gerenciando a escassez de agua na industria

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APRESENTAÇÃO A situação crítica dos reservatórios do Sistema Cantareira compromete, de forma direta, o abastecimento de mais de 3 milhões de habitantes na Região Metropolitana de Campinas e Jundiaí, nas bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), e de cerca de 9 milhões de pessoas na região da Grande São Paulo, na bacia do Alto Tietê, o que impõe a imediata adoção de medidas de contingência por todos os segmentos da sociedade. Considerando a importância deste insumo para todas as atividades produtivas, é oportuno que o setor industrial paulista esteja alerta e preparado para enfrentar este tipo de situação, que poderá comprometer seu funcionamento e crescimento. As áreas de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) têm trabalhado diariamente na representação do setor industrial em todos os fóruns decisórios sobre o assunto, além de subsidiar usuários industriais com relatórios, informações e, principalmente, oportunidades de ação. Neste sentido, sem pretender esgotar todas as possibilidades existentes, apresentamos uma série de sugestões como subsídios para a orientação do setor industrial, as quais podem ser implantadas a curto prazo, conforme as características de cada indústria e sua localização. As ações apontadas poderão contribuir para minimizar os reflexos desta escassez no planejamento do processo produtivo e nas atividades secundárias da empresa, decorrentes de restrições nas captações em águas superficiais e/ou subterrâneas (poço), bem como no abastecimento pela rede pública. GERENCIANDO A ESCASSEZ DE ÁGUA NA INDÚSTRIA Para mais informações, contate os Departamentos de Meio Ambiente da Fiesp e do Ciesp: [email protected] [email protected] E acesse os sites: www.fiesp.com.br/agua www.ciesp.com.br/agua

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escasez de agua na industria

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  • APRESENTAO

    A situao crtica dos reservatrios do Sistema Cantareira compromete, de forma direta, o abastecimento de mais de 3 milhes de habitantes na Regio Metropolitana de Campinas e Jundia, nas bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundia), e de cerca de 9 milhes de pessoas na regio da Grande So Paulo, na bacia do Alto Tiet, o que impe a imediata adoo de medidas de contingncia por todos os segmentos da sociedade.

    Considerando a importncia deste insumo para todas as atividades produtivas, oportuno que o setor industrial paulista esteja alerta e preparado para enfrentar este tipo de situao, que poder comprometer seu funcionamento e crescimento. As reas de Meio Ambiente da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (Fiesp) e do Centro das Indstrias do Estado de So Paulo (Ciesp) tm trabalhado diariamente na representao do setor industrial em todos os fruns decisrios sobre o assunto, alm de subsidiar usurios industriais com relatrios, informaes e, principalmente, oportunidades de ao.

    Neste sentido, sem pretender esgotar todas as possibilidades existentes, apresentamos uma srie de sugestes como subsdios para a orientao do setor industrial, as quais podem ser implantadas a curto prazo, conforme as caractersticas de cada indstria e sua localizao.

    As aes apontadas podero contribuir para minimizar os reflexos desta escassez no planejamento do processo produtivo e nas atividades secundrias da empresa, decorrentes de restries nas captaes em guas superficiais e/ou subterrneas (poo), bem como no abastecimento pela rede pblica.

    GERENCIANDO A ESCASSEZ DE GUA NA INDSTRIA

    Para mais informaes, contate os Departamentos de Meio Ambiente da Fiesp e do Ciesp:

    [email protected]@ciesp.org.br

    E acesse os sites:www.fiesp.com.br/aguawww.ciesp.com.br/agua

  • I. CONHECER O USO DA GUA NA EMPRESA PARA CONTROLAR, REDUZIR, RECICLAR E REUSAR

    Antes de tudo preciso conhecer todos os usos da gua na empresa, bem como as fontes de abastecimento, medindo cada ponto de consumo para poder implantar qualquer medida objetivando sua reduo.

    FAA O BALANO DE GUA NA EMPRESA!

    Quanto uma empresa pode economizar se adotar medidas de uso racional da gua?A tabela a seguir indica valores de reduo mdia que podem ser alcanados com a adoo de algumas aes para economizar gua.

    Redues Mdias

    Aplicaes Por projeto Por planta

    Toaletes, chuveiros e torneiras 40%

    Circuito fechado 90%

    Circuito fechado com tratamento 60%

    Limpeza na planta (CIP) 60%

    Reso de gua de lavatrios 50%

    Enxgues contracorrentes 40%

    Desperdcios 30%

    Spray/jet upgrades 20%

    Fechamento automtico 15%

    Reduo de presso Varivel >10%

    Reduo de lodo torres de resfriamento Varivel

    Procedimentos simples podem alcanar resultados significativos; para tanto, algumas perguntas bsicas devem ser formuladas.

