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MONITORAMENTO DE ROBÔ DE INSPEÇÃO INTERNA DE OLEODUTOS - GIRINO Pedro Eduardo Gonzales Panta TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA. Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Max Suell Dutra, Dr.-Ing. ________________________________________________ Prof. Vitor Ferreira Romano, Dott. Ric. ________________________________________________ Luciano Santos Constantin Raptopoulos, D. Sc. ________________________________________________ Prof. Jean Pierre von der Weid, D. Sc.. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL FEVEREIRO DE 2005

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MONITORAMENTO DE ROBÔ DE INSPEÇÃO INTERNA DE OLEODUTOS -

GIRINO

Pedro Eduardo Gonzales Panta

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS

EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Max Suell Dutra, Dr.-Ing.

________________________________________________

Prof. Vitor Ferreira Romano, Dott. Ric.

________________________________________________

Luciano Santos Constantin Raptopoulos, D. Sc.

________________________________________________

Prof. Jean Pierre von der Weid, D. Sc..

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2005

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PANTA, PEDRO EDUARDO GONZALES

Monitoração de Robô de Inspeção

Interna de Oleodutos - GIRINO [Rio de

Janeiro] 2005

VII, 111 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,

M.Sc., Engenharia Mecânica, 2005)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Monitoração

2. Robótica

3. Inspeção Interna de Oleodutos

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

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Este trabalho está dedicado à minha família e amigos.

Em especial aos meus pais,

Janet e Pedro;

E irmãos,

Carla e Gustavo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente, à minha família no Rio de Janeiro, meus tios Paul e

Célia, meus primos Pablo e Daniel e a senhora Elza que me acolheram com carinho no

seu lar e foram a base de todos meus esforços neste Brasil que não deixa de me

ensinar.

Agradeço a Max, meu orientador, que confiou em mim como aluno e como

pessoa, e me abriu as portas para continuar minha vida acadêmica.

Agradeço a Leonardo, Bruno, Vitor César, Tiago, Luiz e, especialmente a

Luciano, pela convivência de fraternidade

Agradeço a Ney que me convidou a acreditar numa idéia diferente.

Agradeço a Alexandre, Auderi, Breno, Rodrigo, Zé Almir, Valentin, Bruno e

Matheus com quem descobri que o conhecimento não vale nada se não é

compartilhado.

Agradeço a Rita, Gabriel, e Amanda que não duvidaram em me apoiar no final

deste trabalho

Sem nenhuma destas pessoas este sonho não teria sido possível.

Finalmente quero agardecer ao Laboratorio de Robotica do Centro de Pesquisa

da Petrobras (CENPES) pelo apio infraestrutural indispensavel neste trabalho.

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“¿Qué haces por estos lugares?

Ando buscando un amor”

Maria Luisa Jiménez Sánchez

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Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requis itos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MONITORAÇÃO DE ROBÔ DE INSPEÇÃO INTERNA DE OLEODUTOS -

GIRINO

Pedro Eduardo Gonzales Panta

Fevereiro/2005

Orientador: Max Suell Dutra

Programa: Engenharia Mecânica

Um dos maiores desafios na área da operação de oleodutos submarinos é a

presença de bloqueios procedentes do acúmulo de hidratos e parafinas. As técnicas de

manutenção e inspeção interna de tubulações, praticadas até hoje, implicam em

processos complicados de risco para com as pessoas e equipamentos envolvidos nas

atividades diárias de operação. O G.I.R.I.N.O. (Gabarito Interno Robotizado de

Incidência Normal ao Oleoduto) é um robô desenvolvido pelo Laboratório de Robótica

da área de Tecnologia Submarina do Centro de Pesquisa da Petrobras, que visa

procurar vias menos arriscadas no processo de inspeção interna de dutos, cujos

movimentos de deslocamento são gerados por energia hidráulica. Para cumprir as

funções de deslocamento e inspeção foram feitos um monitoramento constante dos

movimentos internos do robô e o estudo da ação que exerce em diversos processos. O

presente trabalho pretende monitorar a operação do GIRINO obtendo informações

sobre as suas partes a fim de certificar o funcionamento normal do robô e o

reconhecimento de possíveis falhas na operação. Para tanto, faz-se uma análise dos

componentes de captação, processamento e visualização de sinais disponíveis na

indústria que preenchem os requisitos básicos de desempenho do robô.

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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

PROCEDURE MONITORING OF A PIPELINE INTERNAL INSPECTION ROBOT

- GIRINO

Pedro Eduardo Gonzales Panta

February/2005

Advisor: Max Suell Dutra

Department: Mechanical Engineering

One of the major challenges in the operation of submarine oil pipelines is the presence

of blockages caused by the accumulation of paraffin and hydrates. Nowadays,

maintenance and inspection practices inside pipelines imply risky, complicated

procedures for the people and equipment involved in daily operational activities. The

Get Inside Robot to Impel Normal Operation (G.I.R.I.N.O.) was developed by the

Submarine Technology Robotic Laboratory of the Petrobras Research Center. It seeks

safer methods of internal inspection of pipelines in which displacement movements are

propelled by hydraulic energy. In order to achieve its inspection and displacement

functions, the robot’s internal movement was continually monitored and its action in

diverse processes was studied. The current project intends to monitor the operation of

GIRINO, obtaining information about its parts in order to ensure the robot’s normal

functioning and detection of possible operation failures. To this end, an analysis was

done to assess available components for signal receiving, processing and visualization

used in the industry, which fulfill the robot’s basic performance requirements.

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ÍNDICE ANALÍTICO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................................10 1.1 OLEODUTOS E FLUIDOS TRANSPORTADOS....................................................................................... 10 1.2 ESTADO DA TÉCNICA........................................................................................................................... 11 1.3 INSPEÇÃO INTERNA DE OLEODUTOS................................................................................................. 15 1.4 A ROBÓTICA COMO SOLUÇÃO............................................................................................................ 17 1.5 O GIRINO............................................................................................................................................. 19 1.6 A MONITORAÇÃO................................................................................................................................. 23 1.7 OBJETIVO............................................................................................................................................... 26 1.8 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS......................................................................................................... 26

2 ESTRUTURA E FUNÇÕES BÁSICAS DO GIRINO.......................................................................27 2.1 PROBLEMAS DE DESLOCAMENTO DO GIRINO ................................................................................ 33 2.2 DISPOSITIVOS COMPLEMENTARES À ESTRUTURA MECÂNICA DO GIRINO................................ 35

3 SISTEMA DE MONITORAMENTO ....................................................................................................42 3.1 TRANSDUTORES.................................................................................................................................... 42 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSDUTORES.............................................................................................. 43 3.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS TRANSDUTORES ........................................................................... 44 3.4 TIPOS DE TRANSDUTORES................................................................................................................... 47

3.4.1 Transdutores de Posição...............................................................................................................47 3.4.2 Medidores de Posição ou Distância:..........................................................................................52 3.4.3 Medidores de Pequenos Deslocamentos....................................................................................62 3.4.4 Transdutores de Força e Torque.................................................................................................65 3.4.5 Transdutor de Pressão..................................................................................................................65

3.5 AQUISIÇÃO E TRANSMISSÃO DE DADOS........................................................................................... 66 3.5.1 Sistemas de Aquisição, Conversão e Distribuição de dados..................................................67 3.5.2 Protocolo RS-232...........................................................................................................................68 3.5.3 Protocolo RS-485...........................................................................................................................69

3.6 VISUALIZAÇÃO DE DADOS.................................................................................................................. 72 3.6.1 Programação Visual......................................................................................................................73

4 PROTOTIPAGEM DE MONITORAÇÃO DO GIRINO.................................................................76 4.1 PROTÓTIPO DO CILINDRO PRINCIPAL MONTADO TRANSDUTOR DE DESLOCAMENTO LINEAR. 77

4.1.1 Princípio de Funcionamento do Transdutor Deslocamento Linear Magnetoestrictivo ....79 4.1.2 Principio de Funcionamento do Transdutor de Deslocamento Linear com Plástico Condutivo........................................................................................................................................................81

4.2 PROTÓTIPO DAS TORRES DE GIRO COM TRANSDUTOR DE DESLOCAMENTO ANGULAR.............. 82 4.3 PROTÓTIPO DE ODÔMETRO................................................................................................................. 84 4.4 PROTÓTIPO DE TRANSDUTOR DE TENSÃO PARA UMBILICAL......................................................... 86 4.5 TRANSDUTOR DE PRESSÃO PARA MEDIÇÃO DE PRESSÃO NOS CILINDROS PRINCIPAIS.............. 87 4.6 TRANSMISSÃO DE SINAIS DOS TRANSDUTORES DO GIRINO ........................................................ 88 4.7 VISUALIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 94

5 RESULTADOS DA MONITO RAÇÃO DO GIRINO: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO.. 100 5.1 CALIBRAÇÃO E SAÍDAS MONITORADAS DOS TRANSDUTORES....................................................100

5.1.1 Monitoração do Deslocamento das Hastes dos Cilindros Principais............................... 100 5.1.2 Monitoração do Deslocamento das Torres de Giro.............................................................. 101 5.1.3 Monitoração da Distância Percorrida.................................................................................... 102 5.1.4 Monitoração da Tensão no Umbilical..................................................................................... 102 5.1.5 Monitoração da Pressão nos Cilindros Principais............................................................... 104

5.2 ALGORITMO DA MONITORAÇÃO DO ESTADO ESTRUTURAL DO GIRINO .................................104 5.3 VISUALIZAÇÃO DO ESTADO ESTRUTURAL DO GIRINO...............................................................108

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................................................... 114 6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................115 6.2 PRÓXIMOS PASSOS.............................................................................................................................117

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7 BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................... 119 8 ANEXO........................................................................................................................................................ 121

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1 INTRODUÇÃO

A Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é a região com as maiores reservas de

petróleo no Brasil com a produção de 525 000 barris por dia, o que corresponde a 61%

do abastecimento total no País. Em 1997, um dos dutos de transporte submarino de

óleo daquela área apresentou problemas no escoamento do fluido. Os oleodutos são

parte fundamental das instalações de recebimento, processamento, tratamento e

distribuição de petróleo. As condições que contribuem para a saturação dos

hidrocarbonetos líquidos e gasosos presentes nos dutos submarinos de Bacia de

Campos são: a baixa temperatura de 4O C no fundo do mar, a pressão de 610 m de

coluna de água (profundidade em que foi detectado o problema de bloqueio no duto) e

a característica do óleo pesado predominante na região. Foi determinado (BOSCO,

2002) que estas condições aumentam a possibilidade de bloqueios nos dutos pelo

acúmulo de parafina ou formação de hidratos. Na Figura 1.1 pode-se observar um

bloco de parafina sólida, o que dá uma idéia da magnitude do problema, agravado

ainda pela complexa e extensa rede de dutos utilizada pela indústria petrolífera

mundial. Todas estas condições determinaram o entupimento total da linha mencionada

em Bacia de Campos.

Figura 1.1. Parafina extraída de oleoduto

1.1 Oleodutos e Fluidos Transportados

O petróleo é basicamente composto de carbono e hidrogênio (aproximadamente

90%) com menores parcelas de enxofre, nitrogênio e oxigênio. Um aumento destas

parcelas menores torna mais pesado o óleo cru, diminuindo seu valor. Dependendo de

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sua densidade (gravity), os óleos são classificados pelo American Petroleum Institute –

API – em vários graus (especific gravity), sendo que os de maior graduação são os

melhores. Por exemplo, um óleo de 30o API é mais leve e, como conseqüência, melhor

que um de 17o API (densidade do óleo da Bacia de Campos). Vários são os fatores que

podem afetar a densidade API dos óleos (SILVA, 2003).

São pré-requisitos de extrema importância para a competitividade dos produtos

petrolíferos a ampliação, modernização e confiabilidade operacional dos modos de

transporte. Gasodutos e oleodutos são condutos (pipelines), concebidos para o

transporte de substâncias, normalmente perigosas, tanto no estado gasoso com no

estado líquido. O transporte dessas substâncias por dutos é considerado não apenas

como o meio mais seguro, mas também, para quantidades elevadas, o mais prático e

econômico, mesmo se confrontado com o transporte rodoviário ou ferroviário. Na

indústria petrolífera tem-se verificado uma crescente preferência por este meio de

transporte, fazendo com que a rede de oleodutos cresça de forma rápida e consistente.

É reconhecida a existência de um risco potencial de ocorrência de acidentes

classificados como graves. Como natural medida de precaução, para todos os oleodutos

devem ser desenvolvidas análises de riscos, avaliação de conseqüências e preparados

os respectivos planos de emergência.

1.2 Estado da Técnica

Atualmente a técnica utilizada para inspecionar dutos depende do tipo de falha

especifica que pretende se encontrar. Existem, por exemplo, defeitos que podem ser

reconhecidos externamente aos dutos. No caso de dutos situados na superfície terrestre

a inspeção externa pode ser realizada visualmente. Com tal finalidade, a translação de

equipamentos de inspeção através da parede externa do duto, para uma análise

exaustiva, não é um problema de muita dificuldade. Na atmosfera, as tecnologias de

ensaios metalográficos não destrutivos, amplamente utilizados na área industrial, são

aplicados com relativa facilidade. Na hidrosfera a inspeção externa se complica na

medida que aumenta a profundidade onde se situa o duto. Para estes casos, uma das

soluções mais promissoras é o desenvolvimento dos AUVs (do acrônimo em inglês

“Autonomus Underwater Vehicle”), que navegam nas profundezas do mar sem

necessidade de conexão física com uma embarcação ou plataforma superficial,

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facilitando sua manobra. O AUV apresentado na Figura 1.2 é capacitado para seguir o

rastro de dutos submarinos através de sensores acústicos e magnéticos.

Figura 1.2. AUV para inspeção externa de dutos (AVIA et al., 2000)

Apesar da inspeção externa de dutos estar em um estágio avançado de

desenvolvimento, existe uma grande necessidade de melhorar as técnicas de inspeção

interna de dutos. Uma das causas mais freqüentes de inspeção de dutos, tanto na

atmosfera como na hidrosfera, é a corrosão das paredes internas dos dutos, que na

maioria das vezes é causada pelo fluido transportado. A corrosão é a causa principal de

vazamentos e contaminação do fluido transportado. Dependendo da sua configuração

geométrica a inspeção interna in situ de dutos não pode ser realizada. Os dutos podem

ter um perfil pequeno ou ser muito compridos para permitir que um homem possa

entrar e inspecionar. Assim, o principal problema de inspeção interna de dutos não é

propriamente a técnica de analise de falhas mas a dificuldade em acessar a região de

interesse.

Como foi dito anteriormente, é possível aproveitar as tecnologias de ensaios

não destrutivos metalográficos acoplados a sistemas automatizados que reportem os

resultados em tempo real. Entre estas técnicas estão a radiografia e o ultra-som. O

desafio real é encontrar técnicas que permitam levar as diferentes ferramentas de

inspeção através do duto. Começando do caso mais simples, na locomoção em dutos

sem escoamento, são utilizados robôs movimentados por rodas ou esteiras. Na Figura

1.3 é apresentado um robô com esteiras e câmera para inspeção visual de dutos. Este

tipo de robôs é de uso comum na inspeção de redes de esgoto, limpeza de dutos de ar

condicionado (Figura 1.4) e de usinas nucleares. Um bom exemplo de robô de inspeção

interna movimentado com rodas é o David (Dispositivo com Alto grau de autonomia

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Veicular para Inspeção de Dutos) desenvolvido pela Unesp (Baurú-SP) e a Epusp

(FERASOLI et al.., 1999) capaz de se movimentar por meio de rodas acionadas por

motores elétricos. Ele possui uma estrutura mecânica adequada as tubulações de seção

circular, podendo ser alterada segundo as restrições impostas pelo ambiente. O David

está equipado com sensores para realizar medições de diâmetros, declive e

“embarrigamento” da tubulação. Possui também “inteligência” própria, resultando de

uma arquitetura híbrida baseada em decisões comportamentais e deliberativas.

Existem também robôs que usam ventosas para se agarrar das paredes que

inspecionam. É o caso do robô SADIE, que sobe pelas paredes servindo-se de suas

patas, projetado na Inglaterra para testes não destrutivos de soldagem de um reator

nuclear (LUK et al., 2003).

Figura 1.3. Robô para Inspeção Interna de dutos com esteiras, desenvolvido pelo Centro de Pesquisas Renato Ascher

Figura 1.4. Robô para limpeza de dutos de ar condicionado fabricado por

MT System Korea

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O caso mais complexo de inspeção interna ocorre quando o escoamento no duto

não pode ser interrompido. A técnica mais utilizada de deslocamento interno em dutos

para esta circunstancia é a impulsão das ferramentas de inspeção fazendo uso do

mesmo fluido transportado. Este tipo de ferramentas de inspeção chama-se PIG

(acrônimo do inglês Pipeline Inspection Gauge). Os PIGs coletam informações sobre

as paredes dos dutos através de sensores e não precisam de umbilical, já que usam a

energia do fluido para se movimentar. Uma bateria acoplada é suficiente para alimentar

os sensores e instrumentos do PIG. Na Figura 1.5 são apresentadas as partes básicas de

um PIG, onde:

Figura 1.5. Partes de um PIG

• A cápsula contém a eletrônica de armazenamento de dados e a bateria;

• O odômetro é um sensor formado por uma roda que emite um número

de pulsos elétricos por cada volta. Este sensor está acoplado à

ferramenta e se mantém em contato com a parede pela ação de uma

mola. Assim é possível saber a distância percorrida pelo PIG dentro do

duto;

• Os suportes de borracha centralizam o corpo do robô no duto;

• A borracha traseira recebe a ação do fluido para impulsionar a

ferramenta; e

• O anel dos transdutores capta a informação de interesse na inspeção.

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1.3 Inspeção Interna de Oleodutos

Várias soluções vêm sendo adotadas pela indústria do petróleo na área de

inspeção de dutos. A Petrobrás, na Bacia de Campos, vem realizando a inspeção e

desobstrução de sua rede de oleodutos através do emprego de PIGs. Para a limpeza

dos dutos são utilizados PIGs raspadores ou de espuma de baixa, média e alta

densidade, como apresentado na Fig. 1.6.

Figura 1.6. PIG de Espuma.

A inspeção de dutos através dos PIGs é feita por sensores acoplados ao PIG,

que captam a informação necessária para o conhecimento do estado do duto. A

informação captada é armazenada em chips para logo ser analisada. Este se move a

uma velocidade de 2 a 10 quilômetros por hora, através de uma extensão de até 200

quilômetros. No Brasil, além de para limpeza, os PIGs também são utilizados para

determinar o perfil geométrico do duto, através do PIG geométrico (Figura 1.7), e a

perda de espessura por corrosão, através do PIG magnético (Figura 1.8), como em

CARNEVAL et al., 2000.

Figura 1.7. PIG Geométrico.

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Figura 1.8. PIG Magnético.

No caso específico do bloqueio ocorrido na Bacia de Campos em 1997, a

primeira tentativa da Petrobrás foi fazer passar vários PIGs raspadores para desbastar a

crosta de parafina acumulada nas paredes internas do duto. Esta operação fracassou

porque um dos PIGs ficou preso pela parafina, vedando definitivamente o duto. A

partir daí, a Petrobrás tentou, sem sucesso, várias outras soluções, que não tinham mais

o objetivo original de “limpar” o duto e sim de soltar o PIG obstrutor e evitar a perda

de aproximadamente 15 km de tubulação. O Sistema Gerador de Nitrogênio (SGN),

que é um processo termoquímico capaz de gerar altas temperaturas localizadas e,

conseqüentemente, dissolver a parafina solidificada, foi utilizado sem sucesso. O

motivo do insucesso foi o flexitubo (canal cilíndrico de material flexível pelo qual

podem passar os fluidos) utilizado como meio de transporte para o SGN. Por causa do

atrito e o peso do flexitubo foi possível alcançar só 1,6 km de distância no interior do

duto, sendo que o problema de bloqueio foi detectado a 8 km. Como conseqüência,

obteve-se a perda desta linha de operação.

A Petrobras, como uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, deve

enfrentar os problemas técnicos operacionais de exploração com a maior qualidade e

eficácia, usando e desenvolvendo recursos tecnológicos de ponta em sua área de

atuação. O Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES), como gerador de soluções

originais e que visam à economia de energia e proteção de meio ambiente, vê cada

desafio como uma oportunidade de crescimento tecnológico e econômico, ajudando a

resolver os problemas operacionais de exploração de petróleo, assim como o

desenvolvimento tecnológico do Brasil. Visando cumprir esta proposta, o Laboratório

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de Robótica do CENPES começou a procurar uma solução para os problemas

específicos de Bacia de Campos.

Um grupo de trabalho foi formado no CENPES a fim de estudar cenários

semelhantes. Umas das propostas pretendia o desenvolvimento de um equipamento

capaz de transportar o flexitubo ou o umbilical, conduzindo o SGN até o lugar de

entupimento. A característica diferencial deste equipamento, com respeito às existentes

(como no caso do PIG), seria a sua indiferença quanto a existência de fluxo ou não na

linha, deslocando-se com maior autonomia.

