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GRUPO II – CLASSE I – Plenário TC-008.403/1999-6 (com 16 volumes e 2 anexos) Apensos: TC 019.160/2006-8, TC 005.256/2004-2 (com 2 volumes), TC 019.439/2003-6 (com 1 volume), TC 016.522/1999-0, TC 011.853/1999- 9 (com 4 volumes), TC 004.800/1998- 2 (com 8 volumes). Natureza: Recursos de Reconsideração Entidade: Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI Interessados: Renato Basco Visco (CPF 000.701.655-72) e Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. (CNPJ 34.146.357/0001-02). Advogados constituídos nos autos: Alexandre Medeiros de Paiva (OAB/RJ 87.367), Adriana Gomes de Moraes Lima (OAB/RJ 90.692), Gustavo Travassos de Azevedo (OAB/RJ 57.787) e Marcos Borges (OAB/RJ 114.117). Interessado em sustentação oral: Alexandre Medeiros de Paiva (OAB/RJ 87.367). Sumário: RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO EM PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. QUESTÕES RELACIONADAS A LICITAÇÕES E CONTRATOS. DISPENSAS FUNDAMENTADAS EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA. PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO APRESENTADO PELO ADMINISTRADOR. NÃO-PROVIMENTO DO RECURSO APRESENTADO PELA EMPRESA. /home/website/convert/temp/convert_html/ 5c155ee409d3f29b2f8d2481/document.doc

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GRUPO II – CLASSE I – PlenárioTC-008.403/1999-6 (com 16 volumes e 2 anexos)Apensos: TC 019.160/2006-8, TC 005.256/2004-2 (com 2 volumes), TC 019.439/2003-6 (com 1 volume), TC 016.522/1999-0, TC 011.853/1999-9 (com 4 volumes), TC 004.800/1998-2 (com 8 volumes).Natureza: Recursos de ReconsideraçãoEntidade: Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPIInteressados: Renato Basco Visco (CPF 000.701.655-72) e Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. (CNPJ 34.146.357/0001-02).Advogados constituídos nos autos: Alexandre Medeiros de Paiva (OAB/RJ 87.367), Adriana Gomes de Moraes Lima (OAB/RJ 90.692), Gustavo Travassos de Azevedo (OAB/RJ 57.787) e Marcos Borges (OAB/RJ 114.117).Interessado em sustentação oral: Alexandre Medeiros de Paiva (OAB/RJ 87.367).

Sumário: RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO EM PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. QUESTÕES RELACIONADAS A LICITAÇÕES E CONTRATOS. DISPENSAS FUNDAMENTADAS EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA. PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO APRESENTADO PELO ADMINISTRADOR. NÃO-PROVIMENTO DO RECURSO APRESENTADO PELA EMPRESA.

1. A situação prevista no art. 24, VI, da Lei nº 8.666/93 não distingue a emergência real, resultante do imprevisível, daquela resultante da incúria ou inércia administrativa, sendo cabível, em ambas as hipóteses, a contratação direta, desde que devidamente caracterizada a urgência de atendimento a situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares.2. A incúria ou inércia administrativa caracteriza-se em relação ao comportamento individual de determinado agente público, não sendo possível falar-se

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da existência de tais situações de forma genérica, sem individualização de culpas.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório a instrução produzida pela Serur, acolhida pelos dirigentes da Unidade Técnica e pelo Ministério Público:

“Trata-se de Recursos de Reconsideração (fls. 1/7, anexo 1, e fls. 1/18, anexo 2) interpostos pelo Sr. Renato Basto Visco, devidamente representado por advogado, procuração acostada à fl. 738 do volume 16, e pela Empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., procuração de fl. 115 do anexo 2, contra o Acórdão nº 1.072/2004 – Plenário (fls. 685/687, v. p.), exarado pelo TCU em processo da Prestação de Contas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) relativa ao exercício de 1998.

Ressalte-se que o Acórdão nº 1.750/2004 – Plenário (fl. 759, v. 16) retificou o item 4 do acórdão supracitado por erro material, excluindo do rol de responsáveis o nome dos Sres Luis Felipe Medeiros de Macedo e Sérgio Bruno Farinha Canarim.

Após o regular desenvolvimento do processo, o Plenário prolatou o Acórdão nº 1.072/2004 – Plenário, cujo teor, no que interessa para o deslinde da questão, reproduz-se a seguir:

‘[omissis];9.2 – rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Renato Basto

Visco (ex-Diretor de Administração Geral) relativamente aos pagamentos indevidos feitos à empresa TNC File Serviços Participações e Consultoria Ltda. nos processos INPI nº 404/98, 3223/1998, 3610/1998 e 005/1999, por serviços que não foram realizados, descumprindo-se cláusula contratual (Ofício nº 016/2000 – citação);

9.3 – rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos Sres Jorge Machado (ex-Presidente), Renato Basto Visco (ex-Diretor de Administração Geral) e pela empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., no que diz respeito à contratação sem licitação dessa empresa, em 02/10/1998, por meio do Contrato nº 37/1998, apresentando um valor injustificadamente elevado, em contrariedade ao inciso III do art. 26 da Lei nº 8.666/1993;

9.4 – rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Sres Jorge Machado (ex-Presidente), Renato Basto Visco (ex-Diretor de Administração Geral), Américo Puppin (ex-Presidente);

9.5 – julgar irregulares as contas dos responsáveis indicados no subitem 9.4 anterior, com fundamento nos artigos 1º, inciso I; 16, inciso III, b e c, da Lei nº 8.443/1992 c/c os artigos 19, caput, e 23, inciso III, a, da mesma Lei;

9.6 – condenar o Sr. Renato Basto Visco (ex-Diretor de Administração Geral) ao ressarcimento das quantias abaixo especificadas, relativamente aos pagamentos indevidos à empresa TNC File Serviços Participações e Consultoria Ltda., nos processos INPI nº 404/1998, 3223/1998, 3610/1999 e 005/1999, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal (art. 214, inciso III, a, do Regimento Interno) o ressarcimento da dívida aos cofres do INPI, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data do efetivo recolhimento:

Data Valor (R$)21/05/1998 23.719,2024/06/1998 19.163,40

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16/07/1998 12.419,4011/08/1998 6.918,6011/09/1998 3.336,6010/10/1998 2.436,6009/11/1998 1.917,0009/12/1998 1.567,80

9.7 – condenar, solidariamente, os Sres Jorge Machado (ex-Presidente), Renato Basto Visco (ex-Diretor de Administração Geral), Sérgio Bruno Farinha Canarim (à época Engenheiro, responsável revel) e a empresa Benco Alta Tecnologia, ao pagamento da importância de R$ 82.456,02 (oitenta e dois mil, quatrocentos e cinqüenta e seis reais e dois centavos), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal (art. 214, inciso III, a, do Regimento Interno) o ressarcimento da dívida aos cofres da entidade, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir de 02/10/1998 até a data do efetivo recolhimento;

9.8 – aplicar aos responsáveis, Sres Renato Basto Visco (ex-Diretor de Administração Geral), Jorge Machado (Presidente), Américo Puppin (ex-Presidente) e ao Sr. Luis Felipe Medeiros (à época Chefe da Divisão de Engenharia do Inmetro, responsável revel), a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), R$ 8.000,00 (oito mil reais), R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e R$ 4.000,00 (quatro mil reais), respectivamente, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem perante o Tribunal (art. 214, inciso III, a, do Regimento Interno), o recolhimento das referidas quantias ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente na data do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.9 – autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

[omissis]’Irresignados com o decisum, os recorrentes interpuseram recursos, que

passarão a ser analisados.ADMISSIBILIDADEOs exames preliminares de admissibilidade (fl. 12, anexo 1, e fl. 117, anexo

2) concluíram pelo conhecimento dos recursos com efeito suspensivo, eis que preenchidos os requisitos processuais aplicáveis à espécie. O Exmo Ministro Relator, no despacho de fl. 14 do anexo 1, ordenou o retorno do processo para que seja instruído pela Serur, determinação que também deve ser aproveitada em relação ao recurso autuado na forma de anexo 2, haja vista não constar nesse anexo despacho específico e não existir óbice para a sua apreciação.

MÉRITOEmbora apresentados em peças distintas, os recursos serão analisados em

uma mesma instrução, com espeque na economia processual, o que será feito apresentando-se os argumentos dos recorrentes, de forma sintética, seguidos das respectivas análises, sendo que os argumentos comuns serão enfrentados conjuntamente.

ARGUMENTOS DO Sr. RENATO BASTO VISCO.Argumento: o recorrente aduz que exerceu o cargo de Direção da

Administração Geral (DAG) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) durante o período de 09/01/1998 a 06/07/1999. Afirma que quando assumiu o cargo percebeu o estado caótico em que se encontrava o edifício-sede da instituição, e que

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desde 1996 a entidade não conseguiu levar a termo uma licitação para prestação de serviços de manutenção das dependências do prédio.

‘Diante da urgência ocasionada pelo vencimento dos contratos emergenciais celebrados pela administração passada e pela falta de tempo hábil para realização de licitação para formalização destes contratos emergenciais, não houve outra alternativa ao Recorrente senão adotar o caráter de urgência esculpido no art. 24, IV da Lei nº 8.666/93. Caso as contratações realizadas pelo Recorrente, em caráter de urgência, não tivessem sido efetivadas na época, o INPI teria que fechar suas portas por completa inaptidão para atender a sua demanda (fl. 3, anexo 1).

