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GI2011, 18 de Junho de 2011
Da Medicina ao Treino Personalizado
A segunda interacção da Gnosies aconteceu no passado dia 18 de Junho, no salão Nobre da
Faculdade de Motricidade Humana intitulado por “Da medicina ao treino Personalizado ”.Um
evento dedicado à interacção entre os profissionais do treino Personalizado e os Médicos a
nível técnico, legislativo e operacional, tendo como intuito o maior contacto profissional entre
estas duas comunidades. Eis uma síntese dos principais pontos debatidos neste evento.
9h30-10h15 | Sessão de Abertura: A ponte “Medicina-Exercício Físico”
Estamos perante um novo paradigma. Não existe volta a dar
nesta ponte que se está a estabelecer, e a Gnosies tem uma
palavra a dizer neste sentido.
Dr. Sandro Freitas Director da Gnosies
A Gnosies está de parabéns...
Prof. Doutor Carlos Neto Professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana
O profissional do Exercício Físico deve
ser considerado um Profissional de
Saúde!
Dr. Carlos Canhota
Médico de Clínica Geral, Representante da Associação
Portuguesa de Médicos de Clínica Geral e Familiar
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10h15-10h45 |O que o Profissional do Exercício Físico espera do Médico?
“Realização de diagnóstico clínico ou de preparação para a realização do exercício, Fazer um aconselhamento generalizado, prescrição de exercício básico, remetendo sempre o utente para os profissionais do exercício … Espera-se que os médicos não fiquem só na sugestão do façam exercício que é bom, mas que diga façam exercício com alguém que sabe o que está a fazer” Prof. Doutor Ricardo Silvestre Profissional do exercício físico
11h00-11h30|O que o Médico espera do Profissional do Exercício Físico?
O que o Médico espera do Profissional do Exercício Físico? Espera que lhe resolva os problemas!
Prof. Doutor Themudo Barata Médico Especialista em Controlo do Peso
11h30-12h00|O que os Profissionais de Saúde devem saber sobre
Exercício Físico?
“ O treino de alta intensidade deve ser o
objectivo final como estimulo para a
maioria das pessoas com condicionantes,
não apresentando limitações de alto risco!
E deve ser sempre alertado pelo médico
ao iniciar a actividade física”
Dr. Pedro de Medeiros Profissional de Exercício Físico
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12h00-13h00|Mesa redonda: Que pontos de ligação entre o Exercício
Físico e a Medicina?
“Para os profissionais do exercício físico deve haver um aumento do conhecimento na área da anatomia e fisiologia, uma diminuição no aconselhamento dos profissionais do exercício físico e um aumento do aconselhamento do médico, bem como formação a todos os profissionais dos hospitais e por fim sinergias” Dr. Pedro de Medeiros Profissional de Exercício Físico
“Quem vai para profissional do exercício e saúde tem de saber doenças”
Prof. Doutor Themudo Barata Médico Especialista em controlo do peso
“A próxima ponte além da ponte entre exercício físico e clínica é a ponte da inactividade e da clínica, é importantíssimo o profissional do exercício estar na linha da frente, perceber qual o problema de não fazer exercício para além de saber exercício também” Prof. Doutor Ricardo Silvestre Profissional do Exercício físico
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“Os conhecimentos da área médica e exercício físico, cada vez mais devem-se complementar e as competências de um profissional não esgotam necessariamente as competências do outro, uma sem a outra tornam-se insuficientes”
Dr. Rodrigo Ruivo Director do Centro de Exercício da Clínica das Conchas
“É necessário identificar uma profissão, e antes de mais para os profissionais que dizem começar uma associação que nos defenda, está aqui uma grande oportunidade devem identificar em si mesmo quais são as suas competências e depois quer a nível do hospitalar quer a nível de centros de saúde clínicas de autarquias apresentar-se e acreditamos que com este processo possam contribuir para fundamentar esta prática profissional do exercício físico” Dr. Sandro Freitas Director da Gnosies
14h15-14-45h|Que aconselhamento para o Exercício Físico por parte do
Médico?
