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GOVERNANÇA DO CONHECIMENTO: Reafirmado o Interesse Público Leonardo Burlamaqui Universidade do Estado do Rio de Janeiro MINDS The Levy Economics Institute [email protected] Preparado para a Conferência Internacional sobre o Papel do Estado no Século 21 Enap- Brasília, September, 3-4 2015

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GOVERNANÇA DO

CONHECIMENTO:

Reafirmado o Interesse Público

Leonardo Burlamaqui

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

MINDS

The Levy Economics Institute

[email protected]

Preparado para a Conferência Internacional sobre o Papel do Estado no Século 21

Enap- Brasília, September, 3-4 2015

A VISÃO

Do ponto de vista corporativo, é adequado

moldar a estratégia corporativa tendo DPIs

(Direitos de Propriedade Intelectual) como

elementos-chave para proteger vantagens

competitivas e maximizar a

apropriabilidade, lucros e rendas.

O PROBLEMA

Em contrapartida, a partir de uma

perspectiva de políticas públicas/interesse

público, a preocupação correta deveria

estar voltada para ...

o aumento da produção de conhecimento,

disseminação e democratização, ao invés

da apropriabilidade e rendas.

O PROBLEMA

Neste caso, a Governança do

Conhecimento, e não os severos regimes de

PI, deve tornar-se o domínio adequado

para a formulação de políticas e desenho

institucional.

A SOLUÇÃO

Um aliado surpreendente….. O abuso do sistema de patentes não

beneficia os inventores nem a economia em geral

03 de março de 2015 | Business and

Finance

As patentes são protegidas pelos governos pois

promovem a inovação. Entretanto há muitas

evidências de que tal promoção não ocorre.

08 de agosto de 2015 | From the print edition

Para a pergunta “De onde vêm as INOVAÇÕES nos países desenvolvidos?” grande parte das respostas inclui:

Financimento público de P&D ;

Institutos de pesquisa públicos;

Governo contratando a compra de produtos do setor privado que não existem (inovações).

INOVAÇÕES: A AÇÃO PÚBLICA É FUNDAMENTAL

Atualmente, armado com um orçamento anual para

compras de US$ 450 bilhões - mais de 1 trilhão se os

Estados estiverem incluídos– o Governo dos EUA

desempenha um papel crucial no controle da produção de

conhecimentos e inovações (Weiss: 2014, Block: 2010).

Algumas agências americanas públicas de Capital de

Risco : Dep. de Energia, CIA, EXÉRCITO,

MARINHA…..(Mazzucato:2013)

O CASO DOS E.U.A

EXEMPLO:

O que faz o iPhone tão inteligente?

“O BANCO DE DESENVOLVIMENTO DA CHINA (CDB)

manteve um curso regular em 2013, atuando fortemente nas

áreas sociais e de negócios como uma instituição de

financiamento do desenvolvimento".

Ativos: U$ 1.3 trilhões.

Índice NPL (empréstimos não pagos) : 0,48% (menos que

1% pelo trigésimo quinto trimestre consecutivo)

Lucro no final do ano : U$ 13 bilhões.

Adequação de capital: 11,28%.

( Fonte: site CDB , 2014)

CHINA

Alguns “Clientes Ilustres”

• Huawei

• Lenovo

• Haier

• ZTE (Telecom)

• Yingli (Painéis Solares)

• Sky Solar

• Zonas de Desenvolvimento Nacional para Indústrias de

Alta e Nova tecnologia (parte da estratégia 2030 da

China)

CDB & Tecnologia: Uma estratégia de competitividade

CDB & Energia: Uma estratégia global

Para a pergunta “De onde vêm os LUCROS nos

países desenvolvidos?” grande parte das

respostas inclui:

Utilizar o regime de PI para converter lucros

schumpeterianos em rendas de monopólio;

Usar a OMC para ajudar a abrir os mercados para

Essas praticas monopolisticas e , com isso, estender

as rendas de monopolio que elas são capazes de gerar,

Resumindo: Lucros sem prosperidade ( crescimento)

LUCROS: O PODER CORPORATIVO É A CHAVE

O PROBLEMA REAFIRMADO COMO PROBLEMA DE GOVERNANÇA Dois tipos ideais de governança do conhecimento

Lucros

corporativos

Conhecimento

espalhado pela

difusão da

inovação

Schumpeteriano

Ricardiano

Vantagens dos

pioneiros &

Δ Produtividade

RENTISMO

apoiado em DPI

Mudança

estrutural

&

Desenvol.

