gestão da informação - charles rodrigues

Gesto da informao e a importncia do uso de fontes de informao para gerao de conhecimento

Charles Rodrigue; Ursula Blattmann

Perspectivas em Cincia da Informao, v.19, n.3, p.4-29, jul./set. 2014 4

Gesto da informao e a importncia do uso de fontes de informao para

gerao de conhecimento

Charles Rodrigues

Doutorando no Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da Universidade Federal de Santa Catarina.

Ursula Blattmann

Doutorado em Engenharia de Produo pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Departamento de Cincia da Informao da Universidade Federal de Santa Catarina.

http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/1515

A gesto da informao foi estudada sob a perspectiva da identificao e o uso das fontes de informao, como meio de gerao de conhecimento organizacional. Objetivou analisar a gesto da informao por meio do estudo do uso das fontes de informao em um centro de pesquisa. Como metodologia, foi desenvolvida uma pesquisa bibliogrfica, documental e descritiva, com abordagem qualitativa num estudo de caso. Como instrumento de coleta de dados foi utilizada uma entrevista estruturada e empregada a anlise de contedo como tcnica de anlise de dado. Os resultados demonstraram que a fonte de informao mais utilizada o colega de trabalho e as mais utilizadas pelos pesquisados para se atualizarem a Internet. Os critrios de escolha e de qualidade das fontes de informao mais empregados so a facilidade de acesso, a rapidez e a confiabilidade. No uso das fontes de informao e na avaliao da cultura informacional percebeu-se haver apenas comportamentos informacionais isolados, no uma cultura. No uso das tecnologias de informao e comunicao, diversos benefcios foram apontados: rapidez e agilidade no processamento da informao; produo da informao localmente com avaliao global; cooperao nas etapas de planejamento at a execuo dos projetos; e aumento da interao e troca de documentos.




Palavras-chave: Gesto da informao; Fontes de informao; Uso da informao; Gerao de conhecimento.

Information management and the importance of use of sources for

generation of knowledge

Information management was studied from the perspective of the identification and use of sources of information, as a means of generating organizational knowledge. Aimed to analyze the information management through the study of the use of sources of information in a research center. The methodology was developed a bibliographic, documental and descriptive study with a qualitative approach in a case study. As an instrument for data collection and used a structured interview was used content analysis as a technique for analyzing data. The results showed that the most used source of information is the colleague and the most used by respondents to upgrade is the Internet. The criteria of choice and quality of sources of information are more employees easy access, speed and reliability. The use of sources of information and evaluation of information culture is perceived to be only isolated informational behaviors, not a culture. The use of information and communication technologies, many benefits were appointed: speed and agility in information processing; production of information locally with global evaluation; cooperation in the planning stages to execution of projects; and increased interaction and exchange of documents.

Keywords: Information management; Sources of information; Use of the information Generation of knowledge

Recebido em 05.11.2013 Aceito em 25.07.2014

1 Introduo




Na sociedade global da informao em que as empresas e as organizaes esto inseridas, percebe-se que o processo de busca por conhecimento e informao que caracteriza a funo da produo tecnolgica tende a se expandir com a busca por inovaes e desenvolvimento mais acelerado de novos produtos e servios baseados na informao. O dinamismo e a interao das novas formas de tecnologias de comunicao e informao com a sociedade provocaro transformaes, e a expanso das redes de comunicao contribuir para as relaes comerciais e sociais. As possibilidades desses novos fenmenos ainda esto em construo, um processo que se alimenta no prprio processo.

Gerenciar uma organizao orientada ao conhecimento significa empregar o recurso saber para aumentar a eficincia e renovar a qualidade, gerando saberes com base nas informaes e transformando-os em vantagens competitivas sustentveis, que chegaro a ser mensurveis como xitos em suas atividades (NORHT, 2010).

Assim, este estudo investigou a temtica da gesto da informao no Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (CEPSUL), que um centro especializado do ICMBio, vinculado Diretoria de Biodiversidade (DIBIO), localizado na cidade de Itaja/SC.

A pesquisa teve como objetivo analisar a gesto da informao do CEPSUL por meio do estudo do uso das fontes de informao. Para isso, foi realizada a identificao das fontes de informao mais utilizadas; foram detalhados os critrios de escolhas e de qualidade das fontes de informao pelos servidores do CEPSUL; expostos os processos de uso das fontes de informao e a cultura informacional existente; e verificado o uso das tecnologias de informao e comunicao pelos servidores do Centro.

2 Gesto da Informao

Esta fundamentao conceitual discorre diferentes aspectos sobre a gesto da informao com o propsito de serem referenciais para a anlise dos dados de pesquisa.

A literatura reporta variadas formas de gerenciar a informao em uma organizao. McGee e Prusak (1994, p. 114) formulam um modelo de processo de gerenciamento de informao com foco no valor estratgico da informao, definido em trs tarefas: i) identificao de necessidades e requisitos de informao; ii) classificao e armazenamento de informao/tratamento e apresentao da informao; e iii) desenvolvimento de produtos e servios de informao.

Davenport (2000) tambm relata que o fenmeno da gesto da informao ocorre de forma processual, estabelecendo o Modelo Ecolgico para o gerenciamento da informao. Este modelo est sustentado no modo holstico de pensar e em quatro atributos-chave: i) integrao dos diversos tipos de informao; ii) reconhecimento de mudanas evolutivas; iii) nfase na observao e na descrio; e iv)




nfase no comportamento pessoal e informacional. Envolve trs ambientes: o ambiente informacional que o centro da abordagem ecolgica e abrange seis componentes: estratgia da informao, poltica da informao, cultura e comportamento em relao informao, equipe da informao, processos de administrao informacional e arquitetura da informao; o ambiente organizacional, que abrange todas as atividades organizacionais, sendo composto: pela situao dos negcios, investimentos em tecnologia e distribuio fsica; e o ambiente externo, que consiste em informaes sobre trs tpicos fundamentais: mercados de negcios, mercados tecnolgicos e mercados da informao.

Em harmonia com a ecologia informacional, Davenport (2000, p. 173) define o gerenciamento da informao como processos, isto , um conjunto estruturado de atividades que incluem o modo como as empresas obtm, distribuem e usam a informao e o conhecimento. Assim, estabelece quatro passos a seguir para a realizao do processo de gerenciamento da informao. Primeiro, determinao das exigncias, uma vez que importante compreender o contexto nas quais as atividades gerenciais so realizadas, identificar quais as fontes necessrias e as informaes para a gerncia. Por meio dessa compreenso possvel realizar o mapeamento da informao disponvel na organizao, registrar os recursos informacionais existentes, as unidades responsveis e os servios e sistemas disponveis. Segundo, obteno de informao, que se constitui em uma atividade contnua, a qual acompanha o desenvolvimento organizacional. O fornecimento dessa informao precisa proporcionar aos usurios as informaes necessrias em produtos e servios informacionais. Essa atividade composta de diversas tarefas, no necessariamente sequenciais, a saber: explorao do ambiente informacional, classificao da informao em uma categoria, a formatao e a estruturao da informao. Terceiro, distribuio, que se refere disseminao da informao aos gerentes e funcionrios que delas necessitam. No entanto, necessrio definir as estratgias dessa distribuio, podendo-se optar tanto pela divulgao s pessoas autorizadas como pela disponibilizao a todos. E quarto, utilizao da informao, que pode ser considerada a etapa mais importante desse processo, uma vez que todos os esforos das demais etapas convergem e se justificam para proporcionar o uso da informao em seu contexto organizacional.

