guiraldeli, r. presença feminina no mundo do trabalho. história e atualidade

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Presença Feminina No Mundo Do Trabalho. História e Atualidade

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  • Estudos do Trabalho Ano I Nmero 1 - 2007

    Revista da RET Rede de Estudos do Trabalho www.estudosdotrabalho.org

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    Presena feminina no Mundo do Trabalho: Histr ia e

    Atualidade

    Reginaldo Guiraldelli 1

    O presente ensaio tem a inteno de contextualizar a presena feminina no

    mundo do trabalho com vistas a compreender como foram determinados os papis

    sociais, alm de buscar subsdios para se refletir a atual posio da mulher na estrutura

    social.

    Conforme estudos de Saffioti (1976), a mulher, em todos os estgios da

    humanidade, teve papel relevante na produo da riqueza social e na subsistncia de sua

    famlia. Desde as fases pr-capitalistas, as mulheres j exerciam inmeras atividades,

    seja no campo, na manufatura, minas, comrcios, oficinas de tecelagem e fiao ou

    mesmo nas atividades domsticas. Nesse perodo, cuja famlia ainda era tida como o

    ncleo da produo, as mulheres e as crianas exerciam um papel fundamental na

    gerao da riqueza.

    Nogueira (2004) pontua que na Idade Mdia, apesar da insuficincia de arquivos

    histricos da poca, havia uma certa diviso do trabalho feminino com base na faixa

    etria e na posio das mulheres naquele determinado contexto. As mulheres solteiras

    eram incumbidas de lavar e tecer, enquanto as mes se dedicavam ao cuidado com os

    filhos e as mulheres de meia idade ficavam responsveis pelas funes de cozinhar,

    reproduzir e cuidar dos adolescentes. J as esposas dos camponeses se dedicavam

    agricultura e s funes domsticas.

    1 Doutorando em Servio Social pela UNESP/Franca-SP e membro do Ncleo de

    Pesquisa Mentalidades e Trabalho: do local ao global da UNESP/Franca.

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    Em contrapartida, na Europa, entre os sculos XVI e XVIII, algumas mulheres

    ocupavam o comrcio, com nfase para o ramo txtil.

    Na Frana, em especfico, ainda na fase do antigo regime, a mulher j exercia

    atividades comerciais, porm no plano poltico e jurdico era considerada inferior ao

    homem, num quadro marcado por dependncia, obedincia, submisso e incapacidade

    civil. A felicidade pessoal da mulher estava associada ao casamento, visto que este ato

    lhe propiciava estabilidade e ascenso econmica.

    Nessa fase transitria, entre a derrocada do antigo regime e a consolidao do

    capitalismo, o que se observa um acentuado processo migratrio do campo para as

    cidades, que contribuiu para o advento da Revoluo Industrial e o surgimento da

    burguesia e do proletariado, com contingente masculino e feminino.

    Com a Revoluo Industrial, marco da consolidao do capitalismo, a mulher

    passa a ser incorporada nas relaes produtivas sob condies desumanas, tendo em

    vista a intensificao do trabalho, a extensa jornada de trabalho e o rebaixamento

    salarial, para atender aos imperativos do acelerado processo de acumulao. Mesmo

    com essa realidade, as mulheres dos grupos menos privilegiados necessitavam do

    trabalho como forma de subsistncia e por isso acabavam se sujeitando aos respectivos

    ordenamentos. Na fase de implantao do capitalismo, o gigantesco arsenal mecnico, destinado a eliminar trabalho humano, absorve imensas quantidades de fora de trabalho: de homens, mulheres e crianas. O processo de acumulao do capital, nesta fase, no apenas elimina menos trabalho do que a mquina est apta a faz-lo; elimina, por vezes, o trabalho do chefe da famlia no porque haja a nova sociedade subvertida a hierarquia familial, mas porque a tradio de submisso da mulher a tornou um ser fraco do ponto de vista das reivindicaes sociais e, portanto, mais passvel de explorao (SAFFIOTI, 1976, p.38).

