gestão de redes sociais para parlamentares

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1 Poder Legislativo e redes sociais na internet: como a Câmara dos Deputados se utiliza do Facebook e Twitter para divulgação dos trabalhos legislativos? Fernanda Vasques Ferreira 1 RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar de que maneira a Câmara dos Deputados se apropria e utiliza as redes sociais na internet, como Facebook e Twitter, para divulgar os trabalhos legislativos. Para tal, como método, a proposta consiste em uma revisão bibliográfica sobre o jornalismo e as rotinas de produção na web, em específico nas redes sociais na internet. Além disso, este artigo prevê um estudo sobre as páginas do Facebook e do Twitter da Câmara dos Deputados e a realização de entrevista com a equipe responsável pelo trabalho de apuração, produção, adequação do texto e postagem nas respectivas redes. O estudo se justifica na medida em que contribui para o entendimento das formas de utilização das redes sociais na internet por uma das casas do Congresso Nacional. Além disso, o trabalho permite a compreensão das rotinas produtivas de um centro político do poder legislativo, instância de debates e discussões. Assim, considerando-se a preponderância e emergência de das redes sociais na internet e as novas configurações que o jornalismo passa a ter, a pergunta que orienta este trabalho é: de que maneira a Câmara dos Deputados se utiliza do Facebook e Twitter para divulgação dos trabalhos legislativos? PALAVRAS-CHAVE: Facebook. Twitter. Rotinas produtivas. Câmara dos Deputados. Redes sociais. Introdução Desde o surgimento da rede mundial de computadores, as mudanças nos processos comunicacionais aparentam acontecer em um espaço de tempo cada vez menor em comparação com as mudanças registradas nos e pelos meios de comunicação tradicionais. Thompson (2005) discute em seu livro a emergência da comunicação mediada em contraposição à comunicação face a face ou de co-presença. A partir do século XX, os meios de comunicação de massa 2 passam a desempenhar papel importante na sociedade uma vez que são estes suportes que oferecem às pessoas um recorte da realidade social conforme refletem Berger e Luckmann (2004). 1 Fernanda Vasques Ferreira é doutoranda no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e professora dos cursos de Comunicação - Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília (UCB). 2 O conceito de massa aqui é compreendido a partir da noção de meios de comunicação que se dirigem a uma pluralidade de indivíduos.

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Artigo sobre redes sociais a parlamentares.

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    Poder Legislativo e redes sociais na internet: como a Cmara dos Deputados se utiliza do Facebook e Twitter para divulgao

    dos trabalhos legislativos?

    Fernanda Vasques Ferreira1

    RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar de que maneira a Cmara dos Deputados se apropria e utiliza as redes sociais na internet, como Facebook e Twitter, para divulgar os trabalhos legislativos. Para tal, como mtodo, a proposta consiste em uma reviso bibliogrfica sobre o jornalismo e as rotinas de produo na web, em especfico nas redes sociais na internet. Alm disso, este artigo prev um estudo sobre as pginas do Facebook e do Twitter da Cmara dos Deputados e a realizao de entrevista com a equipe responsvel pelo trabalho de apurao, produo, adequao do texto e postagem nas respectivas redes. O estudo se justifica na medida em que contribui para o entendimento das formas de utilizao das redes sociais na internet por uma das casas do Congresso Nacional. Alm disso, o trabalho permite a compreenso das rotinas produtivas de um centro poltico do poder legislativo, instncia de debates e discusses. Assim, considerando-se a preponderncia e emergncia de das redes sociais na internet e as novas configuraes que o jornalismo passa a ter, a pergunta que orienta este trabalho : de que maneira a Cmara dos Deputados se utiliza do Facebook e Twitter para divulgao dos trabalhos legislativos? PALAVRAS-CHAVE: Facebook. Twitter. Rotinas produtivas. Cmara dos Deputados.

    Redes sociais.

    Introduo

    Desde o surgimento da rede mundial de computadores, as mudanas nos

    processos comunicacionais aparentam acontecer em um espao de tempo cada vez

    menor em comparao com as mudanas registradas nos e pelos meios de

    comunicao tradicionais. Thompson (2005) discute em seu livro a emergncia da

    comunicao mediada em contraposio comunicao face a face ou de co-presena.

    A partir do sculo XX, os meios de comunicao de massa2 passam a desempenhar

    papel importante na sociedade uma vez que so estes suportes que oferecem s

    pessoas um recorte da realidade social conforme refletem Berger e Luckmann (2004).

    1 Fernanda Vasques Ferreira doutoranda no Programa de Ps-Graduao da Faculdade de

    Comunicao da Universidade de Braslia (UnB) e professora dos cursos de Comunicao - Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Catlica de Braslia (UCB). 2 O conceito de massa aqui compreendido a partir da noo de meios de comunicao que se dirigem

    a uma pluralidade de indivduos.

