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1 VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963 GRUPOS DE TRABALHO - Resumos Carolina Teles Lemos (Org.)

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

GRUPOS DE TRABALHO - Resumos

Carolina Teles Lemos (Org.)

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Dia 09/04 - Sala 108 (Área II - Bloco C)

GT1 - ESPETACULARIZAÇÃO E INTIMIDADES DAS RELIGIÕES AFRO-

BRASILEIRAS

Coordenadores (as)

Dra. Dilaine Soares Sampaio - PPGCR-UFPB ([email protected] )

Dra. Irene Dias de Oliveira - PUC-Goiás ([email protected] )

Dr. Clóvis Ecco - FAC-Unicamps/Goiânia/PUC Goiás ([email protected])

A RELIGIÃO DE IFÁ: RE-INVENÇÃO DA RELIGIOSIDADE AFRICANA NO

BRASIL

Dr. Patrick de Oliveira – NELP

Resumo

Tendo como base a crise que vivência as religiões de matriz africana, percebemos o

alvorecer do Culto Tradicional Africano conhecido no Brasil como Religião de Ifá. A

proposta do presente trabalho visa elucidar a expansão do Culto de Ifá, tendo em vista a

reinvenção da religiosidade africana no Brasil. Dessa vez, não uma África trazida por

"escravos" e reinventada aqui, mas sim de uma África que se reinventa, re-constrói no

Brasil a partir da chegada de sacerdotes africanos e/ou brasileiros iniciados na África

que trazem uma nova forma de adorar as divindades africanas através da filosofia de Ifá.

O trabalho estuda aspectos dessa religiosidade, como ela tem disseminado no Brasil e

como ela se organiza. O autor é pesquisador e sacerdote de Ifá, fala da sua experiência e

contribuições. Parte do pressuposto teórico pós-colonialista, desconstruindo a

identidade branca, cristã e européia ainda tão forte nas religiões de matriz africana.

ESPETACULARIZAÇÃO E FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO/VIOLÊNCIA

Dr. Clóvis Ecco – PUC Goiás

Resumo

Pretende-se discutir neste artigo questões a respeito da relação entre as diferentes

formas de espetacularização e fundamentalismo existentes. Para tal tarefa, inicia-se por

apresentar algumas funções sociais da religião e suas relações com os diferentes

fundamentalismos, e em seguida trar-se-á presente algumas situações que evidenciam a

presença do fundamentalismo nas relações sociais, étnicas e políticas e, por fim,

destacar-se-á a relação e a presença do fundamentalismo para além do universo

religioso, tecendo algumas ações de preconceituosas que se desencadeiam em violência,

tanto física quanto simbólica.

FESTA, FÉ E ESPETACULARIZAÇÃO DO SAGRADO: REFLEXÕES SOBRE

A FESTA DE TODOS OS SANTOS NA COMUNIDADE REMANESCENTE

QUILOMBOLA DO JURUSSACA-TRACUATEUA/PARÁ.

Ms. Leila do Socorro Araújo Melo – PARFOR ([email protected])

Profa. Maria Helena de Aviz Rosa – SEED ([email protected] )

Resumo

Partindo de um estudo etnográfico na Comunidade Quilombola do Jurussaca, localizada

no município de Tracuateua, nordeste do Pará, o artigo busca construir uma reflexão

sobre as práticas religiosas e sua relação com os processos de ressignificações vividos

pela comunidade no momento ritual da festa de Todos os Santos. A exteriorização de

valores pautados em uma leitura particular do negro na sociedade amazônica demonstra

em si os impasses, a necessidades de fortalecimento cultural da comunidade, através da

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divulgação da tradição, bem como a transmissão para as gerações futuras da história e

suas mudanças sincréticas vividas durante a festa e na vida cotidiana.

ENTRE O CATOLICISMO E AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS: O

CICLO DO MARABAIXO NO AMAPÁ

Mestrando: Alysson Brabo Antero – UEPA ([email protected])

Resumo

Este trabalho abordará uma das principais manifestações culturais e religiosas do Estado

do Amapá: o Ciclo do Marabaixo. A partir de investigações bibliográficas e pesquisa de

campo, pretende-se fazer um levantamento histórico sobre o Marabaixo, bem como,

visualizar e destacar elementos presentes nessa manifestação que hora a aproxima do

catolicismo e noutra das religiões afro-brasileiras. A elaboração de estudos a cerca do

Ciclo do Marabaixo, além de ampliar o conhecimento disponível sobre esse movimento,

representará um passo a mais em direção ao respeito e à diversidade religiosa no

Amapá.

O ESTILO DE VIDA DO POVO DE SANTO ESTÁ MARCADO NO CORPO:

NOTAS INTRODUTÓRIAS DE ÉTICA E PERFORMANCE NAS RELIGIÕES

AFRO-BRASILEIRAS

Drando. João Luiz Carneiro - PUC SP ([email protected] )

Dranda. Érica Jorge – UFABC ([email protected] )

Resumo

A noção não-dualista de espírito e matéria influencia não só a cosmovisão dos adeptos

das religiões afro-brasileiras, como também os seus saberes e fazeres. Tomando por

base essa ideia, o presente artigo busca articular duas categorias importantes nos estudos

afro-brasileiros: ética e performance. A pesquisa está organizada em duas partes.

Inicialmente, é apresentada uma discussão introdutória dessas categorias a partir de uma

revisão bibliográfica. Em seguida, analisa-se uma aplicação prática dessas categorias no

ritual intitulado Orô Axé Exu (ritual/toque de Exu), realizado quinzenalmente na Ordem

Iniciática do Cruzeiro Divino, terreiro localizado na capital de São Paulo. Está prevista

na análise a discussão sobre o quanto essa cosmovisão específica implica na pertença e

identidade grupal e como elas são construídas constantemente, com ou sem o processo

de espetacularização midiática do campo religioso afro-brasileiro. Metodologicamente,

a pesquisa está orientada como um estudo de caso e possui uma abordagem

interdisciplinar cruzando elementos da teologia, filosofia e antropologia a fim de

contribuir para os estudos que fazem a interface entre ética, corpo e performance.

O POVO DE “SANTO” NA MÍDIA: MODERNIDADE X TRADIÇÃO

Mestrando: Guaraci Maximiano dos Santos – PUC Minas; FAPEMIG

Resumo

Atualmente, muitas são as necessidades de adequação e/ou de apropriação às demandas

da modernidade numa perspectiva de fazer-se contínuo existencialmente. Este trabalho

tem como proposta investigar as mudanças nas relações entre religiões de matriz

africana e o espaço midiático, buscando entender como se dá a espetacularização virtual

nas redes sociais do ciberespaço frente a certos dogmas tradicionais e religiosos, como

os ditos fundamentos, princípios e ensinamentos tidos como “axé” pertencentes somente

aos então “iniciados” e, consequentemente, aos adeptos que se dispõe de forma

vivencial a esta religiosidade em sua intimidade (os sacerdotes, sacerdotisas e seus

afins) como dispositivo de legitimação de uma identidade própria. Tais mudanças

acabam sendo uma realidade questionável por parte de alguns praticantes das tradições,

ao mesmo tempo em que oferece visibilidade social aos que as assimilam como

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necessidades do mundo moderno, sendo assim, disposições passíveis à reflexão. Para

realização do estudo acerca do tema estão sendo feitas pesquisas de ordem teórica da

identidade fragmentada do indivíduo na pós-modernidade, das relações humanas

mediadas pelas imagens da sociedade do espetáculo, das espetacularizações de

movimentos candomblecistas como representantes destas matrizes e suas redes sociais

no ciberespaço. Tendo como objetivo compreender como tal fenômeno contemporâneo

neste recorte religioso, social e midiático se constitui enquanto adequação e alguns de

seus efeitos para esta tradição.

BOIADEIRO DE UMBANDA: AGENTE AGREGADOR DO SERTANEJO, SER

MÍSTICO DA MISCIGENAÇÃO BRASILEIRA

Fernando Morselli Guerra - Universidade Federal Fluminense/UFF

([email protected])

Resumo

A fim de criar uma identidade nacional, símbolos foram eleitos para elucidar a nação.

Junto à capoeira e ao samba, o mestiço se firmou como tipo brasileiro, trazendo consigo

sua cultura miscigenada. Com o modernismo e o movimento regionalista, nas décadas

de 1920 e 1930, a região nordeste ganha visibilidade, e sua cultura é exposta nas artes,

literatura e musica. Na década de 1950, o migrante nordestino se apresenta ao sudeste

como mão de obra na industrialização e centros religiosos te serviam como meio de

inclusão social. A Umbanda, na forma de religião agregadora que é, aproveitou os mitos

e estereótipos trazidos por eles, ressignificou a figura do sertanejo e a incluiu ao

imaginário umbandista. Agregando a entidade do boiadeiro ao seu panteão e, desta

forma, conseguindo dialogar diretamente com este migrante, além do gentílico da região

sudeste. As discussões realizadas em torno da Umbanda representam um convite para

pensar o fenômeno do sincretismo e seu poder agregador através de suas personagens.

Nesse sentido, a revelação da imagem do “boiadeiro”, parece um achado. Afinal, trata-

se da representação do homem do sertão, vestido a caráter com roupas de couro e

chapéu de nordestino se manifestando nos terreiros de Umbanda. Desta forma, objetivo

analisar a entidade do boiadeiro como nova figura do panteão umbandista, com atenção

a ideia do imaginário desta religião, onde figuras tipicamente de identidade nacional

têm suas significações invertidas e passam de membros a margem da sociedade para

figuras de grande expressão, poder e respeito dentro deste culto.

Dia 10/04 , sala 108 (Área II - Bloco C)

GT1 - ESPETACULARIZAÇÃO E INTIMIDADES DAS RELIGIÕES AFRO-

BRASILEIRAS (contimuação)

REFLEXÕES A RESPEITO DAS ESPETACULARIZAÇÕES DAS

RELIGIOSIDADES AFRO-BRASILEIRAS: MERCADO RELIGIOSO E OU

AFIRMAÇÕES ÉTNICAS

Doutoranda: Jaqueline Vilas Boas Talga - UNESP/Araraquara ([email protected] )

Resumo

Assim como as religiosidades afro-brasileiras são diversificadas, os usos ou não dos

meios de comunicação e da espetacularização por elas estabelecidos também são

diversificados. Encontramos tanto lideranças priorizando a descrição de suas práticas

quanto publicando até o mais íntimo dos segredos guardados. Observamos dentro de

certas circunstâncias, interesses e vontades - inclusive ancestrais - a “espetacularização”

de rituais, a promoção de lideranças religiosas, famílias, linhagens, nações e

modalidades de manifestações religiosas afro. Tanto a promoção quanto a não

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promoção acarretam consequências ao grupo geral, o povo de santo. Dentro de um

contexto geral de disputa pelo mercado religioso e de enfrentamento afirmativo ao

assumir uma identidade religiosa marcadamente afro, identificamos lideranças

religiosas que divulgam publicamente suas práticas e interpretações de mundo em

livros, DVDs, CDs, documentários, páginas e redes sociais em sítios eletrônicos, se

articulam para promover eventos, festas religiosas, caminhadas, conferências,

manifestações, cursos e oficinas. Lideranças religiosas afro se apropriam dos meios de

comunicação para muitas das vezes realizar a autopromoção. Se por um lado isso deve

ser criticado, visto que tal atividade não é aquilo que se espera de um mentor espiritual

“libertador”, por outro lado não se pode esquecer que esta autopromoção é também um

mecanismo de defesa do povo de santo. Nessa perspectiva a espetacularização deve ser

compreendida, para além da disputa dentro do mercado religioso, também enquanto

uma reação a inferiorarização e demonização sofrida pelo universo afro-brasileiro por

parte de conglomerados religiosos, econômicos e culturais em seus processos de

dominação ao longo da história.

REPENSANDO A “MAGIA DO ANTROPÓLOGO”:

UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO DE CAMPO NA

CONTEMPORANEIDADE

Dilaine Soares Sampaio - UFPB

Resumo

Inspirada no conhecido livro de Wagner Gonçalves, O antropólogo e sua magia (2005),

e buscando refletir sobre a temática proposta pelo evento, aproveito a oportunidade para

repensar o trabalho antropológico na contemporaneidade a partir da relação complexa

entre religião, intimidade e espetacularização. Com o advento das redes sociais, em

especial o facebook, a observação participante e o trabalho etnográfico se veem bastante

modificados na medida em que o sujeito observado se torna agente instantâneo do

trabalho de campo feito pelos antropólogos e, com a mesma velocidade, nós,

pesquisadores, nos tornamos sujeitos de nosso próprio campo. Um bom exemplo dessa

situação é quando nos propomos observar uma festa pública de uma determinada

religião afro-brasileira, como o candomblé ou a jurema. Procedemos com a “técnica

habitual” fazendo nossas anotações, registrando o evento através da fotografia, ou seja,

“olhamos”, “ouvimos” e “escrevemos”, entretanto, antes mesmo de chegarmos em casa

após a pesquisa de campo, os registros imagéticos da festa que acabamos de assistir já

está postado no facebook e, curiosamente, nós, pesquisadores, aparecemos naqueles

registros e somos assim surpreendidos pelos nossos “nativos”, há muito “relativos”

(VIVEIROS DE CASTRO, 2002), em nosso fazer antropológico. Embora o “trabalho

do antropólogo” já tenha sido muito discutido por autores já clássicos como Roberto

Cardoso de Oliveira (1998), Carlos Rodrigues Brandão (1981), dentre outros, entendo

que se faz necessário repensá-lo a partir de novas questões: Como lidar com a

instantaneidade da difusão das imagens de campo? De que modo a espetacularização

das religiões afro interferem no trabalho do pesquisador? Qual o papel das redes sociais

nessa complexa relação entre religião, espetáculos intimidade?

CENA RITUAL: A IMPORTÂNCIA DO CANDOMBLÉ NAS COMPOSIÇÕES

CÊNICAS

Mestrando: Eduardo Ailson da Cruz - UFPB

Resumo

Com o intuito de abordar a análise do gesto e do ritual contido nas religiões afro-

brasileiras, propusemo-nos, com esta pesquisa, a realizar uma discussão que abarque,

sobretudo, em como os rituais afro-brasileiros contribuem para a composição de

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representações cênicas, ou seja, na construção de processos criativos em teatro a partir

de um olhar artístico nos rituais do Candomblé e dos elementos que os compõem. Com

base no conceito de espetacularidade de Bião (2009), estamos assumindo que os gestos,

as maquiagens e os figurinos contidos nos rituais das religiões afro-brasileiras criam um

espetáculo fora dos palcos convencionais de teatro e que nasce de ritos cujas

especificidades serão verificadas na investigação que ora aventuramos. Posto assim

pretende-se investigar em como esses elementos são significativos nos processos de

criação artística na cena teatral afro-brasileira e seus principais desdobramentos nos

diferentes modelos de representação cênica, incluindo: oralidade/vocalidade; signo

verbal/visual, buscando ainda analisar as manifestações artísticas populares e sua

estética com relação ao corpo-texto. Dentro dessa abordagem procuraremos analisar as

matrizes corporais nos rituais do Candomblé, tentando perceber uma estreita relação

entre o conceito de corpo, de gesto, de ritual e de cena, através dos quais será possível

articular imagens, escrituras corporais e cênicos.

A DANÇA DOS ORIXÁS: ENTRE A EXPRESSÃO DE UM CORPO

RELIGIOSO E A EXPRESSÃO DE UM CORPO ARTÍSTICO.

Mestrando: Marcos Vinicius de Souza Verdugo – PUC / SP

Resumo

A discussão proposta neste trabalho está localizada na apropriação recente da

“coreologia” das danças rituais do candomblé enquanto uma forma de expressão

artística. De um lado, ao colocar o corpo enquanto uma poética, a cultura ocidental

estabelece com ele uma relação que não encontra aproximação com a forma pela qual o

corpo é concebido dentro das culturas de matriz africana que aqui chegaram. O corpo

dentro do candomblé é uma forma de pensamento, ele é preparado para o contato com o

sagrado. Ele é o meio e forma de expressão de um pensar que objetiva a comunicação

sagrada (a comunicação com os Orixás). É uma compreensão de corpo/movimento

coreográfico integrado com o sagrado. Assim, até que ponto colocar as danças

ritualistas (danças de santo) em um palco é de fato uma forma possível de expressão de

um corpo artístico, enquanto o seu objeto é um corpo religioso e construído para

expressar outra forma de pensamento? O que de fato está em jogo neste movimento de

apropriação cultural?

O CANDOMBLÉ DO CORPO E DA ALMA: OS TIPOS PSICOLÓGICOS NA

RELIGIÃO AFRO-BRASILEIRA

Mestranda: Larissa Fernandes Caldas Souza - PPGRC-UFPB ([email protected] )

Resumo

As crenças afro-brasileiras trazem uma bagagem de ancestralidade que vem traçando

sua trajetória adaptativa ao contexto dos brasileiros, contribuindo para construção de um

rico universo religioso. Através deste pressuposto objetiva-se apresentar como se é

representada a bela manifestação dos orixás no candomblé, singularmente através dos

tipos psicológicos e que se refletem através de características arquetípicas aos

praticantes que possuem os orixás que lhe são herdados. Este trabalho intenciona

ingressar de modo investigativo sobre o mito e o homem, em como este se relaciona

com estas forças da natureza, como deuses e semideuses com características que lhe são

peculiares. O homem de todos os tempos se baseava no mito para compreender a sua

própria existência, e na linha Junguiana, a sua perspectiva nos permite observar a psique

humana como um inconsciente coletivo. As imagens herdadas que podem ser

observadas e projetadas nas características de cada praticante do candomblé, como os

tipos psicológicos do “filho de santo” não seriam signos preditivos e rasos, mas apenas

características comportamentais que na experiência religiosa fazem parte da natureza do

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praticante. Estas experiências originárias dos arquétipos, e compõem os conteúdos

psíquicos, serão analisadas a partir do animismo africano do candomblé.

DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO EM TERREIROS AFRO-BRASILEIROS:

VISIBILIDADE E CONFLITOS SOCIAIS

Ms: Maria Elise Rivas – PUC / SP

Resumo

O objetivo de meu artigo é analisar se há preconceito a homossexuais em terreiros de

diferentes escolas afro-brasileiras sendo elas: candomblé kêto, candomblé jejê e

umbanda. A minha pesquisa nasce a partir da entrevista concedida a revista Brasil, na

qual o jornalista me perguntou se eu já havia presenciado algum tipo de discriminação

aos homossexuais nos terreiros, considerando minha vivência pessoal no meio como

sacerdotisa. Respondi que não, mas de meu mundo heterossexual e aí surgiu a questão:

Será que os (as) homossexuais responderiam a mesma coisa? Decidi perguntar a 5 deles

sendo que quatro deles ocupam cargos de santo (zelador de orixá e pai de santo) e um

sendo filho de santo.

O TERREIRO NA ENCRUZILHADA ENTRE A PERFORMANCE E O

ESPETÁCULO

Dr. Paulo Petronilio - UnB/UFG ([email protected] )

Ms. Mauricio Borges - UFG ([email protected] )

Ms. Marcos Buiati - UFG/EMAC ([email protected] )

Resumo

Propõe-se esta comunicação pensar o Terreiro como forma de pensamento teatral que se

desenha a partir de múltiplas performances, danças, gestos e movimentos. É essa

complexidade que contorna e faz do Cotidiano dos terreiros um espaço ético e estético.

A dança transforma-se no leitmotiv da vida do povo do santo, pois é através dela que os

homens junto aos deuses dramatizam a mitologia e a complexidade do ritos e rituais. O

corpo é uma autêntica ópera dançante. A performance dos orixás é carregada de todo

um simbolismo que desenha a cor local do complexo yorubá e se fortalece no estar

junto festivo pois é através das festas que os homens dialogam com os deuses e

intensificam os laços e as forças com a natureza em forma de axé. O terreiro como

espaço cênico-teatral transforma-se no espaço em que os deuses e os homens celebram a

vida e ao mesmo tempo passa a existir um ethos e uma visão de mundo que é construída

nos subterrâneos dos terreiros. Desse modo, cria-se o corpo-ritual que é ao mesmo

tempo espetáculo e arte. Existe neste 'espetáculo' toda uma complexidade performativa

que se faz na dança de cada orixá, desenhando sua identidade e seu arquétipo, fazendo

ao mesmo tempo com que os homens se reconheçam nestes sincretismos e hibridismos

culturais. A encruzilhada se transforma na metáfora viva capaz de dialogar, abrir

trânsitos e passagens para entrelaçar a cultura, a performance e o espetáculo e ao

mesmo tempo dialogar com toda intimidade afro religiosa.

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Dia 09/04 – sala 109 (Área II - Bloco C) GT-2: RELIGIÃO EM CORINTO (1 Cor 12-14) ENTRE O ESPETÁCULO E A

INTIMIDADE

Coordenador

Dr. Joel Antônio Ferreira – PUC Goiás

O ESPETÁCULO GLOSSOLÁLICO E A INTIMIDADE DA VIDA

COMUNITÁRIA DA IGREJA DE CORINTO

Doutorando: Israel Serique dos santos - FANAP-GO ([email protected] )

Resumo

No estudo da história humana é possível perceber que as relações sociais sempre foram

marcadas por conflitos de classes, nos quais a posição social e a religião imbricavam-se

para dar maior suporte ideológico aos que estavam no poder. Quer sejam em ambientes

públicos ou privados, estas relações conflituosas, por vezes, foram mascaradas por

rituais que davam forte ênfase ao espetáculo, ao inusitado e ao sobrenatural. A presente

comunicação estuda sobre a dinâmica histórica das estruturas sociais da sociedade

coríntia – com suas assimetrias, relações de poder e dominação – e sua influência sobre

a carismática comunidade cristã de Corinto, na qual o espetacular fenômeno

glossolálico se fazia presente em suas reuniões e dirigia a intimidade de sua vida

comunitária.

MANIFESTAÇÕES CARISMÁTICAS EM CORINTO: PREGAÇÃO DA

LIBERDADE E ESPÍRITO DE FANATISMO

Doutorando: Dionivaldo Rosa Pires – FMB ([email protected] )

Resumo

Na 1Cor Paulo por toda parte constata fenômenos (carismáticos), que, embora diversos

e distintos, têm contudo muito em comum, algo, aliás, muito atual no cenário religioso.

Ele os descreve mais que os define, porque para ele é mais importante descrever o

conjunto dos fenômenos que testemunha do que estabelecer distinções objetivas e

racionais. Paulo reconhece que não falta carisma na comunidade (1Cor 1,5.7), mas

também que eles sempre foram ávidos por manifestações carismáticas, como se o

carisma fosse algo particular e pessoal; esse comportamento, além de criar exclusão,

proporcionava na comunidade um clima de competição e de rivalidade. Por isso, Paulo

os adverte 1Cor 12,1: “A propósito dos dons do Espírito, não quero que estejais na

ignorância”. Além do mais, Paulo também refresca a memória dos ávidos por

manifestações espetaculares 12,2: “Vós sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos

mudos, conforme éreis guiados”. Esse modo desconcertante de chamar atenção significa

que Paulo vê um perigo de ambiguidade no gosto dos Coríntios pelas experiências

extraordinárias; por isso, ele quer inculcar uma necessidade de discernimento. Nem todo

entusiasmo é digno de aprovação, nem todo espírito é Espírito de Deus.

ESPETACULARIZAÇÃO CÚLTICA ANTE O DEUS DA BRISA SUAVE: O

SER HUMANO EFÊMERO EM BUSCA DO ETERNO

Doutorando: Fábio Augusto Darius – UCS ([email protected])

Resumo

De acordo com a expressão do escritor francês Guy Debord, o ser humano hodierno

vive na sociedade do espetáculo, um simulacro de falso eterno presente – artificial e

visceral – onde a existência dissoluta se agiganta em face da original e esquecida

essência humana legada sem intermediário pelo abscôndito Deus. Diante dessa triste

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constatação sociológica e filosófica ocidental – atestada por Zygmunt Bauman, Gilles

Lipovetsky e Gianni Vattimo, dentre tantos outros – continua o ser humano a viver entre

as tensões e divisões já atestadas pelo Apóstolo dos Gentios nos primórdios do

cristianismo. Nesse sentido, em grande medida o narcisismo idolátrico e consumista

refreia e quase mata o próprio amor, assim como a consolidação e hierarquização

eclesiástica engessa e sufoca seus profetas, denunciates das mazelas sociais e

comunitárias e anunciantes da breve Parousia. A religião de Cristo, ao contrário do

grego Protágoras, mostra que é o Amor - o próprio Deus - e não o homem, a medida de

todas as coisas, sendo Ele mesmo o distribuidor e recolhedor dos dons espirituais que

deveriam infundir de bênçãos não apenas a igreja, mas toda a comunidade. A presente

comunicação visa abordar essa difícil dialética encetada desde o título a partir da leitura

histórica da contemporaneidade permeada por questionamentos bíblicos selecionados

com o inuito de discutir possibilidades de vínculos aceitáveis entre o culto apresentado

pelo ser humano e o aceitável por Deus.

O REINO DE DEUS

José Alves Santos – PUC Goiás

Resumo

O Reino de Deus é o tema central da vida de Jesus Cristo. Trataremos nessa

comunicação da fundamentação bíblica e teológica à luz da reflexão de alguns teóricos.

A adesão ao Reino implica mudanças pessoais e estruturais, como também a fé. O

Reino de Deus constitui o núcleo central da pregação do Jesus histórico. É a categoria

salvífica por excelência, utilizada por Jesus, de forma bem mais sustentada do que o

vocábulo da salvação ou da vida eterna. Deus toma partido em socorro dos pobres,

necessitados e marginalizados (Mc 10,14). O vocabulário do Reino, com seu 'matiz

dinâmico', permite exprimir, com base na continuidade fundamental do 'agir divino', que

o futuro já irrompeu no presente e o afeta como sua qualidade escatológica. Pode-se

dizer que a mensagem de Jesus sobre o Reino caracteriza-se pela bipolaridade futuro-

presente.

Dia 10/04 – sala 109 (Área II - Bloco C) GT-2: RELIGIÃO EM CORINTO (1 Cor 12-14) ENTRE O ESPETÁCULO E A

INTIMIDADE (continuação)

O CRITÉRIO DE AUTENTICIDADE DA AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

CONFORME 1COR 12,1-3

Doutorando: Marcus Aurélio Alves Mareano - Faculdade Jesuíta De Filosofia E

Teologia ([email protected] )

Resumo

A comunidade cristã de Corinto no século I se assemelha bastante a nossa atual

realidade quanto à busca por espetáculos da fé, intimismo, desordens comunitárias e

outras questões religiosas. Acerca do uso dos dons espirituais, Paulo orienta a

comunidade de Corinto nos capítulos 12-14 da primeira carta. A comunicação propõe

abordar a perícope inicial (1Cor 12,1-3) desse bloco literário, na qual se apresenta o

critério fundamental de discernimento da ação do Espírito Santo: proclamar o senhorio

de Jesus. Diante de tantas manifestações ditas “espirituais”, Paulo ofereceu aos

coríntios, e a nós hoje, esse critério: “Ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ a não ser

no Espírito Santo” (1Cor 12,3b). Apresentaremos a carta com suas divisões, destacando

os capítulos 12-14, nos quais Paulo aborda a problemática dos carismas; em seguida,

veremos o contexto cultural de 1Cor 12-14; finalmente, deter-nos-emos na perícope

1Cor 12,1-3, observando como Paulo respondeu àquela questão no primeiro século da

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nossa era e como o texto bíblico contribui para respondermos desafios semelhantes.

Paulo desejava que os coríntios conhecessem verdadeiramente a ação do Espírito Santo,

que não é uma força impessoal, muda e entusiástica, ao contrário, o Espírito conduz a

uma relação pessoal de fé com Jesus, confessando-o como o Senhor.

A PRÁTICA DA JUSTIÇA NA COMUNIDADE MATEANA (MT 6,1-8.16-18),

ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE.

Mestrando: Ailton de Souza Gonçalves - PUC Goiás/FINOM/IFJXXIII

([email protected])

Resumo

Neste texto de Mateus, Jesus apresentar uma prática da justiça que vai além das imagens

construídas socialmente para autopromoção dos ‘piedosos’. Uma vez que a motivação

destes, é ‘para serdes vistos por eles’ (pelos homens notáveis e a sociedade em geral), a

vivência religiosa passa a ser, uma maneira de interpretar um papel na vida para

conseguir aprovação pública. Transforma-se a vivência religiosa em um espetáculo, que

tem seu fim na aprovação dos espectadores. Contrapondo essa maneira de viver, o texto

de Mateus, apresenta uma vivência religiosa, em que principal espectador é o ‘Pai que

está nos céus’. Assim, orienta a prática da justiça da seguinte forma: a esmola em

segredo, como meio de libertação e não manipulação do pobre; a oração na intimidade

do quarto com Deus, fonte de comunhão libertadora; o jejum perfumado, que ajuda no

autocontrole e no crescimento pessoal e verdadeiro, a ponto de afastar as injustiças e

opressões. O discípulo de Jesus, deve buscar viver a prática da justiça que apontar para

o Reino do céus.

APOCALIPSE (13, 1-8; 17) UM CONTUNDENTE CONFLITO E A RELIGIÃO

DE ESPETÁCULO

Ms. Joana D’arc de Souza – PUC Goiás ([email protected] )

Resumo

Este trabalho pretende relacionar o conceito da figura da segunda besta da literatura

sagrada apocalíptica com a propaganda dos programas religiosos de várias expressões

religiosas veiculada nos meios de comunicação de massa. Constitui-se um recorte para

situar que o ser humano se torna vítima da ideologia religiosa e política praticada nos

dois contextos de dominação. No final do primeiro século de nossa era, com o

Imperador Romano Domiciano, as vítimas são os cristãos; na atualidade, as vítimas são

as pessoas que vivem a cultura da experimentação, da moda e do espetáculo.

CELEBRAR A LITURGIA “FACE A FACE” (1Cor 13,12) COM DEUS AMOR

Ms. Dino Magalhães Soares - Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica,

([email protected] )

Resumo

O pensamento trinitário indica que as ações provem do Pai, os serviços de Jesus e dos

dons ou carismas do Espírito. Compreende-se que são membros cumulativos. Quando

os carismas são recebidos não ficam à disposição autônoma da pessoa (cf. 1Cor 12,4-6).

Paulo desenvolve a concepção de corpo de Cristo, mostrando, primeiramente, a unidade

da Igreja que é o conjunto dos batizados, animados pelo Espírito, e, por isso,

radicalmente unidos a Cristo, a quem são incorporados. E enfatiza a pluralidade de

carismas existentes entre os fiéis (cf. 1Cor 12,8-10) Destaca em primeiro lugar, o

consignado aos apóstolos. Mas, o que Paulo ressalta são a variedade e pluralidade

constitutiva da Igreja que é unidade viva de harmonização de muitas funções e

ministérios com o bem comum. E compara os fiéis de diferentes culturas, ambientes,

sensibilidades e nacionalidades imersos no Espírito Santo. Portanto, estão em comunhão

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

visível como povo de Deus, porque cada um é movido pelo Espírito. Esta comunhão

implica em acolher a todos e de aproximar os mais empenhados nos caminhos do

Senhor e no esforço social (cf. 1Cor 12,12-14.27-31). Em comunhão com o Pai, pomos

em prática o hino à ágape que é a caridade fraterna, que procura o bem dos outros (1Cor

13,1-13) e é possível celebrar a liturgia “face a face” (1Cor 13,12) com Deus Amor.

Paulo agia assim porque se preocupava com os glossálicos, individualistas, são

contrários às profecias, pois são não edificam a Igreja (cf. 1Cor 14,3-4.22-25). O

objetivo foi entender o carisma para celebrar a liturgia conforme a Palavra de Deus.

Dia 09/04 – sala 110 (Área II - Bloco C)

GT3. ESPETÁCULO E INTIMIDADE NA LITERATURA SAGRADA

Coordenadores

Dr. Valmor da Silva - PUC Goiás ([email protected] )

Dr. Luiz Alexandre Solano Rossi - PUC PR ([email protected] )

Dr. Pedro Lima Vasconcellos - UFAL ([email protected] )

A PRESENÇA DE DEUS ENTRE VISIBILIDADE E OBSCURIDADE

Doutoranda: Rita Maria Gomes -Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE

([email protected])

Resumo

O que sabemos de Deus ou recebemos e/ou experimentamos? Como explicamos ou

sabemos que essa experiência é real? Nessa comunicação abordamos algumas

configurações bíblicas da presença divina buscando nos relatos nos quais aparecem,

tanto vétero como neotestamentários, o modo como a tradição judaica e a tradição cristã

compreenderam a presença de Deus no meio de seu povo. Tais tradições consignaram

em suas narrativas sagradas o modo de atuação de Deus ao se revelar e, ao mesmo

tempo, se ocultar resguardando assim seu caráter transcendente. Ao longo da Escritura

encontramos diversos relatos de teofanias. Nelas o aspecto mais característico é,

exatamente, a dinâmica do desvelar enquanto vela. Analisamos, mesmo que

rapidamente, textos nos quais a presença de Deus se firma e, ao mesmo tempo, reafirma

um caráter visível e outro velado como a dinâmica própria da experiência de fé,

portanto, da experiência religiosa.

PÚBLICO E PRIVADO NO PERSONAGEM SALOMÃO A PARTIR DO LIVRO

DO ECLESIASTES

Doutorando: José Reinaldo de Araújo Quinteiro - PUC Goiás/UniRV/Seduc

([email protected] )

Resumo

Esta comunicação discute o público e o privado a partir do personagem Salomão (931

a.C.); em voga estão a valorização dos seus sinais exteriores de riquezas e poder (Ecl

1,12-2,26) em um ideário de gênero (Ecl 7, 26.28;9.9;11,5). A problematização se

restringe ao texto da Bíblia Hebraica, o Eclesiastes. O contexto se dá no auge do regime

do rei Ptolomeu Filadelfo (282 a 246 a.C.), sobre o território do Egito, da Palestina e da

Fenícia, sucessor de Alexandre Magno (+333 a.C.). Vê-se que à época o espetáculo

mantivera em foco a religião e a intimidade que se imbricavam engendrando um total

domínio do governante sobre os indivíduos. Posto isto, pergunta-se: que conteúdo de

crença se desencadeava à época? De que maneira foram construídas a identidade e a

intimidade dos sujeitos? Quais as incidências políticas e sociais dos indivíduos à época

e as possíveis semelhanças com a esfera pública e privada religiosa da atualidade?

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SOBRE A JUSTIÇA O TRONO SE FIRMA: ELOGIOS E CRÍTICAS AO REI,

SEGUNDO PROVÉRBIOS 16

Dr. Valmor da Silva - PUC Goiás ([email protected] )

Resumo

No contexto do livro bíblico de Provérbios, explana a terminologia sobre o exercício do

poder, especificamente a que se refere a rei e trono, na tentativa de identificar a

hierarquia e as atribuições dos diversos cargos. Apresenta a grande coleção salomônica

(Provérbios 10,1 a 22,16) com suas várias referências a rei, nobre, príncipe, ministros, e

os termos correlatos a poder, domínio, força, com os respectivos símbolos como trono,

coroa, cetro. Exemplifica os elogios e as críticas ao rei no texto específico de Provérbios

16,10-15, onde o critério para avaliar a eficácia do reinado é o seu exercício da justiça,

pois “Abominação para os reis é praticar o mal, porque sobre a justiça o trono se firma”

(Pr 16,12).

A CRENÇA NOS ESPÍRITOS ELEMENTARES DO UNIVERSO

Mestrando: Rafael Silva Almeida – UMESP ([email protected])

Resumo

Havia uma corrente religiosa na cidade de Colossos (uma cidade da Ásia menor) que ia

contra os princípios defendidos pelo apóstolo Paulo. Ela defendia uma filosofia (que

poderia ter influências tanto pagãs quanto de seitas judaicas) em conformidade com “ta

stoicheia tou kosmou” (Col. 2:8) – termo grego que pode significar rudimentos do

mundo, princípios elementares deste mundo ou espíritos elementares do universo,

sendo este último, o sentido mais apropriado pelo contexto da carta aos Colossenses.

Dentre algumas características dessa corrente religiosa, as que mais chamam a atenção

são: culto aos anjos, jejuns forçados, visões, e o fato de ela ser severa com o corpo (Col.

2:18,23). Percebe-se uma busca excessiva pelo transcendente e uma visão negativa do

corpo, onde a espetacularização e a intimidade são temas que podem ser trabalhados.

RITUAIS E PODER: O CULTO IMPERIAL E O APOCALIPSE DE JOÃO

Dr. José Adriano Filho - Faculdade Unida de Vitória – ES (j. [email protected] )

Resumo

O culto imperial romano, que ocorria nas cidades gregas da Ásia Menor durante os

primeiros séculos da era cristã, teve um papel importante na produção do Apocalipse de

João. O culto imperial envolve a relação entre religião, política e poder: seus rituais não

eram eventos passageiros, mas cultos realizados para o imperador em sua ausência e

regulamente institucionalizados. A visão do mundo representada no Apocalipse de João

tem implicações que ultrapassam o contexto do século primeiro. Trata-se de uma crítica

religiosa do poder vigente que transcende sua localização histórica particular e

questiona qualquer projeto imperialista. Esta crítica torna também o Apocalipse uma

voz importante do Cânon cristão e uma testemunha das lutas da humanidade no

estabelecimento de uma comunidade justa e fraterna.

O DISCURSO FILOSÓFICO E AS ESCRITURAS SAGRADAS: A VERDADE

COMO LOGOS ESPERMATIKÓS

Ms. Jailson Silva Lopes - Prefeitura Municipal de Natal/RN

([email protected])

Resumo

Este trabalho objetiva expor a tese de que houve uma filosofia cristã surgida no primeiro

século, e com um desenvolvimento maior a partir do segundo, em pensadores como

Justino de Roma, Taciano, o sírio, Irineu de Lion, e de uma forma mais expressiva, em

Clemente de Alexandria. Os germens dessa filosofia encontram-se com maior

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fulguração no evangelho de João, mais precisamente no prólogo, e no corpus paulino,

sobretudo, na sua clássica passagem da carta aos Romanos, no primeiro capítulo. Nossa

tarefa será mostrar, com fundamentação em autores especializados, como Moreschini e

Gilson, que o conhecimento de Deus, como exposto nas Escrituras Sagradas, provém de

duas fontes: a razão e a revelação. A grande problemática, no entanto, consistirá em

esclarecer como essas duas fontes se coadunam e, mais que isso, como a verdade

filosófica estava presente antes mesmo do aparecimento do Cristianismo. Essa noção

ficou classicamente conhecida na apologia justiniana como a doutrina do logos

espermatikós. É verdade que as Escrituras Sagradas nunca tiveram a pretensão de se

apresentarem como uma filosofia, nem mesmo filosofia cristã; seu alvo sempre foi

revelar-se como uma doutrina de salvação, assim pensava o apóstolo Paulo, ao se dirigir

aos romanos e aos coríntios, por exemplo. Veremos que nem o cartaginês Tertuliano

desprezava o uso filosófico, ou racional, de se demonstrar a verdade cristã, como nos

fará perceber Pannenberg.

Dia 10/04 – sala 110 (Área II - Bloco C)

GT3. ESPETÁCULO E INTIMIDADE NA LITERATURA SAGRADA

(continuação)

A IDEIA DE ESPETÁCULO E INTIMIDADE NO CORPUS HERMETICUM

Doutorando: David Pessoa de Lira - Escola Superior de Teologia – EST

([email protected])

Resumo

Em toda Literatura Hermética grega, o verbo theaomai (ϑεάομαι) ocorre dezesseis vezes

enquanto o substantivo thea (ϑέα) ocorre 12 vezes. No Asclepius Latinus, o verbo

theaomai é traduzido pelo verbo latino spectāre. Isso se dá porque tanto o verbo grego

quanto verbo latino estão relacionados ao teatro (ϑέατρον) e ao espetáculo

(spectacŭlum). No entanto, os antigos herméticos não empregavam essas palavras para

se referir à exposição da intimidade. De uma forma geral, a intimidade, o sexo e a nudez

nunca foram considerados tabus ou motivos de pudor entre os herméticos. Não obstante,

o Hermetismo adverte sobre o cuidado que se deve ter com aquilo que se expõe aos

olhos dos detratores. Exibir a intimidade à espetacularização (espetáculo-exibição) é

profanar a divindade, segundo os conceitos em Asclepius 21. Em todo caso, o

verdadeiro espetáculo, segundo os autores do Corpus Hermeticum, é aquilo que se

manifesta no cosmo como obra de Deus. Por isso, fala-se da humanidade como

contempladora do mundo e, consequentemente, de Deus. O ser humano não se torna

mero espectador de um teatro, ele é parte da visão (ϑέα) de toda a ordem (ϰόσμος). O

objetivo do presente artigo é apresentar a ideia que está subjacente ao emprego das

palavras theaomai, thea e spectare no Corpus Hermeticum e Asclepius, levando em

consideração seus conceitos filosófico-religiosos e suas implicações e desdobramentos.

O ESPETÁCULO BARROCO NOS SERMÕES DO PADRE ANTONIO VIEIRA

Mestrando: Andrea Gomes Bedin - PUC-SP ([email protected])

Resumo

Estilo artístico característico do século XVII, da Europa para o restante do mundo, o

Barroco figurou no cenário colonial luso-brasileiro com todo seu espetáculo visual,

tanto no âmbito civil, como no universo religioso do qual foi senhor e dono, dadas as

circunstâncias históricas de um período marcado por intensas disputas religiosas entre

protestantes e católicos e a consequente reafirmação do poder da Igreja católica, aliada

ao Estado Português, num ambiente de conquistas empreendidas pelos Estados

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Nacionais Europeus. É neste cenário difuso que se revela a arte Barroca, com alcance

expressivo no universo das artes plásticas e de maneira brilhante, no universo da

literatura, que teve, nos Sermões do Padre Vieira, seu expoente máximo. Assim, o

presente trabalho se propõe a fazer uma análise de alguns dos recursos barrocos

presentes no Sermão da Sexagésima (1655), apresentando de que maneira o uso destes

recursos nos Sermões foi fundamental para a persuasão e a conversão de colonos e

nativos no universo colonial. A metodologia de pesquisa utilizada é predominantemente

bibliográfica e encontra-se sustentada pelos seguintes referenciais teóricos: VIEIRA,

Antonio (2008). Sermão de S. Antonio aos peixes; Sermão da sexagésima. Sermão do

demônio mudo. Org. Manuel Cândido Pimentel./ VIEIRA, A. (1989). A oratória

barroca de Vieira. Lisboa, Caminho./ PÉCORA, Alcir (1994). Teatro do Sacramento.

São Paulo: Unicamp/Edusp.

DE REPENTE NOSSA VISTA CLAREOU - A LEITURA POPULAR DA BÍBLIA

CONSTRUINDO CAMINHOS PARA ALÉM DO QUE APARECE E DO QUE

PARECE SER BOM

Mestrando: Joilson de Souza Toledo -PUC Goiás ([email protected])

Resumo

Esta comunicação pretende refletir sobre a contribuição da leitura popular da Bíblia e

em especial as reflexões de Carlos Mesters para a conscientização das camadas

populares. Na sociedade do espetáculo onde as imagens tantas vezes são instrumento de

alienação, a leitura popular da Bíblia constrói uma alternativa. Carlos Mesters, com seu

método, se constitui uma possibilidade de ultrapassar o espetáculo e a

espetacularização, sendo o espetáculo uma relação entre as pessoas mediatizadas pelas

imagens. Temos na obra referido autor comparações/imagens que colaboram para que o

povo se aproprie da sua própria história e se reconheça como povo de Deus. Este

trabalho quer abordar especialmente o uso de imagens tão comuns na obra do biblista

carmelita e que acaba se constituindo como um ponto comum entre o espetáculo e a

leitura popular da Bíblia. Tomaremos por base as três obras iniciais de nosso autor onde

ele apresenta seu caminho metodológico (1974, 1984 e 1986). Estas obras deixam claro

como Mesters propõe um caminho metodológico onde a Bíblia se torna Boa Notícia

para os oprimidos.

A DANÇA NUMA PERSPECTIVA TEOLÓGICA: RITUALIZADA PELOS

ÍNDIOS DESSENA NO ALTO RIO NEGRO

Mestranda: Alessandra Matos Pereira – UEPA ([email protected])

Resumo

O presente artigo enfoca a dança como expressão corporal sagrada, ritualizada pelos

índios Dessena no alto rio Negro. A expressão corporal religiosa vem desde os

primórdios da humanidade. Na pré-história o ser humano ouvia os sons da natureza,

para articular alguns movimentos corporais. A dança gera energia benéfica seja ela

individual ou coletiva. Cerimônias de nascimentos, casamentos, rituais de passagem, a

boa safra do verão e funerais carrega consigo, em muitas culturas o elemento da dança

que é fundamental para a realização destes rituais. Os Dessena acreditam que Deus –

Boré – é morada do corpo. A análise bibliográfica será a metodologia aplicada a esta

pesquisa. Baseado nessa experiência dos Dessena que entenderemos como a teologia da

cultura, pautada em Paul Tillich, Roger Haight entre outros, está presente na

religiosidade dos índios Dessena. Na atualidade a população indígena Dessena, no alto

rio Negro no Amazonas, celebraram a vida e a morte, em diferentes etapas da existência

cultural humana, usam a dança como ritual, para agradecer e comunicar-se com Deus ou

divindades espirituais.

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UMA IGREJA QUE O POVO CRIA: DIOCESE DE GOIÁS (1967-1997)

Doutorando: Arcângelo Scolaro - PUC Goiás ([email protected] -

[email protected])

Resumo

A Diocese de Goiás, até 1967, foi uma Igreja extremamente tradicional, aliás, como

toda a Igreja católica o era até o Concílio Vaticano II. Em 1967 a Igreja estava recém

saindo do Concílio e na América Latina se preparava a Conferência Latino-Americana

dos bispos em Medellín. Nesta mesma época chega o novo bispo de Goiás, Dom Tomás

Balduíno. Este é o marco inicial da Igreja que se convencionou chamar de “Igreja da

caminhada”, pelo fato de que as primeiras comunidades cristãs eram assim denominadas

e também porque é uma Igreja que não está pronta, mas que vai sendo construída tal

como uma caminhada. A Diocese de Goiás inicia aí um processo de transformação

interna e transformações no conteúdo de sua ação pastoral. Seu modo de ser Igreja se

transforma e caminha em direção a uma estrutura de Igreja que vai possibilitando uma

maior participação dos leigos. O objetivo é o de transformar o leigo em protagonista da

caminhada, é a ação religiosa intervindo definitivamente sobre as identidades e

significados a própria vida em sociedade. A Diocese de Goiás, em concordância com o

Concílio Ecumênico Vaticano II e com a Conferência Episcopal Latino-americana de

Medellín, afirma que não se preocupou apenas em catequizar, mas também em ser

instrumento de organização do povo, e que através de seu trabalho de conscientização

para a luta pelos direitos e dignidade humana fez surgir movimentos populares, ou

organizações de defesa dos direitos da pessoa humana. Esse novo modo de pensar a

Igreja começa a aparecer mais claramente a partir da IV Assembleia que foi realizada

em 1971, é a busca de uma igreja que o povo cria e é desafiado a criar uma nova

sociedade.

Dia 09/04, sala 205 (Área II - Bloco C)

GT04 – ESPIRITSMO E CONTEMPORANEIDADE (II COLÓQUIO DE

ESTUDOS SOCIAIS SOBRE O ESPIRITISMO)

Coordenador/a

Dr. Luiz Signates - UFG/PUC-GO ([email protected] )

Drª Ângela Moraes - UFG/ PUC-GO (atmoraes@ UOL.com.br )

ESPIRITISMO E GLOBALIZAÇÃO: CONFRONTANDO REALIDADES

NACIONAIS E TRANSNACIONAIS

Dr. Bernardo Lewgoy - CNPq/UFRGS ([email protected])

Resumo

O espiritismo kardecista tem crescido substancialmente nas últimas décadas, como

mostram os censos de 2000 e 2010. As razões para o crescimento do espiritismo são

multiformes e envolvem transformações importantes no campo religioso brasileiro, no

século 21, em que novas relações entre religião, sociedade e Estado mostraram-se

centrais para a contextualização desse processo. Um dos pontos importantes a ser

destacado é a criação de uma rede transnacional de espíritas capitaneadas pela liderança

brasileira, compondo espiritismos nacionais e influência da FEB através do Conselho

Espírita Internacional. A formação de circuitos institucionais de circulação de

lideranças, médiuns e médicos em diferentes continentes, associa-se com mudanças nas

narrativas que acompanham a expansão dessa alternativa religiosa. Esta será relacionada

com os processos migratórios que afetam a população brasileira desde os anos 70 e 80

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do século XX, definindo nuanças em relação ao perfil dos espíritas, além do intensivo

uso de meios virtuais para estruturar essa difusão.

ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA LIPHE:

A RELIGIÃO EM BUSCA DE UMA LEGITIMIDADE

Dra. Ângela Teixeira de Moraes - UFG e PUC-GO ([email protected])

Resumo

Este trabalho é resultado de uma análise discursiva e de conteúdo dos textos científicos

publicados em quatro livros editados pela Liga de Pesquisadores do Espiritismo

(LIHPE), resultantes de apresentações de pesquisas em seus encontros nacionais

(ENLIHPE), e dos textos publicados pela entidade em seu site oficial e facebook. Busca

conhecer os sujeitos discursivos que protagonizam a inserção de conteúdo científico às

práticas e estudos espíritas e os objetos sobre os quais se debruçam. Leva em

consideração elementos da formação discursiva espírita em sua tentativa de

reconciliação com a ciência, valorizando o discurso fundador enunciado pelo educador

francês Allan Kardec, codificador do espiritismo. A análise nos remete à constatação de

um movimento endógeno de reaproximação dos espíritas com a ciência atual, na

tentativa de qualificar suas práticas, sem, contudo, romper com os paradigmas

doutrinários estabelecidos. As estratégias utilizadas dessa reaproximação repousam na

titulação acadêmica dos sujeitos autorizados da enunciação, no uso de procedimentos

metodológicos científicos e na articulação do pensamento espírita com ideias e

conceitos elaborados por teóricos não espíritas. Os dados tendem a descrever o trabalho

da LIHPE como resultado de um empenho na construção de uma imagem positiva do

espiritismo entre os intelectuais ao resgatar parcialmente sua aliança com a ciência.

A CIÊNCIA VEM DEPOIS: ANÁLISE METODOLÓGICA DE TRABALHOS

APRESENTADOS AO ENCONTRO NACIONAL DA LIGA DE

HISTORIADORES E PESQUISADORES ESPÍRITAS

Dr. Luiz Signates - UFG e PUC-GO ([email protected] )

Resumo

A questão da relação entre religião e ciência é uma das controvérsias fundantes do

espiritismo, sendo legítimo afirmar que constitui uma das chaves para a compreensão

das práticas e do pensamento espírita, desde suas bases. Um dos modos pelos quais esta

controvérsia toma forma é a necessidade, bastante perceptível no discurso dos espíritas

e presente em várias passagens dos textos de Kardec, fundadores do espiritismo, de que

seus fundamentos doutrinários estejam concordes com os postulados científicos. Este

trabalho busca analisar esta problemática, tomando como corpus um evento específico e

recente, na movimentação espírita brasileira: as publicações de várias, das edições do

Encontro Nacional da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas. O enfoque da

análise é o metodológico, isto é, investiga-se até onde têm ido as supostas pretensões

espíritas à prática científica, tomando como categorias analíticas a presença/ausência de

dúvidas teóricas, a relação eventualmente existente com preceitos dogmáticos do

espiritismo, as relações de pertinência entre conteúdos religiosos espíritas e as temáticas

científicas e, por fim, os métodos que são acionados pelos espíritas para desenvolverem

isso, que denominam “aspecto científico” do espiritismo. Ao final, conclui-se pela

presença hegemônica da perspectiva dogmática, da visão confirmatória da ciência e, no

aspecto metodológico, de uma aplicação restrita de certos procedimentos de caráter

científico, mas apenas a posteriori à admissão de preceitos doutrinários tidos

aprioristicamente como verdadeiros.

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

UMBANDA É DE CRENÇA ESPÍRITA

Dr. Valdir Aquino Zitzke – UFT ([email protected] )

Resumo

Espiritismo e umbanda têm mais pontos em comum do que contrários, se consideramos

que a hierofania da revelação da umbanda se dá no contexto interno de uma sessão de

trabalho espírita. Se, ao mesmo tempo em que os espíritas não aceitavam entidades

como pretos-velhos em suas sessões, a manifestação de uma delas no seu contexto de

trabalho, acontecendo pelo fenômeno da incorporação inconsciente, no mesmo

mediunismo suas propostas de trabalho e discursos são diferentes. O objetivo deste

trabalho é evidenciar que existem mais pontos em comuns entre espiritismo e umbanda

do que pontos divergentes: a essência do mediunismo é a mesma, diferenciando em

ritos e discursos. Enquanto o espiritismo se apresenta como uma doutrina que possui

uma filosofia que se fundamenta na ciência positiva vigente, a umbanda, na sua

revelação, se apresenta enquanto culto, também com uma filosofia, e ambas se

distanciam das religiões estabelecidas, indo na direção do fenômeno do espírito e do

mediunismo, tendo como orientação maior Jesus, o Cristo. Da sua origem positivista

francesa, o espiritismo rumou pelos interesses de seus seguidores, da mesma forma que

a umbanda, desde a sua revelação no contexto brasileiro, tem caminhado a partir dos

interesses sincréticos de então. A fundamentação deste trabalho se baseia nas obras

básicas da Allan Kardec, o codificador do espiritismo e nos escritos de W. W. da Mata e

Silva e de Roger Feraudy, dois estudiosos e praticantes da umbanda no Brasil,

inaugurando o que se denomina de umbanda iniciática.

Dia 10/04, sala - 205 (Área II - Bloco C)

GT04 – ESPIRITSMO E CONTEMPORANEIDADE (II COLÓQUIO DE

ESTUDOS SOCIAIS SOBRE O ESPIRITISMO) (continuação)

O INTERTEXTO MEDIÚNICO DE UMA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO E A

DISCURSIVIDADE

Ms. Gismair Martins Teixeira - PPGLL/UFG ([email protected] )

Resumo

Esta comunicação apresenta a intertextualidade sui generis entre o romance Memórias

de um diabo de garrafa, do escritor carioca Alexandre Raposo, e um texto mediúnico

atribuído ao espírito Benvenuto Cellini, obtido na Sociedade Parisiense de Estudos

Espíritas em março de 1859. Esta obra romanesca foi objeto de nossa dissertação de

mestrado, intitulada Os aspectos da modernidade no intermúndio epistêmico de

Memórias de um diabo de garrafa, de Alexandre Raposo, defendida no ano de 2005

junto à instituição acima mencionada para a obtenção do grau de mestre por esta

instituição. Ambos, o romance e o texto mediúnico, apresentam uma visão particular

para o mesmo acontecimento biográfico envolvendo o ourives renascentista Benvenuto

Cellini: a sua participação em uma sessão de necromancia no Coliseu de Roma, de que

teria resultado o seu contato com uma legião de demônios. Na efabulação de Raposo,

Giácomo Bembo é o diabinho de garrafa que nasceu deste episódio espetacular,

tornando-se uma espécie canhestra de mentor do renomado artista do Renascimento. No

texto mediúnico, de que tomamos conhecimento após a escrita de nossa dissertação, o

suposto espírito de Cellini apresenta a sua versão pós-morte do espetacular

acontecimento de que o autor carioca partiu para conceber o seu inusitado personagem.

A metodologia adotada é a da pesquisa bibliográfica.

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

CHICO XAVIER: RECORTES ETNOGRÁFICOS ACERCA DOS

POSICIONAMENTOS RELIGIOSOS NA MÍDIA DIGITAL SOBRE O MAIOR

BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS

Ária Maria Mendes de Carvalho – UFAM ([email protected] )

Ms. Lidiany de Lima Cavalcante – UFAM ([email protected] )

Resumo

O processo histórico e social brasileiro retrata inúmeras personagens que construíram

identidades relevantes no que tange às questões sociais, políticas e religiosas. Entre os

exemplos, visualiza-se a figura de Chico Xavier, que reportou sua trajetória em favor da

divulgação da Doutrina Espírita, até então desconhecida e estigmatizada por parte da

população, além de percorrer também caminhos desérticos marcados pela

incompreensão humana e pelo preconceito. Tal personagem foi além das fronteiras da

religiosidade espírita, dedicou-se às obras assistenciais materiais e espirituais, como

marca de uma existência simples e de dedicação ao coletivo. Sua passagem terrena foi

marcada ainda pelo reconhecimento como o “Maior Brasileiro de Todos os Tempos”,

feito através de uma campanha midiática coordenada por uma emissora de televisão,

que apontava várias personalidades brasileiras em disputa através da votação eletrônica.

A repercussão de Chico Xavier, sobretudo na mídia virtual, ofereceu suporte para a

realização da pesquisa, que objetivou refletir sobre os posicionamentos religiosos

inseridos em portais de notícias virtuais. Através de recortes analisados à luz da

etnografia digital, ponderou-se que os discursos inseridos, foram em parte marcados

pela discriminação com ênfase na intolerância religiosa, advindo de correntes

neopentecostais. O retrato da intolerância reforça preconceitos, mas não olvida a

relevância de ícones, que como Chico Xavier, firmaram um divisor de águas na

emergência da espiritualização humana.

VALE DO AMANHECER: RELIGIÃO DA MODERNIDADE

Daniel Lucas Noronha de Sena - PPCR/UEPA ([email protected])

Resumo

A dissidência espírita se dá a partir de muitos espaços, sejam eles religiosos,

institucionais ou não. Em Brasília no final da década de 1950, surge, a partir de uma

liderança feminina, Neiva Chaves Zelaya, a Tia Neiva, uma religiosidade, fruto do

espiritismo, o Vale do Amanhecer, autodenominado pelos seus adeptos como uma

religião espiritualista e cristocêntrica, e trazendo um amalgama de informações que ora

confunde e outra aguça a curiosidade, sobre suas raízes, mitos, indumentárias, ritos.

Religião tipicamente de nosso espaço e tempo, religião dos discursos da modernidade.

Assim, neste trabalho apresentamos o Vale do Amanhecer como uma religião da

modernidade, verificando as nuances desta religião pelo prisma da etnografia e

analisando o percurso deste movimento de Brasília ao estado do Pará, assim como, em

menor escala, sua difusão pelo mundo.

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Dia 09/04, sala 208 (Área II - Bloco C)

GT5 – RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLICO

Coordenadores

Dr. Júlio Paulo Tavares Zabatiero - UNIDA ([email protected] )

Dr. Emerson Sena da Silveira - UFJF ([email protected] )

Dr. Manoel Ribeiro de Moraes Junior - UEPA ([email protected] )

Dr. Rudolf von Sinner - EST

1) CEBS RIBEIRINHAS: RELIGIÃO, POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DO

ESPAÇO PÚBLICO.

Robson Wander Costa Lopes. Mestre em Ciências da Religião (UEPA). E-mail:

[email protected].

Resumo

Este trabalho analisa a organização do espaço público a partir de uma práxis entre

religião e política, entre “fé e vida”. O objetivo é verificar de que modo antigas

colocações ribeirinhas, ou seja, os espaços que demarcavam uma relação

tradicionalmente aviada entre patrão e freguês, notadamente assegurada pelo vínculo da

dívida e compadrio, foram transformados em Comunidades Eclesiais de Base, CEBs

ribeirinhas, lugar de exercício da cidadania. A metodologia será a análise do Discurso

do Sujeito Coletivo, buscando enunciar a lógica ou a racionalidade dos discursos

coletados através de entrevistas semiestruturadas, da pesquisa documental arquivada, e

de observação participante na comunidade ribeirinha de Santana do rio Moju, município

de Gurupá, no interior da Amazônia paraense. Trata-se, portanto, de um estudo de caso.

Assim, demostra-se que os sujeitos, organizadores desse espaço público, antes fregueses

sob o sistema de aviamento, reconduziram suas relações rompendo com o vínculo da

dívida e da sujeição aos mandos de seus patrões.

2) “ACORDA CANÇÃO NOVA”: CONSERVADORES CATÓLICOS E

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM 2010

Péricles Andrade. Doutor em Sociologia. Professor. Universidade Federal de Sergipe

(UFS). E-mail: [email protected]

Resumo

Nas últimas duas décadas evidencia-se no Brasil a constituição de uma política de

aproximação do Estado brasileiro com os movimentos sociais ligados aos coletivos

feministas e LGBTT. Isso se evidencia na ocupação de postos no aparelho estatal,

influência nas políticas públicas na área da saúde, dos direitos sexuais e reprodutivos.

Temas polêmicos passam a compor a agenda política, tais como: descriminalização do

aborto, a união civil homoafetiva, criminalização da homofobia, inclusão de cirurgias de

readequação sexual entre os serviços do SUS. Esta nova configuração no campo político

institui novas tensões entre os coletivos religiosos tradicionalistas e o Estado. Nesse

aspecto, as campanhas eleitorais em 2010 foram basilares, pois foram marcadas pela

inclusão do combate ao aborto e das bandeiras dos movimentos LGBTT nas

plataformas políticas de alguns candidatos, com amplo apoio de religiosos

conservadores. Esta comunicação tem objetivo analisar as tensões entre o coletivo

tradicionalista católico e o apoio a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da

República, concedido por lideranças católicas. A pesquisa está centrada no blog

“Acorda Canção Nova”, constituído de forma anônima por membros da Comunidade

Canção Nova. A partir desta análise evidencia-se que está em jogo nas disputas deste

campo a laicidade flexiva adotada no Brasil, a colaboração ou exclusão do elemento

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religioso na esfera pública, a isonomia versus privilégios e a capacidade de propor,

deliberar e participar da execução das políticas públicas pelos coletivos religiosos

conservadores.

3) RELIGIÃO E POLÍTICA: O PONTO DE VISTA DO CATOLICISMO

CARISMÁTICO

Carlos Eduardo Pinto Procópio. Doutor em Ciências Sociais (UFJF). Professor

(Instituto Federal de São Paulo-IFSP). E-mail: [email protected]

Resumo

Os estudos sócio-antropológicos sobre religião e esfera pública tem chamado a atenção

para as recomposições sobre as quais vêm se apresentando esta relação. No que tange a

esfera da atividade política, esta perspectiva tem permitido considerar que mesmo que a

religião tome posição política respaldando-se num horizonte imaginativo atrelado às

suas diretrizes morais e éticas, ela consegue, como condição necessária para sua

justificação, articular essas diretrizes com uma direção orientada por procedimentos

políticos constituintes das democracias deliberativas contemporâneas. Como exemplo

disso, o catolicismo carismático se presta como agrupamento coletivo bom para pensar

as relações salientadas entre religião e esfera pública. Nas eleições de 2010, alguns

membros desse catolicismo foram incentivados desde os grupos de oração e

comunidades aos quais estavam vinculados, se convertendo em candidatos políticos

que, inscritos nas malhas de partidos diversos, levaram para a esfera política muitas das

necessidades dos carismáticos: defesa de um comportamento ético na política,

criminalização do aborto, defesa do ensino religioso, contraposição ao casamento

homoafetivo, facilitação de sinais de rádio e televisão. Ao mesmo tempo, a forma como

estas necessidades foram dispostas na esfera pública foi areolada com referências

simbólicas que se direcionavam para uma situação antes de consideração da política nos

seus moldes democrático-deliberativo do que num proselitismo religioso cuja ação se

“performaria” intransigente junto a própria esfera política: referência a valores

universais, referências aos direitos humanos, liberdade de expressão. As duas dimensões

inerentes a presença política dos carismáticos se reforçavam mutuamente ao longo do

processo eleitoral referido, produzindo um posicionamento ambíguo quando da

atividade política daqueles. São as minúcias destas relações que gostaria de apresentar.

4) RELIGIÃO NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

INTERSECÇÕES ENTRE MORALIDADE E DEVER PROFISSIONAL

Luiz Vicente Justino Jácomo. Mestrando. Sociologia (FFLCH/USP). Bolsista do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail:

[email protected]

Resumo

Propomos nesse paper apresentar alguns resultados da pesquisa em andamento sobre a

dimensão religiosa – suas práticas, compromissos e preceitos – na corporação policial.

Partimos do pressuposto que as crenças e pertenças religiosas do indivíduo policial

militar informa em alguma medida a sua prática profissional cotidiana, seja alterando ou

resignificando a forma como este atua, seja orientando sua visão de mundo acerca do

próprio papel que exerce profissionalmente. A hipótese é que ao assumir essa dupla

representação, de religioso e de funcionário estatal encarregado da garantia da ordem,

também as moralidades inerentes a cada uma destas dimensões se somam: abandonar

qualquer uma delas seria como prevaricar, seja do compromisso teológico, seja do

compromisso profissional. Para investigar essas questões, estamos realizando extensa

pesquisa de campo juntamente aos grupos religiosos organizados dentro da corporação.

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Para este trabalho em particular, buscaremos problematizar a suposta ingerência

confessional dentro desta instituição que, apesar do seu caráter público e laico, vem se

valendo cada vez mais do expediente religioso como instrumento para lidar com as

aflições emocionais e psicológicas inerentes à profissão de policial militar.

5) A ATUAÇÃO DO CLERO POLÍTICO NA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO

PODER PROVINCIAL PAULISTA (1824-1834).

Ana Rosa Cloclet da Silva. Pós-doutorado em História. Docente do Programa de

Mestrado em Ciências da Religião da PUC-Campinas. E-mail: ana.silva@puc-

campinas.edu.br

Resumo

Os enquadramentos institucionais seguidos pelo Estado nacional brasileiro, desde 1822,

não puderam dispensar a estrutura administrativa e burocrática há muito organizada pela

Igreja, reforçando a tradicional ação "civil-religiosa" do clero. Contudo, as relações

entre poder temporal e espiritual nem sempre foram congruentes e harmoniosas.

Tampouco, limitaram-se ao âmbito institucional, sendo comum casos em que os

clérigos usufruíram do poder sacerdotal e do próprio acesso às esferas de representação

política, em nome de causas particulares e de uma identidade religiosa. Partindo da

contextualização histórica do fenômeno observado, esta comunicação analisa os

diversos níveis de tensão suscitados pela atuação política do clero paulista, no processo

de construção de um espaço público na província. Especificamente, avalia a repercussão

dos conflitos envolvendo estas lideranças religiosas radicadas nas diversas localidades

da província, nos trabalhos do Conselho da Presidência de São Paulo, durante o período

de sua vigência (1824-1834), quando representaram verdadeiros obstáculos ao processo

de normatização e implementação das formas administrativas constitucionais em curso.

6) RELIGIÃO E POLÍTICA: UMA ANÁLISE DOS PROJETOS DE LEI DOS

DEPUTADOS EVANGÉLICOS NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Sandra Duarte de Souza. Doutora em Ciências da Religião. Professora (UMESP).

E-mail: [email protected]

Hugo Gonçalves de Freitas. Graduando em Teologia (Faculdade de Teologia. UMESP).

Bolsista de iniciação científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo –

FAPESP. E-mail: [email protected]

Resumo

A laicidade pode ser definida “como um regime social de convivência, cujas instituições

políticas estão legitimadas principalmente pela soberania popular e já não por elementos

religiosos”. Atualmente, por meio da atuação política de diversos setores religiosos da

sociedade, vive-se sob uma constante relação de forças entre o Estado e as religiões,

especialmente entre as do segmento cristão. Este fato pode ser observado pelos projetos

de lei propostos pelos deputados estaduais evangélicos do Rio de Janeiro que por meio

da política pública buscam o favorecimento de determinados grupos ou instituições

religiosas, fazendo com que estas alcancem visibilidade no meio político e prestígio no

ambiente público, consequentemente, fortalecendo-as também no meio religioso. Este

estudo, fruto do projeto de Iniciação Científica “Religião e Política: uma análise da

laicidade do Estado a partir da atuação dos deputados evangélicos na Assembleia

Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – ALERJ” com bolsa da Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, tem como objetivo identificar alguns

destes projetos de lei que vão de encontro aos princípios de um Estado laico.

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DIA 10/04, SALA 208 (ÁREA II - BLOCO C)

1) ASSISTÊNCIA RELIGIOSA E ESTADO NO DISTRITO FEDERAL Lygia Maria Bitencourt Moura Oliveira. Doutoranda. Universidade de Brasília (UNB).

E-mail: [email protected]

Resumo

O presente trabalho tem como finalidade relatar a observação de uma faceta das

relações entre religião e Estado, a faceta da “assistência religiosa”, na sociedade do

Distrito Federal. “Assistência religiosa” é aqui entendida como se tratando da prestação

de serviços religiosos em instituições públicas de internação coletiva, seja ela voluntária

ou não, tais como hospitais, asilos, quartéis, presídios. A assistência religiosa é uma das

modalidades de interação entre as religiões e o Estado, interação prevista na

Constituição Federal, nos termos do seu art. 19, I (que estabelece a possibilidade da

"cooperação de interesse público"). Para tanto, será feito um levantamento das normas

federais e distritais que tenham como temática a assistência religiosa, bem como a

realização de entrevistas com agentes que praticam “assistência religiosa” nos hospitais

públicos, os internados que recebem essa assistência e os funcionários públicos que

administram essa assistência. Nesse sentido, procura-se aliar norma e prática,

observando se e como a laicidade do Estado e os direitos religiosos são preservados

nessa relação específica.

2) A RELIGIOSIDADE NO AMBIENTE HOSPITALAR. Rafael Souza Rodrigues. Doutorando em Teologia (Faculdades EST). Bolsista da

CAPES. E-mail: [email protected]

Resumo

Este estudo tem por finalidade analisar o papel da religiosidade dentro de um ambiente

hospitalar. Os grandes hospitais dos primeiros séculos foram fundados por grupos

cristãos, que fundamentavam essa prática no testemunho do próprio Jesus Cristo, com

base nas narrativas bíblicas que mostravam Jesus dedicando especial atenção aos

enfermos. Com o advento da idade moderna, a partir do século XVIII, a assistência

hospitalar muda a sua ênfase caritativo-religiosa para curativa/secular, sendo o

capitalismo uma dos principais responsáveis por esta transformação. Todavia, a

religiosidade ainda se mantém viva dentro do ambiente hospitalar, fomentada muitas

vezes pelos próprios pacientes e, principalmente, quando se tem uma abertura para a

atuação de pessoas que prestam algum tipo de assistência religiosa, seja esta

profissional ou voluntária. A capelania hospitalar se constitui em uma das maneiras de

atender a demanda religiosa/espiritual de pessoas hospitalizadas. Porém, em meio a

atual pluralidade de confissões e crenças, manter um discurso isento de proselitismos e

apontar novos caminhos para servir de suporte espiritual dentro da religiosidade

individual, se constitui em um dos maiores desafios da capelania hospitalar.

3) QUANDO A POMBAGIRA “ENTRA” NA POLÍTICA PARAIBANA?

PRIMEIRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O SEGUNDO TURNO DAS

ELEIÇÕES 2010

Maria Isabel Pia dos Santos. Graduanda em Ciências das Religiões (UFPB).

E-mail: [email protected]

Resumo

Este ensaio tem o objetivo de expor as primeiras considerações acerca do segundo turno

das eleições 2010 na Paraíba para cargo eletivo de governador, partindo da

problematização da entidade Pombagira, como interlocutora desta ação político-

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religiosa e, consequentemente, respondendo a questão: quando a Pombagira “entra” na

política paraibana? Que através de sua simbologia às avessas torna-se um solo fértil

para o desenvolvimento de estratégias políticas, evocando uma panacéia demoníaca que

permeia o imaginário popular. Para introduzir tal questão, será discutido, através de uma

abordagem sociológica, as relações entre política e religião a partir das contribuições de

Steil (2001), Oro (2001), Burity (2001), Bohn (2007), Pierucci (2011) e outros teóricos

que mostram o entrecruzamento entre essas e suas implicações. Posteriormente,

abordaremos os aspectos inerentes e permeadores a Pombagira, por exemplo, o processo

de demonização, descritos por Prandi (1996, 2005 e 2007), Silva (2005) e Mariz (2006).

Atrelado a isso, utiliza-se de material publicado na mídia online sobre os

acontecimentos destas eleições na Paraíba para análise e compreensão deste “recorte

social”. Nota-se que se trata de um discurso acusativo (e também de “justificativa”)

alimentado pela ideia de mal associada à simbologia da entidade Pombagira, tornando-

se mola propulsora no jogo político local, que tende a desqualificar e perseguir o outro,

acarretando a prática de intolerância religiosa.

4) PENTECOSTALISMOS NO ESPAÇO PÚBLICO DEMOCRÁTICO

BRASILEIRO: A ATUAÇÃO DE PARLAMENTARES DAS ASSEMBLEIAS DE

DEUS NO CONGRESSO NACIONAL EM 2013

Osiel Lourenço de Carvalho. Doutorando em Ciências da Religião pela Universidade

Metodista de São Paulo. Bolsista. CAPES. E-mail: [email protected]

Resumo

Entre 1911 e 1985 as Assembleias de Deus tiveram apenas um deputado federal. No

entanto, essa visão de mundo começou a mudar a partir da década de 80. As

Assembleias de Deus, segunda maior igreja do Brasil elegeu em 1986, 13 deputados

federais. Hoje são 22 parlamentares. De acordo com o presidente do Conselho político

da Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB), pastor Lelis Washington

“deveríamos ter ao menos 50 deputados federais. Os pastores eram refratários à política,

mas as igrejas dependem do poder público para ter alvarás, licenças para obras, verbas

para tocar projetos sociais. Sem falar dos projetos que ameaçam a família”. Na

legislatura 2011-2015 tomaram posse no dia 01 de fevereiro de 2011 vinte e dois

deputados federais ligados as Assembleias de Deus, de modo que a soma total de votos

desses parlamentares foi de 2.052.248. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é o de

apresentar a atuação desses parlamentares em 2013, principalmente no que diz respeito

a projetos de lei apresentados na Câmara de Deputados. Através dessa pesquisa,

observou-se que a maioria desses projetos está relacionada às questões de ordem moral

sexual.

5) A “SALVAÇÃO” DA POLÍTICA E DA FAMÍLIA BRASILEIRA: DEBATES

ENTRE RELIGIÃO E POLÍTICA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Emanuel Freitas da Silva. Universidade Federal rural do Semiárido (UFERSA). E-mail:

[email protected]

Resumo

Apresentamos aqui os primeiros resultados de nossa pesquisa doutoral que analisa a

atuação de parlamentares evangélicos no Congresso Nacional brasileiro (2011-2014).

Os resultados do Censo Demográfico 2010 mostraram o crescimento da diversidade dos

grupos religiosos no Brasil, com destaque para o significativo e consolidado aumento do

número de evangélicos das mais variadas denominações (saltando de 15,4% no Censo

anterior para 22,2% no atual). Assim, a representatividade social deste segmento tem

gerado um grande investimento na política para transformar-se em representatividade

política, implicando uma politização do discurso e do espaço religiosos e uma estratégia

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de ocupação de cargos na esfera pública por parte de organizações e movimentos

religiosos, certos de estarem dando prosseguimento a um projeto de “salvação da

política”. Por isso, buscamos entender os mecanismos pelos quais, “ao perceber o

campo político como uma arena sujeita ás influências demoníacas”, onde projetos de

leis e políticas públicas estavam a ser postas em ação para corrigir distorções, “foi

possível instaurar-se uma verdadeira cruzada no campo político”. (TADVALD, 2010, p.

84), fazendo surgir uma “ação política regulada pelos ‘planos de deus’ expressos na

bíblia” (CAMPOS, 2010, p. 41). A política constituiu-se como um campo privilegiado

de missão e ação religiosas, espaço por excelência da defesa dos ideais postos pela

cristandade. Teriam os evangélicos descoberto a importância da luta política ou dos

grupos de interesse e pressão para, de uma forma milenarista, construir o “reino de

deus” na terra?

6) A IDENTIDADE DO ENSINO RELIGIOSO EM TEMPOS DE

HIPERMODERNIDADE

Jozy Mary Nogueira Souza Guimarães. Mestre. Professora (FEICS-MT). E-mail:

[email protected]

Resumo

Diante do rearranjo do modo de produção cultural, baseado no exercício do consumo

cultural, entrevistamos professores do Ensino Religioso-ER de algumas regiões de Mato

Grosso a fim de observar se o professor tem como referencial o modelo tradicional de

ER ou se sua prática em sala insere-se no universo das ciências da religião – área de

estudo que reivindica características de ciência. Nossa pesquisa tem como foco a

configuraçao do Ensino Religioso nos tempos atuais, sobretudo a tranfiguração pública

da religião no mercado a partir dos anos 90. Anterior a esse marco cronológico dos anos

90, o reconhecimento coletivo da religião se dava principamente no espaço público que

é a escola e, após percorrermos as teorias da hipermodernidade de Gilles Lipovetsky,

bem como os entraves políticos entre Igreja e Estado vamos acompanhar a sua migração

para a esfera privada, ficando refém quase definitivamente de escolhas pessoais. Nossa

intenção ao aplicar o questionário foi verificar quais as referências de religião dos

professores ao ministrar a disciplina em sala de aula, quais são suas referências de

verdade, de ciência e de fé. Será que suas referências pessoais de uma religião aparecem

e fundamentam o planejamento de suas aulas ou foram trocadas pelos princípios da

universalização do sagrado e recusa ao proselitismo? E de uma maneira mais ampla,

procuramos verificar, até que ponto, a crise da identidade do Ensino Religioso está

vinculada a transformação da religião através do discurso do professor em uma

pluralidade religiosa, onde convivem todos os valores, menos preocupado com o

proselitismo, entrando na lógica do mercado e relações de consumo.

7) TRADICIONALISMO CATÓLICO, ESPAÇO PÚBLICO E DIREITOS DE

MINORIAS: A ‘GUERRA CULTURAL’ DO PADRE PAULO RICARDO

Emerson José Sena da Silveira. Doutor em Ciência da Religião (UFJF). Professor

(PPCIR-UFJF). E-mail: [email protected]

Dayana Dar’C Silva da Silveira. Mestranda em Ciência da Religião (PPCIR-UFJF).

Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

Resumo

Pretende-se, com esta comunicação, analisar os discursos públicos do Padre Paulo

Ricardo, destacada liderança conservadora que emergiu no seio da Comunidade

Carismática Canção Nova (Igreja Católica). Os discursos estão disponibilizados em

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mídia (encontram-se espalhados pelas redes sociais como o Youtube e Portal da

Comunidade Canção Nova) e tem alcançado repercussão devida a intensa atividade

lobista desta liderança junto a parlamentares evangélicos e católicos no Congresso

Nacional. O padre Paulo Ricardo, ligado a Comunidade Canção Nova, que possui hoje

uma grande estrutura social, de mídia e educação, representa a face pública de um

segmento considerável de católicos tradicionalistas incomodados com as profundas

transformações sociais e religiosas, a emergência dos direitos de minorias as mudanças.

Analisar as formas como essa discursividade de constrói e repercute é fundamental para

compreender a constituição do tradicionalismo católico contemporâneo.

7) SOBERANIA E O RETORNO AO CAMPO DA TEOLOGIA-POLÍTICA

Douglas Ferreira Barros. Doutor em Filosofia-USP. Professor da UNICAMP.

E-mail: [email protected]

Resumo

O objetivo deste trabalho é aprofundar as bases da retomada do debate sobre a

centralidade da noção de soberania na contemporaneidade e as consequências dessa

perspectiva teórica para a retomada da reflexão sobre a Teologia-Política. Parte-se da

leitura de Carl Schmitt da obra de Thomas Hobbes, especificamente expressa em The

Leviathan in the State Theory of Thomas Hobbes: Meaning and Failure of a Political

Symbol (2008) e da compreensão do Leviatã como a representação do poder político

por excelência. Pretende-se observar em que sentido e a partir de que bases se dá a

abordagem schmittiana da soberania, nos limites da teologia-política. Tentaremos

observar se, de fato, pode-se falar de um retorno do pensamento político

contemporâneo, ou de parte dele, ao campo da teologia. Trata-se, em sentido amplo, de

investigar: se esse suposto retorno do teológico-político é uma derrota da aposta da

modernidade filosófica desde o século XVI, segundo a qual a ciência e os ramos de

saber a ela associados se desvencilhariam das malhas da Teologia na mesma medida em

que mais se amparam nos critérios estabelecidos pelo conhecimento; ou investigar se se

trata apenas de uma abordagem entre outras da soberania na contemporaneidade. O

centro dessa investigação é a avaliação do imbricamento entre a noção de soberania,

poder e teologia-política na contemporaneidade.

DIA 10/04/2014, SALA 101 (ÁREA II - BLOCO D)

1) A FILOSOFIA DA HISTÓRIA DE UM PONTO DE VISTA MESSIÂNICO:

DE PAULO A AGAMBEN E DE VOLTA.

Pedro Lucas Dulci. Mestrando em Filosofia. Universidade Federal de Goiás (UFG).

E-mail: [email protected]

Resumo

Existe contemporaneamente uma recuperação secularizada do pensamento do apóstolo

Paulo por vários filósofos, juristas e pensadores não cristãos. Por esse motivo, uma série

de pensadores hodiernos voltam-se para os escritos do apóstolo como fontes

privilegiadas para se pensar a condição humana e a condição social contemporânea de

uma forma muito frutífera. O que estes autores têm mostrado é que as Escrituras são

uma fonte privilegiada na história dos sistemas de pensamento, bem como o

pensamento de Paulo de importância fundamental. Uma das chaves de inteligibilidade

utilizada por alguns filósofos contemporâneos é a concepção de tempo messiânico,

igualmente oriunda dos escritos do apóstolo Paulo. Segundo o filósofo italiano Giorgio

Agamben a melhor forma de descrever o tempo em que vivemos é aquela que o

apóstolo dos gentios utiliza para se referir ao tempo que resta para a Igreja de Cristo.

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Neste sentido, a partir do conclame urgente de Slavoj Žižek sobre aos problemas sociais

mais eminentes que nos atingem, uma forma adequada de pensar um modo de ação para

este tempo que nos resta é voltar-se os olhos para outro conceito teológico: o de Igreja.

O presente trabalho visa trabalhar algumas formas de existência característica da Igreja

no pensamento de Paulo como paradigma privilegiado para pensar a teologia política

contemporânea

2) RELIGIÃO, MULTICULTURALISMO E SOLIDARIEDADE

REPUBLICANA

Manoel Ribeiro de Moraes Jr. Doutro em Filosofia. Professor (PPGCRE-UEPA).

E-mail: [email protected]

Resumo

Esta comunicação enfoca a construção de conceitos elementares (fundamentais) para

discussões teóricas que tratam da convivência democrática entre religiosos que podem

até mesmo interpretar a cosmovisão religiosa do outro como antípoda dolorosa e

sanguinária às suas convicções de fé. Hipótese: a inteligência (razão política) é um

processo contínuo de aprendizado para o aprimoramento das habilidades de convivência

humana. Este aprendizado possibilita a revisão dos sistemas de interpretação públicas

das convicções tradicionais em direção daquelas novas (deontológicas normativos) que

superem os atritos conflituosos emergentes, fáticos (ontológicos normativos).

Metodologia: O artigo apresentado é consequência de estudos analíticos para a

reconstrução de conceitos fundamentais de pensadores teóricos que tratam da ação

político-religiosa em espaços sociais que são multiconfessionais e que se pretendem

democráticos. Referencial Teórico: O eixo central desta reflexão é a teoria social e da

democracia comunicativa de Jürgen Habermas e teorias que aqui aparecem como

complementares como a teoria de Estado e de Liberalismo de John Rawls, a teoria da

cooperação de Richard Sennett, e teorias sobre religião e sociedade de Max Weber, Max

Horkheimer e Gershom Scholem. Perspectivas Futuras: Este trabalho é um preparativo

para os seus passos seguintes que procurará enfocar aspectos factuais de conflitos

político-religiosos que desafiam o panorama constitucional democrático brasileiro e de

outros países profundamente multiculturais.

3) RELIGIÃO E DEMOCRACIA: ENFOQUES A PARTIR DE J. HABERMAS E

J. RATZINGER.

José Maria Guimarães Ramos. Mestrando de Ciências Da Religião (UEPA).

E-mail: [email protected]

Resumo

Nesta comunicação faço uma reflexão sobre o tema religião e democracia sob os pontos

de vista de J. Habermas e J. Ratzinger (Papa emérito Bento XVI). Em um primeiro

momento procuro situar a questão no momento em que ela se torna relevante no

Ocidente, num contexto plural em que a religião reivindica ser ouvida. Num segundo

momento, faço uma exposição dos posicionamentos dos autores sobre o tema, e suas

respectivas opiniões sobre o lugar da religião na esfera pública e da grande problemática

que as sociedades democráticas enfrentam para fundamentar direitos ancorados em

conceitos como justiça, liberdade e equidade, e da impossibilidade, segundo Habermas,

de aplicação da proposta de “razão pública” de Rawls. Os dois autores propõem uma

fundamentação normativa da sociedade democrática, fruto do consenso entre valores da

sociedade laica e valores das tradições religiosas.

4) RELIGIÃO, ESTADO E SOCIEDADE. O CASO DA ALEMANHA.

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Dr. Rudolf von Sinner – EST. E-mal: [email protected] )

Resumo

Quando de abordagens sobre a relação entre religião, estado e sociedade cita-se, em

geral, os casos da França e dos Estados Unidos da América como comparações com o

caso brasileiro. Contudo, importa enxergar que há mais opções do que um laicismo à la

française ou de um wall of separation na forma dos E.U.A. O caso alemão de uma

“neutralidade em termos religião e cosmovisão” (religiöse und weltanschauliche

Neutralität), junto com uma afirmação da liberdade, igualdade e contribuição das

comunidades religiosas para com os fundamentos do Estado e da sociedade, é pouco

citado, embora pelos preceitos legais já se mantenha há quase cem anos. O modelo de

um Estado “generoso quanto à religião” (religionsfreundlicher Staat) implica ampla

cooperação na área social, bem como o status legal de “corporação de direito público

[nacional]” (Körperschaft öffentlichen Rechts) para as comunidades religiosas

tradicionais, nomeadamente evangélica e católica romana, e outras que a requeiram.

Este modelo tem servido para a pacificação da convivência entre Religião, Estado e

Sociedade, razão pela qual se torna instigante para uma comparação com o caso

brasileiro.

5) RELIGIÃO E PÓS-SECULARIDADE: O DEBATE ENTRE HABERMAS E

TAYLOR.

Júlio Paulo Tavares Zabatiero Faculdade Unida de Vitória. E-mail:

[email protected]

Resumo

Nos debates contemporâneos sobre o lugar público da religião nas sociedades

ocidentais, especialmente no ambiente norte-atlântico, ressalta a proposta de Jürgen

Habermas de entender o tempo atual do Ocidente como configurando um tipo de

sociedade pós-secular. A tese básica de Habermas é que do ponto de vista do lugar

público da religião a secularidade europeia não tem mais a força anterior de privatização

das religiões, mas está aberta à presença e atuação de pessoas e instituições religiosas no

debate público. Charles Taylor é um dos interlocutores críticos de Habermas neste

ponto. Para ele, o problema básico reside no próprio conceito de secularização, de modo

que o conceito de uma sociedade pós-secular, por si só, deveria ser revisto. O debate

entre Taylor e Habermas se deu por meio de publicações concorrentes dos mesmos

sobre o tema, mas também em evento organizado nos EUA com a participação de

ambos e um interessante e amistoso debate entre os dois. Esta comunicação visa,

principalmente, apresentar o debate ocorrido nesse evento, mas levando em

consideração os textos mais amplos de ambos, especialmente Entre Naturalismo e

Religião de Habermas e A Era Secular, de Taylor.

6) RELIGIO CORDIS BRASILIENSES E ESPAÇO PÚBLICO: ENTRE A

REJEIÇÃO E A DINAMIZAÇÃO DE UM CRISTIANISMO CIDADÃO

Helmut Renders. Doutor em Ciências da Religião. Professor Universidade Metodista de

São Paulo (UMESP). E-mail: [email protected]

Resumo

A religião cordis é uma expressão transconfessional da fé cristã que marcou Brasil

desde a época colonial (Jesuítas, Carmelitas) até a fase ultramontanista (Sagrado

coração de Jesus) e que ganhou seus adeptos protestantes e, especialmente, evangélicos

(reprodução da obra do autor católico Johann Evangelista Gossner por Presbiterianos,

Metodistas, Batistas, Luteranos e Pentecostais). Todos estes movimentos eram em

território brasileiro ou defensores da escravidão, inimigos da Republica ou ficaram

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longe das lutas sociais da segunda parte do século 20, senão até colaboraram com a

ditadura. Toda esta conclusão me levou a afirmação que a religio cordis brasilenses

poderia chamada religião cordial, no sentido de uma “acompanhante” religiosa do

“homem” cordial, segundo o uso de S. Buarque de Holanda, com outras palavras: trata-

se de uma religiosidade anti-pública. Por outro lado, há uma linha da religio cordis

pouco explorada no Brasil, reflexo das próprias constelações políticas. Nos séculos 12 e

13, saíram mulheres dos seus esconderijos e se tornaram pessoas públicas, inventando a

sua versão da religio cordis na base do canto dos trovadores; na reforma criou-se uma

segunda forma não misticista da religio cordis evidenciada especialmente nos livros

emblemáticos da calvinista Georgette de Montenay e do luterano Daniel Cramer, com

ideias próximas no sentido de uma co-apareciação em John Wesley, 100 anos depois, e

sempre relacionando o mundo com Deus e a pessoa cristã; finalmente houve tentativas

sérias entre alguns teólogos protestantes e entre teólogos[as] católicos da Libertação na

década oitenta de reclamar estas tradições para um engajamento cristã não tecnocrata

nem burocrata, mas, dando um tom na solidariedade que vai alem das leis e da sua

cobrança. A comunicação quer mostrar como cada um desses discursos foi construído

imageticamente.

Dia 09/04, sala 211 (Área II - Bloco C)

GT6: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E FÉ: ENTRE A

INSTRUMENTALIZAÇÃO DA “PALAVRA DE DEUS” E A “NATUREZA” DA

Coordenadores

Dr. Carlos André Cavalcanti - UFPB ([email protected] )

Prof. Dr. Eduardo Gusmão de Quadros - PUC-GO e UEG ([email protected])

O QUE É E O QUE NÃO É DIVERSIDADE RELIGIOSA, AFINAL? ENTRE A

LAICIDADE E O LAICISMO

Dr. Carlos André Cavalcanti – UFPB

Resumo

Se você consegue conviver em paz com aquele vizinho, parente, colega, cônjuge ou

amigo que vivencia uma postura religiosa – ou não religiosa – diferente da sua, você já

tem alguma simpatia pela Diversidade Religiosa. É um bom começo! A cultura da

Diversidade Religiosa, que depende, para buscar a hegemonia social, da adesão de todos

e de cada um ou ao menos de uma maioria “sociológica” significativa, avança, porém,

num ritmo menor do que o da Intolerância Religiosa. Estamos, por enquanto, perdendo

a guerra que travamos há anos com o fundamentalismo religioso no Brasil.... O que

podemos fazer para reverter esta tendência? De nossa parte, lutamos em duas frentes: na

busca pela criação de comitês estaduais e municipais da Diversidade Religiosa e no

aperfeiçoamento da pragmática militante dos que atuam na área construindo, com suas

ações, o caminho brasileiro para a Diversidade.

OS VISITADORES DAS NAUS: INSPEÇÃO E CONTROLE SOCIAL NOS

TEMPOS DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS - LISBOA/BRASIL

(SÉCULOS XVI – XVIII)

Dra. Rossana Britto – UFES

Resumo

Trata-se de uma pesquisa voltada para o estudo de um cargo específico da burocracia

inquisitorial portuguesa: o visitador das naus. O Regimento da Inquisição portuguesa de

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1640 determinava que os visitadores das naus encarregavam-se da função de inspeção

de pessoas, ideias e livros nos portos e alfândegas do Império que afrontavam a Santa

Madre Igreja no Reino de Portugal.

O IMAGINÁRIO DA (IN)TOLERÂNCIA: UMA HISTORIOGRAFIA DA

HOMOSSEXUALIDADE NO BRASIL COLONIAL

Ms. Elton Roney da Silva Carvalho - UFPB

Resumo

Estudar a intolerância religiosa é também estudar a sua história. No caso da temática

deste estudo, a atuação do Santo Ofício da Inquisição no Brasil Colonial e a formação

de um imaginário intolerante, a história da intolerância marca a cultura, cria e/ou

consolida preconceitos e estabelece, enfim, o conjunto social das práticas a serem

extirpadas - a homossexualidade é um delas. Com a presença da Santa Inquisição no

Brasil o imaginário do povo é construído e a sexualidade ganha novas conotações.

Analisar a inquisição tendo como perspectiva o Imaginário possibilita encontrar um

sentido da inquisição que reporta a formação de um símbolo, ou conjunto simbólico

acerca da prática da homossexualidade. Esta prática já era estereotipada durante o

período Colonial no Brasil, o que acarreta uma possível formação intolerante em nosso

contexto religioso atual. A presença do Santo Ofício em terras brasileiras gerou uma

atitude intolerante acerca da prática homossexual, transformando uma prática comum

dos indígenas (ameríndios/nativos) que aceitavam e viam com naturalidade, em um

pecado nefando, o que acarreta em nossos dias uma postura completamente contrária à

prática homossexual. Sendo de interesse do GT a análise da complexidade dos fatores

que cercam os casos de intolerância e a influência na história, como também a recepção

de trabalhos que a abordem temas clássicos como a Santa Inquisicao, este trabalho

pretende analisar a formação do imaginário intolerante acerca da homossexualidade no

Brasil Colonial e seu reflexo em nossa sociedade contemporânea.

AS DISPUTAS DISCURSIVAS ENTRE FIÉIS E NÃO-FIÉIS NAS REDES

SOCIAIS DE SILAS MALAFAIA

Francieli Jordão Fantoni - UFSM

Viviane Borelli - UFSM

Resumo

A sociedade em vias de midiatização, atravessada pela globalização e pelo caráter

heterogêneo das relações sociais, culturais, políticas e econômicas estruturais de cada

local e indivíduo, vão além de ser o resultado do avanço tecnológico e de uma

racionalidade técnica. Nota-se a constituição de um novo paradigma, entendido como o

fim do social, como conceitua Alain Touraine (2007), no qual emerge um novo cenário

cultural, perpassado pela perda de pontos de referência do indivíduo e desaparecimento

das instituições como sistemas integrados e portadores de legitimidade indiscutível.

Com a secularização e consequente crise das instituições, há uma busca pela autonomia

do sujeito na escolha da crença e o declínio da autoridade religiosa, gerando conflitos

diversos. Desta forma, este trabalho analisa as disputas discursivas entre fiéis e não-fiéis

nas redes sociais, Facebook e Twitter, do líder religioso Silas Malafaia, como forma de

identificar as estratégias enunciativas que são perpassadas por lógicas distintas, muitas

vezes de intolerância religiosa, alteridade cultural e de negação do outro. A escolha pelo

líder religioso diz respeito ao caráter polêmico de suas manifestações em rede.

Metodologicamente, opta-se pela análise semiológica proposta por Eliseo Verón (2004),

com coleta de enunciados referentes ao mês de dezembro de 2013. Nota-se que fiéis e

não-fiéis se enfrentam na busca por legitimação discursiva, evidenciando alteridades

culturais por meio da intolerância e negação do outro. Também destaca-se que o papel

do líder tornou-se fluído, pois o poder passa a ser descentralizado nas redes sociais.

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RESISTÊNCIA AO FUNDAMENTALISMO: NÃO TOLERAR NEM SEMPRE É

INTOLERÂNCIA

Dr. Breno Martins Campos – PUC Campinas

Resumo

Como um dos resultados parciais da pesquisa que desenvolvo na PUC-Campinas – "A

linhagem do fundamentalismo protestante no século XX" – minha comunicação

contribui para a compreensão do campo religioso ao confrontar discursos diferentes

acerca do mesmo objeto: o fundamentalismo (conceito polissêmico e de difícil

apreensão). Por um lado, resgato o discurso da sociologia, representado pelas teorias de

Weber e Bourdieu acerca de poder-dominação e seus modos de operação no campo

religioso. Assim, o fundamentalismo pode ser entendido como hermenêutica da Palavra

de Deus que constrói a realidade social dos fiéis e legitima a ordem religiosa e político-

social em vigência. A desqualificação do discurso e prática de fé do outro é condição

necessária para o modus operandi fundamentalista. O modelo típico-ideal nesta minha

análise é o daquele pensamento/movimento que Rubem Alves chamou de

"Protestantismo da Reta Doutrina" – lembro ainda que as teses do autor publicadas no

livro Protestantismo e repressão são tributárias da sociologia weberiana. Por outro lado,

apresento o discurso religioso acerca do fundamentalismo extraído diretamente de fonte

primária: a coletânea The Fundamentals (1910-1915). É de outra natureza o significado

dado pelos fiéis ao conceito fundamentalismo – os pais do fundamentalismo tinham

orgulho do movimento e até do rótulo atribuído a eles –, porém, há uma aproximação:

fundamentalistas também aceitam que a intolerância (com outros nomes) é necessária.

Em suma, se religião, como resistência às multifacetadas intolerâncias sistêmicas,

implica em diálogo dentro do contraditório, há de se resistir a toda espécie de

aprisionamento da verdade.

