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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GLOBALIZAÇÃO: ASPECTOS GERAIS, CONSEQÜÊNCIAS E INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO Por: Rosane Carius Rio de Janeiro 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

GLOBALIZAÇÃO: ASPECTOS GERAIS,

CONSEQÜÊNCIAS E INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Por: Rosane Carius

Rio de Janeiro

2001

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II

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

GLOBALIZAÇÃO: ASPECTOS GERAIS,

CONSEQÜÊNCIAS E INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Monografia apresentada à Universidade

Cândido Mendes como exigência parcial

para a conclusão do curso de pós-

graduação lato sensu em Docência do

Ensino Fundamental e Médio.

Por: Rosane Carius.

Rio de Janeiro

2001

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III

AGRADECIMENTOS

A todos os colegas e pessoas que, direta

ou indiretamente, contribuíram para a

confecção desta monografia.

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico o trabalho à minha família,

responsável pelo incentivo necessário

para a continuidade dos meus estudos na

pós-graduação.

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V

RESUMO

O estudo apresenta os aspectos da Globalização através de três capítulos: o

primeiro, que mostra os seus aspectos principais; o segundo, uma abordagem

das suas conseqüências no mundo atual; e o terceiro, uma análise dos efeitos

da globalização no ensino, através de um paralelo traçado através do

fenômeno da mcdonaldização da escola. A Globalização da economia é o

processo através do qual se expande o mercado e onde as fronteiras nacionais

parecem mesmo desaparecer nesse movimento de expansão. Trata-se da

continuação do processo de internacionalização do capital, que se iniciou com

a extensão do comércio de mercadorias e serviços, passou pela expansão dos

empréstimos e financiamentos e, em seguida, generalizou o deslocamento do

capital industrial através do desenvolvimento das multinacionais. Entre as suas

características principais ressalta-se, no estudo, a simplificação do trabalho

para permitir o deslocamento espacial da mão-de-obra (gerando o

desemprego).

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VI

SUMÁRIO

Pág.

INTRODUÇÃO ........................................................................ 07

CAPÍTULO 1

ASPECTOS GERAIS DA GLOBALIZAÇÃO .......................... 09

1.1 HISTÓRICO ............................................................... 09

1.2 OS BLOCOS REGIONAIS ......................................... 11

1.3 INFLUÊNCIAS NA SOBERANIA DOS PAÍSES ......... 12

CAPÍTULO 2

CONSEQÜÊNCIAS TRAZIDAS PELA GLOBALIZAÇÃO ..... 14

2.1 DESEMPREGO ......................................................... 14

2.2 AUMENTO DA DESIGUALDADE ENTRE OS PAÍSES 19

CAPÍTULO 3

A GLOBALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO NACIONAL ................ 26

3.1 A INFLUÊNCIA ATRAVÉS DO NEOLIBERALISMO . 26

CONCLUSÃO ......................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... 36

ANEXOS ................................................................................. 37

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VII

INTRODUÇÃO

Ingressando em uma fase de transição, nosso país se encontra-

se em uma fase onde a globalização na economia e na política exercem

influência com os conseqüentes reflexos sociais do avanço tecnológico que a

globalização tem gerado desequilíbrio no mercado de trabalho e na crise de

desemprego mundial.

Quando a crise de 29 quebrou o mundo, o tempo que as pessoas

levaram para detectar o início da crise, ou quando os negócios começarem a

ficar ruins, até que portadores de ações descobrissem que poderiam perder

dinheiro ou ficar pobres, se não vendessem suas ações rapidamente, foi de

alguns dias para uns e semanas para outros. O telefone era o meio de

comunicação mais rápido, mas demorava muito para se obter uma ligação.

Quando os países asiáticos começaram a dar sinais de quadra

em final de outubro de 1997, algumas horas todo o mundo já sabia e suas

ações foram vendidas em horas. Telefone celular, comunicação de bolsas de

valores com clientes ligadas a cabo, TV a cabo, Internet, agências de notícias,

bancos e financeiras ligadas 24 horas por dia. O dinheiro dá a volta em

minutos.

Nos negócios ocorre um fato semelhante. Uma empresa

globalizada de hoje é a mesma multinacional de ontem só que "turbinada". Já

era uma empresa com o capital sem pátria, com interesses próprios, seja lá em

que país fosse sua sede e o que importava, ou o que ainda continua

importando é: produzir a menores custos, conquistar mercados e proporcionar

aos seus acionistas o melhor lucro a valorização de suas ações.

Uma empresa globalizada que elege um país para investir, quer

seja para ampliar sua fábrica, quer seja para se instalar pela primeira vez no

país, ou então para montar um centro de distribuição regional, estará sendo

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uma boa coisa para os trabalhadores que conseguem emprego na nova

fábrica, para os governos que recolhem mais impostos, para as pequenas

empresas fornecedoras que receberão encomendas para uma empresa sólida.

Assim, se a opção da direção de uma multinacional optar por

construí-la em outro país ou resolver mudar o centro de produção de seu

estado para outro distante.

Pode provocar o desemprego, se o produto fabricado não for

competitivo, pois, se isso ocorrer, é o empregador quem pode perder o

emprego juntamente com seus funcionários, visto que a competitividade e o

livre mercado provocam sempre um grande desemprego.

Sendo a globalização um sistema com objetivo de unificar

mundialmente os mercados, articula as empresas multinacionais, com evidente

risco para a soberania dos países, o que, coincidindo o interesse individual com

o interesse geral, obriga o Estado a se abster de intervir na vida econômica,

prevalecendo a lei da concorrência.

Para os neoliberais, o trabalho não difere de outras mercadorias,

estando essa filosofia baseada nas doutrinas da autonomia da vontade e da

liberdade contratual.

Emergindo como uma conquista da classe

trabalhadora contra o pacto original do

liberalismo, inicialmente aparecendo com

leis de exceção, ao largo das relações

privadas, o direito do trabalho tende a

desaparecer em breve, diante da idéia de

liberdade em si mesma, que tem sua

origem no mundo intelectual judaico-

cristão-grego, onde transitava a liberdade

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sem qualquer vínculo ou intervenção,

porque a razão de tudo.

