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Fechamento: 16/05/2016 às 23h58 Ano: XXIV - Nº 5.858 Terça-feira, 17 de maio de 2016 Menos de 24 horas depois de autorizar a abertura de inquérito contra o presidente do PSDB, senador Aé- cio Neves (MG), para apurar a suspeita de que o tucano recebeu propina de Furnas, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a inves- tigação. Aécio Neves é acusado de ser beneficiário de um suposto esquema de corrupção na Companhia Ener- gética de Minas Gerais (Furnas) para abastecer as elei- ções de 2002 do PSDB. Segundo a lista do lobista Nilton Monteiro, autenticada pela Polícia Federal, Aé- cio Neves recebeu R$ 5,5 milhões. A blindagem de Aécio foi considerada uma vergo- nha pelos deputados da Bancada do PT na Câmara. “Infelizmente esse era jogo de cartas marcadas por causa do relator. Não é novidade para nenhum brasilei- ro que o Gilmar Mendes está no STF a serviço do PSDB”, afirmou o deputado Padre João (PT-MG) adre João (PT-MG) adre João (PT-MG) adre João (PT-MG) adre João (PT-MG). O deputado observou que a suspensão das investi- gações e coletas de provas contra o senador tucano derrotado nas últimas eleições presidenciais, solicita- das pela Procuradoria-Geral da República, aconteceu no dia seguinte da tomada do governo federal pelos golpistas. “Os frutos do golpe começaram. A corrupção já está indo para debaixo do tapete. E não ouço barulho Gilmar Mendes, “o tucano de toga”, blinda Aécio Neves, denunciam petistas de panelas. Agora será um jogo de empurra-empurra e desmoralização da Justiça”, criticou. Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) aulo Pimenta (PT-RS) aulo Pimenta (PT-RS) aulo Pimenta (PT-RS) aulo Pimenta (PT-RS), o minis- tro Gilmar Mendes é um “tucano de toga” que há muito tempo deveria ter assumido a sua posição de militante do PSDB. E essa atitude de suspender a investigação, proibindo a coleta de provas em relação a Aécio Neves, suspendendo até depoimento, é algo que pode ser classificado como um tapa na cara do povo brasileiro. “É um escárnio, um deboche o que o Gilmar Mendes esta fazendo, e nós temos que denunciar. Ele tem que ser responsabilizado por essa impu- nidade, por essa seletividade”, afirmou. A blindagem de Aécio Neves também foi considera- da pelo deputado Luiz Couto (PT-PB) Luiz Couto (PT-PB) Luiz Couto (PT-PB) Luiz Couto (PT-PB) Luiz Couto (PT-PB) um deboche com o povo brasileiro. “Colocar um ministro que não esconde a sua relação estreita com o PSDB para relatar o caso é uma vergonha, um deboche”, criticou. Luiz Couto disse que está na hora de o Conselho Nacional de Justiça se manifestar, tomar uma providência. “Não pode ser natural um ministro agir com tanta parcialida- de, com tanta seletividade”, protestou. Para a deputada Margarida Salamão (PT-MG) Margarida Salamão (PT-MG) Margarida Salamão (PT-MG) Margarida Salamão (PT-MG) Margarida Salamão (PT-MG), a população brasileira foi iludida a pensar que o Supre- mo iria investigar, sem seletividade, todos os políticos envolvidos em corrupção. “É um acinte à inteligência do povo brasileiro. A abertura de inquérito contra o tucano Aécio Neves durou menos de 24 horas”, lamentou. Na avaliação da deputada Margarida, a luta contra a corrupção deveria ser uma obrigação e não apenas uma hipócrita bandeira eleitoral. “O discurso moralista quase sempre é seletivo e descompromissado com a verdade. E a cada dia que passa é mais perceptível o golpe que deram contra a presidenta eleita Dilma Rousseff”. A deputada do PT mineiro lembrou ainda que vários ministros do presi- dente golpista, Michel Temer, estão envolvidos em casos de corrupção. “O próprio Temer é considerado ficha suja e está inelegível”, enfatizou. “É uma decisão absurda”, reagiu o deputado Givaldo Vieira (PT-ES) Givaldo Vieira (PT-ES) Givaldo Vieira (PT-ES) Givaldo Vieira (PT-ES) Givaldo Vieira (PT-ES), que observou que, além de ser uma Justiça seletiva, ela vem agindo com foco endere- çado a prejudicar o PT. “É uma Justiça que tem sido rápida para punir o PT e tem demorado muito em outras situa- ções, foi assim no caso do afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), demorou a ter uma providência contra Aécio, que só aconteceu agora, depois de oito delatores confirmarem que ele recebeu propina no esquema de Fur- nas. E vem o Gilmar Mendes e o protege com essa medida que nós temos que repudiar”, afirmou. Bancada resistirá nas ruas e na Câmara à retirada de direitos O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Afonso Afonso Afonso Afonso Afonso Florence (BA) Florence (BA) Florence (BA) Florence (BA) Florence (BA), reafirmou na semana passada que o afasta- mento da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, é fruto de um golpe parlamentar contrário aos interesses do povo brasileiro. Segundo ele, o fato transforma o novo presidente que assumiu interinamente – Michel Temer (PMDB) – em um “cons- pirador e traidor” sem legitimidade para comandar o País. Afonso Florence anunciou ainda que a bancada vai com- bater as ameaças de retirada de direitos sociais e trabalhis- tas, que fazem parte do programa “Uma Ponte para o Futuro”, do PMDB, e resistir a esse retrocesso com muita luta no Parlamento e nas ruas para manter as conquistas obtidas. “Não foi cometido nenhum crime de responsabilidade pela presidenta Dilma Rousseff e, portanto, tudo não passa de uma grande farsa chamada de impeachment que, na verdade, é golpe. Por isso, a bancada não vai reconhecer o governo Temer, por ser totalmente ilegítimo”, afirmou. Afonso Florence, além de classificar Temer de “conspirador e traidor”, alertou que o golpe armado com a participação do depu- tado afastado e réu por corrupção no STF, Eduardo Cunha (PMDB- RJ), e pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem como objetivo “efetivar um retrocesso nos direitos sociais, econômicos e trabalhistas do povo brasileiro”. FOTOS: AGÊNCIA CÂMARA GUSTAVO BEZERRA/PTNACÂMARA

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Page 1: Gilmar Mendes, “o tucano de toga”, blinda Aécio … NA CAMARA-5858...2017/05/16  · Gilmar Mendes, “o tucano de toga”, blinda Aécio Neves, denunciam petistas de panelas

Fechamento: 16/05/2016 às 23h58

Ano: XXIV - Nº 5.858Terça-feira, 17 de maio de 2016

Menos de 24 horas depois de autorizar a aberturade inquérito contra o presidente do PSDB, senador Aé-cio Neves (MG), para apurar a suspeita de que o tucanorecebeu propina de Furnas, o ministro Gilmar Mendes,do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a inves-tigação. Aécio Neves é acusado de ser beneficiário deum suposto esquema de corrupção na Companhia Ener-gética de Minas Gerais (Furnas) para abastecer as elei-ções de 2002 do PSDB. Segundo a lista do lobistaNilton Monteiro, autenticada pela Polícia Federal, Aé-cio Neves recebeu R$ 5,5 milhões.

A blindagem de Aécio foi considerada uma vergo-nha pelos deputados da Bancada do PT na Câmara.“Infelizmente esse era jogo de cartas marcadas porcausa do relator. Não é novidade para nenhum brasilei-ro que o Gilmar Mendes está no STF a serviço do PSDB”,afirmou o deputado PPPPPadre João (PT-MG)adre João (PT-MG)adre João (PT-MG)adre João (PT-MG)adre João (PT-MG).

O deputado observou que a suspensão das investi-gações e coletas de provas contra o senador tucanoderrotado nas últimas eleições presidenciais, solicita-das pela Procuradoria-Geral da República, aconteceuno dia seguinte da tomada do governo federal pelosgolpistas. “Os frutos do golpe começaram. A corrupçãojá está indo para debaixo do tapete. E não ouço barulho

Gilmar Mendes, “o tucano de toga”,blinda Aécio Neves, denunciam petistas

de panelas. Agora será um jogo de empurra-empurra edesmoralização da Justiça”, criticou.

