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Guia do participante

Brasil

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Apresentação

Do que se trata esse material?

O material que você está recebendo é parte do Programa de Fortaleci-mento do Terceiro Setor, promovido pela Global Communities Brasil.

Ele foi elaborado pelo Instituto Filantropia para atender a Global Commu-nities Brasil em seus projetos de desenvolvimento social de apoiar e complementar a aprendizagem de Formação de Conselhos de Direitos de Idosos, Crianças e Adolescentes, considerando algumas premissas que nos pareceram importantes:

Que seja simples e prático, sem ser superficial.Que ajude as pessoas a aprender a fazer, em vez de fazer por elas.Que valorize o não-saber, tanto quanto o saber, entendendo que uma boa pergunta é tão ou mais importante que uma boa resposta.Que contemple os diferentes níveis de desenvolvimento dos Conselhos.

O material traz o conteúdo básico sobre Gestão, distribuído em três partes:

I. Direitos Humanos no BrasilII. Direitos da Criança e do Adolescente no BrasilIII. Direitos do Idoso no Brasil

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A que esse material se propõe e a quem ele se destina?

Este material se propõe a ser uma fonte de informações para que as pessoas envolvidas com os Conselhos de Direitos de Idosos, Crianças e Adolescentes possam aprofundar seu conhecimento em gestão, criando capacidades e habilidades para ajudar os Conselhos em seu caminho de desenvolvimento e fortalecimento.

E você, se reconhece no perfil a quem esse material se destina?Você se vê como essa pessoa que pode ajudar o Conselho a alçar novos patamares de desenvolvimento?

Use estes espaços em branco

nas bordas das folhas para fazer suas

anotações.

Ah, e também

preste atenção

nesses ícones, eles

indicam pontos importantes

do texto. Boa leitura!

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Direitos Humanos no Brasil

Direitos Humanos no Brasil

A história dos Direitos Humanos no Brasil está vinculada, de forma direta, à história das constituições brasileiras –, sancionadas em 1824 (Consti-tuição Imperial), 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988.

A primeira Carta Magna (1824) trouxe várias das reivindicações de li-berdade que culminaram com a consagração dos direitos humanos pela referida Constituição, que, apesar de autoritária (por concentrar uma grande soma de poderes nas mãos do imperador), revelou-se liberal no reconhecimento dos direitos. De acordo com o texto, a inviolabilidade dos direitos civis e políticos tinha por base a liberdade, a segurança indi-vidual e, como não poderia deixar de ser, a propriedade (valor, de certa forma, questionável).

Em 24 de fevereiro de 1891 foi promulgada a primeira Constituição re-publicana, que instituiu o sufrágio direto para a eleição dos deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República. No entanto, de-terminava também que os mendigos, os analfabetos e os religiosos não poderiam exercer tais direitos políticos. Além disso, aboliu a exigência de renda como critério de exercício dos direitos políticos. É possível, contudo, afirmar que a primeira Constituição republicana já ampliara os direitos humanos, mantendo, ainda, os já consagrados pela Constituição Imperial de 1824.

Mais adiante, a Revolução de 1930 provocou um total desrespeito aos direitos humanos, que foram praticamente esquecidos. Houve a disso-lução do Congresso Nacional e das Câmaras Municipais; as franquias constitucionais foram suspensas; os juízes perderam suas garantias; e o habeas corpus ficou restrito a réus ou acusados em processos de cri-mes comuns. Muitos protestaram, desencadeando a Revolução Cons-titucionalista de 1932, o que gerou a nomeação, pelo governo provisó-rio, da Comissão do Itamaraty, voltada à elaboração de um projeto de Constituição.

Já a Constituição de 1934 estabeleceu algumas franquias liberais, quais sejam: a determinação para que a lei tivesse o condão de prejudicar o di-reito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; o veto à pena de caráter perpétuo; a proibição de prisão por dívidas, multas ou custas; a criação de assistência judiciária aos necessitados; a instituição dá

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Direitos Humanos no Brasil

obrigatoriedade de comunicação imediata de qualquer prisão ou deten-ção ao juiz competente para que a relaxasse, se ilegal, promovendo a responsabilidade da autoridade coatora, entre várias outras.

A Constituição de 1934 ainda inovou ao trazer normas de proteção social ao trabalhador, com proibição da diferença de salário para um mesmo trabalho em razão de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; proibi-ção do trabalho para os menores de 14 anos, trabalho noturno para os menores de 16 anos e trabalho insalubre para os menores de 18 anos e para as mulheres; determinou a estipulação de um salário-mínimo capaz de atender às necessidades básicas do trabalhador, o repouso sema-nal remunerado e a limitação de trabalho a oito horas diárias, que só poderiam ser prorrogadas nos casos legalmente previstos, entre outras garantias sociais. Os direitos culturais também não foram excluídos.

Durante o regime do Estado Novo, houve a criação dos polêmicos tribu-nais de exceção, que tinham a competência para julgar crimes contra a segurança do Estado. Naquela época, foi declarado estado de emergên-cia no país, com a suspensão de quase todas as liberdades a que o ser humano tinha direito, incluídos o direito de ir e vir, o sigilo de correspon-dência e a liberdade de todos os outros meios de comunicação, orais ou escritos, além da liberdade de reunião, entre outras. Pode-se afirmar, sem dúvida alguma, que os direitos humanos foram quase inexistentes durante o período em que vigorou o Estado Novo.

Com a Constituição de 1946, o país restaurou os direitos e garantias individuais e os direitos sociais, inclusive com a ampliação dos mesmos. Citam-se como exemplos a proibição do trabalho noturno a menores de 18 anos, o estabelecimento do direito de greve, a estipulação de um sa-lário mínimo capaz de atender às necessidades do trabalhador e de sua família, entre outros.

A Constituição de 1967, contudo, trouxe inúmeros retrocessos, como a supressão da liberdade de publicação, a restrição ao direito de reunião, o estabelecimento de foro militar para os civis, a manutenção de todas as punições e arbitrariedades decretadas pelos Atos Institucionais. O texto continha em seu texto o respeito à integridade física e moral do detento e do presidiário, preceito que, na prática, não existia.

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Direitos Humanos no Brasil

No tocante aos demais direitos, os retrocessos continuaram: redução da idade mínima de permissão para o trabalho para 12 anos; restrição ao direito de greve; fim da proibição de diferença de salários por motivos de idade e de nacionalidade; restrição da liberdade de opinião e de expres-são; retrocesso na esfera dos chamados direitos sociais.

Essa Constituição vigorou, formalmente, até 1969, embora o AI-5, que ampliou arbitrariedades, dando ao governo a prerrogativa de confiscar bens. Para se ter ideia, houve até mesmo a suspensão do habeas cor-pus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. Período conhecido como de arbitrariedades e corrupções, houve inúmeros casos de tortura e assas-sinatos políticos. A imprensa, por sua vez, nada podia fazer, eis que se encontrava literalmente “amordaçada”.

A Constituição de 1988 veio para proteger, talvez tardiamente, os direitos do homem. Isso porque as mudanças poderiam ter ocorrido na Constitui-ção de 1946 a qual, embora reconhecida sua relevância para o cenário nacional, logo em seguida foi derrubada pela ditadura estado-novista. Ulisses Guimarães denominava a Constituição de 1988 de “Constituição cidadã”.

A questão da dignidade da pessoa humana é abordada na Constitui-ção de 1988 já em seu preâmbulo, quando anuncia a inviolabilidade à liberdade e, depois no artigo primeiro, com os fundamentos e, ainda, no inciso terceiro (a dignidade da pessoa humana); mais adiante, no artigo quinto, quando menciona a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à igualdade.

A Carta de 1988 representa a ruptura jurídica com o regime militar au-toritário que perpetuou no Brasil de 1964 a 1985. Com a Constituição de 1988, houve uma espécie de “redefinição do Estado brasileiro”, bem como de seus direitos fundamentais.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

Direitos da Criança edo Adolescente no Brasil

Histórico

Até 1900 – Final do Império e início da República

Não se tem registro, até o início do século XX, do desenvolvimento de políticas sociais desenhadas pelo Estado brasileiro. As populações eco-nomicamente carentes eram entregues aos cuidados da Igreja Católica através de algumas instituições, entre elas as Santas Casas de Miseri-córdia. Estas instituições atuavam tanto com os doentes quanto com os órfãos e desprovidos.

O ensino obrigatório foi regulamentado em 1854. No entanto, a lei não se aplicava universalmente, já que ao escravo não havia esta garantia. O acesso era negado também àqueles que padecessem de moléstias contagiosas e aos que não tivessem sido vacinados. Estas restrições atingiam as crianças vindas de famílias que não tinham pleno acesso ao sistema de saúde, o que faz pensar sobre a influência da acessibilidade e qualidade de uma política social sobre a outra ou como vemos aqui, de como a não cobertura da saúde restringiu o acesso das crianças à escola, propiciando uma dupla exclusão aos direitos sociais.

Com relação à regulamentação do trabalho, houve um decreto em 1891 – Decreto nº 1.313 – que estipulava em 12 anos a idade mínima para se trabalhar. Segundo alguns autores, no entanto, tal determinação não se fazia valer na prática, pois as indústrias nascentes e a agricultura conta-vam com a mão de obra infantil.

1900 a 1930 – A República

O início do século XX foi marcado, no Brasil, pelo surgimento das lutas sociais do proletariado nascente. Liderado por trabalhadores urbanos, o Comitê de Defesa Proletária foi criado durante a greve geral de 1917. O Comitê reivindicava, entre outras coisas, a proibição do trabalho de menores de 14 anos e a abolição do trabalho noturno de mulheres e de

menores de 18 anos.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Em 1923, foi criado o Juizado de Menores, tendo Mello Mattos como o primeiro Juiz de Menores da América Latina. No ano de 1927, foi promul-gado o primeiro documento legal para a população menor de 18 anos: o Código de Menores, que ficou popularmente conhecido como Código Mello Mattos.

O Código de Menores era endereçado não a todas as crianças, mas apenas àquelas tidas como estando em “situação irregular”. Visava es-tabelecer diretrizes claras para o trato da infância e juventude excluídas, regulamentando questões como trabalho infantil, tutela e pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada. Revestia a figura do juiz de grande poder, sendo que o destino de muitas crianças e adolescentes ficava a mercê do julgamento e da ética do juiz.

1930 a 1945 – Estado Novo

A revolução de 30 representou a derrubada das oligarquias rurais do poder político. O desenvolvimento de um projeto político para o país era, na visão de estudiosos, ausente neste momento, por não haver um gru-po social legítimo que o pudesse idealizar e realizar. Isto acabou por permitir o surgimento de um Estado autoritário com características cor-porativas, que fazia das políticas sociais o instrumento de incorporação das populações trabalhadoras urbanas ao projeto nacional do período.

O Estado Novo, como ficou conhecido este período, vigorou entre 1937 e 1945, sendo marcado no campo social pela instalação do aparato exe-cutor das políticas sociais no país. Dentre elas destaca-se a legislação trabalhista, a obrigatoriedade do ensino e a cobertura previdenciária as-sociada à inserção profissional, alvo de críticas por seu caráter não uni-versal, configurando uma espécie de cidadania regulada – restrito aos que tinham carteira assinada.

