam-se em condições intermediaria aos dois grupos aqui apontados.

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Na atualidade, em termos de produção de conhecimentos destacam-

se algumas UCs nas quais investe-se com maior vigor nas atividades correlatas. Na

Estação Ecológica de Jataí são desenvolvidos uma série de estudos integrados,

conduzidos por equipe interdisciplinar da Universidade Federal de São Carlos-

UFSCAR, que parece ter adotado a unidade como extensão de seu campus onde

executa e fomenta vários projetos de pesquisa, dissertações e teses, recentemente

compilados no livro Projeto Jataí (UFSCAR, 2000).

Na EEc de Itirapina o ecossistema prevalecente é o Cerrado,

estudado intensamente por um grupo de pesquisadores do Departamento de

Botânica da Universidade de Campinas, Universidade Estadual Paulista,

Universidade de São Paulo e Instituto Butantã, cujo enfoque é o detalhamento da

biodiversidade da área visando definir estratégias de manejo e conservação. Isto

tem contribuído para se conhecer a biota das duas UCs, inseridas nos domínios do

Cerrado, além de divulgá-las e assim potencializar o apoio externo para ambas.

Muito embora nestas UCs as atividades de pesquisa funcionem sem

que haja consumo de qualquer recurso extra da organização principal, devendo

servir de exemplo para as demais do sistema, ao menos em Jataí há um defeito

grave haja vista que o Projeto Jataí foi implantado à revelia do Instituto Florestal,

podendo os projetos estarem mais voltados aos interesses prioritários da UFSCAR.

Outros dois bons exemplos são o Parque Estadual de Carlos

Botelho e o Parque Estadual do Morro do Diabo. O primeiro é bastante procurado

para a realização de diversos trabalhos voltados à titulação acadêmica,

principalmente oriundos da PUC de Sorocaba, UNESP de Jaboticabal e Rio Claro,

USP e UNICAMP. Pesquisas de longa duração e geradoras de informações mais

voltadas ao manejo dos recursos são desenvolvidas pelos Projetos Muriqui, Macaco

Prego e pelo programa BIOTA da Fapesp. Até onde se pode detectar, foram

desenvolvidos na unidade 64 projetos de pesquisa, que originaram 36 publicações

científicas, 8 dissertações de mestrado e 1 tese de doutorado.

Em Morro do Diabo a pesquisa foi incrementada no decênio de

1990, havendo no momento deste trabalho cerca de 30 projetos de pesquisa

desenvolvidos por diversas instituições. Muito embora a organização não

governamental IPE se destaque na atuação de campo na região do PEMD, todavia

são as universidades as que mais contribuem para o desenvolvimento de

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conhecimentos sobre a unidade, incluindo-se aí a descoberta e descrição de

espécies novas.

Há uma forte tendência de os diretores e técnicos das UCs

privilegiarem a obtenção e uso de informações cartográficas, provavelmente em

razão da tradição do uso de mapas para a síntese das informações e, sobretudo,

porque o Instituto possui uma atuante seção dedicada quase que exclusivamente à

produção e a interpretação de tais materiais (Kronka et al. 2001). Algumas UCs já

dispõem inclusive de mapas digitalizados usando-se Sistemas de Informações

Geográficas como o PE do Morro do Diabo, PE Campina do Encantado, PE Ilha do

Cardoso e EEc do Bananal, entre outras.

Em relação às informações biofísicas, nos Parques prevalecem as

pesquisas voltadas à flora, vindo a seguir fauna, meio físico e uso público; nas

Estações Ecológicas predominam os projetos com flora e fauna. Três unidades

apresentam quadro critico por não possuírem esses dados, quais sejam PE

Jurupará, uma unidade nova no sistema, a EEc Juréia-Itatins, que segundo seu

diretor carece de muitos estudos na área, e a Estação Ecológica de Ribeirão Preto

com nenhum investimento. 17 UCs informaram que as informações biofísicas estão

desatualizadas ou não estão disponíveis para consulta; 11 dizem possuí-las de

modo satisfatório, porém podem não estar disponíveis nas UCs ou então não serem

tão atuais quanto necessário. Somente 10 unidades, ou 25% das unidades,

informaram possuí-las de fato e com as características julgadas desejáveis, isto é,

atualizadas e disponíveis localmente.

Informações de caráter social e econômica do entorno e da região

são muito importantes na medida que oferece aos administradores das unidades a

real situação do ambiente no qual se insere a UC, aspecto que os auxiliam na

tomada de decisões relativas à zona de amortecimento e ao entorno que impliquem

negociações com as populações e organizações ali presentes. Algumas UCs

apresentaram um quadro desalentador relativo a este quesito, quais sejam PE

Xixová-Japui, Mananciais de Campos do Jordão, Núcleo Cunha do PE Serra do Mar,

Furnas do Bom Jesus, PE do Morro do Diabo, EEc São Carlos e Ribeirão Preto. Em

20 unidades os técnicos entendem que tais informações estão em um nível

satisfatório, mas em algumas as informações podem não estar disponíveis ou não

são suficientemente atuais.

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Apenas o PE da Cantareira, Ilha do Cardoso e as Estações

Ecológicas de Jataí e Itirapina informaram possuir algum tipo de mecanismo que

garanta o acompanhamento dos fenômenos naturais, sociais e administrativos

visando a realimentação da gestão e do manejo de ecossistemas, aspecto que

parece manter estreita correlação com a existência de um programa de pesquisa

estruturado e em funcionamento. Deste modo pode-se afirmar categoricamente que

uma ou outra UC, em caráter de exceção, possuem condições e pessoal capacitado

para o monitoramento, entendo-se que tal atividade encerra as ações de registro,

classificação e armazenamento das informações, sendo que para ocorrer a

realimentação são necessários mecanismos simples que possibilitem a análise para

o posterior aproveitamento da informação.

Ao serem indagados sobre o retorno dos produtos das pesquisas e

sua disponibilidade nas UCs o resultado foi que 8 UCs informaram não conhecer o

que seja retorno das pesquisas; 13 reportaram que essa situação é moderadamente

satisfatória e 9 informaram que há o retorno das pesquisas, mas para isso acontecer

precisa haver cobrança sistemática aos pesquisadores ou às instâncias internas do

Instituto. Entenda-se que a palavra ‘retorno’ significa tanto a incidência dos

propósitos das pesquisas sobre os objetivos da unidade como o depósito do produto

final nas UCs, aspecto que parecer incidir apenas sobre 10 unidades investigadas.

Deste modo pode-se concluir que não há um controle satisfatório sobre as pesquisas

desenvolvidas e, principalmente, sobre os produtos gerados, o que impede ou

dificulta que os conhecimentos sejam efetivamente aproveitados para alimentar a

gestão.

Uma das razões para este parcial descontrole pode residir no fato da

Comissão Técnico-Científica, COTEC, do Instituto Florestal, órgão responsável pelo

cadastro, controle e acompanhamento dos projetos de pesquisas desenvolvidos nas

UCs, possuir normas internas desprovidas da efetiva participação das pessoas que

estão na ponta do sistema gerencial (Barbosa, 2000). Assim, carecem de

modernidade com embasamento nos fatos que acontecem no campo, envolvendo

administradores e pesquisadores, que as vezes intrincam-se em embates que

podem influir de modo significativo no alcance dos objetivos das áreas (Shannon e

Antypas,1996).

As demandas por pesquisa nas UCs de São Paulo é um fato e uma

carência generalizada pois os diretores de UCs precisam ter informações de qualidade

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disponíveis, de maneira tal que possam ser eficientemente usadas e disseminadas,

sob a premissa básica de que tais conhecimentos são importantes elementos para a

compreensão da complexidade e fragilidade dos recursos protegidos e, por

conseguinte, para seu manejo inteligente. Uma evidência que mostra o quanto os

diretores de UCs julgam importante a pesquisa científica é que muito raramente os

mesmos estão satisfeitos com o nível de conhecimento sobre os recursos

protegidos, sendo este um dos principais fatores motivadores da pesquisa nas

unidades de conservação.

O monitoramento de fenômenos naturais e humanos e a posterior

retroalimentação do sistema com os novos conhecimentos são as principais fontes

de energia para o desenvolvimento equilibrado das áreas protegidas. Os

ecossistemas não podem solucionar os problemas que surgem diariamente. Isto

cabe às pessoas, só acontecendo de fato a partir do momento que elas

compreendam suas reais limitações e adotem medidas contrárias à situação atual

(Dudley e Imbach, sd). O uso de modelos que privilegiam a reflexão individual e

coletiva conduz as áreas protegidas a uma nova dimensão, onde a gestão integrada

dos recursos de fato ocorrerá.

Como se pode notar, os requerimentos deste âmbito para a gestão

independem, como em outros âmbitos, do tamanho, da importância ecológica, do

tempo de existência das áreas ou mesmo da posse de planos de manejo. Para as

UCPI, o âmbito conhecimentos teve um peso de 18,79%14 sobre a nota final e uma

pontuação de 60,67% do ótimo, um padrão de qualidade medianamente satisfatório

que pode ser melhorado mediante investimentos simples, tal como a definição de

uma política de pesquisa a partir das bases.

14 Razão entre o total alcançado pelo âmbito e o total geral multiplicado por 100 do Quadro 34. Aqui597/3177,18 x 100

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4.3.5 Qualidade de Recursos

Quadro 47. Comportamento do âmbito qualidade dos recursos protegidos para as UCs deproteção integral, conforme dados do Quadro 34.

Indicadores da qualidade dos recursos protegidosTotalatual

Totalótimo

% Ótimo

Integridade das cabeceiras das bacias das UCs 121 144 84,03Exploração de recursos naturais dentro das unidades 125 164 76,22Tamanho 114 164 69,51Isolamento, insularidade, conectividade 114 164 69,51% de áreas alteradas dentro das UCs 109 164 66,46Forma 98 164 59,76Forma predominante de uso do entorno 81 164 49,39Ameaças à unidade 68 164 41,46

830 1292 64,24

Excetuando a forma predominante do uso do entorno e as ameaças

que espreitam as áreas protegidas analisadas, os demais indicadores deste âmbito

foram avaliados com pontuações que indicam padrões de qualidade igual ou acima

das condições mínimas razoáveis que satisfaçam o atingimento dos objetivos das

mesmas. Dentre as 41 unidades em foco apenas seis apresentaram uma

classificação geral ruim, abaixo de 50%, quais sejam Núcleos Santa Virginia e

Cubatão do PESM, PE ARA Valinhos, PE Vassununga, PE Porto Ferreira e PE

Jacupiranga. As unidades melhores classificadas, com pontuação acima dos 75%,

foram os Núcleos Cunha, Caraguatatuba e Picinguaba do PESM, PE Ilha Anchieta,

PETAR, PE Carlos Botelho, PE Ilha do Cardoso e Estações Ecológicas de Bananal,

Jataí, Itaberá e Itapeva. As demais UCs não mencionadas aqui estão entre estas

duas situações.

Dentre os oito indicadores, três são oriundos diretamente dos

conhecimentos advindos da Teoria de Biogeografia de Ilhas (MacArthur e Wilson,

1967) e tem um peso considerável na nota final do âmbito. Isto se reflete em cada

um dos grupos acima referidos, sendo possível esperar que as áreas protegidas com

melhores notas estejam localizadas em regiões que proporcionem dificuldade de

acesso e contemplem contínuos ecológicos. Das onze melhores classificadas, sete

estão nestas condições, duas são ilhas costeiras (Anchieta e do Cardoso) e as

outras três situam-se nas regiões sul e norte do Estado, onde as condições de

insularidade são muito graves e suscita dúvidas sobre elas, principalmente em

relação à EEc de Jataí, que foi visitada durante a pesquisa.

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Em relação às características biogeográficas, sobresai na paisagem

paulista os grandes contínuos ecológicos da Serra da Mar, da Serra da

Paranapiacaba, o Vale do Ribeira e o Litoral Sul de São Paulo, onde estão

localizadas grandes e importantes áreas protegidas como PE Carlos Botelho,

PETAR, PE Jacupiranga, PE Ilha do Cardoso, PE Campina do Encantado, PE

Jurupará, EEc Jureia-Itatins e PE Serra do Mar com seus vários Núcleos de gestão.

A paisagem prevalecente deveria emprestar uma proteção especial às UCs da

região, entretanto as ameaças externas a que estão sujeitas revela o quão é

necessário administrá-las sob um enfoque bioregional e integrador (Miller, 1996).

Ora, o PE Jacupiranga apresenta aproximadamente 30% de sua

superfície em mal estado de conservação, o que significa que pelo menos 45.000ha

dos seus 150.000ha estão severamente comprometidos, e somente a gestão

bioregional não solucionará o problema que, como já descrito, tem suas origens na

incúria do Estado em não legitimar a posse da terra da unidade.

Situações semelhantes, áreas com significativas porções

degradadas, ocorrem também nos Parques Estaduais da Capital, Jurupará, Juquery,

Campos do Jordão, Mananciais de Campos do Jordão, Santa Virginia, ARA-

Valinhos, Vassununga, Porto Ferreira e Campina do Encantado. E em menor grau

nos Parques Estaduais da Ilha Anchieta, Ilha Bela, Núcleo Cubatão do PESM, nas

Estações Ecológicas de Paranapanema e Chauás e na Reserva Estadual Águas da

Prata.

Olvidando a pontuação dada pelos diretores aos indicadores

específicos, observa-se pelos dados apresentados que algumas áreas administradas

pelo IF possuem superfícies muito pequenas, abaixo dos 200ha, quais sejam o PE

Capital, PE ARA Valinhos, EEc São Carlos, EEc Ribeirão Preto, EEc Itaberá, EEc

Itapeva e RE Águas da Prata. O PE da Capital é uma área totalmente antropizada e

assemelha-se mais a um parque municipal ou a uma Área de Recreação pois destoa

completamente do conceito de Parque sugerido pelo SNUC (BRASIL, 2000) ou pela

IUCN (1994).

A EEc de Ribeirão Preto, por exemplo, possui uma área de 154ha,

recebeu nota ‘2’ para tamanho, mas segundo o seu diretor a área já não comporta

alguns grupos de macacos, estando a unidade bem próxima de se transformar em

um ‘Central Park’ da cidade de Ribeirão Preto, o que pode dar uma idéia da

insustentabilidade ecológica da unidade. Por outro lado, segundo as informações

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primárias apresentadas pelos diretores, essas áreas protegidas não resguardam

atributos excepcionais, como espécies endêmicas ou ameaçadas de extinção, fato

que põe em relevo o questionamento sobre a necessidade de se manter áreas com

tais características sob a responsabilidade do IF e mesmo do Estado.

Em relação à forma das áreas observa-se que, excetuando as UC

das ilhas costeiro-marinhas, nas quais a forma do espaço a ser protegido é definido

pela natureza, quanto à seleção e criação as demais parecem ter sido delineadas

sobre mapas nos escritórios centrais (ainda que se saiba do grande esforço

empreendido pela Procuradoria Geral do Estado e pela Procuradoria do Patrimônio

Imobiliário na solução de conflitos durante a demarcação de áreas protegidas do

Estado). Assim, os Parques Estaduais da Ilha Bela, Xixová-Japuí, Vassununga,

Furnas do Bom Jesus, Jacupiranga, Núcleos Curucutu, São Sebastião e Santa

Virginia do PESM e EEc de Ribeirão Preto obtiveram pontuação ‘0’ ou ‘1’ por

possuírem formas muito irregulares e/ou descontinuas que privilegiam o efeito de

borda ou dificultam os labores de proteção.

Não obstante o tamanho do PE Jacupiranga ser considerável, sua

forma é totalmente desuniforme, apresentando limites que não seguem os acidentes

naturais tais como rios, bacias hidrográficas, canais de drenagem, etc. Em pelo

menos duas grandes seções do Parque observa-se linhas retas como limites. O PE

Vassununga é uma das unidades mais curiosas, com cerca de 2045,06ha e formada

por cinco distintos fragmentos, entrecortados por rodovia intensamente transitada e

áreas de agricultura intensiva com utilização de agrotóxicos potencialmete

agressivos à biota. Apesar disso possui uma considerável população de Jequitibá

Rosa - Cariniana legalis (Martius Kuntze) e o cachorro do mato vinagre - Speothos

venaticus (Lund), considerado criticamente em perigo de extinção. Estas são razões

suficientes para a implementação de estratégias eficazes que conduzam a

permanência destas áreas a longo prazo.

O recém criado Parque Estadual do Aguapeí é um exemplo de uma

forma que maximiza os efeitos de borda e dificulta os labores de fiscalização, que

apesar de não fazer parte da amostra deste trabalho vale a pena citá-lo como

ilustração. Esta unidade foi criada ao longo das margens do Rio Aguapeí em 1998

por exigência do Ministério Público visando mitigar e indenizar os impactos da UHE

Sergio Mota, no rio Paraná, sobre duas áreas protegidas oficialmente existentes na

região impactada, porém ‘virtuais’: a Reserva Estadual do Pontal do Paranapanema

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e a Reserva Estadual da Lagoa São Paulo. Na seqüência apresenta-se um pequeno

trecho do relatório técnico realizado por pessoal do IF quando em vistoria à referida

área (SMA, 1998).

“A unidade possui mais de 30km de comprimento rio acima, e na maiorparte de sua extensão a largura média é de 2,5km; somente nos últimos 4km possui largurade 6km e desta maneira forma uma figura assemelhada a uma chave inglesa. A superfícietotal protegida alcança somente os 9.043,97ha, mas considerando as atuais discussões arespeito da importância dos fragmentos florestais e o estado atual da conservação in situ noEstado, a área é considerável. Porém...

Além do tamanho da unidade estar muito abaixo do tamanho ótimo paraum Parque Estadual, a forma de corredor submete as espécies a um permanente estresseem busca de abrigo, haja vista a proximidade do habitat com as pastagens e a constantepresença de gado e humana nas redondezas; também o efeito de borda, ocasionado pelasdiversas reentrâncias e "enseadas", alavanca as conseqüências negativas sobre a flora e afauna reduzindo as oportunidades evolutivas das espécies e do próprio habitat. O entornodo remanescente é completamente desfavorável à conservação integral da biota e àprevalência de um habitat de fauna específica, haja vista ser usado basicamente para apecuária extensiva.

Conforme vários autores, nos ambientes tropicais as áreas protegidasdevem conformar grandes superfícies, preferencialmente acima do 10.000ha contínuos ecom uma forma o mais próxima da circular. Quanto mais se afasta destas característicasmais a área protegida deverá ser restritiva para garantir a perpetuação dos recursosbióticos. No caso particular do Parque Estadual do Aguapeí deve-se entender que a formada unidade é oriunda do oportunismo ambiental, assim como sua própria criação, sendoentão que para mitigar tal fato e as conseqüências futuras pressupõe-se que a melhormedida é estabelecer-se uma categoria de manejo mais protetiva e mais apta ao resguardodos atributos ali protegidos.

Atividades de uso intensivo como a recreação e o turismo ecológico ouecoturismo, para os quais em primeira análise não há atrativos, são opções deaproveitamento que ocasionam uma degradação maior do habitat e das espécies aliexistentes, atentando-se para o fato que usos turísticos e recreativos mais intensos sedeslocarão naturalmente para o lago formado pela UHE de Primavera.”

Pior que a forma da unidade é o grau de insularidade a que esta

sujeita. Mesmo unidades de pequeno tamanho podem manter a viabilidade das

espécies caso hajam fragmentos no entorno que possibilitem o fluxo gênico, pois a

ausência deste entre as populações aumenta a endogamia e a perda da

variabilidade genética, podendo acarretar sérias conseqüências deletérias nas

espécies (Valladares-Pádua e Cullen Jr., 1995). Deste modo, UCs pequenas e com

elevado grau de insaluridade são as mais vulneráveis à perda de biodiversidade, tais

como os Parques Estaduais ARA Valinhos, Vassununga, Porto Ferreira, Xixová-

Japui, Jaraguá e as Estações Ecológicas de Paranapanema e Ribeirão Preto. As

UCs situadas em regiões intensamente urbanizadas, como os PE Jaraguá, Xixová-

Japui e Cantareira são ainda mais problemáticas e ameaçadas.

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220

Sete UCs apresentaram níveis de exploração sistemática dos

recursos em pelo menos 10% de sua área. Em Campos do Jordão isto decorre da

exploração dos plantios de pinus efetuados no passado visando segurar as encostas

declivosas da unidade; em Jurupará as evidências apontam para as pequenas

propriedades que todavia ainda não foram indenizadas e incorporadas ao patrimônio

protegido, mas nos Núcleos de gestão do PESM e no PE Jacupiranga a exploração

tem sua origem na ilegalidade da extração de recursos. Com certeza a maior parte

das UCs compreendidas pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado de

São Paulo sofrem com algum tipo de exploração ilegal, o que provavelmente não irá

diminuir a curto ou médio prazo em face das dificuldades gerenciais enfrentadas por

elas e da grande pressão gerada pela imensa população e mercado concentrados

na região.

Apenas dez UCs reportaram que os usos dados ao redor das

mesmas são totalmente adversários do cumprimento dos objetivos de manejo,

dentre elas PE Vassununga, Porto Ferreira, Jacupiranga, Jaraguá, e EEc de São

Carlos e Ribeirão Preto. Neste rol pode-se inserir todas as áreas urbanas além de

uma série de outras mais cujos entornos são explorados por monoculturas, tais

como Furnas do Bom Jesus (café), EEc Jataí (cana) e PE do Morro do Diabo (cana

e pasto). Contudo, de um modo geral as unidades mantêm as cabeceiras e recursos

hídricos internos aos limites de maneira satisfatória.

As ameaças externas e internas, bem como os principais problemas

enfrentados pelas áreas protegidas investigadas serão apresentadas mais adiante,

mas há evidências da ocorrência de pelo menos um tipo de ameaça por UC, cuja

incidência causa desequilíbrios nas ações de manejo e eterniza a batalha entre a

conservação e a degradação dos recursos. O indicador ameaças recebeu a menor

pontuação do grupo Qualidade dos Recursos.

Muitas das áreas paulistas, senão a maioria, não tiveram a

conformação de seus desenhos segundo os preceitos ecológicos existentes, tais

quais os apresentados por Ishibata (1999) e Morsello (2001). A criação das UCs

parece sempre ter se amparado no oportunismo dos governos e dos políticos,

oportunismo este muito bem aproveitado à época pelos conservacionsitas, sendo o

maior exemplo o Parque Estadual da Serra do Mar, criado em 1977, com seus

problemas fundiários, seus limites mal definidos e ainda não demarcados.

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221

Com toda a bagagem técnico-científica disponível para viabilizar a

criação de áreas protegidas mais efetivas, com delineamento acompanhando

preceitos modernos ditados nacional e internacionalmente, ainda hoje observa-se

iniciativas sem conteúdo e pragmatismo algum, como a recente criação do Parque

Estadual Chácara da Baronesa, no município de Santo André (SÃO PAULO, 2001).

A área constitui acervo histórico-cultural, tem apenas 35ha e esta ocupada por

diversas famílias. Apesar de o governo tentar o veto do Projeto de Lei a ação foi

rejeitada pela Assembléia Legislativa do Estado, um exemplo que se tornará clássico

para o Estado.

Em algumas situações específicas ocorreram pontuações

equivocadas sobre indicadores deste âmbito facilmente demonstráveis, inferindo a

necessidade de capacitação do corpo técnico no que tange aos conhecimentos

relacionados à biologia da conservação e suas implicações na conservação da

biodiversidade.

Por exemplo, nos PE Juquery e Xixová-Japuí o uso predominante do

entorno é a urbanização e, portanto, não poderiam receber o qualitativo de

‘satisfatório’ ou nota ‘3’; a EEc Jataí recebeu nota máxima (4) para tamanho, forma e

insularidade, mas seu tamanho é relativamente pequeno frente a outras UCs do

sistema e a área está submetida a um alto grau de isolamento. As estações

ecológicas de Itaberá e Itapeva foram muito bem avaliadas, porém são áreas

pequenas, de 180 e 106ha respectivamente, cuja sustentabilidade é duvidosa; a

pontuação dada ao Núcleo Cubatão para o tamanho da unidade foi ‘1’, um

lamentável erro de entendimento pois não considerou o contínuo ecológico da Serra

do Mar.

O conceito de vulnerabilidade de unidades de conservação é um

tanto quanto vago, mas o WWF (1999) o usou para definir o “conjunto de ameaças

internas e externas sofridas pelas áreas protegidas”. Para determinar a

vulnerabilidade das unidades de conservação de proteção integral administradas

pelo IBAMA foram usados cinco indicadores básicos. Desde este ponto de vista,

infere-se que o âmbito “Qualidade dos Recursos Protegidos” poderia assim ser

interpretado: 6 UCs estariam extremamente vulneráveis, 11 em situação pouco

vulnerável e as demais moderadamente vulneráveis, em consonância com a

agrupação definida no primeiro parágrafo que discorre sobre o presente âmbito.

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222

No entanto, entende-se que a vulnerabilidade das áreas protegidas

não está condicionada apenas aos fatores usados pelo WWF (1999), tais como

insularização, áreas alteradas dentro das UCs, exploração de recursos, demarcação

física, uso do entorno e projetos setoriais conflitantes com os objetivos das unidades.

A palavra ‘vulnerável’ é extremamente poderosa para estar limitada a apenas estes

fatores ‘bio-sócio-ambientais’, sendo necessário para isso necessário uma

investigação mais detalhada e abrangente, cujo enfoque abarque indicadores

destinados a responder essa inquietação, muito embora a qualidade da eficácia de

gestão possa demonstrar uma certa tendência neste sentido.

Este componente da gestão apresentou um peso de 26,12%15 sobre

a nota final e uma pontuação de 64,24% do ótimo, um padrão de qualidade mediano

e pouco abaixo do necessário para alcançar um melhor padrão.

4.3.6 Florestas Estaduais

Ao iniciarmos a discorrer sobre os Resultados desta pesquisa

relatamos que as informações das unidades de uso sustentável foram

comprometidas pelas razões já expostas, entretanto isto não invalida alguns

comentários pontuais que se possa fazer sobre elas, naquilo que as diferencia das

demais. Assim sendo, não nos ateremos a discorrer sobre os demais componentes

da gestão, também avaliados para elas, mas sim dar ênfase e salientar os

indicadores do âmbito Florestas Estaduais, que efetivamente as tornam dissimiles

das demais.

Quadro 48. Comportamento do âmbito florestas estaduais para as UCs de uso sustentável,em conformidade com os dados do Quadro 33.

Indicadores para Florestas EstaduaisTotalatual

Totalótimo

%Ótimo

Manejo continuado 31 64 48,44Fitossanidade 16 64 25,00Controle fitossanitário 20 64 31,25Florestas Melhoradas 15 64 23,44Existência e atualidade de inventário 53 64 82,81

135 320 42,19

15 Razão entre o total alcançado pelo âmbito e o total geral multiplicado por 100 do Quadro 34. Aqui713/3177,18 x 100

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223

Em geral poucas são as unidades que possuem planos de manejo

concebidos a partir de metodologia aceita na atualidade, dentre elas figuram a

Floresta Estadual de Manduri e as Estações Experimentais de Itirapina e Tupi. A

EEx de Luiz Antonio possui um Plano de Manejo cujo enfoque esta voltado para a

integração desta com a Estação Ecológica de Jataí sob a égide de um Parque

Estadual, portanto não delineia diretrizes para o manejo sustentado da floresta

plantada, ao contrario propõe transformar gradativamente a floresta exótica em

nativa segundo cortes e condução da regeneração. A EEx de Jaú com certeza não

possui plano de manejo e há dúvidas se a EEx de Mogi-Guaçu e Horto Florestal

Navarro de Andrade possuam tais instrumentos de planejamento.

Mas as unidades apresentam razoável quota de informações que

poderiam estar sendo utilizadas para a elaboração de planos de gestão,

apresentando defasagens no que tange a existência de esquemas de

monitoramento e aproveitamento das informações geradas pelas pesquisas e

projetos.

Em termos de programas de manejo deve-se evidenciar que as

unidades de produção há muito abandonaram seu papel passivo frente às

demandas da sociedade, sendo que várias delas apresentam ao menos algum tipo

de atividade com o público, seja apenas algum ordenamento de sítio que facilite a

visitação até programas bem estruturados como os das Estações Experimentais de

Assis, Itirapina e Avaré. Na EEx de Jaú há um interessante e continuado trabalho

com pré-adolescentes visando a formação profissional no que tange a produção de

sementes, mudas e florestas, algo semelhante ao que é desenvolvido, e

reconhecido regionalmente, na EEx de Itapetininga sob os auspícios de

financiamentos externos. Ademais, a situação geral deste indicador (Quadro 33)

demonstra a inserção e o valor social das florestas plantadas nas suas respectivas

regiões.

Há argumentos que diferenciam o papel dos diretores das UCs de

uso sustentável das de proteção integral, sob a alegação de que os primeiros

auxiliavam com maior claridade e espontâneidade o desenvolvimento regional

mediante a doação de mudas, madeira, etc., enquanto que os segundos ‘cerceia’

este desenvolvimento ou possuem maior dificuldade de mostrar isso à sociedade

pois a eles cabia a aplicação de uma legislação ambiental mais rigorosa e a

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proibição de quase tudo, além de emissão de laudos de danos ambientais para as

ações do Ministério Público (Campos, Vellardi e Jordão, 1997).

Esta é uma opinião realista que deveria influir no apoio que a

comunidade empresta às unidades, porém observa-se que apenas esta

diferenciação essencial entre as UCs não basta para que elas tenham um efetivo

apoio comunitário, senão as poucas unidades aqui representadas de UCUS não

teriam obtido apenas 53% do total ótimo para o respectivo indicador, pontuação que

provavelmente iria seguir o padrão das UCs de proteção integral caso houvesse

maior número dessas amostras.

Ainda que se tratem de unidades de produção por excelência, a

geração de recursos próprios e posterior reinvestimento não acontece como seus

diretores anseiam em razão de não estarem devidamente regulamentadas e/ou

esclarecidas as normas e procedimentos para este mister, além de diretrizes e

decisões neste sentido. Esta é uma das maiores reclamações dos diretores das

unidades pesquisadas em relação à Fundação Florestal e ao Instituto Florestal e que

com certeza motivou também uma nota baixa para o indicador ‘apoio intra-

institucional’.

Contrário às UCs de proteção integral, a totalidade das Florestas

plantadas possuem a situação fundiária e demarcação resolvidas.

Seria contraproducente avaliar a qualidade dos recursos protegidos

nas UCs de uso sustentável, mas é interessante denotar aqui qualidades ambientais

poucas vezes consideradas pelos autores ao discorrerem sobre conservação no

Estado de São Paulo:

i) as florestas de produção se prestam excelentemente à

conservação de solos e podem funcionar como buffer zones das unidades de

proteção integral, a exemplo do que acontece com algumas das Estações

Ecológicas, notadamente em Assis, Luiz Antonio e Itirapina;

ii) servem para a dispersão de usos públicos mais intensivos que

poderiam estar demandando sítios das unidades de proteção integral contíguas;

iii) servem como abrigo para uma fauna mais adaptada a

ecossistemas modificados;

iv) em algumas destas unidades as florestas são constituídas por um

sub-bosque de espécies do cerrado com ampla capacidade de se desenvolver,

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oferecendo assim alternativas futuras para a reconstrução de hábitats caso haja

alteração na abordagem do manejo das florestas de produção.

Esta última alusão parece não estar longe de ocorrer haja vista a

pontuação dos indicadores específicos da categoria de gestão. O único que

mereceu uma pontuação melhor foi o ‘inventario das florestas’, realizado há pouco

para se prover a Fundação Florestal de informações fidedignas das florestas a

serem manejadas (Toyama et all, 1999). Os demais indicadores apresentam uma

situação pouco alentadora.

O indicador ‘manejo continuado’ pretende medir se a floresta esta

sendo conduzida dentro de preceitos técnicos que garantam um máximo rendimento

sustentado seguindo o planejamento trintenal elaborado para conduzir as atividades

de explotação florestal (DFEE/IF, 1992), mas o quadro que se tem é um mosaico de

situações que demonstra a ineficácia do sistema de manejo da floresta, seja pelos

desbastes e cortes rasos não realizados ou a inexistência de reposição e

substituição das florestas.

Muitas unidades apresentam hoje talhões inteiros que deveriam ter

sido substituídos, mas ao contrario as árvores são mantidas de pé, em estagnação,

por não se conseguir vendê-las ou pelo receio de liberar as áreas e não se

conseguir plantar, sujeitando as unidades à ocupação pelos movimentos sociais que

lutam pela reforma agrária. Por outro lado, florestas de produção nas quais não se

faz combate sistemático a formigas não prosperam, ainda que as medidas físicas

para a proteção das florestas, os aceiros, estejam adequadamente construídos e

conservados.

Um fato que deve servir de alerta para os dirigentes institucionais é a

quantidade insignificante de florestas implantadas nos últimos 15 anos tendo por

base sementes geneticamente melhoradas, algo muito curioso e até certo ponto

contraditório considerando-se que as atividades do Programa de Melhoramento

Florestal do IF iniciaram-se extra-oficialmente antes da transformação do Serviço

Florestal em Instituto Florestal, em 1970, com destaque para o melhoramento de

Pinus para resinagem16.

No geral, o quadro das florestas estaduais demonstra que o manejo

sustentado não é praticado e que as florestas de produção não são geridas de modo

16 Gurgel Garrido, L M. do A. 2001. Programa de melhoramento genético florestal do InstitutoFlorestal. Informação verbal.

