guia do estudante de química

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guia do estudante de quimica

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Page 1: Guia Do Estudante de Química
Page 2: Guia Do Estudante de Química

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GUIA DO ESTUDANTE DE QUÍMICA

ÍNDICE

INTRODUÇÃO.....................................................................................................2

A QUÍMICA COMO CIÊNCIA..........................................................................3

ÁREAS CLÁSSICAS DA QUÍMICA .................................................................4

CONHECIMENTO ACUMULADO EM QUÍMICA........................................5

ALGUNS LIVROS BÁSICOS EM QUÍMICA ..................................................7

IMPORTÂNCIA DO EXPERIMENTO EM QUÍMICA..................................9

RELATÓRIO ......................................................................................................13

IMPORTÂNCIA DA AULA TEÓRICA ..........................................................14

PARTICIPAÇÃO NA VIDA ACADÊMICA ...................................................15

INICIAÇÃO CIENTÍFICA................................................................................16

PÓS-GRADUAÇÃO ...........................................................................................18

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................19

Page 3: Guia Do Estudante de Química

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INTRODUÇÃO

O universitário brasileiro, de modo geral, desconhece os aspectos mais

importantes do seu curso de graduação e, como consequência, conduz seus estudos

apenas na medida exata da aprovação nas diversas disciplinas. O objetivo deste

trabalho é nortear os alunos de Química na aquisição de uma visão acadêmica global.

Os destinatários imediatos deste GUIA são todos os calouros de Química,

contudo, acreditamos que a maioria dos assuntos tratados são também de utilidade aos

veteranos, principalmente os relativos a iniciação científica e pós-graduação.

A QUÍMICA COMO CIÊNCIA

Todos sabemos que a Química é uma ciência e temos algumas noções do que

seja Ciência. Contudo, diante do avanço em todos os campos do saber, não basta

conhecer o que diz o senso comum sobre ciência, é necessário ouvir aqueles que se

debruçaram sobre esta pergunta e fizeram dela seu campo de estudo. Uma visão

aprofundada desta questão é estudada na Filosofia da Ciência. Existem muitos livros

que trazem várias definições de Ciência, vale a pena conhecê-las.

Para entendermos as peculiaridades da Química e da Física como Ciência é

necessário estudar a história de cada uma de suas várias áreas e observar como se deu

a evolução das idéias científicas. O estado atual do conhecimento foi alcançado seja

como uma consolidação e assimilação das novas pesquisas, seja pela revolução e

rupturas com as teorias anteriores. As histórias da Termodinâmica e da Química

Quântica ilustram estes modos de evolução dos conceitos científicos.

Nas ciências físicas, os conhecimentos adquiridos, muitas vezes, transformam-

se em desenvolvimento tecnológico, que por sua vez, aprimora e/ou cria novos

equipamentos. Estes permitem aquisição de dados mais precisos, levando a

consolidação ou reformulação das teorias existentes.

Page 4: Guia Do Estudante de Química

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ÁREAS CLÁSSICAS DA QUÍMICA

A evolução da Química -e da Ciência-, vem ocorrendo em ambiente de interdisciplinaridade crescente e de atenuação das fronteiras entre as áreas do conhecimento. Assim mesmo, continua em uso a consagrada divisão clássica da Química em quatro áreas:

���� Química Orgânica: Estuda todos os compostos que apresentam carbono e hidrogênio e, de modo geral, podem ser encontrados nos seres vivos;

���� Química Inorgânica: Estuda os demais compostos;

���� Química Analítica: Estuda os métodos e técnicas de identificação e quantificação das substâncias;

���� Físico-Química: Procura relacionar todos os fenômenos químicos com a estrutura e as propriedades das várias substâncias, bem como a energia a eles associada.

Cada uma destas áreas pode ser dividida em várias especialidades :

Química Orgânica: Síntese, Estrutura e Espectroscopia; Estereoquímica; Isolamento e Identificação de Produtos Naturais; Síntese de Produtos Naturais; Físico-Química Orgânica; Polímeros; Fotoquímica Orgânica; Química Farmacêutica; Química Fina; Química de Alimentos; Bioquímica; Química biológica; Tecnologia Orgânica; Organometálicos; Catálise; Petroquímica; Biotecnologia; Lignina e Celulose; Organossilanos; Homeopáticos; RMN; outros...

