gulliver em brobdingnag

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  • 8/18/2019 Gulliver Em Brobdingnag

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    Machado, M. N. da M. & Viana, E. A. de S. Um discurso da desigualdade social em Viagens de Gulliver , deSwift

    Um Discurso da Desigualdade Social em Viagens de Gulliver , de

    Swift

    A Social Inequality Discourse in Swift’s Gulliver’s Travels

    Marília Novais da Mata Machado1 

    Eliete Augusta de Soua Viana!

    Resumo

    A an"lise do livro Viagens de Gulliver , de #onathan Swift, $ %arte de uma %esuisa maior ue tem como o'(etivo a%reender o discurso da e)idade

    e da desigualdade sociais *+eds em o'ras ue envolvem sociedades fictícias *uto%ias, lendas, %oemas, romances e aventuras. Nessa %esuisa, 'uscam-se as  significações imaginárias sociais  de e)idade e de desigualdade sociais, assim como as condições de produção das narrativas. As significações so retiradas do te/to, de%ois de lido cuidadosamente e transformado em corpus em%írico de an"lise0 as condições de produção so 'uscadas em 'iografias do autor e informa2es so're o conte/to e a situao em ue a o'ra foi escrita. Viagens de Gulliver  foi %u'licado %ela %rimeira ve em 13!4 e at$ ho(e constitui leitura %ara crianas e adultos. A an"lise aui a%resentada, ue se refere a%enas 5 segunda %arte do livro,6Viagem a 7ro'dingnag8, revelou um discurso da desigualdade social ue advoga os m$ritos da aristocracia.

    Palavras-chave discurso da e)idade e da desigualdade sociais, imagin"rio social, an"lise do discurso, Swift, Viagens de Gulliver .

    A!stract

    9he anal:sis of the 'oo; Gulliver’s Travels, written ': Swift, is %art of a research %rogram aiming to a%%rehend the +iscourse of Social Eualit:and

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    Machado, M. N. da M. & Viana, E. A. de S. Um discurso da desigualdade social em Viagens de Gulliver , deSwift

    Em outras %alavras, %ostula-se uma dimensoimagin"ria, formada %or um 6tecido imensamentecom%le/o de significações ue im%regnam, orientame dirigem toda a vida da sociedade e de todos osindivíduos concretos ue, cor%oralmente, aconstituem8 *Dastoriadis, 1F3, %. !RB e uma outradimenso ue o%era, de acordo com o %ensamentoherdado, segundo o esuema da determinao,mediante no2es %ostuladas como distintas edefinidas *elementos, classes, %ro%riedades, rela2es,categorias, etc.

    Assim, em cada o'ra analisada, 'uscam-seinstGncias imagin"rias de e)idade e desigualdadesociais, focando-se situa2es descritas comoigualit"rias ou, ao contr"rio, %assagens em ue algunstomam decis2es relativas 5s %rC%rias vidas e outros sesu(eitam. Ao mesmo tem%o, em consultas adicion"rios, enciclo%$dias, sites de internet, 'iografiase outras o'ras de referncia, 'uscam-se as condi2es

    de %roduo do te/to, considerando em es%ecial a$%oca e o lugar de sua criao.

    Jara a an"lise do discurso, adotam-se %rocedimentos 'aseados em Jcheu/ *1Ba eLoucault *1F3, recorrendo-se, em es%ecial, 5 noode  formação discursiva, %ro%osta inicialmente %or Loucault *1F3 %ara uem essa noo im%lica 6umcon(unto de regras anHnimas, histCricas, sem%redeterminadas no tem%o e no es%ao, ue definiram,em uma dada $%oca e %ara uma determinada "reasocial, econHmica, geogr"fica ou ling)ística ascondi2es de e/ercício da funo enunciativa8 emodificada %or Jcheu/ *1B' no Gm'ito da an"lise

    do discursoOA noo de  formação discursiva  tomada deem%r$stimo a Michel Loucault comea a faer e/%lodir a noo de m"uina estrutural fechada *...O umaformao discursiva no $ um es%ao estruturalfechado, %ois $ constitutivamente Tinvadida> %or elementos ue vm de outro lugar *isto $, de outrasforma2es discursivas. *%. R1?

