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Gustavo Henrique Oliveira Sobreira Avaliação de propriedades elásticas de rochas carbonáticas a partir de análise microestrutural Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Orientador: Sergio Augusto Barreto da Fontoura Rio de Janeiro Janeiro de 2015

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Page 1: Gustavo Henrique Oliveira Sobreira Avaliação de propriedades …€¦ · Dr. Erick Slis Raggio Santos CENPES / PETROBRAS Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro

Gustavo Henrique Oliveira Sobreira

Avaliação de propriedades elásticas de rochas carbonáticas a partir de análise microestrutural

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientador: Sergio Augusto Barreto da Fontoura

Rio de Janeiro Janeiro de 2015

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Gustavo Henrique Oliveira Sobreira

Avaliação de propriedades elásticas de rochas carbonáticas a partir de análise microestrutural

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Sergio Augusto Barreto da Fontoura Orientador

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Prof. Eurípedes do Amaral Vargas Jr Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Dr. Erick Slis Raggio Santos CENPES / PETROBRAS

Prof. José Eugenio Leal

Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico / PUC-Rio

Rio de Janeiro, 21 de Janeiro de 2015.

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total

ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do

autor e do orientador.

Gustavo Henrique Oliveira Sobreira

Graduou-se em Engenharia de petróleo pela Universidade

Gama Filho em 2011. Ingressou no curso de mestrado em

engenharia civil (geotecnia) em 2012 atuando na área de

mecânica das rochas e engenharia de petróleo. Desenvolveu

pesquisa sobre a caracterização geomecânica de travertinos.

Ficha Catalográfica

CDD: 624

Sobreira, Gustavo Henrique Oliveira

Avaliação de propriedades elásticas de rochas

carbonáticas a partir de análise microestrutural / Gustavo

Henrique Oliveira Sobreira ; orientador: Sergio Augusto

Barreto da Fontoura. – 2015.

120 f. : il. (color.) ; 30 cm

Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia

Civil, 2015.

Inclui bibliografia

1. Engenharia civil – Teses. 2. Microestrutura.

3. Imagens digitais. 4. Microtomografia. 5. Análise

numérica. 6. Propriedades mecânicas. 7. Módulo de

Young. I. Fontoura, Sergio Augusto Barreto da. II.

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Departamento de Engenharia Civil. III. Título.

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Para meus pais, minha irmã e amigos.

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Agradecimentos

Ao meu orientador, professor Sergio Fontoura, pelo seu constante apoio, incentivo

e ensinamentos compartilhados durante esse período. Agradeço pela oportunidade

de realizarmos este trabalho.

Ao professor Sidnei Paciornik pelo ensinamento no processamento de imagem.

Aos meus pais pelo apoio durante a minha vida toda, pela confiança nas minhas

decisões e por me ensinarem a valorizar a família. A minha irmã Beatriz por

sempre estar disposta a me ajudar e ao meus amigos da PUC-Rio que estiveram

do meu lado durante essa caminhada.

Aos professores da Engenharia Civil da PUC-Rio, pelas excelentes aulas

ministradas.

Ao GTEP, Grupo de Tecn. de Eng. de Petróleo do departamento de Engenharia

Civil da PUC-Rio, e todos os seus funcionários.

À CAPES e à PUC-Rio, pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho

não poderia ter sido realizado.

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Resumo Sobreira, Gustavo Henrique Oliveira; Fontoura, Sergio Augusto

Barreto da. Avaliação de propriedades elásticas de rochas

carbonáticas a partir de análise microestrutural. Rio de Janeiro,

2015. 120p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia

Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Reservatórios carbonáticos contêm entre 50 e 60% de petróleo e gás do

mundo. No entanto, estas rochas têm apresentado problemas operacionais

consideráveis durante as etapas de perfuração e produção. Tais problemas são

originados pelas dificuldades na caracterização adequada destas rochas em função

da complexa distribuição espacial de suas micro e macro estrutura. Enquanto

ambas as escalas possuem importância no entendimento do comportamento de

carbonatos, o presente trabalho trata da análise da microestrutura. Nesse âmbito, a

proposta deste trabalho integra o processamento e análises de imagens digitais,

elaboração de malhas de elementos finitos e simulação numérica de forma a

prever propriedades elásticas, com o objetivo de correlacionar a microestrutura e o

módulo de Young. Foram utilizadas imagens digitais de amostras de afloramento

(travertinos) considerados como possíveis análogas a rochas carbonáticas de

reservatório. A metodologia implementada permitiu obter subamostras que

incluem uma gama de microestruturas e porosidades numa única amostra para

assim simular numericamente o módulo de Young. Conclui-se neste estudo que

os poros maiores (vuggys) são os principais responsáveis pelo comportamento do

material quando o mesmo é carregado, e também a influência da estrutura porosa

nos resultados, foi possível observar que a posição dos poros afeta o módulo de

elasticidade do corpo de prova.

Palavras-chave

Microestrutura; imagens digitais; microtomografia; análise numérica;

propriedades mecânicas; módulo de Young.

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Abstrac Sobreira, Gustavo Henrique Oliveira; Fontoura, Sergio Augusto

Barreto da (Advisor). Evaluation of elastic properties of carbonatic

rocks from microstructural analysis. Rio de Janeiro, 2015. 120p.

MSc. Dissertation - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Carbonate reservoirs contain between 50 and 60 % of oil and gas reserves in

the world. However, these rocks have presented considerable operating problems

during the phases of drilling and production. Such problems are originated by the

difficulties in the proper characterization of these rocks due to the complex spatial

distribution of its micro and macro structure. While both scales have importance

on the carbonate behavior understanding, this paper deals with the analysis of the

microstructure. In this context, the aim of this work is part of the processing and

digital image analysis, mesh preparation and finite element numerical simulation

to predict elastic properties, in order to correlate the microstructure and the

Young's modulus. Using digital images of outcrop samples (travertine) considered

as possible analogous to carbonate rocks reservoir. The methodology

implemented afforded sub-samples that include a range of porosities and

microstructures for a single sample well numerically simulate the Young's

modulus. It is concluded in this study that the larger pores (vuggys) are mainly

responsible for the behavior of the material when it is loaded, and also the

influence of the porous structure in the results, it was observed that the position of

pores affects the modulus of elasticity of sample.

Keywords Microstructure, digital images, microtomography, numerical analysis,

mechanical properties, Young's modulus.

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SUMÁRIO

1 Introdução 15

1.1. Objetivo e Motivação 16

1.2. Estrutura da dissertação 17

2 Revisão bibliográfica 18

2.1. Rochas Carbonáticas 18

2.1.1. Classificação das rochas carbonáticas 22

2.1.2. Processos de Formação 24

2.1.3. Travertinos 25

2.1.4. Porosidade e comportamento mecânico 26

2.2. Processamento e Análise Digital de Imagens 32

2.2.1. Aquisição da imagem 32

2.2.2. Pré-processamento 39

2.2.3. Extração de Atributos 42

2.3. Métodos dos elementos finitos 44

2.3.1. Geração de malhas tridimensionais 46

2.3.2. Analise de elementos finitos 48

2.4. Modelo Elástico 49

2.5. Ensaio de compressão simples ou uniaxial 50

2.5.1. Preparação dos corpos de prova 51

2.5.2. Ensaio 52

2.6. Efeito de escala 54

3 Materiais e Métodos 56

3.1. Materiais utilizados 56

3.2. Metodologia utilizada 59

3.2.1. Processamento de imagens 60

3.2.2. Extração da porosidade 65

3.2.3. Geração de malhas 68

3.2.4. Elementos finitos 72

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4 Resultados 80

4.1. Porosidade 80

4.2. Malhas geradas 85

4.3. Resultados da simulação 87

4.3.1. Simulação com um material 87

4.3.2. Simulação com dois materiais 89

4.3.3. Simulação com quatro materiais 90

4.4. Analise e avaliação dos resultados 91

4.4.1. Comparação com outros autores 95

4.4.2. Influência da estrutura porosa no módulo de elasticidade 96

5 Considerações finais 100

5.1. Conclusões 100

5.2. Recomendações 101

Bibliografia 102

APÊNDICE I 105

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Lista de Figuras

Figura 1.1 Amostras de poço. ................................................................................ 16

Figura 2.1 Fábrica de carbonatos. .......................................................................... 19

Figura 2.2 Principais elementos componentes das rochas carbonáticas. ............... 20

Figura 2.3 Principais Grãos. .................................................................................. 21

Figura 2.4 Classificação de Dunham. .................................................................... 23

Figura 2.5 Classificação de Embry e Klovan ........................................................ 24

Figura 2.6 Classificação da porosidade de Choquette & Pray (1970). (Fonte:

Modificado Scholle & Scholle, 2003). .......................................................... 28

Figura 2.7 Módulo de elasticidade x porosidade (Garder et al, 2010). ................. 30

Figura 2.8 Módulo de elasticidade x porosidade (Pilotto, 2011 e Palchik, 2010). 31

Figura 2.9 Fluxo de trabalho (imagens). ............................................................... 32

Figura 2.10 Matriz de uma imagem....................................................................... 33

Figura 2.11 Pixel e Voxel. ..................................................................................... 33

Figura 2.12 Esquema do sistema Tomográfico. .................................................... 34

Figura 2.13 Princípio da formação da imagem tomográfica. ................................ 35

Figura 2.14 Microtomógrafo SkysCan 1173 utilizado no programa experimental:

a) vista frontal do equipamento e b) porta amostras. ( Pilotto, 2011). .......... 36

Figura 2.15 Resolução. .......................................................................................... 37

Figura 2.16 Resolução e intensidade. ................................................................... 38

Figura 2.17 Histograma de imagem. ..................................................................... 38

Figura 2.18 Operação local. ................................................................................... 39

Figura 2.19 Operação Geométrica. ........................................................................ 40

Figura 2.20 Segmentação. ..................................................................................... 41

Figura 2.21 Floodfill. ............................................................................................. 42

Figura 2.22 Conectividade (imagens 2D). ............................................................. 43

Figura 2.23 Ferets a) Ferets mínimo b) Ferets máximo. ...................................... 43

Figura 2.24 Contexto de um problema de MEF adaptado de Bathe, 1982............ 45

Figura 2.25 Tetraedros e hexaedros. ...................................................................... 47

Figura 2.26 Ensaio uniaxial. .................................................................................. 52

Figura 2.27 Corpo de prova no ensaio. .................................................................. 52

Figura 2.28 Diagrama tensão (σ) – deformação (ε). .............................................. 54

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Figura 2.29 Efeito escala Adaptado de Hoek & Brown (1980). ........................... 55

Figura 3.1 Travertino de Itaboraí. a) Real b) Imagem. .......................................... 56

Figura 3.2 Travertino romano. a) Real b) Imagem. ............................................... 57

Figura 3.3 Travertino Turco. a) Real b) Imagem. ................................................. 57

Figura 3.4 Sub amostragem digital: a) Amostra para ensaio de compressão

simples. b) Análise digital da geometria da amostra e c) Subamostragem. .. 58

Figura 3.5 Fluxo de trabalho. ................................................................................ 60

Figura 3.6 Corte. .................................................................................................... 61

Figura 3.7 Mediana e média. ................................................................................. 61

Figura 3.8 Efeito dos Filtros a) Sem filtro b)Mean c)sigma d) Median. ............... 63

Figura 3.9 Limiarização manual. ........................................................................... 63

Figura 3.10 Reamostragem .................................................................................... 64

Figura 3.11 Floodfill. ............................................................................................. 65

Figura 3.12Extração da porosidade. ...................................................................... 66

Figura 3.13 Extração da porosidade. ..................................................................... 66

Figura 3.14 Informação dos poros. ........................................................................ 67

Figura 3.15 Visualização 3D. ................................................................................ 68

Figura 3.16 Definição da quantidade de materiais. ............................................... 71

Figura 3.17 Corte da amostra gerada no Scan IP. ................................................. 71

Figura 3.18 Fluxo de trabalho MEF. ..................................................................... 72

Figura 3.19 Sistema de unidades. .......................................................................... 73

Figura 3.20 Módulos Volumétricos, de cisalhamento, Young e coeficiente de

Poisson da Calcita Adaptado de: Zhao, et al.( 2009)..................................... 73

Figura 3.21 Corte do TR3 (2materiais (a)) ............................................................ 74

Figura 3.22 Corpo de prova MEF .......................................................................... 75

Figura 3.23 Corpo de prova antes e depois do deslocamento (figuras em

sobrescala). .................................................................................................... 76

Figura 3.24 Corpo de prova(em corte) antes e depois do deslocamento (figuras em

sobrescala). .................................................................................................... 77

Figura 3.25 Gráfico dos deslocamentos. ............................................................... 77

Figura 3.26 Tensões do topo do corpo de prova. .................................................. 78

Figura 3.27 Média das tensões do corpo de prova. ............................................... 78

Figura 3.28 Obtenção do módulo de elasticidade.................................................. 79

Figura 4.1 Travertino de Itaboraí. Travertino Romano e Travertino Turco .......... 80

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Figura 4.2 Travertinos Romanos. .......................................................................... 81

Figura 4.3 Travertinos Turcos. .............................................................................. 82

Figura 4.4 Classificação de Knackstedt. ................................................................ 83

Figura 4.5 Malha para um material. ...................................................................... 85

Figura 4.6 Malha para dois materiais (a) e (b). ..................................................... 86

Figura 4.7 Malha para dois materiais (c). .............................................................. 86

Figura 4.8 Malha para quatro materiais. ................................................................ 87

Figura 4.9 Tensão- Deformação do Travertino de Itaboraí. .................................. 88

Figura 4.10 Módulo de Elasticidade x Porosidade (original e reamostragem). .... 92

Figura 4.11 Gráfico com a influência de cada material. ........................................ 92

Figura 4.12 Gráfico com a influência da proporção dos materiais. ....................... 93

Figura 4.13 Gráfico comparando resultados de dois materiais com quatro

materiais. ....................................................................................................... 93

Figura 4.14 Gráfico do coeficiente de Poisson de todas as amostras. ................... 94

Figura 4.15 Gráfico do módulo de elasticidade de todas as amostras. .................. 94

Figura 4.16 Gráfico com os valores encontrados no presente trabalho e trabalho de

Garder (2010) ................................................................................................ 95

Figura 4.17 Gráfico com valores encontrados em ensaios numéricos e laboratório.

