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1 Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Responsabilidade Socioambiental: O caso do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador Fransival Pereira Costa (Fundação Visconde de Cairu) Antônio Carlos Ribeiro da Silva (Fundação Visconde de Cairu) Resumo Esta pesquisa buscou abordar o gerenciamento de resíduos sólidos e a responsabilidade socioambiental no porto de Salvador, especificamente a do Terminal de Contêineres de Salvador. As questões socioambientais passam a ser incluídas como normas nas organizações, comprometimento e consciência dos funcionários por meio da mudança organizacional, que são algumas das tendências para garantir a sustentabilidade empresarial. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo geral analisar as políticas e diretrizes de gerenciamento de resíduos sólidos e de responsabilidade socioambiental no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, com vistas à proposta de ações e melhorias no sistema de gestão ambiental. A investigação buscou entender: como é possível reduzir os impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos gerados nas atividades portuárias mantendo a melhoria dos seus serviços e a responsabilidade socioambiental? A pesquisa classifica-se como exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa do problema. Para tanto, além do embasamento teórico, foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo com utilização de questionário, com a finalidade de constatar e analisar as estratégias de gerenciamento de resíduos e a responsabilidade socioambiental do Tecon Salvador. Primeiramente buscou-se avaliar a conformidade do instrumento de gestão utilizado com a legislação vigente que rege o tema, especialmente a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n° 56/2008. Posteriormente, por meio de visita a campo, análise de documentos e questionário, a sistemática de gerenciamento foi caracterizada e avaliada e, assim, foi possível analisar que as práticas adotadas pela empresa em estudo atendem de forma socialmente responsável aos aspectos de gerenciamento dos resíduos sólidos. Por fim, foram desenvolvidas proposições para o aprimoramento de alguns aspectos destas práticas. Palavras-chave: Gerenciamento; Resíduos; Socioambiental. 1 INTRODUÇÃO A relação estabelecida entre as atividades portuárias e as questões ambientais são complexas, já que envolve toda uma gama de estruturas econômicas, sociais e ambientais. Tais estruturas caminham juntas, tendo nas atividades portuárias o condão da alavanca do sistema econômico e de escoamento da produção.

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Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Responsabilidade

Socioambiental: O caso do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador

Fransival Pereira Costa

(Fundação Visconde de Cairu) Antônio Carlos Ribeiro da Silva

(Fundação Visconde de Cairu)

Resumo Esta pesquisa buscou abordar o gerenciamento de resíduos sólidos e a responsabilidade socioambiental no porto de Salvador, especificamente a do Terminal de Contêineres de Salvador. As questões socioambientais passam a ser incluídas como normas nas organizações, comprometimento e consciência dos funcionários por meio da mudança organizacional, que são algumas das tendências para garantir a sustentabilidade empresarial. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo geral analisar as políticas e diretrizes de gerenciamento de resíduos sólidos e de responsabilidade socioambiental no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, com vistas à proposta de ações e melhorias no sistema de gestão ambiental. A investigação buscou entender: como é possível reduzir os impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos gerados nas atividades portuárias mantendo a melhoria dos seus serviços e a responsabilidade socioambiental? A pesquisa classifica-se como exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa do problema. Para tanto, além do embasamento teórico, foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo com utilização de questionário, com a finalidade de constatar e analisar as estratégias de gerenciamento de resíduos e a responsabilidade socioambiental do Tecon Salvador. Primeiramente buscou-se avaliar a conformidade do instrumento de gestão utilizado com a legislação vigente que rege o tema, especialmente a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n° 56/2008. Posteriormente, por meio de visita a campo, análise de documentos e questionário, a sistemática de gerenciamento foi caracterizada e avaliada e, assim, foi possível analisar que as práticas adotadas pela empresa em estudo atendem de forma socialmente responsável aos aspectos de gerenciamento dos resíduos sólidos. Por fim, foram desenvolvidas proposições para o aprimoramento de alguns aspectos destas práticas. Palavras-chave: Gerenciamento; Resíduos; Socioambiental. 1 INTRODUÇÃO

A relação estabelecida entre as atividades portuárias e as questões ambientais são complexas, já que envolve toda uma gama de estruturas econômicas, sociais e ambientais. Tais estruturas caminham juntas, tendo nas atividades portuárias o condão da alavanca do sistema econômico e de escoamento da produção.

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Assim, a atividade portuária é importante para o desenvolvimento da sociedade e, para isso, deve seguir as regras do desenvolvimento sustentável preconizado pelas políticas ambientais. Para desenvolver tal tarefa, faz-se necessária a criação de dispositivos legais capazes de consolidar um desenvolvimento econômico aliado a uma gestão ambiental.

No âmbito da gestão ambiental portuária, um aspecto que se destaca é a gestão dos resíduos, sejam eles operacionais, de embarcação ou de carga. Embora, especificamente, os resíduos de embarcação sejam objeto de regulamentações internacionais – destacando-se, nesse contexto, a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios, Convenção MARPOL 73/78, e as regulamentações da International Maritime Organization (IMO), agência especializada das Nações Unidas responsável pela segurança da navegação e prevenção da poluição marítima causada por navios – diferentes países desenvolvidos vêm implementando políticas próprias através de regulamentações e iniciativas proativas por parte das entidades setoriais e autoridades portuárias.

Profissionais que atuam na área ambiental têm demonstrado preocupação com alguns aspectos que envolvem novas práticas e tecnologias para o desenvolvimento sustentável dos sistemas produtivos, principalmente pela necessidade de capacitação profissional para melhor atender às organizações em seu diferencial competitivo.

Os resíduos sólidos portuários vêm sendo objeto de análise de instituições e profissionais de diferentes áreas. Nesse sentido, nos últimos cinco anos, destacam-se os relacionados no Quadro 1:

Quadro 1 – Estado da Arte

Autor Ano Objetivos Resultados

SEP/PR & UFRJ

2012

Desenvolver o “Programa de Conformidade do Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes” nos Portos Marítimos Brasileiros.

Propor melhores práticas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

Murta et al

2012 Analisar o gerenciamento de resíduos nos portos brasileiros.

Evidenciaram aspectos que padecem de adequação, mesmo sendo o tema objeto de convenções internacionais, políticas nacionais, normas ambientais e sanitárias.

Magrini et al

2012 Inventariar os resíduos dos portos marítimos e propor melhores práticas de gestão.

Resultados preliminares apontam alguns aspectos regulatórios que podem ter influência na efetividade da gestão.

Jaccoud & Magrini

2014 Analisar a política de resíduos sólidos para portos marítimos no Brasil e na Europa.

Elaboração de melhores práticas de gestão ambiental, através de proposição de encaminhamentos e iniciativas para o setor.

Fonte: Autoria própria

Percebe-se que o desafio a ser enfrentado pela gestão ambiental nos tempos atuais possibilita o desenvolvimento de programas de forma sistemática para melhoria da qualidade de vida e socioambiental das comunidades futuras. Sobre isso, Aurélio (2012) defende a ideia de que são várias as gerações nascidas e criadas, nas

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grandes cidades, afastadas do convívio com a natureza, o que contribui para as alterações ambientais globais.

