guia prÁtico...4 | guia prÁtico — o exercÍcio do direito de petiÇÃo perante a assembleia da...

46
GUIA PRÁTICO LISBOA 2020 O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Upload: others

Post on 28-Mar-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

GUIA PRÁTICO

LISBOA 2020

O EXERCÍCIO DO DIREITO

DE PETIÇÃO PERANTE

A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Page 2: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

GUIA PRÁTICOO EXERCÍCIO DO DIREITO

DE PETIÇÃO PERANTE

A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICALISBOA 2020

Page 3: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

Título

Guia prático – O exercício do direito de petição

perante a Assembleia da República

Textos

Ágata Leite

Nélia Monte Cid

Teresa Fernandes

Tiago Tibúrcio

João Pereira da Silva

Coordenação editorial e revisão

Conceição Garvão e Marlene Freire

Edição

Divisão de Edições da Assembleia da República

Paginação

TVM Designers

ISBN 978-972-556-743-2

© Assembleia da República Lisboa, dezembro de 2020

Page 4: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

SUMÁRIO

Sabe exatamente em que consiste o direito de petição? Para que serve? Quem

pode exercê-lo e como? Qual o seu retorno?

Estas são algumas das dúvidas que frequentemente se colocam sobre o exercí-

cio prático do direito de petição.

Neste guia, compilaram-se as principais perguntas que têm sido suscitadas ao

Parlamento sobre o exercício deste direito.

As perguntas organizam-se da seguinte forma:

O alcance do direito de petição Perguntas 1 a 9

Os titulares do direito de petição Perguntas 10 a 15

A apresentação de petições Perguntas 16 a 28

O processo de apreciação das petições (da admissão ao debate em Plenário)

Perguntas 29 a 59

O retorno/efeitos práticos das petições Pergunta 60

O controlo de resultado Pergunta 61

A prática do direito de petição (alguns dados estatísticos) Perguntas 62 a 66

3 | SUMÁRIO

Com este guia, espera-se contribuir para que os cidadãos e os peticionários

tenham mais e melhor informação sobre este direito, bem como sobre a forma como

decorre a sua apreciação na Assembleia da República.

Quais as petições que são

debatidas em sessão plenária?Podem ser

apresentadas petições com uma única

assinatura?

Que tipo de retorno pode

ser esperado pelos peticionários?

Quais as vantagens da utilização da

plataforma eletrónica da Assembleia da

República?

O Parlamento é obrigado a examinar

a minha petição?

Quais as características-chave

do sistema de petições da Assembleia da

República?

Que diferença faz o número de assinaturas

que uma petição tem?

(…)

Page 5: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

3 Sumário 7 Nota de abertura

8 O direito de petição e o seu alcance 8 1. O que é o direito de petição?

9 2. Quais as características-chave do sistema de petições da Assembleia da República?

10 3. O Parlamento é obrigado a examinar a minha petição?

10 4. O objeto da petição deve estar no âmbito das competências da Assembleia da República?

11 5. Quanto é que custa apresentar uma petição?

11 6. Posso ser prejudicado por apresentar uma petição?

12 Fins visados pelas petições 12 7. Que fins podem ser prosseguidos pelas petições (de interesse geral e particular)?

12 8. Uma petição de interesse geral pode ter por base um interesse particular?

13 9. Que tipo de petições permite uma resposta mais eficaz por parte do Parlamento?

14 Os titulares do direito de petição 14 10. Quem pode apresentar petições?

15 11. A partir de que idade pode um cidadão apresentar ou subscrever uma petição?

15 12. O direito de petição pode ser exercido por entidades coletivas?

16 Petições individuais e coletivas 16 13. Podem ser apresentadas petições com uma única assinatura/subscritor?

16 14. Podem ser apresentadas petições com várias assinaturas?

16 15. Que diferença faz o número de assinaturas que uma petição tem?

18 Apresentação de petições 18 Apresentação 18 16. A que requisitos de forma deve obedecer a apresentação de uma petição?

19 17. Como posso apresentar uma petição?

20 18. A apresentação de uma petição significa a sua admissão?

20 19. Como submeto a petição pela plataforma eletrónica da Assembleia da República?

20 20. Quais as vantagens da utilização da plataforma eletrónica da Assembleia da República?

ÍNDICE

Page 6: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

5 | ÍNDICE

21 Recolha de assinaturas

21 21. É obrigatória a recolha de assinaturas para apresentar uma petição?

21 22. Como é feita a recolha de assinaturas?

22 23. Quais os requisitos para a recolha de assinaturas em papel?

22 24. Além das assinaturas entregues, é possível solicitar que a petição continue

a recolher assinaturas na plataforma eletrónica da Assembleia da República?

22 25. Existe um prazo para a recolha de assinaturas através da plataforma

eletrónica da Assembleia da República?

23 26. A recolha de assinaturas através da plataforma eletrónica

da Assembleia da República garante que a petição é admitida?

23 27. Como é que posso assinar uma petição na plataforma eletrónica

da Assembleia da República?

23 28. É possível recolher assinaturas já depois de a petição ter sido admitida?

24 O processo de apreciação das petições

24 Tramitação

24 29. Como decorre em geral a tramitação da apreciação de uma petição

na Assembleia da República?

25 Admissão

25 30. Em que consiste a admissão de uma petição?

25 31. Quais os requisitos para a admissão de uma petição?

26 32. A quem compete decidir sobre a admissão de uma petição?

26 33. A admissão da petição significa concordância da Assembleia da República

com o pedido ou é uma garantia da sua satisfação?

27 34. É nomeado um relator para todas as petições?

27 35. Qual é a função do relator?

27 36. Todas as petições são objeto de relatório?

28 37. Depois de uma petição ser admitida, o número de assinaturas

pode ser aumentado?

28 38. As assinaturas adicionadas por adesão contam para algum efeito?

28 39. Um peticionário pode desistir da sua petição depois de esta

ter sido admitida?

29 Apreciação

29 40. Que atos instrutórios pode envolver a apreciação da petição?

29 41. A resposta aos pedidos de informação é obrigatória?

30 42. A falta de resposta aos pedidos de informação impede a conclusão

da apreciação da petição?

30 43. Em que casos pode ocorrer a audição dos peticionários?

30 44. O que é a diligência conciliadora e em que casos pode ocorrer?

Page 7: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

6 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

31 Relatório final e debate em comissão

31 45. Qual o resultado da apreciação da petição pela comissão?

31 46. De que prazo dispõe a comissão para a apreciação da petição?

32 47. A votação do relatório final envolve a satisfação do pedido?

32 48. Quais as petições que são debatidas em comissão?

33 49. Quando é que se realiza o debate em comissão?

33 50. As petições podem ser debatidas em comissão conjuntamente com iniciativas legislativas sobre a mesma matéria?

33 51. Os peticionários podem assistir à discussão e votação do relatório final, assim como ao eventual debate, em comissão?

33 Debate em Plenário

33 52. Quais as petições que são debatidas em sessão plenária?

34 53. Qual o prazo para agendamento da apreciação das petições em sessão plenária?

34 54. Qual o procedimento para agendamento do debate das petições em sessão plenária?

34 55. As petições podem ser debatidas no Plenário conjuntamente com iniciativas legislativas sobre a mesma matéria?

35 56. A matéria constante das petições é submetida a votação após o debate em sessão plenária?

35 57. Os peticionários são informados do agendamento da apreciação de uma petição em sessão plenária?

36 58. Como decorre o debate da petição no Plenário?

36 Caducidade

36 59. O que acontece às petições não concluídas até ao final da legislatura?

37 O retorno/efeitos práticos das petições 37 60. Que tipo de retorno pode ser esperado pelos peticionários?

39 O controlo de resultado 39 61. Qual o controlo feito pela Assembleia da República em relação às petições?

41 A prática do direito de petição (alguns dados estatísticos) 41 62. Qual o número de petições submetidas à Assembleia da República?

42 63. Em média, quanto tempo demora a Assembleia da República a apreciar uma petição?

42 64. É frequente haver discussão de iniciativas conjuntamente com petições?

43 65. Qual o perfil de género dos peticionários?

43 66. O direito de petição tem sido mais usado para prosseguir o interesse geral ou interesses particulares?

44 Anexo 44 Regras para assistência dos peticionários à discussão de uma petição no Plenário

Page 8: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

7 | NOTA DE ABERTURA

NOTA DE ABERTURA

Este guia é uma excelente forma de a Assembleia da República assinalar os

30 anos da Lei do Exercício do Direito de Petição, um direito de vocação inclusiva

(todos podem exercê-lo) que permite que os cidadãos possam fazer chegar ao

Parlamento e aos seus representantes as suas preocupações, com vista a poder

influenciá-los.

Nascida em 1990, a Lei do Exercício do Direito de Petição (Lei n.º 43/90, de

10 de agosto) veio dar nova vida a este direito, definindo um procedimento para

a sua tramitação, em especial no que diz respeito à Assembleia da República,

conferindo direitos aos subscritores de petições e instituindo obrigações precisas ao

Parlamento.

Desde então, o sistema de petições da Assembleia da República tem vindo a ser

incrementado, nomeadamente por via das potencialidades permitidas pelos meios

eletrónicos (como a publicidade que veio trazer a este processo), sendo apontado por

vários especialistas como um dos mais robustos, nomeadamente quando comparado

com sistemas de outros Parlamentos.

