guia prático de primeiros socorros parte 1

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As devemos nos dar o direito de salvar vidas...

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Page 1: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1
Page 2: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

GUIA PRÁTICO DE

PRIMEIROS SOCORROS

O que fazer em casos de

EMERGÊNCIA

Dr. Gerson Trevilato

CASA PUBLICADORA BRASILEIRA TATUÍ - SÃO PAULO

Page 3: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

P R E F Á C I O

^

T este início de século, com o acúmulo de

H informações científi­cas, com a aceleração das ati­vidades do dia-a-dia, com o aumento da expectativa de vida, muitos conhecimentos e paradigmas na área de saú­de estão sendo derrubados diante do esclarecimento de dúvidas que por muito tem­po dificultaram o tratamento e a prevenção de doenças.

Hoje as palavras de ordem são renovação, atualização e Gerson Trevilato revisão freqüente do conhecimento, de forma a se obter melhor qualidade de vida, tanto física quanto mental, espi­ritual e social.

Nesse contexto insere-se esta obra, com o objetivo de abordar, de modo inovador, diversos aspectos da saúde e dos primeiros socorros, estimulando o leitor a incrementar seus conhecimentos.

Temos ao mesmo tempo o alvo de desfazer mal-enten­didos, sepultar formas arcaicas ou perigosas de prestar so­corro e possibilitar que, de forma prática, estejam ao al­cance dos que manusearem este volume, informações me­lhores e atualizadas na área de saúde.

Page 4: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

Esta obra não pretende ser definitiva e nem constituir a última palavra quanto a primeiros socorros. Sua propos­ta é, também, a de estimular o leitor a manter-se em cons­tante atualização e aperfeiçoamento.

Não poderíamos terminar estas linhas sem agradecer aos muitos colaboradores anônimos, que durante três anos con­tribuíram, direta ou indiretamente, para a realização desta obra; e em especial às famílias de cada um dos co-autores.

Eles merecem homenagem e agradecimentos especiais, pela disposição em participar desta obra. Aos doutores Everton, Bernardo, Kiefer e Marlus, a gratidão pelo apoio, estímulo e colaboração.

Não poderia deixar de reconhecer a capacitada e gentil revisão técnica, brilhantemente efetuada pelo Dr. Hélio Grellmann.

Que a leitura e o exame deste livro contribuam para a manutenção da vida e promoção da saúde.

Dr. Qerson Trevilato

0 Dr. Gerson Trevilato é formado em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tendo durante o curso trabalhado e estagiado no Hospital Adventista do Pênfigo, no mesmo Estado. Prestou Serviço Militar em 1987, no Hospital Geral de Campo Grande, ainda mantendo atividades no Hospital do Pênfigo. Sua Especialização em Dermatologia foi feita na Escola Paulista de Medicina, nos anos de 1988 a 1990, com ênfase, no último ano, nas áreas de Dermatologia Pediátrica e Cirurgia Dermatológica. Realizou curso de extensão em Alergologia Clínica, em 1994, na Policlínica de Alergia do Rio de Janeiro. Desde 1992 está em atividade na Clínica Adventista de Porto Alegre.

A s o r i e n t a ç õ e s d e s t e l iv ro n ã o d i s p e n s a m n e m s u b s t i t u e m as c o n s u l t a s p e r i ó d i c a s a o m é d i c o .

Page 5: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

S U M Á R I O

«ÍTRODUÇÃO - A IMPORTÂNCIA D O S PRIMEIROS SOCORROS 07

PREVENIR É MELHOR QUE SOCORRER 3 1

SEÇÃO 3 3 BÁSICOS 15

Capítulo 1 - CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER 17

Capítulo 2 - C O M O AVALIAR OS SINAIS VITAIS 28

Capítulo 3 MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA PRESTAR SOCORRO Sã

Capítulo 4 - C O M O LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS 44

Capítulo 5 - O QUE FAZER EM CASO DE HEMORRAGIA 56

Capítulo 6 CURATIVOS E TIPOS DE PROTEÇÃO A FERIMENTOS 83

Capítulo 7 - DICAS PARA PREVENIR ACIDENTES COM CRIANÇAS Ti

Capítulo 8 - RESGATE E TRANSPORTE DE FERIDOS 1%

- PROBLEMAS DE SAÚDE MAIS 85

Capítulo PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 17

Capítulo 10 - PROBLEMAS DO SISTEMA DIGESTIVO 186

11 - PROBLEMAS DO SISTEMA NERVOSO 128

Capítulo 12 - CÓLICAS MENSTRUAIS E T P M 143

Capítulo 13 - FEBRE, DOR DE DENTE, COCEIRA, DESIDRATAÇÃO

E SOLUÇO 150

Page 6: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

SEÇÃO 3 - PRIMEIROS SOCORROS EM 1 7 1

SITUAÇÕES ESPECIFICAS

Capitulo 14 - INSOLAÇÃO, QUEIMADURAS, CÂNCER DE PELE

E HIPOTERMIA 1 7 3

Capítulo 15 - PICADAS DE COBRAS, INSETOS E ARACNÍDEOS 1 9 9

Capítulo 16 - INTOXICAÇÕES, ENVENENAMENTOS E REMOÇÃO

DE CORPOS ESTRANHOS 2 1 5

Capítulo 17 - FRATURAS, LUXAÇÕES E TRAUMATISMO 2 2 5

Capítulo 18 - TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 2 3 8

Capítulo 19 - FRATURA DE CRÂNIO E TRAUMATISMO

CRANIOENCEFÁLICO 2 4 2

CapítUlO 20 - O QUE FAZER EM CASO DE CHOQUES 2 4 8

Capítulo 21 - PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (TÉCNICAS DE RESSUSCITAÇÃO) 2 5 2

CONCLUSÃO - SAÚDE TOTAL 2 6 3

ÍNDICE REMISSIVO 2 7 0

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Page 8: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

"Cada centavo gasto com prevenção, torna possível a

economia de quatro centavos!9

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Prevenir é tnelhm JC I ^ ̂ O Cy O / / /

1. MUDANDO CONCEITOS

Nos últimos anos assistiu-se a uma pro­gressiva conscientiza­ção coletiva quanto à necessidade de mu­danças na área de saú­de. A maneira de en­carar esse assunto pre­cisava ser revista, atendendo à proposi­ção da Organização Mundial de Saúde (OMS), de abranger os aspectos físico, mental, espiritual e social do ser humano.

Acompanhando essa ampliação de conceitos, tor­nou-se claro que, ao serem avaliadas propostas quanto ao atendimento de emergências, preparação e treina­mento de pessoas para a área de Primeiros Socorros e Saúde (tanto por razões econômicas quanto técnicas), o trabalho preventivo seria muito mais efetivo e eco­nômico. E afirmação conente em epidemiologia que, a cada centavo gasto com prevenção, tomate possível a economia de quatro centavos.

Este guia foi concebido dentro dessa perspectiva educacional, objetivando firmar na mente do leitor

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PRIMEIROS SOCORROS

as idéias de prevenção, treinamento e preparação para contingências de maior gravidade, de forma a atenuar o impacto das agressões a que todos indistintamente estamos submetidos no dia-a-dia.

tros, orientações práticas sobre primeiros socorros e funções repro­dutivas. Grandes divergências existem nas abordagens sobre sexua­lidade, prevenção de doenças venéreas e contracepção, embora a AIDS venha mudando algumas posturas mais conservadoras.

Os meios de comunicação também dedicam espaço ao assunto, de for­ma programada (programações agendadas a intervalos regulares) ou como resposta a questionamentos do público (através de cartas ou telefonemas).

Ambas as abordagens - nos meios estudantis e através da mídia -têm dificuldade em atingir o alvo. As escolas sofrem restrições e as veiculações nos meios de comunicação, embora com menores blo­queios (alguns assuntos nunca são selecionados por falta de interes­se espontâneo, ou por gerarem constrangimento), nem sempre con­seguem atingir de maneira seqüencial os ouvintes/leitores. Por ve­zes, quem assiste a um programa ou adquire um jornal ou revista não consegue manter a seqüência, sendo prejudicado o objetivo da cons­cientização. Fica, assim, mais que justificada a existência de obras como esta, cujo objetivo é prover informações de conjunto ao lei­tor, mantendo-se o encadeamento de idéias.

2 . EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

Pontos comuns, geralmente bem aceitos, são orientações sobre higiene e noções de ana­tomia e fisiologia. Pontos mais

controversos incluem, entre ou-

Sob as teorias pedagógicas e grades curriculares das escolas, a idéia de fornecer conhecimen­tos teóricos de saúde às pessoas é bem aceita. Contudo, existe ampla discordância quanto ao tipo de conhecimento, à carga horária que deve ser ministrada e ao modo como deve ser provi­do esse tipo de ensino.

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A IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS INTRODUÇÃO

Outra forma útil de sé estimular a noção da importância da saú­de é repassando pessoalmente informações bem fundamentadas, re­ferenciadas, ensinando o que é relevante e mostrando como man­ter constante aprendizado „ ,^ ,„„ u i a __^^ (tão importante quanto ensinar é a orientação de como aprender).

A educação em saúde de­ve ter em vista, sobretudo, a prevenção. Deve-se pro­curar transformar a postura passiva e descompromissa-da em atitude vigilante; transformar pontos de risco para a saúde - hábitos errô­neos, problemas sanitá­rios/epidemiológicos, con­ceitos errôneos na área de prevenção e saúde - em ati vidades que ajudem a melhorar a expectativa e a qualidade de vida.

E importante discutir com a comunidade a adoção de medidas sa­nitárias de forte impacto, como obtenção de água tratada, serviço de esgoto residencial, tratamento de esgoto, despoluição de fontes ou áreas ambientais, proteção de mananciais, desassoreamento de rios para evitar enchentes, etc. São medidas que demandam trabalho a longo prazo, mas trazem benefícios inegáveis.

Outro ponto que requer atuação consciente e apresenta efeitos positivos, é o que relaciona a educação em saúde e a melhora da ca­pacidade individual e coletiva com o melhor aproveitamento dos serviços médicos e paramédicos ofertados pela rede oficial de aten­dimento (Sistema Único de Saúde) e a rede auxiliar (tanto filan­trópica como particular e planos pré-pagos de saúde).

Nos serviços de emergência, em virtude do volume de atendimen­tos, torna-se impossível manter adequado acompanhamento, reali­zação de exames mais profundos e o estabelecimento da relação mé­dico/paciente. A educação em saúde redireciona o atendimento dos pacientes desses serviços para o atendimento em postos de saúde, consultórios e clínicas, onde as necessidades do paciente podem ser melhor satisfeitas.

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PRIMEIROS SOCORROS

3 . TRABALHO PREVENTIVO

Dentro dessa nova postura mais ativa, de antecipação das ações de saúde, existem aspectos individuais e coletivos que se interrela­cionam quando as pessoas começam a trocar informações e idéias sobre saúde total e preventiva, gerando, mais adiante, postura cole­tiva e comunitária.

No aspecto pessoal, destacamos, além da educação em saúde e da higiene e saneamento:

• O desenvolvimento de hábitos saudáveis, como o abandono dos tóxicos legais (álcool, fumo, medicamentos para emagrecer e para dormir).

• O uso correto de água pura (de modo abundante, tanto interna quanto externamente).

• O uso de alimentação predominantemente vegetariana e com baixo índice de gorduras.

• Exposição adequada (e na medida certa) ao sol. • Exercícios físicos adaptados ao porte e à idade da pessoa. • Repouso adequado e controle do estresse, entre outros.

Devido à importância destes aspectos, reservamos espaço especí­fico no final desta obra para abordá-los.

No aspecto coletivo, destacamos como importantes as ações comu­nitárias de saneamento e o treinamento de grupos de pessoas através de igrejas, associações de classe e comunitárias, de modo a disseminar idéias preventivas, com impacto adequado diante das necessidades de cada população. De forma coletiva, sempre que possível, devem ser avaliadas opções vacinais para prevenção de doenças, trabalhando em colaboração com as autoridades, de modo a proteger:

• Crianças (calendário normal de vacinações). • Gestantes (tétano e mães Rh-negativas, casadas com homens

cujo sangue seja Rh positivo). • Idosos (vacinas contra gripe e pneumonia). • Áreas de endemicidade de algumas doenças (por exemplo, nas

regiões Centro-Oeste e Norte: vacinações para febre amarela; no Norte: vacinação para hepatite B; e t c ) .

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L \ IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS INTRODUÇÃO

É importante levar os membros da comunidade a compreender a ina­dequação das conentes de medicina alternativa contrárias à vacinação.

4 . CORRELAÇÃO SANITÁRIA/EPIDEMIOLÓGICA

É importante notar que, paralelamente aos avanços obtidos indi­vidual e coletivamente, o foco de atenção vai se deslocando aos poucos das atividades de cunho curativo para as de cunho preventi­vo (da reversão de moléstias infecciosas para as doenças de cunho degenerativo), sendo por isso importante a revisão periódica do fo­co de atuações coletivas, de acordo com estatísticas de atendimen­to, dúvidas e queixas individuais ou de grupo.

Além disto a capacidade de atuar rapidamente de forma coletiva deve ser estimulada, através da divulgação periódica de dados esta­tísticos, demonstrando o impacto de cada atuação sanitária, seja de orientação (exemplo: em co­munidades rurais, a promo­ção de palestras sobre into­xicação com defensivos agrícolas), seja preventiva (exemplo: campanhas de vacinação), seja através da introdução de novos pro­fissionais na comunidade, e t c , sobre o bem-estar co­letivo. Ampliando-se o número de pessoas envol­vidas na área sanitária e epidemiológica, obtém-se maior rapidez nas ativida­des subseqüentes.

Finalizamos este capítulo inicial e normativo dos objetivos da obra (e por isso um pouco filosófico), sugerindo que talvez seja útil lê-lo no início e no final deste estudo, reavaliando os conhecimen­tos obtidos sob o prisma da mudança de conceitos, adaptando-os à realidade pessoal e comunitária em cada caso, para obter melhor be­nefício e maior capacidade preventiva possível.

Parafraseando um famoso deputado brasileiro que dizia serem as empresas aéreas o melhor hospital de Brasília (pois permitiam a rá-

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P R I M E I R O S SOCORROS

William

Í4

pida remoção do paciente para hospitais de São Paulo ou Rio de Ja­neiro), poderíamos dizer que uma das formas mais importantes de prestar socorro em grande número de situações, é o meio de trans­porte (carro, ambulância), visando encaminhar o adoentado para o pronto-socorro mais próximo (se a vítima puder ser removida).

Ressaltamos, por­tanto, o papel tem-porário, inicial, rá­pido e transitório que deve desempe­nhar o socorrista.

A expressão as­sim o indica: primei­ros socorros, ou seja, o que se deve fazer nos instantes ini­ciais, após o que de­ve a vítima ser rapi­damente encami­nhada a um médico ou hospital, se ne­cessário.

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S E Ç Ã O

Primeiros Socorros asicos

Capí tu lo 1 - CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER 17

Cap í tu lo 2 - C O M O AVALIAR OS SINAIS VITAIS 28

Capí tu lo 3 - MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA PRESTAR SOCORRO 39

Cap í tu lo 4 - C O M O LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS . . . . 4 4

Capí tu lo 5 - O QUE FAZER EM CASO DE HEMORRAGIA 56

Cap í tu lo 6 - CURATIVOS E TIPOS D E PROTEÇÃO A FERIMENTOS 63

Cap í tu lo 7 - DICAS PARA PREVENIR ACIDENTES COM CRIANÇAS 71

Capí tu lo 8 - RESGATE E TRANSPORTE D E FERIDOS 78

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C Â P Í i U L O

Cuidados indispensáveis

1. TIPOS DE PRIMEIROS SOCORROS

a) Quanto ao tempo de atuação - Quanto melhor treinado e preparado o socor­rista, tanto mais rápido será o tempo de atendimento (e mais completo). O grau de ca­pacitação da pessoa que presta atendimento pode influir na rapidez com que o socorro é prestado e na agilidade da avaliação (isso é especialmen­te importante nos casos gra­ves, que necessitam de atuação médica imediata). Também nos casos onde existam indicações de ações contínuas ou de manutenção, o socorrista bem preparado pode complementar de ma­neira eficiente as orientações e condutas médicas.

b) Quanto ao local de atuação - Além do treina­mento do socorrista, o local da ocorrência tem in­fluência importante na forma como o socorro é con­duzido. Em locais inóspitos, ou com recursos inade­quados, o atendimento deve ser feito o mais rápido possível. Já quando o local permite - e de acordo

1*7

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PRIMEIROS SOCORROS

com o treinamento individual e o equipamento disponível - , a ati­vidade de socorro pode ser estendida.

E importante notar que, nos casos em que o paciente não possa ser removido de forma simples (em caso de traumatismo craniano ou raquimedular - coluna - , por exemplo), o socorrista deve ade­quar o local onde estiver o acidentado, provendo condições de su­porte até a chegada de transporte especializado.

2 , TIPOS DE SOCORRISTAS

a) Sexo — Por razões físicas, geralmente o socorrista mas­culino pode efetuar manobras mais intensas, especialmente na área de transporte. Embora creditadas diferenças de preci­são, a única diferença de capa­cidade entre socorristas - em termos de sexo - é realmente no tocante à força, não estan­do o sexo feminino prejudica­do na realização dos atendi­mentos. Ocasionalmente po­

de haver algum constrangi­mento quando o socorrista for de sexo diferente do acidentado, em especial quando a área afetada for íntima; porém, via de regra, na hora de maior urgência estas diferenças são (ou devem ser) esqueci­das. E de bom tom que, quando possível, socorrista e socorrido se­jam do mesmo sexo, facilitando a fluidez do atendimento.

b) Idade - O aspecto idade pode influir de várias formas: um so­corrista de mais idade despertará maior confiança (pode ocorrer intranqüilidade se quem presta o atendimento for um adolescente ou juvenil); o desembaraço ao lidar com áreas íntimas de uma pes­soa mais velha (ou o embaraço do acidentado e do socorrista, quan­do houver grande diferença de idade entre ambos).

É especialmente importante que haja calma e tranqüilidade por parte de quem presta a ajuda, não forçando auxílios que não ve­nham a ser bem recebidos. Deve-se ganhar a confiança e atuar de

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CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER CAPÍTULO I

maneira pacífica, de molde a acalmar quem já se sente prejudicado por uma agressão ao seu bem-estar físico, não lhe acrescentando um constrangimento mental ou social.

morando na transferência do paciente.. O socorrista mais capacitado, experiente e melhor treinado,

encaminhará rapidamente o caso às mãos do médico, possibili­tando que o atendimento profissional se inicie num patamar mais avançado. Mesmo o socorrista menos habilitado, porém, deve ter consciência de suas limitações, evitando piorar o caso ao produzir novas lesões (conforme veremos no capítulo sobre transporte de feridos).

d) Como obter treinamento prático — Com o objetivo de dimi­nuir o tempo necessário para prestar socorro adequado, a obtenção de capacitaçãx) prática é fundamental a fim de que haja segurança e tranqüilidade por parte do socorrista, no momento do atendimento. Sem treinamento, a insegurança do socorrista pode levá-lo a ser muito tímido ou muito agressivo (dois extremos) ao lidar com o evento crítico, além de deixar o paciente mais ansioso. Por isso, é importante que o leitor não se limite apenas à leitura desta obra, procurando antes utilizá-la como fonte motivadora da aplicação de procedimentos práticos.

A esta altura pode surgir a dúvida: "Fazer o treinamento de forma individual ou coletiva?" Ambas as formas têm o seu lugar.

senso, para que se faça I somente aquilo que se tem | segurança, evitando-se o desnecessário e não de-

19

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PRIMEIROS SOCORROS

20

Individual - A forma individual sempre será o ponto de partida pa-ra alguém que se dispôs a conscientizar sua comunidade. Geralmente, após o início individual, outras pessoas acabam se unindo (a convite ou espontaneamente) ao "pioneiro da comunidade" ou da família.

Os locais de treinamento são abundantes e podem ser divididos em dois tipos: treinamento profissional e eventual.

