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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DOS RECURSOS HÍDRICOS - SRH PROGERIRH PROJETO DE GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS DO CEARÁ PREPARAÇÃO DO PROJETO PROGERIRH II - FINANCIAMENTO ADICIONAL AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO PROGERIRH E ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO FINANCIAMENTO ADICIONAL (1ª VERSÃO) NCA Engenharia, Arquitetura e Meio Ambiente SS Ltda FEVEREIRO DE 2008 E1932 V. 1 Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DOS RECURSOS HÍDRICOS - SRH

PROGERIRH PROJETO DE GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS DO CEARÁ

PREPARAÇÃO DO PROJETO PROGERIRH II - FINANCIAMENTO ADICIONAL

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO PROGERIRH E ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO FINANCIAMENTO ADICIONAL

(1ª VERSÃO)

NCA Engenharia, Arquitetura e Meio Ambiente SS Ltda

FEVEREIRO DE 2008

E1932V. 1

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SUMÁRIO

Introdução

A - Avaliação Institucional Ambiental da Implementação do

PROGERIRH

1. Concepção do Projeto

2. Procedimentos Ambientais Previstos no Projeto

3. Resultados da Implementação do PROGERIRH

4. Avaliação da Implementação dos Procedimentos Ambientais Previstos e

Atendimento às Salvaguardas do Banco Mundial

5 . Lições Aprendidas

B - Arcabouço Ambiental do PROGERIRH II – Financiamento

Adicional

1. Concepção do Financiamento Adicional

2. Avaliação Ambiental do PROGERIRH Financiamento Adicional

3. Plano de Gestão Ambiental do Projeto

C. Avaliação Ambiental das Obras Selecionadas de 1º Ano –

Gameleira e Umari

1. Barragem de Gameleira e Adutora de Itapipoca

2. Barragem de Umari e Adutora de Madalena

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INTRODUÇÃO

O presente documento tem como objetivo apresentar os procedimentos que servirão de base para a orientação e acompanhamento ambiental das ações a serem apoiadas pelo PROGERIRH – Financiamento Adicional.

De acordo com entendimentos mantidos com Missão de Preparação do Banco Mundial realizada em janeiro de 2008, a preparação ambiental do Financiamento Adicional deverá ser realizada considerando os seguintes documentos:

1) Avaliação Ambiental do PROGERIRH e Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental do Financiamento Adicional (1ª versão) – envolvendo uma avaliação preliminar das ações ambientais previstas e executadas pelo Projeto e o arcabouço para o Financiamento Adicional incluindo avaliação das intervenções do 1º ano;

2) Avaliação e Arcabouço para o Reassentamento – envolvendo atualização dos planos de reassentamento das intervenções de 1º ano, ainda não analisadas pelo Banco, e o marco de reassentamento para as demais intervenções;

3) Avaliação Ambiental e Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental do Financiamento Adicional (versão final). Nesta versão deverá ser complementada a avaliação das ações ambientais do PROGERIRH incluindo uma avaliação específica de pelo menos duas intervenções de infra-estrutura realizadas no âmbito do Projeto.

Foram definidas como intervenções de infra-estrutura de 1º ano para o Financiamento Adicional, as obras referentes aos Açudes e respectivos sistemas adutores de Gameleira e Umari.

O presente Relatório Ambiental apresenta o conteúdo acordado para o 1º Documento acima relacionado.

Está dividido em três partes:

• A PARTE A faz uma revisão da implementação dos procedimentos ambientais inicialmente adotados para o PROGERIRH, objeto do Acordo de Empréstimo AE 4531- BR;

• Na PARTE B, mostra o arcabouço ambiental a ser utilizado durante essa nova etapa, o Financiamento Adicional, aproveitando-se a experiência da implantação do PROGERIRH;

• Na PARTE C, apresenta uma avaliação ambiental das obras pré-selecionadas para o primeiro ano do PROGERIRH - Financiamento Adicional.

O presente documento foi elaborado pelos consultores Alexandre Fortes e César Pimentel da NCA Engenharia, Arquitetura e Meio Ambiente SS Ltda e contou com o apoio e colaboração da Secretaria dos Recursos Hídricos, em especial da UGPE - Unidade de Gerenciamento de Projetos Especiais, da Célula de Controle Sócio-ambiental e do NUCAM - Núcleo de Controle Ambiental da SRH.

Fortaleza, fevereiro de 2008

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A - AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL AMBIENTAL DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGERIRH 1. CONCEPÇÃO DO PROJETO

O PROGERIRH foi concebido com os objetivos gerais de (i) ampliação da oferta e a garantia de água para usos múltiplos e aumento da eficiência da gestão do sistema integrado; (ii) promoção do uso múltiplo eficiente e da gestão participativa dos recursos hídricos; e (iii) promoção da melhoria do uso do solo, através do manejo adequado de micro-bacias críticas.

Seus objetivos específicos foram assim estabelecidos:

� promover melhorias nas estruturas institucionais, jurídicas e administrativas/gerenciais, com ênfase sobre os mecanismos de gestão participativa;

� recuperar e construir uma nova infra-estrutura hidráulica destinada à gestão integrada das bacias fluviais;

� desenvolver e consolidar a recuperação sustentável dos custos, sistemas de gestão, operação e manutenção para a infra-estrutura hidráulica;

� integrar as políticas ambientais com as políticas de gestão dos recursos hídricos;

� organizar e fortalecer os comitês de bacias hidrográficas e associações de usuários da água;

� implementar e propagar tecnologias mais eficazes para o uso e a gestão da água;

� capacitar os usuários da água em geral, para um uso eficiente da água, gestão da demanda e redução do desperdício;

� promover a recuperação hidro-ambiental de micro-bacias selecionadas do Estado.

O PROGERIRH foi estruturado em 6 (seis) componentes:

Gestão - visou a melhoria da capacidade gerencial do estado no setor, consolidando e desenvolvendo instrumentos de gerenciamento e promovendo a participação e organização de usuários, de forma a possibilitar a descentralização da gestão dos recursos hídricos.

Incremento da Rede de Açudes Estratégicos – consistiu de obras e projetos de açudes selecionados e hierarquizados segundo critérios que refletem aspectos sociais, ambientais, econômicos, tecnológicos e de planejamento governamental. Foram implantados 6 açudes: Aracoiaba (12/2002), Malcozinhado (11/2002), Catu-cinzenta (05/2002); Carmina (11/2002); Faé (12/2002) e Pesqueiro sendo este último ainda em construção.

Eixos de Integração - Consistiu na realização de estudos detalhados de viabilidade e na implementação do Eixo de Integração Castanhão – Região Metropolitana de Fortaleza - Trechos I, II e III.

Recuperação de Infra-estrutura Hidráulica – Consistiu na recuperação de 23 açudes em todo o Estado e de unidades do sistema de obras hídricas da RMF.

Desenvolvimento Hidroambiental de Microbacias Hidrográficas - compreendeu atividades de recuperação e conservação hidroambiental de micro-bacias hidrográficas situadas em áreas degradadas do semi-árido cearense.

Gerenciamento de Águas Subterrâneas – Consistiu em estudos de diagnóstico e de desenvolvimento de programas de gerenciamento dos aquíferos da Zona Costeira e Litorânea, da região do Cariri e da Chapada do Apodi

Os recursos financeiros estimados para o Programa, considerando os aditivos realizados, estão mostrados na Tabela 2.1, a seguir.

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Tabela 1.1 - Componentes do PROGERIRH

Componente Categoria Custos US$ 1,000

% do Total

Gestão Políticas, estudos, Desenvolvimento institucional e equipamentos

14,586 3,87

Incremento da rede de açudes estratégicos Obras, projetos e medidas ambientais mitigadoras

29,274 7,77

Eixos de integração de bacias hidrográficas Obras, projetos e medidas ambientais mitigadoras

323,777 85,90

Recuperação de infra-estrutura hidráulica Obras, projetos e medidas ambientais mitigadoras

1,637 0,43

Desenvolvimento hidro-ambiental de microbacias hidrográficas

Obras de pequeno porte, atividades piloto e medidas de conservação ambiental

2,722 0,72

Gestão de Águas Subterrâneas Estudos e Planos de Gerenciamento

3,551 0,94

Total 376,908 100

2. PROCEDIMENTOS AMBIENTAIS PREVISTOS NO PROJETO

Na preparação do Projeto foram previstas ações destinadas a garantir o cumprimento das salvaguardas ambientais do Banco Mundial. Essas ações incluíram os temas a seguir.

2.1 Avaliação Ambiental

Na fase de preparação do Projeto foi elaborada uma Avaliação Ambiental Regional – AAR que contemplou: (i) uma avaliação ambiental global do Projeto; (ii) uma avaliação ambiental específica das obras de 1º ano; (iii) a concepção de plano de manejo ambiental - PMA; e (iv) resumo executivo.

A AAR avaliou as interferências dos componentes do Projeto em relação às seguintes salvaguardas ambientais e sociais: OP 4.01 – Avaliação Ambiental; OP 4.04 – Habitats Naturais; OP 4.11 – Propriedade Cultural; OP 4.12 – Reassentamento de População; OP 4.10 – População Indígena; e OP 4.37 - Segurança de Barragens.

A AAR foi submetida a processo de divulgação e de audiência pública, de acordo com os procedimentos operacionais do Banco.

O Plano de Gestão Ambiental – PGA contemplou os seguintes programas:

� Fortalecimento de Unidades de Conservação

� Diagnóstico e Monitoramento de Áreas Estuarinas e Manguezais

� Apoio ao Monitoramento e Controle de Esquistossomose

� Monitoramento da Qualidade da Água

� Manual de Procedimentos e Critérios Ambientais

� Treinamento e Capacitação Ambiental da SRH e empresas coligadas

� Identificação e Resgate de Patrimônio Cultural

� Proteção de Reservatórios

� Operação de Reservatórios

� Regras Ambientais de Construção

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� Procedimentos de Análise Ambiental durante a Implementação do PROGERIRH

A concepção desses programas será descrita nos itens seguintes.

2.2 Fortalecimento de Unidades de Conservação

Considerando a necessidade de adoção de medidas compensatórias para cumprimento da Política de Habitats Naturais do Banco Mundial e da legislação ambiental brasileira (à época a Resolução N0 010/87, do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA) foi acordado com o IBAMA e a SEMACEa implementação de programa de fortalecimento de unidades de conservação sob a gestão desses organismos.

Nesse sentido, foram previstas as seguintes ações e recursos:

UC Organismo Gestor

Atividades Recursos (USS1,000.00)

FlorestaNacional do Araripe

IBAMA Ações constantes do Plano de Manejo da Unidade

301,176.00

Áreas de Proteção Ambiental – APAs da Serra do Baturité, Maranguape e Aratanha

SEMACE

- Revisão de Plano de Manejo; - Monitoramento da cobertura vegetal; - Aquisição de equipamentos para fiscalização e monitoramento; - Treinamento e capacitação; etc.

600,000.00

Total 901,176.00.

2.3 Diagnóstico e Monitoramento de Áreas Estuarinas e Manguezais

Este estudo foi proposto considerando que o PROGERIRH previa a implantação de três açudes, discriminados abaixo, e obras de derivação de água do rio Jaguaribe para a Região Metropolitana de Fortaleza, e que poderiam acarretar alterações do regime hídrico natural nos estuários situados a jusante.

• Açude Malcozinhado, localizado próximo ao estuário do rio Malcozinhado;

• Açude Catu-Cinzento, localizado próximo ao estuário do rio Catu;

• Açude Itaúna, localizado próximo ao estuário do rio Timonha;

• Eixo de Integração Castanhão – Região Metropolitana, no rio Jaguaribe.

O principal objetivo do programa foi, portanto, criar condições técnicas para detectar as influências das alterações do regime hídrico dos cursos d’água afetados nos estuários localizados a jusante dos empreendimentos.

2.4 Apoio ao Monitoramento e Controle de Esquistossomose

Foram previstas ações de apoio ao Programa Especial de Controle da Esquistossomose – PECE do Estado do Ceará apesar do RAA não constatar a possibilidade de ocorrência do caramujo hospedeiro nas intervenções previstas.

2.5 Monitoramento da Qualidade da Água

Foi previsto um amplo fortalecimento do programa de monitoramento da qualidade da água dos açudes, vales perenizados, canais de transposição e poços em implementação à época pela

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COGERH. Este programa teve o objetivo principal de avaliar as condições de qualidade das águas para os diversos usos existentes (irrigação, industrial, abastecimento publico, etc.) e previstos assim como subsidiar a operação dos açudes.

2.6 Manual de Procedimentos e Critérios Ambientais

Com o objetivo de fortalecer a capacidade institucional da Secretaria de Recursos Hídricos e de suas empresas coligadas COGERH, SOHIDRA e FUNCEME, para a gestão ambiental de obras hídricas, foi prevista a elaboração de dois manuais:

� Manual de Procedimentos e Critérios Ambientais para Concepção de Projetos Hídricos;

� Manual de Normas e Especificações Ambientais para a Construção de Obras Hídricas.

2.7 Treinamento e Capacitação Ambiental da SRH e empresas coligadas

Com o objetivo de capacitar e treinar o pessoal técnico e de direção da SRH, SOHIDRA, COGERH e da SEMACE, além de empresas consultoras, com vistas a assegurar que a dimensão ambiental seja adequadamente incorporada no desenvolvimento das atividades de planejamento de recursos hídricos, de implantação de obras hidráulicas e de operação dos sistemas hidráulicos, foi concebido um Plano de Capacitação e Treinamento em Gestão Ambiental a ser implementado durante os cinco anos do PROGERIRH.

2.8 Identificação e Resgate de Patrimônio Cultural

Em função das avaliações empreendidas no RAA e considerando a OP 4.11 – Propriedade Cultural, foi concebido um Programa de Identificação e Resgate do Patrimônio Cultural, envolvendo as intervenções previstas no PROGERIRH.

O programa previa a realização das seguintes etapas: (i) inventário de componentes culturais; (ii) implantação de núcleos de referências culturais; (iii) sensibilização do público envolvido; (iv) prospecções arqueológicas e paleontológicas; (v) implantação de ecomuseu no caso da ocorrência de sítios.

Foi prevista a articulação com o Instituto Cearense de Ciências Naturais – ICCN e com o Núcleo de Estudos Etnográficos e Arqueológicos da Universidade Estadual do Ceará – UECE/NEEA.

2.9 Proteção de Reservatórios

O objetivo do Programa de Proteção foi de permitir a obtenção de informações sobre os diferentes tipos de pressão que possam prejudicar a utilização ótima do reservatório e definir as medidas adequadas para garantir que seu uso se faça de modo a potencializar ao máximo os possíveis benefícios originados com sua implantação e operação.

O Programa foi concebido para atuar em duas linhas de ação espacialmente diferenciadas: a primeira refere-se ao uso e ocupação da terra na bacia de drenagem, que pode afetar as características de qualidade e quantidade que afluirão ao reservatório; a segunda preocupa-se especificamente com o uso da terra nas margens do reservatório. Ambas buscam evitar ou minimizar a possibilidade de degradação das águas, sua poluição e/ou eutrofização.

A 1ª linha previa a elaboração de: (i) caracterização das fontes de nutrientes e poluentes localizadas na bacia; (ii) avaliação da influência sobre a qualidade da água do reservatório; (iii) proposição de ações necessárias para garantir um mínimo de alterações na qualidade da água.

A 2ª linha previa a realização de estudos com vistas à implantação da Área de Preservação Permanente – APP no entorno dos reservatórios. À época foram definidas possibilidades de atuação: a) proibição de acesso e de qualquer utilização da terra e b) permissão de usos controlados.

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2.10 Operação dos Reservatórios

O Programa de Operação foi concebido para os açudes do PROGERIRH com os seguintes objetivos: a) acompanhar a evolução temporal das características das águas afluentes e acumuladas no reservatório e, se for o caso, definir as regras operacionais adequadas para evitar a salinização e a eutrofização progressiva do reservatório; e b) estabelecer regras para liberação da água em condições de estiagem, de modo a compatibilizar e atender ao máximo as demandas dos diferentes usuários.

A execução do Programa deveria envolver a SRH e a COGERH como entidade operadora dos açudes e responsável pelo monitoramento da qualidade das águas.

2.11 Regras Ambientais de Construção

Considerando que a maior parte das questões ambientais e legais para mitigação de impactos ocasionados pela execução de empreendimentos hídricos, é passível de ser implementada durante a execução das obras e ter seus custos incorporados ao custo principal da obra, o Plano de Manejo Ambiental apresentou as principais regras ambientais a serem adotadas durante a construção dos açudes. Essas regras foram previstas de constar do Edital de Licitação das Obras.

Nesse sentido a SRH, contratante, assim como a empreiteira responsável pela construção, passariam a ter meios para medição e pagamento dessas medidas.

Essas regras deveriam, de acordo com o constante do item 2.6 acima, passar posteriormente por um processo de discussão e consolidação, transformando-se em Manual de Normas e Especificações Ambientais para Construção de Obras Hídricas, tornando-se, também, referência para todos os empreendimentos hídricos no Estado do Ceará.

2.12 Procedimentos de Análise Ambiental durante a Implementação do PROGERIRH

Este item do Plano de Manejo Ambiental previa a adoção dos seguintes procedimentos durante a implementação do PROGERIRH:

� a supervisão e fiscalização ambiental das obras;

� a implantação dos programas ambientais constantes do presente Plano de Manejo; e

� a análise ambiental de novos projetos, a serem implantados do segundo ao quinto ano, com os mesmos critérios utilizados na seleção das obras prioritárias da primeira etapa.

2.13 Demais Procedimentos Ambientais

Em conseqüência das ações do PROURB, na fase de preparação do PROGERIRH dois temas institucionais – ambientais estavam em estruturação pela SRH:

� Alteração na estrutura organizacional da SRH – criação do Departamento Sócio Ambiental dos Recursos Hídricos com a Divisão de Controle Ambiental – DICAM e Divisão de Reassentamento – DIREA. Previsão de contratação de 13 profissionais permanentes de nível superior incluindo geógrafos, agrônomos, engenheiros civis, advogado, sociólogo e assistente social;

� Manual de procedimentos para a articulação e integração entre a concepção das intervenções hídricas (viabilidade, projeto básico e projeto executivo) e os estudos ambientais necessários ao licenciamento ambiental.

Esse manual deveria, inclusive, propor correções para as distorções verificadas no processo de licenciamento dos empreendimentos hídricos, em especial a elaboração dos EIA/RIMAs. Três distorções apresentavam-se particularmente importantes: (i) o conteúdo dos EIA/RIMAs, praticamente similares, independente do tipo e porte do empreendimento e do ambiente onde se insere; (ii) o nível de detalhamento de vários

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temas não permitindo uma adequada avaliação dos principais impactos; e (iii) a sua elaboração após a realização do Projeto Executivo, ao invés de ser realizado na fase de viabilidade onde as alternativas de engenharia estão sendo devidamente estudadas, e onde o componente ambiental deveria subsidiar a seleção da alternativa mais viável sob o ponto de vista da engenharia, meio ambiente e econômico.

3. RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGERIRH

O PROGERIRH teve sua efetividade a partir de 24/05/2000 e sua conclusão está prevista para 31/05/2008.

A seguir é apresentada uma síntese dos principais resultados obtidos pelo Projeto nestes 8 anos de implementação.

3.1 Componente Gestão

� Instalação de Comitês de Bacia

Foram instalados 10 Comitês: Curu, Baixo Jaguaribe, Médio Jaguaribe, Alto Jaguaribe, Banabuiú, Salgado, Metropolitana, Acaraú, Litoral e Coreaú.

� Criação de associação de Usuários

Foram criadas 79 Comissões de Usuários de Açudes. Estão sendo finalizadas quatro comissões, na bacia do Salgado (Açudes: Olho d’água, em Várzea Alegre; Rosário, em Lavras da Mangabeira; Ubaldinho, em Cedro e o Açude Cachoeira, em Aurora)..

� Cadastramento de usuários

Concluídos os cadastros das bacias do Alto e Médio Jaguaribe, Banabuiú, Acaraú, Salgado e Metropolitana., totalizando 8.284 usuários cadastrados.

� Implementação e Desenvolvimento de Sistemas de Monitoramento Hidrológico

Atualmente a COGERH monitora o nível d’água dos 126 reservatórios e, foram implantadas pela FUNCEME as 70 Plataformas Automáticas de Coletas de Dados Meteorológicos e Ambientais - PCD's.

� Implementação do Programa de Segurança de Barragens

Foram efetuadas 108 inspeções formais "check-list" em 76 açudes estaduais e em alguns federais. Tendo como base estas inspeções, está em fase de elaboração o Relatório Anual de Inspeções e Riscos - 2006. Estão sendo monitoradas por instrumentação a segurança de 10 barragens estaduais, com acompanhamento e análise dos dados de instrumentação através do programa computacional PIEZO-COGERH, recém implementado. Avaliação do Risco de 62 barragens estaduais. Foram treinados em torno de 200 profissionais em segurança de barragens.

� Concessão de Outorgas

Foram concedidas 6.418 outorgas de uso de recursos hídricos

3.2 Componente Açudes Estratégicos

Foram construídos os seguintes açudes e respectivos sistemas adutores:

Açudes e Sistemas Adutores Conclusão Catu-Cinzenta 05/2002

Carmina 11/2002 Malcozinhado 11/2002

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Aracoiaba 12/2002 Faé 12/2004

Pesqueiro Em construção

3.3 Componente Eixos de integração de Bacias Hidrográficas

Foram realizadas as obras referentes ao Eixo Castanhão – RMF.

Trecho Situação Trecho I (Açude Castanhão-Curral Velho),

Obras concluídas

Trecho II (Açude. Curral Velho - Serra do Félix)

73% executado

Trecho III (Serra do Félix - Açude Pacajus)

61 % executado

3.4 Componente de Recuperação de Infra-estrutura Hídrica

As seguintes unidades foram objeto de ações de recuperação:

Açudes

Foram realizadas obras de recuperação em 23 Açudes: Gavião; Itaúna; Medeiros; Jaburu I; Pacoti; Vinícius Berredo; Pacajus; Rosário; Arrebita; Barragem Torrões; Espírito Santo; Trapiá I; Parambu; Potiretama; São Jose I; Sucesso; Angicos; Canoas; Colinas; Vieirão; Saboeira; Várzea Grande e Pentecoste.

Sistema de Obras Hídricas da RMF

Foram realizadas obras de recuperação nas seguintes unidades: Adutora do Acarape; Sifão de Umburanas; Comporta no Canal do Trabalhador; Sifão 1 do Canal adutor Sítios Novos-Pecém.

3.5 Componente Projeto-piloto de Gestão de Micro-bacias ( PRODHAM)

As seguintes ações foram realizadas:

Principais Ações Resultados

Recuperação de micro-bacias no tocante a solos e recursos hídricos

Encontra-se em execução a recuperação da: - Micro-Bacia do Rio Cangati - Micro-Bacia do Rio Pesqueiro - Micro-Bacia do Rio Salgado - MBH do Rio Batoque

Recuperação de mata ciliar Micro-Bacias do Rios Cangati e Pesqueiro. Recuperação de áreas degradadas

Micro-Bacias do Rios Cangati e Pesqueiro.

Construção de barragens de pedra Micro-Bacias do Rios Cangati e Pesqueiro.

Construção de barragens subterrâneas Micro-Bacias dos Rios Cangati e Rio Pesqueiro.

Construção de poços/cisternas

Cisternas de placas nas escolas municipais de 16.000 litros no Distrito de Iguaçu (Canindé-Ce) e residências. Algumas cisternas também foram construídas na MBH do Rio Batoque.

Capacitação de produtores Nas comunidades de Iguaçu, São Luís, Cacimba de Baixo, Cacimba de Cima e Laje (Canindé-Ce) e município de Aratuba-Ce.

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3.6 Gestão de Águas Subterrâneas

Foram elaborados:

� Planos de Monitoramento dos Aqüíferos das Bacias Araripe e Potiguar

� Sistema de Gerenciamento dos Aqüíferos do Município de Fortaleza

4. AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS AMBIENTAIS PREVISTOS E ATENDIMENTO ÀS SALVAGUARDAS DO BANCO MUNDIAL

4.1 Evolução dos Procedimentos Ambientais

A seguir são apresentados os resultados dos procedimentos ambientais previstos no Plano de Manejo Ambiental constante do Relatório de Avaliação Ambiental Regional elaborado à época da preparação do PROGERIRH e citados no capítulo 2 acima.

� Fortalecimento de Unidades de Conservação

Foram firmados convênios com o IBAMA e com a SEMACE para implementação das ações previstas no âmbito do PMA.

Convênio nº 04/2002/PROGERIRH- SRH/IBAMA

Valor: R$ 500.200,00 Objeto: Fortalecimento das ações sócio-ambientais e de infra-estrutura da Floresta Nacional do Araripe.

AÇÔES SERVIÇOS SITUAÇÃO ATUAL

Fornecimento de Equipamentos e serviços de Infra-Estrutura na Floresta Nacional do Araripe – FLONA.

Fornecimento e Montagem de uma Torre de Observação de Incêndios na Floresta Nacional do Araripe-Crato.

Concluído em fevereiro/2004. Empresa Executora / Fornecedora: Crazia Estruturas Metálicas. R$ 119.998,00. O.F.: 01/2003

Fornecimento de Cinco Estações Portáteis de Rádio em VHF-FM, para atender as ações de fiscalização.

Concluído em janeiro/2004. Empresa Fornecedora: Marketrons do Brasil Com. Exportação e Importação Ltda. R$ 4.500,00. O.F.: 002/2003.

Aquisição de um veículo utilitário IVECO.

Concluído em outubro/2004. Empresa Fornecedora: Guilherme Palácio Bezerra Júnior. R$ 66.900,00. O. F.: 006/2004

Fornecimento e Montagem de um Sistema de Monitoramento Telemétrico para a fonte Boca da Mata.

Concluído em junho/2005. Empresa Fornecedora/ Executora: DPM Engenharia Ltda. R$ 27.800,00. O.F.: 001/2005

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Recuperação de unidades hídricas Recuperação dos Barreiros nos Sítios da Malhada Bonita e Santa Rita.

