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Governador

Vice Governador

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Cid Ferreira Gomes

Domingos Gomes de Aguiar Filho

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Andréa Araújo Rocha

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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Administração Rural 1

Introdução 02

1.1 Tempos Modernos na Administração Rural

1.2 Nova ordem da administração rural

02

03

2.0 Processos Administrativos 06

2.1 Processos de Tomada de Decisão 07

3.0 Capitais de Custo de Produção 09

3.2 Custo de Produção 09

4.0 Decisão do Agronegócio 15

4.1 Os estilos decisórios e o nível de informações de tomadas de decisão 19

4.2 Pressupostos e modelos de tomada de decisão 21

5.0 Economia no custo de Transição (ECT) 26

6.0 Complexidade administrativa dos Agronegócios 29

7.0 Análise econômica de empresa Rural 34

8.0 Crédito Rural 37

8.1 Notícias sobre Crédito Rural 39

8.2 Perguntas freqüentes sobre Crédito Rural 40

8.3 Novos Instrumentos para financiamento 49

9.0 Notas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 50

9.1 Comercialização e abastecimento 50

9.2 Seguro Social 50

9.3 Zoneamento Agrícola 51

10. Referências Bibliográficas 52

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1. Introdução

Administração rural é o conjunto de atividades que facilitam aos produtores rurais a tomada de

decisões ao nível de sua empresa agrícola, com o fim de obter melhor resultado econômico, mantendo a

produtividade da terra. O campo de atuação da Administração Rural está em plena expansão. Graças às

tecnologias cada vez mais presente no setor rural, surge a necessidade de contratação de um administrador

especialista na área. A tarefa de administrar começa pela tomada de conhecimento de tudo que constitui

uma empresa rural. Terra, pessoas, máquinas, equipamentos, instalações e benfeitorias, fornecedores,

clientes e dinheiro, são exemplos de recursos que uma empresa precisa para realizar suas atividades.

1.1 Tempos Modernos na Administração Rural

Frente às mudanças da administração rural atualmente os novos administradores flexibilizam as

formas de administrar criando visões e ações (Gestão Rural) de desenvolvimento das concepções e

definições metodológicas sobre a administração rural possibilitando uma sustentabilidade da promissora

oportunidade da economia brasileira.

A profissionalização do meio rural dita um sentido de crescimento e oportunidade na conquista

dos mercados mundiais, tendo como objetivo o aperfeiçoamento dos administradores como fonte de

entendimento e implantação de teorias administrativas na gestão das empresas rurais.

Podemos determinar o conceito de administração como sendo a ordenação do caos que se instala

quando um grupo de pessoas coopera no afã de conciliar metas estabelecidas com objetivos, interesses,

desejos e ambições pessoais.

Na concepção sistêmica, a administração é entendida como um mecanismo estruturador e

articulador de processos e recursos empresariais para a consecução dos resultados almejados: geração de

bens, lucro e promoção do bem-estar social.

Definindo concepções e conceitos da administração, podemos definir o campo de atuação que

mais cresce no Brasil atualmente, a administração rural.

A administração rural surgiu no começo do século XX junto às universidades de ciências agrária,

na Inglaterra e Estados Unidos nos chamados "land grant" com a preocupação de sobretudo, analisar, a

credibilidade econômica e técnicas agrícolas. Parcialmente a administração rural, tratando,

prioritariamente a área de produção e a função do controle desenvolve trabalhos e estudos de extensão

envolvendo principalmente a alocação de recurso e os registros contábeis e financeiros, sendo a

contabilidade o instrumento "gerencial" mais divulgado. Nesta fase inicial, considerava-se a

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administração rural como um ramo da economia rural. Ainda que essa visão persista em muitas

instituições, em nova ótica tem sido dada a administração rural. Para compreender sua abordagem, faz-se

necessário compreendê-la conceitualmente, Hoffmann (1987) em seu livro Administração da empresa

agrícola, elaborou a seguinte conceituação:

A administração rural como ramo da ciência administrativa o autor possibilita a acesso as suas

teorias, desde a abordagem clássica de Taylor até a moderna teoria do desenvolvimento organizacional.,

com essa nova abordagem introduziu-se ao conceito de administração rural as áreas de finanças,

comercialização, marketing e recursos humanos, sendo estas áreas tão importantes como a produção.

(HOFFMANN, 1987:96).

Ressaltou também a importância das demais funções administrativas (planejamento, organização e

direção).

1.2 Nova ordem da administração rural

A administração rural passa por várias modificações estruturais e comportamentais frente à nova

ordem mundial de globalização, consumindo conceitos antigos e reconhecendo suas teorias na busca do

aperfeiçoamento organizacional para a empresa rural.

Nestas perspectivas podemos definir a empresa rural como sendo: “são aquelas que exploram a

capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de

determinados produtos agrícolas” (MARION, 2005:24).

Os conceitos da administração foram definidos e desenvolvidos, quando a visão de mudança dos

conceitos de denominação de fazenda foi revertido para empresas rural, com missão e visão bem

definidos na estruturação da administração e da produção em busca de resultados palpáveis.

Em uma ordem cronológica a administração rural sofreu influencias de formas de administração

moderna como a estratégia corporativa que apresentou grande desenvolvimento, principalmente a partir

da década de 1980 quando o fenômeno da reestruturação empresarial – “conjunto amplo de decisões e de

ações, com dimensão organizacional, financeira e de portfólio” (WRIGHT, KROLL e PARNELL, 2000)

tornou-se imperativo.

Assim, a administração estratégica se constitui em uma disciplina que estrutura, integra e

consolida o conjunto de premissas, ativos tangíveis e intangíveis, mercados e ambiente, possibilitando à

organização obter vantagem competitiva na realização de seu negócio.

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Face à implementação da tecnologia no contexto rural a administração ganha novas perspectivas:

Grande encadeamento: Mecanização, produção de massa, ganho em volume...; com função

“otimizadora”;

Mediadora: Oferta de produtos e serviços na rede de relacionamentos (Banco, cotações internet, vendas

on-line, conexão com o mundo), exercendo função indutora;

Intensiva: exerce função de capacitar o profissional de administração rural (curso de administração

rural, consultorias, faculdades na área de administração rural).

A determinação dos conceitos da administração estratégica pode ser revista no contexto de

sustentabilidade que a administração rural construiu suas bases e conceitos administrativos, neste sentido,

podemos definir a evolução, estudo e construção das novas ordens administrativas na área rural, baseando

nas seguintes obras e contexto histórico:

1954 – Teoria Geral de Sistemas de Ludwig Von Bertalanfy na Áustria, abordagem sistêmica -

organização como sistema aberto, visão holística. Peter Drucker com sua obra “The Pratice of

Manegement” inicia uma nova era no pensamento administrativo e gerencial que considera a

administração como disciplina dada sua importância no estudo da organização;

1960 – Teorias X e Y de Douglas Mcgregor, “The Human Side Of Enterprise”, nos Estados Unidos da

América.

1981 – Teoria Z de William Ouchi, USA, estabelece o conceito de administração participativa;

Delimitando as fontes de atuação nas novas concepções administrativas atualmente podemos

definir as bases de atuação e desenvolvimento da empresa rural, através de concepções de uma empresa

integrada com o meio externo perceptíveis a alterações de clima e mercadológicas a qual os

administradores tendem a conhecer sobre os ciclos produtivos e minimizar as perdas sobre a construção

de planejamentos estruturados, capacitando e desenvolvendo os colaboradores internos a ponto de sua

motivação gerar idéias de desenvolvimento pessoal com qualidade de vida e satisfação dos clientes e

fornecedores.

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Não delimitar a nova cara da administração rural e o desenvolvimento de métodos e estudos

construtivos com o desenvolvimento da definição de que não só a produção seja suficiente para o

crescimento do setor, mas sim sua política de comercialização destes produtos em torno: o

“Agronegócio”.

Assim, podemos definir Agronegócio como sendo:

- soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas

unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agropecuários e itens

produzidos a partir deles. Roberto Rodrigues, na edição Ano I/03 do Jornal da PUC-Campinas,

14/03/2005; <http://www.puc-ampinas.edu.br> entrevista /2005/03/14/ministro_rodrigues_integra.asp.

Conforme Souza et al (1988) “a administração é uma ciência e também uma arte. Ciência porque

possui um referencial teórico próprio, passível de ser tratado pelo método científico. E arte porque inclui,

na resolução dos problemas que surgem na condução das organizações, habilidade, sensibilidade e

intuição”.

A determinação do agronegócio na administração rural mostrou aos administradores que o

desenvolvimento das estruturas operacionais da empresa teria que mudar em busca da implantação da

tecnologia na produção, o aperfeiçoamento e capacitação da mão de obra frente a essas novas tecnologias

(máquinas, Colheitadeiras), o desenvolvimento de créditos auto financiados em bancos de investimento

para custeio de produção e safras e o aprendizado e profissionalização da comercialização dos produtos

agropecuários em torno da diferenciação ou a busca e abertura de novos mercados consumidores, como

forma de agregar mais valor a esses produtos.

A nova ordem da administração rural vem mostrar aos administradores uma quebra de paradigma

onde os conceitos de propriedade rural familiar deu lugar à empresa rural administrada por profissionais

detentores do conhecimento cientifico e adaptando de forma flexível os conceitos administrativos à

realidade das empresas agrícolas brasileiras.

Definidos os novos modelos e funções de administração à empresa rural, foram formados

definições de planejamento, analisando as possíveis alternativas e minimizando os riscos externos a

produção agrícola, vimos várias escolhas administrativas em um ambiente pouco previsível em forma de

acompanhamento de mercado e definições de estratégias de produção e comercialização, em contato com

a tecnologia da informação dada aos administradores modernos, no intuito de respaldo nas decisões de

gestão da empresa rural.

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Determinamos e mapeamos um mercado flutuante onde a lei de oferta e demanda constrói

riquezas de consistentabilidade de produção e desenvolvemos controle e programas de redução de custos

para maximizarmos os lucros na capacidade de controles exatos das operações.

A nova era da empresa rural mostra e forma profissionais autodidatas, que reproduzem as teorias

existentes em novos modelos metodológicos devido o novo surgimento e crescimentos a administração

rural e seus conceitos propondo modificações e alterações estruturais nas administrações usuais, definindo

novos conceitos e desenvolvendo a agricultura de nosso país na mais avançada do mundo e nossos

administradores nos detentores dos conhecimentos práticos e eficazes mais lucrativos do Agronegócio

Mundial ( Representa 42% das exportações mundiais, 82% mercado de suco de laranja, 38% soja em

grão, 29% açúcar, maior exportador de frango e maior exportador de álcool, maior exportador de carne,

segundo Prof. Aziz G. da Silva Jr. Departamento de economia rural – Universidade Federal em Viçosa,

artigo “Administração Rural no Agronegócio Brasileiro, 2006.)

2.0 O Processo Administrativo

1.3.1. O Ambiente da Empresa

Rural

O ambiente é o universo que envolve

externamente a empresa. As variáveis que

compõem o ambiente da empresa rural são:

variáveis tecnológicas, variáveis

econômicas, variáveis políticas, variáveis

sociais, variáveis legais, variáveis

demográficas e variáveis ecológicas.

Do ambiente geral é constituído o ambiente operacional da empresa (necessárias ao seu funcionamento).

O ambiente operacional é constituído por quatro setores principais;

Consumidores – pessoas físicas ou jurídicas. Formam o mercado agrícola e possuem,

normalmente, melhores informações sobre os preços do que o produtor.

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Fornecedores - são todas as instituições que fornecem recursos para a empresa rural como; crédito,

mão-de-obra, insumos, assistência técnica, serviços em geral etc

Concorrentes - formados pelos outros empresários rurais que concorrem tanto na venda de

produtos como na obtenção de insumos e serviços

Regulamentadores formado por órgãos do governo, associações e sindicatos que de alguma forma

impõem controles, limitações ou restrições às atividades da empresa rural. Ex: normas para

produção de leite B, a legislação de crédito rural e trabalhista.

Todo proprietário rural, que decide pela transformação de sua “Fazenda” em uma EMPRESA,

deve passar inevitavelmente pelo processo administrativo. Ele é fundamental para o sucesso do

empreendimento.

Compõe o processo administrativo, o planejamento, a organização, a direção e o controle. Este

processo ocorre tanto no nível estratégico como no gerencial e no operacional.

2.1. Planejamento

“O planejamento é uma atividade pela qual o homem, agindo em conjunto e através da manipulação e do

controle consciente do meio ambiente, procura atingir certos fins já anteriormente por ele mesmo

especificados“.(Friedman, 1.960). Planejar é decidir antecipadamente o que deve ser feito, levando-se em

conta as condições da organização e do contexto da mesma.

O planejador dever imprimir flexibilidade ao seu trabalho para atender às constantes modificações

que ocorram nos ambientes, interno e externo da empresa.

O planejamento estratégico prevê as análises globais, considerando todas as explorações, atuais e futuras,

bem como as possíveis inter-relações entre elas. São definições de longo prazo, considerando os objetivos

da empresa, as variáveis do ambiente, as condições internas da empresa e as alternativas estratégicas.