1.4 A Robótica como Solução

O homem, ao longo de sua historia, tem criado máquinas cada vez mais capazes

de imitar e executar o trabalho humano. De fato, uma das máquinas mais estudadas é o

robô, cujo nome em origem checo significa “trabalho”. Através da história, os robôs

vêm substituindo o homem fundamentalmente em trabalhos repetitivos e em operações

especiais, que atingem além das capacidades físicas do ser humano. Estes esforços têm

resultado no projeto e desenvolvimento de manipuladores robóticos, máquinas CNC e

máquinas automáticas muito conhecidas e comercializadas na área industrial. Seu uso

foi tão difundido, que ainda hoje existem variadas discussões (PAZOS, 2002) sobre o

seu impacto sócio-econômico.

As operações especiais abrangem intervenções mais especificas, nas quais os

sentidos e capacidade do homem não atingem os níveis de precisão, tempo ou

segurança requeridos. Além disso, algumas destas operações são perturbadas pelas

condições do ambiente de trabalho, como: altas temperaturas (fornos em siderúrgicas),

pressões elevadas (fundo do mar), radiação (usinas nucleares) e espaço geométrico

(dutos de ar condicionado), entre outras. Assim, seus componentes devem ser

adequados para as condições do meio e o tipo de tarefa a realizar. Para o caso

especifico de inspeção interna de oleodutos as condições de trabalho são:

• Meio abundante em hidrocarbonatos;

• Pressões Elevadas, pois se pretende chegar a dutos com até 1000 m de

profundidade; e

• Espaço geométrico limitado, considerando que a forma dos dutos e seu

tamanho determinam as dimensões estruturais do robô.

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Este robô deve ser constituído a partir de materiais resistentes à

hidrocarbonatos. Como estes apresentam um baixo grau de corrosão, com relação aos

metais, não será preciso utilizar materiais ou tratamentos especiais. Um aço industrial,

como o SAE 1020, usado normalmente em ferramentas, deve satisfazer às exigências

do projeto. Inclusive, pode-se utilizar alumínio para reduzir o peso do equipamento e

tornar ainda mais seguro o sistema contra a corrosão. O maior problema é relativo à

proteção dos componentes eletrônicos, que são os sensores e os atuadores usados no

robô. Para evitar danos físicos aos condutores e componentes eletrônicos é

indispensável o uso de alguma técnica de proteção.

O grau de segurança IP, muito utilizado em equipamentos industriais, indica o

nível de proteção ou resistência do sistema com relação às condições de operação. Um

grau de segurança maior garante um melhor nível de proteção. Por exemplo, um fator

IP de 67 indica uma proteção para ambientes infestados por partículas sólidas (poeira)

e contra imersão em água até 1 m de profundidade.

A tecnologia submarina estudada como conseqüência de pesquisas biológicas,

atmosféricas e, principalmente, por exploração de petróleo em águas profundas, impele

soluções aos problemas de atuação dos dispositivos eletrônicos sob altas pressões.

Uma demonstração do grande conhecimento na área é o ROV (Remote Operated

Vehicle), que é muito empregado em operações de exploração marítima e possui

diversos componentes mecânicos e eletrônicos, como: sensores, motores, propulsores,

placas de controle e válvulas. Para resolver o problema da submersão dos componentes

não basta guiar-se pelo fator de segurança IP mencionado anteriormente, porém,

existem também diversos métodos de marinização de componentes mencionados na

literatura (SUTTON, 1979).

A robótica, como a inteligência artificial, gera soluções baseadas

fundamentalmente em duas correntes de pensamento: criação resultante da lógica pura

e abstrata, própria do ser humano; e a imitação do comportamento dos seres vivos da

natureza, que desenvolvem estratégias para resolver as dificuldades de sua

subsistência. A esta última, a aplicação da forma de proceder dos seres biológicos na

robótica chama-se de biomimética. Este último caminho foi a origem de um sistema

capaz de se movimentar dentro das linhas de transporte de hidrocarbonetos.

Entre as varias opções brindadas pela natureza, o comportamento dos seres

vivos sempre foi de especial interesse na aplicação de estratégias artificiais para a

solução dos problemas do dia a dia da civilização (COTE, 1971). Através da

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observação do desenvolvimento das larvas dos anfíbios anuros (Figura 1.9) na água,

concebeu-se um novo paradigma para o deslocamento interno de ferramentas nos

dutos, com especial interesse nos dutos usados na indústria petrolífera. À medida que

vão crescendo, os anuros adotam diferentes meios de locomoção. Antes de desenvolver

os quatro membros definitivos da etapa adulta, a larva vive em áreas com água parada,

como lagos e charcos, ou em água corrente, como riachos. Nestes meios os girinos

usam uma cauda para tomar impulso dentro da água. Na passagem da vida aquática à

vida terrestre, o crescimento das extremidades dá um movimento peculiar a estes

animais. Primeiro, seu corpo alongado se estende na direção de translação, se apoiando

nas patas traseiras. Nesta posição os membros anteriores se fixam na superfície,

enquanto os posteriores ficam livres. A seguir o organismo se retrai assumindo o

aspecto inicial, porém em uma posição diferente. Esta simples sucessão de movimentos

apontou o nascimento de uma tecnologia em pleno desenvolvimento: o Gabarito

Interno Robótico de Incidência Normal ao Oleoduto - GIRINO.

Figura 1.9. Girino

1.5 O GIRINO

Cabe agora relacionar o problema (obstrução de dutos) e a base para uma

possível solução (reprodução dos movimentos dos girinos em um sistema mecânico

locomotor). O Laboratório de Robótica do CENPES/PETROBRAS concretizou a idéia

de um robô porta- ferramenta que se move de forma semelhante às larvas dos anuros.

Este sistema pode se deslocar ao longo dos dutos e tem como principal objetivo atacar

o problema da obstrução dos mesmos. O primeiro protótipo apresentado na Figura 1.10

foi construído com material disponível no laboratório ou de baixo custo, com o

propósito de testar o princípio de operação do GIRINO (ROBINSON, 2000). Depois

de demonstrada sua funcionalidade, em testes de laboratório, fabricou-se um segundo

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protótipo para dutos de 8” de diâmetro interno. A seguir são apresentadas as

características mais importantes para entender seu funcionamento (ROBINSON,

2001):

Figura 1.10. Primeiro protótipo do GIRINO

• Sua estrutura é composta por um módulo anterior e outro posterior

unidos por uma junta universal flexível. Esta configuração melhora a

performance do robô nas curvas das linhas dos dutos ao acrescentar a

sua tolerância de curvatura. A flexibilidade desta junta permite a

variação de comprimento do corpo do robô, imprescindível ao processo

de deslocamento;

• Fazendo uma analogia com os movimentos da larva dos anuros, a

variação de comprimento do sistema robótico está relacionada a dois

movimentos essenciais: esticamento e encolhimento. Dois cilindros

principais contrapostos e unidos pelas suas hastes dão ao mecanismo

esta característica;

• Ambos os módulos são providos por um par de rodas, que são os meios

pelos quais o robô exerce pressão sobre a superfície interna dos dutos,

usando estas áreas como ponto de apoio ao deslocamento. Estas rodas

estão associadas a um sistema de cilindros, através de uma estrutura

giratória, denominada torre de giro, e proporcionam uma volta de

aproximadamente 180º à torre de giro (perpendicular ao eixo da roda).

Esta ação fixa o avanço ou recuo do GIRINO;

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21

• A parte frontal do robô foi projetada para permitir o acoplamento de

ferramentas especiais, respondendo às diversas necessidades de

inspeção e manutenção de dutos;

• Os sina is hidráulicos dos cilindros principais, responsáveis pela

variação de comprimento do GIRINO, variam de 40,81 x 105 N/m2 a

102,04 x 105 N/m2 (fornecidos por uma bomba de engrenagem). Já os

sinais hidráulicos dos cilindros secundários, responsáveis pelo

movimento da torre de giro, variam de 27,21 x 105 N/m2 a 54,42 x 105

N/m2 (fornecidos por uma bomba de paleta). Estes sinais chegam do

painel de controle do robô por meio de quatro mangueiras, que

correspondem à pressão e ao retorno das duas bombas.

Assim que foi construído, o protótipo para dutos de 8” de diâmetro passou a ser

testado. O primeiro teste foi realizado em São Sebastião – São Paulo. O objetivo deste

teste foi levar o SNG ao longo de um duto especialmente projetado em acrílico, até

alcançar o sólido obstrutor. Neste ponto, o GIRINO jogou um jato de solvente para

dissolver a obstrução de parafina (Fig. 1.11). A parafina liquefeita foi empurrada pelo

robô sem maiores problemas.

Figura 1.11. GIRINO desentupindo uma linha com parafina sólida

Além da aplicação de desobstrução de dutos, foram observadas outras

utilidades para o sistema, como: o vazamento de hidrocarbonatos, ponto crítico da

preservação do meio ambiente; a restituição de diâmetro de dutos; e a inspeção interna

dos oleodutos. Dada a sua diversidade de utilidades, o GIRINO passou a ser

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conceituado como um sistema porta-ferramenta, quer dizer, transportador de diversas

ferramentas e equipamentos, chamados de ferramentas de aplicação especial, para

fazer operações de inspeção e manutenção em dutos.

Figura 1.12. Protótipo do GIRINO para dutos de 14 polegadas

Hoje em dia, o protótipo para dutos de 8 polegadas de diâmetro foi modificado

para 14 polegadas, como apresentado na Figura 1.12. Esta nova estrutura permite ser

modificada para trabalhar em outros diâmetros. Os bons resultados com este protótipo

levaram à construção de um GIRINO projetado para solucionar o problema de Bacia

de Campos com linhas de 16 polegadas de diâmetro (denominado neste trabalho de

G16 e apresentado na Figura 1.13). O novo GIRINO tem as mesmas características do

primeiro protótipo, exceto pela ausência das torres de giro. Isto é, o novo robô não tem

a capacidade de movimentação em recuo. O sistema porta- ferramenta ainda não foi

testado em campo.

Figura 1.13. GIRINO para dutos de 16 polegadas (G16)

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Devido ao grande comprimento dos oleodutos, muitos superam 10 km de

extensão, a velocidade de deslocamento do robô é uma característica importante para

este tipo aplicação. A velocidade de deslocamento do G16 dentro do duto depende da

vazão dos cilindros principais. Esta vazão pode ser controlada por meio de válvulas, ou

seja, o problema de controle de velocidade é um problema de controle típico para o

qual existem soluções diversas na área industrial e acadêmica. Assim, realizou-se no

CENPES um teste de velocidade do G16 em um duto de 6 m de comprimento,

resultando nos valores apresentados na Tabela 1.1. Talvez esta velocidade baixa do

robô seja uma das imperfeições do sistema de inspeção, mas que pode ser compensada

pela eficácia e segurança de seu deslocamento, não alcançadas por nenhum outro

sistema de inspeção de oleodutos.

Pressão nos Cilindros

Principais [N/m2]

Velocidade Instantânea

[m/s]

61,22 x 105 0,045

81,63 x 105 0,053

Tabela 1.1. Resultados do Teste de Velocidade do G16.

Atualmente o GIRINO tem seus movimentos comandados por sinais

hidráulicos. Os sinais hidráulicos vão desde o painel de controle, na superfície, até o

robô, através de um conjunto de cabos chamado de umbilical. Es te fato cria uma força

de arraste que dificulta o deslocamento do robô por cada metro percorrido. Além disto,

cabos hidráulicos longos implicam em maior perda de carga no sistema hidráulico.

Como solução para este problema, visa-se o desenho e fabricação de uma unidade de

potência hidráulica embarcada no GIRINO. Desta forma, o umbilical conterá apenas os

cabos de sinal elétrico que, a partir do painel de controle na superfície, comandam o

sistema.

1.6 A Monitoração

O controle de processos industriais, assim como o de sistemas mecânicos

específicos, como robôs, tem sido uma das principais motivações e fonte geradora de

tecnologia no decorrer da história. O sistema de controle com realimentação, por

exemplo, a partir da monitoração das variáveis do sistema, permite ao controlador

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fazer as correções necessárias à convergência para o estado desejado. Este sistema de

controle é extremamente dependente da tecnologia de medição das variáveis do

processo, como a medição de velocidade e pressão, por exemplo. Os dispositivos que

recebem um sinal de entrada em função de uma ou mais quantidades físicas e a

convertem em um sinal de saída de diferente natureza chamam-se transdutores.

No caso de controle de processos, um exemplo tradicional de sinal de saída dos

transdutores é a deformação física visível ou a dilatação térmica de algum material

(manômetros e termômetros). Com o avanço da eletrônica, os sinais de saída dos

transdutores tenderam a ser elétricos, principalmente pela facilidade do seu

processamento. Nesta direção, o GIRINO serve-se dos avanços tecnológicos na área de

transdutores para solucionar seus problemas de monitoração.

O GIRINO não está apto para operar numa intervenção real sem uma

monitoração de seus movimentos principais. A monitoração dos movimentos encontra

seu propósito no conhecimento do estado estrutural do sistema em operação,

permitindo intervir apropriadamente no sistema. As variáveis básicas necessárias para

se determinar completamente o estado da porta- ferramenta são: o deslocamento dos

cilindros principais, o deslocamento angular das torres de giro e a distância percorrida

pelo robô. Existem duas variáveis adicionais de segurança, que são a tensão

transmitida do GIRINO ao umbilical e a pressão existente nos cilindros principais.

Além destas cinco variáveis, precisa-se, também, da monitoração das variáveis

medidas pelas ferramentas de aplicação especifica.

O deslocamento dos cilindros principais e deslocamento das torres de giro são

considerados como problemas de medição de posição. Existem diversas tecnologias

para os transdutores de posição. Entre elas pode-se encontrar os transdutores

potenciométricos, transdutores digitais (encoders), sensores capacitivos, sensores

indutivos (transformadores diferenciáveis variáveis lineares - LVDT), os sincros, os

resolvers e os inductosys lineares e rotativos. A técnica mais conhecida para medir

distâncias percorridas é o uso do odômetro , que utiliza transdutores de aproximação

acoplados a uma roda. No caso da medição da tensão no umbilical podem ser

utilizados os extensômetros, amplamente usados para medir tensões em cabos. Existem

vários tipos de extensômetros: os resistivos (convencionais), os semicondutores, os

integrados (difundidos) e os de arame vibrante, cuja concepção de funcionamento

difere inteiramente dos demais. Os transdutores de pressão fazem uso, na sua maioria,

da deformação de um elemento elástico (membrana, tubo Bourdon, etc.), cujo

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movimento sob a ação do fluido é detectado por um transdutor de pequenos

deslocamentos (extensômetros, transformador diferencial, etc.), do qual se obtém um

sinal elétrico proporcional à pressão.

O projeto de monitoração do GIRINO (Figura 1.14), à semelhança do projeto

de monitoração dos processos industriais, inclui duas fases fundamentais: escolha dos

transdutores e da interface entre o robô e o operador. Entre todas as tecnologias

existentes, a escolha dos transdutores e da interface é condicionada pelo ambiente de

trabalho do robô, como explicado anteriormente. Os critérios de seleção dos

transdutores, que finalmente serão utilizados no GIRINO, levam em consideração o

tamanho dos componentes, o consumo de energia e a viabilidade para marinização.

Figura 1.14. Esquema da Monitoração do GIRINO

O controle do processo de operação do robô precisa sempre de uma

comunicação entre a máquina e o operador. Isto é, o operador precisa conhecer alguns

dados sobre o andamento do processo (informação detectada pelos transdutores).

Assim, os acionamentos recebem comandos para controlá- lo em caso de algum

problema de operação. Para o operador conseguir visualizar, de forma inteligível, as

variáveis de interesse, o sistema de monitoração necessita de uma interface amigável e

clara. O termo “interface” é utilizado para designar qualquer bloco que sirva de ligação

entre outros dois: o robô e o operador. A interface implica a escolha do método de

aquisição de sinais, transmissão de dados e visualização das variáveis monitoradas. A

freqüência de aquisição dos sinais oriundos de cada transdutor dependerá diretamente

da natureza da grandeza monitorada. A transmissão dos sinais até a superfície será feita

através do mesmo umbilical, designado para os sinais de energia e comando das

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válvulas, que controlam as funções do GIRINO. Em seqüência à aquisição será

realizado o processamento dos sinais e, por fim, montada a interface gráfica de análise

e controle do sistema.

1.7 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo a implementação de procedimentos

práticos de captação, transmissão de dados, visualização e análise dos resultados, que

serviram na monitoração do GIRINO em dutos de 14 polegadas.

1.8 Organização dos Capítulos

No primeiro capítulo tratou-se da história e idéia que deram origem à

concepção do G.I.R.I.N.O., suas características principais e sua relação com as suas

funciones básicas. Sustentou-se a necessidade da monitoração da operação do robô

através do estudo de captação, processamento e visualização das variáveis físicas.

No segundo capítulo detalha-se a estrutura e as funções básicas do G.I.R.I.N.O.,

com ênfase no analise das variáveis físicas necessárias para uma monitoração eficiente.

Justifica-se o uso de transdutores na medição destas variáveis como solução a

determinados problemas de deslocamento.

O terceiro capítulo cita as diversas tecnologias de transdutores, aquisição de

dados, transmissão de sinais por umbilicais e softwares de desenvolvimento gráfico

que tem a faculdade de ser aplicados no sistema de inspeção interna de dutos.

Destacam-se as vantagens e desvantagens na sua implementação.

Selecionados os componentes que cumprem as exigências de operação do

G.I.R.I.N.O., no quarto capítulo trata-se da disposição física dos transdutores

colocados em protótipos da porta- ferramenta e a descrição de suas características

técnicas.

O quinto capítulo descreve os testes feitos com os transdutores e módulos de

aquisição de dados montados em protótipos. Os resultados são apresentados em um

computador por meio de um software de desenvolvimento gráfico (LabVIEW). A

análise e a interpretação dos resultados da monitoração são expostos neste capítulo.

No sexto capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho.

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2 ESTRUTURA E FUNÇÕES BÁSICAS DO GIRINO

A função fundamental do GIRINO é a de levar diversas ferramentas de

aplicação especial pelo interior dos dutos até o ponto onde se efetuará a operação de

inspeção ou manutenção. Quer dizer que o robô não soluciona problemas de inspeção e

manutenção diretamente, senão que transporta aquelas ferramentas que operaram com

as propriedades do duto. Como explicado no capítulo anterior, o robô é independente

do fluxo no interior do duto possibilitando maior autonomia na sua movimentação.

Isto é, o robô está concebido como um porta- ferramenta que, além de transportar

ferramentas, facilita a performance daqueles equipamentos que precisam controlar sua

posição e velocidade dentro do duto.

Para tais propósitos, o robô se apresenta como uma estrutura mecânica capaz de

se deslocar pelo interior dos dutos utilizando duas propriedades características do

sistema: a variação do cumprimento de sua estrutura e a utilização de quatro pontos de

apoio nas paredes internas da tubulação. Entenderemos aquelas propriedades com o

auxílio da Figura 2.1, onde se encontram especificadas as partes mais importantes do

sistema robótico.

Figura 2.1. Partes do GIRINO

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Os movimentos de expansão e contração do GIRINO com o uso de pontos de

apoio nas paredes internas dos dutos podem ser observados na maquete da Figura 2.2.

Pode-se ver que a maquete está situada no interior de um tubo de plástico que

representa um duto. A maquete está formada por um módulo anterior, um módulo

posterior e uma junta que une a ambos. No primeiro momento o sistema está em

repouso. Logo depois a maquete começa-se a esticar com a parte posterior do sistema

presa e a anterior livre resultando no deslocamento da parte anterior. A seguir realiza-

se o movimento de encolhimento com a parte anterior do sistema presa e, como

conseqüência, a parte posterior deslocando-se. O resultado é a mesma condição de

repouso inicial, mas em diferente posição.

Figura 2.2. Representação em Maquete do Movimento do GIRINO

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Fazendo uma analogia com a maquete, a estrutura mecânica do robô consta de

três partes: a parte anterior chama-se de módulo anterior, a posterior é o módulo

posterior e a união destas é através de uma junta flexível universal. Cada um dos dois

módulos está composto de um cilindro principal, dois cilindros de giro e uma torre de

giro para cada par de rodas. A junta flexível universal permite a variação de

comprimento da estrutura mecânica e também a complacência na flexão no meio do

mecanismo para conseguir superar as curvas. Esta junta compõe-se da união dos

extremos das hastes dos cilindros principais.

O simples proceder da maquete é vo ltado para o porta-ferramenta real através

de acionamento de cilindros principais e um mecanismo de contra-recuo nas rodas. Os

cilindros principais opostos e unidos pela junta flexível são responsáveis pela variação

de cumprimento da estrutura mecânica. Através das rodas com o sistema de contra-

recuo é transmitida a força dos pontos de apoio que é utilizada pelo robô para se

deslocar. Na Figura 2.3 tem-se uma melhor visualização do deslocamento do robô que

pode ser comparada com a movimentação da maquete da figura anterior. Em um

primeiro instante o robô está em estado de repouso e com seu menor comprimento. Os

cilindros principais unidos pela junta flexível universal começam a se estender. O

estado de esticamento está em andamento. O módulo anterior (com as rodas em azul

rodando livremente na figura) começa a se separar do módulo posterior que está fixo

no mesmo lugar (com as rodas em vermelho presas na figura) por o sistema de contra-

recuo nas rodas. O estado de esticamento acontece até os cilindros se estenderem

completamente que é quando chegamos a um segundo estado de repouso. A seguir

começa o estado de encolhimento. Os cilindros principais dão início ao recolhimento

das hastes enquanto a estrutura perde comprimento. Esta vez o módulo anterior está

fixo no lugar pelo sistema de contra-recuo das rodas. Chegado ao estado inicial de

repouso, o GIRINO encontra-se em outra posição.

