giselle medeiros da costa one - cinasama.com.brcinasama.com.br/upload/150218063923227788.pdf ·...
TRANSCRIPT
-
Giselle Medeiros da Costa One Roseanne da Cunha Ucha
(Organizadores)
Odontologia: os desafios do mundo contemporneo
1
IMEA Joo Pessoa - PB
2018
-
Instituto Medeiros de Educao Avanada - IMEA
Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One
Corpo Editorial
Giselle Medeiros da Costa One Julianne Freitas Moreno Roberta Moreira Frana
Roseanne da Cunha Ucha
Reviso Final Ednice Fideles Cavalcante Anzio
FICHA CATALOGRFICA
Dados de Acordo com AACR2, CDU e CUTTER
Laureno Marques Sales, Bibliotecrio especialista. CRB -15/121 Direitos desta Edio reservados ao Instituto Medeiros de Educao Avanada
IMEA Impresso no Brasil / Printed in Brazil
One, Giselle Medeiros da Costa. U17 Odontologia: os desafios do mundo contemporneo, 1./ Organizadores:
Giselle Medeiros da Costa One; Adriana Gomes Cezar Carvalho 507 fls.
Prefixo editorial: 53005
ISBN: 978-85-53005-04-8 (on-line) Modelo de acesso: Word Wibe Web Instituto Medeiros de Educao Avanada IMEA Joo Pessoa - PB 1. Dentstica 2. Odontopediatria 3. Ortodontia 4. Prtese e ocluso I. Giselle Medeiros da Costa One II. Roseanne da Cunha Ucha III. Odontologia: os desafios do mundo contemporneo, 1
CDU: 612.3
-
IMEA Instituto Medeiros de Educao
Avanada
Proibida a reproduo, total ou parcial, por qualquer meio ou processo, seja reprogrfico, fotogrfico,
grfico, microfilmagem, entre outros. Estas proibies aplicam-se tambm s caractersticas grficas e/ou
editoriais. A violao dos direitos autorais punvel como Crime
(Cdigo Penal art. 184 e ; Lei 9.895/80), com busca e apreenso e indenizaes diversas (Lei
9.610/98 Lei dos Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126)
Todas as opinies e textos presentes
neste livro so de inteira responsabilidade de seus autores, ficando o organizador
isento dos crimes de plgios e informaes enganosas.
IMEA
Instituto Medeiros de Educao Avanada
Av Senador Ruy Carneiro, 115 ANDAR: 1; CXPST: 072; Joo Pessoa - PB
58032-100 Impresso no Brasil
2018
-
Aos participantes do CINASAMA pela dedicao que executam suas
atividades e pelo amor que escrevem os captulos que compem esse livro.
-
A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltar ao
seu tamanho original (ALBERT EINSTEIN).
-
PREFCIO
A citao de Soren Kierkegaard no sculo XIX diz que
a vida s pode ser comprrendida olhando-se para trs, mas
s pode ser vivida olhando-se para frente. Esta a proposta
deste que apresenta diversidade sobre uma temtica com
abordagens variadas demonstrado ser um livro para
contribuir com o conhecimento do leitor na rea da sade
sob contedo dividido nos mdulos de sade, ateno a
sade, farmcia e sade mental.
O CINASAMA um evento que tem como objetivo
proporcionar subsdios para que os participantes tenham
acesso s novas exigncias do mercado e da educao. E ao
mesmo tempo, reiterar o intuito Educacional, Biolgico,
Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a
Comunidade acadmica para uma Sade Humana e
Educao socioambiental para a Vida.
Os livros ODONTOLOGIA: os desafios do mundo
contemporneo 1 e 2 tem contedo interdisciplinar,
contribuindo para o aprendizado e compreenso de vrias
temticas dentro da rea em estudo. Esta obra uma
coletnea de pesquisas de campo e bibliogrfica, fruto dos
trabalhos apresentados no Congresso Nacional de Sade e
Meio Ambiente realizado entre os dias 17 e 18 de novembro
de 2017 na cidade de Joo Pessoa-PB.
Os eixos temticos abordados no Congresso Nacional
de Sade e Meio Ambiente e nos livros garantem uma
ampla discusso, incentivando, promovendo e apoiando a
pesquisa. Os organizadores objetivaram incentivar,
promover, e apoiar a pesquisa em geral para que os leitores
aproveitem cada captulo como uma leitura prazerosa e com
a competncia, eficincia e profissionalismo da equipe de
-
autores que muito se dedicaram a escrever trabalhos de
excelente qualidade direcionados a um pblico vasto.
Esta publicao pode ser destinada aos diversos
leitores que se interessem pelos temas debatidos.
Espera-se que este trabalho desperte novas aes,
estimule novas percepes e desenvolva novos humanos
cidados.
Aproveitem a oportunidade e boa leitura.
-
SUMRIO
DENTSTICA ............................................................. 6
CAPTULO 1 ............................................................................ 7
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM
ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE
CLAREAMENTO DENTRIO .................................................. 7
CAPTULO 2 .......................................................................... 26
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO
CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E
MOLARES PERMANENTES COM FISSURA PIGMENTADA
............................................................................................... 26
CAPTULO 3 .......................................................................... 48
AVALIAO MICROESTRUTURAL DE COMPSITOS
ODONTOLGICOS POR MISCROSCOPIA ELETRNICA DE
VARREDURA E ESPECTROSCOPIA DISPERSIVA DE
RAIOS-X ................................................................................ 48
CAPTULO 4 ............................................................................ 1
EFEITO DO PERXIDO DE HIDROGNIO SOBRE A
CAPACIDADE DESCALCIFICANTE DO CIDO FOSFRICO
SOBRE O ESMALTE DENTRIO ........................................... 1
CAPTULO 5 .......................................................................... 18
file:///D:/Usurios/Coordnutri/Downloads/odonto%201%20ju.doc%23_Toc506473902
-
EROSO DENTRIA: DIAGNSTICO, PREVENO E
TRATAMENTO ...................................................................... 18
CAPTULO 6 .......................................................................... 19
FOTOATIVAO DOS COMPSITOS RESINOSOS:
HISTRIA E EVOLUO ...................................................... 19
CAPTULO 7 .......................................................................... 38
INFLUNCIA DO MODO DE ATIVAO NA
POLIMERIZAO DE CIMENTOS RESINOSOS DUAL ....... 38
CAPTULO 8 .......................................................................... 55
LESES CERVICAIS NO CARIOSAS: PREVALNCIA E
CONSIDERAES CLNICAS EM PACIENTES ATENDIDOS
NA CLNICA DE DENTSTICA DA UFPB .............................. 55
CAPTULO 9 .......................................................................... 75
PROFUNDIDADE DE POLIMERIZAO DE COMPSITOS
BULK-FILL SEGUNDO A ISO 4049 ....................................... 75
ODONTOPEDIATRIA E ORTODONTIA .................. 91
CAPTULO 10 ........................................................................ 92
ALEITAMENTO MATERNO E SUA ASSOCIAO COM
INSTALAO DE HBITOS BUCAIS DELETRIOS ............ 92
CAPTULO 11 ...................................................................... 111
ANSIEDADE E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA
SADE BUCAL EM CRIANAS ESTUDO PILOTO ......... 111
file:///D:/Usurios/Coordnutri/Downloads/odonto%201%20ju.doc%23_Toc506473921
-
CAPTULO 12 ...................................................................... 129
AVALIAO DA DOR DE DENTE POR DOENA CRIE EM
CRIANAS E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA ....... 129
CAPTULO 13 ...................................................................... 143
CRIE DENTRIA EM CRIANAS E A RELAO DA SADE
BUCAL COM VARIANTES SOCIAIS MATERNAS .............. 143
CAPTULO 14 ...................................................................... 165
CONDIES DE SADE BUCAL E SOCIODEMOGRFICAS
COMO FATORES DETERMINANTES NA QUALIDADE DE
VIDA DE PR-ESCOLARES E DE SEUS RESPONSVEIS
............................................................................................. 165
CAPTULO 15 ...................................................................... 184
EMPREGO DA PASTA CTZ NA TERAPIA PULPAR DE
DENTES DECDUOS: REVISO DA LITERATURA ........... 184
CAPTULO 16 ...................................................................... 203
UTILIZAO DO APARELHO EXPANSOR DE SCHWARZ
PARA CORREO DA MORDIDA CRUZADA POSTERIOR
INVERTIDA NA DENTADURA PERMANENTE ................... 203
ENDODONTIA ...................................................... 219
CAPTULO 17 ...................................................................... 220
file:///D:/Usurios/Coordnutri/Downloads/odonto%201%20ju.doc%23_Toc506473936
-
ESTUDO OBSERVACIONAL DA EXPOSIO A LESES
PERCUTNEAS EM ALUNOS DE ESPECIALIZAO DE
ENDODONTIA ..................................................................... 220
CAPTULO 18 ...................................................................... 239
TERAPIA ENDODNTICA EM DENS IN DENTE: EFICCIA,
PROTOCOLOS E MATERIAIS UTILIZADOS ...................... 239
PERIODONTIA ..................................................... 257
CAPTULO 19 ...................................................................... 258
ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIADERENTE DE
MYRCIARIA CAULIFLORA BERG SOBRE BACTRIAS
PLANCTNICAS DO AMBIENTE BUCAL ........................... 258
CAPTULO 20 ...................................................................... 274
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA, ANTI-INFLAMATRIA E
ANTIOXIDANTE DA PLANTA SIDEROXYLON
OBTUSIFOLIUMT. D. PENN: UMA REVISO DE
LITERATURA ....................................................................... 274
PRTESE E OCLUSO ....................................... 296
CAPTULO 21 ...................................................................... 297
REABILITAO ORAL EM PACIENTE COM ESPAO
INTEROCLUSAL REDUZIDO SEM PERDA DE DIMENSO
VERTICAL DE OCLUSO: RELATO DE CASO CLNICO .. 297
CAPTULO 22 ...................................................................... 314
file:///D:/Usurios/Coordnutri/Downloads/odonto%201%20ju.doc%23_Toc506473941file:///D:/Usurios/Coordnutri/Downloads/odonto%201%20ju.doc%23_Toc506473946
-
PRINCPIOS ESTTICOS A SEREM CONSIDERADOS
DURANTE UMA REABILITAO ORAL: REVISO DE
LITERATURA ....................................................................... 314
CAPTULO 23 ...................................................................... 332
TRATAMENTO REABILITADOR UTILIZANDO PRTESE
TOTAL IMEDIATA RELATO DE CASO ............................ 332
CAPTULO 24 ...................................................................... 348
PLACA OCLUSAL OVERLAY COMO PLANEJAMENTO
REABILITADOR DE PACIENTE COM HBITO
PARAFUNCIONAL SEVERO - RELATO DE CASO ............ 348
CAPTULO 25 ...................................................................... 368
PROGRAMA DE ATENO AO PORTADOR DE
DISFUNO TEMPOROMANDIBULAR E DOR OROFACIAL:
EXPERINCIA DE 10 ANOS ............................................... 368
CAPTULO 26 ...................................................................... 386
RELAO ENTRE ESTRESSE E DTM EM POLICIAIS
MILITARES DO VALE DO MAMANGUAPE-PB .................. 386
CAPTULO 27 ...................................................................... 401
DIAGNSTICO E TRATAMENTO DO BRUXISMO NA
INFNCIA: RELATO DE CASO ........................................... 401
-
DENTSTICA
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
CAPTULO 1
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL
DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
Isaac Wilson Pereira de ALMEIDA 1
Ana Luiza Dino ABRANTES1
Gertrudyara Silva PINHEIRO1 Maria Helena Chaves de Vasconcelos CATO2
Carmen Lcia Soares Gomes de MEDEIROS3 1 Graduandos do curso de Odontologia, UEPB; 2 Professora do Departamento de
Odontologia,UEPB; 3 Orientadora/Professora do Departamento de Odontologia, UEPB. [email protected]
RESUMO: A partir da incluso da esttica nos domnios da odontologia, ocorreu a popularizao e a crescente procura por procedimentos estticos como o clareamento dental, contando com diferentes tcnicas que buscam timos resultados. O presente estudo objetivou analisar os dados disponveis na literatura sobre as correlaes das alteraes em estruturas dentais decorrentes das tcnicas de clareamento. Trata-se de uma reviso bibliogrfica, com busca em base de dados como PUBMED, MEDLINE, LILACS e Scientific Electronic Library Online (SciELO) de produes de texto completo, nacionais e internacionais, do perodo de 2003 a 2017, utilizando de descritores como clareamento dental e efeitos adversos, incluindo pesquisas cientficas, teses e dissertaes. Variveis como tipo e pH do gel clareador, interaes qumicas entre seus agentes, os tecidos dentais, no dentais e as diferentes tcnicas de clareamento usadas so responsveis pelos diferentes achados quanto aos efeitos adversos. Comprometendo a estrutura dental superficial atravs da perda mineral, com diminuio da microdureza
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
superficial, aumento da rugosidade e da permeabilidade do tecido, podendo afetar no apenas as qualidades estticas, mas sua forma, funo e sensibilidade. Diante das divergncias existentes In vitro, In situ e In vivo, de grande importncia o aprofundamento acerca do tema, o estmulo a pesquisas que possam mediar eficcia clnica com seguridade, alm de oferecer dados e recomendaes responsveis pela atualizao dos Cirurgies-Dentistas e fabricantes. Palavras-chave: Clareamento dentrio. Esmalte dentrio. Efeitos adversos.
