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SumárioI - Apresentação

II - IntroduçãoA. Estrutura do Guia

B. Seções das páginas do Almanaque

III - AtividadesDireito à diversidade

A. Temas

Lugar de cada um, lugares do mundo

Diversidade humana e discriminação

B. Sugestões de atividades

Direito ao trabalho

A. Temas

O sentido do trabalho

Os conhecimentos no trabalho

As formas de exploração do trabalho e os direitos trabalhistas

B. Sugestões de atividades

Direito à vida saudável

A. Temas

Os seres humanos e o meio ambiente

O corpo humano e a saúde

B. Sugestões de atividades

Direito à cultura

A. Temas

Diferentes culturas, diferentes linguagens

Meios de comunicação

B. Sugestões de atividades

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I - Apresentação“Os alunos são crianças de carne e osso que sofrem, riem,

gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no pre-

sente e não vão à escola para serem transformadas em

unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse

aluno de carne e osso que está progressivamente marcan-

do os universos que giram em torno da escola.” (Alves,

2003, p.71).

Prezado professor,

A história de João Cândido, que lutou pela dignidade se rebelando contra a chi-

bata, deve ser conhecida por professores, crianças e jovens. Ela expressa a trajetória

de alguém que lutou por seus direitos. Essa história traz questões e temas que inte-

ressam ao meio escolar comprometido em trabalhar conhecimentos e valores em

uma perspectiva de transformação social. O eixo orientador deste Guia é, portanto,

a temática social, e, mais especificamente, a questão dos Direitos Humanos.

Elaboramos o Guia do Professor buscando apresentar sugestões de temas e ati-

vidades para trabalhar o Almanaque Histórico JOÃO CÂNDIDO – A luta pelos direi-

tos humanos a partir da reflexão sobre alguns direitos que deveriam estar assegura-

dos atualmente. Em que medida estão sendo respeitados? O que fazer para garanti-

los? Que outros direitos precisariam ser adquiridos?

A característica do Almanaque é apresentar informações variadas a partir de

diferentes tipos de textos interligados. Possibilita um espaço de interação entre pro-

fessores e alunos e a ampliação das diversas visões de mundo. Permite, assim, um

trabalho interdisciplinar. Desejamos que a sua utilização na sala de aula possa gerar

troca de idéias, descobertas, indagações, mobilizando professores de disciplinas

diversas em relação aos assuntos apresentados.

As sugestões de atividades deste Guia podem sempre ser adaptadas às carac-

terísticas da sua turma – como a faixa etária e o nível de conhecimento dos alunos –

bem como à realidade da sua escola. Ao apresentar algumas possibilidades de utili-

zação do Almanaque, o Guia do Professor passa a ser mais um recurso de aprovei-

tamento do mesmo a partir de um fio condutor: a questão dos direitos. Esperamos

que lhe seja útil!

Projeto Memória2

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II – Introdução

A. ESTRUTURA DO GUIA

O Almanaque Histórico JOÃO CÂNDIDO – A luta pelos direitos humanos está

estruturado em três eixos:

Primeiros passos;

Adulto, contra a chibata;

A longa vida de um homem do povo.

Tendo como base os diferentes temas presentes nesses eixos, organizamos o

Guia do Professor em quatro módulos:

DIREITO À DIVERSIDADE;

DIREITO AO TRABALHO;

DIREITO À VIDA SAUDÁVEL;

DIREITO À CULTURA.

As áreas do conhecimento Ciências Humanas, Ciências Naturais e Comunicação

serão abordadas, considerando:

• As circunstâncias históricas que envolveram a trajetória de vida de João Cândido;

• Os espaços por onde João Cândido transitou;

• As formas variadas de expressão oral e escrita a que se refere o Almanaque.

B. SEÇÕES DAS PÁGINAS DO ALMANAQUE

O Almanaque foi estruturado a partir de um texto-base pautado na vida e na luta

de João Cândido e de alguns boxes em anexo, divididos em diferentes seções. Essas

partes se organizam da seguinte maneira:

Por dentro da história: informações que vão além do conteúdo essencial da página;

Você sabia que...: curiosidades que podem ser referentes ao texto ou não;

O que canta a história: como a história é cantada na música;

Na ponta da língua: explicação do significado e da origem dos nomes;

Retratos de uma vida: episódios da vida de João Cândido;

A vida de hoje: relação entre a história e a vida atual.

3João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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III – Atividades

DIREITO À D IVERSIDADE

A história de João Cândido, que sofreu com a pobreza, com o preconceito e com

a perseguição política, nos mostra que muito ainda deve ser conquistado para

que todos tenham seus direitos garantidos.