A INFLUÊNCIA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA PELOS ESCRITOS DE

LINHA OFICIAL PRESENTES NA BÍBLIA

Belmiro Medeiros da Costa Júnior - FBN

Liliane costa de oliveira - FBN

Reyth da Cunha Ribeiro - FBN

Resumo

A Bíblia foi escrita a partir de duas linhas conflitantes teológica e ideologicamente, ou

seja, as linhas oficial e popular, sendo a Bíblia na verdade, um intenso debate teológico

entre grupos com interesses diferentes. Sendo assim, neste trabalho se discute como os

escritos oficiais podem influenciar para a intolerância religiosa, já que os mesmos

(escritos oficiais) refletem os interesses principalmente do templo e do palácio,

defendendo privilégios e gerando intolerância e exclusão. Os escritos oficiais também

são os mais percebidos nos textos sagrados, e os próprios textos sagrados são

reconhecidos hoje como autoridade e inspirados, sendo reproduzidos no meio cristão e

legitimando entre outras, atitudes de intolerância religiosa. Para isso, faz-se um estudo

de caso no livro de Josué que trata sobre a entrada do povo judeu de forma violenta em

Canaã, já que a descrição da tomada da terra de Canaã, escrita em Josué pode ter sido

escrito na época do reinado de Davi para legitimar em nome de Deus uma reivindicação

de território e de domínio. A autoridade bíblica precisa ser entendida e repensada para

que este e outros textos de violência e exclusão sejam lidos de forma crítica e

libertadora, gerando assim, espiritualidade, amor, solidariedade e respeito diante das

diversidades religiosas

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CIBERFUNDAMENTALISMO – O SENHOR É O MEU PROVEDOR, MINHA

REDE NÃO CAIRÁ

Luciano de Carvalho Lirio – EST

Resumo

O presente trabalho realizado com o apoio do CAPES/Brasil propõe uma reflexão

sobre o fundamentalismo e a sua influência na atualidade através do ciberespaço,

tendo como objetivo específico analisar como os jovens e adolescentes constroem e

compartilham formas particulares de entender o mundo globalizado, compreendem a

realidade que se desenha à sua volta e expressam a fé em um contexto

fundamentalista virtual, o ciberfundamentalismo. O fundamentalismo é analisado no

recorte cristão-protestante-pentecostal, reconhecendo que existem outros matizes

fundamentalistas e delimitando o perímetro da pesquisa. É possível examinar o

fenômeno da mídia, em si, e sua relação com a sociedade do espetáculo e a

contemporaneidade, estabelecendo relações da “religião midiática” com a teologia.

Ao analisar o conceito/ condição fundamentalismo no espaço virtual, proponho

como referencial teórico-metodológico a relação entre as contribuições dos Estudos

Culturais e sua articulação com a Psicologia e a Teologia, sob a perspectiva pós-

moderna, encarando as suas contradições e problematizando-as. Reduzir os

movimentos fundamentalistas às manifestações mais radicais ou a slogans violentos

exclui as denominações estudadas do cenário fundamentalista e nega a

complexidade do fenômeno fundamentalista que é composto por pessoas que se

identificam com uma doutrina religiosa ou tradição sagrada e a reinterpretam,

nalguns casos, reinventa.

Dia 10/04, sala 211 (Área II - Bloco C)

GT6: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E FÉ: ENTRE A

INSTRUMENTALIZAÇÃO DA “PALAVRA DE DEUS” E A “NATUREZA” DA

FÉ (continuação)

JEAN CALAS: UM CASO SUMÁRIO DE INTOLERÂNCIA E ESPETÁCULO

CATÓLICO-PROTESTANTE

Cristiano Santos Araujo - PUC GO

Resumo

François Marie Arouet, Voltaire (1694 —1778), em o ‘Tratado sobre a

intolerância’ (1763) apresenta-nos o caso de um pai protestante acusado da morte do

filho católico, recém convertido. Jean Calas, o pai, é um personagem que representa a

recorrente intolerância entre católicos e protestantes do século XVIII na cidade de

Toulouse, França. Com a permissão da justiça local, Jean Calas é entregue nas mãos do

erro, da paixão e do fanatismo. Sem direito de defesa o tribunal decidiu o seu rumo para

a morte. A questão é saber se um pai protestante havia estrangulado o filho católico, ou

o filho católico suicidou-se mediante a ajuda da mãe e de amigos, ou um irmão havia

assassinado o outro irmão. O final é que os juízes condenaram à roda um pai protestante

inocente ante à morte do filho católico. Demonstraremos que a intolerância religiosa é

recorrente na natureza das religiões. A relação da Intolerância Religiosa com a crença,

no Fenômeno Religioso, é não apenas pouco estudada como até negada. Destarte, é

necessária a hermenêutica do caso e das consequências da intolerância em todos os

imaginários epocais.

O FUNDAMENTO DA RELIGIÃO CRISTÃ À LUZ KANTIANA

Robson Pedro Véras – PUC – SP

Resumo

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Todo aspecto acerca do fundamento da religião em Kant integra um processo de

construção religiosa que vai além das questões influenciadas pela fé. O pressuposto que

iremos considerar coloca o ser humano no ápice da proposta em que o homem é o

centro de todo processo religioso. Integrando esses aspectos, identificamos que a

característica a ser mostrada acerca da religião, nesse caso, se mostra de cunho

essencialmente humanista; suas ações e consequências vão desafiar a base da

santificação natural que o conceito religioso contém em sua gênese. O relevante é

possibilitarmos uma análise interpretativa e reflexões sobre o ato religioso e nisso dar ao

fundamento da religião em Kant características reflexivas e de integração social.

Hermeneuticamente, toda a base a ser consolidada resulta num pensamento social em

que a religião se mostra como mais que um conjunto firmado por aspectos como:

experiência do sagrado, doutrina, ritual e símbolos, constituindo-se como algo que se

realiza a partir de experiências morais. Por isso, qualquer ato religioso pode relacionar-

se a princípios morais, visto que a natureza de uma religião, em sua multiplicidade,

pode resultar de uma identidade local, regional e até mesmo de ordem social. Por isso, a

sociedade, aparentemente, está cheia de regras, de dominações e de estruturas

cosmológicas, que levam o homem a juízos e a se agregar a grupos de mesma condição

moral.

ANÁLISE UM MODELO LITÚRGICO REFORMADO EM PERSPECTIVA

HISTÓRICA

David Juglierme Alves Nogueira – PUC Goias

Resumo

O presente trabalho visa elucidar a liturgia reformada na Igreja Presbiteriana do Brasil

(IPB) entre os anos de 1960-1985, vista por um viés histórico, especialmente a partir

dos seguintes documentos: Princípios de Liturgia (PL), Constituição da IPB, Manual do

Culto, Digesto Presbiteriano, além de outros documentos reformados. A ideia é

apresentar as razões históricas pelas quais a liturgia presbiteriana reagiu ou se adaptou

diante dos infortúnios da ditadura militar na época supramencionada. Assim diante do

fechamento das estruturas sócio-políticas e religiosas, a espiritualidade oriunda deste

período foi ou não refém do golpe militar? A expressão litúrgica da IPB foi realizada a

margem da tutela ditatorial ou a favor do regime militar? A nossa pergunta fundamental

é demonstrar as razões pelas quais a liturgia presbiteriana foi adaptada ou transformada

em relação ao padrão estabelecido pela tradição da IPB?

O ESPETÁCULO NA INTIMIDADE: CONFLITOS HOMOAFETIVOS

Miriam Laboissiere de C. Ferreira – PUC Goiás

Resumo

Este artigo trata de um recorte especifico sobre uma comunidade pesquisada in loco que

não se apresenta abertamente no meio público, não se espetaculariza. Mas se mantém na

intimidade, justamente pela sua orientação sexual – homoafetiva. Consequentemente a

esta opção houve a dissidência de sua raiz, ela protestante, de cunho neo-pentecostal.

Não se torna pública para preservar os membros de seu grupo, diante da sociedade que

ainda rejeita pessoas que seguem o seu sentimento, sua orientação sexual. Contra este

grupo de pessoas é utilizada a instrumentalização da “Palavra de Deus” para condená-

los e cerceá-los do convívio social e religioso “normal”. Mas estas pessoas não se deram

por vencidas e formaram a própria comunidade onde elas podem fazer o exercício de

sua fé (Pois creem no Deus de Jesus Cristo). E ao mesmo tempo também fazem uso da

“Palavra de Deus” para justificarem a sua orientação sexual e sua fé.

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O ESPETÁCULO COMO INSTRUMENTO DA SECULARIZAÇÃO

Cláudia Maria Rabelo - PUC/GO e Faculdade de Anicuns

Resumo

Busca-se, neste contexto, abordar a questão da Religião inserida no processo de

Secularização, considerando-se, então, este fenômeno compreendido no aspecto voltado

à ótica do afastamento de Deus, o Deus da Bíblia, em uma sociedade, na qual há uma

tentativa de substituí-lo pelo dinheiro, ou seja, o Deus Capital. A Religião comunga

Pessoas em sua intimidade interior, assim como membros de uma Igreja e sua

comunicação com o Sagrado. Por sua vez, o Capitalismo pode ser considerado uma

Religião, implacável e irracional que não conhece redenção, tampouco trégua. Diante do

processo de Secularização, o Espetáculo adentra como instrumento que auxilia na busca

pela substituição do Deus Cristão pelo Deus do Mercado – o Capital. O Deus Cristão se

revela na intimidade do Homem, enquanto que o Deus Capital se apresenta no glamour

do Espetáculo.

A PERCEPÇÃO DE COMUNIDADE EM BAUMAN E BONHOEFFER E SUAS

CONSIDERAÇÕES PARA A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

Fredson Coelho Heymbeeck Milhomem

Resumo

O sentido de “comunidade” tem tomado uma dimensão cada vez mais fragmentada nos

dias atuais. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, em sua obra titulada “Comunidade –

a busca por segurança no mundo atual” retrata essa realidade com maestria. Bauman

aborda sobre a sensação de segurança que nos é comunicada pela palavra ‘comunidade’.

Ela representa tudo aquilo que gostaríamos de ter, mas que, porém, habita no nosso

imaginário coletivo como fruto do desejo humano de aceitação, proteção e aconchego.

O desespero se manifesta quando essa comunidade que sonhamos intercepta o mundo

atual onde a única coisa constante é a mudança. Tudo se move, tudo se desloca, tudo se

esfumaça, tudo se liquefaz e nada é certo. A crise da comunidade é a crise da identidade

individual. Dietrich Bonhoeffer, o Teólogo da comunidade tenta encurtar essa distância

entre o ideal de comunidade e a comunidade em si. Ele diz que se amamos mais o nosso

ideal de comunidade do que a própria comunidade em si, tornamos um ídolo, e fazemos

com que a experiência religiosa perca a sua genuinidade ao fugir do engajamento social.

Bonhoeffer chama o ser humano para o engajamento, ele não faz separação entre o

indivíduo solitário e o indivíduo comunitário. A consciência da sua experiência

religiosa vivida na sua relação com Cristo, faz desse indivíduo alguém resolvido

consigo mesmo e com o outro. A comunidade é a salvação do indivíduo e o indivíduo é

a salvação da comunidade como fruto da sua genuína experiência religiosa.

O QUE HÁ ALÉM DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA? POR UM NOVO

MODELO DE RELAÇÕES ENTRE AS RELIGIÕES

Sam Cyrous

Resumo

Dirá um observador que intolerância religiosa e religião são fenômenos concomitantes

já que o facto dela “aparecer numa variedade tão colorida — que não há uma única

religião mas uma pluralidade — sempre foi causa de irritação para as pessoas”

(Schaeffer, 1992/2002). Cada religião independente surge trazendo novas ideias,

conceitos e até calendário como que caracterizando o começo de uma nova era, fazendo

com que os seus aderentes distanciem-se de outras religiões, conheçam-nas menos e

acabem assumindo uma posição de intolerância para o desconhecido, que se torna em

errado e, quiçá, em repreensível. Contudo, pretende-se aqui demonstrar outro lado. Seria

possível uma religião totalmente tolerante? Que ingredientes nela incluiriam? Sendo

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tolerante, seria apenas natural que superstições fossem evitadas e a verdade fosse

investigada pelo indivíduo, dando-lhe total liberdade de desejar ou não adentrar ou sair

dela, assim como, possivelmente, exercê-la conforme sua consciência. Nesse processo,

qual seria o papel do clero? Haveria um método administrativo que concedesse direitos

iguais a todos os seus membros, na qual todos participam em igualdade de voto ou

haveria diferenças? Qual seria o papel da ciência? A sua balança verteria mais para a

descoberta científica ou a busca pela transcendência? Livre dos preconceitos, como

enxergaria as demais religiões? Ver-se-ia superior, ou assumiria humildade perante elas,

ou haveria outra concepção da relação na diversidade? A presente comunicação revisita

princípios universais que perpassam o fenômeno religioso capaz de levar à reflexão

sobre o que poderia ser o modelo da tolerância religiosa.

Dia 09/04, sala 212 (Área II - Bloco C)

GT7: OS PENTECOSTALISMOS DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL.

Coordenadores/as

Dra. Elizete Silva (UEFS) [email protected].

Dr. Lyndon de A. Santos (UFMA) [email protected].

Dr. Vasni Almeida (UFT) [email protected].

ASSEMBLEIA DE DEUS: A IGREJA QUE MAIS CRESCE NO BRASIL?

UMA PROPOSTA DE REINTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA DOS DADOS

DO IBGE

Dr. Gamaliel da Silva Carreiro - UFMA ([email protected] )

Resumo

Os mais recentes dados publicados pelo IBGE indicam que as igrejas pentecostais

continuam sendo as impulsionadoras do crescimento evangélico no país sendo a

Assembleia de Deus (AD) a que mais cresce. O presente trabalho tem como foco

reinterpretar estes dados e propor uma leitura alternativa a essa vigente. Para essa

reinterpretação elegemos como variável o modelo administrativo em um duplo aspecto:

como elemento metodológico importante na interpretação do crescimento e como

variável de análise. A partir da sociologia das organizações religiosas percebe-se a

inexistência de um parâmetro único utilizado na análise do crescimento das distintas

organizações religiosas evangélicas. Nestes termos, o crescimento assembleiano pode

ser mais mito do que realidade, uma vez que não existe uma Assembleia de Deus, tal

qual existe uma IURD, uma IMPD ou uma CBB, mas milhares de instituições religiosas

independentes das duas maiores organizações assembleianas (CGADB e CONAMAD).

Como variável de análise, qual o impacto do modelo organizacional para crescimento

ou fragmentação das instituições? Quando se compara o modelo administrativo adotado

pelas assembleias de Deus com o de outras organizações evangélicas como as do

protestantismo histórico ou as neopentecostais, grande parte das AD são,

administrativamente patrimonialista e oligárquica; empreendimentos religiosos

familiares. Tentaremos sustentar a ideia de que este modelo administrativo contribui

positivamente para o crescimento individual das igrejas locais, mas negativamente para

o crescimento das AD no âmbito nacional, dado o grau de fragmentação do poder.

PENTECOSTALISMO NO BRASIL NUMA PERSPECTIVA

HISTORIOGRÁFICA: APORTES TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

Dra. Elizete da Silva - Universidade Estadual de Feira de Santana

Resumo

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Esta comunicação aborda aspectos teórico-metodológicos sobre o Pentecostalismo. A

historiografia sobre o protestantismo brasileiro ainda está em processo de consolidação.

Na década de 1950, o historiador francês Émile Leonard, professor na USP, escreveu

sobre o protestantismo brasileiro e, posteriormente, um livro sobre os pentecostais. A

partir da década de 1970, os estudiosos brasileiros passaram a tomar o pentecostalismo

como problemática de pesquisa, em decorrência da visibilidade desses religiosos e a

construção de espaços acadêmicos voltados para a História da Religião. Os grupos

religiosos demandam uma abordagem teórica e metodologia apropriadas. Na escrita

historiográfica sobre os pentecostalismos no País, além da bibliografia, a documentação

produzida pelas comunidades e agentes religiosos é prioritária. Relatos e diários dos

pioneiros, a exemplo de Daniel Berg, o jornal Mensageiro da Paz, Revistas da Escola

Dominical, livros devocionais, memórias como a História da Assembléia de Deus do

jornalista assembleiano Emilio Conde, a História das Convenções da Igreja Assembleia

de Deus. Fontes manuscritas: livros de atas; livros de membros; livros da tesouraria;

correspondências e cartas de transferência; são ricos em informações sobre o cotidiano

das congregações. A História Oral oferece experiências e relatos dos fiéis. Fontes

externas: jornais locais; anais de Câmaras de Vereadores e Assembléias Legislativas

fornecem dados sobre as relações com a sociedade circundante. A História da Religião

em interfaces com a História Cultural propicia significativos aportes teóricos.

O ASSEMBLEÍSMO MARANHENSE: UMA SÍNTESE HISTÓRICA E

HISTORIOGRÁFICA

Lyndon de Araújo Santos – UFMA/PPGCS e PPGHIS ([email protected] )

Resumo

Estudar a(s) Igreja(s) Assembleia de Deus se torna uma estratégia necessária para se

compreender as mudanças sociais no Brasil nas últimas décadas. Esta complexa e

desafiadora igreja reúne elementos que são centrais para a leitura histórica da sociedade

brasileira. Se os terreiros foram e ainda são espaços marginais de construção das

identidades religiosas e sociais, os templos pentecostais também cumprem este papel ou

função. Por isso, justifica-se o interesse dos historiadores e pesquisadores da religião no

Brasil acerca do que podemos chamara de assembleísmo brasileiro. Encontramos

especificamente neste assembleísmo um conjunto de vivências e de sujeitos que

constituíram espaços de sociabilidades e de sentidos mediados pelo sagrado pentecostal.

Propomos analisar um destes espaços onde o assembleísmo se constituiu com elementos

e características comuns a outros lugares, mas com certas especificidades do contexto

regional e local. Sendo assim, veremos as Assembleias de Deus no Maranhão em um

exercício de síntese tanto histórica quanto historiográfica, apontando novas perspectivas

de compreensão de suas práticas, discursos e vivências.

O RENOVADO INTERESSE EM ASSUMIR-SE PENTECOSTAL

Dr. David Mesquiati de Oliveira - Faculdade Unida (UNIDA)

([email protected])

Resumo

O movimento pentecostal moderno (a partir do século XIX) tem suscitado diferentes

interesses, seja na academia ou na sociedade. Como entender um movimento que cresce

aceleradamente, que afeta diferentes grupos sociais e faixas etárias e que atua

simultaneamente em periferias e regiões nobres no Brasil? Neste texto consideraremos

três grandes motivos que permitem na atualidade um renovado interesse no “mundo

pentecostal” e, por outro lado, que motivam os adeptos desse campo religioso a

identificarem-se como tal. O primeiro é o interesse da mídia, que precisa causar

impacto, “fabricar” fenômenos, fomentar figuras poderosas, além de colaborar para a

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“guerra” preconceituosa, forçando um enfrentamento de diferentes grupos religiosos. O

segundo é o político, em que a liderança começou a perceber seu poder de barganha e as

classes dominantes a vantagem em fazer acordos, manobras, votos e representatividade.

O terceiro é o próprio fiel, que quer fazer parte de “algo grande”, reconhecido,

alimentando sua visibilidade e seu orgulho. A perspectiva adotada é uma autocrítica a

partir do ethos pentecostal assembleiano, do qual o pesquisador faz parte.

“ENTRE GIRAS E RETETÉS”: ESTUDANDO CULTOS PENTECOSTAIS.

Clayton da Silva Guerreiro – Cebrap ([email protected] )

Resumo

A presente pesquisa, pensada a partir do problema da alteridade, pretende observar os

rituais e práticas de fieis e participantes de vigílias e encontros de fieis pentecostais em

igrejas localizadas na cidade de Duque de Caxias e regiões periféricas do Rio de

Janeiro. Suponho há um esforço por parte destes fieis, autodenominados “pentecostais

do reteté”, para afirmação de uma identidade distinta e aproximação com movimento

evangélico pentecostal. Tais esforços podem ser vistos como respostas dadas por esses

atores sociais às comparações que se fazem deles com cultos religiosos afro-brasileiros.

Assim, com o intuito de afirmarem o pertencimento ao movimento pentecostal e se

diferenciarem de outros grupos religiosos, tais atores ressaltam alguns sinais diacríticos.

Parto da hipótese de que estes sinais são elementos importantes na construção da

identidade dos “retetés”, tomados nesta pesquisa como um grupo específico no interior

do movimento pentecostal brasileiro.

ESCATOLOGIA PENTECOSTAL: ASPECTOS ÍNTIMOS E IMPLICAÇÕES

PÚBLICAS

Fernando Albano - RELEP / Refidim (SC) [email protected]

Resumo

A escatologia pentecostal é orientada pela apocalíptica judaica, pelo fim da história,

vinda de Cristo e juízo final. Esta perspectiva teológica pentecostal resultou em

tendência de abandono do mundo e, portanto, de omissão ou indiferença às questões

pertinentes à cidadania e ação transformadora da sociedade. Deste modo, o mundo está

irremediavelmente perdido e importa morar no céu, salvando a alma da condenação.

Entretanto, percebem-se sinais de mudança, com maior conscientização da parte dos

pentecostais, concernente à participação responsável na sociedade visando a sua

transformação. Sendo assim, tendências sectárias e de escapismo do mundo estão sendo

relegadas ao passado do movimento pentecostal. Contudo, para que os pentecostais

acelerem esse processo e assumam conscientemente seu papel de agentes de

transformação social se recomenda uma revisão de sua concepção escatológica,

concebendo-a como inspiração para a atuação no mundo, apreendendo suas implicações

para o futuro e também para a vida presente, uma vez que “o Reino de Deus está entre

vocês” (Lc 17.21; NVI).

OS PENTECOSTALISMOS NO JORNAL NACIONAL: AS

REPRESENTAÇÕES DE IDENTIDADE NA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

Doutoranda: Catiane Rocha Passos de Souza - UFBA – IFBA ([email protected])

Resumo

Este trabalho apresenta um ensaio que integra parte de um projeto de pesquisa de

doutoramento no Programa Multidisciplinar Cultura e Sociedade na UFBA. A pesquisa

tem como objetivo investigar como se constituem e se operam as representações

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identitárias do sujeito religioso pentecostal no Jornal Nacional. Por compreender a

identidade, no contexto midiático, como produto da cultura do espetáculo, buscamos

entender o Pentecostalismo nessa configuração. Dessa forma, o corpus para a análise

desenvolvida, neste ensaio, é composto por recortes de reportagens e notícias exibidas

no Jornal Nacional, nas quais são apresentadas representações do sujeito pentecostal. O

quadro teórico em que situamos a análise pauta-se nos pressupostos dos Estudos

Culturais e no arcabouço teórico-analítico da escola francesa da Análise do Discurso.

Essa filiação nos interessa pelo engajamento no tratamento das questões de linguagens,

diante da possibilidade de relacionar as representações identitárias e o discurso na

formulação de uma teoria do descentramento do sujeito, conforme discute Hall em sua

obra. Oportuno fazer um destaque para a seleção do fenômeno da "espetacularização"

da religião no jornalismo do telejornal de maior audiência na televisão brasileira, pois

tal se revela como uma amostra atual e que se diz real da imagem dos sujeitos. Os

resultados contribuem na promoção de um pensamento crítico quanto às discussões

pretendidas.

PENTECOSTALISMOS & ECUMENISMOS: DEUS E O DIABO SE (DES)

ENTENDENDO NA TERRA DO SOL

Dr. Gedeon Freire de Alencar - PUC – SP

Resumo

Segundo o Censo 2010, no Brasil existem cento e vinte e três milhões de católicos e

vinte e cinco milhões de pentecostais, isso o torna um dos maiores país católico, idem,

país pentecostal do mundo. As relações entre esses grupos oscilam entre animosidade e

indiferença, conquanto exista há décadas em âmbito mundial a Comissão de Diálogo

Vaticano – Pentecostal e, a partir do Conselho Mundial de Igrejas- CMI diversas outras

iniciativas, no Brasil não há nenhuma relação oficial. Embora as relações micro sociais

ignorem as tensões macro eclesiásticas institucionais e empiricamente os

pertencimentos religiosos não impeçam alguma articulação comunitária, a pratica

ecumênica e dialogal entre essas expressões varia muito no tempo e espaço. Os

pentecostalismos marcados pelos movimentos negros e femininos, tanto os de origens

europeias como norteamericanas, sempre foram marginalizados pelas igrejas estatais e

hegemônicas da época; no presente, quantitativamente superiores não veem necessidade

de adesão. Por outro lado, as articulações ecumênicas tanto católicas como protestantes

quase sempre ignoraram os movimentos pentecostais. Os grupos pentecostais sempre

foram tratados como seitas perigosas, proselitistas, fundamentalistas e conservadoras;

também designados como “ultimo vômito de satanás”. No Brasil, apenas uma igreja

pentecostal aderiu ao CMI por pouco tempo na década de 60. Os movimentos

ecumênicos se dizem fruto da ação do Espirito Santo em unidade, mas essas iniciativas

ecumênicas protestantes – mais ainda as católicas - são identificadas pelos pentecostais

de forma majoritária como ação diabólica de articulação do anticristo. Essa pesquisa

pretende estudar para além das ditas “razões” teológicas da ação do diabo ou do Espírito

Santo, as razões históricas, econômicas, politicas e culturais com uma pergunta central:

os pentecostalismos brasileiros são antiecumênicos ou os ecumenismos são

antipentecostais?

TRÂNSITO RELIGIOSO INTERDENOMINACIONAL NO MINISTÉRIO LUZ

PARA OS POVOS

Welton Lourenço Calháo de Jesus - Instituto Federa Goiano – Urutaí

([email protected])

Resumo

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A presente comunicação refere-se ao levantamento de informações preliminares de um

projeto de pesquisa mais abrangente, de mesmo título, em desenvolvimento no

Mestrado em Ciências da Religião da PUC Goiás. Vários estudos já produzidos sob o

Trânsito Religioso no Brasil indicam que o trânsito religioso tem vários vetores inter-

relacionados que passam pelo pluralismo religioso, pela expansão do secularismo e pela

busca da realização imediata de anseios de ordem pessoal dos fiéis. A maioria dos

trabalhos publicados sobre o tema está relacionada ao trânsito entre religiões distintas,

evidenciado estatisticamente pelos censos realizados no país. A contribuição deste

trabalho está na investigação do fenômeno delimitada no âmbito interdenominacional de

uma igreja pentecostal, a Luz Para os Povos, de Goiânia - GO. Lastreada por

bibliografias consagradas sobre o tema, tal pesquisa visa, além de identificar os motivos

prevalentes, relacioná-los aos influenciadores do trânsito no âmbito familiar dos fiéis e à

percepção daquela instituição religiosa acerca dos fluxos de “partida” e “chegada”

destes fiéis.

“ÑANDERU É MEU PASTOR E NADA ME FALTARÁ”.

PENTECOSTALISMOS, INVENÇÕES CULTURAIS E POVOS INDÍGENAS

GUARANI

Dr. Gustavo Soldati Reis – UEPA ([email protected] )

Resumo

A proposta de comunicação procura interpretar a presença de movimentos pentecostais

e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente

Guarani, na região sul do estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via

de regra, prevalecem análises antropológicas mais “funcionalistas” que focam a

presença de missionamentos pentecostais nas aldeias como agências “lacunares”, ou

seja, só ocupam os espaços históricos e sociais onde a religião tradicional não encontra

mais as condições necessárias para se reproduzir (BRAND & VIETTA, 2004). Assim,

as igrejas e movimentos pentecostais assumem funções antes atribuídas à tradição de

conhecimento nativo. Sem querer desconsiderar as importantes contribuições dessas

análises, a hermenêutica aqui proposta procura outras direções. Uma dessas direções,

com o auxílio dos estudos culturais, é perceber como os próprios indígenas apropriam-

se do “universo simbólico” de produção de sentido posto pelas tradições pentecostais e

“reinventam” suas experiências religiosas, em uma dialética entre táticas construídas e

estratégias prescritas, tal como postulada por Michel de Certeau. Com isso, além da

procura por homologias entre funções religiosas tradicionais e pentecostais, é

importante interpretar as heterologias, ou seja, os discursos e práticas que instauram

diferenças para as produções de sentido, “rupturas de mediações” que geram novos

espaços religiosos (CERTEAU, 2003; 2005; 2006). A presença pentecostal nos

aldeamentos radicaliza, por hipótese, o jogo dialético entre tradições e traduções

religiosas (HALL, 2006), onde o protagonismo Guarani reinventa o seu jeito de ser

religiosamente plural (teko retã), ao mesmo tempo em que os pentecostalismos são,

também, profundamente ressignificados.

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Dia 10/04, sala 212 (Área II - Bloco C)

GT7: OS PENTECOSTALISMOS DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

(continuação).

CULTURA POLÍTICA E IMPRENSA EVANGÉLICA: O CASO DA IGREJA

ASSEMBLEIA DE DEUS (1960- 1990).

Doutoranda: Elba Fernanda Marques Mota - UNIRIO- CAPES

([email protected] )

Resumo

Notamos nos estudos sobre a presença protestante e evangélica no Brasil, uma carência

quanto à análise da participação desses grupos religiosos na política nacional, com sua

consequente assimilação por parte dos fiéis. Desta forma, entendemos a necessidade de

estudos históricos que se preocupem com a formação e as rupturas que caracterizaram a

participação de evangélicos na política brasileira, principalmente entre as lideranças

pentecostais durante a ditadura militar. É desse modo que esse estudo analisa o campo

religioso, em particular, a participação da Igreja Assembleia de Deus no cenário político

brasileiro. Pretendemos analisar como esta denominação religiosa se utilizou da

imprensa escrita para promover a participação política de seus membros, e, assim, se

inserir na vida partidária nacional, em especial, no período dos governos militares. A

imprensa assembleiana serviu a quais necessidades? Inquietações como esta nos levam

a problematizar a utilização da imprensa como instrumento de dominação a serviço de

grupos e de interesses.

IGREJAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL: PASTORES-PRESIDENTE

E OS “LAÇOS FRATERNOS ”?

Marina Aparecida Oliveira dos Santos Correa - GPP - PUC-SP

Resumo

A presente comunicação basicamente será construída a partir das observações empíricas

e entrevistas realizadas com os pastores das igrejas Assembleias de Deus (ADs),

encontrados na tese de doutorado, sob o título “A OPERAÇÃO DO CARISMA E O

EXERCÍCIO DO PODER: A lógica dos Ministérios das igrejas Assembleias de Deus

no Brasil”, apontando a importância dos pastores-presidente organizadores dos

Ministérios dessas igrejas, espalhados em todo território brasileiro e no exterior, no

sentido de realizar uma discussão sobre as cisões, destacando o crescimento e a

autonomia de alguns ministérios que, após passar por cisões, funcionam com a mesma

nomenclatura, AD, porém atuam isoladamente, possuindo suas próprias convenções e se

relacionando com outros ministérios tão somente por “laços fraternos”. Dessa maneira,

as pesquisas empíricas foram realizadas analisando o percurso dos ministérios

estudados, levantando a hipótese de que é possível afirmar que os inúmeros ministérios

autônomos atuam de maneira isolada, comandados de diversas formas, representados

por um pastor-presidente que coordena as suas redes de congregações e pontos de

pregação de acordo com seus ideais, juntamente com sua própria mesa diretora, formada

por um corpo de pastores administrativos em suas regiões locais, fortemente investidos

do poder econômico, político e religioso.

RELAÇÕES DE GÊNERO NA ASSEMBLEIA DE DEUS: UM ESTUDO DE

CASO

Dra. Claudirene Bandini - NEREP/UFSCar- GREPO/PUCSP ([email protected])

Resumo

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Esta comunicação tem o objetivo de apresentar os resultados de uma pesquisa de

doutoramento concluída que estudou as práticas sociais de lideranças femininas em três

igrejas pentecostais no Brasil: Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Universal do

Reino de Deus e Igreja Assembleia de Deus. Contudo, o presente texto versa sobre as

reformulações do discurso e práticas sociais de mulheres líderes da Assembleia de

Deus. Ao relacionar o trabalho empírico, baseado na análise de trajetória e historia oral,

com a categoria relacional e histórica do gênero, a pesquisa revela as ‘brechas’

construídas pelas mulheres missionarias, as circunstâncias e mecanismos de poder que

elas usaram para resistir às discriminações sociais, à exclusão dos espaços de poder na

igreja e aos impedimentos da realização de seus projetos individuais. Em um contexto

histórico e cultural preciso, AD-Ministério Madureira do estado de São Paulo, este texto

apresentará a análise de uma trajetória feminina a fim de demonstrar alguns pontos de

reflexão da pesquisa: a capacitação efetiva de missionarias assembleianas, as

realizações pessoais e as tensões vivenciadas tanto no casamento quanto na prática

religiosa. Portanto, o enfoque está na relação entre o empoderamento feminino e

controle institucional. Assim sendo, a comunicação pretende contribuir com o debate

em torno da pluralidade e das transformações existentes no universo religioso

pentecostal brasileiro.

A EMERGÊNCIA DE UM NOVO SUJEITO PENTECOSTAL: OS

PENTECOSTAIS NA LUTA PELA TERRA E O SURGIMENTO DE UMA

NOVA HERMENÊUTICA BÍBLICA

Dr. Fábio Alves Ferreira – UPE ([email protected] )

Resumo

O objetivo deste trabalho é compreender a participação de religiosos pentecostais na

luta pela terra, por meio de movimentos sociais de reivindicação de reforma agrária.

Segundo o IBGE as religiões pentecostais têm se expandido para as cidades interioranas

e para o campo rural brasileiro. É comumente observado, apesar de ser pouco estudada,

a presença de religiosos pentecostais em assentamentos e acampamentos de reforma

agrária. Eles têm assumido lideranças locais e articulado o discurso de mudança social

com o discurso religioso. Desta maneira, este trabalho analisa, por meio de história de

vida, a questão da desconstrução e deslocamento discursivo operado na vida destes

religiosos. Por meio de estudos de caso do Assentamento Herbert de Souza e do

Acampamento Luiza Ferreira, ambos localizados na Zona da Mata pernambucana,

pudemos constatar que a busca dos pentecostais é por um lugar para plantar, colher,

viver e cultuar. Assim percebemos que o pentecostalismo no Brasil ultrapassa as

categorias analíticas predominantes nas pesquisas acadêmicas, sobretudo o marxismo,

que identifica religião com alienação. E, finalmente, constatamos que as identidades

religiosas pentecostais aparecem figuradas em rearranjos sociais, numa articulação com

outras identidades e avançam na direção de novos significados da política e da mudança

social.

UMA PROPOSTA DE TEOLOGIA DO ESPÍRITO PARA O

PENTECOSTALISMO CLÁSSICO A PARTIR DE JÜRGEM MOLTMANN

Doutorando: Claiton Ivan Pommerenin – EST ([email protected])

Resumo

O pentecostalismo, embora consiga atrair muitos adeptos no Brasil, tem sérias

deficiências em sua formulação teológica formal. Sua teologia é basicamente de

tradição oral e, portanto, volúvel e adaptável às exigências sociais, mercadológicas e

religiosas. Esta tendência é sua maneira de se manter no meio religioso e continuar

atrativo. Entretanto, apesar de sua teologia refratária e líquida, o tema da

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pneumatologia, na maioria dos casos, continua tendo valor prioritário, desta forma, este

artigo se propõe a valorizar sua teologia do Espírito e propor uma teorização a partir de

alguns teólogos contemporâneos que se dedicaram a este tema. Sendo a teologia

pentecostal majoritariamente experiencial e narrativa, procura mostrar uma provável

despentecostalização do pentecostalismo clássico.

A ORGANIZAÇÃO DE IGREJAS ASSEMBLEIANAS NA NORTE DO

TOCANTINS

Vasni de Almeida – UFT ([email protected])

Maiza Pereira Lôbo – UFT, bolsista PIBIC/CNPq ([email protected])

Resumo

Nesse estudo pretendemos sinalizar para os aspectos históricos de implantação e

consolidação de igrejas assembleianas no norte do estado do Tocantins. Propomos

apontar a diversidade de práticas e estratégias para a formação de igrejas, os discursos

que embasam as práticas missionárias pentecostais, as doutrinas e as bases bíblicas que

legitimam as ações de fiéis para a configuração de um dos ramos pentacostais de maior

visibilidade no estado do Tocantins. Sinalizaremos ainda para os discursos políticos das

lideranças assembleianas sobre a criação do estado do Tocantins, fato ocorrido em

outubro de 1988. O estudo assume a abordagem histórica e cultural numa interface com

a política, pois se trata de conhecer a organização de um grupo religioso na sua

interação com o poder político da região.

PENTECOSTALISMO: ORIGENS E RUPTURAS

Ana Cristina Nogueira Vasconcelos - Fatebe

Resumo

O presente trabalho objetiva identificar as origens e rupturas no pentecostalismo,

enfatizando a chegada dos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berger, em Belém-

Pará, mas precisamente na Primeira Igreja Batista, com a intensão inserir o

pentecostalismo neste contexto eclesiástico. Para tanto, a pesquisa apresenta

rompimentos, que geraram conflitos, os quais foram decisivos para a efetivação e

propagação do pentecostalismo, outrora considerado como seita na época de sua

implantação, pelos batistas brasileiros. Assim sendo, o movimento pentecostal torna-se

denominação evangélica no Brasil, a partir do desligamento dos missionários suecos da

igreja batista, pois estes causaram rixas entre ambas as denominações evangélicas.

IDENTIDADE SOCIAL E RELIGIÃO: O PENTECOSTALISMO LEIGO DA

COMUNIDADE BOM JESUS (AM)

MSc. Elder Monteiro de Araújo - UFAM ([email protected])

Drª. Marilina C. O. Bessa Serra Pinto - UFAM ([email protected])

Resumo

O início da ocupação da Amazônia pelos colonizadores portugueses teve como um dos

principais fundamentos a concepção cristã de mundo, com ênfase no catolicismo.

Paulatinamente os grupos religiosos protestantes e/ou pentecostais vêm ocupando

espaços que noutros momentos estavam, em tese, sob o controle religioso da Igreja

Católica. É este o caso da comunidade de Bom Jesus, que está localizada as margens do

Paraná do Iauara, no rio Solimões (AM) e caracteriza-se por ser composta,

predominantemente, por comunitários que se identificam com o pentecostalismo. Na

comunidade, há a presença da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Brasil -

IEADBAM, caracterizada por uma organização descentralizada e pela recusa ao

intelectualismo. Assim, este artigo tem por objetivo realizar uma interlocução entre

construção da identidade e religião no sentido de fazer perceber que os leigos são os

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

atores sociais da religião em Bom Jesus, pois definem as condições sob as quais se

apresenta da identidade pentecostal da IEADBAM da comunidade lócus dessa pesquisa.

Conclui-se que a ausência dos agentes especialistas da religião na comunidade Bom

Jesus permite o espaço necessário para a atuação dos leigos, o que possibilitou um

pentecostalismo leigo.

A INFLUENCIA DO PENTECOSTALISMO NA VIDA RELIGIOSA

RIBEIRINH

Liliane Costa de Oliveira - FBN/UFAM ([email protected] )

Milena Sampaio Arruda – UFAM ([email protected] )

Belmiro Medeiros da Costa Junior - Faculdade Boas Novas

([email protected] )

Resumo

A história da ocupação recente da Amazônia está diretamente relacionada com o

encontro de culturas religiosas sustentadas socialmente por mundos materiais e

espirituais distintos definidores do ethos vivido. Cabe destacar o Pentecostalismo como

um dos principais movimentos religiosos introduzido na região. É possível perceber a

influência que a Igreja Pentecostal exerceu sobre a vida dos moradores locais. Neste

sentido, este trabalho pretende mostrar como o Pentecostalismo é um movimento

religioso intrínseco á vida da população que reside a área rural do Estado Amazonas.

Trata-se de um estudo realizado na comunidade ribeirinha denominada Assembleia de

Deus, localizada na região do Rio Negro. Nosso objetivo é mostrar como se configura o

Pentecostalismo nessa comunidade e sua influencia na vida dos seus moradores.

Evidenciando que este Movimento nessa localidade ainda está arraigado à tradição

clássica pentecostal, mesmo com todas as mudanças que o mesmo tem sofrido no

Estado. Destacaremos também que o processo de implantação da Igreja Assembleia de

Deus está diretamente relacionado com a história da formação social da comunidade

que leva o seu nome. Portanto, mostraremos que a vida religiosa dos ribeirinhos

estudados, funciona como um dos mais importantes mecanismos de garantia do poder

entre as famílias locais, na medida em que aglutina e domina a comunidade,

constituindo-se em um poder simbólico.

A IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS E SEU PROCESSO DE EXPANSÃO NA

CIDADE DE SÃO PAULO A PARTIR DA DÉCADA DE 1940

Doutorando: Maxwell Pinheiro Fajardo - UNESP/Assis ([email protected] )

Resumo

A Assembleia de Deus é a maior igreja pentecostal do Brasil segundo os dados dos

últimos Censos. Embora tenha sido fundada em 1911, passou a ocupar esta posição na

década de 40. A partir desta época os grandes centros industriais do país, como São

Paulo e Rio de Janeiro, passaram a receber grandes fluxos de migrantes oriundos

principalmente da região Nordeste do Brasil. Nas metrópoles tais migrantes eram

acomodados nas regiões cada vez mais distantes do centro da cidade, localidades que

não contavam com a infraestrutura de equipamentos públicos adequados à demanda de

seus novos moradores, o que levaria aos problemas características destas regiões de

periferias urbanas. A Assembleia de Deus teve seu crescimento em tais metrópoles

associado a este crescimento acelerado da população impulsionado pelas migrações

internas. Nesta comunicação pretendemos analisar este processo tendo como referência

a cidade de São Paulo.

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ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL: DESAFIOS E PROPOSTAS A PARTIR

DO SEU PRIMEIRO CENTENÁRIO

Mestrando: Lindiógenes Ferreira Lopes – PUC Goiás/FACULDADE DE IPORÁ

([email protected])

Resumo

É impossível não notar o crescimento surpreendente do pentecostalismo no Brasil. Esse

crescimento tem despertado muitas indagações e curiosidades no decorrer de seu

crescimento. Muitos estudiosos têm dedicado boa parte de seu tempo, com o intuito de

entender as ideologias formuladas e contextos que influenciam para o crescimento tão

iminente desse movimento. Como parte desse movimento pentecostal, a igreja

Assembleia de Deus no Brasil, apresentou através de um pequeno período histórico,

uma aceitação no contexto em que foi implantada. Essa aceitação foi decorrente das

pessoas marginalizadas que, foram protagonistas na história dessa denominação tão

representável. Ao completar seu primeiro centenário, sua realidade já não é a mesma.

Teologicamente desfragmentada, politicamente organizada, e com uma estrutura

considerável, os novos tempos darão novos horizontes e novas diretrizes em todos os

níveis desta igreja. Partindo deste pressuposto, surge a necessidade de analisar com um

olhar mais crítico sobre as propostas e desafios que surgirão com os próximos anos na

existência da igreja.

Dia 09/04, sala 101 (Área II - Bloco D)

GT8: CONTRIBUIÇÕES DAS TEORIAS FEMINISTAS PARA O ESTUDO DA

RELIGIÃO NO CAMPO DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

Coordenadoras

Dra. Anete Roese (PUC-MG) [email protected]

Dra. Carolina Teles Lemos (PUC-GO) [email protected]

Dra. Sandra Duarte de Sousa (UMESP) [email protected]

Dra. Fernanda Lemos (UFPB) [email protected]

CONTRIBUIÇÕES DAS TEORIAS FEMINISTAS PARA O ESTUDO DA

RELIGIÃO NO CAMPO DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

Dra. Anete Roese - PUC-MG

Resumo: O texto tem o objetivo de articular contribuições das teorias feministas de diferentes

áreas para a pesquisa da religião no campo das Ciências da Religião, apontar elementos

teóricos fundamentais para uma abordagem feminista nas pesquisas em Ciências da

Religião. Se trata de averiguar como as ciências feministas podem estabelecer um

diálogo com as Ciências da Religião com o aporte de questões fundamentais para o

estudo da religião desde a epistemologia feminista, a hermenêutica feminista, as teorias

de gênero e a fenomenologia feminista. Não raro, as pesquisas sobre as religiões

pesquisam as religiões hegemônicas evidenciando a religião dos grupos hegemônicos,

seu poder e domínio. O cotidiano das religiões e dos movimentos religiosos e sua

dinâmica não é alcançada em pesquisas quantitativas e de massa. A nossa suspeita é de

que a vida religiosa e espiritual dos grupos e indivíduos mais marginalizados carece de

investigação e, para tal, outros métodos, teorias e perspectivas são necessárias. As

teorias feministas tem avanços significativos que podem colaborar para a composição

de uma visão mais complexa no estudo da religião no campo das Ciências da Religião.

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ENTRE O DOMÉSTICO E O PÚBLICO: PRESENÇA E PARTICIPAÇÃO

FEMININA NAS IRMANDADES RELIGIOSAS DE BELÉM DO PARÁ NO

SÉCULO XIX

Mestranda: Maria de Nazaré Fonseca de Senna Pereira – UEPA

([email protected])

Jefferson João Martins Baldez

Resumo

Principais representantes do chamado catolicismo tradicional ou popular, as irmandades

religiosas eram associações leigas cuja finalidade seria a devoção a um santo protetor e

a manutenção de seu culto. Sendo associações de caráter corporativo no interior das

quais se teciam solidariedades baseadas na hierarquia social, as irmandades estavam

divididas em irmandades de brancos, negros e mestiços. Se, para o contexto geral e

público da sociedade essas associações leigas se estabeleciam a partir de critérios

étnicorraciais, domestica ou privadamente configuravam-se ao nível de relações de

gênero, relações de poder, ao determinarem, já nos estatutos, as funções que homens e

mulheres exerceriam no interior de tais organizações. Este trabalho visa analisar as

relações de poder e de gênero existentes no interior das irmandades religiosas de Belém

no século XIX. A questão central é perceber os papéis sociais desempenhados por

homens e mulheres no cotidiano de suas vivencias e experiências religiosas,

especificamente a participação feminina nos contextos privado e público das confrarias.

Para o desenvolvimento do estudo que ora apresentamos, nossas principais fontes de

informação são os livros de compromisso das Irmandades e uma narrativa de Arthur

Vianna sobre as festas populares do Pará, especificamente sua descrição da festa de São

Raimundo, utilizando como metodologia de pesquisa a análise do discurso. O destaque

a irmandade de São Raimundo se faz devido a mesma apresentar particularidades

especificas – que ressaltaremos no decorrer de nosso estudo –, no que diz respeito as

ações e participação ativa das irmãs no interior desta associação.

ABORTO LEGAL: PERSPECTIVAS FEMINISTAS NAS CIÊNCIAS DA

RELIGIÃO COMO LIMIAR PARA O AVANÇO NA SAÚDE EM UM ESTADO

LAICO MODERNO.

Silvia Silveira – UFPB/PIBIC ([email protected])

Dra. Fernanda Lemos – UFPB ([email protected] )

Resumo

A observância religiosa dos agentes de saúde sobre a questão do aborto como

dispositivo pode ferir a garantia de liberdade da mulher, pois que entrava o acesso ao

aborto em determinados casos. O sentido do mundo para os religiosos que reservam à

mulher exclusivamente o papel social de mãe como manifestação do sagrado,

continuam a orientar as permissões e omissões para os casos de aborto. Sugerimos que,

por serem as sociedades brasileiras organizadas em um Estado que pode ser

caracterizado como pré-moderno, tais hierofanias são delimitantes daquilo que pode ou

não ser feito, onde a laicidade não garante direitos civis com equidade de gênero.

PANORAMA DO IMPACTO DAS CIÊNCIAS FEMINISTAS NOS CURSOS DE

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO NO BRASIL

Mestranda: Ana Ester Pádua Freire- PUC-MG ([email protected] )

Resumo

Há 30 anos as Ciências da Religião vêm se estabelecendo no Brasil como campo

disciplinar aberto para contribuições de outras áreas de pesquisa, como a antropologia, a

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sociologia, a filosofia, dentre tantas outras. Uma pesquisa epistemológica acerca das

Ciências da Religião suscita a pergunta sobre a contribuição do feminismo para o estudo

do fenômeno religioso. A presente comunicação estrutura-se na seguinte premissa: o

feminismo mudou a ciência. Partindo desse princípio, consideram-se as Ciências da

Religião campo propício para que o saber feminista apresente suas colaborações. Surge,

então, a pergunta: qual é o panorama das ciências feministas nas Ciências da Religião

no Brasil? Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa

feita nos cursos de pós-graduação em Ciências da Religião no Brasil em 2014, no que

dizem respeito, dentre outras questões, à quantidade de mulheres em atuação como

docentes e às pesquisas sobre a temática de feminismo e gênero que têm sido feitas. Os

dados serão apresentados em forma estatística e analisados a partir da epistemologia das

Ciências da Religião proposta por diversos autores, dentre eles, Faustino Teixeira,

Eduardo R. Cruz e Frank Usarski.

COMPLEMENTARIDADE, RELACIONALIDADE E ANCESTRALIDADE:

APROXIMAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS FEMINISTAS NO ESTUDO DAS

RELIGIÕES.

