grupos abelianos bornológicos
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Grupos Abelianos Bornologicos
d. p. pombo jr.
Conteudo
Introducao 17
1 Conjuntos bornologicos 18
2 Grupos abelianos: algumas construcoes basicas 21
3 Grupos abelianos bornologicos 25
4 Uma propriedade universal da b ornologia da equilimitacao 38
5 Uma propriedade universal da bornologia da equicontinuidade 43
Referencias 48
Introducao
Como Hogbe-Nlend observou em seu artigo de divulgacao [10], varios aspectos importantes da Analise
Funcional nos quais o conceito de limitacao desempenha um papel central motivaram a introducao da
nocao de bornologia convexa em um espaco vetorial real ou complexo, que apareceu explicitamente pela
primeira vez nos artigos pioneiros [20] e [21] de Waelbroeck. A importancia das bornologias convexas na
Analise Funcional classica foi enfatizada nos livros [11], [12] e [22], embora tambem tenha sido natural
considerar a nocao de bornologia em outros contextos, como pode ser visto, por exemplo, em [1], [13],
[15], [16], [18] e [19].
O ponto de partida para o presente trabalho e a observacao de que a maioria das estruturas bor-
nologicas estudadas ate o momento satisfaz a propriedade comum de ser compatvel com uma estrutura
de grupo abeliano. Esse fato nos motivou a introduzir a no cao de grupo abeliano bornologico, onde um
grupo abeliano bornologico e simplesmente um grupo abeliano munido de uma bornologia de grupo (ou
seja, de uma bornologia compatvel com a sua estrutura de grupo). Nas secoes 3, 4 e 5 deste trabalho
discutimos as construcoes fundamentais na classe dos grupos abelianos bornologicos e as propriedades
universais satisfeitas pelos grupos abelianos bornologicos construdos, estabelecemos uma versao do teo-
rema de isomorfismo de Noether no nosso contexto e provamos a exatid ao de certas sequencias de grupos
Palavras-chave: grupos abelianos bornologicos, sequencias exatas, bornologia da equilimitacao, bornologia da equicon-
tinuidadeInstituto de Matematica, UFRJ, Caixa Postal 68530, 21945-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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abelianos bornologicos. Os pre-requisitos sobre conjuntos bornologicos e grupos abelianos sao includos,
respectivamente, nas secoes 1 e 2. Cabe tambem mencionar que varios resultados deste trabalho foraminspirados em resultados basicos de Algebra Linear [6].
1 Conjuntos bornologicos
Nesta secao nos limitaremos aos resultados sobre conjuntos bornologicos necessarios ao desenvolvimento
do presente trabalho. Uma exposicao mais completa sobre o assunto pode ser encontrada em [12] ou
[18].
Definicao 1.1. Sejam G um conjunto e Bum conjunto de partes de G. B e dita uma bornologia emG
quando as seguintes condicoes sao satisfeitas:
(a) se B1, B2 B, entaoB1 B2 B;
(b) se B1 Be B2 B1, entaoB2 B;
(c) {x} Bpara todo x G.
Os elementos deBsao ditos os limitadosdeB. Um conjunto bornologico e um par (G, B), ondeG e um
conjunto eB e uma bornologia em G. Dados dois conjuntos bornologicos (G, B) e (H, C), diz-se que uma
aplicacao u : (G, B) (H, C) e limitada seu(B) Cpara todo B B.
Definicao 1.2. SejamG um conjunto e B1, B2 duas bornologias em G. Diz-se queB1 e mais fina do
queB2 (ou queB2 e menos fina do que B1) se a aplicacao identidade
1G : (G, B1)(G, B2)
e limitada.
Exemplo 1.3. SeG e um conjunto, entao o conjunto de todas as partes finitas de G e uma bornologia
em G, dita a bornologia discreta em G, a qual e a bornologia mais fina em G. Se G e um conjunto
munido da sua bornologia discreta eH e um conjunto bornologico arbitrario, entao toda aplicacao deG
emH e limitada.
Exemplo 1.4. SeG e um conjunto, entao o conjunto de todas as partes de G e uma bornologia em G,dita a bornologia trivial emG, a qual e a bornologia menos fina emG. SeG e um conjunto bornologico
arbitrario e H e um conjunto munido de sua bornologia trivial, entao toda aplicacao de G em H e
limitada.
Exemplo 1.5. Se G e um espaco topologico de Hausdorff e B e o conjunto de todas as partes relativa-
mente compactas deG, entao (G, B) e um conjunto bornologico. Seu e uma aplicacao contnua do espaco
topologico de HausdorffG no espaco topologico de HausdorffHeB(respectivamenteC) e o conjunto de
todas as partes relativamente compactas de G(respectivamenteH), entaou : (G, B) (H, C) e limitada.
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Exemplo 1.6. SeGe um espaco uniforme eB e o conjunto de todas as partes precompactas deG, entao
(G, B) e um conjunto bornologico. Se u e uma aplicacao uniformemente contnua do espaco uniformeG no espaco uniforme H e B(respectivamente C) e o conjunto de todas as partes precompactas de G
(respectivamenteH), entaou : (G, B) (H, C) e limitada.
Exemplo 1.7. Sejam (G, B) e (H, C) dois conjuntos bornologicos. Diz-se que um conjunto X de
aplicacoes de G em H e equilimitado (ou, mais precisamente, B C-equilimitado) se, para todo B B,
o conjunto
X(B) =
u(x); x B, u X
C.
Entao o conjunto de todos os conjuntos equilimitados de aplicacoes de G em H e uma bornologia no
conjunto de todas as aplicacoes limitadas de (G, B) em (H, C), dita a bornologia da equilimitacao.
Exemplo 1.8. Sejam G um espaco topologico e Hum espaco uniforme. Entao o conjunto de todos os
conjuntos equicontnuos de aplicacoes de G em H e uma bornologia no conjunto de todas as aplicacoes
contnuas de Gem H, dita a bornologia da equicontinuidade.
Definicao 1.9. Sejam (G, B) um conjunto bornologico e B1 B. Diz-se que B1e umsistema fundamental
de limitados para Bse todo elemento deBesta contido em algum elemento de B1.
Proposicao 1.10. Sejam G um conjunto e B1 um conjunto de partes de G. Para que exista uma
(necessariamente unica) bornologia em G para a qualB1 seja um sistema fundamental de limitados, e
necessario e suficiente que as seguintes condicoes sejam satisfeitas:
(a)BB1
B= G;
(b) para quaisquerB1, B2 B1 existeB3 B1 tal queB1 B2 B3.
Demonstracao. Seja Buma bornologia em Gpara a qual B1 e um sistema fundamental de limitados.
Se x G e arbitrario, {x} B, e entao existe B B1 com {x} B, mostrando a validade de (a). Se
B1, B2 B1, B1 B2 B. Logo, existe B3 B1 comB1 B2 B3, mostrando a validade de (b).Reciprocamente, suponhamos que B1 satisfaca as condicoes (a) e (b) e definamosBcomo o conjunto
das partes de G contidas em algum elemento de B1. E facil ver que B e uma bornologia em G e, por
construcao, B1 e um sistema fundamental de limitados paraB.
Teorema 1.11. SejamG um conjunto,
(Gi, Bi)iI
uma famlia de conjuntos bornologicos e, para cada
i I, seja ui uma aplicacao de G em Gi. Entao existe uma unica bornologiaB em G inicial para a
famlia
(Gi, Bi), uiiI
, no seguinte sentido: para todo conjunto bornologico(H, C) e para toda aplicacao
u : HG, tem-se queu : (H, C) (G, B) e limitada se e somente seui u : (H, C) (Gi, Bi) e limitada
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para todo i I.
(H, C) u(G, B)
ui u ui
(Gi, Bi)
Demonstracao. E facil ver que
B= {B G; ui(B) Bi para todo i I}
e uma bornologia em G. E, pela definicao deB, ui : (G, B) (Gi, Bi) e limitada para todo i I. Sejam
(H, C) e u como no enunciado. E claro que, se u : (H, C) (G, B) e limitada, entao ui u : (H, C)
(Gi, Bi) e limitada para todoi I. Reciprocamente, admitamos que cadauiuseja limitada e sejaC C
arbitrario. Logo,u(C) B, poisui
u(C)
= (ui u)(C) Bi para todoi I; assim, u : (H, C) (G, B)
e limitada. Portanto, a existencia esta provada.
Finalmente, para mostrar a unicidade, seja B uma bornologia em G tal que ui : (G, B) (Gi, Bi)
e limitada para todo i I. Entao 1G : (G, B) (G, B) e limitada, ja que ui 1G : (G, B
) (Gi, Bi) e
limitada para todo i I. Consequentemente, B e a bornologia menos fina em G que torna todas as ui
limitadas, e a unicidade esta estabelecida.
Observacao 1.12. Nas condicoes do Teorema 1.11, se Bi e a bornologia trivial em Gi para todo i I,
entaoB e a bornologia trivial em G.
Definicao 1.13. Sejam (G, B) um conjunto bornologico e KG. A bornologia induzida por Bem K,
denotada porBK, e a bornologia inicial para o par
(G, B), u
, ondeu designa a inclusao de K emG.
Definicao 1.14. Sejam G um conjunto e (Bi)iI uma famlia de bornologias em G. A bornologia
intersecao da famlia (Bi)iI, denotada poriI
Bi, e a bornologia inicial para a famlia
(G, Bi), uiiI
,
ondeui= 1G para todo i I.
E claro que B iI
Bi se e somente se B Bi para todo i I.
Definicao 1.15. Sejam (Gi, Bi)iI uma famlia de conjuntos bornologicos, G o conjunto produtoiI
Gi e, para cada i I, seja pri a projecao de G em Gi. A bornologia produto em G, denotada poriI
Bi, e a bornologia inicial para a famlia
(Gi, Bi), priiI
.
Observacao 1.16. E facil ver que todos os conjuntos da formaiI
Bi(Bi Bi)
constituem um sistema fundamental de limitados para a bornologiaiI
Bi.
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Proposicao 1.17. Sejam(G, B) um conjunto bornologico, Hum conjunto eu : G H uma aplicacao
sobrejetora. EntaoC=
u(B); B B
e uma bornologia emH.