De acordo com Costa (2003), a informao concebida como matria-prima para gerar o conhecimento. A literatura sobre gesto do conhecimento coloca o conhecimento tcito e as informaes de carter informal como vitais para a sobrevivncia em mercados cada vez mais competitivos. Nessa anlise, a gesto da informao se expande para gesto do conhecimento e os sistemas so requisitados para processar tanto as informaes informais como os produtos das atividades intelectuais. Tais sistemas necessitam abranger informaes externas e internas, coletadas sistematicamente, analisadas e disseminadas para toda a organizao, com a misso de transformar informaes em conhecimento estratgico.




Outro ponto importante que envolve a gesto da informao a cultura da informao. A gesto e os fluxos de informao se desenvolvem e sofrem interferncia em conformidade ao ambiente em que se encontram. E a liderana organizacional interfere nessa cultura, que influencia nos fluxos de informao. Tais fluxos informacionais se estabelecem como canais: tangveis ou intangveis; formais ou informais; permanentes ou espordicos; constantes ou intermitentes (VALENTIM et al, 2008; GARCIA; FADEL, 2010).

Para Barbosa (2008), a obteno e uso da informao so fatores de transformaes sociais e econmicas. O autor defende a necessidade de uma perspectiva integradora da gesto da informao e do conhecimento nos ambientes organizacionais, contribuindo, assim, para a competitividade dessa organizao. Pacheco e Valentim (2010) explicam que as empresas precisam atentar para a importncia da informao e do conhecimento como um recurso gerencial estratgico, a partir do reconhecimento das fontes de informao. Molina (2010) corrobora e percebe a informao como insumo para inovao e competitividade, e expe a necessidade da realizao da gesto da informao til e seu uso de forma estratgica, afirmando ser o homem o recurso mais importante nesse processo.

Vital, Floriani e Varvakis (2010), num resgate da literatura na rea de gesto da informao, fazem inferncias, das quais se destacam que o gerenciamento da informao em organizaes passa por um processo contnuo de etapas estruturadas, organizadas e sistematizadas (fluxo de informao), com pessoas atuantes no processo e responsveis por tal gesto, alm do uso otimizado das fontes de informao. Realiza-se por meio do mapeamento dos fluxos, tornando-se possvel reconhecer as etapas pelas quais as informaes perpassam e verificar quais os aspectos falhos do processo. preciso conhecer as necessidades de uso e os usurios da informao para mapear as fontes de informao pertinentes ao contexto.

Mais recentemente, Rodrigues e Tomal (2008), Rossetti (2008), Barbosa, Seplveda e Costa (2009), Marteleto (2010) e Sugaha e Vergueiro (2010) tratam da gesto da informao e das redes sociais. Na anlise dos estudos sobre as redes sociais, percebe-se a necessidade de conhecer os elementos nela envolvidos, o tipo de informao de que necessitam, quem so as pessoas que as utilizam e a diversidade dos fluxos informacionais existentes. Nesses ambientes, criam-se redes de relacionamentos, de inovao e conhecimento, informais e de negcios. E a formao de redes nas organizaes consequncia da confiana mtua entre os autores envolvidos nas atividades. Por meio dessa confiana, estabeleceu-se o que Rossetti (2008) chamou de Era da inteligncia em redes. Nesse contexto, a gesto da informao sustentada por imensas bases de dados, pela tecnologia da informao e comunicao e por ferramentas Web de compartilhamento e colaborao (blogs, wikis, folksonomia, ontologia, hipertextos e tecnologia RSS). Sendo assim, numa anlise das redes sociais e dos fluxos de informao, importante desenvolver a capacidade de perceber a informao como informao,




entender a estrutura da rede e os tipos de relacionamentos dessa estrutura.

No quadro 1, podem-se verificar, de forma sumarizada, outras contribuies conceituais sobre a gesto da informao encontradas no levantamento bibliogrfico.

Quadro 1 - Sumarizao conceitual de gesto da informao

Referncias Questes Principais

Davenport,

Marchand e

Dickson (2004)

Gesto da informao deve tratar fundamentalmente de como coletar, armazenar,

consultar, distribuir e explorar a informao no interior das organizaes e nas redes de

fornecedores, clientes e outros parceiros.

Monteiro e

Falsarella (2007)

Ciclo da gesto da informao.

Modelo de gesto da informao em projetos para aprendizagem organizacional.

Lopes e Valentim

(2010)

Governana corporativa.

Processos de tomada de deciso.

Fluxos formais e informais nas organizaes.

Souza e Duarte

(2011)

Gesto da informao como parmetros de qualidade.

Dimenses de modelos tericos de gesto da informao no ENANCIB.

Alvarenga Neto

(2008)

Criao e uso de conhecimento. Perspectiva integradora da gesto da informao e do

conhecimento. Fluxos de informao como base intelectual.

Fonte: Do autor (2012).

2.1 Fontes de informao

Para que a gesto da informao seja realizada de forma adequada, importante conhecer as fontes de informao, tanto internas quanto externas, que envolvem o ambiente em que est inserida a organizao, pois essas fontes variam em formatos, natureza e contedos, os que ir influenciar no processo de uso de forma tima.

Para Cunha (2001), as fontes de informao ou documento podem abranger manuscritos e publicaes impressas, alm de objetos, como amostras minerais, obras de arte ou peas museolgicas, podendo ser divididas em trs categorias: documentos primrios, documentos secundrios e documentos tercirios.

As fontes de informao organizacionais, Choo (1994, 2006) as classifica em quatro categorias: externas e pessoais, externas e impessoais, internas e pessoais, e internas e impessoais. O autor pondera que a informao um componente intrnseco de quase tudo o que uma organizao faz.

Para Pacheco e Valentim (2010, p. 334), a categorizao das fontes de informao permite compreender a dimenso de cada uma diante de sua funo, ou seja, as fontes primrias exprimem a interferncia direta do autor; as fontes secundrias facilitam o uso do conhecimento das fontes primrias, uma vez que existe um tratamento diferenciado para elas de acordo com sua funo e arranjo; e as fontes tercirias possibilitam que as fontes primrias e secundrias sejam encontradas.