Não existe meio-termo. Ou se constrói uma economia que respeite os limites da Terra ou continuamos com o que está aí até o seu declínio e nos envolvemos em uma tragédia evolutiva. Reconhecemos os limites naturais da Terra e ajustamos nossa economia ou prosseguimos ampliando cada vez mais a nossa pegada ecológica até que seja muito tarde? Estamos todos envolvidos em um grande experimento global (DIAS, 2008).

Logo, para análise de como os empreendimentos portuários estão preparados para o desenvolvimento sustentável, é necessário que as principais fontes de impactos ambientais estejam mapeadas, pois assim se terá capacidade para analisá-las e estabelecer estratégias de gestão e controle. O diagnóstico da situação dos resíduos sólidos é essencial para a definição de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), sendo importante identificar tanto os tipos de resíduos gerados pelo porto e seus diversos atores como as quantidades desses resíduos, a fim de que os mesmos sejam gerenciados de forma sustentável.

Dessa forma, este estudo justifica-se em virtude da questão ambiental constituir-se de temática emergencial colocada na pauta das discussões da sociedade contemporânea. A preservação do meio ambiente surge como tema de destaque diante das preocupações mundiais, especialmente porque a geração de resíduos é cada vez maior e o seu descarte inadequado provoca danos ao ambiente e às pessoas. Nesta perspectiva, faz-se necessário adoção de medidas como a gestão de resíduos sólidos, para que estes impactos sejam minimizados. Sob a ótica estratégica, a gestão de resíduos do ambiente portuário carece de estudos mais aprofundados e detalhados, em virtude da escassez de literatura a respeito desse tema.

Assim, a escolha pelo tema Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Responsabilidade Socioambiental: O Caso do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador surgiu da observação por parte do investigador, como membro da equipe de gestão ambiental da empresa investigada. A temática do gerenciamento de resíduos sólidos é algo que acompanha toda a trajetória profissional do pesquisador, desenvolvida em mais de quinze anos na área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA). A sua atuação como gestor de equipes de meio ambiente e a sua participação em congressos e simpósios da área o inquietaram a buscar entender melhor este tema.

Outro fator que contribui é o fato das questões ambientais não estarem voltadas somente à preservação ambiental, mas também às questões sociais e econômicas. Desta maneira, deve-se harmonizar o desenvolvimento econômico com o meio ambiente, proporcionando uma melhor qualidade de vida à população e, aos seus serviços e produtos, contribuindo para a prosperidade da atividade portuária. E, sendo os resíduos sólidos produzidos em portos um problema de extrema relevância, ou pela quantidade gerada ou pela sua tipologia, exige-se um complexo e integrado conjunto de práticas decorrentes de imposições legais claras e de iniciativas proativas, para que a internalização da questão ambiental também ocorra considerando a responsabilidade social, pois ambiente e sociedade fazem parte de um mesmo contexto.

Diante desta tendência, um questionamento emerge: Como é possível reduzir os impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos gerados nas atividades

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portuárias mantendo a melhoria dos seus serviços e a responsabilidade socioambiental?

Desse modo, o objetivo central que desencadeou todo percurso investigativo foi analisar as políticas e diretrizes de gerenciamento de resíduos sólidos e de responsabilidade socioambiental no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, com vistas à proposta de ações e melhorias no sistema de gestão ambiental, tomando como objetivos específicos os que seguem abaixo:

a) identificar as práticas de gestão e gerenciamento de resíduos no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador;

b) verificar a existência de uma cultura voltada ao desenvolvimento sustentável;

c) identificar as principais dificuldades relacionadas ao gerenciamento de resíduos sólidos no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador;

d) e propor soluções aos problemas identificados durante a pesquisa.

A metodologia utilizada na pesquisa baseou-se em duas partes: a bibliográfica, em livros e utilizando como base de dados: CAPES, Scielo (Scientific Eletronic Library Online), ANTAQ, ANVISA, ABNT e CONAMA, analisando-se estudos e documentos datados entre 1960-2015, para verificar as antigas experiências e temáticas mais recentes; e as de campo, nas quais se observam as práticas de gerenciamento de resíduos sólidos utilizadas pelo Terminal de Contêineres de Salvador.

O trabalho apresentado está estruturado em uma introdução, cinco capítulos e as considerações finais. Na introdução, são apresentados os objetivos do trabalho, bem como as linhas gerais do tema pesquisado. No primeiro, segundo e terceiro capítulos, aborda-se o tema central da pesquisa, que é o gerenciamento de resíduos sólidos e responsabilidade socioambiental no setor portuário. No quarto, descreve-se a metodologia utilizada na pesquisa, que inclui o tipo de pesquisa, o universo, a amostra, a forma de coleta dos dados, a sistemática de tratamento e a análise destes. O quinto apresenta a análise dos resultados do estudo de caso, caracteriza-se pela apresentação dos resultados obtidos e a sua discussão, incidindo em uma análise descritiva com o intuito de dar resposta aos objetivos propostos. Por último, apresentam-se as devidas conclusões, bem como aquelas que parecem ser as suas implicações práticas e sugestões de maior aprofundamento sobre o tema. 2 METODOLOGIA

Este item descreve a metodologia adotada na investigação. Gil (1999) define

método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicas adotado para se atingir o conhecimento. Assim, são apresentados a estrutura metodológica utilizada para a realização do estudo, o tipo de pesquisa, o universo, a amostra, a forma de coleta dos dados, a sistemática de tratamento e a análise destes.

2.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa é de cunho qualitativo. Ruiz (2002, p.32) faz uma distinção entre

método e técnica destacando que: “método (...) traçado das etapas fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra técnica significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método.”.

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A metodologia para alcançar os objetivos desta pesquisa pode ser apresentada sob dois enfoques: quanto aos fins; e quanto aos meios.

No que se refere aos fins, esta dissertação, adotou a pesquisa exploratória e também descritiva. Exploratória, porque o gerenciamento de resíduos sólidos em portos ainda é pouco explorado. E descritiva, pois identifica e descreve as características do gerenciamento de resíduos sólidos do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador.

No que tange aos meios de investigação, Vergara (2006) classifica como pesquisa de campo, de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post fact, pesquisa-ação e estudo de caso; esclarecendo que estes tipos de pesquisa não são mutuamente excludentes. Assim, na direção de investigar o processo de gerenciamento de resíduos sólidos, a obtenção dos dados se deu por revisão bibliográfica, levantando informações em artigos científicos, teses, dissertações, normas técnicas, manuais e legislações. Utilizaram-se ainda informações de sítios eletrônicos, principalmente dos órgãos regulamentadores do setor (ANTAQ, CONAMA, IBAMA, entre outros), com o acesso a relatórios de atividades e outras publicações destas organizações, os quais associamos à fundamentação teórica que embasou o estudo.

E, também, por estudo de caso, em geral, apropriado à fase exploratória, já que normalmente refere-se a situações empíricas que investigam um fenômeno dentro de um contexto real e contemporâneo. Ainda sobre estudo de caso Lüdke e André (1986) definem esta estratégia de investigação como uma forma de analisar dados em que o desenvolvimento do estudo aproxima-se a um funil: no início há questões ou foco de interesses muito amplos, que no final se tornam mais diretos e específicos.