O planejamento gerencial é a ponte entre o planejamento estratégico e o operacional. Os planos

gerenciais contemplam o orçamento, a programação linear e a relação custo-benefício, dentre outros.

O planejamento operacional refere-se às ações de curto prazo. Define para cada exploração, as

tarefas a serem executadas, a forma de executá-las e os responsáveis por elas. Refere-se quando executar

(tempo), como fazer (tecnologia) e os recursos financeiros e humanos a serem utilizados.

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2.2. Organização

A organização é a função administrativa que agrupa e estrutura os recursos da empresa para que

possam ser alcançados os objetivos gerais e específicos. Pode ser subdividido em Organização Pessoal e

Física.

A organização pessoal se refere à estruturação dos cargos e tarefas de todos os envolvidos nos

trabalhos da empresa. Como exemplo: Cargo: capataz do gado de corte. Função: controlar as operações

de campo como: Efetuar o controle diário das operações, anotações das ocorrências, planejar o manejo

dos pastos e etc.

A elaboração do organograma da empresa evidencia a estrutura hierárquica dos cargos existentes.

Evidencia a posição de cada um dentro da empresa.

A organização física se refere à disposição das áreas de exploração em relação às benfeitorias,

máquinas e equipamentos, materiais e insumos. Visa evitar movimentos inúteis, que acarretam perda de

tempo e aumento de consumo de combustíveis, maiores custos e conseqüentemente, redução do lucro.

2. 3 Direção

A direção é uma função essencial no processo administrativo. São as pessoas que fazem a empresa

funcionar. Motivação, liderança e comunicação são recursos que devem ser empregado para se buscar

êxito na ação diretiva.

Motivação: Refere-se ao aspecto interior das pessoas. A motivação aguça a vontade de execução do

trabalho.

Liderança: Influencia exercida sobre pessoas em determinadas situações visando a obtenção de objetivos

gerais ou específicos. Deve se ter em mente que o comportamento humano difere de pessoa para pessoa e

de situação para situação.

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Comunicação: é a troca de informações e transmissão de ordens entre os setores da empresa.

2. 4 Controle

Deve ser uma atividade contínua. Monitora as ações desempenhadas nos diversos setores da

empresa e a eficácia no cumprimento dos objetivos.

Para a execução do controle é necessário:

Estabelecer padrões – 10 dias/homem para confecção de 1 km de cerca de 5 fios e lascas a cada 5 metros.

Medir desempenho – Constatação de que foram suficientes 8 dias/homem.

Comparar desempenho com o padrão – superado o padrão.

Identificar as causas – condições de trabalho adequadas, material no lugar, mão de obra qualificada e

eficiente.

Ação corretiva – estabelecer novo padrão.

O controle deve ser usado como uma ferramenta para tomada de decisão.

Com o processo administrativo estruturado, o empresário rural está apto a alcançar os objetivos gerais e

específicos de sua empresa.

3.Capitais e Custos de Produção

3.1 Leis Gerais da Produção.

É importante conhecer os fatores da produção, para que possam ser reunidos e combinados, sempre

que for elaborado um projeto empresarial. Para se fazer projetos econômicos, são reunidas as estimativas

dos gastos em geral e os benefícios x previstos, rendas ou receitas. É importante a avaliação das

vantagens e desvantagens do uso dos fatores de produção disponível de um país, tendo como objetivo a

produção de bens econômicos.

Este texto é importante economicamente para a compreensão da teoria da formação do preço e também

para o estudo da distribuição da renda nacional ou social.

A empresa é voltada para a produção, então ela se destina a produzir bens e serviços observando a reunião

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ou combinação dos fatores de produção.

Vamos falar a seguir neste artigo das Leis Gerais da Produção, como a lei do rendimento crescente e a lei

do rendimento decrescente.

Esta matéria pode ser sintetizada ao estudo da lei da proporção dos fatores de produção, (denominada

também por lei do rendimento não proporcional, lei da produtividade crescente e lei das proporções

definidas), sendo que o rendimento crescente e o decrescente são considerados períodos diferentes do

mesmo processo de produção.

Os princípios, ou leis de algumas ciências são regulares, exemplo é a Química com a produção de água,

que é o resultado da combinação de duas moléculas de hidrogênio e uma molécula de oxigênio (H2O).

Quando não existe regularidade na dosagem ou reuniões dos fatores de produção para as empresas (nem

para as que exploram as mesmas atividades), alguns autores fazem uma avaliação nesses casos, como

uma tendência para o rendimento crescente ou para o rendimento decrescente, sem dar-lhes o caráter de

leis como em outras ciências.

Depois de esclarecer alguns pontos, vamos continuar às nossas considerações, usando as denominações

tradicionais que são: leis do rendimento crescente e decrescente e lei da proporção dos fatores da

produção.

Quando falamos da proporcionalidade dos fatores de produção, destacamos a importância para os

empresários ou à economia das empresas, porque a produção de bens e serviços envolve vários aspectos,

que vamos destacar a seguir:

1º Custo de produção (principalmente o custo dos fatores de produção).

2º Divisão do trabalho (considerado um dos princípios fundamentais da organização racional do trabalho.

O trabalho dividido resulta em maior e melhor produção).

3º Concentração das empresas (principalmente a localização estratégica das empresas visando às

facilidades na obtenção das matérias-primas e a da força do trabalho, isto é, mão-obra).

4º Produtividade ou rendimento (é considerado um índice que revela o grau de aproveitamento integral

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dos fatores de produção disponíveis).

5º Determinação de preços (visto de regra, os preços dos bens econômicos é estabelecido em função dos

custos dos fatores de produção).

Os cinco aspectos têm influência direta nos resultados, quanto a maior ou menor qualidade e quantidade

dos fatores de produção.

Os enunciados das leis do rendimento crescentes e decrescentes ficam assim:

1º Lei de rendimento crescente: Com o aumento da produção vem automaticamente o aumento dos

recursos (fatores de produção) importante para este objetivo. Porem isto acontece até um certo limite, o

qual foi denominado máximo rendimento crescente ou eficiência; a partir daí prevalece à lei do

rendimento decrescente.

2º Lei do rendimento decrescente: Normalmente quando atingi certo limite, as despesas podem aumentar

(custo dos fatores de produção), porém a produção não é proporcional aos gastos efetuados.

Os economistas da escola clássica ou ortodoxa observaram primeiro no setor agrícola, o fenômeno do

rendimento crescente e decrescente, então surgiu o conceito: "Todo acréscimo de produto se obtém por

um aumento mais do que proporcional na aplicação do trabalho a terra".

Seguindo esse raciocínio, podemos analisar o fenômeno assim: Quando aumentamos o trabalho, os

adubos e as sementes em determinada extensão territorial, nota-se a principio um aumento de produção.

Observamos que se continuar aplicando recursos disponíveis à produção tem um acréscimo para em

seguida decrescer, então o rendimento agrícola não será mais proporcional aos gastos efetuados.

O mesmo ocorre com a produção industrial, ou em qualquer produção. Não existe uma precisão

matemática, porém a tendência revele que os resultados não são proporcionais às despesas efetuadas

(maior emprego de fatores de produção).

Concluímos que para os empresários e o governo é importante saber dosar (qual proporção) os fatores de

produção, para se obter o máximo rendimento da empresa ou do sistema econômico.

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O aumento sucessivo da quantidade de um fator de produção, combinado com uma quantidade fixa de

outro fator de produção e se mantendo constante, o produto em relação ao fator variável crescera mais que

proporcionalmente, devera atingir o máximo, depois decrescerá.

Quando se faz acréscimo em alguns fatores, relativamente a outros fatores fixos, a produção cresce,

porém quando ultrapassar certo ponto, o acréscimo do produto resultante de igual adição de fatores se

tornará cada vez menor, observa-se um decréscimo de rendimento extra, o qual é o resultado do fato de

que as novas doses dos fatores variáveis têm de trabalhar com quantidade cada vez menor do fator fixo.

Alguns economistas reconhecem que a lei dos rendimentos decrescentes é um fenômeno regular

econômico técnico, freqüentemente observado, porém é difícil determinar o melhor ponto para a reunião

ou combinação dos fatores de produção, para se obter um rendimento máximo da produção.

O economista austríaco Joseph A. Schumpeter (1883-1950) desenvolveu a teoria das leis do rendimento

no sentido de que existe um ponto ótimo na reunião dos fatores de produção cujo resultado é o

rendimento máximo.

3.2 Custo de Produção

A produção é um fenômeno econômico que produz bens e serviços para serem comercializados (troca ou

permuta). Na qual a produção é o resultado da ação humana, ela exige, um sacrifício (ou esforço) e

também o aproveitamento de outros bens econômicos.

O esforço humano (mão de obra ou trabalho) e também o uso dos bens como: equipamentos, máquinas,

matéria-prima etc., foi denominado de "custo". Então a produção de bens e serviços gera um custo, não se

tem produção sem custo.

Quando a produção tem como consumidor o próprio produtor e sem a aquisição de materiais comprados,

o que dificilmente acontece, neste caso o custo é baseado somente no esforço produtivo. Exemplo: a

pessoa que busca a água no rio, tem como custo somente o esforço, o trabalho.

No passado o homem trocava os produtos que produziam ou que estava sobrando, (troca direta) por

outros produtos para satisfazer as suas necessidades, mas com o passar do tempo iniciou-se a fase da troca

indireta, onde a troca ocorria através da moeda ou do credito, então o custo de produção passou a ser

avaliado em dinheiro, obtendo assim uma expressão monetária.

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Existem duas definições de custo de produção que são: Definição de sacrifício e definição da

confiabilidade de custos.

1. Definição de sacrifício: Os custos de produção têm origem quando é realizado um ato concreto,

(quando produzimos certa quantidade de mercadorias) é a soma de valores sacrificados para completar

um ato.

2. Definição da confiabilidade de custos: Defini-se como custo o consumo, quando avaliamos em moeda

corrente do país, os bens e serviços voltados para a produção e que venha a constituir o objetivo da

empresa.

O nosso próximo passo é estudar a sua classificação de custos, que são muitas, encontradas

principalmente em livros que estuda a disciplina Contabilidade de custos, composta de custos diretos

(mão-de-obra e materiais) e custos indiretos (mão-de-obra indireta e outros gastos indiretos).

Em Economia a classificação de custos tem pouca diferença, a qual se resumi no modo de ver a questão.

John Maynard Keynes nasceu em Cambridge, Inglaterra (1883 - 1946), considerado o maior economista

do século XX. Escreveu várias obras, das quais podemos destacar a publicação em 1936, do livro "Teoria

Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", na qual faz criticas as escolas clássicas e neoclássicas, ele

considerava os fatos econômicos pela ótica individual (microeconomia), denominada de parcial. Esta

teoria chamada de Geral estuda a economia global (macroeconomia).

A sua teoria teve grande repercussão, fazendo uma revolução na economia, a qual foi denominada

"Revolução Keynesiana". O autor ao tratar do conceito de renda, define os vários custos que integram a

produção de bens econômicos. Alterando o seu texto original podemos classificar em duas categorias

gerais que são: custos primários e custos suplementares.

Custos primários: subdivididos em "custos dos fatores" e "custo de uso", são voluntários. Significa que

dependem de decisões dos agentes de produção que são os empresários.

Custos suplementares: subdivididos em "custos de obsolescência" e "custos fortuito", são involuntários,

quer dizer não dependem da vontade dos agentes da produção.

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3.2.1 Classificação de custos:

Custos primários (voluntários).

A - "Custo dos Fatores": pagamento aos fornecedores dos fatores da produção.

B - "Custo de Uso": 1º Utilização de bens adquiridos de outros empresários. 2º Depreciação do capital

fixo (equipamentos).

Custos suplementares (involuntários).

A - "Custo de Obsolescência: O equipamento com o passar do tempo perde seu valor por se tornar

obsoleto, então se tem a perda do equipamento de produção, que é denominado capital fixo, isso ocorre

independentemente do desgaste físico. É uma diminuição involuntária do valor do capital, porem prevista

pelo empresário. Em alguns casos este fato ocorre devido à existência de equipamentos mais modernos,

deixando ultrapassada os equipamentos industriais. Então se tem aumento de custos nas industrias com

equipamentos obsoletos. A denominação "desinvestimento" é quando a empresa desativa os equipamentos

de produção danificados ou ultrapassados.

B - "Custo Fortuito" (involuntário): A redução do capital pode ocorrer por vários motivos inesperados

como roubos, incêndios, enchentes etc. Nestes casos deve-se reconhecer a redução do capital e patrimônio

da empresa. A nossa legislação reconhece que pode haver tais ocorrências, permitindo a regularização de

seus registros contábeis, para que seja retratada a verdadeira situação econômico-financeira da empresa.

O que vamos ver a seguir é muito importante o seu entendimento, porque mostra o que ocorre na micro e

na macroeconomia, mostrando igualdade da produção global do sistema econômico. Veja como fica a

fórmula:

Produção global = Consumo + Investimento = Renda global.

Podemos afirmar que toda produção econômica tem um custo, o qual tem influencia na formação do

preço de venda para o consumidor, com qualquer metodologia adotada para o seu cálculo.

