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Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Proteção Ambiental Marlene Pimentel nº 1050925 Orientadores: Engª. Cristina Morais, ISEP Engª. Sónia Figueiredo, ISEP Drª. Ana Pereira, Águas e Parque Biológico de Gaia

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Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de

águas residuais Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Proteção Ambiental

Marlene Pimentel nº 1050925

Orientadores: Engª. Cristina Morais, ISEP

Engª. Sónia Figueiredo, ISEP

Drª. Ana Pereira, Águas e Parque Biológico de Gaia

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Agradecimentos

Será impossível reconhecer aqui, individualmente, todos os professores, orientadores,

colegas e amigos queridos que contribuíram para a realização deste trabalho, a quem

desejo expressar os meus sinceros agradecimentos.

É com muita gratidão que agradeço às orientadoras, Doutora Leonilde Morais e Doutora

Sónia Figueiredo, pela dedicação, disponibilidade e orientação que sempre demonstraram

no decorrer da realização do presente trabalho.

À Doutora Ana Pereira que foi fundamental para a realização deste estágio. A sua

orientação, entusiasmo, atenção e preocupação constantes foram sem dúvida uma mais-

valia para o desenvolvimento deste trabalho.

Quem também ajudou bastante foi a Doutora Ana Lelis, que sempre se mostrou

disponível para esclarecer dúvidas e apoiar-me a todos os níveis.

Também estou bastante agradecida à Engenheira Eunice Fonseca que me auxiliou na

realização deste trabalho.

Ao Senhor Marinho, pela sua disponibilidade para as deslocações até à estação de

tratamento temporário e ajuda na realização do tratamento.

Aos operários da Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM, que ajudaram na realização

deste trabalho e que sempre me fizeram sentir acarinhada ao longo do meu estágio.

Tenho a agradecer a todos os meus amigos pelo apoio e motivação que sempre

demonstraram ao longo desta caminhada.

Aos meus estimados pais, Sebastião e Celeste, e querido irmão, Filipe, deixo aqui um

agradecimento especial do fundo do meu coração, por tudo o que me têm proporcionado ao

longo de toda a minha vida, e pelo encorajamento em seguir os meus sonhos perante todas

as adversidades.

Ao meu namorado João Freitas, pela paciência, capacidade de me motivar nos meus

momentos de fraqueza e por estar sempre do meu lado, os meus sinceros agradecimentos.

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Sumário

O presente trabalho centra-se na gestão de resíduos produzidos no sistema de

drenagem e tratamento de águas residuais do município de Vila Nova de Gaia. A entidade

onde decorreu o trabalho é uma empresa responsável pela distribuição de água e pela

drenagem e tratamento de águas residuais. A empresa está certificada pela norma NP EN

ISO 14001, desde 2001, sendo então um dos objectivos o enquadramento da gestão dos

resíduos em estudo na referida norma, acompanhando os requisitos da mesma com vista ao

seu total cumprimento.

Outros dos objectivos foi estudar qual a opção de tratamento mais adequada a aplicar ao

resíduo no seu local de armazenamento temporário com vista a minorar os seus impactes

ambientais. De acordo com a caracterização analítica do resíduo e com os aspetos legais

aplicáveis, foram também analisados os destinos finais possíveis e ambientalmente

adequados ao resíduo.

A medida proposta para a minimização de impactes no local de armazenamento

temporário do resíduo foi a estabilização com cal nos leitos de secagem, disponíveis numa

antiga ETAR de loteamento. O doseamento de cal a aplicar ao resíduo será de 10 kg de cal

apagada comercial (Ca (OH)2) por uma tonelada de resíduo fresco com um período mínimo

de secagem de 2 meses. Outra das medidas de minimização de impactes selecionada foi a

implantação de uma cortina arbórea ao redor da instalação.

Sendo o resíduo em estudo muito heterogéneo, constituído principalmente por areias,

terras e gradados, a valorização foi equacionada mas não foram encontrados alternativas

viáveis. O destino final considerado como mais adequado tendo em conta todas as

características do resíduo e eluato, analisadas de acordo com o previsto no Decreto-Lei n.º

183/2009 de 10 de Agosto, foi o aterro para resíduos não perigosos.

Foi também objecto do estudo a identificação e análise de todos os aspectos ambientais

relacionados com a gestão de resíduos e a avaliação da sua significância. Dos aspectos

ambientais identificados como significativos, destacam-se aqueles que ocorrem

presentemente, os resíduos armazenados (gradados/limpeza de redes), e os que podem

ocorrer em situações de emergência, fuga/derrame de óleos/combustíveis e cheiros/odores.

De forma a minimizar os aspectos ambientais identificados, e de acordo com a norma

NP EN ISO 14001, foram propostas ações que constam de um programa de gestão

elaborado para este trabalho, onde se definem os objectivos, metas e prazos. As principais

medidas propostas no programa de gestão foram:

Estabilização com cal (inicial e reforço se necessário);

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melhoria do espaço envolvente;

análise de questões de saúde ocupacional/segurança;

adjudicação de prestação de serviços da recolha por operador licenciado;

implantação da cortina arbórea;

registo no SIRAPA;

criação de planos de emergência ambiental e de segurança.

Palavras-chave: estabilização com cal, gestão de resíduos, programa de gestão

ambiental, resíduos.

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Abstract

This thesis is focused on the management of waste products produced by Vila Nova de

Gaia’s drainage and waste water treatment system. The company is certified by the standard

NP EN ISO 14001, since 2001. One of the proposed objectives was the framing of waste

management in the referred standard, checking its requisites so that the standard is fully

fulfilled.

The other objective was the study of the best waste treatment, taking into consideration,

the waste’s temporary storage location, so that any eventual environmental impact is

minimized. According to the waste’s analytical characterization and to the applicable

regulations, possible and environmental suitable final deposition for the waste was studied.

The proposed measure to decrease hazards in the waste’s temporary storage location

was the stabilization with lime, in the drying beds available in an old wastewater treatment

plant. The Ca(OH)2 dosage applied to the waste will be of 10 kg per ton of fresh solid waste,

and a drying period of two months. Another proposed measure was the implementation of an

arboreal curtain around the facilities.

The studied waste is very heterogeneous, being constituted by sands, earth and

screenings. Nevertheless its valorization has been considered, there were no means found

to valorize the waste. The waste’s final storage location, after considering its characteristics

along with legal requisites, was a landfill for non-dangerous waste.

This thesis is also focused on the identification and analysis of all environmental aspects,

related to waste management and the assessment of their importance. The three key

identified aspects that occur/may occur nowadays are:

leaks/oil leakage/combustibles;

smells and odors;

residues: screenings/sewage network cleaning (storage).

In order to decrease the identified environmental aspects and according to the standard

NP EN ISO 14001, several actions were proposed that are included into a management

program of waste elaborated by this thesis, where objectives, goals and deadlines are

defined. The major measures methods were:

Ca(OH)2 stabilization (initial and reinforcement if necessary);

improvement of the surrounding area;

analysis of health occupational/safety issues;

adjudication of pickup services by a graduate operator;

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implementation of an arboreal curtain;

registry in SIRAPA;

creation of environmental and safety emergency plans.

Keywords: environmental management of waste, lime stabilization, waste, waste

management.

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Índice

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

1.1 ENQUADRAMENTO GERAL ....................................................................................................................... 1

1.2 OBJECTIVOS DO ESTUDO .......................................................................................................................... 3

CAPÍTULO 2 ORIGEM DOS RESÍDUOS E BREVE ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................... 5

2.1 ORIGEM DOS RESÍDUOS E O DESTINO FINAL PREVISTO .................................................................................... 5

2.2 ANÁLISE DAS OPÇÕES DE TRATAMENTO DOS RESÍDUOS ................................................................................... 6

2.2.1 Leitos de secagem .................................................................................................................... 7

2.2.2 Estabilização ............................................................................................................................. 8

2.2.2.1 Tratamento químico ............................................................................................................................ 8

2.2.2.2 Tratamento térmico ............................................................................................................................ 9

2.2.2.3 Tratamentos biológicos ....................................................................................................................... 9

2.3 SELEÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO A SER UTILIZADO ........................................................................... 10

CAPÍTULO 3 ENQUADRAMENTO LEGAL ............................................................................................. 11

3.1 DECRETO-LEI N.º 73/2011- REGIME GERAL APLICÁVEL À PREVENÇÃO, PRODUÇÃO E GESTÃO DE RESÍDUOS ........... 11

3.2 PORTARIA 209/2004 – APROVA A LISTA EUROPEIA DE RESÍDUOS .................................................................. 13

3.3 PORTARIA N.º 335/97 – TRANSPORTES DE RESÍDUOS ................................................................................. 14

3.4 DECRETO-LEI N.º 183/2009 – DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS EM ATERRO ............................................................ 15

CAPÍTULO 4 A GESTÃO DE RESÍDUOS E A NORMA ISO 14001 ............................................................ 21

4.1 PRINCÍPIOS BASE .................................................................................................................................. 21

4.2 PLANEAMENTO .................................................................................................................................... 22

4.2.1 Aspectos ambientais ............................................................................................................... 22

4.2.2 Conformidade legal / outros requisitos .................................................................................. 23

4.2.3 Objectivos, metas e programas .............................................................................................. 24

4.3 IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................................................................. 25

4.3.1 Recursos, atribuições, responsabilidade e autoridade ........................................................... 25

4.3.2 Competência, formação e sensibilização ................................................................................ 25

4.3.3 Comunicação. Documentação e controlo dos documentos .................................................... 25

4.3.4 Controlo operacional. Preparação e resposta a emergências ................................................ 26

4.4 VERIFICAÇÃO ....................................................................................................................................... 26

4.4.1 Monitorização e medição ....................................................................................................... 26

4.4.2 Avaliação da conformidade, não conformidades, ações corretivas e preventivas ................. 27

4.4.3 Controlo de registos ................................................................................................................ 27

4.4.4 Auditoria interna .................................................................................................................... 27

4.5 REVISÃO PELA GESTÃO ........................................................................................................................... 28

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CAPÍTULO 5 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ASPECTOS AMBIENTAIS ............................................. 29

5.1 ASPECTOS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS ..................................................................................................... 29

5.2 AVALIAÇÃO DA SIGNIFICÂNCIA DOS ASPECTOS AMBIENTAIS ........................................................................... 31

CAPÍTULO 6 PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL A IMPLEMENTAR ................................................. 37

CAPÍTULO 7 DESCRIÇÃO EXPERIMENTAL ........................................................................................... 43

7.1 CARACTERIZAÇÃO ANALÍTICA DO RESÍDUO ................................................................................................. 43

7.2 ENSAIOS LABORATORIAIS DE ESTABILIZAÇÃO QUÍMICA POR ADIÇÃO DE CAL ....................................................... 43

7.3 ENSAIO PILOTO .................................................................................................................................... 44

7.4 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO ESTABILIZADO............................................................................................. 44

CAPÍTULO 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO DO TRABALHO EXPERIMENTAL ........................................... 47

8.1 DOSAGEM ÓPTIMA DE CAL ..................................................................................................................... 47

8.2 CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO ................................................................................................................ 48

8.3 CARATERIZAÇÃO DO ELUATO ................................................................................................................... 50

CAPÍTULO 9 CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................... 53

LISTA DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 57

ANEXO A VALORES DOS LIMITES DE LIXIVIAÇÃO .................................................................................... 61

ANEXO B BOLETIM DE ANÁLISE AO ELUATO ........................................................................................... 63

ANEXO C CÁLCULOS ................................................................................................................................ 65

C.1 CÁLCULO DO TEOR DE HUMIDADE ............................................................................................................ 65

C.2 CÁLCULO PARA A DOSAGEM ÓPTIMA DE CAL .............................................................................................. 65

C.3 DETERMINAÇÃO DOS SÓLIDOS DISSOLVIDOS TOTAIS ..................................................................................... 65

C.4 CÁLCULOS PARA A DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CLORETOS ........................................................................... 66

C.5 CÁCULOS PARA A DETERMINAÇÃO DO TEOR DE SULFATOS ............................................................................. 67

C.6 ANÁLISE DE METAIS .............................................................................................................................. 68

C.7 PREPARAÇAO DO ELUATO ....................................................................................................................... 73

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Índice de Figuras

Figura 1.1. ETARs em Vila Nova de Gaia (Águas de Gaia, 2012) ........................................................................ 2

Figura 2.1. Esquema de uma rede de saneamento de águas residuais (Cesan, 2012) ....................................... 5

Figura 2.2. Organigrama das fases identificáveis nos vários processos de gestão de resíduos (adaptado de

Oliveira e Lapa, 2009) .............................................................................................................................. 6

Figura 2.3. Vista Superior e em corte (método americano) de um leito de secagem típico (Metcalf e Eddy,

1991) ....................................................................................................................................................... 7

Figura 4.1 Sistema de gestão ambiental pela norma NP EN ISO 14001 ........................................................... 22

Figura 4.2 Diagrama dos objectivos e metas (APCER, norma 14001, 2009) ..................................................... 24

Figura 8.1 Resíduo após chegada aos leitos de secagem ................................................................................ 49

Figura 8.2 Resíduo com um mês de tratamento ............................................................................................. 49

Figura 8.3 Resíduo no final do tratamento ..................................................................................................... 50

Figura C.1 Representação gráfica da curva de calibração para os Sulfatos ..................................................... 67

Figura C.2 Representação gráfica da curva de calibração para o Zinco ........................................................... 68

Figura C.3 Representação gráfica da curva de calibração para o Cádmio ........................................................ 69

Figura C.4 Representação gráfica da curva de calibração para o Cálcio .......................................................... 70

Figura C.5 Representação gráfica da curva de calibração para o Crómio Total ............................................... 70

Figura C.6 Representação gráfica da curva de calibração para o Cobre .......................................................... 71

Figura C.7 Representação gráfica da curva de calibração para o Níquel ......................................................... 72

Figura C.8 Representação gráfica da curva de calibração para o Chumbo ...................................................... 72

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Índice de Tabelas

Tabela 3.1 Lista Europeia de Resíduos (Portaria n.º 209/2004) ...................................................................... 13

Tabela 5.1 Matriz de identificação e avaliação de aspectos ambientais (Águas e Parque Biológico de Gaia,

EEM, 2009) ............................................................................................................................................. 34

Tabela 6.1 Programa de gestão criado em abril de 2012 ................................................................................ 41

Tabela 6.2 Primeiro acompanhamento do programa de gestão em outubro de 2012 .................................... 42

Tabela 8.1 Variação do pH em função da quantidade de cal adicionada (% CaO), 1º ensaio ........................... 47

Tabela 8.2 Variação do pH em função da quantidade de cal adicionada (% Ca(OH)2) , 2º ensaio .................... 47

Tabela 8.3 Resultados da caracterização do resíduo em estudo ao longo do tratamento ............................... 49

Tabela 8.4 Resultados da análise ao eluato e valores limite de lixiviação para admissão em aterro para

resíduos não perigosos .......................................................................................................................... 51

Tabela A.1 Valores limite de lixiviação para resíduos não perigosos (Decreto-Lei n.º 183/2009) ................... 61

Tabela A.2 Valores limite de lixiviação para resíduos perigosos (Decreto-Lei n.º 183/2009) .......................... 61

Tabela A.3 Outros valores limite para resíduos perigosos (Decreto-Lei n.º 183/2009) ................................... 62

Tabela B.1 Boletim de análise do eluato em Novembro de 2009, fornecido pela empresa de distribuição de

água e pela drenagem e tratamento de águas residuais ........................................................................ 63

Tabela C.1 Valores experimentais para o cálculo da humidade ...................................................................... 65

Tabela C.2 Resultados experimentais e cálculos para a concentração de SDT no resíduo ............................... 66

Tabela C.3 Resultados experimentais e cálculos para a concentração de cloretos no resíduo ........................ 66

Tabela C.4 Registo da absorvância e cálculo do teor de sulfatos .................................................................... 68

Tabela C.5 Registo da absorvância e cálculo do teor de Zinco ........................................................................ 69

Tabela C.6 Registo da absorvância e cálculo do teor de Cádmio ..................................................................... 69

Tabela C.7 Registo da absorvância e cálculo do teor de Cálcio ....................................................................... 70

Tabela C.8 Registo da absorvância e cálculo do teor de Crómio total ............................................................. 71

Tabela C.9 Registo da absorvância e cálculo do teor de Cobre ....................................................................... 71

Tabela C.10 Registo da absorvância e cálculo do teor de Níquel..................................................................... 72

Tabela C.11 Registo da absorvância e cálculo do teor de Chumbo .................................................................. 73

Tabela C.12 Resultados dos cálculos efectuados para a preparação do eluato ............................................... 74

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Introdução 1

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1

Capítulo 1 Introdução

1.1 Enquadramento Geral

A produção de resíduos, sob várias formas, deriva quase inequivocamente de todas as

atividades decorrentes do ser humano. Todos os bens materiais, inevitavelmente, acabam

por se transformar em resíduos quando atingem o fim de vida. Todos os processos de

produção geram resíduos, até mesmo os processos de valorização.

