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ENTREVISTA DENISE GENTIL ISSN 0103-7323 9 7 7 0 1 0 3 7 3 2 0 0 9 111 ESTADO E MUNICÍPIO Arruinado pela corrupção e pela má gestão, Rio pede socorro ao governo federal LEGISLATIVO Mudar a Previdência virou desafio para o governo Temer DISTRITO FEDERAL Novo modelo de gestão tornará o Hospital de Base mais ágil GestãoPública & Desenvolvimento Ano XXV / T II / R$ 14,80 / Nº 111 / Março de 2017 Burocracia consome bilhões do Orçamento Público e impede o Estado de dar à sociedade o retorno dos impostos que ela paga. Governo cria comitê para modernizar gestão e melhorar prestação dos serviços públicos O CÂNCER QUE ESTÁ MATANDO O BRASIL

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ENTREVISTADENISE GENTIL

ISS

N 0

103-

7323

977

0103

7320

09

111

ESTADO E MUNICÍPIOArruinado pela corrupção e pela má gestão, Rio pede socorro ao governo federal

LEGISLATIVOMudar a Previdência virou desafio para o governo Temer

DISTRITO FEDERALNovo modelo de gestão tornará o Hospital de Base mais ágil

GestãoPública& DesenvolvimentoAno XXV / T II / R$ 14,80 / Nº 111 / Março de 2017

Burocracia consome bilhões do Orçamento Público e impede o Estado de dar à sociedade o retorno dos impostos que ela paga. Governo cria comitê para modernizar gestão e melhorar prestação dos serviços públicos

O CÂNCER QUE ESTÁ MATANDO O BRASIL

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www.revistagestaopublica.com.br

O choque de gestão do governo Michel Temer segue seu curso. Após aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congelou por 20 anos investimentos nos serviços do Estado, o desafio do Presidente da República é mudar a Previdência e aprovar a reforma ainda neste primeiro semestre e, juntamente com ela, a reforma tra‑balhista. Somente assim poderá concluir o tripé exigido pelo sistema financeiro e implantar o Estado mínimo no Brasil.

Neste número da Gestão Pública, trazemos o debate sobre o Projeto de Lei (PL) 248/16 (da reforma da Previdência), apresentado em dezembro, pelo presidente Michel Temer, à Camara dos Deputados. Na seção Entrevista, a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Gentil, contesta os números e os argumentos do governo e afirma que a “Previdência Social é superavitária” e que o discurso do déficit do sistema não passa de uma farsa contábel e que o objetivo é impor uma concepção de desenvolvimento econômico excludente.

O Brasil vive uma crise sem precendentes de modelos de gestão pública. Alguns estados entraram em falência. Na coluna Estados e Municípios, mostramos o Rio de Janeiro em estado de calamidade pública. Arruinado pela corrupção e má gestão, teve de pedir socorro ao governo federal e, segundo determinação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a privatização da água é a chave para o governo salvar a unidade da Federação.

No Distrito Federal, por exemplo, o governo Rodrigo Rollemberg (PSB) pôs em curso o choque de gestão em janeiro de 2015 e agora, em 2017, adota um modelo de gestão da rede pública de saúde já expe‑rimentada no país na década de 1990. A matéria “Novo modelo de gestão tornará o Hospital de Base mais ágil” traz para a Gestão Pública o debate sobre o tema.

A matéria principal resume a temática do mês de março de 2017 e mostra como a burocracia consome bilhões do Orçamento Público. Com a matéria “O câncer que está matando o Brasil”, a Gestão Pública aborda um dos aspectos da burocracia: o lado que impede o Estado de dar à sociedade o retorno dos impostos que ela paga. O governo cria comitê para modernizar gestão e melhorar a prestação dos serviços públicos.

Neste número temos também matérias que abordam outros debates relacionados à gestão pública, desenvolvimento econômico, inovação, artigos, entre outros

Boa leitura!

Carla LisboaEditora‑chefe

CARTA AO LEITOR

Colaboração:

G O V E R N O S O C I E D A D E

GestãoPública& Desenvolvimento

IASIAInternational Association of Schools and Institutes of Administration

DPADM/ONU Divisão de Administração Pública e Gestão do Desenvolvimento das Nações Unidas

PARCEIRO INSTITUCIONALFILIADO

MINISTÉRIO DOPLANEJAMENTO

FundadoresFrancisco Alves de AmorimJoão Batista Cascudo Rodrigues (In Memoriam)

Conselho EditorialFrancisco Alves de Amorim – PresidenteRicardo Wahrendor Caldas – Professor – UnBJoão Bezerra Magalhães Neto – AdministradorJosé Osmar Monte Rocha – Professor universitário e Auditor/MF (Aposentado)

Diretor de Comunicação e DistribuiçãoGeilson Barros Coelho

Diretora AdministrativaMirielle Fideles Alves Coelho

Diretor Nacional de ComunicaçãoDantas Filho

Departamento JurídicoRamiro Laterça de Almeida

Relações InstitucionaisEraldo Pinheiro de Andrade

Editor‑ChefeCarla Lisboa

JornalistasAna Seidl, Fernanda Chagas, Osvaldo Lyra, Paulo Roberto Sampaio, Gabriel Silva

Editor de arte/DiagramaçãoElton Mark

RevisãoCarla Lisboa

Editor de FotografiaLuiz Antônio

Atendimento e Redaçã[email protected]

Publicação: MensalCirculação: Nacional

BrasíliaSCLN 104 – Bloco D – Sala 104 – 70.733‑540 – Brasília‑DFTelefax.: 55.61. 32016018 – 9972 6018Site: www.revistagestaopublica.com.br

Sucursal São PauloDiretor: Cristovan Grazina (licenciado)Diretor comercial: Nilton ZancaDiretor Região Norte: Edson Oliveira Secretário‑Executivo: Luiz Alberto Corrêa Rua Anhanguera 697 – Barra Funda – SPCEP: 01.135.000

RepresentantesBelo Horizonte/MG – Márcio Lima ‑Tel.: 319986‑4986Rio de Janeiro/RJ – Rizio Barbosa – Tel.: 21 2222‑2414Natal/RN – Tania Mendes ‑Tel.: 84 9991 1111Salvador/BA – Eliezer Varjão – Tel.: 71 91650547

ISSN 0103‑7323 Registrado no 1º. Ofício de Registro Cível das Pessoas Naturais e Jurídicas – Brasília‑ DF

As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. São reservados os direitos inclusive os de tradução. É permitida a citação das matérias, desde que identificada a fonte.

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LEGISLATIVO

16 ECONOMIAMudar a Previdência virou desafio para o governo Temer

POLÍTICAS DA UNIÃO

24 GESTÃO PÚBLICABrasil e Japão vão ampliar parceria em ciência e tecnologia

ESTADOS E MUNICÍPIOS

30 RIO DE JANEIROArruinado pela corrupção e pela má gestão, Rio pede socorro ao governo federal

AGENDA BRASÍLIA

38 SAÚDENovo modelo de gestão tornará o HBDF mais ágil

SISTEMAS E INOVAÇÃO

42 INTERNACIONALBrasil e Japão vão ampliam parceria em ciência e tecnologia

Desde1991

NESTA EDIÇÃO

Informação e conhecimento para o fortalecimento da cidadania

G O V E R N O S O C I E D A D E

GestãoPública& Desenvolvimento

SEÇÕES

6 ENTREVISTADENISE GENTIL

14 ESPLANADA EM FOCO

22 POLÍTICA E PODER

44 CURSOS E EVENTOS

46 PRÊMIOS E PUBLICAÇÕES

50 ARTIGOJOSÉ OSMAR MONTE ROCHAAmor animal

Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 5

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“A Previdência Social é superavitária”

Economista diz que discurso sobre déficit do sistema não passa de uma farsa contábil e que o objetivo é impor uma

concepção de desenvolvimento econômico excludente

● Coryntho Baldez

Em entrevista para o Jornal da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a econo‑

mista Denise Gentil, especialista em questões previdenciárias, desmonta os mitos oficiais que encobrem a realidade da Previdência Social no Brasil. Em primeiro lugar, diz, o que há é uma gigantesca farsa contábil que transforma em déficit o supe‑rávit do sistema previdenciário, o qual, segundo ela, teria atingido R$ 1,2 bilhões em 2006.

O superávit da Seguridade Social – que abrange a Saúde, a Assistência Social e a Previdência – foi significa‑tivamente maior: R$ 72,2 bilhões. No entanto, boa parte desse excedente vem sendo desviada para cobrir outras despesas, especialmente de ordem financeira – condena a

professora e pesquisadora do Ins‑tituto de Economia da UFRJ, pelo qual concluiu sua tese de doutorado “A falsa crise da Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período 1990 ‑ 2005”.

Na entrevista ao Jornal da UFRJ, ela explica por que considera insufi‑ciente o novo cálculo para o sistema proposto pelo governo e mostra que, subjacente ao debate sobre a Pre‑vidência, se desenrola um combate entre concepções distintas de desen‑volvimento econômico‑social.

A ideia de crise do sistema previdenci‑ário faz parte do pensamento econômico hegemônico desde as últimas décadas do século passado. Como essa concepção se difundiu e quais as suas origens?

DENISE GENTIL – A ideia de falência dos sistemas previdenciários públi‑cos e os ataques às instituições do

welfare state (Estado de Bem‑Estar Social) tornaram‑se dominantes em meados dos anos 1970 e foram reforçadas com a crise econômica dos anos 1980. O pensamento libe‑ral‑conservador ganhou terreno no meio político e no meio acadêmico. A questão central para as sociedades ocidentais deixou de ser o desenvol‑vimento econômico e a distribuição da renda, proporcionados pela inter‑venção do Estado, para se converter no combate à inflação e na defesa da ampla soberania dos mercados e dos interesses individuais sobre os interesses coletivos. Um sistema de seguridade social que fosse univer‑sal, solidário e baseado em princípios redistributivistas conflitava com essa nova visão de mundo. O principal argumento para modificar a arquite‑tura dos sistemas estatais de proteção social, construídos num período de

ENTREVISTA DENISE GENTIL

6 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

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Pillar Pedreira/Agência Senado

Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 7

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DENISE GENTILENTREVISTA

crescimento do pós‑guerra, foi o dos custos crescentes dos sistemas pre‑videnciários, os quais decorreriam, principalmente, de uma dramática trajetória demográfica de envelhe‑cimento da população. A partir de então, um problema que é pura‑mente de origem socioeconômica foi reduzido a um mero problema demográfico, diante do qual não há solução possível a não ser o corte de direitos, redução do valor dos bene‑fícios e elevação de impostos. Essas ideias foram amplamente difundi‑das para a periferia do capitalismo e reformas privatizantes foram implantadas em vários países da América Latina.

No Brasil, a concepção de crise finan‑ceira da Previdência vem sendo propagada insistentemente há mais de 15 anos. Os dados que você levantou em suas pesquisas contradizem as esta‑tísticas do governo. Primeiramente, explique o artifício contábil que distorce os cálculos oficiais.

DENISE GENTIL – Tenho defendido a ideia de que o cálculo do déficit previdenciário não está correto, por‑que não se baseia nos preceitos da Constituição Federal de 1988, que estabelece o arcabouço jurídico do sistema de Seguridade Social. O cál‑culo do resultado previdenciário leva em consideração apenas a receita de contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que incide sobre a folha de pagamento, diminuindo dessa receita o valor dos benefícios pagos aos trabalhadores.

O resultado dá em déficit. Essa, no entanto, é uma equação sim‑plificadora da questão. Há outras fontes de receita da Previdência que não são computadas nesse cál‑culo, como a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e a receita de concursos de prognósticos. Isso está expressamente garantido no artigo 195 da Constituição e acintosamente não é levado em consideração.

A que números você chegou em sua pes‑quisa?