    A incorporao em grande escala do contingente feminino de mo-de-obra

    tambm foi adotada pela Frana e desencadeou inmeras reivindicaes por parte de

    trabalhadores do sexo masculino, que passam a ser o principal alvo do desemprego.

    Nessas manifestaes, os trabalhadores culpabilizavam as mulheres pela situao de

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    desemprego que estavam vivenciando e no percebiam que na verdade era o sistema

    capitalista o responsvel pela gerao de desemprego. Ou seja, A mulher no figura,

    assim, como uma usurpadora do trabalho masculino, mas como uma vtima do modo de

    produo capitalista (SAFFIOTI, 1976, p.43).

    A Revoluo Industrial alterou a ordem econmica, poltica, cultural e social de

    todo o mundo, trazendo implicao direta para a vida da populao de todo o planeta. A

    partir desse fato histrico surgem as fbricas, locus onde se processaram as novas

    relaes produtivas. Com o postulado tecnolgico de incorporao de maquinrio tem-

    se a insero de forma significativa, legtima e definitiva da mulher no universo das

    relaes de produo.

    Nesse contexto, a mulher representa o ser mais espoliado por compor um dos

    segmentos mais oprimidos e inferiorizados da sociedade. [...] apesar das lutas ento travadas por meio de greves e da imprensa operria, tanto homens como mulheres encaravam o trabalho feminino na fbrica como algo antinatural na medida em que prejudicava a funo reprodutora e a funo domstica. Assim, em vez de as mulheres lutarem por uma igualdade salarial que as equiparasse aos homens, aceitaram que a exigncia da luta operria fosse uma proteo do trabalho feminino, atravs de uma reduo das horas de trabalho e da abolio do trabalho noturno. Uma legislao especial que protegesse a mulher no seu trabalho assalariado permitiria que ela prestasse servios gratuitos, fora do mercado, servindo ao homem e s suas crianas. E em 1932 as mulheres, tal como os menores, passaram a constituir um segmento especial da fora de trabalho: desprivilegiado, mal pago, operando tarefas rotineiras e classificadas como desqualificadas, sem oportunidades de carreira, mas protegidas (SILVA, M.B.N., 1987, p.79).

    Tal episdio pode ser considerado como o grande libi do sistema produtor de

    mercadorias, que passa a incorporar em grande escala o trabalho feminino diante do

    rebaixamento salarial, trazendo grandes xitos para o triunfo do capitalismo. A partir

    disso, o novo sistema passa a envolver todos os entes familiares na produo, onde os

    trabalhadores, independente de sua idade, sexo, raa/etnia ou nacionalidade estariam

    submetidos ao domnio direto do capital.

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    Porm, importante frisar que nessa conjuntura apresentada, a mulher no sai de

    casa para o trabalho industrial objetivando sua independncia, mas sim para se tornar

    um ser submetido aos imperativos do capitalismo emergente.

    Entretanto tal concepo no pode ser entendida de forma cristalizada e

    totalizante, pois nesse cenrio de desenvolvimento industrial, as mulheres ganham

    visibilidade como trabalhadoras e adentram a cena poltica visto que no foram

    meramente seres dceis e passivos e, diante das mazelas e explorao que vivenciavam,

    organizaram-se em determinados momentos reivindicando direitos e melhores

    condies de vida e de trabalho. 2 Isso demonstrado nos estudos de Nogueira, que

    ressalta, [...] no que tange questo sindical, havia setores industriais como o txtil, o de calados, o de tabaco e o de vesturio, nos quais a fora de trabalho era predominantemente feminina. Seus sindicatos tinham como membros mulheres trabalhadoras que participavam das aes sindicais e grevistas. [...] nos sindicatos mistos, considerados um avano para a poca, a filiao das mulheres trabalhadoras tinha como pr-requisito o recebimento de salrio igual aos homlogos masculinos. No entanto, o papel oferecido a elas era indiscutivelmente subordinado. [...] a mulher trabalhadora no conseguia [...] convencer os trabalhadores de que ela tambm tinha um compromisso vitalcio com o trabalho assalariado e que a luta pela igualdade de salrios deveria abranger toda a classe trabalhadora, independentemente de sexo (2004, p.21).