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4.0 Decisão do Agronegócio

Pode-se dizer que qualquer tipo de tomada de decisão envolve um processo complexo, na medida

que necessita da consideração de múltiplas variáveis que influenciam os resultados, sejam as mesmas

internas ou externas ao ambiente de decisão. È possível ainda afirmar que, quanto mais complexo for o

ambiente que envolve o processo decisório, mais difícil este último se torna, uma vez que aumenta o

número de variáveis a serem analisadas, assim como as relações entre estas variáveis tomam formatos

quem nem sempre permitem algum tipo de previsão.

Se considerada uma conjuntura econômica atual marcada, tanto pelo aumento dos players

mundiais, quanto pela aceleração da reorganização dos processos produtivos, movimentos que são

decorrentes da abertura das economias e do aprimoramento dos sistemas de informação, percebe-se que

tomar uma decisão deixou de ser, há muito tempo, uma questão trivial.

No ambiente dos agronegócios o panorama observado não parece ser diferente. A gestão de

cadeias produtivas que tenham por base commodities agrícolas envolve uma série de decisões específicas

à mesma, o que envolve uma crescente complexidade de elementos envolvidos em algumas delas. Isto

ocorre não somente em função de sistemas produtivos cada vez mais tecnificados e pela ampliação da

especificidade exigida pelos mercados demandantes, mas também de fatores como o incremento de valor

agregado de alguns produtos finais e a ampliação de opções existentes entre os insumos disponíveis.

Visando o entendimento desta complexidade que envolve as cadeias produtivas, pode-se buscar

em Azevedo (2001) a crítica sobre a visão tradicional de comercialização, que seria a simples venda de

determinado produto. Para este autor, quando se trata de uma cadeia produtiva, deve-se entender que o

conceito de comercialização é mais amplo, sendo entendido como a transmissão do produto pelos vários

estágios produtivos. Esta concepção traz consigo algo de sistêmico, e obriga a pensar que variações em

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qualquer um dos estágios pelos quais o produto passa, poderão ser sentidas nos demais estágios, como

numa “reação em cadeia”.

Este mesmo autor ainda afirma que, como em outra qualquer atividade econômica, a

competitividade global de uma empresa agrícola depende da sua eficiência em comercializar seus

insumos e produtos. Mas, no caso específico das atividades agrícolas, cabe acrescentar a este cenário

algumas particularidades que acabam por influir na tomada de decisão, principalmente no que concerne à

sazonalidade da oferta, constância da demanda e natureza biológica da produção agrícola.

Devido à dependência que as atividades agropecuárias têm, tanto do ciclo de vida das plantas e

dos animais, quanto do clima e das estações do ano, acaba por existir a concentração da oferta de produtos

agrícolas em determinados períodos do ano. Aliado a isto tem-se que a demanda de grande parte dos

produtos agrícolas está relacionada à alimentação humana, havendo assim uma tendência para que esta

comporte-se de maneira estável ao longo do ano. Estas relações entre “oferta oscilante e sazonal x

demanda constante” refletem-se nos preços dos produtos, os quais tendem a baixar em momentos de

oferta crescente, aumentando novamente em momentos de escassez de oferta.

De acordo com Buainaim e Souza Filho (2001), o progresso tecnológico tem modificado a

sazonalidade “natural”, encurtando os tempos de crescimento e maturação das espécies, desenvolvendo

espécies adaptadas a ambientes diferentes daqueles originários, além de vir possibilitando o

desenvolvimento de tecnologias que reproduzem as condições climáticas e ambientais originais.

Entretanto, apesar do progresso nestes campos, em menor ou maior grau a atividade agropecuária

continua sazonal e, em grande medida, fortemente dependente de fatores da natureza.

Essa sazonalidade reflete-se em uma acentuada rigidez da produção agropecuária, seja para

responder às mudanças nas demandas dos mercados, seja para o produtor organizar seus fluxos

financeiros. Enquanto na indústria é, em geral, possível utilizar as receitas correntes para cobrir pelo

menos parte dos gastos correntes, na agricultura despesas e receitas realizam-se em períodos diferentes,

uma vez que ao longo de vários meses o agricultor deve cobrir os gastos com preparação do solo, plantio,

mão-de-obra, serviços, etc., e só depois da colheita é que realizará a receita decorrente da venda de sua

produção (BUAINAIM e SOUZA FILHO 2001).

Outro elemento que complexifica o processo de tomada de decisão dentro do ambiente

agronegocial é o surgimento de novos mercados e finalidades para produtos agrícolas que, historicamente,

vinham sendo usados para a alimentação humana e animal. Um exemplo desta situação é a abertura de um

espaço de mercado, cada vez mais amplo, para a geração de energia renovável, onde se destacam os

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biocombustíveis. Frente a este contexto, estudos apontam para o fato de haver, em um futuro próximo, a

competição entre produtos destinados para fins de alimentação e para a obtenção de energia.

Um destes estudos é o de Hill et al. (2006), o qual aponta que se os Estados Unidos da América

utilizasse toda sua produção de milho e de soja em 2006 para fins de obtenção de biodiesel, a mesma seria

suficiente para atender apenas 6% da demanda anual de diesel neste mesmo país. O estudo ainda aponta

que, sob o ponto de vista de energia, o consumo do alimento milho por seres humanos gera mais energia

do que se transformado em combustível, sendo em função disso inviável sob o ponto de vista da

conversão energética.

Pode-se vislumbrar, preliminarmente, que a utilização de produtos agrícolas para fins de obtenção

de biocombustíveis irá gerar, pelo lado da demanda, incrementos, o que, associado à uma oferta

inelástica, geralmente condicionada, entre outros fatores, pela disponibilidade de terras para plantio,

ocasionará incrementos positivos nos preços das commodities, impulsionando assim os produtores rurais a

optarem pela sua produção. Ainda, se a configuração de ampliação da especificidade dos grãos

oleaginosos para produção de combustíveis se materializar (estudos indicam a seleção de grãos e melhoria

genética para ampliação da capacidade produtiva destes, com fins de geração de combustível) o produtor

rural definiria o mercado para seu produto já no momento do plantio, limitando as possibilidades de

reorientação do mesmo para outros mercados, caso algum percalço o atinja durante o processo produtivo.

Com base nestes elementos é possível afirmar que a tomada de decisão em cadeias produtivas

agroindustriais tem um elevado grau de complexidade, o que dificulta o processo que antecede a mesma.

Neste sentido, tentativas, por parte dos atores envolvidos nestas cadeias produtivas, de observar e

entender este processo, precisam considerar esta complexidade para que sejam eficientes. O objetivo deste

estudo está relacionado a esta idéia, ou seja, a partir de uma pesquisa bibliográfica, abordar elementos já

estudados sobre o processo de decisão, bem como elementos da Economia dos Custos de Transação e da

Análise Sistêmica, visando a elaboração de uma estrutura analítica sistêmica, multinível e interdisciplinar,

que possa ser usada para o estudo da tomada de decisão em cadeias produtivas agronegociais.

A teoria clássica do processo de tomada de decisão deriva da Escola de Economia Clássica, tendo

como seus pressupostos, entre outros, o entendimento de que os indivíduos possuem informações

completas acerca das possibilidades de decisão, racionalidade plena na escolha das opções e princípio

maximizador de utilidade.

Porém, a partir dos primeiros trabalhos do Professor Herbert Simon, na década de 1930, tais

premissas passam a serem contestadas. Simon (1945) sugeriu que os seres humanos não são

completamente racionais, mas racionalmente limitados. Além disso, de acordo com Simon (1977) e

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Leibenstein (1976), o agente econômico não é um maximizador por excelência, mas procura alcançar

objetivos satisfatórios, escolhendo uma alternativa que atenda a determinados critérios de decisão, sem

que esta seja a única ou a melhor opção disponível. Deve-se mencionar que os pressupostos de Simon

derivam da Psicologia e, como tal, estão focados na análise do comportamento dos agentes individuais,

comportamento este que acaba por influenciar os sistemas.

No ambiente organizacional as decisões estão diretamente relacionadas com o rumo do

empreendimento. Freitas et al. (1997) afirmam que é por meio de suas decisões que os administradores

procuram conduzir seu negócio a uma determinada situação. Para Simon (1945, p. 54) “as decisões são

algo mais do que simples proposições factuais. Para ser mais preciso, elas são descrições de um futuro

estado de coisas, podendo essa descrição ser verdadeira ou falsa, num sentido empírico. Por outro lado,

elas possuem, também, uma qualidade imperativa, pois selecionam um estado de coisas futuro em

detrimento de outro, e orientam o comportamento rumo à alternativa escolhida”.

Desta forma, pode-se dizer que uma decisão baseia-se em conhecimentos acerca de determinadas

relações de causa-efeito das opções disponíveis, visando escolher alternativas que levem às conseqüências

preferidas. Neste contexto, existem inúmeras variáveis que interferem no processo decisional. Para Freitas

et al. (1997) seriam relevantes para as decisões concernentes às organizações: a) seus objetivos; b) os

critérios de racionalidade e de eficacidade; c) as informações (falta ou excesso, situação de incerteza,

complexidade e conteúdo); d) raciocínio; e) valores; f) crenças; e g) recursos.

Em virtude inclusive desta amplitude de variáveis envolvidas, torna-se necessário que o

administrador dedique um tempo considerável ao processo decisório, pois este é o núcleo e a atividade

essencial dos administradores. Conforme Ansoff (1965), no entanto, as exigências em relação ao tempo

do responsável pela tomada de decisões parecem ser sempre superiores ao total do tempo que este dispõe,

o que acaba fazendo com que o processo de decisão não seja feito da forma mais adequada.

De acordo com Simon (1972, p.19), e ponderando a questão do tempo utilizado para um processo

de decisão, estas podem ser programadas ou não-programadas. As decisões são programadas na medida

que são repetitivas e rotineiras, havendo um processo definido para sua abordagem, dispensando assim a

necessidade de retroalimentação constante. Nos agronegócios pode-se associar esse tipo de decisão aos

fatores técnicos de produção. As decisões serão não-programadas na medida em que forem novas, não

estruturadas e de efeitos relevantes no sistema. Diante destas questões não existirá um método pré-fixado

para tratar o problema, em função da estrutura complexa e da diversidade de variáveis que podem se

apresentar envolvendo uma situação que exija uma decisão não programada.

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Pode-se dizer, então, que a decisão não programada é o tipo de decisão mais comum existente

atualmente, principalmente em função do processo de abertura constante das economias nacionais para

mercados globais e acirramento da concorrência. Estes processos influenciam as estruturas das cadeias

produtivas agroindustriais, exigindo novos arranjos de processos produtivos e de relação com

stakeholders organizacionais, fazendo com que cada vez mais o consumidor passe a ser o indutor do

processo produtivo, havendo então maior imprevisibilidade nas decisões organizacionais.

Outro elemento a ser considerado é que dentro de uma organização as decisões podem ter três

níveis. O primeiro é o nível operacional, onde as decisões são programáveis e os procedimentos a serem

seguidos são estáveis e cujo processo visa assegurar que as atividades operacionais serão bem

desenvolvidas. Já as decisões de nível tático normalmente são relacionadas ao controle administrativo e

ao processo de operações de controle, sendo que neste nível é necessário um determinado grau de

antecipação, ou seja, de planejamento a ex-ante e mensuração de efeitos a ex-post. Por fim, as decisões

em nível estratégico englobam a definição de objetivos, politica e critérios gerais de planejamento do

curso da organização, tudo com o propósito de desenvolver estratégias para que a organização seja capaz

de atingir seus objetivos gerais (SIMON, 1972; DRIVER et al., 1990; FREITAS et al., 1997).

No que tange ao processo decisório, relevante contribuição é dada por Macadar (1998), por meio

da criação e validação de um instrumento de pesquisa que procura definir o processo decisório a partir das

características individuais e coletivas dos agentes tomadores de decisão. Naquele trabalho são

apresentados construtos de tomada de decisão, os quais permitem identificar e definir o processo de

tomada de decisão, a partir da captura e análise das características dos indivíduos, estejam eles

organizados individualmente ou coletivamente.

Além das questões abordadas até aqui, outros aspectos podem influenciar a tomada de decisão, só

que agora ligados ao agente tomador de decisão. Entre estes aspectos estão o estilo decisório do

administrador e o nível de informação existente, os quais serão abordados no próximo item.

4.1. Os estilos decisórios e o nível de informações na tomada de decisão

Segundo Driver et al. (1990), os estilos decisórios variam de acordo com a quantidade de

informações que são utilizadas para a decisão, bem como pelo nível de planejamento utilizado, podendo

ser classificados como: decisivo, flexível, hierárquico, integrativo e sistêmico. Enquanto o primeiro é o

que utiliza poucas informações e pouco planejamento, orientando-se exclusivamente por resultados, o

último combina qualidades de outros estilos, tais como: planejamento de longo prazo, maximização do

uso de informações, valorização e criatividade. O estilo do decisor, segundo o mesmo autor, é

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determinante para a formulação intuitiva de seu processo decisório, sendo que este processo, em grande

parte, decorre da experiência decisória do indivíduo.

