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Guião da Entrevista Mestrado em Ciências da Educação área de especialização Formação de Professores 1 GUIÃO DA ENTREVISTA DE INVESTIGAÇÃO AOS PROFESSORES DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Tema: A formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação. Objectivo Geral: Conhecer as necessidades de formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação. Estratégia: Semi-directiva; os blocos temáticos da entrevista encontram-se no guião ordenados logicamente; as temáticas inventariadas dentro de cada bloco e respectivas questões servem apenas de referência para o entrevistador; levar o entrevistado a explicitação e clarificação dos seus pontos de vista, relativamente as temáticas em causa. Blocos Objectivos Específicos Questões Tópicos A. Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado - Legitimar a entrevista, informando o entrevistado sobre a natureza e objectivos deste trabalho. - Garantir a confidencialidade dos dados. - Valorizar o contributo do entrevistado motivando a colaborar. -Agradecer a participação. - Autoriza a gravação desta entrevista? - Deseja saber mais alguma coisa acerca deste trabalho? Tem alguma pergunta a fazer? - Informar acerca da Universidade, finalidade da investigação, entre outras informações. - Posição do orientador da entrevista. - Confidencialidade e anonimato das informações prestadas. - Importância da participação do entrevistado importante para a prossecução do trabalho. - Definição do que estamos interessados em pesquisar B. Concepções do professor sobre os Cursos de Educação e Formação - Identificar as concepções que os entrevistados possuem sobre o que são os Cursos de Educação e Formação/Novas Oportunidades. - Conhecer a importância que o entrevistado atribui às diferenças com a escola regular. - Se tivesse de explicar a alguma pessoa (por ex: médico) o que são os Cursos de Educação e Formação, como o faria? - Na sua vida profissional, como foi que surgiu a oportunidade de exercer a função de formador nos Cursos de Educação e Formação? - Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e esta nova situação de trabalho, nos Cursos de Educação e Formação? - Conceitos - Experiências C. Perfil de competências do professor dos Cursos - Conhecer competências profissionais específicas do professor dos Cursos de Educação e Formação - Em que medida o professor/formador participa na organização dos Cursos de Educação e Formação? - Durante o curso prepara e realiza as - Funções, objectivos e deveres do professor enquanto professor nos Cursos -Formação contínua -Experiência devido ao tempo em serviço na nova

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Guião da Entrevista

Mestrado em Ciências da Educação área de especialização Formação de Professores 1

GUIÃO DA ENTREVISTA DE INVESTIGAÇÃO AOS PROFESSORES DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Tema: A formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação. Objectivo Geral: Conhecer as necessidades de formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação. Estratégia: Semi-directiva; os blocos temáticos da entrevista encontram-se no guião ordenados logicamente; as temáticas inventariadas dentro de cada bloco e respectivas questões servem apenas de referência para o entrevistador; levar o entrevistado a explicitação e clarificação dos seus pontos de vista, relativamente as temáticas em causa.

Blocos

Objectivos Específicos

Questões

Tópicos

A.

Legitimação da entrevista e

motivação do entrevistado

- Legitimar a entrevista, informando o entrevistado sobre a natureza e objectivos deste trabalho. - Garantir a confidencialidade dos dados. - Valorizar o contributo do entrevistado motivando a colaborar. -Agradecer a participação.

- Autoriza a gravação desta entrevista? - Deseja saber mais alguma coisa acerca deste trabalho? Tem alguma pergunta a fazer?

- Informar acerca da Universidade, finalidade da investigação, entre outras informações. - Posição do orientador da entrevista. - Confidencialidade e anonimato das informações prestadas. - Importância da participação do entrevistado importante para a prossecução do trabalho. - Definição do que estamos interessados em pesquisar

B.

Concepções do professor sobre os

Cursos de Educação e Formação

- Identificar as concepções que os entrevistados possuem sobre o que são os Cursos de Educação e Formação/Novas Oportunidades. - Conhecer a importância que o entrevistado atribui às diferenças com a escola regular.

- Se tivesse de explicar a alguma pessoa (por ex: médico) o que são os Cursos de Educação e Formação, como o faria? - Na sua vida profissional, como foi que surgiu a oportunidade de exercer a função de formador nos Cursos de Educação e Formação? - Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e esta nova situação de trabalho, nos Cursos de Educação e Formação?

- Conceitos - Experiências

C.

Perfil de competências do

professor dos Cursos

- Conhecer competências profissionais específicas do professor dos Cursos de Educação e Formação

- Em que medida o professor/formador participa na organização dos Cursos de Educação e Formação? - Durante o curso prepara e realiza as

- Funções, objectivos e deveres do professor enquanto professor nos Cursos -Formação contínua -Experiência devido ao tempo em serviço na nova

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Guião da Entrevista

Mestrado em Ciências da Educação área de especialização Formação de Professores 2

de Educação e Formação

suas aulas de forma diferente em relação às aulas da escola regular? - Avalia de forma diferente estes alunos/formandos? Como? - Uma articulação – interdisciplinar neste contexto é aconselhável? E é viável? - Pensa que existe nos Cursos de Educação e Formação a necessidade de um maior apoio à acção técnico -pedagógica? Que tipos de apoio? -Poderia dizer de que forma é feito o acompanhamento do percurso formativo dos alunos/formandos. -Como pensa que é promovido o sucesso destes alunos/formandos?

realidade

D. Necessidades de

formação

- Conhecer as necessidades de formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação. - Saber qual a importância que o entrevistado dá à formação neste contexto

- Gostaria de saber se acha que existe alguma relação entre as dificuldades encontradas pelos professores e a formação que receberam para o seu desempenho nesta nova função. - Que formação específica pensa que deve ser proporcionada aos professores dos Cursos de Educação e Formação? -No seu caso específico, existe alguma formação que lhe interesse a curto prazo?

- Necessidades de formação - Qualidade da formação - Organização, realização, avaliação,

E.

Reflexão sobre a entrevista

- Compreender a avaliação do entrevistado a esta entrevista.

- Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência? - Há alguma coisa que deseje acrescentar? - Tem alguma sugestão a fazer?

- Reflexão sobre a entrevista e sobre o trabalho. - Sugestões. - Agradecimentos.

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 19 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR A

ORIENTADOR (OR): Se tivesse que explicar a um médico ou a um engenheiro, o que são os cursos de Educação e Formação, como o faria? O que é que lhes diria? A alguém que não está dentro da área?

ENTREVISTADO (EN): A um médico ou a um engenheiro? Então quer dizer, para mim são cursos que dão oportunidade a alunos que não vêm saída no ensino regular, ou porque já estão fartos do ensino, que têm sucessivas repetências, pela faixa etária, pelos interesses não estão muito adaptados, ou saíram um bocadinho do que é o ensino regular. Então acho que os Cursos de Educação e Formação são uma alternativa para esses miúdos, porque têm uma área específica. Quando formamos os Cursos de Educação e Formação na escola vamos ao encontro dos interesses do grupo que haja na escola desse tipo de alunos, para eles tem mais interesse e depois, juntamos ali também um grupo de alunos com características mais parecidas, ou seja, em termos de idade, de interesses, é dar oportunidade a alunos que no ensino regular estavam um bocadinho já desajustados, principalmente a nível etário e a nível de interesses.

OR: Na sua vida profissional, como e porque surgiu a oportunidade de exercer a função de formadora nos Cursos de Educação e Formação? EN: Eu fazia parte do Conselho Pedagógico à quatro anos e nessa altura surgiu a oportunidade, apareceu aqui na escola um colega que era coordenador do PIEF, aqui na zona, e veio propor à escola, se esta escola estava interessada em fazer aqui um curso PIEF, nós tínhamos que dar uma resposta muito rápida, ele foi a esse pedagógico, porque coincidiu com o dia de pedagógico. Foi a esse pedagógico explicar o que era o PIEF, da parte desse colega havia a necessidade de uma resposta pelo menos de saber se havia interesse ou não por parte de alguns professores efectivos da escola de colaborarem no projecto. Pensámos ali um bocadinho, e eu disse que não me importava, mais um ou dois colegas, também não se importaram, entretanto,

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desenvolveu-se todo o processo nesse ano, e no ano seguinte formou – se a turma do PIEF aqui na escola.

OR: Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e aquela que agora tem nesta nova função? EN: Eu tenho as mesmas turmas de ensino “regular”. É assim em termos da minha disciplina que é o inglês, dar aulas a turmas de Cursos de Educação e Formação é um bocadinho frustrante, porque o inglês para eles é... para já, têm muitas dificuldades, não lhes interessa muito e então em termos da língua há pouca evolução, por mais que use tecnologias o inglês para eles é quase zero, há lá um ou outro que progride. No ensino regular sempre há turmas que apanhamos com alunos melhores e piores isso é normal. Em termos de relação com os alunos eu gosto muito desse tipo de alunos, gosto mesmo, prefiro, eu sei lá, acho que prefiro ter uma turma dessas do que uma turma de meninos todos muito bem comportadinhos porque gosto mesmo de lidar com essas situações. É muito diferente.

OR: Em que medida o professor dos Cursos de Educação e Formação participa na organização desses cursos? EN: A....! Quer dizer!... Depende... no processo inicial...é assim no inicio o director de curso que neste caso sou eu, organiza conjuntamente com o Conselho Executivo, todo o processo. Nós temos agora aqui um CEF tipo dois este ano vai iniciar o primeiro ano. Já tivemos um que acabou, que foi de dois anos, acabou o ano passado, eu ajudo o Conselho Executivo em todo o processo inicial de candidatura ao curso, depois ao longo do curso nós temos uma reunião semanal, reunião pedagógica e vamos sempre adaptando estratégias, e vamos adaptando-nos, cada um dá uma contribuição às vezes para coisas que estão a correr mal, apresentando soluções ou realçando coisas que estão a correr bem. Pronto, em termos práticos de funcionamento do curso, em termos burocráticos não ajudamos muito, é mais ao longo do curso que pontualmente temos uma intervenção, em termos do próprio curso.

OR: Como professora/formadora ao longo do curso prepara e realiza as suas aulas de forma diferente em relação às aulas das turmas da escola dita regular?

EN: Um bocadinho, pois um bocadinho diferente até porque aqueles alunos…, aliás se nós dermos…, é quase impossível dar uma aula normal, dita normal, tradicional porque aqueles alunos não aguentam estar 90 minutos, a trabalhar um texto com perguntas com gramática, eu falo pela minha disciplina não é, embora os outros colegas digam o mesmo a…, as aulas são sempre preparadas tendo em conta disso, que…, tenho que arranjar algum jogo para meter no meio, ou um bocadinho de um filme ou uma audição de um música, pronto qualquer coisa que o…, de vez em quando os chame à atenção a…, para além da conversa que nós fazemos a propósito de qualquer coisa que aconteceu, que eles estão sempre a incluir coisas do dia-a-dia deles

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durante as aulas. Acho que sentem necessidade até se calhar porque são miúdos que vêm de meios mais baixos ou com problemas em casa e muitas vezes sentem necessidade de conversar estar ali com os colegas com o professor às vezes a aula em si fica um bocadinho para trás, passa-se a aula a falar sobre isso. Numa turma normal, embora isso também possa acontecer e acontece, mas é muito mais raro e nós tentamos sempre dar mais a matéria porque temos o programa e aqui embora, também haja um programa há mais liberdade, os conteúdos têm de ser dados, não é até porque os conteúdos são os do IEFP, têm que ser dados, têm que ter um x de horas também, mas agora se darmos mais de uma coisa e menos de outra, se sigo aquela ordem ou se mudo a ordem…, aí há mais liberdade.

OR: Avalia de forma diferente estes alunos/formandos? Como? EN: Também em reunião logo em inicio do ano, entre os vários professores, estabelecemos os critérios de avaliação. Normalmente os critérios de avaliação destas turmas são mais viradas para a parte das atitudes, valorizar mais essa parte do que propriamente a parte das competências. Nós já sabemos que competências deles nunca vão muito acima, não vale a pena estar a estabelecer objectivos muito altos porque já sabemos que eles depois não vão conseguir, se valorizarmos mais as atitudes deles é sempre melhor para eles embora as competências têm que ser adquiridas porque eles no fim do curso têm de estar ao nível do 9º Ano. Têm que ter as competências do 9º Ano, até pode haver alunos que queiram prosseguir estudos normais, fazendo o exame de português e matemática no 9º Ano podem depois ingressar no ensino “ normal “ outra vez quem não quer ingressar no ensino “normal” não faz exame, os que querem continuar noutros CEF’S ou cursos profissionais, não precisam de fazer os exames, mas pode haver alunos, nós alertamos para isso logo no inicio do curso porque se soubermos que há um ou dois alunos que realmente até pode ter bastantes capacidades se estiverem interessados em seguir o ensino “ normal “ convém diferenciar ali um bocadinho o ensino e puxar um bocadinho mais por aqueles alunos porque ele vai ter que fazer exame de matemática e português a nível nacional e tem que estar preparado para isso.

OR: Uma articulação interdisciplinar neste contexto é aconselhável? E é viável? EN: A…, é aconselhável e por isso é que nós fazemos sempre reunião semanal, sempre que possível articulamos aquilo que estamos a dar, mas nem sempre é viável, eu lembro-me que no PIEF isso era bastante, foi feito mesmo a sério, porque trabalhávamos a metodologia trabalho projecto e todas as disciplinas trabalhavam para o mesmo tema, elaborávamos no inicio, num determinado período, estabelecíamos qual era o projecto, o tema do projecto digamos e depois todas as disciplinas estabeleciam os objectivos, os conteúdos etc., que abrangessem aquele tema e todos

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trabalhávamos ao mesmo tempo o mesmo tema, não importava a ordem em que estava normalmente no livro ou até no programa, estou a lembrar-me do desporto como eles gostavam muito, um dos temas que trabalhámos foi o desporto então todas as disciplinas ao mesmo tempo tiveram que arranjar conteúdos, actividades, etc., que abrangessem aquele tema, aqui no CEF não acontece tanto isso não seguimos essa metodologia, às vezes acontece estarmos a dar mais ou menos as mesmas coisas mas não é tão viável.

OR: Pensa que existe nos Cursos de Educação e Formação a necessidade de um maior apoio à acção técnico – pedagógica? Que tipos de apoio? EN: Por parte de quem? Olhe, aqui nós necessitaríamos, noutras escolas não sei, mas por exemplo nós sentimos aqui que não temos apoio de um SPO que é o serviço de psicologia que não temos, só temos o professor de apoio normal. A…, e realmente se calhar para estes cursos, para estes alunos faz falta um serviço desses, aqui é uma das coisas mas temos pedido já há anos e só nos dizem como resposta é que “ Se a escola pagar? Um psicólogo, tudo bem! “, mas a escola não tem dinheiro, então continuamos só com o professor de apoio que tem o horário dele e não consegue. Não é propriamente aquele apoio que o professor de apoio da escola dá, não é propriamente desse apoio que eles precisam, será mais em termos de orientação. Era mesmo o Serviço de Psicologia e Orientação é que eles precisavam. Depois em termos de outro tipo de apoio, às vezes dúvidas que nós temos ou que surgem sobre o funcionamento do curso, nós temos sempre o contacto na DREL para telefonar, para esclarecer dúvidas embora às vezes também as dúvidas não sejam muito bem esclarecidas porque “ … eu vou ver como é que é… se calhar façam assim …“ acho que não há ainda muita certeza nas coisas que se fazem. A legislação que nós temos em certos aspectos está assim, pronto, em certos aspectos também não é assim tão clara quanto isso depende um bocadinho da interpretação de cada um, é o que acontece, há escolas dentro do próprio concelho a fazer de uma maneira outras a fazerem doutra. Apoio aos professores, nesse aspecto… eu sei que existe aqui em Santarém mas nunca veio aqui ninguém à escola, alguém que está aqui no CAE que trata dos Cursos de Educação e Formação e que tem essa área, eu lembro-me que no outro curso passado fui a duas reuniões, uma no inicio do ano em Lisboa, não íamos pensar sobre o curso, era por causa de alunos que não tinham ainda 15 anos e que nós tínhamos incluído e que eles chamaram todas as pessoas de todas as escolas para explicar, que esses alunos iam ser autorizados a frequentar o curso mas que no final só poderiam fazer o estágio se tivessem os 16 anos, foi só para isso. Depois houve outra reunião onde uma escola explicou e mostrou a sua prática, se esclareceram algumas dúvidas pontuais, mas quer dizer não há um apoio regular, poderia haver sei lá, umas visitas às escolas onde funcionam os cursos para esclarecer essas dúvidas, porque quando nós tentamos telefonar para Lisboa é, por vezes, muito difícil conseguir porque está o telefone ocupado. Aquele núcleo poderia

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dar uma volta pelas escolas onde funcionam os cursos e que esclarecesse dúvidas, acho que ajudava os professores.

OR: Poderia dizer como é feito o acompanhamento do processo formativo dos alunos/formandos? EN: Quer dizer nós não tentámos trata-los de maneira diferente até porque são alunos como os outros embora haja uma determinada preocupação, lá está, uma vez que eles depois vão entrar dentro do mercado de trabalho nós estamos a prepara-los nesse sentido porque no final dos dois anos eles têm um estágio nós tentamos prepara-los mais até do que aos outros alunos principalmente a nível, lá está, das atitudes, da responsabilidade, da autonomia, para que eles quando forem para esse estágio e depois se for caso disso acabarem os estudos e tentarem arranjar um emprego, tentar fazer que eles sejam pessoas responsáveis, autónomas, mais sei lá, principalmente esses aspectos, se nós não conseguirmos ensinar tanto o inglês ou o português a obra tal, pelo menos isso, forma-los como pessoas, mesmo porque quando chegarem aí a um sitio, sim senhor, etc. …, e isso nós tivemos experiência dos que saíram o ano passado que foram nove e que houve quatro deles que estagiaram na...com a ...ali na secretaria …na educação... a divisão de educação aqui da Câmara Municipal com a Dr.ª …., e ela adorou-os porque achou-os ...., porque eles estavam,…, eram pessoas bem formadas e quando entraram aqui ...., quer dizer ...., e nós sentimos orgulho nisso porque contribuímos para isso, sei lá toda a equipa, aliás, essa turma do ano passado foi proposta a turma toda para integrar o quadro de valor da escola, pela atitude deles pelas melhorias que eles tiveram em relação a tudo isso, eram alunos prestáveis sempre que era preciso qualquer coisa, que não tinha nada a ver com o curso, aqui na escola, eles ajudam a preparar festas, acontecimentos aqui na escola, faziam tudo, era preciso pregar qualquer coisa iam buscar mesmo que não tivesse a ver com a turma, esta turma, deste ano ainda não está assim e já vamos em Fevereiro e pelo contrário, portanto estamos a ter agora mais dificuldade com esta turma. Mas, é neste sentido que tentamos trabalhar, acompanhamos mais a formação deles porque temos um objectivo em vista claro no final, que é eles integrarem, uma empresa um local de trabalho é preciso que estejam preparados para isso.

OR: Como pensa que é promovido o sucesso destes alunos/formandos? EN: Está a ser difícil, é a parte da responsabilidade que eles, ainda que não está ali bem clarificada e depois acho que é o interesse de um ou dois, nem é por ser nesse tipo de cursos, nem por falta de capacidades, aliás há um deles que não é por falta de capacidades, tem bastantes capacidades, mas ele não está virado para estudar é outras coisas fora da escola. O facto de ele andar aqui já não é mau, pois podia faltar às aulas e andar por aí, pela rua, mas ainda não perceberam muito bem que têm que ser

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responsáveis e que é para trabalhar é para trabalhar não é para brincar. E que isto foi uma oportunidade que lhes foi dada e que eles deviam aproveitar até porque de outra maneira não conseguiam fazer a escolaridade. Estes ou melhor alguns, não são todos, ainda não perceberam isso.

OR: Existe alguma estratégia para esses alunos?

EN: Nós até de atitude e comportamento na aula perdoamos muita coisa conversamos muito com eles, muito mais, perdoamos e aceitamos coisas que seria impensável numa turma normal aceitar e depois de conversarmos muito com eles, em relação ao director de turma com os encarregados de educação também há bastante ligação chamo-os frequentemente explico-lhes que eles não estão a cumprir que podem pôr em risco o curso. Tentamos fazer o possível

OR: Agora gostaria de saber se existe, se acha que existe alguma relação entre as dificuldades encontradas quando lecciona nos Cursos de Educação e Formação e a formação que recebeu para o desempenho desta nova função.

EN: Não recebi nada, pois é mesmo só por carolice. Então quando começámos aqui com o PIEF foi o primeiro não sabia nada disso, embora com PIEF ajudasse um bocadinho porque nós trabalhávamos a pares, era em parceria os professores na turma, às vezes um dava aula outro acompanhava, ajuda os alunos com dificuldades, neste caso é o professor sozinho na sala. O professor que estava na sala acabava por haver muita cumplicidade entre nós “… olha para a próxima não faças assim, faz de outra maneira … porque se calhar resulta melhor ou ….”. Depois também tínhamos a equipa móvel que vinha aqui à escola que era exterior à escola que nos deu algumas orientações até relativamente à turma para a área de trabalho de projecto. Agora em relação aos chefes não tivemos formação nenhuma, não tivemos nada, surgiu a oportunidade e nós criamos mas não houve formação nenhuma em relação a isso. Cada um leu a legislação, “ … olha, vamos fazer assim ou se tivermos alguma dúvida telefonamos para sermos esclarecidos…pode ou não ser esclarecida…”, mas não houve formação, apenas a legislação. Nós sentimos que talvez se houvesse uma formação é que seria o ideal.