    Outro fator que merece ser mencionado nesse momento histrico consiste nas

    incipientes idias socialistas da poca, que foram fundamentais para tais movimentos

    organizativos da classe trabalhadora, envolvendo tanto homens quanto mulheres, os

    2 Conforme anlise de Nogueira (2004), os sindicatos do sculo XIX se preocupavam apenas com interesses dos trabalhadores masculinos, deixando as mulheres sempre relegadas a segundo plano. As mulheres no eram tidas como aliadas e sim como ameaa e concorrncia na ordem capitalista. Alm do mais, a diviso sexual do trabalho, a segregao sexual no mercado de trabalho e as diferenas salariais eram consideradas marcas naturais da sociedade. Com isso, [...] o mundo do trabalho acentuou profundamente a diviso sexual do trabalho, reservando para as mulheres espaos especficos que, na maioria das vezes, se caracterizavam pela inferioridade hierrquica, pelos salrios menores e por atividades adaptadas as suas capacidades inatas (p.18).

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    quais passam a denunciar suas condies de miserabilidade frente ao processo de

    acumulao capitalista que gerava, de forma concomitante, a riqueza e a misria. 3

    Os fatos supracitados que efervesceram o cenrio europeu no decorrer do sculo

    XIX propiciaram mudanas abruptas na ordem societria, desencadeando novos

    horizontes para a insero feminina no mundo do trabalho.

    A incorporao da mo-de-obra vem ocorrendo ao longo do tempo diante das

    estratgias e necessidades do sistema produtor de mercadorias e com isso a mulher

    esteve presente nos diversos processos produtivos como o taylorismo, fordismo e

    toyotismo. 4

    No Brasil especificamente, em meados dos anos 1970 do sculo XX, ao mesmo

    tempo em que o mundo do trabalho vivenciava transformaes bruscas nos modelos de

    organizao, gesto e produo, tambm atravessava um momento de turbulncias no

    espao scio-poltico diante da emergncia de movimentos sociais, sindicais e diversas

    organizaes populares e de trabalhadores.

    nessa fase que o processo de reestruturao produtiva adentra a esfera

    produtiva e o movimento feminista ingressa no cenrio poltico reivindicando direitos.

    D-se incio ao embate com a estrutura conservadora que preconizava o iderio

    de mulher como a responsvel pelos cuidados domsticos e educao dos filhos, com os

    movimentos que passam a contestar tal status e a se manifestarem contra tal ordem em

    busca da emancipao poltica, social e econmica da mulher.

    3 Marx (2004) entende o processo de acumulao do capital como a fora motriz da sociedade burguesa. Para o autor, a acumulao no se restringe a uma relao entre produo e capitalizao da mais-valia, mas tambm relao de reproduo. A base da acumulao est na concentrao do capital em seu estgio inicial de desenvolvimento. A acumulao no se reduz ao mbito econmico, mas compreende tambm o desenvolvimento das relaes sociais. O sistema capitalista no vive apenas de etapas glamourosas, pois em certas fases atravessa crises cclicas e recesses, que para Marx so inerentes ao prprio desenvolvimento do capital. Em relao aos trabalhadores, nota-se que a acumulao traz efeitos nefastos aos que vivem e sobrevivem da venda de sua fora de trabalho diante da incorporao tecnolgica e gerao do exrcito industrial de reserva que propiciou a pauperizao da populao. 4 O intuito do presente trabalho no retratar tais modelos incorporados pelas indstrias capitalistas. Por isso, para conhecer de forma mais detalhada os mesmos, sugerimos como leitura a obra de ANTUNES, Ricardo. Adeus ao tr abalho?: ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 2.ed. So Paulo: Cortez, 1995.

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    O esgotamento dos modelos taylorista/fordista representou alteraes

    substanciais no mundo do trabalho diante do advento de um novo padro pautado na

    acumulao flexvel sob orientao neoliberal, o que provocou o aumento da

    precarizao e da informalidade nas relaes de trabalho, que se apropriou em grande

    escala do trabalho feminino. 5 Essa problemtica analisada por Souza-Lobo que diz A

    subordinao de gnero manifesta-se na diviso sexual do trabalho atravs das

    desigualdades de salrios e da desqualificao das funes femininas (1991, p.168). 6

    Portanto, a feminizao, que vem ocorrendo nas ltimas dcadas no universo das

    relaes de produo, apresenta um carter paradoxal, pois temos a insero da mulher

    na cadeia produtiva ao mesmo tempo em que o mundo do trabalho vem atravessando

    um estgio de precarizao nas formas de produzir.