1 INTRODUO
Atuando afim dos interesses da populao, a
odontologia enquanto cincia, tem seu desenvolvimento na
resoluo de problemas que vo alm do tratamento de
odontalgias e recuperaes morfofuncionais, incluiu ainda a
esttica em seus domnios. O que tem refletido na crescente
demanda por procedimentos estticos odontolgicos, tais
como o clareamento dental, uma das condutas clnicas mais
procuradas no estabelecimento dos padres de beleza,
contando com diferentes tcnicas que buscam alto nveis de
clareamento sem danos s estruturas expostas (ZANIN et al.,
2010; MAIA; CATO, 2010; KINA et al., 2015).
O processo de clareamento dental considerado uma
tcnica no invasiva, representando uma reverso qumica do
escurecimento dentrio, possibilitado pela permeabilidade do
esmalte e da dentina. O mesmo, conta com um arsenal de
produtos e abordagens diante das necessidades de cada
paciente, possuem indicao supervisionada pelo Cirurgio-
Dentista, com a necessidade de avaliao das condies dos
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
tecidos bucais previamente, determinando limitaes e a
sequncia do protocolo clnico, reduzindo assim, quaisquer
efeitos indesejveis (ANDRADE, 2009; ZANIN et al., 2010;
SILVA et al., 2012).
Foi observado por Briso et al. (2015) que a realizao
do procedimento de clareamento em dentes com leses
incipientes ja instaladas foi fator potencializador das alteraes
em superficie de esmalte, contribuindo para o aumentoda
profundidade da desmineralizao. Uma vez que a penetrao
acentuada dos agentes clareadores foi possibilitada pela
permeabilidade e porosidade aumentadas do substrato,
resultado das modificacaes histomorfolgicas produzidas
pelo desafio cariognico, sugerindo a importncia da avaliao
profissional nas condutas de clareamento.
Previamente a realizao do procedimento,
necessrio estabelecer a etiologia das pigmentaes a serem
tratadas, partindo para a escolha da tcnica baseada na
origem, na quantidade de dentes manchados, no tipo e na
severidade da descolorao, na vitalidade e na sensibilidade,
podendo ser uma abordagem caseira ou de consultrio, sendo
esta ltima, associada ou no a fontes de luz (BARATIELI,
2003; ZANIN et al., 2010; KINA et al., 2015).
As pigmentaes escuras nos dentes, se configuram
em longas e complexas cadeias que aumentam os ndices de
absoro de luz. As manchas internas ou intrnsecas podem
estar associadas a idade, alteraes na formao dos dentes,
traumatismos dentais, uso de antibiticos especficos e nveis
elevados de flor (CAREY, 2014; BARBOSA et al., 2015).
Enquanto que as pigmentaes externas ou extrnsecas so
normalmente causadas por hbitos dietticos associados ao
consumo de caf, ch, vinho tinto, cigarro, bem como hbitos
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
de higiene oral do paciente (ALQAHTANI, 2014; BARBOSA et
al., 2015).
Os agentes clareadores, por meio de reaes de
oxidao-reduo resultantes de sua decomposio em
oxignio, formam radicais livres, devido ausncia de um
eltron na ltima camada, tornando-os altamente eletroflicos e
instveis, atacando molculas orgnicas para adquirir
estabilidade, quebrando as longas cadeias de pigmentos.
Sendo as mesmas, parcialmente eliminadas por difuso da
estrutura dental (RODRIGUES et al., 2007; PASQUALI et al.,
2014).
O procedimento de consultrio consiste na aplicao
do gel clareador a base de perxido de hidrognio com
concentraes mais altas em torno de 35% a 38% nas faces
vestibulares dos dentes, com durao varivel at 45 minutos
por sesso, utilizando de barreiras gengivais e afastador para
tecidos moles. Do ponto de vista fsico/qumico, a taxa de
reao qumica resultante do agente clareador, o que
determina a sua eficincia. Nessa perspectiva, a realizao do
clareamento fotoativado melhora as atividades dos gis
branqueadores na superfcie dental, que no entanto, tm suas
desvantagens pelos riscos de danos ao esmalte e polpa
devido alta intensidade de luz que pode provocar um
aumento rpido da temperatura, sendo um grande diferencial
o uso conjunto dos lasers e LEDs (Light Emitting Diodes),
que emitem faixas estreitas que incrementam a absoro da
luz pelo corante sem aquecer a estrutura dental (BARATIELI,
2003; ZANIN et al., 2010; ARAJO et al., 2010; FAUSTO et
al., 2014; KINA et al., 2015).
Deve ser reconhecida a ascenso dos procedimentos e
aplicabilidade de diversos produtos, como os gis base de
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
perxido de carbamida, que se decompe em perxido de
hidrognio e uria, a qual por sua vez gera dixido de carbono
e amnia, elevando o pH da placa dental, e o perxido de
hidrognio, que se decompe em gua e oxignio e que
devido ao seu baixo peso molecular, pode penetrar nas
porosidades do esmalte e dentina. Sendo sistematicamente
descrito na literatura, as possibilidades de efeitos indesejveis
decorrentes do clareamento, que podem ir alm da
sensibilidade dentinria (KLARIC et al., 2013; CHAN, 2013;
LIA, MONDELLI et al., 2015).
Tendo ainda a ocorrncia dessas alteraes na
morfologia e no contedo mineral como o clcio, com
diminuio da microdureza superficial, aumento da rugosidade
e da permeabilidade que no se limita a dentes como tambm
afeta materiais restauradores. Caracterizando um processo
qumico de dissoluo da poro mineralizada dos dentes,
responsvel pela perda de estrutura dental, o chamado
processo de eroso, podendo afetar no apenas as
qualidades estticas, mas sua forma, funo e sensibilidade
(PINHEIRO et al., 2011; PEREIRA et al., 2012).
Zanet et al. (2011) em sua avaliao in vitro da
microdureza do esmalte bovino exposto a solues cidas
aps o branqueamento. Concluiu que uma diminuio na
microdureza torna as estruturas dentrias mais suscetveis a
perda mineral, e que os dentes deixados sem branqueamento
mostram valores mais elevados de microdureza em relao
aos dentes branqueados.
Com base nos achados, o presente trabalho se objetiva
em analisar os dados disponveis na literatura sobre as
correlaes das alteraes em estruturas dentais decorrentes
das tcnicas de clareamento.
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
2 MATERIAIS E MTODO
O presente estudo trata-se de uma reviso bibliogrfica,
com busca ativa em base de dados como PUBMED,
MEDLINE, LILACS e Scientific Electronic Library Online
(SciELO) de produes de texto completo, nacionais e
internacionais acerca da terapia clareadora e seus efeitos
indesejveis no perodo de 2003 a 2017, utilizando de
descritores como clareamento dental, efeitos adversos, tendo
seus dados para anlise retirados a partir de pesquisas
cientficas, dissertaes e teses.
3 RESULTADOS E DISCUSSO
O conhecimento dos mecanismos de ao dos gis
clareadores, incluindo interaes qumicas entre seus agentes,
os tecidos dentais e no dentais (materiais restauradores), so
fundamentais para a tentativa de minimizar os efeitos
indesejveis descritos na literatura Tab. (1) que diante de
diferentes metodologias e abordagens possuem diferentes
relatos acerca da existncia ou no de alteraes nas
estruturas aps o procedimento.