  • 2

    O surgimento das redes sociais na internet e a consolidao delas como

    espaos de compartilhamento de contedo e de relacionamento marca um momento

    importante das comunicaes. Segundo Pierre Lvy (1988) a internet permite a

    mudana do paradigma emissor receptor sustentado incialmente pela teoria

    hipodrmica da Escola Americana ou communication research e permite que todos

    passem a ser emissores e receptores ao mesmo tempo. Nas redes sociais na internet

    isso se torna mais possvel ao passo que cada indivduo ou instituio, por meio de um

    perfil, consegue produzir e compartilhar informaes e contedos para suas redes de

    contatos.

    De acordo com Parry (2012), desde o surgimento das primeiras formas escritas

    (cuneiforme, hierglifos), passando pela institucionalizao do latim como idioma

    oficial em Roma, a Acta Diurna afixada nas paredes do Senado Romano, o restrito

    acesso aos livros e s bibliotecas, o conhecimento e as informaes ficaram restritas a

    uma elite. Escribas, copistas e religiosos tinham acesso s informaes. Nesse sentido,

    h que se destacar o grande feito de Gutenberg em 1454 quando inventou a prensa

    e imprimiu a Bblia de 42 linhas. Esse foi um significativo momento de nossa passagem

    histrica que marcou o desenvolvimento das comunicaes, pois com a prensa de

    Gutenberg foi possvel ampliar as formas de registro e reproduo, aumentando as

    chances de pluralizar o acesso a livros, folhas informativas, jornais e outros

    documentos.

    Segundo Hohfeldt (2002), a revoluo dos transportes aliada s tcnicas de

    impresso desenvolvidas no sculo XV, o desenvolvimento do comrcio e a

    urbanizao impulsionaram a consolidao do que chamamos hoje de meios de

    comunicao de massa e que at recentemente se restringiam aos meios tradicionais

    (impresso, rdio, televiso). Somente a partir de 1989 conhecemos a world wide web

    (rede mundial de computadores) criada por Tim Bernes Lee. E foi a partir deste ano

    que as transformaes no campo comunicacional se tornaram cada vez mais rpidas e

    volteis incorporando novas formas de fazer comunicao, alterando processos e

    padres antes consolidados nos ento meios tradicionais. Inicia-se uma era de

    convergncia digital conforme Jenkins (2009) em que as produes na internet passam

    a incorporar diferentes linguagens e produzir a sua prpria.

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    Considerando o exposto, este artigo tem como pergunta norteadora: como se

    d a utilizao das redes sociais Facebook e Twitter pela Cmara dos Deputados para

    divulgao dos trabalhos legislativos? Assim, este trabalho visa analisar como a Cmara

    dos Deputados se utiliza dessas duas plataformas para a divulgao dos trabalhos

    legislativos. Tomam-se como pontos de partida aportes tericos a partir de uma

    reviso bibliogrfica que consideram autores como Lvy (1998), Zago (2011),

    Canavilhas (2001;2010), Wolf (2001). Este trabalho tambm utiliza entrevista realizada

    com a coordenadora da Divulgao Institucional, ligada Assessoria de Imprensa da

    Cmara dos Deputados. A entrevista associada s observaes das redes, contriburam

    para a compreenso de como se do as rotinas de produo para o Twitter e para o

    Facebook da instituio com vistas a contribuir para a avaliao das referidas

    plataformas da Cmara dos Deputados na internet.

    Rotinas produtivas tradicionais

    Segundo Wolf (2001), a j consagrada e respeitada teoria do newsmaking se

    articula entre dois limites: a cultura profissional dos jornalistas e a organizao do

    trabalho e dos processos produtivos. Produzida a partir dos estudos de Kurt Lewin

    sobre os processos de gatekeeping, a nfase dada pelos estudos dos emissores

    estabeleceu marcos importantes em relao produo jornalstica a partir do mtodo

    da observao participante e da sociologia das profisses. A inquietao sobre como as

    notcias so produzidas, por que elas so como so e que critrios so levados em

    conta para a constituio de um cardpio ou menu de assuntos para os leitores dos

    jornais conduziram pesquisas importantes ao longo do sculo XX.

    O objectivo declarado de qualquer rgo de informao fornecer relatos dos acontecimentos significativos e interessantes. Apesar de ser, evidentemente, um propsito claro, este objectivo , como muitos outros fenmenos aparecente simples, inextricavelmente complexo. O mundo da vida quotidiana - a fonte das notcias - constitudo por uma superabundncia de acontecimentos [...]. So esses acontecimentos que o rgo de informao deve seleccionar. A seleco implica, pelo menos, o reconhecimento de que um acontecimento um acontecimento e no uma casual sucesso de coisas cuja forma e cujo tipo se subtraem ao registo. O objectivo de selecionar tornou-se mais difcil devido a uma caracterstica posterior

  • 4

    dos acontecimentos. Cada um deles pode exigir ser nico, fruto de uma conjuno especfica de foras sociais, econmicas, polticas e psicolgicas que transformaram um acontecimento neste acontecimento particular *...+ (TUCHMAN apud WOLF, 2001:188)