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X

CAPÍTULO 1

ASPECTOS GERAIS DA

GLOBALIZAÇÃO

1.1 HISTÓRICO

A palavra globalização tem sido bastante divulgada pelos meios

de comunicação dos últimos tempos.

Há diversas definições dadas ao termo.

Para Demétrio Magnoli "é o processo pelo qual o espaço mundial

adquire unidade". Para o professor Luiz Roberto Lopez "implica uniformização

de padrões econômicos e culturais em âmbito mundial".

Historicamente, a globalização propala-se como a economia

mundial unificada.

Como as operações de comércio exterior já passaram por

diversas doutrinas, primitivamente aparece o feudalismo, sistema de grandes

propriedades territoriais isoladas (feudos), pertencentes à nobreza e ao clero e

trabalhadores pelos servos da gleba, numa economia de subsistência. Em

cada feudo, o senhor fazia as leis, administrava a justiça, cunhava moedas,

exigia impostos aos mercadores que transitavam por suas terras e estipulava o

tributo que os camponeses, livres e servos tinham que pagar.

Logo após, seguiu-se o mercantilismo, doutrina econômica

defensora do acúmulo de divisas em metais preciosos pelo estado, por meio de

um comércio exterior de caráter protecionista, estimulado por meio de uma

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balança comercial favorável que através dela se aumenta o estoque de metais

preciosos, com ampla intervenção do Estado na economia.

Sucedeu-lhe o liberalismo, doutrina econômica na qual se

estabelece como postulado o livre jogo das forças econômicas, o regime de

livre concorrência. A lei da oferta e da procura é a única que deve influir sobre

a produção, o consumo e o mecanismo dos preços. A intervenção do estado é

totalmente repelida.

Depois veio o protecionismo, doutrina econômica que tem por

base a adoção de tarifas ou cotas, para restringir o fluxo das importações.

Apóia-se no princípio de que existe interesse em desenvolver nu país as suas

forças produtoras, pela criação de barreiras alfandegárias, para impedir a

concorrência da indústria estrangeira.

De uma luta entre liberalismo e protecionismo, vêm surgindo

blocos econômicos pautando o livre comércio entre os países membros e

usando o protecionismo contra os países não-membros. Tais blocos têm por

objetivo a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países

membros, através da eliminação dos impostos alfandegários e da eliminação

de restrições não tarifárias. Ao mesmo tempo, buscam impedir que bens,

serviços e fatores produtivos originários de países não membros usufruam da

eliminação das tarifas alfandegárias e não alfandegárias.

Já que a globalização é ato de exprimir a mesma coisa que livre

comércio, ambos levam à supremacia das economias dos países de "primeiro

mundo", ou seja, as potências econômicas sobre a economia dos "países

emergentes". A globalização provoca a submissão desses países àqueles, pois

globalização implica concorrência, não existindo entre economias desiguais.

Considerando então, que países de

economia avançada passam a liderar a

globalização, os países de economia em

desenvolvimento ficam alijados da

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globalização, isto é, de usufruir da

economia mundial, restando-lhe pouco da

economia unificada, provocando o

declínio da atividade econômica, o

desemprego, a alienação etc.

1.2 OS BLOCOS REGIONAIS

A formação de blocos regionais é

atualmente destacada na globalização

atual. Ao lado da União Européia,

perfilam-se o NAFTA, a Bacia do Pacífico

e, em outra escala, o MERCOSUL, o

Mercado Comum Centro Americano e

mais outros ainda menos significativos.

Há também uma declaração política de

países da APEC projetando para as

primeiras décadas do novo século a

formação de uma zona comercial,

envolvendo países asiáticos e

americanos.

O Tratado de Assunção assim o diz:

"Este Mercado Comum implica: A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos aduaneiros e restrições não tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida equivalente; O estabelecimento de uma tarifa externa comum, a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados e a coordenação de posição em foros econômicos-comerciais regionais e internacionais; A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados-Partes a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados-Partes ; e,

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O compromisso dos Estados-Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. (art. 1o, 2ª parte, letras "a" a "d")".

É de conhecimento geral que todos os

países do MERCOSUL entendem ser

necessária a intervenção do Estado nas

relações de trabalho através de sua

fiscalização do trabalho, mas não há

consenso na aplicação das normas

trabalhistas. É necessário que haja uma

harmonização das normas da tutela

trabalhista entre eles, com a criação da

cata Social do MERCOSUL. Com esta

instituição, poderíamos deter o problema

da mão-de-obra.

Vale consignar as palavras do Presidente

Jacques Chirac, proferidas na

Conferência Internacional do Trabalho:

"Para lograr que a mundialização aporte benefícios para todos,

nos países industrializados como nos países e transição;

nos países emergentes como nos países mais

desfavorecidos, é preciso por a economia a serviço do

ser humano e não o ser humano a serviço da economia".

(In: Mattos, 1997)

1.3 INFLUÊNCIAS NA SOBERANIA DOS PAÍSES

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XIV

Haverá, certamente, perdas para os

Estados, decorrentes de uma

flexibilização necessária, também na

soberania de cada Estado-membro, mas

não se trata de uma perda da soberania,

como não se quer uma perda de

soberania, como não se quer uma perda

de direitos das partes contratantes, mas a

viabilidade de flexibilizar para melhor

lucrar, daí o entendimento de Paulo Borba

Casella (In: Mattos, 1997).

A posição doutrinária e jurisprudencial guarda a primazia do

direito nacional sobre os tratados internacionais, devendo, certamente, com a

necessária globalização que se inicia pela integração dos países e legislação

supranacional conseqüente, avançar no sentido da própria Convenção de

Viena sobre Direito dos Tratados que não admite o término do Tratado por

mudança de direito superveniente e afirma que uma parte não pode invocar as

disposições de seu direito interno para justificar o descumprimento de um

tratado.

Assim, para equilibrar o direito do trabalho entre países do

mesmo, grupo, será necessário flexibilizar-se não só as normas legais que

disciplinam esses direitos, como também que haja uma flexibilização na própria

soberania dos Estados-membros, viabilizando a vigência de tratados

internacionais sobre a lei interna de cada país.