Dranda. Lilian Conceição da Silva Pessoa de Lira – EST ([email protected])

Resumo

Mulheres negras feministas têm somado esforços para pensar uma análise social a partir

da categoria raça/etnia e gênero como indissociáveis, o que tem sido denominado:

Womanism e Black Feminism, nos Estados Unidos; e Feminismo Negro, no Brasil. Para

a linguista caribenha Ama Mazama, urge pensar o Feminismo a partir das experiências

das mulheres africanas, sendo necessário reconhecer na complementaridade entre

mulheres e homens sua característica principal. Chega-se ao “Mulherismo Africana”,

cuja abordagem tem foco na etnicidade. O presente artigo propõe apresentar a

combinação entre a “complementaridade” do Mulherismo Africana e a

“relacionalidade” do Ecofeminismo, a partir de Ivone Gebara, como aproximação

epistemológica do conceito de ancestralidade, principal categoria da cosmovisão das

religiões de matriz africana.

IGREJAS EVANGÉLICAS FUNDADAS POR MULHERES NA REGIÃO

INDUSTRIAL DE CONTAGEM, MINAS GERAIS

Rosane Aparecida Souza Guglielmoni

Resumo

As mulheres evangélicas têm assumido novos papéis em suas denominações, embora na

grande maioria das vezes ainda possamos notar a permanência do teor androcêntrico em

seus discursos. Segundo a historiadora Michelle Perrot (2007) a relação entre as

religiões e as mulheres tem sido ambivalentes e paradoxais, pois as religiões são ao

mesmo tempo, o poder sobre as mulheres e poder das mulheres, ao longo da história da

cristandade, o protestantismo apresenta uma riqueza de rupturas, a reforma do século

XVI existiu para as mulheres, principalmente para a instrução. O livre acesso a Bíblia

supunha que as meninas soubessem ler. As mulheres evangélicas, entretanto, eram mais

emancipadas que as católicas, mais presentes no espaço público. A presente

comunicação apresentará uma pesquisa que está em curso, realizada com mulheres

evangélicas que romperam com suas denominações nas últimas décadas do século XX

para fundar suas próprias igrejas, na região industrial de Contagem, Minas Gerais. O

objetivo é identificar as permanências e as rupturas no exercício da representatividade e

do poder das mulheres que fundam igrejas, interpretar o resultado das ações pastorais

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das mulheres no cotidiano da comunidade religiosa em que exercem o comando de seus

ministérios e analisar a estrutura eclesial e a organização dos ritos de culto.

ESTUDOS FEMINISTAS DA RELIGIÃO: CONSTRUÇÃO DE UM CAMPO DE

PESQUISA

Sandra Duarte de Souza - UMESP ([email protected])

Resumo

Apesar de recente, o campo dos estudos feministas se ampliou significativamente em

todo o mundo. Apesar de ainda precisar lutar pela legitimidade científica (é importante

lembrar as bases androcêntricas da ciência moderna), o fato é que os estudos feministas

impactaram a academia de tal forma que têm perpassado as mais diversas áreas de

conhecimento. Nas Ciências da Religião isso não é diferente. Os estudos feministas têm

problematizado as estruturas patriarcais das religiões, tanto em termos de produção de

conhecimento sobre o sagrado, quanto na constituição de hierarquias baseadas na

desigualdade de gênero. A presente proposta de comunicação pretende explicitar o

processo de construção dos estudos feministas da religião, apresentando as tendências

mundiais dessa área e, em especial, analisando as produções e apropriações feministas

no campo das Ciências da Religião no Brasil.

MATERNIDADE: O MITO DA ESCOLHA?

Adjany Simplicio de Castro – UFPB ([email protected])

Resumo

Muito vem se discutindo pelas Ciências Feministas acerca do direito à maternidade

como uma escolha possível da mulher, assim como da construção histórica e social da

figura maternal. Construção essa para cujo alicerce foi imprescindível a figura da

mulher-mãe promovida por Maria, numa vertente católica, como um protótipo

idealizado do feminino no qual destaca-se especialmente a pureza sexual e a

maternidade. Tentando realizar um diálogo entre os dois campos de saber que

circunscrevem o objeto em questão, o das Ciências Feministas e a da Religião, esse

trabalho buscará, através de pesquisa bibliográfica, listar uma sinopse de elementos de

promoção, incentivo e mitificação de uma maternidade idealizada analisando parte do

discurso que a Igreja Católica teceu sobre as mulheres no papel materno. Espera-se que

a partir dessa análise seja possível a ampliação dos repertórios argumentativos e

interpretativos, visando a desconstrução do mito como imperativo na escolha pela

maternidade, abrindo assim espaço para dicussões que favoreçam epistemologicamente

as reflexões pessoais e sociais implicadas por essa escolha.

Dia 09/04, sala 107 (Área II - Bloco D)

GT9: RELIGIÃO E EDUCAÇÃO: OLHARES QUE SE ENTRECRUZAM

Coordenadores Dr. Raimundo Márcio Mota de Castro – UEG/UnU-Itaberaí

([email protected])

Dr. José Maria Baldino – PPGE/ PUCGOIÁS ([email protected])

Dra. Leonor Paniago Rocha – UFG/Campus Jataí ([email protected])

FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DO ENSINO RELIGIOSO: UM

NOVO OLHAR SOBRE A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA

ESCOLA Ana Cristina de Almeida Cavalcante Bastos ([email protected])

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Resumo

Vivemos numa sociedade, globalizada, midiática e tecnológica, que por um lado evolui

vertiginosamente, mas que por outro, ainda rotula, segrega e exclui seus próprios

membros que fogem dos padrões de normalidade que ela própria determina. Dentre

estas minorias, estão as pessoas com deficiência que por apresentarem algum

impedimento de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial são mais

suscetíveis à situações de exclusão. Este artigo pretende fazer uma análise crítica e

reflexiva sobre a contribuição do Ensino Religioso, numa visão epistemológica e

pedagógica, para a promoção do reconhecimento e assunção cultural (FREIRE, 1996)

de alunos com deficiência no ambiente escolar. Para tanto, reflete sobre a importância

da formação continuada do professor do ensino religioso em educação

especial/inclusiva com vistas a subsidiá-lo com conhecimentos teóricos e práticos nesta

área específica.

ENSINO RELIGIOSO E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-

RACIAIS: AVANÇOS, RECUOS E RESISTÊNCIAS PARA A

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639, NO ESTADO DO PARÁ. Giovana dos Anjos Ferreira ([email protected])

Tony Welliton da Silva Vilhena ([email protected])

Resumo

A promulgação da Lei 10.639/2003 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história

e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica, despontando como uma

conquista das lutas antirracistas no Brasil. Sendo a religião uma das expressões da

diversidade cultural, a disciplina Ensino Religioso é primordial para a compreensão das

várias manifestações e vivências religiosas no contexto escolar, inclusive das religiões

de matrizes africanas, historicamente perseguidas, promovendo o respeito mútuo entre

pessoas com crenças diferentes, contribuindo para a superação da intolerância religiosa

e fortalecendo o compromisso político com a equidade racial. O objetivo deste artigo é

analisar o processo de implementação da Lei 10.639 em escolas no Estado do Pará,

enfocando as experiências e metodologias desenvolvidas pelos/as professores/as de

Ensino Religioso, as quais promovem o respeito à diversidade religiosa e cultural e aos

direitos humanos.

ENSINO RELIGIOSO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: A

DOCÊNCIA SOLITÁRIA

Lourival José Martins Filho ([email protected])

Resumo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa que acompanhou durante 2013 a prática

pedagógica de 04 professores (as) licenciados em pedagogia, atuantes nos anos iniciais

do ensino fundamental e que ensinaram o componente curricular ensino religioso de

forma sistemática em suas turmas. As observações e entrevistas realizadas com os

docentes evidenciaram que: I - Ensinar Ensino Religioso nos anos iniciais do ensino

fundamental ainda é uma atividade solitária, de pedagogos e pedagogas que reconhecem

a importância da referida disciplina. II - Os cursos de licenciaturas em pedagogia

excluem a área de seus currículos formativos. III - Os sistemas de ensino não

disponibilizam profissionais para o ensino religioso nos anos iniciais do ensino

fundamental. IV - A Gestão escolar desconhece a legislação e as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Básica. V – Práticas Pedagógicas que consideram o

fenômeno religioso a partir de suas raízes orientais, ocidentais, indígenas e africanas

também são possíveis de serem realizadas nos anos iniciais do ensino fundamental. VI –

É necessário investir na profissionalização docente de pedagogos (as) para o Ensino

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Religioso. VII – O Ensino Religioso pode contribuir no processo de alfabetização e

letramento. Espera-se com a divulgação da pesquisa contribuir com as discussões do GT

- Religião e Educação no VII Congresso Internacional Ciências da Religião PUC/GO.

ENSINO RELIGIOSO E FORMAÇÃO DOCENTE: PESPECTIVAS DAS

CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES

Mirinalda Alves Rodrigues dos Santos ([email protected])

Resumo

Diante do contexto histórico do Brasil, a educação e religião se estabeleciam por

funções catequéticas. Nisso, diversas transformações foram ocorrendo nesse ensino e

consequentimente esse processo de mudanças constitucionais e educacionais,

implicaram na formação dos professores que nos dias atuais, pressupõem-se em uma

nova modalidade de ensino laico. No que diz respeito à formação e seleção dos

professores e conteúdos, ainda se caracteriza como uma questão complexa e requer uma

atenção maior, uma vez que é preciso á inserção de um currículo pedagógico que amplie

a formação cultural, religiosa, abdicando do proselitismo. Este artigo busca apresentar

na perspectiva das Ciências das Religiões, alternativas teóricas e metodológicas para

formação docente dos professores, construindo uma consciência crítica e reflexiva, e

rompendo assim com os preconceitos. Esse estudo é de caráter metodológico

bibliográfico, foi inseridas, interlocuções com Passos (2007), que aborda a questão da

atuação de professores/as, com um processo dúplice, a respeito da formação pedagógica

e epistemológica do Ensino Religioso, Hock (2010), que contribui na proposta

formativa da ciência da religião, Queiruga (1997), no qual faz abordagens a respeito do

diálogo religioso, entre outros autores que contribuem para essa reflexão.

SUBSÍDIOS QUE PERMEIAM O ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL:

MEDIAÇÕES, DESDOBRAMENTOS E FINALIDADES PEDAGÓGICAS Rosângela da Silva Gomes ([email protected])

Resumo

Este estudo tem como objetivo compreender determinadas dimensões do Ensino

Religioso na formação básica do educando, numa perspectiva do pluriculturalismo da

sociedade brasileira. Buscaremos subsídios teóricos a partir das Ciências da Religião e

dos princípios de direitos humanos, pois eles contribuem para mediar à compreensão do

fenômeno religioso, como um fenômeno associado à vida em sua complexidade e

plenitude. Teoricamente, pode-se dizer que no âmbito educacional, seja o da educação

escolar ou da educação não escolar, inevitavelmente, acontece a inserção dos saberes do

campo religioso. Este assunto vem despertando constantes debates entre educadores e

pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, com o intuito de ter maior

compreensão da sociedade permeada de informação e individualização. Nesse sentido, o

que é possível perceber, por meio das pesquisas, é um amplo desafio e uma exigência

legal à práxis pedagógica do modelo de Ensino Religioso que trabalhe o fenômeno

religioso, onde o conceito ‘religião’ parte da releitura ou decodificação desse fenômeno

numa perspectiva da diversidade e do pluriculturalismos religioso presente na Sociedade

Brasileira.

ENSINO RELIGIOSO, CIDADANIA E EDUCAÇÃO: REFLEXÕES PARA

CONSTRUÇÃO DO INDIVÍDUO Rosemeire B. dos Reis ([email protected])

Resumo

O objetivo deste artigo é fazer uma relação entre religião, cidadania e educação e os

aspectos que os mesmos contribuem para formação do indivíduo na sociedade. Dessa

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forma para entender com mais clareza cada termo, buscamos análise dos conceitos em

pesquisas bibliográficas. Assim com bases nas leituras e análises textuais constitui a

presente proposta. Entendemos no primeiro momento que educação geralmente está

ligada ao ensino, aprendizagem e seus resultados e estes os levam cada indivíduo as

suas escolhas individuais. Sabemos que a escola espaço multicultural abrange vários

fatores, inclusive o religioso e consequentemente a formação do cidadão. Com

aprovação da LDB 9394/96, o Ensino Religioso passou a suscitar inúmeros desafios e

tornando-se assim na sua maioria objetos de estudos. Para maior entendimento e

compreensão de como os profissionais da área tem atuado e de que forma suas práticas

pedagógicas tem chegado ao aluno. Já que na maioria das vezes esses espaços não

exercem um espaço plural. Ou seja, as práticas pedagógicas na sua maioria têm sido

tradicionalistas não oferecendo dessa forma ao indivíduo a possibilidade da construção

da cidadania. Dessa forma o que buscamos com a temática proposta conduzir um debate

que possa oferecer contribuições, ressaltando o aspecto para a formação da cidadania de

uma educação integral. Já que vivemos em uma sociedade caracterizada pelo pluralismo

cultural e por profundas mudanças no contexto das variações sociais.

A DIVERSIDADE RELIGIOSA NO ESPAÇO ESCOLAR: REFLEXÕES DAS

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS DOCENTES DO ENSINO RELIGIOSO Wellcherline Miranda Lima ([email protected])

Resumo

O Estado brasileiro dispõe na atualidade de ampla e expressiva diversidade religiosa

com diferentes grupos religiosos e representações notáveis. Mas também representações

minoritárias e estas com grandiosas expressões de religiosidades, sendo fruto do

processo histórico nacional. A escola sendo o espaço sociocultural permite no seu

ambiente o trânsito da religiosidade dos sujeitos como agentes do fenômeno religioso.

A presente pesquisa teve como objetivo investigar a interação pedagógica do Ensino

Religioso (ER) nas escolas da Rede Estadual de Pernambuco, em especial no Recife,

aprimorando o trabalho do docente de ER, decorrente da Lei nº 9.475/98 inserida na

LDBEN nº 9.495/96, a qual assegura o respeito à diversidade cultural religiosa do

Brasil. Buscou-se apreender como se dão os saberes e as atividades pedagógicas do

docente do ER, bem como, a organização do trabalho pedagógico, as escolhas feitas

pelo docente e as reações demonstradas pelos discentes. Trata-se de uma pesquisa

qualitativa, acrescida da análise de documentos legais, e a implementação dos saberes

do fenômeno religioso para a valorização da diversidade. Teve como instrumentos as

entrevistas semi-estruturadas com duas docentes e o questionário estruturado, tendo

como sujeitos seis docentes, em seis escolas públicas do Ensino Fundamental. A

fundamentação teórica teve como base o processo investigativo em Brandenburg,

Junqueira e Passos para o entendimento da interação pedagógica do sociocultural e

religiosa no processo de aprendizagem e o desenvolvimento global do discente. Os

dados coletados apontam para aplicação da metodologia pedagógica de três modelos do

ER: Catequese, Teológica e Ciências da Religião.

ANÁLISE CURRICULAR: SOBRE PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS

CONTEÚDOS DO ENSINO RELIGIOSO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Aldenir Teotônio Claudio ([email protected])

Marinilson Barbosa da Silva ([email protected])

Resumo

O Ensino religioso é um componente curricular que visa discutir a diversidade e a

complexidade do ser humano como pessoa aberta às diversas perspectivas do sagrado

presentes nos tempos e espaços histórico-culturais. Esse ensino deve estar atento, pelo

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fato de haver, nas escolas, diferentes opções e dimensões de fé, e é essencial saber

respeitar o diferente e as diferenças e com eles interagir. Em um mundo culturalmente

diversificado nos aspectos educacionais, culturais, religiosos, sociais, étnicos,

tecnológicos, nos vemos frente a um grande desafio que é repensar a educação, a prática

pedagógica, o processo de ensino-aprendizagem e o currículo. Um dos fundamentos

para a realização deste trabalho foi pensar em uma proposta de currículo unificado para

o Ensino Religioso. Desenvolvemos uma metodologia com abordagem qualitativa e

descritiva através de pesquisas bibliográficas, destacando os Parâmetros Curriculares

Nacional do Ensino Religioso e a Lei de Diretrizes e Base da Educação, realizando

assim um recorte do currículo trabalhado atualmente e propondo a unificação dos

conteúdos desse currículo, para garantir a possibilidade de participação do cidadão na

sociedade de forma autônoma, com uma linguagem própria, favorecendo a compreensão

do fenômeno religioso, valorizando o pluralismo e a diversidade cultural e religiosa,

presentes na sala de aula, no cotidiano, e na sociedade, daqueles que tem ou não um

credo religioso, sem quaisquer formas de proselitismo.

ENSINO RELIGIOSO LAICO EM ESCOLA PÚBLICA: RANÇOS E AVANÇOS

APÓS 25 ANOS POSITIVADO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA

Clera de Faria Barbosa Cunha - ABHR. E-mail: [email protected]

Dra. Claudia Barbosa - NPEJI/UCSAL. E-mail:

[email protected]

Resumo

O presente trabalho se desvenda pela relevância dos vinte cinco anos da Constituição

Federal brasileira no que tange ao ensino religioso nas escolas públicas, dentro de uma

dinâmica de luta pelo reconhecimento de uma educação laica. A Carta Magna de 1988,

trás a tona a responsabilidade do Estado com a disciplina, portanto todas as escolas

pertencentes aos órgãos oficiais carecem atender aos princípios da Lei. Entender a

laicidade dentro de uma cultura que aparentemente predomina a ideologia católica e que

reflete nos hábitos e costumes o senso comum de que a escola, por possuir no seu

currículo a disciplina ensino religioso seria, na realidade, entrar em um espaço

simbólico de proteção e de uma complexidade aparentemente impossível de se definir.

Para tanto, o objetivo do estudo é identificar através de pesquisa realizada em escola

pública do município de Capela Nova, Minas Gerais se os parâmetros utilizados em sala

de aula contemplam o ensino laico e qual é a percepção dos discentes, frente a uma

disciplina optativa para os alunos, obrigatória para a escola e que deve contemplar a

diversidade religiosa. Coaduna-se um complicador para o respeito à diversidade

religiosa, à liberdade de consciência, de crença, de expressão e de culto, levando-se em

conta a pluralidade nas diferentes formas de se trabalhar a disciplina. Atenta-se pelo fato

da emergência da influência do Estado laico na valorização da disciplina e na

construção de materiais didáticos para o avanço no desenvolvimento da educação

nacional.

Dia 10/04, sala 209 (Área II - Bloco C)

GT9: RELIGIÃO E EDUCAÇÃO: OLHARES QUE SE ENTRECRUZAM

(continuação)

RELIGIÃO E EDUCAÇÃO COMO PROCESSOS INTEGRADOS E

COMUNITÁRIOS: UMA PROPOSTA DE REFLEXÃO QUE RESGATA O

SENTIDO DE LIBERTAÇÃO E INCLUSÃO NA VIDA EDUCACIONAL E

RELIGIOSA DE TODOS.

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Claudecir José Jaques ([email protected])

Resumo

Tanto o Fenômeno Religioso, como a Educação são processos muitas vezes mal

compreendidos e quase sempre mal praticados. Se vê muito poucos projetos e

instituições com uma visão e objetivo de construir cidadania e vida integrada. É muito

comum observar-se igrejas e escolas com um cunho muito comercial, imediatista e

formadores de agentes individualistas, competitivos e com pouca consciência social. Os

processos detectados em muito do que se vê em educação e religião, especialmente na

modernidade contemporânea, são muito fragmentários, descontextualizados e

formadores de passivos cidadãos. É grande a presença de metodologias tradicionais de

formação na religião e na educação. A Transmissão do conhecimento e dos valores

religiosos é o método prevalecente. Há uma visão de que alguns sabem e estão

evoluídos e outros não sabem e precisam evoluir pela ação dos chamados iluminados

pelo conhecimento e por seu Deus. Porém, nem tudo está perdido e nem todos pensam e

agem assim. Alguns pensadores e agentes, de antes e de agora, dão boas noções de um

modelo de educação que parte da ideia de que ela é um processo de construção coletiva.

De que a religião só faz sentido se for comunitária. Não se pode continuar pensando que

o fenômeno religioso e a educação são coisas de decisão e construção pessoal. Quando

se integra os dois conceitos (Religião e Educação) e se tem uma visão construtiva e

inclusiva, a transformação social pode estar começando.

EDUCAÇÃO MULTICULTURAL E O DIÁLOGO DAS RELIGIÕES

Edmara Monteiro da Silveira Ferreira ([email protected])

Resumo

Este artigo busca conhecer e compreender as diferentes representações elaboradas

socialmente em torno dos conceitos de diferença, multiculturalismo e diálogo. Essa

construção apresenta olhares e leituras da cultura, multiculturalismo e Educação

multicultural considerando seus significados e suas interpretações na perspectiva da

educação escolar. Apresenta, a partir de diferentes autores, possíveis respostas para o

que envolve o conhecimento e a compreensão dos grupos humanos em suas relações

entre si e com o outro culturalmente diferente. A religião é vista como um dos

componentes da constituição de uma cultura e também está sofrendo intervenções

globalizadas que modificam a relação dos indivíduos com o transcendente. E a

diferença passa a servir como mecanismo de inferiorização daquele que não segue a

crença dominante ou não acredita em uma supremacia divina nos moldes postos pelo

Cristianismo, ou seja, no que se refere à religião, o que vale é o apagamento das

diferenças. Com o objetivo de mostrar as questões do multiculturalismo e da religião na

formação do Brasil ao longo do tempo, e como ele é percebido atualmente. O

multiculturalismo pode ser entendido como forma de combate a discriminação e

injustiça social e dos seres humanos que sentem as dores de uma história socialmente

construída. O Brasil pode ser visto como um experimento multicultural e multiétnico ou

simultaneamente cultural, social e étnico, tais conceitos nos propõem também a questão

de discutir religião no âmbito escolar. A Lei 10.369/2003 e as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Étnicos - Raciais inauguram uma nova página na história da

educação multicultural no Brasil. É pertinente abordarmos o pluralismo religioso e a

intolerância entre as diversas religiões presentes.

EDUCAÇÃO E RELIGIÃO: ENTRE OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE

Eldison Santos Chaves ([email protected])

Resumo

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A educação e a religião são meios de formar o cidadão segundo sua cultura moral e

social, porém uma não limita a outra, ou seja, a educação não será prejudicada pela

ausência de uma religião, e vice-versa, porém deve-se ter claramente que fundindo as

duas não vamos conseguir um equilíbrio. A educação tem como função moldar o

cidadão como um ser moral e social de forma coletiva, enquanto a religião tende a fazer

isso de forma subjetiva. Com essa distinção é extremamente complicado conciliar as

duas maneiras de formar, pois ao submeter um determinado grupo com diversidade de

crenças a um ensino coletivo de religião não é possível manter uma neutralidade sem

que alguma crença seja ofendida. Devido a essa pluralidade religiosa se faz necessário

uma educação laica, porém essa mesma educação não pode fechar a ideia de

transcendência, e mais respeitar a escolha subjetiva de religião independente de qual

seja.

PLURALISMO E RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS: UMA DISCUSSÃO NO

ÂMBITO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE RECIFE E OLINDA SOBRE O

LUGAR DO NEGRO NO CURRÍCULO E ENSINO DA HISTÓRIA DA ÁFRICA

Zilma Adélia Soares Lopes ([email protected])

Aurenéa Maria de Oliveira ([email protected])

Resumo

A cultura e a identidade afro-brasileira estão intrincadas no processo de aceitação e

respeitabilidade das religiões de matriz africana, atualmente. Interessa-nos investigar

como a escola tem lidado com questões que tangem as temáticas da alteridade e da (in)

tolerância religiosa, a partir de um questionamento a respeito do lugar ocupado pelo

negro e pelas religiões afro-brasileiras dentro do ambiente escolar. Assim, neste estudo,

pretende-se analisar o “lugar” do negro no currículo de História, especificamente na

temática da história da África, a partir de uma discussão baseada na Análise de Discurso

de vertente francesa.

AS REPRESENTAÇÕES DAS RELIGIÕES NOS LIVROS DIDÁTICOS DE

HISTÓRIA: PANORAMAS DA ATUALIDADE

Maurício de Aquino ([email protected])

Resumo

Pretende-se apresentar uma análise das representações das religiões em livros didáticos

de história utilizados atualmente em escolas do norte do Paraná. Objeto cultural

complexo, permeado por interesses mercantis, pedagógicos e ideológicos, o livro

didático vem sendo estudado há tempos (sistematicamente, no Brasil, desde os anos

1980) quanto às representações que divulga, em textos e imagens, e ao modo como

configura determinadas memórias e interpretações. Neste trabalho discutem-se as

representações construídas e divulgadas por esses materiais acerca das religiões.

Problematizam-se as abordagens predominantes, a presença ou ausência de temas de

religião nos diferentes períodos da história e seus significados, a equidade ou não da

apresentação das diferentes religiões. Encerra-se o trabalho com algumas considerações

sobre o panorama das representações das religiões nos livros didáticos e suas possíveis

implicações na formação dos estudantes.

RELIGIÃO E EDUCAÇÃO: DEFINIÇÕES, ANÁLISES, AJUSTES.

Silvana Custódio Pinheiro ([email protected])

Resumo

Esta pesquisa tem como proposta a compreensão e a possibilidade do enlace entre

Religião e Educação através dos conteúdos valorativos desenvolvidos na escola

confessional tendo como referencia as memórias de infância e seus reflexos na vida

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adulta. A escola confessional é abordada por servir de parâmetro para a forma de como

a religiosidade pode ser desenvolvida dentro dos muros da escola que tem religiosos à

frente da gestão e da ideologia ali presente. O destaque é dado à conceituação, aos

contrapontos e complementações que são percebidas através dos estudos. São

trabalhados os conceitos de Religião, Educação e Memória num enfoque sociológico e

pedagógico para alicerçar a discussão em torno da temática. Estudiosos fundantes para a

pesquisa foram Durkheim, Bourdieu, Freire, Benjamim. Para tanto, os referenciais

teóricos utilizados foram: Guimarães; Gomides (2011), Andrade (2011); Benjamim

(2009); Rebeer (2002).

A RELIGIÃO E OS DESAFIOS EDUCACIONAIS CONTEMPORANEOS

Katlen Caroline Nazaré Furtado ([email protected])

Resumo

Defender que a escola seja o espaço para promoção de uma educação laica e que

defenda uma sociedade livre do preconceito, da homofobia e do machismo, frente à

influência da cultura religiosa dos diversos credos, crenças e seguimentos é o maior

desafio contemporâneo. Percebe-se cada vez mais a necessidade de uma preparação

técnica-metodológica-humana diante das situações da questão social, reforça aqui a

importância do vinculo religião e educação dentro das escolas, equipes atuando de

forma interdisciplinar, trabalhará não somente com base na política educacional do

binômio educando e família. Como também no ramo dos direitos sociais, construção de

um projeto político-pedagógico voltado para a ampliação e garantia de direitos. Além de

ser um elo na mediação entre o humano e Deus. Esta pesquisa tem como finalidade

contribuir com o processo de discussão sobre a religião na educação, principalmente no

que se refere a sua forma de inserção na Política Social da Educação, de acordo com a

LDB, (Lei de Diretrizes e Bases), todos os profissionais na área da educação têm que

estar preparados para “lidar” com as diversas demandas apresentadas nas unidades

escolares. Questão que trabalha no sentido educativo, e que também pode contribuir

proporcionando espaços que resultem em novas discussões, em tomada de consciência,

de atitude, trabalhando as relações interpessoais e grupais. A partir de alguns dados

históricos, sabe-se que a religião sempre marcou presença na área educação, iniciando

na primeira década de século XX, a escola, nos dias de hoje, tem se tornado um espaço

importante e fundamental.

Dia 10/04, sala 404 (Área II - Bloco D)

GT9: RELIGIÃO E EDUCAÇÃO: OLHARES QUE SE ENTRECRUZAM

(continuação)

O HUMANO E O SAGRADO TECIDOS E ENTRELAÇADOS NOS CONTOS “A

NOITE ESCURA E MAIS EU” DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Claudiana Soares da Costa ([email protected])

Prof. Dr. Fabrício Possebon ([email protected])

Resumo

Deste sempre a humanidade busca justificar sua existência para além do mundo

imediato, negando a possibilidade de que a existência tenha sentido em si mesma.

Assim, o homem é um ser carente de significado, encontrando-se na maioria das vezes,

impossibilitado de viver sem atribuir à vida um sentido. De maneira que encontramos

em obras literárias, apresentadas como não religiosas, que falam de manifestações

sagradas, de algo ou alguém diferente da nossa condição, a humana, em que ou em

quem é encontrado um sentido de pertencimento a um Totalmente Outro. A religião se

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configura como fonte de sentido diante da limitação humana frente à finitude. A

Literatura, ao tratar desta limitação e do medo da finitude, é capaz de configurar-se em

lugar de sentido e de expressão do Sagrado. Objetivamos, portanto, capturar na obra

literária ‘A noite Escura e mais eu’ a expressão do sagrado que emerge das narrativas

(Contos) sobre a experiência humana. Utilizamos da metodologia descritiva e

bibliográfica sob o olhar da compreensão do Sagrado por meio da hermenêutica

Simbólica e Comparada de Mircea Eliade. Logo, sinalizamos que a Religião e a

Educação em sua expressão literária se encontram no poder do símbolo e como

linguagens, em que o sagrado se mistura e, até mesmo, emerge do profano. Desta forma,

por meio da literatura há possibilidades de compreender o humano em sua busca de

sentido e em sua conexão com o sagrado para além das religiões.

O PONTIFICADO DE PIO XII E A EDUCAÇÃO: UMA LEITURA HISTÓRICA

EXIGIDA PARA A COMPREENSÃO DA CONTEMPORANEIDADE.

Elza Silva Cardoso Soffiatti ([email protected])

Resumo

As relações entre as tradições religiosas e as instituições os processos formativos tem

sido amplamente tratadas na literatura especializada, notadamente na tradição cristã

ocidental. Esta comunicação foi proposta para promover duas questões particulares

deste cenário. Primeiro, o ambiente que se estabeleceu no intervalo das duas Grandes

Guerras com o amplo espectro de transformações sociais por elas geradas. Em segundo

lugar o discurso pontifício, especificamente, e não o discurso do catolicismo romano.

Para este fim, apresentaremos o discurso de Eugênio Pacelli, Secretário de Estado de

Pio XI, e nesta condição, principal interlocutor do período do entre-guerras. Sucessor

daquele, então como Pio XII, deu continuidade a um modelo de intervenção política do

cristianismo por ele mesmo gerida pela posição de principal membro da Cúria. No

discurso emanado do Pontífice Romano, autoritativo e normativo, portanto, voltaremos

nossa atenção para o realce de uma pretendida filosofia da educação, na qual o

elemento educativo aparece como agência privilegiada para a reorganização do mundo

ocidental acompanhando a proposta deste GT, no sentido de pensar os cruzamentos, e

os diálogos que um discurso com este perfio, estabelecia no universo das diversidades

de proposições no ocidente pós 1945.

ESPIRITUALIDADE, INTELIGÊNCIA HUMANA QUE CRIA SENTIDO E DÁ

SIGNIFICADOS A VIDA. O ESPAÇO ACADÊMICO COMO LÓCUS DE

TRANSFORMAÇÃO

Deusilene Silva de Leão ([email protected])

Resumo

Pretendemos dizer com este artigo que estamos vivendo um momento na história da

humanidade de verdadeiras descobertas em todas as áreas do saber. Uma nova

consciência está despertando dos escombros de uma civilização que parece estar em

declínio, mas que ao mesmo tempo já percebe que se faz necessário mudar o curso do

caminho. O ser humano tem vivido uma crise de sentido e de significados que lhe tem

causado um vazio interior. Em função desse vazio algumas questões têm vindo à tona,

entre elas, a espiritualidade, que tem sido um tema recorrente nesta época de tanta busca

por sentido e significado.

REVERÊNCIA PELA VIDA: ONDE EDUCAÇÃO E TRADIÇÕES

ESPIRITUAIS SE ENCONTRAM

Rosa Maria Viana ([email protected])

Sandra de Fátima Oliveira ([email protected])

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Márcia Viana Pereira ([email protected])

Resumo

O trabalho aborda a importância da Educação e das Tradições Espirituais para atender à

questão fundamental que se apresenta na atualidade de modo visível: a fragilidade da

vida do Ser Humano que depende da Teia entrelaçada e interdependente que constitui a

Vida no Planeta Terra. Reconhecendo a Unidade de todos os eventos do ciclo vivo é

necessário uma ação conjunta dos espaços privilegiados do processo de humanização

que leve o Ser Humano à Conviver com Reverência pela Vida, adotando a Regra de

Ouro de Fazer ao Outro o que deseja para Si Mesmo, vivenciando o maior ensinamento

judaico - cristão e também presente nas diversas outras tradições espirituais: "Amar ao

Próximo como a Si Mesmo". Na abordagem contemporânea dos Direitos Humanos,

Gandhi reafirma essas regras de conduta, apontando a necessidade de cada um de nós

assumir a Responsabilidade para com o Outro de modo que o Direito de Todos se

consolide. Isso exige uma consciência de Ser o Sujeito da história responsável pelo

pensar, sentir e agir, assumindo responsabilidades pela presença no mundo, que se faz

numa educação para SER. Mas nossa "sociedade do espetáculo" o educa para o

consumo, para TER, reduzindo sua capacidade de pensamento crítico pela banalização

da Ética, de princípios e de valores. Uma situação que segundo Adorno, pode e deve ser

revertida para afirmar a Dignidade do Ser Humano proclamada na Declaração Universal

dos Direitos Humanos através da formação voltada para a convivência amorosa com

Próximo despertando o potencial que nos faz Humanos e possibilita a Vida em

plenitude para todos.

DESAFIOS DA INTERCONEXÃO ENTRE A EDUCAÇÃO E A RELIGIÃO VIA

SÍMBOLO

Iêda de Oliveira Caminha Silva ([email protected])

Resumo

O objetivo de nossa pesquisa é compreender a consolidação da interconexão entre

educação e religião na construção da sociedade via representações simbólicas. Esta

pesquisa é bibliográfica e descritiva numa abordagem qualitativa. Entendendo que a

sociedade está imersa em imagens, símbolos e representações com significados e

sentidos para a existência; a educação deve promover a construção do sujeito com a

capacidade de construir sua própria historia, conforme nos diz Freire (2013). A

educação é consolidada pela participação e transformação dos sujeitos na sociedade,

mudando seus comportamentos nos diz Gadotti (1995). Através da educação o ser

humano transmite o conhecimento, as crenças e hábitos desenvolvidos por um grupo

compartilhando com os seus semelhantes seus interesses e os interesses sociais;

entendendo que embora o sujeito possua interesses pessoais, se realiza no interesse pelo

coletivo. Para tanto a UNESCO propões quatro pilares para a educação: aprender a

conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser.

Considerando o papel e o poder dos símbolos na vida dos seres humanos,

compreendemos conforme Klein (2006) que para concretizar a ação entre a educação e

a religião podemos utilizar o visível para falar do invisível, do humano para falar do

divino e do imanente para falar do transcendente.

RELIGIÃO, EDUCAÇÃO E ECONOMIA EM MAX WEBER.

Juarez Lopes de Carvalho Filho ([email protected])

Resumo

Esse trabalho propõe verificar a relação entre a religião, a educação e a economia na

obra de Max Weber. Apesar de não ter escrito uma sociologia da educação

propriamente dita, é possível verificar em escritos como Confucionismo e Taoísmo um

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esboço de tipos ideais da educação encontrados em qualquer sistema de formação, que

Weber articulava aos tipos de dominação legitima (racional-legal, tradicional,

carismática), seja politica seja religiosa.Cada tipo de educação desenvolve nos alunos

uma cultura, uma conduta de vida, ou as qualidades que convém a um tipo de

dominação político-religiosa. Ele difere a educação confucianista – com sua cultura

literária e seu sistema de avaliação, fundados numa racionalidade da ordem – da

educação grega antiga e da educação protestante. No entanto, esses elementos dos tipos

ideais de educação articulados a uma cultura religiosa exercem um papel importante na

formação de sistemas econômicos, notadamente de uma cultura capitalista. Como

Weber demonstrou na Ética Protestante e o espírito do capitalismo, existe uma real

adaptação, de uma educação religiosa (ascética) ao capitalismo e à sua cultura.

PADRE JÚLIO MARIA E A APOLOGÉTICA DA IGREJA DO POVO: O

IDEAL DE REPÚBLICA DEMOCRÁTICA NO FINAL DO SÉCULO XIX E A

EDUCAÇÃO

Marco Aurélio Corrêa Martins ([email protected])

Resumo

A Igreja Católica viveu, no final do século XIX, um conflito com seu tempo. Combateu

o liberalismo, o positivismo, o laicismo e o crescimento do socialismo. No Brasil, entre

a “Questão Religiosa” e a Proclamação da República, houve um declínio de sua

influência na política e na sociedade. A Pastoral Coletiva dos Bispos do Brasil de 1890

apontava uma reação católica. No entanto, como se pode perceber da Pastoral Coletiva

de 1900, dez anos mais tarde, não houve uma reação coordenada dos bispos quanto ao

proposto na pastoral anterior. De Minas Gerais, um padre, doutor em Direito, surgiu

pregando a aproximação da Igreja ao povo, divulgando a RerumNovarum e outras

encíclicas de Leão XIII, propondo uma ação pedagógica da Igreja junto ao povo em

defesa da democracia republicana. Do ponto de vista teológico, padre Júlio Maria

apontou o papel modelar do pobre na Igreja. Foi na experiência vivida na cidade de Juiz

de Fora, recepcionadas as tradições católicas brasileiras, que tais expectativas se

articularam nas conferências do sacerdote. Entre a modernidade e a tradição, ele

conjugava ideais ultramontanos, democráticos e tradicionalistas em sua experiência e

expectativa. As propostas de Júlio Maria apontavam para um horizonte novo, onde a

união da Igreja ao povo, o papel pedagógico católico e a teologia do pobre como seu

hierarca marcavam a possibilidade de um tempo novo para a mesma no Brasil e para a

própria nação, sob o signo da democracia.

Dia 09/04, sala 203 (Área II - Bloco D) GT10: RELIGIÃO E COMUNICAÇÃO: INTERFACES, FEIÇÕES E

TRANSFIGURAÇÕES

Coordenadores/as

Dra. Malena Segura Contrera - Universidade Paulista – UNIP

([email protected],br)

Dr. Jorge Miklos - Universidade Paulista - UNIP ([email protected])

Dr. Mauricio Ribeiro da Silva - Universidade Paulista - UNIP ([email protected])

AUDIÊNCIA, MERCADO, POLÍTICA E PODER: CHAVES TEÓRICO-

INTERPRETATIVAS DA INTENSA APROXIMAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

GLOBO COM O SEGMENTO EVANGÉLICO NO BRASIL

Magali do Nascimento Cunha

Resumo

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As ações de aproximação das Organizações Globo com o segmento evangélico, de

forma mais ostensiva nos últimos cinco anos, têm chamado a atenção de observadores

das mídias e promovido a criação de novas configurações na relação mídia-religião-

política. Além de conquistar boa fatia do mercado da música evangélica por meio da

ampliação do cast de artistas gospel da gravadora Som Livre e o slogan “Você adora, a

Som Livre toca", foi cedido mais espaço ao segmento evangélico em vários programas

da Rede Globo e promovido o Troféu Promessas (anteriormente um projeto da Igreja

Universal do Reino de Deus), e a realização do "Festival Promessas", que se

transformou em um programa especial na Rede Globo. A realização da Feira

Internacional Cristã (FIC), em 2013, pelas Organizações Globo, buscou fortalecer ainda

mais a empreitada, com o apoio de lideranças religiosas midiáticas. Este quadro foi

ainda mais intensificado com a inserção de personagens evangélicos, pela primeira vez

positivamente representados, na telenovela "Amor à Vida", exibida pela Rede Globo no

horário nobre (21h), entre 20 de maio de 2013 e 31 de janeiro de 2014. Partindo da

assertiva de que a Globo, uma prestigiosa empresa de mídia, alterou sua forma de

representar e de interagir com o segmento evangélico, este estudo, de caráter

exploratório-descritivo, com bases teóricas nos Estudos Culturais em diálogo com a

Sociologia da Religião, se pauta pelo seguinte problema: quais são as chaves teórico-

interpretativas do fenômeno da aproximação das Organizações Globo com o segmento

evangélico no Brasil?

A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE COMO UM PRODUTO CATÓLICO

DE TURISMO E TELEVISÃO

André Ricardo de Souza /Giulliano Placeres /Pedro Augusto Moreno

Resumo

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada no Rio de Janeiro em julho de 2013,

foi um dos maiores acontecimentos católicos no Brasil. Do ponto de vista pastoral, ela

marcou simbolicamente o início do pontificado do papa Francisco, gerando expectativas

e também especulação quanto à eventual reação católica ao crescimento evangélico no

cenário religioso nacional. Foi também mais um grande produto do turismo católico

internacional e o principal evento turístico brasileiro ocorrido naquele ano. Por tais

motivos a JMJ foi amplamente coberta pela mídia secular, sendo ainda mais noticiada e

explorada pelas emissoras católicas, com destaque para a televisiva e maior delas: a

Rede Vida. Este trabalho, oriundo de pesquisas em andamento com apoio da FAPESP,

discute os aspectos midiáticos, turísticos e comerciais da JMJ, enfocando o

entrecruzamento de interesses religiosos, econômicos e também políticos.

NARRATIVAS (DES)ENCONTRADAS: O VIVIDO E O NOTICIADO NA

ROMARIA DE TRINDADE (GO)

Ralyanara Moreira Freire

Resumo

Anualmente o município de Trindade (GO) recebe milhares de devotos durante a

tradicional Romaria do Divino Pai Eterno. O festejo, em seus 10 dias de programação, é

marcado por rituais religiosos que despertam diversas narrativas em seu desenrolar. Os

romeiros desenvolvem uma forma particular de se comunicar com os elementos que

estão a sua volta e também com as simbologias que envolvem a devoção ao Divino Pai

Eterno. Por outro lado, há a chamada grande mídia e sua força de representação e

elaboração de imaginários. Por isso, o objetivo aqui é analisar como se dão essas

narrativas, quais são os seus principais elementos e discursos, distanciamentos e

aproximações, e de que forma elas representam o devoto do Divino. Para tal apreensão

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nos valemos da observação participante e análise de material jornalístico veiculado na

Rede Vida de Televisão.

RELIGIÃO E MÍDIAS SOCIAIS: QUE FUNÇÃO O FACEBOOK EXERCE NA

DISSEMINAÇÃO DO DISCURSO RELIGIOSO?

Cristiomar da Silva

Juliana Silva Marton

Resumo

Historicamente, a igreja sempre ocupou uma posição importante na vida dos indivíduos.

Essa mentalidade começou a mudar quando a Igreja sofreu a separação do Estado e

modificou-se radicalmente durante o século das luzes, com o privilégio da razão. Em

todo o mundo, a religião passou a exercer um papel secundário na vida social. No

Brasil, a história não poderia ser diferente. Apesar das fortes bases cristãs no país e da

presença de símbolos religiosos em instituições públicas, a igreja estava a parte, mesmo

que ainda à procura de voltar ao antigo status. Nesta busca sem fim, as instituições

religiosas aliaram-se a uma outra forma de poder simbólico, os meios de comunicação.

Seja no rádio ou na televisão, a presença de instituições religiosas é notória. Logo, era

de se esperar que a igreja também migrasse para o novo media que surgiria ainda na

década de 1950, a Internet. A intenção deste trabalho é investigar o uso das plataformas

digitais por instituições religiosas cristãs evangélicas. A partir da observação e análise

crítica de fanpages no site de relacionamentos Facebook.com, pretende-se verificar de

que forma as instituições religiosas adequaram-se ao novo recurso e se o novo modo de

disseminar o discurso religioso tem sido eficaz.

SOBREPOSIÇÕES TEMPORAIS NA CIBERCULTURA: PERFORMANCE

DOS ARAUTOS DO EVANGELHO NA INTERNET

Flávia Gabriela da Costa Rosa

Resumo

Ao longo da história, disputas políticas envolvendo a Igreja Católica provocaram

acirrados embates. Em busca da universalidade, e em contraponto ao seu objetivo

inicial, os movimentos cristãos se viram em uma disputa de formas e discursos que

levassem aos mais distantes confins a mensagem da redenção, tendo, com isso, um

número maior de adeptos. No campo intelectual as discussões e as formas de utilização

dos meios para difusão da mensagem sempre foram um grande desafio para a

legitimação da Igreja Católica em si e das demais forças políticas de cada época.

Séculos depois esta realidade não é diferente: as novas formas de comunicação em

utilização, principalmente a internet, possivelmente não levam em conta como as

experiências religiosas se transformariam a partir da comunicação mediada pelos

equipamentos eletrônicos e suas imbricações no campo da experiência do religare.

Ocorre que cada uma das várias vertentes da Igreja Católica lança mão dos novos

recursos midiáticos de forma muito particular, sugerindo-nos um desconhecimento da

complexidade da comunicação e religião. Uma dessas vertentes são os Arautos do

Evangelho, pertencente à ala tradicionalista da Igreja Católica, que se entende e

apresenta-se como os novos Cavaleiros Templários. O grupo aderiu às novas

tecnologias e, de forma curiosa, utilizam-nas contrariando a proposta de interação de

pessoas com interesses comuns. O resultado é a exacerbada emissão de conteúdo com

raras oportunidades de interatividade. Chama-nos a atenção como um grupo tradicional

da Igreja Católica tenta criar diálogo por meio de ferramentas de interatividade no

cyberspace, refletindo o pensamento cristão que postulam: retorno aos modos de

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organização das instituições próprias da Idade Média, o que configura uma contradição

temporal.

MOSAICO DE FIÉIS - O CARTAZ DO CÍRIO 2011

Ariana Nascimento da Silva

Resumo

O projeto de pesquisa envolvendo a midiatização do Círio de Nazaré e sua migração

para o ciberespaço abriu muitas possibilidades de discussão sobre o tema, portanto, para

este artigo em especial o ponto principal é a midiatização do cartaz do Círio de Nazaré,

mais precisamente do ano 2011, pois, ele foi criado a partir da doação espontânea de

fotos no formato 3x4 dos fiéis que serviram como plano de fundo para a inserção da

imagem da Santa. A questão discutida além da sua midiatização e replicação envereda

pela antropafagia e a iconofagia existente entre o cartaz e os fiéis .

Dia 10/04, sala 203 (Área II - Bloco D)

GT10: RELIGIÃO E COMUNICAÇÃO: INTERFACES, FEIÇÕES E

TRANSFIGURAÇÕES (continuiação)

“ENTRE PUNIÇÃO E RECOMPENSA: E VOCÊ, DE QUE LADO ESTÁ?”

ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NO JORNAL SANTUARIO DA TRINDADE

Andréia Márcia de Castro Galvão

Resumo

O presente trabalho reflete sobre o binômio Mídia + Religião, sobretudo no que diz

respeito às estratégias discursivas do jornal religioso Santuario da Trindade, em

circulação em Goiás de 1922 a 1931. Interessa analisar o periódico como um importante

meio de comunicação aliado na propagação da religiosidade católica e na cooptação de

fiéis, percebendo seus pressupostos de atuação, seus usos e finalidades e os discursos de

convencimento utilizados dentro do universo conturbado desta década, na qual via-se

intensificada a inserção de religiosidades outras, no território.

A ESPETACULARIZAÇÃO DA FÉ: A BATALHA DO SAGRADO NA MÍDIA,

UM ESTUDO DE CASO DOS PASTORES EDIR MACEDO E VALDEMIRO

SANTIAGO

Paulo Afonso Tavares

Resumo

Estamos vivendo um momento de transição na sociedade. Uma mudança de época, que

está colocando a humanidade em outro patamar. Isso é representado, na mudança de

uma “antiga ambiência”, caracterizada por um mundo analógico, de produtor, receptor e

canal para um “mundo novo”, uma “nova ambiência” caracterizada pelo processo de

midiatização da sociedade, que tem como uma de suas principais características o

compartilhamento de informação, bem como a participação. É nessa sociedade em

midiatização que emerge o fenômeno conhecido como ‘Igreja Eletrônica’, a inserção da

religião na mídia. Portanto o objetivo dessa comunicação é analisar o espetáculo gerado

pela a “batalha do sagrado na mídia” lideradas por dois “pastores eletrônicos”

neopentecostais: Edir Macedo e Valdemiro Santiago que rivalizam entre si para garantir

a hegemonia na Igreja Eletrônica.