DENISE GENTIL – Fiz um levan‑tamento da situação financeira do período 1990‑2006. De acordo com o fluxo de caixa do INSS, há supe‑rávit operacional ao longo de vários anos. Em 2006, para citar o ano mais recente, esse superávit foi de R$ 1,2 bilhão. O superávit da Seguridade Social, que abrange o conjunto da Saúde, da Assistência Social e da Previdência, é muito maior. Em 2006,

Edilson Rodrigues/Agência Senado

8 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

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o excedente de recursos do orça‑mento da Seguridade alcançou a cifra de R$ 72,2 bilhões. Uma parte des‑ses recursos, cerca de R$ 38 bilhões, foi desvinculada da Seguridade para além do limite de 20% permi‑tido pela DRU (Desvinculação das Receitas da União). Há um grande excedente de recursos no orçamento da Seguridade Social que é des‑viado para outros gastos. Esse tema é polêmico e tem sido muito deba‑tido ultimamente. Há uma vertente, a mais veiculada na mídia, de inter‑pretação desses dados que ignora a existência de um orçamento da Seguridade Social e trata o orça‑mento público como uma equação que envolve apenas receita, despesa e superávit primário. Não have‑ria, assim, a menor diferença se os recursos do superávit vêm do orça‑mento da Seguridade Social ou de outra fonte qualquer do orça‑mento. Interessa apenas o resultado fiscal, isto é, o quanto foi economi‑zado para pagar despesas financeiras com juros e amortização da dívida pública. Por isso o debate torna‑se acirrado. De um lado, estão os que advogam a redução dos gastos finan‑ceiros, via redução mais acelerada da taxa de juros, para liberar recur‑sos para a realização do investimento público necessário ao crescimento. Do outro, estão os defensores do corte lento e milimétrico da taxa de juros e de reformas para reduzir gas‑tos com benefícios previdenciários e assistenciais. Na verdade, o que está em debate são as diferentes visões de

sociedade, de desenvolvimento eco‑nômico e de valores sociais.

Há uma confusão entre as noções de Previdência e de Seguridade Social que dificulta a compreensão dessa questão. Isso é proposital?

DENISE GENTIL – Há uma grande dose de desconhecimento no debate, mas há também os que propositada‑mente buscam a interpretação mais conveniente. A Previdência é parte integrante do sistema mais amplo de Seguridade Social. É parte fun‑damental do sistema de proteção social erguido pela Constituição de 1988, um dos maiores avanços na conquista da cidadania, ao dar à população acesso a serviços públi‑cos essenciais. Esse conjunto de políticas sociais se transformou no mais importante esforço de cons‑trução de uma sociedade menos desigual, associado à política de ele‑vação do salário mínimo. A visão dominante do debate dos dias de hoje, entretanto, frequentemente isola a Previdência do conjunto das políticas sociais, reduzindo‑a a um problema fiscal localizado cujo

suposto déficit desestabiliza o orça‑mento geral. Conforme argumentei antes, esse déficit não existe, conta‑bilmente é uma farsa ou, no mínimo, um erro de interpretação dos dispo‑sitivos constitucionais. Entretanto, ainda que tal déficit existisse, a socie‑dade, através do Estado, decidiu amparar as pessoas na velhice, no desemprego, na doença, na invalidez por acidente de trabalho, na materni‑dade, enfim, cabe ao Estado proteger aqueles que estão inviabilizados, definitiva ou temporariamente, para o trabalho e que perdem a possibi‑lidade de obter renda. São direitos conferidos aos cidadãos de uma sociedade mais evoluída, que enten‑deu que o mercado excluirá a todos nessas circunstâncias.

E são recursos que retornam para a economia?

DENISE GENTIL – É da mais alta rele‑vância entender que a Previdência é muito mais que uma transferência de renda a necessitados. Ela é um gasto autônomo, quer dizer, é uma transfe‑rência que se converte integralmente em consumo de alimentos, de ser‑viços, de produtos essenciais e que, portanto, retorna das mãos dos beneficiários para o mercado, dina‑mizando a produção, estimulando o emprego e multiplicando a renda. Os benefícios previdenciários têm um papel importantíssimo para alavancar a economia. O baixo cres‑cimento econômico de menos de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), do ano de 2016, seria ainda menor se

“ Há um grande excedente de recursos no orçamento da Seguridade Social que é desviado para outros gastos. Esse tema é polêmico e tem sido muito debatido ultimamente”

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DENISE GENTILENTREVISTA

não fossem as exportações e os gas‑tos do governo, principalmente com Previdência, que isoladamente repre‑senta quase 8% do PIB.

De acordo com a Constituição, quais são exatamente as fontes que devem finan‑ciar a Seguridade Social?

DENISE GENTIL – A seguridade é financiada por contribuições ao INSS de trabalhadores empregados, autô‑nomos e dos empregadores; pela Cofins, que incide sobre o fatura‑mento das empresas; pela CSLL e pela receita de loterias. O sistema de segu‑ridade possui uma diversificada fonte de financiamento. É exatamente por isso que se tornou um sistema finan‑ceiramente sustentável, inclusive nos momentos de baixo crescimento, por‑que, além da massa salarial, o lucro e o faturamento são também fontes de arrecadação de receitas. Com isso, o sistema se tornou menos vulne‑rável ao ciclo econômico. Por outro lado, a diversificação de receitas, com a inclusão da taxação do lucro e do faturamento, permitiu maior progres‑sividade na tributação, transferindo renda de pessoas com mais alto poder aquisitivo para as de menor.

Além dessas contribuições, o governo pode lançar mão do orçamento da União para cobrir necessidades da Seguri‑dade Social?

DENISE GENTIL – É exatamente isso que diz a Constituição. As con‑tribuições sociais não são a única fonte de custeio da Seguridade. Se for necessário, os recursos também

virão de dotações orçamentárias da União. Ironicamente, tem ocor‑rido o inverso. O orçamento da Seguridade é que tem custeado o orçamento fiscal.

O governo não executa o orçamento à parte para a Seguridade Social, como prevê a Constituição, incorporando‑a ao orçamento geral da União. Essa é uma forma de desviar recursos da área social para pagar outras despesas?

DENISE GENTIL – A Constituição determina que sejam elabora‑dos três orçamentos: o orçamento

fiscal, o orçamento da Seguridade Social e o orçamento de investi‑mentos das estatais. O que ocorre é que, na prática da execução orça‑mentária, o governo apresenta não três, mas um único orçamento cha‑mando‑o de “Orçamento Fiscal e da Seguridade Social”, no qual consolida todas as receitas e des‑pesas, unificando o resultado. Com isso, fica difícil perceber a trans‑ferência de receitas do orçamento da Seguridade Social para finan‑ciar gastos do orçamento fiscal. Esse é o mecanismo de geração de

Edilson Rodrigues/Agência Senado

10 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

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superávit primário no orçamento geral da União. E, por fim, para tor‑nar o quadro ainda mais confuso, isola‑se o resultado previdenciá‑rio do resto do orçamento geral para, com esse artifício contábil, mostrar que é necessário transferir cada vez mais recursos para cobrir o “rombo” da Previdência. Como a sociedade pode entender o que realmente se passa?

Agora, o governo pretende mudar a metodologia imprópria de cálculo que vinha usando. Essa mudança atenderá completamente ao que prevê a Consti‑tuição, incluindo um orçamento à parte para a Seguridade Social?

DENISE GENTIL – Não aten‑derá o que diz a Constituição, porque continuará a haver um iso‑lamento da Previdência do resto da Seguridade Social. O governo não pretende fazer um orçamento da Seguridade. Está propondo um novo cálculo para o resultado fis‑cal da Previdência. Mas, aceitar que é preciso mudar o cálculo da Previdência já é um grande avanço. Retirar o efeito dos incentivos fis‑cais sobre as receitas também ajuda a deixar mais transparente o que se faz com a política previdenciária. O que me parece inadequado, entre‑tanto, é retirar a aposentadoria rural da despesa com previdência porque pode, futuramente, resul‑tar em perdas para o trabalhador do campo, se passar a ser tratada como assistência social, talvez como uma espécie de bolsa. Esse é

um campo onde os benefícios têm menor valor e os direitos sociais ainda não estão suficientemente consolidados.

Como você analisa essa mudança de postura do governo federal em relação ao cálculo do déficit? Por que isso acon‑teceu?

DENISE GENTIL – Acho que ainda não há uma posição consolidada do governo sobre esse assunto. Há interpretações diferentes sobre o tema do déficit da Previdência e da necessidade de reformas. Em alguns segmentos do governo fala‑se apenas em choque de gestão, mas, em outras áreas, a reforma da Previdência é tra‑tada como inevitável. Depois que o Fórum da Previdência for instalado, vão começar os debates, as disputas, a atuação dos lobbies e é impossível prever qual o grau de controle que o governo vai conseguir sobre seus rumos. Se os movimentos sociais não estiverem bem organizados para

pressionarem na defesa de seus inte‑resses, pode haver mais perdas de proteção social, como ocorreu em reformas anteriores.

A previdência pública no Brasil, com seu grau de cobertura e garantia de renda mínima para a população, tem papel importante como instrumento de redução dos desequilíbrios sociais?

DENISE GENTIL – Prefiro não superes‑timar os efeitos da Previdência sobre os desequilíbrios sociais. De certa forma, tem‑se que admitir que vários estudos mostram o papel dos gastos previdenciários e assistenciais como mecanismos de redução da misé‑ria e de atenuação das desigualdades sociais nos últimos quatro anos. Os avanços em termos de grau de cober‑tura e de garantia de renda mínima para a população são significativos. Pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), cerca de 36,4 milhões de pessoas ou 43% da população ocupada são contribuin‑tes do sistema previdenciário. Esse contingente cresceu de forma con‑siderável nos últimos anos, embora muito ainda precise ser feito para ampliar a cobertura e evitar que, no futuro, a pobreza na velhice se torne um problema dos mais graves. O fato, porém, de a população ter asse‑gurado o piso básico de um salário mínimo para os benefícios previden‑ciários é de fundamental importância porque, muito embora o valor do salário mínimo esteja ainda distante de proporcionar condições dignas de sobrevivência, a política social de

“ A Previdência é parte integrante do sistema mais amplo de Seguridade Social. É parte fundamental do sistema de proteção social erguido pela Constituição de 1988, um dos maiores avanços na conquista da cidadania, ao dar à população acesso a serviços públicos essenciais”

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DENISE GENTILENTREVISTA

correção do salário mínimo acima da inflação tem permitido redução da pobreza e atenuado a desigualdade da renda. Cerca de dois milhões de idosos e deficientes físicos recebem benefícios assistenciais e 524 mil são beneficiários do programa de renda mensal vitalícia. Essas pessoas têm direito a receber um salário mínimo por mês de forma permanente. Evidentemente que tudo isso ainda é muito pouco para superar nossa inca‑pacidade histórica de combater as desigualdades sociais. Políticas muito mais profundas e abrangentes teriam que ser colocadas em prática, já que a pobreza deriva de uma estrutura produtiva heterogênea e socialmente

fragmentada que precisa ser trans‑formada para que a distância entre ricos e pobres efetivamente diminua. Além disso, o crescimento econômico é condição fundamental para a redu‑ção da pobreza e, nesse quesito, temos andado muito mal. Mas a realidade é que a redução das desigualdades sociais recebeu um pouco mais de prioridade nos últimos anos do que em governos anteriores e alguma evo‑lução pode ser captada através de certos indicadores.

Apesar do superávit que o governo esconde, o sistema previdenciário vem perdendo capacidade de arrecadação. Isso se deve a fatores demográficos, como dizem alguns, ou tem relação mais direta com a política econômica dos últimos anos?

