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Guia de Navegação para Tablets e Smartphones

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Edição 12 | Ano 3 | Outubro/2015

Direção geral: Sérgio FernandesCoordenação editorial: Luiz Guilherme Martins

Consultor Eclesiástico: Pe. José Alem Revisão: Marcus Facciollo

Projeto gráfico: Agência Minha ParóquiaDiagramação: Renan Trevisan

Assistente de arte: Larissa BolanhoDesenvolvimento Web: Matheus Moreira

Atendimento: Ana Carolina SilvaComercial: Adriana Franco

Projetos: Elen Bechelli de OliveiraBanco de imagens: Shutterstock

A revista digital Sou Catequista é uma publicação da agência Minha Paróquia, disponível gratuitamente para smartphones

e tablets nas plataformas IOS e Android. Os conteúdos publicados são de responsabilidade de seus autores e não

expressam necessariamente a visão da agência Minha Paróquia. É permitida a reprodução dos mesmos desde que citada a fonte. O conteúdo dos anúncios é de total

responsabilidade dos anunciantes.

facebook.com/soucatequistawww.soucatequista.com.br

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8, 32).

Catequista, leitor(a), seja mais que bem-vindo à 12ª edição da revista Sou Catequista!

Este número, que compreende os meses de setembro e outubro, trata de temas interessantíssimos e contemporâneos como o Credo na catequese, o perfil do catequista na atualidade junto às novas demandas da catequese, entre outras dicas e mensagens preparadas para fazer da sua caminhada na fé uma experiência cada vez mais intrínseca.

Ainda nesta edição você entenderá a importância do ensino e, sobretudo, da prática da caridade sob a ótica de dois personagens inesquecíveis do catolicismo: São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá.

Também não posso deixar de comentar a dedicação cristã à Bíblia no mês de setembro (motivo pelo qual citei um dos versículos do livro de João, na primeira linha deste editorial).

Em nome de toda a equipe da revista Sou Catequista, espero que a Palavra de Deus seja uma presença constante em sua vida, concedendo-lhe entendimento de paz, compreensão, respeito e tolerância, assuntos abordados incessantemente pelo Papa Francisco em seus discursos ao redor do mundo.

Tenha uma ótima leitura e até a próxima edição! ;)

Luiz Guilherme Martins, Coordenador editorial

Editorial

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NESTA EDIÇÃOPARA LER A REVISTA, DESLIZE PARA AS

PRÓXIMAS PÁGINAS OU TOQUE NOS ITENS DO ÍNDICE.

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NOSSOS LEITORES

VOZ DA IGREJA

ACREDITARÉ CONFIAR

A IGREJA É INCLUSIVA

CATEQUESE HOJE

O PEQUENOPRÍNCIPE

AS MISÉRIAS SOCIAIS QUE AFETAM AS FAMÍLIAS

A PESSOA DO CATEQUISTA

RITOS & CELEBRAÇÕES

O PERFIL DO CATEQUISTA NA ATUALIDADE E AS NOVAS DEMANDAS DA CATEQUESE

A CATEQUESE NO SÉCULO XXI

CATEQUISTAS DEVEM DARTESTEMUNHO COERENTE DA FÉ QUE ANUNCIAM

DICAS DELEITURA

DICA DE APP

O CATECISMO RESPONDE

Solange Rios

Thaís Rufatto

Pe. José Alem

Ângela Rocha

João Melo

Marlei Correia

Ricardo Diniz de Oliveira

Márcio Oliveira Elias

DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

ATUALIDADE

CATEQUESE INCLUSIVA

CATEQUISTAS EM REDE

CATECINE

MENSAGEM DO PAPA

REFLEXÃOROTEIROS CATEQUÉTICOS

MATÉRIA DE CAPA

FAMÍLIA E CATEQUESE

IGREJA E COMUNICAÇÃO

A CATEQUESE DA CARIDADE

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curta a nossa fanpage e divulgue este trabalho ao máximo de

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Nossa equipe tem se dedicado bastante para trazer de presente a você uma revista tão caprichada.

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na frente!Adriana Martins Ferreira

O projeto Sou Catequista é ótimo! Auxilia o catequista

em seus encontros e apresenta matérias

abençoadas!Douglas Henrique

Maravilhosa! Ótima, criativa, pedagógica e rica

em conteúdo. Parabéns!Jane Batista

Sou catequista e a revista me ajudou demais! Muito

obrigado!Jefferson Pinheiro Soares

O aplicativo é perfeito para os catequistas! Com as

interações também no site, ficou melhor ainda!

Mayre Araújo

6NOSSOS LEITORES

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Eu não tenho palavras para descrever a revista! É excelente! As pessoas precisam baixar!Odair José

Sou catequista de adultos da paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Sorocaba. Conheci a revista através de uma amiga catequista da comunidade e estou lendo as edições. Estou gostando muito! Ótimos artigos e orientações! Obrigada. Grande abraço a todos. Que a paz de Jesus esteja com vocês!Vera Marta

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A corrupção cheira malDom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo

H á meses, os noticiários estão recheados de fatos de corrupção. De tal modo já nos habituamos, que as enormes somas em jogo nem mais impressionam,

como se fossem fatos corriqueiros. Infelizmente, tinha razão quem vinha alertando, há vários anos, que um dos maiores males

do Brasil era a corrupção; assim se manifestou o cardeal Geraldo Majella Agnelo em 2005, arcebispo de Salvador e presidente da CNBB naquele ano. Suas palavras causaram protestos indignados, por levantarem suspeitas contra a honradez da vida política nacional... E hoje?!

Como em tudo, podemos ver também aqui um lado ruim e outro, bom. Ruim é o tamanho e a ramificação da corrupção em vários setores da vida pública, como vai sendo revelado. O lado bom é que os problemas começam a ser enfrentados seriamente em vez de serem varridos para debaixo do tapete. Somente admitindo os fatos, e indo às consequências, é que se pode mudar certa cultura de tolerância em relação à corrupção. Para debelar a corrupção, são fundamentais a independência dos Poderes do Estado e a autonomia das instituições, para cumprirem seu papel sem ingerências interesseiras e corruptoras.

Mas ninguém se engane: a corrupção não ronda apenas a administração pública, nem se refere apenas ao desvio de bens do Estado aos bilhões e milhões. Também são atos de corrupção os pequenos desvios, a sonegação de impostos ou as propinas para obter ou aceitar benefícios através do descumprimento dos deveres cívicos. E a pequena corrupção, quando não é corrigida em tempo, abre caminho para as grandes falcatruas.

A corrupção primeira e mais grave é a da consciência moral. Toda pessoa traz em si as noções básicas de bem e de mal e a capacidade de perceber o que é correto ou detestável na conduta. Vários fatores podem ajudar a aprimorar ou deteriorar a sensibilidade da consciência, como a educação, o convívio social e a cultura circunstante. Mas é, sobretudo, a prática repetida de ações desonestas que leva à insensibilidade e à corrupção da consciência moral, abrindo caminho para ações desonestas maiores.

Os atos e fatos de corrupção estão relacionados com um grave problema ético e moral; são fruto de um desvio de conduta caracterizado pela desonestidade e a falta de senso de justiça. Além disso, decorrem da falta de solidariedade e da insensibilidade em relação aos direitos e necessidades alheias. Será ainda necessário dizer que a corrupção não combina com o bom caráter, a confiabilidade e a honradez?

Em sua visita a Nápoles, em 21 de março deste ano, o Papa Francisco usou palavras severas contra a corrupção e destacou a necessidade da vigilância constante, para ninguém se

10VOZ DA IGREJA

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corromper: “todos nós temos a possibilidade de ser corruptos e ninguém pode achar que está isento da tentação de enveredar por negócios fáceis, por caminhos de delinquência e da exploração de pessoas”. E observou que o conceito “corrupção” se refere a algo deteriorado, que perdeu a sua genuinidade e deixou de ser bom e prestável: “a corrupção cheira mal; a sociedade corrupta cheira mal”, concluiu o Pontífice.

A corrupção, talvez, nos faz pensar logo em desvios de dinheiro e de bens, mas também existe a corrupção política, que é uma grave deterioração do sistema democrático, pois desvirtua e trai os princípios da ética e as normas da justiça social; ela compromete gravemente a relação entre governantes e governados e introduz uma crescente desconfiança em relação à própria política e aos seus representantes, com o consequente enfraquecimento das instituições.

A corrupção política distorce a origem e a razão de ser das instituições representativas porque as usa como terreno para a barganha política de solicitações clientelistas e favores dos governantes. Assim, as opções políticas favorecem os objetivos restritos daqueles que possuem os meios para influenciá-las e impedem a realização do bem comum de todos os cidadãos. A política acaba transformada num pragmático balcão de negócios, ou num instrumento de benemerências personalistas.

Ao se unirem as duas formas de corrupção, a política e a econômica, surge um combinado extremamente devastador da vida social. Não será por isso que tantos cidadãos preferem, de maneira equivocada, a distância em relação à participação na vida política? “Meter-se em política” significa, para muitas pessoas, o mesmo que participar de negócios desonestos...

Existe remédio para a corrupção? Certamente que sim. É indispensável, desde a mais tenra infância, a educação para a honestidade e o senso de justiça e solidariedade, como também o discernimento crítico diante dos fatos públicos de corrupção e desonestidade: estes não são bons exemplos a serem seguidos por crianças, jovens e adultos. Mas também é necessário que a justiça realize o seu curso e chame às contas os agentes da corrupção. O maior estímulo para a corrupção seria a convicção de que a desonestidade compensa e a honestidade é uma tolice.

Na bula de proclamação do ano santo extraordinário da misericórdia de Deus, de abril de 2015, o papa Francisco conclama os culpados de corrupção ao arrependimento e ao pedido de perdão: “esta praga apodrecida da sociedade é um pecado grave que brada aos céus, porque mina as próprias bases da vida pessoal e social. A corrupção impede de olhar para o futuro com esperança porque, com sua prepotência e avidez, ela destrói os projetos dos fracos e esmaga os mais pobres”. Para erradicá-la da vida pessoal e social, são necessárias a prudência, a vigilância constante aliada à fortaleza do caráter, a lealdade, transparência e a coragem da denúncia. “Se não se combate abertamente a corrupção, mais cedo ou mais tarde ela nos faz seus cúmplices e nos destrói” (n. 19).

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Ecologia e TeologiaPadre Zezinho, SCJ

Q uando você corta uma árvore, livra-se de mosquitos, vermes, répteis e aves incomodas. Porém, perde seus frutos, seu perfume, sua

umidade, suas flores, sua sombra, o canto dos pássaros, a vida ao redor e a chance de mais saúde. Se aprendemos a

trabalhar com tantos humanos e vizinhos problemáticos, então por que não aprendemos a viver a dez metros de uma árvore?

Hoje, em um grande número de igrejas ensina-se, como parte da teologia moral, o respeito pela vida, seja ela humana, vegetal ou animal. Quem crê em Deus precisa respeitar a obra Dele. Não somos a única obra de Deus. Até mesmo a contenção de uma encosta, a invasão de um mangue, precisam ser seriamente considerados dentro do projeto da Criação, porque esta e aquela obra podem significar mortes de espécies que contribuem para o equilíbrio do sistema. Enfermidades do futuro podem estar ocultas na invasão de hoje. Também é verdade que a saúde do futuro pode depender de como respeitamos as águas e o verde de agora.

É impensável ensinar catequese, hoje, e diplomar-se em teologia sem o respeito à vida. E é bom que se repita que respeitar a vida supõe respeitar o meio ambiente. É crime e é pecado grave afetar um ecossistema, secar uma fonte, derrubar árvores sem o cuidado do replantio, encher um morro de casas sem a devida sustentação do solo, cavar túneis sem o cuidado de sustentar o chão, poluir rios e praias, expor pessoas às doenças do seu cão que defecou na praia. Tudo isso vai contra a vida dos outros. Um simples vaso com água, por conta do mosquito da dengue, pode matar a menina dos seus vizinhos.

Cabe ao cristão pensar muitas vezes antes de lidar com situações que possam mais cedo ou mais tarde levar os outros à enfermidade ou à morte. Os cidadãos que desrespeitaram as leis, deixando de manter as matas ciliares, prejudicaram as águas de mais de 40 cidades. Pelo lucro obtido com alguns quilômetros quadrados a mais de colheita, tornaram a vida mais cara para todos os municípios: a água chegou menos pura. Não eram crianças! Sabiam do perigo!

Crer em Deus e crer na Palavra de Jesus supõe hoje, mais do que nunca, preservar a vida. Por isso, entre nós, teologia precisa rimar com ecologia. Que os bisnetos de amanhã possam olhar para o rio limpo e ver peixes, olhar para as montanhas e ver árvores e flores. Se nossos avós não fizeram, façamos nós! Plantemos, nem que seja apenas um pequeno arbusto num vaso. Será pedagógico e reparador!

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Acreditaré confiar

Solange Rios

14DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

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Que todos possam sentir o chamado de Deus para

a Catequese, deixando-se guiar por Ele

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S er catequista era um sonho, para mim, sonhado por muito tempo e, apesar de ter tudo para realizá-lo, não acontecia.

Certa vez fui conversar com o pároco que me conhecia e conhecia também minha família e falei sobre esse meu desejo, achando que tudo seria resolvido. Ele me falou que ia ter uma reunião de catequistas e que eu fosse me apresentar. Fui, participei da reunião e no final deixei meus dados para futuro contato, mas nada aconteceu.

