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Gestão e Contabilidade Ambiental: uma experiência na Klabin. Ana Paula Costa dos Anjos, [email protected] 1 Ednilson Barbosa de Sousa, [email protected] 2 RESUMO O presente trabalho objetiva estudar a gestão e a contabilidade ambiental na Klabin, no que tange apontar os conceitos teóricos a respeito do assunto em questão com a finalidade de analisar as ferramentas do modelo de gestão adotado pela organização, identificar o uso e os benefícios da contabilidade ambiental e relacionar duas das ciências sociais aplicadas, a saber: a administração e a contabilidade. Para tal visitou-se a unidade da Klabin em Telêmaco Borba (PR) para a observação das áreas florestais (plantadas e de reservas naturais), além das unidades produtivas e o laboratório de fitoterapia. Os resultados elucidam as características da gestão ambiental e a tímida mensuração dos componentes ambientais que a empresa possui em seu balanço patrimonial. A observação das soluções que a gerência ambiental da organização em questão deu foi comparada aos dados secundários do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor –IDEC, que classifica a produção de papel como a de maior impacto ambiental. Palavra-chave: Gestão ambiental, Contabilidade ambiental, sustentabilidade. 1 Graduando o 5º semestre de Contabilidade pelo Centro Universitário do Pará – CESUPA. 2 Graduando o 5º semestre de Administração pelo Centro Universitário do Pará – CESUPA.

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Gestão e Contabilidade Ambiental: uma experiência na Klabin.

Ana Paula Costa dos Anjos, [email protected]

Ednilson Barbosa de Sousa, [email protected]

RESUMO

O presente trabalho objetiva estudar a gestão e a contabilidade ambiental na Klabin, no que tange apontar os conceitos teóricos a respeito do assunto em questão com a finalidade de analisar as ferramentas do modelo de gestão adotado pela organização, identificar o uso e os benefícios da contabilidade ambiental e relacionar duas das ciências sociais aplicadas, a saber: a administração e a contabilidade. Para tal visitou-se a unidade da Klabin em Telêmaco Borba (PR) para a observação das áreas florestais (plantadas e de reservas naturais), além das unidades produtivas e o laboratório de fitoterapia. Os resultados elucidam as características da gestão ambiental e a tímida mensuração dos componentes ambientais que a empresa possui em seu balanço patrimonial. A observação das soluções que a gerência ambiental da organização em questão deu foi comparada aos dados secundários do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor –IDEC, que classifica a produção de papel como a de maior impacto ambiental.

Palavra-chave: Gestão ambiental, Contabilidade ambiental, sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

1 Graduando o 5º semestre de Contabilidade pelo Centro Universitário do Pará – CESUPA.2 Graduando o 5º semestre de Administração pelo Centro Universitário do Pará – CESUPA.

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O modelo de progresso tecnológico do século XX certamente colaborou com agressões ao meio ambiente. A busca pelo lucro de forma irresponsável gerou incontáveis impactos à natureza, soma-se isto a questão da superpopulação que influenciou diretamente o consumo, aumentando assim as poluições no meio ambiente.

Na última década do século XX, com o fenômeno da Globalização, contemplou-se a multiplicação dos impactos ambientais que ultrapassavam as fronteiras e conclamavam os governos para o questionamento do modelo de desenvolvimento da época. Catástrofes ambientais de proporções globais alarmaram os principais stakeholders que passaram a privilegiar organizações que enfatizavam o desenvolvimento sustentável.

A partir da preferência que investidores deram às organizações com preocupação ambiental, vê-se uma legislação mais exigente e, principalmente, a politização dos consumidores. Estes últimos são fundamentais para que a dinâmica do mercado seja resultado de um desenvolvimento ético e sustentável.

Sendo assim as empresas passaram a adotar um modelo de gestão que visasse mais a responsabilidade que possuíam com o meio ambiente. Foi então que os gestores para poder adotar esse novo modelo de gestão passaram a utilizar a contabilidade, também, para auxilia-los na parte de gestão ambiental.

A parti daí o contador passa a vivenciar um novo modelo de contabilidade que lhe cobra mais conhecimento e precisão nas mensuração dos bens ambientais, coisa até então pouco estudada pelos contadores.

1.1PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVO

A tendência observada a partir do final do século XX gradativamente cresce e se aperfeiçoa nas empresas brasileiras, desde pequenas ações, muitas vezes isoladas, aos grandes sistemas de gestão ambiental. O uso de ferramentas para a contabilização dessas ações torna-se parte essencial do modelo de gestão em questão, visto que o investimento na área ambiental é necessário para cumprir a legislação, satisfazer as expectativas da sociedade e, em casos como a Klabin, fomentar a filosofia de sustentabilidade.