Para o deputado PPPPPaulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS), o minis-tro Gilmar Mendes é um “tucano de toga” que há muitotempo deveria ter assumido a sua posição de militante doPSDB. E essa atitude de suspender a investigação, proibindoa coleta de provas em relação a Aécio Neves, suspendendoaté depoimento, é algo que pode ser classificado como umtapa na cara do povo brasileiro. “É um escárnio, um debocheo que o Gilmar Mendes esta fazendo, e nós temos quedenunciar. Ele tem que ser responsabilizado por essa impu-nidade, por essa seletividade”, afirmou.

A blindagem de Aécio Neves também foi considera-da pelo deputado Luiz Couto (PT-PB)Luiz Couto (PT-PB)Luiz Couto (PT-PB)Luiz Couto (PT-PB)Luiz Couto (PT-PB) um debochecom o povo brasileiro. “Colocar um ministro que nãoesconde a sua relação estreita com o PSDB para relataro caso é uma vergonha, um deboche”, criticou. LuizCouto disse que está na hora de o Conselho Nacional deJustiça se manifestar, tomar uma providência. “Nãopode ser natural um ministro agir com tanta parcialida-de, com tanta seletividade”, protestou.

Para a deputada Margarida Salamão (PT-MG)Margarida Salamão (PT-MG)Margarida Salamão (PT-MG)Margarida Salamão (PT-MG)Margarida Salamão (PT-MG),a população brasileira foi iludida a pensar que o Supre-mo iria investigar, sem seletividade, todos os políticos

envolvidos em corrupção. “É um acinte à inteligência dopovo brasileiro. A abertura de inquérito contra o tucanoAécio Neves durou menos de 24 horas”, lamentou.

Na avaliação da deputada Margarida, a luta contra acorrupção deveria ser uma obrigação e não apenas umahipócrita bandeira eleitoral. “O discurso moralista quasesempre é seletivo e descompromissado com a verdade. E acada dia que passa é mais perceptível o golpe que deramcontra a presidenta eleita Dilma Rousseff”. A deputada doPT mineiro lembrou ainda que vários ministros do presi-dente golpista, Michel Temer, estão envolvidos em casosde corrupção. “O próprio Temer é considerado ficha suja eestá inelegível”, enfatizou.

“É uma decisão absurda”, reagiu o deputadoGivaldo Vieira (PT-ES)Givaldo Vieira (PT-ES)Givaldo Vieira (PT-ES)Givaldo Vieira (PT-ES)Givaldo Vieira (PT-ES), que observou que, além deser uma Justiça seletiva, ela vem agindo com foco endere-çado a prejudicar o PT. “É uma Justiça que tem sido rápidapara punir o PT e tem demorado muito em outras situa-ções, foi assim no caso do afastamento do deputado EduardoCunha (PMDB-RJ), demorou a ter uma providência contraAécio, que só aconteceu agora, depois de oito delatoresconfirmarem que ele recebeu propina no esquema de Fur-nas. E vem o Gilmar Mendes e o protege com essa medidaque nós temos que repudiar”, afirmou.

Bancada resistirá nas ruas e na Câmara à retirada de direitos

O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado AfonsoAfonsoAfonsoAfonsoAfonsoFlorence (BA)Florence (BA)Florence (BA)Florence (BA)Florence (BA), reafirmou na semana passada que o afasta-mento da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, éfruto de um golpe parlamentar contrário aos interesses do povobrasileiro. Segundo ele, o fato transforma o novo presidente queassumiu interinamente – Michel Temer (PMDB) – em um “cons-pirador e traidor” sem legitimidade para comandar o País.

Afonso Florence anunciou ainda que a bancada vai com-bater as ameaças de retirada de direitos sociais e trabalhis-tas, que fazem parte do programa “Uma Ponte para o Futuro”, do PMDB, eresistir a esse retrocesso com muita luta no Parlamento e nas ruas para manter

as conquistas obtidas.“Não foi cometido nenhum crime de responsabilidade pela

presidenta Dilma Rousseff e, portanto, tudo não passa de umagrande farsa chamada de impeachment que, na verdade, é golpe.Por isso, a bancada não vai reconhecer o governo Temer, por sertotalmente ilegítimo”, afirmou.

Afonso Florence, além de classificar Temer de “conspirador etraidor”, alertou que o golpe armado com a participação do depu-tado afastado e réu por corrupção no STF, Eduardo Cunha (PMDB-

RJ), e pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem como objetivo “efetivar umretrocesso nos direitos sociais, econômicos e trabalhistas do povo brasileiro”.

FOTOS: AGÊNCIA CÂMARA

GUSTAVO BEZERRA/PTNACÂMARA

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Líder da Bancada: Deputado Afonso Florence (BA)

Chefe de Gabinete: Marcus Braga - Coordenação da Imprensa: Rogério Tomaz Jr.; Paulo Paiva Nogueira (Assessoria de Imprensa) Editores: Denise Camarano (Editora-chefe); Vânia Rodrigues e Tarciano Ricarto

Redação: Benildes Rodrigues, Gizele Benitz, Héber Carvalho, Tarciano Ricarto e Vânia Rodrigues - Rádio PT: Ana Cláudia Feltrim , Chico Pereira , Ivana Figueiredo e Gabriel

Fotógrafos: Gustavo Bezerra e Salu Parente Video: João Abreu, Jonas Tolocka e Jocivaldo Vale

Projeto Gráfico: Sandro Mendes - Diagramação: Sandro Mendes e Ronaldo Martins - Web designer e designer gráfico: Claudia Barreiros - Secretária de Imprensa: Maria das Graças

Colaboração: Assessores dos gabinetes parlamentares e da Liderança do PT.

O Boletim PT na Câmara, antigo Informes, foi criado em 8 de janeiro de 1991 pela Liderança do PT na Câmara dos Deputados.EX

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Em discurso contundente feito no plená-rio da Câmara, quinta-feira (12), data emque a presidenta eleita Dilma Rousseff foiafastada do cargo por 180 dias, o deputadoCarlos Zarattini (PT-SP)Carlos Zarattini (PT-SP)Carlos Zarattini (PT-SP)Carlos Zarattini (PT-SP)Carlos Zarattini (PT-SP) fez uma retros-pectiva do Brasil desde que o PT assumiu ogoverno, com a eleição do ex-presidente Lula,em 2002. Segundo o deputado, a persegui-ção e a tentativa de destruição do Partido dosTrabalhadores, da figura do Lula e, agora, dapresidenta Dilma, que teve na mídia o princi-pal indutor, começaram no momento em queo operário chegou à Presidência da República e mos-trou ao mundo que um Brasil justo, inclusivo e sobe-rano era possível.

“A campanha midiática contra o nosso governo nãocessou. Muito pelo contrário, aumentou de forma feroz,criticando não os nossos erros, mas sim nossos acertosem possibilitar, por exemplo, que o filho de uma traba-lhadora empregada doméstica estudasse na mesmauniversidade do filho da patroa”, afirmou Zarattini.

De acordo com o deputado, os golpistas diziam queLula era um “operário ignorante” e que nunca iria seeleger. E, caso fosse eleito, não teria como governar. “Ahistória mostrou exatamente o contrário. Com sabedoriae habilidade política, o nosso sempre presidente Lulasoube superar a crise econômica e social em que o Paísvivia”, disse Zarattini, esclarecendo que, para fazer esseenfrentamento, Lula criou programas sociais, como oFome Zero e o Bolsa Família, além de valorizar osalário mínimo e de financiar os pequenos e médiosprodutores rurais com juros reais negativos, abaixo dainflação, entre tantas outras medidas.

Carlos Zarattini lembrou ainda que os trabalha-dores e aposentados passaram a ter acesso a crédito eisso estimulou o consumo, levando à movimentação

Perseguição ao PT começou com eleição de Lulae redução da desigualdade social, afirma Zarattini

da economia. Ao relatar os avanços econômicos esociais do governo do PT, Zarattini fez questão dedenunciar a campanha que as principais emissoras detelevisão, em particular a Rede Globo e a grandeimprensa desenvolveram, em 2005, em apoio à opo-sição liderada pelo PSDB, DEM (antigo PFL) parabarrar a reeleição de Lula.