Ribeiro (2009, p. 44), em sua pesquisa sobre o uso de fontes de informao no setor de previdncia privada aberta no Brasil, agrupou as fontes em: fontes pessoais externas: colegas de outras empresas,




especialistas, clientes, concorrentes, consultores, corretores, parceiros, feiras, congressos ou palestras (interao presencial ou telefnica); fontes pessoais e internas: empregados, colegas de trabalho, superiores hierrquicos, scios (interao presencial ou telefnica); fontes pessoais eletrnicas: e-mail (pessoal ou da empresa), fruns, grupos de discusso na web, Messenger, Skype e similares; fontes impessoais externas: documentos produzidos fora da empresa, como revistas, jornais, livros, relatrios, peridicos tcnicos, regulamentos, publicaes governamentais, transmisses de rdio ou televiso; fontes impessoais internas: documentos produzidos dentro da empresa, como relatrios, estudos, memorandos, arquivos em papel e anotaes de trabalho; e fontes impessoais eletrnicas: documentos eletrnicos em geral, intranet, bases de dados eletrnicas da empresa, site da empresa, bancos de dados comerciais e governamentais on-line, sites diversos da Internet, portais de notcias.

Com o aumento do nmero de usurios, servios e acessos Internet, o ambiente digital torna-se uma indispensvel fonte de informao. Assim, Brum e Barbosa (2009, p. 60) dividem as fontes de informao na Internet em diversos setores, ou seja, h muitas formas de se ter acesso informao pela grande rede, quais sejam: listas de discusso, correio eletrnico (e-mail), informativos via correio eletrnico (newsletter), informativos comerciais via correio eletrnico (e-mail marketing), salas de bate-papo virtual (chat), mensageiros instantneos (instant messengers), stios de busca ou ferramentas de busca, intranets, extranets, e os prprios stios disponveis na web.

Nas questes que envolvem as percepes de qualidade das fontes de informao, Tomal et al. (2004) definem dez critrios de qualidade para avaliar as fontes de informao na Internet: informaes de identificao, consistncia das informaes, confiabilidade das informaes, adequao da fonte, links internos, links externos, facilidade de uso, layout da fonte, restries percebidas e suporte ao usurio. J Eppler (2006) apresenta os problemas que envolvem a qualidade da informao: a sobrecarga de informao, erro de julgamento de informaes, interpretao errada da informao e uso indevido de informao.

No ambiente organizacional, Petr (2008) ressalta que as fontes variam conforme as reas e grupos profissionais, os tipos e graus de necessidade, de acordo com a finalidade e situao informacional. Com a devida identificao, classificao, seleo e organizao das fontes de informao, pode-se desenvolver o processo de uso dessas fontes nas diferentes atividades organizacionais.

Destarte, podem-se definir fontes de informao como tudo o que gera ou veicula informao. Pode ser descrita como qualquer meio que responda a uma necessidade de informao por parte de quem necessita, incluindo produtos e servios de informao, pessoas ou rede de pessoas, programas de computador, meios digitais, sites e portais.




No Quadro 2, podem-se verificar, de forma sumarizada, outras contribuies conceituais sobre fontes de informao encontradas no levantamento bibliogrfico.

Quadro 2 - Sumarizao conceitual de fontes de informao

Referncias Questes Principais

Davenport (2000) As fontes de um sistema informacional devem ser to variadas e complexas quanto o

ambiente que esse sistema busca representar.

Sugahara e

Jannuzzi (2005)

As fontes de informao para inovao tecnolgica foram classificadas em internas e

externas. As fontes de informao internas so informaes oriundas dos departamentos

de pesquisa e desenvolvimento e informaes de outras reas internas. As fontes externas

esto divididas em: fontes ligadas s atividades de mercado, fontes de carter profissional

e fontes especializadas e institucionais.

Pereira e Barbosa

(2007)

Categorizam as fontes de informao, conforme a origem, em relao ao

relacionamento/proximidade e com relao mdia.

Alvarenga Neto

(2008)

Diante da complexidade e multiplicidade de fontes de informao, tanto interna, quanto

externa, uma possvel alternativa seria o mapeamento das fontes de informao

corporativa.

Wensing (2010) Fontes de informao passaram a ser sinnimo de recursos informacionais disponveis no

formato digital. Evoluo das fontes de informao: pedra, papiro, papel, fotografias e

microfilme, fitas magnticas, fitas K7, discos flexveis, fitas VHS, disquetes, discos rgidos

(HD), Compact Disc (CDs), videolaser, DVDs e pen-drives.

Barreto (2010) Informao, conjunto de contedos simbolicamente significantes. A informao tem um

sentido imaterial. A mercadoria informao s existe quando considerada s por sua

base fsica indicando que resultou de uma condio tcnica de produo: um livro, um

artigo, uma disco de msica, uma imagem impressa, uma instalao de arte em uma

amostra.


2.2 Uso das fontes de informao

Na gesto da informao por meio de uso das fontes de informao, o processo aborda diferentes eixos temticos que implicaro no grau de efeito e satisfao do uso da informao.

Para Taylor (1986), a informao descolada do usurio no tem valor. Isso sugere que aes que envolvem o uso da informao tm que estar alinhadas s necessidades informacionais especficas de cada usurio. No ambiente organizacional com base na economia da informao, McGee e Prusak (1994) expem que a concorrncia entre as organizaes baseia-se em sua capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informao de forma eficaz. As organizaes que liderarem essa competio sero as grandes vencedoras do futuro. Le Coadic (2004, p. 38) afirma que usar a informao trabalhar com a matria informao para obter um efeito que satisfaa a uma necessidade de informao.

Destaca-se que o uso da informao pode contribuir para o desenvolvimento de inovaes em produtos e servios nas organizaes. Essa afirmao pode ser comprovada na pesquisa de Sugahara e Jannuzzi (2005), na qual verificaram que a inovao nas indstrias brasileiras pode ser determinada pela forma de uso dos diferentes tipos de fontes de informao, tanto das fontes de informao internas quanto externas.




Esse uso sofre influncia de elementos internos e externos organizao. Questes como o comportamento das pessoas, a construo histrica da organizao, infraestrutura fsica e tecnolgica afetam o uso. Barbosa (2006, p. 94) expe que [...] no se pode ignorar a multiplicidade de fatores, de natureza individual e organizacional, que determinam o uso da informao em ambientes empresariais.

Diante dos nveis de desenvolvimentos tecnolgicos recentes, Petr (2008, p. 64) expe que a riqueza do homem medida pelo grau de conhecimento que detm atravs da transformao da informao. Assim, para garantir o devido uso da informao, necessrio agregar valor e, para isso, importante que a informao esteja de acordo com o contexto em que se encontra a organizao, que seja correta e completa, com riqueza de detalhes e preciso, no formato adequado, disponibilizada no momento e propsito oportuno e no local correto.

Outro aspecto importante sobre o uso da informao o custo financeiro para implantar, desenvolver, operacionalizar e manter atualizado um conjunto/acervo/sistema de informao. Para Choo (2006, p. 77), o custo multifacetado e inclui elementos importantes, como a acessibilidade fsica e o custo psicolgico (j que pedir uma informao admitir a prpria ignorncia, o que implica perda de prestgio ou status). Assis (2007) afirma que no processo de aquisio de contedo informacional uma organizao no deve ficar merc apenas do que disponibilizado na rede (Internet). Novas compras devem ser criteriosas e, se no houver avaliao adequada, o custo torna-se proibitivo para qualquer organizao. Barbosa (2008, p. 5) assevera que os investimentos realizados para capacitar as empresas com as mais modernas tecnologias da informao e de comunicao so muito expressivos. A maior dificuldade que, enquanto os gastos so palpveis, os benefcios so incertos, no so tcitos. E o percurso da informao e do conhecimento em um contexto organizacional permeado de meandros.