Verifica-se, então, que é preciso analisar as ações que contribuam com o desenvolvimento sustentável e a contabilização de tais ações.

Diante dessa constatação, formula-se o seguinte problema de pesquisa: Quais as ações e ferramentas utilizadas na gestão e na contabilidade ambiental da Klabin?

2 GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental não deve está à parte do planejamento estratégico das organizações, independentemente da natureza do negócio toda e qualquer organização influencia e é influenciada pelo meio onde está inserida, se entende gestão ambiental como:

“parte do sistema de gestão global da organização que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental, consistindo, em última análise, na forma pela qual a organização gerencia suas atividades revisando a otimização do desempenho ambiental” (NBR, ISSO 14001).

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As atividades econômicas, principalmente, no período industrial tinham como enfoque a geração de lucro de forma desassociada às questões ambientais. Ao longo das décadas foram observados inúmeros acidentes ambientais que contribuíram para que as grandes instituições de investimentos passassem a priorizar organizações com uma consciência ambiental evoluída, a união europeia, por exemplo, aconselhou que as empresas adicionassem mais informações ambientais em seus relatórios anuais.

Estas informações permitem aos mercados a avaliação e a comparação dos custos ambientais e quais organizações lucram mais com programas ambientais. Este tipo de informação não interessa apenas a este bloco econômico, mas cada vez mais o público em geral, quer ser informado sobre isto.

Segundo Andrade (2000) faz-se necessário entender que deve existir “um objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras.”

O fato é que as organizações são compostas por cidadãos dotados de valores, cultura e de prévios conhecimentos, e tais ações e posturas que estes costumam assumir, nas empresas, são resultantes de uma educação ambiental deficitária, então a implementação de sistemas de gestão ambiental, também, está diretamente relacionada à variável pessoas.

O trabalho de conscientização possui o mesmo grau de importância que a criação das práticas sustentáveis, pois os objetivos das empresas devem ser almejados, também, por seus funcionários. Corrobora-se, então, com Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000) que a “formação de pessoal tem por finalidade formar, treinar e motivar recursos humanos para desempenhar suas atividades de maneira responsável diante do ambiente.

Diante da notoriedade dada às questões ambientais, as empresas que desejam ser competitivas necessitam se atentar não apenas pela obrigação de implementar práticas sustentáveis, mas também pela responsabilidade de manter os recursos naturais para as próximas gerações.

Mesmo observando que a gestão ambiental é uma força exógena à organização, e que para muitas empresas trata-se apenas de um fator competitivo, analisa-se a importância da contabilização dos resultados da gestão ambiental da maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil – Klabin.

3.A CONTABILIDADE AMBIENTAL

Devido os problemas de gestão relacionados ao meio ambiente, os gestores passaram a solicitar da contabilidade as informações financeiras que os ajudariam nessa questão, porém assim como hoje, de um modo geral, os contadores não se encontravam preparados para isto.

Somente após a ECO/92 e o agravamento dos problemas ambientais foi que, não só os contadores, mas os institutos de pesquisas e até mesmo o governo passaram a estudar sobre o assunto.

O principal objetivo era contribuir para o estabelecimento de novos procedimentos, de uma nova metodologia, a fim de apresentar uma resposta que satisfizesse aos gestores em relação a suas necessidades de informações financeiras sobre o meio ambiente e relativa à entidade.

A contabilidade ambiental tem seu foco voltado para a nação, gestores e a empresa, sendo assim possui um ramo específico para cada um deles.

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Com o seu foco voltado para a nação, tem-se a contabilidade ambiental nacional. Que visa gerar indicadores que possam ser utilizados no acompanhamento e avaliação das políticas macroeconômicas e na economia ambiental.

A geração desses indicadores são feitas a partir do acompanhamento, gerenciamento e controle das atividades que se relacionem com o meio ambiente, como por exemplo, a exploração de reservas florestais ou o controle sobre o uso da água.

Para Motta apud Paiva “a introdução da variável ambiental nas contas nacionais não deve ser reduzida somente a finalidade de apresentar agregados de renda. Na verdade a contabilidade ambiental deve ser entendida como um instrumental poderoso para o planejamento.”

Voltada para os gestores, à contabilidade ambiental gerencial vem para auxiliar os mesmos na tomada de decisões, todas as informações geradas pela contabilidade ambiental gerencial é utilizada pelos gestores para o planejamento, avaliação e controle dentro da organização.

