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Guilene Pereira de Matos O avanço dos blogs jornalísticos Universidade ove de Julho São Paulo – 2008

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Guilene Pereira de Matos

O avanço dos blogs jornalísticos

Universidade �ove de Julho

São Paulo – 2008

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Dedico este trabalho

m primeiro lugar a Deus,

e a minha família.

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Agradecimentos

Agradeço a DEUS, por tudo, pois sem Ele nada seria possível.

Agradeço a minha família pelo incentivo.

Agradeço a minha professora drª. Marcela Matos pela orientação.

Agradeço aos meus queridos professores e mestres Alexandre Barbosa, José Amaral,

Cilene Victor, Patrícia Kay e Ana Ziccardi pelos ensinamentos.

E agradeço aos amigos de curso: Samanta, Janaina, Elisa, Karina e Jorge, por tudo que

durante esses quatro anos compartilharam comigo.

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A Internet, talvez seja o último espaço

de liberdade do homem.

Ricardo �oblat

Gutenberg nos fez leitores, máquina xérox nos

fez editores e a eletrônica e os computadores em

rede nos fazem autores.

Marshall McLuhan

Liberdade é uma palavra que o sonho humano

alimenta, não há ninguém que explique

e ninguém que não entenda.

Cecília Meirelles

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MATOS, Guilene Pereira. O avanço dos blogs jornalísticos. 2008. 107 f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação), Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2008.

Resumo

Esta pesquisa analisa o porque, atualmente, tantos jornalistas terem deixado empregos

formais para dedicar-se a blogs. O avanço no meio cresce de maneira significativa,

contribuindo, assim, para o desenvolvimento da blogosfera. O trabalho investiga as

características que fazem do diário online uma opção ao profissional de se manifestar

sem censura. Também, levanta outras questões que norteiam o tema. Como, a

veracidade da informação transmitida por essa nova mídia, a tecnologia que favorece as

pessoas, onde quer que elas estejam e a interatividade, responsável por não haver mais

um receptor e um emissor, já que, todos somos tudo e ao mesmo tempo. A mudança no

jornalismo é apresentada desde a chegada da Web 2.0, que trouxe aos meios de

comunicação uma forma inovadora de informar. E com uma inusitada promessa, de se

fazer jornalismo com total liberdade de expressão. Independência que, nos últimos

tempos, fez dos blogs uma das maiores descobertas da Internet. Veremos, porém, que

em certos momentos, essa liberdade é questionável, uma vez que, se tem vários meios

de censurar. E se tratando da imprensa brasileira, os blogs não ficariam de fora.

Palavras-chave: Internet; blogs; interatividade; web 2.0; liberdade de expressão.

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MATOS, Guilene Pereira. The advance of blogs journalistic. 2008. 107 f. Completion

of Work of Course (Graduation), University Nine of July, São Paulo, 2008.

Abstract

This research examines the why nowadays so many journalists have left formal jobs to

devote themselves to blogs. The advance in the middle grows in a meaningful way thus

contributing to the development of the blogosphere. The study analyzes the

characteristics that make the daily online option for a professional to demonstrate

without censorship. Also raises other issues that guide the issue. As the veracity of the

information supplied by this new medium the technology that encourages people

wherever they are and interactivity responsible for no more a receiver and a transmitter

since we are all at the same time. The change in journalism is presented since the arrival

of Web 2.0 which brought the media to inform an innovative way. And with an unusual

promise to do journalism with total freedom of expression. Independence that in recent

times the blogs made a major discovery of the Internet. We will see however that at

certain times such freedom is questionable since it has various means of censoring. And

it was the Brazilian press the blogs would not be out.

Keywords: Internet, blogs, interactivity; Web 2.0; freedom of expression.

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Índice

Introdução..................................................................................................09

1 O advento da Internet.....................................................................11 1.1 Início........................................................................................................12 1.2 A criação da web......................................................................................12 1.3 O que mudou no jornalismo com a internet.............................................14 1.4 Web 2.0 o ápice para a chegada dos blogs...............................................17

2 Interatividade..................................................................................19 2.1 Emissor e receptor....................................................................................20 2.2 Os rumos da interatividade......................................................................22 2.3 Usabilidade...............................................................................................24 2.4 Novas mídias & interatividade.................................................................25 2.5 A interatividade dos blogs........................................................................26

3 Weblogs e blogs................................................................................28 3.1 O papel dos blogs.....................................................................................32 3.2 Blogs no Brasil.........................................................................................34 3.3 Os blogs mais populares..........................................................................35 3.4 Blogs corporativos...................................................................................36

4 Blogs jornalísticos............................................................................39 4.1 Jornalismo com a web 2.0........................................................................41 4.2 Webjornalismo e blogs.............................................................................44 4.3 A informação nos blogs...........................................................................48 4.4 Jornalistas blogueiros...............................................................................50

5 Liberdade de expressão..................................................................54 5.1 Departamento de imprensa e propaganda (DIP)......................................57 5.2 O censor da ditadura militar.....................................................................59 5.3 Doi-Codi e Dops......................................................................................60 5.4 Ato Institucional n.5 (AI-5).....................................................................63

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6 A censura no Brasil.........................................................................65 6.1 Liberdade de imprensa.............................................................................66 6.2 A falta de democracia hoje.......................................................................67 6.3 A censura dos blogs.................................................................................72 6.4 Quando as leis ameaçam..........................................................................75

7 Estudo de caso..................................................................................77 7.1 Perfil dos moderadores.............................................................................77 7.2 A análise dos blogs..................................................................................79 7.3 Blog do Tas..............................................................................................79

7.3.1Descrição das publicações diárias....................................................79 7.4 Blog do Milton Neves..............................................................................82

7.4.1 Descrição das publicações diárias...................................................83 7.5 Blog do Noblat.........................................................................................86

7.5.1 Descrição das publicações diárias...................................................87

Considerações finais..................................................................................92

Referências Bibliográficas........................................................................94

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Introdução

Os blogs vêm crescendo cada vez mais como fontes de informação na Internet.

Isso porque jornalistas renomados, também, têm aderido a essa nova forma de dar

notícias, recheadas de críticas e opiniões. Através desses diários online surge um estilo

inovador de escrita, com expressão própria.

Os assuntos são diversificados, o que chama a atenção e atrai leitores. A

interação promove uma discussão do autor e seu leitor, através dos comentários. Que,

algumas vezes, são respondidas outras não. Mesmo porque é o escritor quem determina

qual ponto de vista poderá ser publicado.

A pesquisa teve como objetivo descobrir o porquê os blogs têm atraído tantos

jornalistas. Fazendo, até mesmo, com que esses profissionais deixassem empregos

formais para se dedicar inteiramente ao diário, que passou a ser fonte renda.

A estrutura do trabalho está dividida em sete capítulos. Os assuntos abordados

foram necessários para chegar á resposta da questão levantada. Inicialmente, no

capítulo 1, é explicado o advento da internet na comunicação, que levanta desde a

história e sua representação na comunicação, até a mudança geral com chegada da Web

2.0.

No capítulo 2, o foco é a maior característica da Internet do século XXI, a

interatividade, que tratará do que é o emissor e receptor nos dias de hoje, em que, não há

mais diferença, todos somos tudo e ao mesmo tempo.

Já no capítulo seguinte, 3, o assunto será o desvendamento do tema, ou seja, a

Weblogs ou Blogs, que verificaremos desde a origem dos weblogs a sua proliferação

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rápida. No capítulo 4, os blogs jornalísticos, de informação online, e jornalistas

blogueiros são o destaque.

No capítulo 5, a liberdade de expressão, será lembrada desde o Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP), passando pelos maiores repressores de todos os tempos,

DOI- Codi e Dops, até o fim da ditadura militar. Na atualidade, esse assunto continua

no capítulo 6, a Censura no Brasil, que falará de como ficou a liberdade da imprensa

pós-ditadura. Da democracia, e de como os blogs, apesar de ser referência da liberdade

atual, indiretamente, são controlados.

No 7 e último capítulo, um estudo de caso feito no período de sete dias, de 22 a

28 de outubro de 2008, em três blogs jornalísticos, respectivamente: Marcelo Tas,

Milton Neves e Ricardo Noblat; dá de forma prática a resposta para essa pesquisa. Na

análise, em questão, além de apresentar o perfil de cada um dos autores, mostrará o

gênero predominante dos posts, a freqüência, números de comentários diários, e

respostas, a linguagem utilizada e a forma da organização das informações.

Por ser um tema em ascensão, a motivação de pesquisar o crescimento dos

blogs, principalmente, foi por ser um assunto de gosto pessoal. Sou leitora assídua de

alguns diários há muito tempo, tive a curiosidade de saber não só a história e o trajeto

dos blogs, como o porquê do seu notável avanço entre jornalistas, e claro, por ser algo,

por enquanto, pouco estudado.

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Capítulo 1

O advento da Internet

A chegada da Internet, realmente, revolucionou o mundo. Com o crescimento

mais rápido da história, trouxe uma grande quantidade de informações, ajudando as

pessoas a se comunicar umas com as outras. Além de ser a mais importante inovação

vinda das novas tecnologias.

A Internet chegou para ficar. Não é uma moda passageira e não haverá retrocesso. Jamais os usuários de e-mail voltarão a escrever cartas e deslocar-se até o correio para postá-las. Mas não podemos esquecer que o comércio eletrônico não decolou de imediato e que continuou sendo mais confortável assistir ao Grande Prêmio de Fórmula I na frente da TV, com balde de pipoca ao lado, do que tendendo enxergar o que se passa no tremido vídeo que mal consegue chegar à próxima cena. (FERRARI, 2004:21-22).

A forma que os usuários podem se informar, comunicar e escrever, em um curto

espaço de tempo é enorme. É o que atraiu, ao longo dos anos, mais e mais internautas.

Por isso, a Internet é, segundo Kucinski (2004:72-73), a maior revolução nas

comunicações desde a invenção de Gutemberg1.

1 Inventor alemão da impressão tipográfica (Séc.XV). Sendo que a Bíblia foi o seu primeiro livro impresso.

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1.1 O início

Em 1969 surgiu a Internet, uma invenção do Departamento de Defesa Norte-

Americano que criou a Agência de Pesquisa e Projetos Avançados (ARPA). A intenção

era de focar nas pesquisas de informações para o serviço militar.

Na época o mundo estava em plena Guerra Fria, e a luta dos Estados Unidos

(EUA) com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) pelo poder mundial,

fez com que surgisse a idéia de armazenar informações nesse novo banco de dados.

Foi originalmente chamada ARPANET, e passou a funcionar mais do que um

arquivo de dados de informações militares, mas também como meio de enviar

documentos extensos por meio de e-mails.

A partir daí novas redes foram surgindo, como forma de oferecerem acesso à

outras organizações de pesquisas americanas. A Internet se alastrou de forma rápida e

evolutiva, tanto que, segundo Ferrari (2004:15) só no ano de 2003 já existiam mais de

duzentos milhões de usuários espalhados pelo mundo.

1.2 A criação da WEB

Foi em 1980, que Tim Bernes Lee, inventou a World Wide Web, conhecida por

(WWW). Uma espécie de programa que veio a ser a espinha dorsal da Internet. Sem ela,

hoje em dia, praticamente não se navega. E com esse recurso, pode-se ir dos Estados

Unidos ao Japão em segundos.

Com o surgimento da Microsoft Internet Explorer, em 1995, empresa de Bill

Gates, o fácil acesso a Internet fez com que, um ano depois, fossem mais de 80 milhões

de pessoas acessando a Internet, em mais de 150 países.

Durante a década de 1990, a Internet cresceu de maneira popular. No mundo

onde as informações eram transmitidas normalmente através de jornais, televisões e

rádios, a Web tornou possível uma interação maior a cada indivíduo, e possibilitou um

leque de acesso as notícias mundiais.

A comunicação com outras pessoas em longas distâncias foi apenas mais uma

novidade, que diga se de passagem, não só entre duas, mas em milhões ao mesmo

tempo. Ou seja, através da Web a pessoa tem acesso em tempo real ao que acontece do

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outro lado mundo, isso, indiferentemente do fuso horário.

A Web é uma das inovações mais importantes da Internet. De um modo geral é a

plataforma que faz com que seja incrivelmente fácil de interligar documentos e

hipertexto que estão acessíveis na rede.

Hoje, quase todo mundo que usa a Internet pode facilmente acessar a Web

usando um navegador. Como, Microsoft Internet Explorer ou Mozilla Firefox. Eles

permitem que o computador possibilite ao usuário visualizar páginas da Web e navegar

de uma para outra, apenas clicando em um link de hipertexto.

Os responsáveis pelo maior número de acessos na rede é o chamado endereço

eletrônico (Email). A princípio era exigido do internauta que tivesse um servidor pago

mensalmente. Porém, com o passar dos anos surgiu o email gratuito. Além de ser,

extremamente fácil de usar. Não importa em que lugar esteja no mundo, desde que

tenha acesso à Internet, pode-se receber e enviar e-mail.

No início, os usuários se dividiam em dois grandes grupos: o residencial e o não-residencial. Dos acessos não-residenciais predominavam os engenheiros, correspondendo a 42,4% do total de usuários em 1986 e a 38,7% em 1987. Seguiam-se os médicos, os comerciantes e os analistas de sistemas, que foram, porém, suplantados pelos advogados, em 1987. (IURI, 2002: 28-29).

Por volta de 1990 a Internet chegou ao Brasil, crescendo rapidamente, não só

devido ao baixo custo dos computadores domésticos, mas pela queda, também, do valor

das linhas telefônicas e a criação de provedores gratuitos. Isso resultou para que hoje,

segundo IBOPE/NetRatings2, até o primeiro trimestre de 2008 já tinham 41,5 milhões

de pessoas que acessam a rede em todo o país.

Estava constado que a rede Internet era sucesso no mundo e também no Brasil.

Além das possibilidades já confirmadas no campo da comunicação, ampliaram-se os

usos dos serviços educativos, comerciais e de lazer, dentre muitos outros.

De acordo com IURI (2002:29), com a Internet, qualquer pessoa (um jornalista,

por exemplo) pode, de sua própria casa, oferecer um serviço na rede, expor suas idéias

ou mergulhar em uma imensidão de informações, utilizando-se somente um

microcomputador, um modem e uma linha telefônica.

2 http://br.nielsennetpanel.com/pnl/br/home

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Atualmente a maioria das pessoas que utilizam a Internet, o faz para ter acesso

ao e-mail. Tudo é por e-mail. O endereço eletrônico é tão prioritário como a carteira de

identidade. Pois se tornou extremamente fácil de enviar mensagens a uma ou dezenas de

pessoas, ao mesmo tempo.

A Internet é considerada importante por ter sido, até hoje, uma grande revolução

na história da humanidade, e na comunicação geral. Faltar conexão hoje no trabalho é

como a ausência de luz, ninguém trabalha, ou melhor, não se tem como trabalhar.

1.3 O que mudou no jornalismo com a Internet

O jornalismo sofreu influência direta da Internet. Para Barbosa (2004) a

consolidação da rede como nova tecnologia e prática social, favoreceu a emergência de

um novo status para o uso dos bancos de dados no jornalismo digital. “Representou uma

inovação nos modos de obtenção de informação para acrescentar maior contexto e

profundidade às notícias e reportagens - além de ter sido uma das primeiras tecnologias

empregadas para a entrega eletrônica de conteúdos.” (BARBOSA, 2004).

Hoje tudo se tem e faz através da rede. É possível, por exemplo, encontrar fonte

para uma matéria, e ainda mais, entrevista-lá via online. Mas essa facilidade afeta o

jornalista e principalmente a veracidade da informação.

Por esse motivo alguns profissionais não estão seguros quanto ao conteúdo da

Web. Ferrari (2004:45), menciona que: “o editor do site Financial Times, de Londres,

Paul Maidment, não se sente confortável em fornecer aos seus leitores apenas o material

das agências de notícias, mesmo quando se trata de urgência”.

A Internet ainda está em gestação, a caminho de uma linguagem própria. Não podemos encará-la apenas como uma mídia que surgiu para viabilizar a convergência entre rádio, jornal e televisão. A Internet é outra coisa, uma outra verdade e conseqüentemente uma outra mídia, muito ligada ä tecnológica e com particularidades únicas. Ainda estamos, metaforicamente, saindo da caverna. (FERRARI, 2004:45).

O profissional da comunicação passou a ser, no século XXI, um multimídia. De

acordo com Gradim (2003), o jornalista do futuro será uma espécie de MacGyver,

homem dos mil e um recursos, trabalha sozinho, equipado com uma câmera de vídeo

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digital, telefone satélite, laptop com software de edição de vídeo e html, e ligação sem

fios à Internet. Ou seja, quando ele sai para fazer uma matéria já não leva consigo só

uma caneta, bloquinho de anotações e um gravador de áudio.

Mas apesar das mudanças visíveis, nos Estados Unidos, uma pesquisa feita para

analisar quais as mudanças que a Internet trouxe para o jornalismo, mostrou que não

mudou o jornalismo, mas nã da maneira que se esperava. Essa notícia saiu no jornal,

The �ew York Times divulgada no domingo, 16 de março de 2008.

A Internet mudou profundamente o jornalismo, mas não da maneira que se esperava, no surgimento do jornalismo online, concluiu um estudo do Project for Excellence in Journalism, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, acreditava-se que a Internet iria democratizar a informação, oferecendo novas vozes, histórias e perspectivas, mas a agenda de notícias continua limitada – os sites oferecem primordialmente as mesmas informações. (THE NEW YORK TIMES apud ESTADÃO, 2008).

Essa pesquisa reforça o porquê da previsão de Bill Gates não ter dado certo. De

acordo com Di Franco (2008), o dono da Microsoft previu que até o ano 2000 não

haveria mais jornais impressos. Pois tudo seria adaptado à rede. Muitos outros

jornalistas também apostavam nessa profecia.

O jornalista Ricardo Noblat em seu livro, A arte de fazer um jornal diário

(2002), foi direto e apostou claramente no fim do jornal impresso.

Os jornais, contudo, morrerão, sinto dizer-lhe isso. Tal como existem hoje, tudo indica que morrerão. Só não me arrisco a dizer quando. Que viva, pois o jornalismo! Porque pouco importa a forma que os jornais venham a tomar no futuro, pouco importa se alguns deles acabarão preservados como espécies de relíquias – o homem sempre precisará de informações. (NOBLAT, 2002:19).

Em seu outro livro, O que é ser jornalista (2004), ele menciona a crise do jornal

impresso, através de dados estatísticos das retiradas dos jornais.

Entre março de 2001 e março de 2002, os 15 maiores jornais brasileiros, responsáveis por 74% do volume total de exemplares vendidos no país, diminuíram sua circulação em 12%. Deixaram de vender exatos 346.376 exemplares. É como uma edição inteira da Folha de S. Paulo tivesse deixado de circular. (NOBLAT, 2004:14).

Mas essa “tal” morte ou crise que os jornais impressos passam já vem lá de trás,

bem antes da Internet surgir no Brasil. “O jornal sempre vai estar em crise, porém,

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desde o seu surgimento (1605), a história do jornal, revela que ele resistiu, assim como

o livro, a todos os embates da tecnologia e das mudanças sociais.” (DINES, 1974:72).

Mais de três décadas depois e o jornal tem confirmado o que Dines (1974:72)

escreveu, uma enorme resistência. Essa sobrevivência que segundo Di Franco (2008) é

o contrário da sombria profecia de Gates, é por causa do alto salto de qualidade, uma

autêntica reinvenção que mantém, hoje, os diários vivos.

Há muito espaço para o jornalismo impresso. Trata-se de ocupá-lo. Com competência, ousadia, criatividade e, sobretudo, com ética. A percepção do cidadão a respeito do papel do jornal é um inequívoco reconhecimento do seu vigor editorial e da força da sua credibilidade. Isso é bom. Mas não pode se esgotar num mero reforço da auto-estima. Deve, sim, ser um ponto de partida. Não podemos deixar a peteca cair. O Brasil depende, e muito, da qualidade técnica e ética dos seus jornais. (DI FRANCO, 2008).

A Internet deu aos jornalistas uma liberdade suprema e livre de toda e quaisquer

tipo de censura. Hoje eles podem ter seus sites ou blogs e escrever a notícia da forma

que quiser. A Web 2.0 trouxe aos profissionais da comunicação novos estilos, cada um

está livre para criar o seu próprio.

Por ser tão aberta, a maioria dos sites e blogs de jornalistas saem do jornalismo

neutro. Pois, exprimem suas críticas e opiniões levando quem lê a formar um ponto de

vista tendencioso.

O jornal impresso é estático e diário. Já o webjornal, forma como é chamado o

jornalismo da Internet, é móvel e precisa ser atualizado a todo instante, por isso é 24

horas. É o jornal que nunca fecha. Segundo Teixeira (2005) o que antes chamávamos de

jornalismo online atualmente talvez pudesse ser mais propriamente usar o termo de

webjornalismo.

Trata-se da articulação de linguagens distintas do jornalismo em um suporte propiciado pelo ambiente Web. Talvez a aplicação do termo jornalismo online seja mais adequada a todo possível impacto do suporte digital-eletrônico não só sobre a produção jornalística direcionada no ambiente Web, mas também àquela presente nas redações tradicionais de jornais, rádio e TV: uso do e-mail entre colunistas e leitores de jornais ou entre leitores, assessores e jornalistas, consulta a sites como pesquisa prévia de textos e imagens para execução de matérias, a simples transposição online no site do jornal das matérias veiculadas em sua versão impressa, dentre outros. Assim, o jornalismo online seria um gênero e o webjornalismo uma de suas mais sofisticadas espécies. (TEIXEIRA, 2005).

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Uma notícia na Web publicada pela manhã já pode estar velha à tarde. Essa é

uma das mudanças positivas que a chegada da rede causou ao jornalismo. Pois, além do

fato de poder modificar a notícia a cada informação nova que chega na redação, o

internauta pode ler hoje a notícia que sairá no jornal só amanhã.

Nós não paramos. O jornal tem um dead-line, um momento de fechamento, aqui nós estamos fechando o tempo todo, sem nunca fechar. Está é a grande diferença entre o jornal e a Internet. No jornal chega uma hora, 10h da noite, o editor faz a manchete manda rodar as máquinas. Se alguma coisa acontece depois disso, não tem como mudar, a não ser que você reimprima todo o jornal. Na Internet você te uma facilidade muito grande de ficar mudando as coisas. Então, o nosso site e os sites de notícias da Internet são todos muito ágeis. Eles dão enquanto a notícia estiver acontecendo. É como se fosse uma cobertura ao vivo pela televisão. Só que tem texto, foto, links para outros trabalhos locais e que voe acha que sejam interessantes para matéria. (RABINOVICI apud IURI, 2002: 72).

Com o advento da Internet não se criou apenas uma nova forma de fazer

jornalismo, mas sim, um novo profissional. “A Internet não só está mudando os modos

de acesso à informação pelos utilizadores, o modelo de comunicação tradicional, a

economia mundial e as empresas de comunicação, mas também o perfil do jornalista.”

(MARTIN, 2001 apud AROSO, 2005).