A NARRATIVA DOS PEREGRINOS A SANTIAGO DE COMPOSTELA: UMA

ANÁLISE COMUNICACIONAL

Valdinei Trombini

Resumo

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O objetivo é a análise das narrativas feitas pelos Peregrinos sobre o Caminho de

Santiago de Compostela e também descrever como os peregrinos constroem estas

narrativas no mundo atual relacionado com a comunicação. O caminho, para a maioria

dos peregrinos, apoia-se na busca do autoconhecimento. A fundamentação teórica se dá

a partir da discussão elencada por Stuart Hall sobre o conceito de identidade, no

conceito de reflexibilidade trabalhado por Anthony Giddens, as narrativas de Walter

Benjamine e conclui com Sandra de Sá Carneiro onde interpreta a peregrinação como

um fenômeno que se sustenta numa tradição de longa duração assumindo um caráter

atual. Através dos vários tipos de apropriações e (re) significações que os agentes

envolvidos no fenômeno da peregrinação dão às suas ações, performances e usos, assim

como atribuições (e disputas) de sentidos em torno das narrativas referentes ao Caminho

e à peregrinação. Com a finalidade de compreender as diversas dimensões que

envolvem esta peregrinação na sociedade contemporânea, realizamos a pesquisa

utilizando o método qualitativo, buscando destacar os sentidos das narrativas dos

peregrinos. Utilizamos análise de narrativas através de sites especializados como

metodologia para a compreensão narradas pelos peregrinos e disponibilizadas por eles

nos sites das associações. Concluímos que a necessidade de se narrar o que se vivenciou

no caminho para muitos peregrinos relaciona-se com a busca de um sentido para o seu

autoconhecimento, que não apenas é experimentado e vivido através da peregrinação,

como também relatado em narrativas que conferem um ordenamento reflexivo ao

indivíduo.

A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO NA MÍDIA PENTECOSTAL

Patricia Garcia Costa

Resumo

A proposta deste trabalho é uma reflexão que articula gênero e religião no campo da

comunicação, tendo como objeto de estudo o programa Show da Fé, veiculado pela

Rede Internacional de Televisão (RIT), apresentado pelo líder religioso, Missionário

R.R.Soares. Trata-se de uma análise da mídia pentecostal com o objetivo de verificar a

representação da mulher transmitida por este grupo religioso, tomando por base estudos

em mídia e religião dos campos da comunicação e das ciências da religião. Como

metodologia, foram escolhidas duas cartas do quadro Abrindo o Coração, lidas ao vivo

no programa Show da fé, e por meio da transcrição deste material serão aplicados os

procedimentos teórico-metodológicas da Análise do Discurso para compreender de que

forma essas mulheres são representadas. A pesquisa demonstra que o programa Show

da Fé revela-se um mediador que reproduz e contribui para a manutenção do discurso

religioso de minoração do lugar da mulher na sociedade e na igreja. O trabalho busca

mostrar que o discurso religioso midiatizado interfere de maneira muito pontual nas

relações de dominação entre os sexos e constitui um corpo de análise fundamental para

os estudos de gênero na relação com a comunicação e a religião.

A PESQUISA EM MÍDIA E RELIGIÃO NO BRASIL: ARTICULAÇÕES

TEÓRICAS NA FORMAÇÃO DE UMA ÁREA DE ESTUDOS

Luís Mauro Sá Martino

Resumo

O estudo das relações entre mídia e religião vem conquistando um significativo espaço

dentro da área de Comunicação. Há um número crescente de livros e artigos acadêmicos

publicados sobre o tema, além de eventos, encontros e debates sobre o assunto. Nota-se

igualmente uma ramificação horizontal, no sentido na pluralidade de temas estudados,

bem como das abordagens teóricas articuladas com eles. Este trabalho delineia algumas

trilhas de formação desse campo de pesquisa, focalizando em particular como se deu a

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aproximação, permeada de constrastes e tensões, dos estudos de religião com a área de

Comunicação. A partir de pesquisa bibliográfica, tendo como o corpus os trabalhos

relacionados à temática "mídia e religião" publicados na forma de livro entre 1980 e

2010, são delineados três momentos, não isentos de mesclas e sobreposições, ao redor

dos quais se articulam práticas de pesquisa: (a) as investigações sobre mídia e religião a

partir das Ciências Sociais, em particular da Sociologia da Religião; (b) as primeiras

articulações for a dessa área, nos estudos sobre comunicação eclesial; (c) a consolidação

do tema como parte da área de Comunicação. Procura-se, a partir do delineamento

desses momentos, observar como estudos sobre mídia e religião vem se definindo como

um espaço de produção de conhecimento no campo das pesquisas em Comunicação.

A GRANDE ONDA VAI TE PEGAR: MARKETING, ESPETÁCULO E

CIBERESPAÇO NA BOLA DE NEVE CHURCH

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão

Resumo

Apresento aqui, sinteticamente, algumas das relações entre o marketing de guerra santa

empreendido pela Bola de Neve Church e seus discursos (congelados e

derretidos), identificados através de seus esforços de midiatização e

espetacularização – e tendo como principal plataforma midiatizadora o ciberespaço

(mais especificamente, a internet).

Dia 09/04, sala 204 (Área II - Bloco D)

GT11: SENSO RELIGIOSO CONTEMPORÂNEO E ESPIRITUALIDADES

NÃO RELIGIOSAS

Coordenadores

Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro (PUC Minas) [email protected]

Mt. Fabiano Victor de Oliveira Campos (UFJF) [email protected]

A RELIGIÃO COMO ATO DE REBELDIA E A TRAGICOMÉDIA DAS

RELAÇÕES HUMANAS NO CONTEMPORÂNEO

Doutorando: Marivelto L. Xavier - SEDAC – MT ([email protected] )

Resumo

O presente artigo discute a religião como ato de rebeldia, fundante de toda relação

humana ou institucional e aborda a felicidade artificial como consequência tragicômica

desse processo no contemporâneo. Trata-se de tematizar a religião em sua teleologia

como felicidade racionalmente autônoma e democrática, conforme o faktum der

vernunft kantiano. Constructo mental do acordo mútuo - ideológico entre os homens

sendo a religião o primeiro motor. Ora, a pulsão subjetiva compreendida como ato de

rebeldia legitima-se antropologicamente nos atos mais secretos e contra culturais, cuja

genética pré-racional pretende ser o êxtase anterior ao motor racional da memória

consciente. Fonte de toda contra – consciência o ato de rebeldia dissolve as relações

sociais e precipita as relações conscientes em ficcionais. A religião torna-se, desse

modo, relações tragicômicas manipuladas virtualmente quanto necessário para legitimar

o bem estar psicológico subjetivo.

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FENÔMENO RELIGIOSO E ESPIRITUALIDADE: CAMINHOS QUE SE

ENTRELAÇAM

Ms. Rosangela Xavier da Costa – UFPB ([email protected])

Mestranda: Silvia Xavier da Costa Martins – UFPB ([email protected])

Resumo

Este artigo, enquanto pesquisa bibliográfica, tem por objetivo demonstrar como o

Fenômeno Religioso e a Espiritualidade, apesar de seguirem caminhos específicos, se

entrelaçam. Hock (2010) define Ciência da Religião como uma ciência transmissora de

conhecimentos sobre religiões e culturas; onde, entre tantas coisas, busca compreender

o sentido da experiência espiritual e religiosa das pessoas com base no Fenômeno

Religioso. O Fenômeno Religioso pode ser encontrado em todos os povos e culturas,

tanto nas pessoas como nas instituições. Explicado, na medida em que as pessoas

necessitam de um ser superior, para servir-lhes de apoio diante das adversidades da

vida; momentos em que tudo parece não ter sentido. É quando a razão já não explica

mais a realidade; então surge a fé, a crença e a esperança num amanhã circundado de

perseverança e resiliência (ABREU, 2013). Portanto, o Fenômeno Religioso, ao ser

detectado nas diversas religiões e culturas como processo subjetivo, está associado à

Espiritualidade. Segundo Vasconcelos (2006, p.32), Espiritualidade é uma dimensão

particular do processo subjetivo que orienta a prática humana, assumindo diferentes

aspectos a partir da cultura dos povos. Percebe-se que Espiritualidade não é uma crença

em uma religião específica, mas está na fé, na força, na esperança e na capacidade de

acreditar em algo ou alguém superior; encontrando-se também nas emoções que o ser

humano tem ao sentir, se emocionar, acreditar, cuidar, decidir, ou seja, transcender.

Mediante isso, pode-se concluir que, tanto a Espiritualidade quanto o Fenômeno

Religioso são buscas subjetivas pessoais de sentido e significado para a vida.

O FENÔMENO RELIGIOSO DENTRO DE UM GRUPO DE ALCOÓLICOS

ANÔNIMOS

Wendel Leal Trindade – UEPA ([email protected])

Resumo

Alcoólicos Anônimos é uma comunidade, com caráter voluntário, de homens e

mulheres que se reúnem para alcançar e manter a sobriedade através da abstinência total

de ingestão de bebidas alcoólicas. Por meio disto, este trabalho tem como questão

problema como se dá a noção de espiritualidade dentro da irmandade de Alcoólicos

anônimos. Como objetivo, venho analisar, dentro do campo do fenômeno religioso,

como a religião, como fato social, interfere na dinâmica de um grupo de Alcoólicos

Anônimos; como esta ajuda o dependente no processo de “reabilitação” dos mesmos,

assim como analisar os elementos de cunho religioso presentes dentro da formação de

A.A. Como metodologia este trabalho vem fazer uma pesquisa de campo de caráter

qualitativo dentro de um grupo de Alcoólicos Anônimos. Para discussão do tema, os

referenciais teóricos partem da relação entre o alcoolismo, a irmandade de A.A e o

fenômeno religioso por meio da fenomenologia, antropologia e da sociologia. Como

resultados alcançados, este trabalho conseguiu ver o perfil religioso do sujeito

dependente, tanto antes como depois do encontro com a Irmandade de A.A.

ESTUDO DE CASO: O CORPO ESPIRITUAL

Ms. Márcia Viana Pereira - Metrocamp/Campinas – SP

([email protected])

Resumo

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Wilhelm Reich afirmou que o inconsciente é o corpo. Algumas décadas depois, seu

discípulo John Pierrakos exploraria a espiritualidade desse corpo criando a terapia

corporal Core Energetics, que tem a espiritualidade como uma de suas fundações. A

terapia agrega a base corporal da Bioenergética e a espiritual do Guia do Pathwork. São

258 palestras proferidas pelo Guia, espírito canalizado por Eva Pierrakos. Os textos

propõem um caminho para a evolução espiritual (a Jornada da Alma). Esse caminho

passa pelo trabalho com os aspectos emocionais da personalidade humana para que o

espírito possa se libertar das armadilhas do ego. O objeto de estudo deste trabalho é uma

das pós-graduações oferecidas pelo Instituto Rede Brasil Core Energetics, o Programa

de Aprofundamento no trabalho do Guia canalizado por Eva Pierrakos. Nele os

terapeutas são apresentados aos aspectos mais espirituais da terapia. Além de meditação

e trabalho corporal, os encontros são palco de tramas cosmológicas, em que o universo

espiritual apresentado pelo Guia se encontra com o Budismo (em conceitos como

impermanência, apego, vazio, meditação) e, ao mesmo tempo, incorpora preceitos

cristãos. Interessa-nos explorar essas pontes conceituais das palestras do Guia com o

Budismo e o Cristianismo.

BENZEÇÃO: A TRAJETÓRIA DE UMA SENHORA POPULAR

Kaique Matheus Cardoso – UFG ([email protected])

Resumo

O trabalho foi desenvolvido na localidade de Catalão/GO, entrevistando Maria de

Lourdes, 61 anos, kardecista ativa. A investigação é uma narrativa que busca

compreender a trajetória pessoal da agente em destaque, enfocando o exercício de seu

“dom espiritual”. Maria de Lourdes nasceu e foi criada em Catalão, no sudeste goiano,

seus pais biológicos não a criaram, seno ela adotada por uma família que, segundo seu

relato, lhe acolheu com muito amor e mimos. Biologicamente, Maria de Lourdes era

filha de mãe holandesa que engravidou fora do casamento. Seu pai, João Netto de

Campos, tornou-se um grande político em Goiás, sendo prefeito por dois mandatos e

suplente de Deputado Federal. Maria de Lourdes teve uma infância bastante tranquila,

contudo, sempre ouvia vozes de personagens ocultos e enxergava velas acendendo,

portas batendo e outras coisas que seus pais de criação se negavam a acreditar. Na idade

adulta, já casada, teve um colapso nervoso e, a partir 12de então, começou a desvendar

o seu dom espiritual. Socializada desde a infância no catolicismo tradicional, Maria não

possuía informações sobre o espiritismo. Sua trajetória pessoal se confunde com fatos

marcantes da cidade, como seu envolvimento familiar no caso do linchamento de

Antero da Costa Carvalho, fato que gerou, mais tarde, devoção e fé em torno de uma

vítima que se converteu em santo popular.

AS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIROS E SUAS LUTAS POR

DIREITOS NO SUL E SUDESTE DO PARÁ: INTERFACES COM A

UNIVERSIDADE

Dr. Ivan Costa Lima – UNIFESSPA / N’umbuntu ([email protected])

Deyziane dos Anjos Silva - N’umbuntu ([email protected])

Raiane Mineiro Ferreira / bolsista de iniciação científica do N’umbuntu

([email protected])

Resumo

Este estudo apresenta resultados parciais dos projetos de extensão e pesquisa

desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Relações Raciais,

Movimentos Sociais e Educação - N’UMBUNTU, que pretende subsidiar a sociedade

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em geral no que se refere às relações raciais e a situação atual da população negra. Os

projetos têm produzido conhecimentos acerca dos processos organizativos da população

negra no sul e sudeste do Pará, em especial em Marabá. Pretende-se dar visibilidade as

formas sócio-políticas pelas quais a população negra se utiliza para manter sua relação

com a ancestralidade africana, desvelando as formas de elaboração de suas identidades,

os elementos culturais que são mobilizados e indicar como estes processos se tornam

parte importante na exigência de políticas públicas. Neste caso específico, se traz as

lutas travadas pelas comunidades tradicionais de terreiros, que exigem do poder público

local a implementação de políticas, como de igualdade racial, cultural e da introdução

de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Ao mesmo tempo, demonstra-

se o exercício destas comunidades como parte integrante da construção da cidade de

Marabá, que na comemoração dos seus 100 anos não deram a devida atenção ao

trabalho comunitário desenvolvidos pelos terreiros na região. Evidencia-se a

organização desses terreiros de matriz africana ao instituir, com apoio acadêmico, uma

campanha de valorização e participação política de seus adeptos, a exemplo das

conferências de igualdade racial e cultura, demonstrando-se a necessidade de

investimentos públicos que incluam a população negra. Utiliza-se como principal

instrumento metodológico uma abordagem sócio histórica com os aportes da história

oral temática, ampliando-se a partir do registro histórico, das memórias, dos relatos e

lugares de mobilização, elementos que reafirmem a importância dessa parte

significativa da sociedade brasileira, mas que ainda enfrentam discriminações e

preconceitos de toda ordem.

AJOELHOU NÃO PODE REZAR: DISCURSOS SOBRE LAICIDADE NA

MÍDIA E NAS REDES SOCIAIS

Rogério Fernandes da Silva - PUC-SP ([email protected])

Resumo

O artigo nasceu a partir da percepção pessoal sobre como o conceito de laicidade se

apresenta no ciberespaço. As rede sociais acabam sendo a vitrine dessas novas formas

de ver o sagrado no território brasileiro, o Orkut e o Facebook tornaram-se um espaço

virtual de expressão de setores de nossa sociedade preocupadas com o Estado laico.

Nesses espaços virtuais ficam evidentes as forma de ver a laicidade desses grupos que

são cheias de conceitos e preconceitos oriundos de como entendem a laicidade. Este

trabalho reflete sobre a outra face da intolerância, a secular, e como ela acontece num

dos meios modernos de comunicação, a Internet e, especificamente, Facebook. Na

sociedade brasileira percebemos que há diversas forças, mas muito pouco se fala dos

elementos antirreligiosos e de suas lutas. Este trabalho visa discutir a percepção de

laicidade desses grupos, para tanto usa como exemplos opiniões publicadas em jornais

de grande circulação e a repercussão deles nas redes sociais. Através deles podemos

entender, em parte, a militância dos novos agentes sociais que lutam pelo Estado laico

no Brasil. Para tanto me aproprio das percepções de Ricardo Mariano sobre laicidade à

brasileira.

Dia 10/04, sala 204 (Área II - Bloco D)

GT11: SENSO RELIGIOSO CONTEMPORÂNEO E ESPIRITUALIDADES

NÃO RELIGIOSAS (continuação)

ENTRE A MEMÓRIA, TRANSMISSÃO E EMOÇÃO: CONSIDERAÇÕES

SOBRE O SENSO RELIGIOSO CONTEMPORÂNEO NO PENSAMENTO DE

DANIÈLE HERVIEU-LÉGER

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Mestrando: Victor Breno Farias Barrozo - PUC Minas ([email protected])

Resumo

No âmbito das reflexões acadêmicas sobre o fenômeno religioso na atualidade, a

socióloga francesa Danièle Hervieu-Léger vem se tornando cada vez mais uma

importante referência para compreensão das transformações do religioso nas sociedades

modernas. Sua singularidade se dá justamente em articular perspectivas teóricas da

sociologia da religião que até então estavam em antagonismo entre a “secularização”,

entendida como sublimação do religioso na modernidade, e “dessecularização”, uma

contra tese da ideia anterior, afirmando um tipo de “revanche de Deus”. Aqui se

encontra sua contribuição mais particular ao campo de análises do senso religioso

contemporâneo que é “tentar compreender conjuntamente o movimento pelo qual a

Modernidade continua a minar a credibilidade de todos os sistemas religiosos e o

movimento pelo qual, ao mesmo tempo, ela faz surgirem novas formas de crença”

(HERVIEU-LÉGER, 2008a, p. 41). O elemento aglutinante de sua produção teórica gira

em torno do tema da modernidade religiosa onde trás para o campo semântico de

elucidação da questão os conceitos de tradição, memória, transmissão, crença, emoção

religiosa, entre outros, que são desenvolvidos para pensar os modos como a

modernidade tem seus próprios mecanismos de produção religiosa através de

complexos processos de recomposição da crença religiosa no interior das sociedades

contemporâneas. Este artigo pretende desenvolver alguns conceitos centrais na

sociologia da religião desta autora que nos ajudem a pensar a problemática do senso

religioso contemporâneo.

DA RELIGIÃO FAMILIAR À RELIGIÃO DO INDIVÍDUO: UMA LEITURA

DOS PROCESSOS DE INICIAÇÃO COMUNITÁRIA DA PARÓQUIA NOSSA

SENHORA DA CONCEIÇÃO

Mestrando: Welder Lancieri Marchini - PUC SP ([email protected])

Resumo

A paróquia Nossa Senhora da Conceição conta com um número cada vez maior de

adultos que buscam os sacramentos de iniciação (batismo, crisma e eucaristia),

entendidos aqui como processos de iniciação da Igreja católica. Em contrapartida é cada

vez menor o número de crianças e jovens que participam dos processos tradicionais de

iniciação comunitária. As pessoas não deixaram de buscar a religião, mas agora a

buscam por iniciativa própria e depois de adultos e não mais sob a influência da família

ou da sociedade local. Situada no bairro do Tatuapé, a presente paróquia encontra, na

relação com aqueles que procuram seus trabalhos, traços e características da sociedade

moderna. No cotidiano, a comunidade sente a necessidade da busca de uma nova

organização religiosa, adaptada às novas configurações de tempo e espaço da

metrópole, mais fluida e menos territorial, mais itinerante e menos familiar. Com base

na teoria da socióloga Hervieu-Léger, encontramos, na pesquisa, o enfraquecimento da

identidade religiosa herdada, entendida a partir dos dados apresentados pela paróquia e

de contato com aqueles que participam dos processos de iniciação. Outra característica é

o enfraquecimento da influência da religião e da família como parâmetros para a vida do

indivíduo moderno. Temos um novo religioso: ele busca a religiosidade (o que podemos

entender como espiritualidade, dissociada da adesão institucional), mas não a adesão à

religião (institucional).

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A MORTE DE DEUS COMO ESQUECIMENTO DO OUTRO:

SECULARIZAÇÃO E NOVAS ESPIRITUALIDADES À LUZ DA OBRA DE

LÉVINAS

Doutorando: Fabiano Victor de Oliveira Campos – UFJF, bolsista CAPES

([email protected] )

Resumo

A partir da obra de Emmanuel Lévinas, esta comunicação visa oferecer elementos de

reflexão para uma releitura do fenômeno da secularização e para a análise de alguns

aspectos presentes nas chamadas novas espiritualidades. Concebe a secularização como

um processo intrínseco à própria dinâmica intelectual do Ocidente, na qual o outro

humano ora é esquecido, ora emerge sacrificado em sua alteridade por obra da razão.

Uma vez que, para Lévinas, a relação ética é lugar em que Deus se passa, vindo ao

pensamento e à linguagem, o esquecimento de outrem e a tentativa de redução da sua

alteridade absoluta acarretam inevitavelmente a chamada morte de Deus. Entende-se

que as raízes desse processo de secularização se ramificam e arvoram em meio às novas

espiritualidades sob dois modos principais, a saber, sob a forma de tentativas de

manipulação da transcendência divina e sob as espécies de um individualismo que se

recusa a caminhar na direção ética da responsabilidade pelo outro humano.

OS SEM-RELIGIÃO POR ELES MESMOS

Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro - PUC Minas ([email protected])

Resumo

A presente comunicação tem por objetivo analisar a autocompreensão que pessoas sem-

religião têm sobre si mesmas. Os dados foram coletados durante duas sessões em que se

utilizou a técnica de grupo focal. A coleta fez parte da pesquisa intitulada Valores e

religião na região metropolitana de Belo Horizonte, encomendada pela Arquidiocese da

capital mineira aos Institutos Ver e Vertex, com assessoria do CEGIPAR PUC Minas e

PPGCR PUC Minas, Programa de Pós-graduação do qual o proponente faz parte como

docente permanente. A participação nesta pesquisa se deu no horizonte do Projeto de

Pesquisa Senso Religioso Contemporâneo, coordenado pelo proponente e financiado

pelo Fundo de Incentivo à Pesquisa – FIP PUC Minas, FAPEMIG e CNPq. Observou-se

nos discursos dos autodeclarados sem-religião alguns elementos recorrentes,

explicitando que o sem-religião não se apresenta comumente como ateu ou agnóstico,

mas apenas como uma pessoa distanciada da vinculação à instituição religiosa. A

permanência de um senso religioso não permeado por tal sentimento de pertença será

objeto das apreciações de natureza conclusiva do trabalho, tendo em vista a proposição

de uma espiritualidade não religiosa como a terceira principal força do campo religioso

do país, conforme demonstram os dados do Censo do IBGE 2010.

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Dia 09/04, sala 205 (Área II - Bloco D)

GT12: PRÁTICAS RELIGIOSAS, TECNOCIÊNCIA, MERCADO E MIDIA

Coordenadores

Dr. Sinivaldo Silva Tavares (FAJE) [email protected]

Dr. Alberto da Silva Moreira (PUC Goiás) [email protected]

Doutorando Gabriel do Nascimento Vieira (PUC/SP) [email protected]

FOLIAS E FOLIÕES: ENTRE DEVOÇÃO E CULTURA

Luciano Cândido e Sarmento ([email protected])

Resumo

Folias, ternos de folia, companhia de reis, são muitos os termos utilizados para

denominar este tipo de manifestação do catolicismo no Brasil. Difundidos

predominantemente nas regiões sudeste, centro oeste e nordeste, estes grupos

representam uma parcela significativa entre as variadas expressões do catolicismo em

nosso país. Apesar da diversidade em suas práticas, os grupos de folia possuem

elementos comuns que nos permitem circunscrevê-los dentro de uma mesma categoria.

A partir de uma inserção etnográfica em grupos de folia na cidade de Montes Claros

(MG), buscamos apontar dados acerca da influência da atual modernização da sociedade

nas práticas ritualísticas destes grupos. Diante dos processos atuais de mercantilização

da sociedade e difusão de novas tecnologias, os grupos de folia perdem referências

simbólicas importantes. Através da comunicação em massa, a mídia articula-se

diretamente com as instituições e as práticas culturais nos mais diversos níveis, de tal

forma, que se estabelecem novos valores e comportamentos entre os sujeitos. O atual

acesso a informação afeta diretamente o modus operandi das festas e tradições

populares religiosas, que passam por uma dinâmica de reinvenção de suas formas mais

clássicas. Grupos religiosos, neste caso as folias católicas, passam a ocupar novos

espaços, às vezes desvinculados do domínio central da esfera espiritual, ganhando o

status de artístico, cultural ou folclórico. No entanto, no mundo dito globalizado em que

todas as culturas parecem ser igualadas, as pequenas comunidades expressam a

necessidade de se destacarem, se identificarem, defendendo seu espaço social e político,

valorizando sua história, suas tradições e peculiaridades.

A UNIDADE RELIGIOSA NA MULTIPLICIDADE DE SUAS FORMAS

Elizabeth de Lima Venâncio ([email protected])

Resumo

Investigar o quanto o método fenomenológico pode ser fecundo na compreensão da

interseção entre os campos da Comunicação e da Religião é o objetivo. Ainda são

poucos os estudos que abordam a relação das instituições religiosas com a mídia na

perspectiva da fenomenologia, principalmente o método fenomenológico aplicado a

compreensão do fenômeno religioso midiático. Concluímos que há fortes indícios de

que a utilização da mídia, seja laica ou evangélica, para divulgação, reforço ou

afirmação religiosa sugere uma adaptação da religião aos tempos pós-modernos,

conforme diria Hegel um movimento da unidade religiosa na multiplicidade de suas

formas. Em outras palavras a religião é o uno e as diversas denominações sua

movimentação histórica.

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TURISMO RELIGIOSO: ROMARIA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA NA

CIDADE DE FÁTIMA, PORTUGAL (1917-2000)

Dalva Pedro Silva ([email protected])

Resumo

A conquista de instrumentos, materiais e intelectuais proporcionados pela combinação

da ciência e da técnica gera uma articulação entre a tecnociência e o poder politíco-

econômico, fazendo com que a capacidade de analisar e decidir sobre as questões

envolvendo a ciências e tecnologias tornassem restritas a um pequeno número de

pessoas. Por outro lado o mercado vai se impondo como único cenário referente e

civilizador. De forma geral este mercado vai tornando-se como um fluxo orientador de

nossas vidas atribuindo os valores os símbolos culturais e religiosos a se tornarem

mercadoria de consumos. Dessa forma e por considerar a proposta pertinente a temática

da religião e o turismo religioso como um dos suportes do mercado promissor na

atualidade. Assim, a romaria de Nossa Senhora de Fátima – Portugal é dos exemplos de

grande lucro econômico ao desenvolvimento local, nacional bem ao aspecto econômico

globalizado. A celebração desta festa religiosa constitui-se num importante momento

para o turismo religioso. A partir de 1917, entre as festas religiosas em terras

portuguesas, destaca-se a de Nossa Senhora de Fátima em Fátima. Nesta que, o

crescimento demonstra a adesão das diferentes culturas à devoção à romaria de Nossa

Senhora de Fátima, fato esse que permite igualmente o aumento.

O AUTOCONHECIMENTO E UM SER SUPREMO DISTANTE: ANÁLISE DA

“PRESENÇA” DE DEUS NA FILOSOFIA ESPIRITUALISTA DA ORDEM

ROSACRUZ (AMORC).

Jefferson João Martins Baldez ([email protected] )

Maria de Nazaré Sena Fonseca Pereira ([email protected] )

Resumo

Este trabalho procura analisar e destacar o conteúdo sagrado e a referência ao ser divino

nos mecanismos de propagação e divulgação, especialmente a chamada mídia

eletrônica, da Associação Mística Ordem Rosacruz (AMORC). Enquanto associação de

caráter místico-filosófico, esta entidade busca auxiliar no desenvolvimento “espiritual”

do ser humano, valorizando a fraternidade e a liberdade dos indivíduos. Tendo em vista

que se trata de uma organização que não evidência a comunicação com o sagrado

transcendente, mas enfatiza o encontro consigo mesmo a partir da experiência

individual no estudo dos saberes místicos e na liberdade pessoal, pautada no

desenvolvimento do potencial interior do ser humano, o encontro com divino, isto é,

com a ideia de um ser superior, nesta instituição filosófico-espiritualista, acha-se

referenciado ao discurso mítico-pedagógico observado na apresentação da página

eletrônica da instituição na internet e, particularmente, no panfleto digital (encontrado

na mesma página para download) dirigido aos interessados no aprendizado do

conhecimento esotérico Rosacruz. E como metodologia lançamos mãos de análise do

discurso, dos instrumentos anteriormente citados.

CONGREGAÇÃO ISRAELITA DA NOVA ALIANÇA: VIVENDO E

DIVULGANDO A TESHUVAH NA MÍDIA

Waldir Cardoso da Silva ([email protected])

Resumo

O objetivo do artigo é compreender a experiência religiosa da Teshuvah (retorno às

raízes judaicas) iniciada em Curitiba no ano de 2004, no seio de uma instituição

religiosa com crenças cristãs, a Igreja de Deus do Sétimo Dia. Por consequência de tal

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experiência este grupo passou a se identificar mais com o Judaísmo e adotou a

denominação Congregação Israelita da Nova Aliança (CINA). Trata-se de um estudo de

caso da Teshuvah vivenciada por membros da CINA, que os coloca em uma fronteira

cultural entre o Judaísmo e o Cristianismo. O material empírico foi obtido através da

observação dos serviços religiosos transmitidos ao vivo pela internet. Foram analisados

também os conteúdos divulgados por meio do site, por materiais impressos ou

audiovisuais, incluindo um programa de TV. Por meio destes espaços midiáticos foi

possível colher informações referentes a aspectos históricos e identitários desta

expressão religiosa. A metodologia deste trabalho consistiu na leitura crítica dos

discursos orais e escritos que têm sido divulgados nos espaços midiáticos. A Teshuvah

propõe o retorno à fé e prática da Kerilah (Igreja) do primeiro século, sendo, portanto

paradoxalmente moderna e tradicional. No mundo da globalização este encontro entre o

moderno e o tradicional não é incomum. Os meios tecnológicos utilizados para a

transmissão da mensagem da Teshuvah têm alcançados resultados comemorados por

sua liderança. Esta afirma que pretende fazer mais investimentos. A CINA não vê na

ciência e na tecnologia um mal, como muitos religiosos, mas sim como instrumentos

para a divulgação de sua mensagem.

“ESPIRITUALIDADE” E CONTEMPORANEIDADE – O QUE SIGNIFICA

FALAR EM “ESPIRITUALIDADE NAS EMPRESAS”?

Renan Silva Carletti ([email protected] )

Resumo

O termo “espiritualidade” tem adquirido diversos contornos na contemporaneidade. Os

novos significados desta palavra parecem ter relações íntimas com a dominação do

Mercado na sociedade atual. Como apresentado no livro de Jeremy Carrette e Richard

King, denominado “Selling Spirituallity: The Silent Take Over Of

Religion”,defenderemos que o termo “espiritualidade” tornou-se uma espécie de

commodity. Partindo deuma compreensão não-essencializada da religião,analisamos

como no caso do Brasil, a ideia de“espiritualidade nas empresas” parece ter sido

assimilada de forma próxima a que os autores norte-americanos relatam, indicando que

a espiritualidade ganhou valor comercial ao ser aplicada em estratégias de

marketing.Através de um levantamento bibliográfico verificou-se que as aplicações da

ideia de “espiritualidade em empresas” no Brasil são umfenômeno correlato à chamada

“privatização da sabedoria asiática”descritapor Carrete e King.Por meio da investigação

de questões como: o que significa, em um contexto empresarial, dizer que

espiritualidade não é mesma coisa que religião? Qual o trajeto histórico que o termo

percorreu para se dizer que a espiritualidade está atrelada a “valores humanos”? Como

ele aparece fortemente conectado a perspectiva de “formar líderes”? Concluiu-se que

em uma realidade dominada pelo consumo, a ideia de espiritualidade, inicialmente,

podeparecer uma válvula de escape a este domínio. No entanto, constatou-se que no

contexto das organizações e empresas, ela foi completamente absorvida pelo espectro

mercadológico e se refere a questões psicológicas, de autoestima, bem-estar e

produtividade, colaborando com o panorama capitalista.

PERFIL RELIGIOSO DA JUVENTUDE UNIVERSITÁRIA: RELIGIÃO,

CLASSE SOCIAL, VALORES E HÁBITOS CULTURAIS

Paulo Agostinho Nogueira Baptista ([email protected] )

Roberlei Panasiewicz ([email protected] )

Resumo

A religiosidade é dimensão constituinte do ser humano. Ela se caracteriza por ser

abertura ontológica ao Transcendente. A religião, por sua vez, é o processo de

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institucionalização da religiosidade em grupo, através de símbolos, rituais, doutrinas e

verdades estabelecidas. Essas duas realidades, articuladas ou não, participam do

processo de construção de nossas sociedades estimulando formas de pensar e agir,

individual e/ou coletivamente. Atualmente, religião, religiosidade e mercado têm grande

interação. Quem influencia mais e quem tem mais ganhos com essa articulação? Há um

processo conflitivo na dinâmica da produção religiosa (Bourdieu). Que religião, que

produtos religiosos são mais demandados e consumidos? Por quem? Pela juventude? Há

muitas perguntas nesse campo que não são fáceis de serem respondidas. Essa

comunicação apresenta os primeiros resultados parciais de pesquisa quantitativa

realizada na PUC Minas, em final de 2013, que pretende identificar o perfil,

especialmente religioso, da juventude universitária. Serão abordados aspectos sobre sua

religiosidade e sua filiação religiosa no ciclo de vida, como esse segmento adquire e

atualiza seus conhecimentos religiosos, sua compreensão moral, os valores e hábitos

culturais e as prioridades ante a gama de ofertas apresentadas pela mídia atual.

A INTERIORIDADE AMEAÇADA PELA TECNOCIÊNCIA E O MERCADO

Sandra Regina de Sousa – bolsista FAPEMIG / participação no Congresso financiada

pela CAPES ([email protected])

Resumo

Cultivar a interioridade tem sido um dos grandes desafios para o ser humano nos

tempos atuais, pois tecnologia e mercado, ameaçam extinguir seu desejo mais profundo

de conhecer internamente o Transcendente. A interioridade exige silêncio e escuta, por

isso não condiz com o furacão tecnológico e a pressa do mercado. É preciso dar tempo

para Deus. Conscientizar-se de quem se é no mundo. Crescer e comprometer-se com

processos de mudanças. Conhecer internamente, segundo Inácio de Loyola, é essencial

para o cultivo da interioridade e o aprendizado do amor. É urgente se dispor a lutar

contra a exacerbação da exterioridade, que insiste em envolver cada vez mais a vida

humana.

Dia 10/04, sala 205 (Área II - Bloco D)

GT12: PRÁTICAS RELIGIOSAS, TECNOCIÊNCIA, MERCADO E MIDIA

(continuação)

A RESPONSABILIDADE HUMANA DIANTE DA QUESTÃO DA TÉCNICA:

DIALOGANDO COM HANS JONAS E MARTIN HEIDEGGER

Renato Kirchner ([email protected] )

Resumo

A comunicação tem como finalidade proporcionar um diálogo entre os filósofos Hans

Jonas e Martin Heidegger, no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico dos

novos tempos. De um lado, objetiva-se compreender os fatores que levaram Jonas a

conceber as ideias orientadoras de sua obra O princípio responsabilidade: ensaio de

uma ética para a civilização tecnológica, publicado em 1979. Neste ensaio Jonas

apresenta sua “ética da responsabilidade”, estando voltada para civilização tecnológica,

isto é, para o homem contemporâneo, o qual vive numa idade essencialmente

tecnológica. Jonas procura demonstrar que o homem não está preparado para lidar com

tanto poder que as novas tecnologias lhe proporcionaram. Surge assim a necessidade de

uma ética que oriente as novas ações humanas. De outro lado, tendo em vista que nos

últimos séculos certas transformações das capacidades humanas ocasionaram uma

profunda mudança na natureza do agir humano, Heidegger introduz em seus escritos a

problemática da técnica, fazendo uma análise da situação atual do homem em relação ao

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contínuo progresso da técnica. Com efeito, como pensa Heidegger, o “pensamento que

calcula” não é o mesmo que um “pensamento que medita” ou não é um pensamento que

“reflete” sobre o sentido de tudo quanto é e existe. Por isso, do ponto de vista

ontológico e em vista da sobrevivência física e espiritual não só da humanidade, mas de

tudo quando é e existe, torna-se imprescindível uma ética para a civilização tecnológica

e planetária. Resta-nos saber se o ser humano está preparado para lidar com tal

desenvolvimento tecnológico e se saberá usá-lo de forma que não afete tudo quanto há

no planeta e, sobretudo, se sua ação não afetará a sobrevivência das gerações futuras.

UMA RELIGIÃO MINORITÁRIA NO MERCADO RELIGIOSO BRASILEIRO:

NOTAS SOBRE A TRADIÇÃO DAOISTA NO BRASIL

Matheus Oliva da Costa ([email protected])

Resumo

Temos como ponto de partida uma contextualização do Daoismo como uma tradição

religiosa minoritária presente no mercado religioso brasileiro, de acordo com uma noção

crítica das teorias sobre mercado religioso de P. Berger, e também de R. Stark. Com

esse pano de fundo nosso objetivo é tecer algumas reflexões sobre a tradição daoista no

Brasil. Assim, vamos levantar pontos de discussão relevantes a essa tradição religiosa

ainda pouco esclarecida para o universo acadêmico local. Buscaremos esclarecer: De

que maneira pode ser entendido ou conceituado o Daoismo? Qual a diferença em

escrever Daoismo e Taoismo? De que maneira essa tradição foi transplantada (PYE,

1969) ao Brasil? Como ela é expressa e vivenciada por brasileiros/as? E, claro, de quais

formas essa tradição vem lidando dentro da “situação de mercado” (BERGER, 1985)

aqui? Responderemos a essas questões principalmente com base em revisão

bibliográfica de diversas pesquisas sobre Daoismo, clássicas e recentes, mas também

com dados empíricos de nossa pesquisa de campo em andamento na Sociedade Taoista

do Brasil em São Paulo-SP.

AMBIENTES MIDIÁTICOS E ESPAÇO SAGRADO: O SURGIMENTO DE

UMA IGREJA ONLINE

Sidnei Budke ([email protected])

Resumo

Esta comunicação reflete a seguinte interrogativa teológica: como a cibercultura e os

processos midiáticos alteram significativamente os sistemas de crenças, em particular, a

religião cristã? Entende-se por processos midiáticos a difusão de ambientes tecnológicos

de comunicação em diferentes esferas sociais e culturais. A partir desta compreensão, a

midiatização também está associada com a religiosidade humana no advento da

cibercultura e, precisamente, na proliferação de ambientes online como espaços

sagrados. As formas apresentadas pela mídia na cultura contemporânea direcionam e

elucidam inúmeras representações religiosas. A religiosidade humana ocupa espaços

seculares em temáticas espirituais, como filmes, programas de entretenimento,

documentários, blogs, mídias sócias, entre outros. A religião midiática não segue um

discurso institucional, mas é construída a partir das experiências humanas com o

sagrado. Algumas denominações cristãs resistem à midiatização religiosa, entretanto,

um número expressivo já apresenta indícios de uma ressacralização em seu discurso

teológico, rituais e espaços litúrgicos. A ressacralização ocorre a partir das

interferências midiáticas no âmbito religioso, ou seja, a religião é moldada pela lógica

da mídia. Na sociedade ocidental, por exemplo, um número considerável de

denominações cristãs aproxima os espaços sagrados, os templos religiosos, as

tendências da cibercultura. Algumas denominações cristãs constroem espaços sagrados

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em moldes arquitetônicos semelhantes aos cybercafés, danceterias e cinemas. Deste

cenário brota uma Igreja online, líquida e mutante. Uma Igreja que segue seu propósito

de anunciar à boa notícia do Evangelho. A internet, por sua vez, torna-se o ambiente

mais utilizado pelo cristianismo contemporâneo no intuito de acompanhar

pastoralmente seus seguidores e concorrer no mercado religioso. A Teologia busca

oferecer subsídios teóricos para explorar uma Igreja diferente, um corpo cibernético e

uma comunhão online nos rastros digitais do sagrado. A Teologia resgata um aspecto

essencial nas discussões que envolvem a midiatização religiosa: o mundo virtual não se

difere do mundo criado e confiado por Deus à humanidade. Enquanto ciência não

pretende separar virtual e real, mas distingui-los. Logo, as denominações religiosas

necessitam questionar-se pelo seu chamado vocacional e missionário diante das novas

tecnologias e ambiências da fé.

O CONSUMO DO SOBRENATURAL REPRESENTADO PELA FIGURA DAS

“BRUXAS” ATRAVÉS DOS FILMES, SÉRIES DE TV E VIDEOGAME

Bruno André Cardoso Von Hauer ([email protected])

Resumo

Atualmente está aumentando significativamente o número de filmes, séries de TV,

desenhos animados, histórias em quadrinhos e jogos de vídeo-game com a temática

sobrenatural, principalmente narrativas que envolvem: vampiros, bruxas anjos e

demônios. A representação do sobrenatural está em campanhas publicitárias, programas

educativos infantis, filmes de terror, jogos eletrônicos e outras mídias, servindo aos

mais distintos propósitos. Neste artigo se busca compreender o consumo e o discurso

religioso através das simbologias sobrenaturais presente nas narrativas dos filmes, séries

de TV e jogos eletrônicos, tendo foco na figura simbólica das "bruxas", como

representantes da religião wicca.

RELIGIÃO E MERCADO: O DISCURSO EMPRESARIAL IURDIANO COMO

POSSÍVEL ELEMENTO CONSTITUTIVO DE UM NOVO ÉTHOS NO

CENÁRIO RELIGIOSO BRASILEIRO

Maristela Valéria da Silva ([email protected] )

Resumo

Vivemos em um momento de novos paradigmas no campo religioso. As posições

ideológicas que fundamentam o discurso religioso tradicional não se destacam mais

como produtoras do éthos que rege a sociedade moderna, o éthos agora é outro. No

contexto contemporâneo o éthos do mercado é que dita as regras. Na atual conjuntura

social em que o mercado assume dimensões quase sagradas, o discurso religioso assume

novas configurações e é perpassado por modalidades discursivas mercadológicas e

econômicas muito mais aparentes e pragmáticas que as religiosas. “EU SOU

UNIVERSAL” é o slogan da campanha publicitária da IURD “Igreja Universal do

Reino de Deus”, a campanha tem por estratégia de divulgação, o depoimento de pessoas

bem sucedidas econômica e profissionalmente, ostentando suas conquistas materiais e

profissionais, dando a entender que estas conquistas aconteceram em decorrência de sua

pertença religiosa. Pretendemos com esta comunicação, em fase inicial de pesquisa,

analisar os possíveis efeitos de sentidos provocados pelo entrelaçamento das

linguagens: religiosa, de mercado e de marketing, com o objetivo de analisarmos em

que medida o discurso neopentecostal pode desencadear um novo éthos no cenário

religioso brasileiro. O foco de nossa investigação é o culto “Nação dos Vencedores” da

IURD, o recorte se deu, por se tratar de um culto com fortes características doutrinárias

empresariais.

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O CAPITALISMO COMO FENÔMENO RELIGIOSO E A RELIGIÃO COMO

MERCADORIA

Gabriel do Nascimento Vieira ([email protected])

Resumo

Nas sociedades contemporâneas industrializadas o fenômeno religioso visto como

mercadoria e o culto a determinados modos de vida intermediados por relações

capitalistas torna-se mais evidente. Os rituais de compras, as cédulas de dinheiro como

objeto sagrado, a visitação aos centros de compras que substituem a visita aos templos

das religiões tradicionais e a religião como produto de consumo fazem parte de um

elenco de manifestações em que o capitalismo se apresenta como uma crença que

mobiliza multidões e a religião é apenas mais uma mercadoria para atender a uma

necessidade de consumo imediato e transitório. As facilidades técnicas de transmissão

de informações e a rapidez na circulação de mercadorias em um sistema econômico que

se tornou globalmente hegemônico gera uma situação de conforto e naturaliza relações

intermediadas por objetos e imagens reproduzidas com a finalidade de “aproximar as

pessoas” que se encontram afastadas umas das outras por uma cultura do individualismo

e da competividade. Neste contexto as manifestações religiosas que mais adequam ao

modo de vida promovida pelo capitalismo global são aquelas que aproveitam

intensamente dos meios midiáticos eapresentam uma rápida capacidade de adaptação às

necessidades momentâneas dos indivíduos. A partir das noções Benjaminianas de

reprodutibilidade técnica que aceleram os processos de produção técnica das artes e da

própria vida cotidiana e das análises de Michael Löwy a respeito do capitalismo como

religião,dentre outros autores, é possível afirmar a predominância de uma religiosidade

de mercado que podem contribuir diretamente na formação de uma identidade

transitória e líquida.

VIVÊNCIAS RELIGIOSAS CONTEMPORÂNEAS: A INDIVIDUALIZAÇÃO

DA FÉ NO NEOPENTECOSTALISMO

Celso Gabatz ([email protected] e [email protected])

Resumo

As mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais sempre tiveram impactos

significativos na sensibilidade e no comportamento religioso das pessoas. De forma

especial, na vertente religiosa neopentecostal é onde se pode observar com mais nitidez,

a renovação do sentimento religioso expresso no caráter mágico das atividades, dos

serviços, dos produtos. Este campo religioso tem sido muito profícuo em favorecer

diferentes denominações como alternativas sacrais. Constata-se também um conjunto de

mudanças que estimula a competição, favorecendo adesões e pertencimentos efêmeros.

É com o neopentecostalismo que acontece uma busca por resignificar, incorporar,

mesclar, atrair, entusiasmar, adaptar, expandir e internalizar uma nova experiência

cultural, social, econômica e religiosa, que, por sua vez, seria capaz de consolidar uma

nova identidade. O discurso reatualiza elementos simbólicos e os valoriza dentro de um

processo de releitura dos seus conteúdos. O nosso problema epistemológico reside na

expressão da fé contemporânea. Nas manifestações presentes nos cultos

neopentecostais. Na irrupção do sagrado sob a força dos gestos e das palavras. Na

espiritualidade para além do especificamente religioso. Na interação, ideação e

comunicação como uma realidade que não só fornece visibilidade social, mas que acaba

demandando ações cujo objetivo é a vida destinada ao sucesso material e o

reconhecimento de um determinado status quo segundo as regras do mundo e do

mercado neoliberal. As novas manifestações religiosas contemporâneas emergem de

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nossas contradições históricas e peculiaridades culturais, servindo de amparo e

ilustração a um constante processo de produção de significados dialéticos.

HINÁRIO CANTOR CRISTÃO E SUA UTILIZAÇAO NAS ATIVIDADES

CÚLTICAS DAS IGREJAS BATISTAS HISTÓRICAS DA CIDADE DE

MONTES CLAROS-MG: ENTRE A TRADIÇÃO E A INOVAÇÃO

Waldir Pereira da Silva ([email protected])

Resumo

Este trabalho pretende investigar e analisar para compreender os motivos da

desvalorização e desuso do Hinário Cantor Cristão, hinário oficial das Igrejas Batistas

históricas no Brasil, especificamente nas igrejas batistas históricas da cidade de Montes

Claros-MG, as tensões entre a utilização da música sacra tradicional e a música sacra

contemporânea, assim como também as interferências dos grupos de louvor das

referidas igrejas na escolha do repertório musical para ser consumido pelos fiéis e as

influências do mercado gospel. O objeto de estudo desta pesquisa é o Hinário Cantor

Cristão que apresenta uma coletânea de músicas sacras para serem utilizadas nas

atividades musicais cúlticas das igrejas batistas históricas brasileiras. Objetiva-se

também verificar a atual realidade musical das igrejas pesquisadas no que se refere a

utilização do Hinário Cantor Cristão em seus serviços religiosos, para entender onde se

alicerça e constitui o planejamento de suas atividades musicais nas liturgias de seus

cultos. Em seu aspecto formal, o trabalho se desenvolverá através de uma pesquisa

bibliográfica, hinódica e de campo com a utilização de entrevistas e observação

participante. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os resultados alcançados são

ainda parciais.

A RELIGIÃO PERVERSA – O HUMANO DEPOIS DO NEOLIBERALISMO

Alberto da Silva Moreira ([email protected])

Resumo

O pensador francês Dany-Robert Dufour, desde uma abordagem histórica, filosófica e

psicanalítica, tenta identificar os tipos humanos e a psicologia própria da cultura do

mercado. Para Dufour o neoliberalismo reinante, ao ocupar o lugar e a função

psicanalítica antes atribuída aos Grandes Sujeitos (Deus, Pátria, Nação, Povo, etc) está

criando uma nova subjetividade e literalmente um modelo novo de humano, o que,

segundo ele, trará conseqüências profundas (e negativas) para a nova civilização que

emerge. Esta comunicação apresenta sinteticamente o pensamento de Dufour e intenta

aplicar suas indicações e conclusões para o estudo da religião.