Análise: sobre o acórdão ora fustigado, merece destaque trecho do Relatório onde estão relacionadas as irregularidades que justificaram a audiência do Sr. Renato Basto Visco, verbis:

‘7. O Sr. Renato Basto Visco, ex-Diretor de Administração Geral do INPI, foi ouvido em audiência pelas seguintes irregularidades:

a) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda. por meio do processo 60/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, desrespeitando o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

b) contratação de serviços eventuais e de manutenção do sistema de refrigeração, com dispensa de licitação, por intermédio do processo nº 60/98, que não apresentavam natureza emergencial, contrariando o inciso V do artigo 24 da Lei 8.666/1993;

c) prestação de serviços pela empresa Benco, no período de 28.01 a 05.03.1998, sem realização de contrato e sem licitação, desrespeitando o parágrafo único do artigo 60 e o artigo 2º da Lei 8.666/1993;

d) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco, por meio do processo 2127/98 em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, em afronta ao entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994 e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

e) existência de projeto básico, no processo nº 60/98, contemplando a prestação de serviços sem estimativa de quantitativos, descumprindo-se o § 4º do artigo 7º da Lei nº 8.666/1993, que atingiram o montante superior ao permitido para dispensa de licitação, em desobediência ao inciso I do artigo 24 e ao artigo 2º do mesmo texto legal;

f) prestação de serviços pela empresa TNC File sem realização de contrato e sem licitação, sendo paga por indenização nos processos ns 3223/1998, 3610/1998, e 0005/1995, descumprindo o parágrafo único do artigo 60 e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/93;

g) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa TNC File, por meio do Processo nº 955/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, deixando de atentar para o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

h) terceirização, no processo 1892/1998, de atividades finalísticas do INPI, contrariando o § 2º do art.1º do Decreto 2.271/1997;

i) contratação do IEL sem licitação – proc. 2863/98 (projeto INPI 2000, Contrato nº 044/1998), apresentado preços injustificados dos serviços, todos com valores significativos, desobedecendo o inciso III do artigo 26 da Lei 8.666/1993;

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j) contratação com dispensa de licitação da PUC/RJ (correto: IEL/DF) – proc. 1892/98, contendo preço injustificado do serviço, de valor expressivo, em descumprimento ao inciso III do artigo 26 da Lei 8.666/1993;

l) falta de reavaliação dos contratos do INPI de maior valor, ferindo o caput do artigo 1º do Decreto 2.399/1997;

m) autorização para edital com critérios subjetivos, referente ao Processo nº 275/1998 (contratação da empresa Concremat Engenharia e Tecnologia Ltda.), e o julgamento das propostas sem esclarecer os elementos utilizados para apreciação dessas propostas, infringindo o inciso VIII do artigo 40, o § 1º do art.44 e o inciso I do artigo 46, todos, da Lei 8.666/1993, o que resultou na contratação de empresa que não apresentou a menor oferta;

n) contratação com dispensa de licitação por meio do Processo nº 4613/1997, cujo objeto não se restringia aos serviços necessários para o atendimento das tarefas emergenciais, descumprindo o inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993;

o) inclusão da cláusula 10 no Contrato 11/98, firmado com a empresa DW Engenharia Ltda., que havia sido questionada pela Procuradoria Jurídica do INPI, por conceder direitos indevidos a contratada, sem a apresentação de justificativas para não ser acatado o parecer jurídico, infringindo-se o parágrafo único do artigo 38 da Lei 8.666/93;

p) licitação indevidamente considerada inexigível, visto que o objeto não era de natureza singular e era viável a realização do certame, resultando no contrato nº 51/1998, firmado com a empresa DW Engenharia Ltda., em confronto com o caput e o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/1993.

8.O mencionado responsável, Sr. Renato Basto Visco, foi ainda citado em razão das seguintes ocorrências:

a) pagamentos indevidos feitos à empresa TNC File, por serviços que não foram realizados, descumprindo-se cláusula contratual, conforme tabela abaixo:

Mês de Referência Valor Data do Pagamentoa) abril/98 R$ 23.719,20 21/05/98b) maio/98 R$ 19.163,40 24/06/98c) junho/98 R$ 12.419,40 16/07/98d) julho/98 R$ 6.918,60 11/08/98

e) agosto/98 R$ 3.336,60 11/09/98f) setembro/98 R$ 2.436,60 14/10/98g) outubro/98 R$ 1.917,00 12/11/98

h) novembro/98 R$ 1.567,80 10/12/98i) dezembro/98 R$ 992,94 04/06/98

b) contratação de serviços do Instituto Euvaldo Lodi – IEL sem justificativas, para serviços já prestados pela PUC/RJ, causando um débito de R$ 154.300,00 ao erário;

c) contratação da empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., em 02/10/1998 (Contrato nº 37/1998), com valor injustificadamente elevado (R$ 163.061,40)’

De pronto, resta claro que durante a gestão do recorrente, por diversas vezes, adotou-se a dispensa ou inexigibilidade de licitação na Diretoria de Administração Geral (DAG). Ele emprega como justificativa para utilizar tais práticas o argumento de que o prédio encontrava-se em situação precária e que desde 1996,

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dois anos antes do recorrente assumir o cargo, o INPI não conseguia levar a termo licitação para a contratação de serviços de manutenção predial.

No caso dos contratos celebrados com a empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. para a manutenção predial, as licitações foram dispensadas por força do inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos). A situação emergencial foi reconhecida pela Unidade Técnica, que mesmo assim manifestou entendimento de que tal fato não justifica uma administração repleta de atropelos, descuidando-se de restrições legais, informação transcrita na alínea ‘c’ do item 9.1.2 do Relatório do Acórdão nº 1.072/2004 – Plenário. O Ministro-Relator, em trecho do voto condutor do acórdão zurzido, manifestou a seguinte opinião, que se traz à colação abaixo:

‘14.Ressalte-se que, relativamente aos Processos 60/1998 e 2.127/1998, que tratam de contratações emergenciais da empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., foram constatadas graves irregularidades como a falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação da mencionada empresa com dispensa de licitação em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI; a contratação de serviços eventuais e de manutenção do sistema de refrigeração, com dispensa de licitação, que não apresentavam natureza emergencial; a prestação de serviços pela empresa, no período de 28/01 a 05/03/1998, sem realização de contrato e sem licitação; a elaboração de projeto básico impreciso, contemplando a prestação de serviços sem estimativa de quantitativos, que atingiram o montante superior ao permitido para dispensa de licitação’.

Como se vê, quanto à situação caótica do prédio todos concordam, o que não existe é concordância quanto a situação ser alegada para justificar a dispensa quando a precariedade predial é resultado da inércia administrativa da própria instituição, posição que ganhou assento jurisprudencial no TCU como o item ‘a.1’ da Decisão nº 347/1994 – Plenário, verbis:

‘a) que, além da adoção das formalidades previstas no art. 26 e seu parágrafo único da Lei nº 8.666/93, são pressupostos da aplicação do caso de dispensa preconizado no art. 24, inciso IV, da mesma Lei:

a.1) que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação;’

Não é demais lembrar que o INPI ocupa 80% do prédio, não se justificando a contratação emergencial de manutenção preventiva e corretiva sem que os demais ocupantes providenciem a manutenção predial das partes que utilizam. Essa informação consta do item 44 do relatório da Decisão nº 926/1999 – Plenário (TC 004.800/1998-2), verbis:

‘44. Outra questão que pode ser levantada advém da informação às fls. 13 do volume original de que o prédio é ocupado, em regime de aforamento, em condomínio pelo INPI (80%), pela Empresa Brasileira de Comunicação S.A. – Radiobrás (16%) e pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT (4%). Faz-se necessário saber se existem obras cujos encargos devem ser divididos com os outros ocupantes.’

Posto isso, tem-se que o fato da situação caótica do prédio ser resultado de inércia dos ocupantes e a contratação de manutenção de forma isolada não sanar em definitivo os problemas prediais desautorizam a dispensa de licitação com espeque no inciso IV do art. 24 da Lei de Licitações e Contratos.

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Argumento: quanto ao contrato celebrado com a empresa Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda., o recorrente alega que o caso em tela enquadra-se nas situações emergenciais listadas por esta Corte na decisão proferida no TC 004.800/1998-2, tese não acolhida pelo acórdão ora recorrido. ‘O Recorrente também concorda que não se deve generalizar a interpretação de julgados desta Corte. Mas discorda, veementemente, quando este é o único argumento para que não se utilize a referida decisão como base para a formação do convencimento de V. Exas. (...) Aliás, o Acórdão recorrido se utiliza do precedente estabelecido pela decisão nº 347/1994, que pouco se alinha às especificidades do caso em tela. (...)’ (fl. 4, anexo 1).

Sobre o aumento nos valores contratuais, afirma que os serviços tidos como ‘eventuais’ são essenciais para o bom funcionamento do INPI, razão pela qual o Projeto Básico anteriormente pactuado foi modificação por necessidades técnicas surgidas com a aquisição de mais equipamentos de informática, tendo sido solicitado à empresa Benco que refizesse sua cotação de preços.

Com relação ao superfaturamento do contrato celebrado com a empresa Benco, afirma que o TCU chegou a esta conclusão pelo confronto dos valores do contrato com o termo celebrado com a empresa Alpina Construção e Comércio Ltda., vencedora de licitação posterior. Afirma que ‘a diferença inicial de valor entre os dois contratos é de R$ 10.114,48! Isto porque a Benco incluiu em seu orçamento itens obrigatórios que a Alpina omitiu em seu orçamento, tais como Periculosidade, Insalubridade e Horas-Extras, no tocante à mão-de-obra. Prova disto é que a empresa Alpina admitiu que o seu preço estava sub-avaliado e solicitou, logo após a assinatura do contrato com o INPI, o re-equilíbrio (sic) financeiro do Contrato, majorando o seu valor inicial de R$ 41.536,40 em 35,3%, que em números absolutos perfaz o total de R$ 56.187,89!’ (fl. 5, anexo 1).

Análise: na insistência do recorrente para que se adote o mesmo entendimento que o TCU exarou no TC 004.800/1998-2 (Decisão nº 926/1999 – Plenário), por ‘discorda[r], veementemente, quando este é o único argumento para que não se utilize a referida decisão como base para a formação do convencimento de V. Exas’(fl. 4, anexo 1), existe um desvirtuamento na utilização da jurisprudência. Essa não cria um novo tipo, ao qual o fato concreto se enquadra, em verdade o precedente jurisprudencial é utilizado quando existe semelhança de fatos e direito para reforçar uma decisão, o que este Tribunal de Contas não reconheceu no caso em tela. Assim, fica afastada a pertinência da irresignação do recorrente por entender que o Tribunal deveria ter adotado a Decisão nº 926/1999 – Plenário como precedente, e aplicar os mesmos efeitos. Cumpre destacar que por meio do TC 004/800/1998-2 o TCU tratou de denúncia de possíveis irregularidade na administração do INPI, culminando em sua improcedência em razão do reconhecimento de que a Administração adotou as medidas para que as atividades dos setores não sofressem solução de continuidade e para preservar o bem-estar dos servidores e usuários.

Dessa forma, a possibilidade de se abrir precedente para uma generalização não foi a única justificativa, na verdade foi mais uma justificativa para não se aplicar o precedente, como pretende o recorrente.

Quanto à utilização da Decisão nº 347/1994 – Plenário, o trecho que interessa para o deslinde da questão foi transcrito no item 12 desta instrução. O excerto trazido à colação se mostra, ao contrário da Decisão nº 926/1999 – Plenário, compatível com o caso em debate, haja vista o TCU naquela assentada ter firmado o entendimento de que o estado precário, quando motivado por inércia da administração, não pode ser alegado para justificar a dispensa de licitação, situação que ocorreu no INPI como o próprio recorrente reconhece ao afirmar que ‘desde de 1996 a

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administração do INPI não conseguia levar a termo nenhuma licitação de prestação de serviços de manutenção das dependências do edifício-sede’ (fl. 02, anexo 1). Tal afirmação é suficiente para afastar a pertinência da dispensa de licitação no caso concreto.