O sufrágio universal foi reconhecido nesta época como um direito políti-co de indivíduos, excluídos até então, como as mulheres.

Em 1942, período considerado especialmente autoritário do Estado Novo, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor – SAM. Tratava-se de um órgão do Ministério da Justiça e que funcionava como um equi-

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

valente do sistema Penitenciário para a população menor de idade. Sua orientação era correcional-repressiva. O sistema previa atendimento di-ferente para o adolescente autor de ato infracional e para o menor caren-te e abandonado, de acordo com a tabela abaixo:

Atendimento no Serviço de Assistência ao Menor

Situação irregular Adolescente autor de ato infracional

Menor carente e abandonado

Tipo de Atendimento Internatos: reformatórios e casas de correção

Patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem

de ofícios urbanos

Além do SAM, algumas entidades federais de atenção à criança e ao adolescente ligadas à figura da primeira dama foram criadas. Alguns destes programas visavam o campo do trabalho, sendo todos eles atra-vessados pela prática assistencialista:

• LBA – Legião Brasileira de Assistência – agência nacional de assistência social criada por Dona Darcy Vargas. Intitulada ori-ginalmente de Legião de Caridade Darcy Vargas, a instituição era voltada primeiramente ao atendimento de crianças órfãs da guerra. Mais tarde expandiu seu atendimento.

• Casa do Pequeno Jornaleiro: programa de apoio a jovens de baixa renda baseado no trabalho informal e no apoio assistencial e socioeducativo.

• Casa do Pequeno Lavrador: programa de assistência e aprendi-zagem rural para crianças e adolescentes filhos de camponeses.

• Casa do Pequeno Trabalhador: programa de capacitação e en-caminhamento ao trabalho de crianças e adolescentes urbanos de baixa renda.

• Casa das Meninas: programa de apoio assistencial e socioedu-cativo a adolescentes do sexo feminino com problemas de con-duta.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

1945 a 1964 – Redemocratização

O Governo Vargas é deposto em 1945 e uma nova constituição é pro-mulgada em 1946, a quarta Constituição do país. De caráter liberal, esta constituição simbolizou a volta das instituições democráticas. Restabe-leceu a independência entre os 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), trouxe de volta o pluripartidarismo, a eleição direta para presidente (com mandato de 5 anos), a liberdade sindical e o direito de greve. Acabou também com a censura e a pena de morte.

Em 1950, foi instalado o primeiro escritório do UNICEF no Brasil, em João Pessoa, na Paraíba. O primeiro projeto realizado no Brasil desti-nou-se às iniciativas de proteção à saúde da criança e da gestante em alguns estados do nordeste do país.

O SAM passa a ser considerado, perante a opinião pública, repressivo, desumanizante e conhecido como “universidade do crime”. O início da década de 60 foi marcado, portanto, por uma sociedade civil mais bem organizada, e um cenário internacional polarizado pela guerra fria, em que parecia ser necessário estar de um ou outro lado.

1964 a 1979 – Regime Militar

O Golpe Militar de 1964 posicionou o Brasil, frente ao panorama internacional da guerra fria, em linha com os países capitalistas. Uma ditadura militar foi instituída, interrompendo por mais de 20 anos o avan-ço da democracia no país. Em 1967, houve a elaboração de uma nova Constituição, que estabeleceu diferentes diretrizes para a vida civil. A presença autoritária do estado tornou-se uma realidade. Restrição à li-berdade de opinião e expressão; recuos no campo dos direitos sociais e instituição dos Atos Institucionais que permitiam punições, exclusões e marginalizações políticas eram algumas das medidas desta nova ordem trazidas pelo golpe. Como forma de conferir normalidade a está prática de exceção foi promulgada em 1967, nova constituição Brasileira.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

O período dos governos militares foi pautado, para a área da infância, por dois documentos significativos e indicadores da visão vigente:

• A Lei que criou a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Lei 4.513 de 1º/12/1964).

• O Código de Menores de 1979 (Lei 6.697 de 10/10/1979).

A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor tinha como objetivo for-mular e implantar a Política Nacional do Bem Estar do Menor, herdando do SAM prédio e pessoal e, com isso, toda a sua cultura organizacional. A Funabem propunha-se a ser a grande instituição de assistência à in-fância, cuja linha de ação tinha na internação, tanto dos abandonados e carentes como dos infratores, seu principal foco.

O Código de Menores de 1979 constituiu-se em uma revisão do Código de Menores de 27, não rompendo, no entanto, com sua linha principal de arbitrariedade, assistencialismo e repressão junto à população infan-to-juvenil. Esta lei introduziu o conceito de “menor em situação irregular”, que reunia o conjunto de meninos e meninas que estavam dentro do que alguns autores denominam infância em “perigo” e infância “perigosa”.

A partir de meados da década de 1970, começou a surgir, por parte de alguns pesquisadores acadêmicos, interesse em se estudar a população em situação de risco, especificamente a situação da criança de rua e o chamado delinquente juvenil. A importância destes trabalhos nos dias de hoje é grande pelo ineditismo e pioneirismo do tema.

Destacam-se os seguintes trabalhos, que ser tornaram referência biblio-gráfica:

• “A criança, o adolescente, a cidade”: pesquisa realizada pelo CE-BRAP- São Paulo em 1974.

• “Menino de rua: expectativas e valores de menores marginaliza-dos em São Paulo”: pesquisa realizada por Rosa Maria Fischer em 1979.

• “Condições de reintegração psico-social do delinqüente juvenil; estudo de caso na Grande São Paulo”: tese de mestrado de Vir-ginia P. Hollaender pela PUC/SP em 1979.

• “O Dilema do Decente Malandro” tese de mestrado defendida por Maria Lucia Violante em 1981, publicado posteriormente pela editora Cortez.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Década de 1980 – Abertura Política e nova Redemocratização

A década de 1980 permitiu que a abertura democrática se tornasse uma realidade. Isto se materializou com a promulgação, em 1988, da Consti-tuição Federal, considerada a Constituição Cidadã. Para os movimentos sociais pela infância brasileira, a década de 80 representou também im-portantes e decisivas conquistas.

Formada em 1987, a Assembleia Nacional Constituinte, presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, membro do PMDB, era composta por 559 congressistas e durou 18 meses. Em 5 de outubro de 1988, foi então promulgada a Constituição Brasileira que, marcada por avanços na área social, introduz um novo modelo de gestão das políticas sociais – que conta com a participação ativa das comunidades através dos conselhos deliberativos e consultivos.

Na Assembleia Constituinte organizou-se um grupo de trabalho compro-metido com o tema da criança e do adolescente, cujo resultado concreti-zou-se no artigo 227, que introduz conteúdo e enfoque próprios da Dou-trina de Proteção Integral da Organização das Nações Unidas, trazendo os avanços da normativa internacional para a população infanto-juvenil brasileira. Este artigo garantia às crianças e adolescentes os direitos fun-damentais de sobrevivência, desenvolvimento pessoal, social, integrida-de física, psicológica e moral, além de protegê-los de forma especial, ou seja, através de dispositivos legais diferenciados, contra negligência, maus tratos, violência, exploração, crueldade e opressão.

Estavam lançadas, portanto, as bases do Estatuto da Criança e do Adolescente, cuja Comissão de Redação do ECA teve representação de três grupos expressivos: movimentos da sociedade civil, juristas (principalmente ligados ao Ministério Público) e técnicos de órgãos go-vernamentais (notadamente funcionários da própria Funabem).

Muitas das entidades vindas dos movimentos da sociedade civil surgi-ram em meados da década de 1980 e tiveram uma participação fun-damental na construção deste arcabouço legal que temos hoje. Como exemplos, destaca-se o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) e a Pastoral da Criança.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

Década de 1990 – Consolidando a Democracia

A promulgação do ECA (Lei 8.069) ocorreu em 13 de julho de 1990, consolidando uma grande conquista da sociedade brasileira: a produ-ção de um documento de direitos humanos que contempla o que há de mais avançado na normativa internacional em respeito aos direitos da população infanto-juvenil. Este novo documento altera significativamen-te as possibilidades de uma intervenção arbitrária do Estado na vida de

crianças e jovens. Como exemplo disto pode-se citar a restrição que o ECA impõe à medida de internação, aplicando-a como último recurso, restrito aos casos de cometimento de ato infracional.

Desde a promulgação do ECA, um grande esforço para a sua implemen-tação vem sido feito nos âmbitos governamental e não–governamental. A crescente participação do terceiro setor nas políticas sociais, fato que ocorre com evidência a partir de 1990, é particularmente forte na área da infância e da juventude. A constituição dos conselhos dos direitos, uma das diretrizes da política de atendimento apregoada na lei, determina que a formulação de políticas para a infância e a juventude deve vir de um grupo formado paritariamente por membros representantes de orga-nizações da sociedade civil e membros representantes das instituições governamentais.

O “Desafio da Implementação do Estatuto da Criança e do Ado-lescente” denomina de salto triplo os três pulos necessários à efetiva implementação da lei. São eles:

• Mudanças no panorama legal: os municípios e estados precisam se adaptar à nova realidade legal. Muitos deles ainda não con-tam, em suas leis municipais, com os conselhos e fundos para a infância.

• Ordenamento e reordenamento institucional: colocar em prática as novas institucionalidades trazidas pelo ECA: conselhos dos direitos, conselhos tutelares, fundos, instituições que executam as medidas socioeducativas e articulação das redes locais de proteção integral.

• Melhoria nas formas de atenção direita: É preciso aqui “mudar a maneira de ver, entender e agir dos profissionais que trabalham diretamente com as crianças e adolescentes”. Estes profissio-

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

nais são historicamente marcados pelas práticas assistencialis-tas, corretivas e muitas vezes repressoras, presentes por longo tempo na historia das práticas sociais do Brasil.

As atribuições do Conselho Municipaldos Direitos da Criança e do Adolescente

Compete ao CMDCA formular e coordenar apolítica municipal com vis-tas às garantias da sua promoção, da sua defesa, da sua orientação e à proteção integral da criança e do adolescente. Para tanto, deverá:

• Fixar prioridades para a consecução das ações para a captação dos recursos.

• Cumprir e fazer cumprir, no âmbito municipal, o Estatuto da Criança e do adolescente, as Constituições, Estadual e Federal, a lei Orgânica do Município e toda a legislação atinente a direitos e interesses da criança e do adolescente.

• Zelar pela execução da política dos direitos da criança e do ado-lescente, atendidas suas particularidades, as de suas famílias, de seus grupos de vizinhança e dos bairros ao da zona rural ou urbana em que se localizam.

• Requisitar da Prefeitura Municipal o apoio técnico especializado de assessoramento visando efetivar os princípios ou diretrizes e os direitos estabelecidos no estatuto da Criança e do Adolescen-te.

• Participar do planejamento orçamentário do Município, definin-do as prioridades a serem incluídas no Plano Municipal para a Criança e o Adolescente, no que se refere ou possa afetar as suas condições de vida.

• Acompanhar e controlar a execução da política municipal dos direitos da Criança e do adolescente, bem como dos programas e projetos da prefeitura.