Macadar (1998) afirma existir um background decisório, ou um conjunto de habilidades

adquiridas por meio de diferentes vivências e experiências do individuo. Estas formam a “bagagem” de

experiência decisória do individuo, sendo que quanto maior for a mesma, mais capacitado e apto o decisor

está a tomar decisões com maior grau de complexidade. Ainda, aspectos como a idade, o tempo de

trabalho, a experiência gerencial, nível educacional, vivência em outros países ou regiões e o tipo de

decisões tomadas (operacionais, táticas e estratégicas) possuem relação positiva com o estilo decisório e

quanto maiores forem as capacitações, mais próximo o decisor estará do estilo decisório sistêmico

(MACADAR, 1998, KIRSCHENBAUM, 1992; DRIVER et al., 1990).

Outra variável relevante na tomada de decisão, e que está inter-relacionada ao estilo e à

experiência decisória individual, é o nível de informações. Conforme Davis e Olson (1987), a informação

de um tomador de decisão pode variar desde o conhecimento perfeito (certeza perfeita), passando pelo

risco, até a incerteza perfeita (ignorância completa), sendo que quanto maior for a incerteza, maior o grau

de risco envolvido numa decisão.

Para estes mesmos autores é mais comum a tomada de decisão sob condições de variação nos

graus de risco e de incerteza. O risco é um estado de conhecimento onde o tomador de decisão está

consciente dos problemas que enfrenta, mas não tem certeza a respeito dos resultados da aplicação do

plano de ação. Neste sentido, pode-se dizer que existem dois tipos de risco, identificados como risco

objetivo ou calculado, e risco subjetivo ou cognitivo. O risco objetivo é aquele onde a probabilidade de

ocorrência de um determinado evento pode ser mensurado, seja mediante histórico de dados, ou a priori.

Conforme varia negativamente a disponibilidade de informações, diminuiu a possibilidade de mensuração

do risco, havendo a transição para a decisão sob condição de risco subjetivo. Este se caracteriza por

ocorrer quando a probabilidade de incidência de um evento é determinada subjetivamente, ou seja,

baseando-se a decisão fundamentalmente na intuição, que deriva da experiência e da familiaridade com

uma determinada situação, que por isso relaciona-se com a cognição.

Diante disto, conforme cresça em complexidade o ambiente e a quantidade de informações

disponíveis, o processo de tomada de decisão varia desde a incerteza perfeita à certeza perfeita. Em geral,

estes opostos não são atingidos, o que por um lado decorre do fato de o ser humano ser dotado de

limitações cognitivas, o que impede que esse individuo possa ter conhecimento completo de um fato ou

da conseqüência futura de uma decisão. E, por outro lado, a ignorância completa é rara, pois os seres

humanos são dotados de uma racionalidade, que ainda que incompleta, permite aos mesmos antecipar

fatos, muitas vezes em função de seus instintos (SIMON, 1986).

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A ampliação dos estudos sobre tomada de decisão fez com que vários autores propusessem

modelos e pressupostos acerca destes. O próximo item faz uma abordagem de alguns modelos,

enfatizando os elementos escolhidos para a estrutura analítica que se quer elaborar.

4.2 Pressupostos e modelos de tomada de decisão

A maioria dos modelos elaborados sobre os processos decisórios parte do pressuposto da

racionalidade plena, que envolve a idéia do individuo maximizador e possuidor de todas as informações,

tendo total controle sobre os efeitos do processo de tomada de decisão. Estes modelos são denominados

de Modelos Racionais de Tomada de Decisão, sendo usados geralmente por organizações que pesam

suas opções e calculam níveis de risco ótimos. Assim acreditam ser possível minimizar a incerteza,

possibilitando uma decisão que assegura o sucesso da ação com efeitos duradouros (STONER e

FREEMAN, 1985).

No entanto, para um grupo de autores, como Dewey (1933), Kepner e Tregoe (1965), Archer (1980), e

Bethlem (1987), nenhuma abordagem do processo de decisão é capaz de garantir que a decisão seja a

certa, mas tenta garantir que os gestores que usam uma abordagem racional e sistemática tenham mais

probabilidade de chegar a soluções satisfatórias. Para estes a operacionalização deste modelo dá-se

mediante a execução de quatro estágios principais: a) exame da situação (consiste da definição do

problema, da identificação dos objetivos da decisão e do diagnóstico das causas); b) criação de

alternativas; c) avaliação das alternativas e seleção da melhor; e d) implementação e monitoramento da

decisão.

Já para Davis (1988) o processo decisório é composto de cinco fases indivisíveis. Estas fases, mesmo

variando de caso em caso, são aplicáveis, em geral, a todos os tipos de empreendimentos, pois seus

objetivos são praticamente os mesmos. Segundo este autor, o processo decisório consiste de se identificar,

ou formular, quais alternativas estão a disposição para a escolha. Em seguida vem a fase onde são

examinados todos os fatores que influenciam de forma relevante o valor e risco. Então são avaliadas, e

analisadas, as alternativas em termos dos requerimentos necessários para que sejam alcançados os

objetivos. A partir disso deve ser estabelecido e comparado um ranking de escolhas, para finalmente ser

selecionada a alternativa que provê o melhor, e mais aceitável, curso de ação. O fluxo entre estas fases

pode ser observado na figura 1.

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Figura 1 - As Cinco Fases do Processo Decisório.

Fonte: Adaptado de Davis (1988).

No entanto, as relações sócio-econômicas atuais, muito mais interativas e influenciadas por fatores

oriundos de vários meios, fazem com que esses modelos pareçam distantes da aplicabilidade geral. Eles

tangenciam a idéia de que o ser humano tem o domínio de todas as variáveis, porém sabe-se que estes não

tomam suas decisões somente desta forma. Em vez disso, estes tendem a usar o que Simon (1945) chama

de racionalidade limitada. Mais do que isso, de acordo com Tversky e Kahneman (1971) os seres

humano também decidem com base em regras empíricas, as quais denominam de heurísticas,

dificilmente passíveis de previsibilidade ou padronização. Ambas as características remetem ao fato de

que tendências também influenciam a tomada de decisão.

A racionalidade limitada mostra que os tomadores de decisão, freqüentemente, decidem com base

em uma assimetria de informações, ou seja, os mesmos não percebem todos os fatores que podem

influenciar a natureza do problema e de suas possíveis soluções. Isto deriva, entre outros fatores, da

incapacidade do ser humano em trabalhar com grandes quantidades de informação devido aos seus limites

cognitivos. Assim, ao invés de buscar a decisão perfeita, ou ideal, os administradores aceitam e se

satisfazem com a primeira decisão tomada, ao invés de maximizar ou encontrar a decisão ótima (SIMON,

1945).

Outros aspectos presentes na tomada de decisão são os princípios heurísticos, ou regras empíricas,

que em geral simplificam a tomada de decisão. A capacidade heurística é uma característica dos seres

humanos, que pode ser descrita como a arte de descobrir e inventar, ou resolver problemas, mediante a

criatividade e o uso do pensamento. Entende-se por heurística o método de tomada de decisão que se

desenvolve por meio dos conhecimentos prévios do decisor para solucionar impasses semelhantes, a partir

do uso de sua capacidade de análise e síntese. Em geral, conforme Bazerman (1988), três heurísticas

podem aparecer na tomada de decisão: disponibilidade, representatividade e ancoragem e ajuste.

O Modelo Decisório de Racionalidade Limitada de Simon leva em conta os pressupostos

mencionados anteriormente, quais sejam: racionalidade limitada e heurística. A tomada de decisão por

este modelo, conforme Simon (1977), compreende quatro fases, as quais são indivisíveis e

complementares, estando envolvidas por um constante feedback.

A primeira fase (inteligência ou investigação) compreende a análise do ambiente, na qual é feita a

coleta e o processamento de informações de forma a se identificar as oportunidades e ameaças. Já a

segunda fase (concepção ou desenho) consiste de analisar os possíveis cursos de ação, formular o

problema, construir e analisar as alternativas viáveis para uma situação que requer decisão. A terceira fase

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(escolha) é aquela onde se escolhe uma determinada linha de ação, dentre as alternativas disponíveis, ou

viáveis, sendo esta escolha determinada por um número restrito de informações captadas, em função da

limitação de racionalidade e de cognição. Esta também pode ser chamada de fase da implementação da

decisão escolhida. Por fim, a quarta fase (revisão) consiste de avaliar as escolhas passadas, de forma a

retroalimentar o sistema futuro por meio do aprendizado passado.

Os modelos de decisão vão com o tempo se sofisticando, até que se perceba que todos têm

características comuns. Verifica-se, por exemplo, que o processo de tomada de decisão é acurado, e por

muitas vezes seu sucesso depende da quantidade de informações que se dispõe, bem como dos possíveis

resultados da aplicabilidade de planos de ação determinados por estas variáveis. Mesmo assim, um último

conjunto de elementos precisa ser considerado para que se tenha noção das variáveis que podem

influenciar o processo: o ambiente decisório e os fatores que influenciam a tomada de decisão, o que será

visto no próximo item.

4.2.1 O ambiente decisório e os fatores que influenciam a tomada de decisão

O processo de decisão ocorre em um ambiente que é influenciado diretamente por diversos grupos

com diferentes interesses. Pode-se dizer que até mesmo a diferença do próprio ambiente condiciona a

ocorrência de fatores específicos que afetam a decisão. Neste sentido, Davis (1988) procurou descrever,

em seu modelo, um conjunto de fatores que influenciam a tomada de decisão em uma organização.

Os fatores operacionais são aqueles que estão mais presentes no processo decisório. Nele se

enquadram aspectos como a mão-de-obra, os recursos e meios de produção com seus respectivos custos,

as habilidades dos produtores e funcionários, entre outros. Já os fatores organizacionais estão

relacionados às questões internas das organizações - como a imagem, aos problemas motivacionais e

envolvimento de seus participantes, de sua estruturação e até mesmo às suas políticas internas. Os fatores

externos relacionam-se ao ambiente exterior à organização, como a avaliação de questões legais, da

dinâmica de mercado, dos competidores e de aspectos regulatórios, sendo necessário o entendimento

destas interações para a tomada decisão com menor grau de incerteza. Ainda os fatores de considerações

informacionais relacionam-se a disponibilidade de informações ao decisor no momento em que as

mesmas sejam necessárias. Por fim, os objetivos gerenciais constituem-se do último nível, logo sendo o

mais abrangente, e por isso capaz de influenciar de maneira determinante o processo decisório.

Todos os modelos apresentados até então são em geral aplicados a organizações que sejam produtoras de

bens de consumo duráveis e não-duráveis, e bens de capital. Torna-se necessário então diferenciar as

cadeias produtivas que tenham como base organismos de origem biológica, na medida que estes tem uma

série de especificidades que agregam complexidade à tomada de decisão. Por este motivo, agrega-se aos

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elementos teóricos já abordados outros elementos que tratem dos fatores que podem influenciar a tomada

de decisão em propriedades agrícolas, como as especificidades inerentes à produção e comercialização de

commodities agrícolas.

4.2.2 Decisão em cadeias produtivas constituídas a partir de commodities agrícolas

A tomada de decisão em cadeias produtivas que tenham por base commodities agrícolas está

sujeita a uma série de outros fatores, os quais podem ser exclusivos da atividade rural. Em função destas

especificidades, podem tanto ocorrer decisões não programadas, as quais foram já caracterizadas, como

decisões novas, não estruturadas e raramente decorrentes de outras.

Isso remete ao fato de que a decisão em cadeias produtivas baseadas em commodities agrícolas

talvez seja mais complexa do que em outros setores produtivos. Este pode ser o motivo pelo qual, de

acordo com Bethlem (1987), não exista um método pronto para se resolver os problemas que vão

surgindo ao longo da cadeia produtiva, visto que: a) eles nunca ocorreram antes; b) a sua natureza e

estrutura são indefinidas, imprecisas ou complexas ou; c) porque é tão importante que merece um

tratamento “sob medida”.

Ainda de acordo com esse autor, vários são os modelos de decisão que podem auxiliar a tomada de

decisão do produtor rural, porém nenhum deles é de aplicabilidade universal. Assim, torna-se necessário a

seleção e uso de aspectos presentes em modelos distintos, formando o melhor modelo possível, e não o

modelo ideal, para ser usado na tomada de decisão.

Neste estudo parte-se dos pressupostos do Modelo Decisório de Simon, o mesmo modelo

referenciado por Macadar (1998) na construção de um instrumento de coleta de dados para observar a

percepção do processo decisório e as diferenças culturais. No entanto, devido a complexidade do setor, a

proposta analítica deverá contemplar também os diferentes fatores que podem influenciar a tomada de

decisão em níveis distintos de uma cadeia produtiva, passando desde aspectos ligados à atividade agrícola

dentro da porteira, até aqueles aspectos que envolvem a industrialização das commodities, ou seja,

localizados mais a jusante na cadeia produtiva.

No entanto, antes mesmo de discutir especificamente estes fatores, deve-se mencionar que a

atividade agrícola está ligada a um sistema maior, o qual, segundo Rodriguez (1996), é definido como

Sistema de Exploração Agrária. Este autor mostra em seu trabalho como as relações existentes neste

sistema influenciam a tomada de decisão em produzir commodities agrícolas. Assim, considera-se que o

agricultor, pessoa física, sua estrutura produtiva e os critérios de gestão que esta emprega, formam parte

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de um sistema de produção. Este sistema é uma combinação de uma série de elementos que se relacionam

entre si e com o exterior, levando-se em conta estes aspectos como condicionantes para a tomada de

decisão.