Treinamento profissional (para os que desejam abraçar profissão na área de saúde):

• Cursos profissionalizantes de enfermagem (nível de Ensino Mé­dio) - SENAC, escolas de Ensino Médio, hospitais privados ou uni­versitários, etc.

• Cursos voltados para profissionais que já atuam na área (como acadêmicos de medicina, enfermeiros, dentistas, e t c ) .

Treinamento eventual ou parcial (para aqueles que querem ser so­corristas voluntários ou que desejam maiores conhecimentos na área de saúde):

• Cursos em entidades como Cruz Vermelha, SENAC, Corpo de Bombeiros, hospitais, Anjos da Guarda, etc.

Coletivo - Sob a perspectiva de ca­pacitação da comunidade na área de Primeiros Socorros e Saúde, muitas vezes, segue-se ao treinamento indi­vidual o convite para expandir este conhecimento, trazendo para o grupo os instrutores da instituição-mãe on­de o primeiro interessado fez o treina­mento (ou de instituições correlatas).

Inicialmente este trabalho pode ser feito através de palestras (para atrair

um grupo de potenciais interessados). Depois, por meio de cursos com cargas horárias reduzidas (para atuar em setores específicos como doenças venéreas, drogas, vacinas, intoxicações, e t c ) , porém, mais profundos, que farão uma triagem secundária, separando candidatos que se dirigirão a cursos mais específicos nas instituições especializadas.

Gradualmente vai se formando um núcleo com maior conhecimento,

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CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER CAPÍTULO I

o qual pode atuar fornecendo orientações simples. Ao mesmo tempo, o grupo se manterá atualizado devido ao fluxo de novos integrantes, que es­tarão ingressando como aprendizes básicos, ou retornando de instituições mais avançadas, mantendo a "chama da curiosidade" pelo aprendizado.

3 , INFORMAÇÕES BÁSICAS a DISPONIBILIZAR

Ao se deparar com a situação de urgência, é necessário que o so­corrista busque e forneça algumas informações de importância que nortearão o atendimento, estabelecendo uma ponte entre o evento inicial e o atendimento médico.

Durante o socorro - Ao reconhecer a situação de urgência que demanda atuação, caso existam outras pessoas presentes, deve o so­corrista perguntar-lhes: "Existe alguém com treinamento ou capaci­tação para atender esta situação?" Com isso, ele estará buscando identificar pessoas com qualificação igual ou superior à sua, a quem possa auxiliar ou que possam ser-lhe de ajuda no atendimento.

Após este passo, caso a vítima esteja consciente, deve o socorris­ta apresentar-se expondo suas qualificações, de forma a tranqüilizar o paciente, assegurando-lhe que está capacitado para atuar no caso.

Deve obter então da pessoa que está sendo atendida dados sinto-matológicos, como:

• O que a pessoa está sentindo no momento;

• Se já apresentou estes sinto­mas antes;

• Se há doenças em curso ou em tratamento;

• Que medicações está utilizan­do ou fazendo uso contínuo;

• Funcionamento das funções fi­siológicas nas últimas 24 horas (número de vezes que urinou e/ou evacuou).

Também é importante obter dados do cotidiano, como: pressão arterial rotineira, se a pessoa se alimentou

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PRIMEIROS SOCORROS

no dia da ocorrência, telefones de contato com familiares ou com o mé-dico do paciente, etc.

Se a vítima estiver inconsciente, a obtenção dessas informações é secundária, devendo vir em primeiro lugar a avaliação rápida do pa-ciente, conforme se explica a seguir.

Após esse atendimento é que se deve procurar obter informações através de documentos que a vítima esteja portando. Lembre-se que se o atendimento se fizer em via pública, sempre que possível deve ser acompanhado por, no mínimo, duas testemunhas, enquanto outra pes­soa é incumbida de procurar auxílio da autoridade policial, tanto por razões legais quanto para providenciar eventual auxílio na remoção.

Após o socorro - Havendo prestado o atendimento possível, de­ve o socorrista, ao transmitir o caso ao médico, fornecer todas as in­formações coletadas, tanto do paciente quanto de suas observações pessoais, tais como: sinais vitais (ver próximo capítulo), forma co­mo a vítima foi encontrada, impressão pessoal do caso, condutas to­madas, forma de transporte, etc.

4 . SEQÜÊNCIA BÁSICA DE EXAME DO PACIENTE

72

Para exemplificar de maneira prática a seqüência que sugerimos, analisaremos o atendimento realizado em dois casos:

Caso 1 - Pessoa idosa encontrada gemendo no chão.

Socorrista se aproxima e pergunta: - Posso ajudar? O que você está

sentindo? - A perna direita está doendo, e as

costas, na parte baixa, também. - Que ocorreu? - Caí e bati estas áreas. Até este momento o socorrista so­

mente conversou com o paciente avaliando indiretamente possíveis sinais de embriaguez, confusão men­

tal e o grau de intensidade da dor através da expressão facial e da voz do paciente.

- Consegue mexer as pernas?

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CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER CAPÍTULO I

Solicitar à vítima consciente que faça por si mesma os movimentos de teste nos membros, para diminuir o risco de possível agravamento da lesão, uma vez que ao sentir dor, automaticamente a pessoa interromperá a atividade.

Exceção importante: Sempre que o paciente referir dor nas costas, deve ser orientado a manter-se imóvel, inclusive evitando mover o pescoço, uma vez que isso pode representar a diferença entre a recuperação e a incapacitação.

Como se trata de pessoa idosa, existe chance de fratura devido à osteoporose. Caso o idoso consiga mover as pernas, o próximo pas­so é apalpar cuidadosamente a área onde ele sente dor. Se esta pal­pação leve não piorar a dor, pode-se encaminhar o acidentado ao seu médico ou a um pronto-socorro, de modo a comprovar através de radiografia se houve algum dano maior (ver orientações no capí­tulo 17, pág. 225).

Se, ao contrário, o acidentado não conseguir mover-se, ou se, ao se apalpar as costas na área onde há dor, ocorrer piora, melhor é acalmar o paciente enquanto se espera socorro. Nunca se deve deixá-lo sozi­nho; pode-se colocá-lo em posição confortável sem movê-lo (cobri-lo, apoiar-lhe a cabeça, e t c ) , pois pode ter ocorrido algum tipo de le­são na medula espinhal. Ressalte-se aqui a importância de obter auxí­lio de outras pessoas ao prestar o so­corro. Enquanto dois ou três atuam junto à vítima, outra pessoa faz con­tato com ambulância ou polícia.

Caso 2 — Adolescente encontra pessoa (aparentando uns 40 anos de idade) estirada no chão de uma sala, na escola.

Pode ter ocorrido desde um simples desmaio até uma síncope cardíaca.

O primeiro passo é avaliar o grau de consciência da pessoa, achegando-se a ela, tocando-a e sacudindo levemente seu corpo, perguntando:

23

Page 24: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

- Olá! Tudo bem? Como se chama? Se o caso decorre de simples tontura, ou perda momentânea dos

sentidos, somente o fato de ter ido ao chão poderá ser suficiente pa-ra que a pessoa recobre a consciência. E importan­te não cometer o erro comum de tentar levantar a pessoa. Ao socorrer alguém, o ideal é permitir que o próprio paciente se levante. No máximo,

jj deve-se auxiliá-lo ou apoiá-lo, de forma a que se estabilize em posição normal. Não devemos ten­tar levantar por nossas próprias forças alguém que estamos socorrendo, pois podemos passar pelo desprazer de ter que deitá-la novamente, a fim de evitar que caia. Assim, se a

24

pessoa apenas perdeu a consciência, em vez de levantá-la, devemos erguer-lhe as pernas e dei­xar a cabeça o mais baixa possível, de modo a fornecer ao cérebro o máximo de oxigênio.

Caso não haja resposta após dois ou três cha­mados ou estimulações táteis (dentro de 10 a 15 segundos), conferir a presença de pulsação na ví­tima - no pescoço (artéria carótida) ou no pulso (artéria radial), conforme descrito no capítulo sobre sinais vitais (ver capítulo 2, pág. 29).

Se houver pulsação ativa, o passo seguinte é verificar a respiração (pode ocorrer inicialmente parada respiratória e, logo após, parada

cardíaca). Havendo pulso e respiração, o pró­ximo passo é avaliar a pupila (menina dos olhos). Deve-se observar se a pupila reage à lu­minosidade (sob o estímulo da luz, ela deve se contrair) e se ambas estão do mesmo tamanho.

Toda esta avaliação deve ser completada em 30 a 45 segundos. Caso seja positiva em todos aspectos (pulso e respiração presen­tes, pupilas fotorreagentes), devem ser ava­liados outros aspectos passíveis de causar perda de consciência: hematomas no couro

cabeludo, indicando trauma concussional (batida na cabeça), eventuais hemorragias, etc.

Se não houver perigo iminente para a vítima inconsciente que

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CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER CAPÍTULO I

apresenta pulso normal (60 a 80 batimentos por minuto) e respira­ção normal (12 a 20 respirações por minuto), pupilas isométricas (do mesmo tamanho) e fotorreagentes (que alteram o tamanho com a luminosidade), ela deve ser mantida no local em que está, sob ob­servação, enquanto algum auxiliar do socorrista procura auxílio (evitar deixar a pessoa sozinha).

Se há pulso e respiração, mas ocorrem diferenças nas pupilas (ta­manhos diferentes entre os dois olhos ou pupilas fixas, não reagin­do à luz), a vítima pode estar sofrendo um acidente vascular cere­bral (derrame cerebral) ou estar intoxicada com alguma substân­cia (medicamentosa ou do ambiente). Enquanto pede auxílio, o socorrista deve procurar recolher indícios de quais substâncias po­deriam estar relacionadas a uma eventual intoxicação (ver capítu­lo 16, pág. 215) .

Se há pulso mas não há respiração, a vítima pode ter desmaiado e estar com as vias aéreas obstruídas (pela própria língua, próteses dentárias, e t c ) . Após verificar se não há obstru­ção mecânica na boca ou garganta do paciente, deve-se tracionar-lhe o queixo (suave mas firmemente) para trás, de modo a liberar as vias aéreas. Em muitos casos esta simples mano­bra pode ser suficiente para o retorno da respiração e recuperação da cons­ciência. Caso isto não seja suficiente, iniciar a respiração artificial (ver capítulo 21, pág. 258).

Se não houver respiração nem pulso, iniciar de imediato a reani­mação cardiopulmonar, deixando outras avaliações para momento posterior, pois é vital restabelecer o batimento cardíaco e a oxigena­ção cerebral (após cinco minutos começa a ocorrer a degeneração das células cerebrais). Deve-se, portanto, deixar outros procedimen­tos para depois.

Mais uma vez é necessário frisar que, enquanto transcorre a ava­liação da vítima, a cada intervalo possível durante o atendimento do acidentado, deve o socorrista estar procurando recrutar o auxílio de outras pessoas. Isto para evitar o cansaço de ter de efetuar o aten­dimento sozinho (com o cansaço, as medidas de segurança e a efi-

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PRIMEIROS SOCORROS

ciência do atendimento vão diminuindo), como também para que seja providenciado socorro mais especializado, e, caso seja necessá­rio, efetuar o transporte do paciente inconsciente.

Sendo este um capítulo introdutório, vários aspectos serão repeti­dos e ampliados nos capítulos seguintes, de forma que o leitor fixe os conhecimentos. No caso de dúvidas específicas, sugerimos uma procura direta no índice remissivo.

5 . PROTEÇÃO PESSOAL E l e g a l AO PRESTAR SOCORRO

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Alguns cuidados de ordem legal devem ser tomados ao prestar auxílio, uma vez que, embora todo esforço em salvar vidas seja elogiável, nem por isto o socorrista está liberado do cumprimento das leis atinentes.

Sugerimos que, ao prestar socorro, sempre que possível sejam convocadas outras pessoas, de forma a garantir testemunhas de co­mo se desenrolou o procedimento de auxílio à pessoa - especial­mente se a vítima estiver inconsciente ou com alteração de percep­ção ("grogue"). Já houve casos de socorristas acusados de ter provo­

cado ou participado do evento agressor, ou de se haverem aproveitado da situação para roubar a vítima.

Sempre que a situação clíni­ca for adequada para isto, é ideal solicitar auxílio da auto­ridade policial ou do corpo de bombeiros, no transporte, de modo a garantir o melhor atendimento possível, tanto no trajeto quanto na recepção hospitalar.

6 . RISCOS PARA O SOCORRISTA

Outro cuidado a ser tomado na atenção a vítimas é a prevenção da transmissão de eventuais doenças do acidentado para o socorris­ta, ou vice-versa (um verdadeiro socorro indesejável).

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CUIDADOS INDISPENSÁVEIS AO SOCORRER

É essencial evitar ao máximo o contato direto de áreas feridas ou cortadas, com secreções orgânicas (como sangue) e as de feridas (linfa ou pus), não importa se provenientes do socorrido ou do socorrista.

Dentre as doenças transmissíveis, acham-se algumas definidamente fatais, como a hepatite B e a AIDS; outras de alta morbidade, como a doença de Chagas (ainda sem cura); para não falar de outras doenças infecciosas, como a sífilis, ou infecções bacterianas e micóticas.

7 . ENTENDENDO OS MEIOS DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS

(i

Existem doenças cuja taxa de transmissibilidade é muito alta, co­mo a hepatite B. Outras podem ser rechaçadas ou controladas com re­lativa facilidade pelo organismo agredido. Em todo caso, é funda­mental considerar o estado da de­fesa imunológica como fator que determinará o curso de evolução do contato.

Algumas formas de transmissão dependem do contato direto de pe­le lesada, ou mucosas, com as secre­ções humanas, ou até mesmo com gotículas de saliva (é o caso da mononucleose e da tuberculose). Outras formas de contágio ocorrem por meio de vetores (como o pernilongo, no caso da malária, ou o carrapato, no caso da doença de Lyme). Em outros casos ainda, o agente infeccioso pode ficar no meio ambiente, como ovos de lombriga, larvas de esquistossoma, ou os fungos da blastomicose (fato importante que deve ser levado em conta ao se prestar socorro em ambientes hostis).

Por isso é necessário que o socorrista esteja ciente dos riscos en­volvidos na prestação de auxílio a um acidentado, e das doenças mais freqüentes na área onde vai atuar, de modo a proteger-se e ao mesmo tempo prestar socorro eficiente. Não queremos com essas advertências inibir a atividade do socorrista, mas capacitá-lo a pre­servar sua própria saúde ao ajudar o semelhante. Assim continuará ajudando sempre.

Cartoon Estúdio

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CAPÍTULO I

Page 28: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

Como (WúliúT os sinais vitáis

1 . SINAIS VITAIS

A importância deste capí­tulo é auto-explicativa, se o leitor consultou o capítulo anterior. A correta medida dos sinais vitais é fundamen­tal para a avaliação do pa­ciente nos momentos iniciais do atendimento (por isso mesmo chamados de vitais). E através deles que o socorrista avalia a gravidade do inciden­te e a urgência do atendimen­to. Abordaremos o assunto na seqüência que sugerimos se­

jam os dados coletados, se­qüência esta comum aos procedimentos de socorro.

As doenças citadas de forma resumida durante o estudo de cada item, e que forem de relevância para o atendimento de urgência, serão analisadas em maiores detalhes nos capítulos específicos.

2 . MEDIDA DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA (PULSO)

2 8 Objetiva principalmente avaliar se o coração está

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COMO AVALIAR OS SINAIS VITAIS CAPÍTULO 2

batendo (uma vez que a sensação detectada como pulsação é causa­da pela contração cardíaca ao impulsionar o sangue pelas artérias), e subseqüentemente se o faz com ritmo e freqüência adequados.

Comumente realizada no antebraço, também é chamada de "to­mar o pulso" ou "medir o pulso", embora nem sempre seja realizada neste local do membro superior.

O primeiro passo é detectar a pulsação e a seguir contar os batimen­tos, observando depois a regularidade dos mesmos. Os locais para afe­rição da freqüência são geralmente o pulso (artéria radial) e o pescoço (artéria carótida), pela facilidade de acesso que estes oferecem. E im­portante conhecer as demais áreas, uma vez que num acidente nem sempre temos as áreas preferenciais disponíveis, em virtude de acesso bloqueado (vítima sotenada), sangramento ativo ou sujeira (sangue coagulado ou detritos) no trajeto arterial a ser palpado/pressionado.

As técnicas variam um pouco segundo a área de aferição, embora tenham pontos em comum.

a. Como detectar a pulsação

Deve-se utilizar a polpa digital (ponta) dos dedos indicador e médio. Não deve ser utili­zado o dedo polegar, devido à possibilidade de confundir a própria pulsação com a do pa­ciente (existe uma artéria cujo trajeto vai até a extremidade do polegar).

Os dedos devem exercer pressão gentil, mas com certa intensidade, sobre o trajeto arterial visado (pressão muito fraca não capta nada), di­retamente sobre a pele (tentar sentir a pulsação por cima da roupa ge-

^ ralmente é inútil), procurando captar o ritmo; depois se procede a contagem dos batimentos.

Caso não sejam captadas neste local (nu­ma urgência, o pulso pode estar fraco, ou o nervosismo pode atrapalhar a percepção), as pulsações serão pesquisadas em trajetos arte­riais de maior intensidade, como no pescoço (artéria carótida), ou na dobra da coxa/viri­lha (artéria femoral), dependendo da facili­

dade de acesso (geralmente se prefere o pescoço). Outras artérias uti­lizadas em casos de acidentes automobilísticos ou em desabamentos,

Page 30: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

quando somente algumas áreas do corpo do paciente são acessíveis, podem ser a artéria umeral (face interna do braço), a artéria tibial

posterior (face interna do calcanhar), e a ar­téria dorsal do pé (peito do pé).

A identificação das artérias e seus trajetos será novamente abordada no capítulo sobre hemorragias, de forma a familiarizar o leitor com a nomenclatura e localização.

Outra forma de contagem da pulsação é através do estetoscópio (dispositivo que am­plifica os sons), de forma a obter diretamente do coração a freqüência, ritmo e sonoridade dos batimentos cardíacos. Neste caso podem ser escolhidos vários locais na porção esquer­da central do tórax, de acordo com a situa-

. J ção, idade, sexo, etc.

b. Valores normais e alterações fisiológicas

A freqüência das pulsações no adulto geralmente varia entre 60 e 80 batidas por minuto (bpm). Na criança é mais rápida quanto mais jovem ela for (no recém-nascido pode ser de 120 a 140 bpm, dimi­nuindo para 100 a 120 bpm por volta dos dois anos, e mantendo-se entre 80 a 100 bpm após os dois anos).

As variações desses valores normais são muitas, em função de: sexo (na mulher a freqüência é ligeiramente mais rápida que no homem), idade (maior na infância; diminui paulatinamente com o crescimen­to, voltando a aumentar na terceira idade), temperatura (em extremos de calor e de frio podem ocorrer alterações), estresse/nervosismo/emo­ções (por estimulação causada pela adrenalina), alterações na pressão arterial (a diminuição dela aumenta a pulsação e vice-versa).

Levando em conta essas variações, o ideal é que cada pessoa te­nha conhecimento de sua pulsação habitual. As variações indivi­duais serão importantes na avaliação da forma física da pessoa.

tros comuns e suas cansas

3 0

O mais freqüente equívoco ao se tomar o pulso é fazê-lo com o de­do errado - o polegar. Isso pode ocasionar confusão com a própria

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COMO AVALIAR OS SINAIS VTTAIS CAPÍTULO 2

pulsação de quem está fazendo a medida, uma vez que, diferente­mente dos demais dedos, onde a circulação se dá sobretudo nas la­terais, no polegar ela ocorre também na polpa digital.

Outro equívoco é fazer a medida da pulsação por tempo muito curto. O intervalo mais adequado é de 30 segundos a 1 minuto. Por causa da pressa em finalizar o aten­dimento, o socorrista às vezes to­ma a medida durante 5 a 10 segun­dos e faz a multiplicação, o que po­de ocasionar margem de erro bas­tante grande.