Para elucidar essa metáfora com as palavras de Santos (2006), é possível dizer que o início do estudo é representado pela parte mais larga do funil e, à medida que a pesquisa se adianta de uma etapa de exploração mais ampla para uma outra mais restrita de análise de dados elaborados, o estudo vai se encaminhando para o final, representando a extremidade mais estreita do funil.

Abordando o planejamento do estudo de caso desenvolvido nessa investigação, percebe-se que a extremidade mais larga caracteriza os momentos iniciais quando o tema gerenciamento de resíduos sólidos foi selecionado. Em seguida deu-se a escolha pelo local da pesquisa e os sujeitos do estudo. O processo foi se estreitando com as decisões a respeito dos procedimentos escolhidos para coleta de dados, até alcançar a fase de análise dos dados, que se caracteriza como a parte mais estreita do funil.

2.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O estudo foi realizado no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador (TECON). Empresa privada de Sociedade Anônima de Capital Fechado, localizada na Avenida Oscar Pontes, nº 97, Comércio. A empresa atua no segmento de operação portuária, envolvendo ova e desova de contêineres, armazenagem alfandegada, fornecimento e monitoramento de contêineres refrigerados e movimentação de cargas especiais.

A empresa iniciou suas atividades em Março de 2000, possui uma área de 118 mil m², com capacidade para movimentar 530 mil Teus por ano. Está apta a receber os maiores navios de contêineres do mundo, com um cais preferencial para cabotagem, 684 tomadas para contêineres refrigerados e uma célula exclusiva para

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atendimento de clientes refeers1. Conta atualmente com 600 funcionários distribuídos em cargos operacionais, administrativos e de gestão; sendo 539 homens e 61 mulheres.

Para Prodanov (2006, p.28), o universo de pesquisa trata-se “das pessoas, coisas ou fenômenos pesquisados, enumerando características comuns, como, por exemplo, sexo, faixa etária, organização a que pertencem”.

Carmo e Ferreira (1998, p.78) descrevem a população alvo como “o conjunto de elementos abrangidos por uma mesma definição. Esses elementos têm, obviamente, uma ou mais características comuns a todos eles, características que os diferenciam de outro conjunto de elementos…”.

O universo da investigação foi o de 34% dos funcionários da organização que são alvos do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos. Assim, os questionários foram respondidos por um grupo de 201 (duzentos e um) colaboradores. O questionário (APÊNDICE A) foi realizado com os setores operacionais e administrativos, envolvendo colaboradores de nível operacional, administrativo e de gestão. A amostra foi selecionada de maneira aleatória, mantendo apenas uma proporcionalidade na quantidade de pessoas por turnos.

Conforme pode ser constatado, buscou-se mesclar, na seleção dos indivíduos, uma variedade de perfis que refletissem a empresa o mais próximo possível da realidade e que estivessem de acordo com as delimitações definidas na pesquisa. As variáveis controladas foram: tempo de empresa, cargo, departamento, idade, sexo e turno de trabalho.

A escolha pela empresa objeto desta investigação deu-se pelo fato de o pesquisador fazer parte do seu quadro de colaboradores e ser membro da equipe de gestão ambiental.

2.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

Para coleta de dados e tendo em vista os objetivos do trabalho, a pesquisa foi

realizada com informações colhidas do ano de 2014 e 2015 no gerenciamento de resíduos do TECON, através de visitas a campo e, também utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário socioambiental estruturado que será aplicado in loco (APÊNDICE A).

De acordo com Fortin (2009), o questionário auxilia a organizar, a normalizar e a controlar os dados, para que as informações procuradas e obtidas possam ser colhidas de forma rigorosa.

Para Gil (2006), o questionário compreende uma técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, com objetivo de conhecer opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expetativas, situações vivenciadas, etc.

Ainda de acordo com Gil (2006), a elaboração das questões constitui o elemento basilar do questionário e deve seguir determinadas regras, para não enviesar as respostas, as quais irão testar as hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa em questão. Na elaboração das questões, pode-se optar por três tipos: questões fechadas, questões abertas e questões dependentes. A opção pelo tipo de questões está condicionada a diversos fatores, como a natureza da informação desejada, o nível sociocultural dos interrogados, etc.

1 Contêineres refrigerados.

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Outro aspecto importante acerca do questionário diz respeito a sua apresentação, pois constitui um estímulo para obtenção de respostas, desde apresentação gráfica, como as instruções para o preenchimento e a introdução ao questionário. A distribuição dos questionários pode ser efetuada pelo correio ou pessoalmente, bem como podem ser aplicados em grupo e via online.

Entre os principais motivos para escolha deste instrumento estão a dimensão da população, a economia de tempo, a garantia de anonimato, a liberdade de respostas, a rapidez e a facilidade de preenchimento. Conforme Ruiz (2002), o questionário é uma técnica de coleta de dados que possui algumas vantagens em relação a outras, sendo uma delas o fato de poder ser aplicado simultaneamente a significativo número de informantes.

O questionário, modelo em Apêndice A, é estruturado com questões fechadas e divide-se em duas partes. A primeira parte do questionário foi composta por dados demográficos dos respondentes, de forma a melhor caracterizar a amostra em estudo e obter dados que permitam analisar a influência de determinadas variáveis na gestão de resíduos sólidos. Engloba questões como: Idade, gênero, tempo de empresa, função desempenhada, setor em que trabalha e turno de trabalho. A segunda parte é composta por 12 (doze) questões relacionadas com o problema de investigação.

2.4 TÉCNICA DE ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

O método utilizado para análise e tratamento de dados será o analítico. Este

método permite ao pesquisador concatenar os dados coletados, estabelecendo informações e conclusões sobre o objeto de análise.

Após aplicação e recebimento dos questionários, o passo seguinte foi elaborar um “banco de dados” através da ferramenta google docs que possibilitou a análise de cada caso separadamente, a fim de separar os pontos importantes, codificando-os e apresentando-os de forma mais estruturada.

Concluídas as análises individuais dos casos, no terceiro momento foi realizada, mais uma vez, a análise dos pontos escolhidos, pretendendo-se, agora, identificar similaridades e diferenças importantes entre os casos já codificados, relacionando o resultado obtido à luz do modelo conceitual escolhido. Manteve-se, desta forma, uma corrente de evidências desejada. A análise dessa pesquisa seguiu a estratégia generalista de apoiar-se em proposições teóricas (YIN, 2005).

Por último, foi estruturado um roteiro de análise apresentado no capítulo de apresentação e análise do estudo de caso, que agrupa, em níveis, as categorias encontradas, oriundas do conjunto de diferentes perguntas ou não. Ressalta-se que, ao final de cada sessão de análise, optou-se por mostrar quadros-resumos dos resultados obtidos nos questionários, de maneira a apoiar o leitor em sua compreensão e memorização ao longo da leitura do capítulo de resultados.

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO

3.1 TERMINAL DE CONTÊINER DO PORTO DE SALVADOR Registros históricos reportam que o Porto de Salvador existe desde meados

do século XVI, cujo ancoradouro proporcionava a importação de mercadorias

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procedentes de Portugal e da África e a exportação de produtos tropicais para o Reino de Portugal.

