glossÁrio marxista

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DISCENTE: Ana Carolina Rosseto Braga RA: 4201012 DOCENTE: Profa. Dra. Regina Laisner DISCIPLINA: Teoria Política CURSO: Relações Internacionais    2º ano (Noturno) Glossário Marxista Em um mundo onde o sistema vigente tem como alguns de seus fundamentos a divisão de classes; a dominação da minoria sobre os meios de produção e a restrição de princípios  básicos aos indivíduos; teóricos marxistas constroem pensamentos que tem por objetivo transformar o mundo em um lugar de todos. Mas, apesar de possuírem a mesma base teórica, divergem sobre meios e modos de se chegar a esse objetivo, ou seja, o melhor caminho para se instalar o socialismo. Marx possui uma visão realista do Estado e, analisa suas irregularidades, apontando a existência de uma falsa liberdade, pois com a divisão de classes e a dominação da classe  burguesa sobre o proletariado, somente os dominantes seriam detentores desta liberdade. O  proletário não tem a autonomia de comandar sua vida, ele simplesmente vive a mercê dos  planos burgueses. Juntamente com essa escassa liberdade, nota-se a presença significativa da desigualdade social, a qual aparece com a função de opressão de classes. Para o teórico, no capitalismo, os indivíduos são considerados iguais até o aparecimento do caráter socioeconômico. E por fim, onde há desigualdade há injustiças. Em tal sistema, os meios de  produção são controlados pelos dominantes, e esses usam a mais-valia como sinônimo da injustiça social. Proletários não recebem seus salários justamente, pois o tanto de horas trabalhadas não correspondem ao mínimo de dinheiro recebido. O restante, ou seja, o tão valioso lucro já tem um caminho certo, os bolsos da classe dominante. A partir da análise feita por Marx sobre o sistema capitalista, ele chega à conclusão de que a sociedade só viveria plenamente com liberdade, igualdade e justiça, quando o comunismo fosse instaurado através de uma revolução violenta, chamada de luta de classes, que romperia totalmente com o sistema capitalista; pois com isso as relações de dominação seriam eliminadas, surgindo a verdadeira liberdade; a divisão de classes desapareceria, aparecendo, assim, a igualdade; e se formaria, entre as classes, um equilíbrio, onde não

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHOFACULDADE DE CINCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCENTE: Ana Carolina Rosseto Braga RA: 4201012DOCENTE: Profa. Dra. Regina LaisnerDISCIPLINA: Teoria PolticaCURSO: Relaes Internacionais 2 ano (Noturno)