O GIRINO para dutos de 14 polegadas tem um avanço de 70 mm em cada

operação de esticamento e encolhimento que é o dobro do percurso das hastes de cada

cilindro principal. As dimensões dos cilindros principal são amostradas na Tabela 2.1.

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Figura 2.3. Deslocamento do GIRINO

Cilindros Principais Dimensão

Camisa

Diâmetro interno 50,8 mm

Diâmetro externo 63,5 mm

Comprimento 40 mm

Haste

Curso 35 mm

Diâmetro 25,4 mm

Tabela 2.1. Dimensões dos Cilindros Principais

O robô se apóia nas paredes internas do duto por meio de quatro rodas (duas

por módulo), dispostas lateralmente na estrutura mecânica. As rodas têm quatro

características fundamentais:

- Para permitir a fixação das rodas nas paredes do duto usa-se um anel de

borracha escolhida para não danificar a superfície interna do duto. O anel também pode

ser substituído por um anel de aço desenhado especialmente para atingir o atrito

necessário em superfícies onde a borracha tem perigo de escorregamento.

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- As rodas giram em torno de um eixo de acomodação que adapta a posição

angular das rodas flexibilizando a dimensão do contorno do duto.

- Uma mola de acomodação permite que as rodas se mantenham em contato

com as paredes do duto. Não é função da mola fazer força sobre as paredes.

- As rodas giram em um sentido só devido a um sistema de contra-recuo

mostradas na Figura 2.5. No sistema de contra-recuo, uns cilindros pequenos alocados

entre os dentes de uma estrela central da roda encarregam-se de gerar o atrito

necessário para permitir o giro só no sentido indicado na figura.

Figura 2.4. Rodas do G.I.R.I.N.O.

Figura 2.5. Sistema de Contra-recuo das Rodas

O GIRINO seria limitado na sua movimentação se fosse unidirecional. Isto é,

para conseguir mais autonomia nas manobras de inspeção e manutenção é necessário

que o robô seja capaz de se deslocar no sentido de avanço e retorno. A inversão da

direção do deslocamento no interior dos dutos é atingida mudando o sentido de giro

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das rodas. Como pode ser observado no sistema de contra-recuo, é grande a dificuldade

para mudar a configuração da roda para conseguir o giro em sentido inverso. Esta nova

configuração é feita através de um sistema formado por dois cilindros de giro cujas

hastes estão ligadas a dois pontos extremos da circunferência das torres de giro como

pode se observar na Figura 2.6. As dimensões destes cilindros são apresentadas na

Tabela 2.2. Os cilindros de giro, como sua denominação o indica, encarregam-se de

girar as torres de giro aproximadamente 180º em torno ao um eixo vertical como pode

ser melhor observada na Figura 2.6. A ação dos cilindros é contrária, isto é, enquanto a

haste de um cilindro se recolhe a outra se estende, gerando um torque responsável pelo

giro na torre.

Figura 2.6. Maquete do Principio de giro das Torres

Cilindros do Giro da Torre Dimensões (mm)

Camisa

Diâmetro interno 25,4

Diâmetro externo 31,8

Comprimento 101,4

Haste

Curso 47,4

Diâmetro externo 8

Tabela 2.2. Especificações de Cilindros de Giro.

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O avanço do GIRINO gera naturalmente uma tensão no umbilical devido ao

peso do umbilical e o atrito ocasionado pelo seu contato com as paredes dos dutos. O

ponto de união entre o umbilical e a estrutura mecânica do porta-ferramenta é

considerado crítico pela concentração da tensão transmitida pelo umbilical. Um estudo

feito pela Petrobras demonstrou a existência de uma relação direta entre a tensão na

parte posterior do robô e a força transmitida através das rodas pelos pontos de apoio.

Com o objetivo de ter uma noção da relação entre o deslocamento angular das rodas e

a carga máxima de arrasto no umbilical o estudo concluiu que um deslocamento

angular de 2º é necessário para o GIRINO poder puxar uma carga de 30 000 N sem

chegar a danificar as paredes do duto. Esta relação é representada na Figura 2.7. Para

evitar o perigo que significa conseguir ângulos não permissíveis para tensões altas, o

deslocamento dos ângulos foi limitado a um valor mínimo de aproximadamente 15o,

evitando-se assim a danificação das paredes internas dos dutos.

Figura 2.7. Relação entre o Deslocamento Angular das Rodas

e a Carga Máxima de Arrasto

Superado o problema da danificação sobre as paredes internas, a tensão do

umbilical não pode ser desprezada porque existe ainda o perigo de danificar os cabos

de ligação com a superfície pela excessiva tensão sobre eles. Esta tensão tem papel

essencial nos problemas de deslocamento do GIRINO.

2.1 Problemas de deslocamento do GIRINO

O conhecimento da disposição física da estrutura mecânica no processo de

inspeção do GIRINO é de utilidade para prever soluções aos problemas do seu

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deslocamento. A seguir analisamos dois dos problemas mais prováveis de acontecer

representados na Figura 2.8:

- Obstrução na Trajetória: Ao passar pelo interior dos dutos o robô vai

encontrar diversos obstáculos devido a deformações, amassamentos e materiais

obstruídos. Estes obstáculos atrapalham o avanço do GIRINO. Através da avaliação

conjunta do deslocamento das hastes dos cilindros principais, a tensão transmitida pelo

umbilical e a variação da pressão na bomba hidráulica que alimenta os cilindros

principais é possível determinar se o porta- ferramenta está tendo um problema de

obstrução podendo, assim, advertir ao operador de tomar as precauções necessárias.

Por exemplo, a força exercida pelo obstáculo se reflete no deslocamento anormal dos

cilindros principais e na baixa tensão refletida no umbilical. A avaliação destas

variáveis será feita no capitulo 5 deste trabalho.

- Umbilical Preso: No caso de que o umbilical fique preso em algum lugar de

seu trajeto dentro do duto ocasionará problemas no avanço do GIRINO. Novamente

será necessário fazer uma avaliação de algumas variáveis especificas Neste caso o

excesso de tensão no umbilical se refletirá na união entre o cabo e a estrutura mecânica

e assim o operador poderá tomar as decisões necessárias para superar este problema.

Ambos problemas, esquematizados na Figura 2.8, exigem o desenvolvimento

de um sistema de monitoração da variação de grandezas mas significativas do robô.

Por grandezas significativas entende-se aquelas cuja medição é indispensável para

determinar o estado estrutural do porta-ferramenta dentro do duto.

Figura 2.8. Problemas com o Deslocamento do G.I.R.I.N.O.

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Depois da explicação dada neste capítulo sobre o funcionamento, partes e

problemas no desempenho do sistema robótico pode-se concluir a necessidade de

medir as seguintes variáveis:

- Distância percorrida do GIRINO no interior do duto.

- Deslocamento das hastes dos cilindros principais.

- Deslocamento angular das Torres de Giro.

- Tensão no Umbilical.

- Pressão na bomba hidráulica de alimentação dos cilindros principais.

2.2 Dispositivos Complementares à Estrutura Mecânica do GIRINO Apesar de ter identificado a monitoração como uma contribuição fundamental

para a performance eficaz do robô, existem todavia alguns problemas a superar. Um

deles é a utilização no GIRINO de potencia hidráulica para todos os seus movimentos.

A energia necessária para movimentar os primeiros protótipos do porta- ferramenta

provêem de uma unidade hidráulica de teste alocada na superfície, e a ligação entre

esta unidade e o robô é feita através de cabos hidráulicos. A unidade hidráulica é

formada por uma bomba de engrenagem para ativar os cilindros principais e uma

bomba de paleta utilizada para os cilindros de giro. Os dados destas bombas são

apresentados na Tabela 2.3. O esquema da unidade hidráulica pode ser observado na

Figura 2.9.

Tabela 2.3 Dados das bombas da Unidade Hidráulica de Teste

Bomba Engrenagem Bomba Paleta

Potência 9,32 kW 2.4 kW

Vazão 0,31 m3/s 0,22 m3/s

Pressão (x 105 N/m2) 40,81 a 102.04 27,21 a 54,42

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Figura 2.9. Unidade Hidráulica de Teste

Na prática não é conveniente a energia hidráulica do GIRINO vir de alguma

unidade hidráulica situada na superfície principalmente por 3 motivos:

• Atrito do umbilical com as paredes do duto. Com a unidade hidráulica situada na

superfície e o robô se deslocando pelo interior do duto, a superfície de contato

entre o umbilical e as paredes internas aumenta, assim como o peso do cabo. Foi

calculado que para cada metro de umbilical para o GIRINO a carga adicional é de

100 N aproximadamente.

• Perda de de Carga: A potência hidráulica transmitida diminui conforme aumenta

o comprimento do umbilical.

• Consumo de Óleo: Encher os cabos hidráulicos com óleo desde a superfície até o

porta- ferramenta implica um alto consumo de fluido hidráulico.

Para evitar estes problemas foi projetada a fabricação de uma unidade

hidráulica embarcada (UHE) na estrutura mecânica do GIRINO como apresentado na

Figura 2.10. A UHE é constituída basicamente de um motor e uma bomba que

provêem a potencia hidráulica necessária para a movimentação do robô. A energia

elétrica usada pelo motor da UHE procede de uma unidade elétrica embarcada (UEE)

que transforma a tensão alta transmitida através do umbilical para a tensão usada pelo

motor e de outros componentes eletrônicos usados no porta-ferramenta como são os

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transdutores e processadores de sinais. Uma unidade de controle embarcada (UCE) é

responsável pela administração dos sinais de controle de válvulas e o processamento de

sinais dos transdutores. As válvulas são usadas para controlar os diversos cilindros

usados pelo robô e vão estar contidas nesta unidade. Como conseqüência destas

unidades adicionadas à estrutura mecânica do GIRINO, o projeto final se compõe de

quatro partes: a estrutura mecânica, a unidade hidráulica embarcada e unidade elétrica

embarcada e unidade de controle embarcada além das ferramentas de inspeção levadas

pelo sistema chamados de ferramentas de aplicação especifica (FAE). Todas estas

unidades devem cumprir os requerimentos fundamentais de proteção nos ambientes

agressivos de operação do GIRINO assim como o tamanho apropriado para dutos.

Figura 2.10. Projeto do GIRINO com Unidade Hidráulica Embarcada

Na Tabela 2.4 compara-se o peso carregado pelo robô quando se tem uma

unidade hidráulica embarcada e quando a unidade é situada na superfície.

Peso Estimado do Umbilical por trechos

x 1m x 10m x 100m x 200m

Peso Estimado das Unidades Hidráulica, de

Controle e Elétrica embarcadas

100 N 1000 N 10 000 N 20 000 N 500 N

Tabela 2.4. Comparação entre os pesos de trechos de umbilical e unidades hidráulica e

elétrica embarcada.

A necessidade de conhecer as tecnologias desenvolvidas na área de hidráulica e

elétrica submarina para completar o projeto do GIRINO incitou ao

CENPES/PETROBRAS procurar parceiros experientes na área. O interesse dos

parceiros no intercambio tecnológico estava garantido pela qualidade do aporte de cada

uma delas. De um lado uma nova modalidade de inspeção de dutos, o GIRINO e do

outro, a experiência em manipular componentes hidráulicos e eletrônicos submarinos.

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Foi assim que veio a se trabalhar conjuntamente com a empresa inglesa Slingsby e a

francesa Cibernetix.

Figura 2.11. protótipo do GIRINO completo (desenvolvido pela CYBERNETIX)

A concepção de porta-ferramenta que se deu ao GIRINO se deve à utilidade

pratica do robô: levar ferramentas de inspeção interna nos dutos. As FAEs são

desenhadas particularmente para cada função de inspeção. Atualmente o CENPES está

desenvolvendo quatro ferramentas de inspeção com suas respectivas funções:

- Ferramenta de restituição geométrica de dutos amassados: Os dutos em

operação sofrem deformações a causa de fatores externos como forças de corrente,

amassamento por impactos e acidentes geográficos. O objetivo desta ferramenta é

restabelecer a forma geométrica de dutos amassados por impactos conhecidos.

Seguindo a linha de pesquisa do CENPES, antes de idealizar alguma ferramenta,

primeiro analisou-se a possibilidade de desamassamento de dutos teoricamente e

depois por testes de laboratório foi demonstrada esta hipótese. Na Figura 2.12 pode se

observar o instrumento usado para a demonstração do desamassamento.

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Figura 2.12. Instrumento usado para desamassar dutos

Depois de demonstrada a viabilidade de restituição de dutos surgiram algumas

idéias de ferramentas que poderiam ser implementadas e adaptadas à estrutura

mecânica do GIRINO. A maquete e o funcionamento de uma das propostas que está

ainda em avaliação é apresentada na Figura 2.13. Da mesma forma que na estrutura

mecânica do robô, onde existem grandezas significativas para determinar o seu estado

estrutural, é preciso medir algumas grandezas de relevância nas ferramentas. No

proposta apresentada nas figuras é necessário ter uma noção da pressão no fluido

hidráulico usado pelos cilindros, a força necessária para desamassar e o deslocamento

das hastes.

Figura 2.13. Maquete e funcionamento da FAE de Restituição

- Ferramenta de visualização interna de dutos: Esta ferramenta é a mais básica e

simples de inspeção interna de dutos. Dois são seus componentes principais,

apresentados na Figura 2.14, câmera e iluminação. Estas duas devem estar aptas para

operar a altas pressões. A câmera tem um sistema pan/tilt que define o seu campo de

visão além de um sistema de focalização. Atualmente o sistema já está implementado e

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está predisposto a constantes melhoras na sua iluminação. Esta ferramenta tem o sinal

de vídeo como saída e os dois graus de liberdade e o foco da câmera como os três

sinais de entrada.

Figura 2.14. FAE de Visualização

- Ferramenta para análise geométrica de dutos: Esta ferramenta, projetada em

parceria com a COPPE (COSTA, 2003) proporciona o perfil geométrico do duto

internamente e é útil para medir, por exemplo, o estado de dutos amassados. O

desempenho desta ferramenta pode ser complementada pela ferramenta de

visualização. A Figura 2.15 exibe o conjunto. Na parte direita pode se distinguir a FAE

de analise geométrica e ao lado esquerdo a FAE de visualização.

Figura 2.15. Conjunto FAE de Análise Geométrico e Visualização

- Ferramenta de injeção de solvente químico para desbloqueio de dutos: Esta foi

a primeira ferramenta a ser projetada pelo Laboratório de Robótica do CENPES e é

apresentada na Figura 2.16. O solvente, proveniente da superfície e levado através do

umbilical, adquire mais pressão na ponta da ferramenta devido a um intensificador de

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fluxo. No processo de dissolução da parafina é necessário controlar algumas variáveis

como a temperatura do solvente.

Figura 2.16. FAE de Injeção Química

Aparte destes quatro módulos projetados no Laboratório de Robótica (em

parceria com a PUC-Rio e a COPPE), o CENPES adquiriu um manipulador elétrico da

empresa Sub-Atlantic apresentado na Figura usado normalmente em ROVs de pequeno

porte que consta de três graus de liberdade dados pelas suas unidades.

Os tubos de extensão são usados para dar diferentes comprimentos às partes do

manipulador. O manipulador está preparado para atuar a 6000 m de profundidade,

consume 24 VDC a 1 A.

Figura 2.17. Manipulador Elétrico da empresa Sub-Atlantic

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3 SISTEMA DE MONITORAMENTO

O controle de processos de malha fechada precisa da aplicação de técnicas de

realimentação eficientes com a finalidade de se conseguir o desempenho desejado. O

GIRINO, nos processos de manutenção e inspeção, requer o conhecimento da

disposição física da estrutura mecânica no interior do duto para corrigir os erros

prováveis que ocorrem no seu proceder. Deve-se estabelecer então o conjunto de

valores das grandezas físicas do sistema necessárias e suficientes para caracterizar

univocamente a situação física do robô no interior do duto. A captação da variação das

grandezas físicas e transformação destas em sinais elétricos compreensíveis consegue-

se através de elementos chamados de transdutores. As variáveis de interesse associadas

ao GIRINO são cinco: deslocamento linear das hastes dos cilindros principais,

deslocamento angular das torres de giro, distância percorrida pelo porta- ferramenta no

interior do duto, tensão transmitida pelo umbilical e pressão na bomba hidráulica. Os

dados coletados por intermédio dos transdutores também podem ser utilizados como

sinais de realimentação de malha fechada para um futuro projeto de automação das

funções de operação do GIRINO, como é o controle de velocidade do robô nas

curvaturas dos dutos. A malha fechada é muito importante nos processos de automação

para obter as características de controle desejado no sistema. A importância foi

atribuída (BALCELLS, ROMERAL, 1997) a eliminação do erro e às possibilidades de

regulação precisa e rápida.

Este capítulo revisa a teoria dos transdutores que se apresentam como fortes

candidatos para atender ao problema de monitoração do GIRINO. O objetivo é

entender o funcionamento dos transdutores e, assim, adequá-los convenientemente à

estrutura mecânica do GIRINO. Logo depois, explicam-se as técnicas de

processamento e transmissão dos sinais captados pelos transdutores. Finalmente

apresentam-se as características do software apropriado para a visualização das

variáveis de interesse de nosso sistema em um computador pessoal.

3.1 Transdutores

Os transdutores considerados neste trabalho são aqueles com sinal de saída

elétrico e que são capazes de captar as grandezas físicas de interesse para determinar a

disposição física do sistema robótico. Estas grandezas são o deslocamento linear e

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angular, a distância percorrida, a tensão no cabo e a pressão na bomba. O transdutor é

aquele dispositivo que compreende o elemento captador, também chamado de sensor, e

converte o valor de uma grandeza física num sinal elétrico codificado analógico ou

digital. O sinal de saída do sensor é filtrado e amplificado para converter-se num sinal

elétrico compreensível por outros dispositivos. Segundo esta definição as partes de um

transdutor podem ser sintetizadas como na Figura 3.1.

Figura 3.1. Partes genéricas de um transdutor.

Nesta figura é possível distinguir as seguintes partes:

• Elemento Sensor: Converte as variações de uma grandeza física em variações de

uma grandeza elétrica ou magnética.

• Bloco de tratamento de sinal: Filtra, amplifica e em geral modifica o sinal obtido

pelo elemento sensor.

• Etapa de Saída: Adapta o sinal para as necessidades de carga externa. Inclui os

amplificadores, interruptores, conversores de código e transmissores de código.

3.2 Classificação dos Transdutores

Segundo o Tipo de Saída os transdutores podem ser classificados em:

• Analógicos: Este tipo de saída é contínua no tempo como na amplitude. As saídas

analógicas usadas na industria são normalizados de 0-10 V e de 4-20 mA.

• Digitais: saídas discretas no tempo e na amplitude, em forma de palavra codificada.

• Tudo – Nada: Indicam quando a variável ultrapassa passa determinado limite.

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Também é possível classificar aos sensores como sensores passivos e ativos. Os

sensores passivos precisam de alimentação externa. Eles modificam a energia externa

gerando sinais que são processados, logo depois, por uma interface. Os sensores ativos

não precisam de alimentação externa já que são considerados como pequenos

geradores elétricos.

Os sensores podem se classificar segundo a grandeza física medida. Por

exemplo, existem os sensores de posição linear e angular, de pequenos deslocamentos,

velocidade linear e angular, aceleração, força e torque, pressão, vazão, temperatura,

etc.

3.3 Características Gerais dos Transdutores

Os transdutores, idealmente, têm características lineares da entrada para a saída.

Porém, na vida real a linearidade dos sensores é afetada por perturbações externas e um

tempo de retardo na resposta. É por este motivo que a linearidade é garantida só em

uma faixa de validade. Para solucionar estes problemas, os sensores vêm

acompanhados de algumas curvas características para descrever as relações

entrada/saída. No caso das variáveis de interesse na disposição física do GIRINO em

ambientes de operação complicados (como o caso das altas pressões em dutos

submarinos), as características dadas pelos fabricantes devem ser analisadas

cuidadosamente na escolha do transdutor. Segundo a natureza da variação das saídas

dos transdutores, pode-se considerar dois tipos de características: as estáticas, que

descrevem a atuação do transdutor em regime permanente ou com câmbios muito

lentos na variável medida; e as dinâmicas, que descrevem a atuação do transdutor em

regime transitório.

Entre as características estáticas podem-se encontrar:

Faixa de Medida (Range): Intervalo de valores da grandeza de entrada compreendido

entre o máximo e mínimo valor detectável pelo sensor. Também é chamado de “Faixa

Dinâmica”.

Alcance (Span): É a diferença entre os valores superior e inferior da faixa de medida

do instrumento.

Resolução (Resolution): Indica a capacidade do sensor para diferenciar entre os valores

próximos da variável de entrada. Mede-se pela mínima diferença entre dois valores

próximos que o sensor é capaz de distinguir.