....................................................................................................................... 95

Figura 4.18 Valores do módulo de elasticidade para a mesma porosidade ........... 96

Figura 4.19 Valores do módulo de elasticidade para uma faixa de porosidade. ... 97

Figura 4.20 Travertino Turco 5 Travertino Turco 4 Travertino Turco 2. ............. 98

Figura 4.21 Variação dos valores encontrados na literatura e no presente trabalho.

....................................................................................................................... 99

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 Principais parâmetros utilizados no microtomógrafo para as amostras

analisadas. ( Pilotto, 2011) ............................................................................ 36

Tabela 2.2 Características das imagens bidimensionais procedentes do processo de

microtomografia para os travertinos. ............................................................. 37

Tabela 3.1 Dimensões e resolução das subamostras. ............................................ 58

Tabela 3.2 Classificação de poros de Knackstedt.................................................. 67

Tabela 3.3 Tipos de manhas geradas no Scan IP. ................................................. 69

Tabela 3.4 Número de elementos gerados para cada sub amostra. ....................... 70

Tabela 3.5 Dados de entrada em relação a intensidade do material. ..................... 73

Tabela 4.1 Cinco poros com maior volume, média do volume de poros, desvio

padrão e menor poro. .................................................................................... 83

Tabela 4.2 Porosidade encontradas no trabalho de Pico (2013) e no presente

trabalho. ......................................................................................................... 84

Tabela 4.3 Diferença dos Travertinos Romanos 1 e 3. .......................................... 84

Tabela 4.4Resumo das simulações com um material. ........................................... 88

Tabela 4.5 Módulo de elasticidade de entrada para simulação com dois materiais.

....................................................................................................................... 89

Tabela 4.6 Resumo das simulações com dois materiais. ....................................... 89

Tabela 4.7 Módulo de elasticidade de entrada para simulação com quatro

materiais. ....................................................................................................... 90

Tabela 4.8 Resumo das simulações com quatro materiais. ................................... 90

Tabela 4.9 Volume total, média, desvio padrão e os dez maiores poros ............... 97

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Lista de Equações

Equação 2.1 ........................................................................................................... 40

Equação 2.2 ........................................................................................................... 40

Equação 2.3 ........................................................................................................... 48

Equação 2.4 ........................................................................................................... 48

Equação 2.5 ........................................................................................................... 49

Equação 2.6 ........................................................................................................... 49

Equação 2.7 ........................................................................................................... 49

Equação 2.8 ........................................................................................................... 50

Equação 2.9 ........................................................................................................... 50

Equação 2.10 ......................................................................................................... 53

Equação 2.11 ......................................................................................................... 53

Equação 2.12 ......................................................................................................... 54

Equação 2.13 ......................................................................................................... 54

Equação 4.1 ........................................................................................................... 54

Equação 4.2 ........................................................................................................... 91

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15

1 Introdução

As rochas carbonáticas contêm mais de 60% das reservas de mundiais de petróleo

e 40% das reservas de gás. Após a descoberta dos reservatórios carbonáticos do

pré-sal essas rochas ganharam maior destaque no Brasil. Elas têm apresentados

desafios tanto na perfuração quanto na produção (SCHLUMBERGER, 2013).

O estudo dessas rochas representa um grande desafio devido à sua

heterogeneidade e anisotropia. Os carbonatos apresentam um sistema de poros

complexo e, até agora, de difícil mapeamento de sua ocorrência e previsibilidade

sendo afetado por processos como a diagênese, reprecipitação, dolomitização e

fraturamento, originando poros de diferente forma e tamanho, os quais podem

variar de alguns micrometros a vários metros.

Na indústria do petróleo, as propriedades mecânicas são obtidas através de

ensaios indiretos, sísmica e perfilagem; e em ensaios diretos, ensaios de

laboratório e ensaios no próprio poço. Para os ensaios de laboratório são

confeccionados corpos de provas extraídos de testemunhos e possuem alto custo

operacional.

Além de testemunhos são retirados do poço amostras laterais e amostras de

calha. Com a técnica descrita nesse texto, pretende-se guardar os testemunhos,

amostras laterais e amostras de calha como imagens digitais para futuros ensaios

mecânicos e extração de valores como porosidade e permeabilidade que podem

ser comparados com outras técnicas. A vantagem desta técnica é que os ensaios

podem ser repetidos várias vezes variando as condições e dados de entrada,

podendo ser escolhida qualquer parte do material em qualquer orientação. Como

contrapartida, a iniciativa requer o imageamento dos testemunhos em

microtomógrafo, o arquivamento deste material de forma rastreável e a

necessidade de manipulação de arquivos e sistemas de dados de grandes

proporções.

DBD
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16

Figura 1.1 Amostras de poço.

1.1. Objetivo e Motivação

O objetivo deste trabalho é entender o comportamento mecânico das rochas

carbonáticas a partir de imagens digitais obtidas por microtomografia, dando

prosseguimento aos trabalhos iniciados por Pilotto (2011) e Pico (2013) na análise

de travertinos seguindo a metodologia do trabalho da última conforme a figura

1.2. O contínuo desenvolvimento da indústria do petróleo incita a realização de

pesquisas, as quais envolvem áreas multidisciplinares. Dentre elas o

processamento de imagens e mecânicas das rochas por meio de resultados

numéricos, que associados às informações de geologia da rocha, permitem a

melhor compreensão do comportamento do material.

Figura 1.2 Metodologia de trabalho.

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17

Os travertinos podem ser empregados como rochas análogas aos carbonatos

do Pré-Sal, ao menos das fácies mais porosas, conforme apresenta Pilotto (2011)

em seu trabalho, considerando características como: textura, composição

mineralógica, agentes formadores e resistência. A mesma autora coletou e

realizou a microtomografia nas rochas, assim como a realização de diversos

ensaios.

As imagens obtidas por microtomografia podem ser processadas e

analisadas por softwares de que fornecem porosidade, distribuição, tamanho de

poros e arquitetura da estrutura do arcabouço. Isso permite uma melhor

caracterização do comportamento do material através de simulação numérica onde

também podemos obter propriedades elásticas dessas rochas microtomografadas.

1.2. Estrutura da dissertação

O presente trabalho se encontra dividido em cinco capítulos, os quais serão

brevemente descritos a seguir:

No capítulo 1 se faz uma introdução geral do tema em estudo, além dos

objetivos e a organização desta dissertação.

No capítulo 2 se apresenta a revisão bibliográfica sobre rochas carbonáticas,

imagens digitais e elementos finitos.

No capítulo 3 são apresentados os materiais e a metodologia de trabalho

para caracterizar e analisar o comportamento mecânico dos carbonatos.

No capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos de analise de imagens

e ensaios numéricos, conforme a aplicação da metodologia descrita no capítulo 3.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões deste trabalho, e as sugestões

para futuras pesquisas que envolvam rochas carbonáticas.

Por fim, apresentam-se as referências do material bibliográfico consultado,

assim como apêndices contendo os resultados gerados no desenvolvimento desta

dissertação.

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2 Revisão bibliográfica

2.1. Rochas Carbonáticas

As rochas-reservatório carbonáticas são descritas por Ahr, (2008) como

rochas porosas e permeáveis que contém hidrocarboneto, estes reservatórios

apresentam características petrofísicas e geológicas complexas. Muitas vezes são

naturalmente fraturados e com sistema poroso complexo.

Os carbonatos são rochas sedimentares, de origem clástica, química ou

bioquímica, composta principalmente por Calcita ( 3CaCO ), Dolomita

))(( 23COCaMg e Aragonita ( 3CaCO ), além de minerais secundários não

carbotaticos como anidrita, gesso, siderita, quartzo, argilominerais, pirita, óxidos e

sulfatos (Arh et al., 2005). Estas rochas são depositadas naturalmente em

ambientes marinhos ou continentais de águas claras, quentes e rasas, também

podem se formar pela erosão ou lixiviação e posterior transporte do material

carbonático de zonas dissolução a zonas de precipitação que leva à sedimentação

destas rochas em camadas paralelas e horizontais, conforme a figura 2.1.

(Acocella & Turrini, 2010).

Pode ser formada também por origem metabólica de microorganismos,

dando origem aos carbonatos bioconstruídos.

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19

Figura 2.1 Fábrica de carbonatos.

Para a análise e classificação de muitos tipos de rochas carbonáticas é

indispensável à identificação da presença de matriz a definição do tipo de

arcabouço - matriz suportado ou grão suportado – além dos principais grãos

formadores. (Terra et al, 2009).

Segundo Terra et al (2009) e Pilotto (2011) a matriz ou micrita, material

primário na formação da rocha, é composta por cristais de calcita com dimensões

menores a quatro de micrômetro (µm). O cimento ou esparita é um agregado de

cristais de carbonato formados principalmente por aragonita, calcita magnesiana,

calcita de baixo teor de magnésio ou dolomita com tamanhos maiores a quatro

micrômetros (µm), que precipitam nos espaços vazios existentes entre os grãos

dos sedimentos carbonáticos. Dentre os grãos chamados também de grãos

aloquímicos, encontram-se oólitos, oncolitos, pelóides, pellets, extraclastos,

intraclastos e bioclastos.

DBD
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Figura 2.2 Principais elementos componentes das rochas carbonáticas.

Micrita: Equivale à matriz e é formado por

calcita microcristalina (<4 µm).

Normalmente de cor pardo.

Material de origem primário na

formação da rocha.

Espato:

Cimento carbonático precipitado

quimicamente.

Agregado de cristais de carbonato (>4

µm), precipitado nos espaços entre grãos

de um sedimento carbonático ou nos

espaços internos dessas partículas.

Oólitos: Partículas esféricas ou ovais de

estrutura concêntrica principalmente

de carbonato de cálcio, (<2 mm).

Forma-se em águas ricas em

carbonato de cálcio, por precipitação

inorgânica em águas marinas

tropicais.

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Figura 2.3 Principais Grãos.

Oncólitos: Partículas formadas por lâminas

micríticas concêntrica geradas por

algas azuis que formam crostas

descontínuas em águas agitadas e

calmas. Tamanho variável até

centímetros e com seleção pobre.

Bioclastos: Esqueletos e pedaços de esqueletos

de organismos de carapaça calcária.

Extraclastos: Fragmentos arredondados ou

angulosos procedentes da erosão das

rochas carbonáticas e fora da bacia.

Estrutura interna sofreu processos

digenéticos. Evidência de

cimentação bem desenvolvida e

bordas.

Intraclastos: Componente de um calcário como

fragmento erodido dentro da bacia de

deposição e ré-deposição, na mesma

formação.

Morfologia geralmente angulosa, de

tamanhos variáveis.

Peloides: Corpos de > 0,15 mm arredondados

ou ovalados resultantes de

fragmentos de conchas.

Pellets: Pequenos corpos ovalados (< 0,15

mm) sem estrutura interna e origem

fecal.

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2.1.1. Classificação das rochas carbonáticas

Diversas classificações têm sido desenvolvidas como resultado da

heterogeneidade presente nas rochas carbonáticas. Estas rochas têm sido

classificadas com base em sua textura, composição, mineralogia, parâmetros

físicos assim como pelos tipos de poros característicos.

Roehl e Choquette, (1985), Folk, (1959 e1962) e Dunham, (1962)

apresentam classificações com base nas quantidades relativas à textura e

componentes digenéticos (partículas, matriz, cimentos e poros) além das

características partículas “versus” matriz. Uma década mais tarde Embry e Klovan

(1972) deram uma nova dimensão à proposta de Dunham, distinguindo mais dois

grupos entre calcários alóctones com elementos figurados, de diâmetro superior a

dois milímetros.

2.1.1.1. Classificação de Dunham (1962)

Segundo Terra et al (2009), esta classificação é baseada na textura

deposicional, onde são definidos quatro grupos de rocha: carbonatos com matriz

(grão-suportado ou não), carbonatos sem matriz (grão suportado), carbonatos

relacionados a componentes originais ligados durante a deposição, e carbonatos

essencialmente formados por cristais que podem ser calcita e/ou dolomita.