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planificado, estando submetidas a regras extemporâneas e/ou imediatistas que as

transformam em meras produtoras de dinheiro rápido.

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227

4.4 ANÁLISE DOS INDICADORES

Esta análise pretende apontar quais os indicadores obtiveram as

melhores e as piores posições no sub-sistema de unidades de conservação de

proteção integral, permitindo assim revelar seus pontos fortes e as debilidades

meritórias de especial atenção da organização. Isto é possível associando-se as

porcentagens do ótimo obtidas pelos indicadores à escala padrão, distinguindo-se

assim os cinco níveis de qualidade, o que de fato é recomendado e usado por todos

os autores relatados por Cifuentes, Izurieta e Faria (2000).

A última coluna da matriz de avaliação das unidades de proteção

integral (Quadro 34) apresenta a pontuação geral dos 36 indicadores usados no

processo de avaliação, cabendo salientar que os indicadores ‘plano de manejo’,

‘programas de manejo’, ‘corpo de funcionários’ e ‘organização’ embutem seus

respectivos sub-indicadores, como já referenciado. Visando facilitar a compreensão

das informações, esses dados são apresentados na Figura 11 a seguir, classificados

e rotulados de ‘debilidades fortes’, ‘debilidades’, ‘nível de atenção’, ‘positivo’ e ‘muito

positivo’ de acordo com a pontuação obtida pelo indicador.

Este quadro é auto-explicativo e denota o quanto e onde a

organização administradora e as instâncias superiores do sistema gerencial

precisam envidar mais esforços para prover soluções duradouras, tais como a

formulação de políticas de gestão direcionadas aos pontos mais débeis, assim como

aqueles componentes da gestão que merecem ser multiplicados e divulgados em

razão das suas características positivas.

Se por um lado os diplomas legais de criação das UCs foram

julgados satisfatórios, por outro há a necessidade de serem revistos e atualizados

em face da Lei No 9.985/2000, cujo artigo 55 enfatiza a necessidade de revisão das

categorias de gestão para aquelas UCs criadas com base em legislações anteriores

e que não se enquadrem nas categorias explicitadas pelo novo diploma legal. Mais

adiante exporemos uma posição em relação a indicadores que se mostraram

problemáticos, quais sejam “situação fundiária” e “demarcação física” das UCs.

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89,02

84,03

80,49

76,22

71,34

70,12

69,51

69,51

67,07

66,46

62,2

61,59

60,98

60,37

60,37

59,76

57,32

56,1

54,27

53,51

52,44

51,83

49,39

48,98

44,05

41,46

41,46

40,3

39,63

38,01

37,8

34,76

34,76

31,1

29,27

23,58

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Instrumento legal de criação da unidade

Integridade das cabeceiras das bacias das UCs

Informações cartográficas

Exploração de recursos naturais dentro das unidades

Administradores

Situação fundiária

Insularidade

Tamanho da UC

Informações biofísicas

% de áreas alteradas dentro das UCs

Apoio e/ou relacionamento Inter-institucional

Demarcação física da UC

Informações sócio-econômicas

Pesquisas e projetos

Informação legal

Forma da unidade

Aplicação e cumprimento de normas

Equipamentos e materiais

Infra-estrutura (manutenção)

Organização interna da UC

Apoio e participação comunitária

Compatibilidade de usos com objetivos da UC

Forma predominante de uso do entorno

Corpo de funcionários

Aceiros e carreadores*

Zoneamento

Ameaças às unidades

Programas de manejo (existência e implementação)

Nível de planejamento

Plano de Manejo (existência e implemantação)

Apoio ou facilitação intra-institucional

Respaldo ao pessoal / Plano de carreira

Monitoramento e retroalimentação

Programa de capacitação

Geração de recursos próprios

Financiamento

Figura 11. Classificação geral dos indicadores de gestão para as UCs de proteçãointegral pesquisadas, em consonância com os dados do Quadro 34.

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Os dados referentes aos indicadores das 41 amostras de proteção

integral foram submetidos a uma análise fatorial do tipo PCA, análise de

componentes principais, que é uma técnica estatística que visa determinar quais as

variáveis básicas ou fundamentais entre n medidas realizadas sobre N unidades

amostrais. Isto é, esta análise distingue entre tantas quais foram as variáveis que

tiveram maior variabilidade nos dados, possibilitando assim a redução da

dimensionalidade dos dados através da formação de novos componentes, que

agregam os indicadores com maiores variações (Barrella, sd). Para efeito desta

análise, os indicadores foram codificados com as letras PO para os do âmbito

Planejamento e Ordenamento, IA para o Administrativo, PL para o Politico-Legal, IC

para Conhecimentos e QR para Qualidade dos Recursos (Quadro 34).

O resultado é uma tabela (Quadro 49) com os Componentes

Principais, cujos índices de correlação oscilam de -1,0 a 1,0, significando que a

variável (indicador) possui correlação negativa ou positiva na construção do

componente ou novo fator. Tomou-se em conta que para um indicador estar

significativamente associado a dado componente necessita que seu coeficiente de

correlação seja maior que o modulo [0,5], similar ao trabalho de Ângelo (1996)17.

Desta análise excluímos o indicador “aceiros e carreadores”, incidente apenas sobre

21 das 41 amostras.

Quadro 49. Resultado da Análise de Componentes Principais para 35 variáveis usadas naavaliação da eficácia de gestão das UCs de proteção integral, dados doQuadro 34.

Componentes PrincipaisCódigo das variáveis 1 2 3 4 5

PO1 0.625 -0.196 0.503 0.231 0.028PO2 0.425 -0.101 0.627 0.202 0.117PO3 0.769 -0.301 0.345 0.160 0.116PO4 0.556 -0.042 0.021 0.555 0.221PO5 0.807 -0.157 -0.097 0.285 0.079IA1 0.494 0.100 0.013 0.058 -0.448IA2 0.616 0.142 -0.428 -0.069 0.059IA3 0.573 -0.435 0.003 -0.142 -0.294IA4 0.419 -0.458 -0.185 -0.234 0.455IA5 0.739 0.043 -0.267 -0.109 0.160IA6 0.744 -0.009 -0.314 0.047 0.133IA7 0.724 -0.079 -0.059 -0.123 -0.005

17 Este autor efetuou um estudo sobre os problemas principais das unidades de conservação doBrasil, tendo por base os dados do Inventário de Áreas Úmidas do Brasil. Sobre 17 UCs e de umalista de problemas identificou 16 fatores ou variáveis principais. Sobre estes aplicou uma análisefatorial que possibilitou a construção de 7 grupamentos de problemas envolvendo apenas 13 dasvariáveis originais.

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230

(Continuação)Componentes PrincipaisCódigo das variáveis

1 2 3 4 5IA8 -0.150 0.631 0.099 0.234 0.460PG1 0.025 0.043 0.320 -0.288 0.502PG2 0.634 0.452 -0.362 -0.161 0.075PG3 -0.220 0.453 -0.029 0.520 0.038PG4 0.705 -0.031 -0.049 0.039 0.033PG5 0.485 0.024 0.274 0.094 0.185PG6 0.235 0.266 0.002 -0.163 0.640PG7 0.535 -0.270 -0.170 0.351 -0.388PG8 0.570 0.038 -0.083 -0.138 -0.235IC1 0.334 0.263 0.539 0.141 -0.074IC2 0.249 0.298 0.248 -0.145 -0.200IC3 0.622 0.191 0.046 0.083 -0.345

Código das variáveis

IC4 0.443 0.214 0.348 -0.351 -0.150IC5 0.371 0.522 0.260 0.063 0.001IC6 0.566 0.245 -0.146 0.260 0.132QR1 0.399 0.152 -0.476 -0.451 0.110QR2 0.271 0.469 -0.458 0.098 -0.106QR3 0.236 -0.063 -0.011 -0.353 -0.068QR4 0.321 0.381 0.250 -0.347 -0.078QR5 0.166 0.196 0.465 -0.596 -0.078QR6 -0.214 0.567 -0.098 0.319 -0.071QR7 -0.113 0.657 0.033 0.035 -0.119QR8 0.035 0.578 0.026 -0.224 -0.192

Variança Explicada porComponente 8.438 3.650 2.813 2.444 2.046

Porcentagem daVarianca Total

Explicada 24.109 10.430 8.038 6.984 5.846

Obteve-se 5 componentes principais para os 35 indicadores, sendo

que esses 5 componentes, ou ‘novas variáveis, respondem por 55% da variação

total dos dados, que é dada pela somatória das porcentagens de variação de cada

componente. A partir do 6o componente a porcentagem de explicação da variância

dos dados é sempre menor que 5%, não apresentando correlação significativa na

medida que os módulos dos coeficientes de correlação nunca foram superiores a

0,5. O que se deseja com esta análise multivariada é expor que das 35 variáveis

originais destacam-se 26 indicadores que apresentaram correlação acima de 50%,

cujos códigos e índices estão em negrito no Quadro 49, o que é um indicativo da

importância dessas variáveis nos resultados auferidos no processo de avaliação

efetuado neste estudo. Para melhor visualização, os mesmos são reapresentados no

Quadro 50 a seguir.

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Pode-se dizer então, complementando os resultados apresentados

no Quadro 47, que esses 26 indicadores, ou fatores incidentes na gestão, são os

que efetivamente traduziram as diferenças entre as amostras, e que provavelmente

são os fatores que devam ser atendidos ou observados com prioridade em função,

justamente, das suas dissimilaridades entre as amostras. Isto é, se esses

indicadores apresentaram as maiores variações significa que as pontuações

abrangeram valores extremos da escala de pontuação e, sendo assim, esses

indicadores são factíveis de serem melhorados através da gestão efetiva e eficáz.

Quadro 50. Indicadores com maior variabilidade nos dados (nesta pesquisa)Âmbito/Grupo Código Indicador

IA2 Corpo de funcionáriosIA3 FinanciamentoIA5 Organização internaIA6 Infra-estruturaIA7 Equipamentos e materiais

Administração(6)

IA8 Demarcação física dos limitesIC1 Informações biofísicasIC3 Informações socioeconômicasIC5 Pesquisas e projetos

Conhecimentos(4)

IC6 Monitoramento e retro-alimentaçãoPL1 Instrumento legal de criação da UCPL2 Aplicação e cumprimento de normasPL3 Situação fundiáriaPL4 Apoio e participação comunitáriaPL6 Respaldo ao pessoalPL7 Programa de capacitação

Político-Legal(7)

PL8 Apoio intra-institucionalQR5 Integridade das cabeceiras de baciasQR6 Exploração de recursosQR7 Ameaças

Qualidade dosrecursos

(4)QR8 Uso do entornoPO1 Plano de manejoPO2 ZoneamentoPO3 Nível de planejamentoPO4 Compatibilidade dos usos e categoria

Planejamento eordenamento

(5)

PO5 Programas de manejo

Considerando esses resultados e o modelo matemático obtido com a

regressão múltipla, há uma redução significativa na dimensionalidade dos atributos a

serem mensurados, pois o modelo que melhor explicou os resultados das 41 UCs de

proteção integral foi o que abarcou os indicadores dos âmbitos “administração” e

“conhecimentos”, cujos indicadores originais aqui foram diminuídos para um número

de 6 e 4 respectivamente.

Desta maneira, seguindo o raciocínio e as faculdades matemáticas,

de um universo de 36 indicadores originais, distribuídos por 5 grupos, posteriores

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232

avaliações poderiam se circunscrever a apenas 2 âmbitos e 10 indicadores

principais.

Aqui é necessário um rápido apontamento metodológico. Um caso

prático que sugere alterações no procedimento usado é quanto a mensuração da

‘situação fundiária’ e a ‘demarcação física’ das áreas protegidas, pois uma unidade

com 100ha e outra com 1.000ha ou 100.000ha terão a mesma nota se a

porcentagem de terras sob o domínio do Estado forem próximas ou similares,

mascarando a verdadeira incidência do indicador sobre a realidade imposta à ou às

unidades de conservação, bem como a própria qualidade do indicador no sistema

analisado. Por exemplo, tanto o PE Ilha Bela como o PE Jacupiranga e a EEc Juréia

obtiveram nota ‘0’ para este indicador, mas isto é muito relativo considerando-se as

áreas de cada uma dessas UCs.

A pontuação equivocada ou injusta que um único indicador possa

receber não influencia significativamente na nota final da unidade, porém se o

conjunto das unidades apresentar pontuação equivocada do mesmo indicador isto

afetará as interpretações sobre a verdadeira qualidade do indicador no sistema

analisado, raciocínio que infere a necessidade de se atribuir pesos diferenciados

consoantes ao tamanho da área.

Atribuindo-se ponderações específicas para diferentes classes de

superfície de área protegida (Quadro 51), pode-se obter uma pontuação final para o

indicador mais fidedigna à realidade.

Quadro 51. Sugestão de ponderação especifica de acordo com a área da UC.Classe de tamanho Peso especifico

0-1000 11001-5000 25001-10000 3

10.000-50.000 450.000-100.000 5

> 100.000 6

Deste modo e somente a título de orientação para iniciativas futuras

semelhantes, as três unidades citadas seriam pontuadas com a mesma nota ‘0’,

porém tal nota seria em relação não mais a um total ótimo de 4 para o indicador,

mas em relação a 16, 20 e 24 conforme o quadro abaixo, valores que irão influenciar

tanto na porcentagem final obtida para cada unidade como para o indicador no

sistema estudado (Quadro 52).

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Quadro 52. Como ficariam os ‘totais ótimos’ para três distintas UCs com situação fundiáriasemelhante.

Área Peso Nota ‘situação fundiária’ Total ótimo com pesoPE Ilha Bela 27.025,00 4 0 16

EEc Juréia Itatins 79.270,00 5 0 20PE Jacupiranga 150.000 6 0 24

O mesmo raciocínio pode ser estendido aos demais indicadores

estritamente quantitativos, como ‘demarcação física’, ‘financiamento’ e ‘quantidade

de recursos humanos’. Outro fator que deve ser analisado é quanto à exploração de

recursos nas unidades, que aparece como um ponto positivo, mas que na verdade

não o é em razão da sua real incidência nas unidades de conservação maiores e as

localizadas no continuo da Serra do Mar e região costeira, nas quais ocorrem a

indiscriminada retirada de produtos florestais como palmito, orquídeas, bromélias,

xaxins, etc., fatores que notadamente provocam o ‘assoreamento’ genético das

espécies e uma devastação imensurável.

4.5 AMEAÇAS ÀS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Ainda que o indicador ‘ameaças’ tenha sido valorado pelos diretores

das unidades, não seria justo reduzir a importância dos perigos iminentes sofridos

pelas áreas protegidas a uma simples pontuação, mesmo que ela sugira a gravidade

da situação enfrentada. No formulário preenchido pelos diretores os mesmos tiveram

a alternativa de designar quais eram os problemas de manejo e as ameaças internas

e externas incidentes sobre as unidades que administram, em conformidade com as

definições pré-determinadas (vide Material e Métodos), o que se realizou tanto para

as UCs de proteção integral como as de uso sustentável, apresentado no quadro 53.

Inicialmente pretendia-se diferenciar problemas de manejo de

ameaças, mas em face de confusões interpretativas e a repetição semântica de

fatores entre esses dois grupos decidiu-se que as informações relatadas nos

problemas de manejo não seriam usadas como elemento informativo direto à

pesquisa, mas sim como suporte para o detalhamento e acurácia das ameaças ao

sistema sob analise.

Page 255: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

234

Qua

dro

53.P

robl

emas

dem

anej

o,A

mea

ças

Inte

rnas

eE

xter

nas

das

UC

squ

ere

spon

dera

ma

este

ques

tiona

men

to.

Pro

ble

mas

de

man

ejo

–re

fere

m-s

eàs

dific

ulda

des

rotin

eira

sen

fren

tada

spa

rao

dese

nvol

vim

ento

das

ativ

idad

esin

eren

tes

aár

ea,

com

opo

rex

empl

oin

sufic

iênc

iade

recu

rsos

hum

anos

efin

ance

iros,

falta

deeq

uipa

men

tos

adeq

uado

se

trei

nam

ento

depe

ssoa

l.P

orsu

asca

ract

erís

ticas

endó

gena

se

emco

nfor

mid

ade

com

ose

ual

canc

eo

prob

lem

apo

dese

rco

nsid

erad

oum

aam

eaça

aosi

stem

a.

Am

eaça

s-

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res

que

com

unga

mpa

rao

desc

umpr

imen

todo

sob

jetiv

osde

man

ejo

daun

idad

em

edia

nte

ade

sest

abili

zaçã

odo

equi

líbrio

dinâ

mic

odo

sec

ossi

stem

ase

dosi

stem

age

renc

ial,

pode

ndo

ser

clas

sific

adas

emex

tern

ase

inte

rnas

depe

nden

doda

orig

emdo

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r.

Am

eaça

sin

tern

as-

refe

rem

-se

afa

tore

sor

iund

osdo

próp

riosi

stem

age

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ialm

asnã

oes

tão

circ

unsc

ritas

sim

ples

men

teà

inst

ituiç

ãore

spon

sáve

l,ab

rang

endo

toda

aes

trut

ura

polít

ico-

adm

inis

trat

iva

deco

ncre

ção

gove

rnam

enta

lco

mo

por

exem

plo

aau

sênc

iade

polít

icas

inst

ituci

onai

spa

rao

man

ejo

dos

visi

tant

es,

afa

ltade

apoi

opo

lític

o-in

stitu

cion

alpa

raso

luci

onar

prob

lem

asde

inva

sões

das

unid

ades

por

grup

oshu

man

os,i

nger

ênci

asse

toria

isco

nflit

ivas

,ent

reou

tras

.Olim

iteor

gani

zaci

onal

éa

estr

utur

ada

Sec

reta

riade

Est

ado

doM

eio

Am

bien

te.

Am

eaça

sex

tern

as-

são

defin

idas

pela

ação

ouex

istê

ncia

deag

ente

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ógen

osao

sist

ema

gere

ncia

l,qu

ene

ste

caso

não

poss

uico

ntro

leab

solu

toso

bre

osfa

tore

s,co

mo

por

exem

plo

apr

ópria

inva

são

dete

rras

,pro

jeto

sse

toria

isco

nflit

ivos

com

osob

jetiv

osda

unid

ade

(est

rada

s,ba

rrag

ens,

aero

port

os,e

tc.)

,ent

reou

tros

.U

nid

ade

de

Co

nse

rvaç

ãoP

rob

lem

asd

eM

anej

oA

mea

ças

Ext

ern

asA

mea

ças

Inte

rnas

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

ILH

AA

NC

HIE

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Insu

ficiê

ncia

dere

curs

oshu

man

ose

finan

ceiro

s;au

sênc

iade

umco

nsel

hoco

nsul

tivo,

poré

mem

vias

decr

iaçã

o

Fal

tade

conh

ecim

ento

por

part

ede

polít

icos

eda

popu

laçã

odo

sbe

nefíc

ios

gera

dos

por

umpa

rque

Não

cons

egui

rdo

tar

asU

Cs

dees

trut

ura;

falta

dere

curs

oshu

man

ose

finan

ceiro

s

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

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AB

EL

AQ

uest

ãofu

ndiá

riain

defin

ida,

espe

cula

ção

imob

iliár

ia;c

omun

idad

estr

adic

iona

isC

aça

inte

nsa;

pres

são

daso

cied

ade

emnã

oac

eita

ro

Par

que

que

não

ofer

ece

nada

emtr

oca

eoc

upa

85%

dom

unic

ípio

Mel

hor

dire

triz

doIF

;pro

blem

asin

tern

osno

PE

IB;i

nexp

eriê

ncia

dodi

reto

r;tr

ocas

cons

tant

esde

dire

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sno

Par

que;

tráf

ico

dafa

una

eflo

ra;

buro

crac

iain

stitu

cion

al;f

alta

parc

iald

epe

rfil

inst

ituci

onal

dege

stão

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

MA

RIN

HO

LA

GE

DE

SA

NT

OS

Fal

tain

fra-

estr

utur

a,re

curs

oshu

man

os,

equi

pam

ento

s(t

rans

port

e)P

esca

ilega

l(pr

ofis

sion

al,e

spor

tiva

esu

baqu

átic

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AR

QU

EE

ST

AD

UA

LX

IXO

JAP

Fal

tade

cont

role

perm

anen

teda

sár

eas

dem

aior

utili

zaçã

ode

vido

ain

sufic

iênc

iade

recu

rsos

hum

anos

Pre

ssão

para

ous

ode

área

spe

las

pref

eitu

ras

epa

rtic

ular

es;s

uper

-ut

iliza

ção

das

área

sde

visi

taçã

oe

falta

deap

oio

das

pref

eitu

ras

Fal

tade

recu

rsos

hum

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em

ater

iais

PA

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UE

ES

TA

DU

AL

CA

NT

AR

EIR

AP

ress

ãour

bana

,obr

asde

gran

depo

rte,

uso

doso

lono

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rno

dedi

fícil

cont

role

Ocu

paçã

our

bana

deso

rden

ada

Rec

urso

shu

man

ose

finan

ceiro

s

Page 256: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

235

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

eaça

sIn

tern

asP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LC

AP

ITA

L–

AL

BE

RT

LO

FG

RE

NA

unid

ade

não

poss

uiP

lano

deM

anej

o;as

inte

rven

ções

são

pont

uais

;aU

Cso

fre

pres

sões

urba

nas;

aca

tego

riade

man

ejo

deve

ser

revi

sta

For

tepr

essã

our

bana

esu

asco

nseq

üênc

ias

Difi

culd

ade

dere

curs

osfin

ance

iros;

inte

rpos

ição

gere

ncia

leex

pect

ativ

aspo

lític

asP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LJU

RU

PA

Ocu

paçã

oile

gal,

por

cons

eqüê

ncia

,de

smat

amen

tos,

repr

esam

ento

s,im

plan

taçã

ode

cons

truç

ões,

intr

oduç

ãode

espé

cies

exót

icas

,ex

traç

ãoile

gald

epr

odut

osflo

rest

ais

(pal

mito

,sa

mam

baia

,etc

.)

Difí

cils

ituaç

ãoec

onôm

ica

dopa

ísqu

ees

timul

aas

ocup

açõe

s;de

pend

ênci

ada

Pro

cura

doria

Ger

aldo

Est

ado,

nas

açõe

squ

eim

plic

amna

deso

cupa

ção

daU

C

Rec

urso

sfin

ance

iros

insu

ficie

ntes

para

gerir

aU

C,p

ara

impl

emen

tar

opr

ogra

ma

dem

anej

o;re

curs

oshu

man

osin

sufic

ient

ese

não

trei

nado

spa

raa

exec

ução

dos

trab

alho

sP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LJU

QU

ER

YIn

exis

tênc

iare

lativ

a"de

verb

as,p

robl

emas

para

sua

impl

anta

ção.

Não

hápr

oble

mas

fund

iário

s;ár

eape

quen

a,já

acei

tape

lapo

pula

ção

(90%

)

Nen

hum

aE

sta

dire

tora

adm

inis

tra

aár

easo

zinh

a.N

ãoco

nta

com

func

ioná

rios

doIF

.P

orém

exis

tem

14tr

abal

hado

res

braç

ais

daS

ecre

taria

daS

aúde

(Hos

pita

lJu

quer

y)qu

ere

aliz

amas

tare

fas

defis

caliz

ação

eco

mba

teao

sin

cênd

ios.

Opl

ano

dem

anej

oai

nda

não

foii

nici

ado,

esta

ndo

amar

rado

aum

ave

rba

que

virá

doP

roje

toF

ehid

ro.(

falh

ada

adm

inis

traç

ãodo

IF).

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

CA

MP

OS

DO

JOR

OF

alta

dere

curs

oshu

man

ose

finan

ceiro

s;de

capa

cita

ção

dere

curs

oshu

man

os;e

deum

apo

lític

ae

plan

osin

stitu

cion

ais

Inge

rênc

iado

mun

icíp

ioe

dapr

ópria

SM

AP

erda

defu

ncio

nário

se

falta

dere

curs

os

PA

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UE

ES

TA

DU

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MA

NA

NC

IAIS

CA

MP

OS

DO

JOR

OF

alta

depl

anej

amen

toe

impl

anta

ção

Tur

ism

oA

usên

cia

depe

ssoa

leeq

uipa

men

tos

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

SE

RR

AD

OM

AR

CL

EO

SA

NT

AV

IRG

ÍNIA

Áre

anã

oto

talm

ente

desa

prop

riada

;fal

tade

leva

ntam

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sbá

sico

s(f

auna

,flo

ra,

geom

orfo

lógi

cos,

etc.

);A

UC

éco

rtad

ape

laro

dovi

aS

P-1

25(T

auba

téa

Uba

tuba

);fa

ltade

polít

icas

inst

ituci

onai

spa

raa

RE

AL

adm

inis

traç

ãodo

PE

SM

Ext

raçã

oile

gald

epa

lmito

,br

omél

ias,

orqu

ídea

s;ca

ça,p

esca

,de

smat

amen

to;f

alta

deat

uaçã

oda

Pol

ícia

Flo

rest

al;f

ragm

enta

ção

das

prop

rieda

des,

não

desa

prop

riada

s;de

mor

apa

rao

Est

ado

desa

prop

riar

osoc

upan

tes;

amea

çade

mor

teao

sfu

ncio

nário

s.

Núm

ero

insu

ficie

nte

defu

ncio

nário

s;ap

enas

1té

cnic

ode

níve

lsup

erio

rtr

abal

hand

ona

UC

;fal

tade

dem

arca

ção

doP

arqu

e;co

mitê

deap

oio

àge

stão

está

noin

ício

(4a

reun

ião)

Page 257: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

236

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

eaça

sIn

tern

asP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LS

ER

RA

DO

MA

R

CL

EO

CU

NH

A

Aus

ênci

ade

plan

ode

man

ejo;

carê

ncia

dere

curs

oshu

man

os,f

inan

ceiro

se

equi

pam

ento

s;ex

istê

ncia

dem

uita

spr

oprie

dade

spa

rtic

ular

esno

inte

rior

doP

arqu

e;oc

orrê

ncia

depa

lmite

iros

eca

çado

res

Ext

raçã

oile

gald

epa

lmito

,caç

a;at

ivid

ades

agro

pecu

ária

sno

Par

que

Fal

tam

recu

rsos

hum

anos

,fin

ance

iros

eeq

uipa

men

tos

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

SE

RR

AD

OM

AR

NU

CL

EO

CA

RA

GU

AT

AT

UB

A

Def

iciê

ncia

doqu

adro

defu

ncio

nário

s;ca

paci

taçã

odo

sfu

ncio

nário

s;in

fra-

estr

utur

anã

oco

nclu

ída

Ocu

paçã

oda

área

doen

torn

o,ca

ça,

fogo

,con

stru

ções

clan

dest

inas

,es

pecu

laçõ

esim

obili

ária

s.

Pol

ítica

equi

voca

dade

recu

rsos

hum

anos

;env

elhe

cim

ento

doqu

adro

defu

ncio

nário

s;re

duçã

odo

quad

ro,

desc

aso

quan

toà

prot

eção

;fal

tade

polít

icas

depr

oteç

ãoda

sU

Cs.

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

SE

RR

AD

OM

AR

NU

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CU

BA

O

Inva

sões

dom

éstic

asda

UC

;des

envo

lvim

ento

indu

stria

l(po

luiç

ão)

nare

gião

;int

erfe

rênc

ias

dape

sca,

caça

,pal

mite

iros.

Aus

ênci

ade

polít

ica

loca

l(M

unic

ipal

)e

Est

adua

l;au

sênc

iade

cria

ção

deal

tern

ativ

aspa

raor

gani

zar

aex

plor

ação

daU

C(c

oope

rativ

a,et

c.)

Per

dain

tens

iva

dos

recu

rsos

natu

rais

cria

dape

lapo

pula

ção

deba

ixa

rend

aco

min

cent

ivo

polít

ico

regi

onal

;re

gula

rizaç

ãofu

ndiá

riada

UC

;pol

ítica

sgo

vern

amen

tais

que

apoi

emo

Pla

node

Man

ejo

daU

C,e

tc.

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

SE

RR

AM

AR

NU

CL

EO

PIC

ING

UA

BA

Situ

ação

fund

iária

(reg

ulam

enta

ção,

dem

arca

ção,

poss

e);o

cupa

ção

hum

ana

cons

entid

ae

não

regu

lam

enta

da;q

uadr

ofu

ncio

nalp

eque

noe

desq

ualif

icad

o;in

stru

men

tos

defis

caliz

ação

insu

ficie

ntes

Situ

ação

fund

iária

;ocu

paçã

ohu

man

ae

expa

nsão

urba

naR

ecur

sos

hum

anos

;rec

urso

sfin

ance

iros;

falta

dere

gula

men

taçã

oad

equa

da

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

SE

RR

AD

OM

AR

NU

CL

EO

CU

RU

CU

TU

Rec

urso

shu

man

os;r

ecur

sos

finan

ceiro

s;pr

essã

our

bana

;esp

ecul

açõe

sim

obili

ária

s;D

eman

dado

ecot

uris

mo;

pres

são

urba

naR

ecur

sos

hum

anos

;rec

urso

sfin

ance

iros;

capa

cita

ção.

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

SE

RR

AD

OM

AR

CL

EO

OS

EB

AS

TIÃ

O

Esp

ecul

ação

imob

iliár

ia;p

orto

São

Seb

astiã

oco

mo

pont

ode

pres

são;

BR

101

cort

ao

Par

que

emvá

rios

pont

os;U

rban

ism

o;fa

ltade

estr

utur

aad

equa

da(r

ecur

sos

hum

anos

+lo

gíst

ica)

Esp

ecul

ação

imob

iliár

ialig

ada

àse

gund

are

sidê

ncia

;em

men

ores

cala

,ext

raçã

ode

palm

ito,

brom

élia

s,or

quíd

eas;

inva

são

orga

niza

da(m

ãode

obra

)

Fal

taes

trut

ura

(rec

urso

shu

man

os)

Page 258: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

237

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

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sIn

tern

asP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LA

RA

VA

LIN

HO

ST

erm

inar

oses

tudo

sbá

sico

s(d

eflo

rajá

efet

uado

);em

penh

oda

inst

ituiç

ãoe

aloc

ação

dere

curs

os

Pro

xim

idad

ede

rodo

vias

(Anh

angu

era)

,com

vila

spr

óxim

as,

exis

tênc

iade

mar

gina

isqu

epr

atic

amas

salto

sna

sim

edia

ções

;pr

odut

osqu

ímic

os,a

grot

óxic

osdo

svi

zinh

osqu

eex

plor

amfr

utic

ultu

ra;

estr

ada

vici

nala

sfal

tada

que

mar

geia

as2

área

s

Fal

tade

recu

rsos

finan

ceiro

se

pess

oal

para

prot

eger

em

elho

rad

min

istr

ara

rese

rva;

inte

nçõe

sde

mag

ógic

asde

polít

icos

(pre

feito

eve

read

ores

)em

tran

sfor

mar

toda

are

serv

aem

área

dela

zer

para

opú

blic

o

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

VA

SS

UN

UN

GA

Fal

tade

prev

isão

orça

men

tária

;aus

ênci

ade

umpl

ano

dem

anej

o;fr

agm

enta

ção

daár

eado

parq

ue(4

gleb

as)

esu

asco

nseq

üênc

ias

sobr

ea

faun

ae

flora

doP

arqu

e(e

feito

debo

rda,

desa

pare

cim

ento

dees

péci

es,e

tc);

ques

tão

fund

iária

irreg

ular

Pre

ssão

das

ativ

idad

esde

ento

rno;

dem

anda

dapo

pula

ção

por

ativ

idad

esde

recr

eaçã

oe

laze

r;de

scas

oda

Inst

ituiç

ãoe

das

auto

ridad

esqu

anto

aopa

peld

asun

idad

esde

cons

erva

ção

nabi

odiv

ersi

dade

doE

stad

o;fa

ltade

uma

polít

ica

flore

stal

clar

ae

obje

tiva,

Rec

onhe

cim

ento

daIn

stitu

ição

que

além

dape

squi

sa,a

mes

ma

tem

com

prom

isso

com

aad

min

istr

ação

das

unid

ades

dem

anei

raqu

eas

mes

mas

cum

pram

sua

atrib

uiçõ

esem

bene

fício

daco

nser

vaçã

oda

Bio

dive

rsid

ade

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

PO

RT

OF

ER

RE

IRA

Fal

tade

recu

rsos

hum

anos

,fin

ance

iros

ein

fra-

estr

utur

a;ca

ça,e

feito

debo

rda,

eros

ões,

fogo

,ár

eas

limite

s(f

azen

dae

rodo

via)

Caç

a,fo

gode

pred

ação

,rou

bode

equi

pam

ento

depe

squi

sa;e

feito

debo

rda

Red

ução

dere

curs

oshu

man

os,f

alta

dein

vest

imen

tos

finan

ceiro

s;fa

ltade

plan

ode

carr

eira

;fal

tade

dire

triz

esin

stitu

cion

ais;

falta

deeq

uipa

men

tos

emge

ral;

falta

deap

oio

inst

ituci

onal

para

impl

emen

taçã

odo

prog

ram

ade

uso

públ

ico

em

onito

ram

ento

Page 259: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

238

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

eaça

sIn

tern

asP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LF

UR

NA

SD

OB

OM

JES

US

Fal

tade

cultu

rapr

eser

vaci

onis

tapo

rse

trat

arde

regi

ãoem

inen

tem

ente

agrí

cola

(pec

uária

eca

feic

ultu

ra);

dific

ulda

dede

aces

sos

Fog

o(e

már

eas

deco

nfro

ntan

tes

para

man

ejo

date

rra)

,pol

uiçã

ode

córr

egos

que

aden

tram

aun

idad

e,al

émde

extr

ativ

ism

ode

erva

se

essê

ncia

sna

tivas

para

conf

ecçã

ode

rem

édio

sca

seiro

se

alim

enta

ção;

inva

são

dega

dode

terc

eiro

spa

raus

ode

past

agem

emár

eas

alte

rada

s,cu

jafo

rraç

ãotr

ata-

sede

gram

ínea

se

cerr

ado

emre

cupe

raçã

o,ju

nto

àsdi

visa

sdo

Par

que.