No entanto, para que o exercício deste direito não se traduza em expectativas

desajustadas, é importante que os subscritores de petições estejam bem cientes do

seu alcance: para que serve? Quais os seus direitos? Que retorno podem esperar?

Ao submeter o direito de petição ao microscópio, estas e muitas outras

perguntas encontram resposta neste guia prático, afigurando-se, assim, como um

precioso contributo para compreender melhor este instrumento de cidadania.

Boas petições!

EDUARDO FERRO RODRIGUES

Presidente da Assembleia da República

Palácio de São Bento, 10 de dezembro de 2020

Page 9: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

8 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

O DIREITO DE PETIÇÃO E O SEU ALCANCE

1. O que é o direito de petição?

O direito de petição consiste no direito de apresentar exposi-

ções escritas para defesa de direitos dos cidadãos, da Constituição,

da lei ou do interesse geral.

Deste modo, destina-se a dar uma voz aos cidadãos, garantindo

que as suas preocupações possam ser levadas diretamente (ou seja,

sem intermediários) ao Parlamento1 e aos Deputados, abrindo, por

esta via, uma possibilidade de influência.

Através do exercício deste direito, é frequente que os peticio-

nários dirijam à Assembleia da República, por exemplo, um pedido

de aprovação de legislação. No entanto, estas legítimas expectativas

de poder influenciar a Assembleia da República não podem ser con-

fundidas com qualquer direito a uma decisão ou com o direito a ver

o seu pedido acolhido2, 3.

1 As petições podem também ser apresentadas ao Presidente da República, ao Governo, ou a quaisquer autoridades públicas, com exceção dos tribunais (cf. Constituição da República Portuguesa e Lei do Exercício do Direito de Petição). Este guia prático aborda apenas a forma de exercício do direito de petição perante a Assembleia da República.

2 Para mais desenvolvimento deve ainda consultar-se a publicação Exercício do Direito de Petição – Anotações Práticas.

3 Ver também resposta à pergunta 60.

O direito de petição destina-se a dar uma voz aos cidadãos, garantindo que as suas preocupações possam ser levadas diretamente ao Parlamento, abrindo, assim, uma possibilidade de influência.

DEFINIÇÃO E ÂMBITO

Artigo 52.º da Constituição

e Lei n.º 43/90, de 10 de

agosto (Lei de Exercício do

Direito de Petição – LEDP)

Page 10: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

9 | O DIREITO DE PETIÇÃO E O SEU ALCANCE

2. Quais as características-chave do sistema de petições da Assembleia da República?

O quadro legal e institucional do direito de petição perante a Assembleia da

República pode ser resumido nas seguintes características-chave:

1. Direito a uma resposta;

2. Acesso direto dos peticionários (sem necessidade de intermediação);

3. Informação do peticionário ao longo do procedimento;

4. Abertura a vários tipos de peticionários (cidadãos e entidades coletivas);

5. Abrangência dos interesses prosseguidos (geral e particular);

6. Envio regular de perguntas e pedidos de informação (por exemplo, ao Governo);

7. Audição dos peticionários (obrigatório para as petições com mais de 1000 assina-

turas);

8. Realização de debates (em Plenário e na comissão competente4);

9. Informação no site sobre o direito de petição;

10. Possibilidade de submissão eletrónica das petições na plataforma eletrónica da

Assembleia da República;

11. Possibilidade de juntar assinaturas recolhidas pela internet;

12. Publicação do texto da petição no sítio da Assembleia da República e, para as peti-

ções com mais de 1000 assinaturas, no Diário da Assembleia da República;

13. Publicação do procedimento de cada petição no sítio da Assembleia da República;

14. Disponibilização de documentos produzidos ao longo do processo no sítio da

Assembleia da República;

15. Divulgação audiovisual de momentos-chave (por exemplo, audições e debates);

16. Funcionalidades descritas acessíveis a todas as petições.

Com a introdução de várias funcionalidades eletrónicas, em 2005, facilitou-se

não apenas o exercício deste direito através de meios eletrónicos (como por correio

eletrónico) mas, sobretudo, trouxe-se mudanças muito significativas para este

direito, através de mais transparência e publicidade ao sistema, resultando num

maior escrutínio (público e mediático) e, consequentemente, numa maior pressão

sobre o desempenho do Parlamento.

4 O Parlamento funciona em Plenário, com todos os Deputados, e em comissões permanentes especializadas (com 23 a 25 Deputados), organizadas por matérias e constituídas por legislatura. Na XIV Legislatura, que teve início em 2019, foram constituídas 14 comissões parlamentares. Nas comissões estão representadas, proporcionalmente, as várias forças políticas com assento parlamentar.

Page 11: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

10 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

3. O Parlamento é obrigado a examinar a minha petição?

O Parlamento tem o dever de receber e examinar as petições que cumpram

os requisitos legais5. A apreciação das petições materializa-se numa nota6 ou num

relatório aprovado pela comissão parlamentar competente e, para as petições que

reúnam os requisitos legais, no debate da petição na comissão competente ou no

Plenário da Assembleia da República7.

Porém, deste exame não decorre qualquer votação da petição8. O que o sistema

de petições confere aos cidadãos é, sobretudo, o direito a um procedimento, ou seja,

os peticionários têm direito a que as suas petições sejam admitidas e apreciadas e a

serem informados do resultado da apreciação.

4. O objeto da petição deve estar no âmbito das competências da Assembleia da República?

O alcance do direito de petição deve igualmente ser compreendido à luz das

competências do Parlamento, destacando-se as suas funções legislativas (sobre

todas as matérias, com exceção das matérias de competência exclusiva do Governo,

sobre a respetiva orgânica ou no âmbito dos seus poderes executivos) e de controlo

(do Governo e da Administração Pública).

Deste modo, se uma petição solicitar a reabilitação urgente de uma escola, a

petição não está, na realidade, a instar o Parlamento a executar esta obra ou a decidir

sobre a sua realização (isto são competências executivas, da alçada do Governo, que

a Assembleia da República não pode invadir, em respeito pelo princípio da sepa-

ração de poderes), mas a solicitar que este órgão de soberania exerça a sua função

de controlo, isto é, por exemplo, que questione o ministério responsável, que exija

respostas, que debata a petição, podendo, ainda, aprovar uma resolução com uma

recomendação ao Governo.

Na verdade, mesmo quando se solicita a adoção de um ato normativo, pode

dar-se o caso de a Assembleia da República responder através dos instrumentos

de fiscalização do Executivo, nomeadamente quando esteja em causa o referido

princípio da separação e interdependência dos órgãos de soberania, que impede

que a Assembleia da República invada a esfera de competência regulamentar e

5 Ver abaixo “Apresentação de petições” (perguntas 16 e ss.).6 Nos casos em que não seja nomeado relator, o processo de apreciação da petição fica concluído com a

aprovação da nota de admissibilidade (artigo 17.º, n.º 13 da LEDP).7 Ver resposta à pergunta 58.8 Ver resposta à pergunta 56.

Page 12: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

11 | O DIREITO DE PETIÇÃO E O SEU ALCANCE

administrativa do Governo9. Nestes casos, tem-se em conta que se trata de matéria

que se insere, em primeira linha, no âmbito da competência do Governo, pelo que a

atuação do Parlamento se exercerá no âmbito da sua função de controlo.

5. Quanto é que custa apresentar uma petição?

A apresentação de petições é gratuita e não pode, em caso

algum, dar lugar ao pagamento de quaisquer impostos ou taxas.

6. Posso ser prejudicado por apresentar uma petição?

Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado ou privado de

qualquer direito em virtude do exercício do direito de petição.

No entanto, isto não exclui a responsabilidade criminal, dis-

ciplinar ou civil do peticionário se do seu exercício resultar ofensa

ilegítima de interesses legalmente protegidos.

9 E.g., petição n.º 418/XIII/3 – “Solicita legislação para docentes incapacitados para o exercício de funções”.

UNIVERSALIDADE

E GRATUITIDADE

Artigo 5.º da LEDP

GARANTIAS

Artigo 7.º da LEDP

Page 13: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

12 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

7. Que fins podem ser prosseguidos pelas petições (de interesse geral e particular)?

As petições podem genericamente debruçar-se sobre quais-

quer matérias de interesse geral da competência do Parlamento –

nomeadamente a legislativa e de fiscalização.

O direito de petição também pode ser exercido para defesa de

direitos (onde avulta um interesse particular do peticionário, como é

o caso de reagir à violação de um direito num caso concreto).

8. Uma petição de interesse geral pode ter por base um interesse particular?

O facto de as petições prosseguirem o interesse geral não quer dizer que, mui-

tas vezes, não tenham um interesse particular na sua base.

Nestas situações, os peticionários têm, de um modo geral, mostrado saber con-

verter estes interesses em pedidos que visam o interesse geral. É, por exemplo, o

caso de um cidadão que tenha dificuldades em fazer face às despesas de determi-

nado medicamento. Numa petição que prossiga um interesse meramente particular,

o peticionário pediria ajuda para o seu caso concreto, alegando a sua situação de

insuficiência económica. Numa versão de interesse geral, o pedido seria traduzido

numa petição para que aquele medicamento passasse a ser comparticipado pelo

Estado.