Demonstracao. E claro que Csatisfaz as condicoes (a) e (c) da Definicao 1.1. Finalmente, se B B
e T u(B), entao T = u
u1(T) B
, sendo que u1(T) B B, pois u1(T) B B. Portanto,
T C, e a condicao (b) da Definicao 1.1 tambem se verifica.
Definicao 1.18. Nas condicoes da Proposicao 1.17, C e dita a bornologia imagem direta deBpor u e e
denotada poru(B).
Exemplo 1.19. SejamG um conjunto,B1 (respectivamenteB2) a bornologia discreta (respectivamente
trivial) em G e H e u como na Proposicao 1.17. Entao a bornologia u(B1) (respectivamente u(B2)) e a
bornologia discreta (respectivamente trivial) em H.
2 Grupos abelianos: algumas construcoes basicas
Esta secao e dedicada, essencialmente, aos conceitos de limite projetivo e limite indutivo no contexto dos
grupos abelianos. Nossas principais referencias foram [6] e [14].
Todos os grupos considerados neste trabalho serao supostos abelianos e denotados aditivamente; oelemento neutro de qualquer grupo sera denotado por0. Para qualquer homomorfismo de gruposu, seu
nucleo sera representado porKer(u) e sua imagem porIm(u).
Lembremos que, para quaisquer grupos G e H, o conjunto Hom(G; H) de todos os homomorfismos
de grupos de G em H e um grupo abeliano.
Definicao 2.1. Sejam (Gi)iIuma famlia de grupos e G o conjunto produtoiI
Gi. Entao a aplicacao
(xi)iI, (yi)iI
G G(xi+ yi)iIG
tornaG um grupo abeliano, dito o grupo produto da famlia (Gi)I.Para cada i I, a projecao pri : G Gi e um homomorfismo de grupos.
Observacao 2.2. Nas condicoes da Definicao 2.1, a seguinte propriedade universal se verifica: para todo
grupo H, a aplicacao
u Hom
H;iI
Gi
(pri u)iI
iI
Hom
H; Gi
e um isomorfismo de grupos.
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Definicao 2.3. Seja (I, ) um conjunto parcialmente ordenado. Diz-se que
Gi, uijiI
e um sistema
projetivo de grupos se Gi e um grupo para todo i I, uij e um homomorfismo de grupos de Gj em Gi
parai, j I comi j ,uii = 1Gi para todo i Ieuij ujk =uik para i, j, k Icomi j k. SejaG
o grupo produto da famlia (Gi)iI. Entao
lim
Gi =
x G; (uij prj)(x) = pri(x) parai, j I comi j
e um subgrupo de G, dito o limite projetivo do sistema
Gi, uijiI
. Para cadai I, sejaui a restricao
de pri a limGi; ui : lim
Gi Gi e dito o homomorfismo de grupos canonico. Assim, parai, j I com
i j , o diagrama
lim
Gi
uj ui
Gj uij
Gi
e comutativo.
Observacao 2.4. Seja (Gi)iIuma famlia de grupos. Munamos Ida relacao de igualdade e definamos
uii = 1Gi para todo i I. Entao
Gi, uiiiI
e um sistema projetivo de grupos e lim
Gi =iI
Gi.
Exemplo 2.5. Consideremos o grupo aditivo Z dos numeros inteiros. Para cada inteirom 1 definamos
Gm = Z e, para quaisquer inteiros 1 m n, definamos umn : x Gn 3nmx Gm. EntaoGm, umn
m1
e um sistema projetivo de grupos e, portanto, podemos considerar o grupo lim
Gm.
Proposicao 2.6. Seja
Gi, uijiI
como na Definicao 2.3. Entao a seguinte propriedade universal e
valida: para todo grupoHe para toda famlia(i)iI tal quei e um homomorfismo de grupos deH em
Gi parai I euij j =i parai j, existe um unico homomorfismo de gruposu deH emlimGi tal
queui u= i para todo i I, ondeui e o homomorfismo de grupos canonico.
Gjuij
Gi
j i
H
H ulim
Gi
i ui
Gi
Demonstracao. Para cada y H, ponhamos u(y) =
i(y)iI
iI
Gi. Como, por hipotese,
uij j =i para i j , u(y) limGi para todo y H. Logo, u e um homomorfismo de grupos de H
em lim
Gi tal que ui u= i para todo i I, provando assim a existencia. Finalmente, a unicidade e
clara.
Corolario 2.7. Sejam
Gi, uijiI
e
Hi, vijiI
dois sistemas projetivos de grupos e, para cada i I,
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sejai um homomorfismo de grupos deGi emHi de modo que, parai j, o diagrama
Gjj
Hj
uij vij
Gii
Hi
e comutativo. Entao existe um unico homomorfismo de gruposu delim
Gi emlimHi de modo que, para
todo i I, o diagrama
lim
Giu
lim
Hi
ui vi
Gi i Hi
e comutativo, ondeui evi sao os homomorfismos de grupos canonicos.
Demonstracao. Para cada i I, ponhamos i = i ui . Como, para i j ,
vij j =vij (j uj) = (vij j) uj = (i uij) uj
=i (uij uj) =i ui = i ,
segue da Proposicao 2.6 que existe um unico homomorfismo de grupos u de lim
Gi em limHi tal que
vi u= i= i ui para todo i I. Assim, a demonstracao esta concluda.
Definicao 2.8. Seja (Gi)iI uma famlia de grupos. Seja G o grupo produtoiI
Gi e, para cada i I,
seja pri a projecao de G em Gi. Entao o conjuntoiI
Gi = {x G; pri(x) = 0 exceto para um numero finito de ndices}
e um subgrupo de G, dito a soma diretada famlia (Gi)iI. Para cada i I, a injecao canonica de Gi
emiI
Gi e o homomorfismo de gruposui : xi Gi(yj)jIiI
Gi, onde yj = 0 se j =i e yi= xi.
No caso em que I e finito, tem-seiI
Gi=iI
Gi.
Observacao 2.9. Nas condicoes da Definicao 2.8, a seguinte propriedade universal se verifica: para todo
grupo H, a aplicacao
u Hom
iI
Gi; H
u ui
iI
iI
Hom
Gi; H
e um isomorfismo de grupos.
Definicao 2.10. Seja (I, ) um conjunto parcialmente ordenado. Diz-se que
Gi, ujiiI
e um sistema
indutivo de grupos se Gi e um grupo para todo i I, uji e um homomorfismo de grupos de Gi em Gj
parai, j I comi j , uii = 1Gi para todo i I eukj uji = uki para i, j, k I comi j k.
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Proposicao 2.11. Seja
Gi, ujiiI
um sistema indutivo de grupos. SejamG=
iIGi eNo subgrupo
deG formado por todas as somas finitas de elementos da forma uj uji(xi) ui(xi), ondeui : Gi Ge a injecao canonica, xi Gi e i j. Seja : G G/N a sobrejecao canonica e, para cada i I,
seja vi = ui o homomorfismo de grupos canonico (por construcao, vj uji = vi para i j ). Entao
vale a seguinte propriedade universal: para todo grupo H e para toda famlia (i)iI tal que i e um
homomorfismo de grupos deGi emHparai Iejuji = i parai j, existe um unico homomorfismo
de gruposu deG/N emH tal queu vi= i para todo i I.
Giuji
Gj
i j
H
G/N uH
vi i
Gi
Demonstracao. Pela Observacao 2.9, existe um unico homomorfismo de grupos w : G H tal que
w ui = i para todo i I. Notemos ainda que, para xi Gi e i j arbitrarios, tem-se w
(uj
uji)(xi) ui(xi)
= (w uj)
uji(xi)
(w ui)(xi) =
j uji
(xi) i(xi) = i(xi) i(xi) = 0,
mostrando que N Ker(w). Logo, pelo teorema do isomorfismo, existe um unico homomorfismo de
grupos (injetor)u : G/N H tal que u = w . Finalmente, para i I e xi Gi arbitrarios, tem-se
(u vi)(xi) = (u ui)(xi) = (w ui)(xi) =i(xi). Portanto, a existencia esta provada.
Finalmente provemos a unicidade. Com efeito, seja
u : G/N Hum homomorfismo de grupos tal
queu vi= i para todo i I. Para y G arbitrario, existe um subconjunto finitoJ deIe, para cadai J, existe xi Gi de modo que y=iJ
ui(xi). Logo,
(u )(y) = iJ
u( ui)(xi) = iJ
(u vi)(xi) = iJ
i(xi)
=iJ
(w ui)(xi) =w
iJ
ui(xi)
=w(y).
Consequentemente,u= u, e a unicidade esta provada.Definicao 2.12. Nas condicoes da Proposicao 2.11, o grupo G/N e dito o limite indutivo do sistemaGi, ujiiIe denotado por lim Gi.Observacao 2.13. Seja (Gi)iIuma famlia de grupos. Munamos Ida relacao de igualdade e definamos
uii = 1Gi para todo i I. Entao
Gi, uiiiI
e um sistema indutivo de grupos e lim
Gi=iI
Gi.
Exemplo 2.14. SejaG um grupo e seja (Gi)iI a famlia de todos os subgrupos finitamente gerados
de G. Definamos a seguinte relacao de ordem parcial em I: para i, j I, i j se Gi Gj. Para
i j , sejauji a inclusao deGi emGj. Entao
Gi, ujiiI
e um sistema indutivo de grupos e, portanto,
podemos considerar lim
Gi.
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Corolario 2.15. Sejam
Gi, ujiiI
e
Hi, vjiiI
dois sistemas indutivos de grupos e, para cadai I,
sejai um homomorfismo de grupos deGi emHi de modo que, parai j, o diagrama
Gii
Hi
uji vji
Gj j
Hj
e comutativo. Entao existe um unico homomorfismo de gruposu delim
Gi emlimHi de modo que, para
todo i I, o diagrama
lim
Giu
lim
Hi
vi wi
Gi i
Hi
e comutativo, ondevi ewi sao os homomorfismos de grupos canonicos.
Demonstracao. Basta argumentar como na demonstracao do Corolario 2.7, aplicando a Proposicao
2.11 em lugar da Proposicao 2.6.
3 Grupos abelianos bornologicos
Nesta secao, cujo embriao foi [17], consideraremos uma nocao ja implcita na Definicao 2.1 da pagina 45
de [22].