Outra relevante contribuição acerca dos fatores que influenciam a tomada de decisão dos

produtores rurais é a de Gasson (1973), em seu trabalho chamado “Objetivos e Valores dos Agricultores”.

Nesta obra é apontada a importância dos valores nas decisões dos agricultores, onde as metas (ou

objetivos), são definidas pela autora como “estados finais aos quais o individuo desejaria chegar”, os

quais dependem dos sistemas de orientações, ou valores, para serem alcançados.

Porém, é somente nos anos 80 que se passa a compreender que os agentes econômicos não

otimizam decisões com base em um único objetivo. Este paradigma ficou conhecido por paradigma

decisional multicritério. Segundo este, os agentes buscam um equilíbrio, ou compromisso entre um

conjunto de metas que estão usualmente em conflito. Destas contribuições é que surge a Teoria da

Decisão Multicritério, a qual por meio de uma ferramenta conhecida por programação multicritério pode

permitir completar as explicações sobre os tipos de decisão dos agricultores (RODRIGUEZ, 1996).

A partir das contribuições que a programação multicritério trouxe para esta área de estudos é que

Brandt (1980) constrói sua tipologia, ainda que naquele trabalho o foco não fosse o de analisar o processo

decisional, mas sim apontar os aspectos que podem influenciar a oferta de produtos agrícolas. O autor

aponta existirem cinco categorias de fatores que influenciam o processo de tomada de decisão dos

agricultores: econômicos, tecnológicos, ecológicos, institucionais e incertezas (advindas das

externalidades).

No entanto, é somente em Machado (1999) que são consolidados estes conceitos em relação ao

processo decisional. Em suma, este autor aponta que se tais aspectos afetam a oferta agrícola, isto ocorre

porque também estão influenciando as decisões dos agricultores, na medida em que ofertar um produto no

mercado é uma situação que exige o ato de decidir fazê-lo. Logo o ato de ofertar ou não sua produção no

mercado, é um processo que pode ser afetado pelas cinco categorias de fatores apontadas acima.

Concomitante a isso, a equipe de economia rural do CIMMYT (1991), subdivide as circunstâncias

que afetam a decisão dos agricultores, quais sejam as condições internas e externas. As condições

internas que afetam a decisão são os objetivos dos agricultores (risco, preferências e ingressos) e suas

restrições de recursos (terra, capital e trabalho), enquanto que as externas são as condições de mercado

(produto, insumos e crédito), as instituições e as políticas públicas. Ainda este autor aponta a tecnologia a

ser usada como um fator relevante da tomada de decisão, bem como aquelas circunstâncias que

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freqüentemente são fontes de incertezas para a tomada a decisão – clima, aspectos biológicos (pestes,

doenças, etc) e as condições de mercado.

Diante destas duas abordagens, foi elaborada a figura 2, que procura unificar os fatores gerais que

influenciam a tomada de decisão dos produtores rurais. Para esta construção adotou-se como pressuposto

a semelhança das abordagens, a qual mostra características homólogas que afetam a decisão do produtor

rural. Assim, é a partir desta construção, bem como daquela proposta por Davis (1988), complementadas

pelas contribuições das abordagens anteriores (tomada de decisão em cadeias produtivas), e posteriores

(Economia dos Custos de Transação), que será elaborada a proposta de estrutura analítica para observação

da decisão nos agronegócios.

Figura 2 - Os fatores que influenciam a tomada de decisão do produtor rural.

Fonte: Adaptado de Brandt (1980) e CIMMYT (1991).

5.0 A Economia dos Custos de Transação (ECT)

No âmbito do trabalho, busca-se apoio no referencial teórico da ECT para que se possa verificar o

papel da incerteza, freqüência, estrutura de informação e especificidade dos ativos no processo decisório

que compõe cadeias produtivas baseadas em produtos commoditizados.

A ECT está inserida no contexto da Nova Economia Institucional (NEI) - tendo como precursor o

trabalho de Coase (1937) The Nature of the Firm, que é uma vertente da economia que procura mais do

que somente analisar os custos de produção, admitindo que também existem custos associados às

transações (atos de compra e venda). Esta abordagem considera que, uma vez atuando em um ambiente

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institucional carregado de incertezas, as empresas utilizam nas suas transações instrumentos de

normalização, os contratos, que visam resguardá-las em caso de não cumprimento de termos ou de ganhos

adquiridos na operação (COASE, 1937).

A ECT pretende explicar as diferentes formas organizacionais prevalecentes no mercado. Entre

seus pressupostos, destaca-se que as empresas estão imersas em um ambiente de racionalidade limitada,

caracterizado pela incerteza e informação imperfeita. Assim, dessas características, decorrem os custos

de transação, cuja minimização vai explicar os diferentes arranjos contratuais que cumprem a finalidade

de coordenar as transações econômicas de maneira eficiente (WILLIANSOM, 1985).

Neste sentido, como referido anteriormente, pode-se mencionar as cadeias produtivas que tenham

por base commodities agrícolas como imersas neste mesmo ambiente, tudo ainda mais potencializado por

aspectos como a sazonalidade e a natureza biológica da produção agrícola. Desta forma, a organização

ideal da cadeia produtiva deveria possibilitar a minimização dos custos de transação, os quais oscilariam

de acordo com os atributos da mesma: complexidade e incerteza quanto aos resultados; especificidade dos

ativos envolvidos; freqüência e duração das transações; dificuldade de mensuração do desempenho das

instituições. No entanto, em função dos aspectos presentes na mesma, longe da lógica de minimização,

deveria se buscar a melhor combinação desses fatores de modo a possibilitar a garantia de custos de

transação apropriados à manutenção econômica da cadeia.

Assim, o propósito das propriedades agrícolas, das empresas, ou seja, da cadeia produtiva de

forma geral, é diminuir os custos de transação, estando incluídos nestes todos os custos necessários para

mover o sistema econômico. Estas transações são realizadas entre agentes econômicos, seja para trocar

bens, seja para permutar serviços. Ao realizarem as trocas, os agentes engajam-se em transações, as quais

distinguem-se por três características básicas (WILLIANSOM, 1985):

a) Freqüência: característica relacionada ao número de vezes que dois agentes realizam certas

transações, as quais podem ocorrer uma única vez, ou se repetir dentro de uma periodicidade. Nesta, a

reputação e a confiança tem papéis centrais, pois impedem que um dos agentes rompa algum contrato por

comportamento oportunístico;

b) Incerteza: está associada a fatos ou efeitos não previsíveis. É uma característica que pode levar

ao rompimento de um contrato de forma não oportunística e;

c) Especificidade dos Ativos: é a perda de valor dos ativos envolvidos em uma determinada

transação, quando a mesma não se concretizar.

De acordo com Williansom (1985), para compreender o fenômeno das transações, e por

conseqüência, a teoria da Economia dos Custos de Transação, faz-se necessário analisar algumas

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características dos agentes envolvidos, especificamente o oportunismo e a racionalidade limitada. Para o

autor o oportunismo implica no reconhecimento de que os agentes não apenas buscam o auto-interesse,

mas podem fazê-lo rompendo contratos já firmados a fim de apropriar-se de rendas associadas àquela

transação. Contudo, ainda identificamos três razões para os indivíduos manterem os contratos: reputação,

garantias legais firmadas nos contratos e princípios éticos. Quanto à racionalidade limitada, Williansom

(1985) afirma que os agentes desejam ser racionais, mas só conseguem sê-lo parcialmente. A limitação

surge da complexidade do ambiente que cerca as decisões dos agentes, fazendo com que os mesmos não

atinjam a racionalidade plena, bem como dos limites cognitivos do ser humano.

Visando minimizar o oportunismo dos agentes, mediante o estabelecimento de normas a serem

cumpridas, ou seja, estabelecer as regras do jogo, tem relevância a elaboração de contratos. Em suma, ao

se efetuar um contrato pretende-se reduzir os custos de transação, o que ocorre em virtude da

minimização dos custos de barganha a ex-post.

Os aspectos aqui apresentados podem servir de suporte ao entendimento dos fatores que

influenciam a tomada de decisão nos diferentes elos da cadeia produtiva, propondo como os agentes

podem definir como se tratará determinado tipo de contrato. A racionalidade limitada e os contratos

incompletos tornam complexa a elaboração de contratos que contenham todas as possibilidades futuras.

Aliado a isso, tem-se o fato de que os agentes possam vir a comportar-se de maneira oportunística, bem

como existe a possibilidade de existir especificidade nos ativos. Assim, o princípio básico que a teoria

demonstra é de que as organizações buscarão o alinhamento entre as características das transações, e as

características dos agentes, dentro de um ambiente institucional.

De forma geral, as commodities agrícolas possuem baixa especificidade, cabendo portanto ao mercado a

transação necessária para a aquisição do insumo, sem a necessidade de contratos. Porém, quando uma

commoditie começa a ter especificidades de características para usos determinados, pode-se passar a ter

uma oferta cativa do produto. Serve como exemplo disso a obrigatoriedade da adição de biodiesel ao óleo

diesel a partir de 2008. Este movimento faz com que as indústrias, mesmo diante de um ativo de baixa

especificidade, estejam promovendo a realização de contratos de fornecimento com determinadas

cooperativas e estas com produtores rurais de soja do RS, para que se alcance escala de fornecimento de

grão necessária para suprir a demanda das usinas produtoras de biodiesel.

6.0 Complexidade administrativa dos agronegócios

A análise sistêmica tem sua origem na Teoria Geral dos Sistemas elaborada por Ludwig Von

Bertalanffy. Para Bertalanffy (1979), o sistema é composto de um complexo de elementos em interação.

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O autor constata em seus estudos que existem leis gerais aplicáveis a qualquer sistema de determinado

tipo, sem importar as propriedades particulares do sistema nem seus elementos participantes.

Complementar a esta idéia, para Edgar Morin (1987, p. 99-100) o sistema é “uma interação de

elementos que constituem uma entidade ou unidade global”. Para o autor, esta definição compreende uma

idéia de inter-relação dos elementos e outra da unidade global que a inter-relação dos elementos acaba

constituindo. Neste sentido, não é suficiente associar inter-relação e totalidade, mas é preciso ter claro que

o caráter regular e estável das inter-relações é que vai garantir a idéia de organização necessária para que

se tenha o completo sentido de totalidade. Outra idéia de sistema, que se orienta por esta mesma

concepção de inter-relação, é a apresentada por Luhmann (1997), para quem sistema é um conjunto de

elementos que mantêm determinadas relações entre si e encontram-se separados por um ambiente

determinado.

Na concepção do autor, a relação entre o sistema e o ambiente é fundamental para caracterizar o

sistema, pois este é definido a partir do ambiente, o que faz com que os sistemas sejam abertos e fechados

ao mesmo tempo. Este paradoxo é explicado por Luhmann (1995) quando afirma que o sistema é fechado

no momento em que se observam as relações que ocorrem dentro do próprio sistema, ou seja, suas

relações internas, as quais lhe conferem uma série de características, orientando seu funcionamento.

Porém, estas relações sofrem o impacto do meio, os quais afetam e modificam o funcionamento do

sistema, sendo, neste momento, aberto.

Assim, para que o sistema seja entendido, os elementos do ambiente que lhe afetam passam a ser

incorporados como elementos pertencentes ao próprio sistema, fazendo com que este passe a ser fechado

novamente, ou seja, afetando o funcionamento do sistema, qualquer elemento externo passa a ter que ser

considerado como pertencente ao sistema. Assim a abertura existe no sentido de que um sistema não está

completo, nem pode ser considerado fechado, se todos os elementos que participam de sua dinâmica não

estiverem sendo considerados.

Ponderando esta afirmativa numa outra perspectiva, pode-se dizer que olhando para o interior do

sistema, observando suas características, fluxos e falhas, é que consegue saber o que buscar no seu meio

de inserção para completar o próprio sistema, melhorando seu entendimento e possibilitando seu melhor

funcionamento. Assim, fica mais clara a afirmativa de Luhmann (1997) acerca do fato dos sistemas

incluírem em sua constituição a diferença originada em seu ambiente e só poderem ser entendidos a partir

dessa mesma diferença.

Retornando às idéias de Morin (1987), no momento que os sistemas compõem uma organização

maior que o indivíduo, não se pode dizer que esta representa a soma dos indivíduos, pois as interações

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decorrentes deste arranjo produzem, por muitas vezes, um resultado maior do que apenas a agregação de

indivíduos. Ao mesmo tempo em que a observação do todo faz com que se percam especificidades que

são inerentes apenas aos indivíduos e que podem fazer com que estes sejam, em certos aspectos, maiores

que o todo considerado. Esta formulação paradoxal indica que um sistema é um todo que toma forma ao

mesmo tempo em que os seus elementos se transformam. Essa afirmativa leva a uma visão de

complexidade, de ambigüidade, de diversidade sistêmica, fazendo com que se passe a considerar em todo

o sistema não só o ganho em emergências, mas também a perda em imposições, sujeições e repressões

(MORIN, 1987).