Sobre o aumento dos valores do Contrato nº 10/98, quando de sua substituição pelo Contrato nº 37/98, e a constatação de superfaturamento pela comparação dos preços com a proposta da empresa Alpina – Construções e Comércio Ltda. serão tratados quando da análise do recurso interposto pela empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda.

Argumento: o recorrente manifesta discordância com o papel da Procuradoria do INPI na análise dos contratos daquela autarquia. Após destacar trecho do Relatório do acórdão vergastado, afirma que ‘a opinião da Procuradoria do INPI tem que ser levada em conta na formação do convencimento de V. Exas. Pelo menos seja aplicada como atenuante no momento da aplicação da pena do acusado. Muitas vezes o parecer da Procuradoria induz a erro o membro da direção da autarquia que, por não ter formação jurídica, se respalda no órgão que possui o saber jurídico’ (fl. 6, anexo 1).

Análise: o STF ao apreciar do MS 24.073-DF, da lavra do Ministro Carlos Velloso, manifestou entendimento que vai de encontro à pretensão do recorrente de responsabilizar a área jurídica solidariamente ou em substituição. Muito embora o posicionamento da excelsa Corte tenha ocorrido em sede de Mandado de Segurança, o que só vincula os envolvidos, trata-se de relevante antecedente jurisprudencial que deve ser levado em consideração nos casos concretos.

A responsabilização de parecerista jurídico, por não ter natureza decisória, mas ser meramente opinativa, foi afastada pelo STF. A responsabilização só deve ocorrer quando o parecer for manifestamente contrário à lei e ficar evidente que teve o objetivo de induzir o administrador ao erro, o que não ficou evidenciado no caso em estudo.

Dessa forma, caso o recorrente considere que o parecer lhe causou danos materiais e morais, ou que tenha havido má-fé do parecerista, deverá procurar a reparação pela via judicial, e não a diminuição ou exclusão da multa perante o TCU.

Argumento: em relação ao contrato celebrado com a TNC File, o recorrente afirma não haver dúvida de que os documentos constantes no volume 9 são inequívocos quanto a flagrante urgência na contratação de uma empresa de porta-documentos e da lisura da forma como os pagamentos foram efetuados frente ao serviço contratado. Afirma que o caso em estudo se assemelha ao do TC 010.824/1999-5, decidido por meio da Decisão nº299/2002 – Plenário.

Análise: na instrução de fls. 560/607 do volume principal, a Unidade Técnica, ao analisar as justificativas sobre a dispensa de licitação na contratação da emprega TNC Serviços Participações e Consultoria Ltda., manifestou o entendimento, com arrimo no Relatório de Vistoria da empresa Concremat – Engenharia e Tecnologia S.A., que realmente existia risco iminente de dano aos documentos armazenados do edifício-sede do INPI, o que caracterizou uma situação de urgência que dispensaria a licitação. Quanto aos pagamentos realizados, ao analisar a justificativa de que é de praxe entre as empresas do ramo que a forma de cobrança seja de locação de espaço e não apenas pela prestação de serviços, não obstante tenha destacado que a Cláusula 4º do contrato firmado determina que ‘o contratante pagará a contratada o valor correspondente aos serviços realizados durante o mês, conforme preços unitários definidos no Anexo II’, em razão da Decisão nº 299/2002 – Plenário, por meio da qual se acolheu razões de justificativa apresentadas para justificar o pagamento por espaço

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reservado, independente da efetiva utilização, encaminhou proposta no sentido de acatar as alegações de defesa e as razões de justificativa, afastando a irregularidade.

O Ministro-Relator, ao enfrentar a irregularidade, manifestou o seguinte entendimento:

‘13. Destaca-se entre os problemas encontrados nos contratos realizados pela entidade, a contratação emergencial da empresa TNC File para guarda de documentos (Processo INPI 404/98), baseada no art. 24, inciso IV da Lei nº 8.666/93. De acordo com o Relatório de Auditoria (fls. 274/302), o Contrato previa o pagamento proporcional ao volume de caixas e a estocagem foi feita de forma gradativa (item 3.1.1, fls. 277/280). No entanto, os pagamentos foram realizados, desde o início do contrato, sobre a quantidade total estimada (40.000 caixas). Assim, restaram configurados pagamentos indevidos à empresa no período de abril a dezembro de 1998, por armazenamentos que não foram realizados (Relatório de Auditoria, itens 15 e 21, fls. 278 e 280).’

Resta evidenciado que o Ministro-Relator analisou a questão mas entendeu que os pagamentos deveriam ser realizados em conformidade com os termos do contrato, deixando de adotar o mesmo entendimento do TCU no caso da Decisão nº 299/2002 – Plenário. Ressalte-se, que mesmo com a referida decisão, o Tribunal não esgotou as discussões no TC 010.824/1999-5. Após a supracitada decisão, o Ministério Público junto ao TCU, ao analisar novos documentos apresentados pelo Procurador-Geral do INPI, considerou que existiam várias informações que poderiam ensejar a modificação da decisão, razão pela qual interpôs Pedido de Reexame, que ao ser examinado por esta Corte de Contas deliberou, por intermédio do Acórdão nº 1.451/2003 – Plenário, converter os autos em Tomada de Contas Especial, a citação dos responsáveis, dentre outras decisões. Atualmente o processo está no gabinete do Ministro Valmir Campelo.

A solução proposta pelo Ministro-Relator no voto condutor do acórdão afrontado parece ser a mais acertada. Adotar o entendimento de que o INPI de fato locou um espaço físico para armazenar documento, por ser essa a praxe do mercado, quando o contrato fala textualmente em serviços realizados durante o mês, sendo acompanhado de tabela com preços unitários por caixa, é promover a mudança do objeto inicialmente avençado entre o contratante e o contratado, ainda com o agravante de que essa mudança representará uma situação mais onerosa para o contratante. Ademais, essa mudança no objeto do contrato, como resultado de uma construção analógica, cria perigoso precedente no campo jurisprudencial e afronta uma das finalidades do processo licitatório, que é obter uma contratação de um bem ou serviço necessário por um preço justo após o atendimento de um rito em que se debate e aperfeiçoa a definição daquilo que a entidade pública pretende contratar e como pretende e pode pagar. O problema não está em se determinar como objeto de um contrato a locação de espaço com fornecimento de mão-de-obra para manutenção e movimentação de caixas, a questão é se definir o objeto de uma forma e no correr da execução contratual modificar o inicialmente avençado. Por isso, o débito do item 9.6 do Acórdão nº 1.072/2004 – Plenário, por representar o pagamento de uma maneira diferente e mais onerosa que a acordada, deve ser mantido.

ARGUMENTOS DA EMPRESA BENCO ALTA TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÕES LTDA.

Argumento: em relação ao Processo INPI nº 60/98, que resultou no Contrato nº 10/98, a empresa recorrente aduz que foi convidada a apresentar cotação para a contratação de serviços de manutenção corretiva e preventiva das instalações

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elétricas, hidráulicas, prediais e de refrigeração do edifício-sede do INPI, com dispensa de licitação. Na ocasião a ‘aludida Instituição consultou um total de 6(seis) empresas’. A Empresa Benco apresentou uma relação com seis empresas, que supostamente participaram da consulta, lista em que ela consta com o segundo melhor preço. Afirma que a de melhor proposta não foi contratada em razão da empresa vencedora ter desistido do certame. (fl. 03, anexo 2)

Análise: a despeito de o Ministro-Relator, em seu voto condutor do acórdão debatido, ter tratado no item 14 dos Processos ns. 60/98 e 2.127/98, que resultaram, respectivamente, nos Contratos ns. 10/98 e 37/98, apenas este constou no item 9.3, com reflexo no débito imputado por meio do item 9.7, ambos do Acórdão nº 1.072/2004 – Plenário.

Relativamente ao Processo INPI nº 60/98, a única reprovação que persiste e o fato do INPI ter contratado a empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. por dispensa de licitação com arrimo no argumento de que o edifício-sede encontra-se em estado caótico, quando tal situação é resultado da inércia do contratante, questão debatida com maior profundidade em itens anteriores. Neste caso, diante da não existência de débito e não identificação de conluio, a culpa é exclusiva do gestor público.

Argumento: sobre o Processo INPI nº 2.127/98, que originou o Contrato nº 37/98, a empresa Benco afirma que ‘os serviços eram de caráter continuado, que implicavam na segurança predial e que a Recorrente vinha alcançando nível alto de qualidade nos serviços prestados e principalmente em razão da demora do processo licitatório, em andamento (Concorrência 06/98), a direção do INPI, decidiu contratar a Recorrente, sem licitação, para continuar com os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos, por mais 180 (cento e oitenta) dias, até a conclusão do processo licitatório em curso (...)’ (fl. 4, anexo 2).

Quanto à diferença de valores do Contrato nº 37/98, R$ 68.713,34, quando confrontado com o Contrato nº 10/98, a recorrente assevera que o aumento cobrado foi de apenas 2,6%, resultado da necessidade de ajustar a taxa alusiva aos encargos sociais e aumento da COFINS de 2 para 3%.

A recorrente ressaltou que ‘o número de empregados diminuiu de 32 para 26, com reflexos na redução da Remuneração Direta paga’ e ‘ a diferença entre os montantes dos Encargos Sociais, ocorreu visto que, tal como já enfatizado a Recorrente aplicou no segundo contrato uma taxa de 120,90% contra 114,10% do primeiro contrato. Tal diferença (R$ 1.281,90) se constitui em 92% da diferença total (R$ 1.783,00) (...)’ (fl. 9, anexo 2).

Apresentou planilha com ‘o preço praticado pela Requerente (Contrato nº 2.127/98)[sic] no montante de R$ 54.970,67 (excluído Montante C no valor de 13.742,67), (...) comparado com o preço da empresa Alpina, vencedora da Concorrência nº 006/98 do INPI, no montante de R$ 41.536,40 (...)(fl. 11, anexo 2), para demonstrar que os salários pagos pela recorrente é superior ao praticados pela empresa Alpina, e que esta não pratica os valores mínimos indicados pelos sindicatos de classe. ‘Em síntese, a empresa Alpina solicitou um aumento no preço originalmente contratado (R$ 41.536,40) para R$ 56.187,89, isto é, na ordem de 35% (trinta e cinco por cento), retroativo a Maio de 1999. DOC XXII, ora acostado’ (fl. 14, anexo 2).

Análise: de pronto, o Contrato nº 37/98 apresenta irregularidade na origem por ser prorrogação do Contrato nº 10/98, em relação ao qual o TCU não reconheceu a existência de elementos que justificassem a dispensa de licitação, não lhe sendo aplicada o que dispõe o inciso IV do art. 24 da Lei de Licitações e Contratos, verbis:

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‘IV – nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;’ (grifos não existentes no original)

Resta claro que trata-se de medida excepcional, vedada a prorrogação do contrato, haja vista ser uma prática que transgride os princípios basilares da Lei nº 8.666/93, não justificando a sua adoção por período superior a 180 dias, em especial quando a necessidade de prazo maior é resultado de má condução do processo licitatório, e a situação emergencial não foi acatada nem em relação ao primeiro contrato.