Diversas revises acerca do tema, atravs de
levantamento bibliogrfico realizado entre os anos, detectam
que o clareamento dental pode ser responsvel por desvios de
padro, a exemplo das alteraes morfolgicas na superfcie
do esmalte e em materiais restauradores, pela ao dos
perxidos na matrizes dos substratos expostos, podendo
repercutir clinicamente sob a forma de sintomatologia. Sendo
esse efeito dependente da concentrao e da composio do
agente clareador utilizado. Contudo, mais estudos clnicos e
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
experimentais so necessrios para comprovar a relevncias
dessas alteraes e seu comportamento ao longo do tempo
(FARINELLIA et al., 2013; DANTAS et al., 2017).
Soares et al. (2014) por meio da avaliao de diferentes
protocolos clnicos, trabalhando as variveis de tempo de
exposio dos gis ao substrato e a concentrao dos gis,
reduzindo os mesmos de 35% para 17,5%, sugere que tais
mtodos repercutem diretamente na reduo da difuso de
perxido de hidrognio atravs do esmalte e da dentina. Que
diante da literatura, configura-se como um dos meios
responsves pelas alteraes decorrentes do clareamento
dental, agregando assim, maior segurana clnica ao ps
tratamento, tornando-os portanto, esses protocolos como
alternativas a serem testados em situaes clnicas.
Tabela 1. Correlao de terapias clareadoras e possveis efeitos
adversos.
ESTUDO ANO RESULTADOS
SOARES 2017 Nos diferentes protocolos aplicados (gis clareadores 15% e 35% fotoativados) foi demonstrado alteraes pontuais na variao de elementos qumicos e na morfologia do esmalte dental ao longo de 15 dias, com diminuio de clcio (Ca), fsforo (P) e oxignio (O), alm da planificao superficial do esmalte.
VIEIRA et al.
2016 Na avaliao da aplicao de clareadores dentais a base de perxido de hidrognio em dentes bovinos, ocorreu aumento do quesito rugosidade superficial do esmalte em todos os grupos expostos.
FERREIRA et al.
2016 Camada superficial de esmalte mais afetada aps clareamento, apresentando intervalos de alterao, reas superficiais de desmineralizao e os pontos extremos sem desmineralizao.
BORGES 2015 O efeito de gis de perxido de hidrognio com
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
et al. diferentes concentraes (20%, 25%, 30% e 35%) no influenciaram em diferenas na microdureza do esmalte exposto independente da concentrao e do tempo.
TRENTINO et al.
2015 valores de pH dos gis clareadores tendem a diminuir do incio para o final do procedimento. Observando que pH mais baixos proporcionaram um aumento significativo no desgaste do esmalte e na rugosidade da superfcie.
RAUEN et al.
2015 Utilizando de gis clareadores a 35% e 38% com presena e ausncia de clcio (Ca), foi observado aumento da permeabilidade e a rugosidade da superfcie e a diminuio da microdureza do esmalte humano em todos os grupos.
LAGO et al.
2014 O clareamento com perxido de hidrognio a 35% foi responsvel pela reduo da microdureza do esmalte dental logo aps o trmino do procedimento, independente da presena ou no de clcio (Ca) no gel.
MOREIRA 2013 Nenhum dos agentes clareadores alterou significativamente o contedo mineral do esmalte dental humano e tambm no houve diferenas estatsticas entre os grupos perxido de hidrognio 38% e 35%.
SON et al.
2012 O perxido de hidrognio a 35% foi responsvel pela existncia de uma camada porosa na superfcie do esmalte aps clareamento, representando uma perda do contedo mineral.
Constitudo 97% de componentes inorgnicos, o
esmalte dentrio se mostra um tecido duro, com organizao
de seus prismas de hidroxiapatita, que superficialmente
apresenta uma caracterstica irregularidade, marcada por
sulcos, fissuras e depresses que podem ser alvo direto das
terapias clareadoras (PINHEIRO, 2012; SILVA et al., 2012).
Arajo et al. (2016) observaram que os agentes
clareadores foram responsveis pela exacerbao justamente
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
dessas estruturas, pela ao direta do pH dos gis
clareadores. Apresentando profundidade aumentada de sulcos
e a exposio dos prismas de esmalte, devido remoo parcial
da camada aprismtica e criao de espaos criados entre
monocristalinos nos ncleos de prisma, acentuando assim os
poros do tecido. Sendo essas, alteraes que podem ser
revertidas quando em menores graus pela capacidade
remineralizadora da saliva.
Substratos desmineralizados em virtude da utilizao de
um agente clareador podem, diante de uma nova queda de
pH, desmineralizar ainda mais. Quanto mais um gel
desmineraliza, mais suscetvel fica este substrato a ser
removido durante o polimento ou at mesmo acentuado por
alimentos que compem a dieta do paciente, a exemplo das
bebidas cidas, como determinados sucos e refrigerantes
(LAGO et al., 2014).
Ittatirutt et al. (2014) compararam os efeitos dos
sistemas de branqueamento de perxido de hidrognio 25% e
35% na rugosidade superficial e na formao de biofilme no
esmalte humano. Observando que ambos os perxidos de
hidrognio 25% e 35% causaram graus semelhantes de
reduo na rugosidade da superfcie do esmalte quando
comparados ao grupo controle. Em relao a formao de
biofilme, o de S. sanguinis foi significativamente maior em
amostras de esmalte descoloridas com 35% de perxido de
hidrognio do que outros tratamentos. Com base nos achados
e na repercusso do aumento da biofilme em substrato bucal,
indipensvel o controle eficiente da placa, devendo este ser
enfatizado aps o branqueamento com altas concentraes de
perxido de hidrognio.
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
Zheng et al. (2014) no mesmo contexto analisaram a
contagem de bactrias nos biofilmes em 3, 7, 14 e 21 dias do
grupo de branqueamento. Observando que suas quantidades
foram significativamente menor que a do grupo controle em 3,
7 e 14 dias. Enquanto que no perodo de 21 dias, quantidade
de bactrias presentes grupo de branqueamento foi
significativamente maior do que as do grupo controle.
Sugerindo que o perxido de hidrognio pode inibir o
crescimento do biofilme de Streptococcus mutans durante
cerca de 3 semanas, mas aps 3 semanas, parece que a
superfcie branqueada aumentar o crescimento do biofilme
pela alterao da morfologia superficial de esmalte, que torna-
se mais porosa, facilitando assim, adeso dos
microrganismos.
Acredita-se que os efeitos deletrios do clareamento
dental, surjam durante a eliminao das cadeias de pigmentos
por difuso da estrutura dental, com a formao dos radicais
livres pela oxidao do perxido que agem de maneira no
especfica, sendo capazes de degradar tanto a matriz orgnica
como inorgnica do substrato dental. A correlao das
alteraes em esmalte diante de pHs acdicos variando de 5,0
a 4,6 foi constatada na literatura, no entanto podendo essa
ao desmineralizadora ser eliminada ou mascarada pela
presena da saliva humana e seus efeitos remineralizadores.
Desse modo, espera-se que a manuteno do pH em nvel de
neutralidade, contribua para a no instalao de um processo
erosivo (BORGES et al., 2012; PASQUALI et al., 2014;
TRENTINO et al., 2015; MENDES, 2016).
Os dentes bovinos possuem utilidade em pesquisas in
vitro, por serem um substrato quimicamente uniforme e
semelhante ao humano e por permitirem a obteno de
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
unidades experimentais com dimenses adequadas de
amostras. Sendo possvel simular a aplicao clnica de
agentes de branqueamento no esmalte (BRITO et al., 2015).
Soares et al. (2016) averiguaram no procedimento
clareador sobre esmalte dental bovino a possvel correlao
ph-desgaste superficial. Observando em seu estudo que os
gis clareadores mais cidos foram responsveis pelos
maiores valores de desgaste da superfcie em todos os
grupos, e que quanto menor a concentrao de gel de
branqueamento, maior o grau de previsibilidade quanto a
desgastes estruturais. Embora que todos os gis causaram
desmineralizao independentemente de sua concentrao
utilizada, ou seja, em todos os grupos experimentais.
Nascimento et al. (2014) avaliaram efeitos de diferentes
protocolos clnicos, com adio e ausncia de flor de sdio
(NaF) nos diversos grupos. Sendo perceptvel alteraes na
morfologia em todos os grupos dos dentes bovinos, sendo em
menores graus quando associados ao flor de sdio (NaF) na
composio dos agentes clareadores utilizados.
No mesmo cenrio de irresoluo, a aplicabilidade de
tcnicas combinadas com ativao pelo calor e pela luz com
objetivo de fomentar os resultados esperados pelo paciente
com rapidez e eficcia, utilizam equipamentos como o LED e
laser. Esses, capazes de emitir luz em comprimentos de
ondas absorvidos pelos pigmentos, possibilitam a realizao
do tratamento em sesso nica (BETTIN et al., 2010; MAIA;
CATO, 2010).
Ao passo que representa um procedimento muito mais
rpido, essa tcnica pode potencializar as modificaes dos
tecidos dentrios mineralizados, em vista que a fotoativao
da luz sobre o perxido no aumenta significativamente o
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
efeito de branqueamento, mas pode melhorar a difuso de
branqueamento para reas onde no foi aplicada diretamente.
Sujeitando os elementos dentrios maiores ou menores
graus de desmineralizao, seja pelo aumento das taxas de
reaes qumicas dos agentes empregados ou manuteno
das temperaturas (LLENA et al., 2017).
Bettin et al. (2010) observaram a variao de
temperatura em diferentes fontes de luz no clareamento
externo, em que o uso do LED apresentou queda de
temperatura chegando a -0,6C e -0,2C. Zanotti et al. (2014)
em sua avaliao, inferiu que o aumento de temperatura na
face vestibular deu-se pela ativao por luz, independente do
gel utilizado. Sendo estes, aspectos que associados aos
diferentes comportamentos termodinmicos do esmalte tm-se
a possibilidade de contrao e a produo de tenso,
causando trincas em sua estrutura.
Son et al. (2012) avaliaram o efeito da ativao do laser
sobre o branqueamento com perxido de hidrognio a 35% na
estrutura cristalina do esmalte durante o tratamento em dentes
bovinos. Inferindo que todos os grupos da pesquisa
apresentaram camada porosa na superfcie do esmalte aps
clareamento, sendo essa, nos grupos irradiados pelo laser
uma camada considerada sutil. Pelo fato da cristalinidade do
esmalte ter sido drasticamente diminuda pelo tratamento na
ausncia da irradiao com laser, o estudo sugere que o efeito
do Laser Diodo poderia evitar a perda de composies
minerais no esmalte e manter sua estrutura cristalina,
melhorando no apenas o efeito clareador, mas protegendo
contra mudanas estruturais.
