guilherme furtado fatores de risco e evoluÇÃo …livros01.livrosgratis.com.br/cp076385.pdf · 2...

143
GUILHERME FURTADO FATORES DE RISCO E EVOLUÇÃO CLÍNICA EM PACIENTES COM INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA POR Enterococcus spp RESISTENTE A VANCOMICINA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM SÃO PAULO Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para a obten- ção do Título de Mestre em Ciências Orientador: Prof.Dr. Sérgio Barsanti Wey Co-Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros São Paulo 2005

Upload: trankien

Post on 25-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

GUILHERME FURTADO FATORES DE RISCO E EVOLUÇÃO CLÍNICA EM PACIENTES COM INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA POR Enterococcus spp RESISTENTE A VANCOMICINA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM SÃO PAU LO Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para a obten- ção do Título de Mestre em Ciências Orientador: Prof.Dr. Sérgio Barsanti Wey Co-Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros São Paulo 2005

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

2

Furtado, Guilherme Fatores de risco e evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por Enterococcus spp resistente à vancomicina em um hospital universitário em São Paulo./ Guilherme Furtado- São Paulo, 2005. IX, 131 f. Tese( Mestrado) Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias. Título em inglês: Risk factors and outcome on patients with vancomycin-resistant Enterococcus bloodstream infection at a university-affiliated hospital in São Paulo. 1. Enterococcus spp 2. Resistência a vancomicina. 3. Fatores de risco 4. Infecção de corrente sanguínea 5. Hospital universitário

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA DISCIPLINA DE DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Chefe do Departamento: Prof. Dra. Emília Inoue Sato Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. Arnaldo Lopes Colombo São Paulo 2005

4

" Ninguém ignora tudo, ninguém sabe

tudo, por isso aprendemos sempre " Paulo Freire

5

DEDICATÓRIA ________________________________________

6

DEDICATÓRIA: Dedico aos meus amados filhos Thiago e Bruno , pelos momentos que fiquei distante e mesmo apesar de todos os contratempos, sempre estão presentes nos meus pensamentos me trazendo felicidade e imensa alegria à minha vida. Dedico a meus pais Benigno e Andyara , pelo amor, carinho e compreensão durante toda a minha vida. Dedico aos meus irmãos Luiz Adriano e Ana Caroline pelo carinho e apoio recebido mesmo nos momentos difíceis. Dedico à minha avó Jandyra(in memoriam) e a minha tia Araguacy que sempre me apoiaram nos momentos difíceis Dedico à meus tios Uyara e Zacarias pelo papel importante exercido em minha caminhada inicial na carreira médica. Dedico à minha companheira Luciana por ter despertado em mim um novo sentimento inigualável e único.

7

AGRADECIMENTOS _________________________________

8

AGRADECIMENTOS: Prof. Dr. Sérgio Barsanti Wey, pela acolhida e apoio sempre presentes em minha formação profissional. Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros, pelo valioso apoio profissional, amizade e críticas sempre construtivas . Prof. Dr. Antônio Carlos Campos Pignatari pelas orientações, críticas e idéias sempre pertinentes. Prof. Dr. Hélio Sader pela disposição e conselhos iniciais na execução deste projeto. Enf. Sinaida Martins pela amizade, acolhida e sobretudo estímulo para iniciar este estudo. Dr. Rodrigo Elissandro pela ajuda profissional no período final deste trabalho. Aos pós-graduandos do LEMC pela disposição na realização deste trabalho. Às enfermeiras da CEH Ana Paula, Myria e Fernanda pela acolhida, amizade, camaradagem desde minha chegada à São Paulo. Às secretárias da CEH e DIPA Elidiane e Miriam pela sua ajuda profissional. À minha amiga Lídia pela sua ajuda importantíssima na confecção desse trabalho.

9

SUMÁRIO ____________________________________

10

SUMÁRIO ------------------------------------------- -----------------------------------------------02 1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------- ---------------------------------------06

1.1. Agente etiológico ------------------------------------------------------------------------06

1.2. Resistência do enterococo -------------------------------------------------------------07

1.3. Importância do VRE -------------------------------------------------------------------11

1.4. Terapêutica das infecções por VRE -------------------------------------------------14

1.5. Infecção de corrente sanguínea por VRE ------------------------------------------15

2. OBJETIVOS ----------------------------------------------------------------------------------18

3. CASUÍSTICA E MÉTODOS ------------------------------ --------------------------------20

3.1 Local do estudo --------------------------------------------------------------------------20

3.1.1 Características do hospital --------------------------------------------------- 20

3.1.2 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar ----------------------------21

3.2. Desenho do estudo -----------------------------------------------------------------------21

3.2.1 Definição de caso ------------------------------------------------------------------21

3.2.2 Estudo caso-controle: fatores de risco para aquisição de infecção de

corrente sanguínea por VRE -------------------------------------------------------------------22

3.2.3 Estudo coorte: evolução clínica em pacientes com infecção de corrente

sanguínea por VRE ------------------------------------------------------------------------------22

3.2.4 Critérios de exclusão ------------------------------------------------------------22

3.3 Procedimentos microbiológicos ------------------------------------------------------ 23

3.3.1 Coleta de hemoculturas -------------------------------------------------------23

3.3.2 Processamento das hemoculturas -------------------------------------------23

3.3.3 Identificação do Enterococcus spp. ------------------------------------------24

3.3.4 Disco difusão --------------------------------------------------------------------24

3.3.5 E-test ------------------------------------------------------------------------------25

3.4. Definições ---------------------------------------------------------------------------------25

3.4.1 Paciente caso --------------------------------------------------------------------25

3.4.2 Diagnóstico ----------------------------------------------------------------------25

3.4.3. Infecção de corrente sanguínea -------------------------------------27

11

3.4.3.1 Infecção primária de corrente sanguínea-------------------------27

3.4.3.2 Infecção secundária de corrente sanguínea ----------------------28

3.4.3.3 Infecção de corrente sanguínea associada a cateteres

intravasculares -------------------------------------------------------------------------------------28

3.4.3.4 Infecção de corrente sanguínea por Enterococcus spp. ------------29

3.4.3.5 Infecção de corrente sanguínea polimicrobiana --------------------29

3.4.4. Enterococcus spp. resistente a vancomicina ---------------------------------29

3.4.5 Óbito relacionado a infecção de corrente sanguínea por Enterococcus

spp.- ---------------------------------------------------------------------------------------------------29

3.4.6 Gravidade da doença de base ----------------------------------------------------29

3.4.6.1 Pontuação APACHE II ---------------------------------------------------30

3.4.6.2 Índice de McCabe modificado -------------------------------------------30

3.4.6.3 Índice Severity of Illness (SOI) -----------------------------------------30

3.4.7 Classificação das doenças de base -----------------------------------------------31

3.4.8 Uso de antimicrobianos ------------------------------------------------------------31

3.4.9 Adequação da terapia antimicrobiana -----------------------------------------32

3.5 Análise estatística ----------------------------------------------------------------------------33

4. RESULTADOS --------------------------------------------------------------------------------35

4.1 Fatores de risco associados à infecção de corrente sanguínea por

VRE --------------------------------------------------------------------------------------------35

4.2 Evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por

VRE --------------------------------------------------------------------------------------------53

5. DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------------------------------80

5.1. Fatores de risco associados a infecção de corrente sanguínea por

VRE -----------------------------------------------------------------------------------------------80

5.2. Evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por

VRE -----------------------------------------------------------------------------------------------87

6. CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------------98

12

7. Resumo -----------------------------------------------------------------------------------------100

8. Abstract----------------------------------------------------------------------------------------- 103

9. Referências bibliográficas e fontes consultadas ----------------------------------------106

10. Anexos-------------------------------------------------------------------------------------------130

13

INTRODUÇÃO ____________________________________

14

1. INTRODUÇÃO

1.1- Agente etiológico Os Enterococos têm emergido como importantes patógenos nosocomiais nas duas

últimas décadas , sendo relatado como a segunda causa mais comum de infecção hospitalar

nos Estados Unidos(SCHABERG,CULVER & GAYNES,1991). As infecções mais

freqüentes são em ordem de freqüência: urinária, sítio cirúrgico, bacteremia. Nos dias

atuais o enterococo já é o terceiro mais comum patógeno envolvido em bacteremias

(EMORI & GAYNES,1993).

Enterococcus spp. são cocos Gram-positivos, anaeróbios facultativos, encontrados em

vários locais(solo, alimentos, água, animais) e fazem parte da flora dos tratos gastrintestinal

e genitourinário do homem(FACKLAM & SAHM,1995). O nome “ enterococcus” é

derivado do francês entérocoque, que passou a ser usado no início do século passado para

descrever a origem entérica deste coco gram-positivo(MURRAY,1990). Foi descrito

inicialmente em 1906 como Streptococcus e somente em 1984 recebeu a denominação de

Enterococcus pois estudos moleculares demonstraram sua diferença do gênero

Streptococcus(SCHLEIFER & KILPPER-BALZ,1984). Existem 16 espécies: E.avium,

E.casseliflavus, E.cecurum, E.columbae, E.dispar, E.durans, E.faecalis, E.faecium,

E.gallinarum, E.hirae, E.malodoratus, E.mundtii, E.pseudoavium, E.raffinosus,

E.sacharolyticus e E.sulfureus. E.faecalis e E.faecium são as espécies mais

comuns(FACKLAM,SAHM & TEIXEIRA,1999).

Enterococos são anaeróbios facultativos capazes de sobreviver sob condições extremas.

Este microorganismo cresce em meios contendo 6,5% de NaCl e, em temperaturas de 100

C a 450 C. Podem sobreviver 30 minutos em 600 C . Este patógeno hidroliza esculina e L-

15

pyrrolidonyl-ß-naphthylamide(PYR). Baseado principalmente nestas características o

enterococo é diferenciado de outros gram positivos( ex. Streptococcus, Leuconostoc,

Pediococcus, Lactococcus) (FACKLAM,SAHM & TEIXEIRA,1999).

A maioria dos isolados clínicos de enterococcus são E.faecalis, os quais até recentemente

eram responsáveis por 80 a 90% dos organismos encontrados em laboratórios de

microbiologia, enquanto E.faecium era responsável por 5-10% dos isolados(RUOFF,et

al,1990).

Interessantemente pouco é conhecido sobre os fatores que contribuem para a habilidade do

enterococo causar infecção em humanos. O que parece claro é que o enterococo não é tão

virulento quanto patógenos como, por exemplo, o S.aureus. A resistência a vários

antimicrobianos parece permitir a sobrevivência do enterococo em pacientes recebendo

potentes esquemas antimicrobianos(MOELLERING Jr, 1992).

1.2 Resistência do enterococo

Resistência intrínseca a vários agentes antimicrobianos é característica do gênero

Enterococcus, sendo descrita resistência a beta-lactâmicos, a baixas concentrações de

aminoglicosídeos, clindamicina, tetraciclina, macrolídeos, fluoroquinolonas. , mas o que é

mais preocupante nos últimos anos é a progressiva resistência adquirida a altas

concentrações de aminoglicosídeos, ampicilina e principalmente aos glicopeptídeos(

GOLD,1996).

Todos os enterococos apresentam resistência relativa aos beta-lactâmicos, que é devida a

baixa afinidade das proteínas ligadoras de penicilina(PBPs), notadamente a PBP5 a estes

antimicrobianos( WILLIAMSON et al, 1985). Embora pareça ter havido poucas alterações

16

na resistência do E.faecalis às penicilinas nos Estados Unidos, tem havido aumento

importante da resistência do E.faecium a estes compostos (GRAYSON et al,1991).

O alto nível de resistência aos aminoglicosídeos( MICs > 500 a 2000µg/ml) se dá por

mutação ribossômica( somente estreptomicina) e por produção de enzimas modificadoras

mediadas por plasmídeos(LECLERCQ,et al 1992). A resistência à gentamicina que tem

sido descrita mais recentemente( a partir dos anos 80) é dada principalmente por uma fusão

de 2 enzimas( 6` -acetyltransferase- 2`-phosphotransferase). A resistência a vancomicina

foi relatada inicialmente na Europa(UTTLEY et al.1988) e se dá basicamente pela alteração

na cadeia terminal do peptideoglicano, com troca no aminoácido terminal alanina por

lactato ou serina, que apresenta baixa afinidade à vancomicina. Hoje tem sido classificada

em seis principais fenótipos (A,B,C,D,E,G) (WOODFORD, 2001) sendo os dois primeiros

os mais importantes. O fenótipo VanA cujos genes de resistência são transferidos pelo

transposon Tn1546 , mostra altos níveis de resistência à vancomicina(MIC≥64µg/Ml) e

teicoplanina(MIC ≥ 8µg/Ml). O fenótipo VanB também resistente a vancomicina(MIC

entre 4 e 1024µg/Ml) , mantém suscetibilidade á teicoplanina,sendo estes dois fenótipos

encontrados nos E.faecalis e E.faecium .O fenótipo VanC ocorre no E.casseliflavus e

E.gallinarum com resistência a baixas concentrações de vancomicina( MIC de 2-32 µg/Ml),

já os fenótipos VanD e VanE e VanG descritos recentemente são encontrados no E.faecium

e E.faecalis respectivamente, sendo o VanD resistente a vancomicina e teicoplanina em

baixas concentrações e o VanE e VanG resistente somente a vancomicina em baixas

concentrações (WOODFORD, 2001).

No fenótipo VanA , o gene de resistência codifica sete polipeptídeos que atuam em

conjunto conferindo resistência à vancomicina( ARTHUR & COURVALIN,1993). Dois

17

polipeptídeos( VanR e VanS) são responsáveis pela regulagem da expressão do gene de

resistência; três outros (VanH,VanA e VanX), que conferem resistência aos glicopeptídeos,

e dois polipeptídeos (VanY e VanZ), que são proteínas acessórias não essenciais para a

expressão de resistência aos glicopeptídeos( LECLERCQ & COURVALIN,1997).

VanA é uma proteína homóloga às ligases bacterianas que sintetizam o dipeptídeo D-ala-D-

ala, que é incorporado ao peptideoglicano. Entretanto o VanA cataliza especificamente a

ligação de D-ala-D-lac ao invés do usual D-ala-D-ala. Os glicopeptídeos apresentam baixa

afinidade a este dipeptídeo e portanto não vão exercer sua atividade no bloqueio da síntese

da parede celular.( LECLERCQ, COURVALIN,1997). O VanH atua conjuntamente

reduzindo piruvato à D- lactato (BUGG et al,1991). VanX também é necessária pois

hidrolisa D-Ala-D-Ala e não D-Ala-D-Lac (REYNOLDS et al,1994). Van Y cliva o

terminal D-Ala dos precursores tardios resultantes da incorporação de D-Ala-D-Ala, que

escaparam da hidrólise por VanX( ARTHUR et al,1994). VanZ não apresenta mecanismos

conhecidos( ARTHUR et al,1993).

A resistência configurada pelo fenótipo VanB parece ser mediada por cromossomo e pode

ocorrer por conjugação em algumas cepas( QUINTILIANI ,COURVALIN,1994).

O fenótipo VanC é dividido em VanC-1(E.gallinarum) e VanC-2(E.casseliflavus) e é

cromossômico e intrínseco nessas espécies móveis( LECLERCQ,COURVALIN,1997). O

VanC-3 achado no E.flavescens tem 98% de homologia ao VanC-2 (NAVARRO &

COURVALIN,1994).

O quadro 1 mostra os principais fenótipos de resistência descritos.

18

Quadro 1 – Fenótipos de resistência aos glicopeptíd eos Fenótipos de resistência Tipo de resistência Espéci aes MIC para

vancomicina MIC para

teicoplamina

VanA Induzível Medidas por plasmídeo

E. faecium E. faecalis

> 64µg/ml > 64µg/ml

VanB Induzível Cromossômica

E. faecalis E. faecium

> 8µg/ml < 1µg/ml

VanC Intrínseca Cromossômica

E. gallinarum E. casselifavus

4 a 3µg/ml < 1µg/ml

VanD Induzível E. faecium

16 a 14µg/ml 2 a 4µg/ml

VanE

Induzível E. faecalis 0.5 a 16µg/ml 0,5µg/ml

VanG Induzível E. faecalis 0.5 a 16µg/ml

0,5µg/ml

Fonte: Leclerq, 1988, Perichon, 1997: McKessar, 2000.

19

1.3. Importância do Enterococo resistente a vancomicina (VRE)

A partir de seu isolamento inicial na Europa em 1988 , o enterococo resistente à

vancomicina(VRE) vem sendo isolado progressivamente em vários países( principalmente

nos Estados Unidos). Resultados do projeto SCOPE (Surveillance and Control of

Pathogens of Epidemiologic Importance) em infecções de corrente sanguínea demonstrou

17,7% de Enterococcus resistente a vancomicina sendo 50,5% E.faecium e 3,1% E.

faecalis(EDMOND et al.1999). Já LOW et al (2001), descrevendo dados do estudo

SENTRY(1997-1999) relataram 17% de VRE nos Estados Unidos com 60% de E.faecalis e

20% de E.faecium, enquanto na América Latina há 2% de VRE,com 76,8% de E.faecalis e

4,6% de E. faecium. Houve um aumento de 0,4% para 23,2% de isolamento de VRE em

unidades de terapia intensiva e de 0,3% para 15,4% em outras unidades, nos Estados

Unidos na década passada (MMWR,1998).

Epidemiologicamente há tendências diferentes no aparecimento de Enterococcus

resistente á vancomicina na Europa e nos Estados Unidos devido ao uso da avoparcina .

Este é um análogo glicopeptídeo utilizado em rações para animais na Europa, o que

contribuiu para uma maior colonização comunitária( VAN DE BOGAARD, JENSEN &

STOBBERINGH,1997; AARESTRUP et al.1996). Em contrapartida nos Estados Unidos,

como nunca houve liberação para uso de glicopeptídeos em rações para animais, o VRE é

de maior aquisição hospitalar , provavelmente pelo uso aumentado de vancomicina oral em

terapia para colite pseudomembranosa (SADER et al, 1994; EDMOND et al ,1995) . No

Brasil a avoparcina foi usada até 1998 quando foi proibida (BRASIL,MINISTÉRIO da

SAÚDE e da AGRICULTURA,1997). O primeiro relato de enterococo resistente a

vancomicina no Brasil foi feito em 1998 em uma paciente com anemia aplástica no

Paraná( DALLA COSTA,1998), surgindo vários surtos após em outras cidades;

20

destacando-se o surto do Hospital Santa Marcelina em São Paulo em 1998. No Hospital

São Paulo, o VRE(E. faecalis )foi isolado inicialmente em 1998 em uma cultura de swab

retal de vigilância de uma paciente com leucemia linfocítica aguda( CEREDA,2001).

FURTADO et al (2005a) descreveram recentemente dados epidemiológicos do VRE no

Hospital São Paulo demonstrando um aumento progressivo na sua incidência de 2000 a

2002.

Os fatores de risco para a aquisição do Enterococcus spp. resistente a vancomicina são:

permanência hospitalar prolongada, internamento em unidade de terapia intensiva,

transplante, doenças hematológicas e uso de antibióticos(EDMOND et al, 1995).

