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GESTÃO AMBIENTAL TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL TRAFFIC OF WILD ANIMALS IN BRAZIL

GLEYCE KELLY COSTA MIRANDA LEILA QUEIROZ

Resumo Este artigo aborda ao problemática do tráfico de animais silvestres no Brasil. É uma pesquisa exploratória com revisão bibliográfica da literatura, partindo da premissa de que o tráfico de animais silvestres ameaça o equilíbrio da fauna brasileira, bem como de todo o ecossistema. O estudo analisa os aspectos legais que norteiam o controle do tráfico de animais silvestres, perpassando pelas limitações legais e também pela dif iculdade que as autoridades enfrentam para combater essa prática. O estudo revela que, embora haja contínuas ações de combate, ainda está longe de ser o suficiente para atender todo o território brasileiro. A pesquisa conclui que existem vários empecilhos para uma ação coordenada entre as autoridades e a sociedade como um todo, mas é necessário desenvolver para o médio e longo prazo ferramentas que permitam o controle no tempo e no espaço, além de campanhas permanentes de educação ambiental. Palavras - chave: tráfico de animais silvestres; controle; educação ambiental. Abstract This article addresses the problem of the traff icking of w ild animals in Brazil. It is an exploratory research with bibliographical revision of the literature, starting from the premise that the traff ic of w ild animals threatens the balance of the Brazilian fauna, as well as of the whole ecosystem. The study analyzes the legal aspects that guide the control of the traff icking of wild animals, crossing the legal limitations and also the diff iculty that the authorities face to combat this practice. The study reveals that, although there are continuous combat actions, it is still far from suff icient to serve the entire Brazilian territory. The researchconcludesthatthere are severalobstaclesto a coordinatedactionbetweentheauthoritiesandsociety as a w hole, but it isnecessarytodevelop tools for themediumandlongtermthatallow control in time andspace, as well as permanentenvironmentaleducationcampaigns Key words:Traff icking in w ild animals; control; environmental education. INTRODUÇÃO

O Brasil é privilegiado em termos da biodiversidade que possui. Este fato atrai atenções nacionais e internacionais para a fauna exótica incitando ao t ráfico de animais silvestres. Destaca-se outros fatos que corroboram para a formação deste crime: a influência culturaldos nossos antepassados que sempre exploraram a diversidade como fonte de riqueza; os conflitos urbanos ocasionados pelo desemprego; dificuldades em promover uma fiscalização eficiente por falta de contingente, de equipamentos e de treinamentos para os agentes ambientais; falta de rigidez na aplicação da lei; a inexistência de uma política pública para combater esta atividade e a falta de integração dos órgãos ambientais e, por último, não menos importante que os outros a falta de locais apropriados para receber animais, como zoológicos, parques em condições de fazer a reintrodução dos animais apreendidos.

O IBAMA é o Órgão Executor do Sistema Nacional do Meio Ambiente, cuja atribuição é executara política e diret rizes governamentais fixadas para o meio ambiente. O IBAMA, também é responsável pelo licenciamento de criadouros (científicos, comerciais e conservacionistas) no País e responde também pelo controle, fiscalização e combate ao tráfico de animais da fauna silvestre nacional.

Junto ao Ibama, a fiscalização também conta com o apoio das polícias ambiental estadual e militar, somando 27 órgãos estaduais e municipais.

Uma das ferramentas que vem se mostrando mais eficaz no combate ao tráfico de

animais, depois das denúncias, são as Operações Policiais, onde se inserem os bloqueios policiais. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2005, p.15). Além dos bloqueios policiais há, nas operações policiais, a fiscalização das chamadas fontes de consumo (restaurantes, abatedouros, criadouros, todos os empreendimentos que se utilizem da fauna silvestre para as suas atividades comerciais).

Dentre os assuntos do curso de Gestão Ambiental, escolheu-se este em função de sua relevância e presença marcante nos debates entre ambientalistas, pelos tratados internacionais, por ONGs, pelo governo, sociedade e por universitários.

