gramática 1ª certificação

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Gramática 1ª Certificação Pontos Nodais Introdução à Sintaxe o Frase, Oração e Período Termos Essenciais da Oração o Sujeito Núcleo Classificação Oração sem Sujeito o Predicado Verbos quanto à Predicação Classificação Núcleo Vozes Verbais Termos Integrantes da Oração o Complementos Verbais Núcleo Objeto Direto Preposicionado Objeto Pleonástico o Predicativos o Agente da Passiva Termos Acessórios da Oração o Adjunto Adverbial Introdução à Sintaxe A sintaxe é o ramo da Gramática que estuda as relações que se estabelecem entre as palavras de uma sentença e entre as sentenças em um texto mais extenso. Frase, Oração e Período Uma frase é um conjunto de palavras iniciado por letra maiúscula e finalizado por pontuação que exprime determinado sentido, estabelecendo comunicação. Pode ser classificada em nominal , quando não apresenta verbo, ou verbal , quando apresenta. Ex.: o “Fogo!”, “Cuidado!” e “Que deliciosas aquelas noites quentes na solidão à beira-mar.” são frases nominais o Corra , que a chuva está chegando .”, “Que belo serviço você fez , criança!” e “Quero que você cuide dessa roupa, menino.” são frases verbais Uma oração é uma estrutura contida em na frase verbal que se constrói ao redor de um verbo. Pode-se afirmar, portanto, que a quantidade de orações presentes em uma frase é equivalente à quantidade de verbos. Ex.:

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Page 1: Gramática 1ª Certificação

Gramática – 1ª Certificação

Pontos Nodais

Introdução à Sintaxe o Frase, Oração e Período

Termos Essenciais da Oração o Sujeito

Núcleo Classificação Oração sem Sujeito

o Predicado Verbos quanto à Predicação Classificação Núcleo Vozes Verbais

Termos Integrantes da Oração o Complementos Verbais

Núcleo Objeto Direto Preposicionado Objeto Pleonástico

o Predicativos o Agente da Passiva

Termos Acessórios da Oração o Adjunto Adverbial

Introdução à Sintaxe A sintaxe é o ramo da Gramática que estuda as relações que se estabelecem entre as palavras de uma sentença e entre as sentenças em um texto mais extenso.

Frase, Oração e Período

Uma frase é um conjunto de palavras iniciado por letra maiúscula e finalizado por pontuação que exprime determinado sentido, estabelecendo comunicação. Pode ser classificada em nominal, quando não apresenta verbo, ou verbal, quando apresenta. Ex.:

o “Fogo!”, “Cuidado!” e “Que deliciosas aquelas noites quentes na solidão à beira-mar.” são frases nominais

o “Corra, que a chuva está chegando.”, “Que belo serviço você fez, criança!” e “Quero que você cuide dessa roupa, menino.” são frases verbais

Uma oração é uma estrutura contida em na frase verbal que se constrói ao redor de um verbo. Pode-se afirmar, portanto, que a quantidade de orações presentes em uma frase é equivalente à quantidade de verbos. Ex.:

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o

Um período é uma outra denominação para frase verbal. Ou seja, um período é um conjunto de uma ou mais orações. Pode ser classificado em simples, quando possui apenas uma oração, e composto¸ quando possui duas ou mais orações. Ex.:

o “Uma forte chuva pegou-nos na volta do passeio.” período simples o “Quando saímos, já era tarde e não havia ninguém na rua.” período

composto (três orações)

Termos Essenciais da Oração Os termos essenciais da oração são termos sem os quais não existe uma oração. É a partir deles que se constroem os demais termos constituintes de uma oração, que são também contidos neles. São eles o sujeito e o predicado.

Sujeito O sujeito é o termo que representa o elemento sobre o qual se diz algo. Na ordem direta dos termos, o sujeito aparece antes do predicado, mas pode também aparecer após ele ou mesmo no meio (ordem indireta). Ex.:

A pequena flor / recebia feliz os raios do sol.

O aluno / estudava atentamente.

Estudava atentamente / o aluno.

Estudava / o aluno, / atentamente.

Atentamente, / o aluno / estudava.