OR: Que formação específica, ou que tipo de formação, ou em que área pensa que deveria ser proporcionada aos professores que vão leccionar nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Há…, sei lá, em termos de como lidar com alunos com essas dificuldades, é assim, quando a pessoa vai por gosto…, mas normalmente isso acontece com os professores que são efectivos na escola, não é? “Olha eu não me importo…, olha eu não me importo”, não é? Mas depois há horários de disciplinas que sobram e um professor que vem para aqui e que pode ser contratado e agora normalmente são contratados e aparece – lhes uma turma CEF no horário, que ele até pode não ter jeito nenhum para

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lidar com alunos destes não gostar, em relação a isso é um bocadinho difícil. Talvez em relação à maneira como também lidar, como acompanhar estes alunos, variedades de estratégias a utilizar com eles quando não está a funcionar aquilo que estamos a utilizar com eles basicamente é isso.

OR: Há alguma formação que achava que gostaria de ter a curto prazo?

EN: Talvez sobre metodologias de trabalho, que tipo de estratégias diferentes adaptadas a esse tipo de alunos porque às vezes é difícil por mais imaginação que tenhamos é difícil chegar lá, se calhar, principalmente esse aspecto. Assim, como nós trabalhamos em trabalho projecto, neste caso não trabalhamos, talvez haver possibilidade de também nos orientar nisso, em que tipos de trabalhos ou como trabalhar com os alunos ou com a turma de formas diferentes, que não o tradicional.

OR: E enquanto coordenadora do curso?

EN: Falta-nos a tal formação e orientação relativamente a legislação. Eu acho que devia haver, não sei se posso chamar formação, para que toda a gente fizesse da mesma maneira e isso não está a acontecer até mesmo em termos práticos da vida da escola. Nós temos uma reunião semanal, mas há escolas que estão a pôr essa reunião semanal dentro das horas lectivas, ou seja, descontam na parte lectiva, aqui na nossa escola isso não está a acontecer está fora da nossa hora lectiva a reunião semanal, porque é que nesta acontece e noutras não acontece? Na legislação vem que deve sair da componente lectiva, mas depois quando vêm as orientações da organização do ano lectivo para as escolas, em geral, não são só para estes cursos, mas em geral, diz lá que só sai da componente lectiva a carga horária, por exemplo, da direcção de turma não inclui mais nada. Agora depende da interpretação das escolas, vamos pela lei que vem dos Cursos de Educação e Formação e também incluímos aquelas reuniões na parte lectiva? Ou vamos aqui pelo despacho da organização do ano lectivo e esquecemos e eles não entram na parte lectiva? São coisas da organização que às vezes beneficiam umas e prejudicam outros, não é? Em termos das faltas dos alunos também nós não sabemos muito bem como é que, sabemos o que vem na lei mas depois como é que na prática aquilo se aplica? Umas escolas estão a fazer de uma maneira outras estão a fazer outra o que consideramos como faltas, eles tem que assistir a 90% das aulas senão chumbam, há faltas justificadas e injustificadas, como os outros, mas o que é que é considerado justificado para que ele não tenha que…, há porque se o aluno falta, ou se professor falta a aula tem que ser reposta, porque eles têm aquele número de horas. O que é que se pode considerar justificado, o que é que não se pode considerar justificado? Lá está, umas escolas estão a fazer de uma maneira a aceitar determinadas justificações, outras escolas estão a fazer de outra, pronto são esses aspectos assim mais práticos e que têm a ver com a legislação que acho que deveriam ser uniformizadas para todas e que a nível regional ou do Centro de Área Educativa não

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sei, mais alargado ou menos, deveriam ser uniformizadas para que toda a gente fizesse da mesma maneira. OR: Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência? EN: Agradou. Gosto sempre de conversar sobre isto e sempre que puder esclarecer qualquer coisa. Não posso esclarecer muito mas apenas falar de experiência. Lembro-me, por exemplo, no ano passado, no final do ano, eu e outro colega que é o director de turma do CEF e que já foi do outro curso, ali a Escola … não tinha ainda CEF e queria começar para este ano e pediram-nos, telefonaram – nos para aqui, como nós já se não nos importávamos de ir lá esclarecer umas assim umas dúvidas, não somos ninguém para esclarecer dúvidas, mas fizemos assim uma apresentaçãozinha, fomos lá os dois, estivemos lá com um grupo de professores que esteve interessado e tivemos lá a falar mais da nossa experiência. Nós temos, aqui também, não é, Cursos de Educação e Formação, mas é uma turma de Currículos Alternativos que tem sido uma desgraça não correu tão bem como o CEF e eles também iam ter e estivemos a falar das duas e falamos porque achávamos que se calhar cometemos alguns erros na formação, porque lá está, não temos formação nenhuma, ao formar a turma de PCA que não cometemos quando formámos o CEF e há cuidados, há aspectos que devíamos ter em conta aquando a formação das turmas, na escolha das disciplinas, na elaboração do horário que se calhar influência depois o funcionamento de toda a turma no resto do ano. E pronto é isso!

OR: Tem alguma sugestão a fazer? Gostava de acrescentar mais alguma coisa? EN: Não.

OR: Obrigada! EN: De nada.

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 19 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR B

ORIENTADOR (OR): Se tivesse que explicar a alguma pessoa exterior à profissão, por exemplo a um médico, a um engenheiro ou a um advogado o que são os Cursos de Educação e Formação, como é que o faria? ENTREVISTADO (EN): Os Cursos de Educação e Formação são um pouco o apalpar terreno, se fosse um médico principalmente isto nem sequer era algo correcto e acertado porque é haver alguma disponibilidade, alguma é para todos, mas muita disponibilidade para tolerar e para receber alunos com características que não estão aqui exactamente para aprender mas que querem usufruir e querem tirar partido do facto de ao fim de dois anos poderem ter o certificado do 9º ano, quer dizer é para eles e é para nós, mas é complicado porque voltamos ao princípio nestes cursos às vezes é mais importante o português e matemática, ler e escrever e contar e as atitudes e valores e o saber ser e o saber estar, do que propriamente ter outros conhecimentos mais profundos de determinadas matérias, agora há muita coisa que falha, muita, muita, muita ao nível da formação, portanto isto é quase preciso uma ginástica e nós às vezes damos o que temos e que não temos e toleramos coisas que a mais ninguém, ou a mais nenhum aluno, poderíamos eventual desculpar, mas precisamos de ter uma formação de base que também às vezes…, uma reciclagem, quer em termos pedagógicos, quer em termos de psicologia, quer em termos de sobre a Comissão de Protecção de Menores, que resposta pode dar a determinados alunos que nós temos e que às vezes nem sabemos o que lhes vamos fazer.

OR: Na sua vida profissional como porque surgiu a oportunidade de exercer a função de formador nos Cursos de Educação e Formação? EN: Foi por acaso, eu acho que as pessoas, a maioria das pessoas foge destas coisas isto dá trabalho, entre aspas, é muito, muito, muito moroso, não se vêm resultados hoje, não se vêm amanhã, é “ chato “, desculpe lá, é uma coisa “chata”, tem reuniões, tem que se preparar, tem que se dizer o que é que se fez e que estratégias e elas não

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resultam quase nunca e os alunos não melhoram quase nunca e as pessoas não estão para…, não se predispõem para estas coisas, porque “...que chatice então o pai que eduque a mãe que eduque …“, quando estes quadros familiares a maioria estão desestruturados. A génese deste programa tem como base um grupo de professores efectivos para dar, ou supostamente um grupo efectivo de professores, na escola, para dar continuidade a um projecto, o que acontece agora com estas contratações de três anos, com estes contratos de trabalho às vezes os professores efectivos fogem um bocado deste tipo de trabalho, às vezes, até porque já têm o horário preenchido ou porque têm redução de horário ou porque... e aqueles que só são quadros de zona, alguns contratados, que às vezes vêm substituir e acabam por integrar estes conselhos de turma. Mas, foi por acaso! Calhar numa direcção de turma de um Currículo Alternativo assim quer dizer... nós inicialmente, isto já tem seis ou sete anos. Estava numa escola em Aveiras de Cima em que nos foi proporcionado por duas situações, por duas vezes, uma formação ao nível dos Currículos Alternativos, que tem um historial, as características dos alunos daquela região carecia claramente de um percurso alternativo, ou de um Currículo Alternativo, ou de uma alternativa ao currículo normal e a escola proporcionou – nos uma formação por duas ocasiões a todos os professores que integrariam o projecto para podermos avançar com mais alguma coisa até haver experiências noutras escolas, e foi assim que aconteceu e pronto, mas às vezes acontece do acaso a uma pessoa que integre um conselho de turma destes.

OR: Quais as diferenças que encontra entre a sua experiência anterior e a de nos Cursos de Educação e Formação? EN: Quer dizer, é assim, nós estabelecemos algumas e ao nível pedagógico e ao nível da nossa pré – disposição em relação a…, eu acho que nós toleramos, que nós condescendemos um bocadinho mais com estas turmas, são alunos com uma faixa etária, já são assim, às vezes é preciso outro tipo de diálogo, outro tipo de abordagem e às vezes conseguem-se as coisas exactamente por essa forma, por essa estratégia pedagógica, uma turma normal é uma turma normal, portanto a regra é para todos, todos cumprem, todos fazem ali, quase que uma vez que a turma tem um número tão reduzido são onze ou doze quase que conhecemos todos os problemas particulares e familiares de cada um dos alunos conseguimos perceber, ver que hoje não veio ou veio assim…., ou que não traz equipamento ou que não faz isto ou que há problemas de auto-estima, problemas familiares problemas de relacionamento que acabamos por ser mais tolerantes em relação a…, em termos curriculares às vezes também isso acontece uma turma de um percurso alternativo ou de um CEF tem, por exemplo, maioritariamente alunos masculinos são alunos que gostam de uma opção, gostam de desporto, as coisas são mais, mais, mais, mais, mais nesse sentido de lhes proporcionar. A turma tem um tipo de comportamento há outro tipo de abordagem curricular que se faz exactamente…, porque esta disciplina nestes cursos aparentemente não faz sentido nenhum mas é a base de sustentação, julgo eu, para a

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relação interpessoal de todos os alunos nestas turmas. Tenho a certeza, que é importante, lembro-me de um dos projectos nessa Escola em Aveiras de Cima que a Educação Física foi um mote para fazer um projecto “ Minha Terra, Minha Gente”, coreografámos uma peça de folclore, fomos à procura dos trajes, fomos à procura de todas as coisas e todos os colegas e professores interagiram com os alunos no sentido de avançar, foi o suficiente para conseguir conquistar e para conseguir construir um elo que deu sustentabilidade ao português, à matemática, à história, às ciências que era preciso trabalhar.

OR: Em que medida é que o professor participa na organização do Curso de Educação e Formação? EN: Em que medida, de que forma pode intervir? Eu acho que há um conjunto de disciplinas que são obrigatórias, eu acho que é só na parte de formação, na parte prática, na parte pedagógica do curso. Porque ao nível das disciplinas estruturais e curriculares acho que não podemos mexer mas eu não sei muito bem em que moldes, é que, podemos alterar, ou que podemos propor alteração. A nossa escola tem, o de formação em informática, pronto é uma proposta da escola, esta parte curricular e de formação é proposta pela escola, ou por outra qualquer, mas a base do curso, as disciplinas acho que não tem muita mobilidade, não tem muita possibilidade de ser alterado.

OR: Prepara as suas aulas de modo diferente para estes cursos em relação as aulas da escola, dita regular? EN: Eu não lhe devia dizer…, as outras minhas aulas dos 5os e 6os anos as coisas estão quase automatizadas à excepção de situações em que é uma abordagem de uma modalidade que requer alguns cuidados especiais, como por exemplo ginástica, eu preparo-as e tenho algum cuidado. Amanhã, eu tenho a turma do CEF, o que é que fizemos, o que é que fizemos e nunca é moroso nem cansativo e às vezes altero determinadas coisas para ir ao encontro dos interesses deles, mas há uma modalidade que não resulta por ali além e o projecto do CEF em termos de Educação Física é muito abrangente, tem actividades de água, tem actividades radicais, tem luta, tem dança, tem expressão corporal, é mais flexível e nessa medida, como a abordagem de os conteúdos nucleares do volei, da natação, do basket já foram feitos no 5º e 6º anos eles já bateram tanto, tanto, tanto que aqui se procura ir ao interesse e criar para eles outras possibilidades.

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OR: Avalia de forma diferente estes alunos? Como? EN: A... avalio de forma diferente…, ligeiramente, ligeiramente. As nossas avaliações nesta turma a…, e inicialmente, nós considerados que começamos pelo saber ser e saber estar e ás vezes não pomos de parte, não fechamos os olhos, valorizamos mais em termos de cooperação, em termos de fair-play, em termos de espírito desportivo, em termos de participação na aula, em termos de interesse, colaboração com os colegas, mais, de forma mais acentuada do que propriamente ser o melhor atleta da turma, na minha perspectiva é um bocado nesta base que se avalia. Quem alia as duas coisas depois acaba por ser um fantástico aliado para nós, para colaborar com os colegas e é isso que depois é uma questão de auto-estima para esses colegas valorizar o seu trabalho na aula acaba por ser um exemplo para os outros.

OR: Já me falou há bocadinho que a interdisciplinaridade que é aconselhável e nestes cursos específicos é viável? Consegue-se fazer?

EN: Quer dizer eu acho que…, já não tanto assim, os CEF’S já têm gente grande, para trabalhar a interdisciplinaridade às vezes funciona pontualmente, funciona naquele projecto naquele momento, uma coisa que se pretende fazer, por exemplo, há uma ida ao teatro ou está a ser trabalhado em português o Auto da Barca do Inferno, o que é que se procura que nas outras disciplinas haja alguma coisa que se relacione com isto é um exemplo, que não te muito a ver, mas é assim, a interdisciplinaridade às vezes é rebuscada é forçada e quando isso acontece às vezes…, quando ela aparece ok estamos cá todos para …, canalizar para aqui, para agarrar, nem sempre ou quase nunca já ao nível CEF, ao nível de Currículos Alternativos, de 5º e 6º anos, ainda há muitas coisas de B A, BA, de inicial que funciona na matemática, nas ciências, no português. Em termos de CEF, essas coisas já são estruturadas, já são de base, portanto acaba por acontecer pontualmente, quando se proporciona, já ninguém vai à procura…, sempre que possível sim, mas não nos sentamos à procura do que é que tu fazes, o que é que tu estás a fazer…, o que é que tu vais fazer, para conseguir é abrangente, até porque ela acontece de forma sistemática através da informática, certo? Não trabalha comigo, Educação Física, mas quer no inglês, quer no português, quer na Matemática, quer nas noções básicas de higiene, a formação neste curso tem uma relação muito interdisciplinar vai tudo conduzir ao mesmo. Um trabalha a base de dados, outro trabalha o software, o hardware, acaba por funcionar tudo para o mesmo para a formação tendo a base do curso.

OR: Na acção, técnico – pedagógica, acha deveria existir apoios para os professores dos cursos? Que tipos de apoio? EN: Eu acho que a nós, se isto é uma estratégia para continuar a prosseguir, construir preparar turmas CEF, turmas de Currículos Alternativos devia-nos ser proporcionados

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uma série de formações, uma série de situações, para podermos ter uma bagagem maior em relação a…, portanto somos pau para toda a obra, entre aspas, acabamos por ser pedagogos, psicólogos, pais, amigos, professores e às vezes dá vontade de pregar dois açoites e não pregamos, mas devíamos ter o Centro de Psicologia, o Instituto da Juventude, a Comissão de Protecção de Menores, o Centro de Formação que deviam claramente ter uma proximidade connosco maior, é óbvio. Assim, como estes meninos que saem do CEF, ou que para o ano vão estagiar nas empresas haver um leque de empresas, um leque de estrutura montada, fora da escola, que nós pudéssemos recorrer e que eles efectivamente quando precisassem dissessem “Olha vou ali, aqueles miúdos estão a acabar o curso vou já agarrar dois ou três porque preciso…”, que pudesse haver uma reciprocidade bem maior, que não existe. Isto é uma escola, o mercado de trabalho é lá fora, certo? Os alunos tiveram sérias e grandes dificuldades porque a nossa condescendência não é lá porque têm trabalho para fazer, têm trabalho para apresentar, têm x tempo para chegar ao vosso chefe e levar isto, mas é simulado é uma situação que não é real e estar em contacto com a realidade, numa empresa, num balcão, atender alguém que pede, e o patrão que esteja e verifique o que é que se faz e o que não se faz, que postura, que comportamento, que atendimento ao público, isso é que interessa, porque a escola não vai amaciar isso a vida inteira, nem vai ter aqui um gabinete fechado, com os meninos, para os proteger e uns estatelam-se claramente, esta ligação falha claramente.

OR: Poderia dizer de que forma, é feito o acompanhamento do processo formativo destes alunos? EN: O percurso formativo é acompanhado de forma diferente, é assim o percurso é acompanhado pelos professores, não há comparação, os professores que acompanham este processo formativo tentam saber o que é solicitado nas empresas, mas é uma situação muito ténue, quer dizer nós andamos ainda muito a apalpar terreno, muito a perceber o que se pede, muito a perceber onde é que querem os miúdos, muito a perceber que formação é que lhes vão dar, ou o que é que lhes vão solicitar, para depois nós fornecermos aqui dentro. Daqui a bocado é o inverso, as pessoas deviam sentar, reunir para depois dizer “Nós vamos ao vosso encontro!”. Não é?

OR: Acha que os professores deveriam ter uma formação específica para estar a leccionar nestes cursos de formação? E que tipo de formação? EN: Se eu acho que deviam ter…, eu acho que as pessoas que estão nisto deveriam ter, efectivamente, alguma formação, alguma formação de base, alguma formação específica, formação científica, muito no sentido de dentro do que lhe estava a dizer, perceber muito bem como funciona uma Comissão de Protecção de Menores, que saída dá, que acessos tem no Instituto da Juventude, os Serviços de Orientação Psicológica, ao nível do acompanhamento familiar porque nós não chegamos às famílias, quer

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dizer, ao nível pedagógico, ao nível da formação, da parte formativa dos cursos. Por outro lado, também nem toda a gente tem queda para isto…, não está nem ai…, isto cansa, e muito pouco resultado é muito moroso. Eu acho que às vezes a mais valia é conhecermos os alunos, que é a partir do momento, que não andamos a partir pedra, sabemos que aqueles alunos têm aquelas características, um é insolente, outro é malcriado, ou tem dificuldades em saber ser, em saber estar, tem dificuldades comportamentais, não tem dificuldades de aprendizagem ou o inverso, tem muitas dificuldades de aprendizagem e até se portam bem e depois a partir dai é construir algumas coisas com a experiência que uns vão tendo, outros vão trocando, outros vão facultando e tentamos.

OR: No seu caso específico, existe alguma formação que lhe interesse a curto prazo? EN: Eu gostava de ter, alguma formação e especialmente com créditos porque preciso deles. Todos os itens que acho que é importante nós termos de suporte para falarmos com um aluno “Olha, tens uma alternativa.” mas nós nem sabemos mesmo, se tem se não, nós não sabemos exactamente o que é proporcionado com estes miúdos quando saem daqui, que realidade eles têm no mercado de trabalho, que saída eles têm quando saírem daqui para onde se podem canalizar porque às vezes nós andamos aqui a alimentar coisas aos miúdos e depois?

OR: Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência?

EN: Gosto muito destes alunos, e da minha experiência nesta área vai ficando…, acho que não é fácil para nós, a contrapartida é quase nula. É um investimento em que não há resposta. É tapar uma realidade que existe na escola que é haver alunos que precisam claramente de ter uma saída com interesses…, de se ter uma oportunidade para dar aos miúdos.

OR: Muito obrigada.

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 20 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR C

ORIENTADOR (OR): Se tivesse que explicar a alguma pessoa por exemplo a um médico, a um engenheiro ou a um advogado o que são os Cursos de Educação e Formação, como o faria? ENTREVISTADO (EN): Olhe, começava por dizer que é uma alternativa, uma oferta diferente, mais adequada a determinado perfil de alunos, eu digo isto porque para mim é o fundamental num Curso de Educação e Formação. Pela experiência que tive antes de entrar nos cursos tínhamos alunos com um determinado perfil que não se adequava no ensino regular. No ensino regular fala-se em inclusão, à partida é para todos, mas nem todos têm perfil para estar no ensino regular nos moldes em que o Ministério define, com um currículo pré-estabelecido, etc. Portanto, os Cursos de Educação e Formação são uma outra oportunidade para os alunos. Antes de se falar em Novas Oportunidades já havia Cursos de Educação e Formação, as Novas Oportunidades vêm na sequência disso, talvez porque se viu nesses cursos aspectos positivos, portanto, o que teria de explicar exactamente, ou o que diria a um médico ou a alguém que estivesse fora da escola, do sistema de ensino, eu diria isso mesmo que é uma oferta diferente que a escola, que o Ministério propõe aos alunos e essa oferta pretende ser o mais adequada possível aos interesses também, interesses de formação dos alunos. Agora, isto vai ter algumas dificuldades, como por exemplo, quais são os interesses? Há muitos interesses, varia de aluno para aluno, é pegarmos nisto. Fizemos a nossa opção, de acordo com os formandos que tínhamos e as infra-estruturas e recursos materiais que tínhamos, para o curso ser viável. Mas era, essencialmente, isto que eu dizia.

OR: Na sua vida profissional como é que surgiu esta oportunidade de exercer a função de professor/formador nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Olhe, a oportunidade foi com um convite, porque cá está, a escola estava a sentir necessidade de encontrar um caminho diferente para determinados alunos que temos

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aqui na escola e a determinada altura também se pensou no perfil dos professores, então foi um convite que me fizeram. Eu na altura também não sabia muito bem o que é que se pretendia, o primeiro ano foi de aprendizagem, também aprendizagem a vários níveis desde legislação ao currículo do curso, etc., e depois veio digamos não só aprendizagem como também o gosto de estar com este tipo de alunos e fazer este tipo de trabalho.