A mora da condução do certame licitatório fica evidente pelo confronto de data do Aviso de Licitação nº 6/98, 24/07/1998, publicado no Diário Oficial de 28/07/1998 (fl. 33, anexo 2), com a data do Contrato nº 11/99 (fls. 91/92, v. 7), resultante da referida licitação, firmado em 01/04/1999 com a empresa Alpina – Construções e Comércio Ltda., em substituição aos contratos celebrados com a empresa recorrente, ou seja, o INPI levou mais de oito meses entre o aviso de licitação e a assinatura do contrato, tempo demasiadamente longo para um certame licitatório para a contratação de serviço de manutenção predial.

Cumpre destacar que foram os valores desse novo contrato que levaram a Unidade Técnica a afirmar que havia sobrepreço de R$ 163.061,40, no Contrato nº 37/98, valor reconsiderado posteriormente, uma vez que não tinham sido computados os produtos e equipamentos utilizados, restando assim configurado o débito de R$ 82.456,02.

Antes de iniciar a análise dos valores propriamente dita, faz-se necessário apontar as irregularidades existes na ‘planilha demonstrativo de salário’ de fl. 32 do anexo 2, que demonstra ter havido a cobrança cumulativa de adicionais de periculosidade e insalubridade, o que é vedado pela CLT, verbis:

‘Art. 192 – O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (Redação dada pela Lei nº   6.514, de 22.12.1977)

Art. . 193 – São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. (Redação dada pela Lei nº   6.514, de 22.12.1977)

§ 1º – O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. (Incluído pela Lei nº   6.514, de 22.12.1977)

§ 2º – O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. (Incluído pela Lei nº   6.514, de 22.12.1977) ‘ (grifo não existente no original).

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Ainda acerca dos adicionais, o Tribunal Superior do Trabalho, além dos doutrinadores, tem consolidado o entendimento de que é indevido o pagamento cumulativo de adicionais de insalubridade e periculosidade. Nesse sentido traz-se à colação trecho do acórdão proferido no Processo nº TST-E-RR-496.019/1998.5, verbis:

‘CUMULATIVIDADE DOS ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE E INSALUBRIDADE. É vedada a cumulação do adicional de periculosidade com o de insalubridade, não havendo falar que a opção prevista no § 2º do art. 193 da CLT refere-se à hipótese de exposição do empregado a dois agentes insalubres. Não se configura, pois, violação aos arts. 5º, inc. II, da Constituição da República, 896 e 193, § 2º, da CLT.’

Particularmente sobre o adicional de insalubridade, entende-se que esse tipo de adicional não deve ser concedido de forma indistinta, sendo devido apenas quando se constata de fato o exercício de atividade laboral em condições insalubre, situação que não se constata, em um primeiro momento, nos contratos de manutenção predial.

Outra particularidade da planilha da recorrente é a cobrança de forma indistinta de hora-extra para todos os tipos de trabalhadores, sendo que a maioria tem uma carga horária de 08:00 as 18:00 (fls. 12/13, v. 7) e o INPI funciona em horário comercial.

A respeito do quadro apresentado pela recorrente à fl. 08 (anexo 2) do recurso, parece ser uma ‘planilha de chegada’, onde a empresa fixou o valor que queria obter e detalhou os valores internamente. As remunerações pagas durante a vigência dos contratos celebrados em razão dos Processos ns. 60/98 e 2.127/98 são, respectivamente, de R$ 18.338,00 e R$ 18.325,00, e não os valores lançados na linha ‘totais’, que só é obtido se forem lançados outros valores. Outras irregularidades são apontadas no quadro que se segue:

Planilha de fl. 08 do anexo 2 Fl. 65 Fl. 85

XXXX Benco Contrato nº 60/98 Benco Contrato nº 2.127/98 v.7 v.7

Engenheiro 1.630,00 1 1.630 2.639,33 1 2.639,33 2.614,00 2.639,33 Téc. TelecomEletrotécnico 2.149,00 1 2.149 2.149,34 2 4.298,68 2.150,00 2.146,33 Eletricista 589,00 6 3.534 585,00 6 3.510,00 585,00 585,00 Op. Subestação 589,00 5 2.945 585,00 5 2.925,00 585,00 585,00 Mec. Refrigeração 520,00 4 2.080 - 516,00 Bomb. Hidráulico 410,00 6 2.460 456,00 6 2.736,00 456,00 456,00 Aux. Manut. 360,00 5 1.800 356,00 5 1.780,00 356,00 356,00 Marceneiro 460,00 1 460 - 456,00 Pedreiro 420,00 1 420 - 416,00 Chaveiro 420,00 1 420 - 416,00 Auxiliar Administ. 440,00 1 440 436,00 1 436,00 436,00 436,00

XXXX 7.987 32 18.338 7.207 26 18.325 8.986,00 7.203,66

Como se vê, o salário para engenheiro, que nas colunas do ‘Contrato nº 60/98’ da planilha foi informado como sendo de R$ 1.630,00 aparece nas colunas do ‘Contrato nº 2.127/98’ como sendo de R$ 2.639,33 e de R$ 2.614,00 no demonstrativo de fl.65 do volume 7. Antes a remuneração do engenheiro era inferior a do Eletrotécnico, depois consta como sendo superior. Outra constatação é que alguns valores de vencimento foram reduzidos do ‘Contrato nº 60/98’ para o ‘Contrato nº 2.127/98’, quando sabidamente a redução salarial em princípio é vedada. Ademais, a diminuição no quantitativo de pessoas de 32 para 26 proporcionou a singela redução de R$ 780,00 no valor total dos salários. Por esse conjunto de informações

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incompatíveis e mal explicadas é possível afirmar que trata-se de ‘planilha de chegada’ a apresentada pela recorrente.

Dessa forma, a divergência de informações e a mudança nos formatos de apresentação não permitem que se chegue à conclusão de que o aumento deveu-se à variação na taxa de cobrança dos encargos sociais que passou de 114,10% para 120,90%, resultado em parte do aumento da COFINS de 2 para 3%, como afirma a recorrente. A situação fica mais confusa, corroborando a afirmação de que a planilha não espelha a realidade, ao se verificar no quadro que detalha os percentuais retromencionados, fl. 09 do anexo 2, que a variação correu na rubricas ‘feriados’, de 3,25 para 4,46; inclusão de ‘encargo paternidade, 0,93%, e de 3,58% a título de indenização de 40% do FGTS; e, por fim, o aumento em 1,08% no ‘grupo IV’, que incide sobre todos os demais percentuais, aumentos que ajudam a compor os 120,90% a título de ressarcimento dos encargos sociais, percentual a ser aplicado ao valor total dos salários.

Outro fato que fica evidente ao se avaliar a relação de profissionais dos dois contratos celebrados com a empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., e com a exclusão do mecânico em refrigeração, marceneiro, pedreiro e chaveiro, é que não havia urgência na contratação de tais profissionais, o que não justifica a inclusão deles quando da celebração do contrato resultante do Processo nº 60/98.

A outra linha de defesa da empresa recorrente, via promoção do confronto entre os valores salariais praticados por ela e pela empresa Alpina – Construções e Comércio Ltda., vencedora do Processo nº 006/98, destinado à substituição da contratação emergencial celebrado entre a recorrente e o INPI, também não deve prosperar. De pronto, cumpre destacar a divergência de valores existentes entre a planilha de fl. 11 do anexo 2 e o quadro de fl. 240 do volume 10, cópia acostada ao presente anexo logo após esta instrução. Fica evidente que a recorrente ao longo de seu recurso ora trabalha com vencimento básico, ora trabalha com os valores da remuneração, dificultando a todo momento o desenvolvimento do mesmo tipo de raciocínio que utiliza. Mesmo assim, os valores apresentados pelo empresa Alpina – Construções e Comércio Ltda. mostram-se mais favoráveis.

Sobre a solicitação de aumento de preços requerido pela Empresa Alpina – Construções e Comércio Ltda. (fls. 85/107, anexos 2), mesmo sem entrar no mérito do percentual solicitado, o procedimento não parece ser irregular, haja vista a Comissão de Licitações ter aberto as propostas em reunião no dia 9/10/1998 (fl. 189, v. 10), mas o INPI só ter assinado o contrato no 01/04/1999, cinco meses e 21 dias após. Em princípio, o contratado não deve responder pela mora do contratante na efetivação do contrato ou arcar com os ônus de uma situação mais gravosa à qual não tenha dado causa, sendo lícita a solicitação de uma revisão econômica-financeira quando há mudança na situação econômica. Ressalta-se que inclusive a mudança no percentual da COFINS de 2 para 3% foi um dos argumentos para o recorrente justificar a variação de preços entre os Contratos nº 10/98 e nº 37/98.

Posto isso, os argumentos dos recorrentes não devem prosperar. Não ficou demonstrado na fase recursal que o TCU tenha cometido algum erro que mereça ser reparado ou foram apresentadas novas provas, merecendo destaque que boa parte dos documentos apresentados pela empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. já constava dos autos e tinha sido apreciada.

CONCLUSÃOEm vista do exposto, eleva-se o assunto à consideração superior, propondo:a) conhecer dos Recursos de Reconsideração interpostos pelo Sr. Renato

Basto Visco e pela Empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., com

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fundamento nos arts. 32, I, e 33, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo, no todo, os exatos termos do Acórdão nº 1.072/2004 – Plenário;

b) comunicar aos recorrentes a deliberação que vier a ser adotada por esta Corte.”