O Porto de Salvador nasce como consequência das excelentes condições portuárias da Baía de Todos os Santos, tornando-se, durante dois séculos, o principal destino das embarcações que cruzavam o Atlântico na rota comercial entre o Novo e o Velho Mundo. Todavia, com a transferência da capital da Colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, em razão da crescente exploração de ouro em Minas Gerais, a importância do Porto de Salvador se manteve, registrando uma entrada média anual, na segunda metade do século XVIII, de pelo menos 90 a 100 navios, que aproveitavam as condições naturais de atracação, mantendo suas instalações rudimentares por quase 400 anos.

Assim, apenas no início do século XX (1906) foi assinalado o início efetivo das obras de sua modernização, com a inauguração do porto organizado com o primeiro trecho do Cais da Alfândega (13 de maio de 1913), marcando o começo da exploração comercial do Porto de Salvador, a partir do aterramento de uma extensa faixa do bairro do Comércio.

No entanto, só após 50 anos (1963) foi inaugurada a Estação Marítima Visconde de Cairu, incluindo a disponibilização do terminal de passageiros (concluídas em 1968), tais como o quebra-mar norte, complementando os escoramentos e aterros de Águas de Meninos e da Enseada de São Joaquim.

Hoje, o Porto de Salvador é administrado pela Companhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA), empresa de economia mista, vinculada à Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), dispondo de um cais acostável com 2.084m de extensão, dividido em três trechos: o Cais Comercial (1.470m), o Cais de Ligação (240m) e o Cais de Água de Meninos (375m), que totalizam 10 (dez) berços, 08 (oito) armazéns, 04 (quatro) alpendres e diversos pátios, num total de aproximadamente 22.000m² de área coberta e 170.000 m² de áreas descobertas, contemplando também instalações de armazenagem para terceiros e áreas arrendadas a empresas privadas.

De acordo com dados da CODEBA, atualmente o porto organizado de Salvador possui os seguintes arrendatários: TECON Salvador (área arrendada – 118 mil m², com operação de movimentação, embarque e desembarque de carga); Intermarítima (área arrendada – 20 mil m², operação de movimentação e armazenamento de carga); Frefbasa (área arrendada – 4 mil m², operação – movimentação de carga); Internacional – área 1 (área arrendada – 500 m², operação – apoio operacional); Internacional – área 2 (área arrendada – 550 m² operação – apoio operacional); e J Macêdo (área arrendada – 840 m², operação – passagem).

Em 2015, o porto movimentou um total de 4,3 milhões de toneladas, sendo que o seu Terminal de Contêineres atingiu o recorde de operação com 290,2 mil TEUs. 3.2 A EMPRESA

O TECON Salvador, alvo do estudo de caso, está localizado na latitude 13º

00'37"S e na longitude 38º 35'00" W, na Região Metropolitana de Salvador, representado parcialmente pela ocupação da Cidade Baixa de Salvador, Capital do Estado da Bahia (Figura 1).

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Figura 1 – Porto de Salvador

Fonte: TECON Salvador (2015) O principal arrendatário do porto de Salvador é o TECON Salvador, pertencente ao grupo Wilson Sons. Empresa privada de Sociedade Anônima de Capital Fechado, localizada na Avenida Oscar Pontes, nº 97, Comércio, CEP 40.460-130. A empresa iniciou suas atividades em Março de 2000 e atua no segmento de operação portuária, envolvendo ova e desova de contêineres, armazenagem alfandegada, fornecimento e monitoramento de contêineres refrigerados e movimentação de cargas especiais; compreendendo as atividades de programação e operação de embarque e desembarque de contêineres e carga geral, gestão e fiel guarda das mercadorias armazenadas em suas instalações, manutenção e conservação dos equipamentos e instalações.

O TECON movimenta cargas para exportação, principalmente produtos petroquímicos, frutos e sucos, celulose, peles e couros. Dentre os principais produtos que são importados, destacam-se trigo, produtos químicos, arroz, equipamentos, papel e produtos minerais. Contudo, as atividades portuárias geram riscos pontuais de impactos ambientais, interferindo de forma direta sobre o ecossistema adjacente.

Além disso, o TECON encontra-se em pleno estágio de modernização, atendendo às diretrizes previstas na Lei de Modernização dos Portos Nº 12.815/2013, e Licenciamento Ambiental Portaria 3977/12. A relação entre o TECON, a comunidade e o meio ambiente é estabelecida por uma linha tênue, não sendo possível pensar no desenvolvimento de um sem averiguar as consequências no outro. Torna-se, portanto, paradigma do desenvolvimento sustentável, o qual envolve a comunidade do entorno, os impactos ambientais causados por suas atividades e, principalmente, a saúde dos seus colaboradores.

3.3 SETOR DE GESTÃO AMBIENTAL

A empresa TECON Salvador possui, na sua estrutura hierárquica, o setor de

SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde). A área de SMS é composta por 15 profissionais, sendo 01 (um) gerente de SMS, 01 (um) engenheiro de segurança do trabalho, 02 (dois) supervisores de segurança do trabalho, 05 (cinco) técnicos de segurança do trabalho, 02 (dois) estagiários técnicos de segurança do trabalho, 01

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(um) analista ambiental, 01 (um) estagiário ambiental, 01 (um) médico do trabalho e 01 (um) técnico de enfermagem do trabalho.

Os objetivos da equipe ambiental no TECON Salvador são: manter o cumprimento das legislações vigentes, acompanhando o atendimento dos requisitos estabelecidos na licença ambiental de operação; promover conscientização dos trabalhadores através de treinamentos e palestras; realizar simulados de emergência ambiental para se certificar de que os recursos mínimos estabelecidos estejam disponíveis; realizar análises de riscos ambientais para conhecê-los; e gerar ações que visem a sua minimização ou eliminação.

3.4 SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS GERADOS NO TERMINAL DE CONTÊINERES DO PORTO DE SALVADOR

O setor de SMS é o responsável por coordenar o sistema de Gestão

Ambiental do TECON e, consequentemente, o gerenciamento de resíduos. Os responsáveis pelo setor demonstram conhecimento das legislações que abarcam o tema.

As etapas do manejo dos resíduos gerados no TECON são realizadas por empresas terceirizadas e colaboradores próprios. Os resíduos administrativos são segregados, coletados, transportados e armazenados nas centrais de resíduos, por empresa terceirizada. Os colaboradores próprios e terceirizados recebem treinamentos para realizarem a coleta seletiva. A área de meio ambiente diariamente realiza auditoria para verificar se os resíduos estão sendo descartados de forma correta nos coletores de coleta seletiva e centrais de resíduos, através de um check list (Tabela 1).