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    irlandeses catClicosO foi-lhes vedado o e/ercício defun2es %I'licas, religiosas e de magist$rio, entreoutras.

    Aos !1 anos, des%rotegido, %o're e semalternativas, o (ovem Swift mudou-se %ara a

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    muitas cerimHnias catClicas, so'retudo a de rece'er osdíimos com uma ateno 'em escru%ulosa. 9am'$mtm a %iedosa am'io de serem senhores. *Voltaire,13F, %.

     Nessas condi2es, a %osio de Swift era 'astante

    delicada. Jor um lado, ocu%ava o %osto nadades%reível de deo da

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    Machado, M. N. da M. & Viana, E. A. de S. Um discurso da desigualdade social em Viagens de Gulliver , deSwift

    dos mais horrendos defeitos &ue a avarea e o

    es%írito de faco, a hi%ocrisia, a %erfídia, a cruada,a raiva, a loucura, o Cdio, a inve(a, a maldade e a

    am'io %odiam engendrar. *Swift, 14@, %. 1R?

    Sua Ma(estade *... tomando-me nas suas mos,

    *... e/%rimiu-se %or estas %alavras *... O

    Meu &uerido amiguinho =r\ldrig, fieste um

     %anegírico 'em e/traordin"rio acerca do teu %aís0

     %rovaste 5 evidncia &ue a ignorGncia, a %reguia eo vício %odem ser, 5s vees, as Inicas &ualidades de

    um homem de Estado0 &ue as leis so esclarecidas,

    inter%retadas e a%licadas o melhor %ossível %or indivíduos cu(os interesses e ca%acidade os levam a

    corrom%-las, a em'rulh"-las e a iludi-las. Notoentre vCs a constituio de um governo &ue, no seu

     %rincí%io, foi talve su%ort"vel, %or$m &ue o víciodesfigurou %or com%leto. No me %arece at$, %or tudo &uanto me disseste, &ue uma Inica virtude se(are&uerida %ara alcanar alguma funo ou algumlugar eminente. Ve(o &ue os homens no soeno'recidos %ela virtude0 os sacerdotes no avanam

     %ela %iedade ou %ela cincia0 os soldados, %elo seucom%ortamento ou %elo seu valor0 os (uíes, %elasua integridade0 os senadores, %elo amor da %"tria,nem os homens de Estado %elo seu sa'er. Mas&uanto a ti, &ue %assaste a maior %arte da vida emviagens, &uero crer &ue no tenhas enfermado dosvícios do teu %aís0 mas, %or tudo o &ue me referistea %rincí%io, e %elas res%ostas &ue te o'riguei a dar 5s minhas o'(e2es, su%onho &ue a maioria dos teuscom%atriotas $ a mais %erniciosa casta de insetos &uea naturea (amais su%ortou &ue raste(asse so're asu%erfície da terra. *Swift, 14@, %%. 1R?-1R@

    =ulliver %ermanece %or dois anos em7ro'dingnag, sem%re %ensando em esca%ar dali %arareconuistar a 6dignidade de sua naturea humana8*Swift, 14@, %. 1?4 e relacionar-se com os seusiguaisO 6Ai] &uem sou eu ^ diia de mim %ara mim ^ eu, &ue estou a'ai/o de nada em com%arao com

    esses homens &ue se consideram to %e&uenos e to

    insignificantes]8 *Swift, 14@, %%. 1?!-1?R

    Era, na verdade, tratado com grande 'ondade0era o favorito do rei e da rainha e as delícias de toda

    a corte0 mas estava numa situao &ue no

    convinha 5 dignidade da minha naturea humana.