Educação Ambiental na Floresta Nacional do Araripe: Uma Experiência a Compartilhar

Curso de Meliponicultura: Gestão Comunitária e Contabilidade Curso de Compostagem: Gestão Comunitária e Contabilidade Curso de Reciclagem e Reaproveitamento de Resíduos Sólidos: Gestão e Contabilidade Apresentação Teatral

Empresa Executora Associação Cristã de Base – ACB.Termino: Janeiro/2008

Aquisição de 01 (um) DVD, 01 (um) televisor 29 polegadas, 02 (duas) máquinas fotográficas digitais, 01 (um) retro projetor, 01 (uma) máquina foto copiadora portátil.

Concluído em fevereiro/2004. Empresa Fornecedora: RCS

Comercial Informática Ltda. R$ 5.756,00. O.F.: 003/2003

Aquisição de 01 (uma) máquina filmadora digital.

Concluído em fevereiro/2004. Empresa Fornecedora: Intersystem – SBR Com. Rep. Ind. E Serviços Ltda. R$ 1.627,00. O.F.: 004/2

Fornecimento de Equipamento visando o fortalecimento das ações de Educação Ambiental do IBAMA

Aquisição de Equipamentos de Informática (Microcomputador Athlon e Note book Toshiba).

Concluído em maio/2004. Empresa Fornecedora: VBA Informática. R$ 7.978,00. O.F.: 005/2004

Convênio nº 018/2006 PROGERIRH- SRH/SEMACE

Valor: R$ 754.200,00 Objeto: Programa Ambiental para as APA´s de Baturité, Aratanha e do Rio Cocó, no Estado do Ceará.

AÇÔES SERVIÇOS SITUAÇÃO ATUAL

Articulação / Mobilização e Comunicação Social dos municípios de Baturité, Mulungu, Aratuba, Redenção, Pacoti e Palmácia e Curso I – Agentes Multiplicadores em Educação Ambiental no município de Mulungu

Cursos de Educação Ambiental nas Unidades de Conservação (APAs de Baturité, Aratanha e Cocó), no valor de R$ 37.967,90

Articulação/Mobilização Social nos municípios de Maranguape e Maracanaú e Curso II Agentes Multiplicadores no município de Baturité e Curso III de Agentes Multiplicadores no município de Maracanaú

Trabalhos em execução pela ONG Flor da Terra.

Aquisição de micro ônibus para ações de educação ambiental, no valor de R$ 140.000,00. Processo Nº. 06120738-1.

----------------------------------------- Pregão 05 – aguardando data para licitação na Comissão de Licitação da PGE.

Construção de um Centro de Referência em Educação Ambiental no Parque do Cocó,.

-----------------------------------------

O projeto arquitetônico foi analisado / atualizado pela equipe da SRH (Planilha de Custos) e remetido à SEMACE para elaboração das Especificações Técnicas.

Construção de Centro de Referência Ambiental na APA de ARAU localizada entre as bacias dos rios Malcozinhado e Catu.

O Projeto encontra-se em processo de licitação.

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Comentários Gerais: De acordo com as informações da SRH o Convênio com o IBAMA evoluiu satisfatoriamente e no prazo adequado. O convênio com a SEMACE teve uma tramitação mais complicada e só foi assinado em agosto de 2006 cerca de 6 anos após o início do Projeto. A SRH informou que o atraso deveu-se principalmente em função das alterações freqüentes na direção da SEMACE.

� Diagnóstico e Monitoramento de Áreas Estuarinas e Manguezais

Para a execução deste programa foi realizado convênio com a SEMACE e contrato de consultoria com o IEPRO – Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará.

O contrato de consultoria com o IEPRO, no valor de R$ 541.034,00, teve como objeto a realização de Diagnóstico e monitoramento geoambiental, e sócio-econômico, levantamento de fontes poluidoras e Proposta de Monitoramento das áreas estuarinas e manguezais dos rios Malcozinhado, Catú, Timonha e Jaguaribe do Estado do Ceará. O Estudo foi concluído em junho de 2005.

A partir do estudo realizado, o monitoramento das áreas estuarinas deveria ser realizado pela SEMACE. Nesse sentido, foi assinado o Convênio nº 019/2006 – PROGERIRH -SRH/SEMACE que previa duas linhas de ação: (i) aquisição de veiculo e de equipamentos para laboratório de modo a possibilitar o monitoramento pela SEMACE das áreas estuarinas; (ii) contratação excepcional de pessoal técnico para realização do monitoramento.

Devido a demora na contratação da equipe técnica e a proximidade de fechamento do Projeto, o Banco na missão de supervisão de março de 2007 considerou não haver mais sentido nessa contratação com recursos do Projeto mas evidenciou a necessidade da SEMACE contar com pessoal próprio para realização das atividades de monitoramento de forma sustentável.

A situação de aquisição dos equipamentos encontra-se da seguinte forma:

AÇÔES SERVIÇOS SITUAÇÃO ATUAL

Aquisição de veículo (pick up) para monitoramento dos estuários

---------------------------------------------- Em processo de licitação na Procuradoria Geral do Estado- PGE

refrigerador e aparelhos de ar condicionado máquinas fotográficas, GPS e calculadora

Aquisição de equipamentos de análise laboratorial e de monitoramento das áreas estuarinas e manguezais cromatógrafo a gás com acessório

Em processo de licitação na Procuradoria Geral do Estado- PGE.

Comentários Gerais: O Estudo de Diagnóstico e Proposta de Monitoramento foi realizado na fase inicial de operação dos açudes Malcozinhado, Aracoiaba e Catu-Cinzenta e levantando as condições estuarinas e dos manguezais praticamente ainda sem influência da operação desses reservatórios. No caso do rio Jaguaribe o Estudo foi realizado anteriormente à operação do Açude Castanhão e do Eixo de Integração (em construção). Nesse sentido, a efetivação do monitoramento permanente pela SEMACE torna-se essencial para avaliação dessas alterações. Portanto, devem ser realizados esforços de priorização desse item junto à SRH e à SEMACE.

� Apoio ao Monitoramento e Controle de Esquistossomose

As ações de apoio à Secretaria de Saúde do Estado - SESA foram implementadas por meio de Convênio firmado entre a SRH, a SESA e a SEMACE e estão a seguir:

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Convênio nº 03/2005/PROGERIRH - SRH/SESA/SEMACE Valor: R$ 125.450,00 Objeto: Fortalecimento das ações da SESA e SEMACE no Controle da disseminação da esquistossomose na área de abrangência do Rio Aracoiaba.

AÇÔES SERVIÇOS SITUAÇÃO ATUAL

Fortalecimento da capacidade de controle e monitoramento

Aquisição de Equipamentos de Laboratório (microscópio biológico binocular e microscópios estereoscópicos), materiais de laboratório, materiais de monitoramento (macacões, bolsas e botas) e materiais de escritório.

Aquisições realizadas no 2º semestre de 2006

Aquisição de materiais de oficinas de educação ambiental (bolsas e Camisetas).

Aquisição realizada em julho/2006

Aquisição de materiais para oficinas de Educação Ambiental (Folder, Cartaz e Cartilha).

Aquisição realizada em janeiro/2008

Ações de Intervenção Comportamental (Educação Ambiental e Sanitária). Contratação da consultoria para

implementação do projeto de Atenção Primária Ambiental e Controle da Esquistossomose.

Serviços concluídos em 2008

Comentários Gerais: De acordo com as informações da SRH as aquisições realizadas no âmbito do Convênio atenderam à expectativa da Secretaria de Saúde – SESA fortalecendo sua capacidade de controle e monitoramento da esquistossomose e m geral e especialmente ao longo do rio Aracoiaba. As ações possibilitaram a SESA a atualizar da Carta Planorbítica do rio Aracoiaba entre os municípios de Baturité e Aracoiaba.

� Monitoramento da Qualidade da Água

A Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Ceará – COGERH, como órgão responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos do Estado, vem implementando desde 1999 um amplo programa de monitoramento qualitativo desses recursos. Esse programa vem sendo aperfeiçoado sistematicamente, especialmente a partir de 2002, de forma a atender às demandas de informações necessárias para o controle hídrico e de qualidade da água.

A operacionalização da Rede de Monitoramento da Qualidade da Água da COGERH acontece de uma forma descentralizada. Esta descentralização acontece tanto no que diz respeito às coletas de amostras de água, quanto no que diz respeito à realização das análises laboratoriais e tem por objetivo a redução de custos e a agilização na realização das atividades.

A COGERH não dispõe de um laboratório próprio para a realização das análises exigidas pela RMQA, tem trabalhado em convênio com outros órgãos/instituições estaduais que disponham de estrutura para a realização das ditas análises. Hoje a COGERH tem convênios firmados com a CAGECE (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), o CENTEC (Instituto Centro de Ensino Tecnológico) e o NUTEC (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial).

O Programa de Monitoramento implantado compreende os seguintes corpos hídricos:

� Principais açudes e pelos eixos de transferências hídricas para Abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza

� Principais açudes do Estado – atualmente são monitorados 127 açudes

� Principais Vales Perenizados. São monitorados os vales do Jaguaribe (baixo, médio e alto Jaguaribe), Banabuiú, Curu e Acaraú num total de sessenta e quatro pontos.

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O monitoramento realizado compreende os seguintes parâmetros:

� físico-químicos e bacteriológicos

� biológicos (eutrofização e ocorrência de cianobactérias)

� agrotóxicos;

� metais pesados.

Os resultados permitem avaliar:

� o nível de qualidade da água para os usos previstos: abastecimento público, irrigação, industrial, piscicultura, recreação, dessedentação de animais, etc.

� o nível de eutrofização dos reservatórios e a ocorrência de cianobactérias

� o nível de contaminação por agrotóxicos

� o nível de contaminação por metais pesados.

A COGERH divulga os resultados do monitoramento realizado por meio do seu site institucional.

.A seguir apresenta-se como exemplo figura com o nível trófico dos açudes no segundo semestre de 2007 e figura com a situação da salinização dos principais açudes da Região Metropolitana de Fortaleza, que constam do site institucional da COGERH.

O site da COGERH apresenta diversas informações sobre o monitoramento de qualidade da água realizado envolvendo: (i) programa de monitoramento; (ii) os resultados do monitoramento como acima apresentados; (ii) textos (“Leitura de Minuto”) sobre os parâmetros analisados e sobre instrumentos adicionais para avaliação da qualidade das águas (modelagem matemática); etc.

Comentários Gerais. O avanço observado na implementação do Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas do Estado do Ceará é bastante significativo. A COGERH possui atualmente instrumentos adequados de monitoramento que permitem subsidiar a operação dos sistemas hídricos. No entanto, a própria COGERH reconhece a necessidade de aperfeiçoamento do sistema ampliando os instrumentos disponíveis e melhorando a confiabilidade de seus resultados de modo a realmente possibilitar uma operação desses sistemas com critérios ambientais.

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� Manual de Procedimentos e Critérios Ambientais

Os manuais previstos de serem elaborados no âmbito do PROGERIRH foram elaborados no âmbito do Programa PROÁGUA e estão descritos a seguir.

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� Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Sistemas de Captação, Tratamento e Adução de Água

Esse documento foi elaborado por consultores da UGPO e, após ser discutido em seminários com a participação de todos os estados participantes do Programa, foi publicado pelo Ministério da Integração Nacional com o título “Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Sistemas de Captação, Tratamento e Adução de Água”.

O documento aborda o contexto legal e normativo federal, relativo ao meio ambiente, aplicáveis ao projeto e à construção de sistemas adutores de água e suas obras específicas; relaciona os principais impactos ambientais decorrentes da implantação de sistemas adutores de água na região semi-árida; apresenta a estrutura e seqüência de estudos exigidos pelo PROÁGUA; descreve as considerações ambientais a serem feitas em cada uma das fases que constituem a etapa de estudos e projetos de sistema típicos de abastecimento. Também apresenta as considerações ambientais recomendadas para a etapa de obras, as recomendações para a etapa de operação dos sistemas adutores de água. Recomenda as atividades de comunicação social a serem desenvolvidas nas diversas fases do empreendimento e apresenta especificações ambientais para construção de sistemas adutores; plano de desmatamento, limpeza e recuperação da área de caminhamento da adutora; plano de controle e recuperação de áreas de empréstimo e bota-fora.

� Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios

De forma semelhante ao citado acima, foi preparado e publicado um documento com Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios. Além dos aspectos gerais referentes à legislação e às fases de projetos no PROAGUA, aborda os seguintes aspectos específicos de barragens: Planejamento ambiental da construção; Problemas típicos a serem tratados; Gerenciamento de riscos a ações de emergência na construção; Educação ambiental dos trabalhadores; Saúde e segurança nas obras; Gestão de resíduos; Avaliação e salvamento do patrimônio arqueológico; Soluções para as interferências nas atividades de mineração; Plano de desmatamento e limpeza da área de inundação; Plano de salvamento da fauna; Plano de controle e recuperação das áreas de empréstimo e bota-fora; Auditoria ambiental; Especificações ambientais para a construção de barragens; Segurança de barragens; Considerações ambientais na etapa de Operação; Manutenção da disponibilidade Hídrica; Monitoramento e controle da qualidade da água; Controle da salinização; Controle da poluição e da eutrofização; Plano de conservação e uso do entorno do reservatório; Educação ambiental da população; e Comunicação social.

Comentários Gerais: Os manuais acima foram elaborados e aperfeiçoados no período de 2002 a 2004 sendo a sua edição oficial pelo PROÁGUA e pelo Ministério da Integração Nacional realizada em 2005.

� Treinamento e Capacitação Ambiental da SRH e empresas coligadas

No Anexo 1 é apresentado Quadro Geral das atividades de capacitação desenvolvidas no âmbito do PROGERIRH no período de 2000 a 2007, de acordo com a SRH.

Para o Núcleo de Controle Ambiental da SRH foram desenvolvidas as seguintes ações:

Cursos/treinamentos feitos pela NUCAM/SRH:

� Curso de Recuperação de Áreas Degradadas – Belo Horizonte-2000

Participação de 04 técnicos

� Fórum de Educação Ambiental – Goiânia-2005

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Participação de 02 técnicos

� VI Simpósio Nacional e Congresso Latino Americano de Recuperação de Áreas Degradadas – Curitiba-2005

Participação de 01 técnico

� Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental/Joinvile-2006

Participação de 01 técnico

� I Encontro Nacional das Comissões Interinstitucionais de Educação Ambiental – Salvador/2005

Participação de 01 técnico

Comentários Gerais: A listagem constante do Anexo 1 demonstra a amplitude da capacitação promovida pela SRH no âmbito do PROGERIRH. No entanto, apesar desse amplo programa envolvendo inclusive (poucos) temas ambientais, constata-se que três pontos não foram suficientemente abordados: (i) capacitação dos técnicos do Núcleo de Controle sócio-ambiental da SRH; (ii) inserção de maior número capacitação e treinamento em temas ambientais; e (ii) envolvimento das empresas consultoras.

� Identificação e Resgate de Patrimônio Cultural

O Programa de Identificação e Resgate do Patrimônio Cultural previsto no RAA e no Plano de Manejo Ambiental – PMA não foi implementado no âmbito das intervenções do PROGERIRH.

� Proteção de Reservatórios

O programa teve andamento diferenciado em relação às duas linhas de ação propostas originalmente.

Com relação à questão de proteção das Áreas de Preservação Permanente – APPs no entorno dos Açudes, a Resolução CONAMA 302 editada em 2002 define o parâmetros e limites para as APPs de reservatórios artificiais. Para o caso de reservatórios situados em áreas rurais e com destinação para abastecimento público a faixa da APP foi estabelecida como sendo de 100 metros no mínimo. A Resolução estabelece também a necessidade de elaboração de Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório no âmbito do processo de licenciamento ambiental do empreendimento. Os termos de referência do Plano devem ser emitidos pelo órgão ambiental responsável pelo licenciamento.

A SRH, seguindo orientação da SEMACE, passou a estabelecer a proteção total da faixa de 100 metros não permitindo nenhum uso nessa área. Esse padrão foi adotado nos açudes construídos pelo PROGERIRH.

Considerando, no entanto, as dificuldades na manutenção da área, há a intenção de promover uma ampla discussão desse tema junto com a SEMACE com base na elaboração do Plano Ambiental de Conservação que permitisse o uso controlado de parte da área possibilitando uma maior participação dos usuários na preservação da APP. Este assunto deverá ser mais detalhado posteriormente de modo a se incluir ações no Financiamento Adicional previsto.

Com relação ao estudo da influência do uso e ocupação da bacia de drenagem dos açudes na qualidade da água dos reservatórios, a COGERH promoveu ainda como fase experimental a elaboração de Estudo de Inventário Ambiental – EVA da bacia de drenagem do Açude Castro.

O EVA considerou: (i) a caracterização dos usos e fontes de poluição na bacia hidrográfica; (ii) o comportamento hidrológico; (iii) a caracterização da qualidade da água; (iv) estimativa de cargas de nutrientes e análise da capacidade suporte do reservatório; (v) conclusões e discussões; e (vi) medidas a serem adotadas.

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A intenção da COGERH é de implementar estes estudos, no âmbito do Financiamento Adicional, para diversos açudes estratégicos para abastecimento de água no Estado de modo a subsidiar um amplo programa de recuperação dos açudes em níveis críticos de qualidade da água, seja de eutrofização ou de salinização.

� Operação de Reservatórios

A operação dos reservatórios é realizada por meio de processo de alocação negociada da água dos açudes. Este processo teve início em 1994, com a criação da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, e foi intensamente reforçado com o PROGERIRH, representando uma das principais ações no sentido de implementar o conceito da participação previsto na legislação de águas do Estado.

Metodologia de Alocação Negociada de Águas. A base do processo de negociação implementado é a mobilização social, onde se busca o envolvimento efetivo e representativo da sociedade, em seus diferentes setores de usuários de água diretos e indiretos. As reuniões locais para discutir a operação dos açudes têm se procedido independente do nível de organização dos usuários, buscando sempre a evolução do estágio organizacional. A unidade de organização mínima adotada no processo de gestão é a Comissão de Operação dos açudes – também denominada Conselho Gestor ou Comissão de Usuários - formada por representantes de cada setor usuário do sistema hídrico (açude, rio, etc.) para negociar a alocação e acompanhar a operação daquele sistema.

Nos grandes sistemas hídricos, considerados estratégicos como o do Vale do Jaguaribe (açudes Orós, Castanhão e Banabuiú), vale do Curu e do vale do Acaraú, o processo é feito através de Seminários de Alocação, cujas deliberações são votadas pelos membros dos CBHs das bacias envolvidas.

Para os demais sistemas, constituídos por açudes isolados, os CBHs aprovam previamente os limites de vazão, conforme proposta técnica da COGERH, tendo a participação do DNOCS no caso dos açudes federais, sendo a deliberação final feita com a Comissão de Operação de cada açude que irá acompanhar a liberação da vazão definida e as demais deliberações registradas em ata. A realização desses eventos é anual, sendo as reuniões realizadas sobretudo entre o período de junho e agosto, logo após o período de chuvas. Em muitos casos são agendadas reuniões de avaliação da operação durante o segundo semestre de cada ano, quando são realizados ajustes operacionais para adequar a demanda e a oferta, além de avaliar os demais compromissos acertados.

Ferramentas Técnicas para Negociação – Durante as reuniões, a COGERH procura mostrar de forma acessível a situação atual e a perspectiva futura, num horizonte de 6 a 18 meses, de comportamento dos açudes, considerando cenários propostos.

Os cenários apresentados pela COGERH, através de simulações de esvaziamento de reservatórios, mostram o rebaixamento do açude para diferentes vazões, considerando a inexistência de chuvas no período estudado - segundo semestre (estação seca). As faixas de vazões são propostas pela COGERH com base nas experiências anteriores, na situação atual do açude, no resultado das simulações ou com base num entendimento prévio com o Comitê de Bacia e o DNOCS, para os açudes Federais. Em anos extremamente críticos de escassez hídrica, o CONERH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos, colegiados superior do Sistema Intergrado dos Recursos hídrico do Ceará, poderá recomendar limites de oferta hídrica. Outro importante dado apresentado é a avaliação da operação do reservatório no ano anterior, onde se compara o comportamento previsto com o observado, consistindo num ótimo parâmetro de referência para as operações futuras.

Com base na apresentação dos dados técnicos pela COGERH, busca-se o entendimento quanto à alocação de vazão e o calendário de liberação de água do reservatório. Não havendo consenso, adota-se o processo de votação com os membros da Comissão ou do Comitê de bacia, conforme o caso. Havendo conflito, a abordagem poderá ocorrer em outras instâncias

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previstas legalmente, que podem envolver o Comitê de Bacia, o CONERH, o Ministério Público, etc.

Simulação de Comportamento dos Reservatórios - o processo de simulação de esvaziamento de reservatório consiste no balanço das entradas e saídas de água do reservatório. Neste balanço tem-se como entradas, a precipitação, o escoamento superficial e sub-superficial e como saídas, a evaporação, a sangria e as retiradas tanto pela tomada d’água quanto a montante.

Acompanhamento da Operação - os reservatórios e os trechos de rios perenizados são monitorados nos aspectos quantitativo e qualitativo. O volume diário dos reservatórios é monitorado desde o nível de sangrias até próximo ao nível mínimo do reservatório. O monitoramento qualitativo, realizado tanto nos açudes como nos cursos hídricos abertos (rios e canais) leva em conta uma série de parâmetros físico-químicos e biológicos da água de interesse nas áreas de saúde, saneamento, indústria e irrigação.

Para o acompanhamento da água disponibilizada a partir dos reservatórios para os diversos usos, são realizadas medições de vazão na tomada d’água dos açudes, em seções de controle de rios perenizados e canais de adução.

Outros recursos de alta tecnologia como imagens de satélite georeferenciadas, fotos aéreas, além de equipamentos como GPS, máquinas fotográficas digitais, etc, tem sido utilizados, permitindo o registro e a localização geográficos de pontos de interesse para o gerenciamento dos recursos hídricos.

� Regras Ambientais de Construção

As regras ambientais constantes do PMA integraram os Editais de Licitação das obras do PROGERIRH – Açudes e Eixo de Integração.

Segundo informações do Núcleo de Meio Ambiente da SRH, o procedimento adotado ao início dos contratos compreendia a explanação e discussão dos principais pontos das regras ambientais com as empreiteiras. Apesar desta inserção, ocorreram problemas na adoção das medidas ambientais previstas em decorrência da não previsão na proposta financeira das empresas. Em alguns casos foi necessária a realização de aditivos contratuais ou a contratação específica de serviços como de recuperação de áreas degradadas.

Segundo informações da SRH, as questões ambientais foram sendo resolvidas paulatinamente, não restando atualmente nenhuma questão importante pendente.

� Procedimentos de Análise Ambiental durante a Implementação do PROGERIRH

Os seguintes procedimentos foram previstos durante a implementação do PROGERIRH:

� supervisão e fiscalização ambiental das obras

O PMA recomendava a inserção das atividades de supervisão ambiental das intervenções no âmbito do contrato de supervisão e fiscalização de obras.

A SRH adotou outra sistemática.

A SOHIDRA, Superintendência de Obras Hídricas - órgão vinculado à SRH compete fazer a fiscalização do contrato das obras de engenharia mantendo uma equipe coordenada por um engenheiro residente.

A consultora contratada compete o acompanhamento/supervisão/fiscalização das especificações técnicas contidas no projeto bem como decidir com SOHIDRA e Construtora as modificações/adaptações que ainda possam ocorrer no projeto executivo.

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Estas entidades exerceram e vem exercendo suas funções nas obras dos açudes e do Eixo de Integração.

Com relação à supervisão ambiental os procedimentos foram diferenciados.

Para as obras dos açudes a responsabilidade pela supervisão ambiental coube à própria equipe do Núcleo de Controle Ambiental - NUCAM/SRH. A NUCAM de posse dos estudos ambientais (EIA/RIMA), das licenças de Instalação – LIs, bem como as Regras Ambientais do PROGERIRH organizou reuniões no canteiro de obras com as equipes da SOHIDRA, Construtora e Supervisora para entrega de cópias dos documentos ambientais, das ações ambientais necessárias e nivelamento das equipes. Ao longo do período de construção das obras da barragem a equipe da NUCAM acompanhou periodicamente a implementação dos planos de medidas mitigadoras e de controle ambiental previstos nos condicionantes das Licenças de Instalação emitidas pela SEMACE e contidas no contrato SRH – SOHIDRA – EMPRESA CONSTRUTORA.

Os principais pontos de atuação foram os seguintes:

a) Orientação na seleção da área para instalação no canteiro de obras.

b) Participação nas reuniões mensais no Comitê de Apoio ao Reassentamento e Preservação Ambiental – CARPA, onde eram discutidos e apresentados os serviços realizados durante a execução da obra.

c) Acompanhamento de todas as fases do desmatamento racional da bacia hidráulica do açude. A partir da mobilização e seleção dos moradores/proprietários para execução dos serviços até a fase final de aproveitamento, transporte e comercialização de produtos florestais.

d) Acompanhamento da execução/recuperação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, realizado nas áreas de empréstimo (jazidas, canteiro de obras e bota-foras).

e) Acompanhamento da implantação das medidas de controle ambiental quanto: controle de velocidade de trafego, controle de poeiras e ruídos, aviso a população dos horários para uso dos explosivos – Plano de Fogo, coleta e destino final de resíduos sólidos gerados no canteiro de obras.

f) Apoio a Empresa/Consórcio Construtor a outros licenciamentos ambientais que se fizerem necessários (instalação de central de britagem, novas áreas de jazidas, instalação de postos de combustível, etc.).

De acordo com os técnicos da NUCAM as principais dificuldades enfrentadas foram as seguintes:

(i) Falta de compatibilização do cronograma de execução de obras com a implementação dos Planos de Medidas Mitigadoras.

(ii) Carência de apoio logístico, principalmente veículos para acompanhamento mais sistemático das obras das barragens.

(iii) Ausência de técnico na área de Meio Ambiente na equipe da Empresa contratada para supervisão das obras, junto com a SOHIDRA, assim como da Empresa Construtora.

(iv) Carência de técnicos na equipe da NUCAM e acúmulo de atividades a serem realizadas.

Nas obras do Eixo de Integração, a supervisão ambiental também coube à própria equipe da NUCAM. A diferença em relação às obras dos Açudes é que o Consórcio responsável pelas Obras do Eixo conta com um profissional na área de gestão

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ambiental. Segundo análise da NUCAM esta configuração tem significativa melhora em relação à anterior.