Tempos depois novamente na Missa o padre convidou as pessoas para o curso da Pastoral da Criança: fui, inscrevi-me, fiz o curso, atuei, mas não era aquilo que queria, não era apenas participar de algo na igreja, meu sonho era ser catequista, afinal, fui catequista dos meus filhos e queria transmitir isso para outras crianças. E o tempo passou...

Desisti, então, de correr atrás e deixei nas mãos de Deus. Lembrei de um trecho do Diário de Santa Faustina onde ela dizia para Deus que “Ele é que tinha que dar um jeito de acontecer se Ele quisesse”. E assim foi.

Até que um dia o padre fez o convite para as pessoas que quisessem atuar na catequese. A princípio fiquei feliz, mas depois me lembrei das outras vezes que não aconteceu e deixei pra lá. Já tinha netas e minha vida estava em outro ritmo, mas Deus tem Seus próprios projetos e Seu tempo para tudo acontecer.

Fui um dia à igreja levar algumas coisas para doação e me lembrei do convite, deixei meus dados na secretaria. Confesso que nem tinha mais esperança de que me chamariam e nem pensava no assunto. Mas, um belo dia meu telefone tocou e era uma das coordenadoras me convocando. Pronto! Deus deu o jeito Dele!

Mas, assim como Deus age, o demônio reage. Tive algumas dificuldades que me fizeram querer desistir, mas, sempre pensando que, se Deus me colocou aqui, só saio se Ele quiser!

Algumas catequistas me davam forças para continuar. Diziam que quando começaram também passaram por várias dificuldades para seguir e que eu também deveria seguir, pois, o inimigo quer sempre atrapalhar as obras de Deus.

Fui levando até que um dia comuniquei que não teria mais condições, ainda não me sentia confortável onde estava, conversei com a nossa coordenadora geral e ela me aconselhou a terminar o que tinha começado e no outro ano que eu fosse para a outra paróquia.

Com a graça de Deus e com muita alegria participei da Primeira Eucaristia das crianças da catequese e para o serviço ficar mais completo meus filhos, Marcio e Rafael, tocaram na celebração. Todo sofrimento tinha valido a pena. Não, eu não ia desistir!

Tive grande apoio da minha família também, claro que não queriam me ver sofrendo e me diziam que se era para eu ficar mal, que era melhor eu largar, mas nunca se opuseram a eu continuar se quisesse.

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Hoje, estou com uma turminha de primeira etapa junto com minha amiga superpaciente, Rose. Sou muito detalhista, mas sei que estou dando os primeiros passos e com o tempo vou ficar menos ansiosa para dar os encontros e deixar as coisas fluírem mais inspiradas e menos protocoladas.

Estou sempre pesquisando coisas para as crianças, músicas, dinâmicas e trabalhinhos.

Penso na catequese o tempo todo e muitas vezes perturbo minha companheira Rose no WhatsApp com ideias que tive, músicas para o encontro, etc. Também criamos um grupo no aplicativo de mensagens para dar recadinhos e lembretes para os pais.

E temos uma grande participação deles, até porque a maioria das crianças estudam no mesmo colégio desde muito pequenas.

Hoje, quando recebi o convite da Ângela Rocha para dar meu testemunho, estava preparando um encontro e “me olhei” ali como estava: livro, pastas, iPad e a Bíblia... que estava aberta em Gênesis 15, cujo tema é “Acreditar é confiar”; nem tinha prestado atenção, mas, quando li o tema, percebi que isso tudo só aconteceu porque acreditei e confiei. E Deus fortaleceu isso.

Peço sempre a Ele que guie minhas palavras para que toque o coração das crianças e dos pais. Que Deus conserve sempre a humildade em mim. Sei que tenho muito que aprender, mas se Ele confiou, quem sou eu para não acreditar?

Agradeço em especial ao meu marido, que, mesmo sem atuar, leva-me para reuniões quando é noite, ou para uma festa junina da qual a catequese participa, ele me leva e vai me pegar. Acho que sem o apoio da família fica difícil fazer qualquer coisa, principalmente quando temos que nos dividir ela e a Igreja.

Que outras pessoas sintam esse chamado e se deixem agir por Deus. Deus as abençoe!

Solange Maria Rios Martins,Catequista da paróquia São José Operário, Ilha do Governador, RJ

Confesso que nem tinha mais esperança de que me chamariam e nem pensava no assunto. Mas, um belo dia meu telefone tocou e era uma das coordenadoras me convocando. Pronto! Deus deu o jeito Dele

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Na última edição do Desafio Sou Catequista, a editora Ave-Maria, em parceria com a gente, sorteou mais um exemplar exclusivo da edição popular catequética da Bíblia.

Agora, o vencedor poderá ganhar o livro “Deus não se cansa de perdoar”, escrito por Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco!

Para receber o produto em casa, você precisará responder a questão-chave deste desafio: em outubro, nós teremos o Dia Nacional da Juventude, uma data mais que especial para a celebração da juventude cristã brasileira. Mas, afinal, o que representa a juventude inserida nos caminhos de Jesus?

A sua resposta deve ser publicada como comentário dentro da página de promoção do desafio, disponível em nosso site oficial (goo.gl/7KWfOo), lembrando que os textos escritos em nossa página no Facebook serão invalidados.

Nossa equipe de conteúdo analisará todas as respostas e o resultado será anunciado no dia 15/11, através do Facebook. Portanto, fique atento à data, capriche e, é claro, Deus te abençoe!

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N o mês de setembro, uma das intenções de oração do Papa Francisco foi pelos catequistas:

“Pela evangelização: Catequistas, testemunhas da fé – para que a vida dos catequistas seja um testemunho coerente da fé que anunciam”. O Santo Padre enfatiza a importância do

testemunho destes que têm um papel tão importante na formação dos

cristãos, especialmente na infância.

CATEQUISTAS DEVEM DARTESTEMUNHO COERENTE

DA FÉ QUE ANUNCIAM‘Ser’ catequistas requer amor, amor sempre mais forte por Cristo e amor pelo seu povo santo

20ATUALIDADE

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Em 2013, no Congresso Internacional de Catequese, o Pontífice se dirigiu aos catequistas ressaltando que a função é na verdade uma vocação. “Ajudar as crianças, os rapazes, os jovens, os adultos a conhecer e a amar sempre mais o Senhor é uma das aventuras educativas mais belas, constrói-se a Igreja! ‘Ser’ catequistas!”.

E completou lembrando que não se trata de fazer, mas de ser, porque envolve vida, testemunho. “Conduz-se ao encontro de Jesus com as palavras e com a vida, com o testemunho. ‘Ser’ catequistas requer amor, amor sempre mais forte por Cristo e amor pelo seu povo santo.” O Papa ainda recordou aos catequistas uma frase que São Francisco dizia aos seus confrades: “Pregai sempre o Evangelho, e se for necessário, use palavras”, reforçando como é importante o exemplo dado.

Maria Helena Lobato é catequista há 60 anos e entendeu bem isso. Ela diz que o trabalho que realiza na Igreja é o de “apresentar Jesus para as crianças, levá-las a ter uma experiência com Jesus, a conhecer a doutrina católica, para que possam ser bons cristãos”.Dar catequese, para ela, que também é professora, é mais do que somente ensinar: “O Catequista não é um professor. Não basta ao catequista ler muitos livros, ter muito conhecimento, se não der testemunho, se não viver. O catequista tem que ter espiritualidade, viver os sacramentos. Não adianta dar uma boa aula, é preciso testemunhar. Preciso passar aquilo que eu vivo. O amor que eu vivo. O Evangelho que eu vivo. Há crianças que chegam na catequese de família católicas e outras que nunca ouviram falar de Jesus, não sabem quem Ele foi e é. Para todas eu preciso ser canal de Deus e do Evangelho”.

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Texto: Canção Nova

A professora Bernadeth Villar conta que veio para a Igreja por causa da catequese. “Fui para a Igreja aos oito anos de idade sem a participação da minha família. Uma senhora vizinha chamou algumas crianças da rua para fazer catequese e eu segui o fluxo. Nem tinha ideia, na época, do que se tratava. Me lembro com carinho das minhas catequistas, Lourdes e Catarina.”

Bernadeth acabou crescendo na Igreja. Após a Primeira Comunhão veio a perseverança, o Ministério de Música, onde aprendeu a tocar violão e a cantar, o Grupo de Jovens e a Crisma. Hoje, ela é missionária, casada e tem dois filhos.

FRUTOS DO TESTEMUNHO

Fui para a Igreja aos oito anos de idade sem a participação da minha família. Uma senhora vizinha chamou algumas crianças da rua para fazer catequese e eu segui o fluxo.

Motivacional: Ser catequista

“Por causa da catequese daquela época me encontrei na Igreja Católica, e devo isso também ao testemunho das minhas catequistas, que nos ensinavam as coisas de Deus e nos orientavam. A catequese que eu fiz quando criança me deu a base para ser hoje uma boa cristã. Descobri na Igreja minha segunda família, e nunca mais quis sair dela.”

Thárcilla Neves, auxiliar administrativo, fez sua Primeira Comunhão aos dez anos de idade. “Tive uma experiência muito boa com a catequese. Lembro que me senti muito acolhida pela minha catequista, Eliane”.

Ela afirma que nunca se afastou da Igreja e acredita que o testemunho de sua catequista influenciou muito para sua perseverança. “Depois dos meus pais, foi ela, minha catequista, a primeira pessoa que me levou a ter uma experiência com o amor de Deus.”

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A igrejaé inclusiva

por Thaís rufaTTo

24CATEQUESE INCLUSIVA

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A Igreja é inclusiva por seus dons e objetivo: levar o amor de Cristo aos corações

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A Igreja faz memória dos ensinamentos deixados por Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei e amai ao próximo como a ti mesmo”. Eis o antídoto contra a indiferença do preconceito existente na sociedade. No coração da Igreja, a pessoa

com deficiência deverá encontrar o amor e a acolhida para sentir-se protagonista da ceia nupcial de Jesus por meio de sua participação nos sacramentos, como sacerdote, profeta e rei fazendo parte do Corpo de Cristo.

A Igreja é inclusiva por seus dons e objetivo: levar o amor de Cristo aos corações. Na primeira Carta aos coríntios, diz Paulo:

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

Há diferentes atividades, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos” (12,4-7).

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A Igreja, Corpo de Cristo, é formada por muitos membros; nem todos fazem a mesma coisa, mas cada um tem sua função, cujo objetivo está em fazer crescer esse Corpo por meio do testemunho do amor, deixado por Jesus e vivido por seus membros.

Na celebração eucarística, esse Corpo aparece unido e articulado em um só Espírito nos seus vários membros. É o Espírito Santo quem suscita inúmeros carismas e ministérios na Igreja para a edificação do Corpo do Senhor, “pois todos bebemos de um único Espírito” (1Cor 12,13).

Várias frutas com seus mais diferentes sabores e cores formam um belo prato de sobremesa, igualmente, a comunidade, cuja etimologia latina, communis, “comum, geral, compartilhado por muitos, público”, e unitas, “qualidade do que é único ou indivisível”, revela que formamos a unidade no interior da Igreja.

Uma vez batizados, crismados e participantes da Eucaristia recebemos a comum dignidade de filhos de Deus; temos o sagrado dever de assumir a responsabilidade da edificação da Igreja segundo o dom e a graça que Cristo concedeu a cada um. Sem exceção, somos chamados a viver o Evangelho na caridade e a testemunhá-lo diante do mundo por meio da palavra e da própria maneira de viver. Somos todos missionários para que nossa sociedade, a exemplo de Jesus e por meio de nosso testemunho inclusivo, torne-se também inclusiva e tenha vida em abundância.

Assim, como Cristo Se imola no altar, para que Nele tenhamos vida, também nós, membros da Igreja, deixamos de lado nossos interesses particulares em benefício da comunidade da qual fazemos parte. Esse é o espírito verdadeiramente eucarístico de viver como Igreja e em comunhão na diversidade.

“Há um só corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. E ele é que concedeu a uns ser apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres, para aperfeiçoar os santos em vista do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo” (Ef 4,4s.11-13). Aqui encontramos o chamado para sermos catequistas inclusivos.

Toque e acesse a versão com áudio do capítulo 4 de Efésios

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A celebração dos sacramentos é a inclusão propriamente dita da pessoa à filiação divina, para com Ele experimentar e vivenciar os dons gratuitos, que são parte de cada um deles.

O amor de Deus para com as pessoas com algum tipo de deficiência é muito grande. Jesus, no Evangelho de Lucas 14,15-24, ilustra esse amor por meio da parábola da grande festa. Essa parábola é inclusiva; os convidados excluídos pela sociedade são os convidados VIPs, chamados a se sentar à mesa do Reino com Jesus para receber os sacramentos.

Cada um de nós, catequistas, somos os promotores dessa festa, pois somos responsáveis por esse convite aos catequizandos com deficiência.

Uma vez batizados, crismados e participantes da Eucaristia recebemos a comum dignidade de filhos de Deus; temos o sagrado dever de assumir a responsabilidade da edificação da Igreja segundo o dom e a graça que Cristo concedeu a cada um.

Papa Francisco diz que deficientes são “um tesouro precioso da Igreja”

Os sacramentos

Assim, descobrimos e vivenciamos que somos membros de um só corpo, cada qual com seu carisma próprio e seu lugar na comunidade, para realizar em nossa sociedade o reino do Pai com espírito de fé e solidariedade.

É importante que a pessoa com deficiência seja valorizada na paróquia e comunidade da qual faz parte. E coloque suas habilidades a serviço de todos, acreditando no seu potencial. Sem ter medo de colocar seus dons a serviço de Deus e dos irmãos que convivem com ela, na comunidade e na paróquia. Nessa pessoa está estampado o rosto de Jesus excluído de nossa sociedade.