Tabela 1 – Check list da coleta seletiva

Setores/Áreas Junho Julho Agosto Setembro

Portaria 33,33% 70,00% 61% 67%

Recepção 100% 95% 94% 100%

Segurança Patrimonial 75,00% 90,00% 100% 95%

Qualidade 100% 95,00% 100% 100%

Gerência de SMS 66,66% 100% 100% 100%

TI 66,66% 90% 94% 95%

Gerência de TI 75% 100,00% 100% 100%

DHO 44,44% 95% 100% 78%

Gerência DHO 100% 92,00% 100% 100%

Obras 55,55% 90,00% 94% 95%

Gerência de Obras 77,77% 100% 94% 93%

Operações 11,11% 15% 39% 50%

Coordenação de Operações 85,71% 83,00% 100% 100%

Gerência de Operações 62,50% 100% 100% 83%

Financeiro 44,44% 95,00% 83% 95%

Suprimentos 88,88% 95,00% 100% 100%

Gerência do financeiro 100% 93% 93% 100%

Comercial 22,22% 95% 78% 89%

Coordenação do comercial 88,88% 100,00% 94% 100%

Diretoria do comercial 100% 95% 100% 100%

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Copa 1 andar 100% 100,00% 100% 100%

Copa 2 andar 100% 100,00% 89% 95%

Monitoramento 57,14% 100% 89% 83%

Sala de saúde 80% 100% 94% 100%

Sala de projeto 67% 86,00% 100% 88%

Sala de convivência 83% 90% 100% 100%

TI - Sala do técnico - - 89% 95%

Ferramentaria - - 73% 100%

Almoxarifado - - 86% 100%

Armazém - - 100% 95%

Armazenagem - - 79% 78%

Coordenação armazém - - 100% 100%

Sala despachante - - 30% 69%

Sala de SMS - - 71% 72%

Fonte: TECON Salvador (2015) Na Tabela 1, verifica-se um comparativo da auditoria de coleta seletiva

realizada entre os meses de junho a setembro de 2015. O resultado é apresentado mensalmente no comitê das áreas.

A auditoria foi realizada nos setores Operacionais (SMS, Manutenção, Almoxarifado, Armazém) e nas áreas administrativas (Tecnologia da Informação; Comercial; Financeiro; Desenvolvimento Humano e Organizacional ou DHO), iniciando em agosto 2015. Nos meses de junho e julho 2015, foi feita uma auditoria piloto apenas no setor administrativo.

Durante os meses de junho e julho do mesmo ano, os Diálogos Diários de Segurança (DDSs) sobre coleta seletiva foram intensificados no TECON. Os desvios foram apresentados e as instruções para a não repetição dos mesmos pontuadas.

No que se refere aos resíduos perigosos, cada setor gerador responsabiliza-se pela segregação, acondicionamento e transporte destes para as centrais. Entretanto, o setor de meio ambiente é o responsável pelas centrais. E o procedimento estabelece que os setores geradores devem informar ao setor de meio ambiente sobre a sua existência antes que eles cheguem às centrais; para que este último analise se os mesmos estão acondicionados adequadamente antes de serem enviados para as centrais, onde serão armazenados.

Todos os resíduos armazenados são inseridos em uma planilha de registro, onde consta o dia, o setor responsável pela geração, a quantidade de material armazenado e a especificação dos mesmos (Quadro 2). Quadro 2 – Registro de armazenamento do mês de outubro

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Fonte: TECON Salvador (2015)

Em todos os resíduos classe I é colocada uma etiqueta de identificação. Essa etiqueta facilita a identificação e a pesagem dos mesmos por categoria (Figura 2).

Figura 2 – Etiqueta de identificação de Classe I

Fonte: TECON Salvador (2015) O manejo dos resíduos de embarcações é de responsabilidade do agente

portuário (para cada embarcação), que contrata empresas especializadas para tal serviço. A fiscalização dos serviços prestados é realizada pela autoridade portuária, notificando as empresas e o agente portuário quando necessário. A Receita Federal, a ANVISA e as demais autoridades também têm competência para controlar a destinação final dos resíduos em determinados casos.

O TECON segue a diretriz de segregação estabelecida pela Resolução ANVISA nº 56 /2008, separando os resíduos pelos Grupos A, B, C, D e E. No porto, não ocorre a geração de resíduos do Grupo A, C e E.

Para os resíduos do grupo B, os quais contêm substâncias químicas que podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, a empresa possui central de resíduos para armazenamento destes, procedimentos e instruções de trabalho.

Para os resíduos do grupo D, os quais não apresentem risco biológico, químico ou radiativo à saúde ou ao meio ambiente, podendo serem equiparados aos

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resíduos domiciliares, a empresa possui central de resíduos para armazenamento destes, procedimentos e instruções de trabalho.

A empresa realiza coleta seletiva, segregando os inservíveis de recicláveis (Figuras 3, 4, 5, e 6) nos setores ADM e área operacional.

Figura 3 – Separação dos copos limpos dos sujos

Fonte: TECON Salvador (2015)

Figura 4 – Coletor de segregação para papel, plástico e lixo comum

Fonte: TECON Salvador (2015)

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Figura 5 – Coletores de segregação para papel, plástico e lixo comum

Fonte: TECON Salvador (2015)

Figura 6 – Coletores de segregação para papel, plástico, lixo comum, vidro e metal

Fonte: TECON Salvador (2015)

No que diz respeito ao armazenamento temporário e à triagem, os resíduos gerados no TECON são armazenados temporariamente em centrais (Figuras 7, 8 e 9), sendo que ele possui três centrais de resíduos: duas para recicláveis e um para perigosos. O armazenamento dos resíduos segue a diretriz de segregação da RDC ANVISA nº56 de 2008.

No armazenamento temporário, não há disposição direta dos sacos de acondicionamento sobre o piso; os mesmos ficam acondicionados em caçambas. Os locais destinados ao armazenamento temporário dos resíduos sólidos são restritos a pessoas autorizadas e capacitadas para o serviço, bem como apresentam cobertura, pisos e paredes revestidos de materiais lisos, laváveis e resistentes, condições de luminosidade, escoamento de efluentes e oferta de água. Os recipientes de acondicionamento atendem ao disposto no Art. 15 da RDC ANVISA nº56 de 2008. Os recipientes de acondicionamento e as áreas de armazenamento são submetidos a procedimentos de limpeza e desinfecção, de forma a garantir as condições higiênico-sanitárias satisfatórias.

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Figura 7 – Central de resíduos classe I

Fonte: TECON Salvador (2015)

Figura 8 – Central de recicláveis 1

Fonte: TECON Salvador (2015)

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Figura 9 – Central de recicláveis II

Fonte: TECON Salvador (2015)

Figura 10 – Manifesto de resíduo Fonte: TECON Salvador (2015)

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Todos os resíduos são transportados com NF de saída e manifesto de resíduos, impressos em 05 (cinco) vias: 01 (uma) via do gerador (com a assinatura do transportador); 01 (uma) via do transportador; 02 (duas) vias do destinador; e 01 (uma) das vias do destinador volta para o gerador, com todas as 3 assinaturas (gerador, transportador e destinador final), sendo que a primeira via fica na portaria da CODEBA (Figura 10).

Os caminhões que realizam o transporte dos resíduos são pesados antes e depois de estarem carregados. Além disso, o peso é colocado no manifesto.

Os fornecedores que realizam coleta, transporte e destinação final de resíduos gerados no TECON são empresas cadastradas na CODEBA, com toda a documentação ambiental legal para realizar tais serviços.

Todos os fornecedores que realizam coleta, transporte e destinação final de resíduos no TECON possuem AFE, licença Ambiental ou isenção pelo órgão ambiental e CTF. Lista de fornecedores de resíduos classe I e classe II do TECON (Quadro 3).

