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  • Organizadores: Patrcia Silva Leme, Joo Luis Garcia Martins, Dennis Brando

    GUIA PRTICO PARA MINIMIZAOE GERENCIAMENTO DE RESDUOS

    USP SO CARLOS

    USP RECICLA EESC-USP CCSC-USP SGA-USP

    So Carlos, 2012

  • USP

    ReitorJoo Grandino Rodas

    Vice ReitorHlio Nogueira da Cruz

    Vice-reitor Executivo de AdministraoAntonio Roque Dechen

    Vice-reitor Executivo de Relaes InternacionaisAdnei Melges de Andrade

    Superintendente de Gesto AmbientalWelington Braz Carvalho Delitti

    EESC

    DiretorGeraldo Roberto Martins da Costa

    Vice-DiretorEduardo Morgado Belo

    CCSC

    Coordenador Dagoberto Dario Mori

    Vice-Coordenador Artur de Jesus Motheo

    Programa USP Recicla - Campus So Carlos

    CoordenadorDennis Brando

    Equipe de Realizao

    OrganizaoPatrcia Silva LemeJoo Luis Garcia MartinsDennis Brando

    Diagramao e capaSomma Studio

    ImpressoMidiograf Londrina pr

    Tiragem500 exemplares

    ApoioBiblioteca da Escola de Engenharia de So Carlos

    Reviso textualLara Padilha Carneiro

    Maro de 2012

    Guia prtico para minimizao e gerenciamento de resduos - usp So Carlos / organizadores: Patrcia Silva Leme, Joo Luis Garcia Martins, Dennis Brando. -- So Carlos : usp Recicla; eesc-usp; ccsc-usp; sga-usp, 2012. 80 p.

    isbn 978-85-60591-60-2 1. Resduos gerenciamento. 2. Educao ambiental. I. Leme, Patrcia Silva. ii.

    Martins, Joo Luis Garcia. iii. Brando, Dennis.cdd 628.44

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (cip)

  • 3SUMRIO

    1 Educao na gesto de resduos 06

    9 Lmpadas fluorescentes 36

    5 Cartuchos e toners 22

    13 Resduos orgnicos 50

    17 Materiais reutilizveis e reciclveis 66

    3 Poltica Nacional de resduos slidos no Brasil 12

    11 Resduos no reciclveis 44

    7 Resduos da construo civil (RCC) 28

    15 Rejeitos radioativos 58

    Contatos para descarte de resduos na USP e outras informaes 78

    Resduos slidos: entre a educao e o gerenciamento 05

    8 Resduos gerados em eventos 32

    4 Minimizao de resduos 18

    12 leos e gorduras de uso domiciliar 46

    16 Resduos qumicos 62

    2 Programa EESC sustentvel 10

    10 Resduos de marcenaria 40

    6 Resduos eletroeletrnicos 25

    14 Pilhas e baterias ps-consumo 54

    18 Resduos de servios de sade 72

  • 5 possvel diminuir a gerao de resduos? Qual o destino adequado para o lixo gerado? Quais so as formas existentes de tratamento dos resduos? Quem so os responsveis pelo seu gerenciamento? Acreditamos que a universidade pode e deve contribuir com respostas e esta publicao, resultado de pareceria entre o Programa usp Recicla de So Carlos e o Programa eesc Sustentvel, tem esse objetivo.

    O Guia prtico para minimizao e gerenciamento de resduos usp So Carlos visa informar os leitores sobre os tipos existentes de resduos, os aspectos envolvidos em seu gerenciamento e instrumentaliz-los para minimizar sua gerao apresentando as formas mais adequadas de tratamento e disposio. Embora o Guia tenha como foco os resduos da universidade, acreditamos que pode ser til para outras instituies, como empresas, escolas, rgos governamentais etc.

    Para a realizao deste Guia, contamos com a valiosa contribuio dos autores que assinam cada um dos captulos. So acadmicos e profissionais inseridos na universidade e comprometidos com a educao para minimizao de resduos e com o seu gerenciamento dentro e fora da universidade.

    O Guia est dividido em duas partes: a primeira, que traz informaes gerais e busca contribuir para formar novos hbitos, aborda a Poltica Nacional de Resduos Slidos, minimizao de resduos, os 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) e os Programas usp Recicla e eesc Sustentvel. Na segunda parte, nos captulos referentes a cada resduo, podem-se encontrar informaes sobre caractersticas, procedimentos para tratamento e descarte adequados, recomendaes para minimizao e aspectos legais e normativos. Ao final, apresentamos os dados para contato no cmpus da usp So Carlos, por meio dos quais podem ser adquiridas mais informaes sobre descarte e gerenciamento.

    Acreditamos que esta publicao pode fazer parte de um processo maior de contato com a temtica da sustentabilidade, despertando reflexes e contribuindo para a incorporao da responsabilidade compartilhada entre governos, empresas e sociedade pela minimizao e gerenciamento dos resduos. Tendo em mente a funo de agente transformador que a universidade exerce na sociedade, esperamos que esta leitura seja til e realizada de forma crtica e participativa: estamos abertos para sugestes e aprimoramentos para futuras verses.

    Boa leitura!Os organizadores.

    RESDUOS SLIDOS: ENTRE A EDUCAO E O GERENCIAMENTO

  • 61

    Patrcia Silva Leme

    Possui graduao em Cincias Biolgicas pela Universidade Federal de So Carlos (ufscar 1994); mestrado em Educao pela ufscar (2000) e doutorado em Educao pela ufscar (2008). educadora da Universidade de So Paulo junto ao Programa usp Recicla e tem experincia na rea de Educao Ambiental, atuando principalmente na formao de educadores ambientais, minimizao de resduos, coleta seletiva e sustentabilidade ambiental em cmpus universitrios.

    EDUCAO NA GESTO DE RESDUOS: A EXPERINCIA DO PROGRAMA USP RECICLA

    O Programa usp Recicla nasceu em 1994, em meio s discusses levantadas na poca da Conferncia Eco-92, entre um grupo formado por professores, funcionrios e estudantes da usp. Esteve sob coordenao da Coordenadoria de Cooperao Universitria e de Atividades Especiais (cecae) at abril de 2005. Atualmente, est sediado no mbito da Superintendncia de Gesto Ambiental da usp, que articula e facilita seu desenvolvimento nas Unidades e rgos da universidade.

    O usp Recicla um programa voltado minimizao de resduos, formao de pessoas e difuso e prtica dos 3Rs - reduo do consumo e desperdcio, reutilizao e reciclagem de materiais. Atua com o universo da comunidade universitria, constituda por mais de 100 mil pessoas, entre alunos, funcionrios e professores, distribuda nos seus sete cmpus.

    Assim, diferente do que possa parecer, a considerar o nome do Programa, o usp Recicla no uma iniciativa voltada exclusivamente para a coleta seletiva e reciclagem. Podemos dizer que o que realmente se busca reciclar determinados conhecimentos, valores e aes de pessoas e instituies.

    De modo geral, o usp Recicla diferencia-se de outros programas de gesto ambiental em universidades principalmente por seu processo marcadamente educativo, estimulando a adoo de prticas institucionais socioambientalmente adequadas, incentivando a ao das pessoas no sentido de serem responsveis e transformadoras da realidade ambiental da universidade e de seu entorno.

    Diante da complexidade da temtica ambiental, o usp Recicla assumiu uma perspectiva socioambiental que se traduz na sua misso: contribuir para a construo de sociedades sustentveis por meio de aes voltadas reduo da gerao de resduos, conservao do meio ambiente, melhoria da qualidade de vida e formao de pessoas comprometidas com esse ideal.

    O Programa parte do princpio de que a sustentabilidade est imbricada formao socioambiental das pessoas e, num contexto universitrio, pressupe a formao de sua comunidade e a interiorizao desses princpios em seu prprio funcionamento e prticas cotidianas.

    Os conceitos de educao ambiental e sustentabilidade so fundamentados pela vertente denominada crtica, transformadora ou emancipatria. Essa abordagem baseia-se em Carvalho (1991; 2001a; 2001b; 2004); Guimares (2004); Layrargues (2004); Lima (2002; 2003; 2004); Loureiro (2004), Quintas (2004; 2006) e Sorrentino (2000).

    Em So Carlos, atualmente o usp Recicla est ligado Prefeitura do cmpus e desenvolvido por meio de comisses instaladas nas Unidades de Pesquisa e Ensino e rgos centrais, o que garante a continuidade

  • 7das aes projetadas e implantadas, expandindo-as para alm da universidade. Participam das Comisses do usp Recicla no cmpus, como atores e editores do Programa, aproximadamente 70 membros da comunidade universitria.

    Nos ltimos 15 anos, o Programa desenvolveu distintas estratgias educativas que permitiram incorporao de novos hbitos e uma viso mais crtica com relao ao estilo de vida e opes cotidianas de consumo por parte da comunidade universitria, alm de reduzir significativamente os resduos gerados.

    As principais atividades educativas podem ser resumidas em trs blocos, comentados a seguir.

    a. Reunies, encontros e palestras educativas, visando dialogar sobre os princpios, estrutura e funo do Programa usp Recicla e sensibilizar o indivduo/comunidade sobre questes sociais e ambientais e a necessidade de conservar os recursos naturais. Tambm procuram motivar e fornecer ferramentas para a comunidade universitria realizar aes individuais e coletivas, direcionadas para o uso racional dos recursos e minimizao de resduos. Participam anualmente cerca de trs mil pessoas da comunidade da usp e externa.

    b. Projetos de interveno educativa, desenvolvidos dentro e fora do cmpus de So Carlos. Os projetos abrangem temas ligados gesto de resduos slidos tendo como eixo condutor a formao educativoambiental dos envolvidos. No caso da gesto de resduos do cmpus, trabalha-se com projetos de incentivo minimizao de resduos, coleta seletiva de papis, plsticos, vidros, metais, eletroeletrnicos e lmpadas fluorescentes e compostagem. Para alm do gerenciamento dos resduos slidos, a atuao do Programa est presente em projetos de promoo da mobilidade sustentvel, organizao de eventos mais sustentveis, incentivo Moradia Estudantil sustentvel, propagao da tica ambiental em escolas do ensino fundamental e mdio, gerao de indicadores de sustentabilidade e de pegada ecolgica do cmpus. Todos os projetos contam com apoio de docentes do cmpus provenientes de diversas Unidades de Ensino, da Pr-Reitoria de Cultura e Extenso e da Superintendncia de Gesto Ambiental da usp.

    c. Formao ambiental de alunos de graduao em diversas reas do conhecimento, por meio de mini-cursos, reunies semanais para estudo e planejamento de aes, incentivos para a apresentao do projeto em eventos cientficos tcnicos etc.

