guia de estudos · 5.3 estados unidos da ... como diretor assistente do comitê fórum de...
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GUIA DE ESTUDOS
Organização Internacional do
Trabalho de 2020
Conferência Geral para Convenção Contra a
Exploração da Mão de Obra
Jean Marques Alves Vieira
Diretor
Felipe Atela de Almeida Barbosa
Diretor Assistente
Natália Fonseca Rabello
Diretora Assistente
Paula Duarte Pereira
Diretora Assistente
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DA MESA DIRETORA ............................................................ 3
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................................. 4
2.1 A Divisão do Trabalho.............................................................................................. 5
2.2 O Mercado e o Estado .............................................................................................. 6
2.3 Dos tipos de exploração ............................................................................................ 6
3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ.............................................................................. 8
4 O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO ........................................................ 10
5 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES .............................................................. 11
5.1 Brasil ........................................................................................................................ 11
5.2 China ........................................................................................................................ 11
5.3 Estados Unidos da América (EUA) ....................................................................... 12
5.4 União Africana ........................................................................................................ 13
5.5 Organização Internacional dos Empregadores .................................................... 13
6 QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES ................................................. 14
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 15
TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES ........................................... 17
1 APRESENTAÇÃO DA MESA DIRETORA
Caros delegados, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) gostaria de dar
boas-vindas aos senhores e inicia este guia apresentando a equipe.
Sou Jean Marques Alves Vieira, diretor deste comitê. Curso o 5º período de
Relações Internacionais na PUC Minas. Minha trajetória no MINIONU se iniciou na 12ª
edição, como voluntário da Organização Internacional para as Migrações (OIM), e,
posteriormente, como diretor assistente do comitê Rio +20 na 13ª edição. Certo de que o
MINIONU traz contribuições nos mais diferentes níveis tanto para nós, da equipe,
quanto para os senhores, delegados, espero que nosso comitê seja mais um sucesso do
14º MINIONU. Sei que os senhores tem ciência da importância do tema a ser discutido
e se comprometerão para o melhor andamento possível do comitê.
Me chamo Felipe Atela de Almeida Barbosa. No momento estou cursando o 5º
período do curso de Relações Internacionais da PUC Minas. Participei da 12ª edição do
MINIONU como voluntario de logística, na qual vivenciei a importância dessa área
dentro do programa, tão necessária para o funcionamento do evento. Participei também
da 13º edição em 2012, como Diretor Assistente do comitê Fórum de Cooperação entre
China e África (FOCAC). Agora, na 14ª edição, estou presente na equipe do
MINIONU como diretor assistente da OIT. Tenho certeza que será um prazer participar
do desenvolvimento desse comitê, tendo em vista seu tema de significativa importância
na agenda dos países do globo.
Eu sou Natália Fonseca Rabello, sou estudante do 5º período de Relações
Internacionais da PUC Minas. Participei pela primeira vez do MINIONU na 13ª edição
como voluntária de logística e agora faço parte da mesa diretora da OIT como diretora
assistente. Posso afirmar que a participação nesse comitê trará um maior interesse nas
relações exercidas no âmbito internacional e me ajudará a adquirir conhecimento nas
tomadas de decisão realizadas na área.
Meu nome é Paula Duarte e estudo Relações Internacionais na PUC Minas,
cursando atualmente o 3º período. Participo pela segunda vez do MINIONU, agora
como diretora assistente, e possuo grandes motivações para esta edição. Espero
conquistar um maior aprofundamento no conhecimento do cenário internacional
levando em conta a abordagem do nosso comitê. Acredito que juntos conseguiremos
nos dedicar ao máximo à atender as nossas expectativas e objetivos para com a
simulação.
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA
Com o intuito de assegurar o bem estar da população, os direitos básicos do
indivíduo são conquistados e aprimorados ao passar do tempo, constituindo parte da
preocupação dos Estados. Não é diferente no que se diz respeito aos direitos do
trabalhador, tema que cada vez mais ocupa espaço na agenda1 dos países de todo o
mundo.
O assunto de direitos trabalhistas desencadeia uma série de problemas mais
específicos, como mensurar até que ponto tais direitos devem ser concedidos, garantir-
se que medidas implementadas sejam efetivadas, visto a dificuldade de fiscalizá-las,
bem como conciliá-los com o, não menos importante, crescimento econômico do
Estado. Esses são alguns dos vários fatores que torna o tema demasiadamente complexo
– e, se não solucionados agora, podem agravar-se no futuro.