DENISE GENTIL – A questão funda‑mental para dar sustentabilidade para um sistema previdenciário é o cresci‑mento econômico, porque as variáveis mais importantes de sua equação financeira são emprego formal e salá‑rios. Para que não haja risco de o sistema previdenciário ter um colapso de financiamento, é preciso que o país cresça, aumente o nível de ocupa‑ção formal e eleve a renda média no mercado de trabalho para que haja mobilidade social. Portanto, a política econômica é o principal elemento que tem que entrar no debate sobre “crise” da Previdência. Não temos um pro‑blema demográfico a enfrentar, mas de política econômica inadequada para promover o crescimento ou a aceleração do crescimento. ●

“ A Previdência é muito mais que uma transferência de renda a necessitados. Ela é um gasto autônomo, quer dizer, é uma transferência que se converte integralmente em consumo de alimentos, de serviços, de produtos essenciais e que, portanto, retorna das mãos dos beneficiários para o mercado, dinamizando a produção, estimulando o emprego e multiplicando a renda”

Acesse: www.ipea.gov.br/desafios

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Acesse: www.ipea.gov.br/desafios

EDITADOPELO IBAP

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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“Todo mundo vai ficar no mesmo bolo e abriremos espaço para um salvador da pátria? Não, é preciso salvar a política”Aécio Neves (PSDB-MG), senador, ao dizer que caixa dois para campanha eleitoral é diferente de receber dinheiro ilícito para enriquecimento pessoal

ESPLANADA EM FOCOESPLANADA EM FOCO

“Se os delegados da Carne Seca não fossem tão obtusos, avaliariam as consequências desse bate-bumbo e tratariam de atuar reservadamente, desmantelando a quadrilha, prendendo os culpados”Luis Nassif, jornalista, sobre a “Operação Carne Fraca”, da Polícia Federal (PF), que cumpriu, no dia 17 de março, 309 mandados judiciais em seis estados e no Distrito Federal, e apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos

“Como o presidente Obama foi tão baixo a ponto de grampear meus telefones durante o sagrado processo eleitoral”Donald Trump, presidente dos EUA, ao acusar Obama de espionagem

“Nessa disputa entre o PSDB e o PMDB do Eduardo Cunha pelo comando do governo, nós somos radicalmente a favor do PSDB”Renan Calheiros (PMDB-AL), senador. Ele atribui à influência de Cunha a nomeação de Osmar Serraglio para a Justiça. “Em que outra circunstância o Osmar seria ministro da Justiça?”, disse

Divulgação

Lula Marques/ AGPT

Edilson Rodrigues / Agência Senado

14 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

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● LULA DEPÕE E NEGA TER CONHECIDO CERVERÓO ex‑presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, em depoimento à

Justiça Federal de Brasília, o primeiro como réu, que tenha tentado obstruir a Operação Lava Jato. O depoimento durou uma hora. Lula disse ainda, referindo‑se às investigações envolvendo seu nome, que vem sendo vítima de um “massacre”. Ele é um dos sete réus na ação que apura suspeita de obs‑trução dos trabalhos da Lava Jato. O processo, aberto em julho de 2016, , verifica se houve tentativa do grupo de convencer o ex‑diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fechar acordo de delação premiada. Segundo as investigações, Lula, o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido‑MS), o ex‑chefe de gabinete de Delcídio Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves – sócio do BTG Pactual –, o advogado Edson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, teriam tentado impedir que Cerveró revelasse à Justiça detalhes do esquema de corrupção que atuava na Petrobras em troca de uma redução da pena.

● TEMER INDICA PRIMO DE GILMAR PARA CARGOO presidente Michel Temer indicou um primo do

ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, para a direção da Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Gilmar é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Corte que julga o pedido de cassação da chapa formada por Dilma e Temer nas eleições de 2014. A indicação de Fran‑cisval Dias Mendes para a Antaq foi publicada na edição do dia 14 do Diário Oficial da União. Caberá ao Senado saba‑tinar Francisval e confirmar a nomeação. Gilmar se reuniu com Temer, no Palácio do Jaburu, dois dias antes (dia 12). O ministro nega ter conversado sobre o processo que pode cassar o presidente ou sobre a Lava Jato. Segundo ele, a pauta foi exclusivamente a reforma política. Gilmar tem defendido cautela no julgamento do processo de Temer e Dilma, ale‑gando que é preciso analisar as consequências políticas de uma eventual cassação do peemedebista, que chegou ao Pla‑nalto após o impeachment da titular da chapa.

● STF ACEITA DENÚNCIA CONTRA PETISTA VANDER LOUBETPor unanimidade, a

Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT‑MS) por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Os ministros também aceitaram a denúncia, no mesmo processo, contra Pedro Paulo Leoni Ramos, ex‑ministro do governo Collor, e Ademar Chagas, cunhado do par‑lamentar. Os ministros entenderam que Vander Loubet também responderá pelo crime de organi‑zação criminosa, por haver indícios de recebimento de vantagem indevida no esquema montado para desviar recursos da Petrobras. Além do ministro Edson Fachin, relator dos casos envolvendo a Ope‑ração Lava Jato na Corte, os demais ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Gilmar Mendes também participaram do julga‑mento. De acordo com denúncia, Loubet solicitou e recebeu, entre 2012 e 2014, cerca de R$ 1 milhão, pagos em 11 parcelas pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato.

Anderson Riedel/ VPR

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Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 15

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Mudar Previdência virou desafio para o governo de TemerTexto apresentado na Câmara não agrada nem os deputados da base aliada. Mais de 120 emendas à proposta foram apresentadas

Consideradas essenciais pelo governo para reequilibrar as contas públicas e fazer o

país atrair investimentos e voltar a crescer, as reformas da Previdência e trabalhista enfrentam dificuldades para serem aprovadas no Congresso Nacional. E podem até mesmo pro‑vocar um racha na base aliada no Legislativo.

O PSB anuncia que vai fechar questão contra as mudanças no sistema. A cúpula do partido rejeita os principais pontos da reforma e há quem defenda que a sigla entregue os cargos no governo. O PSB comanda o Ministério de Minas e Energia. Um levantamento feito na bancada do partido revela que 30 dos 35 depu‑tados do PSB rejeitam as mudanças propostas pelo governo.

“Estamos realizando no PSB um amplo debate sobre a questão e percebo, claramente, que a maioria

da bancada, felizmente, não votará na proposta tal como ela foi apresentada pelo governo”, anunciou o presidente do partido, Carlos Siqueira. “Temos uma proposta completa, que será finalizada nos próximos dias, a qual preserva os requisitos distributivo, solidário e inclusivo que permeiam o sistema de saúde, assistência e previdência, que consideramos a maior e melhor política social do período democrático”, acrescentou o parlamentar.

O deputado Arthur Maia (PPS‑BA), relator da reforma da Pre‑vidência na Câmara, garante que o texto enviado pelo governo não passa da forma como está. Segundo ele, “alterações precisam ser feitas, entre elas nas regras de transição.” As regras de transição terão de ser alteradas, estão muito mal formu‑ladas”, disse, durante debate sobre a reforma no Tribunal de Contas

ENTRE AS MUDANÇAS PROPOSTAS PELA REFORMA ENCAMINHADA PELO GOVERNO, ESTÁ OS ITENS QUE ELEVA PARA 65 ANOS E IGUALA A IDADE MÍNIMA PARA APOSENTADORIA ENTRE HOMENS E MULHERES

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ECONOMIALEGISLATIVO

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da União (TCU), em Brasília. Até a noite do dia 14 de março, prazo final para a apresentação de emendas, a PEC da Reforma da Previdência havia recebido mais de 120 emendas de parlamentares.

Entre as mudanças propostas pela reforma encaminhada pelo governo está a criação da idade mínima de 65 anos para homens e mulheres terem direito à aposentadoria. O

projeto também prevê uma regra de transição que define quem será ou não atingido pela reforma e que fixa 45 anos para as mulheres e 50 anos ou mais, para homens, pagando pedágio de 50%.

PRESSÕESNem mesmo as pressões do

governo, que ameaça com desti‑tuição de cargos e troca no assento

na Comissão Especial, por exemplo, têm funcionado. O DEM, um dos principais aliados do governo, ficou de protocolar uma emenda que esta‑belece a idade mínima de 65 anos para o pedido de aposentadoria no INSS apenas para os trabalha‑dores que tenham nascido a partir de 1993. Pela emenda, o pedágio de 50% do tempo que falta para o segurado receber a aposentadoria

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao centro na mesa, terá muita dificuldade para aprovar o projeto de reforma

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está mantido, mas há diferentes idades mínimas, conforme o ano de nascimento do trabalhador.

“Não dá para ver a Reforma da Previdência como simplesmente uma equação matemática. Há no sistema uma perspectiva de segu‑ridade social”, disse o líder do DEM

na Câmara, deputado Efraim Filho (PB). Mesmo dentro do PMDB o governo Temer enfrenta resis‑tências à aprovação da reforma como foi enviada ao Congresso. No início do mês, o senador Renan Calheiros (PMDB‑AL) criticou as medidas elaboradas, que clas‑sificou de “exageradas”. “O tema ganhou as ruas. A proposta do governo para a reforma é a espinha dorsal que não pode estar imune ao diálogo e ao debate sobre pontos que possam ser aperfeiçoados”, disse o deputado Efraim Filho.

O ministro da Fazenda, Hen‑rique Meirelles, defende a aprovação da reforma sem mudanças. Segundo ele, se a reforma não for aprovada como está, o governo terá que gastar cada vez mais recursos do orçamento para cobrir o déficit do sistema e, consequentemente, sobrará menos

dinheiro para outras áreas. Ele disse que, sem a reforma da Previdência, serão necessários cortes em pro‑gramas sociais e em investimentos do governo.

Durante a apresentação da reforma no Tribunal de Contas da União, o relator Arthur Maia dis‑cordou do fato de os militares estarem de fora das mudanças no sistema pre‑videnciário e se manifestou contra a demanda dos servidores públicos por regras distintas de aposentadoria.

Arquivo PSB

“ Estamos realizando no PSB um amplo debate sobre a questão e percebo, claramente, que a maioria da bancada, felizmente, não votará na proposta tal como ela foi apresentada pelo governo”Carlos Siqueira, presidente do PSB

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

“ As regras de transição terão de ser alteradas, estão muito mal formuladas”Arthur Maia (PPS‑BA), relator da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados

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LEGISLATIVO ECONOMIA

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Maia afirmou que o maior mérito da reforma da Previdência é a isonomia em relação ao Regime Geral da Pre‑vidência, o INSS, e o regime próprio do servidor público.

O deputado Darcisio Perondi (PMDB‑RS) acredita que não existe “expectativa de direito”. Por isso, con‑sidera correto mexer nas regras de aposentadoria dos servidores que já estão hoje no sistema. Segundo ele, a reforma assegura o pagamento dos benefícios dos mais pobres no futuro.

MEIRELLES DIZ QUE SUPERÁVIT É UMA “FALÁCIA”

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que é preciso avaliar a capacidade da população brasileira de pagar a Previdência.Segundo ele, o crescimento dos gastos públicos, entre 1991 e 2015, foi puxado, principalmente, pelas des‑pesas previdenciárias. “A trajetória é crescente. Em todos os mandatos, os presidentes terminaram com des‑pesas maiores do que começaram. Isso mostra claramente a insus‑tentabilidade das contas públicas brasileiras”, afirmou.

A fala de Meirelles ocorreu no Fórum Estadão sobre Reforma da Previdência, em São Paulo, no dia 9 de março. Ele abriu o evento e relatou o quanto as despesas públicas têm crescido nos últimos anos. Segundo ele, ninguém questiona a impor‑tância da Previdência, mas defendeu que o sistema precisa ser sustentável para não se tornar um peso para a sociedade.

REFORMA DA PREVIDÊNCIAREFORMA DA PREVIDÊNCIAO QUE PODE MUDAR?

COMO É HOJE COMO PODE FICARCOM A REFORMA

Não há 65 anos

30 anos para mulheres e 35 para homens Deixa de existir

15 anos 25 anos

Valor integral comreajuste vinculado ao salário

mínimo

50% do valor integral + 10% por dependente;reajuste desvinculadodo salário mínimo

É permitido uma pessoareceber mais de um

benefício, como pensão por morte e aposentadoria

Proibido acumular benefícios

Mínimo de 55 anospara mulheres e 60 para

homens; mínimo de 15 anos de trabalho no campo

Trabalhadores rurais passam a contribuir com o

INSS, sob as mesmas regras do regime geral

Homens commais de 50 anos

Mulheres commais de 45 anos

50% = + 1 ANO

PARA QUEM VALEM AS REGRAS?

Homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos ficam integralmentesujeitos às novas condições

REGRA DE TRANSIÇÃO

Para pessoas desse grupo alcançarem aposentadoria, devem trabalhar um tempo extra de 50% do tempo decontribuição restante. Exemplo: uma mulher com 45 anos de idade e 28 anos de contribuição quetrabalharia mais dois anos; terá detrabalhar mais um ano; ou seja, três anos no total.

Para os que já são aposentados, pensionistas e trabalhadores que já podem se aposentar, nada muda: as novas regras não se aplicam!

28ANOS

30 ANOStempo restantede trabalho: 2 anos

do temporestante (2 anos)

tempo restantede trabalho: 3 anos

28 ANOS

31 ANOS

COMO É:

COMO PASSA A SER:

28 ANOS

, ou seja:

IDADE MÍNIMA PARA APOSENTADORIA

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO

TRABALHADORES RURAIS

ACÚMULO DE BENEFÍCIOS

PENSÕES POR MORTE

$$$

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“A Previdência brasileira tem um ponto positivo: ela é generosa. Ninguém questiona que isso é algo positivo, que é uma coisa que deve ser perseguida”, afirmou. “Por outro lado, a questão não é essa. Quem paga isso é a sociedade brasileira, e temos de avaliar a capacidade da sociedade brasileira de pagar”, argumentou.

Meirelles explicou que a Previ‑dência, nas últimas décadas, ganhou muito espaço no Orçamento público. “Fica evidente que é uma traje‑tória insustentável. Se compararmos a despesas primárias do governo central com o PIB, vamos ver que ela partiu de 10,8% do PIB, em 1991, para cerca de 19% do PIB, hoje. É uma trajetória crescente e ininter‑rupta”, observou.

Meirelles observou que a maior parte desse avanço nas despesas foi puxada pela Previdência. “Em resumo, o grande foco da evolução das despesas públicas no Brasil, nesses 25 anos, é basicamente con‑centrada, em grande parte, na Previdência Social”, explicou. ●

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

“ Não dá para ver a Reforma da Previdência como simplesmente uma equação matemática. Há no sistema uma perspectiva de seguridade social”Efraim Filho (DEM‑PB)

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

Rodrigo Maia afirmou que o maior mérito da reforma da Previdência é a isonomia em relação ao Regime Geral da Previdência, o INSS, e o regime próprio do servidor público

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LEGISLATIVO ECONOMIA

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FALÁCIA

O ministro da Fazenda classificou como “falaciosos” os argumentos de que a Previdência está no azul. Ele ex-plicou, durante o Fórum Estadão sobre Reforma da Previdência, em São Paulo, que mesmo a seguridade social é defi-citária. Segundo dados da Previdência, o déficit de 2016 foi de R$ 150 bilhões e o de 2017 deve ficar em torno de R$ 180 bilhões.

“Se considerar assistência social e seguro-desemprego, temos um déficit de R$ 180 bilhões este ano. O resultado da Previdência, portanto, é claramente negativo”, afirmou o ministro. Meirel-les ponderou, ainda, que grande parte desse déficit vem da Previdência rural e que a urbana, que já foi superavitária, também entrou no vermelho.

No ano passado, a Previdência urba-na registrou déficit de R$ 46,8 bilhões, o primeiro resultado negativo desde

2008; a rural observou um rombo ainda maior, de R$ 103,4 bilhões – um cresci-mento de cerca de 600% em 15 anos.

“Existe uma evolução crescente do déficit, principalmente da Previdência rural”, ponderou o ministro. Ele classi-ficou os números como “importantes” por desmontarem os argumentos polí-ticos de que não existe rombo na Pre-vidência.

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“ Se considerar assistência social e seguro-desemprego, temos um déficit de R$ 180 bilhões este ano. O resultado da Previdência, portanto, é claramente negativo”Henrique Meirelles, ministro da Fazenda

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POLÍTICA E PODERPOLÍTICA E PODERSIDNEY DE SOUZA

● RENAN CRITICA O GOVERNO TEMER

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB‑AL), voltou a criticar a influência que, segundo ele, Eduardo Cunha (PMDB‑RJ), ex‑‑deputado preso, exerce sobre o Palácio do Planalto. Nos últimos dias, Renan tem criticado o Palácio do Planalto e chegou a dizer que o governo do presidente Michel Temer não pode ficar “exposto” ao grupo político liderado por Cunha, que cumpre prisão na Operação Lava Jato em Curitiba. Segundo Renan, a política se entende “por sinais”. As nomeações recentes do governo para cargos de ministros e indicações para funções no Congresso mostraram sinais da influência de Cunha, diz Renan. “Nós chegamos depois do Car‑naval e nos deparamos com um quadro consolidado de nomeação de ministros e de ocupação dos espaços

do governo federal no Parlamento. E esses sinais não eram bons, todos apontavam no rumo de um grupo que foi sempre liderado por Eduardo Cunha e, certamente, alguma influência ainda existe, senão não existiria esse cenário”, afirmou Renan.

● GILMAR DIFERENCIA CRIMES DE CAIXA 2

O presidente do TSE, Gilmar Mendes, fez um alerta velado aos que acreditam que o voto do ministro Herman Benjamin pela cassação do mandato de Michel Temer seja acompanhado pela maioria da Corte. Mendes deixou claro que “a situação política do país” deve ser levada em conta no julgamento. “Sempre se considera [o cenário político]. Não temos juízes de Marte. Não que isso vá presidir o julgamento”, disse o ministro. Gilmar voltou a defender diferenciação dos crimes de caixa dois. “Não podemos misturar neces‑sariamente casos de corrupção com casos de caixa 2. Haverá casos de caixa 2 que se caracterizam em corrupção: o dinheiro foi escondido, tinha origem espúria e tinha como objeto algo espúrio. E haverá casos de caixa 2 em que simplesmente se tratou de esconder para o público em geral o recurso que tinha finalidade de aporte eleitoral”.

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O economista Eduardo Fagnani, professor associado da Unicamp, afirma que o governo Michel Temer pratica uma “pedalada constitucional” com a reforma da Previdência. Ele explica que a Constituição brasileira adotou o modelo tri‑partite de financiamento do setor, segundo o qual o Estado, empregadores e trabalhadores contribuem. Mas desde 1989 o Ministério da Fazenda passou a mão nos recursos da CSLL e do Cofins e a Previdência passou a contabilizar apenas a contribuição do trabalhador e do empregador. “Ao fazer isso, a União nega que a Previdência faça parte da Segu‑ridade Social, em confronto com os artigos 194 e 195 da Constituição”, afirma.

● PEDALADA CONSTITUCIONALA ex‑presidente Dilma Rousseff criticou

o presidente Michel Temer por ter tentado aparecer como responsável pela transposição do Rio São Francisco, durante a inauguração de um trecho da obra, quando teria tratado a obra como filha de mãe solteira. “Quem primeiro pensou nessa obra foi o impe‑rador Pedro II. Mas quem implantou isso foi o Lula”, afirmou a presidenta. Ela também tratou Temer como “ilegítimo” e disse que ele “não pode tentar melhorar sua popularidade em cima da obra alheia”.

● RECANDIDATURA DE JANOT IRRITA PROCURADORES

O desejo do procurador‑geral Rodrigo Janot de se recan‑didatar ao cargo fez dele alvo de críticas. Nos bastidores, procuradores contrários à ideia de conceder um terceiro mandato de dois anos a Janot o acusam de colocar a Lava Jato a serviço de sua vaidade. No Senado, investigados com poderes constitucionais para rejeitar a recondução de Janot enxergam na movimentação do personagem uma oportunidade a ser aproveitada. Embora não admita em público, Janot se prepara para disputar a cabeça da lista tríplice de candidatos à chefia do Ministério Público Federal. A relação irá à mesa do presidente Michel Temer, a quem caberá escolher um nome para sub‑meter à apreciação do Senado em setembro, quando termina o segundo mandato de Janot. A antecipação do debate eletrifica os porões da Procuradoria num instante em que a Lava Jato muda de patamar com a deflagração dos inquéritos decorrentes das delações da Odebrecht.

● POPULAR COM OBRA ALHEIA

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A praga que impede o Brasil de crescerBurocracia consome verbas astronômicas do orçamento destinado aos poderes da República e, além de não dar retorno à sociedade, cria obstáculos ao desenvolvimento

Os brasileiros não têm mais como sustentar o peso da burocracia. A alta carga tri‑

butária para bancar uma burocracia ineficiente está afundando o país. A insustentabilidade é crônica, como provam as vultosas verbas do orça‑mento nacional destinadas aos poderes da República – as quais já seguem para o Tesouro comprome‑tidas com pagamento de pessoal, mordomias, privilégios, adicionais e despesas inaceitáveis para qualquer país do mundo civilizado.

Constituída pela Câmara dos Deputados, Senado, 27 assembleias legislativas e 5.564 câmaras de vere‑adores, a estrutura burocrática do Legislativo brasileiro consome, por dia, R$ 120 milhões dos impostos pagos pelos cidadãos. O Executivo não fica para trás: os contribuintes pagam, por dia, cerca de R$ 1 bilhão para alimentar a burocracia. Só os ministérios empregam 113 mil

burocratas que absorvem R$ 214 bilhões anuais só com salários. No fim das contas, a ineficiência é geral e o retorno é mínimo. Temos minis‑térios de sobra e uma burocracia monumental, mas falta tudo aos bra‑sileiros: saúde, educação, segurança, transporte.

O Poder Judiciário, por sua vez, custa 100 milhões por dia ao povo brasileiro, algo em torno de R$ 34,4 bilhões por ano. Levantamento feito pelo site Contas Abertas, para chegar a esses valores, levou em consideração o orçamento do Conselho Nacional de Justiça, as justiças do Trabalho, Eleitoral, Federal e Militar da União. Além disso, também foram contabi‑lizados os orçamentos do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

A maior parcela dos gastos refe‑rentes ao Judiciário destina‑se ao pagamento de pessoal e encargos:

ESPLANADA: OS SALÁRIOS DE MAIS DE 113 MIL BUROCRATAS INSTALADOS NOS MINISTÉRIOS ABSORVEM POR ANO R$ 214 BILHÕES DO DINHEIRO PÚBLICO E O RETORNO DESSA MÁQUINA PAQUIDÉRMICA PARA A SOCIEDADE É INSIGNIFICANTE

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAPOLÍTICAS DA UNIÃO

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Embratur

Cada congressista recebe umsalário bruto de R$ 33.763,00, valor

que coloca os senadoresbrasileiros entre os parlamentares

mais bem pagos do planeta. A soma dos salários de todos os senadores é

de R$ 3.072.433,00 todo mês.

SALÁRIO

Os senadores têm o direito de ocupar um dos 72 aparta mentos funcionaispertencentes ao Senado Federal.Caso estejam todos ocupados ou

prefiram, recebem auxílio-moradiano valor de R$ 5.500,00 para ficar emum hotel ou alugar um apartamento

residencial em Brasília.

UM SENA DOR?QUANTO CUSTA

AUXÍLIO-MORADIA

Não há limite para despesas médicas dos senadores em exercício de mandato. Eles

têm direito a ressarcimento integral de todas as despesas hospitalares relativasà internação em qualquer hospital do país,

caso não seja possível atendimentono serviço médico do Senado ou nãoutilize o sistema público de saúde.

Esse benefício é do parlamentar, cônjuge e dependentes com até 21 anos – ou até 24,

se forem universitários.

Somados, o salário e os benefícios de cada senadorchegam a R$ 165 mil por mês.