Sobre esse aspecto Canavilhas (2003), fala que, “apesar de todas as mudanças

provocadas no processo de comunicação’, o que se, realmente, pretende é explorar a

integração dos elementos multimídia no jornalismo e, por conseqüência, tentar

identificar algumas características de uma nova narrativa jornalística adaptada ao novo

meio”.

1.4 Web 2.0 o ápice para a chegada dos blogs

A informação era a principal característica da web 1.0, chamada de primeira

geração da Internet. Época que o papel dos usuários era o de espectador, eles não

tinham autorização para alterar nem reeditar o conteúdo. Além de sair muito caro para

quem utilizava, já que, a maioria dos serviços eram pagos, e o acesso discado, o que

elevava e muito o valor da conta telefônica.

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A Web 1.0 teve enorme avanço à informação de um modo geral, porém estava

longe do que realmente se pretendia com a Internet. Ou seja, um espaço livre sem

controle de nada e nem de ninguém.

Com a chegada da Web 2.0 tudo mudou na Internet. Pois os expectadores de

antes passaram a produzir seus próprios documentos e publicarem na rede. Isso sem

terem maiores conhecimentos de programação. Agora além de consumidores de

informação passaram então a seus produtores.

A Web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos da rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. (O’REILLY, 2005 apud BENTES; BOTTENTUIT; IAHN, 2008).

A praticidade da Web trouxe aos usuários a possibilidade de serem escritores da

rede. Isso porque, “a Internet se apresenta em várias formas: blogs pessoais, sites e

portais. Sendo que, para manter um site ou portal, apesar da hospedagem poder ser

gratuita, ainda há o custo da produção.” (KUCINSKI, 2004:76).

O blog ou diário online foi à forma mais fácil para que esses internautas se

expressarem. O que levou a popularidade, tornando-se uma das mais importantes

ferramentas da Internet, nos dias de hoje.

E àqueles que já tinham sites, muitas vezes hospedados em portais renomados,

foram atraídos pelo poder de interação dos blogs, que dá a possibilidade do blogueiro

com o leitor que comenta. Além de ser fácil criar um diário virtual, não precisando ter

maiores conhecimentos de programas para sua produção.

De acordo com Primo (2006), “a Web 2.0, segunda geração de serviços online se

caracteriza por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização

de informações, além de ampliar os espaços para interação dos usuários que dela se

utilizam”. Para ele o conceito de “eu mídia” está fazendo crescer astronomicamente, o

numero de blogs criados, que já chegaram a 200 mil em um único dia, na era do “eu

mídia” os internautas querem se ver, acima de tudo.

Enfim, os recursos oferecidos pela Web 2.0 está evoluindo na medida em que

surgem necessidades dos usuários. O que, na realidade é a grande tendência futura.

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Capítulo 2

Interatividade

O desenvolvimento rápido da Internet foi o maior responsável por muitas

mudanças na comunicação, o que originou novas formas de fazer jornalismo. E as

novidades são entre muitas a produção, divulgação e o consumo de notícias. Surge o

webjornalismo e junto o crescimento, avassalador, da interatividade na rede.

De acordo com Mattoso (2004), o termo interatividade surgiu por volta de 1960,

como derivado do neologismo3 inglês interactivity. A palavra foi empregada nessa

época, para denominar o que os pesquisadores da área de informática entendiam como

uma nova qualidade da computação interativa. Mas, o termo muito usado na relação

entre internautas, não é exclusividade da rede, e Levy (1999:79) apud Mattos (2004:22)

explica:

Mesmo sentado na frente da televisão sem controle, o destinatário decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras... Ou seja, a interatividade pode ser encontrada, em diferentes graus, em vários tipos de relacionamentos, da conversa pelo telefone à partida de videogame. O fato é que, com o surgimento do webjornalismo, a interatividade tornou-se uma das marcas que legitimam essa nova mídia.

O fato é que, segundo Comassetto (2007), durante a maior parte da história

3 É o uso de novas palavras na língua ou atribuição de novos sentidos a palavras já existentes.

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humana, as interações eram feitas face a face. Os indivíduos se relacionavam entre si

principalmente na aproximação e no intercâmbio de formas simbólicas. Essa forma de

interagir mudou com o desenvolvimento dos meios de comunicação.

De acordo com Berlo (1985:98), “comunicamos boa parte do tempo falando nos

meios como se comportam as fontes e os recebedores de comunicação”. De início,

definimos a comunicação com um processo e afirmamos que é dinâmica, evolutiva, sem

pontos de início e fim. E isso, vem se confirmando nos últimos anos com o avanço

tecnológico muita coisa mudou no desenvolvimento da comunicação.

Mas entender a interatividade na comunicação não é tão fácil assim. Mesmo

porque, é preciso entender a relação entre receptor e mensagem. A Internet vem sendo o

ponto de fuga para o surgimento de novas formas de se comunicar um com o outro,

pois, “Uma mesma mídia pode apresentar diferentes graus de interatividade,

dependendo do eixo escolhido para se proceder a análise.” (LEVY, 1999 apud

AGUIAR, 2006).

A interatividade vem ganhando força em pautas de discussão. Isso se dá pelas

novas formas de interação e pela criação de novos tipos de relacionamentos sociais.

Como chats, sites de relacionamentos, fale conosco, comentários, grupos de discussões,

salas de bate-papo, blogs e o mais recente, assunto, o Ensino á Distância (EAD), que é

totalmente interativo entre o aluno e professor (ambos fazendo a duas funções, emissor

e receptor) pelo portal da faculdade, que é o meio por onde se comunicam. Exigindo

presença física mínima em sala de aula, apenas para avaliação. É o chamado ensino

online.

Por isso, diferente da TV e do rádio, a Internet é conhecida como uma mídia

totalmente interativa, pelas ferramentas que ela proporciona aos seus usuários. O fato de

poder se comunicar com o outro na mesma velocidade, independente do lugar, fez do

emissor um receptor simultâneo e vice e versa. Todos fazem os dois papéis ao mesmo

tempo.

2.1 Emissor e Receptor

O processo de comunicação de antes que era caracterizado por ser bipolar, ou

seja, havia um emissor e um receptor já não existe mais. O que, segundo Oliveira M.

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(1997) torna a rede pluridirecionada.

Em outros termos, as redes instauram uma nova maneira de se perceber o emissor e o receptor, através delas ambos passam a ser interativos no processo comunicacional. Na relação pluridirecionada, o processo comunicativo é dinâmico, ambos interagem, ou seja, o (EU) pode ocupar o lugar do outro (TU) e vice e versa. (OLIVEIRA M., 1997).

Na perspectiva da teoria funcionalista, Oliveira M. (1997) diz que o receptor em

um processo de comunicação, é visto como elemento passivo. Essa afirmação é

reforçada por Fayard (2000:113) ao mencionar que “enquanto o usuário das mídias

tradicionais é passivo e pode sentir-se vítima e impotente diante de uma atualidade

quente, o internauta tem por definição um comportamento ativo, que lhe dá a impressão

de acesso a, ou mesmo o poder de intervir numa história que está sendo feita”.

A comunicação era baseada no modelo mecanicista, segundo o qual comunicar era chegar uma informação de um pólo a outro, como o mínimo de interferência. Este processo concebia ao receptor como um ser indefeso, sujeito a qualquer tipo de manipulação. Aliás, ainda hoje existem estudiosos para os quais prevalece a idéia de que o bastasse o papel de um mero espectador. (OLIVEIRA M., 1997).

A verdade é que na prática o receptor não tinha saída, a não ser, aceitar o que lhe

era imposto. Situação que muda completamente a partir da Internet. Mais precisamente

com a chegada da WEB 2.0, no mercado.

Pois, até o selecionador de notícia, não depende só do emissor, depende também

do receptor. Surgi então, segundo Amaral (2008) um gatekeeper misto.

O que, para Castro (2007), não se trata de uma inovação tecnológica, mas de

uma mudança de conceitos em que a importância da rede é deslocada dos criadores de

conteúdos para os usuários.

Wolf (2008: 180) conceitua o gatekeeper como sendo (selecionador), conceito

que foi elaborado por Kurt Lewin, em 1947. “As zonas de filtro são controladas por

sistemas objetivos de regras ou por gatekeepers. Neste último caso, há um individuo, ou

um grupo, que tem o poder de decidir se deixa passar a informação ou se bloqueia”.

Genericamente, entende-se que desde que existam hiperligações, o produto constitui um exemplo de interatividade. (...) Assim sendo, o receptor (agora convertido em utilizador) passa a ter um papel pró-

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ativo, que procura informação personalizada de acordo com seus interesses. Os autores argumentam ainda que, se a seleção depende do receptor e não apenas do emissor, podemos falar de um <<gatekeeper misto>>. Esta alteração, em relação aos media tradicionais, deve-se sobretudo à interatividade enquanto característica própria da rede. Este elemento do cenário digital modifica a relação clássica entre emissor e receptor, já que agora o receptor se converte em utilizador e pode, simultaneamente, ser emissor de mensagens. (AMARAL, 2008).

Essa mudança de posição, não é de hoje, embora o assunto tenha se expandido

nos últimos anos. No fim de 1990, Lemos (1997) apud Amaral (2008), disse que, a

comunicação, já apresentava a passagem do modelo “um-todos” para o modelo “todos-

todos”. Ou seja, antes havia um emissor e um receptor, atualmente os dois são um só,

não há mais diferença entre eles.

2.2 Os rumos da interatividade

Segundo Castro (2007), a interatividade pode ter diferentes níveis. Já para Primo

(2006), esses níveis são reduzidos a apenas dois tipos: mútuo que é provido de

negociações relacionais durante seu processo, e reativo que depende da previsibilidade

e da automatização das trocas.

Tomando o hipertexto por base com o objeto de estudo, a interatividade mútua do mesmo se daria se o papel do usuário se juntasse ao papel do programador, tendo ambos a mesma liberdade de incluir links ou complementos as informações existentes no hipertexto. O que ainda se vê na Web é, na maioria das vezes, a interatividade reativa, pois o usuário não tem a opção de incluir novos links. Dessa forma a escolha do usuário passa ser limitada. (REZENDE, 2007).

Mas nem todos gostam dessa evolução, que a Internet proporciona, em interagir

o individuo. Prioli (2007) acha que “essa interatividade toda é o fim, ou melhor, uma

forma de suicídio, um jeito de escapar da realidade da vida para o universo de ilusão

que é criado por alguns veículos de comunicação (TV e Internet)”. O que faz o ser

humano participar ativamente.

A vaca ruma para o brejo e o que faz o vaqueiro? Tenta tirá-la do atoleiro, colocando-a no caminho dos pastos verdejantes? Nada disso,

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faz o exato contrário. Com estridência e obstinação, tange a criatura para o terreno onde afundará e do qual só sairá - se conseguir sair - com ajuda externa, de algo que a puxe para fora da imobilidade. "Mas isso é uma loucura, um contra-senso!" - dirão os lúcidos. "O sujeito vai acabar com o seu ganha-pão!" Sem dúvida, é isso mesmo, mas quem disse que o vaqueiro é lúcido?A vaca é a televisão e o brejo, a internet. (PRIOLI, 2007).

Comassetto (2007), classifica a interatividade em três tipos: a face a face, quase

interação imediata e modo monológico.

Face a Face é quando os participantes estão imediatamente presentes, partilham

o mesmo sistema referencial de espaço e de tempo. Ex: cartas, conversas no telefone,

etc. Ou seja, de certa forma usam o meio técnico para se comunicar.

A chamada quase Interação Mediata, quando o individuo utiliza seus próprios

recursos para interpretar a mensagem. Ex: livros, jornais, rádio, televisão, etc. Essa tem

uma grande quantidade de informação e a forma de entender vai depender de vários

fatores ligados aos valores do usuário.

O modo Monológico é quando as formas simbólicas são produzidas para um

número indefinido de receptores, nesse caso, a comunicação é predominante do sentido

único. Ex: leitor de um livro.

Outras formas só são criadas a partir do desenvolvimento tecnológico. Ou seja,

um jeito de acompanhar a modernidade da informação. Assim, se criam novos meios de

interagir, que Comassetto (2007) diz que permite atrair um maior grau de receptividade.

A emergência de vários tipos de meios eletrônicos nos séculos XIX e XX foi suplementando cada vez mais formas de interação. O intercâmbio de interações e conteúdo simbólico acontece em proporção sempre crescente devido a difusão dos produtos da mídia. Dentro desta destaca-se a WEB de forma profunda e irreversível no intercâmbio do mundo moderno, reestruturando as informações produzidas e inter cambiáveis dos indivíduos entre si. (COMASSETTO, 2007).

Porém essas classificações dadas por esses pesquisadores são questionáveis na visão de

Josh (2001) apud Comassetto (2007). Na concepção dele esses níveis de interatividade

são três diferentes dos apresentados anteriormente. Ele destaca o primeiro modelo

como sendo o de broadcast4, que é visto como não tendo nenhuma interatividade. Ex:

4 O termo inglês Broadcast significa transmitir.

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vídeo, sites ou parte deles que funcionam sem o usuário clicar em nada.

O segundo nível é quando há interatividade no sentido de que uma pessoa

apenas com uma parte predefinida do design. Ex: videogames e sites de informações. O

último dos três níveis é o que mais atrai os internautas, por ser, o que proporciona

interatividade entre pessoas. O site no caso funciona apenas como um canal para essa

interação, que, nesse caso pode ter uma comunicação instantânea, como um Chat, ou

não, no caso de Email, em que você envia e o receptor não necessariamente esteja do

outro lado pra te responder.

2.3 Usabilidade

O conceito de usabilidade, segundo Ferrari (2004:60), “é o conjunto de

características de um produto que definem seu grau de interação com o usuário”. Ela

ainda cita o exemplo dos automóveis e eletrodomésticos que passam por testes de

usabilidade para que seus fabricantes possam fazer uma avaliação do aproveitamento

dos futuros compradores.

Usabilidade é a ferramenta da Web. Se um cliente não consegue encontrar um produto, simplesmente não irá comprá-lo. A Web é a fronteira entre o empreendedor e o cliente. Se ele der dois cliques no mouse e não encontrar o que procura, outros competidores no mundo oferecerão o mesmo produto, mas num outro clique,fora de seu site. (NIELSEN apud FERRARI, 2004:60).

No mundo virtual fora da parte coorporativa a usabilidade, também, tem de estar

cem porcento funcionando, para que haja uma boa interatividade. Por exemplo, se um

banco de dados de um site de informação, jornalística, não estiver com sua usabilidade

testada e aprovada, o internauta, que pode estar trabalhando do outro lado do mundo, irá

se prejudicar por não haver uma boa interação dele com o que precisa. E não é só nesse

caso, todo e qualquer site para que tenha uma interação deve estar funcionando bem,

principalmente no seu uso.

Para os jornalistas, essa interatividade passou a ser fundamental para o bom

andamento do seu trabalho. Pois, a internet propícia que se entreviste grandes

personalidades em qualquer parte do mundo. Permite com facilidade que se façam

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cálculos, gráficos, pesquisas, consultas a bibliotecas mundiais, bate-papos, conversas

com pesquisadores de outros países, a partir do objeto de análise. Seja para compor uma

boa matéria, seja para escrever um bom artigo, enfim, é de vital importância esse

alastramento tecnológico que se tem através da interação.

Agora, se o conceito de usabilidade não for feito pela empresa como ficaria todo

esse trabalho. Na verdade, com o crescimento que tem sido do mundo da Web, a

usabilidade é bem capaz de vir antes dos bancos de dados, de tão importante que passou

a ser. Ou seja, sem um o outro não existe. “Essa facilidade deu origem a um novo

gênero de matéria jornalística, o infográfico, que tenta classificar e simplificar o

conhecimento por meio visual. Permite que o trabalhador intelectual corrija, edite,

ilustre, formate e até imprima seu próprio material.” (KUCINSKI, 2004:75).

2.4 �ovas mídias & interatividade

A Internet passou então não só a se caracterizar como rede, mas como um meio

de interligar conteúdos. Interligando também receptor com seu emissor, no caso dos

blogs os comentários são a interação entre quem escreve e quem lê.

Para Fayard (2000:112), não é só a interatividade fundamental característica

das novas mídias, mas sim a facilidade de interconectividade que ela proporciona. Isso,

por serem independentes de coações espaciais, ou seja, a interatividade na Internet

ultrapassa largamente o número de possibilidades de mudança de canais de televisuais.

Além de oferecerem acesso a somas consideráveis de dados.

A interatividade que elas permitem constitui uma característica fundamental. As novas mídias distinguem-se das mídias de massa tradicionais por sua natureza distribuída entre os pontos emissores-receptores, pela flexibilidade de seus usos e pela sua interconectividade. Enquanto as mídias tradicionais cobrem – na maior parte do tempo – uma área de difusão limitada geograficamente, as novas não têm outras fronteiras teóricas, a não ser a rede telefônica internacional. (FAYARD, 2000:112-113).

O novo jornalismo ou o webjornalismo passou a ter então uma grande promessa,

a de explorar o máximo essa possibilidade de interação. Barbosa (2004) vê a

interatividade entre jornalistas e leitores, “como sendo uma das grandes vantagens e um

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dos grandes perigos do jornalismo online”.

Os jornalistas online no caso, como cita Aroso (2003), devem ter a mesmas

competências que os de outros media.

Todas as regras habituais do jornalismo devem ser aplicadas: a pesquisa e a edição devem ser sólidas, os factos têm que ser verificados e re-verifucados. Assim, não deve haver publicação instantânea: ninguém deve colocar online um texto que não tenha passado pelo processo de edição. (GENTRY, 1998 apud AROSO, 2003).

Para ela, enquanto alguns autores ou mesmo jornalistas vêm nesta característica

a possibilidade de saberem a opinião do público, outros de alguns jornais, profissionais

ou não temem futuro desse leque. Até porque essa novidade exige empenho da parte de

quem vai utilizar.

2.5 A interatividade dos Blogs Embora, não se saiba ao certo quando surgiu a interatividade da Internet, ela

tem, segundo Lustosa (2004), se mostrado cada vez mais eficaz, principalmente, em se

tratando de blogs, sites como, Observatório da Imprensa, Comunique-se, Mídia

Alternativa, entre outros. Pois, abrem discussões cada vez mais livres interagindo

diretamente com o leitor. O que, ela afirma ser a classe jornalística os mais

contemplados nesse contexto.

Embora ainda exista quem acredite ser o jornalista um privilegiado, detentor do poder da informação, aquele intermediário entre o público e o acontecimento com o poder de manipular os fatos a seu bel prazer, a cada dia a sociedade se torna mais consciente de que os verdadeiros detentores desse poder são os donos das empresas, os interesses políticos, econômicos e comerciais. O caso recente da demissão de Alberto Dines do Jornal do Brasil, depois de ter criticado a cobertura do periódico em seu programa Observatório da Imprensa e no site homônimo, reforça essa convicção. (LUSTOSA, 2004).

Com a chegada dos Blogs, situações como a de Dines não acontecem. O

profissional da comunicação pode manifestar seus pensamentos através de críticas ou

não, e não sofrerá represálias, por parte de ninguém. Afinal, blog é particular, ou

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melhor, é o seu diário eletrônico.

A interação com o leitor é imediata, á medida que os posts vão entrando, os

leitores daquele texto, podem comentar, debater e até criar fóruns de discussões sobre o

assunto, com outros internautas. Isso, quando não, os blogs tem uma forma de avisar

aos seus leitores mais assíduos, sobre novas publicações, como um newsletter,

disparando as atualizações online para os, e-mail, cadastrados. Uma forma de receber

atualizações rápidas e instantâneas.

Talvez, por isso, a interatividade é a principal característica da esfera digital. Já

que, segundo Faria & Cardoso (2006), ela veio não só para ser um meio de

comunicação de massa, mas construído pela massa, os internautas. Isso começa a tornar

realidade com os blogs, também conhecidos por diários virtuais.

O Blog “é um espaço no qual as pessoas podem dizer o que realmente pensam,

sem se importarem com a censura e represálias. Nos blogs você pode escrever textos,

publicar fotos, filmes ou Links para outros sites.” (FARIA & CARDOSO, 2006).

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Capítulo 3

Weblogs ou Blogs

O que é Blog? De acordo com Hewitt (2007:9) é a contração da palavra

Weblog,, que segundo Lemos (2007) apud Luccio & Costa (2005) é o termo criado por

John Barger, editor do site Robot Wisdom em 1997. E para Rodrigues (2006:25) é o

resultado da palavra inglesa web (rede) + log (diário de bordo). Ou pode ser,

“simplesmente o trabalho público de uma pessoa”. (BATELLE, 2007 apud AMORIM

& VIEIRA, 2006).

Segundo Amorim & Vieira (2006), “o século passado pode ser, sem exagero,

chamado de Era do Rádio e TV”. E o século XXI?

Muitos dizem que será a era da Internet. Em vez de um meio de comunicação de massa, com um transmissor central para milhões de ouvintes ou telespectadores, a rede mundial promete ser um meio de que todos possam participar, onde todos possam publicar e gerar conteúdo. Promete ser um meio de comunicação não apenas de massa, mas construído pela massa – os internautas. O que começa a tornar essa promessa realidade são os diários virtuais conhecidos como blogs. Se o século passado foi a era do rádio e da televisão, o século XXI é, portanto, a Era da Internet e – também – dos Blogs. (AMORIM & VIEIRA, 2006).

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Os blogs são páginas pessoais da Internet, em formato de diários online, da qual

é possível qualquer pessoa manter um. De acordo com Luccio & Costa (2005), o

blogueiro, blogger ou weblogger, como é chamado quem registra os textos ou publique

assuntos que ache interessante. O blogueiro adiciona a publicação (post), no topo da

página, abaixo ou acima fica data e hora, é comum também encontrarmos o nome ou

apelido do autor.

Segundo Rodrigues C. (2006:26), qualquer pessoa pode ter seu próprio blog

para nele dar a sua opinião e tecer comentários sobre os mais variados assuntos. Para

isso, basta ter um computador ligado na Internet, seguir uns pequenos passos e

mergulhar na blogosfera5. Essa afirmação não é certa, já que, de 2006 pra cá, o número

de lan house cresceu muito, o que mostra que não precisa, necessariamente, estar em

casa para ter um diário online.

Essa facilidade de se criar e se manter um diário eletrônico independente da

condição financeira, dispensa, também, maiores conhecimentos de informática. A

pessoa que quer ter um blog, basta seguir as instruções dadas nas páginas dos servidores

escolhido para o diário. As ferramentas utilizadas são disponibilizadas gratuitamente,

para que qualquer leigo possa criar o seu.

Escrever para um blog é um tão de exteriorizar palavras ou idéias, sendo que qualquer pessoa que tenha afinidade e ou navegue na Internet pode fazer. Antes do surgimento dos blogs, para publicar algum tipo de informação ou página pessoal na Internet, o internauta deveria ter conhecimento técnico, paciência, tempo e disposição para criar uma homepage. Hoje basta usar o sistema blog. (DREVES, 2004).