Mudstone – Rocha carbonática suportada pela matriz com menos de 10%

de grãos tamanho areia ou maior.

Wackestone – Rocha carbonática suportada pela matriz com mais de 10%

de grãos tamanho areia ou maior.

Packstone – Rocha suportada pelos grãos com matriz.

Grainstone – Rocha carbonática suportada pelos grãos, sem matriz

(máximo de 5%).

Boundstone – Rocha carbonática formada in situ, cujos componentes da

trama original foram ligados durante a deposição.

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Cristalline – Rocha carbonática totalmente recristalizada, não sendo

possível identificar sua textura deposicional original.

Figura 2.4 Classificação de Dunham.

2.1.1.2. Classificação de Embry e Klovan (1972)

Segundo Terra et al (2009), esta classificação é uma ampliação de Dunham

(1962) para rochas recifais. Os autores substituíram a categoria Boundstone por

cinco novas categorias: Floatstone, Rudstone, Bafflestone, Bindstone e

Framestone.

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Figura 2.5 Classificação de Embry e Klovan

2.1.2. Processos de Formação

As rochas carbonáticas apresentam uma grande variedade de tipos de poros,

porosidade heterogênea além de estruturas e distribuição espacial complexa. Isso

devido aos processos de formação físicos e químicos que se iniciam logo após a

sedimentação, em ambientes marinhos e continentais.

Após a sedimentação os sedimentos passam a sofrer processos de litificação

ou diagênese. A diagênese compreende uma ampla gama de processos físicos,

químicos e biológicos, em estágios, nos quais, os sedimentos e águas preenchendo

poros intersticiais, reagem procurando um equilíbrio geoquímico e textural com o

ambiente. Isto gera mudanças mineralógicas, geoquímicas, texturais e estruturais.

Assim, os mecanismos de diagêneses podem ser mecânicos, biológicos, químicos

ou a combinação desses mecanismos. (Ahr, 2008).

A diagênese é o processo responsável pela porosidade, permeabilidade e

resistência mecânica das rochas carbonáticas. Dentre os fatores ambientais na

diagênese, podemos destacar a pressão, temperatura, as propriedades dos fluidos

diagenéticos e o tempo. Também fatores intrínsecos ao sedimento como a

composição mineralógica, a textura, a porosidade e a permeabilidade.

Os principais processos diagenéticos sofridos pelas rochas carbonáticas são

a compactação, a cimentação, a dissolução, a recristalização e a dolomitização.

A compactação é gerada pelo aumento da carga, gerando uma reorganização

de partículas e com isso uma redução na porosidade. Pode ser mecânica, que

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começa ao final da sedimentação e química, como resultado do aumento de

solubilidade no contato entre grãos e superfícies de descontinuidade quando é

aplicada uma força como a pressão de soterramento ou processos tectônicos em

presença da água.

A dissolução é o processo de iteração da composição da água dos poros e a

mineralogia de partículas. Este processo é o causador da porosidade secundaria

dos carbonatos (vugs, caverna, etc.).

A recristalização é um processo que compreende transformações de

minerais e texturas dando como resultado cristais novos de morfologia e tamanhos

diferentes.

A dolomitização é o processo que envolve a substituição da calcita e

aragonita por dolomita, é um processo geoquímico em que íons magnésio

substituem íons cálcios (Ca2+) de calcitas, originando dolomita (CaMg(C03)2). A

circulação de águas carregadas de sais magnesianas é responsável pelo processo

de dolomitização. Quando chega o ponto em que o calcário está muito enriquecido

em carbonato de magnésio, ela passa a constituir um calcário dolomítico. Como o

volume dos cristais de dolomita é menor do que o da calcita, o processo de

dolomitização é acompanhado por um aumento da porosidade das rochas, bem

como o alívio de tensões. Ela se torna cavernosa o suficiente para perder os traços

de estratificação primitiva.

2.1.3. Travertinos

Segundo Chafetz & Folk (1984) o termo travertino é italiano, constituindo

uma derivação do latim Tiburtinus cuja tradução do latim significa “pedra de

Tibur”, em referência à cidade de Tivoli.

Os travertinos são rochas sedimentares não clásticas com microestrutura

cristalina. Segundo Folk (1959) originam-se em águas termais e não apresentam

nenhum vestígio de plantas ou animais, apenas de atividades microbianas de

bactérias tolerantes ao calor.

Para Pentecost (2005) o travertino é um calcário continental, quimicamente

precipitado e formado no entorno de infiltrações, nascentes, rios e eventualmente

lagos. Sua constituição é de calcita ou aragonita, de baixa a moderada porosidade

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intercristalina e elevada porosidade móldica (formada pela remoção seletiva ou

dissolução do material sedimentar) ou framework. Para o autor a precipitação

resulta principalmente da transferência do dióxido de carbono de ou para as fontes

de água subterrânea levando à supersaturação de carbonato de cálcio, com a

nucleação e crescimento de cristais que ocorre sobre uma superfície submersa.

2.1.4. Porosidade e comportamento mecânico

A porosidade e como ela se distribui na rocha está diretamente

correlacionada com a resistividade, permeabilidade, velocidade acústica e

comportamento mecânico. Segundo Arns et al (2002), as propriedades elásticas

das duas fases (poros e sólido) do material poroso dependem da geometria natural

do espaço poroso e da fase sólida assim como do valor da porosidade. Aspectos

relevantes dos materiais porosos podem incluir forma do poro e tamanho, assim

como tamanho e tipo de interconexão entre as regiões sólidas.

2.1.4.1. Porosidade

A porosidade por definição é a razão entre o espaço vazio total e volume

total da rocha. Nesta seção serão apresentadas as definições de porosidade.

Porosidade absoluta é a relação entre volume total de vazios de uma

rocha e o volume total da mesma.

Porosidade efetiva é a relação entre espaços vazios interconectados

de uma rocha e o volume total da mesma. Do ponto de vista da

engenharia de reservatórios a porosidade efetiva é o valor que se

deseja quantificar, pois representa o espaço ocupado por fluidos que

podem ser deslocados do meio poroso.

o Porosidade primária é aquela que se desenvolveu durante a

deposição do material sedimentar.

o Porosidade secundária é resultante de alguns processos geológicos

subsequentes à conversão dos sedimentos em rochas.

A porosidade efetiva pode ser determinada através de diferentes métodos:

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Volume de poros medidos por injeção de hélio, utilizando-se o

método da lei de Boyle;

Porosidade em corpos de prova medida através das técnicas de

saturação das amostras e avaliação de pesos seco e saturado;

Porosidade obtida de lâminas delgadas através da contagem de poros

no microscópio;

Choquette & Pray (1970) fizeram uma representação dos diferentes tipos de

porosidade, sendo divididas em três grupos, conforme a figura 2.6.

A porosidade das rochas é bastante variável. No caso das rochas

sedimentares, formadas pelo acúmulo de grãos, fragmentos de rochas ou conchas,

geralmente decresce com a idade geológica e com a profundidade. Quanto mais

antiga a rocha, maior a presença de minerais estáveis. Os instáveis já foram

alterados, lixiviados e substituídos por outros estáveis, conferindo menor espaço

vazio ao material (GOODMAN, 1989).

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Figura 2.6 Classificação da porosidade de Choquette & Pray (1970). (Fonte: Modificado

Scholle & Scholle, 2003).

No primeiro grupo de fábrica seletivo, a responsável da formação do poro

são os grãos e cristais ou outras estruturas físicas, sendo que os poros não

atravessam seus limites primários (grãos e fábrica de posição). Neste grupo,

inclui-se a porosidade:

Interpartícula onde o espaço poroso é formado pelas partículas

sedimentares, com um diâmetro de poro maior que 10 µm.

Intrapartícula, onde o espaço poroso se forma no interior das

partículas ou grãos das rochas, com um diâmetro de poro menor que

10 µm.

Intercristalina, em que o espaço poroso é formado entre cristais da

rocha.

Móldica, formada pela remoção seletiva ou dissolução do material

sedimentar.

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Fenestral, este termo é usado para definir as aberturas maiores e mais

longas que os interstícios formados pelos grãos das rochas, com

diâmetros maiores a 100 µm.

Shelter ou abrigo, na qual as partículas cobrem a superfície da rocha

em formação, deixando um espaço vazio formando o poro e evitando

que seja preenchido por material mais fino.

Growth – Framework ou estrutura de crescimento, que é um tipo de

porosidade primária criada a partir do crescimento in situ da

estrutura da rocha carbonática.

No grupo de fábrica não seletivo, os poros podem atravessar seus limites

primários, incluindo-se os seguintes tipos:

Fratural, originada pelo faturamento da rocha, que pode induzir à

formação de outros tipos de poros e aumentos significativos da

permeabilidade.

Canal, os poros ou sistema de poros são alongados e há continuidade

dos poros em uma ou duas dimensões em relação à terceira

dimensão.

Vugular, com diâmetros maiores a um mm, não apresentando

relação com a textura da rocha, e sendo formados geralmente por

dissolução com um baixo grau de comunicação.

Caverna, este tipo de porosidade originada por processos de

dissolução é caracterizada pelo maior tamanho, que são grandes

cavidades ou cavernas.

O último grupo de fábrica seletiva ou não; inclui a porosidade:

Brecha, que acontece principalmente na zona de falha, dissolução

com fluxo de detritos e deslizamento ou deformação tectônica.

Boring ou buraco, no qual os poros são criados em sedimentos

relativamente rígidos, conchas e outros matérias pela perfuração de

organismos.

Burrow ou Toca, neste caso os poros também são formados por

organismos, porem em sedimentos pouco consolidados.

Shrinkage ou gretas de contração, sendo estes vazios originados por

processos de secagem que são associados com a ocorrência de gretas

e fissuras de tamanho variável, que se apresentam majoritariamente

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em sedimentos finos (Scholle & Scholle, 2003). Estão geralmente

associados à exposição da rocha e ao intemperismo.

2.1.4.2. Comportamento Mecânico

Pico (2013) fez um levantamento das propriedades dos travertinos. A

porosidade varia entre 5,18%-24,99%, a densidade de travertinos varia entre 2,02

e 2,7g/cm3, a resistência encontrada varia na faixa de 36,82 até 49,48 MPa,

velocidades de onda de compressão (Vp) entre 4,07 e 5,6 km/s e velocidades de

onda de cisalhamento (Vs) entre 2,2 ate 3,06 km/s. Em sua dissertação podemos

encontrar uma vasta coleção de trabalhos dos mais variados autores e assuntos

sobre caracterização mecânica de carbonatos.

Garder et al. (2010) apresentaram um estudo em rochas carbonáticas,

retiradas de poços terrestres em Abu Dhabi, comparando o módulo de elasticidade

dinâmico obtido através de ensaios de laboratório confinados com a técnica de

Física Digital de Rochas. A comparação se encontra na figura 2.7 e mostra

resultados satisfatórios na comparação das duas técnicas. Os triângulos abertos

são dos ensaios em laboratório e os triângulos fechados de ensaios numéricos. As

rochas estudadas em laboratório foram rochas de poços adjacentes ao poço às

rochas usadas para análise numérica.

Figura 2.7 Módulo de elasticidade x porosidade (Garder et al, 2010).

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Pilotto (2011) e Palchik (2010) apresentaram a comparação entre as

correlações do módulo de Young com a porosidade obtida em laboratório para

diferentes tipos de rochas carbonáticas. Palchik (2010) coletou amostras em

diferentes locais de Israel entre dolomitos e calcários. Pilotto (2011) coletou

amostras de travertinos de Itaboraí. Nas rochas estudadas por Palchik (2010),

verificou-se que os valores do módulo de Young decresciam com o aumento da

porosidade. Nos ensaios realizados por Pilotto (2011) verificou-se o contrário,

talvez pela pequena variação da porosidade nos três ensaios e um número limitado

de amostras que não são suficientes para se estabelecer uma tendência. A análise

digital de imagens pode responder por resultados alheios apenas a porosidade.

Figura 2.8 Módulo de elasticidade x porosidade (Pilotto, 2011 e Palchik, 2010).

Como mostra a figura 2.8, para a mesma porosidade, existe uma variação do

módulo de elasticidade que pode ser explicada tanto pela mineralogia, tanto

quanto e pela distribuição de poros. Palchik (2010) apresenta em seu artigo uma

tabela com a porosidade e o módulo de elasticidade. Para amostras da mesma

região com porosidades iguais, o módulo de elasticidade é diferente.

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2.2. Processamento e Análise Digital de Imagens

O Processamento e Análise Digital de Imagens (PADI) é uma ferramenta

relativamente recente que cresce acompanhando o desenvolvimento dos recursos

computacionais. Consiste na utilização de operações matemáticas para alterar os

valores dos pixels de imagens digitais, modificando-as, para facilitar sua

visualização e/ou para proceder à extração de dados quantitativos (Gomes, 2001).

O Processamento e Análise Digital de Imagens podem ser divididos em três

etapas: aquisição, processamento e análise. A aquisição é a obtenção de uma

imagem digital. Na etapa de processamento as imagens são tratadas e preparadas

para analise que é a etapa de extração de atributos e reconhecimento de padrões. A

figura abaixo mostra a sequência do PADI.