Thaís Rufatto dos Santos é Pedagoga, Psicopedagoga, Pós Graduada em Educação Especial, Consultora em Educação Inclusiva. Coordenou a Pastoral

da Pessoa com Deficiência, na Diocese de Santo Amaro - SP. É autora de livros voltados à Catequese Inclusiva. Ministra palestras em Paróquias e Dioceses.

Contato: [email protected]

Thaís Rufatto dos Santos

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RITOS & CELEBRAÇÕESNA CATEQUESE

- PARTE V -

Resgatando o assunto dos ritos e celebrações na catequese que iniciamos na 7ª edição da revista e demos sequência nas três últimas publicações, vamos tratar agora das festas e celebrações.

30ROTEIROS CATEQUÉTICOS

por Ângela Rocha

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O CREDO NA CATEQUESEO que é o Credo? Qual é a importância da profissão de fé católica? Por que a

entrega do Símbolo?No item 130, tanto do DGC quanto do DNC, encontramos o conteúdo

fundamental da catequese, ou seja, aquilo que deve ser ensinado ao cristão já convertido para que

aprofunde a sua fé.

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CONTEÚDO FUNDAMENTALDA CATEQUESE:No capítulo quarto do DNC – Diretório Nacional de Catequese, temos a hierarquia de verdades e normas na mensagem cristã. Observa-se aqui aquilo que deve ser o “conteúdo” da catequese no itinerário catequético:

“130. Esses conteúdos se referem à fé crida, celebrada, vivida e rezada, e constituem um chamado à educação cristã integral (cf. DGC 122). A estas quatro colunas da exposição da fé que provêm da tradição dos catecismos (o símbolo, os sacramentos, as bem-aventuranças-decálogo e o Pai-Nosso), deve-se acrescentar a dimensão narrativa da História da Salvação, com suas três etapas, que provêm da Tradição patrística (o Antigo Testamento, a vida de Jesus Cristo e a História da igreja). O Diretório Geral para a Catequese fala de ‘sete pedras fundamentais, base tanto do processo da catequese de iniciação como do itinerário contínuo do amadurecimento cristão’ (n. 130; cf. 128).”

Vejam quais são as QUATRO COLUNAS DA EXPOSIÇÃO DA FÉ:

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O “Símbolo” (Creio ou Credo)

Os sacramentos

As bem-aventuranças/decálogo (mandamentos)

O pai-nosso

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O DGC (Diretório Geral para a Catequese) estabelece ainda mais três colunas, que são as dimensões narrativas da história da salvação, formando assim as “SETE pedras fundamentais”:

E, assim, todo catequista deve ter pleno e total conhecimento sobre aquilo que deve “ensinar”.

O Antigo Testamento

A vida de Jesus

A história da Igreja

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Um pequeno histórico:O Credo é a Profissão de Fé ou Símbolo de Fé por meio do qual fazemos uma confissão de fé num ato público e comunitário. É um sinal (símbolo) de identificação dos cristãos que resume as principais verdades da fé. Utilizado nos primeiros séculos na Igreja de Roma, liderada por Pedro, o Credo que recitamos na missa resume a fé dos apóstolos sendo chamado Símbolo dos Apóstolos. Mas, o Credo, no decorrer dos dois milênios do cristianismo, foi formulado de muitas maneiras. O Credo Niceno-constantinopolitano resultou dos dois primeiros concílios da Igreja: em Niceia (ano 325) e em Constantinopla (ano 381).

Nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo. Este lhes servia de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Batismo. Na Carta A Porta da Fé de Bento XVI lemos (p. 13) uma citação de Santo Agostinho instruindo durante a entrega do Credo:

“O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor. E vós o recebestes e o proferistes, mas deveis tê-lo sempre presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e não o esquecer durante as refeições e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue de vigília por ele”.“Professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos”, cita ainda Bento XVI, no item 10.

Nós somos a Igreja Católica

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O ATO DE CRERO ato de crer pode acontecer em três níveis:

Simplesmente humano: confiar nas pessoas como, por exemplo, no motorista do táxi que vai nos levar, no padeiro que não envenenou o pão, etc. Acreditamos no que dizem, ensinam. É uma fé que pode nos enganar, é limitada.

Crer em Deus revelado por Jesus Cristo, na Santíssima Trindade: é a fé cristã em que não somos nós que buscamos a Deus, mas foi Ele que, gratuitamente, veio ao nosso encontro. A fé é mais que religião (uma busca de Deus), ela é o reconhecimento e aceitação do Deus que veio a nós. É o abandonar-se com confiança em Deus, no Seu ser e no Seu agir. O ato de crer é uma graça, é um dom que vem de Deus, mas não há contradição entre fé e razão. Quanto mais o ser humano crê verdadeiramente, mais e melhor ele compreende as coisas do mundo.

Crer em realidades transcendentes: qualquer religião acredita num ser superior, confia em seu deus.

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PROFESSANDO A NOSSA FÉ

Deus é amor (1Jo 4,8-16), vem ao nosso encontro, revela-nos o Seu ser e o Seu plano de salvação “Deus quer que todos se salvem” (1Tm 2,4). Deus se revela por meio dos acontecimentos (sonhos, prodígios, envio de líderes, etc.) e palavras (profecias, promessas, boas notícias, etc.). A Revelação de Deus condensada na Escritura continua acontecendo na história, continua dando vida para as pessoas/povos. Pela fé o ser humano acolhe a revelação, ouve, aceita e passa a pôr em prática a Palavra de Deus. OUVIR vem da palavra obediência (latim: ob-audire), para a fé é muito importante que haja escuta. Quem não se dispõe a escutar, quem não faz silêncio interior, quem já se acha dono da verdade, terá muita dificuldade no campo da fé.

Até a metade do século passado, correspondendo a uma pedagogia autoritária e repressora, Deus era visto como patriarca autoritário, patrão cruel. Hoje se vê um Deus companheiro, amoroso, mas, também exigente, condescendente com nossas fraquezas, mas estimulador de nossas capacidades. Porque seguimos a Jesus, podemos chamar Deus de Pai, ter uma relação afetuosa com Deus-Pai, visto como amparo e segurança. Se somos filhos do mesmo Pai, somos irmãos, daí o despertar para a tolerância, o respeito às diferenças individuais, a solidariedade. Amar como o Pai ama é colaborar com Ele na instauração do Seu Reino a fim de que todos os Seus filhos possam viver com dignidade. Crer em Deus Pai é denunciar as idolatrias do mundo!

EU CREIO...CREIO EM DEUS PAI...

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A criação é o transbordamento do amor divino. Qual a atitude dos cristãos diante do mundo criado por Deus?

- Contemplação: para reconhecer a beleza da criação.

- Trabalho: em que usamos nossa inteligência para transformar a natureza em favor da vida, mas sem usar e abusar das coisas do mundo.

Nossa missão é espelhar a bondade criadora e o amor salvador de Deus Pai. No Batismo recebemos a função de ser como Jesus: Rei-Pastor.

“Este é o Meu Filho, o escolhido, escutai-O” (Lc 9,35), manifesta-se Deus-Pai. No Rio de Janeiro, o Papa Francisco (JMJ) pede que não se esprema a fé, não se faça “espremedura” de fé como há espremedura de laranja, etc. A fé em Jesus Cristo não é uma brincadeira, é a fé no Filho de Deus feito homem, que amou e morreu por nós. O Papa recomenda que se leiam as Bem-aventuranças como Plano de Ação e o capítulo 25 de Mateus que é o regulamento segundo o qual vamos ser julgados. Jesus nos traz a Deus e nos leva a Deus, deixe-se amar por Jesus, é um amigo que não decepciona, garante o Papa. Ele nunca decepciona ninguém, só em Cristo morto e ressuscitado encontramos a salvação e a redenção. O Papa desafia perguntando: qual você quer ser? Quer ser como Pilatos, que não tem a coragem de ir contra a corrente, para salvar a vida de Jesus, e lava as mãos? Jesus está olhando agora para você e lhe diz: “Quer ajudar-me a levar a Cruz?”. Crer em Jesus é aderir a Ele como único salvador (Rm 10,9-10), o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5). Jesus parte para o céu e envia o Espírito Santo fundando a Igreja missionária com o mandado: “Ide e fazei discípulos todos os povos... Batizai...”, garantindo que estará conosco até o fim dos tempos!

CREIO EM DEUS PAI, TODO PODEROSO, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA...

CREIO EM JESUS CRISTO...

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Nos evangelhos podemos ver como é o Espírito Santo. Em João é o sopro de Jesus que quer nos insuflar Seu amor, para que possamos senti-Lo fisicamente, ter consciência dele em cada respiração; para que possamos abrir nossas portas fechadas (ver Jo 20,19) e nos abrirmos para outras pessoas. Em Jo 20,22s o Espírito Santo se expressa no perdão. O Espírito Santo flui em nós como uma fonte (Jo 7,38) que nos capacita a enfrentar nossa vida sem medo. João ainda coloca o Espírito Santo como o advogado que está ao nosso lado: acompanha-nos, luta por nós e nos protege. Para Lucas o Espírito Santo é confiança, capacita a falar do seu interior, do coração, expressar sentimentos. Para Lucas é o Espírito Santo que nos dá a possibilidade de agir como Jesus. Paulo, na Carta aos Coríntios, fala dos muitos dons do Espírito Santo (1Cor 12,8-10) assim como Isaías 11,2s, que cita os sete dons que transformam o que é terreno em divino. Viver a partir do Espírito é um desafio a adotar novas formas de comportamento. Paulo, ainda em 2Cor 3,17, coloca a liberdade como sinal mais importante do Espírito: “O Senhor, porém, é o Espírito, e ali onde o Espírito do Senhor está presente existe liberdade”.

CREIO NO ESPÍRITO SANTO...

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IGREJA designa o Povo de Deus, assembleia dos que pela fé e pelo Batismo se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo. Jesus compara com a videira (Jo 15,5-6) dizendo: “Eu sou a videira e vós, os ramos”. São Paulo compara com o corpo: Cristo é a cabeça que vivifica o corpo chamado “místico”, sobrenatural. A Igreja, como a Trindade, é família. É a Igreja querida e fundada por Jesus, uma Igreja de comunicação e participação.

A Igreja é santa porque Cristo entregou-se por ela e para fazer dela santificadora. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. Nós pecadores temos a santidade por vocação.

Por meio da Igreja, Sacramento de Cristo, temos os sacramentos que nos possibilitam a salvação, são sinais de Cristo que nos abrem as portas do céu. O céu é o estado de felicidade suprema e definitiva, não é um lugar físico como muitos imaginam. Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2,4), mas não impõe. Amor não se impõe, se propõe!

CREIO NA SANTA IGREJA...E da ação do Espírito Santo surge a IGREJA EM QUE CREMOS!

E a partir daí vem a crença na santificação, comunhão, remissão dos pecados, ressurreição e vida eterna.

FONTES DE PESQUISA:AZEVEDO, Walter Ivan de. O Creio e o sacramento da Crisma. São Paulo: Paulinas, 2012.Bento XVI. A Porta da Fé. 2011.CNBB. Diretório Nacional de Catequese – DNC. Brasília: Edições CNBB, 2006.FELLER, Victor G.. Eu Creio - Encarte do Jornal Missão Jovem, Ano XV abril de 2007 a abril de 2008, nº 176 a 198.GRÜN, Anselm. Confirmação: responsabilidade e vigor. São Paulo: Loyola, 2006Pronunciamentos do Papa Francisco no Brasil. São Paulo: Paulus/Ed.Loyola, 2013.SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. RICA – Ritual da Iniciação Cristã de Adultos. São Paulo: Paulinas, 2003.VATICANO. Catecismo da Igreja Católica – CIC. São Paulo: Loyola, 2000.

Catequista e formadora na Paróquia N. Sra. Rainha dos Apóstolos em Londrina-PR. Especialista em

catequética pela FAVI, Curitiba-PR. Administradora do grupo Catequistas em Formação.

Ângela Rocha

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A Catequese

Como educar para o compromisso do amor

ao próximo

da Caridade

por João Melo

N a matéria desta edição, vamos entender por que caridade e catequese são inseparáveis. A catequese é educação da fé comprometida com a realidade. Isso significa que ela é também educação da fé para o serviço, para o amor ao próximo

e para a caridade. Para isso, queremos olhar para dois grandes exemplos inspiradores: São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá. Além disso, partilhamos algumas orientações e sugestões de como desenvolver a dimensão caritativa da catequese. A fé cresce e amadurece quando se torna exercício de caridade.

44MATÉRIA DE CAPA

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Como progredir

na caridade?

Compromisso a partir donovo mandamento do amor

(Jo 13,34-35)

Muitas paróquias enfeitam os tapetes da procissão eucarística de Corpus Christi com roupas, cobertores e até mesmo alimentos. Em uma dessas paróquias, uma criança perguntou para a catequista porque estavam usando roupas no tapete daquele ano. A resposta estava na ponta da língua: “Nós vamos distribuir depois para os pobres, pelo serviço da caridade!”.

Mesmo que não saiba o significado da palavra caridade, certamente aquela criança entendeu que aquelas roupas seriam dadas para quem mais precisa. A experiência já lhe proporcionou uma noção do que é caridade.

No linguajar popular, caridade é o mesmo que “fazer algo de bom para alguém”, dar esmolas ou assistência. É verdade que essas coisas têm a ver com a prática da caridade, mas não definem tudo o que essa palavra significa, ela é mais do que isso. Caridade é o mesmo que amor ágape, isto é, o amor que se doa.

