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A Ciência mais perto de si WWW.GNOSIES.COM GI2011, 18 de Junho de 2011 Da Medicina ao Treino Personalizado A segunda interacção da Gnosies aconteceu no passado dia 18 de Junho, no salão Nobre da Faculdade de Motricidade Humana intitulado por “Da medicina ao treino Personalizado ”.Um evento dedicado à interacção entre os profissionais do treino Personalizado e os Médicos a nível técnico, legislativo e operacional, tendo como intuito o maior contacto profissional entre estas duas comunidades. Eis uma síntese dos principais pontos debatidos neste evento. 9h30-10h15 | Sessão de Abertura: A ponte “Medicina-Exercício FísicoEstamos perante um novo paradigma. Não existe volta a dar nesta ponte que se está a estabelecer, e a Gnosies tem uma palavra a dizer neste sentido. Dr. Sandro Freitas Director da Gnosies A Gnosies está de parabéns... Prof. Doutor Carlos Neto Professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana O profissional do Exercício Físico deve ser considerado um Profissional de Saúde! Dr. Carlos Canhota Médico de Clínica Geral, Representante da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral e Familiar

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A Ciência mais perto de si

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GI2011, 18 de Junho de 2011

Da Medicina ao Treino Personalizado

A segunda interacção da Gnosies aconteceu no passado dia 18 de Junho, no salão Nobre da

Faculdade de Motricidade Humana intitulado por “Da medicina ao treino Personalizado ”.Um

evento dedicado à interacção entre os profissionais do treino Personalizado e os Médicos a

nível técnico, legislativo e operacional, tendo como intuito o maior contacto profissional entre

estas duas comunidades. Eis uma síntese dos principais pontos debatidos neste evento.

9h30-10h15 | Sessão de Abertura: A ponte “Medicina-Exercício Físico”

Estamos perante um novo paradigma. Não existe volta a dar

nesta ponte que se está a estabelecer, e a Gnosies tem uma

palavra a dizer neste sentido.

Dr. Sandro Freitas Director da Gnosies

A Gnosies está de parabéns...

Prof. Doutor Carlos Neto Professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana

O profissional do Exercício Físico deve

ser considerado um Profissional de

Saúde!

Dr. Carlos Canhota

Médico de Clínica Geral, Representante da Associação

Portuguesa de Médicos de Clínica Geral e Familiar

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10h15-10h45 |O que o Profissional do Exercício Físico espera do Médico?

“Realização de diagnóstico clínico ou de preparação para a realização do exercício, Fazer um aconselhamento generalizado, prescrição de exercício básico, remetendo sempre o utente para os profissionais do exercício … Espera-se que os médicos não fiquem só na sugestão do façam exercício que é bom, mas que diga façam exercício com alguém que sabe o que está a fazer” Prof. Doutor Ricardo Silvestre Profissional do exercício físico

11h00-11h30|O que o Médico espera do Profissional do Exercício Físico?

O que o Médico espera do Profissional do Exercício Físico? Espera que lhe resolva os problemas!

Prof. Doutor Themudo Barata Médico Especialista em Controlo do Peso

11h30-12h00|O que os Profissionais de Saúde devem saber sobre

Exercício Físico?

“ O treino de alta intensidade deve ser o

objectivo final como estimulo para a

maioria das pessoas com condicionantes,

não apresentando limitações de alto risco!

E deve ser sempre alertado pelo médico

ao iniciar a actividade física”

Dr. Pedro de Medeiros Profissional de Exercício Físico

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12h00-13h00|Mesa redonda: Que pontos de ligação entre o Exercício

Físico e a Medicina?