Dionysopoulos et al. (2015) avaliaram a influncia do
uso da radiao laser Er, Cr: YSGG no esmalte bovino,
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
inferindo que no foi significante sobre as alteraes na
superfcie do esmalte em comparao com a tcnica
convencional, apresentando em todos os seus grupos de
estudo a reduo de microdureza superficial, mas sem perda
mineral.
Berger et al. (2010) realizaram um trabalho com
resultados unnimes para diminuio do contedo mineral
aps o tratamento clareador em todos os grupos, com
exceo do grupo irradiado com LED / Laser Diodo. Embora
que Berger et al (2010) em outro estudo, concluiu que o
perxido de hidrognio a 35% pode alterar a morfologia e o
nvel de mineralizao no apenas de modo superficial mas
tambm subsuperfcie do esmalte dental independentemente
do tipo de luz de branqueamento utilizada, responsveis por
menores porcentagens de volume mineral em at 40
micrmetros.
Rocha et al. (2012) avaliaram o efeito do tratamento de
superfcie com os lasers de Er: YAG e Nd: YAG sobre a
resistncia de unio resina composta ao esmalte submetido
recentemente a clareamento com perxido de hidrognio a
35%. Observando que o uso de lasers Nd: YAG e Er: YAG em
amostras descoradas foi capaz de melhorar as foras de
ligao dos mesmos, inclusive com valores mdio de
resistncia da ligao prximos aos valores encontrados no
grupo de controle no branqueado (30,92 MPa) laser Nd:YAG
(25.67 MPa).
Embora que para Leonetti et al. (2012) no estudo da
fora de ligao microtenslica de resina composta a dentina
tratada com laser Er: YAG de dentes branqueados, o mesmo
no afetou os valores de fora de ligao microtenslica.
Promoveu uma superfcie dentinria sem camada de
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
esfregao e os tbulos dentinrios abertos observados sob
microscpio eletrnico de varredura (MEV).
Baseado no reconhecimento da perda de elementos
minerais importantes como clcio na constituio dos tecidos
duros aps clareamento, a adio destes aos gis clareadores
se configurou como uma possibilidade de mecanismo atuante
sobre os focos de desmineralizao. Com aplicabilidade no
entanto no conclusiva, frente a presena do aumento da
permeabilidade, da rugosidade superficial e a diminuio da
microdureza do esmalte humano independentemente da
adio de flor ou clcio na composio dos gis utilizados em
alguns estudos (LAGO et al., 2014; RAUEN et al., 2015).
Khoroushi et al. (2016) por meio da nanoindentao
investigaram a adio de trs biomateriais diferentes,
incluindo o nano-bioativo de vidro (n-BG), nano-hidroxi apetite
(n-HA) e fosfato de clcio nano-amorfo (n-ACP), aos agentes
branqueadores. Sugerindo-os como potenciais biomateriais
utilizados para reduzir os efeitos adversos do branqueamento
dentrio, pelas discretas diferenas quanto dureza do
esmalte tratado com agentes mineralizantes quando
comparados com os respectivos valores basais.
De Morais et al. (2015) observaram que o perxido de
hidrognio a 35% com clcio mostrou maior branqueamento
potencial, mas a adio de clcio no teve efeito em termos de
reduo de alteraes morfolgicas ou aumento da
concentrao de clcio na superfcie do esmalte.
Basting et al. (2015) avaliaram as concentraes de
clcio e fsforo nas superfcies de esmalte antes, durante e
aps o tratamento com agentes de branqueamento de
perxido de hidrognio a 35%. Apresentando considervel
diminuio na concentrao de clcio em 7 dias aps o ltimo
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
tratamento de branqueamento, com recuperao aos valores
basais aos 14 dias independentemente da presena ou
ausncia de clcio na formulao dos gis utilizados.
Vasconcelos et al. (2012) indicam maior grau de dureza
dental aps clareamento associadas deposio mineral pelo
princpio de ao dos agentes remineralizadores, reforando
os tecidos dentrios mineralizados, pelo preenchimento dos
poros microscpicos por nanocristais diretamente na interface
do esmalte, atuando na manuteno da integridade estrutural.
4 CONCLUSES
Diante das divergncias existentes In vitro, In situ e In
vivo, importante o aprofundamento acerca do tema, o
estmulo a pesquisas protocoladas que possam mediar
eficcia clnica com seguridade para oferecer dados e
recomendaes responsveis pela atualizao constante dos
Cirurgies-Dentistas e fabricantes. Conhecimentos
fundamentados cientificamente sugerem maiores graus de
confiabilidade, repercutindo na conservao da sade bucal.
Impulsionando o desenvolvimento e aplicabilidade de novos
produtos capazes de evitar ou diminuir a perda mineral, a fim
de se evitar alteraes superficiais, sensibilidade e qualquer
dano progressivo aos pacientes submetidos aos
procedimentos clareadores.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ALQAHTANI , M. Q. et al. Tooth-bleaching procedures and their controversial effects: a literature review. The Saudi Dental Journal. v. 26, n. 2, p.33-46, 2014.
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
ANDRADE, A. P. Monitoramento do processo de desmineralizao e remineralizao do esmalte dental humano durante e aps o clareamento dental [tese]. So Paulo: Universidade de So Paulo, 2009. ARAJO,R. P.; ARAUJO, D. B.; AGUIAR, M. C.. A comparative study of the effects of two carbamide peroxide bleaching agents on the structure of enamel. RGO - Revista Gacha de Odontologia. Campinas , v. 64, n. 3, p. 293-298, 2016. ARAJO, R. M.; TORRES, C. R. G.; ARAJO, M. A. M. In vitro evaluation of dental bleaching effectiveness using hybrid lights activation. Revista Odonto Cincia. v. 25, n. 2, p.159-64, 2010. BASTING, R. T. et al. In vitro evaluation of calcium and phosphorus concentrations in enamel submitted to an in-office bleaching gel treatment containing calcium.General Dentistry. v.63, n. 5, p: 52-56, 2015. BARATIERI, L. N. et al.Caderno de Dentstica: Clareamento Dental. So Paulo: Santos; 2003. BARBOSA, D. C. et al. Estudo comparativo entre as tcnicas de clareamento dental em consultrio e clareamento dental caseiro supervisionado em dentes vitais: uma reviso de literatura. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de So Paulo. v. 27, n. 3, p. 244-252, 2015. BERGER, S. B. et al. Effects of combined use of light irradiation and 35% hydrogen peroxide for dental bleaching on human enamel mineral content. Photomedicine Laser Surgery. v. 28, n. 4, p 533-8, 2010. ________, et al. Changes in surface morphology and mineralization level of human enamel following in-office bleaching with 35% hydrogen peroxide and light irradiation.General Dentistry. v. 58, n.2, p: 74-79, 2010. BETTIN, F. L. et al. Avaliao da temperatura na cmara pulpar durante clareamento dental externo com diferentes fontes de luz e materiais clareadores. Arquivos em Odontologia. v. 46, n. 1, 2010. BRISO, A. L. et al. Demineralization and hydrogen peroxide penetration in teeth with incipient lesions. Brazilian Dental Journal. v. 26, n. 2, p: 135-140, 2015. BORGES, A.B. et al. Effect of Hydrogen Peroxide Concentration on Enamel Color and Microhardness. Operative Dentistry.v. 40, n. 1, pp. 96-101, 2015. CAREY, C. M. Tooth whitening: what we now know. Journal of Evidence-Based Dental Practice. v. 14, n. 1, p. 70-76, 2014. CHAN, Wyman. Summary of: Side effects of external tooth bleaching: a multi-centre practice-based prospective study.British dental journal. v. 215, n. 9, p: 466-7, 2013. DANTAS, L. S. et al. Clareamento dental e seus efeitos na morfologia do esmalte dental: uma reviso da literatura.Revista Unimontes Cientfica. Montes Claros, v. 19, n.1, 2017.
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
DE MORAIS, I. Q. et al. Effect of in-office bleaching with 35% hydrogen peroxide with and without addition of calcium on the enamel surface. Microscopy Research and Technique. v. 78, n. 11, p: 975-981, 2015. DIONYSOPOULOS, D. et al. The influence of a novel in-office tooth whitening procedure using an Er,Cr:YSGG laser on enamel surface morphology. Lasers in Surgery and Medicine. v.47, n. 6, p: 503-511, 2015. DORINI et al.Influncia do clareamento dental na infiltrao marginal em restauraes de classe V. RGO - Revista Gacha de Odontologia. Porto Alegre, v. 58, n.1, p. 55-60, 2010. FARINELLIA, M. V. et al. Efeitos do clareamento dental em restauraes de resina composta.UNOPAR Cientfica. Cincias Biolgicas e da Sade. v. 15, n. 2, p:153-9, 2013. FAUSTO, H. V. C. et al. Clareamento dental: com ou sem fotoativao. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de So Paulo. v .26, n. 2, p: 150-154, 2014. FERREIRA, A. F. M. et al. Graded changes in enamel component volumes resulted from a short tooth bleaching procedure. Archives of Oral Biology. v. 65, n. 1, pag : 52-58, 2016. ITTATIRUTT, S. et al. In-office bleaching gel with 35% hydrogen peroxide enhanced biofilm formation of early colonizing streptococci on human enamel. Journal of Dentistry. v. 42, n. 11, p: 1480-1486, 2014. KHOROUSHI, M. et al. Fracture toughness of bleached enamel: Effect of applying three different nanobiomaterials by nanoindentation test. Contemporary Clinical Dentistry. v. 7, n. 2, p: 209-215, 2016. KINA, M. et al. Clareamento dental em dentes vitais:protocolo clnico em consultrio.Archives of Health Investigation. v. 4, n. 4, p. 7-12, 2015. KLARIC, E. et al. Surface changes of enamel and dentin after two different bleaching procedures.Acta clinica Croatica. v. 52, n. 4, p. 419-29, 2013. LAGO, A. D. N. et al. Avaliao da microdureza do esmalte aps clareamento com perxido de hidrognio a 35% contendo clcio. Brazilian Journal of Health Research. v.15, n. 2, p.: 285-289, maio-agost, 2014. LEONETTI, E. S. et al. Microtensile bond strength of resin composite to dentin treated with Er:YAG laser of bleached teeth. Lasers in Medical Science. v. 27, n. 1, p: 31-38, 2012. LIA MONDELLI, R. F. Et al. Do different bleaching protocols affect the enamel microhardness. European Journal of Dentistry. v. 9, n. 1, p. 25-30, 2015. LLENA, C. et al. Hydrogen peroxide diffusion with and without light activation. International Journal of Esthetic Dentistry. v. 11, n. 3, p:430-41, 2016.