Lembre-se: não se deve dar im­portância isolada ao pulso (como o faz a medicina chinesa), já que este é apenas um dos sinais vitais. Ao socorrista deve interessar o conjunto dos sinais.

3 . MEDIDA DA FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA

Imediata ou paralelamente à verificação da pulsação, deve o so­corrista avaliar a respiração da vítima. Caso o coração esteja impul­sionando o sangue, mas não esteja havendo troca de gás carbônico por oxigênio, nos pulmões, brevemente o batimento cessará, pois a falta de oxigenação levará as células cerebrais à morte, e são elas que controlam o batimento cardíaco. Além disso, as células do coração, que realizam o batimento, também morrerão.

A respiração é tão essencial quanto o batimento. Devemos ava­liá-la também nos primeiros instantes.

a. Tipos e freqüência normal

A divisão em tipos de respiração refere-se mais ao tipo de muscu­latura utilizada na produção de movimentos respiratórios: torácica (mais observada nos homens) e abdominal (mais observada nas mu­lheres e crianças). Conhecer os tipos torna-se necessário face às téc­nicas de mensuração.

Como pode ocorrer alteração no número de respirações efetuadas

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PRIMEIROS SOCORROS

pelo paciente consciente, por razões emocionais, recomendamos nun­ca informar o que estamos fazendo (disfarce e aparente estar fazendo apenas a contagem do pulso). Se o paciente está inconsciente, obvia­mente a freqüência não será alterada, pelo menos num curto período.

b. Técnicas de verificação

c. Importância da medida correta

A avaliação da freqüência respiratória tem impacto vital na ava­liação da necessidade ou não de se enviar o paciente para hospita­lização ou para atendimento mais especializado. Em muitos casos o acompanhamento das alterações na freqüência respiratória pode indicar agravamento do quadro (em pacientes pós-traumatizados, diabéticos, asmáticos, etc.) . Recomenda-se, pois, que a medição seja feita a intervalos curtos, especialmente nas primeiras horas de assistência.

d. Valores normais em repouso e alterações fisiológicas

A freqüência respiratória do adulto costuma oscilar entre 12 e 20 respirações por minuto (rpm), sendo também mais rápida na crian­ça do que no adulto, tal como a pulsação. Apresenta diminuição gradual com o crescimento (40 a 45 rpm no recém-nascido, baixan­do para 20 a 25 rpm até 6 anos, e 18 a 20 rpm acima dos 6 anos).

As condições que causam alterações na pulsação, geralmente, agem também na respiração, e no mesmo sentido.

Pode ser realizada através de inspe­ção visual da movimentação do tó­rax/abdome (adultos), acrescida da movimentação das asas nasais (em crianças ou em pessoas com insufi­ciência respiratória). Pode também ser medida com o estetoscópio, sendo pre­ferível neste caso auscultar a parte central direita do tórax, a fim de evitar que os sons cardíacos atrapalhem a contagem.

Daniel

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COMO AVALIAR OS SINAIS VITAIS CAPÍTULO 2

4 . PRESSÃO ARTERIAL

A pressão arterial reflete de forma específica a força e a velocida­de com que o coração impulsiona o sangue pelas artérias, a resistên­cia dessas vias sangüíneas e a composição e quantidade de sangue que circula no sistema.

Problemas cardíacos podem diminuir a pressão, a arteriosclerose (endurecimento e entupimento das artérias) pode aumentá-la, e a perda de sangue pode diminuí-la.

Para o socorrista, a medida da pressão arterial pode sinalizar im­portantes indicações diagnosticas, combinando-se a mesma com os outros sinais vitais. Por exemplo, em caso de acidente com trauma­tismo torácico ou abdominal, o aumento progressivo da pulsação e queda gradual da pressão, sugere a possibilidade de hemorragia in­terna, recomendando procedimento mais agressivo e urgente.

a. Técnicas de verificação

A mensuração da pressão é efetua­da utilizando-se um aparelho deno­minado esfigmomanômetro. Este, através de uma bolsa de ar acoplada a um sistema de medida, registra as al­terações de impulsão das artérias de maneira visual (escala nos manóme­tros de mercúrio, ou relógio, nos ma­nómetros aneróides).

A percepção da diferença entre a pressão aplicada pela bolsa de ar e a pressão exercida pelas artérias, se faz utilizando um estetoscópio jun­to com o esfigmomanômetro, de modo a se perceber o ruído presen­te de acordo com as pulsações.

Efetua-se a medida colocando o esfigmomanômetro ao redor do braço do paciente, ajustando-o firmemente, de modo a deixar o mí­nimo de folga. O uso de aparelho com fecho de velcro permite me­lhor adaptação. Coloca-se então o estetoscópio na projeção da arté­ria umeral (na face interna do braço, próximo ao cotovelo), ou na dobra anterior do cotovelo.

O aparelho é insuflado fechando-se a saída de ar e bombeando-se

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PRIMEIROS SOCORROS

a pêra do mesmo até a marca de aproxi­madamente 180 a 200mmHG (milíme­tros de mercúrio, a unidade de medida de pressão). Caso o paciente sinta dor, deve-se insuflar menor quantidade de ar ao re­petir a medida. Um certo desconforto sempre ocorre pela compressão da área.

Atingida a marca desejada, a desinsufla-ção deve ser lenta, deixando escapar o ar aos poucos, atentando para a marcação na esca­la ou no relógio aneróide, de modo a captar o momento em que iniciam os sons da pul­

sação arterial, em especial o instante em que se tornam mais intensos (pressão sistólica), e quando eles desaparecem (pressão diastólica).

Caso haja dúvida, pode-se repetir a medida após cinco minutos, ou utilizar o braço oposto. Em alguns casos de doenças de obstrução arterial pode haver grande diferença entre um braço e outro, mas no momento do socoreo do paciente isto não deve representar grande dificuldade.

Aparelhos digitais, por sua menor precisão, são menos confiáveis, não sendo a primeira escolha para aquisição (além disso, também são mais caros).

b. Valores normais em repouso e alterações fisiológicas

Os valores variam entre adultos e crianças, mas como a medida da pressão em crianças requer aparelhagem especial (do tipo que geral­mente só os pediatras têm), citaremos os valores do adulto, que po­dem variar entre 100 e 130 de pressão sistólica e 70 e 85 de pressão diastólica, originando resultados como 100x70 ou 120x80 ou 130x85. Via de regra, isto é referido suprimindo-se o último zero (as­sim o paciente pode mencionar: "Minha pressão é 1 1 por 7 e meio, ou 12 e meio por 8) .

Estando intimamente relacionada com circulação e respiração, a pressão arterial também sofre influência das emoções, de esforços fí­sicos, da temperatura, etc. Existe ainda o fato de que é alterada pe­lo horário do dia, sendo um pouco maior no final da tarde e na me­tade inicial da noite.

Ao atender uma pessoa, é importante não rotulá-la como hi­pertensa logo na primeira medida, exceto nos casos em que a

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U 3 M G AVALIAR OS SINAIS VITAIS CAPÍTULO 2

pressão é claramente alta e a pessoa não esteve praticando exercícios. Por exemplo: uma pessoa está assentada durante 10 ou 15 minutos. Quando lhe medem a pressão, esta chega a va­lores de 200x120 .

c. Fontes comuns de erros

Entre os aspectos que podem atrapalhar a precisão na medida da pressão, um dos mais comuns é a pressa em medi-la, já de início, não obedecendo ao período de cinco minutos de intervalo, com a pes­soa em repouso e na mesma posição. Sugerimos o posicionamento do esfigmomanômetro, seguido da colocação do paciente em posi­ção de repouso, a medida da freqüência respiratória e cardíaca, e en­tão a medida da pressão arterial.

Outro aspecto importante é dispor de aparelho bem calibrado e conferido com freqüência. Sempre que houver dúvidas, deve ser re­feita a medida com outro aparelho. Assim, se todas as pessoas em que é feita a medida com determinado aparelho apresentarem pres­são baixa ou alta, deve-se trocar de esfigmomanômetro.

Detalhe comum nos consultórios, e que pode ocorrer num acidente devido ao estresse e à preocupação do paciente com seu real estado de saúde, é que o ato de realizar a medida pode desencadear um pico hi-pertensivo. No consultório isto é chamado de hipertensão branca, uma vez que é provocada pela presença e atuação de alguém vestido de bran­co (enfermeiro ou médico). Assim, não devemos definir como hiper­tensa uma pessoa ao medir-lhe a pressão „ , pela primeira vez, nem dizer-lhe a pressão real, se indagada. Diga-lhe que está boa e torne a medi-la após cinco minutos.

5 . I E M P E R A T U K A

Diferentemente de outros sinais vitais, os valores normais da temperatura cor­poral variam menos em função da idade do paciente, embora em crianças meno­res seja estavelmente mais alta, próxima a 37°C (graus Celsius). Varia mais em função do local onde é realizada a medida (temperatura oral, axilar ou retal).

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PRIMEIROS SOCORROS

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A medida é realizada usándose termômetros de vários tipos, des­de os de bulbo de mercurio simples (com escala interna impressa), passando pelos de sinalização eletrônica, até os termômetros timpá­nicos, quase completamente instantâneos.

Existem outros dispositivos planos, como o termômetro de fita, que medem a temperatura na pele do rosto e fazem a devida corre­ção. Podem apresentar ampla margem de erro e não são recomenda­dos para uso pelo socorrista, podendo ser aceitos no uso doméstico.

Usualmente é feita a medida da temperatura axilar, com variação normal entre 35,8°C, durante a madrugada ou cedo de manhã, até 37,3°C. Temperaturas mais altas costumam ocorrer ao final da tarde e no início da noite. A variação média ocorre entre 36 e 37°C.

A temperatura retal é geralmente 0,4 a 0,5°C maior que a bucal. Diferenças maiores são indícios de processo infeccioso intestinal, tal como apendicite.

Alguns fatores não patológicos podem influir na temperatura cutânea: ansiedade, atividade física e exposição prolongada ao sol (que será abordada na seção sobre insolação e intermação, capítulo 14, pág. 173).

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6 . SINAIS INDIRETOS

O socorrista pode avaliar muitos si­nais indiretos, de modo a complemen­tar os quatro sinais vitais clássicos, le­vando-o a obter visão mais clara da si­tuação do paciente. Citaremos os mais simples e mais importantes:

Colo ração das mucosas Em es­pecial as mucosas labial e ocular

(parte interna do lábio e da pálpebra), uma vez que alterações nelas podem sugerir perda sangüínea progressiva, diminuição da pressão, intoxicação por gases ou anemia. Procure avaliar sob adequada iluminação. Se tiver dúvida, ilumine a mucosa ocular com lanterna.

Diâmetro e reflexo pupilar - O primeiro aspecto importante é analisar o diâmetro da pupila. Se muito dilatada (maior que 5mm)

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L̂ OMO AVALIAR OS SINAIS VITAIS CAPÍTULO 2

ou muito contraída (me­nor que 3mm), pode ser indicação de alterações a serem pesquisadas (into­xicações medicamentosas, dor intensa, e t c ) .

Outro ponto importan­te é se existe diferença no diâmetro das duas pu­pilas, e se essa alteração (anisocoria) se mantém quando um dos olhos é exposto à luz.

Também é importante analisar se existe esta reação (contração de ambas as pupilas quando apenas uma delas for estimulada com luz), e se é rápido o retorno ao normal ao ser retirado o estímulo luminoso. Alterações na fotorreatividade das pupilas podem suge­rir lesão intracraniana (estando a pupila mais dilatada do lado afe­tado) ou lesões oculares.

7 . AVALIAÇÃO DO CONJUNTO DE SINAIS VITAIS E SUA UTILIDADE PRATICA

Cartoon Estúdio

A soma das avaliações prove­rá um quadro sugerindo maior ou menor gravidade, necessida­de de transporte imediato, con­vocação de ambulância e pes­soal especializado, ou ainda um tratamento simples pelo próprio familiar ou socorrista.

Sempre é importante avaliar o conjunto, não valorizando um item mais que outro. Um dos itens pode estar incorreto, ou po­de requerer reavaliação antes de se tomar decisão mais definitiva.

Da evolução dos sinais vitais ao longo do atendimento pode ser inferido o prognóstico do caso e sugeridas prospectivas de aten­dimento médico.

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PRIMEIROS SOCORROS

8 . AVALIAÇÃO DE PACIENTES INCONSCIENTES ATRAVÉS DAS ÁREAS-CHAVE

Cabeça - Paciente com face congestionada (intoxicação alcoóli-ca); rosada (intoxicação por monóxido de carbono). Depressões lo­calizadas (fraturas ou concussões). Perda de líquido claro pelo nariz ou ouvido (fraturas em áreas que permitem a saída de liquor - risco de meningite). Múltiplas cicatrizes (antecedentes de epilepsia).

Pele - Vermelhidão geral distribuída em pontinhos muito próxi­mos (coma por medicação para dormir, do tipo barbitúrico). Suor intenso e frio (diabético com falta de glicose no sangue).

Hálito - Característico em alguns casos: álcool (intoxicação al­coólica), acetona (diabetes), pútrido (infecções tipo sinusite, amig­dalite, pneumonia).

Vômito - Em caso de ocorrência, procurar coletar parte do mate­rial para envio ao médico, em especial nos casos de suspeita de in­toxicação ou envenenamento.

Braços ou pernas em posição incomum - Possibilidade de fratu­ra ou luxação de articulações.

Depressões torácicas ou alterações da superfície abdominal -Possibilidade de lesões de vísceras, com hemorragia interna.

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U L O

Materiais necessários para prestar socorro

Neste capítulo você encon­trará orientações tanto para socorrer acidentados como pa­ra prevenir doenças. Por moti­vos práticos e didáticos, divi­dimos o equipamento em al­guns grupos:

Material individual cio so­corrista - Deve estar em local de fácil acesso, tanto para uso doméstico como para trans­porte, ou ainda para efetuar socorro externo.

Material de uso familiar - Mais amplo, pode abranger itens de uso interno, dos membros do lar. Exemplo: medicamentos de uso prolongado, como anti-hipertensivos. E importante a sua centralização em um único local, para facilitar seu acesso e dimi­nuir o risco de uso acidental por crianças, evitando assim intoxicações.

Material semi-profissional - Para uso de pes­soas com mais experiência, que tenham partici­pado de treinamento prático na área de primeiros

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Page 40: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

socorros ou sejam profissionais de saúde (enfermeiros, fisiotera­peutas, dentistas e médicos).

Material de apoio - Itens não envolvidos diretamente no atendi­mento, mas que podem auxiliar de alguma forma, por facilitá-lo, proporcionar conforto, permitir melhor visualização, e por poderem ser usados para ministrar medicação.

Alguns materiais só poderão ser utilizados adequadamente por pro­fissionais com treinamento específico e em atividade. Não se justifica o gasto com itens que o socorrista não saiba manejar. Melhor é adqui­rir materiais apenas depois de adequadamente treinado para o seu uso.

Deve-se ter uma caixa de primeiros socorros e começar pelos itens mais usados e mais baratos. De acordo com a necessidade, deve-se fazer gradativamente os acréscimos.

De início será possível acondicionar o material numa bolsa. Com o aumento gradual, tem-se a opção das caixas de pesca com várias divi­sões, de modo a ter todos os itens facilmente acessíveis.

A montagem completa do conjunto pode demorar algum tempo, mas não precisa haver pressa. Basta manter-se aprendendo e repon­do o material mais utilizado.

Outro ponto importante é que, após o uso, alguns materiais de­vem ser adequadamente limpos e desinfetados, ou então descartados com o aviso de que contêm material biológico.

Tendo em vista facilitar ao leitor a obtenção dos medicamentos para a sua caixa de primeiros soconos, estaremos, na medida do possível e /ou necessário, fornecendo o nome químico (genérico) seguido, quando desejável, pelo nome fantasia entre parênteses. Quando o produto for sem similares em sua classe ou resultado da combinação de várias substâncias, forneceremos apenas o nome fantasia, seguido sempre pelo símbolo ®.

Com a constante evolução científica e a freqüente descoberta de novas substâncias, pode ser importante a atualização dessa listagem de medicamentos com o seu médico, ao iniciar a montagem da caixa de primeiros socorros.

1. MATERIAL INDIVIDUAL DO SOCORRISTA

• Gaze - 6 envelopes de 5 unidades • Agua oxigenada - 10 volumes em frasco plástico de lOOml • Esparadrapo antialérgico - Johnson®, Micropore® ou Leucopore®

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MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA PRESTAR SOCORRO

• Antiinflamatório Nimesulida gotas e comprimidos - para dor e prevenir queimadura solar

• Analgésico Acetaminofen (Tylenol® ou Dôrico® 750mg) e go­tas - para dor e febre

• Anti-histamínico Dexclorfeniramina (Polaramine®) ou Clemastina (Agasten®) - para coceira (dá sono, prefira usar à noite); Loratadina (Claritin®/Loranil®) ou Cetirizina (Zyrtec®/Zetir®) ou Epinastina (Talerc®) - para picadas de insetos (não dão sono)

• Antiemético Bromoprida (Plamet® ou Digesan®) ou Trimebutina (Debridat®), cápsulas e gotas - para náuseas e vômitos

• Sais para reidratação oral (27,9g) da CEME ou Pedialyte® 90/Hidrafix® 90

• Sorine® adulto e infantil - descongestionante nasal • Hexomedine® spray, Flogoral® colutório, Omcilon® orabase,

Gingilone® pomada - dor de garganta/aftas 41

CAPÍTULO 3

• Curativo tipo Band-Aid® - vários formatos e tamanhos • Bandagem (faixa) de crepe 5/6cm e 10/12cm, não adesiva • Pacote de algodão hidrófilo pequeno (25g) • Alfinete de segurança - 2 pequenos, 2 médios, 2 grandes • Verutex®, Cauterex®, Plastenan®- para curativo em feridas ou

machucados • Advantam®, Steronide ou

Elocom - para picadas de insetos ou queimadura solar

• Cotonetes • Pinça de sobrancelhas • Tesoura com ponta (Os cotonetes e a pinça de­

vem ser protegidos para evitar que acumulem sujeira; e a tesou­ra deve ser esterilizada através de fervura em panela de pressão por 20 a 30 minutos, após uso.)

• Termômetro clínico • Luvas - se possível de vinil, por serem antialérgicas, ou então

de plástico, descartáveis

2 . MATERIAL DE USO FAMILIAR

Page 42: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

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• Otosynalar® gotas - dor de ouvido • Protetor solar - Spectraban® T, Sundown® 30, Episol® 45,

Helioblock® 60 ou de acordo com o tipo de pele Obs.: Já existem à venda filtros solares com repelente incorpora­

do. Geralmente são de baixo fator de proteção (de 8 a 15), mas constituem uma opção para as pessoas mais morenas.

• Protetor solar para lábios - Spectraban® 15, Helioblock® Lips ou Sundown® 15

• Medicamento de uso próprio: anti-hipertensi-vo, anticonvulsivante,' diabetes, etc.

• Lidocaína gel 2% e po­mada 5%, ou a fórmula para queimaduras (EM-LA® creme)

• Lâminas de barbear no­vas - devem ser manti­das na embalagem até o momento do uso e de­pois ser descartadas; im­portante não reutilizar.

• Álcool gel, álcool iodado ou Chlorexidina alcoólica, para de­sinfecção e limpeza das mãos e lesões

• Soro fisiológico - 1 Frasco de 250ml para limpeza de lesões não infectadas, nebulizações e lavagem dos olhos para remoção de corpo estranho

• Antiácido Simeco-plus® ou Riopan® líquido/comprimidos -para azia e dor estomacal

• Epitezan® pomada ou pomada oftálmica equivalente, sem corticosteróide - para uso em caso de traumatismo ocular (fazer oclusão)

• Colírio Anestésico Frumtost® ou Anestalcon® • Antitussígeno Zyplo®, Seki® ou Silomat®, xarope e gotas • Antiasmático Bricanyl® xarope e comprimidos Duriles,

Bamifix® comprimidos, Aerotide®, Duovent® ou Combi-vent® spray

• Bolsa térmica para aplicações quentes ou frias • Carvão ativado para casos de diarréia

Page 43: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA PRESTAR SOCORRO

MATERIAL DE USO SEMI-PROFISSIONAL

Esfigmomanômetro Estetoscópio Nebulizador e itens como Berotec®, Atrovent® e Mu­cosolvan®, em solução para nebulização

:. MATERIAL DE APOIO*

Caixa de fósforos Lanterna elétrica com pilhas Copos de plástico Colheres de plástico Dermacyd® sabonete líquido ou Cetaphil® Jornais Jogo extra de pilhas para lanterna

Cartoon Estúdio

(*) Este material não es­tá diretamente envolvido no atendimento, mas pode ser útil durante o socorro:

• Jornais para forrar o chão, reduzindo a conta­minação durante o aten­dimento;

• Lanterna para os aten­dimentos noturnos, etc.