O desenvolvimento ambientalmente sustentável tem por objectivo permitir à humanidade

atingir melhores níveis de vida que propiciem a satisfação das necessidades do dia-a-dia,

sem prejudicar o futuro das gerações seguintes. Uma vez que a problemática dos resíduos

ocupa uma grande parcela dos impactes ambientais resultantes do desenvolvimento das

sociedades, a gestão sustentável dos resíduos é fundamental e deve constituir uma

prioridade.

Define-se como resíduo qualquer substância ou objecto de que o detentor se desfaz ou

tem intenção ou obrigação de se desfazer (Decreto-Lei n.º 73/2011). De acordo com a sua

origem, existem várias tipologias de resíduos, nomeadamente resíduos urbanos, industriais,

agrícolas, hospitalares e resíduos de construção e demolição. De acordo com um conjunto

de características (ex: se não sofre transformações físicas, químicas ou biológicas; se tem

características perigosas) são genericamente classificados em resíduos inertes, resíduos

perigosos e não perigosos.

Quaisquer resíduos, dependendo da sua quantidade e perigosidade, se rejeitados

diretamente para o ambiente sem qualquer tratamento, constituem um risco muito grande

para a saúde humana e para o ambiente podendo provocar impactes irreversíveis. De forma

a minorar esses efeitos, a gestão de resíduos tem tido progressos consideráveis nos últimos

tempos em Portugal e no resto da Europa.

A gestão de resíduos inclui as operações de recolha, transporte, armazenamento,

triagem, tratamento, valorização e eliminação, incluindo a monitorização e planeamento de

todas as operações (Agência Portuguesa do Ambiente, 2008).

A empresa onde decorreu o trabalho é responsável pela distribuição de água para

consumo humano, pela drenagem e tratamento de águas residuais, pela gestão do sistema

municipal de resíduos sólidos urbanos de Vila Nova de Gaia e ainda pela gestão das redes

de águas residuais pluviais, limpeza e requalificação das ribeiras e orla marítima do

concelho.

O crescimento acentuado dos agregados populacionais no concelho de Vila Nova de

Gaia, onde se situa a empresa, tem exigido o abastecimento de maior quantidade de água e

consequentemente a instalação de sistemas de drenagem mais extensos e modelos de

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2 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

gestão que melhor se adaptem às novas exigências a nível de quantidades e cargas

orgânicas das águas residuais.

A rede de drenagem de águas residuais atinge atualmente 1215 km ao longo da qual

são transportados os efluentes para serem devidamente tratados em 5 ETARs (estações de

tratamento de águas residuais) cobrindo a quase totalidade do concelho. Existem 85 EEAR

(estações elevatórias de águas residuais) que em conjunto com a rede emissária do sistema

garantem o transporte até às ETARs (Figura 1.1) (Águas de Gaia, 2012).

Figura 1.1. ETARs em Vila Nova de Gaia (Águas de Gaia, 2012)

As águas residuais com origem, nomeadamente em residências, instituições,

estabelecimentos comerciais e industriais contêm uma elevada quantidade de sólidos que

tem de ser removida durante o circuito de drenagem e tratamento, de forma a atingir o meio

receptor com a menor concentração possível. Nas estações elevatórias de águas residuais

é feito um tratamento preliminar através de grades mecânicas para remoção de sólidos de

maiores dimensões.

Este trabalho irá centrar-se na gestão de resíduos produzidos no sistema de drenagem e

tratamento de águas residuais do município de Vila Nova de Gaia.

Os resíduos objecto de estudo são provenientes de operações de limpeza, manutenção

e desobstrução dos sistemas de gradagem das EEAR e também da rede de drenagem a

montante das EEAR. Esses resíduos, são constituídos essencialmente por uma mistura de

terras, areias e gradados de composição diversa, e são armazenados temporariamente

numa antiga ETAR de Loteamento, hoje desativada.

Uma ETAR de loteamento é uma instalação que trata águas residuais de uma

urbanização ou de zonas industriais quando estas não possuem um colector ligado a uma

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Introdução 3

ISEP | 2012

3

rede de saneamento. Quando o colector é instalado e ligado à rede, a ETAR de loteamento

fica desativada, o que aconteceu na ETAR em estudo.

A antiga ETAR de Loteamento acima referida, funcionava com um sistema de lamas

ativadas por arejamento prolongado. As lamas resultantes eram tratadas por digestão

anaeróbia, sendo depois depositadas para desidratação em oito leitos de secagem cujos

filtros eram constituídos por uma mistura de brita e areia. As escorrências resultantes da

secagem eram encaminhadas através de um circuito interno de volta à cabeça da instalação

ou ao tanque de arejamento. O efluente tratado era descarregado no curso de água da

ribeira de Jaca.

Atualmente, os leitos de secagem ainda estão em funcionamento, com ligação ao coletor

de águas residuais. Os resíduos recolhidos são então depositados nos referidos leitos de

secagem, sendo os lixiviados resultantes recolhidos por caleiras laterais aos leitos e

encaminhados pelo colector de águas residuais até uma ETAR.

Apesar de a instalação já estar a ser utilizada para armazenamento daqueles resíduos,

ainda está numa fase inicial do seu funcionamento. A licença de operações de gestão de

resíduos foi atribuída em 2011 e está em curso a implementação de todas as medidas

definidas na licença, bem como outras relacionadas com requisitos legais e outros requisitos

de melhoria definidos pela empresa.

1.2 Objectivos do Estudo

O desenvolvimento sustentável pressupõe o estabelecimento de um sistema de gestão

de resíduo acessível, eficaz e com práticas verdadeiramente sustentáveis.

Neste contexto, um dos objectivos deste trabalho será o acompanhamento de todo o

circuito de gestão dos resíduos da limpeza das redes de saneamento e EEAR, desde a sua

origem ao destino final, analisando as opções de tratamento mais adequadas a aplicar ao

resíduo no seu local de armazenamento com vista à minimização dos impactes ambientais,

como a redução de odores e medidas a adoptar para a redução dos impactes visuais. É

estudada a hipótese de uma estabilização química com cal, procurando-se o doseamento

mais adequado a aplicar, através de um ensaio piloto e análises laboratoriais.

De acordo com a caracterização analítica do resíduo e com os aspetos legais aplicáveis,

serão também analisados os destinos finais possíveis e ambientalmente adequados ao

resíduo.

Serão também identificados e analisados todos os aspetos ambientais relacionados com

a gestão do referido resíduo e avaliada a sua significância, bem como proposto um

programa de gestão ambiental com vista, por um lado ao cumprimento dos requisitos legais,

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4 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

bem como aos definidos na licença da instalação, e por outro ao estabelecimento de

objetivos e metas que permitam a melhoria contínua do desempenho ambiental durante todo

o circuito de gestão do resíduo.

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Origem dos Resíduos e Breve Enquadramento Teórico 5

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Capítulo 2 Origem dos Resíduos e Breve Enquadramento Teórico

2.1 Origem dos resíduos e o destino final previsto

Os resíduos, alvo deste estudo, tal como já referido, resultam de operações pontuais de

limpeza e desobstrução das redes de saneamento e dos órgãos de gradagem de estações

elevatórias de águas residuais.

Na Figura 2.1 esquematiza-se uma rede de saneamento típica.

Figura 2.1. Esquema de uma rede de saneamento de águas residuais (Cesan, 2012)

Nas operações de limpeza e desobstrução, feitas por meios próprios da empresa ou

através de empresas subcontratadas, os resíduos são recolhidos e transportados até à

antiga ETAR de loteamento onde são depositados nos leitos de secagem, como forma de

armazenamento, prevendo-se, no futuro a sua estabilização química com cal, alvo de estudo

no presente trabalho.

Periodicamente, e uma vez que os leitos de secagem não serão o destino final dos

resíduos, será necessário recolher os resíduos tratados, e encaminhá-los para o seu destino

final. O transporte nesta fase poderá vir a ser feito pela própria empresa, ou por outra

empresa subcontratada, devidamente licenciada para o efeito.

O destino final poderá ser a sua deposição em aterro, ou a sua valorização, dependendo

das opções que se considerem ambientalmente mais favoráveis, técnica e economicamente,

e que respeitem a legislação em vigor.

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6 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

2.2 Análise das opções de tratamento dos resíduos

Os resíduos quando são produzidos passam a constituir um problema a diferentes

níveis, ambiental, jurídico, económico e outros. Segundo Oliveira e Lapa (2009), o

organigrama do processo de recolha, transporte, reutilização, processamento e deposição

do resíduo apresenta-se na Figura 2.2.

Figura 2.2. Organigrama das fases identificáveis nos vários processos de gestão de resíduos (adaptado de Oliveira e Lapa, 2009)

É fundamental o desenvolvimento de uma estratégia integrada para a melhoria da

gestão de resíduos.

O resíduo em estudo, pela sua origem e composição, contém elevado número de

microrganismos, podendo estes ser patogénicos. Por outro lado, podem também conter

poluentes como metais tóxicos que poderão contaminar o solo, caso o resíduo seja aí

depositado diretamente sem qualquer tratamento.

Assim, é importante estudar métodos e técnicas de forma a reduzir o potencial poluente

do resíduo.

Em seguida serão apresentados alguns tratamentos aplicados no âmbito da gestão dos

resíduos e analisados os que melhor se adequam ao resíduo em estudo.

Produção dos Resíduos

Recolha

Recolha Selectiva

Valorização Reciclagem

Armazenamento na Fonte Processamento

Armazenamento intermédio

Transferência Transporte

Deposição

Deposição em Aterro

Valorização Energética/Orgânica

Recuperação de Materias

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Origem dos Resíduos e Breve Enquadramento Teórico 7

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2.2.1 Leitos de secagem

Os leitos de secagem foram as primeiras unidades a ser usadas para a secagem de

lamas, sendo este método ainda muito utilizado em ETARs de pequena dimensão. Estas

unidades têm como objectivo fornecer condições adequadas para a deposição dos resíduos

(Menezes et al., 2006). A água é removida para concentrar os sólidos, diminuindo assim o

seu volume. Trata-se genericamente de uma separação sólido-liquido. É utilizado um meio

que permite o escoamento da água e a evaporação ocorre devido à exposição ao ar

ambiente.

Segundo Metcalf e Eddy (1991), as vantagens associadas aos leitos de secagem são o

seu baixo custo e o facto de exigirem pouca manutenção por parte do operador e permitirem

obter elevada concentração de sólidos na lama seca.

Existem quatro tipos de leitos de secagem utilizados:

areia convencional;

pavimentado;

meios artificiais;

vácuo-assistido.

O meio de drenagem mais vulgarmente utilizado para leitos de secagem é o de areia

convencional, visto ser o mais económico. Na Figura 2.3 pode ser visualizado um leito de

secagem típico.

Figura 2.3. Vista Superior e em corte (método americano) de um leito de secagem típico (Metcalf e

Eddy, 1991)

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8 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Esta operação física, usada para diminuir tanto o volume como a humidade das lamas,

tem grande importância pois irá reduzir o custo do transporte e deposição no seu destino

final, além disso as lamas desidratadas serão mais fáceis de manipular.

Este tipo de tratamento será o aplicado aos resíduos provenientes de operações

pontuais de manutenção, limpeza e desobstrução das redes de saneamento e de órgãos de

gradagem das estações elevatórias do município de Gaia.

2.2.2 Estabilização

O objectivo da estabilização dos resíduos é reduzir a quantidade de microrganismos

patogénicos, eliminar odores desagradáveis e inibir, reduzir ou eliminar o potencial

de putrefacção, o que se relaciona com os efeitos do processo de estabilização sobre a

fracção orgânica ou volátil dos resíduos.

A libertação de odores, a putrefacção e a sobrevivência dos microrganismos patogénicos

ocorre quando se criam condições para os microrganismos se desenvolverem na fracção

orgânica do resíduo. Os mecanismos de estabilização podem envolver a redução biológica

do teor de voláteis, a oxidação química da matéria volátil, a adição de produtos químicos

para inibição do crescimento da população microbiana e a aplicação de calor de forma a

esterilizar ou desinfectar o resíduo (Metcalf e Eddy, 1991).

Existem várias tecnologias para a estabilização de resíduos tais como a estabilização

com cal, o tratamento térmico, a digestão anaeróbia, a compostagem e a digestão aeróbia

(Metcalf e Eddy, 1991). Será feita uma breve abordagem a estes métodos nos pontos

seguintes.

2.2.2.1 Tratamento químico

A cal é dos materiais mais utilizados para a estabilização de resíduos, pois ao ser

adicionada em quantidade suficiente para elevar o valor de pH a 12 ou superior reduz o teor

microbiano das lamas, bem como a disponibilidade de metais pesados. O elevado pH evita

a sobrevivência dos microrganismos e não permite a decomposição dos resíduos que iria

criar odores e ser um potencial risco para a saúde pública. Estudos realizados concluíram

que este aumento do pH pode resultar no aumento da fixação de metais devido a reações

de hidrólise dos metais e também da co-precipitação de carbonatos (Samaras et al., 2008;

Wang et al., 2006; Oliveira et al., 2009).

Para este tratamento pode ser utilizada cal apagada, Ca (OH)2, ou cal viva, CaO. Como

alternativa à cal podem ser utilizadas cinzas volantes, pó de forno de cimento e carbonato

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Origem dos Resíduos e Breve Enquadramento Teórico 9

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de cal, pois apresentam quantidades de cálcio e óxidos de magnésio, dependendo das

fontes de carvão, semelhantes ao da cal (Metcalf e Eddy, 1991; Samaras et al., 2008).

2.2.2.2 Tratamento térmico

O tratamento térmico é um processo contínuo no qual o resíduo é aquecido num tanque

pressurizado a temperaturas até 260 °C e pressões que podem atingir 27,6 bar, por curtos

períodos. Este tipo de tratamento é essencialmente de estabilização mas também um

processo de condicionamento, pois quando os sólidos são sujeitos a altas temperaturas e

pressões estes libertam a água contida no resíduo e dá-se a coagulação dos sólidos

(Metcalf e Eddy, 1991).

2.2.2.3 Tratamentos biológicos

Digestão anaeróbia

A digestão anaeróbia é um processo microbiológico (fermentação anaeróbia) que

permite transformar a matéria orgânica em metano e dióxido de carbono (biogás), na

ausência de oxigénio.

A digestão anaeróbia é uma das mais antigas formas de tratamento biológico de águas

residuais que continua a ser um método muito utilizado hoje em dia quer aplicado ao

tratamento de águas residuais quer ao de lamas devido às melhorias conseguidas ao longo

dos anos. Essas melhorias permitiram a conservação e recuperação de energia e também a

obtenção de lamas que podem ser utilizadas, em certas circunstâncias, diretamente em

solos agrícolas ou então proceder-se ao fabrico de composto, também de utilização

agrícola. Sendo também uma vantagem a possibilidade de valorizar energeticamente o

biogás produzido.