    Cabe lembrar que a mulher no participa apenas do mercado de trabalho, ou

    seja, assumindo funes produtivas, mas tambm as funes reprodutivas, alm do

    trabalho domstico 7 onde se prevalece a responsabilidade feminina, permitindo com

    5 Se a participao masculina no mundo do trabalho pouco cresceu no perodo ps-1970, a intensificao da insero feminina foi o trao marcante nas duas ltimas dcadas. Entretanto, essa presena feminina se d mais no espao dos empregos precrios, em que a explorao, em grande medida, encontra-se mais acentuada [...] (NOGUEIRA, 2004, p.86-87). 6 Com base nos estudos da Fundao SEADE/2005, do total de postos de trabalho criados, 60,4% foram ocupados por mulheres. Porm, na Grande So Paulo, o rendimento anual mdio das mulheres ocupadas equivalia a R$813,00, enquanto o dos homens perfazia a quantia de R$1.267,00. O maior impacto da desigualdade salarial entre homens e mulheres ganhou maior notoriedade na indstria, onde as mulheres receberam o equivalente a 61,2% do rendimento masculino no ano avaliado. Contudo, a menor discrepncia entre os rendimentos dos homens e mulheres encontrada no setor de servios, onde a remunerao feminina equivale a 92,1% do montante masculino. Com base nos dados tabulados, em todos os nveis de escolaridade, as mulheres receberam cerca de 67% do valor pago a fora de trabalho masculina, o que demonstra que mesmo sendo as mulheres escolarizadas e qualificadas, estas ainda apresentam dificuldades de insero no mercado de trabalho com melhor remunerao. Tais dados encontram-se disponveis em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/classificados/empregos/ult1671u2561.shtml> Acesso em: 21/01/2006. 7 O trabalho domstico, categoria que entrou na pauta da PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio em 1992, considera este como o emprego domstico que perfaa uma remunerao, no englobando as atividades domsticas executadas pelas donas de casa, sendo estas tidas como inatividades na esfera econmica. Com a atuao feminista, o trabalho domstico passa a ser elemento constitutivo do mundo do trabalho, porm, ainda com predominncia feminina, e alm do mais, [...] a autonomia de muitas mulheres deve-se, em grande parte, a um exrcito de trabalhadoras domsticas, que seguram as pontas da casa para que a patroa possa trabalhar (CARREIRA, 2004, p.19).

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    isso transmitir mulher uma carga tripla de jornada de trabalho, ou seja, o trabalho

    extra domiclio, o cuidado com os filhos e as tarefas do lar.

    Mesmo o mundo do trabalho atravessando uma onda de crises nas ltimas

    dcadas que provocou o processo de reestruturao produtiva e concomitantemente um

    acelerado crescimento do desemprego, a incorporao da mo-de-obra feminina

    continuou aumentando. 8

    Parafraseando Nogueira, diante dessa tendncia de feminizao do mundo do

    trabalho, principalmente do emprego em tempo parcial, o que merece ser destacado o

    elevado crescimento de formas de trabalho que envolve baixos salrios, marcados pela

    precariedade diante de subcontrataes, terceirizao 9 e subempregos. 10 O que se

    constata que [...] enquanto o trabalho parcial est diretamente ligado mulher

    trabalhadora, o tempo integral est mais associado ao trabalho masculino

    (NOGUEIRA, 2004, p.49).

