Água de abastecimento pÚblico no municÍpio de recife … · À deus, que está presente em tudo...

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CLAUDIANE SALES RIBEIRO DE LIMA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE RECIFE-PE – UMA REVISÃO RECIFE - PE 2008

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CLAUDIANE SALES RIBEIRO DE LIMA

ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO

MUNICÍPIO DE RECIFE-PE – UMA REVISÃO

RECIFE - PE

2008

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CLAUDIANE SALES RIBEIRO DE LIMA

ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO

MUNICÍPIO DE RECIFE-PE – UMA REVISÃO

RECIFE – PE

2008

Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA – para obtenção do Título de Especialista em Gestão de Vigilância Sanitária e Qualidade de Alimentos. Orientador: Leonildo Bento Galiza da Silva - UFRPE

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CLAUDIANE SALES RIBEIRO DE LIMA

ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO

MUNICÍPIO DE RECIFE-PE – UMA REVISÃO

Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, como parte das exigências para a obtenção do título de Especialista em Gestão da Qualidade Vigilância Sanitária em Alimentos. Orientador: Leonildo Bento Galiza da Silva – UFRPE

APROVADA EM: 28/03/2008

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

(LEONILDO BENTO GALIZA DA SILVA – UFRPE) Presidente da banca

________________________________________

(ALEXANDRO ÍRIS LEITE – UFERSA) Primeiro Membro

________________________________________ (JEAN BERG ALVES DA SILVA – UFERSA)

Segundo Membro

RECIFE – PE

2008

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AGRADECIMENTO À Deus, que está presente em tudo o que eu faço, que tem me dado força todas as vezes em que eu necessitei, por ter me dado a vida, a família que eu tenho e a família que eu formei. Ao meu orientador, Leonildo, pela paciência, pelas dicas, por ter me apoiado e confiado mesmo quando tudo não estava dando certo. À minha família, que continua acreditando e confiando em mim e me dando força em qualquer decisão que eu venha a tomar. À minha nova família, meu marido Fabiano, pelo amor, carinho, paciência, confiança, por me dar força sempre e também por sempre acreditar em mim em todos os momentos. E aos professores, pelo ensinamento passado, por educar, tanto profissionalmente quanto para a vida.

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RESUMO

A água é o elemento fundamental da vida. Seus múltiplos usos são indispensáveis a

um largo espectro das atividades humanas, onde se destacam, entre outros, o abastecimento

público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de

lazer e recreação, bem como a preservação da vida aquática. A crescente industrialização,

ocupação territorial e aumento da população geram resíduos (esgoto industrial e doméstico,

etc.), que contaminam as águas superficiais e subterrâneas, provocando sua deterioração e

conseqüentemente danos ao bem estar dos consumidores. Como a água pode servir como

veículo para a transmissão de uma série de enfermidades infecciosas graves, sua qualidade

bacteriológica tem uma importância fundamental e deve-se dar preponderância as bactérias,

como as bactérias coliformes e bactérias coliformes fecais. Recife, capital do Estado de

Pernambuco, situa-se no litoral nordestino e ocupa uma posição central, a 800 km das

outras duas metrópoles regionais, Salvador e Fortaleza, disputando com elas o espaço

estratégico de influência na Região, possui 94 bairros divididos em seis Regiões Político-

Administrativas (RPA), com 66 Zonas de Especial Interesse Social (ZEIS). Realizou-se

levantamento sobre a importância da água para a manutenção da saúde humana e o tipo de

risco à saúde relacionado à água de abastecimento utilizada na cidade do Recife.

PALAVRAS-CHAVES: ÁGUA, QUALIDADE DA ÁGUA, SAÚDE PÚBLICA, RECIFE

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ABSTRACT

The water is the fundamental element of the life. Their multiples uses are

indispensable to a square spectrum of the human activities, where they stand out, among

other, the public and industrial provisioning, the agricultural irrigation, the electric power

production and the leisure activities and recreation, as well as the preservation of the

aquatic life. To growing industrialization, territorial occupation and increase of the

population they generate residues (industrial and domestic sewer, etc.), that contaminate the

superficial and underground waters, provoking its deterioration and consequently damages

to the welfare of the consumers. As the water can serve as vehicle for the transmission of a

series of serious infectious illnesses, its bacteriological quality has a fundamental

importance and its should feel preponderance to the bacteria, as the bacteria coliformes and

bacteria fecal coliformes. Recife, capital of the State of Pernambuco, locates in the

Northeastern coast and it occupies a central position, to 800 km of the other two regional

metropolises, Salvador and Fortaleza, arguing with them strategic spaces of influence in the

Area, it possesses 94 neighborhoods divided in six Political-administrative Areas (RPA),

with 66 Areas of Special Social Interest (ZEIS). It took place rising on the importance of

the water for the maintenance of the human health and the risk type to the health related to

the water of provisioning used in the city of Recife.

KEY-WORDS: WATER, QUALITY OF WATER, HUMAN HEALTH, RECIFE

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------

2. REVISÃO DE LITERATURA --------------------------------------------------------------- 2.1. Água -------------------------------------------------------------------------------------------- 2.1.1. Propriedades Físicas da Água ----------------------------------------------------------- 2.1.2. Águas Naturais ------------------------------------------------------------------------------ 2.2. Contaminação da Água ---------------------------------------------------------------------- 2.3. Abastecimento da Água --------------------------------------------------------------------- 2.3.1. Generalidades ------------------------------------------------------------------------------- 2.3.2. Mananciais para Abastecimento de Água --------------------------------------------- 2.3.3. Escolha do Manancial --------------------------------------------------------------------- 2.4. Abastecimento Público de Água ----------------------------------------------------------- 2.4.1. Partes Constituintes do Sistema Público de Abastecimento de Água ------------ 2.5. Tratamento da Água ------------------------------------------------------------------------- 2.5.1. Esquema de Tratamento da Água ------------------------------------------------------ 2.5.2 Métodos de Tratamentos ------------------------------------------------------------------ 2.6. Esgotamento Sanitário ---------------------------------------------------------------------- 2.6.1. Importância Sanitária --------------------------------------------------------------------- 2.6.2. Importância Econômica ------------------------------------------------------------------- 2.6.3. Doenças Relacionadas com os Esgotos ------------------------------------------------- 2.6.3.1. Modos de Transmissão ------------------------------------------------------------------ 2.7. Água na Transmissão de Doenças --------------------------------------------------------- 2.7.1. Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA’s) --------------------------------------- 2.7.2.Os Coliformes -------------------------------------------------------------------------------- 2.8. Legislação -------------------------------------------------------------------------------------- 2.9. Cidade do Recife ------------------------------------------------------------------------------ 2.10 Riscos a Saúde Relacionados á Água -----------------------------------------------------

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS -----------------------------------------------------------------

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------

APÊNDICE ------------------------------------------------------------------------------------------

07

09 09 09 10 13 16 17 18 19 20 20 23 24 25 30 30 31 31 31 33 37 39 40 47 50

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1. INTRODUÇÃO

A água é o elemento fundamental da vida. Seus múltiplos usos são indispensáveis a

um largo espectro das atividades humanas, onde se destacam, entre outros, o abastecimento

público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de

lazer e recreação, bem como a preservação da vida aquática (UNIAGUA, 2006).

A água não é só uma mera substância química formada por átomos de hidrogênio e

oxigênio. Nela surgiu a primeira forma de vida do planeta há milhões de anos; dela o

processo evolutivo caminhou até formar nossa espécie, e continua a manter toda a

diversidade que conhecemos (AMIGO DA AGUA, 2003).

O Brasil possui uma das maiores reservas hídricas do mundo, concentrando cerca de

25% da água doce superficial disponível no planeta. Mas o contraste na distribuição

também é enorme: a região Norte, 7% da população, possui 68% da água do país, enquanto

o Nordeste com 29% da população possui 3%, e o Sudeste, com 43% da população, conta

com 6% (AMIGO DA AGUA, 2003).

A crescente industrialização, ocupação territorial e aumento da população geram

resíduos (esgoto industrial e doméstico, etc.), que contaminam as águas superficiais e

subterrâneas, provocando sua deterioração e conseqüentemente danos ao bem estar dos

consumidores. É, portanto, de fundamental importância exercer o controle da qualidade da

água destinada ao consumo humano, através de medidas preventivas, corretivas e de

Vigilância evitando-se assim problemas futuros (COLETTO, 1989).

Como a água pode servir como veículo para a transmissão de uma série de

enfermidades infecciosas graves, sua qualidade bacteriológica tem uma importância

fundamental e deve-se dar preponderância as bactérias, como as bactérias coliformes totais

e bactérias coliformes fecais. No entanto como não se conta com os resultados

bacteriológicos em menos de 24 horas (e nesse período, a comunidade pode estar em

perigo), também é necessário efetuar com freqüência a medição do cloro residual e dizer,

quando se mantém uma concentração de cloro em todo o sistema (OPS, 1988).

A água potável é aquela que pode ser bebida sem causar danos à saúde ou objeções

de caráter organoléptico. Por extensão, aquela que pode ser empregada no preparo de

alimentos ou ainda em sentido amplo, águas adequadas ao uso público (ETF/RN, 1993).

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Recife, capital do Estado de Pernambuco, situa-se no litoral nordestino e ocupa uma

posição central, a 800 km das outras duas metrópoles regionais, Salvador e Fortaleza,

disputando com elas o espaço estratégico de influência na Região, possui 94 bairros

divididos em seis Regiões Político-Administrativas (RPA), com 66 Zonas de Especial

Interesse Social (ZEIS).

Realizou-se levantamento sobre a importância da água para a manutenção da saúde

humana e o tipo de risco à saúde relacionado à água de abastecimento utilizada na cidade

do Recife.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ÁGUA

Todas as reações nos seres vivos necessitam de um veículo que as facilite e que

sirva para regular a temperatura em virtude do grande desprendimento de calorias resultante

da oxidação da matéria orgânica. A água é fundamental à vida, satisfaz completamente a

estas exigências e se encontra presente em proporções elevadas na constituição de todos os

seres vivos, inclusive no homem, onde atinge cerca de 75% de seu peso. Sua influência foi

primordial na formação das aglomerações humanas (BRASIL. 2006).

A água é uma substância líquida, quando pura é incolor, inodora e insípida,

essencial a todas as formas de vida conhecidas, composta por hidrogénio e oxigénio, com

fórmula química H2O. É uma substância abundante na Terra, cobrindo cerca de três quartos

da superfície do planeta, encontrando-se principalmente nos oceanos e calota polares, e

também na atmosfera sob a forma de nuvens, sobre os continentes em rios, lagos, glaciares

e aquíferos.

O homem sempre se preocupou com o problema da obtenção da qualidade da água

em quantidade suficiente ao seu consumo e desde muito cedo, embora sem grandes

conhecimentos, soube distinguir uma água limpa, sem cor e odor, de outra que não

possuísse estas propriedades atrativas (BRASIL. 2006).

2.1.1 Propriedades Físicas da Água

Segundo Batalha e Parlatore (1993) temos os seguintes requisitos:

• COR

Na água, a cor pode ser de origem mineral ou vegetal, causada por substâncias

metálicas como o ferro ou manganês, matérias húmicas, taninos, algas, plantas aquáticas e

protozoários, ou por resíduos orgânicos ou inorgânicos de indústrias, tais como: mineração,

refinarias, explosivos, polpa e papel, químicas e outras.