Juntos, os 81 senadores custam em média R$ 13,5milhões ao mês a um custo anual de R$ 160 milhões.

DESPESASCOM SAÚDE

POR FIM ...

COTA PARA ATIVIDADEPARLAMENTAR

A Cota para o Exercício da AtividadeParlamentar (CEAP) integra dois auxílios mensais de cada congressista: a antiga

verba indenizatória (no valor deR$ 15 mil) e a verba de transporte aéreo(o valor de cinco passagens, de ida e volta, ao estado de origem de cada senador - fica

entre R$ 18 mil e R$ 30 mil).

O subsídio para a atividade parlamentar varia, então, de R$ 30 mil a R$ 45 mil

todo mês para cada senador.

Senadores não têm uma verba destinada aos seus gabinetes exclusivamente.Porém, há o limite de nomeação de

11 pessoas de sua escolha pessoal paraos cargos comissionados – em cadagabinete haverá mais 6 funcionários

efetivos. Segundo a ONG Transparência Brasil, o gasto mensal do gabinete de

cada senador fica em torno de R$ 82 mil.

VERBA PARACONTRATAÇÃO

DE PESSOAL

Curiosidade: esse direito é vitalício, portanto,ex-senadores também têm direito a um valor

em dinheiro para cobrir suas despesas médicas.

foram R$ 26,2 bilhões em 2014. O gasto com a manutenção dos órgãos foi de R$ 7 bilhões. Já os investi‑mentos para melhorar os serviços e a capacidade produtiva do Judi‑ciário não ultrapassam um bilhão. O resto é para pagar a burocracia e suas impressionantes mordomias.

Somente o Supremo Tri‑bunal Federal (STF) – a mais alta instância do Poder Judiciário bra‑sileiro – custa R$ 1,5 milhão por

Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 25

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dia aos cofres públicos. O orça‑mento da Corte em 2014 foi de R$ 564,1 milhões. A maior parcela dos recursos vai para o pagamento de pessoal. Este ano, R$ 324,2 milhões estão autorizados para esse fim. Em abril, o Tribunal contava com 1.683 servidores, de acordo com dados do próprio STF.

Afora esses custos astronômicos com os burocratas instalados nos três poderes, há os custos relacionados às perdas decorrentes da atividade burocrática – um verdadeiro freio ao desenvolvimento econômico do país. A Fiesp aponta que o Brasil gasta R$ 46 bilhões anuais com burocracia. Se

os entraves burocráticos diminuíssem, o PIB poderia aumentar em 17%.

PREJUÍZOSO Relatório Doing Business,

produzido pelo Banco Mundial, que mede diferentes variáveis em relação aos procedimentos e regu‑lações de negócios em 189 países, mostrou que o Brasil está na 116ª posição no ranking, atrás de eco‑nomias menos desenvolvidas, como as da Ucrânia, Líbano, Belize e Sri Lanka, e também de vizinhos, como Peru, Colômbia e Uruguai.

Abrir, manter e mesmo fechar um negócio no Brasil é tarefa para quem

está disposto a assumir riscos. O pior é que, mesmo sendo responsável pelo maior volume de emprego e renda, o médio e pequeno empreendedor brasileiro é o mais desrespeitado, desprezado e desprestigiado pela monstruosa burocracia que ele mesmo sustenta com pesados impostos.

Para manter a paquidérmica máquina administrativa e as mor‑domias de seus burocratas, os brasileiros gastam, em média, 150 dias por ano trabalhando. Por ano, os tributos comprometem cerca de 41% da renda dos trabalhadores, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

“ No fundo, estamos burocratizando para desburocratizar. Essa ideia vem de uma política velha. Quando se cria isso, no fundo, a gente sabe que é para não resolver. Não leva a lugar nenhum”Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.

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POLÍTICAS DA UNIÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Entre os impostos que mais pesaram sobre os contribuintes, o campeão é o ICMS, sobre circulação de mer‑cadorias e serviços – responsável por 21% do total, seguido pelas des‑pesas previdenciárias e o Imposto sobre a Renda, com 18% e 17%, respectivamente.

Apesar disso, o país é consi‑derado um dos mais violentos e desprovidos de segurança pública do mundo. Tem um Judiciário ine‑ficaz, um Legislativo inócuo e um governo que não oferece educação, não provê saúde, não propicia trans‑porte e não executa o saneamento básico. Significa dizer que o cidadão trabalha em vão e consome meses de esforço, anualmente, para continuar sendo mal servido por uma casta de burocratas.

Para tirar o país desse impasse será necessário um choque de gestão e uma mudança profunda no sistema político – apontando para um novo pacto nacional – a fim de eliminar o câncer burocrático que trabalha contra o contribuinte.

BRASIL EFICIENTECom o objetivo de tornar o país

mais produtivo e efetivo, o governo federal decidiu criar o Conselho Nacional para a Desburocratização – Brasil Eficiente. O decreto pre‑sidencial que cria o conselho foi publicado no dia 8 deste mês de março no Diário Oficial da União. O objetivo do governo é simplificar questões administrativas, moder‑nizar a gestão e melhorar a prestação dos serviços públicos.

O decreto prevê que cada minis‑tério terá de manter um comitê permanente de desburocratização. O novo órgão também deverá recomendar ao Ministério do Pla‑nejamento a adoção de prioridades e metas na atualização e na elabo‑ração da Estratégia de Governança Digital. O conselho fará recomen‑dações à Presidência e ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento

SÍMBOLO DE UMA JUSTIÇA CEGA, O STF CUSTA R$ 1,5 MILHÃO POR DIA AOS COFRES PÚBLICOS E A MAIOR PARCELA DOS RECURSOS VAI PARA O PAGAMENTO DE PESSOAL

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e Gestão sobre prioridades e metas para medidas de desburocratização e para a elaboração de futuras versões da Estratégia de Governança Digital.

O ministro‑chefe da Casa Civil ocupará a presidência do Brasil Efi‑ciente, que será integrado pelos ministros da Fazenda, do Planeja‑mento, Desenvolvimento e Gestão, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, da Transparência, Fiscalização e Controle (CGU) e pelo ministro‑chefe da Secre‑taria de Governo da Presidência da República.

Serão convidados a participar do conselho um deputado federal e um senador indicados pelos presidentes das duas Casas e um membro do Poder Judiciário indicado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). As reuniões ocorrerão ordinariamente a cada três meses e, extraordinariamente,

a qualquer momento, a critério do pre‑sidente do conselho.

A criação do chamado “Con‑selhão”, criado para decidir quais serão as ações prioritárias a fim de reduzir a burocracia que trava a máquina pública e engessa o desen‑volvimento, foi recebida com reservas pelo setor privado. Para Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infra‑Estrutura (CBIE) e professor da UFRJ, a criação do novo conselho – que lembra o extinto Ministério da Desburocratização, órgão que fun‑cionou durante o período militar,

Pixabay

A BUROCRACIA EMPERRA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS AO DIFICULTAR A VIDA DOS EMPREENDEDORES, ESPECIALMENTE OS PEQUENOS E MÉDIOS

A CRIAÇÃO DO CHAMADO “CONSELHÃO” FOI RECEBIDA COM RESERVAS PELO SETOR PRIVADO

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POLÍTICAS DA UNIÃO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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entre 1979 e 1986 – demonstra “boa vontade” do governo, mas não aponta soluções práticas.

“No fundo, estamos buro‑cratizando para desburocratizar. Estar preocupado em acabar com a burocracia é ótimo, mas faltam objetividade, pragmatismo e visão executiva nesse governo. Essa ideia vem de uma política velha. Quando se cria isso, no fundo, a gente sabe que é para não resolver. Não leva a lugar nenhum”, disse Pires.

O fato de o governo de Michel Temer se encerrar no final do ano que vem, segundo o presidente do CBIE, também dificulta que se chegue a resultados práticos. “É preciso ter a noção de que só tem um ano e meio de governo pela frente. Não dá para ficar em discussões inter‑mináveis. O Brasil está precisando

de centroavante, não desse tipo de atitude que não resolve”, criticou.

César Borges, ex‑ministro dos Transportes do governo Dilma e atual presidente da Associação Brasi‑leira de Concessionárias de Rodovias

(ABCR), vê com bons olhos a “vontade política” sinalizada pela criação do Conselho Brasil Eficiente. “No setor público, é necessário que haja vontade política. Sem ela, não se avança. É preciso ter agilidade para propor ações, além de metas e prazos para cumpri‑las”, disse Borges. “Mas uma coisa é a intenção, outra é ver isso convertido em medidas reais”.

Questionada sobre a decisão de criar o novo conselho, a Casa Civil informou, por meio de nota, que “a demanda de criação de um fórum ou instância para desburocrati‑zação surgiu no Conselhão”, grupo de empresários e membros de orga‑nizações civis que fez sua segunda reunião em Brasília neste mês de março. A necessidade de se ter um novo grupo foi a mais votada entre as 15 propostas do Conselhão apresen‑tadas ao governo. Os membros do Conselho não serão remunerados.

Uma das críticas das lideranças civis é a de que o presidente Michel Temer retirou a possibilidade de parti‑cipação da sociedade civil no conselho. O decreto substitui textos de 2011 e 1990 que determinavam a formação de um comitê formado por ministros de Estado, integrantes do Legislativo, do Judiciário e da sociedade.

O conselho pouco atuou no passado e vinha à deriva desde 2013. A última ata do grupo, de junho de 2013, mostrava reunião só com integrantes do governo, sem repre‑sentantes civis. Tanto antes, como agora, a participação no órgão não é remunerada. ●

Carlos Augusto

“ No setor público, é necessário que haja vontade política. Sem ela, não se avança. É preciso ter agilidade para propor ações, além de metas e prazos para cumpri-las. Mas uma coisa é a intenção, outra é ver isso convertido em medidas reais”César Borges, ex-ministro dos Transportes

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Arruinado pela corrupção e pela má gestão, Rio pede socorro ao governo federalCrise atingiu duramente o bolso dos servidores, que protestam contra o pacote de austeridade. Programas sociais também devem ser atingidos

O Rio de Janeiro começou 2017 com uma crise tão profunda que afeta todos os setores do

estado. Trata‑se de uma crise pro‑vocada pela corrupção, má gestão e perda de receitas. Para se ter uma ideia, a área de segurança pública é uma das mais atingidas. O ano começou com a média de 14 mortos ao dia em circunstâncias violentas, um ferido à bala a cada 8 horas e uma arma apreendida por hora. Nas três primeiras semanas do ano mor‑reram 16 policiais e foi registrada uma média de 18 tiroteios diários.

A crise também atingiu o bolso dos servidores públicos. Salários atrasados, empresas terceirizadas

sem pagamento, hospitais parcial‑mente paralisados, delegacias sem recursos, penitenciárias superlotadas e à beira de rebeliões. O governo estadual negocia ajuda de R$ 20 bilhões para 2017 com o governo federal, recursos que podem chegar a R$ 50 bilhões até 2019. Com um PIB de R$ 620 bilhões, o Rio é o segundo estado mais rico do país, com um comércio pujante, turismo forte e uma indústria de ponta.

A ruína financeira do Rio e o pacote de austeridade anunciado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PDMB‑RJ) no início de novembro de 2016 resultaram em uma série de manifestações e greves

A CRISE TAMBÉM ATINGIU O BOLSO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. SALÁRIOS ATRASADOS, EMPRESAS TERCEIRIZADAS SEM PAGAMENTO, HOSPITAIS PARCIALMENTE PARALISADOS, DELEGACIAS SEM RECURSOS, PENITENCIÁRIAS SUPERLOTADAS E À BEIRA DE REBELIÕES

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RIO DE JANEIROESTADOS E MUNICÍPIOS

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de diversas categorias de servidores públicos. No ano passado, os servi‑dores fizeram várias manifestações em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que reuniram milhares de manifestantes.