TORNIEPORTH et al (1996) acharam como fatores de risco: duração da hospitalização(>7

dias), transferência intra-hospital, uso de vancomicina e cefalosporina de terceira geração e

uso de vancomicina por mais de sete dias. NOURSE et al (1998) em uma unidade

oncológica pediátrica em um período epidêmico encontrou como fator de risco: duração da

neutropenia, duração do uso de antibióticos, uso de ceftazidima, amicacina e teicoplanina e

número de antibióticos usados. A importância da vancomicina no surgimento do VRE é

relatada em vários estudos( KARANFIL et al,1992; DEVER et al ,1995). OSTROWSKI et

al (1999) foi um dos poucos trabalhos feito em período endêmico mostrando 12% de

colonização e achou como fatores de risco: uso de cefalosporinas de segunda e terceira

geração , duração da internação, mais de um internamento em UTI e transplante de órgão

sólido. No nosso meio , VILINS (2001) em período epidêmico descreveu 28% de

colonização tendo como fatores de risco: idade maior que 60 anos, internação maior que 7

dias, número de antibiótico maior que 3 e internamento em UTI e Hematologia. A

colonização hospitalar pelo Enterococcus hoje é um dos grandes problemas do controle de

infecção hospitalar , pelo risco que pacientes graves possam evoluir para infecção. O

21

Enterococcus spp. tem a capacidade de se manter colonizando os pacientes por longos

períodos, principalmente o trato intestinal baixo. LAI et al (1997) mostrou persistência de

colonização retal até 303 dias, com 23% de descolonização espontânea. LINDEN et al

(1994) relatou colonização por 450 dias com descolonização espontânea de 10%. A

colonização ambiental foi descrita inicialmente em termômetros retais ( LIVORNESE et al

,1992) e em vários estudos é relacionada a colonização dos doentes (SLAUGHTER et al

,1996; NOURSE et al ,1998; BONTEN et al ,1996; BOYCE et al ,1994; SMITH et al

,1998). BONILLA et al (1997) relata também importante contaminação das mãos dos

profissionais de saúde. SLAUGHTER et al (1996) não demonstraram vantagem no uso de

luvas e avental ao invés somente de luvas no risco de colonização por Enterococos

resistentes á vancomicina. BONTEN et al (1996) também relataram menor duração da

colonização ambiental comparada com a dos pacientes. A contaminação ambiental é

maior em pacientes incontinentes ou com diarréia ( BOYCE et al,1994; BEEZHOLD et al

,1997). Já as tentativas de descolonização com antimicrobianos não tiveram boa resposta,

com vários esquemas antibióticos ( NORRIS et al ,1995; MONTECALVO et al ,1995;

LINDEN et al ,1992; MONDY, SHANNON & MUNDY,2001). A proximidade de

pacientes colonizados não isolados aumenta o risco de contaminação de outros

pacientes(BYERS,2001; ISSACK,1996; BOYCE,1994). Como os pacientes colonizados

são fontes importantes de contaminação de outros pacientes e do ambiente, medidas de

precaução de contato são indicadas nessas situações conforme recomendação do Central for

Disease Control- CDC(1995). Além do isolamento do paciente são recomendadas várias

outras medidas: controle do uso de vancomicina, culturas de vigilância em unidades de

risco. ZUCKERMAN et al (1999) demonstraram somente 30% de positividade em culturas

clínicas em pacientes colonizados reforçando a importância das culturas de vigilância.

22

A colonização intestinal destes pacientes parece ser a porta de entrada para o surgimento

de infecções mais graves notadamente bacteremias (EDMOND et al ,1996;

MONTECALVO et al ,1994, WELLS et al ,1995). EDMOND et al (1996) encontraram

mortalidade atribuída a bacteremia de 37% em unidade oncológica. MONTECALVO et al

(1994) relataram 13% de colonização retal com 1.7% de bacteremia e mortalidade total de

57%.MONTECALVO et al (1995) relataram 28% de colonização e 2.8% de infecção, com

a colonização durando em torno de 7 semanas e também com mais de uma cepa

colonizando o mesmo paciente. MORRIS et al( 1995) encontraram 20% de colonização,

com mortalidade geral de 30% em pacientes com bacteremia em um hospital universitário.

EDMOND et al (1996) encontraram 100% de colonização em pacientes com bacteremia e

BEEZHOLD et al (1997) além de 100% de colonização retal em pacientes com bacteremia

, encontraram 86% de colonização em área inguinal e 57% em fossa antecubital,

demonstrando também a importância da colonização cutânea.

1.4. Terapêutica das infecções por VRE

As infecções hospitalares devido ao Enterococcus, notadamente o E.faecium e E.faecalis

se tornaram problemas de grande intensidade em anos recentes, principalmente as cepas

resistentes aos glicopeptídeos, pelo pequeno arsenal terapêutico disponível nessa situação

(GOLD,2001). Infecções sistêmicas por enterococo devem ser tratadas com associação de

antimicrobianos( principalmente um beta-lactâmico e um aminoglicosídeo).

Nos Estados Unidos da América , devido a maior proporção de E.faecium a sensibilidade à

ampicilina já se mostra bem inferior à encontrada na América Latina( LOW et al,2001).

Surgiu então a necessidade de novas drogas com atividade contra gram-positivos, para

serem usadas na terapia das infecções por VRE. Nos últimos 4 anos três novos

23

antimicrobianos foram aprovados pelo FDA com ação contra gram-positivos:

Quinupristina-dalfopristina, Linezolide e Daptomicina.

Quinupristina-dalfopristina tem apenas atividade bacteriostática e tem pobre atividade

contra E.faecalis e já há relatos de resistência durante seu uso(ELIOPOULOS et al ,1998).

Linezolida, um novo antibiótico recém lançado , tem a vantagem da formulação oral e da

ação contra E. faecalis, mas também já apresenta relatos de resistência(GONZALEZ et al,

2001; JONES et al ,2002; HERRERO, ISSA & PATEL, 2002).

Daptomicina foi lançada recentemente pertencendo a um novo grupo de antimicrobianos(

Lipopeptídeos) que tem atividade bacteriana contra estafilococos e enterococos. Esse

antimicrobiano se liga na membrana celular, sendo cálcio-dependente causando alterações

no potencial de membrana( SILVERMAN et al, 2003, EISENSTEIN , 2004).

1.5. Infecção da Corrente Sanguínea por VRE

Bacteremia por VRE tem sido associada com aumento de mortalidade, morbidade, tempo

de hospitalização e custos( EDMOND et al ,1996; STOSOR et al ,1998; MORRIS et

al,1995; PAPANICOLAOU,MEYERS & MEYERS, 1996). Diferenças nas espécies de

Enterococcus spp. e na resistência antimicrobiana podem afetar a mortalidade. Nos

Estados Unidos da América , E.faecium é associado atualmente mais freqüentemente com

bacteremia nosocomial(MONTECALVO et al ,1996). Esta espécie apresenta um maior

perfil de resistência que o E.faecalis, mais comumente isolado em nosso meio. Estudos

realizados nos Estados Unidos em meados dos anos 90 mostram predominância

monoclonal de VRE em bacteremias( EDMOND,1995) . Em anos recentes tem se

demonstrado que após sua disseminação monoclonal em ambiente hospitalar, o VRE

apresenta disseminação policlonal, com o surgimento de várias cepas se disseminando no

24

ambiente hospitalar e tornando mais difícil o controle pelas medidas de controle de

infecção hospitalar (STOSOR,1999). VRE vem apresentando taxas progressivas de

bacteremia no Hospital São Paulo, de 0,03/1000 pacientes-dia em 2000 à 0,07/1000

pacientes-dia em 2002( FURTADO et al, 2005 a).

Alguns estudos recentes mostraram maior mortalidade da bacteremia por VRE em relação

à bacteremia por VSE( STOSOR et al, 1998, LINDEN et al, 1996, BHAVNANI et al,

2000, LUCAS et al, 1998, LODISE et al, 2002 , VERGIS et al, 2001). Entretanto outros

relatos não mostraram diferença na mortalidade entre os dois grupos( GARBUTT et al ,

2000, PEST et al ,2000, TORNIEPORTH et al, 1996, WELLS et al,1995, KRCMERY et al,

2001). Há poucos estudos nacionais enfocando bacteremia por VRE, procurando definir

qual os fatores de risco, espécie predominante ou mesmo mortalidade.

Apesar de toda a preocupação com o enterococo na última década , recentemente essa

preocupação com o enterococo voltou a aumentar, pois o temor da passagem do fenótipo

de resistência para patógenos mais agressivos concretizou-se com o relato do isolamento

nos Estados Unidos da América de um estafilococo com resistência a vancomicina

portador do gen Van A, provavelmente adquirido do enterococo ( SIEVERT et al,2002).

Procuramos então, definir com esse estudo os fatores de risco para infecção de corrente

sanguínea por VRE em nosso serviço, bem como sua distribuição por espécie . Outro

estudo comparará infecção de corrente sanguínea por VRE com infecção de corrente

sanguínea por enterococo sensível a vancomicina(VSE) definindo se há diferenças na

evolução e mortalidade entre os dois grupos.

25

OBJETIVOS

26

2. OBJETIVOS

- Identificar os fatores de risco associados à infecção de corrente sanguínea por VRE.

- Avaliar a evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por VRE.

- Definir a incidência de infecção de corrente sanguínea por VRE.

- Definir o perfil de resistência antimicrobiana das amostras.

27

CASUÍSTICA E MÉTODO

28

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

3.1. LOCAL DO ESTUDO

3.1.1- Características do hospital

Este estudo foi realizado no Hospital São Paulo, entidade pública pertencente à

Universidade Federal de São Paulo, localizado no bairro de Vila Clementino, zona sul da

capital paulista. Atende à população carente dessa região, bem como pacientes de origem

privada(convênios) . A principal demanda entretanto é o Sistema Único de Saúde( SUS). O

hospital possui programa de residência médica em várias especialidades e em áreas básicas(

Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia/Obstetrícia e Cirurgia). Conta com

aproximadamente 680 leitos, divididos em 34 enfermarias e 9 UTIs. As UTIs são divididas

em : 3 UTIs gerais e 6 UTIs de especialidades( Anestesiologia, Cardiologia, Pneumologia,

Cirurgia Cárdio-Vascular, Nefrologia e Neurocirurgia ). Existe programa de transplante de

órgãos sólidos( rim, fígado, pâncreas-rim) e transplante de medula óssea. A média de

internações nos três anos do estudo foi de 28.571 , com média de 181.313 pacientes-dia.

29

3.1.2- A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Paulo foi implantada em

1986 e conta em seu núcleo executivo com 3 médicos, 4 enfermeiras. Atualmente é

denominada Comissão de Epidemiologia Hospitalar, pois engloba também atividades de

epidemiologia, controle de antimicrobianos e notificação de doenças compulsórias além de

um núcleo de controle ambiental.

3.2.- Desenho do estudo

Foram identificados os pacientes com infecção de corrente sanguínea hospitalar por

Enterococcus spp. internados no Hospital São Paulo durante o período de janeiro de 2001 a

dezembro de 2003.

Para estudar os fatores de risco para aquisição de infecção de corrente sanguínea por VRE

no Hospital São Paulo foi realizado um estudo tipo caso-controle.

Para estudar a evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por VRE

no Hospital São Paulo foi realizado um estudo tipo coorte retrospectivo.

3.2.1. Definição de caso

A identificação dos pacientes com infecção de corrente sanguínea por VRE internados no

Hospital São Paulo durante o período de janeiro de 2001 a dezembro de 2003 foi realizada

através do levantamento do banco de dados informatizado do Departamento de

Processamento de Dados. Este banco de dados agrega dados do laboratório central do

Hospital São Paulo. Deste modo foi identificado o número total de hemoculturas nas quais

houve o crescimento de Enterococcus spp. A partir desta listagem , foi realizada a revisão

dos prontuários médicos dos pacientes maiores de 16 anos nos quais foi diagnosticada

30

infecção de corrente sanguínea por VRE ou VSE além dos pacientes-caso do estudo de

fatores de risco.

3.2.2. Estudo caso-controle

A fim de estudar os fatores de risco para aquisição de infecção de corrente sanguínea por

VRE em pacientes maiores de 16 anos, foi realizado um estudo caso-controle . Os casos

foram definidos como os pacientes com infecção de corrente sanguínea por VRE

internados no Hospital São Paulo durante o período de janeiro de 2001 a dezembro de

2003. Os controles foram definidos como os pacientes internados no Hospital São Paulo

pareados com os casos por : sexo, idade( com intervalo de ± 10 anos), unidade de

internação e período de internação( intervalo de ± 1 ano).

3.2.3. Estudo coorte

A fim de estudar a evolução clínica em pacientes maiores de 16 anos com infecção de

corrente sanguínea por enterococo , foi realizado um estudo coorte retrospectivo. Os casos

foram definidos como os pacientes que apresentaram infecção de corrente sanguínea por

VRE durante o período do estudo. Os controles foram definidos como os pacientes com

infecção de corrente sanguínea por VSE( enterococo sensível a vancomicina) .

3.2.4. Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo pacientes cujos prontuários médicos não puderam ser

localizados no arquivo médico, pacientes com infecção de corrente sanguínea comunitária,

pacientes com endocardite e pacientes < 16 anos.

31

3.3. Procedimentos microbiológicos

3.3.1. Coleta das hemoculturas

A coleta da hemocultura deveria ser precedida da lavagem de mãos do profissional de

saúde que iria realizar a coleta e antissepsia com álcool 70% e outra solução antisséptica(

PVPI ou Clorexidina). O sangue colhido era introduzido em tubos Bactec( Becton

Dickinson, Cockeysville, MD,USA) para hemocultura automatizada. Eram coletados 10 ml

em cada tubo. Os tubos de hemocultura eram encaminhados ao laboratório central do

Hospital São Paulo.

3.3.2. Processamento das hemoculturas

As hemoculturas eram processadas por técnica automatizada utilizando o sistema Bactec.

Os tubos de hemocultura eram colocados no aparelho Bactec 9240( Becton Dickinson,

Cockeysville, MD, USA) para leitura automatizada onde permaneciam em agitação

constante por até cinco dias. Quando a leitura indicava uma cultura positiva, o tubo era

retirado do aparelho e o caldo de cultura com sangue era inoculado em placas de agar-

sangue, agar-McConkey e agar-chocolate, sendo incubadas por a 35 graus por 24 horas.

Após o período de incubação era realizada a identificação da bactéria por meios

bioquímicos.

32

3.3.3. Identificação do Enterococcus spp.

Enterococcus spp. eram identificados no laboratório central através de testes bioquímicos

como: crescimento em meio com NaCl a 6,5%, hidrólise da bile esculina e atividade da

pyrrolidonylarymidase(PYR)(FACKLAM & COLLINS,1989; FACKLAM &SAHM,1995)

. Todas as hemoculturas foram processadas no Laboratório central do Hospital São Paulo e

após enviadas ao Laboratório Especial de Microbiologia Clínica( LEMC) onde eram

realizadas a identificação a nível de espécie, antibiograma por difusão em disco e o E-test.

3.3.4. Disco Difusão

Para cada amostra foi preparada uma suspensão bacteriana em caldo Mueller-Hinton(

MHB, Oxoid,Inglaterra), com turbidez correspondente à 0,5 da escala de McFarland,

utilizando-se o nefelômetro Abbot A-just( Abbot, EUA). Após homogeneização dessa

suspensão, a semeadura foi feita em placa de ( 15 x 150 mm) de Mueller-Hinton ágar(

Oxoid,Inglaterra) seguindo as normas preconizadas pelo NCCLS( 2003a). A seguir os

seguintes discos de antimicrobianos foram dispensados nas placas: ampicilina(10µg),

vancomicina( 30µg), estreptomicina( 300µg), gentamicina( 120µg), teicoplanina(30µg) e

linezolida(30µg).

As placas foram incubadas por 18 a 24 horas, à temperatura de 35 graus C, sendo os halos

de inibição aferidos em seguida. De acordo com os halos de inibição as amostras foram

classificadas em sensíveis, intermediárias ou resistentes utilizando-se os limites de

sensibilidade estabelecidos pelo NCCLS( 2003a).

33

3.3.5 E-test

Foi preparada uma suspensão bacteriana, com turbidez correspondente à 0,5 da escala de

McFarland de cada amostra e semeada em uma placa de Mueller-Hinton ágar( Oxoid,

Inglaterra). Após um intervalo de 15 minutos as fitas de Etest foram dispensadas na

superfície do ágar. Os antimicrobianos testados por essa metodologia foram: ampicilina,

vancomicina, estreptomicina, gentamicina e teicoplanina. As placas foram incubadas por 18

a 24 horas, à temperatura de 35 graus C. Conforme instruções do fabricante, a MIC foi

determinada como sendo a primeira concentração acima da intersecção entre a fita de Etest

e a zona elíptica de inibição de crescimento bacteriano. As amostras foram classificadas

como sensíveis, intermediárias ou resistentes de acordo com os limites de sensibilidade

estabelecidos pelo NCCLS para métodos diluicionais( NCCLS, 2003b e 2004). Todos os

testes utilizando fitas de Etest, foram realizados rigorosamente de acordo com as instruçòes

do fabricante( AB Biodisk, Solna, Suécia)

3.4. Definições

3.4.1. Paciente Caso

Todo indivíduo com idade superior a 16 anos

3.4.2. Diagnóstico

Os pacientes foram divididos em diagnósticos clínicos e cirúrgicos( Quadro 2)

34

Quadro 2 - Diagnóstico

Diagnósticos

Clínico

Cirúrgico

Doenças Cardiovasculares

Cirurgia Gastrointestinal

Neoplasia

Cirurgia Neurológica

Doença Infecciosas Politrauma

Doença Renal – Metabólica Cirurgia Plástica

Doença Neurovascular Transplante

Doença Pulmonar

Doença Auto- Imune

Doença Hepática

35

.4.3. Infecção de corrente sanguínea

Foi definida seguindo os critérios do CDC para a definição de infecções hospitalares(

GARNER et al,1988).

3.4.3.1 Infecção primária da corrente sanguínea

Deve preencher um dos seguintes critérios:

1. Identificação de um organismo em cultura de sangue, e este organismo não está

relacionado a uma infecção em outro sítio, e não compõe a microbiota normal da

pele;

2. Presença de um dos seguintes sintomas: febre( > 38 graus C), calafrios, ou

hipotensão; e qualquer um dos seguintes achados:

- organismo que compõe a microbiota normal da pele identificado em duas culturas

de sangue colhidas em ocasiões diferentes, e este organismo não está relacionado a

uma infecção em outro sítio;

- organismo que compõe a microbiota normal da pele identificado em cultura de

sangue de paciente com acesso venoso, e instituição de terapia antimicrobiana;

- detecção de antígenos virais, bacterianos ou fúngicos no sangue por meio de testes

diagnósticos rápidos, e este organismo não está relacionado a uma infecção em

outro sítio.

O isolamento do mesmo microorganismo no mesmo paciente em um período menor ou

igual a sete dias após a hemocultura inicial foi considerado um único e mesmo episódio de

infecção de corrente sanguínea.

36

Infecções de corrente sanguínea associadas a cateteres intravasculares foram consideradas

como infecções primárias de corrente sanguínea seguindo os critérios do CDC para a

definição de infecções hospitalares( GARNER et al., 1988).