“Foi uma vergonhosa campanha midiática, com basena desinformação e em mentiras contra o presidente Lulae o PT, mas isso não impediu que milhões de brasileirosreconhecessem o êxito do Governo, reelegendo Lula paraum segundo mandato em 2006”, criticou.

Observou Zarattini que não bastasse a persegui-ção dos barões da mídia, Lula e o PT passaram a seracossados pelo Ministério Público Federal (MPF), queacusou o governo Lula e o PT de compra de votos paraobter uma maioria no Congresso Nacional. “O mesmoMPF não incriminou o ex-presidente Fernando Henri-que Cardoso pela comprovada compra de votos parasua reeleição, em 1997, para um segundo manda-to”, lembrou Zarattini.

A perseguição ao PT continuou, disse Zarattini,lembrando a teoria do “Domínio do Fato”, utilizadapelo então ministro do STF Joaquim Barbosa, paracondenar os principais dirigentes do PT, como José

Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha eJosé Genoino, na Ação Penal 470, que amídia apelidou de mensalão.

Lava-JatoLava-JatoLava-JatoLava-JatoLava-Jato – Carlos Zarattini apontou aOperação Lava-Jato, da Polícia Federal, comomais uma peça no tabuleiro de destruição eperseguição ao PT e a Lula. A operação, co-mandada pelo Juiz Sérgio Moro para investi-gar, processar e condenar atos de corrupçãoque ocorreram na Petrobras, explicou Zaratti-ni, envolveu partidos políticos e parlamenta-res, que buscavam junto às grandes emprei-

teiras nacionais recursos para campanhas eleitorais. Noentanto, ressaltou o parlamentar, a centralidade da ope-ração teve o PT como foco, apesar de o maior número depolíticos envolvidos serem do PMDB e do PP.

GolpeGolpeGolpeGolpeGolpe – Nesse cenário, frisou Zarattini, a opo-sição liderada pelo PSDB, DEM e PPS, partidos quehistoricamente sempre foram derrotados pelo PT, nãopodendo acusar a presidenta Dilma de desonesta oucorrupta, levantaram a tese do impeachment, alegan-do como crime de reponsabilidade “pedaladas fis-cais” com base nos decretos por ela assinados deremanejamento de verbas.

Tudo isso, segundo o deputado, armado para en-tregar o pré-sal às multinacionais estrangeiras e im-por sacrifícios ao povo. “Sem dúvida, o pré-sal é umdos principais motivos para perpetrar o golpe contra apresidenta. Pelas mesmas razões, ocorreram os gol-pes que derrubaram Getúlio Vargas, em 1954, e JoãoGoulart, em 1964”.

“Vamos resistir! Vamos lutar! Vamos fortalecerainda mais a Frente Brasil Popular para continuar de-nunciando e enfrentando os golpistas e a campanhavergonhosa comandada pela Rede Globo e pela grandemídia contra o nosso Lula e o PT”, finalizou Zarattini.

Benedita da Silva: 13 de Maio marca libertação da senzala, não da exclusão socialA deputada Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)

registrou em pronunciamento no plenário a passa-gem do dia 13 de maio, na sexta-feira, dia quemarca a libertação dos escravos da senzala, masnão da exclusão social. “Reboliço na casa grande,mobilização na senzala – 13 de maio de 1888.Negro livre, sem acesso a terra, sem mercado detrabalho. A abolição formal e legal ali estava, mas

os negros continuaram excluídos. E são esses negrosque ainda clamam por justiça”, disse.

“Para nós, o 13 de maio marca o Dia Nacional

de Luta contra o Racismo. E, agora, cito FlorestanFernandes: os senhores foram eximidos da respon-sabilidade pela manutenção e segurança dos liber-tos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outrainstituição assumisse encargos especiais, que tives-sem por objeto repará-los para o novo regime deorganização da vida e do trabalho”, afirmou Bene-dita da Silva.

GUSTAVO LIMA/CÂMARA

PELA DEMOCRACIA

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Milhares de manifestante saíram àsruas no domingo (15) em várias cidadesdo País, e até no exterior, para protestarcontra o governo golpista de Michel Te-mer (PMDB) e o processo de impeach-ment da legítima presidenta eleita, Dil-ma Rousseff. Foram registradas manifes-tações em São Paulo, Belo Horizonte, Cu-ritiba, Distrito Federal e Florianópolis.

A maior concentração aconteceu nacapital paulista, onde 10 mil pessoas pro-testaram contra Temer. Organizada porgrupos feministas, a manifestação per-correu a Avenida Paulista até a sede da Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No trajeto,o público questionou, com cartazes e palavras de or-dem, a ausência de mulheres no primeiro escalão doministério de Temer.

Em Belo Horizonte, o ato contra o presidentegolpista reuniu cinco mil pessoas na Praça da Liberda-de, segundo a organização. Durante o protesto, umaequipe da Rede Globo foi expulsa do local por mani-festantes e saiu escoltada pela guarda municipal.

Em Brasília, cerca de 250 pessoas, de acordo

Domingo do golpista Temer é marcado por protestos

A ruptura do jogo democrático por um grupo inca-paz de chegar ao poder por meio do voto lançou o Paísnovamente sob o comando de forças conservadoras,com apoio da mídia, dos partidos de oposição, departe do Judiciário e do Ministério Público. O conluio– contra o qual as ruas já demonstram resistência eoposição – foi repudiado também da tribuna da Câ-mara por vários parlamentares petistas.

“Como é que em um País do tamanho do Brasil,a maior economia da América do Sul, uma democra-cia que pensávamos que estava consolidada, de re-pente, acontece este nível de covardia e um golpe tãomoderno como este que foi construído”, questionou odeputado Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)

Deputados lamentam golpe articulado desde Governo Lula

O deputado Nilto TNilto TNilto TNilto TNilto Tatto (PT-SP)atto (PT-SP)atto (PT-SP)atto (PT-SP)atto (PT-SP), em encon-tro com lideranças quilombolas em Ivaporunduva,no município paulista de Eldorado, no Vale do Ri-beira, participou de discussões sobre as demandasespecíficas dos quilombolas, oportunidade em queeles manifestaram apreensão frente aos retrocessosprotagonizados pelo governo interino e golpista deMichel Temer. O debate ocorreu durante o EncontroRegional de Políticas Públicas para ComunidadesQuilombolas.

“O encontro com as comunidades quilombolasfoi da maior importância e deixou a mensagem de

Nilto Tatto reúne-se com comunidades quilombolas

com a PM, se concentraram na Praça dos Três Poderespara protestar contra o impeachment de Dilma Rous-seff e o governo interino de Temer. No ato, que duroucerca de uma hora, os manifestantes também interdi-taram a Rua da Alameda dos Estados, em frente aoCongresso Nacional.

Já em Florianópolis, um grupo de 150 pessoasse mobilizou pelo Facebook para protestar contra opresidente golpista. Os manifestantes se concentra-ram no Largo da Alfândega, no centro da cidade.

No centro de Curitiba, na praça Santos Andrade,

mais de 500 pessoas se reuniramem uma manifestação contra Temer,segundo estimativa da PM.

Além das cidades brasileiras, odomingo também ficou marcado pelamanifestação #ForaTemer em Lis-boa, Portugal. Um grupo de brasilei-ros se mobilizou pelas redes sociais esaiu às ruas contra o presidente gol-pista.

PPPPPanelaçoanelaçoanelaçoanelaçoanelaço – Durante a entrevis-ta de Temer ao programa Fantástico(Rede Globo), também no domingo,

foram registrados panelaços em São Paulo, Rio deJaneiro, Salvador, Porto Alegre, Brasília, Fortaleza eBelo Horizonte.

Em várias cidades também ocorreram buzinaçose apitaços e foram ouvidos gritos de “fora, Temer” e“Temer golpista”. Internautas promoveram um “vo-mitaço” na página do Fantástico no Facebook, e usa-ram hastags como #ForaTemer, #TemerGolpista#TemerEgloboUnidosNoGolpe.