A cor, em sistemas públicos de abastecimento de água, é esteticamente indesejável

para o consumidor e economicamente prejudicial para algumas indústrias.

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• ODOR E SABOR

Odor e sabor são os meios primários pelos quais se determina o uso ou

aceitabilidade da água. Embora não possam ser diretamente correlacionados com a

segurança da água, sua presença pode levar o consumidor a procurar outras fontes de

abastecimento, muitas vezes menos segura, pois o consumidor espera que a água, saindo da

canalização, seja agradável para beber. Prova disto é que o maior número de reclamações

sobre a água não se deve às características químicas ou bacteriológicas, mas sim ao odor e

sabor.

• pH

O pH, em abastecimento de água, é significativo, porque afeta o processo de

tratamento da água e pode contribuir para a corrosão das estruturas das instalações

hidráulicas e do sistema de distribuição. A corrosão pode adicionar constituintes para a

água, tais como: ferro, cobre, chumbo, zinco e cádmio.

• TURBIDEZ

A turbidez da água é atribuída principalmente às partículas sólidas em suspensão,

que diminuem a claridade e reduzem a transmissão da luz no meio. Podem ser provocados

por plâncton, algas, detritos orgânicos, e outras substâncias como: zinco, ferro, composto

de manganês e areia, resultantes do processo natural de erosão ou adição de despejos

domésticos ou industriais.

A turbidez pode reduzir a eficiência da cloração, pela proteção física dos

microrganismos do contato direto com os desinfetantes. Além disso, as partículas de

turbidez transportam matéria orgânica absorvida que podem provocar sabor e odor.

2.1.2 ÁGUAS NATURAIS

A umidade terrestre está em contínua circulação, processo conhecido como ciclo da

água ou ciclo hidrológico. Calculou-se que aproximadamente 80.000 milhas cúbicas de

água dos oceanos e 15.000 dos lagos e das superfícies da terra evaporem anualmente. A

evaporação total é equilibrada pela precipitação total, da qual perto de 24.000 milhas

cúbicas caem sobre a terra. Microrganismos de várias espécies estão presentes nas

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diferentes etapas deste processo cíclico – nas águas da atmosfera, da superfície e do lençol

freático (PELCZAR et al, 1981).

a) Água da Atmosfera

A umidade contida nas nuvens e precipitada sob a forma de neve, granizo ou chuva,

constitui a água da atmosfera. A flora microbiana desse tipo de água é oriunda do ar. Este,

de fato, é “lavado” pela água da atmosfera, que se carrega das partículas portadoras de

microrganismos. A maior parte desses germes é removida do ar durante as primeiras etapas

da precipitação (PELCZAR et al, 1981).

b) Água da Superfície

As extensões de água, tais como lagos, correntes, rios e oceanos, representam a água

de superfície. Em maior ou menor grau, essas águas são suscetíveis de sofrerem

contaminações periódicas com microrganismos provenientes da atmosfera (precipitações),

do solo ou de qualquer tipo de dejeto que nelas é lançado. As populações microbianas

variam, em número e em qualidade, de acordo com a fonte hídrica, a composição nutritiva

da água e, ainda de conformidade com as condições geográficas, biológicas e climáticas

(PELCZAR et al, 1981).

c) Água do Lençol Freático

As águas do lençol freático são aquelas subterrâneas, presentes nos solos porosos ou

nos materiais rochosos saturados. As bactérias, como outro tipo qualquer de partícula, são

removidas por filtração, segundo variadas intensidades, dependendo da permeabilidade do

solo e da profundidade de penetração da água. As fontes são formadas pela água do lençol

freático que alcança a superfície através de fissuras em rochas ou da exposição de solo

poroso. Os poços são obtidos pela introdução de um cano no solo, até a profundidade do

lençol freático. Os poços com menos do que 100 pés de profundidade são considerados

como superficiais. Em termos bacteriológicos, os poços e as fontes devidamente

localizadas, produzem águas de muito boa qualidade. Tomadas precauções que evitem

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contaminações, o conteúdo microbiano dessas águas é insignificante (PELCZAR et al,

1981).

d) Água Potável

Água potável é aquela que pode ser bebida sem causar danos à saúde ou objeções de

caráter organoléptico. Por extensão, aquela que pode ser empregada no preparo de

alimentos ou ainda, em sentido amplo, águas adequadas ao uso público (ETF/RN, 1993).

Ao avaliar a qualidade da água potável, o consumidor depende por completo de seus

sentidos. Os componentes da água podem afetar sua aparência, odor e sabor, e o

consumidor avalia a qualidade e aceitabilidade da água baseando-se essencialmente nesses

critérios. Não consumirá a água que seja muito turva, tenha uma cor acentuada ou um sabor

desagradável. Contudo, já não podemos confiar por completo em nossos sentidos quando se

trata de julgar a qualidade da água potável, e a ausência de efeitos sensoriais negativos não

garante a inocuidade desse elemento. Alguns valores guias, por exemplo, não se relacionam

diretamente com a saúde, mas, tem sido aplicado amplamente e com êxito durante muitos

anos para assegurar a inocuidade da água. No entanto, a qualidade microbiológica da água

potável tem uma importância fundamental e nunca se deve arriscar nesse aspecto com o fim

de fornecer água com características organolépticas mais agradáveis.

Segundo Batalha e Parlatore (1993), uma condição sine qua non, para a execução

correta do controle da qualidade da água para consumo humano é a proteção permanente

dos mananciais. Quanto à certificação da qualidade, é importante ressaltar que, é

impossível a um Serviço de Abastecimento de Água garantir a qualidade do seu produto, se

a qualidade da matéria-prima não estiver garantida também. Por sua vez a garantia da água

bruta nos mananciais é de competência alheia ao Serviço se Abastecimento de Água.

Caberá à autoridade competente efetuar a certificação da qualidade de água dos mananciais.

Tais considerações objetivam evidenciar que não se pode abstrair das inter-relações que

existem entre o controle da poluição das águas e o controle da qualidade da água.

Briscoe (1985) postula ainda que intervenções ambientais sistêmicas, como o

abastecimento de água e o esgotamento sanitário, apresentam efeitos a longo prazo sobre a

saúde, substancialmente superiores aos de intervenções médicas. Baseado em uma

simulação de dados demográficos em Lyon (França), entre 1816 e 1905, prevê que as

intervenções ambientais podem prevenir cerca de quatro vezes mais do que as de natureza

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biomédica. O mesmo autor afirma que tal comportamento sugere um efeito multiplicador

dos programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

O fornecimento adequado de água potável e de serviços sanitários básicos é de

extrema importância para a saúde das pessoas que vivem nos países em desenvolvimento. É

aceito universalmente que o abastecimento adequado de água para beber, para a higiene

pessoal, e outros fins domésticos, e um meio adequado de disposição de dejetos são

essenciais à saúde pública e ao bem-estar. Infelizmente, um vasto número de pessoas no

mundo em desenvolvimento grande parte delas, residentes em áreas rurais, não têm acesso

a uma fonte higiênica e conveniente de água e quando têm, normalmente não dispõem de

facilidades satisfatórias para a disposição de dejetos (SAUNDER; WARFORD, 1983).

Segundo, Razzolini e Günther (2008), questões relativas ao acesso regular à água

potável e segura têm causado preocupação, principalmente em países em desenvolvimento,

que sofrem com a rápida expansão urbana, o adensamento populacional e a ocupação de

áreas periurbanas e rurais, com evidentes deficiências e dificuldades no suprimento de água

para satisfazer às necessidades básicas diárias. O provimento adequado de água, em

quantidade e qualidade, é essencial para o desenvolvimento socioeconômico local, com

reflexos diretos sobre as condições de saúde e de bem-estar da população. Condições

adequadas de abastecimento resultam em melhoria das condições de vida e em benefícios

como controle e prevenção de doenças, prática de hábitos higiênicos, conforto e bem-estar,

aumento da expectativa de vida e da produtividade econômica. Em regiões carentes e

excluídas da rede básica de serviços públicos, a falta de acesso a fontes seguras de água é

fator agravante das condições precárias de vida. A busca por fontes alternativas pode levar

ao consumo de água com qualidade sanitária duvidosa e em volume insuficiente e irregular

para o atendimento das necessidades básicas diárias.

2.2 CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA

A contaminação da água pode se dar através da falta de saneamento básico, lixo,

agrotóxicos e outros materiais. Com isso pode ocorrer doenças e mortes. Esse tipo de

dano ambiental provoca graves doenças nas pessoas e animais, manifestando-se com

mais gravidade em pessoas com baixa resistência, como crianças e idosos, assim como a

agonia de animais e do próprio rio, lago ou mar com o recebimento de resíduos orgânicos

que por sua vez se multiplicam.

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A proliferação desses microorganismos acaba por diminuir a quantidade de

oxigênio na água levando a morte de peixes, plantas aquáticas, animais das margens e a

morte de rios e lagos. Algumas doenças são transmitidas diretamente pela água poluída,

como: cólera, tifo, hepatite, paratifóide, poliomielite entre outros. São transmitidas

indiretamente: esquistossomose, fluorose, malária, febre amarela, dengue, tracoma,

leptospirose, perturbações gastrintestinais, infecções nos olhos, ouvidos, garganta e nariz.

Sabe-se que uma pessoa é formada por 70% de água e precisa repor 2,5 litros de água

diariamente (deve beber 1,5 litros e ingerir 1 litro por meio de alimentos hidratados).

A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram prejudicados,

podendo atingir o homem, pois ela é usada por este para ser bebida, para tomar banho, para

lavar roupas e utensílios e, especialmente, para sua alimentação e dos animais domésticos.

Além disso, abastece as cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na irrigação de

plantações. Por isso, a água deve ter aspecto limpo, pureza de gosto e estar livre de

microrganismos patogênicos, o que é conseguido através do seu tratamento, desde da

retirada dos rios até a chegada nas residências urbanas ou rurais.

A água de um rio é considerada de boa qualidade quando esta isenta de

microrganismos patogênicos, como os que causam cólera, esquistossomose, febre tifóide,

hepatite, leptospirose e poliomielite. Portanto, para a água se manter nessas condições,

deve-se evitar sua contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas (de natureza química ou

orgânica), esgotos, resíduos industriais, lixo ou sedimentos vindos da erosão.

Sobre a contaminação agrícola temos, no primeiro caso, os resíduos do uso de

agrotóxicos (comum na agropecuária), que provêm de práticas comuns nos campos,

enviando grandes quantidades de substâncias tóxicas para os rios através das chuvas, o

mesmo ocorrendo com a eliminação do esterco de animais criados em pastagens. No

segundo caso, há o uso de adubos, que acabam por ser carreados pelas chuvas aos rios

locais, acarretando o aumento de nutrientes nestes pontos; isso propicia a ocorrência de

bactérias decompositoras que consomem oxigênio, contribuindo ainda para diminuir a

concentração do mesmo na água. Isso também afetaria as formas superiores de vida animal

e vegetal, que utilizam o oxigênio na respiração.