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
MAIA, A. C. L.; CATO, M. H. C. V. Clareamento Dental Laser (470 nm) e Led com Perxido de Hidrognio. Revista Brasileira de Cincias da Sade. v.14, n. 1, p. 99-108, 2010. MENDES, G. A. M.Influncia do pH de gis clareadores e do tempo de aplicao em esmalte pr dessensibilizado na topografia e cor dental. 2016. 49 f. Dissertao (Mestrado em Odontologia) - Universidade Federal de Gois, Goinia, 2016. MOREIRA, R. F. Anlise do potencial de desmineralizao de diferentes tipos de clareadores de uso clnico para dentes vitalizados por meio da tcnica de fluorescncia de raios X. 2013, 64f. Dissertao (mestrado)- Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia. NASCIMENTO, W. C. et al. Influence of fluoride concentration and pH Value of 35% hydrogen peroxide on the hardness, roughness and morphology of bovine enamel. The Journal of Contemporary Dental Practice. v. 15, n.4, p:392-398, 2011. PASQUALI, E. L. et al. Estudo dos efeitos do clareamento dental sobre o esmalte: uma reviso das evidncias para a indicao clnica. RevistaPerspectiva. Erechim. v. 38, n.141, p. 99-108, maro, 2014. PEREIRA, D. F. et al. Avaliao da microdureza e rugosidade superficial de uma resina composta submetida ao clareamento com perxido de hidrognio a 35%. Journal of the Health Sciences Institute. v. 30, n. 4, pag. 323-6. 2012. PINHEIRO, H. B. et al. Anlise microestrutural do esmalte tratado com perxido de hidrognio e carbamida.RGO - Revista Gacha de Odontologia. Porto Alegre, v.59, n.2, p.215-220, 2011. PINHEIRO, H. B. Influncia de materiais bioativos sobre a dureza, ultraestrutura e contedo mineral de dentes clareados: estudo in situ. 2012. Tese (Doutorado em Materiais Dentrios) - Faculdade de Odontologia, University of So Paulo, So Paulo, 2012. RAUEN, C. A. et al. Effect of bleaching agents containing fluoride or calcium on enamel microhardness, roughness and permeability. Brazilian Journal of Oral Sciences. v. 14, n. 4, p.: 262-266, 2015. ROCHA, G. T. et al. Effect of dental surface treatment with Nd:YAG and Er:YAG lasers on bond strength of resin composite to recently bleached enamel. Lasers in Medical Science. v. 27, n. 4, p: 755-760, 2011. RODRIGUES, J. A. et al. Effect of thickner agents on dental enamel microhardness submitted to at-home bleaching. Brazilian Oral Restorative, v. 21, n. 2, p. 170-175, 2007. SILVA, F. M. M. et al. Avaliao Clnica de dois sistemas de clareamento dental. Revista Odontolgica do Brasil Central. v. 21, n. 56. 2012.
-
A CORRELAO DAS ALTERAES SUPERFICIAIS EM ESTRUTURA DENTAL DECORRENTES DAS TCNICAS DE CLAREAMENTO DENTRIO
SOARES, A. F. et al. Influence of pH, bleaching agents, and acid etching on surface wear of bovine enamel. Journal of Applied Oral Science. v. 24, n.1, p: 24-30, 2016. _________ . Alteraes morfolgicas e qumicas do esmalte humano aps o clareamento dental: avaliao in situ. Bauru, 2017. 131p. Tese (Doutorado)- Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de So Paulo. SOARES, D. G. et al. Effective tooth-bleaching protocols capable of reducing H(2)O(2) diffusion through enamel and dentine. Journal of Dentistry. v. 42, n. 3, p: 351-358, 2014. SON, J. H. et al. Effect of laser irradiation on crystalline structure of enamel surface during whitening treatment with hydrogen peroxide. Journal of Dentistry. v. 40, n. 11, p. 941-948, 2012. TRENTINO, A. C. Evaluation of pH levels and surface roughness after bleaching and abrasion tests of eight commercial products. Photomedicine Laser Surgery. v. 33, n. 7, p: 372-377, 2015. VASCONCELOS, A. A. Enamel properties after tooth bleaching with hydrogen/carbamide peroxides in association with a CPP-ACP paste. Acta Odontologica Scandinavica. v. 70, n. 4, p: 337-343, 2012. VIEIRA, A. C. et al. Influncia dos agentes clareadores de baixa concentrao sobre a rugosidade superficial do esmalte bovino. Revista da Faculdade de Odontologia - UPF. Passo Fundo, v. 21, n. 3, p. 338-342, 2016. ZANET, C. G. et al. In vitro evaluation of the microhardness of bovine enamel exposed to acid solutions after bleaching. Brazilian Oral Research. v.25, n. 6, p: 562-570, 2011. ZANIN,F. et al. In-office dental bleaching of vital teeth: light as a differential. Revista da Associao Paulista de Cirurgies Dentistas. v. 64, n. 5, p. 338-345, 2010. ZANOTTI, T. S. et al. Avaliao da temperatura dental in vitro em procedimentos de clareamento dental de consultrio. Full dentistry in science. v. 5, n. 18, p.: 368-374, 2014. ZHENG, C. Y. et al. Effects of hydrogen peroxide-containing bleaching on the growth of Streptococcus mutans biofilm on enamel disc surface. Journal of Peking University. v. 46, n. 1, p: 30-34, 2014.
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
26
CAPTULO 2
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE
OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM FISSURA
PIGMENTADA
Luciane Queiroz Mota de LIMA1
Camila Franklin de MEDEIROS2
Andra Gadelha Ribeiro TARGINO1 1 Professora do DCOS/ UFPB; 2Cirurgi-dentista e ex-aluna do Programa Institucional de
Voluntrios de Iniciao Cientfica -PIVIC/CNPQ/UFPB. [email protected]
RESUMO: O objetivo do presente estudo foi averiguar a acurcia da inspeo visual detalhada e do exame radiogrfico interproximal, na deteco da leso cariosa da superfcie oclusal de pr-molares e molares permanentes com fissuras pigmentadas. O estudo foi do tipo in vitro, com anlise quantitativa e tcnica de observao direta, utilizando o exame histolgico como padro-ouro. A amostra foi composta por 28 elementos dentrios, sendo selecionados 83 stios para o estudo. Os dados obtidos foram analisados atravs do teste de Kappa e de medidas de validade. Na inspeo visual, o valor do Kappa interexaminadores foi de 0,60 e os valores intraexaminadores foi de 0,51 e 0,54. Na avaliao interexaminadores do exame radiogrfico, o valor de Kappa foi de 0,32 enquanto que na intraexaminadores foi 0,35 e 0,50. A especificidade para a inspeo visual e para o exame radiogrfico foi de 46,2% e 69,2%, enquanto que a sensibilidade foi de 78,9% e 49,1%, respectivamente. Esse estudo ratifica o aspecto subjetivo e a dificuldade da uniformizao entre os profissionais, no diagnstico da leso
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
27
de crie oclusal. A inspeo visual detalhada das fissuras pigmentadas, utilizando a descrio do padro morfolgico da fissura, apresenta uma boa sensibilidade para detectar as leses cariosas na superfcie oclusal. O exame radiogrfico no contribui para a deteco da crie oclusal incipiente. Palavras-chave: Crie dentria. Diagnstico. Pigmentao.
1 INTRODUO
A carie dentaria e uma das doencas cronicas mais
prevalentes no mundo todo, sendo que 90% das pessoas ja
tiveram problemas dentarios ou dor provocada por carie
(KRIGER; MOYSS, 2016) . Entretanto, observa-se que a sua
prevalncia tem diminudo consideravelmente, sendo mais
frequente apenas em grupos populacionais de baixo poder
aquisitivo. E, as superfcies oclusais, no obstante, ainda
representam as reas com maior proporo de experincia
dessa leso, quando comparadas com outras regies dos
dentes (ROMAGOSA et al., 2013).
A manifestao da doena crie vai desde a perda
inicial de mineral no nvel ultra-estrutural at a destruio total
do dente. Nos primeiros estgios detectveis clinicamente o
progresso pode ser impedido, evitando a necessidade de uma
interveno operatria (LOHN, 2001).
A deteco das leses de crie oclusais avanadas,
com cavitao, no representa um problema, entretanto, essa
dificuldade bem evidente quando se trata de leses
incipientes em esmalte (EKSTRAND, 1997; MOTA et al., 2002;
MOTA et al., 2005; THYLSTRUP; FEJERSKOV, 1995) leses
em dentina sem cavitao (MOTA; LIMA; TARGINO, 2011) e
leses pigmentadas (MOTA et al., 2015).
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
28
O diagnstico das leses nas superfcies oclusais com
pigmentao enegrecida nas suas fissuras so motivos de
vrias discusses na literatura. Por vezes so tratadas como
selamentos biolgicos - ou depsitos calcificados (PEREIRA;
SOUSA, 2002), leses de crie inativa (KRASSE, 1998),
manchas extrnsecas (KOCH et al., 2001), leses de mancha
marrom (LONGBOTTOM et al., 2012) e leses cariosas
oclusais questionveis (QOC) (MAKHIJA et al., 2014).
O principal instrumento para a deteco da leso
cariosa na superfcie oclusal durante muito tempo foi a sonda
clnica, entretanto o seu uso tem sido desestimulado por
produzir defeitos traumticos irreversveis em reas de
fissuras oclusais desmineralizadas, favorecendo condies
para a progresso das leses (MOTA; LIMA; TARGINO,
2011).
Outros mtodos de diagnstico tm sido sugeridos para
a deteco das leses cariosa na superfcie oclusal, sendo
que a inspeo visual detalhada, pode ser considerada o
melhor mtodo para a percepo dessas alteraes, visto que
capaz de diagnosticar a maioria das leses oclusais, ao
mesmo tempo em que consegue identificar as superfcies
hgidas com uma frequncia ainda maior. Mas, se por um lado
no necessrio um aparato tecnolgico para efetuar o
exame, imprescindvel que o profissional tenha
conhecimentos do processo de evoluo da crie oclusal, bem
como da aparncia da leso nos seus diversos estgios
(MOTA et al. 2010; SCHNEIDER; BOBROWSKI, 2011).