Definicao 3.1. Uma bornologia Bem um grupo G e dita uma bornologia de grupo, e (G, B) e dito um
grupo bornologico, se a aplicacao
(x, y) (G G, B B)x y (G, B)
e limitada.
E claro que uma bornologia Bem um grupoG e uma bornologia de grupo se e somente se as aplicacoes
(x, y) (G G, B B)x + y (G, B) e x (G, B) x (G, B) sao limitadas.
Exemplo 3.2. Se G e um grupo, a bornologia discreta emG e uma bornologia de grupo.
Exemplo 3.3. Se G e um grupo, a bornologia trivial emG e uma bornologia de grupo.
Exemplo 3.4. Sejam G um grupo e || || uma seminorma em G ([23], Definicao 6.7). Consideremos
o conjunto B formado pelos subconjuntos B de G satisfazendo a seguinte propriedade: B Bse existe
M >0 tal que ||x|| Mpara todo x B . Entao (G, B) e um grupo bornologico.
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Exemplo 3.5. SeG e um grupo topologico de Hausdorff, entao a bornologia em G formada pelas partes
relativamente compactas de G (Exemplo 1.5) e uma bornologia de grupo emG.
Exemplo 3.6. Sejam (G, B) e (H, C) dois grupos bornologicos e Homb
(G, B); (H, C)
o grupo abeliano
de todos os homomorfismos de grupos limitados de (G, B) em (H, C) (se u Homb
(G, B); (H, C)
, seu
simetrico u Homb
(G, B); (H, C)
e dado por (u)(x) = (u(x)) para x G). Entao a bornologia
ECB induzida pela bornologia da equilimitacao (Exemplo 1.7) em Homb
(G, B); (H, C)
e uma bornologia
de grupo. De fato, para quaisquer X1, X2 ECB e B B, tem-se
(X1 X2)(B) X1(B) X2(B),
e da resulta que (X1 X2)(B) C. Logo, X1 X2 EC
B.
Exemplo 3.7. Sejam (G, ) e (H, ) dois grupos topologicos e Homc
(G, ); (H, )
o grupo abeliano
de todos os homomorfismos de grupos contnuos de (G, ) em (H, ) (se u Homc
(G, ); (H, )
, seu
simetrico u Homc(G, ); (H, )
e dado exatamente como no Exemplo 3.6). Entao a bornologia E
induzida pela bornologia da equicontinuidade (Exemplo 1.8) em Homc
(G, ); (H, )
e uma bornologia
de grupo. De fato, sejam X1, X2 E arbitrarios e seja V uma -vizinhanca arbitraria de 0 em H.
Tomemos uma-vizinhancaV1 de 0 em Htal queV1 V1 V e uma-vizinhancaUde 0 em G tal que
X1(U) V1 e X2(U) V1. Entao
(X1 X2)(U) X1(U) X2(U) V1 V1 V ,
provando a equicontinuidade de X1 X2 em 0. Logo, X1 X2 Epela Proposicao 5, p. 28 de [4].
Exemplo 3.8. SejamR um anel topologico com elemento unidade e (E, B) um R-modulo bornologico
[16], onde E e um R-modulo a esquerda unitario. Se (E, +) e o grupo aditivo sub jacente a E, entao(E, +), B
e um grupo bornologico. Em particular, se (E, ) e um R-modulo topologico a esquerda
unitario, entao
(E, +), B()
e um grupo bornologico, onde B() denota a bornologia de R-modulo
formada por todos os subconjuntos -limitados deE ([23], Definicao 15.1).
Exemplo 3.9. SejaR como no Exemplo 3.8, comR linearmente topologizado ([9], (7.1.1)), e seja (E, B)um R-modulo linearmente bornologizado [15]. Para quaisquerB1, B2 B, tem-se B1+ B2 [B1 B2]
e RB1 [B1]; assim, B1+ B2, RB1 Bpela Proposicao 1 de [15]. Portanto, (E, B) e um R-modulo
bornologico, e entao
(E, +), B
e um grupo bornologico pelo Exemplo 3.8.
Exemplo 3.10. Seja Kum corpo nao trivialmente valorizado. Se (E, B) e um espaco vetorial bornologico
sobreK ([18], p.43, Definicao 1), entao
(E, +), B
e um grupo bornologico em virtude do Exemplo 3.8.
Em particular, se K e um corpo ultrametrico nao trivialmente valorizado e (E, B) e um espaco vetorial
bornologicoK-convexo [1], entao
(E, +), B
e um grupo bornologico.
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Exemplo 3.11. Se (E, B) e um espaco vetorial bornologico convexo sobre Rou C ([12], p.19 e Exerccio
2.E.1), entao (E, +), B e um grupo bornologico pelo Exemplo 3.8.Teorema 3.12. Sejam
(Gi, Bi)
iI
uma famlia de grupos bornologicos, G um grupo e, para cadai I,
sejaui : G Gi um homomorfismo de grupos. SeB e a bornologia inicial para a famlia
(Gi, Bi), uiiI
(Teorema 1.11), entao (G, B) e um grupo bornologico.
Demonstracao. Sejam B1, B2 Barbitrarios. Como
ui(B1 B2) =ui(B1) ui(B2) Bi
para todo i I, entao B1 B2 B. Portanto, (G, B) e um grupo bornologico.
Corolario 3.13. Se(G, B) e um grupo bornologico eK e um subgrupo deG, entao(K, BK) e um grupo
bornologico.
Demonstracao. Imediata a partir do Teorema 3.12.
Corolario 3.14. Se(Bi)iI e uma famlia de bornologias de grupo em um grupo G, entao
G,iI
Bi
e um grupo bornologico.
Demonstracao. Imediata a partir do Teorema 3.12.
Corolario 3.15. Se (Gi, Bi)iI e uma famlia de grupos bornologicos, entao iIGi, iIBi e umgrupo bornologico.
Demonstracao. Imediata a partir do Teorema 3.12.
Observacao 3.16. Nas condicoes do Corolario 3.15, a seguinte propriedade universal se verifica: para
todo grupo bornologico (H, C), a aplicacao
u Homb
(H, C);
iI
Gi,iI
Bi
pri uiI
iI
Homb
(H, C); (Gi, Bi)
e um isomorfismo de grupos, onde pri e a projecao de G emGi.
Proposicao 3.17. Sejam
(Gi, Bi)iI
e
(Hi, Ci)iI
duas famlias de grupos bornologicos. Para cada
i I seja ui : Gi Hi um homomorfismo de grupos e sejaiI
ui :iI
Gi iI
Hi o homomorfismo
de grupos dado poriI
ui
(xi)iI
=
ui(xi)iI
. Ent ao Ker
iI
ui
=iI
Ker(ui) e Im
iI
ui
=
iI
Im(ui). Alem disso,
iI
ui Homb
iI
Gi,iI
Bi
;
iI
Hi,iI
Ci
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7/23/2019 Grupos Abelianos Bornolgicos
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28 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
se e somente seui Homb(Gi, Bi); (Hi, Ci)
para todo i I.
Demonstracao. As igualdades KeriI
ui =
iI
Ker(ui) e ImiI
ui =
iI
Im(ui) sao obvias.
Para cadaj Iseja prj a projecao deiI
Hiem Hj e sejawj: Gj iI
Gio homomorfismo de grupos
dado porwj(xj) = (ti)iI, ondeti= 0 sei=j e tj =xj. Comowj Homb
(Gj , Bj);
iI
Gi,iI
Bi
,
prj Homb
iI
Hi,iI
Ci
; (Hj , Cj)
e uj = prj
iI
ui
wj, a limitacao de
iI
ui implica a de
uj. iI
Gi,iI
Bi
iI
ui
iI
Hi,iI
Ci
wj prj
(Gj , Bj) uj
(Hj , Cj)
Reciprocamente, admitamos queui Homb
(Gi, Bi); (Hi, Ci)
para todo i I. Como
iI
ui
iI
Bi
=iI
ui(Bi),
ondeBi Bi para i I, segue que
iIui HombiIGi,iIBi ;iIHi,iICi(lembrar a Observacao 1.16). Assim, a demonstracao esta concluda.
Corolario 3.18. Sejam
(Gi, Bi)iI
,
(Hi, Ci)iI
e
(Li, Di)iI
tres famlias de grupos bornologicos
e, para cadai I, sejamui : Gi Hi evi : Hi Li homomorfismos de grupos. Para queiI
Gi,iI
Bi
iI
ui
iI
Hi,iI
Ci
iI
vi
iI
Li,iI
Di
seja uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados, e necessario e suficiente que
(Gi, Bi) ui(Hi, Ci)
vi(Li, Di)
seja uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados para todoi I.
Demonstracao. Imediata a partir da Proposicao 3.17.
Nas Proposicoes 3.19, 3.20, 3.21 e 3.36, a seguir, o grupo reduzido ao elemento neutro munido da sua
unica bornologia (de grupo) sera representado por 0.
Proposicao 3.19. Sejam(G, B) um grupo bornologico eK, M dois subgrupos deG. Entao
0
K M, BKM u
K M, BK BM v
K+ M, BK+M
0
-
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 29
e uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados, ondeu e o homomorfismo de grupos dado
poru(x) = (x, x) ev e o homomorfismo de grupos dado porv(x, y) =x y.
Demonstracao. E facil ver queu e injetor, Im(u) = Ker(v) ev e sobrejetor. SeB BKM e arbitrario,
B BK e B BM , e entao u(B) BK BM (pois u(B) B B); portanto, u Homb
(K
M, BKM
;
K M, BK BM
. E, se B1 BK e B2 BM sao arbitrarios,B1 B2 Be B1 B2
K+M, e entao v(B1B2) =B1B2 BK+M; portanto,v Homb
(KM, BKBM); (K+M, BK+M)
.
E facil ver que se (G, B) e um grupo bornologico, H e um grupo e u : G H e um homomorfismo
de grupos sobrejetor, entao (H, u(B)) e um grupo bornologico. Em particular, seK e um subgrupo de
Ge : G G/K e a sobrejecao canonica, entao
G/K,(B)
e um grupo bornologico.