Figura 2.9 Fluxo de trabalho (imagens).

2.2.1. Aquisição da imagem

O objetivo do bloco de Aquisição é a obtenção de uma imagem digital. Uma

imagem digital é um arquivo de computador composto basicamente por um

cabeçalho, com informações diversas, e uma matriz de números, onde cada um

deles identifica a cor ou intensidade do pixel de posição correspondente na

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imagem. Assim, esta matriz constitui-se num mapa que reproduz a imagem pixel a

pixel.

Figura 2.10 Matriz de uma imagem.

O pixel, abreviação de picture element, é a unidade básica da imagem digital

em duas dimensões, para três dimensões a unidade básica é o voxel (combinação

de volume e pixel).

Figura 2.11 Pixel e Voxel.

Existem vários instrumentos para obtenção de imagens digitais como

máquinas de fotografia, microscópios eletrônicos e óticos, microtomografia, entre

outros. É importante ressaltar que o termo imagem não se restringe apenas ao

princípio óptico, podendo ser geradas imagens acústicas, magnéticas, radioativas,

etc.

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2.2.1.1. Microtomografia

A Tomografia Computadorizada (TC) é uma técnica de ensaio não

destrutivo que permite a obtenção de imagens de uma seção de um corpo de

prova, através de um conjunto de projeções do plano e com o auxílio de um

computador com um programa de reconstrução de imagens. Múltiplos raios

projetados sobre o corpo de prova, em vários ângulos em um mesmo plano,

fornecem uma imagem 3D do objeto. No caso da tomografia de raios-x a principal

vantagem é ser uma técnica não invasiva que nos fornece certa proporcionalidade

entre os valores de atenuação de raios-x aquisitados em cada voxel e o valor da

densidade real do material neste subdomínio. Tal fato dá origem ao termo de

radiodensidade aos resultados do equipamento (Machado, 2012).

Figura 2.12 Esquema do sistema Tomográfico.

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Figura 2.13 Princípio da formação da imagem tomográfica.

A Microtomografia Computadorizada possui o mesmo embasamento da

tomografia, tendo sido especialmente desenvolvida para a inspeção de

microestruturas. O diferencial desta técnica está relacionado ao tamanho do foco

do tubo de raios x e à resolução do detector. Essa metodologia possibilita a

caracterização detalhada de propriedades petrofísicas, tais como, porosidade e

distribuição de tamanho dos poros e também inferência da permeabilidade.

As imagens utilizadas nesta pesquisa correspondem a imagens de três

amostras de travertinos (TRI-09, TRR-01 e TRT-01) capturadas no

microtomógrafo da marca SkysCan, modelo 1173, (Figura 2.14), no Laboratório

de Geologia Sedimentar (Lagesed) do Instituto de Geociências da UFRJ, durante a

dissertação de mestrado realizada por Pilotto, (2011).

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Figura 2.14 Microtomógrafo SkysCan 1173 utilizado no programa experimental: a) vista

frontal do equipamento e b) porta amostras. ( Pilotto, 2011).

A tensão utilizada na aquisição das imagens foi de 80 kV, com uma corrente

de 100 μA. O microtomógrafo possui um tubo de raios-X com uma potencia de

8W. A Tabela 2.1 apresenta os parâmetros utilizados no microtómografo para as

amostras.

Tabela 2.1 Principais parâmetros utilizados no microtomógrafo para as amostras analisadas.

( Pilotto, 2011)

Amostra

Tensão

(KV)

Rotação

Total (°)

Passo

angular

(°)

Resoluçã

o espacial

(um)

Tempo de

exposição

para cada

projeção

(ms)

"Frames"

Tempo

total de

aquisição

TRI-09 80 0 a 180 0,5 33,84 800 5 32’ 37”

TRR-01 80 1 a 180 0,5 26,08 800 5 32’ 28”

TRT-01 80 2 a 180 0,5 26,08 800 5 32’ 35”

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O resultado são pilhas de imagens bidimensionais. Na Tabela 2.2 são

apresentadas as informações do número de imagens bidimensionais e sua

equivalência em GigaBytes, para as três amostras dos travertinos

microtomografadas.

Tabela 2.2 Características das imagens bidimensionais procedentes do processo de

microtomografia para os travertinos.

Amostra

Número de imagens

bidimensionais

Equivalência em

GigaBytes

TRI-09 2057 9,62

TRR-01 1813 8,47

TRT-01 2383 11,1

2.2.1.2. Conceitos/ Propriedades/ características da Imagem digital

A resolução espacial ou simplesmente resolução consiste no tamanho, na

imagem real, que um pixel da imagem digital representa, ou seja, a resolução é a

capacidade máxima de discriminação de dois pontos na imagem.

Figura 2.15 Resolução.

A profundidade, quantização ou resolução espectral de uma imagem digital

consiste no número máximo de níveis de intensidade que esta imagem pode

apresentar. Em microtomografia as imagens são de 8 bits, geralmente

representados opticamente por 256 tons de cinza Assim, este trabalho trata

somente de casos onde as imagens adquiridas tem esta profundidade.

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Figura 2.16 Resolução e intensidade.

O histograma de uma imagem digital constitui-se na representação gráfica

da função distribuição dos tons de cinza de seus pixels. O histograma é um gráfico

que tem como eixo horizontal a escala de tons de cinza e cujo eixo vertical

representa as probabilidades de ocorrência dos tons de cinza na imagem, o

histograma fornece uma descrição global da aparência da imagem, mas nada diz

sobre seu conteúdo.

Figura 2.17 Histograma de imagem.

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2.2.2. Pré-processamento

O pré-processamento é a etapa que tem por objetivo melhorar a imagem,

corrigindo defeitos gerados durante sua aquisição e/ou realçando detalhes de

interesse específico.

Segundo Gomes (2001), os procedimentos desta etapa podem ser divididos

em duas categorias, procedimentos realizados no domínio do espaço real e

procedimentos realizados no domínio das frequências. O domínio do espaço real

refere-se à imagem propriamente dita e os procedimentos nele realizados são

baseados na direta manipulação dos pixels da imagem. Já os procedimentos no

domínio das frequências são feitos através da modificação da imagem da

transformada de Fourier da imagem original, seguida da obtenção de sua

transformada inversa.

Existem na literatura vários procedimentos no domínio do espaço e no

domínio da frequência, porém neste trabalho serão considerados apenas as

operações locais e as operações geométricas que são procedimentos do domínio

do espaço.

Operações locais são operações onde o tom de cinza de um

determinado pixel na imagem de saída é função não apenas de seu tom de

cinza na imagem de entrada, mas também dos tons de cinza de seus pixels

vizinhos nesta imagem.

Figura 2.18 Operação local.

As operações geométricas são operações onde a relação de posição entre os

pixels é alterada. Consistem em uma transformação espacial, que, caso leve à

criação de pixels inexistentes na imagem original, é seguida por uma interpolação

das intensidades dos pixels.

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Figura 2.19 Operação Geométrica.

A operação geométrica mais comum é certamente a reamostragem

(resampling), que consiste numa transformação espacial linear de mudança de

escala, definida como:

(2.1)

(2.2)

Onde S é o fator de escala.

2.2.2.1. Segmentação

Segundo Gomes (2001), o objetivo da segmentação é reproduzir

digitalmente a tarefa de reconhecer regiões de uma imagem como objetos, um

processo cognitivo extremamente sofisticado realizado pela visão humana. A

segmentação divide a imagem em regiões e distingue essas regiões como objetos

independentes uns dos outros e do fundo. A segmentação costuma ser a etapa

crítica da sequência padrão de PADI, pois é através dela que se reconhece e se

identifica os objetos de interesse, sobre os quais será feita a análise.

No caso mais simples de diferenciar objetos de um fundo, a segmentação

tem como produto uma imagem binária, onde os pixels pretos representam o

fundo e as regiões de pixels brancos contíguos são considerados objetos, ou vice-

versa. Neste trabalho, fica convencionado que, a notação é: os pixels pretos (0)

são os poros e as regiões de pixels brancos (1) representam o arcabouço sólido da

rocha.

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41

A figura 2.20 mostra em exemplo de segmentação. Uma seção de amostra

de um travertino em 256 tons de cinza, obtida por microtomografia é segmentada,

gerando uma imagem binária onde a calcita (região dos pixels brancos) distingue-

se dos poros (fundo preto).

Figura 2.20 Segmentação.

2.2.2.1.1. Limiarização

Dentre as diversas técnicas de segmentação, a mais utilizada é a

segmentação por faixa tonal, também chamada de thresholding. A limiarização

usa o tom de cinza dos pixels para distingui-los, considerando como objetos, as

regiões de pixels contíguos com tom de cinza dentro de uma faixa tonal

delimitada a partir de um limiar ou tom de corte.

Limiarização bimodal: discrimina duas fases na imagem, o fundo e os

objetos, já a limiarização multimodal: pode ser utilizada para distinguir a imagem

em mais de duas fases.

A escolha do tom de corte é a etapa mais sensível da limiarização, está

escolha é feita a partir do histograma da imagem. Ela pode ser manual, o operador

decide o tom de corte, ou automática.

Na prática, determinar o exato tom de cinza de uma fronteira não é uma

tarefa simples, a escolha manual não é acurada e nem reprodutível, ela depende da

experiência do operador. Os métodos automáticos realizam a operação buscando

classes no histograma, sendo algumas vezes sensíveis aos ruídos.

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2.2.2.1.2. Floodfill

O Floodfill é um algoritmo de crescimento de regiões que considera a

similaridade ou conectividade da imagem dentro de um limiar. A função dessa

segmentação é eliminar voxels não conectados da limiarização.

Figura 2.21 Floodfill.

2.2.3. Extração de Atributos

Extração de Atributos é a etapa da sequência padrão onde se inicia a análise

da imagem. Nela são realizadas medidas sobre a imagem segmentada e/ou sobre a

imagem em tons de cinza, extraindo-se atributos característicos.

Existem basicamente duas classes de medidas, as medidas de campo e as

medidas de região.

As medidas de campo se referem ao campo como um todo, são elas: número

de objetos, área total dos objetos, volume total dos objetos, fração dos objetos e

etc. As medidas de região se referem a objetos independentes e podem ser muito

sofisticadas, permitindo uma nova separação em classes de similaridade em

função dos parâmetros medidos. Conforme sugere Russ (2002) podemos dividir

esses parâmetros em quatro grupos (tamanho, forma, posição e intensidade).

A contagem de objetos em uma imagem é provavelmente a medida mais

comum em análise de imagem. Apesar de ser uma tarefa simples, esta pode não

ser uma medida muito fácil de ser feita manualmente, especialmente se o número

de objetos for grande. No entanto, digitalmente, é uma das medidas mais fáceis de

ser realizada. A partir da imagem segmentada, as regiões de pixels contíguos com

a mesma tonalidade, que correspondem aos objetos, são contadas. Os

analisadores de imagem geralmente oferecem duas opções de contiguidade,

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também chamada conectividade, denotadas por quatro e oito. Conectividade

oito significa que todos os oito pixels adjacentes (em aresta e canto) são

considerados contíguos, já conectividade quatro leva em conta somente os

quatro pixels adjacentes vertical e lateralmente (adjacentes por aresta), não

considerando os quatro pixels diagonalmente adjacentes.

Figura 2.22 Conectividade (imagens 2D).

A área ocupada por objetos é uma medida fácil e rápida para o computador,

ela é obtida pela simples contagem dos pixels brancos na imagem binária. Assim

como o volume em uma imagem 3D pode ser obtido pela contagem de voxels

brancos da imagem binária. Medidas como a porosidade são derivadas das

medidas de volume.

Dentre as medidas de região então as medidas de área ou volume de um

objeto, assim como o perímetro do mesmo. Outras medidas comuns são os

aspectos, também chamados calibres, Feret diameters. Eles equivalem às

projeções ou sombras do objeto em diferentes direções, e, assim, caracterizam

suas dimensões externas. Os principais ferets são o feret mínimo.

Figura 2.23 Ferets a) Ferets mínimo b) Ferets máximo.

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2.3. Métodos dos elementos finitos

O método dos elementos finitos (MEF) é uma forma de resolução numérica

de um sistema de equações diferenciais parciais. Consiste, basicamente, na

discretização de um meio contínuo em pequenos elementos nos quais se define os

espaços de funções de solução e teste para o ajuste do equacionamento diferencial

da natureza do problema. Entre os elementos enforça-se somente a continuidade

do espaço de funções solução. Mantendo as mesmas propriedades do meio

original. O método é muito útil em problemas aplicados às áreas de mecânica

estrutural, transferência de calor, escoamento de fluidos, eletromagnetismo, entre

outras que pretendem analisar deslocamentos, cargas ou tensões. Maiores

informações sobre os fundamentos da teoria e o método numérico podem ser

encontrados em Bathe (1982).