Neste módulo, sugerimos atividades relacionadas ao conhecimento de aspectos

que formam a identidade do aluno – a origem familiar, as características físicas e cul-

turais, o lugar onde vive – bem como o conhecimento de outras culturas e lugares.

Essas ações permitem trabalhar em sala de aula temas como: a valorização da pró-

pria identidade, o respeito às diferenças, o combate à discriminação, etc.

A. TEMAS

Lugar de cada um, lugares do mundo;

Diversidade humana e discriminação;

B . SUGESTÕES DE ATIV IDADES

Lugar de cada um, lugares do mundo

Professor, procure desenvolver as seguintes tarefas com os alunos, destacando que,

assim como não existem duas pessoas iguais, não existem dois lugares iguais no

mundo e que todo lugar é importante: tem história, valores e as tradições da sua

comunidade.

Projeto Memória4

C omo resultado da Abolição com tais características, apesar de avançosque podem ser percebidos, as desigualdades ainda persistem. Segundo

o estudo Desigualdade Racial no Brasil, elaborado pelo economista MarioTheodoro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e divulgado

na data dos 120 anos da Abolição (13 de maio de 2008), sobre escolaridade,renda e pobreza da população negra, que inclui pretos e pardos, segundo a classi-

ficação do IBGE, registram-se melhoras entre 1996 e 2006, mas as condições de vida con-tinuaram inferiores quando comparadas às da população não classificada como negra.

A vida de hoje

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Lugar de cada um

“João Cândido (um dos sete filhos de Inácia e João Cândido Velho, escravos da

fazenda da família de Vicente Simões Pereira) veio ao mundo numa choupana em que

seus pais moravam, nas proximidades da casa-grande, mas fora da senzala. No perío-

do de infância (segundo os “causos” contados mais tarde por João Cândido à sua filha

Zeelândia1), ele sentia forte o minuano, vento típico do Sul do país. Inácia, sua mãe,

honesta e severa, tinha muitos saberes: parteira conhecida na região, fazia nascer tam-

bém folhas e frutas, conhecedora de ervas e plantas medicinais. Além dos próprios

filhos (três meninos e quatro meninas), vários foram ‘os de peito’, como considerava

aqueles a quem amamentou e ajudou a criar, fertilizando vida a seu redor.” (p. 4)

• Propor aos alunos pesquisar sua ascendência, verificando quem tem origem em

outra cidade, região ou estado do Brasil ou país. Se possível, peça aos alunos para

convidarem um membro das famílias deles para contar histórias do lugar de onde

veio e suas tradições.

• Realizar um levantamento das características da região onde moram: população,

clima, relevo, economia, fauna, flora, cultura, gastronomia e elaborar um guia ilustrado

da localidade. Pesquisar a origem do nome da cidade do aluno. Solicitar auxílio de

moradores mais antigos da região. Para isso, os alunos deverão elaborar um roteiro de

entrevista. Comparar as características da sua região com as de outras partes do Brasil.

Lugares do mundo

Ao longo de toda a leitura do Almanaque Histórico, percebemos que João

Cândido viajou “mundo afora”. Sugerimos, então, as seguintes atividades:

• Localizar no mapa as principais bacias hidrográficas por onde João Cândido nave-

gou: Amazônica e do Prata – e a rota Atlântica – Américas, Europa e África. (p. 12)

A travessia do Atlântico:

• Converse com os alunos a respeito de como, de forma cruel, os europeus escravi-

zaram milhões de africanos, atravessando o Atlântico durante mais de trezentos

anos, dos séculos XVI ao XIX.

• Solicitar que a turma realize uma pesquisa sobre a vida do solitário navegador bra-

sileiro Amyr Klink e a embarcação utilizada por ele na travessia, com duração de

quase cem dias, da África para o Brasil, na década de 1980, quando chegou a

5João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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Salvador-BA. Lembre aos alunos que essa travessia foi feita em um barco sem motor

ou vela, aproveitando apenas correntes marítimas.

• Se possível, explorar os romances de aventura como A Ilha do Tesouro, de Robert

Louis Stevenson, e A Jangada: oitocentas mil léguas pelo Rio Amazonas, de Júlio

Verne. Também são interessantes os relatos de viajantes do século XIX que vieram

ao Brasil.

• Confeccionar um Atlas e/ou Guia de Viagem ilustrado com os principais países dos

continentes por onde passou João Cândido, incluindo suas características: bandeira,

relevo, clima, economia, fauna, flora, hábitos culturais, gastronomia. Pode ser que o

aluno conheça outros países além dos que João Cândido conheceu, logo essa será

a oportunidade de incluir tais países no Atlas e/ou Guia de Viagem. Também pode-

rão ser inseridos os locais onde nasceram os ascendentes dos alunos que aparecem

na árvore genealógica. Para confeccionar um mapa, é necessário apresentar com

clareza os símbolos que serão utilizados e também a escala com que se irá trabalhar.