Quadro 3 – Lista de fornecedores de resíduos classe I e classe II do TECON

Fornecedor CNPJ Serviço

Lwart 04.931.019/0002-93

Rerrefino de óleo

Amaral 42.375.063/0001-72

Coleta e transporte de orgânico

Plataforma Ambiental

42.375.063/0001-72

Destinação de resíduo oleoso

Hera 06.211.302/0001-95

Aterro classe II

Odebrecht Ambiental

07.981.796/0001-50

Aterro classe I

Eccomar 05.897.175/0002-48

Coleta e transporte de classe I e classe II

Ecológica Nordeste

07.152.472/0001-09

Coleta e transporte de classe I e classe II

Ivomax 07.152.472/0001-09

Descaracterização de Lâmpada Fluorescente

CAMAPET 07.152.472/0001-10

Coleta, transporte e destinação de recicláveis

Fonte: TECON Salvador (2015) O setor de meio ambiente utiliza planilhas para acompanhamento dos

resíduos gerados mensalmente. Todos dos resíduos gerados são monitorados através de uma planilha que é feita mensalmente (Quadro 4).

Diariamente é feita vistoria nas centrais de resíduos através de um check list, para verificar se os resíduos estão armazenados adequadamente (Quadro 5). Se houver algum desvio destes, o setor responsável é sinalizado para correção, através de e-mail ou ticket aberto por service desk. Diariamente é realizada vistoria nos coletores de coleta seletiva, no prédio ADM e nos prédios de apoio, para verificar se os resíduos estão sendo dispostos adequadamente nos coletores (Quadro 6). Havendo desvios, no momento da identificação o setor é sinalizado pelo colaborador da área de meio ambiente (analista ou estagiária) e o resultado da auditoria é apresentado no comitê mensal de SMS.

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Quadro 4 – Registro utilizado para acompanhamento de resíduos classe I e classe II armazenado

Fonte: TECON Salvador (2015)

Quadro 5 – Check list utilizado diariamente nas centrais de resíduos

Fonte: TECON Salvador (2015)

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Quadro 6 – Check list utilizado diariamente nos coletores de coleta seletiva

Auditoria de coleta seletiva

Item Setores/Áreas Total de

Conformidades Total de não

conformidades

1 Portaria

2 Recepção

3 Segurança Patrimonial

4 Qualidade

5 Gerência de SMS

6 TI

7 TI – Sala do técnico

8 Gerência de TI

9 DHO

10 Gerência de DHO

11 Obras

12 Gerência de Obras

13 Operações

14 Coordenação de Operações

15 Gerência de Operações

16 Financeiro

17 Suprimentos

18 Gerência do Financeiro

19 Comercial

20 Coordenação do Comercial

21 Diretoria do Comercial

22 Copa 1° andar

23 Copa 2° andar

24 Monitoramento

25 Sala de saúde

26 Sala de projeto

27 Sala de convivência

28 Ferramentaria

29 Almoxarifado

30 Armazém

31 Armazenagem

32 Coordenação Armazém

33 Sala despachante

34 Sala de SMS

35 Manutenção pátio

36 Coordenação manutenção

37 Copa 1° andar manutenção

38 Planejamento manutenção

Fonte: TECON Salvador (2015) O TECON possui PGRS, o qual direciona o gerenciamento dos resíduos. O

processo de administração ambiental tem por objetivos realizar o levantamento dos instrumentos de gestão ambiental utilizados na atividade portuária e avaliar suas consequências sociais, econômicas e ambientais, buscando diagnosticar as práticas

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ambientais de gerenciamento de resíduos que melhor se adequem ao seu ambiente portuário.

O TECON possui 06 (seis) procedimentos e 06 (seis) instruções de trabalho para gerenciamento de resíduos. Os treinamentos ocorrem anualmente (Figuras 11 e 12, referentes a treinamentos realizados em 2015). Além de PGRS e PGRCC - Programa de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil.

Procedimentos: • descarte de Resíduos Recicláveis e Não Recicláveis; • descarte de Produtos Perigosos; • descarte dos resíduos dos navios; • operação central de classe I – Perigosos; • operação central de classe II – Orgânicos; • operação central de classe II – Recicláveis. Instruções de trabalho: • armazenamento e retirada de resíduos das centrais de classe I –

Perigosos; • armazenamento e retirada de resíduos das centrais de classe II –

Orgânicos; • armazenamento e retirada de resíduos das centrais de classe II –

Recicláveis; • inspeção nas centrais de resíduos classe I e classe II; • limpeza da central de orgânicos; • limpeza da central de resíduos perigosos.

Figura 11 – Treinamento PGRCC Fonte: TECON Salvador (2015)

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Figura 12 – Treinamento do Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais

(LAIA) Fonte: TECON Salvador (2015)

3.5 ANÁLISES DOS QUESTIONÁRIOS

Os questionários foram aplicados entre os meses de dezembro de 2015 e

janeiro de 2016. Os resultados apresentados a seguir refletem sobre as políticas e diretrizes de gerenciamento de resíduos sólidos e de responsabilidade socioambiental do TECON.

A primeira fase do questionário levantou dados demográficos dos respondentes, como idade, sexo, tempo de empresa, turno de trabalho, setor de trabalho e função desempenhada, cujo objetivo foi verificar se estas variáveis interferiam nas respostas obtidas. E a resposta foi negativa, pois o percentual de respostas obtidas nas questões a respeito das políticas e diretrizes de gerenciamento de resíduos sólidos e responsabilidade socioambiental se manteve sem alterações significativas, levando em consideração as variáveis citadas acima.

Como exemplo, podemos citar a pergunta de número 2, respondida por gêneros diferentes (Figura 13):

2%

98%

Você conhece a Política Ambiental da empresa?

Não

Sim

Figura 13 – Gráfico comparativo entre a política ambiental da empresa e o gênero

masculino Fonte: TECON Salvador (2016)

2,3%

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Figura 14 – Gráfico comparativo entre a resposta 2 e o gênero feminino

Fonte: TECON Salvador (2016)

Outro exemplo é a pergunta de número 3, respondida por aqueles que trabalham em turnos distintos.

Figura 15 – Gráfico comparativo entre a resposta 3 e turnos de trabalho

Fonte: TECON Salvador (2016) Os exemplos citados acima foram utilizados para ilustrar o que ocorreu,

considerando as análises realizadas em todas as questões quando comparadas com as variáveis. É importante salientar que 86,6% dos respondentes consideram-se homens e 13,4% mulheres. Com relação ao turno de trabalho, 27% pertenciam ao primeiro turno (07:00 às 15:00), 26% pertenciam ao segundo turno (15:00 às 23:00), 23% pertenciam ao terceiro turno (23:00 às 07:00) e 24% pertenciam ao turno ADM (07:00 às 17:00). A distribuição equivalente entre os turnos foi proposital.

No quesito idade e tempo de empresa, vejamos os percentuais apresentados (Figuras 16 e 17):

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Figura 16 – Gráfico comparativo entre a faixa etária dos respondentes

Fonte: TECON Salvador (2016)

Figura 17 – Gráfico comparativo entre tempo de empresa dos respondentes

Fonte: TECON Salvador (2016) No que tange aos resultados obtidos na questão 1 do questionário

(APÊNDICE A), 97,5% dos respondentes afirmam ter participado de eventos de cunho ambiental na empresa, sendo que, deste total, 98,5% consideram a informação adquirida importante e 100% dos que entendem que a informação é importante conseguem levá-la para casa. Maximizando, assim, as informações obtidas no ambiente organizacional sobre meio ambiente, isto evidencia que, neste quesito, o TECON Salvador tem conseguido atender à responsabilidade socioambiental.