Fal

tade

trei

nam

ento

depe

ssoa

l;de

vigi

ase

mon

itore

s,de

pres

ença

efet

iva

depe

squi

sado

res

para

acom

panh

aros

proj

etos

dere

cupe

raçã

oe

impl

emen

taçã

oda

unid

ade.

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

MO

RR

OD

OD

IAB

OF

alta

depe

ssoa

ltéc

nico

loca

l;fa

ltade

plan

ode

man

ejo;

man

uten

ção

inad

equa

dado

sbe

nsm

óvei

se

imóv

eis;

suca

team

ento

deve

ícul

ose

máq

uina

s;re

curs

osfin

ance

iros

inad

equa

dos

Rod

ovia

que

atra

vess

ao

Par

que;

falta

deco

nsci

ênci

ano

sas

sent

amen

tos

hum

anos

doen

torn

o;ca

ça;f

ogo;

visã

ode

stor

cida

dos

polít

icos

loca

is

Fal

tapl

ano

dem

anej

o;D

efas

agem

dere

curs

ospa

rade

senv

olvi

men

toda

área

.

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

JAR

AG

Vár

ias

auto

rizaç

ões

para

ous

opo

rou

tras

secr

etar

ias

eem

pres

asde

tele

com

unic

açõe

sLo

team

ento

scl

ande

stin

os;

espe

cula

ção

imob

iliár

iada

regi

ãoF

alta

dere

curs

osfin

ance

iros

ehu

man

os,m

aior

apoi

oda

Inst

ituiç

ãoP

ET

AR

Fal

tade

plan

ode

man

ejo

atua

lizad

o,co

ntem

plan

doas

alte

raçõ

ese

dem

anda

sre

laci

onad

asao

ecot

uris

mo,

visi

taçã

o,et

c;fa

ltade

func

ioná

rios

ede

polít

icas

clar

asdo

IFqu

epr

omov

amo

reto

rno

dos

recu

rsos

gera

dos

dent

roda

UC

Pla

ntaç

ões

deto

mat

eno

ento

rno

(her

bici

das

nos

rios)

;pal

mite

iros;

caça

dore

s;pr

esen

çade

min

erad

oras

noen

torn

oda

UC

Fal

tade

regu

lariz

ação

das

ques

tões

fund

iária

s;de

defin

ição

com

rela

ção

aoB

airr

oda

Ser

ra;f

alta

depo

lític

ade

finid

ado

IFe

SM

Ade

apoi

oe

valo

rizaç

ãoàs

UC

s;pa

lmite

iros;

caça

dore

s;m

iner

ação

dent

roda

UC

;fal

tade

conc

urso

públ

ico

para

aten

der

acr

esce

nte

dem

anda

(vis

itaçã

o,pr

eser

vaçã

o),r

epos

ição

defu

ncio

nário

sde

miti

dos

eap

osen

tado

sP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LC

AR

LO

SB

OT

EL

HO

Dis

tanc

iam

ento

inst

ituci

onal

;des

conh

ecim

ento

dare

alid

ade

exis

tent

ee

dos

incr

ívei

spo

tenc

iais

dopa

peld

eum

aU

Cna

regi

ão

OE

stad

onã

opr

ovê

cond

içõe

sdo

cum

prim

ento

dese

upa

pelp

ró-a

tivo;

frus

traç

ãoda

com

unid

ade

Não

háum

aeq

uipe

mul

tidis

cipl

inar

form

ada;

dist

anci

amen

toda

Inst

ituiç

ão;

ques

tão

finan

ceira

,inc

luin

do-s

enã

osó

aaj

uda

ofic

ial,

mas

asfo

rmas

para

parc

eria

s

Page 260: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

239

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

eaça

sIn

tern

asP

AR

QU

EE

ST

AD

UA

LC

AM

PIN

AD

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NC

AN

TA

DO

Caç

apr

edat

ória

eex

traç

ãode

palm

itoLe

ntid

ãona

sde

cisõ

esgo

vern

amen

tais

Rec

urso

shu

man

osin

sufic

ient

esna

sár

eas

espe

cífic

asdo

man

ejo

depa

rque

s,po

isa

mão

-de-

obra

exis

tent

sóde

man

uten

ção;

apoi

oin

stitu

cion

alin

cipi

ente

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

ILH

AD

OC

AR

DO

SO

Reg

ulam

enta

ção

adm

inis

trat

iva

dos

usos

Fal

tade

vont

ade

polít

ica

(Sem

amea

ças

mai

ores

)F

alta

devo

ntad

epo

lític

a(S

emam

eaça

sm

aior

es)

PA

RQ

UE

ES

TA

DU

AL

JAC

UP

IRA

NG

AP

alm

iteiro

,mad

erei

ro,p

osse

iro,m

iner

ação

ein

vasõ

esqu

eau

men

tara

mm

uito

após

aaab

ertu

rada

BR

116

que

cort

ao

Par

que

doqu

ilôm

etro

508

até

oqu

ilôm

etro

568

Prin

cipa

lmen

tein

vasõ

ese

espe

cula

ções

imob

iliár

ias

Fal

tade

recu

rsos

;de

entr

osam

ento

edi

spos

ição

dos

técn

icos

edi

rigen

tes

daIn

stitu

ição

;situ

ação

fund

iária

;fal

tade

defin

ição

daár

eade

dom

ínio

doE

stad

oE

ST

ÃO

EC

OL

ÓG

ICA

JUR

ÉIA

-IT

AT

INS

Inex

istê

ncia

depl

ano

dem

anej

o;in

com

patib

ilida

dedo

uso

atua

ldo

solo

(de

algu

mas

área

s)co

mas

exig

ênci

asle

gais

;im

poss

ibili

dade

desu

sten

tabi

lidad

efin

ance

irada

UC

Esp

ecul

ação

imob

iliár

ia;

dese

nvol

vim

ento

deso

rden

ado

dotu

rism

ona

regi

ão

Inde

finiç

ãoda

mal

hafu

ndiá

ria;

expa

nsão

das

área

soc

upad

as/a

gric

ultu

ra;f

alta

dere

curs

oshu

man

ose

finan

ceiro

sm

ínim

ospa

rage

renc

iam

ento

daár

eaE

ST

ÃO

EC

OL

ÓG

ICA

BA

NA

NA

LR

eduz

ida

equi

pede

func

ioná

rios

(ape

nas

3)no

loca

l;re

spon

sáve

lpel

aU

Cse

diad

oa

250

kmde

dist

ânci

ada

Uni

dade

;aár

easo

freu

alte

raçã

oem

cerc

ade

25%

para

extr

ação

dem

adei

raa

50an

osat

rás

Con

trol

ede

visi

tant

ese

pesq

uisa

dore

sde

vido

aore

duzi

donú

mer

ode

func

ioná

rios

Núm

ero

insu

ficie

nte

defu

ncio

nário

s

ES

TA

ÇÃ

OE

CO

GIC

AP

AR

AN

AP

AN

EM

AF

alta

dere

curs

oshu

man

ose

finan

ceiro

sC

aça

pred

atór

iaN

ãoap

rova

ção

dopl

ano

dem

anej

o;in

exis

tênc

iado

Con

selh

oG

esto

r;co

rpo

degu

arda

-par

ques

inad

equa

doE

ST

ÃO

EC

OL

ÓG

ICA

CA

ET

ET

US

Mon

ocul

tura

cafe

eira

/gad

o;ág

ua;p

lant

asin

vaso

ras/

efei

tobo

rda

Mon

ocul

tura

cafe

eira

;caç

a;in

cênd

ios;

efei

tode

bord

aF

alta

dere

curs

osfin

ance

iros

epr

inci

palm

ente

hum

anos

(vig

ilânc

ia)

ES

TA

ÇÃ

OE

CO

GIC

AA

SS

ISR

ecup

eraç

ãode

área

sde

grad

adas

,pec

uária

,ca

na-d

e-aç

úcar

Incê

ndio

s;ca

ça;r

etira

dade

plan

tas;

plan

tas

inva

sora

s;lix

ãoF

alta

dere

curs

ohu

man

ose

finan

ceiro

s;in

fra-

estr

utur

a;vi

gilâ

ncia

ES

TA

ÇÃ

OE

CO

GIC

AD

EJA

TA

ÍA

tos

deva

ndal

ism

o;ca

çae

pesc

apr

edat

ória

Inve

stid

aspo

lític

as;q

ueim

adas

;m

iner

ação

doR

ioM

ogig

uaçu

;inv

asão

por

grup

osde

sem

terr

as;p

roxi

mid

ade

com

cent

ros

urba

nos;

agric

ultu

raex

tens

iva

em

onoc

ultu

rada

cana

Fal

tade

recu

rsos

hum

anos

,mat

eria

ise

finan

ceiro

s

Page 261: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

240

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

eaça

sIn

tern

asE

ST

ÃO

EC

OL

ÓG

ICA

OC

AR

LO

SS

emre

curs

oshu

man

os;f

alta

devi

gilâ

ncia

em

anut

ençã

oF

alta

dere

curs

osfin

ance

iro;c

aça

epe

sca

Fal

tade

recu

rsos

hum

anos

em

anut

ençã

oE

ST

ÃO

EC

OL

ÓG

ICA

RIB

EIR

ÃO

PR

ET

OA

inda

não

tem

plan

ode

man

ejo

naU

CA

inda

não

tem

plan

ode

man

ejo

naU

CE

ST

ÃO

EC

OL

ÓG

ICA

ITIR

AP

INA

Reg

ener

ação

devá

rias

espé

cies

depi

nus

nave

geta

ção

nativ

aU

rban

izaç

ãode

sord

enad

a;m

iner

ação

;caç

a;ga

dode

prop

rieda

des

vizi

nhas

cond

uzid

osde

ntro

daE

staç

ão

Fal

tade

dire

triz

esIn

stitu

cion

ais

para

age

stão

.

ES

TA

ÇÃ

OE

CO

GIC

AIT

AB

ER

ÁF

alta

plan

ode

man

ejo

ES

TA

ÇÃ

OE

CO

GIC

AIT

AP

EV

AF

alta

plan

ode

man

ejo

ES

TA

ÇÃ

OE

CO

GIC

AC

HA

SC

aça

eex

traç

ãode

palm

itoP

olíti

cas

Gov

erna

men

tais

volta

das

para

Ucs

inex

iste

ntes

Fal

tade

recu

rsos

hum

anos

ein

fra-

estr

utur

asfís

icas

RE

SE

RV

AE

ST

AD

UA

GU

AS

DA

PR

AT

AA

unid

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jápo

ssui

uma

infr

a-es

trut

ura

para

rece

ber

turis

tas,

com

apoi

oda

Pre

feitu

ra,t

endo

inst

alaç

ões

sani

tária

s,qu

iosq

ues,

torn

eira

se

bebe

dour

ospa

rao

públ

ico

seab

aste

cer

deág

uam

iner

al,d

ena

scen

tes

dent

roda

Res

erva

.Exi

ste

trilh

asci

men

tada

se

uma

estr

ada

mun

icip

alqu

eco

rta

are

serv

a.E

xist

ea

nece

ssid

ade

defo

rmar

uma

equi

pepa

rare

cebe

rgr

upos

dees

tuda

ntes

dare

gião

.

Gru

pos

depe

ssoa

squ

efa

zem

pic-

nic

nos

fins

dese

man

a;po

res

tar

pert

oda

rese

rva

ede

ntro

dope

rím

etro

urba

no,m

uita

spe

ssoa

sin

vade

ma

área

para

bebe

r,co

nsum

irtó

xico

,caç

ar,e

tc.;

rodo

via

inte

rest

adua

lque

cort

aa

Res

erva

,co

mgr

ande

fluxo

deca

rro

Fal

tade

recu

rsos

hum

anos

efin

ance

iros

FL

OR

ES

TA

ES

TA

DU

AL

DE

AV

AR

ÉI

Ato

sde

vand

alis

mo;

lixo;

rom

pim

ento

dees

goto

;in

vasã

ode

anim

ais

dom

éstic

osR

ecur

sos

finan

ceiro

sR

ecur

sos

hum

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FL

OR

ES

TA

ES

TA

DU

AL

DE

MA

ND

UR

IC

orte

raso

adia

dopo

rfa

ltade

reto

rno

dos

recu

rsos

gera

dos,

para

sere

mus

ados

nore

plan

tioda

área

Page 262: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

241

(Con

tinua

ção)

Un

idad

ed

eC

on

serv

ação

Pro

ble

mas

de

Man

ejo

Am

eaça

sE

xter

nas

Am

eaça

sIn

tern

asE

ST

ÃO

EX

PE

RIM

EN

TA

LC

AS

AB

RA

NC

rea

frag

men

tada

,com

espé

cies

exót

icas

;po

ucas

nasc

ente

sju

nto

aovi

zinh

os,c

órre

gos;

escr

itório

evi

veiro

estã

olo

caliz

ados

dent

rodo

perí

met

rour

bano

;exp

ansã

oda

cida

deno

slim

ites

daE

staç

ão;g

rand

evo

çoro

cade

ntro

daár

eapr

inci

pald

aE

staç

ão

Áre

apr

óxim

cida

de,a

bert

aao

públ

ico

para

laze

re

escr

itório

auto

rizad

oda

Pol

ícia

Flo

rest

alna

spr

oxim

idad

es,o

que

ajud

ana

fisca

lizaç

ãoda

área

;gra

nde

fluxo

devi

sita

ntes

,sem

infr

a-es

trut

ura

evi

gilâ

ncia

;exi

stên

cia

dero

dovi

asqu

eco

rtam

aE

staç

ão;i

nten

ção

depo

lític

osem

pedi

rce

ssão

deár

eas

para

outr

osfin

s

Fal

tade

recu

rsos

finan

ceiro

se

pess

oal

técn

ico

ebr

açal

ES

TA

ÇÃ

OE

XP

ER

IME

NT

AL

DE

AS

SIS

Caç

a;in

cênd

ios;

lixão

Fal

tade

recu

rsos

hum

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efin

ance

iros;

ES

TA

ÇÃ

OE

XP

ER

IME

NT

AL

LU

IZA

NT

ÔN

IOA

tos

deva

ndal

ism

o;ca

çae

pesc

apr

edat

ória

;in

cênd

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defin

ição

dam

anut

ençã

oou

não

daflo

rest

apl

anta

da

Inve

stid

aspo

lític

as;q

ueim

adas

;in

vasã

opo

rgr

upos

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Page 263: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

242

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Page 264: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

243

Assim, foi preciso um minucioso trabalho de filtragem para apurar,

ordenar e agrupar as respostas dos técnicos, expostas no Quadro 53, segundo a

afinidade entre elas e sob um rotulo comum, de tal maneira a permitir

homogeneidade de expressão, ainda que tal agrupação siga a uma convenção do

autor desta pesquisa. Isto permitiu obter a freqüência com que os fatores incidem

sobre as 59 unidades trabalhadas, o que se apresenta no Quadro 54.

Em relação às ameaças externas obteve-se 5 grupos de fatores e

para as ameaças internas 7 grupos; o nombramento dos tipos de ameaças também

segue a uma convenção do pesquisador e mantêm estreita correspondência com o

relatado na bibliografia revisada.

No âmbito das Ameaças Internas, a dificuldade de julgamento pairou

no processo de separação e distinção dos fatores incidentes sobre os recursos

humanos, recursos financeiros e infra-estrutura daquilo que genericamente

designou-se Gestão/gerência; sobretudo por se reconhecer que aqueles são

importantes alicerces da gestão de UCs e, por esta razão, (supostamente) não

deveriam ser considerados separadamente. No entanto, a significativa freqüência de

opiniões sobre tais variáveis apontou a necessidade de incorporá-las de modo

inverso, tal como é apresentado no quadro a seguir.

Page 265: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

244

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245

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Nas unidades de conservação de proteção integral as ameaças

externas mais notáveis e identificáveis ainda são oriundas das práticas relativas à

exploração ilegal dos recursos protegidos (Quadro 55 e Figura 12), tais quais as

identificadas por Amend e Amend (1991) paras UCs latinoamericanas e Ângelo

(1996) para as UCs brasileiras federais, seguidas de perto pelo potencial ameaçador

dos usos dados ao entorno, na maioria das vezes incompatíveis com o uso racional

dos recursos e a sustentabilidade dos sistemas produtivos.

Quadro 55. Quantidade e porcentual de áreas protegidas com incidência de ameaçasexternas

Quantidade de UCs/porcentagem no grupoTipo de Ameaça

Categoria/Grupo Quantidadede UCs

1 2 3 4 5

Proteção Integral 41 20/49 19/46 13/32 12/29 10/24Uso Sustentável 18 2/11 7/39 4/22 3/17 8/44Todas categorias 59 22/37 26/44 17/28 15/25 18/30

Obs. Os valores porcentuais foram calculados tomando-se por base a quantidade deunidades em cada grupo de categoria de gestão.

Figura 12. Comportamento das ameaças externas incidentes nas UCs de proteção integral ede uso sustentável, em termos absolutos.

A caça e a extração ilegal de produtos da floresta são causadores de

sérios danos à biota, porém em casos específicos como em alguns Núcleos de

Gestão do PESM e outras UCs, essa exploração conduz a administração a tomar

decisões no sentido de priorizar a fiscalização em detrimento do desenvolvimento

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132

das unidades, em termos de uso público e pesquisa por exemplo. Ainda que a

incidência destas ameaças não seja a mesma para os dois grupos de categorias de

gestão, observa-se que a percepção dos diretores interpõe novos paradigmas para a

gestão das áreas protegidas haja vista o uso do entorno ser uma firme referencia

dos problemas com origem externa.

A necessidade de se trabalhar fora dos limites das UCs atacando as

fontes causadoras de ameaças fica evidente ao se verificar o elevado porcentual de

unidades que admitem a falta de um apoio político mais consistente oriundo da

sociedade, ainda que tanto ‘especulação imobiliária’ como a ‘ocupação ilegal de

terras’ das unidades também estejam relacionadas às convicções e atitudes da

sociedade, que não deixam de ter uma forte conotação política. Esses problemas,

ou ameaças, podem ser tratadas e minimizadas a médio-longo prazo na medida que

se reconheça a gravidade dos problemas a enfrentar e se estabeleçam ações

programáticas direcionadas para uma maior interação com os atores externos ao

sistema oficial de conservação.

Em relação às ameaças internas fica claro as adversidades

enfrentadas para uma gestão eficaz, geradas pela falta ‘recursos humanos’ e

‘financeiros’ adequados, o que corrobora as notas auferidas a ambos os indicadores.

A falta de ‘planejamento’ adequado, a inexistência de plano de manejo e de

programas de gestão estruturados, conformam a terceira grande ameaça interna,

seguida dos fatores inerentes à ‘gerencia organizacional’, deficiências pontuais na

‘infra-estrutura’ física, ‘aspectos políticos’ e ‘degradação dos recursos’ (Quadro 56 e

Figura 13).

Quadro 56. Quantidade e percentual de áreas protegidas com incidência de ameaçasinternas

Quantidade de UCs/porcentagem no grupoTipo de Ameaça

Categoria/Grupo Quantidade deUCs

1 2 3 4 5 6 7

Proteção Integral 41 15/37 34/83 23/56 13/32 14/34 22/54 2/5Uso Sustentável 18 6/33 12/67 13/72 4/22 1/6 10/56 1/6Todas categorias 59 21/36 46/78 36/61 17/29 15/25 32/54 3/5

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133

Figura 13. Comportamento das ameaças internas incidentes nas UCs de proteção integral ede uso sustentável em termos absolutos.

Às expensas de haver-se procedido a distinção dos fatores relativos

às ameaças internas, alguns deles possuem uma dissimilidade muito tênue quando

relacionados à gestão/gerência, enquanto um dos grupos. Senão vejamos, a

manutenção preventiva e reparativa de infra-estruturas depende de recursos

financeiros, que poderiam ser obtidos se houvessem políticas consistentes apoiando

a formação de parcerias e convênios multilaterais. A falta de planos de manejo e de

planejamento das atividades periódicas poderiam ser sanados se houvessem

políticas que incentivassem o corpo técnico a se capacitar neste quesito; ou

diretrizes muito claras de como se proceder para construir um plano de trabalho

anual, bianual ou polianual.

Conhecendo-se a situação das ameaças internas e sua incidência

nas UCs, a situação da qualidade dos indicadores e da eficácia de gestão do

sistema avaliado, pode-se inferir que as UCs, na sua maioria, estão condicionadas à

ação ou ociosidade da organização, à falta de tomadas de decisão e atitude nos

momentos de necessário enfrentamento, falta de planejamento continuado e

omissão no delieamento de diretrizes e políticas institucionais para sanar as lacunas

existentes e reveladas.

Algumas destas ameaças são reportadas por diversos autores

(Ugalde e Godoy, 1992; Faria, 1997; Horizonte Geográfico, 1998; WWF, 1999).

Georgiadis e Campelo (1999) apresentam várias razões para justificar suas

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134

afirmações a respeito do pouco apoio social às UCs inseridas na Serra do Mar. Eles

parecem ter acertado que a debilidade das organizações se deve à excessiva

ingerência política sobre as instituições, os inadequados procedimentos

administrativos, a falta de pessoal, treinamento e salários condizentes com suas

funções, além de culturas institucionais que não valorizam o pessoal de campo.

4.6 DESCRIÇÃO DE ASPECTOS GERENCIAIS DAS UCS VISITADAS

Como parte da metodologia original, visando subsidiar e emprestar

maior clareza ao processo de avaliação, foram realizadas visitas técnicas a algumas

unidades de conservação administradas pelo Instituto Florestal, principalmente

àquelas que enviaram representantes ou os seus diretores participaram das

reuniões previas de auto-avaliação. Essas amostras foram selecionadas de acordo

com os seguintes critérios: i) unidades de proteção integral, Parques Estaduais ou

Estações Ecológicas; ii) reconhecidamente importantes para a conservação da

biodioversidade do Estado; iii) possuírem mais de 1000ha, salvo as de importância

regional.

O procedimento original (Faria, 1993; Cifuentes, Izurieta e Faria,

2000) não aponta a necessidade de se relatar as particularidades das unidades

envolvidas no processo de avaliação, servindo as visitas de campo quase que

unicamente ao propósito básico de evidenciar as manifestações dos indicadores

selecionados. A experiência vivenciada com a realização da presente pesquisa, com

um maior número de amostras e envolvendo uma ampla diversidade de situações,

pôs em relevo a utilidade das informações geradas pela percepção dos

pesquisadores, que quando no campo estão despojados das amarras formais do

trabalho de escritório e das reuniões de avaliação com os diretores.

Os relatos estão alicerçados basicamente nas observações e

percepção dos integrantes da equipe sobre o objeto estudado (gestão) e nas

informações primárias obtidas junto aos funcionários e diretores das unidades.

Apesar de serem agendadas com certa antecedência, em algumas oportunidades os

diretores ou não se encontravam ou estavam enredados nos afazeres

extemporâneos surgidos na ocasião, o que implica num maior ou menor grau de

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profundidade das informações relatadas. Ocasionalmente informações secundárias

de domínio público foram revisadas, como folders, planos de manejo, laudos de

danos ao meio ambiente, projetos em execução, etc., mas sempre no sentido de se

verificar as iniciativas, a dedicação das pessoas envolvidas no manejo e sua

inserção na realidade local.

As entrevistas sempre se pautaram pela informalidade de modo a

permitir ampla liberdade de expressão às pessoas, ainda que a abordagem

enfocasse as operações relacionadas à gestão da unidade. Na medida do possível

procurou-se estimular a livre exposição das particularidades do manejo, dando

menor importância aos assuntos relacionados às características biofísicas das

áreas. As seguintes UCs fazem parte desse estudo:

Estação Ecológica de Bananal; Núcleo Santa Virginia; Núcleo

Caraguatatuba; Núcleo São Sebastião; Núcleo Picinguaba (estes pertencentes ao

PE Serra do Mar); PE Xixová-Japuí; PE Ilha Bela, PE Ilha Anchieta; PE Carlos

Botelho; PE Ilha do Cardoso; PE Jacupiranga; PETAR; PE Furnas do Bom Jesus;

PE Vassununga; PE Porto Ferreira; Estação Ecológica de Jatai; PE Campina do

Encantadado; PE Juquery; PE Jurupará; PE Jaraguá; PE Cantareira e PE do Morro

do Diabo. Excetuando a classificação do PE Xixová-Japuí, a pontuação e

classificação da gestão das demais unidades está acorde com a percepção gerada

pelas visitas de campo.

Há que se alertar para o fato de que os resultados e relatos a seguir

retratam uma realidade passada no biênio 2000-2001, sendo que muitos aspectos

aqui apresentados certamente se alteraram em face das novas conjunturas da

organização e das UCs em particular.

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4.6.1 Estação Ecológica Bananal

Diretor: José Luis de Carvalho, Engenheiro Agrônomo com especialização. InstitutoFlorestal.Tempo na UC: Desde 1996.

O acesso é feito através de uma estrada de terra cascalhada

partindo da cidade de Bananal em direção às montanhas que conformam a Serra da

Bocaina. O caminho é sinuoso, porém recortado por belas paisagens e riachos. Na

medida que se sobe a montanha observa-se uma nítida melhoria nas condições da

paisagem e da vegetação, mais exuberante e densa, onde as árvores encimam boa

variedade de bromélias. Com algum grau de dificuldade percorre-se estes 25Km que

separa a cidade mais próxima da sede da unidade, a mais de 1000 metros de

altitude.

A unidade é pequena, com menos de 1000ha, mas seu entorno é

bem preservado e composto basicamente por formações florestais nativas ou

plantadas que conformam um importante contínuo ecológico. Alguns vizinhos

apontam inclusive para a possibilidade de se criar Reserva Privada do Patrimônio

Natural visando o uso sustentado dos recursos e a exploração do turismo ecológico.

A sede é simples, possui duas casas de madeira que servem de

alojamento, escritório, cozinha e refeitório; água de boa qualidade, luz elétrica, um

sistema de telefonia rural, uma estação meteorológica completa e um barraco que

serve de almoxarifado. Quanto a veículos e transporte a área conta com uma

camionete S10 e um trator recém adquiridos pelo PPMA, um fusca e uma moto em

razoável estado de conservação. Há folders e cartazes alusivos aos recursos da

Estação Ecológica. Possui apenas 6 funcionários: o diretor, engenheiro agrônomo

com elevada capacitação e iniciativa, mas na maior parte do tempo ausente devido

ao fato de residir a 250Km do local; e trabalhadores braçais, sendo dois afastados e

com amplas possibilidades de não retornarem à unidade por motivo de saúde.

Portanto, o efetivo real é de 3 funcionários quando em atividade.

As belezas naturais e a informação de que o lugar pode abrigar

algum endemismo o tornam superior às limitações imposta pelo reduzido número de

funcionários.

Há planos de melhorias da infra-estrutura com a construção de um

centro de visitantes, alojamento-hospedaria e escritório administrativo pelo PPMA.

Detectou-se uma lacuna nos projetos futuros para a unidade: a inexistência e

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mesmo perspectiva de construção de uma moradia fixa para funcionário, aspecto

fundamental na manutenção e proteção das UC pelo fato de sempre haver alguém

para zelar do patrimônio natural e prestar o devido apoio a qualquer momento.

Uma iniciativa louvável é o ‘trabalho de formiguinhas’ para

desobstruir e revelar a antiga Trilha do Ouro, um exemplo da abnegação dos

funcionários que ali emprestam seu sentimento e suor há pelo menos 5 anos à tarefa

(Figura 14). Existem 3 trilhas, sendo uma com placas interpretativas e informativas,

usadas pelos quase 3000 visitantes anuais, um aspecto importante que impulsiona o

manejo para o planejamento para o uso público.

Figura 14. Trecho da Trilha do Ouro na Estação Ecológica Bananal.

Mesmo sendo uma Estação Ecológica, o manejo e as prioridades da

unidade enquadram-se melhor no que seria um Parque, haja vista a projeção de

estacionamento, centro de visitantes, área de camping e trilhas auto-guiadas. Longe

de ser um absurdo este talvez seja o melhor exemplo do que venha a ser o manejo

adaptativo: independente da categoria de manejo e dos conhecimentos técnicos que

conduziram a Instituição a passar a categoria de manejo da unidade de Reserva a

Estação Ecológica, seus atributos paisagísticos e ecológicos e as características do

entorno, suas demandas e potencialidades indicam que a área deve passar

necessariamente pelo processo de recategorização aludido pelo Sistema Nacional

de Unidades de Conservação.

A gestão alcançou 70,4 de pontuação e ficou classificada como de

Padrão Elevado, ainda que no limite inferior da classe e a existência de dificuldades

impostas pelas características do seu quadro de recursos humanos.

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4.6.2 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Santa Virgínia

Diretor: João Paulo Vilanni, Engenheiro Florestal com especialização. FundaçãoFlorestal.Tempo na UC: Desde 1989

Como outras UCs da Serra do Mar e Mata Atlântica, a unidade

também recebe os auspícios do PPMA e, segundo terceiros, uma das mais

beneficiadas pelo Projeto. O Núcleo possui boa infra-estrutura, com escritório

administrativo, garagens, almoxarifado, oficina e alojamento, quase todos novos e

com distribuição espacial bem planejada, muito embora as reformas, ampliações e

construções não estivessem terminadas haja vista haver, naquele momento, um

projeto para a construção ou adaptação de uma hospedaria.

É dado um importante enfoque à visitação pública, inclusive com a

implementação de esportes radicais como o ‘raffiting’ e ‘rapel’, contando com

parcerias informais das empresas desta área de atuação (Figura 15). A área conta

com 3 trilhas auto-guiadas e a participação efetiva dos guardas-parque, treinados

para receber e orientar visitantes.

Figura 15. Raffiting no Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra

do Mar.

Possui satisfatórios recursos materiais para transporte, água, luz,

telefonia rural e comunicação interna por rádio, e bom nível de recursos financeiros.

Para atender as demandas atuais os 19 funcionários são suficientes, todavia nos

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períodos de licenças e férias observa-se uma defasagem e algum atropelamento das

atividades.

Um problema real foi detectado: a inexistência de boas relações

entre a comunidade de São Luis do Paraitinga, a cidade mais próxima, e a unidade,

ainda que o corpo de funcionários seja em sua maioria residentes desta cidade e a

administração local procurar o estreitamento de relações. Este fato parece ter

alguma relação com a questão fundiária da unidade, para a qual alguns cidadãos se

vêem lesados pelo Estado.

A constante ameaça dos recursos protegidos por grupos de

palmiteiros organizados é um fato que revela a necessidade de ações programáticas

direcionadas à educação, conscientização ambiental e manutenção de relações

públicas com os vizinhos e o entorno, além de bons sistemas de fiscalização e

monitoramento.

Durante a permanência da equipe na unidade detectou-se algum

distúrbio, algum ruído no relacionamento direção-funcionário, mas não houve

oportunidade para maiores apreciações dado os eventos em desenvolvimento na

ocasião da visita.

Um ponto muito positivo na gestão da unidade é o fato da mesma

contar com iniciativas para o monitoramento da exploração ilegal do palmito

(Carvalho e Villani, 2000) e estudos da capacidade de carga turística para as

atividades de rafting no rio que corta o Núcleo (Raimundo e Vilani, 2000). Pesquisas

são desenvolvidas por universidades, sendo a mais presente a Universidade de

Taubaté. Em relação ao manejo de ecossistemas, a direção local tem se mantido

preocupada e tendente a solucionar a presença de espécies exóticas (Eucaliptus

spp.) na floresta, mas tem esbarrado em impedimentos jurídicos e técnicos.

A pontuação geral foi de 57,93 e a gestão da unidade classificada

como de Padrão de Qualidade Mediano, apresentando graves problemas de ordem

fundiária e de demarcação ainda não resolvidos pelo Estado, porém alberga amplas

possibilidades para a efetiva melhoria da sua gestão em função das iniciativas da

sua direção.

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4.6.3 Parque Estadual Xixová-Japuí

Diretor: Cláudio de Moura, Biólogo e Assistente de Apoio à Pesquisa. InstitutoFlorestal.Tempo na UC: Desde 1997.

O Parque foi criado em 27/09/93, pelo Decreto Estadual número

37.536, com 901ha, albergando remanescentes do bioma Mata Atlântica e

ecossistemas associados como costões rochosos, mata de restinga e restinga em

recuperação (Figura 16).

Figura 16. Praia no Parque Estadual Xixová-Japuí.