Os resíduos gerados pelas indústrias, cidades e atividades agrícolas são sólidos ou

líquidos, tendo um potencial de poluição muito grande. Os resíduos gerados pelas cidades,

como lixo, entulhos e produtos tóxicos são carreados para os rios com a ajuda das chuvas.

Os resíduos líquidos carregam poluentes orgânicos (que são mais fáceis de ser controlados

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do que os inorgânicos, quando em pequena quantidade). As indústrias produzem grande

quantidade de resíduos em seus processos produtivos, sendo uma parte retida pelas estações

de tratamento da própria indústria, que retêm tanto resíduos sólidos quanto líquidos, e a

outra parte despejada no ambiente

No processo de tratamento dos resíduos também é produzido outro resíduo chamado

"chorume", líquido que precisa novamente de tratamento e controle. As cidades podem ser

ainda poluídas pelas enxurradas, na ocasião de chuvas abundantes, pelo lixo e pelo

esgoto.A poluição de águas nos países ricos é resultado da maneira como a sociedade

consumista está organizada para produzir e desfrutar de sua riqueza, progresso material e

bem-estar. Já nos países pobres, a poluição é resultado da pobreza e da ausência de

educação ambiental de seus habitantes, que, assim, não exigem os seus direitos de cidadãos,

o que só tende a prejudicá-los, pois isto leva à impunidade às indústrias, que poluem cada

vez mais, e aos governantes, que também se aproveitam da ausência da educação do povo

e, em geral, fecham os olhos para a questão, como se tal poluição não atingisse também a

eles. A Educação Ambiental vem justamente resgatar a cidadania para que o povo tome

consciência da necessidade da preservação do meio ambiente, que influi diretamente na

manutenção da sua qualidade de vida.

Lixo Orgânico

O lixo orgânico é biodegradável, mas pode representar um grande problema: a

biodegradação excessiva pode levar à falta de oxigênio em rios e lagos. Os excrementos

humanos contêm alguns dos mais nocivos contaminantes conhecidos, incluindo

microrganismos patogênicos como os agentes da cólera, da febre tifóide e da disenteria.

Lixo Industrial

O lixo industrial pode incluir metais pesados e grandes quantidades de material

sintético, como os pesticidas. São materiais que se caracterizam pela toxicidade e pela

persistência, não sendo rapidamente degradados em processos naturais ou nas usinas de

tratamento de esgotos. Materiais industrializados tais como vidro, concreto, papel, ferro e

alguns plásticos são relativamente inócuos, ou por serem inertes, ou biodegradáveis, ou

pelo menos não-tóxicos.

Muitos poluentes penetram em rios e lagos através de descargas de fontes

localizadas -- como canalizações de esgotos – ou de fontes não localizadas, como é o caso

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das águas de escoamento, que transportam pesticidas e fertilizantes. Contaminantes também

podem penetrar no ciclo da água através da atmosfera. O mais conhecido entre eles talvez

seja o ácido resultante da emissão de óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre pela

indústria e pelos motores de carro. A deposição de ácido pode ser "seca" (quando os gases

atingem diretamente o solo ou a vegetação) ou "úmida" (quando o ácido se dissolve na

chuva). Em áreas de pastoreio intensivo, parte da amônia liberada de esterco é introduzida

na atmosfera e parte é convertida por micróbios no solo em nitratos solúveis. Como o

nitrato tem alta mobilidade, por ser solúvel em água e não se ligar a partículas do solo,

tornou-se um dos principais poluentes da água subterrânea.

Como a água perde sua pureza?

No caminho para o mar, a água vai ficando carregada de partículas e matéria

dissolvida, provenientes de detritos naturais e dos despejos da sociedade humana. Quando a

densidade populacional ao redor de uma reserva de água é baixa, os resíduos na água

podem ser degradados por micróbios, em um processo natural de autopurificação. Quando a

capacidade de autopurificação é excedida, grandes quantidades de resíduos se acumulam

nos mares, onde podem causar danos à vida aquática.Existem dois tipos de despejos que

contaminam a água: o lixo orgânico -- proveniente de excrementos humanos e de animais e

do descarte das partes fibrosas de vegetais colhidos e não consumidos -- e o lixo industrial,

gerado pelos processos industriais e pelo descarte que, cedo ou tarde, se faz dos produtos

fabricados pelas indústrias.

2.3 ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, e segundo a portaria

518/2004 do Ministério da Saúde, Sistema de Abastecimento de Água para consumo

humano é a instalação composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos,

destinados à produção e à distribuição canalizada de água potável para populações, sob a

responsabilidade do poder público mesmo que administrada em regime de concessão ou

permissão. Um sistema de Abastecimento de Água pode ser concebido e projetado para

atender a pequenos povoados ou a grandes cidades, variando nas características e no porte

de suas instalações. Caracteriza-se pela retirada da água da natureza, adequação da sua

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qualidade, transporte até os aglomerados humanos e fornecimento às populações em

quantidade compatível com suas necessidades.Solução alternativa de abastecimento de

água para consumo humano é a modalidade de abastecimento coletivo de água distinta do

sistema de abastecimento de água, incluindo, entre outra fonte, poço comunitário,

distribuição por veículo transportador, instalações condominiais horizontal e vertical.

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, basicamente, existem dois

tipos de solução para o abastecimento de água:

• Solução coletiva;

• Solução individual.

A solução coletiva aplica-se, em áreas urbanas com população mais concentrada. Os

custos de implantação são divididos entre os usuários.

A solução individual aplica-se, normalmente, em áreas rurais de população dispersa.

Nesse caso, as soluções referem-se exclusivamente ao domicílio, assim como os

respectivos custos.

2.3.1 Generalidades

a) Importância sanitária e social

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, sob o aspecto sanitário e

social, o abastecimento de água visa, fundamentalmente, a:

• Controlar e prevenir doenças;

• Implantar hábitos higiênicos na população como, por exemplo, a lavagem das mãos, o

banho e a limpeza de utensílios e higiene do ambiente;

• Facilitar a limpeza pública;

• Facilitar as práticas desportivas;

• Propiciar conforto, bem-estar e segurança;

• Aumentar a esperança de vida da população.

b) Importância econômica

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, sob o aspecto econômico, o

abastecimento de água visa, em primeiro lugar, a:

• Aumentar a vida média pela redução da mortalidade;

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• Aumentar a vida produtiva do indivíduo, quer pelo aumento da vida média quer pela

redução do tempo perdido com doença;

• Facilitar a instalação de indústrias, inclusive a de turismo, e conseqüentemente ao maior

progresso das comunidades;

• Facilitar o combate a incêndios.

2.3.2 Mananciais para Abastecimento de Água

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006 é toda fonte de água

utilizada para abastecimento doméstico, comercial, industrial e outros fins. De maneira

geral, quanto à origem os mananciais são classificados em:

a) Manancial Superficial

É toda fonte de um manancial que escoa na superfície terrestre, compreendendo os

córregos, ribeirões, rio, lagos e reservatórios artificiais. As precipitações atmosféricas, logo

que atingem o solo, podem se armazenar nas depressões do terreno, nos lagos e represas, ou

alimentar os cursos d’água de uma bacia hidrográfica, se transformando em escoamento

superficial. Outra parcela se infiltra no solo.

A bacia hidrográfica é um a área da superfície terrestre, drenada por um

determinado curso d’água e limitada perifericamente pelo divisor de águas.

O termo bacia hidrográfica não está limitado pela extensão da área. Tanto pode ser a

bacia hidrográfica do Rio Amazonas, como a bacia hidrográfica do Córrego de Zé Mane,

com poucos hectares de área total. Podem-se estabelecer, entretanto, algumas hierarquias.

Uma é chamar a área drenada pelo rio principal de bacia e as áreas drenadas pelos afluentes

de sub-bacias.

b) Manancial Subterrâneo

É a parte do manancial que se encontra totalmente abaixo da superfície terrestre,

compreendendo os lençóis freático e profundo, tendo sua captação feita pelos poços rasos

ou profundos, galerias de infiltração ou pelo aproveitamento das nascentes.

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c) Águas Meteóricas

Compreende a água existente na natureza na forma de chuva, neve ou granizo.

2.3.3 Escolha do Manancial

A escolha do manancial se constitui na decisão mais importante na implantação de

um sistema de abastecimento de água, seja ele de caráter individual ou coletivo (BRASIL.

2006).

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, havendo mais de uma

opção, sua definição deverá levar em conta, além da pré-disposição da comunidade em

aceitar as águas do manancial a ser adotado, os seguintes critérios:

• Primeiro critério: previamente é indispensável a realização de análises de componentes

orgânicos, inorgânicos e bacteriológicos das águas do manancial, para verificação dos

teores de substâncias prejudiciais, limitadas pela Resolução n º 20, do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 18 de junho de 1986 – Dispõe sobre a

classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional;

• Segundo critério: vazão mínima do manancial, necessária para atender a demanda por

um determinado período de anos;

• Terceiro critério: mananciais que dispensam tratamento inclui águas subterrâneas não

sujeitas a qualquer possibilidade de contaminação;

• Quarto critério: mananciais que exigem apenas desinfecção: inclui as águas

subterrâneas e certas águas de superfície bem protegidas, sujeitas a baixo grau de

contaminação;

• Quinto critério: mananciais que exigem tratamento simplificado: compreende as águas

de mananciais protegidos, com baixos teores de cor e turbidez, sujeitas apenas a

filtração lenta e desinfecção;

• Sexto critério: mananciais que exigem tratamento simplificado: compreendem

basicamente as águas de superfície, com turbidez elevada, que requerem tratamento

com coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção.

2.4 ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA

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Quando a densidade demográfica em uma comunidade aumenta, a solução mais

econômica e definitiva é a implantação de um sistema público de abastecimento de água.

Sob o ponto de vista sanitário, a solução coletiva é a mais indicada, por ser mais eficiente

no controle dos mananciais e da qualidade da água distribuída à população (BRASIL.

2006).

Não obstante as soluções individuais para as periféricas não devem ser desprezadas,

pois serão úteis, salvarão muitas vidas e farão minorar muitos sofrimentos, enquanto se

aguardam soluções gerais. Estas últimas envolvem grandes gastos e são muitas vezes

morosas (BRASIL. 2006).

2.4.1 Partes constituintes do sistema público de abastecimento de água

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, um sistema de

abastecimento de água é composto das seguintes unidades:

• Manancial;

• Captação;

• Adução;

• Tratamento;

• Reservação;

• Rede de distribuição;

• Estações elevatórias;

• Ramal predial.

a) Manancial abastecedor

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006 é a fonte de onde se retira

a água com condições sanitárias adequadas e vazão suficiente para atender à demanda. No

caso da existência de mais de um manancial, a escolha é feita considerando-se não só a

quantidade e a qualidade, mas, também, o aspecto econômico. Nem sempre o que custa

inicialmente menos é o que convém, já que o custo maior pode implicar em custo de

operação e manutenção menor.

Segundo, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2006, para que se possa fazer o cálculo do

consumo provável, é necessário conhecer:

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• População a ser abastecida;

Nos projetos, costuma-se fazer uma estimativa de população. Esta estimativa

baseia-se em:

• População atual;

• Número de anos durante os quais vai servir o projeto (período de projeto);

• Taxa de crescimento da população.