Quanto a data exata da criação dos blogs ainda há controvérsias. Orduña et al

(2007:2) considera que o primeiro blog tenha sido a página What´s new in 92, publicada

por Tim-Bernes Lee a partir de janeiro de 1992. Thompson (2006) apud Montardo &

Passerino (2006) diz que, foi o Links net, criado pelo estudante Justin Hall, em 1997. E,

5 A palavra "blogosfera" exprime um coletivo de blogs, de weblogs, de blogueiros, por estarem contectados um ao outro, lêem os posts uns dos outros, postam comentários, ou seja, blogosfera virou uma cultura um fenômeno social.

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para Hewitt (2007:9), só surgiu em 1999, mais ou menos. Ou seja, não se tem uma

pesquisa séria e precisa de quando realmente criou-se o primeiro blog.

Os blogs chamaram a atenção pela primeira vez quando invadiram com pompa e circunstância a seara da política e do jornalismo. Surgiu então todo um universo de blogs políticos não só sobre política, mas necessariamente sobre a mídia. Nos Estados Unidos, esses blogs levantaram grandes quantias para candidatos, mudaram perfil da participação política do cidadão e alteraram o rumo da eleição presidencial de 2004. Depois de 11 de setembro, houve uma nova onda de blogs, genericamente chamados de blogs de guerra, cujos autores acorreram ao teclado pela urgência daquele terrível acontecimento. (HEWITT, 2007:10).

A partir de 11 de setembro de 2001 o número de blogs saltou em dois milhões.

Segundo Hewitt (2007:9), há hoje mais de quatro milhões de blogs. Uma pesquisa

apresentada por Sifry (2006) apud Montardo & Passerino (2006) revela que o número

de blogs dobra a cada seis meses e meio, que 175 mil novos blogs são criados por dia,

significa que são 18,6 posts feitos por segundo. Isso, aliado com o crescimento de

serviços disponíveis na Internet e o número de internautas, é o responsável para

aumento relevante da blogosfera.

Blogosfera é o termo empregado para definir o universo dos blogs. Foi criado em 1999 por um blogueiro, Brad L. Graham, quase como uma brincadeira. William Quick, mais conhecido como DailyPundit, um dos blogueiros mais influentes, o renomeou em dezembro de 2001 após a explosão do universo dos blogs que se sucedeu com os atentados contra Nova York e Washington. (ORDUÑA ET AL, 2007:63).

De acordo com uma pesquisa do site IDG �ow6, quase metade dos adolescentes

que usam redes sociais têm um blog. A faixa de idade está entre 12 e 17 anos. As

meninas, estão a frente, com 35% contra 20% dos garotos e 70% dos entrevistados lêem

blogs alheios, 76% comentam em diários de amigos. Esse número, cresce entre

adolescentes devido à possibilidade de, além de desabafar, poder compartilhar com o

outro problemas do cotidiano, ou mesmo informações. Antigamente se usava o

chamado caderno-diário, hoje o diário online.

6 IDG Now é um site hospedado na Uol, que traz notícias e novidades de todo o mundo sobre tecnologia e informática. http://idgnow.uol.com.br/

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Estudos do Pew Internet Center7, nos Estados Unidos, constataram o perfil dos

blogueiros, que, segundo Orduña et al (2007:64), os criadores de blogs são 57% do sexo

masculino, dentre os jovens, 48% têm menos de 30 anos, 70% usam banda larga e são

de classe média alta e com elevado nível de instrução. A pesquisa também detectou que

o crescimento da blogosfera se duplicava a cada cinco meses.

Nesse estudo, outras situações puderam ser comprovadas, como o desinteresse

por blogs depois de criados. De cada três blogs, dois são abandonados, o fato é a

facilidade de se fazer um. Quem perde o interesse mais rápido são os homens. Mas

mesmo assim, com todas essas desistências, os diários são um sucesso na rede.

Os blogs são feitos por pessoas, e as pessoas adoram falar umas sobre as outras. Blogs são um tipo de mídia, e a mídia tradicional é tão ameaçada quanto fascinada pelos blogs. E, claro, a mídia adora falar sobre si mesma... (...) resumindo, o aspecto mais importante no mundo (dos humanos) é a atenção. O valor está nas coisas para as quais as pessoas dão atenção. E elas estão interessadas no que os outros estão fazendo online. Isso faz com que uma web seja tão interessante quando a vida... (BATELLE, 2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

Segundo Lemos apud Vieira (2006) a vida transforma-se em algo espetacular na

Internet e todos podem ter acesso a ela: a vida torna-se conteúdo público. Para Sibilia

apud Vieira (2006) a razão da exposição dos diários virtuais é uma só a vocação

exibicionista, para serem vistos e lidos por milhões de olhos alheios nas telas da rede

mundial de computadores.

De acordo com Rodrigues C. (2006:26) quem escreve deseja ser lido por

alguém, anseia ter visibilidade, ser reconhecido não só pelo público, mas também pelos

seus pares. Pensando em escritores diferentes, Amorim & Vieira (2006) fala que,

atualmente existem dois tipos de blogueiros: os produtores de conteúdo, que produzem

o que ainda não existe, e os roteadores de conteúdo, que buscam e indicam o que não é

inédito na rede.

7 É um site americano que estuda o impacto social da Internet. Centrando-se sobre todo tópicos e divulgando pesquisas e estatísticas que incluem a saúde, os adolescentes, e a faixa etária de tudo o quanto se pode dimensionar do crescimento da rede no mundo. http://www.pewinternet.org/

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3.1 O papel dos blogs

Os blogs vieram com uma promessa inovadora, que, de acordo com Rodrigues

C. (2006:25), é algo que os média de massa não podiam dar, pelo menos com total

plenitude: a possibilidade de cada um dar a sua opinião sobre um determinado assunto.

“A liberdade criativa, a instantaneidade, a interatividade e a ausência de

constrangimento econômico são características fundamentais apresentadas pelos blogs”.

(RODRIGUES C., 2006:25).

Os diários informam, e de uma forma diferenciada, como cita Dreves (2004) os

blogs dispõem de ordem cronológica da informação, exibindo em primeiro lugar os

textos postados em data mais recente. Nesse universo usa-se a palavra postar para

indicar a colocação da informação na rede. Ou seja, a palavra post, muito usada pelos

blogueiros, significa o ato de postar, de escrever uma atualização ou uma alimentação

de algum texto já postado.

(...) weblogs possuem uma estrutura padrão, um formato específico, com algumas variáveis, e por isso são facilmente reconhecíveis na internet Tal estrutura é determinada por um conjunto de blocos de conteúdo textual e/ou imagético permanente renovado. Os weblogs são ainda organizados em função do tempo, ou seja, com as últimas atualizações na parte superior do sítio e as mais antigas logo a abaixo, organizadas de acordo com a data da publicação do bloco de texto, privilegiando a atualização mais recente, permitindo que o visitante saiba quando ou se o sítio fora atualizado. (SILVA, 2003:21 apud DREVES, 2004:14).

A maioria dos blogs, de acordo com Orduña et al (2007:63), possui

nanoaudiências, públicos bastante restritos que, apesar de seu tamanho, criam e

potencializam redes sociais. São audiências mínimas, mas que estão bem

interconectadas. Independente disso, percebe-se que o internauta tem uma posição

realmente ativa, participando da criação da rede, através da interação mútua. (PRIMO,

1998 apud PRIMO & RECUERO, 2003).

Para Orduña et al (2007:64), os blogs são formados por superusuários:

intensivos consumidores de meios que podem agir como guias e prescritores. Para ele

esse papel é desempenhado graças à confiança que passam para o restante dos membros

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da comunidade. Ou seja, a maioria tem seu próprio blog ou se relaciona com os meios,

os movimentos sociais e políticos.

Esses dispositivos para Rodrigues C. (2006:27), pelo menos alguns deles, são

um caso exemplar de um meio que exerce uma vigilância crítica e constante sobre os

meios de comunicação social e não só. O fato, principalmente, de se poder comentar em

blog praticamente em tempo real já é uma enorme conquista já que esta era a principal

promessa da WEB 2.0.

(...) além disso, através dos links e hiperligações, cada blog acaba por ser uma sugestão para visitar outros sites, outros blogs, outras opiniões. “O desenvolvimento das novas tecnologias obriga à redefinição das relações comunicativas entre os informadores, as fontes de informação e a audiência”. Esta forma de publicação pessoal e auto-edição parece de fato alargar o espaço de participação dos cidadãos, multiplicando ou se quisermos,criando novos espaços públicos que podem ou não ser ampliados pelos media e pela sociedade geral. (RODRIGUES C., 2006:28).

De acordo com Hewitt (2007:140), os blogueiros são as mesmas pessoas que

eram há alguns anos, não precisam convencer ninguém a ter o direito de convencer

alguém. Ou seja, para ele os escritores escrevem hoje pela mesma razão que escreviam

na época de Homero8. “O Blog é apenas um novo modo de transmitir esa escrita, um

meio que ignora completamente todos os direitos. O público é o editor”. (HEWITT,

2007:140).

Quanto ao fator notícia a confiabilidade dos posts, segundo Hewitt (2007:140), a

credibilidade dos blogs depende de sua atualidade e precisão, mas invariavelmente a

qualificação dos blogueiros também tem importância. Para Kucinski (2004:24), cada

um tem o dever de pensar antes de tudo em si mesmo, cada individuo, nesses tempos

pós-modernos, teria a faculdade de decidir sua própria conduta, cultivar seus próprios

valores.

Portanto, o autor de um determinado post que vai informar, deve se ater se é

verdade ou não, se vale a pena a publicação desse assunto. Agindo assim, esse autor

criará, no meio, credibilidade pela sua conduta ética com as publicações diante de um

impasse duvidoso. Tendo consciência que ele não escreve só para si, mas que na rede

8 Poeta grego que viveu por volta do século VIII a.C e consagrou as obras Ilíadas e Odisséia antes mesmo dos pensamentos filosóficos.

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tem milhões de possíveis pessoas que vão ler a publicação e a partir daí formar uma

opinião sobre o postado.

Segundo Siqueira apud Ribeiro & Teixeira (2008), já foi o momento do

jornalista querer ser o dono da notícia, não é mais exclusiva dele. Blogueiro pode fazer

isso bem, desde que tenha um comportamento ético como tem um bom jornalista. É

verdade que esse comportamento ético dos jornalistas na maioria das vezes vem de

manuais de redações, que ditam o que pode e como podem informar. Quando deveria

vir do senso de honestidade intelectual do profissional.

3.2 Blogs no Brasil

No Brasil, segundo Mattoso (2003), os blogs surgiram a partir de 1999, com a

chegada da WEB 2.0. O aumento do potencial de transmissão de dados, abriu caminho

para os diários. De acordo com Silva (2003) apud Dreves (2004), os primeiros blogs,

brasileiros, foram o de Marcos Zamorin (www.zamorin.eti.br) que usava um formato de

publicação de diário eletrônico em 2000. E o da gaúcha Viviane Menezes

(www.wiredkitsune.net/weblog) de acordo com a revista Play, começou a postar em

fevereiro de 1998, em formato html.

Segundo o site Best Blog Brazil (BBB9), a premiação começou em 11 de

setembro de 2007, como forma de reconhecer o trabalho dos blogueiros. É como se

fosse um Oscar, feita através de uma seleção por meio de votação online, onde, os

melhores blogs de cada área, são escolhidos. A recompensa é justamente fazer parte do

rol de ganhadores do BBB. Ou seja, ganha aquele que forneceu conteúdo de boa

qualidade e agradou os leitores.

O ano foi atípico para os blogueiros, com grandes debates sobre o papel dos blogs. O prêmio ajuda a afirmar quem realmente é bom na área e é significativo até em termos de negócios. (...) Foram 981 blogs inscritos. Cinco pessoas, todos criadores de sites que agregam

9 Site que divulga os demais blogs do Brasil cadastrados e fazem por meio de votação online uma eleição que premia vários blogs em categorias diferentes. Sua premiação é a divulgação do blog vencedor no ranking estabelecido pelo site. http://www.bestblogsbrazil.com/

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blogs,selecionaram os finalistas para as 23 categorias. Os critérios de escolha não forma clara,ente expostos, o que deixou desconfiados os blogueiros não indicados. (BRAZIL, 2007).

De acordo com Taddei (2008), no Brasil, hoje existem três milhões de blogs.

Isso significa 6% do número de blogs registrados pelo Technorati (Google dos blogs).

Como nem todos estão registrados, o número de blogs é ainda maior. “Os blogs são o

primeiro passo para que todas as pessoas alfabetizadas tenham sua própria plataforma

no mundo. (BATELLE, 2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

3.3 Os blogs mais populares

Em Cuba, país comunista que vive um regime opressor e censura tanto a Internet

quanto outros meios de comunicação, tem havido “brigas entre blogueiros e a ditadura

cubana”. (GASPARI, 2008). Por conta disso, em 24 de março de 2008, o blog,

“Generácion Y10”, da cubana, graduada em lingüística, Yoani Sánchez, de 32 anos, foi

bloqueado pelo governo. Segundo Boadle (2008), no mês anterior o diário recebeu,

cerca de, 1,2 milhões de visitas.

Os censores anônimos do nosso famélico ciberespaço tentaram me trancarem um quarto, apagar a luz e não deixar meus amigos entrarem, escreveu ela nesta segunda-feira. Sánchez diz que não consegue acessar seu blog diretamente de Cuba, o que impede novas atualizações, Mas ela descobriu uma maneira de driblar os censores comunistas, por meio de rota diferente. (...) Ela conquistou um número considerável de leitores ao escrever sobre o dia-a-dia em Cuba e descrever as dificuldades econômicas e restrições políticas que enfrenta. (CENSURA, 2008).

Mas num país que é controlado pelo Estado, e não tem mídia independente,

“qualquer um com o mínimo de prática com computador sabe como contornar isso,

disse ela”. (CENSURA, 2008). O propósito dos governantes do país é impedir a leitura.

Atualmente, Sánchez hospeda o blog em um domínio da Alemanha, e continua

postando freqüentemente.

De acordo com Amorim & Vieira (2006), o Technorati é autoproclamada a

autoridade no que diz respeito ao mundo dos blogs. É a fonte mais confiável e 10 http://www.desdecuba.com/generaciony_pt/

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atualizada de informações sobre o que se faz na blogosfera. O Technorati, em 2007,

divulgou os 200 blogs mais populares do Brasil. Desses escolhidos os dez melhores

estão abaixo na ordem da classificação: Meio Bit, BR. Linux, Undergoogle,

Brainstorm#9, Interney, Sedentário e Hiperativo, Cocada Boa, Tableless e Revolução

etc.

3.4 Blogs corporativos

Os blogs corporativos, segundo Silva (2007), tem como principal função criar

um ambiente transparente e mais humanizado de comunicação com os consumidores.

Os funcionários são os blogueiros e os clientes podem participar através de comentários

e dando sugestões.

Um blog corporativo é um blog publicado por ou com a ajuda de uma organização que queira atingir seus objetivos e metas. Em relação à comunicação externa os potenciais benefícios incluem o fortalecimento do relacionamento com importantes públicos-alvo. Quanto à comunicação interna, os blogs são geralmente uma ferramenta que serve para a colaboração e a gestão do conhecimento. (WACKA apud GONÇALVES & TERRA, 2007).

Um diário eletrônico de uma empresa exige muito mais necessidade de

atualização por parte do autor do que qualquer outro, pois está em jogo o nome da

corporação envolvida. E se o blog fica largado “as moscas”, perde-se credibilidade, com

isso, conseqüentemente clientes. “Manter um blog profissional da área pode dar

trabalho e requer um autor que sempre atualize o conteúdo para que seus leitores sejam

constantemente presenteados com novas notícias”. (SILVA, 2007).

Por essa razão é necessário que a empresa pense muito bem antes de criar um

blog. “É preciso que a empresa pense com cuidado quando decidir adotar um blog

corporativo. Devemos antes saber onde estamos pisando, quais são as alternativas de

exploração, as vantagens, desvantagens, como implementar, como divulgar, e assim por

diante”. (CIPRIANI, 2006:34 apud GONÇALVES & TERRA, 2007).

Segundo Silva (2007) entre os blogs corporativos mais bem elaborados, no Brasil está o Blog da Tecnisa (www.blogtecnisa.com.br). Nele os posts são assinados por diferentes funcionários da construtora. Este blog é constantemente atualizado e foi o primeiro do segmento do país,

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O movimento dos blogs corporativos no Brasil, acredita que as possibilidades de aproximação com os públicos de interesse, a postura de transparência, a riqueza das informações obtidas, o efeito viral são vantagens e diferenciais competitivos para organizações que optam pelos blogs corporativos. No Brasil ainda há poucas empresas que usam blogs desse tipo. (TERRA, 2006 apud SILVA & 2007).

Segundo Hewitt (2007:155), o blog interno pode ser dividido em três tipos: blog

de liderança, da gerência e do empregado.

Todos os dias um blog dá a executivos talentosos uma oportunidade de se comunicar com suas tropas: inspirar, informar, lisonjear ou pedir. Principalmente informar. Na primeira pessoa, será lido. Fará tudo o que um boletim interno não pode fazer, porque é realmente sua voz. Se você fizer isso, eles chegarão. De verdade. Se você descobrir como blogar com eficácia – encontrar uma voz e a usar – a produtividade de sua organização irá disparar. Se você obtiver feedback, ficará por dentro de tudo. Os níveis de gerenciamento desaparecem no meio blogueiro. Você irá ouvir falar daquele idiota que é tirano e, se for pródigo em elogios e encorajamentos, irá ouvir falar dos super-heróis e dos carinhas que andam a segunda milha. (HEWITT, 2007: 155-156).

Blog de liderança, segundo Hewitt (2007:155) é o blog do líder, ou seja, do

executivo da empresa, seja ele o dono, presidente ou o diretor. Já o blog da gerência,

função essa, que para ele não é inspirar ou liderar. “O gerente tem metas a cumprir e

resultados a medir. Ou seja, em todo lugar se segue uma hierarquia. No mundo dos

blogs não é diferente”. (HEWITT, 2007:157)

Para que um blog lhe seria útil? Primeiro, se você precisa se comunicar com a sua equipe, pode fazer muito mais facilmente com um blog que se limite a mensagens básicas e as o comandos mais simples. Você é avesso ao risco? Então limite seus posts ao tipo de informação de que todos realmente precisam e que parece nunca estar a disposição. (...) É importante reconhecer que tudo que for postado será lido por todos. Mas, mesmo com essa importante precaução em mente, seu blog poderá tanto atrair a atenção dos superiores quanto conquistar mais lealdade e mais dedicação de empregados ou membros em pontos mais baixos da hierarquia. (HEWITT, 2007:157-158).

O terceiro e último item, o blog do empregado, é de acordo com Hewitt

(2007:158), o do subordinado, do funcionário, daquele que mais ordem recebe.

Então, há algum benefício em fazer um blog? Sim, mas não sobre as pessoas e estruturas da empresa – pelo menos não normalmente. Mas

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recolha informações sobre concorrentes ou crie links para sites ou artigos valiosos e você irá conquistar a admiração relutante de seus colegas e superiores, e talvez a atenção de pessoas em outros lugares, que poderão remunerá-lo melhor para fazer um trabalho mais interessante. Mas se você atacar, fofocar ou se queixar, irá descobrir que seu blog é um atalho para a porta da rua. E com justiça. (HEWITT, 2007:158).

Dados do crescimento da blogosfera corporativa brasileira, mostram que,

segundo Cipriani (2008) “de junho de 2006 até hoje, os blogs corporativos passaram de

3 para 263, incluindo 14 blogs extintos”.

Ao longo desse ano eu criei uma nova categoria para classificar os blogs de universidades e escolas em geral, os “Blogs de Ensino”. Muitas outras categorias poderiam ser criadas, especialmente entre os “Blogs de Pe&Med Empresas”. A categoria “Blog Corporativo” ainda poderia ser melhor refinada e somente mostrar aqueles que eu considero os melhores exemplos de blogs corporativos: alguém de dentro da empresa falando abertamente com o mercado e colocando suas próprias e sinceras opiniões na rede. A maioria dos “Blogs CXOs” têm cumprido muito bem a tarefa. (CIPRIANI, 2008).

Cipriani (2008), diz que “o número de blogs corporativos cresceu mais de 300%

entre 2007 e 2008, passando de 62 para 263. Podemos ver que é um crescimento sólido

no número de empresas que fazem uso dessa ferramenta”.

Segundo Silva (2007), o que se nota hoje é que os blogueiros estão ativos na

Internet dentro e fora das empresas. Ou seja, “o que hoje se trata de uma nova

oportunidade para os que buscam informações diretamente de seus consumidores, pode

em breve se tornar uma obrigação das empresas”. (SILVA, 2007). Isso confirma a teoria

de, Gonçalves & Terra (2007), a rede criou um novo meio/ferramenta de comunicação

empresarial.

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Capítulo 4

Blogs Jornalísticos

O estouro, dos blogs jornalísticos, se deu a partir de 1998. Neste ano, aconteceu,

o primeiro grande furo, através de um blog. Quando o jornalista norte-americano, Matt

Drudge11, divulgou, pelo seu diário o caso que ficou, mundialmente, conhecido do então

presidente dos Estados Unidos, “Bill Clinton e a estagiária Mônica Lewinski”.

(AGUIAR, 2006). A história só foi noticiada por um jornal quatro dias depois.

Em 17 de janeiro, o desconhecido site “The Drugde Report” publica na Internet o relatório sobre o caso Bill Clinton e Mônica Lewinsky, conseguindo atrair mais de 100 milhões de page views num único mês. A estagiária da Casa Branca de 21 anos torna-se domínio público. No dia 21 de janeiro, o Washington post publica sua primeira história sobre o “affair” Lewinsky. (FERRARI, 2004:113).

Segundo, Recuero (2003) apud Aguiar (2006), na época, o blog foi chamado,

pejorativamente, de “panfleto digital” e levantou uma discussão, que dura até hoje, se

um blog pode ser considerado como veículo de informação séria ou não. “A discussão

acerca da validade dos blogs como veículos jornalísticos se justifica, afinal, eles tocam

11Americano que fundou o Drudge Report, blog desde 1995. http://www.drudgereport.com/

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em pontos cruciais e delicados do jornalismo, como a objetividade e a neutralidade”.

(AGUIAR, 2006).

No Brasil esse “boom” só se deu no século XXI. Vários sites jornalísticos, de jornalistas já estavam na rede, porém foi com o “famoso” blog do Noblat que outros grandes nomes seguiram esse trajeto. “(...) Depois de passar por importantes veículos impressos do país, como ás revistas Veja e Isto é, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense, ele migrou para a web. O blog do Noblat está no ar desde março de 2004, fazendo a cobertura dos bastidores da política brasileira”. (AGUIAR, 2006).

A web-estréia do jornalista acontece em função de uma coluna semanal mantida no jornal O Dia. Como suas notas não se sustentavam até o final de semana, surgiu a idéia de criar um blog para poder atualizar os textos mais freqüentemente. Assim, ele poderia aproveitar a possibilidade de realizar atualizações contínuas em seus textos. Mesmo com o fim da coluna, o blog se manteve e passou a servir de referência na discussão de assuntos ligados à política nacional. (AGUIAR, 2006).