Química Inorgânica: Elementos Representativos; Elementos de Transição; Terras Raras; Organometálicos; Química Bioinorgânica; Química de Sólidos; Catálise Heterogênea; Metais; Cerâmicas; Tecnologia Inorgânica; Fotoquímica Inorgânica; Cristaloquímica de Minerais; Gemologia; outros...

Química Analítica: Metodologia Analítica; Instrumentação; Quimiometria; Eletroanalítica; Química Ambiental; Química Clínica; Espectroanalítica; Bioquímica Analítica; Cromatografia; Agroquímica; Análise de Alimento; Extração por Solventes; Métodos Termoanalíticos; Radioquímica; Especiação; Geoquímica; Arqueoquímica; outros...

Físico-Química: Química Teórica; Espectroscopia no ultravioleta; Espectroscopia no infravermelho; Espectroscopia Raman; Espectroscopia de raios-X; Fotoquímica; Termoquímica; Eletroquímica e Corrosão; Polímeros; Cinética e Mecanismos; Química Coloidal e de Superfícies; Materiais; Catálise; Fenômenos de Transporte; Separação Química; Cerâmica; outros...

Page 5: Guia Do Estudante de Química

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CONHECIMENTO ACUMULADO EM QUÍMICA

O aluno não deve se satisfazer com o estudo em apenas um livro, deve pois

diversificar suas fontes de informações, consultando várias publicações, periódicos

especializados, manuais de referências (Handbook). Visto que as condições de

aquisição de todo este acervo é onerosa, a solução prática é a Biblioteca.

Cada livro traz o modo como aquele professor (o autor) explana o assunto, e

lendo mais de uma explicação sobre o mesmo tema você consegue absorver os

elementos principais daquele tópico estudado. A aproximação sucessiva, mais de que

um método matemático, é também um modo de aprendizagem.

A devolução nos prazos corretos e a boa conservação dos livros usados

constituem a obrigação e o reconhecimento de cada usuário da Biblioteca. O uso

constante do acervo da Biblioteca deveria ser um hábito comum entre os alunos e

professores de Química.

O aluno deve conhecer os periódicos assinados por sua biblioteca,

principalmente os relacionados com a química. Como a literatura em química é vasta,

citamos apenas alguns periódicos:

� Accounts of Chemical Research

� Analitica Chimica Acta

� Analytical Chemistry

� Chemical Physics

� Chemical Physics Letters

� Colloids and Surfaces

� Inorganic Chemistry

� Inorganica Chimica Acta

� Journal of Chemical Education

� Journal of Chemical Physics

� Journal of Computational Chemistry

� Journal of Organic Chemistry

� Journal of Physical Chemistry

� Journal of the American Chemical Society

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� Journal of the Chemical Society

� Synthesis

� Talanta: International Journal of Analytical Chemistry

� Tetrahedron

� Theoretica Chimica Acta

� Termochimica Acta

� Trends in Analytical Chemistry

Além destes periódicos internacionais de grande circulação cada país tem seus

periódicos. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) publica a revista

Química Nova que divulga trabalhos em português, espanhol e inglês na área de

Química e o periódico internacional Journal of the Brazilian Chemical Society. Já a

Associação Brasileira de Química (ABQ) publica os periódicos de cunho científico e

tecnológico Anais da ABQ e Revista de Química Industrial. Exemplos adicionais de

revistas brasileiras são a Eclética Química e Química e Derivados. A INFOQUIMICA

também abrange a função de revista eletrônica.

Os livros geralmente trazem os temas já sedimentados na pesquisa científica,

portanto, para termos um contato com a pesquisa atual devemos consultar os

periódicos especializados.

O Chemical Abstracts é uma publicação periódica que traz o resumo do

trabalhos mais importantes publicados em todas as áreas da Química. A consulta ao

Chemical Abstracts constitui o primeiro passo de qualquer pesquisa em Química, pois

ninguém começa a pesquisar sem conhecer a contribuição de outros pesquisadores

sobre o mesmo assunto. A revista Química Nova, volume 7, n- 2 de abril de 1984 traz,

na página 104, Um Guia do Chemical Abstracts para Estudantes. A busca de

informações pode também ser feita via computador, que poupa muito tempo, mas

ainda é muito cara e não está disponível a todas as bibliotecas.

