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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE-UNIVALE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E
ECONÔMICAS- FADE
GUARDA COMPARTILHADA: UMA BUSCA NA QUALIDADE E DESENVOLVIMENTO DOS FILHOS
VIVIANE KARLA MIRANDA SOARES
Governador Valadares/MG 2009
UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE-UNIVALE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E
ECONÔMICAS- FADE
GUARDA COMPARTILHADA: UMA BUSCA NA QUALIDADE E DESENVOLVIMENTO DOS FILHOS
VIVIANE KARLA MIRANDA SOARES
Monografia apresentada à banca examinadora do curso de Direito da Universidade Vale do Rio Doce, em cumprimento às exigências legais e curriculares, para efeito de conclusão de curso.
Orientadora: Profª. Rosemeire Pereira
Governador Valadares/MG 2009
UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE-UNIVALE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E
ECONÔMICAS- FADE
VIVIANE KARLA MIRANDA SOARES
GUARDA COMPARTILHADA: UMA BUSCA NA QUALIDADE E DESENVOLVIMENTO DOS FILHOS
Monografia apresentada à banca examinadora do curso de Direito da Universidade Vale do Rio Doce, em cumprimento às exigências legais e curriculares , para efeiro de conclusão de curso.
Aprovada ( ) Aprovada com louvor ( ) Aprovada com restrições ( ) Reprovada ( ) ________________________________________ Profª Rosemeire Pereira ________________________________________ Prof. ________________________________________ Prof.
Governador Valadares/MG
2009
AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ser meu refúgio e amparo nos momentos mais difíceis da minha vida, pelo Dom da vida. A minha família, minha base, minha vida. Aos mestres pela dedicação nessa longa trajetória, vocês foram indispensáveis e essenciais. A minha orientadora Rose, meu reconhecimento.
“ A Guarda Compartilhada almeja assegurar o interesse do menor, com o fim de protegê-lo, e permitir o seu desenvolvimento e a sua estabilidade emocional, tornando-se apto à formação equilibrada de sua personalidade. Busca-se diversificar as influências que atuam amiúde na criança, ampliando o seu espectro de desenvolvimento físico e moral, a qualidade de suas relações afetivas e a sua inserção no grupo social. Busca-se, com efeito, a completa e a eficiente formação sócio-psicologica, ambiental, afetiva, espiritual e educacional do menor cuja guarda se compartilha.” ( Deirdre Neiva, 2002)
RESUMO A presente monografia trata do novo instituto da guarda compartilhada no ordenamento jurídico brasileiro, seus aspectos positivos e negativos, e sua aplicação no nosso Direito. A nova lei 11.698/2008 veio regulamentar uma situação já existente em nossos tribunais. O estudo se justifica e se faz relevante, pois o sustento e a educação dos filhos constituem deveres de ambos os cônjuges. A guarda é, ao mesmo tempo, dever e direito dos pais, e mais do que isso, direito exclusivo do filho em poder conviver com ambos os genitores mesmo após o fim da sociedade conjugal. Atualmente, a guarda compartilhada é que melhor atende aos interesses do menor, assegurando-lhe maior segurança, estabilidade e equilíbrio psicológico. Com a adoção deste novo modelo de guarda dos filhos, observa-se que a justiça tem caminhado em busca de decisões mais justas e tem conseguido também fazer com que os pais estabeleçam acordos entre si, uma vez que ambas as partes deverão ceder a fim de que se obtenham melhores soluções visando ao bem-estar dos filhos.
Palavras-Chave: Guarda. Pátrio-Poder. Interesse do menor. Código de Processo Civil. Pais. Filhos. Lei 11.698/2008
ABSTRACT The present monograph deals with the new institute of the guard shared in the Brazilian legal system, its positive and negative aspects, and its application in our Justice. The New law 11.698/2008 came regulatory an existing situation in our courts. The study is justified and is relevant, because the maintenance and education of children are duties of both spouses. The guard is, at the same time duty and right of parents, and more than that, the exclusive right of the child in to live with both parents, even after the end of the conjugal society. Currently, the shared custody is that better serves the interests of the child, assuring him greater security, stability and psychological balance. With the adoption of this new type of custody of children, it appears and also has walked in search of more fair and also has managed to get the parents to establish agreements among themselves, since both parties must give to to get better solutions to the welfare of children. Word-Key: Guard. Native-Power. Interest of the minor. Code of Civil action. Parents. Children. Law 11.698/2008
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................8
1 PATRIO PODER – ASPECTOS GERAIS .............................................................11
1.1 PODER FAMILIAR..................................................................................................14
1.2 DIREITOS E DEVERES DOS PAIS........................................................................16
1.3 SUSPENSAO, PERDA E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR...........................17
2 A GUARDA E A EVOLUÇÃO DA FAMILIA NO DIREITO BRASILEIRO....20
2.1 A GUARDA COMPARTILHADA NO DIREITO COMPARADO........................20
2.2 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA....................................................21
3 GUARDA.....................................................................................................................26
3.1 DEFINIÇÃO..............................................................................................................26
3.2 A GUARDA NO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE.......................27
3.2.1 Da Guarda aos avós.............................................................................................28
3.2.2 Da Guarda unilateral do filho cônjuge...............................................................28
3.2.3 Da Guarda para fins previdenciários.................................................................30
3.3 EFEITOS DA GUARDA..........................................................................................30
3.4 MODALIDADES DE GUARDA.............................................................................31
3.4.1 Guarda Alternada................................................................................................31
3.4.2 Guarda Dividida...................................................................................................32
3.4.3 Aninhamento ou nidação.....................................................................................32
3.4.4 Guarda Compartilhada.......................................................................................33
4 GUARDA COMPARTILHADA...............................................................................35
4.1 CONCEITO E APLICABILIDADE.........................................................................35
4.3 ASPECTOS NEGATIVOS E POSITIVOS DA GUARDA COMPARTILHADA..38
4.3.1 Direito de Visita....................................................................................................41
4.3.2 Guarda Compartilhada X Guarda Alternada...................................................42
4.3.3 Alimentos na Guarda Compartilhada................................................................44
CONCLUSÃO...............................................................................................................47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.....................................................................49
INTRODUÇÃO
O tema ora proposto foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica
realizada em doutrinas, revistas e artigos científicos. Por se tratar de um assunto ainda
muito recente no meio jurídico e ainda pouco visto e discutido no meio doutrinário, a
internet, foi uns dos principais meios para a reunião de informações que pudessem
proporcionar a conclusão do presente trabalho. Pretende-se abordar o tema de maneira
bastante sucinta, relatando a história do instituto da guarda, sua evolução na família,
suas espécies e aspectos controvertidos da guarda, e sua aplicação no ordenamento
jurídico brasileiro através da jurisprudência. O principal foco pretendido foi o de levar
ao conhecimento o novo instituto, principalmente aqueles que enfrentam a dura
realidade de uma separação conjugal, e como conseqüência, vivenciam também o
distanciamento dos filhos. E também discutir alguns pontos incontroversos da nova lei
nº. 11.698, implantada em 13 de Junho de 2008, que autoriza a decretação da guarda
compartilhada pelo juiz mesmo quando as partes não acordarem sobre a guarda do filho.
E é nessa problemática que a guarda compartilhada se apresenta, não como a única
saída, mas sim, com a finalidade de se tornar uma opção a mais na solução de
problemas dessa natureza.
A nova lei vem com intuito de permitir ao pai e a mãe continuar decidindo
e resolvendo em conjunto a melhor forma de educar, administrar e conviver com seus
filhos mesmo após a separação. Este direito é, antes de tudo, um direito da criança,
conquistado no nascimento. Toda criança tem o direito de convivência com ambos os
pais e com as famílias paterna e materna, garantindo pela constituição, código civil e
Estatuto da Criança e Adolescente. Cabe aos pais exigir o cumprimento destas leis.
O procedimento metodológico utilizado foi a pesquisa bibliográfica, tais
como, artigos, doutrinas, jurisprudência, com a finalidade de proporcionar melhores e
mais precisas informações sobre o assunto.
O trabalho inicia-se por tratar da história do instituto da guarda, do poder
familiar, onde o pai detinha o poder sobre o filho, a seguir, a guarda e sua evolução na
família, abordaremos também os tipos de guardas previstos no ordenamento jurídico
brasileiro, tais como : Alternada, unilateral e compartilhada, e do seu surgimento em
direito comparado e sua utilização nos dias atuais, e por último, os aspetos
controvertidos da guarda, seus aspectos positivos e negativos do compartilhamento da
10
guarda, usando da mediação familiar como importante instrumento de pacificação
social, muito utilizado em tribunais internacionais, para a conscientização sobre a
importância da guarda compartilhada para se manter uma familiar mais saudável após a
ruptura conjugal.
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1 PATRIO PODER – ASPECTOS GERAIS
O instituto do poder familiar teve origem à época romana, no Direito
Romano, era conhecido como pátrio poder, onde o pai tinha totais poderes sobre o filho.
A família romana era patriarcal: tudo girava em torno do paterfamilias, ao qual estavam
subordinados os descendentes. O paterfamilias tinha o domínio in domo, ou do grupo
doméstico. Em Roma, a família era um complexo de pessoas colocadas sob a Pátria
Potestas de um chefe, O paterfamilias. A Pátria protestas não se extinguia pelo
casamento dos filhos, que casados ou não, continuavam a pertencer à família do chefe,
por isso a família romana era constituída por um grande número de membros. O pátrio-
poder representava um poder absoluto, inclusive de vida e morte sobre os filhos. Na
família romana, todo poder estava concentrado na pessoa do paterfamilias, que tinha
poderes sobre os membros da família ( pátria protestas), a mulher,
( in manu), as pessoas (in mancípio) e sobre os bens (res).
O poder do pater era absoluto e soberano. Era ele, o juiz dos delitos
cometidos pelos membros de sua família, podendo-lhe imputar o castigo que lhe
achasse justo e necessário. 1
Os poderes conferidos ao pater, não eram puramente domésticos, havendo
uma unidade política, religiosa e econômica. Seu poder era soberano, onde o pater o
exercia exclusivamente para si e em seu proveito das funções de sacerdote, de juiz, de
chefe e administrador absoluto de seu lar. Este também, respondia por qualquer ato
praticado por algum membro de sua família. O chefe tinha o direito de punir, vender, e
até matar os filhos. Estes, por sua vez, não tinha a capacidade de direito. Os bens eram
integralmente dos pais, e os filhos não tinham bens próprios.