Comentários Gerais: Além das dificuldades acima listadas, verifica-se a inexistência de procedimentos específicos de supervisão ambiental, como (i) responsabilidades definidas; (ii) planejamento ambiental da execução das obras; (iii) relatórios de supervisão periódicos, etc.

A configuração mais adequada para a supervisão ambiental seria da Consultora responsável pela supervisão/fiscalização das obras também exercer esta função, a Empresa Construtora contar com responsável ambiental ficando a NUCAM no acompanhamento geral das inúmeras ações ambientais.

� implantação dos programas ambientais e medidas mitigadoras

A NUCAM/SRH acompanhou a execução das principais medidas mitigadoras da foram indicada no item anterior.

O Quadro a seguir apresenta a situação de implantação dessas medidas.

AÇUDE Planos de Medidas Mitigadoras e

de Controle Ambiental

Catu-Cinzenta Aracoiaba Carmina

Mal Cozinhado Faé Pesqueiro

Desmatamento Racional da Bacia Hidráulica

Proteção e Manejo da Fauna

Executado Executado Executado Executado Executado Executado

Recuperação das Áreas de Empréstimo (jazidas/bota foras/canteiro de obras)

Executado Executado Executado Executado Executado Executado

Limpeza da Área da BH/Relocação da Infra-estrutura de Uso Público

Executado Executado Executado Executado Executado Executado

Reassentamento de População Executado Executado Executado Executado Executado Executado

Identificação e Resgate do Patrimônio Arqueológico e Paleontológico

** ** ** ** ** **

Educação ambiental Executado Executado Executado Executado Executado Executado

A seguir são apresentados comentários a respeito da execução desses planos de controle ambiental.

Plano de Desmatamento Racional e Manejo da Fauna da Área da Bacia Hidráulica.

O desmatamento racional da área a ser inundada foi realizado de maneira mista, ou seja, os moradores/proprietários utilizando mão de obra local executaram o desmatamento nas suas áreas desapropriadas gerando assim, emprego/renda e o aproveitamento do material lenhoso, sendo que as estacas/mourões foram utilizadas nas cercas dos lotes agrícolas e agrovila. No desmatamento realizado pela empresa construtora, a lenha foi destinada/doada aos atingidos que comercializaram nas padarias/tijolarias, etc. existente na região.

A NUCAM/SRH providenciou as autorizações de desmate junto a SEMACE bem como as Autorizações de Transporte de Produtos Florestais – ATPFs que eram entregues aos moradores constantes no Levantamento Cadastral elaborado pela NUREA/SRH. O Desmatamento seguia o cronograma de desapropriação que ocorre do eixo da barragem no sentido das áreas de montante.

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O manejo da fauna existente foi seguido principalmente com a oportunidade de fuga através dos corredores de escape da fauna. Nas barragens Aracoiaba e Mal Cozinhado o desmatamento só se concretizou em cerca de 2/3 da área em função de atraso no cronograma de desapropriação/pagamento das indenizações, dificuldade da liberação de algumas áreas devido à colheita e mudança de instalações rurais de alguns proprietários. Em função dessa problemática, iniciou-se o período invernoso inundando trechos da bacia hidráulica dos reservatórios. O Desmatamento Racional na Barragem Pesqueiro encontra-se em fase de execução.

Planos de Recuperação de Áreas de Empréstimo (Jazidas/Bota Foras/Canteiro de Obras)

Executadas integralmente, parte pelas empresas/consórcios construtores e complementadas através de empresas contratadas específicamente pela NUCAM/SRH. Foram executados os serviços de Recuperação Física (Regularização dos Taludes, Preenchimento das Cavas, Reposição de terra vegetal, etc.) e complementadas com Recomposição Paisagística e Reflorestamento utilizando-se no plantio 80% espécies vegetais nativas contidas no levantamento da composição florística do EIA/RIMA e 20% de espécies exóticas adaptadas à região. O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD da Barragem Pesqueiro encontra-se em execução.

Plano de Limpeza da Bacia hidráulica - Relocação da Infra-Estrutura de Uso Publico/Privado Existente

O Plano de Limpeza da Bacia hidráulica foi executado seguindo o cronograma de execução do Plano de Desmatamento Racional no âmbito do contrato da empresa/consorcio construtor. Os trabalhos foram acompanhados pelas equipes técnicas da NUCAM/NUREA/SRH sendo os materiais existentes na Bacia Hidráulica (arame, cercas, telhas, madeiramento, etc.) transportados para aproveitamento dos moradores/proprietários nas suas áreas remanescentes. O Plano da Barragem de Pesqueiro encontra-se em execução.

Plano de Reassentamento da População

Acompanhado pela equipe técnica da NUREA/SRH. Nas barragens Catu Cinzenta, Mal Cozinhado, Faé não foi necessário implantação/construção de agrovila.

Plano de Identificação e Resgate do Patrimônio Arqueológico e Paleontológico

Como comentado anteriormente este plano não foi implementado nas obras do PROGERIRH.

Plano de Educação Ambiental

O trabalho se iniciou durante a fase final do Licenciamento Ambiental (Audiência Publica e apresentação do EIA/RIMA à população). Na fase de execução das obras durante as reuniões mensais do CARPA – Comitê de Apoio ao Reassentamento Ambiental, técnicos da NUCAM/NUREA/SRH em conjunto com técnicos da COGERH e SEMACE apresentam sistematicamente palestras e oficinas sobre Desmatamento/queimadas, uso racional dos recursos hídricos/água, pesca/caça predatória, resíduos sólidos, etc.

� a análise ambiental de novos projetos, com previsão de implantação do segundo ao quinto ano, com os mesmos critérios utilizados na seleção das obras prioritárias da primeira etapa.

A sistemática adotada foi a de elaboração dos Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental – EIA/RIMAs e de acompanhamento do processo de licenciamento ambiental pela SEMACE. As medidas mitigadoras constantes dos

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EIA/RIMAs e das licenças ambientais constaram dos Editais de Licitação de Obras. A NUCAM/SRH coordenou a execução desta sistemática.

� Demais Procedimentos Ambientais

� Alteração na estrutura organizacional da SRH

Durante a implementação do PROGERIRH a estruturação ambiental e social da SRH consolidou-se e desde 2003 a Coordenadoria de Infra-estrutura Hídrica - COINF - conta com uma Célula de Controle Sócio Ambiental dos Recursos Hídricos contendo o Núcleo de Controle Ambiental – NUCAM e Núcleo de Cadastro e Reassentamento – NUREA. O quadro a seguir apresenta as principais atividades técnicas da NUCAM

Principais Atividades da Equipe Técnica da NUCAM

1. Fiscalização dos Contratos para Elaboração dos EIA/RIMAS

1.1. Acompanhamento/análise dos relatórios e produtos apresentados

1.2. Vistoria/inspeção das áreas de influência das obras (barragens/adutoras)

1.3. Apresentação/discussão dos EIA/RIMAS nas comunidades beneficiadas/impactadas

1.4. Reunião com consultoras para apresentação/discussão dos pareceres sobre os relatórios

2. Processos de Licenciamento Ambiental (SRH/SEMACE)

2.1. Preparação da documentação necessária ao Licenciamento Ambiental (requerimento, memorial descritivo, publicação, cópia do projeto).

2.2. Vistoria/inspeção da área com técnicos da SEMACE

2.3. Acompanhamento das análises junto a SEMACE

2.4. Reunião para análise/votação dos pareceres no COEMA

3. Fiscalização dos contratos referentes às Medidas Mitigadoras

3.1. Desmatamento racional das bacias hidráulicas doa açudes

3.2. Recuperação de Áreas Degradadas (jazidas e bota-foras)

4. Projetos de Compensação Ambiental

4.1. Projeto Gestão Participativa Açude Aracoiaba/SRH/IBAMA

4.2. Projetos com SEMACE/FUNCEME/SESA/IBAMA

5. Análise/parecer Propostas Técnicas/Financeiras das empresas no processo licitatório

5.1. Contratação de empresa para Recuperação Área Degradada

5.2. Contratação de empresa para Educação Ambiental Adutora

6. Programas/Projetos Interinstitucionais

6.1. Projeto Selo Verde - SRH/CONPAM

6.2. Projeto PREV FOGO - SRH/IBAMA

6.3. Projeto Educação Ambiental - SRH/SEDUC/CONPAM

6.4. Projeto reserva da biosfera da caatinga - SRH/SEMACE

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7. Canal Eixo Integração

7.1. Acompanhamento/fiscalização das Medidas Mitigadoras

7.2. Fiscalização/vistoria ambiental do levantamento cadastral

8. Licitação para contratação de empresa para execução dos Planos de Medidas Mitigadoras

8.1. Elaboração dos Termos de Referência

9. Atendimento ao processos/denúncias de degradação dos Recursos Hídricos

Para cumprir com essas atribuições a NUCAM conta com uma equipe técnica com 3 profissionais de nível superior sendo 2 permanentes e um consultor.

Constata-se que há um descompasso entre as atribuições da NUCAM e seu quadro técnico disponível. Adicionalmente, a infra-estrutura de apoio técnico encontra-se superada e inadequada às atividades a serem cumpridas.

Nesse sentido, constata-se a necessidade de contratação de mais 3 técnicos de nível superior além de equipamentos necessários ao exercício das funções como micro-computadores atualizados, notebooks, câmara fotográfica digital, GPS, etc.

� Manual de procedimentos para a articulação e integração entre a concepção das intervenções hídricas (viabilidade, projeto básico e projeto executivo) e os estudos ambientais necessários ao licenciamento ambiental.

A concepção e implantação desse Manual não foram realizadas no período de execução do PROGERIRH em função principalmente das questões de continuidade administrativa na Direção da SEMACE.

Considerando, no entanto, a importância do tema, aguarda-se que a sua concepção e efetivação possa ser realizada no âmbito do Financiamento Adicional.

4.2 - Atendimento às Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco

Considerando as informações constantes dos capítulos 2, 3 e do item 4.1 acima apresenta-se a seguir uma avaliação das intervenções do PROGERIRH em função das Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial

• Avaliação Ambiental (OP 4.01) - Todas as intervenções foram objeto de avaliações ambientais para cumprimento da legislação ambiental brasileira. Para as intervenções do PROGERIRH – Açudes, Sistemas Adutores e Eixo de Integração foram elaborados os Estudos de Impacto Ambiental – EIA/RIMAs e foram realizadas as audiências públicas respectivas. As medidas mitigadoras constantes destes estudos foram incorporadas nas licenças ambientais e nos editais de licitação de obras.

No entanto, no que diz respeito à análise das salvaguardas ambientais e sociais do Banco, à exceção daqueles empreendimentos analisados no Relatório de Avaliação Ambiental Regional – AAR à época de preparação do PROGERIRH, os demais não tiveram avaliação específica realizada.

• Habitats Naturais (OP 4.04) – Todos os programas ambientais constantes do Plano de Manejo Ambiental - PMA do PROGERIRH (Fortalecimento das Unidades de Conservação; Diagnóstico e Proposição de Monitoramento das Áreas Estuarinas e Manguezais dos rios Jaguaribe, Catu, Malcozinhado e Timonha; Implantação das Faixas Marginais dos

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Reservatórios - Áreas de Preservação Ambiental – APPs) relacionadas à preservação e conservação de habitats naturais foram implementadas.

• Povos Indígenas (OP 4.10) - Nenhuma das obras apoiadas pelo PROGERIRH afetou povos ou terras indígenas.

• Propriedades Culturais (OP 4.11) – O Programa de Identificação e Resgate de Patrimônio Arqueológico, Paleontológico e Cultural previsto na preparação do PROGERIRH não foi implementado.

• Reassentamento (OP 4.12) – As intervenções do PROGERIRH acarretaram e necessidade de reassentamento involuntário de população, onde os planos de reassentamento foram devidamente elaborados e executados.

• Segurança de Barragens (OP 4.37) – As intervenções relativas à construção de açudes (barragens) ou a recuperação de barragens já existentes foram objeto de avaliação por Painel de Segurança especificamente constituído pelo PROGERIRH.

5 LIÇÕES APRENDIDAS

A implementação do PROGERIRH permitiu a constatação de alguns fatos, sendo os principais resumidos a seguir.

a) Necessidade de maior capacitação sobre salvaguardas do Banco Mundial e legislação ambiental federal e estadual

O cumprimento das salvaguardas só pode ser assegurado quando as equipes do Projeto são capazes de identificar e mitigar as questões relacionadas a elas. Todos os participantes do projeto são responsáveis por observar as salvaguardas do Banco, bem como a legislação ambiental brasileira. O projeto deve promover disseminação do conhecimento sobre as salvaguardas do Banco e a legislação ambiental relevante, para toda a equipe técnica em todos os níveis. Periodicamente devem ser realizadas oficinas de atualização, já que tanto as salvaguardas quanto a legislação ambiental passam freqüentemente por revisões e modificações.

As equipes técnicas que realizam as inspeções de rotina sobre a execução das obras devem periodicamente apresentar avaliações sobre a implementação das salvaguardas e o cumprimento da legislação. Se esses técnicos tiverem uma capacitação razoável para o assunto, poderão detectar desconformidades antes que se tornem sérios problemas. Uma vez alertado a tempo, o coordenador da UGPE poderá tomar medidas mais eficazes. Adicionalmente, avaliações independentes sobre o cumprimento dos requisitos ambientais devem ser realizadas em uma amostra de todas as intervenções (implantadas e em implantação).

b) A implementação de atividades ambientais e sociais deve ser condicionante para a execução de obras

Programas de fortalecimento da gestão ambiental e de desenvolvimento social devem ser formulados e implementados adequadamente. Sempre que possível, indicadores sociais e ambientais devem ser desenvolvidos e incluídos durante a concepção dos projetos, visando assegurar a adequada implementação desses programas. Deve-se buscar a vinculação das ações ambientais e sociais dos projetos com a execução de obras, procurando garantir a sua implementação.

C) Necessidade de incorporar diretrizes ambientais aos documentos de licitação das obras

A elaboração e disponibilização de manuais com diretrizes ambientais para preparação de estudos e execução de obras não assegura a efetiva incorporação dessas diretrizes nas

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intervenções. Além de ser fornecido treinamento específico para as equipes técnicas do Projeto, deve ser tornado obrigatório que os editais de licitação das obras incorporem as medidas ambientais definidas, com as devidas adaptações a serem feitas pela equipe do Estado proponente e aprovados pela UGPE. Essas medidas ambientais devem estar explicitadas e ter seus custos unitários e totais definidos nas planilhas de custos das obras, de modo que a construtora tenha interesse em executá-las e as empresas responsáveis pela supervisão tenham condições de cobrar a sua execução.

d) Contar com Sistema de Gestão Ambiental

Uma adequada gestão ambiental das intervenções do Projeto amplia a garantia de efetiva execução das ações ambientais previstas no Projeto. Nesse sentido, a implementação do Projeto deve contar com Sistema de Gestão Ambiental que contemple: (i) uma Coordenação Setorial de Gestão Sócio-ambiental, responsável pela coordenação das ações sócio-ambientais do Projeto, e de atendimento às salvaguardas do Banco, devidamente articulados com as demais coordenações e com as unidades técnicas executoras; e (ii) uma Supervisão Ambiental de Obras responsável pela fiscalização, acompanhamento e orientação das ações ambientais relativas às Regras Ambientais de Construção, à implantação adequada das Áreas de Preservação Permanente - APPs e às medidas mitigadoras indicadas nas licenças ambientais.

e) A Gestão do Projeto deve contar com uma equipe técnica ambiental capacitada e aparelhada adequadamente.

A equipe técnica ambiental responsável pela implementação das ações ambientais do projeto deve ser constituída por profissionais capacitados, em número adequado ao cumprimento das funções e com disponibilidade de ferramentas de trabalho pertinentes às suas atividades. Adicionalmente, ações específicas de capacitação e treinamento devem ser ofertadas para seu aprimoramento técnico, visando garantir o conhecimento necessário ao bom desempenho.

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B - ARCABOUÇO AMBIENTAL DO PROGERIRH II – FINANCIAMENTO ADICIONAL 1. CONCEPÇÃO DO FINANCIAMENTO ADICIONAL

O Financiamento Adicional está estruturado em três componentes.

a) Gerenciamento de Recursos Hídricos contemplando:

� Fortalecimento Institucional

� Gestão da Qualidade da Água

� Sistema de Outorga

� Programa de Arrecadação da Tarifa de Água Bruta

� Revisão do Programa de Tarifa de Água

� Comitês de Bacias Hidrográficas

� Organização dos Usuários de Água Bruta

b) Infra-estrutura Hídrica

� Rede de Açudes Estratégicos Este componente tem como objetivo implantar novas obras, de caráter estratégico, da rede de açudes permanentes do Estado, visando ampliar a oferta de água garantindo água para o abastecimento das populações do semi-árido cearense, como também para suprir os usos inerentes às atividades econômicas (irrigação, piscicultura, indústria, etc).

As ações previstas para esse sub-componente compreende:

� Implantação de novos açudes;

� Implantação de sistemas de automação;

� Ações mitigadoras de impactos ambientais;

� Trabalho social a se realizar durante a execução das obras.

� Sistemas Adutores Para ofertar água às populações urbanas e rurais do interior do Estado, a Secretaria de Recursos Hídricos tem desenvolvido um amplo programa de construção de adutoras de água tratada. Este componente visa dar continuidade a implantação dessa rede de adutoras, na busca do alcance da universalização do abastecimento com água potável no âmbito do Estado.

� Eixo de Integração Visa concluir as obras do Eixo de Integração Castanhão – Região Metropolitana de Fortaleza, objeto de financiamento do PROHGERIRH, com investimentos na conclusão do Trecho III.

� Estudos e Projetos Objetiva a preparação de projetos de engenharia e de estudos associados à implantação de obras de infra-estrutura hídrica.

As ações previstas para esse sub-componente compreendem:

� Elaboração de projetos básicos ou executivos de engenharia;

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� Elaboração de estudos de viabilidade técnica, econômico-social, financeira e ambiental;

� Elaboração de planos de administração, operação e manutenção de infra-estruturas hídricas;

� Elaboração de planos de segurança de barragens;

� Execução de trabalho social junto à comunidade beneficiária, fomentando sua participação na concepção dos projetos;

� Elaboração de plano de trabalho social a ser implementado durante a execução das obras.

A Tabela a seguir apresenta os recursos previstos para o Financiamento Adicional

COMPONENTES TOTAL (US$1.000)

BIRD ESTADO

1 - Gerenciamento de Recursos Hídricos 10,24 10,24 0,00

1.1 - Fortalecimento Institucional 3,58 3,58 0,00

1.2 - Gestão da qualidade da água 1,23 1,23 0,00

1.3 - Sistema de outorga, licença e fiscalização 0,96 0,96 0,00

1.4 - Programa de tarifa de água bruta 0,68 0,68 0,00

1.5 - Comitês de bacias hidrográficas 0,47 0,47 0,00

1.6 - Organização dos usuários de água bruta 0,37 0,37 0,00

1.7 - Operação e manutenção da Infra-estrutura hídrica 2,16 2,16 0,00

1.8 - Gestão de águas subterrâneas 0,79 0,79 0,00

2 - Infra-estrutura Hídrica 194,44 110,85 83,59

2.1 - Rede de Açudes Estratégicos 73,32 73,32 0,00

2.1.1 - Açude Umari 9,63 9,63 0,00

2.1.2 - Açude Jatobá 12,00 12,00 0,00

2.1.3 - Açude Gameleira 11,52 11,52 0,00

2.1.4 - Açude Jenipapeiro 5,77 5,77 0,00

2.1.5 - Açude Mamoeiro 17,71 17,71 0,00

2.1.6 - Açude Trairi 16,69 16,69 0,00

2.2 - Eixos de Transferência Hídrica (Sistemas Adutores) 20,17 5,84 14,339

2.3 – Eixo de Integração – Trecho 3 97,45 28,19 69,26

2.4 - Estudos e Projetos. 3,50 3,50 0,00

Total 204,68 121,09 83,59

A figura a seguir apresenta a localização dos Açudes Estratégicos, dos Sistemas Adutores e do Eixo de Integração. O PROGERIRH Financiamento Adicional vai apoiar a coclusão das obras do Trecho 3 do Eixo.

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FIGURA DE LOCALIZAÇÃO OBRAS FINANCIAMENTO ADICIONAL

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2. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO PROGERIRH FINANCIAMENTO ADICIONAL

As ações do Componente 2 – Infra-estrutura Hídrica são as que merecem maior atenção sob o ponto de vista ambiental já que pressupõem intervenções físicas com potencial de acarretar impactos negativos, direta ou indiretamente.

O Projeto PROGERIRH foi classificado na categoria “A”, de acordo com as políticas ambientais do Banco Mundial. Pelas características das intervenções propostas, merecem ser consideradas as seguintes Salvaguardas: (i) Avaliação Ambiental (OP 4.01); (ii) Habitats Naturais (OP 4.04); (iii) Patrimônio Cultural (OP 4.11); (iv) Reassentamento Involuntário (OP 4.12); e (v) OP 4.37 - Segurança de Barragens

2.1 Estudos Ambientais Realizados

Durante a execução do PROGERIRH foram realizados estudos ambientais e sociais relativos às obras de infra-estrutura previstas para o Financiamento Adicional de modo a atender à legislação ambiental brasileira e aos requisitos ambientais e sociais do Programa.

a) Eixo de Integração Castanhão – Região Metropolitana de Fortaleza

Durante o 1º ano de implementação do PROGERIRH foram realizados os estudos ambientais (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA) referentes ao Eixo de Integração nos Trechos I, II e III recebendo a aprovação do Banco Mundial e as licenças de instalação pela SEMACE.

A intervenção prevista no âmbito do Financiamento Adicional refere-se à continuidade das obras relativas ao Trecho III iniciada no âmbito do Contrato de Empréstimo em vigor.

b) Açudes e Sistemas Adutores

Os açudes estratégicos e os sistemas adutores de abastecimento de água tiveram seus projetos básicos / executivos e EIA/RIMAs elaborados com recursos do PROGERIRH.

Para o caso dos Açudes também foram realizadas as avaliações do Painel de Segurança e os Planos de Reassentamento Involuntário.

2.2 Atendimento às Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial

OP 4.01 – Avaliação Ambiental

Conforme comentado acima, o Trecho III do Eixo de Integração se encontra em execução sendo que o Financiamento Adicional deverá aportar recursos financeiros necessários à sua conclusão. As avaliações ambientais e sociais do Eixo foram realizadas no âmbito do PROGERIRH I não sendo, portanto, objeto de avaliação no presente documento.

Com relação aos açudes estratégicos e sistema adutores, os mesmos tiveram seus EIA/RIMAs elaborados de acordo com termos de referência emitidos pela SEMACE.

De acordo com orientação da Missão de Preparação do Banco Mundial realizada em janeiro/2008, a preparação ambiental e social do PROGERIRH Financiamento Adicional deveria seguir os seguintes procedimentos:

a) Avaliação Ambiental do PROGERIRH e Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental do Financiamento Adicional (1ª versão) – envolvendo uma avaliação preliminar das ações ambientais previstas e executadas pelo Projeto e o arcabouço para o financiamento adicional incluindo avaliação das intervenções do 1º ano;

b) Avaliação e Arcabouço para o Reassentamento – envolvendo atualização dos planos de reassentamento das intervenções de 1º ano, ainda não analisadas pelo Banco, e o marco de reassentamento para as demais intervenções;

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c) Avaliação Ambiental e Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental do Financiamento Adicional (versão final). Nesta versão deverá ser complementada a avaliação das ações ambientais do PROGERIRH incluindo uma avaliação específica de pelo menos duas intervenções de infra-estrutura realizadas no âmbito do Projeto.

O presente Documento vem atender às avaliações referentes ao item a) acima. Para tanto foram selecionadas, como obras de 1º Ano, as seguintes intervenções:

Açudes Sistemas Adutores

Gameleira Itapipoca (1ª Etapa)

Umari Madalena/Macaoca /Lagoa do Mato

Foi realizada uma avaliação ambiental dessas intervenções com análise dos estudos realizados no âmbito do PROGERIRH, como o EIA/RIMA de cada intervenção, as avaliações do Painel de Segurança, as licenças ambientais expedidas e com uma inspeção de campo aos locais das intervenções.

A avaliação empreendida compreendeu uma análise do cumprimento da legislação brasileira e das salvaguardas ambientais do Banco Mundial.

É importante ressaltar que os EIA/RIMAs referentes aos açudes e sistemas adutores tiveram o processo de Audiência Pública de acordo com o que preceitua a legislação brasileira e do Estado do Ceará.

Estas avaliações específicas constam da Parte C do presente Documento.

Adicionalmente, foi realizada reunião com a SEMACE com o objetivo de acordar as ações compensatórias previstas na legislação, referentes às intervenções do Financiamento Adicional.

As principais questões ambientais envolvendo a implantação dos Açudes e dos Sistemas Adutores estão sintetizadas a seguir:

Açudes

Os açudes de Gameleira e Umari foram projetados para usos múltiplos entre os quais se encontra o abastecimento permanente de água das populações das seguintes cidades e localidades:

FONTE HÍDRICA BENEFICIÁRIOS POPUL. (hab.)

Aç. Gameleira Sede de Itapipoca e localidade de Barrento 76.288

Aç. Umarí Sede de Umari e localidades de Macaoca e Lagoa do Mato 7.704

Os outros usos previstos são: perenização de trecho do rio, consumo humano da população ribeirinha, dessedentação animal e desenvolvimento da pesca.

Os açudes possuem tendência à eutrofização principalmente em função da previsão de aporte de nutrientes derivados do uso e ocupação da bacia hidrográfica.

Com relação à tendência à salinização, o risco é baixo.

Entre as medidas mitigadoras identificadas, são propostos os seguintes planos: (i) Desmatamento Racional da Bacia Hidráulica; (ii) Proteção da Fauna; (iii) Recuperação de Áreas Degradadas (Áreas de Empréstimos, Bota-foras e Canteiros de Obras); (iv) Limpeza e Relocação da Infra-Estrutura Existente na Bacia Hidráulica; (v) Reassentamento da

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População; (vi) Educação Ambiental; (vii) Peixamento do Reservatório; (viii) Identificação e Resgate do Patrimônio Arqueológico e Paleontológico; (ix) Administração da Área de Preservação Permanente – APP (Faixa de Proteção do Reservatório); (x) Monitoramento das Águas.