    Por fim, destacamos que a educao nos processos de gesto ambiental fundamental para o grande desafio da construo de sociedades sustentveis, ao fomentar a participao em discusses sobre nosso estilo de vida e sobre as implicaes da gerao de resduos e ao desencadear processos de sensibilizao e formao poltica para que as pessoas busquem as solues em nveis individuais e coletivos.

    A

    B

    C

  • 8Bibliografia

    blauth, p.; leme, p.c.s.; sudan, d.c. Mitos populares pr-lixo. In: cinquetti, h.c.s.; logarezzi, a. (Org). Consumo e resduo: fundamentos para o trabalho educativo. So Carlos, sp: edufscar, 2006, p.145-167.

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    ______. As Transformaes na cultura e o debate ecolgico: desafios polticos para a educao ambiental. In: noal, f.o.; reigota, ,m.;

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    ______. Educao no processo de gesto ambiental: uma proposta de educao ambiental transformadora e emancipatria. In: layrargues, P.P. (Coord.). Identidades da educao ambiental brasileira. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente; Diretoria de Educao Ambiental, 2004. p. 113-140

    sorrentino, m. Crise ambiental e educao. In: quintas, j.s. (Org.). Pensando e praticando a educao ambiental na gesto do meio ambiente. Braslia: ibama, 2000a. p. 93-104. (Coleo Meio Ambiente).

    sudan, d.c. et. al. Da p virada: revirando o tema lixo. Vivncias em educao ambiental e resduos slidos. So Paulo: Agncia usp de Inovao / Programa usp Recicla. Universidade de So Saulo - usp. 2007. 246 p.

    sudan, d.c.; meira, a.m.; lima, e.t.; leme, p.c.s.; rocha, p.e.d.; jacobi, p.; sorrentino, m.; massambani, o. Educacin ambiental y gestin de residuos en la Universidad de So Paulo - Brasil: 15 aos de actuacin, muchos puntos para reflexin. In: Congreso de Educacin Ambiental para el desarrollo sostenible, 2009, La Habana. Anais da vii Convencin Internacional sobre Medio Ambiente y desarrollo. La Habana, 2009.

    sudan, d.c.; lima, e.t.; meira, a.m.; diaz-rocha, p.e. Sustentabilidade e Educao: caminhos na Universidade de So Paulo. Programa usp Recicla/Agncia usp de Inovao, sp. I Encontro Latino Americano de Universidades Sustentveis, Passo Fundo, rs, 2008.

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    Rosane Aranda

    Assessora Administrativa da Diretoria da Escola de Engenharia de So Carlos usp. Possui graduao em Pedagogia com Habilitao em Administrao Escolar pela ufscar (1990), Especializao em Sustentabilidade Scio Ambiental pela usp (2004) e mba em Gesto Pblica: Administrao e Economia do Setor Pblico pelo gpublic-fearp-usp e oeb (2008).

    Geraldo R. M. da Costa

    Diretor da Escola de Engenharia de So Carlos usp e Professor Titular do Departamento de Engenharia Eltrica. Possui graduao em Engenharia Eltrica pela eesc-usp (1980), mestrado em Engenharia Eltrica pela eesc-usp (1985) e doutorado em Engenharia Eltrica pela feec-unicamp (1990).

    PROGRAMA EESC SUSTENTVEL

    A preocupao com a preservao ambiental e a busca pela sustentabilidade vm se constituindo grandes desafios da humanidade e, assim, conquistando a ateno dos mais diversos ambientes sociais e econmicos do planeta.

    No contexto educacional, a problemtica ambiental demanda a formao de docentes, tcnicos e estudantes ambientalmente mais instrumentalizados e reflexivos em todas as reas de atuao, uma vez que os estudantes de hoje sero os futuros formadores de opinio e os futuros tomadores de decises das organizaes e sociedade em geral. Esse fato aumenta, e muito, a responsabilidade das instituies de ensino na formao de cidados conscientes das questes socioambientais e aptos a participarem das solues desses problemas.

    Nesse contexto, as Instituies de Ensino Superior (ies) destacam-se como um dos setores estratgicos para a insero do tema sustenta- bilidade, pois, alm do ensino e formao de profissionais, as ies tm grande atuao no desenvolvimento da cincia, o que contribui para a inovao tecnolgica e para a gerao de novos conhecimentos e paradigmas, os quais so fundamentais para o incremento e manuteno das mudanas necessrias.

    Alm do ponto de vista educacional e do desenvolvimento cientfico em prol da sustentabilidade, espera-se que as ies tenham a responsabilidade de desenvolver e implantar novos modelos de gesto, ou seja, incorporar na rotina das atividades de seus prprios cmpus todo o conhecimento e tecnologia que desenvolve e ensina, servindo, assim, de exemplo sociedade.

    A Escola de Engenharia de So Carlos (eesc), da Universidade de So Paulo (usp), no intuito de ampliar suas aes em prol da susten-tabilidade, iniciou, em 2011, em parceria com o usp Recicla, a elaborao do Programa eesc Sustentvel, que tem por objetivo a organizao de uma poltica institucional que visa insero da sustentabilidade de forma ampla e integrada em suas atividades de ensino, pesquisa, extenso e administrao.

    O Programa tem como proposta metodolgica o envolvimento de toda a comunidade local na construo de programas, projetos e aes a serem implantadas na eesc e sugeridas s outras unidades do cmpus da usp de So Carlos.

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    O Programa eesc Sustentvel dever promover as seguintes aes:

    1. Ensino e capacitao de recursos humanos: elaborar uma poltica de ambientalizao dos cursos de engenharia da eesc e de formao da comunidade universitria para enfrentar os desafios da sustentabilidade;

    2. Pesquisa e inovao: mapear as competncias, as iniciativas e as pesquisas desenvolvidas que contribuam para a promoo da sustentabilidade, com o objetivo de divulgar e inserir este conhecimento nas solues dos problemas ambientais do cmpus;

    3. Gesto ambiental: intensificar as aes j implantadas por meio dos programas institucionais: Programa de Uso Racional da gua pura; Programa de Uso Racional de Energia pure e Programa usp Recicla. Incluir aes voltadas mobilidade sustentvel; gesto de resduos; gesto territorial e edificaes. Priorizar produtos e processos sustentveis e utilizar ferramentas de avaliao do impacto ambiental e econmico;

    4. Extenso comunidade: promover a interao e colaborao com diversas instncias da sociedade, com o objetivo de contribuir para a gerao de solues da problemtica ambiental de forma mais ampla;

    5. Informao e comunicao: divulgar e documentar todas as etapas do Programa, em diversos meios de comunicao, de modo a propagar o conhecimento e a provocar o debate e a participao da comunidade. Elaborar relatrios peridicos de sustentabilidade na eesc.

    Espera-se que os esforos empenhados para a consolidao do Programa eesc Sustentvel possam evoluir para uma Poltica de Sustentabilidade para o cmpus da usp de So Carlos e colaborar para que as instituies de ensino superi-or cumpram, com tica, o seu papel no contexto do desenvolvimento sustentvel.

    careto, h.; vendeirinho, r. Sistema de Gesto Ambiental e Universidades: Caso do Instituto Superior Tcnico de Portugal. Relatrio Final de Curso. 2003. Disponvel em: . Acesso em 10 mai.2005.

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    moreira, m.s. Estratgia e Implementao de Sistema de Gesto Ambiental. Modelo iso 14000. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2001. isbn 85-86948-31-4.

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    Bibliografia

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    45

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    Valdir Schalch

    Engenheiro Qumico pela Escola Superior de Qumica Oswaldo Cruz, mestrado e doutorado em Engen-haria Hidrulica e Saneamento pela Universidade de So Paulo (eesc/usp). Professor Associado do Depar-tamento de Hidrulica e Saneamen-to da eesc/usp. Tem experincia na rea de Saneamento Ambiental, com nfase em Resduos Slidos, atuando nos seguintes temas: gesto e geren-ciamento integrado de resduos sli-dos, tratamento de resduos slidos e tecnologias em resduos slidos.

    Wellington C. de Almeida Leite

    Engenheiro Civil pela Faculdade de Engenharia Civil de Araraquara, mestrado e doutorado em Engen-haria Hidrulica e Saneamento pela Universidade de So Paulo (eesc/usp). Professor Doutor na rea de Saneamento Ambiental da Faculdade de Engenharia de Guaratinguet - unesp. Tem experincia na rea de Saneamento ambiental, com nfase em gesto e gerenciamento integrado de resduos slidos, tratamento de resduos slidos e tecnologias em resduos slidos, controle da poluio ambiental e qualidade da gua.

    POLTICA NACIO-NAL DE RESDUOS SLIDOS NO BRASIL: GESTO E GERENCIAMENTO INTEGRADO

    Introduo

    O Brasil tem a maior populao e extenso territorial da Amrica Latina. Sua economia encontra-se em franca evoluo, passando, principalmente nos ltimos 40 anos, de uma fase essencialmente agrcola e fornecedora de matrias-primas para uma fase de industrializao diversificada. Esse incremento na economia intensificou-se sobremaneira nos ltimos dez anos e atualmente o Brasil ocupa a oitava posio entre as maiores economias do planeta. Evidentemente, esse crescimento econmico, embora bem-vindo, em mltiplos aspectos ainda no se fez acompanhar de um planejamento adequado capaz de amenizar a gritante desigualdade social, equacionar os problemas relativos habitao, transporte, sade, educao e os relativos ao ambiente do meio urbano, principalmente os relacionados aos recursos hdricos e gesto dos resduos slidos, que ser o tema central deste captulo.

    Segundo Leite (1997), na maioria dos municpios brasileiros, a ausncia de modelos de gesto e de prticas adequadas para o gerenciamento dos resduos s-lidos d lugar a uma variedade de solues que, ainda nos dias atuais, parecem ser o grande complicador no processo decisrio das administraes pblicas e do setor privado. No Brasil, a titularidade dos servios que envolvem os resduos domiciliares dos municpios, que, com poucas excees, no dispem de polti-cas consistentes e nem de recursos suficientes para o gerenciamento correto desses resduos, o que acaba contribuindo para a ocorrncia de sobreposio de poderes no setor, propiciando considerveis impactos ambientais de difceis solues, alm da pulverizao de recursos pblicos. Em suma, o pas ainda carece de um modelo de gesto integrada para os resduos slidos que envolva os trs nveis de governos (municipal, estadual e federal), enfatizando principalmente as dire-trizes estratgicas, os arranjos institucionais, os aspectos legais, os mecanismos de financiamento, contemplando, ainda, instrumentos facilitadores para o controle social das polticas pblicas, entre elas aquelas relacionadas aos resduos slidos.