A caridade está radicada em um ponto central da fé cristã, o Novo Mandamento de Jesus:

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“Amai-vos uns aos outros como

eu vos amei” (cf. Jo 13,34-35; 15,12-17).

Então, é certo dizer que caridade e amor são sinônimos? Mais ou menos. A palavra amor é outra que anda desgastada e mal compreendida. Bento XVI falou sobre essa dificuldade logo no início da sua primeira carta encíclica, Deus caritas est – Deus é amor.

O cardeal Robert Sarah, presidente do Conselho Pontifício Cor Unum, órgão da Cúria Romana responsável pelas obras de caridade, assim explica a diferença: “Amor não é o mesmo que caridade. O termo amor já existia antes de Cristo, mas Ele nos ensinou o ápice do amor, que é precisamente a caridade, ou seja, entregar-se pelo outro”.

Dica de leitura: Encíclica Deus caritas est

Dica de leitura: Qual é a diferença entre amor e caridade?

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Existem outros tipos de amor, como o amor entre um homem e uma mulher, ou seja, o amor entre os amantes (eros) e o amor entre os amigos (philia). O amor gratuito, desinteressado, o “amor sem olhar a quem”, é o amor ágape, o amor-caridade. Dessa forma, muitas vezes, as palavras ‘amor’ e ‘caridade’ são entendidas como sinônimos. Veja o que diz o YouCat e o Catecismo da Igreja Católica:

Caridade é amar gratuitamente e sem distinção ao próximo pelo amor a Deus.

A prática da caridade é a expressão do amor cristão ao próximo.

Exemplos: colocar-se a serviço, dar esmolas ou assistência, lutar contra as injustiças sociais, entre outras atitudes.

O amor é a força com que nos entregamos a Deus, que nos amou primeiro, para nos unirmos a Ele e assim acolhermos os outros como a nós mesmos, por amor a Deus, sem reservas e com o coração. (YouCat, nº 309)

A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a

nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus. Jesus fez da caridade o novo mandamento (cf. Jo 13,34). Amando os seus “até o fim” (Jo 13,1), manifesta o amor do Pai que Ele recebe. Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de Jesus que eles também recebem. (Catecismo nº 1822-1823).

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“A catequese assume especial valor educativo quando é ligada ao exercício da caridade, que oferece um fomento válido para que se acolha e se traduza em prática a visão cristã das realidades sociais, econômicas, políticas e culturais” (proposta 4 do Sínodo de 1977 sobre a catequese).

Dessa forma, torna-se importante uma saudável integração entre movimentos e pastorais “sociais” e as outras pastorais da comunidade. O testemunho da caridade não é tarefa de alguns membros de pastorais específicas, mas é tarefa de toda a comunidade eclesial.

Os que fazem esses trabalhos precisam encontrar apoio em toda a comunidade. Os catequistas estabelecem pontes entre essas pastorais para engajar e envolver os iniciandos na prática caritativa que a comunidade realiza.

Essas experiências não são somente catequéticas, como também indispensáveis para a iniciação à vida cristã.

A catequesepossui umadimensãocaritativa

“A caridade é uma forma muito preciosa de fazer Deus acontecer na sociedade.”Pe. Fábio de Melo

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Uma reflexão adulta sobre Mt 25, 31-45: “A importância da Caridade, programa Direção Espiritual”

Com efeito, “a Igreja não aceita circunscrever a própria missão exclusivamente ao campo religioso, desinteressando-se dos problemas temporais do homem” (Paulo VI, Evangelii nuntiandi nº 34).

Mais. A autenticidade da adesão à mensagem de Jesus e a centralidade do mandamento do amor ao próximo se verificam na prática da caridade.

Na verdade, não basta falar e ensinar a doutrina, é preciso vivê-la, ou seja, iniciar a prática dos valores aprendidos.

Diz Bento XVI: “Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama. Os santos — pensemos, por exemplo, na Beata Teresa de Calcutá — hauriram a sua capacidade de amar o próximo, de modo sempre renovado, no seu encontro com o Senhor eucarístico e, vice-versa, esse encontro ganhou o seu realismo e profundidade precisamente no serviço deles aos outros. Amor a Deus e amor ao próximo são coisas inseparáveis, constituem um único mandamento” (Deus caritas est – Deus é amor nº 18).

“Não adianta ir à Igreja e fazer tudo errado!”, revelará o trecho de uma música de Fernando Mendes. Ninguém é obrigado a ter fé ou aderir à proposta de Jesus Cristo. Mas, uma vez feito isso, a cristã e o cristão precisam revisar e adequar suas vidas, sempre mais, aos princípios e ao estilo de vida de Jesus.

As palavras de ordem são coerência e testemunho de vida, ainda mais indispensáveis se propõem-se a iniciar outros no caminho de Jesus como catequistas.

De fato, o catequista é sensível aos problemas sociais e políticos. Quando algo de comoção acontece no bairro, na cidade, no país ou mesmo em nível mundial, ele interrompe o cronograma para tratar do assunto à luz da fé.

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Evangeliza pelas palavras, mas também pelo testemunho;

Conhece minimamente a Doutrina Social da Igreja;

Abraça junto com a Igreja a opção preferencial pelos pobres;

Empenho em superar a dicotomia entre fé e vida (Centralidade do mandamento do amor ao próximo – Jo 13,34-35);

Compromisso com os valores do Reino – justiça amor e paz – para todos, a partir da experiência amorosa de Deus (cf. 1Jo 4,8).

Sua vida pessoal não dá testemunho da fé que professa;

Desconhece a Doutrina Social da Igreja;

Desinteresse pelos pobres e excluídos;

Esquecimento da dimensão social da fé (Novo Mandamento de Jesus – Jo 13,34-35);

Adesão a experiências espiritualistas interessadas na aquisição de bens e “graças” pessoais, mas não pensa nos outros.

Veja no quadro comparativo a seguir como é e como não deve ser o estilo de vida do catequista:

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É bem verdade que a Igreja existe para evangelizar, no entanto, o cristão não é um alienado da realidade em que está inserido. O amor a Deus não é verdadeiro se não é traduzido no amor aos irmãos.

No entanto, o outro extremo também é perigoso: transformar a catequese somente em um grupo ativista de causas sociais. Uma atitude equilibrada é a melhor maneira de conduzir as coisas.

A catequese é, sobretudo, educação da fé, mas isso não deve excluir a vivência e a promoção da prática da caridade.

“De tudo isto resulta a importância na catequese, das exigências morais e pessoais em correspondência com o Evangelho, e das atitudes cristãs perante a vida e o mundo, quer sejam heróicas, quer sejam muito simples (...).

Daqui também o cuidado que se há de ter na catequese em não omitir, mas, sim, esclarecer como convém, no constante esforço de educação da fé, realidades como a ação do homem para sua libertação integral, o empenho na busca de uma sociedade mais solidária e mais fraternal e as lutas pela justiça e pela construção da paz” (São João Paulo II, Catechesi Tradendae nº 29)

“A catequese é educação da fé comprometida com a realidade. Isso significa que ela é também educação da fé para o serviço, para o amor ao próximo e para a caridade.”

Música: Onde o amor e a caridade Deus aí está

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Mais de 700 anos separam as vidas de São Francisco de Assis e da Beata Teresa de Calcutá. O primeiro viveu entre os pobres e indigentes na Itália medieval. Madre Teresa atuou a maior parte de sua vida nas periferias de Calcutá, cidade da Índia.

Ambos, Teresa e Francisco, têm algo de muito especial em comum: demonstraram de forma sublime seu amor a Deus amando o próximo, especialmente os mais pobres. Eles entenderam que a caridade não é simples assistencialismo. Não é o exercício de somente responder às necessidades reais e imediatas das pessoas, sem pensar nas causas estruturais e sociais das situações de indigência.

Conta-se que, certa vez, Francisco estava rezando em uma pequena capela dedicada a São Damião, semidestruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo, em profunda meditação, quando uma voz, saída do crucifixo, falou-lhe: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”.

Desenho: A história de São Francisco de Assis

Francisco de Assis e Teresa de Calcutá: modelos de serviço e amor ao próximo

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A caridade não se restringe somente para os que fazem parte da Igreja, é serviço para o mundo, para todas as pessoas, “sem discriminações raciais, sociais ou religiosas” (Ad gentes nº 12). Madre Teresa entendia bem disso. Nas periferias de Calcutá, ela atendia hindus, mulçumanos, cristãos... Sem distinção!

Um dia, um jornalista estrangeiro visitou Madre Teresa em Calcutá e lhe pediu permissão para acompanhá-la por uma jornada em sua andança e ação pela cidade.

Ela aceitou e juntos começaram a percorrer as ruas. Num dado momento, encontraram um homem esfarrapado e sujo, deitado no meio de um monte de lixo. Madre Teresa e o jornalista se aproximaram.

O pobre jogado ali parecia muito doente, de todo desnutrido, pele e osso, misturado aos detritos. Madre Teresa tomou-o nos braços e conseguiu erguê-lo, de tão magro que estava o pobre. O jornalista, perplexo, não sabia o que fazer. Madre Teresa simplesmente começou a caminhar, carregando o homem.

Chegando a casa, deitou-o numa cama limpa. O jornalista, que registrou o fato, disse, depois, que o homem olhava com imensa gratidão para a Madre. Talvez ele nunca tivesse tido uma cama para se deitar.

Toque aqui para saber mais sobre a vida de São Francisco

Francisco, então, foi e reformou toda a capelinha. Mas, aos poucos, compreendeu que a reforma a que era chamado era algo muito maior. Tratava-se de reconduzir as estruturas da Igreja aos valores evangélicos, corrigindo as incoerências de muitos clérigos e fiéis de seu tempo que eram indiferentes ao sofrimento dos mais pobres e doentes.

Francisco decidiu tornar-se um pregador itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho de Cristo. Não demorou muito e juntaram-se a ele vários seguidores, tocados pelo seu jeito simples, desapegado, pobre e livre de viver.

Acredita-se que ele não tinha a mínima intenção de fundar uma comunidade. Mas, assim como nos Atos dos Apóstolos, os seguidores de Francisco tinham tudo em comum (cf. At 2,43-47) e a comunidade cresceu ao ponto de tornar-se uma ordem religiosa que até hoje inspira novos carismas à Igreja.

Pensando nisso, qual mensagem o Papa Bergoglio quis nos transmitir quando escolheu para si o nome de Francisco?

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Mesmo diante da grande correria dos afazeres do dia a dia, os momentos de oração diários não ficavam em segundo plano. Madre Teresa nunca descuidou de sua vida de oração e alertava sua comunidade para fazer o mesmo.

Com efeito, “quem reza não desperdiça o seu tempo, mesmo quando a situação apresenta todas as características duma emergência e parece impelir unicamente para a ação.

A piedade não afrouxa a luta contra a pobreza ou mesmo contra a miséria do próximo. A Beata Teresa de Calcutá é um exemplo evidentíssimo do fato que o tempo dedicado a Deus na oração não só não lesa a eficácia nem a operosidade do amor ao próximo, mas é realmente a sua fonte inexaurível.

Na sua carta para a Quaresma de 1996, essa beata escrevia aos seus colaboradores leigos: « Nós precisamos desta união íntima com Deus na nossa vida quotidiana. E como poderemos obtê-la? Através da oração »” (Bento XVI, Deus caritas est – Deus é amor nº 36).

Caridade entre os mais pobres dos pobres: esse é o carisma de Teresa de Calcutá e de sua congregação. Estamos falando de algo que, sobretudo aqui na América Latina, chamamos de opção ou amor preferencial pelos pobres. Quem explica é São João Paulo II:

Toque e saiba mais sobre a vida da Beata Teresa de Calcutá

Madre Teresa – O filme

Sem dizer uma palavra, o pobre deu um grande sorriso para Madre Teresa e morreu ali. Atordoado com a rapidez com que tudo ocorrera e diante da ação da Madre, o jornalista disse-lhe: “Madre, por nenhum ouro deste mundo eu teria feito o que a senhora fez”. E ela respondeu, rápido: “E eu também não!”. Não há dinheiro no mundo que pague o amor-caridade, movido pela certeza de fazer o bem.

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“Trata-se de uma opção, ou de uma forma especial de primado na prática da caridade cristã, testemunhada por toda a Tradição da Igreja. (...) Mais ainda: hoje, dada a dimensão mundial que a

questão social assumiu, este amor preferencial, com as decisões que ele nos inspira, não pode deixar de abranger as imensas

multidões de famintos, de mendigos, sem-teto, sem assistência médica e, sobretudo, sem esperança de um futuro melhor: não se

pode deixar de ter em conta a existência destas realidades. Ignorá-las significaria tornar-nos como o ‘rico epulão’, que fingia não

conhecer o pobre Lázaro, que jazia ao seu portão (Lc 16,19-31)” (Sollicitudo rei socialis, nº 42).

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É fato que acordamos de manhã, olhamos para o espelho e podemos dizer a nós mesmos que somos pessoas boas porque fazemos o bem.

Talvez não cometamos grandes erros ou pecados graves, vamos à igreja e até somos catequistas na comunidade. Gente boa. Mas isso tudo afirmamos a partir do nosso próprio referencial, isto é, olhamos para nós mesmos.

No entanto, quando deparamos com figuras como São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá, a coisa muda. Percebemos que a proposta de seguimento de Jesus é muito mais comprometedora e exigente. Daí, em vez de nos perguntarmos “Eu sou bom?”, podemos substituir a pergunta por “Faço todo o bem que poderia fazer?”.

