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Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 24 e 25 de setembro de 2013 GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NA MACROMETRÓPOLE PAULISTA - BACIA DO ALTO TIETÊ Natalia Zamagna Urdangarin Faculdade de Engenharia Ambiental CEATEC [email protected] Antônio Carlos Demanboro Grupo Sustentabilidade Ambiental das Cidades CEATEC [email protected] Resumo: A bacia hidrográfica do Alto Tietê é uma das sub-bacias mais importantes do país, uma vez que abrange a Região Metropolitana de São Paulo, que juntamente com a Região Metropolitana de Campinas, do Vale do Paraíba e da Baixada Santis- ta, compõe a assim denominada Macrometrópole Paulista. Este trabalho elabora cenários para a bacia hidrográfica do Alto Tietê, com base no diagnóstico das potencialidades e fragilidades da mesma, visan- do à gestão sustentável dos recursos hídricos e a conservação ambiental. A metodologia utilizada ba- seia-se no modelo Pressão-Estado-Resposta, que considera a relevância política, utilidade aos usuá- rios, confiabilidade e mensurabilidade de cada indi- cador selecionado. Neste sentido, para a execução do diagnóstico ambiental foram avaliados indicado- res, os quais permitiram a representação da bacia e subsidiaram a elaboração dos cenários. Como resul- tado, obteve-se uma maior compreensão da dinâmi- ca atual, que serviu de base para delinear as ações futuras necessárias para garantir a sustentabilidade da bacia do Alto Rio Tietê. Palavras-chave: gestão ambiental, macrometrópole, bacia do Alto Tietê, sustentabilidade. Área do Conhecimento: Engenharias – Engenharia Ambiental – CNPq. 1. INTRODUÇÃO O crescimento econômico e a preservação ambiental são frequentemente considerados objetivos antagô- nicos. A sociedade tem como objetivo o crescimento ilimitado e, ao mesmo tempo, depara-se com um fator limitante devido ao fato que os recursos ambi- entais não crescem, pois estão restringidos pelas leis físicas da termodinâmica, a conservação de matéria e energia (Primeira Lei) e a entropia (Segunda Lei). Os recursos são finitos, entrópicos e estão sujeitos a relações de interdependência ecológica entre si. Sendo assim, tem-se que a produção de capital difi- cilmente poderá ocorrer de forma independente dos recursos naturais [3]. Questões ético-sociais são também fatores limitantes ao crescimento. Além dis- so, elas são desafios ao entendimento em relação a qual a postura adotar, face ao desaparecimento de espécies, e também como limitar os desejos ilimita- dos dos seres humanos. Tais questões são essenci- ais para que se possa desenvolver uma economia que leve a uma distribuição eqüitativa de bem-estar [3]. Como decorrência deste modelo de crescimento econômico tem ocorrido, concomitantemente, o cres- cimento urbano de forma desordenada. Este é res- ponsável pelo aumento da demanda dos recursos naturais, o que implica em um grande desafio para os gestores ambientais. O crescimento da mancha urbana gera por si só vá- rios problemas, como mudanças no micro clima de- vido ao desflorestamento, estando associada a alte- ração no regime hídrico em virtude da impermeabili- zação do solo, poluição e contaminação dos corpos d´água, e também aumento da susceptibilidade a processos erosivos e isolamento de fragmentos flo- restais. Frente a estes problemas, ao vislumbrar cenários futuros, tem-se que a questão ambiental deve tentar superar essas contradições. Embora ainda não se tenham experiências práticas igualmente fortes, existem argumentos teóricos que permitem acreditar em uma reestruturação do ‘de- senvolvimento’. Nos últimos anos, uma vasta literatu- ra foi elaborada no sentido de se desenvolver as ba- ses de um crescimento econômico dissociado da degradação ambiental [5]. 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é propor cenários alternati- vos, visando o planejamento ambiental integrado da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Os objetivos especí- ficos são: Realizar o diagnóstico físico e ambiental da bacia. Selecionar indicadores ambientais conside- rados de relevância no cenário atual.