• Estabelecer ações conjuntas com as diversas entidades para realização de eventos, estudos e pesquisas no campo da pro-moção, orientação, proteção integral e defesa da criança e ado-lescente.

• Estabelecer programas de aperfeiçoamento e atualização dos serviços públicos municipais que estejam diretamente ligados à execução das políticas dos direitos da criança e adolescente.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

• Estimular e incentivar a atualização permanente dos servidores das instituições governamentais e não governamentais, envolvi-das no atendimento à família, à criança e ao adolescente, respei-tando a descentralização político-administrativa contemplada na Constituição Federal.

• Coordenar serviços especiais de prevenção e atendimento médi-co e psicossocial; serviços de identificação e localização; o ser-viço jurídico-social; serviços de sistemas de profissionalização integral; fóruns permanentes de debates sobre temas relaciona-dos à criança e adolescente; serviços odontológicos preventivos e curativos; serviços de pesquisa e estudo socioeconômico-cul-tural; serviços especiais de atendimento à criança e ao adoles-cente portadores de necessidades especiais e outros serviços, programas e projetos.

• Difundir as políticas assistenciais básicas, praticadas em caráter supletivo visando a proteção integral.

• Registrar as entidades não governamentais de atendimento dos direitos da criança e do adolescente que mantenham os progra-mas abaixo relacionados, fazendo cumprir as normas do Estatu-to da Criança e Adolescente:

- Orientação e apoio sociofamiliar- Apoio socioeducativo em meio aberto- Colocação sociofamiliar- Abrigo- Liberdade Assistida- Semiliberdade- Internação- Profissionalização- Reabilitação- Programas, além dos citados, de outras entidades no Município. Verificar que a entidade:

- Esteja regularmente constituída- Não tenha em seus quadros pessoas inidôneas

• Registrar os programas, já referidos, das entidades governamen-tais que operam no município fazendo cumprir as normas cons-tantes no Estatuto;

• Manter comunicação com Conselho estadual dos Direitos da criança e do Adolescente, com os Conselhos Tutelares, bem como com organismos nacionais e internacionais que atuam na proteção, na defesa e promoção dos direitos da Criança e do ado-lescente, propondo ao município convênio de muita cooperação;

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

• Deliberar sobre a política da captação de recursos e pela sua correta aplicação no Fundo Municipal de Atendimento à Criança e ao Adolescente.

• Manter cadastro de todas as atividades, ações, projetos, planos, relatórios, pesquisas, estudos e outros, que tenham relação dire-ta ou indireta com a sua competência ou atribuições;

• Proporcionar integral apoio aos Conselhos Tutelares do Municí-pio, propondo, incentivando e acompanhando programas de pre-venção e atendimento biopsicossocial às crianças e aos adoles-centes para o perfeito cumprimento dos princípios e diretrizes do estatuto, bem como encaminhar-lhes devidamente as denúncias de violação dos direitos, controlando a execução das medidas necessárias a sua apuração.

• Regulamentar, organizar e coordenar, bem como adotar todas as providências que julgar cabíveis para a eleição e a posse dos membros dos Conselhos tutelares do Município;

• Dar posse aos membros dos Conselhos tutelares, conceder li-cença aos mesmos, nos termos do respectivo regulamento e, de-clarar vago o posto, por perda de mandato, nos casos previstos em lei;

• Estabelecer critérios, formas e meios de controle de procedimen-tos da atividade pública municipal relacionados com as delibera-ções do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-cente, encaminhando para o poder Legislativo as irregularidades encontradas;

• Aprovar o seu próprio Regimento Interno.

Sistema de Garantia de Direitos

Constantemente falamos do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), mas, afinal, no que ele consiste? Concebido pelo Estatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA), o SGD representa a articulação e a integração de várias instâncias do poder público na aplicação de mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e do adolescente, nos níveis federal, estadual, distrital e municipal.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

Constantemente falamos do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), mas, afinal, no que ele consiste?

Concebido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o SGD representa a articulação e a integração de várias instâncias do po-der público na aplicação de mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e do adolescente, nos níveis federal, estadual, distrital e municipal.

Embora diversos órgãos e autoridades possuam atribuições específicas a desempenhar, o SGD lhes confere igual responsabilidade na apuração e integral solução dos problemas existentes, tanto no plano individual quanto no coletivo.

O SGD pressupõe o trabalho em rede das instituições e dos atores en-volvidos na proteção da infância. É a atuação do SGD que materializa as políticas públicas, como direitos fundamentais, e atua diante da violação de direitos, realizando o controle social, por meio da sociedade civil, que contribui participando dos conselhos, executando políticas complemen-tares, produzindo conhecimento e mobilizando a sociedade em geral.

Quando uma pessoa liga para o Disque Direitos Humanos, conhecido como Dique 100, a central de atendimento recebe a denúncia, registra e a encaminha diretamente para o Con-selho Tutelar da região mais próxima à da origem do fato de-nunciado, com cópia para o Ministério Público da localidade para acompanhamento e monitoramento do caso. Quando o caso é de extrema gravidade, o Disque 100 aciona direta-mente a polícia ou as autoridades para que sejam tomadas as devidas providências.

As denúncias podem ser feitas também nas delegacias es-pecializadas em crimes contra crianças e adolescentes, que estão localizadas em várias cidades brasileiras ou nos Con-selhos Tutelares, que são os órgãos públicos que têm como missão zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes. Caso não exista uma delegacia especia-lizada em sua cidade, é possível procurar as delegacias co-muns para encaminhamento de queixas e de denúncias.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Nas estradas, caso seja identificado algum caso de explora-ção sexual de crianças e adolescentes, é possível ligar para 191 para fazer a denúncia à Polícia Rodoviária Federal. Em casos emergenciais, acione a Política Militar, pelo 190, dispo-nível 24 horas por dia.

Plano de ação e aplicaçãode recursos dos Conselhos

Para conhecer melhor a situação das crianças e adolescentes no muni-cípio, o primeiro passo é realizar um diagnóstico desta situação. Em mu-nicípios pequenos a tarefa é mais fácil. O Conselho Tutelar é um parceiro estratégico para o levantamento da situação da criança e do adolescente no município. É ele quem recebe as denúncias dos casos de violação dos direitos, é ele quem faz encaminhamentos das demandas. É ele, portanto, quem pode auxiliar o conselho no levantamento tanto dos principais problemas enfrentados, quanto da ausência de programas de atendimento nas diferentes áreas, como saúde, educação, cultura, esporte, lazer, convivência familiar e comunitária.

Em municípios maiores, é importante contar com a assessoria de institui-ções especializadas na realização de diagnósticos. Para isso, é neces-sário que o Conselho inclua no seu planejamento a contratação destas instituições para auxiliá-lo neste levantamento e que solicite dos órgãos municipais como as secretarias de saúde, da educação, da assistência social, entre outros, o repasse de dados sobre a situação da infância e adolescência no município. É muito importante que os conselhos façam isso no início da gestão municipal, pois é no primeiro ano de gestão que o plano plurianual é ela-borado e aprovado pela Câmara de Vereadores. O PPA será a diretriz.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

Diagnóstico

Realizar o diagnóstico é o primeiro passo na realização do planejamento e para a construção do plano de ação municipal. Elaborá-lo é identificar e analisar a situação da criança e do adolescente no município, bus-cando conhecer quais são os principais problemas e desafios a serem

superados, entender quais são suas causas, observar quais são seus efeitos, para definir as melhores formas de agir para transformar e me-lhorar a vida da população infanto-juvenil.

O diagnóstico ajudará a dimensionar as necessidades e demandas de programas e serviços que garantam os direitos das crianças e adoles-centes no município.

Por exemplo, o conhecimento da realidade municipal, por meio do diag-nóstico, poderá indicar as áreas de maior vulnerabilidade social bem como as necessidades de crianças e adolescentes em idade escolar, como a criação de programas de transporte escolar da população nesta faixa etária que vive no meio rural, ou em localidades mais distantes da sala de aula, ou mesmo identificar a demanda pela construção de escola mais próxima da moradia destas crianças, ou a necessidade de criação de programa para dependentes de substâncias químicas, ou um progra-ma de combate ao trabalho infantil e exploração sexual.

A realização do diagnóstico da situação de crianças e adolescentes no município possibilitará o acompanhamento e avaliação do plano de ação, e a identificação e avaliação das mudanças geradas na vida de crianças e adolescentes no município no período determinado.

A elaboração do diagnostico terá mais qualidade quanto maior for o en-volvimento dos responsáveis que conhecem e atuam diretamente com as políticas para crianças e adolescentes.

Quanto mais informações, pontos de vista e amplo envolvimento, melhor será a capacidade de identificar e analisar os problemas e maior a qua-lidade das propostas e ações para enfrentá-los.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Como fazer?

a. Pesquisar e descrever os problemas: levantar informações sobre as condições de vida das crianças e adolescentes, pesquisar e organizar dados para compreender a sua situação no município. O uso de indi-cadores, ou seja, dados qualitativos e quantitativos relativos à saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, lazer, entre outros, ajuda a dimensionar e contribui para descrever os problemas existentes. Se no seu município estes dados não estiverem organizados, há que se fazer um esforço para que eles fiquem disponíveis de maneira organi-zada. Para o mapeamento da realidade das crianças e adolescentes é recomendável:

• Consultar a população, criando espaços de diálogos com os di-ferentes setores, regiões do município e pessoas de atuação re-conhecida em favor das crianças e adolescentes.

• Consultar os órgãos municipais responsáveis pelas ações nas áreas de saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, lazer, entre outros.

• Consultar os Conselhos Tutelares, Vara da Infância e Ministério Público, conhecendo as principais denúncias de violações de di-reitos e demandas.

• Acessar as informações disponíveis em estudos realizados pelo IBGE, IPEA, Ministérios da Saúde e da Educação, Unicef, orga-nismos estaduais, universidades e institutos de pesquisa.

• Considerar as resoluções das Conferências Municipais sobre a criança e o adolescente, saúde, educação, assistência social, políticas para as mulheres, promoção da igualdade racial, direi-tos humanos, entre outras.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

b. Explicar as causas dos problemas: após o levantamento da situação e a descrição dos problemas, é necessário identificar as causas dos pro-blemas, considerando, inclusive, que um problema pode ter muitas cau-sas. Explicar um problema é reconhecer as consequências que o proble-ma provoca, permitindo uma melhor visão sobre as ações necessárias para enfrentá-lo. A explicação de um problema implica em estabelecer distinção entre:

– Os indicadores: o problema se identifica por meio de…– As causas: o problema se deve a…– As consequências: o problema produz impacto em…

c. O que fazer para superar os problemas levantados?

– Este é o papel do Plano de Ação Municipal.

Plano de Ação Municipalpara a Criança e o Adolescente

À luz do diagnóstico:

• Definir as prioridades: quais os principais problemas que se pre-tende modificar?

• Definir as metas: quais os desafios que se quer enfrentar e os resultados que se quer alcançar – explicitar o que vai mudar na vida das crianças e adolescentes, por meio do conjunto de ações que serão desenvolvidas.

• Importante: a partir da definição das metas e resultados que ser quer alcançar é que se elabora o plano de ação que irá detalhar como concretizá-las.

• Definir os recursos necessários (econômicos/orçamentários, hu-manos, materiais, políticos).