OR: E que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e aquela que agora tem nesta nova função?

EN: Pois. Diferenças em termos de currículo, o currículo é definido pelo Ministério, portanto aí, o que nós temos que fazer, nesse currículo que já está a adaptado, já se pensa nesse currículo em função dos alunos que farão esses cursos e depois cabe-nos a nós ainda adaptar à circunstância e à especificidade de cada turma e depois de cada aluno é portanto aí que há uma grande diferença, que é um currículo mais reduzido, um currículo mais com conteúdos seleccionados de acordo com os objectivos de formação e normalmente são mais acessíveis digamos, aos alunos. A nível pedagógico vamos ter aí um grande problema, e eu penso que aqui também já há uma aprendizagem das várias escolas e que já se traduziu numa reflexão que chegou provavelmente ao Ministério. Começou-se a ver os CEF´ s também como a indicação do curso ideal para alunos problemáticos e isto em termos pedagógicos é complicado e nós não temos essa experiência, o primeiro CEF foi excelente não tivemos problemas a nível comportamental mas neste segundo já temos mais problemas, portanto a nível pedagógico é muito exigente, mais exigente que o ensino regular, porque no ensino regular podemos ter turmas mais ou menos complicadas mas nunca com tantas complicações, que é o caso deste ano, temos alunos com graves dificuldades de aprendizagem e associado a isso temos problemas disciplinares, só há um aspecto a favor deles, cá está, o valor destes cursos é que têm interesse pelo curso, revelam algum interesse pela formação que estão a fazer portanto as diferenças basicamente é no currículo, têm um currículo muito mais adaptado e a nível pedagógico é muito mais exigente, ao ponto de nós professores, conselho de turma, reunirmo-nos semanalmente para definir estratégias pedagógicas para os alunos. Portanto é mais, eu não diria mais exigente, eu estou a dizer mais exigente, mas se calhar não é exigente, é um formato que exige trabalho de cooperação, mais articulado entre os professores.

OR: Em que medida é que o professor, participa na organização do próprio curso?

EN: Na organização do curso…, quer este, quer o outro, o anterior, foram a Conselho Executivo com uma equipa, foram duas colegas minhas que organizaram o curso, ou seja, fizeram entrevistas aos alunos, através dos directores de turma, também foi feita

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uma sondagem dos interesses deles, depois foram feitas entrevistas aos encarregados de educação e esse processo todo eu não estive envolvido, na organização propriamente dita, eu estou mais digamos assim na execução. Relativamente, a partir de que se organizou, que foi viável, o curso na escola, eu já entrei como actor.

OR: Prepara e realiza as suas aulas de forma diferente ou muito diferente em relação às aulas das turmas da escola dita regular?

EN: Não, eu tenho, pessoalmente, uma preocupação diferente e digamos que as estratégias, a forma como são pensadas as aulas em termos de estratégias, são diferentes, porque o próprio currículo assim o indica, mesmo na parte curricular são-nos dadas indicações para nós executarmos ou não, planificarmos ou não, mas que logo ali percebemos que estamos perante alunos diferentes e que exigem estratégias diferentes e portanto uma preparação de aula também diferente, porque aqui interessa mais. No ensino regular podemos fazer uma exposição de aula, utilizar uma estratégia tendo em conta a turma no seu conjunto, pelo menos, prioritariamente é aceite, aqui tem que se pensar em cada caso, utiliza-se a estratégia, depois adequada quase a aluno a aluno, há uma preocupação, porque cá está, é uma reflexão que se faz semanalmente, como é que estão, como é que não estão, como reagiram, como é que não reagiram e por vezes até surgem estratégias conjuntas entre os professores, inter-disciplinas. Portanto, aqui há uma diferença em relação aos outros alunos, claro que são pontos de partida e pontos de chegada diferentes, os objectivos são uns que não são os mesmos que para os alunos do ensino regular.

OR: A avaliação também é feita de forma diferente a estes alunos/formandos? Como? EN: A avaliação é diferente, decididamente teria que ser diferente. Os critérios de avaliação destes alunos são diferentes, decididamente teriam de ser diferentes e quando foram definidos e aprovados tentou ter-se em conta a área das atitudes, foram definidos vários itens e em relação ao ensino regular, os critérios definidos, critérios gerais, deu-se prioridade ao interesse dos alunos, ao empenho dos alunos, ao comportamento dos alunos etc., se são os que vêm com problemas de comportamento, temos de pôr como objectivo para aquela turma, para os alunos também melhorar esse comportamento, até porque os Cursos de Educação e Formação do nível 2 que é o nosso caso, estou a pensar muito na nossa experiência, um dos requisitos que o aluno tem que ter no mínimo é estar fora da escolaridade obrigatória, estou a falar do tipo dois e isso tem sentido porque parte-se do principio, que são alunos, que não querendo estudar, terminam o curso numa idade que podem entrar no mundo do trabalho 17 – 18 anos temos, excepcionalmente, um com menos de 15, os outros têm 16, 17, significa que quando terminam o curso vão para o mundo do trabalho. É neste sentido, valorizamos os aspectos das atitudes e comportamento até porque um dos objectivos do curso é a

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integração no mundo do trabalho, tem a ver com as relações inter-pessoais, tem a ver com o saber lidar com as pessoas, competências nessa área, portanto, nós valorizamos também muito isso. Depois tem partes específicas de formação que também é valorizado, vale sempre mais, mas tentamos chegar a um equilíbrio e pôr como meta também os aspectos das atitudes, etc., portanto, quer a nível de critérios, quer os momentos da avaliação, que também são semanais, fazemos uma ponderação semanal, são diferentes e necessariamente têm que ser diferentes e se o ensino…, começou por perguntar-me, começou não, a pergunta anterior era se eu preparo diferente, se eu preparo diferente os critérios têm ser outros, a avaliação tem que ter outros módulos e tudo está pensado nos Cursos de Educação e Formação.

OR: Uma articulação interdisciplinar neste contexto é aconselhável? E se é, é viável neste caso específico?

EN: É aconselhável. Viável…, pois aí temos um problema, que é aquele em que nos deparamos por vezes…, aconselhável é porque nas várias competências que temos no curso todas estão interligadas porque aqui tem a parte tecnológica, que é a componente de formação específica e depois tem a sociocultural e a científica, que todas elas facilmente se cruzam em termos de competências, portanto não é difícil haver uma actividade interdisciplinar, não é difícil. Viável, por vezes não é porque prende-se com o tempo, nós professores não temos exclusivamente uma turma destas de Educação e Formação, temos depois muitas outras turmas do ensino regular e por vezes e concretamente nesta altura em que houve umas série reformas continuas, estamos muito mais ocupados com o que se está a passar agora é que os professores estão muito mais ocupados e também preocupados, mas eu falei em ocupados, com outras burocracias e outras situações que decorrem da reforma, do estatuto da carreira docente, de uma série de situações que vem aí que passamos o tempo a reunir para ver como operacionalizar tudo isto do que propriamente a pensar nos alunos, estamos a passar um período difícil por causa disso, há muitas outras preocupações que nos tiram das preocupações principais que é ensinar. Isto parece uma contradição porque o Ministério quer principalmente que nós ensinemos, mas neste momento a grande preocupação tem sido com outras questões. Espero que isto passe, o mais depressa possível porque nós precisamos de nos concentrar outra vez nos objectivos do professor que é ensinar. Mas é o que se está a passar agora…, tudo tem que ser para ontem.

OR: Nos Cursos de Educação e Formação, portanto neste novo contexto, na acção técnico-pedagógica pensa que existe a necessidade de um maior apoio? Que tipos de apoio?

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EN: Nós precisávamos, só por ter os Cursos de Educação e Formação estes prevêem os SPO’S Serviços de Psicologia Orientada, não temos nesta escola, concretamente este agrupamento, já não digo esta escola, necessitaria muito, necessita muito de um psicólogo neste agrupamento, claro que tendo ao serviço um psicólogo também teríamos essa pessoa disponível para estes Cursos de Educação e Formação, porque são alunos que, como disse à pouco têm problemas comportamentais e são problemas complexos de analisar e o professor não consegue, cá está se reparou nós temos que ser um pouco de tudo e não temos capacidade para dar resposta a situações complexas e uma pessoa, e o próprio Ministério que não nos coloca aqui ninguém especialista, nós não temos a não ser a professora de apoio, é a única pessoa que nos acompanha nos Cursos de Educação e Formação, não temos mais ninguém, mas necessitamos, sentimos a necessidade e se quiser, um agrupamento que recebe alunos de três instituições isso significa que esses alunos vão estar num palco comum em termos alunos que não têm qualquer tipo de problemas, têm um crescimento normalíssimo, há outros que têm antecedentes muito graves por isso é que estão em instituições, e nós temos de lidar com eles, agora somos técnicos para isso? Não somos! Precisávamos, urgentemente, de ter aqui alguém na área dessa formação que nos apoiasse e sobretudo aos alunos, e a nós aconselhamentos, orientações, etc., precisamos muito, muito, neste momento é fundamental, até agora não temos conseguido nada e nestes cursos sim precisa-se eu acho que está indicado deve haver um técnico para acompanhar. Quando se pensa nestes cursos como outros, tudo faz sentido, em tudo o que se pensa e projecta é fruto de uma reflexão, que faz sentido, agora no terreno vai tudo ter um grande obstáculo, implica investimento e o Ministério não quer que se fale em investimento, não quer gastar.

OR: Poderia dizer como é feito o acompanhamento do processo formativo destes alunos ao longo do curso? EN: Não temos mais que as actividades escolares, se bem que, por vezes, é pensado, por exemplo, com um aluno, podíamos ter alguns indicadores dessa evolução formativa se nós fossemos experimentando ou se os alunos fossem experimentando noutros contextos que não na Sala de aula desenvolver determinadas competências da socialidade etc., mas não temos muitas possibilidades porque é complicado nós professores ausentarmo-nos com os alunos para fora é complexo porque um professor, por exemplo, resolvia fazer qualquer acção formativa em qualquer empresa ali ligada à informática ou deslocar os alunos para desenvolver determinadas actividades etc., eu teria que levar logo comigo um colega, mas esse colega teria que pedir a outro colega para dar as aulas que não pode dar, isto em termos práticos é muito complicado, agora outras formas de nós acompanharmos isso, o grande indicador digamos é avaliação que nós vamos fazendo através seja de fichas concretas, seja de jogo de papeis, por exemplo, a nível das atitudes, por vezes, fazem-se determinadas actividades em que se responsabiliza um aluno por isto, ou um grupo de alunos por aquilo, papeis em que eles

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vão manifestando digamos assim o evoluir ou não da sua formação e das competências da sociabilidade, da comunicação, de…, e depois da área do conhecimento também mas depois isto é muito em contexto de aula que nós utilizamos a nível dos conhecimentos fichas para testar, os outros são jogos de papeis a atribuir determinadas responsabilidades, ver como se comportam etc., e é ponderado aqui semanalmente nas nossas reuniões.

OR: Como pensa que é promovido o sucesso destes alunos/formandos?

EN: Assim eles correspondam. Todo o curso em si é uma promoção para o sucesso até mesmo a forma como…, começando pelos critérios, tudo, tudo, até à forma de certificação é tudo uma forma de promoção para o sucesso. Agora, há o mínimo que é exigido aos alunos, e a esse mínimo alguns alunos não correspondem. Neste CEF temos alunos a não corresponder, no outro tivemos alunos…, o curso chegou ao fim com quase todos os alunos, os que não chegaram abandonaram, mas por razões alheias à escola e portanto a escola não teria mais que fazer. Mas, neste já estamos a ver que não, não correspondem, mas o curso em si promove o sucesso efectivo, era só eles cumprirem o mínimo requerido nos objectivos do curso, desenvolverem as competências mínimas, que são mesmo mínimas e a nível de critérios de avaliação, correspondem ao mínimo também. Promove-se o sucesso isso pode ter a certeza. Se pensar na forma que está indicada na legislação específica dos cursos como é que um aluno transita e é certificado, vemos que em cada componente ele necessita apenas de ter média de três, na componente sociocultural tem seis disciplinas, não tem que ter obrigatoriamente positiva em todas estas. Certifica-se, se tiver média positiva, média de três em todas as componentes, significa que promove o sucesso. Temos que pensar que é um curso em parceria com o Ministério da Segurança Social e do Trabalho portanto, como nos IEFP’S, estes cursos também são dados nos IEFP’S, tem que haver alguma garantia de quem tutela estes cursos que os alunos frequentam o mínimo de aulas exigidas, o mínimo são 40% e lá está o regime de assiduidade é específico e é exigente ao ponto se o aluno justificar devidamente temos que o compensar com trabalhos ou com o prolongamento de aulas.

OR: Agora gostaria de saber se existe, se acha que existe alguma relação entre as dificuldades que encontrada quando lecciona nos Cursos de Educação e Formação e a formação que recebeu para o desempenho desta nova função.

EN: Concretamente, a minha formação de base, se quiser é uma formação humanística e por isso à partida tenho formação para lidar com este tipo de alunos, mas tudo bem

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não é por aí. Agora não podemos só pensar em termos humanos temos de pensar, ou melhor, partimos de questões humanas, mas temos de pensar, em questões técnicas em competências técnicas etc., e que nós não fomos preparados para lidar directamente com alunos com este perfil é uma aprendizagem que se faz mas também é uma aprendizagem que já tem alguma base, eu já tenho a minha experiência, por exemplo, eu já tinha quatro anos de serviço, os meus colegas tinham muito mais e portanto muita experiência pedagógica, já lidaram com muitos alunos também complicados. Agora, na Faculdade, não sei se há essa preocupação, na via ensino mas deveria haver. Nas Faculdades, havia de se pensar menos no Piaget e etc., e pensar nos Piaget’ s que se vivem nas escolas, ou seja, tudo bem, conhecimentos que nos dêem algumas directrizes que foram estudiosos numas determinadas áreas, tudo bem, mas depois a Faculdade tem que saber o que se passa no terreno e saber quais são os problemas, como você está a fazer, o que nós vivemos. A indisciplina agora está associada a coisas muito complexas que nós não percebemos muito bem, não percebemos porque é que um aluno hoje em dia tem dificuldades em não estudar, em não saber estar sentado, quer dizer, se começarmos a pensar, hoje tem-se muito este problema a indisciplina está associada a um desinteresse enorme nos alunos não têm interesse por nada e têm interesse por coisas que não levam a lado nenhum, há aqui um conjunto de situações complexas que nós apercebemo-nos delas mas não somos as pessoas indicadas para tratar daqueles assuntos, temos mais que fazer, agora somos nós que dizemos ao aluno para se sentar e não se senta, ainda nos responde mal, queremos ensinar e eles querem saber tudo menos aprender, está a entender? As Faculdades que preparam pessoas para lidar com este tipo de alunos primeiro deviam fazer um estudo sério sobre estes tipo de alunos que temos e depois encontrar talvez uma “ receita “, chamemos-lhes isso, mas encontrar alguns padrões que nos ajudem, que ajudem as pessoas que trabalham neste campo e isto é a tal coisa, não vale a pena, podemos saber como lidar mas para um resulta e para outro não resulta. Mas, não somos preparados concretamente para estes cursos, até porque é uma novidade e por outro lado também a experiência que tenho em relação entre a faculdade e depois o mundo de trabalho, há ali uma divisão, há ali qualquer coisa que não funciona, estamos muito presos à componente teórica dos cursos, devemos fazer mais trabalho de campo experimentar mais como a realidade é interpretada à luz daquilo que aprendemos naquela teoria, como é que isto funciona, isso também é experiência de faculdade. Há grandes êxtases do conhecimento, mas pouco terra a terra. Agora, começamos a sentir a necessidade, em relação ao CEF, em termos pedagogia este é com todos os alunos, aqui seria adaptado muito às características dos alunos mas mais uma vez temos a dificuldade que é o tempo. Nós agora somos obrigados a ter formação 50 % específica na área da disciplina, essa é obrigatória depois outra, noutras áreas. Hoje está apostar-se muito na área da informática por causa dos projectos que estão relacionados com a implementação da informática, projectos tecnológicos que o Ministério está a tentar implementar e as pessoas no fundo têm que ter alguma literacia, tem que se sentir minimamente com competências para trabalhar com o computador, provavelmente o futuro do ensino passará como base, tendo o suporte na informática, até agora é nos manuais, no caderninho, etc., no futuro estou convencido que é um ensino muito informatizado, no

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ensino superior já temos o ensino à distância, aqui não chegará tão depressa mas inicia-se aqui uma revolução no ensino e nós sentimos isso, concretamente não sei se tem conhecimento da plataforma Moodle é um dos espaços que cada vez mais as pessoas estão interessadas em trabalhar com isso, para trabalhar e preparar os alunos em determinadas competências e depois ir ao encontro aos interesses e à forma de aprendizagem dos alunos, portanto essa formação, actualmente, é específica da disciplina e temos que ir à procura do que há. Às vezes, não encontramos o que queremos, na área de informática é o que é proposto, quando houver tempo agora temos que pensar noutras coisas.

OR: Que formação específica, ou que tipo de formação, ou em que área pensa que deveria ser proporcionada aos professores que vão leccionar nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Provavelmente, muito na área da psicologia, saber interpretar determinados sinais que os alunos dão e depois saber que técnicas, que estratégias, como lidar com esses alunos é uma necessidade que sinto, em relação aos CEF’ s. Aqui se calhar mais que a nível científico. No científico é mais para o ensino dos conteúdos, se calhar é mais competências nesse âmbito da psicologia é o que faz falta, muitas vezes não…, eu sinto falta de conhecimentos que me permita interpretar os alunos saber porquê aquela reacção, porquê isto, porquê aquilo e depois saber o que é mais adequado para poder resolver aquelas situações.

OR: Há alguma formação que achava que gostaria de ter a curto prazo?

EN: Para o CEF? A…, se calhar ia, se calhar na linha que falei à pouco, no âmbito da psicologia e também da pedagogia porque uma está relacionada com a outra, portanto por vezes, com o tempo parece que já se esgotou tudo e a partir daí já não sei o que hei-de fazer e eu gostaria de saber o que fazer, entende? Se eu tivesse agora que escolher e se tivesse liberdade para, de certa forma estou condicionado, porque tenho que fazer a tal formação, mas era isto, práticas pedagógicas, psicologia, pronto qualquer coisa nessa área era o que provavelmente escolheria. Gostava muito da área de psicologia para quê? Para saber interpretar melhor ou para desmontar, muitas vezes, aquilo que se passa por outro lado saber como agir e aí vinham as estratégias, uma formação nessa área seria muito completa e seria para nós…, eu acho que é comum aos professores, no geral.

OR: Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência?

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EN: Acho que nunca tinha falado, quando falamos é dos alunos, agora assim, não nunca tinha falado e gostei. Mas, precisava muito disto, parar, falar reflectir, como foi, como nasceu, como correu, mas temos sempre o que preencher, o que fazer, não há tempo.

OR: Tem alguma sugestão a fazer? Gostava de acrescentar mais alguma coisa?

EN: Olhe, já que está a fazer este trabalho espero que tenha sucesso nele, que tire boas conclusões que seja gratificante para si, trabalhar no terreno e que isso a ajuda no futuro profissionalmente, quem sabe se um dia vai trabalhar connosco e pela recolha destas informações e das conclusões a que chegou pode lançar, algumas luzes algumas pistas e pode ajudar muita gente. Oxalá que sim. E se vier para o ensino muitos desafios lhe serão lançados porque isto é uma realidade complexa, mas bonita ao mesmo tempo.

OR: Muito Obrigado.

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 21 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR D

ORIENTADOR (OR): Se tivesse de explicar a alguma pessoa por exemplo a um médico, a um engenheiro, o que são os Cursos de Educação e Formação, como o faria? ENTREVISTADO (EN): Ora bem, Cursos de Educação e Formação, a…, e não estando a pensar propriamente em legislação e naquilo que for possível ser relacionado com a criação, são cursos que eu penso que foram criados com uma intenção correcta que será a de dar uma nova oportunidade a alunos que terão menos capacidades ou que estão mais desmotivados que têm já alguns anos de reprovação algum percurso escolar, algo irregular, muitas vezes, verificamos que nesses cursos nem sempre estão apenas alunos sem capacidades, ou com poucas capacidades, também existem alunos que foram provenientes de turmas onde estariam inseridos, como o caso de necessidades educativas especiais e que depois devido ao insucesso ou mesmo alunos que não tendo esse estatuto verificamos que têm algumas dificuldades cognitivas mas existem alunos que por alguma razão estão desmotivados, têm percursos irregulares e nessa medida são inseridos nestes cursos.

OR: Na sua vida profissional como porque surgiu a oportunidade de exercer a função de professora nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Foi-me proposto pelo órgão de gestão, portanto na altura a escola candidatou-se a um curso CEF que abriu à cerca de três anos, acabou o ano passado tivemos cá o primeiro curso de dois anos também de informática como este ano e foi-me proposto para leccionar a disciplina de Língua Portuguesa e eu aceitei, como uma experiência nova, a…, sabendo à partida que iria encontrar alunos com características relativamente diferentes, eu digo relativamente diferentes porque as outras turmas também têm de tudo um pouquinho, alunos bons, alunos menos bons, alunos mais motivados, alunos menos motivados mas como experiência agradou-me, agradou-me tentar e também porque só o facto de ser uma nova oportunidade que está a ser dada

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aos alunos com essas características penso que é positivo e senti-me motivada para isso.

OR: Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e aquela que agora tem nesta nova função?

