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CORPO DE BOMBEIROS MILI TAR DO DISTRI TO FEDERAL DIRETORI A DE SERVIÇOS TÉCNI COS CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE INCÊNDIO GUIA PARA INVESTIGAÇÃO DE INNDIOS E EXPLOSÕES BRASÍLIA DF 2

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

DIRETORIA DE SERVIÇOS TÉCNICOS

CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE INCÊNDIO

GUIA PARA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES

BRASÍLIA DF

2 1

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CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE INCÊNDIO

GUIA PARA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES

COMPOSIÇÃO:

1 METODOLOGIA CIENTÍFICA DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO;

2 SEGURO INCÊNDIO;

3 INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS EM AUTOMÓVEIS;

4 LEGISLAÇÃO APLICADA À INVESTIGAÇÃO;

5 INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO FLORESTAL;

6 QUÍMICA APLICADA AO INCÊNDIO;

7 FÍSICA APLICADA À INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO;

8 INVESTIGAÇÃO DE COMBUSTÃO EXPLOSIVA;

9 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO;

1 INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS RELACIONADOS COM ELETRICIDADE;

11 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO;

12 VESTÍGIOS DE INCÊNDIO

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APRESENTAÇÃO

O Guia para Investigação de Incêndios e Explosões é uma coletânea dasapostilas dos instrutores do Curso de Perícia de Incêndio e Explosões (CPI) doCorpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).

Ele objetiva fornecer aos atuais e futuros Peritos de Incêndio e Explosões,bem como aos estudiosos do campo da segurança contra incêndio e pânico, osvariados conhecimentos sobre o surgimento do incêndio, sua propagação e suaextinção. Ele prescreve as principais áreas do conhecimento que abarcam a

pesquisa sobre incêndio, em particular: a metodologia para investigação deincêndio, seguro incêndio, investigação de incêndio em automóveis, legislaçãoaplicada a investigação de incêndio, investigação de incêndios florestais, químicaaplicada ao incêndio, física aplicada ao incêndio, investigação de combustãoexplosiva, equipamentos utilizados na investigação, investigação de incêndiosrelacionados com a eletricidade, avaliação dos sistemas de segurança contraincêndio e pânico e vestígios de incêndio.

O presente Guia de forma alguma pretende esgotar os assuntos queenvolvem o complexo fenômeno do incêndio. No entanto, este apresentaferramentas importantes na busca da elucidação dos fatores que o envolvem.

Brasilia-DF, em 28 de janeiro de 2010.

Ten-Cel QOBM/Comb - Edgard Sales FilhoComandante do Centro de Investigação e Prevenção de Incêndio

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MÓDULO I – METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO

Autor: TC QOBM/Comb. Edgard SALES Filho

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 2

1.1 CONCEITO E OBJETIVO......................................................................................... 2

1.2 FUNÇÕES................................................................................................................. 2

2 PREMISSAS BÁSICAS DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO................................. 3

2.1 ATRIBUIÇÕES LEGAIS  ...........................................................................................   3

2.2 CICLO OPERACIONAL  ...........................................................................................   5

2.2.1 Fase Preventiva ou normativa ............................................................................ 5

2.2.2 Fase Passiva ou Estrutural ................................................................................. 5

2.2.3 Fase Ativa ou de Combate .................................................................................. 6

2.2.4 Fase Investigativa ou Pericial ............................................................................ 6

2.3 PLANEJAMENTO..................................................................................................... 8

2.3.1 Atribuições Legais................................................................................................ 8

2.3.2 Logística................................................................................................................ 8

2.3.3 Recursos Humanos.............................................................................................. 10

2.3.4 Análises Técnicas................................................................................................. 11

2.3.5 Registros............................................................................................................. 11

2.4 ESTATÍSTICA DE INCÊNDIOS............................................................................... 12

3 FUNDAMENTOS DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO........................................... 13

3.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13

3.2 FENÔMENOS DO INCÊNDIO................................................................................. 14

3.2.1 O fogo.................................................................................................................... 15

3.2.2 Ponto de Combustão............................................................................................ 17

3.2.3 Ponto de Fulgor.................................................................................................... 17

3.2.4 Ponto de Ignição................................................................................................... 17

3.2.5 Fontes de Ignição................................................................................................. 17

3.3 CAUSAS DE INCÊNDIOS ....................................................................................... 18

3.3.1 Fatores Antropológicos....................................................................................... 18

3.3.2 Imperícia................................................................................................................ 18

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3.3.3 Imprudência........................................................................................................... 18

3.3.4 Negligência............................................................................................................ 18

3.3.5 Intencional............................................................................................................. 18

3.3.6 Fatores de Natureza Físico-química................................................................... 193.4 EXPLOSÕES............................................................................................................. 21

3.5 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO E EXPLOSÃO......................... 21

3.5.1 Exames no Exterior da Edificação...................................................................... 22

3.5.1.1 Integridade da Cena............................................................................................. 22

3.5.1.2 Reconhecimento do Cenário............................................................................... 22

3.5.1.3 Exames do Terreno............................................................................................. 22

3.5.1.4 Exame no Terreno Atingido pelo Incêndio.......................................................... 23

3.5.1.5 Procedimentos para os Exames do Exterior da Edificação............................... 24

3.5.1.6 Exames do Interior da Edificação....................................................................... 26

3.5.2 Entrevistas............................................................................................................ 27

3.5.3 Informações de Registro..................................................................................... 29

3.5.4 Reconstrução........................................................................................................ 29

3.6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 30

3.7 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES DE INCÊNDIO................................................ 30

3.8 RECONSTITUIÇÃO.................................................................................................. 31

3.9 ELABORAÇÃO DO LAUDO DE INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO........................ 31

4 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 33

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CURSO DE PER CIA DE INC NDIO E EXPLOS ES

METODOLOGIA CIENT FICA DA INVESTIGAÇ O DE INC NDIO – APOSTILA TE RICA

APRESENTAÇÃO

O fogo permitiu um grande avanço do conhecimento humano, por outro lado, sempre

houve perdas de vidas e de propriedades devido aos incêndios. Após a 2ª grande guerra o fogo começou a ser encarado como ciência complexa,

pois envolvia conhecimentos de física, química, comportamento humano, toxicologia,

engenharia, etc.

 A perda com incêndios nos países que adotam uma postura severa na questão da

prevenção tem diminuído significativamente em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Dentro do aspecto da prevenção ao incêndio a investigação de incêndio e explosões

(ou perícia de incêndio e explosões) permite conhecer e desvendar o surgimento, o

desenvolvimento e a extinção do incêndio viabilizando a produção científica e tecnológica

para evitá-lo e extingüi-lo.

Nesta literatura são apresentados os princípios básicos para realizar uma

investigação de incêndio e explosão de forma sistemática. Estes Métodos Científicos para

Investigação de Incêndio são vistos como um guia a ser seguido, uma vez que cada perícia

é diferente da outra, isto pelo fato do incêndio acontecer em diferentes lugares sob

condições diversas. Existem similaridades entre os incêndios, portanto, há que se

estabelecer um padrão aproximado deste processo. Nem todos os procedimentos serão

práticos e necessários em cada perícia, certamente haverá situações não elencadas que

irão requerer iniciativa e criatividade por parte do perito de incêndio.

Os procedimentos irão variar de acordo com a situação-problema encontrada. Em

muitos casos a causa do incêndio é rapidamente conhecida, mas o perito pode se deparar 

com uma questão particular sobre um sistema específico. Independente da razão (imediata

ou não) pela qual o perito foi convocado é fundamental que os métodos e informações

sejam registrados. A razão de possuir as políticas e procedimentos por escrito é poder 

reproduzir os resultados e manter uma consistência qualitativa por um longo período.

O termo Metodologia Científica da Investigação de Incêndio tem sido largamente

utilizado, no entanto, algumas vezes causa confusão nos investigadores de incêndio. Este

conceito não significa dizer que o perito deva ser um cientista, ou analisar objetos em

laboratório, ou reproduzir um cenário de incêndio num campo de testes ou num modelo

computacional. Isto significa aplicar um método científico para a lógica que requer uma

investigação de incêndio e explosões.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONCEITO E OBJETIVO

Perícia de incêndio e explosão ou investigação de incêndio e explosão pode ser 

entendida como o processo de elucidação dos fatores e circunstâncias que proporcionaram

o surgimento, o desenvolvimento e a extinção do incêndio.

O objetivo da perícia de incêndio e explosões para os Corpos de Bombeiros consiste

em avaliar e mensurar o complexo que envolve o sistema de segurança contra incêndio e

pânico.

1.2 FUNÇÕES

 A perícia de incêndio e explosão desenvolve-se por meio das principais funções a

seguir:

  Educação acerca da prevenção de incêndio;

  Concepção das Normas Técnicas;

  Desempenho dos profissionais envolvidos na prevenção e no combate ao incêndio;

  Custo/benefício da prevenção ao incêndio;

  Desempenho e tecnologia dos equipamentos de prevenção e combate ao incêndio;

  Tecnologia dos equipamentos e materiais envolvidos no surgimento do incêndio.

 A educação acerca da prevenção de incêndio pode ser evidenciada desde a

qualificação do profissional perito de incêndio até ao nível de informação do usuário dos

sistemas de segurança contra incêndio.

Para a concepção das normas técnicas é necessário o conhecimento dos sistemas

de segurança contra incêndio e pânico, do comportamento do fogo, bem como do

comportamento humano perante o sinistro. Neste aspecto a perícia contribuirá informando

os acontecimentos ocorridos a fim de ratificar ou retificar os parâmetros estabelecidos em

norma para o atendimento da segurança dos usuários.

O incêndio fez com que a sociedade concebesse os Corpos de Bombeiros como

profissionais qualificados para debelar este sinistro. Para o aprimoramento de suas táticas e

técnicas de combate e de prevenção aos incêndios os bombeiros necessitam conhecer de

forma prática como foram aplicados os procedimentos operacionais, o desempenho dos

equipamentos utilizados, o desempenho dos usuários, etc.

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O valor financeiro envolvido no incêndio desde a concepção e execução do projeto

até a extinção do sinistro é matéria fundamental para o planejamento e orçamento das

ações tanto dos usuários quanto dos Corpos de bombeiros.

O conhecimento técnico-científico agregado nas ações da perícia de incêndio eexplosões fomenta o desenvolvimento de novas tecnologias de combate e prevenção

quanto dos materiais que compõe as estruturas das edificações e de seu mobiliário,

permitindo que a indústria desenvolva processos e produtos com maior resistência ao fogo e

maior segurança à sociedade.

2 PREMISSAS BÁSICAS DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO

2.1 ATRIBUIÇÕES LEGAIS

O Art. 144 da Constituição da República Federativa do Brasil prescreve que a

Segurança Pública é exercida, entre outros órgãos, pelos Corpos de Bombeiros Militares

(CBM); cabendo a estes, conforme § 5º do mesmo artigo, além das atribuições definidas em

lei, a execução das atividades de defesa civil.

 A Segurança Pública1 é entendida como a ausência de prejuízo aos direitos do

cidadão, pelo eficiente funcionamento dos órgãos do Estado. A segurança, no sentido

amplo, constitui um dos direitos sociais do cidadão (Art. 6º da Constituição Federal); entre

seus diversos aspectos foca-se, no que se refere aos Corpos de Bombeiros Militares, a

segurança contra incêndio e pânico2 que se caracteriza como o estado do sentimento

humano, individual ou coletivo, que indica a eliminação ou minimização do risco de incêndio

e do pânico.

 A exemplo da Constituição dos Estados e suas leis complementares ou ordinárias

relativas aos CBM, a Lei de Organização Básica do CBMDF (LOB) prescreve, no seu Art. 2º

incisos III e VI, respectivamente, cabe ao Corpo de Bombeiros realizar perícias de incêndio

relacionadas com sua competência e realizar atividades de segurança contra incêndio e

pânico, com vistas à proteção das pessoas e dos bens públicos e privados.

Segundo DEHAAN3 “o Corpo de Bombeiros tem a obrigação pública de periciar todos

os incêndios (não só identificar os criminosos, mas também para prevenir os incêndios

acidentais).”

1 Glossário de Defesa Civil, Ministério da Integração Nacional; Brasília 2004.2

 Norma Reguladora Nº 01 do CBMDF.3 Jonh D. Dehaan; KIRK´S FIRE INVESTIGATION; Capítulo 17, página 650 nº 1; New Jersey-USA; Sixth Edition ; 2007 ( adaptação do

autor).

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Segundo LAZZARINI4: “Pelo conhecimento científico dos Oficiais, desde que a lei

assim o preveja, lícito é afirmar-se que eles sejam admitidos a exercer funções de perito, em

perícias de sinistros em que devam intervir os Corpos de Bombeiros Militares, sendo o ideal

que a lei federal de âmbito nacional, tal estabeleça expressamente, ou seja, lei federal devedispor que aos Corpos de Bombeiros Militares compete realizar os serviços de prevenção e

extinção de incêndios, busca e salvamento, perícias em sinistros, e outros estabelecidos em

leis e regulamentos, tudo para prevenir eventuais incursões jurídicas de interesses

classistas ou corporativistas estranhas aos Corpos de Bombeiros Militares...Os Oficiais

Bombeiros Militares têm capacitação profissional científica, podendo, portanto, exercer as

funções de perito oficial em perícias de sinistros em que as suas corporações devam intervir 

no cumprimento de suas atividades constitucionais e infraconstitucionais, bem como de

interesse da justiça, criminal ou cível.”

No CBMDF, conforme previsto no artigo 23 da LOB, cabe à Diretoria de Serviços

Técnicos (DST), entre outras atribuições, realizar as perícias de incêndio e explosões

relacionadas com as missões da Corporação; e para esta atividade específica a Corporação

dispõe do Centro de Investigação e Prevenção de Incêndio (CIPI), órgão de apoio,

subordinado à DST.

 A competência do CIPI é prevista no Regulamento da Organização Básica do

CBMDF aprovado pelo Decreto nº 16.036 de 04 de novembro de 1994 no artigo 39:

O Centro de Investigação e Prevenção de Incêndio, órgão de apoio do sistema de

engenharia de segurança, subordinado à Diretoria de Serviços Técnicos, destina-se a

realizar as análises laboratoriais relacionadas a investigação de incêndios e de

explosões, emitir conclusões técnicas sobre atividades preventivas, tendo, ainda, as

seguintes competências orgânicas:

I - coordenar, executar e controlar todas as atividades relacionadas com a investigação

de incêndios e de explosões;

II - realizar perícias de incêndios e de explosões, de acordo com a legislação pertinente;

III - realizar estudos técnicos dos fatos que provocam os incêndios e explosões;

IV - coordenar as atividades para a correlação dos riscos que, de acordo com as análises

realizadas dão causa aos incêndios e explosões;

- realizar avaliação e análise das técnicas preventivas e Operacionais, com vistas a

obtenção de propostas e produtos do sistema de engenharia de segurança; e

I - executar outras competências que lhe forem determinadas pelo Diretor de Serviços

Técnicos. (CBMDF, 1994)

4 Revista A FORÇA POLICIAL – São Paulo – nº 49 – jan/fev/mar 2006, de autoria do Desembargador LVARO LAZZARINI – Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Corregedor Regional Eleitoral e Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do

Estado de São Paulo, Professor de Direito Administrativo da Academia de Polícia do Barro Branco (aposentado), Associado-Colaborador doInstituto dos Advogados de São Paulo, Membro do Conselho Deliberativo do Instituto “Pimenta Bueno” – Associação Brasileira dosConstitucionalistas, Membro da “IACP – International Association of Chiefs of Plice “ (USA).

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 A organização e as atribuições das seções e subseções do CIPI estão prevista no

Regimento Interno do órgão aprovado pela Portaria 039 de 27 de novembro de 2007.

Para a consecução do serviço específico de perícia de incêndio e explosão, a

atividade é desenvolvida conforme prescreve a Portaria nº 044 de 27 de agosto de 2002,publicada no Boletim Geral (BG) nº 163 de 29 de agosto de 2002.

 A portaria dispõe sobre a organização e funcionamento da perícia de incêndio no

CBMDF, detalhando, dentre outros aspectos, os casos de acionamento, os objetivos da

perícia, o regime de escala, a qualificação profissional para concorrer ao serviço, as rotinas

do serviço, a competência das autoridades envolvidas diariamente com o serviço, etc.

2.2 CICLO OPERACIONAL

O ciclo operacional compreende quatro fases, a saber: Fase preventiva ou

Normativa; Fase Passiva ou Estrutural; Fase ativa ou Combatente; e Fase Investigativa ou

Pericial.

2.2.1 Fase Preventiva ou normativa

 A finalidade da fase preventiva ou normativa é evitar a ocorrência do sinistro; analisar 

os riscos; estudar, revisar e elaborar normas de segurança.

O objeto da fase preventiva ou normativa constitui-se das Normas de Segurança,

consagradas nacionalmente ou internacionalmente.

Os recursos humanos da fase preventiva ou normativa constituem-se dos militares

especializados nas atividades de segurança e de elaboração de textos normativos. Os

recursos materiais constituem-se de um acervo bibliográfico de normas e catálogos técnicos

sobre equipamentos, sistemas, processos e métodos de segurança.

2.2.2 Fase Passiva ou Estrutural

 A finalidade da fase passiva ou estrutural é restringir ou minimizar, com prontidão, as

conseqüências e os danos de um sinistro, que não pode ser evitado (instalar, inspecionar,

fazer manutenção e operar sistemas e dispositivos se segurança).

O objetivo da fase passiva ou estrutural constitui-se dos projetos, dos sistemas e dos

dispositivos de segurança, alocados nas instalações prediais, industriais ou comerciais.

Os recursos humanos da fase passiva ou estrutural constituem-se de pessoal

habilitado, ou seja, com formação ou especialização nas atividades de elaboração de

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projetos, instalação, manutenção e operação de sistemas e dispositivos de

segurança/proteção física de estabelecimentos.

Os recursos materiais constituem-se de sistemas, equipamentos e dispositivos de

segurança que fazem parte ou que estão alocados na área de edificação do próprio usuário.

2.2.3 Fase Ativa ou de Combate

 A finalidade da fase ativa ou de combate constitui-se do socorro ou da prestação de

serviço quando há a participação, do poder operacional da Corporação, no atendimento a

qualquer caso real de sinistro, para extinguir incêndio, prestar atendimento pré-hospitalar,

resgatar ou salvar vidas e bens.

O objeto da fase ativa ou de combate é formado pelo do poder operacional daCorporação, das técnicas, táticas e estratégias das operações de bombeiro militares.

Os recursos humanos da fase ativa ou de combate constituem-se do próprio efetivo da

Corporação em suas diversas áreas de atuação específica. Os recursos materiais. Os

recursos materiais da fase ativa ou equipamentos que são empregados nas missões

institucionais.

2.2.4 Fase Investigativa ou Pericial

 A finalidade da fase investigativa ou pericial é elucidar as causa de surgimento do

caso real de sinistro, ocorrência de propagação, surgimento de vítimas e respectivos

prejuízos, para retroalimentação das demais fases do ciclo operacional.

O objeto da fase investigativa ou pericial é o próprio local ou caso real de sinistro,

seus indícios e vestígios relativos e absolutos.

Os recursos humanos da fase investigativa ou pericial são os peritos, os auxiliares de

perícia e os técnicos de laboratório. Os recursos materiais são os equipamentos de emprego

no campo e os de suporte laboratorial para identificação, ensaios ou outros testes

aplicáveis.

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Figura 1: Representação gráfica do Ciclo Operacional dos Corpos de BombeirosFonte: (OLIVEIRA, 2008).

 A perícia de incêndio e explosão nos Corpos de Bombeiros Militares (CBM) é

desenvolvida para a retro-alimentação da segurança contra incêndio e pânico possuindo as

seguintes finalidades5:

a)   Levantar dados necessários à prevenção de incêndios, verificando a

adequabilidade e o cumprimento das normas técnicas vigentes;

b)  Verificar o emprego eficiente dos recursos preventivos existentes, com vistas à

orientação adequada do público interno e externo;

c)   Verificar o desenvolvimento das operações de socorro, visando à eficiência

operacional da Corporação;

d)  Coletar dados técnico-científicos com vistas à adequação de equipamentos,

normalização técnica, e adestramento da tropa;

e)   Auxiliar o Poder Judiciário, quando esse solicitar laudos de perícias realizadas.

 A aplicabilidade da perícia de incêndio e explosão pelos Corpos de Bombeiros é

evidenciada conforme a publicação do Boletim dos Fatores Envolvidos nos Incêndios e

Sinistros6 onde são descritos e analisados os sinistros de incêndio segundo as regiões onde

ocorrem, os bens sinistrados, os tipos de ambientes, os dias da semana, horário de

ocorrência, as causas, as sub-causas, o tempo de resposta ao sinistro praticado pelo

5 Artigo 4º do Suplemento da Portaria do CBMDF nº 044 de 27 de agostoo de 2002.6 Anexo I do Boletim Geral nº 054 de 19 de março de 2008; disponível em .www.cbm.df.gov.br/investigaçãodeincendio

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CBMDF e por populares, o objeto causador do incêndio, a zona de origem onde se iniciou o

incêndio e a ocorrência de vítimas.

2.3 PLANEJAMENTO

O planejamento da perícia de incêndio e explosões requer necessariamente o

estabelecimento das atribuições legais; a logística; os recursos humanos; as análises

técnicas e os registros.

2.3.1 Atribuições Legais

 As atribuições legais, respeitado o ordenamento jurídico descrito na letra “a",

disporão previamente sobre a estrutura que envolve a perícia citada no parágrafo anterior,

sobretudo, a cerca da nomeação dos peritos e auxiliares; da órbita de competência do

serviço; da subordinação e atribuições do pessoal de serviço; do uso dos materiais e

equipamentos; da capacitação; das rotinas do serviço entre outras atividades.

É importante ressaltar que a estrutura para a execução da perícia de incêndio e

explosão deve respeitar a realidade das instituições que tem esta competência, no entanto,

os requisitos mínimos para sua realização não devem ser negligenciados, principalmente no

que se referir aos procedimentos metodológicos. Uma boa medida seria o intercâmbio com

as instituições de ensino públicas e privadas e com os organismos de segurança pública dos

estados e da Federação a fim de sanar as possíveis debilidades técnicas, estruturais ou

logísticas.

2.3.2 Logística

 A logística de apoio à investigação de incêndio envolve, no mínimo:

a) Espaço físico salubre e ergonômico;

b) Mobiliário ergonômico (mesas e cadeiras);

c) Computador completo com gravador de CD e DVD, e impressora;

d) Softwares adequados (editores de texto, gráficos, planilhas, desenhos de arquitetura,

etc);

e) Material de escritório (papel, canetas, lápis, grampo, clips, etc).

f) Biblioteca (livros sobre investigação de incêndio, normas técnicas, procedimentos

operacionais, mapas das localidades, etc);

g) Veículo leve tipo pick-up 4X4 com rádio-comunicador;

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h) Rádio-comunicador fixo e móvel.

 A logística par o serviço dos peritos de incêndio e auxiliares envolve, no mínimo:

a) Máquina fotográfica analógica ou digital;b) Computador portátil (notebook);

c) Uniforme Operacional;

d) Rádio-Comunicador móvel;

e) Aparelho de telefonia móvel (celular);

f) Plaquetas de sinalização pericial;

g) Fitas para isolamento do local;

h) Placas de isolamento do local;

i) Óculos de proteção;

 j) Lanterna;

k) Luvas;

l) Capacete Operacional;

m) Ferramentas (jogo de chaves de fenda, martelo e alicate);

n) Bússola direcional ou equipamento de orientação por sistema de posicionamento

global (GPS);

o) Escalímetro;

p) Imã;

q) Lápis e caneta colorida;

r) Canivete;

s) Gravador;

t) Pinça;

u) Prancheta;

v) Caderno para desenho;

w) Caderno milimetrado;

x) Valise para acondicionamentos dos materiais de anotação;

y) Mochila para acondicionamento dos equipamentos;

z) Latas ou sacos plásticos hermeticamente fechados para coleta de amostras.

De acordo com o desenvolvimento da perícia de incêndio nas corporações a

logística vai refletindo esta evolução, o que ensejará a concepção de laboratórios

específicos, campos de testes, softwares de última geração entre outros avanços.

Conseqüentemente os materiais e equipamentos a serem adquiridos terão um universo

muito maior.

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2.3.3 Recursos Humanos

 A investigação de incêndio requer necessariamente pessoal qualificado para oexercício das atividades. O produto da perícia de incêndio é o Laudo de Investigação de

Incêndio trata-se de um documento fundamental para as Corporações; a emissão deste

reflete, em nível relevante, o quanto a instituição possui a capacidade técnica de executar a

perícia de incêndio, portanto, o laudo deve compor-se de informações impecáveis e de um

alto padrão de qualidade; para tanto, o investimento em recursos humanos é indispensável,

não somente na formação do perito, mas também nos profissionais envolvidos no apoio

pericial.

Para que o profissional possa desempenhar a função de perito de incêndio e

explosões ele deve possuir, como requisito preliminar ao Curso de Perícia de Incêndio e

Explosões (CPI), a formação de Oficial Bombeiro Militar do Quadro de Oficiais Combatente

(possuidor do Curso de Formação de Oficiais) ou, caso pertença a outros quadros, possua

curso superior nas áreas das ciências exatas de engenharia, física ou química; graduações

estas que devem ter também os profissionais das instituições civis. Esta exigência se

ustifica pela necessidade de possuir informações básicas sedimentadas a cerca dos

fenômenos do fogo; comportamento do incêndio; termologia e gases; termodinâmica;

mecânica dos fluidos; cálculo; entre outras disciplinas.

 Além dos peritos, para a gestão do serviço pericial são necessários oficiais (ou

gestores) que possuam formação específica em: gestão de projetos, gestão de pessoal,

gestão de ciência e tecnologia, contratos e convênios, sistemas de informação, entre outros.

Estas formações amparam toda a estrutura administrativa da Corporação relativa à

investigação de incêndio, pois são comuns as requisições de laudos, convocações de

peritos, elaboração de projetos básicos, convênios e contratos com as instituições públicas e

privadas, formação de pessoal, utilização e divulgação de informações por meio eletrônico,

etc.

 Atualmente tem se especializado os sargentos (ou técnicos de nível médio) para os

procedimentos de apoio à perícia de incêndio, estes devem ter as seguintes formações:

direção defensiva, fotografia e filmagem, Auto-Cad, técnicas de entrevistas, inteligência,

produção de textos, português técnico, entre outros.

Os profissionais de apoio devem possuir formação técnica condizente com as

atividades que exercem, em geral, os cursos técnicos requeridos são: técnicas de arquivo;

produção de documentos; linguagem de computadores (Word, PDF, PowerPoint, Excel e

Corel Draw); controle de material; manutenção de equipamentos; e outros.

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2.3.4 Análises Técnicas

 As análises técnicas em local de incêndio fundamentam o trabalho realizado pelosperitos de incêndio. Para fins didáticos as análises técnicas se categorizam em dois tipos:

análises de campo, e análises laboratoriais.

Nas análises de campo o perito de incêndio deve aplicar o conhecimento adquirido

no curso de perícia de incêndio e explosão, identificando toda a dinâmica do incêndio, os

materiais envolvidos, a temperatura alcançada, o funcionamento ou falhas dos sistemas de

proteção, os fenômenos ocorridos, as amostras a serem verificadas em laboratório, as

hipóteses a serem estimadas, etc. Sem a análise de campo não há como realizar a perícia

de incêndio, pois esta é a base para a elucidação do sinistro.

 As análises laboratoriais, embora na maioria dos casos não sejam fundamentais para

a elucidação dos sinistros, representam um aporte tecnológico significativo para o serviço

pericial. Sua função principal é ratificar as informações e estimativas realizadas pelos

peritos, ainda sim, a credibilidade do serviço pericial passa pelo irrefutável grau de certeza

dos fenômenos ocorridos que somente são fornecidos pelas análises de laboratório,

portanto, quanto maiores são os recursos laboratoriais de uma Corporação maior será o

nível de confiabilidade dos seus laudos periciais. Enquadram-se também neste caso a

simulação em campos de testes, a modelagem computacional, e sistemas similares.

2.3.5 Registros

Os procedimentos adotados durante a perícia de incêndio e explosão devem ser 

registrados por meio de documentos, áudios, fotografias e filmagens com o objetivo de

definir os controles necessários para:

 Assegurar as análises de campo procedidas;

  Adequar os procedimentos antes da emissão do Laudo de Investigação de

Incêndio;

 Analisar e atualizar os registros;

 Assegurar que alterações e revisões sejam identificadas;

  Garantir a emissão dos pedidos de análises laboratoriais;

  Assegurar que os documentos, áudios e imagens permaneçam legíveis,

audíveis, visíveis e prontamente identificáveis;

 Assegurar a origem e o controle de documentos, áudios e imagens externas;

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 Evitar o uso não intencional de documentos, áudios e imagens obsoletas e

aplicar a identificação adequada.

Na execução da perícia é comum a utilização pelos peritos de documentos, áudio eimagens externas como: jornais, imagens produzidas por profissionais e amadores,

reportagens em rádio e TV, etc. No entanto, o perito deve selecionar criteriosamente as

informações e fazer constar no laudo somente aquelas que possuírem um alto nível de

confiabilidade.

 A linguagem adotada nos registros da investigação de incêndio requer,

necessariamente, termos técnicos específicos. Os peritos por sua formação acadêmica e

profissional devem abster-se do uso da linguagem comum ao referirem-se aos fenômenos

ocorridos, equipamentos, materiais, procedimentos, etc. Esta postura envolve a

compreensão comum entre profissionais, facilitando o entendimento do laudo de

investigação de incêndio e funciona também como o jargão próprio dos profissionais.

Embora um incêndio seja diferente do outro é praticamente impossível que o perito

identifique qualquer fenômeno, material, equipamento, etc, que não tenha sido referenciado

na literatura técnica existente.

 A qualidade e confiabilidade dos registros representam a base de excelência dos

Laudos de Investigação de Incêndio e, conseqüentemente, do desenvolvimento científico e

tecnológico do sistema de segurança contra incêndio e pânico.

2.4 ESTATÍSTICA DE INCÊNDIOS

Com o objetivo de estabelecer prioridades na ação preventiva, o Corpo de

Bombeiros realiza levantamentos de dados estatísticos muito minuciosos. Dados adequados

permitem concluir uma série de medidas preventivas com embasamento na incidência de

cada fator nos incêndios considerados.

 A estatística tem como objetivo fornecer dados numéricos para maior visualização e

compreensão das ocorrências de incêndios registrados nos Corpos de Bombeiros. Embora

a perícia de incêndio seja fundamental para a ação preventiva, menos de 5% dos incêndios

ocorridos são investigados em virtude do baixo grau de significância dos sinistros.

 A grande maioria dos incêndios é debelada no seu princípio, e embora haja a ação

dos bombeiros os usuários dispensam o serviço pericial tendo em vista as baixas perdas; há

ainda fato de que um grande número de incêndios cujas perdas não possuem usuários

determinados, por exemplo: locais ermos, amontoado de lixo, veículos abandonados,

residências abandonadas, incêndio em gramíneas, etc.

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No entanto, o estudo minucioso desta amostra de 5% dos incêndios, os quais

acusam perdas relevantes, visa dispor de forma clara, em números, os casos de incêndios

registrados, suas causas, recursos utilizados no combate, entre outros, com o intuito de

prevenir destas ocorrências ou, em pior hipótese, preparar para enfrentá-las.Desta forma informações importantes devem ser extraídas dos laudos de

investigação de incêndio tais como:

a) Pontos de maior concentração de ocorrências;

b) Tipos de ocorrências mais comuns;

c) Meios de acesso mais utilizados pelos bombeiros;

d) Meios de escapes mais utilizados pelos usuários;

e) Área queimada;

f) Prejuízos financeiros;

g) Equipamentos dos bombeiros mais utilizados;

h) Tempo-resposta do socorro dos bombeiros, etc.

3 FUNDAMENTOS DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO

3.1 INTRODUÇÃO

 Antes de aprender “como” conduzir uma perícia de incêndio e explosão, precisamos

saber o “porque” conduzir uma perícia. Identificamos acima (item III letra “a”) a competência

das Corporações de Bombeiros (CBM) para realizar uma investigação de incêndio, no

entanto, é sabido que, em princípio, dentro das esferas legais este procedimento se estende

às polícias técnicas e seguradoras. Fato que aumenta a responsabilidade técnica dos CBM,

mas que também propicia uma sinergia entre as instituições e, desde que não se crie uma

cultura de vaidades profissionais ou corporativas, promoverá o fomento da pesquisa e o

desenvolvimento deste campo.

 A principal tarefa do perito é determinar “onde” o incêndio se iniciou e “como” isto

aconteceu. Mas a palavra “causa” possui freqüentemente muitos significados, dependendo

do contexto que a envolve, daí a competência e envolvimento das instituições descritas no

parágrafo anterior. Junto à causa do incêndio existe a necessidade de compreender a causa

da sua extinção.

Em uma simples determinação de causa incêndio, como por exemplo, um trivial

incêndio em cozinha, a próxima questão a ser desvendada poderia ser: porque a vítima não

conseguiu fugir? O que a vítima fez de errado? A vítima estava incapacitada? Havia alguma

coisa errada com a edificação? As saídas de emergência estavam bloqueadas? Os

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detectores de fumaça funcionaram adequadamente, se não, por quê? O incêndio se

desenvolveu rapidamente, se não, por quê? Freqüentemente perguntamos de que modo o

incêndio se espalhou, isto pode ser em virtude da natureza do primeiro material a se

queimar; ou de um interior confinado; ou do sistema de ventilação natural; ou da falha dossistemas de proteção, tais como os chuveiros automáticos, dutos de ventilação, portas

corta-fogo, ou porque alguém abriu as saídas de emergência indevidamente.

Em muitos incêndios a causa (circunstâncias que levaram o combustível entrar em

contato com a fonte de ignição), é conhecida em virtude da presença de várias

testemunhas. Mas estas testemunhas, geralmente, não conseguem explicar o “por que” do

surgimento do incêndio: se houve mau uso do equipamento, se o equipamento estava

quebrado, se a pessoa provocou o incêndio, etc.

Nos incêndios de causa criminosa, geralmente o autor ou a propriedade estão

envolvidos em uma causa civil, um seguro ou circunstâncias passionais.

3.2 FENÔMENOS DO INCÊNDIO

O incêndio é uma reação química que produz efeitos físicos.

Conseqüentemente, o perito deve possuir grande familiaridade com os princípios que

envolvem as suas propriedades químicas e físicas. O incêndio consiste numa infinidade de

reações químicas ocorrendo simultaneamente, é importante compreender primeiramente o

que vem a ser esta reação química e como esta se apresenta.

O incêndio7 pode ser conceituado como a combustão rápida disseminando-se de

forma descontrolada no tempo e no espaço. Essa conceituação deixa claro que o incêndio

não é medido pelo tamanho do fogo.

No Brasil quando o estrago causado pelo fogo é pequeno, diz se que houve um

 princípio de incêndio e não um incêndio.

Não existem dois incêndios iguais, pois são vários os fatores que concorrem para o

seu início e desenvolvimento, podemos citar:

a) Forma geométrica e dimensões do local;

b) Superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos;

c) Distribuição dos materiais combustíveis no local;

d) Quantidade de material combustível incorporado ou temporário;

e) Característica de queima dos materiais;

f) Local do início do incêndio no ambiente;

7 Internacional ISO 8421-1

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g) Condições climáticas (temperatura e umidade relativa);

h) Aberturas de ventilação do ambiente;

i) Abertura entre ambientes para a propagação do incêndio;

) Projeto arquitetônico do ambiente e ou do edifício;k) Medidas de prevenção e proteção do incêndio.

Neste tópico serão apresentados alguns princípios básicos dos fenômenos que

ocorrem no incêndio sendo necessário o aprofundamento dos conceitos relativos ao

comportamento do fogo que devem ser estudados em disciplinas complementares.

3.2.1 O fogo

O fogo8 pode ser conceituado como a oxidação rápida auto-sustentada

acompanhada da evolução variada da intensidade de calor e de luz.

O fogo pode ser interpretado por meio do tetraedro do fogo, nesta figura geométrica espacial

cada uma das quatro faces representa um elemento do fogo: combustível, comburente,

calor e reação em cadeia.

O fogo para ser iniciado e se manter no material sofre influência de vários fatores tais

como: estado da matéria (sólido, líquido ou gás), massa específica, superfície específica,

calor específico, calor latente de evaporação, ponto de fulgor, ponto de ignição, mistura

inflamável (explosiva), quantidade de calor, composição química, quantidade de oxigênio

disponível, etc.

O calor pode ser conceituado como a energia cinética dos átomos; entendido como a

radiação eletromagnética que se propaga independente do meio físico caracterizada pela

variação de temperatura, é a sensação manifestada em local aquecido. São tipos de energia

calorífica, a saber:

a) Energia mecânica: produzida por atrito;

b) Energia química: produzida pelo fogo (ou combustão);

c) Energia elétrica: produzida por corrente elétrica;

d) Energia nuclear: produzida pela ruptura do átomo.

O calor produz efeitos físicos e químicos nos corpos em geral (dilatação, mudança

de estado físico, aumento da temperatura, variação do volume dos corpos, etc), e

fisiológicos nos seres vivos (queimadura, desidratação, choque, etc).

8 National Fire Protection Assotiation (NFPA); EUA.

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Uma vez iniciado o fogo deve-se levar em conta o mecanismo de transmissão da

energia, ou seja: condução, convecção e radiação de energia.

Condução do calor é o mecanismo onde a energia é transmitida por meio do

material sólido.Convecção do calor é o mecanismo no qual a energia se transmite pela

movimentação do meio fluido aquecido.

Radiação de energia é o mecanismo no qual a energia se transmite por ondas

magnéticas.

Os combustíveis sólidos, líquidos e gasosos possuem mecanismos diferentes na

ignição:

a) Combustíveis sólidos9: quando exposto a um determinado nível de radiação

sofre o processo de decomposição térmica, denominado pirólise, e

desenvolvem produtos gasosos, que, com o oxigênio do ar, forma a mistura

inflamável. A brasa é o resultado de uma combustão incompleta de um

combustível sólido.

b) Combustíveis líquidos: quando exposto a um determinado nível de radiação

sofre o fenômeno físico denominado evaporação, que é a liberação de

vapores que em contato com o oxigênio do ar forma a mistura inflamável.

c) Combustíveis gasosos: esse em contato com o oxigênio do ar forma a mistura

inflamável que na presença de uma energia ativante se inflama.

São produtos da combustão: o calor, a fumaça e as chamas, fenômenos estes que o

perito de incêndio deve dominar suas causas e conseqüências, pois são fundamentais para

a elucidação dos incêndios.

 A chama é o fenômeno químico resultante da queima de gases de um material

combustível.

 A fumaça é a mistura de gases, vapores e partículas sólidas finamente divididas. Sua

composição química é altamente complexa, assim como o mecanismo de formação.

9 Os materiais pirofóricos, que são sólidos, não acompanham este mecanismo.

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3.2.2 Ponto de Combustão

É a temperatura mínima, na qual os gases desprendidos dos materiais combustíveis,ao entrarem em contato com a fonte externa de calor, entram em combustão e continuam a

queimar.

3.2.3 Ponto de Fulgor 

É a temperatura mínima, na qual os gases desprendidos dos materiais combustíveis,

ao entrarem em contato com a fonte externa de calor, entram em combustão, entretanto, a

chama não se mantém devido a insuficiência na quantidade de vapores.

3.2.4 Ponto de Ignição

É a temperatura mínima, na qual os gases desprendidos dos combustíveis entram

em combustão apenas pelo contato do oxigênio do ar, independente de qualquer fonte de

calor.

3.2.5 Fontes de Ignição

Independente da natureza do material combustível, sua suscetibilidade para queima,

ou da duração da fonte de ignição, é importante recordar que uma fonte de ignição deve

possuir energia suficiente e em contato com (ou ser capaz de transferir calor para) um

material combustível para levá-lo a atingir a temperatura de ignição capaz de gerar e manter 

uma combustão nas condições presentes no ambiente. Para que esta combustão possa se

auto-sustentar ou gerar chamas isto requer condições específicas.

Fontes de ignição como chamas, arcos-voltaicos, centelhas, combustão espontânea,

objetos aquecidos, em condições apropriadas podem iniciar um incêndio, e devem ser 

sempre considerados no cenário da perícia.

O perito deve observar que as circunstancias que levam à ignição (e os contatos que

a precedem) podem mudar a temperatura da fonte de ignição, as propriedades químicas do

combustível, ou o seu estado físico de diversas formas. Todos os materiais e as reações

obedecem às leis da física e da química, os combustíveis e as oxidações não são exceções.

 A análise do perito de incêndio requer que seja postulada a seqüencia dos eventos de um

incêndio não só dos fatos observados por ocasião do evento, mas também a seqüencia dos

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fenômenos científicos ocorridos. O alinhamento das informações com os materiais coletados

podem ser suficientes para comprovar a hipótese da fonte de ignição, caso não seja, é

recomendável o uso de simuladores e de testes em laboratório.

3.3 CAUSAS DE INCÊNDIO

 A causa de um incêndio é provocada pela relação entre a fonte de ignição, o primeiro

combustível queimado, e as circunstancias as quais propiciaram o contato entre ambos.

Estas circunstâncias podem ser provocadas com ou sem a interferência humana. Para uma

análise metodológica dos fenômenos que provocaram o surgimento do incêndio

consideram-se os fatores antropológicos e os fatores de natureza físico-química. Estes

fatores não dependem necessariamente um do outro, embora na maioria dos incêndios eles

estejam intimamente correlacionados.

3.3.1 Fatores Antropológicos: os fatores predominantes de um processo de combustão

podem ser devido à razões alheias à vontade humana (causas acidentais) ou

derivam de uma ação ou omissão resultante de uma medida intencional ou culposa

(intencional = dolosa). Os fatores antropológicos causadores do incêndio podem se

reduzir nos seguintes: imperícia, imprudência, negligência e intencional.

3.3.2 Imperícia: é proveniente de fatores que derivam da falta ou insuficiência de

conhecimentos ou de aptidões específicas para o desempenho satisfatório do ser 

humano em alguma atividade. Ainda que o autor possua capacitação para o

exercício de atividade específica, esta pode ser comprovadamente insuficiente ou

deficitária.

3.3.3 Imprudência: refere-se ao descumprimento de regras gerais básicas, e em tais

circunstâncias, se omite toda a precaução, ou por falta de percepção ou por excesso

de confiança nas probabilidades de êxito do ser humano; a falta de cuido com

incapazes, pacientes psiquiátricos, ignorantes de toda ordem e similares, também

caracterizam este fator.

3.3.4 Negligência:  responde a processos pacíficos de descumprimento de normas legais

gerais ou específicas, onde fica evidente o falta de cumprimento das normas ou falta

de atenção por parte do ser humano. O erro proveniente de técnicos habilitados

também caracteriza este fator.

3.3.5 Intencional: resulta de processos de uma ação consciente e medida do ser humano

que, uma vez em vias de execução, acarretará em uma responsabilidade total e

inescusável.

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Um dos objetivos fundamentais da investigação de incêndio é descobrir se este foi

provocado por uma causa intencional. Por isso teremos uma breve abordagem sobre os

incêndios e os motivos que levariam o ser humano a cometer este delito. O investigador deincêndio do Corpo de Bombeiros, ao se deparar com a possibilidade de causa intencional de

incêndio, deve acionar imediatamente a polícia técnica ou prestar-lhe o devido apoio para a

elucidação do delito. Enumeramos então seis motivações principais:

a) Benefício Econômico: este se constitui num dos motivos mais comuns. O benefício

se obtém por meio de uma apólice de seguro contra incêndios (daí a importância do

investigador conhecer as bases para contratação desta modalidade de seguro). Por 

exemplo, um empresário pode atear fogo em um negócio falido para obter os direitos

relativos à apólice do empreendimento que cobre o edifício e seu conteúdo.

b) Ocultação de Crime: Às vezes se provocam incêndios por ocultar um ato criminoso.

Um assassino pode provocar um incêndio para destruir as provas que o incriminam.

Ocasionalmente os ladrões provocam incêndios para desviar a atenção e cometer o

delito aproveitando a confusão.

c) Satisfação Pessoal: algumas pessoas com distúrbios comportamentais obtêm

satisfação pessoal, geralmente de natureza sexual, provocando e observando os

incêndios. Elas se estimulam com o perigo e o medo sempre associados com o

incêndio.

d) Vingança: em alguns casos se provocam incêndios em resposta a uma injustiça real

ou imaginária. Uma pessoa que se sinta injustamente obrigada a desfazer ou perder 

um negócio pode provocar um incêndio para vingar-se.

e) Vandalismo: geralmente os atos de vandalismo são provocados por grupo de

pessoas mais jovens, usualmente ricas. O objetivo é mais a excitação que a

destruição de um banco de escola ou um símbolo de autoridade ou de admiração.

Durante manifestações violentas também se provocam atos de vandalismo

provocando-se incêndios como forma de violência de grupo.

3.3.6 Fatores de Natureza Físico-química:   as causas de incêndio envolvem

necessariamente os fenômenos científicos de naturezas diversas relacionados ao

processo de combustão. Os fatores de natureza físico-química podem ser reduzidos

nos seguintes: combustão espontânea, reações por oxidação, processos

eletrodinâmicos, processos eletrostáticos, processos dinâmicos e processos

meteorológicos.

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a)   Combustão Espontânea:  se manifesta naturalmente em certas substâncias,

sem a prévia aplicação de agente ígneo externo. O fator motivador deste

processo, na maioria dos casos, se deve a uma oxidação, circunstâncias deordem biológica, ou decomposição química, por exemplo: reação química entre

gases, líquidos, produtos perigosos, substâncias naturais e produtos

industrializados, e similares.

b) Reações por Oxidação:  é a combustão no seu entendimento mais trivial,

correspondem à classe das reações exotérmicas em cuja fase inicial, é

fundamental que exista uma substância facilmente oxidável, em condições

normais; assim como a presença de um elemento suscetível de absorver calor 

dessa reação, por exemplo: velas, fósforos, isqueiro, brasa, faísca, contato com

superfícies aquecidas, materiais incandescentes e similares.

c)  Processos Eletrodinâmicos (Fenômenos Termoelétricos):   a palavra

dinâmica, refere-se ao movimento de energia como fator preponderante para a

formação de uma fonte de calor, partindo do conhecido “EFEITO JOULE”,

enquanto se relaciona com a transformação da energia elétrica em energia

calorífica. Assim, temos como principal motivo do conhecido  “curto-circuito”

que corresponde ao contato direto entre as partes metálicas dos condutores,

com a formação do arco-voltaico, como conseqüência da transmissão da

corrente elétrica através de um meio gasoso e outros tantos fenômenos que

envolvem a energia elétrica, por exemplo: equipamentos elétricos e eletrônicos

(desde que estejam energizados e sejam responsáveis diretos pelo incêndio),

sobrecarga, sobre tensão e similares.

d)  Processos Eletrostáticos:  levando em consideração que é possível gerar uma

fonte calorífica, ao criar-se um diferente potencial estático, por atrito (fricção) ou

por choque; pode-se atribuir a este fato, a produção de cargas eletrostáticas,

que por não terem ligação à terra para descarga, em dado momento, o potencial

acumulado pode se transformar em potencial dinâmico, dando lugar à possível

formação de um arco-voltaico, gerando centelhamento e a iniciação do fogo, por 

exemplo: tanques de combustíveis, caminhões tanques, rosqueamento de

válvulas de cilindros de alta pressão, e similares .

e)  Processos Dinâmicos: causando-se atrito ou fricção de dois corpos entre si, há

o aumento de temperatura entre estes, devido aumento da energia cinética. Esta

elevação é capaz de proporcionar em um dado momento, a temperatura de

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ignição de um dos materiais em contato, por exemplo: processo de perfuração,

correias de motores, máquinas de indústrias e similares.

f)  Processos Meteorológicos: são aqueles independentes da ação humana, cuja

origem é de responsabilidade da natureza: descargas atmosféricas, processoshigroscópios, vendaval, terremotos, etc.

3.4 EXPLOSÕES

Uma explosão é o resultado de uma expansão repentina e violenta de um

combustível gasoso, em decorrência da mistura entre um gás (ou vapor de gás) inflamável e

o oxigênio do ar. Essa ignição se dá em alta velocidade gerando uma onda de choque que

se desloca para todos os lados de forma radial.

Uma explosão pode ser classificada como detonação ou deflagração. Uma

detonação ocorre quando o deslocamento do ar tem uma velocidade superior a 340 m/s,

abaixo disto é considerada uma deflagração.

3.5 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO E EXPLOSÃO

Uma investigação eficaz não só exige o compromisso de toda Corporação, desde o

Comandante dos bombeiros até o soldado, como também um treinamento correto e

constante dos peritos de incêndio. O processo de investigação descrito segue uma

seqüencia lógica que, se seguida, conduzirá o perito a uma extensa investigação com

sucesso. Muitas vezes é possível desenvolver as etapas da investigação simultaneamente,

mas caracteriza um erro grave deixar de cumpri-las ou fazê-las de forma desordenada.

 A sinalização dos ambientes internos e externos da edificação ajuda o investigador a

referenciar suas análises. À medida que a explora os ambientes, os fenômenos do incêndio,

evidências, pontos vulneráveis e outros significativos julgados pelo investigador devem ser 

sinalizados com siglas e sinais previamente convencionados.

 As técnicas de investigação de incêndio constituem um meio metodológico para

identificar os danos causados pelo incêndio e o seu processo evolutivo, determinando sua

origem, propagação e extinção esclarecendo os fatos ocorridos em cada etapa deste

processo.

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3.5.1 Exames no Exterior da Edificação

Inicia-se o processo de investigação do incêndio pelo exterior da edificação e dosterrenos que a circundam. Esta exploração deve ser específica para cada caso. O perito

deve circundar a edificação pelo menos uma vez para verificar o estado de integridade do

prédio. Esta análise ajudará o investigador a determinar se o incêndio se iniciou e terminou

de forma contínua ou existem focos de incêndio independentes; poderá identificar a

intensidade da queima nos diversos quadrantes, tetos e aberturas, além da descoberta de

objetos totalmente estranhos à cena.

3.5.1.1 Integridade da Cena

Os órgãos de segurança pública devem impedir o acesso de pessoas desautorizadas

em toda a edificação ou local e nas áreas circundantes, desde o momento da intervenção do

Corpo de Bombeiros até que o serviço pericial termine. Do contrário o cenário estará sujeito

a roubo, desaparecimento ou destruição acidental ou intencional de provas.

3.5.1.2 Reconhecimento do Cenário

 Antes de proceder ao primeiro reconhecimento nos arredores da edificação, é

interessante que o perito observe cuidadosamente o local sinistrado como um todo; a

situação em relação à luz solar, as vias adjacentes, cabos de energia elétrica, edifícios

anexos, etc. Comprovar se os terrenos circundantes foram afetados ou influenciaram o

incêndio, descobrir a existência de árvores, motores, ou objetos que possam ter influenciado

o surgimento do incêndio ou utilizados por um possível incendiário.

3.5.1.3 Exames do Terreno

 As áreas adjacentes do local sinistrado podem fornecer informações relevantes

acerca do incêndio; assim sendo, faz necessária uma investigação criteriosa destas áreas.

Se a edificação for isolada (sem árvores, gramíneas ou vegetações diversas) o exame do

terreno pode se limitar a um raio de 7,5 a 8 metros do local. O objetivo deste procedimento é

a busca de pistas ou objetos que possam estar relacionados com o surgimento do fogo, ao

se encontrar qualquer tipo de prova é recomendável que esta área seja ampliada.

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Especificar o que pode ser procurado é muito difícil e depende de cada caso, em geral a

busca se direciona para as seguintes provas:

a) Recipientes: potes, jarras, garrafas, vasilhames, latas, caixas e bolsas

plásticas que se encontrarem próximo ao edifício podem ser significativos. Poderiam conter um líquido inflamável utilizado para

acelerar o fogo.

b) Ferramentas: martelos, chaves de fenda, alicates, serras, facas,

alavancas e similares podem ter sido utilizadas para forçar entradas; a

descoberta de ferramentas próximas ao local alerta o perito para a

prática de um exame criterioso de portas, janelas e demais acessos.

c) Objetos de valor: dinheiro, jóias, colares, brincos, relógios, selos de

colecionadores, mercadorias e similares podem ser indício de roubo

em si mesmo, mas também podem indicar a perda de objetos por 

vítimas que tentam se salvar do sinistro. Esta situação pode ser 

esclarecida por meio de entrevista com os ocupantes da edificação.

d) Marcas de pegadas e de rodas de veículos: As marcas dos calçados

dos bombeiros são características e fácil de se distinguir de outras

pertencentes a outros tipos de calçados, particularmente daquelas

descobertas abaixo de janelas e de aberturas forçadas, estas devem

ser fotografadas como provas de um possível incêndio intencional.

Similarmente, podem ser encontradas marcas dos pneus de um

veículo na área próxima a edificação, estas devem também ser 

registradas e preservadas até a determinação da causa do incêndio.

3.5.1.4 Exame no Terreno Atingido pelo Incêndio

Nos casos de queima dos terrenos ao redor do local sinistrado o perito deve

examinar toda a área externa incendiada. Semelhante à técnica anterior, o investigador 

deve buscar objetos que se relacionem com o incêndio; além de determinar se o incêndio

originou-se no exterior da estrutura e se propagou para o seu interior, ou se o fogo se

expandiu do para o exterior do terreno.

a) Sinais de Queima Rasteira: os fogos rasteiros se propagam

rapidamente com o vento. E sua ocorrência deixa vestígios de queima

que convergem em um vértice. As chamas também se propagam em

sentido contrário ao vento, porém mais lentamente; neste caso os

sinais são muito mais visíveis, pois o vento tende a apagar as

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chamas. Por isso se o sentido do vento for do edifício para o terreno

incendiado e os sinais da queima “apontam” para o edifício,

provavelmente o incêndio se iniciou no seu exterior. Geralmente, os

sinais de queima no exterior são representados pelo desenhodenominado “Pérola de Fogo”, onde a origem do incêndio se encontra

no centro da parte inferior do desenho, a propagação mais rápida na

parte superior e mais lenta na parte inferior e nas laterais a partir da

origem do fogo (ver figura 2).

b) Sinais de Queima na Edificação: Um incêndio em vegetação rasteira

(jardim, bosque e similares) que se propaga para uma edificação

deixa um sinal em “V” no seu exterior. O “V” pode se propagar por 

toda parede acima até a um ponto em que se extingue ou adentrar ao

edifício. Qualquer janela dentro do “V” estará envolta em fuligem no

seu exterior. Onde o fogo penetrar na edificação os sinais da

propagação continuarão ascendendo nas paredes interiores. Quando

o incêndio se propaga do interior do edifício para o seu exterior 

(principalmente para vegetação) o veículo de propagação quase

sempre são materiais provenientes da estrutura ou mobiliário da

edificação; neste caso os sinais de queima provenientes do interior da

edificação, chegam até a abertura de onde caíram os materiais, as

fuligens serão encontradas no nas paredes das janelas, geralmente,

não haverá conexão direta entre os sinais de queima no interior da

estrutura e as detectadas na vegetação.

3.5.1.5 Procedimentos para os Exames do Exterior da Edificação

Cada parede externa da edificação deve ser examinada em busca dos sinais de

propagação do incêndio e de marcas provocadas pelo trabalho dos bombeiros. O objetivo

do exame do exterior da edificação consiste em descobrir qualquer evidência da origem e da

propagação do fogo.

Um incêndio de pequenas proporções que se inicia e se extingue com rapidez pode

não deixar sinal algum nas paredes externas da Edificação. Porém um grande incêndio

pode deixar sinais da propagação e fuligens em várias paredes e em diversos andares da

edificação.

Estas marcas da propagação do incêndio (e do trabalho dos bombeiros) são tão

importantes para a determinação do foco de origem do incêndio e da fonte de ignição,

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quanto as encontradas no interior da edificação. Em várias situações as marcas

encontradas no interior da edificação não tem nenhum sentido, no entanto, para sua

interpretação, basta que se combine com as encontradas no exterior do prédio. Os

principais procedimentos recomendados para o exame do exterior da edificação são:a) Dar a volta em toda a edificação para obter uma impressão geral da situação;

b) Fazer um croqui de cada parede que mostre as posições (não necessariamente o

estado) das portas e janelas;

c) Dar uma segunda volta, examinando minuciosamente, as paredes;

d) Marcar no croqui de cada parede qualquer sinal do incêndio ou do trabalho dos

bombeiros incluindo:

  Manchas de fumaça;

  Sinais de carbonização e fuligens;

  Pontos, aparentemente sem conexão, que mostram sinais do incêndio;

  O ponto mais baixo com sinais do incêndio;

  Pontos em que o fogo se propagou do interior para o exterior;

  Pontos de propagação do exterior para o interior;

  Portas e janelas abertas ou fechadas;

  Estado dos vidros das portas e janelas: quebrados, derretidos,

retorcidos, manchados de fumaça, etc;

  Indícios de entrada forçada;

  Posição e estado das chaves dos medidores de gás e eletricidade;

  Posição e estado das conexões e controles dos sistemas de

segurança contra incêndio e pânico; e

  Posição e estado das mangueiras e escadas.

e) Adicionalmente, deve-se fazer pelo menos um registro fotográfico de cada parede

exterior, mostrando a parede inteira;

f) Retirar fotografias aproximadas de qualquer circunstância anômala;

g) Registrar, em um bloco de notas ou gravador, cada condição particular e anotar nos

esquemas as fotografias correspondentes às mesmas; isto é particularmente

importante em virtude do registro dos danos causados pelo incêndio se parecerem

bastante e podem se confundir caso não sejam diferenciados;

h) Verificar o telhado ou laje da edificação.

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3.5.1.6 Exames do Interior da Edificação

O objetivo dos exames no interior da edificação consiste em encontrar provas quepossam determinar o ponto de origem do incêndio, a fonte de ignição, a causa do incêndio e

sua classificação ou categoria; se o incêndio foi provocado por uma fonte natural ou

acidental, as provas dos sinais de propagação, surgimento do fogo e da fumaça.

O perito que realizar o levantamento no interior da edificação deve utilizar seus

conhecimentos e sua capacidade de observação para encontrar estas evidências,

determinar sua validade e decidir sobre a sua significância. Então o investigador deve

relacionar a informação obtida durante os exames no interior com as coletadas em outras

fases a fim de obter suas conclusões sobre o sinistro. O procedimento para a investigação

no interior de uma edificação é enganosamente simples e pode se resumir na seguinte

frase: “ come ar do ponto menos at ing ido pelo inc ndio e ret roceder at ao que sofreu 

m a i o r d a n o , o b s er v an d o c u i d ad o s a m en t e t o d o o p e rc u r s o ”  ; o cumprimento deste

procedimento, sem dúvida pode ser muito complicado.

Os danos causados na edificação pelo incêndio e pela atividade dos bombeiros

podem debilitar a estrutura e provocar outros riscos tais como queda de cabos elétricos,

tubos e partes da estrutura. Os pisos se cobrem de vidros quebrados e retorcidos, e restos

de madeiras com pregos expostos, portanto, antes de adentrar ao local de incêndio o perito

deve averiguar os riscos de todas as dependências com o oficial comandante do socorro; e

conseqüentemente, fazer uso dos equipamentos de proteção individual adequado à

situação.

 A essência do trabalho do perito é a observação e o registro das evidências,

sinalizando e fotografando as observações que julgar relevantes, os procedimentos

recomendados são:

a) Verificar os acessos da edificação (sinais de arrombamento);

b) Verificar o estado das portas e janelas interiores observando a existência de sinais

de fuligens e de danos causados pelo calor e pelas chamas;

c) Registrar ou recolher como prova objetos estranhos às dependências;

d) Observar e registrar o material combustível existente nas dependências;

e) Observar, sinalizar e registrar nas áreas não atingidas e danificadas pelo incêndio as

instalações elétricas, gás canalizado, máquinas e equipamentos, e os sistemas de

segurança contra incêndio;

f) Determinar as áreas mais atingidas pelo incêndio e o motivo da severidade;

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g) Dentre as áreas mais atingidas,   determinar a área (ou local mais próximo

possível) onde o incêndio se iniciou (geralmente não conseqüente da

propagação) e a mais afetada pelo incêndio (ZONA DE ORIGEM);

h) Isolar a zona de origem realizando os registros fotográficos;i) Observar e registrar as características da queima dos materiais encontrados na zona

de origem;

 j) Determinar os primeiros materiais combustíveis que foram queimados (geralmente

os que possuem queima mais intensa) na zona de origem;

k) Se necessário realizar a raspagem ou escavação dos locais ou dos materiais

encontrados na zona de origem;

l) Estabelecer as possíveis fontes de ignição na zona de origem;

m) Sinalizar, registrar, e coletar em recipientes adequados as amostras da zona de

origem, bem como das demais encontradas no interior da edificação; e

n) Manter a edificação, ou parte dela, isolada e íntegra até que se proceda a

reconstituição ou termine as análises de campo, ou ainda se conclua o laudo de

investigação de incêndio.

3.5.2 Entrevistas

Uma entrevista tem como objetivo colher informações de uma pessoa que se supõe

não ser suspeita de delito (testemunha). As informações podem se constituir de uma

declaração voluntária ou respostas voluntárias às perguntas formuladas. Quando se tratar 

de incêndio criminoso o perito deve requisitar à polícia as declarações oficiais do acusado

pelo crime.

O perito deve obedecer às técnicas de entrevista para coletar informações

esclarecedoras sobre o sinistro, das quais citamos:

a) Começar imediatamente a entrevista;

b) Realizar a entrevista de forma reservada e individual;

c) Dispor da identificação das testemunhas;

d) Registrar as declarações dos entrevistados;

e) Escutar atentamente;

f) Perguntar somente o necessário, devendo respeitar quatro regras básicas:

  Formular perguntas simples;

  Fazer uma única pergunta de cada vez;

  Formular perguntas que não influenciem as respostas;   Evitar perguntas que se responda com monossílabos;

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g) Revisar cada entrevista;

h) Comprovar os pontos importantes das entrevistas.

 A seguir apresenta-se uma lista de informações de diferentes aspectos relevantes dainvestigação de incêndio que se podem conseguir dos entrevistados:

- Origem do fog o :

  Quando o incêndio se iniciou;

  Como começou;

  Que material foi o primeiro a queimar;

  Cor da fumaça e das chamas;

  De onde viu os primeiros sinais do incêndio;

  Em que consistiam estes sinais.

- A ões Adotadas:  

  Acionamento do alarme;

  Abandono da edificação;

  Ajuda na fuga das pessoas;

  Tentativa de extinguir o incêndio;

  Observação das ações de combate.

- Baru lhos:  

  Quebra de vidros;

  Explosões;

  Gritos ou discussões;

  Veículos se afastando do local;

  Latido de cães.

- Odores:  

  Gasolina, querosene e outros líquidos inflamáveis;

  Combustíveis gasosos;

  Elementos de pirotecnia ou pólvora;

  Cheiro diferente do normal.

- Sit uações A nômal as:    Pessoas estranhas ao redor do edifício;

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  Veículos desconhecidos estacionados;

  Atividades fora do normal.

- Materiais Especiais: 

  Objetos de valor;

  Armas de fogo ou munições;

  Líquidos inflamáveis;

  Produtos químicos.

- Ocupantes:  

  Fumantes ou bêbados;

  Consumo de drogas;

  Portadores de necessidades especiais;

  Desempregados;

  Estabilidade emocional (temperamento irascível ou tranqüilo).

3.5.3 Informações de Registros

Os dados contidos nos registros constituem em informações indiretas que não se

referem ao incêndio em si. Não obstante, elas podem ser cruciais para a investigação.

Dentre as informações mais relevantes se podem citar:

a) Registros dos Serviços dos Bombeiros: que detalham a construção do

edifício; os sistemas de segurança contra incêndio e pânico; processos de

fabricação e riscos associados; destinação da edificação; pontos de

armazenamento de produtos perigosos; incêndios anteriores, etc.

b) Arquivo de imagens: fotografias, circuito fechado de câmeras, vídeos, etc.

c) Outros registros: apólice de seguros; ações judiciais; faturas de luz, gás ou

telefone; registros de hotéis, sanatórios e hospitais; etc.

3.5.4 Reconstrução

 A proposta da reconstrução do local do incêndio é reproduzir, o mais próximo

possível, a zona de origem da forma que existia antes de ocorrer o incêndio.

Durante este processo o investigador tem a oportunidade de se familiarizar-se com a

cena. Isto quase sempre pressupõe a remoção de escombros, e pode requer muitas horas

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ou dias de extensa atividade física que quase sempre oculta o verdadeiro local da origem do

fogo e conseqüentemente a sua causa.

Em locais parcialmente destruídos este trabalho se torna mais simples,

principalmente quando existe a contribuição dos moradores, usuários ou testemunhas aoponto do investigador poder restaurar até mesmo o local exato do foco inicial. Ao contrário,

em locais onde a zona de origem foi totalmente destruída, é praticamente impossível a

reconstrução.

3.6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Um bom investigador não se atém a sua experiência profissional, ele é um

pesquisador. Portanto, a pesquisa bibliográfica constante faz parte da atividade de

investigação de incêndio; fontes das mais diversas de literatura elucidam as causas de

incêndio tais como psicologia, manuais técnicos, leis, normas técnicas, rotinas de trabalho,

regimentos, etc.

Quanto aos fenômenos do incêndio, o investigador deve ter um acervo técnico

bibliográfico farto; atualmente este trabalho de pesquisa fica bastante facilitado pela internet

e pelas demais mídias; embora há que se precaver das fontes consultadas que devem ser 

confiáveis, para tanto, se recomenda autores e órgãos de reconhecido valor técnico nacional

e internacionalmente.

3.7 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES DE INCÊNDIO

Podemos considerar que este é o estágio crítico da investigação de incêndio.

Usando sua capacitação, treinamento e experiência, além de outros atributos desenvolvidos

até então, o investigador deverá ter colhido informações suficientes que o faça formular os

acontecimentos que contribuíram para criar o cenário de incêndio numa seqüencia lógica e

esclarecedora, que se justifica tanto pelos fenômenos ocorridos e vestígios encontrados,

quanto pelas análises laboratoriais e pelos depoimentos colhidos.

O desenvolvimento de uma hipótese não é, de forma alguma, um exercício subjetivo

de uma razão puramente indutiva, que envolve a iniciação de uma experiência particular 

fazendo generalizações. Razões indutivas levam a probabilidades, não certezas. Um

investigador que nunca viu um incêndio se iniciar de um cigarro numa lixeira poderia

acreditar que isto não acontece, e este fato é incomum de se formular (muito menos testar)

como uma hipótese.

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Quanto maior o grau de destruição do incêndio maior a dificuldade do investigador 

em formular suas hipóteses em virtude da destruição dos vestígios, principalmente na zona

de origem. Este fato é muito comum na investigação de incêndio.

Para a formulação das hipóteses de incêndio é fundamental que o investigador tenhaem mente as possíveis causas que levaram ao surgimento do fogo correlacionando os

fatores antropológicos e físico-químicos mencionados anteriormente. Uma boa medida seria

proceder ao método de exclusão das causas menos prováveis.

Para a formulação de hipóteses de incêndio as ferramentas computacionais

fornecem programas que auxiliam significativamente os investigadores, embora não

reproduzam fielmente o ambiente, eles possuem uma metodologia esclarecedora sobre os

fenômenos ocorridos no local de incêndio.

3.8 RECONSTITUIÇÃO

Formuladas as hipóteses de incêndio, a reconstituição da zona de origem deve ser o

último procedimento realizado em campo pelo investigador que a realizará após

determinado, com significativo grau de certeza, a causa do incêndio neste momento, será

ratificada ou não as hipóteses.

Na reconstituição do local totalmente destruído pelo fogo o investigador utilizará,

quando possível, os materiais característicos da edificação, principalmente quando o sinistro

ocorrer em edifícios públicos, hospitais, escolas e demais locais onde o layout e a mobília

dos departamentos, repartições e salas são típicos. É indispensável o auxílio dos usuários

da edificação, principalmente aqueles que trabalhavam no local ou os primeiros a acionar o

socorro.

 A reconstituição deve ser fotografada e as áreas, equipamentos e produtos

envolvidos diretamente na causa do incêndio assinalados.

3.9 ELABORAÇÃO DO LAUDO DE INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO

O Laudo de Investigação de Incêndio é o documento que registra o processo de

elucidação dos fatores e circunstâncias que proporcionaram o surgimento, o

desenvolvimento e a extinção do incêndio.

O Laudo de Investigação de Incêndio compõe-se da parte escrita, fotos, croqui,

figuras e eventuais anexos os quais os investigadores julgarem relevantes para a elucidação

do sinistro.

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Todo o trabalho realizado pelo investigador deve ser relatado no laudo com o

objetivo maior de fornecer dados e informações que possam ser catalogados de forma a

subsidiar a estatística de incêndio dos Corpos de Bombeiros.