    A principal condio para a formulao e implantao desse modelo de gesto, no pas, comeou a ser delineada no dia 07 de julho de 2010, quando, aps quase 20 anos de tramitao, foi aprovado, no Congresso Nacional Brasileiro, o Projeto de Lei n 203/91, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos (pnrs), sancionada pelo presidente da Repblica como Lei n 12.305, em 02 de agosto de 2010, e regulamentada pelo Decreto n 7.404, em 23 de dezembro de 2010.

    Cabe informar que o Estado de So Paulo conta com a Lei Estadual n 12.300, de 16 de maro de 2006, que dispe sobre a Poltica Estadual de Resduos Slidos, a qual foi regulamentada pelo Decreto Estadual n 54.645, de 05 de agosto de 2009.

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    A pnrs, como formulada, ser o marco regulatrio no setor de resduos slidos no Brasil, integrando a Poltica Nacional do Meio Ambiente, articulando-se com a Lei Federal de Saneamento Bsico (Lei n 11.445/07), com desdobramentos nas Leis Federais de Consrcios Pblicos (Lei n 11.107/05); de Parceria Pblico-Privada (Lei n 11.079/04); do Estatuto da Cidade (Lei n 10.257/01) e de Educao Ambiental (Lei n 9795/99), entre outras afins.

    A Poltica Nacional tambm se aplica aos resduos slidos nas normas estabelecidas pelos rgos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (sisnama), do Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria (snvs), do Sistema Unificado de Ateno Sanidade Agropecuria (suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (sinmetro).

    A nova Lei institui os princpios da gesto compartilhada dos resduos slidos, estabelece a obrigatoriedade da apresentao de planos plurianuais por parte dos entes federados, institui o sistema da logstica reversa e prioriza financiamentos para os municpios que se articulam em consrcios para resolverem problemas comuns na rea de resduos slidos.

    Sntese dos resduos slidos no Brasil

    No Quadro 1 e nas Tabelas 1, 2 e 3 so apresentados alguns dados gerais do Brasil e os nmeros relacionados aos resduos slidos gerados nas regies Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

    Quadro 1 Dados sobre o Brasil

    fonte: ibge, 2007

    Tabela 1Produo diria de resduos domiciliares (RD) no Brasil

    fonte: Abrelpe, 2010

    Tabela 2Quantidade coletada de resduos da construo civil (RCC) no Brasil

    fonte: Abrelpe, 2010

    rea 8.511.985 Km2

    Populao total 184.000.000 hab. (urbana + rural)Crescimento Demogrfico 1,28 % ao anoEstados 26 + dfMunicpios 5.565 municpios

    Norte 11.482.246 12.072 1,051Nordeste 38.024.507 47.665 1,254Centro-oeste 11.976.679 13.907 1,161Sudeste 74.325.454 89.460 1,204Sul 22.848.997 19.624 0,859Total 158.657.883 182.728 1,152

    Norte 11.482.246 3.405 0,297Nordeste 38.024.507 15.663 0,412Centro-oeste 11.976.679 10.997 0,918Sudeste 74.325.454 46.990 0,632Sul 22.848.997 14.389 0,630Total 158.657.883 91.444 0,576

    Regio Pop. urbana RSU gerado ndice (hab) (ton/dia) (kg/hab/dia)

    Regio Pop. urbana RSU gerado ndice (hab) (ton/dia) (kg/hab/dia)

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    A Poltica Nacional de Resduos Slidos no Brasil (PNRS)

    Conforme comentado, vrios textos legais fazem interface com o marco regulatrio de resduos slidos. A Lei n 12.305 institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, dispondo sobre seus princpios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas gesto integrada e ao gerenciamento de resduos slidos, incluindo os perigosos; s responsabilidades dos geradores e do poder pblico e aos instrumentos econmicos aplicveis. Essa Lei no se aplica aos rejeitos radioativos, que so regulados por legislao especfica.

    Portanto, cabe aqui destacar os principais aspectos dos instrumentos, das diretrizes, dos arranjos institucionais, dos instrumentos legais e os mecanismos de financiamento e de controle social da nova lei nacional de resduos slidos.

    Dos instrumentos

    So instrumentos da Poltica Nacional de Resduos Slidos, entre outros:

    a. a elaborao de planos federal, estaduais e municipais com horizonte de 20 anos, com reviso a cada quatro anos, contendo diagnsticos, proposio de cenrios, metas de gerenciamento e aproveitamento energtico, eliminao de lixes, o incentivo incluso social e emancipao econmica de catadores de materiais reutilizveis e reciclveis, procedimentos operacionais e indicadores de desempenho, programas de capacitao tcnica e de educao ambiental, forma de cobrana dos servios prestados na rea de resduos slidos, entre outros, sendo esses planos obrigatrios para o acesso dos municpios e dos estados aos recursos financeiros federais destinados ao setor;

    b. os inventrios e o sistema declaratrio anual de resduos slidos;c. a coleta seletiva, os sistemas de logstica reversa e outras ferramentas

    relacionadas implementao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

    d. o monitoramento e a fiscalizao ambiental, sanitria e agropecuria;e. a cooperao tcnica e financeira entre os setores pblicos e privados para

    o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, mtodos, processos e tecnologias de gesto e de gerenciamento de resduos slidos;

    Tabela 3Quantidade coletada

    de resduos de servios de sade

    (RSS) no Brasil

    fonte: Abrelpe, 2010

    Norte 11.482.246 8,0Nordeste 38.024.507 31,7Centro-oeste 11.976.679 17,8Sudeste 74.325.454 152,8Sul 22.848.997 11,0Total 158.657.883 221,3

    Regio Pop. urbana RSD coletado (hab) (ton/dia)

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    f. o incentivo adoo de consrcios intermunicipais e outras formas de cooperao entre os entes federados;

    g. o estabelecimento de padres de qualidade ambiental, termo de compromisso e de ajustamento de conduta;

    h. cadastro tcnico federal de atividades potencialmente poluidoras ou daquelas que utilizam recursos naturais;

    i. incentivos fiscais, financeiros e creditcios.

    Das diretrizes

    So diretrizes da Poltica Nacional de Resduos Slidos, entre outras:

    a. na gesto e gerenciamento de resduos slidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem, tratamento dos resduos slidos e disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos;

    b. podero ser utilizadas tecnologias de reduo de volume e de tratamento com a recuperao energtica dos resduos slidos urbanos (incinerao), desde que comprovada sua viabilidade tcnica e ambiental, com implantao de programas de monitoramento de gases txicos aprovados pelos rgos ambientais;

    c. empreendimentos relacionados aos resduos slidos, de qualquer natureza, somente podero operar aps serem licenciados pelas autoridades competentes mediante comprovao de capacidade tcnica e econmica para o gerenciamento adequado dos resduos;

    d. a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos ser compartilhada entre os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e os titulares dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos;

    e. a disposio final dos resduos deve ser ambientalmente adequada, observando as normas operacionais especficas de modo a evitar danos ou riscos sade pblica e ao meio ambiente;

    f. a gesto e o gerenciamento de resduos slidos devem buscar o desenvolvimento sustentvel e a universalizao dos servios prestados, com o devido controle social.

    Dos arranjos institucionais

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos demanda os seguintes arran- jos institucionais:

    a. fica instituda a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individual e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores,comerciantes, consumidores e os titulares dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos, consoante as atribuies e procedimentos previstos em lei;

    b. so obrigados a estruturar e implementar sistemas de logstica reversa, mediante o retorno dos produtos aps o uso pelo consumidor, de

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    forma independente do servio pblico de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: agrotxicos, seus resduos e embalagens, assim como outros produtos perigosos, conforme normas tcnicas especficas; pilhas e baterias; pneus; leos lubrificantes, seus resduos e embalagens; lmpadas fluorescentes, de vapor, de sdio e mercrio e de luz mista e produtos eletroeletrnicos e seus componentes. Os fabricantes e importadores daro destinao ambientalmente adequada aos produtos e embalagens;

    c. os consumidores devero efetuar a devoluo aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos resduos passveis de logstica reversa atravs de redes de recepo montadas pelos mesmos;

    d. sempre que estabelecidos sistemas de coleta seletiva, pelo plano municipal de gesto integrada de resduos slidos, os consumidores so obrigados a acondicionar de forma adequada e diferenciada os resduos slidos gerados, disponibilizando-os para a reutilizao, reciclagem ou devoluo, podendo inclusive ser beneficiados com incentivos econmicos pelo poder pblico;

    e. incumbe ao distrito federal e aos municpios a gesto integrada dos resduos slidos gerados nos respectivos territrios, sem prejuzo das competncias de controle e fiscalizao dos rgos federais e estaduais;

    f. os estados ficam incumbidos de promover a integrao da organizao, do planejamento e da execuo das funes pblicas de interesse comum relacionadas gesto dos resduos slidos nas regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e microrregies, devendo ainda apoiar e priorizar iniciativas municipais de solues consorciadas entre dois ou mais municpios;

    g. a Unio, os estados, o distrito federal e os municpios mantero de forma conjunta o Sistema Nacional de Informaes sobre a Gesto de Resduos (sinir), articulado com o Sistema Nacional de Informao sobre Saneamento (sinisa) e sobre Meio Ambiente (sinima).

    Dos mecanismos de financiamento

    Pela Poltica Nacional de Resduos Slidos, o poder pblico poder instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, s iniciativas de preveno e reduo da gerao de resduos slidos no processo produtivo, tais como:

    a. implantao de infraestrutura fsica e aquisio de equipamentos para cooperativas ou associaes de catadores de materiais reutilizveis e reciclveis, formadas por pessoas de baixa renda;

    b. linhas de financiamento para a o desenvolvimento de projetos de gesto dos resduos slidos de carter intermunicipal ou regional.

    Os incentivos institudos pelo governo federal podero priorizar os consrcios pblicos, implantados com o objetivo de viabilizar a descentralizao e a prestao de servios pblicos que envolvam resduos slidos.

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    associao brasileira de empresa de limpeza pblica e resduos especiais. abrelpe. Panorama Nacional de Resduos Slidos 2009. Disponvel em: . Acesso em: jul. 2010.

    brasil. Projeto de Lei n 203/91, de 7 de julho de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos no Brasil. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 15 jul. 2010.

    ______. Decreto-lei no 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei n 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, cria o Comit Interministerial da Poltica Nacional de Resduos Slidos e o Comit Orientador para a Implantao dos Sistemas de Logstica Reversa e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 23 dez. 2010.