Com relação à Faixa de Proteção do Reservatório recomenda-se, adicionalmente, a implantação de marcos e de implantação de cerca de arame farpado, de modo estabelecer claramente a linha demarcatória dos limites das Faixas de 100 metros.

b) Sistemas Adutores

Os sistemas adutores compreendem a implantação de adutoras de água bruta, estação de tratamento de água – ETA e adutoras de água tratada. As adutoras estão localizadas ao longo de estradas vicinais e rodovias não interferindo com área de vegetação natural e população residente. Com relação às ETAs, o sistema de Umari deverá contar com tratamento dos lodos e das águas de lavagem. Na documentação analisada não está claro se ao ETA de Gameleira contará com o mesmo sistema. O Projeto deverá assegurar que ETA Gameleira contará com UTR - Unidade de Tratamento de Resíduos.

Em função das avaliações empreendidas, tanto do PROGERIRH I quanto das intervenções de 1º Ano do Financiamento Adicional foi concebido um Plano de Gestão Ambiental onde constam: (i) Sistema de gestão ambiental e social para as intervenções do Financiamento Adicional; (ii) Critérios e procedimentos para Análise ambiental dos empreendimentos previstos para 2º ao 3º ano; (iii) Medidas Mitigadoras; iv) Plano de identificação e Resgate de Patrimônio arqueológico e paleontológico; (v) Medidas Compensatórias; (vi) Plano de Fortalecimento Institucional do Núcleo de Controle Ambiental; e (vii) Atualização do Manual Ambiental de Construção

OP 4.04 - Habitats Naturais

Os empreendimentos não afetarão Unidades de Conservação ou Habitas Naturais críticos ou significativos.

Durante a elaboração dos estudos ambientais para o licenciamento da obra foi efetuado um diagnóstico do ambiente natural na área de intervenção direta e indireta. Os resultados desse diagnóstico mostraram que não haverá alteração em áreas de habitas naturais preservados, principalmente devido ao fato de que os locais afetados pela execução das obras já foram bastante alteradas pelas atividades antrópicas.

Encontra-se prevista a criação da Área de Preservação Permanente – APP (Faixa de 100 metros) no Entorno dos Reservatórios a serem criados.

OP 4.10 - Povos Indígenas

Nos municípios onde se localizam os açudes e os respectivos sistemas adutores previstos no Financiamento Adicional não existem terras indígenas nem a presença de grupos reivindicando reconhecimento como remanescentes indígenas.

OP 4.11 - Recursos Físico-Culturais

As intervenções previstas para o Financiamento Adicional estão localizadas em áreas de ocorrências de patrimônio arqueológico e/ou paleontológico especialmente os açudes de Gameleira e Umari e respectivos sistemas adutores.

As figuras anexas mostram as áreas de ocorrência e a localização das intervenções.

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Figura Ocorrência Arqueológica

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Figura Ocorrências paleontológicas

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Considerando essas ocorrências e o fato de que em escavações próximas a cursos d’água destas regiões sempre existe a possibilidade de serem encontrados materiais ou evidências de interesse histórico, arqueológico ou paleontológico, deverão ser adotadas medidas recomendadas no Programa de Identificação, Avaliação e Salvamento do Patrimônio Arqueológico constante do Plano de Gestão Ambiental - PGA. Estas medidas compreendem:

� Programa Prévio de pesquisa, prospecção e resgate de patrimônio histórico, arqueológico e paleontológico. O programa de pesquisa deve ser aprovado pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (materiais históricos e arqueológicos) e do DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral (paleontológicos).

� Programa de Sensibilização do público envolvido

� Destinação do material encontrado a Centros de Pesquisas

� Programa de “salvamento ao acaso” durante as obras.

Recomenda-se a articulação com o Instituto Cearense de Ciências Naturais – ICCN e com o Núcleo de Estudos Etnográficos e Arqueológicos da Universidade Estadual do Ceará – UECE/NEEA.

OP 4.12 - Reassentamento Involuntário

Os planos de reassentamento involuntário foram elaborados por ocasião dos Projetos Básico / Executivos dos açudes no âmbito do PROGERIRH.

Em decorrência do tempo já transcorrido desde sua conclusão (2002 a 2004), para a preparação do Financiamento Adicional, de acordo com orientação da Missão do Banco Mundial foram adotadas as seguintes providências:

� Atualização dos planos de reassentamento das obras de 1º Ano – Açudes Gameleira e Umari;

� Preparação de Marco Conceitual – Política de Reassentamento para os demais açudes

Estes estudos encontram-se em documentação separada.

OP 4.37 - Segurança de Barragens

Os projetos básicos e executivos das barragens de Gameleira, Umari, Jatobá, Jenipapeiro, Mamoeiro e Trairi tiveram o acompanhamento e orientação do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, constituído no Estado do Ceará por solicitação do Banco Mundial, para assessorar a SRH no acompanhamento de obras hídricas de maior complexidade.

Os projetos de Umari e Gameleira foram aprovados por ocasião da 40º Reunião em agosto de 2002 e da 45º Reunião do Painel, em julho de 2003, respectivamente. 2.3 Cumprimento da Legislação Ambiental

As principais questões legais envolvendo o Projeto analisado dizem respeito a: (i) licenciamento ambiental; (ii) outorga do direito de uso das águas; (iv) unidades de conservação; (v) patrimônio cultural e natural.

a) Licenciamento Ambiental

De forma geral, a legislação brasileira exige o licenciamento ambiental para o tipo de obras financiadas pelo Projeto PROGERIRH – Financiamento Adicional (Açudes e sistemas adutores com estações de tratamento de água e estações elevatórias).

No Estado do Ceará compete à SEMACE – Superintendência de Meio Ambiente do Ceará a concessão do licenciamento ambiental para as atividades que utilizem recursos naturais e/ou consideradas com potencial impactante ao meio ambiente, no nível estadual.

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No processo de licenciamento, o órgão licenciador deve ouvir previamente os municípios onde se localizam as atividades a serem licenciadas e, se for o caso, o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (órgão licenciador federal) e o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Para todos os sub-componentes que integram o PROGERIRH Financiamento Adicional, o processo de licenciamento ambiental está tendo encaminhamento adequado, com todas as intervenções contando com as licenças ambientais prévias – LPs e alguns já com licença de instalação – LI, de acordo com a tabela abaixo.

Açude e Sistema Adutor Licença Ambiental

Gameleira Licença de Instalação – LI Nº 028/2008

Umari Licença Prévia - LP

Jatobá Licença Prévia - LP

Jenipapeiro Licença Prévia - LP

Mamoeiro Licença Prévia - LP

Trairi Licença de Instalação - LI Nº 027/2008

Audiências Públicas – No processo de licenciamento ambiental os EIA/RIMAs dos açudes e respectivos sistemas adutores tiveram audiências públicas realizadas em atendimento à legislação ambiental. De forma geral, a expectativa da implantação das obras é positiva pois prevê-se a solução para o abastecimento público de água às comunidades beneficiadas ale do acesso à fonte hídrica para outros usos.

b) Outorga do direito de uso da água

Para ser executada a barragem, é preciso obter a Licença para Obras Hídricas a ser emitida pela SRH. A licença já foi solicitada. A outorga de direito de uso das águas do Açude só poderá ser solicitada após a conclusão das obras e deverá ser emitida também pela própria SRH em função dos usos previstos.

c) Unidades de Conservação

A Lei 9985/2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Nas áreas de intervenção dos sub-componentes do PROGERIRH – Financiamento Adicional não existem unidades de conservação.

No entanto, considerando a questão da compensação ambiental, também regida pela Lei do SNUC, deverão ser destinados o,5% do custo dos açudes e sistemas adutores para o fortalecimento de UCs selecionadas pela SEMACE. Em reunião entre a SRH e SEMACE ocorrida em fevereiro de 2008, ficou definido que o valor de 0,5% das intervenções físicas – açudes e sistemas adutores, correspondente a US$ 467,450.00, será destinados à Área de Proteção Ambiental – APA do Cocó.

d) Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico

A Constituição Brasileira define como bem de domínio da União o patrimônio histórico, cultural e arqueológico. A Constituição estabelece vários instrumentos legais e critérios para proteção, uso e resgate desse patrimônio. A instituição responsável pela aplicação desses instrumentos é o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Conforme citado, o IPHAN deve ser consultado na implementação de obras ou atividades que possam afetar patrimônio histórico, cultural e arqueológico. Para o caso de patrimônio paleontológico o DNPM também deve ser consultado.

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Nesse sentido, no PGA consta programa específico de identificação, avaliação e resgate do patrimônio histórico, arqueológico ou paleontológoico.

2.4 Impactos Ambientais Globais

Foram analisados os possíveis impactos ambientais potenciais (positivos e negativos) das intervenções a serem apoiadas pelo Financiamento Adicional.

De forma geral, os impactos positivos são altamente expressivos. Quando os açudes e os sistemas de basatecimento de água estiverem em operação, a expectativa é que o resultado das intervenções seja altamente positivo, de caráter permanente, e promova a garantia do acesso da população à água de modo permanente e com qualidade adequada para conumo humano e para diversos outros usos. Este acesso deverá promover significativa melhoria da qualidade de vida da população das cidades e localidades atendidas.

Por outro lado, os impactos negativos são de 2 tipos:

(ii) impactos localizados, reversíveis e temporários, decorrentes principalmente das atividades inerentes à execução das obras e podem ser minimizados com a adoção de medidas preventivas contemplando o planejamento adequado das intervenções e de procedimentos adequados durante sua execução e de medidas mitigadoras relacionadas principalmente com a recuperaão de áreas degradadas,etc. Essas medidas constam do Plano de Gestão Ambiental – PGA e já foram consideradas quando da elaboração dos projetos básicos e executivos das intervenções e dos EIA/RIMAs constando, também, das licenças ambientais expedidas. Complementarmente, os editais de contratação das obras deverão incluir um Manual Ambiental de Construção, onde são especificados procedimentos para minimizar os impactos negativos durante a construção, além dos programas

(iii) impactos referentes à necessidade de reassentamento de famílias e ao patrimônio cultural. Esses impactos serão minimizados com a adoção de planos de reassentamento e programas de identificação e resgate do patrimônio cultural.

Para reforçar e garantir os efeitos benéficos das intervenções, o Projeto prevê o desenvolvimento de ações de educação ambiental e participação comunitária.

Adicionalmente, espera-se expressiva melhoria da gestão ambiental decorrente do fortalecimento da SRH e dos programas constantes do Componente de Gestão. Cita-se, em especial, o programa de qualidade das águas que subsidiará a SRH e a COGERH numa adequada operação dos mananciais.

3. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL DO PROJETO

O Plano de Gestão Ambiental - PGA do PROGERIRH Financiamento Adicional contempla um conjunto de ações e intervenções que deverão prevenir, minimizar ou compensar os impactos ambientais e sociais gerados pelas obras e/ou atividades do Projeto.

O PGA está organizado em políticas e programas de caráter ambiental e social, cuja síntese está apresentada a seguir em conjunto com quadro final de custos estimados responsabilidade institucional pela execução.

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Tabela 3.1: Síntese do Plano de Gestão Ambiental – PGA

No. Programas Custos

(US$ 1.00) Responsáveis

1 Gestão Sócio-ambiental

Custos inseridos no gerenciamento do Projeto UGPE e Consultoria

Fortalecimento

Institucional

(inseridos no sub-componente 1.1 Fortalecimento Institucional) UGPE/NUCAM e Consultoria

2 Educação Ambiental e Gestão Participativa

US$ 175,000.00 (inseridos no sub-componente 1.5 –

Organização de Usuários dos Açudes.) UGPE e Consultoria

4 Programa de Identificação e Resgate do Patrimônio

Cultural

US$ 300,000.00 Inseridos no Componente 2 – Infra-estrutura Hídrica, sub-componentes 2.1 – Rede de Açudes Prioritários e

sub-componente 2.2 – Sistema adutores de abastecimento de água.

UGPE e Consultoria

5 Programa de Medidas de Mitigação Inseridos nos custos das Obras UGPE / SOHIDRA

6 Programa de Medidas

Compensatórias US$ 467,450.00 UGPE / SEMACE

7 Manual Ambiental de Construção Inseridos nos custos das Obras UGPE / SOHIDRA / Empresas

Construtoras

8 Monitoramento da Qualidade das Águas

Custos inseridos no Componente 1, sub-componente 1.7 Gestão da

Qualidade da Água. UGPE / COGERH

9 Reassentamento de Famílias

(inseridos no sub-componente 2.1 rede de Açudes Estratégicos)

UGPE / Consultoria / SOHIDRA

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Manual de Procedimentos para Articulação e a

concepção das intervenções hídricas e os

Estudos ambientais.

Custos Inseridos no Sub-componente 2.4 – Estudos e Projetos UGPE e Consultoria

11 Critérios e Procedimentos de Avaliação Ambiental

para os Empreendimentos de 2º ao 3º ano

Custos inseridos no gerenciamento do Projeto UGPE e Consultoria

Os Programas que constituem o PGA são descritos a seguir:

3.1 - Gestão Sócio-Ambiental do Projeto

O gerenciamento do PROGERIRH Financiamento Adicional será feito por meio da Unidade de Gerenciamento de Projetos Especiais – UGPE da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, a qual será responsável pela administração do mesmo, sendo elo entre ao Governo do Estado, o Banco Mundial - BIRD e as organizações públicas ou privadas que participam da execução do Programa.

As atividades referentes à Gestão Sócio-ambiental do Projeto compreendem:

� Coordenação de Gestão Sócio-ambiental

� Supervisão Ambiental de Obras

� Planejamento Ambiental de Obras

A seguir são detalhadas as funções acima:

• Coordenação de Gestão Sócio-ambiental, a ser exercida pela Célula de Controle Sócio-ambiental da Coordenadoria de Infra-estrutura Hídrica da SRH que será responsável pela

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coordenação das ações sócio-ambientais do Programa devidamente articulados com as demais coordenações e com as unidades técnicas executoras.

À Núcleo de Controle Ambiental - NUCAM caberá desenvolver as ações ambientais e ao Núcleo de Reassentamento - NUREA as ações sociais e de reassentamento.

SRH

COORDENAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA

Célula de Controle Sócio-ambiental

Núcleo de Controle Ambiental – NUCAM Núcleo de Reassentamento - NUREA

• Supervisão Ambiental de Obras responsável pela fiscalização, acompanhamento e orientação das ações ambientais relativas ao Manual Ambiental de Construção – MAC e às medidas mitigadoras indicadas nas licenças ambientais e no presente PGA referentes às obras dos açudes, sistemas adutores e Eixo de Integração.

• Planejamento Ambiental de Obras. As ações de planejamento ambiental das obras são de responsabilidades das empresas construtoras que deverão seguir o Manual Ambiental de Construção; implementar as medidas mitigadoras constantes das licenças ambientais e do Edital de Contratação de obras.

A seguir apresentam-se as principais funções e competências por área de atuação acima citada.

Gestão Sócio-ambiental (Célula de Controle Sócio-Ambiental da SRH)

Será responsável pela coordenação das ações relativas a:

� Planos de Reassentamento Involuntário;

� Programa de Educação Ambiental;

� Programa de Medidas Mitigadoras

� Programa de Medidas Compensatórias

� Programa de Fortalecimento da Gestão Ambiental;

� Manual Ambiental de Construção;

A Célula de Controle Sócio-ambiental será responsável, também, por garantir o cumprimento dos requisitos ambientais previstos, notadamente:

- Nos contratos com as empresas construtoras;

- Nos estudos ambientais e de controle ambiental;

- Na legislação e nas normas nacionais, estaduais e municipais;

- Nas licenças de instalação – LIs;

- Nos regulamentos da entidade financiadora (Banco Mundial).

Além das responsabilidades gerais acima descritas, são atribuições específicas da Coordenação de Gestão Sócio-Ambiental:

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- Articular-se permanentemente com as demais coordenações setoriais considerando, em especial::

� programas constantes do Plano de Gestão ambiental – PGA:

� as questões do Planejamento Ambiental de Obras

- Articular-se com a SEMACE no que diz respeito aos processos de licenciamento ambiental dos componentes e sub-componentes do Programa;

- Garantir que as ações de comunicação social, relativas à convivência com as obras, estejam devidamente articuladas com o planejamento de obras,

- Acompanhar a execução do Manual Ambiental de Construção em conjunto com a Supervisão Ambiental de Obras;

- Decidir sobre ações e procedimentos de obras, de modo a evitar, minimizar, controlar ou mitigar impactos potenciais;

- Apresentar, periodicamente, à Coordenação da UGPE, avaliação sobre a eficiência dos programas ambientais e sobre os ajustes necessários;

- Aprovar, em conjunto com a coordenação da UGPE, as penalidades às empresas construtoras, no caso de não atendimento dos requisitos técnicos e ambientais, ou seja, na situação de configuração de não – conformidades significativas e não resolvidas no âmbito das reuniões quinzenais de planejamento de obras.

- Aprovar, em conjunto com a coordenação da UGPE, no caso de ações que tragam impactos ambientais significativos ou de continuidade sistemática de não-conformidades significativas, a paralisação das obras no trecho considerado de modo a possibilitar a adoção, a tempo, de medidas corretivas.

- Preparar e apresentar relatórios periódicos de supervisão ambiental à Coordenação da UGPE e ao Banco Mundial. Os relatórios de supervisão devem ser, no mínimo, bimestrais.

- Cuidar, também, dos questionamentos da sociedade civil, incluindo as Organizações Não-Governamentais – ONGs e outras partes interessadas nas obras e nos sub-programas ambientais do empreendimento.

Supervisão Ambiental de Obras

De acordo com o arranjo institucional proposto para o gerenciamento e execução do PROGERIRH Financiamento Adicional, a função de supervisão das obras poderá ser realizada por uma ou mais empresas supervisoras, contratadas pela UGPE/SRH ou pela SOHIDRA.

Para tanto, a Empresa gerenciadora deverá disponibilizar profissionais que serão responsáveis pelo acompanhamento do cumprimento dos requisitos técnicos e ambientais que constam do contrato de execução das obras. Esses profissionais serão responsáveis por verificar e atestar que todas as atividades relativas ao meio ambiente envolvidas na construção das obras estão sendo executadas dentro dos padrões de qualidade ambiental recomendados nas especificações de construção e montagem, nas licenças ambientais expedidas e no Manual Ambiental de Construção.

A supervisão ambiental deverá trabalhar em coordenação permanente com os demais integrantes da gestão ambiental do empreendimento, executando inspeções técnicas nas diferentes frentes de obra ou atividades correlatas em desenvolvimento.

À Supervisão Ambiental caberá:

� Acordar, aprovar e revisar o planejamento ambiental de obras, por meio de reuniões quinzenais com a coordenação ambiental do programa e os responsáveis ambientais de cada construtora / lote de obras;

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� Implementar inspeções ambientais, para verificar o grau de adequação das atividades executadas, em relação aos requisitos ambientais estabelecidos para as obras e sub-programas ambientais a elas ligados;

� Verificar o atendimento às exigências dos órgãos ambientais relativas ao processo de licenciamento do empreendimento e às recomendações das entidades financiadoras internacionais;

� Inspecionar, periodicamente, e sem aviso prévio, as distintas frentes de serviço no campo, para acompanhar a execução das obras e sua adequação ou não aos programas de gestão ambiental;

� Avaliar as atividades das equipes ambientais das empresas construtoras;

� Sugerir ações e procedimentos, de modo a evitar, minimizar, controlar ou mitigar impactos potenciais;

� Propor, no caso de não atendimento dos requisitos ambientais, ou seja, na situação de configuração de não – conformidades significativas e não resolvidas no âmbito das reuniões quinzenais de planejamento, penalidades contra a empresa construtora.

� Avaliar, no caso de ações que tragam impactos ambientais significativos ou de continuidade sistemática de não-conformidades significativas, a necessidade de paralisação das obras no trecho considerado de modo a possibilitar a adoção, a tempo, de medidas corretivas. Nesse caso, a supervisão deve preparar relatório sintético à coordenação de gestão sócio-ambiental, informando das questões envolvidas e da proposição de paralisação.

� Avaliar periodicamente a eficiência dos programas ambientais relacionados às intervenções físicas previstas e propor os ajustes necessários;

� Preparar e apresentar relatórios periódicos de supervisão ambiental ao empreendedor e às entidades financiadoras nacionais e internacionais. Os relatórios de supervisão devem ser, no mínimo, bimestrais.

Planejamento Ambiental das Obras

O edital de licitação das obras deverá estabelecer os requisitos ambientais mínimos a serem atendidos pelas empresas construtoras na fase de licitação das obras. Deve-se exigir das empresas proponentes;

� Equipe técnica ambiental própria ou de empresa sub-contratada acompanhada de declaração de que esta atuará sob total responsabilidade da empresa proponente. A equipe deverá ter experiência em gestão ambiental de obras.

� Orçamento onde constem explicitamente os preços unitários e globais propostos para as atividades ligadas às questões ambientais, assim como pela atuação da equipe ambiental na obra.

Os editais de licitação devem prever, também, exigência de aplicação e cumprimento do Manual Ambiental de Construção e cláusulas de penalização financeira para o não-cumprimento das atividades previstas.

O Planejamento Ambiental deve ser realizado logo ao início do contrato com a empresa construtora e atualizado permanentemente.

A empresa construtora deverá, 30 dias antes do início das obras, apresentar à supervisão ambiental um detalhamento do Manual Ambiental de Construção, com base: (i) no projeto executivo elaborado; (ii) nas diretrizes gerais constantes do Manual Ambiental de Construção; (iii) nos programas constantes nos estudos ambientais EIA/RIMA; (iv) nas medidas recomendadas pelo Programa de Identificação e Resgate do Patrimônio, histórico,

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arqueológico e paleontológico; (iv) nas medidas constantes das licenças de instalação – LI. Este detalhamento deverá conter:

• As medidas adotadas, ou a serem adotadas, para cumprimento das exigências e condicionantes de execução de obras constantes do EIA/RIMA, da Autorização do IPHAN e da Licença de Instalação – LI;

• A definição dos locais para implantação de canteiros, áreas de bota-foras e de áreas de empréstimo com as devidas licenças ambientais;

• A aquisição de substâncias minerais (pedras, areias e argilas) de mineradores que possuam áreas legalizadas quanto aos aspectos minerário e ambiental, e que desenvolvam planos de controle ambiental em seus empreendimentos, evitando adquirir materiais pétreos provenientes de lavras clandestinas.

• O planejamento ambiental das obras a serem executadas, prevendo-se: (i) um plano global para o lote contratado; e (ii) plano detalhado para o período de 3 meses.

Nesses planos deverão constar:

• Os métodos de construção propostos para cada tipo de intervenção;

• O planejamento de sua execução;

• Os principais aspectos ambientais a serem considerados e as principais medidas construtivas a serem adotadas

• As interferências previstas com redes de infra-estrutura e a articulação com as concessionárias de serviços públicos com vistas à sua compatibilização / solução;

• A articulação com os programas ambientais previstos no PGA;

• A articulação com as ações do Plano de Reassentamento Involuntário.

O início das obras só será autorizado pela Coordenação da UGPE, após parecer favorável da Supervisão Ambiental, do Plano Ambiental acima proposto.

O planejamento ambiental deve ser reavaliado quinzenalmente. A reunião quinzenal de planejamento ambiental deve ter como pauta, em geral:

• Apresentação, pela construtora, do planejamento da construção para o mês seguinte, de forma global;

• Apresentação, pela construtora, dos serviços a serem executados na quinzena seguinte, de forma detalhada;

• Discussão, entre o Responsável ambiental da Construtora, o Coordenador Ambiental da UGPE e os Responsáveis da supervisora, sobre os aspectos ambientais relevantes relacionados ao planejamento da construção, para o mês seguinte;

• Discussão dos aspectos ambientais relevantes relacionados aos serviços a serem executados na quinzena seguinte, de forma detalhada, com o estabelecimento de diretrizes e recomendações a serem seguidas pela construtora e que serão alvo de controle, no período, pela supervisora ambiental;

• Discussão das eventuais não-conformidades observadas na semana anterior, cobrança das medidas tomadas para saná-las e eventual determinação de outras a serem tomadas;

• Outros assuntos relacionados, tais como a situação do licenciamento e fiscalização pelo órgão ambiental, andamento de outros programas ambientais específicos, etc.

A realização dessa reunião quinzenal, que deve ser rápida e objetiva, possibilita não só planejar adequadamente os trabalhos de implantação das obras, como verificar o cumprimento

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desse planejamento, num horizonte de tempo que permita ao Gerenciamento Ambiental estar sempre à frente das atividades da construção, podendo, dessa forma, atuar preventivamente na conservação do meio ambiente.

Relatórios Ambientais durante a Construção

Durante a execução das obras, o acompanhamento dos aspectos ambientais deve ser realizado por meio de uma série de relatórios periódicos. Esses relatórios, de periodicidade mensal, devem contemplar, de um lado, as realizações quantitativas nos aspectos ambientais, permitindo a medição e o pagamento correspondente à empresa construtora. Por outro lado, devem apontar as medidas adotadas para cumprimento das demais exigências do licenciamento, possibilitando o acompanhamento por parte do empreendedor e do órgão licenciador.

Os relatórios para acompanhamento devem ter, sempre que possível, registros fotográficos da evolução da obra e das medidas e programas ambientais, servindo, posteriormente, aos demais programas constantes do PGA.

3.2 Plano de Fortalecimento da Gestão Ambiental

Apesar da evolução da estrutura organizacional da SRH durante o PROGERIRH com a criação do Núcleo de Controle Ambiental – NUCAM, constata-se um evidente descompasso entre as atribuições da NUCAM e seu quadro técnico disponível. Adicionalmente, a infra-estrutura de apoio técnico encontra-se superada e inadequada às atividades a serem cumpridas.

Nesse sentido, há a necessidade de fortalecimento da equipe técnica por meio da contratação de mais 3 técnicos de nível superior e de uma adequada infra-estrutura de equipamentos necessários ao exercício das suas funções.

Adicionalmente há a necessidade de implementação de programa de capacitação e treinamento específico para a área ambiental.

Assim, o Programa de Fortalecimento da Gestão Ambiental deverá contemplar:

� Inserção no concurso público a ser realizado pelo Governo do Estado de 3 profissionais de nível superior com conhecimento e experiência na área ambiental relacionada com saneamento e recursos hídricos. Estes profissionais deverão se integrar à equipe técnica da NUCAM;

� Aquisição de equipamentos a serem destinados à equipe técnica da NUCAM como: 6 micro-computadores atualizados com gravadores de CDs e DVDs, 2 impressoras a laser sendo uma com impressão a cores, 2 notebooks atualizados com leitores de CDs e DVDs, 6 pen-drives com 1 giga, 2 câmaras fotográficas digital com resolução de 6.0 ou superior, 02 GPS, etc.