Núcleo

O núcleo do sujeito, como o de qualquer termo, é a palavra principal contida nele. No caso do sujeito, é a palavra que está diretamente relacionada ao verbo da oração. O núcleo do sujeito é sempre um substantivo ou outra palavra com valor de substantivo. Ex.:

Page 3: Gramática 1ª Certificação

Classificação

O sujeito pode ser classificado como:

Determinado: Ocorre quando é possível de ser identificado. Pode ser: o simples, quando possui apenas um núcleo. Ex.:

As crianças / tomaram o pote todo de sorvete. Alguém / tomou o pote todo de sorvete.

o composto, quando possui dois ou mais núcleos. Ex.: Crianças e adultos / tomaram o pote todo de sorvete. (dois

núcleos) João, Maria e José / tomaram o pote todo de sorvete. (três

núcleos) o elíptico, também denominado implícito, oculto e desinencial, quando

não está explícito na oração, mas é possível deduzi-lo. Ex.: Tomamos o pote todo de sorvete. (nós) Tomei o pote todo de sorvete. (eu)

Indeterminado: Ocorre quando não é possível de ser identificado, embora seja evidente sua existência. A indeterminação do sujeito pode se dar através da conjugação do verbo na 3ª pessoa do plural ou na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome “se”. Ex.:

o Tomaram o pote todo de sorvete. (quem tomou?) o Precisou-se de mais sorvete. (quem precisou?)

Obs.: Nem sempre que o verbo estiver na 3ª pessoa do plural e não for acompanhado de sujeito explícito o sujeito será indeterminado. Caso o sujeito já tenha sido mencionado em orações anteriores, ele será elíptico. Por exemplo, em “A festa esteve ótima! As crianças se deliciaram com as guloseimas. Tomaram o pote de sorvete todo.” o sujeito do verbo “tomaram” foi mencionado anteriormente (“as

crianças”) e, portanto, é classificado como elíptico. Obs.²: O pronome “se”, quando utilizado para indeterminar o sujeito, é denominado índice de

determinação do sujeito.

Oração sem Sujeito Apesar do sujeito ser um termo essencial da oração, é possível a construção de uma oração sem sujeito. Tal oração ocorre quando centrada em um verbo impessoal, que pode ser:

um verbo que exprima fenômeno da natureza. Ex.: o Choveu muito ontem à noite. o No inverno, anoitece bem cedo.

Page 4: Gramática 1ª Certificação

o verbo haver significando existir ou acontecer. Ex.: o Havia poucas pessoas na reunião de pais. o Houve algum problema com você?

os verbos haver e fazer indicando tempo decorrido. Ex.: o Há anos que não o vejo. o Faz meses que não me telefona.

os verbos fazer, estar e ser indicando fenômeno natural ou de tempo. Ex.: o Faz muito calor no Norte do Brasil. o Já está tarde. o É cedo ainda. o São duas horas.

Obs.: Apenas o verbo “ser” pode se apresentar na 3ª pessoa do plural. Todos os outros verbos impessoais, em uma oração sem sujeito, aparecem sempre na 3ª pessoa do singular.

Predicado O predicado é o termo que representa aquilo que se diz do sujeito, contendo o verbo formador da oração. Como não existe oração sem verbo, não existe oração sem predicado.

Verbos quanto à Predicação

Na construção do predicado, o verbo nele contido pode exprimir um processo (ação, acontecimento, desejo, atividade mental, fenômeno da natureza etc.) ou um estado. De acordo com o sentido expresso, os verbos podem ser classificados em significativos, quando exprimem processo, e não significativos, quando exprimem processo. Os verbos significativos podem ser classificados em:

Verbos Intransitivos: São verbos que não necessitam de complemento, relacionando-se apenas com o sujeito – ou seja, não transitam para outro termo do predicado. Ex.:

o A flor / nasceu. o A flor / nasceu linda. o O menino / chorou. o O menino / chorou à noite.