Diante do exposto, o presente estudo, objetiva analisar o quadro atual do tráfico de animais silvestres no Brasil e suas limitações para o efetivo combate.

Para atender aos objetivos deste estudo foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica em livros e na internet, no tema Tráfico de animais silvestres, buscando explorar quais os motivos dessa ação abusiva contra o meio ambiente.

A abordagem da pesquisa escolhida foi a exploratória utilizada para proporcionar uma visão geral de um determinado fato, aproximando o pesquisador do objeto. (GIL, 2002).

Nessa perspectiva,Triviños (1987, p. 109) explica que os estudos exploratórios permitem obter maior clareza sobre o objeto estudado e “permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de um determinado problema”.

Este trabalho foi estruturado da seguinte forma: inicialmente será apresentada a

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1807

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contextualização dos animais silvestres e os aspectos legais. Em seguida, aborda-se o tráfico de animais silvestres e a sua ameaça ao equilíbrio ambiental, e por fim, são apresentadas as considerações finais. Animais Silvestres: Contextualização e Aspectos legais

O Brasil é um dos países que mais exporta animais silvestres ilegalmente. As razões disso são diversas, destaca-se a principal: finalidade comercial que movimenta mais de 1 bilhão de dólares e comercializa cerca de 12 milhões de animais anualmente. (BARRIENTO & DUARTE,2012, p.1246).

A Portaria Ibama nº 93/1998, de 07 de julho 1998 que dispões sobre a Importação e Exportação Fauna Silvestre em seu Art. 2º define animais silvestres como: I - Fauna Silvestre Brasileira: são todos aqueles animais pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do Território Brasileiro ou águas jurisdicionais brasileiras. No âmbito da Lei de proteção à fauna, Lei nº 5.197/1967, em seu Art. Art. 1º. estabelece que: Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.

No entanto, como bem afirma a Rede

Nacional de Combate do Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) “Não faltam leis de proteção à fauna silvestre. O que falta é integração entre elas e punições capazes de inibir a reincidência”.(RENCTAS, 2016, p. 19).

A legislação ambiental no Brasil é complexa e não abrange eficazmente a fauna silvestre em suas particularidades, ocasionando segundo a Renctas (2016, p. 20) conflitos entre as leis: Algumas dessas portarias e instruções criam uma insegurança jurídica aos que se orientam por esses dispositivos. As contradições legais começam pela própria Lei n° 5.197/67, que definiu como fauna silvestre quaisquer espécies que vivem naturalmente fora do cativeiro.

Assim, infere-se que os espécimes nascidos

no cativeiro, mesmo aqueles pertencentes às espécies silvestres, são considerados animais domésticos.

O Ibama esclarece esse conflito quando afirma que a fauna silvestre é todo animal pertencente à espécie nativa que tenha todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro do território nacional, ou seja, inclusive aqueles nascidos em cativeiro.

Em atenção ao que não se pode regulamentar o que não está previsto em lei, surgem diferentes interpretações, dúvidas permitindo que procedimentos ilegais sejam adotados de modo diferente em cada região do País.

Tal ineficiência resulta que o regulador se torne ineficaz quando não consegue a efetividade da lei, conforme afirma a Renctas (2016, p.20): Entre 2005 e 2010, o Ibama emitiu R$ 630 milhões em multas para crimes contra a fauna, mas só recebeu 2% desse valor. Além do não pagamento de multas devido às brechas legais ou à ausência de uma cobrança efetiva, as penas aplicadas para esse tipo de crime são muito leves, o que incentiva a reincidência.

O que é fácil perceber pela resposta penal

para crime de tráfico de animais silvestres. Pelo Código Penal são dois tipos de penalidades para esses casos: a pena privativa de liberdade e a restritiva de direitos. Podendo a primeira ser substituída pela segunda, quando o criminoso paga pelo crime que cometeu prestando serviços comunitários. Também o juiz levará em consideração se o réu não for reincidente.