� Concepção e implantação de Sistema de informações das ações ambientais envolvendo o acompanhamento e controle dos estudos, licenciamento ambiental, medidas mitigadoras e compensatórias, supervisão ambiental, etc.

� Capacitação e treinamento para a equipe da NUCAM em: (i) Gestão ambiental, (ii) Métodos de auxílio e suporte à decisão, (iii) Planejamento e gestão dos recursos hídricos, (iv) Economia ambiental e dos recursos naturais, (v) Direito ambiental e direito da água, (vi) Impactos ambientais de estruturas hidráulicas e (vii) gestão ambiental de obras.

Os custos previstos para estas ações estão inseridos no sub-componente 1.1 – Fortalecimento Institucional.

A SRH deverá assegurar que estas ações sejam efetivamente realizadas durante o primeiro ano de execução do Projeto com exceção da capacitação e treinamento que deverá ser realizada durantes os 3 anos de execução.

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3.3 Programa de Educação Ambiental e Gestão Participativa

Este programa visa a implementação de gestão participativa nos açudes previstos para abastecimento público e constantes do Financiamento Adicional (Gameleira, Umari, Jatobá, Jenipapeiro, Mamoeiro e Trairi) replicando a experiência realizada no Açude Aracoiaba com apoio do PROGERIRH.

O programa contempla 3 etapas de trabalho:

� Definição das estratégias de abordagem da comunidade em função das suas características sócio-econômicas e culturais;

� Sensibilização e mobilização da comunidade do entorno do açude e trecho de jusante, buscando o envolvimento comunitário no reconhecimento do significado sócio-ambiental do empreendimento, focando na melhoria da saúde pública e na garantia da qualidade ambiental do manancial;

� Conciliação das sugestões e estratégias comunitárias com as diretrizes técnicas e ambientais de manutenção e operação dos açudes incluindo a questão da faixa de proteção de 100 metros; manejo agro-florestal; recuperação de áreas degradadas, etc.

As ações deverão ser desenvolvidas pela SRH com envolvimento da COGERH, SEMACE e Comitê de Bacia e Associação de Usuários.

Estão previstos custos de US$ 175,000.00 para os 6 açudes a serem implantados. Estes custos estão inseridos no Componente 1 – sub-componente 1.5 – Organização de Usuários dos Açudes.

3.4 Programa de Identificação e Resgate do Patrimônio Cultural

O programa de identificação e resgate de patrimônio prevê 2 fases: (i) anterior às obras; e (ii) durante a execução das obras.

Fase Anterior às Obras

Antes do início das obras dos Açudes e dos sistemas de adução deverão ser realizados Projetos de Levantamento Sistemático dos Patrimônios Arqueológicos Pré-histórico, Histórico e Paleontológico da área diretamente afetada pela construção dos açudes e sistemas de adução.

Estes estudos deverão ser ter Autorização e/ou Permissão do IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e deverão ser realizados por arqueólogos reconhecidos pela instituição.

No caso dos levantamentos de patrimônio paleontológico será necessária, também, a Autorização do DNPM – Departamento Nacional de Pesquisas Minerais.

As atividades deverão incluir também:

� Programa de Sensibilização do público envolvido

� Destinação do material encontrado a Centros de Pesquisas

Recomenda-se a articulação com o Instituto Cearense de Ciências Naturais – ICCN e com o Núcleo de Estudos Etnográficos e Arqueológicos da Universidade Estadual do Ceará – UECE/NEEA.

Fase Posterior às Obras

Além desta pesquisa prévia à execução das obras, durante a fase de execução deverão ser adotados procedimentos de “salvamento ao acaso”, com vistas a assegurar o salvamento de descobertas ocasionais, ocultas às vezes em estratos muito profundos de um terreno, que só são encontrados em estágio muito avançado das obras de engenharia. Nesse sentido, o contrato de obras deve prever regras para salvamento ao acaso de patrimônio cultural.

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Assim, um conjunto de procedimentos se faz necessário para uma intervenção de emergência, seja no canteiro de obras, na área de obras, área de empréstimo, bota-fora, nas áreas de inundação do reservatório, etc.

Em todas as atividades do empreendimento, voltadas para a remoção ou re-mobilização de materiais naturais, como os desmatamentos, sondagens, terraplenagem, explotação das jazidas de empréstimo, entre outras, deverá haver o acompanhamento de um técnico da instituição contratada, por uma periodicidade a ser definida.

JUSTIFICATIVA: A descoberta de sítios arqueológicos e paleontológicos se dá muitas vezes pela presença de fragmentos de objetos de tamanhos variados, freqüentemente disformes, como artefatos de pedra lascada ou polida, estruturas biogênicas fossilizadas, ossos de vertebrados trabalhados, cerâmicas, louças, entre outros, que só são reconhecidos como material científico por um profissional devidamente treinado e experiente.

No caso de alguma descoberta ocasional, que não foi detectada na avaliação durante a fase de projetos e/ou resgate prévio, deverá haver a paralisação momentânea da obra até a vistoria preliminar da equipe científica, que estabelecerá os procedimentos a serem executados imediatamente. Em qualquer caso deverá ser garantido o tempo mínimo necessário para uma intervenção de emergência no local do achado.

JUSTIFICATIVA: os procedimentos arqueológicos e paleontológicos são, por natureza, muito minuciosos, devido a grande quantidade de informações que se precisa obter para uma interpretação segura do achado. Os trabalhos de engenharia em um empreendimento precisam e devem ser realizados em sintonia com essa necessidade. Esse fato deverá ser previsto nos contratos com as empreiteiras, que deverão ter direito a prorrogações de seus prazos para o cumprimento da obra em um caso desses.

Os custos estimados da 1ª Fase do Programa remontam a cerca de US$ 50,000.00 (cinqüenta mil dólares por açude) totalizando US$ 300,000.00 (trezentos mil dólares) e estão inseridos no Componente 2 – Infra-estrutura Hídrica, sub-componente 2.1 – Rede de Açudes Prioritários e sub-componente 2.2 – Sistema adutores de abastecimento de água.

3.5 Programa de Medidas Mitigadoras

Referem-se à implementação das medidas mitigadoras constantes dos EIA/RIMAS e respectivas Licenças Prévia e de Instalação.

De forma geral, compreendem:

a) Desmatamento Racional

Execução do desmatamento da área a ser inundada pelo açude de forma mista, pelos proprietários e pela empresa construtora, permitindo inicialmente aos proprietários a execução do desmate inicial nas suas áreas desapropriadas gerando renda e aproveitamento do material lenhoso. Em trechos executados pela empresa construtora a lenha deve ser destinada aos atingidos para comercialização ou utilização própria.

b) Manejo da Fauna da Área da Bacia Hidráulica.

O manejo da fauna existente deve ser realizado em conjunto com o desmatamento racional e com a inundação da área, de forma a permitir a oportunidade de fuga através dos corredores de escape da fauna, a serem implantados.

c) Recuperação de Áreas de Empréstimo, Bota-foras e Canteiro de Obras

Devem ser executadas pela empresa construtora de acordo com plano de recuperação a constar do Relatório de Planejamento Ambiental da Obra (ver item 3.1 Sistema de Gestão Sócio-ambiental do Projeto – sub-item Planejamento Ambiental das Obras – página 40 do presente relatório)

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d) Limpeza da Bacia hidráulica - Relocação da Infra-Estrutura de Uso Publico/Privado Existente

A Limpeza da Bacia hidráulica deve ser executada conjuntamente com o Desmatamento Racional no âmbito do contrato com a empresa construtora. Os materiais existentes na bacia hidráulica (arame, cercas, telhas, madeiramento, etc.)devem ser transportados para aproveitamento dos moradores/proprietários nas suas áreas remanescentes.

e) Implantação da faixa de 100 metros de proteção do reservatório.

A faixa de 100 metros deve ser delimitada em campo com a colocação de marcos topográficos e com a implantação de cerca de arame farpado em toda a sua extensão.

3.6 Programa de Medidas Compensatórias

Compreende a utilização de US$ 467,450.00 referente a 0,5% das obras dos açudes e sistemas adutores (0,005 x US$ 93,490,000.00) de acordo com a Lei do SNUC que estabelece este percentual mínimo como compensação ambiental para serem aplicados em Unidades de Conservação

De acordo com entendimentos mantidos com a SEMACE, o valor da compensação ambiental deverá ser utilizado em programas de fortalecimento da Área de Proteção Ambiental – APA do rio Cocó a serem elaborados e executados no âmbito de convênio entre a SRH e a SEMACE.

3.7 Manual Ambiental de Construção

Para assegurar que as obras não venham a trazer degradação ambiental, deverá ser adotado o Manual Ambiental de Construção como um guia de práticas ambientais adequadas a serem obedecidas pelas empresas contratadas para a execução das obras de consttrução dos açudes e dos sistemas adutores.

Esse documento – Manual Ambiental de Construção – deverá ser incorporado aos processos de licitação para que as empresas tenham prévio conhecimento de suas condições e deverá ser uma exigência contratual. Sua implantação é de responsabilidade da UGPE e das empresas construtoras.

O manual a ser utilizado deve se constituir no manual constante dos seguintes documentos elaborados no âmbito do PROÁGUA e publicados pelo Ministério da Integração:

� Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Sistemas de Captação, Tratamento e Adução de Água;

� Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios

3.8 Monitoramento da Qualidade das Águas

Este programa se encontra inserido no Componente 1, sub-componente 1.7 Gestão da Qualidade da Água.

3.9 Reassentamento de Famílias

Os Planos de Reassentamento Involuntário foram elaborados durante os projetos executivos dos açudes (2001 a 2003), no âmbito do PROGERIRH. Os planos estão sendo revistos e atualizados.

De acordo com a Missão de Preparação do Financiamento Adicional acordou-se a preparação da seguinte documentação:

� Atualização dos Planos de Reassentamento dos Empreendimentos de 1º Ano – Açudes Gameleira e Umari

Estes planos foram atualizados e constam de documentação à parte.

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� Marco Conceitual da Política de Reassentamento Involuntário para os açudes Trairi, mamoeiro, Jenipapeiro e Jatobá.

O Marco foi elaborado de acordo com a política de salvaguarda do Banco Mundial (OP 4.12) e encontra- se em documentação á parte do presente relatório.

3.10 Manual de procedimentos para a articulação e integração entre a concepção das intervenções hídricas (viabilidade, projeto básico e projeto executivo) e os estudos ambientais necessários ao licenciamento ambiental.

Este Manual foi previsto no âmbito do Relatório de Avaliação Ambiental Regional do PROGERIRH mas não foi elaborado. Considerando, no entanto, a importância do tema, prevê-se a sua elaboração durante o 1º Ano de execução do Financiamento Adicional.

Os recursos constam do Componente 2 – Infra-estrutura Hídrica; Sub-componente 2.4 - Estudos e Projetos.

3.11 Critérios e Procedimentos para Análise Ambiental dos Empreendimentos previstos para 2º ao 3º ano.

Os projetos executivos e os estudos ambientais para o licenciamento (EIA/RIMA) dos Açudes e Sistemas Adutores foram elaborados durante a execução do PROGERIRH nos anos de 2001 a 2003.

Nesse sentido, além da obtenção das respectivas licenças de Instalação – LI, deverá ser elaborada uma AIA – Avaliação de Impacto Ambiental contemplando os requisitos e critérios estabelecidos em:

� Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Sistemas de Captação, Tratamento e Adução de Água, elaborado pelo PROÁGUA e publicado pelo Ministério da Integração;

� Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios elaborado pelo PROÁGUA e publicado pelo Ministério da Integração;

� Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial.

As AIAs elaboradas deverão ser encaminhadas para análise e aprovação do BIRD antes da licitação das Obras.

Modelo de AIA a ser elaborado consta da Parte C do presente relatório e se referem aos açudes e sistemas adutores de Gameleira e Umari.

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C. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS OBRAS SELECIONADAS DE 1º ANO – GAMELEIRA E UMARI

Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca

Relatório de Avaliação Ambiental

(Fevereiro 2008)

APRESENTAÇÃO

O empreendimento composto pela barragem Gameleira e a adutora de Itapipoca foi proposto pelo Estado do Ceará para receber apoio financeiro do PROGERIRH II – Financiamento Adicional. Em função da documentação técnica apresentada, que indicava o cumprimento dos critérios de elegibilidade do Projeto, esse empreendimento foi pré-selecionado como uma das obras passíveis de financiamento no primeiro ano.

Visando confirmar as informações recebidas e cumprir os procedimentos previstos nos documentos do Projeto que orientam a indicação de obras prioritárias para financiamento, o empreendimento foi submetido a uma avaliação ambiental.

A avaliação baseou-se na análise de documentos elaborados pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, em reuniões técnicas com a equipe do estado proponente e em visita de campo.

O presente documento consolida o Relatório de Avaliação Ambiental da Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca (CE), elaborado de acordo com os procedimentos adotados no PROGERIRH.

Para facilidade de leitura, apresenta-se inicialmente a Ficha-Resumo Ambiental, contendo as principais informações requeridas para entendimento do empreendimento proposto e das principais questões ambientais envolvidas. Em seguida, apresenta-se uma discussão mais detalhada a respeito dos principais aspectos ambientais que merecem atenção específica, em função das peculiaridades do empreendimento e da região onde está prevista sua implantação.

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PROGERIRH - Financiamento Adicional

FICHA AMBIENTAL

Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca

Principais componentes do projeto proposto

Estado: Ceará

Obra: Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca.

Situação atual da população a ser beneficiada: A população da sede municipal de Itapipoca e da localidade de Barrento utiliza, na sua maior parte, água de pequenos açudes e poços, sem garantia de qualidade ou quantidade de água.

Características do empreendimento proposto: Barragem em maciço de terra homogênea no rio Mundaú (divisa entre os municípios de Itapipoca e Trairi), com altura máxima de 16,5 m e extensão de 1.721 m. Destina-se a usos múltiplos, sendo o principal deles o abastecimento público da sede municipal de Itapipoca e da localidade de Barrento, no mesmo município. Outros usos previstos: perenização de trecho do rio, consumo humano da população ribeirinha, dessedentação animal e desenvolvimento da pesca. Também integram o empreendimento uma captação flutuante, Estação de Tratamento de Água em Barrento e uma adutora de água bruta, que se divide em dois trechos, um de 22,0 km e 500 mm, para Itapipoca; outro de 7,0 km e 100 mm, para Barrento, derivado do primeiro.

População a ser atendida: habitantes da sede municipal de Itapipoca e da localidade de Barrento.

Indicadores Ambientais Específicos

Altura da barragem (máxima) 16,50 metros.

Volume total do reservatório 52,64 hm3.

Deflúvio médio anual afluente do rio barrado 89,93 hm3.

Tempo médio de detenção do reservatório 7 meses.

Vida útil do reservatório 50 anos.

Vazão regularizada com 90% de garantia 0,649 m3/s.

Interferências com outros usos consuntivos ou não consuntivos da água

Existe lançamento de esgotos brutos das cidades de Uruburetama e Tururu, a montante do reservatório.

Tendência à eutrofização Existe o risco, considerando o lançamento de cargas orgânicas a montante.

Tendência à salinização Não há risco, considerando os tipos de solos presentes na área de drenagem e o tempo médio de detenção inferior a 1 ano.

Área superficial do reservatório 1.147,8 ha.

Unidades de conservação ambiental vizinhas ou afetadas *

Não há.

Áreas de interesse ambiental vizinhas ou afetadas **

Não há.

Patrimônio histórico, cultural ou arqueológico vizinho ou afetado

Há necessidade de fazer investigação, antes do início e durante execução das obras.

Áreas ou populações indígenas vizinhas ou afetadas

Não há.

Necessidade de reassentamento 163 famílias.em 78 propriedades

Necessidade de desapropriação Cerca de 1.772 ha., incluindo a faixa de proteção para o futuro reservatório.

Projetos associados: abastecimento, irrigação, A barragem permitirá o desenvolvimento de

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piscicultura, outros. outros projetos, pois apenas pequena parte da vazão regularizada estará comprometida com o abastecimento público.

Perda de infra-estrutura existente Não é significativa.

Doenças de veiculação hídrica ou endemias presentes na região (indicar fonte pesquisada)

Perdas de meios de sobrevivência estoques pesqueiros, terras para agropecuária, depósitos de argila

Pequena parte (10%) das terras inundadas são solos aluvionais aptos para agricultura.

*unidades de conservação definidas conforme Lei 9.985 / 2000. **áreas de preservação permanente definidas na Lei 4.771 / 65, Medida Provisória 2.166-67 / 2001 e Resolução CONAMA no 303/2002; áreas com cobertura vegetal natural preservada; áreas de ocorrência de mata atlântica; áreas de proteção de mananciais destinados ao abastecimento público; jardim botânico; horto florestal; áreas previstas por lei estadual ou municipal para destinações específicas de proteção ambiental (incluir as leis de criação das áreas de proteção).

Atendimento às Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial

OP 4.01 – Avaliação Ambiental

Foi elaborado pela Secretaria dos Recursos Hídricos - SRH o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA referente à construção da barragem Gameleira. O estudo foi realizado tendo por base o Termo de Referencia elaborado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE (órgão estadual licenciador) incluindo também as diretrizes operacionais do Banco Mundial. O Estudo Ambiental foi encaminhado para análise e parecer técnico da SEMACE e, comprovada a viabilidade ambiental do empreendimento, foi aprovado no Conselho Estadual de Meio Ambiente - COEMA.

A SRH, por meio de seu Núcleo de Controle Ambiental – NUCAM, promoveu Audiência Pública para apresentação e discussão do EIA/RIMA com a população afetada (beneficiada e/ou impactada) pela barragem.

A expectativa das comunidades locais é muito boa, principalmente pela solução de abastecimento d’água da sede municipal, bem como a garantia de oferta d’água para outros usos, como a dessedentação animal, irrigação difusa, aqüicultura, recreação e lazer.

Adicionalmente foi realizada a presente Avaliação Ambiental com análise do EIA/RIMA e inspeção de campo.

OP 4.04 Habitats Naturais

Durante a elaboração dos estudos ambientais para o licenciamento da obra (EIA/RIMA) foi efetuado um diagnóstico do ambiente natural na área de intervenção direta e indireta. Os resultados desse diagnóstico mostraram que não haverá alteração em áreas de habitas naturais preservados, principalmente devido ao fato de que os locais afetados pela execução das obras já foram bastante alteradas pelas atividades antrópicas.

Na implantação do Açude será prevista a implantação da Faixa de Proteção de 100 metros no Entorno do reservatório de acordo com a legislação brasileira. Esta faixa deverá ser cercada e programa de revegetação ser implantado.

OP 4.10 - Povos Indígenas

Nos municípios de Itapipoca e Trairi, onde se situam as possíveis intervenções diretas ou impactos indiretos das obras da barragem Gameleira e da adutora de Itapipoca, não existem terras indígenas nem a presença de grupos reivindicando reconhecimento como remanescentes indígenas.

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OP 4.11 - Recursos Físico-Culturais

No município de Itapipoca existem ocorrências arqueológicas e paleontológicas identificadas por pesquisadores. Por isso, e porque em escavações próximas a cursos d’água daquela região sempre existe a possibilidade de serem encontrados materiais ou evidências de interesse histórico, arqueológico ou paleontológico, serão adotadas medidas recomendadas nas Diretrizes Ambientais do PROGERIRH (Programa de Avaliação e Salvamento do Patrimônio Arqueológico). Para esse fim, deverão ser engajados no acompanhamento das escavações profissionais das áreas de arqueologia e paleontologia, devidamente habilitados, os quais deverão contar com a autorização do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (materiais históricos e arqueológicos) e do DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral (paleontológicos).

OP 4.12 - Reassentamento Involuntário

Durante a fase de construção de açude, a SRH implantará com a comunidade afetada/beneficiada o Comitê de Apoio ao Reassentamento e Proteção Ambiental – CARPA, colegiado que conta com a participação de representantes de proprietários, moradores, poder público Estadual e Municipal, Igreja, ONG’s, Ministério Público, no sentido de acompanhar e colaborar na solução dos problemas na fase de construção da obra. Uma das questões principais a serem tratadas e acompanhadas é o reassentamento involuntário das 163 famílias afetadas para construção das obras e formação do reservatório e de sua área de proteção. Para orientar esse processo, a SRH elaborou um Plano de Reassentamento, com a participação das famílias afetadas, que resultou na definição das ações a serem desencadeadas. Em decorrência do tempo já transcorrido desde sua conclusão (maio de 2003), na preparação do Financiamento Adicional, o cadastro e o Plano de Reassentamento foram atualizados e constam de Documento específico.

OP 4.37 - Segurança de Barragens

O projeto da barragem Gameleira teve o acompanhamento e orientação do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, em cumprimento a essa salvaguarda do Banco Mundial, e foi aprovado na 45º Reunião do Painel, em julho de 2003.

Cumprimento da Legislação Ambiental

Situação do Licenciamento Ambiental: O projeto já recebeu Licença de Instalação – LI emitida pela SEMACE – Superintendência Estadual de Meio Ambiente, em janeiro/2008.

Situação da Outorga: A emissão da outorga será feita pela SRH/CE, também a proponente da obra, portanto não haverá dificuldade para sua obtenção.

Fontes de informação:

• Relatório Geral dos Estudos Básicos da Barragem Gameleira (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), fevereiro de 2002;

• Barragem Gameleira - Levantamento Cadastral e Plano de Reassentamento (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), maio de 2003;

• Barragem Gameleira - Estudo dos Impactos Ambientais (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), maio de 2003;

• Relatório Geral do Projeto Executivo da Barragem Gameleira (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), abril de 2002;

• PROGERIRH – Relatório de Avaliação Ambiental Regional (SRH/CE, 1999);

• Vistoria de campo realizada em fevereiro de 2008.

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Parecer Conclusivo

A barragem Gameleira e a adutora de Itapipoca, associada à barragem, atendem os critérios de elegibilidade do PROGERIRH, no que concerne às questões ambientais, e poderá ser considerado elegível para o primeiro ano do Financiamento Adicional, desde que sejam atendidas as seguintes condições:

• Priorizar a inserção das sedes municipais de Uruburetama e Tururu em programas do governo estadual ou federal para viabilizar a implantação de sistema de esgotamento sanitário, de modo a minimizar o risco de eutrofização das águas do reservatório.

• Adotar, como referência obrigatória na licitação das obras, o Manual Ambiental de Construção constante do Documento “Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios”, publicadas pelo Ministério da Integração e Banco Mundial.

• Implementar os programas ambientais definidos no Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Gameleira, em cronograma compatível com a implantação das obras.

• Implementar os programas ambientais definidos na Parte B deste Documento - Relatório de Avaliação Ambiental do Financiamento Adicional especialmente:

� Programa de Educação Ambiental e Gestão Participativa

� Programa de identificação e Resgate de Patrimônio Histórico, Arqueológico e Paleontológico

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1. Situação Atual da Área a ser Atendida

O Açude Público Gameleira será implantado em um boqueirão do rio Mundaú, divisa dos municípios de Itapipoca e Trairi, nas proximidades da localidade de Gameleira, distando aproximadamente 16,0 km a Leste da sede do município de Itapipoca.

O principal objetivo do Açude Público Gameleira é atender a demanda por água potável do sistema de abastecimento da sede do Município de Itapipoca e do povoado de Barrento. Secundariamente, o Açude Público Gameleira também irá propiciar irrigação, controle do fluxo hídrico do rio Mundaú e pesca.

A população da sede do município de Itapipoca é abastecida a partir de dois açudes, que não têm disponibilidade quantitativa suficiente e nem garantia de qualidade, pois recebem efluentes poluidores da própria cidade. O distrito de Barrento utiliza poços como mananciais, também sem garantia de quantidade ou qualidade.

As figuras 1, 2 e 3 mostram a localização da barragem Gameleira e da adutora de Itapipoca, para atendimento de Itapipoca e Barrento.

2. Descrição do Empreendimento Proposto

O empreendimento é composto por uma barragem e um sistema de abastecimento de água associado. As principais características da barragem Gameleira estão apresentadas a seguir.

IDENTIFICAÇÃO

Denominação Barragem Gameleira

Municípios Itapipoca e Trairi

Curso d’Água Barrado Rio Mundaú

Área da Bacia Hidrográfica 519,77 km²

Precipitação Média Anual 1.150,50 mm

RESERVATÓRIO

Área da Bacia Hidráulica 1.147,8 ha.

Volume Acumulado 52,64 hm3

Volume Afluente Médio Anual 89,93 hm³

Vazão Regularizada (90%) 0,649 m³/s

Nível de Água Max. Normal 37,00 m

Nível de Água Max. Maximorum (TR=1.000 anos): 39,80 m

BARRAGEM PRINCIPAL

Tipo Terra Homogênea

Altura Máxima 16,50 m

Largura do Coroamento 6,0 m

Extensão pelo Coroamento 1.721 m

Cota do Coroamento 41,0 m

SANGRADOURO

Tipo Perfil Creager

Largura 120,0 m

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Cota de Sangria 37,0 m

Vazão Afl. Máx. Prevista (Tr = 1.000 anos) 893,0 m3/s

Lâmina Máx. Prevista (TR=1.000 anos) 1,80 m

Borda Livre 2,02 m

A adutora de Itapipoca/Barrento tem como objetivo garantir o abastecimento de água da sede municipal de Itapipoca, bem como do povoado de Barrento, no mesmo município, tendo como fonte hídrica o reservatório da barragem Gameleira.

A captação deverá ser feita diretamente do lago formado pela futura barragem Gameleira, junto à ombreira esquerda. A partir da captação, o caminhamento da adutora de água bruta em 500 mm. acompanhará por cerca de 4,5 km uma estrada carroçável que se desenvolve no sentido oeste, até chegar à faixa de domínio da rodovia estadual CE-168. A partir desse ponto, a adutora se bifurca em duas linhas, sendo que ambas seguem pela faixa de domínio da rodovia, uma em direção a Itapipoca (em 500 mm., no sentido sudoeste) e outra até o povoado de Barrento (em 100 mm., no sentido nordeste). Na cidade de Itapipoca, a adutora entrega a água na ETA existente. Na localidade de Barrento, adutora termina em um ponto alto na entrada do povoado, onde será implantada uma estação de tratamento de água (Figura 3).