Não possui qualquer tipo de infra-estrutura (física, móvel e RH) ou

serviço ao público, a não ser caminhos que poderiam ser adequados ao verdadeiro

conceito de trilhas interpretativas. Existem residentes no seu interior que, no entanto,

parecem não causar danos ao ambiente protegido, ao contrario até auxiliam

veladamente a conservação do lugar mediante limpeza dos caminhos de acesso,

controle de vandalismos e do lixo produzido, pois o transportam para fora do lugar

ou simplesmente o queimam. Em uma destas ocupações, anteriores à criação da

unidade, há instalações elétricas, sanitárias e água potável aonde outrora funcionou

uma pequena fabrica de blocos de cimento e que atualmente abriga um pequeno bar

que funciona aos fins de semana oferecendo algum tipo de serviço afim.

O caminho (a possível trilha) tem uma extensão aproximada de

1600m, inicia-se na estrada asfaltada São Vicente-Japui e termina na face oceânica

do Parque. A maior parte de seu trajeto é feito sobre uma antiga e danificada

estrada de pedras, bastante pitoresca, em cujo percurso aparecem construções e

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pedreira abandonadas. O primeiro caminho é passível de ser recuperado para dar

lugar a iniciativas administrativas e relacionadas ao uso público; a segunda com

amplo potencial para eventos musicais e culturais, instalação de área de camping e

realização de práticas derivadas do alpinismo. No percurso pôde-se observar vários

caminhos ‘alternativos’ e impróprios feitos pelos usuários. Na face oceânica

encontra-se uma grande porção de área alterada, encimada por pioneiras e

gramíneas ‘capim-gordura’ e ‘sapé’, mas descortina-se uma belíssima paisagem,

com vegetação característica e um mar deslumbrante, com pelo menos uma

pequena praia que é utilizada com baixa intensidade por surfistas locais. Segundo o

Diretor, estes usuários colaboram para manter o lugar e acessos limpos, inclusive

mediante a criação de uma organização não governamental que já fincou placa

alusiva à conservação na entrada do caminho em epigrafe.

Ainda que o Diretor esteja na área desde 1996 há evidências de que

ele não tenha conseguido se inserir no contexto da unidade. Parece mesmo haver

uma dissociação de valores entre os que utilizam a área e a filosofia predominante,

na qual estão presentes somente dificuldades e impossibilidades de ação. A

situação que impera evidencia o abandono institucional para com profissionais que

não nasceram ‘diretores de Parque’, mas que certamente com o devido

acompanhamento Institucional e capacitação trocariam a insegurança pelo

conhecimento e experiência, aliados generosos na consolidação da efetiva prática

do manejo das áreas naturais protegidas.

A única iniciativa detectada foi a elaboração de um instrumento de

planejamento, o plano de manejo, em parceria com a UNESP, campus de Botucatu,

e o Instituto de Botânica, resultado da compilação de bibliografias sobre a área,

oriundos de monografias, mestrados, doutorados, entre outros. Este plano foi

dividido em duas fases, a primeira com o diagnóstico do meio biofísico; e a segunda

com o zoneamento e as proposta de programas de manejo que, todavia, não foi

aceito pelo Conselho Técnico do Instituto Florestal. No aludido processo de

planejamento não ocorreram levantamentos sócio-econômicos e nem mesmo a

participação da comunidade através de seus líderes e representantes.

Apesar do seu enorme potencial, em razão de suas características

naturais e a proximidade com as cidades de Santos e São Vicente, indicativo de um

Parque eminentemente urbano, este parece ser ainda um “Parque de Papel” do

sistema paulista. Há uma evidente necessidade de capacitação do Diretor e

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assessoramento das suas ações, além de todos os recursos para a efetiva

implantação do parque.

O manejo da unidade recebeu pontuação de 48,10, equivalente a

um Padrão de Qualidade Inferior. A julgar pela percepção gerada na visita de

campo, a gestão deveria ser classificada como Muito Inferior, necessitando muitos

investimentos para sair da situação na qual se encontra.

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4.6.4 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo São Sebastião

Diretor: Edson Lobato, biólogo com especialização. CETESB.Tempo na UC: Desde 1997

A sede do Núcleo localiza-se em próprio cedido pela Polícia

Florestal, na qual se dá os serviços administrativos. Conta com os equipamentos

necessários para atender as atividades exercidas, quais sejam telefone, fax,

computador, retro-projetor, projetor de slides e materiais de consumo em geral, além

de veículos e motos em bom estado de conservação, sendo uma caminhonete Land

Rover nova e duas motos.

Figura 17. Equipe administrativa do Núcleo São Sebastião defronte ao escritório do Parque.

Os recursos humanos do núcleo resumem-se ao Diretor e dois

estagiários, um da Fundação Florestal e outro voluntário. Os recursos financeiros

advém do Programa de Preservação da Mata Atlântica e de um convênio formal

firmado com a Petrobrás, por iniciativa do próprio Diretor, no montante de

R$180.000,00, os quais privilegiam as atividades de educação ambiental e

ecoturismo.

O ecoturismo é o ponto forte da unidade, tanto social quanto

economicamente, sendo motivo de grande interesse comunitário em razão da

vocação natural da área para a formação e geração de empregos de guias

interpretativos. Esta vocação e as atitudes sinérgicas da direção possibilitam uma

real inserção da UC junto à comunidade, sobretudo porque a sociedade é

organizada e participativa, com prerrogativas ambientais claras e bem definidas

auxiliadoras das questões ambientais conflituosas. A equipe de planejamento do

PPMA teve sua atuação facilitada por tais características.

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Em contrapartida, a pressão causada pela demanda de uma

segunda moradia, ou residência de veraneio, geram problemas sociais e ambientais

graves como a especulação imobiliária e a ‘favelização’ do entorno devido a falta de

estrutura para absorver a mão de obra necessária para a construção civil. Isto,

aliado ao fato de não haver saneamento fundiário e a maior parte do Núcleo não ser

demarcado, com seus limites não identificáveis e desconhecidos pelos funcionários

e população em geral, dificulta sobremaneira as atividades de proteção, que é

efetuada pelo pequeno efetivo da Policia Florestal. Outra grave ameaça ao PESM

neste Núcleo de Gestão são as várias transposições da BR-101 sobre a área e a

ausência completa de pessoal para os setores de proteção e visitação pública (este

último suprido por guias oriundos da Prefeitura e voluntários).

No âmbito dos recursos protegidos, nada se compara à produção de

água em quantidade e qualidade na vertente oceânica da unidade, contribuindo para

conferir-lhe um valor inestimável no qual o ser humano torna-se refém do manejo.

A inserção, flexibilidade e plasticidade do diretor foram detectadas e

facilmente aferidas; tendo em vista que em condições adversas (falta de infra-

estrutura e recursos humanos) são desenvolvidas as atividades dos Programas de

proteção, educação ambiental e ecoturismo. A administração conta com a

participação da Prefeitura Municipal de São Sebastião, através de um convênio com

a Petrobrás, e da Policia Florestal no caso do programa de proteção. Além das

parcerias citadas todo o manejo é conduzido permeado pela participação dos

representantes da comunidade no Comitê de Apoio à Gestão. Ações, ainda que

embrionárias, são efetuadas visando a elaboração e desenvolvimento de um

programa de pesquisa com a participação da ESALQ/USP.

Oficialmente o Núcleo conta apenas com o diretor, entretanto

algumas atividades básicas são desenvolvidas devido, principalmente, às

características pessoais e profissionais, a capacitação e experiência na lida com

conflitos e adversidades, interesse no relacionamento humano e, fundamentalmente,

a iniciativa e motivação impulsionadas provavelmente por uma carreira sólida e bem

remunerada.

Apesar dos distintos pontos positivos, a pontuação auferida na

planilha de avaliação foi de 53,57, determinando um Padrão de Qualidade Inferior,

mas no limite superior da classe.

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4.6.5 Parque Estadual da Ilha Bela

Diretor: Kátia Regina Beagini Arean, Agrônoma com especialização. CETESB.Tempo na UC: Desde 1996.

A sede da unidade está construída sobre terreno cedido pela

Prefeitura de Ilha Bela, pois a implantação da infra-estrutura no interior do Parque

está inviabilizada pelo fato das terras não serem públicas, com exceção de uma

porcentagem insignificante e de difícil determinação.

A Diretora é funcionária da CETESB, residente da ilha,

apresentando aparente lucidez e equilíbrio quanto aos desígnios da unidade, as

ações e atividades a serem conduzidas. Falta-lhe, no entanto, capacitação e

experiência para a gestão de áreas naturais protegidas, fato este constatado pela

própria Diretora como um dos principais problemas administrativos ao cumprimento

dos objetivos de manejo da área, juntamente com a alta rotatividade de diretores

pelo qual o Parque tem passado. Esta aparente fragilidade torna-se o grande aliado

para a sua melhoria futura visto que reflete com transparência as debilidades da

atual gestão, proporcionando ao profissional, à Instituição e ao Sistema como um

todo a possibilidade de repará-las.

A Diretora expôs ainda como ameaça ao manejo a falta de um perfil

e uma conduta padrão dos diretores de Parques, o que gera conflitos e perda de

credibilidade junto aos usuários das unidades e a sociedade em geral.

Sua inserção junto à comunidade é deficitária para uma área

inserida num contexto estritamente turístico, não apresentando entrosamento com a

comunidade interessada, como são os casos da prefeitura, donos de hotéis, igrejas,

líderes da comunidade, ong’s locais, entre outros, o que influencia negativamente no

que deveria ser um ponto forte para uma unidade cujo domínio público ainda não é

legitimado.

O quadro de recursos humanos é constituído de 30 funcionários

públicos oriundos do Instituto Florestal, cuja única exceção é a referida Diretora, o

que favorece em muito a administração do pessoal e a gestão tendo em vista que

evita os possíveis conflitos detectados em outras unidades que possuem

funcionários que desenvolvem a mesma função e desfrutam de condições e salários

desiguais conforme o órgão em que se insere e o regime jurídico da contratação.

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Há evidencias de boa organização funcional, com o desenvolvimento

dos programas de educação ambiental, bem estruturado e atuante nas escolas

locais, fiscalização, manutenção e administração. Um fator relevante é a unidade ser

agraciada pelo PPMA, que prove suporte logístico (infra-estrutura em geral) e de

planejamento estratégico adequados.

Apesar de não ter a posse da terra, a unidade mantém guaritas e

fiscalização em pontos estratégicos de acesso ao Parque, como por exemplo a

guarita e cancela na estrada que conduz à praia dos Castelhanos (Figura 18), esta

já fora dos limites do parque mas muito procurada por veranistas e turistas.

Figura 18. Cachoeira na Praia de Castelhanos na Ilha Bela. (Fausto Pires de Campos)

A pontuação foi de 54,20 e a eficácia de gestão foi classificada como

de Padrão Inferior, porém nos limites superiores desta classe de qualidade.

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4.6.6 Parque Estadual da Ilha do Cardoso

Diretor: Marcos Bührer Campolim, Oceanógrafo com especialização. FundaçãoFlorestal.Tempo na UC: desde 1997

O Parque localiza-se no extremo sul do litoral paulista, no município

de Cananéia e na divisa com o Estado do Paraná, com uma superfície oficial de

22.500ha, apesar de uma recente aferição indicar apenas 15.500ha. A unidade é

integrante do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, que se

estende por uma área de 200km de litoral, desde Peruíbe-SP até Paranaguá no

Paraná, com uma inestimável diversidade de ecossistemas (manguezais, restinga,

mata atlântica de encosta, praias, dunas, costões rochosos e vegetação de altitude).

Em frente ao pier da cidade de Cananéia, único município a

englobar a unidade, encontra-se o escritório administrativo continental do Parque,

contígua aos escritórios do Instituto de Pesca em espaço cedido por este. Em razão

dos recentes patrocínios do Projeto PPMA o Parque é suficientemente provido de

novos equipamentos tais como telefone, fax, computadores, veículos terrestres,

embarcações aquáticas que incluem lanchas rápidas e barcos com capacidade de

até 40 pessoas, e um bom estado de conservação dos equipamentos mais antigos.

Todavia uma deficiência evidenciada foi a inexistência de radio-comunicação

adequada que, entretanto, não impede a solução das atividades rotineiras.

Se a sede continental não possui os aspectos de uma sede de

Parque, assim como os PE Xixova-Japuí, Núcleo São Sebastião do PESM entre

outros, os prédios da sede insular situados no Núcleo Perequê são bastante

espaçosos, tendo sido construídos durante a época do ‘Milagre Brasileiro’para

abrigar o então CEPARNIC - Centro de Pesquisa Avançado dos Recursos Naturais

da Ilha do Cardoso. Ao longo dos anos e principalmente na atualidade eles tem sido

adaptados para abrigar as demandas programáticas do Parque, sendo que neste

sitio encontram-se instalados museu marinho, escritórios, centro de visitantes,

alojamentos, refeitórios para funcionários e pesquisadores, laboratório e casas de

funcionários. Os alojamentos abrigam 80 pessoas simultaneamente e o plano é

elevar esta capacidade para 120 leitos em razão da grande procura por grupos

organizados e escolas (Figura 19).

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Figura 19. Alojamento do Parque Estadual da Ilha do Cardoso.

A Ilha do Cardoso antes mesmo de ser transformada em área

protegida já era ocupada por pequenos núcleos habitacionais de pescadores,

principalmente. Por este motivo e para facilitar a gestão dos recursos o parque é

estruturado em núcleos que abrigam, além de populações tradicionais, indígenas e

residentes não tradicionais. Além do Núcleo Pereque existem os Núcleos Marujá,

que abriga um importante componente social do manejo, a Associação de

Moradores do Marujá (AMOMAR); Núcleo Enseada da Baleia, Núcleo Pontal do

Leste e Vila Rápida, com menores número de pescadores. Ao todo a Ilha abriga

cerca de 160 unidades familiares que vivem da pesca e agricultura de subsistência e

o corte da caxeta (permitido somente às famílias consideradas tradicionais)

totalizando uma população aproximada de 400 pessoas entre tradicionais e não

tradicionais.

Um fator exógeno a este sistema social é a invasão e presença de

um grupo indígena Guarani, com aproximadamente 45 pessoas que chegaram em

1992 e autorizados a ficar por decisão judicial proferida em 1997. Este grupo vive da

caça, pesca, roça e artesanato de caxeta, sendo objeto de um projeto de pesquisa

que procura averiguar os efeitos e os impactos da caça sobre a biota e na qualidade

de vida do grupo. Há fortes evidências que este componente social é um elemento

desagregador pois os caiçaras não compreendem porque os índios podem exercer a

caça e eles não; porque os indígenas podem tudo ou quase isso e eles submetidos

aos diplomas legais que norteiam a conduta ambiental.

Para administrar o conflito de possuir gente no interior do Parque e

dar solução aos problemas oriundos dos anseios comunitários, a direção conta com

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dois elementos de gestão imprescindíveis: todas as unidades familiares estão

cadastradas em um arquivo contendo informações referentes a cada clã, variando

desde o n0 de filhos até um memorial descritivo detalhado de cada uma das

moradias, o que permite um controle bastante satisfatório sobre as atividades

desenvolvidas por cada uma delas. O segundo componente é a existência de um

sólido Comitê de Apoio à Gestão, constituído por membros de diversas instituições

(AMOMAR, representantes das vilas de pescadores, Prefeitura e Câmara dos

Vereadores de Cananéia, IBAMA, Instituto de Pesca, Pastoral e ONG’s locais como

a SOS Mata Atlântica).

Este comitê trata de todas as questões relativas ao manejo do

Parque e que envolvam os interesses comunitários, exceção feita ao grupo indígena

que é orientado pela FUNAI. Este comitê realizou cerca de 40 reuniões mensais em

esquema de rodízio nos diversos Núcleos, possui um caráter essencialmente

consultivo, mas na prática delibera sobre aspectos do manejo como reformas e

ampliações de residências, novas construções, energia, saneamento, corte de

árvores para canoas, área de cultivo mínimo, etc. Caso o pleito seja autorizado é

encaminhado ao DEPRN que passa a conduzir o processo; para os não tradicionais

o Comitê não autoriza nada, ao contrario, interpõe barreiras previstas na legislação

corrente. A propósito, o Parque passou por recente planejamento que resultou na

elaboração dos Plano de Manejo Fases I e II, também uma iniciativa financiada pelo

PPMA e adequado às necessidades da unidade.

O Parque conta com diversas trilhas que são usadas somente com

guias cadastrados no PEIC. Para o monitoramento da visitação foi criada a

Associação dos Monitores Ambientais constituída por 03 monitores (funcionários) e

30 guias locais oriundos das comunidades do Parque e do município de Cananéia

que, juntamente com a constituição de pousadas e camping nas residências dos

pescadores, principalmente no Núcleo Marujá, reveste a iniciativa como um modelo

para a solução dos problemas sociais gerados pela falta de oportunidades em

centros economicamente deprimidos e que tanto aflige as comunidades do entorno e

inseridas em UCs. Contudo, aplica-se o conceito de capacidade de carga ou de

suporte para o número de visitas/dia e quantidade de pessoas hospedadas na Ilha.

Em relação às pesquisas encontram-se em andamento cerca de 15

projetos, mas tanto o acompanhamento como os resultados carecem de um sistema

mais adequado, inclusive com técnico designado para este fim, de modo tal a influir

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de maneira mais significativa na retroalimentação do manejo. Um aspecto positivo

originário da execução de pesquisas é a informatização e constituição de um

Sistema de Informações Geográficas total para a unidade, uma questão de orgulho

para a direção e para a organização administradora.

Para gerir as atividades discorridas o PEIC conta com 44

funcionários, sendo 6 da Fundação Florestal, 9 oriundos da Secretaria de Esportes e

Turismo e os demais do IF, porém a demanda atual é bem maior.

Com tantos usos e atividades com o público em geral o parque

carece de regimento único que contemple a integração das normas referentes aos

usos atuais, de modo a institucionalizar as diversas taxas (guias, souveniers,

traslados, camping, pousadas, alojamento, etc.) e isso possibilitar algum efetivo

retorno para o manejo da UC, já que as taxas recolhidas ao Fundo Especial de

Despesa do IF não retornam na mesma medida em que são produzidas.

A direção da unidade não percebe evidências de entraves

burocráticos para a consecução dos objetivos e metas por parte dos escritórios

centrais do IF, pelo contrário entende-se que há uma disposição institucional e

autonomia suficiente que permite a realização da gestão pública. Entretanto, há uma

carência total de apoio e aconselhamento para as coisas jurídicas, por exemplo para

o estabelecimento de Normas e Procedimentos para as diversas atividades que se

deseja ‘institucionalizar’ ou para a formalização de convênios, que são sempre

barrados pela e na Assessoria Jurídica da SMA. A solução é a instituição de uma

assessoria jurídica adequada às demandas das unidades ou designar advogados

para suprirem esses pleitos junto às Seções Técnicas mais necessitadas.

Finalizando, é um parque onde as coisas acontecem, inserido no

contexto do desenvolvimento regional e na vida das pessoas do município de

Cananéia, a despeito de uma legislação que não transige adequadamente nas UCs

aonde há gente no interior. A gestão obteve 82,68 pontos e foi avaliada como

possuidora de Padrão de Qualidade Elevado, muito próximo ao padrão de

excelência.

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4.6.7 Parque Estadual da Campina do Encantado

Diretor: Mario José Nunes de Souza, Geólogo com especialização. FundaçãoFlorestal.Tempo na UC: Desde 1995

Semelhante a outras unidades nos domínios da Mata Atlântica, do

PE da Serra do Mar e da região litorânea do Estado, a sede do Campina do

Encantado ocupa algumas salas de um edifício, dividido com outras organizações

governamentais de atuação local, aonde encontra-se a base documental para a

administração e gestão da área. A unidade possui 2.359ha e situa-se a 16 km da

cidade de Pariquera-Açu, cujo acesso é feito por uma estrada de terra conservada

pela Prefeitura Municipal.

Com financiamento do PPMA, a sede de campo esta sendo

implantada em uma antiga e grande clareira deixada por invasores, outrora utilizada

para o cultivo de frutíferas. Aí estão um pequeno viveiro de espécies nativas para o

fomento do reflorestamento conservacionista e a construção de um edifício

destinado a abrigar o escritório de campo, alojamento e refeitório, podendo

futuramente ser adaptado para atividades de uso público (Figura 20). Apesar da

iniciativa de se construir aquele prédio, constatou-se que o projeto da referida obra

não condiz com os requerimentos da atualidade, ou destoa das condições atuais do

IF, seja pelos elevados preços dos materiais utilizados ou pela distribuição dos

espaços interiores, que no futuro poderá gerar conflitos de uso. Muito provavelmente

com o mesmo montante aplicado ali poder-se-ia construir escritório, alojamento e

refeitório e um mini centro de visitantes separadamente.

Figura 20. Prédio administrativo em construção no Parque Estadual Campina do Encantado.

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A falta de atributos e atrativos ao uso público na sede, somados à

fragilidade do ecossistema em apreço, que se mantém alagado em ¾ da superfície

da unidade, induzem o pensamento técnico a outra direção: a possível

reclassificação da unidade para uma categoria mais restritiva, não fossem as

“chamas de cor alaranjada, que saem da terra quando se perfura o solo com uma

vareta e se ascende um fósforo, e que incendeiam a imaginação popular”, um

fenômeno decorrente da deposição de matéria orgânica e que produziu, ao longo do

tempo, depósitos de gás metano. Este fenômeno ‘encantado’ é que empresta nome

ao Parque e desperta a atenção e curiosidade da população em geral.

A propósito, segundo o seu diretor, a unidade tradicionalmente

nunca ou pouco foi procurada pela comunidade para atividades de uso público,

porém na atualidade envida-se esforços para que isto aconteça. Para tanto, prepara-

se alguns componentes da paisagem da sede como atrativos, tais como um

pequeno lago artificial para atividades de pesque-solte, um campo de futebol e uma

trilha que aproveita caminhos pré-existentes, na qual observa-se as particularidades

daquela formação florestal. A primeira atividade proposta tradicionalmente não se

observa em Parques, muito embora sua existência esteja na dependência das

formas de controle e do modo como o uso ocorrerá.

Cria-se o ‘uso’ para justificar a implantação de um Parque, dentro de

uma filosofia que procura disponibilizar essa categoria de UC à população a

qualquer custo sem, contudo, entender-se que programas mais urgentes poderiam

estar sendo privilegiados, como o de pesquisa e o de ‘interações sócio-ambientais’

com o entorno em face das ameaças existentes.

O redor da UC é tomado por plantios de banana e frutas cítricas,

cujos cultivos demandam a utilização de agrotóxicos em abundância, uma ameaça

real à biota que se potencializa pelos altos índices pluviométricos e a topografia

local, várzeas que podem estar drenando a carga tóxica para o interior do parque.

Este fato impele a tomada de atitudes e ações que visem articular vizinhos e

organizações visando aquilatar a existência da contaminação, as causas, os efeitos

e as maneiras de equacionar o problema.

O PECE conta com 22 funcionários, sendo 16 da antiga SUDELPA

que foram incorporados aos quadros do IF e 6 oriundos do DAEE em caráter de

comissionamento, o que evidencia a fragilidade da autoridade dos funcionários ao

atuarem como guardas-parque haja vista não serem contratados para cumprir tal

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papel, a pouco experiência dos trabalhadores com as atividades inerentes a uma

unidade de conservação e a desmotivação em razão do desvio de função. Tal qual a

proximidade do tempo de aposentadoria do quadro de funcionários, estes mesmos

fatos repetem-se em diversas UCs do IF.

Em contrapartida, a unidade está totalmente demarcada, o que

garante uma melhor proteção física, possui Plano de Manejo iniciado e brevemente

as informações necessárias ao manejo estarão conformadas e formatadas em um

Sistema de Informações Geográficas, a exemplo de outras unidades do sistema.

Vale ressaltar um aspecto muito positivo sobre a direção da unidade.

A Seção Técnica pela qual responde o diretor do PECE abarca os Parques de

Carlos Botelho, PETAR, Ilha do Cardoso, Campina do Encantado, Jacupiranga e as

Estações Ecológicas da Juréia e Chauás, sendo que as informações apontam para

uma boa integração entre elas, com reuniões periódicas, trocas de experiência e

solução de problemas comuns. O Diretor, que acumula a Chefia da Seção e também

responde pela Estação Ecológica dos Chauás, tem boa inserção junto a comunidade

de Pariquera-Açú, mantendo um bom relacionamento com os representantes da

comunidade, fundamentalmente com a Prefeitura e órgãos de atuação local,

características que facilitam o trabalho fora dos limites protegidos da unidade e a

gestão bioregional.

A gestão obteve 44,57 pontos e foi classificada como de Padrão de

Qualidade Inferior.

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4.6.8 Parque Estadual Jacupiranga

Diretor: Gina Guerra, Engenheira Florestal Pesquisadora com especialização. IF.Tempo na UC: Desde 1983.

O PEJ foi criado como Reserva Estadual na década de 50 e elevado

à categoria atual em 1969, abarca 150.000ha de Mata Atlântica, mas estima-se que

somente ¾ desse total encontram-se em boas condições de conservação devido aos

diversos problemas e ameaças sofridas pela unidade ao longo de sua existência:

limites litigiosos e não demarcados, principalmente nas divisas entre São Paulo e

Paraná; proprietários não indenizados; mineração e contaminação das águas do Rio

das Minas; transposição da rodovia BR-116 em mais de 60Km, ao longo da qual

surgiram várias vilas de “esquecidos de obras” (Vila Pneus, Vila Concha, Vila Bela

Vista, Santa Maria, entre outras); desmatamento ilegal, vandalismos à coisa pública,

deficiência de financiamento e de recursos humanos, além dos problemas mais

‘triviais’ como caça, extração de palmito e incêndios esporádicos.

Está prevista a duplicação da rodovia no trecho referido, mas até o

momento as tratativas sobre os impactos que a obra possa causar e as formas de

indenização pelos danos causados são apenas retóricas ou as informações sobre o

assunto ainda não foram disponibilizadas para o parque.

Fonte: Seção de Manejo e Inventário Florestal. IF.Figura 21. Limites do Parque Estadual do Jacupiranga sobre imagem de Satélite.

A indefinição da situação fundiária da unidade, o desconhecimento

dos seus verdadeiros limites (Figura 21), os precários acessos às diversas

localidades da floresta são as principais razões para o desenvolvimento deficitário de

pesquisas na unidade. Unidades com tais características não são procuradas pela

comunidade científica pela dificuldade de saberem se estão em terras públicas ou

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privadas, o que potencialmente são condições geradoras de constrangimentos e

atos violentos, principalmente em uma unidade tão grande que ocupa seis

municípios diferentes.

O PEJ soma-se às UCs da região (EEc Juréia-Itatins, PE Ilha do

Cardoso, PE Campina do Encantado, EEc Chauás, PE Carlos Botelho, PETAR e PE

Intervales) para constituir o maior contínuo ecológico de Mata Atlântica do país.

Entremeio às UCs ocorre uma paisagem com matas privadas de preservação

permanente em excelente estado de conservação, o que faz com que o indicador

‘tamanho’ seja menos importante que a ‘insularidade’ e a ‘forma’ da unidade. Não

obstante o tamanho do parque ser considerável, sua forma é totalmente

desuniforme, apresentando limites que não seguem os acidentes naturais tais como

rios, bacias hidrográficas, canais de drenagem, etc. Em pelo menos duas grandes

seções do Parque observa-se linhas retas como limites, que se não fosse o terreno

montanhoso poder-se-ia suspeitar de racionamento de trabalho em sua delimitação.

Estes aspectos e a falta de recursos apropriados para a gestão

fizeram com que a direção dividisse informalmente o Parque em dois núcleos

operacionais, que ainda assim são poucos dada as demandas cotidianas: Núcleo

Caverna do Diabo, também conhecido como o núcleo de arrecadação, pois é nele

que ocorre a maior parte da visitação pública, e o Núcleo Cedro, o mais antigo e

localizado no município de Barra do Turvo, também conhecido como o núcleo da

vigilância. Isto tem facilitado a gestão política e as relações públicas, bem como a

administração dos escassos recursos da unidade.

Em 1994 a administração da Caverna do Diabo, bem como todas as

benfeitorias (chalés, trilhas, restaurante), passou da Secretaria de Esportes e

Turismo para o IF, mas esta providência foi tardia pois os danos ambientais em

razão da excessiva visitação e um manejo inapropriado dos recursos

disponibilizados ao turismo de massa já haviam acontecido. Segundo terceiros, o

mal manejo do ambiente cavernícola pela Secretaria de Esportes e Turismo

mediante o estabelecimento de iluminação dos interiores, construção de barragens e

excesso de visitação levaram à extinção o famoso Bagre-cego bem como o

surgimento de espécies fotossintetizantes em locais antes escuros. Com as formas

de manejo atualmente adotadas este processo de degradação pode ser revertido,

inclusive com a realização de pesquisas para a reintrodução da espécie extinta

localmente.

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No que tange ao uso público, um dos desafios atuais é a melhoria

dos serviços prestados pelos monitores e guias da Caverna do Diabo, haja vista que

os monitores são autônomos, desconhecem as normas e diretrizes para o uso

público nas unidades de conservação e carecem de treinamento adequado,

aspectos que contribuem negativamente na experiência dos visitantes e na própria

conservação dos recursos.

A sede administrativa do Parque fica em uma antiga residência do

CEDAVAL (Companhia de Desenvolvimento do Vale do Ribeira), no centro da

cidade de Registro. É simples, mas suficientemente operacional para abrigar todas

as contingências e demandas administrativas da Seção de Carlos Botelho, contudo

os funcionários dedicados às tarefas administrativas sentem que os equipamentos

de escritório poderiam estar em melhores condições. Por exemplo, as condições de

transporte são bastante deficitária, com veículos sucateados pelo tempo de

existência e manutenção comprometida.

Os recursos humanos da unidade totalizam 35 pessoas, sendo 15

no Núcleo Cedro, 15 no Núcleo Caverna do Diabo (com muitos idosos em fase de

aposentadoria); e 5 nas atividades administrativas, sendo um laudista (que trabalha

na elaboração de laudos ambientais). Além destes a unidade requer ainda 03

laudistas, 20 na fiscalização, 4 na administração para cobrir as atividades inerentes

à Seção Técnica, 15 na Caverna do Diabo para manutenção, 04 monitores, sendo

um ou dois coordenadores das atividades, o que totaliza 81 funcionários, havendo

então uma defasagem atual de mais de 100% negativo.

Um fato curioso sobre o PEJ é que seu nome designa um dos

municípios, mas o Parque ocupa outros cinco gerando descontentamento nestes

últimos. Para sanar tal questão, os técnicos da Seção discutem maneiras de mudar

o nome da unidade para PE do Vale do Ribeira, PE da Caverna do Diabo ou outro.

É uma unidade com amplas oportunidades para a conservação da

biodiversidade, para o uso público diversificado, realização de pesquisas básicas e

aplicadas e o desenvolvimento de trabalhos sócio-ambientais. No entanto não

possui um Plano de Gestão ordenador das ações e é um modelo dos problemas

existentes nas UCs brasileiras.

A unidade obteve 43,92 pontos e sua gestão foi classificada como

de Padrão de Qualidade Inferior.

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4.6.9 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba

Diretor: Ivan S. da Mota, Engenheiro Florestal Pesquisador com especialização. IF.Tempo na UC: Desde 1985

O pessoal deste Núcleo, como quase todos do PESM, trabalham

permanentemente em embate com as ameaças externas advindas das quadrilhas

organizadas de palmiteiros e invasores das áreas legitimadas da unidade. Do

primeiro caso têm-se relatos de que pessoas de outros estados brasileiros, do

Paraná e Santa Catarina, alistam-se para se embrenhar na floresta por dias nas

atividades de corte e coleta das palmáceas, uma atividade conhecida das

organizações e autoridades que notadamente não aplicam com rigor a legislação

pertinente. A invasões das terras públicas se dá por pessoas que justificam tais

atitudes com argumentos de que buscam possuir seu próprio chão, mas as

instalações (barracos) vias de regra servem também para abrigar caçadores, os

palmiteiros e coletores de orquídeas e bromélias.

Fato é que são muitos os danos ambientais sofridos pela unidade, o

que gerou a necessidade de se treinar e manter uma equipe para a elaboração de

laudos de danos ambientais composta basicamente por guardas-parque e o diretor.

Como a área legitimada do Núcleo é de 13.770ha, mas a superfície de atuação do

pessoal é de quase 60.000ha do PESM com situação fundiária não solucionada,

conseqüentemente com perímetro não demarcado abarcando três municípios, esta é

uma atividade bem reconhecida pelo Ministério Público Regional e pelo próprio IF,

demandando cerca de até 30 laudos anuais que ocupam um precioso tempo da

direção, que poderia estar se dedicando a outros assuntos para o desenvolvimento

da unidade. Aliás, esta é a maior razão para as queixas da direção, que se sente

desapoiada por não contar com uma mínima assessoria jurídica.

A unidade foi contemplada pelo PPMA, que a está provendo de

edifícios para a administração, garagem de veículos, almoxarifado, sala para

estagiários, nova rede elétrica, adequação dos prédios mais antigos (pequena

hospedaria para 10 pessoas) e, num futuro próximo, um centro de visitantes

(Figura 22). Os veículos e equipamentos são novos e com manutenção bastante

satisfatória, sendo que o financiamento atual é condizente com as necessidades

diárias.

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Figura 22. Moderna edificação construída sob os auspícios do PPMA no NúcleoCaraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar.