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CAPÍTULO 3

Page 44: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

C A L O

Como lidar com os ferimentos mais comuns

4 4

Dr. Gerson Trevilato Dr. Everton Ricardo de Abreu Netto

Dentre as medidas a tomar no socorro ao ferido, um dos passos é identificar que tipo de lesão a pessoa sofreu e quão intensa é a gravidade do caso. E um assunto que envolve muitos aspectos e pode ser classificado de várias formas, com o objetivo de facilitar a compreensão e memorização.

A classificação mais simples divide as lesões básicas em su­perficiais (escoriações e alguns

tipos de contusão sem forma-ção de hematoma) e profundas (todas as demais).

Outra maneira de dividir as lesões seria entre sim­ples (as quatro lesões básicas: contusão, escoriação, lesão cortante e lesão perfurante) e complexas/mistas (onde ocorrem combinações de lesões).

Também podem ser classificadas como fechadas, quando a integridade da pele é mantida, o que reduz este grupo às contusões, tanto profundas (com for­mação de hematoma, ou "galo", quando ocorre na cabeça), quanto superficiais; e lesões abertas (quan­do a pele é rompida).

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COMO LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS

Um último aspecto a considerar na introdução ao assunto, são as complicações das lesões básicas que também demandam providências, tais como o grau de contaminação e intensidade do sangramento.

Estas orientações gerais visam a organizar os primeiros cinco mi­nutos de atendimento, sempre baseando-se nos três aspectos: dor, hemostasia (ou interrupção do sangramento) e limpeza das lesões. O sucesso dos procedimentos seguintes tem direta relação com a for­ma como foram resolvidos os três problemas iniciais.

Abordaremos individualmente cada tipo de lesão.

1. CONTUSÃO

Lesão não penetrante, de profun­didade variável, criada por força con­tundente (impacto), exercendo ação lesionai por pressão abrupta ou com­pressão contínua, associadas ou não ao deslizamento, podendo ou não causar lesões subcutâneas: equimoses (superficiais), hematomas (área sob a pele contendo sangue) ou seromas (área sob a pele contendo plasma ou soro), estes últimos de maior profun­didade. Normalmente a força contun­dente dá-se em sentido perpendicular à superfície atingida, sendo tanto mais profunda a lesão quanto maior a intensidade do impac­to. Pode ser causada por instrumentos de superfície ampla e sem ponta (barras de ferro, pedras, tocos de madeira), assumindo a lesão um formato que lembra o objeto traumatizante.

Não há contaminação proveniente do meio externo nem sangra­mento inicial visível.

Lesões internas que causem ruptura de vasos sangüíneos formarão equimoses e hematomas ("galos"). Se oconer traumatismo de vasos lin­fáticos ou de áreas extensas de tecido subcutâneo, teremos os seromas.

Raramente esse tipo de lesão necessita de tratamento médico, exce­to se houver suspeita de fratura, ou ocorrer perda de movimento da área contundida. Mesmo nesses casos simples a área afetada deve ter sua mobilidade parcialmente restringida, ficando em repouso e elevada nas primeiras 12 a 24 horas, visando diminuir o edema (inchaço).

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CAPÍTULO 4

Page 46: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

O tratamento deve iniciar logo após a ocorrência do trauma, pela aplicação de frio local (bolsa de gelo, compressas frias), mantido nas

primeiras 24 horas, com o objetivo de dimi­nuir o inchaço local e até a formação de he­matomas, diminuindo assim a dor da lesão.

Após 24 horas deve ser iniciada a aplica­ção de temperaturas alternadas, começando com o calor úmido mais intenso suportável (em banhos locais ou compressas), por três minutos e meio. Imediatamente alternar com o frio - que não precisa ser muito inten­so; pode ser de temperatura ambiente, ape­nas para fazer contraste térmico - por meio minuto. Esse contraste de temperatura deve ser repetido quatro vezes (total de 16 minu­tos). Os banhos ou compressas de contraste

objetivam estimular a circulação linfática, diminuindo a dor e o in­chaço decorrentes da contusão, e devem ser repetidos de três a seis vezes ao longo do dia.

Supondo-se que não haja fraturas ou perda de movimento do lo­cal atingido, também podem ser utilizados antiinflamatórios por via oral, como a nimesulida. Se a dor for muito intensa, pode ser asso­ciado à nimesulida (Nisulid®/Scaflan®) o acetaminofen (Tylenol® ou Dôrico®). E bom lembrar, contudo, que a maioria dos antiinfla­matórios são potenciais agressores da mucosa gastroduodenal, sobre­tudo em uso prolongado. No caso de lesões subcutâneas associadas (superficiais), as equimoses ou arroxeamentos costumam desapare­cer entre alguns dias e um mês, mas se forem muito intensas pode-se fazer uso local de cremes à base de enzimas (Hirudoid®/Hyalozi-ma®/Thiomucase®) para acelerar a absorção.

Caso se formem seromas ou hematomas, o paciente deve ser en­caminhado para drenagem pelo médico, com o uso de seringa e agu­lha hipodérmica, após limpeza prévia da pele com álcool. No caso específico de hematomas sob a unha, extremamente dolorosos, a perfuração cuidadosa da unha com agulha hipodérmica é um proce­dimento simples e de eficiência comprovada.

Na reabsorção do hematoma segue-se uma escala de cores: verme­lho arroxeado, seguido por um tom esverdeado, a seguir amarelado, e, finalmente, cor normal da pele, podendo demorar até três sema-

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COMO LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS

CAPÍTULO 4

nas a recuperação total. Assim a coloração da pele pode ser usada como guia para avaliar a evolução do caso.

2 . ESCORIAÇÃO

Conjunto de arranhões superficiais, produzidos por atrito violen­to de uma superfície irregular, áspera, que não ultrapassam as pri­meiras camadas da pele (epiderme e derme reticular), podendo ser muito dolorosos se atingirem o nível cutâneo das terminações ner­vosas. Geralmente apresentam grande quantidade de sujeira que precisa ser removida para evitar infecção.

Ocorrem em áreas descobertas e na porção externa de articulações ou juntas (cotovelos, joelhos) ou face e mãos, podendo situar-se em áreas cobertas em caso de impacto mais forte. O sangramento, se ocoree, é pequeno, sendo possível estancá-lo com compressão local (veja o capítulo 5, sobre hemoreagias). O estancamento deve ser realizado após lim­peza, uma vez que o próprio sangramento pode ser de auxílio na remoção de detritos.

O tratamento consiste em cuidadosa limpeza manual da área afetada, usando água e sabão (se possível antisséptico, como Hibitane® ou Soapex®) para remover o máximo de sujeira e corpos estranhos. Caso as lesões sejam muito dolorosas, pode ser necessário o uso de anestésicos lo­

cais, como o EMLA®, para manipulação adequada e remoção de toda contaminação.

Após a limpeza mecânica, faz-se uso de soluções antissépticas tópicas como Povidi-ne® ou Clorhexidina, objetivando inibir ao máximo a multiplicação de bactérias no lo­cal. Depois da limpeza deve ser aplicado curativo para proteger a lesão de sujeira e poeira, e restabelecer o ambiente úmido da pele abaixo da camada córnea da epiderme. Assim, eventuais crostas que se formem se­

rão sempre macias, sem atrasar a cicatrização. Outra opção são os curativos com camada de hidrocolóide aderi-

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PRIMEIROS SOCORROS

da (Duoderm®), que simulam a situação de uma pele substituta ade­rida à ferida.

Para obter umidade no curativo, existem algumas opções de po­madas, que dividimos em três grupos:

• Ferida bem limpa, sem secreção, sem contaminação bacteriana - usar Plastenan creme, que é um cicatrizante puro, sem antibiótico.

• Ferida onde não se obteve limpeza completa, ou onde haja pos­sibilidade de contaminação bacteriana - sugerimos o uso do Veru-tex, que é um antibiótico de excelente penetração cutânea e bom espectro de ação sobre bactérias da pele.

• Ferida onde haja secreção ou onde existam muitas fímbrias de pele, ou ainda onde a cicatrização esteja sendo lenta - usar Cauterex® com Gentamicina, que combina um estimu­lante de cicatrização com antibiótico.

Outra opção para evitar que o curativo grude na ferida, é o uso de gaze vaselina-da (embebida em vaselina líquida), posta sobre a pomada escolhida.

Deve-se evitar a todo custo:

• Talcos ou pós antissépticos, pois res­secam a crosta, tornando mais difícil sua remoção.

• Agua Oxigenada - pode ser utilizada no máximo até o quinto dia após a lesão; a partir de então começa a atrasar a cicatrização por inibir a multiplicação das células da pele.

• Substâncias coloridas ou que venham a colorir a pele (mer­cúrio, mertiolate, rifocina, permanganato de potássio ou fura-cin) . Além de alguns poderem causar alergias (mercúrio, mertio­late e furacin), atrapalham a avaliação da evolução da pele, difi­cultando a análise de possíveis infecções, cujo primeiro sinal é a vermelhidão local.

• Pomadas que contenham neomicina (risco de desenvolver aler­gia ao longo do tratamento).

Lembre-se de usar analgésico para diminuir a dor do traumatis­mo e a que decorre do tratamento. Geralmente o uso de acetami-nofen é suficiente.

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COMO LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS CAPÍTULO 4

3 . LESÃO PERFURANTE

Essa denominação para esse tipo de lesão caracteriza a ação de perfuração (penetração) que nela costuma ocorrer. E produzida por objetos pontiagudos, longos, e geralmente finos (com diâme­tro transverso pequeno), tais como esti-lete, compasso, prego, arame, espinho, agulha. Produz-se afastamento das fi­bras do tecido atingido, com mínima secção das mesmas, deixando um orifí­cio de entrada de diâmetro menor que o objeto, graças à elasticidade dos teci­dos cutâneos. Isso vem a constituir um dos problemas desse tipo de lesão, por permitir a permanência de sujeira e material contaminante na profundida­de dos tecidos.

Havendo pouca lesão de tecido, também se produz pouco sangra­mento, exceto se ocorrer perfuração de um vaso. Isso também favo­rece a manutenção de detritos no interior da pele. Mesmo ao ocor­rerem perfurações vasculares, estas são geralmente controladas ape­nas com compressão local.

Dependendo do tamanho do agente traumatizante e do local atingido (tórax, abdome), podem ocorrer lesões profundas. Pode-se requerer cirurgia de emergência para reparar os danos causados às estruturas mais nobres (pulmões, coração, vasos sangüíneos e órgãos abdominais como fígado ou intestinos).

Devido à contaminação na profundidade, são freqüentes as infec­ções e diversos casos de tétano, razão pela qual é necessário especial cuidado na limpeza dessas lesões. Recomenda-se que o socorrista proceda apenas a hemostasia, encaminhando o paciente para ava­liação médica, para ampliação do orifício de entrada com lâmina de bisturi ou outro objeto cortante estéril, seguida de limpeza mecâni­ca do trajeto. Fazê-lo mesmo nos casos aparentemente simples.

Talvez o paciente tenha de receber vacina contra o tétano, que de­ve ser repetida a cada 10 anos. Se já foi vacinado dentro desse perío­do e o caso é realmente simples, sem lesões profundas ou internas, deve-se proceder a limpeza mecânica detalhada do local, com água e sabão e uso de analgésicos leves (como acetaminofen ou dipirona).

Cartoon Estúdio

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Page 50: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

K \ PRIMEIROS SOCORROS

Nestes casos é importante a reavaliação freqüente do caso, pois po­de ser necessário o uso de antiinflamatórios e de antibióticos, os

quais preferencialmente devem ser recomen­dados pelo médico.

Devem ser evitados os mesmos itens mencio­nados no capítulo 4, pág. 48, com a observação adicional de que a água oxigenada na profundi­dade pode causar necrose asséptica das estrutu­ras atingidas, causando dor local e retardando a cicatrização. Além disso, pela visualização ex­terna nem sempre se consegue avaliar a profun­didade da ferida. Assim, nas lesões penetrantes, a água oxigenada jamais deve ser utilizada.

Em caso de perfuração de tórax, deve-se realizar limpeza rápida e oclusão imediata da perfuração com esparadrapo. Devido à pressão negativa do tórax, pela ocorrência de perfuração começa a ser suga­do ar atmosférico para a cavidade torácica, restringindo a expansão dos pulmões, podendo levar à insuficiência respiratória. Qualquer perfuração torácica deve ser encarada como emergência médica gra­ve, efetuando-se o encaminhamento imediato para o hospital (po­derá ser necessária drenagem cirúrgica).

Lesões de abdome, após os cuidados gerais, também devem ser enca­minhadas para atendimento hospitalar, pela possibilidade de lesão de órgãos internos e subseqüentes sangramentos graves. Podem ser de vís­ceras sólidas (fígado ou baço) ou ocas (estômago ou intestinos). Existe ainda o risco de infecções potencialmente fatais, como peritonite.

Nas lesões de tórax ou abdome, não dar medicação (analgésicos), nem alimentos ou água, uma vez que o paciente estará sujeito a pro­cedimento cirúrgico. O curativo deve ser o mais compressivo possí­vel, para evitar sangramento.

4 . LESÃO CORTANTE OU INCISA

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Possui bordas nítidas, geralmente regulares. Há secção das fibras do tecido; o comprimento da lesão é maior que a profundidade, e em geral, o centro é mais profundo que as extremidades. E produzida por objeto cortante, podendo comprometer outros planos além da pele, e é causada por instrumentos com gume afiado como lâmina de barbear, lâmina de bisturi, etc.

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COMO LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS CAPÍTULO 4

A contaminação costuma ser facilmente removível, pois o sangra-mento lava a ferida de dentro para fora. Se necessário, esta pode ser aberta para retirada de fragmentos estranhos. A dor vai de modera­da a intensa, mas após limpeza e aplicação de curativo, em geral, é controlável com analgésicos simples.

A atuação do socorrista deve objetivar a limpeza inicial e a he-mostasia - geralmente só com compressão local, mas em sangra­mentos mais abundantes pode ser necessário efetuar compressão à distância. Geralmente o paciente necessita de médico, já que o tra­tamento consiste na reconstituição cirúrgica das estruturas lesadas, sendo importante proceder sutura cirúrgica (dar pontos) sob aneste­sia local, para acelerar o processo de cicatrização e obter uma cica­triz mais estética.

Para que a sutura ocorra de modo mais seguro, deve ser efe­tuada até seis horas após o momento do corte. Passado este pe­ríodo, devido à chance de infecção local, não se efetuam re­constituições (a não ser em caso de lesões de face), sendo pre­ferível a cicatrização espontânea para os casos em que decorreu tempo maior. Outra opção quando não for possível suturar, é o ponto falso ou curativo em grade (utilizar esparadra­po colocado em tiras paralelas, per­pendiculares às linhas de tensão da ferida para aproximar as bordas - ver descrição na pág. 6 8 ) .

Com sutura ou não, deve ser feito cura­tivo compressivo, mantido por 24 horas, para evitar hematomas ao redor da lesão.

5, LESÃO PERFURO-CORTANTE

Lesão mista ou complexa, causada por instrumentos de gume afia­do (faca, canivete). Demanda maior cuidado, porque ocorre por me­canismo misto, penetrando com a ponta e cortando com o gume. São geralmente mais graves, apresentando contaminação maior e sangramento provavelmente intenso.

A dor é variável de acordo com a profundidade e extensão da le-

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PRIMEIROS SOCORROS

são, sendo maior em casos de área sob tensão ou de dobras. Como pode ocorrer lesão de profundidade, é freqüente o sangramento pa­ra dentro das cavidades abdominal ou torácica, devendo por isso ser objeto de extensa e cuidadosa avaliação médica.

A atuação do socorrista prende-se muito mais à hemostasia da le­são (geralmente por meio de curativo compressivo local) e transpor­te urgente do paciente ao pronto atendimento médico. Não esque­cer o risco associado de tétano. O paciente não deve ser alimenta­do nem medicado, já que provavelmente será submetido a cirurgia para exploração do ferimento e reparação das lesões internas.

A contaminação imediata é pequena, devido ao calor do projétil. Assim, uma das medidas de atendimento é a proteção dos orifícios da lesão. Como o sangramento é variável, potencialmente grave, a proteção será compressiva, de acordo com a intensidade do sangra­mento. Pode ser necessária compressão local e à distância. A dor va­ria bastante, dependendo da área atingida.

Impõe-se rápido encaminhamento do paciente ao hospital, após hemostasia. Lembre-se de fazer ocorrência policial. Se pos­sível, leve seus documentos e os do paciente.

7. L E S Ã O C O R T O C O N T U N D E N T E

Causada por instrumento de gume afiado, com ação contundente devido ao seu próprio peso, ou pela força de quem o maneja: facão, foi-

6 . LESÃO PERFUROCONTUNDENTE

Causada por arma de fogo. O orifício de entrada é, em geral, ar­redondado ou ovalado, dependen­do da direção de penetração do projétil. Se o disparo ocorreu de muito perto, poderão ocorrer bor­das invertidas e queimadura de pólvora na pele adjacente. Quan­do há orifício de saída, é de forma irregular, bordas evertidas, e, via de regra, maior que o orifício de entrada.

Cartoon Estúdio I

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COMO LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS

Terminaremos este assunto com algumas considerações so­bre corpos estranhos, seu impacto no organismo e risco de compli­cações que podem ocorrer após as lesões básicas.

As substâncias estranhas de­vem ser removidas desde que:

• Estejam se projetando atra­vés da pele ou sob a mesma;

• Causem sintoma; • Atrasem ou impossibilitem

a cicatrização de uma ferida. Listamos a seguir algumas dessas

I Cartoon Estúdio

'substâncias estranhas":

Terra - é a mais comum; deve ser removida por escovação ou por dissecção, quando da impossibilidade do uso da escova. Sempre usar água em abundância.

Fragmentos de madeira ou metal - em geral são superficiais, fáceis de se ver, percorrem linha reta e podem ser puxados com pinça, se a

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CAPÍTULO 4

ce, machado, dentes (mordida), enxada. O formato da lesão é variá­vel, dependendo do instrumento. Geralmente apresenta grande con­taminação e sangramento variável, segundo a área e órgãos atingidos.

Geralmente bastante dolorosa, sobretudo quando ocorre fratura. Não administrar medicação ou alimentos por via oral (probabilida­de de cirurgia).

Devido à possibilidade de fraturas, estar atento ao estancar o san­gramento (médio a intenso, via de regra). Compressão à distância, se possível, só fazendo-a localmente se existir certeza de que não há fratura. Não realizar torniquete, a não ser em caso de perda de mem­bro ou risco iminente de vida (ver capítulo 5, pág. 59) .

Provavelmente será necessário fazer raios X (para análise de even­tuais fraturas) e cirurgia. Por isso, a rapidez é fundamental. Proceder limpeza superficial e encaminhar com curativo o mais compressivo possível, mas que não piore a dor do paciente.

8 . CORPOS ESTRANHOS

Page 54: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

extremidade se encontrar visível. Se de ma­deira, a remoção é necessária e obrigatória, pa­ra prevenir infecção. Se o fragmento for metá­lico e assintomático, e difícil de localizar, po­de ser deixado no local.

Tecido - normalmente são fragmentos de roupa introduzidos por traumatismos pene­trantes, junto com outros corpos estranhos.