No entanto, nos crimes contra a fauna, independentemente se matou ou caçou espécies silvestres sem autorização do órgão competente ou se estava comercializando animais silvestres pode, no máximo, receber de seis meses a um ano de prisão.

Conforme consta o Art. 29 da Lei Federal n. 9.605/1998, assim descrita: Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de 6(seis) meses a 1(um) ano de detenção, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica, destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

Observa-se que a expressão “tráfico de

animais”está associada ou ao transporte ou a manutenção em cativeiro, sendo ambas ilegais.

Destaca-se que geralmente, no tráfico de animais silvestres vivos as espécies são transportadas em péssimas condições de ventilação, sem água e alimento. Muitas morrem

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1808

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devido ao estresse a que são submetidas, demonstrando nenhuma preocupação com a integridade do animal, somente se preocupa com o lucro que os sobreviventes vão dar. Por isso, para os traficantes, a quantidade de animais é importante, conforme expressa Calhau (2004, p.3) O traficante de animais é a pessoa que se coloca como contraposto da figura desse bom administrador do meio ambiente. Ele busca obter o maior lucro possível saqueando quantos ecossistemas forem necessários para que atinja o seu fim. Se ele envia 1000 pássaros escondidos dentro de um caminhão da Bahia para a cidade de São Paulo e morrem 950 na viagem, para o mesmo, não há problema, pois com os 50 que chegam vivos ao destino ele já tem garantido o seu lucro, o qual o autoriza financeiramente a uma outra empreitada criminal-ambiental.

A Figura 1 ilustra animais mortos durante o

transporte. Figura 1: Dezenas de animais mortos pelas péssimas condições de transporte

Fonte: BPMADF (2012) Ainda em consonância com os aspectos

legais, a Lei n° 9.605/98, de Crimes Ambientais, também é muito criticada, por não tratar com proporcionalidade a reincidência e nem por diferenciar a infração de um crime ambiental. Sendo assim, possíveis falhas de procedimentos interferem numa avaliação contra danos ambientais. Da mesma forma, dispositivos legais decorrentes de normas infralegais, comumente sofrem alterações cabendo ao gestor responsável pela fauna no momento, a devida sanção.

Na opinião de Calhau (2004, p. 3) a legislação em vigor não está preparada para dar uma resposta penal adequada aotráfico eaos demaiscrimes contra a fauna.

Fica a desejar um respaldo legal e procedimentos fiscais mais eficazes para combater o crime em suas raízes, numa visão mais harmoniosa e respeitosa do meio ambiente, entendendo que a sustentabilidade ambiental nunca existirá, enquanto, houver crimes contra o ecossistema, no caso do objeto de estudo deste trabalho, o tráfico de animais silvestres.

O Tráfico de animais silvestres O tráfico de animais silvestres, é

praticado em todo País. Existem feiras tradicionaisde venda ilegal de animais silvestres, mas concomitantemente, aumentam as vendas pela internet.Segundo a Renctas (2016, p. 33) Os anúncios de compra e venda ilegal – muitas vezes explicitamente informando tal situação – proli feram em chats, bate-papos e listas de discussão. Tudo feito às claras, semdemonstrar a menor preocupação com a aplicação da lei. Tal segurança dos criminosos ambientais virtuais se alimenta do descaso e da imobilidade do Ibama.

Por outro lado, o Instituto defende a

eficiente atuação do Departamento de Polícia Federal, expressando que o órgão prioriza a sua atuação na desarticulação de quadrilhas especializadas no comércio ilegal da biodiversidade.