Nos dias atuais, em 2020, a preocupação maior está ligada à exploração da mão
de obra. Vários países, juntamente à Organização Internacional do Trabalho, vêm
tentando, há alguns anos, solucionar o problema, porém sem sucesso de acordo com
dados recentes.
Em 1992 foi criado o Programa Internacional para Eliminação do Trabalho
Infantil (IPEC). Desde então, a agenda internacional é cada vez mais pautada na
erradicação do trabalho infantil. Em 1998, o assunto adquire maior importância na
agenda da OIT, na “Declaração da OIT sobre princípios e direitos fundamentais no
trabalho”2. Na Conferência de Haia
3, em 2010, é estabelecida uma meta para
“eliminação das piores formas de trabalho infantil”, porém, num relatório de 2010 que
analisava a exploração trabalho infantil de acordo com gênero e idade das crianças
(“Analisar a ação contra o trabalho infantil”4), a Organização Internacional do
Trabalho já demonstrava ceticismo em relação ao cumprimento da meta até 2016,
motivada pela tendência atual de continuidade da exploração. (OIT, 2010).
1 Em Relações Internacionais, a agenda dos Estados é uma série de elementos que geralmente possuem
ordem de prioridade e são pontos nos de preocupação dos mesmos. Se um item está no topo da agenda do
país, isto significa que soluções para tal item serão primeiramente buscadas antes de qualquer outro. A
agenda pode mudar subitamente, definindo, portanto, em que o Estado está focado em determinado
momento. (MCCOMBS, 1981). 2 Declaração disponível em:
<http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/oit/doc/declaracao_oit_547.pdf>. 3 Disponível em:
<oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/gender/doc/trabalhoinfantilhojaderuta_859.pdf>. 4 Relatório disponível em:
<http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/pub_relatorioglobal_2010.pdf>.
A ideia de exploração da mão de obra, neste contexto, está ligada ao ato de tirar
vantagem de um indivíduo ou grupo de maneira injusta, geralmente atribuindo ao seu
trabalho valor abaixo do que deveria. (STANFORD, 2008). O conceito de mão de obra
é entendido, portanto, como todo trabalho (manual ou não) desempenhado para um
empregador qualquer (empresa, indústria, dentre outros), formal ou informalmente.
Com isso, tem-se o conceito de mais valia de Karl Marx, que implica no
pagamento de um valor menor do que o valor agregado5 ao produto que o trabalhador
produziu. Segundo o autor, o Sistema Capitalista se sustenta nesta lógica e o lucro seria
proveniente da diferença entre o salário e os custos envolvidos no processo de produção.
(MARX, 1867).
2.1 A Divisão do Trabalho
Visto que não há nenhuma sociedade autossuficiente a ponto de produzir tudo
aquilo que necessita, tem-se nos dias atuais a divisão do trabalho. Isso significa que
cada Estado ou grupo produz aquilo em que possui maior eficiência, possibilitando a
especialização de cada um em sua respectiva produção específica, sendo que esta é
posteriormente comercializada, trazendo também complementariedade entre os Estados.
Com isso, tem-se a exploração à medida que um lado, que detém os recursos, é
beneficiado, em detrimento ao outro, que vende sua força de trabalho por valor inferior
ao produzido. (STANFORD, 2008).
O problema da exploração é ainda mais preocupante já que, visando aumentar
seu lucro, a parte beneficiada busca uma força de trabalho cada vez mais barata, não
assegurando ao trabalhador um salário minimamente digno. Por outro lado, o
trabalhador explorado muitas vezes opta por tal condição por falta de opções melhores,
ou por falta de orientação, não sendo capacitado devidamente para outro tipo de
trabalho. (STANFORD, 2008). Sendo assim, sabe-se que o debate vai além da questão
do salário pago pelo empregador, sobretudo porque a condição do trabalhador explorado
é por muitas vezes baixa, independentemente do trabalho desempenhado, e isto decorre
de variáveis que não necessariamente competem ao tema debatido.
5 O valor agregado diz respeito ao valor adquirido no processo de produção de certo item. No caso de
uma cadeira, por exemplo, estaria incluso, o valor da madeira, dos pregos ou parafusos usados para fixá-
la, da tinta e do possível deslocamento da mesma, além do valor da mão-de-obra para a produção da
própria cadeira.