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ALGUNS LIVROS BÁSICOS EM QUÍMICA

O aluno de química deve possuir, no mínimo, um livro de cada uma das áreas

da Química. Obviamente o desejável é possuir todos os livros indicados pelos

professores.

QUÍMICA GERAL

⇒ RUSSEL, John Blair. Química Geral. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1982.

⇒ BRADY, James E. & HUMISTON, Gerard E. Química Geral, Rio de Janeiro,

Livros Técnicos e Científicos, 1983.

⇒ SLABAUGH, Wendell H. & Parsons, Therand. Química Geral. 2a ed., São Paulo,

Livros Técnicos e Científicos S.A., 1982.

⇒ MAHAN, Bruce H. & MYERS, R. J. Química - Um Curso Universitário. São

Paulo, Ed. Edgard Blucher LTDA, 1993.

FÍSICO-QUÍMICA

⇒ CASTELLAN, Gilbert. Fundamentos de Físico-Química. São Paulo, Livros

Técnicos e Científicos S.A., 1986.

⇒ ADAMSON, Arthur W. A Textbook of Physical Chemistry. 3a ed., Londres,

Academic Press Inc.LTD, 1986.

⇒ BUENO, Willie A. & DÈGREVE, Léo. Manual de Laboratório de Fisico-

Quimica, São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1980.

⇒ ATKINS, P.W. Physical Chemistry. 5a ed., Oxford, Oxford University Press,

1994.

⇒ SHOEMAKER et al. Experiments in Physical Chemistry. 5a ed., Cingapura,

McGraw-Hill, 1989.

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QUÍMICA ORGÂNICA

⇒ MORRISON, R. & Boyd, R. Química Orgânica. 11a ed., Lisboa, Fundação

Calouste Gulbenkian, 1994.

⇒ ALLINGER et al. Química Orgânica. 2a ed., Ed. Guanabara Dois, 1976.

⇒ SYKES, Peter. A Guidebook to Mechanism in Organic Chemistry. 6a ed.,

Cingapura, Longman, 1992.

⇒ VOGEL, A.I. Química Orgânica: Análise Orgânica Qualitativa, 2a ed., Rio de

Janeiro, Ao Livro Técnico S.A., 1988, vol. 1,2 e 3.

QUÍMICA INORGÂNICA

⇒ LEE, J.D. Química Inorgânica - Um Novo Texto Conciso. 3a ed., São Paulo, Ed.

Edgard Blucher LTDA, 1980.

⇒ COTTON, F. Albert & WILKINSON, Geoffrey. Química Inorgânica. Rio de

Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1978.

⇒ HUHEEY, E.et al. Inorganic Chemistry: principles of structure and reactivity. 4a

ed., Nova York, Harper, 1993.

⇒ SHRIVER et al. Inorganic Chemistry. 2a ed., Oxford, Oxford University Press,

1994.

QUÍMICA ANALÍTICA

⇒ BACCAN et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. 2a ed., São Paulo, Ed.

Edgard Blucher LTDA, 1985.

⇒ BASSETT et al., VOGEL: Análise Inorgânica Quantitativa, 5a ed., Rio de Janeiro,

Ed. Guanabara S.A., 1992.

⇒ OHLWEILER, Otto Alcides. Química Analítica Quantitativa. Vol. 1, 2 e 3, 3a Ed.,

Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1982

⇒ OHLWEILER, Otto Alcides. Fundamentos da Análise Instrumental. Rio de

Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1981.

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IMPORTÂNCIA DO EXPERIMENTO EM QUÍMICA

O PORQUÊ DA EXPERIÊNCIA

Apesar do grande desenvolvimento teórico da Química, ela continua a ser uma

ciência eminentemente experimental; daí a importância das aulas práticas de Química.

A experiência treina o aluno no uso de métodos, técnicas e instrumentos de laboratório

e permite a aplicação dos conceitos teóricos aprendidos.

Nas ciências, os fatos experimentais negam ou incentivam as teorias e estas

propõem novos experimentos. De tal modo se entrelaçam teorias e fatos

experimentais, de forma que o cientista deve fazer o esforço para romper com a teoria

quando esta não se aplica aos experimentos, ou refazer os experimentos até conseguir

resultados mais convincentes cientificamente.