EN: Olhe, infelizmente, cada vez há menos diferenças, se nós estivermos a fazer comparação com o inicio da carreira, à 19 ou 20 anos atrás, há de facto bastantes diferenças porque tem havido uma política um pouco facilitadora, e cada vez verificamos que mesmo alunos com muitas capacidades as desperdiçam cada vez mais, hoje em dia se por um lado temos o alargamento da escolaridade e da democratização do ensino que é positivo por outro lado também temos, devido a isso, situações bastante enfim…, complicadas pela frequência de alunos completamente desenraizados, desmotivados. Portanto, nessa medida nem sempre há assim uma diferença tão grande entre estes alunos e algumas turmas ou pelo menos alunos que estão dentro de outras turmas de qualquer forma são normalmente alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem mas eu refiro que nem sempre isso acontece porque há alunos inseridos nestas turmas com capacidades, bastante normais, até muitas vezes, com bastantes capacidades, são normalmente ou uma grande parte, nós verificamos que são alunos provenientes de grupos familiares mais desestruturados ou mesmo que não sejam desestruturados são alguns…, existem alguns casos de alunos em que, nós verificamos que o acompanhamento da família não é aquele que seria desejado mas a…, pronto como eu digo, nem sempre essas diferenças são assim tão acentuadas em relação a certas turmas, de qualquer forma é preciso ainda assim haver um esforço grande para tentar lidar e para tentar resolver determinados assuntos, determinados problemas e ter em mente que muitas vezes mais que os conteúdos é importante a forma como estão com eles, como lidamos com eles porque são de facto crianças às vezes com problemas, que estão carentes em relação a vários aspectos nomeadamente afectivo, são carentes muito deles, como disse à bocado não têm um acompanhamento familiar muito chegado, e por isso mesmo muitas vezes têm uma auto-estima baixa, muitas vezes a forma como nos relacionamos com eles é mais importante do que apenas transmitir-lhes essas…, pronto, os conteúdos e tentar que eles aprendam algo, muitas vezes aprendam algo é mais importante dentro daquilo que vai ser importante para a vida deles em sociedade, para o saber estar, para o saber socializar-se, para o saber comunicar é às vezes muito mais importante é a nossa primeira preocupação, mais essa às vezes, que até as restantes a nível de conteúdos.

OR: Em que medida é que o professor, dos Cursos de Educação e Formação, participa na organização desses cursos? EN: Nós temos reuniões semanais, temos um programa da disciplina que adaptamos à turma e eu devo dizer que isso vai depender um pouco de turma para turma, eu já tive

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duas experiências, a anterior uma turma que esteve cá dois anos um CEF Tipo 2, que…, portanto tive o curso durante dois anos todos acabaram com aproveitamento, todos fizeram o estágio, alunos com os quais tivemos um óptimo relacionamento, a…, apesar de existirem também alguns alunos, que não eram a maioria, alguns alunos com muitos, muitas dificuldades muitos mesmo, depois havia outros casos que era mais desmotivação, pronto, havia realmente…, conseguimos um envolvimento bastante grande e uma relação bastante boa. Com este CEF actual estão a surgir mais dificuldades porque há alunos com algumas características…, trazem mais complicações a nível comportamentos o que nem sempre facilita muito as situações mas devo dizer que considero que tenho uma boa relação com eles, nem sempre consigo é chegar aos objectivos que pretendo a nível de aprendizagem, a nível de transmissão de conteúdos e de aprendizagem, no entanto, pronto, a outra parte, se calhar, a parte mais humana, a parte mais afectiva, acaba por resultar melhor. Estava eu a dizer então, temos um programa, temos as tais reuniões semanais onde trocamos ideias, portanto o conselho de turma troca informações sobre aquilo que se vai passando ao longo da semana, problemas existentes, a evolução ou regressão a nível de aproveitamento, atitudes, existem actas semanais que nós temos que realizar, fazer elaborar e depois vamos tentando adequar estratégias consoante as situações nos vão surgindo.

OR: Como professora/formadora prepara e realiza as suas aulas de forma diferente em relação às aulas das turmas da escola dita regular?

EN: Preparo, preparo porque estes alunos, pronto, têm características diferentes, têm características diferentes desde as dificuldades de aprendizagem ou falta de requisitos básicos porque são alunos que, foram fazendo uma escolaridade sempre bastante deficiente, vamos lá, alunos com bastantes negativas em anos anteriores, têm muitas lacunas e não estão preparados para conseguir apreender os conteúdos da mesma forma e mesmo em termos de interesse não resulta da mesma maneira, portanto eu incido sobretudo naquilo que é mais útil, por exemplo, a nível da Língua Portuguesa saber construir frases correctamente a…, tentar adequar o programa realmente às características deles e às suas necessidades futuras pensando já no futuro deles, a nível, por exemplo, de determinados conteúdos literários faço uma adaptação grande, faço sim, porque a nível de 9º ano, por exemplo, português que damos os Lusíadas e damos o Auto-da-Barca do Inferno na integra por excertos, mas aqui adapto de facto bastante, e não me interessa que eles fiquem a conseguir analisar exactamente como os outros alunos mas que fiquem, sobretudo, a gostar e a conhecer um bocadinho da nossa literatura e apreendam determinadas mensagens e que tomem contacto com outras formas de narrar as mesmas obras mas de forma diferente.

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OR: Avalia, estes alunos, de forma diferente? Como?

EN: Sim, sim, avalio de forma diferente sim, de forma um pouco diferente, apesar de também em relação aos outros nós temos parâmetros que são tomados em consideração, são muitos parâmetros, mas nós aqui temos sempre a consciência de que devido a determinadas características ou circunstâncias existenciais dos alunos, pronto, eles são seres…, todos nós somos seres diferentes, mas estes se calhar mais diferentes que os outros e quando efectivamente um aluno ainda que não tenha chegado aos objectivos que nós estabelecemos como mínimos mas que fez um esforço bastante grande, que mostra interesse e que evoluiu, há que primorar, não há que dar uma nota uma classificação negativa ainda que o aluno não tenha atingido aqueles objectivos porque ele apesar de tudo se ele estava cá muito atrás ele andou uns passos portanto há que premiar, isso sempre como disse à pouco tentando adaptar as estratégias, conseguimos mantê-los cá e pelo menos às vezes pensamos que já é bom porque muitos alunos têm realmente situações complicadas e é bom mantê-los aqui para não andarem desocupados aí na rua em situações mais complicados.

OR: Uma articulação interdisciplinar é aconselhável nestes cursos? E será viável?

EN: É aconselhável, é aconselhável e nós muitas vezes fazemos isso a…, propondo trabalhos que vamos tratando em disciplinas diferentes portanto na parte dita mais científica na parte mais tecnológica, eles podem agarrar num trabalho, numa determinada temática a nível da Língua Portuguesa, por exemplo, e depois com esses conteúdos trabalharem a nível das várias disciplinas, mais viradas para a informática, por exemplo. Eu acho que é viável e é aconselhável. Depende um pouquinho também muitas vezes do momento em que cada professor está no seu programa mas é viável, apesar de tudo muitas vezes aquilo que eu verifico é que e como dizia à bocado é muito importante mantê-los cá é muito importante que eles não andem lá por fora a perturbar porque são alunos que não têm idade para trabalhar sequer, nem arranjariam emprego é muito importante essa parte humana, essa parte de afectividade que muitas vezes eles conseguem aqui e sobretudo quando os professores estão motivados porque se não estiverem para leccionarem o curso não adianta, mas também muitas vezes há sempre aquela sensação de que há um sucesso a qualquer preço, não é?! Pronto, o menino acabou a escolaridade obrigatória às vezes fica no ar essa sensação e acho que não apenas sensação mas enfim…, entre não fazerem nada, em estarem na rua, esta é preferível.

OR: Pensa que existe nos Cursos de Educação e Formação a necessidade de um maior apoio à acção técnico – pedagógica? Que tipos de apoio? EN: Olhe, eu começo logo pelo muito básico é que nós temos que fabricar, fabricar entre aspas todo o material porque não existe nada, não é, não temos manuais, por

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parte do Ministério, temos apenas os programas mas não temos qualquer tipo de material de apoio para estes cursos isso seria, portanto, uns manuais especificamente para as disciplinas dos cursos CEF, seriam bastante úteis evitar-nos-ia horas de trabalho a preparar, realmente, as matérias e depois material auxiliar outro tipo de materiais mas isso é um dado generalizado não é apenas para o CEF, a falta de material nas escolas, a falta de recursos pedagógicos é generalizado não é apenas deste curso em particular porque muitas vezes as aulas poderiam ter realmente outra dinâmica se nós tivéssemos outro tipo de apoios monetários e materiais.

OR: De que forma é feito o acompanhamento formativo destes alunos?

EN: O acompanhamento formativo…, ora nós, vai havendo um feedback à medida que eles vão trabalhando mas isso fazemo-lo sempre quer com estes, quer com os outros, vai havendo sempre um feedback, quer oralmente, quer por escrito de algumas actividades a…, como temos as reuniões semanais esse feedback vem junto do director de turma que depois tem a capacidade de transmitir aos alunos e aos encarregados de educação e eles assim irem adaptando às necessidades existentes o problema muitas vezes coloca-se porque a desmotivação deles faz com que o sucesso não seja aquele que gostaríamos ou as famílias não se interessam tanto quanto o que seria desejado.

OR: Como pensa que é promovido o sucesso destes alunos/formandos? EN: Sim, não vamos dizer que não porque sim, o sucesso é promovido de forma diferente porque com estes alunos nós, como estava a dizer à pouco, valorizamos mais se calhar determinadas situações ou determinados progressos que eles façam tendo em atenção, ainda que não sejam positivos, são mais positivos do que eram, como eu estava a dizer e às vezes esquecemos um pouco as metas que seriam desejáveis, que eles atingissem no mínimo, porque já houve um percurso que foi cumprido e que foi positivo apesar de não ser o ideal ele está bastante melhor é que nós costumamos dizer e nessa medida, pronto, muitas vezes acabamos por premia-los se calhar de uma forma maior do que fazemos com os outros.

OR: Agora gostaria de saber se existe, se acha que existe alguma relação entre as dificuldades encontradas quando lecciona nos Cursos de Educação e Formação e a formação que recebeu para o desempenho desta nova função.

EN: Não tive formação nenhuma. Nós não temos formação nenhuma, eu não tive formação nenhuma, foi-me proposto, eu aceitei, repeti a experiência este ano porque gostei e penso continuar com eles, mas de facto não temos qualquer tipo de formação. As pessoas não têm mesmo formação nenhuma penso que sim, que poderíamos ter mas também penso que a formação que é necessária aqui é mais a nível de aspectos psico-pedagógicos e esse felizmente eu tive-os na universidade em várias cadeiras, várias disciplinas a esse nível mas também penso que a experiência de vários anos ajuda

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muito, o traquejo a relação que temos com os vários alunos ao longo dos anos, ajuda bastante e depois uma boa dose de bom senso para lidar com as situações que vão surgindo diariamente.

OR: Que formação específica, pensa que deveria ser proporcionada aos professores que vão leccionar nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Assim, não estou a lembrar-me de nada em particular mas muitas vezes até em termos mais…, surgem-nos mais, às vezes questões…, nem é no relacionamento mas muitas vezes assuntos mais burocráticos ligados com estes cursos que nos surgem como dúvidas e que muitas vezes a resposta não chega ao local, essa parte acho que falha um pouquinho na organização.

OR: Há alguma formação que achava que gostaria de ter a curto prazo?

EN: Eu penso que a formação é sempre importante, é sempre importante, gostaria sim se houvesse essa possibilidade.

OR: Gostou de falar da sua experiência? Gostava de acrescentar mais alguma coisa?

EN: Sim. Obrigada. Espero ter respondido.

OR: Obrigada.

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 21 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR E

ORIENTADOR (OR): Se tivesse que explicar a alguma pessoa, por exemplo, a um médico, a um advogado, o que são os cursos de Educação e Formação, como o faria?

ENTREVISTADO (EN): Tal como eu vejo aqui na escola estes cursos destinam-se aos alunos que tiveram muitas dificuldades no ensino normal e por isso os que lá estão são esses alunos mas vêm-se lá alunos com vários graus de capacidade, há alunos que têm uma inteligência normalíssima e depois há outros que têm dificuldades até chegar ao ponto daqueles que têm muitas dificuldades e que estão ali mas não se chega a perceber bem o que é que eles estão ali a aprender, estão a aprender muito pouco concerteza.

OR: Na sua vida profissional como e porque surgiu a oportunidade de exercer a função de professor/formador nos Cursos de Educação e Formação? EN: Foi-me proposto e eu aceitei. Quando me perguntaram se eu queria lá ir dar as aulas ao CEF eu não achei que devesse recusar como dou a uns, também devo dar aos outros. Até agora não tenho grandes problemas, também ainda só tive duas as únicas duas que houve na escola.

OR: Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e aquela que agora tem nesta nova função?

EN: Em relação ao ensino normal e este? Dificuldades que encontro? A…, nas turmas que tenho tido não tem havido grandes dificuldades, o problema maior é que estou a trabalhar com alunos que têm mais dificuldades de aprendizagem, embora haja alguns que se comportem a dar para o mau a…, mas nas outras turmas do ensino chamado normal também há alunos que se portam mal e também tenho bastantes alunos do CEF que se portam bem. O problema principal é a tal preguiça de alguns a falta de

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conhecimentos, de outros tantos que vêm de trás. Mas de uma maneira geral não são maus rapazes nem más raparigas, à excepção de um ou dois que são um bocado mais travessos mas a nível, dos comportamentos, pessoalmente não tenho, tido grandes problemas o que noto, realmente é falhas ao nível das aprendizagens, umas vezes por falta de conhecimentos e outras vezes por grandes camadas de preguiça. E muitas vezes, as duas coisas, juntas. Mas também se nota que há alunos que têm capacidade para aprenderem mais e até estão a fazer um esforço para aprenderem mais. Há de tudo!

OR: Em que medida é que o professor, participa na organização destes cursos?

EN: No que toca à matemática a programação já está feita por módulos e já há orientações gerais sobre quais as matérias que devem ser dadas e como é que há-de ser feita a avaliação, quantas horas é que devem ser atribuídas a determinadas matérias, as matérias dos módulos, as coisas estão relativamente organizadas, por acaso estão. Não há livros, não há a proposta de um livro, que siga aquela programação nós é que temos que ir aos livros e tirar matéria, tirar um bocado daqui um bocado dali, porque o currículo deles é diferente dos currículos normais que aparecem aí nos livros mas nós vamos a esses livros e vamos tirando aquilo que achamos melhor para eles e dentro disso ainda vamos tentando chegar ao nível da maior parte deles e nesse aspecto há um bocadinho de falha, devia haver um livro com as matérias mais arrumadas para eles poderem comprar o livro e seguirem esse livro que assim é um bocado feito às postas e é difícil estar também a arranjar manual como deve ser, devia haver como dos outros do ensino normal, um manual no essencial, deviam ter um manual para acompanhar as matérias e estes não têm manual, é só com fotocópias desta parte e da outra e as escolas têm dificuldades em pagar as fotocópias e como é um curso fora dos trâmites normais depois não se chega a perceber bem quais são os dinheiros que pagam o quê e depois há dificuldades também a tirar fotocópias não se pode tirar as fotocópias que nós desejaríamos às vezes. Algumas dificuldades…, devia haver um manual para eles seguirem as matérias.

OR: Como professor/formador prepara e realiza as suas aulas de forma diferente para estes cursos?

EN: Pois, procuro começar pelos problemas mais simples de todos e ir fazendo revisão de coisas que estão para trás que eles provavelmente não aprenderam bem, ajudar a resolver os problemas das matérias que estamos a dar agora e não dá para esticar muito porque a maior parte deles tem muitas dificuldades em seguir uns porque estão com falta de atenção outros porque não têm conhecimento, na altura, para seguir, problemas com grau de dificuldade maior e é a preguiça também, é a preguiça também.

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OR: Avalia de forma diferente estes alunos/formandos? Como? EN: A avaliação está já programada e é baseada em partes mais teóricas e também em partes práticas, por exemplo, agora na parte das equações, está prevista uma avaliação que é um teste normal, normal adequado ao nível deles e mesmo assim e depois há um trabalho que é feito por eles e apresentado por eles eu já lhes dei alguns sites para eles irem…, como têm muitas aulas ligadas à informáticos e têm acesso aos computadores a toda a hora já lhes dei uns sites para eles poderem consultar com acordo com uma professora especial que se tem oferecido para isso, tem aceitado a ideia de nas aulas dela também deixa-los explorar sites da matemática e de os ajudar um bocadinho também a realizar os trabalhos porque há ai uma sala que é a chamada sala TIC onde eles estão muitas horas devido ao curso que eles têm que é Operador de Informática eles estão lá muitas horas por isso aquela sala é ocupada por eles e não há assim muitas oportunidades de encaixar uma turma inteira naquela sala e como eles já lá passam muitas horas há uma professora aí que não se importa de lhes dar umas ajudinhas eles vão à internet pesquisam e depois vão adiantando os trabalhos que lhes dou nas aulas, houve aí um capítulo de geometria que era para eles fazerem também algumas provazitas de resolução de problemas, sólidos geométricos com cartolinas e os sólidos estão ali alguns deles misturados com os de outros alunos, são os que têm umas coisas amarelas, vermelhas e verdes, foi feito na altura do Natal então puseram azevinho com ajuda de outros professores e de mim e de uma outra professora de ciências que também dá matemática no 2º ciclo que teve a ocasião de vir para aqui a dar uma ajudinha para eles poderem fazer mais alguma coisa nos sólidos, podia ter sido mais perfeito mas eles também não se concentram muito nas coisas, vai-se fazendo conforme se pode.

OR: Uma articulação interdisciplinar neste contexto é aconselhável? E é viável?

EN: Pois, devia haver uma grande articulação, eu agora na parte que me toca propus dar-lhe sempre coisas de cariz prático dar problemas que tenham mais a ver com vida corrente e coisas que os possa entusiasmar mais não é?! Não é estar a dar coisas muito teóricas, muito desprendidas da realidade procuro ir sempre mais aos problemas relacionados com a vida prática deles mas a dificuldade maior é prender-lhes a atenção mesmo assim a rapaziada dispersa com facilidade. Vamos ver, é um processo que leva tempo, o curso leva dois anos e eles chegam ao curso com muitas dificuldades e depois leva tempo até conseguir pô-los a funcionar melhor. Isto tem altos e baixos há os que estavam melhores e que agora estão um bocadinho piores, ou que já estiveram piores e agora já estão melhores outra vez houve outros que estiveram piores e que agora estão melhores há outros que tiveram mais ou menos na mesma sempre uns pela positiva outros pela negativa. Há um pouco de tudo.

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OR: Pensa que existe nos Cursos de Educação e Formação a necessidade de um maior apoio à acção técnico – pedagógica? Que tipos de apoio?