O ingresso em uma família civil romana, dava-se por agnação ou
cognação. A Agnação (Agnatio) é o conjunto civil em decorrência da lei, é uma
decorrência da Potestas e são Agnatos todos os que se acham sob a Patria Potestas de
um mesmo chefe e que assim continuassem até a morte do pater e todos os que caíssem
sob o poder do Pater, se o mesmo vivesse indefinidamente. 2 A Cognação (Cognatio) é
o parentesco baseado na comunidade de sangue. A Cognação repousa na comunidade de
sangue - sendo, pois cognatos todos os indivíduos ligados pelo sangue; é o laço de
1 Neto, José Antonio de Paula Santos Neto, do Pátrio Poder,Ed.Revista dos Tribunais, São Paulo,1994. 2 Marky, Thomas, urso Elementar De Direito Romano, 8ºed.,Ed.Saraiva, São Paulo,1995.
12
sangue que há entre as pessoas que descendem uns dos outros (pai, filho, avô, bisavô)
ou de um ascendente comum, (irmãos que descendem dos mesmos pais). A Cognação
não leva em conta os filhos paternos ou maternos. Entre os cognatos, há agnatos ligados
pelo sangue do lado dos homens (a patre cognati), havendo também parentes pelo lado
das mulheres.
A patria potesta não poderia ser considerada uma obrigação, um fardo
para o paterfamilias romano. Não havia uma obrigação com o bem estar dos seus
submissos. De acordo com a tradição romana, a paters potestas era perpétua, fora a
morte obviamente, ela apenas se extinguiria em exceções. Que eram elas: a primeira é
baseada na própria vontade do paterfamilias, ela se dá através da emancipação. A
segunda exceção é um evento acidental, como por exemplo, a capitis diminutio, sofrida
pelo paterfamilias, ou se o mesmo fosse aprisionado pelo inimigo em uma batalha.
Com a influência que os povos conquistados exerceram, e a propagação
cada vez maior do Cristianismo, as matizes desse poder autoritário começaram a ficar
mais suaves através do advento do Principado. O paterfamílias dispõe do patrimônio da
família enquanto vivo, deixando-o por testamento a quem quiser, mesmo em prejuízo
dos herdeiros. O filiusfamilias em princípio, não tem personalidade jurídica, não
podendo praticar atos jurídicos, tornar-se credor ou devedor, nem ser proprietário. Aos
poucos se atenua o rigor da pátria potestas e o filiusfamilias já se pode representar em
certos atos jurídicos.
Na república o filius representa o pater até para contrair obrigações.
Segundo o Senatus consultum Macedoniamun da época de Vespasiano, o filho não pode
obrigar-se, ao contrair dívidas em dinheiro. Se for feito um empréstimo, este não é nulo,
mas o credor assume o risco de perder a quantia emprestada, porque o menor pode opor-
lhe uma exceção, a exceptio Senatus consulti macedoniani.
Os principais direitos sobre os filhos eram:
1) Ius vitae et necis: era o direito de tirar a vida do filho sem cometer
qualquer infração à lei. Esse direito de matar o filho, foi abolido totalmente por
Valentino I, junto com Valêncio, que delegaram competência aos juízes para
sancionarem os filiusfamilias por faltasgraves.
Já na fase Justiniano, não mais se admitia o ius vitae et necis (direito de
vida e morte), com a evolução e grande influência do cristianismo, esse direito
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transformou-se nos jus domesticae emendationis um simples direito de correção, pelo
qual castigar filhos e entes familiares só seria permitido em faltas muito graves. 3
2) Ius expondendi: direito de abandonar os filhos recém-nascidos. Esse
direito era exercido com a intenção de selecionar as crianças defeituosas, para um futuro
benefício familiar, ou seja, aqueles que não tivessem proveito militar seria
“descartados”. Também com Justiniano, esse direito foi abolido.
3) Ius vendendi : permissão para que o pai pudesse vender seu filho, como
o pai tinha “posse” do filho , ele poderia dispor do filho como uma fonte para conseguir
renda para a família. Portanto, essa venda do filho, não se tratava de uma venda
definitiva, pois durava somente cinco anos, e decorridos esses cinco anos restaurava-se
o poder paterno. Ressalta-se, que a venda dos filhos não significava a perda da patria
potestas, pois essa apenas ficava suspensa. Com o passar do tempo, o ius vendendi
começou a perder seu caráter absoluto, e com a Lei das XII Tábuas, o paterfamilias que
vendesse o filho por três vezes, perderia seu pátrio poder sobre ele.
4) Poder de Emancipar: consistia no direito que o paterfamilias tinha de
emancipar seus descendentes, ou seja, excluindo-os dos cultos e da família. A
emancipação poderia ser automática se o pai vendesse o filho 3 vezes (ius Vendendi),
seria ele emancipado, pois o poder do pai já não mais recaia sobre o filho.
5) Noxae deditio : estava ligado a idéia de que um ato ilícito cometido por
algum membro da família, obrigaria toda a família estar sujeita a vingança do
ofendido.No direito romano, o paterfamilias poderia decidir se preferia suportar essa
vingança sozinho ou repassá-la ao filiusfamilias. E quando o paterfamilias optava por
repassar essa vingança ao filho, era a considerada noxae deditio.
Se algum ato ilícito fosse cometido por alguma pessoa sob a tutela familiar
de determinado chefe, o pater familiae poderia, para exonerar-se de tal
responsabilidade, permitir a vingança privada contra o autor do dano, ou entregá-lo a
parte lesada, definitivamente ou provisoriamente. No caso de ser escravo, o infrator era
entregue para a parte prejudicada. Sendo filho, deveria trabalhar para a pessoa lesada e,
com o fruto de sua atividade pessoal, recompensar o dano causado. 4
3 Grisard Filho, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental , São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, pp 31 4 Salles, Karen Ribeiro Pacheco Nioac. Guarda Compartilhada. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002, pp 4.
14
A extinção da patria protestas se dava através da morte do paterfamilia, o
ascendente masculino mais velho da família tornar-se-ia o novo paterfamilias e tendo
filhos, ele teria a patria potestas sobre eles.
O pátrio poder poderia se dar através da capitis dimminutio, que era perda
de um dos três estados: o de liberdade, o de cidadania e o de família (status libertatis,
status civitatis, staus libertatis), além disso, também podia se perder o pátrio poder por
a prisão de guerra ou de pena a ela infligida. A perda pela prisão de guerra poderia ser
anulada caso o pai voltasse à pátria. Perdia-se também o pátrio poder, quando o pai
submetia o filho a maus tratos, prostituição da filha.
Outra maneira é a emancipação, que o pai poderia fazer através daquela
venda fictícia do filho por três vezes, e no caso da filha uma, e por fim a elevação do
filho a certas dignidades, como Sacerdote, Cônsul, Prefeito.
1.1 PODER FAMILIAR
A partir do novo ordenamento civil, a denominação de pátrio-poder,
mudou para poder familiar, que vem sendo conceituado de maneiras diferentes por
vários doutrinadores, porem, difere somente na escrita. O poder familiar será exercido
pelo pai e pela mãe, na mesma ordem de condições e importância, visa apenas ao
interesse e ao bem estar do menor, passando a ser na verdade, um pátrio-dever, ou seja,
os pais têm a obrigação de cuidar da pessoa dos filhos e de seus bens, é exercido como
um poder jurídico 5. Não é mais aquele modelo tirano de posse do pai pelo filho visto no
antigo pátrio-poder, mas sim uma servidão do pai para tutelar o filho. Deve ser
compreendido como uma função que é constituída de direitos e deveres. Ao direito do
pai, corresponde o dever do filho e vice-versa, seria uma soma de diretos e deveres
concedidos aos pais, para que possam desempenhar as funções inerentes a criação e
educação de seus filhos e como conseqüência, a administração de seus bens.
Maria Helena Diniz define poder familiar como:
5 Wald, Arnold. Curso e Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 11ª Ed., Vol. IV. São Paulo: RT, 1998.
15
O poder familiar consiste num conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições por ambos os pais para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhe impõe, sendo em vista o interesse e a proteção dos filhos." 6
Já no art. 21 do Estatuto da Criança e do Adolescente:
O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e ela mãe, nas formas que dispuser a legislação civil, assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
O poder familiar não pode se delegado a outra pessoa. Tal dever deve ser
exercido em favor de todos os filhos, mesmo aquele filho que for adotado, não podendo
haver distinção entre os filhos adotivos e os filhos de sangue. Enquanto os filhos forem
menores, ou até mesmo maiores, porém incapazes, cabe aos pais o dever de proteção e
cuidado, educação, guarda, e todos direitos inerentes ao filho e expressos em lei, poder
este que é indisponível.
Importante lembrar, que nenhum dos pais perde o exercício do poder
familiar com a separação judicial ou divorcio, conforme disposto no art. 1632 do código
civil, assim sendo, o poder familiar decorre da paternidade e da filiação e não do
casamento ou união estável. A guarda ficará com uma das partes, aquele que tiver
melhores condições para cuidar da criança (morais, psicológicos, etc) assegurando ao
outro, o direito de visitas. Entretanto, é certo que o conjugue que não detém a guarda do
filho, fica com os poderes um pouco enfraquecidos. Com a guarda compartilhada esses
poderes podem continuar sendo exercidos igualmente.
Com a morte de um dos pais, o sobrevivente exercerá isoladamente o
pátrio-poder.
Quando o filho não for reconhecido pelo pai, o poder familiar será
exercido pela mãe, mas se desconhecida a mãe ou esta, sendo incapaz de exercê-lo, dar-
se-à um tutor ao menor. 6
6 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 18. Ed. São Paulo: Saraiva 2002. v.5.
16
1.2 DIREITOS E DEVERES DOS PAIS
O poder familiar apresenta as seguintes características:
• Irrenunciabilidade: uma vez que os pais não podem deixar de exercê-
los, não é permitido transferir o poder familiar para outra pessoa por meio de
renúncia. Exceto nos casos de adoção, onde os pais biológicos concordam que o
filho seja adotado por outra família.
• Indisponibilidade: os pais não podem abrir mão dele, não se pode
transferir esse direito por iniciativa dos titulares para terceiros, como na adoção,
os pais não transferem o pátrio-poder e sim renunciam a ele.
• Imprescritível: não se extingue pelo “desuso”, e nem tão pouco, possui
tempo de prescrição e decadência, e não se extingue por não ser exercida por um
de seus genitores, a extinção somente se dará com as hipóteses legais.
• Indivisibilidade: o pátrio poder é indivisível, porém não no seu
exercício, quando existe a separação ou divorcio, dividem-se as obrigações e
direitos.
• Obrigatoriedade: terá que ser exercido.
Todos esses direitos e deveres dos pais para com os filhos, estão previstos
nos arts. 1630 a 1638 do Código civil.