“Para os profissionais do exercício físico deve haver um aumento do conhecimento na área da anatomia e fisiologia, uma diminuição no aconselhamento dos profissionais do exercício físico e um aumento do aconselhamento do médico, bem como formação a todos os profissionais dos hospitais e por fim sinergias” Dr. Pedro de Medeiros Profissional de Exercício Físico

“Quem vai para profissional do exercício e saúde tem de saber doenças”

Prof. Doutor Themudo Barata Médico Especialista em controlo do peso

“A próxima ponte além da ponte entre exercício físico e clínica é a ponte da inactividade e da clínica, é importantíssimo o profissional do exercício estar na linha da frente, perceber qual o problema de não fazer exercício para além de saber exercício também” Prof. Doutor Ricardo Silvestre Profissional do Exercício físico

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“Os conhecimentos da área médica e exercício físico, cada vez mais devem-se complementar e as competências de um profissional não esgotam necessariamente as competências do outro, uma sem a outra tornam-se insuficientes”

Dr. Rodrigo Ruivo Director do Centro de Exercício da Clínica das Conchas

“É necessário identificar uma profissão, e antes de mais para os profissionais que dizem começar uma associação que nos defenda, está aqui uma grande oportunidade devem identificar em si mesmo quais são as suas competências e depois quer a nível do hospitalar quer a nível de centros de saúde clínicas de autarquias apresentar-se e acreditamos que com este processo possam contribuir para fundamentar esta prática profissional do exercício físico” Dr. Sandro Freitas Director da Gnosies

14h15-14-45h|Que aconselhamento para o Exercício Físico por parte do

Médico?

“Presto relativamente pouca importância às recomendações, porque acho que devemos filtra-las, devemos ter em atenção que estas recomendações não são para ser seguidas à risca, são apenas referências, devemos de respeitar o princípio da progressão, negociar a prescrição. Muito mais importante que a pessoa cumprir as recomendações é que faça alguma actividade física, para que no futuro consiga lá chegar” Prof. Doutor Pedro Teixeira Professor catedrático na FMH-UTL

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14h45-15h00 | Da Cardiologia ao Exercício Físico: que sinergia?

“O exercício físico tem benefícios bem demonstrados, nomeadamente na prevenção das doenças cardiovasculares”

Dr.João Calqueiro

Médico cardiologista Hospital Santa Cruz

15h15-15h45|E depois da Fisioterapia?

“As minhas recomendações dependem da cultura da pessoa que eventualmente vai receber e às vezes é difícil saber para onde a pessoa vai. Nós temos um caminho longo mas desafiante, para ajustar as nossas linguagens” Dr. João Beckert Médico medicina desportiva e reabilitação

16h15-16h45|Diabetes: O papel da Medicina e Exercício Físico.

“A actividade física e a diabetes estão muito associadas, em termos gerais pensa-se que o risco de contrair diabetes é 30-50 % menor nos indivíduos activos quando comparados com indivíduos sedentários. ” Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo Médico internista dos Hospitais da Universidade de Coimbra

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16h45-17h30|Mesa Redonda: A palavra da sinergia `Medicina-Exercício

Físico´ sobre o Biggest Loser/Peso Pesado: só se perde peso?

“Preocupa-me as pessoas que vêm as imagens que querem passar na televisão isso preocupa-me imenso. Uma das razões que me preocupa é a imagem negativa que é passada do exercício físico no programa que é a minha área.”

Dr. Pedro de Medeiros Profissional de Exercício Físico

“Só vejo em termos positivos a

criação de espírito de equipa,

auto ajuda, disciplina que pode

ter alguns efeitos benéficos,

agora em termos clínicos acho

que é um programa de risco.”

Dr: João Calqueiro

Médico cardiologista Hospital Santa Cruz

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“O controlo do peso envolve muito mais alimentação e nutrição do que o programa mostra. Há dois tipos de preocupações que tem surgido, uma diz respeito às pessoas que tem participado no programa, eu confesso que pessoalmente não estou tão preocupado com as pessoas que estão a participar no programa, mas por um lado no público em geral que vê por outro lado o que os profissionais vêem também e o que daí se transfere para a prática.”