É o Relatório.VOTO

Consoante assinalado no Relatório, interpuseram recursos contra o Acórdão nº 1.072/2004–Plenário o Sr. Renato Basco Visco e a empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda..2. Para melhor compreensão, principio rememorando as razões que conduziram à irregularidade das contas do Sr. Renato Basco Visco. Nos termos do Acórdão nº 1.072/2004–Plenário, ora recorrido, vê-se de forma expressa a rejeição de suas alegações de defesa em relação às seguintes ocorrências:

a) “pagamentos indevidos feitos à empresa TNC File Serviços Participações e Consultoria Ltda. nos processos INPI nº 404/1998, 3223/1998, 3610/1998 e 005/1999, por serviços que não foram realizados” (subitem 9.2); e

b) contratação, sem licitação, da empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., em 02.10.1998, “por meio do Contrato nº 37/1998, apresentando um valor injustificadamente elevado, em contrariedade ao inciso III do art. 26 da Lei nº 8.666/93” (subitem 9.3).3. O subitem 9.4 do referido Acórdão, de forma não-específica, deliberou por “rejeitar as razões de justificativa” apresentadas por aquele responsável. As justificativas haviam sido apresentadas em relação aos seguintes pontos:

“a) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda. por meio do processo 60/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, desrespeitando o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

b) contratação de serviços eventuais e de manutenção do sistema de refrigeração, com dispensa de licitação, por intermédio do processo nº 60/98, que não apresentavam natureza emergencial, contrariando o inciso V do artigo 24 da Lei 8.666/1993;

c) prestação de serviços pela empresa Benco, no período de 28.01 a 05.03.1998, sem realização de contrato e sem licitação, desrespeitando o parágrafo único do artigo 60 e o artigo 2º da Lei 8.666/1993;

d) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco, por meio do processo 2127/98 em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, em afronta ao entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994 e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

e) existência de projeto básico, no processo nº 60/98, contemplando a prestação de serviços sem estimativa de quantitativos, descumprindo-se o § 4º do artigo 7º da Lei nº 8.666/1993, que atingiram o montante superior ao permitido para dispensa de licitação, em desobediência ao inciso I do artigo 24 e ao artigo 2º do mesmo texto legal;

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f) prestação de serviços pela empresa TNC File sem realização de contrato e sem licitação, sendo paga por indenização nos processos ns 3223/1998, 3610/1998, e 0005/1995, descumprindo o parágrafo único do artigo 60 e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/93;

g) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa TNC File, por meio do Processo nº 955/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, deixando de atentar para o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

h) terceirização, no processo 1892/1998, de atividades finalísticas do INPI, contrariando o § 2º do art.1º do Decreto 2.271/1997;

i) contratação do IEL sem licitação – proc. 2863/98 (projeto INPI 2000, Contrato nº 044/1998), apresentado preços injustificados dos serviços, todos com valores significativos, desobedecendo o inciso III do artigo 26 da Lei 8.666/1993;

j) contratação com dispensa de licitação da PUC/RJ (correto: IEL/DF) – proc. 1892/98, contendo preço injustificado do serviço, de valor expressivo, em descumprimento ao inciso III do artigo 26 da Lei 8.666/1993;

l) falta de reavaliação dos contratos do INPI de maior valor, ferindo o caput do artigo 1º do Decreto 2.399/1997;

m) autorização para edital com critérios subjetivos, referente ao Processo nº 275/1998 (contratação da empresa Concremat Engenharia e Tecnologia Ltda.), e o julgamento das propostas sem esclarecer os elementos utilizados para apreciação dessas propostas, infringindo o inciso VIII do artigo 40, o § 1º do art.44 e o inciso I do artigo 46, todos, da Lei 8.666/1993, o que resultou na contratação de empresa que não apresentou a menor oferta;

n) contratação com dispensa de licitação por meio do Processo nº 4613/1997, cujo objeto não se restringia aos serviços necessários para o atendimento das tarefas emergenciais, descumprindo o inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993;

o) inclusão da cláusula 10 no Contrato 11/98, firmado com a empresa DW Engenharia Ltda., que havia sido questionada pela Procuradoria Jurídica do INPI, por conceder direitos indevidos a contratada, sem a apresentação de justificativas para não ser acatado o parecer jurídico, infringindo-se o parágrafo único do artigo 38 da Lei 8.666/93;

p) licitação indevidamente considerada inexigível, visto que o objeto não era de natureza singular e era viável a realização do certame, resultando no contrato nº 51/1998, firmado com a empresa DW Engenharia Ltda., em confronto com o caput e o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/1993.”

4. Ante a rejeição das razões de justificativa posta de forma abrangente no subitem 9.4 do Acórdão condenatório, é de se concluir que todos os fatos descritos nas alíneas a a o descritas no item anterior deste voto conduziram, igualmente, à irregularidade das contas.5. Tal contextualização se faz importante porque o responsável, agora em sede de recurso, aduz que “o acórdão recorrido afirma que há irregularidade somente na celebração do contrato de prestação de serviços com duas empresas: a Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda. (...) e a TNC Serviços Participações e Consultoria Ltda.” (grifo nosso). Vê-se, desde logo, portanto, o equívoco do recorrente, que o conduziu a trazer novos argumentos somente acerca dos referidos pontos especificados.

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6. Passo à análise das questões rebatidas pelo responsável, iniciando pelas impropriedades constantes da audiência.7. Assiste-lhe razão no que toca à existência de situação que justificaria a contratação de obras e serviços em caráter emergencial, ante as peculiaridades inerentes ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI no ano de 1998. A referida situação foi bem descrita nos autos do TC 004.800/1998-2 (Decisão nº 926/99–Plenário), em que o Tribunal apreciou denúncia versando exatamente acerca de contratação, com dispensa de licitação nos termos do inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93, da empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., para realização de obras no edifício-sede do Instituto. Naquela oportunidade, por meio da Decisão nº 926/99–Plenário, dentre outras providências, deliberou por:

“8.4 recomendar ao INPI que dê prioridade às obras consideradas pela Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Ministério do Exército como imprescindíveis à regularização das situações de risco presentes no edifício sede da Autarquia, caso ainda não realizadas;”

8. Transcrevo, a seguir, excertos do Voto que conduziu à deliberação proferida:

“Examinando os autos, verifico que a principal reclamação dos servidores do INPI era quanto ao risco de incêndio que existia comprometendo todo o edifício-sede da Autarquia, conforme, inclusive, noticiado em várias oportunidades pela imprensa, no exercício de 1997, em vista de suas precárias condições, reconhecidas até pelo denunciante.

4. Destaco, por oportuno, o seguinte parágrafo do Relatório de Inspeção Risco de Incêndio, elaborado em dezembro de 1995 (Vol. An. V, pag. 7) pela Assessoria Técnica e Consultoria de Seguros Ltda.: ‘notamos que existe uma calha no piso da casa de força no subsolo, onde percorrem cabos de alta tensão (13,8 Kv), e o mesmo está cheio d'água. Sugerimos que seja providenciado a secagem desta calha e que se realize uma manutenção para evitar inundações neste local, para não causar sinistros.’

5. De acordo com vários expedientes e manifestações dos servidores lotados no Núcleo de Recepção, Protocolo e Expedição – NUREPE, datados de agosto, novembro e dezembro de 1997, fls. 52 a 64 dos autos, o setor encontrava-se em estado de extrema precariedade, comprometendo a qualidade do trabalho ali desenvolvido, lembrando que o setor ‘além de ser o elo entre os usuários e os estados com as áreas fins, é também o cartão de visita do INPI, uma vez que todos os procedimentos tem seu início e seu fim neste núcleo, merecendo devido ao exposto, uma apresentação melhor do que a existente atualmente que é quase calamitosa, isto sem levar em consideração o estado de insalubridade e até mesmo de periculosidade em função dos desabamentos que possam vir a ocorrer aos funcionários e aos usuários desta Instituição.’

6. A situação, que já era grave, ficou crítica em função dos temporais ocorridos no mês de janeiro de 1998, conforme consignado na Exposição de Motivos nº 001/98, de fevereiro de 1998, fls. 49/50, esclarecendo que a ‘loja onde se encontram as instalações do ... NUREPE, na qual são desenvolvidas as atividades de arrecadação do INPI, foi totalmente afetada em razão dos temporais ocorridos nos últimos dias de janeiro, com a entrada de água pelo forro rebaixado e a pressão dos fortes ventos, agravando-se ainda mais, pelo retorno de esgoto e águas pluviais dentro do ambiente, ocasionando situação

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impraticável de permanência de servidores na área, e obrigando a Administração a tomar medidas imediatas, como o deslocamento dos mesmos para outra área, que também, mesmo em caráter provisório, não apresenta condições necessárias ao trabalho, tendo em vista o reduzido espaço e falta de estrutura.’

7. Desse modo, e tendo em vista a farta documentação apresentada comprovando o estado precário em que se encontravam as instalações do INPI, requerendo a adoção de providências urgentes por parte dos administradores para salvaguardar o patrimônio público e resguardar a integridade física de seus servidores e usuários, entendo que a contratação de empresa para promover a reforma das setores instalados no andar térreo do edifício-sede era necessária e urgente, atendendo, portanto, os requisitos para o seu enquadramento no art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/93.

8. Do exposto nos autos e anexos, além de ter sido constatado in loco por este Relator e por vários Ministros desta Casa que visitaram a sede do INPI – Sede, conclui-se da necessidade imperiosa da execução de obras de adequações e reformas no hall, em caráter de urgência, nas dependências físicas do protocolo, recepção e centro de entrada de dados, uma vez que tais obras teriam direta repercussão no citado átrio. Na verdade, o Projeto de Reforma, Reestruturação e Modernização do Edifício-Sede do INPI previa a reforma do hall de maneira a compor um conjunto harmonioso. Frise-se que para a realização das obras da recepção havia a necessidade de ser removida parte do forro do hall para passagem do cabeamento e da rede lógica e parte da parede lateral do hall, para a instalação elétrica e de lógica para três computadores a serem utilizados pelo público.

9. Dessa forma, entendo que assiste razão aos ex-dirigentes quando afirmam que era necessário incluir a reforma do hall no contrato firmado com a Benco Alta Tecnologia em Construções em 20.02.98 (Contrato nº 09/98), ante a constatação de que as enchentes e inundações que assolavam as instalações do NUREPE atingiriam também o hall, situado no mesmo andar do edifício. Além disso, conforme ficou comprovado nos autos, os riscos existentes com as inundações ocorridas no andar térreo, em vista da existência de subestação no subsolo, caracterizam a necessidade da Administração adotar medidas urgentes com vistas a evitar prejuízos ao erário, bem como preservar a vida dos servidores e usuários dos serviços da Autarquia, em especial dos eletricistas que atuam em regime de plantão de 24 horas na referida subestação.”