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4 REFERÊNCIAS

BONFIM, Willian Augusto Ferreira. Apostila Determinação de Causas de Incêndio. Brasília:Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, 1995.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 deoutubro de 1988. 29 ed. atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Histórico da Corporação.Disponível em: <http://www.cbm.df.gov.br/investigacaodeincendio.htm>. Acesso em: 12 ago.2008.

 ______. Convênio de Cooperação Técnica - BRASIL/JAPÃO, 1990.

 ______. Estabelece a Organização e Funcionamento da Perícia de Incêndio no CBMDF –

Portaria n.

o

044 de 27/ago/2002; ______.   Manual Básico de Combate a Incêndios Módulo I, 2006.

 ______. Regimento Interno do CIPI – Portaria n.o 039 de 27/nov/2007.

DEHAAN, Jonh D. KIRK´S FIRE INVESTIGATION: Capítulo 17, página 650 nº 1; NewJersey-USA; Sixth Edition, 2007

DISTRITO FEDERAL. Lei n.º 8.255, de 20 de novembro de 1991. Dispõe sobre aorganização básica do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e dá outras

providências. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20nov. 1991.

 ______. Decreto n.º 16.036, de 04 de novembro de 1994.  Dispõe sobre o Regulamento daOrganização Básica do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Brasília, DF, 04 nov.1994.

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Glossário de Defesa Civil. Brasília, 2004.

OLIVEIRA, Robson Araújo de. Disponível em: <http://www.skywallnet.com.htm>. Acessoem: 27 mar. 2008.

REVISTA A FORÇA POLICIAL – São Paulo – nº 49 – jan/fev/mar 2006, de autoria doDesembargador ÁLVARO LAZZARINI –– Associação Brasileira dos Constitucionalistas,Membro da “IACP – International Association of Chiefs of Plice. USA, 2006.

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MÓDULO II – SEGURO INCÊNDIO1

SUMÁRIO

1 O QUE É INCÊNDIO.................................................................................................... 1

2 O SEGURO INCÊNDIO............................................................................................... 2

3 ORIGEM DOS SEGUROS COMPREENSIVOS......................................................... 3

4 A ESTRUTURA DOS PLANOS DE SEGUROS COMPREENSIVOS...................... 44.1 CONDIÇÕES GERAIS.............................................................................................. 4

4.1.1 Objetivo do Seguro...............................................................................................   4

4.1.2 Aceitação e Renovação do Seguro....................................................................   5

4.1.3 Vigência e Cancelamento...................................................................................   5

4.1.4 Âmbito Geográfico..............................................................................................   6

4.1.5 Garantias ou Riscos Cobertos...........................................................................   6

4.1.6 Pagamento do Prêmio.........................................................................................   7

4.1.7 Ocorrência e Liquidação do Sinistro................................................................. 84.1.8 Franquias..............................................................................................................   9

4.1.8.1 Franquias Simples............................................................................................ 9

4.1.8.2 Franquias Dedutíveis........................................................................................ 9

4.1.9 Sub-rogação de Direitos......................................................................................   10

4.1.10 Foro....................................................................................................................   10

4.1.11 Perda de Direito.................................................................................................   10

4.1.12 Concorrência de Apólices................................................................................ 11

4.1.13 Prescrição..........................................................................................................   124.1.14 Glossário............................................................................................................ 12

5 CLASSIFICAÇÃO DOS SEGUROS COMPREENSIVOS DE INCÊNDIO................ 13

5.1 RAMO 11 – INCÊNDIO TRADICIONAL E BILHETE............................................... 13

5.2 RAMO 14 - SEGURO COMPREENSIVO RESIDENCIAL....................................... 13

5.3 RAMO 16 – SEGURO COMPREENSIVO CONDOMÍNIO...................................... 13

1As informações descritas neste módulo estão disponíveis no sítio da Superintendência de Seguros Privados

(SUSEP), disponível em http://www.susep.gov.br.

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5.4 RAMO 18 – SEGURO COMPREENSIVO EMPRESARIAL.................................... 14

6 DIFERENTES ASPECTOS NA CONTRATAÇÃO DE SEGURO INCÊNDIO...........   14

6.1 PARA OS CASOS OBRIGATÓRIOS....................................................................... 14

6.2 PARA O SEGURO RESIDENCIAL FACULTATIVO................................................ 14

6.3 FORMA DE CONTRATAÇÃO DAS IMPORTÂNCIAS SEGURADAS PARA AS

COBERTURAS......................................................................................................... 15

6.4 MODALIDADES DO SEGURO INCÊNDIO............................................................. 18

6.4.1 Introdução............................................................................................................. 18

6.4.2. Descrição da Cobertura Básica.......................................................................... 21

6.4.3 Riscos Não Cobertos........................................................................................... 22

6.4.4 Bens não Compreendidos...................................................................................   22

6.4.5 Coberturas Especiais ou Acessórias.................................................................   23

GLOSSÁRIO...................................................................................................................   25

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1 O QUE É INCÊNDIO

Para fins de seguro podemos definir incêndio da seguinte maneira:

Incêndio é o fogo que se propaga ou se desenvolve com intensidade destruindo e

causando prejuízos (danos).

Seguem da definição as seguintes observações:

Para que fique caracterizada a ocorrência de incêndio, para fins de seguro, não

basta que exista fogo, é preciso:

a) Que o fogo se alastre, se desenvolva, se propague fora de controle;

b) Que a capacidade de alastrar-se não esteja limitada a um recipiente ou

qualquer outro local em que habitualmente haja fogo, ou seja, que ocorra

em local indesejado ou não habitual;

c) Que o fogo cause danos.

Por conseguinte, os fenômenos que citaremos abaixo, alguns exemplos que não

são considerados incêndio para fins de seguro:

a) Equipamentos ou objetos submetidos voluntariamente à ação direta ou

indireta do fogo, que se inflamam ou se danificam, e o dano fica a eleslimitados.

Exemplo: Suponha que na fabricação de um produto qualquer, uma das etapas

do processo consista no cozimento ou no seu simples aquecimento.

Para a realização dessa etapa do processo necessitamos de aparelhos, como por 

exemplo: fornos, trocadores de calor, dentre outros, todos operando de forma direta ou

indireta com fogo. Supondo haver descontrole ou anomalia no funcionamento do

equipamento, fazendo com que o fogo (ou o calor) danifique o equipamento e/ou oproduto. Ainda assim, se o fogo não se alastrar ou não se desenvolver, ficando confinado

ao equipamento, ou seja, limitando-se a local onde ele ocorre habitualmente, esta

situação não deverá ser considerada como incêndio, uma vez que faltou a propagação,

condição essencial para se caracterizar incêndio do ponto de vista de seguro.

b) Combustão Espontânea, Aquecimento Espontâneo ou Fermentação.

Muitos produtos, principalmente de origem vegetal, em determinadas condições

de armazenamento ou empilhamento, de umidade própria ou de temperatura e umidade

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ambientes, são suscetíveis de entrarem em processo natural e espontâneo de

fermentação (transformação química) que, por sua vez, gera calor. A esse fenômeno de

aquecimento espontâneo e combustão mais ou menos lenta e sem chamas (pelo menos

até atingir certo desenvolvimento) dá-se o nome de combustão espontânea. A combustão

espontânea difere fundamentalmente do incêndio em dois aspectos: a combustão é mais

ou menos lenta, começa em seu interior e se desenvolve, de dentro para fora, nas pilhas

ou volumes do produto, por ser uma reação intrínseca do material. Embora em casos

dessa espécie haja combustão ou queima, desenvolvimento de calor e desprendimento

de gases, faltam-lhes as chamas capazes de se propagarem, que são características do

incêndio.

 A velocidade de propagação da queima para determinação se é ou não uma

queima em velocidade se dá de acordo com normas específicas como é o caso de

fiações e cabos elétricos abordados na Norma Brasileira de Regulamentação (NBR)10301 – ABNT, paredes e divisórias sem função estrutural abordadas na NBR 10636 –

 ABNT, materiais de construção - determinação do índice de propagação superficial de

chama pelo método do painel radiante abordado na NBR 9442 - ABNT, dimensionamento

de estruturas de aço em edifícios em situação de incêndio abordado na NBR 14323 –

 ABNT, dentre outros.

c) Dano Elétrico. É comum que aparelhos ou condutores elétricos

apresentem, por causas diversas, defeitos que provocam, com ou sem curto-circuito,superaquecimento e, conseqüentemente, derretimento de metais de ponto de fusão mais

baixo, como o cobre, que é o condutor de eletricidade mais utilizado. Em quase todos os

casos de desarranjo elétrico há, no final do processo, o aparecimento de chamas

residuais. Assim, embora em tais circunstâncias haja calor, combustão e muitas vezes

chamas residuais, não há incêndio nem dano causado pelo fogo, apenas, dano elétrico.

Em grande número de casos, a simples interrupção da corrente elétrica faz cessar o

desenvolvimento do fenômeno.

Esses fenômenos que se assemelham a incêndio, sem serem considerados comotal, para fins de seguro, poderão ser cobertos mediante contratação de cobertura

acessória/adicional específica.

2 O SEGURO INCÊNDIO

O mais antigo seguro incêndio que se tem notícia surgiu na Inglaterra por volta de

1680, após ter ocorrido o Grande Incêndio de Londres de 1666, onde 18.000 casas foram

destruídas e mais de 20.000 famílias ficaram desabrigadas. No Brasil, surgiu por volta de1850 incentivado pela promulgação do Código Comercial Brasileiro.

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O seguro obrigatório surgiu com o Decreto-Lei nº 1183 de 03/04/1939 que

estabeleceu a obrigatoriedade para comerciantes e industriais. Posteriormente, através

da Lei nº 4591 de 16/12/1964, tornou obrigatório para as edificações em condomínio. E,

finalmente com o Decreto-lei nº 73 de 21/11/1966, que criou o Sistema Nacional de

Seguros Privados – SNSP, estabeleceu que o seguro incêndio seria obrigatório para

todas as pessoas jurídicas e que deveria ser realizado pelo valor de reposição (conforme

o Decreto-Lei nº 61867 de 07/12/67 , que regulamentou os seguros obrigatórios previstos

no art. 20 do Decreto-Lei nº 73/66). Originalmente o seguro incêndio indenizava apenas

prejuízos ou danos materiais, ou seja, bens materiais ou tangíveis.

O seguro incêndio é o ramo de seguro que indeniza o segurado por eventuais

danos decorrentes da propagação do fogo e, geralmente, é comercializado na forma do

que chamamos de plano de seguro compreensivo, conjugado ou multirisco.

O seguro compreensivo, conjugado ou multirisco é aquele que pode compreender diferentes coberturas em um único contrato, em uma única apólice.

Exemplo: seguro veicular (colisão, incêndio e roubo)

Por conseguinte, os atuais seguros incêndio podem cobrir riscos de bens

(patrimônio), de responsabilidades e de pessoas, logo, não podemos considerá-los como

seguros exclusivamente patrimoniais.

3 ORIGEM DOS SEGUROS COMPREENSIVOS

Os seguros compreensivos têm origem na preocupação em se prevenir das

possíveis perdas patrimoniais que poderia sofrer, face à diversidade de riscos existentes.

O segurado era obrigado a contratar diferentes seguros se desejasse estar 

completamente coberto: incêndio, roubo, desmoronamento, alagamento, etc.

Na ocorrência de sinistro, a multiplicidade de apólices e, conseqüentemente, de

condições, tornava extremamente difícil saber se o evento estava coberto e qual das

apólices garantia esse evento. Isso provocava insegurança no segurado e gerava

desconfiança em relação ao mercado segurador. Por outro lado, o mercado segurador vivia sob total rigidez tarifária, não tendo como oferecer ao segurado produtos que

realmente amparassem seu patrimônio e em condições de fácil compreensão.

 Assim é que, objetivando a modernização do seguro no Brasil, no início da década

de 90 o Governo Federal lançou o   Plano Diretor do Sistema de Seguros, visando à

desregulamentação e ao desenvolvimento do mercado segurador. Esse Plano Diretor 

teve como uma das suas diretrizes básicas a abordagem do seguro sob o enfoque do

consumidor (segurado), visando tornar o seguro mais acessível, melhorar sua qualidade

e reduzir os custos finais.

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Foi objetivando atender as diretrizes do Plano Diretor que surgiu a possibilidade

de se criar os planos de seguros conjugados (compreensivos ou multirisco) e que não

constituíam um ramo ou modalidade de seguro. Na verdade e em essência, foi uma

forma de contratação onde se conjugam várias modalidades numa mesma apólice.

 As principais características do sistema conjugado são a possibilidade de

apresentar redução das taxas em relação aos chamados seguros convencionais. O fato

de atender a várias coberturas em uma só apólice, ser menos restritivos e de mais fácil

compreensão pelos segurados e a estruturação modular com ampla gama de coberturas

e garantias acessórias, permitindo que o segurado escolha, entre elas, as mais

adequadas às suas necessidades, o que resulta na montagem de um seguro

“personalizado”.

 A Resolução CNSP nº 86/2002 alterou a forma de classificação quanto ao ramo e

o seu modo de contabilização, assim a partir desta resolução, os planos de seguroscompreensivos passaram a ser considerados ramos de seguro.

4 A ESTRUTURA DOS PLANOS DE SEGUROS COMPREENSIVOS

 As apólices contêm um conjunto de cláusulas contratuais, chamadas, Condições

Contratuais, que estabelecem as obrigações e direitos do Segurado e do Segurador.

 As condições contratuais podem agregar:

- Condições Gerais: nome dado, nos contratos de seguro, às condições comuns a todasas modalidades ou Cobertura Básica de um mesmo ramo de seguro. Por exemplo, estão

entre as cláusulas obrigatoriamente presentes, nas condições gerais, aquelas que

estabelecem o objeto do seguro, o foro, as obrigações do segurado, etc.

- Condições Especiais ou Acessórias: que especificam as diferentes modalidades de

cobertura que possam existir dentro de um mesmo plano ou ramo de seguro. São

disposições anexadas à apólice, que modificam as condições gerais, ampliando ou

restringindo as suas disposições.

- Condições Particulares: são especificadas para cada contrato, pois individualizamdeterminados tópicos ou coberturas de um contrato em particular. São condições que

particularizam o contrato, indicando o seu objeto, o valor do seguro, as características,

etc, sendo únicas para cada contrato. Qualquer alteração restritiva ou que implique em

ônus para o Segurado, em quaisquer das Condições do contrato, deverá ser realizada

por endosso ou aditivo ao contrato, com a concordância expressa e escrita do segurado.

Já na apresentação da proposta de seguro deverão ser esclarecidas, em

destaque, as obrigações e/ou restrições de direito do segurado em atendimento ao § 4º

do art. 54 da Lei nº 8.078 de 11/09/1990 - Código de Defesa do Consumidor.

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4.1 CONDIÇÕES GERAIS

Com o advento do Plano Diretor, as seguradoras passaram a ter liberdade de criar 

os seus planos de seguros, como conseqüência, o que será exposto a seguir poderá

apresentar pequenas variações.

 As Condições Gerais contemplam, normalmente, as seguintes partes:

4.1.1 Objetivo do Seguro

O objetivo do Seguro Multirisco é garantir ao segurado, até o limite das

importâncias seguradas em cada uma das garantias contratadas, e de acordo com as

condições do contrato, o pagamento de indenização por prejuízos, devidamentecomprovados, diretamente decorrentes de perdas e danos aos bens segurados, ocorridos

no local segurado, em conseqüência de risco coberto.

4.1.2 Aceitação e Renovação do Seguro

 A seguradora terá o prazo de quinze dias corridos, contados a partir do

recebimento e imediato protocolo da proposta de seguro, para aceitação ou não do risco

proposto. A recusa da proposta de adesão será comunicada pela seguradora por escrito ao

proponente, com as devidas justificativas.

No caso de não aceitação da proposta de seguro por parte da Sociedade

Seguradora, em que já tenha havido pagamento de prêmio, os valores pagos deverão ser 

devolvidos, atualizados de acordo com as normas em vigor (atualmente pela TR), da data

do pagamento pelo segurado até a data da efetiva restituição devendo ser especificado.

 A renovação poderá ser feita de dois modos: de forma tácita ou expressa. O Novo

Código Civil – Lei nº 10.406, limitou a uma única vez a renovação tácita (artigo 774).

4.1.3 Vigência e Cancelamento

Normalmente, o seguro entra em vigor, e pelo prazo de um ano, a partir das 24

horas do início de vigência especificado na proposta.

Nada impede, entretanto, que sejam contratados seguros com prazos inferiores

ou superiores a um ano. O custo do seguro é calculado em função desse prazo.

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Seguro a Prazo Curto: é o seguro contratado por prazo inferior a um ano. O

prêmio é calculado em função de uma tabela de prazo curto que majora, em termos

relativos, o valor dos prêmios em relação ao prêmio anual.

Seguro a Prazo Longo (plurianual): é o seguro contratado por prazo superior a um

ano. Nesse seguro utiliza-se uma tabela de prazo longo que diminui, em termos relativos,

o valor do prêmio em relação ao prêmio anual. O Seguro a Prazo Longo só poderá ser 

contratado pelo prazo máximo de 5 (cinco) anos.

O contrato poderá ser cancelado ou rescindido, total ou parcialmente por acordo

entre as partes. No caso de cancelamento por iniciativa da Seguradora será restituído ao

Segurado a parte do prêmio recebido proporcionalmente, ou seja, na base “pro-rata

temporis” pelo tempo a decorrer. Exemplo: se já decorreu 60% do prazo de vigência do

seguro, a seguradora poderá reter 60% do prêmio, restituindo apenas 40% do prêmio

anual ao segurado.Se a iniciativa tiver sido do Segurado, a Seguradora reterá a parte do prêmio

recebido com base na tabela prazo curto pelo tempo decorrido. Exemplo: decorrido 120

dias da vigência do contrato, com base na tabela prazo curto, a seguradora poderá reter 

50% do prêmio anual.

4.1.4 Âmbito Geográfico

Define onde o seguro se aplica e usualmente é somente no Brasil.Entretanto, nos casos de existir cobertura internacional, em que haja o reembolso

de despesas efetuadas no exterior, os eventuais encargos de tradução ficarão totalmente

a cargo da Sociedade Seguradora.

4.1.5 Garantias ou Riscos Cobertos

São os riscos previstos e descritos em cada uma das coberturas, a básica e as

acessórias ou especiais.Os riscos excluídos pertinentes a cada uma das coberturas deverão ser inseridos

após a descrição dos seus respectivos riscos cobertos.

 A descrição completa da Cobertura Básica normalmente faz parte das Condições

Gerais, enquanto a descrição completa de cada uma das coberturas acessórias ou

especiais fazem parte das Condições Especiais do Contrato.

Deverão ser especificados os limites máximos de indenização, também chamados

de importância segurada para cada uma das coberturas. Para as coberturas acessórias

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ou especiais as importâncias seguradas poderão ser fixadas como porcentagens ou

frações da importância segurada para a cobertura básica.

Nas coberturas de bens e responsabilidades, deverá ser especificada a forma de

contratação da importância segurada (1º risco absoluto, 1º risco relativo, etc.)

4.1.6 Pagamento do Prêmio

Nos seguros pagos em parcela única, qualquer indenização somente será devida

depois que o pagamento do prêmio houver sido realizado pelo segurado, o que deve ser 

feito, no máximo, até a data limite prevista, para este fim, na nota de seguro.

Quando o vencimento cair em dia em que não haja expediente bancário, o

pagamento do prêmio poderá ser efetuado no primeiro dia útil seguinte.

O não pagamento do prêmio, nos seguros com pagamento único, ou o não pagamento da primeira parcela, nos casos dos seguros com prêmio fracionado, nas

datas previstas, implicará o cancelamento automático do contrato, desde o seu início de

vigência.

Nos seguros contratados com fracionamento do pagamento do prêmio, mesmo na

hipótese de não pagamento de uma das parcelas devidas pelo segurado, a cobertura

permanece válida por um prazo proporcional à razão entre o prêmio efetivamente pago e

aquele devido, sendo obrigatória à observância da tabela de prazo curto.

Exemplo:Cobertura contratada por R$ 1.800,00, pagáveis em 6 parcelas iguais e sucessivas de R$

300,00.

Foram pagas 3 parcelas. Por quantos dias a cobertura teria validade?

Então temos:

Prêmio efetivamente pago: R$ 300,00 x 3 = 900,00

Prêmio devido: R$ 1.800,00

Razão: 900,00/1.800,00 = 0,50 = 50%.

Consultando a tabela, verificamos que a cobertura é válida por 120 dias e não 180 comose pode pensar inicialmente.

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Tabela de Prazo Curto

Para percentuais não previstos na tabela, deverão ser aplicados os percentuais

imediatamente superiores.

O segurado poderá restabelecer os efeitos da apólice, pelo período inicialmente

contratado, desde que retome o pagamento do prêmio devido, dentro do prazo

estabelecido conforme a tabela, sendo facultado à Seguradora, unicamente, a cobrança

de juros legais equivalentes aos praticados no mercado financeiro.

 Ao término do prazo estabelecido, sem que haja o restabelecimento, a apólice será

cancelada, devendo o segurado ser notificado do fato, com antecedência mínima de

quinze dias.

4.1.7 Ocorrência e Liquidação do Sinistro

Ocorrendo qualquer um dos eventos garantidos pelas coberturas contratadas, o

segurado, por meio de aviso de sinistro, deverá comunicar o sinistro à seguradora, tão

logo dele tenha conhecimento, e apresentar, no menor prazo possível, o pedido de

indenização, acompanhado de indicação pormenorizada dos bens destruídos e do valor 

dos correspondentes prejuízos.

 A liquidação do sinistro será feita num prazo não superior a trinta dias, contados a

partir do cumprimento de todas as exigências feitas ao segurado.

 A contagem do prazo é suspensa quando, no caso de dúvida fundada e

ustificável, forem solicitados novos documentos, e reiniciada a partir do cumprimento dasexigências.

Prazo

dias

% do

prêmio

anual

Prazo

dias

% do

prêmio

anual

Prazo

dias

% do

prêmio

anual15 13 135 56 255 83

30 20 150 60 270 85

45 27 165 66 285 88

60 30 180 70 300 90

75 37 195 73 315 93

90 40 210 75 330 95

105 46 225 78 345 98120 50 240 80 365 100

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Os procedimentos para a liquidação de sinistros devem ser claramente

informados na apólice, com especificação dos documentos básicos necessários a serem

apresentados para cada tipo de cobertura.

4.1.8 Franquias

 As franquias são elementos contratuais que estabelecem faixa mínima de prejuízo

pelo qual o segurador não responde. Pode ser entendido como a participação financeira

do segurado na resolução do problema. As franquias podem ser fixadas em valor 

absoluto ou como percentual da importância segurada ou dos prejuízos indenizáveis. São

de dois tipos:

4.1.8.1 Franquias Simples

Pela cláusula de franquia simples, os sinistros, até determinado valor 

preestabelecido, são suportados, integralmente, pelo segurado. Porém, aqueles que

excederem o limite contratual serão indenizados pelo seu valor total, sem qualquer 

participação do segurado.

O sistema de franquia simples objetiva a eliminação de indenizações muito baixas,

mas que determinam consideráveis gastos administrativos e a eliminação de sinistros de

indenizações não relevantes, mas de certa freqüência, e que se caracterizam com uma“perda normal esperada”. Por isso mesmo, não devem ser assumidos pelo segurador.

Exemplo: Suponha um seguro com os seguintes dados:

- Importância Segurada (IS) = R$ 1.000,00

- Franquia Simples = R$ 200,00

- Caso 1: Prejuízo de R$ 150,00, como o valor do prejuízo foi inferior ao valor da

franquia, não haverá pagamento de indenização por parte da seguradora.

- Caso 2: Prejuízo de R$ 300,00, como o valor do prejuízo foi superior ao valor da

franquia, haverá pagamento de indenização por parte da seguradora.- Cálculo da Indenização: Indenização = Prejuízo = R$ 300,00.

4.1.8.2 Franquias Dedutíveis

São aquelas cujos valores são deduzidos de todos os prejuízos exceto no caso de

perda total do bem. Esses tipos de franquias são as mais utilizadas.

O sistema de franquia dedutível objetiva otimizar a situação preventiva do

segurado, já que este participa obrigatoriamente dos prejuízos.

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Exemplo: Dados de um contrato de seguro:

- Importância Segurada = R$ 1.000,00

- Franquia dedutível = R$ 200,00

- Caso 1: Prejuízo de R$ 150,00, como o prejuízo foi inferior ao valor da franquia

não haverá pagamento de indenização por parte da seguradora.

- Caso 2: Prejuízo de R$ 300,00, como o prejuízo foi superior ao valor da

franquia, haverá pagamento de indenização por parte da seguradora.

- Cálculo da indenização = Prejuízo – Franquia = R$300,00 – R$200,00 = R$

100,00.

4.1.9 Subrogação de Direitos

Definição: “Pelo pagamento da indenização, cujo recibo vale como instrumento decessão, a Seguradora fica sub-rogada em todos os direitos do segurado contra aqueles

que por ato, fato ou omissão tenham causado os prejuízos indenizados ou que para eles

tenham concorrido.”

Explicação: Caso o prejuízo sofrido pelo segurado tenha sido decorrente de ato

doloso (intencional) ou culposo (involuntário, caracterizado pela negligência, imprudência

ou imperícia) de um terceiro, a seguradora, após pagamento da indenização, sub-roga-se

(toma o lugar) no direito dele (segurado), podendo ingressar na justiça com uma ação de

regresso, ou seja, pleitear na justiça, contra o causador do prejuízo (terceiro), oressarcimento da indenização paga ao segurado.

4.1.10 Foro

O foro competente para dirimir eventuais litígios é o do domicílio do segurado.

4.1.11 Perda de Direito

 A seguradora ficará isenta de qualquer obrigação decorrente do contrato se:

- O sinistro ocorrer por culpa grave ou dolo do Segurado ou Beneficiário do

seguro;

- A reclamação de indenização por sinistro for fraudulenta ou de má-fé;

- O segurado ou beneficiário ou ainda seus representantes e prepostos fizerem

declarações falsas ou, por qualquer meio, tentarem obter benefícios ilícitos do

seguro.

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4.1.12 Concorrência de Apólices

Se, na ocasião do sinistro, os bens segurados estiverem garantidos,

simultaneamente, por mais de uma apólice cobrindo o mesmo risco, adota-se o seguinte

critério para a distribuição das responsabilidades entre as apólices:

Calcula-se a indenização de cada apólice como se fosse a única existente para

garantir os prejuízos apurados;

Exemplo: Suponha duas apólices cobrindo o mesmo risco, denominadas aqui apólice A

e B, com as respectivas importâncias seguradas e franquias dedutíveis:

- Importância Segurada da apólice A = R$ 1.000,00 s/ franquia

- Importância Segurada da apólice B = RS 3.000,00 franquia= R$ 200,00

Se a soma das indenizações assim calculadas for igual ou inferior aos prejuízos

apurados, cada apólice responderá pelo pagamento da respectiva indenização; eSuponha que o Segurado sofreu um prejuízo (coberto por ambas as apólices) no

valor de R$ 4.000,00.

Caberá a cada uma das apólices a seguinte parcela na indenização:

- Indenização (A) = R$ 1.000,00

- Indenização (B) = 3.000,00 – 200,00 = R$ 2.800,00

- Ind (A) + Ind (B) = R$ 3.800,00

Quando essa soma exceder o valor dos prejuízos apurados, a atribuição das

responsabilidades será feita pela distribuição dos prejuízos entre as apólicesconcorrentes, na proporção existente entre cada indenização calculada e a soma dessas

indenizações.

Supondo que o Segurado sofreu um prejuízo (coberto por ambas apólices) no

valor de R$ 500,00.

Conforme a cláusula de concorrência de apólice a indenização recebida pelo

Segurado será paga na seguinte proporção:

Caberá a cada uma das apólices a seguinte parcela na indenização:

- Indenização (A) = 1000 / (1.000,00 + 2.800,00) x 500,00 = R$ 131,58(≈26%)

- Indenização (B) = 2.800 / (1.000,00 + 2.800,00) x 500,00 = R$ 368,42

(≈74%)

- Ind (A) + Ind (B) = R$ 500,00

Existe a situação em que há um seguro mais específico que individualiza o bem

segurado. Exemplo: Em síndico, em razão da obrigatoriedade, contrata um seguro

incêndio para todo o prédio e, um dos moradores contrata um seguro incêndio para o seu

apartamento. Sendo o seguro para o apartamento mais específico que o seguro para o

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prédio, no tocante ao apartamento, e ocorrendo um sinistro no prédio o seguro mais

específico responde em primeiro lugar (até esgotar a sua importância segurada) e caso

esta importância não seja suficiente, o seguro para o apartamento (prédio e conteúdo)

responderá complementarmente

4.1.13 Prescrição

Define o tempo permitido para reclamações. Quando inserido no contrato de

seguro deverá ser definido conforme dispõe o Código Civil Brasileiro.

4.1.14 Glossário

Define todos os termos técnicos utilizados no contrato (apólice), objetivandofacilitar a interpretação pelo segurado.

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5 CLASSIFICAÇÃO DOS SEGUROS COMPREENSIVOS DE INCÊNDIO

Com a promulgação da Resolução CNSP nº 86/2002, foram criados os seguintes

ramos de seguro relacionados a incêndio:

5.1 RAMO 11 – INCÊNDIO TRADICIONAL E BILHETE

Consideramos seguro incêndio tradicional aquele que oferece como coberturas

possíveis de contratação, somente aquelas previstas na Tarifa de Seguro Incêndio do

Brasil – TSIB - quer seja adotado o critério tarifário da TSIB ou critério tarifário próprio da

Seguradora.

 A versão original da TSIB foi aprovada pelo Departamento Nacional de Seguros

Privados – DNSPC (corresponde à atual SUSEP) em 01/09/1952, tendo entrado emvigor em 01/02/1953, por meio das portarias nºs. 3 e 4 do DNSPC de 01/09/1952 e de

30/09/1952, respectivamente.

 A versão mais atualizada da TSIB é a correspondente a 25ª edição de março/97,

a qual incorpora ao texto original as decisões da SUSEP que modificaram a TSIB desde

seu início de vigência até a Resolução CNSP nº 11 de 22/11/94, bem como as alterações

decorrentes das Circulares PRESI do IRB-Re divulgadas “ad referendum” da SUSEP até

esta data (22/11/94).

5.2 RAMO 14 - SEGURO COMPREENSIVO RESIDENCIAL

Por ser um seguro compreensivo, oferece coberturas além daquelas previstas na

TSIB e que pertençam a diferentes ramos.

Este seguro é destinado a residências individuais, casas e apartamentos,

habituais ou de veraneios.

5.3 RAMO 16 – SEGURO COMPREENSIVO CONDOMÍNIO

Este seguro se destina a condomínios verticais e horizontais.

Geralmente o critério tarifário faz distinção entre os seguintes tipos de condomínios, a

saber:

Condomínios Residenciais: Compostos exclusivamente por residências.

Condomínios de Escritórios e Consultórios: Ocupados exclusivamente por escritórios

e/ou consultórios.

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Condomínios Mistos: Aqueles em que a área ocupada por estabelecimentos

comerciais (que não escritórios e/ou consultórios) não seja superior a 15% da área total

construída do imóvel e apresentando certas características de ocupação (tipos de

atividades desenvolvidas no condomínio).

Condomínios Comerciais: Aqueles que a área ocupada por estabelecimentos

comerciais (que não escritórios e/ou consultórios), seja superior a 15% da área total

construída do imóvel.

Flats e Apart-Hotel: Aqueles cuja unidades autônomas se encontram em regime de

locação temporária sob administração de empresa constituída para tal atividade, bem

como as atividades de bares, restaurantes, áreas de lazer e garagens.

Shopping Center: Aqueles ocupados por estabelecimentos comerciais e identificados

como shopping centers nos cadastros dos órgãos públicos competentes.

5.4 RAMO 18 – SEGURO COMPREENSIVO EMPRESARIAL

Este seguro se destina a empresas e indústrias.

6 DIFERENTES ASPECTOS NA CONTRATAÇÃO DE SEGURO INCÊNDIO.

6.1 PARA OS CASOS OBRIGATÓRIOS

Para a efetivação da contratação do seguro dois instrumentos são essenciais:

a) Proposta – documento cujo conteúdo representa a vontade do segurado,

sendo por ele formulada e onde estão contidas as condições pretendidas para

o seguro. Trata-se da base do contrato de seguro, do qual é parte integrante.

b) Apólice   – documento emitido pelo segurador, a partir da proposta.

Constitui o Contrato de Seguro propriamente dito, contendo as cláusulas e

condições gerais, especiais e particulares, as coberturas especiais e anexos.

Existem, ainda, outros instrumentos utilizados somente em algumas situações:

a) Endosso –   documento pelo qual se altera um contrato de seguro

(exemplo: substituição de um equipamento do segurado, aumento de uma

importância segurada, alteração de um dado pessoal do segurado, etc.)

O endosso pode ser de três tipos:

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SEGURO INC NDIO – APOSTILA TE RICA

  Endosso de Cobrança: usado para cobrar eventuais diferenças de

prêmio, em função dos riscos que resultem no agravamento de taxa,

ou quando o segurado desejar aumentar a importância segurada ou

ampliar as coberturas anteriormente contratadas.

  Endosso de Restituição:   usado para proceder a eventuais

devoluções de prêmios resultantes de alterações das taxas por 

modificações nos riscos do contrato ou extinção de garantias.

 Endosso sem Movimento: usado quando a modificação efetuada

não resulta em qualquer alteração de prêmio ou taxa. Exemplo:

endosso de alteração ou retificação do nome do segurado.

b) Averbação –   documento emitido pelo segurado para informar à

seguradora sobre bens e valores a garantir, genericamente previstos nasapólices abertas.

6.2 PARA O SEGURO RESIDENCIAL FACULTATIVO

Conforme disposto no artigo 10 do Decreto-Lei nº 73 de 21/1/1966 é autorizado a

contratação de seguros com simples emissão de Bilhete de Seguros,   mediante

solicitação verbal do interessado.

Por meio da Resolução CNSP nº 08/77, foi autorizado a contração do seguroincêndio apenas para imóveis residenciais unifamiliares, através de Bilhetes.

O seguro será a Primeiro Risco Absoluto, tornando facultativo a inspeção do risco.

O Bilhete substitui a apólice e dispensa a proposta.

6.3 FORMA DE CONTRATAÇÃO DAS IMPORTÂNCIAS SEGURADAS PARA AS

COBERTURAS.

 A Importância Segurada (IS) é livremente estipulada, pelo próprio segurado, paracada uma das coberturas contratadas, e representa o limite máximo de responsabilidade

que a seguradora deverá pagar (indenização). A IS para cada uma das coberturas

adicionais/acessórias é geralmente determinada como uma porcentagem da IS da

cobertura básica.

 Algumas seguradoras dividem a IS contratada em duas parcelas uma para cobrir 

danos no prédio segurado e outra para cobrir danos no conteúdo (previamente descrito

na proposta/apólice) existentes no prédio (local) segurado.

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É possível, ainda, algumas seguradoras dividirem a IS para o conteúdo em duas

partes denominadas MMU (máquinas, móveis e utensílios) e MMP (mercadorias e

matérias-primas).

a) O Valor em Risco   – VR é o valor total de reposição dos bens segurados

imediatamente antes da ocorrência do sinistro.

b) O Valor Atual – VA de um bem é o seu valor de reposição, ou seja, o quanto

custaria, no dia e local do sinistro, substituí-lo por outro equivalente, com a

mesma depreciação pelo uso, idade e estado de conservação daquele que

fora sinistrado.

c) O Valor de Novo – VN é o valor de um bem em estado de novo, enquanto

ainda não entrou em uso e, portanto, não sofreu depreciação.

Fica evidenciado, portanto, que:

VA = VN – DEPRECIAÇÃO e VR = VA

Finalmente, verifica-se que são três as formas básicas de contratação da

importância segurada:

-  Cobertura a Risco Total: Na cobertura a Risco Total, a importância segurada deverá

ser igual ao valor em risco: IS = VR.Nas avaliações atuariais, esse pressuposto é considerado para a determinação

das taxas a serem adotadas.

Na hipótese constatada de que tal regra não foi devidamente observada, justifica-

se a aplicação do rateio para manutenção do adequado equilíbrio e funcionamento da

cobertura.

 A cláusula de rateio dispõe:

Sempre que a importância segurada for menor do que o valor em risco, o

segurado será considerado segurador da diferença e, em caso de sinistro, aplicar-se-á orateio percentual entre eles, salvo na hipótese de perda total, quando a indenização será

igual a 100% (cem por cento) da IS.

Exemplo: Se a IS contratada for de 80% do respectivo VR, este mesmo percentual será

aplicado aos prejuízos apurados, a fim de determinar a indenização a ser paga pela

seguradora, em caso de sinistro.

- Cobertura a Primeiro Risco Absoluto: A cobertura a Primeiro Risco Absoluto é aquela

em que o segurador responde integralmente pelos prejuízos, até o montante da

importância segurada, não se aplicando, em qualquer hipótese, cláusula de rateio.

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Não há a exigência de que a IS seja igual ao VR,

O segurado pode, no caso, fazer sua própria avaliação e estimar qual o dano

máximo provável a que seus bens estão expostos. Em função disso, estabelece sua

importância segurada.

 A adoção da cobertura a primeiro risco absoluto significa considerável aumento do

montante de indenizações a cargo do segurador, se comparados com a cobertura a risco

total. Esta constatação obviamente determina, até mesmo por razões técnicas, a adoção

de taxas de contratação mais elevadas.

 A nomenclatura de Primeiro Risco Absoluto e Primeiro Risco Relativo justifica-se

por existir a possibilidade técnica de contratação de seguro a Segundo Risco, Terceiro

Risco, embora raramente utilizada.

- Cobertura a Primeiro Risco Relativo: Na cobertura a Primeiro Risco Relativo também

não há necessidade da IS ser igual ao VR. Porém, é necessária a declaração do VR naapólice.

Se, no entanto, por ocasião de eventual sinistro, ficar constatado que o VR é

superior àquele declarado, a indenização será reduzida na proporção da diferença entre

o prêmio pago e aquele que seria efetivamente devido. Ou seja:

Indenização = Prêmio Pago x Prejuízo

Prêmio Devido

Explicando: Esta forma de contratação é muito utilizada quando o seguradoacredita que ocorrido o sinistro, dificilmente este atingirá todos os bens segurados, ou

seja, ele acredita que o dano máximo provável fique sempre abaixo do valor em risco.

Portanto, segundo o próprio segurado, não há necessidade de se contratar um IS

exatamente igual ao VR, neste sentido, geralmente ele irá contratar um IS menor do que

o VR.

Entretanto, no estabelecimento das taxas, para esta forma de contratação, leva-se

em consideração o quanto o IS é menor do que o VR, ou seja, é criado um fator de

agravamento que é tanto maior quanto menor for o quociente IS/VR, ficando o prêmio,deste modo, afetado por este fator.

Exemplo: Suponha que o segurado contratou um IS de apenas 50% do VR declarado

pelo segurado (VRD).

Ocorrido o sinistro, o perito (regulador de sinistro) irá apurar o valor em risco,

supomos que o valor em risco apurado (VRA), seja maior do que o valor em risco

declarado (VRD), de modo que o IS contratado corresponda não a 50%, mas a 40% do

VRD.

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Supondo ainda, de posse de uma tabela de coeficiente de agravamento a qual

cada seguradora constrói particularmente, conforme sua experiência, política de

aceitação de risco e critério tarifário, temos o seguinte:

No momento da contratação, temos: IS/VRD = 50%, correspondendo a um

coeficiente de agravamento hipotético(K) = 1,75, logo temos:

Prêmio pago = 1,75 x taxa x IS

Entretanto, no momento do sinistro temos: IS/VRA = 40%, correspondendo a um

coeficiente de agravamento hipotético (K) = 2,25, logo temos:

Prêmio devido = 2,25 x taxa x IS

O cálculo da indenização ficará:

Indenização = Prêmio pago x PrejuízoPrêmio devido

Indenização = 1,75 x taxa x IS x prejuízo

2,25 x taxa x IS

Portanto, teremos:

Indenização = 77,7% do Prejuízo

6.4 MODALIDADES DO SEGURO INCÊNDIO

6.4.1 Introdução

Um escritório de advocacia, residência ou prédio de apartamentos possuem o seu

VR fixo, ou seja, ele não se altera com o decorrer do tempo, mas um prédio em

construção possui seu VR variando à medida que vai sendo erguido. Seus valores,portanto, mudam em função do tempo. Assim, uma apólice de Incêndio deve ter sua IS

ajustada ao longo do tempo.

Da mesma forma, considere uma fábrica formada por uma unidade de produção e

um depósito de produtos prontos. Considere a existência de uma empilhadeira utilizada

para transporte de mercadorias/matérias-primas entre os dois edifícios (unidades). E

ainda, que na contratação do seguro, para informação do VR, a empilhadeira foi incluída

na unidade de produção. Pergunta-se: se houver um sinistro no depósito e a

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empilhadeira nesse momento, estiver nesse local, o segurado será penalizado pelo fato

do VR dessa unidade estar acrescido da IS da empilhadeira?

Sim, certamente.

Veja que esta empilhadeira flutua entre a unidade de produção e o depósito da

fábrica.

Em função da existência dessas três situações distintas, a saber:

- uma com VR fixo, necessitando a contratação de uma IS fixo;

- outra com VR que se altera ao longo do tempo de vigência, acarretando a contratação

de uma IS ajustável; e

- finalmente um com VR fixo, mas flutuando ao longo de dois ou mais locais (unidades)

segurados(as), necessitando evidentemente que a IS flutue em harmonia com o VR.

Objetivando a solução desses problemas, foram criadas três modalidades

(possibilidades) de se contratar um seguro incêndio:   Seguro Incêndio Fixo;

  Seguro Incêndio Ajustável e

  Seguro Incêndio Flutuante.

. Seguro Incêndio Fixo

O Seguro Fixo é aquele em que tanto o valor dos bens como estes próprios não

se alteram ou modificam ao longo do prazo de vigência da apólice.

Exemplos: (- Seguro de uma Residência; - Seguro de uma Máquina)

. Seguro Incêndio Ajustável

O Seguro Ajustável é aquele que apresenta os VR (valores em risco) varáveis ao

longo do período de vigência da apólice e cuja IS (importância segurada) deve

acompanhar essa variação.

É muito utilizado para contratar seguro de mercadorias ou matérias-primas que

apresentam grande variação dos estoques, portanto, com grandes variações no VR,

devendo, desse modo, a Importância Segurada acompanhar a variação dos valores emrisco no qual a Importância Segurada acompanha a variação dos valores em riscos.

Nesta forma de contratação o segurado fará o pagamento de um prêmio inicial,

calculado em função das verbas seguradas e do tipo de atividade do segurado.

No final da vigência do contrato, com base na variação dos valores dos estoques

declarados periodicamente, será feito um ajustamento no prêmio.

Na apólice de Seguro Ajustável deve constar:

- A periodicidade da apuração (diária, semanal, quinzenal, mensal).

- A data da entrega das declarações à seguradora.

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. Seguro Incêndio Flutuante

São considerados como Flutuantes os seguros de quaisquer bens móveis em que

dois ou mais riscos são cobertos por uma única verba, isto é:

Quando se torna difícil estabelecer uma importância segurada para   MMU

(Máquinas, Móveis e Utensílios) e   MMP   (Mercadoria e Matéria-Prima) em um

determinado local, por estar sujeita a variações constantes em função de deslocamentos

contínuos desses bens entre locais distintos. Como por exemplo, as empilhadeiras,

tratores, etc a melhor opção é contratar um seguro incêndio flutuante.

Exemplo:

O proprietário de um galpão efetuou os seguros a seguir especificados sobre

mercadorias ali depositadas.

LOCAIS IMPORTÂNCIA SEGURADA (IS) (R$)Box1

Box 2

Box 3

Flutuantes nos Boxes 1, 2 e 3

4.000,00

5.000,00

6.000,00

4.000,00

TOTAL 19.000,00

Ocorrido um sinistro no local, foi apurado que os valores em risco, ou seja, o valor dasmercadorias no dia e local do sinistro, eram:

LOCAIS VALOR EM RISCO (VR) (R$)

Box 1

Box 2

Box 3

5.000,00

8.000,00

10.000,00

TOTAL 23.000,00

Cálculo das Deficiências de Seguro para Cada Box

LOCAIS VR (R$) IS (R$) DEFICIÊNCIA

(R$)

Box 1

Box 2

Box 3

5.000,00

8.000,00

10.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

1.000,00

3.000,00

4.000,00

TOTAL DAS DIFERENÇAS 8.000,00

Cálculo das parcelas do Seguro Flutuante

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É obtido dividindo-se a verba flutuante proporcionalmente às deficiências.

Box 1 x 1.000,00 = R$ 500,00

Box 2 x 3.000,00 = R$ 1.500,00

Box 3 x 4.000,00 = R$ 2.000,00

Cálculo das Coberturas (Importâncias Seguradas)Totais

 Ao seguro específico de cada local (Box), é acrescentada uma parcela da verba

flutuante, de acordo com a divisão proporcional efetuada.

LOCAL IS (ESPECÍFICO) PARCELA DE

SEGURO

FLUTUANTE

IMPORTÂNCIA

SEGURADA TOTAL

Box 1

Box 2

Box 3

4.000,00

5.000,00

6.000,00

500,00

1.500,00

2.000,00

4.500,00

6.500,00

8.000,00

Neste caso, ocorrido o sinistro em qualquer um dos referidos boxes, o segurado

sofreria a ação da Cláusula de Rateio, uma vez que em todos haveria deficiência do

seguro, ou seja, as Importâncias Seguradas seriam menores que os valores em risco

respectivos.

Lembrando que o rateio ocorre sempre que a importância segurada for menor do

que o valor em risco, o segurado será considerado segurador da diferença e, em caso de

sinistro, aplicar-se-á o rateio percentual entre eles, salvo na hipótese de perda total,

quando a indenização será igual a 100% (cem por cento) da IS.

6.4.2. Descrição da Cobertura Básica

 A cobertura básica para o seguro incêndio abrange, perdas e danos materiais

causados por:

  Incêndio;

  Raio;

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  Explosão causado por gás empregado na iluminação ou uso doméstico.

Consideram-se, igualmente, cobertos perdas e danos materiais causados pelas

seguintes conseqüências de incêndio, raio ou explosão:

  Explosão desde que ocorrida dentro da área do estabelecimento segurado;

  Desmoronamento;

  Impossibilidade de remoção ou proteção dos salvados por motivos de força maior;

  Deterioração dos bens guardados em ambientes refrigerados, resultante de

paralisação do aparelhamento de refrigeração, por efeito dos riscos cobertos e

ocorridos dentro da área do estabelecimento segurado.

Consideram-se, ainda, abrangidas pelo seguro as despesas decorrentes dasmedidas seguintes:

  Providências tomadas para o combate ao fogo;

  Salvamento e proteção dos bens segurados;

  Desentulho do local.

6.4.3 Riscos Não Cobertos

  Bens ou coisas, quando em tráfego ou viagem e, bem assim, os meios de

transportes, em idênticas condições;

  Erupção vulcânica, inundação ou outra convulsão da natureza;

  Guerra interna ou externa, comoção civil, rebelião, insurreição, etc.;

  Lucros cessantes e danos emergentes;

  Queimadas em Zonas Rurais;

  Roubo ou Furto; etc.

6.4.4 Bens não Compreendidos

Normalmente ficam excluídos da Cobertura Básica do seguro os seguintes bens:

  Pedras, metais preciosos, obras e objetos de arte em geral, bens de grande valor 

que facilmente são destruídos ou danificados pelo incêndio, jóias, raridades, etc.;

  Manuscritos, plantas, projetos, papel-moeda, selos, cheques, papéis de crédito,

moedas cunhadas, livros de contabilidade, etc.;

  Bens de terceiros, recebidos em depósito, consignação ou garantia.

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6.4.5 Coberturas Especiais ou Acessórias

São coberturas extras, como o nome diz, que podem ser contratadas

complementando a cobertura já adquirida. Cada seguradora oferece um portfólio de

serviços e aqui se encontram apenas algumas das coberturas especiais ou acessórias

oferecidas em seus planos de seguros, conforme os ramos criados pela Resolução

CNSP nº 86/2002.

a) Coberturas Especiais ou Acessórias para o Ramo 11 – Incêndio

Tradicional.

 As coberturas especiais ou acessórias para este ramo são aqueles constantes na

TSIB, a saber:   Cobertura acessória de Explosão;

  Cobertura acessória de Terremoto;

  Cobertura acessória de Queimadas em Zonas Rurais;

  Cobertura acessória de Danos Elétricos;

  Cobertura Acessória de Vendaval, Furacão, Ciclone, Tornado, Granizo, Queda de

 Aeronaves ou quaisquer outros Engenhos Aéreos ou Espaciais, Impacto de

Veículos Terrestres e Fumaça;

  Cobertura Especial de Perda de Prêmio;   Cobertura Especial de Aluguel;

  Cobertura Especial de Desistência de Sub-Rogação de Direitos.

b) Coberturas Especiais ou Acessórias para o Ramo 14 – Compreensivo

Residencial.

 Além das coberturas mencionadas no item 8.1, normalmente as seguradoras

disponibilizam para o mercado as seguintes coberturas acessórias/especiais:

  Alagamento;   Quebra de Vidros, Espelhos e Mármores;

  Roubo e Furto de Bens;

  Responsabilidade Civil Familiar;

  Fidelidade de Empregados.

c) Coberturas Especiais ou Acessórias para o Ramo 16 – Compreensivo

Condomínio.

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 Além das coberturas mencionadas nos itens 8.1. e 8.2, geralmente as

seguradoras disponibilizam para o mercado as seguintes coberturas:

  Anúncios Luminosos;

  Responsabilidade Civil Guarda de Veículos;

  Responsabilidade Civil do Síndico;

  Vida e Acidentes Pessoais de Empregados; etc.

d) Coberturas Especiais ou Acessórias para o Ramos 18 – Compreensivo

Empresarial.

 Além de todas as coberturas já mencionadas, com exceção de RC do Síndico,

geralmente as seguradoras ainda disponibilizam para o mercado as seguintes coberturas:

  Derrame de Sprinklers;

  Despesas de Recomposição de Registros e Documentos;

  Lucros Cessantes;

  Extravasamento ou Derrame de Materiais em Estado de Fusão;

  Equipamentos Móveis;

  Equipamentos Estacionários;

  Roubo de Mercadorias e Matérias-Primas;

  Responsabilidade Civil Operações;

  Responsabilidade Civil Produtos;

  Responsabilidade Civil Obras Civis e/ou Serviços de Montagem e Instalação deMáquinas e Equipamentos.

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GLOSSÁRIO

Aceitação: Termo que define ato do Segurador em dar acolhimento aos riscos propostos.

Acidente: Termo que define acontecimento casual ou fortuito do qual decorre um dano que

pode ser: pessoal ou material.

Adicional:  Termo utilizado para definir taxa a ser acrescida a taxa básica do seguro, pela

inclusão de novas coberturas ou ainda pela agravação do risco.

Aditivos: Termo utilizado para definir instrumento do contrato de seguro utilizado par alterar a

apólice sem contudo alterar a cobertura básica nela contida; o mesmo que endosso.

Agravação:  Termo utilizado para definir ato do Segurado em tornar o risco mais grave do que

originalmente se apresentava no momento da contratação do seguro, podendo por isso perder 

o direito ao mesmo; o mesmo que agravar risco.

Ajustável: Termo que define uma das formas de contratação de seguro em que os valores a

segurar são suscetíveis de constantes variações.

Apólice:   Termo que define instrumento do seguro emitido pelo Segurador com base nos

elementos contidos na proposta, aceitando o risco e efetivando o contrato; assume várias

denominações, de acordo com a forma do seguro; ex: Apólice Aberta ou de Averbação, Apólice

 Ajustável, Apólice Simples.

Ato Ilícito:  Termo que define toda ação ou omissão voluntária, negligência, imprudência ou

imperícia que viole direito alheio ou cause prejuízo a outrem.

Averbação:  Termo utilizado para definir instrumento do contrato de seguro que o Segurado

preenche com a finalidade de informar ao Segurador sobre os bens, respectivos valores,

prazos, meios de transporte, origem e destino, em certos e determinados seguros.

 Aviso de Sinistro: Termo que define formulário específico para cada carteira ou ramo de

seguro, que o Segurado preenche, com a finalidade de dar conhecimento ao Segurador da

ocorrência de um sinistro, citando o dia, a hora, circunstâncias da ocorrência, etc.

Beneficiário: Termo utilizado pelo Segurador para definir a pessoa que recebe indenização do

seguro, podendo ser o próprio Segurado em caso de seguro de bens e acidentes, e, terceiros,

quando designados em caso de morte ou prejudicados em caso de responsabilidade do

Segurado.

Bens:   Termo utilizado para definir objetos móveis e imóveis de propriedade do Segurado,

expostos a riscos; podem ser: de terceiros – normalmente excluídos do seguro; de uso – ativo

fixo; de consumo – mercadoria e matérias-primas.

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Bens não Compreendidos no Seguro: Título de cláusula constante das Condições Gerais de

alguns seguros que poderão vir a ser cobertos, mediante estipulação expressa na apólice e

pagamento de prêmio adicional.

Cancelamento: Título de cláusula constante das Condições Gerais dos seguros, que regula a

rescisão do contrato, quer pelo Segurado, quer pelo Segurador.

Carência: Termo utilizado para definir o período em que a responsabilidade do Segurador, em

relação ao contrato, fica suspensa; carência de cobertura do seguro Saúde ou da garantia de

Diárias de Incapacidade no Seguro de Acidentes Pessoais.

Cláusula:   Termo utilizado para definir cada uma das disposições contidas nas Condições

Gerais, Especiais ou Específicas e Particulares dos contratos de seguros.

Culpa Grave: Termo utilizado para expressar forma de culpa que mais se aproxima do dolo,

sendo que, apesar de a ação resultar em conseqüências sérias ou mesmo trágicas, não houve,por parte do agente, a intenção de prejudicar, embora ele assuma o resultado.

Cobertura: Termo que define ato do Segurador em conceder ao Segurado, após a análise,

aceitação sobre o risco proposto.

Cobertura Adicional: Termo utilizado para determinar a aceitação de riscos normalmente não

previstos nas Condições Gerais do seguro, que podem vir a ser aceitos pelo Segurador,

mediante pagamento de prêmio complementar.

Cobertura Básica: Termo utilizado para determinar os riscos básicos cobertos pelo seguro, ou

seja, aqueles constantes das Condições Gerais do contrato.

Dano: Termo utilizado para definir o resultado da efetivação do evento previsto no contrato de

seguro, podendo ser material ou pessoal.

Dano Emergente: Termo utilizado para definir acontecimento decorrente de um risco coberto e

que normalmente é excluído do seguro

Depreciação: Termo utilizado para expressar o valor percentual matematicamente calculado

(ex: fórmula de Ross) que, deduzido do valor de novo de um determinado bem, conduzirá ao

valor atual desse mesmo bem, ou seja, o valor do mesmo na data de eventual sinistro; para

cálculo do percentual utilizam-se os critérios de uso, idade, estado de conservação do bem a

ser depreciado.

Dolo: Termo jurídico que define ato consciente ou intencional com que se induz, mantém ou

confirma uma pessoa (outrem) em erro; gera perda de direitos no contrato de seguro.

Endosso: Termo que define instrumento do contrato de seguro utilizado par modificar a apólice

sem, contudo, alterar a cobertura básica da mesma.

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Importância Segurada: Termo utilizado pelo Segurador para definir o valor estabelecido pelo

Segurado para o seguro de bens, pessoas, responsabilidades, crédito e garantias, não

implicando por parte do Segurador a prévia determinação de valores, mas sim, os limites

máximos de responsabilidade exigíveis em caso de sinistro; o mesmo que Limite Máximo de

Responsabilidade.

Indenização: Termo que define a contraprestação do Segurador, isto é, o valor que o mesmo

deverá pagar ao Segurado no caso da efetivação do risco coberto previsto no contrato de

seguro.

Inspeção do Risco: Termo que define ato do Segurador em proceder, no local proposto para o

seguro, à verificação das condições do imóvel, equipamento ou mercadoria, isolamentos e

equipamentos de segurança, além de outros procedimentos, para fins de enquadramento do

risco e taxação.

Limite Máximo de Responsabilidade: Vide Importância Segurada.

Litígio: Questão judicial; pleito, demanda, pendência. Disputa, contenda.

Patrimônio: Termo utilizado para definir bens materiais de uma pessoa física ou jurídica, para

fins de seguro; seguro patrimonial.

Risco: Termo que define o elemento fundamental do contrato que caracteriza cada uma das

carteiras ou ramos e modalidades dos seguros e pode ser definido como o acontecimento

possível, futuro e incerto, independente da vontade das partes contratantes, de cuja ocorrênciadecorram prejuízos de natureza econômica.

Sinistro: Termo utilizado para definir, em qualquer ramo ou carteira de seguro, o acontecimento

do evento previsto e coberto no contrato.

Sub-Rogação: Título de cláusula prevista nas Condições Gerais e/ou Especiais dos seguros,

que define a transferência de direitos de regresso do Segurado para o Segurador mediante a

assinatura do Recibo de Indenização, a fim de que possa agir em ressarcimento contra o

terceiro causador do prejuízo por ele indenizado.

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MÓDULO III – INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO EM AUTOMÓVEIS

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12 SEGURANÇA NA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO EM AUTOMÓVEIS .............. 2

3 COMBUSTÍVEIS DE INCÊNDIOS EM AUTOMÓVEIS ........................................... 2

3.1 LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS .................................................................................... 3

3.2 GASES COMBUSTÍVEIS ......................................................................................... 4

3.3 COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS ..................................................................................... 4

4 FONTES DE IGNIÇÃO ............................................................................................... 6

4.1 CONTATO DE CHAMA ............................................................................................ 7

4.2 FONTES ELÉTRICAS .............................................................................................. 74.3 VEÍCULOS DE PASSEIO TIPO “MOTORHOME ” ................................................ 8

4.4 SOBRECARGA ........................................................................................................ 8

4.5 CURTOS CIRCUITOS E ARCOS VOLTAICOS ..................................................... 9

4.6 FILAMENTOS DE LÂMPADAS QUEBRADAS ........................................................ 9

4.7 FONTES DE ENERGIA ELÉTRICAS ADICIONAIS ................................................. 9

4.8 SUPERFÍCIES AQUECIDAS .................................................................................... 10

4.9 FAÍSCAS MECÂNICAS ............................................................................................ 11

4.10 MATERIAIS DE TAPEÇARIA E ESTOFAMENTO ................................................. 11

5 SISTEMAS DOS AUTOMÓVEIS ................................................................................ 12

6 METODOLOGIA PARA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO EM AUTOMÓVEIS ....... 12

6.1 IDENTIFICAÇÃO ...................................................................................................... 12

6.2 CENÁRIO E HISTÓRICO DO INCÊNDIO ................................................................ 13

6.3 PARTICULARIDADES DO VEÍCULO ...................................................................... 15

6.4 REGISTRO DA CENA .............................................................................................. 15

6.5 REGISTRO FORA DA CENA DO INCÊNDIO ......................................................... 16

6.6 EXAMES DO AUTOMÓVEL ..................................................................................... 17

6.7 EXAMES DOS SISTEMAS ....................................................................................... 20

6.8 CHAVES, MANIVELAS E ALAVANCAS .................................................................. 21

6.9 QUEIMA TOTAL ....................................................................................................... 22

6.10 VEÍCULOS ROUBADOS ........................................................................................ 22

6.11 VEÍCULOS NAS EDIFICAÇÕES ........................................................................... 23

6.12 VEÍCULOS RECREATIVOS .................................................................................. 24

6.13 MÁQUINAS PESADAS (VEÍCULOS DE GRANDE PORTE) .............................. 24

ANEXO IDENTIFICAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DOS

AUTOMÓVEIS ................................................................................................................ -

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INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO EM AUTOMÓVEIS

Adaptação do Capítulo 25 da NFPA 921 pelo Tenente-Coronel QOBM/COMB Edgard

Sales Filho do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Brasilia-DF; 2009.

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico trataremos de fatores relacionados com a investigação de incêndios que

envolvem automóveis. Incluindo caminhões, veículos pesados, veículos de recreação

(motorhome). Embora os veículos que trafegam em vias aéreas, água, ou estradas não

sejam iguais, existem vários fatores comuns aplicáveis, principalmente os relacionados à

documentação, cenário de incêndio, combustíveis, fontes de ignição e zona de origem.

Os padrões de queima remanescentes na lataria e no interior dos veículos são

usados freqüentemente para localizar o ponto de origem e para determinar a causa do

incêndio.

Inicialmente acreditava-se que o rápido crescimento e o dano extenso eram

indicativos de um incêndio criminoso. No entanto, o tipo e quantidade de materiais

combustíveis encontrados nos automóveis hoje, quando queimado, podem produzir um alto

grau de dano sem a adição intencional de outro combustível, como gasolina por exemplo.

No caso de uma queima total, não é recomendável concluir se o incêndio seria criminoso ou

não com base, unicamente, na simples observação do veículo. O uso de padrões de queima

ou grau do dano do incêndio para determinar uma zona de origem ou causa deve ser 

adotado com precaução. As interpretações tiradas destes padrões devem ser confirmadas

por testemunhas, analise de laboratório, registros de serviço de manutenção que indicam

faltas mecânicas ou elétricas, notificações de reconvocação do fabricante, ou reclamações e

boletins de serviço que podem ser obtidas nos órgãos de fiscalização de trânsito.

O investigador também deve estar familiarizado com a estrutura e peculiaridades do

veículo e sua operação normal.

 A estrutura relativamente pequena dos veículos pode resultar em um crescimento

mais rápido do fogo, proporcionando, num mesmo cenário, o combustível e a fonte de

ignição quando comparado aos compartimentos maiores encontrados em um incêndio

estrutural. No entanto, os princípios da dinâmica do fogo são os mesmos no incêndio

veicular ou estrutural e, portanto, a metodologia investigação de incêndio dever ser a

mesma.

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2 SEGURANÇA NA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO EM AUTOMÓVEIS

 A investigação de incêndio em um veículo comporta uma variedade de preocupações

de segurança diferentes dos que normalmente podem ser encontrados em um incêndio deestrutural.

 Ao completar uma inspeção geral do veículo descarregado, o investigador deve

prevenir que o veículo se mova e cause dano à equipe de investigação. O uso de

elevadores hidráulicos projetados para suportar o peso de veículo ou outros dispositivos de

levantamento usados junto com bloqueadores, ou calços, ajudam a evitar o movimento

súbito ou impedir que o veículo de caia sobre a equipe de investigação.

Os sistemas de   “airbags”   também representam um risco potencial e uma séria

preocupação de segurança para os investigadores de incêndio. Ácido de sódio, o agente

pressurizador do “airbag” , um produto perigoso, em contato ou inalado podem constituir uma

perigo potencial para o investigador. Alguns veículos são equipados com   “airbags” 

adicionais e possuem sistemas específicos de acionamento. O investigador deve identificar 

os sistemas que estão presentes, as condições operacionais desses sistemas, e, se

necessário, deve garantir que esses sistemas estão seguros antes de adentrar o

compartimento de passageiro, prevenindo operações acidentais.

 A investigação de incêndio em veículo pode apresentar muitas outras situações de

perigo ao investigador. Estas podem incluir vazamentos de combustível ou combustível

restante em tanques de gasolina que possam gerar um perigo incêndio; vazamento de

lubrificantes que podem causar deslize e risco de quedas; energia elétrica armazenada na

bateria; ou vidros quebrados que possam causar cortes.

3 COMBUSTÍVEIS DE INCÊNDIOS EM AUTOMÓVEIS.

Uma grande variedade de materiais e substâncias pode servir como os primeiros

materiais a queimar nos incêndios de automóveis. Estes incluem dispositivos de

abastecimento; transmissão, direção hidráulica, e fluidos de freio; aditivos; lubrificantes; e

materiais do interior do veículo ou a carga. Uma vez um incêndio‚ iniciado, quaisquer destes

materiais pode contribuir como um combustível secundário, enquanto afetando a taxa de

crescimento do incêndio e o promovendo um maior dano.

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3.1 LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS.

Líquidos combustíveis são freqüentemente associados com incêndios em veículos,pois eles são quase universalmente presentes. Estes combustíveis podem entrar em contato

com uma fonte de ignição como o resultado de um mau funcionamento de um dos sistemas

do veículo, um acidente que envolve liberação de combustível, ou um ato de um incendiário.

 A Tabela 1 contém algumas das propriedades de líquidos combustíveis comumente

encontrados. Portanto, um determinado líquido combustível para ser de fato queimado

depende das suas propriedades, seu estado físico, a natureza da fonte de ignição, e outras

variáveis. O ponto de fulgor é de pequeno ou nenhuma significância quando um líquido é

liberado em forma de spray. A ignição em superfícies externas quentes pode requerer 

temperaturas de 200ºC (360ºF) conforme as temperaturas de ignição abaixo.

Tabela 1 – Propriedades dos Líquidos Combustíveis dos Automóveis

Ponto de Fulgor Temperatura

de Ignição

Taxa de

Inflamabilidade (%)

Líquidos º C ºF º C ºF Menor Maior  

Fluido de Freio (a) 115 -

179

240 - 355

Fluido de Freio (b) 148 298

Etileno Glicol (100%) 111 232 413 775 3.3

Etileno Glicol (90%) 132 270

Diesel #2D (d) 52 - 96 126 - 204 257 494

Querosene (d) 38 - 72 100 - 172 210 410 0.7 5.0

Gasolina – 100 octano -38 -32 456 853 1.4 7.6

Metanol (d) 11 52 464 867 7.8 86.0

leo de motor (e) 210 -

257

410 - 495 260 -

371

500 - 700

Fluidos Trans (e) 177 350Fluidos Trans (b) 183 -

193

361 - 379 210 -

214

410 - 417

Dextron II 186 367 212 414

Tipo F (Ford) 175 347

Fluido de Direção Hidráulica

(e)

177 350

Fonte: NFPA.

NOTA: Os dados fornecidos nesta tabela são de produtos genéricos submetidos a condições de testes

específicas.

Os testes foram os mesmos para cada produto. As informações foram obtidas de várias fontes

bibliográficas.

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(a) SPP 51, Flash Point Index of Trade Name Liquids, p. 182.

(b) UNOCAL Lub Oils and Greases Div.

(c) Flick, Noyes Data Corp., Industrial Solvents Handbook, p. 416.

(d) NFPA Fire Protection Guide to Hazardous Materials.(e) Severy, Blaisdell, and Kerkhoff, Automobile Collision Fires.

3.2 GASES COMBUSTÍVEIS

Combustíveis alternativos, geralmente propano e gás natural, estão sendo cada vez

mais utilizados nos automóveis e em caminhões tanto quanto em alguns veículos de

fabricação própria. A expectativa é que o uso destes tipos veículos aumente no futuro, junto

com a introdução do hidrogênio no mercado automobilístico. O propano também é

encontrado a bordo da maioria de veículos recreativos (trailers e motor home) para uso em

cozimento, aquecimento, e combustível de refrigeração. O hidrogênio e oxigênio associados

com os ácidos das baterias podem ser liberados durante o carregamento destas ou em

conseqüência de uma colisão. Podem ser encontradas quantidades maiores destes gases

em veículos maiores ou de carga. Muitos gases são transportados na forma líquida e sob

pressão, e tornam-se gasosos quando liberados. Algumas propriedades dos gases

combustíveis são determinadas conforme a Tabela2.

Tabela 2 – Propriedades dos Gases Combustíveis dos Automóveis

Temperatura de

Ignição

Ponto de Ebulição Taxa de

Inflamabilidade (%)

Gases º C ºF º C ºF Menor Maior  

apor 

de Ar 

Hidrogênio 500 932 -252 -422 4.0 75.0 0.1

Gás Natural 537 999 -162 -259 5.0 15.0 0.6

Propano 450 842 -42 -44 2.1 9.5 1.6

Fonte: NFPA; Guia de Proteção Contra Incêndio em Produtos Perigosos

3.3 COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS

Combustíveis sólidos são menos comuns que líquidos e gases como os primeiros

materiais a serem queimados em incêndio em veículos, exceto em locais onde instalações

elétricas ou cigarros sejam as possíveis fontes de ignição, ou onde o veículo‚ esteja sujeito a

exposição de chamas. O aquecimento por fricção também podem ser uma fonte de igniçãoque envolve cintos de segurança, dobradiças, ou pneus. Às vezes, num princípio de

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incêndio, os combustíveis sólidos podem contribuir para o rápido crescimento do fogo e para

um maior aumento dos danos no veículo. Materiais plásticos podem queimar com taxas de

liberação de calor semelhante aos da ignição de líquidos hidrocarbonetos. Plásticos gotejam

freqüentemente ou liberam pedaços flamejantes. Alguns metais podem ser queimados seestiverem na forma apropriada. A maioria dos metais combustíveis e suas ligas metálicas

necessitam ser estilhaçados ou derretidos para queimar; no entanto, o magnésio sólido

presente em muitos automóveis queima vigorosamente ao contato de uma fonte externa de

calor.