Verbos Transitivos: São verbos que necessitam de complemento, relacionando-se com o sujeito e o termo que o complementa (o objeto) – ou seja, transitam para outro termo do predicado. Podem ser classificados em:

o verbos transitivos diretos, quando a relação entre o verbo e seu objeto é direta, sem exigir preposição. Ex.:

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o verbos transitivos indiretos, quando a relação entre o verbo e seu objeto é indireta, exigindo preposição. Ex.:

o verbos transitivos diretos e indiretos, quando o verbo possui dois

objetos: um direto e outro indireto. Ex.:

Já os verbos não significativos são classificados como verbos de ligação, que servem apenas para conectar o sujeito a uma característica sua no predicado. Ex.:

A estrada / estava escura.

Pela manhã, / o mar / parecia bravíssimo.

O tempo / estava chuvoso.

A moça / ficou bonita.

As ruas / continuaram limpas. Obs.: Os verbos não têm classificação fixa quanto à predicação, dependendo da maneira como eles são

empregados. Ex.: “O menino chorou à noite.” (verbo intransitivo) e “O menino chorou lágrimas intensas.” (verbo transitivo direto); “Os alunos estão na escola.” (verbo intransitivo) e “Os alunos estão agitados.”

(verbo de ligação).

Classificação O predicado pode ser classificado como:

Verbal: Ocorre quando o predicado é composto por um verbo significativo, ou seja, transitivo ou intransitivo. Ex.:

o As árvores / florescem na primavera. (verbo intransitivo predicado verbal)

o Os pássaros / fizeram seus ninhos no telhado da casa. (verbo transitivo direto predicado verbal)

Nominal: Ocorre quando o predicado é composto por um verbo não significativo, ou seja, de ligação. Ex.:

o A criança / ficou fascinada pelo palhaço. (verbo de ligação predicado nominal)

o O calor / permaneceu intenso mesmo depois da chuva. (verbo de ligação predicado nominal)

Page 6: Gramática 1ª Certificação

Verbo-Nominal: Ocorre quando o predicado é composto por um verbo significativo mas contém uma característica do sujeito ou do objeto ligada a ele por um verbo de ligação implícito. Ex.:

o Os boias-frias / voltaram tarde para casa, cansados. (verbo intransitivo + verbo de ligação implícito [e estavam cansados] predicado verbo-nominal)

o O rapaz / julgava o amigo sincero. (verbo transitivo direto + verbo de ligação implícito [julgava que o amigo era sincero] predicado verbo-nominal)

Obs.: Predicados verbo-nominais que apresentam uma característica ligada ao objeto só pode ocorrer caso o verbo da oração seja transitivo direto.

Núcleo O núcleo do predicado depende de sua classificação:

Nos predicados verbais, o núcleo é o verbo transitivo ou intransitivo. Ex.: o Acenderam-se / as luzes. o As maritacas / destroem os fios elétricos das casas.

Nos predicados nominais, o núcleo é o núcleo do termo que está ligado ao sujeito através do verbo de ligação. Ex.:

o

o

Nos predicados verbo-nominais, há dois núcleos: o verbo transitivo ou intransitivo e o núcleo do termo que está ligado ao sujeito ou ao objeto. Ex.:

o

o

Vozes Verbais As vozes verbais são formas de flexão dos verbos que alteram a função do sujeito como agente e/ou paciente da ação expressa pelo verbo transitivo ou intransitivo. São três vozes:

Voz Ativa: Ocorre quando o sujeito é agente da ação, ou seja, é o autor, o praticante da ação expressa pelo verbo. Ex.:

o A criança / quebrou o copo. (“A criança” é agente voz ativa) o O vento / agitou as árvores. (“O vento” é agente voz ativa)

Page 7: Gramática 1ª Certificação

Voz Passiva: Ocorre quando o sujeito é paciente da ação, ou seja, é ele que o alvo da ação, quem a sofre. Ex.:

o O copo / foi quebrado pela criança. (“O copo” é paciente voz passiva) o As árvores / foram agitadas pelo vento. (“As árvores” é paciente voz

passiva)

Voz Reflexiva: Ocorre quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação, ou seja, ele pratica e é alvo dela. Ex.:

o A criança / machucou-se. (“A criança” é agente e paciente voz reflexiva)

o As árvores / tocaram-se. (“As árvores” é agente e paciente voz reflexiva)

Obs.: O pronome “se” da voz reflexiva é classificado como objeto direto. São também pronomes reflexivos te, me, nos, vos e você(s).

