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Enquanto peregrina o homem pela face da Terra, vibra seu ser em di- versos planos: do material mais gros- seiro, ao espiritual mais elevado. Observando o que ocorre na crosta do pla- neta, verificamos que os corpos são diferenciados em diversas classes, que se convencionou chamar “reinos”. Temos, assim, o reino mineral, o reino ve- getal, o reino animal, o reino hominal — e a ciência parou aí. Mas Jesus já nos fala no “reino celestial”, que podemos entrever como subdividido em angé- lico, arcangélico etc. Estudando todo o conglomerado de seres e corpos, comprovamos que existem leis precisas, exatas, imutáveis, cada uma delas regendo os seres de sua classe, de seu “reino”. São sete leis básicas, cada uma delas a englobar toda a classe, definindo-lhe o ponto de evolução, mas atuando também nos seres das outras classes contíguas. Isto porque o ser não passa “de estalo” de uma classe a outra: “a natureza não dá saltos”. A evolução é len- tíssima, paulatina, gradativa, por partes, de tal forma que, o ser que atingiu o reino hominal, ainda conserva em seu corpo os elementos do reino mineral, do vegetal, do animal, embora já estando em contato com o reino celestial (do espírito). “Na natureza tudo se encadeia, desde o átomo primitivo até o ar- canjo, que também começou por ser átomo” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, resposta nº 540). Assim, a Lei que rege o mineral, continua a agir no vege- tal, juntamente com a Lei que rege o vegetal. O animal está sujeito à lei do plano animal, mais à lei do mineral (em ponto mais elevado) mais à lei do vegetal (também em plano mais evoluído) E assim por diante. A estas sete leis, correspondem os sete “pedidos” do Pai Nosso. Vamos começar um exame pela classe inferior — chame- mo-la assim — ou seja, pela do mineral, que corresponde exa- tamente ao último pedido do Pai Nosso: “livra-nos do mal”, que significa “liberta-nos da matéria” a fim de conseguirmos a espiritualização. 1ª Lei: Amor A primeira Lei, que rege os minerais, é a Lei do AMOR. Talvez isso possa parecer estranho, porque o Amor é Deus, já que Deus é Amor, e portanto a Lei mais sublime, mais elevada, é justamente a do Amor... Como, então, é a lei que rege o plano mineral? No entanto, logo que é constituído o mineral, a primeira Lei que age sobre ele é a do Amor. Os cientistas não quererão admitir, logicamente, que entre corpos minerais, ou entre as moléculas de um corpo mineral, possa existir amor... Todavia, Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 95ª aula: Evolução anímica - I Textos complementares GEAEL Aula 95 — Entre muitas, a lição que fica: “Indiscutivelmente, a beleza comove qualquer criatura, em qualquer plano que se encontre. É o plano mais elevado que podemos atingir, porque é o plano divino, em que vive nosso EU profundo. A beleza atrai irresistivelmente, porque para a beleza é impelido o ser pela Centelha divina que constitui nosso Eu verdadeiro. O princípio desse plano é a união.” — G. E. S. — Revista Sabedoria

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Page 1: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira...2º) o “duplo etérico” que permite as sensações; 3º) o chamado “corpo astral”, que lhe dá a sensibilidade das emoções

Enquanto peregrina o homem pela face da Terra, vibra seu ser em di-versos planos: do material mais gros-seiro, ao espiritual mais elevado.

Observando o que ocorre na crosta do pla-neta, verificamos que os corpos são diferenciados em diversas classes, que se convencionou chamar “reinos”. Temos, assim, o reino mineral, o reino ve-getal, o reino animal, o reino hominal — e a ciência parou aí. Mas Jesus já nos fala no “reino celestial”, que podemos entrever como subdividido em angé-lico, arcangélico etc.

Estudando todo o conglomerado de seres e corpos, comprovamos que existem leis precisas, exatas, imutáveis, cada uma delas regendo os seres de sua classe, de seu “reino”. São sete leis básicas, cada uma delas a englobar toda a classe, definindo-lhe o ponto de evolução, mas atuando também nos seres das outras classes contíguas. Isto porque o ser não passa “de estalo” de uma classe a outra: “a natureza não dá saltos”. A evolução é len-tíssima, paulatina, gradativa, por partes, de tal forma que, o ser que atingiu o reino hominal, ainda conserva em seu corpo os elementos do reino mineral, do vegetal, do animal, embora já estando em contato com o reino celestial (do espírito). “Na natureza tudo se encadeia, desde o átomo primitivo até o ar-canjo, que também começou por ser átomo” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, resposta nº 540).

Assim, a Lei que rege o mineral, continua a agir no vege-tal, juntamente com a Lei que rege o vegetal. O animal está sujeito à lei do plano animal, mais à lei do mineral (em ponto mais elevado) mais à lei do vegetal (também em plano mais evoluído) E assim por diante.

A estas sete leis, correspondem os sete “pedidos” do Pai Nosso.

Vamos começar um exame pela classe inferior — chame-mo-la assim — ou seja, pela do mineral, que corresponde exa-tamente ao último pedido do Pai Nosso: “livra-nos do mal”, que significa “liberta-nos da matéria” a fim de conseguirmos a espiritualização.

1ª Lei: AmorA primeira Lei, que rege os minerais, é a Lei do AMOR.Talvez isso possa parecer estranho, porque o Amor é

Deus, já que Deus é Amor, e portanto a Lei mais sublime, mais elevada, é justamente a do Amor... Como, então, é a lei que rege o plano mineral?

