gol a gol | edição maio 2014 | dce-ufmg

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Boletim Informativo do Diretório Central dos Estudantes da UFMG | Maio 2014 | Gestão Pés no Chão 50 anos do Golpe Militar O que nós temos a ver com isso? Páginas 4 e 5 ESPORTE UNIVERSITÁRIO Copa DCE Nossos Atletas Esporte Pede Socorro Página 8 CULTURA Calourada Centro Popular de Cultura Página 3 PLEBISCITO POPULAR Por uma constituintte no sistema político Página 6 VAGÃO ROSA Transporte Público e assédio sexual Página 7 a

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Page 1: Gol a gol | Edição Maio 2014 | DCE-UFMG

Boletim Informativo do Diretório Central dos Estudantes da UFMG | Maio 2014 | Gestão Pés no Chão

50 anos do Golpe MilitarO que nós temos a ver com isso?

Páginas 4 e 5

ESPORTEUNIVERSITÁRIO

Copa DCENossos Atletas

Esporte Pede Socorro

Página 8

CULTURACalourada

Centro Popular de Cultura

Página 3

PLEBISCITO POPULARPor uma constituintte no sistema político

Página 6

VAGÃOROSA

Transporte Público e assédio sexual

Página 7

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02 Diretório Central dos Estudantes da UFMGBoletim Informativo | Maio de 2014

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A gestão Pés no Chão do DCE já está no seu segundo ano, tendo sido reeleita com 51% dos votos e com muito mais energia para transformar a universidade. Decidimos então relançar o Jornal Gol a Gol, instrumento importantíssimo de comunicação do movimento estu-dantil a partir da década de 70 e que teve sua última edição em 2010.

O DCE-UFMG quer utilizar este espaço para levantar questões de grande importância e que giram em torno de uma só pergunta: Como transformar a Universidade?

Nós acreditamos que a opinião e a participação dos estudantes nas questões políticas da UFMG, seja por espaços institucionais ou não, são fundamentais para mudar essa estrutura antiga da universidade brasileira, que por vezes não consegue mudar com a mesma rapidez que o mundo a sua volta. Na verdade, a universidade deve ter como objetivo ser a vanguarda das mudanças sociais no Brasil.

Quando falamos em ensino, pesquisa e extensão, acreditamos que ainda existe muita coisa que pode ser feita para contribuir para um país melhor, nas mais diversas áreas que englobam o conhecimento gigantesco produzido dentro e fora dos nossos campi. Tecnologias sociais, extensões populares e novas práticas de ensino devem ter seu devido valor reconhecido, para além do que os programas de avaliação, como a Capes, colocam como critérios para criar “centros de excelência”.

A UFMG pode ser ponta de lança na produção cultural, na formação de atletas, no combate às opressões e, em resumo, numa nova concepção de mundo, contribuindo para a justiça social. Para isso, o DCE-UFMG sempre esteve à frente de propostas que provocam reflexões e avanços na maneira de conceber a vida acadêmica, um espaço que vai muito além das salas de aula.

Queremos convidar a todos os estudantes para participarem conosco. Basta acompanhar o que o DCE está fazendo e se somar à nossa proposta.

EDITORIAL

EXPEDIENTE

ASSESSORIA JURÍDICA

Assessoria Jurídica UniversitáriaDCE-UFMG

O DCE possui o serviço gratuito de Assessoria Jurídica Universitária, que está disponível para auxiliar as entidades de base (DAs, CAs, Grêmios, Atléticas, Charangas e Associações de Pós-Graduação)

na sua regularização estatutária.