3.4.3.2 Infecção secundária da corrente sanguínea

Infecção de corrente sanguínea na qual o organismo identificado em cultura de sangue é

identificado como agente etiológico de uma infecção em outro sítio. Para tanto , as culturas

de sangue e do outro sítio de infecção devem ter sido colhidas dentro de um intervalo de até

sete dias.

Foram consideradas como focos de infecções secundárias da corrente sanguínea: infecções

urinárias, infecções de sítio cirúrgico.

3.4.3.3. Infecção de corrente sanguínea associada à cateteres intravasculares

Foi definida seguindo as definições do CDC para a prevenção de infecções associadas a

cateteres intravasculares( PEARSON., 1996) . É caracterizada quando o mesmo organismo(

mesma espécie e antibiograma) é identificado por metodologia semi-quantitativa( MAKI et

al.,1977) ou quantitativa em um segmento do cateter e em sangue de um paciente com

infecção de corrente sanguínea sem outro foco aparente de infecção. Na ausência de

confirmação laboratorial, o desaparecimento da sintomatologia após remoção do cateter

intravascular em um paciente com infecção de corrente sanguínea sintomática é

considerado como uma evidência indireta de infecção de corrente sanguínea associada a

cateteres intravasculares.

37

3.4.3.4. Infecção de corrente sanguínea por Enterococcus spp.

Foi definida como uma infecção de corrente sanguínea na qual tenha sido isolado e

identificado Enterococcus spp. em pelo menos uma cultura de sangue.

3.4.3.5. Infecção de corrente sanguínea polimicrobiana

Foi definida como uma infecção de corrente sanguínea na qual há crescimento de duas

espécies de microorganismos na mesma hemocultura ou em duas hemoculturas distintas

colhidas no mesmo dia.

3.4.4. Enterococcus spp. resistente à vancomicina

Foi definido como uma cepa de Enterococcus spp. que se mostrou resistente à

vancomicina em testes de susceptibilidade antimicrobiana “in vitro”.

3.4.5. Óbito relacionado à infecção de corrente sanguínea por Enterococcus spp.

O óbito foi considerado relacionado à infecção de corrente sanguínea quando ocorreu

durante o período de até 14 dias após o diagnóstico de infecção, sem ter sido atribuído à

nenhuma outra causa aguda.

3.4.6. Gravidade da doença de base

Foram utilizados três índices de classificação de gravidade de doença de base: a pontuação

APACHE II , o índice de McCabe modificado e índice Severity of ilnness (SOI)

38

3.4.6.1. Pontuação APACHE II

O APACHE II ( Acute Physiology and Chronic Health Evalution) é um índice usado para

estratificar pacientes em função de gravidade da doença de base. Este índice leva em

consideração o grau de anormalidade de uma série de variáveis fisiológicas( KNAUS et

al.,1985) . Para tanto, doze variáveis fisiológicas são analisadas e pontuadas de 0 a 4 de

acordo com o grau de desvio da normalidade encontrado. Soma-se à pontuação das

variáveis fisiológicas, a pontuação para idade( de 0 a 6 pontos) e a pontuação para a

presença de doenças crônicas graves( 0, 2 ou 5 pontos). A soma de todos os pontos resulta

na pontuação de APACHE II, que varia de 0 a 71.

3.4.6.2. Índice de McCabe modificado

A gravidade das doenças de base foi também caracterizada de acordo com os critérios de

McCabe( McCABE & JACKSON , 1962) modificados por SEIFERT et al.( 1995), em três

grupos descritos a seguir:

Grupo 1 - Rapidamente fatal: previsão de evolução para óbito durante a internação;

Grupo 2 – Potencialmente fatal: previsão de evolução para óbito dentro de 5 anos;

Grupo 3 – Não fatal: doença de base não fatal.

3.4.6.3. Índice Severity of Illness( SOI)

No intuito de avaliar a severidade da bacteremia por Enterococcus spp. Foi utilizado o

índice Severity of Illness (SOI ) originalmente descrito em bacteremias por gram-

negativos( CHOW et al, 1991 ), mas que permanece como o único índice de gravidade

validado para bacteremias. Este índice se baseia em um sistema de gradação que dá pontos

a determinados sinais ou sintomas de pacientes com bacteremia:

39

• Estado mental: Desorientado 1 ponto

Estupor 2 pontos

Coma 4 pontos

• Febre: >37,6 e < 40 graus C 1 ponto

> 40 graus C 2 pontos

• Hipotensão Queda PA sistólica > 20 mmHg 2 pontos

Queda PA diastólica > 10mmHg 2 pontos

Uso de vasopressores 2 pontos

• Ventilação mecânica 2 pontos

• Parada cardíaca 4 pontos

3.4.7. Classificação da doença de base

Devido a grande variedade de diagnósticos encontrada neste estudo, as doenças de base

foram agrupadas em dois grupos: diagnósticos clínicos e cirúrgicos( quadro 2)

3.4.8. Uso de antimicrobianos

Foram considerados apenas antimicrobianos utilizados por um período superior a 24 horas.

Foi observada a exposição dos pacientes às seguintes classes de

antimicrobianos:Penicilinas, Penicilinas com inibidores de beta-lactamases, Oxacilina,

Cefalosporinas de primeira geração, Cefalosporinas de segunda geração, Cefalosporinas de

40

terceira geração, Cefalosporinas de quarta geração , Carbapenens , Monobactâmicos ,

Glicopeptídeos , Fluoroquinolonas , Sulfametoxazol-trimetoprim , Aminoglicosídeos,

Polimixina B , Lincosamidas e Macrolídeos

3.4.9. Adequação da terapia antimicrobiana

A terapia antimicrobiana utilizada para o tratamento das infecções de corrente sanguínea

por Enterococcus spp. foi considerada adequada ou inadequada de acordo com os

seguintes parâmetros:

Adequada

Instituição de terapia antimicrobiana utilizando pelo menos um antimicrobiano para o qual

tenha sido demonstrado susceptibilidade nos testes microbiológicos , iniciado pelo menos

até 96 horas do diagnóstico da infecção e utilizada por mais de 48 horas e com dosagem e

via de administração adequadas ( LODISE et al, 2002).

Inadequada

Utilização da terapia antimicrobiana com antimicrobiano resistente nos testes

microbiológicos, iniciada após 96 horas do diagnóstico de infecção , utilizada por menos de

48 horas ou utilizada em dose ou via de administração incorreta( LODISE et al, 2002)

41

3.5. Análise estatística

Os resultados foram expressos em medianas e intervalos, médias e desvios-padrão.

Variáveis categóricas foram analisadas utilizando o teste de qui-quadrado ou teste exato de

Fischer quando necessário . Variáveis contínuas foram analisadas utilizando o teste de

Mann-Whitney ou t-student se distribuição normal ( SIEGEL, 1988) . Com o intuito de

verificar o efeito de cada uma das variáveis ajustadas pelas demais, construiu-se um modelo

de regressão logística. Todos os fatores de risco com nível de significância menor que 0,05

na análise univariada foram incluídos no modelo de regressão logística múltipla (

HOSMER, 1989). A análise multivariada foi realizada utilizando o programa SPSS for

Windows (Chicago, IL)

42

RESULTADOS

43

4. RESULTADOS

4.1. Fatores de risco associados à infecção de corrente sanguínea por VRE

Foram identificados 46 pacientes com bacteremia por VRE, 12 foram descartados por não

terem prontuários localizados no Serviço de Arquivamento Médico e Estatística, não

preencherem critérios de infecção de corrente sanguínea , terem diagnóstico de endocardite

ou não se caracterizarem como bacteremia hospitalar . Durante o período de estudo foram

analisados então 136 pacientes. Destes , 34 com bacteremia por VRE foram comparados

com 102 controles sem bacteremia por VRE pareados por sexo, idade (intervalo de 10

anos), tempo de internação (intervalo de 1 ano) e unidade de internação.

A taxa de incidência média de infecção de corrente sanguínea por VRE no período de

estudo foi de 0,18/1000 pacientes-dia e de 0,11/100 saídas.

4.1.1. Idade

A distribuição dos pacientes com relação a faixa etária dos casos variou de 30 a 82 anos,

com média de 56,6 anos e mediana de 54,5 anos. A idade dos controles variou de 29 a 83

anos, com média de 57,3 anos e mediana de 56,5 anos( p= 0,740).

4.1.2. Diagnóstico

Entre os pacientes com bacteremia por VRE (casos), 23 (67,6%) tinham diagnósticos

clínicos e 11(32,4%) tinham patologias cirúrgicas. Entre os diagnósticos clínicos, as

doenças cardiovasculares(17,6%) seguido das neoplasias(14,7%) foram as mais comuns.

44

Entre os controles, 67 (65,7%) tinham diagnósticos clínicos e 35(34,3%) eram cirúrgicos (

p= 0,83).No grupo controle, as doenças infecciosas(24,5%) seguido das doenças

pulmonares(10,7%) foram as mais prevalentes.

4.1.3. Internação prévia

Entre os pacientes com bacteremia, 12(35,3%) pacientes apresentaram internação prévia

nos três meses anteriores . Entre os controles, 25((24,5%) pacientes tiveram internação

prévia ( p= 0,22).

4.1.4. Internação em UTI

Entre o grupo de pacientes com bacteremia , 22(64,7%)pacientes tiveram internação prévia

em UTI. Entre os controles, 50(49%)pacientes apresentaram internação prévia em UTI( p=

0,11).

4.1.5. Procedimentos invasivos

Entre os casos , 23(67,6%)pacientes utilizaram cateter venoso central, enquanto entre os

controles, 46(45,1%)pacientes utilizaram cateter venoso central( p=0,02). No grupo

controle, 23 (67,6%) pacientes fizeram uso de sonda vesical de demora, já entre os

controles, 58(56,9%)pacientes utilizaram sonda vesical de demora( p=0,26). Entre os

pacientes com bacteremia, 20(58,8%) utilizaram ventilação mecânica e entre os controles,

37(36,3%) fizeram uso de ventilação mecânica( p=0,02). Entre os casos,

27(79,4%)pacientes utilizaram sonda nasogástrica/enteral e entre os controles,

47(46,1%)pacientes utilizaram este dispositivo ( p=0,001).

45

4.1.5.4. Hemodiálise

No grupo dos casos, 9(26,5%)pacientes realizaram hemodiálise. Entre os controles,

14(13,7%) pacientes fizeram hemodiálise( p= 0,08).

4.1.6. Cirurgia do trato gastrintestinal

Cirurgia do trato gastrintestinal ocorreu em 7(20,6%) dos pacientes com bacteremia e em

22(21,6%) dos controles( p=0,90).

4.1.7. Tempo de internação

No grupo dos pacientes com bacteremia, a permanência hospitalar prévia à bacteremia

variou de 5 a 298 dias com média de 57,7 dias e mediana de 41 dias. No grupo controle a

permanência hospitalar variou de 2 a 386 dias, com média de 32,3 dias e mediana de 20

dias( p < 0,001).

4.1.8 Índice de gravidade

Entre o grupo de pacientes com bacteremia(casos) , o índice de gravidade APACHE variou

de 1 a 24 com média de 11,4 e mediana de 10,5. Nos controles o índice APACHE variou

de 1 a 22, com média de 9,8 e mediana de 9( p= 0,12). No grupo dos casos, 15

pacientes(44,1%) tinham índice McCabe 1, 17(50%) tinham McCabe 2 e 2(5,9%) tinham

McCabe 3 . Nos controles, 35(34,3%) eram McCabe 1, 59(57,8%) eram McCabe 2 e

8(7,8%) eram McCabe 3( p=0,58).

46

4.1.9. Diagnóstico das doenças de base

A doença de base mais freqüente entre os pacientes com bacteremia por VRE foi

hipertensão( 55,9%). Entre os controles, hipertensão também foi a patologia mais

freqüente(40,2%).

4.1.10. Antimicrobianos utilizados

Foi verificado durante o período de estudo os antimicrobianos utilizados pelos dois grupos.

Entre estes antimicrobianos, houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos

em relação ao uso de carbapenens (p= 0,003), cefalosporinas( p= 0,01), macrolídeos( p=

0,02), polimixina B( p= 0,004) e vancomicina( p< 0,001).

4.1.11. Uso de corticóides e imunossupressores

Entre os casos , 17(50%) pacientes fizeram uso de corticóides. Entre os controles,

39(38,2%) pacientes usaram corticóides( p= 0,22). No grupo dos pacientes com bacteremia

por VRE, 4 (11,8%) pacientes utilizaram imunossupressores. Entre os controles, 9(8,8%)

fizeram uso destes medicamentos(p= 0,73).

4.1.12. Presença de neutropenia

1(2,9%) paciente apresentou neutropenia no grupo controle. Entre os casos ,

7(12,7%)pacientes tiveram neutropenia( p= 1,0).

47

4.1.13. Distribuição por unidades

Houve uma maior predominância de pacientes com bacteremia por VRE nas unidades de

terapia intensiva( 38,2%), seguido do Pronto-Socorro(23,5%) , Clínica Médica (8,8%) e

Nefrologia (8,8%).

4.1.14. Análise de regressão logística

A análise de regressão logística foi realizada com a análise das variáveis com valor de p<

0,05 . A única variável independentemente associada foi: uso de vancomicina (OR 10,19;

IC95 % 3,63- 28,57).

4.1.15. Avaliação microbiológica

Em relação ao perfil de sensibilidade do enterococo resistente a vancomicina( VRE),

realizamos análise de 20 amostras e tivemos 100% de sensibilidade a ampicilina ,

estreptomicina e linezolida e 0% de sensibilidade a gentamicina. Todos os enterococos

resistentes à vancomicina também foram resistentes a teicoplanina . Em relação a espécie,

todos as cepas eram da espécie E.faecalis.

48

Tabela 1 – Distribuição das variáveis estudadas rel acionadas ao sexo, internação e diagnóstico em 136 pacientes estudados Variável

tipo de paciente

valor de p Caso Controle

N=34 (%) N=102 (%)

Sexo Masculino Feminino

17 17

(50,0%) (50,0%)

51 51

(50,0%) (50,0%)

1,000

Internação Prévia Sim Não

12 22

(35,3%) (64,7%)

25 77

(24,5%) (75,5%)

0,221

Internação em UTI Sim Não

22 12

(64,7%) (35,3%)

50 52

(49,0%) (51,0%)

0,113

Diagnóstico Cirúrgico Clínico

11 23

(32,4%) (67,6%)

35 67

(34,3%) (65,7%)

0,834

49

Tabela 2 – Distribuição das variáveis estudadas re lacionadas a idade e tempo de internação em 136 p acientes estudados

Variável Tipo de paciente

Valor de p Caso

N= 34(%) Controle N=102(%)

Idade Média Mediana

56,6

57,3 56,5

0,740 54,5

Tempo de internação (dias) Média

57,7

32,3

0,000

50

Tabela 3 – Variáveis relacionadas a imunossupressão e cirurgia gastrintestinal

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=102 (%)

Neutropenia Sim Não

1

33

(2,9%) (97,1%)

7

48

(12,7%) (87,3%)

1,000

Cirurgia do trato gastro-intestinal Sim Não

7

27

(20,6%) (79,4%)

22 80

(21,6%) (78,4%)

0,904

Uso de corticóide Sim Não

17 17

(50,0%) (50,0%)

39 63

(38,2%) (61,8%)

0,227

Imunossupressores Sim Não

4

(11,8%)

9 93

(8,8%) (91,2%)

0,737

30 (88,2%)

51

Tabela 4 – Procedimentos invasivos estudados nos 13 6 pacientes avaliados

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle

N=34 (%) N=102 (%)

Ventilação mecânica Sim Não

20 14

(58,8%) (41,2%)

37 65

(36,3%) (63,7%)

0,021

Hemodiálise Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

14 88

(13,7%) (86,3%)

0,086

Sonda naso-gástrica/ naso-enteral Sim Não

27

7

(79,4%) (20,6%)

47 55

(46,1%) (53,9%)

0,001

Cateter venoso central Sim Não

23 11

(67,6%) (32,4%)

46 56

(45,1%) (54,9%)

0,023

Sonda vesical de demora Sim Não

23 11

(67,6%) (32,4%)

58 44

(56,9%) (43,1%)

0,267

52

Tabela 5 – Índices de gravidade

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=102 (%)

McCabe Grave Moderadamente grave Estável

15 17

2

(44,1%) (50,0%) (5,9%)

35 59

8

(34,3%) (57,8%) (7,8%)

0,583

APACHE Mediana

10,5

9,0

0,127

53

Tabela 6 - Doenças associadas nos 136 pacientes ava liados

Variável tipo de paciente

valor de p Caso Controle N=34 (%) N=102 (%)

Câncer Sim Não

5

29

(14,7%) (85,3%)

15 87

(14,7%) (85,3%)

1,000

Doenças hematológicas Sim Não

3

31

(8,8%) (91,2%)

5 97

(4,9%) (95,1%)

0,412

Transplante Sim Não

1

33

(2,9%) (97,1%)

2

100

(2,0%) (98,0%)

1,000

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Sim Não

3

31

(8,8%) (91,2%)

15

87

(14,7%) (85,3%)

0,561

Diabetes Mellitus Sim Não

9 25

(26,5%) (73,5%)

15 87

(14,7%) (85,3%)

0,119

54

Tabela 7 - Doenças associadas (continuação)

Variável tipo de paciente

valor de p Caso Controle

N=34 (%) N=102 (%)

AIDS Sim Não

2

32

(5,9%) (94,1%)

5

97

(4,9%) (95,1%)

1,000

Insuficiência Renal Crônica Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

15 87

(14,7%) (85,3%)

0,119

Hipertensão Sim Não

19 15

(55,9%) (44,1%)

41 61

(40,2%) (59,8%)

0,111

Cirrose Sim Não

3 31

(8,8%) (91,2%)

8 94

(7,8%) (92,2%)

1,000

55

Tabela 8 – Antibióticos utilizados

Variável tipo de paciente

valor de p Caso Controle N=34 (%) N=102 (%)

Quinolona Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

15 87

(14,7%) (85,3%)

0,119

Carbapenem Sim Não

19 15

(55,9%) (44,1%)

28 74

(27,5%) (72,5%)

0,003

Penicilina Sim Não

2

32

(5,9%) (94,1%)

13 89

(12,7%) (87,3%)

0,356

Cefalosporina Sim Não

28

6

(82,4%) (17,6%)

61 41

(59,8%) (40,2%)

0,017

Aminoglicosídeo Sim Não

6

28

(17,6%) (82,4%)

15 87

(14,7%) (85,3%)

0,681

Clindamicina Sim Não

8

(23,5%)

13

(12,7%)

0,132 26 (76,5%) 89 (87,3%)

56

Tabela 9 – Antibióticos utilizados (continuação)

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle

N=34 (%) N=102 (%)

Metronidazol Sim Não

6

28

(17,6%) (82,4%)

16 86

(15,7%) (84,3%)

0,788

Sulfametoxazol-trimetoprim Sim Não

3

31

(8,8%) (91,2%)

5

97

(4,9%) (95,1%)

0,412

Macrolídeo Sim Não

1

33

(2,9%) (97,1%)

19 83

(18,6%) (81,4%)

0,025

Polimixina B Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

8

94

(7,8%) (92,2%)

0,004

Vancomicina Sim Não

29 5

(85,3%) (14,7%)