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Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

24 e 25 de setembro de 2013

GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE NA MACROMETRÓPOLE PAULISTA - BACIA DO ALTO TIETÊNatalia Zamagna Urdangarin Faculdade de Engenharia Ambiental

CEATEC [email protected]

Antônio Carlos Demanboro Grupo Sustentabilidade Ambiental das Cidades

CEATEC [email protected]

Resumo: A bacia hidrográfica do Alto Tietê é uma das sub-bacias mais importantes do país, uma vez que abrange a Região Metropolitana de São Paulo, que juntamente com a Região Metropolitana de Campinas, do Vale do Paraíba e da Baixada Santis-ta, compõe a assim denominada Macrometrópole Paulista. Este trabalho elabora cenários para a bacia hidrográfica do Alto Tietê, com base no diagnóstico das potencialidades e fragilidades da mesma, visan-do à gestão sustentável dos recursos hídricos e a conservação ambiental. A metodologia utilizada ba-seia-se no modelo Pressão-Estado-Resposta, que considera a relevância política, utilidade aos usuá-rios, confiabilidade e mensurabilidade de cada indi-cador selecionado. Neste sentido, para a execução do diagnóstico ambiental foram avaliados indicado-res, os quais permitiram a representação da bacia e subsidiaram a elaboração dos cenários. Como resul-tado, obteve-se uma maior compreensão da dinâmi-ca atual, que serviu de base para delinear as ações futuras necessárias para garantir a sustentabilidade da bacia do Alto Rio Tietê.

Palavras-chave: gestão ambiental, macrometrópole, bacia do Alto Tietê, sustentabilidade. Área do Conhecimento: Engenharias – Engenharia Ambiental – CNPq.

1. INTRODUÇÃO O crescimento econômico e a preservação ambiental são frequentemente considerados objetivos antagô-nicos. A sociedade tem como objetivo o crescimento ilimitado e, ao mesmo tempo, depara-se com um fator limitante devido ao fato que os recursos ambi-entais não crescem, pois estão restringidos pelas leis físicas da termodinâmica, a conservação de matéria e energia (Primeira Lei) e a entropia (Segunda Lei). Os recursos são finitos, entrópicos e estão sujeitos a relações de interdependência ecológica entre si. Sendo assim, tem-se que a produção de capital difi-cilmente poderá ocorrer de forma independente dos recursos naturais [3]. Questões ético-sociais são

também fatores limitantes ao crescimento. Além dis-so, elas são desafios ao entendimento em relação a qual a postura adotar, face ao desaparecimento de espécies, e também como limitar os desejos ilimita-dos dos seres humanos. Tais questões são essenci-ais para que se possa desenvolver uma economia que leve a uma distribuição eqüitativa de bem-estar [3]. Como decorrência deste modelo de crescimento econômico tem ocorrido, concomitantemente, o cres-cimento urbano de forma desordenada. Este é res-ponsável pelo aumento da demanda dos recursos naturais, o que implica em um grande desafio para os gestores ambientais. O crescimento da mancha urbana gera por si só vá-rios problemas, como mudanças no micro clima de-vido ao desflorestamento, estando associada a alte-ração no regime hídrico em virtude da impermeabili-zação do solo, poluição e contaminação dos corpos d´água, e também aumento da susceptibilidade a processos erosivos e isolamento de fragmentos flo-restais. Frente a estes problemas, ao vislumbrar cenários futuros, tem-se que a questão ambiental deve tentar superar essas contradições. Embora ainda não se tenham experiências práticas igualmente fortes, existem argumentos teóricos que permitem acreditar em uma reestruturação do ‘de-senvolvimento’. Nos últimos anos, uma vasta literatu-ra foi elaborada no sentido de se desenvolver as ba-ses de um crescimento econômico dissociado da degradação ambiental [5].