Proposicao 3.20. Sejam(G, B) um grupo bornologico eK, M dois subgrupos deG. Entao
0
G/(K M), C
u
G/K G/M, C C
v
G/(K+ M), C
0
e uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados, ondeu e o homomorfismo de grupos dado
poru
x+(KM)
= (x+K, x+M),v e o homomorfismo de grupos dado porv(x+K, y+M) = (xy)+
(K+ M), C= (B) (respectivamenteC = (B), C =(B), C = (B)), sendo : G G/(K M)
(respectivamente : G G/K, : G G/M, :G G/(K+ M)) a sobrejecao canonica.
Demonstracao. E facil ver que u e injetor, Im(u) = Ker(v) e v e sobrejetor. Se B B e arbitrario,
u((B)) (B) (B), e da resulta que u Homb(G/(KM), C); (G/K G/M, C C). E,se B1, B2 Bsao arbitrarios, v
(B1)
(B2)
= (B1 B2); logo, vHomb
(G/K G/M, C
C); (G/(K+ M), C)
.
Proposicao 3.21. Sejam (G, B) um grupo bornologico, (Mi)iI uma famlia de subgrupos de G e
M=iI
Mi. Para cadai I sejamvi : G G/Mi a sobrejecao canonica eBi= vi(B). Entao
0 (M, BM) u(G, B)
v
iI
(G/Mi),iI
Bi
0
e uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados, onde u e a inclusao de M em G e
v(x) = vi(x)iI.Demonstracao. E claro que u e injetor, Im(u) = Ker(v) e v e sobrejetor. Finalmente, v e limitada,
pois cada vi : (G, B) (G/Mi, Bi) e limitada ev (B)iI
vi(B) para todo B B.
Definicao 3.22. Seja
(Gi, Bi), uijiI
um sistema projetivo de grupos bornologicos (isto significa que
I e um conjunto munido de uma relacao de ordem parcial, (Gi, Bi) e um grupo bornologico para todo
i I, uij Homb((Gj , Bj); (Gi, Bi)) para i, j I com i j , uii = 1Gi para todo i I euij ujk =uik
para i,j,k I com i j k. Para cada i I seja ui : limGi Gi o homomorfismo de grupos
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30 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
canonico (Definicao 2.3). SeB e a bornologia inicial para a famlia
(Gi, Bi), uiiI
,
lim
Gi, B e um
grupo bornologico pelo Teorema 3.12, dito o limite projetivo bornologico do sistema (Gi, Bi), uijiI.E facil ver que Bcoincide com a bornologia induzida por
iI
Bi em limGi.
Observacao 3.23. Seja
(Gi, Bi)iI
uma famlia de grupos bornologicos. Consideremos I munido de
sua relacao de igualdade e ponhamos uii = 1Gi para todo i I. Entao
(Gi, Bi), uiiiI
e um sistema
projetivo de grupos bornologicos cujo limite projetivo bornologico coincide com
iI
Gi,iI
Bi
.
Proposicao 3.24. Nas condicoes da Definicao 3.22,
lim
Gi, B
satisfaz a seguinte propriedade uni-
versal: para todo grupo bornologico (H, C) e para toda famlia(i)iI (ondei Homb((H, C); (Gi, Bi))
para todo i I) tal queuij j =i para i j , existe um unico u Homb(H, C); lim Gi, B) tal queui u= i para todo i I.
(Gj , Bj) uij(Gi, Bi)
j i
(H, C)
(H, C) u
lim
Gi, B
i ui
(Gi, Bi)
Demonstracao. Pela Proposicao 2.6, existe um unico homomorfismo de gruposu : Hlim
Gi tal que
ui u = i para todo i I. Assim,ui uHomb((H, C); (Gi, Bi)) para todo i I, e o Teorema 1.11
garante que u Homb
(H, C);
lim
Gi, B
.
Corolario 3.25. Sejam
(Gi, Bi), uijiI
e
(Hi, Ci), vijiI
dois sistemas projetivos de grupos bor-
nologicos e sejam
lim
Gi, B
e
lim
Hi, C
os correspondentes limites projetivos bornologicos. Para
cadai I sejai Homb((Gi, Bi); (Hi, Ci)) tal quevij j =i uij parai j. Entao existe um unico
u Homb
lim
Gi, B
;
lim
Hi, C
tal que vi u = i ui para todo i I, onde ui : limGi Gi e
vi : limHi Hi sao os homomorfismos de grupos canonicos.
(Gj , Bj) j(Hj , Cj)
uij vij
(Gi, Bi)i
(Hi, Ci)
(lim
Gi, B) u(lim
Hi, C)
ui vi
(Gi, Bi) i
(Hi, Ci)
Demonstracao. Para cada i I ponhamos
i= i ui Homb
lim
Gi, B
; (Hi, Ci)
.
Como
vij j = (vij j) uj = (i uij) uj =i (uij uj) =i ui= i
para i j , a Proposicao 3.24 garante a existencia de um unicou Homb
lim
Gi, B);
lim
Hi, C
tal
quevi u= i para todo i I, concluindo assim a demonstracao.
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7/23/2019 Grupos Abelianos Bornolgicos
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 31
O proximo resultado e uma versao do teorema do isomorfismo para grupos bornologicos. Antes de
enuncia-lo mencionemos que uma aplicacao entre dois grupos bornologicos e um isomorfismo de gruposbornologicos quando e um isomorfismo de grupos limitado cuja inversa e limitada, e que dois grupos
bornologicos sao isomorfos quando ha um isomorfismo de grupos bornologicos entre eles.
Teorema 3.26. Sejam (G, B) e (H, C) dois grupos bornologicos e u Homb((G, B); (H, C)), com u
sobrejetor. Para que exista um (necessariamente unico) isomorfismou : G/Ker(u), D (H, C) degrupos bornologicos tal que u =u , onde : G G/Ker(u) e a sobrejecao canonica eD = (B), enecessario e suficiente que para cadaC C existaB B tal queu1(C) B + Ker(u).
(G, B) u(H, C)
u(G/Ker(u), D)
Demonstracao. Estabelecamos a necessidade da condicao. Com efeito, sejaC Carbitrario. Como,
por hipotese, (u)1(C) D, existe B B tal que (u)1(C) = (B), e da resulta que u1(C) =B+ Ker(u).
Estabelecamos, agora, a suficiencia da condicao. Primeiramente, vejamos que u(B) =C. E claro que
u(B) e mais fina do que C, pois u : (G, B) (H, C) e limitada. Por outro lado, se C C e arbitrario,
existe B B tal que u1(C) B + Ker(u). Consequentemente, C = u(u1(C)) u(B), e C u(B).
Logo,C e mais fina do que u(B), eu(B) =C. Sejau : G/Ker(u) H o unico isomorfismo de grupos talque u =u . Entaou : (G/Ker(u), D) (H, C) e um isomorfismo de grupos bornologicos. De fato,u e limitada, poisu((B)) = u(B) Cpara qualquer B B. E (u)1 e limitada, pois u(B) = C e(u)1(u(B)) =(B) D para qualquer B B.
Isto conclui a demonstracao do teorema.
Corolario 3.27. Seja
(Gi, Bi)iI
uma famlia de grupos bornologicos. Para cadai I, sejamMi um
subgrupo deGi, ui : Gi Gi/Mi a sobrejecao canonica eCi= ui(Bi). Entao os grupos bornologicos
iI(Gi/Mi),iICi e iIGiiIMi , Csao isomorfos, sendo
iI
Gi munido da bornologia produtoiI
Bi e C a imagem direta deiI
Bi pela
sobrejecao canonica deiI
Gi em
iI
Gi
iI
Mi
.
Demonstracao. Pela Proposicao 3.17, Ker
iI
ui
=iI
Ker(ui) =iI
Mi, Im
iI
ui
=iI
Im(ui) =iI
(Gi/Mi) (logo,iI
ui e sobrejetor) eiI
ui Homb
iI
Gi,iI
Bi
;
iI
(Gi/Mi),iI
Ci
. Alem
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7/23/2019 Grupos Abelianos Bornolgicos
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32 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
disso, parai I e Bi Bi arbitrarios, tem-seiI
ui
1iI
ui(Bi)
=iI
u1i (ui(Bi)) =iI
Bi+iI
Mi=
=iI
Bi+ Ker
iI
ui
.
Portanto, o resultado segue imediatamente do Teorema 3.26.
Corolario 3.28. Sejam (G, B) um grupo bornologico eM N dois subgrupos deG. Sejau : G/M
G/No homomorfismo de grupos sobrejetor dado poru(x+M) =x +N, cujo nucleo eN/M, e sejam
: G G/M e
: G G/N as sobrejecoes canonicas. SejamC = (B), C
=
(B) eD a imagemdireta deCpela sobrejecao canonica deG/M em(G/M)/(N/M). Entao os grupos bornologicos
(G/M)/(N/M), D
e (G/N, C)
sao isomorfos.
Demonstracao. Primeiramente,u Homb
(G/M, C); (G/N, C)
, poisu((B)) = (B) para todoB
B. Se C C e arbitrario, existe B Btal que C = (B). Afirmamos que u1(C) =(B) + Ker(u).
Realmente, se x +M u1(C), x+N =u(x+M) = (b) =b +Npara algum b B , e entao existe
y N tal que x = b +y. Logo, x+M = (x) = (b) + (y), onde (y) N/M= Ker(u), mostrando
que u1(C) (B) + Ker(u). Analogamente,(B) + Ker(u) u1(C). Portanto, o resultado segue
imediatamente do Teorema 3.26.
Teorema 3.29. Sejam
(Gi, Bi)iI
uma famlia de grupos bornologicos, G um grupo e, para cada
i I, seja ui : Gi G um homomorfismo de grupos. Ent ao existe uma unica bornologia de grupo
B em G que e final para a famlia
(Gi, Bi), uiiI
, no seguinte sentido: para todo grupo bornol ogico
(H, C) e para todo homomorfismo de grupos u : G H, u Homb((G, B); (H, C)) se e somente se
u ui Homb((Gi, Bi); (H, C)) para todo i I.