5ª feira| 15h ás 17h30 |

Sede do DCE (Praça de Serviços)

Agendamento pelo Telefone (31) 3409-4559 com Rafael

Diretório Central dos Estudantes da UFMG

Gestão Pés no Chão 2013/2014

Av. Presidente Anônio Carlos, nº 6627 Praça de Serviços | Loja 4Telefone: (31) 3409-4559

www.facebook.com/dceufmgProjeto Gráfico e Diagramação

Marcelo Coelho

Colaboraram para essa edição:Alline Camila, Ana Júlia Bonifácio, Aruã Siman, Carla Beatriz, Daniela Chagas, Fernanda Maria Caldeira, Gabriel Nascimento, Isabella Reges, Jorge Afonso Mairink, Juninho Romanelli, Lalis Mayrink, Lídia Generoso, Luciléia Miranda, Marcelo Coelho e Paulo Antônio (PA).

Revisão: Octávio Cardozzo

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03DCE-UFMG | Gestão Pés no ChãoBoletim Informativo | Maio de 2014

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No dia 05 de Abril, o DCE promoveu a Calourada 2014 da UFMG, com o tema A copa não é nossa, em referencia às lutas que aconteceram em junho de 2013 e lembrando aos estudantes da universidade as inúmeras imposições e restrições para a realização dos eventos Copa das Confederações e Copa do Mundo. Esses eventos são organizados pela FIFA, gerando bilhões de reais em lucros para a entidade que gerencia o futebol no mundo.

Do rock inglês ao axé baiano, foram variadas as atrações convidadas nesse ano. A primeira banda a subir no palco é considerada uma das melhores bandas cover de Beatles no Brasil: Hocus Pocus. Em seguida, o grupo Alpercata trouxe ao público seu trabalho autoral

e alguns clássicos da Música Popular Brasileira, encabeçados pelos cantores Octávio Cardozzo e Sofia Cupertino. Para fechar a noite, com muito axé e hits do carnaval, uma explosão de energia com a Bartucada, vinda diretamente de Diamantina, tocando por quase duas horas e não deixando ninguém parado no estacionamento da Escola de Engenharia, onde foi realizada a festa.

O público compareceu em peso, assim como na Calourada 0800 do ano anterior. Em 2014, o evento manteve a política de distribuição de ingressos gratuitos para os estudantes da UFMG, e em 3 dias foram distribuídos mais de 6.000 ingressos, além dos quase dois mil vendidos ao público externo.

Valorização da cultura popular, acesso à arte e à cultura por toda a população, artistas como sujeitos políticos, obras de arte com caráter político e didático. Essas eram algumas das ideias que influenciaram a criação do Centro Popular de Cultura, vinculado à União Nacional dos Estudantes na década de 1960. E estes são alguns dos princípios norteadores da construção do Centro Popular de Cultura da UFMG. Apesar dos mais de cinquenta anos entre a criação de um e de outro, acreditamos que a proposta pode ser atualizada para o contexto em que estão inseridas a UFMG e a cidade de Belo Horizonte.

Há alguns anos vemos emergir

na cidade uma série de movimentos que nos fazem acreditar que não é só com o voto, falas em carros de som, marchas pelas ruas e palavras de ordem que se faz política. É também com a irreverência do carnaval e nas ocupações de praças, viadutos e ruas com arte e cultura que questionem o modelo de gestão dos espaços públicos.

A UFMG também vive um contexto de fechamento de seus espaços de convivência e tentativas de retomadas destes espaços pelos estudantes. A portaria 034, que proibia festas no campus, caiu no ano passado. Com isso, várias iniciativas de ocupação estão acontecendo. As que já aconteciam quando existia a portaria, resistindo

mesmo com a proibição, continuam acontecendo. E outras novas formas de ocupação estão sendo promovidas, como a Virada Cultural que aconteceu no ano passado.

É com o intuito de colocar a Universidade como polo aglutinador da cultura em BH que propomos o CPC, um espaço onde cabem grupos culturais organizados e qualquer pessoa que queira construir cultura e arte de dentro e fora da UFMG!