Prof. Doutor Pedro Teixeira

Professor catedrático na FMH-UTL

“O método não é o mais adequado é um método para concurso é um método que pode ter um efeito perverso pela forma de como é absorvido para quem está cá fora. Não estamos nada a favor do método utilizado no concurso, mas é um método de concurso não é preciso ir mais longe do que isto porque o objectivo é perder máximo de peso em três meses com aquele método que eles têm”

Carlos Oliveira Presidente da ADEXO

“O que vemos nesse programa tem muito

pouca aplicabilidade para a prática tanto

numa perspectiva clínica, como na

realização de programas de exercício

físico, e depois pergunto me que energia

temos que gastar para andar a corrigir

estes erros que acontecem num programa

como este, em que os hábitos não se

enraízam”

Ricardo Silvestre

Profissional do exercício físico

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Nos dias que correm, os problemas nascem de uma fusão multifactorial. E por isso, é

importante perceber o problema sob diferentes perspectivas.

Sandro R. Freitas

Director da Gnosies

GI2011: Da Medicina ao Treino Personalizado

Uma opinião Multidisciplinar.

A audiência presente manifestou contentamento por esta iniciativa. Esta ponte entre o

treino personalizado e a medicina, parece fazer todo o sentido segundo os

profissionais destas duas áreas. Para estes profissionais a interacção promovida pela

GNOSIES foi bastante pertinente considerando-a fundamental para uma melhor

comunicação entre as duas áreas.

Mickael Teixeira EXERCÍCIO FÍSICO

“...parece ser do interesse de todos que se inicie um trabalho conjunto em clínicas, healthclubs e hospitais para contribuir para a melhoria da saúde e

bem-estar público”

Tiago Neto FISIOTERAPIA

“Se o objectivo é potenciar as capacidades de intercomunicação entre os profissionais envolvidos na realização de exercício físico, e facilitar todo o processo de iniciação e manutenção de uma qualquer forma de actividade

física, então torna-se mesmo fundamental registar todas as avaliações efectuadas, independentemente de quem as realiza.”

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Ana Isabel Pascoal ENFERMAGEM

“Enquanto enfermeira, fez todo o sentido a minha participação no evento, pois estando em constante contacto com a população torna-se

imprescindível perceber o que já se fez, o que se faz, e o que se pensa fazer em prol de uma população mais saudável”

Pedro Baracho CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

“Durante seis anos de formação académica foi-me transmitido o conhecimento necessário para actuar ao nível de todos os patamares do ciclo

do medicamento. Contudo, na prática, o farmacêutico continua a ser visto muitas vezes como o vendedor dos comprimidos verdes. Da mesma forma tal

como referido pelo Prof. Dr. Ricardo Silvestre os profissionais de exercício continuam ainda a ser olhados como os professores da ginástica e das

cambalhotas.”

Dina Damião MEDICINA

“As competências de um profissional de saúde não esgotam as competências de um profissional do exercício físico. Contrariamente, elas complementam-se, sendo essencial o estabelecimento de uma relação de proximidade e de uma simbiose interdisciplinar entre estas duas esferas do saber, que agem

tendo em vista uma causa/objectivo comum.”

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Mickael Teixeira EXERCÍCIO FÍSICO

Licenciado em Ciências do Desporto, Faculdade de Motricidade Humana (FMH)

Mestrando em Treino de Alto Rendimento, Faculdade de Motricidade Humana

Functional Trainer Certification, National Strength and Conditioning Association

É do conhecimento geral que a prática do Exercício Físico (E.F.) contribui para a

diminuição da mortalidade e morbilidade. No entanto, tem-se verificado nos últimos

anos uma mudança no estilo de vida em direcção ao sedentarismo e aos maus hábitos

alimentares. Contudo, a tentativa de mudar este panorama tem sido preocupação dos

profissionais do exercício (PEx´s). Desde que houve o congresso “Exercise is medicine”

fiquei mais sensível para esta problemática ao saber que esta ideia é também do

interesse de profissionais de outras áreas. No entanto, uma das ideias que ficou pouca

clara e mal entendida pelos PEx´s foi que seria o médico a prescrever o E.F., o que de

certo modo causou alguma polémica.

