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Núcleo de Planejamento e Gestão de Recursos Hídrico s IPH /UFRGS

Gestão de Recursos Hídricos

Prof. Carlos André B. [email protected]


Sumário da apresentação

• O que é GIRH?• Conceitos introdutórios• Interdependência dos RH• Princípios Internacionais de gestão de águas• Modelos de Gestão • Fundamentos da POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS


O que é GIRH?

• Um processo sistemático para desenvolvimento sustentável, alocação e monitoramento de uso dos recursos hídricos no contexto de metas e objetivos sociais, econômicos e ambientais.


Desce para o sul


Atravessando o país...

Núcleo de Planejamento e Gestão de Recursos Hídrico s IPH /UFRGS13



Chegou ao final


“Dono” da água• A CF/88 no artigo 225 estabelece que todos tem direito e ao Poder

Público e à coletividade incumbe a defesa do meio ambiente.– A água, ou os recursos hídricos integram o meio ambiente como

elemento vital. – O domínio dos recursos hídricos pela União e pelos Estados não tem a

conotação de propriedade inscritível no registro imobiliário, mas decorre da CF/88 e significa a responsabilidade pela preservação do bem, guarda e gerenciamento, objetivando a sua perenidade e uso múltiplo, bem como do poder de editar as regras aplicáveis.

• A CF/88 o artigo 20, inciso III arrola como bens da União “ os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais”;

• Já no artigo 26, I da CF/88 está prevista a dominialidade estadual das “- as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”;

• Em síntese, A ÁGUA É UM BEM DE DOMÍNIO PÚBLICO


“Tragédia dos Comuns" (1968) - Garrett Hardin

No regime de propriedade comum há degradação dos recursos naturais, pois cada usuário tende a utilizá-los excessivamente.


Common Ground


Common Ground

Degradação do pasto


The tragedy of the Commons• Princípio do mau uso dos bens comuns = Pastagens inglesas

• Individualização dos lucros, porém os prejuízos são divididos com a sociedade.

• “O indivíduo se beneficia como um indivíduo a partir de sua habilidade de negar a verdade, embora a sociedade como um todo, da qual ele faz parte, sofra”.

• “Quanto mais donos, menor o cuidado”.(Arístoteles)

• O patrimônio de uso comum “recompensa” comportamentos que levam a uma degradação do mesmo e “pune” os indivíduos que são mais responsáveis e cuidadosos.

• Propriedades privadas.


Por que gerir a água?• Ar• Solo• Água

• Escassez ⇒ gerenciamento⇒ regime de propriedade:

– comunitária;

– pública ou– privada.


• Abundante, exceto em concentrações urbanas/industriais;

• Fluidez: dificuldade de controle e exclusão;

• Quando escassa, “publicização”;

• Exemplo: São Paulo.

• Ar• Solo• Água

Por que gerir a água?


• Escassez: solo fértil ou com utilidade;

• Facilidade de controle e de exclusão;

• Propriedade privada;• Relatividade dos direitos

de propriedade;• Propriedade pública.




• Escassez regional;• Fluidez: dificuldade de

controle;• Publicização ou

privatização controlada:


• Sistema de Gerenciamento.



• Bens Públicos são caracterizados pelo fato de serem não rivais e não excludentes.

• Nem todos os bens produzidos pelo governo são bens públicos.

•O ar puro é um bem público. Problema é como estabelecer preço para o ar?

Bens Públicos


•O custo marginal de prover o bem para um consumidor adicional é zero para qualquer nível de produção.

•Isto significa que, mesmo depois de adquirido por um consumidor qualquer, continua disponível aos demais consumidores.

Não rivalidade


Os indivíduos não podem ser excluídos do consumo do bem. Em outras palavras, o bem não excludente é aquele que se encontra disponível mesmo para aqueles que não pagaram por ele.