Segundo a EPA (Environment Protection Agency, USA) entende-se por contabilidade ambiental “o uso de dados sobre custos ambientais e desempenho nas decisões e operações dos negócios”.

Já a contabilidade ambiental financeira vem para divulgar ao público as responsabilidades e os custos ambientais financeiramente materiais da organização, portanto tem como principal papel a identificação, avaliação e evidenciação dos eventos econômicos financeiros relacionados ao meio ambiente.

3.1 ATIVOS AMBIENTAIS

São todos os gastos ocorridos que trarão benefícios econômicos futuros para a empresa e que esteja relacionado com a preservação, conservação, recuperação ambiental e que os gastos tenham ocorrido por razões de segurança ambiental, evitando problemas futuros tanto para a sociedade como para a empresa.

O ativo ambiental é representado por: estoque de insumos, peças, acessórios, etc. que são utilizados no processo de eliminação ou redução dos níveis de poluição e de geração de resíduos, pelo investimento em máquinas, equipamentos, etc. que foram adquiridos ou produzidos com a intenção de amenizar os impactos causados ao meio ambiente; e pelos gastos com pesquisas que gerem benefícios ou ações que serão refletidas nos exercícios seguintes.

3.2 PASSIVOS AMBIENTAIS

Correspondem aos valores referentes a custos com, multas, resíduos, manipulação e tratamento de áreas contaminadas pela empresa, além de representar também os custos relacionados ao atendimento das normas e certificações ambientais.

Deve-se ressaltar que os passivos ambientais não possuem apenas origens de conotação negativa, sendo que um passivo ambiental pode ser gerado de atitudes ambientalmente responsáveis, como por exemplo, a manutenção de um sistema de gerenciamento ambiental, já que requer pessoas para a sua operacionalização.

3.3 RECEITAS AMBIENTAIS

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Correspondem aos ganhos que a organização teve decorrentes de prestações de serviços especializados em gestão ambiental, venda de produtos reciclados, redução no consumo de matéria prima, água e energia, etc.

3.4 DESPESAS AMBIENTAIS

São todos os gastos envolvidos, direta ou indiretamente, no consumo de bens e serviços para a obtenção de receitas. Esses gatos ocorrem nos departamentos da organização que se julgue necessário a execução de eventos ou transações relativas às atividades à gestão ambiental.

Dentre as despesas ambientais citam-se: o tratamento de resíduos e vertidos, exaustões ambientais, tratamentos de emissões, etc.

4. METODOLOGIA

O método de abordagem da pesquisa adotado é dedutivo. Durante a VI versão do Projeto Sócrates, programa de visitas técnicas, foi realizada uma pesquisa de campo na Unidade da Klabin em Telêmaco Borba – PR.

Os dados iniciais foram obtidos durante uma entrevista com a gerência ambiental da referida empresa, seguida de uma visita ao parque industrial e ao laboratório de fitoterapia onde utilizou-se, também, o método de observação para compor este trabalho.

A pesquisa bibliográfica fora realizada subsequentemente com intuito de relacionar a gestão e contabilidade ambiental na forma empírica na Klabin com a teoria.

5. A KLABIN

Fundada em 1899, a Klabin S.A. é a maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil. Em 2010 sua capacidade produtiva foi de 1,9 milhão de toneladas de papéis, destinadas à conversão de embalagens de papel ou à exportação para cerca de 70 países. São 17 fábricas em oito estados do Brasil e 1 na Argentina, em 2010 encerrou o ano com 14.603 colaboradores diretos e indiretos. Comercializou 1,7 milhão de toneladas de papéis e embalagens e 3,1 milhões de toneladas de madeira, o que resultou em receita líquida de R$ 3,7 bilhões, 24% superior a 2009 (Relatório de Sustentabilidade Klabin 2010).

Durante a visita pode-se observar que o processo produtivo da Klabin tem base no manejo sustentável de suas florestas, que concilia eficiência econômica com valores ambientais e sociais. Segundo os dados apresentados pelo gestor ambiental da unidade visitada os monitoramentos realizados pela empresa constataram a presença de mais de 700 espécies animais e 1.100 vegetais preservadas nas áreas florestais da empresa no Paraná e em Santa Catarina.