    Ante o exposto, h uma clara necessidade de os rgos de imprensa

    organizarem e selecionarem os acontecimentos a partir de uma ordenao hierrquica

    que envolvem considerar alguns fatos e desprezar outros tantos. E essa organizao

    implica considerar a cultura profissional calcada em cdigos, esteretipos e

    convenes dos jornalistas, bem como as restries organizativas que determinam o

    que notcia e legitimam o processo produtivo do jornalismo, estabelecendo-se assim

    a noticiabilidade de cada acontecimento. Isso significa dizer: que caractersticas tem

    um fato para ser transformado em notcia. Quer dizer, a noticiabilidade est

    estreitamente relacionada com os processos de rotinizao e de estandardizao das

    prticas produtivas (...) (WOLF, 2001:190). Essa teoria, portanto, contextualizada

    conforme explica Hohfeldt:

    A hiptese de newsmaking d especial nfase produo de informaes, ou melhor, potencial transformao dos acontecimentos cotidianos em notcias. Deste modo, especialmente sobre o emissor, no caso o profissional da informao, visto enquanto intermedirio entre o acontecimento e sua narratividade, que a notcia, est centrada a ateno destes estudos, que incluem sobremodo o relacionamento entre fontes primeiras e jornalistas, bem como as diferentes etapas da produo informacional, seja ao nvel da captao da informao, seja em seu tratamento e edio e, enfim, em sua distribuio. (HOHFELDT, 2002:204)

    Nesse contexto, o estudo de Kurt Lewin, realizado em 1947, sobre os

    gatekeepers ou portes selecionadores, sobre as dinmicas que agem no interior dos

    grupos sociais, em especial no que se refere aos problemas ligados modificao dos

    hbitos alimentares, sinalizou para a existncia de zonas que podem funcionar como

    cancelas que podem bloquear o canal. Isso no se restringiria s questes alimentares,

    mas se estenderia tambm sequncia de uma informao, dada por meio de canais

    comunicativos em um determinado grupo. As zonas filtros so controladas por

    sistemas objectivos de regras ou por gatekeepers. Neste ltimo caso, h um indivduo,

    ou um grupo, que tem o poder de decidir se deixa passar a informao ou se a

    bloqueia. (WOLF, 2001: 180)

  • 5

    D. M. White passou a estudar esse conceito no desenvolvimento do fluxo de notcias

    dentro de canais organizativos dos rgos de informao. A partir de um estudo de

    caso - analisando como procede Mr. Gates, um jornalista com 25 anos de experincia,

    que trabalha em uma cidade de cem mil habitantes e que tem a funo de selecionar,

    chegou a seguinte estatstica:

    A pesquisa de White revela que das 1333 explicaes para a recusa de uma notcia, cerca de 800 atribuam-na falta de espao e cerca de 300 referiam ou uma sobreposio com histrias j selecionadas, ou falta de interesse jornalstico, ou falta de qualidade da escrita. Outros 76 casos diziam respeito a acontecimentos em reas demasiado afastadas do jornal e, por isso, presumivelmente desprovidas de interesse para o leitor [...] (WOLF, 2001:181)

    Esta constatao levou Lewin a cunhar o termo gatekeeping que, segundo

    Shoemaker e Vos (2011: 11), significa: o processo de seleo e transformao de

    vrios pequenos pedaos de informao na quantidade limitada de mensagens que

    chegam s pessoas diariamente, alm de ser o papel central da mdia na vida

    moderna. Segundo os autores, os leitores confiam em mediadores para transformar e

    racionalizar os inmeros eventos e acontecimentos em um subgrupo gerencivel de

    mensagens miditicas. Todavia, esse processo de seleo parece ser impossvel, mas

    um longo e consolidado ritual composto por regras operativas do modo de fazer

    notcias garante que isso seja possvel.

    Desse modo, o que se apreende que no que corresponde organizao do

    trabalho informativo dos emissores, o gatekeeper desempenha um papel

    fundamental. Mas alm desse porto selecionador, outro elemento importante so os

    valores-notcia que se encontram profundamente enraizados em todo o processo

    informativo. Os valores-notcia so um componente da noticiabilidade. Eles constituem

    a resposta a seguinte pergunta: quais os acontecimentos que so considerados

    suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados

    em notcias? Esses valores funcionam, na prtica, conjuntamente a partir de

    combinaes e no so importantes somente no processo de seleo. So linhas guias

    para a apresentao do material sugerindo o que deve ou no ser realado para

    apresentar ao pblico.