    GUA A atividade produtiva que est consumindo

    gua realmente necessria? H tecnologia ou processo alternativo

    disponvel que evita ou reduz o consumo de gua?

    necessrio usar gua no processo ou existe uma alternativa tcnica e economicamente mais interessante?

    Por que o meu processo ou atividade usa

    tanta gua? Como possvel reduzir a quantidade de

    gua utilizada? Meus concorrentes usam mais ou menos

    gua do que o meu empreendimento? H necessidade de usar gua potvel

    em torres de refrigerao, caldeiras e compressores?

    possvel utilizar uma gua de qualidade inferior (por exemplo, sem tratamento ou de reso)?

    H aumento significativo de consumo de reagentes no tratamento da gua?

    H algum estudo na empresa para usar fontes alternativas de gua, como, por exemplo, comprar gua de caminhes--pipa, poos profundos, utilizar gua de chuva, etc.?

    EFLUENTES necessrio produzir todo este efluente ou

    resduo lquido? A gua limpa est indo para o ralo/efluente

    e, se estiver, por qu? possvel reutilizar as guas servidas/

    efluentes no processo ou outros usos menos exigentes, como lavagem de ptios, rega de jardins, etc.?

    Seria mais barato tratar as guas servidas/efluentes na planta para sua reutilizao?

    O lanamento de efluentes est em conformidade com as exigncias legais?

    PRINCIPAIS DICAS PARA REDUO DO CONSUMO DE GUA Desligue o fornecimento de gua quando

    no estiver em uso; Evite jatos intensos e elimine vazamentos; Utilize redutores de presso/fluxo e

    dispositivos de fechamento automtico; Providencie treinamento e instrues claras

    para os operadores e colaboradores; Evite limpeza desnecessria; Troque o uso de mangueiras por varreduras

    onde for aplicvel; Considere o reso e a reciclagem de gua

    de lavatrios ou enxgues; Utilize alternativas para refrigerao onde

    for apropriado; Considere a utilizao de gua servida

    do processo industrial como gua de refrigerao;

    Instale medidores para medir seu consumo de gua e verifique frequentemente os vazamentos; e

    Faa um mapeamento do sistema de gua e esgoto da sua fbrica.

    II. PLANO DE CONTINGNCIA

    Alm das aes rotineiras que qualquer empresa pode e deve adotar, preciso ter um plano de contingncia para gerenciar o risco de uma situao emergencial de escassez na regio em que ela est localizada.

    O Plano poder considerar, pelo menos, as seguintes etapas:

    1. MANUTENO DA REDE INTERNA DE DISTRIBUIO DE GUAa) Captao superficial existente:

    Manuteno dos equipamentos hidrulicos e eltricos;

    Fazer intervenes na captao para desassoreamento do leito do rio ou outras medidas aps consulta aos rgos responsveis;

    Monitorar diariamente o nvel do corpo dgua, colocando uma rgua de leitura e verificar sua vazo disponvel.

    b) Captao subterrnea existente: Manuteno dos equipamentos

    hidrulicos e eltricos; Instalar hidrmetro na sada do(s)

    poo(s) para o monitoramento dirio da vazo, visando ao controle do consumo de gua, e para ter parmetro de alerta para verificar o declnio do nvel de gua no subsolo, que poder acarretar a diminuio ou mesmo a paralisao do fornecimento de gua bombeada.

    c) Evitar vazamentos: O principal vilo do desperdcio de gua

    o vazamento desconhecido; assim, deve-se criar rotinas para monitorar e evitar a ocorrncia de vazamento(s) nos sistemas hidrulicos.

    d) Evitar desperdcios no consumo de gua:Implementar diversas aes para evitar o desperdcio de gua nas rotinas das atividades, tais como: Torneiras: colocar dispositivos para

    regular a vazo; Chuveiros: colocar regulador de vazo

    em todos os chuveiros do tipo restritor ou redutor;

    Bacias sanitrias: substituir os vasos sanitrios por bacias que utilizem volume de descarga reduzido (VDR).

    Hidromtro(s): criar rotina de manuteno, leitura e trocas de hidrmetros antigos (5 anos), caso necessrio; setorizar o consumo interno, o que possibilitar verificar e controlar os desperdcios e, ainda, estabelecer responsabilidades e benefcios por reduo e atingir as metas estabelecidas para cada setor.

    2. CAMPANHA EDUCATIVA E REALIZAO DE TREINAMENTOCampanha educativa e realizao de treinamento so aes utilizadas na conscientizao de seus colaboradores e fornecedores, dentre outras iniciativas individuais e/ou coletivas, em parceria com o poder pblico e o terceiro setor, a fim de abordar mudanas de hbitos e costumes, com vistas reduo do consumo e do desperdcio de gua.