Devido à complexidade que este assunto envolve, é válido afirmar-se que traçar
as razões da existência de exploração da mão de obra nos dias atuais pode ser um tanto
impreciso.
2.2 O Mercado e o Estado
Para entender que apenas a vontade do Estado de resolver o problema não é
suficiente, é importante salientar que o mercado não está preso ou restrito ao Estado, ou
seja, independentemente da política interna do país, o mercado detém autonomia
suficiente para ir além do controle do Estado. Por essa razão, um simples acordo entre
Estados não é necessariamente o bastante para assegurar as condições de trabalho
devidas.
Para mercado, tem-se a seguinte noção, segundo Sandroni:
(...) designa um grupo de compradores e vendedores que estão em contato
suficientemente próximo para que as trocas entre eles afetem as condições de
compra e venda dos demais. Um mercado existe quando compradores que
pretendem trocar dinheiro por bens e serviços estão em contato com
vendedores desses mesmos bens e serviços. (SANDRONI, p. 528 apud
WAQUIL; MIELE; SCHULTZ, p. 10).
Dessa maneira, a busca por mecanismos suficientemente eficazes tem ainda
maior importância, sendo que estes não competem unicamente aos Estados. O lado dos
empregadores também pode trazer fundamental contribuição para a inversão deste
quadro.
2.3 Dos tipos de exploração
Como já esboçado anteriormente, a exploração pode acontecer de diferentes
maneiras, sendo que o simples termo exploração não traz algumas ideias importantes e
características mais específicas.
Primeiramente, tem-se a exploração que traz vantagens mútuas. Nesse caso, o
explorado tem ganhos na “transação” tanto quanto o explorador, por isso as vantagens
da transação são consideradas mútuas. Mesmo que a exploração por essência não seja
algo positivo, todas as partes têm benefícios, ainda assim. Por outro lado, tem-se um
tipo de exploração que é prejudicial ao explorado, não o oferecendo benefício algum.
(STANFORD, 2012).
Existe também a exploração de modo não consensual, situação na qual o
indivíduo não demonstra voluntariamente interesse para desempenhar tal trabalho, mas
o faz devido a algum tipo de coerção, desconhecimento ou qualquer artifício que o
força. Por outro lado, tem-se a exploração consensual, na qual o trabalhador entende as
condições de trabalho e ainda assim, de maneira esclarecida e voluntária aceita a
“transação”. (STANFORD, 2012).
Tais diferenciações demonstram que o debate deve ser tratado de maneira
cuidadosa, evitando-se precipitações, já que existem lados distintos nesse assunto tão
minucioso.
Contudo, a OIT “afirma que o trabalho não é mercadoria e que a pobreza, onde
houver, constitui um perigo para a prosperidade de todos”. (OIT, 2008). Tem-se,
portanto, que o comprometimento de todos os Estados para garantia de condições
razoáveis de vida à população de todo o mundo é fundamental para todos os Estados de
maneira geral.
2.4 Dificuldades na aplicação de medidas efetivas até o ano de 2020
Quando se trata de medidas efetivas, sabe-se que estas vêm dos tempos iniciais
da OIT e caminham com lentidão nos dias atuais. Em 1919, com a criação da Liga das
Nações, as tentativas de aplicar tais medidas foram sendo mostradas, como explicita
Karl Polanyi, em seu livro “A grande transformação – as origens da nossa época”:
A própria Liga das Nações foi acrescida de uma Organização Internacional
do Trabalho, em parte para uniformizar as condições de competição entre as
nações de tal forma que o comércio pudesse ser liberado sem perigo para os
padrões de vida (POLIANYI, 1980, p. 43).
Neste trecho, está claro que o objetivo maior é o comércio e, com ele, o lucro.
Como exemplo da importância exacerbada do lucro, de modo a desconsiderar outros
problemas particulares entre os países, tem-se Alemanha e França que, no século XIX
eram inimigas, porém este fato não impedia a transação comercial entre elas. Este
exemplo também está presente no século XXI, quando os Estados Unidos e Venezuela,
que eram considerados rivais políticos, não o são em sua gama econômica. Sendo
assim, a ganância monetária aniquila direitos civis e funciona como um “tapa-olho” em
países desenvolvidos que apresentam um número de medidas efetivas abaixo do ideal
em relação ao tema da exploração, fazendo-as, na maioria das vezes, quando pressões
dos demais países servem como empecilho para a busca pelo lucro.