    ______. Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos no Brasil. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 02 ago. 2010.

    ______. Lei no 11.445, de 6 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento bsico e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 8 jan. 2007.

    ______. Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005. Dispe sobre as normas gerais para a contratao de consrcios pblicos. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 18 jan. 2007.

    ______. Lei no 11.079, de 30 de dezembro de 2004. Institui normas para licitao e contratao de parcerias pblico-privada no mbito da administrao pblica. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 31 dez. 2004.

    ______. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Estabelece as diretrizes gerais da poltica urbana e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 11 jul.2001.

    ______. Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a poltica nacional de educao ambiental e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 28 abr. 1999.

    ibge; brasil. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Pesquisa Nacional Censo 2010. Disponvel em . Acesso em dez. 2007.

    leite, w.c.a. Estudo da gesto de resduos slidos: uma proposta de modelo tomando a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hdricos (ugrhi-5) como referncia. 1997. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1997.

    Bibliografia

    Das proibies

    Constam na Poltica Nacional de Resduos Slidos as seguintes proibies:

    a. destinao ou disposio final de resduos slidos ou rejeitos em praias, no mar ou em quaisquer corpos hdricos, os lanamentos in natura a cu aberto, excetuando os resduos de minerao, a queima de resduos a cu aberto ou em recipientes, instalaes e equipamentos no licenciados para essa finalidade;

    b. nas reas de disposio final de resduos slidos ou rejeitos, a sua utilizao como alimentao, catao, criao de animais domsticos, fixao de habitaes temporrias ou permanentes;

    c. importao de resduos slidos perigosos e rejeitos, bem como quaisquer outros cujas caractersticas causem dano sade pblica e ao meio ambiente, incluindo os pneumticos.

    Consideraes finais

    Com a nova Poltica Nacional de Resduos Slidos, o grande desafio brasileiro recuperar quase duas dcadas de atraso, mesmo sabendo que a nova Lei no modificar o cenrio brasileiro da noite para o dia, principalmente na erradicao dos incmodos lixes, que agora passam a ser proibidos. A obrigatoriedade, por parte de todos os entes federados, de elaborar planos e promover pactos setoriais realmente consistentes outro ponto alto da nova poltica, pois fornecer instrumentos adequados para que todo cidado e cada setor da sociedade faam a sua parte na gesto compartilhada dos resduos slidos, observando-se a preveno quanto gerao, reutilizao, reciclagem, ao tratamento e disposio final ambientalmente adequada.

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    Renata Castiglioni Amaral

    Formada em Engenharia Ambiental pela Universidade de So Paulo. Atualmente, voluntria do Programa usp Recicla de So Carlos e trabalha como consultora da Menos Lixo: projetos e educao em resduos slidos, em So Paulo. J participou de diversos projetos relacionados minimizao de resduos e educao ambiental. Foi, por dois anos, consultora tcnica de um projeto de cooperao entre a Universidade de So Paulo e a Universidade Autnoma de Madri (uam) sobre sustentabilidade socioambiental universitria.

    MINIMIZAO DE RESDUOS

    Lixo: 1. Aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua e se joga fora; entulho. 2. Tudo o que no presta e se joga fora. 3. Sujidade, sujeira, imundcie. 4. Coisa ou coisas inteis, velhas, sem valor (ferreira, 1986).

    Para muitos, lixo aquilo que no queremos mais; tudo o que sobrou de uma atividade qualquer, que no tem mais utilidade e que descartamos; aquilo que deve desaparecer, ir para longe. Mas, ser que tudo aquilo que jogamos fora realmente lixo? Vamos conferir...

    Cada brasileiro produz em mdia 1,2 kg/resduos/dia (abrelpe, 2010). Os moradores da regio sudeste juntamente com os da regio nordeste so os que mais geram resduos, em torno de 1,3 kg/hab-dia, enquanto a gerao dos habitantes da regio sul apresenta o menor ndice: 0,879 kg/hab-dia (abrelpe, 2010). J paramos para pensar quanto lixo produzimos em um ano? E nossa cidade? Como ns, cidados, nos posicionamos frente a isso?

    De acordo com o ibge (2010), So Carlos possui 221.950 habitantes e produz 4,73 toneladas mensais de lixo (so carlos em rede, 2010). difcil imaginar quanto esse valor significa em termos de volume, de espao e de impactos. Para ter uma ideia, levemos em considerao que a cidade de So Paulo produz atualmente mais de 17.000 toneladas de lixo por dia, o equivalente a um prdio de 34 andares (limpurb, 2011)!

    Para onde vai todo esse lixo? No Brasil, apenas 57,8% de todo o resduo gerado so levados para aterros sanitrios obras de engenharia para disposio dos resduos slidos urbanos, em que h: compactao de seu volume, recobrimento com terra ou algum material inerte, impermeabilizao, drenagem e tratamento dos lquidos e dos gases que ali so gerados. Os 42,4% restantes so dispostos em valas, lixes, terrenos baldios entre outros (abrelpe, 2010).

    O resduo disposto incorretamente causa graves problemas ambientais, tais como poluio e contaminao do solo, da gua e do ar, alm dos inconvenientes derivados dos odores e vetores de doenas. Os resduos slidos tambm so responsveis por 6,7% da gerao de gases de efeito estufa pela decomposio anaerbica nos aterros sanitrios no estado de So Paulo (cetesb, 2011). Na cidade de So Paulo correspondem a 23,48% da emisso, sem contar todos os gases gerados na produo de todos os objetos que agora so resduos (svma, 2005).

    E de onde vem tanto lixo? Nos Estados Unidos, 99% das coisas consumidas se tornam lixo em menos de seis meses (the story of stuff, 2008)! Ser, ento, que o que consumimos realmente necessrio? Onde est a linha que separa o suprfluo do essencial? De acordo com alguns psicanalistas, o

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    consumo hoje virou identidade, um valor da sociedade moderna. Cada um de ns se define pelos seus gostos e pelo que possui. Vivemos hoje numa sociedade do ter e no do ser.

    Muitos desses gostos e vontades so despertados por um funcionamento cclico de insatisfao: quanto mais insatisfeitos, mais consumimos para tapar esse buraco. E no so somente insatisfaes a nvel funcional, mas a nvel emocional tambm. Somos seduzidos por milhares de propagandas dirias que nos tornam insatisfeitos e nos levam a consumir em busca de uma sensao, muitas vezes efmera, de bem estar e felicidade. S nos eua so 3.000 anncios/dia (the story of stuff, 2008).

    Alm desse fator individual, nosso sistema de produo altamente impactante e gera milhares de toneladas de resduos. De acordo com a animao/documentrio the story of stuff (2008), estima-se que a cada volume de produto produzido, restem, em mdia, 70 volumes iguais de resduos na produo (extrao de matrias-primas, processos produtivos etc.). Ou seja, se pensarmos bem, no geramos apenas 1,2 kg/dia de resduo, mas outros muitos quilos agregados indiretamente pelo processo de fabricao dos produtos que adquirimos.

    Sendo assim, devemos nos importar no somente com o ps-consumo (o que fazer com a embalagem que j no serve mais), mas tambm com o pr-consumo (de onde vem, como vem, quem fabrica, entre outros questionamentos). E nessa hora que se torna importante praticarmos o consumo responsvel e consciente: a busca de um equilbrio entre a satisfao pessoal, a sustentabilidade do planeta e os efeitos sociais de nossa deciso. Refletir na hora de fazer nossas escolhas. Desconstruir nossos paradigmas.

    Desse modo, concordamos com a ideia de que mais sustentvel e melhor para o planeta evitar a gerao de resduos do que trat-los ou disp-los depois, com tecnologias avanadas e ocupando enormes reas. Esse ponto de vista vem ao encontro do princpio dos 3Rs reduzir, reutilizar e reciclar que ficou mundialmente conhecido pela sua apario na Agenda 21 (brasil, [20--]), um documento elaborado por 179 pases durante a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).

    Reduzir o consumo e o desperdcio implica em repensar o que consumimos, evitar a gerao de resduos e refletir sobre o que realmente necessrio. Podemos adotar algumas aes: substituir descartveis por durveis, utilizar sacolas de pano para o supermercado, utilizar frente e verso das folhas de papel, recusar panfletos e anncios que no nos interessam, imprimir menos, comprar produtos que possuam refil entre outras.

    Algumas experincias bem sucedidas podem ser vistas no cmpus de So Carlos da usp: a) substituio permanente de todos os copos plsticos por canecas durveis, principalmente no Restaurante Universitrio - apenas com essa ao, so poupados aproximadamente 500 mil copos plsticos ao ano; b) obrigatoriedade de impresso de teses e monografias em frente e verso; c) utilizao de envelopes vai-e-vem entre outras.

    Reutilizar produtos e materiais significa atribuir ao que seria descartado uma nova funo, prolongando a sua vida til por meio de conserto, restaurao e/ou reaproveitamento. Alm disso, essa atitude colabora para o resgate e a valorizao de profisses quase extintas: restauradores, costureiras etc. Um grande exemplo do segundo R que acontece anualmente em So

    RR

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    Carlos (sp) a Feira da Sucata e da Barganha, um espao para troca e venda de materiais usados que estariam entulhados em nossas casas e que recebem uma nova utilidade. O que para ns, muitas vezes, intil pode ser til para outras pessoas.

    Reciclar proceder transformao fsico-qumica de um material para obteno de um novo produto ou matria-prima. A reciclagem dos materiais (plstico, vidro, metal, papel) um processo industrial que contribui para a diminuio dos impactos socioambientais, pois utiliza menos recursos naturais (gua e energia) do que seria consumido na nova produo desses materiais, aumenta a vida til dos aterros, diminui gastos pblicos e pode gerar renda para os catadores de material reciclvel. Porm, importante lembrar que a reciclagem no a soluo para os problemas do lixo. Ela necessria, mas, sozinha, no suficiente, pois tambm consome e demanda recursos.

    Vale lembrar que a participao da populao importantssima na adoo e na incorporao dos 3Rs em seu cotidiano. Como muncipes, nossa atuao na separao prvia dos materiais para a coleta seletiva, por exemplo, fundamental para que o programa continue e para diminuirmos o volume de resduos encaminhados para o aterro.

    Dados da Prefeitura Municipal de So Carlos, na reportagem de dantas (2011), mostram que 75% das residncias da cidade, atualmente, so atendidas pelo Programa Municipal de Coleta Seletiva, que beneficia mais de 50 catadores da cooperativa Coopervida, por meio de um sistema de coleta porta a porta (economia solidria so carlos, 2010). Nas proximidades dos 25% restantes do municpio, esto espalhados Ecopontos ou Postos de Entrega Voluntria (pev).