O processo da digestão anaeróbia realiza-se através de uma cadeia sequencial de

percursos metabólicos e requer a ação combinada e coordenada de diferentes grupos

tróficos de bactérias. A temperatura de operação assume grande influência na eficiência

deste processo devido a atividade microbiana, as temperaturas ótimas na gama mesófila

estão entre 30 a 38 °C e na gama termófila entre 49 a 57 °C. Os tempos de operação variam

entre 15 a 40 dias para a digestão mesófila e 14 dias para digestão termófila (Alves, 1998;

Metcalf e Eddy, 1991).

Digestão aeróbia

Na digestão aeróbia os microrganismos degradam a matéria orgânica na presença de

oxigénio. Este tratamento é principalmente usado no tratamento de lamas biológicas

(primárias e secundárias).

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10 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

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Este método tem como especificações a necessidade de ser realizado em tanques

abertos em que a concentração de oxigénio deve ser mantida acima de 1 mg/L e o tempo de

residência médio ser de 12 a 60 dias dependendo da temperatura (Metcalf e Eddy, 1991;

Soares, 2007).

Compostagem

A compostagem é uma alternativa rentável e amiga do ambiente para a estabilização

dos resíduos. Devido a regulamentação mais apertada em relação às emissões

atmosféricas e à eliminação em aterro, esta é cada vez mais uma opção a ser equacionada

para a gestão de resíduos.

A compostagem é um processo em que o material orgânico sofre uma degradação

biológica dando origem a um material húmico, que tem nome de composto. À medida que o

material é degradado, o composto aquece para temperaturas de 50-70°C, como resultado

do calor produzido biologicamente, e durante este processo cerca de 20-30% de sólidos

voláteis são convertidos em dióxido de carbono e água. Este processo permite produzir um

produto estável, isento de microrganismos patogénicos, produto que poderá ser aplicado

para fertilização do solo (Metcalf e Eddy, 1991; Caetano, 2011; Soares, 2007).

2.3 Seleção do processo de tratamento a ser utilizado

A seleção do processo de tratamento depende das características do resíduo e dos

meios existentes na instalação para o tratamento.

O resíduo objeto deste trabalho é muito heterogéneo na sua composição. Por outro lado,

a quantidade a tratar é sempre muito variável e dependente das necessidades relacionadas

com as operações de manutenção e limpeza planeadas no sistema de drenagem.

Os tratamentos térmicos e biológicos seriam muito mais dispendiosos e visto que

instalação é só de armazenamento temporário não justificaria tal investimento, outra

consideração tomada para a escolha do tratamento prendeu-se com a existência dos leitos

de secagem na instalação o que permite minimizar os custos de investimento para a

realização do tratamento

O tratamento com cal parece ser a opção mais adequada e económica em comparação

com os restantes tratamentos aqui descritos, que exigiriam um maior investimento.

Pensa-se que, pelas razões apontadas, a secagem do resíduo nos leitos de secagem

existentes, seguido do tratamento com cal, será suficiente para garantir a minimização dos

impactes no local e a transformação do resíduo fresco num resíduo mais estabilizado e

menos nocivo para o ambiente.

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Enquadramento Legal 11

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Capítulo 3 Enquadramento Legal

A legislação em matéria de ambiente sofre constantes atualizações, para além de novas

publicações, pelo que o acompanhamento da legislação é fundamental.

Por conseguinte, é feita uma breve abordagem aos principais diplomas que se

relacionam diretamente com a atividade de gestão de resíduos em causa, e que

condicionam as opções tecnológicas, objectivos e metas ambientais a definir e implementar.

3.1 Decreto-Lei n.º 73/2011- Regime geral aplicável à prevenção,

produção e gestão de resíduos

O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho (transposição da Diretiva 2008/98/CE diretiva

quadro dos resíduos) altera o Decreto-Lei n.º de 178/2006, de 5 de Setembro que

estabelece o regime geral aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, o qual

esteve na base do licenciamento da instalação de armazenamento temporário de resíduos.

O diploma é aplicável às operações de gestão de resíduos, destinadas a prevenir ou

reduzir a produção de resíduos, o seu carácter nocivo e impactes adversos decorrentes da

sua produção e gestão, bem como a diminuição dos impactes associados à utilização dos

recursos, de forma a melhorar a eficiência da sua utilização e a proteção do ambiente e da

saúde humana.

No âmbito da gestão de resíduos, objecto do presente estudo, considera-se relevante

referir e explicar genericamente a aplicação dos artigos que a seguir se destacam.

Artigo 5.º- Princípio da responsabilidade pela gestão

A responsabilidade pela gestão dos resíduos, bem como os seus custos, cabe ao

produtor inicial dos resíduos (ou ao seu detentor na impossibilidade de determinar o

produtor), podendo ser imputada ao produtor do produto que deu origem aos resíduos e

partilhada pelos distribuidores desse produto se tal decorrer de legislação específica

aplicável. A responsabilidade extingue-se pela transferência dos resíduos a um operador

licenciado ou a uma entidade responsável por sistemas de gestão de fluxos específicos de

resíduos.

Cabe aos municípios a gestão de resíduos urbanos cuja produção diária não exceda

1100 L.

Assim, no caso concreto dos resíduos em estudo, a responsabilidade pela gestão dos

mesmos é do produtor, a própria empresa, que fica então obrigada a garantir o cumprimento

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12 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

da legislação desde a sua recolha até à sua entrega a outra entidade gestora de resíduos

devidamente licenciada.

Artigo 7.º- Principio da hierarquia dos resíduos

As políticas e legislação em matéria de resíduos devem respeitar uma ordem de

prioridades no que se refere às opções de gestão dos resíduos:

i. prevenção e redução;

ii. preparação para a reutilização;

iii. reciclagem;

iv. outros tipos de valorização;

v. eliminação.

De acordo com este artigo são consideradas prioritárias as operações que permitam a

valorização de resíduos devendo ser privilegiado o recurso às melhores tecnologias

disponíveis com custos economicamente sustentáveis que permitam o prolongamento do

ciclo de vida das matérias através da sua reutilização.

O destino previsto para o resíduo armazenado nos leitos de secagem é o aterro, ou seja,

a eliminação, o que constitui uma opção de última linha se considerarmos os pressupostos

acima referidos.

Durante o presente estudo, irá ser analisada a possibilidade de recorrer a destinos de

valorização ambientalmente mais adequados, e caso os mesmos não sejam possíveis, a

adoção de medidas que visem a redução dos impactes no local e do potencial poluidor do

resíduo.

Artigo 23.º- Sujeição a licenciamento

A atividade de gestão de resíduos está sujeita a licenciamento por razões de saúde

pública e de proteção do ambiente. Assim a atividade de gestão de resíduos em causa, e de

acordo com a definição de tratamento constante do Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de

Junho, está sujeita a licenciamento.

Aquando do pedido de licenciamento para o armazenamento dos resíduos nos leitos de

secagem, estava ainda em vigor o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, sendo a

licença emitida ao abrigo da alínea c) do art.º 32.º, que definia a sujeição a licenciamento

simplificado, as operações de armazenagem de resíduos quando efectuadas em local

análogo ao da sua produção, pertencente à mesma entidade, no respeito pelas

especificações técnicas aplicáveis e por período não superior a um ano.

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Enquadramento Legal 13

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Atualmente, pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho que revogou aquela alínea,

ainda não está totalmente esclarecida a necessidade e o tipo de licenciamento a que está

sujeita a gestão de resíduos fora do seu local de produção.

No entanto, a licença atual é válida até à data da sua caducidade (2016, e deverão ser

cumpridos todos os requisitos e especificações decorrentes da referida licença.

3.2 Portaria 209/2004 – Aprova a lista europeia de resíduos

A portaria 209/2004 de 3 de Março vem dar resposta à necessidade de dispor de

critérios tendo por objectivo a viabilização da classificação dos resíduos, de forma tão

uniforme quanto possível. O catálogo está organizado segundo as regras clássicas de

classificação, definindo 20 classes, que foram posteriormente divididas noutras 10

subcategorias. As 20 classes de primeira ordem constituem os 20 capítulos da lista europeia

de resíduos (LER), e estão referidas na Tabela 3.1. (Portaria n.º 209/2004).

Tabela 3.1 Lista Europeia de Resíduos (Portaria n.º 209/2004)

Capítulos da

L.E.R. Tipo de Resíduos

01 Resíduos da prospecção e exploração de minas e pedreiras, bem como de tratamentos físicos e químicos das matérias extraídas.

02 Resíduo da agricultura, horticultura, aquacultura, silvicultura, caça e pesca, bem como da preparação e do processamento de produtos alimentares.

03 Resíduo da transformação de madeira e do fabrico de painéis, mobiliário, pasta para papel, papel e cartão.

04 Resíduos da indústria do couro e produtos de couro e da indústria têxtil.

05 Resíduos da refinação de petróleo, da purificação de gás natural e do tratamento pirolítico de carvão.

06 Resíduos de processos químicos inorgânicos.

07 Resíduos de processos químicos orgânicos.

08 Resíduos do fabrico, formulação, distribuição e utilização (FFDU) de revestimentos (tintas, vernizes e esmaltes vítreos), vedantes, colas e tintas de impressão.

09 Resíduos da indústria fotográfica.

10 Resíduos de processos térmicos.

11 Resíduos de tratamentos químicos de superfície e revestimentos de metais e outros materiais; resíduos da hidrometalurgia de metais não ferrosos.

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14 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

12 Resíduos da moldagem e do tratamento físico e mecânico de superfície de metais e plásticos.

13 Óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos (excepto óleos alimentares, 05, 12 e 19).

14 Resíduos de solventes, fluidos de refrigeração e gases propulsores orgânicos (excepto 07 e 08).

15 Resíduos de embalagens, absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de proteção não anteriormente especificados.

16 Resíduos não especificados em outros capítulos desta lista.

17 Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais contaminados).

18

Resíduos da prestação de cuidados de saúde a seres humanos ou animais e ou investigação relacionada (excepto resíduos de cozinha e restauração não provenientes diretamente da prestação de cuidados de saúde).

19 Resíduo de instalações de gestão de resíduos, de estações de tratamento de águas residuais e da preparação de água para consumo humano e água para consumo industrial.

20 Resíduos urbanos e equiparados (resíduos domésticos, do comércio, indústria e serviços), incluindo as fracções recolhidas seletivamente.

A presente portaria assegura a harmonização do normativo vigente em matéria de:

identificação e classificação de resíduos;

facilitar o conhecimento pelos agentes económicos do regime jurídico a que

estão sujeitos;

codificação das operações de eliminação e valorização de resíduos.

O resíduo em estudo, de acordo com a lista europeia de resíduos, e tendo em conta a

sua origem e composição, é classificado com os códigos LER 19 08 01 – Gradados e 20 03

06 – Resíduos de limpeza de esgotos.

3.3 Portaria n.º 335/97 – Transportes de resíduos

De forma a tornar mais eficaz o controlo e fiscalização do transporte de resíduos a fim de

que seja protegida e melhorada a qualidade do ambiente e da saúde pública, e também de

modo a serem aplicadas regras ao transporte de resíduos, a portaria n.º 335/97 vem indicar

procedimentos e normas para a sua deslocação e posterior deposição em local autorizado.

Ao abrigo da portaria n.º 335/97 o transporte rodoviário de resíduos dentro do território

nacional apenas pode ser efectuado pelas seguintes entidades:

o produtor de resíduos;

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Enquadramento Legal 15

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o eliminador ou valorizador de resíduos, licenciado nos termos da legislação

aplicável;

as entidades responsáveis pela gestão de resíduos perigosos hospitalares,

autorizadas nos termos da Portaria 174/97;

as entidades responsáveis pela gestão de resíduos urbanos;

as empresas licenciadas para o transporte rodoviário de mercadorias por conta

de outrem, nos termos do Decreto-Lei n.º 257/2007, de 16 de Julho e do

Decreto-Lei nº 136/2009, de 5 de Junho.

Ainda de acordo com a Portaria 335/97, o produtor, o detentor e o transportador de

resíduos respondem solidariamente pelos danos causados pelo transporte de resíduos, pelo

que o transporte deverá ser realizado em condições ambientalmente adequadas, de modo a

evitar a sua dispersão ou derrame.

O produtor e o detentor dos resíduos devem assegurar que cada transporte é

acompanhado das competentes Guias de Acompanhamento de Resíduos, cujos modelos

são constantes no ponto 7.º da respectiva portaria. (Caetano, 2011; Portaria n.º 335/97).

3.4 Decreto-Lei n.º 183/2009 – Deposição de resíduos em aterro

A deposição em aterro deverá ser a última das hipóteses a ser considerada, devendo ser

sempre equacionadas medidas para a sua valorização. Sendo a eliminação, nomeadamente

a deposição em aterro a única opção possível, é necessário que o resíduo respeite a

legislação em vigor.

Para esse efeito, o Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto, estabelece o regime

jurídico da deposição de resíduos em aterro, as características técnicas e os requisitos a

observar na concepção, licenciamento, construção, exploração, encerramento e pós-

encerramento de aterros.

No presente estudo apenas serão aprofundadas as questões diretamente relacionadas

com a deposição de resíduos em aterro, nomeadamente a tipologia dos resíduos

admissíveis em cada aterro, sendo relevante mencionar os artigos seguintes.

Artigo 5.º- Resíduos admissíveis em aterros

Os resíduos admissíveis em aterro têm de preencher cumulativamente os dois

requisitos: terem sido objecto de tratamento e respeitarem os critérios de admissão definidos

para a respectiva classe de aterro.

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16 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

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Artigo 10.º- Classificação de aterros

No artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto, classificam-se os aterros

em 3 classes, aterro para resíduos inertes, não perigosos e perigosos, de acordo com as

características dos resíduos que estão aptos a receber.

Artigo 34.º- Critérios de admissão de resíduos por classes de aterro

Neste artigo são definidos os critérios de admissão de resíduos de acordo com as três

classes de aterros.

Aterro para resíduos inertes: para esta classe de aterro só podem ser

depositados resíduos inertes que satisfaçam os critérios de admissão

estabelecidos no n.º 1 da parte B do anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009, de

10 de Agosto.

Nos aterros para resíduos não perigosos só podem ser depositados:

o resíduos urbanos;

o resíduos não perigosos de qualquer outra origem que satisfaçam os

critérios de admissão de resíduos em aterros para resíduos não

perigosos definidos no n.º 2 da parte B do anexo IV do Decreto-Lei n.º

183/2009, de 10 de Agosto;

o resíduos perigosos estáveis, não reativos, nomeadamente os

solidificados ou vitrificados, com um comportamento lixiviante

equivalente ao dos resíduos não perigosos referidos na alínea anterior,

que satisfaçam os critérios de admissão de resíduos em aterros para

resíduos não perigosos definidos no n.º 2 da parte B do anexo IV do

Decreto-Lei n.º 183/2009 de 10 de Agosto, desde que não sejam

depositados em células;

o resíduos não perigosos biodegradáveis.

Para os aterros de resíduos perigosos só podem ser depositados resíduos

perigosos que satisfaçam os critérios de admissão estabelecidos no n.º 3 da

parte B do anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto.

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Enquadramento Legal 17

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Artigo 35.º- Processo de admissão de resíduos em aterro

Para admissão dos resíduos no aterro, deverão passar por vários níveis de verificação

previstos na parte A no anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009 de 10 de Agosto, dos quais a

seguir se descrevem.

Caracterização básica pelo produtor ou detentor

Esta etapa compreende a análise das características do resíduo, verificação do seu

comportamento em aterro, avaliação do resíduo em função de valores limite para admissão

em aterro e identificação de variáveis chave para simplificação dos ensaios de verificação

de conformidade.

Verificação da conformidade pelo produtor ou detentor

Quando um resíduo é considerado admissível numa classe de aterro com base na

caracterização básica, este é sujeito a uma verificação periódica da sua conformidade com

os resultados da caracterização básica e com os critérios de admissão pertinentes.