No Twitter, a hashtag #ForaTemer entrou paraos Trending Topics, com quase 40 mil menções.

O parlamentar lembrou que o golpe foi uma cons-piração articulada minuciosamente há muito tempo.“As tratativas se deram logo que o presidente Lulacomeçou a governar. Aí, o Lula foi reeleito. Não satis-feitos, os golpistas inventaram o mensalão. E aí, comapoio de Lula, a presidenta Dilma foi eleita para seuprimeiro mandato. Aí, os golpistas diziam que ela nãoseria reeleita. Mas foi. E aí decretaram que Dilma nãoiria governar e que iriam tirar dela o poder”, explicou.

A deputada Erika Kokay (PT-DF)Erika Kokay (PT-DF)Erika Kokay (PT-DF)Erika Kokay (PT-DF)Erika Kokay (PT-DF) tambémafirmou que o discurso do golpe de 12 de maio de2016 é o mesmo do de 30 de março de 1964. “Éo mesmo discurso, dos redentores. Aliás, o GolpeMilitar foi chamado de Revolução Redentora. Pa-

rece que eu estou escutando o mesmo discursodaqueles que dizem que é preciso saquear o podere tentam justificar isso”.

O depuado Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT) consi-derou que o golpe não fará do Brasil um país me-lhor. E criticou discursos de deputados que aplaudi-ram o golpe. “Ouvi discurso de um deputado doPSDB, e ele dizia que viraram essa triste página doPartido dos Trabalhadores. A página alegre deve sera história do merendão de São Paulo, do trensalãode São Paulo. A história alegre deve ser o massacrecontra os professores, promovido pelos tucanos noParaná. Quem bate em professor não merece respei-to”, disse Ságuas Moraes.

que, diante de todas as ameaças, não há outro ca-minho, a não ser resistir e recrudescer a luta”, ava-liou o deputado Nilto Tatto.

Entre as primeiras medidas, o governo Temer anun-ciou a extinção dos Ministérios das Mulheres, da Igual-dade Racial e dos Direitos Humanos, e a transferênciada responsabilidade de etapas chave para a titulação deterras quilombolas para o Ministério da Cultura, que foiincorporado ao Ministério da Educação.

Por sua vez, a Educação ficou sob o comando doDEM – partido que é contrário a toda política volta-da para as comunidades quilombolas e é também

autor de Ação Direta de Inconstitucionalidade quequestiona a validade da regulamentação dos proce-dimentos que dizem respeito ao acesso à terra (De-creto 4887/03).

Soma-se a isso a tramitação no Congresso deprojetos de interesse da bancada ruralista, como aPEC 215 – que, na prática, inviabilizaria a demar-cação ou a ampliação de áreas indígenas, quilom-bolas e de conservação – e a proposta que excluibenefícios das comunidades tradicionais na regula-mentação da lei de acesso aos recursos genéticos econhecimentos tradicionais.

REAÇÃO AO GOLPE

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Entrevista/José Guimarães ( PT-CE )

“Menos gabinete e mais pé na estrada, temos que ir para as ruas denunciar o golpe”Quando a presidenta eleita Dilma Rousseff deixou o Palácio do Planalto, na quinta-feira (12), no momento em que se dirigia ao carro que a levaria ao Palácio da Alvorada

para cumprir o afastamento de 180 dias, a seu lado estava o deputado José Guimarães (PT-CE). Fiel escudeiroDilma até o carro. Guimarães, esse nordestino jeitoso que conquistou a confiança da presidenta, conta, em entrevista ao PT na Câmara, a dor desse dia difícil. “Pra mim,foi um dos dias mais marcantes da minha vida pública. Foi muito forte”, desabafou. Para Guimarães, Dilma saiu muit

do PT e o futuro do País, ele defendeu a ocupação das ruas para mostrar os feitos dos governos petistanuma frente ampla. “A esquerda do Brasil como um todo, não só o PT, tem que pensar algo maior do que os p

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – O senhor acompanhou a presidenta Dilma até o instante em queela deixou de carro o Palácio do Planalto. Qual foi o sentimento do senhor naquelemomento?

GuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarães – Pra mim, foi um dos dias mais marcantes da minha vida pública. Umamística que envolveu três sentimentos. Primeiro, de me sentir parte da injustiça que está sendopraticada contra a presidenta Dilma, daí o porquê da minha ida até a porta do carro. Incorporeipra mim esse sentimento de injustiça. Segundo, o pronunciamento dela marcou. Todo oPalácio, a multidão em frente, os jornalistas, a imprensa internacional... Muita gente contidapara não chorar dada a consistência e o peso do seu discurso, não de despedida, mas de um ‘atélogo’, ‘até já’. Foi muito forte. Eu poderia resumir numa frase o meu sentimento: estão tirandoela da cadeira momentaneamente, mas não a estão tirando do coração valente do povobrasileiro. E o terceiro, o sentimento da representatividade. Choca o País e, principalmente, omundo o fato de tirar uma presidenta com um clima de comoção no Palácio. Eu compararia:uma comoção com a nossa saída e uma tristeza com a entrada dos golpistas.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – Como foi o seu relacionamento com a presidenta Dilma durante todo essetempo de convivência, sobretudo nesse período para barrar o golpe?

GuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarães – Cultivei uma relação de muita proximidade com ela. Não conhecia aDilma, conheci agora nesse um ano e seis meses de Liderança [do Governo]. E ela é uma pessoamuito afável, muito amável, diferentemente do que as pessoas imaginam. No último momentoem que eu estive com ela, eu estava muito aperreado. Almocei com ela na segunda-feira (9),estava almoçando muito rapidamente. Ela disse: ‘Zé, para! Você está comendo muito rápido’.Ela disse assim: ‘vou dar uma de sua mãe, come devagar, fica tranquilo’. Ela é assim... aparentaser muito durona, mas, na intimidade, é muito afável, muito carinhosa. Ela falou: ‘tô fazendoisso por você e sua mãe vai gostar desse meu conselho’. Eu terminei e disse: ‘presidenta, gosteimuito de ter mais paciência para almoçar’.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – E o que o senhor pôde perceber acerca do sentimento dela nesse dia?GuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarães – Acho que ela estava muito contida. A grande preocupação dela era que

mensagem deixaria para o Brasil e para o mundo. E acho que ela conseguiu ser muito contun-dente: ‘eu estou sendo injustiçada’. Isso calou fundo. Ela fez um esforço, em minha percepção,enorme para se conter. Teve momentos no comunicado lá dentro do Palácio que ela embargoua voz. E a preocupação dela era lá fora, como as pessoas estavam. Eu diria que ela estava maispreocupada com as pessoas que estavam lá fora [do Palácio] do que com os parlamentares queestavam dentro. Quando ela terminou o comunicado, muitos parlamentares se aproximaramdela para falar e ela disse: ‘pessoal, eu tenho que ir lá fora, tem gente no sol me esperando’.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – A presidenta saiu fortalecida?GuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarães – Ela sai muito maior do que entrou. Quando nós iniciamos essa briga ela

estava muito desgastada. Hoje, ela melhorou muito nacionalmente e reverteu completamenteo Nordeste. Tenho pesquisas internas de estados do Nordeste em que ela está em outro nível deaceitação. E ela virou vítima de uma armação política, que foi carimbada como golpe. Ninguémfala de impeachment, o povo nas ruas fala de golpe. ‘Deram o golpe!’. E deram um golpe numamulher, eleita. A farsa do Senado, por mais que tenham tentado dar um grau de civilidade,diferentemente do que aconteceu na Câmara, com um discurso mais refinado, tem a mesmabase, é a mesma armação. Uma elite que resolveu tirar o PT do governo, independentementede qualquer coisa, sem crime, sem nada.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – Dilma tem repetido se tratar de um golpe também nos direitos conquis-

tados pelos brasileiros nos últimos 13 anos. O senhor que nasceu no sertão central do Ceará, láem Quixeramobim, como percebe esses avanços in loco, quando faz uma comparação entre oque era e o que é hoje na vida dos seus conterrâneos e dos brasileiros em geral?

GuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarães – Na semana anterior, fomos à Pernambuco e ao Ceará visitar as obras detransposição do Rio São Francisco – uma obra que tem hoje quase 90% de execução, quase prontapara levar água para 12 milhões de pessoas. E eu vi quanta gente morando naquelas bibocas deserra, num sertão que não dá nada, nem mato, numa caatinga de sol escaldante... Vi como aspessoas chegavam até ali quando nós pousamos numa localidade chamada TCabrobó, Pernambuco. Eu vi o quê? Naquele tempo em que eu morava em Quixeramobim, lá numalocalidade chamada Encantado, o meio de transporte era um burro ou um jumento. Depois,evoluiu-se para uma bicicleta. Quando eu morava lá, o meu maior sonho era uma bicicleta Caloi.Nós éramos 11 irmãos, nunca consegui. E nesse dia agora, sexta-feira, eu vi o povo chegando paraa manifestação de moto, de carro, de ônibus, de tudo... Por quê? Porque a vida das pessoas mudoucompletamente. A melhora é na renda, no modo de viver, na casa para morar, na escola paraestudar, na universidade para estudar, no posto de saúde para atender....

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – Entre todos esses avanços, qual foi o maior legado para o Nordeste?Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – A maior revolução que nesses 13 anos nós fizemos foi permitir a ascensão

social das pessoas, e isso no Nordeste foi fantástico. É uma coisa que ninguém apaga. Nãoestou nem falando de uma obra dessas [transposição do São Francisco] em que nós vamosinvestir lá R$ 8,5 bilhões, que por si só já é um tapa na cara das oligarquias nordestinas, quedominaram a região por séculos e nunca souberam enfrentar o problema hídrico da região. Maseu falo da melhora na vida das pessoas... Os nordestinos, nós na nossa região, não temninguém que passe fome. E mais: todo mundo na escola. Os que têm uma renda menor têmuma moto. Eu mesmo estudava a 12 quilômetros do meu distrito e ia todo dia de jumento, emcima de uma carga, ou andando. Então, a vida das pessoas mudou. Não só o fato que o Lula diz– de comer três vezes por dia –, mas as pessoas ascenderam à condição de cidadãos.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – O senhor acredita que é a defesa desse legado que pode reverter essa situação degolpe?

Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – As pessoas têm muito medo de retrocesso, e defender esse legado é aprimeira tarefa da nossa bancada. Nós temos o que mostrar, mesmo nas regiões que não são doNordeste. No meu estado, você tem hoje três novas universidades [federais]. Só tinha uma. Isso éuma revolução. Você tem 33 institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Só tinha um até

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O ICMS, na maior parte das vezes, é cobradona origem, não acompanha a circulação. E o im-posto fica nos estados de origem, que são os quemais produzem mercadorias, os mais ricos. Masquando se trata de energia, por exemplo, a co-brança se dá no destino. Coincidentemente, quemmais produz energia são as regiões mais pobres, equem mais consome são as regiões mais ricas.Uma verdadeira injustiça fiscal que empobrececada vez mais uma parte do Brasil.

A análise foi apresentada pelo deputado AssisAssisAssisAssisAssisCarvalho (PT-PI)Carvalho (PT-PI)Carvalho (PT-PI)Carvalho (PT-PI)Carvalho (PT-PI), em reunião da Comissão deFinanças e Tributação da Câmara dos Deputados,na semana passada, que discutiu o requerimentodo deputado Edmilson Rodrigues (PSol-PA), pararealização de seminário sobre a regulamentação doartigo 155 da Constituição Federal e sobre a cha-mada Lei Kandir. O evento deverá debater a com-pensação tributária entre os estados brasileiros ex-portadores de commodities – produtos “in natura”,de cultivo agrícola ou de extração mineral.

Assis considera necessária a readequação nacobrança do tributo entre os estados. “Da formaque é feita hoje, a cobrança do ICMS prejudica osestados do Nordeste”, explicou o parlamentar.

“Tivemos investimento muito grande em ener-gia eólica, nos limites entre Piauí e Pernambuco,na região do Araripe, onde já temos produçãosignificativa, inclusive exportando para outros es-tados da Federação. Entretanto, a tributação doitem energia, assim como o combustível, está con-traditando com a realidade do ICMS de outrosprodutos, onde a cobrança é feita na origem. Noscasos de combustível e energia, a cobrança é feitano destino”, disse.

“Então, veja só a contradição: quando compra-mos um aparelho de telefone, um relógio produzidono Sudeste, quem se beneficia é quem produz. Po-rém, quando produzimos energia eólica em altaquantidade e exportamos, quem se beneficia é quemestá comprando nossa energia”, explicou.

Forma de cobrarICMS prejudica

Nordeste

“Menos gabinete e mais pé na estrada, temos que ir para as ruas denunciar o golpe”Quando a presidenta eleita Dilma Rousseff deixou o Palácio do Planalto, na quinta-feira (12), no momento em que se dirigia ao carro que a levaria ao Palácio da Alvorada

-CE). Fiel escudeiro, o até então líder do Governo, foi o único a acompanharDilma até o carro. Guimarães, esse nordestino jeitoso que conquistou a confiança da presidenta, conta, em entrevista ao PT na Câmara, a dor desse dia difícil. “Pra mim,

ara Guimarães, Dilma saiu muito maior do que entrou no governo. Sobre o legadovernos petistas. Também falou sobre a necessidade de união das esquerdas

em que pensar algo maior do que os partidos. Eu sou muito adepto da tese da frente”.

ANTONIO AUGUSTO/CÂMARA

tados pelos brasileiros nos últimos 13 anos. O senhor que nasceu no sertão central do Ceará, láem Quixeramobim, como percebe esses avanços in loco, quando faz uma comparação entre oque era e o que é hoje na vida dos seus conterrâneos e dos brasileiros em geral?

ernambuco e ao Ceará visitar as obras detransposição do Rio São Francisco – uma obra que tem hoje quase 90% de execução, quase prontapara levar água para 12 milhões de pessoas. E eu vi quanta gente morando naquelas bibocas deserra, num sertão que não dá nada, nem mato, numa caatinga de sol escaldante... Vi como aspessoas chegavam até ali quando nós pousamos numa localidade chamada Terra Nova, em

ernambuco. Eu vi o quê? Naquele tempo em que eu morava em Quixeramobim, lá numalocalidade chamada Encantado, o meio de transporte era um burro ou um jumento. Depois,evoluiu-se para uma bicicleta. Quando eu morava lá, o meu maior sonho era uma bicicleta Caloi.Nós éramos 11 irmãos, nunca consegui. E nesse dia agora, sexta-feira, eu vi o povo chegando para

orque a vida das pessoas mudoucompletamente. A melhora é na renda, no modo de viver, na casa para morar, na escola paraestudar, na universidade para estudar, no posto de saúde para atender....

– Entre todos esses avanços, qual foi o maior legado para o Nordeste?A maior revolução que nesses 13 anos nós fizemos foi permitir a ascensão

social das pessoas, e isso no Nordeste foi fantástico. É uma coisa que ninguém apaga. Nãoestou nem falando de uma obra dessas [transposição do São Francisco] em que nós vamosinvestir lá R$ 8,5 bilhões, que por si só já é um tapa na cara das oligarquias nordestinas, quedominaram a região por séculos e nunca souberam enfrentar o problema hídrico da região. Maseu falo da melhora na vida das pessoas... Os nordestinos, nós na nossa região, não temninguém que passe fome. E mais: todo mundo na escola. Os que têm uma renda menor têmuma moto. Eu mesmo estudava a 12 quilômetros do meu distrito e ia todo dia de jumento, emcima de uma carga, ou andando. Então, a vida das pessoas mudou. Não só o fato que o Lula diz– de comer três vezes por dia –, mas as pessoas ascenderam à condição de cidadãos.