    As vicissitudes no mundo do trabalho na Amrica Latina e no Brasil apresentam

    algumas consoantes especficas em detrimento do que se verifica nos pases da Europa e

    Estados Unidos. Isso se deve ao fato de serem pases que se encontram na posio de

    subdesenvolvimento e se observa que, mesmo com a insero da mulher no mercado de

    trabalho, nesses pases ainda se predomina a mo-de-obra masculina e a disparidade

    salarial entre homens e mulheres. importante identificar que a desigualdade salarial

    8 Tal fato ressaltado na obra de Nogueira (2004), que explicita que [...] enquanto em 1962 a Frana contabilizava 6,6 milhes de mulheres e 13,2 milhes de homens em atividade, em 1998, esses nmeros chegaram a 11,7 milhes de mulheres e 14,1 milhes de homens. Podemos notar que no espao de trs dcadas houve o ingresso de mais de 5 milhes de mulheres e 1 milho de homens no mercado de trabalho daquele pas, apesar da crise do emprego que se abateu durante esse perodo [...] (p.45). 9 Na verdade, hoje j podemos falar at na quarteirizao, ou seja, a contratao de um servio pela empresa terceirizada, o que aprofunda o quadro de precariedade nas condies de trabalho. 10 Ao nos referirmos ao subemprego, estamos caracterizando este como uma forma de trabalho onde no ocorre nenhuma espcie de contratao formal, o que redunda numa atividade marcada pela precarizao. Em estudos realizados por Nogueira (2004), a autora confirma que [...] em 2001, de um total de 1.454 milhes de subempregos, 1.062 milhes de so ocupados por mulheres e 392 mil por homens, confirmando a reserva do trabalho precarizado para a mulher (p.53). Tambm pontua que o desemprego atinge em maior escala o universo feminino, pois sustenta em sua obra [...] que o desemprego atinge toda a classe trabalhadora, mas, de forma muito mais intensa quando se trata da fora de trabalho feminina. Cabe lembrar que essa tendncia apontada se mantm tambm nos empregos de mdios e altos salrios (p.62).

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    no um fenmeno recorrente apenas num contexto local ou nacional e, sim, presente

    em todo o mundo.

    Nos termos de Souza-Lobo vislumbramos que, A diviso sexual do trabalho tambm uma construo social e histrica. Se certo que o capitalismo utiliza uma estratgia de dividir para reinar, a configurao dessas divises construda socialmente atravs das relaes de classe, de raa, de gnero e das prticas sociais. O capitalismo na Amrica Latina no criou a subordinao das mulheres, mas certamente as relaes de produo e reproduo social so aqui tambm sexuadas e assimtricas, marcadas por uma hierarquia que subordina as mulheres e seus trabalhos (1991, p.170).

    Assim, o que se verifica uma precarizao do trabalho feminino mais

    acentuada na Amrica Latina do que nos pases europeus, marcada por forte diviso

    sexual do trabalho. 11 Alm dessa concentrao de mulheres em postos de trabalho

    marcados por piores remuneraes, necessrio destacar que estes tambm so mais

    instveis, visto que na maioria deles se constata a informalidade. 12

    No Brasil, em especial, as principais mudanas advindas com a reestruturao

    produtiva 13 datam da dcada de 1980, porm a participao da mulher no mercado de

    11 Essa anlise comparativa entre pases europeus e Amrica Latina encontra-se de forma mais detalhada na obra de NOGUEIRA, Claudia Mazzei. A feminizao no mundo do tr abalho: entre a emancipao e a precarizao. Campinas: Autores Associados, 2004. 12 Conforme Carreira (2004), [...] no Brasil, 40,5% da populao economicamente ativa est na informalidade, ou seja, trabalhadores sem registro em carteira e sem direitos trabalhistas (p.176). Em relao diferena nos ganhos entre homens e mulheres, percebe-se que esta [...] est associada, entre outras causas, ao fato de que muitas mulheres procuram a economia informal em busca de uma jornada parcial de trabalho. Mais de 50% das mulheres, na economia informal, trabalham em tempo parcial. Apenas 15,5% dos homens o fazem. O papel predominante da mulher na estrutura familiar a obriga a reservar tempo para seu trabalho principal: a casa e a educao dos filhos (CARREIRA, 2004, p.177). 13 Para Roy (1999), a reestruturao produtiva no Brasil se torna efetiva e com maior visibilidade na dcada de 1990 do sculo XX. Para a autora, entre os anos de 1970 e 1980 ocorre a difuso dos CCQ Crculos de Controle de Qualidade, inovao tecnolgica e organizacional. Os CCQ so constitudos por pequenos grupos envolvendo trabalhadores e chefia de uma empresa visando discutir os problemas apresentados na produo e propor sugestes com vistas ao aumento da qualidade e da produtividade, com menor custo e tempo de trabalho. Para isso, so realizadas reunies peridicas, fora do expediente e sem qualquer subsdio financeiro. Nessa perspectiva, o maior objetivo das empresas contemporneas frente s transformaes processadas buscar a Qualidade Total, que [...] mais que um nome abrangente das modificaes no processo da gesto da produo, uma meta para a adequao da produo (sobrevivncia empresarial e novo estilo de dominao da fora de trabalho). tambm a busca de presena mais firme no mbito da concorrncia no mercado globalizado (sobrevivncia do capitalismo) (ROY, 1999, p.37).