Isto acontece porque a organização liga, de modo inter-relacional, elementos, acontecimentos ou

indivíduos diversos que passam a ser componentes de um todo. Os dois conceitos (organização e sistema)

estão ligados pelo conceito de inter-relação. Para Morin (1987) toda a inter-relação dotada de certa

estabilidade ou regularidade toma um caráter organizacional e produz um sistema. Desta forma o sistema,

considerado sob o ângulo do todo, é uno e homogêneo; considerado sob o ângulo dos constituintes, é

diverso e heterogêneo (MORIN, 1987). Esta seria a primeira e fundamental complexidade do sistema:

associar em si a idéia de unidade, por um lado, e de diversidade ou multiplicidade, por outro.

Outro enfoque de sistema, que também passa a idéia de organização, totalidade e complexidade, é

dado por Donnadieu (1997). Para este autor o sistema é um conjunto de elementos em dinâmica interação

e organizado em função de um objetivo. Nesta definição, encontra-se a idéia de complexidade, equilíbrio

e finalidade. A complexidade pode ser entendida, na visão de Donnadieu (1997), como a pluralidade de

elementos e sua interação, movimento. Por outro lado, a idéia de equilíbrio de um sistema mostra que

suas partes não são inertes umas em relação às outras, mas que interagem dinamicamente, sempre dentro

de uma organização. Por fim a idéia de finalidade, a qual aponta que os sistemas têm objetivos, pode ser

pré-determinada (como é o caso dos sistemas vivos, cuja finalidade é crescer e se multiplicar), como pode

ser auto-determinante (ou seja, o próprio sistema escolhe e trabalha por sua finalidade, com é o caso da

sociedade).

Uma ênfase deve ser dada ao elemento “complexidade”, que acompanha as definições ligadas às

idéias sistêmicas. Para Morin e Le Moigne (2000) o grande mérito do pensar complexo seria a

possibilidade de observar qualquer objeto ou contexto de forma a apreender o máximo possível de seu

funcionamento, características ou detalhes. Apesar da racionalidade limitada que acompanha o

pesquisador e que lhe impede de entender a completude de seus objetos, a complexidade o aproximaria

mais do real, do que os métodos reducionistas tradicionalmente utilizados.

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6.1 As inter-relações existentes no referencial: proposição de uma estrutura analítica

Nesta seção tem-se como objetivo consolidar os referenciais teóricos utilizados, de forma que se

possam observar as inter-relações e complementaridades existentes entre as contribuições dos autores

revisados, as quais servirão de base para a elaboração de uma estrutura analítica sistêmica, passível de uso

para análise de processos decisórios dentro do agronegócio.

Para que se construa o esquema a partir das bases teóricas referenciadas, foram considerados os

seguintes elementos:

1. Modelo de tomada de decisão de Simon (1977);

2. Aspectos ligados às especificidades presentes em cadeias produtivas que tenham como base

produtiva commodities agrícolas, um dos objetos deste estudo;

3. Características dos decisores;

4. Características da decisão;

5. Pressupostos da Economia dos Custos de Transação, os quais parecem estar presentes no ambiente

que engloba os agronegócios, seja ao nível das relações econômicas, ou até mesmo nas

características individuais dos agentes, ou atores, que compõe a mesma.

6. Elementos que dêem um caráter sistêmico à estrutura analítica, integrando elementos do ambiente

complexo de inserção dos processos de tomada de decisão.

Estes referenciais servirão tanto para agregar à análise aspectos específicos, tais como as

categorias inerentes às commodities (natureza biológica da produção agrícola e sua sazonalidade), e

elementos gerais que compõem os processos decisórios em qualquer área, além de levar em consideração

o macro-ambiente que afeta o agronegócio. A interação destes elementos permitiu a elaboração da

estrutura apresentada na figura 3.

Deve-se mencionar, que sob o ponto de vista metodológico, a construção da estrutura analítica

proposta foi dividida em dois núcleos de análise, sendo o primeiro deles o nível analítico dos fatores e

motivações ligados ao processo de decisão. Neste núcleo estão: a) os aspectos ligados às especificidades

das cadeias produtivas, estruturadas a partir de commodities agrícolas; b) os pressupostos da ECT, os

quais parecem estar presentes no ambiente que engloba as cadeias produtivas, seja ao nível das relações

econômicas ou nas características individuais dos atores que as compõem.

As premissas presentes nestes referenciais, em menor ou maior grau, afetam diretamente os fatores

e motivações que influenciam a tomada de decisão em cadeias produtivas, os quais em determinados

casos podem estar todos presentes. Deve-se ressaltar que isso não quer dizer que haja um equilíbrio na

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ocorrência dos mesmos, pois as motivações podem ser distintas para cada elo, ou ator, dependendo do

objetivo individual a ser alcançado.

Partindo para o segundo núcleo de análise, denominado nível analítico das características ligadas

ao processo de decisão, deve-se mencionar que este é diretamente influenciado pelo nível anteriormente

mencionado, ou seja, tem presentes aspectos dos fatores e motivações ligados ao processo de decisão.

Neste nível estão presentes as naturezas da decisão e do decisor. Estas se subdividem, respectivamente,

em tipos de decisão e nível de informações, bem como estilo e experiência decisória.

Figura 3 - Consolidação e inter-relações do referencial teórico.

Fonte:Elaboração do autor com base em (1) Simon (1977) e (1945); Leibenstein (1976); Davis (1988); (2) Tversky e Kahnemann (1971); Bazermann (1988);

Driver et al. (1990); Macadar (1998); Kirschenbaum (1992); Davis e Olson (1987); (3) Simon (1972); Freitas et al. (1997); Driver et al. (1990); Davis

e Olson (1987); (4) Davis (1988); Brandt (1980); CIMMYT (1991). (5) Batalha (2001) e; (6) Coase (1937); Williansom (1980).

Em relação ao modelo de Processo de Tomada de Decisão proposto por Simon (1977), deve-se

mencionar que este mostra o ato de decidir como um processo contínuo e complementar, onde as fases de

inteligência e concepção “alimentam” a escolha da linha de ação, ou decisão, a qual por sua vez é

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revisada, fazendo assim com que se retro-alimente uma nova fase de inteligência, a qual se utiliza dos

elementos do processo decisório anterior, permitindo ações com base na heurística, de acordo com o

referencial abordado.

Diante disso, compreender os fatores que influenciam a tomada de decisão dos atores das cadeias

produtivas agroindustriais, bem como analisá-los, passa por identificar e analisar as inter-relações entre os

pressupostos e contribuições das teorias apresentadas, gerando uma inter-relação sistêmica entre as

abordagens, como descrito na figura 3.

Pode-se dizer que a estrutura analítica proposta é sistêmica, multinível e interdisciplinar em

função de estarem presentes os seguintes elementos:

1. Existe uma dinâmica interativa entre os elementos observados e a soma das unidades selecionadas

para a estrutura é maior do que a soma das partes, ao mesmo tempo em que é menor do que esta

por perder a especificidade de alguns elementos quando olhados isoladamente, caracterizando um

sistema;

2. É uma estrutura fechada, no momento em que se foca para o processo de tomada de decisão, mas é

aberta no momento em que traz para o sistema de tomada de decisão um conjunto de elementos

externos que lhe afetam, tais como os fatores de influência e motivadores da decisão, a ECT e a

especificidade das commodities agrícolas, o que lhe confere adaptabilidade;

3. Associa em si a idéia de unidade, através do foco no processo decisório, que pode ser restrito a

decisões específicas, mas considera a diversidade e a multiplicidade, quando traz para dentro da

estrutura a característica do decisor e da decisão, e as especificidades das commodities agrícolas;

4. A pluralidade de elementos e sua interação está presente na consideração de uma diversidade de

fatores influenciadores e motivadores do processo decisional, bem como na dinâmica proposta

para a estrutura que considera não só o fluxo de decisão, mas as diversas influencias que este

sofre, permitindo um feedback ao final do processo, que o realimenta num novo ciclo;

5. Esta interação acaba mostrando que existe um equilíbrio na estrutura, pois há possibilidades de

ajustes, a partir da interação com o meio e por meio dos feedbacks obtidos a cada ciclo decisório e

que suas partes não são inertes umas em relação às outras, mas que interagem dinamicamente de

uma organização;

6. Pode-se dizer que a estrutura tem um objetivo claro: observar o processo decisório considerando

elementos que possam permitir uma compreensão ampla deste processo em cadeias produtivas

agronegociais;

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7. O uso destes vários elementos dá um caráter complexo à estrutura, aproximando-a mais do real, o

que tende a fazer com que as observações feitas a partir dela sejam também mais próximas da

realidade do que outros sistemas mais simplificadores;

8. O uso de elementos oriundos da área das Ciências Sociais Aplicadas (processo decisório e ECT),

das Ciências Sociais (complexidade e análise sistêmica) e das Ciências Humanas (modelo

decisório de Simon) caracteriza a estrutura analítica como interdisciplinar;

9. A proposição da estrutura em dois níveis analíticos que permitem uma visão de âmbito macro

(contexto de inserção da decisão, fatores motivadores e elementos de influência), bem como de âmbito

micro (característica do decisor e do processo de decisão) caracterizam-na como uma proposta multinível;

Feitas estas considerações, pode-se dizer que o objetivo proposto fora atendido, restando, no

entanto, algumas limitações a serem contempladas em fases posteriores do processo de pesquisa que deu

origem a este ensaio, tais como: o estabelecimento de um método de pesquisa adequado e o teste da

estrutura analítica, bem como do método, em ambiente empírico, ou seja, em cadeias produtivas

estruturadas a partir de commodities.

7.0 Análise econômica da empresa rural.

No setor primário a tendência mundial é de redução das margens de lucro e a profissionalização do

produtor é uma necessidade premente. Sua preocupação deve estar voltada não somente para os processos

produtivos, mas também para as ações gerenciais e administrativas visando a maximização dos resultados

econômicos de sua empresa.

A análise econômica da empresa rural, por intermédio do cálculo dos custos de produção e das medidas

de resultado econômico, é um forte subsídio para o produtor fundamentar as decisões a serem tomadas,

estabelecer quais são as prioridades, a possibilidade de novos investimentos e a visão de viabilidade do

negócio.

Essa análise pode ser feita tanto para a empresa como um todo (análise global) como para as atividades

individuais (análise setorizada), de acordo com os centros de custos: 1) produção de leite/carne; 2)

produção de animais de reposição; 3) produção de alimentos volumosos/concentrados.

A análise setorizada oferece ao produtor meios para decidir, por exemplo, entre a alternativa de criar os

animais de reposição, comprá-los no mercado ou terceirizar sua criação; ou, ainda, produzir os alimentos,

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comprá-los no mercado ou terceirizar sua produção.

Podemos apresentar os custos de produção e as medidas de resultado econômico conforme o quadro 1.

Quadro 1: Custos de produção e medidas de resultado econômico.

Fonte: adaptado de Matsunaga et al. (1976); Gomes (1999); Yamaguchi (1999); Gomes (2006).

Os custos normalmente são expressos em R$/ano, R$/litro ou R$/quilo. As medidas de resultado

econômico normalmente são expressas em R$/ano, R$/litro, R$/quilo ou R$/hectare e a taxa de

remuneração do capital investido normalmente é expressa em % ao ano.

O custo operacional efetivo (COE) refere-se apenas aos gastos efetivamente realizados na condução da

atividade. São os gastos de custeio da atividade e, normalmente, implicam em desembolso do produtor

(alimentos, mão-de-obra, fertilizantes, sementes, medicamentos, energia, combustível, manutenção,

impostos e taxas, assistência técnica, etc).

O custo operacional total (COT) corresponde ao custo operacional efetivo mais as depreciações do capital

imobilizado em benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais de serviços e forrageiras não-anuais e

mais os custos correspondentes à mão-de-obra familiar.

O custo total (CT) engloba o custo operacional total mais a remuneração do capital investido em

benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais, forrageiras não anuais e terra.

A renda bruta (RB) é determinada pelo preço do produto multiplicado pela respectiva quantidade vendida,

consumida ou estocada. A análise da renda bruta, isoladamente, é pouco conclusiva, pois nem sempre as

linhas de exploração que apresentam maior renda bruta são as melhores do ponto de vista econômico.

Torna-se importante comparar os custos associados, ou seja, o montante investido na produção.

A margem bruta corresponde à renda bruta menos o custo operacional efetivo (MB = RB - COE).

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Margem bruta positiva significa que a exploração está se remunerando e sobreviverá pelo menos no curto

prazo. Margem bruta negativa significa que a atividade está antieconômica, pois o que se compra e

consome é maior do que se consegue de renda bruta.

A margem líquida corresponde à renda bruta menos o custo operacional total (ML = RB - COT). Quando

a margem líquida é negativa, o produtor pode não abandonar a atividade. Isto acontece quando ele

concorda em trabalhar na sua empresa (mão-de-obra familiar) por um salário menor que o salário

considerado no cálculo do custo e, ou, não consegue cobrir a depreciação do capital investido. A

continuidade da margem líquida negativa leva ao empobrecimento do produtor.