• Definir os responsáveis e parceiros.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Exemplo de Plano de Ação

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

Plano de Aplicação do FundoMunicipal da Criança e do Adolescente

• Consultar a população, criando espaços de diálogos com os di-ferentes setores, regiões do município e pessoas de atuação re-conhecida em favor das crianças e adolescentes.

• Consultar os órgãos municipais responsáveis pelas ações nas áreas de saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, lazer, entre outros.

• Consultar os Conselhos Tutelares, Vara da Infância e Ministério Público, conhecendo as principais denúncias de violações de di-reitos e demandas.

• Acessar as informações disponíveis em estudos realizados pelo IBGE, IPEA, Ministérios da Saúde e da Educação, Unicef, orga-nismos estaduais, universidades e institutos de pesquisa.

• Considerar as resoluções das Conferências Municipais sobre a criança e o adolescente, saúde, educação, assistência social, políticas para as mulheres, promoção da igualdade racial, direi-tos humanos, entre outras.

Perguntas frequentes

O que são Fundos de Direitos da Criança e Adolescente?

Os Fundos Públicos são mecanismos de descentralização do orçamento das entidades públicas que visam deixar explícita na peça orçamentária à destinação específica de recursos públicos para um determinado fim. Os Fundos têm como objetivo financiar projetos que atuem na garantia da promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescen-te. Os recursos são aplicados exclusivamente na área de criança e ado-lescente com monitoramento dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente. A criação dos Fundos foi prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em seu art. 260.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

O que é o Cadastro dos Fundos deDireitos da Criança e Adolescente?

O Cadastro dos Fundos consiste na sistematização de informações sobre Fundos da Criança e do Adolescente em todo o Brasil aptos a receberem doações dedutíveis do Imposto de Renda. As informações cadastrais dos Fundos são colhidas pela SDH/PR por intermédio de for-mulário disponível no sítio www.sdh.gov.br/cadastrodefundos. A vera-cidade das informações constantes no cadastro é de responsabilidade dos gestores responsáveis pelos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente distrital, estaduais e municipais. A Secretaria de Receita Fe-deral do Brasil faz a avaliação final de quais fundos estão ou não aptos a receberem doações. Os contribuintes utilizam o programa gerador do Imposto de Renda de Pessoa Física para realizar doações aos Fundos.

Por que é necessário fazer o Cadastro dos Fundos de Direitos da Criança e Adolescente?

O cadastro é imprescindível para tornar o respectivo Fundo apto a rece-ber os recursos advindos das doações efetuadas por ocasião da Decla-ração de Ajuste Anual do Imposto de Renda. O cadastro, de responsa-bilidade da SDH, é encaminhado à Receita Federal, que após verificada a devida regularidade, tornará o Fundo apto ao recebimento de doações por meio do Programa Gerador do Imposto de Renda. Esse procedimen-to cadastral também visa oferecer ao contribuinte-doador maior seguran-ça e transparência, na medida em que o fundo destinatário da doação está em regularidade certificada pelo fisco.

Quais os procedimentos para efetuar o cadastro?

Anualmente, a SDH disponibiliza no sitio www.sdh.gov.br a relação integral dos Fundos que constam em seu banco de dados informando a situação cadastral de forma individualizada. Tal relação informa se o Fundo em questão está com situação regular, com problema cadastral no CNPJ ou com problema bancário.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

A situação de regularidade dos Fundos é verificada a partir dos seguin-tes requisitos:

a) Ter um CNPJ exclusivo para o Fundo: Natureza jurídica 120-1 – Fundo Público; com situação cadastral ativa; que possua no campo “nome empresarial” ou “nome de fantasia”, expressão que estabeleça claramente a condição de Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-lescente, como criança, adolescente, adolescência, in-fância, FIA, FMDCA, FEDCA; e estar vinculado a ende-reço na Unidade da Federação (estado ou município) ao qual respectivo fundo está subscrito.

b) Possuir conta-corrente específica para gestão exclusi-va dos recursos do Fundo, mantida em instituição fi-nanceira pública e vinculada ao CNPJ do Fundo dos Direitos da Criança e Adolescente.

Uma vez cumpridos os requisitos acima, é necessário informar à Secre-taria de Direitos Humanos, no sítio www.sdh.gov.br/cadastrodefundos, os seguintes itens para que o cadastro seja realizado:

- UF;- Nome do Município;- Secretaria ou órgão de vinculação do FMDCA; - Endereço e CEP do FMDCA; e) Número;- Bairro / Localidade; g) Telefones do FMDCA;- Fax do FMDCA;- E-mail do FMDCA;- CNPJ do FMDCA (tem que ter natureza jurídica 120-1, “Fundo

Público”);- Banco de conta vinculada ao FMDCA (tem que ser público); - Número de Agência de conta vinculada ao FMDCA;- Número de Conta de conta vinculada ao FMDCA; - Nome e CPF do(a) Gestor(a) do Fundo; - Número e ano da lei estadual, distrital ou municipal que cria o Fundo.

Os Fundos em situação regular na lista divulgada pela SDH e que even-tualmente efetuem alterações nos dados cadastrais, deverão solicitar

atualização cadastral, encaminhando um e-mail [email protected]

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Quais os procedimentos para alterar dados no cadastro?

É necessário encaminhar um e-mail para [email protected] detalhando a informação que deverá ser retificada.

É preciso recadastrar o Fundo todo ano?

Não. Entretanto, se houver alguma alteração nos dados cadastrais, é necessário atualizar as informações junto à Secretaria de Direitos Humanos, encaminhando um e-mail para [email protected].

As instituições beneficiadas tambémprecisam efetuar cadastro?

Não. De acordo com a legislação vigente o cadastro deve ser efetuado somente pelos os Fundos de Direitos da Criança e do Adolescente.

Onde verifico se o cadastro do Fundo do meu município está em situação regular?

Anualmente, a SDH disponibiliza no sitio www.sdh.gov.br a relação integral dos Fundos que constam em seu banco de dados informando a situação cadastral de forma individualizada. Tal relação informa se o Fundo em questão está com situação regular, com problema cadastral no CNPJ ou com problema bancário.

Como sei se o Fundo precisa atualizar alguma informação?

Consultando a lista divulgada anualmente pela SDH, no sitio www.sdh.gov.br, com a relação integral da situação dos Fundos que constam em seu banco de dados. Deve-se atentar para as possíveis pendências no cadastro: o Fundo em questão está com situação irregular; Fundo com problema cadastral no CNPJ ou Fundo com problema bancário.

Caso o Fundo esteja com situação regular e posteriormente venha a ter alguma alteração nos dados cadastrais, deverá ser feita uma atualização das informações junto à Secretaria de Direitos Humanos, encaminhando um e-mail para [email protected]. Por que o nome do meu

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

município não aparece nas listas de Fundos no site? Porque o Fundo do seu município não está cadastrado.

Assim, o órgão responsável pela administração do respectivo Fundo deve efetuar o cadastro junto à SDH/PR no sitio www.sdh.gov.br/ca-dastrodefundos.

Quem deve ser o Gestor dos recursos do fundo?

Compete ao Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente gerir o Fundo no que se refere à definição das diretrizes de utilização dos seus recursos. A gestão do Fundo no que se refere à ordenação de despesas compete ao órgão responsável pela administração do respectivo Fundo.

Quem deve realizar o cadastro?O gestor do Fundo? A Prefeitura?

O cadastro deve ser realizado pelo gestor que obtiver os dados neces-sários para tal ação.

Meu município não tem um Fundo, como posso criar um?

O Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente deve ser instituído por lei específica. É necessária a elaboração de um Projeto de Criação sancionado pelo chefe do executivo em questão. Além dis-so, o município precisa ter Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, que será responsável pela destinação dos recursos.

Quais as características que o CNPJ deve ter?

O CNPJ deverá ser exclusivo do Fundo e: - Possuir natureza jurídica 120-1 – Fundo Público; - Com situação cadastral ativa; - Que possua no campo “nome empresarial” ou “nome de fantasia”,

expressão que estabeleça claramente a condição de Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, como criança, adolescen-te, adolescência, infância, FIA, FMDCA, FEDCA; e

- Estar vinculado a endereço na Unidade da Federação (estado ou município) ao qual respectivo fundo está subscrito.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Podemos utilizar o CNPJ da Prefeitura?

Não. De acordo com a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil N.º 1.311, de 31 de dezembro de 2012, os Fundos dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente devem:

I - possuir número de inscrição no CNPJ próprio; e

II - registrar em sua escrituração os valores recebidos e man-ter em boa guarda a documentação correspondente pelo prazo decadencial para fins de comprovação.

Como faço para saber se deu certo o cadastro do CNPJ donosso Fundo Municipal no site dos direitos humanos?

Consultando a lista divulgada anualmente no sitio www.sdh.gov.br com a relação integral dos Fundos que constam em seu banco de dados in-formando a situação cadastral de forma individualizada. Outras dúvidas sobre o cadastramento podem ser feitas pelo e-mail: [email protected].

Como Regularizar o CNPJ do Fundo do meu município?

Compete à Receita Federal do Brasil os procedimentos necessários para a regularização do CNPJ. Procure a Delegacia Regional da RFB em sua localidade.

O cadastro do meu município está correto, mas possui uma objeção a qual diz “motivo mapeado: favorecido incompatível”, o que significa isso? Quais passos devo seguir a partir de agora?

Significa que a conta bancária informada não está vinculada ao CNPJ específico do Fundo, ou seja, há incompatibilidade no que se refere à titularidade da conta. Deve-se, assim, criar uma conta específica, em instituição financeira pública, vinculada ao CNPJ do Fundo em questão. Após tal ação, informar a nova conta no seguinte e-mail:[email protected]

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

O que é necessário fazer para regularizar a situação bancária?

De maneira geral, a regularização da conta deve ser realizada direta-mente junto a uma instituição financeira pública. Acrescente-se, no en-tanto, que a conta bancária deve ser específica do CNPJ do fundo. Após tal ação, informar a nova conta no seguinte e-mail:[email protected].

Quem deve ser o Titular da Conta?O Gestor do Fundo? O Prefeito?

O titular da conta é o próprio fundo enquanto pessoa jurídica (CNPJ), mas a sua movimentação deverá ser feita pelo seu ordenador de despe-sas, um servidor público vinculado ao órgão responsável pela adminis-tração do fundo.

Quando o município recebe os valores das doações?

No que se refere aos recursos doados por ocasião do preenchimento da Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda – Pessoa Física, a Receita Federal do Brasil (RFB) encaminhará ao Tesouro Nacional, após a devida apuração de imposto de renda do exercício, as informações das contas bancárias informadas no Cadastro junto à SDH/PR para fins de depósitos das respectivas doações. É neste momento que o Tesou-ro Nacional fará a verificação da regularidade das contas específicas informadas. Quanto às doações de pessoas físicas e jurídicas realiza-das durante o exercício e diretamente na conta específica vinculada ao fundo estadual/municipal, a disponibilidade dessas doações obedece às regras de compensação bancária conforme a modalidade de depósito.

Seria possível obter um extratopara verificar os valores doados?