� Consumo per capita;

� Variação diária de consumo

� Número de horas de funcionamento do sistema.

b) Captação

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006 é o conjunto de

equipamentos e instalações utilizados para a tomada de água do manancial, com a

finalidade de lançá-la no sistema de abastecimento. O tipo de captação varia de acordo com

o manancial e com o equipamento empregado.

c) Adução

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, adutora é o conjunto de

tubulações, peças especiais e obras de arte, dispostas entre:

• Captação e a Estação de Tratamento de Água (ETA);

• Captação e o reservatório de distribuição;

• Captação e a rede de distribuição;

• ETA e o reservatório de distribuição;

• ETA e a rede de distribuição.

d) Tratamento

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, a qualidade físico-química

e bacteriológica da água obtida no manancial, definirá o método de tratamento necessário

para atender aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 1.469/2000 do

Ministério da Saúde.

e) Reservação

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A reservação é empregada com os seguintes propósitos:

� Atender às variações de consumo ao longo do dia;

� Promover a continuidade do abastecimento no caso de paralização da produção de água;

� Manter pressões adequadas na rede de distribuição;

� Garantir uma reserva estratégica em casos de incêndio.

De acordo com sua localização e forma construtiva os reservatórios podem ser:

� Reservatório de montante: situado no início da rede de distribuição, sendo sempre o

fornecedor de água para a rede;

� Reservatório de jusante: situado no extremo ou em pontos estratégicos do sistema,

podendo fornecer ou receber água da rede de distribuição;

� Elevados: construídos sobre coluna quando há necessidade de aumentar a pressão em

conseqüência de condições topográficas;

� Apoiados: enterrados e semi-enterrados: aqueles cujos fundos estão em contato com o

terreno.

Os reservatórios são sempre um ponto fraco no sistema de distribuição de água.

Para evitar sua contaminação, é necessário que sejam protegidos com estrutura adequada,

tubo de ventilação, impermeabilização, abertura, sistema de drenagem, abertura para

limpeza, registro de descarga, ladrão e indicador de nível.

f) Rede de distribuição

É o conjunto de tubulações, conexões, registros e peças especiais, destinados a

distribuir a água de forma continua, a todos os usuários do sistema.

g) Estações elevatórias

São instalações destinadas a transportar e elevar a água. Podem apresentar em sua

forma, dependendo de seu objetivo e importância, variações as mais diversas. Principais

usos:

• Captar a água de mananciais de superfície ou poços rasos e profundos;

• Aumentar a pressão nas redes, levando a água a pontos mais distantes ou mais elevados;

• Aumentar a vazão de adução.

h) Ligações domiciliares

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A ligação da rede pública de distribuição com a instalação domiciliar de água é feita

através de um ramal predial com as seguintes características:

• Colar de tomada ou peça de derivação: faz a conexão da rede de distribuição com o

ramal domiciliar;

• Ramal predial: tubulação compreendida entre o colar de tomada e o cavalete. Exceto

casos especiais o ramal tem diâmetro de 20 mm;

• Cavalete: conjunto de tubos, conexões e registro do ramal predial para a instalação do

hidrômetro ou limitador de consumo, que devem ficar acima do piso.

2.5 TRATAMENTO DA ÁGUA

O tratamento de água consiste em melhorar suas características organolépticas,

físicas, químicas e bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao consumo humano

(BRASIL. 2006).

As águas de superfície são as que mais necessitam de tratamento, porque se

apresentam com qualidades físicas e bacteriológicas impróprias, com exceção das águas de

nascentes que, com uma simples proteção das cabeceiras e cloração, podem ser, muitas

vezes consumidas sem perigo (BRASIL. 2006).

As águas de grandes rios, embora não satisfazendo pelo seu aspecto, podem ser

relativamente satisfatórias, sob os pontos de vista químico e bacteriológico, quando

captadas ou colhidas em locais do rio menos sujeitos à contaminação (BRASIL. 2006).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) pela Resolução nº 20, de 16

de julho de 1986, classificou as águas doces salobras e salinas do Território Nacional,

segundo seus usos preponderantes. Portanto, a definição da necessidade ou do método de

tratamento a ser implantado deve obedecer à classificação das águas estabelecidas pela

supracitada Resolução (BRASIL. 2006).

De modo geral, a qualidade das águas de superfície varia ao longo do tempo, de

acordo com a época do ano e o regime das chuvas. A variação da qualidade da água dos

grandes rios é mais lenta que a dos pequenos rios, cuja turbidez, por exemplo, pode variar

entre largos limites e em curto espaço de tempo. Mesmo a qualidade da água de lagos

artificiais ou de lagos naturais varia com o decorrer do tempo (BRASIL. 2006).

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Nem toda água pode ser utilizada, por que cada método de tratamento tem eficiência

limitada. Sendo a poluição muito alta, a água tratada poderá não ser ainda satisfatória.

Assim, por exemplo, não é possível, nem prático, tratar água de esgotos por métodos

convencionais, a pontes de torná-la potável (BRASIL. 2006).

2.5.1 Esquema de Tratamento da Água, segundo o site uniágua.

Breve Descrição das Etapas do Tratamento (BRASIL.2006)

Pré-cloração:

Adição de cloro assim que a água chega à estação para facilitar a retirada de matéria

orgânica e metais;

Pré-alcalinização:

Adição de cal ou soda à água para ajustar o ph aos valores exigidos para as fases seguintes

do tratamento.

Coagulação:

Adição de sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro coagulante, seguido de uma agitação

violenta da água para provocar a desestabilização elétrica das partículas de sujeira,

facilitando sua agregação.

Floculação:

Mistura lenta da água para provocar a formação de flocos com as partículas

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Decantação:

Passagem da água por grandes tanques para decantar os flocos de sujeira formados na

floculação

Filtração:

Passagem da água por tanques que contêm leito de pedras, areia e carvão antracito para

reter a sujeira que restou da fase de decantação.

Pós-alcalinização:

Correção final do ph da água para evitar problemas de corrosão ou incrustação das

tubulações

Desinfecção:

Adição de cloro à água antes de sua saída da Estação de Tratamento para manter um teor

residual, até a chegada na casa do consumidor, e garantir que a água fornecida fique isenta

de bactérias e vírus.

Fluoretação:

Adição de flúor à água para a prevenção de cáries.

Função dos Produtos Químicos Utilizados no Processo de Tratamento

Sulfato de alumínio:

Substância que agrega as partículas de sujeira que estão na água.

Cal:

Produto que corrige o pH da água.

Cloro:

Substância que mata as bactérias e microorganismos presentes na água.

Flúor:

Substância que auxilia na redução das cáries dentárias.

2.5.2 Métodos de tratamentos segundo FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006,

a) Fervura

O método mais seguro de tratamento para a água de beber, em áreas desprovidas de

outros recursos, é a fervura. Ferver a água para beber é um hábito que se deve infundir na

população para ser adotado quando sua qualidade não merece confiança e em épocas de

surtos epidêmicos ou de emergência.

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A água fervida perde o ar nela dissolvido e, em conseqüência, torna-se de sabor

desagradável. Para fazer desaparecer esse sabor, é necessário arejar a água.

b) Sedimentação simples

A água tem grande poder de dissolver e de carrear substâncias.

O poder de carrear substâncias aumenta com a velocidade da água em movimento.

Diminuindo-se a velocidade da água, diminui-se seu poder de carrear substâncias, pois

estas se depositam no fundo. Primeiro, decantam-se as partículas mais pesadas e, à medida

que diminui a velocidade, as mais leves também se decantam. As partículas sólidas que se

depositam arrastam consigo microrganismos presentes na água, melhorando sua qualidade.

Obtém-se a sedimentação, fazendo passar ou retendo a água em reservatórios, onde sua

velocidade diminui.

c) Filtração lenta

É um método de tratamento da água, adotado principalmente para comunidades de

pequeno porte, cujas águas dos mananciais apresentam baixos teores de turbidez e cor. O

processo consiste em fazer a água passar através de um meio granular com a finalidade de

remove impurezas físicas, químicas e biológicas.

d) Aeração

A água retirada de poços, fontes ou regiões profundas de grandes represas, pode ter

ferro e outros elementos dissolvidos, ou ainda ter perdido o oxigênio em contato com as

camadas que atravessou e, em conseqüência, seu gosto é desagradável. Torna-se necessário,

portanto, arejá-la para que melhore sua qualidade.

A aeração também é usada para a melhoria da qualidade biológica da água e como

parte de tratamentos mais completos.

e) Correção da dureza

A dureza da água é em virtude da presença de sais de cálcio e magnésio sob forma

de carbonatos, bicarbonatos e sulfatos.

A dureza é dita temporária, quando desaparece com o calor, e permanente quando

não desaparece com o calor

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Normalmente, reconhece-se que uma água é mais dura ou menos dura, pela maior

ou menor facilidade que se tem de obter, com ela espuma de sabão.

A água dura tem uma série de inconvenientes:

� É desagradável ao paladar;

� Gasta muito sabão para formar espuma;

� Dá lugar a depósitos perigosos nas caldeiras e aquecedores;

� Deposita sais em equipamentos;

� Mancha louças.

Para a remoção de dureza da água, usam-se os processos da cal-solda, dos zeólitos e

mais recentemente a osmose inversa. Os zeólitos têm a propriedade de trocar o sódio, que

entra na sua composição, pelo cálcio ou magnésio dos sais presentes na água, acabando,

assim com a dureza da mesma. Com a continuação do tratamento, os zeólitos esgotam sua

capacidade de remoção de dureza.

f) Remoção de ferro

A água que passa por camadas ferruginosas, na falta de oxigênio suficiente, dissolve

sais de ferro sob forma de sais ferrosos. Quando por exemplo, retirada de um poço, essa

água apresenta o incoveniente de manchar roupa e pias e de corroer as tubulações.

O processo utilizado para a remoção do ferro depende da forma como as impurezas

de ferro se apresentam

Para águas limpas que prescindem de tratamento químico, como as águas de poços,

galerias de infiltração, contendo bicarbonato ferroso dissolvido (na ausência de oxigênio),

utiliza-se simples aeração.

Se o ferro estiver presente junto com a matéria orgânica, as águas, em geral, não

dispensarão o tratamento completo com aeração inicial (aeração, coagulação, floculação,

decantação e filtração).

g) Correção da acidez excessiva

É obtida pelo aumento do pH, com a adição de cal ou carbonatos.

Na prática rural, consegue-se a remoção fazendo-se a água passar por um leito de

pedra calcária.

h) Remoção de odor e sabor desagradáveis

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Depende da natureza das substâncias que os provocam, como métodos gerais, usam-

se:

� Carvão ativado;

� Filtração lenta;

� Tratamento completo.

i) Desinfecção

Desinfectar uma água significa eliminar os microrganismos patogênicos presentes

na mesma.

Tecnicamente, aplica-se a simples desinfecção como meio de tratamento para águas

que apresentam boas características físicas e químicas, a fim de garantir seu aspecto

bacteriológico. É o caso das águas de vertentes ou nascentes , águas de fontes ou de poços

protegidos. A água para o consumo humano proveniente de poço , cacimba, fonte, carro-

pipa, riacho, açude, etc., deverá ser clorada para armazenamento (reservatório, tanque, pote,

filtro, jarra, etc) utilizando-se hipoclorito de sódio a 2,5% nas seguintes dosagens:

Quadro 1 – desinfecção da água

Volume de água Dosagem Medida Prática Tempo de Contato

1.000 Litros 100 ml 2 copinhos de café

(descartáveis)

30 minutos

200 Litros 15 ml 1 colher de sopa 30 minutos

20 Litros 2 ml 1 colher de chá 30 minutos

1 Litro 0,08 ml 2 gotas 30 minutos

BRASIL, 2006.