    *Swift, 14@, % %.1?@-1?4

    s gigantes, assim como a su(eira ue via %or toda %arte, o re%ugnavamO

    Um dia, fiemos %arar o coche em diversas lo(as,

    onde os mendigos, a%roveitando o ense(o, se

    amontoaram (unto das %ortinholas e me %atentearamos mais horrorosos es%et"culos dados a ver a olhos

    ingleses. Domo eram disformes, estro%iados, su(os,

    cheios de chagas, de tumores &ue 5 minha vista

     %areciam enormes, %eo ao leitor ue a(uíe daim%resso &ue essas mis$rias me causaram e me

     %ou%e o descrev-las. *Swift, 14@, %. 114

    Um dia, como sua %rotetora =lumdalclitch

    adoeceu, ele foi levado 5 %raia %or um %a(em, ue sedescuidou dele. Da%turado nos rochedos 5 'eira-mar 

     %or uma "guia, foi lanado ao oceano, %rotegido %elacai/a de madeira em ue vivia. Um navio ingls oresgatou.

    Wuando finalmente chegou 5 sua casa, tevegrande dificuldade em se a(ustar ao tamanho do lugar e das %essoasO

    Wuando cheguei a minha casa, &ue reconheci a

    custo, um dos criados a'riu-me a %orta e eu 'ai/ei aca'ea %ara entrar, com receio de dar alguma

    ca'eada0 essa %orta %arecia-me um %ostigo. Minhamulher correu logo %ara me 'ei(ar, mas curvei-me

    at$ a altura dos seus (oelhos, temendo &ue nochegasse 5 'oca. Minha filha saltou-me %ara os (oelhos a fim de me %edir a 'no, mas sC %ude

    distinguir-lhe as fei2es &uando se levantou, estando

    desde muito acostumado a estar de %$, com a ca'eae os olhos erguidos %ara cima. Donsiderei todos os meus

    criados e uns dois amigos &ue ali se encontravam

    como %igmeus e a mim como um gigante. +isse aminha mulher &ue ela tinha sido muito frugal, %or-

    &ue eu achava &ue ela %rC%ria estava reduida, assimcomo a filha, a coisa nenhuma. Numa %alavra, %ro-

    cedi de maneira to estranha &ue todos formaram de

    mim a mesma o%inio &ue o ca%ito formara &uandome viu a 'ordo, e concluíram &ue eu ensandecera.

    Jormenorio estas coisas %ara tornar conhecido o

    grande %oder do h"'ito e do %reconceito.Em %ouco tem%o me ha'ituei 5 mulher, 5 família e

    aos amigos0 minha mulher o%inou &ue eu no tornaria

    a em'arcar0 no entanto, a minha m" estrela ordenou %recisamente o contr"rio, como o leitor %oder"

    verificar %elo seguimento. Entretanto, $ a&ui &ue

    finda a segunda %arte das minhas mal-aventuradasviagens. *Swift, 14@, %%.1@3-1@F

    =ulliver realiou ainda duas outras viagens. Aterceira o levou 5 Qa%Icia, uma ilha flutuante, a7alini'ardi, terra de cientistas malsucedidos, a=lu''dudri', ilha de feiticeiros, e a Quggnagg,ha'itada %or uma raa de imortais. A uarta o levouao %aís dos u:hnhnms, governado %or cavalosracionais.

    An*lise

     Pesquisas e Práticas Psicossociais 2*!, So #oo del-Pei, Lev. !BBF

    !F

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    Machado, M. N. da M. & Viana, E. A. de S. Um discurso da desigualdade social em Viagens de Gulliver , deSwift

    Analisou-se o corpus  de 14 %"ginas, .?3! %alavras, @4.B?F caracteres sem es%aos, construído a %artir do te/to traduido de Swift *14@, %%. F@-1@Fso're a viagem a 7ro'dingnag.