Se possível, devem ser totalmente removi­dos, pois costumam dificultar a cicatrização da ferida, ou formar granulomas (tecido de reação em volta do corpo estranho). Mui­tas vezes tornam necessária a exploração profunda de ferida que não cicatriza.

Vidro - são os fragmentos de remoção mais difícil, necessitando por vezes de monitoração radiográfica se o vidro contiver chumbo ou algum outro metal.

Anzóis - uma vez que a fisga entre completamente sob a pe­le, o modo mais fácil e menos doloroso de remoção é empur­rá-lo e exteriorizá-lo por uma segunda ferida, cortando-lhe a extremidade e puxando-o de volta pela ferida de entrada.

9 . MORDEDURAS

As feridas produzidas por mor­deduras apresentam complicações específicas, que podem diferir conforme o agente causador.

Cartoon Estúdio

Humanas - a cavidade oral humana apresenta grande contami­nação por bactérias muito lesivas ao tecido subcutâneo. As feri­das devem ser tratadas com limpeza mecânica intensiva, usándo­se bastante água, removendo-se todo tecido desvitalizado e evi­tando-se o fechamento da ferida (permitindo-se uma aproxima-

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COMO LIDAR COM OS FERIMENTOS MAIS COMUNS

De animais - neste caso, além de grande contaminação, outro perigo é a possibilidade de transmissão da hidrofobia (raiva). Sempre que pos­sível, o animal causador deve ser mantido vivo, isolado e alimentado, para observação por um período de 10 a 14 dias. O tratamento é seme­lhante ao das feridas por mordedu­ra humana, e a decisão sobre vaci­nação pode ser feita com calma, pois é longo o período de incuba­ção da hidrofobia.

De cobras - tipo específico de mordedura animal, que ne­cessita de tratamento médico especializado, conforme defi­nido no capítulo 15, sobre aci­dente ofídico.

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CAPÍTULO 4

ção parcial dos bordos, se ela for muito extensa), pela grande chance de infecção.

Page 56: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

C A L O

O ( p i e fazer em caso d e hemorragia

1 . HEMORRAGIA é to­do extravasamento de sangue do seu trajeto original (vaso sangüíneo: arterial, venoso ou capilar). Pode ser imperceptí­vel, drenando para o tecido ou cavidade do organismo (he­morragia interna, mais grave porque pode demorar a ser diagnosticada); ou exterior­mente visível (hemorragia ex­terna, cuja gravidade depende­rá do volume de sangue perdi­do e da rapidez com que isso ocorreu).

2 . H E M O S T A S I A é de­finida como todo processo utilizado para estancar uma hemorragia.

Partindo desta introdução, necessitam-se alguns conceitos adicionais:

• Artéria - Vaso sangüíneo de parede mais espes­sa, com elasticidade mais definida, e que conduz o sangue do coração para os tecidos, o que faz com que este seja mais claro, pelo alto conteúdo de oxigênio. Ao diminuir de calibre, é chamada de arteríola.

Page 57: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

O QUE FAZER EM CASO DE HEMORRAGIA CAPÍTULO 5

• Veia - Vaso sangüíneo, de parede mais fina, com elasticidade menor que a da artéria, e que conduz o sangue dos tecidos para o co­ração, o que faz com que este seja mais escuro pelo baixo teor de oxi­gênio e alto teor de gás carbônico. Quando menor, é chamada de vênula. Apresenta válvulas no seu interior. O mau funcionamento das mesmas gera as varizes.

• Capilar - Vaso sangüíneo muito fino, conduz o sangue nos te­cidos, fazendo a ponte entre vênulas e arteríolas. Em alguns pontos são tão finos, que dão passagem a apenas uma hemácia (célula san­güínea que transporta o oxigênio).

O capítulo 4 aborda uma série de lesões que podem levar à hemorra­gia. Para se realizar hemostasia adequada, é de vital importância esta­belecer a diferença entre hemorragia arterial e venosa. Nas lesões de ar­térias de calibre médio é recomendada a reparação (sutura) das mesmas; já as veias, só quando de grosso calibre é que necessitam reparação (co­mo regra, geralmente cada artéria é acompanhada de duas veias).

Costumeiramente, as hemorragias arteriais devem ser avaliadas por médico, enquanto que hemorragias venosas muitas vezes podem ser resolvidas pelo socorrista.

Observe esta comparação esquemática:

O

HEMORRAGIA ARTERIAL

• Jorra da lesão de maneira for­te, perceptível, de acordo com o batimento cardíaco (em le­sões superficiais).

• Sangue vermelho vivo, claro (sangue bem oxigenado).

• Mais intensa e mais rápida (perde-se maior quantidade de sangue), por isso é mais grave.

HEMORRAGIA VENOSA

• Escorre da lesão continuamen­te, em maior ou menor quanti­dade, de acordo com o calibre do vaso afetado.

• Sangue vermelho escuro, qua­se roxo (sangue com pouco oxigênio).

• Intensidade geralmente menor (dependendo do calibre do va­so), geralmente menos grave.

5 7

Page 58: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

HEMORRAGIA ARTERIAL HEMORRAGIA VENOSA

• É necessário compressão local por mais ou menos cinco minutos, e à distância, sobre o tronco arte­rial afetado.

• Geralmente só a compressão local é suficiente.

5 3

A hemorragia capilar costuma ocorrer em escoriações ou lesões puntiformes superficiais; em geral cessa espontaneamente e não se­rá abordada em termos de hemostasia.

Conhecidas as características de cada hemorragia, é preciso en­tender o processo que diminuirá o fluxo de sangue, levando o orga­nismo a efetuar a coagulação da área rompida e bloquear completa­mente o sangramento. Duas formas são corretas, sendo uma pouco usual e geralmente realizada de modo inadequado.

3 . COMPRESSÃO LO­CAL — Utilizando várias ca­madas de gaze ou tecido lim­po, é realizada pressão sobre o ponto onde o sangramento é mais intenso, com a palma da mão. O tempo de com­pressão variará segundo a avaliação do paciente, levan­do em conta os aspectos que diferenciam hemorragias ar­teriais e venosas. Se a suspei­ta é de lesão arterial, o tem­po mínimo a se manter com­pressão é de cinco minutos; se venosa, de dois a três mi­nutos. Passado esse tempo, pode ser aliviada a compres­são e reavaliada a lesão, utili­zando o material compressivo em alguma área onde persista sangramento.

Enquanto se realiza o bloqueio da hemorragia, devem ser toma-

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O QUE FAZER EM CASO DE HEMORRAGIA CAPÍTULO 5

das medidas em outras áreas, como verificação do pulso, medida da pressão, preparo para o transporte do paciente, etc.

4 . COMPRESSÃO À DISTÂNCIA - Caso o sangramen­to se mantenha importante após duas ou três revisões da compres­são local, deve-se analisar a possibilidade de realizar compressão à distância, sobre a área do vaso (geralmente arterial) que alimenta o sangramento. Faz-se necessário conhecer os trajetos dos principais vasos sangüíneos, descritos a seguir e nas figuras.

5 . T O R N I QUETE — É realizado atando uma faixa, tira de pano ou outro material macio sobre a área onde se possa bloquear a circulação de um membro ou dedo. Para um torniquete ser efe­tivo, é necessário realizá-lo na coxa ou no braço, pois no antebra­ço e na perna a circulação arterial é mais profunda e protegida en­tre dois ossos.

Devido ao grande número de procedimentos incorretos, e que produzem uma segunda lesão no local da aplicação (por uso de ma­terial incorreto ou pressão excessiva, não relaxada a intervalos), não indicamos o torniquete, exceto em caso de perda de membro, quan­do deve ser feito sempre na raiz do membro afetado.

Page 60: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

instrumento permite usar a menor pressão necessária para cessar o san­gramento. Seu uso deve ser associado à compressão local, e após 10 a 15 minutos diminui-se 1/5 da pressão e se reavalia o sangramento.

Para se considerar como efetiva a hemostasia por torniquete, é necessário que o sangramento cesse completamente ou diminua de modo substancial. Na última situação, torna-se necessário comple­mentá-lo com compressão local.

6 . MEDIDAS AUXILIARES PARA A HEMOSTASIA

• Para minimizar a perda de sangue, o local sangrante deve ficar em posição supe­rior ao coração. Por exem­plo, elevar o membro afeta­do enquanto se faz simulta­neamente compressão local e à distância.

• O paciente deve ser man­tido aquecido para evitar o choque.

• O paciente com hemor­ragia deve ter sua pressão e pulso monitorizados freqüente­mente e, se possível, pela mesma pessoa, para avaliar eventuais he­

morragias internas ou determi-

Cartoon Estúdio

6 0

nar se a hemostasia está sen­do efetiva.

• Manter o paciente deitado com a cabeça ao nível do corpo ou mais baixa. Estar atento a si­nais de choque circulatório. Se o paciente estiver em pré-cho-que, já deve estar a caminho do pronto-socorro.

O paciente deve ser consi­derado em pré-choque e ne-

: li - 1 1 1 '

cessitando de urgente atendi­mento médico quando em qualquer sangramento ocorrer:

Page 61: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

O QUE FAZER EM CASO DE HEMORRAGIA

• Queda contínua de pressão; • Aumento progressivo da pulsação; • Queixa de fraqueza, tonturas, falta de ar ou sede; • Presença de palidez, cianose de lábios, mucosas e unhas.

7 . LOCAIS DE HEMORRAGIAS E PONTOS DE PRESSÃO PARA HEMOSTASIA

• Hemorragia na cabeça - efetuar compressão no local sangrante. • Hemorragia no braço e antebraço - efetuar compressão local e

com rolete axilar (bola ou faixa de pano que se coloca no oco axilar para ser comprimida pelo socorrista ou pelo próprio pa­ciente). Se a hemorragia for abaixo do acesso da artéria umeral, comprimi-la em lugar da artéria axilar.

• Hemorragia na mão - efetuar compressão local. • Hemorragia no dedo - efetuar compressão local e na base do dedo. • Hemorragia no tórax ou abdome - efetuar compressão local. Es­

tar atento à possibilidade de perfurações; existindo dúvidas, en­caminhar para avaliação médica.

• Hemorragia na coxa e perna - efetuar compressão local e na ar­téria femoral.

• Hemorragia no dorso do pé - compressão local e tibial anterior. • Hemorragia na planta do pé - compressão local e tibial posterior. Ao fazer compressão local, tomar cuidados de limpeza e assepsia

para evitar infecções posteriores. Como preparo para o próximo capítulo, procure localizar nas fi­

guras a seguir as seguintes artérias, que serão usadas como pontos de compressão à distância:

1 . ARTÉRIA FACIAL 2 . ARTÉRIA TEMPORAL 3 . ARTÉRIA CARÓTIDA

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CAPÍTULO 5

Page 62: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

7. ARTÉRIA FEMORAL 8. ARTÉRIA TIBIAL ANTERIOR

9. ARTÉRIA TIBIAL POSTERIOR

A localização das artérias carótida e radial é importante para a medida dos batimentos cardíacos através da pulsação, conforme visto no capítulo sobre sinais vitais (pág. 28) .

Page 63: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

C A L O

Curativos e tipos de proteção a ferimentos

1. PROCEDIMENTOS

Este capítulo complementa o de "Lesões Básicas" e o de "Hemostasia", quanto à atua­ção do socorrista no atendi­mento de lesões. Pressupõe-se que as medidas de maior ur­gência tenham sido efetuadas, e que doravante a atuação será de manutenção, ou objetivan­do o transporte para atendi­mento especializado.

Será necessária a realiza­ção de curativo sobre as le­sões, e este procedimento tem vários objetivos superpostos, todos eles visando restaurar a prote­ção perdida pelo organismo quando a pele foi le­sada. O curativo deve:

• Proteger a lesão, tanto quanto possível, do con­tato com corpos estranhos, sejam eles agentes físicos (poeira), substâncias agressivas (materiais químicos irritantes ou dolorosos), ou agentes biológicos (bac­térias ou vírus).

• Restabelecer o ambiente originalmente úmido da pele abaixo da camada córnea da epiderme (ca­mada externa composta de células mortas, que fun-

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PRIMEIROS SOCORROS

ciona como capa), o que facilita a migração das células da pele, ace­lerando a cicatrização.

• Manter sempre macias, flexíveis e facilmente removíveis as crostas que se formam sobre a lesão, de forma a não criarem um obs­táculo mecânico que atrase a cicatrização.

O que não utilizar E importante avaliar primeiro a natureza do atendimento. Se o obje­

tivo inicial foi alcançado, mas o paciente será transferido para atendi­mento especializado, o curativo deve ser primordialmente protetor (em lesões estabilizadas), ou compressivo (em lesões hemoreágicas), sem adi­ção de pomada, creme ou solução, nem realizada oclusão intensa, com uso de muitas faixas ou esparadrapos, cuja remoção posterior seja difícil.

Caso não seja necessário outro tratamento, com o paciente man­tido em acompanhamento ou tratamento caseiro, certamente será necessária alguma medida adicional na realização do curativo.

Observe estes procedimentos: • Para efetuar limpeza da área, visando a remoção de crostas, se­

creções ou medicações aplicadas, não usar água oxigenada, a menos que exista secreção mais intensa, e mesmo assim no máximo até o 5 Q

dia da ocorrência do trauma. Após esse perío­do a água oxigenada inibe a recuperação das estruturas da pele.

• Não usar qualquer substância colorida: mercurocromo (pode produzir alergia); Mer-tiolate® (pode causar alergia, inflamação adi­cional e dor); Rifocina® (uma boa substância em si, mas colore a área e atrapalha a visualiza­ção de uma possível infecção); permanganato de potássio (também uma boa substância, mas que resseca a pele e pode causar reações cutâ­

neas se não for bem dissolvido, além de escurecer a pele, atrapalhan­do a visualização de infecções); ou furacin (pode causar alergias e é um produto colorido capaz de atrapalhar a visualização de infecções).

• Não usar qualquer tipo de substâncias alergizantes, como Neo-micina, Fenergan®, Sulfa ou Penicilina, devido à possibilidade de reação no momento do uso (reação imediata) ou reação posterior (reação tardia ou sensibilização).

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CURATIVOS E TIPOS DE PROTEÇÃO A FERIMENTOS

Sabendo-se o que não usar, o primei­ro passo para o curativo é efetuar a limpeza local. Deve-se lavar sempre a área da lesão, exceto sob sangramento ativo. Para isto existem diversas for­mas, dependendo do tipo de contami­nação ocorrida.

• A primeira opção é o simples uso de água e sabão. Prefira sempre um sabão de baixa agressividade, como o de glicerina, e se possível sem cheiro, por ser menos alergênico. Esta opção é per­feitamente válida em lesões de baixa contaminação bacteriana, on­de tenha ocorrido apenas contaminação física (fragmentos de vidro, metal ou pedras).

• Opção um pouco mais ampla é o uso de sabonete antissépti-co (como o Hibitane® ou o Soapex®). Pode ser utilizada em le­sões com maior grau de contaminação, especialmente se existe suspeita de contaminação bacteriana ou de material que possa causá-la (madeira, terra, ou itens com alto teor de fragmentação, como barro, argila e areia).

• Desejando-se limpeza ampla, como na preparação para desbridamento cirúr­gico, pode ser usado sabão antisséptico e soro fisiológico estéril em lugar de água, o que garante desinfecção mais extensa.

• Caso haja restos de curativos ou me­dicações tópicas, pode ser necessário usar alguma solução com maior poder de re­moção de substâncias aderentes, tal como álcool ou éter, mas o uso destes pode ser doloroso e irritante para as áreas feridas. Por isso use apenas se realmente necessário, e com moderação. Depois de efe­tuada a limpeza, recupere a vitalidade da área onde foi feito o desen-gorduramento, aplicando soro fisiológico.

Após a limpeza, é necessário avaliar qual medicação tópica é pas­sível de utilização. Já sabemos que não devem ser utilizadas substân­cias alergizantes ou coloridas. Queremos sugerir algumas opções com o fim de contribuir na recuperação das condições de proteção e umidade originais da pele íntegra. São elas:

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CAPÍTULO 6

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PRIMEIROS SOCORROS

• Se a ferida foi bem limpa (ou no caso de a lesão, já antes tra­tada, estiver se mantendo limpa), sem secreção ou presença de pus (provavelmente sem contaminação bacteriana), pode ser usado Plastenan® creme, que é uma medicação tópica com efeito cicatri­zante puro, sem nenhum antibactericida ou antifungicida em sua composição.

• Se a ferida ocorreu em ambiente de alta contaminação (praias, esgotos), ou foi causada por atrito (escoriação), e não se obteve lim­peza completa, ou se está em área de fácil contaminação bacteriana (próxima a orifícios naturais do organismo, como boca, nariz, área genital), uma opção inicial seria o uso de Verutex® creme, que é uma medicação tópica composta por um antibiótico de excelente penetração cutânea (ácido fusídico), e que tem bom efeito sobre as bactérias da pele.

• Para os casos onde haja secreção purulenta, ou onde existam muitas franjas (fímbrias) de pele lesada, ou ainda onde a cicatriza­ção esteja sendo lenta, outra possibilidade é o uso de Cauterex® com Gentamicina, que combina um removedor enzimático de áreas desvitalizadas com ação estimuladora de cicatrização, e um antibió­tico de amplo espectro.

Com o objetivo de recuperar a situação do organismo anterior ao trauma, e encerrando os itens que terão contato direto com a lesão, existem diversos tipos de curativos, contendo várias subs­

tâncias gelatinosas ou hidrocolóides, aderidos em camadas, isoladas por material plástico, que praticamente reproduzem a condição de umidade normal dos tecidos. Dentre os vários existentes no mercado, citamos o Duoderm®, muito usado em queimaduras e escaras.

2 , TIPOS DE CURATIVOS

Ao mesmo tempo em que objetiva prote­ção e aceleração do processo de cicatriza­ção, o curativo deve ser o mais simples pos­sível, tanto para não encarecer o tratamen­

to quanto para não representar incômodo ao paciente, dimi­nuindo sua capacidade de desempenhar tarefas por estar osten­tando um curativo volumoso.

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CURATIVOS E TIPOS DE PROTEÇÃO A FERIMENTOS

RESUMIREMOS OS TIPOS DE CURATIVOS EM dois grupos - OS SIMPLES

E OS ESPECIAIS:

Curativos simples envolvem itens de fácil acesso e utilização, não demandam materiais complexos, e são de fácil confecção. Al­guns exemplos:

• Curativo adesivo do tipo banà-aid (tudo em um: material absor­vente, antisséptico e adesivo, compactados), aplicado em corte su­perficial ou lesão puntiforme.

• Curativo simples composto de gaze estéril, medicação tópica de acordo com o exposto acima e esparadrapo antialérgico, aplicados em corte mais profundo ou escoriação.

• Curativo simples composto de gaze estéril, medicação tópica apropriada, bandagem de crepe e esparadrapo de qualquer tipo, utilizados em corte ou laceração mais extensa, ou ferimento san­grante, onde haja necessidade de compressão maior. Tal compres­são será obtida utilizando-se a bandagem ou faixa fixa com espara­drapo. Por poder causar alergia, o esparadrapo não deve entrar em contato com a pele, devendo ser aplicado sobre a faixa.

Os curativos especiais representam proteções mais complexas e podem exigir algum treinamento ou conhecimento específico, já que demandam materiais pouco disponíveis ou de custo maior. Al­guns exemplos:

a) Curativo oclusivo com gaze vaselinada estéril (gaze embebi­da em vaselina líquida e subse­qüentemente esterilizada). E uti­lizado em casos de queimaduras mais extensas. Demanda, além de material específico, a utiliza­ção de faixas de algodão ortopé­dico para servirem de base de ab­sorção entre a gaze e a faixa de crepe que se aplica sobre ambos. A aplicação deve ser feita obser­vando-se as seguintes etapas:

• Limpeza da área. • Aplicação da medicação tópica solicitada pelo médico. • Colocação das gazes vaselinadas sobre a área afetada, previa­

mente coberta pela pomada prescrita. 67

CAPÍTULO 6

Page 68: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

6 a

• Fixação frouxa da gaze com algodão ortopédico, utilizando-se bandagem em espiral.