Compete aos pais, dirigir a criação e educação dos filhos, Dentre eles,
estão previstos os de cuidado com o menor, educação, proteção, guarda, e como
conseqüência disso, a administração dos bens dos filhos, e bem como os direitos ao
usufruto legal dos bens deste, como forma de compensação das despesas gastas na
criação e educação, contudo, deve haver a prestação de contas.
Além disso, cabem aos pais outros deveres, tais como: o consentimento
para os filhos menores se casarem; representá-los até os dezesseis anos nos atos da vida
civil e assisti-los após essa idade; reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; nomear-
lhes o tutor por testamento ou documento autêntico se o outro dos pais que não
sobreviver, ou sobrevivente não possa exercer o poder familiar; exigir que lhes prestem
obediência, respeito de sua idade e condição.
17
Na falta destes deveres de uns dos pais, podem sofrer sanções tanto na
ordem cível, como na ordem criminal, respondendo pelos crimes de abandono material,
moral e intelectual previsto nos arts. 224 a 246 do código Penal.
Importante lembrar também, que entre as responsabilidades de criação, os
pais devem fornecer meios de tratamentos médicos que se fizerem necessários. 7
Quando os filhos menores não possuírem capacidade de direito para
administrar seus bens (que podem vir por doação ou testamento), os pais são
administradores naturais dos bens dos filhos menores, de acordo com o art. 1689, II.
Contudo, esses atos de administração, referem-se apenas atos restritos de administração,
como locação, aplicações financeiras, pagamentos de impostos, defesa de direitos, etc.,
havendo necessidade de autorização judicial para alienação dos bens, conforme disposto
no art. 1.691 do novo Código Civil. Uma vez alcançada a maioridade, os bens serão
entregues ao filho, com seus acréscimos sem que os pais tenham direito a qualquer
remuneração.
1.3 SUSPENSAO, PERDA E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR
A suspensão e a perda do poder familiar consistem na interrupção no
exercício do poder familiar em face de uma conduta grave praticada pelos pais,
dependente de decisão judicial. São medidas impostas para proteger o menor e implicam
na perda de todos os direitos em relação ao filho e aos bens.
A suspensão ocorre ex officio pelo juiz a requerimento do MP ou de algum
parente, quando houver abuso ou mau exercício do poder familiar, ou quando o pai ou a
mãe forem condenados a pena de prisão superior a 2 anos.
A suspensão não é definitiva, determinando o juiz o tempo de sua
duração, visa a preservação dos interesses dos filhos, esses poderes são suspensos até
que os motivos pelos quais foram levaram a suspensão tenham desaparecidos.
A pessoa cujo poder familiar foi suspenso perde todos os direitos em
relação aos filhos, inclusive o usufruto e administração de bens.
7 Venosa, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 347-348
18
A perda ou destituição do poder familiar é a mais grave sanção imposta
aos pais que faltarem com os deveres em relação aos filhos, está disciplinado no art.
1638 do código civil.
Esta sanção é imposta por sentença judicial transitada em julgado (art.
1638) e deverá ocorrer em ação própria, que vise à destituição do poder, garantindo o
direito de ampla defesa e contraditório, no momento em que se comprove que o genitor
praticou atos gravíssimos em prejuízo ao filho.
São quatro os casos de perda do poder familiar: castigos imoderados,
abandono, prática de atos imorais e realização reiterada dos atos que ensejam a
suspensão do poder familiar. Portanto se o genitor abusar de sua autoridade ou não
observar seus deveres e por em risco a segurança e integridade física e moral do menor,
ou arruinar seus bens, ou castigar o filho com imoderados, que ameacem sua integridade
física e mental, ou abandonar-lo poderá ser destituído do poder familiar. Vale lembrar,
que a perda do poder familiar exige situações de natureza grave.
A perda é definitiva, e tanto nos casos de perda quanto nos de suspensão,
será nomeado tutor para o menor. Caso aconteça do menor ainda não ter sido adotado
por outra família e as causas que levaram à perda do poder familiar houverem
desaparecido, os pais podem requerer novamente a reintegração do poder familiar em
juízo, mas desde que comprovem que o motivo que os levou a perder esse poder já não
existe mais.
Já a extinção, se dá, pelos motivos elencados no art. 1635, são eles:
“Extingue-se o poder familiar:
I- pela morte dos pais ou do filho;
II- pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único.
III- pela maioridade
IV- pela adoção
V- por decisão judicial, na forma do artigo 1.638 ”
Com a morte de um dos pais não faz cessar o poder familiar, que fica com
o genitor sobrevivente, se este não tiver condições para criá-lo será nomeado um tutor.
A emancipação atribui ao filho, completa capacidade de direito, podem ocorrer nos
casos desemprego publico grau de ensino superior, estabelecimento civil ou comercial
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com a economia própria do menor, ou quando dada por quem detenha o poder familiar.
A maioridade é forma natural e normal de extinção do poder familiar, pois com a
maioridade, entende-se que o filho não mais necessita da proteção do poder familiar,
pois se supõe que poder fazê-lo sozinho, salvo se incapaz.
A adoção extingue o poder familiar da família original que passa a ser
exercido pela família adotante, na adoção transfere o pátrio poder, não o extingue.
E por fim, as decisões judiciais previstas no art. 1638, aquelas cujos motivos o conclui
por um dos fatos graves ali descritos, que mostram incompatíveis com o poder familiar.
20
2 A GUARDA E A EVOLUÇÃO DA FAMILIA NO DIREITO BRASILEIRO
2.1 A GUARDA COMPARTILHADA NO DIREITO COMPARADO
A guarda compartilhada aparece pela primeira vez na segunda metade do
século XX na Inglaterra onde as mudanças sociológicas começaram a ocorrer por volta
de 1960, favoreceram o surgimento de novas fórmulas capazes de assegurar aos pais
que vivem separados, continuar a exercer sua parentalidade rompendo com o tradicional
deferimento da chamada guarda mono parental, que na grande maioria das vezes
favorecia a genitora.
Este instituto aos poucos foi ganhando repercussão na Europa, e
aproximadamente no ano de 1976 foi profundamente incorporada ao direito francês,
com a mesma intenção da guarda compartilhada criada no direito inglês; ou seja,
resolver os prejuízos que a guarda única provoca para os cônjuges e seus filhos, embora,
tenha o direito francês optado por adotar o apenas o modelo da guarda compartilhada.
Esse novo modelo de guarda, após ganhar respaldo na Europa, chegou ao
Canadá, onde possui a mesma visão do direito francês.
Após o Canadá, o instituto chega aos Estados Unidos da América (EUA),
onde foi adotado apenas no modelo jurídico. Porém, aos poucos se percebeu que esse
sistema não satisfazia totalmente os genitores que não detinham a guarda, visto que eles
não possuíam um período mais significativo ao lado de seus filhos. Foi a partir desse
momento que o modelo da chamada guarda compartilhada física ou material passou a
vigorar no país.
Nos Estados Unidos, é grande a incidência de pais separados, e é onde o
instituto da guarda compartilhada teve e tem até hoje seu melhor desenvolvimento, por
conseqüência da grande aceitação por parte da população.
No Brasil, tal instituto vem sendo examinado das ultimas três décadas
aproximadamente. Mas, infelizmente, em nosso país, ainda adota-se a tradicional
tendência de conceder a guarda a um dos genitores, onde geralmente a preferência é
dada à mãe, restando ao pai os direitos de visitas com intervalos de quinze dias, nos
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moldes de finais de semanas alternados, favorecendo vagarosamente o afastamento do
pai na relação com o filho, com grandes desvantagens para ambos, principalmente à
criança.
Entretanto, já é possível perceber uma tendência à solução destes
problemas, uma vez que já vigora no país, a Lei 11.698/2008, que alterou os
dispositivos do Código civil de 2002 e implantou no nosso ordenamento jurídico a
guarda compartilhada, apesar de que o instituto já vinha sendo aplicado por alguns
julgadores que incentivam e concedia este tipo de guarda.
2.2 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
A primeira regra do direito brasileiro sobre o destino de filhos de pais que
não convivem com os filhos, veio com o Dec. 181, de 1890, artigo 90, que estabelecia:
“A sentença do divórcio mandará entregar os filhos comuns e menores ao conjugue
inocente e fixará a cota com que o culpado deverá concorrer para a educação deles,
assim como a contribuição do marido para sustentação da mulher , se esta for inocente e
pobre”. 8 O código Civil de 1916, cuidando da dissolução da sociedade conjugal e da
proteção da pessoa dos filhos, distinguiu as hipóteses de dissolução amigável e judicial
e mandava, através do artigo 325, observar, na primeira, “o que os conjugues acordarem
sobre a guarda dos filhos”, e, na última, pelo artigo 326, distintamente, conforme
houvesse culpa de um ou ambos os cônjuges pela ruptura, o sexo e a idade dos filhos. 9
O esquema era o seguinte:
a) havendo conjugue inocente, com ele ficaria os filhos menores;
b) Sendo ambos culpados, com a mãe ficariam as filhas enquanto menores
e os filhos até seis anos de idade, que, depois dessa idade, seriam entregues à guarda do
pai.
c) os filhos maiores de idade eram entregues à guarda do pai;
8 Grisard Filho, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, pp 50. 9 Código Civil Brasileiro de 1916. arts. 325 e 326 ( revogados)
22
d) havendo motivos graves, o juiz, em qualquer caso e a bem dos filhos,
regulava de maneira diferente o exercício da guarda. No caso de anulação do casamento
havendo filhos comuns, aplicava-se-lhes as regras dos artigos anteriormente referidos.
O Decreto-Lei 3.200/41, pelo artigo 16, disciplinou a guarda do filho
natural, determinando que este ficasse com o progenitor reconhecente se o fossem
ambos, sob o poder do pai, salvo se o juiz decidisse de modo diverso, no interesse do
menor. 10
A Lei 4.121/62 alterou o antigo desquite litigioso, mas conservou as
disposições do desquite amigável em relação à guarda dos filhos. Dessa maneira, o
código passou a ter o seguinte esquema 11:
a) havendo conjugue inocente com ele ficaria os filhos menores;
b) sendo ambos os cônjuges culpados, com a mãe ficariam os filhos
menores, já não mais observada a distinção de sexo e idades destes. Salvo disposição
contraria do juiz;
c) Verificando que não deveriam os filhos ficar sob a guarda da mãe nem
do pai, estava o juiz autorizado a deferir a guarda à pessoa idônea da família de
qualquer dos cônjuges, assegurando-se, entretanto, o direito de visitas.