A liberalização do comércio internacional poderá muito bem falhar

se os efeitos benéficos forem lentos em se fazer sentir para os trabalhadores

ou se, ao contrário, for associada, na mente do público em geral, a um

aumento das desigualdades ou das condições precárias. A globalização não

pode ser deixada aos seus próprios desígnios. O processo econômico,

resultante da liberalização do comércio, deve ser acompanhado por progresso

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social. A fim de justificar as expectativas colocadas sobre si, a OIT deverá

garantir maior universalidade na aplicação de suas normas fundamentais e ser

mais seletiva em suas novas normas.

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CAPÍTULO 2 CONSEQÜÊNCIAS TRAZIDAS PELA GLOBALIZAÇÃO

2.1 DESEMPREGO

Existem, atualmente, 800 milhões de pessoas desempregadas em

todo o mundo. Nos países subdesenvolvidos, a situação é ainda pior. É longo o

caminho que precisam percorrer para atingir o nível de automação do Primeiro

Mundo e, além disso, amargam com freqüência dois tipos de desemprego:

conjuntural – causado pelo arrocho no crédito e taxa de câmbio que limita as

exportações – e estrutural, provocado pela mudança no processo de produção

ou no composto de bens e serviços produzidos em certos momentos. Este

último, resultante da substituição das pessoas pelas máquinas.

No Brasil, grande parte da força de trabalho, representada por 60

milhões de pessoas, não está preparada para lidar com a era da automação. A

globalização, as novas tecnologias e a formação profissional alijam uma série

de pessoas. Os profissionais não estão acompanhando o desenvolvimento

tecnológico, as mudanças de mentalidade e de comportamento. Além disso,

mais de 50% dos brasileiros podem ser considerados analfabetos, se

considerado o atual padrão mundial de alfabetização: capacidade de ler e

interpretar um manual de instruções. Para obter uma mão-de-obra qualificada e

evitar o desemprego friccional – decorrente de um desajuste entre qualidade da

mão-de-obra e oferta de trabalho –, o país necessita de investimentos na área

de educação. A reforma agrária é, na visão de economistas, outra premissa

fundamental para barrar o desemprego. O governo deve devolver a

oportunidade de retornar ao campo àqueles que saíram para a cidade grande

em busca de uma melhor condição de vida.

A população brasileira economicamente ativa tem um dos mais

baixos índices de escolaridade entre os países em desenvolvimento. O

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XVII

trabalhador brasileiro, em média, freqüenta o curso básico durante

aproximadamente três anos.

O sonho do emprego estável nas grandes indústrias virou

pesadelo frente à estrutura do capitalismo atual. A política do "full employment"

(pleno emprego) está sendo substituída pela do "employ hability" (contratação

de acordo com as habilidades do empregado).

A redução dos empregos nas indústrias também está relacionada

com mudanças organizacionais.

Os administradores estão diminuindo os cargos de chefia, a

pirâmide da empresa e estão terceirizando grande parte das atividades. Nas

empresas modernas, multiplica-se a idéia de que é melhor subcontratar

serviços a contratar gerentes. Nos trabalhos que não sejam essenciais, a

ordem é terceirizar. O objetivo da indústria moderna é conseguir o máximo de

autonomia com o mínimo de intervenção humana.

Por muito tempo, as curvas do desemprego acompanharam os

ciclos econômicos. Na década de 1970, esse compasso se rompeu. De lá para

cá , as taxas de desemprego crescem paulatinamente e o máximo que as fases

de crescimento econômico conseguem fazer é reduzir a marcha incessante e

assustadora da destruição de postos de trabalho. Essa tendência evidencia-se

claramente na Europa, mas atinge também o Japão e a América Latina.

Em dezenas de países da América Latina, Ásia e África, os

camponeses continuam a ser conduzidos no rumo das cidades, enquanto se

expande a agricultura moderna e cresce a demanda de mão-de-obra na

indústria, no comércio e nos serviços.

A automação da produção elimina postos de trabalho de duas

formas. De forma direta, torna redundantes trabalhadores de baixa

qualificação, tanto nas linhas de montagem quanto nas funções de controle.

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Mas a automação também elimina empregos indiretamente. Nos países ricos,

onde a inovação tecnológica é mais intensa, o crescimento da produtividade

média da indústria funciona como meio de seleção de investimentos rentáveis.

A revolução tecnológica combina-se com a globalização

econômica e reorganiza a paisagem industrial do planeta.

O que tem originado o desemprego no Brasil? Desde 1991, o

Brasil começou a abrir a sua economia. Nossas empresas viveram protegidas

durante muitos anos, pela chamada proteção à indústria nacional, para que ela

pudesse se fortificar e desenvolver.

Durante as décadas de 1960 e 1990, vivemos sob o regime da

reserva de mercado, quando empresas nacionais e multinacionais instaladas

aqui, ficavam "protegidas" dos produtos importados que sofriam restrições de

importação e até mesmo a proibição, e quando era importado, o produto

recebia uma taxação muito forte.

Os preços neste período eram aprovados pelo governo através de

um departamento chamado "CIP". Funcionava assim, a empresa multinacional

ou nacional obtinha um telex do governo, autorizando o aumento. Aí as novas

tabelas entravam em vigor. Ninguém trabalhava com custos e competição.

Os empregos se mantinham porque não havia competição,

perdas com entrada de concorrentes no mercado, redução de margens de

ganho etc., mas era uma economia irreal.

Outra situação ímpar em todo o mundo era que as multinacionais

instaladas aqui gozavam de uma proteção devido à loucura da inflação

brasileira, onde só trabalhava com lucro quem soubesse administrá-la.

Raramente, as pessoas da matriz entendiam alguma coisa do que diziam os

relatórios. Sabiam as multinacionais lidar muito bem com a inflação.

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XIX

Com o lançamento do programa brasileiro da qualidade e

produtividade em 1988, o Brasil começou a se preparar para enfrentar os

concorrentes estrangeiros e para a abertura das importações.