Os investigadores, quando identificar a presença de metais derretidos num incêndio,

não devem interpretar como um indicador do uso de um agente acelerador na forma líquida,

pela crença de que somente um agente acelerador pode produzir temperaturas

suficientemente altas. Comumente combustíveis e agentes aceleradores produzem a

mesma temperatura de chama. Algumas temperaturas de derretimento são mostradas nesta

apostila para o metal puro, estas podem ser diferentes se o metal encontrar-se com suas

propriedades alteradas . Em muitos casos, ligas são usadas em lugar do metal puro. A

temperatura de derretimento de uma liga ‚ geralmente são mais baixas que a dos metais que

a compõe. Os componentes do metal e respectivas temperaturas de derretimento devem ser 

conhecidas antes de qualquer estimativa sobre como houve o derretimento. Acidente com

ligas metálicas podem ocorrer durante um incêndio. Por exemplo, zinco pode gotejar sobre

um arame ou tubo de cobre e pode formar uma liga de metal que derrete a uma temperatura

mais baixa que cobre. Igualmente, alumínio fundido pode gotejar sobre uma lâmina de aço

que pode causar o derretimento da lâmina. Algumas propriedades e usos de combustíveis

sólidos são determinados na Tabela 3 - Combustíveis Sólidos em Automóveis.

Tabela 3 - Combustíveis Sólidos em Automóveis

Temperatura de

Ignição

Temperatura de

Derretimento

Materiais º C ºF º C ºF

Comentários

Fibras de acrílico 560 (b) 1040 50 (b) 122

 Alumínio Puro 1000 (d*) 1832 660 (d*) 1220

 ABS 466 (b) 1040 110 – 125

(c)

230 -

257

Painel – pode ser 

totalmente

consumido.Fibra de vidro (resina de 560 (b) 1040 428 - 500(c) 802 - A resina queima,

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poliéster) 932 mas não as partes

de vidro.

Magnésio Puro 632(d*) 1153 650(d*) 1202

Nylon (a) 421(b) 790 176 - 265(c) 349 -

509

 Acabamentos,

engrenagens das janelas e dos

marcadores do

painel.

Polietileno 488 (e) 910 122 – 135 (f) 251 -

275

Plástico da fiação

elétrica.

Poliestireno 573(e) 1063 120 – 160 (f) 248 -

320

Isolamentos,

bancos, painel e

portas.

Poliuretano - espuma 456 -

579(e)

852 -1074 Isolamentos,

bancos, painel e

portas.

Poliuretano - rígido 310(b) 590 120 – 160

(c)

248 -

320

 Acabamentos

Vinil (PVC) 507(e) 945 75 – 105 (f) 167 -

221

Isolamento elétrico,

estofamento

Fonte: NFPA.

NOTA: Os dados fornecidos nesta tabela são de produtos genéricos submetidos a condições de testes

específicas.

Os testes foram os mesmos para cada produto. As informações foram obtidas de várias fontes

bibliográficas.

*Metal puro.(a) Lide (Ed) Manual de Física e Química.

(b) Hilado, Manual de Inflamabilidade dos Plásticos.

(c) Guia para Plásticos.

(d) NFPA, Manual de Proteção Contra Incêndio, Tabela 3.13ª (17ª Edição).

(e) NFPA, Manual de Proteção Contra Incêndio, Tabela A.6 (17ª Edição).

(f) Manual de Plásticos.

4 FONTES DE IGNIÇÃO

Na maioria dos casos as fontes de energia de ignição de incêndios em automóveis

são iguais aos associados aos incêndios estruturais, arcos voltaicos, instalações elétricas,

sobrecarga, contato direto com chamas, e materiais aquecidos. Existem, no entanto, fontes

de ignição exclusivas destes tipos de incêndios que devem ser consideradas, como as

superfícies aquecidas pelo conversor catalítico (catalizador), os sistemas de alimentação

turbo motores, e o sistema de exaustão (canos de descarga). Porque alguns destas fontes

de ignição podem dificultar a identificação de um incêndio, as descrições que se seguem

pretende ajudar no reconhecimento e identificação destas fontes de ignição.

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4.1 CONTATO DE CHAMA

O contato de chama é mais comum em um veículo carburado ‚ causada por umacontra-explosão do carburador. A propagação dificilmente ocorrerá se os dispositivos de

condução do ar estiverem devidamente conectados. Os veículos atualmente utilizam o

sistema de injeção eletrônica que elimina a necessidade de um carburador. Fósforos acesos

podem vir a ignir as partes internas ou resíduos depositados no cinzeiro, resultando em um

incêndio que atingirá as partes plásticas ou o estofamento. Em veículos tipo “ motor home” ,

aumenta a possibilidade de contato direto de chama em razão da presença de fornos,

fogões e outros equipamentos que produzem chama.

4.2 FONTES ELÉTRICAS

Quando o automóvel não estiver em movimento, a primeira fonte de energia a ser 

verificada é a bateria. Na maioria dos casos, sem uma bateria, não existe nenhuma fonte de

energia elétrica capaz de iniciar um incêndio. Um determinado número de componentes

permanece conectado à bateria, embora a ignição e outros dispositivos estejam desligados.

Estes componentes, como um alternador ou interruptor da ignição, podem falhar horas

depois do ultimo funcionamento do veículo. O investigador deve determinar se o veículo

estava em funcionamento na hora do incêndio. Um veículo que em funcionamento mais

fontes potenciais de ignição. A proteção dos circuitos elétricos em automóveis é provida por 

fusíveis, disjuntores, e ligações de fusíveis. Assim como nas estruturas, quaisquer destes

dispositivos de segurança podem ter sido alterados, evitados, ou danificados. A instalação

de equipamento adicional pode afetar o modo que um dispositivo de segurança opera. Ao

contrário dos sistemas elétricos da maioria das estruturas, os sistemas elétricos dos

automóveis são freqüentemente transpassados por corrente direta de outros sistemas. A

carroçaria, painel, e motor são eletricamente conectados para formar o campo negativo do

sistema elétrico. O lado negativo da bateria é conectado à carroçaria ou ao bloco do motor 

ou a ambos. O lado positivo da bateria alimenta o painel de fusível e todos os acessórios

elétricos. Isto significa que qualquer dispositivo elétrico conectado pode parecer sistema

elétrico interligado fisicamente. Também significa que o sistema elétrico pode não ser tão

óbvio quanto parece. A qualquer tempo um fio positivo energizado, um terminal, ou um

simples toque em um componente aterrado, pode resultar em um curto-circuito completo.

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4.3 VEÍCULOS DE PASSEIO TIPO “MOTOR HOME” .

Veículos de passeio tipo   “Motor Home” .podem ter baterias sobressalentesembarcadas e conjugadas à do automóvel revezando-se o sistema elétrico entre elas. Eles

também podem ser equipados com um alternador que muda da corrente contínua para a

corrente alternada para alimentar o sistema de iluminação, e assim sucessivamente. Eles

podem ser equipados ainda com um gerador para prover energia quando uma fonte externa

não estiver disponível.

4.4 SOBRECARGA

Falhas nos resistores elétricos podem elevar a temperatura dos condutores fazendo

com que o isolamento destes alcancem o ponto de ignição, geralmente, nos controles do

sistema elétrico ou nas instalações elétricas adicionais onde o calor gerado não se dissipada

instantaneamente. Isto pode acontecer sem a ativação das proteções da instalação. Faltas

ou falhas mecânicas dos equipamentos que conduzem corrente elétrica tais como bancos

automáticos ou motores das janelas também podem resultar em ignição dos isolantes dos

fios elétricos, tapetes, ou restos de materiais combustíveis que podem acumular debaixo

dos assentos. Por exemplo, alguns veículos são equipados com bancos automáticos que

usam regulagem eletrônica. Uma falha neste sistema pode causar um curto aquecendo os

dispositivos, resultando numa sobrecarga. A inclusão de acessórios pode sobrecarregar as

instalações elétricas de fábrica. Estas sobrecargas são encontradas comumente na

instalação de equipamentos automotivos ou sistemas de alarme anti-roubo. Uma instalação

não dimensionada pode ocasionar o aumento da demanda elétrica de um veículo,

conseqüentemente, o aumento da resistência dos fusíveis. Algumas instalações de

equipamento automotivo não incluem nenhum dispositivo de segurança. Um histórico de

pequenos incêndios por mau funcionamento elétrico pode ser uma pista.

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4.5 CURTOS CIRCUITOS E ARCOS VOLTAICOS.

 Arcos elétricos podem se formar quando os fios elétricos tornarem-se desgastados,

frágeis, rompidos, ou danificados de alguma forma, possibilitando o contato com uma

superfície aterrada. Um fio elétrico pode quebrar ou pode se soltar como resultado da

degradação causada por um fluido ou por um impacto. Em algumas situações, arcos podem

ser gerados pelo esmagamento ou corte dos fios elétricos, particularmente, bateria e cabos

de alimentação que não são protegidos eletricamente e são projetados para conduzir 

correntes elevadas. A grande quantidade de energia armazenada em uma bateria é o

suficiente para ignir materiais como líquidos combustíveis contidos nas engrenagens edispositivos, alguns materiais plásticos, e o isolamento dos fios elétricos. Arcos voltaicos de

grande potencial podem também surgir do esmagamento da(s) bateria(s) por ocasião de um

acidente.

4.6 FILAMENTOS DE LÂMPADAS QUEBRADAS

Filamentos de lâmpadas quebradas também é uma fonte de ignição, especialmente

para gases, vapores, ou combustíveis líquidos em gotas ou vaporizados. Normalmente osfilamentos das lâmpadas operam com temperaturas na ordem de 1400ºC (2550ºF). No

entanto‚ a maioria dos filamentos opera no vácuo ou sob uma atmosfera inerte. Quando o

filamento é exposto ao ar ambiente, geralmente sua operação dura pouco segundos, e

queima em aberto quase instantaneamente.

Uma vez o filamento aberto, torna-se uma fonte de ignição.

4.7 FONTES DE ENERGIA ELÉTRICAS ADICIONAIS

Enquanto a maioria das fontes de energia elétrica é fornecida pelos próprios

automóveis, existem situações onde a energia é provida por instalações adicionais

específicas. Exemplos destas fontes são ganchos elétricos usados em veículos de passeio e

reboques, ou aquecedores elétricos e máquinas instaladas no interior dos veículos. A

mudança de baterias também pode ser provida de uma fonte extra de eletricidade. Muitos

veículos usados em climas mais frios, especialmente os motores à diesel, tem um

dispositivo elétrico (aquecedor) para ajudar a dar partida no motor. Este dispositivo pode ter 

uma instalação elétrica permanente do veículo, com uma fiação secundária. A inspeção das

fiações elétricas secundárias deve ser feita quando aplicável, desde que uma sobrecarga da

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fiação ou uma falha de instalação possa estar relacionada com a causa do incêndio. A

instalação indevida de fontes extras de eletricidade pode danificar os componentes do

veículo, resultando em falhas, e possivelmente em incêndio. Quando são conectadas

instalações extras em veículos de passeio ou em   “motor homes” , os circuitos elétricosdevem ser inspecionados para indicar a possibilidade de ser uma possível fonte de ignição.

4.8 SUPERFÍCIES AQUECIDAS

Os exautores (canos de descarga) e seus componentes podem gerar altas

temperaturas suficiente para ignir diesel pulverizado e vapores de gasolina. Fluidos da

transmissão automática, particularmente se aquecidos devido a uma sobrecarga da

transmissão, podem ignir sobre um cano aquecido . Óleos de engrenagens aquecidos e

alguns fluidos de freio (Viscosidade entre 3 e 4) derramados sobre um cano aquecido

também podem ignir. Estes fluidos podem ignir depois que o veículo estiver desligado. Esta

ignição é em conseqüência da perda da ventilação do compartimento de exaustão que

dispersa estes vapores e esfria as superfícies aquecidas. Quando o veículo esta desligado,

a corrente de ar cessa, e a temperatura da canalização pode subir. Isto pode ser suficiente

ignir os vapores dos fluidos. Os componentes internos de um conversor catalítico

(catalisador) tem temperaturas de operacão de aproximadamente 700ºC (1300ºF) abaixo da

temperatura normal do motor e pode ser muito mais alto se introduzido combustível não

queimado devido a um vazamento do combustível ou mau funcionamento do sistema de

ignição. As temperaturas externas dos catalizadores podem alcançar temperaturas de 315ºC

(600ºF) abaixo temperatura normal do motor e pode ficar mais alto onde ventilação ou

circulação de ar for restringida. Em muitos veículos, os canos de descarga do catalisador 

operaram com temperaturas mais altas que o próprio catalisador.

Especificamente, a gasolina não entrará em ignição ao contato de uma superfície

aquecida, esta requer um arco voltaico, uma faísca, ou chama para ignir. Embora a ignição

do vapor de gasolina por uma superfície quente seja de difícil reprodução, tal situação não

deve ser totalmente descartada. A ignição de líquidos por meio de uma superfície aquecida

em ambiente normal não foi comprovada até que a temperatura da superfície aquecida

atinja aproximadamente 200ºC (360ºF) acima da temperatura de ignição.

 A ignição de líquidos por meio de superfícies aquecidas é influenciada e determinada

por muitos fatores, não exclusivamente pela temperatura de ignição. Estes fatores incluem

ventilação, ponto de fulgor do líquido, ponto de ebulição do líquido, pressão do vapor líquido,

taxa de vaporização do líquido, condensação do líquido, aspereza de superfície aquecida, e

tempo de permanência do líquido na superfície aquecida.

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4.9 FAÍSCAS MECÂNICAS

Contato de metal-com-metal (aço, ferro, ou magnésio) ou contato de metal-com-áreapavimentada pode criar faíscas com energia suficiente para ignir gases, vapores, ou líquidos

em estado atomizado. Contato de metal-com-metal pode acontecer em polias (roldanas),

cabos, ou engrenagens, por exemplo. Contato de metal-com-área pavimentada envolve

especificamente um cabo quebrado, sistema de exaustão (cano de descarga), ou da roda

depois da perda de um pneu. Toda faísca resultante do contato de metal-com-metal ou

metal-com-área pavimentada requer que o veículo esteja trafegando ou em movimento.

Faíscas geradas de baixas velocidades com 8 km/h (5 mp/h) podem ser suficientes para

alcançar temperaturas de 800ºC (1470ºF) (faíscas laranjas). Velocidades mais altas podem

produzir faíscas brancas na ordem de 1200ºC (2190ªF). Faíscas de alumínio-com-área

pavimentada não são fontes de ignição suficientes para queimar a maioria dos materiais por 

causa da relativa baixa temperatura de derretimento de alumínio. O pequeno tamanho da

partícula das faíscas (massa) limita a quantidade de energia disponível para ignir os

materiais elas contatam. Adicionalmente, as faíscas esfriam rapidamente principalmente ao

se moverem através do ar, fato que limita a taxa de transferência de calor a materiais que

elas contatam. Por estas razões, torna-se difícil para faíscas ignirem materiais sólidos.

4.10 MATERIAIS DE TAPEÇARIA E ESTOFAMENTO

Tecidos de tapeçaria e estofamento modernos, pela sua natureza química, são

geralmente difíceis de ignir com um cigarro. A ignição pode acontecer se um cigarro aceso

estiver misturado entre papeis, tecidos, ou outros lixos, ou se o material do assento entra em

contato com a chama. A espuma de uretananos dos assentos queima rapidamente, uma vez

acesa aumenta substancialmente a intensidade de um incêndio no veículo.

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5 SISTEMAS DOS AUTOMÓVEIS

Cada de sistema de um automóvel tem uma função específica. Nem todos os

automóveis tem os mesmos sistemas; no entanto, muitos sistemas operam de uma maneira

semelhante. A familiaridade com os sistemas é essencial para uma apropriada investigação

de incêndio em veículos. Se o investigador não sabe como um sistema opera, ele não

poderá determinar se houve um mal funcionamento do sistema ou se este foi alterado, ou se

tal mau funcionamento ou alteração poderiam ser responsáveis pelo fogo. Quase todo

automóvel tem um manual de manutenção. A maioria destes manuais explicam as

particularidades dos sistemas de cada veículo. Muitas manuais também tem um guia paradiagnosticar problemas potenciais. Estas publicações podem ser encontradas em lojas de

autopeças, e a maioria das bibliotecas públicas tem manuais de conserto de autos

genéricos.

No anexo desta apostila são apresentados os principais sistemas dos automóveis,

seus componentes e funções.

6 METODOLOGIA PARA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO EM AUTOMÓVEIS

 As mesmas técnicas gerais usadas nos incêndios estruturais são empregadas para

automóveis. Sempre que possível, o veículo dever ser examinado no cenário do incêndio.

Em muitos casos, no entanto‚ o investigador pode não ter a oportunidade para verificar o

veículo no local sinistrado. Por muitas razões, o veículo pode ter sido removido antes da

chegada do investigador à cena. Freqüentemente, parte da documentação encontra-se em

um local a salvo residências, oficinas, ou estacionamentos. Uma inspeção de incêndio em

automóveis deve incluir os procedimentos descritos de 6.1 a 6.5.

6.1 IDENTIFICAÇÃO

Identifique o veículo a ser inspecionado e registre a informação. Isto incluirá toda a

descrição a ser feita, modelo, ano do modelo, incluindo qualquer outra característica

identificadora. O veículo deverá ser identificado com precisão por meio do número de chassi

e registro. A composição do número do chassi descreve informações relevantes sobre o

fabricante, país de origem, estilo da carroceria, tipo de motor, ano e modelo, desenho, e lote

do produto. A placa do número de identificação do chassi é colocada comumente painel

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frontal de colisão na posição do motorista. Ela pode ser anexada com rebites. Se a placa

resistir ao incêndio, o seu número deve ser registrado com precisão. Informações sobre o

fabricante também são localizadas no rótulo do combustível na barra da porta do motorista.

Muitos fabricantes também estampam pelo menos um chassi parcial ao lado ou sob o cárter do motor. A marcação pode ser referenciada no painel, na barra de proteção frontal ou na

chapa de proteção contra incêndio; ou seja, a chapa que separa o compartimento de

maquinaria do compartimento de passageiro. Uma escova de cerda de metal limpará este

número de forma que o chassi se torne legível.

a) Se o número do chassi for ilegível ou parece ter sido falsificado o investigador 

deve solicitar a ajuda de um dos seguintes órgãos:

(1) uma unidade policial de roubo de veículos;

(2) uma unidade do departamento de trânsito da jurisdição;

(3) uma unidade da polícia de trânsito da jurisdição; ou

(4) uma unidade da Polícia Rodoviária Federal.

Estes órgãos tem instrumentos necessários para identificar o veículo por meio de

números confidenciais localizados em outros lugares do veículo.

b) O número do chassi deve ser verificado junto ao Departamento Nacional de

Trânsito (DENATRAN) ou na Polícia Rodoviária Federal (PRF) para assegurar 

que não existe nenhum registro excedente.

6.2 CENÁRIO E HISTÓRICO DO INCÊNDIO.

Para facilitar o estudo, o assunto será detalhado em componentes ou áreas que tem

funções em comum. Esta é uma tentativa feita para desenvolver o enredo dos eventos que

conduzem à origem do incêndio como também a sua progressão. Para fazer isto, sugere-se

que o motorista, passageiros, espectadores, o corpo de bombeiros, e a polícia sejam

entrevistados separadamente. Estas informações devem ser usadas para ajudar com os

exames de campo.

a) Devem ser obtidas informações relativas à operação do veículo antes da

ocorrência de incêndio do motorista ou proprietário para determinar o seguinte:

(1) quando o veículo foi dirigido por último e qual foi a distância percorrida;

(2) a quilometragem total do veículo;

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(3) se o veículo estava funcionando normalmente (ruídos, mau funcionamento

elétrico);

(4) quando foi a última manutenção: troca de óleo, ou reparos;

(5) quando o veículo foi abastecido e a quantidade de combustível;(6) quando e onde o veículo foi estacionado;

(7) se o veículo fosse visto antes do incêndio;

(8) com quais equipamentos que o veículo foi equipado: rádio, CD, DVD,

telefone móvel,

 janelas elétricas, assentos elétricos, rodas feito sob encomenda, e assim por 

diante;

(9) que artigos pessoais estavam no veículo: roupas, ferramentas, e assim por 

diante.

b) O investigador deve obter informações para ratificar se o veículo estava

sendo dirigido na ocasião do incêndio, observando o seguinte:

(1) qual a distância percorrida pelo veículo;

(2) qual era o percurso;

(3) se estava carregado, rebocando outro veículo, sendo dirigido em alta

velocidade;

(4) se o veículo estava trafegando normalmente;

(5) quando foi o último abastecimento e a quantidade de combustível;

(6) quando e onde foi o sentido o cheiro da fumaça, ou percebido a chama;

(7) como o veículo se comportava: barulhos, trafegando com dificuldade, ou

indicações de mau funcionamento elétrico;

(8) o que o motorista fez;

(9) o que foi observado;

(10) se tentou apagar o incêndio e de que forma;

(11) quanto tempo durou o incêndio antes que a ajuda chegasse;

(12) quanto tempo durou o incêndio até que fosse extinto.

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6.3 PARTICULARIDADES DO VEÍCULO

Uma vez que o veículo foi identificado como sendo o foco da investigação, devem

ser revisadas as funções específicas do veículo, sua composição, e sua suscetibilidade ao

incêndio. Para assegurar que nenhum detalhe seja negligenciado, o investigador deve

examinar um veículo de ano semelhante, fabricante, modelo, e acessórios, ou os manuais

de manutenção específicos. O uso de uma lista de conferência pode ajudar o investigador 

na inspeção completa do veículo.

a) Informações relativas a incêndios e causas de incêndios em veículos da mesmafábrica, modelo, e ano podem ser obtidas por meio dos avisos pela imprensa do “recall”

realizados pelos próprios fabricantes.

6.4 REGISTRO DA CENA

O investigador deve fazer um diagrama da cena de incêndio, mostrando pontos de

referência e distâncias relativas ao veículo. O diagrama dever ser de detalhado

suficientemente para definir o local do veículo antes de sua remoção. A cena global dever ser fotografada, mostrando edifícios circunvizinhos, rodovias pavimentadas, vegetação,

outros veículos, e impressões deixadas por pneus ou pegadas. Todo o dano do incêndio

causado nos elementos acima ou sinais de derramamento de combustível deve ser 

fotografado e dever ser documentado para ajudar na análise da propagação do incêndio.

Devem ser documentado o local e condição de qualquer componente ou escombros que são

destacados do veículo.

a) É essencial que o veículo seja fotografado. As fotografias devem incluir todas

as superfícies, inclusive o topo e parte inferior. A parte inferior do veículo

deve ser fotografada logo que o veículo for erguido para transporte. Devem

ser fotografadas as áreas conflagradas e não danificadas, inclusive o dano

interior e exterior. Fotografias interiores completas devem incluir visões

vazadas de um lado ao outro. Fotografias do chão são particularmente

fundamentais antes da remoção do veículo (quando possível) e dos

escombros. Elas mostrarão a posição dos materiais espalhados no chão

como suportes, peças queimadas, e chaves.

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b) Qualquer evidência que determine a propagação do incêndio de dentro ou de

fora de qualquer compartimento (motor, passageiro, carroçaria,bagageiro,

etc.) ou envolvendo qualquer compartimento deve ser fotografado. Como nos

incêndios estruturais, o padrão de queima do incêndio pode ser difícil dedeterminar num veículo totalmente destruído.

c) Os bagageiros devem ser fotografados. Deve ser anotado o tipo de bagagem

e a quantidade de carga e qualquer envolvida no incêndio. Se possível, a

remoção do veículo ou qualquer dano que resultante do processo de

remoção deve ser documentado. Também, depois de remoção do veículo, a

cena deveria ser fotografada devendo ser registradas as marcas de queima

na terra ou estrada, e o local dos vidros e outros materiais. Desenhos e notas

devem estar preparadas para dar suporte às fotografias.

6.5 REGISTRO FORA DA CENA DO INCÊNDIO

a) Se o veículo foi retirado da cena, o investigador deve realizar uma visita na

cena do incêndio. As fotografias que forem retiradas da cena devem ser 

revisadas e comparadas. Antes da inspeção do veículo, o maior número

possível de informações de suporte deve ser colhida. Estas informações

devem incluir data e hora do incêndio; local; o motorista, passageiro, ou

declarações de testemunha; e informações da polícia e do corpo de

bombeiros; o local que se encontra o veículo; e a forma que foi transportado

(rebocabo, guichado, dirigido, etc.). O processo básico para documentar a

condição do veículo ‚ é o mesmo adotado no local onde ele estava. Quando a

inspeção for realizada há muito tempo do evento e o veículo situado em um

local de difícil acesso, evidencias podem ter sido perdidas ou danificadas.

 Adicionalmente, o veículo pode ter sido danificado pelos subprodutos da

combustão, e os padrões de queima, geralmente sob a superfície metálica,

podem ser ocultados. Se o veículo estiver estacionado ao ar livre, este deve

ser coberto com uma lona ou material adequado. Freqüentemente, a

ferrugem que se desenvolve nas ferragens em poucos dias após o incêndio

pode revelar os padrões de queima tornando-o mais visível, ou, ao contrário,

pode ocultá-lo ainda mais.

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b) Mesmo se o veículo foi examinado na cena de incêndio, existem algumas

vantagens em inspecioná-lo fora da cena. Por exemplo, é mais fácil de mover 

ou remover materiais estranhos que podem estar bloqueando a visão de

partes críticas. Freqüentemente, ferramentas podem estar disponíveis senecessário for. Podem, ainda, estar disponíveis equipamentos como um

macaco hidráulico para elevar o veículo para uma inspeção mais detalhada.

O veículo pode ser fotografado e examinado completamente em locais longe

da cena.

6.6 EXAMES DO AUTOMÓVEL

a) Generalidades.

O exame de um automóvel depois de queimado é uma tarefa complexa e variada.

Como com os incêndios de estruturais, o primeiro passo é determinar o compartimento de

origem. A maioria dos automóveis pode ser dividido em três compartimentos principais: o

compartimento do motor, o compartimento de passageiro ou interior, e o compartimento de

carga. O tamanho, construção, e o material combustível destes compartimentos podem

variar consideravelmente.

i. O exame do exterior do veículo pode revelar padrões de queima

significantes. O local do incêndio, e o modo que o pára-brisa reage, pode

permitir uma determinação do compartimento de origem. São mostrados

diagramas que ilustram desenvolvimento do padrão de queima em função

do compartimento de origem na Figura (a) e Figura (b). Um incêndio no

compartimento de passageiros freqüentemente causa a fadiga no topo do

pára-brisa e deixa padrões de queima radiais (padrões que parecem

irradiar de uma área) no capô, como mostrado em Figura (c) e Figura (d).

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Figura (a) Desenvolvimento do Padrão de Queima de Origem Interior.

Figura (b) Desenvolvimento do Padrão de Queima de Origem do Compartimento do Motor.

Figura (c) Padrão de Queima Radial Produzido por incêndio do Compartimento dos Passageiros.

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Figura (d) Outro Padrão de Queima Radial Produzido por Incêndio do Compartimento dos Passageiros.

b) Incêndios no compartimento do motor, por outro lado, tipicamente penetra no

interior do veículo no lado de passageiro e causa fadiga no fundo do pára-

brisa. Podem ser observados padrões radiais de um incêndio no motor nas

portas. São mostrados exemplos de padrões produzidos por incêndio de

motores na Figura (e) e Figura (f).

Figura (e) Incipiente Fadiga do Pára-brisa Causada por Incêndio de Compartimento do Motor.

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Figura(f) Padrão Radial na porta lateral do Motorista Produzida por Incêndio do Compartimento do Motor.

c) Estabelecido o compartimento de origem, uma inspeção detalhada deve ser 

feita. Como num incêndio estrutural, a inspeção do automóvel deve ser 

realizada da área de menos dano para a área de maior dano.

6.7 EXAME DOS SISTEMAS

Depois de estabelecer um compartimento de origem, os sistemas individuais daquele

compartimento devem ser examinados. Usando as identificações dos sistemas e funções

descritas no anexo, um investigador deve inspecionar o sistema e deve determinar sua

condição e o possível envolvimento daquele sistema com o incêndio.

a) Inspeção no Tanque de Combustível para Encontrar Esmagamento ou

Perfurações.

  Examine o tubo de enchimento do tanque de combustível.

Tubos de enchimento são freqüentemente sistemas de duas

peças com uma borracha ou conexão polímera flexível. Esta

conexão pode libertar o combustível falhando mecanicamente

durante um acidente ou pode queimar por exposição ao fogo.

 Alguns sistemas de enchimento são inseridos no tanque por 

uma borracha ou bucha polímera ou retentor. Impactos

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causados por um acidente podem resultar na desconexão do

tubo de enchimento do tanque e derramar o combustível.

b) A presença ou ausência da tampa do tanque de combustível e qualquer fogoou dano mecânico no tubo de enchimento deve ser anotadas e registradas.

Muitas tampas do tanque de combustível são constituídas de material plástico

ou componentes de metal de baixa temperatura de derretimento e podem ser 

destruídas durante o incêndio, como resultado as partes de metal podem ser 

desalojadas, perdidas, ou encontradas no tanque de combustível. Tanques

de combustível expostos aquecem ou geralmente queimam exibindo uma

linha de demarcação que representa o nível do combustível na ocasião do

incêndio.

c) O suprimento de combustível e os suspiros devem ser inspecionadas para

determinar se houve rupturas e indicações de dano causado pelo incêndio.

Os suspiros normalmente tem borrachas ou mangueiras de polímeras

flexíveis conectadas a um ou mais pontos ao longo do comprimento deles

que pode ser pontos de liberação de combustível. Examine e registre a

condição dos suspiros que passam perto do catalisador e em qualquer local

de abastecimento não metálico ou suspiros que passem perto de canos de

descarga ou outras fontes de calor ou em locais sujeito à abrasão.

6.8 CHAVES, MANIVELAS E ALAVANCAS.

Durante inspeção do interior de veículo, a posição das chaves deve ser anotada para

determinar se elas estavam na posição de  “ligado”(on).  Uma tentativa deve ser feita para

determinar se as janelas estavam abertas ou fechadas e em que condição elas estavam

antes do incêndio. A posição do mecanismo de troca de engrenagem (câmbio) deve ser 

anotada, e o interruptor de ignição (chave de ignição) deve ser examinado, se possível, para

determinar qualquer sinal de chave de fenda, folga, ou quebra da fechadura. A maioria

destes elementos é feita de material que são consumidos facilmente por um incêndio;

portanto, pode haver resíduo suficiente para subsidiar a investigação.

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6.9 QUEIMA TOTAL.

Veículos que queimaram completamente representam um problema especial paradeterminar a origem e a causa do incêndio. Se um veículo queimar a completamente pode

não haver nenhuma testemunha para entrevistar e possivelmente nenhuma resposta do

corpo de bombeiros. O veículo deve ser identificado e documentado completamente. Uma

tentativa deve ser feita para determinar a condição do veículo na hora do incêndio. Se

componentes forem perdidos, uma tentativa deve ser feita para determinar se eles

removidos antes do incêndio, ou removidos ou perdidos depois do fogo. A condição de do

motor e da transmissão freqüentemente pode ser determinada analisando os fluidos.

Materiais queimados no chão e nos arredores podem apresentar resíduos de líquidos

combustíveis.

6.10 VEÍCULOS ROUBADOS.

Veículos que são roubados ou supostamente roubados representam um caso

especial. A probabilidade de um veículo gerar um incêndio acidental depois de ser roubado

é muito baixa, mas um exame completo ainda deveria ser administrado. Podem ser 

roubados veículos por muitas razões. Um motivo comum seria o roubo para a retirada dos

acessórios dos veículos. Se um ladrão roubar um veículo para retirar os acessórios, pode

ser que nunca seja recuperado. Se ‚ recuperado, pode se concluir obviamente que outras

partes podem ter sido removidas. Artigos de valor que podem ser objetos de roubo incluem

rodas, partes principais do painel (volante, conta-giros, etc.), motores e transmissões, “air 

bags” , rádio, CD , DVD, e bancos. Outro motivo comum para roubo de veículo é para o

cometimento outros crimes. O ladrão muitas vezes queimar o veículo para cobrir qualquer 

evidência como impressões digitais. O meliante pode não remover nenhum acessório do

veículo e pode usar materiais disponíveis ateando o fogo. Ás vezes os veículos são

queimados deliberadamente e informada à comunicação de roubo. Tais veículos podem

apresentar evidências de fraude com a substituição de acessórios, como rodas e sistemas

de som.

a) A análise do óleo do motor pode determinar a condição deste antes do

incêndio e o possível motivo para a destruição do veículo. Podem ser 

analisadas amostras de escombros do solo para a presença de agentes

aceleradores. Esta análise mostrará o método de destruição.

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b) Admitida a queima total ou a proximidade desta, a remoção de escombros

pode revelar a presença das componentes do cilindro da chave de ignição do

veículo. Esta é a peça da ignição que segura a chave do veículo. A remoçãodas peças cuidadosamente e sua documentação podem mostrar se a chave

ainda se encontra no cilindro da ignição. Em alguns casos, a forma que as

peças do sistema de ignição se encontram nos escombros indicarão ou não

se a chave se encontrava dentro do cilindro da ignição na hora do incêndio.

Esta informação, como também uma avaliação microscópica das peças do

cilindro podem mostrar se o sistema de ignição foi forçado antes do incêndio.

Se as peças do cilindro não forem encontradas, isto pode indicar que o

cilindro da ignição foi removido antes do incêndio. O investigador pode

encontrar o cilindro quase intacto em outro compartimento do veículo. Neste

caso, o cilindro provavelmente apresentará evidência de remoção forçada.

6.11 VEÍCULOS NAS EDIFICAÇÕES

Os automóveis são estacionados freqüentemente em edifícios diversos e podem ser 

danificados por incêndios que venham a ocorrer na estrutura. O dano pode incluir efeitos

térmicos do incêndio e esmagando do veículo por colapso da estrutura. Se o veículo se

encontrar na zona de origem, então este deve ser examinado como uma provável causa de

incêndio em potencial. O exame, nestes casos, pode incluir a remoção dos escombros,

retirando materiais do capô ao teto, procedendo do mesmo modo no interior do veículo,

inclusive elevando o veículo para examinar seu lado inferior.

a) Incêndios que se iniciam no exterior podem propagar para o interior do

veículo e podem promover danos significantes. Incêndios que se iniciam no

exterior também podem causar perda de líquidos combustíveis ou outros

componentes, inclusive os dutos de combustível e tanques, e pode causar a

liberação de líquidos de inflamáveis.

b) Veículos que estão em edificações podem estar em conserto ou manutenção.

É importante documentar estas situações por ocasião de um incêndio.

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6.12 VEÍCULOS RECREATIVOS.

Veículos recreativos   (motorhome) e os incêndios ocorridos neles são em muitasformas semelhantes para casas e casas móveis. Estes podem apresentar compensados de

madeira pavimentando ou decorando as paredes internas e painéis, e pode ser encontrado

freqüentemente materiais combustíveis grandes como espuma de poliuretano, sofás ou

colchões. Durante o exame o investigador deve anotar a presença de eletrodomésticos. Os

catálogos ou panfletos de vendas para estes veículos podem ajudar a determinar que

eletrodomésticos e mobílias estavam presentes antes do incêndio.

a) Como com todos os outros tipos de inspeções, recomenda-se colher com o

proprietário os possíveis problemas anteriores, como reconvocações (“recall

de fábrica”), consertos, e maus funcionamentos. Em muitos casos adaptam-

se o desenho do veículo para se am instalados eletrodomésticos projetados

para usos residenciais, como um refrigerador ou um forno. Freqüentemente,

estes eletrodomésticos exigem instalações específicas ou uma fonte de

energia suplementar para operar corretamente.

b) Em veículos recreativos, a resistência dos materiais e a claridade da cabine,

dependendo da estrutura e dos sistemas instalados, muitas s vezes são

críticas. Na remoção dos materiais, o investigador pode destruir informações

fundamentais relativas à uma causa potencial.

6.13 MÁQUINAS PESADAS (VEÍCULOS DE GRANDE PORTE).

Máquinas pesadas incluem escavadeiras, veículos de mineração, silvicultura,

tratores, e máquinas agrícolas. Estes veículos tem uma função significante de manipulação

de materiais além da função locomotiva. Estas máquinas geralmente têm motor a diesel e

normalmente tem uma transmissão hidráulica. Máquinas pesadas estão sujeitos às mesmas

falhas como os veículos normais, mas também ‚ suscetíveis a falhas devido a sobrecarga da

transmissão, falhas das hidráulicas decorrentes da operação com materiais, fadigas, e

ignição do material que está sendo operado. A investigação de um incêndio de veículos de

grande porte requer conhecimento dos sistemas envolvidos, inclusive os sistemas

específicos peculiar pra aquele tipo de veículo. Alguns veículos pesados são equipados com

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sistemas de extinção de incêndio fixos. Estes sistemas devem também avaliados pelo

investigador em caso de possíveis falhas.

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MÓDULO IV – LEGISLAÇÃO APLICADA À INVETIGAÇÃO DE INCÊNDIO

Autor: Cel QOBM/ Comb Luiz Tadeu Vilela BLUMM

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1

2 DA LEGISLAÇÃO SOBRE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES ...................................... 3

2.1 DOS CRIMES DE PERIGO COMUM  .....................................................................   3

3 A PERÍCIA.................................................................................................................. 4

3.1 APURAÇÃO DE CRIMES....................................................................................... 4

3.1.1 Da Segurança Pública ........................................................................................ 4

3.1.2 Das Provas .......................................................................................................... 5

3.1.3 Perícia .................................................................................................................. 5

3.1.3.1 A Prova Pericial ................................................................................................ 5

3.1.3.2 Do exame de corpo de delito e das periciais em geral .................................... 5

3.1.4 Da Perícia de Incêndio........................................................................................ 7

3.1.4.1 Competência...................................................................................................... 7

3.1.4.2 Natureza Jurídica da Perícia de Incêndio........................................................... 8

3.1.4.2.1 Da Prova ......................................................................................................... 9

3.1.4.2.2 Classificação .................................................................................................. 9

3.1.4.3 Disposições Atinentes à Nomeação dos Peritos no CPPM .............................. 9

3.1.4.4 Da Perícia no CPPM .......................................................................................... 11

3.1.4.5 Disposições Atinentes à Nomeação dos Peritos no CPC ................................. 14

3.1.4.6 Da Perícia no CPC ............................................................................................ 15

3.1.5 Da Suspeição e do Impedimento ....................................................................... 18

3.1.5.1 Do Impedimento ................................................................................................ 18

3.1.5.2 Da Suspeição .................................................................................................... 18

3.1.5.3 Da Exceção ....................................................................................................... 19

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LESGISLAÇÃO APLICADA À INVESTIGAÇÃO – APOSTILA TEÓRICA

1 INTRODUÇÃO1

Sem dúvida alguma a investigação de incêndios passa por uma situação jurídica.

Conhecer o processo de investigação não encerra a formação profissional de uminvestigador. É necessário que saiba, ainda, suas obrigações e limitações, bem como por 

onde perpassam os rumos de um processo, lastreando seu trabalho com o necessário

conhecimento jurídico.

Sobre o assunto, trazemos um comentário de Luís Carlos Alcoforado, renomado

advogado, que assim diz:

Considera-se prova pericial aquela com que se procura demonstrar a

verdade de um fato jurídico, mediante a utilização de recursos

técnicos, reservados aos profissionais qualificados ao exercício da

atividade científica. A prova pericial resulta, necessariamente, do

conhecimento e domínio da ciência, para que se possa produzir um

estudo, em forma de análise, vistoria ou avaliação, em decorrência

do qual se firma a premissa que dá autoridade à existência de um

fato jurídico, com os atributos da verossimilhança. (ALCOFORADO,

2008)

Sob a sistemática do Código de Processo Civil (art. 420), há três modalidades de

prova pericial: a análise; b) vistoria; e c) avaliação. Nas três modalidades de perícia,

segundo o figurino legal, há sempre uma atividade percepcional ou deducional, processada

sob a influência de elementos técnicos, indispensáveis à formação ou conclusão de juízo

analítico e conclusivo, o qual se expressa, necessariamente, na prova pericial.

Na verdade, a prova pericial, independentemente de sua modalidade, decorre de

processo analítico-cognitivo, fruto de combinação de técnicas que advêm do trabalho de

percepção ou de dedução do sujeito em face do objeto. Há uma relação entre sujeito e

objeto, mas meramente analítico-cognitiva, por força da qual se produz um resultado, fruto

do conhecimento, que expressa um juízo técnico com relevância jurídica, haja vista que

subsidia o poder do julgador, na formação de seu convencimento, sempre livre e

insubmisso. Por explícita opção legislativa.

 A prova pericial percepcional ocorre quando se encontra o resultado do fato jurídico

analisado mediante o processo de utilização de recursos próprios do exercício do

conhecimento dos sentidos, operação em decorrência da qual se obtém um juízo. A prova

1 Texto adaptado de Luís Carlos Alcoforado, em reportagem publicada pelo Correio Braziliense de28jul2008.

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LESGISLAÇÃO APLICADA À INVESTIGAÇÃO – APOSTILA TEÓRICA

pericial deducional infere-se do resultado do fato jurídico examinado mediante a combinação

do processo de raciocínio calcado em premissas técnicas, colhidas pela cognição científica,

sob o comando de normas e preceitos rígidos de natureza profissional, específicos para a

formação do juízo do objeto estudado, revelado ou investigado. Ainda conforme Alcoforado (2008) os métodos adotados na produção da prova

pericial, o percepcional ou deducional, não gozam da qualidade que recolha o resultado do

trabalho à categoria de verdade inexorável, haja vista que se submetem ao regime jurídico

que ministra a solução que comporta a contrariedade ou a impugnação. O caráter técnico da

prova, em si, não carrega o apriorismo de infundir-lhe o padrão de uma verdade irrefutável,

porquanto depende da fidedignidade do processo de sua produção e do processo de

recepção de seu conhecimento, horizontes nem sempre libertos do vícios desqualificadores

da verdade.

 A rigor, apenas se presume que a prova pericial foi tecida em ambiente sadio,

supostamente protegido do contágio de práticas arcanas, mascaradas por rituais

incivilizados ou técnicas fraudadas, sob o domínio de uma vontade voltada para encontrar 

um resultado contrário aos princípios legais e éticos, sem expressão para ter afinidade com

a verdade, base de sustentação do direito. O importante é que a prova pericial seja

elaborada sob a regência da imparcialidade de sob a proteção da técnica, sem o

partidarismo que professa interesses maquiadores na produção de resultados infiéis à

verdade.

 A produção da prova pericial, quando ministrada por solução que ilaqueie a verdade,

soçobra como ato imprestável à convivência civilizada e legal de interesses opostos, pois se

ambienta no universo da ilicitude e da imoralidade. A prova pericial pode ser existencial,

causal, conseqüencial ou causal-conseqüencial, segundo a natureza e a razão da análise,

do estudo ou do exame.

Na perícia existencial, busca-se a comprovação da realidade do fato jurídico, como

qualidade da existência ou ocorrência de cuja vistoria se extrai uma particularidade ou

atributo que influencia ou importa à solução da controvérsia. Na perícia causal, perseguem-

se as causas, os motivos, as razões por força das quais certo e determinado fato jurídico

ocorreu. Na perícia conseqüencial, apuram-se os resultados, os efeitos, os danos

produzidos pelo fato jurídico.

Na perícia causal-conseqüencial, combinam-se a investigação das causas e o

levantamento dos resultados do fato jurídico. Há casos em que a matéria, o fato jurídico,

reclama a perícia existencial, causal e conseqüencial. O juiz não pode se assenhorear do

poder de mitigar os meios de provas, segundo mera convicção pessoal apartada da

realidade do litígio e ungida pela passionalidade para usurpar-se da função reservada ao

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legislador a que cabe desenhar o modelo jurídico do processo de produção e o processo de

recepção da prova.

2 DA LEGISLAÇÃO SOBRE INCÊNDIOS E EXPLOSÕES

2.1 DOS CRIMES DE PERIGO COMUM:

Os crimes de perigo comum relativos à investigação de incêndios são: art. 250 do

CPB - Incêndio, e art. 251 do CPB – Explosão, conforme se segue:

a) O crime de Incêndio:

Art. 250 – Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o

patrimônio de outrem;

  Núcleo do tipo penal

  Causar  – significa provocar, dar origem ou produzir;

  Sujeito Ativo - pode ser qualquer pessoa;

 Sujeito Passivo - é a sociedade, pois se trata de crime vago;

 Elemento Subjetivo do tipo penal  - é dolo de perigo, ou seja, a vontade de gerar 

um risco não tolerado a terceiros;

  Exame Pericial   – obrigatório.

 Art. 173 do CPP:

[...] no caso de incêndio os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o

perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano

e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.

  Admite a modalidade culposa diante da comprovação de ter agido o incendiário com:

  Imprudência;

  Negligência;

  Imperícia.

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b) O crime de Explosão:

Art. 251 – expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,

mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite

ou de substância de efeitos análogos.   Núcleo do tipo penal:

  Expor – significa arriscar, pôr à vista;

  Sujeito Ativo - pode ser qualquer pessoa;

  Sujeito Passivo - é a sociedade.

  Admite a modalidade culposa diante da comprovação de ter agido o sujeito ativo

com:

  Imprudência;

  Negligência;

  Imperícia.

3 A PERÍCIA

3.1 APURAÇÃO DE CRIMES

3.1.1 Da Segurança Pública

a) Atribuições constitucionais

 Art. 144 da CF/88

[...]

§ 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela

União e estruturado em carreira, destina-se:

I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,

serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,

assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e

exija repressão uniforme

[...]

§ 4º - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada

a competência da União, as funções de polícia judiciária e apuração de infrações penais,

exceto as militares

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3.1.2 Das Provas

Conceito de Provar: significa formar a convicção do juiz sobre a existência ou não de

fatos relevantes no processo. (Chiovenda)

 Art. 212 do Código Civil de 2002

O fato jurídico pode ser provado mediante:

a) Confissão;

b) Documento;

c) Testemunha;

d) Presunção.

3.1.3 Perícia

3.1.3.1 A Prova Pericial

  Art. 420 do CPC:

“A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”

3.1.3.2 Do exame de corpo delito e das perícias em geral

  Art. 158 do CPP:

“Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,

direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”

  Art. 159 do CPP:

Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por 

dois peritos oficiais

§ 1º - Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas

pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior,

escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica

relacionada à natureza do exame.

Nov a red ação dad a pela Lei n.º11.690, de 9 d e ju nh o d e 2008: 

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  Art. 159:

O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por 

perito oficial, portador de diploma de curso superior.

§ 1º - Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas)pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior 

preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem

habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

§ 2o Os peritos não-oficiais prestarão o compromisso de bem e

fielmente desempenhar o encargo.

§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de

acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de

quesitos e indicação de assistente técnico.

§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e

após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos

oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,

quanto à perícia:

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para

responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os

quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados

com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as

respostas em laudo complementar;

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres

em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.

§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que

serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão

oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito

oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua

conservação.

§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área

de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de

mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente

técnico.” (NR)

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3.1.4 Perícia de Incêndio

3.1.4.1 Competência

Os Corpos de Bombeiros são órgãos integrantes da estrutura de segurança pública

de acordo com o que preceitua o Art.144 da Constituição Federal,  in verbis:

 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e

responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem

pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos

seguintes órgãos:

§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação

da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das

atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de

defesa civil.

 As atribuições de que trata o § 5º da Constituição Federal encontra-se disciplinado

no Art. 2º da Lei de Organização Básica do CBMDF, Lei n. o 8255 de 20 de novembro de

1991, diploma legal recepcionado pela Carta Política de 1988, conforme se segue:

Art. 2° Compete ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal:

I - realizar serviços de prevenção e extinção de incêndios;

II - realizar serviços de busca e salvamento;

III - realizar perícias de incêndio relacionadas com sua

competência;

IV - prestar socorros nos casos de sinistros, sempre que houver 

ameaça de destruição de haveres, vítimas ou pessoas em iminente

perigo de vida;

V - realizar pesquisas técnico-científicas, com vistas à obtenção

de produtos e processos, que permitam o desenvolvimento de

sistemas de segurança contra incêndio e pânico;

VI - realizar atividades de segurança contra incêndio e pânico,

com vistas à proteção das pessoas e dos bens públicos e

privados;

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VII - executar atividades de prevenção aos incêndios florestais, com

vistas à proteção ambiental;

VIII - executar as atividades de defesa civil;

IX - executar as ações de segurança pública que lhe foremcometidas por ato do Presidente da República, em caso de grave

comprometimento da ordem pública e durante a vigência do estado

de defesa, do estado de sítio e de intervenção no Distrito Federal.

 Assim fica evidenciado que a atividade de perícia de incêndio encontra-se na

competência legal do CBMDF, embora não se possa falar em competência privativa uma

vez que a Lei-Maior não concedeu tal adjetivação à matéria.

3.1.4.2 Natureza Jurídica da Perícia de Incêndio

Compulsando a lei adjetiva, especificamente os Códigos de Processo Penal e

Processo Civil, verifica-se que as perícias em geral estão situadas no capítulo destinado à

prova, o que permitiria com certa tranqüilidade afirmar que as perícias tem a natureza

urídica de prova na dinâmica processual.

 Alguns autores, como o Profº Adalberto Aranha, identificam uma natureza especial

no que tange as perícias, assim pensa o ilustre professor:

“Contudo, embora situada como uma prova nominada idêntica às demais, para nós,

numa afirmativa arrojada, tem a perícia uma natureza jurídica toda especial que extravasa a

condição de simples meio probatório, para atingir uma posição intermediária entre a prova e

a sentença.”

E continua:

“A prova tem como objeto os fatos, a perícia uma manifestação técnica científica, e a

sentença, uma declaração de direito.”

Entende-se que para o objeto proposto pelo presente curso de perícia de incêndio

pode-se considerar a perícia apenas como autêntico meio de prova, a partir daquilo que

estampa a lei processual, pois em última análise a manifestação técnico-científica produzida

pelo perito, estará condicionada como as demais provas ao livre convencimento motivado

do magistrado, seja nos processos civil ou penal.

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3.1.4.2.1 Da Prova

Considerando a perícia como um meio de prova deve-se então realizar algumas

considerações acerca da classificação da prova, de seu objeto, da avaliação e da licitude daprova.

3.1.4.2.2 Classificação

Em doutrina nos deparamos com diversos tipos de classificação das provas,

contudo, adotaremos a classificação de Framarino Malatesta, pois, além de ser uma das

mais festejadas, cumpre com brilhantismo o que se espera de uma classificação. Segundo o

citado autor as provas se classificam quanto ao objeto, ao sujeito e a forma.

Quanto ao objeto as provas podem ser diretas ou indiretas, as primeiras destinam-se

a provar imediatamente o fato a que se deseja ver esclarecido, como exemplo posso citar 

uma prova testemunhal que afirma ter visto  José Bruto ter tirado a vida de  Sofia Sofrida. Já

as provas indiretas visam atestar um determinado fato que levará a um raciocínio de

formulação de hipóteses que, por conseqüência, autorizará a formulação de um pensamento

conclusivo por indução ou dedução. As provas indiretas constituem indícios e presunções.

Quanto ao sujeito as provas podem ser reais ou morais, as provas morais são

aquelas que atestam os fatos por elas mesmas ao contrário das morais que estão

impregnadas de impressão subjetivas de cada indivíduo.

Por último as prova se classificam quanto a forma, dividas em testemunhal,

documental e material.

3.1.4.3 Disposições Atinentes à Nomeação dos Peritos no CPPM

a) Nomeação de peritos:

 Art. 47 Os peritos e intérpretes serão de nomeação do juiz, sem intervenção das

partes.

b) Preferência:

 Art. 48 - Os peritos ou intérpretes serão nomeados de preferência dentre oficiais da

ativa, atendida a especialidade.

  Compromisso legal

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Parágrafo único - O perito ou intérprete prestará compromisso de desempenhar a

função com obediência à disciplina judiciária e de responder fielmente aos quesitos

propostos pelo juiz e pelas partes.

c) Encargo obrigatório:

 Art. 49 - O encargo de perito ou intérprete não pode ser recusado, salvo motivo

relevante que o nomeado justificará, para apreciação do juiz.

Penalidade em caso de recusa

 Art. 50 - No caso de recusa irrelevante, o juiz poderá aplicar multa correspondente

até três dias de vencimentos, se o nomeado os tiver fixos por exercício de função;

ou, se isto não acontecer, arbitrá-lo em quantia que irá de um décimo à metade do

maior salário mínimo do país.

  Casos extensivos

Parágrafo único - Incorrerá na mesma pena o perito ou o intérprete que, sem justa

causa:

  deixar de acudir ao chamado da autoridade;

  não comparecer no dia e local designados para o exame;

  não apresentar o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos

prazos estabelecidos.

d) Não comparecimento do perito:

 Art. 51 - No caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, o juiz poderá

determinar sua apresentação, oficiando, para esse fim, à autoridade militar ou civil

competente, quando se tratar de oficial ou de funcionário público.

e) Impedimentos dos peritos:

 Art. 52 - Não poderão ser peritos ou intérpretes:

 os que estiverem sujeitos a interdição que os inabilite para o exercício de função

pública;

 os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre

o objeto da perícia;

 os que não tiverem habilitação ou idoneidade para o seu desempenho;

 os menores de vinte e um anos.

f) Suspeição de peritos e intérpretes:

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 Art. 53 - É extensivo aos peritos e intérpretes, no que lhes for aplicável, o disposto

sobre suspeição de juízes.

3.1.4.4 Da Perícia no CPPM

a)   Objeto da perícia:

 Art. 314 - A perícia pode ter por objeto os vestígios materiais deixados pelo crime ou

as pessoas e coisas, que, por sua ligação com o crime, possam servir-lhe de prova.

b)   Determinação:

 Art 315 - A perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar ou pela

 judiciária, ou requerida por qualquer das partes.

  Negação

Parágrafo único. Salvo no caso de exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a

perícia, se a reputar desnecessária ao esclarecimento da verdade.

c)   Formulação de quesitos:

 Art 316 - A autoridade que determinar perícia formulará os quesitos que entender 

necessários. Poderão, igualmente, fazê-lo: no inquérito, o indiciado; e, durante a

instrução criminal, o Ministério Público e o acusado, em prazo que lhes for marcado

para aquele fim, pelo auditor.

d)   Requisitos:

 Art 317 - Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido inequívoco, não

podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta.

  Exigência de especificação e esclarecimento

§ 1º O juiz, de ofício ou a pedido de qualquer dos peritos, poderá mandar que as

partes especifiquem os quesitos genéricos, dividam os complexos ou esclareçam os

duvidosos, devendo indeferir os que não sejam pertinentes ao objeto da perícia, bem

como os que sejam sugestivos ou contenham implícita a resposta.

  Esclarecimento de ordem técnica

§ 2º Ainda que o quesito não permita resposta decisiva do perito, poderá ser 

formulado, desde que tenha por fim esclarecimento indispensável de ordem técnica,

a respeito de fato que é objeto da perícia.

e)   Número dos peritos e habilitação:

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 Art. 318 - As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos,

especializados no assunto ou com habilitação técnica, observado o disposto no art.

48.

f)   Resposta aos quesitos:

 Art. 319 - Os peritos descreverão minuciosamente o que examinarem e responderão

com clareza e de modo positivo aos quesitos formulados, que serão transcritos no

laudo.

  Fundamentação

Parágrafo único - As respostas poderão ser fundamentadas, em seqüência a cada

quesito.

g)   Apresentação de pessoas e objetos:

 Art. 320 - Os peritos poderão solicitar da autoridade competente a apresentação de

pessoas, instrumentos ou objetos que tenham relação com crime, assim como os

esclarecimentos que se tornem necessários à orientação da perícia.

h)   Requisição de perícia ou exame:

 Art. 321 - A autoridade policial militar e a judiciária poderão requisitar dos institutos

médicos legais (IMLs), dos laboratórios oficiais e de quaisquer repartições técnicas,

militares ou civis, as perícias e exames que se tornem necessários ao processo, bem

como, para o mesmo fim, homologar os que neles tenham sido regularmente

realizados.

i)   Divergência entre os peritos:

 Art. 322 - Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto de

exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá

separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro. Se este divergir de

ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

 j)   Suprimento do laudo:

 Art. 323 - No caso de inobservância de formalidade ou no caso de omissão,

obscuridade ou contradição, a autoridade policial militar ou judiciária mandará suprir 

a formalidade, ou completar ou esclarecer o laudo. Poderá igualmente, sempre que

entender necessário, ouvir os peritos, para qualquer esclarecimento.   Procedimento de novo exame

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Parágrafo único - A autoridade poderá, também, ordenar que se proceda a novo

exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

k)   Ilustração dos laudos: Art. 324 - Sempre que conveniente e possível, os laudos de perícias ou exames

serão ilustrados com fotografias, microfotografias, desenhos ou esquemas,

devidamente rubricados.

l)   Prazo para apresentação do laudo:

 Art. 325 - A autoridade policial militar ou a judiciária, tendo em atenção a natureza do

exame, marcará prazo razoável, que poderá ser prorrogado, para a apresentação

dos laudos.

  Vista do laudo

Parágrafo único - Do laudo será dada vista às partes, pelo prazo de três dias, para

requererem quaisquer esclarecimentos dos peritos ou apresentarem quesitos

suplementares para esse fim, que o juiz poderá admitir, desde que pertinentes e não

infrinjam o art. 317 e seu § 1º.

m)  Liberdade de apreciação:

 Art. 326 - O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo

ou em parte.

n)   Perícias em lugar sujeito à administração militar ou repartição:

 Art. 327 - As perícias, exames ou outras diligências que, para fins probatórios,

tenham que ser feitos em quartéis, navios, aeronaves, estabelecimentos ou

repartições, militares ou civis, devem ser precedidos de comunicações aos

respectivos comandantes, diretores ou chefes, pela autoridade competente.

o)   Infração que deixa vestígios:

 Art. 328 - Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo

de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

  Corpo de delito indireto

Parágrafo único. Não sendo possível o exame de corpo de delito direto, por haverem

desaparecido os vestígios da infração, supri-lo-á a prova testemunhal.

p)   Oportunidade do exame:

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 Art. 329 - O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer 

hora.

q)   Exame nos crimes contra a pessoa: Art. 330. Os exames que tiverem por fim comprovar a existência de crime contra a

pessoa abrangerão:

 exames de lesões corporais;

 exames de sanidade física;

 exames de sanidade mental;

 exames cadavéricos, precedidos ou não de exumação;

 exames de identidade de pessoa;

 exames de laboratório;

 exames de instrumentos que tenham servido à prática do crime.

3.1.4.5 Disposições Atinentes à Nomeação dos Peritos no CPC

 Art. 145 - Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz

será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.

§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente

inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll,

deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)

§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar,

mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº

7.270, de 10.12.1984)

§ 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os

requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.

(Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)

 Art. 146 - O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei,

empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo

legítimo.

Parágrafo único - A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da

intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a

alegá-la (art. 423). (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

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LESGISLAÇÃO APLICADA À INVESTIGAÇÃO – APOSTILA TEÓRICA

 Art. 147 - O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos

prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras

perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.

3.1.4.6 Da Perícia no CPC

 Art. 420 - A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

 Art. 421 - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.

(Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de

nomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;

§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição

pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a

respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado. (Redação dada

pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

 Art. 422 - O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido,

independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da

parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de

24.8.1992)

 Art. 423 - O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou

suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz

nomeará novo perito. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

 Art. 424 - O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei nº 8.455, de

24.8.1992)

I - carecer de conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado.

(Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

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LESGISLAÇÃO APLICADA À INVESTIGAÇÃO – APOSTILA TEÓRICA

Parágrafo único - No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação

profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor 

da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. (Redação dada pela Lei nº

8.455, de 24.8.1992)

 Art. 425 - Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da

untada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

 Art. 426 - Compete ao juiz:

I - indeferir quesitos impertinentes;

II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.

 Art. 427 - O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na

contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos

elucidativos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)

 Art. 428 - Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de

perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.

 Art. 429 - Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos

utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,

solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem

como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

 Art. 431-A - As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo

perito para ter início a produção da prova. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

 Art. 431-B - Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de

conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais

de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

 Art. 432 - Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo,

o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.

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 Art. 433 - O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20

(vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 8.455,

de 24.8.1992)

Parágrafo único - Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10(dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.(Redação dada pela Lei nº

10.358, de 27.12.2001)

 Art. 434 - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou

for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos

estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como

do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento. (Redação dada pela Lei nº

8.952, de 13.12.1994)

Parágrafo único - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito

poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições

públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria

do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para

fins de comparação.

 Art. 435 - A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá

ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas,

sob forma de quesitos.

Parágrafo único - O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os

esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da

audiência.

 Art. 436 - O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com

outros elementos ou fatos provados nos autos.

 Art. 437 - O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de

nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida.

 Art. 438 - A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e

destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.

 Art. 439 - A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.

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Parágrafo único - A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar 

livremente o valor de uma e outra.

3.1.5 Da Suspeição e do Impedimento

3.1.5.1 Do Impedimento

O impedimento se dá em função da atuação do perito no feito ou de seus parentes. É

considerado vício insanável podendo ser conhecido de ofício, não sofrendo preclusão

podendo ser levantado em qualquer fase da ação. O Art. 134, do Código de Processo Civil,

relaciona os casos de impedimento, que embora direcionado aos peritos aplicam-se por 

disposição da lei adjetiva aos peritos:

 Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo

contencioso ou voluntário:

I – de que for parte;

II – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,

funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento

como testemunha;

III – que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido

sentença ou decisão;

IV – quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu

cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha

reta, ou na linha colateral até o segundo grau;

V- quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das

partes, em linha reata ou, na colateral, até o terceiro grau;

VI – quando for órgão de direção ou de administração de pessoa

urídica, parte na causa.

3.1.5.2 Da Suspeição

 A suspeição se dá em função da amizade ou inimizade do juiz com as partes do

feito. Não pode ser conhecida de ofício necessitando da provocação das partes, ficando

superada se não for alegada a tempo. O Art. 135, do Código de Processo Civil, relaciona os

casos e suspeição:

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 Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz,

quando:

I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II- alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjugeou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro

grau;

III – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das

partes;

IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo;

aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou

subministrar meios para atender às despesas do litígio;

V – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes;

Parágrafo único - Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo

íntimo.

3.1.5.3 Exceção

O Código de Processo Civil, por meio do Art. 304, estabelece a exceção como meio

para argüição do impedimento e da suspeição.

“Art. 304. É lícito a qualquer das partes arguir, por meio de exceção, a incompetência

(art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).”

O Código de Processo, em seu Art. 138, estende a aplicação do impedimento e da

suspeição também ao Ministério Público, serventuários da justiça, aos peritos e interpretes,

conforme se segue:

 Art. 138. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição:

I – ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo

parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;

II – ao serventuário da justiça;

III – ao perito;

IV – ao intérprete.

Determinando o Art. 138, em seu § 1º, que nestes casos o juiz mandará

processar o incidente em separado, ouvindo o argüido em cinco dias, facultando

provas para o julgamento do pedido, in verbis:

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 Art. 138 [...]

§ 1º A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a

suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na

primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos; o juizmandará processar o incidente em separado e sem suspensão da

causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a

prova quando necessária e julgando o pedido.

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MÓDULO V – INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO FLORESTAL

Autor: TC QOBM/ Comb. Edgard SALES Filho

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2 GENERALIDADES SOBRE O INCÊNDIO FLORESTAL ........................................ 1

2.1 ELEMENTOS ............................................................................................................ 1

2.1.1 Material Combustível ........................................................................................... 1

2.1.2 Condições Climáticas .......................................................................................... 2

2.1.3 Topografia ............................................................................................................ 2

2.1.4 Tipos de cobertura florestal ................................................................................ 3

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS ............................................ 3

2.2.1 Incêndios Subterrâneos ...................................................................................... 3

2.2.2 Incêndios de Superfície ....................................................................................... 4

2.2.3 Incêndios de Copa ............................................................................................... 4

2.3 CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS ................................................................ 5

2.4 PARTES DO INCÊNDIO FLORESTAL .................................................................... 5

3 INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS .................................................... 6

3.1 DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DO INCÊNDIO FLORESTAL .................................. 7

3.2 INDICADORES DE QUEIMA ................................................................................... 9

3.3 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO .............................................................. 17

3.4 MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DAS CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 20

REFERÊNCIAS   ..............................................................................................................   28

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1 INTRODUÇÃO

Os incêndios florestais trazem grandes prejuízos ao meio ambiente do país a cada ano

mobilizando uma grande soma de esforços e recursos do setor público nas operações deprevenção e combate.

O grande número de incêndios tem levado a pensar na efetividade e eficácia dos

planos de prevenção e combate a incêndios florestais existentes, que podem ser locais,

aplicados especificamente nas Unidades de Conservação, ou globais, podendo ser 

implementados como política pública pelo governo.

Neste contexto apresenta-se a disciplina Investigação de Incêndios Florestais visando

propiciar, aos futuros peritos, conhecimentos sobre técnicas investigativas de incêndios

florestais para que eles possam identificar os fenômenos correlatos aos incêndios em

vegetação e suas causas.

2 GENERALIDADES SOBRE O INCÊNDIO FLORESTAL

2.1 ELEMENTOS

2.1.1 Material combustível

Material combustível florestal pode ser definido como qualquer material

orgânico, vivo ou morto, no solo ou acima deste, capaz de entrar em ignição e

queimar. Dentre as características dos combustíveis que mais influenciam a ignição e

a propagação dos incêndios destacam-se: a quantidade, a umidade, a inflamabilidade,

a continuidade e a compactação.

 A quantidade de material combustível existente em uma área indica se o fogo vai se

propagar ou não e determina a quantidade de calor que será liberada na queima.

 A inflamabilidade está associada à estrutura, teor de umidade, composição mineral,

presença de substâncias inflamáveis e estado fisiológico. Normalmente, à medida que

aumenta a proporção de combustível fino morto, tais como: folhas, acículas, e pequenos

ramos, aumentam a inflamabilidade do material combustível. Isto ocorre porque quanto mais

fina a partícula de combustível for mais rápida é a troca de calor e umidade entre o

combustível e o ambiente.

 A continuidade do combustível refere-se à sua distribuição sobre uma área, tanto no

sentido horizontal quanto vertical. É uma característica muito importante porque controla

parcialmente onde o fogo pode ir e a velocidade com que se propaga.

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Quando o material está distribuído uniformemente sobre uma área, não há interrupção

no combustível e as chamas irão se propagar sem obstáculos. Quanto à continuidade não é

uniforme, isto é, quando o combustível está disposto de forma dispersa, há dificuldade do

fogo se propagar devido às interrupções do combustível sobre a área. A compactação refere-se ao espaçamento entre as partículas do combustível. É

expresso normalmente em peso por unidade de volume do combustível depositado na

superfície da floresta. A melhor maneira para reduzir a inflamabilidade pela alteração da

compactação é compactar os combustíveis finos e separar ou espalhar os combustíveis

grossos.

2.1.2 Condições climáticas

 As florestas e os incêndios florestais são fortemente afetados pela variação climática.

Elementos meteorológicos, tais como: temperatura, umidade relativa, vento e precipitação,

têm efeitos característicos sobre o comportamento do fogo, influenciando decisivamente a

ignição e a propagação dos incêndios.

Os ventos afetam o comportamento do fogo de várias maneiras. O vento leva para

longe o ar carregado de umidade, acelerando a secagem dos combustíveis. Ventos leves

auxiliam certos materiais em brasa a dar início ao fogo. Uma vez iniciado o fogo, o vento

auxilia a combustão pelo aumento do suprimento de oxigênio. O vento alastra o fogo por 

meio do transporte de materiais acesos ou aquecidos para novos locais, e inclina as chamas

para perto dos combustíveis não queimados que estão à frente do fogo. A direção da

propagação é determinada principalmente pelo vento.

Embora o comportamento do fogo seja afetado diretamente pela temperatura, a

maioria dos efeitos é indireta. Quanto mais aquecido o ar e as partículas de combustível,

menor a quantidade de calor necessária para iniciar e continuar o processo.

 A umidade atmosférica é, certamente, um dos fatores mais importantes na propagação

dos incêndios florestais. Existe uma troca contínua de vapor d’água entre a atmosfera e o

combustível depositado no piso da floresta. O material seco absorve umidade de uma

atmosfera úmida e libera água quando o ar está seco. A quantidade de vapor d’água

(umidade) que o material morto pode absorver do ar e reter dependem, basicamente, da

umidade do ar.

2.1.3 Topografia

Incêndios que progridem morro acima são extremamente mais rápidos e perigosos

que aqueles que avançam morro abaixo, conseqüência do pré-aquecimento da vegetação à

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frente pela corrente de ar ascendente produzida pelo próprio incêndio. Por outro lado, os

incêndios morro abaixo, embora mais lentos, podem produzir rolamento de materiais

incandescentes sobre a área ainda não queimada, produzindo novos focos.