O órgão público responsável pela administração do fundo deve prestar as informações conforme solicitado e em observância da legislação es-pecífica no que se refere ao sigilo fiscal.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Quais as instituições que podem ser beneficiadas pelos recursos do fundo?

Podem ser beneficiadas com seus recursos, as instituições que atuam com a promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adoles-cente que tiverem seus projetos aprovados pelo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. Entidades da sociedade civil organizada deverão ainda ter ser projetos aprovados em conformidade com critérios específicos constantes em edital de chamamento público próprio.

Seria possível obter uma relação dasdoações destinadas ao Fundo?

Os montantes globais doados ao fundo público são passíveis de divul-gação. O órgão público responsável pela administração do fundo deve prestar as informações conforme solicitado e em observância da legisla-ção específica no que se refere ao sigilo fiscal.

Onde obtemos a lista de quemefetuou doações para o Fundo?

Em decorrência da LC 105/2001, instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados.

Como devemos proceder para receber um comprovanteda inscrição e regularização do nosso FMDCA?

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio de solicitação encaminhada pelo correio eletrônico [email protected], poderá fornecer um extrato das informações cadastra-das. Porém, destaca-se que somente a Secretaria de Receita Federal do Brasil poderá fazer a avaliação final de quais fundos estão ou não aptos a receberem doações.

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Direitos da Criança e do Adolescente

no Brasil

Onde obtemos mais informaçõessobre a origem dos recursos?

O órgão público responsável pela administração do fundo deve prestar as informações conforme solicitado e em observância da legislação es-pecífica no que se refere ao sigilo fiscal.

Como podemos utilizar a verba arrecadada?

Os recursos do fundo devem ser utilizados para a implementação da política de promoção, defesa e proteção dos direitos da criança e adoles-cente em conformidade com as diretrizes formalmente deliberadas pelo conselho estadual/municipal de direitos da criança e do adolescente.

O depositante dos recursos é a Receita Federal?

O Tesouro Nacional é o depositante nas contas por ele verificadas como regulares dos recursos oriundos de doações realizadas por ocasião da Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda – Pessoa Física, após a apuração do imposto de renda do exercício pela Receita Federal. Quanto às doações de pessoas físicas e jurídicas realizadas durante o exercício e diretamente na conta específica vinculada ao fundo estadual/municipal, têm como depositantes os próprios doadores.

Como a pessoa jurídica pode efetuar doações?

Todas as pessoas jurídicas legalmente instituídas no Brasil, que man-tenham suas obrigações fiscais e legais em dia, podem contribuir com os Fundos. A Instrução Normativa nº 267/2002 da Receita Federal do Brasil dispõe que a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido em cada período de apuração o total das doações efetuadas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente - nacional, estaduais ou mu-nicipais - devidamente comprovadas, vedada a dedução como despesa operacional. A dedução está limitada a um por cento do imposto devido em cada período de apuração.

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Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil

Para fins de comprovação, a pessoa jurídica deverá registrar em sua escrituração os valores doados, bem assim manter em boa guarda a documentação correspondente. As doações podem ser feitas através do recolhimento bancário, documento de crédito-DOC, boleto bancário e/ou depósito identificado.

No que se refere ao FNCA, as doações de pessoas jurídicas podem ser feitas mediante GRU – Guia de Recolhimento da União, em conformi-dade com passo a passo descrito no site da SDH.

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Direitos do Idoso no

BrasilDireitos do Idoso no Brasil

A velhice é um fenômeno cada vez mais crescente em nosso país. Em todas as esferas da vida política, social e econômica pode-se sentir a presença da população idosa e a sua importância para o funcionamento dessa engrenagem. Nesse sentido, o idoso deve ser visto em um con-ceito aberto.

Com efeito, essa conscientização da importância da velhice já pode ser percebida no cenário jurídico nacional na Constituição Federal de 1988; na Política Nacional do Idoso, Lei 8.842 (BRASIL, 1994); e no Estatu-

to do Idoso, Lei 10.741 (BRASIL, 2003), mas deve-se destacar que a proteção à velhice já era reconhecida no artigo XXV da Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948.

Garantir o direito do idoso é, antes de tudo, assegurar sua qualidade de vida, promovendo a dignidade da pessoa humana. Tal dignidade foi alça-da ao centro do ordenamento jurídico atual, pelo constituinte originário, logo no artigo 1° da Constituição (BRASIL, 1988) e representa pedra angular para a construção de vários outros princípios.

A acepção da dignidade da pessoa humana na Constituição serve para afastar a conotação moral que muitas vezes a expressão adquire, de-vendo ser entendido como princípio fundamental.

A presença atuante do Estado na proteção dos direitos dos idosos é de capital importância para a efetividade dos dispositivos legais que versam sobre estes indivíduos. Todavia, o Poder Público não pode agir só. É preciso que Estado, família e sociedade comunguem do princípio da so-lidariedade para com os idosos, de forma a atuarem sempre articulados para a valorização do idoso enquanto integrante do meio social.

A presença da família como núcleo de convivência do idoso representa forte instituição que deve ter suas ações sempre direcionadas ao ampa-ro dos mais velhos. Uma família de bases sólidas, certamente, proverá boa parte da necessidade do seu idoso, o que o torna mais digno e inse-rido no contexto social.

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Direitos do Idoso no Brasil

Analisando o plano legislativo, o Estatuto do Idoso, aprovado em 2003, representa a principal lei específica sobre o direito dos idosos. São diver-sos artigos que garantem os direitos fundamentais destes indivíduos e determinam políticas de atendimentos básicos a serem implementadas. Há de se ressaltar que a Constituição, em seu artigo 230, também traz o dever do Estado, da sociedade e da família em amparar os idosos.

Todos esses dispositivos devem ser interpretados de forma a ampliar sempre o direito do idoso, visto que se trata, sobretudo, de um direito social. Por isso, os princípios da dignidade humana e da solidariedade são fundamentais na linha de interpretação e aplicabilidade das normas que protegem os idosos.

Não raro, alguns artigos do Estatuto do Idoso têm a sua constitucionali-dade questionada, a exemplo do artigo 39 que garante a gratuidade nos transportes públicos aos maiores de 65 anos. Há de se ter em vista que as normas têm o dever de promover a dignidade dos idosos, por meio de ações solidárias, assumidas por toda sociedade. Apesar desse arca-bouço legislativo, é necessário que toda essa realidade normativa seja de conhecimento da sociedade.

Princípios constitucionais e odireito do idoso como um direito social

A Carta Magna de 1988 contempla em seu texto um único artigo que versa sobre o idoso de forma específica, contudo, podemos encontrar a proteção da velhice no direito previdenciário (art. 201, I) e no direito assistencial (art. 203, I e V). Desse modo, é no título VIII, denominado de “Da Ordem Social”, mais especificamente no capítulo VII, que o artigo 230 traz à baila a garantia constitucional dispensada aos indivíduos da terceira idade.

Os direitos sociais na Constituição Federal são aqueles dispostos nos artigos 6° a 11° e correspondem a educação, saúde, trabalho, alimenta-ção, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à materni-dade e à infância e a assistência aos desamparados.

Estabelecido o contexto no qual se encontra o artigo 230 da Constitui-ção, partiremos para o estudo deste, senão vejamos “Art. 230. A famí-

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Direitos do Idoso no

Brasil

lia, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignida-de e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. § 1.° Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. § 2.° Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos e urbanos.” .

Percebe-se que o legislador responsabilizou desde o núcleo familiar, passando pela sociedade e conferindo também ao Estado o dever de amparar os idosos. Sabe-se que a família é considerada como instituto base da sociedade e, chamá-la para a responsabilidade com os idosos não é só a imputação de um dever, mas sim um modo de se tentar pro-mover a interação entre as gerações e despertar sentimentos de respei-to e solidariedade para com estes.

Quando se está diante de uma norma constitucional tão abrangente como esta não se pode olvidar que os princípios são uma importante ferramenta para a interpretação e aplicação desse dispositivo. Em posse desse conceito, destacamos dois princípios que se relacio-

nam de forma direta ao artigo supracitado, quais sejam o da solidarie-dade e o da dignidade da pessoa humana. A ideia de solidariedade foi acolhida pela Constituição atual como uma norma presente no artigo 3° e objetivo fundamental da República Federativa do Brasil.

A solidariedade surge no artigo 230 da Constituição quando este deter-mina que deve haver uma união entre família, sociedade e Estado para o amparo ao idoso. Este mesmo princípio também é afirmado no Estatuto do Idoso.

No que tange à dignidade da pessoa humana, princípio basilar do orde-namento jurídico brasileiro que pressupõe, sobretudo, a autonomia do indivíduo e o respeito à sua condição de pessoa. Assim, o referido prin-cípio não se limita apenas ao artigo em comento, mas estabelece que o “direito à velhice” seja maior que o direito do idoso propriamente dito no artigo 230, pois o mesmo assegura que deve ser defendida a “dignidade” do idoso.

Com efeito, resta evidente que a velhice é concebida na Constituição brasileira como fruto da dignidade da pessoa humana, consistente na

tutela do direito à vida para que todo indivíduo tenha condições de

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Direitos do Idoso no Brasil

longevidade. E é nesse ponto que orbita também o direito do idoso dis-posto na Constituição, entendendo que toda sociedade é responsável pela tutela desse direito.

O Estatuto do Idoso se mostra como um grande avanço legislativo, pois reúne e sistematiza os direitos dos idosos e as obrigações do Poder Pú-blico e da sociedade para com os maiores de 60 anos.

Estatuto do Idoso:estrutura e aplicabilidade

O Estatuto do Idoso representa, indubitavelmente, um grande avanço para a proteção do direito do idoso no plano legislativo. Aprovado pelo Congresso Nacional em 1º de outubro de 2003, a Lei 10.741 reúne os direitos básicos da terceira idade e lança diretrizes para o tratamento destes indivíduos.

Dividida em sete títulos, a referida Lei possui 118 artigos que visam ga-rantir o direito do idoso. Preliminarmente, o Estatuto declara que é des-tinado a assegurar os direitos do idoso e afirma que este goza de todos os direitos fundamentais à pessoa humana, seja previsto por esta Lei ou qualquer outra. Ademais, convoca a família, a sociedade e o Poder Pú-blico para zelar pelo direito do idoso e pelo seu bem-estar, ponderando, inclusive, a prioridade que deve haver na efetivação destes direitos. Tal prioridade se traduz de várias formas, seja no atendimento prioritário e imediato que o idoso deve receber nos serviços, seja na destinação de recursos públicos e até mesmo na preferência pelo convívio familiar em detrimento do atendimento asilar.

Ademais, o “acesso à Justiça” e a “disposição dos crimes e suas pena-lidades” também estão previstas no Estatuto. Considerando a morosi-dade da Justiça, é assegurada ao idoso a prioridade da tramitação dos processos judiciais nos quais ele participe de alguma forma (art. 71). No que tange aos crimes previstos na Lei, é disposto que todos são de ação penal pública incondicionada, ou seja, somente o Ministério Público tem a legitimidade para propor a ação.