Amorim & Vieira (2006) relatam que quando Noblat lançou seu blog, ele não

era vinculado a nenhum veículo, por conta da audiência alcançada ele acabou sendo

contratado pelo jornal O Estado de São Paulo. Além, de passar a ser leitura obrigatória

dos políticos. Hoje seu blog está hospedado no portal do jornal O Globo.

Mesmo com o surgimento de vários, outros, blogs com conteúdo jornalístico

mantido por jornalistas renomados, ainda assim, não se excluiu a idéia da veracidade, ou

melhor, da relevância desses diários como sendo um veículo confiável de informação.

Apesar de seus moderadores serem respeitados como profissionais. “Estamos

conscientes da fragilização da fronteira entre jornalismo e não jornalismo que a Internet

(e particularmente a blogosfera) potencia, mas também sabemos que a seu tempo o trigo

se separará do joio”. (ZAMITH, 2003).

Dados atuais da Technorati (2008) contabilizaram até agosto de 2008 que a rede

contava com 112,8 milhões de blogs. Um crescimento de 2.720%, em quatro anos.

“Diante de números assim a quem defenda que novas mídias como essa exercerão cada

vez mais o papel de informação e entretenimento antes restritos aos veículos de massa”.

(RIBEIRO & TEIXEIRA, 2008).

Segundo Ribeiro & Teixeira (2008), nesse complexo panorama de

transformações surge uma analogia entre as mídias tradicionais e digitais e

conseqüentemente, uma indagação: o blogueiro é o novo jornalista?

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Sobre a pergunta, Zamith (2003) alerta que não é preciso se temer, nem os

jornalistas os blogueiros e muito menos os blogueiros o jornalista.

A blogosfera é livre, é para todos, e cada um acabará por assumir o seu lugar. Não tememos a alegada perda de “influência” dos jornalistas nem as profecias de desnessidade desta profissão. A sociedade vai continuar a precisar de técnicos qualificados para a pesquisa, seleção, confirmação, redação e difusão de notícias. Quem tem razões para temer esta “concorrência”da blogosfera não são os jornalistas, mas sim os comentadores e colunistas. O êxito de alguns blogs está já a alargar o leque de “opinion makers”, não sendo de estranhar a recente “invasão” da blogosfera por colunistas dos media tradicionais. (ZAMITH, 2003).

De acordo com Perret apud Cordeiro (2006), a tendência da Internet é tornar

possível que qualquer pessoa tenha voz. Agora, se essa voz será ouvida ou se a pessoa

tem algo de útil a dizer, são outras questões. “Não é de se admirar, então que muitas

pessoas sejam dedicadas a produzir notícias, comentar, resgatar e processar tudo, com a

vantagem de oferecer ao público uma escrita mais pessoal e descompromissada”.

(MATTOSO, 2003: 35).

Esse impasse sobre o jornalismo de blogs e o blogueiros que atuam como

jornalista é o mais complicado dessa era da informação via Internet. Se por um lado o

maior furo da história político-americana foi dado por um blog, por outro são inúmeros

os casos de falsas notícias que rondam a rede, gerando receita ao Jurídico.

4.1 Jornalismo com a Web 2.0

O Jornalismo 3.012 é conhecido, também como, jornalismo participativo, uma

inovação proporcionada a partir da chegada da Web 2.0. É um tipo de jornalismo, em

que, há participação de leigos, ou seja, pessoas que não são jornalistas.

Os blogs são tido como uma forma desse tipo de jornalismo. “Hoje, graças ao

Jornalismo Participativo, também chamado de 3.0, o monopólio da voz pública vem

12 É o chamado jornalismo participativo, terceira versão do jornalismo digital, pois socializa o conteúdo com próprios meios. Desenvolve a comunicação de forma imediatista. Essa maior rapidez se dá pela conexão rápida com a informação, cujas ferramentas são oferecidas pela tecnologia e pela Internet.

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diminuindo e os leitores passaram a atuar em fóruns e dar opiniões”. (OLIVEIRA J.,

2008).

Para Hewitt (2007:10), hoje, “todo mundo é um jornalista em potencial,

incluindo seu assistente e o office-boy”. Segundo Primo & Trâsel (2006), a principal

função do webjornalismo participativo é cobrir o buraco que mídia tradicional deixa.

O weblog H2otown13 é produzido por uma dona de casa norte-americana em Watertown, subúrbio de Boston. Insatisfeita com o jornal semanal e a coberturas superficial do Boston Globe, maior veículo de sua área, decidiu publicar notícias sobre eventos, acontecimentos e política da comunidade por si mesma. Reunindo dados do sistema de televisão a cabo comunitária, informativos de organizações civis, outros blogs e jornais das redondezas, bem como indo a rua participar de eventos locais, entrevistar pessoas e receber dicas de fontes. (PRIMO & TRÂSEL, 2006).

Segundo Orduña et al (2007:74), os partidários do Jornalismo 3.0 partem de

duas certezas:

Que o público sabe mais das notícias e das informações que os próprios jornalistas. É o famoso lema de Dan Gilmor. Que a informação deve ser uma conversação de muitos para muitos. Os grandes meios têm convertido a informação em uma conferência. O público pode acatar ou deixar de lado os dados, as notícias, mas não construí-las ou participar delas. O Jornalismo 3.0 constrói a informação a partir da conversação, na qual a participação da audiência é fundamental para que se possa concluir o discurso e a informação. (ORDUÑA et al, 2007:74).

Os blogs fazem isso corriqueiramente. E os grandes jornais quando o assunto é

de, menor repercussão ou interessa a um grupo menor de pessoas. Pois, as redações não

disponibilizam repórter até o local.

Nesse caso, é conveniente que haja participação de uma terceira pessoa, pois,

mesmo assim os veículos querem dar a notícia. De acordo com Especialistas... (2008),

“Wilpers chegou a defender que os leitores possam vir a atuar como ‘repórteres’ para os

jornais a fim de ampliar a ‘cobertura local’ dessas publicações”.

Pense nas cidades pequenas, nos povoados, nos bairros, nos lugares onde se desenvolve a vida cotidiana das “pessoas normais”. Os meios de comunicação fizeram cobertura da vida cotidiana, mas não

13 http://h2otown.info/

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suficientemente a fundo. A profundidade a que podem chegar os meios de comunicação tradicionais e as redações profissionais quanto a assuntos cotidianos das comunidades mais próximas do cidadão é escassa. (...) Para superar esses furos no tecido informativo local surgiram os meios cidadãos hiperlocais (...), meios informativos cuja informação provém basicamente das colaborações de vizinhos e cidadãos interessados no que ocorre nas comunidades locais. (...) a quem se deve grande parte do que um dia foi o jornalismo cidadão e do que hoje conhecemos como Jornalismo 3.0 (considerado a terceira versão do jornalismo digital: a socialização da informação)”. (ORDUÑA et al, 2007:44-45).

Malini (2008), descreve essa teoria como sendo:

(...) o impasse, grandes jornais online decidiram se abrir a participação dos usuários, criando canais de jornalismo cidadão, uma forma de trazer os conteúdos circunscritos a blogs e sites independentes, que, com freqüência, gera audiência e complementa as informações dos jornais online.

Ele cita alguns exemplos de jornais que criaram espaços para que o cidadão, não

jornalista, participe ativamente como repórter, são eles: “o jornal espanhol El Pais (Yo,

Periodista), jornal americano da CNN (I Report)”. No Brasil, os sites Terra (Vc

repórter), IG (Minha notícia), Agência Estado (FotoRepórter) e o Globo Online (Eu,

Repórter), entre outros.

Nesse contexto, o cidadão comum envia fatos, fotos jornalísticas, que são

divulgados, inclusive, em página principal. “Além disso, dá mais capilaridade a estes,

tornando-os ainda mais local, à medida que boa parte do noticiário se concentra em

notícias locais e opiniões sobre temas de forte apelo público”. (MALINI, 2008).

(...) essa nova prática jornalística é diretamente influenciada pelo aparelhamento tecnológico da sociedade que, principalmente, através da internet, possibilita às pessoas a produzirem informações e conteúdos multimídia e os distribuírem, em diversos formatos, em redes sociais online, em wikis, em sites independentes de publicação peer-to-peer (p2p), através dos telefones móveis e, principalmente, através dos blogs. (GILMOR, 2005 apud MALINI, 2008).

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Na Espanha, o jornal 20 minutos14 segundo Orduña et al, (2007:50) é o primeiro

veículo feito por leitores. Além de gratuito, é líder entre os demais jornais do país. E

ainda se transformou no carro-chefe do jornalismo participativo.

O 20 minutos, com quase 2,5 milhões de leitores, já é o jornal mais lido na Espanha, segundo dados do Estudio General de Medios (EGM). O El País, líder absoluto nos últimos dois anos, agora passa a figurar no segundo lugar. Com a nova posição, o 20 minutos, que utiliza uma licença da Creative Commons, consegue outro mérito: é a primeira vez que uma publicação líder possui conteúdo livre. (CAVALCANTI, 2006).

Arsênio Escolar, diretor do jornal 20 minutos, “explica que a renovação de sua

página na web em fevereiro de 2005 e a adoção de fórmulas do Jornalismo 3.0 não são

novidades no jornal gratuito”. (ORDUÑA et al, 2007:50).

Não se trata de nossa estréia no jornalismo participativo, isso nós já fazemos desde o dia que surgimos (3 de fevereiro de 2000). Nossa seção de cartas, por exemplo, é a que mais possui maior espaço de todas as seções de cartas de todos os jornais que conheço,e acredito que eu seja o único diretor de jornais que lê pessoalmente a maioria das cartas que chegam ( uma média de 250 por dia). Coma imensa quantidade de leitores que temos, é lógico que os convidamos a participar da elaboração do jornal. Além das cartas, temos uma subseção na seção local que se chama “Los Lectores Informan”, na qual pequenas notícias de bairro são enviadas por eles. E quando a notícia não é pequena, mas grande, a informação requer para ela um redator, e tanto os leitores quanto os jornalistas a assinam. (ESCOLAR apud ORDUÑA et al, 2007:50).

4.2 Webjonalismo e blogs

De acordo com Mattoso (2003:19) o jornalismo digital nasce em 1981, quando o

Columbus Dispatch, nos Estados Unidos, disponibiliza todo conteúdo da edição diária

na rede, cobrando uma taxa para os usuários. “O primeiro jornal norte-americano a criar

um suporte digital foi o San Jose Mercury �ews, em 1994 e desde então, a transposição

dos conteúdos da edição em papel para edição online impera na rede”. Mas, para Primo

14 No site você adiciona o um link e classifica na categoria que se adapte ao tema, eles aparecerão em ordem de chegada e ficarão na fila até irem à página principal do jornal. http://www.20minutos.es/

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& Trâsel (2006) o webjornalismo não é mais o mesmo, embora tenha inúmeras

vantagens em comparação a outros veículos. Entre elas:

Uma informação equivocada em uma revista mensal só poderá ser corrigida na edição do mês seguinte. Essas erratas, normalmente, não têm destaque e não ocupam o mesmo espaço da matéria original. E, como se trata de impresso, a errata pode remeter ao texto anterior, mas naquela matéria não aparecerá, por razões óbvias, uma referência (link) para a errata. Nesses casos, uma informação com erros numa revista pode ter um efeito prolongado, e sua correção pode nem ser vista. No webjornalismo, contudo, um erro pode ser corrigido a qualquer tempo no mesmo local onde foi feita a publicação original. (PRIMO & TRÂSEL, 2006).

Para Manta apud Mattoso (2003:19), o advento da World Wide Web, em 1992,

foi decisiva para o crescimento e consolidação das publicações na internet,

“possibilitando uma melhor adaptação de jornais e revistas ao suporte digital. Criando,

assim o jornalismo online, que segundo Kucinski (2004:77), esse nome é um conceito-

fetiche, porque não explica o que mudou ou não na prática jornalística em função da

Internet.

De acordo com Aroso (2005), “o jornalismo online influência os vários aspectos

da realidade jornalística”. Um deles é, o fato do jornalista também ser profundamente

afetado. Um fato que opõe o webjonalismo aos posts informativos de blogs é porque,

segundo Gentry apud Aroso (2005) “não deve haver publicação instantânea: ninguém

deve colocar online um texto que não tenha passado pelo processo de edição”. E no

blog, além de haver publicação que quase sempre é instantânea, quase nunca há edição.

Ferrari (2004:25) menciona que no Brasil o primeiro site jornalístico foi criado em maio de 1995, do Jornal do Brasil (JB). Mas Mattoso (2003:19) contesta dizendo que antes do JB, a versão digital da Agência Estado e do Jornal do Commercio, de Recife, já entrará no ar. Colocando seus arquivos na rede, mesmo antes da chegada da Web 2.0, no país, que só ocorrerá em 1999, segundo ele.

No ano 2000, o provedor IG lançou o primeiro jornal totalmente concebido para Web, o Último Segundo, com material de agências de notícias e um time próprio de repórteres. Logo em seguida, os portais roubaram a cena produzindo conteúdos jornalísticos em uma nova escala. (...) “...os portais,de fato, produziram uma categoria de jornalismo online: o jornalismo de portal, marcado por uma dinâmica mais ágil, principalmente pela consolidação do modelo de notícias em tempo real, as chamadas hard news (...)”. (MATTOSO, 2003:20).

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Os blogs no jornalismo entram a partir do experimento de um estudante

universitário.

Em 18 de março de 1999, Brad Fitzpatrick, norte-americano de 19 anos, nascido em Portland, Oregon, lançou o LiverJournal na época em que estudava Ciências da Computação na Universidade de Washington, Seatle. Era o primeiro serviço voltado exclusivamente para blogs, apesar de Fitzpatrick ter preferido o termo “diário” para nomear seu CMS programado em linguagem Perl e com licença Open Source”. (ORDUÑA et al, 2007: 23).

Segundo Amorim & Vieira (2006), em 2006 Noblat publicou uma importante

reflexão sobre o que é ser jornalista-blogueiro:

É bem mais arriscado ser jornalista blogueiro que simplesmente jornalista. Porque, em um jornal, o erro tem vários pais – o repórter, o editor, o chefe da redação (...) aqui, não. O erro só tem um pai. E, quando ocorre, o mundo desaba na cabeça do responsável. (...) Nada ou pouca coisa separa o blogueiro dos leitores. Do médico, se diz que ele pensa que é Deus. Do jornalista, que tem certeza. Ao fazer um blog, o jornalista descobre que não é Deus. Se não descobrir, deixará de ser blogueiro em pouco tempo. (NOBLAT apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

Esse sucesso do blog do Noblat, para Sá (2005), se deu porque blogs políticos

conquistam cada vez mais adeptos e leitores. Isso tem explicação. Segundo Reynolds

apud Amorim & Vieira (2006), os blogs permitem que o cidadão comum faça parte do

debate político com muito mais força. (REYNOLDS apud AMORIM & VIEIRA,

2006).

É possível, então, praticar jornalismo em um blog? Para Simão (2006:148)

possível é, no entanto dificilmente se praticará e atualmente ninguém o faz. “Blogs não

são jornalismo, seja novo ou velho, a grande maioria dos blogs não tem a mínima

intenção de fazer jornalismo e nem são considerados como jornalistas blogueiros”.

(ORIHUELA, 2006 apud SIMÃO, 2006:148).

Simão (2006:149), diz ainda que, é possível sim, porque os blogs oferecem duas

das mais importantes necessidades dos webjornalismo; a atualização constante,

renovação de informação e a interação com os webnautas. Sobre isso Orduña et al

(2007:67) relata: “há blogs que fazem jornalismo e outros que não o fazem; de fato,

muitos o fazem de vez em quando”.

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Não é o jornalismo que define os blogs, mas a comunicação interpessoal em forma de diário intertextual. Os meios não são tradicionais porque são jornais impressos, televisões, rádios ou meios digitais, mas, sim, por seus valores e pelo jornalismo que praticam, independente do meio em que são difundidos. Muitos jornalistas importantes recusaram as propostas acadêmicas de conceitualizar a profissão. Sempre defenderam que há apenas dois tipos de jornalismo: o bom e o mau. O mesmo poderia ser dito dos blogs. (ORDUÑA et al, 2007:67).

“Mas qual a diferença que nos leva a identificar o conteúdo dos blogs como

fontes de informação e não como jornalismo?” (SIMÃO, 2006:154). Orduña et al

(2007:67) diz que, “o bom jornalismo necessita de conteúdo próprio: informação única,

exclusiva e diferenciada. Quanto aos blogs, não”.

Para responder Simão (2006:154) pergunta, o que é jornalismo? “Jornalismo é a

atividade profissional que consiste em apurar, recolher e coligir informação, redigindo-a

sob a forma de notícia que se destina a ser divulgada junto do público através de um

meio de comunicação de massas”. (GRADIM, 2005 apud SIMÃO, 2006:154).

Assim temos que o jornalismo é uma atividade que é regida por regras, legais e por critérios editoriais de cada órgão de comunicação social. Um jornal é formado por uma estrutura composta por jornalistas, editores, chefe de redação, e diretor. A profissão de jornalista está ainda sujeita às regras da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas. (SIMÃO, 2006:154).

O primeiro e o segundo artigo do Estatuto do Jornalista15 (Lei, 1/99 de 13 de

janeiro) disponível no site da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas (1999)

diz:

1 - São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, seleção e tratamento de fatos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão eletrônica. 2 - Não constitui atividade jornalística o exercício de funções referidas no número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de natureza predominantemente promocional, ou cujo objeto específico consista em divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições, empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial ou industrial.

15 Estatuto completo: http://www.ccpj.pt/legisdata/LgLei1de99de13deJaneiro.htm

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O mesmo Estatuto, no artigo terceiro, fala sobre a compatibilidade do exercício

da profissão de jornalista:

a) Funções de angariação, concepção ou apresentação de mensagens publicitárias; b) Funções remuneradas de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de orientação e execução de estratégias comerciais; c) Funções em qualquer organismo ou corporação policial; d) Serviço militar; e) Funções de membro do Governo da República ou de governos regionais; f) Funções de presidente de câmara ou de vereador, em regime de permanência, a tempo inteiro ou a meio tempo, em órgão de administração autárquica.

Para Simão (2006:155), “os blogs não reúnem condições necessárias para serem

considerado jornalismo. Não só pela legislação, mas também pela forma com que são

utilizados, sem uma estrutura que permita a recolha isenta e sistemática de dados de

forma a coligir, organizar e editar informações”. Já para Orduña et al (2007:68), a

questão é, “que cada um faça o que achar conveniente desde que não prejudique

ninguém”.

4.3 A informação nos blogs

Essa facilidade em postar notícia sem um blog, fez da rede um veículo suspeito

quanto a veracidade das informações contidas nele. Segundo Correia (2008), “o rótulo

de notícia é colocado quase sempre por um profissional da comunicação, o jornalista.

Mas quais são os critérios de escolha do que é ou não notícia?”.

O que se sabe com clareza é da fase crítica da falta de confiança da qual vem

passando, pois de acordo com Orduña et al (2007:76) “os grandes meios de

comunicação sofrem grande crise de credibilidade. Os cidadãos os consideram

excessivamente próximos dos poderes e muito distantes da realidade”.

Apesar de muitas especulações e várias opiniões sobre a questão de notícias

dadas por diários serem postas em dúvida, isso não está de todo certo. “a mídia

tradicional acreditava que apenas ela gozava do respeito inerente às antigas instituições

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de disseminação de informação, instituições que as pessoas ainda acreditavam oferecer

reportagens honestas e corretas”. (HEWITT, 2007:46).

Quando o �ew York Times, o “grande jornal” do país, foi informado, pelo San Antonio Star Express, em 29 de abril de 2003, de que um de seus principais jovens repórteres, Jayson Blair, poderia ter plagiado material, teve início uma seqüência de acontecimentos que, assim como no caso Lott com relação à política, definiu a blogosfera como um mecanismo de responsabilidade da mídia. (HEWITT, 2007:47).

Isso significou que se o jornal mais influente do mundo, tido como referência,

teve, ainda que, sem conhecimento, parte de suas notícias plagiadas, porque por, então,

os blogs como algo de conteúdo duvidoso. Claro, que isso depende de quem o modera.

No caso se for um jornalista renomado a situação, pode, mudar de figura.

E isso se passa no restante do mundo. Diversas pesquisas realizadas na Europa e nos Estados Unidos mostram que mais da metade dos cidadãos não acredita mais nos meios de comunicação tradicionais. Sem confiança não há credibilidade e sem esta a informação é insegura. Esse descrédito faz que alguns se distanciem da informação, mas a maioria busca meios alternativos e mais confiáveis pelos quais podem informar-se. (ORDUÑA et al, 2007:77).

Nesse caso, os blogs são tidos, por alguns, como fonte de informação. “Em

outras palavras, “informação confiável” passou a significar “informação confiável muito

recente. É onde entra a blogosfera”. (HEWITT, 2007:121).

A maioria das pessoas que lê Hugh Hewitt o faz porque confia em mim e não tem tempo ou disposição para vasculhar as notícias políticas, nacionais e internacionais todo o dia ou toda hora, ou editar o que pode ler. Eu sou um atalho, uma conveniência. [...] Os blogueiros estão cumprindo uma função informativa, determinando os atos das pessoas de centenas de milhares de formas. (HEWITT, 2007:121).

Segundo Malini (2008), “assim as diferentes linguagens jornalísticas passam a

habitar um espaço marcado pelas singularidades que atuam em rede, compondo um

novo campo de atuação comunicacional”. Apesar disso, “certamente, estas fórmulas

novas de escritura colaborativa colocam problemas sobre a validade das informações, a

responsabilidade dos autores, a pretensa ausência de linha editorial, as temáticas

umbilicais etc. E o debate está vivo entre os defensores e os detratores destes sites”.

(COUCHOT apud MALINI, 2008).

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E quanto aos blogs que suas informações foram verdadeiros furos na imprensa?

Isso, de acordo com Simão (2006:153) “não faz deles jornais, mas sim fontes”.

Ou seja, os blogs para ele não passam de boas fontes para o webjornalismo. Pois, há

informações que escapam aos jornais e não aos blogs. Para Weis (2006), “a Internet

precisa ser aproveitada para se descobrir novas maneiras de apresentar material

informativo – que, inevitavelmente, se transformará em material jornalístico robusto,

produzido por quem o faz em tempo integral”.

É certo que, quem bloga, não vai parar e quem lê não vai deixar de ler. Por isso,

Orduña et al (2007:89), afirma, “os cidadãos que estão nos meios sociais de

comunicação vieram para ficar. Sempre quiseram estar onde estão, mas as barreiras

eram muito grandes: econômicas, tecnológicas, moderadoras. Esses obstáculos foram

derrubados e é difícil que voltem a se levantar”.

4.4 Jornalistas blogueiros

A maioria das pessoas, que lêem blogs de jornalistas, o fazem porque confiam

no conteúdo, associam a credibilidade do nome da pessoa à sua produção. “A maioria

das pessoas que lê Hugh Hewitt o faz porque confia em mim. (...) Eu sou um atalho,

uma conveniência”. (HEWITT, 2007:121).