“En la lucha de classestodas las armas son buenas

piedrasnoches

poemas...”Paulo Leminski

“A COPA NÃO É NOSSA”

CULTURA, ARTE E POLÍTICA

CALOURADA

CENTRO POPULAR DE CULTURA

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04 Diretório Central dos Estudantes da UFMGBoletim Informativo | Maio de 2014

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O mês de abril na UFMG foi recheado de atividades em memória aos 50 anos do Golpe Militar. Praticamente todos os CAs e DAs realizaram atividades em luto e pela memória. O DCE também organizou atividades de intervenção junto aos alunos.

O DCE distribuiu pelas unidades um pano preto, que simbolizavam o luto a que a data nos remete. Com a intencionalidade de chamar a atenção dos alunos que vivem na correria do dia a dia, no dia 1º de abril, com a cooperação dos alunos do Teatro, foi preparada uma intervenção que reproduziu duas modalidades de tortura: do afogamento no balde e da cadeira elétrica.

Para Angelo Dias, estudante de Teatro e um dos idealizadores da intervenção, “uma cadeira com fios na

COMISSÃO DA VERDADE

ATIVIDADES NA UFMG

PARA QUE NUNCA SE ESQUEÇA

DESCOMEMORANDO OS 50 ANOS DO GOLPE MILITAR

Há mais ou menos um ano, precisei de um médico ortopedista e pedi recomendação a um amigo na internet. Nessa busca, encontrei um currículo brilhante, com número de contato e uma matéria sobre como aquele professor emérito da UFMG tinha delatado membros do movimento estudantil e da resistência à Ditadura Militar, que na época eram alunos da instituição. Esse professor não é um caso isolado. Seu caso, e tantos outros, são praticamente desconhecidos da comunidade universitária.

A repressão nas universidades durante a Ditadura foi ampla e complexa. Em muitos casos, essa perseguição contava com a cooperação de membros do corpo universitário, que utilizavam a troca de informações inclusive para alavancar suas respectivas carreiras. Enquanto isso, a repressão criminalizava o movimento estudantil e comprometia a vida universitária, uma vez que cerceava a liberdade de expressão e a autonomia universitária, essenciais para que esse seja um ambiente de convivência que permita o amplo desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão.

Ao pensar sobre as relações entre a Ditadura Militar e a UFMG, os nomes de José Carlos da Mata Machado e Idalísio Soares Aranha são marcas significativas. O primeiro foi homenageado pelo Território Livre da FDCE/UFMG, o segundo pelo DA/FAFICH. Entretanto, a busca por memória, verdade e justiça, tão carentes à nossa universidade e ao nosso país, consiste em ir além dessas homenagens tão importantes. É preciso que reconheçamos que o passado não tem fim em si e que as experiências traumáticas da nossa sociedade – que são, também, da nossa universidade – não terminam com o fim da Ditadura Militar. Resquícios e permanências de sua cultura política autoritária e antidemocrática estão presentes na UFMG, como ficou evidente nas ultimas manifestações de Julho do ano passado e na presença da Força Nacional em nosso campus.

Por isso, é preciso que a Universidade Federal de Minas Gerais adote uma política séria no que tange à memória, à verdade e à justiça, já que só assim conseguiremos superar resquícios incompatíveis com uma universidade

democrática e a serviço da sociedade civil. A criação de uma Comissão de Verdade, Memória e Justiça da UFMG permitirá que possamos averiguar e tornar públicas as ingerências da Ditadura nessa instituição. A promoção de audiências públicas por essa Comissão seria interessante, já que confere voz, rememoração e empoderamento aos afetados na UFMG, e ao mesmo tempo levanta informações importantes e sensíveis à comunidade universitária.