O lucro corresponde à renda bruta menos o custo total (L = RB - CT). Quando o lucro é positivo, pode-se

concluir que a atividade é estável e com possibilidade de expansão. Em caso de lucro negativo, mas em

condições de suportar o custo operacional efetivo (ou seja, com margem bruta positiva), pode-se concluir

que o produtor poderá continuar produzindo por determinado período, embora com um problema

crescente de descapitalização. A perpetuação do lucro negativo torna a atividade não atrativa. Lucro nulo

significa que a empresa está no ponto de equilíbrio e em condições de refazer, no longo prazo, seu capital

fixo.

Pensando em termos de lucro, deve-se entender os fatores que o afetam. Como apresentado, basicamente

o lucro resulta da diferença entre a renda bruta e o custo total. Por sua vez, a renda bruta é igual à

quantidade do produto vezes seu preço de venda (RB = P x $P) e o custo total é igual às quantidades dos

insumos vezes seus respectivos preços de compra (CT = I x $I).

Desta forma, pode-se dizer que: 1) o preço de venda do produto ($P) é apenas um dos 4 componentes do

lucro. O produtor deve buscar o máximo lucro e não, necessariamente, o maior preço de venda do

produto; 2) o lucro da atividade depende da produtividade P/I (litros de leite ou quilos de carne

produzidos por quilo de alimento consumido) e da relação de troca $P/$I (quilos de ração comprados com

um litro de leite ou um quilo de carne vendido). A queda do preço pago pelo produto ($P) deve ser

compensada pelo aumento da produtividade (P/I).

A taxa de remuneração do capital é igual à margem líquida dividida pelo capital investido (benfeitorias,

máquinas, equipamentos, animais e terra). Fornece informações sobre a atratividade do negócio. Quando

a taxa de remuneração calculada for maior que a taxa de juros de uma aplicação alternativa, significa que

o negócio é atrativo. Em análises desta natureza, é usual utilizar, como referência na comparação, a taxa

real de juros da caderneta de poupança, que é de 6% ao ano.

O produtor deve encarar sua atividade como uma opção de investimento de tempo e capital. É o que se

chama de custo de oportunidade: quanto eu estou deixando de ganhar em comparação a um investimento

alternativo?

Infelizmente são poucos os produtores que fazem anotações contábeis de forma sistemática e sabem

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realmente como vai o seu negócio. A maioria está preocupada em acompanhar apenas os índices de

produção e esquece os de rentabilidade

8.0 Crédito Rural

A agricultura e a pecuária, bem como as indústrias relacionadas ao setor, contribuem de maneira

significativa para nossa economia e são parte fundamental do crescimento e da segurança econômica do

país. O crédito rural é um crédito bancário que vem atender ás necessidades dos empreendimentos do

homem do campo. Estimula investimentos de produtores e cooperativas, facilitando a produção, a

comercialização e a inovação dos métodos e procedimentos de plantio e criação.

O produtor rural pode contar com o crédito rural para produzir, beneficiar ou comercializar sua

produção, seja ela agrícola ou pecuária. Cooperativas de produtores também podem solicitar crédito nas

instituições que o oferecem. E até mesmo pessoas físicas ou jurídicas não caracterizadas como produtores

rurais podem ter acesso ao crédito rural, desde que se encaixem em uma das atividades previstas pelo

governo para tal acesso. Essas atividades incluem as relacionadas à produção de sementes, inseminação

artificial, prestação de serviços de mecanização agropecuária, e pesca comercial.

O crédito é acessível, mas não é um crédito fácil. A instituição que oferece o crédito estabelece

condições para sua liberação, incluindo, por vezes, a necessidade de que haja acompanhamento e

supervisão técnica na atividade financiada. O banco também irá examinar a idoneidade do tomador, o

projeto em questão e se o valor solicitado condiz com a atividade prevista. A instituição financeira

também irá exigir garantias, como penhores, hipoteca, aval ou fiança, entre outros. Também irão ser

cobradas taxas e impostos pertinentes à operação, inclusive prêmio de seguro rural e adicional do

Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (Proagro).

Existem linhas de crédito desenvolvidas e oferecidas pelas instituições financeiras e existem linhas

de crédito rural desenvolvidas pelo governo, como as linhas específicas para modernização de frota de

tratores e outros implementos, ou para correção de solos, recuperação de pastagens ou incentivo a

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atividades específicas, como fruticultura ou apicultura. Uma consulta ao banco ou cooperativa de sua

cidade pode esclarecer quais linhas estão acessíveis ao seu tipo de atividade. As taxas de juros variam

conforme a linha de crédito rural que estiver sendo pleiteada. Uma vez concedido o crédito, ele será

liberado em parcela única ou várias parcelas. O pagamento do empréstimo também pode ser feito de uma

única vez ou em parcelas.

Fundamental para o produtor rural,seja ao tomar um empréstimo ou não, é o seguro rural. Ele

protege o produtor de possíveis resultados adversos por problemas climáticos ou outras ocorrências. O

seguro rural pode ser feito para safras, patrimônio e até mesmo como seguro de vida do produtor.

Um outro tipo de crédito disponível para os trabalhadores e produtores rurais é o empréstimo

consignado. Da mesma forma que ocorre com os aposentados e pensionistas do INSS, os aposentados ou

pensionistas rurais podem ter acesso a esse tipo de crédito. A diferença do crédito consignado para outros

tipos de empréstimo é que nele o pagamento do empréstimo é descontado diretamente em folha, isto é,

diretamente do benefício. Isso oferece garantia extra para o emprestador que, desse modo, pode oferecer

taxas de juros menores e mais atraentes. No entanto, é preciso tomar os mesmo cuidados que são tomados

ao contratar qualquer tipo de empréstimo – analisar bem a necessidade do empréstimo, analisar bem a

capacidade de pagá-lo e examinar bem os contratos e condições.

O Crédito Rural abrange recursos destinados a custeio, investimento ou comercialização. As suas regras,

finalidades e condições estão estabelecidas no Manual de Crédito Rural (MCR), elaborado pelo Banco

Central do Brasil. Essas normas são seguidas por todos os agentes que compõem o Sistema Nacional de

Crédito Rural (SNCR), como bancos e cooperativas de crédito.

Os créditos de custeio ficam disponíveis quando os recursos se destinam a cobrir despesas habituais dos

ciclos produtivos, da compra de insumos à fase de colheita. Já os créditos de investimento são aplicados

em bens ou serviços duráveis, cujos benefícios repercutem durante muitos anos. Por fim, os créditos de

comercialização asseguram ao produtor rural e a suas cooperativas os recursos necessários à adoção de

mecanismos que garantam o abastecimento e levem o armazenamento da colheita nos períodos de queda

de preços.

O produtor pode pleitear as três modalidades de crédito rural como pessoa física ou jurídica. As

cooperativas rurais são também beneficiárias naturais do sistema.

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Ano a ano, o governo Federal tem alocado cada vez mais recursos para o crédito rural. A maior parte do

dinheiro destina-se a créditos de custeio para cobrir os gastos rotineiros com as atividades no campo. Esse

dinheiro é tomado diretamente nos bancos ou por meio das cooperativas de crédito.

A oferta de linhas de créditos para investimentos conta com recursos do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos Fundos Constitucionais de Financiamento do

Centro-Oeste, Norte e Nordeste, conhecidos, pela ordem, como FCO, FNO e FNE.

8.1Notícias

8.1.1 Crédito Rural

Os financiamentos de custeio agrícola que forem contratados no terceiro trimestre deste ano também

poderão abater o recolhimento compulsório dos bancos sobre depósitos à vista. A decisão foi publicada na

tarde desta segunda-feira (19/03) pelo Banco Central (BC), ao divulgar a circular n° 3.586.

Mais abrangente - O normativo por ela modificado permitia que fossem deduzidas apenas operações

contratadas no primeiro semestre de 2012. O novo texto é mais abrangente também porque prevê a

dedução de operações de crédito para custeio pecuário, o que não constava na circular 3.573, editada em

21 de janeiro deste ano.

Genérica - No caso das operações de crédito agrícola, a norma editada nesta segunda é mais genérica,

pois se refere apenas a custeio agrícola, ao passo que a anterior permitia que fossem abatidas

especificamente operações de financiamento da safrinha (2ª safra), safra de inverno e da safra do

Nordeste.

Aumento de recursos - A possibilidade de considerar operações de crédito rural para reduzir o

compulsório sobre depósito à vista foi aberta pela norma de janeiro. Na ocasião, o BC informou que a

medida aumentaria em R$ 3 bilhões a disponibilidade de recursos para financiamento ao setor em 2012.

Abatimento - O abatimento está limitado a 5% do compulsório. Atualmente, as instituições financeiras

que captam depósitos à vista são obrigadas a recolher 43% desses recursos ao BC, sem contar aí o

desconto autorizado a partir de janeiro. Em julho, a alíquota vai subir para 44%; no mesmo mês de 2013,

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para 45%. É do valor resultante da aplicação dessas alíquotas que os bancos podem abater o saldo médio

diário das operações de crédito rural citadas na circular publicada nesta segunda.

8.1.2 Agricultor pode ser isento de comprovação de tributos para pedir crédito

Projeto nesse sentido, apresentado pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO), foi aprovado nessa quinta-feira

(15) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). A matéria vai à Comissão de Assuntos

Econômicos (CAE), onde será votada em decisão terminativa.

O autor do projeto (PLS 732/2011) explica que são muitas as exigências para concessão de crédito rural,

como apresentação de comprovante de pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR), de Certificado de

Regularidade do FGTS e certidão negativa de débito junto ao INSS, entre outras, “a depender da fonte de

financiamento e do programa”.

Acir Gurgacz lembra que, atualmente, apenas pequenos produtores e agricultores familiares estão

dispensados do cumprimento de algumas dessas exigências, “ficando os demais obrigados a buscar junto

à Receita Federal, à Caixa Econômica Federal e às agências da Previdência Social as certidões

necessárias”.

Fonte: WWW.portaldoagronegócio.com.br

8.2 Perguntas freqüentes sobre crédito RURAL:

1. Quais são os objetivos do crédito rural?

estimular os investimentos rurais efetuados pelos produtores ou por suas cooperativas;

favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a comercialização de produtos

agropecuários;

fortalecer o setor rural;

incentivar a introdução de métodos racionais no sistema de produção, visando ao aumento de

produtividade, à melhoria do padrão de vida das populações rurais e à adequada utilização dos

recursos naturais;

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propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e regularização de terras pelos pequenos produtores,

posseiros e arrendatários e trabalhadores rurais;

desenvolver atividades florestais e pesqueiras;

estimular a geração de renda e o melhor uso da mão-de-obra na agricultura familiar.

2. Que atividades podem ser financiadas pelo crédito rural?

custeio das despesas normais de cada ciclo produtivo;

investimento em bens ou serviços cujo aproveitamento se estenda por vários ciclos produtivos;

comercialização da produção.

3. Como se classifica o custeio?

custeio agrícola;

custeio pecuário;

custeio de beneficiamento ou industrialização.

4. A que pode se destinar o crédito de custeio?

A despesas normais, tais como:

do ciclo produtivo de lavouras periódicas, da entressafra de lavouras permanentes ou da extração

de produtos vegetais espontâneos ou cultivados, incluindo o beneficiamento primário da produção

obtida e seu armazenamento no imóvel rural ou em cooperativa;

de exploração pecuária;

de beneficiamento ou industrialização de produtos agropecuários.

5. Quem pode se utilizar do crédito rural?

produtor rural (pessoa física ou jurídica);

cooperativa de produtores rurais; e

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pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, se dedique a uma das seguintes

atividades:

a) pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou certificadas;

b) pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões;

c) prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive para a

proteção do solo;

d) prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais;

e) exploração de pesca e aquicultura, com fins comerciais;

f) medição de lavouras;

g) atividades florestais.

6. A contratação de assistência técnica é obrigatória?

Cabe ao produtor decidir sobre a necessidade de assistência técnica para elaboração de projeto e

orientação, salvo quando considerados indispensáveis pelo financiador ou quando exigidos em operações

com recursos controlados.

7. Quais são as exigências essenciais para concessão de crédito rural?

idoneidade do tomador;

apresentação de orçamento, plano ou projeto, exceto em operações de desconto de Nota

Promissória Rural ou de Duplicata Rural;

oportunidade, suficiência e adequação de recursos;

observância de cronograma de utilização e de reembolso;

fiscalização pelo financiador;

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liberação do crédito diretamente aos agricultores ou por intermédio de suas associações formais ou

informais, ou organizações cooperativas;

observância das recomendações e restrições do zoneamento agroecológico e do Zoneamento

Ecológico-Econômico (ZEE).

8. É necessária a apresentação de garantias para obtenção de financiamento rural? Como é feita a

escolha dessas garantias?

Sim. As garantias são livremente acertadas entre o financiado e o financiador, que devem ajustá-las de

acordo com a natureza e o prazo do crédito e podem se constituir de:

penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou cedular;

alienação fiduciária;

hipoteca comum ou cedular;

aval ou fiança;

seguro rural ou ao amparo do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);

proteção de preço futuro da commodity agropecuária, inclusive por meio de penhor de direitos,

contratual ou cedular;

outras que o Conselho Monetário Nacional admitir.