EN: Pois, eu o que acho é que antes do 25 de Abril e ainda mais um ano ou dois depois do 25 de Abril havia os chamados cursos técnicos a…, que ao fim e ao cabo eram cursos também, eram vocacionados para o profissional para as pessoas saírem ao nível de um 11º ano ou 9º ou 11º ano e arranjarem, irem trabalhar para fábricas para empresas, não prosseguiam os estudos superiores logo poderiam eventualmente depois prosseguir, mas na altura os cursos estavam dirigidos para as pessoas acabarem ao fim do 9º ano, 11º ano e irem trabalhar para empresas e depois nalguns casos excepcionais alunos melhores poderiam ir para os Institutos Técnicos, Institutos Superiores, e depois mais tarde acho que houve um esquema que também permitia saírem dai e irem para as Universidades se pretendessem no fim do curso superior técnico transitar para as Universidades houve ai uma altura em que isso era possível mas a nível de secundário e do básico havia as escolas técnicas eram mais conhecidas por escolas comerciais e escolas industriais, nas escolas comerciais eles aprendiam a trabalhar com as facturas, com as contabilidades, com a dactilografia aprendiam lá coisas da legislação laboral. Nos Cursos Industriais havia os Cursos Industriais ligados à electricidade, ligados à mecânica e outros ligados à construção civil, ligados à química etc., e a rapaziada aprendia, por exemplo, no caso dos da mecânica aprendiam a trabalhar com as máquinas que existem em qualquer fábrica de metalomecânica, pelo menos aquelas mais usuais e as escolas estavam bem equipadas com equipamentos bastante modernos para a época, ainda hoje há-de haver por aí oficinas que têm máquinas mais velhas do que as que estão nas escolas, ou estavam, não sei se já as levaram se não, e a rapaziada aprendia bastante nesses Cursos Industriais e não era preciso ser aluno repetente para ir para esses cursos técnicos tanto iam os bons como os maus, para o curso comercial a mesma coisa para o liceu a mesma coisa, iam bons como maus agora…, embora houvesse um bocado tendência as pessoas que tinham um bocado mais de dinheiro encaminhavam os filhos para os liceus, os que tinham menos levavam os filhos para os cursos mais práticos que eram os cursos que tinham emprego mais depressa para começarem a ganhar algum dinheiro para eles próprios ou para a família, mas nesses cursos aprendia-se bastante e estavam bem organizados e eram feitos nas escolas com oficinas montadas de propósito de raiz, com pavilhões feitos de raiz para aquilo, agora não, agora isto é…, estes cursos são dados pelo menos nas escolas públicas muitas do ensino básico são dadas em salas não há nenhuma oficina digna desse nome, por exemplo, se viesse para aqui algum curso CEF de mecânica ou electricidade era impossível que eles aprendessem alguma coisa de jeito, esta escola e as outras todas básicas, nenhumas têm laboratório. Oficinas para eles poderem mexer nessas coisas e estes na parte de informática pronto têm aí uma sala TIC, chamada a sala TIC que tem realmente vários computadores que tem não sei se 16 que eles têm se têm computador para cada um e podem exercitar-se bastante na área da informática só que muitos destes indivíduos foram escolhidos par o CEF porque eram alunos

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repetentes e já estavam a ficar fora da escolaridade obrigatória e os cursos de formação não podem ser só…, agora tudo o que não tem rendimento escolar vai para um Curso Profissional, como se nas profissões não pudessem haver tipos normais, a formação em Portugal está um bocado virada ao contrário, qualquer dia estes técnicos que são os técnicos que vão andar aí a reparar muita coisa a produzir pão, bolos e sabe-se lá o quê mais e foi o que foi seleccionado dos que havia pior nas escolas em termos de rendimento escolares e conhecimentos e de vontade de trabalhar etc., isto é estar agravar um bocado as coisas. Antes do 25 de Abril e ainda depois um ano ou dois havia estes cursos técnicos que não tinham nada a ver com o que estes são, naquela altura tanto tinham alunos bons como assim como mais ruins para os cursos técnicos, ia tudo, ia tudo e portanto, a rapaziada quando saia daqueles cursos como eles estavam muito bem organizados e havia oficinas bem montadas assim como aqui a Secundária, ou outros tinham pavilhões inteiros para a rapaziada aprender para mexer nas maquinarias e aprender a maquinaria pesada, não eram maquinarias de apertar para pesos, eram maquinaria pesada, existiam de raiz, havia professores adequados para ensinar aquelas matérias práticas e também tinham uma componente teórica, também tinham inglês, também se tinha o português e a história e aprendia-se coisas ligadas à legislação laboral, higiene e saúde no trabalho, também eram cursos bem dados e as pessoas quando chegavam ao fim do curso sabiam fazer umas coisas e chegavam a uma fábrica e eram capazes de ao fim de pouco tempo começar logo a produzir adaptavam-se ao que aprendiam, adaptava-se rapidamente nas fábricas e eram praticamente produtivos e eu lembro-me que nessa altura havia nas escolas a pedir pessoal desse tinham era que ter pelo menos 15 anos, já nessa altura se pedia rapaziada que tivesse completado os 15 anos, mas apareciam lá anúncios para o que agora já se chama doutra maneira mas era o equivalente ao que se chama agora Pt Telecom, à Sorefame que já não existe mas que em tempos era uma patente de metalomecânica, da Lisnave que era um dos maiores estaleiros navais do mundo nessa altura, mesmo agora felizmente ainda são dos maiores da Europa parece que estão a melhorar outra vez felizmente, tiveram quase a falir mas lá melhoraram. Eu lembro-me que muita gente que andava a estudar comigo nessa altura uns foram para empresas dos telefones, outros foram para empresas metalomecânicas, como por exemplo a Lisnave e houve até um que foi para o Laboratório Nacional da Engenharia Civil a começar por coisas simples mas estas coisas…, foi admitido lá e havia papéis nas escolas a oferecer empregos para essa malta. Porque aquilo era malta normal não eram aqueles alunos que tinham chumbado não sei quantas vezes, alguns deles antes de chegarem ao fim do curso acabavam por chumbar uma vez ou duas ou três sei lá mas eram dentro do curso em que andavam não iam para aquele curso porque haviam chumbado antes que é o que está agora a acontecer, os que vêm para estes cursos são os que já chumbaram não sei quantas vezes não me parece que seja grande caminho. Uma coisa é ter as escolas preparadas para isso desde o inicio já com pavilhões feitos, quando a escola foi feita já foram feitos aqueles blocos de propósito para aqueles cursos e está tudo organizado para receber pessoas consideradas normais digamos assim, não é alunos normais estes cursos são também caros são postos aí numa sala qualquer e vão buscar os alunos dos que andavam aí com mais dificuldades que chumbaram mais vezes que estavam quase

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fora da escolaridade obrigatória ou já estavam mesmo é com esses que se estão a formar profissionais que um dia vão arranjar as mais diversas coisas muitas delas de responsabilidade. Não quero dizer que estes não tenham que ter uma saída também, têm que ter, é justo que tenha. Não se pode é pôr os cursos todos profissionais a funcionar desta maneira os cursos técnicos começaram logo a partir do 7º ano, a pessoa até ao 2º ciclo era tudo igual, depois a pessoa escolhia, ia para o curso comercial ou ia para o curso industrial ou ia para o liceu, tudo quanto eu me lembro era assim e portanto 7º, 8º, 9º, 10º e 11º era tudo corrido na parte profissional e não iam para lá os indivíduos que já tinham chumbado não sei quantas vezes no 3º ciclo os que iam para lá eram alunos normais uns já tinham chumbado outros não a maior parte nem teriam nunca chumbado. Já muita gente disse, foi e está a ser um dos grandes problemas em Portugal a falta de escolas que formem realmente profissionais.

OR: Poderia dizer como é feito o acompanhamento do processo formativo dos alunos/formandos?

EN: Nós reunimos todas as semanas uma hora e meia a todas as quartas-feiras para analisar o que é que se está a passar em cada disciplina e para actuarmos em conjunto dentro do que é possível, todas as semanas nós vemos o que é que se passou em cada disciplina e procurar arranjar maneiras das coisas melhorarem.

OR: Como pensa que é promovido o sucesso destes alunos/formandos?

EN: Pronto, com estes alunos nós temos que baixar a bitola tremendamente porque se nós fossemos a levar as coisas ao mesmo ritmo que se leva no ensino normal escapava muito pouca gente nós temos que fechar um bocado os olhos às fraquezas deles porque senão nunca mais paravam de chumbar, procuramos dar-lhes alternativas, facilitar-lhes a vida e pela parte que me toca procuro que eles vão ao quadro que intervenham nas aulas e vou aproveitando isso para a avaliação deles também porque senão se for olhar só para os testes não dá, há alunos que até trabalham nas aulas fazem tudo que podem mas não conseguem fazer nada de jeito nos testes eu ponho-lhes o teste à frente com coisas quase iguais às que foram feitos nas aulas e até alguns iguais e é só vê-los a espalharem-se se eles têm muitas dificuldades com os testes por isso é que há as outras alternativas que é os trabalhos individuais, por enquanto têm sido os trabalhos individuais mas uma vez ou outra também se poderá fazer trabalho de grupo mas neste momento o que eles têm feito é individual quer os sólidos geométricos, que é o trabalho que vão fazer agora com as equações é tudo individual mas podem fazer em casa e nas aulas vão fazendo é diferente de estar nos testes.

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OR: Que formação específica, ou que tipo de formação, ou em que área pensa que deveria ser proporcionada aos professores que vão leccionar nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Eu estava a pensar, eu não recebi formação nenhuma. Eu é que vou me formando vou-me adaptando aos alunos que já tenho já sei que são alunos com muitas dificuldades e por isso não posso exigir demais tenho que ir procurando apanhar as coisas pelo lado mais fácil e puxa-los a partir daí, vou vendo, vou pondo as coisas mais fáceis e depois vou acrescentando o grau de dificuldade até ao ponto que eu acho que ainda conseguem ir, quando vir que já não conseguem ir não vale a pena puxar mais para quê, estamos ali só a perder tempo.

OR: Em relação aos professores dos Cursos de Educação e Formação pensa que eles deveriam ter alguma formação para irem dar este tipo de cursos?

EN: Eu também não sei, eu também não sei dizer nada de especial porque isto são situações novas não é? Há poucos anos, atrás, pelo menos pela experiência que eu tenho tido eram poucos os alunos, nas várias turmas não haviam CEF’ s nessa altura eram todos turmas consideradas normais e nas várias turmas que fui tendo ao longo dos vários anos e…, lá havia um ou outro aluno que não queria fazer nada e esses alunos que não queriam fazer nada numa maneira geral também não perturbavam o andamento às aulas, agora as coisas estão muito diferentes agora em qualquer turma parece que há sempre bastantes que não querem fazer nada ou pouco mais do que nada e uma boa parte também são um bocado perturbadores, não são capazes de estar calados, de estarem sentados, tem que se estar sempre a mandar calar, mandar sentar e até a fazer participação de vez em quando chega a um ponto que a pessoa já não arranja outros meios, tem que o pôr na rua e fazer participação, as coisas têm-se agravado um bocado e também por isso começa haver necessidade de haver estas turmas especiais para procurar receber esses alunos que no ensino normal não conseguem fazer nada, não conseguem eles fazer e muitas vezes não deixam fazer os outros mas há indivíduos que estão sempre nas turmas normais e que perturbam bastante e que lá se vão aguentando um bocado pendurados pelas pontinhas, não é lá se vão aguentando mas também são perturbadores e também não têm grande rendimento mas lá conseguem os mínimos, lá vão conseguindo os mínimos, em parte devido ao sistema que está montado porque em tempos que já lá vão havia mais gente a chumbar não era só os do CEF, havia mais CEF’ s, teria que haver mais CEF’ s. Há muitos que estão a passar sem saber quase nada mas isso é público só não sabe quem não quer. Pronto e a coisa está a ficar cada vez pior e é aí que chega a necessidade de haver turmas CEF e qualquer dia se a gente se descuida metade das turmas que há na escola são turmas CEF. Nessa altura não sei o que é feito do País. Para haver cursos verdadeiramente profissionais as escolas deveriam ter condições específicas só para estes cursos a começar por casa, instalações próprias só para estes cursos, isso já houve em tempos que já lá vão, deixaram acabar com tudo, acabaram com esses cursos

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e muitos dessas máquinas estão estragadas, estão avariadas estão não sei para onde deixaram destruir muitas coisas que foram feitas e que tinham sido muito bem feitas atamancaram com estes cursos. Eu acho que se deviam ir buscar outra vez os conhecimentos de à uns anos atrás, dos cursos técnicos, das Escolas Técnicas. É ir buscar esses conhecimentos que andam para aí perdidos não sei onde para reactivar os cursos técnicos acho que era assim é que se devia resolver o problema. Se bem que há também um problema na sociedade que é este o de aparecerem mais alunos a não quererem fazer nada a comportarem-se mal nas salas e que realmente não se sabe muito bem o que se há-de fazer com eles e se calhar vai haver mesmo necessidade de haver estas turmas só que se houvesse um curso técnico a funcionar no ensino básico se houvesse cursos técnicos a funcionar logo no ensino básico pelo menos uma parte da rapaziada que está a fazer cursos técnicos eram tipos normais, chamamos assim, não eram só os CEF’ S, neste momento só os CEF’ S, acho que é uma coisa que está um bocado errada, mas que sou eu para dizer mais coisas, eu cá para mim há qualquer coisa de estranho nisto tudo, acho que os cursos técnicos antigos funcionavam bastante bem porque é que acabaram com eles é uma coisa que eu nunca entendi pelos vistos as associações patronais também nunca entenderam, porque eles precisam, já disseram isso já não sei quantas vezes publicamente que precisam de gente formada em condições para poder ir para as fábricas a trabalhar com o equipamentos que cada vez mais são mais sofisticados, para trabalhar com esses equipamentos. Ainda no outro dia li uma entrevista do … Marques, salvo erro, que era um dos grandes dirigentes de uma associação patronal portuguesa, portuense ou qualquer coisa assim, em que ele dizia que se fala muito do choque tecnológico e em as empresas adquirirem equipamentos mais modernos e tal e depois ele dizia e onde estão os técnicos para trabalhar com esses equipamentos? Se a maior parte dos nossos operários têm a 4ª classe ou o 6º ou uma coisa dessas muitas vezes mal tirado! Nem sabem ler nem escrever, a quase, vão trabalhar para quê, vão pôr aí industrias, aeronáuticas e aeroespaciais e põem lá quem?

OR: Há alguma formação que achava que gostaria de ter a curto prazo?

EN: Pois, era interessante receber alguma formação, isso sem dúvida mas se calhar não há ninguém com capacidades para formar a esse nível, andamos aqui todos a aprender com estas novas condições, provavelmente é isso que está a acontecer, não sei o que se passa noutros países, outras experiências noutros países com mais pedalada que o nosso e que se pudesse ir buscar a experiência nesses países. É que há outros países que têm muito mais gente têm outra capacidade económica, têm mais gente, tem aquilo que se costuma chamar massa crítica, não é?! Nós temos uma população relativamente pequena e é aquilo que a gente sabe e pronto e há outros países onde há coisas piores que há cá mas há coisas melhores e nós podemos aprender com esses indivíduos, talvez com os alemães que são indivíduos sempre muito virados para as tecnologias e para as ciências talvez com esses pudéssemos aprender alguma coisa, eles se calhar tem lá problemas parecidos com os nossos poderão ter lá alunos com

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dificuldades parecidas com os nossos e poder-se-ia aprender com esses. Nós aqui nas escolas andamos um bocado perdidos não se chega a saber bem o que é isto, sabemos que apareceram aí uns cursos e que são sobretudo para os alunos que estão fora de escolaridade obrigatória e que já chumbaram não sei quantas vezes temos novos alunos com muita pouca vontade de aprender e com muitos poucos conhecimentos ou as duas coisas juntas e também não há uma organização montada para pôr isto a funcionar de uma forma mais eficiente por exemplo na escola só há uma turma CEF e portanto enquanto antes nas escolas técnicas havia os cursos comerciais, havia cursos industriais, havia escolas que eram só escolas técnicas e que chegavam a ter mil alunos e aí é totalmente diferente, havia não sei quantas turmas e os currículos estavam todos adaptados àquele tipo de aluno, aos cursos técnicos, estava tudo organizado nesse sentido. Agora aqui as coisas vêm montadas do Ministério nós numa forma, como é que eu hei-de dizer aos remendos, por exemplo os alunos não têm livros nós é que temos que andar aqui a arranjar coisas para eles se orientarem, antigamente nos cursos técnicos não era assim que as coisas funcionavam cada disciplina tinha os seus livros, levava-os para casa e estudavam por esses livros tinham uma coisa que os orientava, agora aqui andam sem livros como é que pode funcionar um curso sem livros sem algumas coisas que os oriente realmente bem, temos que tirar uma coisa daqui outro dali, outra de outro lado, o programa deles é uma mistela eles em dois anos dão o 7º, 8º, 9º e, em dois dou o 7º, 8º, e o 9º o que é que quer dizer? Quer dizer que estão a apanhar matérias de vários livros e agente tem que andar em vários livros a tirar fotocópias e depois há o problema das fotocópias que às vezes não há verbas para as fotocópias e temos restrições nas fotocópias também não sou eu que as vou pagar do meu bolso, portanto até mesmo com as fotocópias há dificuldades mesmo que os alunos queiram estudar de uma forma organizada como é que podem estudar se não tem nada organizado, teria que haver manuais próprios para isto, dantes havia nos cursos técnicos livros, em todas as disciplinas havia livros, e as pessoas sabiam por onde é que haviam de estudar, quando iam para casa para estudar para os testes, eles agora vão seguindo pelas fotocópias mas é uma coisa que não está integrada não há um manual feito de propósito para eles de forma integrada é uma coisa um bocado atamancada, os CEF’ s são um bocado atamancados, aqui, felizmente não temos grandes problemas mas houve-se falar noutras escolas em várias zonas do país que são um desastre, não é?! Aquilo não presta para nada! O nosso Ministério é uma grande desorganização não é, portanto dali normalmente não vem grande coisa em tempos pelo menos na parte dos cursos técnicos as coisas, do meu ponto de vista, as coisas funcionavam à anos do que são estes CEF’ s não tem nada uma coisa a ver com outra, agora porque é que acabaram com eles e entretanto se lembraram de vir com os cursos CEF’ s, isso não sei não sou responsável por essas matérias limito-me a observar que existem cursos CEF’ s e que me perguntaram se eu queria lá ir dar as aulas e eu não achei que devesse recusar assim como dou a uns também devo dar aos outros até agora não tenho grandes razões de queixa já tive algumas turmas normais que são piores que as turmas CEF que tenho tido, também ainda só tive duas as únicas duas que houve nesta escola a…, em relação ao comportamento não tenho tido grandes problemas o que noto é que duma maneira geral é que eles são mais fracos no aproveitamento do que nas turmas

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normais. O que eu gostava é que no Ministério e assim como à algum tempo atrás, houvesse alguém que organizasse as coisas não sei porque é que há tantos milhares de pessoas a trabalhar no Ministério não vêm organizar em lado nenhum. Basta ver a confusão que anda por aí agora com as avaliações dos professores é tudo uma bagunça pegada e eu não sou saudosista do antigamente, mas a verdade é que esses cursos técnicos funcionavam bem e os alunos tinham livros nas disciplinas todas basta ver isso e havia pavilhões feitos de raiz feitos nas escolas, havia escolas inteiras feitas de raiz para serem escolas técnicas é o caso aqui da Secundária. Agora, porque que é que deixaram ir aquilo tudo por água abaixo para agora de repente começarem a pensar nos cursos CEF e afinal em moldes muito diferentes porque dantes qualquer aluno podia ir para os cursos técnicos, agora vão para os cursos técnicos os indivíduos que nos cursos normais, não andam para a frente.

OR: Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência?

EN: Gostei, enfim, de vez em quando falo isto com outros colegas e com outras pessoas mesmo fora da escola faço mais ou menos os mesmos comentários, as coisas são como são.

OR: Tem alguma sugestão a fazer? Gostava de acrescentar mais alguma coisa?

EN: A sugestão era que as entidades oficiais se organizassem, essa é que é uma grande sugestão, porque isto é o que se costuma dizer é um país sem rei nem roque, é uma desorganização geral, então as coisas hoje são de uma maneira, amanhã são de outra e no dia a seguir são de outra ainda e assim ninguém se organiza estamos sempre a mudar tudo a toda a hora conforme lhes apetece.

OR: Obrigada! EN: De nada.

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 22 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR F

ORIENTADOR (OR): Se tivesse que explicar a uma pessoa, por exemplo a um médico, o que são os cursos de Educação e Formação, como o faria?

ENTREVISTADO (EN): Vou falar mais em termos concretos, aquilo que, se calhar, se aplica, ao que está acontecer com os Cursos de Educação e Formação, eu sou um bocado crítico, pronto, não vou pegar para que é que é ou não é, isso está na legislação e eu tenho conhecimento mas o objectivo de fazer aquilo é o que não está a ser cumprido neste país. Pronto, então, os Cursos de Educação e Formação são entre aspas uma oportunidade diferente para alunos que não tiveram sucesso escolar que poderiam estar em situações de abandono, que poderiam estar em situações já de reprovações repetidas a…, e também alunos com dificuldades que no ensino normal, regular não estaria adequado para prosseguir e conseguirem fazer o 9º ano seria nessas de duas vertentes alunos com insucesso e alunos com dificuldades. O que realmente acontece mesmo se calhar será umas das perguntas que me irá fazer é que a maioria dos alunos que estão nos Cursos de Educação e Formação são os alunos que tiveram insucesso escolar derivado ao seu comportamento e quase há uma clivagem de alunos se formos a uma turma de quinze se houver três alunos que realmente sejam aqueles que tinham necessidades, que teriam ter uma formação deste âmbito, o resto são quase todos alunos com problemas disciplinares e que tentaram entre aspas tirarem-nos do regular para pô-los no CEF, é isso que acontece.

OR: Na sua vida profissional como porque surgiu a oportunidade de exercer esta função nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Normalmente, os Cursos de Educação e Formação são sempre o último serviço numa escola que ninguém quer, obviamente já se sabe, se reparar no quadro da escola, ou na maior parte das escolas, ou são as escolas em que isso, aí já não há, se é uma escola em 80% seja CEF’ s e profissionais, ai não há hipóteses o serviço tem que ser, aqui surgiu, pronto, porque o serviço foi distribuído e eu como sou provisório aqui não é, o serviço, quer dizer nem foi a pessoa que pediu não ter CEF, mas entrou algum do

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quadro ou que não seja do quadro, alguém de fora ou menos graduado ninguém diz, ai quero o CEF, o CEF está para mim, e o acaso que acontece muitas vezes porque se reparar os CEF’ s ficam sempre para quem é de fora ou para quem é menos graduado e que não tem possibilidade de escolha, ninguém diz “Ai quero o Curso de Educação e Formação.”, ninguém diz isso.

OR: Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e aquela que agora tem nesta nova função?

EN: Diferenças, é que…, há sempre um acréscimo dos problemas que já se viveu no ensino regular, há um acréscimo de indisciplina, há um acréscimo de desmotivação, há um acréscimo de falta de trabalho, ou seja podemos aumentar sempre mais do que tudo o que já está mal no regular que já é abundante no ensino básico, não é?! Há sempre mais isso são essas dificuldades acrescidas porque lá está, estão já lá os alunos que não tiveram sucesso e que não tiveram interesse pela escola e não querem ter interesse e não querem e continuam a não ter. São as mesmas dificuldades no ensino regular só que muito mais acrescido porque não conseguimos diluir aquilo porque quase toda a turma é assim, por exemplo, a turma que eu tenho e nas turmas desde o princípio que tenho ouvido falar pessoas é assim.

OR: Em que medida é que o professor/formador dos Cursos de Educação e Formação, participa na organização desses cursos?

EN: Não participo no curso, este curso é a repetição do ano anterior, já de à dois anos este é um curso de dois anos e não intervim na organização do curso.

OR: Como professor/formador ao longo do curso prepara e realiza as suas aulas de forma diferente em relação às aulas das turmas da escola dita regular?