Ressalto, ainda, que propor Comissões da Verdade em universidades federais não são nenhuma novidade. Instituições de renome possuem organismos que trabalham em conjunto com a Comissão Nacional da Verdade, que contam com apoio financeiro da universidade e com a participação remunerada e ativa de docentes, discentes e técnicos administrativos. Os pedidos por memória, verdade e justiça ecoaram por todos os prédios da UFMG na última semana de descomemoração do Golpe de 1964. Cabe a nós, estudantes, lutarmos pela aprovação da CNV-UFMG, uma medida concreta que reponde a esses anseios.

entrada do campus sozinha já causou certo estranhamento aos que passavam por ali” . Ele ainda revela a experiência “acordei emocionado em pensar que me colocaria no lugar daqueles que foram torturados e dos torturadores de 50 anos atrás. Procissão por uma Comissão da Verdade na UFMG

No dia 2 de abril, houve uma procissão pela memória, em que os participantes caminharam com velas da Escola de Belas Artes à Reitoria, realizando um ato político na portaria da Reitoria e iniciando um processo de luta pela Comissão da Verdade da UFMG.

Na ocasião os estudantes lembraram que a primeira ação da ditadura militar brasileira ao tomar o poder em 1964 e depor o presidente João Goulart foi metralhar, invadir e incendiar a sede da UNE, na Praia do

Flamengo, na noite de 30 de março.As universidades eram alvos

claros da ditadura, por ser claramente o espaço de organização e mobilização dos estudantes contra o regime. A ditadura perseguiu, prendeu, torturou e executou centenas de brasileiros, muitos deles estudantes. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos, o Brasil escurecia.

Por isso , os participantes da procissão deixaram velas acesas na portaria da Reitoria, para que a verdade apareça, para que nunca se esqueça e nunca mais aconteça. Na ocasião foi tirada uma comissão para construção do projeto da Comissão da Verdade da UFMG e a executiva do DCE já iniciou o processo de articulação com a Reitoria para instauração da Comissão da Verdade da UFMG.

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05DCE-UFMG | Gestão Pés no ChãoBoletim Informativo | Maio de 2014

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Como recorrente em prédios públicos, os andares da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG possuem incontáveis homenagens a figuras de destaque. Todas as salas, edifícios e auditórios são nomeados. Um exemplo é o nome dado ao Território Livre, área de convivência dos estudantes no 3º andar, que leva o nome de José Carlos da Mata Machado. O nome foi escolhido pelos estudantes para eternizar o vice-presidente da UNE, militante da Ação Popular Marxista-Leninista e importante lutador da resistência à Ditadura Militar de 64,

Em 2014, completamos 50 anos do Golpe Militar de 1964. A Ditadura que se implementou desde então foi um regime violento comandado pelos militares e pelos grandes empresários brasileiros, que viam no governo de João Goulart – e, principalmente, nas grandes manifestações populares que haviam na época – uma ameaça aos seus lucros.

Nos anos em que estivemos sob esse regime, o povo brasileiro vivia uma de suas fases de maior efervescência política. Diversas mobilizações gigantes aconteceram em todo o país pedindo por reformas profundas na sociedade brasileira. O ápice dessas mobilizações foi o Comício da Central do Brasil no dia 13 de março de 1964, em que o então presidente João Goulart anunciou as Reformas de Base (reforma agrária, reforma fiscal, reforma urbana, reforma educacional...), que eram então as respostas que as mobilizações de rua conseguiram conquistar. Uma consequência demasiada progressista, que fez com que os setores conservadores da sociedade brasileira se levantassem e impusessem o Golpe Militar.

As Reformas de Base seriam as reformas que iriam democratizar o acesso à riqueza do país, construindo uma nação soberana e dona de seu próprio destino. A Ditadura Militar foi, ao contrário disso, fortalecendo os laços de dependência do Brasil com os Estados Unidos.

DITADURA E UNIVERSIDADE

HOMENAGENS À TORTURA?

E QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA!

ABAIXO AS HOMENAGENS AOS TORTURADORES

Esta é nossa história! Para além do resgate histórico, o que nós, estudantes, temos a ver com isso?

Para cumprir seu projeto de industrialização do país sem distribuição de renda, a Ditadura Militar precisou de atuar de dois modos com a Universidade. O primeiro era a violência, a repressão e perseguição a todos os movimentos que faziam oposição ao seu projeto. Nesse sentido, foram muitos os estudantes presos, torturados e mortos durante o período. Só na UFMG foram assassinados quatro estudantes: Idalízio Aranha, Walquíria Costa, José Carlos da Mata Machado e Gildo Macedo. Em 1964, a UNE – União Nacional dos Estudantes – teve sua sede queimada, um dia após o Golpe e é extinta pela Lei Suplicy de Lacerda, que também cercea todos os espaços de representação estudantil.