    A igualdade social  $ mencionada uma Inica ve,num segmento de discurso 'astante %eueno.=ulliver, ento, (" estava cansado do %aís e de suagenteO 6+ese(ava 'astante encontrar-me entre %ovoscom os &uais %udesse enta'ular conversa como de

    igual %ara igual8 *Swift, 14@, %. 1?@. discurso da desigualdade social , ao

    contr"rio, $ 'em mais e/tenso. Envolve estratos

    sociais solidamente consolidados, rela2es

    hier"r&uicas claramente esta'elecidas, amos eescravos, %atr2es e criados, servos a servio de

     %oderosos.

    Dom efeito, na sociedade de 7ro'dingnag no h"es%ao %ara a igualdade. Ela se organia como ueem degraus.

     No to%o, vivendo na ca%ital, h" um reicondescendente, a rainha, a corte de no'res e s"'ios.

     No cam%o esto os fidalgos, %ro%riet"rios de terras*uma aristocracia semelhante 5 inglesa dos anosanteriores 5 Pevoluo =loriosa e 5 im%lantao do

     %arlamentarismo. Num segundo e terceiro escal2esesto os lavradores e seus criados, so're os uais osaristocratas tm grande %oder. +e%ois h" os escravos,inteiramente su'ordinados a seus donos. claro ue oano =ulliver, rec$m-chegado ao %aís, ocu%a o %ontomais 'ai/o dessa %irGmide social, em'ora tente, atodo custo, escalar ao to%o. Dom%orta-se, %rimeiro,enuanto escravo do lavrador, como um conformista

    e, de%ois, como um corteso lam'e-'otas. *+e certaforma, $ f"cil imaginar o %rC%rio Swift 'a(ulando,uerendo tornar-se um s"'io da corte e, ao mesmotem%o, destilando Cdio contra os 'a(ulados.

    As se)ncias discursivas ue revelam aorganiao social de 7ro'dingnag, os lugares do rei,da rainha, dos s"'ios, dos ministros, das aias, dosfidalgos, dos lavradores, dos criados, dos escravos,foram selecionadas a %artir de %alavras-%ivHs *rei,amo, servo, servio, criado, escravo, %rotetorO

    ZA rainha[ %erguntou-me se ficaria satisfeito em viver na corte *...0 res%ondi humildemente ser escravo do

    meu amo, %or$m &ue, se isso a%enas de%endesse de

    mim, ficaria encantado em consagrar a minha vidaao servio de Sua Ma(estadeO em seguida, %erguntou

    a meu amo se &ueria vender-me. Ele, &ue su%unha&ue a minha vida no ia al$m de um ms, ficou

    radiante com a %ro%osta e fi/ou o %reo da minha

    venda em mil %eas de ouro, &ue imediatamente lheforam entregues. Jedi ento 5 rainha &ue, visto haver-

    me tornado escravo de Sua Ma(estade, me

    concedesse a merc de &ue =lumdalclitch, &ue fora

    sem%re cheia de aten2es e cuidados %ara comigo,

    fosse admitida em honra do seu servio e continuasse

    a ser minha governanta. Sua Ma(estade concedeu-meisso e 'em assim o lavrador, &ue 'em contente se

    mostrou %or ver a filha na corte. Wuanto 5 %o're

     %e&uena, no %odia ocultar a sua alegria. Meu amo

    retirou-se e disse-me, ao %artir, &ue me dei/ava emum 'om lugar, ao &ue a%enas redarg)i com umacavalheiresca vnia. *Swift, 14@, %. 1BF

    A rainha notou a friea com &ue acolhera ocum%rimento e a des%edida do lavrador e

     %erguntou-me o motivo. 9omei a li'erdade de

    res%onder a Sua Ma(estade &ue sC devia ao meu

    antigo amo a o'rigao de me no haver esmagadocomo a um %o're animal inofensivo.