EN: Sim, tem que ser. Obrigatoriamente, há situações que fazem logo com que isso seja diferente primeiro como não há um manual faz logo uma diferença depois na disciplina que me toca …, isto são alunos que têm que ter uma componente muito prática não se pode ter estes alunos numa aula extremamente teórica, têm que ser preparados muitos materiais porque são alunos que têm muitas dificuldades muitas lacunas a redigir a preparar resumo, uma síntese não se consegue tem que ser materiais muito diferentes, muito mais produzidos são alunos com muitas dificuldades é sempre preciso uma maior preparação intensiva do que se vai fazer porque se isto não acontecer as aulas praticamente não existem, tem que se arranjar alguma coisa que se motive, com o que os distraia com que os ocupe porque uma aula mais formal numa turma regular às vezes tem que acontecer não podemos ter sempre aulas com estratégias diversificadas e

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por vezes têm que ser mesmo teóricas, não há outra possibilidade, aqui é muito complicado. E a outra coisa é também tentar levar e criar estratégias que lhes digam alguma coisa porque já são alunos com pouca motivação e que se calhar, pronto estes são de informática eu se lhes levo lá a Físico-Química a eles não lhes interessa para nada tem que ser muitas coisas do dia-a-dia deles e que tenham relação com o curso e que eles tenham algum interesse por aquilo porque senão não se esforçam praticamente nada.

OR: Avalia de forma diferente estes alunos/formandos? Como?

EN: Há factores diferentes. De facto não se dá tanto importância à avaliação sumativa aos testes mas dá-se mais a uma avaliação mais formativa mais continua em termos de caracterização daquilo que eles fazem dentro da sala de aula, ou seja, está muito mais distribuída pelo trabalho que desenvolvem não é do que propriamente por um elemento de avaliação que seriam os testes.

OR: Uma articulação interdisciplinar neste contexto é aconselhável? E é viável? EN: É bastante aconselhável e por vezes torna-se viável depende dos assuntos que se está a dar, lá está, se eles estão num curso de informática tudo o que eu puder obriga-los entre aspas a utilizar os recursos ligados à informática eles gostam ou seja é muito bom que isto assim aconteça porque lá está, é uma outra forma de motivar e de os agarrar um bocado a assuntos que a eles não lhes diz nada nem querem que lhes digam, eles perdem um bocado o interesse, isto para que é, que serve é que se eles às vezes já estão desmotivados em mexer em computadores e montar computadores que é o objectivo deste curso, não é, quanto mais eu que tenho que lhes dar material que não lhes dizem nada para o futuro, isso também já é uma questão de currículo, é necessário um currículo base mas esta parte cientifica não lhes diz muito.

OR: Pensa que existe nos Cursos de Educação e Formação a necessidade de um maior apoio à acção técnico – pedagógica? Que tipos de apoio? EN: Sim, acho que nestes Cursos de Educação e Formação, às vezes, a…, seria necessário às vezes, até pode ser um acompanhamento daqueles alunos partilhado por um técnico para os motivar mesmo um psicólogo para estes alunos mas se já não existe psicólogo para os alunos do ensino normal, que não os há, quer dizer há-os mas não os contratam, nestes alunos que têm uma serie de problemas mais isso se aplicaria. Depois em termos de professores nós…, por vezes, isto existe quase um esquecimento e há muitas dificuldades mesmo na técnica pedagógica, mesmo no cumprimento da legislação do que se deve fazer muitas vezes isso nos acontece, quer dizer é por experiência que as pessoas vão ganhando algum traquejo como é que funcionam os

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cursos o regime de faltas, a avaliação, mesmo situações em que tenham que fazer um exame, situações de aprovação ou de retenção aí haveria de haver sei lá uma formação ou mais apoio quase este tipo de ensino possa à parte da escola se vão perguntar a um professor se sabe como é que são avaliados os alunos do CEF como é o regime de faltas, não sabe, que estejam fora não sabe, basicamente isto é formação e não a esse nível poder-se-ia fazer como é no ensino haver uns manuais já que é uns módulos de apoio às disciplinas acho que uns manuais seria interessante, acho que os deixaram entre aspas de os fazer, como já havia antigamente neste tipo de ensino, poderia haver, seria útil.

OR: Em relação ao percurso formativo dos alunos como é acompanhado? E o sucesso é promovido?

EN: A…, em termos daqui da escola temos sempre aquelas reuniões pedagógicas, são deliberadas e são visados todos os procedimentos para tentar levar os alunos a serem acompanhados com estratégias novas ou actividades novas para os motivar para trabalharem, para superarem dificuldades, como têm muitas dificuldades há sempre isso mas acho que, uma coisa muito importante neste curso, se estamos a fazer um Curso de Educação e Formação e o objectivo é que eles saiam com alguma capacidade depois de terem equivalência ao 9º Ano, muito importante é conseguir dar-lhes uma saída profissional, e então acho que é muito importante porque nas escolas, o que acontece, em muitas das delas que, entre aspas, investem em Cursos de Educação e Formação que tenham facilidade em proporcionar um estágio, e que esses estágios sejam viáveis, para aproveitar, se calhar, os melhores, vão ter muitas oportunidades para acompanharem o percurso não só quando eles acabarem sentirem-se um bocado responsáveis pela colocação desses alunos, para quê esta formação, se eles acabarem e não fazem nada não conseguem nada acho que isso.....

OR: Agora gostaria de saber se existe, se acha que existe alguma relação entre as dificuldades encontradas quando lecciona nos Cursos de Educação e Formação e a formação que recebeu para o desempenho desta nova função.

EN: Não, eu considero que actualmente não há uma dificuldade, porque o tipo de alunos que já encontramos, nos anos que dou aulas os problemas que temos de um lado já temos do outro só que aqui eu já vinha preparado para isto porque comecei logo cedo apanhar isto, agora se calhar a pessoa já tem mais tempo de serviço, que estava habituado a outro tipo de ensino, outras potencialidades de se efectuar isto, e de terem outro sucesso, isto é difícil. Isto são situações muito diferentes, difíceis. Ora eu já vinha um bocado entre aspas anestesiado, porque estas mesmas coisas que tenho no CEF já tive diluídas noutras turmas e noutras escolas, logicamente já fui preparado mais para a indisciplina do que outras situações que não vinha tão bem preparado para alunos com dificuldades já não é algo que seja tão negativo em termos da disciplina não estou

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a ver falta de preparação nisto agora o que agora considero é que quem num curso mais anterior mais antigo já nota, houve muita mudança no tipo de alunos.

OR: Que formação específica, ou que tipo de formação, ou em que área pensa que deveria ser proporcionada aos professores que vão leccionar nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Sim, sim, sim, sim. Formação para preparar para lidar com estas situações desde a indisciplina à desmotivação, estratégias para superar isto para…, formas de…, se eu for ler o programa muitas estratégias que lá dizem mais vale estar quieto, porque aquilo parece que é para o ensino de alunos que são muito bons, e precisamos de muita formação nesse sentido, situações de como é que vamos fazer com este tipo de alunos e em termos também da aplicação da legislação e também é muito importante mesmo às vezes passam-se reuniões a discutir se é assim se é assado e depois é preciso telefonar para a DREL e depois um diz que é assim e depois outro…, a todos os níveis a formação seria necessária.

OR: Há alguma formação que achava que gostaria, que tivesse interesse de ter a curto prazo, para leccionar nos Cursos de Educação e Formação?

EN: Sim. Estaria mais interessado em aspectos da aplicação das estratégias para este tipo de alunos não muito na parte ligada aos planos e outra que teria interesse seria o funcionamento destes cursos, a sua organização. O projecto da candidatura, a organização toda desde o inicio até ao final, isso gostaria, porque tenho particular interesse em saber e também porque normalmente é algo que acho que a esse nível as pessoas têm interesse nessa formação nota-se muito nos comentários das pessoas que estão habituadas ao regular e aqui as coisas são diferentes e vão aprendendo por arrasto só e depois tem que se aprender mesmo como é que é.

OR: Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência?

EN: Sim, gostei, só gostaria de acrescentar é que o que está acontecer com os CEF’ s neste país é que se calhar já ouviu muita coisa que é o formato dos CEF´ s, é os alunos indisciplinados vão para ali e alguém que os ature e que faça alguma coisa deles é só isso, porque o objectivo não era este, não é?! Eram novas oportunidades para todos, era só isso.

OR: Obrigada!

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A entrevista que se segue teve lugar no dia 25 de Fevereiro de 2008, em Santarém, a um professor de uma Escola do concelho daquela cidade. O tema da entrevista foi sobre a formação dos professores que leccionam nos Cursos de Educação e Formação, onde visamos conhecer quais as necessidades de formação dos professores destes cursos. A entrevista seguiu um guião pré-elaborado onde se explicitam os objectivos gerais e específicos desta tarefa. A entrevista foi gravada e transcrita integralmente, com a autorização expressa do entrevistado, a quem foi assegurada a total confidencialidade do conteúdo da mesma.

ENTREVISTA AO PROFESSOR G

ORIENTADOR (OR): Para começarmos gostava que imaginasse a seguinte situação: Se tivesse que explicar a alguma pessoa por exemplo a um médico, a um engenheiro, o que são os cursos de Educação e Formação, como o faria? ENTREVISTADO (EN): Cursos de Educação e Formação são cursos supostamente virados, mais dedicados, a uma vertente profissional onde crianças ou adultos, podem ter uma vertente profissional tipo informática, electricidade ou pessoas que não têm pretensão de seguir estudos e vão tirar um curso, com uma vertente profissional, que possam a seguir ter uma profissão em que têm cadeiras teóricos como tem na escola porque o curso dá – lhe equivalência ao 9º Ano ou ao 12º Ano e têm as cadeiras mais práticas e as cadeiras dirigidas para eles aprenderem o que querem, até algumas cadeiras teóricas algumas são mais viradas para a área deles. Quer dizer, a nível, nos cursos de Educação e Formação já há um estereótipo de as disciplinas teóricas para todos os cursos, num curso tipo aprendizagem já é um programa mesmo específico para eles. Não sei se fui muito confusa. OR: Na sua vida profissional como e porque surgiu a oportunidade de exercer a função de formador nos cursos de Educação e Formação? EN: Fui pondo currículo nos Centros de Formação, fui chamada para dar formação. Sou professora e como não consigo emprego no ensino oficial, tenho dado formação e foi assim que a oportunidade surgiu. Nada de especial. OR: Que diferenças encontra entre a sua experiência anterior e esta nova situação de trabalho nos Cursos de Educação e Formação? EN: Enquanto que, no ensino nós temos turmas grandes às vezes com um máximo 30 alunos, em que somos obrigados a cumprir o programa à risca e que não podemos esperar pelos alunos que têm mais dificuldades. Os alunos dos Cursos de Educação e Formação são alunos com mais dificuldades em que a gente pode adaptar o programa, podemos ir ao ritmo deles, não temos a exigência tão grande de cumprir o programa mas temos a exigência de fazer com que eles tenham sucesso às vezes até passamos do

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8 para o 80, em que até facilitamos demais, infelizmente, mas que vamos ao ritmo deles, vamos puxando por eles, arranjamos estratégias, fazemos testes de recuperação, fazemos actividades de recuperação, fazemos trabalhos, adaptamos o programa à turma e temos no máximo 15 alunos, geralmente não mais de 15 alunos numa sala o que faz muita diferença, porque é menos de metade.

OR: Em que medida é que o professor/ formador participa na organização dos Cursos de Educação e Formação? EN: Hum....... na organização nós não participamos, nós praticamente, dão-nos a proposta para dar aquele currículo, a gente faz a planificação e não participamos na organização, praticamente dão – nos as coisas, e a gente organiza e dá é as nossas aulas.

OR: Durante o curso prepara e realiza as suas aulas de forma diferente em relação às aulas da escola dita regular? EN: Sim, como eu disse, eu adapto às dificuldades dos alunos. Se calhar, perco mais tempo a explicar a matéria, àqueles que têm mais dificuldade. Muitas vezes são exigidas bases que eles não têm, que deveriam ter apanhado no ensino regular e não apanharam, porque geralmente são alunos com dificuldades. No caso dos jovens são alunos que não se deram bem na escola no caso dos adultos foram alunos que desistiram de estudos e agora voltaram para a escola, para a formação, foram tirar o 12º. Lógico que não podemos dar da mesma maneira, damos como, quanto mais, tentamos dar as coisas mais práticas usando muitos trabalhos, ao nível de trabalhos de pesquisa e um bocadinho mais facilitado.

OR: Avalia de forma diferente estes alunos / formandos? Como? EN: Ah.... a nível pessoal dou-lhes muitos trabalhos, dou-lhes e faço mais testes e com eles uso um sistema em que logo que dou uma matéria dou logo um exercício para avaliação depois do outro bocadinho de matéria, de seguida dou outro exercício para avaliação. É o mais fácil para eles do que acumular muita matéria, tenho mais tempo para fazer isso, dão – me mais tempo não tenho a obrigação de cumprir o programa na risca e que me permite fazer isso porque perde – se muito tempo a fazer exercícios para os avaliar, para ver as dificuldades porque quando eles têm dificuldades nesse exercício para a próxima matéria volto a explicar, arranjo várias estratégias, procuro maneiras de os motivar. Geralmente, como adapto o programa não tenho dar rigorosamente o que está lá, mas posso ir buscar coisas que na minha área da Informática que se adaptam ao programa e que se lhes possa puxar à curiosidade. Por exemplo, numa determinada matéria, em vez de dar normalmente, posso ir buscar exemplos que eles dominem, que possam mostrar mais interesse e posso ir buscar

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exemplos que sejam mais concretos da vida deles. Não tenho que ser rigorosa, e há muita ideia que eles têm que passar as etapas e se eles não são capazes arranjamos estratégias para eles passarem.

OR: Uma articulação interdisciplinar neste contexto é aconselhável? E se é viável? EN: É assim, eu acho que uma articulação interdisciplinar é sempre aconselhável seja numa escola, no ensino normal seja aqui porque acho que é importante que os professores comuniquem, que falem das dificuldades uns com os outros porque às vezes nesses cursos são turmas muito difíceis e agente julga que somos os únicos que é muito difícil ensinar estes miúdos que são completamente desmotivados, que não querem saber de nada, julgamos que estamos sozinhos e quando na verdade não estamos o vizinho do lado, o outro professor, está a sentir as mesmas dificuldades. Isso tanto, eu acho que quer para qualquer tipo de ensino, deve haver, uma articulação entre os professores, os professores devem comunicar, devem falar para que trabalhem juntos. Agora acho muito complicado porque os professores são muito individuais têm muito medo de mostrar ao colega as suas verdades, mostrar que não são capazes, têm muito medo de mostrar isso, que não são capazes de mostrar que têm dúvidas, que têm dificuldades. Têm medo de serem atacados pelos outros professores e não acho que seja viável porque há essa cultura. Embora, qualquer experiência, tentativa de se fazer isso, deva ser feita, porque é um passo que se dá no caminho de se fazer isso principalmente nestas turmas e muito fácil a gente, como são muito maus, descobrir e conversar, e como são turmas difíceis que exigem estratégias novas, estratégias diferentes, como são miúdos muitas vezes com aversão à escola, que o simples facto de abrir um caderno para eles escrever um sumário é uma coisa terrível, lembra a escola. É bom partilhar estratégias, saber coisas que resultam e o que é que não resulta, é muito bom.

OR: Pensa que existe nos Cursos de Educação e Formação a necessidade de um maior apoio à acção técnico – pedagógica? Que tipos de apoio? EN: Há, há! Há equipa técnica pedagógica, há, mas de qualquer maneira, como numa escola normal é o que é preciso e não há. Acho, eu, pelo menos sinto que à vezes com as turmas mais complicadas, gostaria de saber como lidar com elas. Mas, também uma técnica pedagógica que para mim seja teoria e que não me tira nada de concreto, também não me serve para nada. Acho que sim, são miúdos que exigem um maior apoio quanto para os professores como para os alunos pois são complicados.

OR: E que tipo de apoios?

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EN: Tipos de apoios a nível dos formadores, é assim, acho que nós não somos preparados para lidar com nenhum tipo de alunos. Estamos todos preparados para um aluno mediano que não existe e estes alunos, são alunos com necessidades especiais. Ou temos alunos que não querem saber de nada, temos alunos com muitas dificuldades de aprendizagem e que tu não sabes que dificuldades é que ele tem, e quais são as estratégias e que tipos de apoio, deves dar. Por exemplo, um aluno com dislexia, um aluno com défice de aprendizagem. É assim, nós não estudámos, não sabemos como é que trabalhamos com esses alunos, se calhar convinha ter um professor, ou alguém que nos dissesse que com este tipo de alunos se deve fazer isto, eles tem dificuldades nisto e nisto. Nós temos que estar ali às vezes temo-los a frente e tu é que tens de descobrir as dificuldades dos alunos e eles para estarem ali, com certeza alguém já fez um estudo um acompanhamento daqueles alunos outros professores anterior já trabalharam com eles e viram as dificuldades deles, e às vezes nem sequer as detectam. Se calhar, era importante que houvesse um dossier pedagógico daqueles alunos com mais dificuldades, para se ver onde estes têm dificuldades se tem défices de atenção se detêm défices de aprendizagem, e quais são as estratégias melhores ou como se deve actuar com estes miúdos. Isso é importante, como é que se deve orientar com esses alunos. É isso, digamos, porque cada caso é um caso, não há coisas gerais, mas podemos catalogar certos tipos de dificuldades. É que temos ali os alunos nos Cursos de Educação e Formação, e a verdade é esta, temos alunos com todo o tipo de dificuldades e ás vezes numa só sala com uma data de dificuldades e é preciso saber como se lida com esses miúdos, nós não somos especializados em educação especial e o que temos no curso foi muito pouco. Alunos com apoios especiais, não sabemos temos que descobrir por nós, temos que aprender por nós, se calhar poupava-nos trabalho, ajudava-nos imenso, porque às vezes deixamos esses alunos para trás porque temos que nos preocupar com os outros alunos que também já tem muitas dificuldades. Uma orientação.

OR: Poderia dizer como de que forma, é feito o acompanhamento do percurso formativo dos alunos/formandos, neste caso? EN: É assim, o acompanhamento que eu faço, sou eu que o faço na minha disciplina é essencialmente porque eu tenho uma disciplina que exige algum raciocínio, eu dou muitos exercícios práticos, ou chamo ao quadro, ou vou de lugar a lugar ajuda-los a resolver os exercícios, eu dou-lhes muitos exercícios porque é só a única maneira, eles precisam de fazer muitos exercícios práticos para compreender muito mais que no ensino normal que não temos tempo para fazer tantos exercícios mas dou-lhes muitos exercícios, alguns evoluem, tanto que muitos deles chegam ao pé de mim sem capacidade de abstracção não são capazes de resolver um problema prático não são capazes de pensar com alguma abstracção e a tecnologia ajuda a isso, desenvolver essa capacidade, pensar abstracto, resolver problemas, mas há alunos em que é muito complicado, alguns não sabem ler, somar e isso é muito complicado. Pronto, é o que disse fazemos muitos exercícios práticos, como são umas turmas pequenas dá para

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fazer um apoio mais individualizado a cada aluno se eles têm muitas dificuldades se tem muitos testes, trabalhos negativos, a gente corrige o teste, para tirar dúvidas faz outro, faz outro teste recuperação e às vezes até testes muito parecidos, vamos dando... e acho que se dá muito mais apoio nos Cursos de Educação e Formação do que no ensino normal também nos dão mais liberdade, mais espaço para se poder fazer isso que no ensino normal. No ensino normal nós somos contabilizados se cumprimos o programa ou não, não interessa se os alunos aprenderam, ou não aprenderam.