(G, B) u(H, C)
ui u ui
(Gi, Bi)
Demonstracao. Seja B1o conjunto de todos os subconjuntos de G da forma T+ui1(Bi1)+ +uim(Bim),
onde T e um subconjunto finito de G, m N, i1, . . . , im I, Bi1 Bi1 , . . . , Bim Bim . Claramente,BB1
B= G. E, para quaisquer dois elementos
B1= T1+ ui1(Bi1) + + uim(Bim) eB2= T2+ uj1(Cj1) + + ujn(Cjn)
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 33
deB1, tem-se
B1 B2 (T1 T2) + ui1(Bi1 {0}) + + uim(Bim {0})
+ uj1(Cj1 {0}) + + ujn(Cjn {0}).
Logo, pela Proposicao 1.10, existe uma (unica) bornologia Bem G para a qual B1 e um sistema funda-
mental de limitados. Alem disso, B e uma bornologia de grupo em G, pois
B1 B2= (T1 T2) + ui1(Bi1) + + uim(Bim) + uj1(Cj1) + + ujn(Cjn) B1 .
Por construcao,ui Homb((Gi, Bi); (G, B)) para todoi I. Sejam (H, C) eu como no enunciado do
teorema. Entaou ui Homb((Gi, Bi); (H, C)) para todo i I seu Homb((G, B); (H, C)). Reciproca-
mente, se cada u ui e limitada, entao u(B) Cpara todo B B1; logo, u Homb((G, B); (H, C)).
Finalmente, provemos a unicidade. Com efeito, sejaB uma bornologia de grupo em G tal queui : (Gi, Bi) (G,B) e limitada para todo i I. Entao 1G : (G, B) (G, B) e limitada, em vista dapropriedade satisfeita por B. Assim, B e a bornologia de grupo mais fina que torna cada ui limitada,
provando a unicidade.
Isto conclui a demonstracao do teorema.
Observacao 3.30. (a) Se cada Bi e a bornologia discreta em Gi, B e a bornologia discreta emG.
(b) SeG = iIIm(ui), todos os conjuntos da forma ui1(Bi1) + + uim(Bim) constituem um sistemafundamental de limitados para B.Observacao 3.31. Se (G, B) e um grupo bornologico,H e um grupo eu : G H e um homomorfismo
de grupos sobrejetor, entao u(B) coincide com a bornologia de grupo final para o par ((G, B), u). Em
particular, se K e um subgrupo de G e : G G/K e a sobrejecao canonica, entao (B) coincide com
a bornologia de grupo final para o par ((G, B), ).
Definicao 3.32. Seja
(Gi, Bi)iI
uma famlia de grupos bornologicos. SejaG o grupoiI
Gi e, para
cada i I, seja ui : Gi G a injecao canonica. Se
iIBi e a bornologia de grupo final para a famlia
(Gi, Bi), ui
iI
,
G,iI
Bi
e dita a soma direta bornologica da famlia
(Gi, Bi)iI
.
Observacao 3.33. Nas condicoes da Definicao 3.32, a seguinte propriedade universal se verifica: para
todo grupo bornologico (H, C), a aplicacao
u Homb
iI
Gi,iI
Bi
; (H, C)
(ui u)iI
iI
Homb((Gi, Bi); (H, C))
e um isomorfismo de grupos.
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34 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
Observacao 3.34. Se (Gi, Bi)iI e uma famlia finita de grupos bornologicos, iIGi, iIBi =iI
Gi,iI
Bi
.
Proposicao 3.35. Sejam(G, B), (Mi)iI, M, (vi)iI, (Bi)iI ev como naProposicao 3.21, e suponha
que existaj Ital queMj B. Entao os grupos bornologicos(G/M, D) e(H, C) sao isomorfos, ondeD
e a imagem direta deBpela sobrejecao canonica deG emG/M, H= Im(v) eC e a bornologia induzida
poriI
Bi emH.
Demonstracao. Consideremos v como uma aplicacao de G em H; entao v e um homomorfismo de
grupos sobrejetor e a Proposicao 3.21 assegura que Ker(v) =Mev Homb((G, B); (H, C)). Agora, para
uma famlia arbitraria (Bi)iIde elementos de B, tem-se
v1
H
iI
vi(Bi)
=iI
(Bi+ Mi) Bj+ Mj,
sendo Bj +Mj um elemento de B. Consequentemente, v1(C) B para todo C C. Portanto, pelo
Teorema 3.26, (G/M, D) e (H, C) sao isomorfos.
Proposicao 3.36. Sejam (G, B) um grupo bornologico, (Mi)iIuma famlia de subgrupos deG eM o
subgrupo deG gerado poriI
Mi. Para cadai I sejaui a inclusao deMi emG, e sejau :iI
Mi G
o homomorfismo de grupos dado poru
(xi)iI
=
iIui(xi). Entao
iI
Mi,iI
BMi
u(G, B)
v(G/M, C) 0
e uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados, ondev e a sobrejecao canonica deG em
G/M eC= v(B).
Demonstracao. E conhecido ([6], A II.16) que Im(u) = Ker(v). Como v Homb((G, B); (G/M, C)),
resta mostrar que uHomb
iI
Mi,iI
BMi
; (G, B)
. De fato, sejamj I arbitrario e j: Mj
iI
Mi a injecao canonica. Comouj Homb((Mj , BMj ); (G, B)) e u j =uj, a limitacao de u resulta
da arbitrariedade de j em vista do Teorema 3.29.iI
Mi,iI
BMi
u (G, B)
j uj
(Mj , BMj )
Proposicao 3.37. Sejam
(Gi, Bi)iI
e
(Hi, Ci)iI
duas famlias de grupos bornologicos. Para cada
i I seja ui : Gi Hi um homomorfismo de grupos e sejaiI
ui a restricao deiI
ui aiI
Gi.
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7/23/2019 Grupos Abelianos Bornolgicos
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 35
Entao iIui e um homomorfismo de grupos de iIGi em iIHi tal que KeriIui =iIKer(ui) eImiI
ui
=iI
Im(ui). Alem disso,
iI
ui Homb
iI
Gi,iI
Bi
;
iI
Hi,iI
Ci
se e somente seui Homb((Gi, Bi); (Hi, Ci)) para todo i I.
Demonstracao. E conhecido ([6], A II.14) queiI
ui e um homomorfismo de grupos deiI
Gi em
iIHi satisfazendo as duas propriedades mencionadas. Para cada j I, sejam j: Gj iIGi ej: Hj
iI
Hi as injecoes canonicas.
Suponhamos queiI
ui Homb
iI
Gi,iI
Bi
;
iI
Hi,iI
Ci
e seja j I arbitrario. Afirma-
mos que wj, a restricao aiI
Hida projecao deiI
Hiem Hj, pertence a Homb
iI
Hi,iI
Ci
; (Hj , Cj)
.
Realmente, comowj k = 0 para k =j ewj j = 1Hj, entaowj k Homb((Hk, Ck); (Hj , Cj)) para
todok I, o que implica
wj Homb
iIHi,
iICi
; (Hj, Cj)
(Teorema 3.29).
iI
Hi,iI
Ci
wj (Hj , Cj)
k wj k
(Hk, Ck)
Finalmente, como uj =wj
iI
ui
j, segue que uj Homb((Gj , Bj); (Hj , Cj)).
iI
Gi,iI
Bi
iI
ui
iI
Hi,iI
Ci
j wj
(Gj , Bj)uj
(Hj, Cj)
Reciprocamente, suponhamos queui Homb((Gi, Bi); (Hi, Ci)) para todoi Ie sejaj Iarbitrario.
Como
iI
ui
j =juj, entao
iI
ui
j Homb
(Gj, Bj);
iI
Hi,iI
Ci
e da arbitrariedade
-
7/23/2019 Grupos Abelianos Bornolgicos
20/34
36 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
dej resulta a limitacao de
iIui (Teorema 3.29).
iI
Gi,iI
Bi
iI
ui
iI
Hi,iI
Ci
j
iI
ui
j
(Gj , Bj)
Corolario 3.38. Sejam
(Gi, Bi)iI
,
(Hi, Ci)iI
e
(Li, Di)iI
tres famlias de grupos bornologicos.
Para cadai I sejamui : Gi Hi evi : Hi Li dois homomorfismos de grupos. Para que
iI
Gi,iI
BiiI
ui
iI
Hi,iI
CiiI
vi
iI
Li,iI
Diseja uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados, e necessario e suficiente que
(Gi, Bi) ui(Hi, Ci)
vi(Li, Di)
seja uma sequencia exata de homomorfismos de grupos limitados para todoi I.
Demonstracao. Imediata a partir da Proposicao 3.37.
Definicao 3.39. Seja
(Gi, Bi), ujiiI
um sistema indutivo de grupos bornologicos (isto significa que
I e um conjunto munido de uma relacao de ordem parcial , (Gi, Bi) e um grupo bornologico para
todo i I, uji : (Gi, Bi) (Gj , Bj) e um homomorfismo de grupos limitado para i, j I com i j,uii = 1Gi para todoi Ieukj uji = uki parai ,j, k Icomi j k). Consideremos o grupo lim
Gi,
limite indutivo do sistema indutivo
Gi, ujiiI
de grupos, e seja vi : Gi limGi o homomorfismo de
grupos canonico (i I); lembrar a Proposicao 2.11 e as Definicoes 2.10 e 2.12. SeB e a bornologia de
grupo final para a famlia
(Gi, Bi), viiI
, (lim
Gi, B) e dito o limite indutivo bornologico do sistema(Gi, Bi), uji
iI
.
Observacao 3.40. Seja
(Gi, Bi)iI
uma famlia de grupos bornologicos. Consideremos I munido de
sua relacao de igualdade e ponhamos uii = 1Gi para todo i I. Entao
(Gi, Bi), uiiiI
e um sistema
indutivo de grupos bornologicos cujo limite indutivo bornologico coincide com
iIGi,iI
Bi.
Proposicao 3.41. Nas condicoes daDefinicao 3.39,(lim
Gi, B)satisfaz a seguinte propriedade universal:
para todo grupo bornologico (H, C) e para toda famlia (i)iI (onde i Homb((Gi, Bi); (H, C)) para
todo i I) tal que j uji = i para i j, existe um unico u Homb((limGi, B); (H, C)) tal que
u vi= i para todo i I.