9. A que tipo de despesas está sujeito o crédito rural?

remuneração financeira;

Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e

Valores Mobiliários - IOF;

custo de prestação de serviços;

as previstas no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);

sanções pecuniárias;

prêmio de seguro rural;

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prêmios em contratos de opção de venda, do mesmo produto agropecuário objeto do

financiamento de custeio ou comercialização, em bolsas de mercadorias e futuros nacionais, e

taxas e emolumentos referentes a essas operações de contratos de opção.

Nenhuma outra despesa pode ser exigida do mutuário, salvo o exato valor de gastos efetuados à sua conta

pela instituição financeira ou decorrentes de expressas disposições legais.

Relativamente ao IOF, o Decreto 6.306, de 14.12.2007, estabelece alíquota zero para as operações de

crédito rural, ressalvadas as condições do artigo 8º, parágrafo 1º.

10. Como se classificam os recursos do crédito rural ?

Controlados:

a)os recursos obrigatórios (decorrentes da exigibilidade de depósito à vista);

b)os oriundos do Tesouro Nacional;

c)os subvencionados pela União sob a forma de equalização de encargos (diferença de encargos

financeiros entre os custos de captação da instituição financeira e os praticados nas operações de

financiamento rural, pagos pelo Tesouro Nacional);

d)os oriundos da poupança rural, quando aplicados segundo as condições definidas para os recursos

obrigatórios.

Não controlados: todos os demais.

11. Quais são os limites de financiamento?

Recursos controlados - Crédito de custeio:

O montante de crédito de custeio para cada tomador, não-acumulativo, em cada safra e em todo Sistema

Nacional de Crédito Rural (SNCR), está sujeito aos seguintes limites:

a) R$ 600 mil - para algodão, frutas ou milho, ou para lavouras irrigadas de arroz, feijão, mandioca, soja,

sorgo ou trigo;

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b) R$ 450 mil - para amendoim ou café ou para lavouras não irrigadas de arroz, feijão, mandioca, soja,

sorgo, ou trigo, sendo que, para o café, consideram-se neste limite os valores de financiamentos tomados

pelo mutuário na mesma safra com recursos do Funcafé destinados a tratos culturais e colheita;

c) R$ 250 mil - para cana-de-açúcar, pecuária bovina e bubalina leiteira ou de corte, e para avicultura e

suinocultura exploradas em sistemas que não o de parceria;

d) R$ 170 mil - quando destinado às outras operações de custeio agrícola ou pecuário.

Recursos controlados - Empréstimos do Governo Federal (EGF):

O montante de EGF para cada tomador, não-acumulativo, em cada safra e em todo Sistema Nacional de

Crédito Rural (SNCR), está sujeito aos seguintes limites:

a) R$ 600 mil - para algodão, uva ou milho;

b) R$ 450 mil - para amendoim, arroz, café, feijão, mandioca, soja, sorgo ou trigo;

c) R$ 250 mil - para leite;

d) R$ 170 mil - quando destinados a outras operações de EGF.

Recursos não controlados:

São livremente pactuados entre as partes.

12. Quais são as taxas efetivas de juros segundo a origem dos recursos aplicados?

recursos obrigatórios: 6,75% a. a., exceto para o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar - Pronaf (ver módulo específico);

recursos das Operações Oficiais de Crédito: a serem fixadas por ocasião da divulgação da

respectiva linha de crédito;

recursos equalizados pelo Tesouro Nacional (aplicados com a subvenção da União sob a forma de

equalização de encargos financeiros): de acordo com o que for definido para cada programa pelo

Conselho Monetário Nacional (ver detalhamento dos programas no MCR 13);

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recursos não controlados: livremente pactuadas entre as partes.

13. Como obter financiamentos ao amparo dos Programas com recursos equalizados pelo Tesouro

Nacional junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)?

Por meio dos agentes financeiros credenciados pelo BNDES.

14. Como pode ser liberado o crédito rural?

De uma só vez ou em parcelas, em dinheiro ou em conta de depósitos, de acordo com as necessidades do

empreendimento, devendo sua utilização obedecer a cronograma de aquisições e serviços.

15. Como deve ser pago o crédito rural?

De uma vez só ou em parcelas, segundo os ciclos das explorações financiadas. O prazo e o cronograma de

reembolso devem ser estabelecidos em função da capacidade de pagamento, de maneira que os

vencimentos coincidam com as épocas normais de obtenção dos rendimentos da atividade assistida.

16. A instituição financeira é obrigada a fiscalizar a aplicação do valor financiado?

Sim. A instituição financeira deve obrigatoriamente fiscalizar, sendo-lhe facultada a realização de

fiscalização por amostragem em créditos de até R$ 170 mil. Essa amostragem consiste na obrigatoriedade

de fiscalizar, diretamente, pelo menos 10% dos créditos deferidos em cada agência nos últimos 12 meses.

17. Quando deve ser realizada a fiscalização do crédito rural?

Deve ser efetuada nos seguintes momentos:

crédito de custeio agrícola: antes da época prevista para colheita;

Empréstimo do Governo Federal (EGF): no curso da operação;

crédito de custeio pecuário: pelo menos uma vez no curso da operação, em época que seja possível

verificar sua correta aplicação;

crédito de investimento para construções, reformas ou ampliações de benfeitorias: até a conclusão

do cronograma de execução, previsto no projeto;

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demais financiamentos: até 60 (sessenta) dias após cada utilização, para comprovar a realização

das obras, serviços ou aquisições.

Cabe ao fiscal verificar a correta aplicação dos recursos orçamentários, o desenvolvimento das atividades

financiadas e a situação das garantias, se houver.

18. Quais são os instrumentos utilizados para a formalização do crédito rural?

De acordo com o Decreto-Lei 167, de 14.02.1967, a formalização do crédito rural pode ser realizado por

meio dos seguintes títulos:

Cédula Rural Pignoratícia (CRP);

Cédula Rural Hipotecária (CRH);

Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária (CRPH);

Nota de Crédito Rural (NCR).

Faculta-se a formalização do crédito rural por meio de contrato, no caso de peculiaridades insuscetíveis de

adequação aos títulos acima mencionados.

A Cédula de Crédito Bancário (CCB), nos termos da Lei 10.931, de 02.08.2004, é um instrumento para

formalização de crédito de qualquer modalidade, também admitido no crédito rural, conforme

esclarecimento divulgado na Carta-Circular 3.203, de 30.08.2005.

19. O que são esses títulos de crédito?

São promessas de pagamento sem ou com garantia real cedularmente constituída, isto é, no próprio título,

dispensando documento à parte. A garantia pode ser ofertada pelo próprio financiado, ou por um terceiro.

Embora seja considerada um título civil, é evidente sua comercialidade, por sujeitar-se à disciplina do

direito cambiário.

20. O que é Nota Promissória Rural?

Título de crédito, utilizado nas vendas a prazo de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando

efetuadas diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas; nos recebimentos, pelas

cooperativas, de produtos da mesma natureza entregues pelos seus cooperados, e nas entregas de bens de

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produção ou de consumo, feitas pelas cooperativas aos seus associados. O devedor é, geralmente, pessoa

física.

21. O que é Duplicata Rural?

Nas vendas a prazo de quaisquer bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetuadas

diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas, poderá ser utilizada também, como título do

crédito, a duplicata rural. Emitida a duplicata rural pelo vendedor, este ficará obrigado a entregá-la ou a

remetê-la ao comprador, que a devolverá depois de assiná-la. O devedor é, geralmente, pessoa jurídica.

22. Segundo a natureza das garantias como devem ser utilizados os títulos de crédito rural?

Com garantia real:

penhor: Cédula Rural Pignoratícia;

hipoteca: Cédula Rural Hipotecária;

penhor e hipoteca: Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária.

Sem garantia real:

Nota de Crédito Rural.

23. Quando o título de crédito rural adquire eficácia contra terceiros?

Apesar de a cédula rural valer entre as partes desde a emissão, ela só adquire eficácia contra terceiros

depois de registrada no Cartório de Registro de Imóveis competente.

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8.3 Novos instrumentos para financiamento

Com o desenvolvimento do mercado financeiro e com a globalização, torna-se necessário o

desenvolvimento de mecanismos mais modernos de apoio à produção agrícola. No ano de 2004 foi criada

a Lei 11.076, que estabelece novos instrumentos para estímulo e financiamento da produção, como

Títulos de Créditos de Recebíveis do Agronegócio (CDCA, LCA e CRA) e Contratos Privados de Opção

de Venda (PROP).

Os Títulos de Crédito de Recebíveis do Agronegócio são títulos representativos de direitos creditórios do

agronegócio, que podem ser emitidos por cooperativas de produtores rurais e pessoas jurídicas que

exerçam atividades de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos

agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária, no caso dos CDCA

(Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio); por instituições financeiras públicas e privadas,

para a LCA (Letras de Crédito do Agronegócio); e por companhias securitizadoras de direitos creditórios

do agronegócio, para os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio). Já os Contratos Privados de

Opção de Venda (PROP) são lançados pelo setor privado, e, segundo a Secretaria de Política Agrícola,

apresentam como vantagens a facilitação de compras pelos consumidores, a redução da pressão sobre o

orçamento das operações de crédito, e a aproximação dos produtores e consumidores à cadeia produtiva.

8.3.2 PRONAF

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou

coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui

as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os

sistemas de crédito do País.

O acesso ao Pronaf inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja ele para o

custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou

infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários.

Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o sindicato rural ou a Emater para obtenção da

Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que será emitida segundo a renda anual e as atividades

exploradas, direcionando o agricultor para as linhas específicas de crédito a que tem direito. Para os

beneficiários da reforma agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE).

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O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao Crédito

Pronaf, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são definidas, anualmente, a

cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses de junho e julho.

9. Notas do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

9.1 Comercialização e Abastecimento

Garantir o abastecimento nacional com alimentos de qualidade e assegurar ao produtor preços que

permitam sua manutenção na atividade rural é um compromisso do Ministério da Agricultura.

A cada safra, as diretrizes da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são coordenadas,

elaboradas, acompanhadas e avaliadas para garantir segurança alimentar e a comercialização dos produtos

agropecuários.

O financiamento da estocagem, a armazenagem, a venda de estoques públicos de produtos agropecuários

e a equalização de preços e custos são alguns dos mecanismos de que o ministério se vale para garantir

abastecimento e comercialização.

Toneladas de produtos agrícolas excedentes podem ser comercializadas, por meio de leilões eletrônicos

monitorados pelo governo, de forma a abastecer regiões deficitárias e, ao mesmo tempo, garantir aos

produtores um preço que lhes permita manter-se na atividade rural.

As tabelas e os gráficos elaborados pelo ministério reúnem dados atualizados mensalmente sobre

exportações e importações; área plantada, produção e produtividade; preço mínimo e de mercado; entre

outros.

9.2. Seguro Rural

Proteger-se de riscos causados por adversidades climáticas é imprescindível para o produtor que, ao

contratar o seguro rural, pode recuperar o capital investido em sua lavoura ou empreendimento. O

Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao agricultor a oportunidade de

segurar sua produção, por meio de auxílio financeiro que reduz os custos de contratação do seguro.

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa

física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo programa e permite ainda, a

complementação dos valores por subvenções concedidas por estados e municípios.

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Para contratar o seguro rural, o produtor deve procurar uma seguradora habilitada pelo ministério no

programa de subvenção. A liberação de recursos não permite que o produtor já tenha cobertura do

Proagro ou do Proagro Mais para a mesma lavoura e na mesma área.

De acordo com o Decreto nº 6.709, de 23 de dezembro de 2008, os percentuais de subvenção na

modalidade agrícola variam entre 40% e 70% de acordo com a cultura produzida, com um limite máximo

de R$ 96 mil. Feijão, trigo e milho (segunda safra), por exemplo, recebem 70% de subvenção. Já para as

modalidades pecuárias, de florestas e aquícola, o percentual de subvenção é de 30%, com teto de R$ 32

mil.

9.3. Zoneamento Agrícola de Risco Climático

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na

agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos

climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes

tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais,

agentes financeiros e demais usuários.

São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia

validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da

Agricultura. Desta forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que

podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados ao plantio

de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático foi usado pela primeira vez na safra 1996 para a cultura do

trigo. Recebe revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do

ministério. Atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático já contemplam 40

culturas, sendo 15 de ciclo anual e 24 permanentes, além do zoneamento para o consórcio de milho com

braquiária, alcançando 24 Unidades da Federação.

Para fazer jus ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor

deve observar as recomendações desse pacote tecnológico. Além disso, alguns agentes financeiros já

estão condicionando a concessão do crédito rural ao uso do zoneamento.

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12. Referências Bibliográficas

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BETHLEM, A. de S. Modelos de processo decisório. Revista de Administração. Vol. 22 (3),

julho/setembro 1987, p. 27-39.

BERTALANFFY, L. V. Teoria General de los Sistemas. México: Fondo de Cultura Econômica, 1979.

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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