Diversidade humana e discriminação

Esta é a oportunidade de abordar questões relacionadas ao respeito às diferen-

ças e contra o racismo.

Diversidade humana

A Declaração dos Direitos Humanos, criada pela Assembléia Geral das Nações

Unidas em 1948, estabelece, no Artigo I, que todos os seres humanos nascem livres

e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir

em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. E, no Artigo II, que todo ser

humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta

Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, reli-

gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nasci-

mento, ou qualquer outra condição.

• Propor a observação das características físicas dos alunos: cor dos olhos, cor da

pele, tipo de cabelo, estatura. Professor, destaque a importância do respeito à plura-

lidade étnica. Reflita com os alunos, de onde surgem as idéias do que é “belo”,

desenvolvendo a atividade seguinte.

Projeto Memória6

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• Identificar e recortar de revistas diversas tipos físicos e de origem étnica. Observar

também suas roupas, acessórios, penteados, etc. Veja com a turma se esses recor-

tes representam a diversidade dos alunos e suas famílias. Destaque a importância de

respeitar as diferenças, conforme está escrito na Declaração dos Direitos Humanos.

Afinal, todas as pessoas são diferentes! Para sermos respeitados, devemos respeitar,

zelando pela diversidade.

Discriminação

“Mesmo voltando a ser reconhecido por sua história, João Cândido não estava

livre de sentir na pele o preconceito. Como a noite de autógrafos em 1963 terminou

tarde, o velho marujo resolveu pernoitar perto dali, no centro da cidade: passou por

dez hotéis e em todos foi recusado, sob o pretexto de que os estabelecimentos esta-

vam lotados. O impiedoso racismo continuava presente na sociedade brasileira.

Depois das tentativas, foi aceito no pequeno Hotel Globo, na rua Riachuelo.” (p. 29)

• Abordar diretamente com os alunos a questão da discriminação (racismo, defi-

ciência física, terceira idade, classe social, gênero, etc.). Organizados em grupos, eles

devem contar por meio de dramatização uma situação de discriminação vivida por

alguém da turma ou por alguém que conhecem. Discutir com a turma os fatores que

contribuíram para que tal fato acontecesse. Os grupos devem, então, realizar nova

dramatização, propondo como poderia ter acontecido de forma diferente. Na pri-

meira dramatização, devem retratar como a pessoa, vítima da discriminação, reagiu.

Na segunda, como poderia ter agido.

• Analisar o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a fim de contextualizar os

alunos acerca dos seus direitos e desse importante mecanismo de garantia do exer-

cício de sua cidadania. Afinal, crianças e adolescentes têm direitos!

• Elaborar, com os alunos, uma lista de direitos existentes no ECA. Observar que o

Estatuto é lei e toda a sociedade tem o dever de cumpri-lo. Elabore com os alunos,

também, uma lista de seus deveres. Reflita com os alunos que para existirem direitos

é necessário existir o dever de cumpri-los.

• Professor, aproveite a ocasião para abordar a questão da discriminação entre os alu-

nos. Todas as vezes que um aluno sofre de forma contínua, por parte dos colegas, situa-

ções que envolvem intimidação, humilhação, perseguição, ameaças e isolamento, den-

tre outras, é possível que seja vítima de agressões físicas e/ou morais. Converse com

os alunos a respeito da criação de mecanismos para que essas situações não ocorram.

7João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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Projeto Memória8

Atualmente, apesar das conquistas e da promulgação, em maio de 1990,do Estatuto da Criança e do Adolescente, a sociedade brasileira ainda

precisa garantir a cidadania desses futuros cidadãos, combatendo a falta deescolarização, a exploração sexual, a violência e o trabalho infantil. Segundo

a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 11% das crianças brasileirassão usadas como mão-de-obra nas cidades e no campo. (p. 22)

A vida de hoje

DIREITO AO TRABALHO

A trajetória de João Cândido expressa de forma clara a importância do trabalho

digno na vida das pessoas. Trabalho escravo, condições precárias de trabalho,

luta por uma ocupação profissional honesta são aspectos evidenciados nessa traje-

tória. Estudar a história de João Cândido é, portanto, uma oportunidade para enri-

quecer a discussão, na sala de aula, sobre a questão do labor.

Tendo por base este módulo você, professor, poderá abordar as diferentes faces

do mundo do trabalho: como forma de sobrevivência, como fonte de realização pes-

soal, como forma de opressão, etc.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, no Livro I, Título II, Capítulo V, Art. 60 a

69, regula a questão do direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Estabelece

a proibição de trabalho a menores de 14 anos, salvo na condição de aprendiz.