Weerheijm (1997) destaca a importncia do exame
radiogrfico no diagnstico das imagens radiolcidas em
dentina sob esmalte no cavitado, representando um mtodo
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
29
preciso para detectar esse tipo de leso. Mas, para as leses
de esmalte na superfcie oclusal, o exame radiogrfico revela
valor limitado, devido a massa radiopaca de esmalte sadio que
pode superpor alguma pequena radiolucidez (MOTA et. al,
2010).
certo que as evidncias clnicas mostram um variado
aspecto das pigmentaes enegrecidas na face oclusal de
molares e pr-molares permanentes que, de certa forma,
podem representar um depsito calcificado, uma crie inativa
ou, ainda, uma crie em progresso. A falta de preciso do
diagnstico dessas pigmentaes induz a uma diversidade de
indicao de tratamento entre os profissionais, que perpassa
desde a total ausncia de necessidade de tratamento e do
monitoramento da leso at intervenes invasivas. Ento,
este estudo objetivou averiguar a acurcia da inspeo visual
detalhada e do exame radiogrfico interproximal, na deteco
da leso cariosa da superfcie oclusal de pr-molares e
molares permanentes com fissuras pigmentadas, com o intuito
de traar orientaes para o planejamento teraputico mais
adequado para essa situao.
2 MATERIAIS E MTODO
Inicialmente o projeto foi encaminhado para anlise do
Comit de tica em Pesquisa com Seres Humanos do
CCS/UFPB, tendo a aprovao do mesmo atravs do
protocolo n 0601/14.
A pesquisa realizada foi um estudo, in vitro, com uma
abordagem indutiva e anlise quantitativa, atravs da tcnica
de observao direta (LAKATOS; MARCONI, 1991) cujo
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
30
instrumento de pesquisa foi a inspeo visual detalhada e o
exame radiogrfico interproximal.
A amostra foi composta de 28 elementos dentrios
(molares e pr-molares) permanentes, extrados por motivo
periodontal, cirrgico ou ortodntico, doados pelos pacientes
para o estudo, atravs do termo de doao.
Os critrios para a seleo dos dentes, para compor a
amostra, foram semelhantes aos do trabalho de Mota et al.
(2002) com pequena adaptao. Foram selecionados dentes
com a face oclusal ntegra (ou com pequena descontinuidade)
com pelo menos uma fossa ou fissura com pigmentao
enegrecida (marrom ou preta). Foram excludos da amostra
dentes que apresentavam cavidades evidentes, selante,
depresso hipoplsica, fraturas, restauraes ou cavidades
preparadas na superfcie oclusal.
Aps a extrao, os dentes foram armazenados, em
recipiente, com soro fisiolgico. Em seguida foram inseridos
em um frasco com soluo de timol a 2%, por 24 horas, antes
do seu manuseio. Aps esse perodo, foram eliminados dos
dentes, detritos, tecidos moles e resduos de osso com a
cureta periodontal. Em seguida foram montados em 07
hemiarcadas, com resina acrlica em uma base de gesso
comum impermeabilizada, aps o seccionamento das razes.
Cada modelo continha 4 dentes (pr-molares e/ou molares
permanentes), em contatos contguos, onde foram registrados
(de A a G) emantidos no refrigerador, dentro de um recipiente,
contendo soro fisiolgico.
Posteriormente, foi realizada uma profilaxia cuidadosa
da face oclusal dos dentes, com pedra pomes extra-fina e
gua, juntamente com uma escova tipo pincel, em baixa
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
31
rotao, lavagem e armazenamento nas condies relatadas
anteriormente. Os stios foram demarcados, num total de 89.
Fotografia digital da superfcie oclusal de cada dente foi
captada e impressa em papel comum, em preto e branco, para
servir de diagrama no auxlio dos examinadores na localizao
dos stios (JABLONSSKI-MOMENI et al., 2008). O diagrama
foi realizado, atravs da edio da foto, com a utilizao dos
artifcios do aplicativo ferramenta de imagens do Microsoft
PowerPoint, 2010.
Dois examinadores foram inicialmente treinados nos
critrios do padro de pigmentao descritos por Neuhauset
al. (2012) com pequenas adaptaes, atravs da inspeo
visual detalhada e nos critrios do exame radiogrfico.
Aps o treinamento, os examinadores avaliaram os
espcimes da amostra, sob a luz do refletor do equipamento
odontolgico. Os dentes foram examinados ainda midos e
em seguida aps a secagem, com a seringa trplice do
equipamento odontolgico, por 5 segundos, onde foram
categorizados na Figura (1).
As hemiarcadas foram radiografadas, com filme
periapical adulto, com distncia padronizada em posicionador
radiogrfico, e posteriormente enumerados e revelados numa
cmara escura convencional (mtodo temperatura-tempo).
O exame radiogrfico foi realizado num ambiente
escuro, com um negatoscpio 30 x 15, com luz limitada ao
tamanho da pelcula radiogrfica, por mscara de cartolina
preta, com o auxlio de uma lupa (4x). O examinador observou
a radiografia e fez o registro na ficha, de cada stio, de acordo
com os critrios propostos por Ekstrand; Ricketts e Kidd
(1997): 0- nenhuma radiolucncia visvel; 1- radiolucncia
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
32
visvel no esmalte; 2- radiolucncia visvel no 1/3 externo da
dentina; 3- radiolucncia no 1/3 mdio da dentina; 4-
radiolucncia no 1/3 interno da dentina.
Figura 1: Classificao das fissuras pigmentadas de acordo
com seu padro de alargamento (NEUHAUS et al. 2012,
adaptado).
Fonte: Neuhaus et al., 2012 adaptado.
Os examinadores fizeram a anlise
independentemente, e os escores foram anotados numa ficha
elaborada para esta pesquisa, a fim de se verificar a
reprodutibilidade inter-examinador (estudo cego). Aps 7 dias,
os dois examinadores fizeram uma nova avaliao da amostra
para se verificar a reprodutibilidade intraexaminador, com
semelhantes condies e mesma sequncia realizada
anteriormente. Aps o registro dos exames, foi feita uma
verificao dos casos de discordncia de diagnstico. Ento,
foi feito um reexame dos casos incombinveis, em conjunto,
tanto da inspeo visual, quanto do exame radiogrfico, uma
Escore Critrio
0 Morfologia limpa das fissuras
1 Fissura pigmentada (amarelo, marrom ou preta) sem alargamento do
padro (restrita ao interior da fissura)
2 Leve alargamento do padro da pigmentao da fissura (inferior ao
dobro de sua largura)
3 Alargamento do padro de pigmentao da fissura (igual ou superior
ao dobro de sua largura)
4 Fissura pigmentada associada ao rompimento localizado do esmalte,
sem dentina visvel.
5 Fissura pigmentada associada a sombra escura escondida em
dentina
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
33
vez que os dados obtidos desse consenso foram registrados
em outra ficha e comparados com o exame histolgico -
padro ouro.
Os dentes foram seccionados, no sentido vestbulo-
lingual, com um disco de diamante de dupla face, sob intensa
refrigerao, em baixa rotao, nos locais correspondentes a
cada stio examinado. Em seguida, foi realizado um corte
perpendicular ao longo eixo do dente, na altura da raiz, para
se obter as seces que foram armazenadas, individualmente.
Os cortes dos stios foram lixados e polidos
manualmente com lixas de papel de 360 a 1.200 gros para
obter-se uma superfcie plana e lisa, com uma espessura final
de cerca de 280 Mm e avaliados em lupa estereoscpica (Olympus Japan, Sz40), com aumento de 40X, e observados
por outro examinador independente, para definir os seguintes
escores (PEREIRA; VERDONSCHOT; HUYSMANS, 2001): 0 -
Nenhuma crie; 1 - Crie at a metade do esmalte; 2 - Crie
at o limite amelo-dentinrio; 3 - Crie at a metade da
dentina; 4 - Crie alm da metade da dentina.
Foram avaliados os dois lados de cada seo, e
considerado o que teve a alterao mais extensa. A
profundidade da desmineralizao do esmalte foi identificada
na rea mostrando a maior extenso de opacidade ao longo
da direo dos prismas. A profundidade da desmineralizao
da dentina foi medida na rea onde a cor passou de
marrom/amarelado ao cinza ao longo de uma linha
perpendicular juno esmalte-dentina para a polpa
(ANGNES et al., 2005).
Para anlise estatstica, a acurcia do mtodo foi
avaliada comparando-se os resultados com os diagnsticos B C A
A B
C
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
34
histolgicos. Esses dados permitiram calcular a sensibilidade e
a especificidade de cada mtodo. A reprodutibilidade intra e
interexaminador foi verificada atravs do teste de Kappa, e o
nvel de significncia foi de p< 0.05.
3 RESULTADOS E DISCUSSO
Na avaliao intraexaminadores da inspeo visual o
coeficiente Kappa variou entre 0,51 e 0,54, que segundo
parmetros de interpretao (DANCEY; REIDY, 2006; PINTO
et al., 2008) representam concordncia moderada. Na
avaliao interexaminadores, foi observado o valor de Kappa
de 0,60, sendo considerada uma concordncia tambm
moderada.
Na avaliao intraexaminadores do exame radiogrfico,
o coeficiente Kappa variou entre 0,35 e 0,50, sendo
interpretados como uma concordncia fraca e moderada,
respectivamente. Na avaliao interexaminadores, o valor de
Kappa foi de 0,32, o que representa uma concordncia fraca.
A subjetividade do diagnstico das fissuras
pigmentadas ratificada nesse estudo, visto que os seus
diferentes aspectos, determinados pelos escores utilizados na
inspeo visual detalhada, so visualizados de forma distinta
entre os examinadores, e inclusive, entre o prprio
examinador. Percebe-se que mesmo utilizando critrios bem
definidos, a divergncia de diagnstico ainda uma realidade.