• Fixação mais firme de todo o conjunto utilizando-se faixa de crepe disposta em espiral.

b) Outro exemplo é o curativo em grade ou ponto falso, cuja com­plexidade está mais em sua correta realização do que nos materiais utilizados. Efetua-se de acordo com as seguintes etapas:

• Limpeza da área afetada, que deve ter a forma de uma linha reta ou mesmo Irregular, estar suturada ou sem nenhuma secreção ou sangra­

mento. Não deve ser aplicado nenhum tipo de medicação tópica, exceto soluções de rápida eva­poração (álcool iodado ou Chlorohex alcoólico); as pomadas poderiam atrapalhar a adesão do es­paradrapo às bordas da lesão.

• Pinçar com o indicador e o polegar as duas bordas da ferida, aproximando-as. Esta manobra deve ser mantida

até o término completo do curativo. Preferencial­mente deve produzir um pequeno enrugamento da área lateral à ferida, indicando existir certo grau de compressão, que terá efeito hemostático, e representará também pe­

quena hipercorreção da junção das bordas, folga esta que com o passar dos dias se ajustará com a tração lo­cal provocada pela movimentação.

• Aplicar o esparadrapo antialérgico, na forma de pequenas tiras previamente cortadas, uma a uma, ini­ciando em uma das extremidades da ferida e seguindo até a outra, colocando cada tira sobre a metade da tira anterior, formando uma escada ou

grade superposta. Em áreas com grande movi­mentação, pode-se repetir sobre esta primeira grade, efetuada bem próximo à borda da ferida, uma segunda grade um pouco mais larga e mais afastada da borda, de forma a garantir que as bordas da ferida fiquem próximas uma da outra, facilitando a cicatrização.

• Esse tipo de curativo pode permanecer apos­to de um a sete dias, dependendo da presença ou não de secreção

Page 69: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

CURATIVOS E TIPOS DE PROTEÇÃO A FERIMENTOS

brotando da ferida. Como regra geral, sempre que o curativo apre­sentar alteração de coloração interna, deve ser trocado em, no máxi­mo, seis horas. Para que o mesmo não fique molhado após a higiene pessoal, recomenda-se que seja seco com secador de cabelo, na fase morna. Deve-se evitar o atrito de toalha, que poderia tracionar a ferida (contribuin­do para o retardo da cicatrização), ou des­colar o esparadrapo.

3 , BANDAGENS OU ATADURAS

São empregadas com o objetivo de manter no lugar um curativo volumoso, efetuar imobilização temporária de fratura ou luxação, ou conter provisoriamente al­guma parte do corpo. Na falta de ataduras prontas, improvise com tiras limpas de lençol ou saia, lenço, guar­danapo ou toalha.

Na aplicação de uma bandagem é necessário tomar os seguin­tes cuidados:

• A lesão deve estar limpa, com o curativo (no caso de feridas) ou suporte acolchoado (em fraturas e lu­xações) corretamente colocado.

• O paciente deve relaxar a muscula­tura da área, assumindo posição con­fortável.

• Enfaixe sempre da extremidade pa­ra o centro (nos membros superiores, no sentido da mão para o braço), ini­ciando com várias voltas no ponto ini­cial (atadura circular) e desenvolvendo uma espiral cuja volta cubra dois terços

' da volta anterior. Assim, uma volta contribuirá para fixar a outra, evitando que a bandagem escorre­gue (atadura em espiral).

• Se for necessário enfaixar uma articulação, ao dela se aproxi­mar, transforme a espiral novamente em atadura circular, e após duas ou três voltas da faixa, faça uma atadura em " X " ou em "8" , deixando o espaço da dobra da articulação relativamente livre.

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CAPÍTULO 6

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PRIMEIROS SOCORROS

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Por ser mais complexa, pode ser necessário solicitar demonstra­ção a algum enfermeiro ou profissional de saúde.

• Não aplique pressão excessiva ao en­faixar. A circulação deve ser mantida. Deixe sempre as extremidades (dedos) li­vres, para observar precocemente qual­quer arroxeamento ou frio na pele local. Se isso ocorrer, deve ser desfeita a atadu­ra para recompor a circulação, recolocan-do-a mais frouxa posteriormente.

• Para maior estabilidade, pode-se apli­car tiras de es­

paradrapo nas áreas de maior movimento, de modo a fixar duas ou três voltas de fai­xa, mas sem circular o membro, para não provocar bloqueio circulatório.

Qualquer faixa ou bandagem que pro­voque dor ou arroxeamento da região posterior à afetada, deve ser afrouxada imediatamente.

Outro tipo de bandagem que pode ser utilizada com relativa tran­qüilidade e facilidade, é a triangular, efe­tuada na mão, couro cabeludo ou torno­zelo, apenas com o objetivo de manter a área protegida (por suas características, esta bandagem fornece apenas proteção da área).

Devido à relativa complexidade, que demanda treinamento para coneta apli­cação, atualmente não se propõe o uso por

socorristas leigos de bandagens do tipo espiga, em "T", ou que envol­vam múltiplos segmentos do corpo (braço, ombro e tronco, ou coxa e abdome), recomendando-se que este tipo de fixação seja realizado por profissional de saúde ou após treinamento prático.

Page 71: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

C A P Í T U L O

Dicas para prevenir acidentes com crianças

Dr. Gerson Trevilato Dr. Marlus M. Marconcin

O acidente doméstico é um problema de saúde públi­ca mundial, sendo a princi­pal causa de mortalidade em crianças maiores de um ano. Destacamos o fato de que os adultos precisam estar aten­tos às atividades das crian­ças, para tentar evitar aci­dentes. Sempre ouvimos a clássica declaração: "Doutor, eu virei as costas apenas al­guns instantes!"

A vigilância da criança não é suficiente para evitar acidentes. Deve-se pensar em ações preventivas. Brinquedos em ordem, grades nas janelas, panelas com cabo para dentro do fogão (nunca para o lado de fora), venenos e materiais de limpeza em armá­rios trancados, constituem, entre outras, medidas preventivas de acidentes domésticos. E necessário pensar em "tudo" o que deve ser evitado ou providen-ciado para segurança das crianças.

Sempre que deixar a criança com alguém, forneça orientações claras e deixe todos os telefones úteis à mão.

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Page 72: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

1 . ACIDENTES DE ZERO A SEIS MESES

a) Queimaduras Nesta idade a criança não tem como se defender. Por isso, verifi'

que sempre a temperatura da água do banho com o cotovelo. Nunca fique com a criança no colo ao beber líquido quente.

Cuidado com Vaporizadores -mantenha-os longe da crian­ça durante o uso.

b) Quedas Nunca deixe o bebê sem vi­

gilância ao trocar a fralda. Os locais mais seguros são o car­rinho e o berço. Nunca deixe a criança no carrinho ou no bebê-conforto sem cinto de segurança.

c) Brinquedos Esta é a fase em que o be­

bê conhece o mundo pela boca. Por isso, os brinque­dos têm que ser grandes o suficiente para não ser en­golidos, sem arestas ou pontas, e de material agra­dável de ser tocado e desco­

berto (Ex.: borracha).

d) Objetos peq LCBOS e pontiagudos Mantenha fora de alcance objetos como moedas, botões, alfinetes

e outros semelhantes.

E) ENVENENAMENTOS Não use talco na higiene do bebê (além de uritante para a mucosa na­

sal, pode ser aspirado, causando sérios problemas). Prefira amido de milho. Mantenha sempre remédios, detergentes e substâncias tóxicas na

embalagem original, por causa do prazo de validade e das bulas.

Page 73: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

DICAS PARA PREVENIR ACIDENTES COM CRIANÇAS CAPÍTULO 7

Nunca dê remédios sem orientação médica. Leia antes o rótulo. Não os troque de embalagem.

f) Sufocamento» Sacos plásticos, fios de telefone longos, cordões de brinquedos ou

de chupeta podem asfixiar ou sufocar. Não permita que a criança brinque com objetos que possam sufocar ou ser aspirados. Não utili­ze travesseiros fofos.

g) Afogamentos Nunca deixe a criança so­

zinha na banheira ou pisci­na, mesmo que seja daque­las para bebês. Na piscina use sempre a bóia-braçadei-ra, mesmo com adultos por perto.

h) Irmão mais VELHO Cuidado com as crianças

maiores. Elas não têm no­ção de perigo e, mesmo brincando, podem machu­car o bebê.

i) Automóvel A criança deve sempre fi­

car no banco de trás. Nunca leve a criança no assento dianteiro; jamais no colo. Faça-lhe uma contenção adequada no assento traseiro, fixando-a na estrutura do banco. Existem diversos modelos de cadeirinhas próprias pa­ra este fim.

2 . A C I D E N T E S D E S E I S M E S E S A U M A N O

Nessa fase a criança começa a movi­mentar-se e os perigos passam a incluir o meio ambiente.

Além de todos os cuidados desta fase, mantenha-se atento aos citados

anteriormente.

Page 74: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

a) Choques Mantenha sempre

Cuidado com fios: a

toes com dobradiças, ça se sinta livre para

as tomadas cobertas com protetores próprios, mãozinha curiosa pode puxá-los para si e cau­

sar sérios acidentes.

b) Quedas Quando a criança começar a engati­

nhar ou a sustentar-se de pé, com apoio, procure manter o ambiente no qual ela está, livre de móveis com qui­nas pontiagudas ou objetos leves e fá­ceis de ser virados ao servirem de apoio. Cuidado com grandes objetos de decoração eletrificados, como aba­jures, e com escadas, berço alto, por-

Procure limitar o espaço, de modo que a crian-descobertas, mas segura de acidentes.

c) Queimaduras Nessa faixa etária o espaço mais perigoso é a cozinha. Como re­

gra, não permita a entrada da criança, ou limite sua movimentação neste espaço com "cercadinhos" ou com um "portãozinho" na porta do cômodo. A cozinha é local de altíssimo risco de acidentes para a criança, não somente de queimaduras, mas também de acidentes com materiais pontiagudos/cortantes e envenenamento.

Não sendo possível manter a criança fora deste espaço, procure manter sempre um adulto na cozinha, se o fogão ou o forno estiverem sendo uti­lizados. Mantenha os cabos das panelas voltados para dentro. Não deixe a porta do forno aberta, mesmo estando ele frio.

3* ACIDENTES DE UM A TRÊS ANOS

Escalar, abrir, descobrir, são as palavras-chave desta nova fase.

Além dos cuidados anteriores, observe:

ú) Quedas Gradeie todas as janelas e varandas. Elas são fonte de inesgotável

Além de todos os cuidados desta fase, mantenha-se atento aos citados

anteriormente.

Page 75: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

DICAS PARA PREVENIR ACIDENTES COM CRIANÇAS CAPÍTULO 7

curiosidade. Retire de perto das janelas os móveis que possam ser es­calados. Mantenha portas e portões sempre fechados. Use tapete antiderrapante no banheiro.

b) Choques Cuidado com aparelhos ligados na rede elétrica.

c) Animais Atenção.' Todo animal morde, se indevidamente manuseado. Ensine a criança a não mexer com animais que estejam comendo

ou dormindo, mesmo que sejam conhecidos. Qualquer animal pode atacar ao se sentir ameaçado.

Em caso de mordida de animal, lave imediatamente o local com sa­bão de coco, enxágüe bastante e verifique, se possível, a condição de vacinação do animal. Pro­cure o Posto de Saúde mais próximo, com estes dados em mãos.

d) Cortes Use louças de plástico

no dia-a-dia da criança. Cuidado com brinquedos quebráveis, que se estilha­çam, e com facas ou obje­tos pontiagudos/cortan­tes. Lembre-se: Criança, longe da cozinha!

e) Sufocamento* Não dê à criança: pipoca,

amendoim, castanha, chiclete, bola de gude, plásticos em geral. Acidentes por engasgamento são freqüentes nessa faixa etária.

f) Afogamentos Além do que foi dito quanto às piscinas, atente para que, em ca­

so de passeio de barco ou bote, seja usado o colete salva-vidas. Atenção.' Mesmo as águas rasas são perigosas. Inicie os fundamen­

tos da natação nessa fase da vida. 75

Page 76: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

g) Queimaduras Cuidado com fósforos e acendedores de cigarros. Jamais fume ou per­

mita que alguém fume próximo de seu filho ou com ele no colo. Cuidado com armas de fogo! Cuidado com fogos de artifício!

h) Brinquedos Verifique se os brinquedos utili­

zados no play-ground ou em casa são adequados à faixa etária.

i) Envenenamentos Nesta faixa etária ocorre o

maior risco destes acidentes. Ob­serve atentamente as instruções já fornecidas. Além disso:

• Nunca diga que remédio é doce. • Nunca deixe bebidas alcoóli­

cas ao alcance. • Ensine a criança a não aceitar

nada de estranhos. • Jogue fora os remédios com

prazo vencido. • Mantenha o material de lim­

peza e inseticidas/raticidas fora do alcance de crianças.

• Tenha à mão os telefones de seu médico, hospital próximo e do Cen­tro de Intoxicações.

• No caso de suspeita ou ingestão acidental de medicamentos ou de substâncias tóxicas, leve a criança ao hospital com as embala­gens encontradas próximas ou rompidas, ou restos de folhagens. Se ela vomitar, recolha para análise o que for expelido.

4 . ACIDENTES DE TRÊS A SEIS ANOS

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Nesta fase a criança ainda não tem no­ção clara do perigo, mas deve-se conversar sobre

Além de todos os cuidados desta fase, mantenha-se atento aos citados

anteriormente.

Page 77: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

DICAS PARA PREVENIR ACIDENTES COM CRIANÇAS

CAPÍTULO 7

ele. Observe o seu próprio comportamento: você é um espelho. Vo­cê é um adulto cuidadoso?

a) Áreas e brincadeiras perigosas Cuidado com construções, terrenos baldios, ferro-velho, etc. Não

permita que a criança brinque em pedreiras, minas, escavações ou próximo a cisternas ou poços.

b) No tráfego O cinto de segurança

deve ser usado por todos os que viajam. Dê o exemplo: dirija com cuidado, obser­ve as leis de trânsito, ex­plique o significado dos si­nais, ensine a atravessar corretamente a rua.

Não permita que ela an­de de bicicleta nas ruas, sobretudo as movimenta­das. Ao pedalar, verifique se ela está devidamente calçada e usando bicicleta de tamanho apropriado.

A partir desta idade, a criança passará algum tempo longe de você. Procure assegurar-se de que está preparada para cuidar de si, promovendo desde já a participação em sua auto-segurança. Essa é a melhor prevenção. Ensine o correto manuseio dos ob­jetos, o perigo da água e do fogo e as regras de trânsito.

Seguindo-se todas as precauções, treinamentos e orientações da­das até este ponto, a partir dessa idade os riscos de acidentes domés­ticos são similares aos já descritos, em tipo e freqüência.

Lembre-se que boa parte dos aspectos abordados também pode ocorrer com adultos. Esteja atento e precavenha-se em todos os itens possíveis.

"Mais vale um grama de prevenção que um quilo de tratamento."

Tl

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Resgate e transporte d e f e r i d o s

78

1. O M A I S IMPORTANTE

É importante frisar algu­mas premissas centrais de to­do atendimento de primei­ros socorros:

• O atendimento deve ser seguro tanto para quem pres­ta quanto para quem recebe o socorro.

• O primeiro atendimento deve ser o mais completo dentro

do menor tempo possível. • Durante o atendimento deve ser providenciado

transporte adequado para a situação. Imediatamente após o socorro, se necessário, o paciente deve ser re­movido para avaliação médico-hospitalar.

• Durante o transporte, se necessário, deve poder ser mantido o atendimento; o paciente deve ser con­servado em boas condições, sem que piore sua situa­ção clínica. Deve-se preparar a ampliação do atendi­mento com maiores recursos, sob avaliação médica.

Nos casos mais simples, onde a pessoa resgatada estava apenas perdida, o atendimento pode se limi-

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RESGATE E TRANSPORTE DE FERIDOS

CAPÍTULO 8

tar à hidratação e alimentação do resgatado. Em outros casos, pode envolver até imobilização total, como na suspeita de fratura de vér­tebra. A correta avaliação de cada caso é muito importante.

2 . QUESTÕES BÁSICAS A S E R E M A N A L I S A D A S /

MA AVALIAÇÃO

• E possível resgatar ou auxiliar a vítima sem colocar em perigo o socorrista?

• Se não, qual a urgência do resgate e qual o risco potencial para o socorris­ta (relação custo/benefício)? Exemplo: a vítima cone risco de vida, e o risco para o socorcista é de sofrer queimadu­ras leves ou pequenas escoriações.

• E possível reduzir o risco imedia­to para a vítima sem movê-la? Exem­plos: apagar o fogo, aplicar analgésico em caso de choque neurogênico, aquecê-la em caso de hipotermia.

• Poderá ocorrer lesão adicional se a vítima for transportada (fra­turas expostas, coluna vertebral, hipotermia) ?

• Pode o socorro ser prestado no local, ou é necessário solicitar auxílio também para o tratamento, além do transporte?

• Os meios de transporte necessários são terrestres, marítimos ou aéreos? Que forma de transporte o paciente pode suportar (sentado, deitado, amarrado)?

• E necessário algum tipo de adaptação do veículo para o trans­porte (retirada de banco; colocação de suporte reto, como tábua ou porta)? Se forem necessárias muitas adaptações, não seria melhor aguardar um veículo apropriado, como uma ambulância?

• De que métodos precisamos ou dispomos para o transporte imediato (puxando, levantando, arrastando, cadeira de três ou quatro mãos, maca, levantamento por três, quatro ou seis pessoas, uso de cordas, etc.)? Nem sempre aquilo de que dispomos é o que precisamos.

• Transportar para onde? O hospital mais próximo dispõe dos recur­sos necessários? E necessário avisá-lo com antecedência? Exemplo: ca-

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Page 80: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

so com diagnóstico bem estabelecido, que necessite de algum atendi­mento específico: anestesia, soro antiofídico, hidratação endovenosa.

• Se o local é de difícil acesso, com a vítima gravemente fe­rida, é possível oferecer acesso seguro à equipe de socorro e manter o fluxo de materiais, até a remoção especializada pelo Corpo de Bombeiros ou Anjos do Asfalto (sinalizar o local, afastar curiosos, etc.)?

É igualmente importante levar em conta possíveis razões para um transporte imediato:

• Ferimento na cabeça, com grande perda de sangue, inconsciên­cia ou fratura.

• Ferimento perfurante abdominal, mesmo sem grande perda de sangue (risco de infecção).

• Sangramento de qualquer tipo, que altere os sinais vitais (pres­são ou pulso).

• Desidratação, intermação ou choque térmico em ambiente sem água.

• Ferimento na caixa do tórax, que permite entrada de ar pela ferida. • Hipotermia/congelamento. • Perigo iminente no local: desmoronamento, incêndio, inun­

dação, etc.

O transporte deve ser feito de preferência por várias pessoas e com meios adequados (se necessário, em padiola), para maior se­gurança e conforto do paciente, até um veículo adequado. Em ca­sos especiais, o paciente pode ser transportado manualmente, va­riando as formas de acordo com o grau de consciência e o tipo de ferimento.

Sempre que o transporte for feito por duas ou mais pessoas, uma delas assumirá o comando dos movimentos para torná-los suaves e lentos, evitando-se que sejam bruscos e haja solavancos.

3 . TRANSPORTE COM PADIOLA OU MACA

Como improvisar uma maca: Deve-se testar antes, com uma pessoa sã, de peso equivalen­

te, se a padiola suporta bem o peso. Pode ser carregada por duas ou quatro pessoas. Se for carregada por quatro, cada um

Page 81: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

RESGATE E TRANSPORTE

pode pegar em uma ponta (os dois à direita com a mão esquer­da e os dois à esquerda com a mão direita), ou dois em quatro pontas (uma pessoa em duas pontas) e cada um dos outros dois em um lado .

Cada forma tem suas vantagens: com uma pessoa em cada ponta o peso fica melhor distribuído. Com duas pessoas segurando as pon­tas e duas outras segurando as laterais, a estabilidade e a segurança são melhores. Usar as alternativas de acordo com o terreno e o tra­jeto a percorrer.