Atualmente, no Brasil, segundo Castro (2004), os melhores blogs são mantidos

por jornalistas. Mas ainda há uma pluralidade de opiniões sobre o assunto que se

contradizem. Para Peixoto (2008) apud Ribeiro & Teixeira (2008), é possível a união

das duas funções. “um jornalista atuar como blogueiro ajuda muito na sua formação

profissional, e um blogueiro transmitir uma notícia não o desqualifica por não ter

diploma”. Opinião semelhante tem Ethevaldo Siqueira, jornalista de O Estado de S.

Paulo. Veterano articulista sobre novas tecnologias, Siqueira afirma que:

Já foi o momento de o jornalista querer ser o dono da notícia, não é mais exclusivo dele. Blogueiro pode fazer isso bem, desde que tenha um comportamento ético como tem o bom jornalista. Apesar de confiar no amadurecimento da rede, Siqueira diz que ainda falta experiência aos blogueiros: Pelo menos no Brasil, ainda não estão mais bem preparados que os jornalistas, porque ainda não têm tradição ética. O único denominador comum que os blogueiros têm é um

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espaço na internet. (SIQUEIRA, 2008 apud RIBEIRO & TEIXEIRA (2008).

Segundo Borges (2006), os blogs de jornalistas não funcionam “o grande

problema para os jornalistas é que, na internet, os leitores estão presentes em carne e

osso. Para os jornalistas, os internautas são uma pedra no sapato”.

Mesmo com a internet a manivela (de antes), era mais fácil. Se um email não agradava, bastava apagar. Fingir que não chegou... Quem iria provar? Carta, então... nem precisava abrir; bastava rasgar e jogar fora. Se o chato incomodasse muito, era só inventar, em cinco minutos, uma metáfora qualquer para humilhar o leitor em público – e ele saía de circulação. Agora é uma desgraça: tem ‘leitor’ publicando em tudo quanto é canto! Onde é que nós vamos parar? (BORGES, 2006).

Essa opinião de Borges (2006) é controversa. Para Palácios apud Nascimento

(2007), o que acontece é que os jornalistas ainda não se adaptaram as mudanças. “Os

jornalistas devem entender que estão atuando em uma profissão em fase de mudança,

em que a notícia pode ser trabalhada numa mesma redação em diversas mídias”.

Borges (2006) ainda diz que os blogs de jornalistas só vão melhorar, quando

acabar em jornais de papel e não fizeram mais sentido a dependência governamental.

Enfim, os blogs dos jornalistas não funcionam também porque o blog por dinheiro, e só por dinheiro, é uma contradição em termos. Como o blog político o é, se for mero instrumento de assessoria de imprensa (e se não houver, por parte do blogueiro, nenhuma paixão que o mova). Os jornalistas brasileiros passaram muitos anos amarrados, manietados, obedecendo a ordens e replicando as opiniões de seu empregador – é natural, portanto, que se movimentem desajeitadamente num ambiente onde a liberdade de expressão nunca foi tamanha... O pior é que a internet, generosa como sempre, vai absorvê-los no final. (BORGES, 2006).

Aliás, discussão que sempre é levantada, sobre até quando os jornais

sobreviverão. Desde que chegou a televisão, depois a internet e agora os blogs. Uns

preverem que ia acabar, outros que vai durar um pouco mais, mas a maioria aposta

numa vida longa eles.

Os blogs capitaneados por jornalistas criam um ponto de contato entre os grandes veículos e o que chama de blogosfera. “Não creio que os blogs vão acabar com o jornalismo, porque a maioria dos conteúdos dos blogs vem da grande imprensa, não o contrário”. (PALACIOS apud NASCIMENTO, 2007).

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Bogart apud Manta A. (2005) “os jornais convencionais irão sobreviver e

prosperando no mundo digital. Kammel apud Manta A. (2005) aposta nisso também,

pois para ele os impressos promoverão mudanças radicais no conteúdo. É exatamente

isso que vem acontecendo.

Quase todos os jornais impressos de grande circulação mudaram seu layout para

aproximar do que os leitores querem. Até revistas estão com seu formato parecido a

páginas da internet. Um exemplo e a Revista da Semana16 (Editora Abril), em que, as

matérias são curtas e distribuídas em blocos, semelhantes a colunas da Web.

Na televisão é a era das revistas eletrônicas. Tudo para não perder leitores,

telespectadores e cada vez mais aproximando do que é a Internet. Artistas, cantores e

autores de novela, cada um com seu blog, uma forma de ganhar fãs e conquistar

telespectadores.

Portanto, a Internet mudou o comportamento das pessoas. E, também, dos

jornalistas. As empresas de comunicação disponibilizaram em seus portais, links para

que seus profissionais mantenham seus blogs hospedados na própria organização. O que

não deixa de ser uma forma de controle.

Nos Estados Unidos, segundo Castro (2002), vários jornais estão tentando

controlar os blogs de seus jornalistas. “E quaisquer outros blogs, sobre quaisquer outros

assuntos, têm que ser previamente aprovados por uma redação nada simpática ao

assunto”.

Para Bastelle apud Amorim & Vieira (2006), o fato dos setores de comunicação

publicarem seus próprios blogs é uma habilidade que as empresas devem adquirir, por

ser uma forma diferente de mídia. Mas onde fica a liberdade de expressão. Depende da

empresa. E do jornalista.

De acordo com Castro (2002), o jornal O Globo saiu na frente e ofereceu blogs

aos seus colunistas. A intenção é que os outros jornalistas, da casa, também tenham no

futuro. “Alguns aceitaram, outros não, talvez relutando em abrir mão da liberdade de

escrever o que bem quiserem em seus blogs independentes”.

16 Deixou de circular menos de dois anos depois de ser lançada, não sobrevivendo a concorrência digital.

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Não precisavam ter medo. Pelo menos, não por enquanto. Apesar de O Globo hospedar esses blogs dentro do seu próprio site, não há qualquer tentativa de controle do conteúdo. Os colunistas-blogueiros não receberam quaisquer instruções sobre que tipo de conteúdo seria adequado incluir nos blogs. A única regra não deixar o blog parado mais de uma semana. (CASTRO, 2002).

Claro que, o jornalista tem que ter bom senso e seguir o Manual de Redação e

Estilo do jornal. Segundo Ribeiro & Teixeira (2008), tanto Carlos Albuquerque,

jornalista do O Globo, no Rio, quanto Leonardo Cruz, editor assistente, da Folha de S.

Paulo, seguem esses preceitos. A mesma postura ética é usada, também, quando o

assunto é jabá.

Verdade é que, blogs de jornalistas, quando dão certo, elevam o profissional

num patamar, antes nunca alcançado. De acordo com Ribeiro & Vieira (2008), nos

Estados Unidos, segundo a Revista Time, a colunista Arianna Huffington, se tornou, por

causa do seu blog (Huffington Post17), uma das cem pessoas mais influentes dos Estados

Unidos.

Fazer jornalismo com total liberdade é o sonho de todos os profissionais. E para

Noblat apud Ribeiro & Vieira (2008) a Internet, talvez seja, o último espaço de

liberdade do homem. E é essa liberdade que atrai tanto os jornalistas para a blogosfera.

Segundo Ribeiro & Vieira (2008), caberá aos jornalistas a luta para manter a

tradição da imprensa e “do método reconhecido pela sua confiabilidade, construído em

outras eras, centenas de anos antes do mundo digital. E blog é uma outra

história,diferente do jornalismo, ainda em construção. Nem melhor, nem pior”.

17 http://www.huffingtonpost.com/

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Capítulo 5

Liberdade de Expressão

A busca pela liberdade, de um modo geral, faz parte da história. O ser humano

desde o princípio de vida almeja ficar livre de tudo o que o reprima, segundo a Bíblia

Sagrada apud Almeida (1993), Jesus Cristo, o nazareno, morreu para que ficássemos

livres dos pecados. Ou seja, a morte dele seguida por sua ressurreição traria, de certa

forma, liberdade à humanidade.

Mil anos após termos ficado livres dos pecados, surgiu uma das maiores

perversidades religiosas. Aquela que julgava toda e qualquer fé contrária ao catolicismo,

como sendo herege. A Santa Inquisição, como era chamada, que segundo Luz [s.d], foi

instituída em 1232, pelo papa Gregório IX, era uma forma de implantar

obrigatoriamente o catolicismo e extinguir com as demais religiões. Durou até 1859,

portanto, foram mais de seis séculos de repressão a liberdade religiosa e milhares de

vítimas mortas de forma cruel. Uma delas, talvez a mais conhecida da história Joana

D´arc,

De acordo com Percília (2007), Joana foi uma das mulheres mais fortes e

guerreiras que o mundo já conheceu. Porém, em 1430, foi levada a julgamento no

tribunal inglês, um martírio que durou seis meses, sua sentença foi ser queimada viva,

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em uma fogueira aos 19 anos de idade. Foi o fim da heroína francesa. Assim eram as

mortes decretadas pela inquisição, todas com um requinte de perversidade, que o faziam

em nome de Deus.

Afinal alguém teria que manter tão complexa estrutura. O alvo maior em solo lusitano era o cristão-novo, judeus convertidos a fé cristã, que a Inquisição julgava manter seus ritos judaicos secretamente. Acusados de profanar as hóstias e desvirtuar muitos cristãos do caminho de Deus, esse povo pagou com a vida e com seus bens a manutenção do equilíbrio do reino. (LUZ, [s.d]).

Dessa forma vimos que há censura, nos mais variados sistemas, e que a busca

pela liberdade, de expressão ou não, não é só um problema dos dias atuais. “A censura

não é um processo de coação da liberdade de expressão, exclusivo do Antigo Regime,

nem dos regimes políticos totalitários. Em todo o caso, não é somente neste sentido que

a vimos nos textos (...). É a máquina intrínseca de todos os sistemas de poder”.

(RODRIGUES A., 1985).

A luta de liberdade de imprensa em relação à influência do Estado, de acordo

com Kunczik (2002:26), começou na Inglaterra, onde, em 1649, o Partido Leveller

defendeu um projeto de lei que havia apresentado o Parlamento.

Nesse contexto sobressai o tratado Areopagitica (1644), de John Milton (1608-1674), centrado na liberdade de imprensa. Milton não só assinalou que o papa e a Inquisição introduziram a censura –os pontos de referência mais negativos possíveis para os ingleses do século XVII – mas também demonstrou a impossibilidade de se ter uma censura perfeita que, feita por intelectuais subalternos, só levaria à supressão da verdade. (KUNCZIK, 2002:26)

Na Inglaterra a censura deixou de existir quando não se renovou mais a Lei de

Autorização, em 1965.

Segundo Costa Neto [s.d] em 1789, a França num movimento revolucionário

gritou: "Liberté, Egalité, Fraternité" (Liberdade, Igualdade, Fraternidade), frase de

Jean-Jacques Rousseau. Era um período em que os países viviam sobre o comando dos

seus colonizadores. E a liberdade era o sonho. Esses três princípios passaram a ser

denominação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Um dos artigos dessa declaração, o artigo XI diz que “A livre comunicação de

idéias e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem. Todos os cidadãos

podem, dessa forma, falar, escrever e imprimir com liberdade.” (KUNCZIK, 2002:27).

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A liberdade pode ser político, religiosa, econômica, física ou de expressão.

Segundo Chauí (2000), durante a revolução francesa, foi quando se definiu melhor o

significado da liberdade, na linguagem da declaração vigorada mais precisamente em 26

de agosto de 1789. Sobre o assunto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos18

(1948) diz:

Artigo I “os homens nascem livres e iguais em direitos (...)”; Artigo IV “a liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique a outrem (...)”; Artigo X “ninguém deve ser molestado pelas suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem publica (...)”; Artigo XVII “sendo propriedade um direito inviolável e sagrado, dela ninguém pode ser privado, salvo quando a necessidade publica, legalmente verificada o exigir evidentemente e com a condição de uma justa e prévia indenização (...)”.

Porém, não foi tão fácil assim chegar um consenso, e os fatos da época

resultaram na chamada Revolução Francesa. Durante esse mesmo ano a França teve a

vitória vigorando a Declaração, entre os dias 02 e 07 de setembro, foram mais de mil

franceses julgados e executados. Entre eles, monarquistas e presumíveis traidores. Foi

quando surgiu a figura mais importante para a resolução desses acontecimentos, o

jovem general Napoleão Bonaparte19 que conduziram à Constituição de 24 de dezembro

de 1799, dando fim a revolução.

Para Chauí (2000:61) “a primeira grande teoria filosófica da liberdade foi

exposta por Aristóteles na obra Ética a �icômac”. Teoria essa, que com variantes,

permanece até hoje. Essa concepção fala que a liberdade opõe-se ao que é condicionado

externamente (necessidade) e ao que acontece sem escolha deliberada (contingência).

Essa teoria reforça a frase de Rousseau, em que diz, “o homem nasce livre, e por toda a

parte encontra-se acorrentado”. (WILD, 1997).

A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada. É pensada, também, como ausência de constrangimentos externos e

18 http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php

19 Figura importante no século XVIII, principalmente no cenário político mundial da época. Esteve no poder da França durante 16 anos, período em que conquistou grandes partes do continente europeu.

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internos, isto é, como uma capacidade que não encontra obstáculos para se realizar, nem é forçada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por nada e por ninguém. (...) Sem dúvida, poder-se-ia dizer que a vontade livre é determinada pela razão ou pela inteligência e, nesse caso, seria preciso admitir que não é causa de si ou incondicionada, mas que é causada pelo raciocínio ou pelo pensamento. (CHAUÌ, 2000:41).

Chauí (2000:61) diz, ainda, que para Aristóteles, é livre aquele que tem em si

mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação

ou da decisão de não agir.

No Brasil a restrição a liberdade de expressão, sempre foi mais abrangente, “não

atingiu só a imprensa, sendo bem mais ampla, e abarcando as artes, os espetáculos, os

livros, o cinema, o teatro, a música etc...”. (RESENDE, 2006). A criação do

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) no “Estado Novo” foi o precursor para

posteriores e novas formas de censura que estavam por vir.

5.1 Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

Segundo Dines (2007), o DIP foi criado, em 1939, dois anos depois do início do

Estado Novo, para substituir o, até então, Departamento de Propaganda e Difusão

Cultura (DPDC), de 1934. Também havia substituído o Departamento Oficial de

Propaganda (DOP), criado em 1931. Mas tanto o DOP, quanto o DPDC, eram muitos

limitados para atender o governo naquilo que era necessário. Todos esses departamentos

tinham como comandante o jornalista sergipano Lourival Fontes20.

A ditadura instalada por Getúlio Vargas em 10 de dezembro de 1937 concebeu e montou um centro de controle e produção de informações, o Departamento de Imprensa e Propaganda, celebrizado pela sigla DIP, que até a derrocada do regime ditatorial, em 29 de outubro de 1945, manteve a imprensa sob rédea curta. (AZEDO, 2007).

A era de Vargas durou de 1930 até 1945, dividida em três épocas: governo

20 O jornalista Fontes ficou no comando do DIP até 1942, quando a direção passou a ser do major Coelho dos Reis, até julho de 1943. O capitão Amilcar Dutra de Menezes atuou até a extinção do DIP, em maio de 1945.

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revolucionário provisório (1930 a 1934), governo constitucional (1934 a 1937) e

ditadura do Estado Novo (1937 a 1945). O chamado presidente amado por uns e odiado

por outros, foi o responsável por um governo nacionalista e populista.

A Ditadura do Estado Novo seguia métodos semelhantes aos do governo de

Adolph Hitler na Alemanha, principalmente no que diz respeito à ideologia do povo

sendo manipulado através da mídia. O controle que era feito pelo DIP, sempre exaltava

o presidente e o país com um orgulho patriota exagerado, um verdadeiro ufanismo. De

acordo com Noblat (2004:170), “foi esse órgão que instalou a censura e vetou o registro

de 420 jornais e de 360 revistas”.

Fontes era simpatizante do ditador italiano fascista Benito Mussolini, aliado do

líder nazista alemão Adolf Hitler. Ele instalou “um sistema de controle da informação à

base do morde-assopra. De um lado tinha censura, a que todos os veículos de

comunicação estavam submetidos (...) e de outro a oferta de trabalho em órgãos,

publicações e realizações do governo (...)”. (AZEDO, 2007).

A capacidade de abrangência das funções desse novo departamento, DIP, era

bem maior do que a dos seus antecessores. Mesmo porque, tinha um poder de

penetração na sociedade forte comparado aos outros. Também os serviços de

publicidade e propaganda dos ministérios, departamentos e órgãos da administração

pública passaram a ser responsabilidade do DIP, além, de ter total controle sobre todas

as manifestações brasileiras.

Nesse período, segundo a Biblioteca online da Folha, do jornal Folha de São Paulo, havia “a existência do culto da personalidade ao ditador, com o funcionamento do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que além de fazer o marketing do ditador, possuía poder de censura em cada publicação de jornais, revistas, livros e radiodifusão. Músicas eram censuradas e até mesmo sambas-enredo.” (MOURA, 2001).

Os setores de divulgação de radiodifusão, teatro, cinema, turismo e imprensa

eram todos controlados pelo DIP, que cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a

propaganda interna e externa, fazer censura. Vários estados possuíam órgãos filiados ao

DIP, os chamados "Deops".

Essa estrutura altamente centralizada permitia ao governo controlar a

informação, em todo o país, assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país. “Tanto

o DIP como o Deops – órgãos de repressão do governo varguista funcionava como

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engrenagens reguladoras das relações entre o Estado e o povo; verdadeiras máquinas de

filtrar a realidade, deformando os fatos e construindo falsas realidades”. (CARNEIRO

apud RESENDE, 2006).

Quanto a imprensa, a uniformização das notícias era garantida pela Agência

Nacional. O departamento as distribuía gratuitamente ou como matéria de auxílio,

dificultando o trabalho das empresas particulares. Com uma grande equipe, a Agência

Nacional conseguia monopolizar o noticiário.

Através do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, o Estado Novo controlava com mão de ferro qualquer crítica ao sistema político, apelando para a prisão de quem ousasse divergir. A imprensa foi declarada de utilidade pública, o que obrigava todos os jornais a publicar comunicados do governo. Para dificultar ainda mais o seu trabalho, o DIP exigiu o registro dos jornais e dos jornalistas e baixou decreto determinando o mesmo para a importação de papel de imprensa. Dezenas de jornais tiveram que fechar as portas uma vez que não conseguiam o registro. Até o sisudo jornal O Estado de São Paulo chegou a ser confiscado, levando ao exílio seu dono Júlio de Mesquita. (RABELO, 2004).

5.2 O censor da Ditadura Militar

A Ditadura Militar21 foi o período da política brasileira em que os militares

governaram o Brasil, de 1964 A 1985. Suas principais características foram a falta de

democracia, supressão dos direitos constitucionais, censura, perseguição política e

repressão aos que eram contra o regime militar.

Foi um período em que o país temia que o socialismo dominasse. Pois o mundo

estava em plena Guerra Fria. Esse período gerou inúmeras manifestações, inclusive a do

dia 19 de março, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de

pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31

de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas, para evitar uma

21 Nesse período, o Brasil foi governado por dois marechais e três generais. O primeiro foi o do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco que durou de 1964-1967. O segundo o marechal Artur da Costa e Silva que durou de 1967-1969. O terceiro o general Emílio Garrastazu Médici que durou de 1969-1974. O quarto o general Ernesto Geisel que durou de 1974-1979. O quinto e último foi do general João Figueiredo que durou de 1979-1985.

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guerra civil. João Goulart (Jango), presidente na época, se exila no Uruguai e os

militares tomam o poder.

O censor22, segundo Santos (2008) ainda está em uso em algumas redações de

hoje. A pauta-prévia foi um documento pela ditadura militar. Ou seja, uma forma do

censor triar o que ia sair na imprensa.

A pauta-prévia do passado foi instrumento de robotização de jornalistas. A do presente é moderna e tecnicamente bem elaborada por destacados comunicadores do infinito, mas é semelhante à pauta da ditadura militar. (...) Por meio da pauta-prévia, o censor da ditadura controlava previamente toda matéria noticiosa a ser produzida por repórteres. O pauteiro era o astro que definia o que era ou não objeto de cobertura jornalística. Assim, sob comando do censor, o pauteiro só programava cobertura de matérias aceitas pelo regime de exceção que controlava jornais, rádios e TVs. (SANTOS, 2008).

Ao longo da história, a censura sempre procurou controlar a informação de todas

as formas, e, com isso, o pleno exercício da cidadania virou algo impossível. Situação

essa, que ficou mais visível durante os vinte anos em que os militares estiveram no

poder. A falta de liberdade de expressão ficou em primeiro lugar, ganhando um

contorno estratégico, ”já que o regime buscava se tornar hegemônico e se legitimar,

tentando criar um novo imaginário social”. (RESENDE, 2006).

5.3 Doi-Codi e Dops

O Destacamento de Operações de Informações (DOI) era subordinado ao Centro

de Operações de Defesa Interna (CODI), junto com o Departamento de Ordem Política

e Social (DOPS), fizeram parte dos maiores órgãos de inteligência, e de severa

repressão do governo, durante o regime militar. O DOI-CODI surgiu a partir da

Operação Bandeirante (OBAN), em 1969 com o objetivo de coordenar e integrar as

ações dos órgãos de combate às organizações armadas de esquerda

Seu objetivo era o de combater o que para eles eram "inimigo interno", como a 22

O censor que era quem autorizava ou não a publicação de um livro, letra de música, matérias de jornais, revistas, rádio e TV. No caso do censor da imprensa, se alojavam nas redações, e o faziam por uma pauta-prévia.

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de outros órgãos de repressão brasileiros no período, a sua filosofia de atuação era

pautada na Doutrina de Segurança Nacional. Estabelecido em quase todos os estados.

Em São Paulo, se localizava na rua Tutóia, lá atualmente funciona o 36° Distrito

Policial.

O auge da tortura se deu no período 1969/73, quando os militares reagiram ao enfrentamento aberto da esquerda estruturando a Operação Bandeirantes e os DOI-Codi's, que, inicialmente, se incumbiam apenas dos militantes da vanguarda armada. As organizações desarmadas, como o velho PCB, continuaram sendo por bom tempo atribuição dos Deops, que ainda se mantinham dentro de certos limites. (LUNGARETTI, 2008b).

O DOI-CODI funcionava, clandestinamente, como meio de extermínio aos

opositores do regime. Em seus porões várias mortes foram provocadas através de

torturas. Sobre esse período, Callado apud Corrêa (2006) diz, que suas conferências

rolaram entre a demencial e a crescente violência da tortura, no apogeu dos DOI-CODI,

dos sumiços de presos e dos cadáveres, com o silêncio garantido pela censura, estúpida

e torva, estimulada pela impunidade e a cobertura fardada.

Para driblar a imprensa, os que apareciam mortos, eram apresentados como

suicídas. Pois, quando prisioneiros eram encontrados enforcados na cela. O caso mais

conhecido é o do jornalista Vladmir Herzog, morto em 25 de outubro de 1975. Mas o

por que da sua morte repercutir tanto até os dias de hoje, sendo que há inúmeros casos,

até mais cruéis, e de pessoas revolucionariamente mais significativas, como cita

Lungaretti (2008a) o caso de Mário Alves, que chegou a ser empalado com um cassetete

dentado.