A segunda tática adotada para cumprir o projeto da Ditadura Militar foi a Reforma Universitária de 1968. Tal reforma se insere nos acordos de cooperação entre a Ditadura e o Governo dos Estados Unidos, no plano MEC-USAID. Os elementos fundamentais dessa reforma são a criação dos departamentos acadêmicos que fragmentam o conhecimento, fazendo com que os cursos de graduação se adequem às demandas do mercado – dos grandes empresários que também financiaram o Golpe – que possem bastante ingerência nos

assuntos acadêmicos, dando a abertura para que financiem as universidades. Sabendo disso, não é surpresa ver os milhões de reais que a Fundação Ford investiu nas universidades brasileiras. A departamentalização também institui o sistema de créditos nas matrículas, o que ajuda a desfazer os vínculos de turma entre os estudantes, dificultando a organização estudantil.

Outro elemento fundamental da Reforma Universitária de 68 foi a racionalização da Universidade, que neste momento era guiada por uma perspectiva produtivista que valorizava a quantidade, e não a eficácia do conhecimento produzido dentro da Universidade, distanciando a pesquisa das reais demandas da sociedade brasileira.

Também é na Ditadura Militar que o vestibular deixa de ser um exame classificatório para ser um exame eliminatório. Ou seja, transfere-se ao indivíduo a responsabilidade por ele não conseguir ingressar no ensino superior, ofuscando a visão da sociedade de que o problema de ter uma parcela da juventude que não tem acesso à Universidade é causado pela falta de vagas e de investimento em expansão. E para “sanar” esse problema, a Ditadura Militar usa de uma solução muito cômoda aos grandes empresários da educação: ajuda a ampliação do ensino superior privado.

morto nos porões da repressão em 1973.Entretanto, em outro caminho,

seguem algumas das homenagens prestadas nos bustos do 2º andar, o “Panteão dos Sábios”, hall que fica ao lado do auditório principal e nomeado em homenagem à Alberto Deodato. O busto que mais se destaca homenageia Pedro Aleixo, que esteve intimamente ligado à Ditadura Empresarial-Militar de 64. O ex-professor da Faculdade de Direito esteve presente na elaboração da Constituição de 1967, foi integrante do ARENA, partido da base dos militares, e foi vice-presidente do Marechal Artur

da Costa e Silva. Além disso, junto a Alberto Deodato, fez parte da fundação da União Democrática Nacional (UDN), partido conservador que esteve a frente da destituição do Presidente João Goulart e, consequentemente, do Golpe Civil-Militar de 1964.

Das grandes universidades do país, saíram os grandes intelectuais da Ditadura Militar de 1964. Por isso, não é coincidência que enquanto os estudantes homenagearam um militante da resistência, a direção decidiu por erguer em bronze um dos altos escalões do Regime.

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06 Diretório Central dos Estudantes da UFMGBoletim Informativo | Maio de 2014

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PLEBISCITO POPULAR

REPRESENTAÇÃO DISCENTE

Representantes discentes são os estudantes que compõem os Órgãos Colegiados. Nesses espaços, os estudantes, junto dos professores e técnicos-administrativos, discutem e votam questões relevantes para os rumos da universidade. Os Órgãos Colegiados podem ser administrativos, como o Conselho Universitário, ou acadêmicos, como o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Em ambos os casos, os estudantes compõem um quinto da representação.

Na universidade existem quatro câmaras: graduação, pós-graduação, extensão e pesquisa, contando cada uma com dois representantes discentes. Estas quatro câmaras reúnem-se e formam o Conselho

Você deve se lembrar das grandes manifestações em junho do ano passado, não é? Apesar da variedade de assuntos que foram levantados naquele momento, houve muita convergência da juventude em alguns pontos. O ponto fundamental é: a política não pode continuar como está. É preciso mais, é preciso mudar profundamente.