E, para quem é catequista, ainda pode-se acrescentar: “Inspiro meus iniciandos à prática do bem, da caridade, por amor ao próximo?”. É impossível conhecer o Evangelho e o estilo de vida de Teresa de Calcutá e Francisco de Assis e não perceber que há algo de errado e de muito grave com a sociedade de hoje e mesmo com algumas de nossas práticas catequéticas.

Urge uma conversão, a começar por nós mesmos, que gere um autêntico compromisso na transformação em nível familiar, social, cultural, político, internacional, ecológico, etc.

“Figuras de santos como Francisco de Assis, Inácio de Loyola, João de Deus, Camilo de Léllis, Vicente de Paulo, Luísa de Marillac, José B. Cottolengo, João Bosco, Luís Orione, Teresa de Calcutá – para citar apenas alguns nomes – permanecem modelos insignes de caridade social para todos os homens de boa vontade. Os Santos são os verdadeiros portadores de luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, esperança e caridade” (Bento XVI, Deus caritas est – Deus é amor, nº 40)

Bíblia para crianças – A caridade

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A Catequese da Caridade

Informar e envolver

Dar motivações

Desenvolver o senso crítico

Orientar a ação

Promover vocações específicas no âmbito do serviço aos irmãos

A única forma de aprendermos sobre a caridade é praticando atos de bondade para com as pessoas a nossa volta. Portanto, a única forma de ensinar a prática da caridade a nossos iniciandos é lhes dar a oportunidade de experimentar a alegria que decorre do serviço ao próximo. Para educar a fé para a prática da caridade é preciso:

A catequese e também as outras pastorais da comunidade precisam descobrir e dar atenção aos “novos pobres”, os marginalizados dos dias de hoje. Muitos deles são imigrantes, nômades, presos, doentes crônicos ou em fase terminal, dependentes químicos... Para isso, a catequese exige pessoas corajosas e capazes de revisar a sua própria vida e a prática pessoal da caridade, revisar os conteúdos catequéticos para que estejam em sintonia com a realidade e revisar os métodos catequéticos, de modo a proporcionar experiências de educação à caridade.

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Educando para a caridade no encontro de catequeseComo vimos, a catequese enquanto educação da fé também possui uma dimensão caritativa, isto é, ela também tem como tarefa iniciar à prática da caridade e do amor ao próximo. De forma concreta, isso significa propor momentos para que crianças, jovens e adultos tenham a oportunidade de se colocar a serviço dos outros de forma gratuita.

Uma catequista me contou que um dos adolescentes iniciandos da sua turma de catequese de Confirmação não levava os encontros a sério. “Ele parece impermeável”, dizia ela.

Considerava tudo aquilo um blá-blá-blá furado da catequista e participava dos encontros para não ter que ouvir sua avó em casa reclamando depois. Tudo mudou quando a turma foi visitar um asilo, levando presentes que compraram com a arrecadação que fizeram durante os encontros e com a ajuda de familiares.

Aquele jovem emocionou-se profundamente. A alegria dos idosos ao vê-los, o carinho da acolhida calorosa, os abraços afetuosos e a felicidade porque alguém se lembrara deles e até trouxera presentes, foi uma experiência que o marcou para sempre.

A caridade dentro da Igreja:

A caridade para além da Igreja:

A Cáritas Brasileira é uma entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário. Sua atuação é junto aos excluídos e excluídas em defesa da vida e na participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural.

A ONG Make-A-Wish® Brasil tem como missão a realização de sonhos de crianças com doenças que colocam em risco as suas vidas, enriquecendo a experiência humana com esperança, força e alegria.

Toque aqui para visitar o site oficial da Cáritas

Toque aqui para visitar o site oficial da Make-A-Wish

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Dali para frente, tudo que a catequista dizia nos encontros “passou a fazer sentido”. Não era só palavreado, era algo possível de ser vivido e era bom.

Confira algumas sugestões de como desenvolver a dimensão da caridade no encontro de catequese:

1 Crianças pequenas têm dificuldade em dividir ou partilhar as coisas. Ajude-as a compreender que quando elas compartilham suas coisas fazem outras pessoas felizes. Diga que Deus gosta quando elas fazem o bem e expresse sua satisfação com sorrisos e elogios toda vez que ela compartilhar algo com alguém;

2 Organize uma campanha para arrecadar agasalhos ou alimentos que serão doados para pessoas assistidas pela comunidade ou para uma instituição de caridade – ou vocês podem aderir a alguma campanha já existente. Se possível, envolva os iniciandos em todas as etapas da campanha: divulgação com cartazes, arrecadação, separação das roupas ou alimentos doados e a entrega do material arrecadado;

3 Organize uma visita a um asilo, orfanato, ONG ou instituição de caridade. Converse antes com a administração da instituição para acertar todos os detalhes. Se possível, levem um bolo ou lanchinho e envolva os iniciandos em todas as etapas da preparação ou ainda presentes arrecadados por eles;

4 Aproveite datas comemorativas e confeccione cartões com belas mensagens – que podem ser espontâneas! – e incentive os iniciandos a dar os cartões para as pessoas da família, amigos, vizinhos ou mesmo desconhecidos;

5 Promova com os jovens manifestações de afeto e amor gratuito com iniciativas criativas;

6 Engaje os iniciandos em atividades de pastorais e movimentos sociais da comunidade ou do bairro, como os vicentinos. Em algumas paróquias a catequese de Crisma é feita com um encontro de catequese “tradicional” do grupo a cada 15 dias, intercalado com a interação dos jovens em alguma dessas outras pastorais e movimentos sociais;

7 No Brasil as experiências da Campanha da Fraternidade (CF) na Quaresma são emblemáticas e pioneiras na prática caritativa à luz do Evangelho. Informe-se e procure desenvolver o tema e atingir os gestos concretos sugeridos pelos materiais produzidos para cada campanha – há inclusive materiais específicos para a catequese. Visite o site das Campanhas da CNBB www.campanhas.cnbb.org.br;

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Para nunca esquecer:

Graduando em Teologia (PUC-SP), formado em Filosofia (UNIFAI), especialista em Catequese (UNISAL) e acadêmico do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia (Claretiano) e em Ensino

Religioso Escolar (UNISAL). Colabora na formação de agentes de pastorais ligados à prática catequética e à formação cristã na cidade de São Paulo/SP.

Contato: [email protected]

João Melo

“Pregue o Evangelho. Se necessário, use as palavras”.

“A todos os que sofrem e estão sós, dê sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporcione apenas seus cuidados, mas também seu coração.”

São Francisco de Assis

Madre Teresa de Calcutá

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CATEQUISTA

por Pe. José Alem

A PESSOADO

Vejamos alguns elementos fundamentais que devem ser considerados para que uma pessoa

assuma a missão de ser catequista

62REFLEXÃO

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O DESAFIO DE SER CATEQUISTA

T oda a ação humana depende das pessoas que a executam. Isso dá a sua característica, o seu perfil. Tudo o que fazemos expressa quem somos, como somos. Isso também acontece em todas as nossas atividades catequético-pastorais. Dependendo das

pessoas que executam determinadas ações a linguagem, o desenvolvimento, os objetivos poderão ser revelados e atingidos de modos mais ou menos adequados.

Neste artigo vamos ver alguns elementos fundamentais que devem ser considerados para que uma pessoa assuma a missão de ser catequista, assim como procedimentos a serem adotados.

Este artigo será desenvolvido posteriormente com novas orientações. Seria muito útil se os leitores enviassem suas impressões e sugestões a respeito do tema e do texto.

Vejamos, então, alguns elementos fundamentais da pessoa do catequista para que sua missão seja adequada:

São muitas as causas que comprometem um bom trabalho de catequese. Entre elas estão problemas de ordem pessoal, de ordem estrutural e de ordem processual.

Entre as causas pessoais destacam-se: imaturidade dos catequistas, problemas afetivos, irresponsabilidade, falta de motivação, falta de espiritualidade, falta de vocação, catequese como fuga, necessidade de afirmação psicológica de si, busca de destaque pessoal e status, falta de conhecimento, falta de tempo.

Entre as causas estruturais situam-se: falta de projeto e planos, falta de apoio do pároco, da comunidade, de coordenadores, falta de apoio, compreensão e acompanhamento dos pais, principalmente do pai, falta de recursos e material para trabalho.

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Entre as causas processuais estão: falta de formação e aprofundamento, falta de integração com outras pastorais, autoritarismo de coordenadores, falta de acolhida e valorização dos catequistas, excesso de atividades.

Para modificar essa situação é necessário que se reconheça a identidade da catequese, como ela deve se expressar, como deve ser sua organização. Para isso é necessário um projeto para indicar o perfil do catequista e os critérios de escolha para essa missão.

Um projeto deve conter:

Um bom trabalho de catequese depende de muitos fatores. Mas a pessoa do catequista ocupa um lugar de destaque. A formação das pessoas que vão desempenhar essa missão garante a eficácia da catequese em todos os seus aspectos.

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Como posso me tornar um bom catequista?

TOQUE NAS IMAGENS PARA VISUALIZAR O TEXTO

A formação é um compromisso de cada catequista. Ninguém pode dispensar-se dessa obrigação. A formação se dá por diversos meios: cursos, encontros, retiros, estudos, experiências de vida entre outros. A formação precisa ser permanente. A própria experiência da catequese é um fator de formação e crescimento. Enquanto vão catequizando, vão se formando.

Um bom trabalho de coordenação catequética deve considerar a formação como fator primordial dessa ação pastoral.

A MISSÃO DE CATEQUISTAO documento Catequese Renovada, números 144-151, apresenta um roteiro geral sobre a missão de catequista:

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Para cumprir bem sua missão, o catequista deve ser uma pessoa inserida na comunidade eclesial, ter um espírito de abertura, humildade para procurar sempre crescer.

É indispensável que o catequista tenha uma experiência pessoal e comunitária da fé para que sua missão seja frutuosa.

Importante é a participação do catequista em cursos de capacitação, mas é necessário também que tenha consciência de ser membro de uma equipe que trabalha para o mesmo objetivo e por isso deve cultivar uma vida comum, refletir, organizar, trabalhar e avaliar junto e, ainda, celebrar comunitariamente a fé e a missão.

CONDIÇÕES PARA SER CATEQUISTAPara ser catequista é preciso ter algumas características. Entre elas estão:

• Capacidade de comunhão e participação em uma comunidade.

• Vivência pessoal e comunitária da fé.

• Espírito e capacidade de trabalhar em equipe.

• Consciência da vocação e missão a que foi chamado a realizar em uma comunidade.

• Pessoa capaz de reconhecer o valor e a importância dessa missão.

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ALGUNS PASSOS PARA SER CATEQUISTA

• Admissão ao ministério catequético.

• Tempo de preparação.

• Tempo de experiência.

• Apresentação à comunidade.

• Disponibilidade de tempo.

• Idade suficiente e maturidade humana e cristã.

• Entrevista com o coordenador e com o pároco.

• A escolha do catequista pelo conselho de pastoral.

Sacerdote membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado

Coração de Maria. Educador e comunicador, Professor de Filosofia,

Espiritualidade, Comunicação, Psicologia da Religião. Especialista em Logoterapia.

Filósofo clínico. Assessor de cursos e formação através de palestras, retiros,

encontros, oficinas. Escritor e assessor de projetos de comunicação e educação.

Pe. José Alem

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O perfil do catequista na atualidade e as novas demandas da catequese

É de extrema importância que cada catequista reflita sobre o seu chamado e lembre em que

circunstância se deu esse chamamento

por Marlei Correia

68FAMÍLIA E CATEQUESE

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( )

O Diretório Geral de Catequese (DGC) propõe aos catequistas uma formação pautada no tripé ser, saber e saber fazer. No entanto, os catequistas da atualidade se deparam com certas dificuldades quanto a essas três dimensões, cujos pilares

podem ser pensados da seguinte maneira: o ser do catequista revela seu rosto humano e ao mesmo tempo cristão; o saber refere-se aos seus conhecimentos e o saber fazer denota as questões metodológicas da prática catequética.

Em outras palavras, ninguém nasce catequista e nem há como conhecer tudo. Não existe receita mágica para ser um bom catequista. Aprende-se pela vivência por meio das experiências e da escuta àquilo que Deus quer. Diante disso, ser catequista na atualidade é uma tarefa desafiadora que requer cada vez mais capacitação, estudos, reflexões e muita oração.

Todavia, o Diretório Nacional de Catequese nos apresenta o perfil do catequista ideal no ponto de vista da Igreja.

Na dimensão do ser, somos levados a compreender a pessoa do catequista na sua identidade mais profunda, como alguém que é capaz de desenvolver as características necessárias para trabalhar em comunidade, em que apareça sua fisionomia humana e cristã, construída a partir da fé gerada no encontro pessoal com Jesus Cristo. Sem que haja esse encontro com Jesus, torna-se complicado ser um bom catequista.

Como anunciar o que não conhece? Como falar sobre algo ou alguém sem ter existido uma experiência prévia? Afinal, só amamos o que conhecemos. Como anunciar com paixão a mensagem de Jesus aos catequizandos se mal a conhecemos?

Jesus, ao longo de Sua vida, teve vários encontros marcantes que, por sua vez, transformaram a vida de muitas pessoas, como foi com seus discípulos, os pescadores, especialmente Pedro e João, e, ainda, com Maria Madalena, com a Samaritana, com Zaqueu, em Emaús, quando caminhou com os dois discípulos viajantes, com os doentes, entre outros encontros que certamente ressignificaram a vida de tantos.