A. TEMAS

O sentido do trabalho

Os conhecimentos no trabalho

As formas de exploração do trabalho e os direitos trabalhistas

B . SUGESTÕES DE ATIV IDADES

O sentido do trabalho

Um Homem Também Chora (Guerreiro Menino)

Composição: Gonzaguinha

(...) Um homem se humilha

Se castram seu sonho

Seu sonho é sua vida

E vida é trabalho (...)

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• Analisar o sentido dado ao trabalho nessa canção. Trabalha-se somente para sobre-

viver?

• Realizar um levantamento sobre a situação do emprego/desemprego no Brasil.

Que profissões são mais bem remuneradas? Qual a relação entre remuneração e

qualificação profissional? Professor, procure estabelecer uma relação que comprove

que maior escolaridade potencializa melhor remuneração. Converse com os alunos,

por exemplo, a respeito dos concursos públicos.

Os conhecimentos no trabalho

• Construir com os alunos um Guia das Profissões, incluindo aquelas que gostariam

de conhecer e identificando a formação exigida, as áreas de atuação, as habilidades

e os conhecimentos necessários. Exemplos: para ser médico, é necessário conhecer

profundamente física e biologia; para ser engenheiro, matemática e física e, é bom

lembrar, que em todas é fundamental ter o hábito da leitura e da escrita.

• Realizar um encontro com pessoas de diversas profissões para falarem sobre os

diferentes aspectos das suas áreas de atuação.

• Visitar os setores da própria escola com o objetivo de conhecer a atuação dos dife-

rentes profissionais (diretor, coordenador, cozinheira, responsável pela limpeza).

Reflita com os alunos a respeito da importância das tarefas desses trabalhadores

para o funcionamento da escola.

• Pedir para que os alunos realizem uma entrevista, a partir de um roteiro previa-

mente elaborado, sobre o trabalho do professor. Compartilhar com os alunos a sua

vivência profissional: o porquê da sua escolha, a sua formação, como é o planeja-

mento da aula e outros aspectos para a realização da sua atividade profissional.

As formas de exploração do trabalho e os direitos trabalhistas

“Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desu-

mano ou degradante.” (Artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos,

Assembléia Geral das Nações Unidas – ONU –, 1948).

9João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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Em grande parte do Almanaque, a questão da escravidão é abordada e desen-

volvida. Esta é a oportunidade para aprofundar alguns temas que constam dos

Parâmetros Curriculares Nacionais de 5ª a 8ª séries, como:

- Escravização, trabalho e resistência indígena na sociedade colonial.

- Tráfico de escravos e mercantilismo.

- Escravidão africana na agricultura de exportação, na mineração, na produção

de alimentos e nos espaços urbanos.

- Trabalho livre no campo e na cidade após a abolição.

- O trabalhador negro no mercado de trabalho livre.

- Imigração e migrações internas em busca de trabalho.

• É importante pesquisar a luta do Quilombo dos Palmares, cuja liderança mais

conhecida é a de Zumbi dos Palmares. Incentive os alunos a pesquisar, também a

realidade dos quilombolas atuais.

• Pesquisar a história das lutas pelos direitos trabalhistas, nas greves, no início do

século XX.

• Pesquisar a implementação de direitos trabalhistas no governo Vargas.

• Pesquisar a respeito das iniciativas associativas e cooperativadas de trabalhadores

na economia solidária. Professor, reflita com os alunos sobre alternativas de geração

de trabalho e renda existentes em que não há a figura do patrão, como: agricultura

familiar, catadores de materiais recicláveis, cooperativas de prestação de serviços,

fábricas recuperadas, etc.

Projeto Memória10

o Ministério da Previdência Social lançou, em abril de 2008, a cartilha Idoso – Cidadão Brasileiro:

Informações Sobre Serviços e Direitos? Destinada aos aposentados com mais de 60 anos, a cartilha

tem como objetivo apresentar todos os serviços e as políticas do governo voltados à terceira idade.

Infelizmente, assim como João Cândido, ainda que por outras razões, muitos brasileiros envelhecem

sem o direito à aposentadoria, mesmo tendo grande parte deles trabalhado bastante a vida inteira.

Entretanto, por terem atuado por conta própria ou não terem sido registrados pelos patrões, aca-

bam ficando excluídos. A situação começou a mudar a partir da Constituição de 1988, quando todos

os cidadãos do campo e da cidade, com idade superior a 65 anos e que não tenham nenhuma fonte

de aposentadoria, passaram a ter direito a receber mensalmente do Governo Federal um salário míni-

mo, por intermédio do Benefício de Prestação Continuada de Assistência Social – BPC. Para mais

informações sobre a Cartilha do Idoso e a aposentadoria, o Governo Federal disponibiliza o telefo-

ne 135 ou o site www.previdencia.gov.br.

voce sabia que...ˆ

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11João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

DIREITO À V IDA SAUDÁVEL

Neste módulo, propomos do desenvolvimento de atividades que buscam rela-

cionar os aspectos ligados à saúde e o meio ambiente.