37 65

(36,3%) (63,7%)

0,000

57

Tabela 10 – Distribuição por unidades do hospital Unidades Casos

N =34 (%) Controles

N = 102 (%)

Terapia Intensiva 13 (38,2%) 39 (38,2%)

Pronto Socorro 8 (23,5%) 24 (23,5%)

Clínica Médica 3 (8,8%) 9 (8,8%)

Nefrologia 3 (8,8%) 9 (8,8%)

Neurocirurgia 2 (5,8%) 6 (5,8%)

Hematologia 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Doenças Infecciosas 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Gastrocirurgia 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Cirurgia Plástica 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Convênio 1 (2,9%) 3 (2,9%)

58

Tabela 11 – Diagnósticos clínicos Diagnósticos Casos

N =34 (%) Controles

N = 102 (%)

Clínicos Doenças Cardiovasculares

6 (17,6%)

5 ( 4,9%)

Neoplasias 5 (14,7%) 8 ( 7,8%)

Doenças Infecciosas 4 (11,7%) 25 (24,5%)

Doenças Renal Metabólicas 3 (8,8%) 6 (5,8%)

Doenças Neurovasculares 2 (5,8%) 9 (8,8%)

Doenças Pulmonares 2 (5,8%) 11 (10,7%)

Doenças Auto-Imune 2 (5,8%) 2 (1,9%)

Doenças Hepáticas 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Outras 0 (0%) 2 (1,9%)

59

Tabela 12- Diagnósticos cirúrgicos Diagnósticos Casos

N =34 (%) Controles

N = 102 (%)

Cirúrgicos

Cirurgias Gastrointestinais 3 (8,8%) 11 (10,7%)

Cirurgias Neurológicas 3 (8,8%) 10 (9,8%)

Politraumas 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Cirurgias Plásticas 1 (2,9%) 3 (2,9%)

Transplantes 0 (0%) 2 (1,9%)

Outros 1 (2,9%) 2 (1,9%)

60

Tabela 13 - Análise de Regressão Logística realiza da nas variáveis com p < 0,005 na análise univariad a

Variável Valor de p Odds Ratio IC 95%

Uso de cateter venoso central 0,984 1,00

0,96 – 1,04 Uso de vancomicina 0,000 10,19 3,63 – 28,57 Idade

0,570

1,38

0,45 – 4,20

Ventilação mecânica

0,758

1,10

0,60– 2,01

Sonda nasogástrica/nasoenteral

0,315 2,75 0,38– 19,69

Tempo total de internação 0,466 1,70 0,41– 7,11

Uso de macrolídeo 0,068 27,98 0,78-1001,08

Uso de polimixina B 0,122 10,88 0,53-224,61

Uso de cefalosporina 0,203 5,07 0,42- 61,66

Uso de carbapenem 0,656 1,22

0,51 – 2,92

61

4.2. Evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por VRE

Durante o período do estudo como descrito anteriormente foram identificados 46 pacientes

com bacteremia por VRE , sendo descartados doze destes por não preencherem critérios de

infecção de corrente sanguínea nosocomial ou terem diagnóstico de endocardite . No

grupo VSE foram identificados 90 pacientes com bacteremia , sendo descartados 35 pelos

mesmos motivos expostos acima.

4.2.1. Idade

A distribuição dos pacientes com relação à faixa etária variou de 30 a 82 anos, com média

de 56,6 anos e mediana de 54,5 no grupo VRE . Para o grupo VSE , a faixa etária variou de

18 a 91 anos, com média de 57,8 e mediana de 60 anos.(p=0,47)

4.2.2. Sexo

Quanto ao sexo, 17(50%) pacientes eram do sexo masculino e 17(50%) eram do sexo

feminino no grupo VRE positivo. No grupo VSE, 31(56,4%) pacientes eram do sexo

masculino e 24( 43,6%) eram do sexo feminino( p=0,55)

4.2.3. Internação prévia

No grupo VRE positivo, 12(35,3%) pacientes apresentaram internação prévia. No grupo

VSE positivo, 20 (36,4%) pacientes apresentaram internação prévia (p= 0,91).

62

4.2.4. Internação em UTI

22(64,7%) pacientes no grupo VRE positivo tiveram internação prévia em UTI. No grupo

controle, 26(47,3%)pacientes tiveram internação em UTI anterior à bacteremia.(p=0,1)

4.2.5. Diagnóstico

Quanto ao diagnóstico, 11(32,4%) pacientes VRE positivos tinham diagnóstico cirúrgico e

23(67,6%) tinham diagnóstico clínico. No grupo VSE positivo, 16(29,1%)pacientes eram

pacientes cirúrgicos e 39(70,9%)pacientes eram clínicos.(p=0,74).

4.2.6. Uso prévio de antimicrobianos

Entre os antimicrobianos estudados, houve diferença significativa entre os dois grupos

apenas em dois antimicrobianos: carbapenens e vancomicina. No grupo VRE positivo,

19(55,9%) pacientes fizeram uso prévio de carbapenens. No grupo VSE, apenas 12(21,8%)

fizeram uso de carbapenens.(p= 0,001). No grupo VRE positivo, 29(85,3%) pacientes

utilizaram vancomicina. No grupo VSE positivo, 15(27,3%) pacientes fizeram uso de

vancomicina.(p< 0,001).

4.2.7. Presença de neutropenia

No grupo VRE positivo, apenas 1(2,9%) paciente apresentou neutropenia previamente à

bacteremia. No grupo VSE positivo, 7(12,7%) tiveram neutropenia. (p=0,14)

63

4.2.9. Cirurgia do trato gastrintestinal

7(20,6%)pacientes realizaram cirurgia do trato gastrintestinal no grupo VRE positivo. No

grupo VSE positivo, 8(14,5%) pacientes foram submetidos à cirurgia do trato

gastrintestinal.(p= 0,45)

4.2.10. Uso de corticóides e imunossupressores

Quanto ao uso de corticóides , no grupo de pacientes com VRE, 17(50%)pacientes fizeram

uso desta medicação. No grupo VSE positivo, 18(32,7%)pacientes utilizaram

corticóides.(p=0,1). Nos pacientes VRE positivos, 4(11,8%)pacientes utilizaram

imunossupressores. No grupo VSE positivo, 10(18,2%)pacientes fizeram uso destes

medicamentos.(p= 0,41)

4.2.12. Índices de gravidade

4.2.12.1. McCabe

Quanto ao índice McCabe, no grupo VRE , 15(44,1%) pacientes eram considerados

graves(McCabe 1), 17(50%) eram moderadamente graves(McCabe 2) e 2(5,9%) eram

estáveis( McCabe 3). No grupo VSE, 26(47,3%) foram considerados McCabe 1, 27(49,1%)

eram McCabe 2 e 2(3,6%) eram McCabe 3. (p= 0,86)

4.2.12.2. APACHE II

64

Quanto ao índice APACHE II , no grupo VRE tivemos variação de 1 a 24, com média de

11,4 e mediana de 10,5. No grupo VSE , houve variação também de 1 a 24, com média de

11,4 e mediana de 11.( p= 0,94)

4.2.12.3. Severity of Illness( SOI)

O índice Severity Of Illness( SOI) variou de 1 a 8 com média de 3,2 e mediana de 1,5 no

grupo VRE . No grupo VSE houve variação de 0 a 7, com média de 2,4 e mediana de 1.( p=

0,11)

4.2.13. Uso de dispositivos invasivos

Quanto ao uso de dispositivos invasivos , tivemos diferença significativa entre os dois

grupos apenas em : ventilação mecânica e sondagem nasogástrica/enteral. No grupo VRE ,

20(58,8%) pacientes utilizaram ventilação mecânica, enquanto no grupo VSE,

18(32,7%)pacientes fizeram uso de ventilação mecânica.(p= 0,01) Em relação à sondagem

nasogástrica/enteral, 27(79,4%)pacientes fizeram uso deste procedimento no grupo VRE.

No grupo VSE , apenas 27(49,1%)pacientes utilizaram sonda nasogástrica/enteral.( p=

0,004).

4.2.14. Tempo de internação

Quanto ao tempo de internação anterior à bacteremia, no grupo VRE tivemos uma variação

de 5 a 298 dias , com média de 57,7 dias e mediana de 41 dias . No grupo VSE , houve

variação de 5 a 266 dias , com média de 29 dias e mediana de 17 dias .( p< 0,001)

4.2.15. Tempo total de internação

65

Quanto ao tempo total de internação, no grupo VRE tivemos variação de 13 a 318 dias ,

com média de 72 dias e mediana de 55 dias. No grupo VSE , tivemos variação de 7 a 285

dias , com média de 54,4 dias e mediana de 42 dias ( p= 0,06).

4.2.16. Número de antimicrobianos usados

Em relação ao número de antimicrobianos utilizados previamente , no grupo VRE tivemos

variação de 1 a 7 grupos de antimicrobianos, com média de 3,5 e mediana de 3. No grupo

VSE , tivemos variação de 0 a 7 grupos de antimicrobianos, com média de 2,4 e mediana de

2 ( p= 0,001)

4.2.17. Mortalidade hospitalar

Quanto à mortalidade hospitalar , no grupo VRE 22(64,7%) pacientes apresentaram óbito

durante a internação. No grupo VSE , 30(54,5%) pacientes tiveram óbito durante a

internação.( p= 0,34)

4.2.18. Mortalidade diretamente relacionada à bacteremia

No grupo VRE, 14(41,2%) pacientes tiveram óbito diretamente relacionado à infecção. No

grupo VSE , 17(30,9%) pacientes apresentaram óbito diretamente relacionado à

bacteremia.( p= 0,32)

4.2.19. Uso de droga vasoativa

No grupo VRE, 10(29,4%) pacientes fizeram uso de droga vasoativa . No grupo VSE,

apenas 5(9,1%) pacientes utilizaram droga vasoativa.(p= 0,01)

66

4.2.20. Presença de Insuficiência renal aguda

No grupo VRE, 9(26,5%) pacientes apresentaram insuficiência renal aguda durante a

evolução da bacteremia. No grupo VSE, 8(14,5%)pacientes tiveram insuficiência renal

aguda.(p= 0,16)

4.2.21. Tratamento adequado

Quanto à presença de tratamento adequado, 21(61,8%) pacientes foram submetidos a

tratamento adequado no grupo VRE positivo. No grupo VSE positivo, 34(61,8%) pacientes

tiveram tratamento considerado adequado. (p= 0,99)

4.2.22. Tratamento

As tabelas 29 e 30 mostram os antimicrobianos usados no tratamento de ambos os grupos.

Ampicilina + estreptomicina( 50%) foi o esquema de tratamento mais utilizado no grupo

VRE e vancomicina( 43,6%) foi o antimicrobiano mais usado no grupo VSE. A média de

dias de tratamento foi de 17,9 dias(variação 2-35 dias) no grupo VRE e de 17 dias(

variação 1-44 dias) no grupo VSE.

4.2.23 Análise de regressão logística

A análise de regressão logística foi realizada em dois modelos, pois na análise de

correlação entre as variáveis significativas na análise univariada foi verificado que havia

correlação entre as variáveis : número de antimicrobianos e uso de carbapenens e uso de

67

vancomicina. Sendo assim, foi realizado um modelo apenas com a variável número de

antimicrobianos e outro modelo retirando esta variável e colocando as duas outras( uso de

carbapenem e uso de vancomicina).

4.2.24 Modelo 1

No modelo 1 , observou-se que as variáveis: número de antimicrobianos ( OR 1,57; IC95

1,15- 2,15) e uso de droga vasoativa( OR 3,61; IC95 1,02- 12,72) foram significantes.

4.2.25. Modelo 2

No modelo 2 utilizando os dois antimicrobianos com significância na análise univariada(

carbapenem e vancomicina) obtivemos duas variáveis com significância: Uso de droga

vasoativa( OR 5,68; IC95% 1,25- 25,89) e uso prévio de vancomicina( OR 17,58; IC95% 5,24-

58,96).

4.2.26 Avaliação microbiológica

Foi realizada análise microbiológica em 20 amostras do grupo VRE e em 45 amostras do

grupo VSE. Em relação ao perfil de sensibilidade, tivemos no grupo VRE , 100% de

sensibilidade a ampicilina, estreptomicina e linezolida e 0% de sensibilidade a gentamicina.

Já no grupo VSE, tivemos 100% de sensibilidade a vancomicina, teicoplanina, ampicilina e

linezolida. A sensibilidade a gentamicina e estreptomicina foi respectivamente de 48,8%

e 88,8% .

Em relação a análise microbiológica, no grupo VRE 100% das cepas eram E.faecalis. No

grupo VSE, 95,6% eram E.faecalis e 4,4% eram E.faecium .

68

Tabela 14 – Variáveis relacionadas ao sexo, interna ção e diagnóstico dos 89 pacientes estudados. Variável

tipo de paciente Valor de p Caso

N =34 (%) Controle

N =55 (%) Sexo Masculino Feminino

17 17

(50,0%) (50,0%)

31 24

(56,4%) (43,6%)

0,558

Internação Prévia Sim Não

12 22

(35,3%) (64,7%)

20 35

(36,4%) (63,6%)

0,919

Internação em UTI Sim Não

22 12

(64,7%) (35,3%)

26 29

(47,3%) (52,7%)

0,109

Diagnóstico Cirúrgico Clínico

11 23

(32,4%) (67,6%)

16 39

(29,1%) (70,9%)

0,745

69

Tabela 15 – Variáveis relacionadas à idade, tempo d e internação e número de antibióticos usados dos 89 pacientes estudados

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso N= 34(%)

Controle N=55(%)

Idade Média Mediana

56,6 54,5

57,8 60,0

0,475

Tempo de internação Média Mediana

57,7 41,0

29,0 17,0

0,000

Tempo de internação total Média Mediana

72,0 55,0

54,4 42,0

0,067

Número de antibióticos Média Mediana

3,5 3,0

2,4 2,0

0,001

70

Tabela 16 - Doenças associadas nos 89 pacientes est udados

Variável

tipo de paciente Valor de p Caso Controle

N=34 (%) N=55 (%)

Câncer Sim Não

5

29

(14,7%) (85,3%)

12 43

(21,8%) (78,2%)

0,407

Doenças hematológicas Sim Não

3

31

(8,8%) (91,2%)

7

48

(12,7%) (87,3%)

0,736

Transplante Sim Não

1

33

(2,9%) (97,1%)

2

53

(3,6%) (96,4%)

1,000

Doença Pumonar Obstrutiva Crônica Sim Não

3

31

(8,8%) (91,2%)

5

50

(9,1%) (90,9%)

1,000

Diabetes Mellitus Sim Não

9 25

(26,5%) (73,5%)

11 44

(20,0%) (80,0%)

0,477

71

Tabela 17 - Doenças associadas nos 89 pacientes est udados (continuação)

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle

N=34 (%) N=55 (%) AIDS Sim Não

2

32

(5,9%) (94,1%)

1

54

(1,8%) (98,2%)

0,555

Insuficiência Renal Crônica Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

15 40

(27,3%) (72,7%)

0,934

Hipertensão Sim Não

19 15

(55,9%) (44,1%)

26 29

(47,3%) (52,7%)

0,430

Cirrose Sim Não

3 31

(8,8%) (91,2%)

2 53

(3,6%) (96,4%)

0,366

72

Tabela 18 – Índices de gravidade

Variável

tipo de paciente

Valor de p Caso N= 34(%)

Controle N=55(%)

McCabe Grave Moderadamente grave Estável

15 17

2

(44,1%) (50,0%) (5,9%)

26 27

2

(47,3%) (49,1%) (3,6%)

0,867

APACHE Média Mediana

11,4 10,5

11,4 11,0

0,948

Severity of Illness(SOI) Média Mediana

3,2 1,5

2,4 1,0

0,118

73

Tabela 19 – Variáveis associadas a imunodepressão e cirurgia do trato gastrintestinal

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=55 (%)

Neutropenia Sim Não

1

33

(2,9%) (97,1%)

7

48

(12,7%) (87,3%)

0,148

Cirurgia do trato gastro-intestinal Sim Não

7

27

(20,6%) (79,4%)

8

47

(14,5%) (85,5%)

0,459

Uso de corticóides Sim Não

17 17

(50,0%) (50,0%)

18 37

(32,7%) (67,3%)

0,105

Imunossupressores Sim Não

4 30

(11,8%) (88,2%)

10 45

(18,2%) (81,8%)

0,419

74

Tabela 20 – Procedimentos Invasivos

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=55 (%)

Ventilação mecânica Sim Não

20 14

(58,8%) (41,2%)

18 37

(32,7%) (67,3%)

0,016

Hemodiálise Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

15 40

(27,3%) (72,7%)

0,934

Sonda naso-gástrica/ naso-enteral Sim Não

27

7

(79,4%) (20,6%)

27 28

(49,1%) (50,9%)

0,004

Cateter venoso central Sim Não

23 11

(67,6%) (32,4%)

33 22

(60,0%) (40,0%)

0,468

Sonda vesical de demora Sim Não

23 11

(67,6%) (32,4%)

33 22

(60,0%) (40,0%)

0,468

75

Tabela 21– Antibióticos utilizados nos 89 pacientes estudados

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=55 (%)

Quinolona Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

11 44

(20,0%) (80,0%)

0,477

Carbapenem Sim Não

19 15

(55,9%) (44,1%)

12 43

(21,8%) (78,2%)

0,001

Penicilina Sim Não

2

32

(5,9%) (94,1%)

5

50

(9,1%) (90,9%)

0,704*

Cefalosporina Sim Não

28 6

(82,4%) (17,6%)

42 13

(76,4%) (23,6%)

0,503

Aminoglicosídeo Sim Não

6

28

(17,6%) (82,4%)

11 44

(20,0%) (80,0%)

0,784

Clindamicina Sim Não

8

26

(23,5%) (76,5%)

12 43

(21,8%) (78,2%)

0,851

76

Tabela 22 – Antibióticos utilizados nos 89 paciente s utilizados (continuação)

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=55 (%)

Metronidazol Sim Não

6

28

(17,6%) (82,4%)

11 44

(20,0%) (80,0%)

0,784

Sulfametoxazol-trimetoprim Sim Não

3

31

(8,8%) (91,2%)

3

52

(5,5%) (94,5%)

0,671*

Macrolídeo Sim Não

1

33

(2,9%) (97,1%)

2

53

(3,6%) (96,4%)

1,000

Polimixina B Sim Não

9

25

(26,5%) (73,5%)

7

48

(12,7%) (87,3%)

0,101

Vancomicina Sim Não

29 5

(85,3%) (14,7%)

15 40

(27,3%) (72,7%)

0,000

77

Tabela 23 - Variáveis de evolução

Variável tipo de paciente

Valor de p Caso Controle N=34 (%) N=55 (%)

Mortalidade Sim Não

22 12

(64,7%) (35,3%)

30 25

(54,5%) (45,5%)

0,345

Mortalidade associada à doença Sim Não

14 20

(41,2%) (58,8%)

17 38

(30,9%) (69,1%)

0,323

Tratamento ideal Sim Não

21 13

(61,8%) (38,2%)

34 21

(61,8%) (38,2%)

0,996

Droga vaso ativa Sim Não

10 24

(29,4%) (70,6%)

5

50

(9,1%) (90,9%)