2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é propor cenários alternati-vos, visando o planejamento ambiental integrado da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Os objetivos especí-ficos são:

• Realizar o diagnóstico físico e ambiental da bacia.

• Selecionar indicadores ambientais conside-rados de relevância no cenário atual.

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• Desenvolver cenários alternativos para a ba-cia do Alto Tietê.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Planejamento Ambiental Entre os muitos planejamentos existentes, o plane-jamento ambiental objetiva, mediante análise e diag-nóstico do meio, adequar o uso da terra e proteger os recursos naturais, com base em potencialidades e vulnerabilidades locais [6]. O planejamento pode ser definido como procedimen-to organizado que visa escolher a melhor alternativa para atingir determinado fim. Assim, pode-se considerar que o processo de plane-jamento, na sua acepção mais geral, se desenvolve através de uma sequência de etapas, dentre as quais a formulação de objetivos, diagnóstico, levan-tamento de dados, elaboração de planos alternati-vos, comparação de alternativas e, por fim, decisão, programação, implementação e controle [8]. 3.2 Indicadores Ambientais Os indicadores tem como objetivo avaliar o desem-penho das políticas públicas relacionadas ao meio ambiente de um determinado local. Contudo é impor-tante considerar que, como todo método de avalia-ção, é tão somente um instrumento que sinaliza ca-minhos, em direção a um objetivo estabelecido [7]. O modelo de Pressão-Estado-Resposta foi criado pela Organização para Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico (OECD). Tal modelo analítico bus-ca mostrar que as atividades humanas ocasionam uma pressão sobre o meio ambiente, podendo afetar o seu estado, onde a sociedade deve responder com ações para reduzir ou prevenir os impactos negativos [4]. Selecionar os indicadores de qualidade ambiental requer uma discussão abrangente, uma vez que os sistemas são compostos por unidades interligadas entre si e que se influenciam mutuamente à medida que evoluem dinamicamente [4]. 4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A bacia do Alto Tietê situa-se a montante da barra-gem de Pirapora, abrangendo uma área de drena-gem de 5.775 km², sendo também aí incluída inte-gralmente a bacia do rio Pinheiros com as sub-bacias dos reservatórios Billings e Guarapiranga [1]. A bacia do Alto Tietê é constituída por uma vasta rede de tributários. Vários destes tributários desta-

cam-se pela importância que representam, não só pelo fato de muitos deles apresentarem grande mag-nitude em suas áreas de drenagem, mas pelos as-pectos históricos de sua respectiva região, e também por sediar importantes projetos de engenharia nas áreas energética, de abastecimento e hidráulica [1]. A figura 1 mostra as sub-bacias e os municípios que compõe a bacia do Alto Tietê.

Figura 1 – Sub-Bacias e seus Municípios. Fonte: [1]. Nos últimos anos, a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê tem apresentado mudanças significativas na sua ta-xa de crescimento demográfico, em decorrência dos comportamentos migratórios e do crescimento vege-tativo da região. Tais mudanças afetaram os resulta-dos de projeções mais antigas, e procuram dar maior confiabilidade nas projeções mais recentes [1]. A população inserida nesta bacia, da ordem de 20 milhões de habitantes, deve chegar a 22,5 milhões em 2025. 5. INDICADORES AMBIENTAIS RELEVANTES 5.1 Coleta e Tratamento de Esgoto Em relação ao atendimento urbano de esgoto, tem-se que a Bacia do Alto Tietê apresenta um índice médio geral de 80,40%, sendo que apenas 47,28% do total coletado são tratados, ou seja, trata-se ape-nas 38,02% do esgoto total gerado na bacia. Entre as Sub – Bacias, a região hidrográfica com maior índice de tratamento em relação ao volume de esgoto coletado é a Penha – Pinheiros (59,31%). Já as que apresentam menor valor de índice médio de tratamento são Juqueri – Cantareira e Pinheiros –