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    trabalho se remete aos anos 1920 frente ao estgio de industrializao e urbanizao da

    poca.

    No decorrer dos anos, o que pode ser notado que muito no mudou e ainda

    persistem as profisses consideradas femininas e outras masculinas, conforme atributos

    fsicos e naturais.

    O trabalho feminino ainda considerado suplementar e destinado

    sobrevivncia e atendimento das necessidades vitais da famlia. Como salienta Carreira, As prprias mulheres classificam sua renda de maneira subordinada no contexto da renda familiar. Muitas vezes, elas tm rendimento igual ou superior ao do marido, mas continuam dizendo que seu trabalho apenas auxilia no oramento domstico. H dificuldades em assumir-se como produtora, comerciante, geradora de renda (2004, p.177).

    Tal concepo vem sendo desconstruda com o passar do tempo diante da

    entrada da mulher em postos e posies no mercado de trabalho diversificados, porm

    tal processo se d a longo prazo. 14 Mesmo assim, Os papis femininos e masculinos

    so reproduzidos no trabalho, o que oportuniza a submisso e a desvalorizao com

    relao a funes, cargos e salrios (ROY, 1999, p.16-17). Seguindo os estudos da

    autora, os postos de trabalho que propiciam um maior prestgio, status e rentabilidade

    so apropriados pelo masculino e aqueles com menor impacto econmico e poltico so

    ocupados pelas mulheres.

    Conforme analisou Hirata (2002), a introduo massiva de novas tecnologias,

    como o caso da microeletrnica, provocou transformaes expressivas na diviso social

    e sexual do trabalho 15 e contribuiu sobremaneira para o recrutamento de mulheres para

    14 Bruschini (2000) nos mostra que as mulheres ampliaram de forma significativa sua participao em profisses de prestgio, como a arquitetura, a odontologia, a medicina, o jornalismo, a engenharia, com um crescimento considervel para as ocupaes jurdicas. Para a autora, Ao lado dessas mudanas, permanecem tambm alguns dos principais guetos femininos, como: a enfermagem, o magistrio primrio, a assistncia social e outros (p.35). As trabalhadoras mais qualificadas predominam em empregos tradicionais femininos, como o magistrio, a enfermagem e o servio social. Os baixos salrios e as desigualdades entre elas e os colegas continuam a fazer parte do seu mundo de trabalho (p.56). 15 A conceitualizao da diviso sexual em termos da relao social baseia-se, ao contrrio, na idia de uma relao antagnica entre homens e mulheres. A diviso sexual do trabalho considerada como um aspecto da diviso social do trabalho, e nela a dimenso opresso/dominao est fortemente contida.

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    novas atividades que foram surgindo, como o caso das digitadoras, que passam a ser

    requisitadas com base na destreza, rapidez e disciplina, atributos tidos como

    naturalmente femininos. Nesse tipo de trabalho vo persistir as disparidades salariais e

    condies de trabalho diferenciadas entre homens e mulheres, visto que as tecnologias

    trazem impactos distintos para essas categorias da mo-de-obra de acordo com o sexo, a

    raa/etnia e o nvel de qualificao destes.