Choo (2006, 2008), em sua abordagem, tenta explicar como as organizaes usam a informao para criar significado, construir conhecimento e tomar decises, e expe que o conhecimento est sustentado em trs arenas: criao de significado, construo do conhecimento e tomada de deciso. O autor pondera que a cultura informacional de uma organizao determinada por um grande nmero de variveis, tais como, sua misso, histria, liderana, traos de funcionrio, indstria, cultura nacional e assim por diante, e por fatores como o setor de atividade, tamanho organizacional, disperso fsica, normas profissionais e uso de tecnologia da informao. A cultura informacional tambm pode ser uma funo da maturidade ou estgio de desenvolvimento de uma organizao. Para Fadel et al. (2010), a cultura informacional precisa ser trabalhada em relao produo, compartilhamento, uso e apropriao da informao. Assim, essencial conhecer o comportamento e as competncias necessrias para a ao do indivduo em reconhecer as prprias necessidades informacionais.




Ainda, de acordo com Fadel et al (2010, p. 14), a informao insumo para qualquer fazer, seja no mbito acadmico, seja no mbito empresarial. A gerao de novo conhecimento somente possvel quando a informao apropriada pelo indivduo por meio do estabelecimento de relaes cognitivas. importante compreender que esses elementos constituem a base para diferentes aes: tomada de deciso, planejamento, estratgias de ao, dentre outras, que resultaro no desenvolvimento de uma organizao.

Desse modo, evidencia-se que o uso da informao alcana seu valor com a presena do usurio e com a aplicao tecnolgica para gerao de conhecimento. E o uso desse conhecimento nas organizaes envolve a criao de significado, construo do conhecimento e tomada de deciso, contribuindo para isso a cultura informacional, que precisa ser trabalhada em relao produo, compartilhamento, uso e apropriao da informao.

Sumariamente, no quadro 3, so apresentadas outras contribuies conceituais sobre o uso das fontes de informao encontradas no levantamento bibliogrfico.

Quadro 3 - Sumarizao conceitual de uso das fontes de informao

Referncias Questes Principais Marchand (2004) H quatro maneiras fundamentais de se utilizar a informao para criar valor aos

negcios: atravs da gesto de riscos, reduo de custos, por meio dos produtos e servios

oferecidos aos clientes, e pela utilizao da informao para inovar.

Earl (2004) Valor da informao, um recurso que pode ser reutilizado, compartilhado, distribudo ou

trocado sem perda de valor; na verdade, o valor , algumas vezes, multiplicado.

Oliveira (2005) No uso da informao, o usurio escolhe a informao que utilizar quando percebe

relevncia e significado entre esta e o problema a ser resolvido. O uso envolve, portanto,

seleo e processamento (tratamento tcnico) das fontes de informao, para dar resposta

a uma pergunta, soluo de um problema, tomada de deciso, negociao ou entendimento

de uma situao.

Goulart (2007) A informao empresarial utilizada com o objetivo de minimizar as incertezas

ambientais e identificar novas oportunidades de negcios.

Deve-se procurar estimular a formao de uma cultura organizacional voltada para o uso

efetivo da informao no processo decisrio.

Leito e Nassif

(2009)

Na abordagem do sensemaking organizacional no uso da informao para a tomada de

decises estratgicas nas organizaes possvel estabelecer uma relao entre contexto,

significado, processo de formao de sentido das informaes. So considerados aspectos

subjetivos como: crenas, identidade organizacional e experincias passadas dos membros

da organizao. A informao torna-se a matria bruta da qual a organizao dispe para

construir significados e compreender o que est ocorrendo a sua volta.


3 Procedimentos metodolgicos

Trata-se da explicitao dos caminhos e procedimentos metodolgicos seguidos na pesquisa, com a finalidade de assegurar a execuo dos objetivos propostos, contribuir para a interpretao dos resultados obtidos e propiciar o rigor cientfico.

A investigao foi realizada por meio de pesquisa bibliogrfica, documental e estudo de caso. O estudo de caso foi adotado como estratgia de investigao, pois consiste em descrever um evento ou caso




em toda a sua extenso (PEREIRA; COSTA, 2008; GIL, 2009; YIN, 2010; MARCONI; LAKATOS, 2010).

Quanto abordagem, foi uma pesquisa qualitativa e descritiva, devido natureza do problema e aos objetivos que visava alcanar (PEREIRA; COSTA, 2008; MINAYO; DESLANDES, 2008; GIL, 2009).

A amostragem da pesquisa foi de 11 servidores pblicos federais. Os sujeitos dessa amostragem mostraram-se relevantes por atuarem em pontos-chave da instituio e lidarem diretamente com os processos informacionais.

Como instrumentos de coleta de dados, utilizaram-se a pesquisa bibliogrfica, o levantamento documental e um roteiro de entrevista estruturada. A deciso pela escolha da entrevista estruturada ocorreu em virtude da possibilidade de se aprofundar as questes essenciais dos objetivos especficos da pesquisa (PEREIR; COSTA, 2008; GIL, 2009; YIN, 2010; MARCONI; LAKATOS, 2010).

A entrevista foi realizada por meio do Instant Messaging (IM) do Skype, que permite que sejam feitas conversas/entrevistas "chat" com os usurios, usando a tecnologia Ponto-a-Ponto (P2P - peer-to-peer).

A entrevista estruturada foi dividida em duas sees: seo 1 Perfil dos Participantes, que visou conhecer o perfil dos servidores pblicos do CEPSUL, composta por questes abertas e de mltipla escolha; e seo 2 Gesto das Fontes de Informao, que pretendeu identificar o processo de uso de informao pelos servidores na realizao de suas atividades, composta por questes discursivas e de mltipla escolha. Este artigo se concentrar em apresentar os dados da seo 2.

Cabe ressaltar que a realizao desta pesquisa foi facilitada pelo fato de o autor trabalhar no Centro de Pesquisa h cinco anos. Assim, existia uma grande proximidade com os servidores e todos j conheciam a inteno da realizao desta pesquisa, o que permitiu melhor compreenso dos problemas que pudessem ocorrer.

Como tcnica de anlise de dados, foi utilizada a anlise de contedo, uma tcnica de pesquisa para descrio objetiva, sistemtica e quantitativa do contedo manifesto das comunicaes e tendo por fim interpret-los (BERELSON, 1952 apud MINAYO, 1998). Para facilitar a compreenso e anlise dos dados, as questes das entrevistas estruturadas foram divididas em categorias previamente estabelecidas nos instrumentos de coleta de dados, com base nos objetivos especficos da pesquisa. As categorias foram apresentadas em duas grandes reas temticas: 1) Perfil dos servidores pblicos do CEPSUL e 2) Gesto das fontes de informao. Este artigo se concentrar em apresentar os dados deste ltimo, que foi subdividido em: Fontes de informao utilizadas e frequncia de uso; Fontes de informao utilizadas para atualizao e frequncia de uso; Critrios de escolhas e de qualidade das fontes de informao; Uso das fontes de informao e cultura informacional; e Uso das tecnologias de informao e comunicao.