Verificação no local pelo operador

Quando o resíduo chega ao aterro é necessário fazer a verificação no local de forma a

apurar se trata do resíduo a que foi submetido à caracterização básica e verificação de

conformidade, que deu origem à emissão de um certificado de aceitação prévia. Desta

forma os resíduos só serão aceites se tal for confirmado. Em cada lote de resíduos

recebidos num aterro é verificada a documentação necessária e feita a inspeção visual

antes e após a descarga (Decreto-Lei n.º 183/2009).

Ao resíduo em estudo neste trabalho serão realizadas análises com o objectivo de

caracterizá-lo de acordo com os critérios de admissão em aterro que constam no anexo IV

do Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de Agosto. O anexo IV está dividido em três partes: na

parte A são referidos os processos de determinação da admissibilidade dos resíduos em

aterro (níveis de verificação acima referidos); na parte B estão definidos os critérios de

admissão de resíduos para cada classe de aterro; a parte C define os métodos de ensaio e

de amostragem.

Anexo IV, Parte A

De acordo com a parte A do anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009, terá de se realizar

uma caracterização básica ao resíduo (ex: origem, código LER) de forma a compreender o

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18 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

seu comportamento em aterro, avaliar o resíduo em função de valores limite de emissão e

identificar os parâmetros críticos. O resíduo deverá fornecer, entre outras informações, a

sua fonte e origem, a descrição do processo que deu origem ao resíduo e das

características das matérias-primas e produtos, descrição dos tratamentos a que o resíduo

foi sujeito, os dados sobre a composição do resíduo e o seu comportamento lixiviante,

aspecto do resíduo, entre outros.

Anexo IV, Parte B

Os critérios de admissão em aterro definidos na parte B do anexo IV do Decreto-Lei n.º

183/2009 diferem consoante o resíduo em questão.

Dadas as características do resíduo, não se pode considerar como possível, o envio do

mesmo para aterro de inertes, pelo que apenas são abordados os critérios de admissão de

resíduos em aterro para resíduos perigosos e não perigosos. De acordo com os resultados

das análises realizadas no ensaio experimental, será avaliado qual a classe de aterros

adequada e legalmente possível.

Admissibilidade em aterro de resíduos não-perigosos

Como critérios para admissão de resíduos em aterros para resíduos não perigosos o

Decreto-Lei nº 183/2009 define que:

são admissíveis em aterros para resíduos não perigosos sem necessidade de

ensaios para caracterização básica os resíduos urbanos classificados como não

perigosos no capítulo 20 da Lista Europeia de Resíduos, as fracções de resíduos

urbanos não perigosos recolhidas seletivamente e as mesmas matérias não

perigosas de outras origens – esta descrição inclui a totalidade do resíduos em

estudo;

os resíduos admissíveis em aterros para resíduos não perigosos devem cumprir

os valores limites que constam da tabela 4, anexo IV do referido Decreto-Lei e

que se apresentam na Tabela A.1, do Anexo A.

Admissibilidade em aterro de resíduos perigosos

Para o resíduo ser admitido em aterro de resíduos perigosos, os valores limite de

lixiviação para resíduos granulares constam na tabela 7 e 8, anexo IV do referido Decreto-

Lei e que se apresentam nas Tabela A.2 e Tabela A.3 do Anexo A.

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Enquadramento Legal 19

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19

Anexo IV, Parte C

Na parte C do Anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009 estão referidos os métodos a

utilizar na amostragem e nos ensaios de verificação do resíduo. A amostragem e os ensaios

para efeitos de caracterização básica e verificação de conformidade são efectuados por

instituições e pessoas independentes e devidamente qualificadas. Desde que os produtores

de resíduos ou operadores dos aterros tenham instituído um sistema de garantia de

qualidade, a amostragem pode ser realizada pelos mesmos.

Para a realização da amostragem do resíduo, o Decreto-Lei n.º 183/2009 determina um

plano de amostragem de acordo com o estabelecido na norma EN 14899, constituído por

cinco relatórios técnicos, os aspectos estatísticos da amostragem, as técnicas de

amostragem, as subamostras no campo, a embalagem, armazenagem, preservação e

transporte e guia para a definição do plano de amostragem.

O ensaio de lixiviação deve cumprir a norma europeia EN 12457-4 referente à

preparação do eluato, que com base nas características do eluato, se prepara

resumidamente da seguinte forma:

recolha de uma amostra representativa;

redução de tamanho (se > 10 mm);

proporção 90g de matéria seca de resíduo/ 900 mL de água destilada (ou

equivalente);

lixiviação à temperatura ambiente, agitação constante, durante 24 horas

(material do recipiente depende das determinações que vão ser feitas e frascos

de 2000 mL de boca larga);

separação por filtração/centrifugação;

métodos de análise do eluato são os mesmo que para as águas.

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20 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

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A Gestão de Resíduos e a Norma ISO 14001 21

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21

Capítulo 4 A Gestão de Resíduos e a Norma ISO 14001

4.1 Princípios Base

Nos dias que correm, o desempenho ambiental é uma preocupação cada vez mais

presente na sociedade. Por outro lado, a certificação ambiental das empresas é uma mais-

valia no mercado de trabalho, pelo que, para além das exigências legais cada vez mais

apertadas em matéria de ambiente, cada vez mais, as organizações procuram demonstrar a

sua preocupação e atuação para o controlo de impactes ao nível das suas atividades,

produtos e serviços no ambiente.

A empresa responsável pela distribuição de água e pela drenagem e tratamento de

águas residuais de Vila nova de Gaia, está certificada pela norma NP EN ISO 14001, desde

2001.

Um dos objectivos do presente trabalho, é o enquadramento da gestão dos resíduos em

estudo na referida norma, acompanhando os requisitos da mesma com vista ao seu total

cumprimento.

A Norma NP EN ISO 14001 visa promover a melhoria contínua do desempenho

ambiental das organizações, e nela são definidas orientações que apontam para a

concepção de ferramentas de gestão de identificação dos aspectos ambientais e respectivo

controlo desses mesmos impactes, reduzindo significativamente os danos que poderiam

provocar no meio ambiente.

Com a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA), podem ser

introduzidos benefícios económicos, por exemplo com a redução de matérias-primas ou

recursos, redução de energia, diminuição da produção de resíduos e até a reutilização de

recursos.

A finalidade global desta norma é apoiar a proteção ambiental e prevenção da poluição,

em conjunto com as necessidades sócio-ecónomicas.

A norma em estudo baseia-se na metodologia designada por ciclo PDCA ( a abreviatura

de Plan-Do-Check-Act que, em português, se traduz por Planear- Executar- Verificar- Atuar).

Este ciclo tem como objectivo controlar os processos, podendo ser usado de forma

contínua, possibilitando a padronização das informações de controlo da qualidade e o menor

número de erros nas análises pois torna as informações mais simples.

O Ciclo PDCA (Figura 4.1) é constituído pelas seguintes etapas:

Planear – neste ponto são identificados os objectivos e as estratégias de forma a

atingir esses objectivos, de acordo com a política ambiental da organização;

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22 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Implementar – a seguir procede-se à execução do plano definido no ponto

anterior;

Verificar – são verificados e analisados os resultados dos dados recolhidos, de

acordo com o planeamento elaborado no primeiro ponto;

Atuar – a última fase do ciclo é a implementação de ações específicas com vista

à melhoria contínua do sistema e do método de trabalho.

Figura 4.1 Sistema de gestão ambiental pela norma NP EN ISO 14001

Nos subcapítulos seguintes serão abordados os vários pontos da metodologia PDCA,

fazendo-se referência às medidas a tomar para o caso específico em estudo.

4.2 Planeamento

4.2.1 Aspectos ambientais

Um dos requisitos da norma NP EN ISO 14001 é a implementação de procedimentos

sistemáticos de identificação de aspectos ambientais das atividades, produtos e serviços da

empresa e que dessa forma sejam determinados se possuem ou não impacte significativo

para o ambiente. Esta informação deve ser documentada e encontrar-se sempre atualizada.

Melhoria

Contínua

Planeamento

Implementação e Operação

Verificação e Ações Corretivas

Revisão pela Direção

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A Gestão de Resíduos e a Norma ISO 14001 23

ISEP | 2012

23

A organização deve identificar os aspectos ambientais com impacte positivo ou negativo

para o ambiente, existem dois tipos de aspectos ambientais a considerar:

controláveis – estes são diretamente controlados pela organização (matérias

primas, consumos energéticos, etc.);

influenciáveis – não são controláveis pela empresa, mas esta pode exercer

influência (produtos e serviços de cliente e/ou fornecedores).

No reconhecimento dos aspectos ambientais das atividades, produtos ou serviços das

organizações, segundo a norma, deve-se ter em atenção as condições de operação normais

e situações anómalas, as condições de paragem e arranque e também as situações de

emergência.

Sempre que um aspecto ambiental seja identificado, deve ser determinado se possui ou

não impacte significativo no ambiente. Os aspectos que detenham mais que um impacte

significativo são considerados aspectos ambientais significativos.

Visto que uma organização pode possuir muitos aspectos ambientais e

subsequentemente impactes ambientais associados, é necessário que exista uma

metodologia que forneça resultados consistentes e que inclua a definição, as questões

ambientais identificadas e os requisitos legais aplicáveis (APCER, norma 14001, 2009; NP

EN ISO 14001:2004).

No capítulo 5 deste trabalho são identificados os aspetos ambientais associados às

operações de gestão de resíduos alvo do presente estudo, e avaliada a sua significância.

Com base nos aspetos ambientais identificados, nos aspetos classificados como

significativos, nos requisitos legais e outros, é elaborado um programa de gestão detalhado

apresentado no capítulo 6.

4.2.2 Conformidade legal / outros requisitos

As organizações necessitam de conhecer os requisitos legais associados aos aspectos

ambientais identificados na organização, de forma a cumpri-los. Esta informação deve estar

atualizada e ser tida em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de

todo o sistema de gestão ambiental.

Os requisitos legais podem ter origem em diretivas, regulamentos e decisões

comunitárias, leis, decretos-lei, portarias, licenças, entre outros (APCER, norma 14001,

2009; NP EN ISO 14001:2004).

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24 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

No capítulo 3, foram já abordados os principais diplomas legais associados à gestão dos

resíduos em estudo, com vista a analisar as medidas a implementar para o cumprimento

das exigências legais.

4.2.3 Objectivos, metas e programas

A organização deve elaborar os objectivos e metas ambientais de acordo com a sua

política ambiental, identificando responsabilidades, meios e prazos para a sua realização,

tendo em conta a melhoria contínua e a capacidade para cumprir os requisitos legais e

outros. Estes objectivos e metas deverão ser, sempre que possível, específicos e

mensuráveis, de forma a possibilitar o seu acompanhamento e avaliação.

A definição dos objectivos e metas deverá considerar os requisitos legais e outros

requisitos que a organização aceite, e os seus aspectos ambientais significativos. É

importante também considerar os requisitos operacionais, financeiros, tecnológicos e de

negócio, pois estes devem ser realistas e adequados a cada organização e deverão ir de

encontro aos interesses dos parceiros envolvidos.

Para que os objectivos e metas sejam alcançados, a organização deve criar,

implementar e manter programas de gestão ambiental, onde estarão identificados as

responsabilidades, os meios e a calendarização de cada objectivo/meta (APCER, norma

14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

A Figura 4.2 esquematiza as considerações a ter em conta na definição dos objectivos e

metas.

Figura 4.2 Diagrama dos objectivos e metas (APCER, norma 14001, 2009)

Objectivos

e Metas

Requesitos Legais / Outros requesitos

Aspectos Ambientais

Significativos Partes Interessadas

Requisitos Operacionais, Financeiros e de Negócio

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A Gestão de Resíduos e a Norma ISO 14001 25

ISEP | 2012

25

4.3 Implementação

4.3.1 Recursos, atribuições, responsabilidade e autoridade

Neste ponto devem ser garantidos os recursos necessários para implementar o sistema

de gestão ambiental. Estes recursos compreendem os recursos humanos, as aptidões

específicas, as infraestruturas e os recursos tecnológicos e financeiros. Serão definidas

também as atribuições, responsabilidades, as autoridades de forma que sejam assegurados

todos os recursos necessários para a implementação de um sistema de gestão eficaz.

A norma determina que deve haver um compromisso e envolvimento de todas as

pessoas da organização, para que todos os intervenientes saibam o que é “suposto fazer”,

“quando” e “como”.

É suposto que neste item sejam definidos representantes específicos que passarão a

possuir responsabilidades e autoridade para a implementação do sistema de gestão

ambiental e que estes sejam documentados e comunicados a toda a organização. A gestão

deverá garantir a disponibilidade de recursos humanos, tecnológicos, financeiros e de

infraestruturas (APCER, norma 14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

4.3.2 Competência, formação e sensibilização

A organização deve sempre garantir que os colaboradores selecionados para executar

as tarefas que possam causar impacte ambiental significativo possuam competência com

base na sua escolaridade, formação e experiência.

É também dever da organização identificar as necessidades de formação com base nas

competências necessárias, em relação aos aspectos ambientais significativos e de modo

que sejam cumpridos os objectivos ambientais. Os colaboradores devem ser

consciencializados para a política ambiental da organização, os requisitos do sistema de

gestão ambiental, os impactes significativos relacionas com as atividades, as

responsabilidades de cada colaborador e as consequências de não respeitar os

procedimentos definidos (APCER, norma 14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

4.3.3 Comunicação. Documentação e controlo dos documentos

Um sistema de gestão ambiental deve garantir um processo de comunicação eficiente

entre os diferentes níveis e funções da organização. A comunicação interna é importante

porque permite assegurar a implementação eficaz do SGA, facilita o entendimento e

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26 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

cooperação de todos os envolvidos no desempenho ambiental. Por outro lado a

comunicação externa assegura os meios de comunicação e os conteúdos mais adequados

às necessidades de informação de cada parte interessada. É necessário elaborar um ou

mais procedimentos onde são estabelecidos os meios de comunicação interna e externa, e

essas comunicações devem ser registadas.

De forma a implementar e pôr em funcionamento o sistema de gestão ambiental, a

organização deve documentar todas as funções e atividades para o cumprimento dos

requisitos especificados. A documentação deve contemplar, entre outros, a política

ambiental, os objectivos e metas, os procedimentos e recursos assim como os registos.

Cada organização deve definir a extensão da documentação de forma a adequar-se as suas

características como por exemplo, a sua dimensão, tipo de organização, complexidade dos

processos, recursos humanos, entre outros.

Toda a documentação relevante, requerida pelo SGA e pela norma, deve ser controlada.

É necessário garantir que todos os documentos relevantes para o sistema de gestão

ambiental estejam atualizados e disponíveis, de forma a permitir que a informação seja

compreendida e utilizada no local e momento a que é necessária (APCER, norma 14001,

2009; NP EN ISO 14001:2004).

4.3.4 Controlo operacional. Preparação e resposta a emergências

A necessidade de cumprir os objectivos definidos na política ambiental leva ao

planeamento e identificação dos processos, atividades e recursos associados de forma a

assegurar a sua realização em condições definidas e controladas. É necessário aplicar um

controlo operacional, estabelecendo tipos e níveis de controlo de acordo com as suas

necessidades, sendo estes mantidos e avaliados periodicamente.

As situações relativas a potenciais acidentes e emergências devem ser identificadas

para que a organização possa prevenir a sua ocorrência e/ou estar preparado se esta

suceder. Devem ser estabelecidos e implementados procedimentos de preparação e

resposta a emergências (APCER, norma 14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

4.4 Verificação

4.4.1 Monitorização e medição

A instituição deve estabelecer procedimentos de forma a poder monitorizar e medir as

características principais das suas operações que possam causar impacte ambiental

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A Gestão de Resíduos e a Norma ISO 14001 27

ISEP | 2012

27

significativo. Estes procedimentos envolvem a recolha de informação, medição e

observações ao longo do tempo (APCER, norma 14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

4.4.2 Avaliação da conformidade, não conformidades, ações

corretivas e preventivas

A organização deve estabelecer procedimentos para avaliar, periodicamente, a

conformidade com os requisitos legais e outros requisitos que definiu no planeamento. Os

resultados das avaliações devem ser registados nos formatos adoptados pela organização.