O aclive facilita a propagação do fogo de acordo com o grau de inclinação. O fogotende a se alastrar para cima. Dependendo do local, a topografia é mais importante do que

os ventos na propagação do fogo.

2.1.4 Tipos de cobertura vegetal

 As características dos combustíveis florestais (a vegetação) influenciam na velocidade

de propagação do incêndio e na produção de calor. Combustíveis leves geram incêndios

muito rápidos, mas com baixa produção de calor (exemplo: gramíneas). Combustíveis

pesados (troncos, por exemplo) geram queimas lentas, mas extremamente quentes. A

continuidade horizontal dos combustíveis acelera o avanço do incêndio, enquanto vegetação

descontínua o retarda. Já a continuidade vertical favorece a ocorrência dos incêndios de

copa.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

 A classificação mais adequada para definir os tipos de incêndios se baseia no grau

de envolvimento de cada estrato do combustível florestal, desde o solo mineral até o topo

das árvores, no processo da combustão. Neste caso, os incêndios são classificados em

subterrâneos, superficiais e de copa.

2.2.1. Incêndios Subterrâneos

São geralmente ocasionados pelo fogo que queima sob a superfície do solo

(incêndio superficial), em face da grande acumulação de matéria orgânica, húmus ou turfa

em determinados tipos de florestas. Os tipos de solos em que se verficam estes incêndios

se caracterizem por seu grande conteúdo de umidade, os quais, em determinadas

circunstâncias, quando secam, ardem facilmente, dando origem às vezes a sérios incêndios.

O fogo avança, nessas ocasiões, com elevada temperatura, tornando difícil o

combate do mesmo. Algumas vezes um incêndio subterrâneo se transforma em superficial.

Devido ao seu lento avanço, este tipo de incêndio causa grandes danos às raízes e a

fauna de solo. A fertilidade do solo fica comprometida, assim como o solo fica mais sujeito a

processos erosivos. A dificuldade de extinção determina que muitas vezes um incêndio

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desta classe dure o suficiente para afetar uma área tão extensa como a abarcada por um

incêndio superficial.

2.2.2. Incêndios de Superfície

São os que se desenvolvem na superfície do piso da floresta, queimando os restos

vegetais não decompostos tais como folhas, galhos, gramíneas, enfim, todo o material

combustível até cerca de 1,80 metros de altura. Esses materiais são geralmente bastante

inflamáveis, principalmente durante a estação seca, e por esta razão, os incêndios florestais

superficiais são caracterizados por uma propagação relativamente rápida, abundância de

chamas, muito calor, mas não sendo muito difícil de combater.

Estes incêndios são os mais comuns de todos os tipos, podendo ocorrer em todas as

regiões onde ocorra vegetação. É também a forma pela qual começam quase todos os

incêndios, isto é, praticamente todos os incêndios iniciam como fogos superficiais.

Havendo condições favoráveis, tais como tipo de vegetação, material combustível,

intensidade de fogo e condições atmosféricas, os incêndios superficiais podem dar origem

tanto a incêndios de copa como subterrâneos, desde que as condições favoreçam.

2.2.3. Incêndios de Copa

São considerados incêndios de copas os que queimam combustíveis acima de 1,80

metros de altura. A folhagem é totalmente destruída e as árvores geralmente morrem. A

exceção dos casos excepcionais, como raios, por exemplo, todos os incêndios de copas

originam-se de incêndios superficiais.

Estes incêndios propagam-se rapidamente, liberando grande quantidade de calor e

são sempre seguidos por um incêndio superficial. Isto porque os incêndios de copa deixam

cair fagulhas e outros materiais acesos que irão queimando gradativamente os arbustos e

os materiais combustíveis da superfície do solo.

 As condições fundamentais para que haja ocorrência de incêndios de copa são as

folhagens combustíveis e a presença de vento para transportar o calor de copa em copa.

Em todos os incêndios de copas o fator que influi na sua propagação é o vento, de

tal maneira que, quando este inexiste, dificilmente o fogo atinge e se expande pela copa das

árvores. Normalmente o fogo avança na velocidade de 3 a 4 km/h, dependendo das

espécies que caracterizam o bosque incendiado. Em condições favoráveis a velocidade de

avanço do fogo pode atingir a velocidade de até 15 km/h.

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É importante mencionar ainda que os três tipos de incêndios descritos podem e

acontecem simultaneamente ou nas diversas combinações possíveis, dependendo das

condições existentes.

2.3 CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

O conhecimento das causas dos incêndios florestais é de extrema importância,

principalmente levando-se em consideração que o ponto de partida para a elaboração dos

laudos de perícias e dos planos de prevenção é saber quem (ou o quê) iniciou o fogo.

 A análise das causas dos incêndios, através dos registros das ocorrências de

incêndios florestais, é uma forma simples e prática de avaliar o grau de risco em função das

principais fontes de fogo. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of the

United Nations   - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), as

principais causas dos incêndios que ocorrem no mundo podem ser agrupadas nas seguintes

categorias:

a) Raios;

b) Incendiários;

c) Queimas para limpeza;

d) Operações florestais;

e) Fumantes;

f) Fogos de recreação;

g) Estradas de ferro;

h) Diversos.

Pode-se observar que apenas o grupo de causas “raios” não é de responsabilidade

humana. Todas as demais decorrem de atividades humanas. As estatísticas mais recentes

sobre incêndios florestais no Brasil indicam que, de acordo com a classificação da FAO, as

principais causas dos incêndios florestais são “queimas para limpeza” e “incendiários”.

2.4 PARTES DO INCÊNDIO FLORESTAL

a) CABEÇA OU FRENTE - Parte do fogo que avança mais rapidamente na direção do

vento ou subindo uma encosta;

b) FLANCOS - São os lados de um incêndio;

c) BASE OU CAUDA - É a parte posterior do incêndio, onde o fogo avança lentamente

contra o vento.

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Figura 1 – exemplificação dos termos empregados no combate a incêndio.

3 INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

Os indicadores de queima, aqui apresentados, foram observados experimentalmente

nos incêndios florestais. Apesar disso, um ou dois indicadores não darão a certeza do

sentido do fogo, há que se observar, portanto, o máximo de padrões existentes na área para

que a conclusão sobre a origem do incêndio seja correta.

O perito de incêndio florestal necessita ter senso de observação espacial,

conhecimento do comportamento do fogo e das influencias ambientais, cautela e

concentração ao inspecionar a área do incêndio.

 As informações fornecidas por pessoas que viram o incêndio não podem influenciar o

trabalho de levantamento da área, só após o perito encontrar a causa do incêndio e concluir 

o croqui da área contendo todos os indicadores observados e orientados em relação aos

pontos aos pontos cardeais é que deverá analisar depoimentos sobre o ocorrido compondo

assim o seu trabalho com levantamento técnico e depoimentos de testemunhas.

Devido a importância de campo, deverá anotar sem hesitação, os depoimentos das

pessoas presentes durante o incêndio, como testemunhas e principalmente dos

combatentes do sinistro.

 A busca por caminhos se inicia na parte mais extensa da forma V ou U, a parte

externa da trilha da queimada. Investigadores trabalham de forma reversa a partir das linhas

externas, examinando tudo na trilha do incêndio e buscando pistas na direção em que o

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fogo se alastrou. Se eles encontram a trilha de movimentação do fogo, e combinam essa

trilha à disposição do terreno e às direções do vento em relação ao tempo do incêndio, é

possível encontrar seu foco inicial.

 Algumas das evidências que os investigadores analisam conforme avançam emdireção às margens da trilha do incêndio incluem:

a) partes carbonizadas das árvores: a parte da árvore mais atingida pelo incêndio

provavelmente aponta a direção do foco do incêndio – o perito faz a seguinte

pergunta qual lado das árvores está mais danificado?;

b) grama queimada: o fogo queima primeiro a parte inferior da grama, fazendo com que

as pontas das folhas caiam. Se elas caem na direção do fogo, as pontas ficarão tão

queimadas quanto as bases. Mas, se as folhas caem para trás, suas pontas

permanecem intactas. Ao cair as pontas de grama que não se queimaram

normalmente apontam a direção da origem do fogo;

c) acúmulo de cinzas: onde as cinzas são dispersas da queimada, os investigadores

podem recriar caminhos do vento em certos momentos do incêndio. Onde o acúmulo

de cinzas cai em arbustos não queimados ou grama, os investigadores podem

determinar uma seqüência de eventos para aquela seção do incêndio - o que

queimou primeiro e o que queimou depois;

d) troncos caídos de árvores não queimados: queimadas se iniciam baixas e depois

ganham mais altura. Onde caem troncos de árvores não queimados no local

queimado, os investigadores deduzem que o fogo não havia alcançado o topo da

árvore. Este ponto provavelmente está próximo à origem do fogo em relação a um

local onde os troncos de árvore estão totalmente queimados.

3.1 DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DO INCÊNDIO FLORESTAL

Na cabeça do incêndio as chamas estão à favor do vento em direção aos

combustíveis, é onde o dano é maior, o fogo é mais forte pois os meios de propagação do

fogo (radiação, convecção e condutibilidade) são mais intensos.

Na traseira do fogo as chamas propagam-se contra o vento, portanto, a velocidade

de alastramento é menor.

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Figura 2 – delimitação das zonas do incêndio florestal

Os incêndios florestais começam pequenos e aumentam de intensidade ao evoluir.

Os danos na origem do fogo são geralmente bastante menores que na cabeça do incêndio.

O perito em busca da causa do incêndio deve ter conhecimento operacional de como

o incêndio florestal se comporta sob condições variáveis para, durante a procura da zona de

confusão, conjugar seus conhecimentos sobre o comportamento do fogo com indicadores

de queima, pois há sempre a possibilidade de alastramento irregular devido a um

comportamento variável do fogo sob as diferentes influências ambientais, conforme se vê:

a)   Barreiras:   afetam a velocidade e o alastramento do fogo, podendo até mesmoextingui-lo, e também influem nos efeitos de radiação e convecção. As barreiras

geralmente causam turbilhões de vento que podem mudar a direção do fogo ao

menos em pequenas distâncias, independentemente do vento dominante. Barreiras

podem ser formadas por rochas, elevações ou baixios sem vegetação suficiente ao

fogo, cursos d’água, etc.

b)   Umidade do ar e temperatura atmosférica: são fatores decisivos para a ocorrência de

incêndio florestal. Os dois fatores conjugados promovem a rápida desidratação do

material combustível predispondo-o à queima. A umidade relativa do ar estádiretamente relacionada com a baixa pluviosidade.

c) Intensidade do Incêndio Florestal:

  Maior volume de combustíveis de queima rápida;

  Predomínio dos combustíveis uniformes;

  Menor teor de umidade nos combustíveis;

  Aclives à frente do fogo;

  Ventos fortes;

  Baixa umidade relativa do ar;

  Temperatura atmosférica elevada.

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  Menor volume de combustíveis de queima rápida

  Predomínio dos combustíveis desuniformes   Maior teor de umidade nos combustíveis

  Declives à frente do fogo

  Ventos fracos

  Elevada umidade do ar 

  Temperatura baixa

3.2 INDICADORES DE QUEIMA

Indicadores de queima indicam a direção do fogo e poderão ocorrer tanto nos

combustíveis grandes quanto nos pequenos. Jamais usar apenas um indicador de queima, é

importante observar cuidadosamente mais indicadores conjugando-os sempre com

conhecimentos sobre o comportamento do fogo.

Uma queima completa resultará em cinza clara, embranquecida e uma queima

incompleta em cinza escura, geralmente quando mais distante do ponto de origem o

incêndio fica mais intenso e a queima, portanto, mais completa.

O tamanho, a definição dos indicadores, diminui à medida que nos aproximamos da

origem do incêndio, pois próximo da origem é menor a intensidade do fogo.

Supondo que ocorram indicadores incoerentes, siga sempre a maioria dos

indicadores para determinar o percurso do fogo. A cada indicador de queima utilize o GPS

para georeferenciar e usa a bússola para indicar a direção, para posicionar no croqui da

área queimada.

a)   Indi cad or - Talos d e gram íneas : 

 A aproximação do fogo causa um pré-aquecimento nos talos das gramíneas

aquecendo e carbonizando-os primeiramente de um lado, reduzindo-os em tamanho

pelo efeito da rápida desidratação e diminuindo suas resistências.

Conseqüentemente, os talos cairão no sentido do lado enfraquecido.

 A observação de outros indicadores torna-se imprescindível, pois podem

ocorrer circunstâncias, tais como, vento que determinam o sentido de tombamento

independendo da ação do fogo. Detalhes do topo dos talos poderão determinar se ofogo foi contra ou a favor do vento, conforme se vê nas figuras a seguir:

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Figura 3 – ação do fogo nas gramíneas, com detalhes de queima a favor e conta o vento

Figura 4 – ação do fogo nas gramíneas, com detalhes da queda dos talos

b)   Indic ador - Com bu stíveis pro tegid os : 

Uma queima vagarosa, de baixa temperatura, queimará somente a vegetação

que está frontalmente exposta ao fogo. Analise o conjunto das plantas queimadas.

Geralmente os combustíveis protegidos não mostram sinais de queima.

Uma grande área que queime vagarosamente apresentará, quando vista

longe de seu ponto de origem, uma coloração mais clara devido a queima mais

completa. Próximo ao ponto de origem do fogo a combustão será incompleta e,

portanto, as cinzas mais escuras.

 A parte da planta ou madeira atingida pelo fogo apresentará uma queimamais intensa, mais completa, uma cinza embranquecida no lado voltado frontalmente

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ao fogo enquanto no lado oposto (protegido) haverá menos sinais de ter sido

queimado.

Figura 5 – ação do fogo nos combustíveis protegidos

Qualquer objeto protetor apresentará um tipo específico de queima, a área

protegida apresentará bem distinta. Haverá uma linha clara de queima na parte

frontal ao fogo e um contorno desigual, de queima incompleta, na parte oposta à

frente do fogo.

Figura 6 – ação do fogo nos combustíveis protegidos – marca de combustão

c)   In d i ca d o r - C ar b o n i za o em f o r ma d e ca va :  

Os aprofundamentos da queima (cavas) nos combustíveis, em geral ocorrem

frontalmente ao sentido do vento, pois é o lado exposto ao vento e, portanto, a

queima é mais intensa. Este efeito ocorre até em gramíneas e pode ser examinado

friccionando-se a costa da mão na área queimada.

Este movimento, quando feito na área carbonizada posicionada frontalmente

ao sentido do fogo proporcionará a sensação de algo aveludado. No lado oposto

(protegido) haverá a sensação de algo áspero.

Há que fazer este movimento em todas as partes queimadas até encontrar as

áreas que proporcionam mais acentuadamente as sensações ásperas e aveludadas.

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Figura 7 - carbonização em forma de cava

d)   Indi cad or - Lin ha d e carb on ização: 

Este tipo de indicador é comum nos troncos das árvores e permanecerá por 

muito tempo após o incêndio. Quando um incêndio queima morro acima ou num

plano horizontal a favor do vento a linha superior da carbonização incide em ângulos

em relação ao solo.

Quando um incêndio queima morro abaixo ou num plano horizontal contra o

vento a linha superior da carbonização será paralela ao solo.

     V     E     N     T     O

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Figura 8 - linha de carbonização nos troncos das árvores, a favor do vento e morro acima

Figura 9 - linha de carbonização nos troncos das árvores, contra o vento e morro abaixo

Em qualquer destas situações, o acúmulo de combustíveis (folhas, galhos) de

um lado do tronco causará um aumento no ângulo da linha de carbonização apenas

naquele lado, mas não afetará o padrão de carbonização no restante do perímetro do

tronco.

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e)   In d i ca d o r - A l t u r a d a ca r b o n i za o e i n t e n si d ad e d o ve n t o :  

 A intensidade do vento determina a altura da carbonização nos troncos das

árvores. Quanto mais fraco for o vento maior altura alcançará a carbonização,quando mais forte o vento menor altura de carbonização, conforme representado na

figura a seguir:

Figura 10 - altura de carbonização pela intensidade do vendo

f)   In d i ca d o r - D i st n c i a d a o r i g e m a u me n t a a in t en si d a d e d o f o g o :  

O fogo na sua origem movimenta-se vagarosamente só desenvolvendo calor e velocidade à medida que se afasta da origem.

Na área de sua origem o fogo produz temperaturas relativamente baixas e as

copas das árvores sofrem poucas, ou nenhumas, conseqüências.

 Ao se afastar da origem o incêndio vai aumentando a intensidade,

produzindo correntes de ar quente e elevadas temperaturas que aquecem,

desidratam e queimam as copas das árvores.

Figura 11 - altura de carbonização pela intensidade do fogo

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g)   In d i ca d o r - F o r ma d e j aca r :  

É uma forma de carbonização normalmente encontrada em estacas de

cercas, estruturas de madeira, suporte de placas de sinalização, etc.

Caso as formas de jacaré se apresentam com aspecto de escamas largas ebrilhantes a queima foi resultado de fogo rápido e de alta temperatura (o mesmo

visto nos caibros de incêndios em barracos de madeira). As escamas pequenas e

opacas são resultado de fogo lento e não muito quente.

 A profundidade da carbonização é um bom indicador do sentido do fogo.

Figura 12 – indicador de forma de carbonização nas cercas

h)   Indicador - Congelamento de galhos :  

Quando as folhas e galhos finos recebem muito calor, ficam macios e

facilmente curvam-se no sentido do vento. Ao esfriarem, geralmente ficam curvadas

no sentido do fogo.

É um excelente indicador, porém, a observação de outros indicadores

conjugados a este e aos conhecimentos do perito sobre o comportamento do fogo é

imprescindível. O congelamento se dá conforme se vê na figura seguir:

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Figura 13 – congelamento de galhos

i)   Indic ador - Manch as em ob jetos n ão co m bu stíveis : 

Rochas, latas, vidros, metais, torrões de terra, cupinzeiros, outros objetos não

combustíveis e os combustíveis não atingidos pelo fogo, ficarão manchados por 

vapores liberados pelos combustíveis queimados e por minúsculas partículas

impulsionadas pelo fogo que ficarão aderidas nas suas superfícies.

Figura 14 – manchas em objetos não combustíveis

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 j)   Indicador - Ful igem: 

 A fuligem é depositada nas cercas metálicas no lado voltado frontalmente ao

fogo. Os arames mais próximos ao solo apresentam maior evidência deste indicador 

de queima.

Figura 15 – indicador de fuligem em cercas metálicas

3.3 INDICADORES DE FONTES DE IGNIÇÃO

a)   Cer c as el étr ic as : 

O fogo pode ocorrer em qualquer parte da cerca que esteja em contato com a

vegetação, um indicador é uma estaca ou haste de vegetal queimado a partir da

altura do arame da cerca até o solo.

b)   Cigarro:  

Para que seja a causa do incêndio há que ocorrer simultaneamente asseguintes condições:

  Umidade relativa do ar muito baixa;

  Combustível em contato com a brasa do cigarro tem que ser leve,

extremamente fino e seco;

  A brasa do cigarro deve estar em contato com o combustível;

  Se o cigarro for a causa do sinistro, a parte do cigarro que está em contato

com o solo não ficará totalmente queimada como ocorre na queima

progressiva de um cigarro livre de contato com algum sólido ou quando é

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fumado, também o papel da parte do cigarro que está em contato com o solo

fica manchado de nicotina.

c)   Com bu st ão espo ntânea: 

 A ação bacteriana em feno, sementes, cereais ou serragem em condições

especialíssimas de ausência de oxigênio e teor de umidade adequado num espaço

isolado propício para uma completa oxidação e um tempo considerável para que

essas condições desenvolvam calor suficiente para a combustão, são fatores

imprescindíveis.

Feno molhado ou montes de serragem úmida são os ambientes mais

adequados.

Material preto carbonizado, como carvão, é produzido pela combustão e é um

indicador que auxilia na identificação desta fonte de ignição.

d)   Fogo s de arti fício s e fogu etes sin alizadores: 

Borra branca (com aspecto de porcelana) e pó no local onde arderam os

foguetes sinalizadores.

Resíduos provenientes de fogos de artifícios são mais delicieis de detectar,

pequenas partículas inflamáveis e não inflamáveis podem ser espalhadas a alguma

distancia do local da explosão.

 A área onde ocorreu explosão de fogos de artifício pode ficar ligeiramente

comprimida e até mesmo haver a formação de um buraco, um exame cuidadoso

neste ponto pode mostrar fragmentos de papel que são misturados ao solo no

momento da explosão.

e)   Lin ha d e tran sm iss ão d e alta tens ão: 

Incêndios superficiais podem ser causados por fios elétricos caídos (podem

ocorrer animais eletrocutados).

Os cabos condutores de energia das linhas de transmissão são instalados a

uma altura compatível com o nível de tensão que conduzem assim a camada de ar 

funciona como um capacitor que garante a diferença de potencial existente entre a

linha de transmissão e a terra, evitando desta forma o desligamento da linha.

 A camada de ar em volta do cabo condutor fica totalmente ionizada devido ao

gradiente de potencial ou campo elétrico da linha de transmissão.

Durante a ocorrência de um incêndio sob a linha de transmissão, o calor do

fogo ioniza toda a camada de ar e, a fumaça contendo partículas de carbono e

fuligem, condutores de corrente elétrica, abre um buraco na camada de ar que vai do

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solo onde passa o incêndio às linhas de transmissão formando assim um caminho

para a corrente elétrica escoar para o solo.

 Assim acontece descarga elétrica (ou falha elétrica na rede) provocada por 

um incêndio que passa sob as linhas de transmissão de energia, resultando nodesligamento imediato após a falha elétrica e podendo ocorrer também o religamento

automático em poucos minutos.

 As linhas de transmissão de alta tensão emitem um ruído de efeito corona

que se ouve quando energizadas, mas o crepitar do fogo pode impedir a audição e,

mesmo que haja certeza de que a linha está desligada, existe a possibilidade de

religamento automático mais de uma vez.

 A atitude correta é combater o fogo antes ou após a sua passagem pelas

linhas de alta tensão. Na eventualidade da ocorrência de falha elétrica numa linha de

transmissão, o indicador seria um buraco no solo causador pela descarga elétrica ou

troncos de árvores ou arbustos próximos com lascas, evidenciando a descarga,

porém, este indicador seria da conseqüência do incêndio e não da causa daí a

importância de observar vários indicadores.

Em qualquer circunstância o combate ao fogo em linhas de transmissão

 jamais deve ser feito a menos de 30 metros da linha, nunca utilizando abafador, pois

seu uso implica em caminhar e apoiar-se com os pés afastados criando nesta

posição uma diferença de potencial, ou tensão de passo, possibilitando a passagem

da corrente elétrica pelo corpo do homem.

 A forma segura é, distanciado de 30 metros da linha, usar jatos d’água

sempre direcionados ao solo, nunca em direção aos cabos condutores de energia

elétrica.

f)   Desc arg as Atm os féric as (Raios ): 

Pode-se identificar os incêndios florestais provocados pro descargas

atmosféricas por meio das marcas nas árvores ou em objetos combustíveis

atingidos. Lascas de troncos, raízes ou do material combustível atingido. Outros

indícios podem ser as perfurações na terra e relatos de ocorrência recente de

tempestade, os fragmentos derretidos e vitrificados de areia em uma profundidade

de 20 cm a 30 cm (nos casos de terreno arenoso) e a distância ou improbabilidade

de atividade humana na área queimada.

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g)   Veícu lo s pes ado s: 

Marcas de pneus próximas à zona de origem, ou zona de origem próxima a

estradas, linhas de trens, etc. Rodovia ou ferrovia próxima de material combustívelfino e seco.

Partículas incandescentes, expelidas pelo escapamento de veículos pesados

que utilizam motores de baixa compressão, ocorrem quando elas caem em

combustíveis finos e secos.

Qualquer motor pode ejetar partículas quentes, um motor mal regulado

acumulará maior quantidade de carbono nos cilindros e nos escapamentos, porém,

motores de alta compressão (gasolina e álcool) têm menor probabilidade de ejetar 

partículas incandescentes.

Ocorre também em trechos onde é necessária a redução de velocidade ou

aceleração súbita, em conseqüência, há a ejeção de partículas incandescentes.

 As partículas das sapatas de freio de locomotiva em descidas acentuadas das

estradas de ferro, os focos neste caso podem ocorrer em ambos os lados da ferrovia

sempre próximos dos trilhos.

Curvas, desvios, declives da ferrovia onde o uso dos freios da locomotiva é

mais solicitado.

h)   Vidro, metal ref let ivo e espelho:  

 A probabilidade de ignição causada por estes materiais é extremamente

remota, pois a concentração dos raios solares por esses meios não produz

temperaturas tão elevadas para que ocorra a ignescência (produção de fogo).

Seria necessária a ocorrência simultânea em condições excepcionais de

todos os fatores predisponentes à queima tais como combustível fino, homogêneo,

com umidade extremamente baixa, umidade relativa do ar baixíssima, brisa suave e

sol incidindo forte e favoravelmente sobre o objeto concentrador dos raios solares.

3.4 MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DAS CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

Há certas técnicas que são usadas para se determinar as causas de um incêndio.

Investigar um incêndio florestal é normalmente mais difícil do que investigar um incêndio

urbano, pois existem muito mais fatores ambientais envolvidos quando há fogo em um

ambiente aberto. Mas, os princípios técnicos são os mesmos. Tudo inicia com a descoberta

do ponto de origem.

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Incêndios florestais ocorrem de maneira muito específica. Mesmo com fatores

inesperados da natureza e o aparente comportamento fora de controle de um incêndio

queimando vasta área de uma floresta, há características que se podem presumir.

Em primeiro lugar, os incêndios normalmente se iniciam pequenos e se tornammaiores e mais quentes conforme avançam. Elas se dispersam para fora, normalmente em

forma de V ou U, e movem-se mais rapidamente morro acima, e tendem a mover-se na

mesma direção do vento.

Com estes princípios em mente (e muitos outros – releia os demais capítulos), os

peritos buscam pistas para localizar a fonte do incêndio.

a)   Ent rad a na área qu eim ada: 

Circule a área queimada, observando indicadores que permitam verificar o

sentido do fogo, circule a área três vezes ou a ter certeza de haver encontrado o

caminho que o fogo percorreu à favor do vento – não entre na área se não tiver 

certeza absoluta, pegue todos os pontos do perímetro, com o GPS, a cada vértice da

poligonal.

Sempre que possível, fazer um sobrevôo na área do incêndio, neste caso

pode usar a aeronave para plotar os pontos da poligonal do incêndio.

 Ao certificar-se por onde passou a cabeça do fogo, entre na área

cautelosamente em busca do maior número possível de indicadores de queima, daí

a necessidade de andar em zigue-zague.

Usando a prancheta de campo, trena, GPS, bússola, lápis e borracha,

desenhe a área localizando com a maior precisão possível todos os indicadores de

queima, anotando distâncias, se possível, direção (azimute) e georeferenciando que

o indicador de queima acusa para o sentido do fogo e delimitando o corredor 

estabelecido pelo fogo à favor do vento usando a seta como símbolo.

Onde não for corredor (onde o fogo foi contra o vento) preencha com o

símbolo escama no sentido inverso ao da seta – o corredor estabelecido pelo fogo a

favor do vento pode ser variado tanto em número quanto em tamanho de área, sem

homogeneidade em suas características, por isso as medições de largura dos

corredores são importantes para o desenho do corredor principal sem que

desconsidere a importância dos corredores secundários.

Usando um aparelho GPS geoestacionário, a utilização da trena não se faz

necessária.

Quando encontrar uma área cujas características de queima são iguais em

todas as direções, onde a queima é mais branda e incompleta, uma área cuja forma,

provavelmente, seja mais ou menos circular e onde os indicadores de queima são

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menores e confusos, pare, há possibilidade de ter encontrado a zona de confusão.

Não entre nela ainda.

Circule a zona de confusão, delimitando com barbante toda a área, plote os

pontos desta poligonal, esta área deverá ser vistoriada meticulosamente pelo métodoadequado e deve ser protegida da melhor forma possível.

Caso não seja a zona de confusão, revise o croqui da área, analise o possível

comportamento do fogo naquela área, pense e continue na busca de mais

indicadores de queima.

Lembre-se sempre conjugar os conhecimentos sobre o comportamento do

fogo com os indicadores de queima.

Observação e concentração são os comportamentos decisivos na busca da

zona de confusão.

No caso de grandes áreas queimadas encontre a área onde ouve combate ao

fogo e entre nela buscando indicadores de queima bem definidos, ande na área em

segmentos estreitos, em linha reta, em três ou mais direções e se não encontrar a

zona de confusão saia e entre novamente em outro lugar usando o mesmo

procedimento.

Nos casos que o incêndio foi combatido por Militares do Corpo de Bombeiros,

leve o chefe da guarnição para mostrar onde estava a linha de fogo no início do

combate, assim se ganha tempo na busca do melhor local de entrada da área

queimada.

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Figura 16 – entrada na área queimada

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b)   Análise da zona de confus o:  

 Após o mapeamento dos indicadores de queima existentes nas áreas onde o

fogo foi a favor e contra o vento (sem ter encontrado na zona de confusão), a fontede ignição poderá ser visível, mas, caso contrário, há que se analisar 

detalhadamente a zona de confusão.

 A zona de confusão é a área onde o fogo tinha pouca intensidade, pois

iniciava sua propagação, é onde ocorreu uma queima leve e, conseqüentemente, os

indicadores de queima são menos definidos, mais confusos. Nesta área é visível a

queima incompleta e semelhante em todas as direções. As características destas

zonas são:

 queima mais leve;

 queima semelhante em todas as direções;

  costuma ter forma circular com características semelhantes tanto no

sentido da cabeça do fogo quanto no sentido da traseira do fogo;

  indicadores de queima menores, menos definidos e confusos.

 Agora procure o objeto que causou o incêndio, procure o ponto de origem

onde foi aplicado o dispositivo de ignição.

Sem entrar na zona de confusão dividi-a com barbante em segmentos longos

e estreitos, quando mais estreito o segmento, mais criteriosa e completa será a

busca da causa da ignição.

Entre num segmento da zona de confusão e concentre-se em pequenas

áreas de cada vez, use uma vara da largura do segmento par ir marcando os setores

analisados.

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Figura 17 – zona de confusão dividida em segmentos

Ao observar os indicadores de queima lembre-se:  

 A zona de confusão é realmente confusa, enganadora.

 Siga sempre a maioria dos indicadores, eles são pequenos devido a baixa

intensidade do calor, porém, eles estão lá, se necessário use a lente de

aumento.

 Observe os diversos tipos de indicadores de queima.   Faça um croqui dos seguimentos localizando os indicadores de queima

para sua orientação nesta busca.

 Ao encontrar a causa da ignição fotografe-a, faça um croqui completo e por 

fim, se tiver indícios de incêndio criminoso, contate com a Perícia da PC,

não toque no objeto e apóie a perícia deles com as informações colhidas.

Se você for o responsável pela perícia criminal, recolha os restos do objeto

causador da ignição sem tocá-lo com os dedos acondicionando em caixa

adequada forrada de algodão para mantê-lo intacto.

 Faça um croqui, georeferenciado, usando softwares especializados, como

o AUTOCAD, ARQVIEW, TRACKMAKER, etc. Utilize imagens de satélites

para elaborar o mapa temático, incluindo cada tipo de vegetação perdida,

se não houver imagens atualizadas use as imagens do   Google Eart , mas

diversas organizações governamentais possuem cartas e imagens

atualizadas, como por exemplo, SEMARH, IBAMA, SEDHUMA, entre

outros.

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O mais importante em tudo isso que foi escrito é a sua capacidade, adquirida

com o treinamento, de ler com precisão os indicadores de queima suja única

finalidade é indicar a direção e o sentido do fogo para que possa chegar até a causa

de ignição do incêndio florestal.

c)   E q u i p a me n t o :  

  prancheta, lápis, borracha e régua.

  GPS (geoestacionário) - os GPS de navegações possuem um erro de 10 a 20

metros, ficando inadequado para delimitação de área e perdas;

  bússola;

  lente de aumento;

  trena (50m);

  sacos plásticos, caixa com algodão para acondicionar vestígios;

  pinça grande;

  barbante para demarcação;

  máquina fotográfica;

  fita adesiva;

  suporte técnico – trabalho de processamento e georeferenciamento de imagens

e criação/plotagem de mapas.

d)   Fotograf ia:  

 A fotografia permite levar ao laudo a evidencia que não pode ser transportada

(aspectos topográficos) ou que é susceptível de apagar-se com o tempo, tais como

marcas de combustão.

 As fotografias devem aparentar o aspecto mais natural possível. Para uma

vista geral de toda a cena as lentes devem estar a altura dos olhos do fotógrafo e

direcionadas horizontalmente, envolvendo aspectos próximos (evidências e causas)

e distantes (acidentes topográficos). Sempre que possível deve ter um link entre a

fotografia e os pontos das marcas de queima indicados no croqui.

Examine cuidadosamente a área da origem do incêndio, com a finalidade de

registrar nas fotos, diferentes posições, o máximo de informações possíveis,

possibilitando ao observador entender onde e como o incêndio começou.

 A seqüência fotográfica deve conter o seguinte:

  fotografias da cena geral – fotografias de diversos ângulos, mostrando os

dados importantes, evidências e aspectos topográficos que caracterizam a

área, por exemplo, um indicador de queima em primeiro plano (mostrando o

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sentido do incêndio) e uma característica topográfica da região em segundo

plano (mostrando onde se situa a área investigativa).

  fotografias à média distância – tem a finalidade de mostrar as áreas

importantes com mais detalhes que as fotos da cena geral, porém, devem ser facilmente identificadas nas fotos da cena geral.

  fotografias de maior proximidade – todas as evidências importantes devem

ser fotografadas o mais próximo possível para registrar o maior número de

detalhes procurando captar, em segundo plano, aspectos que caracterizam a

região do incêndio, objetivo contido nas fotografias da cena geral.

e)   C r o q u i e me mo r i a l d e scr i t ivo :  

O desenho deve ser claro, objetivo e feito em escala que dê para ser 

entendida, uma escala de 1:10.000 é uma boa escala.

Deve sempre que possível conter no mínimo 3 mapas, um com a área

queimada, indicando o foco inicial e o sentido de propagação do incêndio,

georeferenciado, contendo as legendas das fotografias. Outro mapa importante é a

inserção da imagem de satélite sobre a poligonal do incêndio, e por fim o mapa

temático, com o trabalho da imagem do satélite mostra-se todos os tipos de

vegetação existente.

O memorial descritivo deve conter a área total do incêndio, data, hora, fatores

climáticos (como umidade, temperatura, velocidade e direção do vento, índice de

inflamabilidade), área de cada tipo de vegetação queimada e danos indiretos, técnica

usada no tratamento das imagens e a origem da imagem usada.

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REFERÊNCIAS

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Operação Verde Vivo, 2004,2005, 2006 e 2007. Boletim Geral do CBMDF. Brasília (DF).

 ______. Técnicas e Táticas de combate a incêndios Florestais - Curso de prevenção ecombate a incêndios florestais. 4º Batalhão de Incêndio Florestal. Brasília (DF): CBMDF,2007.

COSTA, Alexandre Oliveira.  Bombeiros Florestais Temporários. Trabalho monográficoapresentado no Curso Superior de Bombeiro Militar do Corpo de Bombeiros Militar doDistrito Federal, Brasília (DF): CBMDF, 2005.

COUTO, Elmar Alfenas; CÂNDIDO, José Flávio.   Incêndios Florestais. UniversidadeFederal de Viçosa, Imprensa Universitária Viçosa. Minas Gerais. 1995.

FIEDLER, Nilton César.  Estratégias de prevenção e combate aos incêndios florestaispara a região Centro-Oeste. In: Anais do VI fórum do Plano de Prevenção e Combate deIncêndios Florestais do Distrito Federal. Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricosdo Distrito Federal. Brasília, 2003. p. 83-99.

HERINGER, E. P. et al.  A flora do cerrado. In: SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, 4.ed,1977, São Paulo. Anais. Universidade de São Paulo, 1977. p.15-36.

LAGARES, Robson de Oliveira.  Análise da efetividade e eficácia do plano de prevençãoe combate a incêndios florestais no Distrito Federal. Dissertação de Mestrado. Brasília(DF): Universidade de Brasília, 2007.

MOTA, José Aroudo.   O valor da Natureza: Economia e política dos recursosambientais. Rio de Janeiro (RJ): Garamond, 2001. 200p.

PREVFOGO - IBAMA. Investigação da causa do Incêndio Florestal, Roraima, 2.000.35pg.

SCHUMACHER, Mauro Valdir; BRUN, Eleandro José; CALIL, Francine Neves.   CadernoDidático: Proteção Florestal.  Departamento de Ciências Florestais - Universidade Federal

de Santa Maria. Santa Maria (RS), 2005.

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS DO DF.   Mapa Ambientaldo Distrito Federal. Brasília (DF), 2000.

 ______.   Caderno Técnico: prevenção e combate aos Incêndios Florestais emUnidades de Conservação. Brasília (DF): Athalaia, 2004.

SOARES, Ronaldo Viana. Perfil dos incêndios florestais no Brasil. In: 2º Simpósio Latino Americano de Controle de Incêndios Florestais. Piracicaba (SP), 2001.

UNESCO. 2002.   Vegetação no Distrito Federal: tempo e espaço. 2ed. Brasília (DF):UNESCO. 80p

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MÓDULO IV – QUÍMICA APLICADA AO INCÊNDIO

Autor: Cap. QOBM/ Comb. Rissel Francisco Coelho Cardoch Valdez

SUMÁRIO

1 TABELA PERIÓDICA ................................................................................................. 1

2 LIGAÇÃO QUÍMICA .................................................................................................... 32.1 TIPOS DE LIGAÇÃO ................................................................................................ 32.2 INFLUÊNCIA DA LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO SOBRE O PONTO DE EBULIÇÃO 3

3 ESTRUTURA MOLECULAR E POLARIDADE .......................................................

3.1 TIPO XY2 ...................................................................................................................3.2 TIPO XY3 ...................................................................................................................3.3 TIPO XY4 ...................................................................................................................

4 MUDANÇA DE FASE ..................................................................................................

4

455

6

5 INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA ................................................................... 65.1 NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS .......................................... 65.2 NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS DE CADEIA NORMAL ........................... 75.2.1 Hidrocarbonetos...................................................................................................

6 A QUÍMICA DO PETRÓLEO ......................................................................................

7

8

7 DIAGRAMA DE ENERGIA DE ATIVAÇÃO ..............................................................

8 POLÍMEROS ................................................................................................................

9 LIMITES DE INFLAMABILIDADE ..............................................................................

10 COMBUSTÃO ............................................................................................................

11 O QUE É O FOGO? ...................................................................................................

10

10

12

12

1311.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................11.2 A CHAMA ................................................................................................................11.3 O FOGO E SEUS INGREDIENTES .......................................................................11.4 TIPOS DE FOGO ....................................................................................................

13151517

12 COMBUSTÃO DE SÓLIDOS ................................................................................... 19

13 DINÂMICA DO FOGO ............................................................................................... 20

14 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA ................................................................................. 21

15 AGENTES ACELERADORES E ACELERANTES ................................................... 22

16 PRINCIPAIS FONTES DE CONTAMINAÇÃO DA AMOSTRA DE INCÊNDIO......... 22

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1 TABELA PERIÓDICA

 A tabela periódica reúne todos os elementos químicos e os distribuem em famílias

(colunas) e períodos (linhas). Devido à periodicidade em várias propriedades dos elementos

constituintes da tabela abaixo, que ela é conhecida como tabela periódica. Nela, os

elementos estão dispostos em ordem crescente de número atômico (Z). Propriedades

químicas dos átomos, por exemplo, podem ser previstas com base na distribuição eletrônica

do átomo no estado fundamental, para tanto, verifica-se que período na tabela o elemento

ocupa.

Da tabela periódica é possível obter informações importantes como a massa

atômica, d istribuição eletrôn ica, tamanho relativo, eletronegatividade, características físicas,dentre outras.

 A tabela a seguir mostra uma listagem de alguns elementos e suas principais

utilizações:

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Figura 1: tabela periódica

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Figura 1 – Tabela de Elementos químicos e sua utilização

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2 LIGAÇÃO QUÍMICA

Os elementos dispostos na tabela periódica são, geralmente, encontrados na

natureza em aglomerados de átomos aos quais dá-se o nome de molécula. Os átomos de

diferentes elementos estabelecem ligações, doando, recebendo ou compartilhando elétrons

para adquirir uma configuração eletrônica igual à de um gás nobre no estado fundamental: 8

(oito) elétrons no nível mais externo de energia.

2.1 TIPOS DE LIGAÇÃO

a) l igação metál ica;

b) l igação iônica;c) l igação covalente;

d) l igação de hidrogênio.

2.2 INFLUÊNCIA DA LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO SOBRE O PONTO DE EBULIÇÃO

Como exemplo de ligação química, pode-se citar a ponte de hidrogênio (ou ligação

de hidrogênio). Este tipo de ligação ocorre quando uma diferença de eletronegatividade

entre os átomos de uma molécula que contenha hidrogênio atrai a nuvem eletrônica,

causando uma polarização com conseqüente deficiência eletrônica no átomo de hidrogênio,

o que o deixa com uma carga residual positiva.

Esta carga é responsável pelo alinhamento de outras moléculas (também

polarizadas) em resposta ao campo elétrico formado. O alinhamento resultante confere à

substância que contém pontes de hidrogênio uma coesão maior em relação a outras

substâncias, esse efeito pode ser observado no gráfico a seguir:

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Página 4 de 24Ponto de

1 81 134   Massa Molar 

(g/mol)

Figura 3: gráfico representativo da diferença de eletronegatividade

3 ESTRUTURA MOLECULAR E POLARIDADE

 Átomos diferentes formam ligações moleculares que podem ser enquadrados naclassificação do tópico anterior. Mas não é só o tipo de ligação que confere a uma molécula

suas propriedades características e, conseqüentemente, as propriedades características de

suas respectivas substâncias.

 A polaridade e a estrutura molecular (disposição dos átomos de uma molécula no

espaço) também são responsáveis por uma enorme gama de diferentes propriedades das

substâncias. Para se ter uma idéia da importância, basta se atentar ao fato de que a

diferença entre um diamante e um grafite de lápis está apenas na distribuição geométrica e

na forma como os átomos de carbono estão ligados.

3.1 TIPO XY2

a) Linear: exemplo - CO2 - Quando o elemento central não possui elétrons não

ligantes;

Moléculas deste tipo são apolares.CENTRO DE INVESTIGAÇ O E PREVENÇ O DE INCÊNDIOS

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2

H2T-2

-41H2S

H

ebuli ão °C1

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Página 5 de 24b) Angular: exemplo - H2O - Quando o elemento central possui elétrons não

ligantes;

 A molécula é polar 

3.2 TIPO XY3

a) Trigonal Plana:exemplo - BH3   -

quando o elemento

central não possui

elétrons não ligantes. A molécula é apolar 

b) Piramidal: exemplo - NH3 - quando o elemento central possui elétron não

ligante.

3.3 TIPO XY4

Tetraédrica:

exemplo - CH4 - Se os quatros átomos ligados ao carbono forem iguais, a molécula é apolar.

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Página 6 de 24

4 MUDANÇA DE FASE

O esquema abaixo representa os principais processos de mudança de estado físico

da matéria.

Figura 4: processos de mudança de estado físico da matéria.

 A temperatura de um sólido aumenta conforme se fornece calor. No ponto de fusão,

a temperatura permanece constante e o calor é usado para derreter a amostra. Quando

calor suficiente já foi fornecido para derreter todo sólido, a temperatura começa a aumentar 

novamente. Uma pausa similar acontece no ponto de ebulição. Os dados apresentados são

para a água.

5 INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA

 A Química Orgânica é o estudo de compostos de carbono.

5.1 NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS

Os nomes dos compostos orgânicos são dados seguindo as regras da IUPAC 1. Para

os compostos de cadeia normal, o nome é constituído de três partes, a saber:

PREFIXO + INFIXO + SUFIXO

prefixo: indica o número de átomos de carbono na cadeia.1 International Union of Pure and Aplied Chemistry .

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Para os dez primeiros, temos:

1 C - MET 6 C - HEX

2 C - ET 7 C - HEPT

3 C - PROP 8 C - OCT

4 C - BUT 9 C - NON

5 C - PENT 10 C - DEC

infixo: indica o tipo de saturação da cadeia (ligação simples, dupla ou tripla).

AN: para cadeia com ligações simples somente.

EN: para cadeia com pelo menos uma ligação dupla.

IN: para cadeia com pelo menos uma ligação tripla.

Sufixo: é a terminação característica da função química.

5.2 NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS DE CADEIA NORMAL

5.2.1 Hidrocarbonetos

Compostos constituídos apenas por átomos de carbono e hidrogênio.

v'  Alcanos

 Apresentam cadeia saturada. Fórmula-geral: CnH2n+2.

Exemplos:

No de carbonos Fórmula Prefixo Infixo Sufixo Nome

1 CH4   Met An o metano

2   C2H6   ET Na o etano

3   C3H8   Prop An o propano

4 C4H10   But An o butano

v '  Alcenos

Cadeia insaturada com uma ligação dupla. Fórmula-geral: CnH2n.

Exemplos:

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No de carbonos fórmula Prefixo Infixo sufixo nome

2  C2H4

  Et En o eteno

3   C3H6   Prop En o propeno

4   C4H8   but En o buteno

5 C5H10   pent En o penteno

v '  Alcinos

Cadeia insaturada com uma ligação tripla. Fórmula-geral: CnH2n−2.

Exemplos:

No de carbonos fórmula prefixo infixo sufixo nome

2   C2H2   et in o etino

3   C3H4   prop in o propino

4 C4H6   but In o butino

v '  Aromáticos

São derivados do benzeno. Todo composto aromático possui o anel ou núcleo

benzênico:

H

H

naftaleno

6 A QUÍMICA DO PETRÓLEO

O petróleo consiste principalmente de membros da família mais simples dos

compostos orgânicos, os hidrocarbonetos, compostos contendo apenas carbono e

hidrogênio.

O petróleo bruto contém centenas de diferentes tipos de hidrocarbonetos misturadose, para separá-los, é necessário refinar o petróleo.

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o   ou

benzeno

C

C C

8 1

7 2

6 3

5 4

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 As cadeias de hidrocarbonetos de diferentes tamanhos têm pontos de ebulição que

vão aumentando progressivamente, o que possibilita separá-las através do processo de

destilação. É isso o que acontece em uma refinaria de petróleo. Na etapa inicial do refino, o

petróleo bruto é aquecido e as diferentes cadeias são separadas de acordo com suas

temperaturas de evaporação. Cada comprimento de cadeia diferente tem uma propriedade

diferente que a torna útil de uma maneira específica.

Para entender a diversidade contida no petróleo bruto e o motivo pelo qual o seu

refino é tão importante, veja uma lista de produtos que se obtém a partir do petróleo bruto.

Os vários componentes do petróleo bruto têm tamanhos, pesos e temperaturas de

ebulição diferentes. Por isso, o primeiro passo é separar esses componentes. E devido à

diferença de suas temperaturas de ebulição, eles podem ser facilmente separados por um

processo chamado de destilação fracionada. Veja abaixo as etapas:

Figura 5: destilação fracionada do petróleo.

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7 DIAGRAMA DE ENERGIA DE ATIVAÇÃO

Para toda reação, há um mínimo de energia requerida para provocar a reação. Esta

é referida como energia de ativação. A figura abaixo é um diagrama de energia para a

reação CO com NO2. Eles têm uma energia de 226 kJ menor que a dos reagentes,  ΔH para

reação é -226kJ. No centro da figura está um intermediário denominado complexo ativado,

uma substância instável e de alta energia que deve ser formada antes que a reação possa

ocorrer. Este complexo ativado tem uma energia 134 kJ maior que a dos reagentes e 360 kJ

maior que a dos produtos. A energia de ativação, 134 kJ, é absorvida na conversão dos

reagentes ao complexo ativado. A natureza exata dessa substância é difícil de determinar.

Figura 6: gráfico do caminho da reação versus a energia de uma reação com catalisador e sem ocatal isador.

8 POLÍMEROS

 Ao longo dos últimos 60 anos, os químicos sintetizaram inúmeros polímeros

diferentes no laboratório. Estes polímeros sintéticos contêm geralmente um ou dois

monômeros, que são as estruturas básicas do polímero unidas em cadeias que podem

conter até milhares de unidades monoméricas.

Os polímeros, então, são moléculas gigantes e que formam diversos materiais que

estão presentes na cena de incêndio, tais como os plásticos, espumas, borracha, dentre

outros.

Cabe ressaltar, ainda, que em sua maioria possuem ligações químicas simples o que

explica o fato de possuírem, em princípio, baixo ponto de fusão. Por fim, o perito deve tomar 

cuidado que em grande parte os polímeros liberam gases tóxicos durante a combustão.

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Paralelamente, existem os polímeros naturais e, entre eles, o mais importante é a celulose,

uma vez que constitui a madeira.

Figura 7: estrutura química de alguns polímeros.

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9 LIMITES DE INFLAMABILIDADE (EXPLOSIVIDADE)

Limites de inflamabilidade (o termo pode ser usado como limites de explosividade)definem a concentração abaixo da qual a mistura ar/combustível é muito baixa (limite inferior 

de inflamabilidade, limite inferior de explosividade ou LEL) e acima do qual a mistura

ar/combustível é muito alta para queimar (limite superior de inflamabilidade, limite superior 

de explosividade ou UEL).

Figura 8: representação esquemática do conceito de limites de inflamabilidade (explosividade)

Figura 9: faixas de inflamabilidade (explosividade) de alguns gases

10 COMBUSTÃO

 A combustão é uma reação de oxi-redução em que um reagente é o redutor e se

denomina combustível e, geralmente, o oxigênio do ar é o agente oxidante e se denomina

comburente.CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS

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Quando existe excesso de oxigênio a combustão é total e completa e sempre se

produz CO2  e H2O. Quando falta oxigênio, a reação é dita incompleta e CO e C. Na

combustão, os átomos de H formarão H2O e o de C produzirão C ou CO2.

CH4 + 2O2   CO2 + 2H2O

C2H6 + 3,5O2   2CO2 + 3H2O

C2H6 + 2,5O2   2CO + 3H2O

CH4 + 1,5O2   2C + 3H2O

2C2H2 + 5O2   4CO2 +2H2O

C2H5OH+6O2   CO2 + 3H2O

 A combustão de um alcano representa a queima da gasolina, do diesel e do GLP,

por exemplo. As outras funções orgânicas também sofrem combustão, porém, somente oscompostos orgânicos halogenados ou com pouco hidrogênio não sofrem combustão (CCl 4).

 A combustão de um éter também produz CO2 e H2O:

C2H5OC2H5 + 6O2   4CO2 + 5H2O

Cabe ressaltar que o éter é um líquido muito volátil (PE=36,4 °C) e os seus vapores

são mais densos que o ar. Ou seja, deve-se tomar muito cuidado ao se trabalhar com éter,

pois os seus vapores escapam facilmente do recipiente e se depositam sobre a bancada,

por exemplo, e por ser também muito inflamável pode provocar um incêndio ao entrar em

contato com uma fonte ígnea.

O éter sofre oxidação lenta pelo oxigênio do ar, formando um peróxido o qual é uma

substância explosiva.

C2H5OC2H5 + 0,5O2   C2H5OOC2H5

11 O QUE É O FOGO? (Prin cip le s o f F ire Be h avio r d e J. Qu in t ie re    )

11.1 INTRODUÇÃO

 Antes de existir vida, existia fogo. Ele deixou a sua marca na história de diversas

formas. Em termos científicos, fogo ou combustão é uma reação química envolvendo um

combustível e um oxidante – normalmente o oxigênio do ar. Como pode-se distinguir 

combustão de fogo? Em termos científicos, fogo e combustão são sinônimos.

Por convenção, geralmente, trata-se o fogo de forma diferente de combustão, onde

fogo é a combustão na qual não há intenção de ser controlada. Os bombeiros tentam

controlá-la adicionando água ou outro agente, mas o processo do fogo não é umacombustão ”modelada”, como em um motor.

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v'   Fogo: reação química descontrolada a qual produz luz e energia suficiente

 para danificar a pele. Combustão: fogo, ou fogo controlado.

Fogo é uma reação química que envolve a liberação de luz e energia em

quantidades suficientes para serem percebíveis. Sempre haverá luz em uma chama (fogo)?Não. A queima do hidrogênio com o ar ou com o oxigênio produz apenas vapor d’água da

sua reação. Embora energia significante é produzida, não se pode ver a chama. Mas na

maioria das classificações onde se vê o processo de combustão, o fogo ou chama possuem

energia suficiente para serem percebidos, particularmente com energia suficiente para

danificar a nossa pele.

Ela pode não ser muito grande, mas a sua taxa de energia liberada por unidade de

volume da zona de reação química seria suficiente para provocar um ferimento local. Isto é

fogo. Ele é o resultado do risco de um fósforo, da queima de um carvão ou a conflagraçãode uma floresta.

Toda reação química conserva massa, o que significa que todos os átomos se

conservam, ao contrário de uma reação nuclear na qual alguns átomos são convertidos em

novos átomos. Em reação química, entretanto, as moléculas não são conservadas.

 A destruição delas é a essência de uma reação química, na qual elas são

transformadas em novas moléculas. Para uma combustão ou um fogo, a formação de novas

moléculas das moléculas do combustível e do oxigênio libera uma quantidade de energia.

Essa energia vem da quebra das forças de interação que mantém as moléculas juntas.É crucial ter um conceito visual do fenômeno do fogo antes de estabelecer qualquer 

estudo. Muitos efeitos são vistos (ou podem ser vistos, se planejados) durante a progressão

do fogo e ao movimento de sua fumaça. A forma da chama é influenciada pelo fluxo do

fluido induzido pela sua própria chama.

 A natureza do movimento da fumaça em edificações pode tomar diversas formas. Tal

visualização deve ser feita no laboratório para um estudo sistemático, mas bombeiros e

outros devem ser capazes em articular suas observações para os cientistas real izarem seus

estudos.Os cientistas não podem dimensionar seus laboratórios para limitar o escopo ou

relevância de suas observações do fenômeno do fogo. Entretanto, estudos em pequena

escala podem ser muito relevantes.

Processos em fogo podem ser razoavelmente representados em escala. Algumas

das fórmulas que serão estudas nesta apostila são resultadas de técnicas de escala usando

sistemas de laboratórios dimensionados.

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O padrão de queima resultante das chamas depende do tipo de combustível, do fluxo

do combustível e do espaço com relação ao teto. Atualmente nenhum modelo

computacional pode antecipar estes resultados.

11.2 A CHAMA

O processo do fogo natural pode tomar diferentes formas: chama difusa, brasa,

combustão espontânea e chama pré-misturada. Examinando a chama da vela com o

simples experimento dos trabalhos de Michael Faraday em 1850, você pode deduzir como

uma chama difusa funciona. Ele também mostra que o processo de ignição da chama

envolve uma chama pré-misturada e uma chama piloto.

Combustão espontânea não precisa de uma chama piloto, mas ocorre por causa

própria e o seu ambiente. Combustão espontânea também pode também ter duas partes:

combustão da chama – uma chama difusa e combustão da brasa – uma lenta oxidação docombustível sólido a temperaturas em torno de 400 °C.

11.3 O FOGO E SEUS INGREDIENTES

Combustão ou fogo é uma reação envolvendo a liberação de energia, parte em

forma de luz (uma chama). Maioria dos combustíveis é composto de carbono, hidrogênio e

oxigênio. Alguns dos combustíveis, particularmente os plásticos, podem conter outros

elementos tais como nitrogênio, cloro e flúor. Para definir uma reação química como fogo,

energia perceptível deve ser liberada: a taxa de energia liberada por unidade de volume dareação química determina se aquela reação é fogo.

O tamanho do fogo não é um fator. Na fronteira do fogo este nível de energia

incipiente deve ser de 1000 kW/m3 (o qual é suficiente para elevar a temperatura de 1000 kg

em 1°C por segundo). A temperatura na zona de reação pode atingir 2000 °C para

combustíveis gasosos e 1000 °C para reação de combustível sólido ( smoldering ).

O tetraedro do fogo é um conceito usado para descrever o processo do fogo. Os

elementos do triangulo do fogo são essenciais para a existência do fogo. O tetraedro do

fogo consiste da combinação de combustível com oxigênio em uma reação química paraliberar energia e outros produtos químicos.

O quarto vértice deste tetraedro é a reação em cadeia. Não existe fogo se não existir 

um mecanismo da reação se auto-sustentar. O calor liberado é transferido para o

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combustível sólido ou líquido para manter a vaporização dentro do combustível gasoso ou

para manter a temperatura a fim de garantir que a reação química persista.

Se for suprimido o combustível ou o oxigênio, ou se for reduzida a energia por 

agentes extintores ou retardantes, o fogo se extinguirá.

Figura 10: reação em cadeia do gás metano

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Reações Intermediárias que ocorrem na Combustão do Metano

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Página 17 de 2411.4 TIPOS DE FOGO

Pode-se separar o fogo dentro de quatro categorias distintas:

a) Chama difusa;

b) Smoldering ;

c) Combustão espontanea;d) Chama pré-misturada.

Chamas difusas representam a categoria predominante. Ela é o fogo em edificação,

é o fogo florestal, e é o fogo no palito de fósforo.  Smoldering  pode ser o nascimento ou a

morte de uma chama difusa.

Combustão espontânea é a incubação de uma reação química que leva para o

smoldering  ou chama. Ela pode ocorrer em semente oleosa de algodão, feno ou em pilhas

de madeira.

Chamas pré-misturadas representam o processo da combustão controlada tal como

ocorre em um motor a combustão interna de gasolina com uma vela de ignição ou motor a

diesel com auto ignição. Ela também representa a chama inicial na ignição de sólidos e

líquidos antes da chama difusa emergir.

a) Chama difusa: uma chama no qual o combustível e o oxigênio são

transportados (difundidos) de lados opostos da zona de reação.

b) Difusão: processo de transporte de espécies de uma zona de alta

concentração para uma zona de baixa concentração.

Uma chama difusa é um processo de combustão no qual o combustível gasoso e o

oxigênio são transportados para dentro da zona de reação em virtude das diferenças de

concentração. Este processo de transporte é chamado de difusão e é governado pela Lei de

Fick, o qual diz que uma dada espécie se moverá de uma área de alta para uma área de

baixa concentração na mistura.

Uma gota de tinta azul em copo com água se difundirá em direção à água e dará

uma coloração azul. Oxigênio do ar se deslocará para a chama onde a concentração é zero

onde ela será consumida na reação. O combustível é deslocado em direção à chama pelo

lado oposto da chama pelo mesmo processo. Os produtos da combustão se difundirão para

fora da chama em ambas direções.

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Figura 11: representação de uma chama difusa

 A maior parte das chamas naturais são chamas difusas. Um exemplo comum é a

chama de um pal ito de fósforo ou uma vela. Em uma vela a chama derrete a parafina, a qual

sobe o pavio por cap ilaridade.

 A chama então vaporiza a parafina e o combustível gasoso difunde para a chama

onde ele encontra o oxigênio. No palito a madeira é decomposta pelo calor da chama

tornando-se combustível gasoso e carvão. Este processo de decomposição é chamado de

pirólise.

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12 COMBUSTÃO DE SÓLIDOS

Figura 12: representação da combustão de um sólido.

 A combustão continua tanto quanto a chama irradia calor suficiente em direção à

superfície do sólido para produzir uma quantidade suficiente de vapores e gases.

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13 DINÂMICA DO FOGO

Figura 13: representação da dinâmica do fogo em um compartimento_1

Figura 14: representação da dinâmica do fogo em um compartimento_2

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14 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA

O diagrama abaixo mostra os diversos fatores que devem se combinar para que uma

combustão espontânea venha ocorrer.

Figura 15: interações necessárias para a combustão espontânea.

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15 AGENTES ACELERADORES OU ACELERANTES

Os acelerantes mais comuns utilizados devido à sua disponibilidade e inflamabilidade

são a gasolina, a querosene, o diesel, óleos minerais e os solventes. A técnica analítica de

identificação e quantificação da presença de líquido inflamável em uma amostra de incêndio

é a cromatografia gasosa com espectrometria de massa, de preferência acoplado ao

sistema de   headspace. Na disciplina de equipamentos este assunto será mais bem

tratado. A quantidade de acelerante que irá permanecer na amostra de incêndio depende de

diversos fatores dentre eles:

a) A volatilidade do acelerante;

b) A concentração inicial do acelerante;c) A intensidade do incêndio;

d) A solubilidade em água;

e) A porosidade da matriz;

f) A secagem da área depois do incêndio;

g) O tempo entre o incêndio e a coleta.

O perito coleta a amostra onde ele determina que uma quantidade de acelerante

possa ainda existir. Estas são geralmente áreas com alta concentração de acelerante ouonde a concentração de oxigênio tenha sido baixa durante e depois do incêndio.

 As amostras mais comuns são materiais do piso tais como carpete. Outras áreas

incluem pote de plantas ou amostras de solo abaixo do piso, onde o acelerante possa ter 

infiltrado, e paredes. Ainda, em áreas externas, amostras de grama.

16 PRINCIPAIS FONTES DE CONTAMINAÇÃO DA AMOSTRA DE INCÊNDIO

É muito comum encontrar relatórios analíticos que citam que a principal dificuldade

na análise de amostra de incêndio é a presença de produtos da pirólise e que estes

produtos interferem com a própria identificação do líquido inflamável. Os produtos da pirólise

são apenas uma parte dos produtos que são liberados pela queima de um substrato que irá

interferir na identificação do líquido inflamável (NEWMAN  apud  NIAHM, 2004).

No campo da análise de amostra de incêndio, o termo interferente é definido como

os produtos encontrados na amostra que interferem com a própria identificação dos

resíduos de líquidos inflamáveis. É possível diferenciar três categorias de produtos

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originados do substrato que irá interferir com descoberta e análise do líquido inflamável

(op.cit, 2004).

  Produtos da matriz;   Produtos da pirólise;

  Produtos da combustão.

Para melhor compreensão, será considerada a seqüência de eventos que ocorrem

quando um líquido inflamável foi utilizado para acelerar um incêndio.

Vamos considerar a matriz (substrato) como sendo um carpete de poliéster. Em

seguida, um agente acelerador, tal como a gasolina, é colocado sobre o carpete. Devido à

força gravitacional e à ação da força capilar, parte da gasolina irá penetrar para o interior da

matriz.

O agente acelerador será adsorvido na superfície do substrato e o excesso

permanecerá na forma de bolhas. Também, com líquido e tempo suficientes, o agente

acelerador poderá alcançar o piso abaixo do carpete. Parte do líquido também irá

evaporar a uma taxa que depende das propriedades físicas do líquido e das condições do

ambiente (op.cit, 2004). Nesta fase inicial, ocorre à ignição e os vapores acima do líquido

pegam fogo. Dessa forma, uma quantidade de calor é liberada devido ao processo de

combustão. A formação de vapores alimentará o fogo e, finalmente, a bolha desaparecerá.

Durante a combustão, verifica-se inicialmente a liberação de substâncias oriundas da

própria matriz.

 A partir da degradação térmica do substrato, ou seja, da pirólise da matriz, os

vapores são formados. Em razão das condições da vizinhança, eles sobem pela pluma da

chama e sustentam o fogo. Em certos pontos da pluma, algumas substâncias voláteis são

capturadas e retornam para o substrato carbonizado.

Em qualquer momento do incêndio, a extinção pode acontecer. O fogo pode auto-

extinguir pelo consumo do combustível ou do oxigênio, ou pode ser extinto pela ação de

agente externo (DEHAAN, 2007; NFPA 2004).

Durante a coleta, o investigador de incêndio desenvolve uma hipótese para origem e

a causa do incêndio (ALMIRALL, 2004; DEHAAN, 2007).

 A figura abaixo é uma representação esquemática dos interferentes que podem

contaminar a amostra (NEWMAN  apud  NIAHM, 2004).

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Figura 16: representação esquemática das formas de contaminação da amostra (NEWMAN apud NIAHM , 2004).

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MÓDULO VII – FÍSICA APLICADA AO INCÊNDIO

Autor: Maj. QOBM/ Comb. Paulo ARTHUR Santa Cruz dos Santos

SUMÁRIO

1 CONCEITOS TERMODINÂMICOS E NOÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 11.1 DEFINIÇÕES DE TERMOS .................................................................................... 11.2 CALOR ..................................................................................................................... 11.3 CALOR ESPECÍFICOS ........................................................................................... 21.4 CAPACIDADE TÉRMICA ........................................................................................ 2

1.5 TEMPERATURA ..................................................................................................... 21.6 TRABALHO .............................................................................................................. 21.7 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA .................................................................. 31.8 ENTALPIA ................................................................................................................ 31.9 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA .................................................................. 41.10 TRANSFERÊNCIA DE CALOR ............................................................................. 5

2 NOÇÕES DE TERMOQUÍMICA .................................................................................2.1 ENTALPIA MOLAR PADRÃO ................................................................................2.2 PODER CALORÍFERO ............................................................................................2.3 CARGA INCÊNDIO ..................................................................................................

3 COMPORTAMENTO DOS INCÊNDIOS ....................................................................3.1 PONTO DE FULGOR ...............................................................................................3.2 PONTO DE COMBUSTÃO ......................................................................................3.3 PONTO DE IGNIÇÃO ...............................................................................................3.4 DINÂMICA DO INCÊNDIO .......................................................................................3.5 FASES DO INCÊNDIO .............................................................................................3.6 CURVA TEMPO X TEMPERATURA .......................................................................3.7 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA EM INCÊNDIOS .............................................3.8 RELAÇÃO SUPERFÍCIE–MASSA ..........................................................................3.9 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA ................................................................................

8899

11111111111115181919

EXERCÍCIOS ................................................................................................................. 21

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1 CONCEITOS TERMODINÂMICOS E NOÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

1.1 DEFINIÇÕES DE TERMOS

a)   Termo dinâmic a : ramo da física que lida com fenômenos associados aos

conceitos de temperatura e calor;

b)   Sistema : é a parte do universo físico separado para estudo de suas

propriedades;

c)   Fronteira : é a delimitação dos sistemas, ou “parede” separatória;

d)   V i zi n h a n a  : é tudo que fica no exterior e próximo ao sistema;

e)   Sistema isolado : é aquele que não interage com a vizinhança. Não há trocas

de energia;

f)   S i s t em a f e c h ad o  : não há transporte de massa através da fronteira. É um

sistema de massa fixa;

g)   S i s t e m a a b e rt o  : pode haver transporte de massa através da fronteira. A

massa é variável (ex.: chuveiro);

h)   Pro p r i ed a d es t e rm o d i n âm i c a s  : São atributos do sistema que dão

informações a respeito. Podem ser detectadas por análise do sistema ou

medidos diretamente por instrumentos. Ex.: Massa, pressão, temperatura,

volume, etc. A variação das propriedades depende apenas dos estados inicial

e final do sistema;

i)   Estado termodin âmico : É a informação completa sobre o sistema definido

pelo valor das propriedades termodinâmicas. Conhecendo o estado

termodinâmico, todas as propriedades ficam definidas. Conhecendo-se ao

menos três propriedades termodinâmicas, define-se o estado termodinâmico.

1.2 CALOR

É a forma de energia em trânsito que flui em decorrência de uma diferença de

temperatura, durante uma mudança de estado termodinâmico. Pode fluir da vizinhança para

o sistema ou do sistema para a vizinhança.

É uma quantidade algébrica, sendo positivo “ao entrar” ou negativo ao “sair” do

sistema. Por exemplo, se você retira um refrigerante da geladeira e o coloca em cima da

mesa, ocorrerá um momento em que sua temperatura será igual à temperatura ambiente.

Isso ocorre porque há a troca de energia interna (ou térmica), que é a soma das energias

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cinéticas e potencial, associada aos movimentos aleatórios dos átomos, das moléculas que

fazem parte do objeto.

 A energia interna transferida é chamada CALOR. Para ferver 2 litros de leite demora-

se o dobro de tempo que é necessário para 1 litro, colocado na mesma panela e levado àmesma chama. A variação de temperatura é a mesma nos dois casos (ambiente ao ponto

de ebulição), mas a quantidade de calor é dupla para dois litros. A unidade de calor é a

caloria, definida como a quantidade de calor necessária para elevar de 14,5° a 15,5° C a

temperatura de 1 g de água.

1.3 CALOR ESPECÍFICO

É a quantidade de calor necessária para elevar de 1° C a temperatura de 1 g de uma

dada substância, medida em cal/g°C. Geralmente varia com a temperatura.

1.4 CAPACIDADE TÉRMICA

Se tivermos uma quantidade (m) gramas de massa de uma substância pura, de calor 

específico (c), a quantidade de calor (Q) necessária para elevar a sua temperatura de (T)

é:

Q = m.c. T, onde m.c = C (chamada   capacidade térmica  da amostra considerada),

portanto, C = Q/T a unidade de medida é cal/g°.