4 Anlise e interpretao dos resultados




Apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos nas coletas de dados da pesquisa.

4.1 Gesto das fontes de informao

As anlises e interpretaes dos resultados pautaram-se na fundamentao conceitual para sua sustentao e nas ponderaes e percepes crticas do olhar do pesquisador.

4.1.1 Fontes de informao utilizadas e frequncia de uso

A utilizao de fontes de informao priorizada de acordo com trs premissas defendidas por Choo (2006): uma organizao processa a informao para dar sentido a seu ambiente, para criar novos conhecimentos e para tomar decises. Petr (2008, p. 80) ressalta que, [...] de forma geral, o acesso informao por meio das fontes necessita de habilidades para ativar o processo de identificao e seleo das informaes relevantes. Cada organizao procura obter conhecimentos de fontes externas e internas, mas cada uma tem sua maneira de utilizar a informao, sobretudo por causa da complexidade organizacional e dos diferentes fluxos administrativos em que cada organizao est envolvida.

Aos respondentes da pesquisa foi apresentada uma questo em uma tabela com 53 fontes de informao, e perguntado quais dessas fontes de informao so utilizadas e com que frequncia, oferecendo as opes: frequentemente, s vezes e nunca. O termo frequncia, neste caso, est associado aos fluxos informacionais relacionados s demandas tanto por agente externo quanto interno. Isto , as respostas dos pesquisados esto pautadas na necessidade de informao provocada por essa demanda. Assim, o ponto de partida dessa etapa de gerao de um novo conhecimento, conforme Costa (2003, p. 33), um processo cognitivo, que necessita da informao como matria-prima para desencade-lo.

De um modo geral, a fonte de informao mais utilizada pelos pesquisadores do CEPSUL so os colegas de trabalho: 90,9% indicaram que a fonte de informao que, frequentemente, mais usam so as conversas com os colegas de trabalho, e apenas 9,1% indicam ter, s vezes, esse contato. Assim, pode-se inferir que, por ser uma rea muito especfica, com atividades e demandas pontuais, esse talvez seja o comportamento mais adequado. Uma vez que vrias atividades so desenvolvidas em grupo, esse contato permite maior troca de ideias e experincias, o que facilita o acesso e os feedbacks. Outras fontes de informao utilizadas frequentemente so: as legislaes especficas, e-mails e Internet, por 81,8% dos entrevistados. Quanto ao grande uso de legislao especfica como fonte de informao, pode ocorrer pelo fato de esta pesquisa ser realizada em um rgo pblico, no qual os profissionais desenvolvem suas atividades de acordo com a legislao que regulamenta




o setor. O uso do e-mail como fonte de informao ocorre pela facilidade de se criar dilogo e trocar arquivos com outros pesquisadores. Permite, ainda, maior aproximao com os pares mais distantes, no s em nvel nacional, como internacionalmente.

Tabela 1 Frequncia de uso das fontes de informao

Frequentemente s vezes Nunca Fontes de Informao N. % N. % N. %

1 Conversas com colega de trabalho 10 90,9 1 9,1 - 0,0

2 Internet 9 81,8 2 18,2 - 0,0

2 Legislaes especficas 9 81,8 1 9,1 1 9,1

2 E-mails 9 81,8 1 9,1 1 9,1

3 Telefone 8 72,7 2 18,2 1 9,1

3 Intranet 8 72,7 2 18,2 1 9,1

3 Ferramentas de busca 8 72,7 2 18,2 1 9,1

3 Chefe imediato 8 72,7 1 9,1 2 18,2

Fonte: Dados da pesquisa.

O resultado mostrou, ainda, as fontes de informao que nunca so usadas: as Folksonomias (Tags), com 100% das respostas. Em seguida, com indicao de 90,9%, esto as Tecnologias RSS. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de serem estas ferramentas tecnolgicas recentes, pouco conhecidas pelos pesquisadores, j que alguns participantes afirmaram desconhecer suas finalidades e vantagens. Outra fonte de informao nunca utilizada so as cartas, com 81,8% de indicao dos pesquisadores, por ser algo em desuso na vida das pessoas, que est sendo substituda pelos e-mails.

Tabela 2 - Fontes de informao de menor frequncia de uso

Frequentemente s vezes Nunca Fontes de Informao

N. % N. % N. % Folksonomias (Tags) - 0,0 - 0,0 11 100

Tecnologia RSS - 0,0 1 9,1 10 90,9

Cartas 1 9,1 1 9,1 9 81,8

Redes sociais "tradicionais"/Colgios invisveis 2 18,2 1 9,1 8 72,7

Noticirios - rdio 2 18,2 1 9,1 8 72,7

Conversas com fornecedores 2 18,2 1 9,1 8 72,7

Redes sociais "virtuais"/Orkut, Facebook, Twitter - 0,0 3 27,3 8 72,7

Blogs - 0,0 3 27,3 8 72,7


Outras fontes de informao de menor frequncia de uso so: as redes sociais "tradicionais"/colgios invisveis, os noticirios rdio, as conversas com fornecedores, as redes sociais "virtuais"/Orkut, Facebook, Twitter e os blogs, indicadas por 72,7% dos pesquisados.

As redes sociais "tradicionais"/colgios invisveis e os noticirios de rdio no so utilizados porque as demandas institucionais de trabalho so muito especficas, no se encontrando, de um modo geral, informaes adequadas nessas fontes. No caso de conversas com fornecedores, elas quase no so utilizadas por se tratar de um rgo pblico, de modo que vrias atividades que envolvem fornecedores se do




por meio de editais pblicos, no justificando tais contatos. Quanto s redes sociais "virtuais"/Orkut, Facebook, Twitter e blogs, como outras fontes eletrnicas mencionadas, os pesquisadores ainda no tm pleno conhecimento de suas utilidades. Observou-se, entretanto, que, aos poucos, eles esto comeando a conhec-las melhor e acreditam em suas potencialidades de uso no futuro.

4.1.2 Fontes de informao utilizadas para atualizao e frequncia de uso

Segundo Fadel et al (2011, p. 23), [...] no caso especfico do conhecimento tcnico-cientfico e especializado, o sujeito inicia seu processo de atualizao quando recebe novamente a sensao desagradvel da dvida. Quando no consegue obter respostas internamente, faz-se necessrio buscar o conhecimento em ambientes externos, procurando novas fontes de informao para resoluo desta demanda.

Foi apresentada uma tabela com 53 fontes de informao, com o objetivo de saber quais so utilizadas, e com que frequncia, pelos servidores para sua atualizao na rea de atuao, oferecendo as opes: frequentemente, s vezes e nunca.

Os participantes foram unnimes em afirmar que as fontes que utilizam para fazer suas atividades cotidianas so as mesmas utilizadas para se manterem atualizados. Eles no percebem diferenas entre fontes de informao utilizadas para desenvolver suas atividades rotineiras e aquelas utilizadas para se atualizarem. Quando se analisa o resultado da pesquisa, de certa forma, tal fato se comprova.