    Mas, afinal, o que devemos separar para a coleta seletiva? A coleta seletiva recolhe apenas os materiais reciclveis (plsticos, vidros, metais, papis, embalagens cartonadas entre outros). Os rejeitos (fraldas descartveis, papel higinico, adesivos, tecidos etc.) devem ser encaminhados para a coleta regular de lixo da cidade e os orgnicos (restos de alimentos, cascas de frutas, verduras, poda e capina), quando possvel, devem ser compostados, caso

    R

    Quadro 1 Materiais potencialmente reciclveis

    fonte: elaborado pela autora

    Plstico

    Vidros

    Papis

    Metais

    Outros

    No reciclveis

    Embalagens plsticas (garrafas pet, sacolas plsticas, tubos de produtos de limpeza etc.), tubos, vasilhas e tampas

    Garrafas, vidros de cosmticos, alimentos, medicamentos, produtos de limpeza e cacos protegidos

    Sulfites, papis coloridos, papelo, revista, jornais e embalagens de papel

    Latas de alumnio e ao, fios, arames, pregos, chapas, cantoneiras e embalagens de marmita

    Embalagens longa-vida, plsticos aluminizados, isopor, leo de cozinha, canos e esponjas de ao

    Papis carbono e plastificados, cermicas, espumas, tecidos, guarda-napos e papis sujos e engordurados, madeira, espelhos e vidros planos

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    associao brasileira de empresas pblicas e resduos especiais. Panorama dos Resduos Slidos no Brasil 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10 jun. 2011.

    economia solidria so carlos. Cooperativa responsvel pela coleta seletiva no municpio tem projeto aprovado pela Fundao Nacional de Sade funasa. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 15 jun. 2011.

    brasil. Ministrio do Meio Ambiente. Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. Agenda 21. [20--]. Disponvel em: . Acesso em 22 dez.2011.

    companhia ambiental do estado de so paulo (cetesb). Inventrio de emisses antrpicas de gases de efeito estufa diretos e indiretos do estado de So Paulo. So Paulo: cetesb, 2011. Disponvel em: . Acesso em: 12 ago. 2011.

    compromisso empresarial para reciclagem. Fichas tcnicas. Disponvel em: . Acesso em: 20 jun. 2011.

    dantas, a. Gerao de lixo cresce 6,8% no Brasil. Jornal A Folha, So Carlos, 01 mai.2011. Disponvel em: . Acesso em: 15 jun. 2011.

    ferreira, a.b.h. Novo dicionrio Aurlio da lngua portuguesa. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

    gilnreiner, g. Estratgias de minimizao de lixo e reciclagem e suas chances de sucesso. Cracvia: Universidade de Cracvia, 1992.

    instituto brasileiro de geografia e estatstica. ibge Cidades@ - So Carlos. Disponvel em: . Acesso em: 10 jun. 2011.

    so carlos em rede. So Carlos assina ppp que promete modernizar coleta do lixo na cidade. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10 jun. 2011.

    so paulo (Cidade). Departamento de Limpeza Urbana (limpurb). Saiba o dia e o horario que a coleta realizada em sua rua. 13 set.2010. Disponvel em: . Acesso em: 10 jun. 2011.

    ______. Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Inventrio de emisses de gases de efeito estufa do municpio de So Paulo sntese. So Paulo, 2005. Disponvel em: . Acesso em: 12 ago. 2011

    the story of stuff project. The Story of Stuff. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 09 jun. 2011.

    Bibliografia

    contrrio, devem ir junto com os rejeitos para a coleta regular. Muitas vezes, os materiais inclusos no item Outros do Quadro 1 no so

    reciclados, mesmo possuindo potencial para reciclagem industrial, devido a elevados custos de recolhimento e transporte ou inexistncia de empresas recicladoras na regio (falta de mercado). A coleta desse tipo de material varia de municpio a municpio e de estado a estado e os responsveis (catadores ou prefeitura) devem ser consultados sobre a possibilidade de esses materiais serem destinados coleta seletiva.

    De acordo com o Compromisso Empresarial para a Reciclagem, em 2009, do total produzido, foram reciclados no Brasil 21,2% de plsticos, 46% de papel, 98,2% das latas de alumnio, 49% das latas de ao, 47% do vidro e 22,2% das embalagens tipo longa-vida.

    Esperamos que todas essas informaes sejam um estmulo para pensarmos globalmente e agirmos localmente. Porque, afinal, se quisermos ter menos lixo, precisamos rever nosso paradigma de felicidade humana, em que ter menos lixo significa ter... mais cultura, menos smbolo de status, mais tempo para as crianas, menos dinheiro trocado, mais animao, menos tecnologia de diverso, mais qualidade, menos maquiagem (gilnreiner, 1992).

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    Neuci Bicov Frade

    Graduada em Licenciatura Matemtica ime/usp. Possui Ps graduao Lato Sensu em Gesto Ambiental do Espao Urbano (Unifieo). Integrante da Comisso de Sustentabilidade do cce usp desde 2007, atuando no estudo e pesquisa de tratamento adequado de resduos eletroeletrnicos no cedir usp.

    CARTUCHOSE TONERS

    Caractersticas

    Existem muitas dvidas a respeito de qual a melhor destinao a ser dada aos toners e cartuchos de tinta usados. Como o preo dos cartuchos muito alto, chegando por vezes a custar o mesmo preo de algumas impressoras inteiras, muitos usurios tm a tendncia a envi-los para recarga, ou mesmo vend-los aos chamados recicladores.

    A recarga do cartucho somente o reabastecimento com tinta, seja por meio de seringas, seja por meio de mquinas eltricas ou mecnicas. A tinta de baixa qualidade e muitas vezes o cartucho lavado em gua corrente, gerando contaminao. J o processo de recondicionamento de cartuchos contempla a limpeza total das carcaas, a substituio de todas as suas peas internas por novas e a adio de toner ou tinta. Esse processo pode ser feito de forma ambientalmente correta por algumas empresas que possuem licenas ambientais emitidas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (cetesb) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (ibama), porm fica difcil ao usurio comum identificar essas empresas.

    J o toner um p negro, fino, resinoso, usado para tornar visveis as imagens latentes e que substitui a tinta nas impressoras a laser (sbrt, 2008). Esse p um produto que deve ser manuseado com certos cuidados, pois extremamente fino e pode atingir o pulmo se inalado, o que ocorre frequentemente quando feita a recarga dos cartuchos sem equipamentos de proteo adequados.

    O cartucho de tinta, assim como as lmpadas, possui uma resistncia trmica conectada a um circuito, responsvel por aquecer a tinta em centenas de graus criando uma bolha de ar que empurra a tinta para fora, em grande velocidade.

    Devido a esse sistema de trabalho, a vida til dos cartuchos reduzida e muitas vezes a recarga simples acaba no produzindo o resultado esperado, pois o cartucho recarregado dura pouco e muitas vezes nem funciona, j que pode ocorrer facilmente a queima da resistncia.

    Descarte e tratamento

    A melhor alternativa para esse material a devoluo ao fabricante. Segundo a Poltica Nacional de Resduos Slidos (pnrs), os fabricantes e importadores daro destinao ambientalmente adequada aos produtos e s embalagens reunidas ou devolvidas, sendo o rejeito

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    encaminhado para a disposio fi nal ambientalmente adequada, na forma estabelecida pelo rgo competentedo sisnama - Sistema Nacional do Meio Ambiente (brasil, 2010).

    A venda de cartuchos aos chamados recicladores no aconselhvel, pois na maioria dos casos eles no so reciclados e sim simplesmente lavados ou aspirados e reabastecidos, o que poluente e pode comprometer a sade de quem faz esse tipo de procedimento. Em So Carlos (sp), o destino desse tipo de resduos dentro da usp deve ser os setores de informtica ou almoxarifado da Unidade que fi car responsvel pelo envio do material ao Programa Recicl@tesc. J os muncipes podem entregar esse material diretamente ao Recicl@tesc. Esse projeto atende trs tipos de incluso: social, digital e ambiental.

    Minimizao

    As impressoras tm alto custo, tanto na compra do equipamento, quanto na reposio dos consumveis (cartuchos ou toners). Portanto, o uso de impresso deve ser limitado a documentos importantes que no possamser armazenados ou acessados em mdias digitais(pendrives, hds etc.).

    Quando a impressora fi car longos perodos sem uso, ou for ser descartada, retire os cartuchos de tinta ou toner vazios, acondicionando-os em caixas para evitar vazamento. Se a impressora for virada ou tombada, qualquer resduo de tinta neles pode vazar e estragar o mecanismo de trao, circuito lgico ou outras partes sensveis da impressora, que poderiam ainda ser reutilizadas.

    Aspectos legais e normativos

    Os resduos de cartuchos devem ser tratados, separados e acondicionados adequadamente para o transporte at sua destinao fi nal. Est em vigor a Poltica Nacional de Resduos Slidos (pnrs) e, no Estado de So Paulo, as Leis n 12.300/2006 e n 13.576/2009, que, respectivamente, versam sobre o tratamento de resduos industriais e a destinao dos resduos eletroeletrnicos. Pela pnrs, artigos 3, 6 e 9 (brasil, 2010), nenhum material reciclvel poder ser encaminhado para aterro antes de receber tratamento e apenas os que forem considerados rejeitos (aps o processamento) que podero ter essa destinao. Jogar resduos potencialmente poluentes no lixo comum ser em breve considerado crime contra o meio ambiente (brasil, 2008).

    Figura 1 Cartuchos arrecadados no CEDIR Centro de Descarte e Reuso de Resduos de Informtica da USP

    Figura 2 Cartuchos toner arrecadados no CEDIR Centro de

    Descarte e Reuso de Resduos de Informtica da USP

    fonte: Neuci Bicov Frade

    fonte: Neuci Bicov Frade

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    associao brasileira de recondicionadores de cartuchos para impressoras (abreci). Destinao de resduos cadri. Disponvel em: . Acesso em 21 out.2011.

    brasil. Decreto federal n 6.514, de 22 de julho de 2008. Artigo 62. Disponvel em: . Acesso em: 21 out. 2010.

    ______. Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e d outras providncias. Disponvel em: . Acesso em 10 nov.2011.

    hp do Brasil. Voc sabia? Disponvel em: . Acesso 21 out.2011.