\ \

.... . ... •••

-•IR

a) Com um cobertor e duas varas ou sarrafos, enrolando o cobertor para que fique com a largura de 60cm e usando seis alfinetes de segurança (dois nas margens, dois na primeira dobra e dois na segunda).

. , \ : - '

c) Com dois ou três casacos, tendo ás man­gas viradas para deni ro, abotoadas, o pas­sando «Is varas pelas mangas. A parle das costas será a face superior da padiola (evi­tar os botões).

31

Page 82: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

4 , TRANSPORTE MANUAL Pode ser dividido em transporte por uma, duas, três e quatro pessoas. Por uma pessoa:

a) Com o paciente consciente

b) Com o pa­ciente incons­ciente

• Se puder caminhar, oferecer-lhe apoio.

• Se não puder caminhar, le­var como "cavalinho".

• Colocá-lo sobre as costas, le­vando-o de modo que seu abdo­me fique apoiado sobre o om­bro/costas do transportador. Prende-se as pernas e um dos braços do paciente, de modo que fique quase como um "U" sobre os ombros do transportador.

Em caso de fratura o transporte não deverá ser feito por uma só pessoa. Por duas pessoas:

a) Com o paciente consciente

b) Com o paciente in­consciente

82

• Cruzada (três mãos) - quan­do o paciente não consegue le­vantar-se ou apoiar-se. A quarta mão e o braço servem de apoio às costas do paciente.

• Quatro mãos - quan­do o paciente consegue levantar-se e apoiar-se.

• Usando uma cadeira • Em posição sentada

- o socorrista de trás APOIA o dor­so do paciente em seu próprio tó­rax e abdome, passa os braços pe­la axila do socorrido e segura-lhe o tronco. O socorrista da frente sustém as pernas do paciente.

Não deve ser usado em caso de fratura, devido à maior instabilidade.

Page 83: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

RESGATE E TRANSPORTE DE FERIDOS

CAPÍTULO 8

Por três pessoas:

• Duas pessoas de um lado e uma do outro. Pode ser feita alternando as mãos, ou com a pessoa que está sozi­nha pegando a mão esquerda e direi­ta das duas do outro lado. Em caso de fratura de membro superior, colocar duas pessoas do lado fraturado, de modo a prover melhor apoio à área mais afetada.

Não pode ser usado em caso de fratura

Por quatro ou mais pessoas:

• Necessário para transporte de pacientes com suspeita de fratura de coluna ou de membro inferior, ficando um dos socorristas respon­sável pela cabeça e pela coluna cer­vical, e distribuindo-se os demais de acordo com o caso.

de coluna ou de membro inferior.

5 . TRANSPORTE E M V E Í C U L O S

Deve-se forrar a padiola ou o pa­ciente com palha ou colchão. Se pos­sível, alguém deverá ir ao lado do pa­ciente, para evitar que ele se mova com freadas e solavancos. Melhor no caso de caminhão ou camioneta, onde possa ir mais de uma pessoa, para segu­rar mais firmemente a padiola. Cuidar para que ela não sofra desnível.

Em automóveis comuns, retirar ou dobrar o banco dianteiro e dobrar o banco traseiro; posicionar a pa­diola de modo que não oscile, já que em veículos pequenos é difícil colocar uma pessoa para segurá-la. Ou aguardar uma ambulância.

Page 84: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

Pontos a serem lembrados EM situações específicas;

84

• Sempre que disponí­veis, leve aparelhos para medir os sinais vitais du­rante o transporte. Lem­bre-se de proteger e moni­torar áreas/funções vitais: cabeça, pescoço, coluna vertebral (pelo risco de lesões que afetem o bati­mento cardíaco, a respira­ção e a motricidade); con­trole de temperatura, uri­na, pulso, pressão arterial, respiração, etc.

• aMU"" • No resgate de vítimas de incêndio, certifique-se antes de que há realmente alguém a ser resgatado. Se entrar em ambiente enfumaçado, proteja as vias aé­reas com pano molhado para filtrar a fumaça e esfriar o ar aspirado. Rasteje rente ao chão ou agache-se: fumaça e ar quente sobem.

• Avalie a situação ra­pidamente, mas levando em conta várias possibili­dades. Tome o tempo ne­cessário para chegar a uma decisão de consenso com os demais socorris­tas, avaliando os riscos da decisão a ser tomada. Não entre em pânico.

• Leve em conta o conforto da vítima du­rante o transporte, viabilizando formas para que ela tenha suas ne­cessidades fisiológicas atendidas, esteja aquecida, medicada para dor e hidratada. Caso não seja candidata à cirurgia, ao chegar ao ponto final do transporte, deve receber alimentação.

Cartoon Estúdio

Page 85: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

S E Ç Ã O

Problemas de, Saúde mais Freqüentes

Capí tu lo 9 - PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 87

Cap í tu lo 10 - PROBLEMAS DO SISTEMA DIGESTIVO 106

Cap í tu lo 11 - PROBLEMAS DO SISTEMA NERVOSO 128

Cap í tu lo 12 - CÓLICAS MENSTRUAIS E T P M 143

Cap í tu lo 13 - F E B R E , DOR D E DENTE, COCEIRA, DESIDRATAÇÃO

E SOLUÇO 150

Page 86: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

Uma doença é identificável através de um conjunto de si­nais (eventos visíveis ou capazes de ser medidos por quem está prestando o socorro) e sintomas (eventos re­

feridos pelo paciente). Associando-se um conjunto de sinais e sintomas, obtemos uma síndrome. Às vezes o socorrista se depa­ra com situações onde o socorrido pouco ou nada pode informar, por estar inconsciente ou por achar-se confuso com o acidente. Assim, é vital estar atento a ambos os aspectos - sinais e sinto­mas - , se desejamos avaliar corretamente cada situação.

Um ponto importante é que alguns sinais e sintomas podem assumir relevância tendo em vista a sua evolução (como se com­portam ao longo do tempo de acompanhamento, uma vez que podem ser indicativos de doenças em incubação), associação (a soma de um sinal e um sintoma pode ser indicativo de uma doença completamente diferente de cada um deles isolados) ou resposta a atuações terapêuticas (medicamentosas ou não).

Outro aspecto crucial é que o objetivo maior do socorrista deve ser muito mais que resolver um sintoma. Como bom "de­tetive", deve analisar e investigar o que pode estar por trás do sintoma, ou o que se associa a ele, facilitando, adiantando e im­pulsionando o trabalho do profissional médico, de forma a ace­lerar o tratamento da pessoa socorrida.

Destacaremos estes sintomas e síndromes por serem de maior importância na atuação do socorrista: azia, afta, cefaléia, coceira, cólica menstrual e intestinal, convulsão, crise asmática, desidra­tação, diarréia, dor de dente, febre, flatulência, gripes e resfriados, insolação, má digestão, tensão pré-menstrual, tontura e vertigens, tosse, soluço e vômitos.

Page 87: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

C A L O

Problemas do sistema respiratório

1 . RESFRIADO, GRIPE E RINITE ALÉRGICA

O resfriado e a gripe são doenças causadas por vírus, e em geral confundidas pela maioria das pessoas. Aborda­remos ambas as doenças, até porque alguns de seus sinto­mas ocorrem em conjunto.

Quase sempre a infecção das vias aéreas superiores é descrita como gripe, seja qual for a região acometida, já que a maioria das gripes e resfriados é transitória, relativa­mente benigna e sara sem medicação. Procuraremos diferenciar gripe, resfriado e crise de alergia respirató­ria. Isso é importante, pois pessoas sensíveis à brusca variação de temperatura, ou mais expostas à poluição, tornam-se presas fáceis dos vírus.

O local de trabalho e a escola não poderiam ser mais apropriados ao contágio. Temendo proble­mas no emprego, muitos adultos gripados não fal­tam ao trabalho, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e Europa (o repouso é importante

87

Page 88: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

para a melhora das defesas orgânicas). Esse comportamento pio­ra o quadro clínico da gripe, pelo estresse de trabalhar adoenta­do, e ajuda a espalhar o vírus, aumentando a chance de epide­mias e casos fatais.

Além disso a desnutrição, o estresse e a convivência com doenças crônicas - problemas comuns no Brasil - aumentam as chances de contaminação. Enfraquecendo o organismo, os vírus contribuem para o aparecimento de doenças mais graves. Álcool e fumo atuam como fatores agravantes. A bebida resseca as secreções, dificultan­do sua eliminação, e afeta as células do sistema de defesa do orga-

rios subtipos). Embora só existam três tipos principais, sofrem cons­tantes mutações, levando a novas epidemias, de tempos em tempos.

Caracterizada por sintomas mais intensos e mais duradouros que o resfriado, a gripe apresenta:

• Febre de início mais repentino e mais intensa (38,5°C a 40°C). • Tosse inicialmente seca, pode apresentar secreção tardia ou nos

casos de complicações, com sintomas respiratórios baixos (o resfria­do geralmente apresenta apenas sintomas altos).

• Dor de cabeça e dores musculares/articulares que ocasionam mal-estar acentuado, obrigando a pessoa a manter repouso.

nismo, propiciando infecções sucessivas. Já o cigarro destrói ou paralisa os cílios das vias respiratórias, que funcionam como "vassouras" microscópi­cas, responsáveis por empurrar as secreções (muco) para fora e remover agentes agressores e produtos alérgicos.

Sempre que a pessoa suspei­te estar com uma infecção res­piratória mais agressiva (gri­pe), deve procurar auxílio mé­dico, evitar aglomerações e re­cintos fechados, e repousar.

Gripe E causada pelo vírus influen-

za (dos tipos A, B e C, com vá-

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Page 89: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

CAPÍTULO 9

• Coriza e obstrução nasal. • Dor de garganta. • Nas crianças podem

ocorrer náuseas, vômitos e diarréia, devido ao mal-es­tar geral (pela ação de subs­tâncias que o organismo produz para combater a agressão virai, chamadas in-terferon).

• Ocorrência tipo epi­dêmica, com acometi­mento de escolas, bairros e cidades, mais nos meses de inverno, pois a chance de contágio é maior, com as pessoas protegendo-se do frio e aglomerando-se em ambientes fechados. A temperatura baixa contrai os vasos sangüíneos da mucosa respiratória; com menos sangue circulan­do, é menor a quantidade de anticorpos contra a invasão do ví­rus. Com a diminuição das chuvas, há o ressecamento, esfria­mento e maior poluição do ar, o que também contribui para a redução das defesas orgânicas.

• Complicações mais graves, tanto pelo vírus como por bactérias oportunistas, com ocorrência de otite, pneumonia, insuficiência respiratória, e mesmo casos fatais.

• Prevenível através de vacinas, com efeitos positivos em 80 a 9 0 % das pessoas. Devido às constantes mutações do vírus, as va­cinas devem ser repetidas a cada ano, no final do verão e do ou­tono - pois seu pleno efeito pode demorar algumas semanas. Mesmo que a vacina não evite por completo a ocorrência da gri­pe, tem papel importante ao diminuir a ocorrência de complica­ções potencialmente fatais ou que podem levar a seqüelas audi­tivas e respiratórias.

• Duração dos sintomas um pouco mais extensa (sete a 14 dias). • Em alguns casos, presença de fotofobia (dor e incômodo

ocular provocado pela exposição à luz, e que melhora em am­bientes escuros).

89

Page 90: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

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Resfriado O nome poderia sugerir que o resfriado ocorre pela mudança

de temperatura ou ingestão de gelados, mas ele se propaga pelo contato com pessoas conta­

minadas por algum dos 200 sorotipos de 12 grupos dife­rentes de virus (rinovírus, parainfluenza, adenovírus, virus sincicial respiratorio, coronavírus, entre outros). Outras formas de contágio incluem exposição a mãos e objetos de doentes e transmissão por gotículas suspensas no ar, mormente em ambientes fechados. E interessante notar que

' adultos que convivem com escolares, apresentam maior

ocorrência de resfriados, uma vez que essa faixa etária é mais afetada e tal convívio facilita a transmissão.

E caracterizado por sintomas mais brandos e mais breves do que os da gripe, apresentando:

• Febre baixa (37,8 °C a 38,5 °C) ou ausência de febre.

• Dor de garganta. • Obstrução nasal; coriza

(maior nos dois primeiros dias, diminui depois; de início clara e aquosa, sempre se torna muco-purulenta - amarelada - com o aumento de leucócitos nas se­creções); e espirros (no que pode confundir-se com a rinite, pois também apresenta sintomas res­piratórios altos).

• Tosse persistente e irritativa (pode haver escarro). • Dor de cabeça (que pode indicar a presença de sinusite).

Page 91: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

• Complicações são mais brandas, pois o período de estado em ge­ral é menor. Restringem-se ao trato respiratório superior, com sinu­sites, faringites e otites. Também é raro o doente apresentar dores no corpo ou mal-estar geral intenso e duradouro, cansaço ou fraqueza.

• Mais comum no início do outono e da primavera. • Duração mais curta dos sintomas, em torno de quatro a sete dias. • Ainda não existem vacinas, uma vez que a quantidade de vírus

é muito grande. Existem pesquisas no sentido de encontrar mecanis­mos comuns de penetração do vírus no organismo, com o objetivo de dificultar esse acesso.

Rinite alérgica Embora a princípio não pareça razoável que ocorra tanta confu­

são entre alergia e resfriado, é relativamente comum pessoas se de­clararem em estado de permanente resfriado. Após as descrições aci­ma, ficou relativamente fácil diferenciar, mas aqui estão algumas di­ferenças adicionais:

• Em geral o paciente com rinite alérgica possui história fami­liar de alergias.

• Os sintomas se repetem de tempos em tempos, ou são contínuos (rinite perene).

• Presença de outros problemas alérgicos, como dermatite atópi-ca e asma.

• Coriza presente, mas é aquosa e contínua - responde bem a anti-histamínicos tópicos e orais.

• Congestão nasal - responde de forma mais rápida e estável à medicação.

• Presença de prurido nasal (uma das características mais marcantes, inclusive no sentido físico, pois gera uma linha no dorso do nariz, devido ao atrito e movimentação no ato de coçar). Tal não ocorre nem na gripe nem no resfriado. Pode ocorrer coceira na garganta.

• Ataques de espirros. Se entendermos que o espirro está para o nariz como a tosse está para o pulmão, fica fácil entender que o ob-

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CAPÍTULO 9

Page 92: Guia Prático de Primeiros Socorros Parte 1

PRIMEIROS SOCORROS

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jetivo básico do espirro não alérgico é a remoção de substâncias acumuladas na mucosa nasal, como as secreções do resfriado. No caso da alergia isso é impossível. Assim, o espirrar mais de quatro ou cinco vezes seguidas deve ser considerado indicativo de alergia (nos casos mais intensos podem ocorrer de 10 a 20 espirros).

• Os sintomas são progressivos durante alguns anos. Sem trata­mento, começam as complicações, como sinusite, pólipos nasais e hipertrofia de cornetos (carne esponjosa no nariz).

• Conjuntivite que piora ao piorarem os sintomas respiratórios. Os agentes alergênicos e as substâncias com as quais o organismo reage podem ter contato direto com a mucosa do olho ou migrar pe­lo canal que liga o olho ao nariz.

• Inexistência de febre. • Agravamento da situação sempre que o paciente entra em con­

tato com substâncias às quais é alérgico. Pode ocorrer piora no iní­cio do inverno, pelo contato com roupas de frio guardadas durante o ano e que acumularam mofo, ou na primavera, pela floração e li­

beração de pólens.

Tratamento Com tantos sintomas em co­

mum, existe superposição de al­gumas terapêuticas:

• Em caso de febre, usar antitér­micos do tipo acetaminofen (Dô-rico® 750), uma vez que a aspirina pode piorar os sintomas alérgicos.

• Se houver dor de garganta ou outro sintoma inflamatório, opte por antiinflamatório seleti-

7 vo, que não piore a alergia nem cause dor de estômago, como a ni-

mesulida (Scaflan®/Nisulid®). • Outra opção para a garganta são as pastilhas analgésicas (Foner-

gin®, Benalet®, Cepacaína®) ou mentoladas, que estimulam a produ­ção de saliva e oferecem alívio enquanto usadas.

• Em caso de dores musculares, prefira miorrelaxantes puros, co­mo a flupirtina (Katadolon®), tizanidina (Sirdalud®) ou tiocolchi-cosídeo (Coltrax®).

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PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

• Para congestão nasal, prefira medicações descongestionantes orais (Allegra D®/Claritin D®) em vez dos descongestionantes tópicos (fa­migeradas gotas nasais) que, se usados além de quatro dias consecuti­vos, podem provocar alterações locais (rinite vasomotora). Se o uso for imprescindível, evite a aplicação diurna, reservando-os para uso à noi­te, com o objetivo de melhorar a qualidade do sono. Neste caso, use me­dicamentos que não causem ardência local (Sorine® adulto ou simi­lar). Evite assoar o nariz com muita força para não piorar a ardência lo­cal. Durante o dia use bastante soro fisiológico (Rinosoro®), para man­ter as narinas bem higienizadas.

• Ingira muito líquido (como os famosos chás para gripe), uma vez que o organismo estará aumentando a taxa de metabolismo para com­bater a infecção ou alergia, e assim necessitará de uma quantidade maior de fluidos. Prefira os líquidos mornos ou quentes, para maior sensação de bem-estar na garganta e na árvore respiratória superior.

• Outra maneira de aumentar a quantidade de líquidos na ár­vore respiratória são as nebulizações (a frio, com aparelho e solu­ções adequadas, prescritas por médico), inalações (a quente, ca­seiras) e saunas úmidas (além de ajudarem a secreção respirató­ria, têm o mérito de aliviar do­res musculares).

• Medicações para tosse (as­sim como gotas nasais) devem ser usadas apenas no período noturno ou no final da crise, quando tiver deixado de ser produtiva. Só a tosse seca ou noturna deve ser combatida (ver pág. 103).

• Lembre-se que o tratamen­to visa tornar toleráveis os sin­tomas, e que deve ser dada ên­fase especial ao repouso e à boa alimentação. Independente' mente de tratamento, a infecção virai será resolvida em quatro a 14 dias, dependendo de ser gripe ou resfriado.

• Não use antibióticos, exceto sob orientação médica. Doen­ças causadas por vírus não reagem a este tipo de tratamento que,

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CAPÍTULO 9

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PRIMEIROS SOCORROS

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além de caro, pode causar efeitos colaterais e desenvolver resis­tência microbiana.

• Medicações sem comprovação para gripes e resfriados incluem os complexos vitamínicos, que muitas vezes contêm doses maiores do que o organismo pode absorver. Prefira utilizar as vitaminas das frutas e ver­duras, numa dieta equilibrada.

• Procure imediata avaliação médica, se a qualquer época oconer dor de ouvido intensa, tosse com expectoração amarelo-esverdeada ou com sangue, dor de cabeça intensa, dores musculares incapacitan­tes, febre alta e persistente (acima de 39°C), presença de sangue na urina, alterações visuais, dificuldades respiratórias (falta de ar), dor em pontada nas costas, ao respirar fundo, ou ainda se os sintomas, mesmo que brandos, persistirem por mais de quatro dias.

• Alguns casos precisam ser tratados pelo médico com substâncias mais potentes, como ribavirina ou outros antibióticos antivirais, nos ca­sos de infecção secundária. Em caso de sintomas mais intensos que sugiram influenza (gripe), procure seu médico em, no máximo, 36 horas

após o início dos sintomas mais fortes, para medicação adequada. Pode ser ne­cessária internação para medidas de su­porte mais avançado.

• Casos de alergia devem ser anali­sados por profissional da área, com exames apropriados para a detecção de determinantes alergênicos, e tratados adequadamente com profilaxia am­biental, medicações e talvez uso de va­cinas. Casos provocados por alimentos alergênicos podem ocorrer, sobretudo os causados por determinadas carnes, laticínios e frutos do mar, fato este muitas vezes ignorado até por profis-

I sionais não afeitos a essas situações.