De um modo geral, a fonte de informao mais utilizada pelos pesquisadores para se atualizarem a Internet, com 72,7% das respostas; 18,2% indicam que s vezes utilizam tal fonte e 9,1% indicam que nunca utilizam a Internet para se atualizar. A segunda fonte mais utilizada so as trocas de e-mails, indicada por 63,6% dos respondentes, enquanto que 18,2% afirmaram que s vezes utilizam essa fonte e outros 18,2% afirmaram que nunca a usam. E a terceira fonte utilizada com mais frequncia, por 63,6% dos entrevistados, so as ferramentas de busca da web, sendo que 9,1% responderam que s vezes utilizam esta fonte e outros 27,3% afirmaram que nunca a usam. A utilizao dessas ferramentas de tecnologia de informao e comunicao est associada facilidade de acesso a diversos contedos e ao aumento da possibilidade de trocas de mensagens e arquivos entre os pesquisadores. Tambm, destacam-se como fontes de informao, mais frequentemente utilizadas para se atualizar, as conversas com colegas de trabalho, as revistas e jornais especializados, as legislaes, o telefone e a intranet, esta ltima indicada por 54,5% dos respondentes.




Tabela 3 - Fontes de informao utilizadas para atualizao

Frequentemente s vezes Nunca Fontes de Informao N. % N. % N. %

1 Internet 8 72,7 2 18,2 1 9,1

2 E-mails 7 63,6 2 18,2 2 18,2

2 Ferramentas de busca 7 63,6 1 9,1 3 27,3

3 Conversas com colega de trabalho 6 54,5 4 36,4 1 9,1

3 Revistas e jornais especializados 6 54,5 3 27,3 2 18,2

3 Legislaes especficas 6 54,5 3 27,3 2 18,2

3 Telefone 6 54,5 1 9,1 4 36,4

3 Intranet 6 54,5 - 0,0 5 45,5


Na anlise das fontes de informao que nunca so utilizadas para atualizao, foram observados resultados semelhantes aos citados na subseo anterior: as Folksonomias (Tags) e as Tecnologias RSS, com 100% das respostas. Em seguida, vm as redes sociais tradicionais/colgios invisveis, com indicao de 90,9% como nunca utilizadas. Destacam-se outras fontes de informao nunca utilizadas para se atualizar: as cartas, com 81,8% de indicao dos pesquisadores; as conversas com fornecedores e blogs, com 72,7%. Tais resultados podem ser explicados pelos mesmos fatos mencionados na subseo 4.1.1.

Tabela 4 - Fontes de informao de menor frequncia de uso para atualizao

Frequentemente s vezes Nunca Fontes de Informao

N. % N. % N. % Tecnologia RSS - 0,0 - 0,0 11 100

Folksonomias (Tags) - 0,0 - 0,0 11 100

Redes sociais "tradicionais"/Colgios Invisveis 1 9,1 - 0,0 10 90,9

Cartas 1 9,1 1 9,1 9 81,8

Conversas com fornecedores 2 18,2 1 9,1 8 72,7

Blogs - 0,0 3 27,3 8 72,7


Foi mencionada a relao direta existente entre a busca de fontes de informao para atualizao e a motivao. Tal motivao, por sua vez, diretamente associada ao ambiente interno da organizao, a qual passava, no momento da pesquisa, por mudanas institucionais, gerando instabilidades e provocando perda de foco em algumas atividades. Tambm foi exposta a falta de tempo, devido s mltiplas atividades simultneas realizadas pelos pesquisadores, que tm se caracterizado mais generalistas do que especialistas. Para o desenvolvimento de pesquisas, essa situao no a mais adequada por provocar sobrecarga e/ou avalanche de informao.




4.1.3 Critrios de escolhas e de qualidade das fontes de informao

Esta subseo objetivou identificar os critrios utilizados pelos servidores do CEPSUL nas escolhas das fontes de informao e as percepes do que eles entendiam como qualidade em uma fonte de informao.

Aos participantes foi apresentada uma tabela com quatro critrios pr-estabelecidos para escolha de fontes de informao. Na tabela havia um campo para que os respondentes pudessem descrever outro critrio, diferente das opes, sendo que poderiam escolher mais de uma alternativa de resposta. E foi feita a seguinte pergunta: que critrios voc utiliza para escolher determinada fonte de informao?.

Nas escolhas das fontes de informao, o critrio mais utilizado pelos respondentes a facilidade de acesso, indicado por 81,8%. O resultado corrobora Choo (2006, p. 79), que afirma que diversos critrios podem influenciar a seleo e o uso das fontes de informao, mas muitos grupos de usurios preferem fontes mais acessveis, o que no significa serem necessariamente as melhores.

Os critrios rapidez na seleo pela informao desejada e confiabilidade e conhecimento por fontes j acessadas foram indicados por 72,7% dos respondentes. A questo da rapidez importante, uma vez que vrios pesquisadores trabalham sobre demandas especficas, geralmente com prazos de entrega. A agilidade e rapidez de acesso se tornam importantes para o desenvolvimento dessas atividades, assim como a utilizao de fontes de informao confiveis, pois, muitas vezes, so solicitados aos pesquisadores pareceres tcnico-cientficos de importncia para variados setores da sociedade.

Praticamente metade dos pesquisados (54,5%) aponta o critrio atualizao da informao como utilizado para as escolhas de fontes de informao. Isso no quer dizer que o Centro possa utilizar informaes desatualizadas em seus trabalhos, mas o entendimento adequado que os demais critrios j citados so mais importantes, sobretudo, talvez, pela rea em que estejam envolvidas as atividades do Centro.

Tabela 5 Critrios utilizados para escolhas de fontes de informao

Critrios N. % Facilidade de acesso 9 81,8

Rapidez na seleo pela informao desejada 8 72,7

Confiabilidade e conhecimento por fontes j acessadas 8 72,7

Atualizao da informao 6 54,5

Outros 0 0,0


Choo (2006, p. 107) afirma que o indivduo escolhe a informao quando percebe uma relao significativa entre o contedo da mensagem e a tarefa ou problema que ele tem em mos. Essa relao




percebida e determinada pelo indivduo com base em seu conhecimento e sua rede de referncias, assim como no contedo e na forma da mensagem.

Os participantes foram questionados sobre quais as suas percepes de qualidade numa fonte de informao. Para isso, foi realizada a seguinte questo dissertativa: o que significa uma informao de contedo e de qualidade adequada?

Constatou-se que a percepo de qualidade da fonte de informao est associada, principalmente, confiana, segurana, fidelidade e veracidade da fonte, sendo importante que a informao seja til, contextualizada, integrada, de acesso rpido e fcil e em variados formatos. Outro aspecto citado a necessidade de a fonte ser objetiva, concisa, correta, direta, presente em vrias literaturas, revisada e reconhecida. Ainda foi mencionada a importncia de ser proveniente de uma metodologia adequada, que possibilite a replicao da pesquisa, se necessrio.