    Bibliografia hp Invent. Folha de dados de segurana. Disponvel em: . Acesso em 11 jun. 2011

    jordo, f. Mito ou verdade: cartuchos remanufaturados no prestam e estragam a impressora? Disponvel em: . Acesso em 11 jun.2011.

    servio brasileiro de respostas tcnicas (sbrt). Resposta tcnica. Rede de Tecnologia da Bahia - retec/iel-ba. 28 abr.2008. Disponvel em: . Acesso em 10 nov.2011.

    so paulo (Estado). Lei n 12.300, de 16 de maro de 2006. Institui a Poltica Estadual de Resduos Slidos e define princpios e diretrizes. Disponvel em: . Acesso em 21 out.2011.

    ______. Lei n 13.576, de 6 de julho de 2009. Institui normas e procedimentos para a reciclagem, gerenciamento e destinao final de lixo tecnolgico. Disponvel em: . Acesso em 21 out.2011.

    De acordo com a Associao Brasileira de Recondicionadores de Cartuchos de Impressoras (abreci), as empresas localizadas no Estado de So Paulo necessitam da obteno do Certificado de Aprovao para Destinao de Resduos Industriais (cadri) emitido pela cetesb, para o transporte desse resduo (associao brasileira de recondicionadores de cartuchos para impressoras, 2011).

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    Neuci Bicov Frade

    Graduada em Licenciatura Matemtica ime/usp. Possui

    Ps graduao Lato Sensu em Gesto Ambiental do Espao

    Urbano (Unifieo). Integrante da Comisso de Sustentabilidade

    do cce usp desde 2007, atuando no estudo e pesquisa de

    tratamento adequado de resduos eletroeletrnicos no cedir usp.

    Dennis Brando

    Possui graduao em Engenharia Mecnica pela Universidade

    de So Paulo (1998), mestrado em Engenharia Mecnica pela Universidade de So

    Paulo (2000) e doutorado em Engenharia Mecnica pela Universidade de So Paulo

    (2005). Atualmente professor doutor no Departamento de

    Engenharia Eltrica da Escola de Engenharia de So Carlos da

    Universidade de So Paulo.

    RESDUOS ELETRNICOS

    Caractersticas

    Uma das caractersticas do mundo atual a rpida inovao no desenvolvimento de produtos e processos, impulsionada pelo consumo de produtos de tecnologia avanada. Maior quantidade e diversidade de equipamentos eltricos e eletrnicos so produzidas para substituio de antigos produtos em velocidade crescente. No Brasil, h mais de 96 celulares para cada 100 habitantes (agncia nacional de telecomunicaes, 2010), com mdia de uso de dois anos, e os computadores totalizam 50 milhes, devendo chegar a 100 milhes em 2012, que so trocados a cada quatro ou cinco anos. Proporcionalmente, aumenta tambm o volume de resduos de equipamentos eltricos e eletrnicos (reee), que engloba desde os eletrnicos at os produtos da linha branca (eletrodomsticos de maior porte, como geladeira, fogo, microondas, freezer etc.). O manejo desse tipo de resduo slido urgente devido presena no s de metais pesados em sua constituio, como de outras substncias txicas.

    Quando descartado junto do lixo comum, o lixo eletrnico termina nas mos de recicladores informais para extrao de materiais como ouro e cobre, por meio da incinerao, ocasionando a liberao de gases txicos e a inviabilidade de reaproveitar os demais materiais constituintes desses resduos (unep, 2009).

    Assim, o tratamento do lixo eletrnico tem se mostrado como um dos grandes desafios da atualidade, no s pelo volume a se processar, como pela diversidade de equipamentos, produtos e componentes descartados (li, 2004; -E-wasteguide, 2009).

    Descarte e tratamento

    O usurio do cmpus de So Carlos da usp, bem como toda a populao do municpio, pode dar uma destinao adequada ao seu lixo eletrnico. Basta descartar seu resduo em um dos pontos de coleta do Projeto Recicl@tesc. Nesse projeto, todos os resduos so triados e destinados ou para o reuso em projetos sociais ou para a reciclagem por empresas devidamente capacitadas e licenciadas para tal finalidade.

    Esse projeto inovador para a cidade de So Carlos, conhecida nacionalmente como Capital da Tecnologia, apresenta um destino adequado para o descarte do lixo eletrnico (sobretudo equipamentos de informtica). O Recicl@tesc, por meio de sua metodologia, que integra

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    parceiros para a execuo das atividades, contribui para a soluo desse problema e promove o desenvolvimento local da cidade.

    Em So Paulo, uma iniciativa semelhante trata os resduos de telefonia e informtica do cmpus da capital: o Centro de Descarte e Reuso de Equipamentos de Informtica (cedir), que tem os mesmos princpios de sustentabilidade do Recicl@tesc e mantido pelo Centro de Computao Eletrnica da usp (cce) e pela Coordenadoria de Tecnologia da Informao (cti).

    As Unidades da usp em So Carlos e nos demais cmpus do interior devem providenciar a baixa patrimonial dos equipamentos inservveis por meio da sua seo de patrimnio. A baixa deve ser feita ao Recicl@tesc e depois dever ser agendada a data para entrega do material. Esse agendamento pode ser feito por telefone ou nos postos de coleta.

    Minimizao

    Ao contrrio do que ocorria antes com os equipamentos inservveis da Universidade, hoje os equipamentos so verificados e, quando possvel, remontados e encaminhados a instituies sem fins lucrativos, na forma de emprstimo, para que retornem no final de sua vida til e sejam ento encaminhados aos recicladores.

    Existe a preocupao tambm em devolver aos fabricantes os equipamentos que exigem tratamento especial, pela quantidade de contaminantes em sua composio, como monitores, cartuchos e toner (tratados no captulo 5). Pilhas e baterias tambm so corretamente encaminhadas, conforme tratado no captulo 14 deste Guia.

    Figura 01 Resduos eletro-eletrnicos dentro do CEDIR

    fonte: Neuci Bicov Frade

    B

    A

    Hoje uma tendncia mundial efetuar o reuso de equipamentos antes de encaminh-los para reciclagem. No relatrio Recycling from e-waste to resources (Reciclando do lixo eletrnico aos recursos), publicado em fevereiro de 2010 pelo Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente1 (unep, 2009), uma anlise comparativa muito interessante entre reutilizao e reciclagem de resduos de informtica demonstrou que a reutilizao criou 11 vezes mais empregos e gerou 15 vezes mais receita do que uma quantidade equivalente de material reciclado. Gerao de emprego e renda, alm de incluso digital, diminuindo a gerao de resduos e a extrao de matria prima do meio ambiente.

    1 unep na sigla em ingls: United Nations Environment Programme.

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    Aspectos legais e normativos

    As legislaes em implantao ao redor do mundo, seguindo o exemplo europeu, tm considerado os fabricantes como responsveis por toda a cadeia de ciclo de vida do produto, desde seu projeto at o descarte final (rotter; chancerel; schill, 2008).

    Seguindo o mesmo modelo, o Ministrio do Meio Ambiente brasileiro conseguiu a aprovao da Poltica Nacional de Resduos Slidos, a qual foi sancionada pelo presidente em agosto de 2010.

    No estado de So Paulo, a Lei Estadual 13.576 de 2009 tambm institui normas para a reciclagem, gerenciamento e destinao final do lixo eletrnico. Sob a mesma abordagem do problema, fabricantes, importadores e comerciantes desses produtos tero que reciclar ou reutilizar, total ou parcialmente, o material eletrnico descartado.

    No municpio de So Carlos, a Lei Municipal 15.072 de 2009 d ao assunto a mesma tratativa.

    O tratamento de resduos eletroeletrnicos foi includo na legislao estadual, por meio da Lei n 13.576/2009, e federal, atravs da Poltica Nacional de Resduos Slidos (pnrs). A responsabilidade compartilhada pelo tratamento dos reee ficou estabelecida em toda a cadeia. A Lei dita que todos so responsveis por encaminhar corretamente os equipamentos eletrnicos, desde o fabricante, o importador e o comerciante, at o consumidor, que citado na Lei como responsvel por efetuar a devoluo desses equipamentos para o descarte ambientalmente correto.

    agncia nacional de telecomunicaes. Dados de acessos mveis. Disponvel em: . Acesso em set.2010.

    brasil. Projeto de Lei n 203/91, de 7 de julho de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos no Brasil. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 15 jul. 2010.

    e-wasteguide. Disponvel em: . Acesso em nov.2009.

    li, J. et al. Printed circuit board recycling: a state-of-art survey. ieee Transaction on Electronic Packaging Manufacturing, v. 27, p. 33-42, 2004.

    Bibliografiarotter, v.s.; chancerel, p.; schill, w.p. Practical Aspects of Individual Producer Responsibility - Lessons to be learned from experiences in Germany, Electronics Goes Green 2008, p. 47-58, 2008.

    so paulo (Estado). Lei n 13.576, de 6 de julho de 2009. Institui normas e procedimentos para a reciclagem, gerenciamento e destinao final de lixo tecnolgico. Disponvel em: . Acesso em 21 out.2011.

    silva, m. Projeto de Lei que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos. 2007. Disponvel em: . Acesso em: set.2010.

    united nations environment programme (unep). Recycling - From e-waste to resources - Final Report, 2009. Disponvel em: . Acesso em: nov.2011.

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    Rodrigo Eduardo Crdoba

    Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de SoPaulo (eesc/usp). Mestre e Doutorando em Cincias rea de Concentrao:Hidrulica e Saneamento pela eesc/usp. Tem experincia nas reas de EngenhariaCivil e Saneamento Ambiental, com nfase em Gesto e Gerenciamento Integrado deResduos Slidos.

    Javier Mazariegos Pablos

    Doutor em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia pela Universidade de So Paulo. Atualmente docente e coordenador do Laboratrio de Construo Civil do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo. Tem experincia na rea de Construo Civil e Engenharia de Materiais, com nfase em Materiais de Construo e Sistemas Construtivos, atuando principalmente nos seguintes temas: aglomerantes minerais, agregados, concretos, argamassas, aos, polmeros, vidros, materiais cermicos e reutilizao/reciclagem de resduos slidos.

    RESDUOS DA CONSTRUO CIVIL (RCC)

    Caractersticas

    Os resduos da construo civil (rcc) so popularmente conhecidos como entulho de obras, calia ou metralha. Geralmente, esses resduos so compostos por fragmentos ou restos de argamassa, tijolos, concreto, solos, metais, madeiras, gesso e plsticos, originrios de desperdcios em canteiros de obras, demolies de edificaes ou demolies resultantes de desastres. Alguns autores denominam esses resduos como resduos de construo e demolio (rcd), dividindo-os em resduos da construo: provenientes de construes, reformas e reparos, e resduos da demolio: oriundos de construes derrubadas. Os rcc apresentam situao preocupante em virtude da grande parte que representam em massa e volume do total de resduos slidos gerados em meio urbano.