O Decreto-Lei 9.701/46, dispondo sobre a guarda de filhos no desquite
judicial, quando não entregues aos pais, mas à pessoa idônea da família do conjugue
inocente, assegurava ao outro o direito de visita aos filhos 12. A lei 5.582/70 modificou
o artigo 16 do Decreto-lei 3.200/41 e lhe acrescentou parágrafos, determinado que o
filho natural quando reconhecido por ambos os genitores focasse sob o poder, agora, da
mãe, salvo se de tal solução adviesse prejuízo ao menor. Havendo motivos graves,
poderia o juiz decidir, a qualquer tempo, de modo diverso, sempre no interesse do
menor. 13
Tal situação permaneceu até a promulgação da Lei 6.515/77 que instituiu
o divórcio no Brasil e regulou os casos de dissolução da sociedade conjugal do
casamento, com hipóteses de dissolução sem culpa, previstas no artigo 5º, parágrafo 1º e
2º, que revogou as disposições pertencentes a Código Civil.
Nota-se que os dispositivos que tratavam da preferência materna na
guarda dos filhos não foram recepcionados pela ordem constitucional vigente. 10 Decreto-Lei 3.200/41. 11 Lei 4.121/62. 12 Decreto-Lei 9.701/46. 13 Lei 5.582/70.
23
Entretanto, a própria Lei do Divórcio traz uma disposição que autoriza ao juiz
determinar diversamente:
No art. 13 da mesma lei dispõem que "Se houver motivos graves, poderá o
juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida
nos artigos anteriores a situação deles com os pais”.
No conceito motivo grave podemos interpretar com maior flexibilidade e
extensão, vez que, afinal procura-se sempre o bem estar da criança e seu melhor
interesse nos casos de dissolução conjugal.
Ainda a mesma Lei 6.515/77 traz outras disposições que autorizam a
efetivação do compartilhamento da guarda. O art. 9º estabelece que "no caso da
dissolução da sociedade conjugal, pela separação consensual (art. 4º) observar-se-á o
que os cônjuges acordarem sobre a guarda de filhos." No entanto, entendemos que,
ainda em casos de separação litigiosa, não divergindo os cônjuges no requerimento de
guarda, deverá ser observado o entendimento dos pais. 14
Na separação litigiosa em que forem por ela responsáveis ambos os
cônjuges, os filhos menores, independentemente de sexo e idade, ficarão com a mãe
(art. 10, § 1º).O § 2º, do artigo 10, o juiz ao verificar que os filhos não devam
permanecer em poder da mãe ou do pai, deferirá a guarda á pessoa idônea da família de
qualquer um dos conjugues. Esta lei conferiu ao juiz, com fulcro no artigo 13 da lei, a
autonomia para regular de maneira diversa, a bem do menor e sempre que houver
motivo grave, no caso da guarda.
O direito de visita, o de ter os filhos em sua companhia e de fiscalizar-lhes
sua manutenção e educação foram ampliados pelo artigo 15, e ainda foram estendidas,
através do artigo 16, todas as disposições referentes a guarda dos filhos menores aos
maiores inválidos.
A Constituição Federal, em seu art. 5º, I, prevê a igualdade entre o homem
e a mulher, bem como o faz seu art. 226, § 5º, ao estatuir que "os direitos e deveres
referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher",
com base nos princípio da dignidade humana e paternidade responsável, nos termos do
§ 7º do mesmo artigo. Deste modo, não mais se justifica a preferência dada às mães para
a guarda exclusiva do filho, consoante estabelecia o art. 10, § 1º, da Lei 6.515/77, a Lei
do Divórcio, bem como do art. 16 do Dec-Lei 3.200/44.
14 Lei 6.515/77.
24
Em nosso Direito, a guarda de filhos menores advém de duas situações
distintas, que aproveitam, entretanto, o mesmo conceito: em decorrência da separação
ou do divórcio dos pais e da que cuida o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Com já visto, a guarda, é normalmente exercida pelos pais seja na
constância do casamento ou não, sobre a pessoa dos filhos enquanto menores é a
chamada Guarda comum. Em princípio, o menor deve ser criado no seio da família
natural. Não sendo possível, conforme disposto no ECA dá-se-lhe uma família
substituta , que lhe assegure convivência familiar e comunitária. A guarda apresenta-se
com uma das modalidades de legalmente previstas, ao lado da tutela e da adoção, para
satisfazer mesmo que provisoriamente o propósito da lei.
A guarda, uma vez que estabelecida, obriga à prestação de assistência
material, moral, e educacional ao menor, conferindo ao detentor o direito de se opor a
terceiros, inclusive aos pais, regulariza a posse de fato, podendo ser deferida liminar ou
incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção.
Uma característica da nossa legislação que transcorreu tempo e tem
implicações importantes sobre a guarda de menores é o antigo Pátrio Poder, agora, com
o Novo Código Civil, chamado Poder Familiar. Ele é exercido igualmente por pai e mãe
(se capazes), e a separação (judicial ou de fato) ou o divórcio não interferem neste
atributo. O artigo 384 do antigo código revogado falava com clareza de seus atributos,
os quais foram integralmente mantidos pelo novo Código, em seu art. 1.634, que são
eles:
Art. 1.634. Compete aos pais, no exercício do pátrio poder:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes, ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o outro
dos pais lhe não sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercitar o pátrio poder;
V - representá-los, até aos 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de
sua idade e condição.
25
Assim, temos que mesmo o genitor que não detenha a guarda com o pátrio
poder, deve exercê-lo sob pena de perdê-lo, como regia o Código Civil de 1916, no seu
artigo 395, II, repetido no art. 1.638, II, do Novo Código Civil. Porém, nota-se que este
artigo é pouco aplicado, nestes casos.
E por fim cita-se a nova Lei 11.698/08, que alterou os arts 1.583 e 1584 do
Código Civil para instituir um a guarda compartilhada no nosso ordenamento jurídico,
um novo instituto de guarda, que visa à participação em nível de igualdade dos
genitores em todas as decisões que se relacionam aos filhos, sem detrimento ou
privilégio de nenhum deles. Um novo modelo de guarda a se aplicada quando o
rompimento da sociedade conjugal. A guarda compartilhada vem oferecer um grande
instrumental para que se garanta a efetividade do exercício do pátrio poder, mesmo após
a dissolução da sociedade conjugal, ou união estável.
Em toda a evolução da legislação que foi relato no presente trabalho, vimos que sempre
foram mantidos 3 elementos básicos a referente à guarda e proteção dos filhos:
a) O vínculo parental, e os direitos e deveres dele decorrentes, não se
extingue com a extinção do vínculo conjugal;
b) A guarda dos filhos deve ser decidida pelo juiz quando o desacordo dos
pais, ou interesse do filho o exigir;
c) A Guarda Compartilhada é amplamente admitida pelo ordenamento,
desde que resultante de um acordo entre os pais, e for benéfica aos interesses do menor.
26
3 GUARDA
3.1 DEFINIÇÃO
A guarda constitui um dos deveres integrantes do conteúdo do poder
familiar. Na concepção moderna o poder familiar compreende o conjunto de deveres
que a ordem jurídica impõe aos pais em relação à pessoa e aos bens dos filhos. Até bem
pouco tempo definia-se o pátrio poder como um direito dos pais, porém hoje ele é
considerado um complexo de deveres dos mesmos em relação aos filhos e aos bens
deste, inclusive em casos de aparente exercício de direito, pois todos esses casos
representam deveres a serem cumpridos no interesse e em proveito dos filhos. O próprio
usufruto legal constitui um dever dos pais para a proteção dos bens dos filhos menores,
devendo cumprir tudo o que a lei civil estabelece.
Maria Helena Diniz (2002, p. 235) conceitua guarda como:
Constitui um direito, ou melhor, um poder, porque os pais podem reter os filhos no lar, conservando-se junto a si, regendo seu comportamento em relação com terceiros, proibindo sua convivência concretas pessoas ou sua freqüência a determinados lugares, por julgar inconveniente aos interesses dos menores.
Para Waldyr Grisard Filho, a guarda é “um direito-dever natural e
originário dos pais, que consiste na convivência com seus filhos, previsto no art. 1634
do CC e é o pressuposto que possibilita o exercício de todas as funções paternas”.
Já Eduardo de Oliveira Leite (1994) ensina que “o direito de guarda,
exercido pelos pais em relação aos filhos, é antes um dever de assistência material e
moral do que uma prerrogativa. Acarreta obrigação dos pais relativamente à
sobrevivência física e psíquica dos filhos” .
Embora o Código Civil tenha privilegiado a noção do direito, o Estatuto
da Criança e do Adolescente imprimiu nova característica ao instituto favorecendo a
idéia de dever, em favor dos menores.
27
Portanto, a guarda como de resto todos os elementos integrantes do
conteúdo do pátrio-poder, constitui um dever dos pais e não um direito destes em
relação aos seus filhos. Consiste em ter consigo o menor, reger-lhe a conduta, protegê-
lo, obrigando o seu titular ao dever de prestar assistência material, moral e educacional
(ECA, art. 33). E verdade que voltada unicamente para o interesse do menor, sujeita-se
a guarda às restrições que não recomendam seu deferimento a pessoas inidôneas,
imaturas, ou portadoras de qualquer deficiência de natureza psíquica ou
comportamental.
O art. 29 do Eca estabelece que não será deferida a colocação em família
substituta à pessoa que revele incompatibilidade com a natureza da medida ou não
ofereça ambiente familiar adequado.
Trata-se, portanto, de estágio de colocação em família substituta, que pode
anteceder os institutos mais amplos da adoção e da tutela.
3.2 A GUARDA NO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
O Estatuto da Criança e do Adolescente veio trazer profundas
modificações na política de atendimento à criança a ao adolescente, revogando o código
de menores e legislação pertinente que demonstravam exaustão frente à tão preocupante
problema social. Visando a maior eficiência, o novo diploma legal começa por trocar a
denominação Código, adotando a terminologia Estatuto, querendo, com isso, significar
mais do que um conjunto de regras e preceitos impositivos de uma política ampla de
proteção aos direitos individuais e indisponíveis dos seres em formação física, moral e
educacional, cometendo à sociedade e ao Poder Público a responsabilidade de
implementá-la. Deixou, assim, a problemática do menor de ser encarada do ponto de
vista apenas jurídico para ser tratada como um problema social. Com este novo enfoque,
criou organismos como os conselhos municipais da criança e do adolescente, os
conselhos tutelares e outros institutos jurídicos, a remição, além de alterar a concepção
de alguns já tradicionais, dando-lhes nova, dimensão tal como ocorreu com a guarda.
A guarda é uma das formas de colocação em família substituta, conforme
dispõe o art. 28, caput ECA. O instituto apresenta-se como forma liminar ou incidental
da tutela e adoção, de sorte não fique a criança ou adolescente desamparado no curso do
28
processo, pois se destina a regularizar a posse de fato. Serve, ainda, para abrigar
situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsáveis.