Após a experiência do encontro pessoal com Jesus, muda-se o jeito de ver a vida e novos valores surgem. Passamos por uma mudança de paradigmas. Não há como continuar igual depois de conhecer Jesus, considerando-se que do encontro brota a conversão e, se esta for madura, surge o discipulado e a consciência da missão. Entretanto, essa missão só terá sentido se reavermos constantemente as três primeiras dimensões desse encontro, estabelecendo assim um ciclo vivificador.

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encont

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discipu

lado

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É de extrema importância que cada catequista reflita sobre o seu chamado e lembre em que circunstância se deu esse chamamento a partir das seguintes perguntas:

Como foi o seu primeiro encontro com Jesus?

Como

e ond

e

acon

teceu?

Houve alguma transformação

no seu caminhar?

E hoje, como está acontecendo o seu encontro

pessoal com o Mestre?

Existem as condições necessárias para

testemunhar a pessoa de Jesus para os catequizandos

ou para a comunidade?

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Cabe então lembrar que há lugares privilegiados para que aconteça esse encontro com o Senhor: na Palavra, na liturgia, na oração, no próximo e nos Sacramentos, especialmente no da Reconciliação.

O catequista precisa ter clareza da sua identidade na Igreja, como pessoa que busca crescer e cultivar-se. Por isso, deve ser pessoa que busca renovar-se, que se atualiza e não se acomoda, sendo capaz de dialogar e de agir com maturidade. Importa ainda explicar que as comunidades necessitam de catequistas equilibrados, que se sintam realizados na sua tarefa evangelizadora e, sobretudo, pessoas de espiritualidade e com condições de dar testemunho.

A Igreja passa por um momento em que os exemplos dizem muito mais do que os discursos. Nossos catequizandos precisam conhecer o amor de Jesus não somente por aquilo que pregamos, mas, acima de tudo, pela nossa capacidade de transparecer o rosto amado de Jesus. Precisamos aprender a fazer uma catequese que marque positivamente as pessoas. Diante das imposições do mundo contemporâneo, é dessa forma que conquistaremos corações para Deus.

Segundo o Diretório Nacional de Catequese, além de o catequista crescer em santidade e ser pessoa de espiritualidade, tem que saber ler a presença de Deus nas atividades humanas.

Contudo, deve ser uma pessoa integrada no seu tempo e identificada com sua gente. É aberta aos problemas reais e com sensibilidade cultural, social e política. Cada catequista assumirá melhor a sua missão à medida que conhecer e for possível a defesa da vida e às lutas do povo (CNBB, 2006, nº 266).

A partir do encontro com Jesus, nosso modelo, nosso espelho, somos chamados a ser criaturas novas. Insisto, não há como ficar igual após vivenciar o encontro com Cristo. Ser criatura nova exige do catequista a renovação de seu saber e seu fazer em favor da Igreja, que por sua vez está inserida num determinado contexto social e cultural.

Ninguém nasce catequista e nem há como conhecer tudo. Não existe receita mágica para ser

um bom catequista. Aprende-se pela vivência por meio das experiências e

da escuta àquilo que Deus quer. Diante

disso, ser catequista na atualidade é uma tarefa desafiadora que requer cada vez

mais capacitação, estudos, reflexões e

muita oração.

Na dimensão do ser, somos levados a compreender a

pessoa do catequista na sua identidade

mais profunda, como alguém que é capaz de desenvolver as características necessárias para

trabalhar em comunidade.

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Convém repensar nossos encontros de catequese a fim de verificar se estão sendo atraentes para o público-alvo, sejam crianças, adolescentes ou adultos. É fundamental avaliar a catequese, os encontros catequéticos e, é claro, nós mesmos.

A autoavaliação é uma prática que muitos catequistas e coordenadores não gostam de fazer, tendo em vista que, a depender do contexto, pressupõe mexer em feridas. Mas é importante refletir: como vai a minha prática? Como está minha catequese?

Dica de leitura: A importância da autoavaliação.

Leia também: As características da Catequese Renovada.

Encontros criativos e animados implicam na nossa aquisição de saberes. É inegável que temos que saber os conteúdos doutrinais e pedagógicos que ensinamos por meio da catequese.

Atualmente, não se pode mais pensar em encontros de catequese que visem somente a ensinar a rezar, conhecer a doutrina católica ou então apresentar a mensagem de Jesus e as propostas dos sacramentos. Dar catequese hoje pressupõe um conjunto de conhecimentos que vai além dos conteúdos da fé que encontramos na Bíblia, no Catecismo ou nos manuais catequéticos.

Pensar numa catequese renovada e atrativa num mundo cada dia mais digital, cercado pelos desvalores, pela incredulidade das pessoas e pelo distanciamento de Deus que as sociedades vêm vivendo, implica em sermos catequistas atualizados, bem preparados.

Não se trata de exercer domínio sobre todos os conteúdos, o que não seria possível, mas de abrir a mente às demandas que a sociedade globalizada, de estrutura por vezes injusta, apresenta a nós. Nossos catequizandos não são mais os mesmos de dez anos atrás. Precisamos saber um pouco que seja do mundo de nossas crianças e dos anseios dos nossos jovens em meio a um universo que se torna cada vez mais atraente nas áreas da tecnologia, das redes sociais, do consumismo que a cultura midiática impõe severamente, do bombardeio de informações que recebem e na maioria das vezes sem maturidade e discernimento para selecionar aquilo que pode contribuir com sua formação e com seu desenvolvimento.

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A que nossos catequizandos assistem? O que ouvem e veem? O que sabem? O que os atrai? Que lugares frequentam? Quais são seus medos e seus anseios?

A catequese leve em conta o ambiente, pois este exerce influência sobre as pessoas e estas sobre o ambiente. O ambiente rural e urbano exige formas diferenciadas de catequese. A catequese procure refletir as necessidades que estão unidas à pobreza e à miséria, aos medos e às inseguranças. (CNBB, 2006, no 213)

Evidentemente que precisamos conhecer os documentos da Igreja, principalmente os que concernem à catequese, como Catecismo, manuais, Bíblia, Diretório de Catequese, Catequese Renovada, RICA, Documento de Aparecida, Itinerários de Iniciação Cristã, entre outros que são imprescindíveis para conhecer os fundamentos e os objetivos daquilo que fazemos. Embora ser um catequista novo, criatura renovada a serviço da evangelização no mundo atual, depende e muito da abertura aos novos saberes, inclusive aos que não fazem parte da doutrina cristã que pregamos, mas que assolam a realidade dos nossos interlocutores.

Devido às demandas sociais, faz-se necessário abordar em nossos encontros temas que fazem parte da vivência daqueles a quem evangelizamos, como drogas, alcoolismo, violência em suas diversas tipologias, meio ambiente, desigualdade, consumismo, autoafirmação da personalidade pelo exibicionismo erotizado nas redes sociais e aplicativos que se apresentam como um perigo, exploração sexual infantil e tantos outros temas que desfiguram a vida de nossas crianças e jovens, cuja consequência é muitas vezes o afastamento dos sacramentos.

Especialmente na catequese de Crisma, aumentam os desafios na evangelização dos jovens. Muitos catequistas se empenham, mas não há um retorno qualitativo por parte desses jovens, principalmente na fase pós-sacramento.

Precisamos de catequizandos que não fujam da Igreja depois de receber os sacramentos, mas que exerçam a militância pelo engajamento na comunidade, nas pastorais e movimentos eclesiais.

Segundo o Catecismo Jovem da Igreja Católica (YOUCAT), o sacramento da confirmação exige do jovem uma postura de pertença e de ação.

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O que precisa ficar claro é que na atualidade não é mais possível ser um catequista de “páginas amarelas”, isto é, sempre fazendo as mesmas coisas, com os mesmos métodos, com os assuntos de sempre. A realidade é dinâmica, os interlocutores são outros, as necessidades mudam e os anseios também.

A catequese atual tem passado por reformulações e para isso a Igreja precisa de catequistas renovados, capazes de abordar temas bíblicos e fazer paralelos com a realidade do catequizando. A catequese precisa ser encarnada na realidade, viva, dinâmica e diferenciada e não aprisionada num mundo a parte.

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Ser Confirmado – Crismado significa fazer um acordo com Deus. O confirmado diz: sim, eu creio em Ti, meu Deus, dá-me o Teu Espírito para que eu te pertença totalmente, nunca me separe de Ti e te testemunhe com o corpo e com a alma, durante toda a minha vida, em obras e palavras, em bons e maus dias! E Deus diz: “Sim, Eu também creio em ti, Meu filho, e te darei o Meu Espírito e até a mim mesmo, pertencer-te-ei totalmente, nunca me separarei de ti, nesta e na vida eterna, estarei no teu corpo e na tua alma, nas tuas obras e nas tuas palavras mesmo que me esqueças, estarei sempre aqui, em bons e maus dias.” (YOUCAT, n. 205)

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Ao mesmo tempo que trabalhamos Gênesis e a criação podemos falar sobre o meio ambiente, a responsabilidade de cada pessoa na tarefa de cuidar daquilo que Deus fez, sobre a escassez da água, sobre o lixo, a sustentabilidade e tudo sem deixar de lado os propósitos a que Deus nos criou, o cuidado com o nosso corpo, templo do Senhor, e assim abordar o exibicionismo exacerbado do corpo nas redes sociais. Ao mesmo tempo em que anunciamos a mensagem divina a ilustramos com o que acontece no mundo e na comunidade. A catequese precisa ser intrínseca à vida.

O exemplo citado anteriormente pode, por meio de um bom planejamento, conforme a faixa etária dos catequizandos e das necessidades reais da comunidade, resultar na elaboração de um ótimo encontro de catequese, centrado na vida e nas experiências da turma.

Hoje, na catequese, não dá mais para falar de um Deus mistificado, fechado num templo, distante do cerne da vida de cada um. Nossa catequese precisa ter um pé na fé e outro na realidade e nos problemas que nela existem e que precisam ser iluminados com a Palavra de Deus.

A catequese não pode ser desencarnada da história. Sua missão é também contribuir para a formação de cristãos como cidadãos, justos, solidários e fraternos, corresponsáveis pela pátria comum e pelo planeta terra. (CNBB, 2006, no 64)

Ocorre que muitas vezes nossos catequizandos em idade de Crisma estão fazendo uso de substâncias ilícitas, alcoolizando-se demasiadamente e se envolvendo em atos violentos, adentrando o mundo da criminalidade ou até mesmo sendo vítimas de exploração em suas diversas formas e nós não fazemos nada, ou não sabemos ou até mesmo fazemos de conta que não sabemos, e continuamos a falar de Cristo, do amor de Deus, da fé, dos sacramentos, ficamos preocupados em ensinar a rezar... e não vamos ao cerne da questão, que é fazer de fato uma catequese libertadora, que vai além da conversão, promove a transformação na vida dos catequizandos. Nisso tudo consiste o saber.

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Por último, temos o saber fazer. Diante de tudo o que somos e sabemos, o que podemos fazer? Anunciar Jesus é saber comunicar com palavras e atitudes. A linguagem do catequista precisa ser coerente, o que exige fidelidade à mensagem que comunica e não aos próprios interesses, ou seja, se fomos chamados por Deus, então falaremos em nome Daquele que nos enviou, e não em nosso próprio nome. A atualidade exige de nós catequistas uma ação catequética atraente e competente que supere improvisações. Isso quer dizer que nossas catequeses precisam ser bem elaboradas, planejada à luz da Palavra, preferencialmente em equipe, pois o bom catequista é aquele que sabe trabalhar em conjunto.

Dica de leitura: Como anunciar Jesus Cristo a uma “geração que está mudando”?

Em resumo, ninguém nasce catequista. Aqueles que são chamados a esse serviço tornam-se bons catequistas por meio da prática, da reflexão, da formação adequada, da conscientização de sua importância como educadores da fé.

Catequese é ministério, é serviço que exige competências que vão além da boa vontade. Precisamos ser catequistas transformadores, comprometidos com a causa Daquele que nos chamou.

Nesse conjunto de coisas que procuram dar identidade ao catequista para a atualidade há uma relação intrínseca entre o ser, o saber e o saber fazer tendo em vista a parceria entre formação e oração, pois sem essas duas coisas a catequese balança e perde-se no emaranhado de si mesma.

Referências:CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Brasília: CNBB, 2006.YOUCAT. Catecismo jovem da Igreja Católica. São Paulo: Paulus, 2012.

Graduada em Pedagogia e Artes, especialista em catequese pela Universidade Salesiana de São Paulo, catequista de Crisma na

Diocese de Guarapuava, Paróquia São Miguel Arcanjo, coordenadora de catequese e formadora de catequistas iniciantes e veteranos.

Marlei Correia

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Explorando pontos fundamentais da racionalidade humana, dentro da perspectiva do Evangelho

por Márcio Oliveira Elias

A Catequeseno século XXI

78IGREJA E COMUNICAÇÃO

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A catequese no século 21 nos remete ao desafio de incentivar a discussão de temas contemporâneos importantes, explorando pontos fundamentais da racionalidade humana, dentro da perspectiva do Evangelho. O ensino da doutrina cristã às crianças e

aos jovens nos mostra que essas questões devem estar presentes no cotidiano de todas as pessoas, independentemente de suas idades.