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Direitos do Idoso no

Brasil

O surgimento do Estatuto está intrinsecamente relacionado com o que prova as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE): o Brasil não é um país só de jovens. Segundo o Instituto “a ex-pectativa de vida de um homem brasileiro em 1910 era de 33,4 anos, ao passo que no ano 2005 a esperança de vida estimada ao nascer no Brasil, para ambos os sexos, subiu para 72,3 anos”. Esse novo perfil populacional despertou a consciência de que o processo de envelheci-mento é cada vez mais acelerado em nosso país. Em 1910, quando o índice de idosos era numérica e proporcionalmente bem menor que o atual, a preocupação em oferecer proteção e essa classe, certamente, não era tão pertinente ao ponto de se consubstanciar em leis. Todavia, o atual perfil revelou que os idosos são cada vez mais numerosos na sociedade, o que requer do Poder Público uma maior tutela dos direitos fundamentais dos indivíduos da terceira idade.

Todos os problemas por que passam os idosos na atual conjuntura, a exemplo da carência de assistência médica adequada, falta acessibilida-de nas ruas e nos transportes públicos, desprezo em função da condição de velho etc., se refletiram de forma pontual na elaboração do Estatu-to do Idoso. Vale ressaltar, também, que no Estatuto do Idoso deve-se sempre lançar mão da melhor interpretação das normas para assegurar os direitos desse segmento da população.

Questões controversas

Sabe-se que a velhice não acontece para todas as pessoas de forma homogênea, mesmo que habitem o mesmo lugar. Em nível mundial isso pode ser percebido pela diferenciação que a Organização Mundial de Saúde estabeleceu entre o início da terceira idade em países ricos e pobres. Essa diferenciação deve-se à expectativa de vida, que nos paí-ses ricos superam os países em desenvolvimento como o Brasil. Desse modo, em países desenvolvidos o indivíduo idoso é aquele com 65 anos ou mais, enquanto que em países subdesenvolvidos essa idade cai para 60 anos.

O Estatuto do Idoso ratificou esse marco inicial da velhice em seu primei-ro artigo. Contudo, algumas contradições legislativas ainda continuaram a existir mesmo após a aprovação da referida Lei. Até o ano de 2009,

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por exemplo, era mantido no Código de Processo Civil o artigo 1.211-A, que assegurava prioridade na tramitação de todos os atos e diligências às pessoas com mais de 65 anos envolvidas num processo judicial. Ocorre que esta idade já foi revogada tacitamente pelo Estatuto do Ido-so, desde 2003, ao estabelecer em seu artigo 71 a idade mínima de 60 anos, embora continuasse permanecendo com a indicação de 65 anos no código de processo civil. Mas foi só com a aprovação da Lei 12.008, no ano de 2009, que houve a redução da idade para 60 anos, ou seja, somente seis anos após.

Ademais, um importante artigo do Estatuto do Idoso foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3.768, proposta pela Asso-ciação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), em 2007. Apesar de ter sido julgada improcedente, a ADI causou polêmica acerca da garantia de gratuidade dos idosos nos transportes urbanos e semiur-banos.

Questões controversas como esta inviabilizam a manutenção dos direi-tos dos cidadãos. Considerando o mundo capitalista em que vivemos, no qual o fator econômico tende a prevalecer nas relações contratuais, deve-se ponderar que essa possibilidade de escolha pelo poder muni-cipal dá margem ao tolhimento desse direito do idoso. Muito provavel-mente se observará, na prática, que será raro se oferecer gratuidade a partir dos 60 anos, em face desta forte polêmica acerca do custeio dessa gratuidade, o que cria um fator inibidor da concessão dessa garantia ao idoso.

Conhecimento legislativo e representação acerca da velhicepor parte do idoso no Brasil

Ao se elaborar uma lei verifica-se que isso muito provavelmente ocorre em função de situações pertinentes na sociedade que ensejam sua cria-ção para que seja alcançado o tão desejado convívio harmonioso entre os seres humanos. Destarte, um dispositivo legal visa sempre algo que deva ser traduzido na realidade fática e toque os indivíduos indistinta-mente.

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O Estatuto do Idoso se enquadra nesse perfil quando se percebe que se originou dos anseios de uma sociedade que carecia de uma sistemati-zação adequada dos direitos dessa faixa etária, em expansão no país. Somente a proteção trabalhista e a Previdenciária não satisfariam de forma correta as demandas dos idosos. E, nesse contexto, surge a Lei 10.741/2003.

Os princípios constitucionais da solidariedade e da dignidade da pes-soa humana, aqui já analisados, não devem ser uma realidade apenas do plano legislativo, mas sim do plano fático, na medida em que os

cidadãos experimentem esses princípios nos seus cotidianos. A garantia dos direitos dos idosos, almejada pela Ciência Jurídica, certamente será mais fácil de ser alcançada quando as pessoas tenham a consciência de que tais direitos devem ser efetivados de forma imediata nas suas relações intersubjetivas, e não somente por meio de uma relação jurídica processual.

Ser solidário com o idoso é considerar as suas peculiaridades no conví-vio social e buscar meios de lhe proporcionar melhor qualidade de vida, amparando-o de todas as formas em suas necessidades. Ao se assegu-rar essas questões, automaticamente, se está promovendo a sua digni-dade da pessoa, pois esse princípio visa assegurar todas as necessida-des básicas que o indivíduo possui para uma vida digna.

De nada adianta se estabelecer que nenhum idoso será objeto de qual-quer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão (art. 4, EI), se dentro dos lares não existe a consciência de respeito aos mais velhos. O Estatuto ainda não se traduziu, efetivamente, em ações eficazes capaz de conscientizar as famílias do tratamento adequado que deve ser dispensado ao idoso.

Os problemas por que passam os idosos parecem estar arraigados desde os institutos mais básicos da sociedade, até os mais complexos. Apesar de a Lei buscar garantir os direitos básicos dos maiores de sessenta anos, nada é mais eficaz do que o fortalecimento dos víncu-

los familiares. Se partirmos da premissa de que o amparo da família é muito mais importante do que qualquer tutela jurisdicional, veremos que a estabilidade dos laços efetivos é o primeiro passo, e provavelmente o mais importante, passo para se chegar à qualidade de vida.

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Essa necessidade da estrutura familiar não é ignorada pela legislação, pois tanto a Constituição quanto o Estatuto do Idoso preconizam sem-pre que a família é uma importante unidade na garantia dos direitos dos idosos. Todavia, pesquisas como esta, aqui analisada, revelam que essa consciência ainda não é amplamente experimentada por todos. Destar-te, somente uma família, uma sociedade e um Estado solidários para com seus idosos estarão aptos a promover a dignidade da pessoa des-tes, alcançando assim, a igualdade de condições do idoso na sociedade.

Considerações finais

A inclusão dos princípios da dignidade da pessoa humana e da so-lidariedade no âmbito do direito constitucional representou uma nova concepção de Estado, que concebe o homem como sua razão de ser.

O envelhecer é decorrente da ação concomitante da natureza e do tem-po. Nessa alquimia jurídica, em que se almeja a promoção da dignidade da pessoa humana e do princípio da solidariedade, bem como quaisquer outros princípios, que visem assegurar o bem-estar do indivíduo, é pre-ciso que se considere de forma pontual os métodos a serem utilizados para obtenção de tais valores. Nesse sentido, as políticas públicas de proteção e amparo aos idosos representam a principal medida para efe-tivação das normas no plano fático.

O Estado tem o dever de proporcionar ao idoso os meios necessários ao exercício de sua cidadania, atuando de forma positiva para que suas políticas públicas possam garantir uma parcela mínima, que oferte ao idoso uma velhice com dignidade. Analisando as normas existentes no ordenamento jurídico percebe-se que existem diversos direitos e garan-tias que amparam os idosos, todavia, na realidade fática essas prerro-gativas ainda não são amplamente experimentadas. Desse modo, não é necessário que se criem novas leis com o escopo de reforçar a proteção legal, mas sim que se promovam recursos materiais que promovam tais direitos.

O Estatuto do Idoso representa, enquanto lei especial, ponto de par-tida para o estabelecimento dessas referidas políticas, considerando que reafirma os princípios constitucionais destinados ao amparo destes indivíduos. É preciso que se pratique tudo aquilo que está disposto na

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Lei, sob pena de se produzir letra morta, condenando os idosos à vitimi-zação constante dos problemas sociais e culturais.

Os problemas que atingem os idosos, no Brasil, não começam na velhi-ce. Considerando o contexto de vida brasileiro, no qual todos os dias mi-lhões de cidadãos entre jovens, adultos e idosos são privados dos seus direitos, seja de qual ordem for, percebe-se que se trata de verdadeiro problema estrutural. Nesse sentido, todos os seres humanos são credo-res de uma dívida ainda não paga pelo Estado, que é falho na tentativa de reduzir as desigualdades sociais.

Em meio ao contexto descrito é válido destacar a importância da unidade familiar na (co) existência dos idosos. Sem dúvidas, é no seio da família que muitos problemas podem ser evitados nas práticas sociais, visto que um idoso amparado tende a se sentir mais seguro para enfrentar os dissabores da vida. Como já mencionado, a família, junto ao Esta-

do e à sociedade, é responsabilizada constitucionalmente pela proteção aos idosos.

Essa tríplice aliança deve ser levada às últimas consequências quando se fala em atuação articulada desses institutos. Somente com a cons-cientização geral da sociedade acerca da obrigação de se respeitar os idosos, como espelho de um futuro iminente de todos, é que se chegará a um patamar mínimo de garantia daquilo que é necessidade básica para a existência de qualquer indivíduo.

Ao respeitar os idosos estamos preservando aquilo que há de mais sa-grado para um ser humano, que é a sua dignidade, independente da cor, etnia ou idade. Famílias cientes do dever de amparo aos seus ido-sos resultarão em uma sociedade preparada para a convivência com as diferenças que estes possuem, o que, por sua vez, estimula o Estado para a manutenção dessa cidadania e dignidade. E nessa solidariedade, certamente, estaremos caminhando de forma efetiva para que os seres humanos vivam em harmonia social.

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As atribuições do ConselheiroMunicipal do Idoso

Órgão colegiado, composto de forma paritária por representações do Governo Municipal e Sociedade Civil; Instância de Controle Social De-mocrático, de caráter público, com autonomia para o exercício de suas atribuições na Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.

• Deliberação: Define diretrizes e outras questões relacionadas à Política de Atenção à Pessoa Idosa.

• Normatização: Estabelece normas que oficializam decisões da Sessão Plenária e regulamentam a execução da Política de Atenção à Pessoa Idosa.

• Fiscalização: Acompanha e controla o funcionamento dos pro-gramas e instituições governamentais e não governamentais, que constituem a rede de Atenção e Proteção à Pessoa Idosa.

• Monitoramento e Avaliação: Acompanha, supervisiona e avalia a efetivação da Política de Atenção à Pessoa Idosa e propõe ações.

Estrutura e funcionamento do CMI

• Comissões permanentes• Comissão de Normas e Fiscalização• Elaboração de instrumentos de regulação e de pareceres; reali-

zação de visitas de fiscalização e inspeção; aplicação de autos de infração; observância de adequação legal.

• Comissão de Políticas Públicas• Análise, aprovação e proposição de ações; observância da efe-

tivação de direitos e formulação de diretrizes para execução das políticas públicas sociais.