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Precisão (Accuracy): Indica a tolerância da medida do instrumento (intervalo onde é

admissível que se situe a grandeza da medida), e define os limites dos erros cometidos

quando o instrumento se emprega em condições normais de serviço.

Reprodutibilidade (Repeatibility): Indica o máximo desvio entre valores de saída

obtidos ao medir-se várias vezes um mesmo valor de entrada com o mesmo transdutor

e em idênticas condições ambientais.

Linearidade: Um transdutor é linear se existe uma constante de proporcionalidade

única que relaciona os incrementos do sinal de saída com os correspondentes

incrementos do sinal de entrada.

Sensibilidade (Sensitivity): Indica a maior ou a menor variação da saída por unidade da

grandeza da entrada. Para os transdutores lineares esta relação é constante em tudo o

campo de medida e para os não- lineares depende do ponto onde seja feita a medição.

Ruído (Noise): Qualquer perturbação aleatória do próprio transdutor ou sistema de

medida, que produz um desvio da saída com respeito ao valor teórico.

Histerese (Histeresis): Um transdutor apresenta histerese quando o valor da saída

depende de a medição ter sido feita com variações em sentido crescente ou em sentido

decrescente.

Zona Morta (Dead Band): Zona em que o instrumento não emite resposta.

Figura 3.2. Definições de um Termômetro

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As Figuras 3.2 e 3.3 apresentam o exemplo de um termômetro com faixa

dinâmica de 100 oC a 300 oC, indicando algumas das características estáticas para sua

melhor compreensão.

Figura 3.3. Reprodutibilidade e Histerese no Termômetro.

A maioria de transdutores tem um comportamento dinâmico que pode se

assimilar a sistemas de primeira e segunda ordem (uma ou duas constantes de tempo).

Existe assim uma semelhança entre os parâmetros definidos para os transdutores e

estes sistemas. A característica mais importante no comportamento dinâmico é a

velocidade de resposta, que mede a capacidade de um transdutor para que o sinal de

saída siga sem retardo as variações do sinal de entrada. Os parâmetros mais relevantes

para a medição da velocidade de resposta são:

Tempo de Retardo: Tempo transcorrido desde a aplicação da entrada degrau,

até que a saída atinja 10% do seu va lor permanente.

Tempo de Subida: Tempo transcorrido desde que a saída haver atingido 10%

do seu valor permanente ate que a saída chegue a 90% do referido valor.

Tempo de Estabelecimento: Tempo transcorrido desde que se aplica a entrada

em degrau, até que a saída chegue ao regime permanente, com uma determinada

tolerância.

Constante de Tempo: Para um transdutor com resposta de primeira ordem,

pode- se determinar a constante de tempo medindo-se o tempo transcorrido até a saída

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chegar a 63 % do seu valor permanente quando se aplica uma entrada degrau ao

sistema.

Estabilidade e Deriva: Características que indicam o desvio da saída do sensor

ao variar-se alguns parâmetros exteriores distintos dos que se desejam medir, tais como

condições ambientais, alimentação ou outras perturbações.

3.4 Tipos de Transdutores

A seguir se apresentaram as características funcionais dos transdutores que

atendem ao problema de monitoração do GIRINO.

3.4.1 Transdutores de Posição

Os transdutores de posição apresentam um sinal de saída proporcional à

distância detectada ou à presença de algum material. Esta diversidade de funções

permite classificar estes transdutores em três grandes grupos:

Detectores de Presença ou Proximidade: São os mais simples deste grupo. Seus dois

estados de saída indicam a presença ou ausência de algum objeto.

Medidores de Distância ou Posição: Os múltiplos estados do sinal elétrico de saída são

determinados pela posição (linear ou angular) de um objeto em referência a um ponto.

Transdutores de Pequenas Deformações: Sensores desenhados para detectar pequenas

deformações ou movimentos. São também utilizados como medidores indiretos de

força ou de torque.

Detectores de Presença: Os detectores de presença podem ser utilizados para

emitir pulsos cada vez que um objeto “dentado” interfere na sua zona sensível, como

pode ser observado na Figura 3.4. Pela contagem dos pulsos mede-se de forma indireta

o deslocamento linear ou angular do objeto. Esta forma de medição se apresenta como

uma possível solução para a medição do deslocamento linear das hastes dos cilindros

principais e o deslocamento angular das torres de giro do porta- ferramenta.

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Figura 3.4. Medição de deslocamento linear e angular

através de detectores Sensores Indutivos: O campo de medida destes dispositivos (ver Figura 3.5) alcança

distâncias que variam de 1 mm a 30 mm.

Figura 3.5. Sensor Indutivo

O principio de funcionamento pode ser compreendido com ajuda da Figura 3.6.

Nesta figura pode-se observar o diagrama de blocos que ilustra o funcionamento do

sensor indutivo. A bobina de campo, enrolada sobre o núcleo ferromagnético do tipo

pot-core, define o campo sensível do sensor. Ao aproximar-se um objeto metálico da

zona sensível, atenua-se a amplitude do sinal do circuito oscilador L-C. O detector que

processa a amplitude do sinal do oscilador dá, como resultado, um efeito binario na

saída do detector.

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Figura 3.6. Diagrama de blocos de um sensor indutivo

Para determinar o campo de medida considera-se, por norma, uma placa

quadrada de aço ST37 de 1 mm de espessura e de dimensões que dependem da

extensão da zona sensível do dispositivo. Para outros tipos de metal e outras

dimensões, a distância normal de detecção deve ser corrigida por um fator de 0,4 a 1,0.

É possível utilizar estes detectores como sensores de distância. Isto porque a atenuação

do sinal do circuito oscilador varia com a distância. Porém, esta medida depende das

condições ambientais e do tipo de metal. Esta dependência prejudica o resultado. Este

detector, quando usado como interruptor de final de curso, sustenta algumas vantagens

sobre o seu equivalente mecânico, por exemplo, a ausência de contato com o objeto a

detectar, resistência a ambientes agressivos e baixo preço.

Detectores Capacitivos: O princípio de funcionamento destes dispositivos é similar ao

dos indutivos. A diferença está nos entes atuantes na zona sensível. Neste caso, o

elemento sensível é o capacitor do elemento oscilante, formado por dois aros metálicos

concêntricos situados na face sensível, e cujo dielétrico é o material detectado pela

zona sensível. Assim, o sinal do oscilador depende do material detectado. Apesar de

que com este dispositivo pode-se detectar materiais metálicos ou não-metálicos, a

dependência destes materiais às condições ambientais os torna muito sensíveis e

restringe seu uso a detectores binarios. Para superar este problema, o sensor é provido

de um ajuste de sensibilidade, com a finalidade de poder reconhecer determinados

materiais e ignorar outros. Esta característica o faz muito usado na detecção de

materiais não-metálicos como vidro, cerâmica, plástico, madeira, óleo, água, cartão,

papel, etc.

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Detectores Ópticos: Estes mecanismos, compostos comumente de fotocélulas,

precisam de uma fonte luminosa. O feixe de luz gerado pela fonte é captado pelo

detector. As duas posições relativas entre a fonte e o detector são denominadas modo

de reflexão e modo de barreira (ver Figura 3.7). No primeiro modo, o feixe emitido

pela fonte reflete sobre o objeto detectado e é colhido pelo detector que está junto à

fonte. O modo de barreira dispõe a fonte e o detector separados, um em frente do outro,

permitindo que o objeto fique no meio de ambos.

Figura 3.7. Detectores Ópticos

As principais vantagens deste tipo de detector são:

• Alta imunidade a interferências eletromagnéticas (EMI) externas.

• Implementação em lugares de difícil acesso através do uso de fibras ópticas.

• Distâncias de detecção grandes em comparação aos detectores indutivos e

capacitivos. Obtém-se facilmente até 500 m no modo barreira e até 5 m por

reflexão.

• Alta velocidade de resposta e freqüência de comutação.

• Permitem a identificação de cores.

• São capazes de detectar objetos do tamanho de décimos de milímetro.

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A implementação deste tipo de detecção em lugares de difícil acesso é feita

mediante fibras ópticas. Através das fibras o feixe de luz pode ser levado da fonte ao

lugar de detecção e voltar pela mesma até a fotocélula, aproveitando a flexibilidade da

fibra. Estes detectores têm distâncias de detecção de 3 mm a 10 m, podendo detectar

objetos muitos pequenos como marcas de 1 mm sobre peças que se movem a grande

velocidade (por exemplo 30 m/s). Deve-se ter cuidado com as condições ambientais

para este tipo de detector, como são as mudanças na iluminação, pó e outras condições

do entorno. A Figura 3.8 apresenta a resposta típica destes dispositivos com saída

analógica.

Figura 3.8. Detectores ópticos com saída analógica

Detectores de Ultra-som: Estes detectores são baseados na emissão e recepção de

ondas de ultra-som. Quando um objeto interrompe o feixe, o nível de recepção de

ultra-som varia e o receptor detecta esta variação. Como vantagem sobre as

fotocélulas, os detectores de ultra-som podem captar com facilidade objetos

transparentes, como cristal ou plásticos, que são materiais que oferecem dificuldades

para a detecção óptica. Como estes detectores usam ondas de ultra-som que se movem

pelo ar, não poderão ser utilizados em lugares onde este circule com violência (saídas

de ar condicionado, proximidade a portas, etc), ou em meios de elevada contaminação

acústica (prensas, batimento de metais, etc.).

A Tabela 3.1 informa sobre o sensor mais útil para determinadas condições de

campo de medida e o objeto a detectar. Desta tabela é possível deduzir qual dos

detectores poderia ser o melhor para o caso de deslocamento linear e angular de

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objetos dentados. Segundo proposto na Figura 3.4, o objeto dentado é sólido e

metálico, pois a estrutura do robô está composta de partes metálicas. A distância de

detecção deve ser a mínima possível para evitar interferências de sólidos não

desejados. Uma maneira de evitar esta classe de interferências é proteger o sensor com

alguma espécie de armadura, mas a estrutura mecânica aumentaria sua complexidade.

Em todo caso, segundo a referida tabela, o detector mais adequado é o indutivo.

MATERIAL DISTÂNCIA TIPO DE

DETECTOR

<50 mm INDUTIVO

METÁLICO >50 mm

ULTRA-SOM OU

ÓPTICO

<50 mm CAPACITIVO SÓLIDO

NÃO-METÁLICO >50 mm

ULTRA-SOM OU

ÓPTICO

<50 mm INDUTIVO METÁLICO

>50 mm ULTRA-SOM

<50 mm CAPACITIVO

PÓ ou

GRANULADOS NÃO-METÁLICO

>50 mm ULTRA-SOM

<50 mm CAPACITIVO TRANSPARENTE

>50 mm ULTRA-SOM

<50 mm CAPACITIVO LÍQUIDO

OPACO >50 mm ÓPTICO

Tabela 3.1 Critérios de seleção de detectores de proximidade.

3.4.2 Medidores de Posição ou Distância:

Pode-se identificar dois grupos principais nesta classe de medidores:

• Indicadores de Posição Linear ou Angular para grandes distâncias, também

chamados de Medidores de coordenadas absolutas e incrementais, muito utilizados em

robótica para determinar as posições relativas das partes móveis de uma máquina.

Trata-se de transdutores de deslocamento relativo utilizados para a medição indireta de

distâncias. Indireta, porque na verdade não permitem determinar a distância entre

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elementos estáticos, mas unicamente a posição relativa de objetos a partir de uma

origem de deslocamento. A sua característica essencial é que permitem medir grandes

distâncias com uma excelente resolução e são usados no campo da robótica e

máquinas-ferramenta. Pode-se distinguir dois tipos: absolutos e incrementais. Os

primeiros dão em todo momento uma indicação da posição em relação a uma origem,

inclusive no caso de perda de alimentação. Os incrementais, porém, detectam

deslocamentos e obtêm a posição final, com base no acúmulo destes deslocamentos em

relação à origem. A maioria dos medidores de coordenadas se baseiam em detectores

de deslocamento angular, mas a conversão de movimento angular em linear é fácil.

• Detectores de deformações ou presença a pequenas distâncias, que permitem

determinar a distância entre um objeto estático ou em movimento com respeito à

cabeça do sensor.

Potenciômetros O potenciômetro é um transdutor de posição angular ou linear, de tipo absoluto

e com saída analógica. Consiste em uma resistência de fio bobinado ou em uma pista

de material condutor, distribuída ao longo de um suporte em forma de arco, e um

cursor solidário a um eixo de saída, que pode deslizar sobre o condutor (Figura 3.9). O

movimento do eixo desloca o cursor, provocando mudanças de resistência entre este e

qualquer dos extremos. Assim, quando se alimenta uma tensão constante entre os

extremos da resistência, aparece entre a tomada média e um dos extremos uma tensão

proporcional ao ângulo girado a partir da origem.

Para os potenciômetros usados como sensores de posição interessa que a lei de

variação da resistência em função do ângulo de giro seja linear, embora existem

potenciômetros com a lei de variação logarítmica, entre outras, que são usadas para

outras aplicações. A tensão de saída depende do ângulo girado respeito à origem e da

tensão de alimentação entre um dos extremos. Este fato pode originar erros de medida

caso a tensão de alimentação não seja estritamente constante, e por isso é preferível

medir a relação V/Vo, em lugar de medir a tensão V. Esta forma de medida tem a

vantagem de apresentar uma saída independente do valor de tensão de alimentação e

dependente unicamente do ângulo girado pelo cursor. Com respeito à resposta

dinâmica, o potenciômetro é praticamente um elemento proporcional sem retardo.

Somente se deveria considerar o retardo devido à indutância do bobinado se os

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movimentos fossem muito rápidos, mas a freqüência de funcionamento fica

tipicamente limitada, por razões mecânicas, a 5 Hz.

Estes tipo de transdutores apresentam-se como uma boa opção para a medição

do deslocamento angular das torres de giro por ter, entre suas características básicas, a

sua diversificação de tamanhos encontrados no mercado e o seu baixo consumo de

energia.

Figura 3.9. Potenciômetro

Encoders

Os encoders são dispositivos formados por um rotor com um ou vários grupos

de bandas opacas e translúcidas alternadas e por uma serie de captadores ópticos

alojados no estator, que detectam a presença ou não da banda opaca na frente deles.

Existem dois tipos de encoders: os incrementais, que dão um determinado número de

pulsos por volta; e os absolutos, que dispõem de bandas no rotor segundo um código

binário.

Encoders Incrementais

Os encoders incrementais têm uma banda de marcas transparentes e opacas

repartidas no rotor separadas por uma distância p conforme a Figura 3.7. No estator

dispõem-se dois pares de pares de emissor e receptor (saída de dois canais) defasadas

de um número inteiro de passo mais ¼ de passo. Ao girar o rotor, cada par gera um

sinal quadrado. Dependendo da defasagem dos dois sinais quadrados obtém-se a

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direção de giro. O número de pulsos indica o deslocamento angular. Um sistema lógico

simples permite determinar deslocamentos a partir da origem, peça contagem dos

pulsos de saída de um canal, e determinar o sentido de giro a partir da defasagem entre

as saídas dos dois canais. Alguns encoders incrementais dispõem de um canal

adicional, que proporciona um impulso por revolução. A lógica de controle pode usar

este sinal para implementar um contador de voltas e outro para frações de voltas. A

resolução do encoder dependerá do número (N) de divisões do rotor ou, o que é o

mesmo, do número de impulsos por revolução. A resolução expressa em graus vale:

Resolução = 360º /N.

Figura 3.10. Encoder Incremental

Encoders Absolutos

Os encoders absolutos dispõem de várias faixas em forma de coroa circulares

concêntricas, com zonas opacas e transparentes, de modo que no sentido radial o rotor

fica dividido em uma série de sectores, com combinações de opacos e transparentes

que seguem o código Gray como apresentado na Figura 3.11. O estator dispõe de um

sensor para cada coroa do rotor, dispostos em forma radial. O conjunto de informações

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binárias obtidas dos captadores é único para cada posição do rotor e representa em

código Gray sua posição absoluta.

Figura 3.11. Encoder absoluto

O tipo de código refletido tem a vantagem de que em cada mudança de seção só

muda o estado de uma das faixas, evitando que se possa produzir erro por falta de

alinhamento dos captadores. Como exemplo, indica-se a geração do código Gray de

três bits:

Número Código Gray

0 000

1 001

2 011

3 010

4 110

5 111

6 101

7 100

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Para um encoder com N bandas no rotor, tem-se um código de N bits, que

permite 2N combinações. A resolução do encoder será, portanto, de 360o/2N.

Tipicamente os encoders disponíveis têm de 12 a 16 bits.

Estes transdutores apresentam um complicador na implementação do robô de

inspeção interna de dutos, pois utilizam um feixe de luz que, no ambiente de operação

em oleodutos, encontra muitas dificuldades para se propagar. As dificuldades se

devem aos óleos opacos e objetos sólidos encontrados nos oleodutos. No caso de

utilizar estes transdutores é preciso o uso de alguma proteção, que aumentaria o

volume da estrutura mecânica do robô.

Sincros

Um sincro é um transdutor de posição angular do tipo eletromagnético, cujo

princípio de funcionamento se baseia em um transformador com uma de suas bobinas

rotativas. Existem diversos tipos de sincros, dependendo do número de bobinas e de

sua posição relativa, mas as configurações mais freqüentes são as que dispõem de:

- Primário no rotor e, em geral, monofásico.

- Secundário no estator e, em geral, trifásico.

Para compreender o funcionamento de um sincro podemos nos guiar pela

Figura 3.12, onde se mostra esquematicamente a característica antes indicada (primário

monofásico, e secundário trifásico conectado em estrela). Quando se aplica uma tensão

senoidal U1 à bobina primária, se recolhem nas bobinas secundárias de cada uma das

fases três tensões, es1, es2 e es3, cuja amplitude e fase com respeito à tensão do primário

dependem da posição angular do rotor, segundo indicam as seguintes equações:

A medição das três fases é necessária porque, no caso de existir só uma fase,

seria obtida só uma das tensões do secundário, es1 por exemplo. Com isto, no caso de

−=

−=

=

θπ

ω

θπ

ω

θω

34

cossen

32

cossen

cossen

11

21

11

21

11

21

tUnn

e

tUnn

e

tUnn

e

Ms

Ms

Ms

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querer-se determinar a posição angular do rotor pela tensão obtida do secundário,

existiria uma indeterminação no sinal do ângulo, já que cos θ = cos (-θ). Para um

sincro com secundário trifásico esta indeterminação desaparece:

( )

−−<>

− θ

πθ

π3

2cos

32

cos

Figura 3.12. Principio de funcionamento de um sincro

A Figura 3.13 apresenta esquematicamente a amplitude e signo das tensões nas

bobinas do estator para diferentes orientações da bobina do rotor.

Figura 3.13. Diagrama de amplitude e fase de um sincro,

para distintas orientações do rotor.

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Estes transdutores apresentam uma grande precisão (erro apenas de 10 minutos

de arco), que não é necessária para o caso da medição do giro das torres. Além disto,

esta tecnologia não está disponível no mercado e não é usada a nível industrial. Por

isso a quantidade de informação existente sobre seu uso prático é mínima. Estas

características dificultam a sua implementação no porta-ferramenta.

Inductosyn

O inductosyn é um transdutor eletromagnético usado para a medida de

deslocamentos lineares, com uma precisão da ordem de micrometros. Utiliza-se

atualmente como medidor de coordenadas em muitas máquinas-ferramenta e controle

numérico. O transdutor consta de duas partes acopladas magneticamente como

apresentado na Figura 3.14. Existe uma determinada escala, que é fixa e esta sobre o

eixo de deslocamento e outra parte deslizante. A parte fixa tem gravado um circuito

impresso com as trilhas em forma de onda retangular com um passo p. A parte móvel

tem dois circuitos impressos menores, alinhados com os da escala, e defasados um

número inteiro de passos mais ¼ de passo (principio análogo ao observado para os

encoders incrementais). Se excitar a parte fixa com um sinal alternado (5 kHz a 20

kHz) de valor v= V sen ωt, cada um dos circuitos da parte deslizante terá uma tensão

induzida igual a:

( )( )[ ]2//2cossen

/2cossenππω

πω+=

=pxtkVvpxtkVv

b

a

onde x é o deslocamento lineal e p é a distância ou passo da onda gravada na escala. A

amplitude do sinal de saída varia entre um máximo e um mínimo, dependendo das

escalas fixa e móbil se encontrarem alinhadas ou defasadas ½ passo. A medição

realiza-se somando o número de ciclos do sinal de saída completos, mais a variação

dentro de um ciclo. A indeterminação do sentido de movimento resolve-se comparando

a fase dos captadores, da mesma forma como se faz com os encoders.

Apesar do consumo padronizado industrial, existem as dificuldades com a

marinização e com o tamanho deste transdutor, pois ele possui duas partes que ocupam

um espaço que tende a modificar a estrutura mecânica do robô.

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Figura 3.14 Inductosyn

Transdutor Laser Os sensores laser podem ser utilizados como detectores de distâncias, usando

técnicas de reflexão e triangulação parecidas com as de outros detectores ópticos. È

possível também utiliza-los como detectores de deslocamento por análise de

interferências na emissão e recepção de um mesmo raio (interferômetros laser). Neste

último caso, a medição de distâncias se faz pela contagem crestas e vales na

interferência e, portanto, por um principio similar ao do encoder incremental.