Tudo que se viu, de lá para cá, foi um grande avanço na melhoria

de nossa produtividade, melhor qualidade, mais eficiência da empresa

brasileira, mas, com isso, temos menos empregos disponíveis e a impressão

de desemprego.

O desemprego que ocorreu num setor industrial perdeu para outro

que recebeu investimento de uma nova indústria que lá se instalou e, assim por

diante.

Assim, chegando a abertura econômica necessária e, ainda mais

a queda da inflação, muita coisa aconteceu no Brasil; a competição se instalou

em todos os setores, empresários mais velhos e cansados de tantos planos

econômicos desistiram de lutar contra a entrada forte da concorrência nacional

e estrangeira em todos os setores, os preços precisaram passar por um cálculo

de contabilidade de custos muito mais rigoroso e com menores margens de

retorno.

Se o empresariado sempre resistiu ideologicamente ao

intervencionismo estatal, cedeu, invariavelmente a ela em troca de uma

proteção que teve, como efeito, no plano institucional, o que alguns chamaram

de cartorialização e outros de privatização do Estado e da ordem. Como

conseqüência, essa realidade produziu, como conseqüência, um regime

extremamente autoritário de relações de trabalho, além de ser concentrador e

excludente do ponto de vista salarial e da distribuição de renda.

É o desemprego, então, a fase mais cruel do "rolo compressor" da

globalização e do neoliberalismo, enquanto estratégias da classe dominante e

conservadora.

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XX

Assim, a mesma audácia deve ser utilizada pelos

que têm consciência de que essa doutrina representa hoje

o inimigo fundamental da democracia social, dos direitos

básicos de cidadania, dos direitos fundamentais dos

trabalhadores, enquanto direitos sociais contra o

desemprego.

Para a dispensa do empregado há dois sistemas de proteção, o

amplo e o restrito. O amplo surge através de medidas impeditivas do

desligamento imotivado do trabalhador, que se expressam pela figura

"estabilidade no emprego". Por outro lado, o restrito, surge mediante sanções

econômicas, destinadas a dificultar a dificultar a ruptura do contrato de

trabalho, com a imposição de indenização a ser paga pelo empregador ao

empregado imotivadamente dispensado da empresa.

O desemprego estrutural consiste no alijamento de massas da

população no mercado de trabalho por períodos longos, distinguindo-se do

desemprego conjuntural provocado pelas fases de recessão do ciclo

econômico. Os jovens são particularmente atingidos pelo desemprego

estrutural, que elimina as portas de acesso às grandes corporações e cria uma

descontinuidade entre o aprendizado profissional e o ingresso na carreira.

A criação acelerada de novos empregos consiste em geração de

postos de trabalho mais mal remunerados. Os tradicionais e almejados

empregos nas corporações industriais são substituídos por empregos.

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XXI

2.2 AUMENTO DA DESIGUALDADE ENTRE OS PAÍSES

Contém a globalização conceitos de

interdependência e interações sociais,

políticas e econômicas que, sem dúvida,

não são necessariamente desconhecidas

para o mundo, a não ser nas suas

dimensões atuais.

Historicamente, os conquistados acabavam, com raras exceções,

sendo internacionalizados e dependentes" econômica e politicamente dos

conquistadores, os quais, ao estabelecerem qualquer tipo de domínio que

durasse um período relativamente longo, criava-se uma interação, no mínimo,

cultural entre colonizador e colonizado.

A diferença no processo é que existia um fato gerador mais

tangível e explícito que podia ser; a dominação política, a conquista de espaço

territorial, a busca de riquezas existentes, a disponibilidade de mão-de-obra

escrava etc.

A dificuldade de se determinar o fato gerador foi se acentuando,

quando este passou para o campo das idéias e assim, não mais o fato gerador,

mas as conseqüências adquiriram razão de ser das discussões sobre

globalização.

São, portanto, fato gerador, os saltos tecnológicos e do

conhecimento humano que estão vivendo um processo de evolução

exponencial, mas seus reflexos é que tenderão a gerar profundas modificações

sociais, políticas e econômicas.

Houve guerras, experiências ideológicas e distribuição pouco

homogênea, o que fez com que ocorressem transformações com custos sociais

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XXII

tão imensos, levando a uma falta de perspectivas de futuro, insegurança,

drogas, guetos sociais e, como na idade média, ainda continuam existindo a

fome e as doenças sem cura.

Ocorre que uma importante parcela dos homens mora em casas

que os protegem mais das intempéries, come mais abundantemente, trabalha

menos, é mais amparada por legislações que os protegem e tem uma vida útil

maior, identificando-se, então, do ponto de vista econômico, um problema de

distribuição de renda entre países e internamente entre as camadas sociais

cuja solução não parece mais inviável, como se imaginava ser.

Também aparentemente, o ser humano não está mais feliz e vive

em um mundo com mais incertezas, porém, a globalização, como a tecnologia,

não podem ser vistas como um mal em si mesmas.

Os seus reflexos sociais, econômicos e políticos serão

decorrentes da forma que serão aplicados estes fatores. Tudo levará a crer que

a globalização acabará sendo fruto da democracia e do capitalismo, até porque

não existe atualmente outro regime econômico preponderante.

O capitalismo, que tinha como base o egoísmo natural do homem,

tornou-se extremamente selvagem na revolução industrial. Com o tempo, foi

obrigado a ser bem mais humano e seus abusos são, nos dias de hoje,

extremamente controlados pela sociedade, enquanto que o socialismo e o

comunismo, que tinham como premissas um homem mais altruísta, por outro

lado, se mostraram mais cruéis e ineficazes. Tanto que suas experiências se

mostraram mais frustrantes e bem mais dolorosas.

Deverá a globalização levar os sistemas individuais já existentes a

uma interação muito maior.

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XXIII

Se notarmos, esta interação sistêmica já existe em certos setores,

especialmente nas relações de comércio exterior, mesmo e apesar da

existência de mecanismos de proteção, de barreiras alfandegárias e subsídios.

As safras boas ou más de determinados produtos já interferem

nas economias dos países que têm uma interdependência comercial.