    3. OPERAO DA ESTAO DE TRATAMENTO DE GUA (ETA) PRPRIAComo ao estratgica, a indstria que possui ETA prpria dever, no perodo de estiagem: Avaliar os contratos de aquisio de

    insumos qumicos para o tratamento das guas e verificar o estoque futuro, uma vez que a qualidade dos mananciais tende a decair, demandando dosagens substancialmente superiores para atender ao padro de qualidade necessrio para o consumo industrial e, em especial, os padres da Portaria MS 2914/2011 para consumo humano.

    Recuperao das guas de lavagem dos decantados e filtros de areia para incio de operao da ETA.

    4. GARANTIA DA DISPONIBILIDADE DE GUAa) Aumento da capacidade de

    armazenamento de gua: Otimizar as instalaes existentes, ampliar o armazenamento de gua bruta, gua de chuva ou tratada dentro das instalaes, utilizando reservatrios temporrios e/ou modulares ou, at mesmo, fora da empresa.

    b) Estudo de mananciais para nova captao superficial:Considerando que algumas plantas industriais possuem localizao estratgica por estarem situadas prximas a mais de um corpo dgua superficial

    (grande, mdio, pequeno porte e/ou reservatrios), as empresas podero avaliar a possibilidade de implantar nova captao, mediante autorizao dos rgos responsveis.

    c) Estudo e solicitao de autorizao para perfurao de poos profundos:Verificar as possibilidades de perfurao de poo(s) profundo(s) em funo das disponibilidades qualitativa e quantitativa, visando garantir parcialmente e/ou totalmente a outorga j existente com base no balano hdrico.

    d) Abastecimento por caminhes-pipa cadastramento de fornecedoresCriar cadastro para utilizao de servios de abastecimento alternativo por caminhes-pipa, podendo consultar tambm o cadastro da concessionria local, verificando as garantias relacionadas qualidade da gua fornecida.

    e) Atendimento por rede pblica de abastecimento alternativa:Consulta s concessionrias de saneamento bsico quanto disponibilidade de comercializao temporria de gua bruta ou tratada para abastecimento das atividades na planta industrial, caso no seja a fonte principal de fornecimento.

    5. ESTUDO DE RECICLAGEM OU RESO DE GUA E EFLUENTESToda empresa precisa, alm de reduzir seu consumo e buscar fontes alternativas, adotar aes para o fechamento de circuitos, objetivando reciclagem do que at ento era considerado efluente descartvel e seu reaproveitamento para fins produtivos.

    A implantao de sistemas de reso e reciclagem, desde que comprovada sua viabilidade, implica significativos benefcios ambientais, sociais e econmicos, seja por aumentar a oferta de gua disponvel nos mananciais ou por aumentar os nveis de tratamento dos efluentes lquidos, diminuindo e at zerando, em determinadas situaes, os lanamentos nos corpos dgua.

    A indstria que possui estao de tratamento

    dos efluentes lquidos deve elaborar estudos para verificar a possibilidade da implantao de uma unidade de reso para fins industriais, ou mesmo verificar a possibilidade de utilizao de gua de reso fornecida por uma concessionria de saneamento, se disponvel.

    Para mais informaes, disponibilizamos os seguintes documentos tcnicos para consulta e apoio para tomada deciso:

    a) Conservao e Reso da gua Manual de Orientaes para o Setor Industrial;

    b) Conservao e Reso da gua em Edificaes Manual de Orientaes para o Setor Industrial;

    c) Manual de Orientao para Utilizao de guas Subterrneas no Estado de So Paulo;

    d) Guias Tcnicos para Produo Mais Limpa, que constituem uma ferramenta de auxlio para a difuso e aplicao de conhecimento tcnico na rea ambiental e de recursos hdricos das indstrias de diferentes segmentos.

    Estes manuais esto disponveis no nosso site: http://www.fiesp.com.br/?temas=meio-ambiente.

    6. ACOMPANHAR AS INFORMAES DO COMIT DE BACIA NA SUA REGIOAs empresas que dependem do fornecimento de gua do Sistema Cantareira regio dos Comits das bacias PCJ e Alto Tiet devem acompanhar as decises do Grupo de Gesto da Crise (GTAG-Cantareira).

    A Agncia Nacional de guas (ANA) e o Departamento de guas e Energia Eltrica (DAEE) instituram o Grupo Tcnico de Assessoramento para Gesto do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira), que tem, dentre outras atribuies, a realizao do acompanhamento dirio dos dados referentes aos reservatrios e ao monitoramento da quantidade e qualidade da gua, com emisso de relatrios peridicos para a operao do Sistema Cantareira, sugerindo as vazes mdias a serem praticadas para atender o PCJ e a Regio Metropolitana de So Paulo. As decises do GTAG so publicadas em:http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/outorgaefiscalizacao/GTAGCantareira.aspx.