No entanto, logo que é constituído o mineral, a primeira Lei que age sobre ele é a do Amor. Os cientistas não quererão admitir, logicamente, que entre corpos minerais, ou entre as moléculas de um corpo mineral, possa existir amor... Todavia,

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

95ª aula: Evolução anímica - ITextos complementares

GEAEL

Aula 95 — Entre muitas, a lição que fica:“Indiscutivelmente, a beleza comove qualquer criatura, em qualquer plano que se encontre. É o plano mais elevado que podemos atingir, porque é o plano divino, em que vive nosso EU profundo. A beleza atrai irresistivelmente, porque para a beleza é impelido o ser pela Centelha divina que constitui nosso Eu verdadeiro. O princípio desse plano é a união.” — G. E. S. — Revista Sabedoria

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2 Aliança Espírita Evangélica

existe. É a própria ciência conhece essa Lei nos minerais, ape-nas com denominação diferente: Lei de coesão.

Todos os corpos têm coesão molecular. Se não houvesse coesão nas moléculas da madeira, as células não permanece-riam unidas, e de tal forma unidas, que muitas vezes temos terrível trabalho para separá-las, para cortá-las.

Então, rege os minerais a Lei do Amor, sob o nome de coesão.No laboratório de química conseguimos fazer a combina-

ção de dois elementos, que dão origem a um terceiro: são os pródromos da fecundação nas plantas, do acasalamento nos animais, da geração de filhos, nos homens. Realmente, se jun-tarmos duas moléculas de hidrogênio com uma de oxigênio, e fizermos estalar a centelha, teremos um “filho”, a água.

No mineral encontramos, ainda, a consciência única, ou seja, cada corpo mineral é constituído dos átomos e das moléculas na mesma proporção. Variando a proporção, varia o corpo. Cada metal tem sua densidade e seu peso atômico invariáveis, e é exatamente a constituição atômica que dis-tingue um metal de outro, um corpo simples de outro. Vemos, pois, a consciência única em cada corpo.

Tudo isto fica mais claro, se nos referimos ao mineral em sua forma perfeita: o cristal. Observem que cada mineral tem sua cristalização própria, e forma sempre a mesma figura ge-ométrica, ajustando-se as moléculas nos mesmos ângulos, nos mesmos eixos, com secção idêntica em cada setor.

Dentro do mineral reside, também, a Força Divina, que podemos denominar o EU SUPREMO. Mas encontra-se em sono profundo, isto é, só tem consciência de sua existência “teoricamente”. Entretanto, tem consciência; se não a tivesse, não haveria obediência das moléculas à Lei de Coesão (ou Amor). Com efeito, as moléculas sabem que devem unir-se, como devem unir-se, e quando devem fazê-lo: dá-se a coesão, portanto, quando as condições são favoráveis. Quando não, nenhuma força é capaz de consegui-lo: assim o azeite jamais se mistura com a água. Então, existe uma consciência nas moléculas, embora em estado de sono profundo.

2ª Lei: VerdadeA segunda lei, verdade, age no segundo reino, o vegetal.

No entanto, nesse mesmo reino, vige ainda — e mais evoluída — a Lei do Amor.

O vegetal está sujeito plenamente à lei da Verdade: nin-guém jamais conseguiu, nem poderá conseguir, fazer nascer um abacateiro do caroço de uma laranja...

A planta é rigorosamente verdadeira: produz dentro de sua espécie, de seu gênero, de sua família: o que se planta, se colhe. É a Lei da Verdade em toda a sua plenitude.

No vegetal também a consciência está em sono sem so-nhos. Nele não há visão nem percepção alguma, embora já possua sensações: na planta já se acha constituído o chamado ‘’duplo etérico”, com sua sensibilidade, embora muito rudi-mentar, no início. No Japão, recentemente, um cientista fêz experiências e “mediu” aquilo que, por analogia, ele chamou “a dor” da planta, ao cortar-se-lhe um galho ou ao arran-car--se-lhe uma flor.

A mais, o vegetal tem exitência única. A mangueira do Brasil é igual à mangueira da Índia, e a macieira da América idêntica à da Europa: são os mesmos princípios, a existência única, se bem que possa haver pequenas variações devidas à química do solo ou ao clima. Mas a “essência” é a mesma.

Do mineral ao vegetal, o Amor já evoluiu um passo. Os minerais que entram na composição do “corpo” das plantas (as moléculas densas), como ferro, cálcio, magnésio, carbono etc., continuam dentro da Lei da coesão molecular (Amor); mas ao lado disso, existe no vegetal a Lei da Verdade. E essa evolução faz que a Lei da coesão e do amor dêem um pas-so à frente: no vegetal encontramos os primeiros vestígios, o primeiro estágio do sexo, da união das partes masculinas e femininas. Ao lado de plantas hermafroditas, já podemos encontrar outras em que os sexos estão separados, faltando--lhes apenas os meios de locomoção para se encontrarem. A natureza providencia para que isso ocorra, por meio do vento, da água, das abelhas, dos bezouros, dos pássaros que, indo de uma flor a outra, carregam o pólen masculino para fecundar o elemento feminino. É o primeiro passo da natureza, para preparar as criaturas para a apoteose do reino do Amor, que encontra sua evolução máxima no Espírito em Deus.

Nos vegetais, por causa da evolução de duplo etérico, ve-rificamos que o processo de crescimento já fez um progresso: não é mais externo, por acréscimo, como nos minerais: já se tornou interno, por desenvolvimento, através da assimilação sobretudo do nitrogênio que a chuva deposita na terra. O pas-so já foi enorme.

3ª Lei: JustiçaA primeira Lei (Amor) e a segunda (Verdade) passam,

mais desenvolvidas, para o terceiro estágio, onde vige a 3ª Lei: Justiça, que é o reino animal.

Temos, pois, no animal:1º) o corpo físico (denso), constituído de minerais;2º) o “duplo etérico” que permite as sensações;3º) o chamado “corpo astral”, que lhe dá a sensibilidade

das emoções.Não nos esqueçamos de que, ao recebermos uma panca-

da, o que sente, em nós, é o duplo etérico, e não o corpo físico. A matéria nada pode sentir. Uma prova fácil, é verificarmos que, quando anestesiamos uma parte do corpo (quando dela afastamos o duplo etérico por meio de um agente químico ou mental), nada sentimos naquela região.