FINS VISADOS PELAS PETIÇÕESO direito de petição pode ser usado para defesa de direitos particulares dos cidadãos ou do interesse geral.

ÂMBITO

Artigo 1.º da LEDP

Page 14: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

13 | FINS VISADOS PELAS PETIÇÕES

9. Que tipo de petições permite uma resposta mais eficaz por parte do Parlamento?

As petições que prosseguem o interesse geral potenciam uma resposta mais

eficaz do Parlamento, permitindo-lhe exercer as suas principais funções, ou seja,

funções legislativas e de controlo.

Por outro lado, as petições que prosseguem interesses particulares também

foram perdendo, ao longo do último século, parte da sua relevância, à medida que

o Estado de direito se consolidava (e, com ele, os tribunais como garantes da lega-

lidade) e se afirmavam poderes como o da Comunicação Social ou do Provedor de

Justiça, nomeadamente na denúncia de abusos de poder do Estado.

A grande maioria das petições apresentadas à Assembleia da República podem

ser enquadradas como prosseguindo o interesse geral10.

10 Ver abaixo “A prática do direito de petição” (perguntas 62 e ss.).

Page 15: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

14 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

10. Quem pode apresentar petições?

Podem apresentar petições:

• Qualquer cidadão português ou qualquer pessoa coletiva

(por exemplo, uma empresa ou uma associação, desde que

legalmente constituída)11.

• Os cidadãos de nacionalidade estrangeira, em determinadas

condições. Neste caso, a lei distingue:

— Se a petição visar um interesse particular, qualquer indi-

víduo que resida em Portugal, independentemente da

nacionalidade, poderá apresentar uma petição.

— Se a petição prosseguir um interesse geral, apenas pode-

rão apresentar petições os cidadãos de outros países que

reconheçam o mesmo direito aos portugueses.

Nos termos da Lei do Exercício do Direito de Petição (LEDP),

a pessoa singular deve identificar-se por recurso ao número do seu

bilhete de identidade, do seu cartão de cidadão ou de qualquer outro

documento de identificação válido, fazendo, neste caso, expressa

menção ao documento em causa.

11 Ver também resposta à pergunta 12.

OS TITULARES DO DIREITO DE PETIÇÃOUm dos traços do direito de petição é a sua abertura e vocação inclusiva, permitindo uma via de participação política institucional entre eleições e além do vínculo de eleitor e da nacionalidade (havendo abertura, em determinadas condições, para a participação de estrangeiros).

TITULARIDADE

Artigo 4.º da LEDP

Page 16: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

15 | OS TITULARES DO DIREITO DE PETIÇÃO

11. A partir de que idade pode um cidadão apresentar ou subscrever uma petição?

De acordo com a LEDP, não existem limitações relativamente à idade (quer

para efeitos de apresentação de uma petição, quer para efeitos de subscrição). Deste

modo, este é um direito aberto à participação de menores de idade, podendo justifi-

car-se que, em situações em que estejam em causa cidadãos particularmente jovens,

estes se façam acompanhar (ou mesmo representar) para efeitos de algumas diligên-

cias relativas à tramitação da petição, como, por exemplo, para efeitos de audição.

12. O direito de petição pode ser exercido por entidades coletivas?

Sim, além dos cidadãos, as petições também podem ser apre-

sentadas por entidades coletivas (como associações, empresas, enti-

dades do terceiro setor). São as chamadas “petições em nome cole-

tivo”, distinguindo-se das petições apresentadas por cidadãos.

No caso de uma pessoa coletiva, a sua identificação deverá

ser feita com recurso ao número de identificação de pessoa coletiva

(NIPC).

Tratando-se de um movimento ou de uma plataforma de inte-

ressados, não registados como pessoa coletiva, deverá ser identifi-

cado um cidadão como primeiro subscritor da petição.

DEFINIÇÕES

Artigo 2.º, n.º 5 da LEDP

Page 17: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

16 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

13. Podem ser apresentadas petições com uma única assinatura/subscritor?

Sim, basta uma assinatura para se poder apresentar uma petição.

O peticionário pode ser um cidadão ou uma pessoa coletiva12

(neste caso, através do seu representante, que, para este efeito, é

considerado como único subscritor).

14. Podem ser apresentadas petições com várias assinaturas?

Sim, são as chamadas petições coletivas (duas ou mais assinaturas, de cidadãos

ou pessoas coletivas), que se distinguem, deste modo, das petições individuais (com

apenas uma assinatura).

Nestas petições, o(s) primeiro(s) subscritor(es) procuram o apoio de outros cida-

dãos ou pessoas coletivas para as pretensões levadas à Assembleia da República.

Esta procura pode ser feita através de recolha presencial de assinaturas, reco-

lha online nos sítios disponíveis para o efeito, ou através da plataforma eletrónica da

Assembleia da República.

15. Que diferença faz o número de assinaturas que uma petição tem?

As petições recebem, genericamente, o mesmo tratamento, independente-

mente do número de assinaturas.

No entanto, existem algumas diferenças significativas no procedimento asso-

ciadas ao número de assinaturas. É o caso da audição obrigatória dos peticionários

ou do debate da petição na comissão competente ou em Plenário.

As petições coletivas (as que têm dois ou mais subscritores) poderão seguir pro-

cedimentos diferenciados, consoante o maior ou menor número de assinaturas.

12 Ver também resposta à pergunta 12.

PETIÇÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS

TITULARIDADE

Artigo 4.º da LEDP

Page 18: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

17 | PETIÇÕES INDIVIDUAIS E COLETIVAS

As regras são as seguintes:

• Petições com 100 ou menos assinaturas13 – não obrigatoriedade de nomea-

ção de Deputado relator e, se for esse o caso, conclusão da apreciação da

petição pela comissão competente através da aprovação da nota de admis-

sibilidade;

• Petições com mais de 100 assinaturas14 – obrigatoriedade de

nomeação de Deputado relator. A petição é analisada por

um Deputado, responsável pela elaboração de um relató-

rio, e apreciado pela comissão competente. A conclusão da

apreciação da petição ocorre, em regra, com a aprovação do

relatório final;

• Petições com mais de 1000 assinaturas – os peticionários

têm o direito a:

— Serem ouvidos diretamente pelos Deputados (audição dos

peticionários), em comissão ou por uma delegação desta;

— Verem publicada a sua petição no Diário da Assembleia da

República;

— Verem publicado o relatório sobre a sua petição no Diário

da Assembleia da República;

• Petições com mais de 2500 e que não excedam as 7500 assinaturas – os peticionários têm direito a que a petição seja

debatida na Comissão competente;

• Petições com mais de 7500 assinaturas – os peticionários têm

o direito a que a petição seja debatida em sessão plenária,

um palco relevante dos trabalhos parlamentares, nomea-

damente por ser aquele em que estão reunidos todos os

Deputados.

O exercício do direito de petição perante a Assembleia da República não está sujeito a uma forma especial ou exigente, caracterizando-se genericamente pela sua informalidade e facilidade de exercício.

13 Artigo 17.º, n.º 13 da LEDP.14 Ver resposta à pergunta 36.

ARTIGO 17.º,

N.º 5 da LEDP

ARTIGO 21.º,

N.º 1 da LEDP

ARTIGO 24.º-A,

da LEDP

ARTIGO 26.º,

N.OS 1 e 2 da LEDP

Page 19: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

18 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

APRESENTAÇÃO DE PETIÇÕES

APRESENTAÇÃO

16. A que requisitos de forma deve obedecer a apresentação de uma petição?

Exige-se genericamente que a petição seja apresentada por escrito, assinada e dirigida ao Presidente da Assembleia da Repú-blica.

Além disto, o texto deve ser inteligível e especificar o objeto da petição. Isto quer dizer que o texto da petição tem de ser explícito e

concretizar suficientemente o pedido que é dirigido ao Parlamento e

as razões que o motivam, de modo claro e completo – mas sintético –,

expondo o essencial do pedido, de modo a que a mensagem não se

torne confusa ou difícil de entender.

Cada subscritor deverá identificar-se através do nome e do número do bilhete

de identidade ou do cartão de cidadão ou, não sendo portadores destes, de qualquer

outro documento de identificação válido. O primeiro subscritor deve, ainda, indi-

car uma morada, um endereço de correio eletrónico e um número de telefone, para

efeito das comunicações no âmbito da petição.

Em caso de elementos em falta ou de necessidade de completar a informação, a

comissão parlamentar competente pode fixar um prazo não superior a 20 dias para

o seu suprimento, sob pena de se proceder ao arquivamento da petição.

FORMA

Artigo 9.º da LEDP

Page 20: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

19 | APRESENTAÇÃO DE PETIÇÕES

17. Como posso apresentar uma petição?

A petição pode ser apresentada:

•Por via eletrónica

— Através da plataforma eletrónica da Assembleia da República15

https://participacao.parlamento.pt/

ou

— Através do correio eletrónico

(designadamente utilizando o [email protected])

•Por via postal (enviada pelo correio)

— Devendo ser remetida para o seguinte endereço:

Assembleia da República Palácio de São Bento 1249-068 Lisboa

• Presencialmente

— Através da entrega no serviço de expediente da Assem-bleia da República, das 09 às 13 horas e das 14 e às 18

horas dos dias úteis.