Isto pode ser comprovado a partir dos resultados da
concordncia intra e interexaminador apresentados que foi
considerada moderada, para as duas situaes. Pesquisas
sobre o diagnstico de crie utilizando semelhantes critrios
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
35
no foram encontrados na literatura, entretanto, outros
estudos utilizando escores distintos mostraram resultados
semelhantes (DINIZ et al., 2009; RAMREZ; CLAVEL, 2012)
Embora o sistema de critrios utilizado para o exame
visual nesse estudo no tenha proporcionado uma
reprodutibilidade perfeita, observa-se que o mesmo de
grande relevncia, pois representa uma tentativa de
padronizao da deteco da leso cariosa nas superfcies
oclusais com fissura pigmentada. certo que mesmo
utilizando esses critrios a subjetividade do exame ainda
persiste, entretanto, acredita-se que o resultado seria menos
satisfatrio se os mesmos no fossem utilizados, visto que
norteiam a descrio do padro morfolgico da fissura
pigmentada, nunca doravante visto em outros sistemas de
escores de deteco da leso cariosa.
Ressalta-se que o exame radiogrfico, mesmo
utilizando critrios j bem estudados, mostrou um resultado
ainda inferior. oportuno enfatizar que, nesse estudo, os
examinadores, ambos cirurgies-dentistas, possuam um nvel
de instruo semelhante e estavam atualizados quanto ao
processo de formao e evoluo da leso de crie, que
uma condio importante para minimizar as divergncias
diagnstica, segundo Mota et al. (2002) e Tosoni et al. (2004).
A inspeo visual calculada a partir das respostas do
consenso dos sujeitos apontou tanto o diagnstico fissura
pigmentada sem alargamento do padro (restrita ao interior da
fissura) - escore 1, quanto a morfologia limpa das fissuras-
escore 0 - como sendo os diagnsticos mais prevalentes,
sendo citados em cada ocasio por 33,7% e 28,9% dos casos,
respectivamente. O exame histolgico, por sua vez,
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
36
apresentou os principais diagnsticos carie ate o limite amelo-
dentinario- escore 2 e nenhuma carie escore 0, citados em
31 (37,5%) e 26 (31,3%) dos casos, respectivamente. Os
demais resultados esto discriminados na Tabela (1).
Ao avaliar a correlao da inspeo visual detalhada,
em comparaco com o histolgico, que foi o padro-ouro-
Tab. (1) verifica-se que a grande maioria dos stios com
pigmentao, sem a associao com o rompimento do
esmalte ou sombreamento possua desmineralizao apenas
at o limite amelo-dentinrio. importante ressaltar que stios
diagnosticados com morfologia limpa das fissura tambm
possuam desmineralizao, mas, da mesma forma, ela
estava contida at o limite limite amelo-dentinrio. Por outro
lado, nas leses com pigmentao, sem a associao com o
rompimento do esmalte ou sombreamento, tambm havia, em
alguns casos, stios com desmineralizao com envolvimento
da metade interna da dentina, as denominadas cries ocultas.
Tabela 1 - Avaliao da inspeo visual detalhada em funo do exame histolgico, por escore.
His
tol
gic
o Inspeo Visual
0 n(%)
1 n(%)
2 n (%)
3 n(%)
4 n (%)
5 n (%)
Total n (%)
0 124,5 1113,2 022,4 011,2 - - 2631,3
1 02 2,4 044,8 044,8 011,2 - - 1113,2
2 08 9,7 1012,1 089,7 056,0 - - 3137,5
3 01 1,2 033,6 022,4 011,2 033,6 022,4 1214,4
4 01 1,2 - - - - 022,4 03 3,6
TOTAL 2428,9 2833,7 1619,3 089,7 033,6 044,8 83100,0
Fonte: Pesquisa direta. 2017
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
37
Constata-se, que alguns stios que possuam fissuras
pigmentadas no apresentaram nenhuma desmineralizao
pelo histolgico. Para Pitts (2012), as pigmentaes escuras
nas fissuras podem ocorrer devido a ingesto de ch ou caf e
esses manchamentos no relacionados crie tendem a ser
observados em quase todas as fossas e fissuras de maneira
simtrica. Para Makhija et al. (2014), essas alteraes
deveriam ser denominadas de leses cariosas oclusais
questionveis (QOC), visto que, frequentemente, so motivos
de incertezas de diagnstico por parte dos profissionais, e a
determinao de suas caractersticas relevante na tomada
de decises de diagnstico e tratamento.
Observa-se que a simples existncia da pigmentao
no implica na necessria presena da leso de crie, pois
muitos stios possuem essa alterao de cor e esto livres de
crie.
Na Tab. (1) verifica-se que os stios diagnosticados
com pigmentao associado a sombreamento (escore 5),
tiveram desmineralizao ao nvel de dentina, as cries
semiocultas. O termo carie semioculta e utilizado para
especificar as leses de cries oclusais localizadas na dentina,
cujo esmalte encontra-se aparentemente ntegro, mas com
mudana de colorao da superfcie, visvel atravs da
inspeo visual detalhada (MOTA; LIMA; TARGINO, 2011).
Percebe-se a importncia de uma inspeo visual meticulosa,
j que possvel detectar leses cariosas sob esmalte no
cavitado, atravs da observao da mudana de colorao e
configurao da superfcie.
O estudo de Ekstrand, Kuzmina e Bjrndal (1995), com
molares que apresentavam pigmentaes amarronzadas com
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
38
ou sem destruio localizada,mostrou que aproximadamente
50% dos elementos dentrios tinha desmineralizao
superficial em dentina.
A resposta do consenso, sobre o exame radiogrfico,
dos sujeitos indicou tanto o diagnstico nenhuma
radiolucncia visvel - escore 0, quanto radiolucncia visvel
no esmalte escore 2, como sendo os diagnsticos mais
prevalentes, sendo citados em cada ocasio por 47 (56,6%) e
28 (33,7%) dos casos, respectivamente. Dos 3 casos
diagnosticados pelo exame radiografico como radiolucncia
no 1/3 medio da dentina escore 3, apenas 1 sitio possua
carie alem da metade da dentina escore 4, pelo exame
histolgico. Os demais resultados esto discriminados na
Tabela (2).
Na Tab. (2) verifica-se a dificuldade de diagnstico
das leses incipientes em esmalte na superfcie oclusal, visto
que muitos stios registrados como nenhuma rediolucncia
visvel escore 0, possuam alguma desmineralizao pelo
histolgico. Segundo Soares et al. (2012), as imagens
radiogrficas tendem a subestimar a real extenso das reas
desmineralizadas. Isso acontece devido a sobreposio do
esmalte das cspides vestibulares e linguais sobre a regio de
fissuras oclusais, dificultando a visualizao de leses
incipientes em esmalte por meio da radiografia.
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
39
Tabela 2 - Avaliao do exame radiogrfico em funo do
exame histolgico, por escore.
His
tol
gic
o
Exame Radiogrfico
0 n(%)
1 n(%)
2 n (%)
3 n(%)
4 n (%)
TOTAL n(%)
0 1821,7 089,6 - - - 2631,3
1 056,1 067,2 - - - 1113,3
2 1821,7 11 13,3 011,2 01 1,2 - 3137,4
3 06 7,2 033,6 022,4 01 1,2 - 1214,4
4 - - 022,4 01 1,2 - 03 3,6
TOTAL 4756,6 2833,7 056,1 033,6 - 83100,0
Fonte: Pesquisa direta. 2017
Com o escopo de viabilizar comparaes mais
detalhadas e calcular medidas de validade, os dados foram
recategorizados para uma escala de resposta dicotmica. O
criterio morfologia limpa das fissuras foi recategorizado para
ausente, e os demais criterios foram recategorizados para
presente, para a inspeco visual detalhada e o exame
radiogrfico; e para o exame histolgico, o criterio nenhuma
carie, para ausente e os demais criterios para presente
Tabelas (3) e (4).
Quando a correlao entre a inspeo visual e o
histolgico foi realizada, considerando apenas a situao
dicotmica em ter ou no alterao, independente do aspecto
da fissura e da severidade da leso, observou-se que 78,9%
dos stios com pigmentao, possua alguma
desmineralizao e que dos 26 stios considerados ausentes
pelo histolgico, 12 (46,2%) foram registrados como
ausentes pela inspeco visual detalhada na Tabela (3).
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
40
Tabela 3 - Avaliao do consenso da inspeo visual detalhada em funo do exame histolgico.
HISTOLGICO
Inspeo Visual
Presente (1,2,3,4)
Ausente (0) TOTAL
n % n % n %
Presente (1,2,3,4)
45 78,9 12 21,1 57 100,0
Ausente (0) 14 53,8 12 46,2 26 100,0
TOTAL 59 71,1 24 28,9 83 100,0
Estatstica Inferencial
Taxa bruta de concordncia: 68,6%
Fonte: Pesquisa direta. 2017
Na Tab. (4) pode-se observar que dos 57 stios
registrados como presentes pelo exame histolgico, 28
(49,1%) tambm foram categorizados como presentes pelo
exame radiogrfico, e dos 26 stios identificados como
ausentes pelo histolgico, 18 (69,2%) tambem foram
categorizados como ausentes pelo radiografico.
As taxas brutas de concordncia foi de 68,6% e 55,4 %
para a inspeo visual e exame radiogrfico, respectivamente.
Esses valores denotam a importncia da utilizao dos
critrios usados nesse estudo, para a inspeo visual
detalhada, no diagnstico das leses cariosas em fissuras
pigmentadas e a predileo desse mtodo, quando
comparado com o exame radiogrfico.
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
41
Tabela 4 - Avaliao do consenso do exame radiogrfico em
funo do exame histolgico.
HISTOLGICO
Exame Radiogrfico
Presente (1,2,3,4)
Ausente (0) TOTAL
n % n % N %
Presente (1,2,3,4) 28 49,1 29 50,9 57 100,0
Ausente (0) 08 30,8 18 69,2 26 100,0
TOTAL
36
43,4
47
56,6
83
100,0
Estatstica Inferencial
Taxa bruta de concordncia: 55,4%
Fonte: Pesquisa direta. 2017
Na sequncia, foram calculadas as medidas de validade
que podem ser vistas nas Tab. (5) e (6). Na Tab. (5)
observa-se que o valor da especificidade (verdadeiros
negativos) da inspeo visual detalhada foi de 46,2%,
enquanto que a sensibilidade (verdadeiros positivos) foi de
78,9%. Verifica-se que o valor preditivo positivo foi bastante
considervel (76,3%).
Tabela 5: Avaliao das medidas de validade da inspeo visual e o exame histolgico.
MEDIDAS DE VALIDADE
% INTERPRETAO
Especificidade (verdadeiros negativos)
46,2% Em 46,2% dos casos, o examinador identificou os stios sem alteraes.
Sensibilidade (verdadeiros positivos)
78,9 % Em 78,9% dos casos, o examinador identifica as condies com
alteraes.