0,013

Insuficiência renal aguda Sim Não

9 25

(26,5%) (73,5%)

8 47

(14,5%) (85,5%)

0,164

78

Tabela 24 – Distribuição por unidades Unidades Casos

N =34 (%) Controles N = 55 (%)

Terapia Intensiva 13 (38,2%) 18 (32,7%)

Pronto Socorro 8 (23,5%) 19 (34,5%)

Clínica Médica 3 (8,8%) 6 (10,9%)

Nefrologia 3 (8,8%) 1 (1,8%)

Neurocirurgia 2 (5,8%) 1 (1,8%)

Hematologia 1 (2,9%) 1 (1,8%)

Doenças Infecciosas 1 (2,9%) 0 ( 0%)

Gastrocirurgia 1 (2,9%) 0 ( 0%)

Cirurgia Plástica 1 (2,9%) 0 ( 0%)

Convênio Outros

1 (2,9%)

0 (0%)

3 (5,4%)

6 (10,9%)

79

Tabela 25 – Diagnósticos clínicos Diagnósticos VRE

N =34 (%) VRE

N = 55 (%)

Clínicos Doenças Cardiovasculares

6 (17,6%)

4 ( 7,2%)

Neoplasias 5 (14,7%) 12 (21,8%)

Doenças Infecciosas 4 (11,7%) 10 (18,1%)

Doenças Renal Metabólicas 3 (8,8%) 2 (3,6%)

Doenças Neurovasculares 2 (5,8%) 2 (3,6%)

Doenças Pulmonares 2 (5,8%) 2 (3,6%)

Doenças Auto-Imune 2 (5,8%) 1 (1,8%)

Doenças Hepáticas 1 (2,9%) 2 (3,6%)

Outros 0 (0%) 4 (7,2%)

80

Tabela 26- Diagnósticos cirúrgicos Diagnósticos VRE

N =34 (%) VRE

N = 55 (%)

Cirúrgicos

Cirurgias Gastrointestinais 3 (8,8%) 3 ( 5,4%)

Cirurgias Neurológicas 3 (8,8%) 2 (3,6%)

Politraumas 1 (2,9%) 1 (1,8%)

Cirurgias Plásticas 1 (2,9%) 0 (0%)

Outros 1 (2,9%) 10 (18,1%)

81

Tabela 27– Perfil de Sensibilidade Antimicrobiano VRE

N =20 (%) VSE

N = 45 (%)

Ampicilina

20 (100%) 45 (100%)

Vancomicina 0 (0%) 45 (100%)

Teicoplanina 0 (0%) 45 (100%)

Estreptomicina 20 (100%) 40 (88,8%0

Gentamicina 0 (0%) 22 (48,8%)

Linezolida 20 (100%) 45 (100%)

82

Tabela 28 – Distribuição por espécie Microorganismo VRE

N = 20 (%)

VSE N = 45 (%)

E. Faecalis

20 (100%)

43 (95,6%)

E. Faecium 0 (0%) 2 (4,4%)

83

Tabela 29 – VRE – Tratamento dos pacientes com bact eremia por Enterococo resistente a Vancomicina Antimicrobiano Número de Tratamento

N = 34 (%)

Ampicilina + Estreptomicina 17 (50%)

Sem tratamento 11 (32,3%)

Linezolida

2 (5,8%)

Ampicilina + Gentamicina e Ampicilina + Estreptomicina 1 ( 2,9%)

Ampicilina + Gentamicina e Linezolida 1 (2,9%)

Ampicilina 1 (2,9%)

Ampicilina + Sulbactam + Estrepiomicina 1 (2,9%)

84

Tabela 30 – VSE - Tratamento dos pacientes com bacteremia por Enteroc oco sensível a Vancomicina Antimicrobiano Número de Tratamento

N = 55 (%)

Vancomicina 24 (43,6%)

Sem tratamento 13 (23,6%)

Vancomicina e Ampicilina + Gentamicina 4 (7,2%)

Vancomicina + Gentamicina 4 (7,2%)

Vancomicina e Ampicilina + Estreptomicina

3 (5,4%)

Ampicilina + Estreptomicina 3 (5,4%)

Vancomicina + Estreptomicina 2 (3,6%)

Vancomicina + Ampicilina

1 (1,8%)

Ampicilina 1 (1,8%)

85

Tabela 31 - Regressão Logística – 1º modelo

Variável Valor de p Odds Ratio IC 95%

Droga vasoativa 0,046 3,61 1,02 - 12,72 Número de antibióticos 0,005 1,57 1,15 - 2,15 Idade

0,934

0,86

1,18 - 0,01

Ventilação mecânica

0,185

0,43

77,36 - 1,75

SNG/E

0,114

0,55

267,93 - 2,49

Tempo total de internação 0,241 0,40

39,43 - 1,38

86

Tabela 32 - Regressão Logística – 2º modelo

Variável Valor de p Odds ratio IC 95%

Droga vasoativa 0,025 5,68

1,25 – 25,89 Uso de Vancomicina 0,000 17,58 5,24 – 58,96 Idade

0,800

1,07

0,65 – 1,75

Ventilação mecânica

0,199

5,21

0,44 – 64,72

SNG/E

0,177 6,16 0,44 – 86,63

Tempo total de internação 0,713 1,15 0,56 – 2,36

Uso de Carbapenem 0,555 1,42

0,45 – 4,50

87

88

DISCUSSÃO

89

5. DISCUSSÃO

5.1. Fatores de risco para infecção de corrente sanguínea por VRE

O enterococo resistente a vancomicina( VRE) é um problema crescente em inúmeros

centros ao redor do mundo, desde sua identificação inicial em 1988 (UTTLEY et al, 1988) .

No Brasil, em 1996 ocorreu o primeiro relato de VRE, em uma paciente de nove anos de

idade com anemia aplásica em Curitiba. A identificação demonstrou se tratar de E.faecium(

DALLA COSTA et al,1998). Em 1997 foi identificado o primeiro caso no estado de São

Paulo, numa paciente internada no Hospital Santa Marcelina com síndrome da

imunodeficiência adquirida e meningite. Meses após se detectou nesse mesmo hospital o

primeiro surto de VRE no Brasil. Após essa data o VRE passou a ser identificado com

freqüência em vários hospitais na cidade de São Paulo.

No Hospital São Paulo o primeiro relato de VRE foi em 1998 em um swab retal de

vigilância colhido de uma paciente com leucemia linfocítica aguda( CEREDA et al, 2001).

Após esse isolamento o Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar passou a

realizar vigilância nas culturas clínicas realizadas no hospital para a presença de VRE bem

como implementou culturas de vigilância ativa semanal nas duas maiores UTIs do

hospital( UTI Geral e UTI da Pneumologia). Os pacientes com culturas positivas para VRE

eram colocados em isolamento de contato.

Apesar das medidas implementadas pelo Serviço de Prevenção e Controle de Infecção

Hospitalar(SPCIH) o número de culturas positivas para VRE apresentou crescimento

progressivo nos anos posteriores atingindo praticamente quase todas as unidades do

hospital( FURTADO et al, 2005a).

90

Em outro estudo realizado recentemente , FURTADO et al( 2005b) procurando definir os

fatores de risco para colonização retal por VRE nas duas UTIs sob vigilância do SPCIH ,

encontraram uma incidência de colonização de 32% em 147 pacientes avaliados num

período de 2 anos . A única variável independentemente associada à colonização por VRE

foi o tempo de permanência na UTI.

A presença de internação prévia nos três meses anteriores não foi associada à bacteremia

por VRE em nosso estudo, assim como internação em unidade de terapia intensiva. Essas

variáveis foram estudadas pelo potencial risco de a internação prévia ser fator de risco para

colonização e posterior infecção por VRE.

Vários estudos definem os fatores de risco para bacteremia por VRE. MONTECALVO et al

(1994) estudando pacientes em uma unidade oncológica , verificaram que o único fator de

risco para bacteremia por VRE ( E. faecium) foi a duração total em dias da

antibioticoterapia. Esta variável também foi encontrada por LAUTENBACH et al(1999).

Em nosso estudo não avaliamos o número total em dias da antibioticotetrapia, entretanto

avaliamos o número de grupos de antimicrobianos utilizados. No grupo dos casos tivemos

uma variação de 1 a 7 grupos de antimicrobianos usados com média de 3,5. No grupo

controle tivemos variação de nenhum a 7 grupos de antimicrobianos , com média de 2,3

(OR 1,26; IC 95 0,98-1,63). EDMOND et al (1995) em estudo também realizado em uma

unidade oncológica encontrou como fator de risco para bacteremia por VRE(E.faecium) :

colonização gastrintestinal por VRE e uso de antibióticos com atividade contra anaeróbios.

Em nosso estudo, o uso de antimicrobianos com atividade anaerobicida como

metronidazol(p= 0,78) e clindamicina ( p= 0,13) não apresentaram significância estatística.

Entretanto o uso de carbapenem (p= 0,003) apresentou significância estatística na análise

univariada Estes antimicrobianos também apresentam potente atividade contra anaeróbios

91

além de um espectro amplo contra bactérias gram-negativas e gram-positivas aeróbias. O

uso de drogas com atividade anaerobicida muitas vezes associado a antimicrobianos com

atividade contra enterobactérias altera a microbiota do trato gastrintestinal com aumento da

colonização por enterococos(que não são atingidos por estes antimicrobianos) , e

predisposição para infecção posterior.

Em nosso estudo encontramos associação entre o uso de vancomicina e bacteremia por

VRE.(p< 0,001) na análise univariada e também na regressão logística (OR 10,19 ;IC95%

3,63- 28,57). TORNIEPORTH et al (1996) avaliaram 145 pacientes com infecção por VRE

pareados com 145 controles com VSE, e encontraram em análise multivariada como fatores

de risco para infecção ou colonização por VRE: duração da hospitalização( > ou = 7 dias),

transferência intra-hospitalar entre andares, uso de antimicrobianos( vancomicina e

cefalosporinas de 3a geração) e duração do uso de vancomicina(> ou = 7 dias). Nesse

estudo foram avaliadas além de bacteremia, infecção urinária e de ferida cirúrgica .

PALLARES et al (1993) também encontraram associação entre o uso de cefalosporinas e

bacteremia por VRE, notadamente ceftazidima. O uso de cefalosporinas apresentou

associação com bacteremia por VRE em nosso estudo na análise univariada(p= 0,01) mas

não apresentou significância na análise multivariada( p= 0,2).

LAUTENBACH et al(1999) em estudo com 72 pacientes com bacteremia por VRE

encontraram também associação entre o número médio de dias de uso de vancomicina e

bacteremia por VRE. ZAAS et al( 2002) também encontrou associação do uso prévio de

vancomicina e bacteremia por VRE.

BHAVNANI et al( 2000) em estudo realizado em 22 hospitais norte-americanos,

identificou também o uso prévio de vancomicina parenteral como fator de risco para

bacteremia por VRE. O uso de vancomicina seleciona cepas de enterococo resistentes

92

contribuindo para posterior predominância destas cepas no paciente , inicialmente

colonizando mas com possibilidade de surgimento posterior de

infecção.(CETINKAYA,FALK,MAYHALL,2000)

Encontramos associação também na análise univariada do uso de polimixina B e

bacteremia que não havia sido relatado em nenhum estudo prévio, apesar desta variável não

ser significativa na análise de regressão logística( p=0,12). Isto pode se dever ao fato que

pacientes com bacteremia por VRE são mais graves , com mais tempo de permanência

hospitalar, uso de antimicrobianos de amplo espectro e que em muitas ocasiões estão

também já em uso de Polimixina B. Em nosso hospital , pela presença de Pseudomonas

aeruginosa e Acinetobacter spp. altamente resistentes em algumas unidades ocorre um uso

freqüente de Polimixinas.

Em relação às doenças de base , tivemos predominância de pacientes clínicos(73,5%) em

relação aos cirúrgicos(26,5%). Entre as doenças clínicas, as cardiovasculares(17,6%) e as

neoplasias( 20 %) foram as mais comuns. Entre as cirúrgicas, as cirurgias

gastrintestinal(33,3%) e neurológicas( 33,3%) foram as mais comumente associadas à

bacteremia por VRE. Entre as doenças cardiovasculares havia pacientes com insuficiência

cardíaca grave e insuficiência coronariana com internação prolongada , muitas vezes com

outras doenças associadas justificando infecção por VRE. As neoplasias vem em segundo

lugar entre as doenças clínicas, o que se justificaria por esses pacientes serem mais

comprometidos , fazerem uso de imunossupressores e muitas vezes utilizarem vários

procedimentos invasivos.

Entretanto , nenhuma doença de base apresentou significância como fator de risco para

bacteremia por VRE em nosso estudo. Neutropenia ( LAUTENBACH et al,1999) , diabetes

mellitus ( ZAAS et al, 2002), AIDS (BHAVNANI et al, 2000), transplante hepático(

93

BHAVNANI et al, 2000), insuficiência renal crônica( BARAN et al, 2001) foram fatores

de risco para bacteremia por VRE em outros estudos.

Quanto às unidades de internação , as unidades de terapia intensiva( 38,2%) foram o local

mais freqüente de bacteremia por VRE, seguido pelo Pronto-Socorro(23,5%). A internação

em unidades de terapia intensiva apesar de não ter apresentado significância na análise

univariada em nosso estudo é comumente associada à presença de VRE por terem

pacientes mais graves, com uso geralmente prolongado de antimicrobianos e de

procedimentos invasivos( EDMOND et al,1995,FALK et al, 2000). Em estudo recente

realizado na UTI Geral do Hospital São Paulo, FURTADO et al, 2005b demonstraram que

o tempo de internação na UTI era o único fator de risco independentemente associado à

colonização por VRE. Na UTI do Pronto-Socorro (Retaguarda de doentes graves) , onde

ocorreram casos de bacteremia por VRE há também vários pacientes com longa

permanência hospitalar, dispositivos invasivos e uso importante de antibióticos.

PAPANICOLAOU et al(1996) estudando pacientes submetidos a transplante hepático,

encontrou como fator de risco para infecção por VRE , internação prolongada em unidade

de terapia intensiva cirúrgica.

Entre os dispositivos invasivos , tivemos correlação com bacteremia por VRE na análise

univariada, de cateter venoso central( p=0,02), ventilação mecânica( p= 0,02) e sondagem

nasogástrica/enteral( p=0,001). Na regressão logística, entretanto não tivemos significância

nestes três procedimentos. A relação de bacteremia por VRE e procedimentos invasivos é

pouco relatada, pois a fonte principal parece ser o trato gastrintestinal .

94

FALK et al( 2000) já havia relatado que sondagem nasogástrica/enteral é um procedimento

gastrintestinal invasivo e portanto altera a flora e a mucosa gastrintestinal, envolvendo um

local habitualmente colonizado por VRE facilitando portanto a translocação desse

patógeno.

A quebra da barreira mucosa do trato gastrintestinal parece ser um importante fator de risco

para posterior bacteremia por VRE. A presença de procedimentos gastrintestinais (ZAAS et

al, 2002) é causa freqüente dessa quebra da barreira mucosa, mas não encontramos essa

correlação em nosso estudo.( p= 0,9). Em nosso estudo não obtivemos correlação entre

cirurgia gastrintestinal prévia e bacteremia por VRE( p= 0,90). Estudos prévios já tinham

relatado essa correlação, pois o trato gastrintestinal é o reservatório natural do VRE (

MURRAY et al, 1990, SASTRY et al, 1995).

A presença de mucosite também foi associada à bacteremia por VRE em alguns estudos(

SHAY et al,1995, KUEHNERT et al,1999, KAPUR et al,2000) principalmente em

pacientes com câncer e transplantados de medula óssea, mas esta variável não foi avaliada

no presente estudo. A presença de câncer foi estudada no presente trabalho mas não

apresentou correlação com bacteremia por VRE ( p= 1,0).

A importância do trato gastrintestinal e seus patógenos na epidemiologia do VRE já foi

aneriormente relatada, exemplificada pela relação da infecção por Clostridium difficile e

bacteremia por VRE em pacientes com câncer (ROGHMANN et al, 1997)

Nós não encontramos associação entre insuficiência renal e bacteremia por VRE, como

relatado previamente em alguns estudos(LAUTENBACH et al, 1999, ZAAS et al, 2002). A

associação de insuficiência renal e infecção por VRE é relatado em parte pela redução da

função imune que ocorre em pacientes com insufiência renal crônica (RUIZ et al, 1990). É

95

importante salientar que o primeiro relato de VRE ocorreu em um surto em pacientes com

insuficiência renal( UTTLEY et al, 1988).

Em resumo, a única variável independentemente associada com infecção de corrente

sanguínea por VRE em nosso estudo foi o uso prévio de vancomicina (OR=10,19 IC95%-

3,63-28,57) demonstrando a importância da seleção de resistência como fator principal no

surgimento de infecções por VRE.

96

5.2. Evolução clínica em pacientes com infecção de corrente sanguínea por enterococo

resistente à vancomicina ( VRE)

O Enterococcus spp. resistente a vancomicina tem emergido como um importante

patógeno nosocomial nos últimos anos , inicialmente nos Estados Unidos e Europa mas

atualmente também atingindo países da América Latina. No Hospital São Paulo, o VRE foi

identificado inicialmente em 1998 em uma cultura de vigilância( CEREDA et al, 2001) e

desde então passou a ser isolado progressivamente em culturas clínicas.(FURTADO et al,

2005 a )

Em 2002 , 15,8% dos enterococos isolados de culturas clínicas em nosso hospital já eram

resistentes a vancomicina , o sangue foi o segundo sítio de maior isolamento(20,8%) atrás

apenas da urina ( FURTADO et al ,2005a).

Após estudarmos os fatores de risco para infecção de corrente sanguínea por VRE

resolvemos analisar os pacientes com infecção por VRE comparando-os com aqueles com

infecção de corrente sanguínea por VSE para verificarmos fatores como evolução clínica e

mortalidade.

Em nosso estudo não achamos significância entre os dois grupos de pacientes em relação à

realização de procedimento cirúrgico( p=0,74) . PESET et al, 2000 estudando 17 pacientes

com bacteremia por VRE comparando com 169 pacientes com bacteremia por VSE

encontraram que procedimento cirúrgico foi mais freqüente no grupo VRE com

significância na análise multivariada.

Quanto ao número de antibióticos usados , o grupo VRE usou em média 3,5 classes de

antimicrobianos enquanto o grupo VSE usou em média 2,4 classes de antimicrobianos(p=

0,001) . Na análise de regressão logística, utilizando o modelo 1 que utiliza apenas a

97

variável número de antibióticos, tivemos significância desta variável( OR 1,57;IC 95% 1,15-

2,15).

Quanto ao uso prévio de antibióticos, encontramos diferença significativa entre os dois

grupos em relação ao uso de carbapenens( p=0,001) e vancomicina( p=0,000) na análise

univariada. Na análise de regressão logística , apenas o uso de vancomicina teve

significância nos dois modelos .Vários estudos prévios implicam o uso prévio de

vancomicina ou de glicopeptídeos como fator de risco para bacteremia por VRE( STOSOR

et al,1998; PESET et al, 2000; SHAY et al, 1995). Como já discutido previamente ao

estudarmos os fatores de risco para bacteremia por VRE , o uso de vancomicina foi a única

variável independente associada à bacteremia por VRE. O uso de vancomicina exerceria

pressão seletiva sobre os enterococos selecionando as cepas resistentes predispondo à

colonização e posterior infecção.