OR: Como pensa que é promovido o sucesso destes alunos/formados? EN: É assim, como eu disse há bocado chegou-se um bocadinho do 8 ao 80 na escola o que se dá é muito pouco apoio ou facilita-se demais, acho que infelizmente, tendo em conta que se dá muito apoio e por vezes passa-se muitos alunos que não merecem que não fazem o mínimo de esforço. Acho que se facilita demais, como eu já disse, é feito muitos trabalhos, muitos exercícios, feitos muitos testes dá-se muitas maneiras de eles poderem tirar positiva há disciplinas onde se faz só com trabalhos, não é o caso da minha, só se o aluno não fizer nada mesmo, está na sala e não fizer nada, não escrever e não trabalhar é que tira negativa. Ou seja, praticamente ele só chumba se quiser. OR: Gostaria de saber se acha que existe alguma relação entre as dificuldades encontradas pelos professores e a formação que receberam para o desempenho nesta nova função? EN: Não, não, como já disse anteriormente, nós somos formados para o dito aluno médio, que é um aluno fantasma que não existe e para aulas ideais, não nos falam concretamente dos alunos que nos põe à frente, para aulas ideais, chegamos lá expomos as nossas ideias, e expomos a matéria mas nunca nos falam das dificuldades dos alunos nunca nos falam que os alunos conversam, dos problemas indisciplinares, aprendemos a dar aulas para pessoas que estão lá sentadinhas caladinhas a ouvir tudo o que dizemos, que não é assim não é assim não, os miúdos são completamente complicados os miúdos às vezes não querem saber, às vezes dificultam, às vezes porque não querem lá estar, outras vezes porque têm dificuldades de aprendizagem. A relação de professor não é sozinho chegar lá e debitar, é uma relação de dois lados professor – aluno, aluno – professor e aluno – aluno e essas questões não são tratadas, agente aprende o científico, fala um bocadinho como se processa o desenvolvimento deles mas como é que as coisas funcionam na sala de aula não falamos e se isso já é assim para o ensino normal então para o ensino desta forma com alunos com outras dificuldades, alunos que precisam de muito apoio, pior ainda, sentimo-nos completamente perdidos. A primeira vez que eu dei formação deste tipo tentei, todas as estratégias, atrás umas das outras, é foi complicado, primeiro que conseguisse alguma coisa foi complicado, e posso dizer que chegar ao fim e conseguir que eles tenham, um caderno e abrir o caderno e escrever o sumário é uma vitória, algo tão simples como essa. A dificuldade

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maior é chegar aos alunos eles não queriam saber eles tem uma grande aversão a tudo o que é escola e a educação e formação, exige como qualquer coisa para aprender, uma caneta, um lápis para escrever isso faz-lhes lembrar a escola, tem quadro para que eles façam algo, uma grande aversão, muita pouca motivação para aprender, são alunos que nos chegam às mãos já completamente desmotivados, muitas vezes com aversão ao ensino, com aversão às disciplinas, motiva-los é complicado, para motiva-los temos que ir ao encontro deles de coisas que lhes interessam, é muito difícil lidar com esses miúdos, motivá-los é complicado saltar barreiras e as dificuldades que eles têm de raciocínio e já não estou a falar das dificuldades de aprendizagem estou a falar de alunos completamente desinteressados conseguir motiva-los, vêm completamente desmotivados da escola, não querem nada com a escola, estão muitas vezes ali só para tirarem o 9º Ano é complicado. OR: Que formação específica pensa que deve ser proporcionada aos professores dos Cursos de Educação e Formação? EN: A… como já disse formação ligada para dificuldades de aprendizagem específicas, ligadas à dislexia, outra de défice de atenção, coisas concretas, por exemplo, que explore actividades na sala de aula alternativas, com aqueles miúdos temos que ir muito pelo alternativo, temos que ir buscar coisas diferentes das coisas das aulas, eu lembro-me de uma vez ter tentado dar banda desenhada mas como é qualquer coisa para ler não resultou, achava que a banda desenhada os motivava. São alunos que não tem nenhum prazer em ler, detestam tudo o que seja ler. Uma coisa concreta, ou seja, coisas ligadas a dificuldades de aprendizagem concretas, sítios onde se debatam ideias e se debatam estratégias, coisas sobre métodos de ensino alternativos, para aqueles alunos tem que ser métodos de ensino alternativos, algumas pode até ser o e – learning, coisas alternativas, ideias alternativas, coisas concretas. Mesmo pessoas que experimentem e que nos vão sugerir ter visto isto com eles. A gente tem que ir muito para a prática com eles, às vezes é complicado quando não temos, às vezes, materiais para fazer. É o que sinto, eu posso fazer coisas muito giras mas não tenho material. A única coisa que tenho é uma caneta, um lápis, uma pequena oficina para a prática e por vezes, é a única coisa que tenho, pois há muitos materiais que faltam. Na minha disciplina concreta ajudava ter uma oficina montada, onde eles pudessem ir fazer pequeninos trabalhos, coisas que os motivasse. Temos que ir muito com estes miúdos para um ensino alternativo, métodos alternativos, coisas diferentes daquelas que eles estão habituados com os quais lhes façam lembrar a escola. Ainda ando a tentar descobrir quais os melhores métodos para estes alunos. Uma aula virada para a tecnologia e os computadores em determinadas aplicações, se calhar actividades ao ar livre que eles gostem. Quando penso em coisas alternativas coisas que sugeriram ideias que possam resultar. A indisciplina, por exemplo, é devida às disciplinas que eles têm, creio que é consequência das coisas não funcionarem bem. Se conseguirmos motiva-los, segura-los, chegar a eles penso que resolvemos os problemas de indisciplina. A maneira de reagir a certas situações e o melhor método para um aluno não seve outro e há problemas de má educação com estes alunos, alunos muito mal formados.

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OR: No seu caso específico, existe alguma formação que lhe interesse a curto prazo? EN: A curto prazo, se calhar interessava-me cursos ligados a dificuldades de aprendizagem e formações sobre métodos alternativos, pessoas que tenham feito coisas, dar uma formação a falar dos seus métodos das suas estratégias que resultaram para ver se podemos aplicar ou não, se resulta, ou não resulta. Acho que isso é importante, coisas novas, alternativas novas, que dizer, podem ser alternativas velhas mas diferentes do ensino normal.

OR: Em que medida esta entrevista lhe agradou? Gostou de falar da sua experiência? EN: Discutir o ensino sim. Sim.

OR: Há alguma coisa que deseja acrescentar? EN: Não

OR: Tem alguma sugestão a fazer? EN: Não

OR: Muito obrigada!

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Matriz de Análise sobre as necessidades de formação dos professores dos Cursos de Educação e Formação

Mestrado em Ciências da Educação – Área de Especialização Formação de Professores 1

MATRIZ DE ANÁLISE DE CONTEÚDO

TEMA: As necessidades de formação dos professores dos Cursos de Educação e Formação CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE

ENUMERAÇÃO

A. Caracterização dos Cursos de Educação e Formação

A1. Objectivos dos Cursos de Educação e Formação

• Os cursos são uma nova oportunidade para os alunos que não têm sucesso na escolaridade obrigatória

“… são cursos que dão oportunidade a alunos que não vêm saída no ensino regular…” “… é dar oportunidade a alunos que no ensino regular estavam um bocadinho já desajustados, principalmente a nível etário e a nível de interesses.” “… uma oportunidade que lhes foi dada e que eles deviam aproveitar até porque de outra maneira não conseguiam fazer a escolaridade.” “…estão fartos do ensino, que têm sucessivas repetências, pela faixa etária, pelos interesses não estão muito adaptados, ou saíram um bocadinho do que é o ensino regular.” “… os Cursos de Educação e Formação são uma alternativa…” “…os Cursos de Educação e Formação são uma outra oportunidade para os alunos.” “…alunos com um determinado perfil que não se adequava no ensino regular.”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…uma alternativa, uma oferta diferente, mais adequada a determinado perfil de alunos…” “…uma oferta diferente que a escola, que o Ministério propõe aos alunos e essa oferta pretende ser o mais adequada possível (….) aos interesses de formação dos alunos.” “…são cursos que eu penso que foram criados com uma intenção correcta que será a de dar uma nova oportunidade a alunos que terão menos capacidades ou que estão mais desmotivados que têm já alguns anos de reprovação algum percurso escolar, algo irregular…” “… uma nova oportunidade que está a ser dada aos alunos…” “…para os alunos que estão fora de escolaridade obrigatória e que já chumbaram não sei quantas…” “…alunos com muito pouca vontade de aprender e com muito poucos conhecimentos ou as duas coisas juntas…” “…estes cursos destinam-se aos alunos que tiveram muitas dificuldades no ensino normal e por isso os que lá estão são esses alunos…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…os Cursos de Educação e Formação são entre aspas uma oportunidade diferente para alunos que não tiveram sucesso escolar que poderiam estar em situações de abandono, que poderiam estar em situações já de reprovações repetidas…” “…alunos com dificuldades que no ensino normal, regular não estaria adequado para prosseguir e conseguirem fazer o 9º ano seria nessas de duas vertentes alunos com insucesso e alunos com dificuldades.”

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• Os cursos têm uma vertente profissionalizante

“…um dos objectivos do curso é a integração no mundo do trabalho…” “…dar-lhes uma saída profissional….” "Cursos de Educação e Formação são cursos supostamente virados, mais dedicados, a uma vertente profissional onde crianças ou adultos, podem ter uma vertente profissional…”

“…pessoas que não têm pretensão de seguir estudos e vão tirar um curso, com uma vertente profissional, que possam a seguir ter uma profissão…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Os cursos dão equivalência ao 9ºano ou ao 12º ano

“…o objectivo é que eles saiam com alguma capacidade depois de terem equivalência ao 9º Ano…” “…o curso dá – lhe equivalência ao 9º Ano ou ao 12º Ano…”

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A2. A estrutura dos Cursos de Educação e Formação

• Os conteúdos são decididos a nível nacional

“…os conteúdos são os do IEFP, têm que ser dados, têm que ter um x de horas…” “…é um curso em parceria com o Ministério da Segurança Social e do Trabalho…” “…o currículo é definido pelo Ministério…”

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• O currículo é simplificado em relação ao do restante ensino

“…é um currículo mais reduzido, um currículo mais com conteúdos seleccionados de acordo com os objectivos de formação e normalmente são mais acessíveis digamos, aos alunos.” “…têm um currículo muito mais adaptado…” “… o programa deles é uma mistela eles em dois anos dão o 7º, 8º, 9º e, em dois dou o 7º, 8º, e o 9º…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Existem disciplinas teóricas e práticas

“… têm cadeiras teóricos como tem na escola…” “…têm as cadeiras mais práticas e as cadeiras dirigidas para eles aprenderem o que querem…” “…algumas cadeiras teóricas algumas são mais viradas para a área deles.” “…nos cursos de Educação e Formação já há um estereótipo de as disciplinas teóricas para todos os cursos, num curso tipo aprendizagem já é um programa mesmo específico para eles.”

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A3. A organização dos cursos na escola

• Há reuniões regulares dos professores

“Nós temos uma reunião semanal …” “…tem reuniões, tem que se preparar, tem que se dizer o que é que se fez e que estratégias…” “… reunimo-nos semanalmente para definir estratégias pedagógicas para os alunos.” “… temos as tais reuniões semanais onde trocamos ideias, portanto o conselho de turma troca informações sobre aquilo que se vai passando ao longo da semana…” “… existem actas semanais que nós temos que realizar…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“Nós reunimos todas as semanas uma hora e meia a todas as quartas-feiras para analisar o que é que se está a passar em cada disciplina e para actuarmos em conjunto…”

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• A programação é feita por módulos

“…temos um programa…” “…a programação já está feita por módulos e já há orientações gerais sobre quais as matérias que devem ser dadas e como é que há-de ser feita a avaliação, quantas horas é que devem ser atribuídas a determinadas matérias, as matérias dos módulos, as coisas estão relativamente organizadas…”

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• Os materiais são preparados pelos professores

“…têm que ser preparados muitos materiais…” “…tem que ser materiais muito diferentes, muito mais produzidos…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Os professores fazem a organização burocrática dos cursos

“…em termos práticos de funcionamento do curso, em termos burocráticos não ajudamos muito, é mais ao longo do curso que pontualmente temos uma intervenção, em termos do próprio curso.”

“… no inicio o director de curso que neste caso sou eu, organiza conjuntamente com o Conselho Executivo, todo o processo.” “…eu ajudo o Conselho Executivo em todo o processo inicial de candidatura ao curso…” “…acho que é só na parte de formação, na parte prática, na parte pedagógica do curso.”

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• Alguns professores não participam na organização do curso

“Na organização do curso…, quer este, quer o outro, o anterior, foram a Conselho Executivo com uma equipa, foram duas colegas minhas que organizaram o curso…” “…não estive envolvido, na organização propriamente dita, eu estou mais digamos assim na execução.” “…a partir de que se organizou, que foi viável, o curso na escola, eu já entrei como actor.”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“Não participo no curso, este curso é a repetição do ano anterior, já de à dois anos este é um curso de dois anos e não intervim na organização do curso.” “…na organização nós não participamos, nós praticamente, dão-nos a proposta para dar aquele currículo, a gente faz a planificação e não participamos na organização, praticamente dão-nos as coisas, e a gente organiza e dá é as nossas aulas.”

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G A4. A constituição das turmas dos cursos

• Procura-se a homogeneidade das turmas

“ Quando formamos os Cursos de Educação e Formação na escola vamos ao encontro dos interesses do grupo que haja na escola desse tipo de alunos…” “… juntamos ali também um grupo de alunos com características mais parecidas, ou seja, em termos de idade, de interesses…” “…um dos requisitos que o aluno tem que ter no mínimo é estar fora da escolaridade obrigatória…” “…são alunos que não têm idade para trabalhar…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Tenta-se formar grupos que viabilizem o funcionamento dos cursos

“…de acordo com os formandos que tínhamos e as infra-estruturas e recursos materiais que tínhamos, para o curso ser viável.” “…são alunos, que não querendo estudar, terminam o curso numa idade que podem entrar no mundo do trabalho 17 – 18 anos…” “…as coisas têm-se agravado um bocado e também por isso começa haver necessidade de haver estas turmas especiais para procurar receber esses alunos que no ensino normal não conseguem fazer nada…” “…a coisa está a ficar cada vez pior e é aí que chega a necessidade de haver turmas CEF e qualquer dia se a gente se descuida metade das turmas que há na escola são turmas CEF.” “…temos no máximo 15 alunos, geralmente não mais de 15 alunos numa sala o que faz muita diferença, porque é menos de metade.”

C

C

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G

B. Caracterização dos alunos dos

cursos

B1. Motivação e interesse dos alunos dos Cursos

• Há alunos interessados e motivados

“… alunos com características que não estão aqui exactamente para aprender mas que querem usufruir e querem tirar partido do facto de ao fim de dois anos poderem ter o certificado do 9º ano…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Há alunos desmotivados

“…alunos que por alguma razão estão desmotivados, têm percursos irregulares e nessa medida são inseridos nestes cursos.” “… outros casos que era mais desmotivação…” “…são alunos com pouca motivação…” “…são completamente desmotivados, que não querem saber de nada…” “… muita pouca motivação para aprender, são alunos que nos chegam às mãos já completamente desmotivados, muitas vezes com aversão ao ensino, com aversão às disciplinas…”

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• Há alunos com carências afectivas e económicas

“…são miúdos que vêm de meios mais baixos ou com problemas em casa…” “…quadros familiares a maioria estão desestruturados.” “…alunos provenientes de grupos familiares mais desestruturados (…) alguns casos de alunos em que, nós verificamos que o acompanhamento da família não é aquele que seria desejado…”

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“… crianças às vezes com problemas, que estão carentes em relação a vários aspectos nomeadamente afectivo, (…) não têm um acompanhamento familiar muito chegado…” “…têm uma auto-estima baixa, muitas vezes a forma como nos relacionamos com eles é mais importante do que apenas transmitir-lhes essas…, pronto, os conteúdos e tentar que eles aprendam algo…”

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• Há alunos problemáticos

“…são alunos, como disse há pouco, que têm problemas comportamentais e são problemas complexos de analisar…” “…temos alunos com graves dificuldades de aprendizagem e associado a isso temos problemas disciplinares…” “… associado a isso temos problemas disciplinares…” “…alunos com problemas disciplinares e que tentaram entre aspas tirarem-nos do regular para pô-los no CEF…”

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B2. Capacidades de aprendizagem dos alunos

• Há alunos com dificuldades de aprendizagem

“…temos alunos com graves dificuldades de aprendizagem…” “…alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem …” “…alguns alunos com muitas, muitas dificuldades, muitas mesmo…” “…têm características diferentes desde as dificuldades de aprendizagem …” “…são alunos que têm muitas dificuldades muitas lacunas…” “ Os alunos dos Cursos de Educação e Formação são alunos com mais dificuldades…” “… temos alunos com todo o tipo de dificuldades e ás vezes numa só sala com uma data de dificuldades…” “…são alunos com dificuldades.”

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G • Há alunos com bastantes

capacidades “… há alunos inseridos nestas turmas com capacidades, bastante normais, até muitas vezes, com bastantes capacidades…”

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“…nesses cursos nem sempre estão apenas alunos sem capacidades, ou com poucas capacidades, também existem alunos que foram provenientes de turmas onde estariam inseridos, como o caso de necessidades educativas especiais…” “…vêm-se lá alunos com vários graus de capacidade, há alunos que têm uma inteligência normalíssima e depois há outros que têm dificuldades …”

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B3. Percurso escolar anterior dos alunos

• Há alunos com insucesso escolar anterior

“… [têm] falta de requisitos básicos porque são alunos que, foram fazendo uma escolaridade sempre bastante deficiente…” “…alunos com bastantes negativas em anos anteriores, têm muitas lacunas e não estão preparados para conseguir apreender os conteúdos da mesma forma e mesmo em termos de interesse não resulta da mesma maneira…” “…a maior parte deles tem muitas dificuldades em seguir uns porque estão com falta de atenção outros porque não têm conhecimento…” “…a maioria dos alunos que estão nos Cursos de Educação e Formação são os alunos que tiveram insucesso escolar …”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…alunos que não tiveram sucesso e que não tiveram interesse pela escola…” “ No caso dos jovens são alunos que não se deram bem na escola…”

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• Há alunos em risco de abandono escolar

“…foram escolhidos para o CEF porque eram alunos repetentes e já estavam a ficar fora da escolaridade obrigatória…” ”…, no caso dos adultos foram alunos que desistiram de estudos e agora voltaram para a escola, para a formação, foram tirar o 12º.”

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C. As estratégias de ensino dos

professores nos Cursos de

Educação e Formação

C1. Há adequação da planificação

• Faz-se adaptação da planificação das aulas às dificuldades dos alunos

“… temos um programa da disciplina que adaptamos à turma…” “…tentar adequar o programa realmente às características deles e às suas necessidades futuras pensando já no futuro deles…” “… a gente pode adaptar o programa, podemos ir ao ritmo deles, não temos a exigência tão grande de cumprir o programa…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…adapto o programa não tenho dar rigorosamente o que está lá…”

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C2. A realização da aula

• As aulas não são iguais às do ensino regular

“…é quase impossível dar uma aula normal, dita normal, tradicional porque aqueles alunos não aguentam estar 90 minutos, a trabalhar ….” “…uma preparação de aula também diferente, porque aqui interessa mais.” “… procuro começar pelos problemas mais simples de todos e ir fazendo revisão de coisas que estão para trás que eles provavelmente não aprenderam bem, ajudar a resolver os problemas das matérias que estamos a dar agora…” “…propus dar-lhe sempre coisas de cariz prático dar problemas que tenham mais a ver com vida corrente e coisas que os possa entusiasmar…”

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• Devem fazer-se muitos exercícios práticos

“Não é estar a dar coisas muito teóricas, muito desprendidas da realidade procuro ir sempre mais aos problemas relacionados com a vida prática deles mas a dificuldade maior é prender-lhes a atenção…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…são alunos que têm que ter uma componente muito prática não se pode ter estes alunos numa aula extremamente teórica…” “…tentamos dar as coisas mais práticas usando muitos trabalhos, ao nível de trabalhos de pesquisa e um bocadinho mais facilitado.” “…quando eles têm dificuldades nesse exercício para a próxima matéria volto a explicar, arranjo várias estratégias, procuro maneiras de os motivar.” “…tentamos dar as coisas mais práticas usando muitos trabalhos, ao nível de trabalhos de pesquisa e um bocadinho mais facilitado.” “…é feito muitos trabalhos, muitos exercícios, feitos muitos testes…”

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• As aulas são pensadas de acordo com o que se pretende do curso

“…as estratégias, a forma como são pensadas as aulas em termos de estratégias, são diferentes, porque o próprio currículo assim o indica…” “… são alunos com muitas dificuldades é sempre preciso uma maior preparação intensiva do que se vai fazer porque se isto não acontecer as aulas praticamente não existem…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• As estratégias na aulas são diferentes e pensadas para a promoção do sucesso deste tipo específico de alunos

“…as aulas são sempre preparadas tendo em conta isso, que…, tenho que arranjar algum jogo para meter no meio, ou um bocadinho de um filme ou uma audição de uma música, pronto qualquer coisa ….” “…vamos tentando adequar estratégias consoante as situações nos vão surgindo.”

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• Faz-se diferenciação pedagógica

“No ensino regular podemos fazer uma exposição de aula, utilizar uma estratégia tendo em conta a turma no seu conjunto, pelo menos, prioritariamente é aceite, aqui tem que se pensar em cada caso…” “…utiliza-se a estratégia, depois adequada quase a aluno a aluno, há uma preocupação…” “…tentar levar e criar estratégias que lhes digam alguma coisa…” “…tem que ser muitas coisas do dia-a-dia deles e que tenham relação com o curso e que eles tenham algum interesse por aquilo porque senão não se esforçam praticamente nada.”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Concretiza-se a interdisciplinaridade

“…por vezes até surgem estratégias conjuntas entre os professores, inter-disciplinas.”

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• Existe uma adaptação do programa

“…aqui embora, também haja um programa há mais liberdade, os conteúdos têm de ser dados….” “…faço uma adaptação grande, faço sim…”

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• As estratégias por vezes não resultam

“…não resultam quase nunca e os alunos não melhoram quase nunca…” “A primeira vez que eu dei formação deste tipo tentei, todas as estratégias, atrás umas das outras, é foi complicado, primeiro que conseguisse alguma coisa foi complicado…”

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• É necessária a utilização de estratégias e métodos diferentes ou alternativos

“Temos que ir muito com estes miúdos para um ensino alternativo, métodos alternativos, coisas diferentes daquelas que eles estão habituados com os quais lhes façam lembrar a escola.”

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C3. As práticas de avaliação

• Existe um acompanhamento formativo diferente em relação a estes alunos

“…tentamos prepara-los mais até do que aos outros alunos principalmente a nível, lá está, das atitudes, da responsabilidade, da autonomia, para que eles quando forem para esse estágio e depois se for caso disso acabarem os estudos e tentarem arranjar um emprego, tentar fazer que eles sejam pessoas responsáveis, autónomas…” “…tentamos trabalhar, acompanhamos mais a formação deles porque temos um objectivo em vista claro no final…” “…o percurso é acompanhado pelos professores, não há comparação, os professores que acompanham este processo formativo tentam saber o que é solicitado nas empresas…” “…é acompanhado de forma diferente...”