Mais uma vez de acordo com Polanyi, "O sucesso nos negócios sempre envolvia
o uso impiedoso da força contra países mais fracos". Por mais que se tenha elaborado
medidas que trouxeram resultados, estas não apresentam grande eficácia. O mundo,
mesmo em face à globalização nos tempos modernos, apresenta certa tendência à
continuidade da exploração do trabalho.
3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 1919, após a
Primeira Guerra Mundial, com o Tratado de Versalhes. Desde então foram adotadas
uma série de convenções com o intuito de assegurar melhores condições para os
trabalhadores, igualdade e salários justos, bem como jornadas de trabalho limitadas,
dentre outros. (OIT, 1944).
A Declaração referente aos fins e objetivos da Organização foi aprovada na 26ª
reunião, em 1944, na Filadélfia. (OIT, 1944). Mais tarde, em 1946, na sua 29ª reunião
em Montreal, foi aprovado o texto da Constituição da Organização Internacional do
Trabalho. Dessa forma, ficou estabelecido que
[...] a Organização Internacional do Trabalho tem a obrigação de auxiliar as
Nações do Mundo na execução de programas que visem:
a) proporcionar emprego integral para todos e elevar os níveis de vida;
b) dar a cada trabalhador uma ocupação na qual ele tenha a satisfação de
utilizar, plenamente, sua habilidade e seus conhecimentos e de contribuir para
o bem geral;
c) favorecer, para atingir o fim mencionado no parágrafo precedente, as
possibilidades de formação profissional e facilitar as transferências e
migrações de trabalhadores e de colonos, dando as devidas garantias a todos
os interessados;
d) adotar normas referentes aos salários e às remunerações, ao horário e às
outras condições de trabalho, a fim de permitir que todos usufruam do
progresso e, também, que todos os assalariados, que ainda não o tenham,
recebam (sic)6, no mínimo, um salário vital;
e) assegurar o direito de ajustes coletivos, incentivar a cooperação entre
empregadores e trabalhadores para melhoria contínua da organização da
produção e a colaboração de uns e outros na elaboração e na aplicação da
política social e econômica. (CONSTITUIÇÃO..., 1946. pág. 20).
6 (sic) Acredita-se que a palavra “percebam” tenha sido usada erroneamente, sendo mais
adequada o uso da palavra “recebam” para assumir o sentido correto da frase.
Pretende-se, portanto, como já citado, debater as condições da exploração da
mão de obra, tendo em vista a criação de meios para amenizarem-se os danos gerados e
consolidar condições de trabalho justas na “Conferência Geral para a Convenção para
Combate à Exploração da Mão de Obra”, no ano de 2020.
O comitê adotará a lista de oradores como formato padrão para seus debates e,
no que se refere às votações, cada Estado-membro terá direito a um voto igualitário nas
decisões procedimentais7 e substanciais
8; já as representações observadoras, enquanto
falantes, poderão votar somente as questões procedimentais.
É importante também deixar claro que a OIT é o único órgão da Organização
das Nações Unidas (ONU) que possuiu representação tripartite, ou seja, as discussões
são compostas por representantes do governo, organizações de empregadores e
organizações de trabalhadores de cada país. Porém, visto a conveniência com a reunião
a ser realizada em 2020, haverá uma exceção e será admitida uma pequena
reestruturação para que somente os representantes do governo participem das
discussões, o que possibilita maior praticidade no processo de decisão, feito
basicamente entre chefes de Estado.
Este comitê conta, como citado anteriormente, com a presença da OIE,
representante da comunidade empresarial de todo o mundo. Os princípios dessa
organização são semelhantes aos da OIT, porém, são voltados para o campo do
empregador. Seus objetivos, em linhas gerais, dizem respeito à liberdade da empresa no
mercado; promoção de fóruns internacionais com o fim de garantir os direitos dos
empregadores de todo o mundo nos assuntos socioeconômicos; proporcionar a
cooperação entre os empregadores, bem como sua complementariedade mútua e troca,
dentre outros. (OIE, 2010).