Não excludência


Natureza de bem público dos recursos hídricos

RIVALIDADEBaixa Alta

EXCLUSÃO

Benefíciosde não-usoBenefícios de uso

Usos públicos de estética e recreação

Prevenção ou controle de riscos relacionados à água-

Usos privados de estética e recreação (bens de áreas privadas)

Consumo humano, saneamento

Auto-depuraçãode resíduos

Irrigação delavouras e pastagem

IndustrialPesca, Hidroeletricidadee Transporte

Serviços ambientais, Áreas protegidas

Baixa

Alta


O que significa “sustentabilidade”?Um serviço é sustentável quando• está funcionando e sendo usado;• é capaz de proporcionar nível apropriado de benefícios (qualidade,

quantidade, conveniência, continuidade, saúde) para todos, inclusive os mais pobres;

• continua a funcionar por longo período de tempo;• gestão é institucionalizada;• custos de operação, manutenção, administrativos e de reposição são

cobertos localmente;• podem ser operados e mantidos em nível local com apoio externo

limitado mas viável; e• não afeta o ambiente negativamente


• PP é uma ação governamental que intervém na esfera econômica, social, política e administrativa para atingir objetivos que os agentes políticos, econômicos e/ou sociais não conseguem obter atuando livremente.

• Ou seja, a PP tenta corrigir falhas e assim, melhorar a

eficiência do sistema.• Exemplos de objetivos de PP: eliminação da pobreza;

proteção da agricultura nacional; promoção àexportação; qualidade ambiental

•Instrumento = meios para atingir um objetivo de política pública (PP).

Política Pública e Instrumentos


Interdependência dos RH• A base de GIRH está na existência de uma

variedade de usos dos recursos hídricos que são interdependentes.

Necessidade de considerar os diferentes usos de água conjuntamente


Oceano

Evapo transpiração (ET)

Escoamento

Precipitação

Aqüífero

Infiltração

Evaporação

PrecipitaçãoEvapotranspiração Água SuperficialÁgua Subterrânea


Uso de Água na bacia

Piscicultura

Urbano

Turismo e Lazer

Geração deEnergia Elétrica

Navegação

Pesca

Agricultura e Pecuária

Irrigação

Comunidades Rurais

Industrial


USOS DOS RECURSOS HÍDRICOS

DESSEDENTAÇÃO ANIMAL

ABASTECIMENTO PÚBLICO

IRRIGAÇÃO

ABASTECIMENTOINDUSTRIAL E

COMERCIAL

RECREAÇÃO AQUÁTICA

PESCA COMERCIAL

PESCA ESPORTIVAPRODUÇÃO DE ENERGIA

AFASTAMENTO DE DEJETOS

NAVEGAÇÃO

RECREAÇÃO NAS MARGENS

ELEMENTO DEORGANIZAÇÃODA PAISAGEM

ESTABILIZAÇÃO DA POLUIÇÃO

ECOSSISTEMA AQUÁTICO

ESCOAMENTO DE CHEIAS


Bacia

P ET

I Ac

Transfere Oferta de água

Energia

PolíticasInstrumentos

AdministraçãoEconomia

Demanda de água

Agricultura

PolíticasInstrumentos

AdministraçãoEconomia

Demanda de água

Turismo e Lazer Demanda

Navegação Demanda

Industria (mineração,reflorestamento, etc.)

Demanda

Manutenção de ecossistemas aquáticos.

Demanda

Única Fonte

Várias demandas = CONFLITO DE USO

Políticas de Conservação


Balanço de Recursos Hídricos

Demanda

• Aumentando em todos os setores• Uso ineficiente

Oferta• Quantidade (Escassez Natural, Exploração sem controle de Águas Subterrâneas)• Degradação da Qualidade • Custos

GIRHGIRH


Desafios Ampliar o acesso à água (todos os usuários)

e saneamento. O que é necessário?• Governo fazer disso uma prioridade;• Financiamento adequado de longo-prazo;• Solucionar conflitos entre usuários e

desafios ambientais;• Defesa dos mais necessitados;• Aumentar a capacidade dos governos de

prestar serviços a todos os usuários;• Responsabilidade do governo em atender

as necessidades de todos os usuários.


Princípios Internacionais de gestão de águas

1) Água doce é recurso finito e vulnerável

2) Fornecimento e gestão de águas deve ter fundamento em uma abordagem participativa.

3) Mulheres desempenham função central no fornecimento, gestão e proteção de águas.

4) Água possui valor econômico, mas deve ser reconhecida como bem econômico e social.


Porque évulnerável?

• Água é essencial e vulnerável ao desenvolvimento.

• Abordagem Holística: relaciona desenvolvimento social e econômico à proteção de ecossistemas naturais.

• Perspectiva Integrada: Não existe dicotomia entre uso de solo e água.

• A bacia hidrográfica é a unidade espacial lógica para gestão de recursos hídricos.