LABORATÓRIO QUÍMICO

O laboratório Químico é o lugar privilegiado para a realização de

experimentos, possuindo instalações de água, luz e gás de fácil acesso em todas as

bancadas. Possui ainda local especial para manipulação das substâncias tóxicas (a

capela), que dispõe de sistema próprio de exaustão de gases. O destilador, a balança

analítica, vidrarias de todo tipo e tamanho e reagentes com grau de pureza analítica

são recursos mínimos de qualquer laboratório.

O laboratório é um local de trabalho onde há risco de acidentes devido a

existência de substâncias tóxicas, inflamáveis e explosivas. Por isso é equipado com

extintores de incêndio, lava-olhos, chuveiro e saídas de emergência e uma farmácia de

primeiros socorros. É imprescindível que alunos, técnicos e professores conheçam e

sigam as normas de segurança de um laboratório químico

REGRAS DE SEGURANÇA DE LABORATÓRIO

O laboratório é um local onde há um grande número de equipamentos e

reagentes que possuem os mais variados níveis de toxidez. Este é um local bastante

vulnerável a acidentes, desde que não se trabalhe com as devidas precauções. Abaixo,

apresentamos alguns cuidados que devem ser observados, para a realização das

práticas, de modo a minimizar os riscos de acidentes. Você pode complementar esse

texto, bem como inteirar-se das operações de emergência em caso de acidente, junto a

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

Page 10: Guia Do Estudante de Química

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ANTES DA AULA PRÁTICA

1. Estude os conceitos teóricos envolvidos, leia com atenção o roteiro da prática e tire

todas as dúvidas.

2. Obtenha as propriedades químicas, físicas e toxicológicas dos reagentes a serem

utilizados, e a forma de prevenir e contornar os possíveis acidentes causados por

eles. Em muitos casos essas instruções são encontradas no próprio rótulo do

reagente ou no catálogo do fabricante (p. ex.: Merck Index).

3. Localize as saídas do laboratório, extintores de incêndio, chuveiro, lava-olhos,

armário de pronto-socorro, o telefone mais próximo, e tenha anotados os telefones

do bombeiro e do pronto socorro.

DURANTE A AULA PRÁTICA

1. O laboratório é um local de trabalho sério; portanto, evite brincadeiras que

dispersem sua atenção e de seus colegas. Trabalhe com calma, atenção e

responsabilidade, e seja metódico. Esteja sempre ciente e respeite as principais

regras de segurança.

2. O cuidado e aplicação de medidas de segurança é responsabilidade de cada

indivíduo; cada um deve precaver-se contra perigos devido a seu próprio trabalho

e ao dos outros.

3. Consulte o professor sempre que tiver dúvidas ou ocorrer algo inesperado ou

anormal.

4. Para sua segurança, use avental de algodão , de comprimento na altura dos

joelhos e, de preferência de mangas longas.

5. Não fume, coma ou beba no laboratório.

6. Faça apenas a experiência prevista; qualquer atividade extra não deve ser

realizada sem a prévia consulta ao professor.

7. Não cheire, toque ou prove qualquer reagente. Lembre-se que a contaminação

ocorre por inalação e/ou ingestão e/ou absorção pela pele.

8. Nunca deixe o bico de Bunsen aceso quando não estiver usando.

9. Não use substâncias inflamáveis próximo a chama.

10. Trabalhe com cuidado com substâncias tóxicas e corrosivas, como ácidos, álcalis

e solventes.

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11. Todo material tóxico e/ou que exale vapor deve ser usado na capela.

12. Leia com atenção o rótulo do frasco de reagente antes de usá-lo para certificar-se

que é o frasco certo.

13. Todo frasco contendo reagentes, amostras e soluções devem ser devidamente

etiquetados (identificação do material e do responsável e data).

14. Não contamine os reagentes, voltando o reagente não utilizado ao frasco original

ou usando espátulas e pipetas sujas ou molhadas.

15. Reagentes incompatíveis dever ser armazenados afastados para que não ocorra,

em caso de um acidente, reações perigosas.

16. Experimentos em andamento devem apresentar anotações indicando o

procedimento em caso de acidente.

17. Não utilize material de vidro quebrado, rachado ou com defeito, principalmente

para aquecimento ou em sistemas com vácuo.

18. Não deixe vidraria ou qualquer equipamento quente sobre a bancada sem o

devido aviso.

19. Enxugue e lave qualquer local onde cair reagente.

20. O laboratório deve estar sempre limpo e arrumado, corredores e saídas

desobstruídos, chão e bancadas secas.