Há um sistema de trilhas bem planejadas, cujo conjunto mostra com

eficiência os recursos da unidade, principalmente os diversos riachos que descem

da Serra do Mar. A falta de técnicos para tocar o Programa de Uso Público e de

monitores ou guias em número condizente com a demanda obriga a direção a

assumir estratégias que limitam a visitação, tal como a obrigatoriedade do usuário

percorrer as trilhas somente acompanhados de monitores, o que também reduz os

investimentos de mão-de-obra requerida para a manutenção dos equipamentos. A

inexistência de referido técnico inviabiliza qualquer iniciativa séria de educação

ambiental dirigida aos moradores mais próximos, bairro Rio do Ouro, cuja população

mantêm-se distante do Parque.

A visitação no ano de 2000 foi próxima de 5.000 pessoas, sempre

monitoradas, uma quantia irrisória haja vista as belezas naturais do lugar e sua

localização ser na periferia da cidade de Caraguatatuba. Ainda que sejam

justificáveis as estratégias adotadas para conter a visitação isto é um contra-censo

considerando-se os discursos da SMA em prol do ecoturismo e a comparação com o

desempenho de outros Parques, cujos locais para o uso público são mais distantes

e com acessos difíceis, como por exemplo o PE de Carlos Botelho, mas que são

mais visitados.

Apesar das eficientes atividades de fiscalização e proteção dos

recursos, em consonância com os meios existentes, evidencias apontam para uma

baixa inserção da direção junto à comunidade: mínima participação comunitária nas

oficinas de planejamento do PPMA e a ocorrência de rusgas com políticos locais.

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Isto, somado à insatisfação nas relações inter-pessoais internas, pode gerar um

clima adequado à instabilidade gerencial, passível de dificultar extremamente as

obrigações da direção da unidade.

Atualmente a UC conta com 14 funcionários, sendo 10 de campo e 4

administrativos, incluindo o Diretor, no entanto para implementação dos programas

necessita-se pelo menos mais 56 pessoas. Para suprir esta carência a SMA

contratou uma empresa de segurança privada que aporta 8 vigias que se revezam

em turnos de 12/36 horas na fiscalização, da sede apenas.

O Núcleo possui Plano de Manejo iniciado (Fase I), cuja equipe de

planejamento defendia que as atividades de ecoturismo somadas ao uso sustentado

da floresta pelas comunidades tradicionais mediante a coleta de palmito e outros

subprodutos florestais deveriam sustentar economicamente o Parque, o que não se

verifica na prática em razão da falta de políticas públicas dirigidas à esta lacuna e os

custos das UCs irem muito além do que elas possam arrecadar.

Segundo o Diretor, e isto é uma constatação em outros parques com

comunidades tradicionais no interior e periferia, quando o método de planejamento

está eivado pelas ‘filosofias sócio-ambientalistas de escritório’, é costumeiro atrelar

todas as atividades direcionadas a melhorar os aspectos sociais, econômicos e

ambientais dessas comunidades ao diretor da UC, fazendo com que suas

responsabilidades sejam aumentadas consideravelmente. Considerar os aspectos

sócio-ambientais de uma área protegida é algo imperioso para sua permanência a

longo prazo, entretanto têm-se que adotar posturas isentas e corrigir as atribuições

dos diretores das UCs para que estes possam dedicar seu tempo exclusivamente à

conservação da biodiversidade e desenvolvimento da unidade em consonância a

seus objetivos de manejo primários.

O Núcleo Caraguatatuba do PESM é um exemplo concreto de que

os problemas de manejo das UCs vão além da ausência de demarcação e de RH

adequados, ou a solução para eles não está simplesmente nos Planos de Manejo,

novos equipamentos, prédios e constância do financiamento. Alguns problemas são

simples e de fácil solução, mas necessitam a atenção da organização, como a

realização de cursos e treinamento do pessoal no que se refere a relações humanas

visando a melhoria da sintonia entre direção e funcionários e destes para com a

comunidade.

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A gestão recebeu 67,86 pontos e foi classificada como de Padrão

de Qualidade Mediano, necessitando poucos investimentos para alcançar um nível

de eficácia mais elevado.

Finaliza-se esta descrição com uma frase do abnegado Diretor do

Núcleo Caraguatatuba, que se tem dificuldades no relacionamento cotidiano, talvez

pelas suas exigências pessoais e pelas agruras de suas atribuições, ao longo dos

anos tem sido um dos principais esteios para a construção e permanência daquelas

paragens do PESM:

“Nós somos os eleitos para lutar pela preservação dessas áreas

naturais. E eu não me vejo em outro lugar”.

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4.6.10 Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Picinguaba

Diretor: Luiz Roberto C.N. Oliveira, Biólogo com especialização. Fundação Florestal.Tempo na UC: Desde 1994.

A coleta de informações neste Núcleo foi comprometida em razão da

momentânea ausência do diretor e a impossibilidade de encontros futuros com o

mesmo.

A infra-estrutura física da unidade apresenta-se completa, com

escritório, pequeno alojamento para pesquisadores, hospedaria para turistas e

estudantes, almoxarifado, garagem e centro de visitantes. Algumas instalações

estão ociosas e abandonadas, como a lanchonete e banheiros públicos à beira da

praia da fazenda, que segundo relatos apresentaram erros de projeto. A infra-

estrutura, os equipamentos e veículos estão de acordo com as necessidades e em

bom estado de conservação. A unidade também é contemplada pelo PPMA e conta

com plano de manejo.

Pôde-se observar o Programa de Uso Público em ação (Figura 21),

mediante a recepção a estudantes e grupos organizados, que obtiveram as devidas

informações do parque e as orientações de conduta necessárias durante a

permanência na unidade. O centro de visitantes é bem organizado e apresenta

sinais de uso sistemático, havendo um conjunto de trilhas interpretativas auto-

guiadas e monitoradas adequadas à demanda. Estas atividades certamente são

muito importantes para a conservação da área haja vista que 80% do território do

município de Ubatuba são tomados pelo parque, gerando conflitos que devem ser

solucionados com este diálogo e uma forte relações públicas por parte dos técnicos

locais.

Ainda que o programa de uso público seja atuante e ocorram

atividades de educação ambiental, observou-se que na sede do Núcleo resíduos de

construção e domésticos são depositados em locais inapropriados, bem como o

desperdício com caixas plásticas para lixeiras, canos plásticos e de PVC mal

acondicionados, fatos que revelam a necessidade de se investir nas condutas

ambientais dos funcionários.

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Figura 23. Atividade de Uso Público no Centro de Visitantes do Núcleo Picinguaba doParque Estadual da Serra do Mar.

Algumas incrustações na orla da praia da Fazenda, supostamente

ilegais, inclusive com residências particulares e campings, devem fazer parte do

imenso rol de invasões peculiares aos Núcleos de Gestão do PESM que não

possuem saneamento fundiário e demarcação física. Durante a visita pôde-se

observar pesquisadores em atividade na orla marítima, fato que aponta para um

possível desenvolvimento deste programa.

Atualmente o Núcleo conta com 24 funcionários, incluindo 3 técnicos

de nível superior, um da Fundação Florestal (diretor) e dois da CETESB junto ao

programa de uso público. Segundo o diretor, quando designado para o Parque o seu

antecessor tinha sob seu comando 56 funcionários, total este julgado o ideal para a

área.

Parece haver falhas de comunicação entre os componentes da

administração e destes para com os funcionários de campo, o que poderia ser

solucionado com o treinamento do pessoal no que tange a relacionamentos inter-

pessoais e básicos para o cumprimento adequado de suas funções. Por outro lado,

entende-se que a unidade, ocupando 80% do território do município de Ubatuba,

tem boa aproximação e inserção com a sociedade, seja a comunidade e outros

órgãos de atuação local.

A gestão obteve 60,87 pontos e foi classificada como de Padrão de

Qualidade Mediano.

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4.6.11. Parque Estadual da Ilha Anchieta

Diretor: Manuel de Azevedo Fontes, Engenheiro Sênior. IF.Tempo na UC: Desde 1989

O PE da Ilha Anchieta ocupa toda extensão (828ha) da Ilha

Anchieta, localizado à aproximadamente 4km do continente, no município de

Ubatuba (Figura 24). O acesso à ilha é feito por barcos que partem da Marina do

Saco da Ribeira, atualmente administrada pela Fundação Florestal, cujo percurso

consume de 30 a 50 minutos.

Figura 24. Praia do Sul no Parque Estadual da Ilha Anchieta. (Fausto Pires de Campos)

Os recursos humanos do Parque resumem-se na seguinte estrutura

funcional: Diretor; coordenadora do Programa de Uso Público (Bióloga com PhD); 11

braçais – serviços gerais; 02 estagiários de ecoturismo e 01 encarregado. Um total

de 17 pessoas trabalhando no PEIA, sendo 13 funcionários do Instituto Florestal –

SMA, 01 da Fundação Florestal e dois voluntários. São residentes da ilha o Diretor, a

Coordenadora do Programa de Uso Público, o encarregado e sua esposa; os

demais conformam três equipes que atuam em turnos de quatro dias de trabalho por

08 de descanso. Em razão das peculiaridades dos trabalhos desenvolvidos e por

não existir funcionários que cubram todas as funções-atividades, os mesmos

resolvem todo tipo de trabalho incluindo proteção, manutenção e limpeza geral,

caracterizando o que comumente se denomina ‘desvio de função’ trabalhista.

A energia elétrica é obtida por meio de geradores a diesel e energia

solar. O transporte de funcionários é feito por embarcações próprias (barco de

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alumínio com 05 lugares e um bote inflável de 08 lugares), que por sinal estão

submetidas a um rígido esquema de manutenção. Os visitantes que não possuem

barco próprio recorrem aos serviços das escunas operadas pelas empresas de

turismo.

A infra-estrutura administrativa é completa, com escritório, três

alojamentos para até 40 pessoas, garagem, almoxarifado, centro de exposições e de

interpretação, sendo que tais equipamentos estão em consonância com as

demandas atuais e para o atendimento do público visitante. No Parque funciona o

Projeto TAMAR/IBAMA, que desenvolve trabalhos de monitoramento das tartarugas

marinhas e atividades de educação ambiental, mediante termo de cooperação

técnica entre o IF e IBAMA, oferecendo-se oportunidades aos visitantes de adquirir

"souvenirs" (botons, shorts, bonés, camisetas, adesivos), cuja parcela da

arrecadação é repassada ao parque na forma de gêneros. A unidade é beneficiada

pelo PPMA e possui Plano de Manejo Fase I implantado.

Para recepção de visitantes o parque disponibiliza 07 praias

adequadas ao banho, mergulho e piquenique. Há um sistema de trilhas guiadas e

auto-guiadas com aproximadamente 3.300 metros de extensão. As trilhas possuem

somente algumas placas, pois a opção é o monitoramento das mesmas na alta

temporada, isto em razão da falta de pessoal para manutenção e fiscalização

sistemática. O potencial para a visitação é grande, porém dotar a unidade de infra-

estrutura adequada sem compatibilizar com as demandas por recursos humanos,

materiais e financeiros, bem como de capacitação do RH, seria desastroso e com

impactos negativos previsíveis aos recursos naturais e culturais do parque, uma

atitude muito acertada da direção.

Esta unidade provavelmente seja a única a possuir um minucioso

estudo da capacidade de suporte turístico, resultado de uma recente tese de

doutoramento promovida pela coordenadora do programa de uso público, aspecto

que certamente deve estar auxiliando nas tomadas de decisões de manejo.

Um problema para o manejo do ecossistema é a presença de

capivaras introduzidas na Ilha, um aspecto que demorou mas que finalmente tem

sido contornado pela administração mediante a captura e envio destes animais para

o continente. Tal atitude tem evitado uma proliferação maior da espécie, que poderia

causar grandes transtornos haja vista não haver predador natural para esta espécie

na ilha. Aparentemente as maiores ameaças, ou a maior, é o desrespeito às normas

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de visitação por parte das agências de turismo, resultando em atividades de

ecoturismo pouco controladas decorrente, principalmente, da carência de recursos

humanos e capacitação, comprometendo todo o planejamento e gestão dessa

Unidade de Conservação com características ímpares de biodiversidade.

Em relação à administração de pessoal, parece haver certo

ressentimento de alguns funcionários em relação ao modo como a direção transige

as ordens de serviço, prevalecendo as decisões verticalizadas, aspectos que em

última instância causam descontentamento no ambiente de trabalho. Entretanto,

muito provavelmente o ambiente solitário da Ilha e as condições de trabalho

extremamente adversas, com ameaças externas reais rondando o sistema

protegido, aliadas à carga de responsabilidade assumida pela direção imponham

naturalmente tais comportamentos, que são contornados com a atuação sempre

dedicada e amistosa da substituta do Diretor. Por outro lado, há uma satisfatória

delegação de responsabilidades, pois as decisões acontecem na ausência do

Diretor e seu substituto imediato.

A Unidade recebeu 70,21 pontos e sua gestão classificada como de

Padrão de Qualidade Elevado.

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4.6.12 Parque Estadual de Carlos Botelho

Diretor: José Luiz Camargo Maia, Engenheiro Civil com especialização. CETESB.Tempo na UC: Desde 1994

A gestão do PECB permeia-se por uma atuação integrada com os

diversos setores da sociedade (empresários, comerciantes, políticos, ambientalistas,

escolas, universidades e a população em geral), cuja filosofia é trazer a população

para dentro do parque e este ir para as cidades. O enfoque está dirigido à

preservação da biodiversidade, para o planejamento da ocupação do entorno,

desenvolvimento sócio-econômico regional e resgate histórico cultural.

Para tanto, o PECB desenvolve programas de administração,

fiscalização, pesquisa, uso público, educação ambiental e atividades de interação

sócio-ambiental com o entorno. A despeito da ausência de plano de manejo, o

parque vem desenvolvendo um trabalho político e de planejamento onde estes

programas estão implantados e funcionam efetivamente. Além disso, evidencia-se o

empenho da administração junto à direção do IF para a elaboração de um plano de

manejo que contemple, além dos programas tradicionais, projetos de abrangência

regional, incluindo-se o manejo dos maciços florestais contíguos à unidade e a

contratação de parcerias com a iniciativa privada visando o desenvolvimento da

economia local e conseqüente geração de empregos. Uma iniciativa nesta direção

foi a elaboração de um documento que compila as principais informações do parque

e região, financiado pelo Programa Rodízio e gentilmente denominado como a Fase

‘0’ do plano.

Como exemplo de parcerias presentes na gestão do Parque pode-se

citar o Parque do Zizo (fazenda da família do ilustre Carlos Botelho que deverá

transformar-se em Reserva Particular do Patrimônio Natural-RPPN), Cia Suzano de

Papel e Celulose S/A, o Grupo Orsa, a Eucatex S/A, Prefeituras Municipais e

empresários e proprietários do entorno. Especial apoio foi dado pelo Fórum de

Turismo de São Miguel Arcanjo, cuja iniciativa entre tantas outras, foi a realização de

um mutirão popular visando a construção do portal de entrada do Parque. Este

Fórum está em fase de regulamentação através de sua transformação em Conselho

o que lhe conferirá um caráter oficial.

O programa de uso público (PUP) desenvolve-se tendo por base um

centro de visitantes com capacidade para 40 pessoas (Figura 25); pequeno museu

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de zoologia, biblioteca e quiosque para venda de souvenirs; trilhas monitoradas e

auto-guiadas. Existe ainda a estrada SP-139 que atravessa a unidade em uma

extensão de 33 Km, a qual propícia um passeio para observação de rios, cachoeiras,

o relevo e a vegetação. A visitação gira em torno de 12 mil pessoas/ano, sendo que

deste total 10 mil procuram a área para atividades de recreação ao ar livre e 2 mil

são monitoradas. O ingresso é de R$ 2,00/pessoa, com isenção para as escolas

públicas. O programa contempla o projeto de educação ambiental "Escola no

Parque", financiado pelo FEHIDRO através do Núcleo de Educação Ambiental de

Itapetininga, destinado a atender as escolas dos municípios de Angatuba,

Itapetininga, São Miguel Arcanjo e Pilar do Sul. Os recursos deste projeto

viabilizaram a ampliação do Quadro de pessoal do Programa.

Figura 25. Atividades de Uso Público no Centro de Visitantes do Parque Estadual CarlosBotelho.

A infra-estrutura da sede administrativa conta com guarita, escritório

administrativo, hospedaria com capacidade para 12 pessoas (técnicos e

pesquisadores) e uma pequena serraria. Atualmente a unidade possui 40

funcionários, incluindo um advogado contratado pela Fundação Florestal, fato

curioso e provavelmente único dentre as UCs paulistas. Precisaria 70 funcionários e

contar com uma equipe interdisciplinar.

Em termos de pesquisa a unidade é bastante procurada para a

realização de diversos trabalhos voltados à titulação acadêmica, principalmente

oriundos da PUC de Sorocaba, UNESP de Jaboticabal e Rio Claro, USP e

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UNICAMP. Pesquisas de longa duração e geradoras de informações mais voltadas

ao manejo dos recursos são desenvolvidas pelos Projetos Muriqui, Macaco Prego e

pelo programa BIOTA da Fapesp. Até onde se pode detectar, foram e estão sendo

desenvolvidos na unidade 64 projetos de pesquisa, que já originaram 36 publicações

científicas, 8 dissertações de mestrado e 1 tese de doutorado.

Como o Parque tem atuação também no município de Sete Barras,

aí se implantou um Núcleo com escritório e hospedaria para 05 pessoas, onde

permanentemente há uma equipe de 06 componentes para fiscalização, sendo que

03 são funcionários do P.E.Intervales, com o qual se mantém estreitas relações

técnicas e administrativas. A fiscalização é ostensiva; num período de 02 meses

efetuou-se aproximadamente 15 mil quilômetros de rondas no afã de localizar

quadrilhas de palmiteiros, provavelmente a maior ameaça local e por que não dizer

das UCs deste importante bioma que é a Mata Atlântica. Neste sentido, uma

iniciativa inovadora é a implantação do ‘Viveiro de Palmito’ em Sete Barras, utilizado

para fomentar a exploração sustentável e como instrumento de educação ambiental.

É um parque que apesar de não possuir um financiamento e RH

adequados, não ser contemplado por convênios internacionais e carecer de vários

componentes importantes para uma atuação de excelência, tais como veículos

apropriados e bem mantidos, plano de manejo, demarcação da totalidade dos limites

(atualmente só possui a metade) e técnicos para a condução dos programas,

consegue desenvolver as atividades básicas da categoria.

A gestão recebeu 68,74 pontos e classificada como de Padrão de

Qualidade Mediano, precisando de poucos investimentos e esforços para alcançar

um nível de eficácia mais elevado.

Finaliza-se esta descrição com uma afirmação do diretor do parque

sobre a Instituição:

"Da minha parte o Instituto Florestal possui todo o respeito,

principalmente em relação a fidelidade e abnegação das categorias mais humildes

de funcionários no exercício de suas funções. Estas pessoas estão esquecidas por

uma Instituição pouco operacional, com uma estrutura organizacional deficitária e

um grande abismo entre os dirigentes e as pontas".

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4.6.13 Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira - PETAR

Diretor: Gisela Vianna Menezes, Bióloga com PhD. CETESB.Tempo na UC: Desde 1999.

O PETAR possui uma superfície de 35.712ha, cuja dimensão,

complexidade paisagística e demandas de uso conduziram à implantação de 03

núcleos de desenvolvimento, sendo eles Santana, Cablocos e Iporanga. É uma

unidade com grande potencial ecoturístico graças ao seu patrimônio natural

composto por rios, cachoeiras, cavernas, vestígios de sítios arqueológicos, alem de

rica biodiversidade (Figura 26).

Figura 26. Atividade ecoturística em uma das cavernas do PETAR.

O desenvolvimento do ecoturismo teve origem na comunidade do

Bairro da Serra, bairro este sobreposto à área do parque, mediante a oferta de

pousadas, alimentação e serviços de monitoria. Se por um lado essa iniciativa

resultou em benefícios para a gestão da unidade, por outro é foco de conflitos tendo

em vista haver um pedido de desafetação do bairro da área do parque. A indefinição

da questão fundiária para este sítio em particular, bem como para um total de

aproximadamente 80% da unidade, é identificada como uma das principais ameaças

à consecução dos seus objetivos de gestão, ainda que tenha sido demarcada na

década de 80 e possua limites naturais bem definidos. Esse assunto vinha sendo

tratado por uma estagiária de direito, mas a situação financeira institucional obrigou

a paralisação das atividades.

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Em operações conjuntas os guardas-parque e a polícia florestal

fazem apreensões de palmiteiros, caçadores e embargo de obras dentro dos limites

do Parque, incluso no referido Bairro, acentuando ainda mais os conflitos entre

comunidade, funcionários e chefia da unidade, pois muitas vezes esses atores se

confundem sobrepondo papéis. Para amenizar esse fato a direção promove

reuniões periódicas com representantes da comunidade afetada visando estabelecer

um trabalho integrado e a compreensão das pessoas.

A frota de veículos e máquinas foi renovada por ocasião do PNMA

em 1995, mas passados os anos estes não tiveram a manutenção devida e no

momento dos trabalhos de campo nada menos que três veículos encontravam-se

parados, às expensas da elevada prioridade dada à proteção da área. Em termos de

pessoal conta com 56 funcionários, sendo 29 do IF, 19 da Fundação Florestal e 01

da CETESB. No Núcleo Caboclos ocorre a co-gestão com o Instituto Geológico, lá

havendo 5 funcionários do IG e 2 designados pela Prefeitura de Iporanga. Precisaria

no mínimo 100 para o perfeito desenvolvimento das atividades.

O Parque recebe anualmente cerca de 40.000 visitantes e foi um

dos pioneiros na cobrança de ingressos, tendo iniciado em 1992. A sistemática da

arrecadação era o recolhimento em benefício da Fundação Florestal, que por sua

vez repassava certo percentual para a unidade após as solicitações de

adiantamentos. Este fluxo foi interrompido por ocasião da decisão tomada pelo

Instituto, de centralizar e submeter todos os pedidos de recursos das unidades à

análise e autorização por parte da administração central. Para ilustrar que os

procedimentos atuais não se desenvolvem favoravelmente, nos primeiros seis

meses de 2001 a unidade recebeu apenas um único adiantamento no valor de

R$11.000,00 para cobrir todas as despesas, mas de acordo com as demandas

básicas atuais deveria receber entre R$ 7.000,00 a R$ 8.000,00 por mês.

Além disso, podem ser identificados traços de tomada de decisões

isoladas e ineficazes (prevalecendo o despotismo) na filosofia de trabalho adotada

pelo IF, pois o PETAR detinha um saldo na Fundação Florestal de R$ 60.804,00 em

março de 2001, entretanto R$ 60.760,72 foi confiscado para o Fundo Especial de

Despesa do IF, através de sua diretoria administrativa, sem ao menos uma consulta

ou qualquer informação à direção da unidade. Justiça seja feita, segundo a diretora

da unidade cerca de 64% do que o PETAR arrecadou sob forma de ingressos no

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ano de 2000 retornou ao longo do mesmo ano, mas as quantias tem sido

insuficientes para atender as demandas da intensa visitação pública.

Este modelo de gestão ocasiona desmotivação e promove a

diminuição da auto-estima dos que estão na ponta do sistema de conservação,

condenando qualquer organização ao fracasso. Isto é detectado quando em um

parque a arrecadação por ingressos alcança um total médio de R$10.000,00

mensais, mas que poderia ser muito mais caso houvesse estímulos concretos para

tal.

No Núcleo Santana a visitação é monitorada. Devido ao restrito

número de funcionários e a interrupção da remuneração dos estagiários pelo Fundo

Especial de Despesa do IF, este serviço ao visitante é oferecido pelos mais de cem

guias ambientais cadastrados no Parque. Os guias são membros de duas

associações locais, possuem cursos de capacitação e são devidamente cadastrados

na unidade.

Há 18 projetos de pesquisa em andamento no PETAR, todos

cadastrados no IF, através da COTEC, cujos pesquisadores recebem como estímulo

a isenção da taxa de alojamento, interessante mecanismos de fomento científico.

A Diretora do Parque há 04 anos foi comissionada no Instituto

Florestal, com a expectativa, na época, de alcançar melhorias salariais. Tendo em

vista que na CETESB não há um plano de carreira e que no IF havia promessas de

aumento salarial para quem administrasse UCs, muitos funcionários daquela

organização vieram engrossar o Quadro de recursos humanos do IF, porém sem

qualquer capacitação ou experiência na área de gestão de UCs. Aquela premissa

não se efetivou, deixando lacunas que frustraram a diretora, sem contar suas justas

reivindicações tais como uma equipe técnica mínima que pudesse trabalhar em

regime de acampamento, como os demais funcionários; retorno da arrecadação com

a cobrança de ingressos e a viabilização da elaboração do plano de manejo para a

área. Segundo a avaliação da própria diretora, sua iniciativa, experiência e presença

no PETAR são apenas moderadas.

Dentre os problemas e ameaças mais contundentes estão os

palmiteiros e caçadores, mas o maior problema verificado na unidade não são esses

ou a falta de recursos humanos para desenvolver o ecoturismo, educação ambiental

e interpretação da natureza, mas sim o fato de não haver um planejamento para o

uso público, e muito menos um programa estruturado que contemple a demanda

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existente e potencial, como as oportunidades para a prática de esportes radicais que

não são explorados nem de forma incipiente. Há que se planejar novas trilhas e

novos roteiros alternativos para o público, implementar o monitoramento sistemático,

atualmente só realizado no Núcleo Santana, e a normatização de todos os usos

efetuados na unidade. A elaboração de um plano de manejo moderno e com ampla

participação da comunidade implicada na gestão trarão novas oportunidades e

soluções para os diversos problemas do PETAR.

Concluindo, o parque recebeu 61,48 pontos e sua gestão possui um

Padrão de Qualidade Mediado, apesar da grande visibilidade que lhe proporciona

suas belezas naturais e o uso público que lá ocorre.

As palvaras da sua Diretora à época:

“Se gastamos tanto tempo para correr atrás de recursos financeiros,

não há como implementar o uso público, a pesquisa e outros programas,

principalmente quando não há uma equipe multidisciplinar disponível”.

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4.6.14 Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus

Diretor: Suely Ferreira Lino Pontalti, Bacharel em Turismo, Analista Administrativo daFundação FlorestalTempo na UC: Desde setembro de 1996

Esta é a unidade mais setentrional do Estado de São Paulo, com

seus 2.069,06ha incrustados em um sitio que lhe empresta o apropriado nome, uma

paisagem única e que encerra a maior queda d’água do Estado, com quase 130

metros de altura (Figura 27). A vegetação é de cerrado em adiantado estágio de

regeneração haja vista os grandes incêndios florestais do passado. Em 1994

ocorreu o último grande incêndio, que assolou a unidade durante vários dias e

arrasou 70% de sua área.

Figura 27. Cascata Grande no Parque Estadual Furnas do Bom Jesus.

Frente a esta constante ameaça, adotou-se como prática para o

manejo do ecossistema a utilização de gado vacum para rebaixar continuamente a

gramínea predominante, Brachiaria spp, reduzindo com isto a disponibilidade de

material combustível e a competição desta espécie com as espécies de interesse no

ecossistema. Atualmente existem aproximadamente 200 cabeças de gado do

Estado, alocados em sítios específicos e manejados segundo as necessidades e

possibilidades da área, uma prática defendida pela equipe em razão de conhecerem

seus reais benefícios (Figura 28). Além disso, nos últimos anos envidou-se

considerável esforço para conquistar o apoio da Prefeitura Municipal visando a

construção e manutenção de aceiros, que hoje são efetivos e cumprem seu papel.

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Em contrapartida, ocorre pressão dos vizinhos pelo uso do Parque

como pastagem para seus rebanhos, um assédio desinteligente que obrigou a

direção a cercar o perímetro da unidade, faltando hoje apenas 5km de extensão e

um trabalho para maior reconhecimento e envolvimento por parte dos vizinhos.

Estes trabalhos serão muito importantes para a unidade haja vista que alguns

riachos que se interiorizam no Parque nascem muito próximos à cidade, acarretando

o inicio de certa poluição hídrica interna.

A unidade conta com 12 funcionários que desenvolvem todas as

atividades do Parque. A sede é simples e composta de antigos prédios; bem

estruturada e organizada, possui uma pequena hospedaria, muito digna e asseada,

retrato do esforço conjunto da direção e funcionários para fazerem que a UC brilhe e

se desenvolva frente às demandas ecoturísticas da região. Os veículos são antigos,

mas bem mantidos e se encontram milagrosamente funcionando.

Figura 28. Aspectos do relevo das Furnas do Bom Jesus e biomassa combustível oriunda dagramínea do gênero brachiaria.

Também possui um Plano Conceitual de Manejo, excessivamente

megalomaníaco pois projetou para a área nada menos que 18 áreas de

desenvolvimento e a necessidade de quase duas centenas de funcionários. A atual

direção vislumbra a possibilidade de implantar apenas quatro (Cascata Grande e

Chapadão em parceria com a Prefeitura, Sede e Sucupira.

Conforme a própria diretora da UC, falta-lhe perfil e capacitação

adequada para ocupar tal cargo, entretanto sobra-lhe experiência no trato dos

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assuntos administrativos e burocráticos do Estado, o que possibilita obter certas

conquistas nos tramites de processos e a consecução de recursos. Um exemplo é a

aquisição recente de um eficiente sistema de comunicação interna via orçamento do

IF, que possibilita acima de tudo segurança à fiscalização nas furnas. Se faltam

conhecimentos técnico-científicos sobre a dinâmica do ecossistema e todo o

arcabouço já delineado sobre parques e reservas equivalentes, sobram iniciativa e

vigor administrativo, o que é um ponto positivo e forte para a unidade.

Em razão da falta de pessoal há muita dificuldade para controlar

usos indevidos e vandalismos ao bem público, aspecto observado no sítio

denominado Núcleo Chapadão. Para minimizar tais ocorrências propõe-se implantar

efetivamente o núcleo em parceria com a Prefeitura Municipal de Pedregulho e a

administradora da ferrovia. A proposta é reativar o trenzinho, cujo trajeto inicia-se em

Pedregulho com destino a Rifaina, cidade-balneário às margens do rio Grande,

passando pelos pontos turísticos que inclui o Parque. Tal iniciativa, ainda que em

fase embrionária, faz parte de uma estratégia mais ampla para viabilizar o

ecoturismo como alternativa econômica e social para a região, mostrando mais uma

vez como as áreas protegidas podem trazer benefícios para os lugares e suas

populações.

A gestão da unidade alcançou 54,84 pontos e foi classificada como

de Padrão de Qualidade Inferior, requerendo poucos investimentos para galgar à

classe superior.

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4.6.15 Estação Ecológica de Jataí

Diretor: Antonio Carlos Scatena Zanatto. Agrônomo, Pesquisador Científico. InstitutoFlorestal.Tempo na UC: 23 anos

A Estação Ecológica de Jataí funciona com a mesma infra-estrutura

e base operacional da Estação Experimental de Luiz Antônio, sob um enfoque de

gestão integrada tal como ocorre nas UCs de Itirapina, Assis, Manduri e outras

unidades que tiveram transformadas partes de sua superfície em Estações

Ecológicas. Por este motivo, o manejo da floresta plantada em Luiz Antônio prioriza

a regeneração do sub-bosque natural, inclusive já existem exemplos de talhões que

foram cortados nos quais a regeneração e sucessão se processaram vigorosamente.

A infra-estrutura esta bem adequada, possuindo escritório

administrativo, várias residências para funcionários, hospedaria e centro de

visitantes adequados às demandas atuais. Os veículos e máquinas são muito

antigos, alguns já em estado adiantado de sucateamento, muito embora haja

evidência da administração empenhar-se na manutenção básica da frota. Na sede

há ainda uma das três unidades industriais do IF, uma usina de tratamento de

madeira e uma razoável serraria, equipamentos que se encontram funcionando em

apenas 10% da sua capacidade.

A unidade é constituída por uma diversidade de ecossistemas que

englobam desde o cerradão até a vegetação característica de solos hidromórficos,

além de sistemas lacustres (Figura 29), resultando num laboratório vivo amplamente

explorado pela UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) desde 1986. Em

1993 estabeleceu-se um termo de cooperação científica que perdura até o presente.

Desde então a burocratização envolvida nesta parceria cresceu muito e com a Lei

que restringe a assinatura dos convênios ao governador, a regularização desta

cooperação entre a Universidade e a Estação Ecológica de Jataí ficou prejudicada.

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Figura 29. Ambiente lacustre da Estação Ecológica de Jataí, com abundante avifaunacaracterística.

Devido a vocação da área para a pesquisa a atividade vem

crescendo, inclusive ampliando sua interação com outras universidades como a

UNICAMP, a USP (São Carlos, São Paulo, Ribeirão Preto e Piracicaba). Atualmente

a Unidade conta com 51 projetos de pesquisa: 32 do IF; 01 do IB; 13 da UFSCAR;

03 da USP e 02 UNESP. Possui e mantém ainda o que é considerado áreas de

apoio á pesquisa: 03 pomares de sementes; 02 bancos clonais; 12 populações

bases; 04 testes de procedência; 02 teste de origens. É a unidade com maior

quantidade de atividades do então Programa de Melhoramento Genético Florestal

do IF.

Para facilitar o controle e fiscalização, todos os pesquisadores

atuando na unidade possuem identificação emitida pela direção. Segundo a direção,

ainda que causem algum transtorno administrativo eles são essenciais para

desenvolver os conhecimentos sobre a unidade e sua simples presença auxilia na

fiscalização e proteção da área.