“Presto relativamente pouca importância às recomendações, porque acho que devemos filtra-las, devemos ter em atenção que estas recomendações não são para ser seguidas à risca, são apenas referências, devemos de respeitar o princípio da progressão, negociar a prescrição. Muito mais importante que a pessoa cumprir as recomendações é que faça alguma actividade física, para que no futuro consiga lá chegar” Prof. Doutor Pedro Teixeira Professor catedrático na FMH-UTL
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14h45-15h00 | Da Cardiologia ao Exercício Físico: que sinergia?
“O exercício físico tem benefícios bem demonstrados, nomeadamente na prevenção das doenças cardiovasculares”
Dr.João Calqueiro
Médico cardiologista Hospital Santa Cruz
15h15-15h45|E depois da Fisioterapia?
“As minhas recomendações dependem da cultura da pessoa que eventualmente vai receber e às vezes é difícil saber para onde a pessoa vai. Nós temos um caminho longo mas desafiante, para ajustar as nossas linguagens” Dr. João Beckert Médico medicina desportiva e reabilitação
16h15-16h45|Diabetes: O papel da Medicina e Exercício Físico.
“A actividade física e a diabetes estão muito associadas, em termos gerais pensa-se que o risco de contrair diabetes é 30-50 % menor nos indivíduos activos quando comparados com indivíduos sedentários. ” Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo Médico internista dos Hospitais da Universidade de Coimbra
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16h45-17h30|Mesa Redonda: A palavra da sinergia `Medicina-Exercício
Físico´ sobre o Biggest Loser/Peso Pesado: só se perde peso?
“Preocupa-me as pessoas que vêm as imagens que querem passar na televisão isso preocupa-me imenso. Uma das razões que me preocupa é a imagem negativa que é passada do exercício físico no programa que é a minha área.”
Dr. Pedro de Medeiros Profissional de Exercício Físico
“Só vejo em termos positivos a
criação de espírito de equipa,
auto ajuda, disciplina que pode
ter alguns efeitos benéficos,
agora em termos clínicos acho
que é um programa de risco.”
Dr: João Calqueiro
Médico cardiologista Hospital Santa Cruz
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“O controlo do peso envolve muito mais alimentação e nutrição do que o programa mostra. Há dois tipos de preocupações que tem surgido, uma diz respeito às pessoas que tem participado no programa, eu confesso que pessoalmente não estou tão preocupado com as pessoas que estão a participar no programa, mas por um lado no público em geral que vê por outro lado o que os profissionais vêem também e o que daí se transfere para a prática.”
Prof. Doutor Pedro Teixeira
Professor catedrático na FMH-UTL
“O método não é o mais adequado é um método para concurso é um método que pode ter um efeito perverso pela forma de como é absorvido para quem está cá fora. Não estamos nada a favor do método utilizado no concurso, mas é um método de concurso não é preciso ir mais longe do que isto porque o objectivo é perder máximo de peso em três meses com aquele método que eles têm”
Carlos Oliveira Presidente da ADEXO
“O que vemos nesse programa tem muito
pouca aplicabilidade para a prática tanto
numa perspectiva clínica, como na
realização de programas de exercício
físico, e depois pergunto me que energia
temos que gastar para andar a corrigir
estes erros que acontecem num programa
como este, em que os hábitos não se
enraízam”
Ricardo Silvestre
Profissional do exercício físico
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Nos dias que correm, os problemas nascem de uma fusão multifactorial. E por isso, é
importante perceber o problema sob diferentes perspectivas.
Sandro R. Freitas
Director da Gnosies
GI2011: Da Medicina ao Treino Personalizado
Uma opinião Multidisciplinar.