— Em audiência concedida para o efeito por um Vice-

Presidente da Assembleia da República16 (devendo, para

tal, ser formalizado pedido de audiência dirigido ao

Presidente da Assembleia da República, cujo Gabinete

diligencia nesse sentido) – o que, de acordo com a prática

que tem vindo a instituir-se, se verifica, por regra, apenas

quanto às petições que reúnam o número de assinaturas

suficiente para serem debatidas em Plenário.

15 Para saber mais sobre como submeter a petição através da plataforma eletrónica da Assembleia da República poderá consultar o manual de utilizador.

16 Seguindo a prática de legislaturas anteriores, na XIV Legislatura (2015-2019), o Despacho n.º 1/XIV, do Presidente da Assembleia da República (Delegação de poderes e competências nos Vice-Presidentes da Assembleia da República), de 29 de outubro de 2019, veio determinar que os poderes para receber e encaminhar para as comissões parlamentares competentes as representações ou petições dirigidas à Assembleia da República são delegados nos Vice-Presidentes da Assembleia da República, tendo esta competência sido avocada pelo Presidente em situações absolutamente excecionais, à luz da especial sensibilidade das matérias peticionadas.

ARTIGO 18.º, da LEDP

Page 21: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

20 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

18. A apresentação de uma petição significa a sua admissão?

Não. Independentemente da forma como a petição é recebida pelos serviços

da Assembleia da República, estes começam por fazer uma mera verificação pre-

liminar da petição, sobretudo ao nível da sua viabilidade formal (por exemplo, no

que concerne a identificação do peticionário), contactando o peticionário para suprir

deficiências, se necessário.

Não se verificando qualquer necessidade de correção, a petição é remetida ao

Presidente da Assembleia da República para distribuição à comissão competente em

razão da matéria. É esta comissão que decidirá da admissão da petição, verificando

cabalmente a sua conformidade com as exigências da Lei do Exercício do Direito de

Petição (LEDP).

19. Como submeto a petição pela plataforma eletrónica da Assembleia da República?

Em primeiro lugar, é necessário o registo do peticionário na plataforma eletró-

nica da Assembleia da República.

O registo permite o acesso a uma área pessoal do peticionário, onde poderá

construir as suas petições17.

20. Quais as vantagens da utilização da plataforma eletrónica da Assembleia da República?

Além de facilitar a recolha de assinaturas com maiores garantias de segurança,

a plataforma permite uma interação da Assembleia da República com todos os que

assinem as petições por esta via (e não apenas com os seus autores, como acontece, por

regra, com as petições apresentadas por via postal ou por correio eletrónico), nomea-

damente notificando-os, por correio eletrónico, das principais diligências e etapas.

A plataforma facilita também um contacto com os peticionários num momento

anterior ao da apresentação da petição, o que permite um apoio quanto aos procedimen-

tos a adotar para a submissão, publicação para recolha de assinaturas e apresentação.

Ao registar-se na plataforma, o peticionário tem acesso a uma área pessoal

onde pode gerir a sua atividade sobre petições (como apresentar uma nova ou subs-

crever alguma já existente).

17 Para saber mais sobre como submeter a petição através da plataforma eletrónica da Assembleia da República poderá consultar o manual de utilizador.

Page 22: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

21 | APRESENTAÇÃO DE PETIÇÕES

RECOLHA DE ASSINATURAS

21. É obrigatória a recolha de assinaturas para apresentar uma petição?

Não. Como referido18, para apresentar uma petição basta uma assinatura.

No entanto, embora, genericamente, as petições com uma ou mais assinaturas

tenham o mesmo tratamento, existem algumas fases que só são obrigatoriamente

realizadas quando a petição tenha um determinado número de assinaturas. É o caso

da audição dos peticionários (mais de 1000 assinaturas) ou do debate em Plenário

(mais de 7500 assinaturas)19.

22. Como é feita a recolha de assinaturas?

Pode ser feita por vários meios:

• De forma presencial (em papel)

• Na internet

— Através de sítios que têm essa funcionalidade

— Através da plataforma eletrónica da Assembleia da República

No caso de a recolha de assinaturas ter sido feita através de outros sítios com

essa funcionalidade (por exemplo o sítio petição pública), a lista das assinaturas aí

recolhidas deve ser anexada à petição20. Só são consideradas as assinaturas que

contenham o nome e a indicação do documento de identificação, com o respetivo

número.

18 Ver resposta à pergunta 13.19 Ver respostas às perguntas 14 e 15.20 Para saber mais sobre como submeter a petição, com anexos, através da plataforma eletrónica da

Assembleia da República poderá consultar o manual de utilizador.

Page 23: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

22 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

23. Quais os requisitos para a recolha de assinaturas em papel?

A folha para recolha de assinaturas deve conter um resumo do objeto da petição.

No exemplo abaixo, a coluna “Nome” deve ser preenchida com o nome com-

pleto ou, pelo menos, com o primeiro e último nome. Na coluna seguinte deve cons-

tar o número do bilhete de identidade, do cartão de cidadão ou, não sendo portador

deste, de qualquer outro documento de identificação válido, fazendo expressa men-

ção ao documento utilizado. Na coluna “Assinatura”, basta uma rubrica.

24. Além das assinaturas entregues, é possível solicitar que a petição continue a recolher assinaturas na plataforma eletrónica da Assembleia da República?

Sim. No momento em que submete a petição, o peticionário pode:

• Apresentar imediatamente a petição;

• Solicitar que a petição continue a recolher assinaturas na plataforma eletró-

nica da Assembleia da República;

25. Existe um prazo para a recolha de assinaturas através da plataforma eletrónica da Assembleia da República?

Não. O cidadão é que define um prazo para recolha de assinaturas na plata-

forma eletrónica da Assembleia da República.

A qualquer tempo, poderá pedir que se conclua a recolha de assinaturas ou que

se aumente o seu prazo.

Page 24: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

23 | APRESENTAÇÃO DE PETIÇÕES

26. A recolha de assinaturas através da plataforma eletrónica da Assembleia da República garante que a petição é admitida?

Não. Tal como já foi aflorado21, a verificação que é feita nesta sede é meramente

preliminar e é apenas para efeitos de publicação na plataforma eletrónica da Assembleia

da República, em conformidade com os respetivos termos e condições de utilização.

Só após a apresentação da petição e da sua distribuição à comissão competente

é que esta decide sobre a sua admissibilidade22, verificando cabalmente a conformi-

dade da petição com as exigências da LEDP.

27. Como é que posso assinar uma petição na plataforma eletrónica da Assembleia da República?

As petições que se encontram em fase de recolha de assinaturas são divulgadas

na plataforma eletrónica da Assembleia da República.

Para assinar uma petição terá de efetuar previamente o seu registo na plata-

forma, para que possa aceder à sua área pessoal (só precisa de efetuar este procedi-

mento para a primeira petição que assinar/apresentar/submeter). Pode aderir a uma

das petições aí inseridas entrando na mesma e clicando em “Assinar”.

A vantagem na subscrição de uma petição através da plataforma eletrónica

da Assembleia da República é que todos os subscritores recebem notificações da

alteração do estado das petições que subscreveram, permitindo, assim, um maior

acompanhamento das mesmas23.

Para criar um registo na plataforma eletrónica da Assembleia da República

poderá consultar o manual de utilizador disponibilizado pela Assembleia da República.

28. É possível recolher assinaturas já depois de a petição ter sido admitida?

Qualquer cidadão pode aderir a uma petição já após o início da sua apreciação

(até 30 dias após a data da sua admissão)24. A adesão pode ser feita através da plata-

forma eletrónica ou através de declaração escrita dirigida à comissão que estiver a

apreciar a petição, aceitando os termos e a pretensão expressa na petição.

21 Na resposta à pergunta 18.22 Ver também resposta às perguntas 31 e ss.23 Para informação sobre como submeter uma petição pela plataforma eletrónica da Assembleia da

República, ver resposta à pergunta 19.24 Ver resposta às perguntas 37 e 38.

Page 25: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

24 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕESO sistema de petições confere aos cidadãos um direito a um procedimento, ou seja, os peticionários têm direito a que as suas petições sejam admitidas e apreciadas, bem como a serem informados do resultado da apreciação.

TRAMITAÇÃO

29. Como decorre em geral a tramitação da apreciação de uma petição na Assembleia da República?

A apreciação de uma petição decorre na comissão parlamentar competente em

razão da matéria, a qual é fixada inicialmente por decisão do Presidente da Assembleia

da República (ou por Vice-Presidente, no caso de competências delegadas).

A comissão começa por decidir se admite a petição e, admitindo-a, nomeia um

Deputado relator (o que, por norma, acontece apenas nas petições subscritas por

mais de 100 cidadãos, caso em que é obrigatória)25, a quem cabe proceder à instrução

da petição e elaborar relatório intercalar ou final sobre o texto apresentado, pro-

pondo à comissão as tomadas de posição consideradas adequadas.

Apreciada a petição, a comissão decide quais as medidas a adotar. A petição

pode ainda, em casos determinados, prosseguir a sua tramitação para um debate em

comissão ou em Plenário.