í

Como prevenir gripes e resfriados • Evite a permanência em locais fechados ou mal ventilados. Man­

tenha o ar circulando para que os vírus não se concentrem no local. • Lave com freqüência as mãos, se possível com sabonete anti­

séptico (Stiefderm® ou Dermacyd®), para eliminar os germes cau-

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PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

sadores de resfriado ou gripe. A reinoculação de partículas virais ajuda a manter o quadro infeccioso por mais tempo.

• Beba muito líquido (8 a 12 copos diários). Prefira água pura, su­co de fruta ou chá. Os líquidos mantêm o corpo hidratado, além de ajudar a eliminar as toxinas produzidas pelos vírus ou pelo processo de combate aos mesmos.

• Mantenha o ar dentro de casa com umidade adequada, pois o ar muito seco provoca irritação das vias aéreas, facilitando a penetra­ção dos germes que provocam resfriados e gripes. Se necessário, use umidificador de ar nos ambientes mais freqüentados. Já o excesso de umidade facilita o aparecimento de mofos e bolores.

• Mantenha as narinas bem hidratadas. Se o ar estiver muito seco e não for possível umidificá-lo, coloque algumas gotas de soro fisiológico glicerinado nas narinas, para evitar que fiquem ressecadas e se irrite a mucosa respiratória.

• Respire pelo nariz. A mucosa nasal tem a função de aquecer e umedecer o ar inspirado, evi­tando que chegue frio ou se­co aos pulmões. Se você res­pirar pela boca, o ar não re­cebe o tratamento adequa­do, facilitando as doenças respiratórias.

• Use lenços de papel ma­cio em vez de lenços de pano, que acumulam grande quanti­dade de germes e secreções, espalhando no ar os vírus e reinfectando tanto o portador como as pessoas à sua volta. Lave sempre as mãos após as­soar q nariz.

• E melhor ficar em casa ao suspeitar de um quadro infeccioso. Se você estiver gripado ou resfriado, mante nha repouso. Com descanso e relaxamento o sistema imunológico se torna mais ativo, fazendo a infecção virai sarar mais rápido. Além disso, agindo assim você evita passar a doença a outros.

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CAPÍTULO 9

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PRIMEIROS SOCORROS

• Reduza o estresse. Pesquisas mostram que pessoas estressadas adoecem mais, em função da diminuição das defesas do organismo.

• Torne seu ambiente mais saudável, com menos poluição, menos alérgenos ambientais, nem fumaça de cigarro; pois todos esses fato­res aumentam a freqüência das infecções, seja por diminuição das defesas do organismo, seja por destruição das camadas de proteção das vias respiratórias. Esse processo é causado pelo cigarro ou por in­flamações provocadas por alérgenos.

• Tenha uma alimentação natural. Coma com equilíbrio, ajudando a manter o organismo com boa resistência contra infecções. Alguns ali­mentos ajudam a dar maior resistência ao corpo, como frutas, verduras cruas, iogurte, alho, gengibre, ginseng e geléia real, devido ao seu conteú­do de vitaminas e sais minerais. Você também economiza ao não usar os caros suplementos vitamínicos, cujo excesso pode ser causa de doenças.

• Vacine-se contra a gripe no início do outono, para evitar qua­dros mais graves no inverno. Dependendo de sua idade, pode estar indicada também a vacina contra o pneumococo.

• Trate os processos alérgicos. Eles podem contribuir para maior freqüência de infecções.

I 2 . CRISE ASMÁTICA

A asma é uma doença crô­nica recorrente. Apresenta-se controlada em certos está­gios, e há momentos em que escapa ao controle. Pode apresentar crise mais aguda. Abordaremos a situação de urgência, sem entrar em to­das as minúcias do tratamen­to cotidiano (preventivo) da doença, mas sugerindo dire­trizes para que as crises não fujam ao controle. O papel

que esta doença assume é ca­da vez mais importante, com aumento gradativo de pessoas afetadas na população (incidência da doença acima do esperado em relação ao aumento populacional).

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PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

Durante muito tempo foi atribuída à asma uma origem unicamente alérgica, mas o enfoque atual a encara como uma doença inflamatória crônica das vias aéreas de múltiplas causas. Produz aumento da secre-ção dos brônquios (subdivisões da árvore respiratória), edema (incha-ço) no tecido de revestimento das vias aéreas e aumento da resposta da musculatura brônquica a substâncias alergênicas (hiper-reatividade). Assim, embora a alergia continue sendo o fator mais importante, pois está envolvida nos três mecanismos da doença, o seu combate não mais constitui o único objetivo do tratamento. As conseqüências da reação alérgica têm igualmente papel importante na manutenção e repetição das crises. Todas as três alterações fazem com que a área útil de passa­gem de ar diminua, conduzindo à crise asmática.

O paciente em crise apresenta tosse (pela alergia e aumento de se­creção), chiado no peito (alergia e edema das vias aéreas) e sensa­ção de falta de ar (hiper-reatividade, edema e aumento de secreção). Os sintomas pioram à noite (por diminuir a produção de substâncias que relaxam o brônquio e facilitam a passagem do ar). Pode ocorrer dor no peito/costas, devido ao esforço muscular durante inspirações forçadas, em especial nas crises intensas. O estreitamento da aber­tura do brônquio em geral é reversível, espontaneamente ou com uso de medicações. Com o passar do tempo e das crises, porém, po­de ocorrer obstrução irreversível das vias aéreas e redução da área útil respiratória.

O que desencadeia ou agrava a crise asmática

A asma tem numerosas cau­sas, sendo mais freqüentes as reações alérgicas a substâncias em suspensão no ar (pólen, mo­ios, pó de casa), liberadas pelos ácaros ou animais domésticos; penas (as do periquito são mais alergênicas); cosméticos; taba­co; fumaça de lareira. Outras fontes são alimentos (nozes, me­lão, amêndoa, trigo, banana, camarão e outros frutos do mar, cho­colate, ovos, leite, cerveja); medicamentos (aspirina, outros antiin-

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CAPÍTULO 9

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PRIMEIROS SOCORROS

flamatórios, antibióticos, remédios para o coração à base de beta-bloqueadores, alguns tipos de gotas oftálmicas).

Existem ainda os fatores físicos, como exercício, frio (sobretudo na transição de ambientes com temperaturas muito diferentes), e excesso de calor ou sol. Não devemos esquecer a asma ocupacional, causada por substâncias químicas, poluentes e alérgenos no ambiente de trabalho.

Lembramos por fim os fatores emocionais, como estresse e mudanças de vida (residência, emprego, localidade); endocrinos (gravidez, doen­ças da tiróide); causas infecciosas (infecções respiratórias virais, sinusi­tes); doenças como o refluxo gastro-esofágico (ver azia, na página 114).

Com o passar do tempo, pacientes asmáticos ou seus familiares aprendem a distinguir sinais e sintomas da crise próxima, tais como dor de garganta, coceira na garganta/nariz, crises de espinos; isso torna pos­sível medicar o paciente antes que se instale uma crise mais grave.

? 5

O que fazer em uma crise asmática • Primeiro passo: avaliar a gravidade da situação. Doentes com sinto­

mas intensos serão mais beneficiados com remoção imediata para atendi­mento médico e tratamentos portáteis realizados enquanto se busca o pronto atendimento, do que com tratamentos realizados pelo soconista. Geralmente o paciente em crise grave se encontra agitado, com dificulda­de para falar, usando a musculatura acessória da respiração, com sibilos au­

díveis em toda a respiração, com fre­qüência respiratória e cardíaca au­mentada e movimentação das asas do nariz. Pacientes gravíssimos, com risco de parada respiratória iminen­te, tornam-se sonolentos, arroxea­dos, com freqüência cardíaca e res­piratória diminuída, sem resposta a estímulos e ausência de sibilos audí­veis, dando uma falsa impressão de melhora. Assim, pessoas em crise grave e que melhoram de repente,

sem razão aparente, podem na verdade estar agonizantes. • Casos de maior gravidade devem ser imediatamente removidos,

administrando-se no transporte medicações através de sprays com es-paçadores (Aerotide®/Duovent®/Combivent®) ou pós inaláveis (Bri-canyl Turbhaller®/Foradil®), sendo preferíveis os últimos em função

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PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

da maior facilidade de controle de sua inalação, mesmo em momentos de transporte. Ao chegar à unidade de emergência, deve o paciente es­tar acompanhado por quem o atendeu, de forma a ser encaminhado ra­pidamente para outros tratamentos, inclusive uso de oxigênio.

• Sendo a crise mais leve, com o paciente lúcido, pouco chiado, sem arroxeamento de lábios, indagar-lhe qual sua medicação habi­tual e atuar de forma complementar, descrita a seguir:

a) Se o paciente usa beta-agonistas (Aerolin®, Brycanil®, Bero-tec®), dar bamifilina (Bamifix® 600mg) ou teofilina solução para crianças (18 a 20mg/kg/dia, divididas a cada seis ou oito horas).

b) Se o paciente já usa alguma xantina (teofilina, aminofilina, ba­mifilina), dar Aerolin® (0,2mg/kg/dia, dividido de oito em oito ho­ras até o máximo de 2mg por dose).

c) Como a medicação oral só fará efeito em 45 a 60 minutos, adminis­trar um ou dois "puífs" de Aerotide®/Duovent®/Combivent®, usando es-paçadores; ou fazer nebulização com Berotec® (1 gota para cada 5kg até o máximo de oito gotas por nebulização) associado ao Àtrovent® (5 gotas para crianças, 10 gotas para juvenis e 20 gotas para adultos) e soro fisioló­gico. Aguardar. Se em 30 minutos não houver melhora, repetir a dose.

d) Se em 60 minutos não houver melhora, ou ela for pequena, encami­nhar o paciente de imediato para atendimento médico. Considerar como caso grave mesmo sem os sintomas descritos antes, uma vez que a cri­se não respondeu à medicação.

e) Mesmo crises leves devem ser encaminhadas a curto ou mé­dio prazo para revisão médica, análise das causas da crise e reali­zação de testes respiratórios, exa­mes de alergia e pesquisa de pos­síveis doenças associadas.

Aspectos importantes pa- | j | ra orientação de pacientes e familiares

• A asma necessita de trata­mento nas crises e nos períodos entre elas, de modo a possibilitar espaços cada vez maiores sem sintomas e crises gradativamente mais leves.

CAPÍTULO 9

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PRIMEIROS SOCORROS

• A fumaça do tabaco em suas diversas formas (cigarro, cachim­bo, charuto) agride as vias respiratórias, aumentando os sintomas da asma, ou atrapalhando a atividade normal dos pulmões e favo­recendo a ocorrência de infecções respiratórias- O asmático deve evitar não apenas o uso, mas também a permanência em ambien­tes com presença de fumo.

• Certas infecções respiratórias aumentam a chance de crise aguda de asma ou seu agravamento. Devem ser prontamente avaliadas por médico quanto à necessidade de antibiótico. Este não deve ser iniciado sem orientação específica, até porque al­guns antibióticos podem desencadear ou piorar a crise asmática. Sempre que a um paciente asmático for receitada alguma me­dicação, sua condição deve ser informada ao profissional que

o está atendendo. • Podem ocorrer

ataques agudos de as­ma em pacientes que pratiquem esforços fí­sicos superiores à sua capacidade normal por mais de cinco mi­nutos. Esse tipo de as­ma é prevenível atra­vés de medicamento, que deve ser usado 20 a 30 minutos antes do início de uma ativida­

de intensa. • Estresse, tensão nervosa e estados emocionais podem precipitar

crises asmáticas. Em muitos casos pode haver benefício com o acompanhamento psicológico, tanto do paciente isoladamente co­mo em associação com terapia familiar. Como ocorre em qualquer doença crônica (branda ou grave), a asma afeta psiquicamente em maior ou menor grau o doente e a família. O entendimento deste fa­to constitui parte essencial do tratamento global do doente.

• Sob controle e acompanhamento, a vida do asmático é se­melhante à das demais pessoas, tanto no aspecto de outros tra­tamentos (mesmo cirúrgicos, uma vez que existem anestésicos que aumentam o fluxo de ar nas vias respiratórias, tornando a

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PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

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anestesia geral mais segura), como nos planos de vida profissio­nal e particular. Não existem restrições de atividades ou quan­to à gravidez, pois há razoável segurança no uso de várias me­dicações durante a maior parte do período de gestação: salbuta-mol (Aerolin®), fenoterol (Berotec®), terbutalina (Bricanyl®) e teofilina (Talofilina®); prefere-se a via inalatória à oral. Tam­bém é considerado seguro o uso de corticóides após a sétima se­mana e em especial no final da gestação, quando passam a ser preferidos nos casos em que o controle clínico tenha sido difí­cil até o oitavo mês.

• A manutenção do tratamento deve incluir corticóides inalados, tais como a fluticasona (Flixotide®), budesonida (Pulmicort®) ou similar. Se preferida a via oral, podem ser incluídos os bloqueadores da degranulação de mastócitos, como o cetotifeno (Zaditen®) ou inibidores de leucotrienos, como o zafilurkast. Se a adesão ao trata­mento for correta, ainda pode ser usado o nedocromil (Tilade®) ou o cromoglicato de sódio (Intal®), embora este apresente a desvan­tagem de necessitar quatro usos diários.

• A fisioterapia respiratória, com reeducação e treinamento da musculatura pertinente e aprendizado de manobras que fa­cilitam a expiração completa durante a crise (com a finalida­de de combater a hiperinsuflação, más posturas e assincronis-mos respiratórios), embora não atue no sentido de diminuir as crises, possibilita melhor travessia das mesmas. Capacita o doente - no desencadeamento da e durante a crise - a poupar e melhor utilizar os músculos expiratórios. Combate o cansaço que agrava a falta de ar. Educação física e prática de desportos melhoram a capacidade respiratória, devendo fazer parte do plano de vida do asmático.

Como evitar crises asmáticas A ação do paciente é vital para evitar crises de asma, com medi­

das bem simples, como: • Evitar contato com substâncias desencadeadoras (com o pas­

sar do tempo estas vão sendo identificadas e reconhecidas). O controle dos alérgenos ambientais é parte fundamental do trata­mento - um objetivo a ser perseguido e mantido. Inclui remoção de carpetes, cortinas e outros itens que sirvam de abrigo ou ali­mento para ácaros e baratas, ou que acumulem poeira.

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• Manter alimentação saudável, com frutas e verduras, de mo­do a ter o sistema imunológico corretamente estimulado. Acima de tudo, evitar alimentos alergizantes (sobretudo na infância, incentivando o aleitamento materno) e diminuir o uso de pro­teína animal.

• Usar líquidos em abundância, para manter secreções bem fluidas e facilmente elimináveis.

• Evitar o excesso de peso (a obesidade au­menta a dificuldade res­piratória).

• Prevenir-se da fadiga excessiva; dormir o nú­mero de horas suficientes para sentir-se descansado e disposto pela manhã.

• Evitar mudanças re­pentinas de ambiente, em especial sob condições de

grande diferença de tem­peratura, umidade ou ressecamento do ar.

• Evitar o contato com pessoas que sofrem de infecções respiratórias. • Seguir as instruções do médico no tocante a medicamentos. • Manter um programa de exercícios diários, preferencialmente

aeróbicos - caminhadas, ginástica de baixo impacto e natação, en­tre outros.

• Evitar o fumo (cigarros, lareiras, oficinas) e ambientes poluídos.

3 . TOSSE

A tosse é um poderoso mecanismo de defesa do sistema respirató­rio, com as seguintes funções:

• Expulsar substâncias estranhas que atinjam as vias aéreas, nariz, boca e faringe.

• Mobilizar e remover o catarro, que é a secreção protetora da ár­vore respiratória.

Isto se torna necessário porque, embora as vias aéreas superio-

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PROBLEMAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

res filtrem, aqueçam e umedeçam o ar para adaptá-lo à tempera­tura do corpo, junto com o ar por vezes ultrapassam as barreiras do organismo elementos agressivos, tais como poeira, pêlos, fumaça (especialmente em fu­mantes), os quais ficam retidos no muco (subs­tância gelatinosa de proteção formada pela mucosa respiratória). Com o acúmulo desses elementos, ou pelo au­mento da produção de muco devido a algum agente infeccioso, irri­tante ou alérgico, ocorre o estímulo das termina­ções nervosas da mucosa respiratória da laringe das vias aéreas inferiores. Estas enviam impulsos para o sistema nervoso central; a resposta é um reflexo, com a contração do dia­fragma, um dos principais músculos da respiração. Ocorre a ex­pulsão rápida e violenta do ar, que é a tosse.

A tosse ocorre em 5 % a 4 0 % das pessoas, dependendo do núme­ro de fumantes e de outros fatores ambientais (poluição e demais fatores alergênicos nas diferentes comunidades).

Causa comum de tosse são as infecções por vírus (resfriados e gri­pes) levando à afecção aguda do trato respiratório superior. Nestes casos a tosse vem sem grande quantidade de catarro, dura pouco tempo e cessa com o término da infecção. Antigamente a coquelu­che era comum, e caracterizada por tosse espasmódica. Hoje está in­tegrada aos esquemas normais de vacinação, e deve ser prevenida dessa maneira.

Em outros casos a tosse vincula-se ao aumento da produção de muco, por alergia ou alterações genéticas, ou a uma doença res­piratória crônica, como asma (alguns equivocadamente a cha­mam de bronquite). Em alguns pacientes, entretanto, não há causa óbvia e a tosse pode durar anos, necessitando de exames

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aprofundados. Embora seja importante resolver sintomas, é fun­damental determinar os fatores causais ou o mecanismo fisiopa-tológico associado.

Ao efetuar o tratamento da tosse e de qualquer outro sintoma, é importante não prejudicar os mecanismos de auto-regulação e limpeza do organismo, ou atrapalhar suas funções básicas de res­piração, pulsação, digestão, sono, etc. Assim, o tratamento da

tosse assume importância, pois é um sintoma que le­va à piora do sono e da qualidade de vida do pa­ciente. A tosse seca, que não esteja cumprindo função útil na remoção de detritos ou material infectado, deve ser blo­queada, mas sem causar sonolência ou alterações no ciclo respiratório.

A última causa a ser mencionada é a tosse co­mo efeito colateral de al-

I guns medicamentos con-I tra hipertensão arterial W (captopril e similares). Se

apos o inicio de alguma me­dicação a pessoa começa a apresentar tosse, deve contatar seu médi­co para reavaliação do caso.

Que fazer nos casos de tosse Avalie os sintomas associados à mesma. Talvez a situação exija

análise médica. Se impossível, ou se a tosse for seca e pouco inten­sa, opte pelo uso de medicações, sobretudo à noite. Assim, man­tém-se a qualidade do sono, com menos risco de efeitos colaterais, como sonolência. Inicialmente prefira medicações com apenas uma substância, tais como butamirato (Besedan®), dropropizina (Tussiflex®, Vibrai®), levodropopizina (Zyplo®), dextrometorfano (Helifenicol®), cloperastina (Seki®), clobutinol (Silomat®) e pi-pazetato (Selvigon®), sempre utilizando as doses mínimas indica-

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das na bula e promovendo aumentos gradativos, se necessários. Caso não obtenha bons resultados, pense em trocar a medicação ou em usar medicamentos com associações, como o Notuss®, Reve-nil®, Santussal®, Silencium®, Silomat Plus®, Tetrapulmo®, Tople-xil®, Trifedrin®.

Evite medicações à base de gluconato de cálcio, cloreto de amó­nio, citrato de sódio, io-deto de potássio, guaife-nesina (éter-gliceril-guaiacólico), tinturas de plantas, sulfaguaiacola-to de potássio, benzoato de amónio, becantex, citrato de fenetilamina, bromofórmio, dibunato de sódio, benzoato de sódio, prometazina (iso­ladamente ou em asso­ciação). Estes, ou não têm efeito cientifica­mente comprovado, ou apresentam efeito infe­rior aos citados anterior­mente, ou desenvolvem efeitos colaterais.

Caso essa terapêutica seja insuficiente, existem medicamentos de ação mais específica, mas todos necessitam de receita médica, portanto, é importante uma análise pessoal com profissional habilitado.