Mas no animal já foi surgindo aos poucos, e gradativa-mente se vai desenvolvendo, à proporção que avança na esca-la evolutiva, a sensibilidade, isto é, a parte emotiva. Por isso os animais têm sentimentos (amor e ódio), que é um atributo (em sua parte sensitiva) do corpo astral.

A consciência do animal já não mais se encontra no sono profundo: está no sono com sonhos. Quer isto dizer que o estado de vigília corresponde às impressões que temos quan-do sonhamos. A consciência do animal ainda é “adormecida”, mas está muito mais evoluída que nos estágios anteriores.

É no reino animal que temos o primeiro contato com a

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Escola de Aprendizes do Evangelho - 95ª aula - Evolução Anímica I 3

emotividade, e aí vamos adquirindo os primeiros rudimentos do intelecto, ainda impreciso. Nos animais que se encontram mais adiantados, o intelecto está mais desenvolvido porque a natureza não dá saltos. Se podemos dizer que este papel ‘’ter-mina aqui”, não podemos fazer o mesmo com o que penetrou no reino animal. Quem é capaz de dizer: “a mão acaba aqui e aqui começa o braço?” Assim ocorre com toda a natureza animal.

O reino animal começa rudimentar, nos protozoários, como célula, como vírus, como inseto, e chega a desenvol-vimentos extraordinários, como nos cães. Observe-se a dife-rença entre um protozoário e um cão São Bernardo, com sua inteligência quase humana...

Então compreendemos que existe sempre uma interco-municação entre os diversos reinos. Eles se interpenetram.

Temos, no reino animal, a Lei da Justiça, que determina a exatidão da reação a cada ação. Por exemplo, quando um animal chega à beira de um precipício e escorrega, morre es-facelado em baixo. Colocada a causa, segue-se-lhe o efeito in-falivelmente. É a lei da Justiça, a que a planta ainda não está sujeita, por lhe faltar o corpo de emoções. Na planta encon-tramos (assim como nos primeiros passos do reino animal) a “existência única”, sem individualização. Esta, na escala animal, só começa nos sáurios, quando aparece a glândula pineal.

Mas além da nova lei da Justiça, os animais continuam sob a Lei do Amor, em escala mais avançada, tanto que já sentem atração e desejos, que os impelem um para o outro, ou um contra o outro. E também sob a Lei da Verdade, mais desenvolvida.

No entanto, observamos que os animais não erram, ge-ralmente, porque, não tendo livre-arbítrio, obedecem à Mente Cósmica.

Nesses três primeiros planos, não há liberdade. A Mente Universal é que age neles integralmente, fazendo-os evoluir, desenvol-vendo-lhes os dons, ampliando-lhes a inteligência, até que o cérebro possa comportar um raciocínio mais ele-vado.

Mas nesse ponto chegamos ao início do reino hominal, onde começa a agir outra lei.

4ª Lei: LiberdadeEssa lei, sob a qual se encontra o homem, é que o estraga...O Gênese ensina-nos a passagem do ser, do plano animal

ao plano hominal. Diz ele que estavam “no paraíso”, porque não tinham responsabilidade, como animais. Mas chegou a serpente e tentou-os a comerem do fruto da “árvore do bem e do mal”. E eles comeram, e viram que estavam nus, isto é, começaram a ter noções morais. O que é a serpente? Lógico que não pode ser aquele réptil que conhecemos, e que teria sido condenado por Deus a “rastejar”. Mas desde quando en-contramos serpentes com pés? A serpente é a representação da espinha dorsal, que na passagem de animal a homem, se levanta, erguendo o cérebro e terminando no cerebelo, dando a perfeita idéia de uma árvore do bem e do mal, isto é, o ra-

ciocínio. Observe-se que, nas plantas, o cérebro e a boca (por onde se alimenta) estão no chão (as raízes) e os órgãos sexu-ais estão voltados para cima (flores e frutos). Nos animais há uma primeira modificação: a espinha é paralela à terra, e no mesmo plano estão a cabeça e boca, e também os órgãos sexuais. Ao “hominizar-se”, a espinha (serpente) se ergue, e cérebro e boca passam para o alto, enquanto se voltam para a terra os órgãos sexuais.

Com o cérebro mais desenvolvido, começa o raciocínio abstrato, a distinção ou discernimento do certo ou errado (a árvore) e por conseguinte a “responsabilidade”, que faz o ser “sair do paraíso”, e entrar na luta pelo ganha-pão “com o suor de seu rosto”, não mais doado pelo Pai, como ocorreu sempre com as plantas e os animais. E uma vez saído desse paraíso, nunca mais a ele voltará, porque não poderá retroceder ao reino animal. Para isso, foi colocado um “anjo com espada flamejante que gira” à entrada do paraíso, isto é, apareceram o “chakra” frontal e o coronário, duas rodas de luz que giram.

No homem, então, existe a Lei da Liberdade, sendo ele responsável integral pelo caminho que escolher. O intelecto recebeu sua plenitude, e ele é capaz de discernir e optar. Esse intelecto se irá fortificando cada vez mais, com o exercício, já havendo enorme distância entre o exemplar da idade da pedra lascada e o exemplar que vive numa grande metrópole, sob as luzes da cultura e do progresso.

A consciência do homem não mais se acha no plano do sono com sonhos: já está em vigília, desperto, com seu qua-ternário inteiramente constituído: já é uma pessoa, embora ainda se ache adormecida a parte superior.