Partindo desse pressuposto, os agentes pastorais encarregados do ministério catequético devem procurar empreender a construção de uma educação para o melhor pensar do catequizando, em que as crianças e os jovens merecem ter acesso ao aprendizado por meio de materiais e metodologia próprios, considerando que refletir sobre a condição humana e o mundo no contexto bíblico é tão natural quanto falar e respirar. A intencionalidade do catequista está em levar ao seu ministério os conceitos evangélicos edificados na história da nossa Igreja Católica e Apostólica, apresentando a sua luta e caminhada de fé, que assim devem ser trabalhadas nos encontros.

Neste momento podemos inferir uma aproximação entre o catequista e o catequizando, em que se apresenta convergente a finalidade do desenvolvimento do pensamento frutuoso e racional em face de uma experiência pessoal e particular da fé religiosa no cotidiano

Dica de leitura: A catequese e a “geração net”

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social. É possível identificar essas reflexões na medida em que o estudo acontece com a participação do outro, pois não se trata de um processo solitário, mas de permutas e estimulações que atingem uma participação interativa e necessária em tempos modernos.

A catequese contemporânea nos revela o objetivo de desenvolver habilidades cognitivas por intermédio de temas claros e numa linguagem acessível como ponto de iniciação ao exercício da fé, enxergando na vida a própria essência dos conceitos, visto que esta é o ponto de partida das habilidades de raciocínio que nos permitem o conhecimento pelas inferências e conclusões corretas, que são elaboradas a partir de conhecimentos pretéritos que nos permite manter a coerência, preservando a verdade das ideias e do discurso individual. As habilidades dessa formação nos possibilitam analisar os textos bíblicos e identificar sua composição, percebendo suas relações e permitindo construir os instrumentos de sua compreensão.

Podemos considerar, ainda, que o desejo das crianças e dos jovens pelo saber é uma constante, bem como a procura incessante pela verdade, atribuídos ao seu temperamento, que estão entrelaçadas às suas reflexões sobre a essência humana e sua própria existência. A prática catequética deve propiciar aos jovens livrarem-se das ilusões de um conhecimento estático, incentivando o desvendar da verdade, com o objetivo de reexaminar seus mais íntimos saberes e a sua própria vida, sendo esse o objetivo principal de uma fé madura e consistente.

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A catequese deve fundamentar-se numa atitude dialogal, incentivando os catequizandos a criar uma teia de reflexões em que procuram transformar a vida em um ambiente investigativo do poder criador de Deus, que propicia a discussão das questões importantes de diversas áreas do existir humano, tendo como base principal a comunicação natural e disciplinada, porém, com um objetivo definido: encontrar a intimidade da fé na verdade de sua prática cotidiana.

No mundo acadêmico contemporâneo, onde nossas crianças e jovens também estão insertos, o desenvolvimento do raciocínio lógico se efetua por meio do debate, ou seja, da elaboração de contradições, de teses e de antíteses. Essa face do mundo educativo está presente no cotidiano do catequizando, considerando que o catequista assim se torna um facilitador da comunidade de fé, pois não deve se enxergar como um detentor da verdade plena, mas, sim, como um condutor dos catequizandos em direção a ela.

A catequese contemporânea nos revela o objetivo de desenvolver habilidades cognitivas por intermédio de temas claros e numa linguagem acessível como ponto de iniciação ao exercício da fé.

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai,

senão por mim. (Jo 14, 16)

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A pessoa humana é chamada a desenvolver as suas habilidades de investigação, que estão ligadas à busca de caminhos para chegar às respostas ou às soluções dos seus problemas, porquanto é necessária a compreensão dos discursos falados ou escritos, que permitirão aos ouvintes ou leitores elaborar uma compreensão sadia do que ouviram ou leram, preservando o seu significado.

Assim sendo, torna-se imprescindível que o catequista se apresente como um mediador, pois é nesta função que orientará seus catequizandos, que se tornarão uma comunidade verdadeiramente capacitada para o encontro com a Verdade. O catequista deve se empenhar para conduzir os seus catequizandos no aprofundamento dos questionamentos, interagindo na temática bíblica ou pastoral em questão, direcionando-os ao conhecimento das questões em debate para, finalmente, alcançar um entendimento sadio.

Esse movimento de reflexão pode ser observado quando nossos catequizandos, estando conscientes da profundidade da questão refletida, passam a olhar para dentro de si mesmos, buscando a autocorreção e fomento de sua curiosidade de pesquisar sempre e muito mais, além de suas próprias convicções primárias.

A proposta de uma catequese para o pensar apresenta características que a aproximam dos ideais de uma comunidade dialógica, que também possui elementos que a aproximam de todas as experiências vivenciais de seus componentes, imprimindo o desafio de promover uma instrução verdadeiramente fundada no Evangelho de Cristo.

A catequese é uma ação religiosa, mas é também uma atividade significativamente social, em face de sua intensa aplicabilidade cotidiana, que nos propõe constituir um modo frutífero de vida cristã autêntica, entendendo essa ação não como uma sabedoria em si, mas como um processo de incessante busca da verdade. A caminhada de conhecer o Mistério Divino nos recorda a condição necessária de humildade, em face de nossa reconhecida ignorância, e nos obstinando pelo prosseguimento.

A influência do catequista se opera pela conversação, pelo diálogo, pelo uso cuidadoso das reflexões, em que ouvir e falar se desenvolve no pensar, que aos partícipes deve estar fundada na Palavra e na experiência pastoral. A colaboração da análise crítica da vida e do tempo presente se apresenta como fonte inspiradora aos catequistas e catequizandos, imprimindo o desejo pelo descobrimento do mundo e de si mesmos.

Os desafios da Catequese na pós-modernidade

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Leia também: A importância do catequista para a sociedade contemporânea

A existência humana se caracteriza pela necessidade da reflexão, operada de modo incessante e criativa, atentando aos estímulos ocasionados pelas mais diversas formas de conhecimento, bem como de habilidades já realizadas por outras pessoas. A criatividade deve se nutrir no caldeirão dialógico do encontro com o outro, buscando a apreensão de um pensamento crítico e criativo.

A Palavra Revelada nos foi dada, mas o mundo a rejeita, pois os cristãos não são do mundo, como também Cristo não é do mundo. Mas não fomos tirados da realidade, mas sim educados a nos preservar do mal, buscando santificar-nos pela verdade. A Palavra Eterna é a Verdade Viva, pois assim foi enviada ao mundo, e também nós somos enviados ao testemunho do nosso conhecimento pela fé (Jo 17,14-18).

Advogado, professor de teologia pastoral. Atua na formação permanente de agentes

pastorais e fiéis leigos na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES, sendo

coordenador do Instituto de Ciências Humanas Evangelii Gaudium, instituição

formativa de denominação católica, que tem por objetivo precípuo produzir e difundir o

conhecimento da doutrina cristã.

Márcio Oliveira Elias

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84CATEQUISTAS EM REDE

Felizes e bem preparados para educar a fé

www.catequesehoje.org.br

HOJEcatequese

A missão da catequese exige catequistas vocacionados, felizes e bem preparados para bem educar a fé. Sabemos dos desafios e possibilidades do mundo de hoje frente a fé cristã. E uma das possibilidades que ajudam a missão do catequista no

mundo de hoje é a internet. Por que não ofertar uma formação catequética diferenciada na rede? Essa é a intenção do site Catequese Hoje!

A necessidade deste tipo de formação surgiu na reunião dos coordenadores diocesanos de catequese do Regional CNBB-Leste II (Minas Gerais e Espírito Santo) em 2011. Os coordenadores foram instigados a refletir a oferta de formação de catequistas na internet. A partir do diálogo, todos chegaram a uma conclusão que existem demasiados conteúdos/subsídios voltados para catequistas nas redes virtuais. Contudo, muito deste material é fruto de experiências pessoais, por vezes sem base reflexiva que ofereça segurança e plausibilidade às coordenações de catequese responsáveis, principalmente,

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pela formação e orientação da catequese. Estes materiais podem destoar das recomendações da catequese oficial, da doutrina, além de apresentar erros teológicos e pedagógicos que podem tornar difícil o discernimento do catequista de base que busca promover sua catequese. A rede é democrática, todos podem postar suas opiniões, contudo há poucas referências com boa reflexão sobre a catequese, elaborada com bons critérios, por equipe e colaboradores bem formados e atualizados nas questões e demandas cotidianas dos catequistas.

Surgiu, assim, em 2012, a partir da Comissão Bíblico Catequética do Regional CNBB-Leste II, o site Catequese Hoje. Focado na formação de catequistas, veio acrescer a outros bons sites de formação. O embasamento teórico que a equipe se motivou para elaborar o site é que a rede de internet não é vista como meio de comunicação simplesmente e, sim como lugar de transmissão da fé e experiência do sagrado. O referêncial catequético foi inspirado no Documento 84 da CNBB (Diretório Nacional de Catequese), onde há uma preocupação com uma formação integral que compreenda o ser catequista, seu saber, o saber fazer e o saber conviver. E há, ainda, um diálogo transversal em todas as postagens com a cultura moderna. Busca-se uma catequese bela, lúdica e mística. Tal intuição é uma resposta eficaz da catequese atual para os desafios e possibilidades do nosso tempo. Podemos dizer que é um conteúdo transversal, onde não só os textos comunicam, mas também pelas fotografias e arte cristã, ou através de poesia, contos, canções populares e vídeos. Todo o “site”, desde sua concepção gráfica até as imagens, que ajudam a comunicar/aprofundar a mensagem do texto, instigam o usuário despertando novo olhar.

Há quatro seções: “Raízes” é o espaço privilegiado para pensarmos o “Ser Catequista” no mundo atual, fomentar a vocação do catequista, suas bases,

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A partir do diálogo, todos chegaram a uma conclusão que existem demasiados conteúdos/subsídios voltados

para catequistas nas redes virtuais. Contudo, muito deste material é fruto de experiências pessoais, por vezes sem base reflexiva que ofereça segurança e plausibilidade às

coordenações de catequese responsáveis, principalmente, pela formação e orientação da catequese.

partilhar as dificuldades, alegrias e crescer na espiritualidade. “DiVerso” desenvolve questões pedagógico-organizacionais e bíblico-litúrgicas da catequese, mas sem dar receitas prontas que não valorize a autonomia do catequista e sua responsabilidade de adaptar os conteúdos e métodos às diversas realidades catequéticas. “Veredas” é uma oportunidade de usar os recursos de uma sociedade cada vez mais audio-visual (em sintonia com o perfil do usuário recorrente da rede), mas também sedenta de sentido e beleza. Há vídeos on-line, indicações de música, filmes e poesias que favorecem momento de crescimento pessoal, mas também oportunidade de usar a cultura atual a favor da educação da Fé. Por fim, a seção “Outro Olhar” é o espaço para dialogar a Educação da Fé com a cultura pós-moderna e provoca-nos a um novo olhar para a “Iniciação à Vida Cristã” e a oração.

A divulgação do site se deu no boca a boca, através, primeiramente, das coordenações diocesanas e depois dos catequistas que foram gostando. Hoje ele é acessado em todo o território nacional e em vários países. A equipe responsável é toda voluntária e conta também com diversos colaboradores/escritores da Igreja no Brasil. Por fim os comentários dos catequistas têm revelado importância dos conteúdos para o nível pessoal e comunitário. Várias afirmações propiciam perceber sintonia com o momento e as necessidades, além de acolher as colaborações dos usuários. Muitos usam o site como um garimpo criativo para fomentar a formação de catequistas e os encontros com os catequizandos. E há várias experiências onde as coordenações imprimem os textos e oferecem aos catequistas que ainda não estão conectados, não os excluindo desta formação.

Ricardo Diniz de OliveiraComissão Bíblico-Catequética Regional CNBB-Leste II

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88CATECINE

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Trailer: O Pequeno Príncipe (2015)

“A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa.- Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.

Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um

amigo, cativa-me!”

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S empre ouvi falar muito bem da história do Pequeno Príncipe. Esse é um daqueles clássicos da literatura universal que todo mundo comenta aqui e acolá, você diz que vai ler, mas acaba não lendo.

O fato é que talvez eu tenha menosprezado um pouco a história, tomando-a por açucarada ou piegas demais, se é que vocês me entendem.

Além do fato de as melhores frases já terem sido repetidas em demasia, o que a história de um príncipe (de que país?) vivendo sozinho num planeta (como? de que?) apaixonado por uma rosa poderia realmente acrescentar na minha vida?

O filme, uma animação de Mark Osborne, não só me apresentou à obra como deu resposta a todas as perguntas céticas que me vinham à cabeça.

Como não li a obra, ater-me-ei apenas ao roteiro adaptado por Osborne que, sem dúvida alguma alargou seu horizonte para além dos círculos filosóficos e de auto-ajuda.

O roteiro apresenta a história de uma menina que sonhava em entrar em uma escola renomada. O apoio da mãe, apesar de trabalhar o dia inteiro e deixá-la sozinha em casa, é irrestrito: ela elabora uma complexa rotina de estudos, um planejamento de resultados e pensa inclusive nas possíveis recompensas, caso o objetivo seja alcançado.

Mais à frente a menina vai descobrir que o sonho de entrar na escola era, na verdade, um sonho da mãe conduzido com tanta radicalidade que a menina foi, inadvertidamente, obrigada a tomá-lo para si. Porém, um fato desconcertante muda toda a história.

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A hélice de um vizinho maluco quebra a parede da casa da menina enquanto ela estudava e então ela embarca numa aventura que muda completamente o rumo de sua vida.

O fato inusitado foi a ponte que o diretor usou para ligar a história da menina, oprimida pelas circunstâncias impostas pelo sonho da mãe e as lições do Pequeno Príncipe.