Várias são as teses acadêmicas na área de Educação Ambiental,

florística, fitossociologia, botânica, planejamento, fauna ameaçada de extinção, etc.

Uma das principais é uma tese de doutoramento da UFSCAR que aborda o

planejamento da unidade, porém considerando a possibilidade de unir as Estações

Ecológica e Experimental em uma só, dentro da categoria Parque. Essa proposta

vem ao encontro do manejo dos recursos, e em prol da conservação da

biodiversidade. Apresentada primeiramente ao Instituto Florestal, pretende-se a

criação do Parque Estadual de Jataí resultante da recategorização dos 4532,18ha

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da Estação Ecológica do Jataí mais a área contígua de 6.267,73ha que constituem a

Estação Experimental de Luiz Antônio. A proposta alberga ainda a pretensão de

formar um corredor que estabeleça conexão com a gleba Pé-de-Gigante, integrante

do Parque Estadual de Vassununga, que dista cerca de 5km da EEcJ.

Algumas atividades no entorno da Estação Ecológica de Jataí são

demasiado impactantes, como é o caso de portos de areia no rio Mogi-Guaçu, nos

limites da UC, que tem provocado danos às margens do rio e aumentando o

assoreamento local. Neste sentido a direção, juntamente com técnicos da UFSCAR,

instruíram o DEPRN para a não emitir licenças para esta prática no local.

Outro problema sério é a poluição do Rio Mogi, que ocasionalmente

provoca mortandade de peixes com reflexos diretos sobre a biota da Estação. Se por

um lado a Estação Ecológica está rodeada de grandes empresas e latifúndios que

geram uma arrecadação mensal municipal em torno de R$ 1.800.000,00 (um milhão

me oitocentos mil reais), montante expressivo para um município com menos de 10

mil habitantes, por outro suas atividades são impactantes para a unidade. Na

tentativa de minimizar os problemas, licenciamentos para ampliação das atividades

dessas empresas, num raio de 10km, tem sido negados para certas atividades em

conformidade à Resolução CONAMA nº13/90.

A involução do quadro de funcionários é marcante:

Ano Número de funcionários1975 1131980 851985 661990 581995 451999 232001 22

Com esta realidade e sem a participação das universidades seria

impossível o desenvolvimento das atividades de uso público e de pesquisa, incluindo

um trabalho inovador na área de educação ambiental, que utilizando uma

abordagem metodológica especifica se propõe à capacitação dos professores de

todas as disciplinas da rede pública de ensino fundamental do entorno. Este trabalho

é levado a diante por pessoal ligado à Universidade.

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Para balancear a falta de funcionários, um fato que facilita a

fiscalização é a UC possuir um único acesso para entrada de veículos, embora

caçadores e pescadores acessem a periferia da Estação Ecológica por outros

caminhos. A pesca parece ser muito tradicional, haja vista um dos lagos ser muito

assediado pelos infratores. A fiscalização é feita usando-se motos nas estradas

perimetrais e internas, porém não foi possível perceber um sistema eficiente e/ou

sistemático.

Há um sistema de trilhas aproveitando as estradas internas da

Unidade, cujo uso se dá somente de maneira monitorada. Pode ser um contra-censo

existir trilhas e alguns usos recreativos nesta categoria de manejo, mas na verdade a

unidade está sendo manejada como Parque e não como Estação Ecológica

(Figura 30).

Figura 30. "Deck" de observação em uma trilha da Estação Ecológica de Jataí.

Segundo relatos do pessoal da CESP e informações do Diretor da

UC, a reintrodução e/ou relocação dos cervos do pantanal capturados nas margens

do rio Paraná por ocasião da construção das UHE obtiveram excelentes resultados

na Estação Ecológica de Jataí, fato não verificado em outras localidades, o que

reforça a vocação da área para a conservação da biodiversidade.

A unidade alcançou 71,92 pontos e sua gestão classificada como de

Padrão de Qualidade Elevado.

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4.6.16 Parque Estadual Vassununga

Diretor: Everton José Ribeiro. Engenheiro. Instituto Florestal.Tempo na UC: desde 1996

O Parque Estadual de Vassununga está munido de adequada infra-

estrutura para o desenvolvimento das atividades do Programa de Uso Público. Conta

com moderno Centro de Visitantes que detém salas para recepção, exposições,

auditório e escritório para administração, além de sanitários. Os recintos encontram-

se devidamente equipados para o bom funcionamento e a recepção dos visitantes.

Essa obra, assim como a rede elétrica e o celular rural, foram adquiridos com verba

do rodízio, onde a arrecadação foi em parte destinada a implantação de UCs,

contempladas com o programa.

A única limitante é a falta de funcionários, que resume-se em três,

sendo um o Diretor, e os outros dois vigias, estes em desvio de função pois os

mesmos realizam atividades de guardas-parque sem ser. Essa deficiência deve ser

minimizada pelo menos em parte, com a promessa de contratação de recursos

humanos, pela Prefeitura Municipal de Santa Rita, o qual será destinado a trabalhar

no Parque. Enquanto isso não ocorre, é o pessoal da Estação Experimental de

Santa Rita que acaba responsabilizado pelas atividades do Parque.

A recém inaugurada, trilha auto-guiada denominada dos

"Jequitibás", conta com uma bom trabalho interpretativo através de placas e painéis

e equipamentos que facilitam a visita como deck de observação, guaritas, sanitários

e lixeiras que permitem ao visitante percorrer a trilha sem monitoramento e no

entanto usufruir ao máximo dos seus recursos naturais, recebendo ainda

informações relevante sobre aquele ecossistema, como suas características, suas

peculiaridades e as suas aparentes idiossincrasias. O destaque da trilha é o

imperioso jequitibá-rosa, com mais de três metros de diâmetro (Figura 31).

Tanto o centro de visitantes (CV) como a Trilha dos Jequitibás,

foram concebidos graças ao esforço que a direção empreendeu junto ao IF, FF,

Prefeitura de Santa Rita, Usina Santa Rita, Autovias e Codasp, demonstrando a

inserção local do Diretor e Chefe de Seção no destaque da importância da UC para

a região. O CV foi construído graças a verbas obtidas do Programa Rodízio, o que

indica iniciativa para a obtenção de recursos alternativos.

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A unidade é formada por 5 glebas a saber: Capetinga Leste,

Capetinga Oeste, Maravilha, Praxedes e Pé-de-Gigante. Com exceção da gleba Pé-

de-Gigante as demais são cobertas por vegetação típica da Floresta Latifoliada

Tropical Semi-Decídua. Oficialmente toda a unidade possui 1732,14ha conforme

decreto de criação, mas de acordo com medições mais recentes a área exata é

2045,06ha, sendo que a gleba pé-de-gigante sozinha é maior que a soma das

demais. Apesar dessa fragmentação possui a mais bela população, os maiores e

mais vistosos exemplares de Jequitibá Rosa - Cariniana legalis (Martius Kuntze)

além do cachorro do mato vinagre - Speothos venaticus (Lund) considerado

criticamente em perigo.

Figura 31. Jequitibá-rosa, Cariniana legalis (Martius Kuntze), com mais de três metros dediâmetro na trilha homônima.

Essas glebas são pequenos fragmentos de vegetação nativa, cujo

entorno é constituído basicamente de plantações de cana e laranja, com utilização

de agrotóxicos potencialmente agressivos à biota. Outra ameaça potencial é a

rodovia Washington Luis, haja vista a possibilidade de ocorrerem acidentes que

possam atingir os recursos protegidos, fato que impõe à administração trazer água

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potável da Estação Experimental de Santa Rita, que dista cerca de 10Km e também

é administrada pelo mesmo técnico.

Há uma considerável pressão da população para abertura dessas

glebas à visitação pública, como é o caso das glebas Capetinga Leste e Oeste, nas

quais ocorreram a implantação de toda infra-estrutura para atender a visitação

pública. Embora atender o público e proporcionar recreação, lazer e interpretação da

natureza esteja entre os objetivos de manejo de um Parque Estadual não se deve

olvidar, como sabiamente coloca o Diretor do Parque, que não se pode super

valorizar o programa de uso público em detrimento de problemas gravíssimos ao

qual esta submetida essa Unidade de Conservação, como o isolamento das glebas,

o efeito de borda e a proliferação desordenada de cipós no interior das matas. Ao

gestor dessa Unidade, resta a premissa de resgate da integridade ecológica dessas

glebas, com o pesar de que se isto não for considerado estes fragmentos se

desintegrarão e deixarão de existir como representantes dos remanescentes de

ecossistemas do Estado de São Paulo. É um desafio que deve ser encarado com

seriedade pelo IF e pelo Estado .

Esse Parque tem sua questão fundiária bastante confusa pois,

segundo seu Diretor, o Estado pagou duas vezes pelas mesmas glebas,

excetuando-se a gleba Pé-de-Gigante, e não detém a sua posse, ainda hoje nas

mãos da Usina Santa Rita. O caso é objeto de estudos da A.E.P. (Assessoria de

Estudos Patrimoniais) do Instituto Florestal e com destino à Procuradoria Geral do

Estado. Já a gleba Pé-de-Gigante é objeto de demanda com a USP, que entende ter

sido este fragmento desapropriado no passado para sua administração e o

desenvolvimento de projetos de pesquisas; entretanto nunca a USP assumiu

efetivamente a área, que está sob a guarda e manejo do Instituto Florestal desde a

sua incorporação ao Parque em 1981, questões conflitivas que estão sendo

contornadas e esclarecidas pela direção local.

Funcionários relataram que há uma certa barreira de comunicação

entre eles e a direção, fundamentalmente em razão da linguagem usada, que

dificulta o entendimento entre as partes. Mas provavelmente este problema exista

em função da total falta de recursos humanos, materiais e financeiros que mantém o

Diretor em constante embate por meios, muito comum em tais circunstâncias. Ou o

“desapoio” ao campo, como já relatado mais atrás.

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Há evidências de parcerias com a Usina Santa Rita, que doa cerca

de 80 litros de álcool semanalmente e auxílios na vigilância de possíveis incêndios; a

empresa que administra a rodovia Washington Luiz, a Autovias, auxilia na

construção de aceiros e recentemente a Codasp, que foi empreitada pelo IF para

construir e melhorar as estradas da unidade, doou algum tempo excedente de horas

máquinas para a implantação da Trilha do Jequitibá e o Centro de Visitantes.

Frente aos vários problemas enfrentados pela direção da unidade, a

gestão obteve 44,71 pontos e a gestão como de Padrão de Qualidade Inferior.

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4.6.17 Parque Estadual de Porto Ferreira

Diretor: Marlene Tabanez. Psicóloga Pesquisadora Científica. Instituto Florestal.Tempo na UC: Desde 1998

O Parque Estadual de Porto Ferreira é uma área de 611,55ha,

abriga remanescente de Floresta Latifoliada Tropical Semi-Decídua, cujo entorno,

como no PE Vassununga, é tomado por plantios de cana e laranja com elevada

utilização de agrotóxicos. Em razão de seu diminuto tamanho, a forma e a

insularidade a que está sujeito, o fragmento que compõe o Parque caracteriza-se

por elevado efeito de borda, nas quais vicejam abundantemente cipós e taquaras,

espécies típicas de ambientes antropizados.

O interior da unidade também apresenta tais características, sendo

encontrado na floresta manchas de vegetação nas quais imperam e se dispersam as

taquaras, que por serem tão agressivas necessitam serem destocadas. Mas apesar

de ser urgente esta tarefa não foi executada e não é prioridade em razão de não

haver recursos disponíveis para este fim. Estes fatores, relacionados à ecologia

local, acabaram por impossibilitar iniciativas visando a implantação de trilhas

interpretativas na mata, entretanto estes somados à falta de informações sobre a

área fizeram com que a direção optasse por uma programação baseada nos

caminhos existentes conformados por antigas estradas e aceiros.

Até há cerca de 4 anos atrás a UC não estava aberta à população e

tampouco recebia visitação. Atualmente há uma grande procura e as visitas são

agendadas para somente às terças e quintas-feiras em razão da indisponibilidade de

pessoal (Figura 32), o que também facilita o manejo dos visitantes e os possíveis

impactos deste uso sobre os recursos protegidos. O uso das trilhas se dá sempre

monitorado. O sistema de trilhas aproveita as estradas internas do Parque e são

muito accessíveis; não são auto-guiadas e nem possuem placas interpretativas, mas

inicia-se um trabalho neste sentido. A trilha das Arvores Gigantes, por exemplo, é

fantástica e realmente possui grandes e belos exemplares de jequitibás, paineiras,

peroba-rosa, entre outras. A UC poderia estar recebendo muito mais comodamente

seus usuários se a construção do Centro de Visitantes iniciada em 1994 não fosse

abandonada no passado. Atualmente e em face da repercussão positiva da

inauguração do atual Centro de Visitantes (CV) e Trilha do Jequitibá no PE

Vassununga e a pressão da comunidade de Porto Ferreira, a direção tenta motivar

os dirigentes do IF a investirem nesta obra.

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Figura 32. Uso público no Parque Estadual de Porto Ferreira.

As obras do CV foram retomadas, mas os materiais em uso foram

obtidos através da iniciativa da equipe de elaborar um ‘dossie’ sobre o Parque e

pleitear junto à comunidade os materiais necessários para termino da obra. Isso já

resultou na arrecadação de todo o cimento necessário (oriundo da comutação de

penas criminais pela Promotoria Pública), o piso externo foi cedido por uma

cerâmica da região e a Prefeitura Municipal, entre outras benfeitorias, construiu e

instalou um poço semi-artesiano para o edifício. Nesta mesma linha obtêm-se auxilio

das empresas Centro Vias e da Usina Santa Rita, que respectivamente mantêm o

aceiro externo do Parque nos limites com a rodovia e a doação de uma cota de

álcool periódica.

A área não possui plano de manejo e carece dos estudos e

levantamentos básicos que dêem suporte às atividades rotineiras de planejamento

operacional. Para sanar esta lacuna, a direção obteve financiamento do Fundo

Nacional para o Meio Ambiente (FNMA) visando a elaboração do Plano de Manejo

da Unidade, porém há quase um ano o processo está paralisado em decorrência de

entraves burocráticos por parte de instâncias da SMA, que não providenciam a

documentação solicitada pelo órgão doador.

A sede da UC localiza-se às margens de uma rodovia e constitui-se

de escritório administrativo, almoxarifado, garagens e a antiga casa do Diretor, que

foi adaptada como Centro de Visitantes. Sua localização e a falta de segurança

facilitou a ocorrência de um grande assalto à mão armada em 04 de janeiro de 2001,

quando então os 12 residentes da sede, funcionários e familiares, foram detidos e

mantidos como reféns por uma noite inteira. Há um ressentimento por parte de

alguns funcionários, pois os mesmos julgam não terem recebido o devido apoio das

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instâncias superiores da Sede Central, principalmente moral. Por ocasião deste

grave incidente todos os funcionários que residiam na sede abandonaram suas

residências e foram para a cidade, o que também aumentou a despesa da UC com

transporte de pessoal diário.

O pessoal constitui-se em 12 funcionários, sendo que três são

técnicos de nível superior, incluindo a Diretora que possui especialização em

educação Ambiental. Fato curioso a UC não contar nem com Vigias e nem

Trabalhadores Braçais, pois todos os funcionários enquadram-se nas carreiras de

pesquisa, aspecto que provoca a resistência de alguns funcionários que relutam em

realizar certas tarefas. Assim, as atividades dos poucos funcionários são definidas

por setores (pesquisa, uso público, administração e manutenção) segundo

organograma previamente definido, e planejadas de acordo com as demandas e as

programações projetadas, levando as tarefas a serem executadas usando-se o

artifício do mutirão. Apesar de não haver vigias ou guardas-parque há evidências de

caça, que se coíbe pelo esforço de um ou outro funcionário.

O Quadro de recursos humanos existente e a falta do Centro de

Visitantes adequado não permitem a abertura da área à visitação pública, nos finais

de semanas e feriados, o que segundo a chefia causa alguns problemas e

constrangimento com o público. Há um entendimento pela administração do Parque,

que é inadmissível a essa categoria de manejo ficar fechada para a comunidade.

Portanto é o desafio mais premente a ser enfrentado juntamente com a viabilização

dos estudos necessários à elaboração do Plano de Manejo.

Os experimentos de pesquisadores do Instituto Florestal tem sido

mantidos pelo trabalho na forma de mutirão, assim como a unidade presta apoio

logístico aos projetos implantados por pesquisadores externos, em áreas do

conhecimento como fauna e dendometria. As pesquisas em parceria com outras

Instituições está só começando mas promete benefícios para ambos os lados.

Não foi possível verificar as condições da frota de veículos e

máquinas, mas tomou-se ciência que a manutenção é bastante comprometida e falta

combustível para todas as atividades essenciais.

A UC recebeu 49,86 pontos e sua gestão classificada como

possuidora de um Padrão de Qualidade Inferior.

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4.6.18 Parque Estadual do Juquery

Diretor: Lucy Schaeffer, Executiva Pública, IFTempo na UC: Desde 1998

O Parque contém os últimos remanescentes de Cerrado e Campo

Cerrado da região metropolitana, rica em mananciais hídricos que integram o

Sistema Cantareira de abastecimento de água e responsável por 56% do

abastecimento de água da região metropolitana da cidade de São Paulo. Possui

situação fundiária totalmente regularizada e a sede ocupa um complexo de prédios

antigos que no passado abrigou um famoso sanatório.

Até muito recentemente os prédios estavam completamente

abandonados e o matagal crescia por toda a parte, encobrindo e danificando o que

se pode considerar um acervo histórico. Após a designação de uma Diretora de

tempo integral para a unidade as coisas começaram a mudar e hoje pelo menos 2

dos 5 prédios principais foram restaurados, abrigando o escritório administrativo,

almoxarifado, sala de reuniões, etc. As referidas reformas dos prédios, bem como os

equipamentos e facilidades existentes, foram possíveis graças à compensação

financeira promovida em decorrência da duplicação da Rodovia Fernão Dias em

áreas do PE Cantareira.

Em termos de pessoal, conta com 12 funcionários da Secretaria da

Saúde, lotados no Hospital Juquery, e cerca de 35 trabalhadores da Frente de

Trabalho, estes últimos já a um ano. Ou seja, o pessoal que trabalha na UC,

excetuando a Diretora, não possuem nenhuma tradição nas atividades relacionadas

a um Parque, desconhecendo quase que totalmente os afazeres de um Parque;

some-se a isto que nunca se sabe se o pessoal disponibilizado pela Frente de

Trabalho irá ou não permanecer no serviço. Ou seja, a unidade não possui uma

dotação própria de RH. A propósito, em 1999 a administração contou com 75

trabalhadores da Frete de Trabalho, quando implementou-se a restauração dos

prédios e jardins da atual sede.

Apesar de possuir dois pequenos caminhões, dois jeeps e duas

motos apenas um único veículo encontra-se funcionando em decorrência da não

aprovação dos orçamentos solicitados ou o desestimulo promovido pela demora dos

tramites processuais orçamentários. A verba para a aquisição de combustíveis é

irrisória, não mais que R$250,00/mês, para um Parque com 2000ha inserido nos

municípios de Franco da Rocha, Mairiporã e Caieiras, com um entorno totalmente

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urbano que abriga cerca de 400.000 habitantes. Em relação à questão financeira a

Diretora informa que há a necessidade de muito corpo-a-corpo e desgaste pessoal e

profissional para a obtenção de pouco retorno institucional, alertando ainda que a

direção personalizada impera na atualidade pois se não houverem amigos seus nas

instâncias superiores de decisão a unidade não executa as metas delineadas.

Em parceria com organizações locais, a administração da área

conseguiu aprovar no ano de 2000 um projeto no FEHIDRO no valor de

R$209.000,00, entretanto o sistema administrativo do IF não conseguiu agilizar

algumas licitações indispensáveis à solução do Projeto, e por este motivo sua

execução está momentaneamente paralisada.

Os usos atuais dados a unidade abarcam as seguintes atividades:

aeromodelismo, inclusive com uma pequena pista para a atividade, ciclismo e

moutain-bike, futebol e caminhadas ao ar livre aproveitando o imenso sistema de

caminhos internos, uma herança do antigo Hospital Juquery. Ocasionalmente ocorre

a recepção a grupos escolares. Alguns técnicos julgam a atividade de

aeromodelismo imprópria, entretanto ela está circunscrita a uma área muito bem

definida, onde em primeira instância não causam quaisquer impactos à biota. Muito

embora hajam os usos citados a UC não conta com pessoal treinado para manejar

adequadamente tais usos, o que vez por outra ocasiona comportamentos

inadequados à preservação do Parque.

Antes de haver uma mínima equipe e uma diretoria legitima ocorriam

os mais diversos usos incompatíveis com categoria Parque tais como: pista de

pouso para pequenos aviões, que foi interditada fisicamente em 1999; coleta

sistemática de recursos do cerrado, despejo de lixo em locais específicos, desova de

cadáveres, cultos religiosos, motocross e trilheiros, caça e pesca entre outros. Ainda

hoje pode-se observar os danos causados pelos trilheiros, que deixaram grandes

cicatrizes e voçorocas por onde passavam rotineira e livremente (Figura 33). Para

coibir tais usos, principalmente dos mais impactantes (trilheiros), foi necessário um

trabalho de corpo-a-corpo aos sábados e domingos e uma boa inter-relação com

organismos de atuação local, tais como a Policia Florestal e o 26o Batalhão da

Policia Militar.

Estes usos indevidos foram agentes de grandes e constantes

incêndios que impediram uma melhor regeneração dos cerrados nas áreas que o

então Hospital Juquery destinava às culturas agrícolas; eucaliptais no interior e

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periferia da unidade são resquícios desse tempo, mas essas espécies exóticas não

são disseminadas como em outras regiões do Estado, a exemplo da Estação

Ecológica de Itirapina, talvez em decorrência das condições ambientais reinantes no

lugar. Assim, estes elementos exógenos são relegados à própria sorte, vez que em

sub-bosque vem ocorrendo agressiva regeneração e sucessão da vegetação nativa.

Figura 33. A Diretora do Parque Estadual Juquery mostrando a vegetação da unidade e aserosões provocadas por antigos praticantes de motocross.

Uma das maiores ameaças aos recursos protegidos no PEJ, senão

a maior, ainda é a ocorrência de incêndios nas épocas secas. Apesar de haver uma

Escola de Bombeiros contígua à área e próxima da sede estes quase nunca

auxiliam no combate ou prevenção de incêndios. Outro grave problema é a

existência de uma unidade da FEBEM muito próxima à sede e na qual, em diversas

ocasiões, ocorreram rebeliões bastante violentas que alteram totalmente a rotina de

trabalho do parque. O medo é uma constante entre os residentes das proximidades

e da sede do Parque. Entretanto, a direção da unidade ressalta que provavelmente a

falta de apoio sistemático e eficaz por parte da Instituição, cujos técnicos e direção

quase nunca se mostram presentes, talvez seja o maior problema e ameaça à

unidade.

Poucas são as pesquisas em desenvolvimento, ainda que a área

seja tão próxima de São Paulo. Em contrapartida recentemente iniciou-se um

processo de planejamento participativo levado a cabo por uma equipe interdisciplinar

do IF, já ocorrendo as primeiras reuniões com componentes da comunidade do

entorno.

A UC obteve 39,25 pontos e sua gestão classificada como de

Padrão Muito Inferior.

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4.6.19 Parque Estadual do Jurupará

Diretor: Sueli Herculiani. Pedagoga. Fundação Florestal.Tempo na UC: desde de 1997 como Diretora, mas trabalha na unidade desde 1992.

A unidade dista a uns 70km da cidade de São Paulo, indo pela

BR-116, percorre-se cerca de 20km, por estrada vicinal cascalhada. Apesar de bem

conservada pela Companhia Brasileira de Alumínio, a estrada de terra incomoda em

razão das pedras de grande diâmetro utilizadas em seu piso.

A unidade não possui visitação pública e ainda é desconhecida da

população, apesar de encerrar belas paisagens e uma exuberante floresta tropical

em bom estado de conservação. Atualmente esse patrimônio é explorado através de

dez (10) projetos de pesquisas, em desenvolvimento na Unidade. Mediante ações

de danos ambientais a diretora obtém alguns benefícios para o Parque, como o

viveiro de mudas e a aquisição de insumos para funcionamento do mesmo

resultante de uma ação reparadora. Outro exemplo é a aquisição de um trator, uma

camionete traçada e um veículo sedam, este último subtraído da unidade pela

direção central do IF, obtidos também por compensações ambientais que tem como

beneficiário o Parque.

Estas práticas, de inserir o Parque como beneficiário nos laudos

ambientais, bem como as tratativas para sua regularização fundiária, demonstram

iniciativa da direção da unidade, cuja maior deficiência está no fato da mesma não

residir na unidade ou próximo dela. Apesar disso a efetiva implantação da área

tropeça na instabilidade política do Instituto Florestal.

Os recursos humanos do Parque constituem-se em 10 funcionários,

efetivos do Estado, admitidos através de concurso público em 1994. Os funcionários

detêm grande conhecimento da região e desenvolvem atividades que se restringem

a fiscalizar e manter o patrimônio de uma área com 26.250,47 ha. Dos 10

funcionários, 06 são nativos e residentes no interior do Parque, em suas terras ainda

não indenizadas.

O conceito de Parque não é bem compreendido pelos funcionários,

o que é perfeitamente compreensível tendo em vista o histórico gerencial. Segundo

a diretora, a gestão da área iniciou-se com a sua criação em 1992, quando então

havia 22 funcionários; esses funcionários foram submetidos a um processo de

avaliação inadequado, seguido da falta de treinamento após assunção dos cargos.

Tais acontecimentos, aliados às precárias condições de trabalho, à ausência de um

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diretor em tempo integral no local e a intervenção desfavorável da Divisão de

Reservas e Parques Estaduais exonerando funcionários à revelia da administração,

foram as causas da desmotivação e esfacelamento da equipe atual.

O Parque criado em 1992, conforme citado, era desde 1978 Reserva

Estadual do 20 Perímetro de São Roque. Desde sua criação tiveram início as ações

de desapropriação, que continuam acontecendo ainda hoje, sendo este um dos

maiores desafios para gestão da área, a qual encontra-se como uma colcha de

retalhos. Excluindo-se as 35 famílias ‘nativas’, existem atualmente na UC cerca de

1.000 ocupações oriundas de especuladores e oportunistas residentes das cidades

que desejam uma casa no campo destinada ao lazer e ao veraneio, uma relação

com os recursos totalmente adversa daquela da população de nativos. Ainda

existiria além dessas duas categorias de ocupantes uma outra, que seria bem mais

reduzida e variável, constituída por pessoas sem qualquer vínculo com a área que

se instalam por falta de moradia e trabalho até que encontrem outra opção.

A UC é 100% de propriedade do Estado, pois é formada por terras

devolutas, no entanto somente 10% é de posse do Estado, estando os demais 90%

na mão de ocupantes. Essa situação chegou a esse ponto devido a algumas falhas

da Procuradoria Geral do Estado-PGE, que por ocasião da criação do Parque não

recolheu todos os títulos das terras, permitindo que muitas propriedades fossem

vendidas e comercializadas livremente sem qualquer tipo de impedimento.

A direção informou que tal situação só mudará com o trabalho

integrado das organizações que devem fazer o levantamento e cadastramento das

propriedades, quais sejam IF, Fundação Instituto de Terras de São Paulo-ITESP,

Procuradoria Geral do Estado e Procuradoria do Patrimônio Imobiliário do Estado.

Isto feito seria preciso destinar recursos financeiros para a indenizar os ocupantes

de "boa fé" e fazer cumprir a legislação pertinente ao assunto. Segundo os relatos, o

maior impedimento é de ordem política, pois não há diretrizes políticas efetivas para

tratar dos conflitos de terra.

O patrimônio natural dessa U.C. é de valor inestimável e a

abundância de água, bem como sua proximidade com a cidade de São Paulo,

incluíram-na no Plano de Abastecimento de Água da Cidade de São Paulo, vigente

desde de 1990 (Figura 34).

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Figura 34. Represa do França pertencente à CBA no interior do Parque Estadual Jurupará.

Apesar da potencialidade da UC estar voltado para a conservação

dos recursos naturais e da biodiversidade, desenvolvimento de pesquisas científicas,

seus atributos turísticos, a abundância dos recursos hídricos e estar localizada no

contínuo ecológico composto pela APA da Serra do Mar, PE de Carlos Botelho e a

Serra do Cafezal (PETAR, PE de Jacupiranga e o PE de Intervales), a área esteve

literalmente abandonada de 1978 à 1992, ou seja por mais de 13 anos.

A unidade está sendo inserida no PPMA (Programa de Preservação

da Mata Atlântica) a partir de 2001, mas hoje a direção da unidade encontra muita

dificuldade para resgatar e conseguir a liberação dos recursos depositados no

Fundo Especial de Despesa oriundos dos diversos laudos de danos ambientais que

propõem o Parque como beneficiário de compensações por crimes ambientais.

A infra-estrutura do Parque constitui-se de uma pequena base

operacional, um barracão/almoxarifado e uma residência para funcionário. Não há

luz elétrica, embora a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) tenha uma usina a

4,5km da sede e tenha oferecido a instalação tal facilidade para o Parque. A direção

aguarda a solução para a malha fundiária antes de empreender e aceitar tal

benefício, pois isto faria com que todas as propriedades em situações irregulares

também se beneficiassem, contribuindo para uma estruturação mais sólida desses

ocupantes.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) possui 11 barragens ao

longo do rio Jequié, que corta o parque, sendo que pelo menos três delas são

limítrofes e uma localiza-se dentro do Parque. Estas barragens e usinas

proporcionam uma certa proteção aos recursos do Parque haja vista que as mesmas

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são controladas por guaritas por onde passam somente veículos autorizados. Outro

aspecto relevante é que as usinas precisam garantir a produção de água em

quantidade, fato que empresta às matas do Parque uma importância estratégica de

longo prazo que deve ser aproveitada pela direção da UC.

Contudo, a UC obteve 41,64 da pontuação e sua gestão classificada

como de Padrão de Qualidade Inferior, no limite inferior da classe..

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4.6.20 Parque Estadual do Jaraguá

Diretor: Vladimir Arraes de Almeida, Assistente Técnico de Apoio A Pesquisa, IFTempo na UC: Desde 1998

O PEJ é uma unidade com apenas 496ha, criada em 1961, com

situação fundiária solucionada e sem invasões de seus domínios, com limites bem

definidos por capina constante, mas com todas as características e problemas de

uma unidade de conservação inserida no contexto urbano.

A sede esta ‘enfiada’ num canto da área de uso público intensivo

administrada pela Secretaria de Esportes e Turismo, na base do pico do Jaraguá,

aonde se aglomeram duas casas de funcionários, um almoxarifado improvisado e

uma casa que abriga a administração e outras atividades programáticas (uso

múltiplo), faltando então espaço físico para as ampliações que em breve poderão ser

necessárias como para um centro de visitantes, garagens, almoxarifado e escritório.

O fato de não possuir hospedaria não é problema, pois esta falta é suprida pelo

Albergue da Juventude contíguo.

Um dos problemas para a gestão da unidade é a existência das

incrustações da Secretaria de Esportes e Turismo nos dois pontos de maior

visitação, um na entrada da sede administrativa do PEJ e outro no pico do Jaraguá,

onde ficam as antenas de comunicação (Figura 35).

Figura 35. Alto do Pico do Jaraguá com seu complexo de torres de comunicação.

Com uma média de visitação de 5000 pessoas por fim de semana, o

controle é bastante dificultado por serem dois focos de atendimento ao público e o

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enfoque da SET estar voltado para o turismo de massa. As dificuldades são

potencializadas haja vista que não há um bom acerto interinstitucional entre SMA e

SET para a tarefa de fiscalizar, controlar e proteger usuários e patrimônio, o que com

certeza é uma das causas de ocorrerem tantos acidentes pessoais e danos ao

patrimônio público. Por exemplo, em ambas as áreas de visitação deveria ser

proibida a venda de bebidas alcoólicas, porém este uso tem a parcimônia da SET, o

que já resultou em acidente fatal.

Outro fato que demonstra a necessidade urgente de um melhor

arranjo interinstitucional para a gestão do PEJ é a rodovia que dá acesso ao Pico. A

mesma passa diante da área de recreação da SET e da sede do Parque, situadas

na base do Pico, mas nenhuma forma de controle de acesso ao cume é realizada

pois a estrada é administrada pelo DER. Ao longo da mesma é praxe ocorrerem

usos irregularidades e que põem em risco os recursos protegidos no Parque, sendo

possível observar enorme quantidade de lixo deixado pelos usuários, caminhos

alternativos, pichações, etc.

Como é um parque urbano as pressões para o uso público são muito

grandes. Muito embora a unidade conte com número razoável de funcionários, 33 ao

todo, ele é meramente fictício pois apenas 09 são do quadro permanente do Estado

e 24 são contratados na modalidade “serviço de terceiros”. Assim, a direção sofre a

ameaça constante de a qualquer momento ter que paralisar suas atividades, a

exemplo do que ocorreu em fins de junho/2001 quando recebeu a notícia de que os

contratos não seriam renovados, mas prorrogados por apenas mais dois meses em

razão da falta de recursos orçamentários no Instituto Florestal.