    Tendo por base os estudos de Nogueira (2004), verificamos que existem

    algumas reas do setor produtivo em que prevalece a mo-de-obra feminina, com

    predomnio para o setor de servios, como o caso dos servios domsticos, de

    escritrio, ensino, sade, judicirio e comrcio. Na indstria, destaca-se a [...]

    confeco de vesturio (9,54% em 1997), o setor txtil (1,70% em 1997) e o de

    confeco de sapatos e acessrios (1,45% em 1997) (p.79). 16

    Diante dos inmeros estudos realizados acerca da afluncia da mulher no

    mercado de trabalho o que fica claro que estas ocupam predominantemente o setor

    tercirio (servios), enquanto os setores primrio (agricultura) e secundrio (indstria)

    ainda so ocupados em sua maioria pela fora de trabalho masculina. Os homens e as mulheres so separados por setor de atividade (indstria, servios, etc.), pela qualificao e pelo tipo de trabalho efetuado. Mesmo se as mulheres e os homens exercem a mesma atividade, como trabalhadores no-qualificados na indstria, muito raramente tm o mesmo tipo de tarefas e no so facilmente intercambiveis (HIRATA, 2002, p.176).

    Dentre os fatores basais para a entrada em massa da mulher no mercado de

    trabalho podemos elencar a queda da fecundidade e o aumento do nvel de escolaridade

    Essa diviso social e tcnica do trabalho acompanhada de uma hierarquia clara do ponto de vista das relaes sexuais de poder. [...] A diviso sexual do trabalho sempre indissocivel das relaes sociais entre homens e mulheres, que so relaes desiguais, hierarquizadas, assimtricas e antagnicas. A diviso sexual do trabalho , assim, indissocivel das relaes sociais entre homens e mulheres, que so relaes de explorao e opresso entre duas categorias de sexo socialmente construdas (HIRATA, 2002, p.280). 16 Com base nas fontes do DIEESE/2001, algumas profisses ainda se consagram como redutos femininos como o caso da costura (94%), secretariado (89%), enfermagem (84%), magistrio de ensino fundamental (90%), recepo (81%) e telefonia (86%). Grande parte dessas profisses no oferece prestgio e altos rendimentos, alm de configurarem muitas vezes em trabalhos precrios sem proteo social. Disponvel em: Acesso em: 28/11/2005.

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    que propiciou ao segmento feminino o ingresso nas universidades abrindo novas

    oportunidades de trabalho. Aqui podemos notar que a maternidade constituiu-se um

    grande entrave para a insero da mulher no mercado de trabalho, pois ainda continua

    sendo responsabilidade feminina o cuidado e a educao das crianas. Mas na

    contramo dessa realidade, Bruschini alega que, O crescimento do trabalho das casadas e mes poderia ser tomado, de um lado, como um indcio da presso econmica, que estaria forando mulheres com essas caractersticas a procurar o mercado de trabalho. A diversificao das pautas de consumo, gerando novas necessidades e desejos, o empobrecimento da classe mdia e a necessidade de arcar com os custos de educao e sade, devido precarizao dos sistemas pblicos de atendimento, fariam parte desse processo. Contudo, esse aumento tambm fruto de um intenso processo de modernizao e mudana cultural observado no Brasil a partir dos anos 70, do qual faz parte a expanso da escolaridade, qual as mulheres vm tendo cada vez mais acesso (2000, p.21).

    Em relao ao desemprego, fenmeno que se acentuou na ltima dcada do

    sculo XX, tendo em vista o processo de reestruturao produtiva e a adoo aos

    preceitos neoliberais, pode-se dizer que este atingiu de forma substancial as mulheres

    trabalhadoras, pois [...] de 1991 a 1998, o crescimento do desemprego atingiu cerca de

    2,4% dos homens, enquanto para as mulheres praticamente alcanou a marca dos 4%

    (NOGUEIRA, 2004, p.81).