Não foi só por R$ 0,20, nem foi só pela Copa, nem contra a PEC 37, nem contra a corrupção. Não foi só isso. A todo momento questionamos quem está no poder. Dissemos em alto e bom som: não nos representa. Não nos representa porque hoje apenas 9% da Câmara de Deputados são mulheres, sendo que mais da metade da população brasileira é de mulheres. Apenas 8,5% dos parlamentares se autodeclaram como sendo negros, enquanto que na população esse número é de 51%. Não temos nenhum indígena nos representando, quando há mais de 890 mil indígenas no Brasil. A juventude brasileira já passa dos 50 milhões de indivíduos e apenas 3% desse número está presente em nosso congresso. Nós não estamos lá dentro, e quem está não nos ouve.

Isso acontece porque quem de fato escolhe nossos representantes

CONSTITUINTE DO SISTEMA POLÍTICO

de Ensino, Pesquisa e Extensão, o CEPE, um órgão de deliberação superior, presidido pelo reitor. É neste conselho que são aprovadas mudanças curriculares, calendário escolar e outras normas acadêmicas.

Já o Conselho Universitário que, também, é um órgão de deliberação superior, é responsável por decidir questões administrativas e políticas da universidade. É neste conselho, que são discutidas e votadas mudanças estatutárias e regimentais. Também é no conselho universitário que são construídas portarias e resoluções da universidade, como a portaria 153, que regulamenta as festas na universidade.

Além disso, existem outros

conselhos , como o da Fundação Mendes Pimentel, que deliberam sobre a Assistência Estudantil. O conselho curador é que cuida das contas da universidade e o conselho diretor um órgão que assessora a reitoria.

A importância de ser representante discente acontece na possibilidade do estudante participar e incidir sobre a política da universidade. Decisões que mudaram os rumos da universidade aconteceram com a participação direta dos estudantes nestes espaços, como a aprovação do Sisu, das cotas, entre outros.

Se você se interessou, procure o DCE. Ele é o responsável pelas indicações discentes, e a participação de todos é muito importante.

COMO OS ESTUDANTES SÃO REPRESENTADOS

são as empresas que financiam suas campanhas. O poder econômico é que define a política. E nosso sistema político hoje não tem mecanismos que nos dê capacidade de mudar isso. Ou alguém acha que quem está lá dentro hoje quer mudanças de verdade?

Por esses motivos, o DCE-UFMG, em conjunto com diversos movimentos sociais de todo o país, está construindo o Plebicisto Popular por uma Constituinte

do Sistema Político, para perguntar a toda a população se quer a instauração de uma Constituinte Exclusiva do Sistema Político do país.

Os plebiscitos populares são uma ferramenta de pressão e organização do povo. É a forma de mostrarmos nossa força e nossas ideias. Por isso, convidamos você a conhecer melhor o Comitê UFMG e vir construir este plebiscito popular.

www.fb.com/PlebiscitoConstituinteUfmg

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07DCE-UFMG | Gestão Pés no ChãoBoletim Informativo | Maio de 2014

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Desde março deste ano, um projeto de lei que visa a criação de vagões de metrô em BH exclusivos para mulheres vem tramitando na Câmara dos Vereadores como solução para as famosas “encoxadas”. Apelidado de “vagão rosa” o projeto de lei do vereador Leo Burguês (PT doB) coloca em discussão as possíveis soluções para os assédios e abusos sexuais sofridos pelas mulheres em transportes públicos e a velha questão da separação de gênero.O QUE TEMOS A VER COM ISSO?