A audiência presente manifestou contentamento por esta iniciativa. Esta ponte entre o
treino personalizado e a medicina, parece fazer todo o sentido segundo os
profissionais destas duas áreas. Para estes profissionais a interacção promovida pela
GNOSIES foi bastante pertinente considerando-a fundamental para uma melhor
comunicação entre as duas áreas.
Mickael Teixeira EXERCÍCIO FÍSICO
“...parece ser do interesse de todos que se inicie um trabalho conjunto em clínicas, healthclubs e hospitais para contribuir para a melhoria da saúde e
bem-estar público”
Tiago Neto FISIOTERAPIA
“Se o objectivo é potenciar as capacidades de intercomunicação entre os profissionais envolvidos na realização de exercício físico, e facilitar todo o processo de iniciação e manutenção de uma qualquer forma de actividade
física, então torna-se mesmo fundamental registar todas as avaliações efectuadas, independentemente de quem as realiza.”
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Ana Isabel Pascoal ENFERMAGEM
“Enquanto enfermeira, fez todo o sentido a minha participação no evento, pois estando em constante contacto com a população torna-se
imprescindível perceber o que já se fez, o que se faz, e o que se pensa fazer em prol de uma população mais saudável”
Pedro Baracho CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
“Durante seis anos de formação académica foi-me transmitido o conhecimento necessário para actuar ao nível de todos os patamares do ciclo
do medicamento. Contudo, na prática, o farmacêutico continua a ser visto muitas vezes como o vendedor dos comprimidos verdes. Da mesma forma tal
como referido pelo Prof. Dr. Ricardo Silvestre os profissionais de exercício continuam ainda a ser olhados como os professores da ginástica e das
cambalhotas.”
Dina Damião MEDICINA
“As competências de um profissional de saúde não esgotam as competências de um profissional do exercício físico. Contrariamente, elas complementam-se, sendo essencial o estabelecimento de uma relação de proximidade e de uma simbiose interdisciplinar entre estas duas esferas do saber, que agem
tendo em vista uma causa/objectivo comum.”
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Mickael Teixeira EXERCÍCIO FÍSICO
Licenciado em Ciências do Desporto, Faculdade de Motricidade Humana (FMH)
Mestrando em Treino de Alto Rendimento, Faculdade de Motricidade Humana
Functional Trainer Certification, National Strength and Conditioning Association
É do conhecimento geral que a prática do Exercício Físico (E.F.) contribui para a
diminuição da mortalidade e morbilidade. No entanto, tem-se verificado nos últimos
anos uma mudança no estilo de vida em direcção ao sedentarismo e aos maus hábitos
alimentares. Contudo, a tentativa de mudar este panorama tem sido preocupação dos
profissionais do exercício (PEx´s). Desde que houve o congresso “Exercise is medicine”
fiquei mais sensível para esta problemática ao saber que esta ideia é também do
interesse de profissionais de outras áreas. No entanto, uma das ideias que ficou pouca
clara e mal entendida pelos PEx´s foi que seria o médico a prescrever o E.F., o que de
certo modo causou alguma polémica.
O congresso “Da Medicina ao treino Personalizado”, de iniciativa da GNOSIES, foi
crucial para consolidar a minha opinião acerca do que esperar do médico, bem como o
que o médico espera de um PEx´s. Os médicos estão consciencializados acerca da
importância e responsabilidade em aconselhar a prática do E.F., pois sabem que o E.F.
ajuda a prevenir inúmeras doenças. Além disto, concordam que é por parte dos PEx´s
que a prescrição mais pormenorizada do E.F. deve ser feita. A partilha de informação
durante o congresso serviu para saber que tanto os profissionais da área da saúde
(médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas) como os PEx´s estão
interessados em unir-se para preencher as lacunas existentes entre as suas áreas de
especialidade. Importa acrescentar que parece ser do interesse de todos que se inicie
um trabalho conjunto em clínicas, healthclubs e hospitais para contribuir para a
melhoria da saúde e bem-estar público. Como recém-licenciado, e conhecedor da
realidade do mercado de trabalho, gostaria de dar os parabéns a GNOSIES pelas
excelentes iniciativas e contribuições em fomentar a melhor preparação dos PEx´s.
