há segurança na moderna igreja de cristo

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  • 7/24/2019 H Segurana Na Moderna Igreja de Cristo

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    H segurana na Moderna Igreja de Cristo?

    Por Gilvano Amorim Oliveira

    Vivemos dias em que insegurana e incerteza so marcas tpicas. Cenrios deinstabilidades e transitoriedades exigem portos seguros que nos apiem e nosassegurem. Mais do que nunca o mundo hodierno tem se tingido de cores de violncia,de insegurana jurdica ameaando fazer ruir as instituies abalizadoras da sociedade,de crashes financeiros arrasadores, de hecatombes ambientais sem precedentes e deincertezas polticas em pases dantes considerados modelos de estabilidade. Nombito pessoal nos acossam crises morais, a sndrome da relatividade tica em que ocerto e o errado sofrem ao sabor das circunstncias, a infidelidade das relaeshumanas e o hedonismo que nos ensina a mais valia do prazer pessoal acima dequalquer outro valor. Mais do que nunca somos vtimas de um mundo incerto e

    volvel. Sofremos de sbitas doenas, de demisses inesperadas, de cirurgiasagressivas a quem dantes se sentia muito bem e perdas trgicas de entes queridos.Este dantesco quadro exige de ns que erijamos baluartes, portos seguros e ncorasque nos sustentem. A natureza destes elementos a mais diversa possvel. Algunsconfiam em seu poderio material, enxergando no dinheiro sua segurana para o queder e vier. Outros se apiam em pessoas que consideram referenciais e orientadores.Outros ainda elegem a f ftua do pensamento positivo e da auto-ajuda como respostaao ambiente dbio em que vivem. Finalmente, a religiosidade e a espiritualidadesurgem como modelos de sustentculos intempestuosa vida moderna. A cada diasurgem novas vertentes religiosas e renascem das cinzas do tempo outro tanto de

    religies esquecidas. A espiritualidade est em alta e tida como verdadeira forma deevoluo do homem. Registros do conta de que no Brasil em particular as igrejasevanglicas se multiplicam e nunca houve em nossa histria maior boom evanglico.A chamada onda gospel pintou de chique o professar da f evanglica, criou estilomusical prprio e galgou espao na mdia e na sociedade. No af destecomportamento, a f tem trocado seu prprio objeto principal. Temos tirado nossofoco do mestre Jesus, autor e consumador de nossa f, para depositarmos eminstituies ou em seus apstolos. As pessoas passam a buscar esta ou aquelainstituio evanglica ou este ou aquele pastor por julgar l e neles encontrar maiorguarida e refgio. Ao sentirem esgotar esta reserva institucional de f ou ao se

    decepcionarem com lderes, simplesmente transitam de igreja ou, pior ainda,engrossam as fileiras dos sem-igreja. A igreja tem se transformado em uma simplesinstituio de cunho social e humanitrio pela perda do foco da f genunaprimeiramente anunciada pelo ministrio de Jesus aqui na terra e depois confirmadapelos que o seguiram, muitos dos quais lhe foram testemunha ocular. A f equivocadada sequiosa plateia gera perigosa confiana institucional. Tendo estabelecido a igrejacomo osis de um mundo rido, vivemos nova forma de evangelho, diferente dosditames da Palavra de Deus e em consonncia com modelos eclesisticos estanques.Estes modelos eclesisticos permitem muitas vezes lassido moral, parco tempo gastoem leituras superficiais da Bblia, desvalorizao da orao e estabelecimento de leis

    estranhas igreja primitiva, como o princpio da teologia da prosperidade. Agorapassamos a confiar num aleijo e depositamos nossas agruras no gazofilcio de um

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    mutante institucional, quando nossa f deveria se centrar em Deus. Aquilo que deveriaser instrumento de conduo ao divino torna-se numinoso em si mesmo passvel deadorao e devoo. Por vacuidade de poder prprio, esta igreja moderna assimdescrita nos ensina a confiar em ns mesmos e torna o evangelho em uma religio deautoajuda, de autosuficincia e de independncia. Nesta altura vale a pergunta: h

    segurana na moderna igreja evanglica? Haver problemas em depositarmos nelanossa confiana e de nela estabelecermos ponto de segurana s vicissitudes de nossavida?