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Figura 1 - Localização e Acesso

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Figura 2 – Localização das obras e trajeto da adutora

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Figura 3

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3. Análise Ambiental do Sistema Proposto

3.1 Aspectos do ambiente afetado

• Solos presentes na região

Na bacia de drenagem do futuro reservatório, observa-se o predomínio de solos Podzólicos Vermelho-Amarelo Eutróficos e a associação de solos composta por Podzólicos Vermelho-Amarelo Eutróficos e Solos Litólicos. Também aparecem a associação formada por Solos Litólicos e Afloramentos de Rochas; Solos Aluviais; e associação Latossolos Vermelho-Amarelos mais Areias Quartzosas.

A maior parte da área da bacia hidráulica do açude é recoberta por uma camada superficial de solo proveniente da decomposição das litologias locais, cobertura esta que possui uma espessura média de 1,60 metro. Dentre os tipos pedológicos encontrados na referida bacia hidráulica, predominam as associações de solos Litólicos com os Podzólicos Vermelho-amarelos, afloramentos de rocha e solos aluviais. A pouca profundidade, a pedregosidade excessiva, o relevo acidentado e a alta susceptibilidade à erosão caracterizam as associações pedológicas da bacia, tendo ainda como característica marcante a baixa fertilidade natural. Sob esse aspecto, os que apresentam fertilidade mais elevada são os Podzólicos Vermelho-Amarelos Distróficos que circundam a área da bacia ao norte. Os solos Aluviais também apresentam uma certa potencialidade agrícola nas regiões da várzea.

• Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal da região é representada predominantemente pela caatinga arbustiva, vegetação subperenifólia e caducifólia de tabuleiros, mata de várzea e campos antrópicos. Na área da bacia hidráulica foram identificadas as seguintes tipologias vegetais: vegetação subperenifólia e caducifólia de tabuleiros e mata de várzea. Na área da bacia hidráulica, a mata ciliar apresenta-se bastante fragmentada, predominando áreas antropizadas.

Quanto à faixa onde será implantada a adutora, trata-se de área sem cobertura vegetal nativa, acompanhando o traçado de rodovias existentes.

3.2 Fontes de Poluição Hídrica Existentes e Potenciais

• Poluição por Esgoto Urbano

Existem dois núcleos urbanos na bacia de contribuição da barragem Gameleira. O maior desses núcleos é a sede municipal de Uruburetama, posicionado a cerca de 36,0 km da área da bacia hidráulica, que abrigava uma população urbana de 11.170 pessoas no ano 2000, segundo dados do Censo Demográfico do IBGE. O outro é a sede municipal de Tururu, que dista, aproximadamente, 27,0 km da bacia hidráulica do futuro reservatório e tinha uma população urbana de 5.278 habitantes, em 2000.

• Poluição Industrial

Na bacia de contribuição da barragem Gameleira, a ocorrência de indústrias com potencial poluidor dos recursos hídricos é praticamente nula. De acordo com os dados da FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará, publicados para o ano 2000, os municípios de Itapipoca e Trairi não contam com indústrias com potencial poluidor dos recursos hídricos nos seus territórios.

Ressalte-se, no entanto, que a exemplo do que ocorre em diversos locais do território cearense, o ramo Matadouros também deve encontrar-se presente no referido município, uma vez que a quase totalidade dos estabelecimentos desse tipo de indústria funcionam, geralmente, de forma clandestina, sem registro nos órgãos competentes, sem condições mínimas de cuidados com o meio ambiente.

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• Poluição por Agrotóxicos

Não foi constatada a presença de perímetros públicos de irrigação na bacia de contribuição da barragem Gameleira, nem a utilização intensiva de fertilizantes ou defensivos químicos. Além disso, a irrigação difusa é uma prática pouco disseminada na região, devido à escassez de recursos hídricos e ao baixo potencial agrícola dos solos. Assim sendo, pode-se afirmar que os riscos de poluição das águas represadas na barragem Gameleira por agrotóxicos são atualmente praticamente nulos.

3.3 Risco de Eutrofização das Águas do Futuro Reservatório

O planejamento das obras prevê que a bacia hidráulica será totalmente desmatada, buscando propiciar boas condições de qualidade à água armazenada. Essa medida contribuirá bastante para diminuir o risco de eutrofização rápida das águas do futuro reservatório.

A eutrofização artificial em reservatórios ocorre, em geral, ou pelo afogamento de vegetação e outros depósitos de matéria orgânica (fossas, lixo, etc.) existentes na bacia hidráulica, ou pelo aporte contínuo de nutrientes derivados dos esgotos domésticos e das atividades agropecuárias e industriais na bacia de drenagem. Os cuidados para evitar esse processo indesejável devem ser tomados na fase anterior ao enchimento e durante a fase de operação.

Na bacia hidrográfica do reservatório Gameleira não existem atividades econômicas expressivas e, na região a montante do açude, o que se observa é a agropecuária incipiente.

Os núcleos urbanos presentes na área de drenagem do reservatório são as sedes municipais de Uruburetama e Tururu, cuja população urbana presente totalizava 16.448 pessoas em 2000.

• Tendência à Eutrofização

A eutrofização de um açude é um fenômeno bastante complexo, mas que pode ser entendido como sendo o enriquecimento excessivo de suas águas com nutrientes levados para o açude pelas águas dos rios e das enxurradas. Esses nutrientes fertilizam a água, favorecendo o crescimento de algas microscópicas, que, por efeito da cadeia trófica, favorecem o crescimento de outros organismos.

Além dos fenômenos naturais que influenciam as condições da água de um reservatório, as atividades antrópicas desenvolvidas nas áreas que drenam para o manancial podem influenciar fortemente o comportamento da qualidade de suas águas.

A biomassa vegetal presente na área do futuro reservatório não é de grande significância, em termos quantitativos. Além disso, toda a área a ser inundada será desmatada, cumprindo dispositivo legal. Assim, o afogamento parcial dessa vegetação, não é, para o caso em foco, motivo de grande preocupação com relação à eutrofização.

Por outro lado, o potencial de utilização dos solos para agricultura na bacia de drenagem é relativamente expressivo, uma vez que cerca de 40% dessa área é constituída por solos que podem oferecer atrativo econômico para sua exploração.

Também não existem, e nem estão previstas, atividades industriais de porte significativo na bacia de drenagem do reservatório sob análise. O eventual risco de eutrofização, portanto, estará mais associado ao lançamento de cargas orgânicas originadas dos efluentes domésticos da população presente nos núcleos urbanos da bacia. Essa população, totalizando 16.448 habitantes no ano 2000, atingiria 29.793 pessoas no ano 2030, admitindo-se um crescimento populacional médio da ordem de 2% ao ano.

Para avaliação do risco de eutrofização, considerando a concentração do nutriente Fósforo máxima admissível, optou-se, no presente estudo, por considerar como critério as faixas de concentração de Fósforo total apresentadas por Von Sperling (1996), que permitiriam estabelecer as classes de trofia, conforme reproduzido no Quadro 1, a seguir. Ressalte-se que

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a superposição entre as faixas é decorrente do grau de dificuldade e incerteza em estabelecer com precisão seus limites, já que outros fatores são intervenientes no processo.

Deve-se ter em mente que, para reservatórios destinados ao abastecimento público após tratamento convencional de suas águas, o desejável é que suas características permitam classificá-lo como oligotrófico, sendo tolerável, porém, até os mesotróficos.

Quadro 1 - Faixas aproximadas de Fósforo total e correspondentes graus de trofia

Classe de Trofia Concentração de Fósforo Total no reservatório (mg/m3)

Ultraoligotrófico <5

Oligotrófico <10 até 20

Mesotrófico 10 a 50

Eutrófico 25 a 100

Hipereutrófico > 100

Fonte: “Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos”, Von Sperling, 1996

• Avaliação do Risco de Eutrofização do Reservatório da Barragem de Gameleira

Para o caso da presente avaliação, optou-se pela utilização de um modelo estatístico simplificado (Modelo CEPIS). Para este estudo, com o grau de informações disponíveis, o uso de simulações de modelos matemáticos mais elaborados não se justificaria. Por outro lado, o modelo CEPIS tem sido utilizado em diversos estudos no Brasil e em toda América Latina, com resultados satisfatórios.

Um modelo empírico foi desenvolvido pelo CEPIS – Centro Panamericano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente, levando-se em conta dados obtidos em 39 lagos tropicais da América Latina e da região do Caribe, dentre os quais alguns reservatórios no Brasil. Os resultados desse trabalho acham-se apresentados em ”CEPIS – Memória del 4to Encuentro del Proyecto Regional Desarrollo de Metodologías Simplificadas para la Evaluación de Eutroficación en Lagos Cálidos Tropicales, (1991).

A equação do modelo do CEPIS é a seguinte:

Pt = 0,290 x L(P)0,891 x Tw0,676 x Z-0,934

onde:

Pt = concentração média anual de Fósforo Total (em mg/l);

L(P) = carga de Fósforo ao reservatório por unidade de área do espelho d'água (em g/m2.ano);

Tw = tempo médio de detenção de água no reservatório (em anos);

Z = profundidade média do reservatório (em m).

A tendência à eutrofização foi avaliada considerando a situação de ocupação da bacia para um horizonte futuro, com a crescente ocupação urbana.

Foi considerado que haveria crescimento da área ocupada pela agropecuária, até atingir 40% da bacia de contribuição, correspondendo aproximadamente à ocupação de todos os solos aptos – os solos Aluviais e os Podzólicos -, uma vez que as características dos demais solos – Litólicos e Areias Quartzosas - não estimulariam uma intensificação de uso. As informações

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sobre uso da terra na bacia foram obtidas a partir de informações dos estudos ambientais da barragem.

Os parâmetros de contribuição de Fósforo considerados inicialmente são os que constam do Quadro 2, adaptados para a situação local. São parâmetros obtidos a partir de dados reais, medidos em estudos efetuados e em estações de tratamento de esgotos do Distrito Federal.

Quadro 2 – Contribuições unitárias de Fósforo consideradas no estudo

Fonte Valor Unidade

Drenagem de áreas naturais 12,0 Kg/km2 . ano

Drenagem de áreas agrícolas 21,0 Kg/km2 . ano

Drenagem de áreas urbanas 22,0 Kg/km2 . ano

Esgotos Domésticos 0,65 Kg/hab . ano

Fonte: Seminário Internacional sobre Eutrofização e Abastecimento de Água – Brasília; e CAESB – Relatórios Operacionais das ETE’s Sul e Norte

Os parâmetros de contribuição difusa para áreas naturais do quadro acima refletem algumas particularidades da região do Distrito Federal, onde os solos apresentam fertilidade natural bem superior aos da região da barragem de Gameleira e existe uma freqüente aplicação de fertilizantes químicos, não só para manutenção dos extensos gramados e jardins de Brasília, mas também para implantação de áreas florestadas. Dessa forma, a contribuição de Fósforo através da drenagem deve estar sendo superestimada, quando se aplica à região do açude sob análise.

Por outro lado, as populações que residem nas áreas urbanas dos municípios de Itapipoca e Tururu não contam com rede de esgotamento sanitário, predominando o uso de fossas. Esse fato, embora não se constitua em solução adequada para a maior parte dos casos, reduz a possibilidade do aporte de Fósforo proveniente de efluentes domésticos aos cursos d’água. Aliada a essa prática, a condição de intermitência dos cursos d’água também dificulta o arraste de nutrientes para o reservatório.

Em função dessas considerações, foi feita uma simulação considerando a ocorrência da situação mais favorável, ou seja, com uma contribuição de nutrientes reduzida em função das possíveis características naturais dos solos e da retenção do Fósforo contido nos esgotos domésticos.

Os resultados dessas simulações estão resumidos no Quadro 3, a seguir. Observe-se que os valores indicam uma probabilidade do reservatório de Gameleira ficar hipereutrófico, caso as contribuições de esgoto das sedes de Uruburetama e Tururu atinjam suas águas, sem tratamento, e as terras liberem fósforo disponível. Caso não haja aporte de material orgânico urbano, o açude poderia ser caracterizado como mesotrófico, o que seria desejável em vista de sua destinação mais nobre. Isso indica uma evidente necessidade de se tomarem medidas para controle do aporte de nutrientes às suas águas, particularmente o tratamento dos esgotos urbanos.

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Quadro 3 Reservatório da Barragem Gameleira - Avaliação do Risco de Eutrofização

Cálculo das cargas de fósforo afluentes ao reservatório Ano 2030

Extensão População Contribuição Unidade Contribuição Tipo de ocupação (km2) (hab.) Unitária Total

(kg / ano) Cobertura natural 311,86 - 1,20 (kg / km2.ano) 374 (agropecuária extensiva) Áreas agricultadas 201,14 - 21,00 (kg / km2.ano) 4.224 Áreas urbanas 6,77 - 22,00 (kg / km2.ano) 149 População - 29.793 0,65 (kg / hab. ano) 19.366 Total da bacia 519,77 29.793 24.113 Carga afluente L (kgP/ano) 24.113 Volume do reservatório V (hm3) 52,64 Vazão média Q (m3/s) 2,85 Tempo de detenção T (anos) 0,59 Coef. Sedimentação Ks (1/ano) 2,61

Concentração esper. P (mgP/m3) 105,97 Obs. Sem contribuição forte da cobertura natural e com contribuição de esgotos brutos Cálculo das cargas de fósforo afluentes ao reservatório - Cenário Otimista Ano 2030 Extensão População Contribuição Unidade Contribuição Tipo de ocupação (km2) (hab.) Unitária Total (kg / ano) Cobertura natural 311,86 - 1,200 (kg / km2.ano) 374

(agropecuária extensiva) Áreas agricultadas 201,14 - 21,000 (kg / km2.ano) 4.224

Áreas urbanas 6,77 - 22,000 (kg / km2.ano) 149 População - 29.793 0,0000 (kg / hab. ano) 0 Total da bacia 519,77 29.793 4.747 Carga afluente L (kgP/ano) 4.747 Volume do reservatório V (hm3) 52,64 Vazão média Q (m3/s) 2,85 Tempo de detenção T (anos) 0,59 Coef. Sedimentação Ks (1/ano) 2,61

Concentração esper. P (mgP/m3) 20,86 Obs. Sem contribuição forte da cobertura natural, sem contribuição de esgotos.

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3.4 Riscos de Salinização das Águas Represadas

As condições climáticas da região Nordeste, caracterizadas pelas altas taxas de evaporação, aliadas à localização de açudes em áreas onde possam predominar solos com elevados teores de sódio nas suas bacias de contribuição, tornam relativamente elevados os riscos de salinização das águas que serão represadas. Entretanto, esse risco depende também das condições de renovação da água do açude, que podem ser representadas pelo tempo médio de detenção da água no reservatório.

O açude recebe os sais juntamente com as águas que o alimentam, quase que exclusivamente por meio dos escoamentos superficiais e subterrâneo, já que as águas de chuva contêm poucos sais. Já a saída de água do açude ocorre sob duas formas bem distintas:

• por evaporação, e nesse caso a água não leva os sais consigo;

• por saída direta, decorrente da sangria por sobre o vertedouro, da liberação pelos dispositivos hidráulicos, por infiltrações no leito e nas margens, ou por retiradas diretas para quaisquer usos (irrigação, abastecimento). Nesses casos, a água que sai carrega consigo uma concentração de sais igual à do açude.

As perdas por evaporação são responsáveis pela concentração progressiva e contínua dos sais no açude. Por outro lado, quanto maiores as saídas diretas de água, mais atenuado será este fenômeno, mas sem implicar maior diluição dos sais. Somente a ocorrência de uma cheia, com a renovação parcial ou total da água estocada, reverte temporariamente o processo de acumulação de sais.

Ao mesmo tempo em que ocorre a concentração, há saídas de sais através da sangria, das infiltrações e dos volumes retirados ou liberados para jusante, fazendo com que a massa de sal presente no açude não seja constante.

No período seco, não havendo aporte de águas, pouca utilização e apenas perdas por evaporação, a concentração no açude aumenta. Supondo que não há fluxos subterrâneos nem precipitação de sais, pode-se calcular a importância do aumento da concentração em função das características do açude. Quanto mais raso for o açude, em relação a um mesmo volume, maior será a proporção da água levada pela evaporação e, por conseqüência, a concentração dos sais.

A sangria do açude, ou uma liberação proposital, é o fenômeno indispensável para “lavar” o açude e diluir os sais concentrados.

A freqüência e a eficiência das cheias na diluição do volume acumulado dependem do tamanho do açude, em relação ao volume médio de água escoado anualmente naquela seção da bacia hidrográfica, ou seja, do seu dimensionamento: enquanto um pequeno açude tem suas águas totalmente renovadas a cada período de cheias (até mesmo várias vezes por ano), um açude superdimensionado vai sangrar raramente, apenas nos anos de cheias excepcionais, e por isso apresentará uma tendência relativamente maior à salinização, sob as mesmas condições de características das águas afluentes.

No caso específico do reservatório da barragem Gameleira, observa-se, na sua bacia de contribuição, a presença de solos Podzólicos, Litólicos, Areias Quartzosas, Aluviais Latossolos e afloramento de rochas, nenhum deles com propensão à liberação de sais, o que afasta o rico de salinização das águas do reservatório.

3.5 Patrimônio Histórico, Cultural, Arqueológico e Paleontológico

Os sítios arqueológicos são testemunhos da passagem do homem pré-histórico pelo território e são encontrados principalmente em cavernas, abrigos sob rocha, dunas, terraços fluviais, leitos de rios e tanques naturais.

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No Estado do Ceará, sítios arqueológicos são encontrados em praticamente todos os municípios, podendo ocorrer associados aos sítios paleontológicos quaternários. Os artefatos podem tanto aflorar na superfície como ser encontrados soterrados por sedimentos.

No Estado do Ceará, sítios paleontológicos são também comuns, ocorrendo praticamente em todos os municípios cearenses. Esses depósitos se caracterizam por possuírem, principalmente, restos de paleovertebrados, sobretudo da megafauna pleistocênica extinta, representados por ossos e dentes fossilizados que impressionam pelas grandes dimensões. A sua existência é determinada principalmente por controle geomorfológico, como áreas cársticas, campos de “inselbergs”, depressões, vales, depósitos de tálus, terraços fluviais e marinhos.

De uma maneira geral, qualquer área escolhida para a implantação de uma barragem pode ser considerada de alto potencial arqueológico e até paleontológico. A experiência tem revelado que áreas até 500 metros de cada margem, além do limite das planícies de inundação das drenagens mais importantes (rios), têm revelado alta incidência de artefatos pré-históricos. Isso ocorre porque essas foram áreas preferenciais para ocupação das populações pré-européias, devido à boa oferta de água, alimentos e matéria-prima para a fabricação de instrumentos líticos (seixos rolados, etc.), além da proteção contra enchentes.

Já os fósseis são muito comuns nas planícies de inundação, terraços fluviais e calhas dos referidos rios. São freqüentemente encontradas ossadas fossilizadas de grandes animais extintos há cerca de 10 mil anos (megafauna quaternária).

As figuras 3 e 4, extraídas do Relatório Ambiental Regional do PROGERIRH, mostram um panorama com as principais áreas arqueológicas e paleontológicas do Ceará. Os sítios paleontológicos conhecidos ocorrem em áreas que variam entre 10 e 50 km de distância das sedes dos municípios citados no mapa.

Pode-se observar nessas figuras que no município de Itapipoca há registro de ocorrências paleontológicas e de sítios arqueológicos, o que exige que sejam tomados cuidados adequados antes e durante as obras. Embora essas ocorrências conhecidas estejam associadas aos terrenos montanhosos da serra, distantes do local previsto para a barragem, será necessário realizar um reconhecimento preliminar do sítio onde serão implantadas as obras, e, se for o caso de evidências positivas, desenvolver pesquisas mais aprofundadas.

Deve ser feita, por profissionais especializados (Arqueólogo, Paleontólogo), uma visita exploratória à região onde serão executadas as obras – incluindo canteiros, estradas de acesso, jazidas etc. – visando, inicialmente, definir e avaliar de forma preliminar os impactos prováveis do empreendimento sobre os vestígios arqueológicos e paleontológicos da região.

Com base nessa visita, se for considerado conveniente, deve ser formulado um programa para os levantamentos a serem desenvolvidos durante as fases posteriores, incluindo a de execução das obras.

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Fig 4

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Fig 5

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Mesmo com todos os estudos preliminares na área de influência de uma obra, sempre é possível a descoberta ao acaso de uma nova ocorrência pré-histórica, principalmente nas atividades que envolvem grande movimentação de terra, como escavações profundas ou terraplanagem. Nesses casos, o procedimento necessário é uma paralisação momentânea das atividades naquele local, até a chegada dos profissionais especializados para o resgate do material, dentro dos critérios científicos.

As instituições a serem envolvidas nesses levantamentos, desde a visita preliminar, são a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Estadual do Ceará.

Antes de se dar início à execução de qualquer pesquisa ou levantamento, deverá ser consultado o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico, Natural e Arqueológico, quanto aos aspectos que envolvem a área de atuação desse instituto, e o DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral, no que diz respeito às questões paleontológicas.

3.6 Outras possíveis interferências importantes

• Reassentamento involuntário

A implantação da barragem e a formação do reservatório Gameleira provocarão a necessidade de reassentamento de 77 (setenta e sete) famílias e a desapropriação de aproximadamente 1.992 (um mil, novecentos e noventa e dois) ha., incluindo a área correspondente à faixa de proteção (faixa de 100 metros em torno do reservatório, que constituirá APP – Área de Preservação Permanente, conforme legislação). A questão do reassentamento está sendo tratada em documento específico.

• Áreas protegidas

O açude não afetará áreas de interesse ambiental e nem unidades de conservação legalmente constituídas. Segundo informações obtidas junto à SEMACE – Superintendência Estadual do Meio Ambiente e à FUNAI – Fundação Nacional do Índio, a região do estudo não conta com áreas de unidades de conservação, nem tampouco com áreas indígenas. Portanto, não são esperadas interferências ou pressões antrópicas decorrentes da implantação e operação do empreendimento ora em análise sobre esse tipo de área.

• Geração de efluentes poluidores

O fornecimento de uma vazão regularizada para o suprimento da demanda dos núcleos urbanos provocará um aumento na geração e no lançamento de efluentes sanitários "in natura", a céu aberto, ou a sua canalização para os cursos d'água. No entanto, essa situação negativa pode ser contornada com a implementação de um sistema de esgotamento sanitário na cidade de Itapipoca e na localidade de Barrento.

• Interferência com outros usos da água

Quanto à possibilidade de interferência hidrológica com outros reservatórios, a barragem Gameleira irá localizar-se em uma bacia onde não existem grandes reservatórios, nem a montante nem a jusante, não apresentando, portanto, esse tipo de problema.

• Segurança da barragem

A barragem Gameleira teve seu projeto desenvolvido com constante acompanhamento do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, constituído no Estado do Ceará por solicitação do Banco Mundial, para assessorar a SRH no acompanhamento de obras hídricas de maior complexidade. Na 45º Reunião do Painel, em julho de 2003, o projeto da barragem Gameleira foi considerado aprovado, em condições de ser liberado para construção, com o cumprimento de pequenas complementações.

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3.7 Licenciamento Ambiental

A barragem Gameleira obteve a Licença de Instalação nº 28/2008, emitida pela SEMACE – Superintendência Estadual do Meio Ambiente em 17 de janeiro de 2008.

A outorga de direito de uso das águas da barragem só poderá ser solicitada após a conclusão das obras. Para ser executada a barragem, é preciso obter a Licença para Obras Hídricas, já solicitada. Como o empreendedor é a SRH/CE, o mesmo órgão que concede a outorga e a licença para obras hídricas, é certo que tanto a licença quanto a outorga serão concedidas.

3.8 Medidas recomendadas

� Priorizar a inserção das sedes municipais de Itapipoca e Tururu em programas do governo estadual ou federal para viabilizar a implantação de sistema de esgotamento sanitário, de modo a minimizar o risco de eutrofização das águas do reservatório.

� Adotar, como referência obrigatória na licitação das obras, as “Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios”.

� Implementar os programas ambientais definidos no Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Gameleira.

� Implementar os programas ambientais definidos na Parte B deste Documento - Relatório de Avaliação Ambiental do Financiamento Adicional especialmente:

� Programa de Educação Ambiental e Gestão Participativa

� Programa de identificação e Resgate de Patrimônio Histórico, Arqueológico e Paleontológico

3.9 Parecer Conclusivo

O empreendimento composto pela barragem Gameleira e a adutora de Itapipoca atende os critérios de elegibilidade do PROGERIRH, no que concerne às questões ambientais, e pode ser considerado elegível para o primeiro ano do Financiamento Adicional, desde que sejam atendidas as recomendações citadas no item anterior.

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Barragem Umari e Adutora de Madalena

Relatório de Avaliação Ambiental

(fevereiro 2008)

APRESENTAÇÃO

O empreendimento composto pela barragem Umari e a adutora de Madalena foi proposto pelo Estado do Ceará para receber apoio financeiro do PROGERIRH II – Financiamento Adicional. Em função da documentação técnica apresentada, que indicava o cumprimento dos critérios de elegibilidade do Projeto, esse empreendimento foi pré-selecionado como uma das obras passíveis de financiamento no primeiro ano.

Visando confirmar as informações recebidas e cumprir os procedimentos previstos nos documentos do Projeto que orientam a indicação de obras prioritárias para financiamento, o empreendimento foi submetido a uma avaliação ambiental.

A avaliação baseou-se na análise de documentos elaborados pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, em reuniões técnicas com a equipe do estado proponente e em visita de campo.

O presente documento consolida o Relatório de Avaliação Ambiental da Barragem Umari (CE), elaborado de acordo com os procedimentos adotados no PROGERIRH.

Para facilidade de leitura, apresenta-se inicialmente a Ficha-Resumo Ambiental, contendo as principais informações requeridas para entendimento do empreendimento proposto e das principais questões ambientais envolvidas. Em seguida, apresenta-se uma discussão mais detalhada a respeito dos principais aspectos ambientais que merecem atenção específica, em função das peculiaridades do empreendimento e da região onde está prevista sua implantação.

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FICHA AMBIENTAL

Barragem Umari e Adutora de Madalena

Principais componentes do projeto proposto

Estado: Ceará

Obra: Barragem Umari e Adutora de Madalena.