Também a variação de uma moeda influencia a economia dos

países que a adotam como referência de padrão há algum tempo.

Os efeitos das oscilações nas bolsas de valores ou de

mercadorias também já não são novidade. Isto tem reflexos econômicos, mas

causa impactos também políticos e sociais.

Por outro lado, as ações políticas ou as grandes guerras deste

século sempre causaram impacto que iam muito além dos países envolvidos, o

que nos evidencia que o mundo caminha para um grande macrossistema.

Com mais de meio século e com o fruto do

trabalho, homens adquiriram a casa própria, um emprego

bem remunerado, médico e creche na fábrica, respeito

pelos vizinhos, filhos já se formando doutores e

aposentadoria e até condições de usufruir de lazer.

Ocorreram também, mudanças nem sempre tão

perceptíveis, tais como:

• O país abriu o seu mercado para o exterior;

• Chegaram os robôs e a informática, diminuindo o emprego ou

exigindo melhor formação técnica dos funcionários;

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• Vieram os programas de qualidade total, reengenharia etc. e

geralmente a exigência de quadros funcionais ou exigências

de melhor formação;

• As indústrias começaram a terceirizar uma série de serviços

antes feitos nas fábricas. Hoje, estão contratando

fornecedores que praticamente se incorporam na linha de

produção;

• Além disso, estão utilizando a visão internacional ou

globalizada de produção e buscando peças mais baratas e

melhores em suas unidades no exterior;

• As indústrias estão fugindo das grandes cidades, onde a

qualidade de vida piora, a poluição é mais controlada e o

custo do terreno torna-se naturalmente mais caro.

Dependerá, portanto, a globalização econômica das vantagens

comparativas, ou seja, as coisas estão acontecendo fruto do progresso ou da

tirania das circunstâncias. Como aconteceram outras mudanças: as elites do

café desapareceram, aboliu-se a escravidão...Essa é a inexorável lógica da

dinâmica social.

Portanto, o cenário otimista passa por investimentos não

disponíveis no país e por uma coordenação política difícil de ser articulada.

Por outro lado, pensando em de forma pessimista, algo drástico

do ponto de vista político ou econômico que possa levar a uma rápida

deterioração não é um cenário que, politicamente, possa-se visualizar em curto

prazo.

Um cenário mais plausível será um meio termo em que os

ajustes, negativos ou positivos, aconteçam ao longo dos próximos anos, com

altos custos sociais, politicamente complicados, negociados fisiologicamente,

mas sem derrapadas econômicas fatais.

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Evidentemente, o custo social do desemprego, a redução das

vendas em alguns setores, os juros altos, a concorr6encia às vezes predatória

dos importados, estão presentes e não raro servem como pano de fundo para

distorcer algumas análises.

Uma coisa é inegável, algo está acontecendo com a nossa

economia e aparentemente não de forma negativa. Se por um lado temos um

mercado crescendo, por outro, ele se torna mais competitivo e dentro de uma

nova realidade.

Este estado de coisas têm um histórico complicado,

fundamentalmente em decorrência de algumas variáveis que estavam

atreladas a este modelo e que são bastante conhecidas.

Planejar ainda não reaprendemos, isto virá com o tempo. Ainda

não conseguimos nos esquecer do eterno mudar que existia com a inflação, ou

seja, durante algum tempo continuaremos na inércia do processo em que

fomos educados, ou pior deseducados.

Qualquer executivo com quarenta anos foi educado em um

mercado com as características distorcidas e os de trinta anos somente agora

começam a conviver com uma economia estável, onde se possa fazer

planejamento para mais de um mês. Os de cinqüenta anos têm de puxar muito

pela memória para lembrar da época em que houve estabilidade monetária.

Em função desta situação, ficou a

impressão de ser mais fácil conviver com

uma inflação alta, sem grandes cobranças

de criatividade, com o controle de preços

e sem concorrência externa.

Origina a globalização um novo tipo de cidades, cujas funções e

atividades estão associadas muito mais ao mercado mundial que à economia

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nacional. Essa "cidades mundiais" como Nova Iorque, Londres, Tóquio,

Frankfurt, Singapura abrigam os centros financeiros e as sedes

macrorregionais das corporações globais. Uma parcela crescente da sua

economia urbana e a melhor parte da sua oferta de empregos depende, direta

ou indiretamente, dos ciclos dos negócios globais.

O PIB, na globalização, pode crescer aceleradamente enquanto a

renda média da população permanece estagnada ou retrocede.

Sendo a globalização ao mesmo tempo uma fonte de acumulação

de novas riquezas e um dínamo de produção de pobreza e marginalização

social, os mercados globalizados excluem imensas parcelas da população

mundial, não só na África ou na América Latina, mas também na Ásia dos

Dragões, na Europa comunitária e na América anglo-saxônica e, sendo o

espaço geográfico o espelho do movimento de segregação econômica e social,

ele se manifesta em escala mundial e nacional e, de modo mais evidente, nas

escalas regionais e locais.

As reformas iniciadas por Gorbatchov, na ex-União Soviética, em

1985, através da perestroika e da glasnost, foram pouco a pouco minando o

socialismo real e, consequentemente, essa ordem mundial bipolar. A queda do

Muro de Berlim, com a reunificação da Alemanha, a eleição de Lech Walesa

(líder do partido Solidariedade)para a presidência da Polônia, em 1990, que

representou o término do domínio absoluto do Partido Operário Unificado

Polonês sobre a sociedade polonesa , e muitos outros acontecimentos do

Leste Europeu alteraram profundamente o sistema de forças até então

existente no mundo.

De um sistema de polaridades definidas passou-se, então, para

um sistema de polaridades indefinidas ou para a multipolarização econômica

do mundo. O confronto ideológico (capitalismo versus socialismo real) passou-

se para a disputa econômica entre países e blocos de países.

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O beneficiário dessa mudança, historicamente rápida, que deixou

muitas pessoas perplexas por imprevisibilidade a curto prazo, foi o sistema

capitalista, que pôde expandir-se praticamente hegemônico na organização da

vida social em todas as suas esferas (política, econômica e cultural). Assim, o

capitalismo mundializou-se, globalizou-se e universalizou-se, invadiu os

espaços geográficos que até então se encontravam sob o regime de economia

centralmente planificada ou nos quais ainda se pensava poder viver a

experiência socialista.