Teve até tentativa de invasão do Palácio Tiradentes e ação violenta da polícia com bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, além de balas de borracha. Houve feridos, entre eles quatro jornalistas que cobriam o ato público. As medidas

Fernando Frazão / Agência Brasil

O PACOTE DE AUSTERIDADE TRANSFORMOU O CENTRO DO RIO EM UMA PRAÇA DE GUERRA. MANIFESTANTES ENFRENTARAM OS POLICIAIS MILITARES E INCENDIARAM UM ÔNIBUS EM PROTESTO CONTRA O GOVERNO DO ESTADO

Tomaz Silva / Agência Brasil

Tomaz Silva / Agência Brasil

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para amenizar a crise incluem ações privatistas, advindas do governo federal, e a eliminação de políticas públicas de inclusão social que pre‑judicarão frontalmente a maior parte da população.

O governo do PMDB propõe o fim dos programas sociais e a cobrança de uma taxa de 30% sobre os salários dos funcionários públicos. Medidas como essas são discutidas e votadas pelos deputados da Alerj, o que tem provocado protestos. Em fevereiro, o centro do Rio de Janeiro voltou a se tornar um campo de batalha entre manifestantes e policiais militares em novo ato contra as medidas de

austeridade propostas pelo governo do Estado.

Os servidores, sobretudo os da área de segurança pública, concen‑traram‑se na frente da Alerj e, desta vez, juntaram‑se com os trabalha‑dores da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae). A mani‑festação foi contra a privatização da Cedae. A solução do governo é acabar com os programas sociais e privatizar tudo o que puder como contrapartida a um resgate finan‑ceiro negociado com a União.

O protesto acabou em con‑fusão, com PMs jogando bombas contra os servidores e manifes‑tantes revidando com rojões e fogos de artifício. Os próprios policiais em serviço durante a manifestação acabaram se desentendendo entre eles após a Tropa de Choque jogar bombas de gás contra os colegas.

NEGOCIAÇÃOO pacote de ajuste fiscal pro‑

posto pelo governador do estado foi motivo de repetidas manifes‑tações dos servidores e teve dez dos 22 projetos rejeitados ou retirados de pauta. Na Câmara dos Deputados, as

Tomaz Silva / Agência Brasil Tomaz Silva / Agência Brasil

Centenas de servidores públicos se concentraram em frente à Assembleia Legislativa revoltados contra o pagamento dos salários atrasados parcelado

os trabalhadores da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) se concentraram na frente da Alerj. A manifestação foi contra a privatização da Cedae

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ESTADOS E MUNICÍPIOS RIO DE JANEIRO

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contrapartidas exigidas pelo governo federal para suspensão por até 36 meses do pagamento do serviço da dívida dos estados com a União foram derrubadas.

A proposta de ajuste fiscal mais polêmica, que eleva para 14% a con‑tribuição previdenciária do servidor, consta tanto do pacote de Pezão como das contrapartidas exigidas pela União. O ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, quer que a

Alerj aprove uma versão estadual da PEC do Teto do Gasto Público, com suspensão por dois anos de reajustes reais de salários e novas contra‑tações, além do aumento da alíquota de contribuição previdenciária dos servidores de 11% a 14%, e a pri‑vatização da Cedae e com todos os recursos da empresa revertidos para pagamento da dívida.

Em troca disso, a União promete liberar aval para novos empréstimos externos e parar de cobrar juros e empréstimos por 20 anos. O ministro da Fazenda saiu do encontro com o governador do Rio dizendo que só voltará a liberar dinheiro e sus‑pender o pagamento da dívida do Rio se o novo acordo for ratificado pelo STF. O fato é que as medidas incluem o fim de programas sociais e a cobrança de 30% sobre os salários dos funcionários públicos.

O interesse em privatizar a água é tão grande que o governo federal tem promovido uma articulação política intensa, nos bastidores, para con‑seguir viabilizar o acordo na Alerj por maioria simples (metade mais um dos votos dos deputados pre‑sentes) para que a venda da Cedae se materialize. “O socorro do Rio, porém, depende não só dos votos dos deputados estaduais e da com‑batividade dos manifestantes, mas também das dúvidas que pairam sobre uma gestão inadimplente”, informa o jornal El País.

O plano do Estado precisa de uma liminar do STF que o permita descumprir alguns artigos da Lei de

Tomaz Silva / Agência Brasil

Manifestação de funcionários da Cedae e servidores de outras categorias em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

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Responsabilidade Fiscal – os que contemplam limites de gastos com pessoal e o limite de endividamento – para poder continuar realizando operações de crédito. Embora houvesse sinalização positiva do Supremo, nos últimos dias se mul‑tiplicaram os receios sobre essa concessão.

O Banco do Brasil e a Caixa Eco‑nômica Federal, credores do estado e facilitadores dos potenciais novos empréstimos, já se manifestaram contra. As instituições alertaram sobre o risco de calote e os perigos de usar crises financeiras como pre‑texto para flexibilizar uma lei, que exige, precisamente, responsabi‑lidade fiscal dos governos.

PLANOA primeira unidade da Federação

“em crise” escolhida pelo governo federal para ser socorrida foi o Rio de Janeiro. Mas são notórias as difi‑culdades enfrentadas pela maioria esmagadora dos estados e muni‑cípios. A crise bateu pesada nos entes federativos, que passaram a defender um novo pacto com a União. Após reunião com Pezão, o ministro Hen‑rique Meirelles disse que um plano de recuperação será apresentado pelo presidente Temer.

Ele não divulgou os detalhes, mas o plano será homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e passará pelo crivo do Legislativo estadual. “Ainda não chegamos a esse

ponto, mas todos os passos legisla‑tivos e jurídicos serão cumpridos”, disse o ministro. O plano, segundo ele, equacionará o déficit fiscal do Rio em 2017 e nos próximos anos. O acordo é exclusivo para o Rio e não servirá de modelo para outros estados.

“O Congresso retirou as contra‑partidas do pacote de recuperação, mas deixou em aberto a possi‑bilidade de negociação bilateral entre o governo e os estados”, disse ele. Por isso o governo irá reapre‑sentar o pacote fiscal novamente ao Congresso Nacional. Técnicos do Ministério da Fazenda e da Secretaria de Fazenda do Rio estão discutindo o plano.

A primeira unidade da Federação “em crise” escolhida pelo governo federal para ser socorrida foi o Rio de Janeiro. Mas são notórias as dificuldades enfrentadas pela maioria esmagadora dos estados e municípios

Rembratur

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ESTADOS E MUNICÍPIOS RIO DE JANEIRO

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Entenda os principais pontos da crise

Qual a principal causa dos embates entre servidores e o governo do Rio?

O estado passa por uma grave crise financeira. Diante da situação, o governo anunciou um pacote de austeridade com medidas impopu‑lares, como o aumento de impostos, a cobrança do desconto de 30% dos salários dos funcionários e das pensões dos aposentados durante 16 meses, o fim dos restaurantes popu‑lares e o reajuste da tarifa do bilhete único de 6,50 para 7,50 reais.

As propostas ainda precisam ser debatidas e aprovadas pelos depu‑tados estaduais, na forma de 21 projetos de lei. A expectativa é que as discussões se estendam até 30 de novembro e que as votações sejam

iniciadas na primeira semana de dezembro.

O anúncio do pacote no início de novembro deflagrou uma série de manifestações contrárias às

resoluções, marcadas pela violência policial e aumentando a pressão política sobre o governo fluminense. Entre as categorias que estão mobi‑lizadas contra as medidas estão os servidores nas áreas de educação, saúde e justiça, além de policiais, bom‑beiros, aposentados e pensionistas.

Por que o Rio passa por crise financeira tão grave?

Trata‑se de uma conjunção de fatores. Um dos principais pontos é a queda de arrecadação e do recebi‑mento dos royalties pela exploração do petróleo. A concessão de incen‑tivos fiscais a várias empresas é apontada por alguns como uma das causas da crise, mas não há unanimidade sobre o assunto. Os incentivos permitiram atrair empresas que geraram arrecadação e empregos. Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o Rio concedeu 138 bilhões de reais em renúncia fiscal entre 2008 e 2013.

No caso do petróleo, houve nos últimos anos uma queda signifi‑cativa nos preços. Em 2014, o barril do produto custava 110 dólares e chegou a valer 150 dólares. Em janeiro de 2016, o barril chegou a ser cotado a 30 dólares.

Com relação à arrecadação dos royalties, também houve queda. Segundo dados da plataforma Info‑royalties, alimentada com dados

O GOVERNO ANUNCIOU UM PACOTE DE AUSTERIDADE COM MEDIDAS IMPOPULARES, COMO O AUMENTO DE IMPOSTOS, A COBRANÇA DO DESCONTO DE 30% DOS SALÁRIOS DOS FUNCIONÁRIOS E DAS PENSÕES DOS APOSENTADOS DURANTE 16 MESES

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da Agência Nacional do Petróleo, em 2014 o estado do Rio de Janeiro recebeu 3,213 bilhões de reais. Em 2015, a quantia diminuiu para 2,308 bilhões e mingou ainda mais em 2016: 1,404 bilhão.

A crise econômica brasileira, que levou à queda na arrecadação do ICMS, e a do setor petroleiro, motivada pelos escândalos de cor‑rupção na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato, ajudam a complicar o quadro. No caso do ICMS, houve queda de 9,4% na arre‑cadação do tributo entre 2014 e 2015.

OUTRAS CAUSAS DA CRISEO economista Mauro Osório,

coordenador do Observatório de Estudos sobre o Estado do Rio de Janeiro da Faculdade de Direito da UFRJ, contesta que o problema da crise carioca esteja ligado estrita‑mente ao excesso de gastos públicos.

Ele aponta que o estado deixou de realizar novos concursos por décadas e questiona a disparidade entre os salários dos servidores do Legislativo e do Judiciário, que, em comparação com estados como São Paulo e Minas Gerais, chega a ser 70% maior.

Nos cálculos do economista, feitos a partir de dados das secre‑tarias estaduais da Fazenda em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para custear o Legislativo e o Tribunal de Contas do Estado, o governo gastou, em 2015, 76,88 reais por habitante. No caso paulista, o poder público desembolsou 29,40. Já em Minas Gerais, gastou‑se 55,64.

Com relação aos gastos com o TCE, o Rio de Janeiro também gasta mais: desembolsou 239,44 reais por morador. Em São Paulo e em Minas, os valores são 188,39 e 169,30, res‑pectivamente. O peso do Legislativo e do Judiciário nas contas do Rio também cresceu nos últimos dois anos, aponta o economista.

Em 2014, a Alerj e o TCE foram responsáveis por consumir 1,61% do total gasto. No ano seguinte, gastou‑‑se mais: 1,93%. Já o Tribunal de

A crise econômica brasileira, que levou à queda na arrecadação do ICMS, e a do setor petroleiro, motivada pelos escândalos de corrupção na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato, ajudam a complicar o quadro

Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Em 2014, a Alerj (foto) e o TCE foram responsáveis por consumir 1,61% do total gasto. No ano seguinte, gastou-se mais: 1,93%

Tânia Rêgo / Agência Brasil

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ESTADOS E MUNICÍPIOS RIO DE JANEIRO

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Justiça é responsável por consumir 4,61% das receitas em 2014. Em 2015, consumiu 6%.

O TAMANHO DO ROMBO NAS FINANÇAS ESTADUAIS

De acordo com dados da Secre‑taria Estadual da Fazenda do Rio de Janeiro, o déficit atual está no patamar de 19 bilhões de reais. Deste valor, 12 bilhões estão rela‑cionados com a Rio Previdência (responsável pelo pagamento das aposentadorias e pensões do serviço público) e 7 bilhões dizem respeito à dívida pública do estado. Para 2016, o orçamento previsto para o Rio é de 78,8 bilhões.

AS PROPOSTAS DO GOVERNO PARA TENTAR REVERTER A CRISE

Em 4 de novembro, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB‑RJ) apresentou um pacote de medidas para conter a crise econômica no estado. Apelidado pelos críticos de “pacote de maldades”, traz, entre as determinações, a redução em 30% das gratificações em cargos comis‑sionados, o aumento da alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14%. Um dos pontos mais criticados é o desconto de 30% dos salários de funcionários e das pensões dos aposentados por 16 meses.