21. Nunca jogue papéis, fósforo ou qualquer sólido na pia.

22. Reagentes não tratados ou insolúveis não devem ser jogados na pia. Solventes

clorados e não clorados devem ser armazenados em frascos separados.

23. As mangueiras e conexões em geral são causas frequentes de acidentes.

Verifique-as constantemente para prevenir vazamentos.

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APÓS A AULA PRÁTICA

1. Lave todo o material logo após o término da experiência, pois conhecendo a

natureza do resíduo pode-se usar o processo adequado de limpeza.

2. Guarde todo o equipamento e vidraria.

3. Guarde todos os frascos de reagentes, não os deixe nas bancadas ou capelas.

4. Deixe a bancada limpa e desobstruída.

5. Desligue todos os aparelhos e lâmpadas e feche as torneiras de gás.

ANTES, DURANTE E APÓS O EXPERIMENTO

Não se entra num laboratório sem um objetivo específico, portanto é necessário

uma preparação prévia ao laboratório: O que vou fazer? Com que objetivo? Quais os

princípios químicos envolvidos nesta atividade?

Durante a realização dos experimentos é necessária anotações dos fenômenos

observados, das massas e volumes utilizados, tempo decorrido, condições iniciais e

finais do sistema, portanto um caderno deve ser usado especialmente para o

laboratório. Este caderno de laboratório possibilitará uma descrição precisa das

atividades de laboratório. Não confie em sua memória, tudo deve ser anotado.

Após o experimento vem o trabalho de compilação das etapas anteriores

através de um relatório. O relatório é um modo de comunicação escrita de cunho

científico sobre o trabalho laboratorial realizado.

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RELATÓRIO

O relatório deve conter as seguintes partes: título, sumário, introdução teórica,

parte experimental, resultados e cálculos, discussão, conclusão e bibliografia.

•••• TÍTULO: Frase sucinta que indica o principal objetivo da experiência.

•••• SUMÁRIO: Resumo de no máximo cinco linhas de tudo o que foi feito,

inclusive dos resultados alcançados.

•••• INTRODUÇÃO TEÓRICA: Descrição de toda teoria necessária ao

entendimento da prática e da discussão dos resultados. Deve ser uma síntese

própria dos vários livros consultados. Nesta introdução deve conter o objetivo do

trabalho. O professor percebe facilmente quando o aluno começa a "encher

linguiça". Evite rodeios.

•••• PARTE EXPERIMENTAL: Descrever o procedimento experimental,

ressaltando os principais materiais e equipamentos utilizados.

•••• RESULTADOS E CÁLCULOS: Consiste na apresentação de todos os dados

colhidos em laboratório ou calculados a partir deste . Devem ser apresentados na

forma de tabelas, gráficos, etc., de modo a comunicar melhor a mensagem.

•••• DISCUSSÃO: Discutir os dados obtidos à luz da teoria exposta e comparar com

os dados da literatura. A discussão é a parte do relatório que exige maior

maturidade do aluno.

•••• CONCLUSÃO: Síntese pessoal sobre as conclusões alcançadas com o seu

trabalho. Enumere os resultados mais significativos do trabalho.

•••• REFERÊNCIAS: Livros e artigos usados para escrever o relatório. Devem ser

indicados cada vez que forem utilizados.

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IMPORTÂNCIA DA AULA TEÓRICA

Cada aluno tem sua própria avaliação sobre a importância da aula dos cursos

que participa. De modo geral, apresenta comportamento que depende do tipo de

disciplina. Toda disciplina que consta no currículo é importante para a formação do

aluno (pelo menos até a próxima reformulação curricular). Portanto a dedicação deve

ser a mesma.

As disciplinas de formação geral nos preparam para o diálogo com outras

ciências; as disciplinas de formação básica colocam os alicerces para o aprendizado

racional das disciplinas específicas e estas nos dão as ferramentas para atuação como

profissional de Química.

O ritmo crescente da sociedade moderna abomina a perda de tempo, portanto

para o máximo aproveitamento da aula teórica é necessário uma leitura prévia da

assunto na bibliografia indicada, perguntar durante a aula os pontos obscuros da

exposição e aprofundar com leitura complementar sobre o assunto.

Embora o professor domine o conteúdo que ministra, nem sempre o expõe de

modo ordenado e convincente. Desta forma as perguntas colocadas adequadamente

ajudam o professor a melhorar cada vez mais a exposição. Não esqueça que os livros

trazem a exposição de outros peritos no assunto (os autores!), por isso devem ser

consultados sempre.