Termos Integrantes da Oração Os termos integrantes da oração são termos secundários contidos nos termos essenciais que completam o sentido de outros termos. São eles os complementos verbais, os complementos nominais, os predicativos e o agente da passiva.

Complementos Verbais Os complementos verbais são termos contidos no predicado que completam o sentido de verbos transitivos. São eles:

Objeto Direto: Complemento dos verbos transitivos diretos, liga-se a eles sem a presença obrigatória de uma preposição. Ex.:

o O perfume das flores / contaminava a casa. o Vimos você ontem no cinema.

Objeto Indireto: Complemento dos verbos transitivos indiretos, liga-se a eles com a presença obrigatória de uma preposição. Ex.:

o Joana / gosta de cores fortes. o Os casal de namorados / assistiu ao filme.

Obs.: Os objetos direto e indireto podem aparecer sob a forma de pronomes pessoas oblíquos. Os pronomes o, a, os, as e suas variantes (lo, la, los, las, no, na, nos, nas) podem servir como objeto direto. Ex.: “Qualquer resposta negativa abalava-o profundamente.” (abalava ele objeto direto); o pronome lhe pode servir como objeto indireto. Ex.: “Diante da situação, nada lhe respondi.” (nada respondi a ele objeto indireto); os demais pronomes pessoais oblíquos podem servir tanto como objeto direto

quanto indireto. Ex.: “Meus filhos me amam.” (amam eu objeto direto), “Meus filhos me obedecem.” (obedecem a mim objeto indireto).

Núcleo

O núcleo do objeto é sempre um substantivo ou palavra com valor de substantivo. Ex.:

Page 8: Gramática 1ª Certificação

Obs.: Objetos podem possuir mais de um núcleo. Ex.: “Visitamos museus e universidades.”; “Obedecia

aos pais e aos irmãos mais velhos.”

Objeto Direto Preposicionado

O objeto direto preposicionado ocorre quando uma preposição é utilizada para conectar o verbo transitivo direto ao objeto. Difere-se do objeto indireto porque a preposição não é necessária e, se removida, a oração mantém seu sentido. Ex.:

A mudança de local / atrapalhou a todos.

Não prejudique ao próximo.

Bebi de seu vinho.

Abraçou ao pai / o filho mais velho.

Objeto Pleonástico

O objeto pleonástico ocorre quando o objeto direto ou indireto é repetido na oração, para fins de ênfase. Ex.:

Meus amigos, respeito-os muito.

A mim, ensinaram-me belas lições.

Predicativos Os predicativos são complementos do sujeito ou do objeto direto contidos no predicado, ligados a eles através de verbos de ligação explícitos (em predicados nominais) ou implícitos (em predicados verbo-nominais). Ex.:

As atitudes de alguns homens públicos / são imperdoáveis. (predicativo do sujeito)

A pequena cidade / parecia desabitada à noite. (predicativo do sujeito)

O rapaz / julgava o amigo sincero. (predicativo do objeto)

Meu filho / achou a calça suja. (predicativo do objeto)

Agente da Passiva O agente da passiva é um termo contido no predicado que ocorre acompanhando verbos flexionados na voz passiva que indica o agente da ação verbal. É sempre introduzido por uma preposição, geralmente por. Ex.:

A grama / foi cortada por Marília.

As casas / foram construídas pelos moradores locais.

Page 9: Gramática 1ª Certificação

Termos Acessórios da Oração Os termos acessórios da oração são termos terciários que não fazem parte da estrutura básica da oração, mas contribuem na comunicação e coesão da frase. Todas as palavras que não são núcleos dos termos essenciais e integrantes são termos acessórios. São eles o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto.