– O senhor acredita que é a defesa desse legado que pode reverter essa situação de

As pessoas têm muito medo de retrocesso, e defender esse legado é aprimeira tarefa da nossa bancada. Nós temos o que mostrar, mesmo nas regiões que não são doNordeste. No meu estado, você tem hoje três novas universidades [federais]. Só tinha uma. Isso éuma revolução. Você tem 33 institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Só tinha um até

2003. Estou dando o exemplo do Ceará, mas isso foi em todo canto. Fizemos umarevolução, e a elite decidiu tirar o PT na marra. Vamos voltar pelo povo.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – Qual o caminho a seguir agora?Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Temos primeiro que organizar e qualificar muito bem o tipo de

oposição que vamos fazer. Obrigatoriamente temos que estar do lado daqueles que seposicionaram contra o golpe – a esquerda brasileira e os movimentos sociais. E vamos terque discutir a natureza da oposição aqui dentro, porque ela será feita aqui dentro e nas ruas.Estou mais preocupado mais com as ruas, porque foi o diferencial nessa disputa quetivemos. É muito importante recompor com os movimentos sociais, eles foram a alma doprocesso contra o impeachment. Evidentemente, também precisamos aprimorar a disputapolítica aqui dentro. Temos que fazer oposição ao governo, não ao País. E, para não fazeroposição ao País, a primeira providência que temos que tomar é defender o nosso legado,as coisas que fizemos, e impedir os retrocessos. Quando vier para cá, por exemplo, o projetode reduzir os beneficiários do Bolsa Família, nós temos que dinamitar....

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – Qual sua avaliação sobre o futuro do PT?Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – É claro que o PT tem que fazer uma profunda correção de rumos, fazer uma

avaliação desse processo todo, os erros que foram cometidos, mudar profundamente a forma deorganização, desburocratizar o partido, recompor o partido com a sociedade, trazer novos atorespara as direções. O País exige isso do PT. Nós não nascemos para ser iguais aos outros e emmuitos aspectos nós nos tornamos iguais. Por isso, que nós compramos tamanho desgaste. Nósnascemos para ser diferentes. Muitos dos erros que o PT cometeu foi por ser igual aos outros.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – O senhor já chegou a declarar que o modelo de “presidencialismo decoalisão” faliu. Existe alguma alternativa?

Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – O modelo tem que ser repensado. Essa aliança de centro que foi feita,faliu, tá errada, ninguém aceita mais isso. E o nosso papel agora é repensar a esquerda, temosque reformular a esquerda. A esquerda do Brasil como um todo, não só o PT, tem que pensaralgo maior do que os partidos. Eu sou muito adepto da tese da frente. Temos que evoluir parauma frente ampla aqui no Brasil, com uma plataforma mínima para disputar com a elitebrasileira os rumos do País. Se não fizermos essa reforma interna, como vamos propor reformaspara o País? A principal reforma que temos que fazer hoje é reformar o PT e a esquerda. Aesquerda não pode pensar ‘cada um por si e Deus por todos’. O PT não corre risco, será sempreum partido grande de esquerda, que tem base social e representatividade. Agora, não ésuficiente para ele sozinho dar conta da conjuntura. Tem que agregar outra construção que, paramim, é uma frente mais ampla. O PT tem que ser mais humilde. Eu prefiro um passo atrás, paradar dois lá na frente, do que achar que tem que continuar do mesmo jeito.

PTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmaraPTnaCâmara – E que leitura o senhor faz do cenário das eleições municipais deste ano?Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Guimarães – Acho que o Lula, a Dilma e os ministros da Dilma têm que percorrer o País.

Nós saímos desse episódio momentaneamente muito fortalecidos, isso pode se refletir numaeleição. Menos gabinete e mais pé na estrada para dialogar com a nossa base social. E mostraro que fizemos de bom para o País. Ninguém tira esse nosso legado. Chegar no Nordeste e falardas obras hídricas, falar dos benefícios sociais. Tem coisa melhor? Falar das universidades, dofilho do pobre nas universidades. Não tem que ter choro, temos que ir para as ruas denunciar ogolpe e tentar revertê-lo no Senado. Não podemos fazer isso só com o PT, tem que ser algo como conjunto da Frente Brasil Popular. Estou animado, por mais que o coração esteja ferido epartido, estou animado para enfrentar os novos desafios.

GUSTAVO BEZERRA/PTNACÂMARA

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Qualquer retrospectiva na história de lu-tas por direitos mostrará que as mulheressempre tiveram protagonismo. O governo pro-visório, golpista e ilegítimo de Michel Temer(PMDB-RJ), ao alijar as mulheres do primei-ro escalão do seu governo, retrocede e semacula como um governo descompromissa-do com as questões de gênero. Esse é o en-tendimento da coordenadora do Núcleo daBancada Feminina do PT na Câmara, deputa-da Ana PAna PAna PAna PAna Perugini (PT-SP).erugini (PT-SP).erugini (PT-SP).erugini (PT-SP).erugini (PT-SP). “Apesar de nãoreconhecermos esse governo ilegítimo, a ausência demulheres no primeiro escalão mostra a forma de pen-sar de quem o está comandando”, afirmou Perugini.

De acordo com a deputada, embora a composiçãode um governo ser parte das prerrogativas do chefe doExecutivo, o Parlamento pode apresentar proposiçãoou moção solicitando reformatação no modelo adota-do. “Isso não nos tira o dever, enquanto mulher, en-quanto instituição do Parlamento, de fazermos a re-flexão e movimento político para que haja um novoolhar sobre as mulheres”, disse a deputada, que é asegunda vice-presidente da Comissão de Defesa dosDireitos da Mulher da Câmara.

Perugini lembrou que – para as mulheres queocuparam espaço de poder com competência e deter-minação nos governos do ex-presidente Lula e nogoverno da presidenta Dilma – esse ato é um retro-

Perugini: Retrocesso do governo interino doTemer requer um novo olhar para as mulheres

cesso às conquistas. Disse ainda a deputada que a alaconservadora representada na Câmara e que agoratambém se aloja no Executivo ignora que as mulheresrepresentam mais de 50% da população brasileira.

A deputada criticou mudança brusca de posturado presidente interino Michel Temer. Ela relatou quea primeira Delegacia de Mulher do Estado de SãoPaulo foi criada na sua gestão, no período em queocupou o cargo de Secretário de Segurança Pública dogoverno de Franco Montoro (PMDB-SP). “As pessoasmudam e, nesse caso, não para melhor. É um contras-senso”, lamentou Ana Perugini.

RepercussãoRepercussãoRepercussãoRepercussãoRepercussão – A ausência de mulheres nacúpula do ministério provocou repercussão inter-nacional. Em Portugal, a presidente do Foro Eurolatino-americano de Mulheres, Myriam Suazo,apresentou um documento em protesto ao “des-

respeito à diversidade”.“Das mudanças políticas no Brasil,

que afastaram do cargo a primeira mu-lher eleita presidenta da República, emer-giu um governo interino composto exclu-sivamente por homens brancos, sem res-peito à diversidade do povo brasileiro”,diz o texto que será encaminhado peloFórum Euro-Latino-Americano da Mulher.

“Defendemos que as políticas públi-cas não sejam interrompidas e protesta-

mos contra o enfraquecimento institucional daagenda das mulheres, com redução de ministériose a não participação das mulheres no primeiroescalão do governo”, continua o documento.

Para Jennifer Berdahl, professora da Universi-dade de British Columbia, no Canadá, ao privile-giar homens brancos na composição de seu minis-tério, o presidente interino Michel Temer mandauma mensagem “má” e “perigosa” à população.“A diversidade na liderança é muito importantepor uma série de razões. Uma delas é a represen-tação. Numa democracia, a ideia é ter líderes querepresentem a população e seus interesses. Isso édifícil se não houver ninguém que se sentiu napele de uma mulher ou de uma minoria”, disse aespecialista em diversidade e igualdade de gêne-ro no trabalho em entrevista à BBC Brasil.

O presidente da Comissão deCultura da Câmara, deputadoChico D’Angelo (PT-RJ)Chico D’Angelo (PT-RJ)Chico D’Angelo (PT-RJ)Chico D’Angelo (PT-RJ)Chico D’Angelo (PT-RJ), afir-mou ontem que a extinção do Mi-nistério da Cultura pelo governointerino de Michel Temer é um sim-bolismo que retrata a repressão à cultura brasileira.