O congresso “Da Medicina ao treino Personalizado”, de iniciativa da GNOSIES, foi

crucial para consolidar a minha opinião acerca do que esperar do médico, bem como o

que o médico espera de um PEx´s. Os médicos estão consciencializados acerca da

importância e responsabilidade em aconselhar a prática do E.F., pois sabem que o E.F.

ajuda a prevenir inúmeras doenças. Além disto, concordam que é por parte dos PEx´s

que a prescrição mais pormenorizada do E.F. deve ser feita. A partilha de informação

durante o congresso serviu para saber que tanto os profissionais da área da saúde

(médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas) como os PEx´s estão

interessados em unir-se para preencher as lacunas existentes entre as suas áreas de

especialidade. Importa acrescentar que parece ser do interesse de todos que se inicie

um trabalho conjunto em clínicas, healthclubs e hospitais para contribuir para a

melhoria da saúde e bem-estar público. Como recém-licenciado, e conhecedor da

realidade do mercado de trabalho, gostaria de dar os parabéns a GNOSIES pelas

excelentes iniciativas e contribuições em fomentar a melhor preparação dos PEx´s.

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Tiago Neto FISIOTERAPIA

Licenciado em Fisioterapia pela Universidade Atlântica

Fisioterapeuta da selecção nacional de Ginástica Rítmica

Professor Assistente da Universidade Atlântica – Cinesiologia, Ligaduras

Funcionais e Lesões Desportivas

Mestrando em Ciências da Fisioterapia, na Faculdade de Motricidade

Humana (UTL)

Realizou-se no passado fim-de-semana, na Faculdade de Motricidade Humana, a

segunda Interacção Gnosies, intitulada “Da Medicina ao Treino Personalizado”. Este

evento teve como objectivo promover a reunião e o intercâmbio de ideias entre,

essencialmente, a classe médica e a classe dos profissionais do exercício. No entanto,

as opiniões e perspectivas partilhadas nesta interacção não se limitam ao raio de acção

destas duas classes profissionais. Fisioterapeutas, Enfermeiros, Nutricionistas,

Psicólogos, entre outros agentes que normalmente estão relacionados, directa ou

indirectamente, com a população desportiva, teriam todo o interesse em participar

neste evento. E uma das razões para isso assenta num dos principais tópicos

abordados nesta Interacção: a linguagem comum. De facto, um modelo que pretende

um trabalho em equipa interdisciplinar requer, forçosamente, uma forma de

comunicação que abranja e seja compreendida por todos os agentes que estão em

contacto. Como vários prelectores salientaram, entre os quais os professores doutores

Themudo Barata e Pedro Teixeira, as áreas de charneira entre profissionais, como é o

caso da área do Exercício Físico, que envolve uma multiplicidade de agentes, necessita

que todos eles utilizem a mesma terminologia, as mesmas classificações e

instrumentos de avaliação idênticos. Na minha opinião, aqui encaixa perfeitamente a

CIF, Classificação Internacional de Funcionalidade. Esta, para além de servir de

linguagem comum, através dos conceitos de Disfunção, Limitação na Actividade e

Restrição na Participação, serve também de registo avaliativo e reavaliativo do

respectivo profissional de Saúde ou Exercício. Este foi também um elemento-chave

abordado neste evento, a avaliação. É essencial avaliar. Mas não faz sentido avaliar se

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não se registar. Se o objectivo é potenciar as capacidades de intercomunicação entre

os profissionais envolvidos na realização de exercício físico, e facilitar todo o processo

de iniciação e manutenção de uma qualquer forma de actividade física, então torna-se

mesmo fundamental registar todas as avaliações efectuadas, independentemente de

quem as realiza. Porque a CIF permite isso. Permite que o médico que realizou a

ligamentoplastia e acompanhou o utente até á sua alta hospitalar; que o fisioterapeuta

que reabilitou o conjunto de estruturas e funções que permitem a funcionalidade

desse utente; e que o profissional do exercício que irá maximizar as capacidades do

utente até (no mínimo) aos níveis pré-lesão, todos sigam a mesma linha de avaliação e

registo, que irá possibilitar um processo mais célere e homogéneo de reabilitação.