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Tiago Neto FISIOTERAPIA
Licenciado em Fisioterapia pela Universidade Atlântica
Fisioterapeuta da selecção nacional de Ginástica Rítmica
Professor Assistente da Universidade Atlântica – Cinesiologia, Ligaduras
Funcionais e Lesões Desportivas
Mestrando em Ciências da Fisioterapia, na Faculdade de Motricidade
Humana (UTL)
Realizou-se no passado fim-de-semana, na Faculdade de Motricidade Humana, a
segunda Interacção Gnosies, intitulada “Da Medicina ao Treino Personalizado”. Este
evento teve como objectivo promover a reunião e o intercâmbio de ideias entre,
essencialmente, a classe médica e a classe dos profissionais do exercício. No entanto,
as opiniões e perspectivas partilhadas nesta interacção não se limitam ao raio de acção
destas duas classes profissionais. Fisioterapeutas, Enfermeiros, Nutricionistas,
Psicólogos, entre outros agentes que normalmente estão relacionados, directa ou
indirectamente, com a população desportiva, teriam todo o interesse em participar
neste evento. E uma das razões para isso assenta num dos principais tópicos
abordados nesta Interacção: a linguagem comum. De facto, um modelo que pretende
um trabalho em equipa interdisciplinar requer, forçosamente, uma forma de
comunicação que abranja e seja compreendida por todos os agentes que estão em
contacto. Como vários prelectores salientaram, entre os quais os professores doutores
Themudo Barata e Pedro Teixeira, as áreas de charneira entre profissionais, como é o
caso da área do Exercício Físico, que envolve uma multiplicidade de agentes, necessita
que todos eles utilizem a mesma terminologia, as mesmas classificações e
instrumentos de avaliação idênticos. Na minha opinião, aqui encaixa perfeitamente a
CIF, Classificação Internacional de Funcionalidade. Esta, para além de servir de
linguagem comum, através dos conceitos de Disfunção, Limitação na Actividade e
Restrição na Participação, serve também de registo avaliativo e reavaliativo do
respectivo profissional de Saúde ou Exercício. Este foi também um elemento-chave
abordado neste evento, a avaliação. É essencial avaliar. Mas não faz sentido avaliar se
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não se registar. Se o objectivo é potenciar as capacidades de intercomunicação entre
os profissionais envolvidos na realização de exercício físico, e facilitar todo o processo
de iniciação e manutenção de uma qualquer forma de actividade física, então torna-se
mesmo fundamental registar todas as avaliações efectuadas, independentemente de
quem as realiza. Porque a CIF permite isso. Permite que o médico que realizou a
ligamentoplastia e acompanhou o utente até á sua alta hospitalar; que o fisioterapeuta
que reabilitou o conjunto de estruturas e funções que permitem a funcionalidade
desse utente; e que o profissional do exercício que irá maximizar as capacidades do
utente até (no mínimo) aos níveis pré-lesão, todos sigam a mesma linha de avaliação e
registo, que irá possibilitar um processo mais célere e homogéneo de reabilitação.
Entre muitos outros pontos de interesse abordados nesta Interacção, pelos mais
diversos prelectores (todos eles experts na sua área de formação/conhecimento),
saliento estes dois, a importância da linguagem comum, e do registo avaliativo. São
estes dois elementos que vão proporcionar uma troca mais fluida de informação entre
profissionais, o que faz todo o sentido quando cada vez mais se defende o conceito de
equipa interdisciplinar.
Ficamos à espera de futuras Interacções, com pelo menos um nível de participantes,
e prelectores, de organização, e de conteúdos actuais e relevantes, tão elevado como
foram estes que se verificaram no passado dia 18, na Faculdade de Motricidade
Humana.