O principio de funcionamento do interferômetro laser baseia-se na superposição

de ondas de igual freqüência, uma direta e outra refletida. Se as ondas estão em fase, a

superposição é aditiva, e se estão em contra-fase, diminutiva. A onda resultante da

superposição passa por valores máximos e mínimos ao variar-se a fase do sinal

refletido.

Os sensores industriais baseados neste princípio geram um feixe de luz que se

divide em duas partes ortogonais mediante um separador (Ver Figura 3.15). Um feixe

aplica-se diretamente sobre um espelho plano fixo, no mesmo momento o outro se

reflete no objeto cuja distância se quer determinar. Os dois feixes superpõem-se de

novo no separador, de jeito que ao se deslocar o objeto a detectar geram-se máximos e

mínimos de amplitude a cada múltiplo do comprimento de onda do feixe. O

deslocamento, ou diferença relativa de posições, determina-se contando estas

oscilações, obtendo-se uma saída digital de elevada precisão, com resoluções do ordem

do comprimento de onda da luz empregada (uns 50 nm transdutores industriais).

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Figura 3.15 Transdutor Laser

Como no caso dos detectores ópticos, os transdutores laser apresentam o

problema de manter um feixe de luz em um ambiente infestado de materiais que

impedem sua propagação. Esta é a maior dificuldade na sua implementação no

GIRINO, porque ele opera em oleodutos.

Sensores de Ultra-som

Os sensores de ultra-som emitem um sinal de pressão em direção ao objeto cuja

distância se deseja medir e medem o tempo transcorrido entre a emissão do pulso e a

recepção do eco refletido no objeto. O mais conhecido destes sistemas é provavelmente

o sonar. Ele é utilizado em submarinos. O sonar é atualmente utilizado em sistemas de

ecografía semelhantes aos utilizados por morcegos, que detectam obstáculos no meio

natural escuridão. Industrialmente os sonares são utilizados para verificar níveis de

sólidos ou líquidos em silos, presença de obstáculos no campo de alcance de robôs, etc.

As freqüências da perturbação emitida estão no intervalo de 20 a 40 kHz.

A elevada contaminação acústica na operação do GIRINO impossibilita o uso

deste sensor para a medição do deslocamento das hastes dos cilindros principais. O uso

deste sensor para outras aplicações semelhantes, no GIRINO, fica também

impossibilitado.

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Transdutores Magnetoestrictivos

Os transdutores magnetoestrictivos são baseados na detecção de um pulso

gerado pela deformação elástica que se produz em alguns materiais sob o efeito de

campos magnéticos. Um transdutor magnetoestritivo é constituído, basicamente, por

uma vara de material magnético na qual se gera uma perturbação de ultra-som

mediante uma bobina indutora. Sobre a vara coloca-se um ímã móvel que pode deslizar

sobre dela. O ímã gera uma mudança de permeabilidade no meio e isto provoca uma

reflexão da onda de ultra-som, podendo-se assim medir a distância ao ímã através

tempo decorrido até o retorno do eco. Em geral, o pulso transmitido é quadrado e

mede-se a defasagem entre este e o eco, como se apresenta na Figura 3.16. Este tipo de

transdutor é robusto e adequado para ambientes agressivos, com campos de medida de

até 10 metros, o que o faz ideal para medir o deslocamento das hastes dos cilindros

principais do robô.

Figura 3.16 Ondas Magnetoestrictivas

3.4.3 Medidores de Pequenos Deslocamentos

Transformadores Diferenciais

Transformadores diferenciais dispõem de um primário acoplado

magneticamente e dois secundários idênticos mediante um núcleo móvel como

observado na Figura 3.17. O núcleo é acoplado a uma haste cujo deslocamento deseja-

se medir, de tal jeito que, na posição de repouso, o núcleo está colocado

simetricamente em referência a ambos os secundários e, ao se deslocar, fica

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descentralizado. Nestes transformadores, os dois secundários estão conectados em

oposição, de tal jeito que, na posição zero, as tensões induzidas em cada um deles são

iguais e, portanto, a tensão total obtida é nula. Se o núcleo se desloca, as tensões dos

secundários deixam de ser iguais e a tensão de saída varia em módulo e sentido. Este

tipo de transdutor se apresenta como um bom candidato na monitoração do

deslocamento linear dos cilindros principais do GIRINO sendo que sua única

desvantagem está na sua possível marinização para operar em altas pressões.

Figura 3.17. Principio do Transformador Diferencial Linear

Extensômetros

São sensores de deformação baseados na variação da resistência de um fio

condutor ou de trilhas de semicondutor. São utilizados com peças deformáveis para

detectar de forma indireta esforços de tração, compressão, torsão, etc. São mais usados

como transdutores de força ou de torque, e em outros tipo de transdutores de forma

indireta, como acelerômetros, detectores de pressão, etc.

Extensômetros de Fio

Este tipo de extensômetro tem a sua resistência formada por um fio disposto na

forma de zigue-zague sobre um suporte elástico, com uma orientação preferenc ial

segundo a qual encontra-se a maior parte da longitude do fio. Ao se deformar o

extensômetro por tração na direção preferencial, se produz um alongamento do fio e

uma diminuição da sua secção (neste caso de area transversal circular) e, portanto, uma

variação de sua resistência segundo a lei

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64

Onde ρ é a resistividade do material (Ω/cm), l é o cumprimento do fio (cm) e S é a

seção do fio (cm2).

Nos extensômetros de fio, a variação da resistência se produz por duas coisas

simultaneamente: o aumento de longitude e a diminuição da secção, mantendo-se

praticamente constante a resistividade:

.2

422 rrdrlSdl

SldSSdl

dRπ

πρρρρ −=

−=

Dado que as deformações longitudinais dl e transversais dr de um corpo

elástico estão ligadas pelo modulo de Poisson, µ, cuja expressão é

,//ldlrdr

−=µ

a relação pode escrever-se como

.).21(l

dlRdR µ+=

Quer dizer, a variação unitária da resistência dR/R está ligada à variação

unitária da longitude dl/l, por um coeficiente constante (1+2µ), denominado de

coeficiente de sensib ilidade.

Com a finalidade de medir variações dR significativas, o extensômetro tem uma

resistência alta e funciona com um consumo muito baixo de corrente, para evitar que o

efeito Joule provoque variações importantes da resistência.

A medição de deformações requer uma meticulosa colocação dos

extensômetros e uma calibração trabalhosa, porque a que o coeficiente de sensibilidade

costuma ser pequeno. A amplificação dos sinais se faz comumente por métodos

diferenciais, com três fios, como o representado na Figura 3.18.

.1

2rSl

ρρ ==

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65

Figura 3.18 Ponte de medida para extensômetros

3.4.4 Transdutores de Força e Torque

Tal como foi mencionado anteriormente, a detecção de força ou torque realiza-

se sempre de forma indireta, a partir das deformações que um sólido experimenta sob a

ação direta desta força ou torque. Assim, uma das bases do transdutor é constituída

pelos de pequenas deformações estudados anteriormente. O resto consiste em peças

elásticas desenhadas de forma que se obtenha uma deformação proporcional à força ou

torque que se deseja medir, como é o caso das células de carga formadas por uma peça

cilíndrica deformável. A utilização de células de carga adaptadas para ambientes

submarinos é muito difundida e é uma boa opção para a monitoração da tensão

transmitida pelo umbilical do GIRINO.

3.4.5 Transdutor de Pressão

Os transdutores de pressão são baseados na deformação de um elemento

elástico (membrana, tubo de Bourdon, etc.), cujo movimento sob a ação do fluido é

detectado por um transdutor de pequenos deslocamentos (extensômetro, transformador

diferencial, etc.), do qual se obtém um sinal elétrico proporcional à pressão.

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66

Os transdutores de pressão mais freqüentes são os de diafragma de membrana.

O diafragma consiste numa parede delgada que se deforma sob efeito da pressão.

Medindo-se esta deformação mediante uma ponte de extensômetros, ou mediante um

transformador diferencial, obtém-se uma medida indireta da pressão como ilustrado na

Figura 3.19.

Figura 3.19. Transdutor de Pressão

3.5 Aquisição e Transmissão de Dados

Os sinais elétricos de saída dos transdutores utilizados na monitoração do porta-

ferramenta devem ser processados e enviados através do umbilical até a superfície. O

processamento de dados implica a digitalização dos sinais analógicos de saída dos

transdutores. O protocolo RS485 é utilizado para transmitir os dados digitalizados

desde o campo de operação até a superfície de monitoramento. Este protocolo tem

entre as suas características mais importantes a sua capacidade de transmitir dados até

uma distância de 1200 m. O componente utilizado para a visualização da variação das

grandezas de interesse do sistema é um computador pessoal que adquire os dados

através da porta serial RS-232. Explica-se a seguir a teoria de digitalização de sinais

análogas e dos protocolos RS-485 e RS-232, necessária para se entender o processo de

transmissão de dados.

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67

3.5.1 Sistemas de Aquisição, Conversão e Distribuição de dados

A conversão dos sinais, na transmissão de dados digitais, envolve as seguintes

operações:

• Multiplexação e demultiplexação

• Amostragem e retenção

• Conversão Analógico-Digital (quantização e codificação).

Na Figura 3.20, mostra-se o diagrama de blocos de um sistema de aquisição de dados.

Figura 3.20. Sistema de Aquisição de dados

No sistema de aquisição de dados completo, a entrada do sistema é uma

variável física. Como foi explicado anteriormente, estas variáveis são convertidas para

sinais elétricos pelos transdutores. O amplificador se segue ao transdutor

(freqüentemente um amplificador operacional), e executa uma ou mais das seguintes

funções: amplificar a voltagem de saída do transdutor; converter o sinal de corrente

num sinal de voltagem; ou isolar o sinal. O filtro passa-baixas que segue ao

amplificador atenua as componentes de alta freqüência do sinal, tais como sinais de

ruído. A saída do filtro passa-baixas é um sinal analógico. Este sinal entra em um

multiplexador analógico. A saída do multiplexador entra no circuito de amostragem e

retenção, cuja saída, por sua vez, entra no conversor analógico-digital. A saída do

conversor é um sinal na forma digital, que é transmitido ao computador digital.

O multiplexador analógico é um dispositivo que leva a cabo a função de

compartir, no tempo, um conversor A/D entre muitos canais analógicos. A transmissão

de vários canais para um só conversor A/D é possível porque, em cada um dos pulsos,

o trecho que representa o sinal de entrada tem de pouca duração. Desta forma, o espaço

vazio durante cada período de amostragem pode ser utilizado para outros sinais. O

demultiplexador, o qual está sincronizado com o sinal de amostragem de entrada,

separa os dados digitais da saída composta, para gerar os canais originais.

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68

Um amostrador do sistema digital converte um sinal analógico num trem de

pulsos de amplitude modulada. O circuito de retenção mantém o valor do pulso do

sinal amostrado durante um tempo específico. O amostrador e o retentor são

necessários no conversor A/D para produzir um número que represente de forma

precisa o sinal de entrada no instante de amostragem. Comercialmente, existem

circuitos de amostragem e retenção numa só unidade. Na pratica, é comum utilizar um

só conversor A/D, e multiplexar diversos sinais analógicos para a entrada do conversor

A/D.

O processo mediante o qual um sinal analógico amostrado se quantiza e se

converte em número binário é conhecido como conversão analógico-digital. Desta

maneira, um conversor A/D transforma um sinal analógico em um sinal digital ou

palavra codificada numericamente. Na prática, a lógica é baseada em dígitos binários

compostos por 0s e 1s, e a representação tem um número finito de dígitos. O conversor

A/D executa as operações de amostragem e retenção, quantização e codificação. No

sistema digital um relógio gera um pulso para cada período de amostragem. Entre os

conversores A/D disponíveis, os seguintes tipos são os mais freqüentemente utilizados:

por aproximações sucessivas, por integração, à base de contador, e em paralelo.

3.5.2 Protocolo RS-232

A transmissão interna de dados no computador é feita por duas vias, a paralela

e a serial, das quais a mais comum é a primeira. Já para a transmissão dados para

equipamento externo ao computador é mais comum utilizar comunicação serial. A

comunicação serial utiliza um “trem” de bits por uma via só (barramento serial) e a

comunicação em paralelo utiliza uma via independente por cada bit transmitido

(barramento paralelo). Os barramentos serial e paralelo podem ser unidirecionais ou

bidirecionais. No caso bidirecional, pode-se transmitir dados em ambos sentidos, mas

não ao mesmo tempo. Na comunicação serial, o período de tempo em que se transmite

um bit é chamado de baud. São duas as formas de transmissão de dados em forma

serial: síncrona e assíncrona. Na comunicação assíncrona, cada palavra transmitida é

composta de um bit de início, pelos dados que contêm a informação que se deseja

transmitir, por um bit de paridade e por um bit de parada. É chamada de comunicação

assíncrona porque o receptor sincroniza suas operações com o transmissor ao receber

os bits. Depois de receber o primeiro bit e de um tempo de retardo arbitrário se

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69

recebem os próximos bits. Na comunicação síncrona o transmissor transmite

continuamente sinais de dados.

O protocolo RS232 era chamado antigamente de Protocolo EIA232

(determinado pela Electronic Indsutrial Alliance) e é utilizado para comunicação entre

o computador e equipamentos externos a este (sensores e atuadores). Supõe uma

comunicação ponto a ponto full-duplex entre dois terminais. Os drivers utilizados mais

comumente nos PC precisam de alimentação simétrica, como os circuitos integrados da

serie 1488. No computador é usado o conector DB-9 definida pela norma EIA-74, que

usa comunicação assíncrona de dados (RS-232/V.24). O comprimento máximo de

cabo, pela norma, é de 15 m e a velocidade máxima de transmissão é 20kbps.

Por meio do protocolo RS-232, são padronizados a velocidades de transferência

de dados, a forma de controle que esta transferência utiliza, os níveis de voltagem

utilizados, o tipo de cabo permitido, as distâncias entre equipamentos, os conectores,

etc. Além das duas linhas de transmissão (Tx) e recepção (Rx) de dados, o protocolo

tem as linhas de controle de fluxo handshake para conseguir uma comunicação

eficiente. Os níveis de tensão dos pinos dos conectores estão compreendidos entre –

15V e 15V. Os níveis de 3V a 15V são considerados níveis baixos e de -3V a –15 são

considerados níveis altos.

Os padrões que se configuram por meio do software deste protocolo são a

velocidade em bauds, a verificação de paridade, os bits de parada logo depois da

transmissão de uma palavra e a quantidade de bits por palavra. A primeira porta serial,

denominado comumente COM1 faz acesos ao sistema pela interrupção IRQ4. Seus

registros começam na direção de memória %3F8 e vão até o endereço %3FE. Para as

máquinas que têm uma segunda porta serial, denominada COM2, utiliza-se a

interrupção IRQ3, e os registros ficam nos endereços %2F8 até a %2FE.

3.5.3 Protocolo RS-485

Este protocolo utiliza só um par de cabos para transmitir dados, o que constitui

uma vantagem, por diminuir o número de fios no umbilical do robô. Esta comunicação

digital também é imune a ruído e pode comunicar com até 32 instrumentos, o que o faz

um protocolo muito utilizado a nível industrial, para a conexão de instrumentos em

rede.

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70

Este protocolo padroniza o modo de transmissão diferencial, as impedâncias

máximas e mínimas de entrada e saída dos dispositivos, e os níveis de tensão aceitáveis

na rede. Deixa em aberto os tipos de cabos e conectores, numero máximo de nós,

técnicas de terminação, taxas de transmissão, distâncias máximas e protocolos de

comunicação digital.

O protocolo RS-485 é o mais utilizado na área industrial. Seu nome oficial é

EIA-485 (proveniente do comitê que lhe deu nome). No futuro será o padrão

TIA/EIOA-485-A (Telecomunications Industry Association). A transmissão diferencial

de dados utilizada pelo protocolo é ideal para transmissão em altas velocidades, longas

distâncias e ambientes expostos a interferências eletromagnéticas (utiliza par trançado

em sua maioria).

Entre suas características mais importantes encontram-se:

- Transmissão diferencial balanceada.

- Topologia multiponto.

- Fonte de +5 V para os circuitos de alimentação.

- Transmissão de dados em modo comum com tensões de –7V até 12V.

- Permite até 32 cargas (limitado pelas impedâncias de circuito de entrada e

saída dos drivers).

- Velocidade de 100 kbps a 1200 metros (5 ns/m para cabo de 100 ohms).

Normalmente um equipamento com comunicação RS-485 possui recursos para

transmitir e receber dados. A topologia mais usada com RS-485 é o barramento

multiponto. Neste tipo de topologia, só um nó transmite dados e tem o controle da

rede; os outros são receptores. Uma vez que os dados chegam ao nó referenciado, este

responde a todos os nós da rede, sendo que só o transmissor interpreta o sinal. A

topologia em anel é evitada por ser de difícil implementação e cara, do mesmo modo

que a topologia em estrela, que causa reflexão do sinal de dados. Os limites do RS-485

podem ser facilmente ultrapassados, o que lhe da uma determinada flexibilidade.

Apresenta-se a seguir, na Tabela 3.2 a comparação entre os protocolos RS- 232

e RS-485.

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Especificações RS-232 RS-485

Modo de Operação Ponto a Ponto Multi Ponto

Numero Total de Drivers e

Receivers

1 driver – 1 Receiver 1 driver – 32 Receivers

Comprimento máximo de

rede

12 metros 1200 metros

Taxa de transmissão 20 kbps 10 Mbps

Faixa de tensão do Circuito

de Saída

± 25 V -7V a +12V

Nível de Tensão do Circuito

de Saída – 2 nós (com carga)

±5V a ±15V ± 1,5 V

Nível de Tensão do Circuito

de Saída (sem carga)

±25V ± 6 V

Impedância do Circuito de

Saída (ohms)

3k a 7k 54

Consumo de Corrente

Máximo em Tri-State –

Power On

N/A ±100 µA

Consumo de Corrente

Máximo em Tri-State –

Power Off

±6mA a ±2V ±100 µA

Faixa de Tensão do Circuito

de Entrada

±15V -7V a +12 V

Sensibilidade do Circuito de

Entrada

±3V ± 200mV

Impedância do Circuito de

Entrada (ohms)

3k a 7k ≥10,6 k

Tabela 3.2. Comparação entre RS232 e RS485

Como o computador utiliza o protocolo RS-232, o procedimento normal para a

comunicação com os instrumentos que utilizam o protocolo RS-485 é através de um

conversor RS-232/RS-485 encontrado facilmente na indústria. Este conversor é

projetado para compatibilizar a comunicação RS-232 que é full-duplex, e a topologia

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ponto-a-ponto, com a comunicação do protocolo RS-485 que é half duplex e a

topologia que é multi-ponto (é possível utilizar full-duplex no RS-485, mas no caso a

comunicação será ponto-a-ponto).

O protocolo RS-485, por suas características simples de comunicação, se

apresenta como o meio de transmissão de dados ideal para o monitoramento do

GIRINO, com exceção de um problema a superar, a distância de transmissão. Em uma

sofisticação futura da monitoração, este problema de transmissão a longas distâncias

pode ser superado utilizando outras tecnologias, como por exemplo a fibra óptica

multímodo.

3.6 Visualização de Dados O sistema tradicional de medição de grandezas físicas tem basicamente três

partes: um transdutor, que converte a grandeza física de uma natureza em uma de outro

tipo; o painel de controle, formado essencialmente pela interface usuário/maquina

(botões, indicadores); e o painel de conexões, que compreende os terminais dos

diversos transdutores. Em contraste ao sistema tradicional de medição, o instrumento

virtual é constituído pelo instrumento real de medição (em nosso caso o transdutor) e

pelo computador conectado a ele. O computador usa um programa que emula o painel

frontal mencionado anteriormente, com a finalidade de fazer a monitoração acessíve l

ao usuário. Uma das vantagens da instrumentação virtual é o aumento da

funcionalidade do sistema de medição, ao fazer possível uma análise digital do sinal

proveniente dos transdutores.

O painel frontal forma a interface conceitual entre o usuário e o instrumento

real. No caso da instrumentação virtual, a interface conceitual é formada pelos

dispositivos de entrada/saída do computador, como são a tela, o teclado e o mouse.

Através destes dispositivos, o computador deve ter pelo menos a mesma

funcionalidade que uma interface conceitual de um instrumento real apresentaria ao

usuário. A programação tradicional para implementar os instrumentos via computador

era feita em linguagem declarativa (C, Pascal, Basic), onde os parâmetros dos

instrumentos eram modificados pelo teclado e os resultados eram apresentados na tela.

Hoje em dia, este tipo de programação foi substituída amplamente pela programação

visual, que usa ícones unidos por ligações para formar o programa. Um exemplo deste

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tipo de linguagem é a linguagem G utilizada em LabVIEW. O instrumento virtual é

constituído por duas partes:

- Painel Frontal, que emula o painel frontal de um sistema de medição real com

seus componentes (botões, chaves, indicadores, etc).

- Diagrama de blocos, que representa graficamente os processos que atuam

sobre os parâmetros e variáveis mostrados no painel frontal.