    Segundo Bidone (2001), os rcc esto entre os resduos slidos mais heterogneos, pois so oriundos de um setor que possui vrios mtodos construtivos que geram resduos compostos por materiais como: argamassa, areia, solo, componentes cermicos, concretos, madeiras, papel, pedras, asfalto, tintas, gesso, plstico, borracha e matria orgnica. Em concordncia com esses fatos, Crdoba (2010) revelou o quanto a composio dos rcc no municpio de So Carlos (sp) heterognea, mediante a caracterizao qualitativa dos rcc destinados s reas de tratamento e disposio final.

    O municpio de So Carlos (sp) gera diariamente 600 m3 (720 toneladas) de rcc, que representa uma taxa de gerao aproximada de 3,0 kg/hab.dia. Cerca de 85% (500m3/dia) desses resduos no so reaproveitados e tm como destino final as valas do aterro de rcc do municpio. Atualmente, so recicladas 100 t/dia de rcc, por meio da fabricao de blocos (3000/dia), peas para pavimentao (150 m2/dia), bancos e outros artefatos de cimento.

    Toneladas de resduos da construo civil (rcc) so descartadas em reas imprprias, como: reas no licenciadas, terrenos baldios, crregos, vias pblicas e reas de preservao permanente. De acordo com o Panorama dos Resduos Slidos 2010, da Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais, a situao desses resduos merece ateno, uma vez que foram coletados em 2010 aproximadamente 31 milhes de toneladas de rcc somente em reas de disposio clandestina.

    Geralmente, os pequenos geradores (populao em geral) e coletores (carroceiros e transportadores autnomos) utilizam reas de descarte clandestino como mtodo de disposio final para pequenos volumes de rcc (cerca de 1 m3). As reas clandestinas podem se tornar pequenos lixes nos

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    aglomerados urbanos e acabar gerando o depsito de outros tipos de resduos junto aos rcc. Essas medidas inadequadas possibilitam a proliferao de vetores e intensificam o potencial de periculosidade desses resduos, alm de dificultar procedimentos de triagem e disposio final adequada.

    No diferente dos demais municpios brasileiros, o municpio de So Carlos (sp) tambm sofre com o aumento dos descartes clandestinos. Em 2010, foi constatada a existncia de 42 reas de descarte clandestino, as quais causam os seguintes impactos negativos: poluio visual, obstruo de ruas e passeios pblicos, riscos potenciais de incndio, entupimento dos sistemas de drenagem urbana, assoreamento de crregos, degradao de reas de preservao e proliferao de animais peonhentos e vetores de doenas (crdoba, 2010).

    A Figura 1a apresenta uma antiga rea de descarte clandestino que causava impactos ambientais, como: poluio visual, danos ao meio ambiente e obstruo do passeio pblico e a Figura 1b ilustra a situao da mesma rea aps a implantao de um ecoponto (ponto de entrega voluntria de pequenos volumes, at 1m3 por pessoa).

    Legislao e Gerenciamento

    Em 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (conama) criou a Resoluo n 307, que teve por finalidade disciplinar o manejo dos rcc em todo Brasil, proibindo seu descarte em reas clandestinas e aterros sanitrios e instituindo que todo municpio deve ter um plano de manejo desses resduos adaptado realidade local, entre outras medidas.

    Em concordncia com a Resoluo n 307, o municpio de So Carlos (sp) implantou o Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil e Resduos Volumosos (Lei Municipal

    Figura 01 A. rea de disposio clandestina;

    B. Ecoponto do Jd. So Carlos VIII

    fonte: Crdoba, 2010

    Tabela 1 Estimava percentual da composio volumtrica e gravimtrica dos RCC gerados no municpio de So Carlos (SP)

    1. Materiais classificados como

    rejeitos (espumas, borrachas, pincis,

    panos e matria orgnica).

    fonte: Crdoba, 2010

    Areia/ Solo Classe A 31,33 37,20Componentes cermicos Classe A 24,65 25,46Concreto Classe A 13,86 15,47Argamassa Classe A 10,65 13,76Papel/Papelo Classe B 7,57 1,17Madeira Classe B 6,76 4,25Plstico Classe B 1,79 0,18Pedra Classe A 1,31 1,48Metais Classe B 0,93 0,42Outros 1 - 0,60 0,01Gesso Classe B 0,43 0,51Fibrocimento Classe D 0,06 0,03Asfalto Classe D 0,06 0,06Vidro Classe B - -Total - 100 100

    Componente Classe % mdia em volume % mdia em massa

    A

    B

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    n 13.867/2006). A partir desse Plano, ficou institudo no municpio o sistema integrado de gerenciamento de rcc e resduos volumosos, o qual atualmente composto pelos geradores desses resduos, atores de coleta (caambeiros, carroceiros, transportadores autnomos e veculos de limpeza pblica) e equipamentos pblicos como: usina de reciclagem de rcc, central de triagem, aterro de rcc e quatro ecopontos.

    Cabe ressaltar que ambas as legislaes contribuem com a Poltica Nacional de Resduos Slidos, pois o manejo dos resduos deve ter como objetivo principal a no gerao de resduos e, secundariamente, a reduo, a reutilizao, a reciclagem, a recuperao energtica e a disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos.

    Minimizao

    O processo de reduo da gerao de rcc inicia na fase de planejamento e projeto, priorizando a opo por sistemas construtivos otimizados ou industrializados, e continua na fase de construo por meio de um gerenciamento adequado.

    De acordo com a Poltica Nacional de Resduos Slidos, a responsabilidade por qualquer forma de descarte no somente do poder pblico, devendo ser compartilhada com os geradores. Visando auxiliar para o correto manejo desses resduos, tanto o poder pblico quanto a sociedade devero participar por meio de:

    Figura 02 A. Caamba para coleta de RCC; B. Descarte irregular na rea 2 da USP - So Carlos

    fonte: Rodrigo E. Crdoba

    fonte: Somma Studio; Joo Martins, 2012

    A

    B

    a. aes voltadas para a informao, orientao e educao ambiental dos geradores, transportadores de resduos, muncipes, instituies sociais multiplicadoras (Ex: incentivar o uso de ecopontos);

    b. aes para o controle e fiscalizao do conjunto de agentes envolvidos (Ex: disque denncia de descartes clandestinos);

    c. participao nas reunies de planejamento do manejo dos rcc no municpio (Ex: para discusso sobre implantao de ecopontos, aterros, cobrana de impostos e taxas).

    O processo de separao na fonte o mais indicado para obter maior sucesso na reutilizao, reciclagem e recuperao energtica de resduos slidos. Os rcc seguem a mesma regra, porm, seu elevado peso e volume dificultam o processo de triagem. Portanto, os geradores devem ser incentivados a separar os rcc de acordo com suas classes:

    a. Classe A resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados: argamassas, concretos, solos, tijolos, telhas;

    b. Classe B resduos reciclveis para outras destinaes: papel, vidro, plstico, metal, madeiras e gesso;

    c. Classe C resduos sem tecnologia ou aplicaes economicamente viveis para reciclagem: madeira tratada;

    c. Classe D resduos perigosos: tintas, solventes, leos, amianto e outros produtos nocivos sade.

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    associao brasileira de empresas de limpeza pblica e resduos especiais. Panorama dos Resduos Slidos 2010. Disponvel em: . Acesso em: ago. 2011.

    associao brasileira de normas tcnicas. nbr 15.112: Resduos da construo civil e resduos volumosos reas de transbordo e triagem diretrizes para projetos, implantao e operao. Rio de Janeiro, 2004.

    ______. nbr 15.113: Resduos slidos da construo civil e resduos inertes aterro - diretrizes para projetos, implantao e operao. Rio de Janeiro, 2004.

    ______. nbr 15.114: Resduos slidos da construo civil reas de reciclagem - diretrizes para projetos, implantao e operao. Rio de Janeiro, 2004.

    ______. nbr 15.115: Resduos slidos da construo civil execuo de camadas de pavimentao - procedimentos. Rio de Janeiro, 2004.

    ______. nbr 15.116: Agregados reciclados de resduos slidos da construo civil utilizao em pavimentao e concretos sem funo estrutural - requisitos. Rio de Janeiro, 2004.

    Bibliografiabidone, f.r.a. (coord). Resduos slidos provenientes de coletas especiais: reciclagem e disposio final. Rio de Janeiro, Editora RiMa, abes, 2001. 240p. il. Projeto prosab 2. isbn: 85-86552-20-2.

    brasil. Decreto n 7.404/2010, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei n0 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, cria o Comit Interministerial da Poltica Nacional de Resduos Slidos e o Comit Orientador para a Implantao dos Sistemas de Logstica Reversa e d outras providncias. Braslia, df, 2010.

    ______. Lei n 12.305/2010, de 2 de agosto de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e d outras providncias. Braslia, df, 2010.

    ______. Ministrio do Meio Ambiente. Resoluo n0 307 Dispe sobre gesto dos resduos da construo civil. conama, Braslia, df, 2002.

    ______. Ministrio do Meio Ambiente. Resoluo n0 348 Altera a Resoluo conama n0 307, incluindo o amianto na classe de resduos perigosos. conama, Braslia, df, 2004.

    ______. Ministrio do Meio Ambiente. Resoluo n0 431 Altera o art. 3o da Resoluo n0 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente -conama, estabelecendo nova classificao para o gesso. conama, Braslia, df, 2011.

    crdoba, r.e. Estudo do sistema de gerenciamento integrado de resduos da construo e demolio do municpio de So Carlos. 2010. Dissertao (Mestrado). Escola de Engenharia de So Carlos Universidade de So Paulo, So Carlos, sp, 2010.

    Apesar de o gesso ser um material reciclvel, quando disposto em aterros de rcc pode causar impactos ao meio ambiente. Recomendaes para a disposio desse tipo de resduos vm sendo adotadas em diversos pases. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi banida sua presena em aterros de rcc, devido formao do gs sulfdrico (H2S) gs de forte odor, inflamvel e txico.

    Para viabilizar a coleta seletiva dos rcc por classe, devem-se rever os conceitos de armazenamento. Os resduos da classe A, que representam a maior parcela em volume e massa, podem ser despejados em caambas. Para os rcc das demais classes, devem ser disponibilizados trs bags, identificados com as letras B, C e D. Ao mesmo tempo, os caminhes de transporte das caambas devem ser adaptados para tambm coletar os bags.