Nas palavras de Otávio Ianni, sociólogo brasileiro que já há algum

tempo vem estudando a questão da globalização:

"O capitalismo tinge uma escala propriamente global. Além das suas expressões nacionais, bem como dos sistemas e blocos articulando regiões e nações países dominantes e dependentes, começa a ganhar perfil mais nítido o caráter global do capitalismo. Declinam os estados-nações, tanto os dependentes como os dominantes. As próprias metrópoles declinam, em benefício de centros decisórios dispersos em empresas e conglomerados ". (Ianni, 1994)

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CAPÍTULO 3 A GLOBALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO NACIONAL

3.1 A INFLUÊNCIA ATRAVÉS DO NEOLIBERALISMO

O Estado neoliberal é mínimo quando deve financiar a escola

pública e máximo quando define de forma centralizada o conhecimento oficial

que deve circular pelos estabelecimentos educacionais, quando estabelece

mecanismos verticalizados e antidemocráticos de avaliação do sistema e

quando retira autonomia pedagógica às instituições e aos atores coletivos da

escola, entre eles, principalmente, aos professores.

Centralização e descentralização são as duas faces de uma

mesma moeda: a dinâmica autoritária que caracteriza as reformas

educacionais implementadas pelos governos neoliberais. Para compreender

um pouco melhor a natureza da mudança institucional promovida pelo

neoliberalismo nos âmbitos escolares, faz-se um pequeno parêntese. Pode-se

estabelecer, a título ilustrativo, uma analogia entre as funções atribuídas às

instituições educacionais e a lógica que regula o funcionamento dos fast foods

nas modernas sociedades de mercado.

Esta comparação permite a caracterização de um processo que

pode ser denominado mcdonaldização da escola e que, nesta perspectiva,

sintetiza de forma eloqüente o sentido assumido pela reforma neoliberal levada

a cabo nos âmbitos educacionais.

Os processos de mcdonaldização têm sido destacados por alguns

autores para referir-se à transferência dos princípios que regulam a lógica de

funcionamento dos fast foods a espaços institucionais cada vez mais amplos

na vida social do capitalismo contemporâneo. A mcdonaldização da escola,

processo que se concretiza em diferentes e articulados planos (alguns mais

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gerais e outros mais específicos), constitui uma metáfora apropriada para

caracterizar as formas dominantes de reestruturação educacional propostas

pelas administrações neoliberais. Na ofensiva antidemocrática e excludente

promovida pelo ambicioso programa de reformas estruturais impulsionado pelo

neoliberalismo, as instituições educacionais tendem a ser pensadas e

reestruturadas sob o modelo de certos padrões produtivistas e empresariais.

Enfatiza-se que os neoliberais definem um conjunto de estratégias

dirigidas a transferir a educação da esfera dos direitos sociais à esfera do

mercado. A ausência de um verdadeiro mercado educacional (isto é, a

ausência de mecanismos de regulação mercantil que configurem as bases de

um mercado escolar) explica a crise de produtividade da escola. Para os

neoliberais, o reconhecimento desse fato permite orientar urna saída

estratégica mediante a qual é possível conquistar, sem "falsas promessas",

uma educação de qualidade e vinculada às necessidades do mundo moderno:

as instituições escolares devem funcionar como empresas produtoras de

serviços educacionais.

A interferência estatal não pode questionar o direito de livre

escolha que os consumidores de educação devem realizar no mercado escolar.

Apenas um conglomerado de instituições corri essas características pode obter

níveis de eficiência baseados na competição e no mérito individual. Os

McDonald's constituem um bom exemplo de organização produtiva com tais

atributos e, nesse sentido, representam um bom modelo organizacional para a

modernização escolar.

É possível apontar possíveis coincidências entre ambas as

esferas. Em primeiro lugar, os fast foods e as escolas têm um ponto básico em

comum. Ambos existem para dar conta de duas necessidades fundamentais

nas sociedades modernas: comer e ser socializado escolarmente. Embora a

primeira seja uma necessidade tão antiga quanto a própria humanidade e a

segunda nem tanto, não existiria, aparentemente, nenhuma originalidade nas

funções que atualmente são cumpridas tanto pelos McDonald's quanto pelas

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escolas. Entretanto, aqui, como na produção de toda mercadoria, o importante

não é apenas a coisa produzida (o hambúrguer ou o conhecimento oficial), mas

a forma histórica que adquire a produção desses processos, quer se trate da

indústria da comida rápida, quer se trate da indústria escolar. Isto é, o que

unifica os McDonald’s e a utopia educacional dos homens de negócios é que,

em ambos, a mercadoria oferecida deve ser produzida de forma rápida e de

acordo com certas e rigorosas normas de controle da eficiência e da

produtividade.

O modelo McDonald's tem demonstrado, graças à universalização

do hambúrguer, uma enorme capacidade para ter sucesso no mercado da

alimentação "rápida" (se é que o termo "alimentação" pode ser aplicado nesse

caso). A escola, pelo contrário, no que se refere a suas funções educacionais,

não tem sido tão bem sucedida, se avaliada sob a ótica empresarial defendida

pelos neoliberais.

Os princípios que regulam a prática cotidiana dos McDonald's, em

todas as cidades do planeta, bem que poderiam ser aplicados às instituições

escolares que pretendem percorrer a trilha da excelência: "qualidade, serviço,

limpeza e preço". A rigor na perspectiva dos homens de negócios, esses

princípios devem regular toda prática produtiva moderna. O próprio fundador

dessa cadeia de restaurantes, Ray Kroc, tem dito, sem falsa modéstia: "se me

tivessem dado um tijolo cada vez que repeti essas palavras, creio que teria

podido construir uma ponte sobre o Oceano Atlântico" (Peter, 1984).