Quando o estudo é conduzido de modo regular e constante não é necessário

preparo especial para as avaliações. Uma rápida revisão é suficiente para virem à

mente os conceitos, teorias e fórmulas.

A pesca ou cola que hoje é entendida como esperteza (contra quem?), traduz a

falta de confiança em si mesmo, a falta de coragem para enfrentar resultados

desastrosos e prepara o corrupto de amanhã. Quando o aluno entende isto, certamente

esta prática não será mais usada.

Antigamente o domínio do grego e latim era a linha divisória entre cultos e

incultos. Hoje, na área de ciências, a língua inglesa é hegemônica e perdurará ainda

por muito tempo, portanto, como o melhor do nosso patrimônio científico atual está

sendo escrito em inglês, o aluno de química não pode ficar na contramão da história e

deve saber, pelo menos, ler em inglês.

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PARTICIPAÇÃO NA VIDA ACADÊMICA

O conteúdo de todas as disciplinas do currículo não garantem uma formação

sólida do profissional e cidadão que desejamos ser; portanto, o aluno deve,

paralelamente às atividades curriculares, procurar complementar sua formação global

por iniciativa própria.

A Universidade oferece espaços de engajamento político, cultural e científico

que o aluno pode desfrutar da maneira que achar mais adequada a sua formação. Por

iniciativa da própria instituição, da comunidade ou dos estudantes, a Universidade

propõe constantemente algumas atividades culturais de que você poderá desfrutar para

alargar seus horizontes.

O Centro Acadêmico do curso, o Diretório Central dos Estudantes e a União

Nacional dos Estudantes (UNE) são os órgãos de coordenação dos estudantes nas lutas

pela melhoria do Curso, de sua Universidade e da Universidade Brasileira,

respectivamente. Outra possibilidade de engajamento político é a representação

estudantil nos diversos conselhos da Universidade. Em geral, a representação

estudantil em cada um destes órgãos colegiados é de 1/5 (20%), sendo significativo

para direcionar os rumos da política universitária em favor dos estudantes. Durante os

quatro ou cinco anos da vida acadêmica é importante que o aluno assuma uma

participação efetiva na luta pela melhoria do ensino.

Por ação ou omissão sempre participaremos da Política, afinal o homem é um

animal político. Como muitas lideranças estudantis podem tornar-se políticos

profissionais, cabe a nós incentivar os bons políticos e abortar a carreira dos

aproveitadores.

A existência de seminários, cursos extracurriculares, estágios e projetos de

pesquisa deve ser aproveitada pelos alunos, pois permite ampliar sua formação. Além

disso, a participação nos encontros regionais da SBQ, na Reunião Anual da SBQ, nos

Congressos Brasileiros de Química (ABQ) e a interação com serviços eletrônicos tipo

Bulletin Board System e grupos de discussão da Internet, dos quais a INFOQUIMICA

e a QUIMNET são exemplos representativos, auxilia o aluno a formar um quadro

mais completo do ensino, pesquisa e aplicações da Química e do seu papel na

sociedade. O estudante pode também filiar-se e envolver-se nas atividades das

sociedades científicas dedicadas à Química, das quais passará a receber publicações

periódicas.

Page 16: Guia Do Estudante de Química

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INICIAÇÃO CIENTÍFICA

FINALIDADE DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA

As disciplinas teóricas e práticas nos revelam o patrimônio da ciência até

aquele instante, dando a chave para o entendimento de fatos ou nos desafiando com

fatos ainda não interpretados; contudo, não basta conhecer as Leis e os dramas da

ciência de nossa época, é necessário também fazer ciência.

Talvez o principal objetivo da iniciação científica seja aprender o modo de

trabalho do pesquisador: dimensionar o problema, procurar as formas de solucioná-lo,

desenvolver as habilidades requeridas para a aplicação dos métodos e técnicas,

analisar os resultados obtidos à luz do patrimônio da ciência e redigir a sua pequena

contribuição.

ESCOLHA DO TRABALHO/ORIENTADOR

Geralmente os professores se sentem seguros quando orientam na área que tem

grande domínio, pois já mantêm um contato regular com a literatura especializada.