1.5 TEMPERATURA

É a medida do grau de agitação térmica das moléculas. Está associada à nossa

sensação intuitiva de quente e frio. A temperatura na termodinâmica, assim como a pressão,

caracteriza valores médios de grandezas microscópicas, uma vez que não faz sentido

identificar a temperatura de um sistema de dois ou três átomos isolados.

1.6 TRABALHO

É a forma de energia em trânsito que flui durante uma mudança de estado

termodinâmico que pode ser totalmente convertido no levantamento de uma massa

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verticalmente, na vizinhança. É convencionado que é positivo quando o sistema realiza

trabalho sobre a vizinhança e negativo quando o trabalho é realizado sobre o sistema.

Calor e trabalho só ocorrem durante a transformação e, portanto, NÃO são

propriedades termodinâmicas. Estas são definidas no interior do sistema e, trabalho e calor são definidos na fronteira.

1.7 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Imagine uma amostra de gás confinada dentro de um cilindro com um pistão móvel.

Pode-se adicionar calor ao gás, fazendo com que o pistão suba. Ocorre que o calor 

fornecido não é totalmente convertido em trabalho. Isso pode ser verificado

experimentalmente. A parcela restante é convertida em  energia interna. Assim:

Q = W + U ou U = Q – W;

 A quantidade Q - W (energia interna) é a mesma para qualquer processo,

dependendo apenas dos estados inicial e final.

1.8 ENTALPIA

Considere a transformação do sistema abaixo:

Figura 1: exemplo de entalpia

1Q   2 = U2 - U1 +   1W2 (I)

Pode-se considerar que os incêndios ocorrem à pressão constante.

1W 2 = F.  y = P.A.    y (II)

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(II) em (I):

1Q   2 = U2 - U1 + P.A.    y

1Q   2 = U2 - U1 + P.    V

1Q 2 = U2 - U1 + P.(V2 - V1)

1Q   2 = U2 - U1 + P.V2 - PV1

U + P.V = H (Entalpia)

Nos processos à pressão constante, a quantidade de calor transferido é, portanto,

numericamente igual à variação de entalpia.

1Q   2 = H

Se H < 0 a reação é exotérmica;

Se H > 0 a reação é endotérmica.

1.9 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA

 A experiência nos mostra que os processos macroscópicos tendem a ocorrer num

único sentido, ou seja, são irreversíveis. Quando uma pessoa mergulha numa piscina,

converte energia mecânica em energia térmica da água. Se esse processo fosse reversível,

tal qual num filme de trás para frente, a água poderia ser resfriada, enquanto a pessoa

poderia ser impulsionada de volta ao trampolim. Mas isso é absurdo na prática.

 A segunda lei pode ser descrita pelo enunciado de Kelvin:  “ impossível realizar um

 processo cíclico cujo único efeito seja remover calor de um reservatório térmico e produzir 

uma quantidade equivalente de trabalho”.O enunciado de Clausius da 2ª lei baseia-se neste fato experimental:  “ impossível 

realizar um processo cíclico cujo único efeito seja transferir calor de um corpo mais frio para

um corpo mais quente”.

S > O

A entropia de um sistema termicamente isolado nunca pode decrescer :

não se altera quando ocorrem processos reversíveis, mas aumenta quando ocorrem

processos irreversíveis.

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1.10 TRANSFERÊNCIA DE CALOR

 A transferência de calor de um ponto a outro de um meio se dá através de três

processos diferentes: convecção, radiação e condução.a)   Condução: só pode ocorrer através de um meio material, sem que haja

movimento do próprio meio. Ocorre tanto em fluidos quanto em sólidos.

 Assim, quando colocamos uma panela com água sobre uma chama, o calor 

se transmite da chama à água através da parede metálica da panela por 

condução.

Todas as leis básicas da condução podem ser ilustradas neste exemplo:

Figura 2: ilustração da condução

O calor flui sempre de um ponto 1 a temperatura mais alta para um

ponto 2 a temperatura mais baixa. A quantidade de calor  Q transportada

durante um intervalo de tempo T é:

  (b) proporcional à diferença de temperatura T = T2-T1;

  (c) Inversamente proporcional à espessura x da chapa metálica.

  combinando (b) e (c), vemos que:

  Q é proporcional a A.T/x, que é chamado de gradiente de

temperatura;

  (d) proporcional à área A através da qual o calor está fluindo;

  (e) Proporcional ao intervalo de tempo t.

Juntando estes resultados, vemos que   Q   é proporcional a

 A. t(T/x), ou seja, para a condução de calor através de uma espessura

infinitésima dx de um meio durante um intervalo infinitésimo de tempo,

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Q = - k . A. d T/ d x   ,

  onde k é uma constante de proporcionalidade característica do meio

condutor, que se chama de condutividade térmica do material (k>0). O

sinal (-) exprime o fato de que o calor flui de temperaturas mais altas

para temperaturas mais baixas.

Quanto maior a condutividade térmica k, melhor condutora de calor é a

substância.

Os metais, que conduzem bem a eletricidade, também são bons

condutores de calor, o que não é coincidência. A condutividade térmica de um

material é proporcional à sua condutividade elétrica (lei de Wiedemann e

Franz).

Condutividades térmicas: (kcal/s)/ (oC m)

 Alumínio 4,9 x 10-2

Cobre 9,2 x 10-2

 Aço 1,1 x 10-2

 Ar 5,7 x 10-6

Gelo 4 x 10-4

Madeira 2 x10-5

Vidro 2 x 10-4

 Amianto 2 x10-5

b)   Convecção: ocorre tipicamente num fluido e se caracteriza pelo fato de que ocalor é transferido pelo movimento do próprio fluido, que constitui uma

corrente de convecção.

Um fluido aquecido, em geral, diminui de densidade e, por 

conseguinte, tende a subir sob o efeito gravitacional, sendo substituído por 

fluido mais frio, o que gera naturalmente correntes de convecção.

Os ventos e as correntes marinhas são exemplos de correntes de

convecção. A convecção natural em edificações é chamada de efeito tiragem

e ocorre em decorrência da diferença de temperatura entre as camadas de ar 

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presentes, o que ocasiona diferença de pressão e, consequentemente, as

correntes de convecção.

Nos incêndios o efeito tiragem pode ser acentuado e causar a sua

propagação para andares superiores distantes do foco inicial, dependendodas características de combustão dos combustíveis dispostos no local.

 As brisas são formadas em decorrência da diferença de pressão do ar.

 A água tem um calor específico elevado e por isso mantém mais o calor.

 Assim, durante o dia, o ar sobre a água do mar é mais frio e à noite mais

quente. Isso cria as brisas diurnas e noturnas.

Figura 3: representação da formação das brisas

c) Radiação: transfere calor de um ponto a outro através de radiação

eletromagnética, que, como a luz visível, propaga-se mesmo através do

vácuo. A radiação térmica é emitida por um corpo aquecido, e, ao ser 

absorvida por outro corpo, pode aquecê-lo, convertendo-se em calor. Todosos corpos emitem radiação, veja a figura a seguir:

Formação de brisas próximas à grandes quantidades de água.

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Figura 4: representação da emissão de radiação

2 NOÇÕES DE TERMOQUÍMICA

2.1 ENTALPIA MOLAR PADRÃO

Primeiro, vamos definir a entalpia molar, que é a razão entre a entalpia e o número

de moles da substância considerada.

Hº = H / nº moles (n) (J/Mol), (kcal/mol)

 A entalpia molar de uma substância é função da temperatura e da pressão absoluta

H = f (P,T). Se fixarmos a pressão em 1 atm, teremos o que se chama de  entalpia molar 

padrão   H¯ º = f (T, 1 atm).

 A vantagem dessa definição é que a entalpia molar padrão só depende da

temperatura. Devido à dificuldade de se calcular os valores absolutos de H¯ º para todasas substâncias, fixa-se a temperatura em T=25º C e arbitra-se um valor para H¯ º. Seja,

portanto, H¯ º dos elementos químicos em sua forma mais estável igual a ZERO.

Ex. H2 ( g ), C (graf), O2 ( g ), etc.

Como reação química é uma transformação termodinâmica,      H¯ º é simplesmente:

 ¯H¯ º = ¯H¯ º final – ¯H¯ º inicial = P   H¯   º  R ¯H¯ º,

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Onde,   é o número de moles com que cada reagente ou produto participa da

reação.

 A entalpia molar padrão dos compostos é também chamada de entalpia de formação( ¯H¯ º f) e é tabelada. Quando      H¯ º > 0, a reação é chamada de  endotérmica, ou seja,

absorveu calor. Quando   H¯ º > 0, a reação é  exotérmica,   o que significa que liberou

calor.

Exemplo: A entalpia de formação da água, formada por hidrogênio e oxigênio, é

equivalente a entalpia da reação de hidrogênio diatômico com oxigênio diatômico:

H2 ( g ) + ½ O2 ( g ) ==> H2O( l ) Δ  H¯ º = - 285,5 kJ/mol

Significa que a formação de 1 mol de água (6,02 .1023 moléculas = 18 gramas), no

estado líquido, a partir das espécies elementares hidrogênio e oxigênio à temperatura de

298 K e 1 atm libera 285,5 kJ/mol de energia calorífica.

2.2 PODER CALORÍFICO (PC)

É quantidade de calor liberado na combustão total de 1 kg do material nas condições

padrão. (P = 1 atm e T = 25º C). Levanta-se o poder calorífico analiticamente, pela variação

da entalpia molar padrão a 25º C ( Δ ¯H¯ º), ou experimentalmente em laboratório, com uso

do calorímetro.

2.3 CARGA INCÊNDIO (Qi)

É o quociente entre a massa de material combustível em equivalente a madeira, e a

área onde se acha distribuída.

Qi = m eq(madeira) / A   {kg/m²}

Se houver vários combustíveis no local, deve-se convertê-los em equivalente em

madeira, através do seu poder calorífico.

1 Kg madeira→ 4.500 kcal/kg

M eq madeira (kg)→ Poder calorífico do combustível kcal/kg.

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Podem ocorrer as seguintes situações:

a) O ambiente só contém madeira. Soma-se toda a massa existente e divide-se

pela área útil;b) Pode haver no ambiente combustíveis diversos. Neste caso, deve-se calcular 

a massa equivalente em madeira, a partir do poder calorífico dos

combustíveis, e depois somar o total do equivalente em madeira com o total

de madeira, se houver;

c) Pode haver no ambiente combustíveis cujo poder calorífico não seja

conhecido ou tabelado.

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3 COMPORTAMENTO DOS INCÊNDIOS

3.1 PONTO DE FULGOR

É a menor temperatura na qual um líquido combustível ou inflamável desprende

vapores em quantidade suficiente para que a mistura vapor-ar, logo acima de sua superfície,

propague uma chama a partir de uma fonte de ignição. Os vapores liberados a essa

temperatura não são, no entanto, suficientes para dar continuidade à combustão.

3.2 PONTO DE COMBUSTÃO

É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou

gases combustíveis que, combinados com oxigênio do ar e em contato com uma chama, se

inflamam; e, mesmo que se retire a chama , o fogo não se apagará, pois a temperatura faz

gerar do combustível vapores ou gases inflamáveis suficientes para manter o fogo.

3.3 PONTO DE IGNIÇÃO

Temperatura na qual os vapores desprendidos entram em combustão espontânea,

independentemente de qualquer chama direta.

3.4 DINÂMICA DO INCÊNDIO

É o comportamento do incêndio quanto à sua propagação em um ambiente,

confinado ou não, dentro das suas fases. A dinâmica do incêndio é diretamente influenciada

pelos diversos fatores, variáveis caso a caso, tais como: a temperatura atingida no

ambiente, projeto arquitetônico da edificação, o comportamento da fumaça e a carga de

incêndio.

3.5 FASES DO INCÊNDIO

O processo de queima em um incêndio ocorre em estágios ou fases claramente

definidas, seja de um incêndio estrutural, veicular ou florestal. Reconhecendo as

diferentes fases, os bombeiros podem compreender melhor todo o desenvolvimento e

combater o incêndio em diferentes níveis, com as táticas e ferramentas mais adequadas a

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cada etapa. Se o bombeiro conhece bem as fases e as técnicas adequadas para atuar em

cada uma delas o incêndio será debelado com eficiência.

 As fases do incêndio são descritas como: inicial, crescente, totalmente desenvolvida

e final. Serão abordadas enfatizando as características de ambiente delimitado por teto eparedes, típicas de um incêndio estrutural. Isso vale também para um ambiente interior de

um automóvel.

a)   Fase inicial : inicia-se após a ignição de algum material combustível. É a

fase em que o combustível e o oxigênio presentes no ambiente são

abundantes. A temperatura permanece relativamente baixa em um espaço de

tempo maior e abrange a eclosão do incêndio, o qual fica restrito ao foco

inicial. O desenvolvimento do incêndio está limitado ao objeto inicialmente

ignido (foco do incêndio) e às suas proximidades.

b)  Fase crescente: o início desta fase abrange a incubação do incêndio. Em

incêndios confinados, à medida que a combustão progride, a parte mais alta

do ambiente (nível do teto) é preenchida, por convecção, com fumaça e

gases quentes gerados pela combustão.

O volume das chamas aumenta e a concentração de oxigênio começa

a baixar para 20%. A propagação dependerá muito da quantidade e forma do

material combustível no ambiente. No início dessa fase, a temperatura ainda

não é muito alta, mas há um aumento exponencial na quantidade de liberação

de calor em um curto período de tempo, fazendo com que todos os materiais

presentes no ambiente venham a sofrer pirólise.

Nessa fase, a temperatura sobe de 50 ºC para 800 ºC,

aproximadamente, em um espaço de tempo relativamente curto. O tamanho e

forma do ambiente também influenciarão o comportamento do fogo: quanto

menor o ambiente, mais facilmente se desenvolverá o incêndio.

Da mesma forma, quanto mais fechado (com poucas aberturas

naturais para ventilação, como janelas e portas, por exemplo), mais calor será

irradiado para o material combustível ainda não atingido.

No final dessa fase, todos os materiais presentes no ambiente

atingirão seu ponto de ignição, imergindo o ambiente inteiro em chamas,

também conhecido como flashover . O calor se espalha para cima e para fora

do combustível inicial por convecção e condução.

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c)  Fase totalmente desenvolvida: também chamada de estágio de queima

livre ou estável, é nela que o incêndio torna-se mais forte, usando mais e

mais oxigênio e combustível. Nessa fase, sua temperatura continuará se

elevando acima de 800 ºC, o que já foi provado em testes reais de incêndioem ambientes fechados (Karlsson, B e Quintiere, J. G.,   Encolsure Fire

Dynamics).

O acúmulo de fumaça e gases quentes é intensificado. A concentração

de oxigênio baixa para 18%, com grandes diferenças entre os níveis do piso e

do teto. Enquanto no piso a concentração de oxigênio é quase normal e a

temperatura ainda é confortável, no teto a camada de gás combustível e

temperatura aumentam rapidamente.

Daí a importância do combate ser feito de joelhos ou agachado. A

transição entre a fase crescente e esta pode ocorrer quando o suprimento de

combustível ou oxigênio começa a ser limitado.

Na literatura brasileira sobre combate a incêndio, a fase totalmente

desenvolvida abrange basicamente a propagação do incêndio, destacando-se

que:

  se o incêndio ocorrer em ambiente fechado, todo ele se inflama,

ficando o incêndio dependente da quantidade de oxigênio;

  se o incêndio ocorrer em ambiente aberto, a massa gasosa poderá se

dispersar, ficando o incêndio dependente da quantidade de

combustível.

Os incêndios são controlados pela disponibilidade de combustível ou

de ar. Inicialmente, todo incêndio se comporta com características de incêndio

bem ventilado, porque o oxigênio está plenamente disponível, ainda que

esteja ocorrendo em um ambiente fechado (ou compartimentado).

Conseqüentemente, desenvolve-se controlado pela queima do

combustível. Em geral, esses incêndios possuem duas camadas distintas:

uma de ar na parte inferior e outra de fumaça na parte superior. Nesse caso,

os produtos da combustão serão praticamente os mesmos daqueles

provenientes da queima do mesmo material em local aberto.

Em ambientes limitados, o incêndio aos poucos diminuirá a quantidade

de oxigênio e passará a ter velocidade, produção de calor e extinção

controlados pelo oxigênio disponível, ou seja, ele será controlado pela

ventilação.

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Em geral, esses incêndios apresentam apenas uma camada, a de

fumaça, que preenche praticamente todo o ambiente. Nos incêndios

controlados pela ventilação, a combustão dentro do compartimento será

incompleta.O incêndio subventilado é aquele cuja liberação de calor é controlada

pela disponibilidade de ar. Para um incêndio totalmente desenvolvido ser 

controlado pela disponibilidade de combustível, em um cômodo de 6m x 6m,

por exemplo, seria necessário abrir o equivalente a toda uma parede.

Daí percebe-se que a maioria dos incêndios estruturais é controlada

pela disponibilidade de ar, mesmo quando há janelas e portas abertas.

Quando não há aberturas, o incêndio subventilado é chamado de confinado.

 A velocidade de queima estará limitada pela quantidade de ar que entra no

compartimento.

Essa circunstância resultará na saída do combustível não queimado e

dos outros produtos da combustão incompleta do ambiente, propagando-se

para os espaços adjacentes. Os incêndios controlados pela ventilação podem

produzir quantidades maciças de monóxido de carbono, o que os tornam

potencialmente letais.

Enquanto uma combustão viva pode ocorrer em concentrações tão

baixas quanto 15% de oxigênio no ar em temperatura ambiente (21º C), sob

condições de temperatura após a generalização do incêndio (flashover ), a

combustão na camada de fumaça pode continuar a ocorrer até próximo de

0% de oxigênio. Quanto maior for a temperatura do ambiente, menor será a

necessidade de oxigênio.

Uma combustão lenta (incandescência), uma vez iniciada, pode

continuar com baixa concentração de oxigênio, mesmo quando o ambiente

está com temperaturas relativamente baixas. Essa condição mostra que a

madeira e outros materiais podem continuar sendo consumidos, mesmo

quando o ambiente está com uma concentração baixa de oxigênio.

Combustíveis aquecidos envolvidos sob uma camada de produtos da

combustão, com baixa concentração de oxigênio na parte superior do

ambiente, também podem ser consumidos.

d)   Fase final : Também chamada de estágio de brasa ou decrescente, seu

início ocorre quando o incêndio já consumiu a maior parte do oxigênio e

combustível presente no ambiente.

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 As chamas tendem a diminuir e buscar oxigênio disponível por 

qualquer abertura. A concentração de oxigênio baixa para 16%. Se a

concentração baixar para 15% ou menos, as chamas extinguir-se-ão,

permanecendo somente brasas. A temperatura no teto ainda é muito elevada e o ambiente é rico em

gases quentes e fumaça, podendo conter gases perigosos, como o metano.

Há pouca ou nenhuma visibilidade no local.

Ocorre uma diminuição linear da temperatura, o que significa que o

ambiente estará resfriando, porém muito lentamente e com pouco oxigênio.

Se não houver ventilação, a temperatura do ambiente diminuirá gradualmente

até que as chamas e incandescências se apaguem.

Se houver, porém, uma entrada de ar no ambiente causada, por 

exemplo, pelo arrombamento por parte dos bombeiros de forma precipitada, o

tetraedro do fogo novamente será ativado e a massa gasosa presente na

fumaça poderá ignir de forma rápida e violenta, produzindo muito calor e uma

onda de choque, expondo a vida dos bombeiros ao risco de morte ou a danos

graves.

Essa fase abrange a extinção do incêndio. Todo o combustível

praticamente foi consumido e há chamas pequenas e separadas umas das

outras. Há também o surgimento de incandescências. Nesta fase, o incêndio

dependerá da quantidade de material combustível ainda não ignido.

3.6 CURVA TEMPO X TEMPERATURA

 A principal característica de um incêndio, no que concerne ao estudo das estruturas

é a curva que fornece a temperatura dos gases em função ao tempo de incêndio, visto que a

partir dessa curva é possível calcular-se a máxima temperatura atingida pelas peças

estruturais e a sua correspondente resistência à alta temperatura.

Essa curva apresenta uma região inicial com baixas temperaturas, em que o incêndio

é considerado de pequenas proporções, sem riscos à vida humana ou à estrutura. Se as

medidas de proteção contra incêndio não forem eficientes para extinguir o incêndio durante

a fase anterior ao incêndio generalizado (flashover ) e houver a necessidade de verificação

da segurança da estrutura, deve-se considerar o efeito da ação térmica nos elementos

estruturais.

Para tal modela-se o incêndio, utilizando-se curvas temperatura-tempo baseadas em

ensaios (ou modelos matemáticos) realísticos de incêndio, em que se considera a variação

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da quantidade de material combustível, o grau de ventilação do compartimento em chamas,

etc. Admite-se por simplicidade que o incêndio se inicia no instante do  flashover .

Esse modelo de incêndio é conhecido como modelo do incêndio natural.   Os

resultados desses ensaios demonstram que as curvas temperatura-tempo de um incêndionatural compartimentado dependem dos seguintes parâmetros:

  carga incêndio;

  grau de ventilação;

  características térmicas do material componente da vedação.

Tendo em vista que a curva temperatura-tempo do incêndio se altera, para cada

situação estudada, convencionou-se adotar uma curva padronizada como modelo para a

analise experimental de estruturas, materiais de proteção térmica, portas corta-fogo, etc.,

em fornos de institutos de pesquisa.

Na falta de estudos mais realísticos, essa curva padronizada para ensaios poderá

ser adotada como curva temperatura-tempo dos gases. Esse modelo é conhecido como

modelo do incêndio-padrão.

 A característica principal desta família de curvas é a de possuir apenas um ramo

ascendente, admitindo, portanto, que a temperatura dos gases é sempre crescente com o

tempo e além disso independente das características do ambiente e da quantidade de

material combustível. É importante estar claro que essa curva não representa um incêndio

real.

Quaisquer conclusões que tenham por base essa curva devem ser analisadas com

cuidado, pois não correspondem ao comportamento real do incêndio ou das estruturas

expostas ao fogo. Por simplicidade, no entanto, é comum associar-se a curva-padrão a

tempos fictícios, definidos no meio técnico, com a finalidade de fornecer parâmetros de

projeto.

 A curva-padrão [ISO-834 (1975)   apud    ISO (1990)] é internacionalmente

recomendada por meio de normas e procedimentos de ensaios por questões práticas. As

curvas naturais de incêndio são recomendadas para os métodos avançados de projeto,

conduzidos por uma análise estrutural refinada, com o objetivo de avaliar o comportamento

da estrutura em situações de incêndio.

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Figura 5: modelos de curvas de incêndio

 A figura mostra as curvas temperatura-tempo correspondentes às condições de fogo

normalizado, às quais os produtos de construção são sujeitos para que se determine o seu

tempo de resistência ao fogo. A curva 2 representa o programa térmico normalizado ISO

834 e a curva 1 representa o programa térmico correspondente a incêndio com

hidrocarbonetos.

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Figura 6: modelo de curvas-padrão de incêndio

3.7 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA EM INCÊNDIOS

Para avaliar a temperatura atingida em um incêndio, alguns parâmetros são úteis. A

informação da cor das chamas, a coloração do concreto após o incêndio e o ponto de fusão

dos materiais são alguns parâmetros utilizados para se estimar a temperatura do sinistro.

Pode ser o pirômetro óptico (aparelho que mede a freqüência das ondas) quando for 

possível acompanhar o desenvolvimento do incêndio.

Seguem alguns parâmetros:

  Cor das chamas:

  Vermelho escuro: 500 a 700 oC

  Vermelho cereja: 800 oC

  Coloração do concreto:

  Cinza normal: 0 a 300 oC

  Cinza rosado: 300 a 600 oC

  Cinza claro: acima de 600 oC

  Ponto de fusão:

  Alumínio: 600 a 700 oC

  Vidro: 700 oC

  Cobre: 1.080 oC

  Aço: 1.300 oC

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3.8 RELAÇÃO SUPERFÍCIE-MASSA

É muito importante levar em conta o coeficiente de superfície-massa dos

combustíveis, ou seja, a área de superfície do material combustível em proporção a suamassa.

Um dos melhores exemplos de coeficiente de superfície-massa é a madeira.

Considere-se um pedaço bruto de um galho de árvore cortado. A massa desse

pedaço de madeira é bem alta, mas sua área de superfície é relativamente pequena, por 

esse motivo o coeficiente de superfície - massa é baixo.

Se essa lenha bruta for cortada em chapas finas de madeira, ter-se-á uma redução

da massa das tábuas em relação ao galho bruto (primeiro pedaço de lenha), mas um

aumento na área de superfície, o que também aumentará o coeficiente de superfície –

massa.

Se essas tábuas forem lixadas, o pó resultante terá um coeficiente de superfície -

massa ainda maior que os exemplos anteriores. De tudo isso, pode-se deduzir que à medida

que o coeficiente aumenta, as partículas combustíveis se apresentam menores e sua

capacidade de ignição se incrementa extraordinariamente.

 À medida que a área de superfície aumenta, expõe-se ao calor mais material, o que

gera mais gases inflamáveis em função da pirólise. A posição do combustível sólido também

afeta sua forma de queima, ou seja, se uma determinada chapa de madeira está em posição

vertical (de pé), a exposição ao fogo será mais rápida.

3.9 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA

Certos combustíveis podem se inflamar como resultado de aquecimento interno

espontâneo em conseqüência de um processo exotérmico no qual a taxa de calor produzido

é maior do que a taxa de calor dissipado nas imediações. Onde a ventilação é insuficiente,

há a lenta absorção de oxigênio. Como a oxidação é exotérmica, a temperatura aumenta

progressivamente até que seja atingido o ponto de inflamação do material.

 Assim, a combustão se dá sem a ação de uma chama ou faísca externa. Havendo o

fornecimento externo de calor, como a ação dos raios solares, por exemplo, rigorosamente o

processo não é considerado como combustão espontânea, embora não haja também a ação

de uma chama externa.

O que caracteriza esse fenômeno é a combinação de fatores intrínsecos do

combustível. Substâncias com estrutura molecular instável tendem para a combustão

espontânea. Entre elas estão os hidrocarbonetos insaturados e as gorduras vegetais e

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animais. Os combustíveis sólidos devem ser porosos e para permitir a oxigenação e deve

produzir carvões rígidos quando submetidos à decomposição térmica.

O fenômeno é normalmente associado com massas relativamente grandes de

material e sua principal característica é que a combustão inicia profundamente dentro domaterial onde é maior o efeito do auto-aquecimento. A combustão sem chama se propagará

lentamente para fora do material.

Em sólidos a granel, a combustão se inicia como uma reação sem chamas dentro do

material e se propaga lentamente para fora. O fogo pode apresentar chamas quando

assoma através da superfície e deixa evidências da prolongada queima anterior.

Uma lista de materiais que são conhecidos como sujeitos à combustão espontânea é

dada no NFPA Handbook. A lista inclui óleos vegetais, tais como o de linhaça, carvão

vegetal, grãos secos, espuma de borracha em móveis, etc.

Em linhas gerais, para que a combustão espontânea aconteça, é necessário que as

seguintes condições sejam satisfeitas:

a) O material deve ter tendência para a combustão espontânea;

b) O material deve oferecer uma grande superfície relativa, para a adequada

e suficiente absorção de oxigênio;

c) As condições de armazenamento devem ser de forma a impedir a

dissipação do calor;

d) O material deve ter baixo ponto de inflamação.

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EXERCÍCIOS

 A) ENTALPIA E PODER CALORÍFERO

1) Queimando-se um mol de etano (CH4) à pressão constante, verifica-se que a suaentalpia, inicialmente de 17,9 Kcal, passa para 230,7 Kcal, responda:

Qual o calor liberado?

 Analise o sinal algébrico de Q:

2) Calcule o calor liberado na reação química de queima de 3 moles de H2 (g) a 25

C a 1 atm:

H2 (g)   + 1/2 O2 (g)   --> H2O (l)

Dado: H0 = – 68,4 Kcal/mol (H2O)

3) Calcule o Ho da reação:

C2H2 (g)   + 5/2 O2 (g)   --> 2 CO2 (g)   + H2O  (l), dada a entalpia de

formação (entalpia molar padrão):

H0C2H2   = + 54,1

H0O2   = zero (padrão)

H0CO2

  = – 94,1

H0H2O = – 68,3

4) Queimando-se 230 g de álcool etílico, obtém-se quanto de calor?

C2H5OH   (l)   + 3 O2 (g)   --> 2 CO2 (g)   + 3 H2O (l) ,

H0 C2H5OH   (l)   = - 66,35 kcal/mol

H0 CO2 (g) =   - 94,051 kcal/mol

H0 H2O (l) =   - 68,3174 kcal/mol

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B) CARGA INCÊNDIO

1) Determine a carga incêndio de um prédio comercial de 800 m² de área útil, contendo

4.800 kg de madeira (PC = 4.500 kcal/kg), além de materiais diversos, a saber: 1.200kg de produtos plásticos (PC = 7.500 kcal/kg), 15.000 kg de papel (PC = 3.800

kcal/kg), 900 kg de cortinas e tecidos (PC = 4.500 kcal/kg).

2) Determine a carga incêndio de 50 toneladas de metanol, 8.600 kg de madeira e 20

toneladas de plástico, com PC = 9.000 kcal/kg, numa área útil de 1.600 m².

3) Em um edifício de 1.400 m ² de área útil existem 16.000 kg de madeira, 38.000 kg de

papel, 6.000 kg de tecido e 10.000 kg de metano. Calcule a carga incêndio.

Dados:

P = 1 atm, T = 25º C

H0 CH4 (g)   = -17,9 kcal/mol

H0 CO2 (g) =   - 94,051 kcal/mol

H0 H2O (l) =   - 68,3174 kcal/mol

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MÓDULO VIII – INVESTIGAÇÃO DE COMBUSTÃO EXPLOSIVA

Autor: TC QOBM/ Comb. MÁRCIO BORGES Pereira

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2 COMBUSTÃO, DEFLAGRAÇÃO E DETONAÇÃO ................................................. 1

3 CLASSIFICAÇÃO DOS EXPLOSIVOS .................................................................... 2

4 PROPRIEDADES DOS EXPLOSIVOS ..................................................................... 4

5 DETONADORES ........................................................................................................ 5

5.1 GRANADAS QUÍMICAS DE MÃO .........................................................................   6

5.2 REGRAS DE SEGURANÇA PARA MANUSEIO DE DETONADORES .............   6

6 QUEIMAS DE EXPLOSIVOS ..................................................................................... 7

7 PRINCIPAIS MECANISMOS DE ACIONAMENTO .................................................. 7

8 EFEITOS DA EXPLOSÃO .......................................................................................... 8

9 BOMBAS POSTAIS .................................................................................................... 9

9.1 AS INDICAÇÕES DE SUSPEIÇÃO......................................................................... 99.2 FORMAS DE ACIONAMENTO DE BOMBAS POSTAIS ...................................... 10

10 CONSIDERAÇÕES LEGAIS SOBRE AS AMEAÇAS DE BOMBAS ................... 10

10.1 FORMULÁRIO DE AMEAÇA DE BOMBA ........................................................... 11

10.2 EVACUAÇÃO ......................................................................................................... 11

10.3 BUSCA ................................................................................................................... 12

10.4 EQUIPAMENTOS DE BUSCA .............................................................................. 12

10.5 TÉCNICAS DE BUSCA ......................................................................................... 1310.6 MEDIDAS A SEREM ADOTADAS EM CASOS DE SUSPEITA DE BOMBAS. 16

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10.7 IDENTIFICAÇÃO DE OBJETOS SUSPEITOS .................................................... 17

10.8 PLANO DE CONTINGÊNCIA ................................................................................ 17

11 LESÕES DECORRENTES DE UMA EXPLOSÃO .................................................. 18

12 IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS ................................................... 19

12.1 TABELA COM NÚMERO DE CLASSE DE RISCO (OU SUBCLASSE) ONU .. 19

13 ALGUMAS FAIXAS DE INFLAMABILIDADE .......................................................... 21

14 FOGOS DE ARTIFÍCIO .............................................................................................. 22

14.1 CLASSIFICAÇÃO E MANUSEIO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO ............................. 22

ANEXO “A” ....................................................................................................................... 24

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1 INTRODUÇÃO

O tema Bombas e Explosivos é certamente complexo, uma vez que o seu estudo

está intimamente relacionado com outros temas e com o conhecimento de química, demecânica e de eletricidade. Não fosse só isso, o profissional envolvido com situações nesta

área, necessita constantemente de treinamento e aperfeiçoamento, principalmente quanto

às técnicas e medidas de manuseio, novos dispositivos e compostos utilizados pelo mundo.

 A Constituição Federal, em seu artigo 144, estabelece que compete à União,

organizar e manter a Polícia Federal com a finalidade de, entre outras ações, “preservar a

ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.

Em se tratando de incidentes envolvendo bombas e explosivos, a Norma de Serviço

nº. 001/80 – CCP/DRF, que trata da Detecção e Desativação de Artefatos Explosivos e/ou

Incendiários, estabelece que: “A remoção, a neutralização ou desativação desses artefatos,

porventura encontrados, cabe à Polícia Federal, através de seus serviços especializados”.

Estas disposições deixam bem claras as atribuições do Departamento de Polícia

Federal, especificamente no que tange a atuação do seu quadro técnico especializado,

entenda-se, a Perícia Criminal.

Explosivos Industriais  são substâncias ou misturas de substâncias que, quando

excitadas por algum agente externo, são capazes de decompor-se quimicamente gerando

considerável volume de gases a altas temperaturas. Estas reações de decomposições

podem ser iniciadas por agentes mecânicos (pressão, atrito, impacto, vibração, etc) pela

ação do calor (aquecimento, faísca, chama, etc) ou ainda pela ação de outro explosivo

(espoletas, boosters ou outros iniciadores).

 A tendência atual sugere que na sua fabricação sejam utilizados componentes que

isoladamente não sejam substâncias explosivas, de forma a garantir completa segurança

dentro das fábricas. É o caso da moderna lama explosiva (Slurry ) que é misturada no

próprio local de consumo e bombeada para dentro dos furos na rocha. Somente alguns

segundos após o lançamento da mistura dentro dos furos, tempo necessário para a

complementação da reação química, o produto torna-se uma substância explosiva.

2 COMBUSTÃO, DEFLAGRAÇÃO E DETONAÇÃO

 A reação química de decomposição do explosivo pode se dar sob a forma de

combustão, deflagração e detonação em função das características químicas da substância

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explosiva, bem como, das condições de iniciação e confinamento desta, conforme

conceituação abaixo:

a)   Combustão – é uma reação de oxidação e geralmente ocorre por conta do oxigêniodo ar. O fenômeno ocorre em baixas velocidades e tem como exemplo a queima de

um pedaço de carvão;

b)   Deflagração –   quando a velocidade da reação de decomposição da substância

explosiva é maior que o caso anterior, chegando, em alguns casos, a 1.000 m/s,

quando ocorre a deflagração. Nesta reação há a participação não só do oxigênio do

ar, mas também daquele intrínseco a substância. É o caso da decomposição das

pólvoras, ou ainda de explosivos mais potentes (se submetidos a condições

desfavoráveis de iniciação e confinamento);

c)   Detonação –   é uma reação de decomposição com a participação exclusiva do

oxigênio intrínseco da substância explosiva, ocorrem com velocidades que variam de

9.000 m/s a 15.000 m/s. Em função da quantidade de energia no processo, far-se-á

sempre acompanhada de uma onda de choque, também chamada de onda de

detonação. É esta onda de choque que com sua frente de elevada pressão dinâmica,

confere à detonação um enorme poder de ruptura.

3 CLASSIFICAÇÃO DOS EXPLOSIVOS

a) Quanto à Potência:

  E x p lo s i v o s P r im ár i o s o u i n ic i ad o r es  :   são materiais utilizados nos

processos de iniciação dos explosivos propriamente ditos: Espoletas, Cordel

Detonante,   Boosters, etc. Os mais usados industrialmente são: Azida de

Chumbo, Estifinato de Chumbo, Fulminato de Mercúrio, Nitropenta, etc. Não

tem força para detonar a rocha, apenas iniciar a explosão. Muito sensíveis.

  E xp l os i vo s S ec u n d ár io s o u A l to s e xp l o si v os  :   são os explosivos

propriamente ditos ou explosivos de ruptura. São tão potentes quanto os

explosivos primários, porém, por serem mais estáveis necessita de uma maior 

quantidade de energia para iniciar o processo de detonação, energia esta

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geralmente fornecida pela ação direta da detonação de um explosivo

primário. É o caso das Dinamites, Gelatinas, Anfos, Lamas, etc.

 Alguns materiais podem atuar tanto como primários como secundários em umprocesso de detonação. É o caso da Nitropenta que no Cordel Detonante atua como

explosivos primários ou iniciador, e em cargas especiais atua como secundários em

cargas de demolição. Detonam com velocidades de 2500 a 7500 m/s e com

pressões de até 100.000 atmosferas.

b)  Quanto ao Desempenho:

  Explosivos Deflagrantes :  são aquelas que se decompõe através de uma

reação de deflagração. São também denominados baixos explosivos,

produzem queima rápida, sem grande onda de choque. Usados na produção

de mármores, paralelepípedos de calçamento, etc. O único ainda usado é a

pólvora negra;

  E x p lo s i v o s D et o n an t es  :   Decompõe-se pela reação de detonação e

apresentam grande capacidade de trabalho pelo que são também conhecidos

como explosivos de ruptura. São os explosivos industriais propriamente ditos.

c) Do ponto de vista químico, podem ser classificados em:

  Simples  (uma só substância química): nitroglicerina, nitroglicol, nitrocelulose,

trotil e ciclonite;

  Mistos :   formados por substâncias que isoladamente não são explosivas –

nitratos inorgânicos, cloratos e percloratos. O principal é o nitrato de amônio,

que se torna explosivo quando misturado com óleo diesel (ANFO);

  C o m p o s t o s  :   mistura de explosivos simples com substâncias também

capazes de consumir e produzir oxigênio. São a maioria, por permitirem

dosagens que os tornam mais ou menos destruidores.

d) Quanto à consistência são chamados:

 Plásticos e semiplásticos:   moldam-se ao furo, podendo preencher maior 

volume. O C-3 tem como velocidade de detonação de aproximadamente

7.000 m/s. Já o C-4 a velocidade de detonação é de 7.900 m/s;

  Sólidos: cartuchos contendo o explosivo em pó (dinamite);

  Líquidos: os mais fáceis de fazer o carregamento (ex: nitroglicerina).

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4 PROPRIEDADES DOS EXPLOSIVOS

a)   Fo rça :   traduz a quantidade de energia liberada. Medido pela prova de Trauzi, que

compara com a de uma gelatina composta de 92% de nitroglicerina com 8% denitrocelulose, e expressa como percentagem em relação a este padrão. Outro

padrão utilizado é o nitrato de amônio;

b)   Velocidade :  a explosão é uma reação química rápida que inicia em um ponto da

massa do explosivo, e se propaga por essa massa produzindo luz, calor e gases.

Supondo cilíndrica a forma do explosivo, é medida ao longo da altura do cilindro, e

pode variar de 1.500 a 7.000 m/s. Os mais velozes têm nitroglicerina como base

(4.000 a 7.500 m/s), e os de amônia 1500 a 3000 m/s. Denomina-se velocidade

estabilizada a atingida após a fase de aceleração. Varia com o diâmetro da carga

explosiva;

Pode-se considerar como explosivo de baixa velocidade todo aquele que

detonar com até 3.000 m/s e de alta velocidade todo aquele que superar isto.

c)   Densidade (d) :   quanto maior a densidade, maior a concentração em um furo, e

maior a fragmentação. Na prática, a densidade de dinamites e gelatinas é medida

pela quantidade de cartuchos em uma caixa de 25 Kg, mas como os diâmetros

variam, isto é discutível. A unidade de medida teórica e expressa em kg/dm 3;

d)   Seguran ça no Manus eio :  capacidade de resistir à explosão ou projétil (tiro), onda

de choque, descarga elétrica, etc. Define forma e tipo de transporte, armazenagem,

etc;

e)  Resistência à água: alguns explosivos, como os de nitrato de amônio, não detonam

quando molhados. Por isso é necessário saber se há água nos furos, para a escolha

do explosivo. A dinamite tem grande resistência à água. É medida pelo número de

horas que pode ficar submerso e ainda assim iniciar com eficiência e detonar 

completamente com espoleta;

Quanto à resistência a água os explosivos industriais podem ser 

classificados:

 Nenhuma resistência à água.

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  Boa -   Não perdem sua sensibilidade mesmo quando submersos por um

período de até 24 horas em condições de pressão hidrostática de até 3

atmosferas.

  Ótima –   Desenvolvem seu trabalho normal dentro de um intervalo de 72horas de submersão em condições de pressão hidrostática de até 3

atmosferas.

f)   Po tênc ia :   capacidade que o explosivo possui de realizar trabalho. Calcula-se em

função da quantidade de calor liberado no instante da explosão e da velocidade com

que a energia é liberada.

5 DETONADORES

a) Cápsulas explosivas não elétricas: apresentam-se como um pequeno cilindro

metálico (Al ou Cu) com comprimento variável de 4 a 8 cm, diâmetro de cerca de

7mm, aberto em uma das extremidades para a introdução do estopim, que deve ser 

fixado com amolgador (escorva). Possuem um explosivo bastante sensível (fulminato

de mercúrio ou azida de chumbo). Atualmente são fabricadas com uma carga

primária de Azida de chumbo + Trinitroresorcinato de chumbo(0,4g) e uma carga

secundária de Tetril (0,7g), Nitropenta ou RDX.

b) Cápsulas explosivas elétricas: possuem dois fios condutores que penetram na

cápsula formando uma ponte e que são mantidos em contato com o explosivo

sensível. Quando a corrente elétrica é aplicada, o fio-ponte se aquece até

incandescer-se, aciona o explosivo de ignição e causa a detonação do auto-

explosivo contido. Geram uma pressão acima de 200.000 bar, possuem uma

resistência de 1,5 Ohm e podem ser com ou sem retardo. Pode ser ligada em série.

  Vantagens da espoleta elétrica:

  detonação no momento desejado;

  aproximação no caso de falhas;

  detonação de várias cargas simultaneamente.

  Desvantagens:

  acionamento acidental por eletricidade estática ou indução eletromagnética.

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  Sistema disparador de tudo de choque: consiste em um tubo plástico oco, flexível

resistente, de pequeno diâmetro (cerca de 3mm), com as paredes revestidas

internamente por uma fina camada de material pirotécnico [HMX – (Octogênio) +

alumínio em pó]. Quando acionado produz uma chama que percorre o interior dotubo a uma velocidade em torno de 1.000m/s, sensibilizando a espoleta com

muito maior segurança. Pode ser ligada em série.

5.1 GRANADAS QUÍMICAS DE MÃO

Podem ser do tipo QUEIMA ou do tipo ARREBENTAMENTO, variando de acordo

com a carga existente ou com tipo de espoleta que dispõe.

 As granadas do tipo QUEIMA, possuem espoletas de ignição para o acionamento da

carga principal a qual será liberada lentamente por meio de pequenos orifícios existentes no

corpo das granadas. Algumas delas possuem dispositivos especiais: mistos de ignição ou

espoletas de fricção.

 As granadas de mão do tipo ARREBENTAMENTO possuem espoletas detonantes,

as quais produzirão o estilhaçamento do invólucro e a conseqüente dispersão da carga

química. Algumas granadas apresentam uma espoleta de duplo-efeito, estilhaçamento do

corpo da granada e ignição da carga química.

5.2 REGRAS DE SEGURANÇA PARA O MANUSEIO DE DETONADORES

a) Separar explosivos de detonadores durante o transporte e no armazenamento;

b) Tratando-se de detonadores comuns, acondicioná-los separadamente para evitar 

atrito;

c) Sendo detonadores elétricos, unir as pontas dos fios para evitar ignição acidental,

curto-circuitar;

d) Não transportar cápsula explosiva elétrica no porta-luvas de viaturas que possuam

equipamentos eletrônicos do tipo rádio-transmissor;

e) Não usar próximo à rede de alta tensão, pois espoletas elétricas poderão detonar por 

indução eletromagnética;

f) Não trabalhar com espoletas elétricas sob condições adversas de tempo;

g) Os detonadores elétricos devem ser colocados no chão com os fios já desenrolados

e curto-circuitados;

h) Desligar rádio transmissor (inclusive HT) próximo do local sob ameaça;

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i) Os detonadores nunca devem ser armazenados ou colocados a menos de 3 metros

de quaisquer outros explosivos até que estejam prontos para serem escorvados;

 j) Quando for passar uma espoleta elétrica para outra pessoa descarregue antes a

eletricidade estática dos corpos.

6 QUEIMAS DE EXPLOSIVOS

Utilizar como combustível preferencialmente querosene de aviação – querosene –

óleo – diesel, nesta ordem, devido aos respectivos pontos de fulgor serem mais baixos que

o dos explosivos.

O uso da gasolina e do álcool combustível aumenta o risco de provocar explosão,

pois seus pontos de fulgor são mais altos se aproximando dos pontos de fulgor dos

explosivos.

Proceder a queima em vala feita no terreno, sobre cama de estrado de madeira ou

papelão, de acordo com a quantidade a ser destruída, ou em situação natural de terreno

com condições semelhantes às anteriormente descritas, tendo o devido cuidado de não

contaminar mananciais de água e/ou lençol freático.

Para a destruição por chama de dinamites gelatinosas, usualmente envoltas em

embalagens plásticas, abra sempre o invólucro, retirando e queimando separadamente a

massa e as embalagens plásticas.

Os invólucros plásticos, com resquícios de explosivos merecem cuidados especiais

com a segurança, em face da possibilidade de explosão, por causa da elevação da

temperatura na queima do plástico, e o confinamento que provocam com seu derretimento.

Fazer rastilho, como por exemplo, com papel (papel de formulário contínuo, papel de

pão) embebido em querosene até a massa a ser queimada.

  Queima de dinamite – máximo de 3Kg por vez.

  Queima de cordel – 10Kg por vez.

7 PRINCIPAIS MECANISMOS DE ACIONAMENTO

a)   P r es s o  : a carga explode ao se exercer uma força sobre o artefato;

b)   D es c o m p r e ss o  : a carga explode ao se aliviar a pressão sobre um objeto;

c)   Tração : a carga explode ao se tencionar um fio ou arame habilmente montado;

d)   L ib era o  : a carga explode ao se retirar a tensão sobre um fio ou arame;

e)  Elétric o 

: a carga explode com a passagem ou interrupção da corrente elétrica;

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f)   Tempo : a carga explode após certo tempo de espera;

g)   Controle remoto : a carga é acionada por um observador externo;

h)   El etr om ag n éti co : a carga explode por indução magnética;

i)   Térm ic o : a carga explode ao atingir determinada temperatura; j)   Fr ic ção : a carga explode ao ser atritada com outro objeto;

k)   Po s i o  : a carga explode ao se mudar o artefato de lugar;

l)   Per c us s ão : a carga explode ao ser impactada por outro objeto;

m) Célula foto-elétrica: a carga explode com a presença ou ausência de luz;

n)   Freq üên c ia  de  on d as  : a carga explode ao captar ou perder a freqüência;

o)   Rea o qu ími ca : substâncias que reagem entre si provocando a explosão.

8 EFEITOS DA EXPLOSÃO

a)   O n d a p o s i t iv a ( ex p l o s o )  : é a expansão polidirecional dos gases formando uma

região de vácuo no seu interior.

b)   Ond a negativ a (imp lo são) : é o preenchimento do vácuo formado pela onda positiva,

ocorre quando a força de expansão é menor que a pressão atmosférica. A fase

negativa é menos poderosa, porém, dura até três vezes mais que a fase positiva da

explosão.

c)   F rag m en t ação : é a decomposição ou desintegração do invólucro do explosivo. A

detonação de um auto-explosivo resulta em fragmentos de aparência rasgada,

esticada e fina, devido ao tremendo calor e pressão produzidos. No caso de baixos-

explosivos, os fragmentos são de tamanho maior e formatos retorcidos.

d)   Térm ic o : é a geração de altas temperaturas em conseqüência da explosão, podendo

afetar produtos inflamáveis, causando incêndios e novas explosões.

e)   Ref lex ão : é a mudança de rumo da onda positiva, quando se depara com um objeto

que não pode fragmentar. O vidro de uma janela, por exemplo, pode refletir ondas

positivas, pois sua velocidade é altíssima, e ela é refletida antes mesmo de danificar 

a matéria.

f)   Con ver gênc ia : é a divisão da onda positiva quando ela se encontra com um objeto

que não pode fragmentar e que não possua área suficiente para provocar uma

reflexão.

g)   Zo n a d e Pr o te ção : é o espaço seguro formado imediatamente após a convergência

ou atrás de um anteparo onde a onda positiva sofreu reflexão.

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h)   Foc o ou a f un i l amen t o  : ocorre quando uma carga irá refletir no anteparo, sofrendo

um afunilamento. O mesmo ocorre em corredores, dutos e ventilação, etc.

9 BOMBAS POSTAIS

Bombas podem ser fabricadas para a adaptação dentro de pacotes, embrulhos e

cartas para despacho através do correio ou mesmo entregues à mão.

Tais bombas são preparadas para explodir quando a carta ou pacote for aberto. O

formato de tais bombas pode variar, mas pacotes em forma de livros, calendários, álbuns

fotográficos e grossas cartas, são os mais freqüentes.

 A detecção de bombas postais não é difícil, principalmente se algumas precauções

forem tomadas.

Como são enviadas pelo correio, pode-se concluir que são relativamente seguras ao

manuseio. Desta forma, durante a distribuição postal, os objetos suspeitos podem ser 

colocados em separado, ou seja, as pessoas que recebem a correspondência devem ser 

treinadas para separar envelopes e embalagens suspeitosamente pesados ou espessos.

9.1 AS INDICAÇÕES DE SUSPEIÇÃO

a)   L o c a l d e o r i g e m  : inspecione o carimbo do correio ou mesmo do remetente, se

houver e for legível. Se o local de origem é estranho ou o remetente é

desconhecido, tratar como suspeito;

b)   Es c r i t a do reme t e n t e  : observe se apresenta estilo ou características estrangeiras.

Envelope com letras recortadas e coladas são sempre tratados como suspeitos;

c)   Peso : envelope que aparentam estar com excesso de peso em relação ao seu

volume, ou ainda cartas com mais de 25 gramas, devem ser tratados como

suspeitos;

d)   Flexibi l idade : se o pacote apresenta ter menor resistência no fundo ou nos lados,

trate-o como suspeito;

e)   Fio ou arame sal iente : mesmo nos melhores dispositivos, um arame pode se soltar 

e ficar saliente no pacote, denunciando o gatilho da bomba;

f)   O rif íc io : se há um pequeno orifício no pacote, considere-o como suspeito. (o furo

pode ser utilizado para se armar o mecanismo depois de se fechar o pacote);

g)   M ar c as d e g o r d u r a , g r ax a o u u m i d ad e n o en v e lo p e  : podem ser resultantes da

exsudação da substância explosiva;

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h)   O d or  : se o envelope apresenta um odor forte de amêndoas ou mesmo de amoníaco,

trate-o como suspeito;

i)   Rigidez : apalpando-se o envelope pode-se ter uma indicação de sua rigidez, bem

como da dureza dos materiais em seu interior; j)   Es p es s ura  : as cartas-bomba são inusitadamente grossas. Cartas com espessura

superior a 5 mm devem ser tratadas como suspeitas;

k)   E n v el o p e i n t er n o  : se houver um envelope interno, considera-lo como muito

suspeito;

l)   Fo rmat o  : cuidado com embalagens em forma de livros ou de caixas;

m)   S el o s o u l ac r es al ter ad o s o u v i ol ad o s  : possibilidade de ter sido feita uma

substituição de correspondência;

n)   Em iss ão de so ns : quando a remessa é feita por terceiros.

9.2 FORMAS DE ACIONAMENTO DE BOMBAS POSTAIS

Os mecanismos mais usuais de acionamento de uma carta-bomba são os de

descompressão e/ou tração. Assim, é razoável supor que uma bomba postal não

desengatilhará até que seja aberta.

De qualquer forma, não deve ocorrer um manuseio indevido com material

considerado suspeito, bem como, tentativas de abertura ou neutralização.

Lembre-se: a neutralização de um artefato explosivo somente deverá ser feita por 

equipe especializada e com equipamentos apropriados!

10 CONSIDERAÇÕES LEGAIS SOBRE AS AMEAÇAS DE BOMBAS

 A simples ameaça, ainda que falsa, já constitui crime de acordo com o artigo 147 do

Código Penal, o qual preceitua que:

“Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico,

de causar-lhe mal injusto e grave, caracteriza o delito de ameaça, o qual é punido com pena

de 1 (um) a 6 (seis) meses de detenção ou multa.”

Havendo a explosão, a simples criação de uma situação que exponha a perigo

outras pessoas ou seu patrimônio já caracteriza o crime. A tipificação, neste caso, será feita

pelo artigo 251 do Código Penal Brasileiro, o qual define como crime:

Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,

mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de

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dinamite ou de substância de efeitos análogos. As penas previstas

neste caso variam de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão e multa.

10.1 FORMULÁRIO DE AMEAÇA DE BOMBA

Diante de uma ameaça feita por telefone, os seguintes procedimentos devem ser 

observados:

a) Preencher o formulário de ameaça de bomba;

b) Comunicar o fato ao Corpo de Segurança;

c) Manter a calma;

d) Não fazer alarde;

e) Não liberar funcionários;

f) Analisar a evacuação;

g) Se solicitado, auxiliar na realização da busca.

O formulário de ameaça de bomba deve ser preenchido imediatamente pelo

funcionário que recebe a ameaça. Não é recomendável deixar para preencher o formulário

no final do expediente, pois alguns dados importantes podem ser perdidos com o tempo.

Nos casos de ameaças telefônicas, o funcionário que atender à ligação deve

procurar observar as características da voz do ameaçador, se ele tem algum sotaque, o

modo como ele fala (calmo ou irritado), se existe algum som específico ao fundo, se ele tem

um bom domínio da língua, características da sua dicção (rápida, lenta ou gaga) e,

principalmente, se ele aparenta conhecer detalhes internos sobre a empresa. Esta última

informação será percebida pelo uso de termos e expressões que são de domínio exclusivo

dos funcionários.

10.2 EVACUAÇÃO

 A decisão pela evacuação do local não pode ser tomada de forma precipitada,

contudo, caso venha a ser executada, a sua forma de realização deve estar previamente

estabelecida no plano de contingência, para que seja conhecida e treinada por todos os

funcionários responsáveis por sua execução.

Deve-se sempre levar em consideração que a evacuação:

a) Não resolve o problema;

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b) Não oferece segurança;

c) Atinge os objetivos do ameaçador.

10.3 BUSCA

 A busca é uma técnica operacional utilizada para localizar objetos suspeitos por meio

de uma varredura do local. Só deve ser realizada por equipes especializadas, as quais

dispõem de técnicas e equipamentos apropriados para a sua execução, que ver-se-á mais a

frente.

Entre outras, as seguintes regras devem ser observadas durante a realização de

uma busca:

a) Usar pelo menos duas pessoas e sinalizar o local percorrido;

b) Não abrir portas, armários ou gavetas sem confirmar previamente a

segurança;

c) Não usar o elevador sem confirmar previamente a segurança;

d) Procurar por objetos suspeitos (tudo o que for entranho ao local);

e) ATENÇÃO! TUDO PODE SER UMA BOMBA.

10.4 EQUIPAMENTOS DE BUSCA

a) Arame;

b) Espelhos;

c) Lanternas;

d) Aparelho de raio-X;

e) Detector de metais;

f) Detector de gases (XL – 85);

g) Detector de explosivos;

h) Cães farejadores.

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10.5 TÉCNICAS DE BUSCA

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Figura 1: procedimentos no local de busca

20 metros

Epicentro da

Explosão

Perímetro

externo

(marcar)   10 metros

Vestígio

mais

distante

Perímetro

Interno

(marcar)

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 Algumas das principais técnicas utilizadas pelas equipes de busca operacional são:

a) Busca em Fileiras ou Linhas:

Figura 2: técnica de busca em fileiras

a) Busca em Rede – Grandes ou Pequenas áreas:

 A B C

1

2

3

Figura 3: técnica de busca em rede

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a) Busca em Espiral – Pequenas áreas:

PERGUNTADO

Figura 4: técnica de busca em espiral

b) Busca Quadrante/Setor – Grande áreas:

A B

D C

Figura 5: técnica de busca por quadrante

B

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10.6 MEDIDAS A SEREM ADOTADAS EM CASOS DE SUSPEITA DE BOMBA

O exame, transporte, desativação ou destruição de um objeto suspeito de se tratar 

de um artefato explosivo, é uma operação altamente técnica e perigosa. Prepare-se semprepara uma possível explosão nesse tipo de trabalho.

 Ao se deparar com um dispositivo explosivo improvisado (D.E.I), de construção e

desenho simples, não o subestime, pois alguns já mataram ou feriram experiente técnicos

em bombas pelo mundo afora, por causa de um segundo dispositivo (armadilha para todos).

Uma forte tentação é própria de alguns indivíduos em pegar, manusear, tentar 

neutralizar o artefato, desmontando-o. Em caso de êxito, o Perito se sentirá um herói, mas

caso contrário, será computado como mais uma vítima. Não caia na tentação.

No caso de suspeita de bomba, siga as seguintes orientações:

a) Evacuação e isolamento da área num raio mínimo de 100 m. É importante

estabelecer um local onde todos possam ser colocados em segurança após a

evacuação. Desviar o trânsito. No caso de alarme, usar o mesmo para incêndio,

a fim de evitar pânico e tumulto na área. A evacuação deve ser conduzida a partir 

dos pisos superiores e distante do local sob ameaça;

b) Não coloque objetos suspeitos em áreas confinadas, deve-se abrir portas e

anelas, com exame prévio, para facilitar o escape da pressão de uma possível

explosão;

c) Efetuar busca minuciosa com auxílio de alguém que conheça o local;

d) Retirar todo material inflamável ou explosivo, que porventura esteja armazenado

nas proximidades;

e) Providenciar o desligamento de equipamentos e, dependendo do caso, desligar 

elevadores, visando deixar o ambiente sem alterações;

f) Caso algo de anormal seja encontrado, procurar saber a quem pertence, quem

deixou no local, etc. Evacuar o local, mas não manusear, tentar abrir ou remover 

o material suspeito;

g) Utilizar sempre o menor número possível de pessoas no trabalho de remoção,

transporte ou desativação de um objetivo suspeito;

h) Não remover um artefato suspeito por áreas habitadas e sem segurança. Afaste

as pessoas para longe ao invés de remover o artefato próximo a elas;

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i) Não colocar material suspeito de tratar-se de uma bomba dentro d’água. As

possibilidades são de ativação de um circuito elétrico, iniciação de violentas

reações químicas ou potencialização das ondas de choque;

 j) Não tente entrada manual. Sempre que possível use técnicas remotas inclusiveRaio-X. Permaneça o mínimo de tempo possível junto ao objeto suspeito;

k) Não tentar remover ou manusear um artefato explosivo encontrado e que esteja

aparentemente “falhado”;

l) Não subestime a capacidade de um artefato explosivo em função de seu

tamanho;

m) Notificar bombeiros e quando necessário solicitar ajuda médica, deixando uma

equipe de plantão no hospital;

n) Não cortar fio, arame ou cordão que esteja ligado ao objeto suspeito;

o) Não tentar desrosquear uma bomba-cano. Partículas de explosivos ou limalha de

ferro podem estar presentes nas roscas de fechamento;

p) Não tente os mesmos procedimentos operacionais utilizados para bombas de

fabricação caseira em artefatos militares. Notificar a unidade militar mais próxima.

10.7 IDENTIFICAÇÃO DE OBJETOS SUSPEITOS

a) É um objeto estranho ao local?;

b) Qual a sua localização exata?;

c) Quais são as suas características (forma, peso e volume)?;

d) Quem localizou?;

e) Como chegou ao local?;

f) Há quanto tempo o objeto se encontra naquele lugar?;

g) Foi tocado ou movido?;

h) Quando e por quem?.

10.8 PLANO DE CONTINGÊNCIA

O plano de contingência deve ser treinado e conhecido por todos os funcionários da

instituição. Deve-se elaborar um documento contendo todos os procedimentos e medidas

que devem ser adotados em casos de ameaça de bomba.

Neste documento devem constar os telefones de segurança operacional, dos órgãos

de segurança do governo e do esquadrão antibombas.

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11 LESÕES DECORRENTES DE UMA EXPLOSÃO

Havendo a ocorrência de explosões, o plano de contingência deve prever a atuaçãodas equipes de pronto-socorro e da brigada de incêndio.

Deve-se levar em conta que a energia contida no explosivo é convertida em luz, calor 

e pressão. Assim sendo, a gravidade das lesões provocadas depende da força da explosão

e da distância em que a vítima se encontrava do material explosivo.

a)   L u z : pode causar dano ocular, sendo o primeiro agente a atingir a vítima.

b)   Calor : produzido pela combustão do explosivo, é influenciado principalmente pela

distância, intensidade e pela existência de barreiras de proteção entre a vítima e a

explosão.

c)   O nd a s d e c h oq u e : irradiam-se a partir do centro da explosão, causando lesões por 

três mecanismos:

  arremesso de objetos próximos à área da explosão contra a vítima, podendo

ocasionar traumatismos fechados ou abertos;

  arremesso da própria vítima, que se transforma em um projétil, ferindo-se ao

cair ou chocar-se com outros objetos;

  criação súbita e transitória de um gradiente de pressão entre o ambiente

externo e o interior do corpo. Os órgãos mais suscetíveis a esse efeito são os

ouvidos e os pulmões. Os tímpanos são forçados para dentro pelo aumento

da pressão, podendo se romper. A compressão súbita do tórax pode provocar 

pneumotórax e hemorragia pulmonar.

Os mecanismos de lesão decorrentes de uma explosão classificam-se em:

a)   Pr im ário : deslocamento de ar inicial;

b)   Sec u n d ári o : vítima sendo atingida por material arremessado pela

explosão;

c)   Te rc iári o : vítima sendo arremessada e atingindo o solo ou outro objeto.

 As lesões causadas pelos fatores secundários são semelhantes aos ferimentos

produzidos por armas brancas, e as lesões terciárias são parecidas às que surgem em

pessoas arremessadas para fora de um automóvel.

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 As lesões decorrentes do deslocamento inicial do ar são quase que exclusivas dos

órgãos que contêm ar. O sistema auditivo geralmente apresenta ruptura das membranas

timpânicas.

 As lesões pulmonares podem incluir pneumotórax, hemorragia parenquimatosa eespecialmente ruptura alveolar. A ruptura alveolar pode provocar embolia gasosa, a qual

pode manifestar-se na forma de sintomas bizarros no sistema nervoso central. Sempre se

deve suspeitar de lesões pulmonares em vítimas de explosão.

12 IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS

Os produtos perigosos apresentam, em suas embalagens, rótulos de risco

padronizados pela Organização das Nações Unidas. É conveniente que o Agente de

Segurança conheça esse sistema de classificação para evitar que pessoas não autorizadas

transitem com esses produtos pelo interior da empresa.

12.1 TABELA COM NÚMERO DE CLASSE DE RISCO (OU SUBCLASSE) ONU.

Classe 1 – Explosivos.

Subclasse 1.1 – Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa.

Subclasse 1.2 – Substâncias e artefatos com risco de projeção.

Subclasse 1.3 – Substâncias e artefatos com risco predominante de fogo.

Subclasse 1.4 – Substâncias e artefatos que não apresentam risco significativo.

Subclasse 1.5 – Substâncias pouco sensíveis.

Classe 2 – Gases comprimidos, liquefeitos, dissolvidos sob pressão ou altamente

refrigerados.

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Classe 3 – Líquidos inflamáveis

Classe 4 – Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas à combustão espontânea,

substâncias que em contato com a água emitem gases inflamáveis.Subclasse 4.1 – Sólidos inflamáveis.

Subclasse 4.2 – Substâncias sujeitas a combustão espontânea.

Subclasse 4.3 – Substâncias que, em contato com a água, emite gases inflamáveis.

Classe 5 – Substâncias oxidantes, peróxidos orgânicos.

Subclasse 5.1 – Substâncias oxidantes.

Subclasse 5.2 – Peróxidos orgânicos.

Classe 6 – Substâncias tóxicas, substâncias infectantes.

Subclasse 6.1 – Substâncias tóxicas.

Subclasse 6.2 – Substâncias infectantes.

Classe 7 – Substâncias radioativas.

Classe 8 – Produtos corrosivos.

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13 ALGUMAS FAIXAS DE INFLAMABILIDADE

Substâncias  Limite inferior 

(% no ar)

Limite superior 

(% no ar )Querosene0,7   5,0

Gasolinal.4   7,8

Propano2,2   9,5

Acetona2,6   12,9

Álcool etílico4,3 19,0

Tabela 1 – faixas de inflamabilidadeFonte: tabela adaptada pelo Maj Márcio Borges

Quanto mais baixo for o limite inferior, maior será o risco de inflamação/explosão,

pois menos a substância (líquido) tem que vaporizar para formar uma mistura inflamável.

Quanto maior for a faixa, maior será o risco, pois maior será a probabilidade de ocorrências

de uma mistura inflamável.

Um material combustível cuja ignição tenha ocorrido, queima a uma velocidade

relativamente baixa, dependendo da superfície exposta ao oxigênio do ar. Em determinadas

condições a combustão pode realizar-se à alta velocidade com desprendimento de grandequantidade de calor e de grande volume de gases cuja pressão aumenta repentinamente

em conseqüência do aquecimento rápido.

Este é o fenômeno da explosão e ocorre, geralmente, com duas categorias de

materiais:

  Pós inflamáveis;

  Líquidos e gases inflamáveis.

 A explosão é verificada quando a concentração do pó alcança um limite mínimo

(limite inferior de explosividade), que para a maioria dos pós é da ordem de 0,02 kg/m 2, em

presença de uma fonte de calor cuja temperatura alcance o ponto de ignição do material,

que se situa em geral entre 400 e 600 graus centígrados.

Deve-se observar que a velocidade de combustão é diretamente proporcional à

superfície do combustível. Embora a quantidade total (final) de calor seja a mesma, quanto

maior for a velocidade de combustão, mais elevada será a temperatura alcançada.

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Uma substância ao ser aquecida é objeto de reações de decomposição e de

oxidação que embora presentes à temperaturas ordinárias, são aceleradas de acordo com o

aumento de temperatura. Em geral, o efeito destas reações é uma produção de calor.

Esta produção de calor pode ser representada como uma função exponencial datemperatura. Aumentando-se a temperatura, a produção de calor interno torna-se

gradualmente mais rápida até ultrapassar a razão de perda de calor para o meio ambiente.

Este fato dá lugar à acumulação de uma parte do calor gerado no próprio material.

Daí em diante a velocidade de aquecimento aumenta rapidamente até alcançar uma

temperatura interna na qual ocorre à ignição (temperatura de ignição).

14 FOGOS DE ARTÍFICIO

Designação comum de peças pirotécnica preparados para transmitir a inflamação a

fim de produzir luz, ruído, incêndio ou explosões, e normalmente empregados em

festividades. Devido ao seu poder de destruição ou alta propriedade deva ter seu uso

restrito e pessoas físicas e jurídicas legalmente habilitadas (BLASTER ), por esse motivo os

produtos são controlados pelo Ministério do Exército.

a)   Blaster : elemento encarregado de organizar e conectar a distribuição dos explosivos

e acessórios empregados no desmonte de rochas ou shows pirotécnicos. A

habilitação do técnico é de responsabilidade do DAME (Departamento de

 Armamento Munição e Explosivos).

b)   Área perigosa :   área do terreno julgada necessária pelo o funcionamento de uma

fábrica ou para a localização de um paiol ou depósito, dentro das exigências da

segurança de modo que, eventualmente, na deflagração ou detonação de um

explosivo ou vazamento de produto químico agressivo à segurança das pessoas

estará preservada.

14.1 CLASSIFICAÇÃO E MANUSEIO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO

Por lei, é proibida a fabricação de fogos de artifícios ou bombas caseiras. Os fogos

de artifício são divididos em quatro classes, conforme se segue:

  CLASSE “A”

  fogos de vista, sem estampido;

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  fogos de estampidos que contenham até 20 (vinte) centigramas de

pólvora por peças;

  balões pirotécnicos.

  CLASSE “B”

  fogos de vista, sem estampido que contenham até 25 (vinte e cinco)

centigramas de pólvoras por peças;

  foquetes com ou sem fechas, de apito ou de lagrimas, sem bomba;

  pots-á-feu, morteirenhos de jardim.

  CLASSE “C”

  fogos de vista, sem estampido que contenham acima de 25 (vinte e

cinco) centigramas de pólvoras por peças;

  foguetes com ou sem fechas, cujas bombas contenham até 6 (seis)

grama de pólvora.