25 Ver resposta às perguntas 34 e 35.

* Podendo ser utilizada a plataforma eletrónica da Assembleia da República disponibilizada para este efeito.** Obrigatória nas petições com mais de 1000 assinaturas.*** Obrigatória nas petições com mais de 2500 e até 7500 assinaturas**** Nos casos em que não seja nomeado relator (apenas obrigatório nas petições com mais de 100 assinaturas), o processo de

apreciação da petição fica concluído com a aprovação da nota de admissibilidade.***** Obrigatória nas petições com mais de 7500 assinaturas.

Recolha de Assinaturas* (fase facultativa)

Apresentação Submissão Publicação Admissibilidade

Audição dos peticionários** Discussão***

Enviado para conhecimento/eventual iniciativa legislativa

Debate em Plenário*****

Perguntas

Relatório final****

Apreciação

Conclusão

FIGURA 1 · RESUMO DO PROCESSO TÍPICO DAS PETIÇÕES

Page 26: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

25 | O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕES

ADMISSÃO

30. Em que consiste a admissão de uma petição?

A admissão de uma petição consiste na decisão da Assembleia da República de

aceitação de apreciação da petição.

Trata-se de uma decisão que não envolve um juízo sobre o mérito da preten-

são, baseando-se antes numa análise inicial acerca do preenchimento dos requisitos

necessários para ser apreciada.

31. Quais os requisitos para a admissão de uma petição?

Para que uma petição seja admitida, devem estar preenchidos os seguintes

requisitos:

1. O pedido formulado ser inteligível e estar especificado o

objeto da petição;

2. Não conter pretensões ilegais26;

3. Não carecer de fundamento27;

4. Não visar a reapreciação pelo Parlamento, de um caso idêntico, ainda que o peticionário seja outro (a não ser que

sejam alegados ou verificados outros factos relevantes

supervenientes)28;

5. Não visar a reapreciação de decisões dos tribunais29 ou de

atos administrativos irrecorríveis;

6. O peticionário encontrar-se corretamente identificado30.

O não cumprimento dos requisitos acima referidos gera o inde-

ferimento liminar da petição.

26 Ver petição n.º 107/XII – “Solicitam a demissão do Presidente da República”.27 Ver petições n.os 595/XIII e 482/XIII, cujo objeto já estava esgotado, e petição n.º 443/XII – “Solicita

a inclusão do Direito à Criatividade no catálogo dos Direitos Humanos”.28 Ver petição n.º 317/XIII – “Revisão da petição n.º 195/XIII/2.ª - Solicita alteração ao imposto único de

circulação”.29 Ver petição n.º 473/XIII – “Solicitam adoção de medidas para restituição de criança à mãe”, revendo uma

decisão judicial.30 Veja-se o caso da petição n.º 449/XIII, em que os peticionários não indicam o nome e o número do

documento de identificação, mesmo depois de terem sido instados a dar essas informações.

INDEFERIMENTO LIMINAR

Artigo 9.º, 12.º e 13.º da LEDP

Page 27: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

26 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Se a petição foi apresentada de forma anónima ou se o seu texto for ininteligí-

vel ou não especificar o respetivo objeto31,32, a comissão fixa um prazo não superior

a 20 dias para serem supridas as deficiências, com a advertência de que o seu não

suprimento determinará o arquivamento liminar da petição.

32. A quem compete decidir sobre a admissão de uma petição?

A comissão competente decide se a petição pode ser admitida para ser apre-

ciada, tendo por base uma nota sobre a sua admissibilidade, elaborada pelos serviços

de apoio à comissão, mas que, naturalmente, não a vincula.

Esta informação técnica é apreciada em reunião da comissão, dela podendo

resultar uma deliberação de admissão, uma decisão de indeferimento liminar da

petição ou o convite ao seu aperfeiçoamento. Essa informação é comunicada ao pri-

meiro (ou ao único) subscritor.

Pode, ainda, a petição ser condicionalmente admitida, para que o texto possa

ser completado com documentação ou clarificado de modo a afastar dúvidas sobre a

sua falta de fundamento ou ilegalidade da pretensão formulada, por exemplo.

33. A admissão da petição significa concordância da Assembleia da República com o pedido ou é uma garantia da sua satisfação?

Não, a admissão é apenas o ato pelo qual a Assembleia da República aceita

apreciar a petição, mas não equivale a aceitar ou aprovar o pedido formulado.

É uma decisão apenas sobre o preenchimento dos requisitos necessários para

a petição ser apreciada. Em seguida, na fase de apreciação, é que o pedido e a sua

fundamentação são objeto de análise por parte da Assembleia da República.

31 Veja-se o caso da petição n.º 612/XIII.32 Para um desenvolvimento da questão da inteligibilidade da petição, ver resposta à pergunta 16.

Page 28: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

27 | O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕES

34. É nomeado um relator para todas as petições?

Não, a nomeação de um Deputado relator apenas é obrigatória

para as petições subscritas por mais de 100 cidadãos.

Naquelas que tenham sido apresentadas por menos subscrito-

res a comissão pode decidir nomear um relator ou não o fazer. No

entanto, todas as petições (com ou sem relator) são objeto de uma

apreciação.

35. Qual é a função do relator?

O relator é o Deputado que a comissão competente designa para analisar a

petição e todos os elementos instrutórios que sobre ela sejam solicitados pela comis-

são (por exemplo, os pedidos de informação ao Governo e respetivas respostas) ou

que o próprio relator decida obter.

Com base nessa informação, o relator elabora um relatório intercalar ou final,

contendo uma análise da petição e propostas de medidas a tomar.

36. Todas as petições são objeto de relatório?

Todas as petições com mais de 100 assinaturas são objeto de uma apreciação

que pode dar origem a relatórios intercalares e que culmina sempre num relatório

final.

O relator pode apresentar relatório(s) intercalar(es) antes do relatório final se,

no decurso da apreciação da petição, considerar necessário solicitar a anuência da

comissão para a realização de diligências inicialmente não previstas ou se quiser

apresentar o ponto da situação da apreciação já feita, designadamente quando não

tenha sido recebida resposta a pedidos de informação e considere necessário que a

comissão se pronuncie sobre o procedimento seguinte.

O relatório final concretiza as diligências aprovadas pela comissão e o seu

resultado, os elementos instrutórios reunidos, e propõe a adoção de uma ou mais

medidas33.

33 Ver resposta à pergunta 45.

RELATOR

Artigo 17.º, n.º 5 da LEDP

Page 29: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

28 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Nos casos em que não é obrigatória a nomeação de relator – por a petição ter

100 ou menos subscritores –, a comissão faz a apreciação da petição com base na

nota de admissibilidade e nos eventuais elementos instrutórios obtidos.

37. Depois de uma petição ser admitida, o número de assinaturas pode ser aumentado?

Sim, qualquer cidadão que possa apresentar petições pode

subscrever uma petição já admitida e em apreciação, por adesão,

indicando o nome e o número de documento de identificação válido.

Esta possibilidade existe durante o prazo de 30 dias a contar da

data da admissão da petição.

A adesão faz-se através da plataforma ou por declaração escrita

remetida por qualquer meio à comissão competente, aceitando os

termos e a pretensão expressa na petição.

38. As assinaturas adicionadas por adesão contam para algum efeito?

Sim, desde que aconteça no referido prazo de 30 dias a partir da admissão pela

comissão, a adesão conta como subscrição para todos os efeitos legais – designa-

damente nomeação de relator, publicação, audição de peticionários, apreciação em

comissão ou em Plenário.

39. Um peticionário pode desistir da sua petição depois de esta ter sido admitida?

Qualquer peticionário pode, a todo o tempo, desistir da petição,

por requerimento escrito dirigido à comissão ou ao Presidente da

Assembleia da República.

A comissão decide se deve aceitar a desistência, caso em que

procede ao seu arquivamento ou se, por causa da matéria abordada,

se justifica prosseguir com a sua apreciação, para defesa do interesse

público.

ADESÃO

Artigo 17.º, n.º 2 da LEDP

DESISTÊNCIA

Artigo 16.º da LEDP

Page 30: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

29 | O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕES

APRECIAÇÃO

40. Que atos instrutórios pode envolver a apreciação da petição?

As diligências instrutórias são promovidas após a admissão da petição, nomeadamente acolhendo a proposta da nota de admissibi-

lidade, que deve indicar entidades a consultar. Pode ser elaborado

um relatório intercalar (se se mostrar necessário solicitar esclare-

cimentos a outras entidades ou promover outras diligências) ou o

relator solicitar ao presidente da comissão diretamente a realização

de diligências para obter informação.

A comissão pode solicitar depoimentos de cidadãos ou entida-

des públicas ou privadas, realizar as audições que considere neces-

sárias e, bem assim, requerer e obter informações e documentos de

entidades, públicas ou privadas, sem prejuízo do regime legal de

segredo ou de sigilo profissional.

A realização destas diligências é um poder da comissão, que decide quais as

mais adequadas ao caso concreto. Por exemplo, poderá não se justificar solicitar a

pronúncia do Governo se, sobre o mesmo assunto, aquele tiver tomado recente-

mente posição sobre a matéria, optando-se por consultar, porventura, outras enti-

dades.

Todas as diligências são efetuadas diretamente pela comissão. O relator pode,

ainda, realizar individualmente as diligências que considere necessárias para a

apreciação da petição, nomeadamente junto dos peticionários ou propondo que,

conforme refere a lei, mais entidades “tomem posição sobre a matéria”.