A desinfecção é também aplicada à água após seu tratamento para eliminar

microrganismos patogênicos porventura presentes.

Métodos químicos de desinfecção:

� Ozona: é um desinfetante poderoso. Não deixa cheiro na água, mas origina um sabor

especial ainda que não desagradável. Apresenta o inconveniente de uma operação

difícil, e, o que é mais importante, não tem ação residutal;

� Iodo: desinfecta bem a água após um tempo de contato de meia hora. É, entretanto,

muito mais caro para ser empregado em sistemas públicos de abastecimento de água;

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� Prata: é bastante eficiente; sob forma coloidal ou iônica não deixa sabor nem cheiro na

água e tem uma ação residual satisfatória. Porém, para águas que contenham certos

tipos de substâncias, tais como cloretos, sua eficiência diminui consideravelmente;

� Cloro: constitui o mais importante entre todos os elementos utilizados na desinfecção

da água.

Além desta aplicação, é ele também usado no tratamento de águas para:

• Eliminar odores e sabores;

• Diminuir a intensidade da cor;

• Auxiliar no combate à proliferação de algas;

• Colaborar na eliminação de matérias orgânicas;

• Auxiliar a coagulação de matérias orgânicas.

O cloro é o desinfetante mais empregado e é considerado bom, porque:

• Realmente age sobre os microrganismos patogênicos presentes na água;

• Não é nocivo ao homem na dosagem requerida para desinfecção;

• É econômico;

• Não altera outras qualidades da água, depois de aplicado;

• É de aplicação relativamente fácil;

• Deixa um residual ativo na água, isto é, sua ação continua depois de aplicado;

• É tolerado pela grande maioria da população.

O cloro é aplicado na água por meio de dosadores, que são aparelhos que regulam a

quantidade do produto a ser ministrado, dando-lhe vazão constante.

Pode ser aplicado sob a forma gasossa. Nesse caso, usam-se dosadores de diversos

tipos. O acondicionamento do cloro gasoso é feito em cilindros de aço, com várias

capacidades de armazenamento.

Pode ainda ser aplicado sob a forma líquida, proveniente de diversos produtos que

libertam cloro quando dissolvidos na água. Os aparelhos usados nesse caso são os

hipocloradores e as bombas dosadores.

2.6 ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, os dejetos podem ser

veículos de germes patogênicos de várias doenças, entre as quais febre tifóide e paratifóide,

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diarréias infecciosas, amebíase, ancilostomíase, esquistossomose, teníase, ascaridíase, etc.

Por isso, torna-se indispensável afastar as possibilidades de seu contato com:

• Homem;

• Águas de abastecimento;

• Vetores (moscas, baratas);

• Alimentos.

Observa-se que, em virtude da falta de medidas práticas de saneamento e de

educação sanitária, grande parte da população tende a lançar os dejetos diretamente sobre o

solo, criando, desse modo, situações favoráveis a transmissão de doenças. A solução

recomendada é a construção de privadas com veiculação hídrica, ligadas a um sistema

público de esgotos, com adequado destino final. Essa solução é, contudo, impraticável no

meio rural e às vezes difícil, por razões principalmente econômicas, em muitas

comunidades urbanas e suburbanas. Nesses casos são indicadas soluções individuais para

cada domicílio (BRASIL. 2006).

2.6.1 Importância Sanitária

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, sob o aspecto sanitário, o

destino adequado dos dejetos humanos visa, fundamentalmente, ao controle e à prevenção

de doenças a eles relacionadas.

As soluções a serem adotadas terão os seguintes objetivos:

• Evitar a poluição do solo e dos mananciais de abastecimento de água;

• Evitar o contato de vetores com as fezes;

• Propiciar a promoção de novos hábitos higiênicos na população;

• Promover o conforto e atender ao senso estético.

2.6.2 Importância Econômica

Segundo, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. 2006, a ocorrência de doenças,

principalmente as doenças infecciosas e parasitárias ocasionadas pela falta de condições

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adequadas de destino dos dejetos, podem levar o homem a inatividade ou reduzir sua

potencialidade para o trabalho.

Assim sendo, são considerados os seguintes aspectos:

• Aumento da vida média do homem, pela redução da mortalidade em conseqüência da

redução dos casos de doenças;

• Diminuição das despesas com o tratamento da água de abastecimento, pela prevenção

da poluição dos mananciais;

• Controle da poluição das praias e dos locais de recreação com o objetivo de promover o

turismo;

• Preservação da fauna aquática, especialmente os criadouros de peixes.

2.6.3 Doenças Relacionadas com os Esgotos

É grande o número de doenças cujo controle está relacionado com o destino

inadequado dos dejetos humano. Citaremos entre as principais: ancilostomíase, ascaridíase,

amebíase, cólera, diarréia infecciosa, disenteria bacilar, esquistossomose, estrongiloidíase,

febre tifóide, febre paratifóide, salmonelose, teníase e cisticercose (BRASIL. 2006).

2.6.3.1 Modos de Transmissão (BRASIL. 2006)

a) pelo contato direto da pele com o solo contaminado por larvas de helmintos,

provenientes de fezes de portadores de parasitoses: as fezes do homem doente, portador de

ancilostomíase e estrongiloidíase contém ovos dos parasitas que, uma vez no solo, eclodem,

libertando as larvas; estas aguardam a oportunidade de penetrar na pele de outra pessoa,

vindo localizar-se no seu intestino depois de longo trajeto por vários órgãos;

b) pelo contato direto da pele com coleções de água contaminada por cercarias;

c) pela ingestão de alimentos e água contaminada diretamente pelos dejetos: é o modo de

transmissão da ascaridíase, da amebíase, das febres tifóide e paratifóide e de outras

doenças;

d) pela ingestão de alimentos contaminados por vetores: entre as doenças veiculadas pelos

vetores, citam-se: diarréias infecciosas, febre tifóide e paratifóide;

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e) pela ingestão de alimentos diretamente contaminados pela mão de homem, por falta de

higiene pessoal: é o principal modo de transmissão das diarréias infecciosas que são as

grandes responsáveis pela alta mortalidade infantil;

f) pela ingestão de carnes suína e bovinas contaminadas com cisticercos viáveis: a Taenia

solium (do porco) e a Taenia saginata (do boi) enquista-se nos tecidos dos mesmos, sob a

forma de larvas (cisticercose). Uma vez ingerida pelo homem a carne crua ou mal cozida,

contaminada com cisticercos, este adquire a teníase. A T. solium ou a T. saginata fixa-se

pelo escólex à mucosa do terço médio do intestino delgado, dispondo o restante do corpo ao

longo da luz intestinal. Desenvolvendo o verme adulto, expulsando diariamente de quatro a

oito proglotes (anéis) contendo em média 50 a 80 mil ovos, em cada proglotes.

A cisticercose humana se dá pela ingestão de ovos de T. solium presentes em mãos,

água e alimentos contaminados da mesma forma que a suína, havendo no entanto, uma

predileção pelo sistema nervoso central (BRASIL. 2006).

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Quadro 2 – Riscos relacionados por contaminação de fezes

Doenças Agente patogênico Transmissão Medidas Bactéria Febre tifóide e paratifóide Cólera Diarréia aguda

Salmonella typhi e paratyphi

Vibrio cholerae O1 e O139 Shigella sp, Escherichia coli,

Campulobacter e Yersinia

enterocolitica

Fecal-oral em relação à água

Abastecimento de água (implantação e/ou ampliação de sistema)

Vírus Hepatite A e E Poliomielite Diarréia aguda

Vírus da hepatite A Vírus da poliomielite Vírus Nonwalk, Rotavírus, Astrovírus, Adenovírus, Calicivírus

Imunização Qualidade da água/desinfecção

Protozoários Diarréia aguda Toxoplasmose

Emtamoeba histolytica,

Giárdia lamblia,

cryptosporidium spp.,

Balantidium coli

Toxoplasma gondi

Instalações sanitárias (implantação e manutenção)

Helmintos Ascaridíase Tricuríase Ancilostomíase

Ascaris lumbricoides

Trichuris trichiura

Ancylostoma duodenale

Fecal-oral em relação ao solo (geohelintos)

Esgotamento sanitário (implantação e/ou ampliação de sistema)

Esquistossomose Schistosoma mansoni Contato da pele com água contaminada

Teníase Taenia solium

Taenia saginata Ingestão de carne mal cozida

Cisticercose Taenia solium

Fecal-oral, em relação à água e alimentos contaminados

Higiene dos alimentos

BRASIL, 2006.

2.7 ÁGUA NA TRANSMISSÃO DE DOENÇAS

Constitui um problema antigo para o homem, o estabelecimento de critérios para a

determinação da potabilidade das águas. Somente no século passado se iniciaram estudos

mais aprofundados no sentido de relacionar, produção de doenças, com a presença de certos

microrganismos na água de bebida. Ambroise Paré, famoso cirurgião francês, do século

XVI, alegava que a causa das doenças transmitidas pelas águas estagnadas era proveniente

de “animais venenosos”, tais como cobras, sapos, vermes e outros. Leenwenhoek, após

várias observações, constatou que na água há presença de seres vivos microscópicos, e

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associou a idéia de produção de doença com a existência desses diminutos organismos e

isso foi feito também por vários autores a partir de Pasteur e Koch. John Snow, em 1885,

demonstrou que a transmissão da cólera se faz através da água, apontando como causa de

uma epidemia havida em Londres que causou a morte de 521 pessoas, estes utilizavam

água de um poço que era contaminado com o esgoto (ETF, 1993).

Segundo, AMARAL, et al, a água de consumo humano é um dos importantes

veículos de enfermidades diarréicas de natureza infecciosa, o que torna primordial a

avaliação de sua qualidade microbiológica. As doenças de veiculação hídrica são causadas

principalmente por microrganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana,

transmitidos basicamente pela rota fecal-oral, ou seja, são excretados nas fezes de

indivíduos infectados e ingeridos na forma de água ou alimento contaminado por água

poluída com fezes.

No meio rural e mesmo nas áreas onde o Sistema Público de Abastecimento não

atua, a população se abastece através de poços rasos (cacimbas) e fontes de água. Esses são,

na maioria das vezes contaminados, e provocam inúmeras doenças (doenças de veiculação

hídrica) que são transmitidas pela água, como por exemplo: diarréia, gastroenterite, cólera,

hepatite infecciosa, tifo, esquistossomose, verminoses, infecção dos olhos, ouvido, nariz,

garganta, entre outros (COLETTO, 1989).

Segundo ETF, 1993, a água é um importante veículo de transmissão de doenças,

notadamente do aparelho intestinal. Os microrganismos patogênicos responsáveis por essas

doenças atingem a água com as excretas da pessoa ou animais infectados. Em geral, os

microrganismos normalmente presentes na água podem:

• Ter sido carregados pelas águas de enxurrada;

• Ter seu habitat normal nas águas de superfície;

• Provir de esgotos domésticos e outros resíduos orgânicos, que atingem as águas por

diversos meios;

• Ter sido trazidos pelas chuvas na lavagem da atmosfera.