OUTRAS ÁREAS QUE SERÃO AFETADAS SE O PACOTE FOR APROVADO NA ALERJ

Haverá a municipalização, isto é, o repasse da gestão, do estado para os municípios, das unidades do Restau‑rante Cidadão, que oferece refeições

a preços populares. Também está na mira do governo estadual o fim do pagamento do aluguel social para 10 mil beneficiários – em geral, mora‑dores de baixa renda que vivem em áreas de risco. Está previsto também reajuste de 15% na tarifa do Bilhete Único Intermunicipal, que passará de R$ 6,50 para R$ 7,50.

A proposta do governo também prevê aumento de impostos como o ICMS para setores como cerveja (de 17% para 19%), fumo (25% para 27%), energia residencial (25% para 29%), refrigerante (de 16% para 18%) e telecomunicações (26% para 30%). Outra mudança é a redução do número de secretarias estaduais de 20 para 12 Pastas. ●

Valter Campanato / Agência Brasil

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) apresentou um pacote de medidas para conter a crise econômica no estado

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SAÚDEAGENDA BRASÍLIAAGENDA BRASÍLIA SAÚDE

Novo modelo de gestão tornará o HBDF mais ágilProjeto autoriza a transformação do hospital em instituto. Unidade ganhará autonomia e terá mais facilidade para comprar remédios e fazer manutenção de equipamentos

O governador Rodrigo Rol‑lemberg foi à Câmara Legislativa na manhã do dia

14 entregar o projeto de lei que autoriza a criação do serviço social autônomo Instituto Hospital de Base do Distrito Federal. O deputado Joe Valle (PDT), presidente da Casa, recebeu o documento. “A autonomia ao Hospital de Base vai trazer agi‑lidade ao atendimento à população. Esperamos que o novo modelo, fruto de discussões com o Conselho de Saúde, seja referência para todo o País”, disse Rollemberg.

Inspirada no modelo de admi‑nistração da Rede Sarah Hospitais de Reabilitação, a proposta dá auto‑nomia à unidade. O instituto terá quadro de funcionários próprio, ainda que com 100% de recursos públicos e de atendimento pelo Serviço Universal de Saúde (SUS). A Secretaria de Saúde vai celebrar

contrato de gestão com o instituto por 20 anos, renovável e prorro‑gável. A Pasta definirá termos, com discriminação das atribuições, res‑ponsabilidades e obrigações. O Tribunal de Contas do DF fiscalizará a execução.

Os novos empregados da unidade serão regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Ser‑vidores da Secretaria de Saúde que já atuam na unidade poderão con‑tinuar no hospital, caso queiram. De acordo com o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, todos os direitos trabalhistas serão preser‑vados. Depois de criada a entidade, novos trabalhadores só poderão ser contratados por meio de processo seletivo próprio.

A mudança vai significar mais celeridade às contratações (o pro‑cesso seletivo poderá ser mais simples do que o concurso público) e

Dênio Simões/Agência Brasília

A MUDANÇA VAI SIGNIFICAR MAIS CELERIDADE ÀS CONTRATAÇÕES (O PROCESSO SELETIVO PODERÁ SER MAIS SIMPLES DO QUE O CONCURSO PÚBLICO) E À COMPRA DE MEDICAMENTOS QUE NÃO PRECISARÁ PASSAR POR PROCESSO LICITATÓRIO)

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à compra de medicamentos (que não precisará passar por processo licita‑tório). As regras serão definidas em estatuto próprio, a ser construído após a aprovação do modelo pelos deputados distritais.

“Isso vai dar mais agilidade na compra de medicamentos, na manutenção de equipamentos e na contratação de pessoal, servindo melhor a população de Brasília”, disse o governador do DF. Ele destacou que

o modelo é totalmente público, sem interferência da iniciativa privada na gestão.

CONSELHOA estrutura do instituto vai contar

com um conselho de administração, presidido pelo secretário de Saúde e composto por outros oito con‑selheiros, quatro deles indicados pelo governador. Os outros quatro terão indicações distintas: um pelo

Conselho Regional de Medicina, um pelo Conselho de Saúde, um por entidade da sociedade civil repre‑sentativa dos pacientes do SUS e um pelos trabalhadores de nível superior da área de saúde do Instituto Hos‑pital de Base.

Ainda haverá uma diretoria executiva, composta por diretor‑pre‑sidente, diretor‑vice‑presidente e até outros três diretores, eleitos para mandato de três anos pelo conselho de administração. O estatuto será aprovado em até 60 dias após a publi‑cação da lei. Noventa dias depois do registro em cartório, o conselho de administração deve aprovar o regi‑mento interno da unidade.

FATURAMENTO E GASTOS DO HBDFO Hospital de Base teve fatu‑

ramento de R$ 10.275.020,43 no primeiro trimestre de 2016. Os custos médios mensais no período atingiram R$ 48.687.852,62. Desse montante, 76,45% – ou R$ 37.219.606,87 – foram gastos com despesas de pessoal. Foi a difi‑culdade de sustentar o atual modelo que levou a uma busca por maior autonomia da unidade, com demons‑tração de resultados, qualidade e produtividade.

A análise feita pela Secretaria de Saúde chegou à conclusão de que o modelo com maior eficiência e

O governador Rodrigo Rollemberg entrega ao deputado Joe Valle o projeto de lei que transforma o HBDF em instituto, a ser contratado pelo governo de Brasília

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SAÚDEAGENDA BRASÍLIA

segurança jurídica é o da Associação das Pioneiras Sociais, respon‑sável pela Rede Sarah e amparado pela Lei Federal nº 8.246, de 22 de outubro de 1991.

O Hospital de Base é o maior hospital público do DF, com 548 leitos de internação, 82 de unidade de tratamento intensivo e 121 de pronto‑socorro, além de 115 consul‑tórios de ambulatórios. Trata‑se do maior hospital público do DF.

Unidade de referência distrital, o Hospital de Base tem atuação voltada

principalmente para o tratamento ambulatorial, hospitalar e de emer‑gência, distribuída em especialidades clínicas, cirúrgicas, diagnósticas,

assistência multidisciplinar e enfer‑magem. Um total de 3.512 servidores trabalha no hospital.

No primeiro quadrimestre de 2016, foram feitos 33.504 atendi‑mentos ambulatoriais em clínicas especializadas, 20.964 em clínicas cirúrgicas e 2.452 em consultas odontológicas. Também houve 26.637 consultas de emergência em clínicas cirúrgicas, 1.905 em clínicas básicas, 2.534 em clínicas especializadas e 507 consultas odontológicas. ●

Dênio Simões/Agência Brasília

SAÚDE

Os deputados distritais professor Israel (PV), Wasny de Roure (PT), o governador Rodrigo Rollemberg, o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), o secretário de Saúde, Humberto Fonseca e os deputados distritais Agaciel Maia (PR), Cristiano Araújo (PSD), e professor Reginaldo Veras (PDT).

O HOSPITAL DE BASE É O MAIOR HOSPITAL PÚBLICO DO DF, COM 548 LEITOS DE INTERNAÇÃO, 82 DE UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO E 121 DE PRONTO-SOCORRO

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REMÉDIO PARAQUEDA NAS VENDAS

EVITE OS SINTOMASDA CRISE.

POSOLOGIAUma dose de conversa diária com sua agência, de preferência no almoço

CONTRA-INDICAÇÃONão indicado para a concorrência

EFEITOS COLATERAISÂnimo elevado devido aos resultados

RECOMENDAÇÃONão suspenda a medicação

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INTERNACIONALSISTEMAS E INOVAÇÃO

Brasil e Japão vão ampliar parceria em ciência e tecnologiaCooperação bilateral em ciência e tecnologia entre os dois países ganhou novas possibilidades com as pesquisas em espaço, mar e de TICs

O ministro da Ciência, Tec‑nologia, Inovações e Comunicações, Gilberto

Kassab, e o embaixador do Japão no Brasil, Satoru Satoh, planejaram, no dia 8 deste mês de março, os próximos passos da parceria e desen‑volvimento de pesquisas em espaço, mar e tecnologias da informação e comunicação (TICs).

Esses são os possíveis temas da 5ª Reunião do Comitê Conjunto Brasil‑Japão para Cooperação Cien‑tífica e Tecnológica, a ser realizada em Brasília. “A minha sugestão é que possamos desenvolver um plano de ação para elevar a nossa cooperação a um nível ainda mais alto”, disse Kassab. Ele propôs um trabalho conjunto da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MCTIC com a Embaixada do Japão.

“O ministério se coloca à dis‑posição para dar continuidade

construtiva a essa parceria, que se estabeleceu em 1984”, disse o ministro. O embaixador Satoru Satoh destacou os quase 33 anos da assinatura do Acordo sobre Coo‑peração no Campo da Ciência e Tecnologia.

“Considerando essas parcerias bem‑sucedidas na área espacial, em pesquisa marinha e em TICs, gostaríamos de realizar o quanto antes a 5ª Reunião do Comitê Con‑junto”, propôs, ao recordar que o Japão promoveu a quarta edição do encontro em novembro de 2015, em Tóquio, com ênfase em agricultura, biotecnologia, ciências espaciais e marinhas, prevenção de desastres naturais e TICs.

O embaixador citou como exemplo de sucesso os projetos para uso de imagens do satélite japonês Alos para monitoramento de desastres naturais e desmatamento

“ A minha sugestão é que possamos desenvolver um plano de ação para elevar a nossa cooperação a um nível ainda mais alto”Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

O EMBAIXADOR CITOU COMO EXEMPLO DE SUCESSO OS PROJETOS PARA USO DE IMAGENS DO SATÉLITE JAPONÊS ALOS PARA MONITORAMENTO DE DESASTRES NATURAIS E DESMATAMENTO ILEGAL NO BRASIL.

42 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

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ilegal no Brasil. “Agora, estamos com o Alos‑2”, informou. “Se pudermos dar continuidade a essa cooperação espacial, seria interessante.”

Ele recordou o lançamento, em janeiro, do Ubatubasat – equipa‑mento construído por estudantes do ensino fundamental da Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, de Ubatuba

(SP), a partir da Estação Espacial Internacional, a bordo do módulo experimental Kibo JEM, operado pela Agência Espacial Japonesa (Jaxa, na sigla em inglês).

O Japão é um dos principais parceiros do Brasil em projetos de cooperação técnica. Uma das ini‑ciativas mais bem‑sucedidas é o Programa de Cooperação para

o Desenvolvimento Agrícola da Savana Tropical de Moçambique (ProSavana), desenvolvido em con‑junto com a Embrapa.

O sistema nipo‑brasileiro de TV digital (ISDB‑T) é resultado de parceria tecnológica entre os dois países. Essas parcerias indicam a capacidade de realização conjunta do Brasil e Japão. ●

Divulgação

Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 43

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Ministério da Justiça promove curso de educação financeiraObjetivo é ampliar os conhecimentos dos consumidores sobre produtos e serviços, orçamento do lar e planejamento financeiro

Controlar as finanças e levar uma vida melhor em períodos de crise não é uma tarefa fácil.

Geralmente, as dificuldades surgem por causa da falta de educação finan‑ceira. Por isso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública decidiu inter‑ceder e, por meio da Escola Nacional de Defesa do Consumidor (ENDC), oferecer o curso de capacitação a consumidores.

Os interessados em participar do curso de educação financeira para consumidores, oferecido pela Secretaria Nacional do Consu‑midor do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), podem se inscrever pela internet até o dia 23 de março. Serão oferecidas cinco mil vagas. O curso é gra‑tuito e tem o objetivo de ampliar o conhecimento dos consumidores em relação a produtos e serviços financeiros, orçamento do lar e planejamento financeiro, com foco

em exemplos concretos e na com‑preensão sobre seus direitos.