A primeira etapa no processo de modelagem numérica de um fenômeno

físico consiste na identificação dos fatores que influenciam de forma relevante o

problema. Isto implica na escolha adequada dos princípios físicos e das variáveis

dependentes e independentes que descrevem o problema, resultando em um

modelo matemático constituído por um conjunto de equações diferenciais. A

segunda etapa do problema consiste em obter a solução do modelo matemático,

tarefa esta atribuída aos métodos numéricos, como o MEF. Para evitar a solução

das equações diferenciais, adota-se um modelo numérico aproximado dito modelo

discreto, cujas equações são algébricas e as incógnitas são determinadas em um

número finito de pontos.

O problema físico geralmente envolve a estrutura real ou componente dela

sujeita a um carregamento. A idealização do problema físico por um modelo

matemático requer algumas suposições, que conduzem às equações diferenciais

governantes do modelo matemático. O MEF resolverá apenas o modelo

matemático selecionado e todas as suposições feitas no modelo serão refletidas na

solução. Logo, é importante a escolha do modelo matemático apropriado. Após a

resolução do problema matemático e avaliações dos resultados, deve-se definir

sobre a aceitação ou refinamento do modelo utilizado em função da solução do

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problema físico. Caso necessário, devem-se refinar os parâmetros da solução até

que a precisão da solução seja alcançada.

Adicionalmente, o problema físico pode ser alterado e isto acarretará em

modelos matemáticos e soluções em elementos finitos adicionais. A figura 2.24

resume o processo da análise de elementos finitos.

Figura 2.24 Contexto de um problema de MEF adaptado de Bathe, 1982.

Na solução de problemas pelo MEF algumas suposições são feitas,

genericamente:

O meio contínuo é subdividido em pequenos elementos

interconectados (elementos finitos);

Cada elemento tem uma função de aproximação de deslocamentos a

ele associada;

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Cada elemento é conectado aos demais através de interfaces, que

podem ser nós, linhas e/ou superfícies;

É conhecida a relação deslocamento x deformação (equações de

compatibilidade);

É conhecida a relação tensão x deformação (modelos constitutivos).

As suposições gerais do método, acima resumidas, permitem definir

algumas etapas de análise:

Discretização do meio contínuo;

Formulação das propriedades de cada elemento;

Montagem dos elementos para se obter o modelo discretizado do

continuo;

Imposição das condições de contorno do problema;

Solução do sistema de equações algébricas resultante, para cálculo

dos graus de liberdade desconhecidos;

Cálculo das quantidades secundárias.

2.3.1. Geração de malhas tridimensionais

As condições de convergência e exatidão das soluções do MEF dependem

não só da formulação dos elementos, mas também da malha gerada para analisar

um determinado problema. Ou seja, é preciso que a discretização feita para o

domínio do problema em questão também seja adequada, ou o método pode não

convergir e a simulação não fornecer o resultado correto.

A geração de malhas de elementos finitos consiste em dividir um

determinado domínio de interesse em subdomínios. Domínios tridimensionais

podem ser divididos em tetraedros, pentaedros (cunha e pirâmide de base

quadrada) ou hexaedros. Essa divisão é feita com a aplicação de um método de

geração de malhas. Diversos algoritmos de geração foram desenvolvidos, e ainda

são desenvolvidos, para atender a diversas finalidades.

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Figura 2.25 Tetraedros e hexaedros.

A maioria dos métodos de geração de malhas foram desenvolvidos para

problemas de engenharia modelados no sistema CAD, e são baseados em pontos,

curvas e superfícies. O avanço em hardware, especialmente memórias mais

baratas e maiores, trouxe a atenção para a técnica dos chamados gráficos de

volume, onde a menor unidade é o voxel, que são obtidos de medições de imagens

em tomografia, ressonância magnética e sísmica.

Em malha de volume, os elementos 3D gerados costumam preencher todo o

interior do volume. A qualidade dessa malha é medida justamente pelo total

preenchimento, sem sobreposição de elementos e sem deixar buracos (holes) na

região interna, bem como pela distribuição homogênea dos elementos, isto quer

dizer que os elementos devem ser poliedros convexos o mais regular possível,

como por exemplo, tetraedros regulares, hexaedros regulares, e assim por diante,

dependendo do tipo de malha, e terem dimensões mais próximas quanto possíveis

uns dos outros.

Segundo Young (2008), os métodos de geração de malhas baseados em

grade são um significativo avanço porque esses processos podem ser mais

robustos e bastante simplificados. Os métodos baseados em grade são abordados

por uma aproximação por voxel e por uma adaptação do marching cubes.

A representação de objetos geométricos baseados em voxels tem como

principal vantagem à capacidade de representar geometrias complexas,

principalmente no interior do objeto. A aproximação voxel foi proposta por Keyak

et al (1990) consiste em exportar os voxels diretamente como hexaedros.

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A adaptação do marching cubes adapta a geração de malhas tetraédricas

completa do volume de hexaedros através de tabelas pré-calculadas ao invés de

determinar triangulações de superfície. Essa técnica supera o problema de

superfícies de redes escalonadas da aproximação voxel, porem herda algumas

desvantagens do marching cubes.

2.3.2. Analise de elementos finitos

No modelo discretizado obtém-se um sistema de equações para cada

elemento. Estas equações relacionam os deslocamentos e forças (em problemas de

tensão) nodais através da matriz de rigidez do elemento. A equação 2.3 mostra

esta relação.

(2.3)

Onde: K e é a matriz de rigidez do elemento;

eé o vetor de deslocamentos nodais do elemento;

F e é o vetor carregamento do elemento.

A matriz de rigidez é composta pelos coeficientes das equações de

equilíbrio determinados a partir da geometria, propriedade e leis constitutivas

adotadas em cada elemento.

Escrevendo a equação de equilíbrio de cada elemento, de modo que a matriz

de rigidez dos elementos fique associada a todos os graus de liberdade do

problema, obtém-se a matriz de rigidez global. A equação 2.4 mostra a relação

global.

(2.4)

Onde: K g é a matriz de rigidez do problema;

gé o vetor de deslocamentos nodais do problema;

F g é o vetor carregamento do problema.

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O sistema de equações é resolvido para cálculo dos graus de liberdade

desconhecidos (por exemplo, deslocamentos). A partir dos campos de

deslocamentos obtêm-se as deformações em cada elemento, que juntamente com

as deformações iniciais e as leis constitutivas dos materiais definem os estados de

tensões.

As relações para cálculo das quantidades secundárias (tensões e

deformações) são mostradas nas equações 2.5, 2.6, 2.7.

(2.5)

(2.6)

(2.7)

Onde: é o vetor de deformações;

é o vetor de deslocamentos;

[B] é a matriz deformação-deslocamento;

é o vetor de tensões;

[C] =[D]-1

é a matriz tensão-deformação (matriz constitutiva).

2.4. Modelo Elástico

Pela definição, em um material elástico, vigora o princípio da conservação

de energia. Tensões e deformações são biunivocamente interrelacionados e o

estado final de tensões ou deformações independe da trajetória de carregamento.

A relação entre componentes de tensão e deformação é dada pelas

propriedades dos materiais em consideração. As equações que definem esta

relação, entre tensão e deformação, são chamadas de equações constitutivas. No

caso da elasticidade linear em três dimensões, a lei constitutiva é denominada de

Lei de Hooke generalizada.

Quando o material é isotrópico as propriedades relativas ao seu

comportamento são iguais em todas as direções para um mesmo ponto. Materiais

elásticos e isotrópicos são representados por duas constantes elásticas

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independentes: módulo de elasticidade (E) e coeficiente de Poisson (υ). Para um

material elástico e isotrópico, as relações tensões-deformações se escrevem da

seguinte forma:

(2.8)

Onde: G é o módulo cisalhante ou módulo de elasticidade transversal e é

definido pela equação 2.9.

(2.9)

A análise de projetos em rochas seria bastante simplificada caso esse

matérias fossem realmente homogêneos, contínuos, elástico, lineares e

isotrópicos. Porém, o comportamento das rochas se afasta deste modelo ideal

devido à própria natureza e gênese.

As rochas raramente são contínuas. A presença de poros e microfissuras

(microestruturas) separam grãos e cristais e são responsáveis pelo comportamento

não linear a baixas tensões e pela reduzida resistência a tração das rochas. A

presença de macroestruturas (vuggys) confere caráter descontinuo a massa rochosa

Um único poro grande é capaz de reduzir a resistência ao cisalhamento.

2.5. Ensaio de compressão simples ou uniaxial

O ensaio de compressão uniaxial, em função da sua facilidade de execução,

simplicidade do equipamento e classificação imediata da rocha, é o ensaio mais

utilizado para a determinação da resistência e deformabilidade das rochas. A

maioria das classificações de material rochoso intacto é baseada na resistência à

compressão uniaxial.

Os mecanismos de propagação de fratura e ruptura das rochas, determinados

experimentalmente por este ensaio, dependem tanto das propriedades do material

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quanto dos fatores experimentais envolvidos no ensaio, representados

principalmente por (NUNES, 1989):

Tamanho e forma da amostra;

Teor de umidade da amostra;

Distribuição uniforme ou não do carregamento;

Temperatura e umidade ambientes;

Condições de extremidades das amostras;

Atrito nos contatos amostra/pratos distribuidores do carregamento;

Rigidez da máquina de ensaio.

Com o objetivo de se minimizar, controlar ou padronizar os efeitos destes

fatores, existem procedimentos padrões para a preparação das amostras e ensaios

recomendados pela ISRM (1981).

2.5.1. Preparação dos corpos de prova

Os corpos de prova dos ensaios mecânicos de compressão uniaxial, triaxial

e fluência apresentam geralmente a forma cilíndrica, com uma relação

altura/diâmetro que varia entre 2 e 3, conforme as especificações sugeridas pela

ISRM (1981) e NUNES (1989).

Cuidados especiais devem ser tomados na preparação da superfície dos

corpos de prova. As extremidades devem ser polidas, uma vez que a rugosidade

superficial pode gerar concentrações de tensões e induzir pequenas fraturas por

tração, na região da amostra em contato com os pratos de aço distribuidores do

carregamento. As extremidades devem ser paralelas entre si e perpendiculares ao

eixo do cilindro da amostra, a fim de garantir a uniformidade de distribuição do

carregamento axial.

A limpeza completa dos corpos de prova (entenda-se remoção dos fluidos e

sais do espaço poroso) pode durar meses, fato que, em muitos casos, inviabiliza

este procedimento, quando o objetivo final são ensaios mecânicos.

Frequentemente, necessita-se das propriedades mecânicas rapidamente, a fim de

apoiar decisões para os problemas apresentados.

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2.5.2. Ensaio

O ensaio uniaxial é de execução simples, consistindo na aplicação de uma

carga axial em corpos de prova de relação altura/diâmetro entre 2 e 3.

Considerando um corpo de prova submetido à ação de compressão normal σz

uniformemente distribuída sobre uma das faces da amostra, como se pode

observar na figura 2.27 deformações axiais e radias (laterais ou circunferenciais)

acontecem.

Figura 2.26 Ensaio uniaxial.

Figura 2.27 Corpo de prova no ensaio.

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Assim a deformação axial εax pode ser descrita como a relação entre a

variação do comprimento (ΔL), longitude inicial e final e a longitude inicial (L),

assim:

(2.10)

E a deformação lateral ou radial, εr, como:

(2.11)

A deformação induzida sobre o corpo pode ser elástica ou plástica. Na

deformação elástica o corpo recupera a forma e volume inicial uma vez a tensão

aplicada cessa, por outro lado, na deformação plástica o corpo sofre deformações

permanentes. As deformações dependem significativamente tanto da temperatura,

da velocidade ou taxa de deformação como da estrutura do material. Assim, por

exemplo, a temperatura constante, os materiais geralmente se comportam como

elásticos quando pequenas tensões são aplicadas. Tornam-se plásticos quando

essas tensões superam certo limite, nomeado limite de proporcionalidade. A partir

desse limite, fenômenos internos irreversíveis iniciam tais como propagação de

fissuras, ocorrência maior de compressão de grãos e dos poros, entre outros.

Durante o início do carregamento, onde o corpo de prova esteja no regime

elástico, pode- se admitir que exista uma proporcionalidade, entre as tensões e as

deformações, considera-se o material em regime elástico linear. Este

comportamento constitui a lei de Hooke.

O coeficiente de Poisson (ν) mede a deformação transversal em relação à

direção longitudinal de aplicação da carga e tem limites matemáticos entre -1 e

0.5, muito embora fisicamente se observe apenas variações entre 0 e 0.5.

Os dados obtidos em ensaios de compressão ou tração são plotados em

diagramas tensão (σ) – deformação (ε) como pode ser observado na figura 2.28.

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Figura 2.28 Diagrama tensão (σ) – deformação (ε).

No trecho linear no qual o material se comporta segundo a lei de Hooke é

possível definir o módulo de elasticidade (E). O módulo de Young corresponde ao

coeficiente angular da parte linear do diagrama tensão-deformação obtido, no

ensaio. Assim:

(2.12)

e

(2.13)

2.6. Efeito de escala

Segundo Hoek & Brown (1980) a resistência da rocha é afetada pelo do

tamanho da amostra ensaiada. As rochas são compostas de várias feições, tais

como cristais, grãos, microfraturas e fissuras que condicionam o comportamento

mecânico. Amostras de tamanho reduzido podem não ser representativas do

maciço rochoso por não representar correta e completamente todos estes

elementos. Desta forma, há uma tendência geral de aumento da resistência com a

diminuição do tamanho da amostra de rocha, uma vez que, fissuras e outros

planos de fraquezas podem não estar presentes na amostra.