Essa organização traz ao debate ainda mais dinamismo devido a suas
características, possibilitando a inserção de um ponto de visa diferente de modo a
enriquecer ainda mais as discussões.
7 Questões procedimentais definem alguma alteração no andamento dos debates e devem ser
propostas através de uma moção. 8 Questões substanciais interferem no que o comitê produz de substantivo, podem visar
introduzir documentos ou votá-los.
4 O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO
Em vários países as relações entre empregador e empregado são resguardadas
por lei, essa mesma que garante o direito para ambas as partes, sendo um conjunto de
normas no que chamamos de Direito do Trabalho.
Uma vez em que existam divergências nas relações ou uma parte inflija o direito
do outro, a parte do empregado ou do empregador pode acionar o órgão de seu país
competente as solucionar estas divergências, que por sua vez julgará as controvérsias
existentes nas relações de trabalho. Além disso, existem também os TRS (Tribunais
Regionais do Trabalho), a cargo de resolver problemas específicos e agravantes
podendo também exercer julgamentos de maior importância. Ambos em ordem
respondem a outro órgão de estância maior, como o TST (Tribunal Superior do
Trabalho), responsável por reunir dados de todos os processos recolhidos,
uniformizando a jurisprudência trabalhista e julgando os demasiados agravantes de
instrumento contra as decisões das TRT’s e os mandados de segurança, embargos
opostos a suas decisões e ações rescisórias.
É fato que existe grande número de infrações à lei por parte dos empregadores,
que não desejam ter perda de produtividade e falta de atividade ajustada no contrato de
trabalho, não só para lucro, beneficio próprio, mas para o crescimento da economia
como um todo. A economia, por outro lado, não depende necessariamente do Estado,
mas depende de lucros vindos de baixos custos, sobretudo de mão de obra. Então, certas
políticas do Estado podem acabar comprometendo sua própria economia. Com isso,
tem-se que o número de direitos resguardados aos trabalhadores acabam sendo
infringidos, de modo a garantir que a produção não caia e que o lucro não seja afetado.
Nota-se que interesses econômicos têm preponderância em certos casos.
A quebra das normas por parte das empresas visando à produção, o lucro e o
crescimento, leva a um grande impasse os tomadores de decisão. O chefe de Estado
deve assegurar boas condições para ganhos econômicos e crescimento interno. Ao
mesmo tempo, principalmente em países com maior comprometimento com a
democracia e direitos humanos, deve confirmar à sua população os direitos mais
básicos, o que determina, inclusive, o nível de qualidade de vida dos indivíduos.
Por outro lado, o chefe de Estado deve também responder à demanda externa,
pois, como foi dito no item 2.2, o mercado se realoca e não responde exclusivamente a
acordos, além da necessidade de que a produção acompanhe o crescimento. Visto isso,
sabe-se que o tomador de decisão sempre fica a par das negociações, mas nem sempre
garante direitos efetivos aos trabalhadores, já que os custos de perdas econômicas
podem ser altos.
Fica a cargo dos órgãos (internos e internacionais) defenderem os direitos e
trabalhistas não apenas julgar o direito infringido do empregado e empregador, mas
também de realinhar objetivos de forma a trazer ganhos mútuos.
5 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES
A pluralidade de atores determinantes nesse assunto é grande. Contudo,
observa-se a posição de cinco fundamentais entre todos eles.
5.1 Brasil
O Brasil é um dos países que ainda sofrem com a exploração da mão de obra, o
que faz com que parte considerável da população não tenha acesso a seus direitos mais
básicos no que se diz respeito à questão trabalhado. São vários os tipos de trabalhos
clandestinos, geralmente com más condições, além de imigrantes que buscam por
condições melhores no país. A questão da migração é, inclusive, problemática de ambos
os lados. Primeiramente pelo fato de que o controle fronteirístico não é tão rigoroso,
permitindo que povos de outros países entrem e permaneçam facilmente no Brasil. Estes
estão dispostos a se submeter a qualquer tipo de trabalho para garantir sua
sobrevivência. Por outro lado, é razoável o número de brasileiros que procuram por
melhores salários e condições no exterior, sobretudo em países de primeiro mundo,
passando a depender de empregos que a própria população do local não deseja. Mesmo
que decorra de um problema estrutural que vai além do assunto debatido, o Brasil se
preocupa com os direitos oferecidos aos trabalhadores e certamente com a implantação
de medidas mais eficazes. (ALVES, 2002).