LUCAS et al,1998 encontrou diferença significativa apenas na análise univariada entre

bacteremia por VRE e VSE em relação ao uso de metronidazol . Em nosso estudo,

analisamos o uso de outros antimicrobianos anaerobicidas mas não encontramos diferença

entre os dois grupos com metronidazol( p=0,78) e clindamicina( p=0,85).

Não houve diferença significativa entre os dois grupos em relação à internação prévia(

p=0,91) e internação em UTI(p= 0,1) . Estudos prévios também não acharam diferença

entre internação em UTI nos grupos com bacteremia por VRE e VSE ( STOSOR et

al,1998; PESET et al,2000).

Não houve diferença entre os dois grupos de pacientes em relação às patologias de base em

nosso estudo. SHAY et al, 1995 , estudando 46 pacientes com VRE e 46 pacientes com

VSE encontraram diferença entre pacientes com bacteremia por VRE e VSE em relação à

presença de malignidade hematológica nos VRE positivos.

98

Quanto à presença de procedimentos invasivos, tivemos diferença significativa em relação

ao uso de ventilação mecânica (p=0,01) e uso de sonda nasogástrica/enteral( p=0,004)

apenas na análise univariada. STOSOR et al, 1998 comparando 32 pacientes com

bacteremia por VSE com 21 pacientes com bacteremia por VRE encontraram que os

pacientes com VRE usavam mais sonda urinária ( p=0,01). LUCAS et al, 1998 encontraram

que pacientes com bacteremia por VRE apresentaram maior uso de cateter venoso central

que os pacientes com VSE. O uso de procedimentos invasivos está muitas vezes associado

à gravidade do paciente , e o achado de significância na análise univariada de dois destes

procedimentos indica provavelmente que os pacientes com bacteremia por VRE eram

potencialmente mais graves em nosso estudo .

Não achamos diferença em relação à realização de hemodiálise( p=0,93), como verificado

previamente em outro estudo( PESET et al, 2000).

PESET et al, 2000 relataram também em seu estudo, maior uso de corticóide e

imunossupressores nos pacientes com bacteremia por VRE. Não achamos diferença

significativa entre os dois grupos de pacientes em relação a essas duas variáveis, mesmo os

pacientes com VRE fazendo maior uso de corticóide(50%) que os pacientes com

VSE(32,7%) (p= 0,1) .Quanto ao uso de imunossupressores, os pacientes com VSE fizeram

maior uso(18,2%) em comparação aos pacientes com VRE(11,8%)(p= 0,41).

Recentemente, DIAZGRANADOS & JERNIGAN,2005 em um estudo coorte retrospectivo

comparando 22 pacientes com bacteremia por VRE com 61 pacientes com bacteremia por

VSE com neutropenia encontraram que a resistência a vancomicina teve associação com

mortalidade nesse grupo de pacientes. Em nosso estudo, entretanto tivemos inclusive mais

pacientes com neutropenia no grupo VSE( 12,7%) em relação ao grupo VRE( 2,9%)

(p=0,14).

99

Em relação à idade houve semelhança entre os dois grupos, com média de 56,6 anos no

grupo VRE e 57,8 anos no grupo VSE( P=0,47).

Quanto ao tempo de internação , tivemos uma média de dias de internação bem maior no

grupo VRE( 57,7 dias) em relação ao grupo VSE( 29 dias) ( p< 0,001), o que já havia sido

descrito previamente( STOSOR et al, 1998; LUCAS et al, 1998). Pacientes com tempo

prolongado de internação estão susceptíveis à maior uso de antimicrobianos, transmissão

cruzada de patógenos e portanto têm maior chance de adquirir patógenos resistentes.

Quanto ao tempo total de internação , tivemos também uma média maior no grupo VRE(72

dias) em comparação ao grupo VSE( 54,4 dias) com p=0,06, o que pode denotar que os

pacientes com bacteremia por VRE permanecem mais tempo internados provavelmente

pela maior dificuldade de tratamento e maior gravidade destes pacientes . Entretanto no

nosso meio ainda há uma grande sensibilidade a antimicrobianos mais simples (ex.

ampicilina e aminoglicosídeos) e os índices de gravidade estudados não foram

estatisticamente diferentes entre os dois grupos (APACHE, SOI e McCABE).

O índice APACHE II realizado comumente em pacientes em terapia intensiva, foi aplicado

em nosso estudo . Ele estuda variáveis clínicas e exames laboratoriais com o intuito de

verificar a gravidade dos pacientes à admissão (KNAUS et al,1985). Em nosso estudo , a

média do APACHE no grupo VRE e VSE foi respectivamente 11,4 e 11,4, variando de 1 a

24 no grupo VRE e de 1 a 24 também no grupo VSE ( P= 0,94). A média do APACHE II

abaixo de 15 indica que nos dois grupos os doentes não apresentavam gravidade

importante. SHAY et al,1995 estudando pacientes com bacteremia por VSE e VRE mostrou

que um maior índice APACHE II era fator de risco para bacteremia por VRE. STROUD et

al,1996 e GARBUTT et al, 2000 também associaram o APACHE II como um preditor de

mortalidade.

100

O índice McCabe classifica os pacientes em três grupos: grave, moderadamente grave e

estável. A maioria dos pacientes no grupo VRE estava no categoria moderadamente grave (

McCabe 2)( 50%) . O mesmo ocorreu no grupo VSE( 49,4%) (p= 0,86).

O índice Severity of Illness( SOI) talvez seja o índice mais ideal para se estratificar os

pacientes com bacteremia , tendo sido originalmente descrito em bacteremias por bactérias

gram-negativas (CHOW et al,1991). A média desse índice no grupo VRE foi de 3,2 e de

2,4 no grupo VSE, também não demonstrando significância na análise estatística entre os

dois grupos( p= 0,11).

Esses dados demonstram que não houve diferença em gravidade entre os dois grupos de

pacientes.

Quanto às unidades , no grupo VRE houve maior predominância nas unidades de terapia

intensiva( 38,2%) , seguido do Pronto-Socorro(23,5%). Quanto ao grupo VSE, tivemos

predominância também nestas duas unidades, só que com maior número de casos no

Pronto-Socorro(34,5%) em relação às UTIs(32,7%). Esses dados demonstram primeiro que

bacteremia por VRE e VSE ocorrem em doentes com características relativamente

similares (mesmas unidades). Os pacientes com VRE foram mais predominantes nas UTIs

demonstrando aparentemente serem doentes mais graves, apesar de não demonstrarmos

diferença nos índices de gravidade.

Quanto às doenças de base , no grupo VRE houve predominância de doenças

cardiovasculares(17,6%) seguido de neoplasias(14,7%) e doenças infecciosas( 11,7%). No

grupo VSE , houve predomínio das doenças neoplásicas(21,8%) seguido das doenças

infecciosas(18,1%) e doenças cardiovasculares(7,2%). A predominância de doenças

cardiovasculares no grupo VRE pode ter ocorrido porque os pacientes com este tipo de

patologia eram graves , permaneceram longo período na UTI ficando sob risco de adquirir

101

o VRE(colonização) e posterior infecção. As doenças neoplásicas já foram relatadas como

fator de risco para VRE ( SHAY,1995).

Não houve diferença significativa na mortalidade( p= 0,34) e na mortalidade associada à

bacteremia(p= 0,32) entre os dois grupos. A mortalidade associada à bacteremia foi de

41,2% no grupo VRE e de 30,9% no grupo VSE , portanto com uma mortalidade associada

atribuída à resistência a vancomicina de 10,3%. A mortalidade atribuída à bacteremia por

VRE variou em vários estudos de 1% a 35%( MAINOUS et al, 1997, PESET et al, 2000,

GARBUTT et al, 2000, LINDEN et al,1996, STOSOR et al,1998, LUCAS et al, 1998,

BHAVNANI et al, 2000, VERGIS et al, 2001, LODISE et al, 2002) .

Treze estudos compararam mortalidade em bacteremia por VRE e VSE. Sete destes

mostraram mortalidade significativamente maior no grupo VRE, com taxas de mortalidade

que variaram de 18% a 35%(STOSOR et al,1998, LINDEN et al, 1996, BHAVNANI et

al,2000, LUCAS et al,1998, LODISE et al, 2002, VERGIS et al, 2001, CDC,1993).

Seis estudos entretanto não encontraram diferença significativa entre os dois

grupos(GARBUTT et al,2000, PESET et al, 2000, TORNIEPORTH et al ,1996,WELLS et

al, 1995, KRCMERY et al,2001, MAINOUS et al, 1997)

Estes dados acima demonstram que ainda não há definição quanto se resistência a

vancomicina piora o prognóstico em pacientes com bacteremia. Nosso estudo não

demonstrou também diferenças na mortalidade entre os dois grupos.(p= 0.34)

Na análise de regressão logística, duas variáveis apresentaram significância entre os dois

grupos no modelo 1 : uso de droga vasoativa( OR 3,61; IC 95% 1,02-12,72) e número de

antibióticos( OR 1,57; IC 95% 1,15-2,15) . No modelo 2 também duas variáveis tiveram

significância: uso de droga vasoativa( OR 5,68; IC95 1,25- 25,89) e uso de vancomicina(

OR 17,58; IC95 5,24- 58,96) .

102

Quanto ao uso de droga vasoativa , os dados demonstram que os pacientes com bacteremia

por VRE são mais graves que os pacientes com bacteremia por VSE pois precisam mais de

drogas vasoativas , apesar da não significância nos escores de gravidade anteriormente

discutidos. Em nenhum estudo prévio comparando bacteremia por VRE e VSE houve

significância estatística em relação a esta variável. É importante salientar também que

apesar do maior uso de droga vasoativa, não houve diferença na mortalidade entre os dois

grupos.

Em relação ao tratamento, no grupo VRE tivemos seis opções de tratamento com

predominância do esquema – ampicilina + estreptomicina (50%) provavelmente pela

excelente sensibilidade do enterococo resistente a vancomicina (VRE) a estes dois

antimicrobianos. No grupo VSE , o esquema de tratamento mais utilizado foi vancomicina(

43,6%). Ampicilina isoladamente ou associada a um aminoglicosídeo é terapia considerada

ideal para infecções por VRE com susceptibilidade a essas drogas( LINDEN, 2002). Em

nosso meio a resistência a ampicilina é baixa( inferior a 5%) sendo portanto esta droga uma

terapia bastante efetiva para infecções por VRE( LOW et al, 2001).

Linezolida , uma droga lançada recentemente no Brasil foi utilizada por 5,8% dos pacientes

como único tratamento e por 2,9% dos pacientes após uso de ampicilina e

estreptomicina.Vários estudos mostram uma excelente eficácia desta droga contra VRE(

NOSKIN et al, 1999, PATEL et al, 1999) e além disso este antimicrobiano tem ação contra

E.faecalis e E.faecium, o que não ocorre com a Quinupristina-Dalfopristina que só tem boa

eficácia contra E. faecium.( COLLINS et al,1993, WILLIAMS et al, 1997).

Um aspecto importante a se considerar é que houve um elevado número de pacientes que

permaneceram sem tratamento tanto no grupo VRE( 32,3%) quanto no grupo VSE(23,6%).

103

Em relação a este ponto, todos (100%) os pacientes que permaneceram sem tratamento

foram a óbito no grupo VRE . No grupo VSE , 61,5% dos pacientes sem tratamento

evoluiram para óbito. Apesar deste fato , a análise estatística não detectou diferenças entre

os dois grupos de pacientes no que concerne à mortalidade. Este dado pode nos sugerir que

os pacientes com bacteremia por VRE apresentam maior mortalidade se não tratados em

relação aos pacientes com VSE e este fato é de extrema importância no contexto clínico

mostrando a importância da suspeita diagnóstica e tratamento precoce das infecções por

VRE.

A tabela 27 mostra a sensibilidade do enterococo resistente( VRE) e sensível a

vancomicina( VSE) aos principais antimicrobianos empregados em seu tratamento. Nota-

se no grupo VRE uma sensibilidade de 100% a ampicilina e estreptomicina justificando o

maior emprego dessas duas drogas na terapêutica das infecções por este patógeno.

Linezolida também apresentou 100% de sensibilidade. No grupo VSE tivemos 100% de

sensibilidade a vancomicina, ampicilina, teicoplanina e linezolida. Estreptomicina foi o

aminoglicosídeo com melhor sensibilidade em ambos os grupos( 100% no grupo VRE e

88.8% no grupo VSE) .

Quanto a distribuição por espécie , tivemos predominância importante de E.faecalis nos

dois grupos( 100% no grupo VRE e 95.6% no grupo VSE- como demonstrado na Tabela

28). Nenhum E.faecium foi isolado no grupo VRE e apenas 4.4% das amostras no grupo

VSE demonstraram esta espécie. Estes dados são bem diferentes do estudo de

VILINS(2001) realizado em período epidêmico estudando colonização no Hospital Santa

Marcelina que entre 61 cepas, identificou 31 cepas de E.faecalis e 35 cepas de E.faecium,

sendo que cinco pacientes estavam colonizados por ambas as espécies. O E.faecalis é a

espécie mais frequentemente isolada e é responsável por cerca de 90% das infecções em

104

humanos, enquanto que o E. faecium, a segunda espécie mais frequente, é responsável por

somente 5 a 10 % das infecções( MURRAY,1990). Nosso estudo parece ser mais

condizente com estes dados descritos do que com os achados do Hospital Santa Marcelina.

O que aparentemente podemos perceber com estes dados é que a princípio parece que o

E.faecium foi introduzido no Hospital Santa Marcelina e houve disseminação pelo hospital

provavelmente por transmissão cruzada , inclusive com aquisição pelo E.faecalis da

resistência a vancomicina. Em nosso hospital , 100% das cepas de enterococo resistente a

vancomicina pertencem a espécie E.faecalis , demonstrando que o E.faecium e seu pior

padrão de resistência não se constitui em um problema por enquanto em nosso serviço.

A sensibilidade do E. faecium a ampicilina foi de apenas 28.5% no Hospital Santa

Marcelina, mantendo entretanto 85.7% de sensibilidade a estreptomicina. Isto demonstra a

dificuldade no tratamento dessa espécie e justifica a necessidade de pesquisa e lançamento

de novas drogas com ação neste patógeno . Em nosso estudo isolamos apenas duas cepas

de E.faecium , que eram sensíveis a vancomicina , sendo que a resistência a ampicilina

ficou em 50%.

Os estudos em bacteremia por VRE são diversificados em relação a espécie estudada sendo

que como a maior preocupação durante a década passada era o enterococo resistente a

vancomicina , notadamente o E.faecium, a maioria dos estudos foram focados nessa

espécie( EDMOND et al, 1996, STOSOR et al, 1998, GARBUTT et al, 2000, LINDEN et

al, 1996, MAINOUS et al, 1997) . Alguns estudos entretanto enfocaram também o E.

faecalis mas sempre este patógeno se apresentando com uma menor incidência em relação

ao E.faecium ( KAPUR et al, 2000, LODISE et al, 2000, VERGIS et al, 2001, LUCAS et

al, 1998, PESET et al, 2000, SHAY et al, 1995).

105

Em resumo, a única diferença estatisticamente significativa entre os pacientes com infecção

de corrente sanguínea por VRE e VSE foi o uso de droga vasoativa , uso de

antimicrobianos e uso prévio de vancomicina que foram maiores no grupo VRE. Estes

dados demonstram que pacientes com infecção de corrente sanguínea por VRE têm um

quadro mais grave de bacteremia e que fazem mais uso prévio de antimicrobianos,

notadamente vancomicina justificando a pressão seletiva do uso dessas drogas sobre o

surgimento do VRE.

106

CONCLUSÃO

____________________________________

107

6. Conclusão

Este estudo permitiu concluir que:

• O único fator de risco para bacteremia por enterococo resistente à vancomicina (VRE)

foi: o uso prévio de vancomicina ( OR = 10,19; IC95% = 3,63-28,57 ).

• Em relação à evolução clínica da bacteremia por enterococo resistente à vancomicina

(VRE) comparativamente à bacteremia por enterococo sensível à vancomicina( VSE),

tivemos diferença no modelo 1 quanto ao uso de droga vasoativa( OR 3,61; IC 95%

1,02-12,72) e número de antimicrobianos ( OR 1,57; IC 95% 1,15-2,15) e no modelo 2

quanto ao uso de droga vasoativa ( OR= 5,68; IC95% = 1,25- 25,89) e uso prévio de

vancomicina ( OR = 17,58; IC95%= 5,24- 58,96) que foram mais prevalentes no grupo

VRE.

• A espécie predominante como causadora de infecção de corrente sanguínea em nosso

serviço é o E. faecalis(100% no grupo VRE e 95,6% no grupo VSE).

• A incidência média de infecção de corrente sanguínea por VRE foi de 0,18 por 1000

pacientes-dia e de 0,11 por 100 saídas durante o período de estudo.

108

RESUMO

____________________________________

109

7. Resumo

O enterococo resistente à vancomicina( VRE) é hoje patógeno de imensa importância no

ambiente hospitalar, com aumento progressivo em sua incidência como causador de

infecções nosocomiais. A bacteremia é uma das principais infecções causadas por este

patógeno e devido a sua importância e limitados dados nacionais foi definida como objeto

deste estudo. Foram realizados dois estudos procurando avaliar a epidemiologia desta

infecção em um hospital universitário .

O primeiro estudo teve como objetivo avaliar os fatores de risco para bacteremia por VRE.

No período de janeiro de 2001 a dezembro de 2003 foram estudados 34 pacientes com

bacteremia por VRE, que foram comparados com 102 pacientes-controle pareados por

unidade de internação, sexo e idade.

Tivemos durante o estudo uma incidência média de infecção de corrente sanguínea por

VRE de 0,18 por 1000 pacientes-dia e de 0,11 por 100 saídas.

A análise dos resultados demonstrou os seguintes fatores de risco estatisticamente

significantes na análise univariada : uso de carbapenem( p= 0,003), uso de cefalosporinas (

p= 0,017), uso de macrolídeos ( p= 0,025) , uso de polimixina B( p= 0,004), uso de

vancomicina( p< 0,001), uso de cateter venoso central ( p= 0,023) , uso de ventilação

mecânica( p= 0,021) , uso de sonda nasogástrica/nasoenteral( p= 0,001), tempo de

internação( p< 0,001) e número de antibióticos( p= 0,001). Na análise multivariada, o

único fator de risco independentemente associado à bacteremia por VRE foi : o uso prévio

de vancomicina( OR= 10,19; IC95%= 3,63- 28,57).

110

O segundo estudo foi realizado com o objetivo de estudar comparativamente os pacientes

com bacteremia por VRE e VSE , procurando definir diferenças entre os grupos quanto à

evolução clínica.

Foram estudados 34 pacientes com bacteremia por VRE e 55 pacientes com bacteremia por

VSE admitidos em diversas unidades do hospital.