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A figura 2.29 apresenta o decréscimo de resistência à compressão uniaxial

de vários tipos de tocha. Os resultados correspondem aos dados de ensaios

normalizados através da divisão de resistência individual de cada amostra pela

resistência individual de cada amostra de diâmetro igual a 50 mm (diâmetro usual

para ensaio de laboratório).

Figura 2.29 Efeito escala Adaptado de Hoek & Brown (1980).

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3 Materiais e Métodos

Neste capítulo serão apresentados os materiais usados nessa pesquisa e a

metodologia utilizada para tirar as propriedades das amostras microtomografada.

3.1. Materiais utilizados

Conforme mostrado na figura 1.2, as etapas de definição de amostras e

aquisição de imagem foram realizados por Pilotto, (2011) e a subamostragem

realizada por Pico (2013).

Para a realização desse trabalho foram utilizados nove corpos de prova

retirados de três travertinos de origens diferentes, Travertino de Itaboraí,

Travertino Romano e Travertino Turco.

Figura 3.1 Travertino de Itaboraí. a) Real b) Imagem.

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Figura 3.2 Travertino romano. a) Real b) Imagem.

Figura 3.3 Travertino Turco. a) Real b) Imagem.

A subamostragem dos nove corpos de prova cilíndricos realizados por Pico

(2013) seguiram a relação diâmetro/altura recomendadas pelas normas da

International Society for Rock Mechanics (ISRM).

A técnica utilizada permite a extração de várias subamostras a partir de uma

amostra microtomografada, em qualquer direção, conforme a figura 3.4. Diferente

da realização de corpos de provas reais, os corpos de provas digitais permitem a

simulação de vários ensaios e não passam por processos de extração ou corte.

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Figura 3.4 Sub amostragem digital: a) Amostra para ensaio de compressão simples. b)

Análise digital da geometria da amostra e c) Subamostragem.

As dimensões das subamostras assim como a nomenclatura utilizada estão

apresentadas na tabela 3.1.

Tabela 3.1 Dimensões e resolução das subamostras.

Travertino Subamostra d(mm) H(mm) Resolução

(µm)

Travertino de Itaboraí TI-1 12,15 24,3 33,84

Travertino Romano TR-1,2,3 19,03 38,06 26,08

Travertino Turco TT-1,2 19,03 38,06 26,08

TT-3,4,5 10,1 20,2 26,08

Para o pré-processamento utilizou-se o software Fiji, para analisar a

porosidade, classificar os tipos de poros e para geração de malhas utilizou-se o

software Scan IP e pra a realização de ensaios virtuais utilizou-se o software

ABAQUS versão 6.9, ano 2009.

O Fiji é um programa grátis e de código aberto de tratamento de

imagens que oferece uma variedade de funções para a manipulação

de imagens como filtros, ferramentas de segmentação e extração de

atributos.

O programa Scan IP é um software comercial desenvolvido pela

companhia Simpleware (Exeter, UK, 2000). O programa oferece

uma ampla variedade de filtros e ferramentas de processamento de

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imagem para visualizar, medir dados e gerar modelos 3D a partir

dados de micro-CT, nano-CT e microscopia. O programa dispõe de

um conjunto de instrumentos de medição para fornecer análises

quantitativas que permitem o estudo das estruturas dos materiais.

O ABAQUS é um pacote de software comercial para análise

por elementos finitos desenvolvido pela HKS Inc. de Rhode Island,

E.U.A. e agora comercializado sob a SIMULIA marca da Dassault

Systemes S.A. Este software de grande aplicação em diversas áreas

da engenharia consiste em duas partes: gráfica (ABAQUS/CAE e

ABAQUS/Viewer) e solver (ABAQUS/Standard e ABAQUS/Explicit).

O ABAQUS/CAE é pré e pós-processador. Como pré-

processador, gera o arquivo de entrada de dados que contém

a geometria, propriedades do material, condições de

contorno, carregamento aplicado e a malha de elementos

finitos definidos pelo usuário. O programa ainda permite que

o arquivo de entrada de dados seja alterado manualmente

pelo usuário. Como pós-processador, o ABAQUS/CAE

possibilita a visualização gráfica dos resultados.

O ABAQUS/Viewer funciona exclusivamente como pós-

processador.

O ABAQUS/Standard e o ABAQUS/Explicit simulam

computacionalmente carregamentos estáticos e dinâmicos,

respectivamente.

Todos os programas foram usados nas dependências do GTEP (Grupo de

Tecn. de Eng. de Petróleo) do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio,

em um computador com processador Intel core i7 3960 CPU 3,30 GHz (12

CPUs), memória RAM de 64 GB, sistema operacional Windows 7 de 64 Bits.

3.2. Metodologia utilizada

O foco desse trabalho é entender como a estrutura porosa dos travertinos

influência nas propriedades elásticas seguindo a ordem do fluxograma com as

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etapas de processamento, extração de atributos, geração de malhas, análise de

elementos finitos e análise de resultados.

Figura 3.5 Fluxo de trabalho.

3.2.1. Processamento de imagens

Nesta etapa iremos abordar as técnicas de processamento de imagem usadas

para realização desse trabalho. Essas técnicas permitem que aa imagens sejam

preparadas para a obtenção da porosidade e geração de malhas de elementos

finitos.

As imagens subamostradas tem um excesso de pixels pretos depois da

borda, a ferramenta crop do programa Fiji retira esse excesso deixando a imagem

otimizada, economizando espaço e tempo de processamento.

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Figura 3.6 Corte.

3.2.1.1. Filtros

O programa Fiji apresenta uma série de filtros para se trabalhar com

imagens. Aqui iremos abordar apenas os três mais comuns: Mean, Median e

Sigma Filter Plus.

O filtro Mean faz uma média dos valores dos pixels adjacentes, já o Median

faz uma mediana. O filtro Sigma realiza uma suavização usando o domínio e uma

faixa da sua vizinhança, o resultado é uma imagem que é suavizada nas regiões

homogêneas e as bordas são preservadas.

Figura 3.7 Mediana e média.

Em uma seção 2D traçamos uma linha qualquer sobre a imagem para

obtermos um histograma de intensidade por distância. Depois aplicamos os três

filtros para comparar os resultados.

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b)

b) a)

c)

c) d)

d)

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Figura 3.8 Efeito dos Filtros a) Sem filtro b)Mean c)sigma d) Median.

A figura 3.8 mostra que o filtro Sigma apresenta menor redução da

intensidade nas bordas, o resultado disso é uma menor interferência na medição da

porosidade.

3.2.1.2. Limiarização

O programa Fiji permite que o usuário opte por três tipos de limiarização:

manual, automática ou por programas de redes neurais. O Scan IP permite apenas

a limiarização manual, fazendo com que esta técnica seja usada no decorrer desta

dissertação uma vez que a geração de malhas será gerada a partir do módulo de

elementos finitos do Scan IP.

Figura 3.9 Limiarização manual.

O limiar escolhido foi o de 60. O mais correto é que seja analisado caso a

caso, porém, para isto, é necessário experiência do operador e comparação com

b) a)

c) d)

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medidas físicas reais, tais como porosidade total, por exemplo. O valor único

permite uma homogeneização da técnica.

3.2.1.3. Reamostragem

Caso a imagem fosse para o programa de geração de malhas com 100% de

sua resolução original, o número de elementos gerados pelo programa de geração

de malhas seria enorme, em torno de cem milhões de elementos. A versão do

programa de elementos finitos disponível não consegue calcular essa quantidade

de elementos. Para resolver esse problema usamos a ferramenta de Reamostragem

que é uma operação geométrica que mantem a escala do objeto e diminui a

resolução.

O programa Scan Ip oferece quatro opções para a reamostragem:

Vizinhança próxima, Maior ganha, Linear e Efeito do volume parcial. Os dois

primeiros métodos são recomendados para imagens binárias ou já segmentadas, já

os dois últimos são recomendados para imagens em escala de cinza. Neste

trabalho usaremos o método da vizinhança próxima.

Figura 3.10 Reamostragem

Esta técnica afeta a porosidade, isso faz com que a porosidade tenha que ser

medida antes e depois desta técnica, para medirmos sua variação e efeito.

É importante salientar que se trata de uma operação em três dimensões e a

figura mostra apenas o resultado final em uma seção em duas dimensões.

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3.2.1.4. Floodfill

Como preparação para geração de malhas, usamos a ferramenta floodfill

para retirar partes sólidas não conectadas, essas partes não conectadas não

atendem o princípio da continuidade em elementos finitos, por isso precisa ser

tratada. Caso essa ferramenta não seja utilizada, podemos ter um material

“flutuando” dentro do poro.

Figura 3.11 Floodfill.

3.2.2. Extração da porosidade

Após a imagem segmentada o programa Scan IP fornece uma máscara com

uma cor (pode ser alterada) que sobrepõe à faixa tonal escolhida na segmentação.

Conforme mostra a figura 3.12. Essa máscara é renomeada como material.

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O próximo passo é a geração da máscara poros, que são os voxels de

intensidade abaixo do limiar escolhido para o material.

Figura 3.12Extração da porosidade.

O programa Scan IP tem uma ferramenta de análise de atributos, dentre as

opções fornecidas pelo programa, e usamos a contagem de voxel por máscara para

definir a porosidade.

Figura 3.13 Extração da porosidade.

O programa oferece também a opção de e contagem dos poros e seus

respectivos tamanhos.

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Figura 3.14 Informação dos poros.

Knackstedt (2006) sugeriu uma classificação de poros em três categorias de

acordo com seu diâmetro, conforme mostra a tabela 3.2. Como a resolução da

imagem é de 26 micras, não serão encontrados poros intragranulares.

Tabela 3.2 Classificação de poros de Knackstedt.

Tipo de porosidade Diâmetro do poro

Vugular-Fenestral Maior a 200 µm

Intergranular Maior ou igual que 10 µm

Intragranular Menor de 10 µm

Outro ponto importante é a localização desses poros, se estão distribuídos

homogeneamente ou se estão concentrados em alguma parte da amostra. Isso pode

ser feito através da visualização 3D, conforme a figura 3.15.

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Figura 3.15 Visualização 3D.

3.2.3. Geração de malhas

A geração das malhas tridimensionais é feita no software Scan IP no

módulo elementos finitos. As imagens segmentadas são usadas para a aplicação

de algoritmos de geração de malhas.

A geração de modelos tridimensionais é constituída a partir de uma grade

cartesiana de dados em escala de cinza que representam a intensidade relativa do

sinal digitalizado em todo o volume da imagem.

O módulo de elementos finitos do Scan IP fornece dois métodos ou

algoritmos para geração de malhas, os algoritmos FE Grid e o FE Free. O

algoritmo FE Grid dispõe de dois tipos de malhas a do tipo “voxel” e do tipo

suavizado.

Após a criação da malha, o programa permite ao usuário a opção de

inspecionar a qualidade da malha em parâmetros que descrevem a forma e

qualidade dos elementos tetraédricos gerados.

A tabela 3.3 mostra quatro tipos de malhas geradas no Scan IP. Para

escolher qual tipo de malha usar, os parâmetros avaliados foram o número de

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elementos e as medidas dos ângulos do diedro. O FE Grid Voxel apresentou

melhor métrica dos elementos. Ângulos grandes ou pequenos distorcem a malha e

podem gerar problemas de execução no programa de elementos finitos.

Tabela 3.3 Tipos de manhas geradas no Scan IP.

Fe Free

Num de elem tet: 1379496

Angulo Min: 2.85172

Angulo Max: 154.158

FE Grid Smoothed

Num de elem tet: 1210669

Angulo Min: 3.4594

Angulo Max: 154.158

FE Grid Voxel 4*4*4

Num de elem tet: 856278

Angulo Min: 35.2643

Angulo Max: 144.736

FE Grid Voxel 1*1*1

Num de elem tet: 893090

Angulo Min: 54.7353

Angulo Max : 125.265

Por apresentar melhores métrica, o algoritmo escolhido foi o FE Grid

(1*1*1), apesar de esse algoritmo gerar mais elementos que os demais e os

algoritmos FE Free e FE Smoothed representarem melhor o contorno dos grãos.

Quanto melhor for a resolução da imagem, maior será o número de

elementos gerados. Como o número de elementos é um limitante no programa de

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elementos finitos a aplicação da técnica de reamostragem é necessária,

diminuindo a resolução da imagem. A malha do Travertino Romano 2 com a

resolução original ficou com 101 milhões de elementos. A tabela 3.4 mostra o

número de elementos gerados após a reamostragem para cada amostra.

Tabela 3.4 Número de elementos gerados para cada sub amostra.

Subamostra Nº de elementos

TI-1 1.109.520

TR-1 945.385

TR-2 952.755

TR-3 893.090

TT-1 1.007.890

TT-2 1.020.970

TT-3 960.700

TT-4 999.660

TT-5 1.008.980

Após a escolha do algoritmo de geração de malhas o programa usa a

máscara gerada na segmentação para obtenção do número de materiais serem

utilizados e a definição de contatos e nós.