(Gi, Bi) uji(Gj, Bj)
i j
(H, C)
(lim
Gi, B) u(H, C)
vi i
(Gi, Bi)
-
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 37
Demonstracao. Pela Proposicao 2.11, existe um unico homomorfismo de grupos u : lim
Gi H tal
que u vi = i para todo i I. Finalmente, como i Homb(Gi, Bi); (H, C) para todo i I, oTeorema 3.29 garante que u Homb
(lim
Gi, B); (H, C)
.
Exemplo 3.42. Sejam G,
GiiI
, uji e limGi como no Exemplo 2.14. Consideremos a bornologia de
grupo Bem G para a qual os subgrupos finitamente gerados de G constituem um sistema fundamental
de limitados e, para cada i I, seja Bi a bornologia trivial em Gi. Entao
(Gi, Bi), ujiiI
e um
sistema indutivo de grupos bornologicos. Alem disso, usando a Proposicao 3.41 e argumentando como
no Exemplo 3.3 de [7], conclui-se que os grupos bornologicos (G, B) e (lim
Gi,B) sao isomorfos, onde(lim
Gi,B) designa o limite indutivo bornologico do sistema (Gi, Bi), ujiiI.Corolario 3.43. Sejam (Gi, Bi), ujiiI e (Hi, Ci), vjiiI dois sistemas indutivos de grupos bor-nologicos e sejam(lim
Gi, B) e(lim
Hi, C) os correspondentes limites indutivos bornologicos. Para cada
i I seja i Homb
(Gi, Bi); (Hi, Ci)
tal que vji i = j uji para i j. Entao existe um unico
u Homb
(lim
Gi, B); (limHi, C)
tal que u vi = wii para todo i I, onde vi : Gi lim
Gi e
wi : Hi limHi sao os homomorfismos de grupos canonicos.
(Gi, Bi) i(Hi, Ci)
uji vji
(Gj , Bj)j
(Hj , Cj)
(lim
Gi, B) u(lim
Hi, C)
vi wi
(Gi, Bi) i
(Hi, Ci)
Demonstracao. Basta argumentar como na demonstracao do Corolario 3.25, aplicando a Proposicao
3.41 em lugar da Proposicao 3.24.
Observacao 3.44. (a) Sejam G e H dois grupos arbitrarios e seja Hom(G; H) o grupo abeliano de
todos os homomorfismos de grupos de G e H. Como
Hom(G; H) = Homb((G, 2G); (H, 2H)),
onde 2G (respectivamente 2H) e a bornologia trivial em G (respectivamente H), entao a Observacao
3.16, as Proposicoes 3.17, 3.19, 3.20, 3.21, 3.24 e 3.35, os Corolarios 3.18, 3.25, 3.27 e 3.28, e o Teorema
3.26 implicam os resultados correspondentes para grupos abelianos.
Por outro lado, os resultados que acabamos de mencionar implicam os resultados correspondentes para
R-modulos bornologicos (Exemplo 3.8), R-modulos linearmente bornologizados (Exemplo 3.9), espacosvetoriais bornologicos sobre K e espacos vetoriais bornologicos K-convexos (Exemplo 3.10), e espacos
vetoriais bornologicos convexos sobre Rou C (Exemplo 3.11), como e facil verificar.
(b) SejamG, He Hom(G; H) como em (a). Como
Hom(G; H) = Homb((G, B); (H, C)),
ondeB(respectivamenteC) e a bornologia discreta em G (respectivamenteH), entao a Observacao 3.33,
as Proposicoes 3.36, 3.37 e 3.41 e os Corolarios 3.38 e 3.43 implicam os resultados correspondentes para
grupos abelianos.
-
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38 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
4 Uma propriedade universal da bornologia da equilimitacao
O objetivo principal desta secao e provar o Teorema 4.2, cuja demonstracao e analoga aquela do caso
linear do Teorema 3.6 de [7].
Proposicao 4.1. Sejam
(G, B), uI
um sistema indutivo de grupos bornologicos e
(H, C), vI
um sistema projetivo de grupos bornologicos. Para (, ), (, ) IJ, com (, ) (, ), seja
(,)(,)
o homomorfismo de grupos de Homb((G , B); (H, C)) emHomb((G, B); (H, C)) dado por
(,)(,)(w) =v w u. Entao
Homb((G, B); (H, C)), ECB
, (,)
(,)
(,)IJ
e um sistema projetivo de grupos bornologicos.
Demonstracao. (,)(,) e E
CB
ECB-limitada pois, para X ECB
e B B arbitrarios, tem-se
(,)(,)(X)(B) =v
X(u(B))
C .
Como as outras condicoes da Definicao 3.22 sao facilmente justificaveis, a demonstracao esta concluda.
Nas condicoes da Proposicao 4.1, sejam (G, B) o limite indutivo bornologico do sistema
(G, B), uI
e (H, C) o limite projetivo bornologico do sistema
(H, C), vJ
. Para cada Isejau : G G
o homomorfismo de grupos canonico, e para cada J seja v : H H o homomorfismo de grupos
canonico. Para cada (, ) I J seja (,) o homomorfismo de grupos de Homb((G, B); (H, C)) em
Homb((G, B); (H, C)) dado por (,)(u) = v u u. Raciocinando como na demonstracao daProposicao 4.1, verifica-se que (,) e E
CB E
CB
-limitada. Alem disso, a famlia
(,)(u)(,)IJ
pertence ao grupo lim
Homb((G, B); (H, C)) para qualqueru Homb((G, B); (H, C)). Realmente, se
(, ), (, ) I J e (, ) (, ), tem-se
(,)(,)
(,)(u)
=v (,)(u) u = (v v) u (u u)
=v u u= (,)(u).
(G, B) w(H, C)
u v
(G, B) (,)
(,)(w)
(H, C)
(G, B) u(H, C)
u v
(G, B) (,)(u)
(H, C)
Podemos entao enunciar o seguinte
Teorema 4.2. Nas condicoes acima, o homomorfismo de grupos
: u
Homb((G, B); (H, C)), E
CB
(u) =
(,)(u)
(,)IJ
lim
Homb((G, B); (H, C)), D
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 39
e um isomorfismo de grupos bornologicos, onde o contradomnio de e o limite projetivo bornologico do
sistema dado naProposicao 4.1.
Antes de provar o Teorema 4.2, estabelecamos um resultado auxiliar:
Lema 4.3. Sejam
(Gi, Bi)iI
uma famlia de grupos bornologicos, G um grupo e, para cada i I,
sejaui : Gi G um homomorfismo de grupos. Suponhamos queG =iI
Im(ui)
e sejaBa bornologia
de grupo final para a famlia
(Gi, Bi), uiiI
. Entao, para todo grupo bornol ogico (H, C) e para todo
conjunto X de homomorfismos de grupos deG emH, as seguintes condicoes sao equivalentes:
(a) X ECB;
(b) X ui = {u ui; u X} ECBi
para todo i I.
Demonstracao do Lema 4.3. Como (a) claramente implica (b), provemos que (b) implica (a). Comefeito, seja B Barbitrario. Pela Observacao 3.30(b), existem i1, . . . , im I, Bi1 Bi1 , . . . , Bim Bim
tais que B ui1(Bi1) + +uim(Bim). Como, por hipotese, (X uik)(Bik) C para k = 1, . . . , m, a
inclusao
X(B) (X ui1)(Bi1) + + (X uim)(Bim)
implica que X(B) C. Portanto, X ECB.
Passemos a
Demonstracao do Teorema 4.2. Primeiramente, provemos que e um isomorfismo de grupos.
Realmente, seja
g=
g(,)(,)IJ
lim
Homb((G, B); (H, C)) arbitrario.
Fixemos Je consideremos a famlia
g(,)I
. Como
g(,) u = v g(,) u = (,)(,)
g(,)
=g(,)
para , a Proposicao 3.41 garante a existencia de um unico Homb((G, B); (H, C)) tal que
g(,) = u para todo I. Por outro lado, tem-se =v para . De fato, para todo
I,
u= g(,)= (,)
(,)g(,) =v g(,) u = v g(,)= v u ,e do fato de que todo elemento de G pode ser expresso como uma soma finita de elementos da forma
u(x) resulta que = v . Logo, pela Proposicao 3.24, existe um unicou Homb((G, B); (H, C))
tal que = v u para todo J. Alem disso,
(u) =
v u u(,)IJ
=
u(,)IJ
=
g(,)(,)IJ
=g,
sendou o unico elemento de Homb((G, B); (H, C)) cuja imagem por eg . Portanto, e um isomorfismo
de grupos.
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Provemos que e um isomorfismo de grupos bornologicos. Com efeito, seja X ECB arbitrario. Como
(X) D se e somente se (,)(X) ECB para todo (, ) IJ e como cada aplicacao (,) e
ECB ECB
-limitada, entao (X) D. Logo, e limitada. Finalmente, verifiquemos que 1 e limitada.
De fato, sejaYum conjuntoD-limitado arbitrario. Para cada (, ) IJ, sejaG(,)o homomorfismo
de grupos g(,)
(,)IJ
lim
Homb((G , B); (H, C))g(,)
Homb((G, B); (H, C)).
EntaoG(,)(Y) ECB
para todo (, ) IJ. Pela bijetividade de , para cadag =
g(,)(,)IJ
Y existe um unico ug Homb((G, B); (H, C)) tal que (ug) = g. Afirmamos que X = {ug; g Y}
= 1(Y)pertence a ECB. Realmente, comoC e a bornologia inicial para a famlia (H, C), vJ,X ECB se e somente sevX E
CB para todo J. Mas, para Jfixado,G(,)(Y) = (vX)u
ECB para todo I, e o Lema 4.3 garante que v X ECB . Portanto,
1(Y) ECB , provando que
1 e limitada.
Isto conclui a demonstracao.
Corolario 4.4. Sejam
(G, B)I
e
(H, C)J
duas famlias de grupos bornologicos, (G, B) a
soma direta bornologica da famlia
(G, B)I
e(H, C)o produto bornologico da famlia
(H, C)J
.
Entao os grupos bornologicos
Homb((G, B); (H, C)), E
CBe
(,)IJ
Homb((G, B); (H, C)),
(,)IJ
ECB
sao isomorfos.
Demonstracao. Consideremos I(respectivamente J) munido da relacao de igualdade. Como, nesse
caso, os grupos bornologicos lim
Homb((G, B); (H, C)), D
e
(,)IJHomb((G, B); (H, C)), (,)IJ ECB
coincidem, o resultado segue imediatamente do Teorema 4.2.