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Pirapora, ambas com apenas 5% de esgoto tratado em relação ao total coletado. Estes valores são pre-ocupantes, se for considerado que apenas 47% a 54% do total de esgoto produzido nestas sub – baci-as são coletados. 5.2 Uso e Ocupação do Solo A tabela 01 apresenta os tipos de uso e ocupação do solo na bacia do Alto Tietê. Destaca-se o ainda elevado percentual de mata re-manescente, da ordem de 27,90 %, se comparada à área urbanizada onde se concentra a maior parte da população, que corresponde a 20,56% da área da bacia. Vale ressaltar, também, o elevado percentual de campo/capoeira/chácara, que somados corres-pondem a 24,06% da área da bacia; bem como de reflorestamento, de 9,58%. Juntos, esses tipos de ocupação representam 82,10% da área da bacia. Entretanto, é importante procurar ter uma visão es-pacial do uso e ocupação do solo, como mostrado na figura 2, uma vez que os valores quantitativos não representam, por si só, a dinâmica de ocupação da bacia. Tabela 01 – Distribuição das Classes de Uso e Ocupa-ção da terra.

Fonte: [1].

Figura 2. Uso e Ocupação do Solo na Bacia do Alto Tietê. Fonte: [1]. Note-se, na figura 2, a degradação da qualidade da ocupação territorial, no sentido centro-periferia. 5.3 Produção e Demanda de Água Pela tabela 02, verifica-se que a produção de água bruta ocorre principalmente nos sistemas produtores Cantareira, Guarapiranga e Alto Tietê, que somados representam 56,9 m³/s, ou 84% do total produzido no sistemas produtores da bacia. É interessante obser-var que a produção total de água bruta dos sistemas produtores da Bacia do Alto Tietê, de 67,7 m³/s, co-incide praticamente com a vazão total que pode ser garantida por estes sistemas produtores, estimada em 67,8 m³/s. Além disso, a demanda total atual, estimada em 71,9 m³/s, supera a capacidade dos sistemas produtores, que é de 67,7 m³/s. Sendo as-sim, evidencia-se que há uma grande necessidade de novos sistemas produtores para atender a de-manda, tanto atual como futura. Tabela 02. Vazão Garantida e produção atual de água.

Fonte: [1].

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5.4 Áreas Contaminadas Segundo [2], até meados de novembro de 2006 ha-viam cerca de 959 áreas contaminadas na Bacia do Alto Tietê. A Tabela 03 apresenta a distribuição das áreas contaminadas nas sub-bacias do Alto Tietê, onde se destaca a grande concentração de áreas contaminadas na sub – bacia Penha – Pinheiros, que corresponde às áreas centrais do município de São Paulo. Tabela 03 – Atividades de Contaminação na bacia.

Fonte: [2]. A contaminação nos postos de combustíveis é a pre-dominante, pois representa aproximadamente 80% das áreas contaminadas na Bacia do Alto Tietê. Ge-ralmente as contaminações estão ligadas ao vaza-mento dos tanques de armazenamento, fugas dos tubos e conexões entre tanque e bomba, manuseio inadequado e operação na descarga e carga dos combustíveis [2]. 6. RESULTADOS Os resultados obtidos para o ano 2020, através do levantamento dos indicadores ambientais, são apre-sentados nas tabelas 04, 05 e 06, respectivamente para Pressão, Estado e Resposta. Tabela 04 – Indicadores Ambientais selecionados para Pressão.

Tema Indicador Valor Uso das Terras Densidade

Populacional 3778,6

Hab/km² Recursos Hídricos Uso urbano em rela-

ção ao uso total 78,6 m³/s

(93%) Recursos Hídricos Uso industrial em rela-

ção ao uso total 1,3 m³/s (1,5%)

Recursos Hídricos Uso rural em relação ao uso total

4,6 m³/s (5,5%)

Tabela 05 – Indicadores Ambientais selecionados para Estado.