A RELIGIÃO NA ERA DA TECNOCIÊNCIA, DO MERCADO E DA MÍDIA

Sinivaldo S. Tavares ([email protected])

Resumo

A Tecnociência, o Mercado e a Mídia constituem horizontes de fundo no interior dos

quais se desvelam todos os âmbitos da experiência humana. Portanto, também aquele da

Religião. A Tecnociência tornou-se horizonte de compreensão do ser humano em

relação ao mundo e si próprio. Não apenas nossos estilos de vida, nosso modo de

trabalhar e viver, são condicionados pela técnica, mas também nossa identidade mais

profunda é dada pela diferença técnica. Assistimos também a um fenômeno descrito

como “absolutização do Mercado”, caracterizado pela mercantilização da vida. O

mercado vai se impondo como único cenário de nossa trama civilizacional atual. Nossos

fluxos vitais e também os valores e símbolos culturais e religiosos se tornam mercadoria

de consumo e de descarte. A Mídia, por sua vez, se consolida sempre mais no cenário

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contemporâneo como criadora de necessidades e produtora de sentidos. Ela cria

realidades e fenômenos e não apenas os transmite e divulga. Somos cientes da

complexidade do fenômeno religioso e, por isso, não pretendemos esgotar tamanha

riqueza. Intenção nossa é analisá-lo no contexto do paradigma contemporâneo

hegemônico. Parece-nos que, em tal contexto, a religião corre o risco de sucumbir frente

a um duplo reducionismo: o de ser circunscrita apenas aos estreitos limites da mera

funcionalidade e o de estar sujeita aos interesses escusos do mercado. Escolhemos de

propósito o termo reducionismo por acreditarmos que, em ambos os casos, a religião se

sente obrigada a se circunscrever a situações que, em princípio, são alheias ao fenômeno

religioso propriamente dito. Esse duplo reducionismo, em última instância, é o preço

que a religião tem pagado para adquirir direito de cidadania em um mundo dominado

pela tecnociência, pelo mercado e pela mídia.

Dia 09/04, sala 302 (Área II - Bloco D)

GT14: RELIGIÃO E VIOLÊNCIA

Coordenadores

Dr. Edin Sued Abumanssur (PUC-SP) [email protected]

Dr. Vagner Aparecido Marques (Faculdade de Teologia Ibetel)

[email protected]

A MINHA CORAGEM VEM DE DEUS: A CONCEPÇÃO DE VALENTIA NO

ANTIGO TESTAMENTO E NAS OBRAS DE FLÁVIO JOSEFO

Dr. Eliézer Cardoso de Oliveira, ([email protected]), UEG (Anápolis, GO)

Resumo

O tema deste artigo é a análise de um aspecto da violência pelo judaísmo antigo: a

concepção de valentia presente no Antigo Testamento e nos escritos de Flávio Josefo

(38-100). Utilizando o referencial teórico weberiano de que a ética religiosa, ao mesmo

tempo, aproxima e distancia das esferas valorativas mundanas (política, estética,

riqueza, violência, erotismo, etc.), pretende-se abordar a como a ética da valentia foi

concebida. Diferentemente das religiões da Antiguidade, o Judaísmo primava-se por

uma postura ética que desvalorizava a busca pela fama e o heroísmo individual, típicos

de sociedades guerreiras, como a grega e a romana, por exemplo. No entanto, percebe-

se que, em alguns momentos, os livros do Antigo Testamento valorizam as ações

corajosas, ousadas e violentas, expressando uma ética da valentia típica de sociedades

guerreiras. Já nas obras de Flávio Josefo, escritas no primeiro século da era cristã, até

pela formação militar do autor, há uma ênfase nas ações de valentia, embora também

esteja presente uma concepção de que a valentia é um dom de Deus.

O SAGRADO COMO FACE DA VIOLÊNCIA

Marcos Antonio Bezerra Uchoa ([email protected]) – FAJE

Resumo

Esta comunicação versa sobre a intuição fundamental do pensamento de René Girard

em Mentira Romântica e Verdade Romanesca (1961) e A Violência e o Sagrado (1972)

cuja teoria pode contribuir muito na reflexão da temática deste congresso desvelando as

relações entre religião, violência e crime. A nossa hipótese é: nós não desejamos

diretamente por nós mesmos, isto é, o desejo humano não parte, em si, do sujeito

desejante para o objeto desejado. Mas ele deseja a partir de um modelo, quer reconheça

ou não a sua existência. No dia a dia da nossa vida fazemos parte deste mecanismo do

desejo mimético. Em alguma medida desejamos sempre a partir de um olhar do outro,

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de um modelo. Essa é a premissa básica. O pensamento girardiano é uma reflexão do

conflito, sobre a inevitabilidade do conflito. Daí conclui que a condição mesma para o

surgimento da cultura nasce aqui. E aqui salientamos a justificativa para esta

comunicação. À luz do pensamento e da teoria de René Girard pretendo fazer uma

leitura atualizada e esclarecedora das Escrituras, principalmente, no que se refere a

temas fundamentais da Teologia Bíblica. Uma revelação belíssima do cristianismo, a

meu ver, é a de que a culpa não é só do outro ou somente do sujeito, mas é de todos, ela

é compartilhada e compartilhar a culpa é a maior expressão de amor, pois ela impede a

criação de outros bodes. Um desafio!

AS PRÁTICAS RELIGIOSAS DENTRO DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO

PARA A READEQUAÇÃO SOCIAL DE QUÍMICO-DEPENDENTES DA CASA

DO OLEIRO DE QUIRINÓPOLIS, GOIÁS (2013)

Gilson Xavier de Azevedo, ([email protected]) - FAQUI

Resumo

A pesquisa, As práticas religiosas dentro do processo de reabilitação para a

readequação social de químico-dependentes da Casa do Oleiro de Quirinópolis, Goiás

(2013), com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás

(FAPEG, processo de auxílio pesquisa 01/2012) teve por objetivo analisar o trabalho de

recuperação de químico-dependentes da "Casa do Oleiro", entidade parcialmente

mantida pela Igreja Assembléia de Deus Missão, tendo em vista observar as práticas

religiosas, bem como seu papel no processo de recuperação de indivíduos viciados em

entorpecentes, considerando o tempo de recuperação, a estatística de recuperados no

tempo proposto e de indivíduos que depois desse período, retornam ao vício, além de

investigar quais são os meios clínicos, afetivos, religiosos e psicotrópicos empregados

pela entidade confessional em questão, a fim de recuperar sua clientela e avaliar a quais

variantes os "recuperados" atribuem sua desintoxicação. A presente proposta é apenas

um recorte da pesquisa, no qual, analiso a relação religião-drogas e nomia. A base de

pesquisa circundou entorno dos elementos: religião-drogas-anomia; drogas-conversão-

religião; conversão-religião-nomia, tendo como viés, a vertente Religião-Saúde. O

problema ora proposto foi se a entidade em questão tem o poder de promover a

recuperação de seus internos e quais os elementos de cunho religioso são utilizados

nesse processo, considerando ainda se os referidos são de fato eficazes. A pesquisa

permite concluir que as práticas religiosas utilizadas no processo em questão fornecem

condições significativas de potencialização do processo de recuperação, desde que o

interno esteja disposto a aderir à proposta terapêutica de caráter religioso que a entidade

oferece.

O BRASIL EM CRISE: O FAMALIÁ BRASILEIRO, PROTESTOS E

VIOLÊNCIA NAS MANIFESTAÇÕES POPULARES INICIADAS EM JUNHO

DE 2013 E A DESREPRESSÃO DO MERCURIUS DUPLEX EM NOSSO SOLO

PÁTRIO

Carlos Antonio Carneiro Barbosa, ([email protected]), PUC-SP

Resumo

Carl Gustav Jung concebe em Símbolos da Transformação — Wandlungen und

symbole der libido, 1911-1912 — que a energia tida por exaurida na rejeição racional

do numinoso não se perdeu; a energia emocional da consciência ligada às coisas

numinosas continua viva e, agora, ressurge na forma de símbolos da natureza e da

cultura, reabrindo as portas do jângal do inconsciente, dando novos e muitas vezes

estranhos e extravagantes contornos de irracionalidade à superestimada racionalidade

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do mundo contemporâneo. Segue que o simbolismo do sofrimento do homem em tal

cultura impregnada de sombras fluídas do submundo da anima mundi, constitui-se em

sofrimento arquetípico, coletivo, demonstrando a angústia e a ambivalência do

humano frente ao espírito de sua época, sofrendo ou sendo destruído por uma causa

objetiva, entretanto, impessoal que é o seu inconsciente coletivo, comum a ele e a

todos. Esse texto tem por objetivo relacionar o fenômeno de massas ocorrido

recentemente por todo o Brasil, com o pensamento junguiano; segundo o qual o

inconsciente oculta forças impessoais destrutivas que não costumam se manifestar —

pelo menos quase nunca — na trivialidade da vida, nas ditas situações normais. Em

busca das raízes psicorreligiosas do fenômeno, nesse momento ímpar de nossa história

em que os sentimentos pátrios presentes no submundo do inconsciente coletivo dizem

mais respeito aos conteúdos imersos na arqueologia da psique do povo brasileiro, do

que naquilo que propriamente o senso comum atribui como significado do vocábulo

pátrio.

TRATAMENTOS “(PARA)NÓIA”: O PAPEL DAS COMUNIDADES

TERAPÊUTICAS NA CONSTRUÇÃO DO DISCURSO EPIDEMIOLÓGICO DO

CRACK.

Isabela Bentes Abreu Teixeira, ([email protected]) - Universidade de Brasília

Resumo

O cenário político atual no que diz respeito à questão da ampliação dos dispositivos de

saúde mental para atenção de usuários com problemas de abuso se álcool e outras

drogas, tem se delineado no horizonte o empoderamento das chamadas comunidades

terapêuticas (CTs). Essas instituições que apontam para o tratamento da dependência

química a partir da noção de “cura pela fé”, trazem uma série de elementos que incidem

sobre a política de drogas, reconfigurações no âmbito da saúde pública, e como ela se

fortalece em um contexto de hegemonização do discurso sobre a epidemia de crack que

vive hoje o Brasil. Apontando como se dá o processo de construção da realidade social

no âmbito do consumo de drogas e essas perspectivas abordadas pela concepção

epidemiológica, o foco é compreender de que forma essas CTs atuam no sentido de

compreender de que forma se dão seus tratamentos, como elas operam nessa rede de

atenção à saúde mental substitutiva, qual tipo de modelo que esse instrumento é

centrado, e de que forma ele se localiza nessa configuração discursiva com bases

epidemiológicas. Tendo como norte esse desenho empírico, a orientação teórica funda

suas bases de análise na concepção foucaultiana da noção do renascimento da clínica,

partindo para a construção conceitual acerca das análises do discurso crítica, apontando

para a possibilidade de compreensão acerca das dinâmicas que estão imbricadas nessas

relações.

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Dia 09/04, sala 303 (área II – Bloco D)

GT15: EXPRESSÕES MÍSTICAS NO JUDAÍSMO E NO ISLAM: ENTRE O

ESPETÁCULO E A INTIMIDADE

Coordenadora Profa. Dra. Cecilia Cintra Cavaleiro de Macedo (UNIFESP)

[email protected]

ENTRE DOIS MESTRES: A TENSÃO NO PENSAMENTO DE ABRAHAM

JOSHUA HESCHEL

Dra. Maria Cristina Mariante Guarnieri - PUC-SP/NEMES ([email protected])

Resumo

Para o filósofo judeu Abraham Joshua Heschel (1907-1972), o homem moderno tende a

ver o mundo de forma desencantada, sem capacidade para perceber o sublime, o

misterioso e o maravilhoso. O sagrado é coisificado, tanto quanto o homem e, assim,

ambos são esvaziados do seu sentido. Heschel alimentará sua compreensão sobre a

condição humana na experiência espiritual profunda apresentada pelos profetas em seu

encontro com a divindade. Nascido na Polônia, Heschel admite que grande parte de sua

influência religiosa possui raízes em uma pequena província da Ucrânia, Mezbizh,

berço do movimento hassídico, fundado por Baal Shem Tov. Seu nome é dado em

homenagem ao avô, Rev Abraham Joshua Heschel, o último grande rebbe de Mezbizh.

Mas, aos nove anos, Heschel conheçe o Reb Menahem Mendl de Kotzk, conhecido

como Kotzker, e foi profundamente impactado por seus ensinamentos. O próprio

pensador afirma que seu pensamento sofreu a influência dos dois mestres, que

possuíam visões de mundo opostas: de Baal Shem Tov, o hassidismo se manifestaria

como misericórdia e alegria, uma visão mais otimista que reconhece a presença divina,

a Shekhiná no mundo. Já em Kotzker, experimentamos o exílio da Shekhiná, a dor do

mundo, o hassidismo é vivido como sede de justiça e por uma ânsia de redenção da

condição humana. Segundo Heschel, esse "dois professores" representam os dois

extremos da concepção hassídica do mundo; uma tensão em seu pensamento, cuja

origem podemos observar em sua própria fala: "Eu não tinha escolha: meu coração

estava em Mezbizh, minha mente em Kotzk." Heschell lê os primeiros rabinos e isso

influencia toda a sua reflexão filosófica. Ele, como outros na modernidade - Cohen,

Lévinas e Rosenzweig - voltam-se para literatura talmúdica, algo que antes era

reservado apenas aos talmudistas. Mas será no estudo da Torah, com lendas dos rabinos

e mestres, e na influencia do hassidismo que sua filosofia se constituirá. O homem

piedoso, o hassidim, foi colocado em oposição ao rabino, o intelectual talmudico.

Trataremos aqui especialmente de sua obra A passion for truth (1973), publicada

postumamente , onde Heschel explora esses dois grandes mestres da tradição e o modo

como eles influenciaram a sua compreensão de espiritualidade e de religião.

Acreditamos que essa angústia que se estabelece pelo contato com essas diferentes

formas de compreensão do hassidismo, se manifeste em uma rica e profícua tensão

intelectual, base da construção de um diálogo crítico estabelecido pelo autor com a

modernidade, a partir da tradição judaica.

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A RELAÇÃO ENTRE INFINITO E IMANÊNCIA DIVINA NA MÍSTICA

JUDAICA MEDIEVAL E SUA RECEPÇÃO NO ANTIARISTOTELISMO DE

HASDAI CRESCAS (1340 – 1411)

Dr. Alexandre Goes Leone - Escola Dominicana de Teologia/ Centro de Estudos

Judaicos-USP ([email protected])

Resumo

Observando o percurso histórico do conceito de infinito nas diferentes tendências e

escolas de pensamento da tradição judaica é possível perceber a tendência geral a

identificá-lo com noções como do inumerável, de perpetuidade e de continuidade sem

fim. A expressão ein-sof, que se tornou o termo preponderante para dizer infinito, não é

uma única nem a mais antiga usada para expressar essa ideia. Já no texto bíblico é

possível encontrar diversos exemplos de expressões que articulam noções de infinitude.

Por exemplo, as expressões bíblicas como: ein-mispar [inumerável ou sem número],

ein-heker [inescrutável ou insondável] e ein ketz [sem limite ou sem fim]. Em algumas

passagens tais expressões devem ser entendidas como hipérboles, mas em outras, em

especial naquelas passagens que fazem referência a Deus, as expressões podem ser

entendidas como linguagem denotativa e conceitual. Todavia, é na literatura esotérica

dos primeiros rabinos, no Sefer Yetzirá [Livro da Criação], compilado entre os séculos

III ao VI, onde a noção de infinito ligado a Deus assumirá um sentido mais próprio e

que teve repercussões profundas no período medieval. No primeiro capítulo do Sefer

Yetzirá as noções de ilimitado e infinito relacionadas a Deus são associadas através do

conceito das sefirot ao infinito presente também na criação. Séculos mais tarde, vários

filósofos medievais judeus vinculados à tradição neoplatonica como Ibn Gabirol,

Yehudá Halevi e Bahia Ibn Pakuda fizeram uso em seus escritos do conceito de infinito

em referencia a Deus. É, no entanto, Ibn Gabirol em Shokhen Ad [O que mora nas

alturas] um poema de forte pendor místico intitulado, numa estrofe que faz referencia às

Sefirot do primeiro capítulo do Yetzirá, quem primeiro usa a expressão ein-sof como um

substantivo. Essa passagem da expressão ein-sof de adjetivo ou advérbio para

substantivo significa uma profunda mudança na noção de infinito que até então é

encontrada na tradição judaica. Antes nas diversas literaturas judaicas bíblica, rabínica e

mística a expressão é usada em construções como ad ein-sof ou lê-ein-sof, mas nunca

como no poema de Gabirol ba-ein-sof, que já denota substantivação. A divindade não é

apenas predicada como sendo infinita, ela é chamada de o Infinito – Ha-Ein-Sof. A

substantivação da expressão ein sof transformada em um nome para designar Deus será

definitivamente disseminada no pensamento judaico medieval a partir do final do século

XII pelo novo misticismo que veio a ser conhecido posteriormente como a cabala

[kabalá]. O uso como susbstantivo da expressão pode já ser percebido nos escritos de

Isaac o Cego, em seu discípulo Azriel de Gerona e na geração seguinte em Nahmanides.

A substantivação da expressão Ein-Sof transformada em designação para Deus é

também um dos temas centrais do Zohar, compilado no final do século XIII por Moisés

de Leon. É interessante que no mesmo período e lugar em que nos círculos cabalistas a

expressão Ein-Sof era tornada substantivo e usada como uma designação para Deus,

paralelamente outras expressões hebraicas construídas em torno do termo takhlit [limite,

finalidade, conclusão] começam também a ser usadas consistentemente nos círculos

filosóficos para designar o infinito. A expressão ein takhlit [infinito ou ilimitado]

aparentemente se torna mais comum na linguagem filosófica judaica do período que se

seguiu à tradução para o hebraico do Guia dos Perplexos de Maimonides feita por

Samuel Ibn Tibon no final do século XII. Outra expressão, bilti baal takhlit [o que não

tem limite] se dissemina com o Sefer Milkhamot Hashem de Gersonides em 1329. É

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importante notar que os círculos que se dedicavam à filosofia judaica do período da

recepção da obra de Maimonides, entre os séculos XIII até o XV, sob a preeminência

do paradigma aristotélico as expressões que se referem ao infinito são usadas sempre

num contexto de negação da possibilidade de sua existência atual, que é considerada

pelos diversos filósofos aristotelizantes como absurdo. No começo do sáculo XV,

Hasdai Crescas em sua crítica ao paradigma aristotélico usará as expressões para

defender a possibilidade do infinito atual fazendo pela primeira vez a recepção da

literatura mística.

MAIMONIDES: A VIA RACIONAL PARA A INTIMIDADE

Anita Sayuri Aguena - NUR/ UNIFESP ([email protected])

Resumo

O caminho a ser seguido no Judaísmo é definido pela ação de seu adepto e pelo

conhecimento que se adquire para se aproximar do Criador. A presença de filósofos

judeus no período Medieval contribuiu na formalização desse caminho ao construírem

uma ponte de comunicação sobre o abismo que separava os ensinamentos bíblicos,

definidores de sua fé monoteísta, dos conteúdos especulativos da Filosofia. Dentre tais

pensadores, Moisés Maimônides buscou denotar, mediante a racionalização de sua fé,

que o contato com o Divino somente poderia ser alcançado por aqueles que seguem os

passos dos sábios e, portanto, vivem moderadamente a fim de poder contemplar o

Pardês – estudando profundamente acerca do Maasseh Bereshit e Maasseh Merkabah.

Todavia, se a perfeição última do homem é a comunhão com Deus, como ela pode ser

alcançada através da elevação intelectual se, segundo Maimônides, não é possível o

homem vir a conhecer a essência de Deus? No intuito de responder esta questão e

apresentar a visão do filósofo judeu acerca do caminho dos sábios, a presente exposição

visa denotar a coerência “do ser interno e externo”, do qual Maimônides fala em Mishné

Torá, que o homem deve assumir para uma devoção intimista a Deus.

CONGREGAÇÃO ISRAELITA DA NOVA ALIANÇA: VIVENDO E

DIVULGANDO A TESHUVAH

Waldir Cardoso da Silva - Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de

Goiás ([email protected])

Resumo

O objetivo do artigo é compreender a experiência religiosa da Teshuvah (retorno às

raízes judaicas) iniciada em Curitiba no ano de 2004, no seio de uma instituição

religiosa com crenças cristãs, a Igreja de Deus do Sétimo Dia. Por consequência de tal

experiência este grupo passou a se identificar mais com o Judaísmo e adotou a

denominação Congregação Israelita da Nova Aliança (CINA). Trata-se de um estudo de

caso da Teshuvah vivenciada por membros da CINA, que os coloca em uma fronteira

cultural entre o Judaísmo e o Cristianismo. O material empírico foi obtido através da

observação dos serviços religiosos transmitidos ao vivo pela internet. Foram analisados

também os conteúdos divulgados por meio do site, por materiais impressos ou

audiovisuais, incluindo um programa de TV. Por meio destes espaços midiáticos foi

possível colher informações referentes a aspectos históricos e identitários desta

expressão religiosa. A metodologia deste trabalho consistiu na leitura crítica dos

discursos orais e escritos que têm sido divulgados nos espaços midiáticos. A Teshuvah

propõe o retorno à fé e prática da Kerilah (Igreja) do primeiro século, sendo, portanto

paradoxalmente moderna e tradicional. No mundo da globalização este encontro entre o

moderno e o tradicional não é incomum. Os meios tecnológicos utilizados para a

transmissão da mensagem da Teshuvah têm alcançados resultados comemorados por

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sua liderança. Esta afirma que pretende fazer mais investimentos. A CINA não vê na

ciência e na tecnologia um mal, como muitos religiosos, mas sim como instrumentos

para a divulgação de sua mensagem.

A SEITA JUDAICA DOS TERAPEUTAS COMO MODELO DE VIDA

CONTEMPLATIVA

Marcilio Paes Mendes – NUR ([email protected])

Resumo

Filo, o judeu, que viveu em Alexandria por volta de 20 a.C. a 55 d.C., pode ser

considerado precursor dos Padres da igreja por sua exegese alegórica da Torá (através

da qual compatibiliza o conteúdo bíblico e a filosofia platônica) centrada em sua

doutrina do Logos. Sua filosofia não se popularizou inicialmente entre os judeus, tendo

feito mais sucesso entre os cristãos, que chegaram a considerá-lo convertido pela

similitude entre o papel que desempenha o Logos em sua filosofia e a figura de Jesus

como mediador entre Deus e a humanidade. Filo também produziu obras de cunho

histórico-apologético, onde descreve e defende o judaísmo de seu tempo. Em "De Vita

Contemplativa" ou Os Terapeutas, Filo descreve o modelo de vida daqueles que

considera os mais excelentes judeus (os adeptos do sincero modo de vida

contemplativo), com um enfoque na comunidade estudada por ele, assentada às margens

do lago Mareotis, nos arredores de Alexandria. Esta é a manifestação histórica ou

literária do ideal filosófico/religioso de Filo, fora do tumulto da vida urbana (embora

não em um isolamento absoluto), onde a contemplação se volta para Deus em uma

devoção discreta, em retiro. O modo de vida contemplativo dos Terapeutas, semelhante

à contemplação apregoada pelos filósofos gregos é, entretanto, idealizado, em contraste

aos costumes dos gregos (pagãos) considerados sábios. A verdadeira sabedoria e a vida

contemplativa sincera é, segundo Filo, aquela vivida pelos Terapeutas, que assim

descreve: não muito distantes da cidade, mas guardando distância suficiente para uma

vida tranquila, viviam os terapeutas em casas dispostas "nem muito distantes nem muito

próximas uma da outra", de modo a buscar o equilíbrio entre a segurança e a

tranquilidade, a vida comunitária e o isolamento. Retiram-se durante a maior parte do

tempo ao santuário construído dentro de cada casa, onde dedicam-se à contemplação

(interpretando alegoricamente as escrituras) e à oração. Celebram os sábados e, a cada

sete semanas, um banquete especial, no qual, apesar da importância e alegria com a qual

é celebrado, Filo faz questão de ressaltar que não cometem excessos e não abrem mão

da discrição. Filo compara o banquete dos terapeutas aos banquetes helenistas, com

clara alusão ao Banquete de Platão, o qual vê distante da sinceridade do amor à vida

contemplativa e da sabedoria dos terapeutas.

Dia 10/04, sala 303 (Área II - Bloco D)

GT15: EXPRESSÕES MÍSTICAS NO JUDAÍSMO E NO ISLAM: ENTRE O

ESPETÁCULO E A INTIMIDADE (continuação)

INTERIORIDADE E MÍSTICA NOS DEVERES DOS CORAÇÕES DE IBN

PAQÛDA

Otavio Alves Coelho Farnochia - NUR/UNIFESP ([email protected])

Resumo

Bahya Ibn Yôsef Ibn Paqūda (1040 – 1100), foi um celebre filósofo e teólogo de

Zaragoza, que desempenhou na comunidade judaica do século X o papel de Dayyan

(juiz da corte rabínica). Mas, alem de que foi autor de uma obra só “O Guia Para os

Deveres dos Corações” pouco se sabe sobre ele. Em sua obra, Paqūda chama a atenção

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para a forma como a comunidade judaica se porta frente aos preceitos da religião, que,

segundo o autor, foram perdidos por conta da expressão puramente exterior dos

mandamentos. Assim, teria sido esquecido aquilo que da base aos ritos: a fé

interiorizada. Desta forma, Paqūda apresenta os deveres religiosos divididos em dois: os

deveres dos membros externos, que são os 613 preceitos da religião judaica, e os

deveres do coração, estes ilimitados. Já que, para Paqūda, os deveres do coração são a

consciência que move os “membros” (os deveres externos), da mesma forma que a alma

comanda o corpo, ele cria assim uma hierarquia entre os deveres, sendo os deveres do

coração uma exigência para o cumprimento do deveres dos membros externos. Propõe,

desse modo, a exigência do conhecimento teórico e prático para o cumprimento dos

preceitos da fé, ao mesmo tempo em que a idéia de interiorização implica em que

recorra à mística. O presente trabalho é um estudo da proposta de interiorização da fé

desenvolvido por Paqūda e de como este caminho de interiorização acaba por

desembocar em uma visão místico-religiosa.

OS DIÁLOGOS DE AMOR DE LEÃO HEBREU E AS INFLUÊNCIAS

RENASCENTISTAS

Daniel Rodrigues de Assis Martins – NUR ([email protected])

Resumo

O filósofo de origem judaica Judá Abravanel, mais conhecido como Leão Hebreu, teve

grande popularidade no período da renascença com sua principal obra Diálogos de

Amor. Atualmente considerado uma das obras filosóficas mais importantes da época, o

livro Diálogos de Amor foi traduzido para diversas línguas e só é caiu no esquecimento

porque teve sua tradução espanhola de 1590 incluída no Index. Situado no contexto

renascentista italiano, Leão Hebreu apresenta forte influência neoplatônica, além de

incorporar em sua obra, entre outras influências, discussões com os textos bíblicos, com

a filosofia judaica, a filosofia árabe, o helenismo, a astrologia, o misticismo e as

variadas mitologias conhecidas no período. O que revela a grande riqueza de suas

influências e de sua bem articulada filosofia. A grande bagagem erudita de Leão

Hebreu, demonstrada na exposição de tantas influências, deve-se certamente ao costume

judeu de se prezar por rigorosa formação intelectual dos filhos homens. O pai de Leão,

Isaac Abravanel, foi um grande exegeta da tradição judaica ibérica, alcançando o posto

de importante conselheiro de Don Afonso V. Acredita-se que Isaac iniciou seu filho nos

conhecimentos de Cabala, de filosofia, e de teologia judaica. No final do século XV, a

forte perseguição ao povo judeu desenvolvida em diversas localidades da Europa levou

Judá Abravanel a refugiar-se em Nápoles, cidade que demonstrava grande receptividade

tanto às famílias quanto à cultura judaica. Além do neoplatonismo, os círculos

intelectuais da Itália renascentista tinham forte influência das doutrinas da Cabala. É

neste contexto que Leão Hebreu escreve sua obra mais importante, que não tem o

devido reconhecimento da filosofia contemporânea, assim como o próprio período

Renascentista. O presente trabalho, ao mapear as influências de Leão Hebreu, visa

valorizar uma época em que se esperava muito mais da filosofia do que o método e a

validação epistemológica.

O “CASTELO INTERIOR” DE TERESA D’ÁVILA E A INFLUÊNCIA DA

CABALA SOBRE A MÍSTICA RENASCENTISTA ESPANHOLA

Dra. Aíla Luzia Pinheiro de Andrade - Faculdade Católica de Fortaleza

([email protected])

Resumo

Teresa de Jesus (1515- 1582), mística do Renascimento espanhol, lutando contra os

limites da linguagem, enfrentou a tarefa de descrever suas experiências extáticas.

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Semelhante a outros místicos, não poderia fazê-lo sem interpretar e mediatizar o que em

si é supralinguístico. Os místicos utilizam símbolos tirados do ambiente cultural e

religioso no qual vivem, mas o esquema de Teresa é sui generis e ela não dá pistas

sobre as origens do simbolismo. Teresa elaborou um esquema simbólico espetacular.

Comparou a alma a sete castelos ou globos concêntricos de cristal ou diamante. Os

castelos marcam as etapas progressivas da ascensão da alma. No último castelo está o

Filho de Deus. De onde Teresa teria tirado as imagens com as quais descreve sua

experiência mística? Seus castelos concêntricos não pertencem à tradição cristã nem à

ocidental. Tampouco Teresa inventou essa bela imagem. Ela a retomou de outra

tradição mística, a cristianizou e a reelaborou para seus próprios fins. O Castelo Interior

é “a árvore da vida que está plantada nas mesmas águas vivas que é Deus” (1M 2,1). É

inequívoca sua relação com a cabalística árvore da vida e a Sefirah Tiferet. Recentes

pesquisas demonstram que filósofos, poetas e humanistas da época renascentista foram

profundamente influenciados pela Cabala, no século XIII com a pacífica convivência do

mundo hebraico e cristão no panorama intelectual da Espanha, e mesmo depois que os

judeus foram perseguidos. Místicos cristãos reconheceram na Cabala um caminho

adequado para compreender melhor suas experiências a partir de raízes místicas mais

antigas.

MÍSTICOS OCULTOS: A VIA MALÂMATI

Dra. Cecilia Cintra Cavaleiro de Macedo – UNIFES/NUR

([email protected])

Resumo

Embora os estudiosos ocidentais estejam acostumados a tratar o conjunto da mística

islâmica sob a denominação genérica de Sufismo, se formos mais criteriosos, veremos

que as expressões místicas que o Islam apresenta são muito diversificadas e esta riqueza

é perdida quando utilizamos uma classificação tão geral, que passou ser aplicada

indiscriminadamente. O termo original que foi aplicado para “mística islâmica” é

tasawwuf, cujo praticante é um mutasawwifah, e o que atingiu seu objetivo, um sufi.

Mas, historicamente, esta não é uma classificação precisa para todos os místicos e, na

visão de muitos autores, os Malâmati não são considerados propriamente Sufis e, nem

mesmo, místicos comuns. A chamada “via da reprovação” (Malâmatiyya) foi professada

originariamente por um círculo de homens de Nishapur (circa IX d.C./ III da Hégira) e

baseava-se na mais estrita sobriedade. Ao contrário dos caminhos que se apoiavam nas

experiências extáticas, sua regra básica de vida era baseada na ocultação radical de seu

caráter místico. Apesar de poucas referências confiáveis disponíveis sobre ela,

despertou curiosidade, sobretudo, entre estudiosos ocidentais. A rigor, se excluirmos o

trabalho de Sulami que expõe os princípios fundamentais desta corrente e o Futûhât al

Makkiya de Ibn ‘Arabi que ressalta sua importância, as referências são muitos esparsas.

Mas, ainda que seja um pensamento pouco conhecido, em termos históricos, os

princípios Malâmati influenciaram largamente as ordens sufis mais sóbrias, em especial

a tradição Naqshbandi e, apesar de dificilmente comprovável, movimentos místicos

posteriores reivindicam sua continuidade ainda hoje na Turquia e nos Bálcãs. Esta

comunicação visa expor alguns pontos do extremo intimismo da regra de vida

Malâmati e também discutir como exatamente estes místicos deveriam ser entendidos –

como ordem, disposição espiritual ou enquanto grau de santidade – a partir dos

elementos fornecidos por Sulami e Ibn ‘Arabi.

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IBN ‘ARABI, CAABA E QALB

Doutoranda: Sandra R. Benato - UNIFESP ([email protected])

Resumo

A circumbulação da Caaba, meta de todo peregrino que parte ao Hajj, mais do que mera

obrigação religiosa, é, para Ibn 'Arabi, uma jornada ao coração do si mesmo. De fato,

toda sua doutrina encontra no coração místico e no tema da viagem imagens que

fundamentam uma metafísica da unidade do Ser onde indivíduos e toda multiplicidade

do mundo fenomenológico são, para ele, existenciados a partir de aspectos singulares da

identidade divina. O coração, assim como a Caaba, abriga a presença dos Nomes

Divinos que epifanizam a singularidade de cada vivente em resposta ao chamado divino

à existência (kun! sê!). Este processo, para o Sheikh, é ritualizado tanto na

circumbulação da Caaba quanto no soma dos dervixes, já que a palavra coração, em

árabe, qalb, vem da mesma raiz ( qlb) da palavra taqlib, girar, voltar-se sobre si mesmo.

Os Nomes Divinos, em resposta ao chamado primordial, giram, e este movimento

rotatório leva à expressão da multiplicidade dos fatos da vida. O exercício espiritual

tem, para Ibn 'Arabi, a função de dessensibilizar a identificação da consciência com os

nafs, emoções ou estados psíquicos associados ao eu egóico, e buscar a submissão ou

abertura completa do coração à presença dos Nomes do Real que formam uma epifania

única em cada indivíduo. O processo é, portanto, individual, solitário e continuo, e

permeia todas as circunstancias da vida cotidiana, onde tanto a oração ritual quando o

dhikr são igualmente situações que oferecem possibilidades diferentes de experiência

para indivíduos diferentes. A questão do espetáculo ritualístico fica então subordinada à

do espelhamento enquanto "submissão" do indivíduo face ao seu "Senhor" particular.

ORDEM SUFI SHADHILIYYA-YASHRUTIYYA: RITO E PERFORMANCE DE

SUA PRÁTICA DEVOCIONAL

Ms. Mário Alves da Silva Filho - CERAL/PUCSP ([email protected])

Resumo

A Ordem Sufi Shadhiliyya-Yashrutiyya foi a primeira Ordem a se estabelecer

institucionalmente no Brasil, nos anos 1960. Sua sede nacional fica no município de São

Bernardo do Campo, no distrito de Riacho Grande, Grande São Paulo. Seus membros se

reúnem semanalmente, aos domingos, para as práticas devocionais islâmicas próprias da

Ordem. Esse artigo visa a apresentar um panorama histórico do nascimento da Ordem

Sufi Shadhiliyya-Yashrutiyya na Palestina e seu estabelecimento no Líbano,

apresentando um breve relato biográfico de seus criadores. Além disso, apresentaremos

as práticas devocionais realizadas por seus membros quando de suas reuniões,

abordando a questão da pertença árabe, o pouco envolvimento da Ordem com a

divulgação da religião islâmica no Brasil, bem como a relação da Ordem Sufi

Shadhiliyya-Yashrutiyya com as demais instituições islâmicas existentes, inclusive com

outras Ordens Sufis que há em nosso país.

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Dia 09/04, sala 304 (Área II - Bloco D)

GT16: BUDISMO E FILOSOFIA NA CONTEMPORANEIDADE

Coordenadores

Dr. Deyve Redyson (DCR-UFPB) [email protected]

Dr. Clodomir de Andrade (DECRE/PPCIR) [email protected]

DHARMA/DAO OU DAO E NIRVANA: ELEMENTOS PARA UMA

DIALÓGICA MINIMAMENTE VIÁVEL

Marcelo Santos -Universidade Federal da Paraíba ([email protected] )

Resumo

Este artigo partirá de ensinamentos do Mestre Wu Jyh Cherng. O problema central é o

de como a iluminação é atingida no âmbito do taoísmo. A base referencial se pautará em

material disponível no sítio virtual da Sociedade Taoísta do Brasil, em cotejo com

textos publicados em livros impressos e que já são utilizados em nossos estudos atuais

sobre a cultura e o pensamento chinês, junto ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências das Religiões (PPGCR-UFPB). Desse modo, trataremos da alquimia interior

que é o fundamento da meditação taoísta, segundo a escola dos alquimistas chineses,

para quem esse tipo de meditação é o método da transmutação [que] é considerado o

mais alto nível dentre todas as técnicas e, por isso, é chamado de Caminho.

Buscaremos, também, tanger a importância da astrologia e do I-ching em conjunto com

o alquimia interior, de modo a aproximar a história do budismo na china e a relação

deste com o dao (dharma/dao). Há um ditado popular chinês que diz: Todo chinês é

taoísta em casa, confucionista na rua e budista na hora da morte. Na China essas três

doutrinas se influenciam para formar um tipo de “religião” que só existe lá e que ajuda a

entender o jeito chinês de ser. A partir dessa consideração, não é difícil inferir o quão

complexa é a espiritualidade da nação mais antiga do mundo.

BUDA COMO PRECUSSOR DE UMA ÉTICA AMBIENTAL

Roberto Pereira Veras – UFPB ([email protected] )

Resumo

Este trabalho intenta explicitar como os ensinamentos do príncipe Siddhartha Gautama,

(Buda Shakyamuni) supostamente fundamentaram uma propedêutica ética ambiental,

sobretudo nos aspectos; alimentares, culturais e utilitaristas compreendidos na

atualidade. Para tanto, iremos confrontar alguns ensinamentos oriundos da Tripitaka

com o pensamento filosófico contemporâneo de Peter Singer, em sua obra Ética Prática

de 1979.

O CAMINHO MĀHĀYANA DE SHĀNTIDEVA: SOBRE O IX CAPÍTULO

“SABEDORIA” DO BODHICHARYĀVATĀRA

Dr. Deyve Redyson – UFPB ([email protected] )

Resumo

Shantideva (687-763) foi o autor que compôs O Caminho do Bodissatva

(Bodhicharyāvatāra) que pretende demonstrar que a prática espiritual do budismo é a

aquisição do estado mental plenamente desperto, isto é a representação da iluminação

total através da meditação e da compaixão. Este trabalho tem como principal objetivo

uma análise do capítulo IX do tratado Bodhicharyāvatāra de Shantideva que observa e

preconiza a sabedoria. Será neste texto que o seu autor o bodhisatva Shāntideva

apresentará seus argumentos Madhyamaka derivados da obra de Nāgārjuna onde relata

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uma visão geral do conhecimento, assim ele refuta o realismo das escolas Vaibhāshika e

Sautrāntika na crença da existência de partículas indivisíveis de matéria e momentos de

consciência. No capítulo IX da obra de Shāntideva também surge a crítica à filosofia

Samkhya indiana a partir do principal discípulo de Nāgārjuna, Aryadeva e por fim

desenvolve o fundamento do pensamento de Shāntideva em um extenso relato sobre

Vijñanavāda que já fora apresentado e refutado por Chandrakirti e que defendendo o

ramo Prāsangika de escola Madhyamaka.

A CRÍTICA NIETZSCHIANA AO ASCETISMO BUDISTA

Aline Grünewald ([email protected] )

Fernanda Winte ([email protected] )

Resumo

A concepção Nietzschiana do que verdadeiramente é a vida e a fisiologia humana – em

síntese, as contradições inerentes à existência, traduzidas nos epítomes dos deuses

gregos Apolo e Dionísio - pressupõe uma postura afirmativa perante os fatos da vida,

uma aceitação de sua realidade objetiva, ao que o filósofo denomina Amor Fati. É nesse

sentido, que o caminho da renúncia proposto pelo ascetismo segue a corrente contrária à

proposta de Nietzsche, uma vez que, segundo o mesmo, o asceta trata a vida “como um

erro que se refuta”. Percebemos, portanto, dois movimentos contrários frente à

constatação da fugacidade e inexatidão da vida: o de afirmação, tomado pelo filósofo; e

o de negação tomado pela via ascética presente na filosofia budista. Nietzsche

considerava que essa ideologia ascética, além de problemática, não poderia ter outro

encaminhamento a não ser o niilismo. É tendo como foco essa dialética vivencial que o

presente trabalho tem o intuito de expor a crítica do filósofo alemão Friedrich Nietzsche

ao ideal ascético da tradição budista.

UMA BREVE ANÁLISE DA PUJA (RITUAL) DE TARA VERDE

Amanda Mendes – UFPB ([email protected])

Resumo

Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve análise da Puja de Tara e interpretar o

rito a ela dedicado. Também neste trabalho veremos como Tara se manifesta na

existência de uma realidade intrínseca em ter o ser humano e que o seu acúmulo de

méritos e sabedoria, resultou em sua iluminação perfeita e que o seu compromisso em

nascer sempre em corpo feminino, fez com que ela fosse vista como a Grande

Salvadora. Após uma longa meditação em retiro ela atingiu o altíssimo estado de

“Anutpada” ou “não origem”. Aquele é o mais elevado nível de meditação existente,

quando podia ver o real estado da mente e os fenômenos como “incriados”, sem início,

sem limites. O trabalho ainda apresenta os elementos que compões a Puja de Tara como

se inicia sempre fundamentado na prece das sete linhas, seus estados de devoção e

finalmente sua conclusão como mantra que revela todas as auspiciosidade da Mãe de

todos os Budas. Tara é quem auxilia a fazer nascer o pensamento da iluminação no

praticante, sendo então uma espécie de espelho, sabedoria interior dos homes, que

implica na transformação e expansão da consciência rumo a liberação de samsara.

O BUDISMO E O VEDĀNTA

Ms. Alexandre Venâncio da Silva - PPGCE-UFPB ([email protected] )

Resumo

O nosso trabalho terá como objetivo analisar quais as fontes que apontam as influências

budistas à Guaḍapāda, levando estudiosos acreditarem que ele era originalmente

budista. Guaḍapāda supostamente tenha sido o mestre de Govinda que, por sua vez foi

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mestre de Śaṅkarachārya. O papel desempenhado por Śaṅkarachārya dentro da escola

filosófica Vedānta é a abertura de uma ação sustentada até o desenvolvimento final dos

vedas, não como algo terminado que nos ocasiona a pensar um sentido amplo de não

mais existir. O desenvolvimento dos vedas é a conclusão de que nada possa vir a ser

além ou após a realização final dessa revelação –, vedānta. Śaṅkara se destaca também

pela responsabilidade em sua missão a dar continuidade naquilo que o mestre de seu

mestre “Gauḍapāda” já havia feito em sua obra filosófica Mandukya-Kārikā, sobre a

visão monista. Para muitos estudiosos dessa tradição Gauḍapāda acaba deixando claro

nesses seus escritos o quanto as escolas monista budista tinham influenciado as suas

interpretações. Ele vai aplicar a sua filosofia dentro do conceito não dualista. Existem

por tanto dois aspectos centrais ao seu contexto: (i) Brahman e Ātman do qual os dois

“será” como uno - uma única realidade; (ii) Māyā como produto de ilusão:

consequência da ignorância (avidyā) conduzindo a mente humana ao erro.

“ASSIM EU FIZ O DOWNLOAD”: OS GURUS VIRTUAIS E A TRANSMISSÃO

DO DHARMA NA ERA DA INFORMAÇÃO.

Doutoranda: Klara Maria Schenkel – UFPB ([email protected] )

Resumo

Após o parinirvana de Buddha, coube a Ananda a árdua tarefa de compartilhar com a

sangha os sermões proferidos pelo Abençoado no decorrer de quatro décadas de intenso

trabalho de docência, arquivados em sua prodigiosa memória. O conteúdo total das

transmissões orais efetuadas por Ananda talvez caiba hoje em dia em um pen drive, mas

os discursos que foram produzidos - e que continuam a brotar - a partir destas primeiras

audições são inúmeros. A enorme circulação de enunciados budistas no meio virtual –

especialmente da tradição vajrayana, foco de nossa investigação – nos instiga a

interrogarmos os limites interpretativos do Budismo enquanto doutrina religiosa. Se

“assim eu ouvi” (marca discursiva por excelência dos sutras reproduzidos por Ananda,

que remonta à milenar tradição indiana de transmissão guru-discípulo) pôde dar lugar a

“assim eu fiz o download” - isto é, se a seleção, interpretação, ressignificação e

reprodução de enunciados budistas não são mais um domínio exclusivo dos monges e

gurus, mas um domínio devidamente apropriado pelas ferramentas do meio virtual e

pela subjetividade dos usuários da rede, - o grande desafio da propagação do dharma na

era da informação, mais do que nunca, é garantir a distinção entre heresia e ortodoxia:

quem ou o quê define a “compreensão correta” do corpus doutrinário budista, quando

os próprios meios de transmissão se confundem com aquilo que é transmitido?

Abordaremos esta problemática a partir de observações de campo de sanghas

nordestinas orientadas pelo lama leigo Padma Samten, guru gaúcho radicado em

Viamão-RS.

Dia 10/04, sala 304 (Área II - Bloco D)

GT16: BUDISMO E FILOSOFIA NA CONTEMPORANEIDADE (continuação)

Budismo na Contemporaneidade

BUDISMO E POLÍTICA: O ATIVISMO PRÓ-TIBETE NA

CONTEMPORANEIDADE

Paulo Ferreira Cavalcante – UFPB ([email protected] )

Dra. Maria Lucia Abaurre Gnerre – UFPB ([email protected] )

Resumo

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Neste artigo, propomos realizar um levantamento histórico sobre a ocupação da China

no Tibete, os interesses políticos, econômicos e geográficos. Nós iremos analisar a

influência destes fatores no tocante ao Budismo e também o exilio do Dalai Lama, que

vive atualmente na Índia, mas que continua a influenciar a população mundial budista e

não budista acerca de seus ensinamentos, despertando em muitas pessoas o ideal ativista

pró-Tibete através de varias formas de participação, inclusive nas redes sociais.

Palavras-chave: Budismo, Tibete, política, ativismo e contemporaneidade.

BUDISMO EM WAGNER: O PRÓLOGO DE O “ANEL DO NIBELUNGO” E O

SOFRIMENTO HUMANO

Alexandre Freitas Ceistutis ([email protected] )

Resumo

Algumas poucas dissertações apontam a relação Wagner/Religião, em uma profunda

influência da religião budista: Urs App, “Richard Wagner and Buddhism”, afirmando

ser Wagner o primeiro de foco propriamente oriental em suas Operas; Bryan Magge em

"The Tristan Chord: Wagner and Philosophy” procura analisar as influências

filosóficas, apontando e dando pistas sobre os enfoques pessimistas e orientais na obra

de Wagner; Carl Suneson, em sua magistral “Richard Wagner und die indische

Geisteswelt” desvenda as origens, buscando em meio a diários autobiográficos, do

autor, o que envolvia a vida do autor e sua relação com o Budismo; Deryck Cooke

desmembra os mitos nórdicos se deparando com vertentes bem típicas de religiões

orientais. A comunicação se atém ao foco de estudo a um recorte temporal e espacial de

tal universo, restrito, pois, a primeira parte de nome “O Ouro do Reno”, de 1848, e

ainda de análise e investigação minuciosa apenas do prólogo, chave encadeadora das

demais cenas, possuindo elementos budistas de relevância. A presente comunicação

pretende abordar:

Que características do budismo, ou ao menos a leitura que Richard

Wagner fizera sobre este, aparecem ao longo do Prólogo do “Anel do

Nibelungo”;

Como essas características apareceriam em uma mídia de propagação

mundial desde o século XIX e, na música, que influenciaria o mundo no

Séc. XX, tanto em aspecto cênico-musical, quanto socialmente.

UMA JANELA PARA O ORIENTE: INCIDÊNCIAS DO ZEN-BUDISMO NO

CATOLICISMO BRASILEIRO

Elenilson Delmiro dos Santos – UFPB ([email protected] )

Resumo

Atualmente, temos assistido o despertar de um Budismo que se faz cada vez mais

presente no universo religioso ocidental. Inserido, pois, em um campo religioso, até

então predominantemente católico, no entanto, profundamente transformado, onde se

percebe que as diferentes formas de expressão religiosa que tem se instaurado em seu

próprio seio tem feito com que esta, numa tentativa de se manter em sua condição

hegemônica no mundo religioso ocidental, se veja obrigada a lidar com questões que até

então fugiam da sua aceitabilidade institucional e teológica. Neste caso, a busca por

Deus e pela própria libertação, seja individual ou coletiva, tem passado por experiências

místicas que geralmente incorpora valores de outras tradições espirituais, de modo

particular o Zen-Budismo. Ou seja, abri-se dentro do catolicismo uma janela para o

Oriente. Deste modo, o pretenso artigo tem por premissa problematizar esta dinâmica

religiosa na qual a Mística Zen, mesmo que de uma forma às vezes subliminar, tem se

encontrado cada vez mais presente na cultura e nas práticas religiosas dos fiéis

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católicos. Por se tratar de uma breve análise do diálogo existente entre duas religiões

milenares detentoras de textos sagrados, bem como de uma ampla literatura

contemporânea permeada por construções filosóficas, o método hermenêutico se fará

essencial para esta pesquisa.