São inúmeras as ações das polícias federais, estaduais e municipais no combate ao tráfico ilegal. Conforme, ocorrido em junho do corrente ano: Em ação conjunta da Polícia Federal com a Polícia Militar Ambiental, a Operação Safe Web, que investigou indivíduos que promoviam tráfico de animais silvestres em anúncios na internet e em páginas de redes sociais. A busca e apreensão foi realizada na capital paulista, onde foram apreendidos diversos animais ameaçados de extinção, além de animais exóticos. Dentre os animais apreendidos havia um macaco-prego. Os investigados responderão pelos delitos de tráfico, além de maus tratos. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2016)

As Figuras 2 e 3 mostram detalhes da

operação.

Figura 2:Polícias Federal eMilitar Ambiental apreendem animais na Operação Safe Web

Fonte: GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO(2016) Figura 3:Macaco prego apreendido na operação

Safe Web

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Fonte: GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

(2016) Recentemente, uma matéria sobre a caça

aos dez maiores traficantes de animais silvestres do Brasil, relatou que os traficantes usam até mesmo o serviço dos Correios para entregar animais de pequeno porte aos compradores. São iguanas, cobras, pássaros e outros animais que são imobilizados e enviados em condições precárias e de forma completamente ilegal.Quando pegos, os criminosos acabam sendo condenados a pagar apenas cestas básicas ou a prestar serviços comunitários. Os contraventores não pagam as multas que recebem e continuam no crime, impunemente. Na lista de traficantes feita pelo Ibama destaca-se dois que juntos devem mais de 24 milhões em multa. (GLOBO.COM, 2016).

Segundo as ações da Polícia Federal e do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na maioria das vezes não dá em nada por conta da fragilidade legislativa do Brasil, nesse sentido. Na matéria, um policial chora por ver que tamanha crueldade com os animais não causa nenhum problema para os criminosos.

No entanto, dada a falta de um alinhamento estratégico dos órgãos responsáveis e de maior interação entre os entes responsáveis algumas medidas adotadas pelo governo são questionadas por sua vulnerabilidade. Conforme pode-se observar pelas palavras da Renctas (2016, p. 36).

Um incentivo legal ao tráfico de animais O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) aprovou em 2013 a Resolução nº 457, com o apoio do Ibama e da Polícia Ambiental do estado de São Paulo. Tal instrumento legal incentiva o tráfico de animais silvestres no país, uma vez que abre a possibilidade para que o infrator ambiental – que adquiriu um exemplar da fauna nativa ilegalmente – permaneça com a posse do animal. Segundo alegações do Ibama e da Polícia Ambiental do estado de São Paulo, a iniciativa visava contribuir com os órgãos de fiscalização, uma vez que eles encontravam dificuldades para destinar os animais apreendidos. Com a

Resolução nº 457 foi instituída a figura dos Termos de Guarda de Animal Silvestre (TGAS) e Termo de Depósito de Animal Silvestre (TDAS).

No âmbito internacional, Lima (2016, p.37)

afirma que A colaboração formalizada e regulada entre os países é um dos elementos essenciais no combate ao tráfico de fauna e flora no âmbito mundial, atividade esta que pode se servir tanto das espécies e espécimes obtidos da fauna e da flora como do comércio ilegal de suas informações genéticas. Esta cooperação internacional permite harmonizar a forma de controle e de coibição desse tipo de prática por meio de ação conjunta, potencializando a sua inibição e, consequentemente, a proteção ambiental.

Ameaça ao equilíbrio ambiental

O tráfico de animais silvestres é uma prática cruel e desnecessária, uma vez que para quem deseja adquirir um animal silvestre, é possível comprar em criadouros certificados pelo Ibama. O preço praticado é justificado pela dificuldade de reprodução desses animais em cativeiro. Recentemente, os criadouros receberam a Instrução Normativa Ibama nº 7, de 30 de abril de 2015 que institui e normatiza as categorias de uso e manejo de fauna silvestre em cativeiro.