    Os valores-notcia so, portanto, regras prticas que abrangem um corpus de conhecimentos profissionais que, implicitamente, e, muitas vezes, explicitamente, explicam e guiam os procedimentos

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    operativos redactoriais. (...) Os valores-notcia so qualidades dos acontecimentos, ou da sua construo jornalstica, cuja presena ou cuja ausncia os recomenda para serem includos num produto informativo. Quanto mais um acontecimento exibe essas qualidades, maiores so as suas possibilidades de ser includo. (GOLDING E ELLIOTT apud WOLF, 2001:196)

    A partir do exposto, possvel indicar que o gatekeeper e os valores-notcia so

    fundamentais para o processo de produo informativa. Para tanto, pode-se resumir

    que, tradicionalmente, centra-se na recolha, seleo e apresentao das notcias e que

    para tal, os critrios descritos passam, fundamentalmente, pelos elementos

    anteriormente discutidos neste trabalho.

    Rotinas produtivas nas redes

    O que a teoria do newsmaking preconiza na sua formulao inicial aponta para

    rotinas produtivas calcadas em emissores que tendem a ser sempre os jornalistas.

    Todavia, o advento das redes sociais na internet altera os fluxos informacionais e

    promovem um remodelamento do processo comunicativo contemporneo.

    Num jornal tradicional o leitor que discorda de uma determinada ideia veiculada pelo jornalista limita-se a enviar uma carta para o jornal e a aguardar a sua publicao numa edio seguinte, tendo habitualmente que invocar a Lei de Imprensa para o conseguir. Por vezes a carta s publicada dias depois e perde completamente a actualidade. Outras vezes o jornalista no responde, ou f-lo de forma a encerrar a discusso, fechando a porta a rplicas. No webjornal a relao pode ser imediata. A prpria natureza do meio permite que o webleitor interaja no imediato. Para que tal seja possvel o jornalista deve assinar a pea com o seu endereo electrnico. Dependendo do tema, as notcias devem incluir um "faa o seu comentrio" de forma a poder funcionar como um frum. No webjornalismo a notcia deve ser encarada como o princpio de algo e no um fim em si prpria. Deve funcionar apenas como o "tiro de partida" para uma discusso com os leitores. Para alm da introduo de diferentes pontos de vista enriquecer a notcia, um maior nmero de comentrios corresponde a um maior nmero de visitas, o que apreciado pelos leitores. (CANAVILHAS, 2001: 03)

    possvel dizer que a produo jornalstica para a internet j superou trs

    fases: a transposio do contedo original do jornal para a web sem alterao; a

    insero de hiperlinks e multimdia e a terceira fase que se caracteriza por contedos

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    efetivamente desenvolvidos para a web, levando em conta esse espao como sendo

    legtimo na distribuio de notcias.

    Coberturas minuto a minuto, difuso de ltimas notcias, informaes sobre bastidores da publicao jornalstica, envio de atualizaes diretamente do local do acontecimento via dispositivos mveis, dentre outros, seriam algumas possibilidades de utilizao do Twitter, que j vm sendo postas em prtica por organizaes jornalsticas de todo o mundo. (ZAGO, 2009:71)

    Pavlik apud Jorge e Kwiatkoski (2013) explica que combinadas, essas

    ferramentas fornecem aos profissionais da imprensa tcnicas cada vez mais eficazes na

    busca de fontes, verificao dos fatos e at no cumprimento de prazos. Jorge e

    Kwiatkoski (2013) explicam que a possibilidade de maior interao, criao de

    contedo prprio, facilidade de distribuio e agilidade na difuso de informaes so

    fatores que colaboram na construo do fenmeno das redes sociais na internet.

    Com os jornalistas no diferente e as mdias sociais parecem estar inseridas em sua rotina. O recurso mdia social, como fonte para a construo da notcia, aparece como novo componente do fazer jornalstico. Uma pesquisa realizada pela Oriella PR Network (agncia de solues em comunicao), em 2012, com 600 jornalistas em 16 pases, apontou que 54% dos entrevistados utilizam atualizaes postadas nas mdias sociais em matrias. O nmero cai para menos que a metade, 26%, quando se trata de utilizar perfis de fontes desconhecidas. (JORGE E KWIATKOSKI, 2013: 09-10)

    Assim, o jornalismo contemporneo contaria com a contribuio das redes

    sociais para a busca de informaes atualizadas, alm de contribuir com a busca de

    fontes, o que de certa forma revela uma mudana em relao ao paradigma clssico

    das rotinas produtivas baseado em fontes. Estudo das duas autoras sobre o uso do

    Twitter e Facebook no que respeita s rotinas produtivas do Jornal Correio Braziliense

    concluiu que as respectivas redes invadiram as redaes a partir dos prprios

    jornalistas que compem a equipe do jornal. E, assim, as pesquisadoras entendem que

    as mdias sociais - Twitter e Facebook - contribuem para a busca de pautas, atualizao

    e para a descoberta de novos acontecimentos. As duas plataformas, segundo o estudo,

    aproximam jornalistas da redao histrias, fontes e personagens, incluindo a

    participao do leitor em relao notcia.