A TEORIA DAS TRÊS NATUREZAS NO PENSAMENTO DE VASUBANDHU

Lucas Barbosa Leite – UFPB ([email protected] )

Resumo

O objetivo desta comunicação é desenvolver uma breve introdução à teoria das Três

Naturezas, conforme exposta no trishabhavanirdesa, um tratado da escola Yogacara que

foi escrito por Vasubandhu no século IV d.C. Essa teoria ontológica é a pedra angular

onde está fundamentada a filosofia da escola vijnanavada, cuja influência no

pensamento do budismo mahayana reverbera até os dias atuais. É possível visualizar sua

influência nas escolas do budismo com tendências idealistas, como o Zen. A presente

introdução pretende lidar com os aspectos teóricos mais fundamentais da teoria das Três

Naturezas, mostrando sua relação com sua dimensão prática, com o conceito de sunyata

desenvolvida anteriormente por Nagarjuna e com a teoria da cognição da Yogacara, que

possui um papel capital no pensamento vijnanavada e encontra sua justificativa nas

Três Naturezas.

A PEDAGOGIA DO OLHAR NA TRADIÇÃO THERAVADIN

Dr. Clodomir B. de Andrade - DECRE/PPCIR//UFJF ([email protected] )

Resumo

Dada a centralidade da dimensão visual na cultura do espetáculo da sociedade global

contemporânea e a intimidade da experiência espiritual, o presente texto pretende

explorar um dos pólos fundamentais desta tensão: o olhar, a mirada humana, tanto em

seu aspecto individual (o modo como cada qual enxerga a realidade), como em seu

contexto budista (i.e., como a tradição compreende e idealiza aquele olhar individual

otimizado para a práxis do despertar). Ora, tradicionalmente, ao se abordar o fenômeno

do olhar nas diversas tradições budistas, somos imediatamente referidos ao primeiro e,

supostamente, um dos mais importantes membros do nobre óctuplo caminho: a visão

correta (samma ditti/samyak drsti). Tal referência se consubstancia na compreensão de

que a visão correta seria uma modalização fundamental e incontornável da práxis

soteriológica budista, sendo aquela visão correta recorrentemente explicitada através

das três características (tilakkhana/trayalaksana) de todos os seres condicionados: anitya

(impermanência), anatman (insubstancialidade) e duhkha (sofrimento); vale dizer, toda

e qualquer explicação acerca da visão correta deve necessariamente contemplar aquelas

“verdades” budistas acerca da natureza dos seres. Ora, sem divergir da importância do

balizamento conceitual tradicional, objetivamos aqui, nesta proposta de apresentação,

valorizar a referida “visão correta” a partir de uma abordagem mais prática do que

conceitual. Para tanto, pretendemos responder à seguinte questão: “o que representa, em

termos práticos, aquela visão correta?”, utilizando dois textos da tradição Theravadin:

Udana I, 10 e Visuddhimaggo I, 52-8; 100. Nestes textos, o tratamento dado à questão

do olhar se diferencia, e muito, da abordagem conceitual tradicional que contempla as

referidas três características. Ora, sabemos da enorme importância dada pela tradição às

estratégias meditativas que objetivem a superação da dor oriunda de uma má condução

de nossa sensibilidade. Neste sentido, nossa proposta busca ampliar a discussão da

moderação da sensibilidade no ambiente budista com a importância de uma pedagogia

do olhar. Portanto, para desarmar o potencial de sofrimento implícito em cada

experiência humana (Samyukta Nikaya XXXVI.11/iv, 213: “yani kiñci vedayitam tam

dukkhasmin”), se faz necessária uma práxis meditativa que des-substancialize o nama-

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rupa fenomênico não só à partir da constante reflexão acerca daquelas três

características de todos os seres condicionados, como também, e principalmente,

orientações para uma técnica prática de como se deve, de fato, abordar sensivelmente –

neste caso, literalmente - “enxergar” os fenômenos e a própria realidade.

ASPECTOS FILOSÓFICOS DO DHAMMAPADA

Mestranda: Karla Samara dos Santos Sousa - UFPB ([email protected])

Resumo

Este trabalho tem por intuito analisar os aspectos filosóficos presentes no Dhammapada

a partir da percepção da natureza fundamental da realidade apresentada pelo Budismo

em suas origens históricas. Para tanto, enfoca-se principalmente a questão do

sofrimento, pois este aparece como pano de fundo de todos os ensinamentos budistas.

Ademais, considera-se o Dhammapada um dos livros mais conhecidos do Cânone Páli

ou Tipitaka, um longo acervo de textos, cujo qual compila os inúmeros discursos do

Buda. Por conseguinte, presume-se que tais textos foram preservados integralmente pela

tradição Hinayana. Em termos gerais, revela-se, sobremaneira, nos discursos do Buda o

modo ignorante e egóico do homem conceber a realidade, de onde se produz o

sofrimento em toda vida. No Cânone Páli, particularmente no Dhammapada, constam-se

ideias e doutrinas orientais como tanha, dukkha, nibbana, impermanência, originação

interdependente, quatro nobres verdades, caminho óctuplo. Tais ideias e doutrinas

contribuem para o conhecimento e fecundidade dos ensinamentos budistas, seja através

de uma de suas partes, sob o prisma Dhammapada, seja na totalidade, sob o a ótica do

Cânone Páli.

JESUS E O BUDISMO SEGUNDO O ANTICRISTO

Doutorando: Humberto Duarte de Medeiros – EST ([email protected])

Resumo

Nietzsche é famoso por, entre outras coisas, sua crítica ao cristianismo. É significativo o

retrato que ele faz de Jesus em contraste com a versão Paulina da fé que energizou e

espalhou a religião cristã. Para ele, o vilão não foi Jesus, mas Paulo. Embora a sua visão

do cristianismo e de Jesus tenha sido posta em questão, serviu para avaliar alguns

pontos da fé cristã. Além disso, tem sido dada atenção à análise de Nietzsche sobre o

budismo, em comparação com o cristianismo. Ainda que Nietzsche tenha se referido ao

budismo como sendo mais realista do que o cristianismo, ele o considera igualmente

niilista e decadente. Entretanto, se pergunta sobre o grau em que a sua representação do

budismo é consistente com o Budismo autêntico ou de qual tradição budista ele está

considerando. Isto é em parte o que será considerado neste texto. Também será

discutido, com menos ênfase, à medida que a imagem seletiva de Nietzsche de Jesus se

assemelha com a caracterização da visão de mundo budista. Assim, o que será feito aqui

é uma visão geral de como Nietzsche interpreta Jesus de Nazaré, colocada ao lado de

uma sinopse de sua apreciação e compreensão do budismo. Em seguida fará uma breve

avaliação acompanhada de resposta. Essa proposta se ocupa com o texto de Nietzsche

publicado após a sua morte, O Anticristo.

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

Dia 09/04, sala 402 (Área II - Bloco D)

GT17: ARQUEOLOGIA DE RELIGIÕES MILENARES: EXPRESSÕES

RELIGIOSAS NA ANTIGUIDADE

Coordenadores Dr. Pedro Paulo A. Funari (UNICAMP) [email protected]

Doutorando Filipe de Oliveira Guimarães (UMESP) [email protected]

POPOL VUH: ESCRITOS DA RELIGIÃO MAIA ACERCA DO TI PITZIIL

Elis Candido de Vasconcelos (E-mail: [email protected] )

Resumo

Este trabalho propõe-se ao estudo da religião maia, entre os séculos VI e VIII d.C.,

enfocando o papel que esta desempenha nos ritos, costumes e representações durante o

período clássico. Para isto, procuramos através do terceiro canto narrado no Popol

Vuh (livro que explica o mito quiché da origem do mundo e a história dos soberanos

maias) retratar uma das práticas rituais mais bem representadas na relação religiosa com

o cotidiano social: o Ti Pitziil (jogo de bola em língua maia clássica). Enfim, visa-se

verificar o valor das práticas sociais e a visão do cosmos através do tempo e do espaço

sagrado, pois acreditamos que a vida cotidiana e suas práticas diárias estão fortemente

vinculadas ao sagrado e a visão de mundo desta sociedade.

A ESTELA MOABITA: TESTEMUNHO DA GRANDEZA DE ISRAEL, NORTE

Doutorando: Élcio Valmiro Sales de Mendonça – UMESP

([email protected] )

Resumo

A história bíblica narrada nos dois livros dos Reis apresenta Israel (Norte) de forma

negativa e pejorativa. Isto se deu porque a redação final dos textos foi feita pelos

judaítas, desta forma, Judá foi favorecida na redação da história bíblica. Em pesquisas

recentes, através do avanço da arqueologia, podemos recontar histórias bíblicas, tendo

por base os testemunhos materiais e menções em textos não bíblicos. A Estela Moabita,

escrita em paleohebraico, parece se referir à história narrada em 2Rs 3.4-8, onde Moabe

aparece pagando tributos a Acabe, rei de Israel. Quando Acabe morre, o rei moabita se

revolta contra Israel, procurando sua libertação e independência. Nesta Estela Omri, rei

de Israel, aparece citado na linha 4b e 5, onde diz “Omri, rei de Israel, oprimiu Moabe

muitos dias”. Omri também aparece na linha 7, onde diz que Israel pereceu nas mãos de

Moabe. Este é um importante registro extrabíblico acerca dos limites de Israel, Norte.

Um registro como este, da Estela Moabita, mostra que embora os narradores bíblicos

apresentem os problemas e fracassos dos omridas, Omri e Acabe estão entre os

soberanos mais talentosos, já que diante dos problemas políticos internos e externos era

exigido elevado grau de prudência e diplomacia. Eles foram capazes de governar Israel

entre as turbulências políticas e econômicas da época, expandindo seu território até as

terras de Moab. Israel era próspero e desenvolvido, com muitas conexões internacionais.

Também possuía solos férteis e um clima mais ameno, temperado. Judá, o reino do Sul,

possuía uma região montanhosa e uma pequena população, era pobre, com uma

economia de subsistência. Judá só passou a ter importância e maior desenvolvimento

depois do fim do reino do Norte, Israel. Estas informações são possíveis de reconstruir

baseados em achados arqueológicos como o da Estela Moabita.

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ARQUEOLOGIA DA RELIGIÃO: PROPOSTA METODOLÓGICA

Doutorando: Filipe de Oliveira Guimarães – UMESP ([email protected] )

Resumo

A raça humana, diferente de qualquer espécie, deseja saber como era o comportamento

dos seus semelhantes na antiguidade. A Arqueologia da Religião é uma vertente, ou

braço, da ciência arqueologia que preocupa-se em estudar o aspecto religioso das

comunidades antigas partindo da cultura material encontrada. Ou seja, quando nos

referimos à Arqueologia da Religião, estamos afunilando o campo de pesquisa

arqueológico. Nosso interesse é apenas uma área, um recorte, uma amostragem da

amostragem da vivência passada: a religião. Conhecer esta esfera da vivencia humana

na antiguidade é salutar, sobretudo quando entendemos que a religião não exercia um

papel secundário no estilo de vida das pessoas, mas um papel determinante. O presente

trabalho visa apresentar uma metodologia para o estudo da arqueologia da religião na

academia brasileira.

O PREFETA BALAÃO NOS FRAGMENTOS DE DEIR ‘ALLA NA JORDÂNIA

Doutorando: Geraldo de Oliveira Souza – UMESP ([email protected] )

Resumo

O objeto desta comunicação é pesquisar sobre a descoberta feita na primavera de 1967,

por uma expedição holandesa, de um sítio arqueológico, onde foram encontrados

fragmentos em gesso em Deir ‘Alla na Jordânia. De acordo com especialistas, os

escritos parecem ser em aramaico ou alguma língua antiga próximo ao hebraico bíblico.

No entanto, foi a descoberta de um texto que menciona Balaão, profeta não-israelita

citado no livro bíblico de Números 22-24 que mais nos interessa. O texto refere-se às

visões que Balaão teve sobre a destruição futura do mundo por meio das divindades em

um palavreado próximo ao da Bíblia. Temos alguns exemplos, quando lemos sobre os

Shaddai “os deuses”, uma expressão que está vizinha ao texto bíblico El Shaddai , que

normalmente é traduzido como "Deus Todo-Poderoso". Por outro lado, o panorama do

momento vivido pelo profeta não é monoteísta: encontramos no texto, por exemplo, a

narrativa sobre um encontro de um grupo de deuses. A palavra elohim, que na Bíblia

refere-se a um só Deus (mesmo sendo plural), refere-se a mais de um deus no texto de

Deir ‘Alla. Recuperando o conteúdo, temos uma ideia de que Balaão compreende pelos

deuses que o mundo será destruído, em um evento apocalíptico, que é descrito por meio

de metáforas. Entretanto, de alguma forma, Balaão e seu povo parece ter evitado tal

catástrofe.

Dia 10/04, sala 402 (Área II - Bloco D)

GT17: ARQUEOLOGIA DE RELIGIÕES MILENARES: EXPRESSÕES

RELIGIOSAS NA ANTIGUIDADE (continuação)

UMA VISÃO ARQUEO-ASTRONÔMICO/ASTROLÓGICA PELA

INTERPRETAÇÃO SEMIÓTICA DA DATAÇÃO DO NASCIMENTO DE

JESUS

Mestrando: Giuliano Martins Massi – UFJF ([email protected])

Resumo

As datas de nascimento e morte de Jesus estão relacionadas a um número considerável

de eventos astronômicos, tais como o eclipse na morte de Herodes (“O Grande”), a

primeira Lua Nova na primavera de Nissan (a Páscoa judaica) e a aparição de um

“astro” comumente associado à “Estrela de Belém”. A correlação entre esses eventos,

contudo, permanece um enigma que a arqueoastronomia, a semiótica e a hermenêutica

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podem ajudar a revelar. Há 2000 anos, a disposição de corpos celestes tinha

extraordinária importância. Era um “signo”, um referencial interpretativo natural que foi

facilmente compreendido por personagens extra-judaicos: astrônomos/astrólogos, cujas

ações teriam ficado registradas objetivamente (porém descontextualizadamente) no

primeiro Evangelho, único a narrar a peculiar e “estranha” visão “astronomológica”

desses personagens. Se há uma “arqueohermenêutica” a ser considerada, aqui, é a dos

“magoi” do Oriente, principalmente diante de um ainda pouco difundido achado,

interpretável através de uma combinação sintático/estrutural (significativa aos magos)

com uma semântica intercultural coerente mas, pelos indícios, totalmente discrepante

entre a pragmática babilônica e a “halaká” judaica, em Mateus: este evangelista

claramente desconhece o tipo de “astro” que “uns magos” avistaram (i.e.,

instrumentalizaram!). De fato, simuladores (softwares) demonstram um signo judaico

formado por astros entre julho e agosto do ano 5 a.C., cujas formação e datas de

aparição se enquadram nos dados disponíveis tanto nos evangelhos quanto na datação

histórica de outros eventos relacionados à época, inclusive no tocante ao polêmico

“deslocamento” (aparente) entre Jerusalém e Belém.

O PREÇO DA VERDADE: SOBRE A PARRESÍA NOS CONTEXTOS

HELÊNICO E CRISTÃO

Doutorando: Leandro de Paula Santos – UFRJ ([email protected] )

Resumo

O texto objetiva comentar o investimento teórico empreendido pelo filósofo Michel

Foucault em torno da noção da parresía como prática ética definidora da experiência

cultural helênica. Buscamos localizar esse gesto no panorama da obra crítica de

Foucault, debatendo a ideia do cuidado de si como uma chave de acesso às relações

entre sujeito e verdade no contexto antigo. Tematizamos a parresía como um ato de fala

franca inerente à consolidação do espírito da democracia, que coloca em risco a relação

entre dois sujeitos ao instituir a verdade como um processo de alteridade. Para tanto,

cotejamos as características singulares da parresía em relação a outros modos de

veridicção, a exemplo do dizer-a-verdade próprio da profecia, da sabedoria ou da

docência. Essas referências lastreiam a circunscrição da parresía no âmbito de uma

estética da vida que terá um desenvolvimento paralelo à metafísica da alma fundada

pelo platonismo e posteriormente encampada pela teologia cristã. Avaliamos então as

nuanças entre a estilística da existência desenvolvida pelo movimento cínico e aquela

observada no cristianismo primitivo para, enfim, elegermos a figura histórica de São

Paulo como exemplo de parresiasta. Valendo-nos das observações do filósofo Alain

Badiou a respeito da novidade discursiva e política encarnada pelo apóstolo dos gentios,

exploramos a conjugação entre vida e verdade na trajetória deste mártir.

O CALDEIRÃO DE GUNDESTRUP: SUA INFLUÊNCIA NA RELIGIÃO

WICCA GARDNERIANA

Mestranda: Silvana chaves da silva – UFPB ([email protected] )

Resumo

Nas religiões, o uso de instrumentos em rituais é algo comum e bastante usado como

uma das formas do ser humano se comunicar com o que ele considera sagrado.

Geralmente são usados quando a linguagem oral não consegue expressar a experiência

de fé vivida pelo homem. A vertente arqueológica religiosa tem auxiliado o homem na

busca do conhecimento das possíveis práticas religiosas dos povos antigos através dos

vestígios encontrados; na busca de possíveis respostas ou apresentando novas perguntas

através desses achados arqueológicos. O caldeirão de Gundestrup, provavelmente de

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origem celta, é uma peça bastante conhecida no universo acadêmico com muitas

imagens e interpretações as mais variadas. A wicca é uma religião nova, porém com

influência dos povos celtas e essa afinidade pode ser constatada através do caldeirão

utilizado em suas práticas ritualísticas como forma de conexão com o sagrado. Nosso

interesse maior com o caldeirão de Gundestrup é fazer um paralelo entre esse achado

arqueológico e as práticas religiosas dos antigos povos celtas e a moderna religião

wicca, tendo como um dos elo de ligação um elemento de grande significado para

ambas as religiões.

CATACUMBAS: MITO E REALIDADE

Dra. Wilma Steagall De Tommaso - PUC/SP ([email protected])

Resumo

A comunicação tem como objetivo apresentar a arte mural cristã a partir do século II,

tempo em que os cristãos eram perseguidos e apareceram as primeiras imagens cristãs

nas catacumbas, cujos temas tantos os simbólicos como os diretos correspondem a

textos sagrados do Antigo e Novo Testamento, litúrgicos e patrísticos. Fundamentar

como surgiu uma arte funerária de influência pagã que se revestia de alegria, pois se a

morte é inexorável, para os cristãos havia a certeza da ressurreição. Esclarecer como o

mito romântico de que os cristãos eram uma minoria pobre, perseguida e obrigada a

viver na clandestinidade caiu, devido às descobertas do meio social em que viviam

aqueles que encomendavam as obras aos artistas coveiros, os fóssores, que podiam ter

um coração cristão, mas a imaginação permanecia pagã, daí entender como essa

simbiose de imaginários é um dado bem desconhecido em nossa tradição ocidental,

razão pela qual a exposição pretende destacar a importância dos estudos arqueológicos

nesses sítios que se iniciaram a partir do século XIX e desde então, prosseguem a

desvendar uma Roma subterrânea. Para demonstrar esses aspectos, além das imagens a

serem apresentadas, serão destacados textos de trabalhos arqueológicos.

Dia 09/04, sala 404 (Área II - Bloco D)

GT18 – JUVENTUDE, RELIGIÃO E ESPETÁCULO

Coordenadores Dr. Flávio Munhoz Sofiati (FCS/UFG) [email protected]

Doutorando Wellington Cardoso de Oliveira (PPGS/FCS/UFG) [email protected]

A FETICHIZAÇÃO DA FÉ: O USO DA MÍDIA NO PROSELITISMO

CATÓLICO E PENTECOSTAL

Doutoranda: Daniele de Jesus Oliveira – USP ([email protected] )

Resumo

O campo religioso brasileiro possuí uma característica de mobilidade, cujas

consequências são sentidas no âmbito econômico, cultural e social como um todo,

todavia essa mobilidade ainda se restringe numericamente a dois grupos,

especificamente, católicos e protestantes (pentecostais), e nesse sentido a juventude

assume importante papel, uma vez que é entre os jovens onde mais ocorrem os

chamados processos de “conversão”, sobretudo no caso da adesão da crença

pentecostal, tendo em vista o acelerado crescimento dos pentecostais no país a partir dos

anos 90, consequência de um amplo trabalho evangelístico por parte das igrejas desta

corrente, somado a crise vaticanícia e ao processo de redemocratização do país,

paralelamente, as igrejas pentecostais começaram usar a mídia para evangelizar em

massa, com a aquisição de emissoras de rádio e televisão com grades específicas para o

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público jovem, principalmente através da música gospel que mobiliza milhões

atualmente, mas se de um lado o pentecostalismo avançou, a igreja católica preocupada

com a situação, também se lançou no mercado dos bens simbólicos religiosos, cujo alvo

também era a juventude, daí a renovação carismática católica, ainda que a contragosto

do Vaticano ser hoje o maior canal de ligação entre os jovens e a igreja. Deste modo é

que nosso trabalho pretende analisar como a juventude interpreta ou reinterpreta o

sentido do “ser religioso” a partir do discurso elaborado pela “mídia cristã”, tomando

esses dois grupos como análise já que são os maiores representantes da sociedade do

espetáculo cujas consequências extrapolam o espaço atemporal.

ENTRE “CONVERTIDOS” E “DESVIADOS”: CONCEPÇÕES DE JOVENS

PENTECOSTAIS SOBRE O PECADO, O DIABO E A SANTIDADE

Mestranda: Réia Sílvia Gonçalves Pereira - Universidade Federal do Espírito Santo

([email protected] )

Resumo

Na sociedade contemporânea diversificam-se as possibilidades de pertenças religiosas.

Desta feita, a adesão à determinada vivência religiosa não mais se restringe à religião

herdada da família. Tal fato radicaliza-se quando observado no contexto das juventudes

das camadas populares com pertenças pentecostais. A proposta deste artigo é investigar

as concepções sobre como questões cernes da cosmologia pentecostal são interpretadas

por jovens que vivenciam dois tipos distintos de trajetórias religiosas. Aqueles que,

nascidos no seio pentecostal, afastaram-se da religião. E aqueles que optaram pela

adesão pentecostal, mesmo quando esta não é a opção da família da qual fazem parte.

Como base empírica, essa comunicação trará depoimentos de jovens identificados com

“perfil” proposto, os quais apresentarão suas visões de mundo sobre representações

acerca do “pecado”, do “diabo” e da “santidade”. O objetivo é colocar em evidência um

complexo processo de subjetivação, destacando que a religiosidade é uma expressão

cultural, e por isso, dinâmica e heterogênea, sendo interpretada de forma distinta por

cada sujeito.

JUVENTUDE, RELIGIOSIDADE, MÍDIA E ESPETÁCULO

Dr. Júlio Cézar Adam - EST ([email protected])

Resumo

Trata-se de um estudo com base em pesquisa de campo realizada pelo autor, com jovens

do ensino médio, analisando a relavância do acesso e dos conteúdos da mídia (cinema,

TV, música e internet) como uma forma de religiosidade espetacular. A pesquisa tomou

como referencial teórico a chamada religião vivida (Wilhem Gräb), segundo a qual o

religioso transpos as fronteira do próprio religioso e se faz presente no espetáculo

midiático seja como dispositivo ou conteúdo. A pesquisa de campo buscou averiguar

em que medida esta religião presente na mídia, configura-se uma religiosidade juvenil.

FACE’S & FACE’S: RELIGIOSIDADE DOS ACADÊMICOS DE DIREITO DO

VALE DO JURUENA/MT

Cristiano Norberto Tomasini - Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do

Vale do Juruena -Juína-MT ([email protected] )

Ms. Marina Silveira Lopes - Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale

do Juruena -Juína-MT ([email protected])

Sônia Mara Rogoski – Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do

Juruena -Juína-MT ([email protected] )

Resumo

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Desde as mais antigas das civilizações, observa-se diversos tipos de adoração, que

trouxeram as mudanças de hábitos bem como novos hábitos. Tais ritos, e sua maioria,

estavam atrelados ao contexto religiosos, mostrando a dialética entre religião e o ser

humano. Nos dias atuais a internet, tornou-se um dos meios de comunicação mais

importantes da sociedade mundialmente. Através dela, e em especial, das redes socias a

comunicação entre as pessoas tornou-se sem fronteiras. Tal como nos primórdios, todo

contato imediato, via web, também impôs mudanças de hábitos, inclusive no campo

religioso. Com o intuito de levantar subsídios do campo religioso de Juína/MT,

buscamos, aqui, a análise das postagens no Facebook de um grupo de dez acadêmicos

do curso de Direito conforme calendário 2014/01. O recorte temporal dar-se-á no

período de 15 dias face esse grupo ter se utilizado cotidianamente desse site de

relacionamento como meio de divulgação e propagação de suas crenças religiosas, onde

muitas vezes manifestam-se contra essa ou aquela religião. Procuramos refletir até que

ponto esse viés religioso poderá interferir em uma postura profissional, pois diante de

um Estado Laico, como é o caso do Brasil, o profissional do direito, é alvo de

imparcialidade em suas decisões, e isso atinge o campo religioso em interação com o

jurídico.

A ESTRATÉGIA DA ASSEMELHAÇÃO: BENS RELIGIOSOS PRODUZIDOS

PARA O PÚBLICO JOVEM Mestrando: Anderson Severino de Oliveira Tavares – UFCG

([email protected])

Resumo

O abalo na posição hegemônica da Igreja Católica, a alta competitividade entre as

religiões e a não religião e a diminuição da força da tradição nas escolhas dos

indivíduos, segundo Guerra (2003), caracterizam a situação de mercado no atual campo

religioso brasileiro, submetendo as religiões à competição entre sistemas de legitimação

e significação do mundo, oferecidos aos indivíduos sob uma lógica operativa analógica

à do mercado secular. Enquanto um conjunto de elementos simbólico-práticos a

religião, em contato com a cultura do consumo, tende a transformar tudo em produto

para consumo. Com isso, as organizações religiosas têm experimentado uma pressão

crescente para moldar suas práticas em referência à demanda dos fiéis como estratégias

de sobrevivência, sustentação e expansão. Dentre as estratégias mais comuns no

mercado religioso brasileiro, Guerra (2000) apontou, o que Berger também indicou no

seu trabalho, a tendência à assemelhação entre as organizações religiosas e entre essas e

instituições não religiosas de sucesso. Assim, ao concorrer pelos mesmos segmentos de

mercado, as organizações religiosas procuram imitar os produtos de sucesso ao mesmo

tempo em que procuram uma diferenciação marginal capaz de garantir sua identidade

religiosa. Dessa forma, procuramos nesse trabalho colocar sob exame os pressupostos

analíticos dos autores citados, analisando em que medida encontramos a assemelhação,

através de uma pesquisa no ciberespaço, dos bens religiosos oferecidos aos jovens da

Igreja Católica com os oferecidos pelos seus principais concorrentes e pela esfera

secular, tendo como principal objeto empírico as Paróquias da Diocese de Campina

Grande-PB.

A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO BRASIL: EXPRESSÃO

RELIGIOSA E ESPETACULARIZAÇÃO

Doutorando: Paulo Ferreira – UMESP ([email protected] )

Resumo

O pêndulo da religião moderna inclina-se, hoje, para uma igreja condicionada – ou pelo

menos adepta – à lógica do espetáculo e o que chama a atenção é a presença dos jovens

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como protagonistas neste processo. A institucionalização do Dia Mundial da Juventude

em 1985 e as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) – encontros promovidos pela

Igreja Católica a cada dois ou três anos em diversas partes do mundo com centenas de

milhares de jovens (ou milhões, em algumas edições) – retratam tal fenômeno e

mostram como esta Igreja contemporânea está rompendo os limites de sua influência

dogmática ou doutrinária atingindo a todos indistintamente em uma arena de

interculturalidades. As JMJs apresentam números instigantes: dez anos após a primeira

edição em 1985, que reuniu 200 mil jovens, quatro milhões de jovens concentraram-se

em Manila, nas Filipinas. A última edição, ocorrida no Rio de Janeiro em julho de 2013

foi estimada com a participação de três milhões de pessoas. Embora não seja possível

inferir que tais massas juvenis sejam formadas por rebanho exclusivamente religioso,

como explicar tal fenômeno com base no trinômio religião-juventude-espetáculo? Quais

são os pontos comuns do trinômio que, alinhados ou justapostos, criam as condições e

fomentam tal fenômeno de mobilização de massas ocorrido no Brasil?

JUVENTUDE, RELIGIÃO E ESPETÁCULO: AS EXPRESSÕES RELIGIOSAS

DA JUVENTUDE E A ESPETACULARIZAÇÃO DA FÉ

Flávio Munhoz Sofiati – UFG-PPGS

Wellington Cardoso de Oliveira – UFG -PPGS

Resumo

A religião sempre teve um papel de destaque na vida dos indivíduos, principalmente no

que tange a formação de uma visão de mundo e de sua organização. No caso da

juventude, por muito tempo a religião herdada dos pais, sempre teve enorme influência

na forma com que os jovens viam e percebiam o mundo. Entretanto, nas últimas

décadas tem sido possível perceber transformações na forma com que os jovens e

expressam e reafirmam suas crenças religiosas. O presente trabalho pretende discutir o

lugar da religião na vida dos jovens, e como a juventude atual tem expressado sua

religiosidade. Para isso, utilizar-se-á dados recentes do censo do IBGE sobre religião e

sua configuração na sociedade atual.

Dia 09/04, sala 405 (Área II - Bloco D)

GT19 RELIGIÃO, POLÍTICA E ESPAÇO

Coordenadores/as

Drª. Zeny Rosendahl (UERJ) [email protected]

Drª. Cristina Carballo (Universidad Nacional de Luján – Argentina)

[email protected]

Doutorando Jefferson Rodrigues de Oliveira (UERJ) [email protected]

Islam: Práticas espaciais e Territorialidades.

ASHURA: LUTO E ENCENAÇÃO NA CIDADE DE SÃO PAULO

Karina Arroyo – UERJ ([email protected])

Resumo

Considerando a possibilidade de análise de uma comunidade religiosa, fecunda em

representações revivalistas, que são teatralizadas publicamente em momentos de clímax

emocional e coletivo, cabe à geografia cultural, reconhecer e analisar esse espetáculo,

que recria e alimenta a ligação eterna com o sagrado. Para tal, recorta-se um

determinado espaço ritualístico de ação e performance, que condensa o ato simbólico

capaz de demarcar as identidades sociais. Logo, esta comunicação pretende explorar

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uma determinada localidade analisando o sagrado e suas formas expressivas sem se

afastar das categorias antropológicas, corroborando a intrínseca relação entre sagrado e

natureza; A cerimônia de Ashura é a encenação da Tragédia de Karbalah (Iraque) em

661 d.C, que revive o luto e o martírio do Imam Hussein, neto de Muhammad (Maomé)

fundador da religião islâmica. Seu martírio representa uma luta divina entre o sagrado e

o profano e a vitória eterna contra a tirania e a opressão da secularização. A cidade de

São Paulo, que desde 1880 recebe imigrantes de origem libanesa shiita e hoje conta com

mais de 7 milhões de descendentes é anualmente palco das representações de Ashura.

Este resumo, que futuramente será estendido a um caráter mais analítico, nos permite a

utilização de uma classificação profícua às ciências humanas, especialmente à

Geografia Cultural Renovada, pós 70, que se utiliza das classificações sócio-

antropológicas para reordenar o espaço. Logo, este trabalho nos permitirá encetar uma

reflexão geográfica capaz de desvendar as apropriações culturais do espaço sagrado e as

relações sociais mediadas por elementos simbólicos.

CONEXÃO BRASIL-TURQUIA: O CYBER ESPAÇO COMO PROMOTOR DE

CASAMENTOS ENTRE BRASILEIRAS E MUÇULMANOS TURCOS

Andréa Pasqualin

Dra. Francirosy Campos - FFCLRP/USP ([email protected])

Resumo

Esta comunicação se propõe refletir sobre as necessidades de se tomar, também, o

campo virtual como campo empírico de estudo para compreender os casamentos que

ocorrem entre brasileiras (muçulmanas ou não) e muçulmanos turcos. No cyber espaço,

encurta-se o tempo e ampliam-se as oportunidades de tornar próximo o distante. Nesta

sociedade globalizada, a facilidade de comunicação contribui para o crescente aumento

dos casamentos interculturais. A mídia eletrônica, por sua vez, passa a integrar um

complexo mecanismo de construção do imaginário cultural e assume um importante

papel na construção dos mundos cognitivos, assim como na expressão da cultura e na

leitura e interpretação dessas culturas, o que inclui o olhar para a religião do outro. No

Brasil, assim como nos demais países do Ocidente, existe um modelo uniformizado de

Islã que negligencia as práticas e vivências contextuais, e embora não se tome

conhecimento de suas nuances, ele existe e acaba por “conectar” e propiciar novas

formas de relacionamentos. Para tal investigação, optou-se pelo método etnográfico

convencional e virtual. Como campo empírico convencional de estudo, a pesquisa

conta com a participação do Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT) e o Colégio Belo

Futuro, ambos localizados na cidade de São Paulo. No campo virtual, o estudo conta

com blogs pessoais e comunidades existentes no Facebook, de brasileiras casadas com

muçulmanos turcos. Dessa forma, espera-se compreender os casamentos que se

originam dos encontros virtuais e assim, entender essa faceta da religião islâmica no

Brasil.

FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO NO ISLAM COMO (RE)CONSTRUÇÃO

DE IDENTIDADE: O USO DO DISCURSO RELIGIOSO NO FUNDAMENTO

DE UMA NOVA IDEOLOGIA SOCIOPOLÍTICA

Patrícia Prado – PUC Minas ([email protected])

Resumo

A busca pela unidade em meio à diversidade tem sido um dos caros anseios dos grupos

étnicos, das comunidades em geral. Neste cenário, onde os diversos atores revezam seus

discursos a fim de adaptarem a nova realidade, a religião, como produtora de sentido,

surge como fundamento ideológico atuando em instâncias da vida pública e privada

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gerando reações e movimentos distintos. A identidade, assim, vai se ressignificando em

nuances que tendem a cada vez mais refletir o novo, que faz ponte entre a tradição e a

releitura da tradição. O sentimento de pertença se organiza não mais a partir da

identificação nacional, mas sim na identificação étnica que é o sentido de pertença

independente da origem: é negro quem se sente negro, é muçulmano quem se identifica

como muçulmano. E desta forma, os grupos se fortalecem e ao mesmo tempo precisam

se organizar para que haja uma identificação comum dentro das diferenças. Dentro desta

dinâmica o fundamentalismo como um tipo de discurso da unidade utiliza-se do que é

comum a todos: a exclusão; e assim, o social se torna o grande palco onde as

identidades performáticas vivenciam seus dramas e como em um rito, caminham em

busca de uma resposta. O discurso fundamentalista entra como o diretor deste ato

dramático e real. A presente comunicação tem como objetivo discutir o fenômeno do

chamado fundamentalismo religioso no Islã e como este pode se configurar em uma

ação de (re) construção de um tipo de identidade entre os grupos que professam tal fé.

Identidade Religiosa: Festas, encenações e significados

LEVIATÃ: SÍMBOLO DO PODER

Marcina de Barros Severino - PUC- Goiás ([email protected])

Resumo

O objetivo da comunicação é compreender o poder do Leviatã hobbesiano, para tanto,

faz-se necessário descobrir o contexto histórico da vida de Hobbes e da Inglaterra no

século XVII. Busca-se entender as relações de poder que envolvem o soberano e os

súditos. O Leviatã representa o povo com base no contrato social. Um contrato

impulsionado pelo medo da morte violenta e que é mantido com base no medo do poder

coercitivo do Estado. O emprego das Escrituras Sagradas e da imagem do monstro

marinho Leviatã é utilizado como estratégia de dominação. Só a razão não é suficiente

para convencer as massas, é necessário recorrer à linguagem simbólica para reforçar o

poder do Estado hobbesiano.

O FAZER POLÍTICO NAS FESTAS RELIGIOSAS: INTERAÇÕES ENTRE OS

ESPAÇOS SAGRADO E PROFANO

Otávio Costa – UECE ([email protected])

Resumo

O presente texto tem por objetivo compreender e suscitar reflexões acerca do aspecto

político das festas religiosas. No contexto de uma geografia da religião, podemos

observar que, entre as diversas funções sociais desempenhadas pelas festas religiosas, a

dimensão política destaca-se por uma função que tenta coadunar uma sacralidade cívica

e uma sacralidade de cunho religioso. Nesse aspecto, nos lembra Rosendahl (2013), que

o espaço da sacralidade cívica serve para evocar um poder que emana do povo, sem

possuir referencias a poderes sobrenaturais. Na perspectiva de entender como se forjam

essas espacialidades, elencamos o papel dos personagens presentes nas festas religiosas,

ou seja, autoridades civis e eclesiásticas nas quais elegem as festas religiosas como

lócus para o exercício do poder pelo qual o espaço e o tempo sagrado são marcados por

práticas e rituais simbólicos. Assim, buscamos compreender a dimensão política

contextualizada no âmbito da Geografia da Religião na qual substantiva-se numa

polivocalidade que fornece um amplo leque de interesses, entre os quais podemos

observar a partir da compreensão de certos lugares sagrados. Nessa perspectiva de

análise, tomamos como exemplo, duas festas religiosas no interior do Ceará: a Festa do

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

Senhor do Bonfim em Icó e a Festa de São Francisco das Chagas em Canindé cujo

cenário religioso se torna também um cenário político, sobretudo em anos de eleições.

ENTRE O RELIGIOSO, O FOLCLÓRICO E O SECULAR. O ESTUDO DOS

SÍMBOLOS E DOS RITOS NA FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO EM

PARATY – RJ

Diego Barbosa - UFJF

Resumo

As festas são momentos de (re)encontro, de afirmação da identidade e do sentido de

pertencimento. A festa do Divino é um ritual religioso do catolicismo popular, de

origem açoriana, que ocorre em vários países. Ela é conhecida pela sua exuberância

plástica ou performática. Considera-se uma festa de expressão religiosa popular,

composta de músicas, danças, procissões, passeatas e tradições seculares. A Festa do

Divino tem origem bíblica e caráter evangelizador que promove a fraternidade entre os

homens. É realizada em data móvel, na época de Pentecostes (50 dias após a Páscoa).

Proponho-me analisar, principalmente, os bastidores da festa, com o intuito de conhecer

e reconhecer sua organização e importância, preocupando-se em entender o significado

de ritos e símbolos envolvidos na cultura popular. Neste sentido, apresentar uma

reflexão sobre as dinâmicas e interações dos diversos atores sociais que participam do

processo de construção social desta celebração em uma dada localidade. Assim, a

questão da preparação e da realização da festa se torna o cenário principal, onde é

possível perpassar pela tríade festiva na qual se encontra a Festa do Divino em Paraty.

Considero essas categorias na qual a festa se realiza intercambiáveis, ou seja, não

excludentes, mas sim comunicáveis. É necessário analisarmos aqui como se configura

essas movimentações - passivas ou não - entre as categorias festivas (sagrada,

folclóricas e seculares) e como elas se configuram para os diversos atores que

participam da festa. Levando em consideração a persistente discussão entre

pesquisadores atuais sobre o cenário religioso brasileiro, considero de estrema

relevância discutir sobre como a religião se apresenta em diversos espaços da sociedade.

SANTO EXPEDITO: DA DEVOÇÃO ESPONTÂNEA À CONSTRUÇÃO DE

TERRITÓRIO

Claudemira Ito – UNESP ([email protected])

Resumo

O Município de Santo Expedito/SP tem sua história marcada pela devoção ao Santo

Expedito. Na década de 1940, com a chegada de uma família do Maranhão que trouxe

em sua bagagem a imagem do Santo e a promessa de construir uma capela. A devoção

da comunidade local a Santo Expedito ocorre desde a colonização do Municipio. O

inicio da visitação de devotos provenientes de outras localidades é incerto. Entretanto,

considera-se como marco inicial da visitação em massa, o dia 19 de abril de 1997, com

a vinda de romeiros, a cavalo de São Paulo.Desde então, o número de visitantes cresce

ano a ano, chegando a receber sessenta mil pessoas no dia do Santo. Isto se deve à

agregação do diversos atrativos na Festa de Santo Expedito, tais como a Cavalgada, a

Festa do Milho, a feira de artesanato e alimentação, o Leilão de Gado, sorteio de

prêmios e shows. A construção do Santuário com cerca de dez mil metros quadrados e

alguns investimentos em restaurante, lanchonetes e lojas para atender ao visitante

contribuem para uma nova territorialidade. Sendo que as manifestações ligadas aos ritos

de devoção ao Santo transformam-se em espetáculos. Os atos de fé dos peregrinos e

romeiros se transfiguram como atrativo turístico, atraindo o turista, que se move para a

observação do espetáculo. Dessa forma, o espaço da Missa campal, por exemplo, tempo

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e lugar sagrado para o romeiro e peregrino, simultaneamente, é o mesmo do consumo de

alimentos e bebidas e ainda a contemplação do espetáculo pelo turista.

ESPAÇO E RELIGIÃO: INTIMIDADES E ESPETACULARIZAÇÃO DAS

PEREGRINAÇÕES A PÉ

José Arílson Xavier – ([email protected]) – UERJ

Resumo

O espaço geográfico é condição de existência, política e cultural, do fenômeno religião.

Orientação espacial para o homem, a paisagem, quando envolvida por modos de existir

religiosos, pode traduzir espetáculo e intimidade reveladores de pensamentos e

intenções plurais. Nestes termos, compreendemos que a peregrinação desenvolvida a pé

faz surgir uma paisagem inquietante ao geógrafo que se presta ao estudo da religião.

GRAFIA E ICONOGRAFIA: TRAÇOS IDENTITÁRIOS NA ESCOLA DO

SERVIÇO DO SENHOR

Mauro Fragoso - Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro ([email protected])

Resumo

O presente trabalho é resultado da investigação de 149 documentos denominados

Cartas (ou Atas) de profissão elaboradas no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro

entre os anos de 1602 e 1802, incluindo duas categorias distintas de religiosos: os

monges, devotados ao serviço litúrgico, e os conversos, destinados ao labor cotidiano na

manutenção da Casa de Deus. Os termos Escola do serviço do Senhor e Casa de Deus

são duas expressões cunhadas na Regra de São Bento que serve de código normativo à

vida cenobítica ocidental desde os primórdios do século VI. Escrito no território

hodiernamente conhecido como Itália, na esteira da chamada colonização da América

portuguesa, ao longo do século XVI, os beneditinos chegaram ao Brasil instalando-se

inicialmente na capital soteropolitana, de onde se expandiram pela colônia

acompanhando o progresso econômico garantido pela produção açucareira. Fundado em

1590, os primeiros documentos do gênero a que essa investigação se propõe foram

escritos no ano de 1602. Ao longo desses quatro séculos de existência, centenas de

Cartas de profissão foram elaboradas. Todavia, o presente estudo estabelece o ano de

1802 como recorte temporal tendo em vista as significativas ilustrações que deixam

transparecer a diversidade cultural de indivíduos que se congregaram em comunidade e,

sobretudo, as transformações ocorridas na sociedade luso-brasileira de então.

Dia 10/04, sala 405 (Área II - Bloco D) GT19 (continuação)

Dimensão Política da Religião: Valores, atitudes e símbolos

FAZENDO O MÉTIER DE DIÁCONO PERMANENTE: ESTRATÉGIAS

POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO E SUBVERSÃO NO ESPAÇO

INSTITUCIONAL

Agnaldo Libório – UFMa / CAPES.

Resumo

O artigo apresenta uma breve discussão sobre reprodução e subversão de uma

configuração institucional, a partir da inserção de novos agentes na dinâmica da divisão

do trabalho institucional. Apresenta o caso da inserção dos diáconos permanentes na

economia católica dos bens de salvação. Compreendendo o ofício do ministério

diaconal não como uma prática natural ou produto exclusivo das codificações

canônicas, uma dádiva divina ou uma vocação imanente. Mas, como um processo

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construído por meio das relações de indivíduos interdependentes, uma figuração

conflituosa de maneiras de ser e de estar na Igreja. Uma figuração construída pelas

relações interdependentes com o clero, com os leigos engajados, com o instituído (Igreja

Católica), com as pessoas com as quais convivem no cotidiano. Assim, o diácono

permanente aparece como um outsider que mobiliza recursos para a afirmação de suas

competências de especialista na economia dos bens de salvação. Para tanto, toma-se por

análise a entrada dos Diáconos Permanentes na cúria eclesiástica ludovicense e o

processo de formação deste novo métier, de um fazer a prática pela prática.

ECONOMIA, FENÔMENO RELIGIOSO E MERCADO

Everton Carneiro – UNEB ([email protected])

Resumo

Este texto elegeu o fenômeno religioso como objeto de investigação devido à sua

influência sobre a economia, a política, o mundo do trabalho, ou seja, sobre a

humanidade como um todo, atingindo a riqueza de manifestações organizacionais que

refletem uma gama de diferenciações estruturais e culturais. Pretende-se analisar, em

meio ao pluralismo vigente, a noção de mercado religioso em meio a uma sociedade

diante de um intenso processo de secularização.

PROTESTANTISMO BRASILEIRO E O REGIME MILITAR NO BRASIL

João Marcos Santos – UFCG ([email protected])

Resumo

Nesta comunicação será discutido um documento intitulado A Igreja em face das

injunções políticas, produzido em resposta ao Manifesto dos Pastores Batistas,que se

destinavam a uma análise de conjuntura nos conturbados anos sessenta do século

passado. A partir desta análise se pretende colocar em perspectiva o discurso político do

protestantismo brasileiro. O documento, redigido pelo pastor João Soren e publicado no

órgão oficial das igrejas batistas no Brasil, tornou-se rapidamente um texto de referência

para os setores mais conservadores do protestantismo.

RELIGIÃO E POLÍTICA: APONTAMENTOS SOBRE A ATUAÇÃO DE

RELIGIOSOS NA POLÍTICA BRASILEIRA

Rodrigo Camilo – UFG ([email protected])

Resumo

A presente comunicação tem o intuito de analisar a atuação de religiosos no campo

político brasileiro. A instituição de uma Frente Parlamentar Evangélica no Congresso

Brasileiro e sua atuação – muitas vezes conservadora – gera críticas não só dos

adversários políticos dos evangélicos como de setores da sociedade que pregam a

laicidade do Estado Brasileiro e a não atuação de religiosos na política. Este trabalho irá

abordar a atuação de religiosos envolvidos com a Teologia da Libertação que durante o

Regime Militar no Brasil teve papel atuante na contestação desse regime para defender

a tese de que, com o processo de contenção da Teologia da Libertação realizado pelo

Vaticano, e o gradual distanciamento dos religiosos com a política – especialmente a

partidária −, a presença de religiosos na política ganhou destaque com o fortalecimento

dos evangélicos da política brasileira, presença essa que vem gerando polêmica em

diversos segmentos da sociedade de nosso país.

DA ORALIDADE À MODERNIDADE. DESLOCAMENTOS E ADAPTAÇÕES

DE TERREIROS DE CANDOMBLÉ NO MEIO URBANO NA CIDADE DO RIO

DE JANEIRO

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Elza Oliveira.

Resumo

RELIGIÃO, POLÍTICA E ESPAÇO: A DIFUSÃO DA FÉ ATRAVÉS DO

MASS MEDIA E AS ONLINE COMMUNITIES

Jefferson Oliveira - NEPEC/PEAGERC ([email protected])

Resumo

A partir dos anos 80, a geografia vem apresentando a dimensão espacial da religião em

seus múltiplos caminhos de análise desde a perspectiva da geografia cultural e da

geografia da religião. As relações entre religião, política e espaço serão privilegiadas em

nosso estudo. Este artigo situa-se na temática de interação entre o mundo material e

simbólico, compreendido pelas categorias geográficas de análise como: (i) difusão

espacial, (ii) escala e (iii) tempo. A seguir, três exemplos empíricos serão incorporados

ao estudo: (a) Atos de renúncia; (b) Igreja Católica o Mass Media e as Online

Communities: Difusão da fé na hipermodernidade e; (c) A Midiatização da fé através do

Mass Media e as Online Communities: o exemplo da Comunidade Católica Canção

Nova.

Dia 09/04, sala 305 (Área II - Bloco D)

GT20: RELIGIÃO E DIVERSIDADE SEXUAL: PERSPECTIVAS

CONTEMPORÂNEAS

Coordenadores

Fátima Weiss de Jesus - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Marcelo Tavares Natividade - Universidade de São Paulo (USP)

Elias Evangelista Gomes - Universidade de São Paulo (USP)

SESSÃO 1: RELIGIÕES, REPRESENTAÇÕES E IMAGINÁRIOS

SEXUALIDADE, CORPO E GÊNERO: DESVIO, PERIGO E PECADO ENTRE

PENTECOSTAIS E PROTESTANTES HISTÓRICOS

Ana Keila Mosca Pinezi - Universidade Federal do ABC (UFABC)

Resumo

Tradicionalmente, a sexualidade representa para o cristianismo o lugar do perigo e do

pecado. No âmbito das religiões evangélicas, o protestantismo histórico, de maneira

geral, dicotomizou corpo e alma como uma maneira de manter o primeiro submetido ao

segundo a fim de evitar que os “desejos carnais” tivessem primazia na vida dos fiéis. Os

movimentos pentecostais também hierarquizaram essas duas dimensões humanas.