5.2 China
A China por sua vez é um dos países que mais chamam atenção no assunto
abordado, com altos índices de exploração do trabalhador. Boa parte de seus lucros se
baseiam em salários abaixo de níveis justos, combinados com a grande eficiência da
produção da potência asiática. Além disso, o governo chinês, como alguns outros países
asiáticos, não demonstra a mesma atenção com os direitos humanos como certos países
ocidentais. Mesmo que se reconheça a necessidade de respeitá-los, fatores como a
cultura ou religião são fortes influências e fazem com que países como China tenham
posturas diferenciadas em relação aos direitos do homem. (SILVA, 2008).
A pobreza no país asiático é uma das razões pela qual crianças, por exemplo, se
submetem à exploração, visto que uma vez que seus pais não podem arcar com as
despesas ou até mesmo com a educação, muitas crianças assumem a responsabilidade
de trabalhar logo cedo. (CLB, 2007). Todos esses fatores contribuem para o
agravamento do caso da China, o que faz com que a exploração chinesa seja vista com
maior atenção, devendo ser tratado com cuidado no contexto atual.
5.3 Estados Unidos da América (EUA)
Uma das potências mundiais contribui fortemente na violação dos direitos do
trabalhador, sobretudo com suas características de alta produtividade. Para manter seus
parâmetros de crescimento e PIB elevados, o país conta com baixos custos na mão de
obra. Muitos são os indivíduos que migram para os EUA em busca de melhores
empregos e acabam assumindo cargos abaixo do que estariam qualificados para exercer,
obviamente com menores salários. Bem como suas indústrias, que não necessariamente
pertencem aos Estados Unidos, mas são de origem estadunidense, espalhadas por todo o
mundo, pagando o mínimo possível a seus empregados para aumentar lucros. (COMPA,
2005).
A exploração da mão de obra estadunidense merece atenção, visto que mesmo
que o país não respeite os direitos dos trabalhadores da maneira ideal, oferece melhores
oportunidades para indivíduos que vem dos países mais pobres. As fronteiras
estadunidenses estão razoavelmente abertas para os que procuram inserir-se em seu
setor de trabalho e, ainda com as condições de exploração, trabalhadores de todo o
mundo são empregados no país, inclusive alguns que sofrem duramente com a pobreza.
(CBO, 2005).
5.4 União Africana
Alguns países componentes da União Africana apresentam problemas em
relação à exploração, visto a falta de estabilidade interna, incapacidade do país em
prover alguns itens básicos para a população, dentre outros. Países como Serra Leoa,
República do Congo e outros mais sofrem continuamente com este quadro que não foi
ainda revertido nos anos de 2020.
O continente em geral é uma terra de muitas oportunidades para as economias do
resto do mundo, sobretudo dos países mais ricos, que procuram por petróleo e metais
preciosos. Muitos não conseguem oportunidades e sofrem com a ausência de mínimas
condições como alimentação, moradia e saneamento básico. Os baixos salários pagos e
as excessivas horas de trabalho diário são o meio de sobrevivência desses indivíduos,
ainda que não seja o suficiente para garantir o que de fato necessitam. (UNESCO,
2004).
Contudo, apesar da baixa condição ser generalizada no continente africano,
alguns países não vivem o mesmo contexto de pobreza e exploração, como África do
Sul, Angola, que apresentam situação um pouco melhor do que a média dos países.
5.5 Organização Internacional dos Empregadores
A Organização Internacional dos Empregadores é constituída por empregadores
de todo o mundo e tem como objetivo assegurar os direitos dos que empregam. Essa
organização possui acordos e políticas para melhorar a condição dos empregadores, já
que existe uma pluralidade de organismos e convenções voltadas ao grupo dos
trabalhadores. Assegurar o direito do empregador é tão importante quanto o do
trabalhador, o que não significa permitir aos empregadores estabelecer nenhum tipo de
exploração de mão-de-obra, mas sim oficializar a relação entre empregadores e
empregados, garantindo os direitos e deveres das partes. Porém, é evidente que as
manifestações da organização podem tomar um rumo diferente em relação às demandas
dos trabalhadores que sofrem com a exploração. (OIE, 2010).