Este tipo de situação demonstra a necessidade das UCs terem um

Quadro mínimo de funcionários em regime de tempo integral, designados para a

gestão da unidade ou o seu total controle quando alguns serviços são terceirizados.

No PEJ a falta de recursos é uma situação sui generis já que a

unidade deveria estar sendo mantida com os recursos advindos do pagamento das

concessões para a operação de antenas no pico (Exército, TV Globo, TV Record,

Telesp Celular, Banco BCN-Bradesco, TV Bandeirantes). Infelizmente toda a quantia

depositada no Fundo Especial de Despesa do IF esta bloqueada pela Secretaria da

Fazenda pois não há um entendimento sobre a quem pertence o dinheiro. Em razão

da falta de empenho e negociações envolvendo as partes interessadas e o uso de

estratégias de convencimento mais agressivas, cerca de R$2.500.000,00 (Dois

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milhões e meio de reais) estão indisponíveis para a gestão do PEJ e outros gastos

institucionais, uma cifra considerável comparado ao orçamento do Instituto para

2001. Uma solução, talvez a única no atual cenário, seja o pagamento das

concessões através do fornecimento de serviços, equipamentos e outras

necessidades materiais para a gestão da unidade.

A construção do RodoAnel da cidade de São Paulo possibilitou o

ganho de 3000 metros de alambrado, a ser usado nos trechos críticos mais

urbanizados do entorno, e a aquisição de uma caminhonete cabine dupla, além da

incorporação de 8ha de mata à unidade, a serem repassados pelo DERSA.

Apesar de pequena e se localizar em um ambiente urbano muito

conturbado, no qual imperam problemas desde trafico de drogas a loteamentos

ilegais, mantém um bom vinculo com instituições de pesquisa e ensino, que

privilegiam os estudos nas áreas biológicas e uso público. Por exemplo, não há

plano de manejo ou perspectiva para sua elaboração, mas a direção da unidade

mantém um bom relacionamento com universidades da região: o Programa de Pós

Graduação da UFSCAR tem realizado um trabalho de levantamento de informações

básicas, originando o que poderia ser intitulado de Planos de Manejo Fase I e parte

da Fase II, segundo a metodologia desenvolvida pelo IBAMA (1998).

No que tange ao Programa de Uso Público, há um bom

monitoramento sobre os usuários e os usos, tarefa que detectou um elevado índice

de vandalismos aos bens públicos, essencialmente às placas de sinalização visando

a segurança do usuário. Nos finais de semana e feriados a direção conta com a

ajuda voluntária do Grupamento Voluntário de Socorristas e Resgate e do Serviço

Voluntário de Bombeiros Civis, que inclui um médico e um enfermeiro, essenciais

devido aos constantes acidentes observados em decorrência do uso indevido das

trilhas e de outros locais abertos à visitação. Muito embora possua monitores e guias

e apesar do auxilio prestado pelos grupos de voluntários estes não realizam o

controle do usuário por falta de autoridade sobre os mesmos; esta tarefa cabe a

apenas 4 vigias para controlar os cerca de 5000 visitantes semanais, o que na

realidade não é feito com a eficiência devida. Um dos problemas da visitação é que

ela se concentra em apenas duas áreas, não há um controle de portaria e nem

condições de dispersá-la.

Um aspecto muito positivo do parque é a existência do boletim

informativo De Olho no Pico e o material didático O Senhor dos Vales, que abordam

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aspectos ecológicos e eventos da unidade, iniciativa da direção e voluntários para o

saneamento de lacunas do programa de educação ambiental. Em relação a este

programa, a unidade possui um técnico de nível superior para a sua coordenação,

contando com diversas atividades dentre elas a realização de palestras nas escolas

para posterior visita ao parque.

Com tamanha visitação e com a falta de vigilância adequada alguns

sítios do Pico do Jaraguá estão submetidos à constantes queimadas e incêndios, um

problema que aflige também as concessionárias das antenas de comunicação.

Apesar dos problemas deste parque urbano os recursos orçamentários a ele

destinado são irrisórios, haja vista que em alguns momentos as atividades são

momentaneamente paralisadas pela falta de combustível. Além disso, a direção da

UC sente a falta de maior apoio da sede tão próxima.

Com todo esforço da direção e funcionários, a UC obteve 46,64 e a

sua gestão foi classificada como de Padrão de Qualidade Inferior, carecendo de

investimentos, ações e atitudes para galgar o próximo nível de qualidade.

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4.6.21 Parque Estadual da Cantareira

Diretor: Katia Mazei, Assistente de Apoio a Pesquisa. Instituto Florestal.Tempo na UC: Desde 1998

O PEC é uma das mais antigas unidades do IF e talvez a mais

visada por estar junta à sede do IF e incrustada na capital de São Paulo. Possui

cerca de 8.000ha, com situação fundiária totalmente resolvida e limites físicos bem

definidos, o que com certeza ainda garante sua permanência. É considerada por

alguns especialistas a maior floresta natural urbana do mundo (Figura 36).

Figura 36. Aspecto da vegetação do Parque Estadual da Cantareira. (Fausto Pires deCampos)

Por estar na periferia da maior cidade do país sofre todo tipo de

ameaça e problemas externos tais como loteamentos clandestinos e ilegais no

entorno, trafico de drogas, desova de cadáveres, incêndios, danos generalizados ao

meio ambiente, caça, deposição de lixo, etc., além da insularização a que foi sujeito.

Mas em razão da proximidade com a sede do IF e da sua

importância como produtora de água para a metrópole, um dos mais graves

problemas sofridos é a ingerência administrativa pela direção do Instituto Florestal e

de outros setores e escalões da Secretaria do Meio Ambiente. É interessante que

este fator é uma realidade histórica na gestão desta unidade sendo reportado por

outrens que por ali passaram, cuja freqüência e intensidade geralmente antecedem

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os momentos das eleições partidárias. Por outro lado, também a imprensa em geral

assedia a UC, o que é constatado pelas 106 reportagens realizadas de outubro de

1998 a junho de 2001.

A ampliação da rodovia Fernão Dias possibilitou a implantação

quase plena da unidade mediante a conformação de um convênio visando a

indenização pelos danos provocados pela obra. Anteriormente a unidade já havia

sido agraciada por recursos oriundos de um convênio com a empresa Furnas (1987-

1992) devido a passagem de uma linha de distribuição de energia sobre a floresta

da Cantareira, o que contribuiu para a instalação física dos Núcleos Pedra Grande,

Águas Claras e Engordador e a aquisição de equipamentos e materiais para sua

complexa gestão.

As dificuldades se fazem sentir na medida que o Estado, através do

IF, não consegue manter os serviços básicos e essenciais para uma unidade de

conservação, como por exemplo a proteção dos usuários e do patrimônio público.

Isto acontece em razão da falta de recursos orçamentários destinados à manutenção

de veículos e máquinas, ou pelo excesso de entraves burocráticos do sistema

administrativo, resultando na total ausência de veículos destinados à fiscalização

desde 30/12/1999, data solenemente registrada pela direção do parque. Há pelo

menos seis meses consecutivos a unidade não conta com qualquer tipo de

adiantamento regular oriundo do IF, a não ser o pagamento dos serviços de

terceiros.

Um aspecto que demonstra a fragilidade das políticas voltadas às

áreas naturais ou, melhor dizendo, as dificuldades impostas pelas regras

generalistas e extemporâneas dos governos é ilustrado pela impossibilidade do

Parque poder usar os recursos advindos do DER (em razão das compensações

ambientais decorrentes da ampliação da rodovia Fernão Dias) na aquisição de

veículos pois um decreto estadual coibiu todas as compras após 1997, o que foi

prorrogado até fins de 2001. Ou seja, dinheiro existe, mas não há como usá-lo.

O PEC está aberto diariamente e recebe cerca de 2.500 visitantes

por semana, divididos entre os três núcleos, mas com maior concentração no Núcleo

Pedra Grande. Neste contexto a proximidade do Parque Estadual da Capital (Alberto

Lofgren) é muito importante por se constituir numa atração alternativa para o público

que deseja uma recreação mais ativa, concentrando os impactos de uma recreação

mais popular. Há a cobrança de ingressos, mas o retorno de uma porcentagem do

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que é recolhido aos cofres do IF não acontece como preconizado pela ética e, mais

recentemente, pelo SNUC.

A unidade conta com um plano de manejo datado de 1974 que foi

revisado parcialmente em 1998 pela própria equipe do parque, mas o produto final é

tido como um exercício de reflexão interna. Não há previsão para a sua elaboração,

porém o volume de pesquisas produzidas e em andamento subsidiaram sua

confecção.

Em termos de pessoal a UC conta com 26 funcionários fixos e 10

outros contratados para serviços específicos. A partir de 2000 a unidade passou a

contar com certa quantidade de trabalhadores da Frete de Trabalho do Estado, mas

estes não “vestem a camisa” como os demais e não são permanentes no quadro de

pessoal. O ideal seria se aqueles 10 contratados fossem efetivados de alguma

maneira, pois já possuem capacitação adequada e estão inseridos nas rotinas de

trabalho implementadas. A propósito, a equipe técnica é composta pela diretora, a

coordenadora de uso público, coordenador de pesquisa e dois biólogos

responsáveis pelas atividades nos Núcleos Engordador e Águas Claras. Parece

haver uma boa relação e harmonia entre os membros da equipe conquanto há

delegação de responsabilidades com autoridade e propriedade.

Em razão da pressão exercida pela população e a carência de áreas

naturais em São Paulo o Programa de Uso Público é bem estruturado, com o pleno

controle e monitoramento dos visitantes que, segundo a direção, melhorando-se a

estabilidade do pessoal disponível poder-se-ia receber pelo menos mais 1000

visitantes semanais.

A UC recebeu 67,50 pontos e a gestão foi classificada como de

Padrão de Qualidade Mediano, requerendo poucos esforços para atingir uma

gestão com padrão elevado.

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4.6.22 Parque Estadual do Morro do Diabo

Diretor: José Victorio Candarola. Licenciatura em História. Auxiliar Agropecuário.Instituto Florestal.Tempo na UC: Desde 1999.

Localiza-se no extremo sudoeste do Estado, na região denominada

Pontal do Paranapanema, sob as coordenadas 22o 27’ a 22o 40’ de Latitude S e 52o

10’ a 52o 22’ de Longitude W. Constitui a maior amostra de Floresta Tropical

Estacional Semidecídua do Estado e uma das quatro únicas áreas de proteção com

mais de 10.000ha contendo esse tipo vegetacional do país (Figura 37). Foi criado

em 1941 como Reserva Florestal e passou a Parque em 1986 por Decreto Estadual.

Oficialmente abarca 33.845,33ha, porém esta cifra pode chegar a 35.000ha se

consideradas áreas que foram desafetadas da unidade, mas que estão em sua área

de influência imediata. É uma área muito rica em biodiversidade, abrigando uma das

duas populações de micos-leões-pretos Leontophitecus chrysopygus na natureza,

animal símbolo da unidade, e ainda diversos mamíferos, com destaque para os

felinos (onças, sussuaranas, jaguatiricas), antas, queixadas e catetos, e quase 200

espécies de aves.

Figura 37. Vista da elevação denominada Morro do Diabo e exuberante florada de Ipês-roxo.

Quando de sua criação possuía mais de 37.000ha. Juntamente com

as Reservas do Pontal do Paranapanema e Lagoa São Paulo somavam quase

300.000ha de Floresta Tropical Semidecidual, ou Mata Atlântica do Interior. Das três

reservas duas sucumbiram em favor do ‘progresso e do desenvolvimento

econômico’, sobrando somente o Morro do Diabo e alguns pequenos fragmentos da

Grande Reserva do Pontal. Seu desenho segue o exemplo da maioria as UCs de

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São Paulo, deixando de fora algumas bacias que drenam para seu interior e um

formato muito irregular que potencializa os efeitos de borda. Somente em 1965 o

então Serviço Florestal passou a administrá-lo.

Morro do Diabo sofreu seus revezes, com invasões de terras,

incêndios florestais, construção de ferrovia, construção de rodovia, o extremo

isolamento ao qual tem sido submetido (fragmentação) e por último, os impactos

causados pelo Lago de Rosana em 1986, que suprimiu 2000ha das melhores

porções de suas matas. Mas o que poderia ser mais um exemplo de descaso e

catástrofe ambiental transformou-se na redenção da totalidade do Parque. Um

convênio firmado entre a CESP e o IF, com a interveniência de grandes

conservacionistas, possibilitou a contratação de novos funcionários, aquisição de

equipamentos e a instalação de uma boa infra-estrutura, com escritório

administrativo, hospedaria, laboratório de sementes e outras instalações físicas.

Isto melhorou muito a conservação do Parque, possibilitando o

surgimento de um bom programa de proteção, atividades de educação ambiental e

interpretação da natureza e a realização de pesquisas científicas. Quem ganhou foi

a natureza do parque, que encerra uma riquíssima biodiversidade, que pode ser

exemplificada pela maior concentração de perobas-rosa Peltophorum polyneuron

que se tem noticia e uma grande variedade de plantas e fisionomias vegetais,

inclusive com incrustações de Caatinga e Cerrado. A melhoria em infraestrutura

aliada à importância dos recursos protegidos atraiu pesquisadores de várias

instituições, sendo que na atualidade o parque conta com quase 30 projetos em

andamento.

Em termos de planejamento, o PEMD possui dois instrumentos que

não podem ser considerados planos de manejo. O primeiro foi realizado em 1973

por um pesquisador norte-americano e publicado em 1975, mas baseia-se em

observações de apenas dois dias na unidade. O segundo foi realizado por uma série

de pesquisadores do Instituto Florestal em 1983 e foi feito também em curto espaço

de tempo, como resposta aos impactos que a construção de uma barragem

hidroelétrica causaria na região.

Passados quase 20 anos do inicio do convênio IF/CESP seus

equipamentos encontram-se desgastados pelo tempo e pelo uso intenso e contínuo;

dos 50 funcionários possui hoje apenas 38, sendo que muitos estão em fase de

aposentadoria ou muito idosos para a lida que a conservação requer, sendo

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necessário, num futuro breve, a contratação de novos trabalhadores. O orçamento

do parque diminui muito nos últimos anos, impossibilitando manter o mesmo nível de

eficácia alcançado até 1992. Para ilustrar essa situação pode-se comparar o

orçamento do PEMD ao do PE Intervales, considerado um Parque modelo e

gerenciado pela Fundação Florestal, mas com um orçamento admirável que todo

diretor de UC desejaria ter a disposição (Quadro 57).

Quadro 57. Comparação entre os orçamentos do PEMD e PE Intervales.ANO

Área 1997 1998 1999 2000PEMD* 34.000ha 186.904,15 276.312,83 310.358,02 311.793,25PEI** 41.705ha 1.489.900,00 1.540.000,00 1.540.000,00 1.318.600,00Fonte: * Administração do PEMD ** CAMPOS, 2001

As dificuldades residem na falta de manutenção preventiva dos

imóveis, em sua maioria de madeira pré-fabricada. Os veículos, máquinas e

equipamentos encontram-se obsoletos e com falta de manutenção adequada, o que

inviabiliza uma rotina mais consistente de fiscalização. Situada em uma região cuja

seca é muito pronunciada, a UC precisa de aceiros corta-fogo para prevenir

incêndios florestais. São quase 200Km que anualmente precisam ser mantidos, mas

vias de regra são efetuados somente os trechos mais prioritários, como na rodovia

que o corta ao meio.

Um grave problema enfrentado pelo parque é a instabilidade dos

últimos diretores que lá passaram, que não ficaram por muito tempo e não

empreenderam alguma personalidade à gestão. Também a falta de pessoal técnico

local para desenvolver os programas de uso público e pesquisa, principalmente em

função da demanda destas duas atividades observada nos últimos anos, e a falta de

um plano de manejo moderno. Estes são problemas de ordem gerencial que

impedem que se explore toda a potencialidade que o PEMD pode oferecer à

população e ao desenvolvimento regional, principalmente no tocante ao turismo

ecológico. A propósito, o parque atende anualmente cerca de 5.000 visitantes

monitorados, na sua maioria estudantes da região.

Enfrenta-se também uma grande ameaça, a estrada SP-613 que

seciona o Parque ao meio que aumenta ainda mais os efeitos de borda sofridos pela

UC. Um monitoramento empreendido pela administração do Parque mostrou que em

uma década quase 200 animais foram encontrados mortos por atropelamentos, o

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que gerou uma Ação Civil Pública por parte do Ministério Público Estadual contra o

departamento responsável. Outra grave ameaça é a grande insularidade imposta ao

parque, que esta rodeado por uma matriz agropecuária com a prevalência da

monocultura da cana-de-açúcar e pastagens.

Contudo, uma das grandes virtudes que a unidade possui é a

conquista de vários parceiros, formais e informais, que lhe tem dado suporte local e

regional nos últimos anos. Uma contribuição significativa têm-se obtido da

organização não governamental Instituto de Pesquisas Ecológicas-IPÊ, que viabiliza

pesquisas básicas e aplicadas no interior e ao redor da unidade, estas últimas

visando a recomposição da paisagem mediante a aplicação de sistemas

agroflorestais junto a assentamentos humanos do entorno no afã de diminuir as

ameaças daí oriundas. Mais recentemente uma parceria entre o IF e esta ONG

conseguiu aprovar junto ao FNMA um projeto para elaboração do plano de manejo

do parque, que atenderá uma demanda há muito sentida e que vem empurrando a

qualidade de gestão em sentido contrário ao desejável.

Os integrantes da administração local, ainda que não possuam

ampla capacitação na área, tem conseguido forjar alianças com vários setores da

sociedade, como o IBAMA e Policia Ambiental no setor de proteção; com destilarias

de álcool, com quem conseguem combustível nas épocas criticas; aproximação com

o Ministério Público, que possibilitou a reversão de recursos de penalidades de

processos civis e de compensações ambientais para o parque. A título de exemplo,

ressalta-se o relacionamento amigável com uma empresa terceirizada do DER, com

a qual obtiveram a reforma da estrada que dá acesso à sede, um percurso de 2000

metros que hoje se traduz em economia de recursos.

Este relacionamento amistoso com os seguimentos da comunidade

foi forjado a partir de 1987, com a implementação do Programa de Educação

Ambiental pelo Instituto Florestal; e ainda que o indicador “apoio e participação

comunitária” tenha sido avaliado apenas como razoável, tais condições propiciaram

e facilitaram a implantação do atual Conselho Consultivo, que congrega 17

organizações de atuação local e regional.

A UC obteve 56,24 pontos e sua gestão classificada como de

Padrão de Qualidade Mediano.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Muitas das posições e proposições aqui enunciadas certamente

estão eivadas das opiniões das diversas pessoas com as quais manteve-se contato

durante esta pesquisa, ratificadas pelos dados e informações colhidas durante o

processo de avaliação da gestão das UCs. É muito provável que um ou outro

profissional encontre nos parágrafos a seguir um reflexo de seus próprios

pensamentos.

A pesquisa proporcionou uma imagem de como se encontra a

organização responsável em face do desvendamento das diversas e diferentes

nuanças que se apresentaram nas unidades de conservação, o que significa dizer

que poderíamos enfocar nossas considerações extensivamente sobre as unidades

de conservação em si, entretanto, além de contraproducente é quase impossível

separar os resultados individuais por unidade de uma percepção mais generalizada

da própria organização gestora, mesmo porque as primeiras são a maior razão da

existência da segunda. Assim, muitas das considerações expostas para a

organização incidem também sobre as unidades de conservação, e vice-e-versa.

Por outro lado, por uma questão pedagógica, trataremos de separar

as considerações em relação às unidades de conservação e à organização, a

gestão de maneira geral e em relação ao método utilizado.

Em relação às unidades de conservação e a organização

As Unidades de Conservação pesquisadas apresentaram padrões

de qualidade de gestão intermediários, sendo que 22 tiveram a gestão classificadas

como de Padrão Mediano, 27 como de Padrão Inferior e 04 como possuidoras de

Padrão Muito Inferior. Seis unidades alcançaram pontuação suficiente que permitiu

classificá-las de Padrão de Qualidade Elevado.

Algumas unidades apresentam quadros extremamente

preocupantes, com evidência de pouco ou nenhum investimento para a efetiva

implantação básica e/ou implementação de atividades demandadas localmente.

Os PE Mananciais de Campos do Jordão, Xixová-Japui e Marinho

Laje de Santos podem ser considerados os melhores exemplos de parques criados

que não obtiveram nada ou quase isso em termos de implantação, o que faz surgir a

pejorativa expressão “parques de papel”. Ainda que sejam áreas extremamente

importantes para a conservação da biodiversidade paulista e provimento de

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oportunidades para o lazer da sociedade, praticamente só tiveram o investimento da

designação de um diretor para a área.

Um fato curioso foi o PE de Campos do Jordão, certamente dos

mais famosos do estado e com o maior fluxo de turistas, receber apenas 56% da

pontuação, demonstrando que apesar de uma unidade possuir uma implantação

fisicamente adequada ela pode abrigar lacunas que inviabilizam o atingimento dos

seus objetivos de gestão. Neste caso específico, os problemas começam pela falta

de um plano de manejo moderno, que incorpore tanto os conhecimentos

desenvolvidos até o momento, as mudanças ocorridas no conjunto dos recursos

naturais englobados, a dimensão social do entorno e as demandas turísticas

oriundas do crescimento da cidade de Campos do Jordão. A unidade também tem

problemas na área administrativa haja vista o diretor ter reportado a ineficiência dos

recursos financeiros, além da gravidade de ingerências externas advindas da

municipalidade e de setores da própria Secretaria do Meio Ambiente, o que torna os

trabalhos sujeitos a alterações bruscas e pouco explicáveis tecnicamente.

Entre os mais graves problemas (pontos negativos) identificados

com esta pesquisa estão:�

a insuficiência de recursos financeiros e humanos;�

a irregularidade de entrega das verbas operacionais (mensais),que impedem qualquer planejamento de curto prazo;

�adoção efetiva de mecanismos que possibilitem o retorno departe do arrecadado para as unidades de origem;

�a falta de planos de manejo e de diretrizes organizacionais queconduzam à implementação dos planos existentes;

�não utilização de mecanismos para o monitoramento integradodas UCs e posterior aproveitamento das informações geradas;

�inexistência de programas que valorizem os funcionários emgeral;

�falta de um plano de carreira destinado à administração edireção das UCs;

�falta de um programa de capacitação abrangente, destinado aotreinamento dos funcionários de todos os níveis;

�e a falta de implementação de um programa consistente para darandamento e buscar soluções para as UCs com problemasfundiários.

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Os resultados do levantamento específico das ‘ameaças externas’

revelaram que as extrações ilegais de recursos e o uso dado ao entorno imediato

das unidades são os fatores mais incidentes no sistema analisado. A caça, a pesca

e a coleta ilegal de produtos da floresta são causadores de sérios danos à biota e

por esta razão a administração é conduzida a tomar decisões no sentido de priorizar

a fiscalização em detrimento do desenvolvimento das unidades em termos de uso

público e pesquisa por exemplo. Os custos da atividade ostensiva de proteção é

muito elevado e requer pessoal treinado e equipado, sendo que ambos os

requerimentos carecem de sérios investimentos institucionais. Esta situação sugere

a necessidade da gestão voltar-se para as causas das ameaças, a partir de

programas de educação e extensão ambientais abrangentes e dirigidos às

comunidades do entorno das áreas.

Nesta linha, as UCs do interior possuem seus entornos ou com

culturas agrícolas ou com pecuária, além de rodovias no interior ou em seus limites,

condições que de acordo com a magnitude da sua incidência se transformam em

ameaças para a conservação da biodiversidade. Entretanto, tais situações ainda não

conduziram a mudanças de paradigmas, através de uma maior interface entre a

unidade, e em última instância o Instituto Florestal, e os organismos condutores de

políticas específicas dirigidas àqueles setores de desenvolvimento, como a

Secretaria da Agricultura, Secretaria de Transportes, Secretaria de Esportes e

Turismo, entre outras. Entre organismos de governo não deveria haver tamanho

distanciamento.

Ainda em relação às ameaças, pode-se afirmar que o PE de

Jacupiranga, uma das maiores e mais importantes unidades de conservação do

estado, é emblemático pois ali encontramos todas ou quase todas as modalidades

de fatores negativos para uma gestão eficaz.

A maioria das unidades de conservação gerenciadas pelo Instituto

Florestal não possui uma necessária equipe técnica mínima. Há situações em que o

técnico responde por mais de uma unidade, às vezes até quatro, e isso compromete

enormemente a eficácia de gestão. Frente a dificuldade de se designar e manter

uma equipe técnica mínima para as UCs de grande porte ou naquelas que possuem

condições complexas para a sua gestão, a organização deveria lançar mão de

artifícios alternativos para sanar esta lacuna, de maneira tal a responder as

inquietações do dia-a-dia dos seus diretores, como por exemplo para a elaboração e

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implementação de projetos com financiamento externo (FNMA, Boticário, Fapesp,

etc.), construção de alianças e parcerias, solução de conflitos, etc.

Obviamente que estes problemas não são possíveis de sanar num

estalar de dedos, mas alguns deles merecem uma atenção especial pois são

componentes essenciais para a constante construção de instituições fortes, como o

investimento em seus recursos humanos, que apesar de estarem defasados em

número possuem boa experiência adquirida no front da conservação.

A capacitação do seu time deveria ser objeto de um programa

institucional da mais alta prioridade, cujas atividades deveriam iniciar-se por um

amplo levantamento das necessidades de treinamento e a realização de contatos

com organismos que outrora mantinham trabalhos congêneres com o Instituto,

fundamentalmente aqueles voltados ao manejo da vida silvestre e a biologia da

conservação.

Ainda que as estações experimentais ou ‘unidades de produção’,

aqui designadas e englobadas no grupo de categorias de ‘uso sustentável’, sejam

áreas destinadas ao manejo e exploração florestal, com atividades programáticas

muito conhecidas pelos técnicos que as gerenciam, foi exatamente uma unidade de

proteção integral a receber a melhor pontuação, o Parque Estadual da Ilha do

Cardoso, com 82,68%. Assim mesmo, outras 4 UCs de proteção integral

alcançaram mais que 70% da pontuação máxima possível, quais sejam EEc Jataí,

com 71,92, EEc Itirapina, com 71,00, EEc Bananal, com 70,40, e PE Ilha Anchieta,

com 70,21, de conformidade com a percepção dos seus responsáveis.

Apenas uma UC de uso sustentável recebeu mais que 70%, a EE de

Jaú, que no entanto não teve preenchidos os dados referentes ao âmbito específico

às ‘Florestas’. Aliás, para as UCs do grupo de Uso Sustentável o indicador pior

qualificado foi justamente o que reflete a sustentabilidade do manejo florestal, o

‘manejo continuado’, com as práticas de desbastes, cortes e plantios que deveriam

ser espacial e temporalmente planejados, mas na atualidade extremamente

comprometidas.

As UCs de ‘Uso Sustentável’ precisam ser consideradas

componentes complementares de um sistema de conservação mais amplo e,

portanto, abrigadas sob o manto protetor, mas flexível, de políticas que as valorize e

as façam produzir em bases sustentáveis, mediante a retomada de diretrizes de

manejo florestal preconizadas em planos já elaborados. Ao mesmo tempo, adotar

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medidas para a avaliação sistemática das florestas usando-se os critérios e

parâmetros do FSC, Conselho de Manejo Florestal, visando a médio-longo prazos

alcançar a certificação de qualidade.

É interessante observar que unidades tão próximas como a EEx Luis

Antonio e EEx de Bento Quirino tenham obtido qualificações tão distintas,

respectivamente 66,53 e 49,08% do total ótimo. O mesmo acontece com as UCs de

proteção integrais próximas entre si, notadamente os núcleos de gestão do PE da

Serra do Mar, ou ainda unidades de uma mesma região tais como o PE Ilha do

Cardoso, PE Campina do Encantado e EEc Chaúas, aspecto que evidencia que a

eficácia de gestão não tem uma relação direta com a região de localização da

unidade, havendo distinção dentro de uma mesma região, o que aponta para as

possibilidades de integração mais orgânica entre unidades de uma mesma região,

quiçá a gestão integrada há muito propalada e requerida

Considerando a distinção teórica feita entre gestão, administração e

manejo, podemos afirmar que em grande parte das unidades avaliadas ocorre a

gestão em sua expressão mais ampla, em diferentes níveis de qualidade e

performances, com os dirigentes envolvendo-se e se articulando num cenário além

dos limites da UC, assumindo por vezes uma postura mais pró-ativa em relação ao

dilema ‘conservação e desenvolvimento’ e lidando com as ameaças imediatas e

mediatas que as espreitam.

Muito embora não possuam orçamentos adequados às

necessidades e guardarem imensas lacunas gerenciais, unidades do Instituto

Florestal vêm se sobressaindo em determinadas ações programáticas. Algumas

contam com excelentes atividades de pesquisa conduzidas em parceria com

universidades e ong’s; outras possuem atividades de uso público e educação

ambiental com elevado padrão de qualidade, com trilhas bem implantadas e

interpretadas e modernos centros de visitantes; é possível ainda apontar unidades

com efetivas estratégias de envolvimento comunitário, merecedoras de ampla

divulgação e continuidade, além de áreas onde o esforço coletivo local minorou as

dificuldades impostas pela retração do investimentos governamentais.

De acordo com as informações e das ‘ameaças internas’ levantadas,

pode-se afirmar que o maior problema do Instituto Florestal é a falta generalizada de

diretrizes políticas para a condução das inúmeras atividades que a organização

precisa estar desenvolvendo para cumprir com a missão aceita. Os diretores e

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técnicos das unidades de conservação são o ‘front’ da conservação da natureza

nelas encerrada, os soldados da conservação da biodiversidade e, portanto,

precisam ter armas e munições adaptadas à realidade que os rodeia, caso contrario

tornam-se alvos fragilizados e com poucas chances de responder eficientemente

suas funções.

A redução dos recursos humanos e financeiros do Instituto Florestal

é algo aviltante e sua involução fica mais patente, antagonicamente, após a Rio’92.

Num simples exercício de projeção, usando-se as informações prestadas pelos

diretores das UCs, obteve-se que na atualidade o Instituto Florestal deveria ter um

quadro de pessoal aproximado de 4.000 funcionários, entre permanentes e

temporários, e um orçamento mínimo de R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais),

somente para cobrir os custos operacionais, excluindo-se deste montante os

investimentos para o desenvolvimento das áreas protegidas em todas as suas

demandas e potencialidades.

Assim sendo, os dirigentes institucionais devem envidar seus

máximos esforços para convencer a sociedade e os governos da necessidade

urgente de corrigir a presente situação, e trabalhar para reconquistar seu valor,

voltando-se fundamentalmente para a conservação da biodiversidade do Estado.

Resultados como os revelados por esta pesquisa deveriam ser usados para se

mostrar aos escalões mais elevados do governo os requerimentos para produzir

gestões eficazes, sem o que será muito difícil se alcançar objetivos de conservação

que satisfaçam a ‘missão’ institucional e as políticas ambientais do Estado.

O Instituto Florestal precisa investir com seriedade e agressividade,

mas de maneira planejada e coordenada, na renovação de sua frota de veículos e

máquinas, a qual encontra-se bastante sucateada. Precisa implementar também um

sistema que seja rápido e dinâmico para prover a devida manutenção da frota, que

capacite e valorize e incentive os funcionários nos cargos afins para que os mesmos

sejam a vanguarda deste objetivo. Além disso, é necessário que o controle garanta

que os gastos com a manutenção nunca sejam superiores ou mesmo próximos dos

valores venais reais dos veículos, aspecto que provavelmente esteja acontecendo

na medida que grande parte da frota possui mais de 10 anos de uso.

Na busca de documentação sobre as atividades programadas do

Instituto Florestal até há alguns anos atrás, cerca de 6 a 8 anos, podia-se encontrá-

las na Assistência Técnica de Programação-ATP, uma unidade de assessoria

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técnico-científica-administrativa. A ATP reunia informações de projetos e programas

especiais, financiamentos internos e externos, dados orçamentários do passado e

presente, bem como do futuro pois realizava a prospecção e planejamento

financeiro-orçamentário sobre as metas das Diretorias, e estas por sua vez das

unidades e seções técnicas. Nos últimos anos este organismo de planejamento e

controle das metas institucionais foi parcialmente desmontado e hoje para se saber

quanto de recurso foi investido no Instituto Florestal deve-se lançar mão de algumas

pessoas pontuais que se preocupam em guardar informações. Esta situação precisa

mudar em face dos desafios do presente e as esperanças futuras de uma

organização mais ágil e presente no cotidiano da conservação da natureza.

Há evidencias de que algumas setores da organização precisam

passar por intervenções urgentes, fundamentalmente no que diz respeito à

administração e gerência. Os tramites de documentos é feito mediante mecanismos

antiquados, como malotes e correios normais, em plena época da Internet. Isto

significa dizer que em muitas frentes de batalha o Instituto Florestal perde terreno

por não ser ágil o suficiente para chegar e estar no momento certo.

Ao mesmo tempo, a capacidade de responder a demandas

específicas é comprometida pela falta de diretrizes, metas e prioridades, que não

são estabelecidas com claridade ou simplesmente não existem. Há um excesso

burocrático e, por vezes, até personalista, que muitas vezes emperram os tramites

mais rotineiros, como por exemplo a consecução de documentos básicos para juntar

em propostas de projetos para financiamentos alternativos, ou mesmo a ausência de

pessoas que orientem questões jurídicas ou que trabalhem com maior proximidade

com os diretores de UCs.