Há vários motivos. Primeiramente, chocou e até hoje choca sabermos que Herzog se dirigiu pelas próprias pernas ao encontro da morte, acreditando que sofreria apenas o interrogatório para o qual foi convocado. Por que ele não desconfiou de que poderia ter o mesmo destino que tantos tiveram antes dele? Por um motivo simples: em 1975 a tortura já arremecera, depois de dizimada a esquerda armada. (LUNGARETTI, 2008a).

Essa farsa, porém, não se sustenta, pois, os “tais” suicidas, que se enforcavam,

nas dependências do DOI-CODI, amarravam seus cintos nas grades das celas, sem vão

livre, ou seja, não havia espaço entre o piso e seus pés. Neste contexto as mortes de

alguns prisioneiros, se tornaram suspeitas. Como, de Herzog e do operário Manuel Fiel

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Filho. Esses casos levaram o presidente Geisel a iniciar um confronto público com a

linha dura da polícia repressiva.

(...) teríamos pela frente os cinco anos do contraditório mandato do general-presidente Ernesto Geisel – de 15 de março de 74 a 15 de março de1979 -, que sai de cena depois de desmontar os aparelhos de tortura e de restabelecer a liberdade de imprensa e, na contramão, de determinar a obra revolucionária de desarticulação institucional e de desmoralização do sistema político pelos esquivos atalhos do casuísmo”. (CALLADO apud CORRÊA, 2006:8).

Até hoje há casos de execução do DOI-CODI que estão sendo julgados. Segundo

o Jornal dos Jornalistas (ago/2008), em 15 de julho de 1971, o jornalista, de 23 anos,

Luiz Eduardo Merlino, foi preso em sua casa, em Santos. Levado para o DOI-CODI,

Merlino morreu quatro dias depois, seu corpo com marcas de tortura, foi encontrado,

mais tarde, pela família no Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, em uma gaveta

sem nome. A explicação dada pelas autoridades foi que ele havia de suicidado jogando-

se na frente de um carro na BR-116.

Esse é um dos casos que é movido uma ação declaratória na área cível,

responsabilizando o coronel reformado do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra23,

hoje com 75 anos, que na época era o comandante do DOI-CODI de São Paulo. De

acordo com Magalhães (2008), o coronel Ustra foi condenado em 09 de outubro de

2008, por outro crime de tortura, contra o casal de ex-presos políticos Maria Amélia de

Almeida Teles e César Augusto Teles. Também foi reconhecida a tortura a Criméia

Schmidt de Almeida, irmã de Maria.

"Eu me sinto vitoriosa, Eu gostaria que a Justiça tivesse reconhecido também a tortura a mim e ao meu irmão, que éramos crianças na época. Mas o juiz disse que não há elementos para isso. A decisão faz com que a gente pense mais. De uma maneira mais séria dos crimes do passado. Ela traz à família satisfação e alívio", diz Janaína Teles, que na época tinha cinco anos de idade. O irmão, Cesar Teles, é um ano mais novo. (MAGALHÃES, 2008).

23 Coronel que comandou o DOI-CODI em São Paulo de 1970 a 1974. Esse julgamento foi apenas moral e político, já que Ustra foi beneficiado pela Lei de Anistia, em 1979, que beneficiou pessoas condenadas por atos terroristas e militares que tinham participado de sessões de tortura durante o período de ditadura. Porém, o caso também ainda será será discutido na Justiça.

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De acordo com o Jornal dos Jornalistas (ago/2008), o casal Teles, a irmã de

Maria Amélia e os dois filhos, Janaina e Edson, foram presos em 1972. Os adultos

enfrentaram torturas e as crianças, na época seis e cinco anos, ficaram mantidas no

mesmo local por vários dias.

O economista Waldir Quadros e o jornalista Sérgio Gomes faziam parte do

movimento estudantil, quando em 04 de outubro de 1975 foram presos por policiais à

paisana, encapuzados, no Rio de Janeiro. Algemados e vendados com esparadrapo,

foram colocados em carros separados e mandados de volta para São Paulo.

No Doi-Codi, a sessão de tortura começou logo na chegada. O funcionário encarregado de fichar os dois pediu o nome e endereço de parentes para onde deveriam "mandar os corpos depois". Em seguida, Quadros e Gomes foram separados. Despidos e jogados numa cela, receberam choques por todo o corpo. Levaram incontáveis socos, pontapés e pauladas, além de terem sido obrigados a beber água com creolina. Gomes ainda foi pendurado de cabeça para baixo no "pau-de-arara" e Quadros colocado nu numa câmara fria. (LEVY, 2004).

Nas dependências do DOI-CODI permaneceram por vinte dias. Depois disso, os

amigos ficaram mais três semanas no DOPS. Quadros foi transferido para o então

recém-inaugurado distrito policial do Cambuci, onde passaria mais 50 dias, até ser

libertado.

5.4 Ato Institucional n. 5 (AI-5)

O AI-5 de 13 de dezembro de 1968, foi o quinto de muitos decretos emitidos

pelo regime militar posterior ao Golpe Militar de 1964. Foi um dos instrumentos de

maior força que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira conseqüência foi o

fechamento do Congresso Nacional por quase um ano e o mais temido da época

recrudesceu a censura, determinando a censura prévia, que se estendia à música, ao

teatro e ao cinema de assuntos de caráter político.

O AI-5 era chamado pela imprensa da época de “golpe dentro do golpe”,

tamanha era o estrago que fazia no que diz respeito a liberdade de expressão,

totalmente proibida. Teve fim dez anos depois, em 10 de outubro de 1978.

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No mesmo ano em 29 de dezembro surgiu a Lei de Segurança Nacional que

prevê penas mais brandas, possibilitando a redução das penas dos condenados pelo

regime militar. Decreto possibilita o retorno de banidos pelo regime.

Pode-se até desfrutar da discutível satisfação de ser preso, de ir para a cadeia e ser julgado por um tribunal militar sob a Lei de Segurança Nacional. Eu passei por tudo isso. Temporariamente, você se sente um pouco melhor, como se tivesse pago um imposto de renda moral a algum futuro governo de sua escolha, que finalmente tornará o país respeitador das leis, decente e livre. Mas a satisfação dura pouco, acima de tudo porque você sabe que combatentes jovens, estudantes ou trabalhadores, impacientes demais para esperar por um momento melhor para mudar as coisas, estão sendo o tempo todo presos e torturados, presos e assassinados. Não estão apenas presos e julgados, mas simplesmente mutilados ou assassinados. Não são poupados. Não são integarntes da Igreja, não contam talvez com o apoio de um jornal poderoso, como aconteceu comigo, não tiveram sequer o tempo de construírem um nome, uma reputação, que pudesse lhes servir de escudo contra seus torturadores. (CALLADO apud CORRÊA, 2006:73-74).

A censura impedia que o povo soubesse dos problemas. O rádio, a televisão e os

jornais, só mostravam notícias e pontos positivos. Já que, os meios de comunicação, por

força maior, demonstravam que o caminho seguido pelo regime era o correto.

Mas em 8 de maio de 1985, o Congresso Nacional aprovou emenda

constitucional que acabava com os últimos vestígios da ditadura24. E aparentemente

também com a censura. Mas esta, de fato nunca acabou.

24 O primeiro Presidente eleito após o fim da ditadura militar, foi Tancredo Neves, votado pelo Colégio Eleitoral, formado pelo Congresso Nacional (senadores e deputados) mais seis representantes partidários de cada estado, sem a participação do povo. Mas morreu antes de tomar posse, assumindo o vice José Sarney (1985 a 1990). Fernando Collor de Melo foi o primeiro presidente eleito pelo voto popular do povo brasileiro (1990 a 1992 quando renunciou ao cargo para evitar um processo de impeachment).

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Capítulo 6

A censura no Brasil

A censura no Brasil existe antes mesmo da independência. De acordo com Leite

Filho apud Negreiros (1979), foi nos anos 20 que ela começou a dar sinais de que veio

para ficar. Com a tentativa de sufocar uma onda de inconformismo, surge, então, a

primeira lei de imprensa no Brasil, projeto original do senador paulista Adolfo Gordo.

A lei Infame ficou conhecida como “Lei Adolfo Gordo”. A lei invocava o lema

da liberdade com responsabilidade para encobrir um dos seus propósitos acabar com a

chamada imprensa proletária mantida pelos trabalhadores.

A Lei Adolfo Gordo foi uma lei antioperária, não foi uma lei contra a liberdade de imprensa. Foi uma lei que resultou das greves, das grandes greves de 1917 e 1919, que foram os maiores movimentos da massa operária que se deram no Brasil até hoje. A de 1917 foi ainda mais forte, mais ampla. Em vários pontos, por exemplo, do Rio Grande e de São Paulo, os anarquistas estiveram eventualmente no poder. (...) Só havia anarquistas e sindicalistas livres e independentes. A lei se destinava a reprimir o movimento operário. Não atingia, ou pelo menos não pretendia e de fato não atingia, a imprensa não-operária, atingia a imprensa liberal. (LEITE FILHO apud NEGREIROS, 1979).

Essa lei, segundo Azedo (2007), é a mesma que anos mais tarde vai dar a partida

para uma legislação feroz de repressão à imprensa, que ganham forma precisa,

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abrangente e de duração prolongada sob o Estado Novo de Getúlio Vargas.

A verdade é que os únicos que se enganam com a censura são os próprios censores. (...) A existência da censura é fato mais grave do que aquilo que ela proíbe divulgar. E a existência da censura é fatalmente desvendada no seu exercício. (...) A falência da censura é notória, ela sustenta-se mais no conformismo dos jornais do que na força da autoridade. Todo o aparato do Estado Novo ruiu fragosamente. (DINES, 1974:138-139)

De acordo com Callado apud Corrêa (2006:38), uma conseqüência da censura

no Brasil é o fato de que jamais teremos uma imprensa equilibrada. A censura imposta

em caráter quase permanente, ao ser suspensa, tende a produzir efeito semelhante, ao de

um desses bonecos de mola que salta quando sua caixa é aberta. Para Dines (1974:139),

por sua vez, a comunicação pode unir países divididos, a censura, porque não pode ser

disfarçada, aumenta os rancores e cisões.

O assunto censura já faz parte da tradição brasileira, pois é encarada como um

assunto permanente. Já que, existe há muito tempo. “Aliás, pode-se dizer que os

momentos de liberdade é que são exceção ao longo de nossa história. Há momentos,

como após o golpe de 1964, em que ela foi exacerbada e objetivou, inclusive, a

conquista dos corações e mentes dos brasileiros”. (RESENDE, 2006).

6.1 Liberdade de Imprensa

O mundo necessita de informação e, segundo Mattos (2005), a liberdade de

imprensa é imprescindível, não só para os jornalistas, como também para todas as

camadas da população. O que, historicamente, é sabido que no Brasil, essa liberdade,

sempre sofreu ameaça de uma assombração, chamada censura. O primeiro jornal

brasileiro, Correio Braziliense, já nasceu amedrontado, e para sobreviver a censura,

durante algum tempo teve de ser impresso em Londres, na Inglaterra.

Mattos (2005) lembra ainda que, a Constituição Brasileira25 promulgada em 5 de

outubro de l988 garante, em seu artigo 220, que a manifestação do pensamento não

sofrerá nenhuma restrição e, nos parágrafos 1º e 2º, veda totalmente a censura,

25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm

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impedindo até mesmo a existência de qualquer dispositivo legal que "possa constituir

embaraço à plena liberdade de informação jornalística, em qualquer veículo de

comunicação social".

Pena que essa lei é muito bonita para enfeitar as páginas da constituição, porque

na prática mesmo os próprios responsáveis por elas, os políticos, são os primeiros a

ignorá-las. E na primeira oportunidade em que se vêem ameaçados por qualquer matéria

de jornal tomam medidas totalmente contrárias a democracia que aparentemente

vivemos.

Garantias essas que são tão esquecidas quanto a famosa Lei de Imprensa, Lei

5.250, de 9 de fevereiro de 1967, sancionada pelo presidente, na época, Castelo Branco.

Embora já não exista a censura prévia, a atual Lei de Imprensa estabelece limites, uma

vez que, entre outras coisas, não permite a exceção da verdade contra o presidente da

República e outros ocupantes de altos cargos, violando, assim, a liberdade de expressão,

além de contrariar diretamente a Constituição.

Mattos (2005) cita de exemplo o processo movido, em 1991, pelo então

Presidente Fernando Collor de Mello contra Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo,

sem que fosse admitida a prova da verdade. Mas como ele era autoridade política o

processo foi executado.

6.2 A falta de democracia hoje

Engana-se quem pensa que a censura acabou com o fim da ditadura. Pelo

contrário ganhou novas formas. Embora a liberdade de expressão esteja prevista na

Constituição não costuma ser respeitada nem pelo governo e nem pela sociedade.

Segundo Werthein (1999) “há uma realidade mundial ainda desconhecida da maioria

dos brasileiros: prisões, perseguições e ameaças a escritores, jornalistas e meios de

comunicação em geral. Elas acontecem em países onde a democracia, quando existe, é

frágil”.

Pesquisas mostram que até 1997, 26 jornalistas perderam a vida e 185 foram

presos no exercício da profissão. Mais de mil é a soma de tentativas, em todo o planeta,

de violação da liberdade de expressão e de imprensa contra indivíduos, 97 somente na

América do Sul.

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E contra os meios de comunicação (censura, destruição de prédios, interdições

etc.), a soma é igualmente assustadora: 362. Os dados segundo Werthein (1999) são da

Rede Internacional para a Liberdade de Expressão (IFEX26), grupo de organizações não-

governamentais e profissionais comprometido com o alerta e a coordenação de ações

contra ameaças à liberdade de informação.

Debates sobre as várias formas de violação dessa liberdade. Trata-se daquelas que, curiosamente, sobrevivem aos Estados democráticos e de Direito, onde a liberdade de expressão é defendida abertamente, onde opiniões contrárias às dos poderes vigentes são permitidas, mas onde ainda impera o constrangimento diante das figuras públicas de maior prestígio e poder. São as ações mais sutis de controle e de censura que merecem reflexão nos Estados democráticos. Ameaças veladas ou explícitas de demissão, censura a matérias e artigos que contrariam interesses políticos ou empresariais, exposição a pressões e constrangimentos diversos são exemplos do que subsiste em países considerados democráticos. (WERTHEIN, 1999).

O problema é que não há uma democracia. Pois, quando há uma plena e irrestrita

instaura o fim da censura, seja ela “sutil ou agressiva, tácita ou explícita, política ou

econômica, social ou individual” (WERTHEIN, 1999). É por isso que para muitos

estudiosos ainda vivemos na ditadura, embora mascarada, de alguma forma mais amena,

porém sujeitos a porões como os do DOI-CODI.

Os métodos utilizados atualmente pela Polícia paulistana continuam sendo os mesmíssimos adotados pela repressão política na época da ditadura militar. (...) Os leopardos não perdem as pintas, embora hoje estejam impedidos de extrapolar certos limites: já não podem chegar ao cúmulo de torturar tais parentes na frente daquele de quem querem arrancar confissões, como os comandados de Brilhante Ustra fizeram

26 É uma associação composta por 72 organizações não governamentais de mais de cinqüenta países, que se reúnem uma vez a cada dezoito meses, e em 2007 realizou sua 13ª Assembléia Geral, em Montevidéo. IFEX realiza uma função chave ao afrontar as ameaças à livre expressão, evidenciando violência e gerando consciência dos perigos que afrontam as pessoas que dão as noticias ou criticam figuras poderosas em muitos países. Os participantes representam organizações para a liberdade de expressão, grupos de direitos humanos e uniões de jornalistas que trabalham diariamente para defender a liberdade de expressão em seus países, promovendo o desenvolvimento democrático. Três quartos deles provêm de países da América Latina, Ásia Central, Ásia do Sul, Sudoeste da Ásia, Meio Oriente e África.

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com a família de Ivan Seixas nos anos de chumbo. (LUNGARETTI, 2008b).

Fica evidente que só as leis democráticas não garantem ao povo exercer

livremente o exercício da expressão do pensamento. Por isso, para Werthein (1999),

“enquanto essas peças forem vistas como ameaças à estabilidade da maioria e aos

interesses de uma minoria, nem governo nem sociedade estarão de fato vivendo um

Estado democrático”.

Pois, se trata de um exercício contrário, ao que diz a Declaração Universal dos

Direitos Humanos (1948):"Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão;

este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber

e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independente de fronteiras."

Em 1989, após Fernando Collor ser eleito presidente, o jornalista Ricardo Noblat

foi demitido do Jornal do Brasil. Os motivos eram óbvios, Noblat, cobria política e

atacava, até então, o candidato com suas matérias.

Sob o título ”Falso Brilhante”, eu disse em maio de 1989 que o principal ponto fraco de Collor era “a falta de conteúdo político de qualquer natureza. Ele é vazio, não tem nada, a não ser intenções meritórias. Parece um ator que decorou sua fala e que interpreta o papel que lhe deram de maneira convincente”. A dois dias da eleição de Collor, sob o título “Vale tudo pra ganhar”, alertei: “(ele) é um político capaz de fazer qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo para alcançar seus objetivos. Revela aspectos morais e éticos, desrespeita costumes e atropela princípios para obter o que deseja. Pode conseguir se eleger presidente assim. Mas que tipo de presidente será?”. (NOBLAT, 2004:153).

Resultado, o jornalista ganhou um inimigo. Ele mesmo diz que como colunista

de política acertou em alertar a população das suas convicções, porém, errou feio no

ponto de vista da manutenção do seu emprego. Mesmo porque o assessor de Collor,

Cláudio Humberto já o havia avisado, caso Collor fosse eleito o primeiro a perder o

emprego seria Noblat.

Collor foi eleito no domingo dia 17 de setembro de 1989. Na sexta, dia 22, Noblat foi demitido, por telefone em Recife onde passava férias com a família. Na mesma manhã o jornal A Tribuna da Imprensa publicou matéria assinada pelo seu dono e editor Hélio Fernandes.

O jornalista Ricardo Noblat será demitido hoje do JB. Ele já foi chefe da sucursal de Brasília e teve que deixar o lugar a pedido de um presidente da República. Agora o colunista respeitado deixa a coluna

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para agradar a um presidente que ainda não tomou posse. No domingo, o Sr. Manuel Francisco do Nascimento Brito reclamou com o editor Marcos Sá Corrêa que o jornal estava muito petista. O editor respondeu: “Vamos fazer o seguinte: encostamos o Rogério Coelho Neto, que é muito ‘collorido’ mas que não pode ser demitido por ter mais de 20 anos de casa, e demitimos o Noblat”. (NOBLAT, 2004:155).

O assunto não parou por ai, no mesmo dia, de acordo com Noblat (2004:155),

Nascimento Brito disse ao ex-repórter do JB, que ele fora demitido por razões

administrativas. E que já ia demiti-lo antes das eleições. Essa situação vivida pelo

jornalista político confirma o que Callado apud Corrêa (2006:12) disse: “que na raiz da

mais negra crise que castiga a mídia desde a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas,

nenhum setor pagou e continua pagando mais caro que a cobertura política”.

Casos como esse estão longe de fazer parte do passado. ”Em fevereiro de 1999

foi registrado o primeiro caso em que uma sentença judicial impôs censura prévia a uma

publicação após o fim da ditadura militar, em 1985. A vítima foi o jornal Floresta,

editado por ecologistas do Pará”. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).

O jornal foi impedido de publicar matéria que denunciava o desmatamento

criminoso em São Feliz do Xingu. Os beneficiários eram nada mais, nada menos que os

donos de uma poderosa madeireira. Situação mais grave aconteceu com o jornal A

�otícia.

Em 24 de maio de 2002, o semanário A �otícia, de Maceió, foi invadido na calada da noite pela Polícia Federal. Por ordem de um obscuro advogado transformado em juiz provisório do TRE, a PF recolheu todos os computadores da empresa e prendeu seu diretor de redação. Motivo: em sua edição anterior o jornal publicara matéria na qual moradores de uma cidade do interior alagoano acusavam três juízes eleitorais de suposto suborno para manter no cargo o então prefeito, acusado de inúmeras irregularidades. (LEITÃO, 2005).

O semanário A �otícia entrou, infelizmente, para a história da imprensa

brasileira como o primeiro jornal a ser cassado, diretamente, por força policial depois do

restabelecimento da democracia. O jornalista João Marcos Carvalho, repórter de A

�otícia, que já havia sido vítima de violências por conta de sua combatividade a

censura, ficou preso por 15 dias.

O caos completo. Censura é um dos ingredientes das ditaduras. Quando ela ocorre em plena vigência do estado democrático é sinal

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que as coisas estão pelo avesso. O que estamos assistindo hoje, com essa avalanche de censura prévia, é uma catástrofe. (...) É fundamental lembrar que hoje a censura está atingindo desde microjornais no interior do país até as grandes empresas de comunicação. (...) Mas o que mais me deixa perplexo é a tímida reação a essas agressões. Com exceção da velha ABI, que protestou por todos os cantos, a Fenaj, as centrais sindicais e o próprio Congresso Nacional se limitaram a espasmos. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).

Dois anos e meio depois o jornalista Carvalho foi indenizado pela União por

perdas e danos morais.

João Marcos, que também é historiador, vem trabalhando na redação final de um livro que pretende contar a história do recrudescimento da censura no Brasil nos últimos cinco anos. Ele denuncia que juízes, que deveriam defender a liberdade de imprensa, resolveram rasgar a Constituição e se transformar em censores. O jornalista também condena a apatia dos profissionais de imprensa com relação ao tema e chama a atenção para um retrocesso institucional. (LEITÃO, 2005).

O Correio Braziliense, em 2002 chegou a ter um censor em sua redação,

exatamente como nos tempos da ditadura. “É fundamental lembrar que hoje a censura

está atingindo desde micro jornais no interior do país até as grandes empresas de

comunicação, como a Editora Abril, a Rede Globo, o Estado de S. Paulo etc”.

(CARVALHO apud LEITÃO, 2005).

Mais uma vez a situação envolve o jornalista Ricardo Noblat, diretor de redação

do Correio Braziliense, foi quem recebeu o censor, um japonês, ou melhor, o oficial de

justiça Ricardo Yoshida e o dr. Adolfo Marques da Costa, advogado do governador de

Brasília Joaquim Roriz. Os fotógrafos do Correio Braziliense registraram tudo.

Os editores foram orientados a escreverem com letras grandes “censurado” em

todas as notícias que fossem vetadas pelo censor. Óbvio que essa, ilustre, visita se

transformou na manchete de capa dia seguinte - “Correio é censurado a pedido de

Roriz”.

Confesso que tinha a curiosidade mórbida de ver um censor censurando. Quando já perderá qualquer esperança, finalmente vi um. Não era um censor clássico, desses de páginas de romances. Sua atividade principal não era nem mesmo a de censurar. Mas – ora, bolas! – estava ali para censurar o jornal, sim. E tinha poderes até para empastelá-lo. Recepcionei-o à porta da minha sala no primeiro andar do prédio do Correio pouco depois das 22 horas de 23 de outubro de 2002, uma quarta-feira. Mandei que lhe servissem café e água antes

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que desse início à sua atividade. Destaquei o repórter Luiz Alberto Weber para levá-lo aonde desejasse ir. E proclamei em voz alta, atento aos mais tinhosos e à posteridade: _Atendam a todos os pedidos dele. Ordem judicial não se discute, cumpre-se. (NOBLAT, 2004:202).