Ana Isabel Pascoal ENFERMAGEM
Licenciada em Enfermagem, pela Escola Superior de Enfermagem de
Santarém
Enfermeira no Centro de Medicina Física de Reabilitação de Alcoitão
Foi no passado dia 18 deste mês que a Gnosies, empresa de formação na área da
Actividade Física, Exercício Físico e Desporto, nos brindou com uma interacção sobre o
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tema “Da Medicina ao Treino Personalizado”, com a colaboração de profissionais de
renome na área da saúde e do desporto, com uma vasta experiência profissional e
currícular. Enquanto enfermeira, fez todo o sentido a minha participação no evento,
pois estando em constante contacto com a população torna-se imprescindível
perceber o que já se fez, o que se faz, e o que se pensa fazer em prol de uma
população mais saudável... sim, porque a prática de exercício físico regular é um meio
natural, fisiológico e não invasivo que permite manter as nossas funções vitais
regularizadas e mantermo-nos emocionalmente equilibrados. Deveria fazer parte dos
nossos hábitos diários, tal como cuidamos da nossa higiene “mas nem sempre há
tempo”, ou “disponibilidade” e por isso, lamentavelmente “os que não encontram
tempo para o exercício, terão de encontrar tempo para as doenças” Eduard Derby.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, definiu saúde como um estado de
bem-estar físico, mental e social, total, e não apenas a ausência de doença ou
incapacidade. Sendo o conceito de bem-estar subjectivo, pudemos apenas constatar as
evidências. Convido-vos a reflectir, e a tomar consciência sobre a gravidade da
situação.
De acordo com a OMS a inactividade física contribui para cerca de 2 milhões de
mortes anuais no mundo e calcula que 60% da população mundial não pratica
actividade física suficiente. Os estilos de vida sedentários contribuem assim,
largamente para a ocorrência de doenças crónicas, mortes prematuras e invalidez, o
que leva a graves custos sócio-económicos. Já para não desenvolver a temática do
impacto dramático da doença crónica e incapacitante no contexto familiar, como é a
necessidade de toda uma adaptação e reorganização sistémica, bem como os elevados
custos emocionais que muitas vezes não são tidos em conta... até acontecer... A
prática do exercício acompanhado só traz benefícios: contribui para a redução do risco
de ocorrência de doenças coronárias (e situações muitas vezes fatais como o enfarte
agudo do miocárdio), prevenção/redução da hipertensão (e consequente redução da
incidência de acidentes vasculares cerebrais), papel importante no controlo do excesso
de peso e prevenção da obesidade, prevenção da diabetes do tipo II, papel importante
em certos tipos de cancro (nomeadamente do cólon), promoção da saúde muscular-
esquelética e redução do risco de ocorrência de osteoporose (com redução da
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incidência de fracturas e outras complicações altamente incapacitantes), pode ter
ainda um papel importante na reabilitação, ou seja, após a instalação da situação de
doença, como comprovam alguns estudos que foram apresentados no seminário. Tem
ainda, uma importante função na saúde-mental do indivíduo pela libertação de
endorfinas, as conhecidas “hormonas do prazer”.
É a pouco e pouco que as pessoas vão tomando consciência da necessidade do
exercício físico, e se vão abrindo caminhos que vão convergindo para o lema “dar mais
vida aos anos” e não somente “dar mais anos à vida” fazendo sentido a expressão
“exercise is medicine”, tão debatida no seminário.
É neste contexto que urge a necessidade da prática desportiva regular, devidamente
acompanhada, de modo a prevenir lesões, melhorar a função do indivíduo quer na
situação de saúde quer na situação de doença, maximizar a força e a resistência.