  • 8

    A diversidade de temas e de pessoas encontradas nesse novo espao, aliada rapidez com que os acontecimentos se desenrolam, so fatores que transformam sua presena nas redaes numa realidade cada dia mais concreta - apesar de essas mdias serem vistas ainda como entretenimento. (...) Segundo os entrevistados, o novo cenrio profissional no jornalismo exige: que o jornalista se conecte; que ele saiba manejar as ferramentas virtuais e buscar dados via rede; que esteja ligado a alguma mdia social. (JORGE E KWIATKOSKI, 2013: 17)

    Os dados obtidos na pesquisa sobre o uso do Twitter e do Facebook no Jornal

    Correio Braziliense apontam para uma tendncia de plena utilizao e ativa

    dependncia das fontes presentes nas mdias sociais no processo de produo das

    notcias, em especfico em editorias como cultura e poltica.

    Sobre as alteraes nas rotinas produtivas na web, Canavilhas (2011, p. 04)

    aponta que Sem limitaes espaciais, o jornalista pode publicar uma maior

    quantidade de notcias nos mais variados formatos e com possibilidade de ligao a

    outras fontes e documentos atravs de links. Se de um lado, a internet e a ausncia

    de limitaes de espao contribuem, de outro, so obstculos para os leitores pelo alto

    volume de informaes reunidos no espao ciberntico. O autor acrescenta

    Aos meios de comunicao juntam-se ainda os contedos produzidos por empresas, instituies e utilizadores que alimentam sites, blogues e redes sociais, gerando-se um caudal informativo que os utilizadores no conseguem acompanhar. Esta realidade criou a necessidade de mecanismos de triagem, tendo surgido os leitores de feeders, as tags, etc. Ainda assim, a quantidade de informao na Web tal que os consumidores continuam procura de novos mecanismos de seleco. (CANAVILHAS, 2011:04)

    Em um estudo realizado em 2010 e citado por Canavilhas (2011), 42% dos

    americanos comeam o dia consultando as redes sociais (Facebook e Twitter). Cerca

    de metade dos americanos optam pela leitura das notcias em redes sociais na internet

    porque confiam na seleo noticiosa feita pelos amigos. A Pesquisa Brasileira de

    Midia3, realizada em 2014, aponta que mais de 32% dos entrevistados citam as redes

    sociais como sendo os sites de maior acesso entre eles, em especial o Facebook. A

    pesquisa se ateve tambm ao nvel de confiana atribudo aos meios de comunicao

    3 Pesquisa Brasileira de Mdia foi realizada pela Secretaria de Comunicao Social da Presidncia da

    Repblica e divulgada em maro de 2014 e contempla todos os estados brasileiros com amostras representativas conforme metodologia apresentada no documento original.

  • 9

    pelos entrevistados. As redes sociais, curiosamente, na pesquisa brasileira ficaram em

    ltimo lugar, depois respectivamente do jornal impresso, rdio, televiso e blogs, o

    que revela tambm uma diferena de consumo entre americanos e brasileiros,

    conforme as duas pesquisas.

    Segundo Canavilhas (2011, p. 05) esta realidade permite verificar que

    primeira aco de gatekeeping dos jornalistas, segue-se uma segunda protagonizada

    por utilizadores de referncia, porm esta segunda aco de seleco apresenta

    caractersticas diferentes da anterior (...). Assim, segundo o professor e pesquisador,

    as redes sociais na internet indicam pistas de leitura.

    Canavilhas (2011) aponta para o surgimento de uma nova funo: a de

    gatewatcher que funcionaria como um analista de mercados financeiros que orienta e

    aconselha seus seguidores, no caso do Twitter, e seus amigos, no Facebook. Isso faz

    com que um grupo de leitores seja transformado em uma comunidade e corresponde,

    curiosamente, segundo o autor, a uma funo do jornalismo: ajudar o pblico receptor

    a hierarquizar os acontecimentos conforme mencionado anteriormente. Assim, ao

    contrrio do modelo tradicional do processo comunicativo, tem-se as comunidades

    que so uma forma de comunicao bidirecional (muitos para muitos), marcada por

    alguma relao de proximidade entre os membros das redes sociais na internet. Esse

    seria o novo modelo do processo comunicativo caractersticos de meios que permitem

    interatividade.

    Os resultados permitem concluir que, em mdia, a aco dos gatewatchers representa 26% das leituras registadas numa notcia referenciada. Os outliers (12 e 58%) resultam de duas situaes especiais: no primeiro caso foram consideradas apenas as leituras directas (o jornal em causa no disponibiliza estatsticas na sua pgina) e no segundo trata-se de uma notcia que registava um baixo nmero de visitas pelo que a referncia teve um peso acima do habitual. Dado que visitas foram registadas em quatro perodos (1, 3, 6 e 24 horas depois da referncia) foi possvel verificar que no existe um aumento brusco do nmero de visitas, mas uma progresso linear. Esta constatao permite dizer que as leituras no resultam de visitas de impulso resultantes do surgimento da referncia no mural, mas de uma pesquisa dos amigos/seguidores no perfil do gatewatcher. Refira-se ainda que no se verificou a existncia de uma proporcionalidade directa entre o nmero de amigos/seguidores do gatewatcher e o nmero de leituras induzidas pela sua aco. A redistribuio de notcias usando as redes sociais tem igualmente efeitos ao nvel da interaco. Das dez notcias observadas, 3