Nem todos os editores tiveram a mesma reação que o diretor. Pois, outros

trancavam as portas para impedirem que o “tal” censor entrasse. Mas a ordem do diretor

prevalecia. Porém, em novembro do mesmo ano Noblat deixou do Correio Braziliense.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo (05/05/2005), o jornalista e escritor

Fernando Morais teve seu livro, “Na toca dos leões”, censurado, como se ainda

vivêssemos no regime militar. “A justiça deu a editora Planeta o prazo de no máximo

vinte dias para que os exemplares fossem retirados do mercado. O livro conta a história

da agência W/Brasil. Em 20 de outubro do mesmo ano a venda do livro foi liberada”.

(JUSTIÇA, 2005).

Até 2005, de acordo com Carvalho apud Leitão (2005), foram registrados 128

casos de censura prévia, 21 assassinatos, 30 tentativas de homicídio, 16 espancamentos,

44 ameaças de mortes, 10 prisões arbitrárias e 3 seqüestros de profissionais de

imprensa, incluindo aí jornalistas e radialistas.

6.3 A censura nos Blogs

Engana-se quem pensa que bloquear blogs é coisa de cubanos. Verdade é, que

mesmo antes do diário mais lido de Cuba, "Generación Y", ser bloqueado, em 24 de

março de 2008, no Brasil onde não vivemos mais na ditadura, e é lei constitucional a

liberdade de expressão de um país que se diz democrático com a Internet livre, blogs

brasileiros sofrem a mais clara censura. “Como se vê, é importante compreender que a

liberdade de manifestação de pensamento não é absoluta em nenhum meio de

comunicação, inclusive nos blogs”. (LEONARDI, 2005).

Os diários eletrônicos que de certa forma vieram para revolucionar a era da

Internet com total democracia, sofrem violentamente a falta de liberdade de expressão.

Segundo Tas (2006) um processo judicial, corre desde 2004, e a juíza usou o termo

"democrático" na sua sentença.

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Eu não sei não. Para mim, o Brasil corre o risco de permanecer para sempre na pole position do atraso. Está caminhando rapidamente para se tornar o primeiro país do mundo a decretar o controle editorial da internet por juízes e advogados "democráticos". São pessoas que ignoram que a rede mundial tem uma capilaridade que impede o seu controle. A natureza da rede é descentralizante. Não se dobra ao mundo mecânico e linear das fronteiras, artigos e versículos dos cânones jurídicos ou religiosos inventados pelos humanos. A rede é incontrolável. É líquida como a água. Rápida como a eletricidade. Está em todo lugar e em lugar algum. É fluxo contínuo de conhecimento ao alcance de um clique. Assim deve continuar. Para obrigar que nos conheçamos melhor. Para que descubramos como nos comunicar com ética. Sem a pata pesada do autoritarismo ou a mão boba da irresponsabilidade. (TAS, 2006).

Ou seja, o que está acontecendo é que, o que era para ser livre também, está

sendo claramente monitorado e passivo de penalidade. Caso os “democratas” achem que

esse ou aquele post está indo contra o que deveria ser. E pior, nesse caso o comentário

foi o alvo, então aquela interação livre entre o blogueiro e o seu leitor não poderá mais

existir. Em outras palavras, os comentários serão censurados pelo moderador.

Sobre isso, Tas (2006) diz, “há três anos, este blog tinha comentários livres. Há

um mês passei a moderá-los”. Ele ainda completa que a ação da respeitável autoridade

do Judiciário tem um lado positivo apenas: “levantar a discussão da responsabilidade

dos anônimos aproveitadores da internet. De resto, é apenas patético, não fosse trágico”.

Blog é condenado por comentário ofensivo de leitor. O blog Imprensa Marrom, de crítica à imprensa, foi condenado em primeira instância a pagar R$ 3.500 por danos morais a João Pedro Boria Caiado de Castro, por ofensas postadas nos Comentários do site por um usuário. A decisão foi divulgada na semana passada e é a primeira condenação no Brasil por Comentários, ou seja, não por texto de quem faz o blog, mas de um de seus leitores com veiculação automática. (BLOG, 2006).

Segundo o jornal Folha de São Paulo, essa ação já vem desde setembro de 2004

e chegou a retirar o blog Imprensa Marrom27 do ar. Através de uma liminar,

posteriormente revisada no Tribunal de Justiça de São Paulo. “Censurar blogs por

motivos políticos parece não ser mais privilégio de países regidos por sistema ditatorial.

Agora, o Brasil pode se enquadrar nesse rol”. (RAMONE, 2006).

Isso porque, de acordo com Ramone (2006), no Amapá, uma caricatura do 27 http://www.imprensamarrom. com.br

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senado José Sarney (PMDB) compondo a expressão "Xô!", feita pelo cartunista

Ronaldo Rony no muro de sua casa, gerou um precedente com repercussão até em

outros países.

Uma foto do muro foi publicada no blog da jornalista amapaense Alcilene Cavalcante, o que gerou indignação na coligação partidária capitaneada por Sarney, candidato à reeleição pelo Amapá. Assim, no último dia 25 de agosto, a Justiça Eleitoral determinou que a imagem fosse retirada do ar (ou isso, ou R$ 2.000,00 por dia de não cumprimento da determinação). (RAMONE, 2006).

Não ficou só nisso, pois o blog da jornalista Alcinéia Cavalcante acabou sendo

retirado do ar por ordem judicial. Em virtude desses acontecimentos, um grupo de

jornalistas blogueiros e solidários ao ocorrido fizeram um movimento na internet “Xô

Sarney”, que continua até hoje. Alcinéia migrou seu blog para um servidor no exterior.

“É inaceitável que indivíduos que se dizem jornalistas armem uma longa teia de comunicação na internet para a prática de crimes", disse o texto de uma das nove representações impetradas contra o Repiquete, blog de Alcinéia, que no dia 1º de setembro também saiu do ar. Segundo uma dessas representações da coligação União por Amapá, eleitores, jornalistas e internautas, inclusive de outros países, estão sendo convocados a "compor um bando de criminosos". A rede de blogueiros, assim, estaria "organizada em prol de atingir a boa imagem do candidato". (RAMONE, 2006).

O fato é que, processar sites, blogs e inclusive comentários por danos morais

virou segundo Mattos (2005) a chamada "indústria do dano moral", das quais suas

vítimas foram condenadas a pagar indenizações absurdas, tanto para veículos como para

os jornalistas, em processos relacionados a artigos e reportagens veiculadas,

contribuindo assim para gerar um clima de inibição e de autocensura no setor.

A Associação Antipirataria Cinema e Música (APMC), segundo Moreira (2008),

no primeiro semestre deste ano aumentou dez vezes em relação ao mesmo período de

2007. Isso porque a APMC já tirou ao longo dos primeiros seis meses deste ano, 22.113

blogs.

Isso acontece porque ”alguns advogados encontraram um caminho jurídico por

meio de uma combinação do inciso X do artigo 5º da Constituição com os artigos 20 e

21 do novo Código Civil, que lhes permite impor censura prévia aos meios de

comunicação”. (MATTOS, 2005).

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6.4 Quando as leis ameaçam

De acordo com Mattos (2005), em outubro de 1995, o deputado Pinheiro

Landim (PMDB-CE), relator do projeto de Lei de Imprensa, anunciou que seu parecer

seria submetido ao plenário da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e

Informática da Câmara e, depois, ao Senado.

Na forma de substitutivo ao Projeto de Lei no. 3.232, de 1992, o parlamentar manteve a idéia do projeto do Senado, suprimindo penas privativas de liberdade, e estabelecendo penas de prestação de serviços à comunidade e multa. O parecer, datado de agosto de 1995, limita os valores das indenizações, de acordo com o alcance da publicação ou transmissão: veiculação de âmbito nacional, 100.000 reais; estadual, 50.000 reais e municipal 10.000 reais. Segundo o relator, essa gradação pretende avaliar de forma justa a diversidade de repercussão das matérias jornalísticas e leva em conta o poder econômico das empresas de comunicação. (...) Em virtude do confronto dos interesses, o projeto permanece à espera de votação no Plenário da Câmara. (MATTOS, 2005).

Segundo o advogado José Paulo Cavalcanti Filho apud Mattos (2005), o valor

das indenizações estipulado pela Justiça para processos contra os jornais é considerado

"elevado, ameaçador e contrário à liberdade de imprensa". O assunto é controverso.

Em 2005, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – 3 de maio – a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiu nota oficial defendendo a aprovação de uma nova Lei de Imprensa no Brasil, pois "sem liberdade de imprensa não há jornalismo, uma atividade que se caracteriza, essencialmente, por apurar e divulgar os fatos de interesse público." Intitulada "Em defesa da democracia: Liberdade de imprensa e jornalistas respeitados", a nota oficial da Fenaj denuncia que as liberdades de opinião e de imprensa continuam ameaçadas no Brasil, onde "a liberdade prevalente continua a ser a liberdade do poder: poder político, poder econômico, poder patronal. Confunde-se liberdade de imprensa com liberdade de empresa, na qual o interesse público é muitas vezes relegado" (FENAJ apud MATTOS, 2005).

Cardoso (2008) diz que depois de uma longa batalha de lobbystas28 jogando

contra e a favor, foi aprovado, pelo Ministério da Justiça, o Projeto de Lei 2332/07, que

28 São pessoas ou organização com a finalidade de influenciar (aberta ou secretamente) decisões do poder público, legislativo, em favor de determinados interesses privados.

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determina a criação de horários diferenciados para blogs e sites de Internet, do Senador

Fernando Gabeira.

O Projeto pretende conter a expansão dos blogs frente à Velha Mídia. (...) A saída proposta pelo Senador é criar "horários de exibição", fora dos quais os sites não estariam disponíveis. "Não é censura"- diz ele. "é apenas a aplicação das normas que já são seguidas pelas emissoras de TV". Com isso blogs como o do Dino129, o maior capper de vídeos da internet brasileira, só ficariam acessíveis depois das 22h. Já o MeioBit, conforme notificação enviada pela Secretaria de Diversões Públicas da Polícia Federal, poderia estar online desde que fora do horário escolar. (CARDOSO, 2008).

Se continuar dessa forma, uma censura aqui, e outra lei ali, vamos acabar

mudando o regime do país, elegendo um general, regredindo no século e voltando a

tortura dos porões do DOP´s. Porque em pleno século XXI, em vez dos país por regras

em casa, os políticos se preocupam em vigorar leis para colocar horário aos blogs, voltar

a ditadura, só é o que falta.

29 http://dino1videos.blogspot.com/

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Capítulo 7

Estudo de caso

Os blogs escolhidos para a pesquisa foram três: blog do Marcelo Tas, Milton

Neves e do Ricardo Noblat. Os assuntos abordados nos textos, desses diários,

respectivamente são: variedades, esporte e política.

A escolha desses blogs se deu pela popularidade de seus donos e por serem

atualizados diariamente. Assim como, pela audiência que seus diários alcançam,

podendo, ser claramente percebidas pelo número de comentários, de certos posts, que

ultrapassam a duzentos por textos.

7.1 Perfil dos moderadores

Marcelo Tas30 (pseudônimo), ou seja, Marcelo Tristão Athayde de Souza,

nasceu na cidade de Ituverava, em 10 de novembro de 1959. É diretor, apresentador,

escritor e roteirista de televisão brasileiroe rádio. É formado em engenharia civil, mas

não concluiu a faculdade de Rádio e TV, ambas na USP, tem curso de aperfeiçoamento

30 http://marcelotas.blog.uol.com.br/

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profissional em cinema e televisão e em multimídia e novas tecnologias pelo Fullbright

Scholarship Program na Tish School of Arts da Universidade de Nova York.

Ficou nacionalmente conhecido pelo seu personagem humorístico Ernesto

Varela, um repórter fictício que ironizava personalidades políticas da época da abertura,

apresentando-lhes perguntas desconcertantes.

Atualmente, é colunista do jornal O Estado de S. Paulo, blogueiro e

apresentador do programa Custe o Que Custar (CQC), na Band, ao lado de Rafinha

Bastos e Marco Luque.

Já Milton Neves Filho31, nasceu na cidade de Muzambinho, em 6 de agosto de

1952. É radialista, publicitário e jornalista especializado em esportes. Iniciou a carreira

aos dezessete anos, como locutor na rádio Continental de sua cidade natal.

Atualmente está apresentando o programa Terceiro Tempo, na TV Bandeirantes.

E como radialista na Rádio Bandeirantes AM e Band�ews FM. Além de manter uma

coluna na revista Placar, da Editora Abril, e outra no Jornal Agora SP, do Grupo

Folha.

Ricardo Noblat32, por sua vez, nasceu em Recife, em 1949. É jornalista, formado

pela Universidade Católica de Pernambuco. Foi editor-chefe do Correio Braziliense e

da sucursal do Jornal do Brasil, em Brasília.

Trabalhou como repórter do jornais Diário de Pernambuco, Jornal do

Commercio e das sucursais do Jornal do Brasil e da revista Veja em Recife. Noblat

também foi chefe de redação da sucursal da revista Manchete. Chefiou a revista Veja

durante dois anos, em Salvador. Depois foi editor-assistente da mesma revista em São

Paulo.

Atualmente, além de autor dos livros A arte de fazer um jornal diário, O que é

ser jornalista e Céu dos favoritos, Noblat, escreve todas às segundas-feiras para o jornal

O Globo. E desde março de 2004 mantém o Blog do Noblat, sobre política, hospedado

no portal do jornal O Globo.

31 http://blog.miltonneves.ig.com.br/

32 http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

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7.2 A análise dos blogs

Os blogs foram analisados, no período de sete dias, de 22 a 28 de outubro de

2008. Durante esse tempo, verificou-se o gênero ao qual cada blog mais se aproxima.

Bem como, a linguagem transmitida, a organização das informações, a quantidade de

posts diários, de comentários e quantas foram as respostas do moderador ao leitor.

7.3 Blog do Tas

Durante o período analisado, o blog que é hospedado no portal da UOL, teve 14

posts, com um total de 736 comentários, dos quais 9 foram respondidos pelo autor. O

texto do dia 27.10.2008, de título CQC 33 (referindo-se ao número de programa), foi o

pico, tendo 215 comentários. Para postar no diário são exigidos, nome, cidade e email,

sendo que, idade e profissão são opcionais. Os textos são arquivados quinzenalmente.

Os posts variavam de conteúdo, mas por ter sido a semana do segundo turno,

predominou o assunto “política”. Em alguns momentos ironizando a candidata à

prefeitura de São Paulo Marta Suplicy, em outros o candidato à prefeitura do Rio de

janeiro Fernando Gabeira, chegando a publicar a famosa foto dele, dos anos 60, de

tanga roxa.

Todos os textos são do gênero opinativo. Diferente dos jornais, o sarcasmo faz

parte da linguagem textual, que embora, com certa dose de informação, nada têm a ver

com matérias de jornal.

Alguns posts são curtos, outros nem tanto, mas nenhum muito longo, a ponto de

cansar o leitor, pelo contrário todos são fáceis de entender. Talvez, devido ao estilo bem

humorado proferido pelo autor no estilo de escrever. Vídeos e fotos são encontrados na

maioria dos textos.

7.3.1 Descrição das publicações diárias

No primeiro dia de análise, 22.10.2008, dois textos foram ao ar: O de título “Top

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5 com erros da equipe CQC”, que teve 85 comentários, dos quais 01 foi respondido pelo

autor. O post se referia a erros do próprio programa, CQC, em que Tas é o

apresentador. Já que, a cada segunda-feira cinco micos ou erros de outros programas, no

quadro chamado de Top Five, são apresentados.

O outro texto no mesmo dia de título “Quem são os ‘donos da mídia’ no

Brasil?”, teve 22 comentários, e 03 foram respondidos. O conteúdo é sobre um novo

banco de dados na internet, “Donos na Mídia”, um trabalho liderado por um grupo de

pesquisadores de Porto Alegre, mas que conta com a colaboração de indivíduos e

instituições por todo Brasil. Ainda se encontra em fase de atualização e publicação na

web.

Já em 23.10.2008, “Crise inspira luta-livre entre mega publicitários”, teve 74

comentários, sendo que 01 foi respondido. Esse post é sobre a atual e tão discutida pela

mídia, crise financeira. No conteúdo se fala dos mais incomodados com isso, os “mega”

publicitários. É mencionado o evento MaxiMídia intitulado "Indústria da Comunicação

- Oportunidades e Riscos", do último dia 09.10.2008, que acabou virando um duelo

verbal entre os publicitários Nizan Guanaes x Fábio Fernandes.

O dia 24.10.2008, o que registrou mais posts. Em que um foi uma auto-

entrevista coletiva sobre "Tas na Zona", que teve 26 comentários. O texto se trata de

uma reparação com alguns estudantes que procuraram Tas nos últimos meses, para

entrevistas, sobre trabalhos de escola e TCCs. Como forma de pagara dívida, esse post

têm as respostas das perguntas enviadas pelos internautas, em que Tas não havia

respondido, por isso ele se desculpa e publica perguntas e respostas sobre o tema das

eleições municipais e da série "Tas na Zona Eleitoral", produzida e publicada no site do

UOL.

O texto, publicado dois dias antes das eleições, “O mau-humor, não Kassab,

venceu Marta”, teve 60 comentários, 01 respondido. Na foto, uma imagem, caricata, de

Kassab que parece estar de saco cheio de Marta, que está ao lado, cheia de rugas,

descabelada e de braços cruzados com cara de raiva.

No post é mencionado a gula pelo poder, a ansiedade em que leva candidatos a

gastar muito tempo e dinheiro com discursos e marqueteiros, perdendo, assim, o

essencial. Além de falar do mau-humor que corroeu a candidatura de Marta Suplicy,

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que no texto, é referida como uma senhora que se tornou tão chata e intragável, que

mesmo num simples bom-dia, tirou o ânimo até da própria eleição.

Sob o título “Precisa-se: produtor-editor” que teve 17 comentários e 01

respondido. É feito um serviço de utilidade pública, no post é publicado que estão

precisando de produtor e editor para um novo projeto que se iniciará no UOL, e

menciona as exigências básicas do currículo para o cargo, e o email para os interessados

enviarem do currículo.

“Braincast: Os prefeitinhos do twitter” que teve 22 comentários, é um vídeo do

Braincast 3, em que, Carlos Merigo e Cristiano Dias entrevistam Tas, que explica sobre

novas mídias, e, principalmente, o twitter.

Na véspera das eleições, 25.10.2008, o texto “Zona Eleitoral: último round”,

teve 25 comentários, é um agradecimento a todos os internautas que passaram pelo

blog, com o intuito de discutir como votar melhor e até mesmo por que votar. É falado,

também, da série publicada pela UOL, com o tema: Tas na Zona Eleitoral, em que, de

um jeito humorístico ele tentava ensinar a todos sobre eleição, candidatos, e assim

melhorar a contribuição de cada um á sua cidade.

No dia seguinte, 26.10.2008, após a perda das eleições para prefeitura da Cidade

do Rio de Janeiro, o post irônico “Gabeira ganha quando perde” com 29 comentários,

é publicado a mais famosa foto do ex-candidato Fernando Gabeira de sunga roxa, nos

anos 60. Na legenda da foto está: Gabeira com sua famosa sunga roxa, quando "ganhou"

na volta do exílio no exterior após ter "perdido" para a ditadura.

No texto há um link para a leitura do mesmo, no blog do Noblat. No conteúdo é

feito uma comparação com a ditadura que perdeu, porém ganhou por ter sobrevivido.

Com a perda da prefeitura, apesar do índice tão alto de eleitores favoráveis a ele, o que

significa que ao eleger-se novamente poderá até se tornar governador.

No mesmo dia, a também perdedora é lembrada no post, publicado às 18:51

(quando já se tinha uma idéia de que Marta havia perdido as eleições) “Marta e seu

inimigo implacável: o espelho” com 50 comentários e 01 respondido. Se refere a ex-

candidata à prefeitura de São Paulo como uma pessoa que sempre tenta manter a pose, a

todo custo, com o nariz empinado, apesar da derrota.

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O texto, menciona, “a dura verdade do espelho para ela, pois este acompanha

por onde vai. Inclusive, até na hora de fingir com vestido florido, sorriso emborrachado

e sinal de positivo que vai tudo bem”. (TAS, 2008).

Na segunda-feira, 27.10.2008, “CQC 33”, teve 215 comentários. O título faz

referência ao número de programas, e no conteúdo, um breve resumo do que vai ao ar

neste dia.

“Braincast, última parte: o "segredo" do número 1”, com 24 comentários e 01

respondido. É publicado mais um vídeo de entrevista no programa Braincast, de Carlos

Merigo.

Ainda no dia seguinte as eleições o post ironicamente referindo-se a vitória do

então candidato à prefeitura do Rio de Janeiro “A derrota de Paes, com 56 comentários,

é uma reprodução, assim como no blog de Noblat, da indignação e do desabafo de Cora

Ronai33, blogueira e colunista do jornal O Globo. No qual ela se mostra totalmente

descontente com o resultado.

No último dia de análise, 28.10.2008, mais uma vez, a crise é lembrada com o

título “A crise é muito bem-vinda!”, com 31 comentários, é mencionado que há muita

gente louca para injetar um pânico geral com a crise. E dito que, pra quem já sobreviveu

a: ditadura, Sarney, Itamar, Collor, FHC, Lula... Tem condições de encarar mais uma

crisezinha sem medo.

Ainda fala que do cidadão, que paga mais de 40% de impostos e ainda por cima

é obrigado a pagar por educação e plano de saúde privados. Então, por isso, é capaz de

colocar essa crise no chinelo. Isso porque, na verdade nós cidadãos brasileiros já

estamos em crise há tanto tempo, é não é agora que vamos nos espantar com mais uma.

7.4 Blog do Milton �eves

Durante o período analisado, o blog que é hospedado no portal do IG, teve 16

posts, com um total de 2.752 comentários recebidos, dos quais 41 foram respondidos

pelo autor. O post do dia 25.10.2008, de título “Ôôôôôô, o timão voltou!!!”. E o verdão

33 http://cora.blogspot.com/

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vergonhoso. (referindo-se a vitória do Corinthians e a derrota do Palmeiras) foi o pico,

tendo 356 comentários. Para publicar no diário é exigido, nome e email, sendo que, o

email não é divulgado e opcional só o website. Os textos são arquivados mensalmente.

Os posts são todos sobre esporte e obedecendo mais o gênero informativo. Até

lembra um jornal online. Embora, em alguns textos a primeira linha seja de opinião,

com frases do tipo: até que enfim, o roliço jogador, que beleza, ainda atolado no buraco

e que saudades.

Ainda assim o conteúdo das publicações estão mais para informação, porém sem

fontes. Esta linguagem parecida com jornal, talvez seja porque o blog dá notícias. Se

tiradas de outros veículos ou não, impossível saber, já que, não há menção.