Cada material é definido por uma faixa de tonalidade no histograma. Na

figura 3.16 o primeiro material irá ser o de voxels com faixa tonal entre 60 e 80

(na escala de cinza) e o segundo material entre 80 e 255. Na faixa tonal (60 e 80)

foram observadas como as intensidades dos voxels nos contornos dos poros e do

corpo de prova.

Figura 3.16 Definição da quantidade de materiais.

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Também é necessário inserir no programa as condições de contorno para

geração de contatos e nós. Os contornos e nós são definidos a partir dos máximos

e mínimos da máscara gerada.

Após a definição do tipo de malha, número de materiais, contatos e nós, a

malha tetraédrica é gerada e sua qualidade verificada. Caso satisfatória, ela pode

ser exportada como arquivo .INP para o programa de elementos finitos.

Figura 3.17 Corte da amostra gerada no Scan IP.

3.2.4. Elementos finitos

Com o intuito de simular as propriedades elásticas e obter o módulo de

elasticidade do sistema poroso foi usado o método dos deslocamentos que propõe

simular a aplicação de deslocamentos uniformes gerando tensões locais. As

simulações foram feitas no programa ABAQUS.

O Scan IP forneceu a geometria do problema, os elementos, nós e

superfícies, no ABAQUS inserimos as condições de contorno, propriedades do

material e o deslocamento. No fluxograma da figura 3.18 proposto por Pico

(2013) são apresentadas as etapas para a simulação.

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Figura 3.18 Fluxo de trabalho MEF.

Como a saída do programa Scan IP é em milímetros, usamos o sistema

métrico nomeado pelo manual do ABAQUS como SI (mm), assim a densidade

fica em tonelada por milímetro cúbico e as tensões em Mega Pascal.

Figura 3.19 Sistema de unidades.

3.2.4.1. Introdução das propriedades do material

Para os elementos com apenas um material foram usados os valores médios

da calcita retirados da compilação de dados Zhao et al.( 2009) .

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Figura 3.20 Módulos Volumétricos, de cisalhamento, Young e coeficiente de Poisson da

Calcita Adaptado de: Zhao, et al.( 2009).

Para as mesmas amostras foram realizados testes com dois materiais e quatro

materiais. Conforme mostra a tabela 3.4. Os valores foram atribuídos de acordo

com a intensidade do voxel, para intensidades de cores mais claras foi atribuído o

valor médio da calcita pura (85GPa) e para intensidades mais escuras o valor do

módulo de Young foi diminuído com o objetivo de simular um material alterado.

Tabela 3.5 Dados de entrada em relação a intensidade do material.

Amostras Materiais Módulo de elasticidade

(MPa)

Coeficiente de

Poison

Todas 1 material 85000 0,3

TT1,2,3,4,5

e TR1,2,3 2 materiais (a)

Intensidade (60-80)-78000

Intensidade (80-255)-85000 0,3

TT1,2,3,4,5

e TR1,2,3 2materiais (b)

Intensidade (60-80)-70000

Intensidade (80-255)-85000 0,3

TT1,2,3,4,5

e TR1,2,3 2materiais (c)

Intensidade (60-120)-78000

Intensidade (120-255)-85000 0,3

TT1,2,3,4,5

e TR1,2,3 4 materiais

Intensidade (60-90)-65000

Intensidade (90-110)-70000

Intensidade (110-150)-78000

Intensidade (150-255)-85000

0,3

A faixa tonal (60 -80) representa o contorno dos poros e do corpo de prova e

os valores de 78.000 MPa e 70.000 MPa representam o material alterado próximo

ao poro.

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Os valores usados para a simulação com quatro materiais e com dois

materiais (c) foram usados como representação de diferentes situações e para

comparação dos resultados.

Na figura 3.21 o material de cor mais clara representa a calcita enquanto que

o material verde representa a calcita alterada próxima dos poros. Geralmente os

fluídos contidos nos poros da rocha alteram o mineral constituinte ao longo do

tempo, tornando-o menos resistente.

Figura 3.21 Corte do TR3 (2materiais (a))

3.2.4.2. Etapa da criação das condições de contorno e deslocamentos

As condições de contorno aplicadas nas amostras foram usadas para simular

um ensaio de compressão simples. Assim a base da amostra foi fixada de forma a

restringir deslocamento na direção z, ficando livre nas direções x e y. No topo da

amostra foi aplicado deslocamento na direção vertical para a amostra atingir uma

deformação de aproximadamente 0,5% e deixando livre o deslocamento

horizontal.

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Figura 3.22 Corpo de prova MEF

3.2.4.3. Visualização e extração de resultados

As figuras abaixo mostram o corpo de prova do Travertino Romano 2 antes

e depois do deslocamento. O corpo de prova representado é simulado com dois

materiais com 85Gpa (80-255) para o primeiro material e 78Gpa (60-80) para o

segundo material.

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Figura 3.23 Corpo de prova antes e depois do deslocamento (figuras em sobrescala).

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Figura 3.24 Corpo de prova(em corte) antes e depois do deslocamento (figuras em

sobrescala).

No programa Abaqus o deslocamento vertical é chamado de U33, o

programa divide o deslocamento em passos de tempo, e o valores são plotados na

como figura abaixo e podem ser exportados em forma de tabela.

Figura 3.25 Gráfico dos deslocamentos.

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O deslocamento é retirado do topo da amostra, assim como a tensão vertical

que no programa é chamada de S33. Para a medição são retiradas a média das

tensões no topo da amostra. A figura 3.26 mostra as tensões para cada elemento

no topo da amostra e a figura 3.27 a média dessas tensões.

Figura 3.26 Tensões do topo do corpo de prova.

Figura 3.27 Média das tensões do corpo de prova.

Para o valor da deformação axial em cada passo de tempo é utilizada a

fórmula do capitulo 2, que é a divisão do deslocamento (U33) pela altura do corpo

de prova (38,06mm para o travertino romano 2). Já o módulo de elasticidade é

retirado da inclinação da reta do gráfico de tensão x deformação.

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O coeficiente de Poisson é retirado da razão da média da deformação radial

(εr) pela deformação axial (εax).

Figura 3.28 Obtenção do módulo de elasticidade.

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4 Resultados

Este capítulo contém os resultados obtidos nos ensaios virtuais e análises

efetuadas em cada uma das etapas do desenvolvimento da presente pesquisa.

4.1. Porosidade

A Figura 4.1 apresenta as subamostras cilíndricas de cada um dos três

travertinos, apesar serem rochas carbonáticas, suas estruturas apresentam

diferenças. É importante destacar que a subamostra do travertino de Itaboraí é

bem sólida sem a presença de poros. Pode se notar também a diferença da

distribuição de poros nas subamostras do travertino Romano e Turco,

respectivamente.

Figura 4.1 Travertino de Itaboraí. Travertino Romano e Travertino Turco

Na figura 4.2 apresenta os modelos 3D pertencentes aos Travertinos

Romanos mostrando a visualização externa de rocha e o sistema poroso interno.

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Apesar de serem retirados do mesmo bloco, eles mostram diferentes distribuições

no espaço poroso mostrando o grau de heterogeneidade das rochas carbonáticas.

Figura 4.2 Travertinos Romanos.

Os modelos 3D pertencentes aos Travertinos Turco apresentam menor

porosidade em relação aos Travertinos Romanos. Os mesmos, também,

apresentam heterogeneidade.

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Figura 4.3 Travertinos Turcos.

Conforme mencionado no capítulo anterior, Knackstedt (2006) sugeriu uma

classificação com três tipos de poros, porém a resolução da imagem só nos

permite classificar em Vugular-Fenestral e intergranular. A figura 4.4 mostra a

quantidade de cada tipo de poro por subamostra e a tabela 4.1 mostra dados

qualitativos como os cinco poros com maior volume, a média do volume de poros,

o desvio padrão e o menor poro.

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Figura 4.4 Classificação de Knackstedt.

Tabela 4.1 Cinco poros com maior volume, média do volume de poros, desvio padrão e

menor poro.

Poros (mm3) TR1 TR2 TR3 TT1 TT2 TT3 TT4 TT5

1 1060,00 197,00 895,00 96,00 79,5 3,61 3,13 8,05

2 61,20 171,00 217,00 23,60 33,3 3,14 2,74 7,15

3 44,50 170,00 28,20 22,00 25,2 3,03 2,5 4,32

4 21,30 80,10 24,20 17,10 19,9 2,18 1,4 3,15

5 11,80 73,30 12,70 14,40 15,8 1,13 1,28 2,87

Média 0,10 0,15 0,2 0,12 9,80E-02 4,64E-02 4,65E-02 9,67E-02

Desvio padrão 9,15 4,14 11 1,95 1,57 0,28 0,26 0,63

Menor 1,77E-05 1,77E-05 1,77E-05 1,77E-05 1,77E-05 1,77E-05 1,77E-05 1,77E-05

As porosidades encontram-se na tabela 4.2. O travertino de Itaboraí não

apresenta poros. A porosidade dos travertinos Turcos é entre 1 e 3% e dos

travertinos Romanos entre 10 e 15%. Quando comparadas às porosidades

calculadas por Pico (2013) a diferença nos travertinos romanos é grande e isso se

deve, possivelmente, a diferença de limiar (Pico usou 50 e o presente trabalho 60),

os filtros utilizados e não inclusão da porosidade nas bordas.

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Conforme mencionado anteriormente, a escolha do limiar depende

experiência do operador. Neste trabalho a escolha do limiar foi baseada no

histograma global e de testes em seções 2D.

Tabela 4.2 Porosidade encontradas no trabalho de Pico (2013) e no presente trabalho.

Pico (2013) Presente trabalho

CTAN Scan IP Scan IP Scan IP

Reamostragem

Reamostragem Sub

amostras

Cilíndrica

Porosidade

Total (%)

Porosidade

Total (%)

Porosidade

Total (%)

Porosidade

Total (%)

TI-1 0,000 0,000 0,000 0,000 13,000

TR-1 5,637 5,683 13,045 10,112 7,000

TR-2 5,244 5,400 9,416 10,847 7,000

TR-3 6,148 5,691 12,813 14,126 7,000

TT-1 3,036 3,117 3,438 2,822 7,000

TT-2 2,522 2,515 3,452 2,024 7,000

TT-3 1,366 1,263 1,519 1,722 13,000

TT-4 1,266 1,217 1,335 2,178 13,000

TT-5 1,087 1,101 2,361 2,040 13,000

A reamostragem apresentou efeitos diferentes para cada tipo de amostra. As

subamostras com grandes quantidades de poros pequenos apresentaram

diminuição da porosidade após a reamostragem, enquanto as subamostras com

poros maiores aumentaram a porosidade.

A tabela 4.3 mostra a diferença que ocorreu nos travertinos romanos 1 e 3.

O primeiro perdeu em porosidade, já o segundo apresentou um ganho.

Tabela 4.3 Diferença dos Travertinos Romanos 1 e 3.

Original Reamostragem

TR1 TR3 TR1 TR3

Porosidade 13,045 12,813 10,112 14,126

Nº de poros 13.394 6.996 841 894

Volume (mm3) 1.390 1.370 1.060 1.490

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Média volume

(mm3) 0,1 0,2 1,26 1,67

Desvio Padrão 9,15 11 20,6 33,4

4.2. Malhas geradas

Nas figuras 4.5, 4.6,4.7 e 4.8 são mostradas as malhas geradas para um

material, dois materiais (a) e (b), dois materiais (c) e quatro materiais

respectivamente.

Figura 4.5 Malha para um material.

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Figura 4.6 Malha para dois materiais (a) e (b).

Figura 4.7 Malha para dois materiais (c).

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Figura 4.8 Malha para quatro materiais.

Cabe destacar aqui que os materiais em verde representam a faixa tonal mais

baixa e os mesmos se encontram nas bordas das subamostras e nas bordas dos

poros, para isso pode haver duas explicações. A primeira estaria relacionada à

aquisição da imagem e a segunda na aplicação dos filtros.

4.3. Resultados da simulação

O resultado das simulações dos ensaios uniaxiais está apresentado abaixo e

estão divididos de acordo com o número de materiais.

4.3.1. Simulação com um material

Na Figura 4.9 é apresentado o resultado da simulação com apenas um

material (calcita) para a subamostra cilíndrica do travertino de Itaboraí. O regime

elástico linear no gráfico é descrito por uma linha reta com certa inclinação, que

indica a proporcionalidade entre os dois parâmetros. O módulo de elasticidade que

corresponde ao coeficiente angular foi de 84,83 GPa. Como o Travertino de

Itaboraí é maciço, e a imagem homogênea, ele foi simulado apenas com as

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propriedades da calcita, os demais materiais foram simulados com mais de um

material e as saídas do simulador estão no apêndice.

Figura 4.9 Tensão- Deformação do Travertino de Itaboraí.

A tabela 4.4 mostra os demais resultados das simulações para apenas um

material.

Tabela 4.4Resumo das simulações com um material.