    *... ZEssa[ 'oa ao estava 'em %aga %elo %roveito

    &ue tirara, mostrando-me %or dinheiro e %elaim%ortGncia &ue rece'era %ela minha venda0 a minha

    saIde estava muito a'alada %ela minha escravatura e %ela o'rigao contínua de entreter e divertir a %o%ulao a todas as horas do dia e &ue, se meu amo

    no me (ulgasse a vida em %erigo, Sua Ma(estade no

    me teria ad&uirido. *Swift, 14@, %%. 1BF-1B

    A rainha *... ficou sur%reendida %or encontrar tanto

    es%írito e to 'om senso em um %e&ueno animal0tomou-me nas mos e levou-me imediatamente ao

    rei, &ue estava encerrado no seu escritCrio.  SuaMa(estade, %rínci%e muito s$rio e de rosto severo, nore%arando 'em 5 %rimeira vista na minha figura,

     %erguntou finalmente 5 rainha desde &uando setornara %rotetora de um  splacnuc- *%ois me tomara

     %or este inseto. A rainha *... ordenou-me dissesse eu %rC%rio &uem era. Li-lo em %oucas %alavras e=lumdalitch, &ue ficara 5 entrada do escritCrio, no

     %odendo estar muito tem%o sem mim, entrou e

    e/%licou a Sua Ma(estade &ue eu fora encontradonum cam%o. *Swift, 14@, %. 1B

    rei, mais s"'io do &ue ningu$m dos seus Estados,fora educado no estudo das filosofias e %rinci%al-

    mente nas matem"ticas. ZWuando[ notou raciocínio

    nos sons &ue Zeu[ emitia, no %Hde ocultar o seues%anto. Mandou chamar trs famosos s"'ios &ue

    estavam, ento, a servio na corte *segundo o

    admir"vel costume desse %aís. Um desses filCsofosfoi mais longeO disse &ue eu era um em'rio, um

    a'orto. *Swift, 14@, %. 11B

    Derto dia, o %rínci%e, ao (antar, &uis ter o %raer deconversar comigo, faendo-me %erguntas concernentes

    a costumes, religio, leis, governo e literatura da

    Euro%a, a &ue eu res%ondi o melhor &ue %ude. seues%írito era to a%urado e o seu (uío to seguro &ue

    fe refle/2es e o'serva2es muito sensatas so're tudo

    &uanto lhe disse0 referindo-se a dois %artidos &ue

     Pesquisas e Práticas Psicossociais 2*!, So #oo del-Pei, Lev. !BBF

    !

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    dividem a

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    algumas %alavras o mais fortemente &ue %ude.

    *Swift, 14@, %. !

    Dorria ento %or todo o %aís &ue o meu amo encontrara

    no cam%o um animal, do tamanho de, talve, um splacnuc-  *animal da regio &ue devia ter seis %$s e

    com a mesma configurao de um ente humano0 &ueimitava o homem nas suas menores a2es e %areciafalar uma es%$cie de linguagem &ue lhes era %rC%ria0

    &ue (" a%rendera muitos voc"'ulos do idioma deles0

    &ue caminhava direito so're os dois %$s, era dCcil etrat"vel, acudia logo &ue o chamavam, faia tudo

    &uanto lhe ordenavam, tinha os mem'ros delicados e

    uma te mais 'ranca e mais fina do &ue a filha de umfidalgo aos trs anos de idade. Um lavrador, seu

    viinho e seu íntimo amigo, veio faer-lhe uma visita

     %ara verificar a veracidade do 'oato &ue correra.*Swift, 14@, %. 1BB

    ZEra um avarento &ue deu um[ estI%ido conselho

    *... a meu amo, %ara &ue me fiesse ver %or 

    dinheiro em &ual&uer dia de feira, na cidade %rC/ima. *Swift, 14@, %. 1B1

    Meu amo, conforme a o%inio do amigo, meteu-me em

    um cai/ote e, no dia da feira, conduiu-me %ara acidade %rC/ima com a filha. *... meu dono a%eou-

    se do cavalo numa estalagem *..., alugou um grultred ,ou %regoeiro %I'lico, %ara chamar a ateno de toda a

    cidade %ara um animal raro. *Swift, 14@, %. 1B!