Adjunto Adverbial O adjunto adverbial é um termo que possui função sintática semelhante à função morfológica do advérbio – adiciona circunstâncias de tempo, modo, lugar etc. ao verbo. Ex.:

Meu pai / entrou subitamente na sala. (adjuntos adverbiais de modo e lugar, respectivamente)

Fizemos nossas compras ontem. (adjunto adverbial de tempo)

Ontem à noite, / ninguém / saiu de casa devido ao frio. (adjuntos adverbiais de tempo, tempo, lugar e causa, respectivamente)

Os adjuntos adverbiais, além de acompanhar o verbo, pode ainda acompanhar um advérbio ou adjetivo. Ex.:

O professor / falava muito. (acompanha o verbo “falava”)

O professor / falava muito alto. (acompanha o adjetivo “alto”)

O professor / falava muito bem. (acompanha o advérbio “bem”) Os adjuntos adverbiais podem expressar inúmeras circunstâncias, mas as mais comuns são de tempo, de lugar, de modo, de afirmação, de negação, de dúvida, de intensidade, de meio, de instrumento, de companhia, de causa, de finalidade, de matéria, de preço, de concessão e de assunto.

Literatura – 1ª Certificação

Pontos Nodais

Barroco o Contexto Histórico o Características o Gregório de Matos o Padre Antônio Vieira

Arcadismo o Contexto Histórico o Arcadismo na Itália o Arcadismo em Portugal o Arcadismo no Brasil o Características

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Barroco O barroco foi um estilo artístico surgido no final do século XVI que prevaleceu até meados do século XVIII, tendo seu auge durante o século XVII. Nascido na Itália, disseminou-se pelo resto da Europa, principalmente nos Países Baixos, na França, em Portugal e na Espanha, e pelas colônias da América. O barroco foi a primeira manifestação literária de fato brasileira.

Contexto Histórico Com as ideias renascentistas sendo disseminadas pela Europa, os fundamentos religiosos da Idade Média foram postos em cheque. As pessoas, tendo seus ideais negados ou questionados, encontraram-se em uma crise espiritual. Uma das consequências dessa crise foram as reformas protestantes, que “pescaram” fiéis da Igreja e os levaram para as novas religiões cristãs surgidas, como o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo. Com todas as ideias do catolicismo, das religiões protestantes e da Renascença, a sociedade europeia fervilhava em contradição e questionamento. Em resposta aos ataques dirigidos a ela, a Igreja iniciou um processo de Contrarreforma. Mudando seus pontos de vista, opiniões e posições sobre determinados assuntos, o catolicismo tentou recuperar seus fiéis incorporando ideias renascentistas. É nesse cenário que surge o barroco, fundindo características medievais e renascentistas, produzindo uma literatura recheada em contradição, conflito e questionamento.

Características

Elementos Medievais o Religiosidade e devoção a Deus. o Reflexão moral. o Ascetismo: refreamento dos prazeres terrenos e busca pelos prazeres

espirituais.

Elementos Renascentistas o Bucolismo: poesia pastoral que exalta a beleza rural. o Petrarquismo: insatisfação amorosa e dilaceramento emocional,

expressos em forma de lamento, com a amada sendo espiritualizada e moral, com a beleza exterior correspondente à interior.

Conceptismo: também chamado de conceitismo ou quevedismo, consiste na utilização de jogos de ideias e argumentos baseados em antíteses, paradoxos, comparações, analogias e parábolas para criar um raciocínio lógico que persuada o leitor e o induza a uma opinião. Mais presente em textos em prosa, similares à dissertação.

Cultismo: também chamado de culteranismo ou gongorismo, consiste no uso excessivo de figuras de linguagem como metáforas, metonímias, hipérboles e

Page 11: Gramática 1ª Certificação

comparações e de jogos de palavras, brincando com os significados das palavras e criando um apelo sensorial. Mais presente em textos em verso.

Forma similar aos textos do Classicismo.

Textos escritos com a intenção e surpreender, chocar e aturdir os sentidos com sua complexidade e ornamentação, similar à arquitetura barroca rebuscada

Alusão a temas subentendida através de metáforas ou antíteses.

Uso exagerado de metáforas, hipérboles, antíteses, paradoxos, perífrases (substituição de palavras ou expressões curtas por expressões mais longas e complexas), hipálages (transporte de um elemento originalmente ligado a uma palavra para outra, transpondo o sentido), sinédoques (equivalente à metonímia), anáforas, trocadilhos e hipérbatos (inversão da ordem da oração, misturando os termos) e jogos de palavras.

Vocabulário rebuscado e complexo.

Utilização intensa da linguagem figurada.