  CLASSE “D”

  fogos de vista, sem estampido, com mais de 2,5 gramas de pólvoras

por peças;

  foguetes com ou sem fechas, cujas bombas contenha mais de 6 (seis)

gramas de pólvora por peça;

  baterias;

  morteiros.

Segue como anexo “A” à presente apostila cópia do Decreto-Lei n.o 4.238, de 8 de

abril de 1942, que dispõe sobre a fabricação, o comércio e o uso de artigos pirotécnicos no

país.

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 ANEXO “A”

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO-LEI Nº 4.238, DE 8 DE ABRIL DE 1942.

Dispõe sobre a fabricação, o comércio e o

uso de artigos pirotécnicos e dá outras

providências.

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da

Constituição,Decreta:

 Art. 1º São permitidos, em todo o território nacional, a fabricação, o comércio e o uso de

fogos de artifício, nas condições estabelecidas neste decreto-lei.

 Art. 2º Os fogos a que se refere o artigo anterior são os que ficam classificados do

seguinte modo:

Classe A, que incluirá:

1º os fogos de vista, sem estampido;

2º os fogos de estampido, desde que não contenham mais de 20 (vinte) centigramas depólvora, por peça.

Classe B, que incluirá:

1º os fogos de estampido com 0,25 (vinte e cinco centigramas) de pólvora no máximo;

2º os foguetes, com ou sem flecha, de apito ou de lágrimas, sem bomba;

3º os chamados "pots-à-feu", "morteirinhos de jardim", "serpentes voadoras" e outras

equiparaveis.

Classe C, que incluirá:

1º os fogos de estampido, contendo mais de 0,25 (vinte e cinco centigramas) de pólvora;

2º os foguetes, com ou sem flecha, cujas bombas contenham até 6 (seis) gramas de

pólvora.

Classe D, que incluirá:

1º os fogos de estampido, com mais de 2,50 (duas gramas e cinquenta centigramas) de

pólvora;

2º os foguetes, com ou sem flecha, cujas bombas contenham mais de 8 (oito) gramas de

pólvora;

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3º as baterias;

4º os morteiros com tubos de ferro;

5º os demais fogos de artifícios.

 Art. 3º As fábricas de fogos só serão permitidas nas zonas rurais, ficando suasinstalações subordinadas ao estabelecido pelos regulamentos do Ministério da Exército.

§ 1º As fábricas serão instaladas em prédio ou prédios isolados e distantes de qualquer 

residência, dependendo os projetos respectivos de aprovação das autoridades competentes.

§ 2º No prédio ou nos prédios a que se refere o parágrafo anterior não será permitida a

venda de fogos, a varejo.

§ 3º O funcionamento das fábricas de fogos só será permitido mediante responsabilidade

de profissional diplomado ou prático de competência oficializada.

 Art. 4º Os fogos incluidos na classe A podem ser vendidos a quaisquer pessoas, inclusive

menores, e sua queima é livre, exceto nas portas, janelas, terraços, etc., dando para a via

pública.

 Art. 5º Os fogos incluídos na classe B não podem ser vendidos a menores de 16

(dezesseis) anos e sua queima é proibida nos seguintes locais:  (Redação dada pela Lei nº

6.429, de 1977)

a) nas portas, janelas, terraços, etc., dando para a via pública e na própria via pública;

b) nas proximidades dos hospitais, estabelecimentos de ensino e outros ter a seguinte

redação:

 Art. 6º Os fogos incluidos na classe C não podem ser vendidos a menores de 18 anos e

sua queima depende de licença da autoridade competente, com hora e local previamente

designados, nos seguintes casos:

a) para festa pública, seja qual for o local;

b) dentro do perímetro urbano, seja qual for o objetivo.

 Art. 7º Os fogos incluidos na classe D não podem ser vendidos a menores de 18 anos e,

em qualquer hipótese, só podem ser queimados com licença prévia autoridade competente.

 Art. 8º E' proibido fabricar, comerciar e queimar balões, bem assim todos os fogos em

cuja composição tenha sido empregada a dinamite ou qualquer de seus similares.

 Art. 9º Os infratores das disposições deste Decreto-lei estarão sujeitos a multas variáveis de

Cr$500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$5.000,00 (cinco mil cruzeiros), atualizadas

monetariamente na forma da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, as quais, na reincidência,

serão aplicadas em dobro. (Redação dada pela Lei nº 6.429, de 1977)

Parágrafo único. As multas não eximem os infratores das sanções penais que couberem,

em caso de acidentes pessoais e materiais. (Redação dada pela Lei nº 6.429, de 1977)

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 Art. 10. Nenhuma casa comercial ou particular poderá expor à venda, a varejo ou por 

atacado, os produtos constantes do presente decreto-Iei, sem licença prévia da autoridade

policial competente, de acordo com instruções que serão baixadas pelos chefes das Policias

do Distrito Federal a dos Estados.Parágrafo único. Os fogos das classes A, B e C só poderão ser expostos à venda

devidamente acondicionados e com rótulos explicativos de seu efeito e de seu manejo e

onde estejam discriminadas sua denominação usual, sua ela classificação e sua

procedência.

 Art. 11. Compete a fiscalização deste decreto-lei as autoridades policiais. DAME Policia

Civil.

REFERÊNCIAS

-Manual técnico de material bélico do Exercito Brasileiro – T9 – 1903;

-Apostilas do Departamento de Polícia Federal (Instituto Nacional de Criminalística – INC)

do IX curso de Armamento de Bombas e Explosivos do DF;

-Manual sobre explosivos colhidos na internet;

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MÓDULO IX – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO

Autor: Maj QOBM/ Comb. GERALDO da Silva Pereira

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1

2 VEÍCULOS OPERACIONAIS ...................................................................................... 2

3 AERONAVES ..............................................................................................................

4 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS BÁSICOS DE PERÍCIA EM CAMPO ....................

4.1 PROTEÇÃO COLETIVA E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL .........

3

4

4

4.2 EQUIPAMENTOS DE ILUMINAÇÃO E DE ELETRICIDADE .................................. 8

4.3 EQUIPAMENTOS DE ESCAVAÇÃO, LIMPEZA E REMOÇÃO .............................. 9

4.4 MATERIAIS E ACESSÓRIOS DE SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO ....................... 10

4.5 MATERIAIS DE BUSCA MINUCIOSA ...................................................................... 11

4.6 MATERIAIS E ACESSÓRIOS PARA RECOLHIMENTO E PRESERVAÇÃO DE

PROVAS E EVIDÊNCIAS ........................................................................................ 11

4.7 EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO E LOCALIZAÇÃO ............................................. 15

4.8 MATERIAIS E FORMULÁRIOS ESPECÍFICOS PARA COLETA DE DADOS .... 16

4.9 EQUIPAMENTOS FOTOGRÁFICOS, DE FILMAGEM E FONOGRÁFICOS ....... 17

4.10 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS DIVERSOS ...................................................... 18

5 LABORATÓRIO DE APOIO PERICIAL...................................................................   195.1 LABORATÓRIO DE PERÍCIAS QUÍMICAS............................................................ 20

5.2 LABORATÓRIO DE PERÍCIAS ELÉTRICAS......................................................... 23

6 SEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE APOIO PERICIAL ....................................... 26

APÊNDICES ................................................................................................................... 30

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EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA INVESTIGAÇ O – APOSTILA TE RICA

1 INTRODUÇÃO

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal disponibiliza para suas equipes de

perícia: viaturas, aeronaves, equipamentos e materiais de campo e laboratórios de análisepara realização de investigações de incêndios em edificações, veículos e incêndios

florestais.

Os equipamentos e materiais de campo são aqueles que possibilitam aos peritos

examinar o local sinistrado, realizar as filmagens e registros fotográficos, coleta e custódia

de vestígios e provas, e oitiva de testemunhas.

Para que se proceda a investigação adequadamente muitas vezes são necessários

exames laboratoriais para que se examinem os vestígios encontrados pelos peritos nos

locais de incêndio e se produzam os laudos periciais.

Os laboratórios possibilitam ao perito o exame minucioso e científico dos vestígios e

provas encontradas, realização de testes e experimentos relativos às possibilidades de

incêndio a fim de comprovar as hipóteses formuladas.

 Além do grupo de Peritos, a Corporação deve possuir auxiliares técnicos

capacitados, tanto no trabalho de campo, quanto em relação à realização dos exames

laboratoriais, oferecendo o suporte especializado necessário à investigação.

Muitos exames foram realizados ao longo dos anos que em equipamentos e

materiais que estavam envolvidos nas possíveis causas de incêndios, portanto, é importante

que os peritos e os auxiliares técnicos tenham à mão uma base de dados que contenham as

informações das investigações realizadas, os exames catalogados e as experiências e

vivências nas investigações de causas de incêndio.

 A segurança dos peritos, dos auxiliares técnicos e das testemunhas no local do

sinistro e nos laboratórios devem sempre ser priorizada nas investigações, portanto, os

equipamentos de proteção individual e coletivas devem sempre ser efetivamente utilizados.

Os procedimentos de segurança nos laboratórios devem estar em manuais criteriosamente

elaborados, à disposição de todos que a eles tenham acesso.

Cabe ressaltar que os procedimentos de coleta, custódia do material coletado,

exame laboratorial e emissão de laudos devem estar de acordo com os protocolos vigentes

na Corporação, para que se possa dar a legitimidade necessária como prova material da

investigação.

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2 VEÍCULOS OPERACIONAIS

Para possibilitar o deslocamento da equipe de peritos e auxiliares técnicos ao local

sinistrado devem ser utilizadas viaturas, preferencialmente, possuidoras de mecanismo detração 4X4, equipadas com aparelhos de sinalização luminosa e sonora, de rádio-

comunicação, e que possibilitem o transporte dos equipamentos e materiais diversos.

Figura 01: veículo modelo_1

Figura 02: veículo modelo_1_porta-malas

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Figura 03 e 04: modelo de sistema de sinalização luminosa,

sonora e rádio-comunicação

3 AERONAVES

Caso seja necessário, o perito deve se utilizar de aeronaves para ter uma visão

aérea do local sinistrado, principalmente, nos casos dos incêndios florestais, utilizando os

sobrevôos para realizar os respectivos registros fotográficos e elaboração de croquis.

Figuras 05 e 06: modelos de aeronaves – helicóptero e avião

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4 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS BÁSICOS DE PERÍCIA EM CAMPO

4.1 PROTEÇÃO COLETIVA E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

 As atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros sempre expõe seus militares

aos riscos ocasionados pela natureza do trabalho e pelos possíveis perigos. Portanto, se os

riscos não estiverem controlados será necessário indicar as ações a empreender 

considerando uma opção menos arriscada, impedindo o acesso a fonte de risco, reduzindo

a exposição a risco, priorizando as medidas de proteção coletivas e a utilização dos

equipamentos de proteção individual adequados ao trabalho.

Os EPIs visam preservar a integridade física dos peritos, dos auxiliares técnicos e de

outras pessoas que estejam nas imediações do local sinistrado, ou no laboratório pericial.

Sempre deverão ser utilizados mesmo quando não houver a existência iminente de risco.

Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual

utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a

segurança e a saúde no trabalho.

a) Equipamentos de proteção individual e acessórios: para fins de utilização nas

investigações de incêndio, EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual

utilizado pelo bombeiro militar, destinado à proteção de riscos suscetíveis de

ameaçar sua segurança e saúde. Ex: capacete operacional, óculos, luvas, botas,

macacões sanitários, cabos da vida, lanterna, capa de aproximação, apitos, cantil,

mochila tipo backpack, luvas cirúrgicas e mascarilhas;

Capacete operacional:

Tem a função de proteger as cabeças dos peritos e

auxiliares técnicos de possíveis impactos.

Óculos de proteção:

Existem vários tipos e modelos podendo ser 

utilizados em diversos tipos de trabalhos.

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Luvas:

 A luva destina-se a impedir o contato direto das

mãos dos peritos com organismos emdecomposição, substâncias contaminadas, objetosaquecidos e cortantes.

Botas de borracha:

Devem ser utilizadas em atividades que

envolvam inundações, substâncias químicase sinistros envolvendo eletricidade

Figuras 07, 08, 09 e 10: EPIs

Macacões sanitários:

Destina-se a proteger os peritos e auxiliares nasinvestigações em locais insalubres e comvazamento de produtos perigosos.

Cabos da vida:

Destina-se a realizar a amarração do peritose auxiliares em locais acidentados, semluminosidade e para trabalhos em altura.

Lanterna: Acessório que destina-se a iluminar locaissinistrados e possibilitar a melhor visibilidade dosperitos e auxiliares.

Capa de aproximação:Destina-se a possibilitar a penetração dosperitos e auxiliares em locais em chamas,com material incandescente, ainda durante oincêndio.

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 Apito: Acessório que se destina principalmente apossibilitar a comunicação sonora entre os peritos eauxilares.

Cantil: Acessório que se destina a possibilitar ahidratação dos peritos e auxiliares,principalmente, nas investigações emincêndios florestais, preservando a saúde.

Luvas cirúrgicas:Utilizadas para que os peritos e auxiliares nãocontaminem as evidências e provas coletadas.

Mascarilhas:Destina-se a proteger as vias aéreas dosperitos e auxiliares em locais gasados.

Figuras 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18: continuação EPIs

Cabos-guia:Tem a função de possibilitar a segurança napenetração de equipes no local sinistrado, e ainda,a comunicação por meio de códigos estabelecidos.

Materiais de primeiros socorros:Possibilitam a realização dos primeirossocorros às equipes de trabalho, vítimas etestemunhas no local do sinistro.

Maca:Facilita o transporte de possíveis vítimas no localsinistrado.

Rádio-comunicador:Possibilita a comunicação entre os peritos eauxiliares durante as investigações.

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Megafones:Possibilita a comunicação com grandes grupos, noscasos onde a viva voz esteja impossibilitada.

Cones:Utilizado como meio de sinalização eisolamento do local, e controle de trânsito.

Figuras 19, 20, 21, 22, 23 e 24: Proteção Coletiva

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4.2 EQUIPAMENTOS DE ILUMINAÇÃO E DE ELETRICIDADE

Os equipamentos de iluminação visam oferecer às equipes de trabalho a

luminosidade adequada para proceder a investigação, especialmente, em locais com baixaou sem luminosidade. Os equipamentos de eletricidade visam oferecer as condições aos

peritos de ligarem os equipamentos que prescindem de eletricidade para funcionarem, em

especial aqueles que não possuem baterias alternativas.

Lanterna com bateria:Possibilita a iluminação do local sinistrado durante ainvestigação por períodos mais prolongados.

Extensão elétrica:Possibilita a condução de energia elétricaexterna ao local da investigação.

Cilibrim:Equipamento ligado diretamente na tomada de 12 vda viatura.

Gerador:Gera energia elétrica para apoio aos peritose auxiliares durante a investigação.

Gerador de grande porte:Gera energia elétrica para apoio aos peritos e auxiliares durante a investigação.

Figuras 25, 26, 27, 28 e 29: equipamento de iluminação e eletricidade

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4.3 EQUIPAMENTOS DE ESCAVAÇÃO, LIMPEZA E REMOÇÃO

São todos materiais utilizados na remoção e limpeza dos locais que deverão ser 

periciados, seguem alguns exemplos: pá, enxada, vassoura, espanadeira, balde e rodo.Pás:

Possibilitam a retirada de escombros e resíduos dolocal da investigação.

Enxada:Possibilitam a retirada de escombros eresíduos do local da investigação.

Vassoura: Auxilia na limpeza do local da investigação embusca de vestígios e provas.

Espanadeira: Auxilia na limpeza do local da investigaçãoem busca de vestígios e provas com maisprecisão.

Balde: Auxilia na limpeza do local da investigação.

Rodo: Auxilia na limpeza do local da investigação.

Figuras 30, 31, 32, 33, 34 e 35: equipamento de escavação, limpeza e remoção

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4.4 MATERIAIS E ACESSÓRIOS DE SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO

Os locais   investigados  devem ser sempre isolados e devidamente sinalizados, para

fins de preservação e proteção da área, assim como a sinalização dos locais onde sãoencontrados os vestígios, provas e vítimas, com os seguintes materiais: cones, fitas

zebradas, placas, plaquetas, setas, numeração e alfabeto progressivos e sinalizadores de

localização (vítimas, evidências e foco inicial).

Cones: Auxiliam no controle do trânsito e no isolamento dolocal sinistrado.

Fitas zebradas:Servem para a realização do isolamento daárea a ser investigada.

Fitas isolamento com suporte: Auxiliam no controle de acesso de pessoas ao localsinistrado.

Plaquetas:Possibilita a visualização do local sinistrado,das evidências, provas e etc .

Sinalização e referenciamento: Auxiliam os peritos no registro dos vestígios, provas e localização das vítimas, como pontos dereferência.

Figuras 36, 37, 38, 39 e 40: materiais e acessórios de sinalização e isolamento

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4.5 MATERIAIS DE BUSCA MINUCIOSA

São materiais utilizados pelos peritos quando da busca de vestígios e provas e

necessitam ser mais minuciosos: Imãs, peneiras, lupas, pincéis de vários formatos etamanhos, reagentes diversos, etc.

Imãs:Tem a função de possibilitar a captura de metais dolocal da investigação.

Peneiras:Possibilitam a busca de vestígios e provas demenor tamanho.

Lupas:Facilita a visualização detalhada durante ainvestigação.

Pincéis:Possibilita a limpeza mais refinada durante ainvestigação.

Figuras 41, 42, 43 e 44: equipamento de busca minuciosa

4.6 MATERIAIS E ACESSÓRIOS PARA RECOLHIMENTO E PRESERVAÇÃO DE PROVAS

E EVIDÊNCIAS

São aqueles utilizados pelos peritos e auxiliares na coleta de provas e evidências

sem que haja o contato manual direto, e que sejam resguardadas e preservadas aquelas

provas e evidências encontradas: saco plástico grande, latas com tampas e sacos plásticos

com fecho, luvas cirúrgicas, pinças, potes, vidros com tampa, latas, vasilhames de plástico,

detector de gases, medidor de carbonização, etc, conforme se segue:

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Sacos plásticos grandes:Possibilita guardar vestígios encontrados no local dainvestigação.

Latas com tampas:Possibilitam a guarda e transporte seguro devestígios sólidos coletados para exame e

análise laboratorial.

Sacos plásticos com fecho de vedação:Possibilita o transporte e preservação de vestígios e provas no local sinistrado, com maior segurança.

Sacos de papel:Possibilita o transporte e preservação de material nolocal sinistrado.

Sacos plásticos e luvas cirúrgicas:Possibilita o transporte e preservação dematerial no local sinistrado.

Figuras 45, 46, 47, 48, 49 e 50: material de recolhimento e preservação de provas

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Saco plástico para produtos perigosos:Possibilita o transporte e preservação de material

para exames laboratoriais em investigações queenvolvem produtos perigosos.

Recipiente rígido:Possibilita o transporte de vestígios e provas

rígidas e cortantes do local investigado paraexame.

Vasilhames de vidro com tampa:

Possibilitam o transporte de vestígios líquidos esólidos coletados no local investigado.

Potes de latão com tampa:

Possibilitam o transporte de vestígios líquidose sólidos de pequeno tamanho.

Saco plástico tipo bolha:Tem a função de proteger vidros frágeis quecontenham amostras.

Vasilhames de plástico com tampa:Possibilitam o transporte de vestígios eprovas rígidas e cortantes do local sinistrado

para exame.

Pinças: Auxiliam na coleta de vestígios e provas sem que haja o contato direto do perito ou auxiliar.

Figuras 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57 e 58: continuação de material de recolhimento e

preservação de provas

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Fita adesiva tipo lacre:Tem a função de lacrar sacos plásticos ou de papel

que contenham vestígios e provas do localsinistrado.

Maleta para coleta de evidências: Auxiliam no transporte de material de coleta.

Medidor de grau de carbonização:

 Auxilia o perito na medição do grau de carbonizaçãoencontrada no local investigado e escolher o localmais adequado para coleta de amostras.

Detector de gases:

 Auxilia o perito na detecção de gases nolocal investigado.

Figuras 59, 60, 61 e 62: continuação de material de recolhimento e preservação de provas

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4.7 EQUIPAMENTOS MEDIÇÃO E LOCALIZAÇÃO

Utilizado pelos peritos e auxiliares quando da confecção de croquis, mapas, plantas

do local investigado, medição de toda ordem, plotagem de pontos de referência, etc: trena,paquímetro, GPS, bússola e escalímetros.

Trena: Auxiliam nas medições realizadas no localinvestigado, incêndio urbano ou florestal, e naconfecção de croquis.

Paquímetro: Auxiliam nas medições que exijam precisãopelos peritos e auxiliares.

GPS: Auxilia o perito na confecção de mapas, croquis,localização de pontos, dentre outras possibilidades,dependendo do modelo utilizado.

Bússola: Auxilia o perito nas investigações deincêndios florestais, em percurso extensos eterreno acidentado, principlamente nasinvestigações de incêndios florestais.

Escalímetro: Auxilia o perito na utilização e confecção de plantas,croquis, mapas, etc.

Escalímetro digital: Auxilia o perito na utilização e confecção deplantas, croquis, mapas, etc., onde a

conversão de medidas e escalas é facilitada.

Figuras 63, 64, 65, 66, 67 e 68: equipamento de medição e localização

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4.8 MATERIAIS E FORMULÁRIOS ESPECÍFICOS PARA COLETA DE DADOS

Geralmente, nos locais periciados não se pode contar com uma mesa ou superfície

própria para confecção dos laudos, desenhos, croquis e anotações, fazendo-se uso dosseguintes materiais: prancheta; canetas e canetinhas coloridas e lápis; caderno para

desenho e caderno milimetrado; formulário de incêndio em edificações, formulário de

incêndio em veículos, formulário de Incêndios florestais

Prancheta: Auxiliam os peritos na confecção de croquis,documentos, coleta de depoimentos, etc.

Canetas:Possibilita ao perito escrever e demarcar emplástico, sacos, potes, vidros, com avantagem de não possibilitar alterações nasletras.

Papel milimetrado:Facilita na confecção de croquis.

Formulários de perícias:Formulários próprios do CIPI.

Modelos dos formulários própios para

perícias de incêndios em edificações, em

vegetação e em veículos.

Figuras 69, 70, 71 e 72: materiais e formulários de coleta de dados

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4.9 EQUIPAMENTOS FOTOGRÁFICOS, DE FILMAGEM E FONOGRÁFICO

Utilizados pelos peritos e auxiliares técnicos no registro de pontos de referência, de

vestígios e provas localizados durante a investigação, registro do incêndio, dos depoimentoscolhidos e de detalhes que julgar necessários para emissão do laudo pericial, tais como:

máquina fotográfica analógica, máquina fotográfica digital, rolos de filmes, analógicos,

cartão de memória, conjunto de lentes oculares, filmadora digital, tripé para filmagem e

fotografia, gravador de voz digital.

Máquina fotográfica analógica:Possibilitam o registro fotográfico do local, vestígiose provas encontradas.

Máquina fotográfica digital:Possibilitam a realização de fotografias comqualidade e detalhamento.

Lentes oculares:Facilita a aproximação da foto com o objeto a ser fotografado e captação dos detalhes.

Filmadora digital:Possibilita a visualização e análise dasimagens posteriormente.

Tripé:Possibilita ao auxiliar técnico a estabilidadenecessária para as fotos e filmagens.

Gravador de voz digital:Possibilita aos peritos e auxiliaresentrevistarem as testemunhas dainvestigação.

Figuras 73, 74, 75, 76, 77 e 78: equipamentos fotográficos, de filmagem e fonográficos

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4.10 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS DIVERSOS

Equipamentos e materiais que poderão subsidiar os peritos e auxiliares durante a

investigação: maleta de transporte de material fotográfico e de filmagem, caixa deferramentas universal, notebook, combustível para utilização dos geradores, canivete,

mochila, valise para acondicionamento de documentação, roupa de proteção nível A, pasta,

mochila, etc.

Notebook:Facilitam o trabalho administrativo relativo àemissão dos laudos, confecção de documentos eedição de imagens e filmagens.

Canivete:Possibilitam a realização serviços de cortes edesmontagens mais imediatas.

Caixa de ferramentas:Possibilita ao perito e auxiliares realizar cortes,desmontagens de peças e equipamentos, etc..

Bolsas de transporte de materialfotográfico e de filmagem:

Possibilita a guarda do equipamento evitandoa danificação do mesmo.

Roupa de proteção contra material perigoso:Possibilita a proteção dos peritos em locais comprodutos perigosos e radioativos.

Mochila:Possibilita o transporte de materiais durantea investigação

Figuras 79, 80, 81, 82, 83 e 84: equipamentos e materiais diversos

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5 LABORATÓRIO DE APOIO PERICIAL

O Laboratório de Apoio Pericial (LAP) foi implantado para dar suporte aos peritos do

Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal na realização dos exames e análises dosvestígios materiais coletadas no local da investigação.

Os exames poderão ser complementares e/ou comprobatórios de que os vestígios

encontrados sejam adotados como provas das investigações realizadas pelos peritos. O

LAP é composto por dois laboratórios distintos, o laboratório de perícias químicas e o

laboratório de perícias elétricas.

Os laboratórios podem ser utilizados para a análise de outros materiais que não

estejam diretamente ligados à investigação em andamento, pode servir de apoio na

realização de ensaios, testes e pesquisas científicas de incêndios e explosões, da

Corporação e co-irmãs, na prevenção a outros sinistros.

São atribuições do LAP:

a) Receber os materiais para testes ou exames devidamente registrados, em

formulários próprios e em recipiente adequadamente vedado;

b) Realizar os testes ou exames dentro de sua competência seguindo os protocolos

estabelecidos pelo Comando do CIPI;

c) Manter a custódia dos materiais submetidos e exame, observando a legislação

pertinente;

d) Elaborar laudos técnicos e pareceres dentro de sua competência;

e) Estabelecer procedimentos de emprego e manutenção dos equipamentos, materiais

e acessórios que compõem os laboratórios, bem como providenciar oportunamente

as especificações técnicas adequadas ao conserto ou aquisição dos mesmos;

f) Planejar o processo de treinamento e capacitação continuada dos profissionais que

operam os equipamentos ou executam processos específicos.

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5.1 LABORATÓRIO DE PERÍCIAS QUÍMICAS

O laboratório de perícia química possui equipamentos de análise científica capazes

de identificar compostos ou componentes químicos presentes nas amostras coletadas pelosperitos.

a)   Cro m atógrafo a gás : utilizado em análises quantitativas e qualitativas que visam

identificar substâncias aceleradoras de incêndio, por intermédio de comparação com

padrões previamente analisados. O LAP possui um cromatógrafo a gás modelo GC

14-A, marca SHIMADZU, adquirido no convênio com a JICA.

Figura 85: cromatógrafo a gás.

b )   Crom atógrafo a Gás acop lado ao Espectrôm etro de Massa co m sistem a 

de Headsp ace : Trata-se de um cromatógrafo a gás com detector de massa (GC/MS)o qual é capaz de separar os componentes dos vapores oriundos da amostra de

incêndio, usando a técnica da cromatografia gasosa, bem como identificar de forma

segura quais são os compostos que estão saindo do sistema cromatográfico.

Este equipamento acoplado a um  headspace   é a principal ferramenta para

caracterização de incêndios de origem química.

O sistema de   headspace  permite que a captura da amostra seja feita sem a

necessidade de utilização de solventes, pois a amostra é colocada em frascos de

vidro e aquecida diretamente no equipamento. Os gases liberados em virtude doaquecimento são injetados automaticamente na coluna, diminuindo assim a margem

de erro no tempo de retenção.

Figura 86: cromatógrafo a gás acoplado ao espectrômetro de massa com sistema de  Headspace

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c)   B ala n ça A n alíti c a : utilizada na pesagem de amostras que necessitam de alto grau

de precisão na pesagem de até 0,001g.

Figura 87: balança analítica.

d)   Mi cr o scó p i o t r i d i me n si o n a l  :   este equipamento é utilizado na identificação e

classificação de traços de fusão em amostras de incêndio de natureza elétrica.

Possui saída para vídeo e máquina fotográfica.

Figura 88: microscópio tridimensional.

e)   D e t e ct o r d e g a se s :  utilizado em campo para detecção de gases inflamáveis ou

tóxicos, por intermédio de sucção em ampolas de vidro próprias para cada tipo de

gás.

Figura 89: detector de gases.

f)   Estufas : usadas na assepsia de vidrarias e acessórios laboratoriais e também no

aquecimento controlado de amostras em testes físico-químicos.

Figura 90: estufa.

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g)   Muf la  : utilizada na determinação do ponto de fusão de materiais, sendo útil para

estimar a temperatura nos locais de incêndio. A Mufla pode aquecer os materiais até

em 1500°C (um mil e quinhentos graus centigrados).

Figura 91: mufla.

h)   A gi tad or M agn étic o : utilizado para facilitar a agitação de amostras líquidas

Figura 92: agitador magnético.

i)   Capela de Exaustão: equipamento de proteção que serve para extrair gases tóxicos

do ambiente laboratorial e levá-los para a área externa.

Figura 93: capela de exaustão.

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5.2 LABORATÓRIO DE PERÍCIAS ELÉTRICAS

O laboratório de perícia em produtos elétricos dispõe de equipamentos capazes de

aferir propriedades físicas e elétricas das amostras recolhidas pelos peritos a fim oferecer osuporte técnico necessário ao desenvolvimento de suas atividades.

 j)   Fonte Reguladora : equipamento utilizado para alimentação de tensão DC e corrente

DC, em diversas experiências que necessitam de uma fonte de alimentação externa.

Exemplo: energizar um circuito eletrônico ou equipamento eletrônico utilizando

variações de corrente ou tensão, para avaliar o comportamento.

Figura 94: fonte reguladora.

k)   Aquecedores Elétricos e Banho Maria: utilizados na preparação das amostras de

fragmentos de incêndio quando necessário aquecimento.

Figura 95: aquecedores elétricos e banho maria.

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l)   D e st i l a d o r d e Á g u a  :  usado no processo de destilação para se obter uma amostra

de água com maior grau de pureza.

Figura 96: destilador de água.

m)  Agi tador de Peneiras :  utilizado em análises granulométricas em pós para extinçãode incêndio para verificar a diferença entre os tamanhos dos grãos das amostras,

especialmente em extintor de PQS (pó-químico-seco).

Figura 97: agitador de peneiras.

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n)   Espectrofotômetro UV :   ideal para aplicações qualitativas e quantitativas utilizadas

em diversas áreas para análises bioquímicas, petroquímicas, proteção ambiental,

entre outras.

Figura 98: espectrômetro UV.

o)   B o m b a àv ác u o : equipamento utilizado para filtração à vácuo

Figura 99: bomba à vácuo.

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6 SEGURANÇA NO LABORATÓRIO DE APOIO PERICIAL

O laboratório deve ser visto como um local especial de trabalho, pois o mesmo pode

se tornar perigoso, caso não seja utilizado adequadamente. Devido ao tipo de trabalhodesenvolvido em laboratórios os riscos de acidentes a que estão sujeitos os laboratoristas

são os mais variados possíveis.

Os laboratórios devem possuir um manual de segurança contendo normas gerais de

segurança e técnicas laboratoriais básicas. O responsável pelo laboratório deve transmitir e

orientar os seus colaboradores quanto aos procedimentos corretos de trabalho e as atitudes

que devam tomar para evitar possíveis acidentes e incidentes. São comuns acidentes por 

exposições a agentes tóxicos e/ou corrosivos tais como queimaduras, incêndios, explosões

e lesões causadas por condições inseguras de trabalho.

Na maioria das vezes, o laboratório é montado em local já existente acarretando

utilização inadequada dos espaços e mobiliários, disposição incorreta das instalações e falta

de sistema de proteção coletiva e equipamentos de proteção individual. O laboratório não

deve ser um local improvisado, mas apresentar condições ideais para se desenvolver um

trabalho dentro de padrões de segurança adequados.

Os peritos, auxiliares, técnicos, laboratoristas, estagiários e colaboradores

necessitam ser orientados sobre as regras e os procedimentos básicos que devem ser 

implantados e utilizados em laboratórios visando a segurança de todos.

É interessante definir os termos mais empregados em segurança de laboratório

(SANTORO, 1985), conforme se segue:

a)   Segurança no trabalho: é o conjunto de medidas técnicas,

administrativas, educacionais, médicas e psicológicas que são empregadas

para prevenir acidentes, seja eliminando condições inseguras do ambiente,

ou instruindo ou convencendo pessoas na implantação de práticas

preventivas.

b)   Risco: é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao entrar em contato com um agente tóxico ou certa situação perigosa.

c)   Toxicidade: é qualquer efeito nocivo que advém da interação de uma

substância química com o organismo.

d)   Acidentes: são todas as ocorrências não programadas, estranhas ao

andamento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos

e/ou funcionais e danos materiais e econômicos.

e)   Atividades ou operações insalubres:   são aquelas que, por sua

natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a

agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão

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da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus

efeitos. (NR 15, CLT).

f)   Atividades ou operações perigosas: na forma da regulamentação

aprovada pelo Ministério do Trabalho, são aquelas que, por sua natureza ou

métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou

explosivos em condições de risco acentuado. (NR 16, CLT).

Os diversos agentes químicos podem entrar em contato com o organismo humano

por inalação, absorção cutânea e ingestão, sendo a inalação a principal via de intoxicação.

 A absorção de gases e vapores pelos pulmões e a disseminação pelo sangue, leva-os a

diversas partes do corpo podendo causar distúrbios no organismo como tonteiras, vômitos e

falta de ar. Já na absorção cutânea os efeitos mais comuns da ação de substânciasquímicas sobre a pele são as irritações superficiais e sensibilizações decorrentes da

combinação do contaminante com as proteínas.

 A pele e a sua gordura protetora são barreiras efetivas, sendo poucas as substâncias

que podem ser absorvidas em quantidades perigosas. A ingestão geralmente ocorre de

forma acidental pelo uso indevido de pipetas ou ao engolir partículas que estejam retidas no

trato respiratório, as quais são resultantes da inalação de pós ou fumos.

 A agressão ao organismo por produtos químicos pode ser minimizada com o uso

correto dos equipamentos de segurança que são instrumentos que tem por finalidade evitar ou amenizar riscos de acidentes.

Os equipamentos de proteção individual (EPIs), óculos, máscaras, luvas, aventais

etc. são utilizados para a prevenção da integridade física do laboratorista, enquanto que os

sistemas de proteção coletiva (PC) são usados no laboratório e quando bem especificados

para as finalidades a que se destinam, permitem executar operações em ótimas condições

de salubridade para o operador e as demais pessoas no laboratório. O melhor exemplo

desses sistemas são corrimãos, piso antiderrapante, as capelas, exaustores, etc.

Os produtos químicos podem ser voláteis, tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivose peroxidáveis, requerendo cuidados especiais ao serem manipulados e armazenados. O

estudo do local destinado ao almoxarifado é de especial importância. Quando são

negligenciadas as propriedades físicas e químicas dos produtos químicos armazenados

podem ser ocasionados incêndios, explosões, emissão de gases tóxicos, vapores, pós,

poeiras e radiações ou combinações variadas destes efeitos.

 As substâncias químicas devem ser armazenadas em locais adequados e,

especialmente, destinados para este fim, permanecendo no laboratório apenas a quantidade

mínima a ser utilizada. Os locais de armazenamento devem ser amplos, dotados de boa

ventilação, protegidos dos raios solares, com duas saídas, com instalação elétrica à prova

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de explosões, com prateleiras largas e seguras. Os produtos químicos não devem ser 

armazenados junto com as vidrarias utilizadas no laboratório.

Os produtos corrosivos, ácidos e bases, devem ficar em armários e prateleiras

próximo ao chão, se possível com exaustão; os inflamáveis e explosivos devem ser armazenados a grande distância de produtos oxidantes e os líquidos voláteis necessitam de

armazenagem a baixas temperaturas em refrigeradores a prova de explosão. A tabela de

classes de incompatibilidade das substâncias deve ser consultada a fim de se evitar o

armazenamento, lado a lado, de reagentes incompatíveis (FEITOSA e FERRAZ). Os rótulos

dos frascos devem ser protegidos e consultados, pois contém as informações necessárias

para a perfeita caracterização dos reagentes, bem como indicações de riscos, medidas de

prevenção para o manuseio e instruções para o caso de eventuais acidentes.

Os símbolos ou pictogramas são simbologias adequadas e reconhecidas

internacionalmente que oferecem informações sobre os riscos de segurança envolvidos no

uso de produtos químicos e os seus significados devem ser de conhecimento dos usuários

do laboratório de química. As soluções preparadas em laboratório não devem ser 

armazenadas em balões volumétricos e sim em frascos de vidro devidamente identificadas e

etiquetadas.

Outra fonte de acidentes no trabalho é o transporte de frascos contendo produtos

químicos. A maneira mais correta de se transportar frascos de grandes dimensões, ou um

grande número de frascos ou vidrarias, é com o uso de carrinhos de transporte. Grandes

frascos nunca devem ser transportados em contato com o corpo do operador. As vidrarias

de pequenas dimensões podem ser transportadas em bandejas adequadas, tomando-se

cuidado para que não ocorram colisões.

Os laboratórios possuem vários tipos de equipamentos, entre eles, equipamentos

que utilizam gases sob pressão. Os gases sob pressão podem ser classificados como

inertes, inflamáveis, corrosivos, asfixiantes, irritantes e anestésicos. Os cilindros de gás

pressurizado devem ser manuseados e armazenados com cuidado e critério.

O código de cores usado em tubulações, válvula (volantes) e no próprio cilindro

serve para caracterizar os tipos de fluidos, seu estado de temperatura e sua inflamabilidade.

Os cilindros devem ser armazenados em local separado do laboratório, protegido do sol e

chuva para que as válvulas de redução de pressão não sejam danificadas, devem ser 

fixados com cintas metálicas ou com correntes e cadeado e seu transporte deve ser feito

com auxílio de um carrinho apropriado. As tubulações ou conexões devem estar isentas de

óleos ou graxas evitando assim a formação de misturas explosivas com alguns gases, como

por exemplo, óxido de etileno.

É imperativo realizar o teste de vazamento de gás em todas as válvulas, conexões e

uniões de linha utilizando-se um pincel e solução detergente/água. O manuseio de cilindros

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que contenham gases venenosos ou tóxicos deve ser feito em local ventilado e com uso de

EPIs. (LEONETTI)

Devido às várias atividades desenvolvidas nos laboratório é interessante um breve

conhecimento sobre o fogo.Nunca manuseie produtos químicos sem conhecimento. Leia atentamente as

informações constantes nos rótulos dos reagentes químicos e consulte as FISPQ - fichas de

informações de segurança de produtos químicos.

 A segurança depende de cada um e prevenir acidentes é dever de todos.

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 APÊNDICES

 APÊNDICE “A” – check list de materiais e equipamentos de apoio pericial em campo

 APÊNDICE “B” – check list de materiais e equipamentos de apoio pericial em

laboratório

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 APÊNDICE “A” – check list de materiais e equipamentos de apoio pericial em campo

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 APÊNDICE “B” – check list de materiais e equipamentos de apoio pericial em

laboratório

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MÓDULO X – INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIOS RELACIONADOS COM ELETRICIDADE

Autor: Major QOBM/ Compl. Ricardo da Silva Duarte

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1

2 A RELAÇÃO ELETRICIDADE - INCÊNDIO .............................................................. 2

2.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO ELÉTRICO.... 3

2.2 CHAVES SECCIONADORAS.................................................................................... 5

2.3 DISJUNTORES.......................................................................................................... 5

2.4 FUSÍVEIS................................................................................................................... 6

2.5 SOBREAQUECIMENTO EM AQUECEDORES ELÉTRICOS................................... 8

2.6 BALANÇO TÉRMICO................................................................................................ 8

2.7 CURTO-CIRCUITO.................................................................................................... 8

2.8 CAUSAS DO CURTO-CIRCUITO............................................................................. 9

2.9 CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO........................................................................ 10

2.10 CARACTERÍSTICAS DO INCÊNDIO CAUSADO POR CURTO-CIRCUITO......... 11

2.11 TRAÇO DE FUSÃO SECUNDÁRIO........................................................................ 12

2.12 DESCONEXÃO PARCIAL....................................................................................... 17

2.13 ÓXIDO CUPROSO.................................................................................................. 20

2.14 GRAFITIZAÇÃO...................................................................................................... 21

2.15 CORRENTE DE FUGA............................................................................................ 23

3 CONCLUSÃO............................................................................................................... 28

APÊNDICE “A”............................................................................................................... 29

GLOSSÁRIO.................................................................................................................... 37

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CURSO DE PERÍCIA DE INCÊNDIO E EXPLOSÕES

INVESTIGAÇ O DE INC NDIOS RELACIONADOS COM ELETRICIDADE – APOSTILA TE RICA

1 INTRODUÇÃO

O termo perícia é utilizado para identificar a vistoria ou exame de caráter técnico e

especializado. A perícia constitui-se pela análise e parecer lógicos sobre um determinadotema construídos por pessoa devidamente investida por autoridade competente. O perito é,

portanto, um profissional com conhecimentos técnicos ou científicos que supre as

deficiências do juiz colaborando para a construção do decisório. Deve preferencialmente ser 

de nível superior e registrado no respectivo órgão de classe. Considerando-a como uma

ferramenta para a construção do processo, entende-se que a perícia pode alcançar as mais

variadas áreas do conhecimento científico. O Código de Processo Civil a trata de forma

genérica nunca estabelecendo áreas de atuação ou fronteiras predeterminadas.

Neste contexto, o profissional formado em uma determinada área pode ser investido

legalmente na função de perito, ou ainda especializar-se e tornar-se um profissional perito,

ou seja, aquele que é especializado em investigações periciais em uma área científica

específica. Como exemplo, pode-se citar a perícia de incêndio, que tem por objeto o estudo

da investigação da origem e propagação de incêndios. A relação entre a origem do incêndio

e o uso da energia elétrica desempenha importante papel na atuação do perito de incêndio.

 A investigação pericial é realizada sobre evidências, nem sempre de fácil observação

ou coleta. Deve-se iniciar a investigação pericial pelo fim, seguindo o caminho inverso do

seqüenciamento provável dos fatos.

 A investigação pericial oferece desafios constantes, pois a maior parte das

evidências ou do seqüenciamento dos fatos podem ter sido destruídos voluntária ou

involuntariamente.

O procedimento pericial envolve a análise criteriosa de tudo o que possa estar 

relacionado ao fato gerador da investigação, logo a procura por evidências e os processos

lógicos de análise dos dados colhidos norteiam a forma de agir e pensar do perito

produzindo, ocasionalmente, processos investigativos paralelos e secundários, que nãodevem ser relevados.

 A prática pericial constitui-se, portanto em um processo científico. A utilização do

método científico de pesquisa é essencial na construção das hipóteses e conclusões da

investigação.

O empirismo enquanto fonte de conhecimento científico desempenha aqui

importante papel. A reconstituição dos fatos é considerada uma ferramenta de muito valor 

para a investigação. Procedimentos de reconstituição trazem luz ao processo de

investigação.

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INVESTIGAÇ O DE INC NDIOS RELACIONADOS COM ELETRICIDADE – APOSTILA TE RICA

Neste trabalho, apresentam-se técnicas de análise que permitem ao investigador 

pesquisar, entre as possíveis causas do incêndio a participação da eletricidade como

agente deflagrador. Ainda que o principal interesse dos corpos de bombeiros seja do

desempenho da organização nas tarefas de prevenção e combate, há implicaçõessecundárias relacionadas à determinação da causa do incêndio, que justificam o

aprendizado das técnicas de investigação ora apresentadas.

O conhecimento de tais mecanismos em nível pericial fornecerá uma visão crítica

diferenciada, voltada fundamentalmente para a segurança, não só para o profissional que

atua na área de perícia, mas também aos técnicos e engenheiros eletricistas e eletrônicos,

pois, no meio acadêmico, o estudo da relação entre incêndio e eletricidade não pertence

escopo de tais cursos.

O projetista concentra-se em equilibrar a equação que estabelece à obediência às

normas técnicas e diretrizes governamentais de um lado e a minimização dos custos do

outro. Ainda que as normas técnicas incorporam medidas de segurança, a ausência de

conhecimento dos fenômenos termelétricos podem criar situações de risco, mesmo em

ambientes produzidos segundo normatização.

Salienta-se ainda que os valores culturais e morais propiciam uma falta de controle

sobre a realização de trabalhos técnicos especializados, com o consentimento da sociedade

civil, que normalmente utiliza como única variável a minimização dos custos, o que

compromete seriamente a fiscalização das atividades profissionais. Especificamente quanto

aos trabalhos técnicos de natureza elétrica, observam-se situações inaceitáveis com

freqüência. trazendo, para a sociedade, perdas materiais e humanas significativas, além da

redução no mercado de trabalho para profissionais especializados.

Os estudos do mecanismo da eclosão do incêndio relacionado à eletricidade são

frutos de necessidades concretas do segmento que lida com a investigação pericial de

incêndios, pois é fato que grande parte destes ocorrem ou estão relacionados com o uso da

energia elétrica, universalmente difundida. O objetivo, então, deste curso é fornecer 

conhecimento básico sobre as técnicas de análise dos fenômenos termelétricos

relacionados a eclosão de incêndios.

2 A RELAÇÃO ELETRICIDADE - INCÊNDIO

Há um liame entre a utilização da eletricidade e a ocorrência de incêndios. Deve-se

compreender esta íntima ligação por aqueles que atuam na investigação de incêndios. Esta

ligação é criada pela propriedade física basilar que a eletricidade possui que é a geração deenergia térmica ocasionada pela circulação de uma corrente elétrica em um meio qualquer.

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INVESTIGAÇ O DE INC NDIOS RELACIONADOS COM ELETRICIDADE – APOSTILA TE RICA

Em perícia de incêndio, a propriedade conversão da energia elétrica em térmica é, no

ambiente investigativo, denominada de fenômeno termelétrico.

Por outro lado, deve-se salientar que o serviço de fornecimento de energia elétrica

caminha para a universalização seja na área urbana, seja na rural, sendo uma das metas dogoverno federal, sob gestão da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

Se por um lado a eletricidade tem na geração de energia térmica, um processo de

conversão natural e inevitável, por outro, a utilização do serviço de fornecimento de energia

elétrica forma universalizada, cria numerosas situações de risco relacionados a deflagração

de incêndios.

Portanto, o investigador deve dominar o processo de conversão de energia elétrica

em térmica nas diversas formas que se manifesta ao longo das instalações.

Um dos primeiros a observar o comportamento da eletricidade foi Ohm, cuja lei abre

as portas para o estudo da eletricidade e será discutida brevemente neste texto.

a conversão de energia elétrica em térmica foi Joule. A lei de Joule pode ser assim

manifestada.

2.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA INVESTIGAÇÃO DE INCÊNDIO ELÉTRICO

O princípio fundamental da investigação de incêndio relacionado à eletricidade

consiste em pesquisar as possíveis causas no sentido da carga para a fonte de energia

elétrica, pois, normalmente as cargas elétricas darão origem aos incêndios. Quanto, mais

próximo à carga estiver do foco inicial, maior a probabilidade de se chegar ao evento inicial

do sinistro.

O termo carga elétrica é utilizado como sinônimo dos equipamentos elétricos que

realizam algum tipo de trabalho mecânico geram energia térmica, na forma de aquecedores

ou retiram-na, na forma de condicionadores e refrigeradores, entre outros. Há ainda os

equipamentos eletroeletrônicos que não estão incluídos nas três classes descritas acima.Os componentes elétricos das cargas, a instalação elétrica associada, os

componentes da instalação e as conexões elétricas podem apresentar indícios de

anormalidades relacionadas ao sinistro e devem ser investigados metodicamente.

Equipamentos eletroeletrônicos

Chamamos de equipamentos eletro-eletrônicos aqueles aparelhos de uso doméstico,

comercial e industrial, alimentados por energia elétrica e que possuem componentes

elétricos e eletrônicos.

Em todo equipamento eletroeletrônico sob suspeita, o primeiro item a ser observadoé a posição da chave de alimentação do mesmo, se estava na posição ON, ligada ou OFF,

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desligada. Entretanto, em caso de um incêndio muito forte, esta observação pode não ser 

possível. Ainda que a chave esteja na posição desligada, o equipamento pode estar 

energizado, devido a falhas no isolamento da chave geral, devido a configuração do circuito

ou por algum mecanismo de tempo. A última palavra só pode ser dada após a remoção dachave e desmontagem da mesma para testes de continuidade elétrica e verificação do

estado dos seus contatos. O objetivo é verificar o estado de energização ou não do referido

equipamento elétrico.

Se um curto-circuito for detectado no circuito interno, pode-se então provar que o

equipamento encontrava-se energizado durante o incêndio. A confirmação do estado de

energização de um dispositivo eletroeletrônico e a posição em que este se encontrava

durante o sinistro pode levar a investigação da origem do sinistro a uma possível causa.

Se o fusível de proteção, localizado no interior do equipamento, estiver fundido em sua

parte central também prova-se o estado de energização do referido equipamento.

Em equipamentos constituídos por relés ou circuitos de controle, a função de cada

circuito e o estado dos contatos deve ser estudado e a área de investigação deve então ser 

restringida. O contato entre eles pode gerar faíscas elétricas com facilidade, fazendo com

que um material isolante seja percorrido por corrente elétrica.

Conexões elétricas

Entende-se por conexões elétricas, neste texto, todas as ligações realizadas entre

partes distintas componentes de uma instalação tais como plugs, soquetes, conectores,

terminais, réguas de bornes ou amarrações de cabos, as quais são utilizadas para prover a

continuidade elétrica em determinado circuito.

 A análise das conexões elétricas nos dispositivos também pode revelar ao perito

informações primárias sobre a investigação pericial.

Certas conexões não são permanentes, como a ligação de um plug a uma tomada, logo se

um curto-circuito for identificado nos condutores (no sentido do equipamento, após a

tomada), indica que o cabo da conexão ao equipamento estava energizado, pelo menos.

Normalmente, quando um incêndio ocorre, e um plug estava conectado à sua tomada, os

terminais elétricos não se contaminam com fuligem. Se ocorrer a descoloração das lâminas,

indica que a fonte de calor foi fraca, a menos que o fogo se iniciou no contato entre as

partes. Se o fogo originou-se fortemente, com o plug inserido na tomada, as lâminas da

tomada devem apresentar uma folga equivalente a espessura do terminal do plug devido a

perda de restituição mecânica por parte das lâminas da tomada ou do soquete. Em resumo,

o carregamento pode ser determinado pela contaminação com fuligem, pela descoloração

ou pela perda de restituição mecânica das lâminas.

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Em resumo:

PLUG E TOMADA CONETADOS DURANTE

O INCÊNDIO

PLUG E TOMADA DESCONECTADOS

DURANTE O INCÊNDIOSem fuligem nas partes internas que se

tocaram

Com fuligem em toda a superfície

exposta

Com brilho nas partes em contato Sem brilho

Encaixe perfeito, as peças foram

destruídas juntas

Não há encaixe pois os danos às

 peças foram em separado.

O estado de interruptores de parede e chaves rotativas de   dimmer(s)   deve ser 

verificado. A análise de interruptores pode fornecer informações ao perito sobre o

carregamento elétrico do circuito durante o sinistro e mesmo sobre o nível de carga elétrica

operado pelo respectivo interruptor. Os   dimmers   podem levar perigo a instalação

dependendo da qualidade do produto e da forma como é instalado.

2.2 CHAVES SECCIONADORAS

Chaves faca, chaves seccionadoras e similares, podem ser analisadas quanto ao

estado durante o incêndio pela análise de contaminação com fuligem nas lâminas da chave

e pela folga nas lâminas do soquete, (fêmea) podem revelar o estado de energização da

carga elétrica. Em outras palavras, se as lâminas foram queimadas na posição “aberta”, as

lâminas dos plugs apresentam-se contaminadas somente com fuligem. Se estas foram

queimadas na posição “fechada”, a contaminação por fuligem não alcança as partes das

lâminas engatadas. Dependendo da posição, se o incêndio for intenso, nas imediações da

chave, os contactos das lâminas perdem seu poder de restituição mecânica e o punho da

chave abre-se por ação da gravidade e pelo relaxamento mecânico dos contactos damesma.

2.3 DISJUNTORES

Disjuntores, dispositivos de segurança das instalações elétricas, projetados para

proteger fiações e equipamentos por meio do desligamento automático pelo efeito térmico

ou magnético da sobrecorrente elétrica no circuito protegido, os mais comuns são os

eletromagnéticos e os termomagnéticos. Nos disjuntores comerciais, há uma indicação em

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forma de um círculo que aparece na base do acionador do dispositivo indicando que

encontra-se fechado.

Normalmente, um disjuntor visto na posição vertical, estará fechado se o seu

acionador estiver voltado para cima. Como este pode ser desligado manualmente, nainvestigação pericial, deve-se verificar se este foi desligado manualmente, ou seja, se

estava desligado, ou foi desligado por proteção pela ocorrência do incêndio. Isto pode ser 

feito, pois quando desligado manualmente, o acionador encontra-se voltado para baixo, e

quando acionado por proteção este permanece em uma posição intermediária entre a

posição Ligado e Desligado, em outras palavras, o disjuntor  desarma.

2.4 FUSÍVEIS

Os fusíveis são os elementos mais simples e confiáveis para proteção das

instalações elétricas e também de equipamentos eletroeletrônicos. Estes últimos possuem,

na maioria dos equipamentos, corpo de vidro em forma cilíndrica com extremidades

metálicas. A análise da forma como o fusível rompeu-se pode oferecer elementos à

investigação pericial.

 A elevação gradual da corrente elétrica até um valor imediatamente acima da

corrente nominal provoca a fundição do elemento condutor na parte central do fusível.

Nota-se que o ponto central atinge temperaturas mais elevadas em virtude de ter 

menor quantidade de material condutor e ser a área de menor dissipação térmica por 

condução de calor. A queima não se dá rapidamente, mas a região do condutor afetada

leva um certo tempo para fundir-se, mas quando este processo se inicia torna-se bastante

rápido. Observa-se que o corpo do fusível aquece bastante.

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O fusível é um elemento bastante confiável, entretanto não possui muita precisão

quanto à especificação da corrente de ruptura. Observa-se que o metal antes de romper-se,

apresenta leve perda de brilho, (descoloração) seguida de deformação mecânica do tipo

flambagem, conseqüência do aumento da elasticidade do metal. A figura ao lado representa

a situação do fusível pouco antes de se romper.

Para se simular uma situação de sobrecarga, um fusível de é submetido a uma

corrente instantânea de cerca de quinze vezes a corrente nominal de ruptura. A corrente

elétrica quando aplicada de forma instantânea provoca a ruptura do fusível com grande

rapidez, apresentando pequenos pontos de fusão no interior do corpo de vidro decorrentes

da grande densidade de corrente elétrica no meio condutor, provocando rapidamente sua

fusão. A figura ao lado mostra, esquematicamente, o estado do fusível antes e depois do

experimento.

Submetendo-se o fusível a correntes cerca de quarenta vezes a corrente nominal de

ruptura, percebe-se que densidade de corrente torna-se tão elevada, nestes casos, que o

material condutor do fusível, praticamente “vaporiza-se”, ou seja, ocorre o processo de

desintegração do elo condutor e pequenos pontos aderiram a parede do corpo do fusível,

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2.8 CAUSAS DO CURTO-CIRCUITO

 A causa mais comum de curto-circuito é a perda de isolação ou sua deterioração

ocasionada por algum agente externo aplicado continuamente ou intermitentemente sobre ocondutor. Por este motivo, os condutores devem ser acondicionados corretamente em

eletrodutos ou amarrados adequadamente em isoladores específicos. Por exemplo, se um

condutor é fixado por meio de grampos de forma que uma parte permaneça fixa e outra

móvel, haverá movimento neste condutor que tenderá a danificar o isolamento na região

próxima ao grampo, podendo vir a causar um curto-circuito. Entretanto há várias maneiras

que o isolamento do condutor possa a vir ser danificado, destacam-se:

a) Dobramento da cobertura de isolação devido à instalação inadequada do condutor;

b) Retiradas de plugs de uma tomada pelo cordão de alimentação;

c) Pressão de móveis sobre ligações elétricas;

d) Abrasão da cobertura de isolação do condutor;

e) Tratamento impróprio das partes a serem isoladas resultantes de um processo de

conexão entre partes, mal realizada, por exemplo pela utilização de fitas durex ou

fitas crepe, que ressecam ao longo do tempo desprendendo-se do condutor elétrico;

f) Aceleração no processo de degradação do material isolante devido à sobrecarga na

instalação elétrica.

g) Utilização meios de conexão ou multiplicação de pontos de alimentação

inadequados;

h) Utilização de conectores (plugs e tomadas) inadequados em função da carga elétrica

utilizada;

i) Penetração de meios materiais metálicos no interior da cobertura isolante dos

condutores provocado por dilatação ou contração da estrutura ou reformas mal

executadas;

 j) Danos permanentes no isolamento dos condutores no porão ou telhado devido a

ação de roedores;

k) Manuseio impróprio da instalação elétrica.

 Além dos discutidos, o curto-circuito em camadas , que pode dar origem a incêndios.

Este é gerado em enrolamentos de motores e transformadores. O curto-circuito entre

camadas de isolamento, provoca a redução na tensão terminal dos dispositivos mas eleva-

se o nível de corrente elétrica provocando sobreaquecimento. Em um transformador a

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relação básica entre as tensões e correntes no primário e secundário são dadas pela

fórmula abaixo:

v

v

i

i

 N 1

2

2

1

1

2

Observa-se que as grandezas tensão e corrente elétrica são inversamente

proporcionais em um transformador padrão. Na equação anterior   N 1  e   N 2  são os valores

que descrevem o número de espiras no primário e secundário. A deterioração no isolamento

da fiação no enrolamento primário, por exemplo, faz com que haja um pequeno curto-

circuito entre espiras adjacentes no interior do transformador, o qual não causará maiores

problemas.

Em grandes dispositivos, há proteções especiais contra tais efeitos, mas em

pequenos aparelhos não. Em caso de curto-circuito entre espiras do primário, pode-se

considerar que  N 1 está diminuindo, logo a relação  N 1 /N 2  está diminuindo, o que indica que a

tensão no secundário tende a aumentar. Tal aumento na tensão secundária do

transformador, aumenta o valor da corrente elétrica nos equipamentos alimentados por ele.

Este aumento pode provocar uma sobrecarga na instalação decorrente do aumento na

corrente elétrica elevando o valor da potência elétrica dissipada.

Em grandes equipamentos há dispositivos eletro-eletrônicos destinados a proteger 

transformadores, geradores e motores, tais como a proteção diferencial e o relé de

detecção de gás, utilizado em transformadores. Curtos-circuitos provocam sempre elevação

de temperatura no interior de transformadores e geração de gás, no caso de

transformadores refrigerados a óleo mineral.

2.9 CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

Em curto-circuitos, a corrente elétrica não atinge valores ilimitados devido à lei de

Ohm. A corrente elétrica em um circuito qualquer é função da diferença de potencial

aplicada e da impedância elétrica do mesmo. Sabe-se, também que a resistência elétrica de

um condutor depende de sua geometria e de sua natureza elétrica. Nas instalações

elétricas, o valor de um curto-circuito dependerá da potência da fonte de força eletromotriz

ou seja da capacidade do transformador de distribuição e da impedância da fiação elétrica

dos circuitos da mesma.

Quanto maior a seção do condutor ou quanto mais próximo da fonte, (transformador)

maior será o valor da corrente de curto-circuito, pois a resistência da fiação elétrica é

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menor. Para uma instalação residencial os valores de curto-circuito não ultrapassam a

1000A em média.

2.10 CARACTERÍSTICAS DO INCÊNDIO CAUSADO POR CURTO-CIRCUITO

Embora uma centelha provocada por um curto-circuito possua uma potência elétrica

elevada, dificilmente ela pode elevar a temperatura até valores da temperatura de ignição

dos materiais adjacentes. Portanto,   d i f ic i lm e nt e u m c u r to -c i rc u it o d ar á o r ig em ,

d i r et am e n t e, a u m i n c n d i o  .  Deve ser notado entretanto, que gases combustíveis, bolas

de poeira ou materiais em suspensão dão origem a incêndios devido a suas baixas

capacidades térmicas. Nota-se ainda, que isolamentos de condutores degenerados pela

ação do calor, (normalmente devido a sobrecargas de natureza elétrica) estando já

aquecidos pela corrente elétrica ou carbonizados, estão também sujeitos a formarem um

foco de incêndio.

No caso de centelhamento por curto-circuito onde não há material gasoso ou poeira,

a chama desenvolve-se lentamente e origina-se a partir dos materiais localizados no foco do

incêndio. A chama caracteriza-se por ser localizada e desenvolver-se lentamente.

Traços de fusão

Sempre que há um curto-circuito, forma-se no condutor uma estrutura cuja forma

difere da forma original do condutor. Percebe-se que o material condutor funde-se em

regiões concentradas, às vezes perceptíveis apenas em microscópio. Estas estruturas

formadas receberam o nome de traços de fusão.

Traços de fusão são pontos diminutos detectados ao longo da fiação elétrica onde

se deu um curto-circuito. Este se caracteriza pela ação de deformação no material condutor,

geralmente indicando um pequeno ponto onde o material condutor fundiu-se e remodelou-

se em um período de tempo muito pequeno pela ação do curto-circuito. As dimensões do

traço de fusão dependem da quantidade de material condutor e da potência do circuitoelétrico que entrou em curto-circuito.

O traço de fusão pode apontar para um foco inicial de um incêndio, mas também, ter 

sido formado, secundariamente, pela ação do mesmo. Portanto há dois tipos de traços de

fusão, os primários e os secundários.

Traço de fusão primário

“O traço de fusão produzido antes do incêndio iniciar-se e que originou-o, é chamado

de traço de fusão primário.”

O traço de fusão primário é produzido quando a temperatura não é tão elevadaantes do momento da ocorrência do curto-circuito, mas localmente está atinge valores da

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ordem de 2000° a 3000° C no momento do curto-circuito. Como resultado de tal elevação

térmica localizada, a superfície do material condutor em contato, funde-se dando origem,

geralmente, a uma superfície polida, esférica e  concentrada. Na maioria das situações os

materiais combustíveis não estão carbonizados quando ocorre o curto-circuito e detritos ourestos de materiais não são localizados neste traço de fusão.

2.11 TRAÇO DE FUSÃO SECUNDÁRIO

“O traço de fusão produzido pela combustão do material isolante sobre o condutor 

energizado (vivo) que veio a originar um curto-circuito é chamado de traço de fusão

secundário.”

O traço de fusão secundário caracteriza-se por possuir menor grau de polidez, maior 

rugosidade na superfície do traço que apresenta uma forma mais irregular. Podem ainda ser 

encontrados restos de material, como a cobertura isolante, fundidos junto ao traço.

Entretanto, observa-se que quando produzido logo após a deflagração do incêndio, quando

a fiação de cobre não se encontra em temperatura muito elevada, o traço de fusão

secundário não apresentará grandes diferenças em relação ao traço de fusão primário.

Outro cuidado a ser tomado na determinação entre a natureza dos traços de fusão é

que em situações onde o incêndio atinge temperaturas muito elevadas em torno do ponto

de derretimento do cobre, um traço de fusão primário apresentará poucas diferenças em

relação ao secundário quanto a forma e rugosidade.

 A análise de um traço de fusão deve ser feita através de equipamentos específicos

auxiliares como a lupa tridimensional. Este equipamento promove a ampliação da imagem

em três dimensões, adequada à análise minuciosa da amostra submetida aos testes de

verificação.

Embora o incêndio, causado por curto-circuito, seja grosseiramente caracterizado

pelas condições da queima do material e pela formação de traços de fusão, nenhumadestas ocorrências isoladas pode ser considerada evidência decisiva para se afirmar sua

causa. Portanto, se o incêndio foi ou não causado por curto-circuito, a análise criteriosa da

disposição e manuseio da fiação elétrica, da combustibilidade de materiais ignizados, das

condições da queima no foco do incêndio, das características dos traços de fusão e da

possibilidade de outras fontes ígneas permitirão ao perito consolidar ou descartar hipóteses.

Sobrecarga

Toda fiação elétrica possui uma faixa de trabalho que pode operar seguramente sem

que ocorra degradação da isolação. A corrente máxima que um condutor pode suportar emregime contínuo de trabalho é chamada de   máxim a co rr ente adm iss ível ,   o valor de

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corrente elétrica que ultrapassa este valor é chamado de   cor ren te el étri ca de so br ecarg a 

na fiação elétrica.

Se a corrente elétrica atingir valores ainda maiores a temperatura no condutor pode

atingir o limite em que o isolamento não mantém mais as suas características elásticas epode provocar um curto-circuito, esta é chamada de   temperatura de curto-circui to .

Amp a c i d ade  ,   (ampacity)   é o termo utilizado para representar a capacidade do

condutor de suportar a corrente elétrica máxima em regime de operação contínuo.

Na tabela abaixo, encontram-se as temperaturas máximas de operação em regime

contínuo, sobrecarga e curto-circuito para os tipos de condutores mais comuns. Estas

temperaturas são obtidas submetendo-se o condutor a passagem de diferentes valores de

corrente elétrica.

Temperatura máxima de

operação em regime

contínuo em °C

Temperatura máxima de

sobrecarga em °C

Temperatura de   curto-

circuito em °C

 PVC    70 100 160  

PET    70 90 150  

 XLPE    90 130 250  

EPR    90 130 250  

Estes valores são válidos para temperatura ambiente de 30°C. Onde, PET significa

polietileno e EPR, borracha de etilenopropileno.

Para um condutor com a mesma seção transversal, o tipo do isolamento definirá sua

máxima corrente admissível. Quanto maior a temperatura que o condutor suporta, maior 

será a máxima corrente admissível.

Pode ocorrer sobrecarga em qualquer dispositivo elétrico, desde de este seja

submetido a valores de corrente acima dos valores nominais estabelecidos pelo fabricante.

Por exemplo uma tomada comum é projetada para uma corrente elétrica de   10A. Se esta

for ligada a um chuveiro elétrico que consome em média   20A, ocorrerá uma sobrecarga

perigosa neste dispositivo.

Portanto, não é só a fiação elétrica que pode ser submetida à sobrecarga mas todos

os dispositivos que constituem uma instalação elétrica.

Entre as causas de sobrecarga pode-se destacar o aumento do número de

equipamentos elétricos ligados a um determinado circuito de forma que a máxima corrente

admissível seja ultrapassada. Deve-se notar que a máxima corrente elétrica admissível nãoé só afetada pelo tipo do material isolante, mas também, pela forma que é instalada a

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respectiva fiação. Se os condutores forem instalados de forma que a troca de calor com o

ambiente seja prejudicada a temperatura limite operacional pode ser atingida mesmo com a

corrente abaixo da máxima corrente admissível. Os projetistas de instalações elétricas

utilizam fatores de correção da máxima corrente admissível em função do local deinstalação ou do agrupamento de condutores em um mesmo eletroduto.

Portanto, o excesso de equipamentos elétricos ligados a um determinado circuito

elétrico provoca um aumento no consumo de corrente elétrica, já que   P=V.I , onde   V   é

constante. Se a corrente elétrica ultrapassar o valor da máxima corrente admissível, o

isolamento do condutor iniciará um processo de degradação que pode ser mais ou menos

acelerado.

Outro fator é a forma de dissipação do calor gerado pela fiação elétrica. O excessivo

agrupamento de condutores elétricos, ou sua instalação em locais de elevado isolamento

térmico pode provocar, mesmo sob correntes inferiores a máxima corrente admissível a

deterioração do condutor. Este processo tende a provocar curto-circuitos dando origem a

incêndios.

 A filosofia de perícia japonesa não admite a ocorrência de incêndios por sobrecarga,

pois afirmam textualmente: “Normalmente, métodos de proteção dos circuitos utilizados

como chaves de desligamento e disjuntores não permitirão que a corrente elétrica

ultrapassa o valor da máxima corrente admissível pré-definida. Não há a possibilidade de

incêndio causado por sobrecarga.” Esta afirmação não pode ser considerada totalmente

válida para a realidade brasileira pois:

Normalmente, em nosso país, os disjuntores dimensionados para uma determinada

carga, são substituídos por outros de valor nominal superior para evitar que estes

desarmem em caso de sobrecarga sem a troca da respectiva fiação elétrica.

 Ainda que para situações de curto-circuito os disjuntores desarmem, muitos

incêndios podem ser provocados pela inflamação de materiais combustíveis sólidos ou

líquidos que estejam nas adjacências de circuitos sobrecarregados que não venham a ser 

desligados pelo disjuntor devido a modificações na instalação elétrica.

Devido a fatores alheios, cuja análise foge ao objetivo do curso, as instalações

elétricas são executadas, modificadas por pessoas totalmente despreparadas criando

sitações potencialmente críticas.