As aulas serão de 11 de abril até 2 de maio, com duração de três semanas e carga horária de 20 horas, na modalidade ensino à distância. A avaliação e a certificação dos alunos ocorrerão conforme o sistema de menções da Universidade de Brasília.

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISCAL DIVULGA REALIZAÇÕES DE 2016

O Programa Nacional de Edu‑cação Fiscal (PNEF) representa união de forças entre estados, muni‑cípios e diversas instituições federais com o intuito de conscientizar a sociedade a respeito da importância social dos tributos e da correta aplicação dos recursos públicos, incentivando maior participação do cidadão e fortalecendo os instru‑mentos de controle social.

As ações da gerência nacional do programa, sob responsabilidade da

OS INTERESSADOS EM PARTICIPAR DO CURSO DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA CONSUMIDORES, OFERECIDO PELA SECRETARIA NACIONAL DO CONSUMIDOR DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E O MJSP PODEM SE INSCREVER PELA INTERNET ATÉ O DIA 23 DE MARÇO.

44 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

CURSOS E EVENTOS

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Esaf, têm foco principal na oferta de cursos para segmentos específicos de público e para a sociedade. Em 2016, mais de quatro mil cidadãos se ins‑creveram no curso Cidadania Fiscal, na modalidade EaD, com 20 horas de duração. Foram aprovados apro‑ximadamente três mil participantes.

Também na modalidade EaD, a Esaf realiza o curso Dissemina‑dores de Educação Fiscal, dedicado a professores, servidores públicos e lideranças comunitárias, público

que tenha condições de reproduzir o conteúdo para outros segmentos sociais. No ano passado, houve 7.020 inscritos e 3.628 aprovados. O número é expressivo, especial‑mente em função das 120 horas de duração do curso.

Dadas as características da edu‑cação à distância, é essencial o papel do tutor para mediar o processo de aprendizagem dos alunos. A Esaf formou 52 novos tutores, em curso com 40 horas de duração, elevando

assim o total de pessoas qualificadas em tutoria para a Educação Fiscal.

Em 2016 foi finalizada a produção do curso Educação Fiscal: Tribu‑tação, Orçamento e Coesão Social. O curso, que será ofertado neste ano, é destinado a estudantes universitários com interesse em se aprofundar nas temáticas da organização do Estado: arrecadação, educação fiscal, compras públicas, planejamento orçamentário, prestação de contas, controle social e coesão social. Tem carga de 80 horas e a abertura de ins‑crições será amplamente divulgada pela Esaf.

Uma parceria de sucesso foi rea‑lizada com a Universidade de Brasília para a formação continuada “Edu‑cação Fiscal: uma visão tributária e contábil”. Destinada principalmente a alunos das áreas contábeis, com 12 horas de duração, teve 662 parti‑cipantes com certificados emitidos. A Secretaria de Fazenda do Distrito Federal participou da realização das atividades.

Segundo a coordenadora do PNEF, Fabiana Baptistucci, “a parceria com a UnB foi bastante frutífera pois, além da formação continuada, em outubro de 2016 tivemos a oportunidade de montar o grupo de estudos de educação fiscal, que é ligado diretamente ao Grupo de Trabalho de Educação Fiscal e Controle Social e Gestão de Custos Aplicados ao Setor Público”. A primeira ação do grupo de estudos é a revisão dos cadernos pedagógicos do PNEF. ●

Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 45

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XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017Começaram no dia 3 de março

e vão até o dia 4 de setembro as ins‑crições para o XXII Prêmio Tesouro Nacional 2017. O concurso foi ide‑alizado pela Secretaria do Tesouro Nacional para estimular a pesquisa na área de finanças públicas e promover o reconhecimento dos trabalhos de qualidade técnica e de aplicabilidade na Administração Pública.

Poderão concorrer trabalhos individuais ou coletivos de candi‑datos de qualquer nacionalidade e formação acadêmica (graduação ou pós‑graduação). Os trabalhos devem estar alinhados com uma das três áreas temáticas: “equilíbrio e transparência fiscal”, “alocação efi‑ciente do gasto público” e “dívida pública e concessão de garantias”.

Entre 4 de setembro e 6 de outubro, as monografias serão avaliadas. A data prevista para divulgação do resultado é 28 de novembro deste ano. O resultado será divulgado no Diário Oficial da União e nos sites da Esaf e do Tesouro Nacional. A data e local da cerimônia de premiação ainda não foram defi‑nidos. A premiação remunera o primeiro colocado em R$ 40 mil; o segundo, em R$ 20 mil; e o terceiro em R$ 10 mil. Os vencedores receberão também certificado e terão garantida a publicação das monografias.

As informações sobre o concurso e a inscrição estão contidas no Regu‑lamento 2017, nos Documentos

de Inscrição, no Cronograma e Números; nos links dos Parceiros; no Cartaz. Ainda assim, se pre‑cisar de maiores detalhes, entrar em

contato com a equipe organizadora pelo Fale Conosco. Visite também as monografias premiadas em edições anteriores.

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InscriçõesAté 4 de setembro

Informaçõ[email protected]

(61) 3412-6286 | 3412-6018

Premiação1º R$40.000,002º R$20.000,003º R$10.000,00

Regulamentoesaf.fazenda.gov.br

Equilíbrio e Transparência Fiscal

Dívida Pública e Concessão de Garantias

Alocação E�ciente do Gasto Público

46 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

PRÊMIOS E PUBLICAÇÕES

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FGV entre os 10 melhores think tanks do mundo

A Fundação Getúlio Vargas está entre os 10 melhores think tanks do mundo, de acordo com o Global Go To Think Tanks Rankings 2016, divulgado no dia 26 de janeiro deste ano pela Universidade da Pensilvânia. A FGV subiu quatro posições desde a última avaliação, em 2015, saltando do 13º para o 9º lugar. A instituição manteve‑se como o melhor think tank da América Latina pelo oitavo ano consecutivo e também atingiu o topo de outra categoria bastante relevante: foi eleita o think tank mais bem admi‑nistrado do mundo.

“Esse resultado é fruto de um tra‑balho de equipe, que há 20 anos, de forma extremamente motivada e pautada na defesa dos interesses nacionais, tem se dedicado a cons‑truir o sucesso da instituição”, diz o presidente da FGV, professor Carlos

Ivan Simonsen Leal. Para ele, a con‑quista traz também um novo desafio: “Será difícil se manter lá entre os dez melhores, vai depender do anda‑mento da economia brasileira. Agora, a batalha ficou mais feroz e difícil”.

Nesta classificação interna‑cional, o professor chama atenção para a importância de se observar não só a posição da instituição no ranking, mas sua localização geo‑gráfica. “Ao Sul do Equador é muito pequeno o número de think tanks com musculatura para competir entre os melhores do mundo. A FGV se destaca apesar de estar no Hemisfério Sul, apesar da crise bra‑sileira, porque é seu dever fazê‑lo. É uma exceção, algo muito especial”, ele pontua.

A FGV melhorou sua avaliação em oito das 23 categorias em que

é nominada. Além da liderança na América Latina e o reconhecimento como instituição mais bem admi‑nistrada do mundo, destaca‑se o desempenho da Fundação nas cate‑gorias Políticas Sociais (9º lugar) e Nova ideia ou paradigma desen‑volvido por um think tank (10º).

Os think tanks são organizações que conduzem pesquisas indepen‑dentes, produzem engajamento em temas cruciais e desenvolvem soluções inovadoras para pro‑blemas em áreas como economia, tecnologia, políticas públicas e sociais, política externa, políticas estratégicas, políticas de negócios etc. O papel desses centros é ana‑lisar políticas públicas, resolver seus impasses, encontrar soluções, além de promover o progresso do saber e debates junto à sociedade.

Março de 2017 • Gestão Pública & Desenvolvimento 47

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O cidadão elege os parlamentares e governantes.A sociedade financia o serviço público e o desenvolvimento do país

Uma leitura das ações políticas e governamentais sob a ótica da sociedade

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O cidadão elege os parlamentares e governantes.A sociedade financia o serviço público e o desenvolvimento do país

Uma leitura das ações políticas e governamentais sob a ótica da sociedade

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Amor animal

Falar de amor é algo imperativo para todo ser humano. Negar o amor é negar a própria existência e dar‑se um atestado de insanidade mental. O amor é o mais

puro sentimento que uma pessoa humana pode sentir por outra pessoa. É a força que perpetua a vida, sustenta ideais, resiste tempestades e constrói sonhos. O amor é o comba‑tente do ódio; é dissidente do orgulho, da inveja e da vingança. Sem a existência do amor o mundo não teria família, ciência, tecnologia, inovação e progresso.

Existem expressões populares bastante conhecidas: “só o amor constrói”; “a vida sem amor vale nada”; “a vida é para amar”; “ amor virtual”; “amor platônico”. Nesse contexto o amor está diretamente impul‑sionado pela pessoa humana.

Mas existe o amor animal; e que se pode afirmar que os bichos também amam; e podem ser amados pelos humanos. Existem em muitos episódios a constatação da relação amorosa entre pessoas e animais, com efetiva ação amorosa. Os laços afetivos são facilmente comprovados, pelos sentimentos demonstrados, gestos e expressões faciais entre as partes. A linguagem animal é apresentada e às vezes entendida e correspondida com palavras e ações.

Algumas pessoas criam animais e dedicam atenção, carinho e amor. Umas adotam pássaros como papa‑gaios, canários, tucanos, e outros. Outras criam aves como galinhas, patos, perus, gansos, etc. Existem outros que adotam animais exó‑ticos como aranhas, sapos, cobras, jacarés; e aqueles que convivem com felinos tipos onças, tigres e leões. São os mais diversos tipos de animais envol‑vidos na relação amorosa com pessoas,

confirmando a existência do amor correspondido. Cada um à sua maneira, com gesto e ação própria da espécie.

Existe um grupo animal que é o mais preferido: é o tipo canino. Adultos, jovens e crianças se deleitam com os cachorros. Em geral, toda criança quer adotar um cão‑zinho. Mas na linha de preferência também se encontram

os gatos; esses são dengosos e carinhosos com os seus donos, e gostam de dormir em sofás, cadeiras e aposentos.

Conheço uma menina moça que adotou uma cadelinha da raça shih tzu e batizou‑a com o nome de “Chanel”. Essa cachorrinha peluda é alegre, dócil e parece entender as palavras e olhares da adolescente. Sem dúvida o amor animal existe entre as duas; o forte sentimento é

observado. A menina diz que a Chanel é sua filha; dorme com ela na cama e a cadela avisa quando quer atender as suas necessidades fisiológicas de fazer xixi ou cocô. Parece uma relação perfeita. É o verdadeiro amor animal! A adolescente ainda diz que a mãe dela é a avó da cachorra, e que o seu pai é o avô da Chanel.

Diante dessa amostra da relação da Adolescente fazendo o papel de mãe, e a cadelinha se portando como filha, não me resta dúvida de que o amor animal existe, e é correspondido pelo sentimento da pessoa humana.

E assim são milhares de outros casos, em que há total convivência de pessoas humanas com animais de diferentes espécies, em clara demonstração de que é

verdadeiro e sublime o amor animal. ●

José Osmar Monte Rocha é contador, auditor, analista de Finan-ças e Controle do Ministério da Fazenda (aposentado) e professor de várias disciplinas da Universidade do Distrito Federal (UDF). Gra-duado em Ciências Contábeis, pós-graduado em Gerência Empre-sarial lato sensu, atuou como inspetor seccional de Finanças de ministérios, como delegado regional de Contabilidade e Finanças

do MIC e como conselheiro fiscal de empresas estatais. É sócio fundador e diretor financeiro do INAFIP.

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“ Algumas pessoas criam animais e dedicam atenção, carinho e amor. Umas adotam pássaros como papagaios, canários, tucanos, e outros”

50 Gestão Pública & Desenvolvimento • Março de 2017

ARTIGO JOSÉ OSMAR MONTE ROCHA

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