Recapitulando: o mineral desenvolveu a parte física, o ve-getal a parte etérica, o animal a parte astral, o homem a par-te intelectual. Mas assim como o desenvolvimento do etérico “começou” no mineral, atingindo o ponto máximo no vegetal; assim como o astral “começou” no vegetal, atingindo o pon-to máximo no animal; assim como o intelecto “começou” no animal, atingindo o ponto máximo no homem; assim também a parte superior, o “triângulo da individualidade” começa a desenvolver-se no homem. E essa é a meta a que todos pre-cisam aspirar, é o trabalho que devem realizar. Tudo o que foi desenvolvido anteriormente, se acha em pleno apogeu: a parte mineral do corpo está muito mais apurada no homem, e assim também as sensações e os sentimentos; e o intelecto, em estado de vigília, pelo menos nos mais adiantados; nos exem-plares mais retardados do gênero humano, o estado de vigília é muito rápido e fugaz; mas precisa ser desenvolvido. Daí a ordem de Jesus: “vigiai”, repetida numerosas vezes, como se dissesse “estai despertos”.

E para preparar o desenvolvimento da parte superior, o “despertamento” é indispensável, para poder libertar-se total-mente das peias dos planos inferiores.

A Lei do Amor prossegue muito mais ampla: não é ape-nas o “desejo”, mas é a simpatia ou antipatia que surgem, com a liberdade de escolha. E aí começa também a vicejar o que mais propriamente podemos denominar de amor, embora seu início seja somente amor egoísta.

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4 Aliança Espírita Evangélica

A natureza faz despertar nas criaturas inicialmente o amor de si mesmas, para treinar os seres, e o homem busca tudo para si. Depois nasce uma pequena extensão: pela sim-patia que nele desperta outra pessoa que lhe dá prazer, come-ça a criatura a condividir com ela o seu amor, e também suas vantagens. É o amor a dois, em que o homem começa a tirar de si para dar à mulher e vice-versa. Com o nascimento dos filhos, estende-se um pouco mais o campo. Mas existe ainda o amor egoísta: a criatura não opõe mais o EU aos outros. Começa a distinguir entre minha família e os outros. Temos aí o amor-egoísmo-familiar.

Pela lei das Unidades Coletivas (leia-se A Grande Sín-tese de Pietro Ubaldi) o amor-egoísmo familiar se estende aos vizinhos: é o bairrismo. Depois cresce para o naciona-lismo. Encontramos, então, nas diversas escalas evolutivas: 1) o amor egoísmo pessoal; 2) o amor egoísmo familiar; 3) o amor egoísmo grupal (bairrismo); 4) o amor egoísmo nacio-nal (patriotismo), até que, no fim da evolução, encontraremos o Amor Universal. Já aí a criatura não opõe mais o EU aos outros, nem sua pátria às outras: compreende que a humani-dade toda é uma coisa só.

A grande maioria da humanidade ainda se encontra nas primeiras fases do treino do amor. Basta ver que ninguém quer DAR amor, se não receber igual amor em retribuição. Se o amor não vier de volta, transforma-se em seu oposto: o ódio, porque amor e ódio são os dois pólos da mesma emoção. Só odeia quem ama. Daí o grande desequilíbrio da humanidade estar nessa linha de amor-ódio.

Nessa fase da evolução, nesse plano de “homens”, com a Lei da Liberdade, é que se decide nosso futro, porque aqui escolheremos o rumo. Ganhamos a capacidade de discernir entre bem e o mal, entre certo e errado, e assumimos a tre-menda responsabilidade da escolha, da decisão final, que está em nossas mãos.

Se escolhermos o bem, passaremos ao quinto plano, sob a égide da quinta lei. Se resolvermos a favor do mal, cairemos para trás, no terceiro plano. E onde caímos? No plano da justiça! Aparece então o carma, o resgate...

Isto porque, quando praticamos o mal, nós nos anima-lizamos, saímos do império da liberdade para cairmos no da justiça, e daí não podemos fugir. A Lei da Justiça ordena: “olho por olho, dente por dente”... ‘Todas as vezes que para lá voltarmos, encontramos a Justiça com a espada na mão. Fa-çamos uma imagem: estamos caminhando no chão de terra, onde temos a liberdade de subir um estrado elevado acima do chão, ou de arriscar-nos a meter o pé em buracos cheios de cacos e lâminas que nos cortam as pernas. Ora, se colocamos o pé ou a perna nos buracos, somos fatalmente feridos por esses cacos, e cortamos os pés e as pernas.

Exatamente assim ocorre. Quando descemos ao plano animal, somos colhidos pelo carma do resgate. Mas se subir-mos ao plano superior, escaparemos totalmente do resgate, “queimamos” o carma.

E qual é esse quinto plano, essa quinta lei?

5ª Lei: ServiçoO quinto plano está sujeito a uma lei que se chama Lei do

Serviço. O indivíduo começa a sair da personalidade, para pe-netrar na individualidade. E esse é o único caminho que tem o homem para evoluir: o serviço! Serviço significa acabar com o amor-egoísmo, em qualquer de seus graus, para realizar o amor-universal. Buscar para os outros, antes do que para si. Preferir dar a receber. Se Moisés ditou os mandamentos para a personalidade, no 4º plano, ditando as leis que governavam o 3º plano, Jesus veio dar-nos os mandamentos para a indivi-dualidade, ensinando-nos a sair definitivamente do 4º plano. Disse-nos, então: “amai-vos uns aos outros, tanto quanto vos amei”. Porque o mandamento: “ama a teu próximo como a ti mesmo’’ já havia sido dado por Moisés, em Levítico 19:18; e mesmo a extensão: “ama o estrangeiro como a ti mesmo” (Lev. 19:34). Mas Jesus diz: “a prova do amor é dar a vida pelo amigo”, o que Ele fez. E portanto pôde dar-nos seu exemplo: “amai-vos tanto, quanto eu vos amei” (Jo. 15:12), sacrificando tudo, inclusive a vida, em benefício dos outros.