A análise dos resultados mostrou que foram estatisticamente significativas as seguintes

variáveis: uso prévio de carbapenem( p= 0,001), uso prévio de vancomicina( p < 0,001),

uso de ventilação mecânica( p= 0,016), uso de sonda nasogástrica/nasoenteral( p= 0,004),

uso de droga vasoativa( p= 0,013), tempo de internação hospitalar( p< 0,001), número de

antibióticos( p= 0,001). Os únicos fatores que mostraram significância na análise

multivariada entre os dois grupos foram: uso de droga vasoativa ( OR= 3,61; IC95% = 1,02-

12,72) e número de antibióticos(OR=1,57;IC95%= 1,15-2,15) no primeiro modelo e uso de

droga vasoativa( OR=5,68; IC95%= 1,25-25,89) e uso prévio de vancomicina ( OR= 17, 58;

IC95%= 5,24- 58,96) no segundo modelo .

A espécie de enterococo predominante causadora de infecção de corrente sanguínea em

nosso serviço é o E.faecalis(100% no grupo VRE e 95,6% no grupo VSE). Quanto ao perfil

de sensibilidade , encontramos 100% de sensibilidade a ampicilina, estreptomicina e

linezolida nas cepas de VRE estudadas.

Devido a importância da bacteremia por VRE no contexto hospitalar, é extremamente

importante definirmos como realizado no presente estudo, os principais fatores de risco e

observarmos se há diferenças na evolução da bacteremia enterocócica em relação a

resistência à vancomicina.

111

ABSTRACT

____________________________________

112

8. Abstract

Vancomycin-resistant Enterococcus( VRE) is currently a very important pathogen at

hospital environment, with progressive increase on its incidence as a cause of nosocomial

infections.

Bacteremia is a leading infection caused by this pathogen and due its importance and

restricted national data was defined as objective of this study. Two studies were performed

in order to evaluate the epidemiology of this type of infection at an university-affiliated

hospital.

The first study evaluated the risk factors for bacteremia by VRE. During the period from

january 2001 to december 2003 we studied 34 patients with bacteremia by VRE who were

compared to 102 control-patients matched by admission unit, sex and age.

We had a average incidence of bloodstream infection by VRE of 0.18 per 1000 patient-days

and 0.11 per 100 discharges.

The analysis of the results, showed that the following risk factors were statistically

significant in univariate analysis: carbapenem use( p= 0,003), cephalosporin use( p= 0,017),

macrolides use( p=0,025), polimyxyn use(p= 0,004), vancomycin use( p < 0,001), central

venous catheter use( p= 0,023), mechanic ventilation use( p=0,021), nasogastric/nasoenteral

tube use( p=0,001), lenght of hospital stay( p< 0,001) and number of antibiotics( p=

0,001).

The only factor independently associated to bacteremia on multivariate analysis was :

previous vancomycin use( OR= 10,19 ; IC95%= 3,63- 28,57).

113

The second study was performed with the aim to study comparatively the patients with

bacteremia by VRE and VSE in order to define differences between the groups concerning

clinical outcome.

We studied 34 patients with VRE bacteremia and 55 patients with VSE bacteremia

admitted in several hospital units.

The analysis of results showed that the following factors were statistically significant on

univariate analysis: previous carbapenem use( p= 0,001), previous vancomycin use( p<

0,001), mechanical ventilation( p=0,016), nasogastric/nasoenteral tube use( p= 0,004),

vasoactive drug use( p= 0,013), lenght of hospital stay( p< 0,001), number of antibiotics(

p= 0,001).

The only factors statistically significants on multivariate analysis between the two groups

were: vasoactive drug use ( OR= 3,61; CI95%= 1,02- 12,72) and number of antibiotics( OR=

1,57; CI95%= 1,15-2,15) in first model and vasoactive drug use( OR= 5,68; CI95%= 1,25-

25,89) and previous vancomycin use( OR= 17,58; CI95%= 5,24-58,96) in second model.

The most common Enterococcus species that caused bloodstream infection in our study

was E.faecalis( 100% in VRE group and 95,6% in VSE group). There was 100% of

sensivity to ampicillin, streptomycin and linezolide in VRE group.

Due the importance of VRE bacteremia in hospitals, it is crucial to define the main risk

factors associated to it and to observe whether there is differences on outcome in

enterococcal bacteremia concerning vancomycin resistance.

114

REFERÊNCIAS

____________________________________

115

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E FONTES CONSULTADA S

AARESTRUP, F.M., AHRENS, P., MADSEN, M. ,PALLESEN, L.V.,POULSEN

R.L.,WEST, H.H. Glycopeptide susceptibility among Danish Enterococcus faecium and

Enterococcus faecalis isolates of animal and human origin and PCR identification of genes

within the VanA cluster. Antimicrob. Agents Chemother,40: 1938-40,1996.

ARTHUR,M, COURVALIN,P. Genetics and mechanisms of glycopeptide resistance in

enterococci. Antimicrob. Agents. Chemother.,37: 1563-71, 1993

BARAN Jr,J.,RIEDERER,K.M.,RAMANATHAN,J.,KHATIB,R. Recurrent vancomycin-

resistant Enterococcus bacteremia: prevalence, predisposing factors, and strain relatedness.

Clin Infect Dis, 32: 1381-3. 2001.

BEEZHOLD, D.W., SLAUGHTER, S., HAYDEN,

M.K.,MATUSHEK,M.,NATHAN,C., TRENHOLME,G.M.,WEINSTEIN,R.A.. Skin

colonization with vancomycin-resistant enterococci among hospitalized patients with

bacteremia. Clin. Infect. Dis. 24 : 704-6, 1997.

BHAVNANI,S.M., DRAKE,J.A., FORREST,A.,DEINHART,J.A,JONES,R.N.,

BIENDENBACH,D.J.,BALLOW,C.H., A nationwide,multicenter,case-control study

comparing risk factors,treatment,and outcome for vancomycin-resistant and –susceptible

enterococcal bacteremia. Diag Microbiol Infect Dis. 36: 145-158,2000.

116

BONILLA,H.F., ZERVOS,M.A.,

LYONS,M.J.BRADLEY,S.F.,HEDDERWICK,S.A.,RAMSEY,M.A.,PAUL,L.K.,KAUFF

MAN,C.A. Colonization with vancomycin-resistant Enterococcus faecium: comparison of a

long-term-care unit with an acute-care hospital. Infect. Control. Hosp. Epidemiol.18: 333-

9, 1997.

BONTEN,M.J.M., HAYDEN,M.K.,NATHAN,C.,van

VOORHIS,J.,MATUSHEK,M.,SLAUGHTER,S.,RICE,T.,WEINSTEIN,R.A. E

pidemiology of colonization of patients and environment with vancomycin-resistant

enterococci. Lancet.348 : 1615-19.1996.

BOYCE,J.M., OPAL,S.M.,CHOW,J.W.,ZERVOS,M.J.,POTTER-

BYNOE,G.,SHERMAN,C.B.,ROMULO,R.L.C.,FORTNA,S.,MEDEIROS,A.A. Outbreak

of multidrug-resistant Enterococcus faecium with transferable VanB class vancomycin

resistance. J. Clin. Microbiol . 32(5) : 1148-53. 1994.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural.

Departamento de Tecnologia e Produção Animal- Normas e padrões de nutrição e

alimentação animal: revisão 1996.Brasília, MARA,1997. 146p.

117

BUGG,T.D.H, WRIGHT,G.D.,DUTKA-

MALEN,S.,ARTHUR,M.,COURVALIN,P.WALSH,C.T. Molecular basis for vancomycin

resistance in enterococcus faecium BM4147, byosyntesis of a depspeptíde peptidoglycan

precursor by vancomycin resistance proteins VanH and VanA. Biochemistry, 30: 10408-

15, 1991.

BYERS,K.E., ANGLIM,A.M., ANNESKI,C.J.,

GERMANSON,T.P.,GOLD,H.S.,DURBIN,L.J.,SIMONTON,B.M., FARR,B.M. A hospital

epidemic of vancomycin-resistant Enterococcus: Risk factors and control. Infect. Control.

Hosp. Epidemiol. 22: 140-47. 2001.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. NOSOCOMIAL

ENTEROCOCCI RESISTANT TO VANCOMYCIN: UNITED STATES, 1989-1993.

MMWR 42: 597-598. 1993

CDC-HICPAC 1995- CDC-Recommendations for preventing the spread of vancomycin-

resistance: recommendations of the hospital infection clinical practices advisory

committee( HICPAC). United States,1995. MMWR 44( RR-12): 1-13,1995.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION(CDC). Summary of

notifiable diseases, United States, 1997. MMWR 46: II-VII, 3-87, 1998.

118

CEREDA,R.F.; SADER,H.S.; JONES,R.N.;SEJAS,L.;MACHADO,A.M.;ZANATTA,Y.P.

et al. Enterococcus faecalis resistant to vancomycin and teicoplanin( Van A phenotype)

isolated from a boné marrow transplanted patient in Brazil. Braz J Infect Dis. 5(1): 40-

46.2001.

CETINKAYA,Y., FALK,P.,MAYHALL,C.G. Vancomycin-resistant enterococci.

Clin.Microbiol.Reviews, 13(4): 686-707, 2000.

CHOW,J.W.,

FINE,M.J.,SHLAES,D.M.,QUINN,J.P.HOOPER,D.C.JOHNSON,M.P.,RAMPHAL,R.,

WAGENER,M.M.,MIYASHIRO,D.K.,YU,V.L. Enterobacter bacteremia: clinical features

and emergence of antibiotic resistance during therapy. Ann Intern Medicine .115(8): 585-

590. 1991.

COLLINS, L.A., MALANOSKI,G.J.,ELIOPOULOS,G.M.,, ET AL. In vitro activity of RP

59500, an injectable streptogramin antibiotic, against vancomycin-resistant Gram-positive

organism. Antimicrob Agents Chemother 37: 598-601. 1993.

COSTA,L.M.D,

SOUZA,D.C.,MARTINS,L.T.F.,ZANELLA,R.C.,BRANDILEONE,M.C.,BOKERMANN,

S.,SADER,H.S., SOUZA,H.A.P.H.M. Vancomycin-resistant Enterococcus faecium: First

case in Brazil. Braz. J. Infect. Dis. 2(3) : 160-163, 1998.

119

DEVER,L.L.,SMITH,S.M.,HANDWERGER,S.,ENG,R.H. Vancomycin-dependent

Enterococcus faecium isolated from stool following oral vancomycin therapy. J. Clin.

Microbiol. , 33: 2770-3,1995.

DIAZGRANADOS,C.A , JERNIGAN,J. A. Impact of vancomycin resistance on mortality

among patients with neutropenia and enterococcal bloodstream infection. J. Infect.

Dis.,191(4): 588-95,2005.

EDMOND,M.B.,

OBER,J.F.,WEINBAUM,D.L.,PFALLER,M.A.,HWANG,T.,SANFORD,M.D.,WENZEL,

R.P. Vancomycin-resistant Enterococcus faecium bacteremia: risk factors for infection.

Clin. Infect. Dis.,20 : 1126-33, 1995.

EDMOND,M.B.,OBER,J.F.,DAWSON,J.D.,WEINBAUM,D.L.,WENZEL,R.P.

Vancomycin-resistant enterococcal bacteremia: natural history and attributable mortality.

Clin.Infect.Dis.23: 1234-9, 1996.

EDMOND,M.B.,WALLACE,S.E.,McCLISH,D.K.,PFALLER,M.A.,JONES,R.N.,WENZE

L,R.P. Nosocomial bloodstream infections in United States hospitals: a three year analysis.

Clin. Infect. Dis.,29: 239-44,1999.

120

ELIOPOULOS,G.M.,

WENNERSTEN,C.B.,GOLD,H.S.,SCHULIN,T.,SOULI,M.,FARRIS,M.G.,CERWINKA,S

.,NADLER,H.L.,DOWZICKY,M.,TALBOT,G.H.,MOLLERING JR,R.C. Characterization

of vancomycin-resistant Enterococcus faecium isolates from the United States and their

susceptibility in vitro to dalfopristin-quinupristin. Antimicrob. Agents Chemother. 42:

1088-92. 1998.

EISENSTEIN,B.I. Lipopeptides, focusing on daptomycin for the treatment of gram-

positive infections. Expert. Opin. Investig. Drugs 13: 1159-69. 2004

EMORI,T.G., GAYNES,R.P., An overview of nosocomial infections, including the role of

the microbiology laboratory. Clin.Microbiol. Rev . 6: 428-42, 1993.

FACKLAM,R.R.,COLLINS,M.D. Identification of Enterococcus species isolated from

human infections by a conventional test scheme. J. Clin. Microbiol., 27: 731-4, 1989.

FACKLAM,R.R., SAHM,D.A. Enterococcus In: MURRAY, P.R., BARON,

E.J.,PFALLER,M.A.,TENOVER,F.C.,YOLKER,R.H. Eds- Manual of Clinical

Microbiology . 7a ed. Washington, American Society for Microbiology, 1999. p. 297-305.

FAGON,J.Y.,CHASTRE,J.,NOVARA,A.,MEDIONI,P.,GILBERT,C. Characterization of

intensive care unit patients using a model based on the presence or absence of organ

dysfunction and/or infection: the ODIN model. Intensive Care Medicine.19: 137-44,

1993.

121

FALK,S.P., WINNIK,J., WOODMANSEE,C., MAYLAND,G. Outbreak of vancomycin-

resistant enterococci in a burn unit. Infect. Control Hosp. Epidemiol., 21: 575-82, 2000

FURTADO,G.H.C, MARTINS,S.T., COUTINHO,A.P.,SOARES,G.M.M, WEY,S.B.,

MEDEIROS,E.A.S. Incidência de Enterococcus resistente a vancomicina em hospital

universitário no Brasil. Revista de Saúde Pública , 39(1): 41-46. 2005a

FURTADO,G.H.C., MARTINS,S.T.,COUTINHO,A .P., WEY,S.B.,MEDEIROS,E.A .S.

The prevalence and factors associated to rectal VRE colonization in two intensive care

units in São Paulo. Braz. J. Infect. Dis., 9(1): 62-67,2005b

GARBUTT,J.M.;VENTRAPRAGADA,M.; LITTENBERG,B.; MUNDY,L.M. Association

between resistance to vancomycin and death in cases of Enterococcus faecium bacteremia.

Clin. Infect. Dis. 30: 466-472.2000.

GARNER,J.S.,JARVIS,W.R.,EMORY,T.G.,HORAN,T.C.,HUGHES,J.M. CDC definitions

for nosocomial infections,1988. Am. J. Infect. Control.16(3) : 128-40,1988.

GOLD,HS,MOELLERING,R.C. Jr. Antimicrobial drug resistance. N. Engl. J. Med.

335:1445-53. 1996.

122

GOLD,H.S. Vancomycin-resistant enterococci :Mechanisms and clinical observations.

Clin. Infect. Dis. 33: 210-9. 2001.

GONZALEZ,R.D., SCHRECKENBERGER,P.C., GRAHAM, M.B., KELKAR,S.,

DENBESTEN,K.,QUINN, J.P. Infections due to vancomycin-resistant Enterococcus

faecalis resistant to linezolide. Lancet 357: 1179. 2001.

GRAYSON,M.L.,ELIOPOULOS,G.M.,WENNERSTEIN,C.B.,et al. Increasing resistance

to beta-lactam antibiotics among clinical isolates of Enterococcus faecium: a 22-year

review at one institution. Antimicrob. Agents. Chemother. 35: 2180-4, 1991.

HERRERO,I.A;ISSA,N.C.;PATEL,R. Nosocomial spread of Linezolid-resistant

vancomycin-resistant Enterococcus faecium. N. Engl. J. Med..346: 867-869.2002.

ISSACK,M.I.,POWER,E.G.,FRANCH,G.L. Investigation of an outbreak of vancomycin-

resistant Enterococcus faecium by random amplified poymorphic DNA( RAPD) assay. J.

Hosp. Infect. 33: 191-200, 1996.

JONES,R.N.;DELLA-LATTA,P.;LEE, L.V.; BIEDENBACH,D.J. Linezolid-resistant

Enterococcus faecium isolated from a patient without prior exposure to an oxazolidinone:

Report from the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program. Diag. Microbiol. Infect.

Dis..42: 137-139,2002

123

.KAPUR,D.,DORSKY,D.,FEINGOLD,J.M.,et al. Incidence and outcome of vancomycin-

resistant enterococcal bacteremia following autologous peripheral blood stem cell

transplantation. Bone Marrow Transplant. 25: 147-52, 2000

KARANFIL, L.V.,

MURPHY,M.,JOSEPHSON,A,GAYNES,R.,MANDELL,L.,HILL,B.C.,SWENSON,J.M.

A cluster of vancomycin-resistant Enterococcus faecium in na intensive care unit. Infect.

Control. Hosp. Epidemiol.,13:195-200,1992

KNAUS,W.A.,DRAPER,E.A.,WAGNER,D.P.,ZIMMERMAN,J.E. APACHE II : A

severity of disease classification system. Crit. Care Medicine.13: 818-29, 1985.

KRCMERY,V.,BILIKOVA,E., SVETLANSKY,I.KOVACICOVA,G. Is vancomycin

resistance in enterococci predictive of inferior outcome of enterococcal bacteremia? Clin.

Infect. Dis. 32: 1110-1112.2001

KUEHNERT,M.J., JERNIGAN,J.A., PULLEN,A.L., RIMLAND,D., JARVIS,W.R.

Association between mucositis severity and vancomycin-resistant enterococcal bloodstream

infection in hospitalized cancer patients. Infect. Control. Hosp. Epidemiol. 20: 660-

3,1999

124

LAI,K.K., FONTECCHIO,S.A.,KELLEY, A.L.,MELVIN,Z.S.,BAKER,S. The

epidemiology of fecal carriage of vancomycin-resistant enterococci. Infect. Control Hosp.

Epidemiol. 18(11) : 762-65. 1997.

LAUTENBACH,E., BILKER,W.B., BRENNAN,P.J. Enterococcal bacteremia: risk factors

for vancomycin resistance and predictors of mortality. Infect. Control Hosp. Epidemiol.

20: 318-323. 1999.

LECLERCQ,L, DUTKA-

MALEN,S.,BRISSON,N.A,MOLINAS,C.,DERLOT,E.,ARTHUR,M.,DUVAL,J.,COURV

ALIN,P. Resistance of enterococci to aminoglycosides and glycopeptide. Clin. Infect. Dis.,

15: 499-501, 1992.

LECLERCQ,R.,DERLOT,E.,DUVAL,J.,CORVALIN,P. Plasmid-mediated resistance to

vancomycin and teicoplanin in Enterococcus faecium. N. Engl. J. Med. 319: 157-

161,1998.

LECLERCQ,R.,COURVALIN,P. Resistance to glycopeptides in enterococci. Clin.Infect.

Dis. 24:545-56,1997.

LINDEN,P.,PASCULLE, A.W., MANEZ,R.,KRAMER, D.,MART,N.M.STARZL,T.

Failure of oral doxycicline to eradicate fecal carriage of vancomycin-resistant Enterococcus

faecium. Proceedings of the 92nd General Meeting of the American Society for

Microbiology; New Orleans, LA: May, 1992.

125

LINDEN,P.,PASCULLER,A.W., KRAMER,D.J., KUSNER,S., MANEZ,R. The duration

of fecal carriage of vancomycin-resistant Enterococcus faecium(VREF). Presented at the

34th INTERSCIENCE CONFERENCE OF ANTIMICROBIAL AGENTS AND

CHEMOTHERAPY ,1994, Orlando FL, Abstract J151.