Sejam
(Gi, Bi), uijiI
um sistema projetivo de grupos bornologicos e (H, C) um grupo bornologico
arbitrario. Para i, j I, i j , consideremos o homomorfismo de grupos limitado
uHij: vj Homb((H, C); (Gj , Bj)), E
BjC
uij vj
Homb((H, C); (Gi, Bi)), E
BiC
.
Pela Proposicao 4.1, Homb((H, C); (Gi, Bi)), E
BiC
, uHij
iI
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 41
e um sistema pro jetivo de grupos bornologicos.
Proposicao 4.5. Seja
(Gi, Bi), uijiI
como acima e seja (G, B) o limite projetivo bornologico desse
sistema. Sejam(H, C)e(L, D)dois grupos bornologicos arbitrarios eu Homb((H, C); (L, D))arbitrario,
e consideremos os homomorfismos de grupos limitados
u : v Homb((L, D); (G, B)), EBD v u Homb((H, C); (G, B)), EBCe ui : viHomb((L, D); (Gi, Bi)), EBiD vi uHomb((H, C); (Gi, Bi)), EBiC (i I).Entao uiiI e um sistema projetivo de homomorfismos de grupos limitados de(Homb((L, D); (Gi, Bi)), EBiD ), uLijiI em (Homb((H, C); (Gi, Bi)), EBiC ), uHij iI. Alem disso,
Homb((L, D); (G, B)), EBD
RL lim
Homb((L, D); (Gi, Bi)),
D
u limui
Homb((L, C); (G, B)), EBC
RH
lim
Homb((H, C); (Gi, Bi)),De um diagrama comutativo de homomorfismos de grupos limitados, onde
lim
Homb((H, C); (Gi, Bi)),D(respectivamente
lim
Homb((L, D); (Gi, Bi)),
D
) e o limite projetivo bornologico do sistema
(Homb((H, C); (Gi, Bi)), E
BiC ), u
Hij iI
(respectivamente
(Homb((L, D); (Gi, Bi)), E
BiD ), u
LijiI
),
limui(vi)iI = ui(vi)iI para (vi)iI limHomb((L, D); (Gi, Bi)) (obviamente, limui e um ho-momorfismo de grupos), RH(v) =
ui v
iI
parav Homb((H, C); (G, B)) eRL(v) =
ui viI
para
v Homb((L, D); (G, B)), sendo ui : G Gi o homomorfismo de grupos canonico.
Demonstracao. Para provar a primeira afirmacao devemos mostrar que o diagrama
Homb((L, D); (Gj, Bj)) uj Homb((H, C); (Gj , Bj))
uLij uHij
Homb((L, D); (Gi, Bi))uiHomb((H, C); (Gi, Bi))
e comutativo para i j ([5], p.79). Realmente, para qualquer vj Homb((L, D); (Gj , Bj)),uHij uj(vj) =uij (vj u) = (uij vj) u=ui(uij vj) = (ui uLij)(vj).
Para provar a segunda afirmacao, notemos inicialmente que limui e uma aplicacao limitada. De fato,
para cada i Iseja THi o homomorfismo de grupos de limHomb((H, C); (Gi, Bi)) em Homb((H, C); (Gi, Bi))
dado porTHi
(wj)jI
=wi. Entao, pelo Teorema 1.11, limui e limitada se e somente se THi limui e
limitada para todo i I. Mas, para cada i I,THi lim
ui
(vj)jI
=THi
(
uj(vj))jI
=
ui(vi) =vi u
-
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para qualquer (vj)jIlimHomb((L, D); (Gi, Bi)), e da resulta a limitacao deT
Hi lim
ui . Alem disso,
RHeRLsao isomorfismos de grupos bornologicos em virtude do Teorema 4.2. Finalmente, para qualquerv Homb((L, D); (G, B)),
limui RL(v) = limui(ui v)iI = ui(ui v)iI
=
(ui v) uiI
=
ui (v u)iI
=RH(v u) = (RH u)(v),concluindo assim a demonstracao da segunda afirmacao.
Sejam
(Gi, Bi), ujiiI
um sistema indutivo de grupos bornologicos e (H, C) um grupo bornologico
arbitrario. Para i, j I, i j , consideremos o homomorfismo de grupos limitado
uHij: j Homb((Gj , Bj); (H, C)), ECBj j uji Homb((Gi, Bi); (H, C)), ECBi.Pela Proposicao 4.1,
Homb((Gi, Bi); (H, C)), ECBi
, uHij
iI
e um sistema pro jetivo de grupos bornologicos.
Proposicao 4.6. Seja
(Gi, Bi), ujiiI
como acima e seja (G, B) o limite indutivo bornologico desse
sistema. Sejam(H, C)e(L, D)dois grupos bornologicos arbitrarios eu Homb((H, C); (L, D))arbitrario,
e consideremos os homomorfismos de grupos limitados
u : v Homb((G, B); (H, C)), ECB u v Homb((G, B); (L, D)), EDB e ui : i Homb((Gi, Bi); (H, C)), ECBi u i Homb((Gi, Bi); (L, D)), EDBi(i I).Entao (ui)iI e um sistema projetivo de homomorfismos de grupos limitados de
Homb
(Gi, Bi); (H, C)), ECBi
, uHij
iI
em
Homb
(Gi, Bi); (L, D)), EDBi
, uLij
iI
. Alem disso,Homb((G, B); (H, C)), E
CB
RH lim
Homb((Gi, Bi); (H, C)),E
u lim
ui
Homb((G, B); (L, D)), EDB RL lim Homb((Gi, Bi); (L, D)),
Ee um diagrama comutativo de homomorfismos de grupos limitados, onde
lim
Homb((Gi, Bi); (H, C)),E(respectivamente
lim
Homb((Gi, Bi); (L, D)),
E
e o limite projetivo bornologico do sistema(Homb((Gi, Bi); (H, C)), E
CBi
, uHij
iI
(respectivamente
(Homb((Gi, Bi); (L, D)), EDBi
, uLij
iI
,
limui(i)iI = ui(i)iI para (i)iI limHomb((Gi, Bi); (H, C)) (obviamente, limui e um ho-
momorfismo de grupos), RH(v) = (v vi)iI para v Homb((G, B); (H, C)) e RL(v) = (v vi)iI para
v Homb((G, B); (L, D)), sendo vi : Gi G o homomorfismo de grupos canonico.
Demonstracao. Analoga a da Proposicao 4.5.
-
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 43
5 Uma propriedade universal da bornologia da equicontinui-
dade
O objetivo desta secao e provar o Teorema 5.12, cuja demonstracao e analoga aquela do Teorema 4 de
[8]. Mas antes, vejamos alguns preliminares sobre grupos topologicos.
Proposicao 5.1([23], Teorema 1.9). Sejam((Gi, i))iI uma famlia de grupos topologicos, G um grupo
e, para cada i I, seja ui : G Gi um homomorfismo de grupos. Se e a topologia inicial para
a famlia
(Gi, i), ui
iI
([3], pp. 28-31), entao (G, ) e um grupo topologico. Logo, para todo grupo
topologico (H, ) e para todo homomorfismo de gruposu : HG, tem-se queu Homc((H, ); (G, ))se e somente seui u Homc((H, ); (Gi, i)) para todo i I.
(H, ) u(G, )
ui u ui
(Gi, i)
Como consequencia imediata da Proposicao 5.1, temos o seguinte
Corolario 5.2. (a) Se (G, ) e um grupo topologico e M e um subgrupo de G, entao (M, M) e um
grupo topologico, ondeM e a topologia induzida por emM.
(b) Sejam (Gi, i)iI uma famlia de grupos topologicos, iI
Gi o grupo produto e iI
i a topologia
produto emiI
Gi. Entao
iI
Gi,iI
i
e um grupo topologico.
(c) Se (i)iI e uma famlia de topologias de grupo em um grupo G, entao
G, supiI
i
e um grupo
topologico.
Definicao 5.3. Seja
(Gi, i), uijiI
um sistema projetivo de grupos topologicos (isto significa queI e
um conjunto munido de uma relacao de ordem parcial , (Gi, i) e um grupo topologico para todoi I,
uij Homc((Gj , j); (Gi, i)) para i, j I com i j , uii = 1Gi para todo i I e uij ujk =uik para
i,j,k I com i j k). Para cada i I seja ui : limGi Gi o homomorfismo de grupos canonico
(Definicao 2.3) e sejaa topologia inicial para a famlia (Gi, i), uiiI. O grupo topologico (lim Gi, )(Proposicao 5.1) e dito o limite projetivo topologico do sistema
(Gi, i), uij
iI
.
Observacao 5.4. Seja
(Gi, i)iI
uma famlia de grupos topologicos. Munamos I da relacao de
igualdade e definamos uii = 1Gi para todo i I. Entao
(Gi, i), uiiiI
e um sistema projetivo de
grupos topologicos cujo limite projetivo topologico coincide com
iI
Gi,iI
i
.
Argumentando como na demonstracao da Proposicao 3.24, usando a Proposicao 5.1 em lugar do
Teorema 1.11, obtem-se a seguinte
-
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44 Cadernos do IME Serie Matematica Vol. 24 (impresso)/Vol. 6 (online) (2012)
Proposicao 5.5. Nas condicoes daDefinicao 5.3, (lim
Gi, ) satisfaz a seguinte propriedade universal:
para todo grupo topologico (H, ) e para toda famlia(i)iI (ondei Homc((H, ); (Gi, i)) para todoi I) tal queuij j =i parai j , existe um unicou Homc((H, ); (lim
Gi, )) tal queui u= i
para todo i I.
(Gj , j) uij(Gi, i)
j i
(H, )
(H, ) u(lim
Gi, )
i ui
(Gi, i)
Como todo grupo abeliano topologico e um Z-modulo topologico (Z munido da topologia discreta),
a Proposicao 1.4.2 de [2] fornece o seguinte resultado:
Proposicao 5.6. Sejam (Gi, i)iI uma famlia de grupos topologicos, G um grupo e, para cadai I, sejaui : Gi G um homomorfismo de grupos. Entao existe uma unica topologia de grupo em
G que e final para a famlia
(Gi, i), uiiI
, no seguinte sentido: para todo grupo topologico (H, ) e
para todo homomorfismo de grupos u : G H, tem-se que u Homc((G, ); (H, )) se e somente se
u ui Homc((Gi, i); (H, )) para todo i I.