A Constituição Federal de 1988, no Art. 196 do Título VIII, Capítulo II, Seção II,

estabelece que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e

de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua pro-

moção, proteção e recuperação.

Ao abordarmos o direito à vida saudável, não devemos nos restringir ao corpo

humano; devemos incluir, nessa discussão, a crise ambiental traduzida pelas diversas

violações ao meio ambiente, pois a Constituição Federal também garante, no Art.

225 do Título VIII, Capítulo VI, Seção II, que todos têm direito ao meio ambiente eco-

logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e pre-

servá-lo para as presentes e futuras gerações.

A. TEMAS

Os seres humanos e o meio ambiente

O corpo humano e a saúde

B. SUGESTÕES DE ATIV IDADES

Os seres humanos e o meio ambiente

Salvar oceanos, preservar vidas

Para João Cândido, o mar era um amigo. E nós somos amigos do mar? Edo planeta? João Cândido amou o mar por toda a vida! Nele cresceu, fez

amigos, conheceu o mundo, fez história e se fez homem. Mais tarde, expulsopela Marinha, graças ao mar, continuou sustentando a família (...)

(...) Medidas já estão sendo adotadas por países que entendem que não apenas a destrui-ção do mar, mas também das florestas, da fauna e dos recursos hídricos representa nossadestruição como espécie. Entretanto, na contramão dessa luta, algumas nações ainda insis-tem em desafiar os limites da Terra.

A vida de hoje

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• Conversar como os alunos que os animais também têm direitos, que são expressos

na Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada pela UNESCO em 15

de outubro de 1978, em Paris, na França, que já completou 30 anos de existência.

Tráfico de animais é crime e maus-tratos também!

• Propor a realização de entrevistas com as pessoas mais antigas da região sobre as

mudanças no clima e no ecossistema.

• Solicitar aos alunos que fotografem ou desenhem o que identificam como pre-

judicial ao meio ambiente na sua comunidade e fazer uma exposição na escola.

Propor aos alunos que apresentem soluções para os aspectos prejudiciais encon-

trados por eles.

• Refletir com os alunos a respeito da importância da reciclagem de resíduos sólidos

e líquidos, por exemplo: papel, plástico, vidro, metal, óleos, etc.

• Conversar sobre o Protocolo de Kyoto, realizado no Japão em 1997, mas que só

passou a vigorar em 2005. Destacar que esse protocolo é um tratado internacional

com compromissos mais rígidos para redução da emissão dos gases que provocam

o efeito estufa e o aquecimento global e que há países, como os Estados Unidos, que

não assinaram tal documento. Professor, verifique com seus alunos o porquê dessa

negativa de uma nação tão importante no contexto mundial.

O corpo humano e a saúde

Projeto Memória12

João Cândido sofria de tuberculose pulmonar, a forma mais comum da doença, que é típica de paí-

ses pobres? No Brasil, ela mata cerca de seis mil pessoas por ano. O tratamento é feito gratuita-

mente através do Sistema Único de Saúde (SUS), em postos e hospitais. Contudo, por ser longo,

acaba muitas vezes sendo abandonado pelo paciente, o que pode causar sérios riscos à sua saúde,

pois os sintomas da doença podem diminuir enquanto ela continua se alastrando. O dia 24 de março,

mesma data em que o médico alemão Robert Koch descobriu, em 1882, o bacilo da tuberculose, foi

instituído como o Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose. Para mais informações sobre essa e

outras doenças presentes no país, o Ministério da Saúde disponibiliza o telefone do DISQUE SAÚDE:

0800 61 1997.

voce sabia que...ˆ

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Ter saúde é mais do que não ter doença. É uma sensação de bem-estar que

depende de muitos fatores, dentre eles, os econômicos, políticos, culturais, ambien-

tais, comportamentais e biológicos.

• Analisar com os alunos os fatores que pesam em determinados problemas de

saúde: no caso da tuberculose, por exemplo, é apenas o aspecto biológico que

conta?

• Identificar, na região onde vivem os alunos, o que influencia na saúde: clima, quali-

dade da água, habitação, etc.