Há outras doenças decorrentes de certas substâncias, denominadas contaminantes

tóxicos pelo Professor Lucas Nogueira Garcez, contidas na água em teor inadequado e que

dão origem a doenças como: fluorose, metemoglobinemia, bócio e saturnismo; a água,

neste caso, atua também como veículo transportando essas substâncias. Os contaminantes

de origem mineral incluem o flúor, o selênio, o arsênico e o boro (ETF, 1993).

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Segundo, CUNHA E FERREIRA. 2006, a matéria orgânica presente no esgoto é a

causa de um dos principais problemas de poluição das águas, favorecendo a transmissão de

doenças de veiculação hídrica, afetando a saúde da população. Em grande quantidade pode

causar o aumento do número de microrganismos e, conseqüentemente, o consumo

excessivo do oxigênio dissolvido (OD) nos processos metabólicos de utilização e

estabilização da matéria orgânica. Sendo assim, o oxigênio passa a ser um dos principais

parâmetros de caracterização dos efeitos da poluição das águas por despejos orgânicos e um

dos principais indicadores da qualidade da água, indispensável para a manutenção dos

organismos aeróbios 1 e para o equilíbrio ambiental como um todo. Em condições normais,

as águas constituem ambientes bastante pobres em oxigênio devido à baixa solubilidade. A

presença de certos poluentes, principalmente de origem orgânica, provoca a diminuição da

concentração de OD, podendo levar ao desaparecimento e, conseqüentemente, à extinção

dos organismos aquáticos aeróbios, já que a decomposição da matéria orgânica, pelas

bactérias aeróbias, é feita a partir do consumo do OD. Isso indiretamente afeta a

sustentabilidade do habitat, fonte de alimento e estruturação trófica, considerando que a

maior parte dos organismos é substituída por alguns organismos especializados, tolerantes a

baixas condições de oxigênio.

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Quadro 3 – Doenças relacionadas com o abastecimento de água

Transmissão Doença Agente Patogênico Medida Pela água Cólera

Febre tifóide Giardíase Amebíase Hepatite infecciosa Diarréia aguda

Vibrio cholerae O1 e O139; Salmonella typhi;

Giárdia lamblia;

Entamoeba histolytica;

Hepatite vírus A e E;

Balantidium coli,

Cryptosporidium, Baccillus cereus,

S. Aureus, Campylobacter, E. coli enterotoxigênica e enteropatogênica, enterohemolítica, Shigella,

Yersínia enterocolítica, Astrovírus,

Calicivirus, Norwalk, Rotavírus A e B;

- Implantar sistema de abastecimento e tratamento da água, com fornecimento em quantidade para consumo humano, uso doméstico e coletivo. – Proteger de contaminação os mananciais e fontes de água;

Pela falta de limpeza, higienização com a água

Escabiose Pediculose (piolho) Tracoma Conjuntivite bacteriana aguda Salmonelose Tricuríase Enterobíase Ancilostomíase Ascaridíase

Sarcoptes scabiei;

Pediculus humanus;

Haemophilus aegyptis;

Salmonella typhimurium, S.

Enteritides;

Trichuris trichiura;

Enterobius vermiculares;

Ancylostoma duodenale;

Ascaris lumbricoides;

- Implantar sistema adequado de esgotamento sanitário; - instalar abastecimento de água preferencialmente com encanamento no domicílio; - instalar melhorias sanitárias domiciliares e coletivas; Instalar reservatório de água adequado com limpeza sistemática (a cada seis meses);

Por vetores que se relacionam com a água

Malária Dengue Febre amarela Filariose

Plasmodium vivax, P. Malarie e P.

Falciparum;

Grupo B dos arbovírus; RNA vírus; Wuchereria bancrofti;

- eliminar o aparecimento de criadouros de vetores com inspeção sistemática e medidas de controle (drenagem, aterro e outros); - dar destinação final adequada aos resíduos sólidos;

Associada à água Esquistossomose Leptospirose

Schistosoma mansoni;

Leptospira interrogans; - controlar vetores e hospedeiros intermediários.

Fonte: BRASIL. 2006

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2.7.1 Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA’s)

Segundo, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2005, as doenças transmitidas por alimentos

(DTA) são conhecidas desde épocas muito remotas. No ano 2000 AC., Moisés determinou

algumas leis sobre os alimentos que se podia comer e os que se deveria rejeitar, bem como

os métodos de preparação e a importância da limpeza das mãos antes de ingerir os

alimentos. Geralmente, os relatos da história antiga são atribuídos a intoxicações

alimentares por produtos químicos ou venenosos, às vezes incorporados deliberadamente.

Somente no século XIX, teve-se conhecimento de doenças alimentares produzidas por

germens.

Antigamente, relacionavam-se os alimentos contaminados com o seu estado de

putrefação. Hoje, sabe-se que os alimentos contaminados com microorganismos

patogênicos podem ter aspecto, odor e sabor normais (BRASIL, 2005).

DTA é um termo genérico, aplicado a uma síndrome, geralmente, constituída de

anorexia, náuseas, vômitos e/ou diarréia. As DTA são atribuídas à ingestão de alimentos ou

água contaminados por bactérias, vírus, parasitas, toxinas, prions, agrotóxicos, produtos

químicos e metais pesados (BRASIL, 2005).

Além dos sintomas digestivos, podem ocorrer afecções extra-intestinais em

diferentes órgãos e sistemas, como: meninges; rins; fígado; sistema nervoso central;

terminações nervosas periféricas; e outros, de acordo com o agente etiológico envolvido. O

quadro clínico das DTA depende, portanto, do agente etiológico envolvido e varia desde

leve desconforto intestinal até quadros extremamente sérios, com desidratação grave,

diarréia sanguinolenta, insuficiência renal aguda (síndrome hemolítica urêmica) e

insuficiência respiratória (botulismo). A alergia, por hipersensibilidade individual, a certos

alimentos não é considerada uma DTA (BRASIL, 2005).

Mais de 250 diferentes tipos de DTA têm sido descritos e as doenças mais

conhecidas são: cólera; febre tifóide; botulismo; salmonelose; estafilococose e colibacilose.

Algumas são consideradas DTA emergentes, como: síndrome hemolítica urêmica (SHU);

síndrome de Creutzfeld-Jacob e campilobacteriose (BRASIL, 2005).

A suscetibilidade para adquirir DTA é geral, mas crianças, idosos e imuno-

deprimidos têm suscetibilidade aumentada. As DTA, geralmente, não conferem imunidade

duradoura. O período de incubação varia conforme o agente etiológico, e pode durar de

frações de hora a meses (BRASIL, 2005).

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Segundo, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2005 existem vários mecanismos patogênicos

envolvidos com a determinação das DTA, que podem se manifestar por meio de:

• Infecções transmitidas por alimentos: são doenças em o indivíduo ingere alimentos que

contêm microorganismos patogênicos vivos. Exemplos: cólera, hepatite.

• Intoxicações causadas por alimentos: ocorrem quando as toxinas ou “venenos” das

bactérias ou fungos estão presentes no alimento ingerido. Essas toxinas, na maioria das

vezes, não possuem cheiro ou sabor e são capazes de causar doenças depois que o

microorganismo é eliminado. Algumas toxinas podem estar presentes, de maneira

natural, no alimento, como no caso de alguns fungos ou peixes. Exemplos: botulismo e

toxina do Staphylococcus aureus.

• Toxinfecção causada por alimentos: é uma doença que resulta da ingestão de alimentos

com certa quantidade de microorganismos causadores de doenças, os quais são capazes

de produzir ou liberar toxinas após serem ingeridos. Exemplos: cólera, síndrome

hemolítica urêmica.

Na cadeia de transmissão das DTA’s, os alimentos são considerados veículos dos

agentes infecciosos e tóxicos. Eles podem ser contaminados durante todas as etapas da

cadeia alimentar por perigos biológicos ou agentes etiológicos (Ex.: bactérias, vírus e

parasitas), perigos químicos (Ex.: agrotóxicos, desinfetantes, etc) e por perigos físicos (Ex.:

prego, pedaços de madeira, vidro, etc). Entre as principais formas de contaminação,

destacam-se a manipulação e a conservação inadequadas dos alimentos. Os manipuladores

representam, por conseguinte, um importante elo na cadeia epidemiológica das DTA’s

(BRASIL, 2005).

As doenças transmitidas por alimentos podem dar origem a surtos. Segundo a

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), surto de DTA é o episódio em que duas ou

mais pessoas apresentam doença semelhante após ingerirem alimentos, inclusive água, da

mesma origem e onde a evidência epidemiológica ou análise laboratorial apontam os

alimentos e/ou água como veículos da doença (BRASIL, 2005).

As doenças transmitidas por alimentos (DTAs) são causadas por agentes, os quais

penetram no organismo humano através da ingestão de água ou alimentos contaminados.

Estes agentes podem ser químicos, como pesticidas e metais tóxicos ou biológicos, como

microrganismos patogênicos. Doenças causadas pela ingestão de plantas tóxicas e

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micotoxinas são também consideradas DTAs. Alimentos contaminados por agentes

biológicos são, entretanto, a maior causa das enfermidades (NOTERMANS;

VERDEGAAL, 1992). Os alimentos contaminados aparentemente são normais, apresentam

odor e sabor normais e, como o consumidor não está devidamente esclarecido ou

consciente dos perigos envolvidos, não consegue identificar qual alimento poderia estar

contaminado em suas últimas refeições. Sendo assim, torna–se difícil rastrear os alimentos

responsáveis pelas toxinfecções ocorridas (FORSYTHE, 2000).

Na descrição de um surto de DTA, alguns fatores devem ser considerados: a

situação; o número de pessoas afetadas; o índice de ataque por idade, sexo e raça; o número

de pessoas que não foram atingidas, o agente e o período de incubação; a natureza clínica da

doença; o veículo alimentar e o modo de transmissão para os alimentos e para as vítimas

(HOBBS; ROBERTS, 1999). Muitos casos de enfermidades transmitidas por alimentos não

são notificados, pois seus sintomas são geralmente parecidos com gripes ou discretas

diarréias e vômitos. Dentre os sinais e sintomas mais comuns têm–se dor de estômago,

náusea, vômitos, diarréia e febre por período prolongado (FORSYTHE, 2000).

O número de casos notificados pode ser definido como a ponta de um iceberg,

comparando–se com o número real de casos (FORSYTHE, 2000).

2.7.2. Os Coliformes

Como a água pode servir como veículo para a transmissão de uma série de

enfermidades infecciosas graves, sua qualidade bacteriológica tem uma importância

fundamental e deve-se dar preponderância as bactérias indicadoras, como as bactérias

coliformes e bactérias coliformes fecais. No entanto como não se conta com os resultados

bacteriológicos em menos de 24 horas (e nesse período a comunidade pode estar em

perigo), também é necessário efetuar com freqüência a medição do cloro residual e dizer,

quando se mantém uma concentração de cloro em todo o sistema.