Mas a humanidade não faz isso. Quem é que, em vendo um pobre a dormir ao relento na rua, o traz para dentro de casa, cedendo-lhe a própria cama? A personalidade reclama: “mas dei duro, consegui esta casa, comprei este colchão de molas, tenho minha família, por que deverei ceder isso a um qualquer”?... É o velho egoísmo pessoal e familiar que ainda impera!

No quinto plano, sob a égide da 5ª Lei, não distinguire-mos mais entre nossos filhos e os filhos dos outros; entre nos-sa família e a família dos outros. Teremos aprendido que to-dos somos um, quer ligados pelos laços do sangue (que laços fracos!), quer o não sejamos. Compreenderemos que os laços que verdadeiramente unem são os da filiação divina, e não da filiação terrena passageira. Quem sabe se aquele pobre a dormir na sarjeta não terá sido nosso filho em vida anterior? Ou não virá a sê-lo na próxima?

Neste plano já não utilizaremos o intelecto que racioci-na, mas a intuição que vê e sente. Por isso, os que começam a penetrar no 5º plano são tachados de “loucos” pelos que permanecem no 4º plano. E são “loucos”, mesmo, porque não raciocinam pela craveira geral da humanidade. Mas este é o único caminho da evolução e portanto da libertação.

Já estaremos com a consciência desperta, não mais com aquele estado transitório de vigília, que dura alguns minutos apenas, mas permanentemente. Vigilantes e em oração contí-nua. E desse modo, não teremos mais quedas, nem mais nos atingirão os mecanismos de resgate do 4º plano. Libertamo--nos do “carma negativo”.

A isso é que se chama “libertar do carma”. Expliquemos. Quando uma criatura, numa existência, cometeu grave erro prejudicando determinada pessoa, terá que resgatar isso. Re-flexamente receberá o que fez. Se feriu com espada, pela es-pada será ferido: é o terceiro plano, da Justiça. O animal que estraçalha outro, será estraçalhado, se não nessa, na próxima existência. Mas, se a criatura, tendo compreendido a Lei da evolução, iniciar novo rumo, e durante sua existência distri-

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Escola de Aprendizes do Evangelho - 95ª aula - Evolução Anímica I 5

buir benefícios (Lei do Serviço), não somente à criatura que prejudicou mas a centenas de outras indistintamente, passará ao quinto plano e, automaticamente, escapará ao “retorno”, que ficou absorvido por suas obras benéficas. Escapou do 4º para o 5º plano, e o terceiro não o atinge mais. A Lei da Justi-ça age horizontalmente, pegando todos aqueles que enfiam a perna no buraco. Se não enfiar a perna, ela não será cortada.

Então, para escapar à dor, ao sofrimento, à angústia, bas-ta aderir à Lei do Serviço. A evolução, na Terra, consiste em servir, tal como ensinou Jesus com Seu exemplo: “não vim para ser servido, mas para servir”.

O princípio que governa esse plano é o do aperfeiçoa-mento contínuo. A criatura busca aperfeiçoar-se cada dia mais, e com isso, logicamente, passa a sofrer cada vez menos.

O amor não é mais egoísta (pessoal, grupal etc.), mas se torna amor-dedicação, amor-desinteresse. Vemos, pois, que se ampliou muito a Lei do Amor, cada vez mais belo: a criatura tira de si, para dar aos outros.

Nesse plano a vigília é permanente: estado de consciên-cia desperta. E isso faz que a criatura não tenha mais liber-dade... No sentido de que, consciente dos resultados de suas ações, palavras e pensamentos, ela jamais praticará o mal. Poderia escolhê-lo, mas não o fará. Dizemos então que saiu do plano da liberdade de escolha porque, por seu conheci-mento, só poderá escolher o bem!

Daí o acerto de Allan Kardec quando afirmou: “fora da caridade, não há salvação”, entendendo ele “caridade” exata-mente como nós entendemos o “serviço”.

Além do 5º plano, pouco podemos dizer: estão muito ele-vados. Daremos apenas alguns dados, recebidos de outrem.

6ª Lei: PerfeiçãoO aperfeiçaomento contínuo do 5º plano leva-nos à per-

feição, que será atingida no 6º plano. Melhor dito: quando a criatura atinge a perfeição que buscava, passa a situar-se no 6º plano.

Não há mais corpo físico: o espírito utiliza no 6º plano o “cor-po causal”, onde estão registrados todos os atos, toda a vida que teve, desde as mais remotas eras. Não quer dizer que não possa encar-nar: mas sim que não precisa en-carnar. Mas se quiser sacrificar-se para ajudar a seu irmãos, poderá regressar à carne.

O princípio que vigora é o da harmonia permanente, e o amor encontra-se no ponto sublime, exemplificado por Jesus, quando diz: “sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial”, “que faz bri-lhar seu sol sobre bons e maus, e cair sua chuva sobre justos e in-justos”. Ou seja, prestaremos os

benefícios e amaremos indistintamente a todos.

7ª Lei: BelezaIndiscutivelmente, a beleza comove qualquer criatura,

em qualquer plano que se encontre. É o plano mais elevado que podemos atingir, porque é o plano divino, em que vive nosso EU profundo.

A beleza atrai irresistivelmente, porque para a beleza é impelido o ser pela Centelha divina que constitui nosso Eu verdadeiro. O princípio desse plano é a união.

Por isso, o amor aqui se manifesta pela unificação, e a criatura se sente UNA com todos os outros seres (minerais, vegetais, animais, homens, anjos etc). Se externamente, no corpo, o EU é diferente do TU, no 7º plano sentimos que EU e TU somos a mesma criatura, embora o EU seja um criminoso e o TU seja um santo: porque a Centelha divina do santo é a mesma centelha do criminoso.

Temos um exemplo no raio do sol, que pode incidir numa poça de lama ou num diamante: mas é sempre o mesmo raio de sol, puro e diáfano. Só que, no diamante, é refletido em mi-ríades de cintilações, mas em compensação, a lama também não o suja... é sempre o mesmo raio de sol maravilhosamente belo. É o amor total, o amor absoluto.

A isto tem que chegar a humanidade toda: ser como o raio de sol, que brilha e penetra qualquer ambiente sem sujar--se. O perigo é que, estando nós ainda no 4º plano, somos como a água: podemos limpar, mas nos arriscamos a ficar sujos. Depois que a água lava uma roupa, ela lhe tira a sujeira, mas ela mesma recebe em si a sujeira da roupa, e é despejada injunda

Temos, pois, que ter cuidado ao servir, para que, fazendo--o, não nos envolvamos nas falhas que procuramos sanar nos outros.

G.E.S.Revista Sabedoria - Janeiro/Julho de 1964

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6 Aliança Espírita Evangélica

PER GUN TA: — Pode ríeis expor-nos como se engen dram ou se criam os espí ri tos, no seio de Deus?

RAMATÍS: — É evi den te que, embo ra se criem novos espí ri tos em todos os momen tos da Vida Uni ver sal, Deus per-ma ne ce inal te rá vel em Sua Essên cia Eter na. Sem qual quer des gas te divi no, as novas cen te lhas ou cha mas par ti cu la ri za-das de Sua Luz, então pas sam a sen tir-se alguém no coman do de sua cons ciên cia indi vi dual.

Em sin ge lo exem plo, se fosse pos sí vel uma gota de água desen vol ver-se indi vi dual men te, o que é evi den te men te absur do, ela então teria a sen sa ção micros có pi ca de si mesma e a noção de exis tir, mas sem des vin cu lar-se da fonte macro-cós mi ca do pró prio ocea no onde se ori gi nou. Sob deter mi na-do impul so ínti mo cria dor, as par tí cu las de Luz pro ve nien tes do Espí ri to Cós mi co de Deus, em certo momen to prin ci piam a viver e a se con fi gu rar como núcleos de cons ciên cias cen-tra li za das no Uni ver so. O aper ce bi men to ou a defi ni ção psí-qui ca aumen ta pelo rela cio na men to inces san te com o pró prio mundo edu ca ti vo das exis tên cias físi cas, a fim de com por a sua memó ria peris pi ri tual no sim bo lis mo de tempo e espa ço.

Eis o iní cio da jor na da inin ter rup ta e eter na do ser espi-ri tual, que desen vol ve tanta sabe do ria e noção de exis tir, quan tas sejam as suas expe riên cias edu ca ti vas no coman do dos cor pos físi cos ou na vivên cia quan do desen car na dos nos mun dos “extra fí si cos”.

PER GUN TA: — Ainda ser-vos-ia pos sí vel elu ci dar-nos quan to ao pro ces so, ou meca-nis mo evo lu ti vo, que pro pi cia o nas ci men-to de novos espí ri tos no Uni ver so?

RAMATÍS: — Mal gra do as difi cul da des tão comuns para o inte lec to huma no per ce-ber satis fa to ria men te o esque ma trans cen-den tal da vida espi ri tual, subli me e cria ti va do Uni ver so, ten ta re mos expor-vos algo da meta mor fo se macro cós mi ca de Deus, no pro ces so inver so da meta mor fo se micro cós-mi ca do homem.

Con si de ran do-se que Deus é o Todo Ili-mi ta do, que inter pe ne tra, coor de na e ativa a vida uni ver sal, é evi den te que esse Psi quis mo Cós mi co pre ci sa gra duar-se em diver sas fre-qüên cias vibra tó rias, a fim de poder gover nar tão efi cien te e coe ren te men te uma galá xia ou cons te la ção de astros, como ajus tar-se às neces si da des sutis e ínfi mas de um sim ples átomo de hidro gê nio.

Sabe mos que o ele va do poten cial da força elé tri ca ori gi nal da usina deve ser abran da do ou gra-dua do para meno res vol ta gens atra vés de trans for ma do res apro pria dos, a fim de acio nar desde o avan ça do par que de uma indús tria, como um sim ples apa re lho elé tri co domés ti-co. Assim, o modes to foga rei ro que fun cio na ape nas com 110 volts de ener gia, seria fun di do e car bo ni za do, sob o impac to pode ro so e vio len to de uma carga de 10.000 volts.

Mal gra do a sin ge le za desse exem plo de ele tri ci da de, que deve redu zir a sua vol ta gem atra vés de trans for ma do res ade-qua dos às múl ti plas neces si da des e capa ci da des dos mais varia dos apa re lhos e uten sí lios elé tri cos, a Mente Uni ver sal tam bém exer ce a sua ação cria ti va e aper fei çoadora atra vés de enti da des espi ri tuais, numa ação psí qui ca “trans for ma-ti va”, que então reduz vibra to ria men te a Ener gia Cós mi ca Divi na até ajus tar-se ao con su mo modes to de uma vida huma na.1

O cen tro de cons ciên cia huma na, que se orga ni za indi vi-dual men te no seio do Psi quis mo Cós mi co, cons ti tui-se num campo ínti mo, ou na minia tu ra psí qui ca do pró prio macro cos-mo, assim jus ti fi can do o afo ris mo de que “o homem foi feito à ima gem de Deus”. A cons ciên cia indi vi dual, ainda vir gem e igno ran te, mas exci ta da pelo dina mis mo cen trí fu go, pro mo ve 1 Todo o nosso esfor ço nesta expli ca ção é ape nas na ten ta ti va dinâ mi ca para desem per rar a mente huma na das for mas e dos con cei tos estra ti fi ca dos da vida físi ca. Supon do-se a cami nha da do espí ri to, numa estra da infi ni ta e eter na, os nos sos con cei tos, exem plos e des cri ções só devem ser admi ti dos como bali zas indi ca ti vas demar can do o rumo mais certo. (N. de Rama tís.)

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Escola de Aprendizes do Evangelho - 95ª aula - Evolução Anímica I 7

a sua asce se espi ri tual desde a trans for ma ção do átomo em molé cu la, da molé cu la em célu la, da célu la ao orga nis mo, do orga nis mo ani mal ao tipo huma no e, depois, a meta mor fo se do homem até a con fi gu ra ção do arcan jo cons te lar.

Os atri bu tos divi nos minia tu ri za dos no espí ri to do homem des per tam e se ampli fi cam à medi da que ele desen-vol ve a sua cons ciên cia huma na na expe riên cia de mais vida, sabe do ria e poder. O homem ainda vive sob os impul sos e as exci ta ções da ener gia cria ti va do ins tin to ani mal, a qual lhe orga ni za a ves ti men ta de carne na face dos orbes físi cos. Mas, depois que supe ra a ani ma li da de, ele se con ver te num trans for ma dor side ral, capaz de absor ver certo impac to ener-gé ti co do Psi quis mo Cós mi co, a fim de tam bém dis tri buí-lo, gra da ti va men te, na vol ta gem psí qui ca ade qua da à vida dos seres menos evo luí dos.

PER GUN TA: — Que reis dizer que o Psi quis mo Cós mi-co, na sua des ci da vibra tó ria, fil tra-se e atua atra vés dos diver sos cam pos e rei nos do mundo físi co até mode lar a con fi gu ra ção do espí ri to do homem?

RAMATÍS: — O nas ci men to, a for ma ção ou defi ni ção do espí ri to indi vi dua li za do do homem, não é ape nas um fato sim ples, pri má rio, ou con se qüen te de súbi to fenô me no ocor-ri do no seio do Psi quis mo Cós mi co. A cen te lha, ou par tí cu la espi ri tual, quan do assi na la o seu pri mei ro aper ce bi men to ínti-mo e cons ciên cia de exis tir, ou se dife ren cia do Todo Divi no, já é a etapa final de um longo pro ces so em ges ta ção atra vés de todas as múl ti plas for mas do Uni ver so. Não se trata de um acon te ci men to mira cu lo so, a dife ren ciar um novo núcleo de cons ciên cia par ti cu la ri za da no seio de Deus. Mas essa indi vi-dua li zação cons cien cial só ocor re após o des cen so vibra tó rio psí qui co, desde a forma gala xial, cons te lar e pla ne tá ria até ulti mar a sua fil tra ção pela inti mi da de dos rei nos mine ral, vege tal, ani mal e defi nir-se no homem, como pro du to mais pre cio so e avan ça do.

Ao se criar um novo espí ri to no seio de Deus, ele já pos sui em si mesmo, laten te e micro cos mi ca men te, o conhe ci men to e a rea li da de macro cós mi ca do Uni ver so. Isso acon te ce por que a indi vi dua li za ção espi ri tual do homem só ocor re depois que o Psi quis mo Cós mi co efe tua o seu com ple to des cen so vibra tó rio, ou seja, a inver são do “macro” até o “micro cos mo”.

PER GUN TA: — Seria pos sí vel suge rir-nos uma figu ra ou dia gra ma grá fi co sim bó li co, capaz de expres sar-nos o extre mo macro cós mi co do Psi quis mo Cós mi co e, simul ta-nea men te, nou tro extre mo, a cons ciên cia micro cós mi ca do homem?

RAMATÍS: — Se con si de rás se mos, sim bo li ca men te, um cone infi ni to e imen su rá vel, com o seu vér ti ce vol ta do para a Terra e a base per den do-se no infi ni to, então, a cons ciên cia indi vi dual do homem seria repre sen ta da pelo vér ti ce, e o Psi-quis mo Cós mi co por todo o cone. Sob esse grá fi co sim bó li co, o conhe ci men to infi ni to e o poder do Psi quis mo Cós mi co, então abran ge ria toda a figu ra do cone, redu zin do-se num

des cen so vibra tó rio até se con fi gu rar no vér ti ce, que repre-sen ta o sur gi men to da cons ciên cia micro cós mi ca do homem. O pró prio cone, à medi da que parte do seu vér ti ce para o infi ni to, ainda pode ria sim bo li zar Deus em vários está gios vibra tó rios, lem bran do mesmo a espi ral.

Obvia men te, à medi da que a cons ciên cia huma na, figu ra-da sim bo li ca men te no vér ti ce do cone, prin ci pia a sua evo lu ção espi ri tual, ela tam bém há de abran ger, pro gres si va men te, maior área ou por ção do cone, enri que cen do inces san te men te o seu pró prio patri mô nio psí qui co indi vi dual. Eis por que já dizia o Cris to-Jesus que o “reino de Deus está no homem”, uma vez que ao des per tar indi vi dual men te o espí ri to huma no já pos sui em si mesmo a minia tu ra poten cia li za da do pró prio Psi quis mo Cós mi co de Deus. O homem é a minia tu ra de Deus; e Deus a ampli fi ca ção cós mi ca do Homem. Há milê nios, os velhos mes tres da filo so fia orien tal já diziam: “assim é o macro cos mo, assim é o micro cos mo” ou “o que está em cima está embai xo”. Eles já pres sen tiam a lógi ca do monis mo, dou tri na que melhor resis te à lógi ca do pen sa men to huma no, ante o ver ti gi no so pro-gres so cien tí fi co, inclu si ve da físi ca nuclear, que assim veri fi ca a incon tes tá vel fusão da con cep ção espi ri tua lis ta e mate ria lis ta na suti lís si ma fase inter me diá ria da ener gia. Cor ro bo ran do os anti gos ins tru to res do Orien te, na lin gua gem moder na e sob fun da men to cien tí fi co, tam bém cabe a mesma idéia do “macro” no “micro”, quan do se diz que o átomo pode ser con si de ra do como a minia tu ra da cons te la ção, assim como a cons te la ção pode ser con si de ra da a ampli fi ca ção do átomo.