41. A resposta aos pedidos de informação é obrigatória?

A comissão que aprecia a petição tem o poder de obter as informações que

considere necessárias ao exame e instrução da petição.

A resposta a este pedido deve ser efetuada no prazo máximo de 20 dias.

A resposta é obrigatória para o Governo, assim como para as demais entida-

des (públicas ou privadas) por esta via interpeladas, não sendo admitida a recusa

injustificada de depoimento ou o não cumprimento dos pedidos feitos pela comissão.

As comissões podem insistir com as entidades quando estas não enviem a resposta

no prazo estipulado.

PODERES DA COMISSÃO

Artigo 20.º da LEDP

Page 31: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

30 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

42. A falta de resposta aos pedidos de informação impede a conclusão da apreciação da petição?

A lei determina que o não cumprimento da obrigação de res-

posta por titulares de cargos públicos constitui crime de desobediên-

cia. No entanto, a sua ausência não impede a conclusão da petição,

devendo o relator fazer uma ponderação entre a necessidade da

informação solicitada e uma resposta da Assembleia da República

em tempo útil, sem prejuízo de poder pedir a prorrogação de prazo

para esse efeito34.

43. Em que casos pode ocorrer a audição dos peticionários?

A audição dos peticionários é obrigatória para as petições com

mais de 1000 subscritores.

A audição é feita, segundo a lei, “perante a comissão parlamen-

tar, ou delegação desta”.

Nos casos em que a audição não é obrigatória, a comissão pode,

ainda assim, deliberar fazê-la, “por razões de mérito”, ou como prá-

tica visando a obtenção presencial de mais esclarecimentos.

Por regra, as comissões só procedem à audição dos peticionários nos casos em

que é obrigatória e é concretizada por uma delegação da comissão.

44. O que é a diligência conciliadora e em que casos pode ocorrer?

A comissão tem o poder de realizar uma diligência concilia-

dora dos peticionários e das entidades visadas, que terá lugar após

a audição dos peticionários, a recolha de informações das entidades

envolvidas e a realização de outras diligências.

No caso de a comissão recorrer a esta diligência, é recolhida

toda a informação necessária e tenta-se a conciliação das partes, de

forma a encontrar, a final, um acordo entre o peticionário e a enti-

dade competente para satisfazer o pedido deste.

Apesar da bondade deste poder, ele não parece ter-se mostrado um instru-

mento adequado à apreciação das petições, tendo sido usado muito raramente e

nunca tendo permitido obter os resultados pretendidos pela petição.

34 Ver também resposta à pergunta 46.

INCUMPRIMENTO

DO DEVER DE

COLABORAÇÃO

Artigo 23.º da LEDP

AUDIÇÃO DOS

PETICIONÁRIOS

Artigo 21.º da LEDP

DILIGÊNCIA

CONCILIADORA

Artigo 22.º da LEDP

Page 32: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

31 | O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕES

RELATÓRIO FINAL E DEBATE EM COMISSÃO

45. Qual o resultado da apreciação da petição pela comissão?

A apreciação da petição em debate pela comissão culmina na aprovação de uma

nota ou de um relatório final, este segundo projeto apresentado pelo relator. Estes

documentos (e particularmente no caso do relatório final) concretizam as diligên-

cias aprovadas pela comissão e o seu resultado, os elementos instrutórios reunidos e

analisa o teor da petição. Além disto, propõem-se ainda medidas de natureza diversa,

como, por exemplo:

• A apreciação da petição em debate na comissão ou em Plenário (obrigatória,

respetivamente, no caso das petições com mais de 2500 assinaturas) e com

mais de 7500 assinaturas;

• A sua remessa a outras entidades, externas à Assembleia da República ou

mesmo aos Deputados e Grupos Parlamentares – para o eventual exercício de

poderes legislativos, administrativos, de iniciativa de inquérito parlamentar,

de exercício da ação penal, investigação policial e apreciação como queixa pelo

Provedor de Justiça;

• A informação ao subscritor da petição sobre meios alternativos para o reco-

nhecimento do seu direito ou pretensão ou sobre “qualquer ato do Estado

e demais entidades públicas relativo à gestão dos assuntos públicos que a

petição tenha colocado em causa ou em dúvida”;

• Etc.

O Deputado relator dispõe de uma parte no relatório final em que pode expres-

sar a sua opinião, que é da sua exclusiva responsabilidade e não é objeto de votação.

46. De que prazo dispõe a comissão para a apreciação da petição?

Depois de admitir uma petição, a comissão parlamentar com-

petente deve apreciá-la e deliberar num prazo razoável. Nos casos

em que tenha sido nomeado relator, o relatório final deve ser apro-

vado no prazo de 60 dias (descontados os períodos de suspensão

do funcionamento da Assembleia da República) a contar da data

em que foi admitida na comissão35 sem prejuízo da possibilidade de

35 Ver também resposta à pergunta 42.

TRAMITAÇÃO

DAS PETIÇÕES

Artigo 17.º, n.º 9, n.º 11

da LEDP

Page 33: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

32 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

prorrogação do prazo por um máximo de 30 dias, designadamente para a conclusão

de diligências instrutórias.

Como se pode ver na figura 4 deste guia36, este prazo legal não tem sido, em

média, respeitado pela Assembleia da República, sem prejuízo de dever assinalar-se

a evolução positiva que se tem vindo a registar na diminuição do tempo de aprecia-

ção da Assembleia da República ao longo das duas últimas décadas. Importa realçar

que existem vários fatores que podem contribuir para que o prazo não seja cum-

prido, destacando-se as situações em que se aguarda por uma resposta (nomeada-

mente do Governo) à petição – contributo que valoriza o processo de apreciação da

petição – ou pelo desenvolvimento de alguma política com relevância para a questão

em apreço. Nestes casos, o Parlamento tem muitas vezes procurado um equilíbrio

que garanta uma resposta em tempo útil, mas que não deixe de maximizar o poten-

cial do processo de apreciação das petições.

47. A votação do relatório final envolve a satisfação do pedido?

O relatório final enquadra o teor da petição, concretiza as dili-

gências aprovadas pela comissão e o seu resultado, os elementos

instrutórios reunidos, e pode propor uma ou mais medidas, nomea-

damente a remessa do relatório e da petição aos Grupos Parlamenta-

res e ao Governo, para apreciação e eventual (não é, pois, obrigatória)

apresentação de medida legislativa ou administrativa.

Embora o relatório final seja votado, a sua aprovação não tra-

duz, assim, uma tomada de posição relativamente ao pedido em

causa (de acordo ou rejeição do seu conteúdo).

Neste aspeto, o direito de petição distingue-se de instrumentos de participação

política bastante mais exigentes em termos de esforço exigido aos cidadãos (como

número mínimo de assinaturas obrigatório ou apresentação de um projeto de lei).

É, por exemplo, o caso da iniciativa legislativa de cidadãos, que é submetida a apre-

ciação e termina com a aprovação ou rejeição da iniciativa.

48. Quais as petições que são debatidas em comissão?

As petições subscritas por mais de 2500 cidadãos e até 7500 cidadãos são

objeto de debate na comissão parlamentar competente.

36 Pergunta 63.

EFEITOS

Artigo 19.º da LEDP

Page 34: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

33 | O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕES

49. Quando é que se realiza o debate em comissão?

Nas petições que preencham os requisitos para serem debatidas em comissão,

este tem lugar logo a seguir à apresentação do respetivo relatório final e antes da

votação deste último.

50. As petições podem ser debatidas em comissão conjuntamente com iniciativas legislativas sobre a mesma matéria?

Com base na petição agendada para apreciação pela comissão, pode qualquer

Deputado ou força política apresentar um projeto de resolução para discussão em

simultâneo com a mesma e posterior votação em Plenário.

51. Os peticionários podem assistir à apresentação e votação do relatório final, assim como ao eventual debate, em comissão?

Sendo (em regra) as reuniões das comissões públicas, os peticionários podem

assistir à apresentação e votação do relatório final, assim como ao debate que tenha

lugar no caso de petições com mais de 2500 e que não excedam as 7500 assinaturas.

DEBATE EM PLENÁRIO

52. Quais as petições que são debatidas em sessão plenária?

• As que têm mais de 7500 subscritores;

• A título excecional, as que têm um número de subscritores

inferior, em que seja elaborado relatório pela comissão com

parecer favorável à apreciação no Plenário, devidamente

fundamentado, tendo em conta, em especial, o âmbito dos

interesses em causa, a sua importância social, económica ou

cultural e a gravidade da situação objeto da petição.

APRECIAÇÃO

PELO PLENÁRIO

Artigo 24.º da LEDP

Page 35: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

34 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

53. Qual o prazo para agendamento da apreciação das petições em sessão plenária?

As petições devem ser agendadas no prazo máximo de 30 dias após o envio ao Presidente da Assembleia da República do relatório final da comissão que procedeu

à sua apreciação.

O prazo não corre durante os períodos de suspensão do funcionamento da

Assembleia da República ou aqueles em que não forem convocadas reuniões ple-

nárias por período superior a uma semana, por exemplo, em agosto e em novembro

(durante o período de discussão na especialidade das propostas de lei das Grandes

Opções e do Orçamento do Estado).