Tema Indicador Valor Cobertura Vegetal Cobertura vegetal nos

municípios (%) 28%

Recursos Hídricos Esgoto tratado na ba-cia (%)

38%

Tabela 6 – Indicadores Ambientais selecionados para Resposta.

Tema Indicador Definição Dados

Existência de Conselho de

Meio Ambien-te

Municípios com Conselho de Meio Ambi-

ente

36 SIM

Existência de Plano Diretor

Municípios com Planos

Diretores

25 SIM 11 NÃO

Existência de Código de

Obras

Municípios com Código

de Obras

25 SIM 11 NÃO

Ações Mu-nicipais

Existência de Lei de Zonea-

mento ou Equivalente

Municípios com Leis de Zoneamento

ou Equivalen-tes

29 SIM 7 NÃO

7.Cenários elaborados 7.1 Cenário Tendencial O cenário tendencial, para 2020, caracteriza-se co-mo uma continuação dos padrões diagnosticados na bacia. Estima-se um crescimento populacional, pas-sando dos atuais 20.141.759 habitantes para 21.821.507, com concentração esperada de 3.778,6 hab/km². A demanda de água aumenta, devido ao aumento populacional, pressionando a produção atual e pas-sando dos atuais 71,9 m³/s para aproximadamente 78,6 m³/s. Aumentam também os despejos orgânicos nos eflu-entes da bacia, agravando a qualidade já deteriorada dos corpos hídricos e, em especial, dos reservatórios das represas Billings e Guarapiranga. Além disso, aumenta também a pressão sobre a ve-getação remanescente. 7.2 Cenário Sustentabilidade Fraca

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No Cenário Sustentabilidade Fraca, para o ano de 2020, espera-se que o crescimento populacional se mantenha o mesmo apontado pelo cenário tendenci-al, porém a intervenção antrópica na bacia mostra-se mais amena, devido a um incremento nas vegeta-ções das Áreas de Preservação Permanente (APP). Este cenário tem como foco a preservação apenas dos quesitos ambientais básicos, como a proteção às nascentes e um aumento considerável à proteção dos corpos d´água. Prevê-se um aumento nas áreas de APP, que apesar de oferecer um bom nível de proteção ao solo, está longe de oferecer os mesmos benefícios de uma área de mata à biodiversidade local. Para a elaboração deste cenário, espera-se melhoria significativa apenas no indicador de coleta e trata-mento de esgoto sanitário. Desse modo, alterações são projetadas na coleta e principalmente no trata-mento do esgoto doméstico, que hoje apresenta um número abaixo do ideal (38,02 % em média dos mu-nicípios da bacia). Assim, são esperadas melhoras neste setor, em que 100% do esgoto gerado será coletado e pelo menos 60% será tratado. Para tanto, deve ser aumentado o número de instalações de ETE`s, através de um investimento estimado em cer-ca de R$ 4 bilhões. Com relação aos indicadores de resposta, prevê-se que até 2020 todos os municípios tenham implantado o Plano Diretor, o Código de Obras e as Leis de Zo-neamento. 7.3 Cenário Sustentabilidade Forte É muito difícil vislumbrar um cenário de sustentabili-dade forte para a bacia do Alto Tietê, para o ano 2020. Para além deste horizonte, seriam necessárias ações extremamente radicais para tornar a RMSP sustentável, como a implantação de um sistema al-tamente eficaz de transporte público, a proibição do uso de automóveis a gasolina e/ou diesel, o incentivo ao uso de veículos elétricos e de ciclovias, a capta-ção de água de chuva em todos os prédios e resi-dências da metrópole, a utilização de aparelhos eco-nomizadores de água em todos os locais, a conser-vação das nascentes e ampliação da vegetação de APP, a despoluição dos rios e dos mananciais, den-tre outras. Neste cenário, as prioridades são a recuperação e a conservação dos recursos hídricos e também um planejamento urbano mais rigoroso, de acordo com as demandas ambientais. Sendo assim, este primará