Sendo o objectivo do SGA evoluir e melhorar o desempenho, em consonância com a

sua política ambiental, a organização deve identificar as não conformidades, implementar

ações corretivas, e estabelecer medidas preventivas para evitar a sua ocorrência (APCER,

norma 14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

4.4.3 Controlo de registos

A organização deve garantir os registos associados ao sistema de gestão ambienta.

Esta deve possuir as informações necessárias para demonstrar a conformidade dos

requisitos implementados e comunicar os resultados obtidos. Esses registos devem ser

mantidos legíveis, identificáveis e rastreáveis (APCER, norma 14001, 2009; NP EN ISO

14001:2004).

4.4.4 Auditoria interna

As auditorias internas são um ponto crucial no ciclo PDCA do sistema de gestão

ambiental: estas servem para avaliar a conformidade do sistema de gestão implementado

com os requisitos estabelecidos, nomeadamente, com a norma de referência e a legislação

aplicável. Os programas de auditoria devem ser objectivos, utilizando metodologias

definidas, executados em intervalos planeados e realizados por pessoal competente ou por

auditores externos à organização (APCER, norma 14001, 2009; NP EN ISO 14001:2004).

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28 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

4.5 Revisão pela gestão

A gestão eficaz de um sistema de gestão ambiental deve, numa base regular,

monitorizar e analisar as questões ambientais. Esta revisão deve permitir avaliar se a

política ambiental se mantém adequada, se os objectivos e metas foram atingidos e avaliar

o grau de desempenho ambiental. É também nesta ação que se investiga a necessidade de

implementar novos objectivos e no caso de se verificar que não foram atingidos alguns

objectivos devem ser definidos novos meios técnicos para os atingir (APCER, norma 14001,

2009).

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Identificação e Avaliação de Aspectos Ambientais 29

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Capítulo 5 Identificação e Avaliação de Aspectos Ambientais

Os aspectos ambientais foram identificados de acordo com as atividades associadas a

todo o processo de transporte e armazenamento do resíduo na instalação em estudo. No

reconhecimento dos aspectos ambientais foram considerados as condições de operação

normais, as situações anómalas e também as situações de emergência. Foram também

considerados os aspectos ambientais previstos para o futuro, já que a instalação se

encontra em fase de obras, e intervenções de melhoria e implementação das medidas

definidas na licença.

Posteriormente à identificação dos aspectos ambientais determinou-se se estes

possuíam ou não impacte significativo no ambiente de acordo com o procedimento de

identificação de aspectos ambientais e avaliação da sua significância - PGQAS13

(Procedimento Geral da Qualidade, Ambiente e Segurança), elaborado pela empresa

responsável pela distribuição de água e pela drenagem e tratamento de águas residuais.

5.1 Aspectos ambientais identificados

Antes de mais, convém referir que no presente trabalho apenas foram analisados os

aspetos ambientais de incidência direta, isto é aqueles que a organização pode controlar

diretamente, decorrentes das atividades exercidas pela própria empresa.

Os aspectos ambientais identificados de acordo com o procedimento interno da empresa

para a atividade de armazenamento e secagem de resíduos nos leitos de armazenamento e

secagem (Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM, 2009) foram os seguintes:

1) Consumo de água potável

É um aspecto planeado pois no presente ainda não acontece, este aspecto ambiental

será consequência da instalação prevista no local para balneários e quartos de banho.

2) Consumo de energia eléctrica

É também um aspecto ambiental futuro, após a construção da instalação para uma

instalação de apoio que irá incluir balneários e quartos de banho.

3) Fuga/ Derrame de óleos/ Combustíveis

Este aspecto ambiental acontecerá apenas em situações de emergência, decorrentes do

transporte rodoviário do resíduo, desde a sua origem ao local de armazenamento

temporário, e eventualmente desse local até ao destino final.

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30 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

4) Cheiros e odores

Dada a origem e composição dos resíduos, estes são muito susceptíveis à emissão de

cheiros e odores desagradáveis, que constituem uma preocupação para a empresa, já que a

instalação se encontra numa zona residencial.

5) Consumo de matérias-primas:

a. Consumo de combustível;

b. consumo de cal.

O consumo de matérias-primas deve-se ao deslocamento dos veículos em que se

consumirá combustível e o consumo de cal relaciona-se com o tratamento de estabilização

ao resíduo.

6) Resíduos

a. Gradados/Limpeza de redes (Armazenamento): o próprio resíduo que

irá ficar armazenado nos leitos de secagem;

b. embalagens de cal: decorrente do uso de cal para o tratamento de

estabilização do resíduo;

c. resíduos de demolição: nomeadamente solos resultantes das obras

de limpeza da área envolvente e da construção de uma via de acesso

e da instalação de apoio;

d. resíduos verdes: resultantes da limpeza da vegetação em excesso e

também na fase de implantação da cortina arbórea.

7) Ruído

Os impactes sonoros e de vibrações produzidos através da deslocação de veículos de

transporte, carga e descarga dos resíduos, tendo em conta o tempo de exposição, serão

temporários e poderão ser considerados reduzidos, mas não deixa de ser necessário ter em

conta este aspecto.

8) Águas residuais

Este aspecto ambiental ocorre da lixiviação do resíduo no tempo em que fica

armazenado e exposto às condições climatéricas nos leitos de secagem. Os efluentes

produzidos serão recolhidos por caleiras de drenagem dos leitos de secagem, ligadas ao

colector de águas residuais, que encaminha essas escorrências para o tratamento numa

ETAR.

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Identificação e Avaliação de Aspectos Ambientais 31

ISEP | 2012

31

9) Derrame de produtos químicos

Ocorrência que pode ter lugar devido ao mau manuseamento de um produto químico

(ex: cal), pelo que é considerada uma situação de emergência.

10) Derrame de resíduos na via pública

É também uma ocorrência de emergência que pode acontecer devido ao mau

condicionamento do resíduo no seu transporte, ou à falta de cumprimento das regras de

transporte de resíduos.

5.2 Avaliação da significância dos aspectos ambientais

Depois de identificado um aspecto ambiental, a norma NP EN ISO 14001 determina que

se avalie a sua significância, isto é, que se classifique, com base em vários fatores definidos

pela organização, se o efeito daquele aspecto ambiental no meio ambiente se considera

significativo ou não significativo. Os aspectos ambientais significativos são considerados

prioritários e devem ser tomados em consideração no controle operacional, na definição de

objectivos e metas, e em todas atividades de um sistema de gestão ambiental. A norma não

define um procedimento para avaliação da significância dos aspectos ambientais, cabendo à

organização a sua elaboração. Assim, a classificação dos aspectos ambientais identificados

neste trabalho foi feita de acordo com o procedimento interno da empresa (Águas e Parque

Biológico de Gaia, EEM, 2009).

O procedimento interno referido determina que são considerados significativos,

diretamente, e sem necessidade de cálculo do grau de impacte:

os aspectos ambientais com efeitos adversos que segundo a sua decorrência/

origem da atividade, são considerados passados (devido a atividades passadas

mas que ainda produzem efeitos negativos no ambiente) ou futuros (devido a

atividades planeadas);

os aspectos ambientais que resultem de situações de emergência;

os aspectos ambientais que resultem de um incumprimento legal.

Aos aspectos ambientais que decorrem no presente e possuem efeito adverso no

ambiente é calculado o seu grau de impacte (GI), através da ponderação de vários factores

ou critérios como a quantidade (Q), frequência (F), gravidade (G) e imagem (I). A cada um

destes fatores é atribuído um valor, de 1 a 4 numa escala de valorização por ordem

crescente de impacte ou importância relativa.

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32 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

O grau de impacte é então calculado de acordo com a seguinte fórmula:

Equação 3.1

O valor calculado de grau de impacte irá definir se um aspecto ambiental é ou não

significativo:

GI < 128 – Não Significativo (NS)

GI ≥ 128 – Significativo (S)

Na Tabela 5.1 estão esquematizados os aspectos ambientais identificados e a sua

significância.

Os aspectos ambientais considerados diretamente como significativos, sem necessidade

de cálculo do grau de impacte, através do procedimento interno da empresa, foram:

Consumo de água potável – Já que se trata de um aspecto ambiental adverso que vai

acontecer no futuro após a instalação de balneários e quartos de banho.

Consumo de energia eléctrica – Já que se trata de um aspecto ambiental adverso que

vai acontecer no futuro após a instalação das instalações de apoio.

Fuga/derrame de óleo/combustível – Aspecto ambiental que pode ocorrer numa situação

de emergência (ex: aquando do transporte rodoviário do resíduo).

Derrame de resíduos na via pública – Aspecto ambiental que pode ocorrer numa

situação de emergência (ex: aquando do transporte rodoviário do resíduo).

Derrame de produtos químicos – Ocorrência que pode suceder devido ao mau

manuseamento de um produto químico (ex: cal), pelo que é considerado uma situação de

emergência.

Cheiros e odores – Aspecto ambiental que pode ocorrer numa situação de emergência

(situações indesejáveis que impeçam o controlo dos odores).

Consumo de cal apagada (matéria prima) – Trata-se de aspecto ambiental adverso que

vai acontecer no futuro quando se iniciar o tratamento com cal.

Resíduo de embalagens de cal – Trata-se de aspecto ambiental adverso que vai

acontecer no futuro quando se iniciar o tratamento com cal.

Resíduo de demolição – Trata-se de aspecto ambiental adverso que vai acontecer no

futuro quando se iniciar as obras de requalificação do espaço.

Resíduos verdes – Trata-se de aspecto ambiental adverso que vai acontecer no futuro

quando se iniciar a limpeza da vegetação em excesso e a plantação de novas árvores

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Identificação e Avaliação de Aspectos Ambientais 33

ISEP | 2012

33

Os aspectos ambientais que já decorrem no presente (uma vez que já está a ocorrer a

recolha, transporte e deposição dos resíduos nos leitos de secagem) são a produção de

resíduos de gradados/limpeza de redes, consumo de combustível, ruído e águas residuais.

Para estes, foi então calculado o grau de impacte e considerados significativos os

aspectos ambientais com um grau de impacte superior a 128.

Conforme se pode visualizar na Tabela 5.1, apenas os resíduos de gradados/limpeza de

redes obtiveram o grau de impacte superior a 128, sendo por isso um aspecto ambiental

significativo (Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM, 2009).

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34 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Tabela 5.1 Matriz de identificação e avaliação de aspectos ambientais (Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM, 2009) U

nid

ad

e d

e T

rab

alh

o

Ati

vid

ad

e

Aspecto Ambiental

Temporalidade

Sit

ua

ção

Natu

reza

Descrição/ Observações

Impacte Ambiental

Cálculo /Avaliação

Medidas de Monitorização/Cont

rolo/Prevenção

Pa

ssa

da

Pre

se

nte

Pla

ne

ad

a

N /

NN

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A/B

Qu

an

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Le

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s d

e A

rmazen

am

en

to e

Secag

em

de

Vil

a D

'Este

Consumo de água potável

X N A Quartos de banho /

Balneários Depleção de recursos naturais S

Monitorização dos consumos

Consumo de energia eléctrica

X N A Quartos de banho /

Balneários Depleção de recursos

naturais/Aquecimento global S Monitorização/Tarifários

Fuga/derrame de óleo/ Combustíveis

X

E A Transporte Contaminação do solo e linhas

de água S

Cheiros /Odores

X

E A

Incomodidade da comunidade envolvente

S

Consumo matérias-

primas

Consumo de Combustível

X

N A

Consumo de recursos/Impacte no ar, água e solo dos seus

subprodutos e resíduos

Estimativa 1 2 4 2 16 NS

cal apagada

X N A

Consumo de recursos/Impacte no ar, água e solo dos seus

subprodutos e resíduos S

Resíduos

Gradados/ Limpeza de redes (Armazenamento)

X

N A

Produção de resíduos 1250 4 4 3 3 144 S

Monitorização/GAR/ Destino Autorizado

Embalagens de cal

X N A Tratamento de estabilização

Produção de resíduos S Monitorização/GAR/ Destino Autorizado

Resíduos de demolição

X NN A Limpeza da área

envolvente Produção de resíduos S

Monitorização/GAR/ Destino Autorizado

Resíduos Verdes

X NN A Limpeza da área

envolvente Produção de resíduos S

Monitorização/GAR/ Destino Autorizado

Ruído

X

NN A Deslocação de

máquinas Poluição Sonora/Incomodidade

na comunidade envolvente Estimativa 1 2 2 2 8 NS Monitorização

Águas Residuais

X

N A

Degradação dos recursos hídricos

Estimativa 1 4 3 1 12 NS Estimativa

Derrame de produtos químicos

X E A Derrames Contaminação do solo e linhas

de água S

Derrame de Resíduos na Via Pública

X

E A

Degradação dos recursos hídricos

S

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Identificação e Avaliação de Aspectos Ambientais 35

ISEP | 2012

35

Legenda:

N – Normal

NN – Não Normal

E – Emergência

A – Adverso

B – Benéfico

S – Significativo

NS – Não Significativo

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36 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

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Programa de Gestão Ambiental a Implementar 37

ISEP | 2012

37

Capítulo 6 Programa de Gestão Ambiental a Implementar

Neste capítulo será proposto um programa de gestão a adoptar na instalação de

armazenamento temporário de resíduos, onde serão definidos os objectivos e metas, as

ações a implementar e os seus responsáveis.

O programa de gestão tem como objectivo a minimização de impactes ambientais dos

resíduos de desobstrução e o cumprimento de todos os requisitos associados às atividades

e ao resíduo em geral, legais ou definidos, pela empresa com vista à melhoria contínua.

Refira-se antes de mais que a instalação em causa está licenciada desde 2011 pela

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR) para operações

de gestão de resíduos. As operações em causa são o armazenamento temporário de

resíduos da limpeza de esgotos e gradados destinados a valorização ou eliminação externa.

A realização dessas operações está sujeita ao cumprimento integral de várias

especificações técnicas, nomeadamente:

promover a implantação de uma cortina arbórea em todo o perímetro da

instalação;

registo da instalação no Sistema Integrado de Registo da Agência Portuguesa

do Ambiente (SIRAPA);

criação de um dossier com um processo devidamente atualizado e organizado

referente ao licenciamento da operação da gestão de resíduos contendo todos

os elementos relevantes. Este deve estar disponível na instalação e sempre que

solicitado pelas entidades com competência de fiscalização;

o abastecimento de água à unidade será assegurado pela rede pública e a

descarga de águas residuais domésticas será efectuada para a rede pública de

saneamento. O efluente resultante das escorrências do tratamento de

estabilização do resíduo será recolhido por caleira envolvente aos leitos de

secagem e encaminhados para a rede pública de saneamento.

As metas definidas são: redução em 10% da quantidade de resíduos produzidos e

armazenados ao ano, para 2014 face ao ano 2011; não obter quaisquer reclamações de

aspecto ambiental em 2013; o cumprimento em 100% das medidas definidas na licença

para a gestão de resíduos, e acima referidas, até Dezembro de 2013.

Pode visualizar-se o na Tabela 6.1 o programa de gestão proposto no início da fase de

dissertação (Abril 2012) e o acompanhamento das ações implementadas até Outubro de

2012 na Tabela 6.2.

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38 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

As ações a serem implementadas têm por finalidade cumprir os objectivos definidos e

passam pelos pontos que a seguir se descrevem.

1) Iniciar estabilização com cal:

1.1) Determinação do doseamento de cal;

1.2) ensaio piloto para caracterização do resíduo após adição de cal e

armazenamento.