• Observar o quadro Retirantes, do pintor Cândido Portinari. No ano de 2003, foi

comemorado o centenário desse artista. O quadro ilustra uma família pobre e des-

nutrida que está deixando sua terra para tentar viver em um lugar melhor, onde

possa plantar e colher. Discutir os conceitos de desnutrição e subnutrição. Verificar

índice de mortalidade infantil por desnutrição. Por que isso acontece? O que fazer

para mudar?

• Identificar as formas de atendimento em saúde: postos de saúde, hospitais, progra-

mas de saúde. Os alunos sabem o que é o Sistema Único de Saúde (SUS) ou Programa

Saúde da Família? Propor pesquisa sobre sua história, princípios e funcionamento.

• Refletir com os alunos sobre formas de organização da população para a melhoria

das condições de vida e de saúde. Explicar as formas de atuações coletivas e comu-

nitária por meio de associações de moradores, grupos de portadores de determina-

das doenças ou limitações físicas, sindicatos e outros movimentos sociais, que lutam

pela melhoria do serviço público de saúde, saneamento e pela conquista e exercício

dos seus direitos?

• Articular com profissionais de saúde informações e orientações a seus alunos sobre

os cuidados com a saúde. Divulgar sobre os serviços de saúde mais próximos da

região, que façam atendimentos específicos para crianças e jovens, como, por exem-

plo: grupos de discussão sobre sexualidade, prevenção ao uso de drogas, médicos

pediatras e ebeatras (especialista em adolescentes), etc.

É bom lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente garante a proteção

a crianças e jovens, em relação a qualquer tipo de violência (abuso sexual, violência

física, violência psicológica, negligência) e que o Conselho Tutelar pode orientá-lo a

tomar providências em caso de necessidade!

13João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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Projeto Memória14

DIREITO À CULTURA

Como mostra o Almanaque, mesmo vivendo em condições precárias, João

Cândido alfabetizou-se e tornou-se leitor e sempre muito interessado em acom-

panhar os acontecimentos que se desenrolavam a sua volta.

As atividades sugeridas permitem que variados aspectos da cultura sejam abor-

dados: a importância da cultura oral da comunidade; da reflexão; do desenvolvi-

mento do senso crítico, inclusive em relação aos meios de comunicação, etc.

A. TEMAS

Diferentes culturas, diferentes linguagens

Meios de comunicação

A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, proclamada pela UNESCO em

2002, estabelece, no Artigo 5º, que toda pessoa deve poder expressar-se, criar e

difundir suas obras na língua que deseje e, em particular, na sua língua materna; toda

pessoa tem o direito a uma educação e uma formação de qualidade que respeite ple-

namente sua identidade cultural; toda pessoa deve poder participar na vida cultural

que escolha e exercer suas próprias práticas culturais, dentro dos limites que impõe

o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

Alunos que não sabem ler

Em 2008, o Brasil ainda possui 2,4 milhões de analfabetos com idadeentre 14 e 17 anos, dos quais 2,1 milhões (87%) freqüentavam a escola

no ano anterior. Esse número revela a realidade de estudantes que não sabemler e escrever. Os dados são do IBGE (Síntese de Indicadores Sociais). Constata-se

também que, entre os jovens de 21 anos, 8% dos negros estão nas universidades, cifra quecorresponde a 24% entre os brancos da mesma idade.

A vida de hoje

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B. SUGESTÕES DE ATIV IDADES

Diferentes culturas, diferentes linguagens

“O primeiro Censo Demográfico realizado no Brasil, em 1872, contou 10 milhões

de habitantes, incluindo escravos e escravas. O analfabetismo estava presente em

cerca de 80% da população. Mas isso não significava falta de cultura ou desinforma-

ção generalizada: a transmissão pela oralidade atravessava todos os setores sociais

e as identidades culturais, mesmo quando não reconhecidas como tais, permitiam

estratégias de resistência e sobrevivência.” (p. 6)

• Pesquisar e comparar o índice de analfabetismo entre brancos, negros e índios

através da história. É importante destacar que a alfabetização também foi um meca-

nismo histórico de colonização cultural. Conversar com os alunos que hoje os povos

indígenas aprendem a língua portuguesa para melhor lutar pelos seus direitos, além

de utilizarem o alfabeto em seus idiomas, para preservar suas culturas e tradições.

• Refletir com os alunos a respeito de motivos que fizeram com que ainda existam

pessoas não alfabetizadas em sua comunidade. Converse com os alunos sobre ações

voltadas para a alfabetização de jovens e adultos, como, por exemplo, o programa

Brasil Alfabetizado, do Governo .

“Os raros adultos que me deram a ler se retraíram diante da grandeza dos livros

e me pouparam de perguntas sobre o que é que eu tinha entendido deles. A esses,

claro, eu costumava falar de minhas leituras.” (PENNAC, D. Como Um Romance. 3.ed.

Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 167).

A leitura é o momento em que o leitor se encontra com o texto de forma única,

especial. Na sua leitura solitária, ele deve ter liberdade para interpretar de maneira

pessoal o que está lendo.

• Pedir para os alunos comentarem o que gostam de conversar e, professor, propo-

nha aos alunos recortar, de revistas e jornais, pequenos trechos de textos de assun-

tos que eles gostem, avisando-os que, em seguida, serão lidos por eles. Procure tam-

bém refletir com os alunos a respeito do prazer de ler o que se gosta, estimulando-

os para desenvolverem o hábito de buscar assuntos em textos de seus interesses.

• Conhecer a origem das palavras é compreender melhor seu significado. É ainda

compreender que a linguagem é algo que está em constante transformação. Ao ser-

15João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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mos informados pelo Almanaque Histórico que, por exemplo, o vocábulo capital vem

do latim capitale, que significa cabeça, e que República vem de Res pública (coisa

pública), ampliamos nossa compreensão do uso dessas palavras. Identificar outras

palavras em dicionário, cuja origem seja interessante conhecer para ampliar a com-

preensão de seu significado.

• Já a palavra almanaque, de origem árabe (al – manakh), se referia ao lugar onde os

beduínos conversavam e trocavam informações sobre o dia-a-dia. No Brasil, em

meados do século XIX, passou a ter como significado: publicação com calendário

completo e com matérias recreativas e informativas. Propor aos alunos a criação de

um almanaque da turma a partir de temas do interesse dos alunos.

No Brasil de antigamente

Vivia-se a lei do cão

O negro pobre não tinha

Direitos de cidadão

Privilégios não teria

Conceito ou cidadania

Liberdade ou posição...

E hoje só recordação

Deste herói negro ficou

Que a lei seca da chibata

Junto à marinha acabou

Os seus feitos e sua história

Todos guardamos em memória

A tua fibra e valor

(Trecho do cordel A Revolta da Chibata, de Jota Rodrigues). (p. 37)

• Levar ou pedir para que os alunos levem à escola livros, cartas, jornais e revistas

para que todos analisem as diferentes formas de texto, o tipo de vocabulário utiliza-

do, a que faixa etária se destinam, bem como os valores e idéias veiculados.

Projeto Memória16

por dentro da história “É bem doloroso para um país forte e altivo ter de sujeitar-se às imposições de 700 ou

800 negros e pardos que, senhores dos canhões, ameaçaram a Capital da República.”

(Fanfulla, jornal de São Paulo, em 1910).

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• Pedir aos alunos que, imaginando-se vivendo no Rio de Janeiro, na época da

Revolta da Chibata, escrevam uma carta para um amigo que mora em outra cidade,

relatando os últimos acontecimentos.

• Aproveitar a oportunidade para falar também sobre as diferentes maneiras que as

pessoas têm de se comunicar. Por exemplo:

As pessoas com necessidades especiais, principalmente as que possuem defi-

ciência auditiva, que se comunicam por meio da Língua de Sinais (LIBRAS).

• Apresentar aos alunos uma foto de uma pintura ou escultura para que eles façam

a sua análise. Pedir para os alunos comentarem suas opiniões e percepções. É impor-

tante destacar que as percepções e opiniões são individuais e devem ser respeita-

das. É importante, também, estimular os alunos a compartilhar suas opiniões, tendo

como princípio a garantia da livre expressão.

• Pedir para os alunos escolherem algo que apreciem: uma flor, uma concha, um qua-

dro. Solicitar que observem atentamente e, em seguida, expressem por meio de

cores e traços o que sentiram. É importante, também, estimular os alunos a com-

partilhar suas opiniões, tendo como princípio a garantia da livre expressão.

• A comunicação por meio da música: pedir para que os alunos levem para a aula

letras de músicas que gostam. Analisar as letras dessas canções com eles. Do que

tratam? Há rimas? Analisar com os alunos se houve, na turma, preferência por algum

tema. Verificar que, na página 9 do Almanaque, há uma referência interessante ao

chorinho. Destacar a importância da pluralidade musical do nosso país, por exemplo:

forró, samba, fandango, catira, carimbó, etc.

17João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

Negrinho do Pastoreio é uma lenda tradicional do Rio Grande do Sul? De origem africana, fala de um

estancieiro que mandou castigar seu escravo, um menino, porque havia deixado fugir um de seus

cavalos. Após a surra, teve de sair à noite pelos campos para encontrar o animal. Enfrentou a escu-

ridão com um toco de vela e uns pavios de fogo. Retornou para a fazenda sem o animal e, após ser

novamente espancado, foi atirado, por ordem do fazendeiro, dentro de um formigueiro. No dia seguin-

te, para a surpresa de todos, o menino estava bem, vivo e feliz ao lado do animal perdido. Desde então,

ficou sendo o “achador de coisas”. Basta fazer o pedido e acender um toquinho de vela para ele.

voce sabia que...ˆ

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Meios de comunicação

Ao longo do Almanaque Histórico, há diversas referências ao papel da imprensa

na formação da opinião pública.