Situação atual da população a ser beneficiada: A população da sede municipal de Madalena (4.488 habitantes) e dos distritos Lagoa do Mato (2.821 habitantes) e Macaoca (971 habitantes) utiliza, na sua maior parte, água de pequenos açudes e poços, sem garantia de qualidade ou quantidade de água.

Características do empreendimento proposto: Barragem em maciço de terra homogênea no riacho Barrigas (município de Madalena, 7 km a montante da sede municipal), com altura máxima de 21,8 m e extensão de 600 m. Uma barragem auxiliar em terra complementa o barramento. Destina-se a usos múltiplos, sendo o principal deles o abastecimento público da sede municipal de Madalena e dos distritos de Lagoa do Mato e Macaoca (ambos no município de Itatira). Outros usos previstos: perenização de trecho do riacho, consumo humano da população ribeirinha, dessedentação animal e desenvolvimento da pesca. Também integram o empreendimento uma captação flutuante para 34,4 l/s, Estação de Tratamento de Água e duas adutoras de água tratada, uma de 6 km e 150 mm, para Madalena; outra de 37 km e 150 mm, para Lagoa do Mato e Macaoca.

População a ser atendida: 15.240 pessoas (2033), habitantes da sede municipal de Madalena e dos distritos.

Indicadores Ambientais Específicos

Altura da barragem (máxima) 21,80 metros.

Volume total do reservatório 35,04 hm3.

Deflúvio médio anual afluente do rio barrado 43,55 hm3.

Tempo médio de detenção do reservatório 9,5 meses.

Vida útil do reservatório 50 anos, segundo o RTP.

Vazão regularizada com 90% de garantia 0,390 m3/s.

Interferências com outros usos consuntivos ou não consuntivos da água

Existe lançamento de esgotos brutos da cidade de Itatira e dos povoados Lagoa do Mato, Cachoeira, Bandeira e Morro Branco, a montante do reservatório.

Tendência à eutrofização Existe o risco, considerando o tempo de detenção e o lançamento de cargas orgânicas a montante.

Tendência à salinização Pequeno risco, considerando os tipos de solos presentes na bacia hidráulica e na área de drenagem e o tempo médio de detenção inferior a 1 ano.

Área superficial do reservatório 738,28 ha.

Unidades de conservação ambiental vizinhas ou afetadas *

Não há.

Áreas de interesse ambiental vizinhas ou afetadas **

Não há.

Patrimônio histórico, cultural ou arqueológico vizinho ou afetado

Há necessidade de fazer investigação, antes do início e durante execução das obras.

Áreas ou populações indígenas vizinhas ou afetadas

Não há.

Necessidade de reassentamento 140 famílias.

Necessidade de desapropriação Cerca de 2.040 ha., incluindo a faixa de proteção

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para o futuro reservatório.

Projetos associados: abastecimento, irrigação, piscicultura, outros.

A barragem permitirá o desenvolvimento de outros projetos, pois apenas 10% da vazão regularizada estarão comprometidos com o abastecimento público.

Perda de infra-estrutura existente Haverá necessidade de relocação de um cemitério público na localidade de Salgadinho. Serão relocados trechos de estradas vicinais e de rede elétrica de baixa tensão, três escolas de 1º grau e um posto de saúde.

Doenças de veiculação hídrica ou endemias presentes na região (indicar fonte pesquisada)

Casos de hepatite viral e diarréias.

Perdas de meios de sobrevivência estoques pesqueiros, terras para agropecuária, depósitos de argila

Pequena parte (10%) das terras inundadas são solos aluvionais aptos para agricultura.

*unidades de conservação definidas conforme Lei 9.985 / 2000. **áreas de preservação permanente definidas na Lei 4.771 / 65, Medida Provisória 2.166-67 / 2001 e Resolução CONAMA no 303/2002; áreas com cobertura vegetal natural preservada; áreas de ocorrência de mata atlântica; áreas de proteção de mananciais destinados ao abastecimento público; jardim botânico; horto florestal; áreas previstas por lei estadual ou municipal para destinações específicas de proteção ambiental (incluir as leis de criação das áreas de proteção).

Atendimento às Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial

OP 4.01 – Avaliação Ambiental

Foi elaborado pela Secretaria dos Recursos Hídricos - SRH o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA referente à construção da barragem Umari. O EIA/RIMA foi realizado tendo por base o Termo de Referência elaborado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE (órgão estadual licenciador) incluindo também as diretrizes operacionais do Banco Mundial.

O EIA/RIMA foi encaminhado para análise e parecer técnico da SEMACE e, comprovada a viabilidade ambiental do empreendimento, foi aprovado no Conselho Estadual de Meio Ambiente - COEMA.

A SRH, por meio de seu Núcleo de Controle Ambiental – NUCAM, promoveu Audiência Pública para apresentação e discussão do EIA/RIMA com a população afetada (beneficiada e/ou impactada) pela barragem. A expectativa das comunidades locais é muito boa, principalmente pela solução de abastecimento d’água da sede municipal, bem como a garantia de oferta d’água para outros usos, como a dessedentação animal, irrigação difusa, aqüicultura, recreação e lazer.

Entre as medidas mitigadoras identificadas, serão implementados os planos: Plano de Desmatamento Racional da Bacia Hidráulica, Plano de Proteção da Fauna, Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Áreas de Empréstimos, Bota-foras e Canteiros de Obras), Plano de Limpeza e Relocação da Infra-Estrutura Existente na Bacia Hidráulica, Plano de Reassentamento da População, Plano de Educação Ambiental, Plano de Peixamento do Reservatório, Plano de Identificação e Resgate do Patrimônio Arqueológico e Paleontológico, Plano de Administração da Área de Preservação Permanente - APP, Faixa de Proteção do Reservatório, Planos de Monitoramento das Águas.

Adicionalmente foi realizada a presente Avaliação Ambiental com análise do EIA/RIMA e inspeção de campo.

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OP 4.04 Habitats Naturais

Durante a elaboração dos estudos ambientais para o licenciamento da obra foi efetuado um diagnóstico do ambiente natural na área de intervenção direta e indireta. Os resultados desse diagnóstico mostraram que não haverá alteração em áreas de habitas naturais preservados, principalmente devido ao fato de que os locais afetados pela execução das obras já foram bastante alteradas pelas atividades antrópicas.

Na implantação do Açude está prevista a implantação da Faixa de Proteção de 100 metros no Entorno do reservatório de acordo com a legislação brasileira. Esta faixa deverá ser cercada e programa de revegetação ser implantado.

OP 4.10 - Povos Indígenas

Nos municípios de Madalena e Itatira, onde se situam as possíveis intervenções diretas ou impactos indiretos das obras da barragem Umari e da adutora de Madalena, não existem terras indígenas nem a presença de grupos reivindicando reconhecimento como remanescentes indígenas.

OP 4.11 - Recursos Físico-Culturais

O EIA/RIMA efetuado incluiu pesquisas de campo e consulta aos órgãos oficiais encarregados da preservação do patrimônio natural, artístico e cultural. Os municípios de Madalena e Itatira, onde se situam as possíveis intervenções diretas ou impactos indiretos das obras da barragem Umari e da adutora, não contam com bens culturais tombados ou listados para tombo pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ou pela Secretaria Estadual de Cultura. Também não há registro de evidências paleontológicas nesses municípios.

Porém, no município de Madalena e em municípios vizinhos existem ocorrências arqueológicas identificadas por pesquisadores. Por isso, e porque em escavações próximas a cursos d’água daquela região sempre existe a possibilidade de serem encontrados materiais ou evidências de interesse histórico, arqueológico ou paleontológico, serão adotadas medidas recomendadas nas Diretrizes Ambientais do PROGERIRH (Programa de Avaliação e Salvamento do Patrimônio Arqueológico). Para esse fim, deverão ser engajados no acompanhamento das escavações profissionais das áreas de arqueologia e paleontologia, devidamente habilitados, os quais deverão contar com a autorização do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (materiais históricos e arqueológicos) e do DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral (paleontológicos).

OP 4.12 - Reassentamento Involuntário

Durante a fase de construção do açude, a SRH implantará com a comunidade afetada/beneficiada o Comitê de Apoio ao Reassentamento e Proteção Ambiental – CARPA, colegiado que conta com a participação de representantes de proprietários, moradores, poder público Estadual e Municipal, Igreja, ONG’s, Ministério Público, no sentido de acompanhar e colaborar na solução dos problemas na fase de construção da obra. Uma das questões principais a serem tratadas e acompanhadas é o reassentamento involuntário das 140 famílias desalojadas para construção das obras e formação do reservatório e de sua área de proteção. Para orientar esse processo, a SRH elaborou um Plano de Reassentamento, com a participação das famílias afetadas, que resultou na definição das ações a serem desencadeadas.

Em decorrência do tempo já transcorrido desde sua conclusão (abril de 2004), na preparação do Financiamento Adicional, o cadastro e o Plano de Reassentamento foram atualizados e constam de Documento específico.

OP 4.37 - Segurança de Barragens

O projeto da barragem Umari foi concebido como parte integrante do Programa de Gerenciamento e Integração dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará – PROGERIRH,

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como parte do Acordo de Empréstimo com o Banco Mundial. Cumprindo recomendações do Banco, a Secretaria de Recursos Hídricos - SRH/CE já havia constituído o “Painel de Inspeção e Segurança de Barragens”, composto por três técnicos de elevado nível de conhecimento em barragens, para atuar em um programa anterior, o PROURB. A atuação do Painel foi marcante no PROURB, e o mesmo Comitê de especialistas foi mantido para acompanhamento dos estudos e das obras de barragens do PROGERIRH e do PROAGUA.

O projeto da barragem Umari teve o acompanhamento e orientação do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, em cumprimento a essa salvaguarda do Banco Mundial, e foi aprovado na 40º Reunião do Painel, em agosto de 2002.

Cumprimento da Legislação Ambiental

Situação do Licenciamento Ambiental: O projeto já recebeu Licença Prévia – LP, emitida pela SEMACE – Superintendência Estadual de Meio Ambiente, e espera receber a Licença de Instalação no início de março/2008.

Situação da Outorga: A emissão da outorga será feita pela SRH/CE, também a proponente da obra, portanto não haverá dificuldade para sua obtenção.

Fontes de informação:

• Relatório Geral dos Estudos Básicos da Barragem Umari (Consórcio Montgomery Watson – ENGESOFT), dezembro de 2002;

• Plano de Reassentamento da População Afetada pela Implantação da Barragem Umari (Consórcio Montgomery Watson – ENGESOFT), abril de 2004;

• Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do Projeto da Barragem Umari (Consórcio Montgomery Watson – ENGESOFT), abril de 2004;

• Relatório Geral do Projeto Executivo da Barragem Umari (Consórcio Montgomery Watson – ENGESOFT), dezembro de 2002;

• Viabilidade Econômica e Financeira da Barragem Umari / Adutora de Madalena (Consórcio Montgomery Watson – ENGESOFT), dezembro de 2005;

• PROGERIRH – Relatório de Avaliação Ambiental Regional (SRH/CE, 1999);

• Vistoria de campo realizada em fevereiro de 2008.

Parecer Conclusivo

A barragem Umari e a adutora de Madalena, associada à barragem, atendem os critérios de elegibilidade do PROGERIRH, no que concerne às questões ambientais, e poderá ser considerado elegível para o primeiro ano do Financiamento Adicional, desde que sejam atendidas as seguintes condições:

• Promover a remoção, a limpeza e higienização adequada da área do cemitério existente na localidade de Salgadinho.

• Promover a limpeza da infra-estrutura existente na bacia hidráulica, com cuidados específicos particularmente no que se refere ao Posto de Saúde José Carlos Maciel, com esterilização e aterramento de sua fossa séptica.

• Implantar monitoramento das águas afluentes e armazenadas do reservatório, de modo a definir regras operativas que promovam a renovação eficaz das águas e atenuem o risco de salinização.

• Priorizar a inserção das principais áreas urbanas do município de Itatira, compreendendo a sede municipal e as localidades de Lagoa do Mato e Cachoeira, em

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programas do governo estadual ou federal para viabilizar a implantação de sistema de esgotamento sanitário, de modo a minimizar o risco de eutrofização das águas do reservatório.

• Adotar, como referência obrigatória na licitação das obras, as “Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios”, publicadas pelo Ministério da Integração e Banco Mundial.

• Implementar os programas ambientais definidos no Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Umari, citados na Ficha Ambiental, em cronograma compatível com a implantação das obras.

• Implementar os programas ambientais definidos na Parte B deste Documento - Relatório de Avaliação Ambiental do Financiamento Adicional especialmente:

� Programa de Educação Ambiental e Gestão Participativa

� Programa de identificação e Resgate de Patrimônio Histórico, Arqueológico e Paleontológico

Será necessário dispor da Licença Ambiental de Instalação e da Licença para Implantação de Obra Hídrica antes que o empreendimento possa receber qualquer liberação de recursos financeiros, mas os procedimentos formais iniciados e a presente avaliação indicam a viabilidade ambiental da obra.

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1. Situação Atual da Área a ser Atendida

A barragem Umari será implantada no leito do riacho Barrigas, ficando sua bacia hidráulica integralmente contida no território do município de Madalena, no Estado do Ceará. A barragem fechará o boqueirão existente na região denominada Salgadinho, 7,0 km a montante da sede do município de Madalena.

A barragem Umari e seu reservatório servirão para múltiplos usos, dentre os quais citam-se o abastecimento de água à cidade de Madalena e dos povoados de Lagoa do Mato e São José da Macaoca; a perenização do vale do riacho Barrigas a jusante do barramento e o desenvolvimento da pesca no lago a ser formado. De forma complementar, destacam-se o abastecimento da população ribeirinha de jusante, a dessedentação animal e a irrigação difusa, bem como o desenvolvimento da recreação e lazer no reservatório, como fontes de benefícios adicionais para a região.

As figuras 1 e 2, apresentadas a seguir, mostram a localização da barragem Umari e da adutora de Madalena (para atendimento de Madalena, Lagoa do Mato e Macaoca).

2. Descrição do Empreendimento Proposto

O empreendimento é composto por uma barragem e um sistema de abastecimento de água associado. As principais características da barragem Umari estão apresentadas a seguir.

IDENTIFICAÇÃO

Denominação Barragem Umari

Município Madalena

Curso d’Água Barrado Riacho Barrigas

Área da Bacia Hidrográfica 975,0 km²

Precipitação Média Anual 858,5 mm

RESERVATÓRIO

Área da Bacia Hidráulica 738,28 ha.

Volume Acumulado 35,04 hm3

Volume Afluente Médio Anual 43,55 hm³

Vazão Regularizada (90%) 0,390 m³/s

Nível de Água Max. Normal 310,00 m

Nível de Água Max. Maximorum (TR=1.000 anos): 313,61 m

BARRAGEM PRINCIPAL

Tipo Terra Homogênea

Altura Máxima 21,82 m

Largura do Coroamento 6,0 m

Extensão pelo Coroamento 598,8 m

Cota do Coroamento 315,5 m

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SANGRADOURO

Tipo Canal Escavado em Rocha

Largura 60,0 m

Cota de Sangria 310,0 m

Vazão Máx. Prevista (Tr = 1.000 anos) 932 m3/s

Lâmina Máx. Prevista (TR=1.000 anos) 3,61 m

Borda Livre 2,38 m

O Sistema Adutor de Madalena/Macaoca/Lagoa do Mato tem como objetivo garantir o abastecimento de água da sede municipal de Madalena, bem como dos povoados de São José de Macaoca e Lagoa do Mato, no município de Itatira, pelos próximos 30 anos, tendo como fonte hídrica o reservatório da barragem Umari.

No dimensionamento do projeto da adutora foi considerada uma população beneficiada de 15.241 habitantes, tendo como horizonte o ano de 2033. A captação deverá ser feita diretamente do lago formado pela futura barragem Umari. Para tanto será construído um canal de aproximação na margem esquerda onde será instalado um flutuante. A cota mínima considerada para dimensionamento da captação foi a cota de volume morto (304,0m), enquanto que a cota máxima foi a de 313,61 (cota da cheia de projeto).

A estação de tratamento de água ficará ao lado da ombreira esquerda da barragem. A partir da ETA, o caminhamento das duas adutoras – uma para Madalena e outra para Macaoca e Lagoa do Mato - acompanhará por cerca de 1,5 km uma estrada carroçável que se desenvolve tangenciando a área da bacia hidráulica da futura barragem, até chegar à faixa de domínio da rodovia federal BR-020. A partir desse ponto, as duas linhas seguem pela faixa de domínio da BR-020, uma em direção a Madalena (sentido sudoeste) e outra até o povoado de São José da Macaoca (sentido nordeste). Nesse povoado, um pequeno ramal deriva a vazão destinada ao abastecimento desse núcleo urbano, enquanto que a adutora segue para a esquerda, ao longo da estrada de acesso ao distrito de Lagoa do Mato (Figura 2).

O sistema de captação será composto por dois conjuntos moto-bombas submersíveis de eixo vertical (1+1 reserva), instalados sobre plataforma flutuante, com potência das bombas de 40 CV. A vazão total de captação será de 34,43 l/s ou 123,95 m3/h.

A estação de tratamento a ser implantada adotará a tecnologia de Flotação por Ar Dissolvido seguida da Filtração Direta descendente, sendo composta por duas unidades compactas em plástico reforçado com fibra de vidro, com diâmetro de 3.500mm. A ETA constará de uma câmara de amortecimento com misturador hidráulico interno; módulos de pré-tratamento e tratamento, dotados com floculadores mecanizados e flotofiltros; sistema de saturação/pressurização; sistema de descarte do lodo flotado; sistema de lavagem dos flotofiltros; sistema de recuperação de água de lavagem e sistema de automação.

Depois de tratada a água será armazenada num reservatório em concreto armado com duas câmaras e um poço de sucção comum às três unidades de bombeamento (bombeamento para lavagem de filtros, bombeamento para Madalena e bombeamento para Lagoa do Mato/Macaoca). O reservatório terá capacidade de acumulação de 1.050 m³.

A partir do reservatório da ETA a água será aduzida através de duas adutoras de água tratada, sendo uma para Madalena, com extensão de 5.680 m e diâmetro de 150 mm e a outra para Lagoa do Mato com extensão de 37.040 m e diâmetro de 150 mm, até os reservatórios projetados nesses núcleos urbanos. A localidade de São José da Macaoca será abastecida por

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intermédio de uma derivação da adutora de Lagoa do Mato. O referido ramal com extensão de 467m apresenta diâmetro da tubulação de 50mm.

A estação elevatória de água tratada é composta por bombeamentos independentes para Lagoa do Mato/Macaoca e Madalena, bem como para lavagem dos filtros. Cada bombeamento será dotado com dois conjuntos motobombas (1+1 reserva). As bombas da elevatória de Lagoa do Mato/Macaoca terão as seguintes características: vazão de 13,95 l/s, altura manométrica de 213,71m e potência de 75 Cv. As bombas da elevatória de Madalena, por sua vez, terão as seguintes características: vazão de 20,48 l/s, altura manométrica de 56,64m e potência de 30 Cv.

Complementando o sistema de reservação, será construído um reservatório elevado em cada núcleo urbano, cujas capacidades de acumulação serão de 100,0m3 para o de Madalena, 50,0m3 para o de Lagoa do Mato e 75,0m3 para o de São José da Macaoca, garantindo assim a reservação necessária para o final de plano.

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Figura 1 - Localização e Acesso

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Figura 2 – Localização das obras e trajeto da adutora

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3. Análise Ambiental do Sistema Proposto

3.1 Aspectos do ambiente afetado

• Solos presentes na região

Na área da bacia de drenagem do futuro reservatório, observa-se o predomínio da associação de solos composta por Bruno Não Cálcicos, Litólicos e Planossolos Solódicos, que respondem por cerca de 55,0% da área da bacia hidrográfica. Em segundo lugar aparece a associação formada por solos Litólicos Eutróficos, Bruno Não Cálcicos e Planossolos Solódicos, ocupando cerca de 25,0%, seguido pela ocorrência dos solos Podzólicos Vermelho-Amarelo Eutróficos, com cerca de 15,0% e pela associação de Litólicos e Podzólicos Vermelho-Amarelo Eutróficos, com 5,0%.

Na área de inundação, os solos de maior expressão são os Bruno Não Cálcicos em associação com Litólicos Eutróficos e Planossolos Solódicos. Numa escala relativamente reduzida aparecem os solos Aluviais associados à planície fluvial do riacho Barrigas e tributários. Em termos de potencial agrícola, cerca de 90,0% dos solos que serão submersos são impróprios para o uso com irrigação, estando os solos com potencial para desenvolvimento hidroagrícola restrito apenas aos Aluviões.

A ocupação dos solos foi caracterizada na área coberta pela pesquisa cadastral realizada, compreendendo a região da bacia hidráulica e mais uma área de entorno - 103 imóveis rurais, abrangendo uma área total de 8.575,0 ha, no ano agrícola de 2002. Da análise dos resultados dessa pesquisa, as seguintes observações podem ser ressaltadas:

� A superfície total cultivada na área da pesquisa é de 1.247,22ha, representando apenas 14,5% da área total pesquisada, demonstrando as dificuldades da área em termos de aproveitamento agrícola;

� O nível tecnológico da agricultura praticada na área pesquisada é baixo, sendo o uso de defensivos agrícolas adotado por apenas 22,3% das propriedades.

� A irrigação é praticada em 20,4% das propriedades pesquisadas, sendo o método mais utilizado a aspersão convencional, aparecendo em menor escala o uso do gotejamento e da inundação. Em relação a equipamentos agrícolas, apenas cinco propriedades (4,9% do total) possuem trator, enquanto que o cultivador movido à tração animal pode ser encontrado em 71,8% dos imóveis.

• Cobertura Vegetal

Na área da bacia hidráulica, a mata ciliar apresenta-se bastante fragmentada, predominando áreas antropizadas, sendo observada a substituição da vegetação nativa por campos de macegas e capoeiras de caatinga de porte arbustivo, cultivos agrícolas de subsistência e capineiras, principalmente, ao longo dos riachos Barrigas, Umari e Treme. Nessa área observa-se o predomínio da caatinga de porte arbustivo denso (cerca de 80,0% da área), a qual apresenta maiores níveis de degradação ao longo da planície fluvial do riacho Barrigas e de seus tributários. Observa-se ao longo desses cursos d’água e em alguns trechos de terras altas a substituição da caatinga por cultivos de subsistência (milho e feijão) e capineiras (capim elefante e sorgo). Constata-se, ainda, a presença de áreas degradadas pelo extrativismo da lenha e para formação de pastos, bem como áreas em descanso, prática associada à agricultura itinerante desenvolvida na região.

Quanto à faixa onde será implantada a adutora, trata-se de área sem cobertura vegetal nativa, acompanhando o traçado de rodovias existentes.

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3.2 Fontes de Poluição Hídrica Existentes e Potenciais

• Poluição por Esgoto Urbano

Existem seis núcleos urbanos na bacia de contribuição da barragem Umari, responsáveis pela produção de um volume de esgotos estimado (no Estudo de Impacto Ambiental) em 9,41 l/s. O maior desses núcleos é o distrito de Lagoa do Mato, posicionado a cerca de 23,0km da área da bacia hidráulica e que contribui com um aporte de efluentes sanitários de 3,79 l/s ao local do futuro reservatório. Aparecem, ainda, como contribuintes, a sede municipal de Itatira e os distritos de Cachoeira, Macaoca, Bandeira e Morro Branco, que distam, respectivamente, cerca de 30,0 km, 14,0 km, 5,0 km, 28,0 km e 20,0 km da bacia hidráulica do futuro reservatório e apresentam vazões de efluentes sanitários variando de 0,33 a 1,78 l/s.

• Poluição Industrial

Na bacia de contribuição da barragem Umari, a ocorrência de indústrias com potencial poluidor dos recursos hídricos é praticamente nula. De acordo com os dados da FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará, publicados para o ano 2000, os municípios de Madalena e Itatira não contam com indústrias com potencial poluidor dos recursos hídricos nos seus territórios. Com efeito, o parque industrial da região é centrado nas indústrias de confecção e de Produtos Minerais Não metálicos, aparecendo ainda estabelecimentos industriais dos ramos Produtos Alimentares; fabricação de artigos de Couros e Peles e Indústrias Diversas.

O Programa de Promoção Industrial não prevê a implantação, nessa bacia de contribuição, de indústrias com potencial poluidor dos recursos hídricos. Ressalte-se, no entanto, que a exemplo do que ocorre em diversos locais do território cearense, o ramo Matadouros também deve encontrar-se presente no referido município, uma vez que a quase totalidade dos estabelecimentos desse tipo de indústria funcionam, geralmente, de forma clandestina, sem registro nos órgãos competentes, sem condições mínimas de cuidados com o meio ambiente.

• Poluição por Agrotóxicos

Não foi constatada a presença de perímetros públicos de irrigação na bacia de contribuição da barragem Umari, nem a utilização intensiva de fertilizantes ou defensivos químicos. Além disso, a irrigação difusa é uma prática pouco disseminada na região, devido à escassez de recursos hídricos e ao baixo potencial agrícola dos solos, tendo sido constatada na região de alto curso do riacho Barrigas a presença de raros cultivos agrícolas irrigados. Assim sendo, pode-se afirmar que os riscos de poluição das águas represadas na barragem Umari por agrotóxicos são atualmente praticamente nulos.

3.3 Risco de Eutrofização das Águas do Futuro Reservatório

O planejamento das obras prevê que a bacia hidráulica será totalmente desmatada, buscando propiciar boas condições de qualidade à água armazenada. Essa medida contribuirá bastante para diminuir o risco de eutrofização rápida das águas do futuro reservatório.

A eutrofização artificial em reservatórios ocorre, em geral, ou pelo afogamento de vegetação e outros depósitos de matéria orgânica (fossas, lixo, etc.) existentes na bacia hidráulica, ou pelo aporte contínuo de nutrientes derivados dos esgotos domésticos e das atividades agropecuárias e industriais na bacia de drenagem. Os cuidados para evitar esse processo indesejável devem ser tomados na fase anterior ao enchimento e durante a fase de operação.

Na bacia hidrográfica do reservatório Umari não existem atividades econômicas expressivas e, na região a montante do açude, o que se observa é a agropecuária incipiente.