Pelo uso da programação visual, as informações são apresentadas de forma

ergonômica, sendo representados na tela do computador instrumentos virtuais com a

mesma funcionalidade dos instrumentos reais. A instrumentação virtual se diferencia

basicamente em duas coisas da instrumentação real: os sinais do instrumento são

enviados ao computador por meio de comunicação serial e a operação do instrumento

real se faz através da interface gráfica do computador com o usuário.

Figura 3.21. Sistema de instrumentação real.

3.6.1 Programação Visual

A programação em computadores é definida como um conjunto de instruções

escritas em uma linguagem compreensível pela máquina, para fazer uma operação

específica. Na programação visual da interface gráfica, os programas são formados por

componentes padronizados reutilizáveis. Os componentes são trechos de programas

pré-compilados, que podem ser usados em diferentes programas através de sua

interconexão. Em instrumentação virtual, estes componentes representam graficamente

os instrumentos reais e suas funcionalidades na tela do computador. Também são

representados os blocos construtivos de programação, como por exemplo os blocos

iterativos (for, while), estruturas de decisão (case, if-then-else), etc. Os programas em

instrumentação virtual são chamados de instrumentos virtuais. Para elaborá- los se

selecionam os componentes de um menu, e os componentes são colocados em um

ambiente gráfico com o ponteiro do mouse. Em seguida, os componentes são

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conectados através dos seus terminais segundo a lógica de fluxo de informação do

programa.

Figura 3.22. Sistema de instrumentação virtual

O sistema operacional do computador permite que os componentes da

linguagem gráfica sejam executados em forma simultânea e troquem informação entre

eles à medida em que o programa vai evoluindo. Isto é possível porque os

componentes são independentes. O modo em que os componentes podem ser

executados simultaneamente depende da plataforma em que os componentes operam

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(software e hardware). A informação que é passada entre os blocos precisa de

interfaces, que especificam o modo como são apresentados os dados nos terminais de

entrada e saída dos blocos, e de um protocolo, que estabelece o modo como a

informação é passada entre eles. A interface e o protocolo devem ser compatíveis. A

comunicação digital entre o instrumento e o computador pode ser serial ou paralela,

como explicado no item anterior. A interface dos transdutores com o ambiente de

instrumentação virtual se faz através da conversão analógico-digital feita pelos

dispositivos de aquisição de dados (DAQs). Os DAQs podem ser conectados

diretamente no barramento do computador, ou conectados através de dispositivos

externos ligados ao computador pela porta serial ou paralela. Os drivers são a

representação dos instrumentos reais, no diagrama de blocos do ambiente virtual. Eles

devem ser compatíveis com a interface e o protocolo do ambiente virtual.

O computador pessoal que apresentará os dados da monitoração do robô deve

ter um software que trabalhe com o protocolo de transmissão de dados e que apresente

os resultados em forma gráfica.

A monitoração das variáveis do GIRINO implica entre todas as suas ações:

- Visualização constante, na tela do computador, do estado das variáveis.

- Controle da aquisição simultânea de dados dos diferentes transdutores.

- Apresentação dos resultados de forma compreensível pelo usuário.

A instrumentação virtual, amplamente utilizada no campo industrial se

apresenta como a solução para a monitoração dos sinais dos transdutores embarcados

no sistema robótico. É possível também controlar o desempenho do robô através da

instrumentação virtual, e embora esta proposta não seja desenvolvida no presente

trabalho, está sendo considerada. A instrumentação virtual do robô utiliza os sinais

emitidos pelo transdutor por meio de um barramento (o protocolo de comunicação) até

o computador, onde um software encarrega-se da visualização a informação contida

nos sinais. O programa no computador é responsável pelas seguintes ações:

- Pré-condicionamento dos sensores.

- Interpretação dos comandos do usuário.

- Controle da aquisição dos sinais e da sua visualização.

- Administração da seqüência de eventos.

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4 Prototipagem de Monitoração do GIRINO

Os dados teóricos dos transdutores, transmissão de sinais e as técnicas de

visualização, apresentados no capítulo anterior, servem como base para fazer uma

seleção dos componentes utilizados industrialmente que melhor atendem à

implementação da monitoração do GIRINO. Depois da seleção dos dispositivos mais

adequados, é necessária a avaliação de sua disposição dentro da estrutura mecânica do

robô. Isto foi feito através da montagem dos mesmos em maquetes de madeira que

simulam as partes mecânicas do sistema. Finalmente, adicionando os equipamentos de

transmissão de sinais e a visualização no computador da variação das grandezas de

interesse, se constrói uma bancada experimental útil para a implementação da

monitoração do protótipo. Apesar disto, a prototipagem em maquetes de madeira da

monitoração do robô, proverá dados imprescindíveis para a implementação final da

monitoração no protótipo real.

A montagem dos protótipos de madeira considera os seguintes aspectos:

- Seleção dos transdutores industriais que melhor atendem à monitoração

baseada na teoria.

- Fabricação das maquetes em madeira das partes mecânicas do sistema

envolvidas com a variação das grandezas de interesse.

- Montagem dos transdutores nas maquetes de madeira para a medição das

grandezas de interesse.

- Instalação e configuração dos módulos usados na transmissão de sinais dos

transdutores para o computador.

- Habilitação do software usado para visualizar da variação das grandezas de

interesse de forma ergonômica.

- Apresentação da montagem final dos sensores nas maquetes, transmissão de

sinais e visualização dos resultados no computador.

A Figura 4.1 apresenta um esquema que resume as cinco grandezas de interesse

para determinar a configuração física básica do porta- ferramenta no interior do duto

como detalhado no segundo capítulo.

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Figura 4.1. Esquema das cinco grandezas de interesse no GIRINO.

A seguir detalham-se as características técnicas, vantagens e montagem em

maquetes de madeira dos transdutores selecionados entre os apresentados no capítulo

três para a monitoração do robô.

4.1 Protótipo do Cilindro Principal montado com Transdutor de Deslocamento Linear

A medição do deslocamento das hastes dos cilindros principais servem como

forma indireta de ter uma noção da variação do comprimento da estrutura mecânica. A

variação normal de comprimento do porta- ferramenta está estabelecida pelo

deslocamento total do percurso das hastes. O percurso incompleto de alguma das

hastes dos dois cilindros, indica uma deficiência de extensão ou contração do corpo

como conseqüência de um problema, por exemplo, de bloqueio ou estancamento. Com

o propósito de monitorar o deslocamento das hastes, foi implementada uma maquete de

madeira de um cilindro com as dimensões estabelecidas pela estrutura mecânica do

robô.

Para o caso de inspeção interna de dutos, o ambiente de operação se apresenta

como adverso para qualquer sistema, pelos motivos que foram explicados no primeiro

capitulo. Sendo assim, a montagem do transdutor de deslocamento da haste, externa ao

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cilindro principal, expõe o dispositivo a danos físicos. O transdutor de posição interna

se acomoda dentro dos cilindros provendo a medição do deslocamento das hastes de

forma segura, apresentando-se como a solução para o caso no qual se satisfazem as três

condições desejadas: diminuição do volume do sistema, já que o transdutor está

localizado no interior dos cilindros aproveitando o espaço interno das hastes; proteção

do elemento sensor já que está protegido pela camisa do mesmo cilindro; e o baixo

consumo de energia utilizando os padrões industriais. Seguindo estas condições foram

selecionados dois transdutores de diferentes tecnologias. Estes transdutores são o

transdutor de deslocamento linear de plástico condutivo e o transdutor de deslocamento

linear magnetoestrictivo. Ambas tecnologias foram comparadas fazendo uma descrição

técnica dos dispositivos e confrontando suas características para escolher o mais

vantajoso para a monitoração do porta- ferramenta. A disposição dos dois transdutores

nas maquetes de madeira é mostrada na Figura 4.2 e seguiu o mesmo padrão: um anel

desliza-se junto ao êmbolo do cilindro externamente a uma guia do transdutor. Uma

parte eletrônica de processamento de sinal está localizada na parte posterior do

cilindro.

Figura 4.2. Esquema da disposição do transdutor de deslocamento linear

no interior do cilindro.

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4.1.1 Princípio de Funcionamento do Transdutor de Deslocamento Linear

Magnetoestrictivo

No transdutor de posição linear magnetoestrictivo um campo magnético é

induzido por um pulso de corrente transmitido através de uma guia de onda

especialmente desenhada como observado na Figura 4.3. Outro campo é gerado por um

magneto móvel em forma de anel, que se desliza ao longo da parte externa de um tubo

protetor da guia. A interação entre os dois campos magnéticos produz um pulso de

tensão mecânica que viaja à velocidade do som até que o pulso é detectado pela cabeça

do sensor. Na cabeça do sensor se transforma o sinal mecânico em elétrico. A posição

do magneto é determinada com alta precisão pela medida do lapso de tempo entre a

geração do pulso elétrico e a chegada do pulso de tensão. Como resultado, é possível

alcançar um sensoriamento da posição exata sem atrito entre o magneto sensor e o tubo

protetor.

Figura 4.3. Transdutor de deslocamento linear magnetoestrictivo.

Este sensor é utilizado na indústria para os mesmos propósitos de medição de

deslocamento da haste de cilindros. Sendo uma tecnologia já testada e confiável, se

descartam maiores complicações na sua implementação dentro da estrutura do

protótipo do GIRINO.

As vantagens deste transdutor estão no seu baixo consumo industrial

padronizado de 2 W e na sua proteção natural a ambientes adversos já que os

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componentes do transdutor encontram-se inseridos no interior do cilindro exceto sua

cabeça. Esta cabeça de processamento de sinal é o maior problema no projeto por estar

vulnerável ao ambiente e pelo seu tamanho que discorda com o espaço disponível na

estrutura mecânica do robô. Isto pode ser observado na montagem apresentada na

Figura 4.4. Para este trabalho foi utilizado este sensor por estar disponível no

Laboratório de Robótica e suas características técnicas são apresentadas na Tabela 4.1

(ver Catalogos em Bibliografia). Porém, existem outras tecnologias que não

apresentam o problema de ocupar muito espaço como o transdutor que será detalhado a

seguir.

Figura 4.4. Transdutor magnetoestritivo montado na maquete do cilindro principal (Fabricado pela GEFRAN).

Parâmetro Valor

Campo de Medida 0 a 150 mm

Linearidade ± 0,05%

Reprodutibilidade ≤0,08 mm

Histerese ≤0,25 mm

Temperatura de trabalho -30oC a +100oC

Vida Útil > 25x105 ciclos

Pressão de trabalho máxima 250 bar

Velocidade de Deslocamento ≤ 5 m/s

Grau de proteção IP 68

Tabela 4.1. Características Técnicas do Transdutor de Deslocamento Linear Magnetoestrictivo.

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4.1.2 Principio de Funcionamento do Transdutor de Deslocamento Linear com

Plástico Condutivo

O transdutor de deslocamento linear com plástico condutivo é basicamente um

potenciômetro linear. As trilhas deste transdutor são formadas de plástico condutivo e

estão alocadas na guia que transmite o potencial elétrico. O plástico condutivo resiste a

altas pressões e mantém integridade frente aos óleos usados nos cilindros hidráulicos.

O anel sensor que se desliza através da guia do transdutor se encarrega de fazer o

contato entre as trilhas condutoras. O potencial elétrico varia conforme o anel vai se

deslocando com o êmbolo do cilindro. Da mesma forma que um potenciômetro

angular, este transdutor tem duas entradas para o potencial de referência e uma variável

de saída como observado na Figura 4.5.

Figura 4.5. Transdutor de deslocamento com plástico condutivo (Fabricado pela BEI

Duncan).

Como pode ser observado na Tabela 4.2 (ver Catalogos em Bibliografia) o

transdutor tem uma vida útil mínima de 1x106 m, equivalente a 500 km de

deslocamento do GIRINO no interior de dutos. Esta distância é suficiente,

considerando que o transdutor é facilmente substituível em caso de falha. Desta tabela

pode se deduzir o baixo consumo do dispositivo considerando que o percurso elétrico

utilizado nos cilindros principais é de 150 mm, ou seja, um consumo de 1.5 watts. Os

materiais que conformam o transdutor de posição são elásticos para evitar o desgaste

rápido do componente devido as vibrações. O anel deslizador de contato removível é

desenhado para trabalhar em ambientes internos. As aberturas de que está composto

permite que o fluxo não atrapalhe o contato do deslizador com a parte fixa aumentando

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a eficiência do componente. A parte fixa está constituída de uma viga em forma de “I”

permitindo o transdutor não se arquear.

Parâmetro Valor

Campo de Medida 0 a 100 mm

Resistência 8 kΩ

Tolerância da Resistência ± 20%

Exatidão ± 0,38 mm

Consumo de Energia 0,5 watts por cada 50 mm de percurso Elétrico

Temperatura de Operação -40 a +125 oC

Força de Atuação 0,56 N

Reprodutibilidade < 0,013 mm

Vida Útil 1,0 x 105 ciclos

Velocidade de Captação 2000 mm/s

Pressão de Trabalho 200 bar

Linearidade 0,380%

Tabela 4.2 Características Técnicas do Transdutor Linear de Plástico Condutivo

Este transdutor, igualmente ao magnetoestritivo, tem as mesmas vantagens de

proteção e o baixo consumo de energia. Porém tem a vantagem adicional de possuir

um tamanho menor na sua cabeça, podendo, assim, ficar situado inteiramente dentro do

cilindro. De fato, este transdutor se apresenta como o ideal para o caso de monitoração

dos cilindros principais do GIRINO. A montagem na maquete de madeira não difere da

amostrada na Figura 4.5. para o sensor magnetoestritivo.

4.2 Protótipo das Torres de Giro com transdutor de deslocamento angular

A posição das torres de giro indica o sentido de deslocamento do GIRINO.

Existem duas posições válidas para as torres, que são as duas únicas em que as rodas

estão alinhadas com o movimento do robô. Em qualquer posição intermediária entre

estas duas posições, o porta- ferramenta terá problemas para se transportar. Cada uma

das posições válidas está separada por um giro da torre de aproximadamente 180o,

como explicado no segundo capítulo, e indicam o sentido de avanço ou retrocesso do

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robô no interior do duto. Por este motivo é de muita importância saber a posição das

torres de giro. Para isto bastará medir o giro da torre através de um transdutor de

posição angular como os potenciômetros, encoders, sincros ou resolvers. Para a

monitoração do protótipo encolheu-se um potenciômetro baseado na tecnologia de

plástico condutivo explicada anteriormente para transdutores de deslocamento linear

(ver Catalogos em Bibliografia).

Figura 4.6. Transdutor de deslocamento angular (Fabricado pela Wabash)

Parâmetro Valor

Percurso Mecânico 120o

Voltagem de Alimentação 4,5 V a 5,5 V

Temperatura de Operação -40oC a 130oC

Reprodutibilidade <0,4% da Entrada

Vida Útil >5 000 000 ciclos completos

Grau de Proteção IP67

Histerese <0,2% da Entrada

Linearidade ±3%

Tabela 4.3 Características Técnicas do Transdutor de Posição Angular

A pesar de ter um tamanho que permite ao dispositivo ser adaptado à estrutura

sem requerer maior modificação mecânica como apresentado na Figura 4.6 e mais

claramente na maquete de madeira da Figura 4.7, o potenciômetro escolhido não é

adequado para ambientes com altas pressões nem submergível em meios aquosos por

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muito tempo (utiliza proteção IP67). Este revés pode ser superado mediante a aplicação

das técnicas tradicionais de proteção para equipamentos submarinos:

- Técnicas com base na utilização de vasos de pressão especiais.

- Técnicas com base na utilização de compensação de pressão.

Estas duas técnicas, porém, supõem um aumento de volume à estrutura

mecânica do robô, não sendo recomendáveis. As experiências deste trabalho foram

feitas sem cumprir o requerimento de proteção, sendo que os resultados são aplicáveis

sem dificuldade aos potenciômetros marinizados que cumpram os níveis de segurança

necessário.

Figura 4.7. Transdutor de deslocamento angular

montado em maquete de madeira

4.3 Protótipo de Odômetro

A localização dos lugares de inspeção e manutenção no interior dos dutos cria a

necessidade de medir a distância percorrida pelo robô. Para medir esta variável utiliza-

se o odômetro que é uma técnica amplamente conhecida na implementação das

ferramentas instrumentadas, como por exemplo os Pigs. O odômetro , como observado

na Figura 4.8, consiste em uma roda metálica acoplada a estrutura mecânica do robô

que percorre tangencialmente as paredes internas do duto. Desta forma cada giro da

roda devido ao atrito tangencial com as paredes pode ser transformada em distância

lineal percorrida uma vez conhecido o raio da roda. Para contar o número de voltas da

roda podem ser utilizados vários métodos. Um deles é o uso de dois sensores de efeito

hall defasados 90o cuja montagem é apresentado na Figura 4.8. Os sensores hall

detectam a variação do campo magnético do magneto acoplado ao eixo da roda. Os

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sensores hall geram pulsos elétricos defasados que determinam o sentido de giro da

roda como pode ser observado na Figura 4.9.

Figura 4.8. Montagem dos sensores hall no odômetro

Figura 4.9. Pulsos de saída dos sensores hall do odômetro

A proteção resinada dos sensores hall para altas pressões e à submersão, e a

roda acoplada externamente à estrutura mecânica do robô, fazem do odômetro uma

solução ótima para a medição da distância percorrida no interior dos dutos.

Uma alternativa aos sensores hall para gerar pulsos elétricos no odômetro é o

uso dos encoders incrementais. Os encoders como explicado no capítulo anterior são

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86

ideais para aplicações de posicionamento e tem alta resolução. Porém neste trabalho

foram utilizados os sensores hall por estar disponíveis no Laboratório de Robótica do

CENPES.

4.4 Protótipo de Transdutor de Tensão para Umbilical

A medição da tensão transmitida pelo umbilical será feita através de uma célula

de carga utilizada nos testes de medição de força em ambientes submarinos. A seguir

detalham-se as características técnicas na Tabela 4.4 da célula de carga (ver Catalogos

em Bibliografia), amplamente utilizadas no Laboratório de Robótica do CENPES e

mostrada na Figura 4.10.

Figura 4.10 Célula de carga (Fabricada pela Sensotec)

Parâmetro Valor

Campo de Medida 0 a 8896 N

Histerese ± 0,2%

Reprodutibilidade ± 0,05%

Temperatura Operação 16º C a 71º C

Tipo de Extensômetro Fio ou Semicondutor

Alimentação 5 VDC

Resistência de Isolamento 5000 MΩ a 50 VDC

Resistência de Ponte 350 Ω

Material da Cobertura 17-4 PH inoxidável

Peso 0,4536 N.

Tabela 4.4. Características Técnicas da Célula de Carga

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87

As células de carga medem cargas de compressão e tensão de 8896 N que não

são suficientes para a tensão esperada transmitida pelo umbilical. Porém esta célula de

carga está disponível e é factível transportar os resultados experimentais alcançados

com este dispositivo para a célula que será utilizada no protótipo final. Este modelo de

célula possui alta precisão e a robustez necessária para ambientes agressivos presentes

na inspeção interna de dutos, além de um tamanho adequado para as necessidades do

GIRINO. A estrutura soldada e a construção com aço inoxidável desta célula estão

projetadas para eliminar ou reduzir ao mínimo os efeitos das cargas não axiais. A

célula utilizada tem uma linha de rosca fêmea útil para fixar a célula de carga entre o

umbilical e o GIRINO através de olhais. As aplicações típicas deste transdutor são em

medição de tensão em cabos e testes em partes eletromecânicas.

4.5 Transdutor de Pressão montado para medição de pressão nos cilindros

principais O transdutor de pressão utilizado (ver Catalogos em Bibliografia) aproveita as

propriedades de uma lâmina delgada de polisilicone. Os métodos modernos de

deposição química de vapor a baixa pressão provêem limites moleculares simples e

estáveis entre um diafragma de metal e uma ponte de extensômetros de polisilicone.

Não utiliza epóxi ou agentes separadores que contribuam à instabilidade ou vibrações.

O conjunto do diafragma de metal com a ponte de polisilicone são imunes aos efeitos

de choques, vibrações e montagem.

Figura 4.11. Transdutor de Pressão Utilizado para medir a pressão nos cilindros

principais

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A Figura 4.11 apresenta o transdutor de pressão utilizado na saída do painel de

controle do robô para medir a pressão de alimentação dos cilindros principais. A

Tabela 4.5 apresenta as características técnicas deste transdutor que não precisa de ser

marinizado por encontrar-se acoplado ao painel de controle fora do corpo do GIRINO.

Parâmetro Valor

Campo de Medida 0 a 666 bar

Exatidão 1%

Consumo de Energia 10-36 VDC

Temperatura de Operação -28 a +82 oC

Reprodutibilidade ±0,07

Vida Útil 1,0 x 108 ciclos

Sinal de Saída 4-20mA, 1-5VDC, 1-6VDC, 1-11VDC

Histerese ±0,2%

Tabela 4.5. Características Técnicas do Transdutor de Pressão

4.6 Transmissão de Sinais dos Transdutores do GIRINO Uma vez que os transdutores têm captado os sinais de interesse e transformado

em sinais padronizados, o próximo passo é enviar estes sinais através do umbilical até

a superfície. Com este propósito utilizaram-se neste trabalho módulos industriais que

transmitem sinais com o protocolo RS-485. Estes módulos aplicam-se industrialmente

na integração de plataformas de interface homem-máquina e módulos de entrada-saída

como os módulos analógicos, digitais, de relés e contadores.