5.1 A GESTÃO AMBIENTAL NA KLABIN

Na visão de Fogliatti (2008) o desenvolvimento e implementação de um sistema de gestão ambiental expressa, de forma implícita, o interesse da empresa em apresentar um desempenho ambiental de acordo com os princípios de desenvolvimento sustentável e entende que o mercado, no qual está inserida, exige práticas menos agressivas ao meio ambiente.

No caso do mercado em que a Klabin está inserida observa-se por dados secundários registros de acidentes que corroboram com o que referencia Fogliatti (2008, p.34): “não

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cumpre apenas a legislação, mas também está garantindo a sua sobrevivência em um mercado globalizado cada vez mais competitivo e de cuja aceitação, depende sua saúde financeira.”

No caso da Klabin observa-se tal preocupação seguida de uma real filosofia de sustentabilidade, visto que as unidades industriais têm seu sistema de gestão ambiental certificado com a principal norma de gestão ambiental da atualidade, a ISO 14001. Esta norma exige o cumprimento de dezessete requisitos estruturados de forma a se estabelecer um sistema de melhoria contínua. Os produtos têm as certificações ISO 22000 (Sistema de Gestão da Segurança de Alimentos), Forest Stewardship Council- FSC e do Instituto de Análise de Materiais para Embalagem (Isega), da Alemanha.

Quando se fala sobre registros de acidentes observa-se a importância das medidas preventivas da gestão ambiental. Um relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) relata que:

“Ao negligenciar medidas de segurança, as indústrias de papel também ficam vulneráveis a acidentes ambientais graves, como ocorreu há pouco mais de um ano na Fábrica Cataguazes de Papel, em Cataguazes (MG). O rompimento de uma lagoa de tratamento de efluentes provocou o derramamento de cerca de 1,2 bilhão de litros de resíduos tóxicos no Córrego Cágados, que logo chegaram aos rios Pomba e Paraíba do Sul. A contaminação atingiu oito municípios e deixou cerca de 600 mil habitantes sem água. Com a morte dos peixes, pescadores e populações ribeirinhas ficaram sem seu principal meio de subsistência.”

A gestão ambiental da Klabin atua com ferramentas de modo a garantir que acidentes, como o caso explicitado acima, não comprometam o desenvolvimento tanto da organização como das comunidades que ladeiam a mesma. Visitou-se o sistema para tratamento de efluentes da Klabin - inédito no mundo em fábricas integradas de papel e celulose, com tecnologia de ponta, o sistema de ultrafiltração permite que a água tratada seja devolvida ao Rio Tabagi com limpidez superior à de quando foi retirada. Atualmente, a estação tem capacidade para tratar 40% dos efluentes gerados pela unidade.

Visando diminuir a descarga de efluentes, a Klabin investe em melhorias de máquinas, processos e equipamentos, assim como em conscientização dos funcionários próprios e colaboradores de terceiros, em controle do desperdício de matérias-primas e insumos, na criação de times internos de melhorias no registro de anomalias ambientais para eliminar vazamentos e na reutilização de efluente para outros fins.

A Klabin conduz seus negócios sob um modelo de gestão ambiental que busca harmonizar a produção industrial e a preservação dos recursos naturais. Em linha com sua Política de Sustentabilidade, adota e incentiva, entre seus colaboradores e parceiros, a prática dos 3Rs: Reduzir, Reusar e Reciclar, desenvolvendo ações para aperfeiçoar continuamente seus produtos e serviços, bem como controlar e monitorar os impactos de suas operações no meio ambiente.

A geração de resíduos é inerente às atividades da Klabin, especialmente na fabricação de celulose e papel. Para administrar de forma adequada e consciente a geração desses dejetos, a companhia busca constantemente identificar novas opções para ampliar a eficiência de suas operações, reduzir o consumo de materiais e insumos e mitigar os impactos ambientais.

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A Unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR) obteve, em 2010, registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a comercialização de lama de cal, um subproduto da fabricação de papel que é colocado à disposição de agricultores da região de Telêmaco Borba (PR) para correção da acidez do solo. A quantidade de lama de cal encaminhada aos agricultores no ano foi de 2.697 mil toneladas.

O modelo de gestão adotado pela Klabin utiliza ferramentas como o Programa Superar - Criado em 2002 na Unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR), que visa à melhoria contínua das operações, e tem como objetivos ampliar a produtividade e motivar os colaboradores a contribuir com ideias e sugestões.

A iniciativa tem como base a metodologia World Class Operation Management-WCOM, que tem como principal objetivo de atingir a perda zero (quebras, defeitos, acidentes, emissões, etc.). Desde sua adoção, o Superar já contou com a atuação de aproximadamente 450 Times de Melhoria Contínua e, atualmente, envolve quase 90% dos colaboradores da Unidade Monte Alegre.