Conflito espiritual e oposição material/espiritual.

Consciência da efemeridade do tempo e da curta duração da vida.

Gregório de Matos Gregório de Matos (1636 – 1696), apelidado de Boca do Inferno, foi um advogado e poeta brasileiro, principal nome do barroco nacional. Sua poesia é dividida em:

Sacra: Como reflexo de sua formação jesuítica, Gregório de Matos escreveu diversos poemas religiosos em veneração a Deus, muitas vezes apresentando culpa e penitência, solicitando absolvição de seus pecados. Mesmo na poesia sacra, Gregório de Matos não deixa de adicionar seus toques de ironia e humor.

Lírica: A poesia lírica de Gregório de Matos é a que exibe seus sentimentos e conflitos interiores, geralmente direcionados a uma mulher amada. Apresenta uma mescla de ascetismo e sensualismo, além de traços da cultura popular brasileira. Gregório de Matos, nesse tipo de poesia, também se utiliza da linguagem coloquial e de termos de origem afro-indígena.

Satírica: O apelido Boca do Inferno foi atribuído a Gregório de Matos devido à sua poesia satírica. Sem papas na língua, o poeta criticava explícita e veementemente a elite canavieira e o governo e a sociedade baiana. Utiliza ironias ácidas e extremas e alguns poemas apresentam teor sensual. Muita da poesia satírica de Gregório de Matos é bastante moralista.

Padre Antônio Vieira Antônio Vieira (1608 – 1897) foi um padre jesuíta, filósofo, escritor e orador português. Sendo conselheiro de Dom João IV, rei de Portugal da época, servia como mediador e representante de Portugal no Brasil, passando bastante tempo na colônia. Antônio Vieira era ferrenho defensor dos índios, condenando sua escravização e massacre e incentivando sua cristianização. Convicto em suas ideias, era mestre em argumentação, usando jogos de ideias para persuadir seus leitores e converter os que não eram cristãos. Sua obra literária é divida em:

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Profecias: Obras que relatam as ideias proféticas bíblicas relacionadas à terra natal do padre, Portugal.

Cartas: Existem mais de 500 cartas de autoria de Antônio Vieira, a maior parte delas relacionadas a questões sociopolíticas como a relação entre Portugal e Holanda, a Inquisição, a conversão de índios e judeus e a situação do Brasil.

Sermões: Parte mais importante da obra de Antônio Vieira, os cerca de 200 sermões, em um perfeito modelo barroco conceptista, tratam de questões religiosas, filosóficas, éticas e morais. O mais conhecido é o Sermão da Sexagésima, que trata da própria arte de pregar.

Arcadismo O arcadismo, também chamado de neoclassicismo ou setecentismo, foi uma corrente literária surgida no século XVIII. Como o barroco, nasceu na Itália, posteriormente espalhando-se pela Europa e América.

Contexto Histórico O século de surgimento do arcadismo é conhecido como Século das Luzes, pois foi nele que ocorreu o Iluminismo, movimento cultural que valorizava a razão acima de tudo, usando-a para repensar fundamentos medievais e modificar a sociedade. Ocorria, ao mesmo tempo, o ápice da Revolução Científica, período em que a ciência desprendeu-se da Filosofia e consolidou-se com o método científico. Nesse cenário, a literatura barroca, recheada de contradição, emoções irracionais, religiosidade e linguagem figurada perdeu totalmente suas forças. Sua complexidade e exagero eram vistos como ultrapassados, desgastados e decadentes. Em suma, o barroco estava saturado, e precisava ser substituído. Assim surgiu a literatura árcade, que, opondo-se ao barroco, era clean, simples, racional e inteiramente ligada às ideias renascentistas e iluministas, desprendendo-se definitivamente das ideias medievais. Além disso, o crescimento das cidades e a Revolução Industrial tornaram o ambiente urbano cheio, poluído e desagradável aos olhos. Com isso, os escritores árcades buscavam a perfeição no ambiente rural, em uma tentativa de fuga da cidade. Outro fator que influenciou a literatura da época foi ascensão social da burguesia, oposta à vida luxuosa e dispendiosa da nobreza.