Para definir as características dos módulos que se precisam para a monitoração

do robô se levou em conta a natureza de cada sinal de saída dos transdutores. A Figura

4.12 e a Tabela 4.6 apresentam a origem dos sinais e uma descrição básica da sua

natureza que ajudaram a definir os tipos de módulo de comunicação serial que se

utilizaram.

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Figura 4.12. Origem física dos sinais dos transdutores

No Grandeza Medida Tipo de Sinal

1 Deslocamento da Haste do Cilindro Anterior Analógico

2 Deslocamento da Haste do Cilindro Posterior Analógico

3 Deslocamento Angular da Torre de Giro Anterior Analógico

4 Deslocamento Angular da Torre de Giro Posterior Analógico

5 Percurso do Módulo Anterior Digital

6 Percurso do Módulo Posterior Digital

7 Tensão no Umbilical Analógico SG

8 Pressão na Bomba Esticamento Analógico

9 Pressão na Bomba Encolhimento Analógico

Tabela 4.6 Natureza dos sinais dos transdutores

Como pode ser concluído da Tabela 4.6 se tem 6 sinais analógicos, dois sinais

digitais e uma saída analógica especial para os strain gauge (indicado como sinal

analógico SG na mesma tabela) da célula de carga. Precisa-se, então, de três módulos,

um para transmitir seis sinais analógicos, um para os sinais digitais e um para a célula

de carga.

Para os diferentes tipos de entrada analógica, como V, mV ou mA utiliza-se

normalmente módulos independentes para aquisição de dados. O módulo utilizado

(módulos ADAM do fabricante Advantech) na monitoração de sinais analógicos (ver

Manuais em Bibliografia) trabalha com diferentes padrões industrias de sinais o que

simplifica o projeto e diminui o espaço ocupado. Entre as características mais

importantes do módulo temos seus oito canais de entrada analógica diferencial;

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entradas em V, mV e mA; voltagem de isolação de 3000 VDC; amostragem de 6

amostras por segundo; exatidão de ± 0,1%. Na Tabela 4.7 se apresentam algumas das

especificações mais importantes.

Parâmetro Valor

Resolução 16-bit

Canais 8 canais diferenciais para

entradas de tipo individual

Campo de Medida ±100mV, ±500mV, ±1V,

±2,5V, ±5V, ±10V, ±20mA

Voltagem de

Isolação

3000Vdc

Impedância de

Entrada

20MΩ

Exatidão ±0,1% da voltagem de entrada

Alimentação 10 a 30 VDC

Potência de

Consumo

1,2W

Tabela 4.7. Características técnicas do módulo de transmissão de sinais analógicas.

Dentre as características mais importantes para a monitoração do GIRINO estão

a baixa potência de consumo e o fato de processar em um só módulo, entradas

analógicas de diferente natureza, ou seja, redução de espaço. Em relação à proteção

necessária para o meio de operação do robô precisa-se de um vaso de pressão como

apresentado na Figura 4.13.

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Figura 4.13. Módulos de Transmissão de Dados disposto em vaso de pressão

No caso da transmissão de sinais digitais utilizou-se um módulo com sete

canais de entrada digitais (ver Manuais em Bibliografia). Este módulo é utilizado

industrialmente para determinar o estado de interruptores limitadores ou sinas digitais

remotos. Suas características básicas podem ser encontradas na Tabela 4.8.

Parâmetro Valor

Número de canais 7

Nível lógico 0 +1V máximo

Nível lógico 1 +3,5 V a +30 V

Alimentação 10 a 30 VDC

Potência de consumo 0,4 W

Tabela 4.8. Características técnicas do módulo de

transmissão de sinais digitais.

Da mesma maneira que o módulo para transmissão de sinais analógicos, este

tem baixo consumo. Cada um dos dois odômetro s do robô utiliza dois canais digitais,

ou seja, um módulo é suficiente para transmitir os quatro sinais digitais dos odômetros.

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A proteção é a mesma que a indicada para o módulo de transmissão de sinais

analógicos.

Parâmetro Valor

Resolução 16 bit

Canais 1 diferencial

Campo de entrada ±150mV, ±500mV, ±1V,

±5V, ±10V, ±20mA

Voltagem de Isolação 3000VDC

Amostragem 10 mostras por segundo

Exatidão ±0,05%

Alimentação 10 a 30VDC

Consumo de Potência 2,2W

Tabela 4.9. Características técnicas do módulo de

transmissão de sinais da célula de carga

Para transmitir o sinal de saída da célula de carga precisa-se de um módulo

especial de aquisição de dados (ver Manuais em Bibliografia). Os dados adquir idos são

transformados em porcentagem do campo de medida de acordo com a configuração do

módulo, e depois são transmitidos pelo protocolo RS-485. Este módulo oferece

condicionamento do sinal, conversão A/D e funções de comunicação digital RS-485.

As principais características deste módulo estão listadas na Tabela 4.9.

A saída dos módulos de sinais analógicos e digitais estão de acordo com o

protocolo RS-485. A maioria de computadores industriais são fabricados com portas

seriais RS-232. Amplamente aceito no mercado, o protocolo RS-232 tem velocidade e

campo de medida de transmissão limitada. O protocolo RS-485 supera estas limitações

utilizando linhas de voltagem diferenciais para os sinais de dados e controle. Os

módulos conversores de protocolo (ver Manuais em Bibliografia) aproveitam as

vantagens do protocolo RS-485 em sistemas originalmente equipados com o protocolo

RS-232. Com estes módulos não se faz necessário mudar o hardware ou software do

computador pessoal e se consegue distâncias de comunicação de até 1200 m. Entre

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suas características principais está sua velocidade de transmissão de até 115.2 Kbps

(configurável por software e utilizado neste trabalho) e seu consumo de 1W com

alimentação de 24VDC.

No total são 4 módulos: módulo de entradas analógicas, módulo de entradas e

saídas digitais, módulo para célula de carga e conversor RS-485/RS-232. A forma de

conexão destes módulos é apresentada na Figura 4.14.

Figura 4.14. Esquema de conexões dos módulos de transmissão de dados

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Como exemplo da montagem final, na Figura 4.15, apresenta-se

esquematicamente a ligação dos transdutores de deslocamento linear e angular ao

módulo de entradas analógicas. Este último é ligado ao módulo de conversão de

protocolos RS-485/RS-232 que envia finalmente o sinal ao computador pessoal. Esta

configuração básica será usada no próximo passo da monitoração do robô, a

visualização.

Figura 4.15. Esquema de Transmissão de dados dos sinais dos transdutores ao

computador

4.7 Visualização

Os parâmetros dos módulos de transmissão de dados são configurados através

de software do mesmo fabricante. Por meio deste software são determinados: o baud

rate, a porta serial por onde se adquirem os dados e os campos de medida das entradas.

A Figura 4.16 apresenta uma janela do software onde se configuram estes dados. Com

o mesmo software é possível obter a resposta de saída dos transdutores transmitidos

pelos módulos. Porém, este software não é adequado para visualizar a variação das

grandezas de interesse do GIRINO. Com o propósito de uma visualização clara e de

fácil manipulação para o usuário, foram implementados algoritmos de medição das

variáveis no programa LabVIEW (ver Manuais em Bibliografia).

O programa implementado para a visualização das variáveis de interesse tem

três funções:

- Configuração dos parâmetros de aquisição de dados;

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- Calibração dos transdutores;

- Medição das Variáveis.

A configuração dos parâmetros pelo software de interface gráfica é feita

criando-se um instrumento virtual (VI) do módulo de aquisição de dados e

relacionando seus parâmetros com os controladores do programa. Estes parâmetros são

o endereço do módulo de aquisição, baud rate, entrada do módulo e porta serial. É

mediante os controladores identificados na Zona 1 da Figura 4.17 que se consegue

mudar estes parâmetros.

Figura 4.16. Janela de configuração de parâmetros de transmissão de dados

A configuração dos parâmetros pelo software de interface gráfica é feita

criando-se um instrumento virtual (VI) do módulo de aquisição de dados e

relacionando seus parâmetros com os controladores do programa. Estes parâmetros são

o endereço do módulo de aquisição, baud rate, entrada do módulo e porta serial. É

mediante os controladores identificados na Zona 1 da Figura 4.17 que se consegue

mudar estes parâmetros.

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Figura 4.17. Janela de Calibração dos Transdutores

Para a calibração dos transdutores deve se escolher a opção calibração no

campo “Opção de Operação”. Pressionando os botões “ACEITAR DADOS

ASCENDENTES” e “ACEITAR DADOS DESCENDENTES” passa-se a registrar nas

tabelas da Zona 2 os valores de saída do transdutor (voltagem) em referência à

grandeza física de interesse medida (deslocamento). Com estes valores medidos, nos

sentidos ascendente e descendente, e através de um algoritmo para achar os

coeficientes do polinômio de segundo grau, que ajusta os pontos , obtém-se como

resultado a calibração do transdutor (VUOLO, 1998). O registro nas tabelas pode ser

melhor compreendido pela Figura 4.18 que apresenta o algoritmo em diagrama de

blocos da aceitação de dados acedentes e descendentes na zona indicada. Pode se notar,

na Zona 1 da Figura 4.19, o diagrama de blocos do algoritmo para calcular os

coeficientes do polinômio. Na Zona 2, desta mesma figura, opera-se matematicamente

o sinal de saída do transdutor no polinômio de calibração para obter a resposta

desejada. Com estes valores obtidos foi encontrado o gráfico de calibração.

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Figura 4.18. Programa em diagrama de blocos da leitura dos dados

para calibração do transdutor

Figura 4.19. Programa em diagrama de blocos da leitura dos dados.

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O resultado da medição da variável apresenta-se na Zona 3 da Figura 4.17 na

sua natureza de saída do transdutor e em unidades da grandeza de interesse.

O método de visualização do odômetro é diferente do utilizado para os demais

transdutores, uma vez que a saída deste dispositivo não é analógica e sim por pulsos ou

digital. Com a combinação das duas saídas do odômetro apresentam-se quatro estados

diferentes para cada pulso. Basta, então, captar a passagem pelos quatro estados, não só

para medir a distância percorrida através da conversão em unidades de deslocamento,

como também para identificar o sentido de deslocamento do robô. Isto é possível

através da seqüência determinada e gerada pelos dois pulsos na saída. Identificando o

estado seguinte à saída atual pode-se determinar o sentido de giro do odômetro com o

que se deduz o sentido de deslocamento do GIRINO, aumentando ou diminuindo

unidades de deslocamento da saída como pode ser observado na Figura 4.20.

Figura 4.20. Visualização da distância percorrida pelo robô.

Na programação em diagrama de blocos pode-se verificar que as partes mais

importantes são a identificação da seqüência de pulsos e a correção da distância

percorrida para os casos de avanço e retrocesso do robô. Devido à seqüência de quatro

combinações ou estados na saída do odômetro , a identificação do estado seguinte ao

estado atual serve para determinar se o GIRINO está avançando ou retrocedendo. A

parte do programa que realiza a referida identificação está indicada na Zona 1 da

Figura 4.21. Logo depois se passa a fazer a correção na leitura atual do transdutor

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adicionando ou tirando unidades de deslocamento à sua saída. Esta função é realizada

através da parte do programa na Zona 2 da Figura 4.21.

Figura 4.21. Programa em diagrama de blocos da leitura dos dados do odômetro

Com a monitoração de cada transdutor neste capítulo podemos avaliar, agora,

cada sinal de saída (e o conjunto formado por eles) para conhecer o estado estrutural do

GIRINO. Esta avaliação será realizada no próximo capitulo, onde se interpretarão os

resultados.

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5 RESULTADOS DA MONITORAÇÃO DO GIRINO: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados de calibração e medição de cada

um dos cinco transdutores propostos fazendo uso do hardware e software detalhados

no capitulo 4. Logo é mostrado um algoritmo de monitoração utilizado para interpretar

as saídas dos transdutores em conjunto e dar como resultado o estado da estrutura

mecânica do GIRINO no interior do duto. Finalmente, com os resultados expostos, será

feito a análise e interpretação dos resultados.

5.1 Calibração e Saídas Monitoradas dos Transdutores

5.1.1 Monitoração do Deslocamento das Hastes dos Cilindros Principais

No capítulo 4 foram estudados dois transdutores de tecnologias diferentes: um

de medição utilizando plástico condutivo e outro utilizando o principio de

magnetoestrição. Apesar de ter ressaltado a vantagem do transdutor de plástico

condutivo, neste trabalho fizeram-se os testes de monitoração com o transdutor de

deslocamento linear magnetoestritivo por estar disponível no Laboratório de Robótica

do CENPES. Os resultados com o transdutor de plástico condutivo não devem ser

muito diferentes dos obtidos com o principio magnetoestritivo como pode ser deduzido

pela relação linear entre suas entradas e saídas.

Para calibrar este transdutor se relacionaram na tabela de calibração,

primeiramente, os valores da saída dos transdutores em volts correspondentes à

variação de deslocamento em forma percentual. A variação do deslocamento foi feita

de forma ascendente e descendente como pode ser observado na Figura 5.1. Nesta

figura pode-se observar o pequeno desvio das curvas ascendente e descendente na

saída por causa da histerese do dispositivo. Porém, esta característica será observada

nos demais transdutores sem representar problema maior para a medição das grandezas

de interesse. Através do software foi calculado com estes valores uma curva de

calibração de segundo grau que permitiu ajustar o deslocamento apresentado na tela do

computador com os valores reais de deslocamento. Como pode ser deduzido desta

figura, a saída do transdutor apresenta uma linearidade suficiente para dividir a saída

em três regiões: deslocamento mínimo (<10%), deslocamento parcial (entre 10 e 90%)

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e deslocamento máximo (>90%). Estas regiões serviram para a monitoração do estado

estrutural do GIRINO.

Figura 5.1. Calibração do Transdutor de Deslocamento Linear

5.1.2 Monitoração do Deslocamento das Torres de Giro

Da mesma forma que no caso da calibração para transdutores de posição linear,

para a calibração dos transdutores de deslocamento angular foi variada a entrada em

percentagem de deslocamento e a saída foi medida em voltagem. A curva de

calibração, também de segundo grau, ajuda, como no caso anterior, ao ajuste dos

valores reais com os valores medidos. Neste caso é mais notável a necessidade de

utilizar três regiões pela não linearidade observada nos extremos da curva. Estas três

regiões representam o estado em que se encontram as rodas: torre em avanço, quando

as rodas têm deslocamento de menos do 10%; torre desalinhada, que corresponde a

região linear do potenciômetro; e torre em retrocesso, que corresponde a deslocamento

percentual de mais de 90%. Assim consegue-se superar, também, o problema de não-

linearidade nos extremos do campo de medida como pode ser observado na Figura 5.2.

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Figura 5.2. Calibração do Transdutor de Deslocamento Angular

5.1.3 Monitoração da Distância Percorrida

Como a saída do odômetro é digital não foi necessário a calibração feita com

os outros transdutores. No capítulo 3 foi explicado, com detalhes, o modo de se

conseguir a visualização da distância percorrida apresentada na Figura 5.3.

Figura 5.3. Visualização da Distância Percorrida

5.1.4 Monitoração da Tensão no Umbilical

Como mencionado no capítulo anterior, não foi utilizada a célula de carga

conveniente para as tensões reais que sofre o umbilical. Porém utilizou-se uma célula

de carga do mesmo fabricante e a característica linear do transdutor pode ser aplicada a

uma célula que tenha o campo de medida adequado. A calibração se fez comparando a

saída esperada com uma saída conhecida ao medir o peso com uma balança eletrônica

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calibrada como pode ser observado na Figura 5.4. A calibração foi feita com variações

de 500 N num intervalo de 0 a 5000 N como observado na Figura 5.5. Porém, para a

monitoração do robô utilizou-se a saída em percentagem de tensão e não a saída em

unidades diretas de tensão. Desta forma, continua-se com a divisão das três regiões

utilizadas nos demais transdutores: região de tensão máxima, quando a tensão de saída

é maior do 90% do máximo valor de saída; região de tensão de trabalho,

correspondente ao intervalo entre o 10% e 90%; e a região de tensão mínima quando a

saída é menor do 10%.

Figura 5.4. Elementos utilizados na calibração da célula de carga

Figura 5.5. Calibração da Célula de Carga

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5.1.5 Monitoração da Pressão nos Cilindros Principais

A calibração deste transdutor foi feita variando a grandeza medida com

precisão através de uma balança de peso morto. Como pode se observar na Figura 5.6

variou-se a pressão ate 8000 PSI (544 x 105 N/m2) com oito pontos entre este valor e o

mínimo. Sem modificar o processo utilizado nos outros transdutores, a saída do

transdutor de pressão foi dividida em três regiões: menos de 10%, pressão mínima;

entre 10 e 90%, pressão de trabalho; e >90%, pressão máxima.

Figura 5.6. Calibração do Transdutor de Pressão

5.2 Algoritmo da Monitoração do Estado Estrutural do GIRINO Com as cinco variáveis físicas medidas é possível identificar o estado estrutural

do robô no interior do duto. Para este fim é necessário não só visualizar a variação das

grandezas físicas de interesse como também é preciso relacionar as saídas

independentes dos transdutores e com este conjunto de sinais avaliar a situação real do

GIRINO. Como foi explicado anteriormente, a saída dos transdutores foi relacionada a

três regiões dependendo do valor da sua saída: um nível máximo, mínimo e outro

intermediário. Para cada região se relacionou um estado e cada um deles é

identificado por uma combinação de 2 bits utilizados pelo software de linguagem

gráfico como pode ser observado na Tabela 5.1. Com a combinação destes estados para

os cinco transdutores se deduz o funcionamento normal ou anormal do porta-

ferramenta. A variação percentual da saída dos transdutores foi feita com o objetivo de

não depender do campo de medida do transdutor.

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Cabe observar que na Tabela 5.1. foram implementados dois odômetro s. Um

correspondente a cada módulo do robô, para obter o movimento relativo de cada um

deles.

Variável Física Transdutor Estado Saída Bits Relacionados

Tensão de Trabalho

10%< T <90% 00

Tensão Máxima T > 90% 01 Tensão no Umbilical Célula de carga

Tensão Mínima T < 10% 10

Torre Desalinhada 10%< θ <90% 00

Torre em avanço

θ > 10% 01 Giro das Torres

Deslocamento Angular

Torre em Retrocesso θ < 90% 10

Pressão de Trabalho

10%< P <90% 00

Pressão Máxima P > 90% 01

Pressão nos Cilindros Principais

Transdutor de Sensor

Pressão Mínima P < 10% 10

Módulo Parado Percurso Inalterável

00

Módulo em Avanço

Percurso aumenta 01

Distância Percorrida

Odômetro

Módulo em Retrocesso

Percurso diminui

10

Deslocamento Parcial 10% < D <90% 00

Deslocamento Máximo

D>90% 01

Deslocamento das Hastes dos

Cilindros Principais

Deslocamento Linear

Deslocamento Mínimo D<10 % 10

Tabela 5.1. Saída dos transdutores para algoritmo de monitoração

No total existem oito variáveis (dois transdutores de deslocamento angular, um

de pressão, uma célula de carga, dois odômetro s e dois transdutores de deslocamento

linear) e em cada uma delas existem 2 bits relacionados a cada estado. Estes bits são o

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resultado da correspondência entre a saída do transdutor e um dos três intervalos em

que foram divididos o campo e medida. A combinação destes bits se refere diretamente

ao estado estrutural do GIRINO. Para esclarecer a idéia pode-se observar a seguinte

seqüência de bits como exemplo:

TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal Estado

Estrutural

00 01 01 00 10 00 10 00 00 05220 Esticamento da Estrutura em Avanço

Normal

Onde:

TU: Tensão no Umbilical;

GT1: Giro da torre do módulo posterior;

GT2: Giro da torre do módulo anterior;

PS: Pressão de Esticamento dos cilindros Principais;

PN: Pressão de Encolhimento dos Cilindros Principais;

H1: Odômetro do módulo posterior;

H2: Odômetro do módulo anterior;

DH1: Deslocamento da Haste do Cilindro Posterior;

DH2: Deslocamento da Haste do Cilindro Anterior.

A tensão de trabalho no umbilical (TU) apontada pelos bits 00 indicam uma

tensão normal de trabalho. Os bits relacionados aos giros da torre (GT1 e GT2) estão

no valor 01, o que quer dizer, segundo a Tabela 5.1, que as torres estão deslocadas 0o e

estão em posição de avanço. Os bits 00 na pressão de esticamento (PS) e 10 na pressão

de encolhimento (PN) dos cilindros indicam uma pressão de trabalho na linha que

permite o esticamento da estrutura do GIRINO. Os bits do odômetro do módulo

posterior (H1) 00 indicam que este módulo está parado ou preso, enquanto o odômetro

do módulo anterior (H2), representado pelos bits 10, está avançando. Finalmente, os

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107

bits 00 designados no deslocamento das hastes indicam que os cilindros estão em

alguma posição intermédia entre seu percurso mínimo e máximo. O resultado da

combinação destes bits é a palavra 000101001000100000 que em hexadecimal gera o

número 05220. Pode-se concluir, então, que o número hexadecimal 05220 indica que o

GIRINO está em posição de avanço por causa da posição das torres. Este número

indica que o módulo posterior está preso e o anterior está avançando enquanto as

hastes dos cilindros estão em alguma posição que não é o seu mínimo nem o seu

máximo. Isto é, o robô está se esticando. A pressão de trabalho nos cilindros e a tensão

no umbilical sugerem que a operação esta sendo feita com normalidade. Resumindo, o

GIRINO está se esticando normalmente na posição de avanço.