9. Ainda daquele processo, extraio as seguintes informações que reforçam a emergencialidade do procedimento e atenuam a conduta do responsável:9.1. O INPI, por meio do Ofício nº 079/98 PR/INPI, deu ciência ao então Relator das contas da entidade (Ministro Adhemar Paladini Ghisi) da situação emergencial existente;9.2. As ações realizadas “foram discutidas e aprovadas em várias reuniões, no âmbito do então Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, com a participação do Ministro, do Secretário Executivo e outros componentes da estrutura do Ministério, juntamente com toda a Diretoria do INPI”;9.3. “A emergencialidade do serviço ficou caracterizada em diversos documentos, dentre os quais os mais relevantes seriam: a Exposição de Motivos 001/98 (Anexo 3, fls. 49/50), assinada pelo Chefe do SAOBRAS, sugerindo a contratação em caráter emergencial de serviços de reforma da recepção e protocolo; o Ofício F/CLF nº 938 da Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura da Cidade do Rio de

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Janeiro (Anexo 4, fls. 51), datado de 12.12.97, solicitando providências urgentes com vistas à restauração do imóvel, em razão do péssimo estado de conservação, com ameaça de desabamento (...)”.9.4. “A sugestão de contratar esses serviços, em caráter emergencial, foi apresentada em uma exposição de motivos da Coordenadora de Administração, datada de fevereiro de 1998, em que teriam sido fornecidas provas incontestáveis da necessidade de reformas e da total impossibilidade de realização dos serviços fins das áreas envolvidas. Além da exposição de motivos, houve solicitação por parte da Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro no sentido de que fossem urgentemente tomadas providências para recuperação do edifício sede. Da mesma forma, em documentos internos, os servidores do NUREPE reclamavam da inviabilidade de funcionamento das áreas ocupadas, elencando uma série de motivos, tais como, inundação da área do Protocolo com esgoto sanitário e água da chuva, existência de ratos, baratas e insetos em geral, materiais elétricos expostos à umidade, falta de acomodação de documentos, bens e pessoal, o que gerava constantes protestos dos usuários acerca das condições precárias de atendimento”.10. Conforme observo, a instrução inicialmente elaborada no âmbito da 5ª Secex, o Voto do Relator a quo e a instrução do recurso lançada pela Serur não contestam a existência de situação emergencial. Ao contrário, afirma a instrução da Serur, ao analisar o tema:

“Como se vê, quanto à situação caótica do prédio todos concordam, o que não existe é concordância quanto à situação alegada para justificar a dispensa quando a precariedade predial é resultado da inércia administrativa da própria instituição”

11. Não obstante, concluiu a Serur:

“tem-se que o fato da situação caótica do prédio ser resultado de inércia dos ocupantes e a contratação de manutenção de forma isolada não sanar em definitivo os problemas prediais desautorizam a dispensa de licitação com espeque no inciso IV do art. 24 da Lei de Licitações e Contratos.”

12. Data maxima venia, considero equivocada a conclusão da Serur quando afirma que a inércia administrativa constitui excludente de situação de emergência, apontando como jurisprudência nesse sentido a Decisão nº 347/94–Plenário. Ocorre que orientação contrária foi trazida pela Decisão nº 138/98–Plenário, que discutiu o tema amiúde. Transcrevo, por pertinente, excertos do Voto condutor então lançado:

“Sobre o tema, transcrevo, de imediato, o Art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/93:

‘Art. 24. É dispensável a licitação:...IV – nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando

caracterizada a urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídos no prazo máximo de 180 (cento e oitenta)

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dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;’

6. Ao comentar referido dispositivo legal, leciona o saudoso Administrativista Hely Lopes Meirelles (in Licitação e Contrato Administrativo, 10ª edição, Editora Revista dos Tribunais, 1991): A emergência que dispensa licitação caracteriza-se pela urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares. Situação de emergência é, pois, toda aquela que põe em perigo ou causa dano à segurança, à saúde ou à incolumidade de pessoas ou bens de uma coletividade, exigindo rápidas providências do Poder Público para debelar ou minorar suas conseqüências lesivas. A emergência há que ser reconhecida e declarada em cada caso, a fim de justificar a dispensa da licitação para obras, serviços, compras ou alienações relacionadas com a anormalidade que a Administração visa corrigir, ou com o prejuízo a ser evitado......

7. Os textos da lei e da doutrina acima transcritos não deixam dúvida de que o planejamento não é fator impeditivo ou autorizativo para que os administradores públicos procedam a dispensa de licitação por questões emergenciais, fundamentada no dispositivo legal acima referido.

8. Sobre o tema, Lúcia Valle de Figueiredo e Sérgio Ferraz, citando Antônio Carlos Cintra do Amaral, afirmam (in Dispensa e Inexigibilidade de Licitação, 2ª edição, Editora Revista dos Tribunais, 1992, São Paulo-SP): Mais adiante, vai distinguir a emergência real, resultante do imprevisível, daquela resultante da incúria ou inércia administrativa. A ambas dá idêntico tratamento, no que atina à possibilidade de contratação direta. Porém, não exime o responsável pela falha administrativa de sofrer sanções disciplinares compatíveis.

9. Obviamente, como se depreende do acima transcrito, não pode o administrador incorrer em duplo erro: além de não planejar as suas atividades, permitir que a sua desídia cause maiores prejuízos à Administração e/ou a terceiros.

10. Enfatizo, dessa forma, que a dispensa de licitação, com fundamento no art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/93, se caracteriza como uma inadequação aos procedimentos normais de licitação, constituindo-se, sob esse prisma, num poder-dever e não numa faculdade para o administrador, sob pena de ser responsabilizado pelos prejuízos que a sua inércia venha a causar, independentemente de qualquer planejamento.

...13. Diante do exposto, forçoso é reconhecer que a ausência de

planejamento e a dispensa de licitação devem ser tratadas como irregularidades independentes e distintas.”

13. De fato, se caracterizada a existência de situação em que a demora no atendimento possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, faz-se não apenas recomendável, mas imperativa a adoção de imediata solução, ainda que implique na realização de contratação direta, sem licitação.14. Consoante bem definiu o Voto acima referenciado que sustentou a Decisão nº 138/98–Plenário, a ausência de planejamento e a contratação direta fundamentada em situação de emergência caracterizam situações distintas, não necessariamente

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excludentes. Estará incorrendo em duplo erro o administrador que, ante a situação de iminente perigo, deixar de adotar as situações emergenciais recomendáveis, ainda que a emergência tenha sido causada por incúria administrativa. Há que se fazer a clara definição da responsabilidade: na eventual situação aludida, o responsável responderá pela incúria, não pela contratação emergencial.15. Na esteira do raciocínio desenvolvido, reconhecida a situação de emergência, não caberia ao Sr. Renato Basco Visco responsabilidade por contratação emergencial da firma Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., mas apenas por eventual incúria. Não obstante, consoante verifico, sequer essa falta administrativa existiu. Nesse sentido, vejo que não se pode responsabilizar o responsável pela adoção de providências tempestivas ou de planejamento adequado, uma vez que seu período de gestão no INPI somente se iniciou em janeiro de 1998, ano em que ocorreram as contratações emergenciais. Se houve incúria, conforme alegaram os pareceres, essa por certo teve origem em exercícios anteriores.16. Não se pode falar genericamente da existência de inércia administrativa e, com base nesse argumento, atribuir ônus a determinado agente público. A incúria, enquanto comportamento que conduz à responsabilização, possui natureza personalíssima e torna necessária a correta identificação de seus causadores.17. Por esses motivos, considero que deva ser excluída a responsabilidade do Sr. Renato Basco Visco em relação aos itens a e d da audiência que lhe foi dirigida e que conduziram à irregularidade de suas contas, quais sejam:

“a) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda., por meio do processo 60/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, desrespeitando o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994 e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993”;

“d) falta de realização do processo licitatório, em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco, por meio do processo 2127/98 em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, em afronta ao entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994 e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993”.

18. Quanto à questão constante da alínea c da audiência (“prestação de serviços pela empresa Benco, no período de 28.01 a 05.03.1998, sem realização de contrato e sem licitação, desrespeitando o parágrafo único do artigo 60 e o artigo 2º da Lei 8.666/1993”), encontra-se intrinsecamente ligada ao item a do mesmo ofício, já analisado. Consoante verifico, a referida prestação de serviços ocorreu em função da anulação de concorrência para contratação dos mesmos serviços, que vinha sendo conduzida no âmbito do processo nº 252/96. A concorrência foi anulada em 05.11.97 por orientação da Procuradoria Jurídica da entidade. Àquele tempo, a empresa Benco já vinha prestando serviços em caráter emergencial, cujo contrato expiraria em 27.01.98. Para evitar solução de continuidade, o responsável autorizou a permanência dos serviços, ainda que sem cobertura contratual, até 05.03.1998, quanto então foi celebrado o contrato emergencial referido na alínea a da audiência, já analisado.19. Também nesse quesito, considero que não se possa reprovar a atitude adotada pelo Sr. Renato Basco Visco. O responsável iniciou seu período de gestão em 09.01.1998, quando já se encontrava anulada a concorrência para a prestação de serviços de manutenção dos sistemas elétrico e hidráulico e de manutenção predial, de

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extrema necessidade sopesando, sobretudo, a situação caótica por que passava o edifício-sede do INPI. Não foi ele, portanto, o responsável pela anulação da concorrência.20. Em 02.02.1998 ordenou a abertura de novo processo licitatório. Entrementes, assentiu com a continuidade dos serviços que vinham sendo prestados, até a firmatura no novo contrato, em 06.03.1998.21. Considerando que o INPI não poderia prescindir dos referidos serviços, considero que a inexistência de contrato, apenas pelo lapso temporal mencionado, pode ser caracterizada como falha de caráter formal.22. A ocorrência descrita na alínea b da audiência (“contratação de serviços eventuais e de manutenção do sistema de refrigeração, com dispensa de licitação, por intermédio do processo nº 60/98, que não apresentavam natureza emergencial, contrariando o inciso V do artigo 24 da Lei 8.666/1993”) se insere exatamente no mesmo contrato, aplicando-se-lhe, por conseguinte, as considerações já expendidas anteriormente. Apenas acrescento argumento trazido pela defesa do responsável, que não pode ser desconsiderado, no sentido de que o clima quente da cidade do Rio de Janeiro (sobretudo nos primeiros meses do ano), aliado ao fato de que diversas das janelas constantes do prédio do INPI eram lacradas, torna possível considerar o sistema de refrigeração como imprescindível à manutenção de condições de salubridade dos servidores da entidade.23. A respeito da ocorrência apontada na alínea e do ofício de audiência (“existência de projeto básico, no processo nº 60/98, contemplando a prestação de serviços sem estimativa de quantitativos, descumprindo-se o § 4º do artigo 7º da Lei nº 8.666/1993, que atingiram o montante superior ao permitido para dispensa de licitação, em desobediência ao inciso I do artigo 24 e ao artigo 2º do mesmo texto legal”) tem-se, novamente, questão relativa ao mesmo contrato já discutido, sendo também aplicáveis as considerações já lançadas neste Voto. Observo, apenas, que o fato de os serviços prestados terem atingido limite superior ao permitido para a dispensa de licitação mostra-se absolutamente irrelevante à análise da questão, uma vez que o contrato foi celebrado em caráter emergencial, em que a ausência de licitação independeu dos valores dos serviços.24. Dessa forma, a ausência de estimativas de quantitativos pode ser considerada falha de natureza formal, mormente quando se verifica que tanto a auditoria interna do INPI como aquela realizada por equipe da então 7ª Secex destacaram a existência de contrapartida aos pagamentos realizados (não na forma de serviços, “mas de reformas e obras autorizadas pela DAG”).25. No que tange à contratação da empresa TNC File, igualmente reputo necessário tecer algumas considerações. Conforme se depreende dos fatos descritos nos itens 2 e 3 deste Voto, três questões distintas, relacionadas à contratação da referida empresa, conduziram à irregularidade das contas do Sr. Renato Basco Visco, sendo duas delas tratadas em sede de audiência:

a) a prestação de serviços sem realização de contrato e sem licitação (Processos 3223/1998, 3610/1998 e 005/1998); e

b) a falta de realização de processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação (Processo nº 2955/98).26. Iniciando pela segunda dessas questões (ausência de processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação), fazem-se válidos os mesmos argumentos relacionados à situação precária em que se encontrava o INPI, inclusive no que tange à responsabilidade dos gestores que antecederam o Sr. Renato Basco Visco pela ausência de planejamento. Nesse mister, registro que a própria

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5ª Secex, na ocasião da análise das justificativas apresentadas pelo Sr. Renato Basco Visco, assinalou:

“a) pelo Relatório de Vistoria da empresa Concremat – Engenharia e Tecnologia S.A. (fls. 156 a 162 – vol. 13), realmente existia um risco iminente e especialmente gravoso (desabamento do prédio e incêndio), o que caracterizou uma urgência concreta e efetiva, necessitando portanto da adoção imediata de providências.” (grifei)

27. Não obstante, aquela Unidade Técnica considerou que “ficou evidente a falta de planejamento e a desídia administrativa dos gestores, quanto à demora na adoção de providências de efetivação do procedimento licitatório, que somente foi iniciado após cerca de 6 meses da assinatura do contrato emergencial (..).”