No entanto, estima-se que o Brasil exporte ilegalmente 1,5 bilhão em animais silvestres por ano, um valor que globalmente chega a 10 bilhões e perde apenas, em faturamento, para os tráficos de drogas e de armamentos. (RENCTAS, 2016, p. 62).

No Brasil,as listas Nacionais Oficiais de Espécies Ameaçadas de Extinção mostram que 1.173 espécies da fauna e 2.113 da flora correm risco de desaparecer. (IBAMA,2016).

Ressalta-se que a apuração das espécies apreendidas ao ano, depende da fiscalização efetuada em cada estado brasileiro, e é feita pelo centro de triagem de vida silvestre.(Renctas,2001).

A perda de habitat acelera extinção de espécies ocasionada pelo homem muito mais do que pela extinção por causa natural,a retirada da vegetação,exploração comercial,poluição das águas,solos e ar e introdução de especiais exóticas são alguns fatores que influencia a extinção de espécies.

A biodiversidade brasileira se revela em mais de 20% do número total de espécies no mundo. O Brasil está entre o principal Pais com maior biodiversidade diante de outros 17 países. ³

Mas, no corrente ano, o IBAMA apreendeu em 6 Estados 1.342 armadilhas e redes de neblina que são armadilhas usadas por traficantes para capturar os animais, com esta apreensão foram R$ 286,6 mil em multas. Os estados com maior número de infração é São Paulo com (27% do total), Rio de Janeiro(14%) e Pará (12%). (IBAMA,2016)

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O tráfico de animais vem transformado os ecossistemas naturais não respeitando nem os animais ameaçados de extinção, conforme visualizado na Figura 2. Ao mesmo tempo que lota os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), já que o prazo de reintrodução dos animais é incerto, ocorrendo caso a caso.

Os CETAS do IBAMA são unidades responsáveis pelo manejo dos animais silvestres que são recebidos de ação fiscalizatória, resgate ou entrega voluntária de particulares.

Os CETAS possuem a finalidade de receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar esses animais silvestres, além de realizar e subsidiar pesquisas científicas, ensino e

extensão. A solicitação de pesquisa deverá ser formalizada na Superintendência do IBAMA. (IBAMA, 2016).

Os últimos dados mostram que em 2014, foram recebidos 39.637 animais e destinados 31.106 (IBAMA, 2016).

A problemática vai muito além do escopo local, a retirada de um animal do seu habitat modifica a fauna e a flora, tornando florestas vazias,desequilibrandoa cadeia alimentar, fazendo surgir espécies exóticas, e comprometendo a continuidade das espécies. A Figura 4 apresenta um esquema de descompensação ambiental.

Figura 4: Impactos do tráfico de animais silvestres no ecossistema

Fonte: RENCTAS (2016, p. 64)

Pela ilustração, percebe-se a sequência

em que se dá a cadeia produtiva de todo o ecossistema e a importância do manejo de fauna

Buscando entender os motivos que contribuem com o tráfico de animais silvestres no Brasil, chega-se a vários motivos que não necessariamente ocorrem de forma isolada: • interesse em manter animais silvestres como animais de estimação, • por apego casual, por presente associado ao desconhecimento dos danos ambientais, • falta de educação ambiental voltada à proteção da fauna silvestre local, • aumento do desemprego, • existência de compradores que alimentam esse mercado.

Ressalta-se que os problemas

relacionados à esta questão no País serão solucionados com uma maior interação entre as polícias, o Ibama, os institutos criadouros, e dos órgãos responsáveis pela política nacional de proteção e conservação ambiental.

Considerações finais

Por meio deste estudo ficou evidente o valor da fauna silvestre, e sua importância para o equilíbrio ambiental e social.

Este estudo atendeu o objetivo de analisar o quadro atual do tráfico de animais silvestres no Brasil e suas limitações para o efetivo combate a este crime.