A escola, pensada e projetada como uma instituição prestadora

de serviços, deve adotar esses princípios de demonstrada eficácia para obter

certa liderança em qualquer mercado. Esse aspecto de caráter geral se vincula

a outra coincidência (ou melhor, a outra lição) que os McDonald's oferecem às

instituições educacionais. De forma bastante simples, pode-se dizer que os fast

foods surgiram para responder a uma demanda da sociedade moderna pós-

industrial: as pessoas correm muito; estão, em grande parte do dia, fora de

casa; e têm pouco tempo para comer. Entre os fast foods realmente existentes,

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o McDonald's adquiriu liderança mundial, aproveitando-se daquilo que na

terminologia empresarial se denomina "vantagens comparativas".

Uma grande capacidade administrativa permitiu que essa

empresa conquistasse uni importante nicho no mercado da comida rápida.

Algumas das correntes dominantes entre as perspectivas acadêmicas dos

homens de negócios enfatizam que a capacidade competitiva de uma empresa

(e inclusive de uma nação) se define por seu dinamismo e flexibilidade para

descobrir e ocupar determinados segmentos (ou nichos) que se abrem à

competição empresarial.

Assim, os mercados expressam tendências e necessidades

heterogêneas. Reconhecer tal diversidade faz parte da habilidade empresarial

daqueles que conduzem as grandes corporações conseguem sobreviver à

intensa competição inter-empresarial.

Qual a ligação que isto tem com a educação? A resposta é

simples: se o sistema escolar tem que se configurar como mercado

educacional, as escolas devem definir estratégias competitivas para atuar em

tais mercados, conquistando nichos que respondam de forma específica à

diversidade existente nas demandas de consumo por educação.

Mcdonaldizar a escola supõe pensá-la como urna instituição

flexível que deve reagir aos estímulos (os sinais) emitidos por um mercado

educacional altamente competitivo. Entretanto, alguém, provavelmente

intrigado, poderia perguntar qual é a razão que explica que o mercado

educacional deva ser necessariamente competitivo. Os neoliberais respondem

a essa questão também de forma simples: assim como as pessoas precisam

comer hambúrgueres porque o trabalho (e, claro, a mídia) o exige, também

precisam educar-se porque o conhecimento se transformou na chave de

acesso à nova sociedade do saber.

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Na perspectiva dos homens de negócios, nesse novo modelo de

sociedade, a escola deve ter por função a transmissão de certas competências

e habilidades necessárias para que as pessoas atuem competitivamente num

mercado de trabalho altamente seletivo e cada vez mais restrito. A educação

escolar deve garantir as funções de classificação e hierarquização dos

postulantes aos futuros empregos (ou aos empregos do futuro). Para os

neoliberais, nisso reside a "função social da escola". Semelhante "desafio" só

pode ter êxito num mercado educacional que seja, ele próprio, uma instância

de seleção meritocrática, em suma, um espaço altamente competitivo.

A necessidade de permitir a competição inter-institucional (escola

versus escola) explica a ênfase neoliberal no desenvolvimento de mecanismos

de desregulamentação, flexibilização da oferta e livre escolha dos

consumidores na esfera educacional. Entretanto, essa questão não esgota a

reforma competitiva que os neoliberais pretendem impor na esfera escolar.

Nessa perspectiva, a competição deve caracterizar a própria lógica interna das

instituições educacionais. A possibilidade de construção de um mercado

escolar competitivo depende, entre outros fatores, da difusão de rigorosos

critérios de competição interna que regulem as práticas e as relações

cotidianas da escola.

Algo similar ocorre nos McDonald's. De fato, os sistemas de

controle e promoção de pessoal no McDonald's são conhecidos (e em muitas

ocasiões tomados como modelos) pelo uso eficaz de um sistema de incentivos

que promove uma dura e implacável competição interna entre os trabalhadores

bem como a difusão de um sistema de prêmios e castigos dirigidos a motivar o

"pertencimento" e a adesão incondicional à empresa.

Esses mecanismos estão sendo cada vez mais difundidos nos

âmbitos escolares até mesmo quando as normas jurídicas vigentes não o

permitem).

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Quem mais produz mais ganha. E só é possível saber quem mais

produz quando se avaliam rigorosamente os atores envolvidos no processo

pedagógico(sejam professores, alunos, funcionários etc.). Os prêmios à

produtividade são, tal como no McDonald's, tanto meramente simbólicos

(quadro de honra, empregado do mês), quanto materiais (aumento salarial,

prêmios em espécie, promoção de categoria).

A educação, neste contexto, deve ser pensada como um grande

campeonato. Nela, os triunfadores sabem que o primeiro desafio é assumirem-

se como ganhadores. Espírito de luta, de auto-superação, de confiança no

valor do mérito, certeza de saber que quem está ao nosso lado só atrapalha

nosso caminho ao sucesso. Nada mais apreciado na escola do que o título de

Mestre do Ano. Nada mais cobiçado no McDonald's do que o prêmio All

American Hamburguer-Maker.

A pedagogia da Qualidade Total se inscreve nessa forma

particular de compreender os processos educacionais, não sendo mais do que

uma tentativa de transferir para a esfera escolar os métodos e as estratégias

de controle de qualidade próprios do campo produtivo. O processo de

mcdonaldização da escola também tem seu efeito no campo do currículo e na

formação de professores. Quem estudar com mais detalhes os fast foods

(tarefa que constituiria uma grande contribuição para compreender melhor

nossas escolas) poderá encontrar uma surpreendente similitude entre os

mecanismos de planejamento dos cardápios nesse tipo de negócio e as

estratégias neo-tecnicistas de reforma curricular.

O caráter assumido pelo planejamento dos currículos nacionais,

no contexto da reforma educacional promovida pelos regimes neoliberais

poderia muito bem ser entendido como um processo de mcdonaldização do

conhecimento escolar. Ao mesmo tempo, no contexto desses processos de

modernização conservadora, as políticas de formação de docentes vão se

configurando como pacotes fechados de treinamento (definidos sempre por

equipes de técnicos, experts e até consultores de empresas), planejados de

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forma centralizada, sem participação dos grupos de professores envolvidos no

processo de formação, e apresentando uma alta transferibilidade (ou seja, com

grande potencial para serem aplicados em diferentes contextos geográficos e

com diferentes populações).