Para uma avaliação das necessidades das pessoas, que se quer individualizada e
personalizada, falou-se na importância do trabalho de equipa entre os profissionais do
desporto e os profissionais da área saúde, bem como, da necessidade do
desenvolvimento de uma linguagem comum que vise esta aproximação. Há
claramente um longo caminho a percorrer mas quando um grupo de pessoas se reúne
com objectivos comuns, revelando espírito de equipa, empreededorismo e vontade de
continuar, o balanço só pode ser muito positivo!
Enquanto cidadã e enfermeira agradeço o convite que me foi feito para participar
no evento, e o reconhecimento da vossa parte sobre o papel da Enfermagem na
divulgação e promoção de hábitos de vida saudáveis!
Um bem-haja à equipa da Gnosies e a todos os participantes do evento pela partilha
de conhecimento e experiências!
Venham mais Seminários!
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Pedro Baracho CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Licenciado em Ciências Farmacêuticas
Mestrando em Exercício e Saúde, Faculdade de Motricidade Humana (UTL)
Por si só a definição de “saúde” e o contexto que a envolve são
complexos, e temas deste tipo levam sempre a discussões
filosóficas que muitas vezes não chegam a qualquer conclusão. Contudo também creio
que o importante nestes casos não será propriamente a conclusão mas sim a
discussão, a partilha de ideias e mesmo ideais dos intervenientes. Foi o que aconteceu
no passado 18 de Junho, no ciclo de conferências/debate “Da medicina ao treino
personalizado” promovido pela Gnosies. Foi no geral um momento de reflexão sobre a
função de cada um enquanto profissional de saúde e das formas de interacção que se
podem estabelecer nos vários prismas que compõem a saúde de um indivíduo.
Enquanto farmacêutico de formação superior, contudo profissional de exercício
físico, consigo estabelecer várias pontes entre as duas áreas, quer ao nível das
questões científicas, como também nas questões de definição de funções. Durante seis
anos de formação académica foi-me transmitido o conhecimento necessário para
actuar ao nível de todos os patamares do ciclo do medicamento. Contudo, na prática,
o farmacêutico continua a ser visto muitas vezes como o “vendedor dos comprimidos
verdes”. Da mesma forma tal como referido pelo Prof. Dr. Ricardo Silvestre os
profissionais de exercício continuam ainda a ser olhados como os “professores da
ginástica e das cambalhotas”. E vem então a temida questão: se os profissionais
conhecem as suas funções e sabem o que podem fazer, porque razão isto ainda
acontece? Na minha opinião por falta de confiança e medo da confrontação com outro
profissional de saúde. As duas áreas sofrem de um estranho “complexo de
inferioridade” (pessoalmente resume-se ao conforto) para com a medicina e outras
áreas da saúde. De forma geral este complexo cria-lhes uma resistência enorme à
evolução para a farmácia clínica (acompanhamento farmacêutico) e para a prescrição
“clínica” de exercício, no que diz respeito à definição de “clínica”, como a disciplina
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que apresenta como competência a execução de um diagnóstico e aplicação de um
tratamento. No nosso caso o exercício físico.
Pegando nas palavras do Prof. Dr. Themudo Barata “deve fazer quem sabe fazer” e
se realmente soubermos fazer e a nossa acção e intenção estiver tranquilamente
esclarecida e dirigida para o doente/utente/aluno daí creio não advir perigo, pelo
contrário apenas benefícios. Enquanto profissional de saúde tenho de ter confiança
nas decisões que tomo, porque se concluí e pus em acção determinada
terapêutica/prescrição de exercício, parte-se do princípio que previamente terei
avaliado todas as possibilidades e escolhido a que teria uma melhor relação
custo/benefício. Essa decisão é discutível? Sim. Quando confrontado com essa
argumentação também não me cabe defendê-la como se estivesse num banco de réus,
criando uma contra-reacção. Cabe-me partilhá-la com o outro profissional. E ao outro
cabe-lhe reconhecer-me como igual, respeitar a minha decisão e então com o mesmo
objectivo, quem sabe caminhar para uma decisão que reúna as duas, três, infinitas
perspectivas. Todas estas temáticas foram abordadas pelos vários palestrantes, e de
forma aberta e tranquila foram reconhecidos medos e limitações, abrindo portas ao
trabalho de equipa sincero e sereno tendo em vista única e exclusivamente o indivíduo
que nos procura e nos dá o seu respeito e responsabilidade pela sua “saúde”.