• Comissão de Acompanhamento Orçamentário• Avaliação, proposição, aprovação de leis e propostas

orçamentárias; acompanhamento da aplicação de recursos do Fundo Municipal do Idoso – FMI e elaboração do orçamento anual para o CMI.

• Comissão de Divulgação e Informação• Divulgação e publicação de direitos, deliberações, atividades e

eventos do CMI. Comunicação e informação.

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• PlenáriaA Plenária é a instância deliberativa do CMI, organizando-se em reuniões ordinárias e extraordinárias dos seus membros, com a articulação de ações internas e externas para o fortalecimento dos direitos sociais, onde os assuntos são discutidos e aprova-dos. As Plenárias no CMI são ordinariamente uma vez por mês, agendadas para as segundas quintas-feiras do mês. Conforme o Regimento Interno do CMI cabe à Plenária:

- Apreciar assuntos da competência do CMI.- Dispor sobre normas e baixar atos relativos ao fun-

cionamento do Conselho e execução da Política Municipal do idoso.

- Deliberar sobre a formação de Comissões perma-nentes e específicas.

- Apreciar e aprovar pareceres, relatórios e demais trabalhos desenvolvidos pelas Comissões.

- Apreciar e deliberar sobre a aplicação de recursos financeiros destinados à execução da Política Mu-nicipal do Idoso, respeitada a legislação vigente.

- Apreciar e deliberar proposta de alteração deste Re-gimento, elaborada por comissão composta espe-cificamente para este fim, por adequação ou exi-gência legal, com a presença da maioria simples dos seus membros.

- Eleger, entre seus membros, a mesa diretora do CMI.

A pauta da Plenária é decidida pela Mesa Diretora, juntamente com a Secretária Executiva, e as sessões Plenárias são abertas ao público.

Sistema de garantia de direitos do idoso

Quando se fala em proteção à pessoa idosa, o que existiu antes de 1988, pode ser encontrado apenas em alguns artigos do Código Civil (Lei nº 3.071/1916), que frisava o direito à prestação de alimentos recíproco entre pais e filhos; do Código Penal (Decreto-Lei n.º2.848/1940), que assegurava pena atenuada, suspensa ou prescrita para pessoas maio-res de 70 anos; do Código Eleitoral (Lei nº4.737/965), que resguardava a prioridade na hora de votar além de facultar o voto a maiores de 70

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anos. Alguns outros Decretos, Leis, Portarias, também contribuíram para que uma política definitiva fosse construída, visando o bem estar e a qualidade de vida do idoso.

Até a década de 1970, qualquer trabalho realizado com ou para os ido-sos no Brasil tinha caráter caritativo e era desenvolvido por entidades religiosas ou filantrópicas. Durante o período da reforma da previdên-cia em 1977, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistên-cia Social (SINPAS) tendo a Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) como responsável pelo atendimento ao idoso em todo o território nacional. Esses atendimentos se davam em centros sociais, postos de distribuição de material como alimentos, próteses, órteses, documentos, ranchos e outros. Uma reestruturação na LBA e o Programa de Atendi-mento aos Idosos (PAI) aconteceu em 1987, transformando o PAI em Projeto de Apoio à Pessoa Idosa (PAPI).

Tal acontecimento muda, aos poucos, a imagem construída no final da década de 1960 sobre a velhice que identificava a pessoa idosa apenas por sua fragilidade física, só enxergando as características que o avanço da idade ocasionava, tais como a improdutividade em relação ao traba-lho, e a decadência física e mental. Essas concepções contribuíam para que o idoso fosse marginalizado pela sociedade, fato ainda presente nos dias atuais.

Na década de 1980, o Ministério da Saúde implantou a Política de Atenção a Saúde do Idoso, que concentrava ações na área da promo-ção à saúde e estímulos ao autocuidado. Em 1985, a cidade de São Paulo criou o Conselho Municipal da Condição do Idoso, reconhecido enquanto categoria social com necessidade de atenção e mais uma vez provocando o debate sobre a condição social do idoso.

Essa atenção voltada para a pessoa idosa contribuiu para um olhar di-ferenciado a esse segmento, um olhar consolidado na Carta Magna nos arts. 1º, 3º, 5º, 14, 134, 153, 201, 203, 226 e 230. Outra vitória no campo da conquista dos direitos se deu com a criação do primeiro Conselho Municipal do Idoso em 1989, assegurando o processo de participação e lutas, na reivindicação de políticas que efetivassem os direitos concedi-dos a partir da Constituição Federal de 1988.

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A partir desse enfoque foi implantada no Brasil, a Lei nº 8842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso (PNI), buscando a efetividade dos princípios constitucionais, tornando-se um instrumento legal e legítimo de proteção à pessoa idosa. A PNI tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e estabelecendo normas para que os direitos sociais dos idosos sejam consolidados, buscando garantir sua efetiva participação na sociedade como instrumento de cidadania.

A PNI é uma resposta resultante da manifestação e do debate que in-cluía desde idosos ativos, aposentados, professores universitários, pro-fissionais da área de geriatria e gerontologia, entidades diversas, sendo, portanto, uma reivindicação da sociedade. Um dos objetivos almejados é o de criar condições para a promoção da longevidade aliada à quali-dade de vida, colocando em prática ações que sejam desenvolvidas não apenas visualizando a pessoa idosa, mas todos que vão passar pelo processo de envelhecimento um dia.

Cabe ressaltar, que a PNI criou condições de acesso aos direitos do idoso fazendo-o saber que a lei expressa o seu direito de cidadania e, assim, deve ser viabilizado tanto pela esfera governamental, quanto pela sociedade.

Ao compreender esse pensamento pode-se ver o quanto é fundamental a participação do idoso no processo de cons-trução e efetivação das garantias asseguradas em Lei. Ou-tro marco legal surgiu com a Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que preza pela organização da Assistência Social – LOAS, com o objetivo de regular os artigos 203 e 204, de-fendidos na Constituição Federal.

Assim, esse direito é assegurado pela assistência social, através do Be-nefício de Prestação Continuada (BPC), mas é preciso frisar que este é concedido à pessoa idosa, a partir dos 65 anos de idade, e que já existe uma luta nacional dos mesmos para que essa idade seja a partir dos 60 anos, idade em que o Estatuto do idoso reconhece a pessoa idosa. A LOAS estabelece diretrizes, objetivos e as ações quanto ao funciona-mento da Assistência Social, consolidando-a enquanto direito.

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Os eixos que estruturam a LOAS na prática, ainda necessitam de políti-cas de efetivação, uma vez que, a realidade vivenciada pelo idoso mos-tra o abandono do poder público, o descumprimento das leis e a necessi-dade urgente de sensibilizar e mobilizar a sociedade para a conquista do direito ao envelhecimento com dignidade, fortalecendo o compromisso de todos na defesa e garantia desse direito.

Outro marco legal relevante é o Estatuto do Idoso, Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que veio para consolidar os direitos prescritos na PNI e apontar mecanismos para sua efetivação. O documento tem uma representatividade ímpar no campo da conquista dos direitos da pessoa idosa, além de contemplar diferentes aspectos da vida cotidia-na destacando ainda o papel da família enfatizando sua obrigação para com a pessoa idosa, bem como as responsabilidades da sociedade e do Poder Público, assegurando ainda os direitos à alimentação, à cultura, ao trabalho, à cidadania, à liberdade e reafirmando o direito da proteção à vida, à saúde, prevendo oportunidades para a preservação da saúde física e mental do idoso onde deve ser competência do poder público à garantia ao acesso à saúde, ao atendimento preferencial em instituições públicas e privadas, responsabilizando ainda o poder público pelo for-necimento de medicamentos gratuitamente, vacinas, bem como órtese, próteses e qualquer outro recurso relativo à sua vida, se o mesmo ou se a sua família não puder dispor naquele momento.

É importante ressaltar que o Estatuto do Idoso passou sete anos trami-tando na Câmara para ser aprovado em setembro de 2003, em sua ínte-gra o documento se diferencia da PNI à medida que amplia os direitos da pessoa idosa e estabelece a idade para que se considere pessoa idosa qualquer cidadão com idade acima de 60 anos.

O Estatuto é também em termos de Lei bem mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, pois traz pela primeira vez, a palavra crime em seu escopo instituindo inclusive penas severas, para quem desrespeitar ou abandonar a pessoa idosa, conforme art. 96, do Estatuto do Idoso:

Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a ope-rações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidada-nia, por motivo de idade: Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um)

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ano e multa. § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.

O fato é que apesar de tantas lutas para se chegar às conquistas con-temporâneas em relação aos direitos da pessoa idosa, ainda há muito para avançar. Felizmente os direitos existem, porém nem tão feliz assim são os milhares de idosos que todos os dias sofrem abusos, desrespei-tos e violações de seus direitos.

É importante ressaltar que o desrespeito fere o artigo 8º da Lei 10.741/2003, pois o envelhecimento é um direito personalíssimo e sua proteção, por conseguinte, constitui um direito social garantido por Lei no art. 6 da Constituição Federal.

Entretanto, para alcançar a efetivação dos direitos, salienta-se ser im-portante que o idoso seja visto, enquanto cidadão consciente e atuante nos processos de efetivação de seus direitos. Um dos mecanismos de efetivação de direitos se dirige ao âmbito das políticas sociais que até antes estavam sempre voltadas para os jovens, porém com a crescente estatística que aponta o Brasil como um país maduro, as políticas se es-tenderam aos idosos, na tentativa de contribuir com a qualidade de vida e preparar o país para essa nova realidade.

Desse modo, é preciso ressaltar a importância de preparar a sociedade para este fato, entendendo que os jovens de hoje serão os idosos no futuro, e se não houver políticas para o enfrentamento e inclusão da pessoa idosa, repetiremos no futuro com estes jovens, o que ocorre

hoje com os nossos idosos; a estigmatização e a rejeição.

Para garantir que a pessoa idosa tenha uma melhor qualidade de vida não apenas em termos quantitativos é necessária a adoção de ações eficazes do Estado, mas para que isto se torne realidade, é preciso que a sociedade como um todo participe desse propósito, é uma luta contínua pela fiscalização e consolidação das Leis já existentes.

O Estatuto do idoso em seu art. 9 ressalta a obrigação do Estado em garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante a efeti-

vação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento

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saudável e digno, para isso diversas ações e estratégias tem sido imple-mentadas pelo governo federal na perspectiva do cumprimento da lei.

Nessa direção, os direitos e as políticas governamentais direcionadas ao idoso em ações e programas desenvolvidos ou apoiados pelo governo federal, nas mais diversas áreas, tem sido constantes.

Em 2006, através da I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa em Brasília, foi criada a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (RENADI), uma rede intersetorial nos Municípios, nos Estados e no Distrito Federal, com abrangência em todo o território nacional conforme prevê a Política Nacional do Idoso.

O Governo Federal por meio da Secretaria Especial dos Direitos Huma-nos – SEDH, órgão da Presidência da República preparado para reali-zar a articulação e implementação de políticas públicas voltadas para a proteção e promoção dos direitos humanos, em seu plano plurianual 2008-2011, entre outros compromissos, pactuou a Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa. Esse pacto tem como objetivo principal fortalecer a RENADI, e, para isso, aponta 9 eixos a serem trabalhados: Efetivação dos direitos das pessoas idosas quanto à promoção, prote-ção e defesa; Enfrentamento à violência contra a pessoa idosa; Atenção à saúde da pessoa idosa; Previdência Social; Assistência Social; Edu-cação, Cultura, Esporte e Lazer; Transportes, cidades e meio ambiente; Gestão, participação e controle democrático e financiamento.