(G, ) u(H, )
ui u ui
(Gi, i)
Definicao 5.7. Sejam (Gi, i)iI uma famlia de grupos topologicos, G o grupoiI
Gi e, para cada
i I, seja ui : Gi G a injecao canonica. SeiI
i e a topologia de grupo final para a famlia(Gi, i), ui
iI
,
G,iI
i
e dita a soma direta topologicada famlia
(Gi, i)
iI
.
Definicao 5.8. Seja
(Gi, i), ujiiI
um sistema indutivo de grupos topologicos (isto significa que I
e um conjunto munido de uma relacao de ordem parcial , (Gi, i) e um grupo topologico para todo
i I, uji Homc((Gi, i); (Gj , j)) para i, j I com i j , uii = 1Gi para todo i I e ukj uji =uki
para i,j,k I com i j k). Para cada i I seja vi : Gi limGi o homomorfismo de grupos
canonico (lembrar a Proposicao 2.11 e a Definicao 2.12) e seja a topologia de grupo final para a
famlia (Gi, i), viiI . O grupo topologico lim Gi, e dito o limite indutivo topologico do sistema(Gi, i), uji
iI
.
Observacao 5.9. Seja
(Gi, i)iI
uma famlia de grupos topologicos. Munamos I da relacao de
igualdade e ponhamos uii = 1Gi para todo i I. Entao
(Gi, i), uiiiI
e um sistema indutivo de
grupos topologicos cujo limite indutivo topologico coincide com
iI
Gi,iI
i
.
Argumentando como na demonstracao da Proposicao 3.41, usando a Proposicao 5.6 em lugar do
Teorema 3.29, obtem-se a seguinte
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7/23/2019 Grupos Abelianos Bornolgicos
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D.P. Pombo Jr. Grupos Abelianos Bornologicos 45
Proposicao 5.10. Nas condicoes daDefinicao 5.8, (lim
Gi, ) satisfaz a seguinte propriedade universal:
para todo grupo topologico (H, ) e para toda famlia(i)iI (ondei Homc((Gi, i); (H, )) para todoi I) tal quej uji = i para i j, existe um unicou Homc((lim
Gi, ); (H, )) tal queu vi = i
para todo i I.
(Gi, i) uji(Gj, j)
i j
(H, )
(lim
Gi, ) u(H, )
vi i
(Gi, i)
Proposicao 5.11. Sejam
(G, ), u
I
um sistema indutivo de grupos topologicos e
(H, ), v
J
um sistema projetivo de grupos topologicos. Para (, ), (, ) I J, com (, ) (, ), seja
(,)(,) o homomorfismo de grupos de Homc((G , ); (H, )) em Homc((G, ); (H, )) dado por
(,)(,)(w) =v w u . Entao
Homc((G, ); (H, )), E
, (
,)(,)
(,)IJ
e um sistema projetivo de grupos bornologicos.
Demonstracao. Mostremos que (,)(,) e E
E
-limitada. De fato, sejam X E e V uma -
vizinhanca de 0 em H. Comov : (H, ) (H, ) e contnua, existe uma -vizinhanca V de
0 em H tal que v(V) V ; e, como X E , existe uma -vizinhanca U de 0 em G tal que
X(U) V. Finalmente, comou : (G, ) (G , ) e contnua, existe uma-vizinhancaU de 0
emG tal que u(U) U . Portanto,
(,)(,)(X)(U) =
v X u
(U) =
v X
(u(U))
v X
(U) v(V) V ,
e (,)(,)(X) E
. Como as outras condicoes da Definicao 3.22 sao facilmente justificaveis, a demons-
tracao esta concluda.
Nas condicoes da Proposicao 5.11, sejam (G, ) o limite indutivo topologico do sistema (G, ), uIe (H, ) o limite projetivo topologico do sistema (H, ), vJ . Para cada I seja u : G Go homomorfismo de grupos canonico, e para cada J seja v : H H o homomorfismo de grupos
canonico. Para cada (, ) I J seja (,) o homomorfismo de grupos de Homc((G, ); (H, )) em
Homc((G, ); (H, )) dado por (,)(u) = v u u. Raciocinando como na demonstracao da
Proposicao 5.11, verifica-se que (,) e E E
-limitada. Alem disso, a famlia
(,)(u)(,)IJ
pertence ao grupo lim
Homc((G, ); (H, )) para qualquer u Homc((G, ); (H, )). Realmente, se
(, ), (, ) I J e (, ) (, ), tem-se
(,)(,)
(,)(u)
= (,)(u).
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(G, ) w(H, )
u v
(G, ) (,)
(,)(w)
(H, )
(G, ) u(H, )
u v
(G, ) (,)(u)
(H, )
Podemos entao enunciar o
Teorema 5.12. Nas condicoes acima, o homomorfismo de grupos
: u
Homc((G, ); (H, )), E
(u) =
(,)(u)
(,)IJ
lim
Homc((G, ); (H, )), D
e um isomorfismo de grupos bornologicos, onde o contradomnio de e o limite projetivo bornologico dosistema dado naProposicao 5.11.
Antes de provar o Teorema 5.12, estabelecamos um resultado auxiliar:
Lema 5.13. Sejam ((Gi, i))iI uma famlia de grupos topologicos, G um grupo e, para cada i
I, seja ui : Gi G um homomorfismo de grupos. Seja a topologia de grupo final para a famlia(Gi, Bi)), ui
iI
. Ent ao, para todo grupo topologico (H, ) e para conjunto X de homomorfismos de
grupos deG emH, as seguintes condicoes sao equivalentes:
(a) X E;
(b) X ui = {u ui; u X} E
i para todo i I.
Demonstracao do Lema 5.13. Como (a) claramente implica (b), provemos que (b) implica (a). Com
efeito, seja F(X; H) o grupo abeliano das funcoes de X em H, munido da topologia da convergencia
uniforme (u), a qual o torna um grupo topologico. Consideremos o homomorfismo de grupos g : G
F(X; H) dado por g (x)(u) =u(x) para x G e u X. E claro que X E se e somente se g : (G, )
(F(X; H), u) e contnuo. E, pela Proposicao 5.6, g : (G, ) (F(X; H), u) e contnuo se e somente
se g ui : (Gi, i) (F(X; H), u) e contnuo para todo i I. Fixemos entao i I e seja V uma
-vizinhanca de 0 em H. Como, por hipotese, X ui Ei
, existe uma i-vizinhanca Ui de 0 em Gi tal
que (X ui)(Ui) V. Portanto,
(g ui)(Ui) {h F(X; H); h(X) V},
mostrando a continuidade de g ui e concluindo a demonstracao de (a).
Passemos a
Demonstracao do Teorema 5.12. Primeiramente, provemos que e um isomorfismo de grupos.
Realmente, seja g =
g(,)(,)IJ
lim
Homc((G, ); (H, )) arbitrario. Fixemos J e
consideremos a famlia
g(,)I
. Como
g(,) u = v g(,) u = (,)(,)(g(,)) =g(,)
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para , a Proposicao 5.10 garante a existencia de um unico Homc((G, ); (H, )) tal que
g(,) = u para todo I. Por outro lado, tem-se =v para . De fato, para todo I,
u= g(,)= (,)(,)(g(,)) =v g(,) u= v g(,)= v u ,
e do fato de que todo elemento de G pode ser expresso como uma soma finita de elementos da forma
u(x) resulta que =v . Logo, pela Proposicao 5.5, existe um unicou Homc((G, ); (H, ))
tal que = v u para todo J. Alem disso,
(u) =
v u u(,)IJ
=
u(,)IJ
=
g(,)(,)IJ
=g,
sendou o unico elemento de Homc((G, ); (H, )) cuja imagem por eg . Portanto, e um isomorfismo
de grupos.
Provemos que e um isomorfismo de grupos bornologicos. Com efeito, seja X E arbitrario. Como
(X) D se e somente se (,)(X) E
para todo (, ) IJ e como cada aplicacao (,) e
E E
-limitada, entao (X) D. Logo, e limitada. Finalmente, verifiquemos que 1 e limitada.
De fato, sejaYum conjuntoD-limitado arbitrario. Para cada (, ) IJ, sejaG(,)o homomorfismo
de grupos g(,)
(,)IJ
lim
Homc((G , ); (H, ))g(,)
Homc((G, ); (H, )).
EntaoG(,)(Y) E para todo (, ) IJ. Pela bijetividade de , para cada g = g(,)(,)IJY existe um unico ug Homc((G, ); (H, )) tal que (ug) = g. Afirmamos que X = {ug; g Y}
(= 1(Y)) pertence a E . Realmente, como e topologia inicial para a famlia
(H, ), vJ
, X E
se e somente se v X E para todo J. Mas, para J fixado, G(,)(Y) = (v X) u E
para todo I, e o Lema 5.13 fornece v X E . Portanto,
1(Y) E , mostrando que 1 e
limitada.
Isto conclui a demonstracao.
Corolario 5.14. Sejam
(G, )
I
e
(H, )
J
duas famlias de grupos topologicos, (G, ) a
soma direta topologica da famlia (G, )I e(H, ) o produto topologico da famlia (H, )J.Entao os grupos bornologicosHomc((G, ); (H, )), E
e
(,)IJ
Homc((G, ); (H, )),
(,)IJ
E
sao isomorfos.
Demonstracao. Consideremos I(respectivamente J) munido da relacao de igualdade. Como, nesse
caso, os grupos bornologicos lim
Homc((G, ); (H, )), D
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e
(,)IJ
Homc((G, ); (H, )), (,)IJ
Ecoincidem, o resultado segue imediatamente do Teorema 5.12.
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555. [P. 527, l. 8: em lugar de . P. 528, l. -4: E e um espaco topologico,F e um espaco
uniforme em lugar de E e F sao espacos topologicos. P. 546, l. -4: i0 ui0 em lugar de
i0 ui0. P. 549, l. 4 e l. 5: FiI
vi(B) em lugar de iI
vi(B). P. 550, l. -4 e p. 551, l. 5:
em lugar de =.]
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