Daí para frente, o autor circula entre o mundo real e o mundo de fantasia e imaginação das histórias do Príncipe contadas pelo velho aviador. A menina, como eu mesmo fiz, antes de assistir ao filme, chega cheia de preconceitos e ceticismos em relação à história do menininho com título de príncipe que vivia num planeta, conversava com uma rosa e uma raposa e viajava o mundo em busca de respostas para seus dilemas.

A personagem da menina para mim foi uma verdadeira sacada do diretor, pois fez com que o telespectador do século XXI se identificasse verdadeiramente com a história.

Sim, na tentativa de atualizar delicadamente a história do Pequeno Príncipe, o autor criou uma história paralela tão grande quanto a do clássico.

Dessa maneira, apesar de chama-se “O Pequeno Príncipe”, a versão cinematográfica poderia muito bem ter se remetido à menina no título, pois o telespectador entendeu que foi ela a responsável por descobrir que o “essencial é invisível aos olhos”.

Poderíamos fazer muitas reflexões e comentários sobre o filme, afinal, como toda obra filosófica, há muitas questões feitas e respondidas.

Gostaria de destacar apenas um ponto que, para mim, ficou evidente e que, na hora, me lembrou do Papa Francisco.

O fato inusitado foi a ponte que o diretor usou para ligar a história da menina, oprimida pelas circunstâncias impostas pelo sonho da mãe e as lições do Pequeno Príncipe.

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Por um lado, o Papa tem falado muito sobre a importância que deveríamos dar às pessoas mais velhas e, por outro, é evidente seu amor pelas crianças quando as beija nos Angelus na Praça São Pedro. Assim, o Papa consegue ligar por seus ensinamentos as fases mais frágeis do homem: a infância e a velhice.

O filme, por sua vez, ao relacionar a vida da menina com a do velho aviador, mostra o quanto essas fases têm a se somar. E mais, mostra que o Papa estava certo ao evidenciar de forma sutil que essas fases têm em comum a pureza, a sabedoria simples, a sinceridade, dentre outras coisas.

Não quis tratar sobre as frases epigrafais que o filme ecoa da obra de Saint-Exupéry porque, a maioria das pessoas, diferente de mim, deve ter lido O Pequeno Príncipe e, se não leu, recomendo vivamente que o leia. Porém, como poucas vezes fiz na vida, acredito que o leitor do nosso blog deveria assistir antes à versão cinematográfica de Mark Osborne.

Afinal, testemunho próprio: foram os olhos de Osborne que tiveram o poder mágico de fazer com que eu tomasse a obra de Saint-Exupéry como livro de cabeceira; pasmem: sem nunca ter lido uma linha sequer da obra original.

Texto: blog.comshalom.org

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Ministério do Catequista: elementos básicos para a formação, de Humberto Robson de Carvalho, editora Paulus

A formação dos cristãos, particularmente dos catequistas, é e sempre será uma dimensão indispensável para o processo de evangelização da Igreja. A obra “Ministério do catequista: elementos básicos para a formação” busca ensinar a doutrina, mas, acima de tudo, levar a uma experiência vital do Mistério de Cristo; colaborar com a formação de catequistas, compreendendo que a catequese é um processo de educação da fé que passa e perpassa as diversas etapas da vida dos cristãos; formar catequistas versados na pedagogia do Mistério, discípulos e discípulas do Senhor capacitados a levar a seus catequizandos uma verdadeira iniciação à vida cristã.

Educar: Escolher a Vida e testemunhar a Verdade, de Jorge Mario Bergoglio (Papa Francisco), editora Ave-Maria

Após abordar diversos temas como a fé, a Igreja e o povo, o Papa Francisco fala sobre o grande desafio de ser um educador. Nesta obra, o Santo Padre mostra a importância dos professores e educadores em nossa sociedade. Suas homilias e orientações são voltadas para as pessoas que assumem esse compromisso, fazendo com que vençam os obstáculos na missão de formar boas pessoas, tendo Jesus como exemplo absoluto.

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94DICAS DE LEITURA

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A Palavra de Deus na Vida da Igreja, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela. No Concílio Vaticano II, a Dei Verbum deu grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus na vida da Igreja, à reflexão teológica sobre a Revelação divina e ao estudo da Sagrada Escritura. E descreve um detalhe no Sínodo; “Na XII Assembleia sinodal, Pastores vindos de todo o mundo congregaram-se ao redor da Palavra de Deus, colocando simbolicamente no centro da Assembleia o texto da Bíblia, para redescobrirem algo que nos arriscamos a dar por adquirido no dia-a-dia: o fato de que Deus nos fale e responda às nossas perguntas”. E acrescenta: “Isto significa que quanto mais aprofundarmos nossa relação com o Senhor Jesus, tanto mais nos damos conta que Ele nos chama à santidade, através de opções definitivas, pelas quais a nossa vida responde ao seu amor, assumindo funções e ministérios para edificar a Igreja.

Minhas orações (Turma da Mônica), de Pe. Luís Erlin e Mauricio de Sousa, editora Ave-Maria

A turminha que te acompanhou durante as etapas mais divertidas da sua infância, agora vai estar presente também nos seus momentos de oração. O livro “Minhas Orações (Turma da Mônica)”, do padre Luís Erlin e do cartunista Mauricio de Sousa, apresenta 40 orações ecumênicas que podem ser rezadas por todos os cristãos. As crianças (e também os adultos) poderão rezar pelo papai, pela mamãe, pela família, pelos amigos, pelos estudos e por diversos momentos da vida.

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Já pensou em ter acesso a um geolocalizador de paróquias, capelas, dioceses e horários de Missas da Igreja Católica, em todo o Brasil? O Rota Católica permite que você tenha acesso a todas essas informações na palma da mão!

O aplicativo recomenda de forma prática e rápida a paróquia ou capela mais próxima da sua localização — ideal para não faltar com os seus compromissos religiosos durante as suas viagens.

A ferramenta também traz as informações básicas sobre as paróquias, com o objetivo de informar você sobre a história e a trajetória da missão da Igreja no Brasil.

Rota Católica está sob responsabilidade do projeto Minha Paróquia, empresa de tecnologia que presta serviços à Igreja Católica, e seu banco de dados é atualizado e aprimorado constantemente com base nas informações disponibilizadas pelas dioceses.

O app está disponível para tablets e smartphones na plataforma iOS.

CONHEÇA O ROTA CATÓLICA Desenvolvido pela Agência Minha Paróquia, esse é o aplicativo ideal para quem quer rezar e assistir às Missas de onde quer que esteja, dentro do território nacional.

96DICA DE APP

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97O CATECISMO RESPONDE

733 “Deus é Amor” (1Jo 4,8.16), e o Amor é o primeiro dom. Ele contém todos os demais. Este amor, “Deus o derramou em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5). (Parágrafo relacionado: 218)

734 Pelo fato de estarmos mortos, ou, pelo menos, feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom do Amor é a remissão de nossos pecados. É a comunhão do Espírito Santo (2Cor 13,13) que, na Igreja, restitui aos batizados a semelhança divina perdida pelo pecado. (Parágrafo relacionado: 1987)

735 Ele dá, então, o “penhor” ou as “primícias” de nossa Herança: a própria vida da Santíssima Trindade, que é amar “como Ele nos amou”. Este amor (a caridade de 1Cor 13) é o princípio da vida nova em Cristo, possibilitada pelo fato de termos “recebido uma força, a do Espírito Santo” (At 1,8). (Parágrafo relacionado: 1822)

ESPÍRITO SANTO: DOM DE DEUS

736 É por este poder do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos enxertou na verdadeira

vida nos fará produzir “o fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,

fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gl 5,22-23). “Se vivemos pelo Espírito”, quanto mais renunciarmos a

nós mesmos, tanto mais “pelo Espírito pautemos também a nossa conduta” [a113] (Parágrafo

relacionado: 1832). Por estarmos em comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais,

recoloca-nos no Paraíso, reconduz-nos ao Reino dos Céus e à adoção filial, dá-nos a

confiança de chamarmos Deus de Pai e de participarmos na graça de Cristo, de

sermos chamados filhos da luz e de termos parte na vida eterna [a114].

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AS MISÉRIAS

SOCIAISQUE AFETAM AS

98MENSAGEM DO PAPA

FAMÍLIAS

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A família tem tantos problemas que a colocam à prova. Uma dessas provas é a pobreza. Pensemos em tantas famílias que povoam as periferias das megalópoles, mas também nas zonas rurais. Quanta miséria, quanta degradação! E depois, para

piorar a situação, em alguns lugares chega também a guerra. A guerra é sempre uma coisa terrível. Essa também afeta especialmente as populações civis, as famílias. Realmente a guerra é a “mãe de todas as pobrezas”, a guerra empobrece a família, uma grande predadora de vidas, de almas e dos afetos mais sagrados e mais queridos.

Apesar disso tudo, há tantas famílias pobres que com dignidade procuram conduzir a sua vida cotidiana, muitas vezes confiando abertamente na benção de Deus. Esta lição, porém, não deve justificar a nossa indiferença, mas sim aumentar a nossa vergonha pelo fato de existir tanta pobreza! É quase um milagre que, mesmo na pobreza, a família continua a se formar e até mesmo a conservar – como pode – a especial humanidade das suas relações. O fato irrita aqueles planejadores de bem-estar que consideram os afetos, as relações familiares como uma variável secundária da qualidade de vida. Não entendem nada! Em vez disso, nós deveríamos nos ajoelhar diante dessas famílias que são uma verdadeira escola de humanidade que salva a sociedade das barbáries.

O que nos resta, de fato, se cedemos à chantagem de César e do Dinheiro, da violência e do dinheiro, e renunciamos também aos afetos familiares? Uma nova ética civil chegará somente quando os responsáveis da vida pública reorganizarem os laços sociais a partir da luta contra a espiral perversa entre família e pobreza, que nos leva ao abismo.

A economia de hoje muitas vezes é especializada no gozo do bem-estar individual, mas pratica largamente a exploração dos laços familiares. Esta é uma contradição grave! O imenso trabalho da família não é cotado nos balanços financeiros, naturalmente! De fato, a economia e a política são mesquinhas de reconhecimento a tal respeito. No entanto, a formação interior da pessoa e a circulação social dos afetos têm justamente ali o seu pilar. Se os tiram, tudo vem a baixo.

Não é somente questão de dinheiro. Falamos de trabalho, falamos de educação, falamos de saúde. É importante entender bem isso. Ficamos sempre muito comovidos quando vemos imagens das crianças desnutridas e doentes, que são mostradas para nós em tantas partes do mundo. Ao mesmo tempo, também nos comove muito o olhar brilhante de muitas crianças, privadas de tudo, que estão em escolas feitas de nada, quando mostram com orgulho sua caneta e o seu caderno. E como olham com amor o seu professor ou a sua professora! Realmente, as crianças sabem que o homem não vive só de pão! Mesmo o afeto familiar; quando há a miséria as crianças sofrem, porque elas querem o amor, as relações familiares.

Nós cristãos devemos estar sempre mais próximos às famílias que a pobreza coloca à prova. Mas pensem, todos vocês conhecem alguém: um pai sem trabalho, uma mãe sem trabalho…e a família sofre, as relações se enfraquecem. Isso é ruim. De fato, a miséria social atinge a família e às vezes a destroi. A falta ou a perda de trabalho, ou a sua forte precariedade,

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incidem pesadamente sobre a vida familiar, colocando à dura prova as relações. As condições de vida nos bairros mais desfavorecidos, com os problemas de habitação e de transportes, bem como a redução dos serviços sociais, de saúde, de escola, causam dificuldades. A estes fatores materiais se soma o dano causado à família pelos pseudo-modelos, difundidos pelos meios de comunicação baseados no consumismo e o culto da aparência, que influenciam as classes sociais mais pobres e incrementam a desagregação das relações familiares. Cuidar das famílias, cuidar do afeto, quando a miséria coloca a família à prova!

A Igreja é mãe e não deve esquecer este drama dos seus filhos. Também essa deve ser pobre, para se tornar fecunda e responder a tanta miséria. Uma Igreja pobre é uma Igreja que pratica uma simplicidade voluntária na própria vida – nas suas próprias instituições, no estilo de vida dos seus membros – para abater todo muro de separação, sobretudo dos pobres. É preciso oração e ação. Rezemos intensamente ao Senhor, que nos sacode, para tornar as nossas famílias cristãs protagonistas desta revolução da proximidade familiar, que agora é tão necessária! Dessa, dessa proximidade familiar, desde o início, é feita a Igreja. E não esqueçamos que o julgamento dos necessitados, dos pequenos e dos pobres antecipa o julgamento de Deus (Mt 25, 31-46). Não esqueçamos isso e façamos tudo aquilo que podemos para ajudar as famílias a seguir adiante na provação da pobreza e da miséria que atingem os afetos, as relações familiares. Eu gostaria de ler outra vez o texto da Bíblia que escutamos no início e cada um de nós pense nas famílias que são provadas pela miséria e pela pobreza, a Bíblia diz assim: “Meu filho, não negues esmola ao pobre, nem dele desvieis os olhos. Não desprezes o que tem fome, não irrites o pobre em sua indigência. Não aflijas o coração do infeliz, não recuses tua esmola àquele que está na miséria; não rejeiteis o pedido do aflito, não desvieis o rosto do pobre. Não desvieis os olhos do indigente, para que ele não se zangue” (Eclo 4,1-5a). Porque isso será aquilo que fará o Senhor – o diz no Evangelho – se não fazemos essas coisas.

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Audiência Geral do Papa Francisco03/06/2015 - Dublado

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