    Se nos debruarmos a estudar a histria do povo judeu, vamos encontrar notempo de Jeremias uma situao muito curiosamente semelhante ao que acimadescrevemos. O povo havia se afastado de Deus. A religiosidade havia tomado lugar daverdadeira comunho com Jav. O templo como local fsico e seus sacrifcios ecerimonial como instituies eclesisticas tinham a estima religiosa do povo, em

    detrimento da busca pelo Senhor. O profeta ento, provavelmente durante umacerimnia no templo, em algum momento entre setembro de 609 a.C. e abril de 608a.C., profere durssimo discurso, que ficou conhecido como discurso contra o Templo,oqual pode ser conferido em Jeremias 7.1-15 e 26.1-24. O primeiro destaca o contedo,o segundo as circunstncias do discurso. Neste discurso Jeremias denuncia a confianano templo de Deus (quando deveria ser confiana no Deus do templo!) e prediz suadestruio, tal qual j havia se dado em Silo, como forma simblica de condenao aeste estado de coisas. Naquele tempo a morte do rei Josias, lder de avivamentoespiritual, em combate contra fara e a deportao de seu filho, o rei Joacaz, depois deapenas trs meses de fugaz governo, mergulham o povo em uma crise deespiritualidade e falta de liderana espiritual tal que o faz desembocar na crena deque a simples presena de Jeov no templo era garantia de segurana e liberdade detoda Jud. Note-se que, mesmo tendo vivido recente avivamento com o Rei Josias, opovo se esquecia de servir ao Senhor do templo para honrar e venerar o templo doSenhor. Em seu discurso, Jeremias denuncia esta inverso de valores e expe afragilidade da crena no templo porque, segundo ele, somente a aliana entre Jeov eseu povo poderia garantir a segurana e estabilidade do pas. Jeov continuava omesmo. Para servi-lo exigia-se correo de vida. No seria possvel admitir quetribunais exercessem a injustia, quando deveriam ser a casa da justia por excelncia;no seria tolervel ver o estrangeiro oprimido e injustiado; no se poderia acharrfos e vivas desamparadas exatamente pelo Estado que professava o nome deJeov nem pelas pessoas que confessavam servi-lo; inocentes no poderiam sofrer acondenao injusta do martelo de um magistrado e, finalmente, o culto a deusesestranhos no poderia coexistir.

    Qualquer semelhana no mera coincidncia! Vivemos dias semelhantes aodo profeta Jeremias! Quanta semelhana com o que acontece em nossos dias! necessrio denunciar esta confiana moderna que se tem na igreja como instituio eem seus elementos litrgicos. necessrio denunciar o modelo de cristo de nossosdias. Admitimos viver a vida torta da imoralidade, da opresso ao inocente, dos

    ganhos injustos, nos acostumamos com a diviso inqua de rendas, toleramos acorrupo e at nos corrompemos se tivermos oportunidade, nos acostumamos com a

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    discriminao social e, se as coisas vo bem com a gente , que Deus ajude o resto. tempo de resgatarmos o verdadeiro cristianismo. tempo de viver a santidade noapenas aos domingos no mbito da igreja, mas no trabalho na segundona, na provada escola na tera sem colar do colega, no trnsito na quarta, sem vociferarpalavres menor fechada do carro frente e no sbado ao aceitar frequentar a

    balada com os amigos. A voz alada em louvor ao Senhor deve ser a mesma aproclamar a justia e o direito, a declarar os ditames da tica e da moral e a proferirpalavras de edificao. tempo de desfocar nossa ateno da igreja como instituio ede seus lideres como referenciais para nos voltarmos de vez ao autor e consumador denossa f, Jesus Cristo nosso salvador, a quem seja toda glria, toda honra e todaadorao. A confiana em Deus nico lenitivo seguro ao inseguro mundo atual. Aigreja como instituio se despida de seu Deus falida no esforo humano de serevelar como resposta ao incerto amanh.