1. Água doce é recurso finito e vulnerável


2: Produção e gestão de águas deve ser participativa

• Todos são atores (inclusão vs exclusão);

• Democratização no processo de tomada de decisão é adotado;

• Idealmente, múltiplos atores (usuários, gestores e fiscais) em todos os níveis envolvidos;

• Na realidade, envolvimento na tomada de decisão no nível mais viável (subsidiariedade);

• Sensibilidade a questões de gênero, vulnerabilidade e pobreza.


3: Mulheres desempenham função central no fornecimento, gestão e proteção de águas.

• Em muitos países, mulheres captam água, assegurando usos domésticos e agrícolas.

• Mulheres são menos instrumentais que homens em áreas-chave:

• Gestão;• Análise de problemas;• Tomada de decisão com relação ao dimensionamento de sistemas e investimentos etc.


4: Água possui valor econômico entre todos usuários, mas deveria ser reconhecida como

bem econômico e social .

• Água possui valor de bem econômico e social.

• O valor da água em usos alternativos (custo de oportunidade) é importante para alocação racional de água como bem econômico e social.


Gestão das Águas: Evolução dos Modelos

• Burocrático;

• Econômico-financeiro;

• Sistêmico de integração participativa.


Modelo BurocráticoCARACTERÍSTICAS• Objetivo predominante do

administrador público: cumprir e fazer cumprir a lei

• Autoridade e o poder concentradas em entidades públicas, de natureza burocrática;

• Processos casuísticos e reativos para aprovar:– Concessões e autorizações de

uso, – Licenciamento de obras, – Ações de fiscalização, de

interdição ou multa, e – Demais ações formais.

CONSEQUÊNCIAS• Autoridade pública se

torna ineficiente e politicamente frágil;

• Surgimento e agravamento dos conflitos;

• Realimentação do processo de elaboração de leis;

• Culpa do fracasso: – Lentidão da justiça; – Inoperância e

venalidade do poder público;

– Atitude criminosa dos agentes econômicos.


Modelo Econômico-Financeiro

Características• Sem abrir mãos do

uso de instrumentos legais, complementa-os com o emprego de instrumentos econômicos para:– Obediência às leis;– Indução ao

desenvolvimento.

CONSEQUÊNCIAS• Sistemas hipertrofiados, parciais

e relativamente fechados;• Desenvolvimento setorialmente

assimétrico;• Desbalanceamento nos usos da

água.• Grandes programas setoriais de

desenvolvimento e entidades públicas;

• Conflitos intersetoriais;• Perda de investimentos quando

programas são encerrados.


Modelo Sistêmico de Integração Participativa• “Publicização” das águas seguida da

descentralização de sua gestão.

• Adoção de enfoque sistêmico e integrador;

• Adoção de:

– Planejamento estratégico por bacia;

– Decisões por deliberações multilaterais e descentralizadas;

– Instrumentos legais e financeiros.


Modelo Sistêmico: Planejamento Estratégico• Processo de planejamento contínuo e

articulado;

• Abordagem sistêmica;

• Objetivos de longo prazo;

• Instrumentos econômicos e legais empregados para atingir “cenários”.


Modelo Sistêmico: Processo Decisório

• Negociação social em comitês;

• Aprovação de planos e critérios para instrumentos legais e econômicos;

• Justificativa: poder público não não ééonisciente e não pode sernão pode ser onipresente.


Modelo Sistêmico: Operacionalização

• Cenários• Enquadramentos:

• qualitativo;• quantitativo. • Instrumentos

Econômicos:– Cobrança;– Rateio de custo;– Seguro;– Compensações

financeira;– Depósitos resgatáveis.

• Instrumentos Legais: – Outorgas, áreas de

proteção, restrições.


Fundamentos da POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

● A água é um bem de domínio público;

● A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

● Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

● A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

● A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

● Gestão descentralizada e participativa.


Conclusões

• Diferentes realidades ⇒ diferentes sistemas;

• Sistemas são vinculados a:– condições físicas e hidrológicas;– tradições institucionais;

– resultado de negociações políticas.


Para existir um processo de GIRH deve haver:

• Comprometimento consciente da sociedade;

• Ênfase do ambiente e em suas necessidades diversificadas e mutáveis;

• Interconexão entre ofertas, demandas e respostas;

• Valorização do processo de negociação.

Conclusões


Questão básica

Como alocar um recurso escasso (água) entre usuários (incluindo manutenção dos ecossistemas aquáticos) competitivos ao longo do tempo ?

Fim

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