Segundo Batalha e Parlatore (1998), o grupo coliforme são todas as bactérias

aeróbias ou anaeróbias facultativas, gram negativas, não esporuladas e na forma de

bastonetes as quais fermentam a lactose com formação de gás dentro de 48 h a 35o C.

O grupo coliforme inclui organismos que diferem nas características bioquímicas ou

sorológicas e no seu habitat. Podem ser classificadas em dois gêneros: Escherichia e

Aerobacter. Mais freqüentemente refere-se às espécies Escherichia coli, E. freundi, E.

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intermedium, Aerobacter aerogenes e A. clocae. Todos estes subgrupos embora tenham

habitats diferentes, podem ser encontrados nos esgotos e águas poluídas. Os Escherichia

coli são denominados “coli-fecais” e os subgrupos A. aerogenes e A. clocae, como “não-

fecais”. É amplamente conhecido que as fezes dos homens e animais de sangue quente são

ricas em coliformes e que estas bactérias existem em águas não poluídas em número

reduzido. Uma das vantagens do coliforme como índice de poluição fecal da água é o fato

bem conhecido do seu número, na água, estar correlacionado, no tempo, com o decréscimo

das bactérias patogênicas intestinais. Por outro lado, o seu representante mais importante e

freqüente, a Escherichia coli, é unicamente fecal. O coeficiente de mortalidade de E. coli é,

pois, igual aos das bactérias patogênicas intestinais. Os outros membros do grupo

coliforme, como o Aerobacter aerogenes, têm resistência um pouco maior. Esta

característica dos coliformes é importante, pois não seriam bons indicadores de poluição

fecal se morressem mais rapidamente do que o agente patogênico. Contrariamente, se

demorassem a morrer, mesmo uma água que não provocasse danos à saúde poderia ser

considerada perigosa. Na água de consumo humano, a presença de um número significativo

de alguns dos membros do grupo coliforme indica que o tratamento foi inadequado ou a

existência de excesso de material indesejável no sistema de distribuição ou de

armazenamento (BATALHA, et al, 1998).

2.8 LEGISLAÇÃO

Segundo o CONAMA. 1986, águas doces são classificadas em,

1 - Classe Especial - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção.

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

ll - Classe 1 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);

d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes

ao Solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película.

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e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas á alimentação

humana.

lll - Classe 2 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);

d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;

e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação

humana.

lV - Classe 3 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;

b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) à dessedentação de animais.

Tendo como padrões os seguintes:

Art. 3º - Para as águas de Classe Especial, são estabelecidos os limites e/ou condições

seguintes:

COLIFORMES: para o uso de abastecimento sem prévia desinfecção os coliformes totais

deverão estar ausentes em qualquer amostra.

Art. 4º - Para as águas de classe 1, são estabelecidos os limites e/ou condições seguintes:

a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

c) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;

e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

f) coliformes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecido o Art. 26

desta Resolução. As águas utilizadas para a irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas que

se desenvolvam rentes ao Solo e que são consumidas cruas, sem remoção de casca ou

película, não devem ser poluídas por excrementos humanos, ressaltando-se a necessidade

de inspeções sanitárias periódicas. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite

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de 200 coliformes fecais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras

mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver na região meios disponíveis para

o exame de coliformes fecais, o índice limite será de 1.000 coliformes totais por 100

mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês.

g) DBO5 dias a 20°C até 3 mg/l O2;

h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/lO2;

i) Turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);

j) cor: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/l

l) pH: 6,0 a 9,0;

m) substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos):

Alumínio: 0,1 mg/l Al Amônia não ionizável: 0,02 mg/l NH3. Arsênio: 0,05 mg/l As Bário: 1,0 mg/l Ba. Berílio: 0,1 mg/l Be Boro: 0,75 mg/l B Benzeno : 0,01 mg/l Benzo-a-pireno: 0,00001 mg/l Cádmio: 0,001 mg/l Cd Cianetos: 0,01 mg/l CN Chumbo: 0,03 mg/l Pb Cloretos: 250 mg/l CI Cloro Residual: 0,01 mg/l Cl Cobalto: 0,2 mg/l Co Cobre: 0,02 mg/l Cu Cromo Trivalente: 0,5 mg/l Cr Cromo Hexavalente: 0,05 mg/l Cr 1,1 dicloroeteno : 0,0003 mg/l 1,2 dicloroetano: 0,01 mg/l Estanho; 2,0 mg/l Sn Índice de Fenóis: 0,001 mg/l C6H5OH Ferro solúvel: 0,3 mg/l Fe Fluoretos: 1,4 mg/l F Fosfato total: 0,025 mg/l P Lítio: 2,5 mg/l Li Manganês: 0,1 mg/l Mn Mercúrio: 0,0002 mg/l Hg Níquel: 0,025 mg/l Ni Nitrato: 10 mg/l N Nitrito: 1,0 mg/l N Prata: 0,01mg/l Ag Pentaclorofenol: 0,01 mg/l Selênio: 0,01mg/l Se Sólidos dissolvidos totais: 500 mg/l Substâncias tenso-ativas quereagem com o azul de metileno :

0,5 mg/l LAS

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Sulfatos: 250 mg/l SO4 Sulfetos (como H2S não dissociado): 0,002 mg/l S Tetracloroeteno: 0,01 mg/l Tricloroeteno: 0,03 mg/l Tetracloreto de carbono: 0,003 mg/l 2, 4, 6 triclorofenol: 0,01 mg/l Urânio total: 0,02 mg/l U Vanádio: 0,1 mg/l V Zinco: 0,18 mg/l Zn Aldrin: 0,01 mg/l Clordano: 0,04 µg/l DDT; 0,002 µg/l Dieldrin: 0,005 µg/l Endrin: 0,004 µg/l Endossulfan: 0,056 µg/l Epôxido de Heptacloro: 0,01 µg/l Heptacloro: 0,01 µg/l Lindano (gama.BHC) 0,02 µg/l Metoxicloro: 0,03 µg/l Dodecacloro + Nonacloro: 0,001 µg/l Bifenilas Policloradas (PCB'S): 0,001 µg/l Toxafeno: 0,01 µg/l Demeton: 0,1 µg/l Gution: 0,005 µg/l Malation: 0,1 µg/l Paration: 0,04 µg/l Carbaril: 0,02 µg/l Compostos organofosforados e carbamatos totais: 10,0 µg/l em Paration 2,4 - D: 4,0 µg/l 2,4,5 - TP: 10,0 µg/l 2,4,5 - T: 2,0 µg/l

Art. 5º - Para as águas de Classe 2, são estabelecidos os mesmos limites ou condições da

Classe 1, à exceção dos seguintes:

a) não será permitida a presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por

processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;

b) Coliformes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecido o Art. 26

desta Resolução. Para os demais usos, não deverá ser excedido uma limite de 1.000

coliformes fecais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais

colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios disponíveis para o exame

de coliformes fecais, o índice limite será de até 5.000 coliformes totais por 100 mililitros

em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;

c) Cor: até 75 mg Pt/l

d) Turbidez: até 100 UNT;

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e) DBO5 dias a 20°C até 5 mg/l O2;

f) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/l O2.

Art. 6º - Para as águas de Classe 3 são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

c) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

d) não será permitida a presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por

processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;

e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

f) número de coliformes fecais até 4.000 por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos

5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios

disponíveis para o exame de coliformes fecais, índice limite será de até 20.000 coliformes

totais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em

qualquer mês;

g) DBO5 dias a 20°C até 10 mg/l O2;

h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/I O2

1) Turbidez: até 100 UNT;

j) Cor: até 75 mg Pt/l;

l) pH: 6,0 a 9,0

m) Substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos) :

Alumínio: 0,1 mg/l Al Arsênio: 0,05 mg/l As Bário: 1,0 mg/l Ba Berílio: 0,1 mg/l Be Boro: 0,75 mg/l B Benzeno: 0,01 mg/l Benzo-a-pireno: 0,00001 mg/l Cádmio: 0,01 mg/l Cd Cianetos: 0,2 mg/l CN Chumbo: 0,05 mg/l Pb Cloretos: 250 mg/l Cl Cobalto: 0,2 mg/l Co Cobre: 0,5 mg/l Cu Cromo Trivalente: 0,5 mg/l Cr Cromo Hexavalente: 0,05 mg/l Cr 1,1 dicloroeteno: 0,0003 mg/l 1.2 dicloroetano: 0,01 mg/l Estanho: 2,0 mg/l Sn Índice de Fenóis: 0,3 mg/l C6H5OH Ferro solúvel: 5,0 mg/l Fe

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Fluoretos: 1,4 mg/l F Fosfato total: 0,025 mg/l P Lítio: 2,5 mg/l Li Manganês: 0,5 mg/l Mn Mercúrio: 0,002 mg/l Hg Níquel: 0,025 mg/l Ni Nitrato: 10 mg/l N Nitrito: 1,0 mg/l N Nitrogênio amoniacal: 1,0 mg/l N Prata: 0,05 mg/l Ag Pentaclorofenol: 0,01 mg/l Selênio: 0,01mg/l Se Sólidos dissolvidos totais: 500 mg/l Substâncias tenso-ativas que reagem com o azul de metileno:

0,5 mg/l LAS

Sulfatos: 250 mg/l SO4 Sulfatos (como H2S não dissociado): 0,3 mg/l S Tetracloroetano: 0,01 mg/l Tricloroetano: 0,03 mg/l Tetracloreto de Carbono: 0,003 mg/l 2, 4, 6 triclorofenol: 0,01 mg/l Urânio total: 0,02 mg/l U Vanádio: 0,1 mg/l V Zinco: 5,0 mg/l Zn Aldrin: 0,03 µg/l Clordano: 0,3 µg/l DDT: 1,0 µg/l Dieldrin: 0,03 µg/l Endrin: 0,2 µg/l Endossulfan: 150 µg/l Epóxido de Heptacloro: 0,1 µg/l Heptacloro: 0,1 µg/l Lindano (gama-BHC): 3,0 µg/l Metoxicloro: 30,0 µg/l Dodecacloro + Nonacloro: 0,001 µg/l Bifenilas Policloradas (PCB'S): 0,001 µg/l Toxafeno: 5,0 µg/l Demeton: 14,0 µg/l Gution: 0,005 µg/l Malation: 100,0 µg/l Paration: 35,0 µg/l Carbaril: 70,0 µg/l Compostos organofosforados e carbamatos totais em Paration:

100,0 µg/l

2,4 - D: 20,0 µg/l 2,4,5 - TP: 10,0 µg/l 2,4,5 - T: 2,0 µg/l

Segundo, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2004, Art. 7º São deveres e obrigações das Secretarias Municipais de Saúde:

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I - exercer a vigilância da qualidade da água em sua área de competência, em articulação

com os responsáveis pelo controle de qualidade da água, de acordo com as diretrizes do

SUS;

II - sistematizar e interpretar os dados gerados pelo responsável pela operação do sistema

ou solução alternativa de abastecimento de água, assim como, pelos órgãos ambientais e

gestores de recursos hídricos, em relação às características da água nos mananciais, sob a

perspectiva da vulnerabilidade do abastecimento de água quanto aos riscos à saúde da

população;

III - estabelecer as referências laboratoriais municipais para dar suporte às ações de

vigilância da qualidade da água para consumo humano;

IV - efetuar, sistemática e permanentemente, avaliação de risco à saúde humana de cada

sistema de abastecimento ou solução alternativa, por meio de informações sobre:

a) a ocupação da bacia contribuinte ao manancial e o histórico das características de suas

águas;

b) as características físicas dos sistemas, práticas operacionais e de controle da qualidade da

água;

c) o histórico da qualidade da água produzida e distribuída; e

d) a associação entre agravos à saúde e situações de vulnerabilidade do sistema.