Entre muitos outros pontos de interesse abordados nesta Interacção, pelos mais

diversos prelectores (todos eles experts na sua área de formação/conhecimento),

saliento estes dois, a importância da linguagem comum, e do registo avaliativo. São

estes dois elementos que vão proporcionar uma troca mais fluida de informação entre

profissionais, o que faz todo o sentido quando cada vez mais se defende o conceito de

equipa interdisciplinar.

Ficamos à espera de futuras Interacções, com pelo menos um nível de participantes,

e prelectores, de organização, e de conteúdos actuais e relevantes, tão elevado como

foram estes que se verificaram no passado dia 18, na Faculdade de Motricidade

Humana.

Ana Isabel Pascoal ENFERMAGEM

Licenciada em Enfermagem, pela Escola Superior de Enfermagem de

Santarém

Enfermeira no Centro de Medicina Física de Reabilitação de Alcoitão

Foi no passado dia 18 deste mês que a Gnosies, empresa de formação na área da

Actividade Física, Exercício Físico e Desporto, nos brindou com uma interacção sobre o

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tema “Da Medicina ao Treino Personalizado”, com a colaboração de profissionais de

renome na área da saúde e do desporto, com uma vasta experiência profissional e

currícular. Enquanto enfermeira, fez todo o sentido a minha participação no evento,

pois estando em constante contacto com a população torna-se imprescindível

perceber o que já se fez, o que se faz, e o que se pensa fazer em prol de uma

população mais saudável... sim, porque a prática de exercício físico regular é um meio

natural, fisiológico e não invasivo que permite manter as nossas funções vitais

regularizadas e mantermo-nos emocionalmente equilibrados. Deveria fazer parte dos

nossos hábitos diários, tal como cuidamos da nossa higiene “mas nem sempre há

tempo”, ou “disponibilidade” e por isso, lamentavelmente “os que não encontram

tempo para o exercício, terão de encontrar tempo para as doenças” Eduard Derby.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, definiu saúde como um estado de

bem-estar físico, mental e social, total, e não apenas a ausência de doença ou

incapacidade. Sendo o conceito de bem-estar subjectivo, pudemos apenas constatar as

evidências. Convido-vos a reflectir, e a tomar consciência sobre a gravidade da

situação.

De acordo com a OMS a inactividade física contribui para cerca de 2 milhões de

mortes anuais no mundo e calcula que 60% da população mundial não pratica

actividade física suficiente. Os estilos de vida sedentários contribuem assim,

largamente para a ocorrência de doenças crónicas, mortes prematuras e invalidez, o

que leva a graves custos sócio-económicos. Já para não desenvolver a temática do

impacto dramático da doença crónica e incapacitante no contexto familiar, como é a

necessidade de toda uma adaptação e reorganização sistémica, bem como os elevados

custos emocionais que muitas vezes não são tidos em conta... até acontecer... A

prática do exercício acompanhado só traz benefícios: contribui para a redução do risco

de ocorrência de doenças coronárias (e situações muitas vezes fatais como o enfarte

agudo do miocárdio), prevenção/redução da hipertensão (e consequente redução da

incidência de acidentes vasculares cerebrais), papel importante no controlo do excesso

de peso e prevenção da obesidade, prevenção da diabetes do tipo II, papel importante

em certos tipos de cancro (nomeadamente do cólon), promoção da saúde muscular-

esquelética e redução do risco de ocorrência de osteoporose (com redução da

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incidência de fracturas e outras complicações altamente incapacitantes), pode ter

ainda um papel importante na reabilitação, ou seja, após a instalação da situação de

doença, como comprovam alguns estudos que foram apresentados no seminário. Tem

ainda, uma importante função na saúde-mental do indivíduo pela libertação de

endorfinas, as conhecidas “hormonas do prazer”.

É a pouco e pouco que as pessoas vão tomando consciência da necessidade do

exercício físico, e se vão abrindo caminhos que vão convergindo para o lema “dar mais

vida aos anos” e não somente “dar mais anos à vida” fazendo sentido a expressão

“exercise is medicine”, tão debatida no seminário.