É uma medida definida na licença e tem como objectivo corrigir o pH para a sua

inertização/higienização e diminuição do teor de humidade do resíduo. Inicialmente é

testada a quantidade óptima de cal para esse efeito e posteriormente é realizado o ensaio

piloto do tratamento de estabilização com recolha de amostras, conforme o procedimento

descrito no Capítulo 7.

2) Limpeza do terreno da área envolvente

Uma vez que a ETAR de loteamento existente esteve desativada vários anos, necessita

de obras de recuperação/limpeza da vegetação que entretanto se desenvolveu, tendo como

propósito libertar o espaço para a construção de instalações de apoio e de uma via de

acesso no sentido de preparar o espaço para posterior utilização.

3) Analisar questões de saúde ocupacional/segurança

Serão estudadas as questões relacionadas com as atividades que vão ser desenvolvidas

e que envolvam meios humanos, como a movimentação de cargas, condução de veículos, o

manuseamento de resíduos e cal, entre outras atividades. É essencial analisar estes

aspectos no sentido de providenciar todos os meios necessários, designadamente o uso de

equipamentos de proteção individual (EPI) adequados.

4) Ações de sensibilização ambiental e segurança aos profissionais

Uma vez que se trata de uma atividade nova a desenvolver, será necessário ministrar

ações de sensibilização ambiental e de segurança aos profissionais envolvidos

nomeadamente sobre o uso de EPI, cuidados com a limpeza dos rodados, cuidados na

descarga do resíduo, no manuseamento da cal bem como outras regras de segurança a

cumprir.

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Programa de Gestão Ambiental a Implementar 39

ISEP | 2012

39

5) Adjudicação de prestação de serviços da recolha por operador licenciado

A instalação em causa é apenas uma instalação de armazenamento temporário de

resíduos, não sendo o seu destino final. Após o tratamento de estabilização os resíduos

serão recolhidos por operadores licenciados e enviados para entidades também licenciadas

sendo necessário adjudicar a uma empresa esse serviço.

6) Instalação de balneários e instalação de apoio

7) Ligação à rede de água de abastecimento

8) Ligação à rede eléctrica

Como previsto na licença, serão instalados balneários e instalações de apoio com

ligação à rede de água e eletricidade.

9) Construção de uma via de acesso

É necessário a construção de uma via de acesso a veículos pesados para carga e

descarga de resíduos.

10) Implantação da cortina arbórea

Está prevista a implantação em redor de todo o perímetro da instalação de árvores com

o objectivo de minimizar os odores emitidos para o exterior, bem como o impacte visual.

11) Registo no SIRAPA

De acordo com os artigos 48º, 49º e 57º do anexo II, do Decreto-Lei 73/2011, é

necessária a inscrição e registo da instalação no SIRAPA e consequente pagamento de

uma taxa anual desse registo, é também obrigatório o registo anual do mapa integrado de

registo de resíduos que inclui informações como a origem dos resíduos, a quantidade,

classificação e destino do mesmo, identificação das operações a efetuar e a identificação

dos transportadores.

12) Ação de sensibilização à população

Grande parte das causas que estão na origem dos entupimentos da rede de

saneamento são a deposição inadequada por parte da população na rede de saneamento,

designadamente o despejo de certo tipo de resíduos como cotonetes, toalhetes, etc. Muitas

vezes a população não têm conhecimento das consequências dessas ações, pelo que se

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40 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

sugere uma sensibilização à população através de folhetos ou mensagens enviados com a

factura da água, informação no “site” da empresa e até sensibilização aquando das visitas

às ETARs.

13) Criar dossier/Pasta arquivo com todos os elementos relacionados com as

atividades da instalação

Conforme definido na licença, é necessário que esteja disponível na instalação toda a

informação relacionada com a atividade que inclui documentação, como a própria licença,

as guias de acompanhamento de resíduos, os registos de entrada e saída de veículos entre

outros documentos.

14) Criar planos de emergência ambiental e de segurança

É necessário identificar as situações de emergência e estabelecer planos de controlo

ambiental e de segurança.

Aquando da identificação dos aspetos ambientais, foram encontradas algumas

potenciais situações de emergência.

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Programa de Gestão Ambiental a Implementar 41

ISEP | 2012

41

Tabela 6.1 Programa de gestão criado em abril de 2012

Nota: NQAS – Núcleo de Qualidade Ambiente e Segurança

Qualidade Ambiente Segurança

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1 Dez-12

1.1 Out-12

1.2 Out-12

2 Mai-13

3 Jan-14

4 Dez-13

5 Set-13

6 Set-13

7 Set-13

8 Dez-12

9 Jun-13

10 Jan-13

11 Dez-12

12 Dez-13

13 Dez-12

1) Minimização dos impactes ambientais dos resíduos de

desobstrução

2) Cumprimentos dos requisitos Legais e da licença

Engº Responsável

NQAS

- 0 Reclamações de aspecto ambiental em 2013

-Redução em 10 % a quantidade de resíduo produzido

e armazenado/ano (em 2014 face a 2011)

- Cumprimento de 100% das medidas definidas na

licença até Dezembro de 2013

- nº Reclamações

- Quantidade de resíduo

- Adição de cal

- Instalação de balneários

- Cortina arbórea plantada

- Registo no SIRAPA efectuado

- Dossier pronto e disponível na instalação

PROGRAMAS DE GESTÃO Out-12

Melhoria do desempenho das operações de gestão de resíduos

Objectivos Responsável PG Metas Indicador

Acompanhamento das Acções

2012

Acompanhamento Anual/Observações

2013 2014

Acções Responsável PrazosGrau de Implementação

Observações

Iniciar estabilização com Cal NQAS

Determinação do doseamento de Cal NQASEnsaios realizados no âmbito do estágio de fim

de curso ISEP por Marlene Pimentel

Construção de uma via de acesso Encarregado

Ensaio piloto para caracterização do resíduo após adição de cal

e armazenamentoNQAS

Limpeza do terreno da área envolvente Encarregado

Implantação da cortina arbórea Encarregado

Instalação de balneários e instalação de apoioGestor da

Segurança

Registo no SIRAPA NQAS

Acções de sensibilização ambiental e segurança aos

profissionaisNQAS

Analisar questões de saúde ocupacional/segurançaGestor da

Segurança

Primeira análise feita por reunião com

gestor/responsável da segurança

Ligação à rede de água de abastecimentoGestor da

Segurança

Criar dossier/Pasta arquivo com todos os elementos

relacionados com as actividades da instalaçãoNQAS

Ligação à rede eléctricaGestor da

Segurança

Recolocação do poste de electricidade em

local adequado

Adjudicação de prestação de serviços da recolha por operador

licenciado para o ano de 2013NQAS

Preparação das peças do concurso

Acção de sensibilização à população NQAS

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42 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Tabela 6.2 Primeiro acompanhamento do programa de gestão em outubro de 2012

Qualidade Ambiente Segurança

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1 Dez-12

1.1 Out-12

1.2 Out-12

2 Mai-13

3 Jan-14

4 Dez-13

5 Set-13

6 Set-13

7 Set-13

8 Dez-12

9 Jun-13

10 Jan-13

11 Dez-12

12 Dez-13

13 Dez-12

Não ocorreu tomada de acções

Acções em curso no presente ano

Acções implementadas e concluidas

Criar dossier/Pasta arquivo com todos os elementos

relacionados com as actividades da instalaçãoNQAS

Legenda:

Registo no SIRAPA NQAS

Acção de sensibilização à população NQAS

Acções de sensibilização ambiental e segurança aos

profissionaisNQAS

Analisar questões de saúde ocupacional/segurançaGestor da

Segurança

Primeira análise feita por reunião com

gestor/responsável da segurança

Ligação à rede eléctricaGestor da

Segurança

Recolocação do poste de electricidade em local

adequado

Adjudicação de prestação de serviços da recolha por operador

licenciado para o ano de 2013NQAS

Preparação das peças do concurso

Instalação de balneários e instalação de apoioGestor da

Segurança

Ligação à rede de água de abastecimentoGestor da

Segurança

Construção de uma via de acesso Encarregado

Implantação da cortina arbórea Encarregado

Ensaio piloto para caracterização do resíduo após adição de cal

e armazenamentoNQAS

Limpeza do terreno da área envolvente Encarregado

Iniciar estabilização com Cal NQAS

Determinação do doseamento de Cal NQASEnsaios realizados no âmbito do estágio de fim

de curso ISEP por Marlene Pimentel

Acompanhamento das Acções

2012

Acções Responsável PrazosGrau de Implementação

Observações

Acompanhamento Anual/Observações

2013 2014

1) Minimização dos impactes ambientais dos resíduos de

desobstrução

2) Cumprimentos dos requisitos Legais e da licença

Engº Responsável

NQAS

- 0 Reclamações de aspecto ambiental em 2013

-Redução em 10 % a quantidade de resíduo produzido e

armazenado/ano (em 2014 face a 2011)

- Cumprimento de 100% das medidas definidas na

licença até Dezembro de 2013

- nº Reclamações

- Quantidade de resíduo

- Adição de cal

- Instalação de balneários

- Cortina arbórea plantada

- Registo no SIRAPA efectuado

- Dossier pronto e disponível na instalação

PROGRAMAS DE GESTÃO Out-12

Melhoria do desempenho das operações de gestão de resíduos

Objectivos Responsável PG Metas Indicador

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Descrição Experimental 43

ISEP | 2012

43

Capítulo 7 Descrição Experimental

O presente capítulo está subdividido em quatro itens, sendo o primeiro referente ao

procedimento para a caracterização analítica do resíduo após descarga no leito de secagem

da antiga ETAR de loteamento. No segundo item descreve-se os ensaios laboratoriais de

estabilização química a que o resíduo foi submetido para obtenção da quantidade ótima de

cal a adicionar ao resíduo fresco. No terceiro item é descrito o ensaio piloto realizado. No

último ponto estão enumerados os procedimentos adoptados para a caracterização do

lixiviado.

O resíduo utilizado neste trabalho para ensaios químicos por adição de cal, foi fornecido

pela empresa responsável pela distribuição de água e pela drenagem e tratamento de águas

residuais.

7.1 Caracterização analítica do resíduo

Foram realizadas algumas análises ao resíduo de forma a caracterizá-lo: pH, teor de

humidade e de carbono orgânico total (COT). Foram retiradas amostras durante o

tratamento de estabilização com cal, em diferentes períodos do tratamento, de forma a

conhecer a sua evolução relativamente aos parâmetros referidos.

O método utilizado para a medição do pH foi o Método Electrométrico 4500 B (APHA,

2005), usando o medidor de pH 632, METROHM, e para a análise do COT foi utilizado o

Método de combustão a alta temperatura 5310 B (APHA, 2005), efectuado no analisador de

carbono orgânico total SSM- 5000A, SHIMADZU.

7.2 Ensaios laboratoriais de estabilização química por adição de

cal

Com o objectivo de selecionar a quantidade adequada de cal a adicionar ao resíduo

numa fase inicial, de forma a conseguir a sua estabilização, foram realizados ensaios em

laboratório. Estes consistiam em optimizar a quantidade de cal a adicionar de modo a

garantir o pH de 12.

Foram testados dois tipos de cal: cal viva, CaO da Riedel-de Haën a 96%, fornecido pelo

laboratório de tecnologia do Instituto Superior de Engenharia do Porto, e cal apagada

comercial, Ca(OH)2, da Rivaz Química, facultado pela empresa responsável pela distribuição

de água e pela drenagem e tratamento de águas residuais.

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44 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

7.3 Ensaio piloto

Procedeu-se a um ensaio piloto que se realizou no leito de secagem da antiga ETAR de

loteamento relativo ao tratamento de estabilização química do resíduo através da adição de

cal, de acordo com a dosagem ótima inicial de cal a adicionar no resíduo fresco obtido no

ensaio laboratorial anterior.

Após a sua recepção, cerca de 20 kg de resíduo foi distribuído com o auxílio de uma pá

numa área de cerca 4m 2, e sobre ele foi espalhada uma camada fina de cal de acordo com

a quantidade ótima calculada no ensaio laboratorial, conforme descrito no capítulo 8. O

ensaio piloto teve a duração de 2 meses.

7.4 Caracterização do resíduo estabilizado

Para que o resíduo seja admitido em aterro para resíduos não perigosos, terá de

obedecer aos critérios de admissão, que constam no anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009,

de 10 de Agosto. Desta forma, foram feitas análises ao resíduo estabilizado, como referido

no ponto 7.1, e ao lixiviado.

A preparação do eluato foi efectuada de acordo com a Norma Europeia EN 12457-4 a

uma amostra representativa do resíduo em estudo.

Na Tabela 4 (Tabela A.1, no anexo A, do presente trabalho) do Decreto-Lei nº 183/2009,

são definidos os parâmetros e os respectivos valores limite de lixiviação a analisar para

posterior admissão do resíduo no aterro. Assim, os parâmetros analisados no lixiviado

foram:

pH - pelo método electrométrico 4500 B (APHA, 2005) no medidor de pH 632,

METROHM;

Condutividade - pelo método electroquímico, condutividade 2510 B (APHA, 2005),

usando um condutivímetro LF 538, WTW (APHA, 2005);

Sulfatos - através do método turbidimétrico com cloreto de bário. A absorvância da

suspensão homogénea foi medida num espectrofotómetro UV-VIS - 160,

SHIMADZU, ao comprimento de onda de 650 nm (Rodier, 1984);

Cloretos - determinados através do método de Mohr, método de argentometria 4500

- Cl- B (APHA, 2005);

Sólido Dissolvidos Totais (SDT) secos a 180 ºC - o seu teor foi quantificado através

do Método 2540 C (APHA, 2005);

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Descrição Experimental 45

ISEP | 2012

45

Carbono orgânico dissolvido (COD) - método de combustão a alta temperatura,

Método 5310 B (APHA, 2005), realizado no analisador de carbono orgânico TNM-1

TOC-VCS N, SHIMADZU (APHA, 2005);

Metais: para a digestão dos metais fez-se uma digestão com ácido nítrico, Método

3030 E (APHA, 2005), e os teores de metais (Ba, Ca, Cd, Cr, Cu, Ni, Mo, Pb e Zn)

foram determinados por espectrofotometria de absorção atómica, método 3111 B

(APHA, 2005), no aparelho de absorção atómica SpectrAA-300, VARION.

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46 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

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Resultados e Discussão do Trabalho Experimental 47

ISEP | 2012

47

Capítulo 8 Resultados e Discussão do Trabalho Experimental

8.1 Dosagem óptima de cal

Os ensaios laboratoriais de estabilização química foram realizados com dois tipos de cal.

O primeiro ensaio foi realizado com CaO, da marca Riedel-de Haën, o segundo ensaio com

Ca(OH)2 da Rivaz Química.

Os resultados obtidos nas várias tentativas para chegar à dosagem óptima de cal

apresentam-se nas Tabela 8.1 e 8.2, assim como os valores de pH resultantes da adição de

quantidades diferentes de cal. As percentagens de CaO e Ca(OH)2, referem-se às dosagens

de reagente comercial aplicado, não tendo sido considerado a pureza dos produtos nos

valores apresentados.

Tabela 8.1 Variação do pH em função da quantidade de cal adicionada (% CaO), 1º ensaio

% CaO pH do resíduo

5,5 12,51

2,1 12,62

0,74 12,33

Tabela 8.2 Variação do pH em função da quantidade de cal adicionada (% Ca(OH)2) , 2º ensaio

% Ca(OH)2 pH do resíduo

5,0 12,72

1,0 12,31

0,92 11,61

0,38 11,26

Pela observação dos resultados obtidos, verifica-se, em ambos os casos, que a

quantidade de cal necessária para estabilizar o resíduo, para isso o pH terá de ser superior

a 12 como verificado anteriormente, é relativamente próxima, desse modo a escolha do tipo

de cal a utilizar fica sujeita a questões económicas. Uma vez que a empresa responsável

pela distribuição de água e pela drenagem e tratamento de águas residuais, dispõe de cal

apagada comercial que no momento não está a ser utilizada em nenhum processo, optou-se

por utilizar o Ca(OH)2 (cal apagada) disponível com base em questões financeiras,

ambientais e também de segurança dos operadores (em comparação com a cal viva).