    Com base na filosofia adotada pelos empresrios, Hirata (2002, p.181), em seus

    estudos, observa que num perodo de crise, o pblico-alvo afetado pelas demisses so

    principalmente as mulheres e, em seguida, os homens solteiros e sem filhos, visto que

    no horizonte da gerncia, o homem casado e pai necessita permanecer no emprego para

    dar continuidade aos provimentos do lar. Tal tica, adotada pelos empresrios, torna-se

    um tanto quanto unilateral e simplista diante dos novos arranjos familiares, onde o

    iderio de famlia nuclear cai por terra. Essa prioridade s demisses dos solteiros foi formulada pela gerncia em termos do aumento das necessidades dos operrios com uma famlia a manter e da responsabilidade social da empresa no reconhecimento dessas necessidades. [...] A elevada taxa de estabilidade dos homens com filhos deve-se, em parte, ao fato de os operrios com filho serem mais velhos do que aqueles sem filhos e ao

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    fato de a poltica de promoo na empresa fazer com que os mais velhos sejam tambm os mais qualificados (HIRATA, 2002, p.181).

    Assim, o homem consegue garantir sua posio no mundo do trabalho devido a

    sua situao familiar, ou seja, como o indivduo responsvel por prover as necessidades

    da famlia e, com isso, tem assegurada uma relativa proteo nos momentos de

    desemprego.

    Outro enfoque da concepo empresarial consiste numa atitude discriminatria

    por parte do empresariado que, na maioria das vezes, com base em Hirata (2002, p.194)

    opta pelas mulheres solteiras e sem filhos, pois assim no possuem uma

    responsabilidade familiar.

    Tendo como pressuposto a idia de que a mulher pertence ao mercado

    secundrio, Hirata sustenta que o trabalho feminino est marcado [...] por uma

    instabilidade, uma rotatividade elevada e taxas de desemprego proporcionalmente

    maiores (2002, p.176) e conclui que no Brasil a mulher conserva seu emprego, porm

    com marcas de precarizao e deteriorao das condies de trabalho.

    No obstante, o que se verifica o pioneirismo feminino no que tange a

    ocupao de postos de trabalho marcados pela precariedade e informalidade, alm de

    concorrer em grau desfavorvel com os homens no quadro de desempregados. Sendo

    assim, podemos afirmar que a informalidade, a precariedade e o desemprego tm sexo e

    raa definidos e tais mecanismos atendem de forma direta aos interesses do capital.

    O quadro apresentado na primeira dcada do sculo XXI frente ao paradigma da

    reestruturao produtiva de um perverso cenrio produtivo que traz implicaes para

    determinados segmentos dos trabalhadores, como o caso das mulheres, dos negros,

    dos idosos e dos jovens.

    Vale salientar que nem sempre o ingresso das mulheres no mercado de trabalho

    pode ser analisado numa tica otimista, pois em alguns casos, como a entrada prematura

    de jovens no mercado de trabalho, este fato pode significar abandono da vida estudantil

    ou trazer rebatimentos para seu desempenho escolar, o que pode acarretar em algumas

    deficincias e lacunas em sua formao e qualificao profissional.

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    Tal mecanismo, que tem na terceirizao uma forma que serviu para engendrar

    relaes de trabalho informalizadas e precrias configura num locus que permite dar um

    carter de invisibilidade aos novos tipos de trabalho, como o caso do trabalho

    realizado em domiclio, que assume inmeras facetas diante da sua complexidade. No

    se pode negar que a terceirizao se faz presente nos dias atuais e vem sendo adotada

    em grande escala nas polticas empresariais, porm, tal prtica no pode ser considerada

    algo estanque e por isso o que se busca a superao desta onde as relaes trabalhistas

    possam garantir aos trabalhadores condies dignas de trabalho e qualidade de vida.

    Ora, frente ao exposto, inmeras so as indagaes apresentadas em relao a

    insero da mulher no universo do trabalho. E com isso surgem algumas inquietaes:

    Por que as mulheres so mais afetadas pelo desemprego que os homens? Por que a

    mulher ainda continua tendo remunerao diferenciada em relao ao homem? Esse

    desemprego atinge o segmento feminino altamente escolarizado? Tais indagaes

    precisam ser compreendidas para se buscar aes polticas de transformao dessa

    conjuntura que se configura na ordem contempornea.

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