6 QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES
É importante que, ao final das negociações, as seguintes questões sejam
respondidas, ou, no mínimo, debatidas:
6.1 Como criar mecanismos para impedir, de maneira geral, que trabalhadores dos
diversos países sejam explorados?
6.2 Como os países podem contribuir para que projetos sejam empreendidos em âmbito
mundial para o combate à exploração da mão de obra nos países menos
desenvolvidos?
6.3 O que deverá ser feito caso algum país não cumpra com os termos dos tratados,
tanto em relação aos vigentes quanto aos tratados a serem ainda implementados?
6.4 Qual deve ser o posicionamento dos Estados desenvolvidos quanto à exploração de
trabalhadores das suas multinacionais instaladas nos países subdesenvolvidos?
6.5 O setor privado, isto é, os empregadores, devem assegurar alguns direitos básicos
dos trabalhadores (salário mínimo, limite de horas de trabalho por semana,
benefícios, etc.) ou estes devem ficar a cargo exclusivo dos governos?
6.6 Qual medida a ser tomada no caso em que trabalhador é explorado de maneira
consentida9?
6.7 Seria possível intervir de maneira a mudar as condições daquele indivíduo, que por
falta de informação, sequer reconhece seus direitos e acaba cedendo à lógica da
exploração?
9 Ver item 2.3 (p. 5-6).
REFERÊNCIAS
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TYLER, Gus. A revolução Trabalhista – Os sindicatos numa nova América. Nova
Iorque: O Cruzeiro, 1966.
VETUSCHI, Valéria Paola; SEITENFUS, Ricardo Antônio Silva. O (Des)emprego na
União Europeia. Disponível em:
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WAQUIL, Paulo; MIELE, Marcelo; SCHULTZ, Glauco. Mercados e comercilização
de produtos agrícola. Disponível em
<http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad016.pdf> Acesso em 31de abr.
TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES
Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível de
demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se trata
de uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada
representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos
que essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros,
priorizando a participação de delegados mais experientes nos comitês em que a
representação do colégio for mais demandada.
Legenda
Representações frequentemente demandadas a
tomar parte nas discussões
Representações medianamente demandadas a
tomar parte nas discussões
Representações pontualmente demandadas a
tomar parte nas discussões
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
1. Afeganistão
2. África do Sul
3. Albânia
4. Alemanha
5. Angola
6. Arábia Saudita
7. Argentina
8. Armênia
9. Austrália
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
10. Áustria
11. Azerbaijão
12. Bangladesh
13. Bélgica
14. Bolívia
15. Brasil
16. Bulgária
17. Burkina Faso
18. Cabo Verde
19. Camarões
20. Camboja
21. Canadá
22. Chile
23. China
24. Colômbia
25. Congo
26. Costa do Marfim
27. Costa Rica
28. Croácia
29. Cuba
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
30. Dinamarca
31. Egito
32. El Salvador
33. Emirados Árabes Unidos
34. Equador
35. Eslováquia
36. Espanha
37. Estados Unidos da América
38. Etiópia
39. Filipinas
40. Finlândia
41. França
42. Gana
43. Geórgia
44. Grécia
45. Guiné-Bissau
46. Haiti
47. Honduras
48. Hungria
49. Iêmen
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
50. Índia
51. Indonésia
52. Iraque
53. Irlanda
54. Israel
55. Itália
56. Jamaica
57. Japão
58. Kuwait
59. Líbano
60. Líbia
61. Libéria
62. Lituânia
63. Madagascar
64. Malásia
65. Malta
66. Marrocos
67. México
68. Mianmar
69. Moçambique
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
70. Mongólia
71. Nicarágua
72. Nepal
73. Nigéria
74. Noruega
75. Nova Zelândia
76. Paquistão
77. Paraguai
78. Peru
79. Polônia
80. Portugal
81. Reino Unido
82. República Tcheca
83. Ruanda
84. Rússia
85. Senegal
86. Serra Leoa
87. Singapura
88. Síria
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
89. Somália
90. Sudão
91. Suécia
92. Suíça
93. Tailândia
94. Tunísia
95. Turquia
96. Uganda
97. Uruguai
98. Venezuela
99. Zimbábue
100. Organização Internacional
dos Empregadores - OIE
101. União Africana
102. Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
- PNUD
103. União Europeia
104. Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
Industrial - UNIDO
105. Imprensa
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