Para determinar o estado estrutural do GIRINO no interior dos dutos foram

definidas oito configurações básicas, sendo que quatro atribuem ao robô se

movimentando e as outras quatro ao robô em estado estático. As configurações em

movimento são:

• Robô se esticando em posição de avanço;

• Robô se encolhendo em posição de avanço;

• Robô se esticando em posição de retrocesso;

• Robô se encolhendo em posição de retrocesso.

As configurações em estado estático são:

• Robô completamente esticado em posição de avanço

• Robô completamente encolhido em posição de avanço;

• Robô completamente esticado em posição de retrocesso;

• Robô completamente encolhido em posição de retrocesso.

Para as configurações do robô em movimento podemos ter dois problemas

básicos: de estancamento e de escorregamento. O problema de estancamento se

apresenta quando o robô esta se esticando ou encolhendo e, sem chegar a se esticar ou

encolher completamente, para seu movimento. A origem de este problema pode ser o

bloqueio por algum obstáculo ou pela retenção do umbilical preso. O mesmo acontece

com o problema de escorregamento. O escorregamento acontece quando no

esticamento ou encolhimento o módulo que deveria estar preso na parede do duto

começa a se movimentar fazendo perder ao robô a sua referencia no movimento.

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108

Deduz-se que para cada uma das quatro configurações em movimento existem três

estados possíveis: movimento normal, estancamento e escorregamento.

Desta análise das possíveis configurações do porta-ferramenta no interior do

duto conclui-se que existem doze estados para o robô se movimentando (três estados

para cada uma das quatro configurações) e quatro para o robô em estado estático, o que

dá um total de dezesseis estados possíveis.

No Anexo apresentam-se as tabelas que relacionam todos os estados estruturais

do robô no interior do duto e os números hexadecimais que foram utilizados para a

programação em linguagem G da monitoração do GIRINO.

Antes da avaliação de cada uma das variáveis para determinar o estado

estrutural do GIRINO existem duas condições primárias que devem ser verificadas.

Uma delas é a pressão de trabalho. No caso de detectar uma queda na pressão dos

cilindros deve ser avisado mediante software que o sistema está sofrendo problemas de

vazamento. Os bits correspondentes a este estado são 10 na saída de pressão. A outra

condição é a verificação da posição das torres de giro, que no caso de encontrar-se

desalinhada com as posições de avanço ou retrocesso deve avisar-se mediante software

que o sistema está estancado. A Tabela 5.2 indica as condições das torres mediante

bits que determinam o estado estancado.

GT1 GT2 Hexadecimal Estado Estrutural

00 00 0

00 01 1

00 10 2

01 00 4

10 00 8

Estancamento

Tabela 5.2. Condições de Estancamento do robô por desalinhamento das torres de giro

5.3 Visualização do Estado Estrutural do GIRINO

Os sinais captados pelos transdutores e transmitidos pelos módulos de

transmissão de dados são interpretados pelo software de linguagem gráfica

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109

(LABVIEW) através de um instrumento virtual similar ao utilizado na calibração dos

transdutores. Os sinais são interpretados como analógico pelo software excetuado o

sinal proveniente do odômetro . A partir deste sinal analógico e através do software

classifica-se cada sinal nas três regiões referidas no item anterior. A interpretação das

variáveis foi feita em forma percentual para evitar trabalhar com unidades de medida

que limitariam o campo de medida do transdutor. Na Figura 5.7 pode se identificar o

processo de classificação dos sinais nos controladores de cor verde. Depois de

classificadas, cada região é relacionada com um par de bits como apresentado na

Tabela 5.1. A combinação destes bits é utilizada na entrada da tabela de cor rosa no

diagrama de blocos da Figura 5.7. A entrada representa o endereço de uma posição na

tabela. As posições estão preenchidas com o estado estrutural do GIRINO

correspondente à combinação de bits da entrada.

O sinal de saída do odômetro é processado da mesma forma que é indicada no

capítulo 4, e a diferença dos outros transdutores e a saída está classificada nas regiões

de “Percurso Inalterável”, “Percurso Aumenta” e “Percurso Diminui”.

Como exemplo do resultado da monitoração do estado estrutural do GIRINO

apresentam-se três exemplos. Na Figura 5.8 existem oito indicadores correspondentes à

cada uma das variáveis medidas. As saídas nestes indicadores estão em forma

percentual e sua saída é contínua. Cada um destes indicadores está acompanhado de

três indicadores booleanos que representam a região na qual está classificada a saída

do transdutor. Assim, por exemplo, a tensão do umbilical está em 55% o que

corresponde à tensão de trabalho. Na parte inferior aparecem dois indicadores. O que

está situado mais acima indica o número hexadecimal equivalente ao número binário

resultante da combinação dos bits relacionados à saída de cada transdutor. O último

indicador apresenta o resultado literal da combinação das saídas dos sensores.

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110

Figura 5.7. Diagrama de blocos da monitoração do estado estrutural do GIRINO

As entradas da Figura 5.8 podem ser listadas da seguinte maneira:

- Tensão de trabalho no umbilical;

- As duas torres de giro em posição de avanço;

- Pressão de esticamento de trabalho e pressão de encolhimento mínima nos

cilindros principais;

- Módulo posterior parado e anterior avançando;

- Ambos cilindros com deslocamento parcial.

O resultado, como pode ser observado na mesma figura, é “Robô se esticando

em posição de avanço – Movimento Normal”.

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111

Figura 5.8. Primeiro exemplo de monitoração do estado estrutural do GIRINO.

Outro exemplo é visualizado na Figura 5.9. As entradas nesta figura podem ser

listadas da seguinte maneira:

- Tensão de trabalho no umbilical;

- As duas torres de giro em posição de avanço;

- Pressão de esticamento máxima e pressão de encolhimento mínima nos

cilindros principais;

- Ambos módulos parados;

- Ambos cilindros com deslocamento máximo.

O resultado, como pode ser observado na mesma figura, é “Robô

completamente esticado em posição de avanço”.

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112

Figura 5.9. Segundo exemplo de monitoração do estado estrutural do GIRINO.

Para terminar apresenta-se o exemplo de um comportamento anormal na figura

5.10. As entradas nesta figura podem ser listadas da seguinte maneira:

- Tensão mínima no umbilical;

- As duas torres de giro em posição de retrocesso;

- Pressão de esticamento máxima e pressão de encolhimento mínima nos

cilindros principais;

- Ambos módulo parados;

- O cilindro principal posterior parado e o anterior completamente esticado.

O resultado, como pode ser observado na mesma figura, é “Robô se esticando

em posição de retrocesso - Estancado”.

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113

É importante ressaltar que a saída mostrada no último indicador não só

apresenta o problema de estancamento como também indica a operação que estava

realizando antes de ocorrer o problema.

Figura 5.10. Terceiro exemplo de monitoração do estado estrutural do GIRINO.

Com o resultado deste trabalho obteve-se, finalmente, a visualização no

computador da variação das grandezas de interesse, a sua classificação em regiões de

operação e, com a análise em conjunto destas variáveis, o estado estrutural do

GIRINO. A visualização da variação numérica das grandezas serve para uma medida

exata. Já a classificação em regiões resulta em uma informação mais qualitativa de

cada uma das partes do robô. Esta classificação qualitativa serve também para

determinar o estado estrutural do GIRINO no interior dos dutos, o que, a sua vez, serve

para que o operador tome as medidas correspondentes segundo seja o caso. A partir

desta monitoração é possível implementar o controle automático, por exemplo, da

posição desejada para alguma ferramenta de inspeção.

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114

6 CONCLUSÕES A inspeção interna de dutos se apresenta como uma área estratégica na

exploração do petróleo brasileiro. Nos meios submarinos a inspeção de oleodutos é

dificultada pela falta de equipamentos adequados que se acomodem ao perfil

geométrico dos dutos, e que resistam as condições adversas de operação de altas

pressões em ambientes marinizados. Além disto, precisa-se de um equipamento que

seja facilmente controlado pelo operador na superfície sem pôr em risco a vida do

mesmo. Com a ajuda da biomimética aplicada na robótica se concebeu uma nova idéia

de inspeção interna de dutos que cumpre os requisitos mencionados anteriormente, o

Gabarito Interno Robótico de Incidência Normal ao Oleoduto (GIRINO). Este porta-

ferramenta tem a função de transportar as diversas ferramentas de inspeção no interior

do duto, facilitando a performance de cada uma delas. Entre as diversas ferramentas de

aplicação especial que podem ser acopladas ao GIRINO estão: a ferramenta de

restituição geométrica, a ferramenta de inspeção visual, a ferramenta de análise de

perfil geométrico do duto e o manipulador elétrico. Para conseguir o controle da

operação deste robô no interior do duto, necessita-se da monitoração das suas partes

mais importantes da sua locomoção. As cinco variáveis mais importantes para a

monitoração do estado estrutural do GIRINO no interior do duto são:

- Deslocamento das hastes dos cilindros principais;

- Deslocamento angular das torres de giro;

- Distância percorrida pelo robô no interior do duto;

- Tensão transmitida pelo umbilical na parte posterior da estrutura mecânica do

porta- ferramenta; e

- Pressão hidráulica nos cilindros principais.

A monitoração do robô requer o estudo de três áreas principais: captação de

variáveis físicas através dos transdutores, transmissão dos sinais de saída dos

transdutores até o painel de controle do operador e a visualização do estado da

estrutura mecânica do porta-ferramenta em um computador. Determinado pelas

variáveis importantes na monitoração, dentre os transdutores existentes é de interesse o

estudo daqueles que medem deslocamento linear, deslocamento angular, distância

percorrida, tensão e pressão. Para garantir a transmissão de dados a longas distâncias

se faz necessário o estudo de sistemas de aquisição, conversão e distribuição de dados,

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115

além da teoria dos protocolos de transmissão. O protocolo RS-485, utilizado

industrialmente, garante a integridade da informação transmitida. Os softwares de

visualização gráfica se apresentam como uma boa opção para a monitoração pois

facilitam a implementação de programas que determinem os parâmetros de transmissão

e visualização de dados.

Os transdutores e os módulos de transmissão de dados escolhidos devem

cumprir basicamente três requisitos: consumir pouca energia, ocupar o mínimo volume

possível e ter a capacidade de operação em altas pressões. Tendo em conta estas

considerações foram escolhidos os seguintes transdutores para a implementação em

laboratório:

- Transdutor linear magnetoestritivo para medir o deslocamento das hastes dos

cilindros principais;

- Potenciômetro para medir o deslocamento angular das torres de giro;

- Odômetro com sensores de efeito hall para medir a distância percorrida;

- Transdutor de pressão para medir a pressão hidráulica nos cilindros principais;

- Célula de carga para medir a tensão transmitida pelo umbilical.

Para a transmissão dos sinais ao painel de controle foram escolhidos os

módulos de aquisição e transmissão de dados analógicos, digitais e de célula de carga.

Foi necessário um módulo conversor de protocolo RS-485 a RS-232 adicional para

compatibilizar a transmissão de dados com o processamento do computador utilizado

na visualização. O software LabVIEW se apresentou como solução de visualização por

sua compatibilidade com os diversos equipamentos industriais e sua programação em

diagrama de blocos.

Na monitoração final primeiramente foram ajustados os valores medidos pelos

transdutores com os valores reais através de um programa de calibração. Logo depois,

por meio deste programa pode se verificar a medição das variáveis de interesse na

monitoração. Para determinar o estado estrutural do GIRINO no interior do duto, foi

feito um algoritmo que agrupa os valores medidos de todas as variáveis e, depois de

analisá- los, determina o desempenho normal ou anormal do porta- ferramenta.

6.1 Considerações Finais

A escolha dos transdutores, módulos de transmissão e software de visualização

foi influenciada, também, pela sua disponibilidade no Laboratório de Robótica do

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116

CENPES. É por isto que algumas características de consumo de energia, tamanho e

operação em altas pressões de equipamentos não foram alcançados. É detalhado a

seguir alguns dados da performance dos equipamentos utilizados:

Transdutor de deslocamento linear magnetoestritivo:

Este transdutor não tem problemas de operação em altas pressões nem no consumo,

porém a sua parte eletrônica situada na cabeça do transdutor pode apresentar um

problema no espaço que ocupa. Ele pode ser substituído facilmente por um transdutor

de deslocamento linear com tecnologia de plástico condutivo.

- Potenciômetro:

Este transdutor não apresenta problemas no tamanho e consumo de energia.

Porém o seu grau de proteção IP67 não garante a sua operação em altas pressões.

- Célula de carga:

Este transdutor é muito utilizado em teste a pressões elevadas. O seu tamanho e

seu consumo apresentam-se ideais para a monitoração do porta-ferramenta. Existe,

porém, problemas sérios na calibração pois dificilmente pode ser calibrado no campo.

É o único transdutor, dos utilizados neste trabalho, que não pode ser calibrado em

campo.

- Transdutor de perda de carga:

Não precisa trabalhar em pressões elevadas já que pode ser alocada no painel de

controle. Pelo mesmo motivo o tamanho não tem importância e o consumo de energia

é baixo.

- Odômetro :

Muito utilizado em outras tecnologias de inspeção interna de dutos como os

PIGs. Apesar de cumprir com os requerimentos de trabalho em altas pressões, baixo

consumo de energia e tamanho adequado, o odômetro utilizado neste trabalho tem

muito pouca resolução. Isto pode ser um problema sério para algumas ferramentas

transportadas pelo robô que requerem um conhecimento exato da sua posição no

interior do duto.

- Módulos de transmissão de dados:

Eles só apresentam problemas de trabalho em altas pressões. Uma técnica de

marinização, como o uso de vaso de pressão apresentado neste trabalho, pode

significar o aumento considerável da estrutura mecânica do robô.

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117

Apesar de nem todos os equipamentos utilizados para captação e transmissão de

sinais não cumprirem os requerimentos para o seu uso na monitoração do GIRINO, os

resultados deste trabalho são válidos na medida que:

- Foram escolhidos transdutores com padrões industriais que podem ser

facilmente substituídos;

- A ligação entre os transdutores e o painel de controle foi feita com o

protocolo utilizado industrialmente (RS-485);

- Para a programação no software de visualização do estado estrutural do

GIRINO, trabalhou-se com valores referenciais (percentuais) e não com valores em

unidades de medida.

A seguir listam-se as principais conclusões deste trabalho:

ü Os equipamentos de captação, transmissão e visualização de sinais

utilizados no laboratório cumprem as condições básicas de monitoração do robô;

ü A implementação da monitoração é flexível e permite o seu

aperfeiçoamento na medida que forem adotados novos equipamentos de captação e

transmissão de sinais mais eficientes;

ü A visualização do estado estrutural do GIRINO no computador, permite

ao operador entender o desempenho normal ou anormal do porta-ferramenta no interior

do duto;

ü Os resultados da monitoração no laboratório são imprescindíveis para a

implementação da monitoração do protótipo do GIRINO para dutos de 14 polegadas.

6.2 Próximos Passos

A seguir detalham-se sugestões para a continuação deste trabalho. Todos elas se

conceberam paralelamente ao desenvolvimento deste trabalho e já estão em estágio

avançado.

ü O transdutor de deslocamento linear magnetoestritivo deve ser

substituído pelo transdutor de deslocamento linear com tecnologia de plástico

condutivo. Este último é muito utilizado no campo industrial e ocupa menos espaço;

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ü O potenciômetro para medir o deslocamento angular da torre de giro

deve ser marinizado para trabalhar em altas pressões. Porém, isto poderia causar a

alteração da estrutura mecânica do GIRINO. Deve ser pesquisada uma tecnologia que

possa trabalhar nestas condições ou então substituir o potenciômetro por um sensor de

presença da forma que foi sugerida no capitulo 3 deste trabalho. Os sensores de

presença são muito mais robustos;

ü Deve ser otimizado o método de calibração da célula de carga ou

substituí- la por outra tecnologia que não tenha este problema;

ü Para ganhar mais resolução no odômetro este deve ser substituído por

algum transdutor de deslocamento angular com um número de pulsos maior por volta

como o encoder. Existem na indústria encoders para diferentes especificações de

ambientes de trabalho e tamanho;

ü A transmissão de dados pode ser melhorada com a utilização da fibra

óptica. A fibra óptica tem um alcance muito maior que o protocolo RS-485 e é mais

confiável;

ü A visualização do estado estrutural do GIRINO no interior do duto pode

ser otimizada através de uma animação que reflita de forma mais amigável às

condições de operação do porta- ferramenta. O software utilizado neste trabalho

(LABView) tem os recursos para conseguir este objetivo.

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119

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120

“6000 Series Internal Position Transducers”, Fabricante BEI Duncan.

“Non-contacting Rotary Position Sensor”, Fabricante Wabash.

“Precision Miniature Load Cells”, Fabricante Sensotec.

“Model K1 Pressure Transmittes”, Fabricante Ashcroft.

“ADAM 4000 Series Data Acquisition Modules User´s Manual”, Fabricante

Advantech.

“LabView User Manual”, Fabricante National Instruments.

Patentes

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Código Petrobras: PI 0002917-7, Código Internacional USA: PI 6415722.

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8 ANEXO Tabelas combinatórias para determinar o estado estrutural do GIRINO. Robô se esticando em posição de avanço TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal Estado

Estrutural 00 00 5210 00 01 5221 00 10 5222 01 00 5224 10 00 5228 01 10 5226 10 01 5229

00 01 01 00 10 00 01

10 10 502A

Movimento Normal

00 00 5600 00 01 5601 00 10 5602 01 00 5604 10 00 5608 01 10 5606 10 01 5609

00 01 01 01 10 00 00

10 10 560A

Estancamento

00 00 25280 00 01 25281 00 10 25282 01 00 25284 10 00 25288 01 10 25286 10 01 25289

10 01 01 00 10 10 00

10 10 2528A

Escorregamento

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122

Robô se encolhendo em posição de avanço TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal Estado

Estrutural 00 00 5840 00 01 5841 00 10 5842 01 00 5844 10 00 5848 01 10 5846 10 01 5849

00 01 01 10 00 01 00

01 01 5845

Movimento Normal

00 00 15900 00 01 15901 00 10 15902 01 00 15904 10 00 15908 01 10 15906 10 01 15909

01 01 01 10 01 00 00

01 01 15905

Estancamento

00 00 258A0 00 01 258A1 00 10 258A2 01 00 258A4 10 00 258A8 01 10 258A6 10 01 258A9

10 01 01 10 00 10 10

01 01 258A5

Escorregamento

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Robô se esticando em posição de retrocesso TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal Estado

Estrutural 00 00 2A280 00 01 2A281 00 10 2A282 01 00 2A284 10 00 2A288 01 10 2A286 10 01 2A289

10 10 10 00 10 10 00

10 10 2A28A

Movimento Normal

00 00 2A600 00 01 2A601 00 10 2A602 01 00 2A604 10 00 2A608 01 10 2A606 10 01 2A609

10 10 10 01 10 00 00

10 10 2A60A

Estancamento

00 00 2A210 00 01 2A211 00 10 2A212 01 00 2A214 10 00 2A218 01 10 2A216 10 01 2A219

10 10 10 00 10 00 01

10 10 2A21A

Escorregamento

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Robô se encolhendo em posição de retrocesso TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal Estado

Estrutural 00 00 2A820 00 01 2A821 00 10 2A822 01 00 2A824 10 00 2A828 01 10 2A826 10 01 2A829

10 10 10 10 00 00 10

01 01 2A825

Movimento Normal

00 00 2A900 00 01 2A901 00 10 2A902 01 00 2A904 10 00 2A908 01 10 2A906 10 01 2A909

10 10 10 10 01 00 00

01 01 2A905

Estancamento

00 00 2A840 00 01 2A841 00 10 2A842 01 00 2A844 10 00 2A848 01 10 2A846 10 01 2A849

10 10 10 10 00 01 00

01 01 2A845

Escorregamento

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Robô completamente esticado em posição de avanço TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal 00 01 01 01 10 00 00 01 01 5605 00 01 01 00 10 00 00 01 01 5205 00 01 01 10 10 00 00 01 01 5A05

Robô completamente encolhido em posição de avanço

TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal 00 01 01 10 10 00 00 10 10 5A0A 00 01 01 10 00 00 00 10 10 580A 00 01 01 10 01 00 00 10 10 590A

Robô completamente esticado em posição de retrocesso

TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal 10 10 10 01 10 00 00 01 01 2A605 10 10 10 00 10 00 00 01 01 2A205 10 10 10 10 10 00 00 01 01 2AA05

Robô completamente encolhido em posição de retrocesso

TU GT1 GT2 PS PN H1 H2 DH1 DH2 Hexadecimal 10 10 10 10 10 00 00 10 10 2AA0A 10 10 10 10 00 00 00 10 10 2A80A 10 10 10 10 01 00 00 10 10 2A90A