Os posts estão divididos, uns são curtos, outros médios e há aqueles que, de tão

longos, cansa-se ao ler. A maioria é fácil de entender. Talvez, devido ao cunho

jornalístico que o autor utiliza ao escrever. Além do que, todas as publicações têm fotos.

7.4.1 Descrição das publicações diárias

No dia 22.10.2008, “Verdão prejudicado, Inter copeiro e Vasco esperançoso”,

com 254 comentários e 05 respondidos, o texto fala da vergonha do Palmeiras, sendo

prejudicado em casa contra o “Atlético-PR” da Argentina. Pois, ainda no primeiro

tempo o gol de falta do Léo Lima foi cancelado.

O texto também fala do Internacional que aprendeu a virar copeiro, pois, foi o

único time brasileiro a salvar a pátria contra os argentinos. E, do Vasco que finalmente

reagiu e, em noite do “animal”, referindo-se a Edmundo, conquistou importante vitória

de 4 a 2 contra o Goiás, no Serra Dourada.

Já a do mesmo dia “Monte a seleção dos piores jogadores de seu time nos

últimos 15 anos”, com 168 comentários e sendo 13 respondidos, é uma enquete para

saber quais são os piores jogadores da história, nos últimos 15 anos, entre os eles: os ex-

são-paulinos Ameli, Dill, Dênis, Rondom, Wilson e Paulão, ou os ex-palmeirenses

Gioino, Edmílson, Arílson, Florentin, Júnior Tuchê e Rosembrink, e ainda, os ex-

santistas Henao, Tapia, Claudiomiro, Saulo, Frontini.

Nesse post Neves (2008) faz a pergunta “Quem não se lembra dos ex-corintianos

Alcindo, Alex Rossi e Mark Willians, Iran e Aílton?”, 2008).

O leitor Daniel Inácio (2008), comenta montando um time, na opinião dele, dos

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piores jogadores: “Pior time do grêmio da história, goleiro - Eduardo Martini, laterais -

Escalona e Ayupe, zagueiros - Fábio Bilica e Baloy, volantes - Astrada e Marcos

Vinícios, meias - Bruno e Ricoe atacante- Adriano Chuva e Adão”. Na resposta Neves

(2008) diz, “Fábio Bilica, bem lembrado, viu?”.

No dia seguinte, 23.11.2008, “Grêmio e SP “Jason” vencem; Fla massacra”, teve

260 comentários e 03 respondidos. Nesse post é dito o quanto Grêmio e São Paulo

suaram para ganhar, enquanto o Flamengo, no Maracanã, passeou contra o Coritiba. O

termo “Jason” é como o técnico do São Paulo é chamado, por “matar” os outros times.

No mesmo dia, o texto “Quem joga mais do que Alex no Brasil?”, com 122

comentários, refere-se a uma pergunta da capa do site oficial do Internacional, com

fotos dos candidatos ao título, além de Alex Mineiro, Diego Souza, Marcão, Dagoberto,

Hernanes, Rogério Ceni, Keirrison, Dentinho, Douglas, Juan, Guilherme, Wagner e

Victor.

E o texto “Corinthians x Palmeiras é o maior clássico do Brasil? E o Gre-Nal, o

Fla-Flu e o Ba-Vi?”, com 184 comentários, é publicado, uma lista com os dez clássicos

de maior rivalidade no mundo do futebol, retirada do site da rede americana de TV

C��. No Brasil, como principais rivais estão Corinthians x Palmeiras.

Já em 24.10.2008, “Vampeta é palmeirense!!!”, com 127 comentários, fala da

declaração dada pelo jogador Vampeta, que com a língua afiada, disse que torcerá para

o Palmeiras ser o campeão brasileiro. Isso porque ele tem gratidão pelo atual técnico

palmeirense, Vanderley Luxemburgo

Outro post do mesmo dia teve o título “Promoção: Os Palpites Infalíveis do

Milton Pitonisa Neves”, e 222 comentários, que fala de palpites do placar dos próximos

jogos. Por exemplo, ele acertou, o palpite do Corinthians x Ceará, e também de Santos x

Figueirense.

E, ainda, “Com mais 15 pontos, São Paulo será hexacampeão!!!”, com 218

comentários, sendo 03 respondidos. No texto se chega a conclusão de que com mais 15

pontos, o São Paulo “Jason Sexta-Feira 13” será hexacampeão brasileiro. Ou seja,

precisa vencer três em casa e duas fora, podendo perder dois jogos. Outra possibilidade,

mencionada no blog, é a do Tricolor triunfar três vezes no Morumbi, e faturar uma

vitória e três empates como visitante.

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Em 25.10.2008, “Peixe recuperado, Raposa refugante, Galo empatador e Lusa

no sufoco”, teve 200 comentários e 04 foram respondidas. O texto que inicia com: Que

beleza! O Santos “incaível”, fala da recuperação do time que nas mãos de Márcio

Fernandes seguirá na Primeirona, em 2009. E, também, fala que, São Paulo é o único

que pode tirar o título do Grêmio.

No mesmo dia, o post exaltando a vitória do Corinthians e lamentando o

fracasso do Palmeiras, sob o título, “Ôôôôôôô, o Timão voltooooooooou!!!. E Verdão

vergonhoso”, teve 368 comentários e 02 foram respondidos. O outro texto começa “Que

saudades Corinthians!!! Você fez uma falta danada na Primeira Divisão!!! Oxalá voltou

rápido!!!”, fala do resultado obtido pelo Corinthians no sábado, quando conseguiu

retornar ao primeiro escalão do futebol, a série A. Em compensação o Palmeiras que

está nessa série, vem perdendo um jogo atrás do outro.

“Grêmio dispara nas chances de ser campeão. Você concorda?”, único post do

dia 26.10.2008, teve 285 comentários e 04 foram respondidos. Mencionando o

matemático Tristão Garcia, quando fala que o Grêmio voltou a disparar nas chances de

título, após o término da 31ª rodada, com sete ainda restantes. E é o atual líder tem 43%

das possibilidades de ser campeão brasileiro.

O post “Muricy vai ser tetra?”, também foi único no dia 27.10.2008, com 180

comentários, sendo 07 foram respondidos. O texto lembra que apesar de Luxemburgo

ser tido como especialista em pontos corridos, Muricy Ramalho, atual técnico do São

Paulo, ou o “Jason Sexta-Feira 13 do futebol”, é quem está provando ser mestre na tal

fórmula. Aliás, se for campeão em 2008, Muricy, que é malinha, honesto e bom

treinador será tetra.

No último dia, 28.10.2008, o post “Maradona é o novo técnico da seleção

argentina”, com 72 comentários, começa com, surpresa na Argentina. O desenrolar é

segundo informações do site do jornal de Buenos Aires Clarin, e trata da confirmação

do ex-craque Diego Maradona, como novo treinador da seleção nacional, para substituir

a Alfio Basile. Esta não será a primeira experiência de Maradona no banco de reservas.

Pois, ele já dirigiu o Racing Club, um dos mais populares clubes do país.

O texto “Adriano barrado na Inter”, do mesmo dia, teve 49 comentários, e fala a

punição sofrida pelo o atraso do atacante Adriano ao treino do Inter, motivo teria sido

uma balada com Ronaldinho Gaúcho, do Milan. Adriano foi suspenso do jogo e

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mandado ir pra casa, sem treinar. Já Gaúcho, não sofreu nenhuma represália. É

levantada uma questão, se foi correto isso, já que ambos cometeram infrações, e só um

pagou.

E “Fenômeno detona circo de Weggis…. dois anos depois”, com 43

comentários, fala de um desabafo do jogador, Ronaldo Fenômeno, ao programa ‘Bem

Amigos’, do Sportv, sobre a fase de preparação da Seleção Brasileira para a Copa do

Mundo de 2006 realizada na cidade suíça de Weggis, da qual ele se refere como tendo

sido “Um circo”.

No post Ronaldo é chamado como o roliço jogador, que está se recuperando de

uma contusão no joelho. No final, uma pergunta do autor do blog, se não acham que

Fenômeno deveria ter aberto a boca em 2006 e não agora.

7.5 Blog do �oblat

Durante o período analisado, o blog que é hospedado no site de O Globo, teve

266 posts, com um total de 7.692 comentários recebidos, nenhum respondido. No dia

26.10.2008, foram publicados 72 textos, quase o dobro da média, que é de, 35 a 45 por

dia. Isso porque se tratando de conteúdo político, foi o domingo do segundo turno.

O pico do post com mais comentários ficou para o dia 28.10.2008, com a “frase

do dia”, sendo, 232 comentários. Boa parte das publicações não tem fotos. Para

comentar no diário é necessário fazer um cadastro no portal, e é exigido, nome, podendo

ser divulgado só o apelido e o email a divulgação é opcional. O arquivamento é feito

mensamente.

Os posts são de conteúdo político. Com intercalações no decorrer do dia, de:

frases, vídeos, charges, clips de música, obra prima, dicas de blogs, fotos do dia, entre

outros. Outras pessoas também enviam textos, para o blog, que são publicados. Como

no caso do dia, 22.10.2008, Karenina Moss enviou o Poema da Noite, Nem um

profundo mar – Lupe Cotrim Garaude.

Não sou uma vitória ou uma derrota, mas me conquisto sempre cada dia, procurando essa forma mais remota do que em mim nos instantes se perdia. Nem um profundo mar, nem superfície, nem vento ou pedra: leve, na existência, balanço entre as montanhas e a planície

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com asas no sentir, preso à consciência (...). (MOSS apud Noblat, 2008).

Na maioria das publicações, predomina o gênero informativo. Mesmo porque,

são retiradas de vários jornais de todo o Brasil, e do exterior. Mas tudo, devidamente

creditado. Os poucos textos opinativos, são de artigos publicados por outros jornalistas.

E menos ainda assinados por Noblat. Portanto, quanto a linguagem mais se parece com

a de um jornal convencional.

Quase todos os textos são curtos, sendo raros os que não são. Atraindo assim,

um maior número de leitores. É comum, também, ver poucos comentários em cada post,

isso porque as publicações são seqüenciais e as publicações rápidas e impede que o

mesmo texto fique parado na tela. Ou seja, quando um post tem vários comentários é

porque ele realmente agradou aos leitores.

7.5.1 Descrição das publicações diárias

Dos 266 posts e 7.692 comentários, durante esse período, foram mencionadas na

descrição, apenas, 22 textos e 3.740 comentários. Isso porque foram escolhidas para

análise as de maior e menor número de comentários. E, aleatoriamente, algumas

publicações diferenciadas.

No primeiro dia de análise, 22.10.2008, apesar do blog ser de seguimento

político, a imagem, escolhida como “A foto do dia” foi do caso Eloá, sob o título

“Nayara depõe e desmente a polícia”, com 64 comentários. Em um texto curto é

resumido o depoimento da adolescente em que afirma ao delegado Sergio Luditza, que

Lindemberg Alves, não atirou momentos antes da invasão dos policiais.

Em outro texto do mesmo dia o título “Não houve tiro antes da invasão, diz

Nayara”, retirado do jornal O Estado de S. Paulo, teve 95 comentários. E uma menção

particular de Noblat, em que ele diz: comentário meu, a Polícia Militar de S. Paulo disse

que só invadiu o apartamento depois que tiros foram disparados lá dentro. Nayara

desmente.

O post “Rio de Janeiro - Paes, o novo subversivo”, com 165 comentários, traz

um relato do que se passava na campanha de Paes. Pois, dia sim, dia não, a Justiça

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Eleitoral do Rio de Janeiro apreendia em comitês do candidato do PMDB, material

apócrifo produzido contra o candidato Fernando Gabeira (PV).

O texto “Indústria da construção pede IPI zero, por Agnaldo Brito”, retirado do

jornal Folha de S. Paulo, teve 02 comentários, e fala do pedido entregado pela

Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) a cinco

ministros do governo Lula. A solicitação se trata de um pedido de redução imediata do

IPI para todos os tipos de material de construção.

No dia seguinte, 23.10.2008, “De olho na TV - A falta de sorte de Marta”, com

165 comentários, é um Artigo de Cila Schulman, jornalista e coordenadora de

comunicação e estratégia de campanhas eleitorais, no post ela diz, “O governador José

Serra (PSDB) apareceu nesta penúltima noite de campanha na televisão no programa de

Gilberto Kassab (DEM). No primeiro turno, o PSDB tinha oficialmente outro candidato,

Geraldo Alckmin’. (SCHUMAN apud NOBLAT, 2008).

No mesmo dia é postado “Pacote da era Lula chega a R$ 207 bilhões”, por

Eliane Oliveira, do jornal O Globo, teve 14 comentários e fala do agravamento da crise

financeira internacional, e que o governo vem anunciando a conta-gotas um esboço

inédito que já somam vinte e duas medidas e formam um dos maiores pacotes

econômicos.

E ainda a “Obra-prima do dia: Pintura - Regatta at Cowes”, de Raoul Dufy, teve

02 comentários, é uma colaboração de Catharina Mafra. A obra se trata de um quadro

"Regatta at Cowes" de 1934, um conjunto de barcos à vela disputa uma regata. Raoul

Dufy nasceu em Le Havre, França, em 1877 e morreu em Forcalquier em 1953.

No dia 24.10.2008, o post escrito logo após o debate da Rede Globo “SP - Marta

perde o fôlego”, teve 17 comentários. No texto é dito que Marta Suplicy (PT) não

consegue mais nem respirar, de tanto que faz cobranças ao candidato à reeleição,

Gilberto Kassab (DEM). Pois, ela não conseguiu parar de falar no debate da TV Globo.

“Suspeita de fraude preocupa campanha de Gabeira”, publicado no mesmo dia,

teve 151 comentários, é dito que um integrante da campanha de Eduardo Paes, no bairro

da Penha, havia confidenciado, a dois amigos, que estava sendo oferecido dinheiro a

mesários para que facilitassem a fraude na votação do próximo domingo. Não deu em

nada, a pessoa foi encontrada, mas não quis formalizara denúncia na delegacia.

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No dia seguinte, 25.10.2008, o texto “Geddel diz que tensão entre PT e PMDB

na BA é natural", retirado do jornal Folha de S. Paulo, com 01 comentário, é a

entrevista do Ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) à Folha. Ele diz, entre

outras coisas, que não pretende romper a aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT).

“Rio - Quem brilhou por último foi Gabeira”, teve 146 comentários, aponta

algumas das falhas do último debate no Rio de Janeiro, entre Eduardo Paes e Fernando

Gabeira. Noblat classificou o debate como morno, sem nenhum incidente, por medo de

arriscarem, já que ambos estavam empatados nas pesquisas.

A última fala dos candidatos é sempre a mais importante. Gabeira teve a sorte de falar depois de Paes. E aí descontou eventuais pontinhos que possa ter perdido para ele ao longo do debate. A fala de Paes foi convencional, sem brilho, sem imaginação. A de Gabeira foi uma aula de habilidade, de celebração à inteligência e de ecumenismo político, digamos assim. Foi a única vez que a emoção encontrou espaço durante o debate. (NOBLAT, 2008).

E, ainda, no mesmo dia, sob o título, “Traidores Anônimos”, com 27

comentários, é o trecho de um artigo que quinzenal o senador Cristovam Buarque

(PDT), escreve. No post ele faz uma relação do Brasil de anos atrás como de agora, no

que diz respeito a pesquisas espaciais, estagnando o país em pesquisas cientificas e

tecnológicas.

Já no dia das eleições, 26.10.2008, foi o dia que teve mais posts no geral, foram

72 e 1.208 comentários. Desses textos foram analisados: “Rio - Vantagem de Paes foi

menor do que um Maracanã”, com 27 comentários, é feito uma referência ao total de

lugares no estádio do Maracanã (92 mil pessoas), com os resultados da eleição na

cidade do Rio de Janeiro, principalmente, sobre a diferença de 55.225 votos - 1,66% do

total, que fez Gabeira perder.

O texto, do mesmo dia, que também foi mencionado no blog do Tas, “Gabeira só

ganha quando perde”, com 94 comentários, fala da trajetória política de Gabeira, que é

marcada por um extraordinário paradoxo: ele ganha quando perde. Gabeira sai desta

eleição como o maior eleitor individual do Rio. Poderá ser candidato ao Senado em

2010. Poderá até mesmo disputar o governo.

O post do resultado das eleições na cidade do Rio de Janeiro, sob o título “Rio -

Eduardo Paes, o novo prefeito”, com 132 comentários. O texto atribui a perda de

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Fernando Gabeira (PV), aos mais de 900 mil eleitores que deixaram de votar. Noblat

(2008), publica:

Aumentou a abstenção. No primeiro turno, cerca de 350 mil cariocas deixaram de votar. Estima-se que agora o número de ausentes deverá oscilar em torno de 900 mil. Muita gente viajou aproveitando o feriado do Dia do Funcionário Público marcado para amanhã pelo governador Sérgio Cabral.

No dia seguinte, 27.10.2008, o texto “O João é o mesmo. Marta é que não é

Lula”, com 182 comentários, fala sobre a responsabilidade que marqueteiro de Marta

Suplicy, João Santana Filho, que por sinal é o mesmo do presidente Lula, teve

assumindo sozinho a culpa pelo comercial que falava da vida pessoa de Kassab. Já que,

até um néscio sabe que um marqueteiro não manda sozinho na campanha. Muito menos

em uma campanha do PT, partido onde prevalece a cultura de tudo discutir à exaustão.

A matéria extraída da Folha de S. Paulo, no mesmo dia, “Refém das Farc é

libertado por desertor”, com 01 comentário, fala do ex-deputado Óscar Tulio Lizcano,

refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) por oito anos, foi

encontrado ontem (26.10.2008) por militares, após fugir com o líder do grupo do

comando guerrilheiro, que o mantinha refém, e vagar pela selva por três dias.

E, ainda, "Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chinelo", de Ruth de Aquino,

tirado do site da revista Época, com 43 comentários, fala do avanço que Gabeira teve

saindo de 5% para 50% do eleitor carioca. Fala, ainda, agora ele pode sonhar em 2010

se tornar senador ou governador. Pois perdeu a essa batalha, para depois ganhar a

guerra.

Em 28.10.2008, “A dimensão política da crise” - trecho do artigo de Rui Falcão,

Deputado Estadual pelo Partido dos Trabalhadores, com 24 comentários, fala sobre a

crise econômica do país e menciona comentários Rubens Ricupero, ex-ministro da

Fazenda e ex-secretário geral da Unctad, publicado pela Folha de S. Paulo, em

24.10.2008. Falcão fala dá impressão que o problema parece se limitar apenas aspectos

técnicos, e sem vinculação de valores éticos e independentes das relações de poder.

O texto também publicado no blog do Tas, “A derrota de Paes” - é um artigo

retirado do blog da jornalista Cora Rónai, do jornal O Globo, e teve 189 comentários.

No post ela mostra indignação com a vitória de Paes:

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Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos. (...) Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seria obrigado a prestar atenção. Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante "Liberou geral!" Nojo, nojo, nojo. (RONAI apud NOBLAT, 2008).

O post “Serra nega que vitória de Kassab seja derrota de Lula” - De Renata

Giraldi da Folha Online, teve 199 comentários, fala sobre o governador José Serra

(PSDB) que negou nesta terça-feira (28.10.2008) que a vitória do prefeito Gilberto

Kassab (DEM), tenha representado a derrota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para ele a derrotada foi Marta Suplicy (PT).

“Bancos: resultados no azul”, retirado do jornal O Globo, teve 02 comentários, e

é sobre a antecipação que o banco Unibanco fez ao divulgar seus resultados na última

sexta-feira 24.10.2008. E assim, sucessivamente os demais bancos também foram

levando a público seus lucros no terceiro trimestre do ano. Mostrando também o

impacto da atual economia do país, que levou, o balanço de determinados bancos a

aumentar as despesas operacionais.

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Considerações Finais

A presente pesquisa, conclui que, se por um lado a facilidade de interação e o

baixo custo da manutenção de blogs é uma das principais hipóteses para o avanço dos

diários jornalísticos, por outro, fica evidente em, dados momentos, que a liberdade de

expressão que tanto o atraí, não é tão livre assim. Pois, a partir do momento em que o

profissional hospeda seu diário online em portais de grandes instituições de

comunicação ele já está abrindo mão de parte da independência que poderia ter, caso

seu blog estivesse em um servidor particular.

Com base no estudo realizado, os blogs jornalísticos têm uma falsa

independência. Já que, a verdadeira liberdade está em poder se expressar livremente. E

sabe-se que isso é impossível à quem está ligado, direta ou indiretamente, a uma

empresa de comunicação. Independente de ser um blog ou não. Pois, as instituições têm

Manuais de Redação e Estilo, com normas e conceitos a serem seguidos por seus

subordinados, e também um lado político a defender.

Ou seja, ainda que não tenha um superior para podar esse ou aquele texto, o

autor deixa de ser sozinho o gatekeeper da sua publicação. Até por que, ainda que

sutilmente, segue determinadas normas de escolha do que pode ou não ir ao ar. Quando

não, há um editor, que faz a função do gatekeeper. Nesse caso, o blogueiro atua, então,

diretamente como um gatewatching, porque, de acordo com Bruns (2003) apud Primo

& Tränsel (2006), significa a observação desde a origem da informação e do veículo

noticioso até as fontes, para saber identificar o que vale a pena ser postado. Antes de

passar pelo crivo institucional

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Essa é a “tal” liberdade mascarada. Isso acontece por causa da rentabilidade

financeira dada ao profissional. E, uma vez, sendo jornalistas conceituados na mídia, há

procura das grandes empresas acaba gerando uma concorrência entre elas, já que, ter o

diário online de uma pessoa renomada, significa lucro.

Portanto a liberdade atrai sim, e muito. Mas para mantê-la é preciso ser

independente das demais organizações de comunicação. O que acontece hoje, é que para

se sustentar o profissional acaba, de certa forma, vendendo o seu diário, e isso significa,

claramente, consignar sua “tão sonhada” liberdade.

Embora, há aqueles, jornalistas blogueiros, que não abrem mão de jeito nenhum

da liberdade de poder dizer o que quiser sem seguir nada e nem ninguém. E quando isso

acontece, em algumas situações a censura volta a atacar, principalmente quando o

assunto é política. Quem barra dessa vez, não são um editor ou normas institucionais e

sim o Poder Judiciário, que através de leis e liminares, muitas vezes, tiram o blog do ar.

E o profissional responde a processos.

A censura sempre vai existir, de uma forma ou de outra. O que é preciso saber é

até que ponto se deseja a liberdade, pois esta pode custar caro, àqueles que a driblam. Se

engana, tanto quanto, quando se fala de isenção. Pois, a pesquisa mostrou que ninguém

é totalmente isento e nem totalmente livre. Quando se trata de jornalismo, a neutralidade

é uma fábula e a liberdade de expressão continua sendo um sonho.

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Referências Bibliográficas

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KUNCZIK, Michael. Conceitos de jornalismo: �orte e Sul: Manual de Comunicação/

Michael Kunczik, tradução Rafael Varela Jr.- 2 ed. 1. reimpr. – São Paulo: Editora da

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NOBLAT, Ricardo. O que é ser jornalista. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

_____. A arte de fazer um jornal diário. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002.

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