LINDEN,P.K., PASCULLE,A .W.,MANEZ,R.,et al. Differences in outcomes for patients

with bacteremia due to vancomycin-resistent Enterococcus faecium or vancomycin-

susceptible E.faecium. Clin. Infect. Dis. 22: 663-670. 1996

LINDEN,P.K. Treatment options for vancomycin-resistant enterococcal infections. Drugs

62(3): 425-441. 2002.

LIVORNESE JR,L.L., DIAS,S. , SAMEL,C., ROMANOWSKI,B., TAYLOR,S.,

MAY,P.,PITSAKIS,P., WOODS,G.,KAYE,D.,LEVISON,M.E.,JOHNSON,C.C. Hospital-

acquired infection with vancomycin-resistant Enterococcus faecium transmited by

electronic thermometers. Annals of Internal Medicine,117 : 112-16. 1992.

LODISE,T.P.,McKINNON,P.S.,TAM,V.H.,RYBAK,M.J.Clinical outcomes for patients

with bacteremia caused by vancomycin-resistant Enterococcus in a level 1 trauma center.

Clin. Infect. Dis. 34:922-929. 2002

126

LOW,E.,KELLER,N.,BARTH,A, JONES,R.N. Clinical prevalence, antimicrobial

susceptibility,.and geographic resistance patterns of enterococci.Results from the SENTRY

Antimicrobial Surveillance Program,1997-1999. Clin.Infect.Dis. 32( Suppl2): S133-

145,2001.

LUCAS,G.M.,LECHTZIN,N.,PURYEAR,D.W.,YAU,L.L.,FLEXNER,C.W.,MOORE,R.D.

Vancomycin-resistant and vancomycin-susceptible enterococcal bacteremia: comparison of

clinical features and outcomes. Clin. Infect. Dis., 26: 1127-33. 1998

MAINOUS,M.R.,LIPSETT,P.A.,O BRIEN,M.,JOHNS HOPKINS SICU STUDY GROUP.

Enterococcal bacteremia in the surgical intensive care unit: does vancomycin resistance

affect mortality? Arch. Surg. 132: 76-81.1997

MAKI, DG, WEISE, CE; SARAFIN,HW. A semiquantitative culture method for

identifying intravenous- catheter related infection. N. England J. Med. 296(23): 1305-9,

1977.

McCABE,W.R.,JACKSON,G.C..Gram negative bacteremia- Etiology and ecology.Arch.

Intern. Medicine.110: 847-55. 1962.

McKESSAR,S.J.,BENNY,A. M.,BELL,J.M.,TURNIDGE,J.D.,PATON,J.C. Genetic

characterization of VanG, a novel vancomycin resistance locus of Enterococcus faecalis.

Antimicrob. Agents Chemother. 44(11): 3224-8. 2000

127

MOELLERING Jr, R.C. Emergence of Enterococcus as a significant pathogen. Clin.

Infect. Dis.14: 1173-8,1992.

MONDY,K.E., SHANNON,W., MUNDY,L.M. Evaluation of zinc bacitracin capsules

versus placebo for enteric eradication of vancomycin-resistant Enterococcus faecium. Clin.

Infect. Dis. 33: 473-6. 2001.

MONTECALVO,M.A.,HOROVITZ,H.,GEDRIS,C.,CARBONARO,C.,TENOVER,F.C.,IS

SAH,A.A,COOK,P.,WORMSER,G.P., Outbreak of vancomycin, ampicillin,and

aminoglycoside-resistant Enterococcus faecium bacteremia in an adult oncology unit.

Antimicrob. Agents Chemother. 38(6): 1363-67. 1994.

MONTECALVO,M.A., HOROWITZ,H.,CARBONARO,C.ª,SEITER,K., WORMSER,G.P.

Effect of novobiocin-containing antimicrobial regimens on infection and colonization with

vancomycin-resistant Enterococcus faecium. Antimicrob. Agents Chemother. 39:794

.1995

MONTECALVO,M.A.,LENCASTRE,H., CARRAHER,M., GEDRIS,C., CHUNG,M.,

VANHORN,K.,WORMSER,G.P. Natural history of colonization with vancomycin-

resistant Enterococcus faecium. Infect. Control Hosp. Epidemiol. 16: 680-85. 1995.

128

MORRIS JR,J.G., SHAY,D.K., HEBDEN,J.N., McCARTER,R.J.,

PERDUE,B.E.,JARVIS,W.,JOHNSON,J.A.,DOWLING,T.C.,POLISH,L.B.,SCHWALBE,

R.S. Enterococci resistant to multiple antimicrobial agents,including

vancomycin.Establishment of endemicity in a university medical center. Ann. Intern.

Med. 123:250-59, 1995.

MURRAY,B.E. The life and times of the enterococcus. Clin. Microbiol.Rev . 3: 46-

65,1990.

NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS (NCCLS)

M2-A8 : Performance standards for antimicrobial disk susceptibility tests; Approved

standard- eight edition. Wayne,PA, 2003

NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS(NCCLS)

M7-A6 Methods for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacteria that grow

aerobically : Approved standards. Sixth ed. Wayne, PA, 2003.

NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS(NCCLS)

Performance standards for antimicrobial susceptibility testing; fourteenth informational

supplement M100-S14. Wayne, PA, 2004

NAVARRO,F.,COURVALIN,P. Analysis of genes encoding D-alanine-D-alanine ligase

related enzymes in Enterococcus casseliflavus and Enterococcus flavescens. Antimicrob.

Agents Chemother. 38:1788-93,1994

129

NORRIS,A.H.,REILLY,J.P., EDELSTEIN,P.H., BRENNAN,P.J.,SCHUSTER,M.G.

Chloranfenicol for the treatment of vancomycin-resistant enterococcal infections. Clin.

Infect. Dis. 20: 1137-44 :1995.

NOSKIN,G.A.,STOSOR,V., COOPER,I., PETERSON,L.R. Recovery of vancomycin-

resistant enterococci among hospitalized patients with bacteremia. Clin. Infect. Dis. 24:

704-6. 1997.

NOSKIN,G.A., SIDDIQUL,F., STOSOR,V., ET AL. In vitro activities of linezolide against

important gram-positive bacterial pathogens including vancomycin-resistant enterococci.

Antimicrob. Agents Chemother. 43: 2059-62. 1999.

NOURSE,C., MURPHY,H., BYRNE,C., O, MEARA,A., BREATNACH,F.,

KAUFMANN,M. CLARKE,A.,BUTLER,K. Control of a nosocomial outbreak of

vancomycin resistant Enterococcus faecium in a pediatric oncology unit : risk factors for

colonization. Eur. J. Pediatr. 157 : 20-27. 1998.

OSTROWSKI,B.E.,VENKATARAMAN,L.,D′AGATA,E.M.,GOLD,H.S. et al.

Vancomycin-resistant enterococci in intensive-care units: high frequency of stool carriage

during a non-outbreak period. Arch.Intern. Med . 159(13): 1467-1477

130

PALLARES,R., PUJOL,M.,PENA,C.,ARIZA,J.,MARTÍN,R.,GUDIOL,F. Cephalosporins

as risk factor for nosocomial Enterococcus faecalis bacteremia: a matched case-control

study. Arch. Intern. Med . 153:1581-6. 1993

PAPANICOLAOU,G.A,MEYERS,B.R.,MEYERS,J.,et al. Nosocomial infections with

vancomycin-resistant Enterococcus faecium in liver transplant recipients: risk factors for

acquisition and mortality. Clin. Infect. Dis. 23:760-766,1996.

PATEL, R., ROUSE, M.S., PIPER, K.E., ET AL. In vitro activity of linezolide against

vancomycin-resistant enterococci, methicilin-resistant Staphylococcus aureus and

penicillin-resistant Streptococcus pneumoniae. Diag. Microbiol. Infect. Dis. 34: 119-22.

1999.

PEARSON, ML, The Hospital Infection Control Practices Advisory Committee. Guideline

for prevention of intravascular device-related infections. Am. J. Infect. Control 24: 262-

93, 1996.

PERICHON,B.,REYNOLDS,P.,COURVALIN,P. VanD-type glicopeptide-resistant

Enterococcus feacium BM4339. Antimicrobial Agents Chemother 41:2016-18,1997.

131

PESET,V., TALLÓN,P., SOLA,C.,SÁNCHEZ,E., SARRIÓN,A.,PÉREZ-

BELLÉS,C.,VINDEL,A.,CANTÓN,E., GOBERNADO,M. Epidemiological,

microbiological, clinical,and prognostic factors of bacteremia caused by high-level

vancomycin-resistant Enterococcus species. Eur. J. Clin. Microbiol. Infect. Dis . 19: 742-

749.2000

QUINTILIANI,R.,COURVALIN,P. Conjugal transfer of the vancomycin resistance

determinant Van B between enterococci involves the movement of large genetic elements

from chromosome to chromosome . FEMS Microbiol. Lett . 119:359-64,1994.

REYNOLDS,P.E.,SMITH,H.A,MAGUIRE,AJ.,DUTKA-MALEN,S.COURVALIN,P.

Analysis of peptidoglycan precursors in vancomycin-resistant Enterococcus gallinarum

BM4147. Biochem. J. 301:5-8,1994.

ROGHMANN,M.C., McCARTER,R.J.,BREWRINK,J.,CROSS,A.S.,MORRIS,J.G.

Clostridium difficile infection is a risk factor for bacteremia due to vancomycin-resistant

enterococci( VRE) in VRE-colonized patients with acute leukemia. Clin. Infect. Dis. 25:

1056-9, 1997

RUIZ,P., GOMEZ,F., SCHREIBER,AD. Impaired function of macrophage Fc receptors in

end-stage renal disease. N. Engl. J. Med. 332: 717-22, 1990

132

RUOFF,K.L.,DELAMAZA,L.,MURTAGH,M.J.,SPARGO,J.D.,FERRARO,M.J. Species

identities of Enterococcus isolated from clinical specimens. J. Clin. Microbiol . 28:435-

437,1990.

SADER,H.S.,PFALLER,M.A,TENOVER,F.C.,HOLLIS,R.J.,JONES,R.N. Evaluation and

characterization of multiresistant Enterococcus faecium from 12 US medical centers. J.

Clin. Microbiol. 32:2840-2,1994.

SASTRY, V.,

BRENNAN,P.J.,LEVY,M.M.,FISHMAN,N.,FRIEDMAN,A.L.,NAJI,A.,BARKER,C.F.,B

RAYMAN,K.L. Vancomycin-resistant enterococci: an emerging pathogen in

immunosupressed transplant recipients. Transplant. Proc., 27: 954-5,1995

SCHABERG,D.K., CULVER,D.H., GAYNES,R.P., Major trends in the microbial etiology

of nosocomial infection. Am. J. Med. 91:725-55, 1992.

SCHLEIFER,K.H., KILPPER-BALZ- Transfer of Streptococcus faecalis and

Streptococcus faecium to the genus Enterococcus nom. Rev. as Enterococcus faecalis

comb. Nov. and Enterococcus faecium comb.Nov. Int. J. Syst. Bacteriol. 34: 31-4 , 1984.

SEIFERT,H; STRATE,A; PULVERER,G. Nosocomial bacteremia due to Acinetobacter

baumannii: clinical features,epidemiology and predictors of mortality.

Medicine(Baltimore) 74: 341-9,1995.

133

SHAY ,D.K., MALONEY,S.A, MONTECALVO,M., et al. Epidemiology and mortality

risk of vancomycin-resistant enterococcal bloodstream infections. J. Infect. Dis. 172: 993-

1000, 1995

SIEVERT,D.M.; BOULTON,M.L; STOLTMAN,G.; JOHNSON,D. Et al. Staphylococcus

aureus resistant to vancomycin. MMWR . 51 (26). 07/05/02. 2002

SILVERMAN,J.A,PERLMUTTER, N.G.,SHAPIRO,H.M. Correlation of daptomycin

bactericidal activity and membrane depolarization in Staphylococcus aureus. Antimicrob.

Agents Chemother. 47:2538-2544. 2003

SLAUGHTER,S., HAYDEN,M.K., NATHAN,C., HU,T.C., RICE,T., VAN

VOORHIS,J.,MATUSHEK,M.,FRANKLIN,C.,, WEINSTEIN,R.A. A comparison of the

effect of universal use of gloves and gowns with that of glove use alone on acquisition of

vancomycin- resistant enterococci in a medical intensive care unit. Ann. Intern. Med.

125(6) : 448-56. 1996.

SMITH,T.L., IWEN,P.C, OLSON,S.B., RUPP,M.E . Environmental contamination with

vancomycin-resistant enterococci in an outpatient setting. Infect. Control Hosp.

Epidemiol. 19(7) : 515-18. 1998.

STOSOR,V., PETERSON,L.R., POSTELNICK, M.,NOSKIN,G.A. Enterococcus faecium

bacteremia. Does vancomycin resistance make a difference? Arch. Intern. Med . 158: 522-

527. 1998

134

STOSOR, V.; KRUSZYNSKI,J.; SURIANO,T.; NOSKIN,G.A.;PETERSON,L.R.

Molecular epidemiology of vancomycin-resistant enterococci: a 2-year perspective. Infect.

Control. Hosp. Epidemiol. 20: 653-659.1999.

STROUD,L.,EDWARDS,J.,DANZING,L.,CULVER,D.,GAYNES,R. Risk factors for

mortality associated with enterococcal bloodstream infections. Infect. Control Hosp.

Epidemiol. 17:576-80,1996.

TENOVER,F.C., ARBEIT,R.D., GOERING, R.V., MICKELSEN,P.A., MURRAY,B.E. ,

PERSING,D.H., SWAMINATHAN,B. Interpreting chromosomal DNA restriction patterns

produced by pulsed-field gel electrophoresis : Criteria for bacterial strain typing. J. Clin.

Microbiol. 33(9) : 2233-39. 1995.

TORNIEPORTH,N.G.;ROBERTS,R.B; JOHN,J.; et al. Risk factors associated with

vancomycin-resistant Enterococcus faecium infection or colonization in 145 matched case

patients and control patients. Clin. Infect. Dis.23: 767-772.1996.

UTTLEY,A.H., COLLINS,C.H., NAIDOO,J.,GEORGE, R.,C. Vancomycin- resistant

enterococci [letter ] . Lancet, 1 : 57-8, 1988.

135

VAN DEN BOGAARD,A.E., JENSEN, L.B.,STOBBERING,E.,E. Vancomycin-resistant

enterococci in turkeys and farmers. N. Eng. J. Med. 337: 1558-9, 1997.

VERGIS,E.,HAYDEN,M.,CHOW,J.,et al. Determinants of vancomycin resistance and

mortality rates in enterococcal bacteremia. Ann. Intern. Med . 135: 484-492 . 2001

VILINS,M. Prevalência e fatores de risco para colonização por Enterococcus spp.

Resistente à vancomicina em hospital de grande porte na região metropolitana de São

Paulo.Tese de Mestrado apresentada à UNIFESP.2001.

WELLS,C.L.,JUNI,B.A.,CAMERON,S.B.,MASON,K.R.,DUNN,D.L.,FERRIERI,P.,RHA

ME,F.S. Stool carriage,clinical isolation, and mortality during an outbreak of vancomycin-

resistant enterococci in hospitalized medical and/or surgical patients. Clin.Infect.

Dis.21:45-50.1995.

WILLIAMS,J.D., MASKELL,J.P.,WHILEY,A.C.,ET AL. Comparative in vitro activity of

quinupristin/dalfopristin against Enterococcus spp. J. Antimicrob. Chemother . 39:

Supp.A : 41-6. 1997.

WILLIAMSON,R.,LEBOUGUENEC,C.,GUTTMAN,L., et al. One or two low affinity

penicillin binding proteins may be responsible for the range of susceptibility of

Enterococcus faecium to benzylpenicillin. J. Gen. Microbiol. 131: 1933, 1985.

136

WOODFORD, N. Epidemiology of the genetic elements responsible for acquired

glycopeptide resistance in enterococci. Microb. Drug Resist. 7(3): 229-36. 2001

ZAAS,A.K.,SONG,X., TUCKER,P., PERL,T.M. Risk factors for development of

vancomycin-resistant enterococcal bloodstream infection in patients with cancer who are

colonized with vancomycin-resistant enterococci. Clin. Infect. Dis. 35: 1139-46. 2002.

ZUCKERMAN,R.A,STEELE,L.,VENEZIA,R.A.,TOBIN,E.H. Undetected vancomycin-

resistant Enterococcus in surgical intensive-care unit patients. Infect. Control Hosp.

Epidemiol. 20(10): 685-686. 1999.

137

Fontes consultadas:

Estatística básica: teste qui-quadrado, correlação. Magalhães, M.N. e Lima,A.C.P. Noções

de probabilidade e estatística. São Paulo, IME-USP, 2a ed, 2000.

Estatística não-paramétrica. Siegel,S. and Castellan, NJ. Nonparametric statistics. New

York, McGraw-Hill. 2ed. 1988.

Regressão logística. Hosmer,D.W. ,Lemeshow,S. Applied logistic regression. New York,

John Wiley & Sons, 1989.

138

ANEXOS

____________________________________

139

10. Anexos

10.1 Ficha do Paciente

FICHA DO PACIENTE NUM: ----------

Nome: --------------------------------------------------------- RG-HOSP:---------------------------

Admissão no HSP: ----------------------------------- Admissão na UTI: -----------------

Destino: ( ) Alta ( ) Óbito Data: -----------------------

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino -----------------------------------------------------------------

Idade: ---------------------------- Leito : --------------------- Internação Prévia : ( )Sim

( ) Não Tempo : ( ) < 1 m ( ) > 1 m --------------------

Diagnóstico: -------------------------------------------------------------------------------------[ ]

Critério de Gravidade:

APACHE:

SOI:

McCABE : ------------------------------------------------------------------------------------

Procedimentos Invasivos:

SVD: ( ) Sim ( )Não CVC: ( ) Sim ( ) Não TOT : ( ) Sim ( ) Não

NPP: ( ) Sim ( )Não SNG/E: ( ) Sim ( ) Não HD: ( ) Sim ( ) Não

PIC : ( ) Sim ( ) Não BJ : ( ) Sim ( ) Não CSG : ( ) Sim ( ) Não

PAM : ( )Sim ( )Não

Uso de Hemoderivados: ( ) Sim ( ) Não Antiácido: N ( ) S ( ) : BH2 ( ) IBP ( )

Uso de Imunossupressores: ( ) Sim ( ) Não Uso de Corticóides: ( ) Sim ( ) Não

Cirurgia : ( ) S ( ) N Droga Vasoativa: ( )S ( )N

Microorganismo Isolado: ( ) Não ( ) Sim:

Data: --------- Mat.: ----------------- Agente: -----------------------

Data: --------- Mat.: ----------------- Agente: -----------------------

Data: --------- Mat.: ----------------- Agente: -----------------------

Antibiótico(s): --------------------------[ ] Início: --------- Término: --------------------

---------------------------[ ] Início: --------- Término :--------------------

---------------------------[ ] Início : --------- Término: -------------------

Evolução: Alta( ) Óbito ( ) Transferência( )

140

10.2 Trabalhos referentes ao tema publicado e submetido pelo autor.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo