grupo espírita aprendizes do evangelho de limeira · exame, sem discussão. 8. todas as religiões...

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 34ª aula: Excursões ao estrangeiro Textos complementares GEAEL Aula 34 — Entre muitas, a lição que fica: ... o que caracteriza a revelação espírita é que a sua fonte é divina; que a iniciativa compete aos espíritos, e que sua elaboração é produto do trabalho do homem. A Gênese - Allan Kardec A Gênese — Allan Kardec 1. Pode-se considerar o espiritismo uma revelação? Nes- te caso, qual é o seu caráter? Em que se baseia sua auten- ticidade? A quem e de que modo ela foi feita? A doutrina espírita é uma revelação, no sentido teológico da palavra, ou seja, é, no seu todo, produto de um ensinamento oculto vindo do alto? É definitiva, ou suscetível de modificações? Ao trazer aos homens a verdade completa, a revelação não teria por consequência tolhê-los de utilizar suas faculdades, uma vez que lhes pouparia o trabalho da investigação? Qual pode ser a autoridade do ensinamento dos espíritos, se eles não são infalíveis e superiores à humanidade? Qual é a utili- dade da moral que pregam, se essa moral não é diferente da do Cristo, que conhecemos? Quais são as verdades novas que eles nos trazem? O homem precisa de uma revelação e não pode achar em si mesmo e na sua consciência tudo que lhe é necessário para conduzir-se? Tais são as questões sobre as quais é importante que se esteja informado. 2. Definamos, inicialmente, o sentido da palavra reve- lação. Revelar , do latim revelare, cuja raiz é velum (véu), significa literalmente sair de sob o véu, e, em sentido figu- rado, descobrir, divulgar uma coisa secreta ou desconhecida. Na sua acepção vulgar mais generalizada, diz-se de qualquer coisa ignorada que é divulgada, de toda ideia nova que nos põe a par de algo que não sabíamos. Sob esse ponto de vista, todas as ciências que nos levam a conhecer os mistérios da natureza são revelações, e pode-se dizer que há para nós uma revelação incessante. A astrono- mia nos revelou o mundo sideral que não conhecíamos; a ge- ologia, a formação da Terra; a química, a lei das afinidades; a fisiologia, as funções do organismo etc. Copérnico, Galileu, Newton, Laplace, Lavoisier foram reveladores. 3. O caráter essencial de toda revelação deve ser a ver- dade. Revelar um segredo é divulgar um fato; se é falso, não é um fato, não havendo, portanto, revelação. Toda revela- ção desmentida por fatos não é revelação; se for atribuída a Deus, não podendo Deus mentir nem enganar-se, ela não pode emanar dele; deve-se considerá-la produto de uma con- cepção humana. 4. Qual é o papel do professor perante seus alunos, senão o de um revelador? Ensina-lhes o que não sabem, o que não teriam tempo, nem possibilidade, de descobrir por si mes- mos, porque a ciência é obra coletiva dos séculos e de uma multidão de homens que contribuíram, cada qual, com seu contingente de observações, das quais os que vêm depois de- les se beneficiam. Portanto, o ensinamento é, na realidade, a revelação de certas verdades científicas ou morais, físicas ou metafísicas, feita por homens que as conhecem a outros que

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

34ª aula: Excursões ao estrangeiroTextos complementares

GEAEL

Aula 34 — Entre muitas, a lição que fica:... o que caracteriza a revelação espírita é que a sua fonte é divina; que a iniciativa compete aos espíritos, e que sua elaboração é produto do trabalho do homem.

A Gênese - Allan Kardec

A Gênese — Allan Kardec

1. Pode-se considerar o espiritismo uma revelação? Nes-te caso, qual é o seu caráter? Em que se baseia sua auten-ticidade? A quem e de que modo ela foi feita? A doutrina espírita é uma revelação, no sentido teológico da palavra, ou seja, é, no seu todo, produto de um ensinamento oculto vindo do alto? É definitiva, ou suscetível de modificações? Ao trazer aos homens a verdade completa, a revelação não teria por consequência tolhê-los de utilizar suas faculdades, uma vez que lhes pouparia o trabalho da investigação? Qual pode ser a autoridade do ensinamento dos espíritos, se eles

não são infalíveis e superiores à humanidade? Qual é a utili-dade da moral que pregam, se essa moral não é diferente da do Cristo, que conhecemos? Quais são as verdades novas que eles nos trazem? O homem precisa de uma revelação e não pode achar em si mesmo e na sua consciência tudo que lhe é necessário para conduzir-se? Tais são as questões sobre as quais é importante que se esteja informado.

2. Definamos, inicialmente, o sentido da palavra reve-lação. Revelar, do latim revelare, cuja raiz é velum (véu), significa literalmente sair de sob o véu, e, em sentido figu-rado, descobrir, divulgar uma coisa secreta ou desconhecida. Na sua acepção vulgar mais generalizada, diz-se de qualquer coisa ignorada que é divulgada, de toda ideia nova que nos põe a par de algo que não sabíamos.

Sob esse ponto de vista, todas as ciências que nos levam a conhecer os mistérios da natureza são revelações, e pode-se dizer que há para nós uma revelação incessante. A astrono-mia nos revelou o mundo sideral que não conhecíamos; a ge-ologia, a formação da Terra; a química, a lei das afinidades; a fisiologia, as funções do organismo etc. Copérnico, Galileu, Newton, Laplace, Lavoisier foram reveladores.

3. O caráter essencial de toda revelação deve ser a ver-dade. Revelar um segredo é divulgar um fato; se é falso, não é um fato, não havendo, portanto, revelação. Toda revela-ção desmentida por fatos não é revelação; se for atribuída a Deus, não podendo Deus mentir nem enganar-se, ela não pode emanar dele; deve-se considerá-la produto de uma con-cepção humana.

4. Qual é o papel do professor perante seus alunos, senão o de um revelador? Ensina-lhes o que não sabem, o que não teriam tempo, nem possibilidade, de descobrir por si mes-mos, porque a ciência é obra coletiva dos séculos e de uma multidão de homens que contribuíram, cada qual, com seu contingente de observações, das quais os que vêm depois de-les se beneficiam. Portanto, o ensinamento é, na realidade, a revelação de certas verdades científicas ou morais, físicas ou metafísicas, feita por homens que as conhecem a outros que

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as ignoram e que, sem isso, continuariam a ignorá-las.5. O professor, porém, apenas ensina o que aprendeu:

é um revelador secundário; o homem de gênio ensina o que descobriu por si mesmo: é o revelador inicial; traz a luz que pouco a pouco se espalha. Onde estaria a humanidade sem a revelação dos homens de gênio que aparecem de tempos em tempos?

Mas quem são os homens de gênio? Por que são homens de gênio? De onde vêm? Que acontece com eles? Observemos que em sua maioria, ao nascer, trazem faculdades transcen-dentes e conhecimentos inatos, que basta-lhes um pouco de trabalho para desenvolverem. Pertencem, com toda certeza, à humanidade, pois nascem e morrem como nós. De onde, então, extraíram esses conhecimentos que não puderam ad-quirir durante a vida? Concordando com os materialistas, diremos que o acaso lhes deu matéria cerebral em quanti-dade maior e de melhor qualidade? Neste caso, não teriam mais mérito do que um legume maior e mais saboroso do que outro!

Como certos espiritualistas, diremos que Deus os dotou de uma alma mais privilegiada do que a da maioria dos ho-mens. Suposição igualmente ilógica, visto que culparia Deus de parcialidade. A única solução racional para esse problema está na preexistência da alma e na pluralidade das existên-cias. O homem de gênio é um espírito que viveu mais tempo e que, consequentemente, adquiriu mais conhecimentos e pro-grediu mais do que os outros que estão menos adiantados. Ao encarnar-se, ele traz consigo o que sabe, e como sabe mais do que os outros, sem precisar estudar, é o chamado homem de gênio. Mas seu saber é fruto de um trabalho an-terior e não o resultado de um privilégio. Antes de renascer, portanto, ele já era um espírito avançado; reencarna, quer para beneficiar os outros com seu saber, quer para adquirir maiores conhecimentos.

Incontestavelmente, os homens progridem por si mes-mos e pelo empenho da sua inteligência. Entregues às suas próprias forças, porém, esse progresso é muito lento se não forem ajudados por homens mais adiantados, como o aluno o é por seus professores. Todos os povos tiveram seus homens de gênio que, em diferentes épocas, vieram impulsioná-los e tirá-los da inércia.

6. A partir do momento em que admitimos a solicitude de Deus para com as suas criaturas, por que não admitiría-mos que espíritos que, por sua energia e pela superioridade dos seus conhecimentos, são capazes de fazer a humanida-de avançar, se encarnem pela vontade de Deus, visando a colaborar para o progresso numa determinada direção; que recebam uma missão, como um embaixador a recebe do seu soberano? Este é o papel dos grandes gênios. Que vêm eles fazer senão ensinar aos homens verdades que estes ignoram, e que continuariam ignorando por longos períodos, a fim de dar-lhes um ponto de apoio com a ajuda do qual poderão ele-var-se mais rapidamente? Esses gênios que aparecem no de-correr dos séculos como estrelas brilhantes, deixando atrás de si um longo rastro luminoso sobre a humanidade, são mis-

sionários, ou messias, se o preferirem. As coisas novas que ensinam aos homens, quer no campo físico, quer no campo filosófico, são revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com muito mais razão, suscitá-los para as verdades morais, que são elementos essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas ideias atravessaram os séculos.

7. No sentido especial da fé religiosa, a revelação se re-fere mais particularmente às coisas espirituais que o homem não pode saber por si mesmo, que não consegue descobrir pelos seus sentidos, e cujo conhecimento lhe é dado por Deus, ou por seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Nesse caso, a revelação é sempre feita a homens privilegiados, conhecidos como profetas ou messias, ou seja, enviados, missionários, cuja missão é transmiti-la aos homens. Considerada sob este ponto de vista, a revelação implica passividade absoluta; é aceita sem averiguação, sem exame, sem discussão.

8. Todas as religiões tiveram seus reveladores, e embo-ra todos estivessem longe de ter conhecido toda a verdade, tinham sua razão de ser providencial, porque eram apropria-dos ao tempo e ao meio em que viviam, à índole própria dos povos aos quais falavam, e aos quais eram relativamente su-periores. Apesar dos erros das suas doutrinas, nem por isso deixaram de agitar os espíritos, espalhando assim sementes de progresso que mais tarde deviam germinar, ou que um dia germinarão ao sol do Cristianismo. Portanto, é sem razão que, em nome da ortodoxia, sejam execrados, pois dia virá em que todas essas crenças, tão diversas quanto à forma, mas que na realidade repousam sobre um mesmo princípio funda-mental – Deus e a imortalidade da alma – se fundirão numa grande e fecunda unidade, quando a razão houver triunfado contra os preconceitos.

Infelizmente, as religiões, em todos os tempos, sempre foram instrumentos de dominação; o papel do profeta ins-tigou ambições inferiores, e viu-se surgir uma multidão de pretensos reveladores, ou messias, que, aproveitando-se do prestígio desse nome, exploraram a credulidade em prol do seu orgulho, da sua cobiça, ou da sua indolência, achando mais cômodo viver à custa dos iludidos por eles. A religião cristã não ficou a salvo desses parasitas. A respeito disso, chamamos especial atenção para o capítulo XXI de O Evan-gelho Segundo o Espiritismo: “Haverá falsos Cristos e falsos profetas.”

9. Existem revelações diretas de Deus aos homens? É uma questão que não nos atreveríamos a resolver, nem afir-mativa, nem negativamente, de maneira absoluta. O fato não é radicalmente impossível, mas nada nos dá uma prova se-gura disso. O que não deve deixar dúvidas, é que os espíritos mais próximos de Deus se impregnam do seu pensamento e podem transmiti-lo. Quanto aos reveladores encarnados, conforme a ordem hierárquica a que pertençam, e seu nível de saber pessoal, podem extrair instruções dos seus próprios conhecimentos, ou recebê-las de espíritos mais elevados, até mesmo dos mensageiros diretos de Deus. Estes, ao falar em

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

nome de Deus, às vezes foram tomados pelo próprio Deus.Para quem conhece os fenômenos espíritas e o modo

como se estabelecem as relações entre os encarnados e os desencarnados, comunicações dessa espécie nada têm de estranho. As instruções podem ser transmitidas por diver-sos meios: por inspiração pura e simples, pela audição da palavra, pela presença dos espíritos instrutores nas visões e aparições, quer em sonhos, quer em estado de vigília, tal como se veem muitos exemplos na Bíblia, no Evangelho e nos livros sagrados de todos os povos. Portanto, é rigorosamente exato dizer que a maioria dos reveladores são médiuns ins-pirados, audientes ou testemunhas oculares. Não se conclui daí, porém, que todos os médiuns sejam reveladores, e me-nos ainda que sejam intermediários da Divindade ou de seus mensageiros.

10. Só os espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão de transmiti-la; sabe-se agora, porém, que os es-píritos longe estão de serem todos perfeitos, e que existem alguns que assumem falsas aparências, o que fez São João dizer: “Não acrediteis em qualquer espírito, examinai antes se os espíritos procedem de Deus.” (Epist. 1a., 4:1.)

Pode, portanto, haver revelações sérias e verdadeiras, como as há apócrifas e mentirosas. O caráter essencial da revelação divina é o ato da eterna verdade.Toda revelação eivada de erros, ou sujeita a alteração, não pode emanar de Deus. É assim que a lei do Decálogo tem todas as caracte-rísticas da sua origem, ao passo que as outras leis mosaicas, essencialmente transitórias, frequentemente em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu. Com o abrandamento dos costumes do povo, essas leis caíram por si só em desuso, enquanto o Decálogo con-tinua de pé, como farol da humanidade. O Cristo fez dele a base do seu edifício, mas aboliu as outras leis. Fossem estas obra de Deus, teriam permanecido intocadas. O Cristo e Moi-sés são os dois grandes reveladores que mudaram a face do mundo, e aí está a prova da sua missão divina. Uma obra puramente humana não teria tamanho poder.

11. Uma importante revelação se cumpre na época atual: é a que nos mostra a possibilidade de entrar em contato com os seres do mundo espiritual. Sem dúvida, esse não é um co-nhecimento novo, mas ficara, por assim dizer, no estado de letra morta, isto é, sem proveito para a humanidade. A igno-rância das leis que regem essas relações o havia asfixiado sob a superstição; o homem era incapaz de extrair dele qualquer dedução benéfica. Estava reservado à nossa época livrá-lo dos seus acessórios ridículos, compreender-lhe o alcance e fazer surgir a luz que devia iluminar o caminho do futuro.

12. Ao revelar-nos o mundo invisível que nos rodeia e no meio do qual vivíamos sem percebê-lo, as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, consequentemente, o destino do homem depois da morte, o espiritismo é uma verdadeira re-velação, na acepção científica da palavra.

13. Por sua natureza, a revelação espírita tem um du-plo caráter: ela se parece com a revelação divina e com a

revelação científica ao mesmo tempo. Com a primeira, pelo fato do seu surgimento ser providencial e não o resultado da iniciativa, ou de uma intenção premeditada do homem, porque os pontos fundamentais da doutrina são produto do ensinamento dado pelos espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre coisas que estes ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos, e que é importante que conheçam, agora que estão maduros peara compreendê-las. Com a segunda, assemelha-se por não ser esse ensinamento privilégio de nenhum indivíduo, mas dado a todo mundo pelo mesmo meio; porque os que o transmitem e os que o recebem não são seres passivos, dispensados do trabalho de observa-ção e pesquisa; porque não renunciam ao seu critério e ao seu livre-arbítrio; porque a averiguação não lhes é vetada, mas, ao contrário, recomendada; enfim, porque a doutrina não foi ditada por completo, nem imposta à crença cega; porque, pelo trabalho do homem, é deduzida da observação dos fatos que os espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, e das quais ele próprio tira as conclusões e aplicações. Em resumo, o que caracteriza a revelação espírita é que a sua fonte é divina; que a iniciativa compete aos espíritos, e que sua elaboração é produto do trabalho do homem.

14. Como meio de elaboração, o espiritismo age exata-mente da mesma forma que as ciências positivas, ou seja, aplicando o método experimental. Surgem fatos de uma nova ordem que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, tira conclusões e busca-lhes aplicações úteis. Ele não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não assentou como hipóteses a existência e a intervenção dos espíritos, nem o perispíri-to, a reencarnação, ou qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos espíritos quando essa existência ressaltou com clareza da observação dos fatos, assim proce-dendo com os outros princípios. Não foram os fatos que pos-teriormente vieram confirmar a teoria, mas a teoria que veio depois explicar e coligir os fatos. Portanto, é rigorosamente exato dizer-se que o espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram pro-gressos significativos depois que seus estudos se basearam no método experimental; até recentemente, porém, pensava-se que esse método só era aplicável à matéria, ao passo que também se aplica às coisas metafísicas.

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Como trabalhar intimamente (I)Ney Pietro Peres — Manual Prático do Espírita

GEAEL

Não existem paixões de tal maneira vivas e irresistíveis, que a vontade seja impotente para as superar?— Há muitas pessoas que dizem ‘EU QUERO’, mas a von-tade está somente em seus lábios. Elas querem, mas estão muito satisfeitas que assim não seja. Quando o homem julga que não pode superar suas paixões, é que o seu espírito nelas se compraz, por conseqüência de sua própria inferioridade. Aquele que procura reprimi-las, compreende a sua natureza espiritual; vencê-las é para ele um triunfo do espírito sobre a matéria.Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo XII. “Perfeição moral”. II. Das paixões. Pergunta 911.

O nosso trabalho, como acontece em qualquer processo de aprendizagem é gradual e crescente, vai de etapa a etapa, progredindo sempre. Admitimos que, seguindo-se o roteiro deste manual de aplicação, após compreendidas as bases da Transformação Intima (parte I) e estudado o que se pode transformar (parte II), o nosso esforço em exercitar, através dos meios apresentados (parte III), conduziu-nos de início à auto-análise. De algum modo fazermos, embora empirica-mente, as nossas reflexões, é atributo do ser pensante e até certo ponto racional; no entanto, quando procuramos realizar esse trabalho dentro de um contexto filosófico-moral, funda-mentado no conhecimento da natureza espiritual do homem, da sua origem, constituição, relacionamento e destino, quan-do entendemos, à luz do espiritismo, as leis morais que nos re-gem, então a nossa motivação se amplia e passamos a impul-sionar com a nossa vontade que, apoiada nas realidades da vida espiritual, leva-nos a marchar irreversivelmente, rumo ao progresso moral, isto é, leva-nos a contribuir decisiva e vigorosamente para avançar na nossa evolução. Assim sen-do, praticamos a auto-análise não apenas para livrarmo-nos de algum conflito que nos desequilibra, tentando, portanto, conhecer as suas causas, mas o fazemos como um trabalho necessário para alcançar transformações dentro de padrões compatíveis com os ensinamentos do nosso modelo de perfei-ção: Jesus de Nazaré. (Id. ibid. Pergunta 625.)

A auto-análise é um trabalho que se desenvolve com o tempo e não cessa mais, pois é o meio de identificar delibera-damente o que se deve melhorar. Quem está interessado em ser melhor nunca mais pára de progredir, a evolução é infinita.

Do diagnóstico propriamente dito, ou seja, da identifica-ção das manifestações impulsivas de inferioridade às trans-formações, quase sempre realizadas lentamente, aplicamos a auto-observação, que é seqüente e decorrente da auto-análise. Podemos comparar a auto-observação com uma ação cons-ciente de autopoliciamento, de vigilância, interligada ao es-

forço de auto-aprimoramento, ou seja, de remover defeitos in-troduzindo virtudes, e ainda de verificação, para que aquelas virtudes sejam autênticas, sem mesclas de orgulho ou vaida-de, quer dizer, virtude sem ostentação.

A auto-observação, vimos como fazê-la, contando com exatidão e registrando graficamente as contagens das mani-festações impulsivas. Agora, o auto-aprimoramento se inter-relaciona com a auto-observação e, embora silencioso, ele é desenvolvido com energia e muita atividade mental.

Como podemos trabalhar intimamente nesse auto-apri-moramento é o que vamos discutir.

Calma! Tenho que parar aqui! Uma pausa necessária

Não há arrastamentos irresistíveis, há sim arrastamentos apenas (Id., Ibid. Pergunta 845) e, diante deles, o que preci-samos fazer? Sair de qualquer modo, com rapidez, daquela situação de perigo. Dar um tempo, respirar fundo, afastar-se, dar uns passos atrás, pedir licença para ir ao banheiro, lavar o rosto, tomar um copo d’água, relaxar, contar até dez, des-culpar-se pelo engano, morder a língua, dar-se um beliscão, num instante dizer, de si para si: “CALMA AI, AMIGO! AQUI TENHO QUE PARAR!”

Precisamos só de um pouco de coragem para conseguir as primeiras vezes, porque nas próximas já dominaremos com maior facilidade. Esse é o processo das pausas, que podemos aplicar todas as vezes em que o nosso vulcão interior ameaçar entrar em erupção. Temos que ser velozes e parar de imediato com uma ordem mental firme, que cada um saberá elaborar para surtir maiores efeitos.

Estabelecendo pausas, damos tempo para que o próprio tempo trabalhe a nosso favor. O que dissermos em pensamen-to agirá produzindo novas disposições, em substituição àque-le primeiro impacto de reação, e, desse modo, quebramos o processo automático ao qual estamos condicionados ou habi-tuados, e que nos leva às reações explosivas.

As pausas dão lugar às manifestações construtivas, re-novadoras, tranqüilizantes, confortadoras, portanto de efeitos reais.

Relaxamento e meditação

Hoje, as práticas de relaxamento e de meditação não são apenas utilizadas pelos místicos orientais de vida reclusa, são largamente empregadas no Ocidente, divulgadas e ensinadas por um surpreendente número de autores estrangeiros e bra-

A auto-análise é um trabalho que se desenvolve com o tempo e não cessa mais, pois é o meio de identificar deliberada-mente o que se deve melhorar. Quem está interessado em ser melhor nunca mais pára de progredir, a evolução é infinita.

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 5

sileiros: filósofos, pensadores, psicólogos, educadores, médi-cos e terapeutas.

Essas técnicas ajudam grandemente o homem moderno a suportar as tensões e os desgastes de seu trabalho diário.

Não queremos aqui, atrevidamente, apresentar uma téc-nica ou método pessoal, preferimos recomendar aos interessa-dos que consultem algumas obras específicas e escolham por si mesmos a que lhes parecer melhor. A nossa experiência é muito relativa e temos nos utilizado simplesmente dos processos de fácil emprego, em resumo compreendidos no que segue:

1º Em local isolado e silencioso, sentado, reclinado ou deitado, com pequeno gravador cassete, tocando baixinho músicas suaves de meditação e prece, em hora conveniente;

2º Começando por relaxar pausadamente, em ordem, dos pés à cabeça, descontraindo músculos e aliviando tensões, pe-netrando em profunda calma;

3º Pode-se respirar compassadamente com maior pro-fundidade, algumas vezes, imaginar-se absorvendo energias vitalizantes e envolto numa atmosfera reconfortante de vibra-ções azul-claro;

4º Imaginando-se às margens de um lago sereno, numa paisagem tranqüila, identificado emocionalmente com aque-las irradiações, iniciamos, assim, a mentalização de algumas afirmações dentro do que esperamos alcançar, ou seja: obter equilíbrio emocional, dominar impulsos, superar tentações, vencer vícios, eliminar hábitos, transformar defeitos, adquirir virtudes, realizar o bem desinteressadamente, não reagir com violência, ser compreensivo, amigo, tolerante, benevolente, pie-doso, laborioso, modesto, despretensioso, e assim por diante...

Essas afirmações devem ser claras, bem definidas e inde-pendentes umas das outras, fazendo-se uma por vez, sem se deixar saturar cansativamente por um prolongado e extenso número delas.

Essas práticas contribuem de forma generalizada para obtermos uma razoável condição de equilíbrio emocional e movimentarmos nossas potencialidades espirituais, no senti-do das transformações íntimas. Desse modo, nos predispomos a reagir com serenidade e a controlar nossos impulsos, como também nos auxiliando a superar ansiedades e tensões.

O mecanismo em ação é: ao trabalharmos profunda e permanentemente as raízes do inconsciente, agimos magne-ticamente em nossos registros mentais, de maneira a modelar as suas manifestações.

Conversas consigo mesmo

Quantas vezes precisamos ponderar para nós mesmos as razões sérias em que nos apoiamos para não cometer esse ou aquele erro? As conclusões que tiramos sobre a maneira grosseira de agir para com alguém, o fazemos numa conversa silenciosa conosco mesmo.

Repreendemo-nos então, com frases articuladas mental-mente, reconhecendo nossa culpa e encorajando-nos a ex-pressar nosso arrependimento num pedido de escusas.

Diante de um envolvimento forte, que possa nos indu-zir a um ato repreensível, precisamos balancear os “prós” e

os “contras”, trazendo à discussão íntima os conhecimentos apreendidos, pesando bem as conseqüências desastrosas e re-nunciando a algum prazer ilusório.

É como se conversássemos, persuadindo-nos amigavel-mente a não nos deixar levar por esse ou aquele impulso, ape-lando para a própria compreensão dos prejuízos a causar, não valendo a pena, por tão pouco, destruir todo um esforço de edificação interior.

Nessa conversa bem consistente, vamos sentindo que o clima emocional muda e a fogueira que ardia vai abrandando até extinguir-se. Conseguimos, assim, reprimir o impulso e re-mover a ação prejudicial.

O espiritismo nos reforça a necessidade prática dessa con-versa interior, ao mostrar a influência oculta dos espíritos so-bre os nossos pensamentos e ações. (Id., ibid. Capítulo IX. “In-tervenção no mundo corpóreo”. Perguntas 459 e 472.) Desse modo, distinguindo sempre o bem do mal, separamos as más influências das boas, os próprios maus impulsos, as sugestões perniciosas, e afastamo-nos do proceder transgressor, repelindo as tentativas dos espíritos que nos incitam ao mal.

O caminho seguido para que nos utilizemos desse méto-do é aproximadamente esse:

1º Ao começar a descobrir a inclinação disfarçada para cometermos algum deslize, mesmo na forma sutil, como uma expectativa de satisfação, prazer ou algo semelhante, vamos logo ao encontro dela;

2º Vamos, então, indagando o “porquê” daquela emoção sorrateira e sondemos onde estão as suas raízes. Podemos até dizer em pensamento: “Aproxime-se, quero lhe conhecer me-lhor”, “Por que vou seguir a sua sugestão?”, “Não é preferível saber primeiro os seus motivos?”, “Acontece que não espero agradar-lhe”, “Quero manter meu equilíbrio e não ceder às suas tentações”, “Quais as suas necessidades?”, “Não serão os chamamentos corpóreos, as predominâncias do ser animal que habita em mim?”

3º Assim prosseguimos, e identificando as origens das manifestações atraentes, ponderamos as conseqüências: “Se eu ceder, serei levado a colher profundas tristezas, depressões, sofrerei amargamente”, “Assim fazendo prejudicarei a (A) e a (B), pois sucederá (isso) ou (aquilo)”, “Será que eu gostaria que assim fizessem comigo?”, “Ah! Não vale a pena, a minha tranqüilidade é mais importante!”, “Quero seguir Jesus, ele me ensina a agir nessas ocasiões, (desse) e (daquele) modo”, “É isso que vou fazer”, “Estou decidido e basta!”

4º Recorrer à leitura de algumas páginas de livros como:Conduta Espírita. André Luiz.Sinal Verde. André Luiz.Rumo Certo. Emmanuel.Coragem. Espíritos Diversos.Segue-me. Emmanuel.Pão Nosso. Emmanuel.Vinha de Luz. Emmanuel.Caminho, Verdade e Vida. Emmanuel.Fonte Viva. Emmanuel,e tantos outros que nos incentivam ao bem proceder,

apoiados no Evangelho de Jesus.

6 34ªaula:Excursõesaoestrangeiro

Gritar mentalmente

Algumas vezes, quando a conversa conosco mesmo não consegue mudar a impregnação de qualquer desejo, quando ainda ficamos alimentando-os e, apesar de compreender que não devemos e eles dar escoamento, permanecemos envolvi-dos sem afastá-los. Nessas ocasiões de indefinição corremos sérios riscos de cometê-los e necessitamos de um salva-vidas para não afundar.

Nesses casos é muito válido gritar mentalmente, com bastante energia, expressões como:

“Saia da minha cabeça!”“Afaste-se de mim!”“Não me atormente!”“Não vou cair nesse erro!”“Basta!” “Chega!” “Suma!”

Podemos gritar mentalmente em qualquer situação, sem chamar a atenção dos outros, cada vez que aparece um pensa-mento nocivo, uma emoção caprichosa, uma imagem erótica, um desejo incontido. Podemos gritar, se for necessário repeti-damente, qualquer frase de contenção vigorosa, como uma or-dem à fonte geradora, até que a emissão perigosa desapareça.

Ao emitir mentalmente um grito de alerta, respondemos com uma reação ao impulso destruidor e derrubamos a sua força de envolvimento, saindo, portanto, daquele instante pe-rigoso.

Com um grito, diz o adágio popular, “se salva uma boia-da”, e podemos salvar a nós mesmos de cair num abismo.

Evitar as ocasiões de perigo

Ao observar o que nos leva a agir de modo indesejável, podemos muito bem identificar as situações que nos cerca-vam ao manifestar aquela reação incontrolada.

Ora, conhecendo as circunstâncias que possam nos en-volver e assim nos fazer cometer ações que procuramos evitar, qual será a disposição mais inteligente para quem conhece as

suas próprias fraquezas? É afastar-se dos momentos perigo-sos. Assim faz o alcoólatra em recuperação: evita experimen-tar um gole, mesmo inofensivo, de qualquer bebida contendo álcool. O jogador que combate a sua forte inclinação não vai a rodas de amigos que praticam esse hábito. Os glutões em regime preferem fugir dos restaurantes atraentes e dos pratos suculentos. Quem não quer poluir sua imaginação com ero-tismo não lê revistas pornográficas nem vai assistir filmes que exploram o sexo. E assim por diante...

Conhecer os defeitos que ainda não conseguimos vencer é medida de prudência, de precaução, em lugar de querer testar a nossa fortaleza, simplesmente contornar os precipícios que possam nos fazer cair naqueles abismos.

Podemos, então, antes de ser arrastados às circunstân-cias que propiciem o acontecimento dos incidentes, ou que possam nos induzir a repeti-los, não aproximarmo-nos delas. Em discussões, por exemplo, sobre posições contrárias em as-pectos religiosos, nas quais dificilmente convencemos alguém das nossas convicções, o melhor é não prosseguir em argu-mentos, mesmos que fundamentados na mais evidente com-provação, porque, conhecendo as nossas tendências, podemos terminar, no ardor do vozerio, em agressões e contrariedades que nada constroem.

Nessas eventualidades, trabalhemos como um vigilante e intimamente acendamos uma luz amarela, como sinal de atenção, colocando-nos em estado de alerta, e podemos tam-bém dizer para nós mesmos:

“Estou diante de uma situação perigosa. É preferível re-cuar pois mais vale um covarde vivo do que um herói morto”. “Corajoso é aquele que, conhecendo os riscos de cair em erros, consegue evitá-los, afastando-se das situações que os possam provocar.”

Desse modo, se soubermos modificar, contornar, evitar as ocasiões que nos cercam, poderemos com isso transformar as habituais ações defeituosas e nos aprimorar progressivamen-te. Conhecendo as nossas situações de perigo, por que iremos nos expor a elas? Não temos necessidade de dar ouvidos aos convites tentadores ou às sugestões hipnóticas invisíveis, de experimentar para dar provas.

459. Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e atos?

– Quanto a isso, sua influência é bem maior do que imaginais, pois freqüentemente são eles que vos dirigem.

460. Temos pensamentos que nos são próprios e ou-tros que nos são sugeridos?

– Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que vários pensamentos sobre o mesmo assunto vos ocorrem simultaneamente, e muitas vezes totalmente opostos entre si. Pois bem, entre esses pensamentos sempre há os que são

vossos e os que são nossos; é isso que vos deixa confusos, porque tendes em vós duas idéias que se opõem.

461. Como distinguir os pensamentos que nos são pró-prios dos que nos são sugeridos?

– Quando um pensamento é sugerido, é como se uma voz vos falasse. Os pensamentos próprios são, em geral, os do primeiro impulso. Aliás, para vós essa distinção não tem grande importância, e muitas vezes é útil não conhecê-la: o homem age mais livremente. Se ele se decide pelo bem, o faz espontaneamente; se toma o mau caminho, há nisso maior responsabilidade.

462. Os homens de inteligência e gênio sempre tiram suas idéias do seu íntimo?

– Às vezes as idéias vêm do seu próprio Espírito, mas

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freqüentemente lhes são sugeridas por outros Espíritos que os julgam capazes de compreendê-las e dignos de transmiti-las. Quando não as encontram dentro de si, apelam para a inspiração; sem suspeitá-lo, é uma evocação que eles fazem.

Se fosse útil podermos distinguir claramente nossos pensamentos próprios dos que nos são sugeridos, Deus nos teria dado meios para isso, como nos dá para distinguirmos o dia da noite. Quando uma coisa permanece vaga, é porque assim deve ser para o bem de todos.

463. Dizem, às vezes, que o primeiro impulso é sem-pre bom. Isso é exato?

– Pode ser bom ou mau, conforme a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom para aquele que ouve as boas ins-pirações.

464. Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito?

– Estudai o fato. Os bons Espíritos só aconselham o bem; cabe a vós distinguir.

465. Com que propósito os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?

– Para fazer-vos sofrer com eles.

465a. Isso diminui o sofrimento deles?– Não, mas fazem isso por inveja, ao ver que há seres

mais felizes.

465b. Que espécie de sofrimento querem infligir aos outros?

– Sofrimentos que provêm do fato de se estar numa ordem inferior e afastado de Deus.

466. Por que Deus permite que alguns Espíritos nos induzam ao mal?

– Os Espíritos imperfeitos são instrumentos destinados a pôr à prova a fé e a constância dos homens no bem. Tu, como Espírito, deves progredir na ciência do infinito, por isso passas pelas provas do mal, para chegar ao bem. Nossa mis-são é colocar-te no bom caminho, e quando más influências atuam sobre ti, é porque as atrais pelo desejo do mal, pois os Espíritos inferiores vêm auxiliar-te no mal, quando tens vontade de cometê-lo; eles podem ajudar-te no mal só quando desejas o mal. Se tens propensão para o homicídio, pois bem, terás uma nuvem de Espíritos que alimentarão essa idéia em ti; mas terás também outros que se empenharão por influen-ciar-te ao bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor da situação.

É assim que Deus deixa à nossa consciência a escolha do caminho que devemos seguir, e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.

467. Podemos livrar-nos da influência dos Espíritos

que incitam ao mal?– Sim, porque eles só se apegam a quem, por seus dese-

jos ou pensamentos, os atrai.

468. Os Espíritos cuja influência é repelida pela vonta-de renunciam às suas tentativas?

– Que queres que façam? Quando não há nada a fazer, recuam. No entanto, ficam à espreita de um momento favo-rável, como o gato espreita o rato.

469. Como podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?

– Fazendo o bem, e depositando toda nossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e anu-lais o domínio que gostariam de ter sobre vós. Guardai-vos de escutar as sugestões dos Espíritos que vos inspiram maus pensamentos, que provocam discórdia entre vós e que vos insuflam todas as más paixões. Desconfiai, principalmente, dos que exaltam vosso orgulho, pois vos apanham pelo vosso ponto fraco. Eis por que, na oração dominical, Jesus vos faz dizer: “Senhor! Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”

470. Os Espíritos que procuram induzir-nos ao mal, e que assim põem à prova nossa firmeza no bem, receberam a missão de fazê-lo? E se estão cumprindo uma missão, são responsáveis por ela?

– Nenhum Espírito recebe a missão de fazer o mal; se o faz, é por conta própria, e, logicamente, sofre as conseqüên-cias. Deus pode deixá-lo fazer para vos pôr à prova, mas não manda que o faça, e compete a vós repeli-lo.

471. Quando nos invade uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível ou de satisfação íntima, sem motivo aparente, isso se deve exclusivamente a um estado físico?

– Quase sempre é um efeito das comunicações que, in-conscientemente, estais tendo com os Espíritos, ou que com eles tivestes durante o sono.

472. Os Espíritos que desejam induzir-nos ao mal ape-nas se aproveitam das circunstâncias em que já nos encon-tramos, ou podem provocá-las?

– Aproveitam-se da ocasião, mas muitas vezes a provo-cam, impelindo-vos, sem o perceberdes, para o objeto que cobiçais. Assim, por exemplo, um homem encontra no seu caminho uma quantia de dinheiro: não penses que foram os Espíritos que levaram o dinheiro até lá, mas eles podem dar ao homem a idéia de dirigir-se naquela direção, e então sugerir-lhe o pensamento de apossar-se dele, ao passo que outros lhe sugerem que devolva o dinheiro ao dono. O mes-mo acontece com todas as outras tentações.

O Livro dos Espíritos - Allan KardecCapítulo IX “Interverção dos espíritos no mundo corporal”

8 34ªaula:Excursõesaoestrangeiro

Técnicas da Mediunidade - Carlos Torres Pastorino

ELETRICIDADE ESTATICAFalemos agora a respeito da ELETRICIDADE ESTÁTICA.Assim é chamada aquela eletricidade que existe perma-

nentemente na atmosfera e nos corpos.O átomo, constituído de núcleo (prótons, nêutrons) e

elétrons, além de partículas efêmeras como mesons, positrons e neutrinos, possui além disso a capacidade de revestir-se de elétrons.

A ciência oficial, neste particular, ainda se encontra meio tonta: basta dizer que considera “negativos” os elétrons, que são tipicamente POSITIVOS. Vem o erro da denominação errônea inicial, quando se chamou “negativa” a fonte que despedia energia, e “positiva” a que recebia essa energia. Exatamente o contrário da realidade e da verdade. Para a ciência oficial, ainda hoje, positivo é o pólo “passivo”, e nega-tivo é o pólo “ativo”... Em vista disso, os elementos positivos, os elétrons, são chamados, negativos.

Entretanto, procurando corrigir essa falha lamentável, vamos denominar certo, neste estudo: os elétrons, para nós, são positivos (embora a ciência os denomine erradamente negativos).

Feita esta ressalva inicial, para podermos entender-nos, verifiquemos o comportamento do átomo, e portanto dos corpos.

EQUILIBRIO — Quando um átomo está com seus ele-mentos equilibrados (número normal de prótons, elétrons etc.), dizemos que está “descarregado” eletricamente; ou seja, “não tem carga elétrica”.

CARGA ELÉTRICA — Quando conseguimos colocar mais elétrons no corpo, dizemos que o corpo está “carregado positivamente”. Quando, ao contrário, há carência ou falta de elétrons, dizemos que está “carregado negativamente”.

O que acabamos de expor pode ser verificado facilmente. Se encostarmos um pente de ebonite, ou uma caneta-tinteiro a pedacinhos de papel, nada acontece: o pente e a caneta estão “descarregados”. Mas se esfregarmos o pente ou a caneta num pedaço de lã ou flanela, e os aproximarmos dos pedacinhos de papel, veremos que estes pulam e aderem à caneta ou ao pente: então dizemos que estão “carregados”.

Essa eletricidade estática existe no corpo humano, que consiste num eletrólito (isto é, 66% dele é solução salina que contém e conduz elétrons: essa solução salina tem o nome de “soro fisiológico). Então, também o corpo humano, para ter saúde, necessita estar equilibrado quanto ao número de elétrons. Quando estes se escoam (por exemplo, pelos pés

molhados) o corpo se torna “deficiente” de elétrons, e surgem as doenças como reumatismo, nefrite, flebite, catarros etc., pelas exaltações de germens.

Assim, as enfermidades exprimem falta de elétrons; a saúde, é o equilíbrio; o excesso de vitalidade é um superavit de elétrons.

O corpo humanoO que ocorre com o corpo físico (ou melhor, com o corpo astral

ou perispírito), ocorre também com os desencarnados, que continu-am revestidos de corpo astral. Se o “espírito” está bem, seus elétrons estão em equilíbrio; se estes são deficientes, o “espírito” está enfermo, física ou moralmente.

Por isso, se o aparelho (médium) se liga a um espírito bom, carregado positivamente de elétrons, se sente bem e continua com esse bem-estar mesmo depois da “incorporação” porque permanece com os elétrons em equilíbrio ou em superavit.

Mas ao invés, quando é ligado a um “espírito” sofredor ou obsessor, com deficiência de elétrons, o aparelho se sente mal, e o mal-estar continua após a “incorporação” porque os elétrons que tinha, passam para o “espírito” que sai aliviado.

Neste segundo caso, para reequilibrar o aparelho, é mister:a) ou de um passe de “reequilíbrio”, para fornecer-lhe os elé-

trons que perdeu em benefício do “espírito”;b) ou de “receber” o mentor ou amigo espiritual que, com sua

ligação, restabeleça o equilíbrio, fornecendo-lhe os elétrons necessários.

INDUÇÃO — Sabemos que, sem necessidade de tocar um corpo em outro, podemos eletrizá-lo (carregá-lo de elétrons) por aproximação ou mergulho num “campo elétrico” ou num “campo magnético”. A isso chamamos “indução”.

Muitas vezes, mesmo sem “incorporação” pode um “espírito” aproximar-se (encostar-se) a um aparelho (médium), “sugando-lhe” os elétrons e deixando-o com mal-estar, por vezes com dores, embora o desencarnado dali se afaste aliviado. Isso ocorre com todos. Mas os médiuns, por serem mais sensíveis, percebem essas, diferenças de elétrons. Para o médium, bastará um passe de recuperação, que é, inclusive uma das caridades mais meritórias, porque feita sem inte-resse e até sem conhecimento do que se está passando.

Há também ervas que possuem e produzem grande número de elétrons. E, sendo a água um bom condutor de energia, essas ervas são empregadas com muito êxito em banhos chamados “de descar-ga” porque retemperam e reequilibram o organismo do aparelho. Já os antigos conheciam essas ervas. Daí se colocarem certas plantas (arrudas,”espada de São Jorge” etc.), no ambiente: a produção de elétrons protege os habitantes. E quando a sucção dos elétrons é

Eletricidade (III)

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grande no ambiente, a planta chega a murchar: é quando se diz que “o ambiente não está bom”.

Eis porque os velhos desvitalizados (pobres em elétrons) gos-tam da companhia de jovens, que lhes fornecem por indução. Por isso não devem dormir no mesmo leito crianças e velhos.

A sensibilidade dos médiuns faz que eles percebam a aproxi-mação de um espírito como uma descarga elétrica, manifestado por vezes por um “arrepio” violento que lhes percorre a espinha, ou por um eriçar-se dos pelos dos braços, imitando a “pele de galinha”: representa isso a entrada ou a saída de elétrons. Daí haver duas espécies desses arrepios: um desagradável, quando o espírito “suga” elétrons que saem de nosso corpo, exprimindo a presença de um “espírito” enfermo ou perturbado; outro agradável, de bem-estar, significando um “banho de elétrons, que nos penetram, quando o “espírito” é benéfico, e portanto nos fornece energia. (Essas sensações estão a cargo do sistema simpático-parassimpático). Leia o capítulo sobre o “tato”.

AS PONTAS — A eletricidade positiva ou negativa se agrega mais nas pontas ou extremidades pontudas. Daí terem, nascido os pára-raios. Essa a razão pela qual as mãos, os pés e sobretudo os dedos, são as partes mais carregadas em nosso corpo.

Por esse motivo os passes são dados com as mãos aber-tas (o que em o Novo Testamento se diz “impor as mãos”), para que os elétrons fluam através dos dedos.

Os passesDaí qualquer dor que sintamos ser imediatamente socorrida pela

nossa mão que vai ao local, para restabelecer o equilíbrio dos elétrons: é o passe instintivo e natural. Por isso as pessoas fracas gostam de ficar segurando as mãos das pessoas fortes: os enfermos assim fazem com os sadios.

Os passes, portanto, são um “derramamento” de elétrons, através das pontas dos dedos, para restabelecer o equilíbrio daquele que recebe o passe, e que dele está carente.

Todavia, da mesma forma que o pente de ebonite depois de certo tempo perde os elétrons em excesso que recebeu ao ser atritado com lã, assim também ocorre com o corpo humano. Daí a necessidade de os passes serem periódicos. Bem assim os obsedados (permanentemente “sugados” por amigos invisíveis), os fracos de saúde, os que lidam com multidões, precisam periodicamente de passes reequilibrantes, rece-

bendo um acréscimo de elétrons.

Por essa razão, as pessoas doentes (a quem faltam elétrons) não deverem dar pas-ses: ao invés de dá-los, tirariam os poucos do paciente, depauperan-do-o ainda mais.

Além disso, exis-tem os que, sem elé-trons positivos, pos-suem um excesso de carga negativa. Com esses, é mister pri-meiro dar passes “de descarga” tirando as cargas negativas, para depois dar-lhes elé-trons. Essa a razão por que alguns, ao dar pas-ses sem técnica, absor-vem a carga negativa dos enfermos, ficando eles mesmos doentes: então, em primeiro lugar, passes “dispersivos para limpar de cargas negativas; depois então passes de fornecimento de energias.

CORRENTE DIRETAA corrente direta (também chamada “contínua”), é a

que “corre” de um lado para outro do fio, sempre na mesma direção; ou seja, os elétrons entram por um lado do fio e saem pelo outro. Segundo a convenção entre os cientistas, eles caminham do pólo, negativo para o pólo positivo (embora o CERTO seja o contrário: mas os nomes dados aos pólos foram errados desde o início, e os cientistas ainda não quise-ram consertar as coisas, não se sabe por que).

CORRENTE ALTERNADANa corrente alternada os elétrons não caminham, mas

simplesmente se agitam, sem sair do mesmo lugar. E como a vibração é um vai-vem constante, para a direita e para a esquerda, dizemos que a direção da corrente é alternada.

ABASTECIMENTOPara que haja uma corrente, de qualquer tipo, é indispen-

sável que os fios estejam ligados a um abastecedor, seja ele um acumulador, uma bateria ou um gerador de eletricidade.

Ligação com o AltoTodas as criaturas humanas têm uma capacidade elétrica, como

vimos, porque o próprio corpo é um eletrólito. Essa eletricidade estática pode ser transformada em “corrente”, seja ela direta ou alter-nada, se o indivíduo se ligar a um abastecedor de força.

Temos assim que a corrente elétrica poderá ter curso se a pes-

10 34ªaula:Excursõesaoestrangeiro

soa se ligar a um acumula-dor (unir-se a outra pessoa com vibração suficiente-mente forte), a uma bate-ria, (reunir-se a uma cor-rente de pessoas) ou a um gerador (à Força Cósmica, por meio da prece).

Uma vez excitada a corrente na criatura (quando esta “entra em estado de transe”) com seus elétrons em forte vibração, sua sensibilidade fica aumentada de muito, e suas válvulas (certas glândulas) conseguem fazer passar as comunica-ções telepáticas de outros “espíritos”, encarnados ou desencarnados.

A ligação, que com-paramos a um acumula-dor, é feita de dois modos: ou direta por contato, ligando-se os “fios” a uma pessoa (encarnada ou desencarnada), ou “por indução”, quando a cria-tura (encarnada ou desen-carnada), sendo possuido-ra de forte campo elétri-co e magnético, envolve o médium nesse campo, excitando-lhe os elétrons e produzindo a corrente.

Ev identemente, a ligação será muito fraca quando se tratar de um simples acumulador; mais

forte quando for uma, bateria, e fortíssima quando se tratar de um gerador. Daí haver necessidade, nas reuniões desse gênero, de que a “corrente mediúnica da mesa” seja firme, segura, que haja, como se diz vulgarmente “concentração” ou seja, que todos ajudem, com um pensamento uníssono, a formação do campo elétrico que permita, àquele aparelho que deverá registrar os sinais telepáticos enviados de fora, uma sensibilidade apurada e uma “seleção de sinais” (evi-tando assim interferências).

INTENSIDADELogicamente, a corrente poderá ter maior ou menor

intensidade, dependendo esta, portanto, da fonte alimentadora. Medimos a intensidade em “amperes”. Assim, a quantidade da corrente que percorre um fio será tanto maior, quanto mais “amperes” tiver. E o “ampere” é medido pelo aquecimento do fio. Certos fios não resistem a amperagem alta; outros resistem melhor e permitem um acréscimo de quantidade de corrente.

Ligação com os espíritosAssim medimos a capacidade mediúnica de uma pessoa, algumas

possuem capacidade para receber “espíritos” de alta energia; outras só podem receber comunicações de “espíritos” afins em força. Raros são os aparelhos que suportam quantidades grandes de “fluidos” elétricos, sem lhes opor resistência.

RESISTÊNCIAQualquer condutor de eletricidade, por melhor que seja,

opõe uma resistência (faz uma oposição) à passagem da corrente. Essa resistência é medida em “ohms”, e há leis esta-belecidas para medi-la: o comprimento do fio, sua grossura, a temperatura e o material de que é construído. Assim, a resistência será maior:

a) se o fio for mais comprido;b) se o fio for mais fino;c) se a temperatura for mais elevada, e vice-versa.Quanto ao material, um exemplo: o ferro opõe seis vezes

mais resistência que o cobre.

IMPEDÂNCIANa corrente alternada, a resistência da bobina tem um

nome especial: é a impedância. O fio se opõe muito mais à corrente alternada que à corrente direta. Isto porque, na cor-rente direta os elétrons simplesmente atravessam o fio de um lado para outro, então a resistência é uma constante. Já na corrente alternada, os próprios elétrons do fio são agitados, num campo magnético que “varia” continuamente; e essa variação do campo magnético “sufoca” e diminui a corrente, em sua intensidade.

Resistência dos médiunsNo fato mediúnico observamos com freqüência tanto a “resistên-

cia” quanto a “impedância” dos aparelhos (médiuns).A resistência é oposta às comunicações telepáticas que lhes

chegam. Sentado a uma mesa de “trabalhos”, com a “bateria”, boa, o médium sente os sinais elétricos que lhe chegam à mente, e “resiste”, nada manifestando, por causa do temor de que esses sinais não venham de fora, mas de dentro dele mesmo. Isto é, que não seja a comunicação de um “espírito” desencarnado, mas apenas de “seu espírito” encarnado. Em outras palavras: teme que não seja uma “comunicação”, mas sim-

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 11

Todos sabem da existência de um campo magnético na Terra, afinal este campo é o responsável pela orientação geográfica observada pelas bússolas de navegação.

Curiosamente o campo magnético pode ser gerado por portadores de carga em movimento, corrente elétrica por exemplo, ou por um imã (que possui um movimento organizado de cargas). E ao contrário do que muitos pen-sam o campo elétrico é bem diferente do campo magnético, enquanto este gera uma força magnética que não realiza trabalho aquele pode produzir uma força elétrica que pro-duz algum trabalho.

Uma das características inerente aos pólos magnéticos da Terra é o fato de oscilarem no tempo e não possuirem simetria em relação aos pólos geográficos.

Por uma questão de convergência ou divergência das linhas de campo magnético, a intensidade do campo nos pólos é maior que em outras regiões e pode superar a mar-ca dos 60/65 microteslas o que provoca eventualmente o fenômeno conhecido como aurora polar.

A aurora polar é um fenômeno óptico natural onde diferentes cores emaranham-se no céu noturno das zonas polares, nas proximidades do hemisfério norte recebe o nome de aurora boreal enquanto no sul é chamada de au-rora austral.

Este fenômeno é explicado pelo campo magnético da Terra influenciar partículas portadoras de carga prove-nientes do sol, também conhecidas como vento solar, essas partículas ao chocarem-se com átomos da atmosfera ter-restre desorganiza a estrutura atômica ionizando, disso-ciando e/ou excitando partículas elementares.

Estes processos de desorganização estrutural é instá-vel, e assemelha-se ao que ocorre com o brilho da lâmpada elétrica, durante a estabilização fótons são liberados com “cores” variadas.

O fenômeno é realmente um show da natureza e car-rega consigo muitos pontos intrigantes a serem estudados, espero que um dia o homem compreenda completamente a natureza.

plesmente um caso de “animismo”.Numa sessão bem orientada, o que se quer é “coisa boa”, não

importando a “fonte” de onde provenha. Se a comunicação é boa, sensata, lógica, construtiva, que importa se vem de um “espírito” encarnado ou desencarnado? Se nada vale a comunicação, deve ser rejeitada, venha ela de uma ou de outra fonte. A “razão” é que deve ter a última palavra.

Mas além dessa resistência à corrente direta, e que geralmente é “consciente”, existe também a “impedância”, ou seja, a resistência quase sempre, “inconsciente” à passagem da corrente. O médium não faz de propósito: ao contrário, conscientemente se coloca “à disposição”. Mas sem querer e sem saber, não deixa que seus órgãos especializados vibrem suficientemente para permitir a eletrificação do fio. E a comunicação não se dá. Pode ser que essa resistência (ou melhor, impedância) seja resultado de fatores estranhos: a questão do “material” que lhe constitui o corpo físico e que torna difícil a “eletrificação”. Se, por exemplo, se trata de uma pessoa frígida e indiferente, haverá muito mais dificuldade do que com uma pessoa sensível e amorosa, sobretudo se estiver “apaixonada”.

Assim o comprimento do fio: se a comunicação é feita de longa distância, é mais dificilmente recebida. Se a temperatura da sala é quente, a comunicabilidade é mais imperfeita. E também a tempera-tura do corpo do médium influi. Tanto assim que os melhores apa-relhos registram baixa temperatura do corpo, além de baixa pressão sangüínea: é típica do médium a hipotensão.

Outro fator de impedância é a “variação do campo magnético”, isto é, quando a “corrente mediúnica” está fraca ou insegura: quando seus componentes se distraem com facilidade. Quando há elementos fracos, diminuindo a capacidade da bateria. Um acumulador pifado inutiliza a bateria: uma pessoa distraída “quebra” a corrente.

Conforme estamos vendo, um curso de eletrônica, mesmo simples e elementar, esclarece e explica os fenômenos cientificamente, sem necessidade de recorrer a “sobrenaturalismo” para os fenômenos medi-únicos, que são NATURAIS e se efetuam em diversos planos: no plano material (eletricidade), no plano emocional (arte), no plano intelectual (mediunidade), no plano espiritual (inspiração).

a) As resistências, ligadas de seguida, se somam.Por isso, quanto mais numerosos forem os descrentes de má

vontade, numa reunião, menos possibilidade há de se obterem comu-nicações.

b) Ao resistir à corrente, o fio pode ficar “ao rubro” (por exemplo, no ferro de engomar).

É a razão de o médium que resiste à comunicação quase sempre sentir mal-estar, que persiste mesmo depois da reunião.

c) Quanto mais aquecido o fio, maior sua resistência à corrente.

Daí serem mais difíceis as comunicações em ambientes quentes e abafados.

d) A resistência depende do material de que o fio é cons-truído, (o ferro é seis vezes mais resistente que o cobre).

Em vista disso é que se aconselha aos médiuns não se alimen-tarem excessivamente, nem ingerirem álcool, nem carne em demasia, para que oponham menor resistência às comunicações.

(continua no próximo número)

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

Instruções dos espírItos

5. Venho trazer a verdade e dissipar as tre-vas, como outrora o fiz entre os filhos desgarrados de Israel. Escutai-me! O espiritismo deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina uma verdade imutável: o Deus bom, o Deus grandioso que faz germinar a planta e agitar as ondas. Eu revelei a doutrina divina. Como um ceifeiro, juntei em fei-xes o bem disseminado entre a humanidade, e dis-se: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!”. Mas os homens ingratos se desviaram do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai, e se perde-ram nas ásperas trilhas da impiedade.

No entanto, meu Pai não quer extinguir a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, ou melhor, mortos segundo a car-ne, pois a morte não existe, vos socorrais mutu-amente, e que não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a voz dos que se foram, se faça ou-vir para clamar-vos: “Orai e acreditai, pois a mor-te é a ressurreição, e a vida é a prova escolhida, durante a qual as virtudes que cultivardes devem crescer e se desenvolver como o cedro”.

Homens fracos, que percebeis a limitação de vossas mentes, não afasteis a tocha que a clemên-cia divina vos coloca nas mãos para iluminar vosso caminho, a fim de vos reconduzir, filhos perdidos, aos braços de vosso Pai.

Sinto-me tomado de compaixão por vossas mi-sérias, por vossa enorme incapacidade de estender uma mão caridosa aos infelizes e desvirtuados, os quais, vendo o Céu, caem no abismo do erro. Acre-ditai, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas! Não mistureis o joio com o bom grão, as ilusões com as verdades.

Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamen-to! Instruí-vos, este é o segundo. Todas as verdades estão no cristianismo. Os erros que nele se enrai-zaram são de origem humana. E eis que do Além-túmulo, que pensáveis ser o nada, vozes clamam: “Irmãos, nada perece! Jesus Cristo é o vencedor do mal. Sede os vencedores da descrença”. (o esPírito de Verdade, Paris, 1860).

O Evangelho Segundo o EspiritismoCapítulo 6 - “O Cristo Consolador”

... o Deus bom, o Deus grandioso que faz germinar a planta e agitar as ondas.