Subamostra Porosidade Porosidade

reamostragem

E (Gpa)

1material

Coeficiente de

Poisson

1 Material

TI-1 0 0 84,82 0,2990

TR-1 13,05 10,11 68,59 0,2943

TR-2 9,42 10,85 67,96 0,2076

TR-3 12,81 14,13 51,99 0,1900

TT-1 3,44 2,82 83,16 0,2935

TT-2 3,45 2,02 84,43 0,2348

TT-3 1,52 1,72 82,44 0,2710

TT-4 1,34 2,18 82,89 0,2680

TT-5 2,36 2,04 81,13 0,2884

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4.3.2. Simulação com dois materiais

As simulações com dois materiais foram feitas nos Travertinos Turcos e nos

Travertinos Romanos. Para todas as subamostras foram feitas simulações com um

material com faixa de intensidade de 80-255 representando a calcita (E=85.000

MPa) e para o segundo material com a faixa de intensidade de 60-80 foram usados

os valores de 78.000MPa e 70.000MPa.

Também foram feitas simulações aumentando a quantidade do segundo

material, para isso foi aumentanda a faixa tonal do segundo material de 60-80 para

60-120 e usando o módulo de elasticidade do material de 78.000 MPa com o

objetivo de observar resultados com configurações diferentes.

Tabela 4.5 Módulo de elasticidade de entrada para simulação com dois materiais.

Materiais Intensidade Módulo de

elasticidade (Mpa)

Coeficiente de

Poisson

2 materiais (a) 60-80

80-255

78.000

85.000 0,3

2materiais (b) 60-80

80-255

70.000

85.000 0,3

2materiais (c) 60-120

120-255

78.000

85.000 0,3

A tabela 4.6 mostra o resultado das simulações com dois materiais. Cabe

destacar que quanto maior a quantidade do segundo material menor é o módulo de

elasticidade da subamostra.

Tabela 4.6 Resumo das simulações com dois materiais.

Subamostra

Porosidade

resamostragem

Módulo de elasticidade

(GPa)

2materiais

Coeficiente de Poisson

2 materiais

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(a) (b) (c) (a) (b) (c)

TR-1 10,11 67,92 67,11 64,98 0,2903 0,2890 0,2897

TR-2 10,85 67,48 66,89 64,51 0,2213 0,2203 0,2185

TR-3 14,13 51,5 50,91 48,96 0,1940 0,2216 0,2228

TT-1 2,82 82,6 81,95 77,02 0,2987 0,3011 0,2947

TT-2 2,02 83,91 83,30 80,84 0,2472 0,2484 0,3094

TT-3 1,72 82 81,47 78,37 0,2834 0,2859 0,2850

TT-4 2,18 82,77 82,15 78,88 0,2878 0,2823 0,2658

TT-5 2,04 80,71 80,22 79,03 0,2878 0,2874 0,2450

4.3.3. Simulação com quatro materiais

As simulações com quatro materiais foram feitas nos Travertinos Turcos e

nos Travertinos Romanos. Para todas as subamostras foram feitas simulações

usando os módulos de elasticidade de cada material em função de intensidades

pré-definidas conforme a tabela abaixo.

Tabela 4.7 Módulo de elasticidade de entrada para simulação com quatro materiais.

Intensidade(150-255) 85 GPa (calcita)

Intensidade(110-150) 78 GPa

Intensidade(90-110) 70 GPa

Intensidade(60-90) 65 GPa

A tabela abaixo mostra o resumo das simulações com quatro materiais.

Tabela 4.8 Resumo das simulações com quatro materiais.

Sub-

amostra

Porosidade

resamostragem

4 materiais

Módulo de

elasticidade

(GPa)

Coeficiente de

Poisson

TR-1 10,11 59,71 0,2875

TR-2 10,85 59,42 0,2148

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TR-3 14,13 44,83 0,2474

TT-1 2,82 71,04 0,2931

TT-2 2,02 72,41 0,2930

TT-3 1,72 70,22 0,2866

TT-4 2,18 70,83 0,2608

TT-5 2,04 69,22 0,2716

4.4. Analise e avaliação dos resultados

Nesta seção, são comparadas as previsões numéricas obtidas neste trabalho

com dados experimentais e teóricos encontrados na literatura e discutidos nos

capítulos anteriores.

A figura 4.10 mostra a influência da reamostragem. Poros maiores ficam

maiores e poros menores tendem a desaparecer. Os pontos quadrados foram

obtidos na simulação e os balões foram obtidos a partir das equações da linha de

tendência retiradas dos quadrados vermelhos usando a porosidade ( original

medida.

Para os Travertinos romanos

(4.1)

Para os travertinos turcos

(4.2)

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Figura 4.10 Módulo de Elasticidade x Porosidade (original e reamostragem).

O gráfico da figura 4.11 mostra a influência de cada material para as nove

subamostras, à medida que o módulo de elasticidade do segundo material foi

diminuindo os valores dos módulos de elasticidade das subamostras diminuíram.

Figura 4.11 Gráfico com a influência de cada material.

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Quando se aumentou a quantidade do segundo material a influência no

módulo de elasticidade foi maior. Uma diminuição média de 5 GPa, conforme

mostra a figura 4.12

Figura 4.12 Gráfico com a influência da proporção dos materiais.

A figura 4.13 mostra a simulação com quatro materiais, comparando-a com

a simulação de dois materiais. A diferença em média foi de 10 GPa.

Figura 4.13 Gráfico comparando resultados de dois materiais com quatro materiais.

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A figura 4.14 mostra os valores do coeficiente de Poisson encontrados para

cada subamostra. Podemos notar que não existe um padrão no comportamento em

todas as simulações.

Figura 4.14 Gráfico do coeficiente de Poisson de todas as amostras.

A figura 4.15 mostra os valores dos módulos de elasticidade encontrados

para cada subamostra. Podemos notar que há um padrão seguido nas simulações.

Figura 4.15 Gráfico do módulo de elasticidade de todas as amostras.

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4.4.1. Comparação com outros autores

Os gráficos das figuras 4.16 e 4.17 comparam valores obtidos pelo presente

trabalho com valores encontrados por outros autores: Palchik(2010), Pilloto(2011)

e Gader(2010). Os valores gerados em simulação numérica neste trabalho

aparentam estar alinhados às tendências dos valores da literatura apesar de serem

rochas carbonáticas diferentes, de localidades distintas e com fator de escala

diferente.

Figura 4.16 Gráfico com os valores encontrados no presente trabalho e trabalho de Garder

(2010)

Figura 4.17 Gráfico com valores encontrados em ensaios numéricos e laboratório.

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4.4.2. Influência da estrutura porosa no módulo de elasticidade

Conforme mencionado no capítulo 2, para o mesmo material e porosidade,

amostras testadas em ensaios de laboratório apresentam módulos de elasticidade

diferentes. A figura abaixo mostra duas amostras de dolomitos de Aminnadav

(centro de Israel sudoeste de Jerusalém) com a mesma porosidade e com uma

diferença de 7,04GPa no módulo de elasticidade.

Figura 4.18 Valores do módulo de elasticidade para a mesma porosidade

Na faixa de porosidade de 2,0-2,2 temos três Travertinos Turcos com um

range de aproximadamente 3,3GPa, conforme mostra a figura 4.19.

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Figura 4.19 Valores do módulo de elasticidade para uma faixa de porosidade.

A tabela 4.9 mostra dados qualitativos dos poros como o volume total, a

média, o desvio padrão, o número de poros, os dez poros maiores e a soma deles

em voxel.

Tabela 4.9 Volume total, média, desvio padrão e os dez maiores poros

(voxel) TT5 TT4 TT2

Volume

total 4195 4360 4293

Média 22 14 13

Desvio

padrão 105 59 60

nº poros 187 298 309

1 753 618 875

2 479 435 341

3 358 418 280

4 276 402 235

5 193 238 204

6 170 189 119

7 95 144 100

8 72 143 100

9 44 110 97

10 37 87 90

soma dos

10+ 2477 2784 2441

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A figura 4.20 mostra a visualização 3D, que traz para o usuário a vantagem

do usuário observar o arranjo estrutural, note que o Travertino Turco 5 tem a

porosidade concentrada (maiores poros) em apenas um lado da amostra, já o

Travertino Turco 4 apresenta uma distribuição mais homogênea enquanto o

Travertino Turco 2 apresenta maior concentração distribuída na parte inferior da

amostra e apenas um grande poro na parte superior da amostra.

Figura 4.20 Travertino Turco 5 Travertino Turco 4 Travertino Turco 2.

Os valores retirados da literatura mostram uma grande variação de valores

para a mesma porosidade e os resultados gerados neste trabalho mostram que a

posição, tamanho e distribuição do poro contribuem para essa diferença. Como

este trabalho não dispõe de um grande número de amostras, não foi possível um

estudo para se obter as linhas do gráfico da figura 4.22.

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Figura 4.21 Variação dos valores encontrados na literatura e no presente trabalho.

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5 Considerações finais

O objetivo principal desta dissertação foi analisar a influência da estrutura

porosa nas propriedades elásticas das rochas carbonáticas a partir de imagens

digitais obtidas de microtomografia. Para tal foi requerido um estudo

multidisciplinar, desde a geologia, microtomografia, processamento de imagens,

mecânica das rochas, entre outras para o entendimento do problema e encontrar as

possíveis alternativas que permitissem a validação da metodologia.

5.1. Conclusões

Para realizar este trabalho foram utilizadas tecnologias de ponta e pacotes de

software comerciais como Scan IP e ABAQUS. Durante todo o processo se pode

concluir que é possível o estudo de propriedades mecânicas a partir da estrutura

porosa de rochas carbonáticas, integrando microtomografia e análises numéricas.

Em relação à obtenção da porosidade através de imagens conclui-se que:

Em todo o processo apareceram algumas limitações. A primeira delas é a

aquisição da imagem. Uma imagem com boa resolução permite melhor

compreensão da estrutura porosa, neste trabalho a melhor resolução era de 26

micras, o que não permitia observar a porosidade intrapartícula e possivelmente

alguma porosidade interpartícula. Assim existe um erro, pequeno, nas medições

de porosidade. Apesar disto, a técnica de microtomografia e processamento de

imagem apresentaram-se como uma boa alternativa para medição de porosidade,

sua maior vantagem é a possibilidade da visualização da estrutura porosa em 3D.

Um ponto que se mostrou crítico na técnica é a limiarização da imagem,

separar poros e materiais, este valor pode variar dependendo do operador, gerando

diferenças no resultado final. A decisão do limiar exige conhecimento e

experiência multidisciplinar em geologia e processamento de imagens.

Em relação à obtenção do módulo de elasticidade com o uso de simulação

conclui-se que:

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Foi possível observar ao longo do trabalho que os poros maiores (vuggys)

são os principais responsáveis pelo comportamento do material quando o mesmo

é carregado, também cabe destacar a influência da estrutura porosa nos resultados

e observar que a posição dos poros afeta o módulo de elasticidade da amostra.

A capacidade do programa de elementos finitos limita a utilização máxima

da resolução das subamostras e é o principal responsável pela reamostragem.

Os dados de entradas de material na análise de elementos finitos, que são

retirados da intensidade da imagem, exigem o conhecimento da geologia. Neste

trabalho os valores foram arbitrados com o objetivo de testar a técnica nas

simulações com mais de um material.

O programa de geração de malhas se provou bastante útil. Na etapa de

geração de malhas foi utilizada uma abordagem baseada em construção de

elementos a partir de “voxels” gerando tetraedros. Uma abordagem simples,

robusta que fornece malhas de boa qualidade.

5.2. Recomendações

Recomenda-se para os trabalhos futuros utilizar as mesmas amostras

testadas em laboratório para poder obter uma calibração dos resultados da

simulação numérica. Se possível, aumentar o número de amostras com maior

range de porosidade.

Para trazer maior confiabilidade à técnica, os valores encontrados nas

simulações numéricas devem ser obtidos antes dos resultados de laboratório, para

evitar mácula. Ou usar uma amostra para calibração e as demais depois da

simulação numérica.

Caso se consiga um bom número de amostras com a mesma porosidade,

criar um modelo onde obtenha curvas de módulo de elasticidade relacionadas com

a porosidade e estrutura porosa.

Outros ensaios podem ser realizados a partir da técnica estudada neste

trabalho, Sugere-se a realização de ensaios brasileiros e triaxiais e dinâmicos.

Neste último o controle da resolução e a reamostragem devem ser mais rígidos,

uma vez que a microporosidade terá uma representatividade maior nos cálculos.

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APÊNDICE I

O apêndice apresenta as tabelas, gráficos e módulo de elasticidade das

simulações.

Para um material (E=85 Gpa)

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Para os Travertinos Turcos invertidos

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Para dois materiais (85GPa(80-255 GS) e 78GPa(60-80 GS))

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Para dois materiais (85GPa (80-255 GS) e 70GPa (60-80 GS))

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Para dois materiais 85GPa (120-255 GS) e 78GPa (60-120 GS)

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Para quatro materiais 85GPa(150-255 GS) 78GPa (110-150 GS) 70GPa (90-

110 GS) e 65GPa (60-90 GS)

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