• Propor que a turma se divida em grupos para elaborar um jornal que tenha uma

linha favorável e outra desfavorável à Revolta da Chibata, liderada por João Cândido.

Para isso, faça com que os alunos analisem inicialmente a composição dos jornais

atuais: editorial, artigo, notícia, reportagem, entrevista, charge, quadrinhos, carta do

leitor; e, a partir desses elementos, criem seus jornais. Poderão ser incluídas notícias

referentes a outros acontecimentos do início do século XX (veja as referências à

Reforma Pereira Passos, na página 16 do Almanaque Histórico).

• Fazer um levantamento com os alunos de seus sonhos de consumo. Em que medi-

da a propaganda (em tevê, revistas, jornais, rádio) influencia e define esses sonhos

de consumo?

• Combinar com os alunos que têm acesso à tevê de, no mesmo dia, observarem os

diferentes programas (novela, intervalo comercial, noticiário ou desenho animado),

procurando refletir sobre: como os meios de comunicação tratam a questão da diver-

sidade humana (gênero, etnia, deficiência física, etc.)? Todos são apresentados da

mesma forma? E as crianças e jovens, como são apresentados? Como os negros, os

deficientes físicos, crianças e jovens são apresentados? Refletir com os alunos sobre

suas percepções acerca da existência de pluralidade ou não da diversidade na tevê.

• O Almanaque Histórico nos conta que, em diversas ocasiões, jornalistas, artistas e

escritores foram censurados quando se referiram a João Cândido e à Revolta da

Chibata. Analisar com os alunos os momentos políticos em que a censura esteve

mais acentuada no Brasil.

Projeto Memória18

Os meios de comunicação sempre tiveram atuação política no Brasil? Isso ocorreu desde os primeirosjornais impressos no País, a partir de 1808 (ano da chegada da Corte portuguesa), como a Gazeta doRio de Janeiro e o Correio Braziliense (editado em Londres). Os meios de comunicação não são total-mente imparciais e têm a tradição de interferir no destino de todos. Parte da imprensa desempenhouimportante papel no processo de Independência, mas outros jornais da época eram contra o movi-mento. Na Abolição, ocorreu o mesmo: alguns jornais apoiavam a escravidão, outros a combatiam. Nosanos 1830, surgiram pequenos periódicos que discutiam a questão racial, entre eles O Homem de Cor,considerados precursores dos jornais abolicionistas que surgiram meio século depois.

voce sabia que...ˆ

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19João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

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Guia do Professor

João Cândido – A luta pelos Direitos Humanos

Coordenação Geral

Elizabete Braga

Coordenação de Produção

Flávia Diab

Assessoria de Produção

Stanley Whibbe

Coordenação de Administração

Ruy Godinho

Consultoria de Conteúdos

Marco Morel

Equipe de Pesquisa

Coordenadores

Marco Morel

Tânia Bessone

Auxiliares

Gabriel Labanca

Rodrigo Cardoso

Silvia Capanema

Revisão de Textos

Veridiana Steck

Projeto Gráfico e Diagramação

Miriam Lerner

Editorial

Flávia Diab

Capa

Lula Ricardi – XYZ Design

Produção

Abravídeo

Fundação Banco do Brasil

Presidente

Jacques de Oliveira Pena

Diretores Executivos

Elenelson Honorato Marques

Jorge Alfredo Streit

Gerente de Educação e Cultura

Marcos Fadanelli Ramos

Assessor

Claudio Alves Ribeiro Brennand

Petrobras

Presidente

José Sergio Gabrielli

Gerente Executivo de Comunicação Institucional

Wilson Santarosa

Gerente de Responsabilidade Social

Luis Fernando Nery

Gerente de Patrocínios

Eliane Costa

Gerente de Patocínios Culturais

Tais Wohlmuth Reis

Coordenador de Tecnologias Sociais

Lenart Nascimento

Associação Cultural do Arquivo Nacional (ACAN)

Diretoria Executiva

Licio Ramos de Araujo (Presidente)

Oscar Boëchat Filho (Vice-presidente)

Fernando João Abelha Salles

Jose Gomes de Almeida Netto

Presidente do Conselho Fiscal

Wanderlei Pinto de Medeiros

Presidente do Conselho Consultivo

Hans Jürgen Fernando Dohmann

Projeto Memória20

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