Feudalismo

da

informação

CAPACIDADES:

Habilidade de criar e gerenciar

recursos de forma estratégica e

construir competitividade

CAPACIDADES:

Habilidade de excluir

concorrentes através de

regras de PI e acordos de

comércio bilateral

Baseados

na inovação

Baseados na

dificuldade de

replicar

Monopólios

globais de

conhecimento

Destruição

criativa

Criação

destrutiva

REGRAS SEVERAS DE PI E REGULAÇÕES OU GOVERNANÇA POR MEIO DE

LOBBYING

GOVERNANÇA DO CONHECIMENTO

Regra geral: usar a supervisão do governo,

regulamentação e poder de realizar acordos para

promover a produção, disseminação e democratização

do conhecimento por meio de iniciativas modeladoras

de mercado.

Escopo: o sistema econômico como um todo, mas

especialmente atividades de conhecimento

intensivo, tecnologicamente complexas e atividades

que aumentem a produtividade ( E.g: EDUCAÇÃO!).

Objetivo principal: a criação de uma ecologia

do conhecimento que seja mais inclusiva e

orientada para o desenvolvimento;

Ferramenta institucional principal:

coordenação entre as a agências

Outras ferramentas:

Construir um modelo de governança composto

por

Consórcios privados de pesquisa;

Agências de financiamento público co-

gerenciando o licenciamento de tecnologia.

Uma estrategia de pesquisa basica orientada

pelo interesse publico (escolha de

prioridades).

Outras ferramentas:

Um imposto progressivo em patentes

concedidas mas que não foram usadas ou

licenciadas, What you don't use…you lose.

Com a finalidade de evitar o empreendedorismo não criativo

originado pelo “patenteamento estratégico”.

Incentivos com relação a licenciamento

cruzado de patentes concedidas.

Objetivando evitar a situação em que os vencedores tomam todo o mercado

devido à combinação de DPI fortes com externalidades de redes de contatos e

retornos altos – características comuns dos setores líderes da “nova economia”.

Cooperação regulatória entre as agências: os institutos

de patentes devem estar ligados com outros órgãos

públicos financiadores de P&D, promovendo inovação e

executando as políticas de concorrência.

Piloto: Um órgão de coordenação da governança do

conhecimento para permitir a colaboração dentro das

agências de regulação existentes.

O restabelecimento das estruturas burocraticas

weberianas deveria tornar-se prioridade, a fim de

restaurar a capacidade do Estado (o modelo de

Cingapura).

O modelo de policy e o desenho institucional resultantes deverao:

Ser flexiveis e pragmáticos : normas para um ambiente dinâmico e evolucionario,

Tratar o conhecimento como um bem público global;

Ter a governança do conhecimento moldada pelo

interesse público, e a disseminação do conhecimento

(o "Pacote schumpeteriano") como seu principal

objetivo.

Ser contra o empreendedorismo não produtivo e não contra o tamanho das empresas;

Ser a favor da cooperação, deixando espaço para as redes de empresas prosperarem, mas permitindo que o governo tenha poder de supervisão para monitorá-las;

Ser a favor da eficiência no sentido de proteger o ciclo da inovação e não o inovador* .

* Com o objetivo de entregar o pacote Schumpeteriano: aumento da qualidade,

redução de custos, preços mais baixos, sobrelucros temporarios (não rendas

de monopólio), salários reais mais elevados e difusão das inovações.

Nenhuma dessas receitas políticas será alcançada sem uma enorme dose de "ação estatal estratégica"

A maioria delas também exigirá um trabalho complexo de “negociações internacionais",

incluindo uma profunda revisão dos tratados internacionais como TRIPS e acordos comerciais ( e de investimento) bilaterais.

Tarefas que não são fáceis …

Mas… agora, pós W.C, talvez abra-se uma janela de oportunidade.

OBRIGADO