É neste contexto que urge a necessidade da prática desportiva regular, devidamente

acompanhada, de modo a prevenir lesões, melhorar a função do indivíduo quer na

situação de saúde quer na situação de doença, maximizar a força e a resistência.

Para uma avaliação das necessidades das pessoas, que se quer individualizada e

personalizada, falou-se na importância do trabalho de equipa entre os profissionais do

desporto e os profissionais da área saúde, bem como, da necessidade do

desenvolvimento de uma linguagem comum que vise esta aproximação. Há

claramente um longo caminho a percorrer mas quando um grupo de pessoas se reúne

com objectivos comuns, revelando espírito de equipa, empreededorismo e vontade de

continuar, o balanço só pode ser muito positivo!

Enquanto cidadã e enfermeira agradeço o convite que me foi feito para participar

no evento, e o reconhecimento da vossa parte sobre o papel da Enfermagem na

divulgação e promoção de hábitos de vida saudáveis!

Um bem-haja à equipa da Gnosies e a todos os participantes do evento pela partilha

de conhecimento e experiências!

Venham mais Seminários!

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Pedro Baracho CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Licenciado em Ciências Farmacêuticas

Mestrando em Exercício e Saúde, Faculdade de Motricidade Humana (UTL)

Por si só a definição de “saúde” e o contexto que a envolve são

complexos, e temas deste tipo levam sempre a discussões

filosóficas que muitas vezes não chegam a qualquer conclusão. Contudo também creio

que o importante nestes casos não será propriamente a conclusão mas sim a

discussão, a partilha de ideias e mesmo ideais dos intervenientes. Foi o que aconteceu

no passado 18 de Junho, no ciclo de conferências/debate “Da medicina ao treino

personalizado” promovido pela Gnosies. Foi no geral um momento de reflexão sobre a

função de cada um enquanto profissional de saúde e das formas de interacção que se

podem estabelecer nos vários prismas que compõem a saúde de um indivíduo.

Enquanto farmacêutico de formação superior, contudo profissional de exercício

físico, consigo estabelecer várias pontes entre as duas áreas, quer ao nível das

questões científicas, como também nas questões de definição de funções. Durante seis

anos de formação académica foi-me transmitido o conhecimento necessário para

actuar ao nível de todos os patamares do ciclo do medicamento. Contudo, na prática,

o farmacêutico continua a ser visto muitas vezes como o “vendedor dos comprimidos

verdes”. Da mesma forma tal como referido pelo Prof. Dr. Ricardo Silvestre os

profissionais de exercício continuam ainda a ser olhados como os “professores da

ginástica e das cambalhotas”. E vem então a temida questão: se os profissionais

conhecem as suas funções e sabem o que podem fazer, porque razão isto ainda

acontece? Na minha opinião por falta de confiança e medo da confrontação com outro

profissional de saúde. As duas áreas sofrem de um estranho “complexo de

inferioridade” (pessoalmente resume-se ao conforto) para com a medicina e outras

áreas da saúde. De forma geral este complexo cria-lhes uma resistência enorme à

evolução para a farmácia clínica (acompanhamento farmacêutico) e para a prescrição

“clínica” de exercício, no que diz respeito à definição de “clínica”, como a disciplina

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que apresenta como competência a execução de um diagnóstico e aplicação de um

tratamento. No nosso caso o exercício físico.

Pegando nas palavras do Prof. Dr. Themudo Barata “deve fazer quem sabe fazer” e

se realmente soubermos fazer e a nossa acção e intenção estiver tranquilamente

esclarecida e dirigida para o doente/utente/aluno daí creio não advir perigo, pelo

contrário apenas benefícios. Enquanto profissional de saúde tenho de ter confiança

nas decisões que tomo, porque se concluí e pus em acção determinada

terapêutica/prescrição de exercício, parte-se do princípio que previamente terei

avaliado todas as possibilidades e escolhido a que teria uma melhor relação

custo/benefício. Essa decisão é discutível? Sim. Quando confrontado com essa

argumentação também não me cabe defendê-la como se estivesse num banco de réus,

criando uma contra-reacção. Cabe-me partilhá-la com o outro profissional. E ao outro