As equipes atuam com foco na antecipação de problemas, desenvolvem soluções prévias para garantir a correta e mais eficiente execução dos processos, a fim de melhorar o desempenho da Unidade (Relatório de Sustentabilidade Klabin 2010).

A Klabin objetiva para os próximos anos renovar a área florestal, substituindo as florestas antigas por novas e aumentar o ritmo de plantio florestal para assegurar matéria-prima para projetos futuros. Desta forma segundo a visão de Fogliatti (2008 p. 13) as vantagens que a Klabin alcança ao implantar um sistema de gestão ambiental:

“são o aumento da competitividade ao demonstrar consciência ambiental ao mercado nacional e internacional e a boa reputação da empresa junto aos órgãos ambientais, à comunidade e às organizações não- governamentais (ONG´S), maiores possibilidades de obtenção de financiamentos a taxas reduzidas, de redução de custos de seguro, benefícios intangíveis em função da padronização dos processos, do treinamento e capacitação de pessoal e da rastreamento de informações técnicas e maiores possibilidades de ganho de novos mercados.”

5.2 CONTABILIDADE AMBIENTAL NA KLABIN

A utilização da contabilidade ambiental na Klabin, assim como na maioria das empresas, ainda deixa a desejar, porém não significa que a empresa não possua nenhum tipo de ação voltada para o meio ambiente.

Como mostra a figura a seguir no ano de 2010 a Klabin investiu R$ 39,6 milhões no meio ambiente, valor superior ao investimento do ano de 2009. Maior parte desse recurso foi utilizada para a aquisição e instalação de uma caldeira de biomossa na unidade de Otacílio Costa (SC), em substituição a equipamento movido a óleo combustível.

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Fonte: Relatório de Sustentabilidade da Klabin 2010

A ação trouxe para a empresa uma redução significativa no consumo de combustível fóssil (não renovável) e nas emissões de gases de efeito estufa e também aumentou a eficiência e a produtividade da fábrica.

A empresa possui programas voltados para o controle e reutilização da água, porém não há nenhuma mensuração em seu balanço de quanto isso custou para empresa, qual a receita ou prejuízo que a ação gerou para a entidade.

Dentre esses programas voltados para o controle e reutilização da água a empresa possui um moderno e avançado sistema tratamentos de efluentes na unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR), sistema esse inédito no mundo.

Trata-se de um sistema de ultrafiltração que permite que a água tratada seja devolvida ao rio Tabagi com limpidez superior a de quando foi retirada.

O gráfico abaixo demonstra a redução do consumo de água devido a conscientização dos funcionários e também a identificação e reparo de equipamentos hidráulicos que possuíam uma grande índice de desperdício de água.

Fonte: Relatório de Sustentabilidade da Klabin 2010

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Após análise das informações levantadas pela pesquisa bibliográfica e de campo, pode-se observar que o uso da contabilidade ambiental no auxílio da tomada de decisões da gestão ainda é muito pequeno e que menor ainda é a mensuração dos componentes ambientais que uma empresa possui em seu balanço patrimonial.

Porém percebe-se que as empresas já estão se alertando para esse novo mundo com maiores responsabilidades ambientais, como é o caso da Klabin que possui vários programas voltados para o meio ambiente e também tem feito vários investimentos no mesmo ramo.

Basta agora que os profissionais da área de contábil se atualizem sobre esse “novo” modelo de contabilidade para atender as necessidades dos seus clientes que vem ficando cada vez mais exigentes, e que os profissionais da área de gestão busquem ,através dos dados que à eles serão entregues, novos modelos de gestão voltados para o respeito ao meio ambiente.

A partir da elaboração desse artigo espera-se que os discentes e futuros profissionais preparem-se para assumir essa responsabilidade com qualificação, pois o tema abordado está bastante atrelado a outro assunto muito importante, sustentabilidade, que é a responsabilidade de hoje visando às gerações futuras.

Ao sentir a dificuldade de conteúdo acadêmicos voltados para essa área espera-se que esse seja apenas um início para que próximas pesquisas sejam feitas e para que novas ideias surjam com o intuito de melhoria e preservação do meio ambiente.

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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- BRAGA, Célia. Contabilidade ambiental : ferramenta para a gestão da sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2007.

- FERREIRA, Aracéli Cristina de Sousa. Contabilidade ambiental : uma informação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, 2003.

- Relatório de Sustentabilidade da Klabin 2010.