Embora a criação do vagão seja restrito apenas ao metrô, isso nos coloca em debate sobre a questão do transporte público em nossa cidade. O acesso à UFMG por via do transporte público é extremamente precário. Existem apenas 4 linhas de acesso direto à universidade (S50, 5102, 9502 e o 9550), que nos horários de pico ficam abarrotados de gente. Fora outras questões sobre segurança no Campus, com os ônibus lotados, as mulheres acabam sendo alvo desse tipo de violência. Em outubro do ano passado, uma estudante de Serviço Social (19 anos) sofreu abuso sexual no ônibus dentro do campus da UFJF. Seu agressor foi preso em flagrante por estupro, mas a universidade (assim como a UFMG) não tem nenhum mecanismo de denúncia que assegure as estudantes e trabalhadoras que utilizam esse tipo de transporte.

O TRANSPORTE É PÚBLICOO CORPO DAS MULHERES NÃO

A “solução” dada com criação do vagão afirma que para a mulher não ser assediada precisa ficar longe dos homens, se restringindo a um espaço de exclusão. Isso quer dizer que o espaço público é do homem? A única maneira de evitar a violência é segregar homens e mulheres? A criação do vagão naturaliza a cultura do estupro, culpabiliza a vítima por estar no “lugar errado”, retirando das mulheres o direito de ir e vir.DIREITO À CIDADE E À UNIVERSIDADE

Defendemos que as mulheres

tenham direito à cidade e a universidade. Que a reitoria da UFMG valide o projeto de OUVIDORIA DE COMBATE ÀS OPRESSÕES (projeto proposto pelo DCE), e que os recursos do município sejam gastos em políticas de combate à violência contra a mulher nas ruas, com agentes capacitados para atender as vítimas, campanhas preventivas e educativas contra o assédio sexual, e que as oriente sobre seus direitos e incentivem a denúncia, fazendo com que os agressores sejam punidos. Sabemos que com muita luta podemos mudar essa cultura!

Em meados de agosto, será lançada nacionalmente a campanha Por mais creches. Porém, nós que somos mães, sabemos que essa luta é de todo dia, por um espaço saudável e com educação de qualidade, onde a gente possa deixar nossos filhos em segurança enquanto estudamos, trabalhamos e cumprimos essa rotina dupla diariamente.

Aqui na UFMG não poderia ser diferente. Temos inúmeras mães: alunas, técnicas, terceirizadas, professoras, entre outras. Infelizmente, a UMEI Alaíde Lisboa conta com um sistema de sorteio para preencher as vagas, que

são destinadas às crianças filhas de pais que não tem nenhum vinculo com a Universidade. Sendo assim, mães e pais da comunidade da UFMG, na maior parte das vezes, ficam sem vagas e a demanda não é atendida.

Necessitamos de uma creche universitária de qualidade e que atenda todas as mães e pais, que muitas vezes têm que desistir dos seus respectivos cursos para poder cuidar dos seus filhos, ou como no meu caso abrir mão de ficar perto do meu próprio filho para poder estudar. Necessitamos de uma assistência estudantil que não expulse

uma jovem grávida da moradia, mas que acolha ela e seu filho em um local adequado aos dois. Necessitamos que todos os alunos tenham consciência, e que chegue à reitoria nossas reivindicações, pois existem sim muitas mães universitárias e universidades pelo país que já possuem tal estrutura.

A UFMG, sendo tão grandiosa, deveria atender a essa necessidade, uma vez que é um direito nosso a permanência universitária. A creche é um direito que temos que cobrar, para um dia quem sabe possamos estudar ao lado dos nossos filhos.

UM DIREITO PARA TODAS E TODOS

TRANSPORTE PÚBLICO E ASSÉDIO SEXUAL. O QUE A UFMG TEM A VER COM ISSO?

VAGÃO ROSA

CRECHES

ASSÉDIO É VIOLÊNCIA

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08 Diretório Central dos Estudantes da UFMGBoletim Informativo | Maio de 2014

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A segunda edição da Copa DCE, realizada pela Gestão Pés no Chão, teve inicio em abril e acontece até junho de 2014, com os jogos acontecendo todos os sábados no Centro Esportivo Universitário. Além do futsal, a edição desse ano conta também com a modalidade voleibol na competição.