Similaridades e diferenças em tratar a sexualidade e rechaçar tudo o que parece ser

marginal e/ou desviante em desacordo com a criação divina no que se refere a gênero e

a sexo podem ser percebidos nos princípios e nas práticas dessas vertentes religiosas.

Este trabalho, portanto, objetiva discutir aspectos sobre corpo, sexualidade e gênero que

se mostram relevantes para uma análise comparativa sobre como tratam essas

dimensões protestantes históricos e pentecostais. A discussão tem como base a análise

de dados advindos de etnografia feita entre adeptos dessas duas vertentes religiosas.

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MAPEAMENTO DAS MINAS: REFLEXÕES SOBRE A SOCIALIZAÇÃO

CONTEMPORÂNEA E AS TENSÕES ACERCA DA DIVERSIDADE SEXUAL

E DA RELIGIÃO

Elias Evangelista Gomes - Universidade de São Paulo (USP)

Resumo

Muda-se de terreno, de sociedade, de tempo e os jovens continuam sendo alvos de

grande empenho por parte das instâncias formativas. Nas igrejas evangélicas brasileiras,

há uma série de ações e programações desenvolvidas para a juventude, sendo que a

sexualidade ocupa lugar central na evangelização. Na política brasileira de direitos

humanos, muitas igrejas evangélicas antigas (não-inclusivas) e seus agentes têm se

envolvido em batalhas contra as homossexualidades, assim, os púlpitos e os

parlamentos foram transformados em escolas de rejeição. Por isso, acredita-se que

algumas questões relacionadas aos processos contemporâneos de socialização são

relevantes para problematizar e caminhar alguns passos além da síntese: “evangélicos

são homofóbicos”. Se a instituição religiosa é contra a homossexualidade, o que, como,

quando e em qual situação ela fala sobre isso? Quais são as fontes de formação de

categorias de pensamento, julgamento e classificação desses jovens na temática

sexualidade? Como jovens evangélicos respondem às demandas de reconhecimentos

negativos e positivos a respeito de pessoas que vivenciam as homossexualidades? Quais

são as semelhanças, as dissonâncias e as tensões entre as percepções dos jovens e da

instituição religiosa? Através de reflexões oriundas de um estudo etnográfico e de

entrevistas realizadas com jovens rapazes evangélicos, é possível mapear algumas

tendências que envolvem adesão, pragmatismo e relativização.

ENTIDADES “HOMOSSEXUAIS” NA UMBANDA

Sulivan Charles Barros - Universidade Federal de Goiás (UFG)

Resumo

Caracterizados como possuidores de atitudes, hábitos e modalidades de comportamento

estabelecidas a partir do pertencimento a categorias sociais marginalizadas (bandidos,

delinqüentes, prostitutas, velhos escravos, crianças, estrangeiros, homossexuais, etc.) as

entidades “brasileiras” da umbanda, enquanto representações coletivas constituem

fatores sociais projetados e vividos pelos seus médiuns e fiéis religiosos. Na unidade de

construção destas figuras míticas e no entendimento de suas narrativas se superpõem as

diversidades indicadoras de sentimentos, aspirações e atitudes individuais de suas

experiências sociais, revelando o sentimento comum e individualizado que os

indivíduos possuem da sociedade. Este trabalho não visa um caráter conclusivo, mas

exploratório e instigante no sentido de levantar a existência de entidades espirituais que

se autodenominam homossexuais. A presença destas entidades foi identificada a partir

de enunciações e narrativas formuladas pelas próprias entidades em terreiros de

umbanda, postas nos seus próprios termos e proferidas pela boca de seus “cavalos”

(médiuns). Embora não exista na umbanda uma “linha” específica que possa abarcar

estas entidades (“homossexuais”), tornou-se possível identificá-las nas mais variadas

“linhas” da umbanda (tais como as de exus/pombagiras, cigano/as; malandros,

caboclos/as; boiadeiros, marinheiros, etc.)

EM NOME DA FÉ: REFLEXÕES SOBRE A (IN) TOLERÂNCIA DA

HOMOAFETIVIDADE NO CATOLICISMO ROMANO

Lidiany de Lima Cavalcante - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Simone Eneida Baçal de Oliveira - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Resumo

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O debate em torno do histórico conservadorismo Católico não é recente. Entre as

mutações sociais, a contemporaneidade demanda desafios e embates profundos sobre

temáticas desafiadoras. Elencada no cerne das expressões que abrangem as orientações

sexuais, a homoafetividade não é apenas um viés da sexualidade, mas uma condição

humana, que apesar da emergente visibilidade social e política no contexto brasileiro,

ainda é cerrada no mutismo das variadas faces da religião, entre elas o Catolicismo

Romano. A plausibilidade da temática conduz o estudo, que objetiva a refletir sobre a

(in) tolerância da sexualidade homoafetiva frente ao processo de construção e

aplicabilidade dos dogmas católicos. As ponderações mostram que apesar do visível

declínio daquela que já foi a matriz da fé no Brasil, o tradicionalismo perdura, direciona

e conduz aos “modelos” morais historicamente e culturalmente aceitos. Impulsionados

pelos determinismos religiosos, os dogmas refletem e asseveram tabus, principalmente

na seara da homoafetividade humana. Intolerância e discriminação são alvos de

discussões e reflexões contemporâneas sobre a inclusão ou não de sujeitos que foram

olvidados nas narrativas milenares religiosas. Apesar disso, os paradigmas persistem e a

negação da diversidade sexual impera na configuração da estrutura católica, o que

impede que a homoafetividade possa firmar-se como condição humana no interior da

religião. Tal ensejo deixa os sujeitos à deriva no mar da invisibilidade social e religiosa

em razão da sexualidade.

MAGIA SEXUAL E CRISTIANISMO PRIMITIVO: UM ESTUDO DE

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NO IMAGINÁRIO DO GNOSTICISMO

SAMAELIANO CONTEMPORÂNEO

Marcelo Leandro de Campos – Pontifícia Universidade Católica – (PUC/Campinas).

Resumo

A proposta de nosso trabalho é estudar processos culturais de apropriação de elementos

simbólicos e seu uso na construção de representações sociais que vão produzir variados

usos sociais e a constituição de novas formas institucionais e identitárias da

religiosidade moderna. Nosso objeto de estudo são apropriações de práticas sexuais

oriundas do tantrismo hindu para compor o corpo doutrinário de escolas esotéricas

européias, a partir do final do século XIX, e que vão influenciar, a partir dos anos 60, as

novas correntes espiritualistas do Movimento New Age e a Revolução Sexual, fazendo

com que as práticas tântricas se tornem um importante elemento cultural das novas

religiosidades sincréticas do ocidente. Para tal escolhemos, para estudo de caso, a obra

do esoterista colombiano Victor Manuel Gómez Rodriguez (1917-1977), mais

conhecido como Samael Aun Weor. Samael fundou em 1950 o Movimento Gnóstico

Cristão Universal, a partir de uma ruptura com a Fraternidade Rosacruz Antiga

(F.R.A.), do alemão Arnold Krum-Heller. Nossa análise contempla as representações

criadas a partir dos exercícios de ioga sexual, a forma como são relacionados com

rituais sexuais do cristianismo primitivo, definem a identidade dos modernos gnósticos

e legitimam uma série de práticas sociais que envolvem dinâmicas de exclusão/inclusão,

definição do papel dos gêneros e controle de natalidade. Nosso ferramental teórico:

conceitos de representação social e apropriação tal como formulados por Roger Chartier

e Sandra Pesavento; o esoterismo tal como definido por historiadores como Wouter

Hanegraaff e Willian Goodrick-Clark; e a reflexão sobre estratégias discursivas de

Kocku von Stuckrad e Hans Kippenberg.

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Dia 10/04, sala 210 (Área II - Bloco C)

GT20: RELIGIÃO E DIVERSIDADE SEXUAL: PERSPECTIVAS

CONTEMPORÂNEAS (continuação)

SESSÃO 2: SUJEITOS, EXPERIÊNCIAS E SEXUALIDADES

TRAJETÓRIA E VIVÊNCIA RELIGIOSA NA ICM-SP

Fátima Weiss de Jesus – Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Resumo

Neste trabalho procuro refletir sobre a relação entre vivências religiosas e trajetórias

homossexuais dos/as entrevistados/as, frequentadores da ICM-SP. As questões

principais são resultado dos diálogos e observações em campo, especialmente os

encontros, cultos e retiros frequentados por este grupo de entrevistados/as membrxs da

ICM-SP durante e pesquisa de doutorado. Através da análise de material etnográfico,

compreende-se como sexualidade e religiosidade são dois campos extremamente

interligados na vida dos/as entrevistados/as e que, por isto, a “descoberta” e ingresso na

ICM-SP reveste-se de grande importância tanto para a vivência da homossexualidade

quanto para um encontro com um lugar no mundo marcado pela adesão religiosa.

IGREJA RENOVADA INCLUSIVA PARA A SALVAÇÃO (I.R.I.S.) EM

GOIÂNIA: INTERPRETAÇÃO BÍBLICA, FÉ E ASSISTENCIALISMO

Flávia Valéria C. Braga Melo – UEG/UnU/FANAP e Colégio Prevest.

Guilherme Teixeira de Melo Santana – Faculdade Nossa Senhora Aparecida (FANAP)

Resumo

Este texto pretende relatar sobre os fiéis de uma igreja inclusiva que é vanguarda no

munícipio de Goiânia, intitulada Igreja Renovada Inclusiva para a Salvação (Igreja

IRIS) e descrever alguns relatos de seus membros sobre suas experiências como fiéis

noutras igrejas, suas motivações para que ocorresse o trânsito religioso, e ainda,

apresentar a interpretação que estas pessoas fazem da bíblia cristã, sustentada na

perspectiva da teologia inclusiva. Objetiva-se abordar a atuação social desta igreja que,

instituída como Organização não Governamental, apresenta-se à sociedade como uma

entidade de utilidade pública. O texto tratará também da apresentação de histórias de

vida de algumas dessas pessoas a fim de compreender a fé, bem como a necessidade de

se organizarem enquanto igreja para praticarem seus ritos religiosos. Ainda, será

apresentada uma breve pesquisa sobre o perfil geral de seus membros como idade,

escolaridade, orientação sexual, etc. a fim de contribuir para outros e novos estudos,

buscando o vislumbramento da identidade de igrejas inclusivas.

AS IGREJAS INCLUSIVAS NO BRASIL: UM ESTUDO SOBRE O CENÁRIO

SÓCIO HISTÓRICO DAS DIFERENTES CONGREGAÇÕES

Raquel Moreira de Souza – Universidade de Brasília (UnB)

Resumo

No Brasil, desde a década de 1990 vêm se ampliando cada vez mais o número de

comunidades e igrejas que se autodenominam Inclusivas: instituições religiosas que não

apenas passaram a aceitar a presença de fieis homossexuais, mas a difundir uma

teologia que compatibiliza a fé cristã com as identidades não heterossexuais. Sendo sua

maioria de vertente evangélica-protestante, essas congregações propõe a inclusão de

todos aqueles que historicamente foram excluídos das “igrejas tradicionais” (Retamero,

2010), ainda que direcionadas as ditas “minorias sexuais”. No entanto, apesar dessas

comunidades cristãs compartilharem a mesma denominação (Inclusivas), elas não

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compõem um segmento consensual e análogo. Estudos sobre esse fenômeno, no cenário

religioso brasileiro, revelam o quanto o contexto de insurgência e propagação das

Igrejas Inclusivas é marcado por um caráter heterogêneo e complexo. A diversidade de

iniciativas e protagonismos nele imbricados, que se atrelaram a um conjunto de

acontecimentos sócio-políticos locais e internacionais, desencadeou a emergência de

instituições diferenciadas. Levando em consideração essa conjuntura dinâmica e

diversa, o objetivo deste trabalho é apresentar o cenário sócio histórico das diferentes

congregações que existem no Brasil, a partir do mapeamento sociológico realizado

desde o segundo semestre de 2013. Mais especificamente, apresentar o levantamento do

quantitativo nacional, regional e estadual de Igrejas Inclusivas existentes no território

brasileiro, bem como informações sobre os períodos de surgimento, o quantitativo de

fieis, as diferentes filiações, denominações, e alianças congregacionais. Em especial,

trazer as diferentes conceituações do termo “Igrejas Inclusivas” apresentadas por essas

instituições a partir da aplicação de questionários.

RELIGIOSIDADES QUEER E XS SUJEITXS MARGINALIZADAS

Vitor de Amorin Gomes Rocho – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Resumo

O poder falar, o poder ousar e quem sabe o poder queerificar as religiosidades seja algo

condenável, criticado e velado pelo fundamentalismo religioso. O presente trabalho

analisará como o processo de ressignificação religiosa é evidenciado em um grupo de

jovens não heterossexuais que tiveram/têm contato com diversas religiosidades, fazendo

uma conexão com diálogos presenciados em conversas e festas realizadas na casa de

umx dxs integrantes do grupo. A partir desse contexto, o processo de análise do estudo

será realizado através do convívio e dos diálogos de outrora, muitos acontecimentos que

serão analisados foram presenciados sem a mínima pretensão analítica ou mesmo

acadêmica. Portanto, os relatos etnográficos fazem parte de convívios pessoais dx

autorx do estudo com as demais integrantes, partindo de uma reflexão teórica sobre

afetação em campo e relatos das experiências vividas e experimentadas. No mais, será

adotada uma “visão” Queer dos acontecimentos presenciados e das narrativas religiosas,

com o intuito de conseguir compreender e expressar as transitoriedades dxs sujeitxs da

pesquisa em uma sociedade machista, racista, classista e homotransfóbica. Tenta-se

compreender como esses corpos assignados socialmente pelo erro, pela ousadia, pelo

contraditório e pela desumanificação percorrem a religião, constroem um trânsito queer

dentro dela e por meio da transitoriedade é que elxs resistem e nela que o enfrentamento

acontece.

RELIGIOSIDADE E PROSTITUIÇÃO: UM DIÁLOGO COM AS

PROSTITUTAS DO GEMPAC SOBRE SUAS PRÁTICAS RELIGIOSAS

Alinie Mayra Rodrigues da Silva - Universidade do Estado do Pará (UEPA)

([email protected])

Julia Gabriela Leão Monteiro Silva - Universidade do Estado do Pará (UEPA)

([email protected])

Resumo

O presente artigo pretende discutir alguns aspectos do polêmico mundo da prostituição

apresentando uma pequena conjuntura histórica, fazendo um recorte no campo da

sexualidade e das praticas religiosas. Tendo como campo de pesquisa duas profissionais

do sexo que são integrantes do GEMPAC (Grupo de Mulheres Prostituas do Estado do

Pará), explicando como se estabelece a relação entre as suas práticas religiosas e as

instituições. Apresentando suas convergências e principais divergências.

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Dia 09/04, sala 306 (Área II - Bloco D)

GT21: HERMENÊUTICA, HISTÓRIA E DISCURSOS: ENTRETELAS,

INTERVENÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAIS

Coordenadores/as

Dra. Ivoni Richter Reimer - PUC Goiás ([email protected] )

Dr. Haroldo Reimer - PUC Goiás/UEG ([email protected] )

Dr. André Luiz Caes - UEG Morrinhos ([email protected] )

MESA 1: 09/04 – 14:00h-16:00h

RESISTÊNCIA POPULAR E CELEBRAÇÃO RELIGIOSA: A FESTA DE SAN

PEDRO EM ACTEAL

Doutorando: Júlio da Silveira Moreira -UFG

Resumo

Este trabalho trata das intersecções entre celebração religiosa, cultura popular e

memória histórica em contextos de resistência e luta contra a opressão. Para abordar

esses temas, faço um relato de minha experiência na comunidade indígena de Acteal, no

Estado mexicano de Chiapas, na semana correspondente à Festa de São Pedro,

padroeiro da comunidade. Em 1997, o povo de Acteal sofreu um dos massacres mais

horrendos da história do México. Em 22 de dezembro, a comunidade estava em vigília

em razão do terror de Estado que tinha se alastrado após o início do levante do Exército

Zapatista de Libertação Nacional, em 1º de janeiro de 1994. Paramilitares invadiram a

Igreja e assassinaram 45 pessoas. As marcas do massacre são evidentes e inapagáveis. O

mais surpreendente, porém, é que a comunidade não se desorganizou. A sede do

massacre se tornou território sagrado, em que a memória da violência permanece como

resistência à opressão. Todo dia 22 de cada mês, há uma celebração. E no final de

junho, os moradores fazem sua festa religiosa que dura 3 dias, em que rituais indígenas

e cristãos se misturam formando uma síntese autêntica, que não é nem uma coisa nem

outra. Conforme as ideias de Benjamin, a memória histórica ali se revela não como a

barbárie da civilização, mas como a tradição dos oprimidos. O trabalho é apresentado

com recursos audiovisuais, com músicas, poemas, fotografias e vídeos.

A INTUIÇÃO RELIGIOSA DO “CAPITALISMO COMO RELIGIÃO” EM

DOSTOIEVSKI: O ESPETÁCULO DO PALÁCIO DE CRISTAL.

Dr. Jimmy Sudário Cabral – UFJF ([email protected] )

Resumo

Foi Fiódor Dostoiéski o primeiro autor moderno a considerar a organização política e

simbólica da civilização Ocidental como um “Palácio de Cristal”, registrado em suas

Notas de inverno sobre impressão de verão, fruto de seu diário de viagem à Europa,

onde registrou as impressões de sua visita à exposição mundial de Londres, em 1862.

Nele encontramos a tradução de uma sensibilidade religiosa que enxergou por trás do

esplendor externo, um edifício monstruoso, uma estrutura devoradora de seres humanos

que se organizou em função da adoração de um Baal moderno. Em nossa comunicação,

procuraremos explorar as « sugestões religiosas » de Dostoiévski, – que anteciparam as

« alusões espirituais » de W. Benjamim – compreendendo-as como uma espécie de

estrutura teológica que organizou as imagens e as interpretações de sua narrativa

literária

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“DESCEU, NÃO – FOI EXPULSO!” – ESBOÇO DE PESQUISA SOBRE A

SUBSTITUIÇÃO DO MITO FUNDANTE DA ORIGEM DO DIABO E DE SUA

RESPECTIVA BASE ‘ESCRITURÍSTICA’ NA TRADIÇÃO CRISTÔ

Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro - Faculdade Unida de Vitória

([email protected] )

Resumo

A partir do século V e por direta influência persa, os judaítas deixaram de

instrumentalizar sócio-teologicamente o mito de um deus (ao mesmo tempo) bom e mau

e admitiram a ideia (persa) de um deus unicamente bom. Uma vez que se encaminhava

essa tradição religiosa para a monolatria, instalou-se a necessidade de explicar-se, então,

de onde viera o mal. Com base em Gênesis 6,1-4, compôs-se uma narrativa mítica

fundante para explicar a questão do mal no mundo pela presença, nele, dos mensageiros

divinos que, encantados com as mulheres que o deus criara, teriam descido dos céus em

busca de relações sexuais, ação castigada, no mito, com o impedimento do seu retorno e

sua conseqüente permanência entre os homens, que passaram a oprimir. Essa tradição é

mantida até o Novo Testamento, explicitada, por exemplo, em Judas. Em 2 Pd 2,

todavia, há evidência de uma possível tentativa de erasio memoriae dessa versão do

mito. É possível que a substituição do mito e, mais tarde, o estabelecimento de uma

nova base escriturística para o mal (Ezequiel 28) tenham decorrido dos efeitos

teológico-litúrgicos da doutrina nas primeiras comunidades cristãs (gregas?) que, em

decorrência de hermenêuticas, conceitos e práticas consideradas desviantes pela

ortodoxia incipiente, foram expurgadas da corrente cristã tradicional, talvez já no final

do primeiro século. Há que: a) confirmar-se a hipótese de trabalho e b) descobrir qual

teria sido o primeiro caso de citação de Ezequiel 28 como referência à origem de

“Satanás”.

A SECULARIZAÇÃO E A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA NO TEMPO ATUAL:

REFLEXÕES SOBRE O INTEMPORAL EMBATE ENTRE O SAGRADO E O

PROFANO

Dr. André Luiz Caes - UnU Morrinhos ([email protected] )

Resumo

Já nas décadas finais do século XX os estudiosos do fenômeno religioso procuravam

aplacar a perplexidade que atingiu o campo de pesquisa das Ciências da Religião devido

à falência da teoria da secularização. Em meio às explicações, justificativas e novas

teorias falou-se sobre dessecularização, reencantamento, revanche do sagrado, entre

outras perspectivas que valorizavam o boom religioso tanto quanto se havia valorizado a

previsão de seu recolhimento à esfera privada. O bom senso tem prevalecido nas

reflexões mais recentes pelo fato de se haver compreendido que a história é bastante

mais complexa do que as previsões (exemplos interessantes são a experiência russa das

propostas de Marx e as previsões escatológicas nas religiões) e que é muito provável

que a secularização tenha sido ela mesma o estopim para outro riquíssimo – em termos

de possibilidade de reflexão sobre o ser humano e a cultura – confronto entre as

concepções de sagrado e profano que permeiam todas as sociedades. Nesta

comunicação apresentamos algumas reflexões sobre os autores que escreveram sobre o

tema e procuramos alinhavar suas propostas de compreensão desse fenômeno.

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MESA 2: 09/04 – 16:15h-18:15h

A HERMENÊUTICA DE PAUL RICOEUR DA BUSCA DA COMPREENSÃO

DO HOMEM

Ms. Hubert Milanês Pessoa ([email protected] )

Resumo

A preocupação pelo estudo hermenêutico, a sua importância e o seu desenvolvimento

frente à pesquisa filosófica foi um dos grandes desafios encontrados pelo filósofo

francês Paul Ricoeur ao longo de sua vida, objetivando uma compreensão coerente sob

o estudo da constituição e da existência do sujeito em determinado período da história,

através da sua linguagem, da sua forma de pensar, das relações consigo mesmo e com

os outros homens. Nesta perspectiva, haveria a necessidade de se levar em consideração

o que os textos produzidos em determinada época teriam a transmitir. Objetiva e reitera

Ricoeur a insistência por uma hermenêutica interpretativa coesa, visando à procura e o

entendimento ontológico do sujeito nos processos de formação da própria linguagem e o

que de fato estas investigações representam para o homem diante de si e dos outros

entes no seu mundo. Na sua hermenêutica do “existo”, Ricoeur direciona o seu olhar

para o sujeito que se apresenta por meio da sua linguagem a si mesmo, afinal, questões

são produzidas por ele por meio da fala ou do discurso. É a sua existência que se realiza

no tempo com as suas ações e intenções específicas, afinal, é ele, que ao poder decidir

questionar e levantar questões e ser também perguntado sob o questionado, se formará e

constituirá a possibilidade que a sua liberdade de existência o permite ter. Estrutura esta

de liberdade no sentido de que ele se coloca no mundo diante do outro ou de alguma

coisa, sejam elas moralmente aceitáveis ou não.

VIOLÊNCIA E ESPERANÇA NO MOVIMENTO DE JESUS

Doutorando: José Carlos de Lima Costa - PUC Goiás, bolsista CAPES; Faculdade

Teológica Batista Equatorial ([email protected] )

Resumo

Há uma inegável relação entre religião e violência. As várias religiões de que se tem

notícia, em um momento ou outro de sua história, ou foram vítimas e/ou exerceram

violência. O presente artigo pretende analisar a presença da violência no movimento de

Jesus e que alternativas Jesus e seus primeiros seguidores propuseram ao contexto de

violência no qual viveram. A hipótese defendida aqui é que Jesus propôs a resistência

pacífica como antítese à violência praticada em sua época. Para tal, pretende-se

primeiramente entender o que é violência; em seguida compreender a relação entre

religião e violência; para, então, abordar a presença da violência no contexto do

movimento de Jesus e como ele e seus primeiros seguidores reagiram a esta violência.

A CONSTRUÇÃO DO DIVINO CÉSAR

Mestrando: Danilo Dourado Guerra - PUC Goiás ([email protected] )

Resumo

Podemos compreender o Império dos Césares no século I como um espaço teatral

movido por relações de poder estruturadas tanto pelo víeis politico quanto religioso.

Nesse cenário de espetáculos em busca de honra, memória e poder, são instituídos jogos

de interesses individuais e coletivos forjados no argumento do sagrado. Essa

investigação, a partir de dados bibliográficos, tem como objetivo observar os

mecanismos utilizados para a elevação do Imperador á figura de divus e a repercussão

dessa realidade dentro da comunidade joanina no primeiro século. Nos palcos onde se

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davam discursos performáticos e intencionalidades, construía-se a imagem divina de um

ser humano e legitimavam-se relações de dominação. Nessa esfera, onde a hermenêutica

do mito e a utilização do sistema simbólico religioso são fundamentais para a

configuração do herói divino, cerimônias como a funus imperatorum e a consecratio

traduzem na divinização de um homem morto a continuidade do poder dos vivos.

A IDEIA DA DIVINDADE DE HAILÉ SELASSIÉ I NO MOVIMENTO

RASTAFÁRI

Dr. Danilo Rabelo - CEPAE-UFG.

Resumo

Por suas inúmeras facções e grupos, o rastafarismo não é um movimento cultural e

religioso unificado, possuindo pequenas variações em suas crenças e seus rituais.

Entretanto, uma crença principal os une e os define. Tal crença é a ideia da divindade do

imperador etíope Hailé Selassié I (1892-1975). Como uma reencarnação de Jesus Cristo

o imperador Selassié é considerado um novo redentor para os fiéis rastafáris. Aliás, o

nome do movimento deriva do nome de Selassié antes de sua coroação, Ras (Duque)

Tafari. Essa comunicação discute como os rastafáris buscam argumentos bíblicos e

míticos para justificar essa divinização do falecido imperador. Do mesmo modo, são

discutidos os efeitos que essa divinização produz no interior do movimento e as reações

da sociedade jamaicana a ela.

Dia 10/04, sala 305 (Área II - Bloco C)

GT21: HERMENÊUTICA, HISTÓRIA E DISCURSOS: ENTRETELAS,

INTERVENÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAIS (continuação)

MESA 3: 10/04 – 14:00h-16:00h

MULHER NA RELIGIÃO CRISTÃ E NA SOCIEDADE Mestranda Erika R.S.Fidelis – (PUC Goiás) [email protected]

Resumo A comunicação é um recorte da pesquisa de mestrado, que tem como objetivo estudar a

mulher a partir de textos bíblicos. Desde a criação do mundo, a mulher é vista como um

ser secundário, inferior e submisso. O sexo feminino durante todo o tempo teve

limitações principalmente comportamentais. A Igreja Cristã foi de fundamental

importância para que a mulher fosse cada vez mais vista como submissa, inferior e

silenciada. Dessa forma, as desigualdades de gênero foram sendo produzidas,

consolidadas pelas relações sociais, políticas, econômicas e estabelecidas juridicamente,

nas legislações das sociedades civilizadas. Portanto, era possível inferiorizar, explorar e

até mesmo matar a mulher com amparo na lei, sem que houvesse punição legal para o

ato. Pretendemos inquirir pela violência de gênero e investigar como a religião cristã

contribuiu para a legitimação da mesma, influenciando na formação da sociedade e suas

leis.

IMAGINÁRIOS E DISCURSOS: RELAÇÕES DE PODER E O LUGAR DA

MULHER NA ESFERA RELIGIOSA

Doutoranda: Carla Naoum Coelho - PUC Goiás ([email protected] )

Resumo

Imaginários e discursos são partes integrantes da linguagem. São elementos usados para

tentar explicar uma identidade e para dar significação ao sujeito – como ser visto,

entendido e percebido – dentro de uma sociedade. São também elementos permeados

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por relações de poder, já que as afirmações e as contradições do ser social se expressam

e se reproduzem em grande medida através de imaginários e discursos. Trata-se,

portanto, de um nicho de abordagem que deve ser considerado quando pensamos no

desenvolvimento das relações entre homens e mulheres e, principalmente, no lugar

conferido à mulher na esfera religiosa.

DISCURSO E DISPUTA DE MEMÓRIA

Doutorando: Lindsay Borges – UFG ([email protected] )

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo comparar os discursos de dois grupos que se

manifestaram durante as comemorações do centenário de nascimento de Dom Fernando

Gomes dos Santos, primeiro arcebispo de Goiânia, em 2010, observando como na

ocasião se configurou uma disputa de memória entre dois modelos de Igreja. A partir

dos distintos cartazes elaborados pelos grupos e dos discursos proferidos durante as

cerimônias, tomando a língua como expressão das relações e lutas sociais, verificaremos

o acionamento da função política da memória operada por um processo de seleção que

visava reatualizar essa memória, concedendo outro sentido ao presente. Enquanto um

grupo desejava perpetuar o que denominava como “memória viva” do prelado, o outro

visava reenquadrá-la em novos moldes.

JESUS E AS MULHERES EM MARCOS: MEMÓRIA E PARADIGMA DE

RELAÇÃO DE GÊNERO

Doutoranda: Carolina Bezerra de Souza - PUC Goiás ([email protected] )

Resumo

Para Ricouer, uma narrativa é um ato de compreensão da vida, a síntese de uma

experiência temporal a partir da tessitura da intriga em um ato configuracional. O que é

comunicado em um texto, além da sua significação interna, é o mundo que se projeta e o

horizonte que se constitui. Seu método hermenêutico traz um movimento dialético entre

a interpretação e a ação, percebendo paradigmas traditivos e inovações e se apropriando

do texto. Assim, encontram-se o mundo do texto e o mundo do leitor, que o recebe e,

compreendendo a si a partir dele, pode mudar seu agir e seu mundo. As narrativas dos

Evangelhos, por serem consideradas sagradas, constituem a identidade da comunidade

que as contam e enraízam o discurso teológico. Seus códigos narrativos funcionam

como impulsão ou constrangimentos paradigmáticos apontando para o Reinado de

Deus. Dentro disso, os personagens são elementos narrativos fundamentais como

agentes por meio dos quais as ações da intriga são constituídas. Propõem-se, sobre esses

conceitos, observar os personagens Jesus e mulheres nas cenas em que interagem no

Evangelho de Marcos, a partir de uma perspectiva de gênero. Procurando, assim,

entender que tipo de paradigma de relação de gênero é constituído a partir desses atores

e como isso pode se refletir nas relações de gênero hoje.

SANTA PRAXEDE: ESPIRITUALIDADE E HISTÓRIA DE UMA JOVEM

SANTA

Dra. Ivoni Richter Reimer - PUC Goiás/ CNPq

Resumo

Adentrar histórias e visualidades que remetem a uma santa é desafiador, também porque

a pesquisadora é protestante. Santa Praxede era mais uma entre tantas desconhecidas

para mim e a maioria... Ela fez história, e a história a fez. De acordo com as fontes, ela

viveu no século I, em Roma, em família nobre. Conversão, diaconia, perseguição e

martírio marcaram seus poucos anos de vida. A Basílica di Santa Praxede, em Roma,

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preserva fragmentos da mesma em forma de arquitetura, imagens e inscrições,

(re)construídos por vários séculos e mantidos até hoje. Interpretação e decodificação

permitem mesclar e assimilar experiências de fé e política no passado e no presente,

expressão ímpar de processos assimilatório-pedagógicos capazes de ‘fazer crer’,

intervindo poderosamente como meio de comunicação, mobilização e testemunho.

Intimidade e espetáculo estão presentes em cada cena, que funciona estética e

eticamente como ‘modelo de ação’.

MESA 4: 10/04 – 16:15h-18:15h

METÁFORA E RELIGIÃO EM NOSSO “MITO DE ORIGEM”

Doutorando: Carlos Alberto Tolovi - PUC São Paulo ([email protected] )

Resumo

Falar de uma determinada tradição religiosa, nos limites de uma determinada cultura, é

sempre um grande desafio. Contudo, entendemos que só é possível compreender a

cosmovisão de um grupo social específico compreendendo o simbolismo e a linguagem

a partir da qual emerge o universo de sentido que estrutura a relação intersubjetiva. É

neste contexto que iremos abordar a relação entre Mito, Metáfora e Religião a partir da

narrativa bíblica referente à criação, descrita nos três primeiros capítulos do Gênesis.

Uma proposta que nos provoca e nos abre a possibilidade de um exercício racional em

busca da compreensão que extrapola os limites da explicação. Neste trabalho o nosso

objetivo é analisar a relação entre metáfora, mito e religião apontando para a

impossibilidade de separarmos completamente as três dimensões de forma clara e

distinta. Isso porque, há muito de mito na religião e muito de religião no mito. E não há

mito e religião sem a linguagem metafórica. O que, por sua vez, destaca a necessidade

de uma hermenêutica cuidadosa, levando-se em conta o contexto cultural em que a

narrativa foi construída, com intuito de compreender a aceitação coletiva que deu e

continua dando vida e sustentação ao mito e a religião. Contudo, a grande questão

provocadora consiste na hipótese de que a metáfora faz parte da estrutura do mito e da

religião e possibilita a atualização das narrativas por meio de uma linguagem simbólica

que leva em conta os desejos e as necessidades da coletividade.

RITUAIS NA INTIMIDADE

Dr. João Lupi – UFSC ([email protected] )

Resumo

Os rituais das diversas formas religiosas contemporâneas comunicam experiências

muito diversas, situando-se entre a intimidade e o espetáculo. O rito pode ser entendido

como atualização simbólica do evento mítico, mas também como espetáculo litúrgico

(modelo de ação). Nas novas tendências religiosas contemporâneas verificam-se rituais

de atitudes opostas, refletindo por sua vez oposição de doutrinas. Há os rituais

individuais, como a oração, e meditação, com uso de símbolos selecionados livremente,

e há rituais de pequenos grupos, mais organizados: ambos se contrapõem aos grandes

rituais espetaculares. Analisando alguns casos e exemplos - Seicho-no-iê, Fé Baha’i,

Bruxaria, relação com os Anjos, Johrei - verificamos que a atitude intimista pode ser

entendida como uma reação contra os rituais espetaculares e televisivos. Procurando

decodificar o intimismo da Nova Era encontramos a percepção do Deus interior, a

contestação do formalismo e do clero institucional, e concepções cosmológicas de

simpatia universal.

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O CALVINISMO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO ENTRE A IDEIA DE

BRASILIDADE E O DISCURSO NEOPENTECOSTAL

Doutorando: André Augusto Bousfield - EST/Bolsista da CAPES

([email protected] )

Resumo

Esta proposta de comunicação lida com três discursos que se encontram na História do

Brasil, e que tendo esse mesmo pano de fundo, relacionam-se, chocam-se, rejeita-se,

influenciam-se, e de certo modo fundem-se no turbilhão religioso brasileiro. Trata-se do

Calvinismo num foco mais presbiteriano, da ideia de brasilidade enquanto conceito

construído, e do movimento neopentecostal brasileiro. O que será exposto, em termos

de recorte, será uma percepção histórica e hermenêutica na relação entre o

presbiterianismo (e seu discurso calvinista) e Brasil (em suas brasilidades), onde

ocorreram tensões muito tênues, e de difícil percepção onde se manifestam em formas

de cultura, postura relacional, doutrina e religião. Por isso, a necessidade de se

problematizar o conceito de brasilidade. Dessa problematização, recortaremos os

seguintes eventos: a “simpatia” sociológica de Jean de Léry aos Tupinambás no século

XVI; a cisão entre IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil) e IPI (Igreja Presbiteriana

Independente com o seu discurso de emancipação institucional e cultural em relação aos

EUA ) em 1903; e a postura da IPB frente a neopentecostalização sobretudo pela

postura à IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) no que tange a sua abertura

sincrética à religiosidade popular brasileira, já no século XX e XXI.

O APÓSTOLO DOS GENTIOS: UMA ABORDAGEM CONDIZENTE COM O

TEMPO E O CAMINHO

Doutorando: Josias Maciel- EST/IFMA, bolsista Proqualis (IFMA)

([email protected])

Resumo

Como em Atenas, Paulo desempenhava um duplo ministério em Corinto – aos

judeus e aos gentios. Mas, embora em Atenas eles fossem simultâneos – ele

ensinava na sinagoga aos sábados e falava com as pessoas na área do mercado

durante a semana – em Corinto uma atividade seguia-se à outra. Paulo ensinou na

sinagoga até ser expulso de lá, depois ministrou particularmente aos gentios na

casa de um gentio que participava da adoração na sinagoga. Na maioria dos casos

de perseguição descritos em Atos, a oposição vinha dos judeus e estava

relacionada com a religião. Houve duas exceções, em Filipos e em Éfeso. Nestas

duas ocasiões, a oposição foi instigada pelos gentios por razões financeiras.

Entretanto, vemos nos relatos apresentado por Lucas a preocupação de Paulo em

apresentar algo que ele achava de suma importância: O Caminho. Desde este

episódio um longo período de tempo se passou e a questão do tempo está na

encruzilhada do problema da existência e do conhecimento. Por um lado o tempo é

a dimensão fundamental da nossa existência e por outro deter o conhecimento era

assunto tão importante para Paulo que em meio aos castigos impostos – açoites

com varas ou chicotes – suportou, não negou que conhecia O Caminho. Este

trabalho se destaca diante dos recentes acontecimentos em nossa nação e a

indagação permanece: Qual é o Caminho?

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RESISTÊNCIA POPULAR E RELIGIOSIDADE: A FESTA DE SAN PEDRO

EM ACTEAL

Doutorando: Júlio da Silveira Moreira – UFG ([email protected])

Resumo

Este trabalho trata das intersecções entre celebração religiosa, cultura popular e

memória histórica em contextos de resistência e luta contra a opressão. Para abordar

esses temas, são feitos relatos de experiências na comunidade indígena de Acteal, no

Estado mexicano de Chiapas, na semana correspondente à Festa de São Pedro,

padroeiro da comunidade. Em 1997, o povo de Acteal sofreu um dos massacres mais

horrendos da história do México. Em 22 de dezembro, a comunidade estava em vigília

em razão do terror de Estado que tinha se instalado após o levante do Exército Zapatista

de Libertação Nacional, em 1º de janeiro de 1994. Paramilitares invadiram a Igreja e

assassinaram 45 pessoas. As marcas do massacre são evidentes e inapagáveis. O mais

surpreendente, porém, é que a comunidade não se desorganizou. O lugar do massacre se

tornou “Terra Sagrada dos Mártires de Acteal”, em que a memória da violência

permanece como resistência à opressão. Todo dia 22 de cada mês, há uma celebração.

E, no final de junho, os moradores fazem uma festa religiosa que dura 3 dias, em que

rituais indígenas e cristãos se misturam, formando uma síntese autêntica. As

vestimentas, as várias expressões musicais e o idioma são signos linguísticos que

marcam diferentes posições e regras sociais, e expressam a tradição como resistência à

dominação. Em diálogo com o pensamento de Benjamin, percebemos que, em oposição

ao discurso apologético da história dos vencedores, ali a memória se revela como

expressão da tradição dos oprimidos. O trabalho é apresentado com recursos

audiovisuais, com músicas, poemas, fotografias e vídeos.

Dia 09/04, sala 307 (Área II - Bloco D)

GT22: EXPRESSÕES RELIGIOSAS E RITOS FUNERÁRIOS Coordenadores Jonatas Silva Meneses (UFS) [email protected] Enedina Maria Soares Souto (UNIT) [email protected] José Romulo de Magalhaes Filho (UNIJORGE) [email protected]

OS PROTESTANTES BRASILEIROS E SEUS RITOS FÚNEBRES – ENTRE O

ESPETÁCULO E A INTIMIDADE.

Dr. Leonildo Silveira Campos – UMESP ([email protected] )

Resumo

Os rituais fúnebres dos protestantes tradicionais brasileiros são teológica e

filosoficamente baseados na maneira norte-americana e européia de tratar a questão da

morte, do morrer e dos cadáveres. São rituais diferentes dos realizados por católicos,

que pressupõem a intercessão pelos mortos, a existência do purgatório, a realização de

missas em intenção das almas, que teoricamente estão a caminho do paraíso. Já os

rituais dos protestantes são momentos de agradecimento a Deus pela vida do falecido.

Porém, mais do que isso, são um espetáculo voltado para o proselitismo e apelo por

novas conversões. É um espetáculo com muita música, orações pelos enlutados, e

recitação de textos das Escrituras Sagradas. Essas partes litúrgicas falam da morte, da

ressurreição e da vida que continua após a morte. Daí a importância do apelo pela

conversão dos vivos, pois, após a morte não há mais oportunidade para mudar o destino

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fixado na hora da morte. O ritual é dirigido por um pastor ou por um leigo autorizado,

que seguem uma estrutura oficializada. Porém, o processo de secularização está

mudando as maneiras de se praticar os rituais fúnebres entre eles. Muitas famílias

protestantes nos dias de hoje preferem no lugar do espetáculo uma cerimônia familiar. A

morte deixa assim de ser um espetáculo público para se tornar uma cerimônia

“escondida”. A própria direção dos rituais é entregue a especialistas encarregados de

dinamizar o ritual e de objetivar na fala o sentimento oculto de todos. Há pouca

resistência à cremação e raramente se visitam os cemitérios. Porém, quase sempre

escrevem-se necrológios nos jornais oficiais.

DESCANSO ETERNO, DAI-NOS SENHOR: RITOS DE MORTE E DISCURSOS

ENTRE OS CRISTÃOS CATÓLICOS ROMANOS E PROTESTANTES.

Ms. Enedina Maria Soares Souto - Universidade Tiradentes

([email protected])

Dr. José Rômulo de Magalhães Filho - Centro Universitário Jorge Amado

([email protected] )

Resumo

O presente artigo procura discutir as concepções de morte entre católicos e protestantes,

por ocasião dos discursos fúnebres e das próprias práticas funerárias. Entender,

principalmente, o papel da religião como definidora de visão de mundo encerrada nas

atitudes rituais. Após observações dos ritos de morte e dos discursos proferidos destes

dois grupos religiosos, identifica-se a preocupação com os fiéis que participam das

cerimônias, onde há semelhança de rito, mas divergência de foco no discurso.

CATOLICISMO POPULAR E DEVOÇÃO CEMITERIAL: UMA ANALISE

SOBRE A MENINA MARLENE NO CEMITÉRIO DO BONFIM, EM BELO

HORIZONTE MG.

Mestranda: Ilza Mara Lima – -Bolsita:Capes ([email protected])

Resumo

Esta comunicação tem por objetivo apresentar o projeto de mestrado aceito no programa

de Ciências da Religião da PUC Minas, a pesquisa ainda se encontra em fase inicial

com as entrevistas e a coleta de dados, a proposta apresentada é estabeleceruma relação

entre as devoções cemiteriais e o catolicismo popular, como essas relações se perpetuam

no cemitério do Bonfim em Belo Horizonte, diante do Túmulo da Menina Marlene, uma

pequena milagreira a quem os devotos atribuem várias graças e milagres, as causas de

sua morte, ainda desconhecida por muitos devotos e as histórias que envolveme

propagam a fé nessa pequena milagreira, falecida nos anos 60.

Dia 10/04, sala 403 (Área II - Bloco D)

GT22: EXPRESSÕES RELIGIOSAS E RITOS FUNERÁRIOS

(CONTINUAÇÃO)

MORTE E CAPACIDADE SIMBÓLICA DA ESPÉCIE HUMANA: VESTÍGIOS

DE EVOLUÇÃO À LUZ DO THREE STAGE OF TRANCE MODEL

Doutoranda: Clarissa De Franco - PUC/SP ([email protected])

Resumo

A partir da compreensão de alguns autores como Gambini, que afirma que “o contato

com a morte foi fundante para o nascimento da consciência” (2005, p. 139) e das ideias

de autores que postulam a teoria dos Três Estágios do Transe (TST – Three stage of

trance model), a qual acredita que os padrões mentais dos povos do Paleolítico Superior

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

e Neolítico, expressos através de pinturas em rochas e cavernas, indicam possibilidades

da consciência humana e não meras representações de seu cotidiano, este artigo

apresenta a hipótese de que a morte e suas elaborações (rituais, simbolismos,

representações) forneceriam indícios para a compreensão evolutiva de nossa espécie.

DO SALACÓ AO AXEXÊ: NOTAS ETNOGRÁFICAS DE INCURSÕES NAS

FASES DO RITUAL FUNERÁRIO NO CANDOMBLÉ

Ms. Enedina Maria Soares Souto – UNIT ([email protected])

Resumo

O presente artigo propõe dar continuidade a pesquisa anterior a partir de algumas

incursões etnográficas das cerimônias do Candomblé e em especial os ritos funerários

do salacó e do axexê, etapas do ritos fúnebres. A pesquisa parte do processo de

observação das cerimônias cotidianas no terreiro Ilê Axé Dematá Ni Saara, das

entrevistas com o babalorixá; da participação em um cortejo fúnebre no cemitério e da

preparação do axexê. Neste sentido, procura refletir sobre a rica simbologia dos ritos

funerários do Candomblé por meio do salacó e do axexê a partir das etapas dos ritos

passagens conforme a teoria de Van Gennep (separação, margem e agregação).

POR UM APRENDIZADO PARA A MORTE E O MORRER: AS IGREJAS

PROTESTANTES E A PREPARAÇÃO PARA A MORTE.

Mestranda: Jailza Silva Santos Magalhães - Faculdade Unida de Vitória

(jailzamagalhã[email protected])

Resumo

A morte, na perspectiva cristã, em especial para os protestantes históricos é o “destino

universal dos homens.” (SCHMITT, 1988. p.729). Para cristianismo, somente Deus é

vivo e imortal, e a morte humana é consequência da desobediência do homem a este

Deus. Então, segundo Schmitt a morte é uma força maligna e inimiga de Deus, que foi

submetida ao poder do diabo. Isto faz da morte uma condenação, uma punição pela

desobediência do homem. As religiões segundo Usarki (2006) cumprem “funções

individuais e sociais”. Isto é, elas trazem sentido à vida de indivíduos, alimentando-os

de esperança para o futuro, como também legitima e estabilizam sociedades. As

religiões têm ainda como função integrar socialmente as pessoas. A morte, como

elemento religioso passa a ser um elemento de esperança e fator integrador de grupos.

No pensar de Kubler-Ross, em seus escritos “Sobre a morte e o morrer”, ela afirma que

“Se não podemos negar a morte, pelo menos podemos tentar domina-la”. Essa

dominação perpassa pelo fato de estar em busca de uma “educação para a morte”

(MARQUES, 2013). A partir dessas questões abordadas por estas duas escritoras e

outros que tratam da temática a “Morte e o Morrer”, surgem questionamentos, com: Os

fiéis em igrejas protestantes históricas tem buscado esse aprendizado? Se afirmativo,

através de que forma? Se negativo por que não se trata do assunto pedagogicamente? E

mais ainda, como a morte têm sido encarada ou tratada como elemento pedagógico nas

igrejas protestantes históricas?

A MORTE É DOR, MESMO ENTRE OS PROTESTANTES

Dr. Jonatas Silva Meneses - Universidade Federal de Sergipe (UFS) ([email protected])

Resumo

O historiador baiano João José Reis, no livro “A morte é uma festa: Ritos fúnebres e

revolta popular no Brasil do século XIX” analisa formas de comportamentos diante da

morte e dos rituais fúnebres conseqüentes. Destaca esse autor o que chamou de

cerimônias funerárias barrocas, com o luxo e a pompa; e a simplificação imposta pelo

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VII CONGRESSO INTERNACIONAL EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO: A RELIGIÃO ENTRE O ESPETÁCULO E A INTIMIDADE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, PUC Goiás, Goiânia, de 08 a 11 de abril de 2014 – ISSN 2177-3963

protestantismo calvinista. Enquanto no primeiro caso prevalecia grande apego ao corpo

morto, daí a necessidade de proximidade e até do alongamento das cerimônias, em clara

tentativa de manter, mesmo após o falecimento, relação harmoniosa entre um e outro

(vivos e mortos); no segundo caso, o desapego ao corpo aparecia como marca distintiva,

pelo entendimento de que a morte era o fim em definitivo, não havendo qualquer

necessidade de maiores repercussões – nesses casos não se buscava qualquer

postergação do ato, ao contrário, o que se queria era rapidez no processo de separação.

Neste texto, pretendo desenvolver análise acerca de comportamento protestante diante

da morte e, principalmente, da relação com o corpo morto e o destino a ele atribuído. A

análise se funda a partir de caso real de fiel protestante e os desdobramentos diante da

morte e do tipo de enterramento proporcionado. A morte é uma festa, como no caso do

livro de João José Reis citado nas linhas passadas, por conta das cerimônias barrocas?

Ou a morte, mesmo com a tentativa calvinista de minimizar a importância do corpo

morto, é geradora de dor e de sofrimento que se estende anos após o fato e que

permanece presente no cotidiano dos vivos por meio de viva comunicação?