cabe-lhe reconhecer-me como igual, respeitar a minha decisão e então com o mesmo

objectivo, quem sabe caminhar para uma decisão que reúna as duas, três, infinitas

perspectivas. Todas estas temáticas foram abordadas pelos vários palestrantes, e de

forma aberta e tranquila foram reconhecidos medos e limitações, abrindo portas ao

trabalho de equipa sincero e sereno tendo em vista única e exclusivamente o indivíduo

que nos procura e nos dá o seu respeito e responsabilidade pela sua “saúde”.

Respeitando diferentes vivências, filosofias de acção e metodologias científicas

torna-se necessário o estabelecimento de uma linguagem comum e protocolos

práticos e reais de acção. Estes só nascerão quando houver coragem em cada um para

dar o primeiro passo e quisermos sem maldade nem superioridade participar no

trabalho de outro contribuindo com a nossa ferramenta. Hoje é obrigatório sairmos do

nosso conforto! As consequências dele são visíveis no nosso dia-a-dia. Só ainda não

sabemos o que pode acontecer se interagirmos... tenho a certeza que pior não será.

Obrigado à Gnosies pela pertinência e exploração do tema. Óptimos palestrantes e

um ambiente salutar de partilha e troca de ideias. Acredito ter sido o primeiro de

muitos passos para um melhor serviço de saúde.

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Dina Damião MEDICINA

Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa

Médica

A Organização Mundial de Saúde, enquanto entidade promotora de saúde,

reconhece a importância crucial da actividade física no âmbito do bem-estar físico,

mental e social, bem como da capacidade funcional de todos os indivíduos. A segunda

edição levada a cabo pela Gnosies Interacção, intitulada “Da Medicina ao Treino

Personalizado” constituiu uma oportunidade de excelência para o debate e reflexão

acerca da importância da interacção entre o profissional de treino personalizado e a

comunidade profissional médica, os quais procuram atender a um objectivo comum no

desempenho das suas funções: a melhoria da condição física e do estado de saúde dos

indivíduos.

Sabe-se que a prática regular de actividade física em níveis adequados assegura

diversos benefícios para o indivíduo a curto, médio e longo prazo, o que determina a

sua importância a nível da prevenção e promoção da saúde das populações. Por outro

lado, o sedentarismo tem atingido níveis alarmantes na população em geral sendo

qualificado como um problema grave da saúde para o qual o médico deve estar alerta,

procurando compreender as barreiras enfrentadas pelos pacientes, com o objectivo de

sugerir metodologias que o auxiliarão a integrar a prática da actividade física no seu

dia-a-dia.

Desta forma, e enquanto profissional da área médica, considero que esta acção de

formação assumiu uma importância vital constituindo, por um lado, um alerta no

sentido de educar e estimular mudanças de comportamento nas populações em

direcção a um estilo de vida saudável, e por outro, um incentivo ao trabalho

multidisciplinar entre médicos e profissionais do exercício físico, com especial

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destaque à importância da partilha conjunta de informações clínicas referentes a cada

indivíduo, com o intuito da criação de estratégias de intervenção individual e social

para a implementação correcta de um treino adequado à realidade de cada caso.

Neste sentido, foi dado particular enfoque à necessidade de uma interposição de

saberes e utilização de uma linguagem comum entre estes profissionais.

As competências de um profissional de saúde não esgotam as competências de um

profissional do exercício físico. Contrariamente, elas complementam-se, sendo

essencial o estabelecimento de uma relação de proximidade e de uma simbiose

interdisciplinar entre estas duas esferas do saber, que agem tendo em vista uma

causa/objectivo comum. Apraz-me felicitar a Gnosies por esta iniciativa, que constituiu

fundamentalmente um valioso instrumento de reflexão pessoal e um significante

passo para que, cada vez mais, se caminhe no sentido do estabelecimento de

interacções continuadas entre ambos os profissionais, sem que tal implique a perda de

entidade profissional por parte de qualquer um deles.