A Copa DCE cumpre também o propósito de acúmulo no que tange à organização e ao desenvolvimento esportivo. Isso porque o incentivo e o fomento para criação de novas Atléticas em unidades que ainda não contavam com uma entidade voltada para o esporte, são princípios da competição.

A introdução da luta do combate às opressões no meio esportivo também é outro avanço da competição. Essa campanha se concretiza em ações, como a regulamentação de punições para atos machistas, racistas, homofóbicos,

lesbofóbicos, transfóbicos ou qualquer atitude opressiva identificada dentro ou fora de quadra durante a competição.

A escolha feita pelo Núcleo de Esportes do DCE, que organiza o evento, por uma equipe de arbitragem majoritariamente feminina, resgata questões que visibilizam a luta cotidiana das mulheres para ocupar espaços

no qual elas, historicamente, foram impedidas de estar.

Portanto, o Núcleo de Esportes, convida a todos e todas para somarem esforços nesta luta por um esporte livre de qualquer tipo de opressões dentro da Universidade. Além disso, fica o convite para construirem com a gente a Copa DCE, como exemplo de fair play.

O esporte tem pilares básicos que o formam: a promoção da união entre os praticantes e o estímulo às práticas saudáveis. Por isso a inclusão do desporto nas universidades tem papel fundamental na construção da personalidade dos alunos.

No entanto, a Universidade Federal de Minas Gerais persiste em negar a importância do esporte na vida acadêmica. A instituição não oferece acesso ao esporte de qualidade aos seus estudantes, nem auxilio às equipes que representam a Universidade nos torneios externos.

Problemas como a falta de planejamento financeiro para construção de uma política pública estruturante do esporte, a descontinuidade nas ações de auxílio aos alunos e às Associações Atléticas e a falta de complexos esportivos e patrocínios, são alguns dos fatores que agravam a realidade do esporte nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Este descaso institucional afasta os alunos e alunas, principalmente de baixa renda, que são obrigados a recorrer a recursos próprios ou buscar

apoio de empresas particulares, como clubes e academias, para pagar treinadores, inscrições em torneios, custos de transportes, alimentação e aluguel de quadras para treinos.

Mesmo com o cenário adverso, as equipes de Futsal, Vôlei, Basquete, Handebol e Judô se sustentam há seis anos na UFMG, e contam com várias conquistas em torneios metropolitanos, regionais e nacionais, como os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) e a Liga Universitária Brasileira. A formação das equipes conta, exclusivamente, com alunos matriculados.

Nas outras IFES de Minas Gerais a situação muitas vezes é oposta: há investimento nos campeonatos internos e representação externa em torneios. Por isso, o DCE-UFMG, em conjunto com a Liga das Atléticas (LAUFMG), busca minimizar essa situação para valorizar o esporte universitário. As duas instituições, já nesse ano, investiram na anuidade para filiação da UFMG à FUME (Federação Universitária Mineira de Esportes) e estão organizando seletivas para diversas modalidades esportivas.

Rafael Spin AraújoModalidade: Kickboxing

Curso na UFMG: Educação FísicaAtleta mais novo da Seleção Brasileira

Masculina desde 2010Considerado pela WAKO

(Organização Mundial de Kickboxing) o 5º melhor atleta do mundo

na modalidadeTítulos

Hexa-Campeão Mineiro (2009 a 2014)

Tetra-Campeão Brasileiro (2010 a 2013)

Bi-Campeão do Copa Brasil (2010 e 2011)

Bi-Campeão Sul-Americano

(2011 e 2013)

Bi-Campeão Pan-Americano (2010 e 2012)

COPA DCE DE FUTSAL E VÔLEI 2014COPA DCE

ESPORTE UNIVERSITÁRIO NOSSOS ATLETAS

ESPORTE NA UFMG PEDE SOCORRO

Baseado na crítica do aluno e atleta da UFMG Thiago Augusto Mendes