  • 10

    aumentaram o nmero de comentrios aps a referncia. Verifica-se ainda que a interaco no Facebook superior que ocorre no espao de comentrios da notcia. No total, as notcias registaram 32 comentrios enquanto no Facebook foram recebidos 83 comentrios. Este dado particularmente interessante porque confirma as redes sociais como um ambiente mais favorvel interactividade. Os dados apurados permitem ainda concluir que as referncias suscitam mais comentrios quando o gatewatcher assume alguma posio em relao ao teor da notcia. (CANAVILHAS, 2011: 09)

    Todavia, a internet, ao potencializar novas formas de fazer jornalismo, pode

    debilitar o processo de checagem em razo do fcil acesso e da rapidez da circulao

    de informaes na internet. A realidade virtual acrescenta uma perspectiva nova na

    percepo do jornalista no seu trabalho de conhecimento do real que de outra

    natureza. Contm a realidade em si, mas disposta de modo a ser percebida em tempo

    e espaos diferentes (BIANCO, 2004:05). A autora explica que, nesse contexto, os

    jornalistas colhem informaes em um ambiente fragmentado, disperso e hiper-

    especializado, sem hierarquias e sobre-informado que, se de uma forma possibilita

    uma maior contextualizao e aprofundamento, de outro precariza os processos de

    apurao e confirmao de informaes.

    Twitter e Facebook: breve apresentao

    O Twitter uma rede social criada na internet em 2006 que permite aos

    usurios enviar e receber atualizaes pessoais de outros contatos por meio de tweets

    de at 140 caracteres. As atualizaes so exibidas no perfil de um usurio em tempo

    real e tambm enviada a outros usurios seguidores que tenham assinado receb-las.

    J o Facebook um site e servio de rede social lanado em 2004. Em 2012, o

    Facebook atingiu a marca de 1 bilho de usurios ativos. Em mdia 316.455 pessoas se

    cadastram, por dia, no Facebook, desde sua criao em 4 de fevereiro de 2004. Os

    usurios devem se registrar antes de utilizar o site, aps isso, podem criar um perfil

    pessoal, adicionar outros usurios como amigos e trocar mensagens, incluindo

    notificaes automticas quando atualizarem o seu perfil. Alm disso, os usurios

    podem participar de grupos de interesse comum de outros utilizadores, organizados

    por escola, trabalho ou faculdade, ou outras caractersticas, e categorizar seus amigos

    em listas como "as pessoas do trabalho" ou "amigos ntimos".

  • 11

    Twitter e Facebook da Cmara: um suporte para as mdias tradicionais

    O perfil do Facebook da Cmara dos Deputados pode ser facilmente

    encontrado pelo sistema de busca. A pgina est descrita como oficial e coordenada

    pela Secretaria de Comunicao Social do rgo. No que diz respeito s observaes

    preliminares, o perfil tem, em mdia, 11 mil curtidas4. Percebe-se pouca interao

    entre os internautas com perfis na rede. Algumas notcias so comentadas outras so

    curtidas, mas em regra, no h grande participao dos internautas no sentido de

    comentar ou curtir as informaes divulgadas na pgina do Facebook.

    J o Twitter possui 285 mil seguidores com 3.621 twetts postados5. Percebe-se

    postagem mais frequente que no Facebook. Todavia, o nmero de seguidores

    bastante baixo6 considerando-se o uso da internet no Brasil, conforme Pesquisa

    Brasileira de Mdia realizada em 2014. Pesquisa realizada pela ComScore7 aponta que

    90,8% dos internautas brasileiros acessam redes sociais e passam quase cinco horas

    mensais nelas.

    As duas redes sociais na internet Twitter e Facebook da Cmara dos Deputados

    foram criadas, respectivamente em 2009 e 2014. Segundo a coordenadora de

    Divulgao Institucional da Cmara dos Deputados, os perfis institucionais da Cmara

    nas redes sociais foram criados pela Secretaria de Comunicao Social como um

    reforo de divulgao dos contedos publicados pelos veculos da Casa (TV Cmara,

    Rdio Cmara, Jornal da Cmara e Agncia Cmara). Desde 2012, os perfis

    institucionais vm sendo utilizados tambm como forma de divulgar as enquetes e

    videochats hospedados no portal da Cmara na internet.

    4 Dados extrados e atualizados em 24 de agosto de 2014.

    5 Dados extrados e atualizados em 24 de agosto de 2014.

    6 A coordenadora de Divulgao Institucional, Gisele Rodrigues, esclareceu que outros rgos

    governamentais, por exemplo, o Ministrio da Justia tem uma rea especfica para trabalhar com redes sociais, por isso, tambm registra nmeros mais elevados e significativos do que os da Cmara dos Deputados, que no tem equipe especfica destinada ao trabalho. 7 Disponvel em: http://www.dinaweb.com.br/pesquisa-comscore-revela-perfil-de-brasileiros-nas-redes-

    sociais/ Acessado em: 24 de agosto de 2014.