em indicadores que proporcionam melhorias diretas na qualidade de vida da população. Os usos de água necessitam ser reduzidos, apesar do crescimento populacional previsto, que neste ce-nário espera-se ser 25% menor que os cenários an-teriores, devido às medidas de conscientização da população quanto ao uso racional da água e também a uma otimização tecnológica dos setores residencial e industrial, reduzindo assim o seu consumo. Estima-se que seja economicamente viável reduzir as per-das no sistema de abastecimento dos atuais 50% para 25%, o que geraria uma economia de água de cerca de 22 m³/s;valor este que é bastante superior às necessidades atuais e futuras previstas. Quanto às ações municipais, prevê-se a total adesão dos municípios aos instrumentos de política urbana disponíveis. É também previsto uma melhor estrutu-ração das pequenas e médias cidades, sendo de-senvolvidos programas de gestão municipal dos re-cursos hídricos. Assim, espera-se uma conscientiza-ção do poder público municipal frente aos problemas ambientais, objetivando um desenvolvimento plane-jado para o futuro do seu município. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao analisar os resultados obtidos no diagnóstico am-biental, conclui-se que a bacia do Alto Tietê está em uma região de elevadíssima atividade antrópica. Devido a isto, faz-se necessário uma maior participa-ção dos municípios para fazer frente aos impactos gerados. É bastante alvissareiro o fato de todos os municípios contarem com Conselho de Meio Ambien-te, mas é decepcionante que uma quantidade signifi-cativa de municípios não tenham Plano Diretor, Có-digo de Obras e Leis de Zoneamento implantados até o momento. Ao lado de uma regulamentação sólida, é necessária uma fiscalização mais rígida e a adoção de uma polí-tica de incentivos, principalmente ao uso racional de água, tanto pela população como no controle de per-das das concessionárias de abastecimento. Pode-se observar que os problemas da sub-bacia são tanto qualitativos quanto quantitativos. Assim sendo, observa-se um grande desafio aos planejadores desta bacia, pois esta se apresenta em uma situação avançada de antropização, em que a regressão dessas pressões é muito desafiadora. Po-rém, espera-se que com um planejamento a médio e longo prazos, como o proposto neste trabalho, ve-nham a ocorrer melhoras significativas e que propici-em o desenvolvimento de forma mais sustentável.

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9. AGRADECIMENTOS Ao PIBIC pela bolsa de Iniciação Científica, a PUC Campinas pela estrutura oferecida e confiança em meu trabalho. 10. REFERÊNCIAS [1] CBH – AT. Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê; Plano da Bacia do Alto Tietê – 2009; Disponí-vel em: http://www.fabhat.org.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=55&Itemid=24>. Acesso em: Dez. 2012. [2] CETESB. Alto Tietê. Índice de qualidade das á-guas: IAP - IVA – 2006. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/ugrhis/u06.asp>. Acesso em 15 de dez. 2011. [3] DALY, Hermann. Beyond Growth – The Econom-ics of Sustainable Development. Beacon Press, Bos-ton, 1996. [4] OECD (Organisation for Economic Cooperation and Development). OECD Environmental indicators – Development, measurement and use. Paris, 2003. [5] MOTTA, R. S; Indicadores Ambientais no Brasil: Aspectos ecológicos, de eficiência e distributivos; Rio de Janeiro; nº 403; IPEA;Fevereiro de 1996. [6] RIBEIRO, J.C.J.; GOMES, F.C.S.P.; BIZZOTO, F.G.; BRANDÃO, C.L.M.; MACEDO, A.T. – Indicado-res ambientais 2009: Índice de desempenho da polí-tica ambiental para o estado de Minas Gerais, 2011. [7] TUNDISI, J. G. Água no século XXI: Enfrentando a Escassez. São Carlos: RIMA, IIE, 2003. (6) [8] WIENS, S.; SILVA, C.L. – Indicadores de qualida-de ambiental: Uma analise comparativa. São João da Boa Vista, 2008. (7)