“Um golpe tende a restringir direitos. Um gover-no interino com este perfil conservador, como esta-mos vendo, toma como uma das primeiras medidas,até de forma simbólica, acabar com o Ministério daCultura. E isso porque a democracia é umbilicalmenteligada à cultura. Ou seja, é uma retaliação destegoverno interino a um setor brasileiro que tem a capa-cidade de formulação crítica. Fazer com que as pesso-as analisem com a razão, que vem na lógica contráriadeste governo interino. O que está em curso é umaproposta muito mais geral de retrocesso do que pro-priamente o equívoco em si da extinção do Minc”,reiterou Chico D’Angelo.

Ele defendeu um amplo debate com ex-minis-tros da Cultura, de diferentes governos, “para que

Chico D’Angelo critica e vê como retaliação afusão do Ministério da Cultura ao da Educação

O plenário da Câmara realiza sessão or-dinária às 14h de hoje, com Ordem do Diaa partir das 16h. A pauta de votação estátrancada por quatro medidas provisórias(MP) com prazo de tramitação vencido.Entre as medidas, está a MP 712/16, quedef ine ações de combate ao mosquitotransmissor do zika vírus e da dengue.

Nove projetos de lei (PL) de autoria doExecu t i vo t rami tam com urgênc iaconstitucional, e nenhuma proposta legis-lativa pode ser votada antes de serem apre-ciados esses projetos.

Colégio de LíderesColégio de LíderesColégio de LíderesColégio de LíderesColégio de Líderes – Hoje, às 15h,os l íderes par t idár ios reúnem-se paradiscutir a pauta do plenário. O encontroacontece no gabinete da Presidência.

possam dar o testemunho daimportância da cultura como umtodo ao País”. De acordo comChico D’Angelo, na reunião docolegiado amanhã será aprecia-do requerimento de sua autoria

propondo audiência pública para tratar do tema.Carta de DefesaCarta de DefesaCarta de DefesaCarta de DefesaCarta de Defesa – Chico D’Angelo destacou

ainda a aprovação, na semana passada, na Comissãode Cultura, da Carta de Defesa à Cultura, assinada por18 colegiados culturais brasileiros e mais o Pleno doConselho Nacional de Política Cultural, em que pe-dem ao governo Michel Temer que não incorpore apasta ao Ministério da Educação.

Na carta, a fusão é considerada como “um extremoretrocesso no desenvolvimento das políticas públicas decultura do País”. A carta tem representatividade dosmais diversos setores da cultura nacional, como músi-ca, teatro, circo, artesanato, arquitetura e urbanismo,cultura popular, dos povos indígenas, entre outros. Elapede que a autonomia da Cultura seja mantida, semtransformá-la em secretaria ou coisa parecida.

Câmara tem pautatrancada por

quatro medidasprovisórias

FOTOS: GUSTAVO BEZERRA/PTNACÂMARA

MINISTÉRIOS DO ATRASO

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Em editorial publicado na sexta-feira (13), oprincipal jornal dos Estados Unidos, “The New YorkTimes”, afirmou que o impeachment da presidentaeleita Dilma Rousseff é uma punição desproporcio-nal para uma política que, ao contrário de seusjulgadores, não enfrenta acusações de corrupção oufavorecimento pessoal.

O jornal lembrou que a presidenta denunciou quesofre um golpe, horas após a decisão do Senado Federalde admitir o processo. “Não há nenhuma evidência queela abusou do poder para ganho pessoal, enquanto ospolíticos que orquestraram sua saída estão implicadosem diversos escândalos”, afirmou o texto.

O jornal lembra o caso de Eduardo Cunha, afas-tado da Presidência da Câmara pelo Supremo Tribu-nal Federal por ter usado o cargo para atrapalharinvestigações contra ele. E Michel Temer pode ficarinelegível por oito anos por ter sido enquadrado naLei da Ficha Limpa.

Para o NYT, os esforços para tirar Dilma do podertem mais a ver com o fato da presidenta não ter tentadoobstruir as investigações da Operação Lava-Jato. O jor-nal considera que o afastamento de Dilma pode facilitaro retorno de velhas práticas condenáveis.

Ao contrário do que se viu na grande mídiatupiniquim, que é protagonista do golpe, acobertura internacional sobre o afastamentoda presidenta Dilma Rousseff, decidida peloSenado na última quinta-feira (12), expôs aomundo as irregularidades do processo do im-peachment e o caráter político do processo.Além disso, inúmeros veículos estrangeiros cri-ticaram duramente a composição do ministé-rio interino do golpista Michel Temer.

O site de notícias “The Young Turks”, dosEstados Unidos, que acumula 2,3 bilhões de visuali-zações dos seus vídeos no Youtube, não usou meiaspalavras para definir a conspiração contra Dilma. “Im-peachment brasileiro é na verdade um golpe corpora-tivo”, afirmou o apresentador Cenk Uygur no comen-tário publicado na semana passada.

O principal jornal estadunidense publicou duroeditorial e ironizou a nova situação brasileira emsua conta no Twitter. “Um governo sem mulheres?Bem-vindo ao novo Brasil”, satirizou o New York

O juiz espanhol Baltasar Garzón, durante even-to na Universidade de Brasília (UnB), na quinta-feira (12), conversou com o PT na Câmara sobre omomento político vivido no Brasil. Garzón ficouconhecido mundialmente por ter determinado, em1998, a prisão do ditador chileno Augusto Pino-chet, quando ele visitava Londres, por seus crimescontra a humanidade – tortura, sequestro, desa-parecimento forçado e assassinato de milhares depessoas, incluindo cidadãos espanhóis.

Para Baltasar Garzón, o momento que se vivehoje não é importante só para o Brasil, mas estásendo objeto de atenção em todo o mundo por-que não é muito habitual que haja um processode impeachment e, sobretudo, há muita perple-xidade pelo procedimento que foi seguido. “Ain-da que se afirme que se respeitou a Constituiçãoe as vias democráticas, muitos temos dúvidas deque isso tenha sido assim”.

“Acredito que poderia haver vias diferentes,mas, em todo caso, espero que, no processo queagora se abre, haja imparcialidade, mas creio quevai ser difícil com os componentes que estão emjogo e como foi iniciado com os interesses subja-centes que há e mais se parece um justiçamentopara derrocar um governo e uma presidenta eleita

Mídia internacional expõe golpe contraDilma e fragilidade do governo ilegítimo

Juiz que prendeu ditador Pinochetchama de “golpe institucional”

afastamento da presidenta Dilmademocraticamente do que o ânimo para buscar averdade, mas, em todo caso, será necessário acom-panhar o que vai estar acontecendo”.

Para o juiz, a sociedade civil tem uma obri-gação muito grande de estar vigilante, de exigirtransparência, de aprofundar os motivos e as cau-sas reais de estar acontecendo isso, e não ficarna superfície da informação, que muitas vezesobedece também a abordagens respeitáveis, masque podem ser parciais.

“Eu escrevi e publiquei aqui no Brasil, há algu-mas semanas, que poderíamos estar vivendo umgolpe institucional. E os golpes de Estado instituci-onais não são feitos pela violência. Se fazem supos-tamente amparando-se em normas legais, interpre-tando-se as normas de uma forma distante à autên-tica interpretação que leva à proteção da sociedade.E cruzam interesses que possam ser alheios ao inte-resse nacional, ao interesse republicano e mais pró-ximos ao interesse partidário de quem quer obter opoder de uma forma não democrática. Esse exemplose viveu em Honduras e no Paraguai. É verdade quesão países pequenos, não com a envergadura doBrasil, e precisamente porque essa envergadura,essa importância mundial do Brasil é de primeiraordem, é muito mais preocupante”.

Times no microblog. “A primeira escolha do novopresidente do Brasil para ministro da ciência? Umcriacionista”, acrescentou o Twitter do jornal. Alémdisso, o NYT também criticou o Congresso Nacio-nal, referindo-se à instituição como “um circo quetem até um palhaço”.

O britânico The Guardian afirmou que o impe-achment “é mais político do que jurídico”.