Respeitando diferentes vivências, filosofias de acção e metodologias científicas
torna-se necessário o estabelecimento de uma linguagem comum e protocolos
práticos e reais de acção. Estes só nascerão quando houver coragem em cada um para
dar o primeiro passo e quisermos sem maldade nem superioridade participar no
trabalho de outro contribuindo com a nossa ferramenta. Hoje é obrigatório sairmos do
nosso conforto! As consequências dele são visíveis no nosso dia-a-dia. Só ainda não
sabemos o que pode acontecer se interagirmos... tenho a certeza que pior não será.
Obrigado à Gnosies pela pertinência e exploração do tema. Óptimos palestrantes e
um ambiente salutar de partilha e troca de ideias. Acredito ter sido o primeiro de
muitos passos para um melhor serviço de saúde.
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Dina Damião MEDICINA
Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa
Médica
A Organização Mundial de Saúde, enquanto entidade promotora de saúde,
reconhece a importância crucial da actividade física no âmbito do bem-estar físico,
mental e social, bem como da capacidade funcional de todos os indivíduos. A segunda
edição levada a cabo pela Gnosies Interacção, intitulada “Da Medicina ao Treino
Personalizado” constituiu uma oportunidade de excelência para o debate e reflexão
acerca da importância da interacção entre o profissional de treino personalizado e a
comunidade profissional médica, os quais procuram atender a um objectivo comum no
desempenho das suas funções: a melhoria da condição física e do estado de saúde dos
indivíduos.
Sabe-se que a prática regular de actividade física em níveis adequados assegura
diversos benefícios para o indivíduo a curto, médio e longo prazo, o que determina a
sua importância a nível da prevenção e promoção da saúde das populações. Por outro
lado, o sedentarismo tem atingido níveis alarmantes na população em geral sendo
qualificado como um problema grave da saúde para o qual o médico deve estar alerta,
procurando compreender as barreiras enfrentadas pelos pacientes, com o objectivo de
sugerir metodologias que o auxiliarão a integrar a prática da actividade física no seu
dia-a-dia.
Desta forma, e enquanto profissional da área médica, considero que esta acção de
formação assumiu uma importância vital constituindo, por um lado, um alerta no
sentido de educar e estimular mudanças de comportamento nas populações em
direcção a um estilo de vida saudável, e por outro, um incentivo ao trabalho
multidisciplinar entre médicos e profissionais do exercício físico, com especial
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destaque à importância da partilha conjunta de informações clínicas referentes a cada
indivíduo, com o intuito da criação de estratégias de intervenção individual e social
para a implementação correcta de um treino adequado à realidade de cada caso.
Neste sentido, foi dado particular enfoque à necessidade de uma interposição de
saberes e utilização de uma linguagem comum entre estes profissionais.
As competências de um profissional de saúde não esgotam as competências de um
profissional do exercício físico. Contrariamente, elas complementam-se, sendo
essencial o estabelecimento de uma relação de proximidade e de uma simbiose
interdisciplinar entre estas duas esferas do saber, que agem tendo em vista uma
causa/objectivo comum. Apraz-me felicitar a Gnosies por esta iniciativa, que constituiu
fundamentalmente um valioso instrumento de reflexão pessoal e um significante
passo para que, cada vez mais, se caminhe no sentido do estabelecimento de
interacções continuadas entre ambos os profissionais, sem que tal implique a perda de
entidade profissional por parte de qualquer um deles.