54. Qual o procedimento para agendamento do debate das petições em sessão plenária?

Com a aprovação do relatório final pela comissão, as petições são enviadas para

agendamento do seu debate em sessão plenária.

Este agendamento compete à Conferência de Líderes, que, normalmente,

reúne de 15 em 15 dias e onde, além do Presidente da Assembleia da República e dos

presidentes dos Grupos Parlamentares, se encontra também habitualmente repre-

sentado o membro do Governo competente.

O agendamento é feito pela ordem de receção do relatório final da petição,

com exceção dos casos em que o relatório recomendar o seu agendamento urgente

para não prejudicar a atualidade do debate. Em situações devidamente fundamenta-

das – quer pelas comissões parlamentares competentes, quer por deliberação da

Conferência de Líderes – os critérios de agendamento podem ser diferentes, como,

por exemplo, quando existem iniciativas legislativas conexas com a matéria da peti-

ção que já estejam agendadas.

55. As petições podem ser debatidas no Plenário conjuntamente com iniciativas legislativas sobre a mesma matéria?

Sim, nos seguintes casos:

• Quando um Deputado ou um Grupo Parlamentar apresentarem uma inicia-

tiva (um projeto de lei para regular a matéria ou um projeto de resolução com

recomendações ao Governo para regular a matéria ou adotar outras medi-

das) e requererem o seu debate no Plenário conjuntamente com a petição;

Page 36: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

35 | O PROCESSO DE APRECIAÇÃO DAS PETIÇÕES

• Quando for agendado debate em Plenário cuja matéria seja idêntica a uma

petição pendente que também deva ser debatida naquele órgão, será tam-

bém agendado o debate conjunto da petição, desde que o autor do agenda-

mento e os peticionários manifestem o seu acordo.

É cada vez mais frequente os Grupos Parlamentares apresentarem projetos

de lei e projetos de resolução (com recomendações ao Governo) para discussão no

Plenário conjuntamente com petições37. Se as iniciativas tiverem sido debatidas em

comissão, procede-se posteriormente à sua votação em Plenário.

56. A matéria constante das petições é submetida a votação após o debate em sessão plenária?

A matéria constante das petições não é, por si, submetida a votação após o

debate no Plenário.

No entanto, as eventuais iniciativas apresentadas e debatidas conjuntamente

sobre a mesma matéria (não necessariamente no mesmo sentido do pretendido

pelos peticionários, bastando incidir sobre o mesmo tema), nos termos previstos no

ponto anterior, são submetidas a votação.

Por regra, a votação das iniciativas debatidas nas sessões plenárias de uma

semana tem lugar na sessão de sexta-feira.

57. Os peticionários são informados do agendamento da apreciação de uma petição em sessão plenária?

Sim, os peticionários são informados por correio eletrónico ou por carta (se não

tiverem indicado endereço de correio eletrónico) da data e hora da sessão plenária

em que se realiza o debate da petição.

Além da informação do agendamento, os peticionários são convidados a assis-

tir ao debate e têm acompanhamento específico para esse efeito38.

37 Ver resposta à pergunta 64, figura 5.38 Ver informações em anexo.

Page 37: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

36 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

CADUCIDADE

Artigo 25.º da LEDP

58. Como decorre o debate da petição no Plenário?

Cada força política representada na Assembleia da República participa no

debate da petição de acordo com uma grelha de tempos aprovada no início de cada

Legislatura (atualmente 3 minutos), dispondo de tempo adicional os autores das ini-

ciativas discutidas conjuntamente (atualmente 1 minuto)39.

A Conferência de Líderes, quando tal for expressamente proposto pela comis-

são competente, em razão da utilidade da contribuição, pode decidir atribuir tempo

de intervenção ao relator da iniciativa legislativa ou de uma petição.

A transcrição do debate, feita no Diário da Assembleia da República, é disponibi-

lizada na página da petição.

CADUCIDADE

59. O que acontece às petições não concluídas até ao final da legislatura?

Contrariamente ao que acontece, por exemplo, com as inicia-

tivas legislativas, as petições não apreciadas na legislatura em que

foram apresentadas não carecem de ser renovadas na legislatura

seguinte.

Ou seja, as petições que não chegaram ao final do seu processo

de apreciação (incluindo o debate em Plenário, quando deva ocorrer

nos termos da LEDP) não caducam com o fim da legislatura, conti-

nuando, por isso, a sua apreciação na legislatura seguinte.

39 Ver resposta à pergunta 55.

Page 38: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

37 | O RETORNO/EFEITOS PRÁTICOS DAS PETIÇÕES

O RETORNO/EFEITOS PRÁTICOS DAS PETIÇÕESSendo um direito mais informal e fácil de exercer do que a maioria dos direitos políticos (como a apresentação de iniciativa legislativa ou de iniciativa de referendo), é natural que o seu retorno seja com isso consentâneo. Assim enquadrado, é possível identificar um conjunto significativo de retornos que decorrem do exercício deste direito, uma parte significativa dos quais é assegurado pelo curso do procedimento.

60. Que tipo de retorno pode ser esperado pelos peticionários?

Da parte da Assembleia da República, podem distinguir-se dois tipos de retorno:

um garantido, que decorre do curso do procedimento e que resulta em grande parte

da lei (direito a um procedimento); outro, eventual, que depende da liberdade de

iniciativa dos Deputados.

RETORNO GARANTIDO

• Publicação da petição no sítio da Assembleia da República (para todas as peti-

ções, mesmo as liminarmente indeferidas) e no Diário da Assembleia da República

(para as petições com mais de 1000 assinaturas), a qual é feita de forma integral.

• Disponibilização da tramitação processual da petição no sítio da Assembleia da República, bem como de toda a documentação relevante produzida, nomea-

damente a nota de admissibilidade da petição, os pedidos de pronúncia do

Governo e outras entidades, assim como as respetivas respostas, e o relatório

final da petição, ficando aberta ao escrutínio da comunidade.

• Audição dos peticionários perante a comissão parlamentar, ou uma delega-

ção desta (obrigatória para as petições com mais de 1000 assinaturas), permi-

tindo que os peticionários apresentem presencialmente as razões das peti-

ções e os Deputados se pronunciem sobre as mesmas. Esta audição é gravada

e disponibilizada na página da petição, no sítio da Assembleia da República.

• Elaboração de uma nota ou relatório da petição (consoante a petição tenha

menos ou mais de 100 assinaturas, respetivamente), que materializa o direito

fundamental dos peticionários a uma resposta, espelhando a apreciação feita

à petição.

Page 39: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

38 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

• Debate da petição em comissão (obrigatório para as petições com mais de

2500 e que não excedam as 7500 assinaturas) em reunião pública, em regra

transmitida pelo Canal Parlamento, com os partidos políticos ali representa-

dos a pronunciarem-se sobre os temas escolhidos pelos cidadãos;

• Debate da petição em Plenário (obrigatório para as petições com mais de 7500

assinaturas), transmitido sempre em direto pelo Canal Parlamento, com

os partidos obrigados a pronunciarem-se sobre os temas escolhidos pelos

cidadãos.

• Notificação dos peticionários relativamente a todas as etapas do procedi-

mento da petição, mantendo-os a par dos seus principais desenvolvimentos

(no caso das petições submetidas através da plataforma eletrónica da Assem-

bleia da República e que tenham recolhido assinaturas por esta via, são ainda

notificados todos os subscritores da petição).

RETORNO EVENTUAL

• Interpelação ao Governo, ou outras entidades, para que tome posição sobre

a petição (o que ocorre, por regra, durante a apreciação da petição), tornando

possível uma resposta que, de outra forma, o peticionário poderia ter dificul-

dade em obter, contribuindo, deste modo, para o feedback das petições.

• Apresentação de iniciativas (projetos de lei ou projetos de resolução, nos

termos referidos acima) conexas ou envio de perguntas e requerimentos ao

Governo para obtenção de esclarecimentos. Estas podem, ou não, vir a ser

aprovadas (independentemente do número de assinaturas de uma petição, o

seu acolhimento só acontece por vezes). No entanto, isso não impede que a

petição deixe uma semente de influência, que pode sempre vir a manifestar-

-se no futuro.

• Remessa da nota ou do relatório final da petição às entidades com compe- tência para desenvolverem qualquer medida legislativa ou administrativa

para a sua resolução, a saber, Deputados, Grupos Parlamentares (para ponde-

rarem apresentar projetos de lei, projetos com recomendações ao Governo ou

dirigirem perguntas ou requerimentos ao Executivo), membro do Governo

competente (o qual pode entender aprovar um diploma para regular a matéria

ou adotar medidas administrativas que considere adequadas), Procurador-

-Geral da República (se houver indícios para o exercício de ação penal), Polícia

Judiciária (se houver indícios que justifiquem uma investigação policial) e

Provedor de Justiça (para apreciação como queixa).

• Informação ao peticionário sobre meios alternativos de resolução da preten-são ou esclarecimento sobre qualquer ato de uma entidade pública relativo à

gestão dos assuntos públicos que a petição tenha questionado.

