gigante_egoista

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  • 8/14/2019 gigante_egoista

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    O Gigante Egosta

    (1 Narrador) Certo dia, o Gigante olhando as suas altas enegras torres e os seus portes de bronze macio disse

    para consigo:

    (Gigante)Se fizer aqui um jardim, ficar menos triste!

    (1 Narrador) Se assim pensou, assim o fez. Manejou

    quase sem descanso a enxada e a picareta e ps pronto o

    seu jardim, que ficou atapetado de relva macia.

    (Gigante) Ficou to bonito e alegre o meu jardim, comestas lindas flores. Parecem estrelas entre a relva. Agora

    j posso ir visitar o meu amigo, o ogre de Cornualha.

    (2 Narrador) Na Primavera as aves pousavam nas rvores e algumas

    crianas, que ali perto estavam no recreio da escola, ouviam o seu cantar e

    uma delas disse:

    (1 Criana)Vamos brincar para aquele lindo jardim?

    (outras crianas) Vamos! Que Bom!(2 Narrador) Decorrido algum tempo, o gigante, regressou e, como era

    muito egosta, ao ver as crianas a brincar no seu jardim, ficou muito

    zangado, expulsou-os, ameaando bater-lhes e gritando-lhes:

    (Gigante) O jardim pertence-me e, por isso, no deixarei que ningum

    brinque nele, a no ser eu.

    (2 Narrador) As crianas choraram muito e foram embora. O gigante para

    guardar melhor o jardim para si, cercou-o de altos muros, para que ningum

    o pudesse ver.

    (3 Narrador) Veio a Primavera. As rvores do jardim do gigante no

    floriram e os pssaros fugiram, pois no gostavam de l voar, porque no

    ouviam o sorrir das crianas. S a neve e a geada habitavam l, assim como

    o Vento Norte, que assobiava, agora mais triste do que a prpria tristeza.

  • 8/14/2019 gigante_egoista

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    (3 Narrador) Durante muitos anos, o jardim no conheceu a Primavera, por

    causa do egosmo do Gigante. At que certa manh, este acordou ao som

    de uma linda msica.

    (3 Narrador) Abriu a janela e viu um espectculo maravilhoso. Por um

    buraco pequenino do muro, as crianas tinham entrado no jardim e estavam

    sentadas na relva macia a brincar. As aves ouviram-nas e to contentes

    voltaram, voaram e cantaram alegremente.

    (Exclama o Gigante)At que enfim, chegou a Primavera! A neve, a geada

    e o vento norte abandonaram o meu jardim.

    (1 Narrador) Num canto do jardim encontrava-se um lindo menino de

    caracis loiros e olhinhos azuis, que queria subir a uma rvore mas no

    conseguia e ento chorava imenso.

    (Gigante) Coitadinho do petiz, e como tenho sido egosta! Vou p-lo em

    cima da rvore e depois derrubarei o muro, a fim de que, de futuro, o jardim

    pertena sempre s crianas.

    (1 Narrador) E o Gigante, correu at ao menino e sentou-o com mil

    cuidados, num ramo. As aves vieram cantar sobre ela e o menino estendeu

    os braos e beijou o Gigante. As outras crianas, quando viram que o

    Gigante j no era mau, voltaram a correr e a saltar; e, com elas, regressou

    tambm, para sempre, a Primavera ao jardim.

    (2 Narrador) O Gigante pegou no martelo e derrubou o muro e depois fez

    um grande baloio onde se sentava de manh e noite, para ver as crianas

    brincar e rir. S tinha um desgosto o Gigante! que o menino dos caracis

    loiros nunca mais aparecera no jardim, muito embora se fartasse de

    perguntar por ele. Mas ningum o conhecia! E o Gigante envelheceu, abalouar-se na sua cadeira e ralado de saudades pelo menino.

    (3 Narrador) Chegou o Inverno e o Gigante, que de to velho mal podia

    quase andar, no ficou aborrecido, pois agora sabia que, no seu jardim

    depois do Inverno vinha a Primavera. Ora, certa manh numa manh em

    que o Gigante se sentia mais fraco do que nunca, viu que, no canto do

    jardim havia uma rvore coberta de flores brancas. E, debaixo da rvore,

    estava o menino de caracis loiros e olhinhos azuis.

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    O Gigante foi ter com o menino, com tanta pressa quanta permitiam as suas

    pernas. Ao chegar junto dele, parou admirado, pois ele tinha as mozinhas e

    os pezinhos feridos.

    (Gigante)Diz-me quem te feriu, que eu mat-lo-ei com o meu cajado!

    (Menino de caracis loiros) No digo, pois as minhas feridas so de

    Amor.

    (Gigante)E quem s tu?

    (1 Narrador) O menino sorriu ento para o Gigante e disse-lhe:

    (Menino de caracis loiros) Tu deixaste-me brincar uma vez no teu

    jardim; hoje virs comigo para o meu jardim, que o do Paraso.

    (2 Narrador) E, quando as crianas vieram nessa tarde brincar para o

    jardim, encontraram o Gigante morto debaixo de uma rvore e todo coberto

    de flores brancas.

    FIM

    (Conto infantil adaptado de scar Wilde por Joo Sereno)