4.1.4 Uso das fontes de informao e cultura informacional

Esta subseo objetivou compreender os processos que envolvem o gerenciamento das fontes de informao e verificar a cultura informacional existente no CEPSUL.

Aos respondentes foi apresentada a questo discursiva a seguir: na sua concepo, quais so as aes necessrias para melhorar o acesso, a confiabilidade, a transferncia/disseminao e a organizao das informaes utilizadas nas atividades desenvolvidas pelo CEPSUL?.

Percebe-se a complexidade do processo de gesto da informao no Centro. Inmeras ponderaes e sugestes foram feitas, no havendo um tema unnime que permitisse determinar anlises pontuais, embora a necessidade de organizar melhor a informao interna e externa tenha se destacado. Todos os respondentes concordam que a informao deva ser tratada como um recurso gerencial estratgico, e que aes para a melhoria do acesso, da confiabilidade, da transferncia/disseminao da informao so imprescindveis. Nota-se a preocupao com a necessidade de se ter um acervo de informao organizado para poder compartilh-lo tanto interna quanto externamente. Enfatiza-se a importncia de serem alocados recursos financeiros para melhorar o desenvolvimento de todas as atividades realizadas pelo Centro, e a necessidade de se definirem, de forma clara, as atribuies especficas de cada setor, o que facilitar o delineamento das necessidades de informaes relevantes.

Expe-se a necessidade de se disponibilizar informao de modo amplo, porm, com filtros para direcionar o que deve ser de difuso externa ou interna. Tambm se props o desenvolvimento de um planejamento sistemtico de rede/servios de informao, prevendo o que, como e onde ser disponibilizado. Destaca-se o fato de a Biblioteca ser apontada por muitos respondentes como o lugar mais adequado ao




desenvolvimento de todo o processo de produo e divulgao da informao. Sugeriu-se juntar a Biblioteca ao setor de Comunicao Institucional para o desenvolvimento de aes que aumentem a visibilidade institucional.

Indagou-se aos participantes suas percepes acerca do processo de uso da informao que envolve a seleo e processamento (tratamento tcnico) das fontes de informao para dar resposta a uma pergunta, soluo de um problema, tomada de deciso, negociao ou entendimento de uma situao. Foi perguntado: voc consegue observar estas etapas em seu processo de uso de informao? Exponha sua concepo.

As respostas foram analisadas, de acordo com o modelo de Processo de Gerenciamento da Informao de Davenport (2000), composto de quatro passos: Determinao das exigncias, Obteno, Distribuio e Utilizao. Aps analisar as respostas, observa-se, de um modo geral, uma viso centrada na Obteno de informao. Fica evidente que no h uma compreenso sistmica dos processos que envolvem o uso da informao. Houve a afirmao de que o processo existente falho, no havendo parcerias, interao com instituies e rgos afins, nem promoo de intercmbios entre eles. Tambm foi mencionado o fato de que alguns dados coletados no so confiveis, sobretudo devido ao fato de a fonte de coleta e a metodologia utilizada nem sempre serem as mais adequadas. No entanto, entende-se que o processo de uso da informao seja imprescindvel para o andamento dos trabalhos de pesquisas.

Retoricamente foi exposto aos pesquisados, que a habilidade para inovar influenciada pela capacidade de as organizaes absorverem e combinarem informaes variadas de fontes internas e externas. Foi feita a seguinte pergunta: na sua avaliao, como se d este processo em suas atividades?.

Ponderou-se que a utilizao de diversificadas fontes de informao (artigos cientficos, relatrios de pesquisas, patentes, dentre outros), de origem nacional ou internacional, de lngua portuguesa ou estrangeira, contribui para se ter um manancial de contedos para o desenvolvimento de pesquisas locais com abrangncia global. Alguns pesquisados entendem que esse processo a fora motriz das aes realizadas pelo setor, que a troca de informao interna e externa constante e necessria. Defendeu-se que, quanto mais acessos a metodologias e estudos, mais rpido se podem atingir os resultados, pois, aprender com os erros e acertos de outros pesquisadores contribui para a reduo de etapas.

Afirmou-se que as tecnologias de comunicao e informao facilitam a combinao de informao de diversas fontes internas e externas e, com isso, podem contribuir para que a coleta de dados seja realizada da forma mais prxima possvel de uma determinada metodologia. Expe-se que a grande quantidade de informao possibilita mais oportunidades, porm, o processo de inovar ainda construdo por meio de tentativas e erros. Ainda foi mencionada a importncia do




processo de inovao como mediador na questo ambiental, pois contribui na busca de fontes de informao para resolues de forma isenta, tendo como foco a conservao ou a preservao ambiental.

Inquiriu-se aos participantes se o CEPSUL promove uma cultura organizacional voltada produo, compartilhamento/disseminao e uso da informao e do conhecimento.

Para compreender as respostas, necessrio entender que mudar a maneira como as pessoas usam a informao e construir uma cultura informacional um dos desafios da gesto da informao nas organizaes. De um modo geral, pode-se distinguir comportamento informacional e cultura informacional. O comportamento informacional se refere ao modo como os indivduos lidam com a informao, o que inclui a busca, o uso, a alterao, a troca e o acmulo. Enquanto o comportamento envolve atos individuais, a noo de cultura abrange grupos ou organizaes, em particular os valores e as crenas de um grupo. Por cultura informacional entende-se o padro de comportamentos e atitudes que expressam a orientao informacional de uma empresa (DAVENPORT, 2000).

Observou-se, na investigao, que no h um entendimento claro sobre a existncia ou no de uma cultura informacional. Percebe-se que existem aes isoladas, porm, no h nada formalizado oficialmente ou aes realizadas de modo orquestrado. Dos 11 participantes, quatro entendem no haver uma cultura informacional, e apenas um assevera que h essa cultura. A maioria dos participantes entende que existe, mas com alguns problemas em algumas das etapas, na produo, no compartilhamento, na disseminao e no uso da informao. Assim, com base em Davenport (2000), pode-se afirmar haver comportamentos informacionais isolados, no uma cultura informacional.

Dentro de cada setor, o fluxo informacional acontece de forma prxima aos apontados pela literatura, porm, no consegue romper as paredes desses setores. Quando solicitados para a produo ou compartilhamento das informaes, praticamente todos os servidores so muito solcitos em responder. Talvez haja a necessidade de definir aes que provoquem um dinamismo nos processos informacionais para que se desenvolva uma cultura informacional efetiva.

4.1.5 Uso das tecnologias de informao e comunicao

Esta subseo objetivou verificar a relao pessoal dos participantes com as tecnologias de informao e comunicao. Avaliou-se quais dessas tecnologias so usadas e o nvel de conhecimento, as habilidades e familiaridades em seu uso. O tema envolveu uma questo discursiva e nove de mltiplas escolhas.

A questo discursiva indagou: poderia expor de que forma voc utiliza as tecnologias de informao e comunicao e quais so os benefcios para o desenvolvimento das suas atividades?.