Page 40: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

39 | O CONTROLO DE RESULTADO

O CONTROLO DE RESULTADO

61. Qual o controlo feito pela Assembleia da República em relação às petições?

É possível distinguir-se dois tipos de controlo em relação ao

direito de petição: um, que se reporta a cada uma das petições em

concreto, nomeadamente se estiver em causa uma tomada de posi-

ção da Assembleia da República (a aprovação de uma iniciativa legis-

lativa; uma recomendação ao Governo), que justifique um acom-

panhamento da petição após o seu arquivamento; um outro tipo

de controlo, sobre o sistema como um todo, que passa em grande

medida pela recolha de informação que permita fazer uma avaliação

da eficácia deste direito, isto é, se estão a ser realizados os fins pros-

seguidos pelo mesmo.

Relativamente ao primeiro tipo de controlo, realça-se o poder da comissão

parlamentar competente de, a todo o tempo, por iniciativa dos peticionários ou de

qualquer Deputado, deliberar averiguar o estado de evolução ou os resultados das

providências desencadeadas em virtude da apreciação da petição, nomeadamente

quando tenham sido aprovados projetos de lei ou projetos de resolução sobre a

matéria. O relatório respetivo é dado a conhecer ao peticionário e divulgado na

internet.

Na prática, este procedimento tem tido pouca utilização, o que poderá pro-

vavelmente explicar-se pelo facto de, na maioria das petições, o relatório final ser

enviado ao Governo e aos Grupos Parlamentares para desencadearem as medi-

das legislativas ou administrativas que entenderem convenientes, dependendo

a sequência que lhe é dada da análise política feita pelas entidades destinatárias,

em termos de necessidade e oportunidade de intervenção na linha do solicitado

pela petição (não havendo, portanto, um comando ou uma tomada de posição da

Assembleia da República num determinado sentido que enquadre um eventual

controlo).

A maioria do controlo exerce-se no âmbito do segundo tipo – sobre o sistema de

petições como um todo – destacando-se, a este respeito, os seguintes instrumentos:

• Publicitação no sítio do Parlamento da tramitação da petição (data da admis-

são, da aprovação do relatório final, do debate, etc.), abrindo este sistema

a um maior escrutínio público, incentivando a um melhor desempenho da

Assembleia da República.

CONTROLO

DE RESULTADO

Artigo 27.º da LEDP

Page 41: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

40 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

• Relatório de atividades da Assembleia da República: este relatório inclui um

capítulo sobre o envolvimento dos cidadãos com a Assembleia da República,

em que se monitoriza a tramitação das petições apreciadas (número de peti-

ções entradas, concluídas, tipo de peticionário, etc.) e outras formas de parti-

cipação dos cidadãos.40

• Questionário para avaliação dos peticionários: a Assembleia da República,

conjuntamente com o relatório final da petição (ou, no caso das petições

debatidas em Plenário, após este), envia aos peticionários (desde a XIV Legis-

latura) um questionário para avaliação deste direito pelos peticionários, per-

mitindo recolher a sua opinião sobre o processo de apreciação da petição,

assim como sobre o perfil dos peticionários. Deste modo, a Assembleia da

República poderá usar as respostas ao questionário para melhorar o exercício

e a tramitação deste direito, assim como para saber se está a chegar à gene-

ralidade dos cidadãos (independentemente da idade, do nível de educação ou

de estar acostumado a participar politicamente) ou apenas a alguns grupos.

40 A estrutura dos relatórios de atividades da Assembleia da República foi alterada em 2018, passando a incluir esta informação.

Page 42: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

41 | A PRÁTICA DO DIREITO DE PETIÇÃO (ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS)

A PRÁTICA DO DIREITO DE PETIÇÃO (alguns dados estatísticos)A prática deste direito constitui um precioso indicador da eficácia do sistema de petições, ajudando a compreender se, e de que forma, o sistema de petições está a conseguir ir ao encontro dos seus objetivos, como o de reforçar o envolvimento com os cidadãos, garantindo uma resposta em tempo razoável.

62. Qual o número de petições submetidas à Assembleia da República?

FIGURA 2 · PETIÇÕES SUBMETIDAS À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 1991-2019 (N.º)

VI(1991-1995)

VII(1995-1999)

VIII(1999-2002)

IX(2002-2005)

X(2005-2009)

XI(2009-2011)

XII(2011-2015)

XIII(2015-2019)

339

592

184 181

83

552

113

652

FIGURA 3 · PETIÇÕES SUBMETIDAS À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 1991-2019 (% – MÉDIA POR MÊS)

VII(1995-1999)

VIII(1999-2002)

IX(2002-2005)

X(2005-2009)

XI(2009-2011)

XII(2011-2015)

XIII(2015-2019)

3.843.22

10.74

2.83

8.99

10.6

13.56

Page 43: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

42 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

63. Em média, quanto tempo demora a Assembleia da República a apreciar uma petição?

Nota: desde a entrada da petição até à aprovação do relatório final pela comissão competente.

64. É frequente haver discussão de iniciativas conjuntamente com petições?

Nota: dados disponíveis a 05/08/2019; total de petições: 649; petições discutidas em Plenário: 159; petições discutidas em Plenário em conjunto com iniciativas: 103; petições discutidas em Plenário sem iniciativas: 56.

FIGURA 4 · TEMPO DE TRAMITAÇÃO DE UMA PETIÇÃO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA – 1991-2016 (MÉDIA EM DIAS)

VI(1991-1995)

VII(1995-1999)

VIII(1999-2002)

IX(2002-2005)

X(2005-2009)

XI(2009-2011)

XII(2011-2015)

XIII(2015-2019)

1058

236

953

195

652

136

615

206

65%

35%

FIGURA 5 · PETIÇÕES DISCUTIDAS EM PLENÁRIO NA XIII LEGISLATURA (2015-2019)

Com discussão em Plenário sem iniciativas

Com discussão em Plenário em conjunto com iniciativas

Page 44: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

43 | A PRÁTICA DO DIREITO DE PETIÇÃO (ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS)

65. Qual o perfil de género dos peticionários?

O perfil-tipo do peticionário é do sexo masculino (mais de 75 % das petições

foram apresentadas por homens), da área da Grande Lisboa (mais de metade), com

uma média de idade de 44 anos.

Com exceção da idade (que está em linha com a média de idade da população

nacional), os dados referentes ao sexo e à origem geográfica dos peticionários pare-

cem revelar uma sobre representação “da voz” dos homens e dos cidadãos da área de

Lisboa, respetivamente.

66. O direito de petição tem sido mais usado para prosseguir o interesse geral ou interesses particulares?

Apesar da dupla função do direito de petição perante a Assembleia da República

(podendo servir para prosseguir o interesse geral ou interesses particulares), o seu

uso parece ser primordialmente dirigido às questões de interesse geral.

Homens Mulheres

Interesse geral Interesse particular

77

92

23

8

FIGURA 6 - SEXO DOS PETICIONÁRIOS – 2005-2012 (EM %)

FIGURA 7 · NATUREZA DOS INTERESSES PROSSEGUIDOS PELAS PETIÇÕES – 2005-2011 (%)

Page 45: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance

44 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

ANEXO

Regras para assistência dos peticionários à discussão de uma petição no Plenário

• Os peticionários são informados da data em que vai ter lugar a discussão

da petição no Plenário e convidados a assistir ao debate. Nesse âmbito,

é-lhes solicitado que a informação da identificação das pessoas que preten-

dem acompanhar o primeiro peticionário seja remetida para a Divisão de

Relações Públicas e Protocolo ([email protected]), que fará o

respetivo acompanhamento.

• Tendo em conta as limitações de espaço existente (as reuniões plenárias são

públicas), uma possível delegação não deve ultrapassar o número máximo de

10 pessoas.

• O acesso desta delegação às galerias da Sala das Sessões faz-se pela porta da

receção do Palácio de São Bento, devendo os peticionários fazer-se acom-

panhar do respetivo documento de identificação (cartão de cidadão, bilhete

de identidade ou, não sendo portador destes, qualquer outro documento de

identificação válido).

• No dia indicado, os peticionários devem apresentar-se na Assembleia da

República com relativa antecedência.

• Depois de passarem pelos procedimentos de segurança, devem dirigir-se ao

funcionário que procede à acreditação dos visitantes e identificar-se (através

de documento próprio), mencionando que vêm assistir à reunião plenária na

qualidade de peticionários ou seus representantes, aguardando, então, que

sejam acompanhados por um funcionário parlamentar à galeria destinada

para o efeito.

• É aconselhável que não tragam volumes ou objetos pessoais como sacos,

mochilas ou máquinas fotográficas.

• Além da delegação, outros peticionários poderão vir assistir ao debate em reu-

nião plenária, ainda que, nesse caso, o acesso às galerias se faça de acordo com

o procedimento comum, ou seja, pela porta lateral do Palácio de São Bento,

por ordem de chegada e enquanto a capacidade das mesmas o permitir.

• Durante as sessões, as pessoas presentes nas galerias devem manter-se em

silêncio, sem se manifestarem ou aplaudirem.

• As reuniões plenárias da Assembleia da República, assim como algumas reu-

niões das comissões parlamentares, são transmitidas em direto pelo Canal

Parlamento, através da internet e das seguintes plataformas de cabo e IPTV:

ZON, MEO e VODAFONE.

Page 46: GUIA PRÁTICO...4 | GUIA PRÁTICO — O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PETIÇÃO PERANTE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA 3 Sumário 7 Nota de abertura 8 O direito de petição e o seu alcance