    Meu amo, tendo em vista os seus %rC%rios interesses,no dei/ou &ue %essoa alguma me tocasse, salvo a

    sua filha. *Swift, 14@, %. 1BR

    Meu amo fe anunciar &ue, no dia seguinte, haviaainda de mostrar-me0 entretanto, arran(aram-me ummodo de conduo mais cHmodo, visto &ue ficara

    derreadíssimo com a %rimeira viagem e, com oes%et"culo &ue dera durante oito horas consecutivas,

    no me %odia ter nas %ernas e &uase estava sem vo.

    Jara concluir, &uando estava de volta, os fidalgosdas viinhanas, ouvindo falar de mim, foram ter 5

    casa do meu amo. ouve um dia em &ue a%areceram

    mais de trinta com as mulheres e os filhos, %or&uenesse %aís, assim como na

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    Em seguida, desci aos arcanos da (ustia, onde

    tinham assento vener"veis int$r%retes da lei, &ue

    decidiam as diferentes contesta2es dos %articulares,&ue %uniam o crime e %rotegiam a inocncia. No

    dei/ei de falar da s"'ia e econHmica administrao

    das nossas finanas e de me e/%lanar so're o valor e

    as e/%edi2es dos nossos guerreiros de mar e deterra. Dom%utei o nImero do %ovo, contandotam'$m &ue havia milh2es de homens %rofessando

    diversas religi2es e diferentes %artidos %olíticos entre

    nCs. *Swift, 14@, %. 1RB

    rei ouviu tudo com a m"/ima ateno, escrevendo

    o e/trato de &uase tudo o &ue lhe diia e marcando,ao mesmo tem%o, os %ontos so're &ue tencionava

    interrogar-me.  Assim &ue concluí estes meus longosdiscursos, Sua Ma(estade *..., e/aminando os seuse/tratos, a%resentou-me muitas dIvidas e grandes

    o'(e2es acerca de cada assunto. ZJerguntou-me[

    como Zos %ares[ se tornavam ca%aes de decidir emIltimo recurso dos direitos dos seus com%atriotas0 se

    eram sem%re isentos de avarea e %reconceitos0 se ossantos 'is%os de &ue eu falara alcanavam sem%re

    esse alto cargo %ela sua cincia so're mat$rias

    teolCgicas e %ela santidade da sua vida 0 se nuncativeram fra&ueas0 se nunca tinham intrigado

    en&uanto %adres, se no tinham sido outrora esmoleres

    de um %ar, %or interm$dio do &ual conseguiam ser elevados a 'is%os e se, neste caso, no seguiam

    sem%re, cegamente, a o%inio do %ar e no serviam a

    sua %ai/o ou o seu %reconceito na assem'l$ia doJarlamento.  Wuis sa'er como se %rocedia %ara aeleio da&ueles &ue chamara de comuns0 se umestranho, com uma 'olsa recheada de ouro, no %odia,

    algumas vees, ganhar o sufr"gio dos eleitores 5

    fora do dinheiro. *Swift, 14@, %%. 1RB-1R1

    +onsidera#es inais

     No h", na segunda %arte das Viagens de Gulliver   6Viagem a 7ro'dingnag8 um discurso daigualdade social. Mas h" um da desigualdade,defensor da aristocracia, entendida como o governodos melhores, de acordo com a etimologia da %alavra.

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    Machado, M. N. da M. & Viana, E. A. de S. Um discurso da desigualdade social em Viagens de Gulliver , deSwift

    Jcheu/, M. *1Ba. An"lise autom"tica do discurso*AA+-14.