Arcadismo na Itália O arcadismo na Itália foi pioneiro e caracterizou-se pelo resgate do classicismo e, consequentemente, da Idade Antiga. O nome tem origem grega – Arcádia era uma província rural da Grécia Antiga, localizada na península do Peloponeso. Segundo a mitologia, essa região era governada por Pã, deus grego dos campos, bosques, rebanhos e pastores, e era habitada por pastores de vida simples, em comunhão com a natureza. Tentando reconstruir esse mito, a sociedade literária italiana reuniu-se e fundaram, em 1690, a Arcádia – uma academia de literatura que tinha como objetivo

Page 13: Gramática 1ª Certificação

combater o barroco e difundir o arcadismo. Os árcades vestiam-se de maneira simples, como pastores gregos, e adotavam nomes dos pastores como pseudônimos. Suas reuniões ocorriam em parques e jardins para enaltecer o ambiente natural.

Arcadismo em Portugal O arcadismo em Portugal surgiu em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, equivalente à Arcádia criada pelos italianos. A academia portuguesa foi entrando em declínio e extinguiu-se em 1776. Em 1790, porém, novos escritores árcades reuniram-se novamente e fundaram a Nova Arcádia.

Arcadismo no Brasil O arcadismo chegou no Brasil em 1768, com a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. Com a intensa atividade mineira aqui instalada, as cidades desenvolveram-se e o modo de vida do brasileiro foi modificado. Como a mineração predominava na região de Minas Gerais, também lá predominava o arcadismo. Foi lá que um grupo de intelectuais se reuniram sob ideias iluministas e formaram o “grupo mineiro”. Posteriormente, seis poetas brasileiros fundaram a Escola Mineira, que vai influenciar intensamente a literatura brasileira. A Escola Mineira não chegou a ser uma Arcádia, porém. Após a Conjuração Mineira, os integrantes do grupo mineiro foram perseguidos, presos e até mortos. Os árcades brasileiros, desejosos de produzirem uma literatura tão sofisticada quanto a de Portugal, escreveram magníficas obras literárias. A natureza brasileira foi também incorporada, tendo papel do paraíso rural do arcadismo. Os indígenas também figuram na literatura árcade brasileira, ilustrando a ideia iluminista de “bom selvagem” criada por Rousseau (o homem é bom, a sociedade que o corrompe). O arcadismo brasileiro possui o diferencial da sátira política, já que os escritores iam contra a tirania da metrópole e inclusive participaram da Conjuração Mineira.

Características

Literatura predominantemente burguesa

Ideias renascentistas e iluministas, indo contra as ideias medievais

Valorização da razão e da ciência em detrimento da religião

Fugere urbem: literalmente “fuga do urbano”, caracteriza o enaltecimento do ambiente rural pelos árcades, em uma busca da fuga da cidade. É uma ênfase e um reforço do bucolismo introduzido no barroco. Seguindo a ideia de que o homem é naturalmente bom, os escritores da época buscavam o natural, o lócus amoenus (lugar ameno), em oposição à vida agitada da cidade.

Inutilia truncat: literalmente “cortar o inútil”, é a busca pela simplicidade, sem exageros e rebuscamento como os do barroco.

Aurea mediocritas: literalmente “mediocridade dourada”, é o desejo por uma vida simples no campo, sem luxos desnecessários. Os árcades davam preferência a uma vida pobre em recursos materiais mais rica em espírito.

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Carpe diem: literalmente “colher o dia”, é tentar levar uma vida plena, sem arrependimentos, e aproveitá-la enquanto possível. É uma ideia advinda do barroco, mas enquanto os escritos barrocos focavam na urgência e no pouco tempo de vida, os árcades eram mais tranquilos e focavam no aproveitamento da intensidade de cada momento.

Convencionalismo Amoroso: os poetas árcades não expressavam seus próprios sentimentos. Seguiam, ao invés disso, um padrão temático, uma convenção – um pastor que declara seu amor por uma pastora e a convida para viverem felizes junto à natureza. Com o enaltecimento iluminista da razão, os sentimentos eram deixados em segundo plano. O amor era um amor puro, platônico, e a mulher era vista como um ser superior, inalcançável e imaterial, como no classicismo.