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• Dá-se valor ao feedback junto dos alunos e dos pais

“…em relação ao director de turma com os encarregados de educação também há bastante ligação chamo-os frequentemente explico-lhes que eles não estão a cumprir que podem pôr em risco o curso.”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…temos as reuniões semanais esse feedback vem junto do director de turma que depois tem a capacidade de transmitir aos alunos e aos encarregados de educação…” “…vai havendo sempre um feedback, quer oralmente, quer por escrito de algumas actividades…”

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• Existe algum facilitismo na avaliação

“…acho que nós toleramos, que nós condescendemos um bocadinho mais com estas turmas…” “…um aluno ainda que não tenha chegado aos objectivos que nós estabelecemos como mínimos mas que fez um esforço bastante grande, que mostra interesse e que evoluiu …” “…temos a exigência de fazer com que eles tenham sucesso às vezes até passamos do 8 para o 80, em que até facilitamos demais, infelizmente…” “…dá-se muitas maneiras de eles poderem tirar positiva há disciplinas onde se faz só com trabalhos, não é o caso da minha, só se o aluno não fizer nada mesmo, está na sala e não fizer nada, não escrever e não trabalhar é que tira negativa. Ou seja, praticamente ele só chumba se quiser. “

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Valorizam-se os comportamentos adequados

“ Normalmente os critérios de avaliação destas turmas são mais viradas para a parte das atitudes, valorizar mais essa parte do que propriamente a parte das competências.” ,”…se valorizarmos mais as atitudes deles é sempre melhor para eles…” “…atitude e comportamento na aula…” “As nossas avaliações nesta turma a…, e inicialmente, nós considerados que começamos pelo saber ser e saber estar…” “... valorizamos mais em termos de cooperação, em termos de fair-play, em termos de espírito desportivo…” “…é mais importante o português e matemática, ler e escrever e contar e as atitudes e valores e o saber ser e o saber estar, do que propriamente ter outros conhecimentos mais profundos de determinadas matérias…”B “…valorizamos os aspectos das atitudes e comportamento…” “…pôr como meta também os aspectos das atitudes…”

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“…quando foram definidos e aprovados tentou ter-se em conta a área das atitudes…” “…valorizamos mais se calhar determinadas situações ou determinados progressos que eles façam…”

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• Na avaliação é dado grande peso ao interesse e empenho dos alunos

“…[valorizamos} em termos de participação na aula, em termos de interesse, colaboração com os colegas, mais, de forma mais acentuada do que propriamente ser o melhor atleta da turma, na minha perspectiva é um bocado nesta base que se avalia.” “…deu-se prioridade ao interesse dos alunos, ao empenho dos alunos, ao comportamento dos alunos…”

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• Faz-se uma avaliação contínua

“…quer a nível de critérios, quer os momentos da avaliação, que também são semanais, fazemos uma ponderação semanal, são diferentes e necessariamente têm que ser diferentes…” “…procuramos dar-lhes alternativas, facilitar-lhes a vida e pela parte que me toca procuro que eles vão ao quadro, que intervenham nas aulas e vou aproveitando isso para a avaliação deles…”

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“…eles têm muitas dificuldades com os testes por isso é que há as outras alternativas que é os trabalhos individuais, por enquanto têm sido os trabalhos individuais mas uma vez ou outra também se poderá fazer trabalho de grupo…” “… não se dá tanto importância à avaliação sumativa, aos testes, mas dá-se mais a uma avaliação mais formativa mais continua em termos de caracterização daquilo que eles fazem dentro da sala de aula….”

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• Há normas para a avaliação sumativa

“ Certifica-se, se tiver média positiva, média de três em todas as componentes…” “…na legislação específica dos cursos como é que um aluno transita e é certificado, vemos que em cada componente ele necessita apenas de ter média de três, na componente sociocultural tem seis disciplinas, não tem que ter obrigatoriamente positiva em todas estas.” “…o grande indicador digamos é avaliação que nós vamos fazendo através seja de fichas concretas, seja de jogo de papeis…” “…está prevista uma avaliação que é um teste normal, normal adequado ao nível deles e mesmo assim e depois há um trabalho que é feito por eles e apresentado por eles…”

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• A relação pedagógica

“Em termos de relação com os alunos eu gosto muito desse tipo de alunos (…). É muito diferente.” “…perdoamos muita coisa conversamos muito com eles, muito mais, perdoamos e aceitamos coisa que seria impensável numa turma normal aceitar…” “…muita disponibilidade para tolerar e para receber…” “… é quase preciso uma ginástica e nós às vezes damos o que temos e que não temos e toleramos coisas que a mais ninguém, ou a mais nenhum aluno, poderíamos eventual desculpar…” “…é preciso outro tipo de diálogo, outro tipo de abordagem e às vezes conseguem-se as coisas exactamente por essa forma, por essa estratégia pedagógica…” “… ter em mente que muitas vezes mais que os conteúdos é importante a forma como estão com eles, como lidamos com eles…”

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C4. A articulação Interdisciplinar

• É aconselhável

“…é aconselhável e por isso é que nós fazemos sempre reunião semanal, sempre que possível articulamos aquilo que estamos a dar…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…sempre que possível sim, mas não nos sentamos à procura…” “É aconselhável.” “…aconselhável é porque nas várias competências que temos no curso todas estão interligadas porque aqui tem a parte tecnológica, que é a componente de formação específica e depois tem a sociocultural e a científica, que todas elas facilmente se cruzam em termos de competências, portanto não é difícil haver uma actividade interdisciplinar, não é difícil.” “…é aconselhável e nós muitas vezes fazemos isso…” “…devia haver uma grande articulação…” “…acho que uma articulação interdisciplinar é sempre aconselhável seja numa escola, no ensino normal seja aqui…”

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• Uma articulação não é viável

“…nem sempre é viável…” “…aqui no CEF não acontece tanto isso não seguimos essa metodologia, às vezes acontece estarmos a dar mais ou menos as mesmas coisas, mas não é tão viável.”

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“…a interdisciplinaridade às vezes é rebuscada é forçada…” “Viável…, pois aí temos um problema…” “Viável, por vezes não é porque prende-se com o tempo…”

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• É aconselhável e viável uma articulação entre disciplinas

“Eu acho que é viável e é aconselhável.” “Depende um pouquinho também muitas vezes do momento em que cada professor está no seu programa mas é viável…” “É bastante aconselhável e por vezes torna-se viável depende dos assuntos que se está a dar…”

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• Existe uma articulação entre as disciplinas sempre que possível

“…a formação neste curso tem uma relação muito interdisciplinar vai tudo conduzir ao mesmo. Um trabalha a base de dados, outro trabalha o software, o hardware, acaba por funcionar tudo para o mesmo para a formação tendo a base do curso.”

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“…propondo trabalhos que vamos tratando em disciplinas diferentes portanto na parte dita mais científica na parte mais tecnológica, eles podem agarrar num trabalho, numa determinada temática a nível da Língua Portuguesa, por exemplo, e depois com esses conteúdos trabalharem a nível das várias disciplinas, mais viradas para a informática, por exemplo.” “…para qualquer tipo de ensino, deve haver, uma articulação entre os professores, os professores devem comunicar, devem falar para que trabalhem juntos.”

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G • Depende do momento no

desenvolvimento do trabalho dos professores

“…para trabalhar a interdisciplinaridade às vezes funciona pontualmente, funciona naquele projecto naquele momento…” “Depende um pouquinho também muitas vezes do momento em que cada professor está no seu programa mas é viável…”

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D. A integração

dos professores na equipa técnico-

pedagógica dos CEF

D1. A colocação dos professores nos Cursos de Educação e Formação

• A oportunidade de participação foi ocasional

“Foi por acaso, eu acho que as pessoas, a maioria das pessoas foge destas coisas …” “…acontece por acaso a uma pessoa que integre um conselho de turma destes.” “…os professores efectivos fogem um bocado deste tipo de trabalho, às vezes, até porque já têm o horário preenchido ou porque têm redução de horário…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…nem foi a pessoa que pediu não ter CEF, mas entrou algum do quadro ou que não seja do quadro, alguém de fora ou menos graduado, ninguém diz “Ai quero o CEF!”…” “Fui pondo currículo nos Centros de Formação, fui chamada para dar formação.” “ Sou professora e como não consigo emprego no ensino oficial, tenho dado formação e foi assim que a oportunidade surgiu.”

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• A colocação resultou de uma opção pessoal

“… fazia parte do Conselho Pedagógico à quatro anos e nessa altura surgiu a oportunidade…” “…normalmente isso acontece com os professores que são efectivos na escola…”

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• A colocação resultou da atribuição de serviço feita pela escola

“…normalmente são contratados e aparece-lhes uma turma CEF no horário, que ele até pode não ter jeito nenhum para lidar com alunos destes não gostar…” “…depois há horários de disciplinas que sobram e um professor que vem para aqui e que pode ser contratado…” “…surgiu, pronto, porque o serviço foi distribuído e eu como sou provisório aqui …”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

• Surgiu a partir de um convite ou proposta pela escola

“…a oportunidade foi com um convite, porque cá está, a escola estava a sentir necessidade de encontrar um caminho diferente para determinados alunos…” “…a determinada altura também se pensou no perfil dos professores, então foi um convite que me fizeram.” “Foi-me proposto pelo órgão de gestão, portanto na altura a escola candidatou-se a um curso CEF que abriu acerca de três anos…” “… foi-me proposto para leccionar a disciplina de Língua Portuguesa e eu aceitei, como uma experiência nova…” “…foi-me proposto, eu aceitei, repeti a experiência este ano porque gostei e penso continuar com eles…” “Foi-me proposto e eu aceitei. Quando me perguntaram se eu queria lá ir dar as aulas ao CEF eu não achei que devesse recusar como dou a uns, também devo dar aos outros.”

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D2. Apoios aos professores

• Não existe um apoio regular aos professores dos cursos

“…não há um apoio regular, poderia haver, sei lá, umas visitas às escolas onde funcionam os cursos para esclarecer essas dúvidas…”

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“… não temos a não ser a professora de apoio, é a única pessoa que nos acompanha nos Cursos de Educação e Formação, não temos mais ninguém, mas necessitamos , sentimos a necessidade…” “…mais apoio quase este tipo de ensino possa à parte da escola…”

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• Apoio ao nível dos serviços de psicologia e orientação

“…nós sentimos aqui que não temos apoio de um SPO que é o serviço de psicologia que não temos, só temos o professor de apoio normal.” “ Era mesmo o Serviço de Psicologia e Orientação …” “Nós precisávamos, só por ter os Cursos de Educação e Formação estes prevêem os SPO’S Serviços de Psicologia Orientada, não temos nesta escola…” “…necessita-se muito de um psicólogo neste agrupamento, claro que tendo ao serviço um psicólogo também teríamos essa pessoa disponível para estes Cursos de Educação e Formação…” “…nestes cursos sim precisa-se, eu acho, que está indicado deve haver um técnico para acompanhar.”

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• Apoios aos professores para auxílio na organização e funcionamento dos cursos

“…outro tipo de apoio, às vezes dúvidas que nós temos ou que surgem sobre o funcionamento do curso…”

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• Apoio de diversas instituições e empresas

“Aquele núcleo [do CAE] poderia dar uma volta pelas escolas onde funcionam os cursos e que esclarecesse dúvidas, acho que ajudava os professores.” “…devíamos ter o Centro de Psicologia, o Instituto da Juventude, a Comissão de Protecção de Menores, o Centro de Formação que deviam claramente ter uma proximidade connosco maior, é óbvio.” “…haver um leque de empresas, um leque de estrutura montada, fora da escola, que nós pudéssemos recorrer….”

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• Apoio na interpretação e clarificação da legislação

“A legislação que nós temos em certos aspectos (…) também não é assim tão clara quanto isso depende um bocadinho da interpretação de cada um, é o que acontece, há escolas dentro do próprio concelho a fazer de uma maneira outras a fazerem doutra. Apoio aos professores, nesse aspecto… “

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“…há muitas dificuldades mesmo na técnica pedagógica, mesmo no cumprimento da legislação do que se deve fazer muitas vezes isso nos acontece…”

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• Apoio aos professores e alunos por parte de um técnico especializado

“…convinha ter um professor, ou alguém que nos dissesse que com este tipo de alunos se deve fazer isto, eles tem dificuldades nisto e nisto.”

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E. A formação dos professores dos

Cursos de Educação e Formação

E1. A experiência e a formação para leccionar nos cursos

• Falta de tempo na experiência anterior

“…em termos pedagógicos é complicado e nós não temos essa experiência…”

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• Têm experiência de trabalho no ensino regular

“…eu já tinha quatro anos de serviço, os meus colegas tinham muito mais e portanto muita experiência pedagógica…” “…se calhar a pessoa já tem mais tempo de serviço, que estava habituado a outro tipo de ensino, outras potencialidades de se efectuar isto, e de terem outro sucesso, isto é difícil.”

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F

E2. Formação inicial inadequada

• A inexistência de ligação entre a formação inicial e a escola

“… a Faculdade tem que saber o que se passa no terreno e saber quais são os problemas, como você está a fazer, o que nós vivemos.”

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“As Faculdades que preparam pessoas para lidar com este tipo de alunos primeiro deviam fazer um estudo sério sobre estes tipo de alunos que temos e depois encontrar talvez uma “ receita “, chamemos-lhes isso, mas encontrar alguns padrões que nos ajudem, que ajudem as pessoas que trabalham neste campo….” “…estamos muito presos à componente teórica dos cursos, devemos fazer mais trabalho de campo experimentar mais como a realidade é interpretada à luz daquilo que aprendemos naquela teoria, como é que isto funciona….”

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• Formação/preparação em desacordo com a realidade

“…a experiência que tenho em relação entre a faculdade e depois o mundo de trabalho, há ali uma divisão, há ali qualquer coisa que não funciona…” “Nas Faculdades, havia de se pensar menos no Piaget e etc., e pensar nos Piaget’ s que se vivem nas escolas…” “…nós somos formados para o dito aluno médio, que é um aluno fantasma que não existe e para aulas ideais, não nos falam concretamente dos alunos que nos põe à frente…”

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CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES UNIDADES DE REGISTO UNIDADES DE ENUMERAÇÃO

“…aprendemos a dar aulas para pessoas que estão lá sentadinhas caladinhas a ouvir tudo o que dizemos, que não é assim, não é assim não….” “…acho que nós não somos preparados para lidar com nenhum tipo de alunos.” “ Estamos todos preparados para um aluno mediano que não existe e estes alunos, são alunos com necessidades especiais.”

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• Pouca formação inicial especializada

“…a minha formação de base, se quiser é uma formação humanística e por isso à partida tenho formação para lidar com este tipo de alunos, mas tudo bem não é por aí.” “…na Faculdade, não sei se há essa preocupação, na via ensino mas deveria haver.” “…nunca nos falam das dificuldades dos alunos, nunca nos falam que os alunos conversam, dos problemas indisciplinares…” “… é preciso saber como se lida com esses miúdos, nós não somos especializados em educação especial e o que temos no curso foi muito pouco.”

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“…agente (sic) aprende o científico, fala um bocadinho como se processa o desenvolvimento deles mas como é que as coisas funcionam na sala de aula não falamos e se isso já é assim para o ensino normal então para o ensino desta forma com alunos com outras dificuldades, alunos que precisam de muito apoio, pior ainda, sentimo-nos completamente perdidos.”

G E3. Inexistência de formação contínua adequada

• Os professores não receberam formação para leccionarem nos cursos

“Não recebi nada, pois é mesmo só por carolice.” “… em relação aos chefes não tivemos formação nenhuma, não tivemos nada, surgiu a oportunidade e nós criamos mas não houve formação nenhuma em relação a isso.” “…cometemos alguns erros na formação, porque lá está, não temos formação nenhuma…” “…agora há muita coisa que falha, muita, muita, muita ao nível da formação…” “…nós não fomos preparados para lidar directamente com alunos com este perfil é uma aprendizagem que se faz…” “…não somos preparados concretamente para estes cursos, até porque é uma novidade…” “Não tive formação nenhuma. Nós não temos formação nenhuma, eu não tive formação nenhuma (…) de facto não temos qualquer tipo de formação.”

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“ As pessoas não têm mesmo formação nenhuma penso que sim, que poderíamos ter…” “…eu não recebi formação nenhuma.”

“…não estudámos, não sabemos como é que trabalhamos com esses alunos…”

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• Os professores apenas conhecem o que diz a legislação

“… não houve formação, apenas a legislação.”

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F. Necessidades e interesses para a futura formação

contínua

F1. Interesse em formação contínua sobre os CEF

• Manifestação de interesse em formação contínua sobre os CEF

“Nós sentimos que talvez se houvesse uma formação é que seria o ideal.” “Eu acho que devia haver, não sei se posso chamar formação, para que toda a gente fizesse da mesma maneira e isso não está a acontecer até mesmo em termos práticos da vida da escola.” “…devia-nos ser proporcionados uma série de formações, uma série de situações, para podermos ter uma bagagem maior…” “…precisamos de ter uma formação de base que também às vezes…” “…acho que as pessoas que estão nisto deveriam ter, efectivamente, alguma formação, alguma formação de base, alguma formação específica, formação científica…” “Eu gostava de ter, alguma formação…”

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“Eu penso que a formação é sempre importante, é sempre importante, gostaria sim se houvesse essa possibilidade.” “…era interessante receber alguma formação, isso sem dúvida mas se calhar não há ninguém com capacidades para formar a esse nível…” “…a todos os níveis a formação seria necessária.” “… sinto que à vezes com as turmas mais complicadas, gostaria de saber como lidar com elas.”

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F2.Necessidades de formação dos professores dos CEF

• Interesse em formação sustentada em outras experiências semelhantes

“…outras experiências noutros países com mais pedalada que o nosso e que se pudesse ir buscar a experiência nesses países.” “…Eu acho que se deviam ir buscar outra vez os conhecimentos de à uns anos atrás, dos cursos técnicos, das Escolas Técnicas.” “ Mesmo pessoas que experimentem e que nos vão sugerir ter visto isto com eles.”

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• Formação sobre dificuldades de aprendizagem destes alunos

“… em termos de como lidar com alunos com essas dificuldades…” “…coisas ligadas a dificuldades de aprendizagem concretas…” “…formação ligada para dificuldades de aprendizagem específicas, ligadas à dislexia, outra de défice de atenção…”

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“A curto prazo, se calhar interessava-me cursos ligados a dificuldades de aprendizagem…” “…coisas ligadas a dificuldades de aprendizagem concretas…”

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• Formação sobre diferentes estratégias ou alternativas para leccionar nestes cursos

“Talvez em relação à maneira como também lidar, como acompanhar estes alunos, variedades de estratégias a utilizar com eles quando não está a funcionar aquilo que estamos a utilizar com eles…” “…saber que técnicas, que estratégias, como lidar com esses alunos é uma necessidade que sinto, em relação aos CEF’ s.” “…com o tempo parece que já se esgotou tudo e a partir daí já não sei o que hei-de fazer e eu gostaria de saber o que fazer…” “…saber como agir e aí vinham as estratégias, uma formação nessa área seria muito completa…” “Formação para preparar para lidar com estas situações desde a indisciplina à desmotivação, estratégias para superar isto…” “…procedimentos para tentar levar os alunos a serem acompanhados com estratégias novas…” “…formações sobre métodos alternativos, pessoas que tenham feito coisas, dar uma formação a falar dos seus métodos das suas estratégias que resultaram para ver se podemos aplicar ou não…”

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“…coisas concretas, por exemplo, que explore actividades na sala de aula alternativas…” sítios onde se debatam ideias e se debatam estratégias, coisas sobre métodos de ensino alternativos, para aqueles alunos tem que ser métodos de ensino alternativos, algumas pode até ser o e – learning, coisas alternativas, ideias alternativas, coisas concretas.” “…coisas novas, alternativas novas, que dizer, podem ser alternativas velhas mas diferentes do ensino normal.” “Isso é importante, como é que se deve orientar com esses alunos.”

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G • Formação sobre

metodologias de trabalho com estes alunos

“Talvez sobre metodologias de trabalho, que tipo de estratégias diferentes adaptadas a esse tipo de alunos…” “…haver possibilidade de também nos orientar nisso, em que tipos de trabalhos ou como trabalhar com os alunos ou com a turma de formas diferentes, que não o tradicional.” “…precisamos de muita formação nesse sentido, situações de como é que vamos fazer com este tipo de alunos…” “…actividades novas para os motivar para trabalharem, para superarem dificuldades, como têm muitas dificuldades…”

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• Formação sobre aplicação concreta das estratégias

“Estaria mais interessado em aspectos da aplicação das estratégias para este tipo de alunos…”

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• Formação sobre legislação e organização dos cursos

“Falta-nos a tal formação e orientação relativamente a legislação.” “…assuntos mais burocráticos ligados com estes cursos que nos surgem como dúvidas e que muitas vezes a resposta não chega ao local, essa parte acho que falha um pouquinho na organização.” ”…em termos também da aplicação da legislação….” “…outra que teria interesse seria o funcionamento destes cursos, a sua organização.” “…como é que funcionam os cursos o regime de faltas, a avaliação, mesmo situações em que tenham que fazer um exame, situações de aprovação ou de retenção aí haveria de haver sei lá uma formação…” “O projecto da candidatura, a organização toda desde o inicio até ao final, isso gostaria, porque tenho particular interesse em saber e também porque normalmente é algo que acho que a esse nível as pessoas têm interesse nessa formação…”

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• Formação no âmbito da pedagogia

“…começamos a sentir a necessidade, em relação ao CEF, em termos pedagogia…” “… práticas pedagógicas…” “…, psicologia, pronto qualquer coisa nessa área era o que provavelmente escolheria.” “…também da pedagogia…” “…a formação que é necessária aqui é mais a nível de aspectos psico-pedagógicos…”

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• Formação no âmbito da psicologia

“…ao nível pedagógico, ao nível da formação, da parte formativa dos cursos.” “… uma reciclagem, quer em termos pedagógicos…” “…em termos de psicologia, quer em termos de sobre a Comissão de Protecção de Menores…” “…perceber muito bem como funciona uma Comissão de Protecção de Menores, que saída dá, que acessos tem no Instituto da Juventude, os Serviços de Orientação Psicológica, ao nível do acompanhamento familiar porque nós não chegamos às famílias….”

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“…muito na área da psicologia, saber interpretar determinados sinais que os alunos dão…” “…mais competências nesse âmbito da psicologia é o que faz falta…” “…eu sinto falta de conhecimentos que me permita interpretar os alunos saber porquê aquela reacção, porquê isto, porquê aquilo e depois saber o que é mais adequado para poder resolver aquelas situações.” “…no âmbito da psicologia…”

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