V - auditar o controle da qualidade da água produzida e distribuída e as práticas

operacionais adotadas;

VI - garantir à população informações sobre a qualidade da água e riscos à saúde

associados, nos termos do inciso VI do artigo 9 desta Norma;

VII - manter registros atualizados sobre as características da água distribuída,

sistematizados de forma compreensível à população e disponibilizados para pronto acesso e

consulta pública;

VIII - manter mecanismos para recebimento de queixas referentes às características da água

e para a adoção das providências pertinentes;

IX - informar ao responsável pelo fornecimento de água para consumo humano sobre

anomalias e não conformidades detectadas, exigindo as providências para as correções que

se fizerem necessárias;

X - aprovar o plano de amostragem apresentado pelos responsáveis pelo controle da

qualidade da água de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, que deve

respeitar os planos mínimos de amostragem expressos nas Tabelas 6, 7, 8 e 9;

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XI - implementar um plano próprio de amostragem de vigilância da qualidade da água,

consoante diretrizes específicas elaboradas pela SVS; e

XII - definir o responsável pelo controle da qualidade da água de solução alternativa.

2.9 A CIDADE DO RECIFE

A cidade do Recife surgiu em 1537 de uma aldeia de pescadores. Entrecortada pelos

rios Capibaribe, Tejipió e Beberibe, sendo conhecida como a “Veneza Brasileira”. Dividida

em 94 bairros e do ponto de vista administrativo, em seis Regiões Político-Administrativas,

ou Distritos Sanitários (DS), no caso da gestão de saúde. Possui características ambientais

diversificadas, como morros, planícies, estuários e praias onde há grandes desigualdades

sociais. Quanto à Região Metropolitana do Recife, (RMR), no tocante ao Saneamento

Básico, 12,7% dos domicílios urbanos não são servidos de abastecimento d’água com

canalização interna ligada à rede geral e 67,9% dos domicílios não possuem esgotamento

sanitário com rede coletora (CAMARÃO, et al, 2005).

Apresenta uma superfície territorial de 220 km2 e limita-se ao norte com as cidades

de Olinda e Paulista, ao sul com o município de Jaboatão dos Guararapes, a oeste com São

Lourenço da Mata e Camaragibe, e a leste com o Oceano Atlântico. Segundo os dados do

recenseamento de 2000, a Cidade do Recife contém uma população de 1.422.905

habitantes, correspondendo a 18% da população do Estado, e a 44% da Região

Metropolitana do Recife (RMR), o que lhe propicia uma densidade demográfica de 6.458

habitantes/km2.

O município do Recife reconhece a existência de 66 Zonas Especiais de Interesse

Social - ZEIS, disseminadas pelo espaço urbano. Frente à existência de perto de 490

favelas, representando 15% da área total do município e 25% da área ocupada, as ZEIS

agregam cerca de 80% delas. Revelam, então, o esforço governamental de encarar o

problema social.

A Lei n. 16.293 de 22.01.1997, publicada no Diário Oficial do Município do dia

04.02.1997, dispõe sobre a divisão do território municipal em 6 (seis) Regiões Político-

Administrativas, denominadas RPA 1, RPA 2, RPA 3, RPA 4, RPA 5 e RPA 6. As RPAs

foram definidas para efeito de formulação, execução e avaliação permanente das políticas e

do planejamento governamentais. Cada Região Político-Administrativa que equivale a um

Distrito Sanitário é dividida em três microrregiões “visando à definição das intervenções

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municipais em nível local e articulação com a população” e compostas por um ou mais dos

94 Bairros estabelecidos pelo Decreto Municipal 14.452, de 26 de outubro de 1988, para

levantamento de informações para o IBGE e para o Sistema de Informações e Planejamento

do Recife.

Divisão territorial:

94 bairros com 6 Regiões Político - Administrativas – RPA:

RPA 1 - Centro: 11 bairros RPA 4 - Oeste: 12 bairros

RPA 2 - Norte: 18 bairros RPA 5 - Sudoeste: 16 bairros

RPA 3 - Noroeste: 29 bairros RPA 6 - Sul: 8 bairros

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Figura 1: Mapa do município de Recife divido por Regiões Político-Administrativas Fonte:

PCR/SEPLAM/DIRBAM/DEIP

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2.10 RISCOS A SAÚDE RELACIONADOS À ÁGUA

O Programa de Saúde Ambiental (PSA) que tem como ator o Agente de Saúde

Ambiental (ASA) e tem no seu objetivo geral implantar/operacionalizar uma política

guiada pelos princípios e diretrizes do SUS da Universalidade, Eqüidade e Integralidade,

que envolva o planejamento, a execução e a avaliação de serviços e ações dirigidas ao meio

ambiente com o propósito de promover e proteger a saúde na população do Recife a partir

da identificação, eliminação e/ou redução das situações ou dos fatores de risco associados à

ocorrência de doenças e agravos. Teve como objetivo específico, em relação ao setor água,

o de reduzir a incidência de doenças de veiculação hídrica, especialmente a cólera. Sendo

assim o PSA, a partir de 2002, estabelecendo uma pergunta condutora da estratégia adotada

no processo de implementação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano

(VQACH), a saber: como pode identificar com maior precisão a origem dos riscos nos

Sistemas de Abastecimento D’água (SAA) e nos domicílios? (CAMARÃO, et al, 2005)

Uma das maneiras utilizadas para identificar com maior precisão a origem dos

riscos nos Sistemas de Abastecimento D’água (SAA) nos domicílios, fora entender onde e

como a água é produzida, e distribuída na cidade, levando em consideração os sistemas

produtores, as redes de abastecimento, a intermitência na distribuição da água e, a partir

desta compreensão, construíram subsistemas onde, ao detectar alguma contaminação,

corrigem o problema na sua origem. Verificaram como a água é armazenada nos domicílios

e a situação das instalações prediais de água e possíveis correções. Portanto, viram a

necessidade de fazer uma releitura do SAA da cidade e construíram novos dados para

embasar as várias etapas do processo de implantação da VQACH (CAMARÃO, et al,

2005).

Camarão et al, (2005) identificaram os SAA que distribuem água na cidade de

forma diferenciada dos apresentados pela concessionária, a Companhia Pernambucana de

Saneamento – COMPESA – (22 Sistemas) destacando os Sistemas Produtores, as zonas e

horários de abastecimento e suas áreas de abrangência, o que gerou subsistemas com suas

malhas hidráulicas fechadas, representando bairros, ruas ou localidades, determinaram, com

precisão, no caso de contaminação da água, a sua origem e as razões que levaram a

ocorrência do evento. Identificaram 164 subsistemas de abastecimento na cidade,

gerenciados por 11 Escritórios Locais de Operacionalização (ELO) da COMPESA;

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correlacionaram tais subsistemas com a área de abrangência dos ELO’s e a área de

jurisdição dos DS; construíram o Mapa de Riscos à Saúde Relacionados com a

Intermitência da Água na Cidade do Recife, no primeiro semestre de 2003 e identificaram

as áreas com a maior proporção de tempo sem abastecimento de água no ciclo médio de

72h, que variou de 42 a 94% (41,67-68,18%, 22 bairros; 68,18-72,22%, 24 bairros; 72,22-

75%, 25 bairros; 75-94,44%, 24 bairros) Figura 1. Nestas áreas, pela necessidade de se

armazenar água, haveria um maior risco de contaminação da mesma;

Figura 1: Mapa de Riscos à Saúde Relacionados com a Intermitência da Água,

2003.

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A partir do Mapa de Riscos à Saúde Relacionados com a Intermitência da Água e de

alguns indicadores de saúde correlacionados com a água, tais como freqüência de casos de

leptospirose e hepatite-A no triênio 2000-2002 e de cólera no triênio 1998-2000, além do

indicador sintético de condições de vida, obtido por Guimarães a partir de indicadores de

saneamento, educação e renda, construíram o Mapa de Risco das Doenças Relacionadas

com a Água, dividindo a cidade em quatro estratos: Muito Alto Risco (23,4%, 22 bairros),

Alto Risco (23,4%, 22 bairros) Médio Risco (25,5%, 24 bairros) e Baixo Risco (27,7%, 26

bairros) Figura 2, (CAMARÃO, et al, 2005);

Figura 2: Mapa de Riscos à Saúde Relacionados com a Água, 2003.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a oferta de água na cidade do Recife, Camarão et al, (2005),

observaram que a intermitência da água é um dos fatores que fazem com que a sua

qualidade seja afetada, pelo fato da população ter que armazenar água nos períodos em que

não tem abastecimento, em virtude de não ter conhecimento o suficiente para o

armazenamento e desinfecção da água.

A partir da análise do mapa de risco relacionado com a intermitência da água, e com

as freqüências de doenças como hepatite, leptospirose e cólera (que são relacionadas com a

qualidade da água), Camarão et al, 2005, verificaram que a maior parte da cidade encontra-

se em médio, alto e muito alto risco, enquanto que apenas 27,7% dos bairros encontra-se

com baixo risco a saúde.

Considera-se, desta forma, que o Sistema de Abastecimento Público de Água no

município de Recife, não é eficiente, necessitando de mais investimento na análise, oferta e

distribuição da mesma.

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FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2000. 424 p. HOBBS, B. C.; ROBERTS, D. Toxinfecções e controle higiênico–sanitário de alimentos. São Paulo: Varela, 1999. 376 p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Seção III – do nível municipal – Art. 4º. Portaria do Ministério da Saúde nº 518. Brasília. 2004. NOTERMANS, S.; VERDEGAAL, A. H. Existing and emergin foodborne diseases. International Journal of Food Microbiology, Amsterdam, v. 15, p. 197–205, 1992. ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Introducción. Guias para la calidad del agua potable. Washington. 133 p. 1985. PELCZAR, M., REID, R., CHAN, E.C.S. Infecções humanas transmitidas pelos alimentos e água, Microbiologia da água. Microbiologia. São Paulo. 1072 p. 1981. SAUNDER, J.R., WARFORD, J. J. A meta de melhores condições de saúde. Abastecimento de água em pequenas comunidades/ aspectos econômicos e políticos nos países desenvolvidos. ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, BNH – Banco Nacional de Habitação – Brasília, CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco. 252 p. 1983. PREFEITURA DO RECFIE. Regiões Político-administrativas do Recife: aspectos gerais. Disponível em: <

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APÊNDICE:

APÊNDICE A: dados populacionais do municipio de Recife

Densidade populacional: 64,78 (hab/ha)

Composição etária da população (2000): 0 a 14 anos: 26,16% 15 a 64 anos: 67,33% 64 anos e mais: 6,51%

Proporção de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água: 87,96%

Proporção de domicílios ligados à rede geral de esgotamento sanitário: 43,00%

Proporção de domicílios com coleta domiciliar de lixo: 96,22 %