O comercio ilegal de animais silvestres é

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considerado crime, apesar de ter penas leves. Por se tratar de um mercado lucrativo e pouca estrutura de fiscalização que atenda todo o território brasileiro, eficazmente,ocorre comumente a reincidência.

Os dados estatísticos de comércio ilegal de animais silvestres não são integrados. Cada órgão fiscalizador detêm dados oriundos de ações internas. Também ocorrem ações estratégicas envolvendo mais de um órgão, porém são esporádicas. No entanto, pela atual estrutura dos órgãos, tais ações estão longe de se tornar uma rotina.

Diante das dificuldades em banir com o tráfico ilegal em todo o território nacional em curto ou médio prazo, urge que as autoridades junto a população possam desenvolver maior articulação, interação e intercâmbio com os demais entes envolvidos, tais como, os criadouros, representantes locais, ONGs, de forma a não apenas solucionar conflitos, mas principalmente para planejar ações que acompanhem as práticas do mercado ilegal.

Nessa sintonia, a informação clara e acessível deve ser provocada, utilizando os diversos meios de comunicação visando maior alcance na comunicação. Consequentemente, aumentaria a efetividade da lei e segurança nos dados.

Sobre o tema tráfico de animais silvestres, novos estudos devem assinalar um movimento mais integrativo que conceba ferramentas ou aplicativos que viabilizem, imagens, localização e outros instrumentos que permitam a maior eficiência à fiscalização, tal como o recurso utilizado no “sistema urubu” - projeto coordenado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), vinculado à Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais.

Por fim, ressalta-se que nenhuma ação ou estratégia de combate ao t ráfico de animais atingirá níveis satisfatórios, sem o apoio de campanhas permanentes de educação ambiental. REFERÊNCIAS BARRIENTO, Cristiano de Sousa, DUARTE, Solange. A Conscientização para educação e planejamento de soltura de aves silvestres aplicados à população do bairro do Jardim Cumbica, município de Guarulhos-SP. V(6), nº 6, p.1244–1247, mar/2012. BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL. Tráfico de animais silvestres. Disponível em:<http://bpmapmdf.blogspot.com.br/2012/03/trafico-de-animais-silvestres.html>. Acesso em dez de 2016.

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em nov de 2016. CALHAU, Lélio Braga. Da necessidade de um tipo penal específico para o tráfico de animais: razoabilidade da Política Criminal em defesa da fauna. São Paulo: 2004. p.17. GLOBO.COM. Veja caça aos dez maiores traficantes de animais silvestres do Brasil. Edição do dia 04/12/2016. Disponível em:<http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/12/veja-caca-aos-dez-maiores-traficantes-de-animais-silvestres-do-brasil.html>. Acesso em dez 2016. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Tráfico de Animais da Fauna Silvestre Nacional: Dados Estatísticos e Estratégias Operacionais 2001 – 2005. Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Polícia Militar Ambiental. 2006. 26p. IBAMA. Instrução Normativa IBAMA Nº 07/2015, de 30 Abr.2015. 50p. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/phocadownload/fauna_silvestre_2/legislacao_fauna/2015_ibama_in_07_2015_autorizacao_uso_fauna_empreendimentos.pdf>. Acesso em dez 2016. ______. Centros de Triagem de Animais Silvestres. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas-fauna-silvestre/centros-de-triagem-de-animais-silvestres>. Acesso em nov 2016. ______. Instrução Normativa Ibama nº 7, de 30 de abril de 2015 Lei n° 5.197, de 3 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. Disponível em:<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197.htm>. Acesso em nov de 2016. RENCTAS. Relatório nacional sobre gestão e uso sustentável da fauna silvestre. 2016. Disponível em:<http://www.renctas.org.br/trafico-de-animais/>. Acesso em dez 2016. _____. 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de animais silvestres. 2001. Disponível em:http://www.renctas.org.br/wp-content/uploads/2014/02/REL_RENCTAS_pt_final.pdf. Acesso em nov 2016 TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Int rodução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1812