O mexicano La Jornada estampou na sua capa umtítulo com a denúncia feita pelo site WikiLeaks: “O

novo presidente do Brasil, informante da CIA”.O site italiano AgoraVox foi bastante

contendente na crítica ao governo interino.“Presidido por Michel Temer, um dinossau-ro da pior política, sob investigação porcorrupção e com intenções de voto de 2%,é um governo não eleito por ninguém, se-xista e racista, composto exclusivamentepor homens brancos, com sete ministrossob investigação por corrupção”, afirmou oveículo no domingo (15).

Para o francês Le Monde, o impeachment é“uma verdadeira bomba em um regime presi-dencialista”, enquanto o site The Conversation,também da França, fala em “implosão da ‘novaRepública’ brasileira”.

Confira abaixo mais algumas manchetes etrechos de artigos da mídia internacional sobre oafastamento da presidenta eleita em 2014 e acomposição excludente do governo interino dogolpista Michel Temer.

New York Times:Impeachment deDilma é puniçãodesproporcional

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O deputado Patrus Ananias (PT-MG), de volta ao Parlamento após comandar por um ano e quatro meses o Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA), afirmou em entrevista ao PT na Câmara que a extinção da pasta pelo governo golpista de Temer

faz parte da estratégia de setores conservadores e de direita para enfraquecer a luta pela reforma agrária e a agricultura familiar

no País. Ele acusou os artífices do golpe de estarem “a serviço do grande capital nacional e internacional” e, portanto, contra a

soberania brasileira. Patrus também relembrou as inúmeras ações desenvolvidas pelo órgão nos últimos anos e os avanços

experimentados pelo País em outros setores. O parlamentar mineiro disse ainda que a agenda de retrocessos do governo golpista

Temer deve ser combatida com todo vigor, não só pela esquerda e os movimentos sociais, mas em aliança com todos os setores que

defendem a democracia e o respeito ao Estado Democrático de Direito no Brasil.

Artigo/Patrus Ananias (PT-MG)

“Extinção do MDA visaenfraquecer reforma agráriae atende a interesseseconômicos internacionais”,denuncia Patrus

Extinção do MDAExtinção do MDAExtinção do MDAExtinção do MDAExtinção do MDA“Quando eles extinguem o MDA; o Ministério da

Cultura; o Ministério das Mulheres, da Igualdade Raci-al, dos Direitos Humanos e da Juventude; fica muitoclaro para mim, nas análises que faço estudando ahistória do Brasil, que o golpe contra uma presidentalegitimamente eleita, sem nenhum fundamento jurídi-co consistente, foi um golpe a serviço dos interesses dogrande capital nacional subordinado ao capital interna-cional e contra o projeto nacional brasileiro, contra asoberania do nosso País. Mais do que retroceder, foi umgolpe para extinguir gradativamente as políticas públi-cas sociais que mudaram o Brasil nos últimos 13 anos.”

Ataque a SoberaniaAtaque a SoberaniaAtaque a SoberaniaAtaque a SoberaniaAtaque a Soberania“““““A soberania de um País, além da segurança das

fronteiras, passa também pelo desenvolvimento eco-nômico sustentável, pela inclusão de todos os filhos efilhas dessa terra. Uma parcela da elite brasileira,escravocrata e atrasada social e culturalmente, inca-paz de se identificar com nosso povo e nossa gente,mas muito esperta na defesa dos seus interesses,gostaria que o Brasil fosse colônia dos Estados Uni-dos. Eles têm como referência o dinheiro, o lucro. Issoestá claro pelo ministério que foi formado e nas pri-meiras medidas do senhor Michel Temer e de seusministros. Eles vieram prestar um ‘grande serviço’ aogrande capital em detrimento dos legítimos interes-ses do povo brasileiro.”

Legado do MDALegado do MDALegado do MDALegado do MDALegado do MDA“O MDA deixa um legado muito importante, que

se manifestou de forma mais recente há poucas se-manas no lançamento do Plano Safra da AgriculturaFamiliar 2015/2016. Conseguimos ampliar os re-cursos do Pronaf, chegando a 30 bilhões de reais, ereduzimos os juros que já eram baixos de 5,5% para2,5%. Avançamos com o Programa de Aquisição deAlimentos da Agricultura Familiar (PAA), lançamos oPlano de Sucessão Rural e Juventude, para manter ajuventude rural no campo, e no apoio à mulher traba-lhadora rural com os Quintais Produtivos, que permitea elas cuidarem dos filhos e da casa e também teratividades como a plantação de hortifrutigranjeiros ea criação de pequenos animais.”

Anater e Reforma AgráriaAnater e Reforma AgráriaAnater e Reforma AgráriaAnater e Reforma AgráriaAnater e Reforma Agrária“Talvez o legado mais importante tenha sido a

consolidação da Agência Nacional de Assistência Téc-nica e Extensão Rural (Anater). A agricultura familiarcada vez mais precisa de apoio técnico para produziralimentos em quantidade e qualidade. Nesse sentidoestávamos avançando com a agroecologia, a produ-ção de alimentos saudáveis, e no incentivo ao coope-rativismo. O grande desafio que temos hoje no Brasil,e agora com o golpe vamos ter que enfrentar commais vigor, é colocarmos em prática o princípio cons-titucional da função social da terra. Nós constituímosno MDA, e isso pode ter sido um dos motivos para

acabar com o ministério, uma força tarefa qualificadapara assentarmos em condições dignas todas as famí-lias acampadas no Brasil. Também estabelecemosum espaço de interlocução permanente com os movi-mentos e entidades ligados à questão agrária no País.”

Oposição a TOposição a TOposição a TOposição a TOposição a Temeremeremeremeremer“Temos que fazer uma oposição forte, dentro da

democracia e das regras constitucionais, a esse governoilegítimo que nasce de um golpe. Considero fundamen-tal retomarmos o projeto de aliança da esquerda, dasforças democráticas e populares, como a Frente BrasilPopular e a Frente Povo Sem Medo, e no CongressoNacional uma unidade clara dos partidos que votaramcontra o impeachment – o PT, o PCdoB, o PSol e o PDTe, ainda, todos os demais parlamentares que ousaramenfrentar essa onda conservadora manipulada pela mí-dia e por grandes interesses econômicos.”

A l iançasA l iançasA l iançasA l iançasA l ianças“““““Essa aliança precisa ainda buscar apoio da juven-

tude, dos movimentos libertários das igrejas, e dascomunidades urbanas e rurais, para fazermos uma opo-sição vigorosa sempre lembrando que o atual governointerino quebrou as regras com o jogo em andamento.Também penso ser importante retomarmos o diálogocom setores que tenham divergências com as nossaspropostas, mas que convergem conosco na defesa dademocracia, dos direitos fundamentais, e do respeito àconvivência dos que vivem e pensam de forma diferente.”

Leia os principais pontos da entrevista:Leia os principais pontos da entrevista:Leia os principais pontos da entrevista:Leia os principais pontos da entrevista:Leia os principais pontos da entrevista:

JOSIVALDO-VALE/PTNACÂMARA

Livro sobre o Bolsa Família será lançado hoje em BrasíliaO livro “No Rastro do Bolsa Família”, que retrata a trajetória do maior

programa de transferência de renda do mundo, será lançado hoje em Bra-

sília. As dificuldades enfrentadas nos primeiros anos, as mudanças adota-

das para aperfeiçoar a focalização na população mais pobre, os resulta-

dos e a relação com a mídia são abordados pela autora Roseli Garcia.

A publicação traz histórias de famílias que tiveram o curso de suas

vidas alterado pelo Bolsa Família. São relatos contagiantes, como o de Ana

Paula Santos Pereira, jovem que chegou à universidade após passar fome.

A autora – que assessorou por nove anos a Secretaria Nacional de Renda

de Cidadania, órgão do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome responsável pela gestão da transferência de renda – entrevistou bene-

ficiários e coordenadores municipais do programa de várias regiões do país.

Serviço: Lançamento do livro No Rastro do Bolsa Família

Data: Hoje, a partir das 19h

Local: Restaurante Carpe Diem, Comercial da 104 Sul, Brasília