 Assim que a corrente elétrica ultrapassa o valor da máxima corrente admissível, a

temperatura começa a subir ligeiramente. Se esta temperatura ultrapassar a temperatura

máxima de operação em regime contínuo, a degradação do isolamento terá início. Se, ainda

tais condições permanecerem por um longo período, o material isolante tornar-se-ádegradado a ponto de poder provocar um curto-circuito, o qual poderá resultar em um

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incêndio. Conforme mencionado a sobrecarga invariavelmente terminará em um curto-

circuito na fiação (a menos que o incêndio ocorra antes, o que não é comum). Portanto,

somente a observação do estado da queima dificilmente permitirá a avaliação se a

sobrecarga foi ou não a origem do incêndio.Particularmente em caso de sobrecarga, o traço de fusão encontra-se muito

carbonizado e, portanto, a tipificação mesmo pode não ser estabelecida com segurança,

entretanto, a sobrecarga fornece informações ao perito fora do foco de incêndio ou mesmo

fora deste. O sentido da degradação do isolamento revela ao perito se houve ou não

sobrecarga em uma determinada fiação.

Dependendo da ação das chamas a fiação elétrica pode ser totalmente consumida

ou só parcialmente em um incêndio. No caso da fiação ser consumida parcialmente, o

sentido do fluxo do calor é facilmente observável mesmo com uma lupa comum. Se o

isolamento do condutor estiver degradado no seu interior e íntegro na parte exterior, pode-

se afirmar que seguramente ocorreu sobrecarga, pois no caso da fiação danificada em um

incêndio o fluxo do calor é de fora para dentro.

Quando o perito estiver analisando se a sobrecarga foi ou não a origem do incêndio,

a primeira coisa a fazer é verificar a causa da sobrecarga, a máxima corrente admissível na

fiação o valor total do consumo de corrente elétrica dos equipamentos inerentes, a condição

de instalação da fiação, problemas com o circuito e utilização de extensões devem ser 

verificadas.

O curto-circuito causado pela sobrecarga é disparado pela destruição do material

isolante devido seu ao aquecimento. Por esta razão, este problema é muito freqüentemente

encontrado em fiações que instaladas inadequadamente possuem a dificuldade de liberar o

calor gerado.

O estudo da sobrecarga elétrica e dos condutores com isolamento em PVC

antichama revela certas conclusões importantes:

Diversos materiais comumente utilizados nas edificações são combustíveis e

apresentam temperaturas dos  pontos de ignição  superiores à temperatura de curto-circuito

dos condutores de PVC , (160° C ).

Pode-se afirmar, portanto, que o condutor elétrico, por mais sobrecarregado

eletricamente que possa estar, apresentará um curto-circuito se houver formação de um

percurso alternativo para a corrente elétrica, antes que combustíveis nas imediações

atinjam seus pontos de ignição.

Logo, a sobrecarga conduz a um curto-circuito na maioria dos casos.

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SOBRECA RGA ELÉTRICA =  CURTO-CIRCUITO =  INCÊNDIO 

É possível, entretanto, que a temperatura nos meios condutores ultrapasse os

1000°C, sem ocorrência de um curto-circuito, devido à inexistência de percurso, ou seja,mesmo com a perda das condições de isolamento não ocorre o curto-circuito pois os

condutores que apresentam a   ddp   não se tocam. Normalmente, isto não ocorrerá com

fiações dispostas em eletrodutos, pois estes encontram-se retorcidos e levemente

tensionados.

O escoamento do material isolante certamente provocará um curto-circuito. Quando

não há curto-circuito envolvido, pode ocorrer incêndios, com muito mais freqüência devido a

outros fenômenos como a   desconexão parcial   do que pela sobrecarga elétrica em

condutores.

SOBRECA RGA ELÉTRICA =  INCÊNDIO    (OCORRE RARAMENTE)

 A borracha de etileno-propileno é o isolamento mais comumente utilizado nos

condutores norte-americanos. Não se utiliza o   PVC   para fins de isolamento elétrico nos

EUA, conforme é utilizado no Brasil. A despeito de suas melhores características elétricas a

borracha de etileno-propileno é muito mais cara do que o  PVC  antichama. Para se ter uma

idéia, este tipo de isolamento só é utilizado largamente no Brasil para cabos de alta tensão,

acima de 1KV.

 Apesar das melhores características do EPR, a NPFA 70 normatiza também o uso

do EPR fluorado, FEP, que segundo alguns recentes estudos, libera componentes tóxicos

em casos de incêndio. A introdução dos halons nos EPR(s) melhoram seu comportamento

diante de situações de resistência ao fogo e também aumenta o desempenho elétrico

permitindo uma maior capacidade de transmissão, seja em   ampacidade 1  ou em freqüência,

entretanto, em incêndios o FEPfluorado   libera derivados da combustão altamenteprejudiciais à saúde.

1  Ampacidade é a capacidade em Amperes máxima em regime contínuo de carregamento que um condutor elétrico suporta auma temperatura preestabelecida, normalmente 70 °C.

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2.12 DESCONEXÃO PARCIAL

 A desconexão parcial é um fenômeno específico que ocorre com fiações flexíveis,

utilizadas largamente, que consiste em um processo gradual de degradação do condutor,

do isolamento ou de ambos, provocando interrupções freqüentes no fornecimento de

energia a uma determinada carga elétrica, que, normalmente, termina com o seccionamento

completo do condutor.

 A desconexão parcial provoca intenso centelhamento, este, ainda que de baixa

potência possui elevada temperatura, e quando em contato com materiais combustíveis

provoca uma rápida ignição.

Esta desconexão pode ser ocasionada por diversos fatores, mas normalmente por 

esforços mecânicos no condutor. O isolamento do condutor é composto de um polímero,

normalmente o   PVC  que não é projetado para sofrer determinadas solicitações. Esforços

mecânicos, impactos no fio por objetos cortantes, excesso de movimento no condutor, entre

outros fatores, podem provocar a interrupção parcial ou total no condutor.

Quando as partes seccionadas se tocam, ocorre a condução de corrente e a

formação de diminutos traços de fusão primários devido ao grande aumento na densidade

de corrente elétrica na região. Ainda que o condutor não esteja totalmente seccionado, o

nível de corrente elétrica pode provocar a formação de traços de fusão. Neste caso, aconfirmação da ocorrência do fenômeno de desconexão parcial pode ser assegurada.

 A ilustração típica do fenômeno de desconexão parcial em um condutor flexível, que

não provocou seu seccionamento completo. Haverá uma elevação na densidade de

corrente elétrica na seção que permaneceu conectada o que provocará uma elevação na

potência elétrica dissipada por unidade de volume, provocando um aquecimento puntual

muito grande, que em situação de regime operacional permanente provocará danos ao

isolamento, a interrupção do condutor, que poderá se dar com centelhamento intenso ou

não gerando os pequenos traços de fusão mostrados logo abaixo do filamento de condutor 

conectado.

Em extensões elétricas, utilizadas com frequência, vários fenômenos podem ocorrer 

associados a uma desconexão parcial:

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Quando a parte desconectada parcialmente é movida em condição de carga,

centelhas são geradas dentro do condutor na região da área afetada em decorrência da

modificação da geometria do condutor e conseqüente variação de densidade de corrente

elétrica.Se há corrente elétrica fluindo pela parte com resistência de contato, calor será

gerado na região de má conexão aquecendo o isolamento do condutor, pois, neste caso

vale a relação:   2 I  R P  C     , onde  R C  é a resistência elétrica medida entre os pontos de má

conexão e I  é a corrente elétrica que circula na extensão.

Se a extensão danificada for utilizada por um longo período, lembrando que,

U Pdt  t 

t T 

 

0

0 , uma quantidade de energia será convertida em calor a ponto de danificar o

isolamento do condutor e ocasionar o aparecimento de mau cheiro devido a deterioração do

isolamento de PVC  do condutor em um primeiro estágio.

Se uma condição de queima for detectada a partir de uma desconexão parcial de

uma extensão, mesmo estando sem condições de carga, esta pode ser considerada como

uma boa candidata a elemento deflagrador do incêndio.

Podem ser observadas diferenças entre traços de fusão ocasionados por curtos-

circuitos e por desconexão parcial. No primeiro caso, mesmo que o condutor não seja

rígido, mas composto por diversas veias, estas apresentam-se ligadas por uma única

pérola. Já no caso do traço de fusão gerado em condições de desconexão parcial, observa-

se que este é de dimensões muito menores do que no primeiro caso e que o traço de fusão

sofreu influências de deslocamentos mecânicos.

Contato imperfeito

Há dois tipos de contatos imperfeitos encontrados em instalações elétricas. O

contato imperfeito originado por má conexão mecânica entre partes e o contato imperfeito

ocasionado pela formação de   x i do c upros o .

Resistência de contato A resistência elétrica inerente às conexões elétricas entre os materiais utilizados nos

sistemas elétricos é chamada de resistência de contato. Por exemplo, um plug em uma

tomada, há uma resistência de contato na ligação do plug com a tomada de energia. Uma

ligação de um terminal a um borne de uma régua. A emenda em um fio de telefone, etc.

Normalmente, esta resistência é de um valor baixo, no entanto é puntual, ou seja, a

dissipação térmica ocorre em uma região concentrada.

 A elevação da carga elétrica, provoca elevação na corrente o que provocará, pela lei

de Joule, um aumento considerável na dissipação térmica nesta resistência. Esta por suavez pode elevar-se devido a conexões elétricas mal realizadas e com a própria elevação da

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temperatura local. Este efeito é pronunciado em sistemas de distribuição de energia em

110Vca, em conexões de chuveiros e aparelhos de ar condicionado. O aquecimento em

resistências de contato é uma causa comum de incêndios de origem elétrica. Portanto,

deve-se sempre manter os conectores bem firmes às respectivas tomadas, e utilizar tomadas de alimentação dimensionadas para suportar a corrente elétrica em função da

carga projetada. Uma tomada de uso comum é projetada para a corrente de  10A, logo não

deve ser utilizada para alimentar um chuveiro elétrico ou um aparelho condicionador de ar,

cujas correntes ultrapassam este valor.

 A desestruturação do condutor no interior do isolamento também gera uma

resistência de contato, ou seja, uma desconexão parcial no interior do condutor, que pode

ser de valor não constante durante um determinado intervalo de tempo. Esta geração de

calor de forma puntual pode provocar uma elevação da temperatura de modo que a máxima

temperatura em regime contínuo seja atingida e o condutor inicia um processo de

degradação.

Em outros casos, forças mecânicas aplicadas intermitentemente ou continuamente

sobre uma parte de um condutor mal instalado, pode danificar o isolamento do mesmo e

provocar um curto-circuito no ponto onde o isolamento foi danificado por ações mecânicas.

Não se deve confundir a desconexão parcial com o contato imperfeito. O termo

desconexão parcial é empregado especificamente para condutores elétricos danificados

com redução da seção. Ao passo que Contato imperfeito sugere todos os tipos de contato

elétrico que provocam desprendimento de energia térmica. Rigorosamente, desconexão

parcial é uma forma de contato imperfeito, entretanto, na perícia, há esta distinção.

Uma desconexão parcial gera uma resistência de contato. A maioria das resistências

de contato aparecem por má conexão mecânica entre condutores, terminais, réguas de

bornes, entre outros dispositivos, devido a uma pequena folga existente nas partes

conectadas. Esta folga provoca a repetitiva desconexão e conexão das partes sempre que o

condutor se move ou devido a vibrações mecânicas de natureza diversa, provocando o

aparecimento de centelhas.

Se uma extensão é utilizada por um longo período, nestas condições, grafite será

gerado no interior do isolamento. Por este estado de grafitização do isolamento, circulará

uma pequena corrente que contribuirá com a elevação da temperatura local. Em um estágio

de avançada grafitização do isolamento, este apresentará rompimento da rigidez dielétrica e

gerará um curto-circuito.

Enquanto a fiação não apresentar estado de grafitização avançado, a corrente

elétrica de carga é a principal responsável pela deterioração do isolamento do condutor.Mas, quando a grafitização encontra-se em estado avançado, com corrente de carga ou

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sem corrente de carga, haverá crescente deterioração no estado do condutor conduzindo a

um curto-circuito devido a corrente de fuga que circula na parte grafitizada.

O perigo de conexões mal feitas, como o caso universal do benjamim ou T,

alimentando muitas cargas elétricas elevadas está na resistência de contato criada naconexão do plug com a tomada de força criando um estado de grande aquecimento

localizado elevando a temperatura a ponto de ocasionar a combustão de materiais adjuntos

à região da conexão elétrica.

 A resistência de contato aumenta com a diminuição da pressão de contato entre as

partes conectantes pela diminuição da superfície de contato e pela formação de um filme de

oxidação local. Conforme a resistência de contato aumenta, aumenta também a potência

dissipada e a temperatura local, aumentado o filme de oxidação local.

Contatos imperfeitos devem ser evitados, principalmente, em circuitos que utilizam

níveis elevados de corrente elétrica, independentemente do nível da tensão utilizada. A nível

de instalações elétricas em baixa tensão, onde as tensões utilizadas situam-se na faixa de

110V   a   440V , correntes acima de 20 A tornam-se perigosas em circuitos onde há

resistências de contato tais como plugs, conectores, bornes de aparelhos, contatos elétricos

de relés ou contatores, contatos de seccionadoras e réguas de conexão elétrica entre

outros. Deve-se salientar que, quanto menor o nível de tensão, maior será a corrente

elétrica necessária para alimentar uma determinada carga elétrica.

2.13 ÓXIDO CUPROSO

O filme de oxidação é formado pelo aquecimento das partes em contato. Este filme tende a

aumentar decorrente de um processo contínuo de aquecimento e permanece a nível

superficial. Este filme de cobre normalmente é do tipo CuO, monóxido de cobre, em casos

especiais, entretanto, há formação de Cu2O, óxido cuproso ou monóxido de dicobre. Uma

vez iniciado o processo de formação do óxido cuproso, este aumenta emitindo luz e calor.

Este processo é chamado de  geração de calor pela criação de óxido cuproso.

  Características peculiares do Cu2O.

O óxido cuproso não pode ser identificado por mera inspeção visual. A fuligem do

incêndio mascara suas características. O óxido cuproso é frágil e quebra-se quando

pressionado levemente por lâminas cortantes por exemplo. A superfície de Cu2O possui

brilho metálico na tonalidade cinza prateado. Observado em microscópio com fator deampliação de 20 vezes, cristais semelhantes a cristais de rubi podem ser identificados e são

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característicos de Cu2O. Se puderem ser identificados, nas partes de amostras

encaminhadas ao laboratório, haverá fortes indícios, baseados em tais evidências físicas,

para se apontar a causa do incêndio.

O Cu2O comporta-se conforme um semicondutor pois sua resistência elétrica variasegundo uma função exponencial negativa com a temperatura. O valor mínimo é atingido a

cerca de 1000 °C o que indica que no processo de geração de calor a temperatura pode

atingir esta faixa térmica, ainda que, de forma localizada.

Comparado com os casos de geração de calor por resistência de contato, a geração

de calor pela criação de óxido cuproso pode ser considerado um fenômeno raro.

0 200 400 600 800 1000 120010

0

101

102

103

104

()

°C

Curva característica do Cu2O ° C x

O gráfico acima estabelece a relação entre a temperatura e a resistência ôhmica do

monóxido de dicobre. O valor da resistência elétrica.

2.14 GRAFITIZAÇÃO

Basicamente o carbono apresenta-se de três formas: o diamante, o grafite e formas

de carbono amorfas. O carbono é originalmente um mal condutor, rigorosamente apresenta

em sua camada de valência quatro elétrons que o classifica como um semicondutor. O

grafite, por outro lado, devido à sua estrutura cristalina apresenta-se com relativa

condutividade elétrica. Quando o carbono é aquecido, a altas temperaturas, este cristaliza-

se parcialmente, em núcleos, tornando-se grafite.

Em circuitos elétricos, chaveamento é o processo em que equipamentos elétricos

são ligados e desligados de forma ordenada para a execução de alguma tarefa específica.

O chaveamento gera centelhas elétricas, que podem carbonizar substâncias em ambientescontendo materiais orgânicos. O desenvolvimento deste processo provoca a grafitização

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parcial nestas substâncias, aumentando muito a condutividade do meio, gerando correntes

de fuga. Estas correntes de fuga circulando em meios grafitizados geram calor. Este

fenômeno é conhecido por  graf it ização .

O grafite pode ser gerado do piche elevando-se sua temperatura na faixa de 2700° a3200°C. Com concentrações menores de oxigênio, o grafite pode ser obtido a temperaturas

bem menores. Portanto, a temperatura e a concentração de  O2  são os elementos principais

na produção do grafite.

Os centelhamentos que ocorrem nos circuitos elétricos são de elevada temperatura,

cerca de 2000°C, o que provoca a carbonização e a grafitização em materiais orgânicos

como a baquelite. Se o condutor for aquecido por efeito Joule, até gerar luminescência, sua

temperatura pode atingir os 1000°C. Neste caso, qualquer material orgânico em contato

com este condutor será grafitizado rapidamente pela baixa concentração de   O2 . Madeiras

em locais estagnados podem grafitizar-se pela ação do calor irradiado pelas chamas em um

incêndio. Este efeito é semelhante à produção industrial do carvão.

O centelhamento nos circuitos elétricos carbonizam e grafitizam materiais orgânicos

próximos. Apesar de alta, a temperatura da centelha possui pequena capacidade térmica. A

quantidade grafitizada é mínima. Até o ponto em que possa haver circulação de corrente

elétrica de fuga na parte grafitizada, tem de haver muitas centelhas elétricas no ponto de

grafitização. Uma corrente de fuga circula então pela parte grafitizada do circuito.

 Apesar de possuir uma resistência baixa, esta pode ser considerada elevada se

comparada a dos metais, logo, pequenos valores de corrente de fuga podem provocar 

grande aquecimento na parte grafitizada devido aos seus valores de resistência elétrica.

Com a elevação térmica, os processos de carbonização e grafitização tendem a aumentar.

Em um estágio inicial de grafitização, a corrente de fuga é pequena e o calor gerado

em uma determinada área é muito concentrado. Logo, o material isolante não é queimado

de forma aleatória mas, da parte interior para a exterior do isolamento do condutor em uma

forma de combustão sem chama. Este estado desenvolve-se e dá início a uma combustão

que se propaga aleatoriamente podendo transformar-se em um incêndio. Atualmente,

utilizam-se condutores, em sua grande maioria com isolamento de   PVC , que é um não

propagador de chama, ou seja, o isolamento por si só não propagará a chama do incêndio.

Esta característica apresenta uma segurança adicional. Entretanto, apesar de não

propagadores de chama estes propagam o calor interno dos condutores podendo inflamar 

secundariamente outra substância próxima a ele.

Para se investigar se a grafitização ocorreu ou não, a resistência elétrica da amostra

carbonizada deve ser medida. Uma referência grosseira para este julgamento é deaproximadamente   100    /c m   ou menor. Pelo fato do grafite ser um material altamente

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combustível e poder ser produzido pela própria ação das chamas do incêndio, a medição da

resistência elétrica não se constitui em processo suficiente para se assegurar a origem da

grafitização na amostra.

O local onde o grafite for produzido deve ser o caminho mais curto possível, ou seja,de menor rigidez dielétrica é a precondição da formação do grafite é que este ocorra a partir 

do interior para o exterior da amostra.

Se a grafitização ocorrer por centelhamento devido desconexão parcial, um traço de

fusão deve ser observado na amostra.

Se um processo de grafitização dá origem a um incêndio, este terá a forma de um

incêndio sem chamas, normalmente com um queima intensa e puntual. Se o incêndio for de

grande escala, a queima decorrente será elevada e os indícios de queima sem chama

poderão ser perdidos.

Quando a madeira é grafitizada pela passagem da corrente elétrica, este grafite é

queimado gerando calor, grande luminosidade, cinzas e mais grafite. Este processo se

repete provocando escavação na madeira ou no material isolante qualquer. Um forte indício

da presença de grafitização é a perda de material isolante em profundidade.

 A diferença básica entre processos de grafitização causadores de incêndio e

causados por incêndio reside nas dimensões da região atingida. No primeiro caso, a área

atingida é bastante concentrada e profunda, enquanto que no segundo é bastante dispersa

e superficial.

2.15 CORRENTE DE FUGA

Toda a corrente elétrica que circula por meios não previstos é chamada de corrente

fuga. Os sistemas de distribuição residencial são aterrados, ou seja, um lado da fonte de

força eletromotriz está ligada ao potencial do solo.

Trata-se de um transformador trifásico instalado, por meio de suportes em aço

galvanizado, em poste de energia que utiliza tensão de linha, em corrente alternada,

normalmente na faixa de   13800V . Este transformador está ligado em delta no circuito de

alta e em estrela aterrada no circuito de baixa. A haste enterrada dentro da caixa de

inspeção funciona como eletrodo de aterramento para o transformador.

 A figura a seguir mostra um exemplo de rede elétrica responsável pelo fornecimento

de energia elétrica segundo os padrões nacionais de fornecimento de energia elétrica para

consumidores em baixa tensão.

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Este procedimento é adotado por questões de segurança. Em caso de falhas no

isolamento do transformador de distribuição, as correntes primárias de alta tensão são

desviadas para a terra.

O condutor que não está aterrado, conhecido por condutor fase, está a um potencial

na faixa de 110V a 220V em relação ou neutro. Nesta situação, qualquer falha no

isolamento deste condutor, poderá dar origem a uma ligação elétrica com algum material

que esteja ligado à terra, fechando o circuito elétrico, dando origem a uma corrente de fuga.Esta corrente de fuga também ocorre em equipamentos elétricos e por este motivo, devem

ser aterrados.

Dependendo do valor da resistência elétrica, a corrente de fuga pode provocar 

sobreaquecimento excessivo puntual provocando um incêndio.

Corrente de carga que

alimenta oequipamento ITOTAL.

Fonte dealimentação

em CA.

Equipamento

elétrico, chuveiroeror, etc

Circuito formado pela perda

de isolação em algum ponto doequipamento gerando umacorrente de fuga IFUGA.

Percurso realizado pelacorrente de fuga.

IFUGA

Corrente IRETORNO

Pontos metálicos na estrutura em contato com a rede elétrica podem dar origem afortes correntes de fuga. Outra situação pior está representada na figura acima onde uma

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pessoa recebe uma corrente elétrica devido a falha na isolação do chuveiro elétrico. No

corpo da pessoa passará a corrente de fuga entrando por seu braço e saindo pela planta

dos pés para o piso do banheiro. O retorno da corrente elétrica se dará pelo aterramento da

fonte de força eletromotriz em corrente alternada. O diagrama elétrico acima ilustra estasituação. A corrente de fuga passa pelo corpo da pessoa e flui para a terra retornando pelo

aterramento da fonte. Deve-se notar que:

 I I I TOTAL FUGA RETORNO

 A corrente elétrica total que alimenta o equipamento elétrico é igual a corrente

elétrica de retorno do equipamento adicionada à corrente de fuga devido a primeira lei de

Kirchhoff. Na ilustração acima, a corrente de fuga não ultrapassa dezenas de miliamperes,

entretanto, o valor da corrente de fuga só dependerá da resistência elétrica do circuito de

fuga formado.

Foram desenvolvidos disjuntores especiais que detectam correntes de fuga de

valores na faixa de dezenas de miliampères, a fim de proteger os usuários contra correntes

de fuga. Estes disjuntores são conhecidos como dispositivos de corrente residual.

Na análise da corrente de fuga, três pontos são fundamentais: o primeiro é o ponto

onde se dá a ligação entre a rede de energia e o circuito da corrente de fuga, o segundo é o

ponto de origem do incêndio por sobreaquecimento e o terceiro é o ponto onde a corrente

elétrica encontra o aterramento.

Uma precondição para que o incêndio seja causado por corrente de fuga é que

qualquer parte da isolação do condutor fase esteja danificado e que partes metálicas da

instalação tenham contato com o condutor. A corrente de fuga poderá, ainda se dar 

indiretamente, por meio da perda de isolação de algum equipamento elétrico que possua

partes metálicas que se tornem energizadas e que venham a ter contacto com a terra,

inclusive por meio de pessoas. Nestes casos, as correntes de fuga não atingem,

normalmente, valores elevados, entretanto na primeira hipótese, as correntes de fuga

poderão atingir valores muito elevados entre centenas e milhares de ampères. Se a perdade isolação do condutor se der antes do disjuntor geral da residência, a corrente de fuga

não será interrompida (pois o disjuntor não verá o defeito) e será de valor muito elevado,

devido à proximidade com o transformador da concessionária.

Eletrodutos metálicos instalados incorretamente, sem buchas, podem provocar 

danos ao isolamento dos condutores originando correntes de fuga entre o condutor fase e o

eletroduto metálico. Conexões entre condutores instalados no interior de eletrodutos

metálicos são os pontos mais prováveis a dar origem a correntes de fuga.

Umidade no interior da edificação pode provocar em associação à poeiracentelhamento no interior de eletrodutos e caixas de passagem de eletricidade danificando

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parcialmente o condutor grafitizando-o o que pode vir a originar correntes de fuga. Nestas

situações recomenda-se que emendas entre condutores devam ser confeccionadas com

fitas autovulcanizáveis para se evitar a fuga de corrente que circulará pelo condutor sujo de

poeira e umidade.Os passos utilizados para a investigação do ponto de origem são limitados à

determinação do ponto de origem do incêndio e pela identificação da fonte que o provocou.

Se a possibilidade de incêndio causado por corrente de fuga for levantada, a investigação

inicia-se do ponto onde se deu a fuga de corrente seguindo o circuito no sentido do ponto

de aterramento. Geralmente, o foco inicial ou seja a origem do incêndio é determinada por 

inspeção direta da área sinistrada. A corrente de fuga segue caminhos onde há presença de

materiais condutores de eletricidade, tais como tubulações, caibros de telhados, ferragens e

perfis estruturais, entre outros, pois tais elementos oferecem uma menor impedância

elétrica à passagem da corrente elétrica que poderá deixar marcas de sua passagem. Nos

casos em que a corrente elétrica atinge valores elevados, principalmente nas conexões dos

elementos metálicos da edificação poderão ocorrer indícios de deformação mecânica, fusão

ou perda de material.

Do ponto onde ocorre a fuga, a corrente elétrica subdivide-se em uma série de

circuitos e atinge a terra por um ou vários pontos de aterramento naturais ou não. O ponto

onde se origina a corrente de fuga ou os pontos de aterramento são provavelmente o foco

inicial do incêndio. Se houver grafitização ou a perfuração do material isolante do condutor 

por meio de um objeto agudo, o ponto de origem da corrente de fuga será o provável foco

do incêndio.

É freqüente o aparecimento de traços de grafitização na região onde o fogo eclodiu,

este pode se tornar mais um indício a reforçar ou descartar suspeitas do perito, entretanto

não pode ser considerado uma característica decisiva para se confirmar a origem do

incêndio, pois sua ocorrência depende na natureza da região onde se originou a corrente de

fuga. O ponto fundamental é verificar que houve um lugar, próximo ao provável local de

eclosão, onde houve ocorrência de fenômeno termélétrico tais como traços de fusão nas

unções metálicas da estrutura, próximos ao provável foco inicial.

Por outro lado, se o incêndio for causado pelo aquecimento gradual de materiais

metálicos, nem sempre ocorrerão traços de fusão na região do foco inicial, neste caso, o

perito deve avaliar a possibilidade de ocorrência de cetelhamentos, sobre o nível de

aquecimento ocorrido na estrutura metálica, a relação de causa e efeito entre estes fatores

e os materiais ignizados. A medição da resistência elétrica da edificação além da resistência

de aterramento pode auxiliar o perito a determinar a ordem de grandeza da corrente de

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fuga. Quanto menor a resistência elétrica da edificação (considerando a resistência de

aterramento) maior será a corrente de fuga.

Em suma, para identificar o ponto de origem do incêndio, a análise não deverá ser 

simplesmente circunstancial, mas evidencial, baseada nas características do incêndio, dagrafitização, da ordem de grandeza da corrente de fuga e das conexões metálicas na

estrutura.

Se a análise pericial concluir que o incêndio foi ocasionado por corrente de fuga,

então o ponto de fuga da corrente deve ser identificado. A pesquisa do ponto de fuga é

procedida por inspeção visual dos traços de fusão, do ponto de contato e dos resíduos de

grafitização. Cabe ressaltar que, em decorrência do incêndio, medições da resistência

intrínseca da edificação podem tornar-se inviávies assim como a determinação do ponto

onde se deu a fuga de corrente elétrica.

Na determinação do ponto de fuga, sugere-se que o procedimento adotado seja de

pesquisa da fiação a partir da fonte de força eletromotriz para a carga até atingir os

equipamentos elétricos.

O ponto de aterramento deve ser identificado. O ponto onde se dá o aterramento

deve ser desconectado da fiação elétrica e a resistência de aterramento deve ser medida.

Quando possível, a resistência entre o ponto de aterramento e o ponto de fuga deve ser 

medida também.

 A NBR 5410, Instalações elétricas de baixa tensão da ABNT, estabelece que todo

elemento metálico em uma edificação deve ser aterrado por meio de terminais de

aterramento secundário e principal que se encontram ligados ao aterramento propriamente

dito da edificação por meio de uma ligações equipotenciais. O objetivo da norma é evitar 

que correntes de fuga circulem no interior da estrutura ocasionando potenciais de passo

que possam ser prejudiciais aos seus usuários. A utilização de disjuntores de proteção

residual, conhecida por dispositivos DR, associada à instalação dos terminais de

aterramento promove uma proteção efetiva à edificação. Em caso de falha no isolamento de

algum condutor ou mesmo equipamento elétrico, a corrente de fuga circula pelos

condutores de aterramento aos terminais de aterramento evitando potenciais de passo na

estrutura. Estas correntes poderão ser elevadas devido à baixa impedância dos circuitos de

aterramento provocando uma operação bastante confiável de tais dispositivos de proteção

residual devido a sua elevada sensibilidade, em torno de 30mA de corrente de fuga.

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3 CONCLUSÃO

 A perícia de natureza elétrica, como todas as outras formas de investigação possui

sua metodologia, mas o poder de análise lógica do perito investigador, a análise minuciosados fatos e um aparato tecnológico de suporte são essenciais.

Na investigação de fenômenos termelétricos, percebe-se que estes não formam

situações delimitadas por fronteiras físicas bem determinadas, mas é justamente o

contrário. Fenômenos termelétricos interagem ocorrendo simultaneamente e em muitos

casos torna-se impossível determinar-se a seqüência exata em que ocorreram, já em outros

casos tal seqüência torna-se bastante clara.

O perito investigador deve conduzir sua investigação de forma extremamente

minuciosa, analisando todos os fatos relacionados ao sinistro, colhendo o máximo possível

de informações, registrando-as sempre, de forma a poder montar uma base de dados que o

levará a uma conclusão devidamente embasada.

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APÊNDICE “A”

Força Eletromotriz

O potencial elétrico é definido como a variação de energia realizada no transporte deuma carga de prova em um campo elétrico. Se um condutor metálico de   5 m   de

comprimento for ligado a um dispositivo que possua um diferença de potencial em suas

extremidades de   10 V   haverá a formação de um campo elétrico de   2 V/m   no interior do

condutor elétrico.

Sejam duas placas metálicas diferentes carregadas eletrostaticamente. Após o

processo de eletrização, um dos corpos apresentará carga positiva e o outro carga

negativa, ambas iguais em módulo. Suponha, agora que estas placas sejam unidas através

de um condutor metálico. Experimentalmente, pode-se constatar a formação de um campo

elétrico no interior do condutor metálico que une ambas as placas. No entanto, este campo

elétrico diminuirá rapidamente de intensidade, pois as cargas negativas, móveis deslocar-

se-ão da placa carregada negativamente para a placa positiva, reduzindo a intensidade do

campo elétrico. Após estas cargas haverem encontrado o estado de equilíbrio cessará o

movimento entre as placas. Isto pode ser observado pelo desaparecimento do campo

elétrico. Sabendo-se que:

V V E dl   A A

  .   (A-1)

Pode-se mostrar que também não haverá diferença no potencial dos pontos   A  e   B

pois não há mais campo elétrico.

Diferença de potencial é, portanto, a tensão elétrica medida entre dois pontos que

pode ser entendida como uma força eletromotriz, ou seja, uma força capaz de induzir 

movimento em uma carga elétrica, pela ação de um campo elétrico agindo sobre ela.

 Alessandro Volta inventou um dispositivo que era capaz de manter uma diferença de

potencial elétrico constante entre suas extremidades mesmo que houvessem cargaselétricas em movimento entre elas. Este dispositivo ficou conhecido como pilha votaica ou

bateria. Em outras palavras, a pilha é um gerador ou fonte de força eletromotriz, pois é

capaz de manter uma  ddp constante mesmo que hajam cargas em movimento. Uma fonte

de força eletromotriz é um dispositivo que mantém uma   ddp   constante permitindo a

realização de um trabalho sobre uma carga que nela entra.

Corrente Elétrica

Ligando-se uma bateria ou pilha voltaica, por meio de um condutor metálico, forma-

se uma  ddp entre seus terminais positivo e negativo. Instantaneamente haverá a formaçãode um fluxo ordenado de cargas elétricas negativas do pólo negativo para o pólo positivo

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em decorrência do campo elétrico estabelecido no interior do referido condutor, causado por 

sua vez pela  ddp imposta ao circuito. Em outras palavras:

 A corrente elétrica é originada de uma  ddp estabelecida por uma   fem. Uma corrente

elétrica, portanto, possui como causa uma   fem,   (ddp). Corrente elétrica é, portanto, omovimento ordenado de cargas elétricas em um meio, ou matematicamente:

idQ

dt    (A-2)

Em um metal, apenas os elétrons se movem. Entretanto, considera-se a corrente

elétrica como o fluxo de cargas positivas do polo positivo para o negativo que é o sentido

oposto ao do movimento dos elétrons. Este sentido para a corrente elétrica decorre da

definição de potencial elétrico, como o trabalho para se deslocar uma carga positiva em

uma determinada trajetória. A corrente elétrica será convencionada como o movimento das

cargas positivas, ainda que na realidade, em circuitos elétricos em estado sólido os elétrons

são portadores de carga móveis. Esta convenção, não está incorreta pois o um elétron

deixando o pólo negativo é matematicamente igual a uma carga positiva deixando o pólo

positivo.

Outra definição de importância impar é a de densidade de corrente elétrica. Define-

se a densidade de corrente elétrica em um meio como o vetor que indica a relação da

corrente elétrica por uma determinadada área do meio em que a corrente elétrica passa. A

letra   J   é utilizada para representar o vetor densidade de corrente elétrica. Note que a

corrente elétrica é uma grandeza escalar, mas a densidade de corrente elétrica é uma

grandeza vetorial. A relação entre a corrente elétrica e o vetor densidade de corrente

elétrica é representado pela seguinte equação:

 I J n da A

  

. .   (A-3)

onde  n  é o vetor unitário perpendicular ao diferencial de área  da e o índice de integração  A

representa a área a ser integrada, que no caso da figura abaixo é um círculo que representa

a seção reta do condutor metálico.

da

Figura A-1. A ilustração mostra um elemento diferencial de área chamado   da, o qual seassocia um vetor perpendicular  n . Em um determinado condutor elétrico, pode-se dividir sua

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seção reta em elementos diferenciais de área  da, multiplicá-los pelos vetores densidade de

corrente elétrica e finalmente somar os produtos escalares de forma infinitesimal. A

equação A-3 apresenta matematicamente esta operação..

Lei de Ohm

 A resistência elétrica de um meio é a relação entre uma  ddp  e uma corrente elétrica.

Ohm descobriu, experimentalmente, que há uma relação de proporcionalidade entre a

diferença de potencial aplicada a um condutor elétrico e a corrente elétrica que o atravessa.

Esta relação é aproximadamente constante, linear, e vale:

 R  V 

 I 

Esta constante é chamada de resistência elétrica e a relação tornou-se conhecida

como lei de Ohm, em sua homenagem. A unidade de resistência elétrica é o [V/A]

simbolizado pela letra grega ômega, []. A letra  R  é utilizada para representar a resistência

elétrica.

Uma analogia com a hidráulica fornece elementos didáticos de relevância. A corrente

elétrica é comparada ao fluxo de água em uma tubulação. A  ddp  é comparada diferença de

pressão na tubulação responsável pelo fluxo. Assim como o fluxo de água depende da

natureza do encanamento, a corrente elétrica depende da natureza e da geometria do

material condutor.

 A  resistividade elétrica é a grandeza específica de cada material e está diretamente

relacionada à resistência elétrica. A resistividade elétrica é definida como:

       E 

 J 

 A unidade de resistividade é o [.m]. Suponha agora, que um condutor cilíndrico de

seção reta   A  comprimento   l  retilíneo seja submetido a uma corrente elétrica,   I  mediante a

aplicação de uma   ddp,   V , entre suas extremidades. Pode-se determinar a resistência

elétrica como a relação que só depende do material condutor e de sua geometria:

 R  l 

 A   

Nos condutores metálicos a resistência elétrica é aproximadamene constante. Isto

não é sempre verdade a exemplo dos semicondutores. Em um diodo semicondutor, a

relação entre a corrente e a   ddp   é exponencial. Mas não só os condutores elétricos

apresentam a relação constante entre tensão e corrente elétrica. Diversos dispositivos são

utilizados, tal como o carvão, para produzir resistências para circuitos elétricos e eletrônicos.

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Na tabela abaixo, estão representados os valores de resistividade elétrica de alguns

materiais:

Metal   Resistividade a 20° C  xmetro

( x 10   - 8  .m)

Prata   1,6 

Cobre   1,7 

Alumínio   2,8 

Tungstênio   5,6 

Níquel   6,8 

Ferro   10 

Aço   18 

Manganina   44 

Carbono   3500 

Exemplo 1: Calcular a resistência elétrica apresentada por um fio fino de cobre, de seção

reta circular de  1,5 mm2  e comprimento  100 m. Se este condutor for submetido a uma  força

eletromotriz  de 220V , qual será o valor da corrente elétrica?

 R  l 

 A

 I   V 

 R A

     1 7 10  100

1 5 101 1333

220

11333194 12

8

6 ,

,,

,,

 A resistividade média do cobre pode ser indicada como  1/56   x m m 2  /m . Esta forma

de se representar a resistividade do cobre é bastante conveniente, pois os condutores

possuem suas seções retas em milímetros quadrados e comprimentos medidos em metros.

Exemplo 2. Calcular a   ddp   em um condutor de cobre que possue 250 metros decomprimento por uma seção nominal de 50 mm2, quando submetido a uma corrente de

100A.

 R L

 A

V R i V  

  1

56

250

50  00893

0 0893100 8 9

.

. , . ,

Note que os valores para as seções do condutor metálico são trabalhadas diretamente em

mm2  e m.

Transferência de energia em um circuito elétrico

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Se uma bateria é ligada a um circuito elétrico qualquer, nos terminais deste circuito

será imposta uma   ddp  devido à bateria haver sido conectada. Cargas elétricas fluirão no

sentido das linhas de campo formadas pela ligação da bateria no circuito. As cargas então

movimentar-se-ão no sentido de diminuir suas energias potências, ou seja, o circuitoabsorverá um diferencial de energia proporcional a tensão aplicada   V   multiplicada pelo

diferencial de carga dq:

dU dq V I V dt  

 A taxa de transferência de energia elétrica, conhecida como potência elétrica:

 P   dU 

dt 

dW 

dt V I    .

Utilizam-se as letras   U    e   W    na representação da energia e do trabalho,

respectivamente, apesar de serem dimensionalmente iguais, por diferenciação conceitualseparam-se tais notações.

Lei de Joule

 Aplicando a lei de Ohm à equação da potência elétrica derivada acima, obtém-se:

 P R I   V 

 RV I  . .2

2

 A relação mostrada acima, é conhecida por lei de Joule, e pode ser escrita nas três

formas apresentadas. Nota-se que, dimensionalmente, [J/s] = [V.A] = [W],  Watt  . O Watt é

unidade de potência elétrica no MKS. Nota-se ainda que a potência dissipada por umcircuito elétrico de qualquer natureza é inversamente proporcional à sua resistência elétrica.

ENERGIA: 1 BTU = 1055 J, 1kWh = 3414 BTU = 3,6 x 106 J, 1 cal = 4,186 J

POTÊNCIA: 1 hp 746 W, 1 cv = 736 W, 1 W = 3,413 BTU/h

Observações sobre a lei de Joule:

Todo condutor possui uma resistência elétrica, ainda que seja baixa, logo não se

deve aglomerar condutores de forma inadequada pois isto provocará um aumento na

temperatura devido a dissipação de potência por efeito Joule, podendo levar a um

sobreaquecimento no ambiente e em casos críticos atingir a temperatura de ignição de

algum material combustível nas proximidades.

Outro ponto de vista é que a potência dissipada varia com o quadrado da corrente

elétrica, portanto, considerando que a resistência elétrica em um condutor seja constante, o

aumento progressivo da corrente elevará quadraticamente a potência dissipada e a queda

de tensão no mesmo. Há exemplos de incêndios graves ocasionados por sobrecarga na

rede elétrica. Esta sobrecarga é causada por fiações elétricas, que se tornam, ao longo do

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tempo, subdimensionadas em função de alterações na carga elétrica, normalmente

crescente, sem as devidas ampliações. Associado a isto, condutores embutidos em

eletrodutos sem ventilação, próximos a materiais com baixo ponto de ignição provocam com

freqüência incêndios de origem elétrica. Este fenômeno é conhecido por sobrecarga dainstalação elétrica.

220V 

 Rc

 Rc

10 

Exemplo 3:

Seja um circuito composto de uma fonte de força eletromotriz de   220V  alimentando

um chuveiro elétrico que possui uma resistência elétrica produzida com uma liga de niquel-

cromo, no valor de  10  ohms. A fonte de força é ligada ao chuveiro através de um condutor 

de cobre semelhante ao do exemplo 1 sendo que são  100m de condutor utilizado para cada

lado da fem. Calcular a dissipação térmica nos condutores e no chuveiro.

 Rc

i v R A

 P R i W 

 P R i W 

 Rd d 

 Rc c

11333

220 1 1 333 1 1 333 10 17 93

10 17 93 3216 56  

1 1 333 17 93 364 53

2 2

2 2

,

/ , , ,

, ,

, , ,

e a potência dissipada na fiação será a soma das potências dissipadas em cada um dos

resistores  Rc . Note ainda que, como há uma queda de tensão nos condutores, e a tensão

sobre a resistência do chuveiro será menor,  v=Rd.i=179,3 V. Seguindo este exemplo, se ao

mesmo circuito, for ligado outro chuveiro, o que ocorrerá com a fiação elétrica?

 R

i A

 P R i W 

total 

 Rc d 

5

220 1 1333 1 1333 5 30 28

1 1333 30 28 1038 822 2

/ ( , , ) ,

. , , ,

Nota-se que com a adição de um chuveiro adicional ao circuito, houve um aumento

considerável na corrente elétrica do mesmo. Em uma instalação elétrica o dispositivo de

proteção não iria tolerar tal dissipação, mas se este for substituído por um de valor elevado,

a fiação elétrica estará sujeita a elevada dissipação térmica. Este processo ao longo do

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tempo, poderá provocar um incêndio, ou pelo menos diminuição sensível da vida útil do

condutor em decorrência da deterioração do isolamento elétrico.

Exemplo 4: Por que curto-circuitos provocam a fusão do material condutor?Seja uma seção do condutor mostrado na figura abaixo:

área  

comprimento  

 A potência dissipada na seção do condutor mostrado acima, pode ser representada

pela lei de Joule:

 P R I    .   2

onde   I J n da  

. .   . Se a densidade de corrente for considerada constante ao longo da área

 , assim como o vetor campo elétrico ao longo do comprimento  , pode-se escrever,

 I J J   .

aplicando a equação anterior à lei de Joule, chega-se ao seguinte resultado: P V I E J E J  . . . . . .  

onde  E  indica o valor do campo elétrico,  J  indica o valor da densidade de corrente elétrica e

  o volume da seção de condutor. Considerando que o valor do campo elétrico é constante

ao longo do caminho percorrido pela corrente elétrica, independentemente da região por 

onde ela passa, pode-se estabelecer uma potência dissipada por unidade de volume dada

pela relação mais geral

 p E J W m   . /   3

Esta importante relação mostra que a potência dissipada por unidade de volume é

igual ao produto escalar entre a densidade de corrente elétrica pelo vetor campo elétrico.

Isto mostra que reduções gradativas no volume de regiões onde há presença de corrente

elétrica, originam grandes densidades de corrente elétrica que determinam valores elevados

de potência dissipada por unidade de volume.

Quanto maior for a densidade de corrente elétrica, maior será a potência dissipada

por unidade de volume. Se a potência elétrica aumenta, a energia elétrica e a energia

térmica também aumentam, em outras palavras, a energia dissipada torna-se mais

concentrada, quanto menor for o volume a ser considerado e, sendo assim, maior a

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INVESTIGAÇ O DE INC NDIOS RELACIONADOS COM ELETRICIDADE – APOSTILA TE RICA

elevação de temperatura. Podem-se atingir valores elevadíssimos de temperatura em

regiões que encerram volumes diminutos, provocando, até mesmo a fusão do material

condutor, ocasionando o que os peritos conhecem por  traços de fusão.

 As máquinas de solda funcionam segundo o mesmo princípio. Quando uma fonte deforça eletromotriz de alta potência a baixa tensão é submetida a um circuito, forma-se uma

elevada densidade de corrente elétrica no ponto onde o eletrodo toca o material a ser 

soldado, criando uma forte densidade de corrente elétrica puntual, concentrando, em um

volume muito reduzido uma energia elétrica de valor considerável, fundindo o eletrodo e as

partes soldantes, amalgamando-as. Na verdade, mais importante que a potência elétrica da

fonte são as dimensões do volume considerado em um determinado curto-circuito.

Tipos de condutores

Os condutores metálicos são classificados segundo a faixa de tensão em que

operam. Na quase totalidade dos casos o perito lidará com cabos metálicos na faixa de 0,6

a 1KV. Os condutores metálicos são designados segundo o seu comportamento quando

submetidos a ação do fogo, isto é, em função da sua isolação e cobertura, assim os cabos

elétricos podem ser:

a)   Propagadores de chama. São aqueles que entram em combustão sob ação direta

da chama e a mantém mesmo após a sua retirada. Pertencem a esta categoria os

condutores com isolamento em  et i leno-propi leno (EPR) , e o pol iet i leno ret iculado 

(XLPE) .

b)  Não propagadores de chama. Removida a fonte ígnea, a combustão no material

isolante cessa. Enquadram-se o   C l oret o de pol i v i n i l a (PVC )   e o   neoprene   como

não propagadores de chama.

c)   Resistentes à chama. Mesmo sob ação prolongada da fonte ígnea, a chama não se

propaga ao longo do material isolante do cabo. É o caso dos cabos   Sintenax 

Anti f lan , da Pirelli e o  Nof lam B WF 750V , da Siemens.

d)   Resistentes ao fogo. São materiais especiais incombustíveis e que permitem ofuncionamento do circuito elétrico mesmo em presença de um incêndio. São

utilizados em circuitos de segurança, sinalização e emergência.

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GLOSSÁRIO

Agente Acelerador Substância, normalmente um combustível, que acelera o processo de combustão

garantindo que este ocorrerá ou que ocorrerá rapidamente.

Curto-Circuito

Perda de isolamento nos condutores energizados que provoca a passagem de corrente em

um caminho menor, sem passar pelo equipamento que é destinada. Caracteriza-se por 

elevar demasiadamente a corrente elétrica, muito acima da capacidade normal de condução

do condutor podendo danificá-lo rapidamente. Esta corrente normalmente funde o material

condutor no ponto onde se dá o contato dos condutores energizados com diferente

potencial elétrico.

Curto-Circuito Mantido

Este termo identifica aquele curto-circuito que não se desfaz, mas que após a fusão do

material condutor dos condutores, estes permanecem soldados mantendo-o

indefinidamente.

Descarga Atmosférica

É o efeito da troca de cargas elétricas entre a terra e a nuvem de tempestade, também

chamado de raio ou relâmpago. Possui o efeito sonoro chamado de trovão.

Desconexão Parcial

É um tipo de fenômeno termelétrico caracterizado pela fusão dos condutores danificados

por excesso de vibrações ou choques mecânicos em seu interior, criando uma situação defadiga mecânica no isolante podendo provocar pequenos traços de fusão internos ou

mesmo um curto-circuito na fiação.

Fenômeno Termelétrico

É todo tipo de fenômeno que relaciona a ação da eletricidade de forma não prevista à

geração de calor provocando gradientes de temperatura elevadíssimos. Por exemplo, curto-

circuito, traços de fusão, desconexão parcial, sobrecarga e centelhamento são formas de

fenômenos termelétricos.

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Foco Inicial

É a menor região fictícia delimitada pelo perito onde este considera estar a origem do

sinistro.

QDCA

É uma sigla que significa Quadro de Distribuição de Corrente Alternada; conhecido

popularmente por quadro de força ou quadro de luz.

Sobrecarga Elétrica

Sobrecarga é a submissão de um determinado esforço superior a um equipamento que não

foi dimensionado para suportá-lo. No caso da sobrecarga de natureza elétrica, os

condutores elétricos são submetidos a correntes elétricas muito maiores do que suas

capacidades de condução.

Traço de Fusão Primário

É um fenômeno termelétrico onde há a fusão do meio condutor que vem a provocar o

incêndio pelo fornecimento da energia de ativação necessária aos materiais combustíveis e

comburentes.

Traço de Fusão Secundário

É um fenômeno termelétrico onde há a fusão do meio condutor que é ocasionado durante o

incêndio por falência do material isolante que o compõe.

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1 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

E PÂNICO.

 A Segurança Contra Incêndio e Pânico - SCIP é exigida e projetada nas edificações para

reduzir os episódios de incêndio, bem como minimizar seus danos. A incidência de um incêndio

pressupõe uma ou mais falhas na SCIP da edificação. A avaliação da segurança contra

incêndio e pânico das edificações na investigação de incêndio, consiste em identificar e

registrar em quantidade e qualidade as causas e efeitos das falhas ocorridas na SCIP.

Investigar um incêndio é identificar a sua causa, zona de origem, foco inicial, forma de

propagação e ao mesmo tempo estudar as falhas na SCIP, que permitiram essa ocorrência. A

investigação de incêndio nesta perspectiva é um instrumento valioso para nortear e justificar 

tecnicamente o estudo, planejamento, normalização, tomada de decisões e ações na segurança

contra incêndio e pânico das edificações.

 A SCIP procura reduzir, dentro do conhecimento estabelecido, todas as possíveis

causas e conseqüências dos incêndios. A investigação do incêndio restringe-se a um episódio

especifico delimitado temporalmente e espacialmente na edificação. A avaliação da SCIP na

investigação de incêndio restringe-se ao local, sistema e meios de proteção relacionados

diretamente a causa e conseqüências durante o incêndio. A investigação de incêndio avalia

como a SCIP respondeu a um determinado incêndio.

1.1 JUSTIFICATIVA

 A SCIP nas edificações estabelece-se com a instalação e utilização dos meios e

sistemas de segurança contra incêndio, portanto a avaliação da SCIP consiste na avaliação

sobre estes meios e sistemas. Além da determinação da causa do incêndio, a investigação tem

como objetivo avaliar o desempenho da SCIP buscando principalmente as falhas

preponderantes para a ocorrência do incêndio. A investigação do incêndio traz destarte,

informações técnicas, que permitem aperfeiçoar os meios e sistemas de proteção contra

incêndio e pânico.

 A sociedade e os Corpos de Bombeiros se beneficiam da investigação dos incêndios

com o aperfeiçoando dos critérios de fiscalização estabelecendo melhores parâmetros de

análise de projetos de incêndio, de vistoria técnica nas edificações e empresas de instalação e

manutenção do setor.

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SEGURANÇA CONTRA INC NDIO E P NICO – APOSTILA TE RICA

 A contribuição da investigação de incêndio para com a adequação da gestão da

segurança contra incêndio e pânico das edificações acontece com adoção de práticasaperfeiçoadas de inspeção, manutenção e redimensionamento dos meios e sistema instalados.

 A avaliação da SCIP na investigação de incêndios permite ainda produzir dados técnicos

para a pesquisa científica na investigação, combate e prevenção de incêndios. Os dados

estatísticos, análises e estudos de casos resultantes da investigação de incêndio fundamentam

tecnicamente a elaboração e revisão das normas técnicas dos Corpos de Bombeiros e das

instituições normativas de âmbito federal, estadual ou municipal. A conseqüência direta disto é

a consolidação de um banco de dados disponível à comunidade técnica, operacional e cientifica

atuante na segurança, prevenção e combate ao incêndio.

1.2 OBJETIVOS

 A avaliação da SCIP das edificações acontece parametrizada em seus objetivos. Os

meios e sistemas que compõem a SCIP das edificações são avaliados verificando-se a

execução dos objetivos da SCIP na edificação incendiada.

Os objetivos da SCIP nas edificações são:

- Prevenção do incêndio e do pânico;

- Controle dos efeitos do incêndio evitando o colapso estrutural;

- Impedimento da propagação (interna e externa) rápida do incêndio;

- Impedimento da inflamação generalizada;

- Controle da combustão para minimizar a duração e a temperatura máxima atingida;

- Controle dos efeitos dos subprodutos da combustão;

- Saídas de emergência adequadamente dimensionadas e desobstruídas;

- Administração da proteção contra incêndio e pânico;

- Detecção e alarme do incêndio;

- Facilidade de acesso e intervenção dos Bombeiros; e

- Meios de extinção do incêndio.

1.3 REQUISITOS E COMPET NCIAS T CNICAS

Na perspectiva dos Corpos de Bombeiros e dos estudiosos da segurança conta incêndio

em edificações, a investigação de incêndio proporciona a retro-alimentação da segurança

contra incêndio, da prevenção e do combate a incêndios.

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 A investigação de incêndio requer conhecimento técnico sobre incêndios em todas as

suas fases. Além da formação em perícia de incêndio o investigador deve preferencial ser umespecialista em segurança contra incêndio e pânico com razoável experiência prática em

combate a incêndios urbanos.

O investigador de incêndio deve buscar profundo conhecimento em SCIP para poder 

avaliá-la corretamente nas edificações. Requere-se do investigador as seguintes competência:

- Conhecer os objetivos da SCIP e como estes se implementam nas edificações.

- Conhecer as normas técnicas de projeto e execução dos meios sistemas de proteção

contra incêndio e pânico.

- Conhecer as técnicas de investigação de incêndio.

- Conhecer as técnicas e táticas de combate a incêndio.

- Dispor de um método de avaliação da SCIP.

- Pesquisar as tecnologias aplicadas na SCIP da edificação incendiada.

1.4 INDICADORES E PAR METROS DE AVALIAÇ O

Os indicadores são necessários para tratar a informação, torná-la acessível, permitindo

sua quantificação e compreensão de maneira que possam ser analisados, utilizados e

transmitidos aos diversos níveis dos órgãos normativos, de pesquisa, de fiscalização e de

combate a incêndios; contribuindo com a adequação da gestão da segurança contra incêndio e

pânico e avançando na modernização institucional através da otimização do manejo das

informações.

 Alguns critérios que foram considerados na seleção dos indicadores:

- Possibilidade de comparação com critérios legais e técnicos existentes;

- Existência de dados base;

- Possibilidade de intercalibração;

- Possibilidade de atualização.

Os parâmetros para avaliação são os requisitos técnicos, estabelecidos nas normas

pelos organismos competentes e com atribuição legal, que permitem determinar objetivamente

se a SCIP atingiu seus objetivos.

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1.4.1 Indicadores - meios e sistemas de proteção

 A SCIP implantada nas edificações é o conjunto de meios e sistemas de proteção contra

incêndio e pânico instalados para atingir seus objetivos. Avaliar a SCIP das edificações é

fundamentalmente analisar os meios e sistemas de segurança contra incêndio e pânico

relacionados ao incêndio de forma sistemática. Os indicadores específicos envolvidos na

investigação de incêndio afetos a SCIP são os meios e sistemas, que poderiam ou reduziram a

incidência e danos do incêndio. Os meios e sistemas são classificados em proteções passivas e

ativas também com a finalidade de facilitar o estudo dos dados levantados na investigação de

incêndio.

Outro aspecto dos indicadores da SCIP a ser levado em consideração na investigação

de incêndio é a interdependência dos meios e sistemas de proteção contra incêndio com outros

sistemas das edificações. A avaliação de um meio ou sistema de segurança contra incêndio e

pânico é influenciada pelos demais aspectos de uma edificação. Pode-se citar o exemplo do

sistema hidráulico da edificação, que, sem manutenção, incorre em falhas nos sistemas de

hidrante e de chuveiros automáticos. Outro exemplo é o sistema elétrico, que pode ser causa

do incêndio ou de falha de funcionamento no sistema.

Os indicadores são os meios e sistemas de proteção contra incêndio e pânico avaliados

confrontando os paramentos técnicos das normas com a edificação sinistrada. Elegemos os

indicadores abaixo, segundo o Regulamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Distrito

Federal (RSIP), contudo o investigador pode adaptar ou mesmo classificar de forma distinta

seus indicadores, desde que respaldado em documento técnico ou legal sobre o tema.

a) PROTEÇ ES PASSIVAS

i. Meios de prevenção contra incêndio e pânico:

  Correto dimensionamento e isolamento das instalações elétricas;

  Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA);

  Sinalização de segurança;

  Sistema de iluminação de emergência;

  Uso adequado de fontes de ignição;

  Uso adequado de produtos perigosos.

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ii. Meios de controle do crescimento e da propagação do incêndio e pânico:   Controle de quantidade de materiais combustíveis incorporados aos

elementos construtivos;

  Controle das características de reação ao fogo dos materiais

incorporados aos elementos construtivos.

  Compartimentação horizontal e vertical;

  Resistência ao fogo de elementos decorativos e de acabamentos;

  Isolamentos;

  Afastamentos;

  Aceiros;

  Limitação do uso de materiais que emitam produtos nocivos sob a

ação do calor ou fogo;

  Controle da fumaça e dos produtos da combustão.

iii. Meios de detecção e alarme:

  Sistema de alarme;

  Sistema de detecção de incêndio;

  Sistema de comunicação de emergência;

  Sistema de observação / vigilância.

iv. Meios de Escape:

  Provisão de vias de escape;

  Saídas de emergência;

  Aparelhos especiais para escape;

  Elevador de emergência.

v. Meios de acesso e facilidade para operação de socorro:

  Vias de acesso:

  Acesso à edificação;

  Dispositivos de fixação de cabos para resgate e salvamento;

  Hidrantes urbanos;

  Mananciais;

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  Provisão de meios de acesso dos equipamentos de combate às

proximidades do edifício sinistrado.

vi. Meios de proteção contra colapso estrutural:

  Correto dimensionamento das estruturas;

  Resistência ao fogo dos elementos estruturais;

  Revestimento de estruturas metálicas.

vii. Meios de administração da proteção contra incêndio e pânico:

  Supervisor de segurança contra incêndio e pânico;

  Corpo de Bombeiros Particular (Brigada de incêndio).

b) PROTEÇ ES ATIVAS

  Meios de extinção de incêndio;

  Sistema de proteção por extintores de incêndio;

  Sistema de proteção por hidrantes;

  Sistema de chuveiros automáticos, comumente denominados

sprinkler;

  Sistema fixo de espuma;

  Sistema fixo de gás carbônico (C02);

  Sistema fixo de pó químico seco;

  Sistema fixo de água nebulizada;

  Sistema fixo de gases especiais.

1.4.2 Parâmetros técnicos de avaliação

Os parâmetros técnicos de avaliação dos indicadores da SCIP de uma edificação estão

contidos nas normas técnicas dos Corpos de Bombeiros, nas Normas Brasileiras (NBR) da

 ABNT, nas normas reguladoras do Ministério do Trabalho e em normas internacionais (NFPA,

 ASTM, etc.). As normas internacionais são usadas subsidiariamente às normas estaduais e

nacionais, ou quando o sistema ou equipamento de segurança contra incêndio e pânico não

disponha de normatização no Brasil.

Na edificação inspeciona-se os sistemas:

  Exigidos pela legislação;

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  Projetados;

  Instalados;   Utilizados ou acionados.

Determinados os sistemas pertinentes e relevantes para a ocorrência do incêndio e seus

danos. Verificam-se as conformidades, desconformidades, falhas e desempenho nas seguintes

etapas:

  Projeto;

  Dimensionamento;

  Instalação;   Adequação;

  Manutenção preventiva e corretiva;

  Treinamento;

  Operação.

 A avaliação feita pelo investigador de incêndio deve estar respaldada em requisitos

normativos, exames, inspeções, registros, reconstituições e outros instrumentos técnicos

permitindo a sua comprovação, ensaio e demonstração posterior.

2 METODOLOGIA

 A avaliação da segurança contra incêndio e pânico (SCIP) das edificações, dentro da

perícia de incêndio, consiste em identificar os aspectos preponderantes na ocorrência e

extinção do incêndio, que se relacionam com os meios e sistemas projetados e instalados para

a proteção das pessoas e da edificação. A concepção da SCIP prevê evitar e debelar o

incêndio.Identificar pontos sensíveis passíveis de aperfeiçoamento ou mesmo de falhas também

consistem em objetivos da investigação de incêndio.

 A sistematização da avaliação da segurança contra incêndio e pânico de uma edificação

sinistrada é necessária para orientação da investigação de incêndio e padronização dos dados

e informações levantadas.

i. Determinação das características da edificação.

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Coleta dos dados referentes a tipo e destinação da edificação, área construída, altura da

edificação, quantidade de pavimentos, população fixa e flutuante, material construtivo e riscosespecíficos, que á estão no corpo do formulário da perícia de incêndio. A determinação destes

dados permite, a principio, classificar a edificação e definir os sistemas e equipamentos de

SCIP exigidos para a edificação. Inferem-se então, quais sistemas o perito encontrará instalado.

Nesta fase o perito define os sistemas a serem inspecionados na zona de origem do incêndio e

na edificação. Os sistemas exigidos em norma e não instalados já constituem

desconformidades na edificação e mediante estudo do histórico do incêndio pode constituir 

falha preponderante para a ocorrência ou propagação rápida do incêndio.

ii. Determinação dos SPCIP

Determinar a pertinência e relevância dos meios e sistemas com o incêndio. A

experiência e capacitação do investigador serão determinantes nesta etapa.

iii. Inspeção dos SPCIP instalados e:

a) Acionados ou utilizados:

  Verificar a efetividade do sistema:

  Avaliando a eficácia do sistema, ou seja, o objetivo foi atingido

servindo ao seu propósito ou falhou. Avaliar ainda a eficiência do

sistema observando se o processo de utilização e acionamento

funcionaram conforme concebidos ou se ocorreram falhas;

  Determinar as causas ou razões preponderantes da efetividade

constatada verificando a:

  Instalação de acordo com o projeto ou albuit

  Capacitação e conhecimento do usuário do sistema   Dimensionamento/quantidade de agentes/dispositivos (Ex: Bicos de

chuveiro, extintor, placas, bombas e outros);

  Manutenção do sistema

  Alteração do dimensionamento em projeto adequado

b) Não utilizados:

  Determinar se o sistemas não utilizados tiveram relação com o incêndio.

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  Estabelecer as causas e extensão dos danos (gravidade e conseqüências

da falha).

iv. Estudo dos projetos aprovados e alterações dos SPCIP.

Consiste em examinar os:

  Projetos de incêndio aprovados;

  Projetos de arquitetura.

Busca-se neste exame, conferir se os sistemas projetados estão em conformidade

os sistemas exigidos pelos Corpos de Bombeiros.

Ex: - Resoluções Técnicas CB-RS;

- Normas Técnicas CB-DF;

- Instruções Técnicas CB - SP.

Verifica-se ainda se ocorreram alterações no projeto e se estas foram aprovadas

pelo órgão fiscalizador. Determina-se por fim quais sistemas deveriam ser projetados e

instalados de acordo com a legislação vigente e quais alterações ocorreram.

v. Conectar os dados técnicos levantados.

Fontes de consulta e documentos válidos para a avaliação dos Sistemas de Proteção

Contra Incêndio e Pânico - SPCIP:

  Legislação;

 Normas Técnicas;

  Projetos;

  Relatórios de inspeção /manutenção/testes dos sistemas;

  Plano de Prevenção e Combate a Incêndio;

  Relatos das testemunhas;

  Relatórios de socorro;

 Outras perícias.

Observar que a documentação é a mesma para a determinação da causa de incêndio,

acrescentando-se as normas de Segurança Contra Incêndio e Pânico.

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vi. Avaliação dos SPCIP projetados e não instalados.Estimar a contribuição para:

  Início do incêndio (causa);

  Propagação:

o   Retardo

o   Extinção

  Combate e extinção pelo(a):

o   Corpo de Bombeiros

o   Brigada de Incêndio

  Abandono seguro da área;

  Ocorrência de vítimas;

  Danos à edificação: aparentes e estruturais.

vii. Avaliação dos SPCIP exigidos pela legislação federal, estadual ou municipal

que não foram projetados ou instalados.

Estimar a contribuição para:

  Início do incêndio (causa);

  Propagação:

o   Retardo

o   Extinção

  Combate e extinção pelo(a):

o   Corpo de Bombeiros

o   Brigada de Incêndio

  Abandono seguro da área;

  Ocorrência de vítimas;

  Danos à edificação:

o   Aparentes;

o   Estruturais.

viii. Ensaios e exames laboratoriais

Devem ser solicitados quando as observações, exames ou inspeções visuais

forem insuficientes para concluir a avaliação dos SPCIP.

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Os ensaios e exames requeridos para a avaliação dos SPCIP em geral são

aqueles previstos na legislação e normas técnicas. Exames específicos para equipamentos nãoprevistos em normas técnicas, podem ser solicitados desde que o laboratório apresente em seu

laudo os parâmetros utilizados.

ix. Observações e recomendações

Consistem em registrar as concepções e aspectos normativos não observados,

respeitando a experiência profissional do perito, bem como as concepções e aspectos

normativos a serem incorporados nas normas / legislações / analise de projeto / vistoria /

manutenção / execução dos projetos / treinamento. Deve-se inferir o grau de importância e

relevância observado ou recomendado.

Registram-se também as recomendações para pesquisa científica mediante os dados

obtidos no laudo.

3 FONTES DE PESQUISA

 A pesquisa na literatura técnica na investigação de incêndio é recorrente, tanto para a

determinação da causa do incêndio, como para a avaliação dos SPCIP. A pesquisa bibliográfica

 justifica-se no constante avanço cientifico na área da SCIP. Os inúmeros processos e situações

que o perito de encontra na investigação do incêndio reveste a pesquisa bibliográfica de

ferramenta de trabalho relevante para compreender as circunstâncias do incêndio.

 Algumas fontes de pesquisa são:

- Regulamentos, Normas e Instruções Técnicas nacionais

- Normas internacionais

- Artigos Científicos

- Livros Técnicos e Didáticos

- e outros documentos técnicos confiáveis.

4 CONCLUSÃO

O trabalho apresentado não vincula ou obriga o investigador a seguir o método em todos

os incêndios, mas cria um roteiro sistemático para a avaliação da SCIP na maioria dos casos de

investigação de incêndio.

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SEGURANÇA CONTRA INC NDIO E P NICO – APOSTILA TE RICA

 A avaliação do perito vai abranger os aspectos da SCIP que foram relevantes para as

causas e danos ocasionados pelo incêndio. Portanto, a amplitude da avaliação da SCIP naedificação será proporcional aos danos e gravidade do incêndio para a vida humana e bens

atingidos.

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SEGURANÇA CONTRA INC NDIO E P NICO – APOSTILA TE RICA

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Integração Nacional, SEDEC.   Avaliação de Danos, perguntas erespostas. Brasília (DF), 2002.

BRENTANO,   Telmo.  A Proteção Contra Incêndio no Projeto de Edificações.  Porto Alegre(RS), 2007.

 ______. Instalações Hidráulicas de Combate à Incêndio. Porto Alegre (RS), 2006.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL.  Manual Básico de Combate aIncêndio - Segurança Contra Incêndio - Módulo 5. Brasília, 2006.

 ______. Regulamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Distrito Federal.  RSIP-DF, aprovado pelo Decreto n.o 21.361, Brasília, 2000.

SEITO, Alexandre I. (coord.). A Segurança Contra Incêndio no Brasil. São Paulo (SP), 2008.

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MÓDULO XII - VESTÍGIOS DE INCÊNDIO

Autor: Maj QOBM/ Compl. FÁBIO Campos de Barros

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO  .................................................................................................   1

2  VESTÍGIOS DE INCÊNDIO ................................................................................ 22.1 LINHAS OU ÁREAS DE DEMARCAÇÃO............................................................ 22.2 EFEITOS SUPERFICIAIS .........................................................................................   32.3 INTRUSÕES EM SUPERFÍCIES HORIZONTAIS ....................................................   32.4 PROFUNDIDADE DA QUEIMA ................................................................................   42.5 SPALLING ................................................................................................................   6

3 FUSÃO DE MATERIAIS ..............................................................................................   7

4 FUMAÇA E FULIGEM .................................................................................................   9

5 QUEIMA LIMPA ..........................................................................................................   10

6 CALCINAÇÃO .............................................................................................................   10

7 VIDROS E JANELAS ..................................................................................................   118 GEOMETRIA DOS VESTÍGIOS ..................................................................................   12

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1 INTRODUÇÃO

Um dos principais objetivos de uma investigação de incêndio é a identificação e análise

dos vestígios de incêndio, que   sempre   estão presentes em ambientes sinistrados. A

identificação é feita através da análise da propagação das chamas, do reconhecimento das

áreas e pontos de origem e dos combustíveis envolvidos.