Glossrio Marxista

Em um mundo onde o sistema vigente tem como alguns de seus fundamentos a diviso de classes; a dominao da minoria sobre os meios de produo e a restrio de princpios bsicos aos indivduos; tericos marxistas constroem pensamentos que tem por objetivo transformar o mundo em um lugar de todos. Mas, apesar de possurem a mesma base terica, divergem sobre meios e modos de se chegar a esse objetivo, ou seja, o melhor caminho para se instalar o socialismo.Marx possui uma viso realista do Estado e, analisa suas irregularidades, apontando a existncia de uma falsa liberdade, pois com a diviso de classes e a dominao da classe burguesa sobre o proletariado, somente os dominantes seriam detentores desta liberdade. O proletrio no tem a autonomia de comandar sua vida, ele simplesmente vive a merc dos planos burgueses. Juntamente com essa escassa liberdade, nota-se a presena significativa da desigualdade social, a qual aparece com a funo de opresso de classes. Para o terico, no capitalismo, os indivduos so considerados iguais at o aparecimento do carter socioeconmico. E por fim, onde h desigualdade h injustias. Em tal sistema, os meios de produo so controlados pelos dominantes, e esses usam a mais-valia como sinnimo da injustia social. Proletrios no recebem seus salrios justamente, pois o tanto de horas trabalhadas no correspondem ao mnimo de dinheiro recebido. O restante, ou seja, o to valioso lucro j tem um caminho certo, os bolsos da classe dominante.A partir da anlise feita por Marx sobre o sistema capitalista, ele chega concluso de que a sociedade s viveria plenamente com liberdade, igualdade e justia, quando o comunismo fosse instaurado atravs de uma revoluo violenta, chamada de luta de classes, que romperia totalmente com o sistema capitalista; pois com isso as relaes de dominao seriam eliminadas, surgindo a verdadeira liberdade; a diviso de classes desapareceria, aparecendo, assim, a igualdade; e se formaria, entre as classes, um equilbrio, onde no existiria a estrutura de produo antiga, garantindo a justia.Um dos autores mais fiis a Marx e seus pensamentos Lnin. Ele acredita que o marxismo seja um mtodo para a ao e no s um dogma. Considerando fundamental a presena dos partidos polticos na sociedade, afirma que estes guiariam a revoluo dos proletrios contra o capitalismo. Com essa revoluo, h a busca pelos princpios bsicos da vida do homem, tendo, assim, que eliminar a propriedade privada, e se apossar de todos os meios de produo, o que garantiria a liberdade e a igualdade. O outro princpio o da justia, e esse s seria conquistado quando a classe dominada estivesse no poder, no sobrepondo mais as preocupaes com o prprio enriquecimento acima das preocupaes sociais de bem estar coletivo.A pensadora Rosa Luxemburgo v a revoluo como meio necessrio para a conduo da ruptura com o sistema capitalista; e assim, critica os sociais-democratas, os quais preferem a reforma revoluo mais processual. Tambm os critica quanto questo do crdito, pois enquanto para eles o crdito algo bom, integrador do capitalismo, para ela o mesmo uma forma de enganar o proletrio, passando a ideia de insero de todos no sistema, porm, a realidade que esse somente acentua a desigualdade social. Assim, com a finalidade de se alcanar a igualdade absoluta, seria feita uma revoluo permanente, quebrando o sistema vigente e instaurando o socialismo. Essa mesma revoluo tambm garantiria a justia, pois removeria os meios de produo das mos da classe dominante. Um dos pontos importantes da autora a sua viso sobre a democracia, pois, para ela, essa possui valores positivos. Porm, a democracia liberal vigente no capitalismo no carrega tais valores ao impedir a participao direta da massa no campo poltico, restringindo, assim, sua liberdade poltica. A fim de recuperar essa liberdade, o proletariado deve implantar a democracia socialista, destruindo assim, a dominao de classes.J Gramsci foi um autor muito fiel obra de Marx. Ele traz uma (re) leitura marxiana, a qual se relaciona com os novos desafios impostos pelo capitalismo. Pensa em uma revoluo mais processual, que seria direcionada pelos partidos polticos, pois, assim como Lnin, acredita na importncia destes. Porm, os partidos polticos deveriam ser formados por intelectuais interventores e entendedores da sociedade, pois assim teramos uma maior garantia de justia e igualdade, uma vez que estes liderariam de forma a equilibrar os interesses da massa e usando do consenso de todos, o que asseguraria a liberdade. Tambm trs consigo a ideia de emancipao intelectual dos dominados, pois com um lder poltico representante das massas, esta teria a possibilidade de participar do sistema sem restries. Porm a liberdade individual, para Gramsci, s seria contemplada quando fosse coletiva.Sendo considerado Frankfurtiano, Adorno no acredita na real necessidade de uma revoluo autoritria e afirma que mudar somente o sistema econmico no o suficiente, pois antes de tudo, o capitalismo um conjunto de valores. E so esses valores que so criados para manter o funcionamento do sistema capitalista. Baseado nesse ponto, Adorno constri sua teoria da Indstria Cultural. Para ele, a indstria cultural cria uma cultura massificada, ou seja, uma cultura para as massas, e no feita por elas. Isso caracteriza a falsa manifestao, a qual faz a classe dominada ter a ideia de que a cultura surge deles, porm, quem detm tal cultura so as classes dominantes e usam dela para manter o pensamento homogeneizado e o sistema desigual. Alm disso, segundo Adorno, a cultura j produzida baseada na injustia, ela deve sua existncia injustia cometida na esfera da produo (ADORNO, 2002). Toda essa anlise constitui, alm da desigualdade e da injustia, a falta de liberdade intelectual existente no sistema. E assim como Gramsci, Adorno afirma ser na emancipao intelectual do indivduo a localizao da chave para o alcance da justia, liberdade e igualdade real. A partir do momento em que o homem tem a liberdade de avaliar sob seu modo o que produzido pela indstria cultural, ele ser livre. O homem passa a ter a liberdade de pensar diferente.Por fim, Habermas analisa o mundo por duas perspectivas, as quais podem ser vistas como analogias para o socialismo e o capitalismo. O socialismo seria representado, pelo autor, como o mundo da vida, no qual o homem vive sua subjetividade, sem ser restrito de nada. J o capitalismo pode ser comparado com o mundo dos sistemas, o qual regrado por leis sociais controladoras e organizadoras, que tem como objetivo a no transformao da sociedade em um caos. O problema, para ele, est no fato de o mundo dos sistemas estar, constantemente, invadindo o mundo da vida, e, assim, limitando a liberdade do individuo. Com isso, o autor prope salvar os indivduos da lgica dos sistemas e, para tal, assim como Gramsci e Adorno, Habermas tambm v como sada a libertao intelectual do indivduo. Porm, para ele, a revoluo seria baseada na ao comunicativa, que se caracteriza por fornecer uma condio de discusso entre a sociedade, onde haja a participao de todos, a fim de encontrar solues para problemas comuns que envolvem a sociedade capitalista. Para o autor, o homem s alcanar sua total liberdade quando se libertar do mundo dos sistemas, permanecendo somente no mundo da vida. O mesmo vale para a questo de alcanar a igualdade e a justia, pois no mundo dos sistemas as regras que so impostas so direcionadas para manuteno da obedincia dos proletrios e da diviso de classes, criando-se leis que vigorem baseando-se na explorao das classes dominadas, e ocultando sua fora para lutar pelos seus direitos.Referncia bibliogrfica:

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MARX, K; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Petrpolis: Vozes, 1999. A Ideologia Alem. 4 ed. So Paulo: Hucitec, 1984.

LNIN, V.I. O Estado e a Revoluo: o que ensina o marxismo sobre o Estado e o papel do proletariado na revoluo. So Paulo: Hucitec, 1983. O Imperialismo: fase superior do capitalismo. 2 ed. So Paulo: Centauro, 2003.

LUXEMBURGO, Rosa. Reforma ou Revoluo? So Paulo: Global, 1986. Primeira Parte: Cap. 1, 2 e 3; Segunda Parte: Cap. 1 e 2.

GRAMSCI, Antonio. Maquiavel, a Poltica e o Estado Moderno. 6 ed. Trad. De Luiz Mrio Gazzaneo, Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira.

ADORNO, T. Indstria Cultural e Sociedade. 2 ed. So Paulo: Paz e Terra, 2002.

HABERMAS, Jrgen. Teora de la accin comunicativa I: racionalidad de la accin y racionalizacin social. Trad. de Manuel Jimnez Redondo. 4 ed. Madrid: Taurus, 1987.