    Dados fornecidos pela Escola de Engenharia de So Carlos, relativos aos meses de julho de 2010 a maro de 2011, indicam uma mdia de gerao de aproximadamente 2,8 ton/dia na eesc/usp. De acordo com a Coordenadoria do cmpus, foram gerados nos meses de maro de 2010 a junho de 2011 cerca de 0,4 ton/dia de rcc provenientes de reformas e reparos na infra-estrutura interna.

    A Figura 2a mostra caamba disponibilizada pela eesc para a coleta de rcc e a Figura 2b apresenta uma rea de descarte irregular na rea 2 da do cmpus de So Carlos da usp.

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    Caractersticas

    Segundo Leme e Mortean (2010), no cmpus de So Carlos da usp so realizadas, anualmente, cerca de 20 Semanas de cursos de graduao, diversos workshops internacionais e cursos de extenso, alm de aproximadamente 20 palestras mensais. So cerca de 200 eventos por ano sediados no cmpus, que contam com um pblico de cerca de 20 mil pessoas. Esses eventos envolvem elementos de consumo que, de acordo com Fontes et al (2008), em um estudo de caso realizado na Universidade Federal de So Carlos, so constitudos principalmente por materiais de divulgao, uniformes para a equipe organizadora, kits de apoio aos participantes e alimentao.

    Mortean (2010), analisando trs eventos acadmicos no cmpus da usp So Carlos, com um total de 1.150 participantes, separou a produo de resduos em trs categorias - coffee-break, kit do participante e divulgao - cada uma responsvel pela gerao de, em mdia, 36%, 15% e 49% dos resduos totais, respectivamente.

    Descarte e tratamento

    Para efetuar a correta destinao dos resduos gerados nos eventos, recomenda-se conversar com a equipe de limpeza responsvel pelo local, dialogando sobre os tipos de resduos que sero gerados e sua logstica de coleta. interessante que os resduos sejam separados, durante o evento, em reciclveis, orgnicos e rejeitos, para possibilitar sua correta destinao.

    Resduos reciclveis devem estar limpos e secos e armazenados em sacos de lixo diferenciados (azuis no caso do cmpus de So Carlos) dos usados para lixo comum e devem ser enviados ao galpo de reciclveis do usp Recicla, onde, posteriormente, so recolhidos pela cooperativa de catadores de reciclveis de So Carlos.

    Resduos orgnicos podem ser enviados composteira do usp Recicla ou Horta Municipal de So Carlos, que os utiliza para fazer o composto aplicado em sua produo de alimentos orgnicos.

    Rejeitos devem ser acondicionados em sacos pretos e destinados coleta de lixo comum. Na usp So Carlos, esse tipo de resduo acondicionado em caambas amarelas espalhadas pelo cmpus e destinado ao aterro sanitrio do municpio.

    8

    Alan Frederico Mortean

    engenheiro ambiental formado na Universidade de So Paulo, cmpus de So Carlos, em 2010. Atuou como estagirio e como voluntrio do Programa usp Recicla durante metade de sua graduao, onde aprendeu que devemos ser ns mesmos as mudanas que queremos ver no mundo. Atualmente voluntrio numa ong no Mxico.

    RESDUOS GERADOS EM EVENTOS

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    Minimizao

    Seguem algumas sugestes e dicas para minimizar a gerao de resduos em eventos, lembrando que, para alcanarem resultados satisfatrios, requerem planejamento por parte da comisso organizadora.

    Segundo estudo de casos realizado por Mortean (2010), a troca de materiais descartveis por durveis nos coffee-breaks possibilitou uma reduo de 62% na gerao de resduos nessa categoria e de 22% nos resduos totais em eventos. Podem-se substituir garrafas pet por utenslios durveis, como jarras ou garrafas trmicas com suco natural ao invs de refrigerantes; utilizar cestas ao invs de bandejas descartveis para os alimentos; incentivar o uso de canecas durveis e utilizar toalhas durveis, que podem ser lavadas e reutilizadas em outros eventos.

    Uma boa gesto dos alimentos servidos pode evitar o desperdcio. Nesse sentido, interessante planejar antes do incio do evento o que fazer com possveis sobras, que podem ser doadas a alguma entidade social do municpio ou distribudas entre os participantes do evento. Alm disso, diferentes tipos de alimentos geram diferentes quantidades de resduos em sua produo. Nesse sentido, interessante escolher alimentos menos industrializados e processados, que geralmente so mais saudveis e geram menos resduos em sua produo.

    Para o kit do participante, podem-se discutir com os patrocinadores formas alternativas de divulgao, ao invs de deixar panfletos no kit, que podem tornar-se resduos rapidamente. Alm disso, outra sugesto a reduo ao mnimo da quantidade de embalagens no kit, como as embalagens de canecas durveis ou canetas.

    Quadro 1 Categorias deresduos produzidos em eventos e sua constituio

    fonte: Mortean, 2010

    Figura 01 Caamba no cmpus para recolhimento de rejeitos

    fonte: usp Recicla So Carlos

    fonte: usp Recicla So Carlos

    Figura 2 Leiras de compostagem na Horta Municipal de So Carlos

    Categoria

    Coffee-break

    Kit do participante

    Divulgao

    Constituio

    Reciclveis: bandejas descartveis, papel para embalar alimentos, garrafas pet, plstico mole para cobrir alimentos, embalagens de plstico duro como de iogurte e requeijo, copos e talheres descartveis, tecido tipo tntOrgnicos: restos de alimentosRejeitos: guardanapos usados, embalagens metalizadas, lacres de embalagens de iogurte

    Reciclveis: folders, panfletos etc., embalagens para caneca

    Reciclveis: folder, cartaz, panfleto, faixa, banner, outdoor

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    Figura 3 Exemplo de disposio de coletores de resduos em eventos

    Figura 4 Coffee-break de um evento na USP So Carlos que diminuiu a produo de resduos ao evitar o uso de copos, talheres e embalagens descartveis para os alimentos servidos

    fonte: usp Recicla So Carlos

    fonte: usp Recicla So Carlos fonte: usp Recicla So Carlos

    Figura 5 Conjunto de coletores num evento e cartaz afixado em local

    visvel, com exemplos de resduos reciclveis e de rejeitos

    Na divulgao do evento, sugere-se fazer uso intenso da internet por meio de listas de e-mails, sites e redes sociais, divulgao em outros eventos e em salas de aula. interessante promover meios de divulgao que abranjam um nmero grande de pessoas, como cartazes, em detrimento de folders ou panfletos, que so individuais. No caso de uso destes ltimos, colocar um lembrete para o leitor pass-los adiante aps a leitura possibilita maior efetividade na divulgao, mas o melhor no utiliz-los. Enviar a programao do evento por e-mail aos participantes, projet-la numa tela nos intervalos de atividades, afixar algumas cpias em pontos estratgicos do evento so alternativas distribuio da programao impressa a todos os participantes.

    Em relao aos certificados, pode-se imprimi-los na quantidade exata, aps o evento, ou apenas enviar certificados digitais aos participantes, por correio eletrnico, com assinaturas digitais e arquivos protegidos contra cpia, para que os certificados tenham credibilidade.

    Aspectos legais e normativos

    No h normas especficas que tratam de resduos produzidos em eventos, mas de acordo com a Norma da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (abnt) n 10.004, Classificao de Resduos Slidos, podemos classific-los em tipo ii A e ii B, ou seja, no perigosos no inertes, como os orgnicos, e no perigosos inertes, como os plsticos, por exemplo. A Poltica Nacional de Resduos Slidos tambm no trata especificamente de resduos gerados em eventos, mas

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    Bibliografia

    afirma, em seu artigo 9, que na gesto e gerenciamento de resduos slidos deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem, tratamento dos resduos slidos e disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos, o que pode (e deve, por ser uma legislao federal) servir de parmetro para a minimizao da produo de resduos em eventos.

    associao brasileira de normas tcnicas (abnt). nbr 10.004: Classificao de Resduos Slidos. Rio de Janeiro, 2004.

    brasil. Lei n 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos; altera a Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, df, 3 de agosto de 2010. Seo 1, p. 3.

    fontes, n. et al. Eventos mais sustentveis: uma abordagem ecolgica, econmica, social, cultural e poltica. So Carlos: Edufscar, 2008.

    leme, p.c.s.; mortean, a.f. Guia prtico para organizao de eventos mais sustentveis: cmpus usp de So Carlos / Patrcia Cristina Silva Leme, Alan Frederico Mortean. So Carlos: eesc-usp, 2010.

    mortean, a.f. Quantificao da produo de resduos slidos e organizao de eventos mais sustentveis: estudo de caso na usp de So Carlos. 2010. Trabalho de Graduao (Engenharia Ambiental) - Escola de Engenharia de So Carlos, usp, 2010.

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    Sandra Mrcia de Castro

    Graduada em Engenharia Mecnica Plena pela Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo. Aperfeioamento em Biossegurana - ensp/fiocruz Rio de Janeiro. Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho pela Universidade de Franca e especializao em Formao de Agentes Locais de Sustentabilidade Scio-Ambiental pela Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo. MBA em Gesto Ambiental pela fundace / Faculdade de Administrao, Economia e Contabilidade de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo. Engenheira de Segurana do Trabalho da usp Campus de Ribeiro Preto.

    LMPADAS FLUORESCENTES

    Caractersticas

    As lmpadas fluorescentes tm sido cada vez mais utilizadas, em substituio s lmpadas incandescentes, visando reduzir o consumo de energia eltrica. Se de um lado existe um ganho ambiental, j que elas que so mais eficientes, por outro lado existe uma preocupao crescente com seu destino final, pois em seu interior existem metais pesados que podem ocasionar problemas ambientais e consequentemente aos seres humanos.

    Quando intactas, as lmpadas fluorescentes no oferecem riscos, mas, quando se rompem, o mercrio existente em seu interior pode contaminar o solo, o aterro e os cursos dgua.

    Estudos de especiao do metal em resduos slidos de lmpadas fluorescentes mostraram que o metal, introduzido na forma metlica na produo das lmpadas, pode sofrer oxidao e, uma vez que elas sejam descartadas inadequadamente, ganhar mobilidade no meio ambiente.

    Ingerido ou inalado pelos seres humanos, o mercrio tem efeitos desastrosos no sistema nervoso, podendo ser causa de leses leves, de vida vegetativa ou at morte, conforme a concentrao.

    O principal stio para deposio dos compostos organomercuriais o crebro. Dependendo da concentrao e do tempo de exposio ao mercrio, pode haver intoxicao a curto ou longo prazo, com os seguintes efeitos: a) Intoxicaes a curto prazo: exposies a elevadas concentraes de mercrio elementar podem provocar febre, calafrios, falta de ar e