Fatores como carga-incêndio, ventilação, fontes de calor possíveis, compartimentação

do ambiente sinistrado, entre outros são de fundamental importância para o desenvolvimento

dos incêndios, e a combinação destes fatores resultará nas particularidades de cada incêndio.

Neste trabalho são apresentados alguns princípios básicos para a investigação.

Figura 1: foto de um local sinistrado

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2 VESTÍGIOS DE INCÊNDIO

 A investigação dos vestígios de incêndio depende do entendimento das características

de desenvolvimento e propagação das chamas, dos processos de transferência de calor e do

movimento da fumaça no ambiente sinistrado.

Os vestígios de incêndio são os efeitos físicos resultantes do incêndio, visíveis ou

mensuráveis. Entre eles, podemos citar: material carbonizado, oxidação, consumo de

combustíveis, fumaça e depósitos de fuligem, distorção e fusão de materiais, mudança de cor 

e/ou de características de materiais, colapso estrutural, entre outros.

Há dois tipos de vestígios de incêndio: os de movimento e os de intensidade. Os

vestígios de movimento são produzidos pelo avanço das chamas ou do calor, em conseqüência

do crescimento e deslocamento do incêndio a partir do foco inicial. Os vestígios de intensidade

são produzidos pela resposta dos materiais à exposição, em conseqüência da severidade da

ação das chamas ou calor, como a profundidade da queima.

2.1 LINHAS OU REAS DE DEMARCAÇ O

São as fronteiras estabelecendo as regiões em que houve efeito de calor e/ou fumaça

sobre vários materiais. Aparecem entre áreas queimadas e não queimadas ou entre regiões

com intensidades de queima claramente diferentes.

Os principais fatores que influenciam o seu aparecimento são: a natureza do material

queimado, a taxa de calor liberada no ambiente sinistrado, o processo de extinção do incêndio,

a temperatura da fonte de calor, a ventilação e o tempo de exposição às chamas.

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2.2 EFEITOS SUPERFICIAIS

 A natureza e o material da superfície onde surgem os vestígios influem de maneira

decisiva sobre a forma e as características dos efeitos físicos que o incêndio pode deixar sobre

elas. Algumas situações gerais serão apresentadas a seguir.

 A forma e a textura das superfícies podem alterar o formato das marcas e interferir nos

processos de pirólise e combustão destas. Para uma mesma fonte de calor, superfícies

rugosas, como as texturas de parede, tendem a preservar mais evidências do que as

superfícies lisas, devido à maior alteração que os gases aquecidos costumam infringir a estas.

 Além disso, a superfície rugosa apresenta maior relação superfície-massa que a superfície lisa,

o que contribui para maior dissipação de calor;

Superfícies combustíveis, como as cobertas com tinta, massa, papel de parede, entre

outras, podem se apresentar apenas escurecidas (indicando normalmente princípio da pirólise),

podem apresentar níveis de carbonização variados, incluindo a perda de material. Materiais

não-combustíveis, como metais ou minerais podem exibir mudança de cor, oxidação, distorções

físicas ou fusão.

2.3 INTRUS ES EM SUPERF CIES HORIZONTAIS

 A produção ou aumento de nichos - ”frestas” - em superfícies horizontais pode se dar 

essencialmente em conseqüência de uma entre três situações típicas dos incêndios: acúmulo

de calor radiante, contato direto com a chama ou na presença de incandescência na região

afetada.

Normalmente, o que se observa é o maior consumo do material na superfície

inicialmente exposta ao calor, criando-se uma fresta mais larga neste ponto, diminuindo

progressivamente em direção à outra face da superfície.

Geralmente, estes vestígios são indicadores do sentido do deslocamento das chamas.

Em virtude da propagação ascendente dos incêndios ser a mais comum, estes vestígios

são mais raros nas regiões mais baixas das paredes. Em casos em que estas marcas

encontram-se na parte mais baixa, podem estar associadas à queima de móveis com cadeiras

próximos à parede.

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 A medição pontual de profundidade da queima, de forma conveniente à análise de cada

região afetada, e a conseqüente transposição gráfica destas medições pode revelar linhas dedemarcação anteriormente não observadas.

Figura 3: Situação típica de medida de profundidade da queima,que pode ser feita com parquímetro.

 Alguns fatores típicos dos incêndios podem causar uma maior profundidade de queima

localizada em regiões das superfícies afetadas pelo sinistro e devem ser considerados pelos

peritos quando da análise da cena do incêndio. Como exemplo, podemos citar:

  A existência de focos múltiplos no ambiente sinistrado;

  a ventilação no desenrolar no incêndio;

  a compartimentação dos ambientes afetados;   as características dos materiais presentes.

 A presença de gases combustíveis no ambiente sinistrado pode produzir nichos com

profundidade acentuada, normalmente em regiões bem definidas e sem relação de

continuidade com outros possíveis vestígios de incêndio.

carbonização carbonização pirólisetotal parcial

Profundidade da queima

Medidor 

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 Alguns conceitos enganosos estão normalmente associados à análise da profundidade

da queima. Como exemplos, podemos citar a idéia que sugere que superfícies apresentandocoloração ou brilho não estão associadas à presença de agentes aceleradores de incêndio, ou

a que sugere que bolhas brilhantes e de grandes dimensões não implicam obrigatoriamente no

emprego de agentes aceleradores de incêndio.

2.5 SPALLING

Pode ser causado por calor, congelamento químico ou abrasão. Caracteriza-se pela

presença de linhas estriadas distintas ou perda de material da superfície, resultando em

esfarelamento, quebra ou formação de crateras na superfície. Suas causas mais freqüentes são

as seguintes:

  Teor de umidade acentuado no concreto;

  Expansão desigual do concreto e malha metálica ou apoios;

  Expansão desigual entre a mistura de concreto e agregados;

  Expansão desigual entre as camadas de acabamento e as de função estrutural;

  Expansão desigual entre a superfície exposta ao fogo e a anterior da laje.

O   spalling   do concreto, alvenaria ou tijolos tem sido relacionado a temperaturas

excessivamente altas causadas pelo uso de agentes aceleradores de incêndio. Sua ocorrência

envolve altas taxas de transferência de calor ou um aumento rápido de temperatura, não

necessariamente relacionados ao emprego de agentes aceleradores.

reas de   spalling   podem aparecer mais claras que as áreas adjacentes devido à

exposição do material sob a superfície. O carregamento e as tensões no pavimento no

momento do incêndio podem gerar o spalling em áreas externas à zona de origem do sinistro.

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Figura 4: Exemplo de spalling  em laje.

Conceitos enganosos relacionados ao spalling

Sempre:

  Relacioná-lo à presença de agentes aceleradores de incêndio;

  Relacioná-lo ao excesso de calor radiante ou resfriamento rápido;

  A capacidade de armazenar líquido de uma superfície pode evitá-lo;

  Vestígio indicador da localização do foco inicial.

3 FUSÃO DE MATERIAIS

 A fusão é a mudança física de um material em virtude da ação do calor. As fronteiras

entre as fases sólida e líquida do material podem revelar vestígios importantes. Para incêndios

que consomem todo o bem sinistrado, a presença de metais no ambiente pode ser de grande

importância para o processo investigativo. Apenas para estabelecer uma diferenciação básica, normalmente as regiões onde

houve grande concentração de calor radiante sem presença das chamas são indicadas pelos

plásticos. Nesta seção, a ênfase encontra-se na presença de calor transferido por condução

(principalmente) e por convecção.

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O conhecimento das temperaturas de fusão de diversos materiais pode auxiliar na

determinação do tempo de exposição ao calor, intensidade da queima e do calor liberado noincêndio.

importante lembrar que a temperatura alcançada pelos materiais presentes depende

de fatores como ventilação, geometria do objeto em questão, sua proximidade do foco inicial e

da carga incêndio do local sinistrado.

Eventualmente, a fusão de alguns metais pode acontecer em temperaturas inferiores a

do seu ponto de fusão. Se dois metais, com pontos de fusão diferentes, entrarem em contato

durante o incêndio, a fusão do conjunto pode se dar em temperatura diferente dos pontos

críticos de ambos.

 A deformação temporária ou definitiva dos materiais é comum durante os incêndios,

podendo ou não estar associada ao processo de fusão. Como exemplos, podemos citar as

superfícies plásticas, cujas marcas de deformação normalmente são vestígios importantes, e as

lajes e colunas metálicas, que normalmente curvam-se quando submetidas a temperaturas

superiores a 580  oC, especialmente se não engastadas.

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4 FUMAÇA E FULIGEM

Combustíveis carbonizados geralmente formam fuligem em suas chamas,

particularmente os derivados de petróleo e plásticos. O contato das chamas com paredes e

tetos geralmente produz a deposição de fuligem.

Uma vez que a fumaça e a fuligem tendem a se espalhar por todas as superfícies do

ambiente incendiado, especialmente na presença de incandescência, não são elementos que

auxiliam na localização do foco inicial.

Os condensados de fumaça têm formas de sombras em tons de marrom em volta de

marcas de fuligem negras. Podem se apresentar úmidas ou pegajosas, finas ou espessas, ouainda secas ou resinosas. Em presença de chama aberta, os depósitos de ambos apresentam-

se misturados.

Em alguns casos, são produzidos depósitos de fuligem secos, que são facilmente limpos

das superfícies. Uma camada de fuligem normalmente se deposita sobre o chão e demais

superfícies horizontais durante e depois dos incêndios. Depósitos de fumaça nas janelas,

quando aquecidos no desenrolar do incêndio, têm aparência negra. Depósitos de fumaça e

fuligem podem ser eliminados das janelas pela exposição prolongada ao fogo.

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5 QUEIMA LIMPA

Figura 4: exemplo de ocorrência de queima limpa em incêndio. O movimento ascendentedas chamas “limpou” a camada de fuligem que inicialmente havia se depositado na região

central da figura.

Queima limpa é a eliminação de vestígios de fumaça e fuligem de uma superfície não

combustível em função do contato direto de chamas ou calor irradiado em excesso. As formas

de queima limpa são úteis para que o perito possa definir a propagação do incêndio ou

variações na intensidade ou tempo de queima, não necessariamente para a identificação do

foco inicial. Ë importante não confundir este processo com o  Spalling .

6 CALCINAÇÃO

O termo calcinação é empregado para abranger as diversas variações que podem

ocorrer no reboco ou gesso das paredes durante o incêndio. A queima do reboco pode  incluir a

dessecação da base de gesso.

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 A superfície de papel de gesso inicialmente torna-se fina, devido à carbonização do

aglomerado, podendo até ser eliminada com a evolução do incêndio. A cor cinza atravessa aseção transversal do gesso, chegando a carbonizar a face oposta.

Com a continuidade do processo, a superfície externa é limpa, e toda a seção do gesso

pode ser limpa, dependendo do calor liberado. Neste caso, o gesso se desidrata e torna-se uma

massa sólida, podendo ou não se precipitar da parede, dependendo das temperaturas.

O gesso possui componentes minerais e/ou vermiculita que conferem resistência ao

fogo, fato este que deve se ter em mente. Mudanças de cor, na fase final do incêndio, são

comuns e não são fatores preponderantes para o perito. A configuração destas alterações no

ambiente pode ser importante para definir a propagação do incêndio, esta sim fundamental para

a investigação de incêndio.

7 VIDROS E JANELAS

O desenvolvimento dos incêndios comuns pode ser extremamente influenciado pela queima

dos vidros. Fatores como aquecimento, contato direto com as chamas e forma de extinção

podem influenciar sobremaneira as suas características de queima. O comportamento dos

vidros nos incêndios envolve dois processos básicos: A fratura e a oxidação, que serão

mostradas a seguir.

a) Fratura:

  Gradientes de temperatura de até 60ºC podem produzir fissuras desde as bordas até a

região central dos vidros.

  Contato de chama em uma das faces pode produzir fissuras internas, ou precipitação de

dentro da esquadria, especialmente para vidros pequenos.

  Pequenas crateras ou ressaltos podem surgir, devido ao processo de extinção.

  Normalmente, incêndios não provocam a quebra do vidro.

b) Oxidação do vidro:

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  Acontece em pequenos fragmentos de vidros, limpos, sujeitos à ação intensa de calor, que

sofreram colapso no princípio do incêndio, ou pelo contato direto com as chamas.   Resíduos de combustão de hidrocarbonetos não indicam necessariamente o uso de

agentes aceleradores de incêndio.

8 GEOMETRIA DOS VESTÍGIOS:

a) Vestígios em “V”

São comuns em superfícies verticais, como em paredes, portas e laterais da mobília eoutros objetos. O efeito se deve ao calor ou radiação e a característica ascendente e

dispersante das chamas e gases aquecidos, quando encontram uma superfície horizontal (teto

etc.).

O vértice do cone normalmente aponta o foco inicial. Quanto mais aberto o ângulo do cone,

maior o tempo de exposição e/ou mais combustível a superfície queimada.

Figura 6: exemplo de vestígio em “V”. Este padrão indica a posição dofoco inicial do incêndio na base da área queimada.

 Conceitos enganosos:

  ngulos mais abertos ou mais fechados são normalmente associados

respectivamente a queimas mais rápidas ou mais lentas. Outros fatores, como

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ventilação, tamanho do fogo  são tão importantes quanto a intensidade da queima

para produzir estes vestígios. A geometria mostra apenas o “caminho das chamas” .

b) Vestígios tipo cone invertido

Surgem como triângulos invertidos normalmente em conseqüência da queima de

líquidos inflamáveis empoçados. A forma de pluma da chama destes combustíveis,

particularmente quando não atingem o teto, é responsável por esta formação. O tipo de

combustível, a geometria da sala e as dimensões da poça são os principais fatores governantes

deste processo.

  Conceitos enganosos

  Ocorrem normalmente em incêndios de curta duração ou sem atingir o teto, e

geralmente não atingem os combustíveis próximos, resultando em vestígios

semelhantes aos de queima rápida (ver item específico);

  Este padrão está associado à queima de curta duração e não ao fluxo de calor;

  Quaisquer combustíveis, cuja queima não seja restrita por superfícies horizontais,podem gerar estes vestígios, independente da classe;

  Tubulações de gás natural, sob o piso, podem gerar este efeito.

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c) Vestígios de queima rápida

comum encontrar regiões pouco queimadas nas imediações do foco inicial. A

tendência de queima para cima e para fora, a partir da fonte de calor, junto com a tendência à

dispersão e elevação dos gases é responsável por este efeito. A localização destas áreas pode

ser importante para o trabalho do perito.

d) Vidro de relógio (HOURGLASS)

Ocorrem em situações em que fontes de calor encontram-se muito próximas de

superfícies verticais, gerando a formação em “V” dos gases aquecidos e o “V” invertido da fonte

de calor. Este último pode se apresentar mais escuro ou com queima limpa, além de menores

que os vestígios em “V”.

e) Vestígios em “U”

Similares aos vestígios em V, porém com base arredondada. Ocorrem em superfícies

verticais mais afastadas da fonte de calor do que as que apresentam vestígios em V e,

normalmente, em altura maior que as dos vestígios em V (vértice do cone). Em caso de dois

vestígios gerados pela mesma fonte ígnea, aquela com maior distância gera a do vértice mais

alto.

f) Vestígios tipo “setas”

São vestígios comuns em colunas de madeira. A evolução e sentido da propagação são

dados pelas alturas relativas das colunas e as marcas de queima presentes nas sobras das

colunas (que permanecem de pé). De maneira geral, quanto menores e mais queimadas as

colunas resultantes, mais próximo o foco inicial. A queima é mais acentuada no lado virado para

a fonte ígnea e as colunas tomarão formas de “setas”, divergindo da origem das chamas.

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Figura 7: exemplo de padrão de queima tipo seta em colunas de madeira.

g) Vestígios em forma circular 

Comuns em sinistros, normalmente não são perfeitamente circulares, a não ser em

áreas protegidas por objetos circulares (cestas de lixo, base de mobília).

Vestígios na face inferior de telhados e mesas podem surgir na forma circular.

Dependendo das dimensões da superfície, sua localização em relação às chamas e os gases

aquecidos, e mesmo proximidade das paredes, estes vestígios podem surgir como segmentos

de círculo.

 A região central do círculo pode apresentar maior profundidade e/ou severidade de

queima, o que pode ser uma indicação da localização da fonte de calor. Na suspeita de líquidos

combustíveis, deve-se usar detectores de gases, ou análise química de vestígios.

h) Vestígios em forma de rosquinha

Vestígios em forma de rosquinha, caracterizados por um anel cercando uma área menos

queimada podem ocorrer devido à queima de líquido combustível. Esta forma se dá devido ao

resfriamento local da poça de combustível, enquanto ocorre a carbonização da região

circundante. Nestas condições, exames laboratoriais devem ser realizados para confirmar esta

hipótese.

i) Vestígios em Cone truncado

Colunas de madeira Fonte de calor  

Sentido da marcha das chamas

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Vestígios que correspondem à projeção de troncos de cone em superfícies horizontais e

verticais. A dispersão em forma de cone se dá em função do movimento ascendente ecentrífugo das chamas com a propagação radial do calor quando do encontro com uma

superfície horizontal, principalmente circular.

O cone truncado pode combinar efeitos dos vestígios em “V”, “U” e “setas” em

superfícies verticais e tipo círculo em superfícies horizontais. A combinação destes efeitos

confere a esta classe de vestígios sua característica tridimensional.

 j) Vestígios em superfícies horizontais

Normalmente apresentam-se em formas irregulares, curvadas ou em forma de piscina

em pisos ou revestimento de pisos. As linhas de demarcação entre áreas afetadas podem ser 

suaves ou vivas, dependendo das características do material e das temperaturas.

Materiais mais densos, como tábua corrida (carvalho), apresentam marcas mais vivas,

enquanto materiais termoplásticos e carpetes (nylon), apresentam marcas suaves.

São comuns em condições de pós-flashover, tempos de extinção longos ou colapso da

estrutura, podendo surgir em conseqüência do efeito de gases aquecidos, vestígios em chama

ou brasa, plásticos fundidos ou líquidos combustíveis.

k) Vestígios de agentes aceleradores de incêndio

Vestígios irregulares, isolados ou de pequenas proporções, com poucos danos são

típicos do uso de agente aceleradores. A análise química é recomendada, ainda assim.

 A queima de plásticos pode produzir cheiro e se confundir com o resultado de líquidos à

base de petróleo, quando analisados. Técnicas de química analítica são necessárias para evitar 

os chamados “falsos positivos”.

Líquidos combustíveis ou empoçados que se infiltram no piso, assim como plásticos

fundidos podem produzir vestígios com queima mais acentuada no centro do que na periferia.

Estes vestígios podem surgir pelo aquecimento localizado pós-flashover ou por resíduos do

incêndio que caem no chão.

Orifícios no piso, ou em sua base, na soleira das portas, ou entre tacos e/ou azulejos,

são normalmente atribuídos ao uso de aceleradores de incêndio, mas podem ocorrer sem a

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presença destes. A confirmação deve ser feita através de exames laboratoriais em amostra

colhidas no local do sinistro.Para confirmar esta teoria, deve-se ainda descartar os efeitos do flash-over, ventilação,

gases aquecidos, plásticos fundidos e do colapso estrutural.

l) Vestígios de gases combustíveis comerciais

 A combustão de gases combustíveis comerciais, como o gás natural e o GLP, produz

normalmente vestígios singulares. A queima localizada entre as vigas do telhado, entre vigas

internas de paredes, e nos cantos dos tetos em salas é comum e bom identificador da presença

de gás natural.

O gás natural é mais leve que o ar (P=0,65) e produz bolsões na parte superior do

ambiente. Já o GLP é mais pesado que o ar (PC3H8 = 1,5 e C4H10 = 2,0) e produz bolsões na

parte inferior do ambiente. A tendência a se elevar dos seus produtos de combustão produz

efeitos semelhantes aos do gás natural.

m) Focos de incêndio instantâneos

 A inflamação de gases, vapores ou líquidos nem sempre causa as também chamadas

pseudo-explosões. Fatores que influenciam na ocorrência ou não da inflamação com

características explosivas são a localização e concentração do gás combustível, a geometria do

ambiente, a ventilação e a resistência da estrutura que o contém.

Em misturas ar/combustível próximas do limite de inflamabilidade inferior, se não ocorrer 

a inflamação, pode ocorrer uma queima “instantânea”, com pouca ou nenhuma combustão

subseqüente. Isto se dá em função da queima do combustível volátil, normalmente sem

provocar o aquecimento significativo dos combustíveis adjacentes.

Neste caso, os vestígios de incêndio podem ser muito superficiais e dificultar a

identificação do foco inicial. No caso da existência de bolsões de gás periféricos, vestígios

localizados adicionais podem dificultar ainda mais a identificação do fogo inicial.

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n) Flashover 

Quando ocorre o flashover em um ambiente, a propagação das chamas de um lado a

outro do recinto se dá de maneira muito rápida, por definição. Todo o compartimento se inflama

em questão de segundos.

O flashover pode produzir áreas de queima uniforme, sem boas evidências físicas de

tendência de propagação na área sinistrada.

O flashover não necessariamente destrói os vestígios de queima anterior, mas o tempo

e a extensão de queima antes e depois do flashover são importantes para o estabelecimento

dos vestígios da propagação convencional (movimento) e dos vestígios devidos ao flashover.

o) Distorção de materiais

Vestígios podem ser encontrados na mudança da forma ou distorção de alguns objetos

que estão sujeitos ao calor do incêndio. Serão comentados apenas alguns exemplos que

podem ser úteis na identificação da forma de propagação das chamas e calor durante os

incêndios.

Líquidos Inflamáveis X Sólidos fundidos

A queima dos materiais plásticos normalmente passa pela fusão e precipitação

do material liquefeito. De acordo com o local onde estes vestígios sejam encontrados,

 podem ser confundidos com aceleradores de incêndio e caracterizar falsos focos de

incêndio.

A inflamação de líquidos combustíveis pressupõe a vaporização do combustível,

a presença de ar atmosférico em uma proporção característica (faixa de inflamabilidade) e

energia liberada em quantidade suficiente para vencer a resistência estrutural do ambiente

ou recipiente que o contém.

O perito deve ser capaz de identificar o foco inicial e identificar a forma de

surgimento de vestígios circulares e/ou irregulares em conseqüência do incêndio.

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p) Bulbos de lâmpadas distorcidas

Bulbos de lâmpadas incandescentes podem mostrar o sentido de propagação das

chamas/calor. O aquecimento do vidro do bulbo reduz a resistência mecânica do material e a

expansão do vidro no lado aquecido pode ocorrer, para lâmpadas de mais de 25 W.

Este efeito ocorre em função de diferenças de pressão, e é conhecido como estiramento

ou repuxamento. Para lâmpadas de até 25 W, o efeito pode ser inverso (para o interior), por que

estas são fabricadas com pressão relativa negativa.

Geralmente, as lâmpadas resistem ao processo de extinção de incêndio, e podem ser 

de grande valia na investigação. Os peritos devem se certificar que as lâmpadas não foram

giradas no soquete.

Figura 8: exemplo de expansão em bulbo de lâmpada, indicando que região foi afetada pelo calor .

q) Elementos construtivos metálicos

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Colunas, vigas, lajes e outros elementos construtivos feitos de metais com altos pontos

de fusão, como o aço, podem sofrer distorção em função do calor. Quanto maior o coeficientede expansão térmica do metal, maior a sua tendência à distorção.

 A severidade e a localização da distorção podem ser de grande validade para que os

peritos possam determinar as temperaturas mais altas e/ou regiões que queimaram por mais

tempo.

Em alguns casos a deformação das lajes pode resultar em danos as paredes.

r) Localização de vestígios

Vestígios podem surgir em quaisquer superfícies que sejam expostas ao fogo e/ou

efeitos associados, sejam internas, externas, componentes estruturais ou nas áreas adjacentes

ao ambiente sinistrado.

Superfícies internas: paredes, chão, tetos, portas, janelas, mobiliário, objetos,

eletrodomésticos, objetos pessoais, espaços confinados, sótão, e interior das paredes.

Superfícies externas: paredes, telhados, portas, janelas, pórticos etc.

Região periférica: construções externas, estruturas adjacentes, árvores e vegetação

rasteira, veículos, etc.

s) Vestígios em paredes

Normalmente, os que são encontrados são linhas de demarcação de tratamento térmico, ou

queima em profundidade. Fenômenos mais comuns: queima em “V”, queima em “U”, spalling e

queima limpa. Os vestígios podem ainda ser usados para determinar a altura na qual a queima

se iniciou na estrutura.

t) Vestígios em tetos

Normalmente, os vestígios são marcas circulares ou arcos de círculo nas regiões

próximas às paredes ou quinas da edificação. A localização do foco inicial pode ou não ser sob

os vestígios circulares, dependendo das características de queima do combustível no foco e da

quantidade e distribuição da carga incêndio no ambiente.

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VESTÍGIOS DE INCÊNDIO – APOSTILA TEÓRICA

u) Vestígios em pisos

Vestígios em pisos surgem em função da queima da mobília, fusão de plásticos, queima

de líquidos e presença de gás aquecido em suas imediações.

Vãos ou rachaduras entre placas de piso e área junto à soleira das portas podem indicar 

radiação intensa ou presença de agentes aceleradores de incêndio, particularmente quando

não ocorre “flashover”. A queima pós-flashover também pode provocar este efeito.

Líquidos combustíveis e gás aquecido produzem a deformação de bordas de azulejos

(se encurvam). Este efeito pode acontecer naturalmente por perda de plasticidade das peças.

 A determinação do uso de agentes aceleradores deve ser feita cuidadosamente, uma vez que

há hidrocarbonetos nos adesivos de azulejos.

Materiais queimados que se precipitam para pontos baixos podem gerar novos focos de

incêndio, normalmente caracterizados por queima rápida, mas que podem se confundir com o

foco inicial.

v) Vestígios em superficies externas

Podem apresentar vestígios horizontais, verticais e queima transversal. Estas são

particularmente úteis para determinar a intensidade e duração da queima.

w) Vestígios no mobiliário

 As fronteiras da região de queima normalmente podem ser observadas nas laterais e

faces superior e inferior de cadeiras, mesas, mobiliário em geral, maquinário e

eletrodomésticos.

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Sistema de Alimentação

 A função da carburação – A carburação desempenha um papel essencial ao permitir que omotor do automóvel arranque facilmente, tenha uma boa e progressiva aceleração, funcione

economicamente, dê o máximo rendimento e não morra.

Em resumo, a sua função consiste em misturar homogeneamente uma determinadaquantidade de gasolina com outra de ar formando uma mistura gasosa e fornecendo umaproporção adequada desta mistura pulverizada ou atomizada a cada cilindro para suacombustão. O processo completo da carburação tem início quando a gasolina se misturacom o ar e termina quando ocorre a sua combustão (explosão) nos cilindros. Assim oscarburadores, o coletor de admissão, as válvulas de admissão e mesmo as câmaras deexplosão e os pistões intervêm na carburação.

Na alimentação do carburador interferem os seguintes elementos: um tanque decombustível colocado à distância, uma bomba que aspira a gasolina do tanque e a envia ao

depósito de nível constante, ou “cuba”, do carburador e vários filtros montados no circuitoque impedem a entrada de impurezas, que teriam interferência, não só no carburador comona bomba.

Relação da mistura ar-gasolina – Regra geral, a completa combustão da mistura éassegurada quando a sua relação em peso é de quinze partes de ar para uma de gasolina –a mistura correta.

Contudo, esta relação em peso ar-combustível não proporciona a potência máxima nem, emgeral, a máxima economia. O arranque, em tempo frio, poderá exigir uma mistura compostapor uma parte de ar para uma parte de gasolina enquanto que, para obter o máximo de

economia e uma velocidade constante e não excessiva – velocidade cruzeiro –, énecessária uma mistura menos rica, como seja a dezesseis partes de ar para uma degasolina, o que se supõe a máxima economia possível para tal velocidade. A mistura deverásatisfazer as várias condições de funcionamento do motor, ou seja: rica, para o arranque;menos rica para pequenas velocidades e ralenti; pobre, para um funcionamento econômicoa velocidade moderada; mais rica para acelerações e velocidades elevadas.Os produtos resultantes da combustão da mistura gasosa incluem o monóxido de carbono(altamente tóxico), o anidrido de carbônico, hidrocarbonetos e óxidos de azoto. A proporçãodestes nos gases de escapamento depende da mistura.

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Sistemas de Transmissão

 A transmissão comunica às rodas a potência do motor transformada em energia mecânica. Numautomóvel convencional, com motor dianteiro, a transmissão tem inicio no volante do motor eprolonga-se através da embreagem, da caixa de câmbio, do eixo de transmissão e do diferencial atéas rodas de trás.

Os automóveis com motor à frente e com tração dianteira ou com o motor atrás e tração nas rodas detrás dispensam o eixo transmissão sendo, neste caso, o movimento transmitido por meio de eixoscurtos.

 A embreagem, que se situa entre o volante do motor e a caixa de cambio, permite desligar a energiamotriz da parte da parte restante da transmissão para libertar esta do torque quando as mudançassão engrenadas ou mudadas.

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Função da caixa de câmbio – Um automóvel, quando se movimenta ou sobe uma encosta, necessitade um torque superior àquele de que precisa quando se desloca a uma velocidade constante numa

superfície plana. A caixa de câmbio permite ao motor fornecer às rodas a força motriz apropriada atodas as condições de locomoção. Assim, quanto maior for o número de rotações ao virabrequim emrelação ao número de rotações das rodas, maior será a força motriz transmitida às rodas, verificando-se, ao mesmo tempo, uma proporcional redução da velocidade do automóvel. Várias engrenagenssão utilizadas para permitir uma ampla gama de desmultiplicações, ou reduções.

 A transmissão final, ou conjunto do eixo traseiro inclui um mecanismo – o diferencial – que permite àsrodas girarem a diferentes velocidades. A energia mecânica é finalmente transmitida às rodasmotrizes por meio de um semi-eixo existente em cada um dos lados do diferencial.

Transmissão automática – Os automóveis apresentam, geralmente, uma embreagem acionada por um pedal e uma alavanca de mudanças.

Existem, contudo, outros sistemas de transmissão: transmissão semi-automática ou totalmenteautomática. No primeiro caso, o motorista apenas tem de selecionar as mudanças; já no segundocaso, as mudanças são selecionadas mudadas por meio de um mecanismo de comando que

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funciona de acordo com a velocidade do automóvel e com a utilização do acelerador. Além da disposição de motor dianteiro e tração traseira, existem outros sistemas que dispensam oeixo de transmissão pelo fato de incluírem um motor que forma conjunta com a caixa de cambio e odiferencial.

Tal conjunto pode ser montado longitudinal ou transversalmente em relação ao chassi e mover asrodas, quer seja a da frente, quer seja a de trás. Quando o motor é montado transversalmente, não énecessária qualquer alteração (90º) da direção do movimento, pois todos estão paralelos aos eixosdas rodas.

O diferencial faz parte integrante da caixa de cambio ou está ligado a esta que, por sua vez, está fixaao chassi. Desta forma, num piso regular, as rodas podem subir e descer em relação ao diferencial.Todos os automóveis com tração à frente e também alguns com tração traseira, apresentam cardansou homocinéticas nas extremidades dos semi eixos. Nos automóveis com tração dianteira estashomocinéticas suplementares são necessárias para que as rodas possam girar quando se muda dedireção.

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Sistema Elétrico

Cerca de 1000 metros de fio unem os componentes elétricos num automóvel atual. Todosos fios da instalação, à exceção das ligações à massa, à bateria e aos cabos de alta tensão

da ignição, apresentam cores diversas, que correspondem a um código de identificação. Namaioria dos automóveis, o código está normalizado a fim de permitir reconhecer rapidamente os diferentes circuitos ao efetuar-se qualquer reparação.

 A bateria atua como reservatório de energia que fornece ao sistema quando o motor estáparado; quando trabalha a um regime superior da marcha lenta, o alternador supre todas asnecessidades de energia do automóvel e carrega a bateria. Para manter o motor doautomóvel em funcionamento são apenas solicitados alguns elementos do sistema elétrico;os restantes fazem funcionar as luzes, limpadores de para brisas e outros acessórios.

 Alguns destes, como a buzina, por exemplo, são considerados obrigatórios por lei, sendomuitos outros considerados extras.

Instalação dos diferentes circuitos – A corrente do sistema elétrico de um automóvel éfornecida pela bateria – quando o motor não esta funcionando – e pelo gerador,normalmente um dínamo que foi substituído por um alternador, que fornece a correntenecessária para o número, sempre crescente, de acessórios elétricos que os automóveismodernos incluem.

Sempre que o motor estiver parado, toda a corrente utilizada tem a voltagem (tensão) dabateria (normalmente 12 volts). Com o alternador em funcionamento, a corrente é utilizadaaproximadamente à tensão de 14,8 volts, exceto a que é fornecida às velas de ignição, queé elevada para mais de 30 000 volts por meio de sistema da ignição.Uma das principais funções do sistema elétrico consiste em produzir a faísca, que permite a

explosão, nos cilindros, da mistura comprimida a gasolina e o ar, além de tornar possível oarranque do motor térmico por meio do motor de arranque. O sistema elétrico de um veículoestá dividido em circuitos, cada um dos quais com diferentes funções básicas e comandos.São eles o circuito de ignição, o circuito de arranque, o circuito da carga da bateria, o

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circuito das luzes e os circuitos acessórios, por vezes, comandado pelo interruptor daignição e, na maior parte dos casos, protegidos por um fusível.

Um fusível fundido (queimado) indica, quase sempre, que há uma avaria em qualquer outro

ponto que não seja o próprio fusível, tal como sobrecarga de um circuito (partindo-se doprincipio de que foi utilizado o fusível adequado). Os componentes elétricos de umautomóvel estão ligados através de interruptores a um dos lados da bateria, estando o outrolado ligado à carroceria ou ao chassi, isto é, à massa. Deste modo, o circuito de qualquer componente completa-se através da carroceria que desempenha naquele a função de umfio, o do retorno à massa.

Este processo de ligação à massa não só economiza cerca de 30 metros de fio de cobre,mas também reduz a possibilidade de interrupção no circuito e simplifica a localização deavaria e a instalação de extras. Recorre-se a fios de diferentes diâmetros para possibilitar apassagem da corrente necessária, sem causar aquecimento do fio. Assim, na ligação entreo motor de arranque e a bateria, por exemplo, utiliza-se um fio de diâmetro muito maior que

as dos restantes fios, porque a corrente que o atravessa chega a atingir de 300 a 400 A.Nos esquemas elétricos, as cores dos fios são normalmente indicadas por meio de letras."Copyright (C) 2001-2002 - Direitos reservados e registrados pelo escritor   P a u l o G .

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O sistema elétrico de um automóvel faz basicamente 2 coisas: Alimenta todos os

dispositivos elétricos instalados (12 volts de corrente contínua) e transforma a corrente

alternada, gerada pela força do motor, em corrente contínua, recarregando sua própria

bateria. Um carro, depois de ligado e com o motor funcionando, pode dispensar a bateria,

pois o gerador que é ligado ao motor, além de carregar a bateria, fornece também corrente

para todos os sistemas do carro. Assim, um carro em movimento NÃO GASTA BATERIA,

mas se desligado, só é possível dar a partida com a bateria ou uma fonte externa.

É meio óbvio, não ?

Interessante é que, quando se vê hoje tantos equipamentos elétricos nos carros,

não se imagina que nem sempre os automóveis possuíram sistema elétrico. Nas primeiras

geracões de carros, a centelha era produzida por magnetos, e a partida por manivela. Oscarros simplesmente não possuíam bateria. Os faróis eram acesos como uma vela !!

Site: br.answers.yahoo.com/question/índex 

Motor Gasolina

O motor é a fonte de energia do automóvel. Converte a energia calorífica produzida pelacombustão da gasolina em energia mecânica, capaz de imprimir movimento nas rodas. Ocarburante, normalmente constituído por uma mistura de gasolina e ar (a mistura gasosa), équeimado no interior dos cilindros do motor.

 A mistura gasosa é formada no carburador ou calculada pela injeção eletrônica, nosmotores mais modernos, e admitida nas câmaras de explosão. Os pistões, que se deslocam

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dentro dos cilindros, comprimem a mistura que é depois inflamada por uma vela de ignição. À medida que a mistura se inflama, expande-se, empurrando o pistão para baixo.O movimento dos pistões para cima e para baixo é convertido em movimento rotativo pelovirabrequim ou eixo de manivelas o qual, por seu turno, o transmite às rodas através da

embreagem, da caixa de câmbio, do eixo de transmissão e do diferencial. Os pistões estãoligados ao virabrequim pelas bielas. Uma árvore de cames, também conhecida por árvorede comando de válvulas, movida pelo virabrequim, aciona as válvulas de admissão eescapamento situadas geralmente na parte superior de cada cilindro.

 A energia inicial necessária para por o motor em movimento é fornecida pelo motor dearranque. Este engrena numa cremalheira que envolve o volante do motor, constituído por um disco pesado, fixado à extremidade do virabrequim ou árvore de manivelas.O volante do motor amortece os impulsos bruscos dos pistões e origina uma rotaçãorelativamente suave ao virabrequim. Devido ao calor gerado por um motor de combustãointerna, as peças metálicas que estão em contínuo atrito engripariam se não houvesse umsistema de arrefecimento.

Para evitar desgastes e aquecimento excessivos, o motor inclui um sistema de lubrificação.O óleo, armazenado no cárter sob o bloco do motor, é obrigado a circular sob pressão

através de todas as peças do motor que necessitam de lubrificação.

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 A ignição, num motor a Diesel, é provocada pela compressão, que faz elevar a temperaturado ar na câmara de combustão de tal modo que esta atinja o ponto de auto-inflamação docombustível.O óleo Diesel, que se vaporiza menos que a gasolina, não é introduzido na câmara decombustão sob a forma de mistura com ar, mas sim injetado sob alta pressão por meio deum injetor. Na câmara de combustão, o óleo diesel inflama-se em contato com o ar aquecido por efeito da forte compressão. Uma bomba acionada pelo próprio motor fornece oóleo diesel a cada injetor em determinadas quantidades e sob elevada pressão.O acelerador regula a quantidade de combustível fornecido pela bomba e,conseqüentemente, a potência gerada no motor.

 As vantagens dos motores a Diesel residem no seu maior rendimento (que resulta numa

redução nos custos do combustível), na sua maior duração e na diminuição dos custos demanutenção.Entre as desvantagens deste tipo de motor, estão incluídos um elevado preço, maior peso, avibração que produz à baixa rotação, o cheiro do combustível queimado, o ruído – superior ao provocado por um motor a gasolina e uma menor capacidade de aceleração.Num motor de automóvel a gasolina médio, a mistura gasosa sofre uma compressão quereduz o seu volume a cerca de um nono do seu valor inicial, o que corresponde a umarelação ou taxa de compressão 9:1. num motor a Diesel esta relação pode atingir o valor de22:1, de modo a aumentar a temperatura do ar.

Nas câmaras de combustão do motor a Diesel, muito menores que as de um motor agasolina, a taxa de compressão, sendo mais elevada, resulta num aumento de rendimento

pois é maior a conversão da energia calorífica em energia mecânica; além disso, verificam-se menos perdas de calor nessas câmaras.

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Cada cilindro num motor a Diesel apresenta um injetor que assegura o fornecimento decombustível na quantidade correta e no devido momento. Uma bomba, que gira a metadedo número de rotações do virabrequim, impulsiona o combustível para os injetores e destespara as câmaras de combustão, segundo a ordem de ignição.

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Monobloco

Um automóvel pode ser constituído por um chassi (quadro, ou leito) aparafusado a uma

carroceria ou por um chassi e uma carroceria formando uma unidade.O conjunto chassi carroceria, normalmente designado por construção monobloco, é a formamais generalizada. A principal vantagem deste tipo de construção reside no fato de permitir obter carrocerias mais leves. A construção monobloco apresenta três variantes: totalmentemonobloco de armação interior, semi-monobloco e monobloco com subestruturas.

 A estrutura totalmente monobloco, constituída por peças prensadas soldadas entre si, émuito indicada para automóveis de pequenas e médias dimensões. A sua resistência àreflexão resulta, em parte, das longarinas horizontais existentes ao longo das bordasexteriores do piso, entre as rodas da frente e as de trás.

Nos automóveis de motor dianteiro e de tração traseira, a resistência é aumentada pelotúnel do eixo de transmissão existente ao longo do piso. Sob este em alguns modelos são

acrescentados reforços. O teto reforça o conjunto por meio das colunas de apoio e painéislaterais que o unem ao piso. a resistência à torção é proporcionada sobretudo pelosanteparos, estruturas reforçadas existentes à frente e atrás do compartimento destinado aomotorista e aos passageiros, e também, em parte, pelo conjunto formado pelos pára lamase teto unidos pelas colunas dos para brisas e laterais.

Uma estrutura totalmente monobloco tem as suas desvantagens – particularmente quantoao custo de fabricação. Exige investimentos consideráveis em complexa maquinaria deestampagem, que serão apenas justificáveis no caso de uma produção em grande escala.Como neste tipo de construção os painéis fazem parte do conjunto, a reparação dos danoscausados por um acidente pode torna-se muito dispendiosa. Toda uma seção da carroceriapode ter de ser cortada e substituída por uma seção muito maior que a danificada.Há ainda o risco de uma batida maior provocar uma distorção na carroceria. Outradesvantagem desta construção reside no fato de, nos modelos comuns, a parte de trás ser um tanto mais resistente quanto mais alta for à travessa posterior do porta-malas, o que

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exige um considerável esforço para carregar e descarregar a bagagem.

Carroceria de armação interior, ou semi-monobloco – A carroceria de armação interior, ousemi monobloco, foi introduzida há alguns anos atrás pela Rover, no seu modelo 2 000tendo sido, desde então, adotada por outros fabricantes de automóveis.É constituída por uma estrutura básica que compreende o piso, os anteparos, os suportespara o motor, suspensão, as estruturas laterais e o teto, que proporcionam a necessáriaresistência básica. A esta estrutura são aparafusados os para lamas, o teto e o painelinferior da frente. Antes da fixação destes elementos e uma vez montadas as rodas e a

suspensão, o automóvel pode ser empurrado de um lado para outro – ou mesmo conduzido – sem o risco de ser danificado. Como os elementos desmontáveis não contribuem para aresistência da estrutura, este tipo de carroceria é um pouco mais pesado do que o deconstrução totalmente monobloco. Em contrapartida, os elementos desmontáveis são maisfácil e economicamente substituídos quando danificados. Esta forma de construção permiteainda ao fabricante introduzir facilmente pequenas alterações nas linhas do automóvel.

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Subestruturas independentes - No fim da década de 1960 verificou-se entre alguns dosmaiores fabricantes de automóveis uma tendência para a utilização de subestruturas parasuporte de um ou mais dos principais conjuntos mecânicos – o motor, o diferencial e asuspensão. Estas subestruturas são fixas a uma carroceria monobloco simplificada.

Este tipo de construção, embora mais pesado do que o da carroceria totalmente monoblocoapresenta, contudo, nítidas vantagens. Como as ligações entre a carroceria e substituídassão flexíveis, a transmissão de ruídos e vibrações é reduzida o que resulta num maior conforto para os ocupantes do automóvel.

Sendo também mais fácil o acesso às peças mecânicas, verifica-se uma redução do tempoexigido pelos trabalhos de manutenção e do custo dos reparos. Este tipo de construção, quepode ser utilizado em automóveis de quaisquer dimensões, simplifica a produção, já que osconjuntos mecânicos podem ser montados separadamente nas suas subestruturas. Asmodificações nas linhas do automóvel não são, contudo, mais fáceis de introduzir neste tipode construção do que nas carrocerias totalmente monobloco.

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Sistema de Lubrificação

 A função do óleo no motor não consiste apenas em reduzir o atrito e o desgaste dos pistões,apoios e outras peças móveis, mas também em evitar o escapamento dos gases quentes aalta pressão, dissipar o calor da zonas quentes para o ar, através do Carter, diminuir acorrosão e absorver alguns dos resíduos nocivos da combustão.

O óleo encontra-se no Carter, na parte inferior do motor e é enviado por uma bomba para osapoios principais através de um filtro. A bomba impulsiona normalmente vários litros de óleopor minuto. A partir dos apoios principais, o óleo segue, através dos orifícios de alimentaçãoou canais, para passagens abertas no virabrequim e para os apoios (bronzinas, ou capas)das cabeças das bielas.

 As paredes dos cilindros e as buchas dos pinos dos pistões são lubrificados por aspersãode óleo que sai pelos lados dos apoios e é dispersado pela rotação da árvore de manivelas.O óleo em excesso é retirado dos cilindros por segmentos ou anéis raspadores existentesnos pistões e regressa ao Carter.

Um desvio do circuito principal alimenta cada um dos apoios da árvore de comando. Em

grande número de motores com válvulas na cabeça existe ainda um outro desvio queconduz o óleo aos apoios do eixo dos balancins. O óleo retorna depois ao Carter, onde oexcesso de calor é dissipado no ar. Outro desvio alimenta o comando da árvore de

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comando, por engrenagens ou por corrente e, em alguns casos, lubrifica e pressiona oesticador da referida corrente.

Nenhum eixo se ajusta perfeitamente ao seu apoio, pois, caso contrário, não conseguiriarodar. Existe uma folga diminuta entre as superfícies (cerca de 0,07 mm nos apoios dascabeças das bielas, com 50 mm de diâmetro), formando-se no apoio uma película de óleona área onde a folga é maior. A rotação do eixo aspira o óleo para o ponto de cargamáxima, onde a folga é mínima, forçando o óleo a tomar a forma de uma “cunha” entre oeixo e o apoio.

Desgaste do motor – Um fluxo insuficiente de lubrificante dará origem a um desgaste rápido,ou gripagem, das peças móveis do motor, devido ao atrito entre os metais. Tambémprovocará um funcionamento deficiente do motor ao destruir as superfícies dos segmentosou anéis dos pistões, permitindo a passagem de gases muito quentes.

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Sistemas dos freios hidráulicos

Ficheiro:Http://www.osascap.com.br/imagens/img freios 03.jpg

Os freios funcionam através de um sistema de mangueiras flexíveis e pequenos tubos demetal, por onde circula o fluido. É esse líquido, com alta resistência ao calor (ponto deebulição em torno dos 260 graus centígrados), que transmite a pressão exercida no pedalaté a roda, gerando atrito necessário para pará-las. As rodas dianteiras exigem pressãomaior para serem imobilizadas (é nessa parte que se encontra o peso do carro nas freadas).

 Ali, o atrito se dá entre as pastilhas de freio e os discos que se movimentam junto com asrodas. Nas traseiras, a fricção é entre as lonas de freios e os tambores. Modernamente, aaplicação do freio faz-se por um sistema hidráulico. Quando se pisa no pedal do freio, estecomprime o fluido hidráulico (óleo) e este fluido, por sua vez, empurra as sapatas contra otambor. Este sistema é conhecido pelo nome de freios hidráulicos.

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Funcionamento hidraulico:

Para compreender o funcionamento dos freios modernos, é preciso que se entenda ofuncionamento do comando hidráulico. O funcionamento do comando hidráulico baseia-se

no fato de que, quando se comprime um fluido (usa-se óleo na maioria da vezes), a suapressão estende-se a todos os lugares onde ele se encontra. Quando se baixa o pistãopequeno, o óleo fica sob pressão e, como a pressão, se propaga por todo o óleo, ele chegaaté o pistão grande e o empurra para cima. O pistão pequeno precisa descer bastante, paraque uma boa quantidade de óleo seja empurrada para o cilindro grande. Em conseqüência,o pistão grande será empurrado para cima. Porém ele se desloca pouca coisa, porque ovolume de óleo que foi empurrado do cilindro pequeno para o grande ficará distribuído aolongo de um pistão bem maior e, portanto, a sua ação de deslocamento será pequena.Entretanto, há uma grande vantagem no fato de a pressão distribuir-se ao longo de umpistão maior. A sua ação para cima se fará sobre todo o pistão. O resultado é uma forçapara cima bem maior do que a força para baixo, aplicada no pistão pequeno. Esta pressão Ppode ser produzida por aplicaçao de uma pequena força f sobre um pistão de pequena área

a. Se os pistões estiverem parados ou se deslocarem muito lentamente, podem desprezar-se efeitos de viscosidade e de inércia e, estando os pistões no mesmo nível, a pressão éigual sobre ambos. Nesse caso F = fA/a. Com uma escolha conveniente das áreas dospistões, consegue-se um fator multiplicativo apreciável da força pretendida. Havendodeslocamentos dos pistões, o trabalho realizado por cada força é o mesmo, aparte efeitosde atrito; de fator, uma vez que a compressibilidade dos liquidos é muito pequena, o volumetotal de liquido mantêm-se praticamente inalterado, durante o processo, e a força de menor intensidade tem que se deslocar ao longo de uma distancia proporcionalmente maior. Emresumo, tem-se: de um lado, a aplicação de uma força pequena e um deslocamento grandee, do outro lado, o surgimento de uma força grande com um pequeno deslocamento.Podemos, portanto, com um pequeno esforço de um lado, criar uma força bastante grandedo outro lado. É uma forma de ampliar a força.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistemas_dos_freios_hidr%C3%A1ulicos"

Freio ABS

Sensor de freio ABS na roda de uma motocicleta  BMW.

O   freio ABS   (acrônimo para a expressão  alemã  Antiblockier-Bremssystem, embora maisfrequentemente traduzido para a   inglesa   Anti-lock Braking System) é um sistema defrenagem  (travagem) que evita que a   roda   bloqueie (quando o pedal de freio é pisadofortemente) e entre em derrapagem, deixando o automóvel sem aderência à pista. Assim,

evita-se o descontrole do veículo (permitindo que obstáculos sejam desviados enquanto sefreia) e aproveita-se mais o   atrito estático, que é maior que o   atrito cinético   (de

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deslizamento). A  derrapagem é uma das maiores causas ou agravantes de acidentes; na Alemanha, por exemplo, 40% dos acidentes são causados por derrapagens.

Os primeiros sistemas ABS foram desenvolvidos inicialmente para aeronaves. Um sistema

primitivo foi o sistema Maxaret de  Dunlop, introduzido na década de 1950 e ainda utilizadoem alguns modelos de aeronaves. Era um sistema totalmente mecânico.

O freio ABS atual foi criado pela empresa alemã Bosch, tornando-se disponível para uso em1978, com o nome " Antiblockiersystem".

 A versão atual do sistema (8.0) é eletrônica e pesa menos que 1,5 kg, comparado com os6,3 kg da versão 2.0, de 1978.

O ABS atual é um sistema   eletrônico que, utilizando sensores, monitora a rotação de cadaroda e a compara com a velocidade do carro. Em situações de frenagem cotidianas, osistema ABS não é ativado. Quando a velocidade da roda cai muito em relação à do carro,

ou seja, na iminência do travamento, o sistema envia sinais para válvulas e bombas nosistema de óleo do freio, aliviando a pressão. Essa operação causa uma vibração quando se"pisa fundo" no pedal do freio, o que deve ser considerado pelo motorista como operaçãonormal do sistema (leia mais em Efetividade do ABS).

 A vantagem do freio ABS se baseia num conhecimento da física. Quando as rodas aindaestão em movimento, elas sofrem com a superfície na qual deslizam uma força de   atritoestático. Quando derrapam, elas sofrem uma força de  atrito cinético. Como a força máximade atrito estático tem sempre um valor maior do que a força máxima de atrito cinético, émais vantajoso para a frenagem que a roda diminua sua rotação em movimento do quesimplesmente travar. (Leia mais no artigo sobre o atrito)

No  Brasil  apenas 13% dos carros são equipados com ABS, enquanto na   Europa   e nosEstados Unidos   o freio ABS faz parte, respectivamente, de 100% e 74% dos carrosproduzidos anualmente.

Um dos motivos desses índices é o fato de o freio ABS ser um item opcional caro no Brasil.O item é importado, elevando o preço do automóvel em cerca de R$ 3 mil. Odesconhecimento dos brasileiros sobre o sistema ABS e suas vantagens à segurança domotorista faz com que haja uma pouca valorização do item no preço de revenda doautomóvel que o possui.

Porém a empresa   Bosch   anunciou que começou a produzir o equipamento na cidade

paulista de Campinas. Boa parte das peças ainda é importada, mas a empresa garante queo processo já é suficiente para baratear o equipamento no mercado brasileiro.[carece de fontes?]

Em superfícies como asfalto e concreto, tanto secas quando molhadas, a maioria dos carrosequipados com ABS são capazes de atingir distâncias de frenagem melhores (menores) doque aqueles que não o possuem. Um motorista experiente sem ABS pode ser capaz dequase reproduzir ou até atingir, através de técnicas como o threshold breaking, o efeito e aperformance do carro que possui ABS. Entretanto, para a maioria dos motoristas, o ABSreduz muito a força do impacto ou as chances de se sofrer impactos. A técnicarecomendada para motoristas não experientes que possuem um carro com ABS, em umasituação de frenagem completa de emergência, é pressionar o pedal de freio o mais fortepossível e, quando necessário, desviar dos obstáculos. Com freios normais, o motorista nãopode desviar de obstáculos enquanto freia, já que as rodas estarão travadas. Dessamaneira, o ABS irá reduzir significativamente as chances de derrapagem e umasubseqüente perda de controle.

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Em pedregulhos e neve forte, o ABS tende a aumentar a distância de frenagem. Nessassuperfícies, as rodas travadas escavam o solo e param o veículo mais rapidamente. O ABSimpede que isso ocorra. Algumas calibragens de ABS reduzem esse problema por diminuir o tempo de ciclagem, deixando as rodas rapidamente travar e destravar. O benefícioprimário do ABS nessas superfícies é aumentar a capacidade do motorista em manter ocontrole do carro em vez de derrapar, embora a perda de controle seja por vezes melhor emsuperfícies mais suaves como pedregulhos e deslizantes como neve ou gelo. Em umasuperfície muito deslizante como gelo ou pedregulhos é possível que se trave todas asrodas imediatamente, e isso pode ser melhor que o ABS (que depende da detecção daderrapagem de cada roda individualmente). A existência do ABS não deve intimidar osmotoristas a aprender a técnica do threshold breaking.

Distância de frenagem de 80 a 0 km/h:

Rodas Travadas ABS

Superfície Seca   45 m 32 m

Neve   53 m 64 m

Gelo   255 m 404 m

Note, entretanto, que essa comparação é de certa forma simplista. Um bom motorista comum sistema de frenagem bem projetado, feito para minimizar as possibilidades de travagemacidental das rodas durante uma parada imediata, se sairá melhor do que o apresentado.

Como o efeito máximo de frenagem é atingido com as rodas no limite de fricção, ao passo

que o ABS trabalha em soltar o freio conforme as rodas travam a tração, um motoristaexperiente pode atingir uma performance de frenagem melhor que a do sistema ABS.

Quando ativado, o ABS faz com que o pedal de freio pulse notavelmente. Como a maioriados motoristas raramente ou nunca freiou forte o suficiente para causar a travagem dasrodas, e um número significante raramente se importa em ler o manual do carro, essacaracterística pode ser descoberta só no momento da emergência. Quando os motoristas sedefrontam com a emergência que faz com que freiem forte e conseqüêntemente enfrentama pulsação do pedal pela primeira vez, muitos estranham e diminuem a pressão do pedal,conseqüêntemente aumentando as distâncias de frenagem, contribuindo muitas vezes paraum número de acidentes maior do que a habilidade especial do ABS seria capaz de reduzir.

 Alguns fabricantes implementaram então sistemas de avaliação de frenagem quedeterminam se o motorista está tentando fazer uma frenagem de emergência e mantêm aforça nesta situação. Apesar de tudo, o ABS pode significativamente melhorar a segurança

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e o controle dos motoristas sobre o carro em situações de trânsito se eles souberem quenão devem soltar o pedal quando o sentir pulsar, graças ao ABS.

Os freios ABS são objeto de estudo de muitos experimentos em favor da teoria da

compensação de risco, que defende que os motoristas se adaptam à segurançaproporcionada pelo sistema ABS e passam a dirigir mais agressivamente.

Os dois maiores exemplos destes estudos são os das cidades de   Munique   e   Oslo. Emambos os casos, foram comparados taxistas de diferentes frotas, provando que os quepossuíam carros equipados com ABS apresentavam um comportamento de risco maior doque aqueles que não possuíam ABS. No entanto, as taxas de colisões entre os queutilizavam ABS e os que não utilizavam não foram significativamente diferentes.

Sistema de escapamento de veículo

http://www.cinform.com.br/noticias/5183

 As duas principais funções do sistema de escapamento são conduzir os gasesquentes resultantes do funcionamento do motor até um local em que estes possam ser lançados para a atmosfera sem perigo para os ocupantes do automóvel e reduzir, por meio de um silencioso - a panela de escapamento -, o ruído provocado pela expulsãodesses gases. Portanto, nada melhor do que dispensar uma atenção maior a este sistemabastante vulnerável do veículo que auxilia no seu bom funcionamento.

E ao contrário do que muita gente faz, o que se recomenda é realizar umarevisão preventiva do sistema a cada três meses para não deixar que um pequeno defeitoem uma borracha proporcione o desgaste prematuro de uma peça importante para oescape. "O problema é que muita gente só procura a oficina quando há algum barulhoestranho. Às vezes por uma bobagem, o cliente acaba tendo um prejuízo maior. Mas opessoal não valoriza a manutenção preventiva", frisa o proprietário de uma oficinaespecializada em escapamento, Gilson Souza Carvalho.

É ele também quem avisa que, ao menor ruído do veículo percebido no sistemade escapamento, o ideal é visitar de imediato uma oficina para solucionar o problema. "Aomenor sinal é bom fazer uma visita para avaliação, pois uma simples borracha podecausar um dano maior, como furar um tanque, por exemplo. E se for viajar, é muitoimportante efetuar uma avaliação, pois do jeito que as estradas andam, o melhor éprevenir e evitar dor de cabeça a caminho da diversão" recomenda o comerciante.

E aos que realizam o rebaixamento do veículo, a atenção deve ser redobrada jáque o sistema de escapamento fica ainda mais próximo da superfície. Segundo Gilson, osistema de escape é a parte do carro mais vulnerável por ficar exposto às ações doslocais de tráfego. "O sistema fica em contato direto. Com o carro rebaixado chega a roçar aproximadamente 90%, danificando a peça. Em uso 24 horas na pista, o cano que écircular fica lixado, ganhando uma forma de meia-lua", explica Gilson.

O comerciante ainda alerta para o catalisador, peça fundamental do sistema deescapamento que tem como função transformar os gases poluentes que saem do motor em gases inofensivos à atmosfera, através de reação química. "É preciso ter atenção como catalisador. Ele não pode sofrer choque térmico, por isso é bom evitar passar e

estacionar o carro em locais alagados. E mais, ter cuidado com lojas de escapamento efalsos profissionais que afirmam efetuar limpeza de catalisador. Isso não existe, é puraenganação", revela Gilson.

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Texto: Carlos Napoletano Neto

Técnico

Recirculação de Gases de Escapamento

Responsável pelo controle do fluxo dos gases produzidos pela combustão damistura dentro dos cilindros do motor, a válvula EGR ajuda a controlar e reduzir a emissãode poluentes.

Como sabemos, os motores veicularesmais modernos incorporam dispositivos destinadosa diminuir os poluentes lançados na atmosfera,sendo este um dos principais motivos da utilizaçãodo gerenciamento eletrônico nos veículos atuais,nacionais e importados.

Basicamente, os três mais importantespoluentes produzidos por um motor de combustãointerna são, em ordem de importância, o Monóxidode Carbono (CO), os Hidrocarbonetos (HC), e osÓxidos de Nitrogênio (NOx).

Falando especificamente sobre os Óxidos deNitrogênio, eles são formados quando atemperatura da câmara de combustão atinge níveis

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mais elevados, seja pelo empobrecimento gradual da mistura, devido ao aquecimento domotor, seja por condições de trabalho mais críticas; e neste caso, devem ser controlados parase manterem dentro dos limites de emissões definidos por lei.

 A fim de reduzir a formação destes óxidos, os gases de escapamento são desviadosaté o sistema de admissão, através de uma tubulação existente no coletor de escapamento doveículo, para que possam ser aspirados e ocupar um espaço dentro da câmara de combustãousualmente destinado à mistura ar/combustível.

Como sabemos, os gases de escape são formados por uma mistura já queimada e,portanto, não são mais combustíveis. Todavia, se ocuparem um espaço dentro da câmara, irãolimitar a queima da mistura ar/combustível, diminuindo, conseqüentemente sua temperatura.

 Ao reduzir a temperatura, automaticamente será reduzido o nível de formação dos Óxidos deNitrogênio produzidos pelo motor.

É óbvio que a admissão destes gases na câmara, ocupando o lugar destinado a

mistura ar/combustível, reduzirá a potência disponível gerada pelo motor e, portanto, esteprocesso deve ser controlado criteriosamente, com a finalidade de não prejudicar odesempenho do veículo em determinados regimes de funcionamento.

Função e funcionamento - É aí que entraem cena a válvula EGR (Exhaust Gas Recirculationou Válvula de Recirculação dos Gases de Escape),que controla o fluxo e o momento em que estesgases devem ser admitidos na câmara decombustão.

 A válvula EGR abre pela ação do vácuo do coletor de admissão, por um lado, e pela ação da pressãodos gases de escape, pelo outro, permitindo que osgases de escapamento fluam para o interior docoletor de admissão.

Os gases de escapamento seguem com amistura ar/combustível para a câmara decombustão. Se houver um excesso de gases deescapamento admitidos, não ocorrerá combustão,ou haverá falha de combustão. Por isso, apenas uma quantidade controlada de gás passa pelaválvula, que deverá estar totalmente fechada na marcha lenta.

No regime de marcha lenta não deverá haver admissão de gases de escape nocoletor de admissão, pois não há geração de NOx nestas condições, sem mencionar o fato deque na marcha lenta, pela baixa quantidade de combustões nos cilindros, haverá irregularidadeem seu funcionamento, oscilações e até mesmo apagamento do motor em casos extremos.

 A válvula EGR possui uma câmara com um diafragma, que abre a sede da válvula pela açãode pressão positiva proveniente do escape e/ou vácuo originado do coletor de admissão,interligando os dois coletores (veja Figura 1). Por isso, geralmente sua localização está próximaaos coletores ou a alguma tubulação que os interliga.

Nos sistemas mais avançados de gerenciamento eletrônico, as funções desta válvulasão controladas pelo Módulo de Controle Eletrônico (UCE), que se utiliza de atuadores paradeterminar o momento e o tempo em que ela deve operar, sendo sua real atuação monitorada

por um potenciômetro presente na própria válvula. Este, por sinal, será parte do tema abordadona segunda parte desta matéria.

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 A válvula EGR abre atendendo a uma das seguintes condições:

• Motor Aquecido;

• Rotação do motor superior à da marcha lenta (veja Figura 2);

• Condições diversas de aceleração e desaceleração do veículo.

 A quantidade dos gases de escape admitidos na câmara e o tempo que a válvulapermanece aberta, dependerá das variações no vácuo e na pressão dos gases deescapamento, de acordo com o regime de funcionamento do motor.

Identificação da Válvula EGR   - Existeuma seqüência padrão nos códigos de identificaçãoda válvula EGR, com informações importantes parao aplicador:

• As válvulas EGR de pressão positivaterão um “P” gravado na lateral superior de suacarcaça, seguindo o número da peça (veja Figura3);

• As válvulas EGR de pressão negativaterão um “N” estampado na lateral superior daválvula em seguida à sua numeração;

• As válvulas EGR de passagem, ou seja,que trabalham tanto com pressão negativa quanto com pressão positiva, não possuemnenhuma identificação de seu regime de trabalho após seu número de peça.

 A substituição da EGR deverá ser feita observando-se estas indicações de aplicação, uma vezque fisicamente todas elas são parecidas ou mesmo idênticas. Não existe um teste eficientepara checar a eficiência das válvulas EGR, uma vez que só se poderá comprovar se seudiafragma está perfeito através da aplicação de vácuo. Porém, seu correto funcionamento,como aprendemos, depende também da atuação da pressão positiva dos gases deescapamento, o que nem sempre se pode confirmar.

Quando forem observadas falhas no funcionamento do motor em altas rotações,marcha lenta irregular ou mesmo apagamento do motor após desacelerações, bem como altos

níveis de emissão de CO, a culpada pode ser a válvula EGR e deverá ser substituída por outrade mesma especificação. Porém, atente que mesmo motores idênticos, mas aplicados emveículos diferentes, podem utilizar EGRs diferentes, embora fisicamente idênticas.O técnico deverá estar atento quanto à aplicação específica do tipo de componente correto,pois falhas de funcionamento ocorrerão se a EGR inadequada for aplicada. Vale à penalembrar também que, como as EGRs trabalham utilizando o vácuo do coletor, um examecriterioso das tubulações deverá ser feito, prevenindo, dessa forma, vazamentos indesejáveis eoscilações da marcha lenta.

No próximo artigo, daremos continuação a este assunto, com a descrição dofuncionamento das Válvulas EGR atuadas eletronicamente e como o sistema de

gerenciamento eletrônico do motor interage com elas, bem como dispositivos que auxiliamneste trabalho.

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ESCAPAMENTOShttp://www.westpneus.xpg.com.br/servicos.htm

SISTEMA DE EXAUSTÃO

O sistema de exaustão automotivo éformado, basicamente, por quatro partes principais:

1 – Conjunto Dianteiro;

2 – Catalisador;

3 - Conjunto Intermediário; e

4 - Conjunto Traseiro.

O Conjunto Dianteiro é constituído, em geral, por tubos ligados diretamente aomotor. Anteriormente a utilização de catalisador, este tubo era feito em aço carbono comum,sem qualquer revestimento, pois em função das altas temperaturas de trabalho, raramenteocorrida problemas de corrosão ou mesmo de quebras.

Com a introdução do Catalisador no Sistema de Exaustão Automotivo éimprescindível que sua construção seja feita somente em aço inoxidável, pois por ser umaço mais nobre, possui maior, resistência mecânica que lhe permite suportar maiorestemperaturas. Além disso, sua superfície trabalha mais limpa, evitando-se assim quepequenos fragmentos se alguém no catalisador, obstruindo a passagem dos gases.

O Catalisador é uma peça formada por um núcleo cerâmico ou metálico banhadoem metais preciosos, revestidos por uma concha metálica, que transforma a maior parte dosgases tóxicos do motor em gases inofensivos ao ser humano, através de reações químicasocorridas dentro deste componente. A necessidade de trabalhar a alta temperatura faz comque localização seja a mais próxima possível do coletor de gases do escapamento.

Catalisador : Emissões tóxicas são convertidas em gases inofensivos

Os conjuntos Intermediários e traseiros, respectivamente, abafadores e silenciosos(como são conhecidos no mercado), têm a função de reduzir o ruído provocado durante aexplosão da mistura no cilindro do motor.

Os escapamentos e suas partes:

O Escapamento tem várias funções. E ele é muito importante para o bomfuncionamento do motor. Reduz os ruídos produzidos pelo funcionamento do motor, conduzos gases nocivos para longe da cabine e mantém a pressão ideal para um melhor rendimento do motor, ao mesmo tempo em que colabora para a economia de combustível.

O trabalho de um Escapamento começa no motor do veículo. A explosão de umamistura comprimida causa a expansão dos gases que movimentam o pistão de um cilindro.Imediatamente as válvulas de escape se abrem e os gases queimados são expulsos,

provocando ruído. Como o motor tem um grupo de cilindros, todos descarregando gases sobpressão, acontece uma sucessão de descargas, que seguem ritmadas através do tubo

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coletor até o silencioso, alternando maior e menor pressão, provocando ondas sonoras egrande vibração no silencioso.

Cada modelo de veículo tem um sistema próprio de escapamentos, projetado para as

características daquele veículo. Os componentes de um Escapamento, de maneira geral,são:

Tubo Dianteiro:→   Capta os gases do coletor do motor;

Catalisador:→Tem como finalidade reduzir os gases tóxicos provenientes da

queima dos combustíveis pelos motores;

Silencioso intermediário:→

Reduz os ruídos do motor, evita que gases nocivos entrem na

cabine, melhora o rendimento, mantendo a pressão ideal e, aomesmo tempo, ajuda na economia de combustível;

Silencioso traseiro:→   Possui a mesma função que o silencioso intermediário,completando a sua eficiência.

Silenciosos

Funções básicas dos escapamentos:

  Reduzir os ruídos produzidos pelo motor;   Manter a pressão ideal, para o bom funcionamento do motor;   Conduzir os gases nocivos à saúde e ruídos para longe da cabine.