Os alunos que desejam começar um trabalho de pesquisa raramente tem um

interesse específico. Geralmente escolhem apenas uma das grandes áreas da Química

com a qual tenha mais afinidade (Orgânica, Físico-Química, Analítica ou Inorgânica)

e daí procuram um professor da área para orientá-los.

O relacionamento aluno/orientador está sujeito a todas as variantes do

relacionamento humano. Portanto, a centralidade nos objetivos do trabalho e a

compreensão mútua garantem o bom êxito do trabalho.

RELATÓRIO DE PESQUISA

Após os primeiros contatos com o orientador deverá surgir o projeto de

pesquisa que define, de modo claro, os objetivos do trabalho, sua importância e o

cronograma. O projeto é um guia, ao menos no início, no desenvolvimento do

trabalho.

Desde o início o aluno deverá anotar, de forma sistemática, todos os resultados

e observações feitas durante o trabalho. Este material será precioso no momento de

escrever o relatório parcial ou final da pesquisa.

O relatório de pesquisa é um documento técnico do ocorrido durante o trabalho,

deverá apresentar os resultados obtidos e a perspectiva de desenvolvimento, como

Page 17: Guia Do Estudante de Química

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também as dificuldades. É uma prestação de contas para o orientador e/ou para a

instituição.

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Não tem sentido que um trabalho de pesquisa fique esquecido para sempre num

canto de laboratório. Esse deverá ser apresentado à comunidade científica seja em

encontros, congressos, seminários ou através de artigos científicos publicados em

revistas especializadas.

A divulgação científica é o resultado da reflexão sobre o trabalho

desenvolvido. Deve conter uma explicação do problema, o modo como outros

pesquisadores o estudaram e o modo como foi enfrentado no seu trabalho. Deve

conter os principais resultados, uma análise e discussão dos mesmos e terminar com a

conclusão sobre o trabalho. Além disso a divulgação cientifica enriquece o trabalho,

pois pode abrir novas perspectivas e advir daí sugestões para trabalhos científicos

posteriores.

Page 18: Guia Do Estudante de Química

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PÓS-GRADUAÇÃO

Pós-graduação é o nome genérico que é dado aos cursos que têm como

requisito mínimo a conclusão do curso de graduação; são eles: Especialização (lato

sensu), Mestrado e Doutorado (stricto sensu).

O curso de Especialização tem carga horária de 360 horas e pode exigir a

apresentação de um trabalho monográfico ao final do curso.

O curso de Mestrado tem duração de 2 a 3 anos e é obrigatória a apresentação

de uma dissertação sobre o trabalho realizado no período. Não é necessário ter feito

Especialização para ingressar no Mestrado.

O curso de Doutorado tem duração de 3 a 5 anos, exigindo trabalho mais

aprofundado de pesquisa. As teses de Doutorado devem ser trabalhos inéditos de

pesquisa. É possível, ao aluno de mestrado, solicitar mudança para doutorado, desde

que o andamento do trabalho e o seu desempenho justifiquem a mudança.

Os cursos de Mestrado e Doutorado exigem a orientação de um professor que

tenha o título de Doutor ou equivalentes (D. Sc. = Doctor of Science ou Ph. D. =

Doctor of Philosophy). Muitas universidades brasileiras possuem curso de pós-

graduação em nível de mestrado e doutorado na área de Química. Os alunos de pós-

graduação recebem bolsas de estudo que permitem engajar-se no trabalho de pesquisa

em tempo integral.

O Pós-doutorado não constituí um título em si, é apenas um estágio que os

Doutores podem fazer para consolidar ou atualizar seus conhecimentos numa

determinada área. O período deste estágio pode ser de 6 meses a dois anos. O Pós-

doutorado pode ser feito várias vezes durante a carreira do Pesquisador.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Universidade procura formar o profissional da Química que saiba vencer os

desafios presentes e futuros da profissão. Portanto, conhecer as tendências da Química

nos próximos anos ajudará a preparar-se melhor para o desafio profissional que os

espera. Por isso, vale a pena manter um olho nos classificados e o outro em artigos

como o de G. M. Whitesides - What will chemistry do in next twenty years? Angew.

Chem. Int. Ed. Engl., 29, 1209-1218 (1990).

Hoje em dia, não basta mais ter o Diploma para ter emprego garantido. Em

todos os setores que necessitam de um profissional da Química, exigem competência.

O empenho durante todo o curso assegurará o êxito profissional.