28. De plano, observo que o responsável, na audiência que lhe foi dirigida, foi ouvido acerca da “contratação com dispensa de licitação da empresa TNC File (...) em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI (...)” e não acerca de suposta desídia administrativa pela demora na adoção de providências posteriores à contratação, o que, por si só, já é suficiente para retirar-lhe a referida imputação. No entanto, ad argumentandum tantum, se a própria instrução reconhece que houve providências administrativas resultantes na abertura de um procedimento licitatório, não se pode falar de desídia mas, no máximo, de atraso na adoção das medidas. Considero, entretanto, que a existência de tal atraso possa ser relevada no caso em exame, ante a peculiaridade da situação então vivenciada pelo INPI. Consoante explanou o responsável e demonstra a farta documentação juntada aos autos, a situação da entidade, no ano de 1998, quando ocorreram os eventos sob apreciação, era caótica no que concerne às suas instalações físicas.29. É fato notório que os procedimentos licitatórios constituem eventos associados a razoável grau de incerteza quanto ao prazo para o atingimento de seu objeto, não apenas em devido aos diversos estudos prévios que os devem preceder, mas também às eventuais impugnações dos concorrentes. No que se refere ao INPI, considero aceitável supor que o nível de incerteza fosse maior que o tradicionalmente verificado nas demais licitações públicas, em face exatamente da precariedade de sua situação.30. É de se supor ainda que, devido à situação precária então vivenciada e à inércia das administrações anteriores sobejamente destacada pelas diversas instruções à época da contratação emergencial efetuada, o INPI sequer dispusesse de projetos para as obras e serviços que se faziam necessários. E os estudos e projetos não se fazem em curtos espaços de tempo.31. Para que não pairem dúvidas acerca da urgência da situação, que permeou todas as questões discutidas nestes autos, transcrevo a seguir excertos de laudo elaborado pela Concremat Engenharia e Tecnologia S.A., decorrente de vistoria realizada nos pavimentos 4º, 5º, 6º e 22º do edifício-sede do INPI:

“...foram detectadas fissuras em painéis de laje, inclusive em viga, mostrando indícios de que a estrutura destes pavimentos já não está suportando a carga a ela imposta (...).

Os riscos provenientes de um acréscimo de carga além da própria capacidade dos elementos de concreto armado que compõem a estrutura destes pavimentos, podem ser imprevisíveis e de caráter catastrófico.

...existem anomalias estruturais ocasionadas por vazamentos intensos provenientes da cobertura. A água, predominantemente de origem pluvial,

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percola através da laje-teto do 22º pavimento e se acumula sobre a laje-piso deste. Ao longo do tempo (...) a água (...) vai penetrando no concreto, pelos poros e fissuras existentes, até que alcança as armaduras (...) gerando o fenômeno de corrosão.

Uma estrutura já deficiente na sua capacidade de carga, já apresentando sintomas de falta de suporte, ainda acometida por problemas de corrosão da armadura, indicam claramente riscos de desabamento.”

32. Em decorrência, concluiu o laudo recomendando “que sejam removidos os arquivos dos pavimentos em que se encontram estocados”. Destacou, ainda: “esta medida deve ser tomada de imediato, levando-se em consideração os riscos que representam se mantendo sobre estes pavimentos, não somente pela importância dos documentos ali guardados, mas principalmente pela segurança das pessoas envolvidas.” (grifo do original).33. Diante de circunstâncias como as descritas, considero absolutamente fora de propósito exigir-se do responsável o cumprimento de formalismos usualmente cabíveis. A preocupação do gestor, por óbvio, era a de evitar o desabamento do prédio.34. Considero, assim, que a contratação da empresa TNG File sem a realização de prévio procedimento licitatório pode ser acolhida por este Tribunal.35. A prestação de serviços sem realização de contrato e sem licitação (Processos 3223/1998, 3610/1998 e 005/1998) decorre de situação idêntica àquela examinada nos itens 18 e 19 deste Voto, ou seja, foram prestados apenas durante o lapso temporal existente entre dois contratos firmados. Reafirmo que não há que se discutir da existência de pagamentos não-amparados por contratos, no caso em exame, porquanto se trata de questão acessória. Uma vez comprovado que tal falta ocorreu apenas em breve lacuna de tempo, o que se deve discutir, porque relevante, é a essencialidade dos serviços prestados. Se os serviços fossem considerados essenciais, não poderiam deixar de ser prestados, independente de qualquer formalidade. E quanto a esse aspecto, já registrei nos itens 28 a 33 meu entendimento acerca de que os serviços eram, de fato, essenciais, mormente diante da existência de Relatório de Vistoria afirmando que realmente existia um risco iminente e especialmente gravoso (desabamento do prédio e incêndio). Os documentos armazenados em diversos dos andares do prédio do INPI necessitavam, assim, serem removidos de forma urgente e armazenados em outro local, fato que justificou a contratação da empresa TNC File em caráter emergencial.36. É importante registrar que a situação do prédio do INPI era de tal forma grave que já havia ensejado a expedição de autuações pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e pelo Corpo de Bombeiros. Ainda, em função de suas condições precárias, nenhuma seguradora aceitou contratar o seguro do prédio.37. Entendo, portanto, que a referida impropriedade não deve conduzir à irregularidade das contas.38. Quanto às questões constantes das alíneas h, i, j, l, m, n, o e p do ofício de audiência, transcritas no item 2 deste Voto, não foram objeto de qualquer manifestação do responsável nessa esfera recursal, consoante registrei no item 4 retro. Destarte, a respeito delas, opino pela mantença do juízo original.39. Passando à análise das citações, duas foram as questões que conduziram à irregularidade das contas:

a) contratação da firma Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., em 02.10.1998, “por meio do Contrato nº 37/1998, apresentando um valor injustificadamente elevado”, com imputação de débito solidário ao Sr. Renato Basco Visco e à referida empresa, além de outros responsáveis; e

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b) pagamentos indevidos feitos à empresa TNC File Serviços Participações e Consultoria Ltda. nos processos INPI nº 404/98, 3223/1998, 3610/1998 e 005/1999, por serviços que não foram realizados, descumprindo-se cláusula contratual, com imputação de débito individual ao Sr. Renato Basco Visco.40. A respeito da primeira questão, entendo que as alegações recursais produzidas tanto pelo Sr. Renato Basco Visco como pela Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. não foram suficientes para descaracterizar a irregularidade. Sobre esse ponto, considero apropriada a análise constante dos pareceres, que incorporo às minhas razões de decidir.41. No que toca aos pagamentos indevidos em favor da empresa TNC File Serviços Participações e Consultoria Ltda. igualmente compreendo não existirem razões para modificação do entendimento consignado no Acórdão recorrido. Consoante constato, a referida firma foi contratada para serviços de acondicionamento, armazenagem e gerenciamento de caixas contendo documentos e papéis diversos pertencentes ao INPI. Os dados constantes dos autos demonstram que o INPI pagou à contratada, desde o primeiro mês da realização dos serviços, valores equivalentes à utilização e armazenamento de 40.000 caixas, sem observância de que os serviços foram sendo desenvolvidos de forma gradual e continuada, não existindo, em verdade, a utilização, nos primeiros meses do contrato, das 40.000 caixas e do respectivo espaço por elas ocupado. Não havia, portanto, a medição dos serviços efetivamente prestados.42. Os argumentos do responsável são no sentido de que o referido contrato trouxe imprecisão terminológica que dificultou sua compreensão por parte deste Tribunal, mas que a praxe do mercado é de que o pagamento se dê não apenas pelo espaço efetivamente utilizado, mas pela reserva do referido espaço disponibilizado pela contratada. Entretanto, esses argumentos não merecem acolhida.43. Conforme verifico, a proposta apresentada pela firma TNC que deu origem à contratação, constante de fls. 149 do Volume 13, é estruturada em itens de custo, com a definição de preços unitários. Para maior clareza, transcrevo a referida proposta:

Tabela AItem Serviços de Implantação Unidade Estimativa Preço Unitário Preço Total1 Acondicionamento dos documentos caixa padrão 40.000 R$ 3,30 R$ 132.000,002 Transferência caixa padrão 40.000 R$ 0,90 R$ 36.000,00

Tabela BItem Serviços de Gerenciamento Unidade Estimativa Preço

UnitárioPreço Total Preço Total 180

dias3 Armazenagem caixa

padrão40.000 R$ 0,60 R$ 24.000,00 R$ 144.000,00

4 Manipulações para consulta caixa padrão

400 R$ 1,20 R$ 480,00 R$ 2.880,00

5 Fretes para atendimento caixa padrão

400 R$ 2,50 R$ 1.000,00 R$ 6.000,00

Tabela CItem Fornecimento de Caixas Unidade Preço Unitário Preço Total6 caixa padrão 40.000 R$ 1,90 R$ 76.000,00

44. A simples leitura da proposta, estruturada nas tabelas supratranscritas, deixa evidente que os pagamentos seriam devidos por serviços efetivamente prestados, senão nenhum sentido haveria em discriminar preços unitários.45. Carece de sustentação contratual e lógica o argumento de que desde o início da vigência do contrato seria devido o pagamento equivalente ao acondicionamento, transferência, armazenagem e fornecimento de 40.000 caixas. A Cláusula Quarta daquele instrumento estipula que “pelos serviços prestados, o Contratante pagará à