  • 12

    De acordo com a coordenadora da rea responsvel, os posts remetem, em

    quase cem por cento dos casos, s notcias e a outros contedos hospedados no portal

    da Cmara na internet. Quando isso no acontece, os links encaminham para

    contedos de outros rgos pblicos, geralmente relacionados s informaes de

    utilidade pblica.

    Consideramos as redes sociais como complemento, uma forma de

    reforar a divulgao das atividades da Cmara, com espao para

    comentrios do cidado. Nossos veculos primrios de comunicao

    so a TV, a rdio, o jornal e o portal da Cmara na internet, que

    transmite, em tempo real, todos os debates e votaes, alm de

    publicar notcias atualizadas a todo tempo. Alm disso, programas de

    rdio e TV tambm permitem a participao do cidado.

    (RODRIGUES, 2014)

    Na viso da coordenadora, o perfil do Facebook acessrio e, segundo ela, no

    h possibilidade real de utilizao da rede para divulgao das atividades legislativas.

    Via de regra a Comisso de Legislao Participativa funciona mais que o perfil do

    Facebook para fomentar a participao popular. Na prtica, o Twitter mais factual do

    que o Facebook dadas as caractersticas dos posts - com at 140 caracteres - permitir a

    produo de informao sobre as deliberaes legislativas de modo mais rpido e

    acompanhando em tempo real algumas coberturas. No fazemos postagens em

    tempo real no Facebook. Apenas no Twitter, durante votaes e debates mais

    importantes, remetendo para as notcias publicadas no portal da Cmara, refora a

    coordenao.

    Sem rotina produtiva institucionalizada

    Desde a implantao do projeto, no houve alteraes significativas no que

    respeita s rotinas produtivas para a produo de informaes nas duas redes da

    Cmara dos Deputados - o Twitter e Facebook. No produzimos contedo jornalstico

    especfico para as redes. Os posts com contedo voltados exclusivamente para as

    redes sociais so preparados para divulgar enquetes ou outras aes que envolvem

    participao popular. Nesses casos, os posts so feitos para estimular a participao do

    cidado. Para isso, so produzidas imagens especficas, com um tratamento mais

    publicitrio, explica a coordenadora de Divulgao Institucional, Gisele Rodrigues.

  • 13

    Que valores-notcia para as redes?

    Em relao aos valores-notcia, Gisele Rodrigues explica que h indefinies

    ainda a esse respeito da produo especfica para o Facebook e Twitter. Todavia,

    conforme exposto anteriormente os perfis do Twitter e do Facebook da Cmara dos

    Deputados considera como informaes relevantes aquelas oriundas do prprio rgo

    e de outros rgos, alm de enquetes sobre assuntos relativos pauta da Casa.

    importante destacar que, ao serem consideradas um brao das mdias

    tradicionais e, portanto, um complemento, as redes no cumprem efetivamente um

    papel preponderante na divulgao das atividades deliberativas da Cmara dos

    Deputados, restringindo-se, assim, a serem espaos de reproduo do que produzido

    institucionalmente, sem grandes adaptaes ou gesto de contedo. Isso reiterado

    pelas observaes feitas s pginas e tambm pela entrevista com a coordenadora da

    Divulgao Institucional do rgo.

    Ela destaca que os critrios de noticiabilidade para definir o que vai ou que no

    vai entrar nas redes devero ser definidos por um guia de referncia para uso das

    redes sociais pela Cmara que est em fase de finalizao para que os critrios sejam

    menos subjetivos e para padronizar o uso. Segundo a coordenadora de Divulgao

    Institucional, as diferentes reas que mantm perfis relacionados Casa - exemplo:

    biblioteca, visitao, TV e rdio, entre outras - sigam um padro mnimo de identidade

    visual e alguns critrios de publicao, para que se evite a duplicao desnecessria de

    contedos e se fidelizem os pblicos especficos.

    Divulgao dos trabalhos: h pouca participao

    Segundo Gisele Rodrigues, as redes sociais so espaos que permitem a

    manifestao do cidado por meio de comentrios: Essas manifestaes so

    compiladas periodicamente e consolidadas em relatrios de participao popular que

    tambm renem dados sobre outras manifestaes (enquetes, contatos por meio do

    Disque-Cmara e @faleconosco, entre outras). Os relatrios so enviados aos

    deputados e s principais reas polticas e administrativas da Cmara para

    conhecimento.

  • 14

    Questionada em entrevista sobre a participao do internauta nos dois perfis

    (Twitter e Facebook), a coordenadora explicou que os perfis so abertos aos

    comentrios do internauta. H um monitoramente dos comentrios de forma a

    responder aos internautas sempre que estes faam perguntas objetivas em relao s

    notcias divulgadas. Mas ela reiterou: No respondemos provocaes ou crticas

    fora de contexto. S exclumos os comentrios ofensivos, segundo previsto nos termos

    de uso. Existem filtros que evitam a publicao de postagens do pblico que faa

    meno a palavres.