Como se observa, a guarda é sempre deferida em favor da criança ou do
adolescente e pressupõe a colocação da criança em família substituta, não sendo de sua
essência a perda do pátrio poder, podendo com ele conviver ou dele se destacar, quando
não for o caso de perda, operando-se apenas a suspensão de seu exercício. Objetiva a
proteção da criança ou do adolescente em estado de irregularidade, na expressão da lei
revogada, entendendo-se como tal a ocorrência de uma das situações previstas no art. 98
do ECA que genericamente tratou dos casos de irregularidade relacionados de forma
específica no código revogado.
3.2.1 Da Guarda aos avós
A guarda não é vedada aos avôs como ocorre na adoção pela singela razão
de não romper com os vínculos de parentesco e filiação, como acontece nesta. Pelo
contrário, os sentimentos afetivos devem ser preservados. Entretanto, se os pais da
criança morarem sob o mesmo teto de seus pais (os avós), e deles forem dependentes,
tal circunstância não enseja o uso do instituto da guarda, pois, trata-se de espécie de
carência de recursos materiais, que a teor do art. 23 do ECA, não é motivo de perda ou
suspensão do pátrio poder, como era na lei revogada, penalizando àqueles que já foram
pelo destino desamparados. Trata a hipótese de relação de direito de família, onde
podem os parentes exigir uns dos outros os alimentos necessários para a subsistência
(art. 1694 do CC), sendo recíproco o direito à prestação dos mesmos entre pais e filhos
e extensivo a todos os ascendentes, a teor do art. 1696 do referido código civil.
3.2.2 Da Guarda unilateral do filho cônjuge
A guarda tem por finalidade precípua regularizar a posse de fato,
possibilitando o legislador que se a utilize para atender situações peculiares, bem assim,
para suprir a falta eventual dos pais ou responsáveis.
29
Por peculiar, entende-se a situação estranha, diferente, esquisita, com
características e particularidades próprias, como a de postular a guarda da filha (o) da
esposa (o) com outro (a), estando à criança ou o adolescente na posse de fato do (a)
suplicante, em decorrência de convívio derivado do casamento dele (a) com a mãe ou
pai da criança. Como bem acentuou Guilherme Strenger, na obra (Guarda de Filhos).
A evolução social alterou a tipologia familiar de tal modo que famílias são constituídas por pessoas divorciados que contraem casamento com pessoas solteiras ou também divorciados que já geraram os filhos os quais trazem para a nova sociedade conjugal, estabelecendo um vinculo de parentesco de forma fática que reflete a verdade biológica da filiação fazendo com que a guarda e a filiação natural tenham de compatibilizar-se como uma resultante das relações pessoais dos conjugues e dos filhos.
O legislador contemplou no Estatuto , quando tratou da adoção , esta
situação peculiar no art. 41 § 1.1, em favor dos interesses maiores da criança ou do
adolescente. Entretanto, no respeitante à guarda, foi omisso.
Todavia, o silencio do legislador a respeito desta hipótese no tratar da
guarda, não significa o desejo de não contempla - lá, pela simples razão de que tal
circunstância se abriga na tipologia “situação peculiar”, usada como norma em branco,
um tipo aberto, no art. 33 § 2º do Estatuto.
Com efeito, se é possível à adoção, com graves efeitos mo direito
sucessório, protegida pela irrevogabilidade, deve ser possível, igualmente, a guarda
unilateral, de conseqüências menos gravosas, eis, revogável, a qualquer tempo. Com
estas reflexões, conclui-se que:
A guarda pressupõe a colocação da criança e adolescente em família
substituta. A guarda não implica necessariamente na perda do pátrio poder, podendo
com ele conviver e dele se destacando, quando for o caso, pela suspensão.
A guarda não é possível aos avôs cujos pais da criança ou do adolescente
vivam sob a dependência econômica deles, sob o mesmo teto, sendo esta uma relação de
direito de família. A guarda pode e deve ser deferida aos avôs, preservando os laços
afetivos e familiares desde que detenham efetivamente a posse de seus netos, em
detrimento dos pais destes.
A guarda não pode ser instituída visando somente a fins previdenciários.
A guarda unilateral é uma espécie de situação peculiar, podendo ser deferira ao cônjuge
que pleiteá-la em favor do filho de seu consorte, por terem constituído sociedade
30
conjugal, depois de anterior divorcio ou ainda de filhos de pais solteiros que os trazem
para o casamento com outrem.
3.2.3 Da Guarda para fins previdenciários
A guarda quando constituída nos termos do Estatuto confere ao
beneficiário a condição de dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive, o
previdenciário, sendo este um efeito do instituto e a causa de sua constituição, como
tantas vezes se entendeu sob o amparo do código de menores revogado, confundindo o
universo com o continente. A assistência previdenciária ara quem dela necessita, por
carente de recursos, é dever do Poder Público prestá-la, por ser um direito constitucional
do cidadão e, especialmente da criança e do adolescente, por imperativo do vigente
Estatuto.
3.3 EFEITOS DA GUARDA
A guarda não se equipara ao poder familiar, nem aos poderes do tutor.
Entretanto, é relação que gera alguns direitos e deveres para quem a detém.
Assim, é do guardião a responsabilidade pelos delitos praticados pelo
menor. É ele quem deverá zelar pelas necessidades e vicissitudes do dia-a-dia do menor:
alimentação, segurança, educação em boas maneiras e costumes saudáveis etc. Pode
ocorrer o caso de os pais deterem o poder familiar e ao guarda ser atribuída à terceiro, às
vezes por vontade dos próprios pais. Não é absurda a hipótese de tios ou avós criarem
filhos de irmãos ou filhos. Neste caso, os pais continuam detentores do poder familiar,
podendo tomar decisões pertinentes ao menor, como o que diz respeito à escola em que
deverá ser matriculado, ou ao médico que deverá consultar. È deles também o usufruto
dos bens dos filhos. De qualquer forma, poderão ser obrigados a contribuir
financeiramente na forma de pensão alimentícia. 15
15 Fiúza, Cesar. Direito Civil: Curso Completo- 6. Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
31
3.4 MODALIDADES DE GUARDA
A guarda propriamente dita é o gênero do qual deriva os diferentes modos
de se exercê-la. Dentre vários os tipos de guarda existentes, trataremos aqui de algumas
que são mais aplicadas no ordenamento jurídico brasileiro, são elas: guarda alternada,
guarda dividida, aninhamento/nidação e a guarda compartilhada.
3.4.1 Guarda Alternada
A guarda alternada caracteriza-se pela possibilidade de cada um dos pais
deter a guarda do filho alternadamente, segundo um ritmo de tempo, um ano, um mês,
uma semana, ou uma repartição organizada dia a dia e, conseqüentemente, durante esse
período de tempo deter, de forma exclusiva, a totalidade dos poderes-deveres que
integram o poder parental. No término do período os papéis se invertem. 16
È a atribuição da guarda física e legal, alternamente a cada um dos pais.
Este é um tipo de guarda que se contrapõem fortemente à continuidade do lar, que deve
ser respeitado para preservar o bem estar da criança. É inconveniente à consolidação dos
hábitos, valores, padrões e formação da personalidade do menor, pois o elevado número
de mudanças provoca uma enorme instabilidade emocional e psíquica, a jurisprudência
desabona, não sendo aceita em quase todas as legislações mundiais.
Enquanto um dos genitores exerce a guarda no período que lhe foi
reservado ao outro se transfere o direito de visita. Ao cabo do período,
independentemente de manifestação judicial, a criança faz o caminho de volta, do
guardião ao visitador para, no tempo seguinte, invertem-se os papéis. A guarda
alternada embora descontinua, não deixa de ser única.17
A vantagem oferecida por este modelo, é permitir ais filhos manter relações estreitas
com os dois pais e evitar que se preocupem com a dissolução da relação com o genitor
16 Amaral, J.A.P. Do casamento ao divórcio. p.168. 17 Grisard Filho, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.p.110.
32
que não tem a guarda. As desvantagens desses arranjos são o elevado número de
mudanças, repetidas separações e reaproximações e a menor uniformidade da vida
cotidiana dos filhos, provocando no menor instabilidade emocional e psíquica.
3.4.2 Guarda Dividida
A guarda dividida apresenta-se quando o menor vive em um lar fixo
determinado, recebendo a visita periódica do pai ou da mãe que não tem guarda. É o
sistema de visitas, que tem efeito destrutivo sobre o relacionamento entre pais e filhos,
uma vez que propicia o afastamento entre eles, lento e gradual, até desaparecer.
Ocorrem seguidos desencontros e repetidas separações. São os próprios pais que
contestam e procuram novos meios de garantir uma maior participação e mais
comprometida com a vida de seus filhos. Essa modalidade apresenta-se mais favorável
ao menor, enquanto viver em um lar determinado, recebendo a visita periódica do
genitor que não tem a guarda. A sistemática atribuição da guarda à mãe gerou distorções
no sistema, levando os juristas a procurar outro meio, mais justo, de exercício da
parentalidade. A ausência sistemática do filho pela periodicidade forçada desestimulou
o exercício da guarda, levando os pais, que se viram negligenciados pela sociedade, a se
afastarem do convívio com os filhos. 18
3.4.3 Aninhamento ou nidação
O aninhamento ou nidação é um tipo de guarda raro, no qual os pais se
revezam mudando-se para a casa onde vivem as crianças em períodos alternados do
tempo. Tais acordos não perduram, pelos altos custos que impõem à sua manutenção:
três residências, uma para o pai, outra para a mãe, e outra mais onde o filho recepciona,
alternadamente, os pais de tempos em tempos. Parece ser uma situação irreal, por isso
pouco utilizada.
18 Grisard Filho, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.p. 112.
33
3.4.4 Guarda Compartilhada
Guarda compartilhada é a modalidade de guarda onde os filhos de pais
separados permanecem sob responsabilidade de ambos os genitores, que têm a
possibilidade de em conjunto, tomar decisões importantes quanto ao seu bem-estar,
educação e criação. É a forma de exercício que busca se assemelhar à relação existente
entre pais e filhos antes da dissolução do vínculo conjugal, pois privilegia a conti-
nuidade do exercício comum da autoridade parental.
Existem dois entendimentos com relação à alternância de lares na guarda
compartilhada:
O primeiro afirma que a criança deve ter uma residência fixa, na casa do
pai ou da mãe, ficando apenas compartilhadas as responsabilidades e decisões. Nesta
forma de exercício, configura-se a guarda jurídica compartilhada, enquanto a física
permanece com um dos guardiões. Ressalvando-se sempre o fato de dividirem os
direitos e deveres pertencentes ao poder familiar, entende-se que é o modelo mais
adequado nos primeiros anos de vida da criança.