Assim, após os cálculos efectuados, que podem ser consultados no Anexo C.2, conclui-se

que para o resíduo em estudo é necessário adicionar aproximadamente 10 kg de cal

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48 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

apagada comercial por cada tonelada de resíduo fresco, o equivalente a uma dosagem de

1%.

8.2 Caracterização do resíduo

Na Tabela 8.3 apresentam-se os resultados da caracterização do resíduo no momento

da sua deposição no leito de secagem (A1) e das amostras retiradas ao longo do tempo em

que o resíduo permaneceu no leito de secagem durante o tratamento de estabilização com

cal (A2 e A3). O ensaio piloto de estabilização começou no dia 1 de Junho de 2012, com a

adição da quantidade de cal apagada comercial da Rivaz Química calculada anteriormente

(10 kg de cal apagada comercial por 1 t de resíduo fresco, de forma que esta dosagem

garanta um pH inicial de 12.

As amostras retiradas foram:

A1 – amostra para caracterização do resíduo no momento da sua deposição, no

dia 10 de Maio de 2012;

A2 – amostra retirada a meio do tratamento de estabilização, no dia 27 de Junho

de 2012 (com 27 dias de secagem);

A3 – no final do ensaio piloto, no dia 20 de Julho de 2012 (com 50 dias de

secagem).

Pode-se verificar que o valor do pH aumentou da primeira amostra para a segunda mas

esse valor desce, retomando aproximadamente ao valor inicial, na terceira amostra, nunca

chegando ao valor de pH 12 que seria o necessário para reduzir o teor bacteriano do

resíduo, assim, sugere-se a aplicação de cal apagada comercial quando se sentirem odores

indicativos de atividade microbiológica. Esta necessidade pode ser comprovada pela análise

dos valores de pH das amostras A2 (27 dias de secagem) e A3 (50 dias de secagem) da

tabela 8.3.

Ao analisar a percentagem de humidade presente no resíduo, verifica-se que esta

diminui ao longo do período do ensaio, o que revela que os leitos de secagem estão a

possibilitar a secagem do resíduo, diminuindo assim o seu volume para posterior transporte

até ao seu destino final. Assim, sugere-se um período de permanência de pelo menos 2

meses nos leitos de secagem, em tempo seco, e 3 meses em tempo húmido.

Os valores obtidos para o teor de carbono orgânico total do resíduo evidenciam que este

possui um elevado teor de matéria orgânica o que seria de esperar pois é um resíduo

proveniente de efluentes domésticos.

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Resultados e Discussão do Trabalho Experimental 49

ISEP | 2012

49

Tabela 8.3 Resultados da caracterização do resíduo em estudo ao longo do tratamento

Parâmetro Analítico Unidades

Amostras

A1

(resíduo bruto)

A2

(após 27 dias)

A3

(após 50 dias)

pH a 20ºC - 6,3 7,2 6,4

Humidade % 34,66 20,32 16,07

COT g COT/ kg de resíduo 64,3 210 140

As figuras seguintes permitem visualizar as diferenças de aspecto do resíduo ao longo

do ensaio. Na Figura 8.1 pode observar-se que o resíduo é bastante heterogéneo, contendo,

entre outros, têxteis, areias, terras e gradados o que dificulta a sua caracterização. No final

de um mês o resíduo já se apresenta relativamente mais seco, como traduz a reduçao da

percentagem de humidade de 35 para 20% (Tabela 8.3). É de salientar a influência das

condições metereológicas, que neste caso em particular são muito importantes. Note-se que

o tratamento foi realizado entre junho e julho, com dias de muito calor que favorecem a

secagem do resíduo. Ao fim de aproximadamente dois meses (50 dias) o resíduo já

apresentava um teor de humidade muito baixo (16%), como também se pode observar pela

Figura 8.3, o que mostra que a secagem foi conseguida e que o resíduo já poderá ser

transportado para destino final.

Figura 8.1 Resíduo após chegada aos leitos de secagem

Figura 8.2 Resíduo com um mês de tratamento

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50 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Figura 8.3 Resíduo no final do tratamento

8.3 Caraterização do eluato

Foram analisados todos os parâmetros referidos na tabela 4 da parte B do anexo IV do

Decreto-Lei n.º 183/2009, excepto fluoretos, arsénio, mercúrio, antimónio e selénio, pois não

existiam condições laboratoriais para a sua determinação. Os resultados dos parâmetros

que foram analisados para caracterização do eluato, ao longo do ensaio piloto, apresentam-

se na Tabela 8.4.

Ao analisar os resultados obtidos, verifica-se que os valores dos parâmetros cloretos,

sulfatos e SDT estão sempre abaixo do limite de lixiviação admissível em aterro para

resíduos não perigosos.

Para o carbono orgânico dissolvido, os valores obtidos são superiores a 1000 mg/kg de

matéria seca, valor limite de lixiviação aceitável. O Decreto-Lei n.º 183/2009, no entanto,

define que se o aterro for destinado à admissão de resíduos orgânicos, ou se o resíduo não

for suscetível de fermentar, este valor pode ser ultrapassado. A razão entre o COT do

resíduo e o COD do eluato permitiu obter a percentagem de lixiviação do carbono orgânico,

situando-se entre os 3 a 4 % de lixiviação para os ensaios realizados.

O valor do pH é básico, o que é favorável pois desta forma minimiza a lixiviação de

metais, o que não é de todo aconselhável.

Os valores para a condutividade, medida dos sais dissolvidos, não são muito elevados,

0,5 mS/cm, pelo que não é preocupante.

Ao analisar os resultados para os níveis de metais, verifica-se que apenas o zinco, na

última amostra, apresenta um valor acima do limite de lixiviação admissível em aterro de

resíduos não perigosos, 61 mg/kg de resíduos seco, no entanto este valor não está muito

acima do limite admissível (50 mg/kg de resíduos seco). Pela observação do histórico do

resíduo através do boletim de análise, que se encontra na figura B.1 do Anexo B, realizado

pela empresa em laboratório acreditado verifica-se que o valor do zinco é baixo e não

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Resultados e Discussão do Trabalho Experimental 51

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51

ultrapassa o limite de lixiviação, o que sugere que o valor encontrado poderá estar afectado

de um erro, nomeadamente de amostragem, tendo em conta a heterogeneidade do resíduo,

o que dificulta a obtenção de uma amostra representativa. Por outro lado de acordo com o

Decreto-Lei n.º 183/2009, o resíduo está classificado como “gradados” e “resíduos de

limpeza de esgotos”, códigos LER 19 08 01 e 20 03 06 respectivamente, ou seja, resíduos

urbanos classificados como não perigosos admitidos em aterros para resíduos não

perigosos. Não havendo necessidade de caracterização básica no caso do resíduo

classificado com o código LER 20 sugere-se a sua recolha e secagem em separado caso

seja mais vantajoso. Atualmente são recolhidos separadamente mas misturados nos leitos

de secagem pois a quantidade deste último é muito inferior, cerca de 200 t/ano, comparado

com 800 t/ano respectivamente para os resíduos com os código LER 20 03 06 e 19 08 01.

É de salientar também que os valores dos parâmetros bário e crómio vêm afectados de

um erro experimental, devido às condições operatórias que não foram as condições

aconselhadas para estas determinações. Foi usada uma chama ar/acetileno em vez de

ar/protóxido de azoto, pois não se encontrava disponível no laboratório de tecnologia do

Instituto Superior de Engenharia do Porto, onde a análise foi realizada.

Tabela 8.4 Resultados da análise ao eluato e valores limite de lixiviação para admissão em aterro

para resíduos não perigosos

Parâmetro Analítico Unidades

Amostras

Valor limite de

lixiviação A1

(resíduo bruto)

A2

(após 50 dias)

A3

(após 50 dias)

pH a 20ºC ------ 7,57 8,09 7,97 -

Condutividade eléctrica a 20ºC mS /cm 0,538 0,476 0,545 -

Cálcio mg Ca/kg amostra seca - - 2713 -

Bário mg Ba/kg amostra seca <10LQ

<10LQ

<10LQ

100

Cádmio mg Cd/kg amostra seca <1LQ

<1LQ

<1LQ

2

Crómio total mg Cr/kg amostra seca <2LQ

<2LQ

<2LQ

20

Cobre mg Cu/kg amostra seca <10LQ

<10LQ

<10LQ

50

Molibdénio mg Mo/kg amostra seca <4LQ

<4LQ

<4LQ

10

Níquel mg Ni/kg amostra seca <4LQ

<4LQ

<4LQ

10

Chumbo mg Pb/kg amostra seca <4LQ

<4LQ

<4LQ

10

Zinco mg Zn/kg amostra seca 5,75 4,82 61,0 50

Cloreto mg Cl/kg amostra seca 496 99,3 49,6 50000

Sulfato mg SO4/kg amostra seca 64,9 331,8 254,2 20000

Carbono Orgânico Dissolvido mg COD/kg amostra seca 2857 5354 3903 (a) 1000

Sólidos dissolvidos totais mg/kg amostra seca 9800 21400 11300 60000

(a) Sempre que o aterro for especialmente destinado à admissão de resíduos orgânicos, este valor poderá ser ultrapassado. Também poderá ser

ultrapassado sempre que se tratar de um resíduo que não seja susceptível de fermentar.

LQ - Limite de quantificação: valor a partir do qual a detecção não é quantitativa.

Parâmetro determinado por outro laboratório do ISEP.

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52 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Foi efectuada a análise do teor de cálcio no lixiviado de forma a perceber qual seria o

nível de lixiviação deste parâmetro no resíduo. Partindo dos cálculos efectuados

anteriormente em que a adição de cal apagada comercial seria de 10 kg de cal para 1 t de

resíduo fresco e que o resíduo no final do tratamento teria 16% de humidade, consegue-se

determinar que teria aproximadamente 6,4 g Ca/kg de resíduo seco. A análise do teor de

cálcio no eluato conduziu ao valor de 2,7 g Ca/kg de resíduo seco e através desses valores

consegue-se avaliar a percentagem de lixiviação que para este caso será de 42 %.

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Conclusão e Sugestões para Trabalhos Futuros 53

ISEP | 2012

53

Capítulo 9 Conclusão e Sugestões para Trabalhos Futuros

Este trabalho consistiu no estudo da gestão de resíduos produzidos no sistema de

drenagem e tratamento de águas residuais do município de Vila Nova de Gaia. A empresa

responsável pela distribuição de água e pela drenagem e tratamento de águas residuais,

está certificada pela norma NP EN ISO 14001 desde 2001. Um dos objectivos do trabalho

foi o enquadramento da gestão de resíduos em estudo na referida norma.

Para o resíduo em estudo foram analisadas as opções de tratamento e minimização de

impactes nos leitos de secagem de uma antiga ETAR de loteamento, onde será o local de

armazenamento temporário para o resíduo.

Uma das medidas propostas para a minimização de impactes no local de

armazenamento temporário do resíduo foi a estabilização com cal. Este tratamento foi

considerado o mais adequado e economicamente viável com base nas características do

resíduo e dos meios existentes na instalação para o tratamento. Os tratamentos térmicos e

biológicos seriam muito dispendiosos, e uma vez que a instalação não é o destino final do

resíduo, já que após o pré-tratamento com cal este será enviado para outro operador de

gestão de resíduos, conclui-se que não se justificaria tal investimento. Outra consideração

que foi tida em conta para a escolha do tratamento prendeu-se com a disponibilidade dos

leitos de secagem na instalação, que permitem só por si a secagem, com envio dos

lixiviados para coletor de saneamento, e por se tratar de um local apropriado ao tratamento

com cal. Esta opção permite uma economia para a realização do tratamento, já que não é

necessário o investimento em novas instalações.

Para o tratamento de estabilização concluiu-se que será necessário 10 kg de cal

apagada comercial por cada tonelada de resíduo fresco, o equivalente a uma dosagem de

1%, com um período mínimo de secagem de 2 meses. Outra das medidas de minimização

de impactes selecionada foi a implantação de uma cortina arbórea ao redor da instalação,

de forma a minimizar os odores e impacte visual.

A escolha do destino final apropriado para o resíduo em estudo centrou-se nas

características do resíduo, incluindo a sua composição e origem e também com base em

análises químicas realizadas durante o estudo. Sendo o resíduo em estudo muito

heterogéneo, constituído principalmente por areias, terras e gradados, a valorização foi

equacionada mas não foram encontradas alternativas viáveis. O destino final considerado

como mais adequado, tendo em conta todas as características do resíduo analisadas, bem

como os requisitos legais, foi o aterro para resíduos não perigosos.

Através das análises realizadas ao resíduo antes e após a adição com cal, verifica-se

que a cal não teve influência significativa nos parâmetros de admissão em aterro. No

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54 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

entanto, o pré-tratamento é vantajoso para a estabilização do resíduo, diminuição da

humidade e microrganismos.

Foi também objecto do estudo a identificação e análise de todos os aspectos ambientais

relacionados com a gestão de resíduos e a avaliação da sua significância. A identificação e

avaliação dos aspectos ambientais da empresa foram realizadas de acordo com o

procedimento interno da empresa.

Através do referido procedimento, foram identificados catorze aspectos ambientais dos

quais onze são futuros pois estão relacionados com ações a implementar no futuro, mas que

são planeadas no presente e abordados neste trabalho. Os restantes aspectos ambientais

ocorrem presentemente é o caso dos resíduos armazenados (gradados/limpeza de redes) e

os que podem ocorrer em situações de emergência como a fuga/derrame de óleos/

combustíveis devido ao transporte rodoviário do resíduo e cheiros/odores dada a origem do

resíduo em estudo.

De forma a minimizar os aspectos ambientais identificados, foram propostas ações que

estão esquematizados num programa de gestão onde se definem os objectivos, metas e

prazos. As principais medidas propostas no programa de gestão foram:

Estabilização com cal (inicial e reforço se necessário);

melhoria do espaço envolvente, nomeadamente a construção de via de acesso e

de instalações de poio, ligação à rede de água e saneamento, limpeza do

terreno;

análise de questões de saúde ocupacional/segurança;

ações de sensibilização ambiental e segurança aos profissionais;

adjudicação de prestação de serviços da recolha por operador licenciado;

implantação da cortina arbórea;

registo no SIRAPA;

criação planos de emergência ambiental e de segurança.

Apresentam-se as seguintes sugestões para trabalhos futuros:

Estudo vocacionado para a valorização do resíduo, nomeadamente avaliar a

possibilidade de incorporação do resíduo na indústria de cerâmicas ou em

cimenteiras;

Repetição do ensaio piloto e caracterização analítica efectuada separando os

dois tipos de resíduos, “gradados” e “resíduos de limpeza de esgotos”, de forma

a avaliar se esta situação será mais vantajosa para a empresa;

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Conclusão e Sugestões para Trabalhos Futuros 55

ISEP | 2012

55

Dependendo da emissão de odores, a adição intermédia de cal para garantir um

pH acima de 12 deverá ser acompanhada de análises microbiológicas ao

resíduo sólido de forma a confirmar a inexistência de microrganismos

patogénicos.

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Lista de referências bibliográficas 57

ISEP | 2012

57

Lista de referências bibliográficas

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Águas de Gaia, 2012. http://www.aguasgaia.eu (acedido em 06 de Março de 2012).

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da sua significância.” Procedeminento Geral da Qualidade/Ambiente/Segurança-

PGQAS13. 2009.

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APHA, AWWA, WEF. “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.”

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Cesan. Qualidade em Saneamento. 2012. http://www.cesan.com.br/news (acedido em 22 de

Março de 2012).

Decreto-Lei n.º 183/2009. “Estabelece o regime jurídico da deposição de resíduos em aterro,

as características técnicas e os requisitos a observar na concepção, licenciamento,

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República. 10 de Agosto de 2009.

Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho. “Regime geral aplicável à prevenção, produção e

gestão de resíduos.” Diário de República. 2011.

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58 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

EN 12457-4:2002. Characterization of waste-Leaching-Compliance test for leaching of

granular waste materials and sludges-Parte 4: One stage batch test at a liquid to solid

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Metcalf e Eddy. Wastewater Engineering - Treatment, Disposal Reuse,Third Edition.

McGraw Hill International Editions, 1991.

NP EN ISO 14001:2004. “Sistemas de gestão ambiental, Requesitos e linhas de orientação

para a sua utilização.(ISO 14001:2004).

Oliveira, J. F. S., Mendes, B. e Lapa, N.. Resíduos: Gestão, Tratamento e a sua

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Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março. “Lista de Resíduos.” Diário da República. 2004.

Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio. “Fixa as regras a que fica sujeito o transporte de

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Rodier, J. L'analyse de l'eur. Dunod: 7, 1984.

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Anexos 59

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59

Anexos

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60 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

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Anexo A Valores dos Limites de Lixiviação 61

ISEP | 2012

Anexo A Valores dos Limites de Lixiviação

Tabela A.1 Valores limite de lixiviação para resíduos não perigosos (Decreto-Lei n.º 183/2009)

Componente mg/kg de matéria seca

- L/S (*) =10 L/kg

As…………………………………………… 5

Ba…………………………………………… 100

Cd…………………………………………… 2

Cr total……………………………………… 20

Cu…………………………………………… 50

Hg…………………………………………… 0,5

Mo…………………………………………… 10

Ni…………………………………………… 10

Pb…………………………………………… 10

Sb…………………………………………… 0,7

Se…………………………………………… 0,5

Zn…………………………………………… 50

Cloreto (b) ………………………………… 50 000

Flureto……………………………………… 250

Sulfato (b) ………………………………… 20 000

COD………………………………………… (a) 1000

SDT (b) (sólidos dissolvidos totais) ………….. 60 000

(*) Relação líquido/sólido para libertação total.

(a) Sempre que o aterro for especialmente destinado à admissão de resíduos orgânicos, este valor poderá ser ultrapassado.

Também poderá ser ultrapassado sempre que se tratar de um resíduo que não seja susceptível de fermentar.

(b) Os valores para SDT podem ser utilizados em alternativa aos valores para o sulfato e o cloreto.

Tabela A.2 Valores limite de lixiviação para resíduos perigosos (Decreto-Lei n.º 183/2009)

Componente mg/kg de matéria seca

- L/S (*) =10 L/kg

As…………………………………………… 25

Ba…………………………………………… 300

Cd…………………………………………… 5

Cr total……………………………………… 70

Cu…………………………………………… 100

Hg…………………………………………… 2

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62 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

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Mo…………………………………………… 30

Ni…………………………………………… 40

Pb…………………………………………… 50

Sb…………………………………………… 5

Se…………………………………………… 7

Zn…………………………………………… 200

Cloreto (b) ………………………………… 25 000

Flureto……………………………………… 500

Sulfato (b) ………………………………… 50 000

COD………………………………………… (a) 1000

SDT (b) ……………………………………..……… 100 000

(*) Relação líquido/sólido para libertação total.

(a) Se o resíduo não satisfizer este valor relativamente ao COD ao seu próprio valor de pH, este poderá ser alternativamente

verificado com L/S = 10 l/kg e a um pH entre 7,5 e 8,0. O resíduo pode ser considerado conforme aos critérios de admissão

para COD se o resultado dessa determinação não exceder 1000 mg/kg (está disponível um projeto de método baseado na

prEN 14429).

(b) Os valores para SDT podem ser utilizados em alternativa aos valores para o sulfato e o cloreto.

Tabela A.3 Outros valores limite para resíduos perigosos (Decreto-Lei n.º 183/2009)

Parâmetros Valor

PI (perda por ignição) (a)…….…………... 10%

COT (a) ……………………………………… 6% (b)

CNA (capacidade de neutralização de ácidos) … Deve ser avaliado (c)

(a) Deve ser utilizado o parâmetro PI ou COT.

(b) Se este valor for ultrapassado, a entidade licenciadora pode admitir um valor limite superior, desde que seja respeitado o

valor limite de COD de 1000 mg/kg com L/S = 10 l/kg ao pH do próprio material ou a um pH de entre 7,5 e 8,0.

(c) De acordo com a parte C do anexo IV do Decreto-Lei n.º 183/2009.

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Anexo B Boletim de análise ao eluato 63

ISEP | 2012

Anexo B Boletim de análise ao eluato

Tabela B.1 Boletim de análise do eluato em Novembro de 2009, fornecido pela empresa de distribuição de água e pela drenagem e tratamento de águas residuais

Parâmetro Analítico Unidades Valor obtido Valor limite de

lixiviação

pH a 20ºC ------ 6,8 - Condutividade

eléctrica a 20ºC mS /cm 0,28 -

Arsénio mg As / kg amostra seca

0,026 5

Bário mg Ba / kg amostra seca

0,26 100

Cádmio mg Cd / kg amostra seca 0,005 2

Crómio total mg Cr / kg amostra seca

0,017 20

Cobre mg Cu / kg amostra seca 0,051 50

Mercúrio mg Hg / kg amostra seca <0,002LQ

0,5

Molibdénio mg Mo / kg amostra seca 0,061 10

Níquel mg Ni / kg amostra seca 0.35 10

Chumbo mg Pb / kg amostra seca 0,11 10

Antimónio mg Sb/ kg amostra seca 0,021 0,7

Selénio mg Se / kg amostra seca <0,02LQ

0,5

Zinco mg Zn / kg amostra seca 0,77 50

Cloreto mg Cl / kg amostra seca 18 50000

Fluoreto mg SO4 / kg amostra seca <2LQ

250

Sulfato mg F / kg amostra seca 590 20000

Carbono Orgânico

Dissolvido mg COD / kg amostra seca 210 (a) 1000

Sólidos

Dissolvidos Totais mg / kg amostra seca 2320 60000

LQ - Limite de quantificação: valor a partir do qual a detecção não é quantitativa.

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64 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

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Anexo C Cálculos 65

ISEP | 2012

Anexo C Cálculos

C.1 Cálculo do teor de humidade

Para determinar o teor de humidade, secou-se uma amostra com o resíduo pesado

rigorosamente, a 105ºC durante 2 h até peso constante numa estufa. Posteriormente foi

colocado em excicador até arrefecer e pesado de seguida o cadinho com a amostra seca.

A expressão para calcular o teor de humidade é a seguinte:

( )

Equação C.1

mas- massa da amostra seca (g)

mah- massa da amostra húmida (g)

Tabela C.1 Valores experimentais para o cálculo da humidade

C.2 Cálculo para a dosagem óptima de cal

Para este cálculo selecionou-se o ensaio para o qual foi necessária a menor quantidade

de cal, de forma a estabilizar o resíduo para pH igual ou superior a 12.

Para conhecer a quantidade de cal a adicionar a 1 tonelada de resíduo utilizou-se a

seguinte expressão:

( )

( )

Equação C.2

C.3 Determinação dos sólidos dissolvidos totais

A expressão utilizada para determinar os sólidos dissolvidos totais (SDT):

(

)

( )

( ) Equação C.3

Amostra A1 A2 A3

Massa da amostra húmida (g) 9,194 8,044 1,286 1,125 1,689 2,015

Massa da amostra seca (g) 5,799 5,439 1,051 0,873 1,455 1,646

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66 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

A – massa do resíduo seco+ cadinho (mg)

B – massa do cadinho (mg)

Para converter mg SDT/L de eluato em mg SDT/kg de matéria seca de resíduo pela

norma EN12457-4:

(

) (

) (

) Equação C.4

Tabela C.2 Resultados experimentais e cálculos para a concentração de SDT no resíduo

Amostra A1 A2 A3

Massa cadinho (mg) 93265,9 101978,7 93272,9

Massa do resíduo + cadinho (mg) 93275,7 102000,1 93284,2

Volume da amostra (ml) 10,00 10,00 10,00

SDT (mg/L) 980 2140 1130

SDT (mg/kg) 9800 21400 11300

C.4 Cálculos para a determinação do teor de cloretos

(

)

( )

Equação C.5

Para converter mg Cl/L de eluato em mg Cl/kg de matéria seca de resíduo pela norma

EN12457-4:

(

) (

) (

) Equação C.6

Ntit – Normalidade do nitrato de prata

VA – Volume de nitrato de prata gasto na titulação da amostra (ml)

VB – Volume de nitrato de prata gasto na titulação do branco (ml)

Vtoma – Volume de amostra usado (ml)

Tabela C.3 Resultados experimentais e cálculos para a concentração de cloretos no resíduo

Amostra A1 A2 A3

Volume gasto na titulação (ml) 1,90 1,10 1,00

Cloretos diluídos 10x (mg/L) 4,96 0,993 0,496

Cloretos (mg/L) 49,6 9,93 4,96

Cloretos (mg/kg) 496 99,3 49,6

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Anexo C Cálculos 67

ISEP | 2012

Normalidade – 0,014

VB – 0,9 ml

C.5 Cáculos para a determinação do teor de sulfatos

Para a determinação da concentração de sulfato no resíduo utilizou-se a seguinte

expressão:

(

)

Equação C.7

C – mg SO42-/L dados pela curva de calibração, atraves da leitura no espectrofotómetro

V – Volume da toma usada (ml)

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de sulfatos está representada na

Figura C.1.

Figura C.1 Representação gráfica da curva de calibração para os Sulfatos

Para converter mg SO42-/L de eluato em mg SO4

2-/kg de matéria seca de resíduo pela

norma EN 12457-4:

( ) (

) (

) Equação C.8

y = 0,0065x - 0,0137 R² = 0,9976

0,000

0,300

0,600

0,0000 45,0000 90,0000

A

b

s

.

mg/L

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68 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Tabela C.4 Registo da absorvância e cálculo do teor de sulfatos

Amostra A1 A2 A3

Absorvância 0,037 0,02 0,208 0,196 0,156 0,147

Absorvância média (A) 0,0285 0,202 0,1515

Sulfatos (mg/L) 6,49 33,2 25,42

Sulfatos (mg/kg) 64,9 331,8 254,2

C.6 Análise de metais

Na realizaçao das análises aos metais, a amostra foi concentrada duas vezes e em

algumas leituras a mesma amostra foi diluída para se conseguir quantificar o metal em

análise. Para converter os metais em mg/kg de matéria seca de resíduo utilizou-se a

seguinte expressão:

(

) (

) (

) Equação C.9

Os metais analisados e os respectivos cálculos serão apresentados em seguida.

Zinco

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de zinco está representada na figura

seguinte.

Figura C.2 Representação gráfica da curva de calibração para o Zinco

y = 0,4302x + 0,003 R² = 0,9969

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

0,2

0 0,2 0,4 0,6

Ab

s.

Conc. (mg/L)

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Anexo C Cálculos 69

ISEP | 2012

Tabela C.5 Registo da absorvância e cálculo do teor de Zinco

Amostra A1 A2 A3

Abs. 0,102 0,086 0,045

Conc. (mg/L) 0,230 0,193 0,098

Concentrada 2X Diluição 5x Diluição 125x

Conc. Real (mg/L) 0,575 0,482 6,102

Conc. (mg/kg resíduo) 5,753 4,823 61,018

Cádmio

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de cádmio está representada na

figura seguinte.

Figura C.3 Representação gráfica da curva de calibração para o Cádmio

Tabela C.6 Registo da absorvância e cálculo do teor de Cádmio

Amostra A1 A2 A3

Abs. 0,010 0,016 0,011

Conc. (mg/L) <0,1LQ <0,1LQ <0,1LQ

y = 0,1621x + 0,0031 R² = 0,9945

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0 0,2 0,4 0,6

Ab

s.

Conc. (mg/L)

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70 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Cálcio

Para a análise do cálcio na amostra, foi utilizada a seguinte recta de calibração obtida na

leitura dos padrões no aparelho de absorção atómica.

Figura C.4 Representação gráfica da curva de calibração para o Cálcio

Tabela C.7 Registo da absorvância e cálculo do teor de Cálcio

Amostra A1 A2 A3

Abs >0,5 >0,5 0,09

Conc. (mg/L) - - 4,341

Concentrada 2x Diluição 125x

Conc. Real (mg/L)

271,3

Conc. (mg/kg resíduo)

2713

Crómio Total

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de crómio total está representada na

figura seguinte.

Figura C.5 Representação gráfica da curva de calibração para o Crómio Total

y = 0,0205x + 0,001 R² = 0,9972

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0 2 4 6

Ab

s.

Conc. (mg/L)

y = 0,0311x + 0,004 R² = 0,9938

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0 1 2 3 4 5

Ab

s.

Conc. (mg/L)

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Anexo C Cálculos 71

ISEP | 2012

Tabela C.8 Registo da absorvância e cálculo do teor de Crómio total

Amostra A1 A2 A3

Abs. 0,001 0,004 0,004

Conc. (mg/L) <0,2LQ <0,2LQ <0,2LQ

Cobre

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de cobre está representada na figura

seguinte.

Figura C.6 Representação gráfica da curva de calibração para o Cobre

Tabela C.9 Registo da absorvância e cálculo do teor de Cobre

Amostra A1 A2 A3

Abs. 0,014 0,034 0,042

Conc. (mg/L) <1LQ <1LQ <1LQ

y = 0,1262x - 0,0092 R² = 0,9964

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 2 4 6

Ab

s.

Conc. (mg/L)

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72 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Níquel

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de níquel está representada na

figura seguinte.

Figura C.7 Representação gráfica da curva de calibração para o Níquel

Tabela C.10 Registo da absorvância e cálculo do teor de Níquel

Amostra A1 A2 A3

Abs 0,017 0,007 0,031

Conc. (mg/L) <0,4LQ <0,4LQ <0,4LQ

Chumbo

A curva de calibração utilizada nos cálculos do teor de chumbo está representada na

figura seguinte.

Figura C.8 Representação gráfica da curva de calibração para o Chumbo

y = 0,078x + 0,0092 R² = 0,9939

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0 2 4 6

Ab

s.

Conc. (mg/L)

y = 0,0408x + 0,0055 R² = 0,996

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 2 4 6

Ab

s.

Conc. (mg/L)

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Anexo C Cálculos 73

ISEP | 2012

Tabela C.11 Registo da absorvância e cálculo do teor de Chumbo

Amostra A1 A2 A3

Abs 0,007 0,015 0,018

Conc. (mg/L) <0,4LQ <0,4LQ <0,4LQ

C.7 Preparaçao do eluato

As expressoes usadas para o cálculo do volume de lixiviante retidados da Norma

Europeia EN 12457-4:2002.

Percentagem de Materia Seca – DR

( )

Equação C.10

Onde:

MD – massa seca (kg)

Mw – massa humida (kg)

Percentagem de humidade em base seca – Mc

( ) ( )

Equação C.11

Massa total a pesar – Mw’

( )

Equação C.12

A norma especifica que a massa total a pesar (Mw’) deve conter 0,090 0,005 kg de

massa seca MD’.

Volume de lixiviante a adicionar – L

(

) Equação C.13

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74 Gestão de resíduos produzidos num sistema de drenagem e tratamento de águas residuais

ISEP | 2012

Na Tabela C.12 estão registados os valores resultantes dos cálculos efectuados de

acordo com a norma europeia EN 12457-4:2002. É de salientar que na amostra A2 a massa

pesada e consequentemente o volume de lixiviado utilizado para o ensaio foi metade do

valor calculado por não existir resíduo suficiente.

Tabela C.12 Resultados dos cálculos efectuados para a preparação do eluato

Amostra A1 A2 A3

Mw (kg) 0,0086 0,0012 0,0019

MD (kg) 0,0056 0,0010 0,0016

DR (%) 65,20 79,80 83,70

MC (%) 53,41 25,28 19,42

Mw' (kg) 0,138 0,113 0,107

L (L) 0,852 0,877 0,883