Dessa forma, esforços múltiplos e estratégias de ação deverão constar na garantia da consolidação desses eixos. Entre outras ações a promo-ção e agilidade no Poder Judiciário e na tramitação de processos en-volvendo idosos, além de implementação e fortalecimento das políticas públicas, o combate a abusos dos empréstimos bancários, a garantia de prioridade no atendimento preferencial, imediato e individualizado à pessoa idosa, junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviço à população, através de conjunto de normas, eliminando a fila de atendimento para idosos, implementar e fortalecer a RENADI, ga-rantindo a descentralização das ações, dos serviços e equipamentos da saúde, definindo indicadores, fluxos assistenciais, monitoramento e informatização, favorecendo o acesso do idoso em todos os níveis da atenção, garantir o cuidado prestado ao idoso com ações de promoção, prevenção, reabilitação e assistência à sua saúde, inclusive dos institu-

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cionalizados, com ênfase na acessibilidade, nos medicamentos do SUS, inclusão das dietas e fraldas geriátricas e assegurar a implantação, o funcionamento, a capacitação e manutenção dos conselhos da pessoa idosa nos estados e municípios, com as respectivas dotações orçamen-tárias (BRASIL, 2008).

Como pode ser visto, são muitas as ações e programas destinados a pessoa idosa, porém o desafio maior é garantir a efetivação das políticas implementadas, redimensionando e reestruturando o sistema de garan-tia dos direitos da pessoa idosa, realizando a articulação e manutenção dessas políticas não apenas a nível nacional, mas, sobretudo, a nível local.

Ao organizar essa rede, cada estado e município constrói suas estraté-gias, define e pactua os compromissos assumidos entre seus órgãos e entidades prestadoras de serviços que atendam ao idoso, bem como o respaldo que cada secretaria ligada ao município dará a essas ações, construindo assim, o seu modelo de ação.

Estamos diante de mais um desafio, e temos a responsabilidade en-quanto sociedade civil de encabeçarmos a luta que funde teoria e práti-ca, consolidando as leis existentes na garantia da efetivação do Estatuto e das diretrizes regidas no mesmo. Para isso, é fundamental que o idoso conheça seus direitos fazendo valer-se de sua longevidade garantida para buscar o conhecimento a cerca das leis de proteção e incentivo à terceira idade e garantir que sua inclusão de fato aconteça.

A vitória consistirá em uma velhice com dignidade e um envelhecimen-to saudável às futuras gerações, pois garantindo a consolidação destas leis, alcançaremos não apenas a inclusão social, mas fortaleceremos o desenvolvimento de nosso país. Neste sentido, o trabalho do assistente social é fundamental, para a garantia e efetivação dos direitos adquiridos em lei, bem como na orientação e no despertar da autonomia destes sujeitos, para que tenhamos uma sociedade mais livre de preconceitos, abusos e violências.

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Fundo Municipal dos Direitos do Idoso

O que é o Fundo especial?

Nos termos da Lei 4.320, de 17 de março de 1964, em seu artigo 61, os fundos são “os produtos das receitas especificadas, que por lei, se vincu-lam à realização de determinados objetivos e serviços”. Assim, nas ins-tâncias onde forem criados, estes fundos podem ser considerados como unidades de captação de recursos financeiros. Os recursos captados devem ser aplicados, exclusivamente, nas ações, programas, projetos e atividades voltados ao atendimento da pessoa idosa sob a orientação e supervisão dos conselhos, por meio de um plano de aplicação de re-cursos.

Tal plano é administrado pelo órgão da estrutura do Executivo local, de-finido em lei (de preferência que seja o órgão coordenador da política estadual ou municipal do idoso, quando houver), que será responsável pela contabilidade do Fundo, escrituração dos livros, liberação e admi-nistração dos recursos, prestação de contas e tudo o que for deliberado no colegiado do conselho. Todos os fundos deverão ter registro próprio no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e conta bancária específica de acordo com a instrução normativa da Receita Federal de número 1.183 de 19 de agosto de 2011. Isso quer dizer que não se deve utilizar o CNPJ, conta bancária da prefeitura ou qualquer outro órgão que não seja exclusivo do Fundo.

Características de um fundo especial

• Somente pode ser instituído por lei.• Destina-se, exclusivamente, a atender a política que contemple

a pessoa idosa.• Não tem personalidade jurídica, por isso está vinculado adminis-

trativamente ao poder público.• Embora não possuam personalidade jurídica, devem ter regis-

tro próprio no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e conta bancária específica.

• Os conselhos, no âmbito de sua esfera político-administrativa, são as instâncias exclusivas de deliberação sobre a aplicação dos recursos.

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• Observar as orientações do Título VII, artigos 71 a 74 da Lei 4.320 de 17/03/1964.

• Observar, sempre no que couber e a qualquer tempo e circuns-tância, condutas análogas a outros fundos de vocação seme-lhante. Criação e operacionalização do Fundo Estadual ou Muni-cipal de Direitos da Pessoa Idosa.

• Elaboração do projeto de lei de criação do fundo.• Sanção da autoridade competente (governador ou prefeito). Re-

gulamentação pela autoridade competente (decreto do governa-dor ou prefeito, detalhando seu funcionamento). Ter definido o órgão da estrutura do executivo responsável pela administração do fundo;

• Abertura de uma conta especial nos termos da legislação perti-nente para a captação e movimentação dos recursos financeiros;

• Contar com a cooperação técnica e estrutura logística, disponi-bilizada pelo órgão responsável para proceder à contabilização, operacionalização e prestação de contas dos recursos do fundo.

• Elaboração e aprovação, pelo conselho, na sua respectiva es-fera político-administrativa, do plano de aplicação de recursos do fundo (o que pode ser feito com o apoio técnico do executivo local de modo atender a legislação específica);

• Integração do plano à proposta orçamentária do estado Distrito Federal ou município (exige encaminhamento ao legislativo local e sanção da autoridade competente);

• Execução do plano de aplicação – ordenamento das despesas de acordo com o que estiver previsto no plano;

• Prestação de contas ao conselho e demais entidades envolvidas na gestão do fundo.

Origem e captação derecursos para o Fundo Municipalde Direitos da Pessoa Idosa

As principais fontes de captação de recursos do fundo são:

• Recursos advindos da dotação orçamentária do governo.• Dotações provenientes das diferentes esferas de governo.• Doações de pessoas físicas ou jurídicas.

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• Multas aplicadas nos termos previstos na Lei 10.741 de 1º de ou-tubro de 2003 – Estatuto do Idoso (ver Título IV, Capítulo IV; Título V, Capítulo III, Art. 83 a 84 e Parágrafo; e Título VI, Capítulo II).

• Recursos oriundos da aplicação dos recursos (nos termos da le-gislação pertinente) no mercado financeiro.

• Outras formas de captação. Dedução no imposto de renda das doações aos fundos nacional, estaduais e municipais de direitos da pessoa idosa A partir de janeiro de 2010 as pessoas físicas e jurídicas podem deduzir do imposto de renda as doações efetua-das aos Fundos Municipais, Estaduais e Nacional de Direitos da Pessoa Idosa com os seguintes limites:

- 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devi-do apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real;

- 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apura-do pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual; Cadastro dos Fundos de Direitos da Pessoa Idosa Se o seu município já possui um Fundo de Direitos da Pessoa Idosa faça o cadastro dele no Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI).

É importante ter seu fundo municipal cadastrado, pois possibilita sua iden-tificação no momento em que o doador quiser destinar parte de seu im-posto de renda devido ao fundo municipal do idoso escolhido.

Matriz de Marco Lógico

A Matriz de Marco Lógico (MML) ou Quadro Lógico é uma ferramenta utilizada para estabelecer a lógica nos projetos de impacto social. Por meio dela, é possível facilitar o processo de elaboração, execução e ava-liação de um projeto. Tal instrumento pode ser utilizado em todas as fases de preparação de um projeto, desde a identificação e orientação do pro-blema a ser trabalhado até a execução e avaliação da ação pretendida.

Quando deve ser utilizada?

Por meio da Matriz, as agências financiadoras internacionais padroniza-ram a estrutura dos projetos sociais que apresentavam, em muitos casos, dificuldade para elencar de forma clara os objetivos e as metas pressu-

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postas para a ação. Hoje a ferramenta é utilizada por grandes agências internacionais de financiamento, como o Banco Mundial e o Banco Inte-ramericano de Desenvolvimento (BID).A Matriz do Marco Lógico é composta por quatro colunas e quatro linhas que resumem elementos-chave para o projeto. As colunas devem conter as seguintes informações:

1. Resumo dos objetivos e das atividades.

2. Indicadores: resultados específicos a serem alcançados.

3. Meios de verificação: onde e como serão coletadas as informações sobre os indicadores.

4. Hipóteses: fatores externos que implicam riscos.

Já as linhas da matriz, apresentam informações em quatro momentos diferentes da vida do projeto. São elas:

1. Finalidade do projeto: contribuições significativas do projeto; impacto geral que o projeto terá.

2. Propósito alcançado no momento da execução do projeto.

3. Resultados atingidos durante a execução.

4. Atividades necessárias para chegar aos resultados.

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Construção da metodologia de coleta:

Alguns métodos de coleta:

1. Dados coletados de pessoas identificadas como fontes de informação:

• Questionários• Entrevistas• Grupo foco• Testes• Simulações/debates• Exemplo de trabalho realizado (redações, desenhos)

2. Dados coletados por meio de observação independente:• Relatórios narrativo-descritivos• Roteiros de observação

3. Dados coletados por meio de aparatos tecnológicos:• Gravações de áudio• Gravações de vídeo• Séries de fotografias• Outros aparelhos (medidor de pressão arterial, medidor

de qualidade do ar, radar para medir velocidade de au-tomóveis etc.)

4. Dados coletados a partir de informações já existentes:• Revisão de documentos públicos (relatórios governa-

mentais, bancos de dados, publicações)• Revisão de documentos institucionais (projeto original,

relatórios anuais, fichas individuais, atas de reuniões, publicações)

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Referências

• Mapa da Criança e do Adolescente 2001 – Programa Pre-feito Amigo da Criança – Fundação Abrinq.

• Caderno Prefeito Criança – Políticas Públicas Municipais de Proteção Integral a Crianças e Adolescentes – Fundação Abrinq.

• Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Livros I e II. Secretaria Especial de Direitos Humanos e Ágere Coo-peração em Advocacy. Brasília, 2007

Sites:

www.abong.org.br www.gife.org.br www.ethos.org.br www.akatu.org.br www.fgvsp.br www.portaldovoluntario.org.br www.aprendiz.org.br www.setor3.com.br www.polis.org.br www.cidadania.terra.com.br www.fundacaoseade.com.br educacaointegral.org.br/www.cenpec.org.br/institutoaua.org.br/empreendimentos/aldeia-educadora/www.institutofonte.org.br