O segundo entendimento apóia-se na afirmativa de que a maior perda
entre genitores e filhos, quando da dissolução do vínculo conjugal, é a companhia
imediata. Portanto, para seus defensores, a guarda compartilhada deve ir além do
compartilhamento jurídico, pois prescinde de acordo com relação à custódia física, ou
seja, o menor deverá permanecer, alternadamente, na residência dos dois genitores.
Desta forma, torna-se uma situação jurídica onde ambos os pais
conservam de forma igualitária o direito de guarda dos filhos, e de forma intercalada os
mantém em sua companhia.
Importante esclarecer que a alternância de lares na guarda compartilhada
não é a mesma da alternada. As diferenças ocorrem devido a alguns fatores:
Primeiramente, na alternada, a criança possui dois lares, e os períodos que permanece
em cada um geralmente são longos, quebrando, desta forma, a continuidade das
relações; já na compartilhada, os períodos são curtos. Segundo, no modelo alternado,
não existe um critério que determine que os pais devam ter seus domicílios próximos,
enquanto no compartilhado os pais devem necessariamente residir próximos, para
propiciar um melhor aproveitamento da modalidade de guarda.
34
E, por último, na mudança de lares ocorrida na alternada, a guarda jurídica
também se altera; já na compartilhada, independe com quem a criança esteja no
momento, a guarda jurídica será sempre de ambos os pais.
Constitui-se de relevante importância a distinção existente entre guarda
jurídica e física dentro do modelo compartilhado, pois a guarda jurídica envolve as
decisões que os genitores devem tomar em relação aos filhos, já a física refere-se à
custódia material sobre os mesmos.
Entretanto todos os vários tipos de guardas existentes, serão reduzidos
com o advento da Lei 11.698/2008, que trata da Lei da guarda compartilhada,e institui
2 modelos de guardas no ordenamento jurídico brasileiro que são eles:guarda unilateral
ou compartilhada.
O tema será visto no próximo capítulo com mais profundidade desta nova
lei.
35
4 GUARDA COMPARTILHADA
4.1 CONCEITO E APLICABILIDADE
Na guarda compartilhada, pais e mães dividem a responsabilidade legal
sobre os filhos ao mesmo tempo e compartilham as obrigações pelas decisões
importantes relativas à criança.
Neste tipo de guarda, um dos pais pode deter a guarda material ou física do
filho, mas ambos têm os mesmos direitos e deveres para com a prole, e visa
principalmente e unicamente à participação em nível de igualdade dos genitores em
todas as decisões que se relacionam aos filhos, sem detrimento ou privilégio de nenhum
deles, até que estes atinjam a capacidade plena. Os pais contribuem de forma igualitária
na educação e formação, saúde moral e espiritual dos filhos, sem idéia de “alternância”
de dias, semanas, ou meses de exclusividade na companhia dos filhos. A definição de
guarda conjunta refere-se de forma especifica ao arranjo no qual ambos os genitores tem
a custodia física e legal conjunta de uma criança:
Como bem coloca Waldyr Grisard Filho 19:
Este modelo, priorizando o melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros no exercício da parentalidade, é uma resposta mais eficaz à continuidade das relações da criança com seus dois pais na família dissociada, semelhantemente a uma família intacta. É um chamamento dos pais que vivem separados para exercerem conjuntamente a autoridade parental, como faziam na constância da união conjugal, ou de fato.
Na guarda compartilhada o genitor que não tem a guarda física não se
limitará a supervisionar a educação dos filhos, mas ambos os pais participarão
efetivamente dele como detentores de poder e autoridade igual para tomar decisões
diretamente concernentes aos filhos, seja quanto à sua educação, religião, cuidados com
a saúde, formas de lazer, estudos etc.
Vale lembrar, que a guarda compartilhada tem que ser aplicada quando do
rompimento da sociedade conjugal, porque o que se rompeu foi à relação dos genitores,
não a dos filhos. A guarda compartilhada distingue-se da guarda única, em que só um 19 Grisard Filho, Waldyr. Guarda Compartilhada - Quem Melhor para Decidir? São Paulo: Pai Legal, 2002.
36
dos genitores decide tudo em relação aos filhos, e também da guarda alternada, que é
aquela cuja cada um dos pais, em esquema de revezamento, detém a guarda do filho de
maneira exclusiva durante um determinado espaço de tempo que pode variar uma
semana, um mês, um ano etc., sendo que nesse período os genitores detêm a guarda,
física e jurídica, dos filhos, embora muitos juristas apliquem em seus julgados a
chamada guarda compartilhada quando na verdade é guarda alternada. 20
Tem-se que a guarda compartilhada ou conjunta, como também pode ser
denominada, é o modelo de guarda que confere a possibilidade de ambos os genitores,
embora separados continuarem a estreita ligação mantida com os filhos antes da
dissolução do vínculo conjugal, com autoridades legais equivalentes para tomarem
decisões importantes na vida destes. 21
4.2 POSIÇÃO DA GUARDA COMPARTILHADA NO DIREITO BRASILEIRO
Embora houvesse vários projetos de lei existentes sobre a guarda
compartilhada, não havia no direito positivo brasileiro, norma expressa que autorizasse
a aplicação do modelo de guarda compartilhada, entretanto mesmo não havendo norma
expressa, tal adoção não era vedada, e vinha sendo bastante utilizada em nosso direito.
A Lei nº.11.698/2008 veio regulamentar uma situação já existente no ordenamento
jurídico brasileiro e alterou os dispositivos do antigo Código Civil/2002, que se segue:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a
alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
§ 2o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições
para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:
I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar;
II – saúde e segurança;
20 Revista IOB de Direito de Família, 49- ago-set/2008. 21 Paixão, Edivane; OLTRAMARI, Fernanda. Guarda Compartilhada de filhos. Revista Brasileira de Direito de família. Porto Alegre: Síntese, n.8, v. 32, p. 52-53, Out/Nov.2005.
37
III – educação.
§ 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar
os interesses dos filhos.
§ 4o (VETADO).” (NR)
“Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação
autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em
razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.
§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da
guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos
genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas.
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será
aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada.
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência
sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de
guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao
seu detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho.
§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou
da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida,
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.(NR)
Porém, ainda existem na lei, algumas lacunas e pontos que devem ser
analisados e discutidos, tendo em vista que, tal instrumento tem suas limitações e é
necessário explicitá-las de forma a que todos os pais e mães separados estejam mais
conscientes acerca de sua real utilidade.
Importante observar no que se refere o § 2º da Lei nº. 11.698: “Quando não
houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que
possível à guarda compartilhada.” O juiz deverá observar a relação em que vivem os
pais, uma vez que se estes vivem em conflito e não conseguem manter uma boa
convivência nem em prol dos filhos, este tipo de guarda só irá piorar a situação dos
menores envolvidos. Neste caso seria melhor optar pela guarda unilateral, ou seja, antes
de aplicada a guarda compartilhada, devem ser analisados todos os aspectos relevantes
para o melhor para o filho, vez que, ambos os genitores são responsáveis pelos filhos, e
38
que convivência com ambos é fundamental para a construção da identidade social e
subjetiva das crianças. Esse artigo nos possibilita a guarda compartilhada caso os
cônjuges acordem sobre tal condição nos casos de separação consensual, o que já fica
praticamente impossível nos casos de uma separação litigiosa, que traz traumas para os
envolvidos, fazer um acordo.
4.3 ASPECTOS NEGATIVOS E POSITIVOS DA GUARDA COMPARTILHADA
O crescimento da guarda compartilhada como modelo a ser adotado, no
caso da dissolução conjugal, é o fato de que para os filhos é como se houvesse a
continuação da entidade familiar, nos aspectos da reação dos menores para com seus
pais. Eles não são atingidos pela ruptura da sociedade conjugal com a continuidade do
exercício da autoridade parental 22.Um dos principais aspectos negativos da guarda
compartilhada refere-se ao fato de que a separação conjugal sempre traz consigo
mágoas e ressentimentos, dificultando que os membros do ex-casal mantenham um
relacionamento livre de conflitos, tal aspecto, assume relevância nos casos nos quais a
guarda compartilhada é decidida ou homologada judicialmente, ou seja, quando ela não
acontece na forma de um arranjo espontâneo entre os separados, o que com a vigência
da lei já é permitido,caso não haja um acordo entre o casal , o juiz poderá optar pela
guarda compartilhada mesmo quando há discordância de ambos. Muitos pesquisadores
se referem ao conflito parental como sendo uma das possíveis contra indicações ao
estabelecimento da guarda compartilhada, destacando a manutenção do contato entre os
membros do ex-casal, requerido nestes tipos de guarda, em certos casos pode provocar a
continuidade do conflito entre eles, prejudicando as crianças, como retrata a
jurisprudência em questão:
EMENTA: CONSTITUCIONAL E CIVIL - AÇÃO DE GUARDA DE MENOR - GUARDA COMPARTILHADA - RELAÇÃO CONFLITUOSA ENTRE OS GENITORES - IMPOSSIBILIDADE - RISCO DE OFENSA AO PRINCÍPIO QUE TUTELA O MELHOR INTERESSE DO INFANTE - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO - PROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO - INTELIGÊNCIA DO ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E ARTS. 1.583 E 1.584 DO CÓDIGO CIVIL, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº
22 Revista IOB de Direito de Família – pub. Bimestral. 49. ago-set/2008.
39
11.698/2008. A GUARDA COMPARTILHADA não pode ser exercida quando os guardiões possuem uma relação conflituosa, sob o risco de se comprometer o bem-estar dos menores e perpetuar o litígio parental. Na definição de GUARDA de filhos menores, é preciso atender, antes de tudo, aos interesses deles, retratado pelos elementos informativos constantes dos autos. APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0775.05.004678-5/001 - COMARCA DE CORAÇÃO DE JESUS - APELANTE(S): J.F.A.P. - APELADO(A)(S): G.G.F. RELATOR: EXMO. SR. DES. DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA
Outro aspecto negativo refere-se à instabilidade que tal arranjo pode gerar
nas crianças envolvidas, instabilidade esta, proveniente das freqüentes mudanças de
ambiente. Deve-se entender que, se os pais vivem em conflito e não conseguem manter
uma boa convivência nem em prol dos filhos, este modelo de guarda só irá piorar a
situação dos menores envolvidos. Ao invés de solucionar um problema, vai acabar
gerando outros ainda maiores.