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contratada o valor correspondente aos serviços realizados durante o mês, conforme preços unitários (...)”. A Cláusula Quinta define que o pagamento será efetuado “após a apresentação da Fatura/Nota Fiscal, a verificação e o aceite dos serviços realizados”. O § 2ºda mesma Cláusula estabelece que “os serviços prestados (...) serão faturados de acordo com a execução dos serviços (...)”.46. Depreendo, assim, que a quantidade de 40.000 caixas foi definida no contrato apenas como base para estimativa do valor da avença, uma vez que ao final do cronograma previamente apresentado deveria ser aquela quantidade final a ser gerenciada pela TNC File.47. Não existiu, portanto, qualquer imprecisão terminológica, como alega o recorrente, mas simples descumprimento de cláusulas contratuais legitimamente pactuadas.48. Não existem razões, portanto, capazes de justificar os pagamentos indevidamente efetuados, devendo ser improvido o recurso quanto a esse ponto específico.49. Sintetizando minha análise no que concerne à responsabilidade do Sr. Renato Basco Visco, considero que deva ser provido o recurso exclusivamente para acolher as razões de justificativa apresentadas quanto aos seguintes itens constantes do ofício de audiência que lhe foi dirigido, reduzindo-se, em conseqüência, o valor da multa que foi imputada ao responsável pelo subitem 9.8 do Acórdão nº 1.072/2004–Plenário:

“a) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda. por meio do processo 60/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, desrespeitando o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

b) contratação de serviços eventuais e de manutenção do sistema de refrigeração, com dispensa de licitação, por intermédio do processo nº 60/98, que não apresentavam natureza emergencial, contrariando o inciso V do artigo 24 da Lei 8.666/1993;

c) prestação de serviços pela empresa Benco, no período de 28.01 a 05.03.1998, sem realização de contrato e sem licitação, desrespeitando o parágrafo único do artigo 60 e o artigo 2º da Lei 8.666/1993;

d) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco, por meio do processo 2127/98 em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, em afronta ao entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994 e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

e) existência de projeto básico, no processo nº 60/98, contemplando a prestação de serviços sem estimativa de quantitativos, descumprindo-se o § 4º do artigo 7º da Lei nº 8.666/1993, que atingiram o montante superior ao permitido para dispensa de licitação, em desobediência ao inciso I do artigo 24 e ao artigo 2º do mesmo texto legal;

f) prestação de serviços pela empresa TNC File sem realização de contrato e sem licitação, sendo paga por indenização nos processos ns 3223/1998, 3610/1998, e 0005/1995, descumprindo o parágrafo único do artigo 60 e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/93;

g) falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa TNC File, por meio do

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Processo nº 955/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, deixando de atentar para o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;”

50. No que pertine ao recurso apresentado pela firma Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda., trata de questão igualmente imputada ao Sr. Renato Basco Visco, sobre a qual já discorri no item 40 deste Voto, momento em que consignei minha concordância com os pareceres no sentido de serem improcedentes os argumentos que pretendem a reforma do decisum. Consoante já registrei naquele item, incorporo às minhas razões de decidir as análises efetuadas pela Serur.51. Em tempo, assinalo que quando os autos se encontravam em meu Gabinete foi juntado expediente enviado pelo Deputado Federal Celso Russomanno, Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, encaminhando Proposta de Fiscalização e Controle aprovada por aquela Comissão que consiste, em síntese, em quesitos a serem respondidos por esta Corte relativos à contratação, pelo INPI, da empresa DW Engenharia Ltda., discutida nestes autos.52. Considerando que me coube exclusivamente a relatoria dos recursos interpostos e ainda que a matéria – contratação da DW Engenharia Ltda. – é tratada no âmbito deste processo, considero adequado que sejam eles novamente encaminhados ao Relator a quo para que adote as providências que considerar necessárias ao atendimento da referida proposta.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.

Sala das Sessões, em 12 de setembro de 2007.

AROLDO CEDRAZRelator

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ACÓRDÃO Nº 1876/2007 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo n.º TC - 008.403/1999-6 (com 16 volumes e 2 anexos)1.1. Apensos: TC 019.160/2006-8, TC 005.256/2004-2 (com 2 volumes), TC 019.439/2003-6 (com 1 volume), TC 016.522/1999-0, TC 011.853/1999-9 (com 4 volumes), TC 004.800/1998-2 (com 8 volumes).2. Grupo II – Classe I – Recurso de Reconsideração3. Interessados: Renato Basco Visco (CPF 000.701.655-72) e Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. (CNPJ 34.146.357/0001-02)4. Entidade: Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz5.1. Relator da deliberação recorrida: Auditor Marcos Bemquerer Costa6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado7. Unidade Técnica: Serur e 5ª Secex8. Advogados constituídos nos autos: Alexandre Medeiros de Paiva (OAB/RJ 87.367), Adriana Gomes de Moraes Lima (OAB/RJ 90.692), Gustavo Travassos de Azevedo (OAB/RJ 57.787) e Marcos Borges (OAB/RJ 114.117).8.1. Interessado em sustentação oral: Alexandre Medeiros de Paiva (OAB/RJ 87.367).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Recursos de

Reconsideração interpostos por Renato Basco Visco e pela empresa Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. contra o Acórdão nº 1.072/2004–Plenário, que, entre outras providências, julgou irregulares as contas do primeiro, lhe imputou o pagamento de multa e o recolhimento de débito solidariamente com a referida empresa.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, com fulcro nos arts. 32 e 33 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, em:

9.1. conhecer do Recurso de Reconsideração interposto pelo Sr. Renato Basco Visco e dar-lhe provimento parcial, alterando a redação do subitem 9.4 do Acórdão nº 1.072/2004–Plenário e incluindo os subitens 9.4.1 e 9.4.2, com a seguinte redação:

“9.4. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Sres Jorge Machado (ex-Presidente) e Américo Puppin (ex-Presidente).

9.4.1. acolher as razões de justificativa do Sr. Renato Basco Visco no que se refere às seguintes impropriedades descritas no ofício de audiência nº 006/2000 – 7ª Secex:

9.4.1.1. falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco Alta Tecnologia em Construção Ltda. por meio do processo 60/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, desrespeitando o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

9.4.1.2. contratação de serviços eventuais e de manutenção do sistema de refrigeração, com dispensa de licitação, por intermédio do processo nº 60/98, que não apresentavam natureza emergencial, contrariando o inciso V do artigo 24 da Lei 8.666/1993;

9.4.1.3. prestação de serviços pela empresa Benco, no período de 28.01 a 05.03.1998, sem realização de contrato e sem licitação, desrespeitando o parágrafo único do artigo 60 e o artigo 2º da Lei 8.666/1993;

9.4.1.4. falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa Benco, por meio do processo

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2127/98 em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, em afronta ao entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994 e o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

9.4.1.5. existência de projeto básico, no processo nº 60/98, contemplando a prestação de serviços sem estimativa de quantitativos, descumprindo-se o § 4º do artigo 7º da Lei nº 8.666/1993, que atingiram o montante superior ao permitido para dispensa de licitação, em desobediência ao inciso I do artigo 24 e ao artigo 2º do mesmo texto legal;

9.4.1.6. prestação de serviços pela empresa TNC File sem realização de contrato e sem licitação, sendo paga por indenização nos processos ns 3223/1998, 3610/1998, e 0005/1995, descumprindo o parágrafo único do artigo 60 e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/93;

9.4.1.7. falta de realização do processo licitatório em tempo hábil, resultando na contratação com dispensa de licitação da empresa TNC File, por meio do Processo nº 955/98, em uma situação emergencial originada da inércia do próprio INPI, deixando de atentar para o entendimento firmado na Decisão Plenária TCU nº 347/1994, e o caput o artigo 2º da Lei nº 8.666/1993;

9.4.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Renato Basco Visco no que se refere às seguintes impropriedades descritas no ofício de audiência nº 006/2000 – 7ª Secex:

9.4.2.1. terceirização, no processo 1892/1998, de atividades finalísticas do INPI, contrariando o § 2º do art.1º do Decreto 2.271/1997;

9.4.2.2. contratação do IEL sem licitação – proc. 2863/98 (projeto INPI 2000, Contrato nº 044/1998), apresentado preços injustificados dos serviços, todos com valores significativos, desobedecendo o inciso III do artigo 26 da Lei 8.666/1993;

9.4.2.3. contratação com dispensa de licitação da PUC/RJ, contendo preço injustificado do serviço, de valor expressivo, em descumprimento ao inciso III do artigo 26 da Lei 8.666/1993;

9.4.2.4. falta de reavaliação dos contratos do INPI de maior valor, ferindo o caput do artigo 1º do Decreto 2.399/1997;

9.4.2.5. autorização para edital com critérios subjetivos, referente ao Processo nº 275/1998 (contratação da empresa Concremat Engenharia e Tecnologia Ltda.), e o julgamento das propostas sem esclarecer os elementos utilizados para apreciação dessas propostas, infringindo o inciso VIII do artigo 40, o § 1º do art.44 e o inciso I do artigo 46, todos, da Lei 8.666/1993, o que resultou na contratação de empresa que não apresentou a menor oferta;

9.4.2.6. contratação com dispensa de licitação por meio do Processo nº 4613/1997, cujo objeto não se restringia aos serviços necessários para o atendimento das tarefas emergenciais, descumprindo o inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/1993;

9.4.2.7. inclusão da cláusula 10 no Contrato nº 11/98, firmado com a empresa DW Engenharia Ltda., que havia sido questionada pela Procuradoria Jurídica do INPI, por conceder direitos indevidos a contratada, sem a apresentação de justificativas para não ser acatado o parecer jurídico, infringindo-se o parágrafo único do artigo 38 da Lei 8.666/93;

9.4.2.8. licitação indevidamente considerada inexigível, visto que o objeto não era de natureza singular e era viável a realização do certame, resultando no contrato nº 51/1998, firmado com a empresa DW Engenharia Ltda., em confronto com o caput e o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/1993;”

9.2. reduzir o valor da multa individual aplicada ao Sr. Renato Basco Visco,

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constante do subitem 9.8 do Acórdão nº 1.072/2004–Plenário, que passa a ser de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);

9.3. conhecer do Recurso de Reconsideração interposto pela firma Benco Alta Tecnologia em Construções Ltda. para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.4. dar ciência da presente deliberação aos recorrentes e ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI;

9.5. remeter os autos ao Gabinete do Relator a quo, Auditor Marcos Bemquerer Costa, para que adote as providências que considerar necessárias para resposta aos quesitos complementares à Proposta de Fiscalização e Controle nº 14, de 1999, aprovados pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados em 22.05.2007.

10. Ata nº 38/2007 – Plenário 11. Data da Sessão: 12/09/2007 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1876-38/07-P

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13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz (Relator) e Raimundo Carreiro.13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

WALTON ALENCAR RODRIGUES AROLDO CEDRAZPresidente Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em exercício

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