Valor Preditivo Positivo
76,3 % a proporo de dentes com
alteraes, dentre aqueles que foram diagnosticados com alteraes.
Valor Preditivo
Negativo
50,0%
a proporo de dentes sem alteraes, dentre aqueles que foram
diagnosticados sem alteraes.
Fonte: Pesquisa direta. 2017
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
42
Nesse estudo, a especificidade foi inferior aos
resultados encontrados por Mota et al. (2010) e Ramrez e
Clavel (2012). Percebe-se que a ausncia de pigmentao na
fissura no um sinal clnico de ausncia de desmineralizao
na estrutura dentria.
Na Tab. (6) pode-se constatar que o valor da
especificidade (verdadeiros negativos) do exame radiogrfico
foi de 69,2%, enquanto que a sensibilidade (verdadeiros
positivos) foi de 49,1%. Verifica-se que o valor preditivo
positivo foi bastante considervel (77,8%). Esse mtodo foi
mais especfico do que sensvel. Esse resultado j era
esperado, visto que a amostra foi composta por elementos
dentrios com a face oclusal ntegra ou com pequena
descontinuidade, que apresentam dificuldades de visualizao
pelo exame radiogrfico, ratificando as concluses do estudo
de Bobrowskie Schneider (2011) quando afirmaram que o
exame radiogrfico pouco contribuiu para a deteco de crie
oclusal. De acordo com Soares et al. (2012) o exame
radiogrfico apresenta alta sensibilidade na deteco de leso
de crie dentinria, entretanto baixa sensibilidade para
deteco de leso de crie em esmalte.
A inspeo visual apresentou melhor sensibilidade e o
exame radiografico melhor especificidade nas Tab. (5) e (6).
A inspeo visual detalhada capaz de detectar a maioria das
leses oclusais incipientes, enquanto que no exame
radiogrfico h uma forte tendncia de classificar as
superfcies portadoras das leses incipientes como hgidas,
elevando o valor da especificidade. A alta especificidade do
exame radiogrfico importante porque evita na maioria das
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
43
vezes, um tratamento operatrio desnecessrio (MOTA et al.,
2010).
Tabela 6: Avaliao das medidas de validade do consenso entre os examinadores do exame radiogrfico e histolgico.
MEDIDAS DE VALIDADE
% INTERPRETAO
Especificidade (verdadeiros negativos)
69,2% Em 69,2% dos casos, o examinador identificou os stios
sem alteraes. Sensibilidade
(verdadeiros positivos) 49,1 % Em 49,1% dos casos, o
examinador identifica as condies com alteraes.
Valor Preditivo Positivo
77,8 %
a proporo de dentes com alteraes, dentre aqueles que
foram diagnosticados com alteraes.
Valor Preditivo
Negativo
38,3%
a proporo de dentes sem alteraes, dentre aqueles que
foram diagnosticados sem alteraes.
Fonte: Pesquisa direta. 2017
Numa viso geral, pode-se inferir que a presena de
fissuras pigmentadas na superfcie oclusal de molares
permanentes e pr-molares sugere a existncia de
desmineralizao, o que ratificado com o alto valor do poder
preditivo do exame visual dessa pesquisa. Observa-se que na
maioria dos eventos, ela se encontra ao nvel de esmalte, sem
necessidade de interveno restauradora. Como a progresso
da leso lenta, o controle profissional e a adoo de
medidas preventivas podero induzir a total regresso da
leso (MOTA et al., 2010). Pitts (2012) enfatiza que
investigaes cientficas tm demonstrado que como a maior
parte das leses at a juno amelo-dentinrias no so
cavitadas, nenhuma interveno operatria necessria
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
44
nesse estgio e apenas a desorganizao regular do biofilme,
na presena de flor, deve ser indicada como tratamento.
Essa pesquisa desperta a necessidade de maior
discusso cientfica sobre o diagnstico das fissuras
pigmentadas nas superfcies oclusais e orienta a busca de
estudos mais aprofundados sobre o tema, para nortear os
clnicos no plano de tratamento dessas alteraes.
4 CONCLUSES
Com base nos resultados desse estudo, pode-se
concluir que a boa reprodutibilidade, intra e interexaminadores
da inspeno visual e do exame radiogrfico nas leses
pigmentadas de difcil alcance, ratificando o aspecto
subjetivo e a dificuldade da uniformizao entre os
profissionais, no diagnstico da leso de crie oclusal.
A inspeo visual detalhada das fissuras pigmentadas,
apresenta uma boa sensibilidade para detectar as leses
cariosas na superfcie oclusal, enquanto que o exame
radiogrfico apresenta uma especificidade melhor.
A simples existncia da pigmentao no implica na
necessria presena da leso de crie. A maioria das
superfcies oclusais com fissuras pigmentadas, sem a
associao com o rompimento do esmalte ou sombreamento,
possue desmineralizao apenas at o limite amelo-
dentnrio.
O diagnstico de carie em estgio inicial, nas regies
oclusais de fssulas e fissuras, principalmente com
pigmentao, ainda um desafio para os profissionais.
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
45
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ANGNES, V. et al. Clinical Effectiveness of Laser Fluorescence, Visual Inspection and Radiography in the Detection of Occlusal Caries. Caries Res, v. 39, n. 6, p: 490-5, 2005. BOBROWSKI, R.; SCHNEIDER, M. Divergncia de diagnstico entre hgido, selamento biolgico e crie oclusal em esmalte ou esmalte e dentina, realizado por acadmicos e cirurgies-dentistas. Stomatos, v.17, n. 32, p: 43-54, jan.-jun. 2011. DANCEY, C. P.; REIDY, J. Estatstica sem matemtica para psicologia: Usando SPSS para windows (L. V., Trad.). Porto Alegre: Artmed. 2006. DINIZ, M. B. et al. The Influence of Pit and Fissure Sealants on Infrared Fluorescence Measurements. Caries Res, v. 42, p: 328 333, 2008. EKSTRAND, K. R.; RICKETTS, D. N. J.; KIDD, E. A. M. Reproducibility and accuracy of three methods for assessment of demineralization depth on the occlusal surface: An in vitro examination. Caries Res, v. 31, p. 224-231, 1997. EKSTRAND, K. R., KUZMINA, I.; BJRNDAL, L. Relationship between external and histologic features of progressive stages of caries in the occlusal fossa.Caries Res. v.29, p.243-50, 1995. JABLONSKI-MOMENI et al. Reproducibility and accuracy of the ICDAS-II for detection of occlusal caries in vitro.Caries Res. v. 42, p. 7987, 2008. KOCH, M. J. et al..Black stain and dental caries in schoolchildren in Potenza, Italy.J DentChild, v. 68, p: 353355, 2001. KRASSE, B. Exame da saliva. Risco de crie: um guia prtico para avaliao e controle. 2. ed. So Paulo: Quintessence, cap. 4, p. 78-95, 1998. KRIGER, L.; MOYSES, S. T. Evidncias de estrategias de controle da doencacarie. In KRIGER et al. Odontologia Baseada em Evidencias e Intervencao Minima em Odontologia, So Paulo, Artes Mdicas, 2016, p. 54. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia Cientfica. 3a Ed. So Paulo: Editora Atlas, 1991. LONGBOTTOM, C. et al. Glossrio de termos especficos. In: PITTS, N. Crie dentria: diagnstico e monitoramento. So Paulo: Artes Mdicas, Cap. 16, p. 218-225, 2012. LOHN, L. M. Diagnstico de Crie Oclusal. Monografia apresentada ao curso de Especializao em Dentistica Restauradora, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Especialista em Dentistica Restauradora. Florianpolis, 2001. MAKHIJA, S. K. A. et al. Characteristics, Detection Methods and Treatment
http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Bobrowski,%20Rafael%22http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Schneider,%20Maur%C3%ADcio%22http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Stomatos
-
AVALIAO DE MTODOS DE DETECO DA LESO CARIOSA NA SUPERFCIE OCLUSAL DE PR-MOLARES E MOLARES PERMANENTES COM
FISSURA PIGMENTADA
46
of Questionable Occlusal Carious Lesions: Findings from The National Dental Practice-Based Research Network. Caries Res, v. 48, n. 3, p. 179-262, 2014. MOTA, L. Q. et al. Diagnstico da crie oclusal incipiente. J. Bras. Odontoped. Odonto Beb, v. 5, n. 26, p. 321-7, 2002. MOTA, L. Q. et al. Diagnstico da crie oclusal incipiente. Avaliao inter e intraexaminadores. Revista Brasileira de Cincias da Sade, v. 9, n. 1, p. 53-60, 2005. MOTA, L. Q. et al. Avaliao de diferentes mtodos de deteco de leses de crie oclusal. Rev. ABO Nac. Suplemento, v. 18, n. 1, p. 181-5, 2010. MOTA, L. Q; LIMA, M. G. G. C.; TARGINO, A. G. R. Distino entre Dois Tipos de Leso Dentinria na Superfcie Oclusal sob Esmalte sem Cavitao. PesqBrasOdontopedClin Integr., v. 11, n. 3, p. 471-76, 2011. MOTA, L. Q.et al. Correlao das Fissuras Pigmentadas com a Presena da Leso Cariosa, Segundo os Critrios do ICDAS II. In UCHA, R. C.; ONE, G. M. C (Org.). Odontologia: integrao em pesquisa, tecnologia e aplicabilidade clnica 2. Campina Grande: IBEA, 2016. p. 149-156. NEUHAUS, K. W.; ELLWOOD, R.; LUSSI, A.; PITTS, N. B. Mtodos auxiliaries tradicionais para a deteco da leso cariosa. In PITTS, N. Crie dentria: diagnstico e monitoramento. So Paulo: Artes Mdicas, p. 50-59, 2012. PEREIRA, A. C.; VERDONSCHOT, E. H; HUYSMANS, M. C. Caries detection methods: Can they aid decision making for invasive sealant treatment? Caries Res, v. 35, n. 2, p. 83-89, 2001. PEREIRA, T. B.; SOUSA, F. B. Dissecao de leses cariosas: nova tcnica de estudo histopatolgico tridimensional. Pesqui. Odontol. Bras. v. 16, n. 2, 2002. PINTO, J. S. et al. Mtodos para estimao de reprodutibilidade de medidas [home Page]. Porto Portugal: Faculdade de Medicina do Porto, 2008. PITTS, N. Crie dentria: diagnstico e monitoramento. So Paulo: Artes Mdicas, 2012. 231p. RAMREZ, J. R. H; CLA