Outro dado salutar que está diretamente ligado ao problema de pesquisa foi obtido através da questão 2 do questionário (APÊNDICE A), conforme Figura 18.

15%

43%

8%

23%

1%

10%

% de respostas por tempo de empresa

0-11meses1-3 anos

11-15anos4-5 anos

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Figura 18 – Gráfico percentual sobre conhecimento da política ambiental da

empresa

Fonte: TECON Salvador (2016) O dado obtido de 98% é expressivo e demonstra que a política ambiental da

empresa, que se baseia na PNRS, é bem difundida entre seus funcionários e isto tende a ajudar na redução dos impactos causados pelos resíduos sólidos gerados em suas atividades. Deste total, 100% mencionam conseguir inserir a política ambiental em suas atividades na empresa. O conhecimento da política ambiental adotada pela empresa se configura como uma das bases para que seus funcionários possam gerenciar melhor os resíduos sólidos e, assim, os seus impactos sejam minimizados. Ademais, a informação e a educação ambiental configuram-se como as melhores formas de se fazer responsabilidade socioambiental.

Outro passo importante para que a redução dos resíduos sólidos seja efetivada na empresa é conhecer quais são, como são gerados e como segregar os resíduos gerados pela atividade realizada, este item foi verificado nas questões 3 e 3.1 do questionário (APÊNDICE A), conforme Figuras 19 e 20.

Figura 19 – Gráfico por percentual sobre conhecimento dos resíduos gerados no

setor de trabalho Fonte: TECON Salvador (2016)

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Figura 20 – Gráfico por percentual sobre a realização da segregação dos resíduos

Fonte: TECON Salvador (2016)

Realizar a segregação adequada dos resíduos sólidos é condição primordial para que haja redução dos impactos destes, pois é impossível pensar em gerenciamento de resíduos sólidos sem considerar a segregação, item previsto na PNRS e, de acordo com os dados obtidos, colocado em prática no TECON Salvador.

Para que uma empresa consiga reduzir os impactos ambientais e também consiga agir de acordo com os princípios da responsabilidade ambiental, é imprescindível adotar medidas que reduzam a utilização dos recursos naturais. No TECON Salvador, na questão 4 do questionário (APÊNDICE A), os funcionários afirmam o seguinte:

Figura 21 – Gráfico por percentual sobre a realização de ações para redução da

utilização dos recursos naturais Fonte: TECON Salvador (2016)

Isto denota a preocupação por parte da empresa em reduzir os impactos

ambientais e agir de forma socioambiental. Os itens do questionário (APÊNDICE A) que obtiveram menor percentual

foram as questões 5, 6, 7 e 8. Contudo, é importante mencionar que estes dados não são preocupantes, mas sim pontos de melhoria.

Na questão 5 do questionário (APÊNDICE A), 28% dos respondentes consideram que os eventos de cunho ambiental realizados pela empresa não acontecem com a frequência adequada e que a carga horária é insatisfatória. Durante as visitas de campo e analisando documentos da empresa, como lista de presença de treinamentos e eventos da área ambiental, constatou-se que a maioria destes não ultrapassa duas horas de duração. Embora, o percentual seja inferior a

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50% do total de respondentes, este é um quesito que pode ser melhorado pela empresa, aumentando a frequência e também a carga horária dos seus eventos.

Quando perguntado na questão 6 do questionário (APÊNDICE A), se os respondentes conheciam os impactos ambientais causados por suas atividades, 15% dizem não conhecê-los. Mesmo não sendo um dado representativo, levando em consideração a população estudada, merece atenção da empresa em intensificar a disseminação destas informações junto aos seus funcionários.

Conhecer os investimentos realizados pela empresa na redução dos impactos ambientais é importante para que os funcionários contribuam e os resultados sejam mais efetivos. Vejamos o que os funcionários do TECON Salvador disseram sobre este item:

Figura 22 – Gráfico por percentual sobre os investimentos feitos pela empresa para

redução dos impactos ambientais Fonte: TECON Salvador (2016)

Tal resultado reflete a necessidade de ampliar a divulgação e o objetivo de tais investimentos.

Sobre as medidas de cunho ambiental adotadas pela empresa, um percentual muito alto dos respondentes acredita que o TECON Salvador deve adotar outras medidas além das já praticadas (Figura 23):

Figura 23 – Gráfico por percentual sobre a percepção dos funcionários se a empresa

deve adotar medidas de cunho ambiental além das já adotadas Fonte: TECON Salvador (2016)

3.5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

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No TECON, no ano de 2015 de janeiro a julho, foram geradas 24 (vinte e quatro) toneladas de resíduos classe I, 30 (trinta) toneladas de recicláveis e 08 (oito) toneladas de orgânicos e inservíveis (varrição, papel higiênico e similares).

No mesmo período de 2014, geraram-se 30 (trinta) toneladas de resíduos classe I, 45 (quarenta e cinco) toneladas de resíduos recicláveis e 06 (seis) toneladas de orgânicos e inservíveis.

As centrais de resíduos do TECON só ficaram prontas no 2° semestre de 2014, o que dificultou a segregação dos resíduos. No ano de 2015, todo resíduo classe I foi gerenciado. No ano de 2014, tiveram muitas obras no terminal, o que acarretou um maior volume de reciclável (principalmente metal).

No ano de 2014, o TECON contava com um número maior de colaboradores, o que pode ter contribuído com a quantidade de orgânico gerado. Assim como, por falta de central de resíduos e acompanhamento diário da coleta seletiva, alguns recicláveis podem ter sido descartados como rejeito.

No ano de 2015, foram intensificados os treinamentos com os colaboradores e terceiros fixos e, após a elaboração dos procedimentos e instruções de trabalho específicos, houve nitidamente uma melhora no gerenciamento dos mesmos. A área de SMS, ao elaborar formulários para acompanhamento da coleta seletiva, acondicionamento e armazenamento de resíduos nas centrais, intensifica o controle dos resíduos gerados, contribuindo para um melhor gerenciamento.

Alguns avanços são observáveis, tais como investimentos em horas homens treinadas, aquisição de equipamentos e instalações (centrais de resíduos, coletores), desenvolvimento de novos fornecedores para que os resíduos classe I fossem reciclados.

No setor administrativo, foram estabelecidos objetivos e metas para redução de resíduos sólidos. Em 01 de janeiro de 2015, foi lançada a campanha papel zero, conseguindo resultados significativos na geração deste resíduo, já que em 2014 o TECON Salvador utilizou um total de 1.031.899 páginas de papel A4, sendo 2.064 resmas, e em 2015, 716.397 páginas e 1.433 resmas do mesmo papel, totalizando uma economia de 315.502 páginas e 631 resmas, o que representa uma redução de 31%.

O TECON Salvador possui políticas e diretrizes claras sobre gerenciamento de resíduos sólidos, envolvendo as diversas fases preconizadas na PNRS. Quanto à diminuição da geração observa-se que é um item bastante propagado na empresa, através de campanhas educativas, treinamentos, DDS. Inclusive, no questionário (APÊNDICE A), 96,3% dos funcionários afirmam conhecer os resíduos gerados por suas atividades.