Para os respondentes, os benefcios das tecnologias da informao e comunicao para o desenvolvimento das diferentes




atividades cotidianas so inmeros. Avaliou-se que est no incio o processo de uso e difuso desses recursos, que ainda est na etapa de se conhecer e aprender a utiliz-los de forma mais adequada. Foram apontados diversos benefcios, como: rapidez e agilidade no processamento da informao; contribuio com o uso de informao nova sobre determinados assuntos das pesquisas e aumento da capacidade de atualizao; possibilidade de produzir informao localmente com avaliao global; cooperao no planejamento e at a execuo dos projetos; possibilidade de acesso s fontes de informao por meio dos mecanismos de buscas da Internet; aumento da interao e trocas de documentos/arquivos com colegas, pesquisadores de outras instituies; acesso a portais de pesquisa, financiamentos e agncias de fomento; e, ainda, economia de tempo, de recursos financeiros, compartilhamento de documentos e trabalho de forma colaborativa. Destaca-se a necessidade de formao e capacitao continuada dos recursos humanos para o uso adequado dessas ferramentas e para o desenvolvimento das potencialidades das aplicaes em prol das atividades desempenhadas pelo Centro de Pesquisa.

Nas perguntas de mltiplas escolhas foram tratadas as questes de usabilidades dos recursos disponveis em diferentes tecnologias da informao e comunicao pelos servidores do CEPSUL. A seguir, ser dissertado sobre os principais dados observados na pesquisa.

No aparelho celular, das funes existentes, apenas a agenda telefnica utilizada por todos, e a metade das funes do celular utilizada por menos de 30% dos respondentes. Dentre as funes mais utilizadas, destacam-se, alm da agenda telefnica, a cmera filmadora, o calendrio e o torpedo/SMS/MMS, indicados por 72,7% dos entrevistados.

No site Google, dos recursos oferecidos, verificou-se quais so utilizados. Todos os participantes utilizam o Google Maps; 90% fazem uso da pesquisa simples; e 81,8% usam o Gmail como provedor de e-mail. Durante a entrevista, percebeu-se que alguns mecanismos disponveis no Google com baixo ndice de uso (como a pesquisa avanada, o Google Docs, Livros, Gtalk, iGoogle, Vdeos Google e o Desktop) so pouco utilizados, mais por desconhecimento de suas funcionalidades ou operacionalidades do que por avaliao negativa de sua utilidade.

Em relao ao tempo dirio dispensado ao uso do computador, observou-se que 45,5% dos respondentes utilizam o computador em mdia de seis a oito horas por dia; 36,4% ficam mais de oito horas em frente a um computador. Ressalta-se que 81,9% dos respondentes utilizam o computador mais de seis horas por dia. Durante a entrevista, percebeu-se que, de certa forma, esses participantes tm familiaridade e habilidade no uso dessa ferramenta.

Sobre o tempo em que os participantes ficam conectados Internet com o navegador aberto, constatou-se que 36,4% dos participantes, ficam de seis a oito horas conectados diariamente; 27,3% ficam de uma a trs horas dirias. Nota-se que mais da metade dos respondentes, 54,5%, ficam mais de seis horas conectados diariamente Internet com o navegador aberto. Todos os respondentes utilizam




diariamente a Internet, o que pode ser um fato positivo, pois, mesmo no sendo utilizadas todas as potencialidades oferecidas pela rede, esse tempo contribui para o conhecimento de novos recursos e o desenvolvimento de habilidades no uso da Internet.

Quanto ao uso da Internet para se comunicar informalmente com outras pessoas, todos os participantes da pesquisa utilizam a Internet como meio de comunicao. Dos meios disponveis, 72,7% dos participantes utilizam algum tipo de Messenger (MSN, Skype, Gtalk ou similar) e outros 36,4% usam somente o e-mail.

Em relao participao em algum frum de interesse, alguma comunidade virtual ou lista de discusso, desvinculada obrigatoriedade institucional, os resultados demonstram que todos participam ou j participaram de algum meio de discusso virtual. Dos respondentes, 54,5% mencionaram que atualmente no participam, mas j participaram; 36,4% participam em mais de um frum de discusso e 9,1% indicaram que participam de apenas um grupo de discusso.

Em relao ao uso das tecnologias de comunicao, os resultados mostram que o E-mail e o Skype so as tecnologias de comunicao utilizadas por todos os pesquisados no desempenho de suas atividades cotidianas no Centro. O Celular usado por 90,9% dos respondentes. Destaca-se que as redes sociais (Facebook, Orkut e Twitter) so pouco utilizadas pelos participantes, podendo-se inferir que ainda no se encontraram maneiras adequadas de utiliz-las de forma produtiva em locais que lidam com pesquisas tcnico-cientficas.

5 Concluso e sugestes

Esta pesquisa provocou uma reflexo acerca do fenmeno relacionado gesto da informao e ao comportamento informacional no uso das fontes de informao nesse Centro de Pesquisa. Por sua abordagem qualitativa, viabilizou perceber reflexes em parte dos envolvidos, como uma autoanlise de suas atividades e uma forma diferente de enxergar determinadas situaes.

Em decorrncia do carter interdisciplinar e multifacetado, tanto da Cincia da Informao, como das atividades que envolvem o Centro de Pesquisa, foi necessrio estabelecer limites para o presente estudo. Percebe-se, no entanto, que algumas questes podem ser mais aprofundadas em estudos complementares. Assim, sugerem-se futuros estudos que abordem: processos que envolvem o uso das fontes de informao como uma ferramenta gerencial e como componente ativo em todas as etapas de gerao de conhecimento organizacional; pesquisas sobre o impacto das fontes de informao digitais, como as redes colaborativas, as redes sociais, os motores de busca e a comunicao instantnea (messengers) nos processos gerenciais e operacionais, em centros de pesquisas tcnico-cientficas; o mapeamento e monitoramento de fontes de informao, as necessidades, aplicaes, acessos e usos, como diferenciais na tomada de decises para a qualidade de vida das




pessoas na sociedade do conhecimento; investigaes sobre a diferena entre gesto da informao e gesto das fontes de informao.

Ao final, pode-se concluir ser a Internet um recurso informacional, isto , contm caractersticas de uma fonte e de um canal de informao.

Por fim, para o xito da gesto da informao, conclui-se que necessrio que ela seja efetivada de acordo com as premissas, a saber: precisa ser realizada por pessoas apoiadas pelas tecnologias de informao e comunicao; precisa ser feita por meio de instrumentos gerenciais, com o uso das ferramentas de compartilhamento e colaborao (redes sociais); importante um ambiente de cultura e comportamentos informacionais consolidados; necessria a compreenso da informao como recurso estratgico organizacional, tornando-se a sua utilizao uma vantagem competitiva. Portanto, o gerenciamento da informao precisa ser realizado de forma processual, isto , em um conjunto de etapas conectadas horizontalmente e verticalmente; de forma lgica e dialtica; sendo abrangente/integrativo e especfico; rgido (rigor na operao) e flexvel (conforme a necessidade); e necessita ser constantemente aperfeioado. As suas dimenses e etapas devem ser formuladas conforme as caractersticas de cada organizao, tendo como foco alcanar os objetivos organizacionais.

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gestão da informação - charles rodrigues

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