Para Segismundo Gontijo, a guarda compartilhada é prejudicial para os
filhos:
Esta resulta em verdadeiras tragédias, como tenho vivenciando participar de instâncias superiores, de separações judiciais oriundas de várias comarcas, em que foi praticada aquela heresia que transforma filhos em Iô-Iôs, ora com a mãe, ora com o pai. Em todos os processos ressalta graves prejuízos dos menores perdendo o referencial de “Lar”, sua perplexidade no conflito das orientações diferenciadas no meio materno e no paterno. Não é preciso ser psicólogo ou psicanalista para concluir que, acordo envolvendo a guarda compartilhada, não é recomendável. 23
Portanto é sabido que cabe ao juiz analisar caso a caso, para melhor
aplicação da guarda compartilhada, que como bem visto se aplicada no caso errado,
poderá trazer transtornos para o quem deveria ser o mínimo possível prejudicado com
esta situação, os filhos. Já os aspectos positivos, são muitos com a guarda
compartilhada, esta, se aplicada de forma correta, só trará benefícios à criança.
Sabe-se, que toda a criança tem o direto de conviver com ambos os
genitores, direito este estabelecido em convenções nacionais e internacionais de direito
e agora regulamentada pela lei 11.698/08 que determina a responsabilização conjunta de
pai e mãe. O filho continua se relacionando com os pais
23 Gontijo, Segismundo. Guarda de filhos. Disponível em: www.gontijo-familia.adv.br.acesso em : 24 de out. 2006.
40
sem sentir os efeitos da ruptura conjugal e também não precisa optar por um deles uma
vez que a convivência é bem próxima, considerando que ambos os pais tem direito e
dever de conviver e se responsabilizarem igualmente por seus filhos, e ainda que tal
convivência é fundamental para a construção da identidade social e subjetiva das
crianças.
Sob a visão dos filhos, além da convivência com os genitores, a guarda
compartilhada reduziria as dificuldades que as crianças normalmente enfrentam em se
adequarem às novas rotinas e aos novos relacionamentos após a separação de seus
genitores.Sob a visão dos genitores, existem inúmeras vantagens também. Uma delas é
a redução do stress e do acúmulo de papéis do genitor que é guardião único, além de
favorecer ambos os genitores, estes, compartilham conjuntamente da educação dos
filhos, onde não irá sobrecarregar somente um dos cônjuges, vez que tudo será dividido,
e ainda, os genitores ficarão satisfeitos, especialmente se se decidirem entre si por tal
tipo de guarda e não for uma decisão imposta pela justiça.
Para a Desembargadora Maria Raimunda Teixeira de Azevedo, este
modelo de guarda é melhor a ser aplicado e seguido, como veremos:
A guarda compartilhada, já utilizada há décadas no direito alienígena, é o melhor modelo a ser praticado, porque privilegia a busca de preservação com o melhor nível de relacionamento entre os pais, e cria a possibilidade de propiciar o desenvolvimento ótimo dos filhos de pais separados. É a possibilidade de que os filhos de pais separados continuem assistidos por ambos os pais após a separação, devendo ter efetiva e equivalente autoridade legal para tomarem, decisões importantes quanto ao bem estar de seus filhos, e freqüentemente ter uma paridade mais no cuidado a eles. [...] permite aos pais que continuem a agir como agiam, enquanto na Constância do casamento, dividindo as responsabilidades nas decisões importantes a respeito dos filhos.24
24 Azevedo, Maria Raimunda Teixeira de. disponível em: www.direitodefamilia.com.br/materia. Acesso em: 22 set.2006.
41
4.3.1 Direito de Visita
A lei nº 6.515/1977, Lei do Divórcio, o art. 15 refere-se ao direito de visita,
cujo texto é o seguinte:
Art. 15. Os pais em cuja guarda não estejam os filhos, poderão visitá-los e tê-los e, sua companhia, segundo fixar o juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.
Segundo a regra do artigo citado, a lei confere a visita ao genitor que não
tem a guarda. Inspirada por esse dispositivo a doutrina brasileira vem estudando a
guarda e a visita como se fossem dois direitos opostos e dependentes entre si de ambos
os pais em relação aos seus filhos: a guarda, conferida ao genitor guardião, e a visita, ao
genitor que não tem a guarda, porém, essa é uma visão equivocada do fenômeno, pois
enquanto a guarda é um poder-dever do pai, cujo beneficiário da norma é o filho, a
visita é um direito de personalidade do filho de ser visitado não só pelos pais, como por
qualquer pessoa que lhe tenha afeto.
De um modo geral a visita é ato de ir ver alguém. Porém, no direito de
família é muito mais que isso: não é só a ação de ir ver alguém, mas também de estar
consigo de forma não permanente. Exercita a visita tanto o pai que vai ver o filho e
passa com ele algumas horas, como aquele que fica com o filho aos finais de semana,
nas férias escolares, etc. Ressalta-se que apesar do descaso com que o legislador tratou o
direito de visita, o pai visitador não ocupa uma posição secundária em relação ao outro
que fica com a guarda. Poder-se-ia pensar que o guardião desempenha um papel mais
importante para a formação do menor. Quando o pai ou a mãe que tem a guarda se
limitar “adestrar” a criança (em ordens diárias do tipo, escovar dentes, tomar banho,
pentear cabelo, fazer deveres, dormir cedo), a função educativa se desloca para p genitor
visitador, e esse pai que simplesmente visita, pode exercer sobre o filho uma influência
muito maior do que aquele que fica com o menor a maior parte do tempo.
A maior influência na criação vem de quem fica com ela nas horas de
folga. Durante a semana, a criança volta da escola cansada e encontra a mãe ou o pai
que lhe dão alimentação e segurança. Mas a verdadeira iniciação cultural, a abertura
para o mundo se faz nos dias de folga, quando a criança está disponível.
Por isso é muito importante que o guardião não se restrinja às tarefas de
“ordenador”, reservando uma boa parte do tempo para as funções de orientação
42
pedagógica, formação moral e religiosa, de educação e lazer. A visita tem por escopo
estreitar os laços de amizade entre o filho e o pai visitador. Como todo direito
corresponde um dever, admitir que alguém tenha o direito de visitar o outro, significa
aceitar que este teria o “dever” de sujeitar-se ao exercício do primeiro, ou em outras
palavras, o visitado teria de suportar a ação do visitante, o que sem dúvida violaria os
seus direitos fundamentais à liberdade e à intimidade da pessoa humana. Em resumo, os
pais não separados têm o dever de respeitar a vista de outros parentes ou de pessoas
estranhas à relação parental, porque o menor tem o direito de personalidade à visita. O
pai parental tem o dever parental, de visitar o filho que se acha sob a guarda do outro
genitor. Conseqüentemente, ao menor assiste direito de dupla natureza: o direito de
personalidade de ser visitado por qualquer pessoa que lhe tenha afeto e, especialmente,
o direito de ser visitado pelo pai que não tem a guarda.
4.3.2 Guarda Compartilhada X Guarda Alternada
A distinção entre "guarda compartilhada" e "guarda alternada" é
magistralmente apresentada por Rosângela Paiva Epagnol, "in verbis":
A guarda compartilhada de filhos menores, é o instituto que visa à participação em nível de igualdade dos genitores nas decisões que se relacionam aos filhos, é a contribuição justa dos pais, na educação e formação, saúde moral e espiritual dos filhos, até que estes atinjam a capacidade plena, em caso de ruptura da sociedade familiar, sem detrimento, ou privilégio de nenhuma das partes (...)
Não poucas pessoas envolvidas no âmbito da guarda de menores,
vislumbram um vínculo entre a Guarda compartilhada e guarda alternada, ora, nada há
que se confundir, pois, uma vez já visto os objetos do primeiro instituto jurídico, não
nos resta dúvida que dele apenas se busca o melhor interesse do menor, que tem por
direito inegociável a presença compartilhada dos pais, e nos parece que,
etimologicamente o termo compartilhar, nos traz a idéia de partilhar é participar
conjuntamente, simultaneamente. Idéia contrária à guarda alternada, cujo teor o próprio
nome já diz. Diz-se de coisas que se alternam, ora uma, ora outra, sucessivamente, em
43
que há revezamento. Diz-se do que ocorre sucessivamente, a intervalos, uma vez sim,
outra vez não. Aliás, tal modelo de guarda não tem sido aceita perante nossos tribunais,
pelas suas razões óbvias, ou seja, ao menor cabe a perturbação quanto ao seu ponto de
referência, fato que lhe traz perplexidade e mal estar no presente, e nos futuros danos
consideráveis á sua formação no futuro. 25
Na visão dos especialistas, os malefícios da chamada "guarda alternada"
são muitos, prejudicando a formação dos filhos ante a supressão de referências básicas
sobre a sua moradia, hábitos alimentares, etc., comprometendo sua estabilidade
emocional e física. Importante ter tais esclarecimentos em mente vez que não é a
vontade dos pais, mas sim o bem estar dos filhos, que tem pautado a decisão dos
tribunais pátrios, praticamente pacífica em obstar a instituição da "guarda alternada",
conforme se verifica da leitura dos seguintes acórdãos:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA -MUDANÇA DO DOMICILIO DA GENITORA - CIDADES DISTANTES - AUSÊNCIA DE HARMONIA ENTRE AS PARTES QUANTO À GUARDA.''No tocante à GUARDA COMPARTILHADA, imprescindível para sua concepção e sucesso, sem tirar os olhos para o que for melhor para a infante, que ocorra harmonia e convivência pacífica entre os genitores; não consumada essa exigência, não há falar em tal procedimento''. AGRAVO N° 1.0145.06.324805-1/001 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - AGRAVANTE(S): I.F.S.F. - AGRAVADO(A)(S): R.G.V. - RELATOR: EXMO. SR. DES. ALVIM SOARES
Vale lembrar, que os referidos estudos e decisões reconhecem ser
absolutamente impróprio e prejudicial à boa formação da personalidade da criança ficar
submetida à guarda dos pais, separados, durante a semana ou em dias alternados.
A "guarda alternada" pode trazer os seguintes malefícios ao menor:
1- não há constância de moradia;
2- a formação dos menores resta prejudicada, não sabendo que orientação
seguir, paterna ou materna, em temas importantes para definição de seus valores morais,
éticos, religiosos etc;
3- é prejudicial à saúde e higidez psíquica da criança, tornando confusos
certos referenciais importantes na fase inicial de sua formação, como, por exemplo,
reconhecer o lugar onde mora, identificar seus objetos pessoais e interagir mais
25 jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7335. Acesso em: 21/01/09
44
constantemente com pessoas e locais que representam seu universo diário (vizinhos,
amigos, locais de diversão etc).