O Instituto Florestal carece urgentemente de um choque de

modernidade gerencial; precisa mostrar à sociedade e aos governos que deseja

mudar e reconstruir seus pilares sob uma ótica moderna, quase empresarial, revisar

a missão institucional e sua estrutura administrativa

A ‘missão’ aceita até o momento para o Instituto Florestal compõe-se

dos verbos ‘proteger’, ‘pesquisar’ e ‘recuperar’ a biodiversidade, mas na atualidade

há uma velada luta pelas carreiras profissionais que, todavia, privilegiam a pesquisa.

Ainda que justas, essas lutas demonstram um desequilíbrio no cerne da organização

(que põe em dúvida sua missão), sendo que tal desequilíbrio precisa ser revertido

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com urgência e lutar-se também por uma carreira de guardas-parque e de diretores

de unidades de conservação.

O Instituto Florestal é uma instituição que tem apoiado sua

existência sobre argumentos de que é uma organização secular, tradicional e que

possui atribuições importantes no desenvolvimento econômico e ambiental do

Estado. Possui alguns elementos diferenciadores das demais organizações florestais

brasileiras, quesitos que conservacionistas de plantão abominam e entendem como

sendo empecilhos para sua melhor atuação frente à conservação da biodiversidade:

a existência de usinas de tratamento de madeira, industria de casas pré-montadas,

unidades com florestas exóticas para o aproveitamento múltiplo e tecnologia

desenvolvida a partir das atividades de pesquisa.

Ora, as três áreas do Instituto Florestal que possuem unidades

industriais (Manduri, Itapetininga e Luis Antonio) deveriam ser privilegiadas dentro de

uma processo de resgate e de modernização da organização para, sobretudo,

atenderem efetivamente as demandas de implantação e desenvolvimento das

unidades de conservação estritas, ao contrário do revelado pela unidade de

Manduri, que nos últimos anos tem atendido mais aos apelos e solicitações externas

que das próprias unidades de conservação.

Deve-se entender que tais características são oportunidades reais

para alavancar a organização e melhorar a gestão das UCs de proteção integral,

bem como dos recursos naturais do Estado, mas isto somente ocorrerá se houverem

políticas claras e consistentes, que dirijam os esforços para a ‘missão institucional’.

Isto é, aqueles componentes exóticos às áreas protegidas de conservação estrita

devem estar ambientados em programas que visem a implantação das unidades de

conservação e não devem, de forma alguma, estarem à disposição de caprichos e

vaidades que não asseguram sequer a melhoria da imagem organizacional junto à

comunidade, o que é muito próprio das iniciativas político-partidárias.

Propala-se que uma organização não pode cuidar bem ao mesmo

tempo de ecossistemas modificados (florestas plantadas) e ecossistemas naturais,

sugerindo-se para tanto a criação de um novo organismo como sendo a solução

para as áreas protegidas de São Paulo. Na atual conjuntura isto importaria em

exaustivos e desgastantes embates, além de precisar de grandes gastos e

negociações políticas nos escalões mais altos do governo. Se há falhas na

organização atual é mais simples e profícuo aproveitar a bagagem existente, realizar

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uma reflexão sobre a missão, objetivos e metas institucionais e reconduzi-la a

caminhos mais seguros e modernos.

Para que isto aconteça não há necessidade de Leis, Decretos e

outros atos governamentais, ao contrário bastam que exista vontade e arrojo

coletivo, resultado de discussões internas com a efetiva participação dos atores

interessados. Senão vejamos, os críticos da Fundação Florestal argumentam que

suas atividades ultrapassam os limites das suas atribuições legais, mas isto

acontece em razão das lacunas existentes e da vontade intrínseca à sua

comunidade.

Em relação à pesquisa, a Instituição tem perdido espaço frente à

iniciativa das universidades, institutos, ong’s e iniciativa privada que se dedicam à

temática florestal, ao estudo dos ecossistemas e das paisagens e suas interrelações

específicas. Mas ainda que a realização de pesquisas por parte dos seus

pesquisadores tenha se retraído, a organização deve se aparelhar para ordenar,

acompanhar e controlar eficientemente as diferentes linhas de pesquisa

implementadas. Para tanto urge que se discuta e reestruture seus programas de

pesquisa (prioritários), direcionando-os a solucionar problemas e desenvolver

conhecimentos que favoreçam a gestão e o manejo das unidades de conservação,

não havendo na atualidade justificativas para a existência de linhas de pesquisas

dissociadas dessa realidade. O aproveitamento do seu quadro técnico especializado

deveria ser uma das metas do redesenho do seu programa de pesquisas,

motivando-os a serem responsáveis por projetos ou programas completos.

No cenário delineado apresenta-se uma série de oportunidades para

o aprendizado coletivo mediante a experimentação de novas formas de fazer as

coisas, usando-se a experiência acumulada de forma criativa para se produzir um

futuro possível. Para este futuro ser desenhado é necessário um grande esforço

coletivo no presente, onde todas as tendências e visões possam se manifestar

abertamente.

Qual a imagem que se deseja no futuro? São mesmo necessárias

duas estruturas orgânicas para gerir as UCs de proteção integral e as de ‘uso

sustentável’? A “regionalização” estabelecida em 1997, que outorga à Divisão de

Florestas e Estações Experimentais a gerência de Parques e Estações Ecológicas

do interior paulista é eficiente e/ou necessária? É possível se estabelecer pautas e

critérios para a gestão compartilhada das UCs, sem que o Estado perca sua

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discricionaridade e a outorga constitucional? É possível redesenhar os programas de

pesquisa e de desenvolvimento da organização considerando essas questões?

Exercícios que promovam respostas a estas indagações produzem

focos, geram esperança e promovem o delineamento do cenário a atingir. A imagem

objetivo delineada pode produzir alumbramento, ganhar força e se traduzir em ações

concretas. Mas para que isto aconteça é preciso que as pessoas queiram e se

engajem, pois elas são a organização.

Apesar da situação crítica na qual se encontra o Instituto Florestal, a

organização apresenta pontos muito positivos, apontados ao longo do texto

apresentado, quais sejam:�

A maioria dos funcionários da organização está presente no

campo e não nos escritórios centrais;�

Ainda que as pesquisas dirigidas às áreas de conhecimento

relacionadas diretamente à gestão das unidades de

conservação sejam poucas frente às sabidas demandas, parece

haver uma tendência de crescimento do setor;�

A maioria das UCs de proteção integral apresentam boas

condições em relação aos recursos protegidos, com poucas

alterações internas e integralidade dos mananciais hídricos;�

Há uma boa mapoteca e um excelente laboratório de

geoprocessamento de imagens de orbitais que possibilitam um

bom suporte ao planejamento e gestão das UCs;�

Possui um núcleo de comunicações e artes (SCTC) com um

potencial de realizações muito maior que as atuais;�

As UCs contam com reconhecidos diplomas legais que

garantem autoridade aos gestores do sistema;�

O quadro de funcionários conta com 34 graduados, 44 mestres e

09 doutores que podem estar influindo tecnicamente nas

mudanças necessárias para modernizar a organização;�

Há uma tendência crescente de se elaborar os planos de gestão

ou de manejo com a participação da sociedade, o que poderá

garantir maior reconhecimento e apoio popular à organização;

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�Há uma dissimulada cultura corporativista que pode ser aliada

das mudanças, na medida que prevaleça o sentido de coesão

em prol da conservação.

Em relação à questões gerais

A Fundação Florestal foi criada para ser o braço operacional do

Instituto Florestal para que houvesse a desburocratização e agilidade nos tramites

relacionados à comercialização da produção das UCs de uso direto e gerar recursos

para a parcial manutenção do sistema de conservação. Entretanto, a Fundação e o

Instituto não conseguem estabelecer uma linha de planejamento e execução de

serviços que contemple o tão desejado manejo sustentável das florestas estaduais,

ainda que existam planos produzidos para este fim. Este quadro é agravado pelos

velados embates entre o Instituto Florestal e a Fundação, que devem ser

solucionados com respostas a indagações do tipo: __O que o IF deseja da FF? O

que a FF deseja? Qual o efetivo papel da FF frente ao Instituto Florestal? A

Fundação é realmente necessária ou pode-se abrir mão de sua estrutura para a

agilização das coisas do Instituto Florestal? É possível uma agenda de trabalho

comum entre ambas organizações? O que fazer para que haja complementariedade

entre ambas: a organização secular, tradicional e necessária e a organização jovem,

moderna e impetuosa?

No decênio de 1990 aconteceram alguns descalabros em termos de

políticas públicas voltadas à conservação da natureza: a invasão de terras

florestadas das Estações Experimentais de São Simão e de Pederneiras, com

2637,33ha e 2143,67ha respectivamente, pelos movimentos sociais que lutam por

um quinhão de terra. Sendo que a primeira unidade é, ou foi, detentora de

importante acervo florestal melhorado geneticamente ao longo de muitos anos de

pesquisa e investimento de verbas públicas. Apesar das áreas invadidas possuírem

títulos legítimos de propriedade e posse pelo Estado, os técnicos do Instituto

Florestal tenham agido de acordo com as normas jurídicas e administrativas que o

caso merecia e as decisões judiciais apontarem para a imediata reintegração de

posse, a Secretaria de Meio Ambiente e o governo não atuaram para solucionar tais

problemas, ao contrário, os interesses políticos, partidários e eleitoreiros

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suplantaram a missão do organismo invadido e, deste modo ainda hoje tal situação

se arrasta sem soluções.

Na atualidade é ponto pacifico que o envolvimento da sociedade e

dos componentes das comunidades no planejamento e gestão das UCs garantem

maior suporte político para a conservação a longo prazo. Algumas unidades do

sistema já iniciaram este caminho, inclusive com a formação e funcionamento de

Conselhos Consultivos, tal qual prevê a Lei do SNUC. Este é um novo desafio que

os diretores das UCs deverão enfrentar nos próximos anos, sendo extremamente

necessário a capacitação destes profissionais em temas que lhes garantam uma boa

performance para lidarem com os conflitos diários que provavelmente surgirão ao

reunirem-se com pessoas e interesses diferentes.

Ainda que não tenha sido o foco desta pesquisa, é necessário frisar

a necessidade da organização mobilizar seu quadro técnico para a revisão das

categorias de gestão das unidades do sistema, a fim de melhorar a capacidade do

sistema em satisfazer os múltiplos objetivos que as áreas protegidas podem prover,

adequando as áreas existentes, seus atributos e potencialidades, aos conceitos

preconizados pela UICN e ao novo marco jurídico estabelecido pelo SNUC.

Da mesma maneira, é preciso agilizar os trabalhos para a

identificação de áreas prioritárias para a criação de novas unidades de conservação

e aumentar a representatividade do sistema. Esta ação, juntamente com a anterior,

converge para a implementação de um programa que atenda ao objetivo de elaborar

um Plano de Sistema das UCs de São Paulo, um macro planejamento envolvendo

as unidades federais, estaduais, municipais e privadas que as ordenará segundo a

metodologia e critérios adotados e as políticas da SMA.

Em relação aos diretores das UCs

Parece haver uma relação bastante direta entre a qualidade das

ações de gestão e as características pessoais e profissionais dos diretores das

unidades de conservação, aspecto este dependente de alguns poucos fatores além,

evidentemente, da formação acadêmica superior. Esta última, apesar das

eloqüentes defesas corporativistas dos profissionais, atualmente parece ser pouco

importante principalmente em razão da revolução dos conhecimentos promovida

pela da disponibilidade de informações nos últimos anos.

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Assim, conforme as observações de campo e os estudos teóricos

efetuados, o perfil de um Diretor de unidades de conservação é moldado, em

primeiro lugar, pela capacitação formal e informal adquirida sobre manejo e gestão

de recursos naturais renováveis, principalmente se os conhecimentos estão voltados

para formas adaptativas de tratamento e intervenção nos problemas e nos fatores

inerentes ao manejo local. Esta capacitação ocorre também na medida que há troca

permanente de idéias e de experiências entre as pessoas integrantes do sistema

gerencial. O segundo fator considerado importante é a experiência adquirida no front

da conservação da natureza, mediante o envolvimento do técnico com os assuntos e

problemáticas locais, na tentativa de fazer com que a UC esteja inserida na cultura e

no desenvolvimento regional, aplicando, sabidamente ou não, os conhecimentos e

as diretrizes para um manejo integrado e bioregional.

Apesar de haverem diretores com até certo grau de capacitação e

experiência, com boas idéias, propostas e projetos, estas em alguns momentos não

saem do papel, pois há um terceiro fator que empurra-os para o ostracismo que é a

(falta de) motivação para a projeção de metas e a realização de ações de gestão de

inegável efeito (se forem levadas adiante). Uma pessoa desmotivada é parcialmente

morta, e o que é pior, contamina o ambiente de trabalho. Para os diretores das UCs

de São Paulo a (des)motivação pode estar relacionada a três pontos principais: a

inexistência de mínimas condições de trabalho, a ausência de uma carreira e

salários realmente atrativos e o seu não envolvimento nos objetivos, metas e vida da

organização.

As condições de trabalho aqui apontadas referem-se aos meios

necessários para a realização das tarefas cotidianas. Não há como pedir que um

profissional elabore um projeto e o execute sem que o mesmo tenha disponível

computadores, veículos e meios de comunicação, sem falar de pessoal adequado e

treinado para as funções inerentes ao desenvolvimento dos objetivos e metas. Este

componente da motivação individual e coletiva deve ser encarado pela Instituição

como essenciais à sua própria existência, caso contrário o estabelecimento de

objetivos e metas programáticas cairão no descrédito da sociedade e não haverá

mais sentido para sua permanência na estrutura do Estado. Mas as condições de

trabalho das pessoas depende quase que exclusivamente de iniciativas integradas

da própria organização, do esforço organizacional coletivo e participativo,

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procurando caminhos alternativos para suprir as demandas impostas pela

modernidade.

O segundo componente é um pouco mais difícil de ser corrigido pela

organização isoladamente e, assim, a existência de desmotivação em razão de

baixos salários e carreiras inadequadas é um problema cujas soluções são: i) o

enquadramento do profissional em carreiras mais sólidas e dignas; ii) a tomada de

atitude institucional e sua relocação em postos mais compatíveis com suas

habilidades profissionais, ou iii) a simples perda do profissional para a iniciativa

privada. Mas há que se entender que a organização é um órgão público para a qual

estão voltadas as atenções de muitas outras organizações, que podem auxiliar na

medida que pressionam os governos objetivando a abertura de concursos públicos

específicos.

A desmotivação em razão do não enquadramento, da não

participação e envolvimento dos profissionais nos objetivos da organização

geralmente é a conseqüência do ‘abandono e esquecimento’ a que estão sujeitos

por parte da mesma organização. Provavelmente isto seja um dos problemas mais

graves das organizações que não praticam a reflexão interna e demonstra o

tamanho do equívoco em que se metem por não possuir diretrizes concretas e

amplas que abarquem o componente ‘valorização do profissional’.

Isto acontece com freqüência porque não há entendimento de que o

indivíduo é o mais importante pois é quem faz acontecer, a ponta da linha de um

seguimento social que trata de estabelecer as bases para a conservação, a longo

termo, da biodiversidade em suas mais complexas traduções e, portanto, não podem

ser simplesmente olvidados ou abandonados à própria sorte. Eles precisam ser

resgatados e acompanhados, participar na formulação de políticas e compor

efetivamente os canais de comunicação da organização para que se sintam úteis na

estrutura administrativa. A construção de uma organização forte passa

necessariamente pela valorização dos seus recursos humanos, sendo

imprescindível para o soerguimento de quaisquer delas, independente do seu

estagio de desenvolvimento.

Frente a esta questão, é pouco provável se poder simplesmente

dizer que existem maus diretores ou diretores ruins. Há sim aqueles despreparados

para a função que exercem, os desmotivados em função do ‘abandono’ pela

organização. Não importa qual a afiliação profissional dos diretores de Parques, se

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são biólogos, arquitetos, engenheiros florestais, agrônomos, pedagogos, geógrafos

ou qualquer outra profissão, pois há muito as profissões deixaram de ser um bom

parâmetro para o julgamento do que seja um bom ou mal diretor de parque. O que

importa é se eles conduzem a gestão das UCs de modo condizente com as políticas

delineadas para o sistema, preferencialmente com eficácia e sucesso. As diversas

situações encontradas no campo, com diretores contratados das mais variadas

formas e salários, com e sem capacitação, abandonados e acomodados e, em

algumas ocasiões, excelentemente preparados para as funções que exercem, induz

ao raciocínio sobre a importância de uma carreira exclusivamente de Guardas-

Parque e um sistema eficaz para o acompanhamento dos mesmos ao longo das

suas carreiras profissionais.

Em relação ao método e sua aplicabilidade

O procedimento usado é bastante simples e abrangente, requerendo

unicamente conhecimento e capacitação para sua plena aplicação, sendo

apropriado para a geração de informações rápidas voltadas às pessoas que tomam

as decisões políticas e que influenciam na gestão das unidades de conservação.

A inclusão do componente ‘contextualização institucional’ é algo não

previsto pelos idealizadores do procedimento, mas é fundamental para que se tenha

uma visão mais ampla dos fatores organizacionais incidentes sobre a gestão das

áreas protegidas. Para um exercício acadêmico a consecução das informações

necessárias ao estabelecimento deste perfil pode ser muito difícil ou dificultada,

sendo então recomendável que em projetos similares haja a participação de

pessoas envolvidas diretamente com a instituição e se obtenha o aval e

cumplicidade de seus escalões superiores.

Em face dos equívocos ocorridos durante o processo de avaliação

frente ao entendimento do significado de alguns indicadores por parte de diretores

e/ou técnicos das unidades de conservação, entende-se a necessidade de se

investir um pouco mais sobre a descrição e explicação de certos critérios usados na

avaliação, fundamentalmente daqueles indicadores que embutem conceitos técnico-

científicos relacionados à conservação e ao manejo de unidades de conservação de

proteção mais estrita. Os deslizes ocorridos também demonstram a necessidade de

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capacitação geral no que tange aos assuntos afeitos à biologia da conservação e

gestão da paisagem, principalmente.

Mas assim mesmo, a partir de treinamento, capacitação e a

definição de uma proposta metodológica, entende-se que é perfeitamente cabível

aos diretores das UCs executarem eles mesmos a auto-avaliação das unidades sob

sua responsabilidade.

As reuniões designadas ‘oficinas de avaliação’ foram técnicas muito

apropriadas para a coleta de informações e a auto-avaliação, empreendida pelos

técnicos e diretores das unidades de conservação, sendo também momento para se

discutir assuntos que não os objetivos da pesquisa. Muito embora seja oneroso

entende-se que as visitas de campo, discussões informais, reuniões e entrevistas

com os atores envolvidos na gestão é fundamental e complementares ao

estabelecimento de um perfil mais apurado da realidade. Das 22 UCs visitadas, 18

estiveram representadas nas oficinas de avaliação, sendo que o cotejo das

informações nelas colhidas à percepção do pesquisador e da equipe corroboraram

esta técnica de pesquisa.

No geral, os indicadores corresponderam eficientemente às

expectativas iniciais, pelo fato de já terem sido usados em pesquisas anteriores e

incidirem sobre a gestão de UCs, serem simples, de fácil apuração das informações

necessárias e de baixo custo.

É recomendável que nas avaliações futuras sejam incorporadas

ponderações ou pesos específicos para os indicadores que possam causar

distorções nos resultados finais, como nos exemplos explorados referentes à

situação fundiária e demarcação de limites. Técnicas estatísticas, tais como a

regressão linear múltipla e a análise de componentes principais, podem auxiliar

nesta decisão, seja dirigida aos grupos de indicadores ou aos indicadores

individualmente.

Aliás, ao utilizar-se tais rotinas estatísticas construiu-se um modelo

matemático que procura explicar os resultados auferidos no processo de avaliação.

Por suas características e resultados pode servir para a redução da quantidade de

indicadores a serem considerados, no presente caso aos dos âmbitos administrativo

e conhecimentos. Excluindo os demais indicadores haverá a diminuição dos custos e

do tempo necessários para diagnosticar a gestão, mas a perda de informações

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sobre os demais componentes é inevitável, estando a decisão de excluir ou mantê-

los na dependência dos objetivos da pesquisa.

Esta foi uma iniciativa acadêmica que procurou mostrar, também, a

viabilidade de a organização manter um esquema para a avaliação sistemática e

permanente da gestão. Para tanto recomenda-se o procedimento usado, ressaltando

apenas que as avaliações futuras sejam precedidas da confirmação ou não dos

indicadores e agrupamentos ora utilizados.

Recomendações pontuais

Como já informado anteriormente, o processo de levantamento de

dados e informações foi profundamente rico, permitindo aos chefes e técnicos das

UCs manifestarem suas inquietações, anseios e propostas. Deste modo,

sucintamente apresenta-se a seguir uma série de recomendações extraídas das

experiências e vivências compartidas com esses profissionais, cuja apresentação

não se prende a nenhuma ordem de prioridade ou importância.

�Definição da Missão do Instituto Florestal, pois a atual é a esboçada no

trabalho Repensando o Instituto Florestal, uma iniciativa louvável do último

decênio mas que, afinal, não teve uma discussão aprofundada e o completo

envolvimento das pessoas que efetivamente estão na frente da gestão das

UCs. Tanto que o documento CONCITE – Indicadores Institucionais faz

alusão ao que dita os diplomas legais que criam o IF e ao trabalho

Repensando o Instituto Florestal sem, contudo, esboçar conclusões

definitivas a respeito;�

Revisar, mesmo que extra-oficialmente, sua estrutura organizacional

visando eliminar as repartições desnecessárias e ‘criar’ e/ou melhorar as

que realmente são essenciais ao funcionamento administrativo;�

Revisar os procedimentos administrativos excessivamente burocráticos

visando a agilidade do sistema, inclusive com a adoção da ‘internet’ como

veículo para a tramitação de documentos secundários e de informações1;

1 Em fins de 2003 iniciou-se o processo de instalação da rede “intragov” nas unidades do InstitutoFlorestal, o que deverá agilizar a tomada de decisões. A rede “intragov” tem a finalidade deconectar todas as unidades de governo do Estado de São Paulo.

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�Constituir uma ‘Assessoria Jurídica’ interna própria, acessível aos chefes

das UCs e aos técnicos em geral. Os Chefes das UCs e demais dirigentes

se digladiam constantemente com múltiplas questões e dúvidas de ordem

jurídicas, às vezes muito simples de serem solucionadas mas que, na

atualidade, demandam excessivos tramites até à Consultoria da SMA;�

Reimplantar a atividade de acompanhamento integrado da gerência

institucional, tal qual antes era realizado pela Assistência Técnica de

Programação;�

Capacitar seu corpo administrativo (seção de pessoal, despesa, etc.) em

programas básicos de informática, principalmente banco de dados, planilha

eletrônica e redator de texto;�

Tornar os rumos institucionais mais transparentes e consistentes mediante a

adoção de modelos administrativos que permitam a participação do corpo

de funcionários nas decisões da organização, a começar pelo próprio

Conselho Técnico do Instituto Florestal, tornando-o mais participativo;�

Viabilizar a participação efetiva dos chefes das unidades de conservação na

elaboração de políticas e diretrizes voltadas à gestão das unidades de

conservação. Durante o III Congresso Brasileiro de Unidades de

Conservação, realizado em Fortaleza em 2003, dirigentes do IBAMA

informaram em plenária que os chefes das UCs federais conquistaram uma

instância com tais características, o “Conselho de Chefes de UCs”. Isto é

realmente importante para o Estado de São Paulo pois aqui possuímos uma

das melhores, senão a melhor, rede estadual de unidades de conservação

que, no entanto, esta sob constantes desafios e ameaças. Os chefes das

unidades podem contribuir muito com soluções criativas oriundas de suas

experiências diárias, sendo que a inclusão (deles e) de uma instância que

os agregue é imperativa para que sua atividade transcenda os limites das

UCs, torne mais transparente a gestão e promova e garanta, de fato, a

participação e o envolvimento deste seguimento profissional nos desígnios

da organização.�

Melhoria de suas relações (IF) com outros órgãos da própria Secretaria do

Meio Ambiente, tendo como álibi a necessidade de integração para diminuir

as deficiências da organização.

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�Manter sintonia com outros órgãos de Estado cujas atuações incidam e se

reflitam na gestão das UCs e do sistema como um todo, como por exemplo

a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e ITESP (conflito de uso de

entorno), DER (conflito de estradas em UCs), etc. Isto também pode

amenizar as deficiências.�

Adoção e/ou desenvolvimento de algum modelo de planejamento

simplificado e dinâmico para a elaboração de planos operativos anuais ou

bianuais, que incluam metas e necessidades orçamentárias, que

possibilitem avaliar a eficácia gerencial e acompanhar o desempenho da

gestão das unidades de conservação;�

Estabelecer mecanismos apropriados que gerem e mantenham discussões

sobre a gestão de unidades de conservação, como fórum permanente e

integrador dos diretores e técnicos das UCs;�

Estabelecer um núcleo de monitoramento sistemático que abarque as

principais atividades desenvolvidas nas unidades de conservação, que além

de constituir em complexo banco de dados gere informações que fomentem

o debate e sirva como mecanismo para retro-alimentar a gestão;�

Estabelecer diretrizes para a gestão das UCs que considerem:�

a efetiva interação com os atores regionais e locais;�

a adoção de estratégias que promovam o envolvimento e a geração

de benefícios diretos às comunidades do entorno;�

a gestão fora dos limites e a adoção do enfoque bioregional, onde

comportar;�

as zonas de amortecimento como poderosos componentes do

planejamento de sitio;�

a insularidade das unidades de conservação e estratégias para

minimizar as conseqüências desses fenômenos;�

o afastamento do Estado de suas funções básicas.�

Fomentar a capacitação do pessoal de campo no que diz respeito às

disciplinas relacionadas à Biologia da Conservação e à Gestão da

Paisagem, visando o desenvolvimento de estratégias voltadas à construção

e/ou manutenção de fragmentos florestais e corredores biológicos em face

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do isolamento e dos efeitos de bordas a que estão sujeitas a maioria das

UCs estaduais;�

Criar condições para que os administradores e técnicos das UCs se

capacitem em assuntos exigidos na atualidade e descortinadas desde a

ótica dos chefes das unidades, tais como:�

Planejamento e gestão participativa;�

Elaboração e coordenação de projetos de desenvolvimento e de

pesquisa;�

Manejo e resolução de conflitos, principalmente os de caráter sócio-

ambientais;�

Busca de fontes alternativas de recursos;�

Relacionamento inter-pessoal;�

Idiomas.�

Pelo viés da motivação do quadro funcional, seria interessante o

estabelecimento de mecanismos e programas que valorizem os funcionários

que se dedicam à causa da conservação, por exemplo através de um amplo

e vigoroso programa de capacitação continuada dirigida a toda a

comunidade organizacional, privilegiando os funcionários de nível básico e

médio, pois estes possuem poucas oportunidades para acessar

treinamentos sistemáticos;�

Estabelecer mecanismos alternativos para o financiamento do sistema e

normatizar e consolidar as diretrizes do SNUC quanto ao repasse de parte

dos recursos produzidos pelas UCs para elas próprias;�

Definir, a partir de ampla discussão interna, os programas de ação e de

desenvolvimento a serem adotados;�

Contratar consultorias externas para elaborar um Plano Estratégico de longo

prazo;�

Estabelecer políticas internas que incentivem e priorizem o desenvolvimento

de pesquisas voltadas à geração de informações para a melhoria da gestão

das áreas protegidas;�

Aproveitar melhor seu quadro técnico especializado, induzindo e provendo-

os de oportunidades para que elaborem e conduzam projetos e programas

de ação relacionados às suas respectivas áreas de conhecimento.

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6. CONCLUSÕES

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Nas páginas iniciais desta Tese discorreu-se longamente sobre a

importância da biodiversidade e os valores que a natureza e os serviços ambientais

proporcionam à humanidade, com exemplos práticos de sua utilidade, expondo

ainda o estado do uso insustentável dos recursos naturais renováveis e a situação

de degradação mundial e local, que geram a incessante perda de hábitats e de

espécies.

Concordando com outros autores, afirmou-se que as unidades de

conservação são a maneira mais eficaz de se conservar a biodiversidade, apesar de

todos os avanços científicos da biotecnologia e outras rotinas que desejem

perpetuar as espécies. Nestes espaços especialmente protegidos há uma tendência

de a evolução natural se processar, sendo difícil imaginar outro artifício para

proteger e conservar ecossistemas inteiros.

Ao longo dos anos aumentou significativamente o número de UCs

distribuídas entre quase todos os países, e no Brasil não foi diferente. Na atualidade,

a tendência é diminuir paulatinamente a criação de UCs, ao menos as de maior

porte, tendo em vista quase não existirem mais lugares desabitados e ainda

primitivos, com exceção dos domínios Amazônicos, das florestas boreais, das

florestas africanas e os Oceanos. Um fato que se vem somar a isto é o atingimento

da meta de estabelecer pelo menos 10% do território do planeta em termos de áreas

protegidas dedicadas à conservação da natureza.

Na atualidade, e antes mesmo de ingressarmos no Séc. XXI, a

atenção dos profissionais que lidam com o assunto dirigiu-se a saber o quanto as

Unidades de Conservação cumpriam com seu papel, como elas estavam sendo

geridas e se atingiam ou não os objetivos para os quais foram criadas, levando em

consideração as ameaças e dificuldades que enfrentam. Rotinas metodológicas

foram desenvolvidas nos últimos 10 anos que permitem qualificar, quantificar e

revelar o nível de eficácia das UCs.

Com as limitações de recursos que o desenvolvimento científico

enfrenta no país, adaptou-se um procedimento metodológico (talvez o primeiro a ser

desenhado e largamente aplicado nas Américas) e buscou-se as informações

necessárias para viabilizar a quantificação da eficácia de gestão das principais UCs

de São Paulo.

O que os dados demonstram, e estes são oriundos da percepção

dos técnicos que as gerenciam (esta Tese é um veículo de expressão), é a

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perpetuação de problemas e ameaças que há algum tempo chama a atenção de

uma comunidade ampla e rica de conhecimentos, seja nas academias, nos eventos

afins, nas rodas de pesquisadores e técnicos, nas organizações ambientalistas e

ONG’s, nas instituições que administram as UCs: Diminuição gradativa dos já

mínimos recursos destinados às UCs, problemas fundiários, obsolescência e

sucateamento de equipamentos, pouca capacitação e atenção aos funcionários,

ausência de planejamento integrado, projetos desvinculados da realidade, etc.

Políticos geralmente não se interessam por tais assuntos, ainda que a gestão eficaz

das UCs todavia deles também dependa.

Ora, se grande parte das UCs paulistas possuem uma gestão com

padrão de qualidade INFERIOR e MEDIANO, significa dizer que muitas coisas estão

erradas, desencaminhadas e despropositais. Se ao Estado cabe a defesa dos

interesses públicos, então ele está se descuidando da tutela que o povo lhe auferiu;

e a cada dia mais, considerando-se os parcos recursos financeiros que o Tesouro

aplica diretamente no Instituto Florestal, a organização que por excelência existe

para cuidar das maiores e melhores UCs do estado.

As visitas às unidades confirmaram o que vários autores e

publicações divulgam a respeito das paisagens paulistas protegidas nas suas UCs.

De fato, foi imensamente prazeroso selecionar e visitar o que de melhor há das

paisagens paulistas, com praias quase virgens, onde a floresta se debruça sobre a

areia unindo-a à imensidão do mar; montanhas protegidas por florestas, que

protegem águas cristalinas, que por sua vez asseguram a continuidade da vida

silvestre e boa qualidade de vida às populações dos entornos; sons, cores e sinais

da fauna, guardados para as próximas gerações conhecerem; segredos todavia por

serem revelados pela ciência.

A relevância de se manter as unidades de conservação sob

monitoramento sistemático da eficácia de gestão esta diretamente relacionada à

manutenção das características naturais dessas áreas a longo prazo. O legado que

trabalhos desta natureza auferem é o impulsão de ações que possibilitem gestões

mais eficazes, que em última instância proporciona o alcance dos objetivos de

gestão das unidades de conservação.

O Estado, o governo, os políticos e partidos políticos precisam

entender a realidade das unidades de conservação paulistas; e compreenderem que

os benefícios que elas podem proporcionar à sociedade somente serão auferidos se

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as mesmas forem consideradas com seriedade nas políticas governamentais.

Politicamente, ao Instituto Florestal cabe mostrar esta realidade aos escalões

superiores de governo e à sociedade; e tecnicamente promover gestões mais

eficazes calcadas nas diferentes realidades locais.

Em face dos problemas e ameaças que espreitam as Unidades de

Conservação paulistas, pode-se afirmar que de toda a riqueza natural nelas (ainda)

existentes, caberá às futuras gerações beneficiarem-se unicamente de migalhas que

mal restarem nestes espaços especialmente protegidos.

A situação precisa mudar.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 385: HELDER HENRIQUE DE FARIA - fct.unesp.br · Florestal de São Paulo, Brasil / Helder Henrique de Faria.– Presidente Prudente : [s.n.], 2004 ... Luiz Timoni, quem primeiro enxergou

xxiv

Autorizo a reprodução deste trabalho.

Presidente Prudente, agosto de 2004.

HELDER HENRIQUE DE FARIA