PER GUN TA: — Que pode ríeis dizer-nos, quan to a essa des ci da vibra tó ria do Psi quis mo Cós mi co, desde as galá-xias, cons te la ções, os sis te mas pla ne tá rios e orbes, até com-por as cons ciên cias ins tin ti vas dos rei nos mine ral, vege tal, ani mal e orga ni zar a enti da de huma na?

RAMATÍS: — É de senso comum que só há um coman-do em todo o Uni ver so, o qual então é monis ta. Mas, para melhor efei to dos nos sos rela tos mediú ni cos, pre fe ri mos admi tir o Uni ver so gover na do pelo Psi quis mo Cós mi co, ou seja, a pró pria Cons ciên cia Espi ri tual de Deus. Entre tan to, não é o Psi quis mo Cós mi co que “desce” atra vés de galá xias, cons te la ções, sis te mas pla ne tá rios e rei nos mine ral, vege tal, ani mal até o reino homi nal. Sob tal hipó te se, então, já deve-riam pree xis tir essas galá xias, cons te la ções, muito antes de o Psi quis mo Cós mi co efe tuar a sua des ci da vibra tó ria. Na rea li da de, refe ri mo-nos ape nas às fases ou eta pas cria ti vas, que ocor rem pos te rior men te no seio do Cria dor. As galá xias, cons te la ções ou sis te mas pla ne tá rios e os diver sos rei nos da Natu re za, que cons ti tuem os orbes físi cos, são mani fes ta ções ou mate ria li za ções deste Psi quis mo Cós mi co, na sua des ci da vibra tó ria cria ti va.

O Evangelho à Luz do CosmoRamatís / Hercílio Maes

Editora do ConhECimEnto

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4. Os infortúnios da vida podem ser de duas espécies, ou seja, ter duas origens distintas. É importante expô-las aqui: umas têm sua causa na vida presente; outras, não exatamen-te nesta existência. Portanto, ao procurarmos a origem dos males terrenos, devemos admitir que muitos são consequên-cia natural da conduta e do caráter de quem os suporta.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua negligência, de seu orgulho e ambição! Quantas pessoas se arruinam por desleixo, por falta de per-severança, por má conduta, ou por não terem conseguido impor um limite aos seus desejos! Quantas uniões infelizes, fruto do interesse ou da vaidade, em que o coração não foi levado em conta! Quantos desentendimentos e brigas desas-trosas poderiam ser evitados com um pouco mais de mode-ração e menos ressentimentos! Quantas doenças são conse-quência de excessos de todo tipo! Quantos pais sofrem com seus filhos por não terem reprimido desde o início suas más tendências! Por comodismo ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles as sementes do orgulho, do egoísmo e da vaidade, que ressecam o coração, e, mais tarde, ao colhe-rem o que semearam, se espantam e se afligem com a falta de respeito e a ingratidão deles.

Que todos os que se vêem com o coração abatido pe-las vicissitudes e decepções da vida interroguem friamente a própria consciência! Que reflitam seriamente sobre a origem dos males que os afligem, e verifiquem se, na maioria dos casos, não podem dizer: “Se eu tivesse feito, ou não tivesse feito tal coisa, não estaria nesta situação”. Então, a quem responsabilizar por todas as suas aflições, senão a si mesmo? Portanto, na maioria dos casos, o homem é o autor dos seus

próprios infortúnios. Mas, ao invés de reconhecer isso, ele acha mais simples, e menos humilhante, acusar o destino, a Providência, a falta de sorte, quando na verdade a culpa se deve à sua própria negligência.

Sem dúvida, os males dessa natureza representam a maior parte das dificuldades da vida. O homem só consegui-rá evitá-los quando se empenhar pelo seu aperfeiçoamento moral, como se empenha pelo intelectual.

5. A lei humana pune determinadas faltas. Diz-se en-tão que o condenado está sofrendo a consequência dos seus atos. Mas a lei não consegue punir todas as faltas. Ela abran-ge mais aqueles que causam prejuízo à sociedade, e não os que cometem delitos que prejudicam a si próprios. Contudo, Deus quer o progresso de todas as Suas criaturas. Por isso, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há uma única falta, por mais leve que seja, uma única desobe-diência à Sua Lei, que não tenha forçosamente inevitáveis consequências, de certo modo lamentáveis. Donde se conclui que, tanto nas pequenas como nas grandes coisas, o homem sempre é punido pelos erros que cometeu. Os sofrimentos decorrentes de sua falta servem para adverti-lo de que agiu mal; dão-lhe experiência e fazem com que perceba a diferen-ça entre o bem e o mal, e a necessidade de melhorar-se para evitar, no futuro, o que foi para ele causa de aflições. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para emendar-se. Confian-te na impunidade, retardaria seu avanço e, consequentemen-te, sua felicidade futura.

Mas a experiência, às vezes, chega um pouco tarde. E então, quando a vida já foi desperdiçada com conturbações, quando as forças já estão enfraquecidas e o mal não tem remédio, o homem põe-se a lamentar, dizendo: “Se no início da vida eu soubesse o que sei hoje, quantos tropeços teria evitado! Se pudesse recomeçar, faria tudo diferente, mas não há mais tempo!”. Do mesmo modo como o operário pregui-çoso diz: “Perdi meu dia”, ele se queixa: “Perdi minha vida”. Mas, assim como o Sol nasce no dia seguinte para o operário, dando início a uma nova jornada que lhe permite recuperar o tempo perdido, para ele também, depois da noite do túmulo, brilhará o sol de uma nova vida, na qual poderá tirar pro-veito da experiência do passado e decidir por boas resoluções para o futuro.

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

Capítulo 5Bem-aventurados os aflitos

O Evangelho Segundo o Espiritismo