É essa, precisamente, uma das características que têm facilitado

a expansão internacional de uma empresa como o McDonald's. Esse tipo de

empresa tem tido um papel fundamental no desenvolvimento daquilo que pode

ser denominado "pedagogia fast food": sistemas de treinamento rápido com

grande poder disciplinador e altamente centralizados em seu planejamento e

aplicação.

A lógica do lucro e da eficiência penetra as administrações

neoliberais. É nesse contexto que a terceirização do trabalho educacional

constitui uma forma de mcdonaldizar a própria escola. Analisando as condições

atuais do desenvolvimento capitalista, pode-se suspeitar que os McDonald's

têm melhor futuro o que a escola pública. Provavelmente, as vantagens

comparativas dos fast foods permitirão que, em muitos de nossos países, os

hambúrgueres e as batatas fritas se democratizem mais rapidamente do que o

conhecimento.

O processo de mcdonaldização da escola deve ser considerado

de forma "relacional". Não se trata de um fato isolado e arbitrário. Pelo

contrário , ele só pode ser explicado no contexto do profundo processo de

reestruturação política, econômica , jurídica e também, é claro, educacional

que está ocorrendo no capitalismo do novo milênio.

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CONCLUSÃO

Até praticamente 1989, ano da queda do

Muro de Berlim, o mundo vivia na clima

da Guerra Fria. De um lado, havia o bloco

de países capitalista, comandados pelos

Estados Unidos , de outro, o de países

socialistas, liderado pela ex-União

Soviética, configurando uma ordem

mundial bipolar ou um sistema de

polaridades definidas.

A globalização não é um acontecimento recente. Ela se iniciou já

nos séculos XV e XVI, com a expansão marítimo-comercial européia,

consequentemente a do próprio capitalismo e continuou nos séculos seguintes.

O que diferencia aquela globalização ou mundialização da atual é a velocidade

e abrangência de seu processo, muito maior hoje. Mas o que chama a atenção

na atual é sobretudo o fato de generalizar-se em vista da falência do socialismo

real. De repente, o mundo tornou-se capitalista e globalizado.

No contexto de um país subdesenvolvido, os efeitos da

globalização têm sido desastrosos. Um exemplo ilustrativo foi o ocorrido com o

México, que viveu sua pior crise, financeira em dezembro de 1994. O país fora,

até então, o melhor aluno do FMI e do Banco Mundial; fez a

desregulamentação da economia, a abertura econômica ao exterior e a política

de privatizações de suas empresas estatais.

De um dia para outro bilhões de dólares de capital especulativo

foram transferidos de suas bolsas de valores para outras praças. A crise

financeira resultante teve as conseqüências típicas desse quadro: inflação,

recessão, aumento do desemprego e falências de empresas.

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No mundo globalizado, a competição e a competitividade entre as

empresas tornaram-se questões de sobrevivência. Entretanto, como o poder

das empresas (quanto ao domínio de tecnologias, de capital financeiro, de

mercados, de distribuição etc.) é desigual, surgem relações desiguais entre

elas e o mercado. Algumas sairão vitoriosas e outras sucumbirão. Muitos

setores da economia estão oligopolizados e até mesmo monopolizados,

dificultando a entrada de novos competidores. Desse modo, a noção de livre

mercado é relativa. Muitos setores da atividade econômica já tem "dono" e

dificilmente permitiram a entrada de novos produtores. A globalização da

economia e das finanças beneficia, assim, amplamente o grande capital, as

grandes corporações transnacionais.

Inserido nessa nova conjuntura, nessa nova ordem econômica, o

Brasil fez a abertura econômica para o exterior, tem aplicado a política de

privatizações e empenha-se em desregulamentar sua economia, oferecendo

vantagens às transnacionais para que aqui se instalem. Em alguns

seguimentos da economia, como as indústrias farmacêuticas, da borracha, do

fumo e a automobilística, existe um domínio absoluto das transnacionais. Cerca

de 44% do total das exportações de manufaturados brasileiros são das

transnacionais. Somos uma das economias mais internacionalizadas do mundo

e caminhamos a passos largos para que essa característica se acentue, em

vista do processo de globalização que estamos vivendo.

O desafio que esse quadro nos impõe é o de definir uma política

de controle da ação dessa corporações e dos capitais de curto prazo,

principalmente daqueles que possuem enorme poder econômico e político, e

centro de decisão sediados no exterior. Com a globalização econômica, a

temática prioritária no campo empresarial passou a ser a competitividade.

Nesse caminho, a necessidade de se impor em um mercado sem fronteiras fez

com que as economias substituíssem o trabalho humano pela eficiência e

perfeição da alta tecnologia, muitas vezes gerando desemprego ou realocando

trabalhadores para funções mais nobres.

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Respondendo a tantas mudanças, o mercado sugere a

necessidade de um novo perfil profissional.

As empresas não mais precisam de profissionais eminentemente

técnicos, e sim de pessoas voltadas para processos de interpretação,

elaboração e transformação. O profissional de sucesso não é mais aquele

especializado em determinado assunto. Hoje, é preciso ter uma visão

globalizada para atender a um consumidor mais exigente. "Para obter esta

qualificação profissional, entretanto, deve partir das empresas a iniciativa de

oferecer treinamentos, pagar cursos de informática e inglês e promover

seminários internacionais". No entanto, isso pode levar a uma disputa desigual.

A empresa precisa investir na qualificação de seus funcionários, para que haja

promoção do desenvolvimento do profissional. Neste caso, o profissional deve

tomar a iniciativa sempre que possível.

A importância dos cursos extracurriculares assume dimensões

surpreendentes. O domínio de idiomas e conhecimento em informática passam

a ser tão fundamentais quanto o diploma universitário. As universidades

brasileiras não correspondem, como antes, à necessidade e ao futuro do

estudante. Em contrapartida cresce a procura por cursos de inglês, espanhol e

informática. As empresas começam a apostar no processo de educação

continuada. O profissional precisa estar sintonizado a essa nova tendência do

mercado e as empresas precisam investir nessa qualificação.

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Editores, 1999.

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ANEXOS