Os núcleos urbanos presentes na área de drenagem do reservatório são a sede municipal de Itatira e outras 5 (cinco) localidades: Lagoa do Mato, Macaoca, Cachoeira, Bandeira e Morro Branco. Segundo dados do Censo Demográfico 2000, do IBGE, a população urbana presente na bacia de drenagem totalizava 6.030 pessoas.

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• Tendência à Eutrofização

A eutrofização de um açude é um fenômeno bastante complexo, mas que pode ser entendido como sendo o enriquecimento excessivo de suas águas com nutrientes levados para o açude pelas águas dos rios e das enxurradas. Esses nutrientes fertilizam a água, favorecendo o crescimento de algas microscópicas, que, por efeito da cadeia trófica, favorecem o crescimento de outros organismos.

Além dos fenômenos naturais que influenciam as condições da água de um reservatório, as atividades antrópicas desenvolvidas nas áreas que drenam para o manancial podem influenciar fortemente o comportamento da qualidade de suas águas.

A biomassa vegetal presente na área do futuro reservatório não é de grande significância, em termos quantitativos. Além disso, toda a área a ser inundada será desmatada, cumprindo dispositivo legal. Assim, o afogamento parcial dessa vegetação, não é, para o caso em foco, motivo de grande preocupação com relação à eutrofização.

Por outro lado, o potencial de utilização dos solos para agricultura na bacia de drenagem não é expressivo, uma vez que a maior parte dessa área é constituída por solos que não oferecem atrativo econômico para sua exploração.

Também não existem, e nem estão previstas, atividades industriais de porte significativo na bacia de drenagem do reservatório sob análise. O eventual risco de eutrofização, portanto, estará associado ao lançamento de cargas orgânicas originadas dos efluentes domésticos da população presente nos núcleos urbanos da bacia. Essa população, totalizando 6.030 habitantes no ano 2000, atingiria 10.923 pessoas no ano 2030, admitindo-se um crescimento populacional médio da ordem de 2% ao ano.

Para avaliação do risco de eutrofização, considerando a concentração do nutriente Fósforo máxima admissível, optou-se, no presente estudo, por considerar como critério as faixas de concentração de Fósforo total apresentadas por Von Sperling (1996), que permitiriam estabelecer as classes de trofia, conforme reproduzido no Quadro 1, a seguir. Ressalte-se que a superposição entre as faixas é decorrente do grau de dificuldade e incerteza em estabelecer com precisão seus limites, já que outros fatores são intervenientes no processo.

Deve-se ter em mente que, para reservatórios destinados ao abastecimento público após tratamento convencional de suas águas, o desejável é que suas características permitam classificá-lo como oligotrófico, sendo tolerável, porém, até os mesotróficos.

Quadro 1

Faixas aproximadas de Fósforo total e correspondentes graus de trofia

Classe de Trofia Concentração de Fósforo Total no reservatório (mg/m3)

Ultraoligotrófico <5

Oligotrófico <10 até 20

Mesotrófico 10 a 50

Eutrófico 25 a 100

Hipereutrófico > 100

Fonte: “Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos”, Von Sperling, 1996

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• Avaliação do Risco de Eutrofização do Reservatório da Barragem de Umari

Para o caso da presente avaliação, optou-se pela utilização de um modelo estatístico simplificado (Modelo CEPIS). Para este estudo, com o grau de informações disponíveis, o uso de simulações de modelos matemáticos mais elaborados não se justificaria. Por outro lado, o modelo CEPIS tem sido utilizado em diversos estudos no Brasil e em toda América Latina, com resultados satisfatórios.

• O Modelo CEPIS

Um modelo empírico foi desenvolvido pelo CEPIS – Centro Panamericano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente, levando-se em conta dados obtidos em 39 lagos tropicais da América Latina e da região do Caribe, dentre os quais alguns reservatórios no Brasil. Os resultados desse trabalho acham-se apresentados em ”CEPIS – Memória del 4to Encuentro del Proyecto Regional Desarrollo de Metodologías Simplificadas para la Evaluación de Eutroficación en Lagos Cálidos Tropicales, (1991).

A equação do modelo do CEPIS é a seguinte:

Pt = 0,290 x L(P)0,891 x Tw0,676 x Z-0,934

onde:

Pt = concentração média anual de Fósforo Total (em mg/l);

L(P) = carga de Fósforo ao reservatório por unidade de área do espelho d'água (em g/m2.ano);

Tw = tempo médio de detenção de água no reservatório (em anos);

Z = profundidade média do reservatório (em m).

A tendência à eutrofização foi avaliada considerando a situação de ocupação da bacia para um horizonte futuro, com a crescente ocupação urbana. Não se considerou o crescimento da agropecuária, uma vez que as características dos solos não estimulariam uma intensificação de uso. Admitiu-se que, no geral da área da bacia hidrográfica, a ocupação com agricultura atingiria no máximo 15% da área total, um padrão semelhante ao que foi levantado na área próxima ao futuro reservatório. As informações sobre uso da terra na bacia foram obtidas a partir de informações dos estudos ambientais da barragem.

Os parâmetros de contribuição de Fósforo considerados inicialmente são os que constam do Quadro 2, adaptados para a situação local. São parâmetros obtidos a partir de dados reais, medidos em estudos efetuados e em estações de tratamento de esgotos do Distrito Federal.

Quadro 2 – Contribuições unitárias de Fósforo consideradas no estudo

Fonte Valor Unidade

Drenagem de áreas naturais 12,0 Kg/km2 . ano

Drenagem de áreas agrícolas 21,0 Kg/km2 . ano

Drenagem de áreas urbanas 22,0 Kg/km2 . ano

Esgotos Domésticos 0,65 Kg/hab . ano

Fonte: Seminário Internacional sobre Eutrofização e Abastecimento de Água – Brasília; e CAESB – Relatórios Operacionais das ETE’s Sul e Norte

Os parâmetros de contribuição difusa para áreas naturais do quadro acima refletem algumas particularidades da região do Distrito Federal, onde os solos apresentam fertilidade natural bem superior aos da região da barragem de Umari e existe uma freqüente aplicação de fertilizantes

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químicos, não só para manutenção dos extensos gramados e jardins de Brasília, mas também para implantação de áreas florestadas. Dessa forma, a contribuição de Fósforo através da drenagem deve estar sendo superestimada, quando se aplica à região do açude sob análise.

Por outro lado, as populações que residem nas áreas urbanas do município de Itatira não contam com rede de esgotamento sanitário, predominando o uso de fossas. Esse fato, embora não se constitua em solução adequada para a maior parte dos casos, reduz a possibilidade do aporte de Fósforo proveniente de efluentes domésticos aos cursos d’água. Aliada a essa prática, a condição de intermitência dos cursos d’água também dificulta o arraste de nutrientes para o reservatório.

Em função dessas considerações, foi feita uma simulação considerando a ocorrência da situação mais favorável, ou seja, com uma contribuição de nutrientes reduzida em função das possíveis características naturais dos solos e da retenção do Fósforo contido nos esgotos domésticos.

Os resultados dessas simulações estão resumidos no Quadro 3, a seguir. Observe-se que os valores indicam uma probabilidade de o reservatório de Umari ficar hipereutrófico, caso as contribuições de esgoto da sede de Itatira e outras localidades da bacia atinjam suas águas, sem tratamento, e as terras liberem fósforo disponível. Caso não haja aporte de material orgânico urbano, o açude poderia ser caracterizado como mesotrófico, o que seria desejável em vista de sua destinação mais nobre. Isso indica uma evidente necessidade de se tomarem medidas para controle do aporte de nutrientes às suas águas, particularmente o tratamento dos esgotos urbanos.

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Quadro 3 Reservatório da Barragem Umari - Avaliação do Risco de Eutrofização

Cálculo das cargas de fósforo afluentes ao reservatório - esgotos sem tratamento Ano 2030 Extensão População Contribuição Unidade Contribuição

Tipo de ocupação (km2) (hab.) Unitária Total (kg / ano)

Cobertura natural 828,75 - 1,20 (kg / km2.ano) 995 (agropecuária extensiva) Áreas agricultadas 143,77 - 21,00 (kg / km2.ano) 3.019 Áreas urbanas 2,48 - 22,00 (kg / km2.ano) 55 População - 10.923 0,65 (kg / hab. ano) 7.100 Total da bacia 975,00 10.923 11.168 Carga afluente L (kgP/ano) 11.168 Volume do reservatório V (hm3) 35,04 Vazão média Q (m3/s) 1,38 Tempo de detenção T (anos) 0,80 Coef. Sedimentação Ks (1/ano) 2,23

Concentração esper. P (mgP/m3) 91,78 Obs. Sem contribuição forte da cobertura natural e com contribuição de esgotos brutos

Cálculo das cargas de fósforo afluentes ao reservatório - com tratamento/remoção Ano 2030

Extensão População Contribuição Unidade Contribuição Tipo de ocupação (km2) (hab.) Unitária Total (kg / ano) Cobertura natural 828,75 - 1,200 (kg / km2.ano) 995

(agropecuária extensiva) Áreas agricultadas 143,77 - 21,000 (kg / km2.ano) 3.019

Áreas urbanas 2,48 - 22,000 (kg / km2.ano) 55 População - 10.923 0,0000 (kg / hab. ano) 0 Total da bacia 975,00 10.923 4.068 Carga afluente L (kgP/ano) 4.068 Volume do reservatório V (hm3) 35,04 Vazão média Q (m3/s) 1,38 Tempo de detenção T (anos) 0,80 Coef. Sedimentação Ks (1/ano) 2,23

Concentração esper. P (mgP/m3) 33,43 Obs. Sem contribuição forte da cobertura natural, sem contribuição de esgotos.

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3.4 Riscos de Salinização das Águas Represadas

As condições climáticas da região Nordeste, caracterizadas pelas altas taxas de evaporação, aliadas à localização de açudes em áreas onde possam predominar solos com elevados teores de sódio nas suas bacias de contribuição, tornam relativamente elevados os riscos de salinização das águas que serão represadas. Entretanto, esse risco depende também das condições de renovação da água do açude, que podem ser representadas pelo tempo médio de detenção da água no reservatório.

O açude recebe os sais juntamente com as águas que o alimentam, quase que exclusivamente por meio dos escoamentos superficiais e subterrâneo, já que as águas de chuva contêm poucos sais. Já a saída de água do açude ocorre sob duas formas bem distintas:

• por evaporação, e nesse caso a água não leva os sais consigo;

• por saída direta, decorrente da sangria por sobre o vertedouro, da liberação pelos dispositivos hidráulicos, por infiltrações no leito e nas margens, ou por retiradas diretas para quaisquer usos (irrigação, abastecimento). Nesses casos, a água que sai carrega consigo uma concentração de sais igual à do açude.

As perdas por evaporação são responsáveis pela concentração progressiva e contínua dos sais no açude. Por outro lado, quanto maiores as saídas diretas de água, mais atenuado será este fenômeno, mas sem implicar maior diluição dos sais. Somente a ocorrência de uma cheia, com a renovação parcial ou total da água estocada, reverte temporariamente o processo de acumulação de sais.

Ao mesmo tempo em que ocorre a concentração, há saídas de sais através da sangria, das infiltrações e dos volumes retirados ou liberados para jusante, fazendo com que a massa de sal presente no açude não seja constante.

No período seco, não havendo aporte de águas, pouca utilização e apenas perdas por evaporação, a concentração no açude aumenta. Supondo que não há fluxos subterrâneos nem precipitação de sais, pode-se calcular a importância do aumento da concentração em função das características do açude. Quanto mais raso for o açude, em relação a um mesmo volume, maior será a proporção da água levada pela evaporação e, por conseqüência, a concentração dos sais.

A sangria do açude, ou uma liberação proposital, é o fenômeno indispensável para “lavar” o açude e diluir os sais concentrados.

A freqüência e a eficiência das cheias na diluição do volume acumulado dependem do tamanho do açude, em relação ao volume médio de água escoado anualmente naquela seção da bacia hidrográfica, ou seja, do seu dimensionamento: enquanto um pequeno açude tem suas águas totalmente renovadas a cada período de cheias (até mesmo várias vezes por ano), um açude superdimensionado vai sangrar raramente, apenas nos anos de cheias excepcionais, e por isso apresentará uma tendência relativamente maior à salinização, sob as mesmas condições de características das águas afluentes.

No caso específico do reservatório da barragem Umari, observa-se, na sua bacia de contribuição, a presença de Planossolos Solódicos como terceiro elemento das associações de solos NC14 (Bruno Não Cálcico + Litólicos + Planossolos Solódicos) e Red19 (Litólicos + Bruno Não Cálcicos + Planossolos Solódicos). Constata-se, ainda, a ocorrência da associação NC14 na área da bacia hidráulica.

Planossolos Solódicos são solos com tendência a liberar sais de suas camadas subsuperficiais, quando as camadas superficiais sofrem efeito da erosão ou desgaste em decorrência de trabalhos agrícolas. Embora não tenha sido possível quantificar as áreas ocupadas por esse tipo de solos, sua presença pode ser considerada como causadora de risco médio de salinização para as águas represadas.

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No entanto, esse risco pode ser reduzido em função do tempo de detenção da água no reservatório ser inferior a um ano (o tempo médio de detenção para o reservatório Umari é de 0,8 ano). Isso significa que, em média, seria possível renovar as águas armazenadas todos os anos, o que evitaria a acumulação progressiva de sais. Essa é uma consideração teórica, pois a enorme variabilidade pluviométrica da região faz com que às vezes ocorra uma seqüência de anos consecutivos em que a precipitação anual não atinja o valor médio. Nessa situação, quase não há renovação. Por outro lado, nos períodos de chuvas intensas, quando aportam ao reservatório grandes volumes, uma adequada operação da descarga e do uso das águas represadas pode substituir fortemente águas mais salinas por águas mais isentas de sais.

Assim, é importante que esta questão seja considerada na operação do reservatório, procurando formas de conciliar a necessidade de redução do tempo de residência da água, visando à manutenção de sua qualidade, e a operação do reservatório levando em conta as vazões afluentes.

Com relação à tomada de decisão de regras operativas para evitar a salinização, sugere-se uma seqüência de atividades que buscam caracterizar as quantidades de sais que chegam ao reservatório; definir regras operativas da válvula descarregadora para propiciar, quando possível, a renovação das águas acumuladas; discussão dessas regras com os usuários do reservatório e adoção das medidas acordadas.

Além da execução do programa de monitoramento de qualidade das águas afluentes e armazenadas, devem ser estudados modelos matemáticos de predição do risco de salinização, de previsão hidrológica (chuva-deflúvio) e de operação do reservatório (balanço hídrico), com base em dados da rede hidrometeorológica existente e programada (a FUNCEME está adensando a rede em todo o Estado).

De qualquer modo, como a salinização é um processo gradativo e que pode ser, no presente caso, controlado mediante operação adequada do açude e manejo do uso do solo na bacia, esse risco não constitui impedimento à aprovação da proposta de implantação da barragem Umari.

3.5 Patrimônio Histórico, Cultural, Arqueológico e Paleontológico

Os sítios arqueológicos são testemunhos da passagem do homem pré-histórico pelo território e são encontrados principalmente em cavernas, abrigos sob rocha, dunas, terraços fluviais, leitos de rios e tanques naturais.

No Estado do Ceará, sítios arqueológicos são encontrados em praticamente todos os municípios, podendo ocorrer associados aos sítios paleontológicos quaternários. Os artefatos podem tanto aflorar na superfície como ser encontrados soterrados por sedimentos.

No Estado do Ceará, sítios paleontológicos são também comuns, ocorrendo praticamente em todos os municípios cearenses. Esses depósitos se caracterizam por possuírem, principalmente, restos de paleovertebrados, sobretudo da megafauna pleistocênica extinta, representados por ossos e dentes fossilizados que impressionam pelas grandes dimensões. A sua existência é determinada principalmente por controle geomorfológico, como áreas cársticas, campos de “inselbergs”, depressões, vales, depósitos de tálus, terraços fluviais e marinhos.

De uma maneira geral, qualquer área escolhida para a implantação de uma barragem pode ser considerada de alto potencial arqueológico e até paleontológico. A experiência tem revelado que áreas até 500 metros de cada margem, além do limite das planícies de inundação das drenagens mais importantes (rios), têm revelado alta incidência de artefatos pré-históricos. Isso ocorre porque essas foram áreas preferenciais para ocupação das populações pré-européias, devido à boa oferta de água, alimentos e matéria-prima para a fabricação de instrumentos líticos (seixos rolados, etc.), além da proteção contra enchentes.

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Já os fósseis são muito comuns nas planícies de inundação, terraços fluviais e calhas dos referidos rios. São freqüentemente encontradas ossadas fossilizadas de grandes animais extintos há cerca de 10 mil anos (megafauna quaternária).

As figuras 3 e 4, extraídas do Relatório Ambiental Regional do PROGERIRH, mostram um panorama com as principais áreas arqueológicas e paleontológicas do Ceará. Os sítios paleontológicos conhecidos ocorrem em áreas que variam entre 10 e 50 km de distância das sedes dos municípios citados no mapa.

Os municípios de Madalena e Itatira não contam com bens culturais tombados ou listados para tombo pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ou pela Secretaria de Cultura e Desportos (SECULT). Também não há registro de evidências paleontológicas no território dos referidos municípios. Quanto à ocorrência de sítios arqueológicos, foi constatada a presença deste tipo de patrimônio (artefatos de cerâmica) no município de Madalena.

Os levantamentos de campo desenvolvidos em caráter preliminar não detectaram nenhuma evidência da presença de sítios paleontológicos. Além disso, os municípios de Madalena e Itatira não contam com registros de sítios paleontológicos efetuados pelos órgãos competentes. Entretanto, como a ocorrência de fósseis é, em geral, mais comum nas planícies de inundação, terraços fluviais e calhas dos rios, faz-se necessário o desenvolvimento de estudos mais acurados antes do início das obras, de modo a evitar a destruição dessas evidências caso elas ocorram na área do estudo.

Portanto, para o futuro reservatório de Umari será necessário realizar um reconhecimento preliminar do sítio e, se for o caso de evidências positivas, desenvolver pesquisas mais aprofundadas.

Deve ser feita, por profissionais especializados (Arqueólogo, Paleontólogo), uma visita exploratória do sítio onde serão executadas as obras – incluindo canteiros, estradas de acesso, jazidas etc. – visando, inicialmente, definir e avaliar de forma preliminar os impactos prováveis do empreendimento sobre os vestígios arqueológicos e paleontológicos da região.

Com base nessa visita deve ser formulado um programa para os levantamentos a serem desenvolvidos durante as fases anteriores e de execução das obras.

Mesmo com todos os estudos preliminares na área de influência de uma obra, sempre é possível a descoberta ao acaso de uma nova ocorrência pré-histórica, principalmente nas atividades que envolvem grande movimentação de terra, como escavações profundas ou terraplanagem. Nesses casos, o procedimento necessário é uma paralisação momentânea das atividades naquele local, até a chegada dos profissionais especializados para o resgate do material, dentro dos critérios científicos.

As instituições a serem envolvidas nesses levantamentos, desde a visita preliminar, são a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Estadual do Ceará.

Antes de se dar início à execução de qualquer pesquisa ou levantamento, deverá ser consultado o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico, Natural e Arqueológico, quanto aos aspectos que envolvem a área de atuação desse instituto, e o DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral, no que diz respeito às questões paleontológicas.

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Fig 3

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Fig 4

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3.6 Outras possíveis interferências importantes

• Doenças de veiculação hídrica

Não há registro de esquistossomose nos municípios de Madalena e Itatira, segundo informações da Secretaria de Recursos Hídricos, obtidas junto à Secretaria de Saúde. As únicas doenças de veiculação hídrica reportadas nos Estudos de Impacto Ambiental são a hepatite viral e as diarréias. Foi constatado, em 1999, surto de hepatite viral no município de Madalena, com 36 casos. Nesse mesmo período, as diarréias tiveram incidência de 327 casos em Itatira e 343 casos em Madalena, estando as ocorrências dessas duas doenças associadas à falta de saneamento básico adequado.

• Reassentamento involuntário

A implantação da barragem e a formação do reservatório Umari provocarão a necessidade de reassentamento de 140 (cento e quarenta) famílias e a desapropriação de aproximadamente 2.040 (dois mil e quarenta) ha., incluindo a área correspondente à faixa de proteção (faixa de 100 metros em torno do reservatório, que constituirá APP – Área de Preservação Permanente, conforme legislação). A questão do reassentamento está sendo tratada em documento específico.

• Áreas protegidas

O açude não afetará áreas de interesse ambiental e nem unidades de conservação legalmente constituídas. Segundo informações que constam do Estudo de Impacto Ambiental, obtidas junto à SEMACE – Superintendência Estadual do Meio Ambiente e à FUNAI – Fundação Nacional do Índio, a região do estudo não conta com áreas de unidades de conservação, nem tampouco com áreas indígenas. Portanto, não são esperadas interferências ou pressões antrópicas decorrentes da implantação e operação do empreendimento ora em análise sobre esse tipo de área.

• Perda de meios de sobrevivência

Quanto à submersão de solos agricultáveis, pode-se afirmar que cerca de 90,0% dos solos existentes na área da bacia hidráulica do reservatório apresentam muito baixo ou nenhum potencial para o desenvolvimento hidroagrícola. Apresentam como restrições ao uso agrícola a pedregosidade, rochosidade superficial, a pouca profundidade efetiva dos solos e a susceptibilidade a erosão, no caso dos Litólicos e Bruno Não Cálcicos e problemas de encharcamento durante o período chuvoso e de ressecamento/fendilhamento nas estiagens e teores elevados de sódio nos horizontes subsuperficiais no caso dos Planossolos. Os Solos Aluviais que apresentam elevado potencial agrícola, por sua vez, são pouco representativos em termos de área e sofrem riscos de inundações periódicas.

• Geração de efluentes poluidores

O fornecimento de uma vazão regularizada para o suprimento da demanda dos núcleos urbanos provocará um aumento na geração e no lançamento de efluentes sanitários "in natura", a céu aberto, ou a sua canalização para os cursos d'água. No entanto, essa situação negativa pode ser contornada com a implementação de um sistema de esgotamento sanitário na cidade de Madalena e nas localidades de Lagoa do Mato e Macaoca.

• Interferência com outros usos da água

Quanto à possibilidade de interferência hidrológica com outros reservatórios, a barragem Umari irá localizar-se numa bacia onde não existem grandes reservatórios, nem a montante nem a jusante, não apresentando, portanto, esse tipo de problema. Ressalta-se, no entanto, que está sendo estudada pela SRH a possibilidade de construção do açude João Guerra, na área de montante da barragem Umari, tendo a análise dessa situação revelado que a implementação daquele açude resultará em uma diminuição na vazão regularizada pelo reservatório da

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barragem Umari. Essa perda em Umari será maior que o ganho de vazão regularizada no açude João Guerra, alertando para uma ineficiência hidrológica deste último reservatório.

• Segurança da barragem

A barragem Umari teve seu projeto desenvolvido com constante acompanhamento do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, constituído no Estado do Ceará por solicitação do Banco Mundial, para assessorar a SRH no acompanhamento de obras hídricas de maior complexidade. Na 40º Reunião do Painel, em agosto de 2002, o projeto da barragem Umari foi considerado aprovado, em condições de ser liberado para construção, com o cumprimento de pequenas complementações.

• Cuidados sanitários especiais

Na área a ser inundada encontram-se diversas edificações, caracterizadas no levantamento cadastral feito para fins de indenização. Todas elas serão removidas e terão tratamento já especificado nos estudos ambientais. Além dessas, duas outras áreas merecem atenção especial: o cemitério existente na localidade de Salgadinho e o Posto de Saúde José Carlos Maciel, na mesma localidade. Ambas serão inundadas, ou estarão muito próximos do nível d’água, ao menos na ocorrência de vazões de cheia. Nessa situação, é necessário adotar cuidados especiais para remoção, limpeza e tratamento (esterilização) dessas áreas, evitando favorecer a contaminação das águas com patogênicos e a disseminação de doenças.

3.7 Situação Legal

O processo de licenciamento ambiental da Barragem Umari foi iniciado, com a obtenção da Licença Prévia, requerida pela SRH/CE à SEMACE. Atualmente, a SRH/CE aguarda a emissão da Licença de Instalação.

A outorga de direito de uso das águas da barragem só poderá ser solicitada após a conclusão das obras. Para ser executada a barragem, é preciso obter a Licença para Obras Hídricas, já solicitada. Como o empreendedor é a SRH/CE, o mesmo órgão que concede a outorga e a licença para obras hídricas, é certo que a outorga será concedida oportunamente.

3.8 Medidas recomendadas

� Promover a remoção, a limpeza e higienização adequada da área do cemitério existente na localidade de Salgadinho.

� Promover a limpeza da infra-estrutura existente na bacia hidráulica, com cuidados específicos particularmente no que se refere ao Posto de Saúde José Carlos Maciel, com esterilização e aterramento da fossa séptica.

� Implantar monitoramento das águas afluentes e armazenadas do reservatório, de modo a definir regras operativas que promovam a renovação eficaz das águas e atenuem o risco de salinização.

� Priorizar a inserção das principais áreas urbanas do município de Itatira, compreendendo a sede municipal e as localidades de Lagoa do Mato e Cachoeira, em programas do governo estadual ou federal para viabilizar a implantação de sistema de esgotamento sanitário, de modo a minimizar o risco de eutrofização das águas do reservatório.

� Adotar, como referência obrigatória na licitação das obras, as “Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios”.

� Implementar os programas ambientais definidos no Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Umari, citados na Ficha Ambiental.

� Implementar os programas ambientais definidos na Parte B deste Documento - Relatório de Avaliação Ambiental do Financiamento Adicional especialmente:

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� Programa de Educação Ambiental e Gestão Participativa

� Programa de identificação e Resgate de Patrimônio Histórico, Arqueológico e Paleontológico

3.9 Parecer Conclusivo

O empreendimento composto pela barragem Umari e a adutora de Madalena atende os critérios de elegibilidade do PROGERIRH, no que concerne às questões ambientais, e pode ser considerado elegível para o primeiro ano do Financiamento Adicional, desde que sejam atendidas as recomendações citadas no item anterior.

Será necessário dispor da Licença de Instalação e da Licença para Implantação de Obra Hídrica antes que o empreendimento possa receber qualquer liberação de recursos financeiros, mas os procedimentos formais iniciados e a presente avaliação indicam a viabilidade ambiental da obra.