    Consideramos as redes sociais como complemento, uma forma de

    reforar a divulgao das atividades da Cmara, com espao para

    comentrios do cidado. Nossos veculos primrios de comunicao

    so a TV, a rdio, o jornal e o portal da Cmara na internet, que

    transmite, em tempo real, todos os debates e votaes, alm de

    publicar notcias atualizadas a todo tempo. Alm disso, programas de

    rdio e TV tambm permitem a participao do cidado.

    (RODRIGUES, 2014)

    Concluso

    Considerando a preponderncia do uso das redes sociais na internet conforme

    as pesquisas indicadas, o tempo mdio dedicado pelos brasileiros s redes e a

    possibilidade de ampliao do espao pblico miditico por meio do uso delas a partir

    de instncias que representam o Estado, a pesquisa realizada a partir da inquietao

    sobre a maneira que a Cmara dos Deputados utiliza as redes sociais - Twitter e

    Facebook - para dar visibilidade aos trabalhos legislativos demonstra que, apesar de

    ser consenso a presena de brasileiros na internet e nas redes, por outro lado, a

    Cmara dos Deputados, uma instncia do Poder Legislativo, ainda no tem configurada

    uma prtica jornalstica especfica para a divulgao das informaes nas duas pginas

    oficiais que mantm.

    H que se destacar que, nas observaes feitas pela autora em relao s

    publicaes, bem como em relao ao nmero de seguidores, curtidas e outras

    informaes relevantes para a anlise, como a periodicidade de postagens, as duas

    pginas oficiais da Cmara dos Deputados no revelam utilizao expressiva do

    Facebook e do Twitter pelo rgo. A entrevista com a coordenadora da Divulgao

    Institucional tambm denota que a Cmara no tem uma equipe especfica para tratar

  • 15

    as informaes para as redes sociais na internet, sugerindo em sua fala a falta de

    infraestrutura e de investimentos especficos para essa rea.

    Assim, no so observadas prticas que constituam uma rotina produtiva

    especfica para o Facebook e para o Twitter da Cmara dos Deputados. O que se

    observa, de fato e que foi confirmado pela entrevista realizada pela autora deste

    trabalho, que as notcias divulgadas nos perfis das duas redes so resultado do

    trabalho das mdias tradicionais da Casa, revelando pouca inovao e adaptao a esse

    novo ambiente, bem como a ausncia de rotinas produtivas especficas que deem

    conta da especificidade do ambiente virtual e das redes em particular.

    No que respeita participao popular, por mais que seja um espao aberto ao

    pblico com algum tipo de monitoramento, os perfis no demonstram a efetividade da

    participao popular no que respeita ao andamento legislativo da Casa, s propostas,

    s votaes e deliberaes de um modo geral. Sobretudo, o que se constata que os

    perfis do Facebook e do Twitter efetivamente funcionam como um brao, um suporte

    e um simples complemento das mdias tradicionais (rdio, TV e jornal impresso) e

    nesse sentido no tm definidas prticas e linguagens especficas para as redes na

    internet. Infere-se que isso pode influenciar e gerar tambm a reduzida e tmida

    participao dos internautas nos dois perfis. E, sem dvida, demonstra que os perfis do

    Twitter e do Facebook da Cmara dos Deputados efetivamente no tm

    expressividade junto ao pblico e guardam a dificuldade de se estabelecerem como

    mdias efetivas na divulgao dos trabalhos legislativos da Casa.

    importante retomar a discusso feita por Jorge e Kwiatkoski (2013) que

    apresenta pesquisa realizada pela Oriella PR Network em 2012 e que aponta que de

    um universo de 600 jornalistas em 16 pases, 54% dos entrevistados utilizam

    informaes postadas nas mdias sociais para matrias. E, em uma avaliao

    preliminar, possvel inferir que uma das formas de produzir informao, buscando

    gerar uma agenda mais positiva do Poder Legislativo, seria utilizar as redes sociais j

    implantadas para divulgao dos trabalhos a despeito das divulgaes, tambm

    importantes, da grande mdia e/ou mdias tradicionais. Esse espao poderia contribuir

    para alterar a agenda e pautar jornalistas e cidados para deliberaes importantes

    que acontecem na Cmara dos Deputados e, que por vezes, so marginalizadas

    enquanto pautas jornalsticas em detrimento de escndalos que envolvem a Casa.

  • 16

    Considerando os dados das recentes pesquisas abordadas neste artigo relativos

    consumo e acesso, Twitter e Facebook no poderiam ser considerados braos dos

    meios tradicionais de comunicao da Cmara, mas talvez, um espao efetivo de

    construo de agenda que envolvesse o interesse dos cidados promovendo maior

    debate e maior participao popular, podendo, inclusive, aumentar o interesse de

    internautas pela esfera poltica.

    Referncias

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  • 17

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