A segregação é outro item que a empresa tem trabalhado através de ações de educação ambiental e fiscalizações diárias realizadas pela equipe de SMS nos diversos setores geradores. Como citado anteriormente, foram adquiridos coletores, que estão espalhados por todo Terminal e permitem a segregação adequada dos resíduos gerados pelas atividades do TECON Salvador.

Quanto ao acondicionamento, foram adquiridas instalações, como as centrais de resíduos que proporcionaram melhor gerenciamento destes. O armazenamento temporário é feito nas centrais de resíduos, distribuídas em dois pontos estratégicos: uma próxima ao setor de Armazenagem e outra no setor de Manutenção. Existe uma periodicidade definida para que os resíduos das centrais sejam retirados e transportados por empresas terceiras qualificadas e cadastradas na CODEBA. Contudo, não existe nenhum procedimento formalizado que especifique qual é esta periodicidade.

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O tratamento dos resíduos ocorre desde a coleta seletiva realizada, pois isto garante que resíduos como papel, plástico, madeira e metal possam ser reciclados e os resíduos classe I são incinerados (equipamentos de proteção individual contaminados, estopas e trapos envoltos em óleo e peças contaminados com óleo).

No que tange à disposição final dos resíduos, esta é realizada pelas empresas que fazem o transporte. Como citado anteriormente, estas empresas possuem licenças para realizar todo processo de transporte e disposição final. Entretanto, percebe-se a necessidade de maior acompanhamento através de fiscalização e/ou auditorias para garantir que esta etapa do processo ocorra conforme prevê a legislação, e assim a disposição final ocorra com minimização dos impactos para o meio ambiente e comunidades.

Os dados obtidos através do questionário (APÊNDICE A) demonstram que a empresa tem trabalhado questões de cunho socioambiental, como a redução da utilização dos recursos naturais, e também de educação ambiental que possam transpor o ambiente organizacional e alcançar as casas dos funcionários, bem como, consequentemente, a sociedade em geral.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta investigação teve como objetivo analisar as políticas e diretrizes de

gerenciamento de resíduos sólidos e de responsabilidade socioambiental no Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, com vistas à proposta de ações e melhorias no sistema de gestão ambiental.

Constatou-se que o porto destina os resíduos conforme estabelecido pela legislação, inclusive tem buscado suporte nos instrumentos da esfera privada, a exemplo da certificação da NBR ISO 14 001. Existem procedimentos internos bem elaborados, contudo a execução destes ainda carece de um maior entendimento por parte dos colaboradores, especialmente aqueles relacionados a descarte adequado e geração de resíduos desnecessários.

No que tange aos objetivos específicos, foram identificadas boas práticas de gestão que atendem a legislação em vigor e que contribuem para um eficaz gerenciamento de resíduos no Porto de Salvador.

Verificou-se a existência de uma cultura voltada ao desenvolvimento sustentável, já que muitos colaboradores afirmam, através do questionário (APÊNDICE A), conhecer a política e realizar os procedimentos determinados para além do ambiente empresarial, expandindo este conhecimento para a sociedade em geral. Porém, o que se observou na prática com as visitas a campo é que ainda existe trabalho de educação ambiental a ser realizado.

Identificou-se também que as principais dificuldades relacionadas ao gerenciamento de resíduo sólido no TECON Salvador perpassam pelas questões ligadas à disposição final dos resíduos, já que esta atividade é feita por empresa terceira e não existem procedimentos formalizados para acompanhamentos periódicos e realização de fiscalizações. Além do mais, outro fator que impacta na gestão de resíduos do Terminal diz respeito à perenização da cultura sustentável.

Com relação ao último objetivo específico da pesquisa, que é propor soluções aos problemas identificados durante a pesquisa, conclui-se que há necessidade de implementar fiscalizações e auditorias periódicas nas empresas responsáveis pela disposição final dos resíduos e aumentar a frequência e carga horária dos eventos

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de cunho ambiental para que a cultura do desenvolvimento sustentável seja de fato alcançada.

Analisando os aspectos relacionados ao problema de pesquisa, observou-se que os impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos gerados nas atividades portuárias podem ser reduzidos desde que os atores envolvidos na situação recebam informação adequada e consigam colocá-las em prática, diminuindo assim a geração e aprimorando o gerenciamento do resíduo gerado. Com isto, a empresa alcançará a melhoria dos seus serviços e a responsabilidade socioambiental.

A utilização dos questionários foi importante para compreender a percepção que os colaboradores possuem a respeito das políticas adotadas pela empresa, também por possibilitar que um número significativo de pessoas fossem ouvidas em um curto período; porém, as visitas a campo permitiram comparar dados dos questionários com a observação da realidade vivida pelo TECON Salvador no gerenciamento dos resíduos sólidos gerados em sua atividade.

O gerenciamento de resíduos sólidos no setor portuário é uma exigência relativamente nova e sua completa adequação ainda está por acontecer. As regulamentações legais estão sendo instituídas pelas equipes de gestão ambiental nos ambientes portuários, embora ainda existam obstáculos a serem superados para a implementação dos mecanismos necessários.

Sendo assim, sugere-se que outros pesquisadores possam ampliar e aprofundar as informações disponíveis quanto ao gerenciamento de resíduos sólidos em complexos portuários.

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APÊNDICE A – Questionário: Socioambiental aplicado com colaboradores do terminal de container de Salvador Data: ____ / ____ / ______. Colaborador: ___________________. Gênero: _____. Função na empresa: _______________. Idade: _____. Setor: _______________. Tempo de empresa: ( )0-11 meses. ( )1-3anos. ( )4-5anos. ( )6-8anos. ( )9-10 anos. ( )11-15 anos. Turno de trabalho: ( )1º. ( )2º. ( )3º. ( )ADM. 1) Você já participou de algum evento com cunho ambiental na empresa? (exemplo: palestras, treinamentos, DDS). ( ) Sim ( ) Não 1.1) Se sim, achou importante? ( ) Sim ( ) Não 1.2) Você conseguiu levar para sua casa alguma informação que foi passada nos eventos que participou e achou relevante? ( ) Sim ( ) Não 2) Você conhece a Política Ambiental da empresa? ( ) Sim ( ) Não 2.1) Se sim, consegue inserir a Política dentro de suas atividades na empresa? ( ) Sim ( ) Não 3) Você sabe quais os resíduos que são gerados no seu setor? ( ) Sim ( ) Não 3.1) Você realiza a segregação (separação) dos resíduos? ( ) Sim ( ) Não 4) Você realiza, dentro de suas atividades, ações para reduzir a utilização de recursos naturais (exemplo: água e energia)? ( ) Sim ( ) Não 5) Você acha que os eventos de cunho ambiental da empresa acontecem com frequência adequada e com carga horária satisfatória? ( ) Sim ( ) Não 6) Você conhece os impactos ambientais das suas atividades e conhece o controle ambiental para mitigação dos impactos? ( ) Sim ( ) Não 7) Você conhece os investimentos feitos pela empresa para redução dos impactos ambientais? ( ) Sim ( ) Não 8) Você acha que a empresa deveria adotar outras medidas de cunho ambiental, além das que já adota? ( ) Sim ( ) Não