A "guarda compartilhada", ao contrário não se confunde com a "guarda
alternada", vez que naquela não se inclui a idéia de "alternância" de dias, semanas ou
meses de exclusividade na companhia dos filhos. De fato, na "guarda compartilhada" o
que se "compartilha" não é a posse, mas sim a responsabilidade pela sua educação,
saúde, formação, bem estar, etc. Questões como o colégio a ser escolhido, as atividades
de lazer a serem desenvolvidas, a orientação religiosa etc., deverão ser debatidas e
solucionadas por ambos os cônjuges, posto que esta é a idéia que justifica a escolha da
"guarda compartilhada".
Em verdade, o que ocorre na "guarda compartilhada" é a plena
participação de ambos os genitores em todos os aspectos da formação dos filhos,
independentemente destes permanecerem da companhia de um deles apenas nos finais
de semana e feriados.
"A Guarda Compartilhada é possível quando os genitores residem na
mesma cidade, possui uma relação de respeito e cordialidade e estão emocionalmente
maduros e resolvidos na questão da separação conjugal." 26
4.3.3 Alimentos na Guarda Compartilhada
Ao contrário do que se imagina a guarda compartilhada não é sinônimo de
inexistência de pagamento de pensão, conforme disposto no art. 1704 do Código Civil,
os pais são responsáveis pelo sustento dos filhos na proporção dos rendimentos de cada
um. Portanto com a guarda compartilhada, esses direitos continuam sendo válidos.
O juiz deve buscar qual valor será necessário para o sustento dos filhos
com educação, lazer, vestuário, saúde, etc, levantar os rendimentos de cada um dos
genitores, para determinar o valor que cada um contribuirá para o sustento do filho. Um
dos genitores pode ser escolhido para administrar o valor pago pelo outro ou o juiz
poderá determinar que seja pago in natura, as despesas dos filhos, dividindo esta
obrigação entre os genitores. 27
26 www.pailegal.net/guardacompartilhada. Acesso em 21/01/09. 27 www.pailegal.net/chifinsup.asp?rvTextoId=1211840058a. Acesso em 22/01/09
45
Vejamos o que os julgadores corroboram na jurisprudência:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO CAUTELAR DE REGULARIZAÇÃO DE GUARDA DO MENOR - ACUSAÇÃO INCAPACIDADE DA MÃE PARA SER RESPONSÁVEL PELOS MENORES - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - ALIMENTOS PROVISÓRIOS - FIXAÇÃO - BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. O instituto da GUARDA foi criado com o objetivo de proteger o menor, salvaguardando seus interesses em relação aos pais que disputam o direito de acompanhar de forma mais efetiva e próxima seu desenvolvimento, ou mesmo no caso de não haver interessados em desempenhar esse munus. A alteração ou modificação da GUARDA do menor que permanece sobre os cuidados maternos, somente é possível quando presente e comprovada que a mãe da menor esteja desamparando-a de qualquer forma, não sendo bastante, para tanto, a alegação, sem comprovação, de irresponsabilidade da mãe. Os ALIMENTOS PROVISÓRIOS têm a finalidade de atender as necessidades básicas do alimentado até o final do feito e, levando-se em conta a particular urgência de que se reveste o direito alimentar em assegurar a subsistência do alimentante, é que os ALIMENTOS podem ser concedidos sumariamente, sem a audiência do demandado, em consonância com o que prescreve o art. 4º, da Lei 5.478/68. Mesmo com base apenas nos elementos superficiais e iniciais que formam o instrumento probatório dos autos, os ALIMENTOS devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada, nos termos do §1º do art. 1.694 do Código Civil.
AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 1.0024.08.056681-3/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): E.W.R.M. - AGRAVADO(A)(S): R.S.M. - RELATOR: EXMO. SR. DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES
AÇÃO DE REVISÃO DE ALIMENTOS – OBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE E POSSIBILIDADE – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 400 DO CÓDIGO CIVIL – FIXAÇÃO EM PATAMAR ELEVADO – IMPOSSIBILIDADE – GUARDA COMPARTILHADA – INVIABILIDADE – PROCEDÊNCIA PARCIAL – RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE – PENSÃO MINORADA – DECISÃO UNÂNIME – Os alimentos devem ser fixados em estrita observância ao binômio necessidade do alimentando e capacidade do alimentante, de modo a garantir a mantença dos filhos, todavia, sem onerar demasiadamente somente um dos genitores, quando os dois auferem renda. A fixação da guarda na forma compartilhada, de modo a conviverem os filhos um ano com cada genitor, não é a forma mais indicada, pois certamente causaria instabilidade psicológica aos menores, que despenderiam grande esforço emocional para se readaptarem todos os anos em um novo lar. (TJMT – RAC 27.421 –
46
3ª C.Cív. – Rel. Des. José Jurandir de Lima – J. 28.08.2002)JCCB.400.
Para que permaneça a harmonia de todos, e a guarda compartilhada atinja a
sua finalidade, é importante também que o ex-casal saiba respeitar a individualidade e a
privacidade do outro, bem como que cada um cumpra com seus deveres, pois como já é
sabido, mesmo adotando-se esse tipo de guarda, permanece a responsabilidade
alimentar dos pais. 28
Na verdade, o que se tem que lembrar, é que independente de qual seja a
espécie da guarda, se qualquer dos pais faltarem com a obrigação de pagar sua parte no
sustento da prole, o outro poderá demandar a condenação judicial em alimentos.
Portanto, os pais separados no regime da guarda compartilhada devem ser conscientes
de que a separação não altera suas obrigações com os filhos, é que não poderá deixar de
arcarem com sua parte nas despesas. E que se vier um deles a incorrer em
inadimplemento, mesmo sendo a guarda conjunta, será sempre cabível a condenação
judicial na obrigação alimentar.
28 www.tribunadobrasil.com.br/?ned=2217&ntc=55225&sc=2. Acesso em 22/01/09
47
CONCLUSÃO
Como vimos no decorrer do trabalho, a guarda compartilhada constitui
uma opção aos pais que não desejam o distanciamento dos filhos após a ruptura da
relação conjugal do casal.
Por outro lado, esse novo modelo mostra-se eficaz para amenizar os efeitos
negativos da ruptura do casal, principalmente com relação aos filhos, que na maioria das
vezes não possui estrutura psicológica para suportar um distanciamento repentino de um
dos genitores.
Assim, a guarda compartilhada busca propiciar a convivência dos filhos
em estreita relação com o pai e com a mãe, havendo uma participação em igualdade de
direitos e obrigações, equilibrando os papéis parentais e, acima de tudo, visando o bem
estar dos filhos menores.
São inúmeros os benefícios que podem ser obtidos com esse novo modelo
de guarda, a Lei 11.698/2008 veio regulamentar esse instituto, tornando real a aplicação
da guarda compartilhada no ordenamento jurídico, vez que, a guarda vinha sendo
aplicada por analogia, por não encontrar amparo legal.
Na prática, a guarda compartilhada ainda não é uma figura muito comum
no Brasil, apesar de já ser utilizada antes mesmo da vigência da lei, entretanto ainda
existem várias dúvidas sobre o seu funcionamento, mas não basta a sua mudança apenas
no Direito de Família, que instituiu a guarda compartilhada como modelo a ser seguido,
mas na cultura das pessoas, que também sintam a necessidade de participar da vida dos
filhos.
Entendemos que, aceitar que a guarda compartilhada exista apenas na sua
forma jurídica, seria dizer não aos benefícios que ela pode trazer às famílias que se
encontram separadas, pois, a essência desse modelo de guarda é o estreitamento dos
laços parentais após a ruptura conjugal e não apenas permitir que se tomem decisões
conjuntamente à distância, que é o que propõe a guarda compartilhada na sua forma
jurídica.
Outra dúvida bastante frequente é quanto à possibilidade do
compartilhamento da guarda em situações onde exista litígio, pois nestes casos, há o
receio dos pais usarem o filho como um instrumento de agressão entre ambos, o que
48
seria extremamente prejudicial à saúde psíquica do menor. Todavia, acreditamos que a
situação litigiosa pode deixar de ser um empecilho à aplicação da guarda compartilhada
se antes as famílias tiverem uma preparação que vise proporcionar uma melhor
compreensão do instituto e de seus benefícios, proporcionando dessa forma uma maior
aceitação.
Contudo, concluímos que é importante a introdução desse novo instituto,
no nosso ordenamento jurídico, uma vez que, mostram-se compatíveis às necessidades
da sociedade atual, porém, é necessário que seja de uma forma planejada e bem
elaborada, para que venha melhorar e não prejudicar ainda mais a relação pais e filhos.
Para que dê certo, é preciso em primeiro lugar, que os pais busquem o interesse dos
filhos, que possam transpor o fato da sociedade conjugal não ter dado certo, e
conseguirem enxergar que com o casamento, embora desfeito, lhes rendeu bons frutos e
frutos para uma vida inteira, e que por isso precisam continuar a serem os melhores pais
para seus filhos.
49
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______.Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais - EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA -MUDANÇA DO DOMICILIO DA GENITORA - CIDADES DISTANTES - AUSÊNCIA DE HARMONIA ENTRE AS PARTES QUANTO À GUARDA. Disponível em : http://www.tjmg.gov.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?tipoTribunal=1&comrCodigo=145&ano=6&txt_processo=324805&complemento=1&sequencial=0&palavrasConsulta=Guarda%20Compartilhada&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical= ______.Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais - EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO CAUTELAR DE REGULARIZAÇÃO DE GUARDA DO MENOR - ACUSAÇÃO INCAPACIDADE DA MÃE PARA SER RESPONSÁVEL PELOS MENORES - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - ALIMENTOS PROVISÓRIOS - FIXAÇÃO - BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE.Disponível em: http://www.tjmg.gov.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?tipoTribunal=1&comrCodigo=24&ano=8&txt_processo=56681&complemento=1&sequencial=0&palavrasConsulta=GUARDA%20DE%20MENORES%20E%20ALIMENTOS%20PROVISÓRIOS%20&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical= ______.Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais - EMENTA: CONSTITUCIONAL E CIVIL - AÇÃO DE GUARDA DE MENOR - GUARDA COMPARTILHADA - RELAÇÃO CONFLITUOSA ENTRE OS GENITORES - IMPOSSIBILIDADE - RISCO DE OFENSA AO PRINCÍPIO QUE TUTELA O MELHOR INTERESSE DO INFANTE - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO - PROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO - INTELIGÊNCIA DO ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E ARTS. 1.583 E 1.584 DO CÓDIGO CIVIL, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.698/2008. Disponível em: http://www.tjmg.gov.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?tipoTribunal=1&comrCodigo=775&ano=5&txt_processo=4678&complemento=1&sequencial=0&palavrasConsulta=Guarda%20Compartilhada&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical=
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